“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém, se não nasce dentro de ti, tua alma segue extraviada. Olharás em vão a Cruz do Gólgota, enquanto não fizeres um Gólgota de teu coração também.”
Angelus Silesius
A canção popular de hoje, que todo mundo canta com entusiasmo, mas que é esquecida amanhã; o espetáculo que é levado à cena talvez cem noites seguida, para depois ser abandonado e relegado ao pó, e todas as outras coisas que são evanescentes demonstram claramente que não têm um valor intrínseco. O brilho de uma estrela cadente ilumina o céu por um momento, mas embora o brilho das outras estrelas seja mais fraco e atraia menos a nossa atenção, suas luzes confortam ao caminhante noite após noite, através dos tempos. Somente as canções que por seu valor são reproduzidas sempre de novo, cuja música não nos cansa nunca, têm realmente algo de valioso na vida. O mesmo acontece nos ciclos cósmicos que sempre se repetem, marcados pelas festas do ano. Como elas se repetem sempre nos ensinam as mesmas antigas lições, sempre sob um novo ponto de vista.
Estamos novamente na época da Páscoa. O impulso de vida do Cristo Cósmico que entrou na Terra na última descida manifestou-se no Natal, quando realizou sua maravilhosa magia de fecundação; agora, se liberta da cruz da matéria para ascender novamente ao trono do Pai, cobrindo a Terra de uma glória verde da primavera, pronta para as atividades físicas do verão.
Como é em cima, assim também é embaixo. Os processos que se desenvolvem na Terra, em larga escala, manifestam-se também no ser humano. Você e eu fomos impregnados, nos últimos seis meses, por vibrações espirituais diferentes das que seremos impregnados nos próximos seis meses, muito mais do que foi possível sob as condições mais materiais que prevalecem nesses próximos seis meses. Chegou-nos com a descida do Cristo Cósmico um novo impulso para a vida superior; culminou na Noite Santa do Natal, e sua magia trabalhou dentro de nós e em nossas naturezas na proporção que aproveitamos nossas oportunidades. De acordo com a nossa aplicação ou descuido na última temporada, o progresso será apressado ou atrasado na próxima, porque não existe ensino mais certo do que aquele que preconiza que somos exatamente aquilo que fizemos de nós mesmos. O serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada irmão ou irmã – que é a base da Fraternidade – que prestamos ou deixamos de prestar determina se a nova oportunidade para um serviço maior nos proporciona um impulso mais forte para o alto; e não será nunca demais repetir que é inútil esperar libertação da cruz da matéria antes que tenhamos usado nossas oportunidades aqui e, com elas, ganhada a mais ampla capacidade de sermos úteis. Os pregos que prendem a Cristo na Cruz do Calvário encadeiam você e eu, até que o impulso dinâmico de amor flutua de nós em ondas e correntes rítmicas, tal como a maré de amor que, anualmente, entra na nossa Terra, e a embebe com renovada vida.
Conhecemos a analogia entre nós, o Ego, que entramos nos nossos veículos, quando despertamos pela manhã, vivemos neles e trabalhamos por meio deles, e à noite somos um Espírito livre, livre da escravidão do Corpo Denso, e por outro lado, o Espírito de Cristo que mora em nossa Terra uma parte do ano. Nós todos sabemos que peso e que encadeamento esse corpo representa, como nós somos cerceados pelas doenças e sofrimentos, porque não existe ninguém que esteja sempre em perfeita saúde, de maneira que nunca estamos livres de sentir as ânsias da dor, ao menos nenhum de nós que é um Aspirante à vida superior.
A mesma coisa acontece com o Cristo Cósmico que dirige Sua atenção para a nossa pequena Terra, enfocando Sua consciência neste Planeta, para que tenhamos vida. Ele tem que vitalizar esta massa morta (que nós mesmos cristalizamos do Sol) todos os anos; e essa massa é um peso e um aprisionamento para Ele. Esse é o motivo justo e próprio pelo qual devemos nos alegrar quando Ele chega à época do Natal, todos os anos, e nasce novamente no nosso mundo para nos ajudar a levar essa massa inerte, com a qual nos sobrecarregamos. Nossos corações, nessa época, devem se voltar para Ele; em gratidão, pelo sacrifício que faz por nós durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, penetrando este Planeta com Sua Vida, para despertá-lo mais uma vez, no qual permaneceria se não fosse Ele, pelo seu nascimento, para dar-lhe vida.
Durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro Ele sofre agonias e torturas, esperando pela libertação, a qual chega no tempo que conhecemos como “Semana da Paixão”; mas, nós afirmamos que, de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, que essa semana é exatamente a culminação ou ponto mais alto dos Seus sofrimentos, e que Ele, então, sai de sua prisão; e quando o Sol cruza o Equador (em um movimento aparente do sul para o norte), Ele é suspenso na Cruz, exclamando: “Consumatum est“, isto é, está consumado, ou está cumprido. Isso quer dizer que o Seu trabalho, para aquele momento, estava cumprido. Não é um grito de agonia, mas uma exclamação de triunfo, um grito de alegria, pois a hora da libertação chegou e mais uma vez Ele pode remontar aos ares por mais um período de tempo livre da prisão e do peso de nosso Planeta.
Nesse momento deveríamos nos alegrar nessa grande, gloriosa e triunfante hora, a hora da libertação, quando Ele exclama: “Está cumprido”. Afinemos os nossos corações para esse grande acontecimento cósmico. Alegremo-nos como Cristo, nosso Salvador, que o tempo de seu sacrifício anual se completou mais uma vez. Sintamo-nos agradecidos, no mais profundo dos nossos corações, nesse momento em que Ele se liberta da prisão terrena; pois, a vida que Ele ofereceu ao nosso Planeta agora é bastante para se conservar até o tempo do próximo Natal.
A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Por isso, quando queremos conhecer a Deus, precisamos estudar a Natureza, lembrando-nos sempre que existe um propósito em toda a manifestação; que a vida é uma escola e aprendendo suas muitas lições a evoluímos lentamente de uma chispa divina para a Divindade. Se tivéssemos aprendido as lições, tal como nos foram dadas, não teria havido necessidade do grande sacrifício que foi feito e que é anualmente repetido pelo Espírito de Cristo, que é a personificação do Amor. Por egoísmo e desobediência às Leis fomos cristalizando, não somente nosso corpo, mas, também a Terra na qual vivemos a ponto de nos tornarmos quase incapazes de acompanhar o plano evolutivo. Quando já não nos podíamos salvar dos resultados dos nossos próprios erros, o Cristo Compassivo se ofereceu com a Sua grande Força de Amor para romper essas condições cristalizadas dos nossos Corpos (especialmente o Corpo Denso e o Corpo de Desejos) e da Terra. Durante três anos Ele nos ensinou pela palavra, pelo preceito e pelo exemplo.
Quando Ele foi crucificado no Gólgota, o seu Grande Sacrifício por todos nós apenas começou. Cada ano, desde esse tempo, quando o Sol passa do Signo zodiacal de Virgem para o de Libra, o Espírito de Cristo toca a atmosfera da Terra. Ele começa a sua descida nas proximidades de 21 de Junho, no Solstício de Junho, quando o Sol entra em Câncer. Ele chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de Dezembro. Aí Ele fica três dias e depois começa a voltar. Essa volta se completa na Páscoa. Até o Solstício de Junho Ele está passando pelos Mundos espirituais e chega ao Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai, em 21 de Junho. Durante Julho e Agosto, quando o Sol está em Câncer e Leão, Ele reconstrói o seu veículo do Espírito de Vida, que trará ao mundo e, com esse veículo, Ele voltará a rejuvenescer a Terra e os reinos que nela evolucionam. Do Natal até a Páscoa Ele se derrama, sem limitações nem medida, imbuindo com Sua Vida, Seu Amor e Sua Luz não apenas as sementes adormecidas, mas todas as coisas sobre e dentro da Terra.
Sem essa infusão da vida e energia divina, todos os seres viventes da nossa Terra morreriam imediatamente, e todo o progresso ordenado seria frustrado, no que concerne a nossa presente linha de desenvolvimento. Essa atividade germinativa da vida do Pai que nos é trazida por Cristo (o Filho) e entregue amplamente no tempo da Páscoa, renova o crescimento e intensifica a atividade na planta, no animal e no ser humano, nessa especial temporada do ano. Cristo não se afasta da Terra pela Páscoa senão depois de se oferecer completamente a Si Mesmo e, então, é que a infusão de Sua Vida, junto com os raios quase verticais do Sol, faz as sementes germinar; as árvores florir; os pássaros acasalar, dirigidos pelos seus Espíritos-Grupo, e construir seus ninhos. Então somos fortificados e embebidos com a energia e a coragem necessárias para enfrentarmos, aproveitarmos e crescermos nos encontros com os diversos e embaraçantes problemas da vida.
Para aqueles que se decidiram trabalhar consciente e inteligentemente com a Lei Cósmica (por exemplo, os Estudantes Rosacruzes que estão trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz), a Páscoa tem uma grande significação. Para eles significa a libertação anual do Espírito de Cristo das restrições dolorosas da Terra e Sua gloriosa ascensão ao Divino Lar de Sua Origem, para lá permanecer uma temporada junto ao Coração do Pai. E quando seus olhos se tornam capazes de perceber, podem ver os divinos Seres que o esperam, prontos para acompanhá-Lo na sua viagem em direção ao céu; quando seus ouvidos são afinados para os tons celestiais, eles ouvem os coros angélicos cantando seu louvor e hosanas jubilosos, elevados ao Deus Altíssimo.
Para as almas iluminadas a Páscoa traz uma profunda compreensão do fato de que somos peregrinos na Terra; que o nosso verdadeiro lar são os Mundo espirituais e para alcançar esse reino devemos nos esforçar em aprender as lições da escola da vida o mais rapidamente possível, de maneira a apressar o dia da libertação das cadeias da Terra. Então, da mesma forma como o Cristo libertado, chegaremos a uma realização dessa gloriosa imortalidade, como recompensa da conquista da perfeição espiritual. Para as almas iluminadas, a Páscoa simboliza o amanhecer de um dia feliz, quando todos nós, semelhante ao Cristo, seremos permanentemente livre das restrições materiais, ascendendo aos Reinos Celestes, nos tornando pilares de força na Casa do Pai, de onde não mais nos afastaremos.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – março/1966 – do Livro: Interpretação Mística da Páscoa – Capítulo I – Fraternidade Rosacruz – SP)
“É assunto de conhecimento comum entre os místicos que o caminhar evolucionário da Humanidade está indissoluvelmente ligado às Hierarquias Divinas que regem os Astros e os Signos do Zodíaco e que a passagem do Sol e dos Planetas através dos doze Signos assinala o progresso do ser humano no espaço e no tempo.”
Max Heindel
Há um prazer mesclado a uma profunda gratidão, em poder citar o que Max Heindel disse em seu Livro “A Mensagem das Estrelas”. Em minha juventude, quando me debatia em meio às dificuldades Religiosas, seus livros estiveram entre aqueles que ofereceram grande conforto, liberdade e iluminação. Todos aqueles que pertencem à nossa geração e que se perturbam com as dúvidas suscitadas pela Religião ortodoxa ou estão sedentos de uma compreensão espiritual que possa satisfazer tanto o coração como o intelecto, todos reconhecem nele uma das luzes direcionais pela contribuição dada à decifração da mensagem celestial e à solução do enigma do universo.
Entre todas as artes e ciências que se propõem a revelar a nós a nossa natureza interna e explicar a nós as Leis da Natureza, não há mais bem qualificada para assim proceder do que a mais velha de todas as Ciências — a Ciência da Astrologia Rosacruz. Seu estudo vem exercendo irresistível atração aos verdadeiros Estudantes Rosacruzes; em todos os tempos, as pessoas que aceitam implicitamente as descobertas e luz reveladora dela têm inspirado inúmeras gerações, desde o mais remoto passado ao presente. Provavelmente, nenhuma outra Ciência no mundo registrou uma história mais completa e interessante do desenvolvimento da Terra e da evolução da Humanidade. A relação dela com todas as grandes Religiões, incluindo a Religião Cristã, é demonstrada não somente pelas alegorias astrológicas e referências feitas nos livros sagrados e na mitologia, mas também por inscrições e ilustrações de símbolos nos antigos Templos. Referências à Lua Nova e Lua Cheia, aos Eclipses Solares e Lunares, aos Solstícios e Equinócios e às Conjunções dos maiores Astros, mostrando sua importante influência sobre nós e sobre a Terra, têm sido registradas pelas grandes civilizações, não importando quando ou onde tenham existido. Os antigos sábios, por repetidas observações, estavam capacitados a descobrir todos aqueles fenômenos naturais e a determinar a influência que os corpos celestes exercem sobre as pessoas. Assim, eles nos deram um sistema filosófico que tem desempenhado importante papel na moral, na Religião, na ciência e na evolução espiritual da Humanidade.
A Astrologia Rosacruz, a sua aplicação por meio da Astrodiagnose e a Filosofia Rosacruz sempre tiveram um lugar no nosso pensamento e nos nossos sentimentos, embora fossem muito obscurecidas em certas épocas. Que assim tenha sido não é de causar surpresa, ao considerarmos que a Astrologia Rosacruz é o maior sistema de pensamentos organizados que já concebido. As interpretações dela sobre a origem do cosmos e sobre a nossa origem são o mais antigo sistema de Filosofia Religiosa. Muito antes do Cristianismo e de outras grandes Religiões, a Astrologia já era conhecida e estudada (infelizmente, ao longo do tempo, muitos a difamaram, deturpando o seu uso). Assim, foi-nos transmitida como Religião e Filosofia. A Astrologia Rosacruz é uma fase da Religião, em virtude da santa e exaltada concepção dos corpos celestes, do Seu Criador, pelo profundo sentimento religioso e pela reverência que vem inspirando em cada Estudante Rosacruz sincero que pesquisa seus segredos. É uma Filosofia, considerando-se que não pretende proporcionar poderes mágicos e conhecimentos sobrenaturais, mas chegar a conclusões por raciocínio, provindo da causa ao efeito.
Desde muito tempo, observamos que o Sol, em seu trajeto anual ao redor dos doze Signos do Zodíaco, determina as estações do ano: primavera, verão, outono, inverno. Observamos o movimento dos Astros e notamos que suas influências estão na dependência de suas naturezas intrínsecas, verificando-se as poderosas tendências que projetam sobre nós, tanto para o bem como para o mal, desde o nascimento até a morte. Por meio da interpretação desses fenômenos podemos explicar as diferenças inerentes em pessoas e, especialmente, a causa das suas doenças e enfermidades nessa vida, resultado das más ações geradas pelas próprias pessoas. Assim, no curso do tempo, nos tornamos aptos a prever, por meio do símbolo dos Astros, o destino que está reservado as pessoas e aos assuntos nos quais estão inseridos.
A Astrologia Rosacruz oferece, de forma completa e viva, maravilhosos e interessantes lampejos de eventos pré-históricos que fizeram a história do nosso Planeta e de seus habitantes.
A Astrologia Rosacruz é uma ciência que proporciona um discernimento sobre a verdade, em sua concepção de realidade universal em todos os aspectos e em todas as particularidades.
Na parte básica da Astrologia Rosacruz aprendemos que em ambos os lados do caminho solar há um número de estrelas fixas que se agrupavam em doze constelações. A partir daí definimos o que chamamos de Signos astrológicos. Para entendermos um pouco sobre esse assunto imaginemos uma faixa circular projetada a partir da Terra e dividida em doze setores iguais. Isso é o que astrologicamente chamamos de Signos Astrológicos ou Zodiacais. Observemos que algumas constelações celestes levam o mesmo nome dos Signos astrológicos e é por isso que muita gente confunde e acha que Signos e constelações são a mesma coisa. Cada Signo exerce influências, tem características similares e peculiaridades expressas por diferentes animais. Ainda observamos que, quando o Sol, a Lua ou os Astros, em seu percurso, entra em um desses Signos, os raios sutis e invisíveis do Signo reagem sobre a vibração astral e se fazia sentir na natureza e em milhares de seres humanos distanciados entre si. Essas projeções dos corpos celestes influenciam o destino de cada um de nós e, dessa forma, de todos os assuntos que fazem parte da vida terrestre. Assim, a arte horoscópica é uma realidade. O horóscopo, originário do instante em que a criança inala a primeira golfada de oxigênio, indica, pela posição dos Astros nos Zodíaco e pelos Aspectos que formam entre si, o caráter da pessoa e o destino dela.
A Astrologia Rosacruz deve ser utilizada com o propósito de auxiliar à cura das doenças e enfermidades (físicas, emocionais, mentais). E para isso qualquer assunto (detalhado pelas Casas astrológicas) pode ser o motivo de se manter uma doença ou enfermidade latente ou de ativá-la e causar o sofrimento, a dor e as tristezas da pessoa nessa vida.
De todas as contribuições para o conhecimento, duas descobertas são de suma importância: a primeira é a correlação das várias partes do Corpo Denso com os vários Astros e Signos; a segunda, a compreensão adquirida da Precessão dos Equinócios.
A regência das partes do Corpo Denso pelos Astros é uma parte importantíssima no relacionamento da Astrologia Rosacruz com o estudo das doenças e enfermidades. O horóscopo, levantado por meio da Astrologia Rosacruz mostra as doenças e enfermidades incipientes desde o nascimento até a morte de uma pessoa e, desse modo, ter tempo suficiente para aplicar uma dose de prevenção e, talvez, escapar de uma doença ou enfermidade ou, pelo menos, minimizar sua severidade, quando ela tiver tomado conta da pessoa. A Astrologia Rosacruz indica o dia em que as crises vão se manifestar e, assim avisada, a pessoa pode tomar medidas extras de precaução para superar o ponto crítico. Ela indica quando as influências adversas estão diminuindo, e fortalece a pessoa para que suporte os sofrimentos presentes com a força nascida do conhecimento de que a recuperação é certa em determinado momento. Assim, a Astrologia Rosacruz oferece ajuda e esperança de uma maneira impossível de se obter por outro método, pois seu campo é mais amplo do que o de todos os outros sistemas e penetra na própria alma do Ser.
Todas as influências causadoras de desordens mentais, morais e físicas ou as indicações de como um medicamento deva ser administrado, bem como o tempo favorável para tal, foram investigados e estudados nos tempos de Ptolomeu, Paracelso e, modernamente, por Max Heindel e Augusta Foss Heindel.
Usando como base a Astrologia Rosacruz obtemos por meio da Astrodiagnose – que é a arte de se obter conhecimento científico sobre doenças e suas causas, bem como os meios de superá-las, através de indicações dos Astros. Logicamente, a Astrodiagnose não é uma ciência que despreze as escolas de medicina e diagnose tradicionais, mas sim é um acréscimo às mesmas. É claro que qualquer pessoa com Mente aberta está pronta a aceitar um novo e avançado método de diagnose, desde que a confiabilidade desse seja comprovada.
É um fato que a dependência total de sintomas externos para identificar as doenças ou enfermidades e a confiança unicamente na ação de remédios já custaram e custam a vida de muitas pessoas. Mas conforme nos tornamos mais esclarecidos, com uma mentalidade bastante ampla vamos nos libertando de velhos métodos que provaram, por meio de muitos erros e sacrifícios de muitas vidas, serem inadequados. A ciência médica tradicional, sem dúvida, com seus instrumentos e procedimentos aperfeiçoados, deu grandes passos em direção a melhores métodos de diagnose. Mas não está longe o tempo em que se admitirá, publicamente, que o melhor caminho a seguir é saber, previamente, onde está o elo humano mais fraco para entender, por meio da Astrologia Rosacruz, onde o praticante pode encontrar o problema. Então, os profissionais de saúde poderão chegar mais rápido às causas das doenças e enfermidades (físicas, emocionais e mentais) e, também, poderão conhecer quais os melhores métodos de cura. Quando tais profissionais de saúde forem capazes de usar o horóscopo, levantado por meio da Astrologia Rosacruz, poderão descobrir o tratamento mais adequado que cada pessoa doente ou enferma poderá melhor responder. Ainda mais, tais profissionais de saúde conhecerão o caráter pessoa doente ou enferma; se a vontade dessa é fraca e se é de natureza negativa ou emocional. Então, de acordo com as informações obtidas, tais profissionais de saúde serão guiados em seus métodos de tratamentos. As doenças e enfermidades podem ser classificadas em dois tipos: latentes e ativas. Os “sintomas” fornecem indicação que a doença ou enfermidade está em processo de materialização. As tendências latentes para doenças e enfermidades são mostradas pelos Aspectos adversos (Quadraturas, Oposições e Conjunções adversas) nos Astros, verificadas no horóscopo natal. Em alguns casos, essas tendências são capazes de permanecer latentes por toda a vida, porque a pessoa pode viver de tal modo que nenhuma tensão seja aplicada ao Corpo Denso, tensão essa que daria aos Astros oportunidade de desenvolver suas fraquezas latentes. Pois se há um elo fraco em uma corrente, mas nenhuma pressão se faz sobre este, ela continuará inteira. A mesma coisa ocorre com os Aspectos adversos (Quadraturas, Oposições e Conjunções adversas) entre os Astros: elas continuarão latentes. Mas tão logo a pessoa abuse do Corpo Denso dela, esses pontos fracos poderão se manifestar. Isto nos proporciona a segunda classe de doenças: as do tipo ativas. Quando os Aspectos entre os Astros são ativados e a doença ou enfermidade aparece, as posições dos Astros progredidos fornecem a chave para o diagnóstico. Quando profissionais da saúde, cientistas, pessoas que trilham o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz e Astrólogos Rosacruzes verdadeiros chegarem a um entendimento amigável; quando recentes descobertas e pensamentos mais tolerantes das pessoas deixarem de divergir tanto uns dos outros, então saberemos que o terror e a dor da sala de cirurgias serão coisas do passado. Uma saúde radiante será desfrutada universalmente, pois seremos ensinados a viver de modo que evitaremos sofrimentos. Os profissionais de saúde viverão tão ansiosos por manter as pessoas sadias como estão agora para ajudá-las a se recuperarem de doenças e enfermidades.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1973-Fraternidade Rosacruz-SP)
Uma compreensão esotérica do significado da Crucifixão revela que essa experiência é uma consumação gloriosa do Caminho da Cruz. Em lugar de exclamar: “Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?” (Mt 27:46), Cristo Jesus exclamou triunfalmente: “Deus meu, Deus meu, como me glorificaste!”.
Essas passagens da Bíblia nos fornecem exemplos para ajudar na nossa compreensão:
“Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como os malfeitores, um à direita, outro à esquerda”.
“Contudo, Jesus dizia: Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartiram as vestes d’Ele, e lançaram sortes”.
“O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é de fato o Cristo de Deus, o escolhido”.
“Igualmente os soldados o escarneciam e aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo”.
“Também sobre Ele estava esta epígrafe: ESTE É O REI DOS JUDEUS”.
“Então, Jesus chamou em voz alta: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E dito isso expirou” – (Lc 23:33 a 38-46).
A libertação do Espírito de Cristo do corpo de Jesus, o homem, possibilitou que a Terra recebesse um Espírito Planetário morador, e com a chegada dessa poderosa e purificadora força tornou possível para todo Aspirante à vida superior que o deseje, entrar no Caminho de Preparação e de Iniciação Rosacruz e alcançar as alturas da glória espiritual.
A inscrição colocada acima da cruz de Cristo Jesus, “lesus Nazarenus Rex ludaeorum”, dá a chave que tem lugar no corpo do ser humano que está no Caminho de Preparação e de Iniciação Rosacruz. As letras I N R I representam os nomes dos quatro elementos em idioma hebreu: lam – “água”; Nour – “fogo”; Ruach – “espírito” ou “ar vital”; labeshah – “terra”. Desses quatro elementos se compõe os nossos Corpos e por meio da espiritualização deles chega ao ponto em que Jesus chegou, podendo sair de seus veículos inferiores e viajar em seu Corpo-Alma. Como nos disse Max Heindel: “Este estado do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico implica reversão da força sexual criadora de seu curso ordinário para baixo, mudando-a em um curso ascendente através da espinha dorsal tripartida, cujos três segmentos estão governados pela Lua, por Marte e Mercúrio, respectivamente, e nos quais os raios de Netuno acendem, então, o Fogo Espiritual regenerador.
Essa ascensão põe em vibração as duas Glândulas Endócrinas: Corpo Pituitário e a Glândula Pineal, provocando a visão espiritual, e golpeando o seio frontal inicia-se o ponto simbolizado pela coroa de espinhos, causando fortes dores à medida que a união com o Corpo Denso se queima por meio do Fogo Espiritual, o qual desperta esse centro de seu longo sono para uma vida vibrante ascendendo aos demais centros da estrela estigmática de cinco pontas que também são vitalizados, e todo o Corpo resplandece em uma glória dourada.
Então, em uma arrancada final, o grande vórtice do Corpo de Desejos localizado na posição referencial do lóbulo superior do fígado se liberta, e a energia marciana contida nesse veículo impele para cima o “veículo sideral” (assim chamado devido aos estigmas da cabeça, das mãos e dos pés que estão localizados na mesma posição relativas uns aos outros, como os pontos de uma estrela de cinco pontas), que ascende e atravessa a caveira (Gólgota), enquanto que o Cristão crucificado emite seu grito de triunfo: “Consumatum est” (está consumado) , e se eleva para as sutis esferas para buscar a Jesus, cuja vida imitou com tal êxito que daí para a frente não mais se separará d’Ele”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1983 – Fraternidade Rosacruz – SP)
No Livro do Apocalipse[1] há uma descrição bem detalhada do que é o casamento místico do nosso “Eu superior” com o “eu inferior” dentro de nós – o perfeito equilíbrio dos nossos polos positivo e negativo.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental velam que nós, Ego (o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui) não somos nem homem nem mulher, mas que durante o presente estado de manifestação se tornou necessário dedicar uma metade da força sexual criadora para o desenvolvimento do cérebro e da laringe, por meio dos quais podemos criar pela palavra e produzir imagens mentais que serão reproduzidas em matéria concreta do Mundo Físico. Dessa forma se tornou necessário desenvolver um organismo físico, um Corpo Denso, com dois sexos: um expressando a qualidade espiritual da Vontade (masculina) e outro a da Imaginação (feminina). Note o Corpo Denso expressa ou o sexo masculino ou o sexo feminino. O Corpo Vital expressa o polo negativo (quando o Corpo Denso expressa o sexo masculino) e o polo positivo (quando o Corpo Denso expressa o sexo feminino). Já o Corpo de Desejos “não tem sexo”. E a Mente também “não tem sexo”.
Como cada um de nós nasce alternadamente em Corpos Densos masculinos e femininos, assim também expressamos, alternadamente, nossas faculdades gêmeas de Vontade e Imaginação. Cada uma dessas duas faculdades predomina em cada vida nossa aqui, enquanto a outra permanece latente, determinando, assim, os sexos masculino ou feminino. Porém, como renascemos aqui, vida após vida, na Grande Escola vamos nos tornando, com o aprendizado, mais capacitados a compreender e a dirigir o mecanismo dos sexos, até que vai nos sendo possível expressar simultaneamente e em certa medida essas duas qualidades. No Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz isso é possível para nós quando alcançamos o nível de Adepto. Mas esse trabalho vai sendo efetuado por graus, até que nos encontremos realmente nas mais sutis qualidades femininas e a mulher dentro de si se identifique com os mais nobres traços masculinos e nas mais sutis qualidades masculinas e a homem dentro de si se identifique com os mais nobres traços femininos. Quando tal ocorre, produz-se o equilíbrio e tem lugar o “casamento místico” ou “matrimônio místico”. Em tal condição, estaremos funcionando com os seus dois hemisférios cerebrais. É dito que no céu não há casamento, nem se dar em casamento, porque nós lá estamos livres das limitações e das imposições da carne. Lá não há problema sexual nem estamos sujeitos à expressão unilateral de um de seus polos. A nossa qualidade dual é então utilizável e, consequentemente, o casamento é desnecessário. Cada um cria o Arquétipo de seus futuros Corpos, com apenas a assistência das Hierarquias Criadoras. Só quando se deixa o Mundo celeste se penetrando na Região Química do Mundo Físico é que se torna necessária a cooperação de pessoas para a formação de Corpo Denso, que se adapte ao arquétipo construído no Segundo Céu. Este conhecimento de nossa constituição permite ao Estudante Rosacruz entender hoje a necessidade de se encarar como realmente é uma unidade criadora integral. Desse modo, ele vai preservando racional e conscientemente sua força sexual criadora, a fim de usá-la como energia para fins espirituais. E assim, naturalmente, a força sexual criadora provoca a ascensão do fogo espinhal para que, ao devido tempo, se defrontem dentro de nós o homem e a mulher. Tal fato foi muitas vezes exposto de modo falso por certas escolas espiritualistas na teoria das “almas gêmeas”, prestando-se a grosseiras concepções, uniões sexuais ilícitas, etc.
Realmente é do modo descrito que se realiza dentro de nós o Casamento Místico, com a ligação desses dois polos e o despertar de uma consciência criadora em todos os reinos da Natureza.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – abril/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.R.: “6Ouvi depois como que o rumor de uma grande multidão, semelhante ao fragor de águas torrenciais e ao ribombar de fortes trovões, aclamando: “Aleluia! Porque o Senhor, o Deus todo-poderoso passou a reinar! 7Alegremo-nos e exultemos, demos glória a Deus, porque estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro, e sua esposa já está pronta: 8concederam-lhe vestir-se com linho puro, resplandecente” — pois o linho representa a conduta justa dos santos. 9A seguir, disse-me: “Escreve: felizes aqueles que foram convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro”. E acrescentou: “Estas são as verdadeiras palavras de Deus”. 10Caí então a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: “Não! Não o faças! Sou servo como tu e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus Cristo. É a Deus que deves adorar!”. Com efeito, o espírito da profecia é o testemunho de Jesus Cristo.” (Ap 19:6-10).
É interessante lembrar que um ano começa com um feriado, uma pausa para meditação sobre a Fraternidade Universal.
Contemplamos, hoje, uma Humanidade espiritualmente adolescente, embriagada por suas realizações epigenéticas, mas também confundida num labirinto de interesses controvertidos. Ela partiu da unidade criadora para a descoberta dos valores internos e, agora, destina-se à reintegração consciente na unidade traçada por Cristo. Essa transição é lenta e segura, como todo processo da natureza. Começou com a vinda de Cristo e o ideal de Peixes-Virgem, aos sete graus de Áries, com o Sol em Precessão dos Equinócios. Foi o período do Cristianismo Popular. Agora entramos na Órbita de Influência de Aquário e preparamos condições para uma fase mais elevada do Cristianismo, o Cristianismo Esotérico. Daí a tendência fraternal manifestada, desde meados do século XIX, nas atividades humanas (cooperativismo, ONU, internet, redes sociais, as verdadeiras ONG, as associações sem fins lucrativos de auxílios a pessoas com dificuldades físicas e mentais, etc.). Daí o anseio de iniciar um novo ano dentro de um sentimento que a razão Cristã e a dor decorrente de nossos erros passados apontam como um ideal futuro, de paz e prosperidade: a Fraternidade Universal.
Pode-se contestar que os movimentos apontados têm muitas falhas. Concordamos. Mas não é por deficiência do cooperativismo, ONU, internet, redes sociais, as verdadeiras ONG, as associações sem fins lucrativos de auxílios a pessoas com dificuldades físicas e mentais e afins, mas, sim, pelos interesses partidários e egoísmos pessoais que lhes dificultam a expansão e eficácia.
Max Heindel relatou que no decurso de suas conferências púbicas pelas cidades norte-americanas os jornais sempre se interessavam pelos assuntos que suscitavam curiosidade; mas, quando ele tocava na questão de Fraternidade Universal, os seus artigos iam para os cestos de lixo, porque a Humanidade comum não acredita muito em coisas altruístas e prefere as considerar como utopia. No entanto, para nós, Estudantes Rosacruzes ativos e leais, habituados ao estudo do Cristianismo Esotérico, convictos na visão ampla dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, que acessam a verdadeira Memória da Natureza (no Mundo do Espírito de Vida) os atos passados dos Egos ocidentais e, com isso, determinaram com toda segurança as tendências futuras deles, a Fraternidade Universal é uma realidade que vem sendo alcançada seguramente! Isso, aliás, é predito nos Evangelhos. Acreditemos ou não, é mister que os outros “cordeiros” sejam conquistados para constituir um só rebanho. As dificuldades formadas pelo egoísmo e as diferenças naturais de condições, tendo em vista a linha evolutiva de cada um de nós e do povo terão um denominador comum, um elemento conciliador, na Fraternidade Cristã.
Nesse sentido é que surgiu a Ordem Rosacruz, na Região Etérica do Mundo Físico. O ideal Cristão já existia, desde a sua fundação, no século XIII. Mas, a sua missão era a de conferir ao sentimento de fraternidade um sentido racional, um fundamento científico, em concordância com a vida moderna, de modo a conciliar e unir numa estrutura renovadora, os princípios oficiais da Ciência, da Arte, e da Religião.
A Ordem Rosacruz não apresenta uma utopia. Ela parte do conhecido para o desconhecido, do concreto para o abstrato; ela toma as realidades presentes, expõe as raízes formadoras e revela, nas aparentes contradições, o ponto comum. E desse modo eleva a concepção humana, permitindo-nos olhar as coisas “de cima”, com um sentido global, a fim de que, ao descer de novo às particularidades jamais nos percamos nos detalhes. Só assim podemos conservar o sentido geral de tudo que nos rodeia, compreendendo melhor as diferenças. E eis o motivo da Ordem Rosacruz, no início do século XX, promover a fundação da Fraternidade Rosacruz aqui na Região Química do Mundo Físico e fornecer o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz a quem quiser.
Esse sentido global, sublimador, muito dificilmente podemos alcançar pelos sentidos. A ciência acadêmica baseia-se no que pode perceber com os sentidos físicos e esse lado é apenas o efeito de causas invisíveis e muitas vezes remotas. Portanto, a contribuição do ocultismo científico, como preconizado pela Fraternidade Rosacruz, é precisamente oferecer o “Fio de Ariadne” para conduzir-nos no labirinto da diversidade material e, finalmente, possibilitar-nos a comprovação lógica de tudo que ensina.
Benditos, pois, os de Mente aberta, os sinceramente devotados à causa fraternal, as “crianças de cabelos brancos”, sem preconceitos, os “pobres de espírito” que humildemente estão prontos a aprender, os que têm “fome e sede de justiça”, porque todos eles, se não nesta vida, em futura existência, já na Era de Aquário, serão fartos e constituirão os pilares da obra Cristã.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1964-Fraternidade Rosacruz-SP)
“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo” (GL 6:1-2).
Esse pedido, simples, mas grandemente significativo e cheio do fervor de um coração completamente dedicado à Causa do Cristo, apresenta uma verdade muitíssima importante para todo Estudante Rosacruz, cuja verdade é tão vital hoje como o foi quando foi escrita há mais de dois mil anos. Aqueles que a seguem porfiadamente são sábios, pois ela constitui uma pedra fundamental para o edifício espiritual. É um ideal entesourado por aqueles que seguem o Caminho de Cristo.
É prática comum, mesmo entre os que se proclamam Cristãos, criticar e julgar quando não condenar, quando um irmão ou uma irmã é “surpreendido em falta”, esquecido do fato que todos somos um em Deus, e que cada um de nós é responsável, em certa medida, pelas “faltas” dos nossos irmãos e das nossas irmãs, os quais estão indissoluvelmente ligados a nós pelos laços do Espírito. E quem de nós está sem faltas, que tenha o direito de julgar ou condenar outro?
Se ainda não desenvolvemos o “Cristo Interno” ao ponto de não compreendermos o ensinamento de S. Paulo, no verdadeiro “espírito de humildade”, faríamos bem em relembrar a similar fórmula de Cristo-Jesus: “Não julgueis para não serdes julgados, pois, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos” (Mt 7:1-2).
Todavia, não é suficiente que apenas deixemos de julgar e/ou de condenar. Devemos tomar a iniciativa e nos esforçar no serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focando na divina essência oculta em cada um nós, que é a base da Fraternidade. Devemos desenvolver a humildade e a compaixão que nos habilitará a tomarmos carinhosamente a carga dos outros, e assim cumprir os Ensinamentos Cristãos.
Cumprir os Ensinamentos Cristãos! Sim, essa é a tarefa com a qual nos defrontamos hoje. A época dos Espíritos de Raça, durante a qual a separatividade e o egoísmo foram cultivados, deve ceder lugar a época de Cristo, durante a qual deverá prevalecer a Fraternidade.
Passamos agora para um período de transição entre uma e outra época. Podemos dizer que uma última oportunidade está sendo oferecida àqueles que queiram subir ao próximo degrau da escada da evolução. Este é o tempo em que uma decisão deve ser tomada: seguir o impulso espiritual promovido por Cristo, que é o desprendimento e o serviço (restaurar com mansidão), ou então ficarmos para traz. Não existe terceira escolha!
Os Estudantes Rosacruzes têm maior responsabilidade do que os outros no esforço de cumprir os Ensinamentos Cristãos, pois já possuem o conhecimento que lhes foi dado para satisfazer a Mente, no que concerne aos Mistérios da Vida. Eles compreendem o Mistério Cósmico de Cristo, isto é, que Ele, o mais elevado de todos os Arcanjos (como referenciado na terminologia Rosacruz) veio à Terra por Sua livre e espontânea vontade, para também tornar-Se o Espírito Planetário dela, a fim de que pudéssemos ser libertados do nosso egoísmo e materialismo.
E assim Ele continuará sofrendo os grilhões de Sua confinação à Terra, enquanto fornece a Sua poderosa Força de Amor, de Vida e de Luz para nos remir.
E somente vivendo de acordo com os preceitos que Ele nos ensinou é que poderemos libertá-Lo desta Sua prisão. Vale lembrar que a escolha de seguir o impulso espiritual Crístico é algo que deve brotar do interior da pessoa. Apesar de não haver uma terceira escolha para o progresso, essa mesma escolha deve ser feita livremente e com a maturidade de uma vontade espontânea. Sem essa condição, a escolha poderá ser motivada pelo medo da responsabilidade de conhecer algum mistério superior e não pelo amor. Se isso ocorrer, ações artificiais e uma vida espiritual não autêntica passarão a ocorrer. Nesse sentido, a mansidão almejada não será uma realidade e a insustentabilidade dessa decisão será uma questão de tempo, até o Estudante Rosacruz desistir de trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1961 – Fraternidade Rosacruz – SP)
No nosso Caminho de Evolução, como Estudantes Rosacruzes, sentimos e até mesmo pensamos que as diversas aflições que estamos enfrentando no momento não nos são devidas.
Até porque, muitas vezes, achamos que o fardo é muito grande para nós! O que muitas vezes esquecemos é que como Estudante Rosacruz e, à medida que vamos avançando nessa caminhada, aumentamos nossas responsabilidades espirituais e, portanto, se faz necessário aprender com mais rapidez certas lições e corrigir os aspectos da nossa natureza inferior, que ainda nos controla e que é muito forte.
De maneira geral, aprendemos mais lições com a experiência vivida do que com os conselhos ou exemplos (observação). É sabido que para conquistar ou sublimar a nossa natureza inferior é necessário enfrentarmos as mais variadas dificuldades até que despertamos totalmente o nosso Cristo Interno. Porém, quaisquer que sejam nossas aflições e por mais doloroso que nos pareça o nosso sofrimento físico, mental e emocional sabemos que não nos é dado um fardo maior do que aquele que possamos carregar (ICor 10:13). Todos esses “fardos” escolhemos no Terceiro Céu, antes de iniciar a nossa descida para mais um nascimento aqui (Lei de Renascimento), e com a ajuda dos Anjos do Destino que nos fazem ver que essas experiências são oportunidades ímpares para nosso crescimento espiritual na vida atual.
Portanto, o objetivo da nossa vida aqui na Terra, que é o baluarte da evolução, é a experiência e não o sofrimento. Mas, à medida que sofremos, para nos beneficiar dessas experiências, nos é dada formas adequadas de auxílio, tanto internas como externas.
Se utilizarmos bem do Exercício Esotérico Rosacruz de Observação podemos ver, ao nosso lado ou até mesmo pelos meios de comunicação, que existem pessoas cujas vidas parecem ser uma sucessão de calamidades; em que umas perdem anos com doenças, outras vivem em tragédias ou desgostos que parecem intermináveis e outras nem parecem sofrer tanto. Todos nós sabemos que a vida sempre nos reservará subidas e descidas, pois os escolhemos passar, ou melhor, escolhemos sermos tentados, em diversas situações aqui neste Mundo Físico. Se tivermos consciência e aceitarmos passar por essas dívidas de destino, mesmo sabendo que serão árduas, devemos enfrentar e sobrepor todos os medos que possamos sentir e fortalecer o desejo de limpar todos os nossos maus hábitos. Porque, apesar dessas provas terem sido escolhidas anteriormente, a nossa atitude e a nossa força de vontade em relação a elas, depende exclusivamente de nós em reconhecer e utilizar as ferramentas necessárias para passar por cada divergência que enfrentamos.
Se deixarmos nos levar por influências negativas e não procurarmos sublimá-las, numa próxima vida, estaremos ainda piores, pois a lição ainda não foi aprendida. Teremos que passar por ela até aprendermos, ou seja, “lição aprendida, ensino suspenso”. Portanto, como Estudantes Rosacruzes temos o dever de procurar nos esforçar em transmutar aquilo que é negativo em positivo.
Existem alguns passos que podem ajudar a alavancar como:
– Enfrentar todas as provas procurando sempre eliminar as emoções que nos prejudicam. Sabendo que todas as provas são bênçãos “disfarçadas” que nos darão as lições necessárias à nossa evolução. Por isso a importância de fazermos todas as noites o Exercício Esotérico noturno de Retrospeção.
-Toda doença, seja física, mental ou emocional é uma manifestação de deficiência espiritual, visibilizada por meio dos nossos desejos, emoções e sentimentos inferiores, negativos e extremamente fortes (e pasmemos: isso se torna visível para nós no nosso horóscopo! Pena é que a maioria não “quer ver” ou não estuda a Astrologia Rosacruz da maneira como se deveria – com um conhecimento profundo da Filosofia Rosacruz e com o único objetivo de identificar as causas das doenças e enfermidades).
-Outro ponto importante é a persistência e a força de vontade a ser empregada. Não importa quantas vezes caímos, mas sim quantas vezes nos levantamos por mais que isso nos doa.
-A oração é outro ponto que deve estar sempre ao alcance do Estudante Rosacruz sincero e verdadeiro. Sabemos que os Irmãos Maiores anseiam por nos ajudar a eliminar os obstáculos que impedem o nosso crescimento espiritual. E para isso, trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz é a solução ideal e mais rápida! A ajuda virá se fizermos a nossa parte. Associado à oração podemos dizer que a gratidão e a devoção complementam essa compreensão que devemos ter para o Pai que nos criou.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Resposta: Se uma pessoa está preparada para receber tais tipos de ensinamentos, é porque já fez um nível de progresso no caminho espiritual, encontrando-se além da maioria de seus contemporâneos que conhecemos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz como Irmão Leigo ou Irmã Leiga. O elevado conhecimento adquirido, o intuitivo discernimento obtido, com a consequente mudança no comportamento dele ou dela, sobrepassam a compreensão mundana. Em virtude disso, muitos passam a hostilizar esse irmão ou irmã, não significando que ele ou ela se insurja contra eles ou deixe de amá-los. Significa tão somente que ele ou ela deve deixá-los temporariamente, até que atinjam um estágio semelhante de desenvolvimento. Não há razão para deixar de irradiar amor e simpatia para todos, quer seja correspondida ou não. Um Ego mais avançado pode permanecer só, embora, sempre irradiando ternura.
No Livro “Mistério das Grandes Óperas”, de Max Heindel, Fraternidade Rosacruz, lemos que o ser humano que tem a capacidade de passar instruções individuais para conhecimentos que sozinho um Irmão ou Irmã não conseguiria obter não aparecerá até que o Aspirante abandone o mundo e seja abandonado por ele. Isso quer dizer, certamente, o Mundo material com o apego às coisas materiais (especialmente em detrimento às coisas espirituais). Assuntos meramente mundanos, incluindo os negócios materiais com que seus amigos estão grandemente ocupados, não lhe interessam. Dessa forma, ele tem, naquele momento, pouca coisa em comum com tudo o que o rodeia. E, em seu contexto, parece estar desamparado. Contudo, isso constitui um estado de coisas passageiro. Seus contemporâneos e toda Onda de Vida Humana também evoluirão.
A Fraternidade Universal é o ideal da Era de Aquário. O sentimento fraternal será levado à prática de uma forma muito mais elevada do que observamos hoje em dia. Haverá uma ética, estética e espiritual irmandade, da qual todos serão partícipes e ninguém parecerá se encontrar abandonado.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1973 – Fraternidade Rosacruz SP)
Além do sistema de Iniciação Rosacruz, apropriado para aqueles que querem seguir o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz pela luz da razão, há outro Caminho para aqueles que querem trilhar pela fé e, do mesmo modo que há grandes vantagens no processo de conhecimento e de consciência deliberada da Iniciação Rosacruz, a Iniciação Cristã Mística é tocante e formosa. Somente aqueles que estão livres da dominação do intelecto, que pode se abster de fazer perguntas e consegue obter tudo que precisa de modo simples, por meio de uma fé “infantil” pode trilhar esse Caminho.
A Bíblia toda é um livro que contém diferentes sistemas de Iniciação e Iluminação para diferentes fases de desenvolvimento. Não há nenhuma dúvida que Cristo-Jesus viveu e passou pelas experiências narradas nos quatro Evangelhos, mas também é verdade que esses Evangelhos são fórmulas de Iniciação, e que Cristão Místico segue Cristo-Jesus por aquele Caminho, embora ele esteja sempre inconsciente que passa por um desenvolvimento oculto.
A base estabelecida em vidas passadas o atrai, em um renascimento aqui, a pais de natureza pura; assim, o corpo dele é imaculadamente concebido.
Quando a Humanidade emergiu das águas da Atlântida, ela perdeu o espírito de Amor e de Fraternidade e se tornou interesseira e caracterizada pelo egotismo (ou seja: sempre mostrando um senso exagerado de auto-importância, sempre querendo ser o centro de tudo). O espírito de Amor e Fraternidade Universal são trazidos, novamente, por meio do Cristão Místico quando ele vai sob água do Batismo e sente o pulsar do Grande Coração de Deus batendo no peito dele.
O egotismo e o egoísmo construíram um véu entre Deus e o ser humano, e quando descontruídos, o amor ilumina o Caminho para os lugares secretos. No Monte da Transfiguração o Cristão Místico vê a continuidade da vida pelo renascimento em diferentes Corpos. Moisés, Elias e João Batista são expressões do mesmo Espírito (do mesmo Ego) imortal.
As formas são utilizadas como trampolins para a vida em evolução. As formas do mineral são adequadas para nutrir as plantas, portanto: as plantas têm uma dívida de gratidão para com o mineral. As formas das plantas são destruídas para alimentar o animal e o ser humano; portanto: nós temos uma dívida para com as plantas. Assim, o inferior serve ao superior, portanto, há de haver um retorno, em troca; para restaurar o equilíbrio, os seres superiores devem servir os seres inferiores, como líderes, instrutores, guardiães e, para inculcar a lição de que os seres inferiores – então aprendizes – têm uma reivindicação de ser servido, o Cristão Místico lava os pés dos seres inferiores que estão sob a tutela dele. Para ele nada é serviço de baixo ou nenhum valor; se uma tarefa desagradável deve ser realizada, ele a faz com avidez, para salvar os outros.
Mas, embora ele sirva aos outros com o maior prazer, ele deve aprender a suportar seu fardo sozinho. Quando ele passa pelo Getsemani, mesmo aqueles que estão mais próximos dele dormem. Quando ele está condenado ao ostracismo e pelo mundo, eles também o negam; assim, ele é ensinado a não olhar para ninguém, mas a confiar apenas no Espírito (no Deus interno).
Ele, então, percebe que Ele é um Espírito e que o Corpo é uma cruz que ele deve suportar pacientemente. Os vórtices desenvolvidos por seus atos e prática dos Exercícios Esotéricos lenta, mas seguramente despregam o Corpo Vital do Corpo Denso e o crucificado sobe nas esferas mais elevadas, com tamanho regozijo que o faz clamar, com um grito regozijante: “Consummatum est” (está consumado). Ele é, então, um cidadão dos Mundos visível e invisíveis, do mesmo modo que o Aspirante à vida superior que busca o Caminho de Preparação pela Iniciação Rosacruz, pois ambas as escolas se encontram na “Cruz”.
(Por Max Heindel – Publicado no Echoes from Mount Ecclesia de Agosto de 1913 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
No caminho da perfeição, que trilhamos quando estamos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, desenvolvemos a visão e os poderes espirituais. Da visão espiritual, fala-se muitas vezes, como sendo o sexto sentido. A Humanidade comum tem cinco sentidos, porém, todos temos o sexto sentido latente e alguns, na vanguarda, o têm desenvolvido. No passado, tínhamos só quatro sentidos desenvolvidos.
A primeira evidência do desenvolvimento do sexto sentido está na capacidade de sentir as vibrações de planos, além do físico. Quando chegamos a sentir essas vibrações, ainda que o sexto sentido não esteja desenvolvido ativamente, damo-nos conta da existência desses planos superiores e percebemos a verdade nos sistemas filosóficos que os descrevem.
Nesse caso, está a maioria dos Estudantes Rosacruzes ativos. O fato de serem Estudantes dessa filosofia já mostra que são capazes de sentir a verdade nela contida e que são, mais ou menos, sensitivos às vibrações suprafísicas.
O sexto sentido, ou visão espiritual, com que obtemos conhecimento direto dos planos superiores, é triplo. O grau mais baixo é a visão etérica que percebe a Região Etérica do Mundo Físico com as suas entidades tais como os Espíritos da Natureza. A visão etérica permite ver através de objetos físicos e observar as condições de qualquer de suas partes. Isso se aplica a todas as substâncias, exceto o vidro. O vidro não é condutor de eletricidade. Esse fato sugere uma conexão interessante entre os éteres, a visão etérea e a eletricidade. Vamos deixar esse tema à meditação dos estudantes, esperando que dela tirem proveito.
O segundo grau de visão espiritual é a Clarividência do Mundo do Desejo. Percebe o Mundo do Desejo e os Corpos de Desejos das entidades que vivem ali. Na Clarividência, um objeto aparece completo ante a nossa vista. A clariaudiência é outro meio de entrar em contato com o Mundo do Desejo, capacitando-nos a ouvir as vozes espirituais daqueles que vivem ali e compreender a misteriosa linguagem deles.
Pelo terceiro grau de visão espiritual, percebemos as realidades espirituais no Mundo do Pensamento. Aqui, entramos em contato com os Arquétipos de todas as coisas existentes. Esses Arquétipos sendo entidades vivas, falam e instruem-nos sobre eles mesmos. É difícil pôr em ordem lógica os conhecimentos obtidos desse modo, porque os percebemos como uma totalidade e não como apresentá-los em partes distintas, como no caso de nossa visão física.
A visão espiritual pode ser positiva ou negativa. A forma positiva é aquela que o estudante de uma escola oculta positiva há de desenvolver. O desenvolvimento se opera pelo despertar da Glândula Pineal e do Corpo Pituitário e, além isso, pela conservação da força criadora sexual, que deve ascender para o cérebro.
Certos exercícios fazem vibrar o Corpo Pituitário, de tal modo a desviar as linhas das forças sexuais ascendentes, fazendo-as passar pela Glândula Pineal e pelo Corpo Pituitário, formando, assim, uma ponte entre os dois. Desse modo, obtém-se a visão espiritual positiva, sob o domínio da vontade.
No Cristão Ocultista, a maior parte da corrente de força sexual flui para cima, pelo canal espinhal e pela laringe, até o cérebro e, dali, para baixo, ao coração. O Cristão Ocultista desenvolve a parte intelectual da sua natureza em maior proporção que a parte da corrente que flui para cima pelo coração e laringe, antes de chegar ao cérebro.
Já o Cristão Místico desenvolve a parte devocional da natureza, em grau maior que a parte intelectual. Ambas as formas pertencem ao desenvolvimento espiritual positivo e aumentam a visão espiritual.
O caminho negativo de desenvolvimento é o do Clarividente Involuntário ou negativo (por exemplo, o médium). Esse desenvolve sua faculdade por meio do plexo solar e do sistema nervoso simpático, em vez de fazê-lo pelo cérebro e pelo sistema cérebro-espinhal. A visão do Clarividente Involuntário ou negativo não está sob seu domínio, nem sujeita à sua vontade. Além disso, não a retém para as vidas futuras, enquanto a visão espiritual positiva, obtida pelo verdadeiro Cristão Ocultista ou Cristão Místico, retém-se para sempre.
O Cristão Ocultista e o Cristão Místico terão que obter o desenvolvimento nos dois sentidos: intelecto e coração.
O caminho negativo seguido pelo Clarividente Involuntário, ou negativo, há de ser, muitas vezes, entrar no desenvolvimento da visão espiritual positiva. Contudo não devemos, nunca, cultivar a mediunidade.
A visão espiritual e os poderes ocultos só podem ser desenvolvidos, de modo seguro, por uma vida do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos dos outros, e focando na divina essência oculta – que é a base da Fraternidade. Se desenvolvemos esses poderes, por qualquer outro motivo que não seja o da colaboração com esse grande Esquema de Evolução, estaremos em perigo. Se nosso objetivo é o desejo egoísta de obter poderes, para favorecer, exclusivamente, nossos propósitos e nossas vantagens individuais, abrimos nossa “aura” a entidades más, que nos servirão temporariamente. Breve seremos nós que teremos de servi-las. E, pior, exigirão o pagamento da dívida até ao extremo. Liquidada a dívida, o Aspirante à vida superior é ainda, muitas vezes, arrastado para baixo, aos abismos da degradação.
A vaidade, que alguém alimente por ter certo grau de desenvolvimento espiritual, pode ser a porta de entrada de Elementais na sua aura, o que, muitas vezes, produz a queda do indivíduo. Por essa razão, a Bíblia é cientificamente correta, quando nos previne contra o orgulho. Esse perigo apresenta-se de modo sério, quando trilhamos o caminho da perfeição. Os veículos do Aspirante à vida superior estão sensibilizados, quer pela vida pura, quer pelos Exercícios Esotéricos Rosacruzes que pratica. Tem que ser muito mais cuidadoso que as demais pessoas, para evitar o sensualismo de qualquer natureza, porque o arrastaria e o esmagaria com maior rapidez que a outros.
Entre os primeiros exercícios que o Estudante Rosacruz ao conhecimento direto deve praticar, está a aguda observação de detalhes, por meio do Exercício Esotérico de Observação. É verdade que a maioria tem olhos e não vê. O Estudante Rosacruz deve se exercitar na arte de observar tudo em volta, com grande minúcia, porque do outro modo, sobrevirá um conflito entre as recordações conscientes, na Mente, e as recordações subconscientes, no Corpo Vital, e isso produzirá desarmonia.
Passando pela rua, podemos melhorar nossa observação, notando, distintamente, todas as casas e seus detalhes, os jardins, o estilo da arquitetura etc. Mais tarde, deveríamos recordar esses detalhes.
O Exercício Esotérico de Observação junto com o Exercício Esotérico do Discernimento resulta em um poder enorme para o Estudante Rosacruz na prática do ensinamento Cristão: “ter olhos e ver…ter ouvidos e ouvir”.
A Concentração (aguçada pela prática dos dois tipos de Exercícios Esotéricos Rosacruzes) e os pensamentos positivos são os poderes mentais a desenvolver depois. Nessa prática há que fixar a Mente num só ponto e não permitir que se distraia. A distração destrói o poder do pensamento. A concentração cria-o e fortifica-o. O pensamento positivo alcançará sempre seu objetivo. O pensamento negativo é débil e nunca consegue grande coisa. O pensamento positivo facilitará uma Mente capaz de fazer milagres, em qualquer campo de ação, e nos concederá êxito. O pensamento negativo abre nossa aura às entidades de natureza indesejável.
O Exercício Esotérico mais importante para o Estudante Rosacruz e que deve ser praticado todas as noites é o Exercício Esotérico Rosacruz de Retrospecção.
Exercícios Esotéricos Rosacruzes superiores são a Meditação, a Contemplação e a Adoração (que dependem muito do grau em que o Estudante está no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz).
Lembrando sempre que a repetição sistemática de verdades espirituais faz com que elas se introduzam e se fixem no Corpo Vital (é por isso que o Estudante Rosacruz “estuda” constante e repetidamente o livro Conceito Rosacruz do Cosmos, ou seja: ele não só o lê). Gradualmente, farão parte do caráter, mormente se reforçados por obras. Desse modo, podemos formar o nosso caráter como quisermos, e caráter é destino.
O Estudante Rosacruz, amiúde, retarda seu progresso por alimentar ansiedade, uma forma de medo. Deve fazer as coisas que sabe serem boas; não deve ter medo do futuro. “O perfeito amor expulsa o medo” (IJo 4:18).
É necessária essa vitória sobre o medo, antes de desenvolvermos nossos poderes ocultos em geral. Se não o dominarmos, não teremos segurança para cruzar os planos invisíveis, e nem estaremos em condições para percorrer esses planos, longe da “proteção” de nossos Corpos Densos. Sentir medo é prova de que não estamos, ainda, completamente capacitados para dominar essas entidades, por conseguinte, é o primeiro grande inimigo que o Estudante Rosacruz tem de vencer.
Alguns Estudantes Rosacruzes caem no erro de desenvolver a vidência espiritual por meio de drogas, meios “disfarçados” de possessão de parte ou total do Corpo Denso por “espíritos que se dizem sábios” (ou não tanto), objetos os mais diversos possíveis e imagináveis (alguns até inimagináveis!) ou inadequados exercícios de respiração. Com o tempo, surgirão doenças ou enfermidades, muitos frutos de obsessões ou de possessão, resultado dessas práticas de caráter negativo. Desenvolvem a visão espiritual, certamente, mas com vibrações irregulares. Os que seguem essas práticas abrem sua natureza ao Mundo do Desejo inferior e às suas entidades viciosas. Os exercícios de respiração orientais não são apropriados aos ocidentais – são ótimas para os nossos irmãos e nossas irmãs que vivem no oriente desse Planeta. Algumas vezes, extraem o Corpo Vital do Corpo Denso, cortando o laço entre os centros sensoriais etéricos e as células cerebrais, produzindo a loucura. Em outros casos produzem ruptura entre o Éter de Vida e o Éter de Químico, causa frequente de tuberculose. Os Estudantes Rosacruzes devem desconfiar seriamente dessas práticas; nem sequer fazer o menor ensaio. A respiração higiênica, profunda, e boa, é recomendável.
Finalmente, o equilíbrio, em todos os planos, é o grande objetivo do Estudante Rosacruz. Esse objetivo é triplo: primeiramente, a concentração mental; em segundo lugar, o equilíbrio emocional e, por último, o poder espiritual. Todavia, ao obter tudo isso, tendo desenvolvido a visão superior e podendo abandonar seu Corpo Denso conscientemente, o Estudante Rosacruz não possui a onisciência. Está, somente, no ponto de começar sua educação nos Mundos espirituais. Ali, tem de aprender, num curso de trabalho paciente e de aplicação assídua aos problemas do novo ambiente.
Podemos nos dar conta, agora, como é tolice seguir os ensinamentos de qualquer mestre que desenvolveu, porventura, um dos três graus da visão espiritual e, talvez, de maneira imperfeita.
Tudo o que se obtém dos Mundos internos, por meio de qualquer grau de visão espiritual, tem de ser submetido à prova da lógica e do bom senso. Se não resistir a essa prova, devemos rejeitar e fazer novas investigações, antes de aceitar! Está aqui uma regra importantíssima que todo verdadeiro Estudante Rosacruz segue à risca.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)