Arquivo de categoria Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Quando, segundo a Filosofia Rosacruz, podemos esperar a Segunda Vinda de Cristo?

Resposta: A Filosofia Rosacruz afirma que Cristo nunca retornará em um Corpo Denso.

Em vez disso, a Segunda Vinda será em um Corpo Vital e somente aqueles que desenvolverem seus Corpos-Almas o bastante para serem capazes de funcionar neles conscientemente estarão cientes da Sua presença, quando Ele vier.

O tempo do retorno d’Ele nenhum ser sabe, a não ser Deus-Pai. Mas mesmo agora Cristo – como um raio do Cristo Cósmico – está conosco durante seis meses, todo ano, como Espírito Planetário que reside na Terra, mas não em um corpo tangível que possa ser visto, como veio na Sua primeira vinda.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Pergunta: Qual a relação entre a Força Criadora e o Envelhecimento?

Resposta: (A seguinte é uma entrevista à rádio com uma Probacionista idosa, 97 anos e meio, em Michigan. A data da gravação foi 9 de setembro de 1987, e foi ao ar em 13 do mesmo mês. A entrevista foi com a própria filha).

Bette (nome da filha entrevistadora): Estou orgulhosa e feliz em apresentar nossa convidada especial, escritora, poeta, e vovó que pratica jardinagem e toca piano, diariamente. Ainda cozinha pratos deliciosos. Ela, Marika Kusserelis, gostaria de compartilhar um pouco de sua sabedoria dirigida a uma vida criativa e ativa após os noventa anos. Ela nos contará sobre a força criadora e o envelhecimento baseado no conhecimento por ela adquirido durante anos de estudo, observações, e experiência por uma longa vida. Mãe, diga-nos onde encontra tanta energia e inspiração?

Marika: Por falar em força criadora, gostaria de recitar a primeira parte de uma de minhas orações favoritas: “Não te pedimos mais luz, Senhor, senão olhos para ver a luz que já existe; não canções mais doces, senão ouvidos para ouvir as presentes melodias; não mais força, senão o modo de usar o poder que já possuímos; não mais amor, senão habilidade para transformar a cólera em ternura; não mais alegria, senão como sentir mais próxima essa inefável presença para dar, aos outros, tudo o que já temos de entusiasmo e coragem. Não te pedimos mais dons, amado Deus, mas apenas senso para perceber e melhor utilizar os dons preciosos que recebemos de Ti. Faze que dominemos todos os temores; que conheçamos todas as santas alegrias. Para que sejamos os Amigos que desejamos ser; para transmitir a verdade que conhecemos; para que amemos a pureza; para que busquemos o bem. E, com todo o nosso poder, possamos elevar todas as Almas, a fim de que vivam em Harmonia e na Luz de uma Perfeita Liberdade”. Nesta oração entendemos que estamos todos dotados de vontade divina em canais criadores e positivos, de conformidade com nossos talentos interiores. Deus deu-nos uma Mente na qual pode refletir sua Mente Divina e dirigir-nos para a d’Ele. É uma questão de auto entendimento. Um dos mais famosos antigos filósofos gregos, Sócrates, costumava ensinar repetindo: “Homem, conheças a Ti Mesmo“. É entendido que por meio do conhecimento próprio, a verdadeira natureza de nosso ser, alcançamos a chave que leva à força que existe em nós.

Estudando-nos, observando nosso pensar, nossas tendências emocionais, espirituais e físicas, e tentando melhorá-las, gradativamente obtemos conhecimento próprio, a “verdadeira natureza” de nosso ser. Isto confere razão a nossa fé, a chave que leva a força existente, aquela força criadora interna.

Bette: Diga-nos sobre a força criadora conforme a experimentou.

Marika: Tenho aprendido que toda natureza está pulsando na força criadora de Deus. O ser humano com todo seu provado intelecto pode ajudar-se a si mesmo e a dirigir energias para canais criadores positivos. Isto é muito importante para todos nós: descobrir o gene divino em nós e cooperar com as perfeitas Leis de Deus. Eu pessoalmente amo a Natureza: vejo Natureza na vontade de Deus. A Natureza é só criadora e sua criatividade é verdadeiramente científica, artística e bela. Tomemos como exemplo uma humilde flor silvestre: uma margarida do campo. Veremos como ela é feita com perfeição dentro de sua espécie. A ciência material não pode reproduzir sua vida, sua perfeição. A tecnologia ocupa seu lugar e desenvolveu-se muito para o nosso conforto e prazer, mas a vida é a verdadeira fonte da ciência: nossos cientistas devem ficar espiritualizados para descobrirem que eles próprios podem tornar-se criadores de vida como alguns mencionados na Bíblia. Mas hoje os cientistas não podem produzir vida como faz a Natureza.

Bette: O gene da Natureza é verdadeiramente inspirador, já que mencionou isto. Assim sendo, quanto mais tornamo-nos espiritualizados tanto mais poderemos tornar-nos criativos?

Marika: Sim.

Bette: O que dizer sobre o envelhecer e a criatividade? Envelhecendo podemos nos tornar mais criativos?

Marika: O que observei experimentando o envelhecimento tem sido um período valioso de criatividade, uma chance de empregar o conhecimento colhido da experiência de vida, oferecendo voluntariamente ajuda ao próximo. Tais ações ajudaram-me a conseguir mais e mais conhecimento sobre as lições da vida – o significado de Amor e de Fraternidade. Anos atrás, quando voluntária numa escola, fui solicitada a escrever sobre minhas ideias relativas à aposentadoria. Escrevi um curto ensaio que tenho aqui. Foi publicado num jornal escolar; poderia lê-lo para mim, Bette?

Bette: “Estudos sobre Gerontologia”, por Marika K. 77. A ‘aposentadoria’ – entendida aqui como o início de uma fase na vida onde não se precisa mais trabalhar para ‘fazer a vida’ ou ‘ganhar a vida’ ou ‘investir recursos financeiros para o futuro’ – é um período de maturidade, um momento em que somos dispensados ​​de tarefas urgentes. É um período de criatividade, determinado pelo nosso calibre mental e pela experiência acumulada ao longo dos anos. Neste momento de descanso podemos, se quisermos, redescobrir talentos que poderiam ter sido enterrados durante os nossos anos mais ativos de trabalho e responsabilidade.

A ‘aposentadoria’ pode ser um período saudável, produtivo e alegre. Para muitos, pode ser saudável sem drogas ou estimulantes, se aplicarmos o autodomínio sobre os nossos hábitos físicos, emocionais e mentais. Através do pensamento positivo, da concentração e da meditação, podemos obter inspiração que poderemos direcionar para fora por meio de uma vontade forte e bem desenvolvida.

Podemos redescobrir nossos talentos, sejam eles escritos, pintura, bordado, jardinagem, bricolagem, colecionar, prestar assistência, voluntariar ou qualquer outra coisa. Acima de tudo, podemos criar uma atmosfera de beleza.

Somos parte de Deus, um criador por direito próprio. Temos poderes interiores latentes: poderes divinos potenciais que, no âmbito de um certo padrão de vida, podemos nos capacitar a criar uma vida útil mesmo nos últimos anos do nosso mais um renascimento terreno.

A ‘aposentadoria’, de fato, é um período de oportunidades para uma vida útil de serviço voluntário para o bem comum. Como resultado da minha própria experiência, quero estudar gerontologia para ajudar outras pessoas a se prepararem para a idade avançada que se aproxima.

Tenho mais de oitenta e sete anos de idade física, mas minha Mente e meu Coração parecem quase iguais aos de quando tinha sessenta e cinco anos.

Naquela época eu pensei que sessenta e cinco anos era idade avançada; agora me parece uma idade juvenil, e deveria ser assim. Às vezes, quando subo e desço os degraus e me seguro com cuidado para não cair, tenho uma sensação estranha dentro de mim porque me sinto jovem, apesar da fragilidade física.

Ainda trabalho no meu jardim e muitas vezes faço trabalhos árduos, como escavar cuidadosamente. Digo cuidado, porque descobri que fazer movimentos bruscos ou desajeitados pode machucar você quando for idoso. Nossos Corpos Densos são nossos instrumentos para alcançar a experiência terrena que leva ao desenvolvimento espiritual. É importante para o nosso bem-estar espiritual que tomemos os melhores cuidados para sermos saudáveis ​​e vivermos a nossa vida atual na Terra o maior tempo possível. Isso pode ser feito se praticarmos o autodomínio em nossas vidas. Uma vontade autodidata é importante em todas as fases da vida. A chave é ‘ir para frente e para cima’, quer sejamos jovens ou idosos.

Um dia, trabalhando no jardim, senti tontura e meu coração batia forte. Imediatamente parei de me mover e respirei e permaneci na mesma posição. Em alguns momentos tudo ficou bem. Anteriormente eu havia experimentado as mesmas sensações quando caminhava pelo centro da cidade. Então também, automaticamente, parei de andar, fiquei parada e respirei bem devagar. Parecia que dei tempo a todo o meu organismo para recuperar o equilíbrio e em poucos segundos me senti normal.

Medo, ansiedade e confusão muitas vezes trazem mais problemas. No meu caso, o estilo da minha vida diária, especialmente a minha dieta vegetariana durante cinquenta anos, permitiu a ajuda que recebi durante as tonturas. Cada indivíduo deve reexaminar o assunto do seu ponto de vista pessoal. Uma coisa é certa: o medo é a principal causa de mais problemas; é falta de fé, ‘a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. . .,’[1], como aprendemos estudando a Epístola de S. Paulo aos Hebreus.

Falar de fé e medo me lembra da época em que adoeci com tuberculose e tive que deixar minhas duas meninas de três e quatro anos. Fiquei no hospital de 1929 a 1931. Meu medo era transmitir a doença à minha família e me preocupava continuamente com isso. Embora eu também estivesse orando continuamente, isso não me ajudou em nada porque minha fé não estava completa. O medo e a preocupação neutralizaram minha fé até ao nada. Em outras palavras, ‘eu vi e chorei’. O fato de meu medo ter anulado minha fé mudou minha condição de mal a pior.

Minha condição psicológica estava em um estado tão lamentável que isso se refletia em minhas expressões físicas e pessoais. Agora entendi isso claramente. Lembro-me de uma ocasião em que os médicos me examinaram com o fluoroscópio[2] e riram, talvez da ação repentina das minhas entranhas que estavam observando. Senti-me humilhada por ser objeto de sua pesquisa e não gostei nada disso. No entanto, quando se tem fé, deve-se estar consciente de que tudo funciona para o bem; Deus também cuida de nós por meio de nossos médicos, enfermeiras e todos os profissionais de saúde. Minha fé estava misturada com medo e os resultados foram desastrosos.

Mais tarde, minha condição começou a mudar para melhor. Eles me levaram para a varanda, onde todas os jovens e as jovens eram bonitas, de bochechas rosadas e sorridentes. Eles não pareciam se preocupar em ficar doentes. Isso foi um bom remédio para mim — ser mais otimista e alegre — e restaurou minha fé. Os médicos me colocaram em terapia ocupacional e eu desenhei um cobertor na forma quadrada: um desenho original de minha autoria. A seguir terminei essa minha pintura; pedi gesso para modelagem e fiz algumas formas e pintei com sucesso e arte, para admiração de meus médicos e enfermeiras. Estava mais contente e mais esperançosa por uma recuperação rápida.

Mais tarde, descobri que minha súbita mudança para melhor e minha condição psicologicamente melhorada também se deviam à ajuda espiritual extra dada em particular por um amigo. Também tive bons cuidados neste hospital, é claro, mas o mais importante de tudo é que estava livre do medo e isso estava acelerando minha recuperação. Mais tarde, na primavera, os médicos me deram alta e me reencontrei com minha família. Isso me deu a maior esperança. Meu marido contratou uma profissional do lar, que me ajudou no tratamento de repouso em casa, enquanto cuidava dos meus filhos e de manter a casa arrumada.

Aconteceu que a profissional do lar estava ligada a um ‘grupo de metafísicos’, como foi que entendi. Ela me trouxe alguns livros que informava sobre o poder do pensamento. No início não conseguia aceitar a ideia de que o pensamento, positivo ou negativo, tivesse muito a ver com a nossa vida, mas com mais estudos tentei colocar a teoria em prática.

Gradualmente comecei a passar mais tempo fora da cama. Fui às reuniões do ‘grupo metafísico’ e, finalmente, pude perceber que a fé é composta pelos nossos pensamentos e pela nossa confiança na ajuda dos poderes superiores. Continuo acreditando nisso até hoje e procuro viver minha vida em harmonia com os princípios da vida, a Lei da Natureza.

Depois disso, cada vez que eu ia ao hospital para fazer um check-up de rotina, os médicos me diziam: ‘Continue fazendo o que você está fazendo. Você está ficando cada vez melhor.’. Eles não me perguntaram o que eu estava fazendo e não contei a eles que, na época, eu estava sendo tratada por meio do Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz. A partir daí ganhei muita ajuda, não só para a minha saúde, mas também para as condições familiares em geral.

Ao visitar o hospital para fazer meus exames, perguntei sobre os jovens e as jovens de bochechas rosadas que estavam na varanda. Fiquei sabendo que depois que voltaram para casa, a maioria deles havia morrido. A minha própria experiência disse-me que as doenças crônicas são o resultado de venenos acumulados nos nossos Corpos Densos, resultantes da nossa longa desobediência às Leis da Natureza. A cura requer uma mudança de vida, uma mudança de hábitos e o desenvolvimento de uma natureza devocional para vencer os maus hábitos e estar em harmonia com a vida. Isto é o que nosso Senhor Cristo quis dizer quando Ele disse àqueles a quem Ele estava curando: ‘A tua fé te curou. Vá e não peque mais[3]. Deve haver uma mudança completa de atitude para ser curado permanentemente. Foi o que aconteceu comigo: através da ajuda do Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz e dos cuidados dos Auxiliares Invisíveis, consegui fazer essa mudança na minha vida. Escapei de recaídas porque trabalhei duro para obedecer às Leis de Deus, mental, emocional e fisicamente.

Parece que a fé é o ‘Alfa e o Ômega’ das coisas da vida, quer sejamos jovens ou muito idosos. A fé, de fato, é a ‘substância’ que constrói as coisas esperadas. ‘Buscai primeiro o Reino dos Céus e todas as coisas boas vos serão acrescentadas[4]. ‘Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á[5]. “…porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo[6]. Esta é a lei da vida: a Lei de Causa e Efeito.

No Livro do Apocalipse, também somos informados de que seremos uma lei para nós mesmos quando tivermos alcançado o autodomínio completo. Faremos isso servindo, agora, fielmente sob a Lei de Causa e Efeito. Existem também estágios maiores de desenvolvimento – estágios ilimitados que continuam indefinidamente. ‘A quem vencer, eu o farei coluna no Templo do meu Deus, donde jamais sairá’ (Apo 3:12)”.

Marika: As ideias expressas em meu artigo que escrevi em 1977 com 81 anos são as mesmas de hoje com 91. Há tanto a se dizer sobre envelhecer e nosso bem-estar. Entre outras coisas, a Ciência da Nutrição é, creio, um fator vital para todos nós idosos principalmente, bem como para qualquer idade. Conhecimento do significado da boa nutrição deveria ser um assunto obrigatório em nossas escolas tanto quanto o são leitura, escrita e fazer contas. Há tantos fatos necessários e práticos para a boa saúde individual – principalmente sobre a sábia nutrição, só que não tenho tempo para entrar em pormenores, mas noutra ocasião terei prazer em falar-lhe da ciência da boa nutrição. Posso compartilhar a experiência pessoal de mais de 91 anos com resultados bons e óbvios. Agradeço o convite a este programa.

Bette: Nós agradecemos, mãe, em compartilhar sua sabedoria conosco. Possa você e toda nossa audiência ter uma longa e saudável vida criativa!

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1985 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Hb 11:1

[2] N.T.: Fluoroscopia é um exame que emprega radiação ionizante para obter imagens contínuas de uma parte do corpo. Também chamado de radioscopia, o teste emite os raios X aos poucos, possibilitando a observação das imagens em tempo real.

[3] N.T.: Lc 17:19

[4] N.T.: Mt 6:36

[5] N.T.: Mt 7:7

[6] N.T.: Lc 6:38

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Pergunta: O que é o Gênio, do ponto de vista da Fraternidade Rosacruz?

Resposta: Partindo de uma perspectiva comum, a genialidade parece ser um acidente. A teoria da hereditariedade não consegue explicar isso, pois às vezes as pessoas mais comuns trazem ao mundo uma criança que é um gênio, e as pessoas mais instruídas e intelectuais têm idiotas como filhos. Outras vezes encontramos até idiotas e gênios na mesma família. Na verdade, pode-se dizer que a insanidade e o gênio são os dois extremos onde as qualidades mentais da Humanidade se encontram.

Se tentarmos explicar o gênio pela hereditariedade, não podemos deixar de nos perguntar por que não existe uma longa linhagem de ancestrais mecânicos antes de Thomas Edison, que poderia então ser considerado a “flor de uma família”. Mas descobrimos que em todos os casos a aparência do gênio não é possível de ser deduzida a qualquer lei, quando vista da mera perspectiva material. Quando aplicamos a Lei de Consequência e a Lei que a acompanha, a Lei do Renascimento, sobre o problema, a questão é muito diferente. Esta teoria, que é baseada na Lei do Renascimento, afirma que a vida aqui na Terra é uma Escola de Experiência; que a cada novo nascimento aqui nascemos com as experiências acumuladas de todas as nossas vidas passadas, como nosso estoque comercial, nosso capital; que alguns de nós frequentamos esta Escola de Experiência durante muitas vidas e acumulamos muito proveito. Talvez tenhamos desenvolvido uma faculdade específica mais do que outras, de modo que nos tornamos extremamente especialistas em uma linha especial de atividade. Isso é o gênio.

Para expressar algumas de nossas faculdades, por exemplo, a música, é necessário que tenhamos certas características físicas, como dedos longos e delgados, um sistema nervoso delicado e, principalmente, que o ouvido seja especialmente desenvolvido para que possamos nos expressar como músicos. O material necessário para essa expressão não pode ser encontrado em lugar nenhum, mas a Lei da Associação, naturalmente, atrairia um músico para outros músicos, e lá ele encontrará a sua disposição os materiais com os quais construirá, para si, um Corpo tal como é necessário para a expressão de seu talento. Portanto, às vezes, parece que os músicos nascem em famílias onde há muitos músicos; por exemplo, vinte e nove músicos nasceram na família Bach em duzentos e cinquenta anos.

(Pergunta nº 13 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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Pergunta: No livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz nós lemos que a Epigênese acrescenta alguma coisa nova ao Corpo, tornando a criança diferente de seus pais. No óvulo humano não há o menor traço do organismo em perspectiva. Um Ego, presumivelmente, acrescenta inovações ao seu Arquétipo antes mesmo de renascer. É correto afirmar-se que a Epigênese, neste caso, ocorre no Segundo Céu, e que o trabalho feito pelo Ego, no útero, não passa, na verdade, apenas de uma repetição?

Resposta: De certo modo é correto afirmar que o Ego principia a fazer uso da sua faculdade epigenética já no Segundo Céu, quando da formação do Arquétipo. O trabalho executado no útero, entretanto, não é meramente uma “repetição”. O esquema das inovações introduzidas já existe no Arquétipo, elaborado de “matéria mental”, na Região Concreta do Mundo do Pensamento.

Posteriormente, começa a receber material para a formação de seu Corpo Denso. O Ego sabe como manipular matéria química e etérica para dar expressão concreta, no Mundo Físico, às inovações arquetípicas. A Epigênese compreende justamente essa habilidade de trabalhar com a matéria, criando alguma coisa nova com as substâncias química e etérica e promovendo sua expressão física, em harmonia com o esquema antecipadamente elaborado.

(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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Pergunta. Você poderia explicar o que aconteceu com o Cordão Prateado de Jesus, quando o Espírito de Cristo tomou posse do Corpo Denso e do Corpo Vital dele?

Resposta. O Cordão Prateado permaneceu conectado com os veículos superiores de Jesus, que são a Mente e o Corpo de Desejos, e Jesus continuou trabalhando no Mundo do Desejo, até a crucificação de Cristo-Jesus, pois quando o Cordão Prateado é rompido, o influxo de vida aqui na Região Química do Mundo Físico cessa e o Corpo Denso morre. Não é possível transferir a conexão do Cordão Prateado dos veículos superiores de uma pessoa para os de outra. Assim, Jesus esteve conectado com seu Corpo de Desejos pelo Cordão Prateado durante todo o tempo em que Cristo usou o Corpo Denso dele. Isso, no entanto, não prejudicou os movimentos de Jesus, pois o Cordão Prateado, no seguimento entre o Átomo-semente do Corpo Vital e o Átomo-semente do Corpo de Desejos é capaz de extensão ilimitada. Na crucificação ou logo depois dela, o Cordão Prateado foi rompido e a morte do Corpo Denso ocorreu. Então Jesus foi liberado no Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-sementes de todos os seus veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), e Cristo entrou na Terra e Se tornou o Espírito Planetário dela, função que persiste até hoje.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Pergunta: Seremos capazes de superar a morte no Corpo Denso?

Resposta. Não. A morte só será superada no Corpo Vital; a morte é meramente uma interrupção momentânea na consciência de alguém, enquanto ela é transferida de um mundo para outro: do Mundo Físico para o Mundo do Desejo. Quando tivermos desenvolvido nossos Corpos-Almas o suficiente para que nossa consciência se torne residente neles, então ela será contínua e não será interrompida pelo fim do Corpo Denso.

Para a maior parte da Humanidade isso não ocorrerá até a Sexta Época, que é chamada de Nova Galileia. Então a Humanidade estará em uma condição análoga àquela em que estava nos dias da Época Lemúrica primitiva, quando a consciência estava focada na Região Etérica do Mundo Físico e não estava consciente da morte do Corpo Denso. No entanto, na Sexta Época estaremos na fase ascendente desse Esquema de Evolução, em um estágio mais elevado do que estávamos nos dias da Época Lemúrica.

O Adepto já chegou a esse estágio. Ele aperfeiçoou seu Corpo Vital, na parte superior que é o Corpo-Alma, a tal ponto que ele pode funcionar nele conscientemente em todos os momentos; ele também adquiriu a habilidade de construir um novo Corpo Denso à vontade e entrar nele quando o velho Corpo Denso se desgastar ou quando ele desejar descartá-lo. Assim, o Adepto superou a morte. Mas note que isso não foi feito elevando as vibrações do Corpo Denso para imortalizá-lo.

Corpos Densos se desgastam, mesmo os dos Adeptos, e continuarão fazendo isso… Além do mais, não é desejável que eles sejam imortalizados. É muito melhor que, quando atingirmos um estágio mais elevado de evolução, transfiramos nossa consciência para Corpos Vitais, que são muito mais adequados para nossos propósitos do que Corpos Densos possam ser.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Pergunta: Por que vocês recomendam sempre que construamos Corpos melhores para as vidas futuras e o que entendem exatamente por essa recomendação?

Resposta: Desde o começo do Período de Saturno nós, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, fomos aprendendo a construir os nossos veículos. Em nossos dias, apesar dos eons de Involução-Evolução, nossos Corpos Densos só possuem cinquenta por cento da sua eficiência. Para podermos avaliar o que serão esses Corpos Densos em seu estágio máximo, é suficiente observar as mudanças e aperfeiçoamentos já constatados, guardando em mente que a espiral evolutiva se torna acelerada, devido à maior experiência já adquirida por nós, que lhe confere eficácia mais extensa.

Em certos tempos, o tato era um “sentido localizado”, análogo aos sentidos de audição, paladar, visão e olfato de nossos dias. O sentir humano efetuava-se, nos primórdios da evolução, por meio de um órgão saliente da parte superior da cabeça que se transformou no órgão que chamamos hoje de Glândula Pineal. Quanto ao tato, já não temos um órgão específico, podendo, assim, sentir pelo Corpo Denso todo. A mesma mudança de “sentido localizado” para capacidade de sentir do Corpo Denso inteiro surgirá para a visão, o olfato, a audição e o paladar.

Mais tarde, ainda, ocorrerá mais uma grande mudança: haverá a união da visão com a audição e, também, por outro lado do paladar e o olfato. Todos se unirão, então, com o tato e todos esses sentidos atuais se transformarão em um saber perceptivo de ordem superior.

Nós aprendemos lições de aperfeiçoamento do Corpo Denso durante as sucessivas vidas aqui na Terra. Construímos um Corpo, o utilizamos em nossa vida e assim descobrimos as imperfeições dele. Por exemplo, o sistema muscular pode estar perfeito, porém as falhas do coração ou do pulmão causarão doenças e enfermidades. Nós, atentos, poderemos modificar as construções dos órgãos que nos causam sofrimentos e dores, quando da elaboração do Arquétipo de uma nova vida. Se o sofrimento foi bastante intenso para chamar a nossa atenção para aquele órgão, nos esforçaremos na construção de um órgão mais perfeito, a fim de que possamos sofrer menos na próxima vida. Dessa forma, em vez de renascimentos perpetuados com órgãos deficientes, há o esforço contínuo de aperfeiçoamento da nossa parte com o intuito de evitar os sofrimentos e as dores. Também a parte externa do Corpo Denso poderá ser aperfeiçoada. Se insistimos em não sermos atentos, estamos sujeitos a passar várias vidas com um rosto deformado, defeitos na coluna, membros desproporcionados até criarmos consciência nesse particular, quando então, remediaremos os defeitos, quando da construção do próximo Arquétipo.

A beleza, a sabedoria e a força são atributos divinos e, também, metas de aperfeiçoamento de cada um de nós em suas passagens pela Terra, vida após vida. Devemos, portanto, tanto descobrir, como aperfeiçoar as falhas do nosso Corpo Denso, da Mente e, também, do nosso Corpo de Desejos em nossa evolução, enquanto estamos aqui nessa mais uma vida terrestre!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1984 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Pergunta: Sou um Estudante Rosacruz. Qual o curso que deverei seguir inicialmente e como poderei concomitantemente ajudar ao próximo e difundir os ensinamentos da Fraternidade Rosacruz?

Resposta: O Aspirante ao caminho espiritual deverá, primeiramente, fazer um inventário de si mesmo, relacionando os seus “débitos” e “créditos”, isto é, reconhecer e analisar os defeitos que possui, no sentido de gradativamente poder sublimá-los, e racionalmente procurar fortalecer as virtudes de que é possuidor. Desde que a sua habilidade para servir seja determinada pela sua espiritualidade e respectivas aptidões para executar certos tipos de trabalho, é mister então levar avante um regime de automelhoramento, bem como procurar, mediante a prática, tornar-se um perito no serviço que deseja realizar. Autopurificação é o primeiro passo no caminho. Isso compreende purificação ou limpeza dos veículos utilizados pelo Ego para a sua expressão. Asseio, ar fresco, alimentação pura e exercícios adequados são meios necessários para manter o Corpo Denso em boas condições (pois será por meio desse Corpo que você praticará o serviço amoroso e desinteressado, portanto o mais anônimo possível, ao seu irmão e a sua irmã que está próximo de você, sempre esquecendo os defeitos deles e focando na divina essência oculta em cada um de nós, pois essa é a base da Fraternidade). Similarmente, para mantermos o nosso Corpo de Desejos e a nossa Mente em condições ideais, nossos sentimentos, desejos e nossas emoções e nossos pensamentos deverão também ser portadores das mesmas características (desejos, sentimentos e emoções criados a partir de materiais das três Regiões superiores do Mundo do Desejo; e os que forem criados a partir de materiais das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo devo me esforçar para sublimá-los promovendo o seu oposto nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo). Exemplos: cultivar um espírito de bondade, sentimentos de alegria, humildade, paciência, calma, tolerância e disposição sempre em servir. Um período regular de oração diária serve como meio de purificação das emoçõese e dos desejos e os Exercícios Esotéricos noturno de Retrospecção e matutino de Concentração são indispensáveis e a parte mais importante a se praticar (como se deve e não como se pensa que é) especificamente com o propósito de desenvolvimento da alma.

Cada Estudante Rosacruz deverá compreender perfeitamente que o conjunto que designamos sob o nome de Fraternidade Rosacruz implica  união de todos aqueles que estão integrados ao movimento. Cada pensamento, desejo, emoção, sentimento, palavra, obra, ação e ato reflete sobre o todo. Cada vez que sentimentos e desejos de amor Crístico e compaixão são estimulados, intensificam a vibração do todo, seja executado na aqui ou em qualquer outro lugar do mundo. Toda expressão de qualquer sentimento contrário à harmonia refletirá negativamente sobre o conjunto da Fraternidade Rosacruz. A todo momento estamos auxiliando ou dificultando o trabalho dos Irmãos Maiores e todas as Hierarquias Criadoras que nos ajudam.

Os Estudantes da Fraternidade Rosacruzes são como uma cidade situada no cimo de uma colina, cujas luzes não poderão estar ocultas. A tarefa deles é de se harmonizarem de maneira que emitam apenas uma nota verdadeira.

Quando ocorrer o contrário, isto é, quando agirem de maneira dissonante em relação a tudo aquilo que representa o lado espiritual das coisas, algo de indesejável se constatará dentro da Fraternidade Rosacruz. Então, cada um deverá indagar a si mesmo o que fez para criar tal situação indesejável. Cada um, diante da barra do tribunal da consciência deverá se acusar, porque ninguém está livre de transgredir as Leis de Deus.

Quando uma pessoa renuncia ao “modus vivendi” mundano, e resolve trilhar o caminho que conduz para o alto, todos os olhos se dirigem para ela. Os Anjos se regozijam e o auxiliam, ao passo que as forças do mal lhe armam ciladas na esperança de contemplar sua queda. Muitas vezes tropeçará e por certo também cairá, porém, cada vez que reiniciar a jornada, estará ajudando o conjunto total da Fraternidade Rosacruz. Portanto, cada um deve se esforçar, jamais esmorecendo ante os obstáculos que surgirem, procurando seguir, tão identicamente como possa, a vida de Cristo-Jesus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1967-Fraternidade Rosacruz-SP)

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Pergunta: Poderiam dizer-nos algo a respeito de Christian Rosenkreuz, de sua pessoa, habitação, meio ambiente ou em que parte do mundo se encontra?

Resposta: Não, não é permitido saber. O paradeiro e os movimentos do augusto líder da Ordem Rosacruz são sempre envoltos em mistério. Se você leu sobre a Iniciação Rosacruz, como está explicado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, você se lembrará de que ele nem aparece em Corpo nos serviços do Templo da Ordem Rosacruz, até onde os Irmãos Leigos e as Irmãs Leigas são capazes de perceber, pois, embora o Templo da Ordem Rosacruz seja construído de Éter e os doze Irmãos Maiores, juntamente com os Irmãos Leigos e as Irmãs Leigas, funcionem em seus Corpos-Alma durante os serviços do Templo da Ordem Rosacruz, a maioria dentre nós é capaz de ver um Corpo formado até mesmo por uma substância tão tênue quanto a matéria mental. Portanto, é evidente que a presença do líder da Ordem Rosacruz é totalmente espiritual, e é dito que ele se manifesta exclusivamente aos doze Irmãos Maiores que, como ele, são capazes de funcionar nos veículos superiores deles.

No entanto, como também foi explicado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, o líder da nossa augusta Ordem Rosacruz está sempre ativo no que se refere aos assuntos do mundo, trabalhando com os governos das nações do mundo ocidental, dirigindo-os pelo caminho apropriado a sua evolução. Para esse fim, ele aparece fisicamente, pelo menos uma certa parte do tempo e, se a memória não me falha, uma Irmã Leiga se aventurou a fazer uma pergunta sobre esse assunto a um dos Irmãos Maiores, logo após a deflagração da guerra[1]. Todos nós presentes ficamos com a respiração suspensa, admirados diante da indiscrição dela. Ela queria saber se Christian Rosenkreuz estava no trono de uma das nações em guerra. O Irmão Maior pareceu muito surpreso com a pergunta, mas disse a ela que tais assuntos não poderiam ser discutidos, pois o menor indício da identidade dele poderia destruir a própria atuação dele. Todavia, ele respondeu à pergunta dizendo que Christian Rosenkreuz não seria encontrado no trono de nenhuma nação e, ao mesmo tempo, insinuou que ele era o poder por detrás do trono. No entanto, não deu nenhum indício que pudesse apontar numa direção particular. É claro que fomos deixados livres para nos entregarmos às nossas próprias especulações, e o autor pensou na Rússia, onde um monge misterioso parecia exercer uma influência estranha que se iniciara por volta do final de 1905, quando Saturno e Marte estavam em Conjunção no Signo de Aquário, que rege a Rússia. Desde aquela época, em que houve grandes tumultos, esse monge obteve uma estranha influência no Império. Nunca falamos sobre isso a ninguém antes, mas agora que soubemos, por meio de um jornal, que a carreira dele terminou, provavelmente não prejudicará ninguém se a nossa conjectura estiver correta. Nesse caso, predizemos que devemos aguardar acontecimentos posteriores e que ouviremos falar novamente no monge de Tomsk. Se estivermos enganados, a especulação não prejudicará ninguém, e nós a daremos e a notícia no jornal apenas somente o que for importante divulgar.

Esse monge foi difamado ao extremo e acusado de todos os crimes registrados, fatos que tornam difícil acreditar que ele era realmente o nosso santo Irmão C.R.C., mas, se refletirmos um pouco, logo perceberemos que uma má reputação pode ser imputada até mesmo ao ser mais espiritual. Cristo Jesus não foi chamado de beberrão (Mt 11:19)? Não se disse d’Ele: “Ele está possuído pelo demônio e está louco.” (Jo 10:20). E Ele não foi crucificado como um criminoso? Não é de surpreender que o monge de Tomsk fosse acusado de ser beberrão e dissoluto? Por que estranhar que ele tenha sido assassinado pela suposta razão de estar influenciando o Czar para que concluísse a paz em separado com a Alemanha?

Há milhões de pessoas na Rússia que o veneram como santo. Ele era o amigo dos pobres. Há outros que procuram taxá-lo de bajulador, hipócrita e impostor, mas uma coisa é absolutamente certa, ele era um homem dotado de um poder extraordinário, pois, de outra forma, não o temeriam.

A citação seguinte, publicada em um jornal enviado por um correspondente, é um dos vários relatos que apareceram em diversos lugares: “um reinado incrível acaba de terminar em Petrogrado. Foi o reinado de um monge. Um simples camponês, Grigori Rasputin, apareceu na capital da Rússia há alguns anos. Veio da Rússia Oriental – a Rússia que penetra na Ásia e compartilha de seu misticismo. Esse monge trilhou o caminho da vitória até alcançar o poder. Jamais saberemos quão grande foi esse poder sobre as vidas de 180.000.000 de pessoas”.

“Sabe-se, contudo, que Grigori Rasputin – agora o chamam de “São Grigori” – enviava ordens explícitas aos ministros, e essas ordens eram obedecidas. Sabe-se que suas recepções no palácio, outrora ocupado pelo Grão-Duque Alexis, eram frequentadas pela nobreza da Rússia – damas de alta linhagem do palácio, por generais em uniformes cintilantes, todos que ocupavam cargos elevados e todos os poderosos do império. Os mais pobres também compareciam com súplicas e petições, que eram atendidas, mediante ordem rubricada de Rasputin e endereçada aos chefes do governo”.

“Diz, também, que esse santo oriundo da Ásia exerceu um misterioso poder sobre a consciência do Czar; que a Czarina curvava sua cabeça imperial diante dos seus decretos; que governantes eram elevados ao céu ou rebaixados ao pó por uma simples palavra sua”.

“E a estranha história desse monge, que trouxe consigo as trevas da Idade Média, não está baseada em boatos. Desde 1912, os representantes do povo russo têm lutado para libertar a Rússia da influência desse Richelieu que mal sabia ler e escrever”.

“O Duma[2] denunciou, repetidamente, as ‘forças obscuras’ que dominavam o palácio. Entretanto, tão poderoso era esse exaltado camponês de Tomsk que ele pôde desafiar os votos unânimes do Duma, exigindo a sua exclusão da vida da Rússia. Tão fortemente ele estava entrincheirado no trono dos poderosos, que pôde emitir um decreto ordenando à imprensa russa que parasse com seus protestos – e pôde impor seu comando”.

“Não há paralelo ao sombrio domínio deste monge, exceto na Idade Média ou na ‘Cidade Proibida’ de Pequim. Na Cidade Proibida, a fortaleza cercada de muralhas dos Manchus, uma concubina viúva, em nossa época, se tornou imperatriz, reinando sobre 400.000.000 de pessoas chinesas. Seu domínio era absoluto. A vaga figura do imperador, nominalmente reinante, foi suplantada pelo poder real da imperatriz-viúva. Tzu-Hsi[3], com o seu rosto de porcelana e seus deslumbrantes trajes, pronunciava as palavras que iriam determinar a vida ou a morte de cortesãos, governadores e vice-reis”.

“O que ocorria por detrás dos muros da Cidade Proibida, ninguém sabia. Uma ou duas mulheres europeias foram admitidas nesse domínio de escravos e eunucos. O relato delas foi extremamente interessante. Essas descrições permitiram vislumbrar um mundo em que os europeus acreditavam ter desaparecido para sempre com o advento da pólvora, das ferrovias e do telégrafo. Mas o mecanismo que movia esse governo de mulheres e escravos permaneceu um mistério. O poder que controlava a vida de 400.000.000 de pessoas permaneceu uma sombra”.

“A história de Rasputin é mais surpreendente do que a história da imperatriz-viúva Tzu-Hsi. O santo homem de Tomsk não dominava um harém oriental estereotipado cercado por elevados muros de tijolos e tradição, mas uma das cortes mais brilhantes da Europa que está presenciando fatos tão trágicos. O império que Rasputin fez estremecer, com suas estranhas pretensões a uma missão divina e poder divino é um dos fatores determinantes de um período decisivo na história da civilização. O seu anacronismo pode muito bem ser considerado incrível”.

“E ainda assim, sem dúvida, esse homem desempenhou, ou tentou desempenhar, um papel dominante, não apenas na Rússia, mas na Europa. Toda a Rússia acredita que há oito anos atrás Rasputin, graças aos seus poderes misteriosos, evitou a deflagração da guerra entre a Rússia e a Áustria-Hungria, no momento em que a questão da Bósnia-Herzegovina atiçou as chamas do ódio e da suspeita ao nível internacional”.

“Na atual crise, em meio ao ambiente solene do Parlamento russo, Rasputin foi acusado de planejar a venda de seu país ao inimigo, por meio da tentativa de uma paz em separado sob condições humilhantes entre a Rússia e os Poderes Centrais. O crime que pôs fim ao seu domínio místico absoluto sobre a Mente e a consciência imperiais foi saudado no Duma e pela imprensa russa como um ato de libertação nacional”.

(Pergunta 157 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)


[1] N.R.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial, 1914-1918

[2] N.T.: Assembleia Nacional Russa

[3] N.T.: ou Tseu-Hi (1835-1908), também conhecida como Imperatriz Viúva Cixi ou Imperatriz Viúva Tzu-hsi, foi uma poderosa e carismática mulher que de fato, embora não oficialmente, governou a China da Dinastia Qing durante 47 anos, de 1861 até à sua morte em 1908. Ela era uma das concubinas de status inferior do Imperador Xianfeng quando, em 1856, deu à luz aquele que viria a ser seu único filho, Imperador Tongzhi. Quando o garoto tinha seis anos de idade o pai morreu e ele tornou-se Imperador, mas poucos meses depois um golpe de estado levou Cixi a assumir o poder de fato. Seu governo a princípio tentou combater a corrupção endêmica no país, mas foi marcado pela ocorrência de grandes levantes populares, que devastaram províncias tanto do norte como do sul e foram sufocados com grande brutalidade.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – o “Conceito” – está desatualizado?

Resposta: Desde que foi publicado, em 1909, o livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz exerceu reconhecida influência no espiritualismo em geral, suscitando até a criação de várias entidades com várias denominações Rosacruzes ou Rosacrucianas independentes, algumas delas dedicadas a inteira divulgação das obras de Max Heindel. Tudo isto é auspicioso, para que se cumpra a missão prevista pelo Irmão Maior da Ordem Rosacruz, quando Max Heindel passou na prova para ser o único mensageiro dos Irmãos Maiores e para isso fundou a The Rosicrucian Fellowship onde se tem um Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz que, se seguido, conduz o Estudante Rosacruz à Ordem Rosacruz com segurança e via o Conhecimento Direto.

Todavia, o que destoa e enfeia é que, no esforço de autoafirmação, alguns “amigos”, em vez de juntar-se conosco, buscam subestimar a Max Heindel, pretendendo haver-lhe enxertado revelações mais altas e atualizadas.

Uma pessoa pequena (por dentro), no esforço de subir, pisa nos outros. Eis uma constatação: se alguém está seguro de si, não precisa se esforçar para “ser”. Ele “já é”! Mas aquele que está inseguro procura diminuir os outros, pensando, com isso, ficar mais alto que eles.

É compreensível que isto suceda nos meios sociais comuns porque ali, como se costuma dizer, é “cada um por si e Deus por todos”: uma competição não fraterna.

Mas, que dizer quando isto parte de alguém que pratica a espiritualidade há muito tempo? Alguém que ocupa a direção de movimentos espiritualistas?

Tempos atrás uma estudante veio me dizer que não queria continuar o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz. Respondi-lhe: “Não há problema. Nem precisa comunicar à Fraternidade Rosacruz. Respeitamos o livre arbítrio. Cada um é livre para entrar e sair, sem qualquer compromisso conosco”. “Aí ela acrescentou: o ‘Conceito’ já está ultrapassado…”. Perguntei-lhe: “A Senhora já o estudou bem?”. Ela disse, sem jeito: “Não… nem o li inteiro. Estou na 4ª lição do Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz. Mas, uma pessoa muito entendida me disse isso”. Calei-me.

Tenho pensado nisso, não por mágoa, mas para meditar sobre o assunto. Lembrei-me da parte introdutória do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, sobre aqueles que não aproveitam uma contribuição ou porque não ouviram falar sobre o tema ou porque não concordam com suas opiniões. Recordei, principalmente, aquela frase no Conceito: “A única opinião digna de ser levada em conta é a que tem, com base, o conhecimento”[1].

Normalmente, há um vestibular para se ingressar numa faculdade (especialmente quando a faculdade tem menos vaga do que candidatos). O vestibular é importante para avaliar os que estão em nível de frequentá-la e aproveitá-la. Há, também, uma “advertência” na “introdução” do “Conceito Rosacruz do Cosmos” (justamente o texto Uma Palavra ao Sábio), para que a pessoa se dispa das pretensões e se torne “como uma criança” para, com a Mente aberta, sem preconceitos, possa aproveitar o conteúdo. Só nesse estado de receptividade (não de inocência) a intuição pode falar; só desse modo a sabedoria interna nos permite sentir o “sabor” da verdade. Só uma Mente aberta descobre a coerência lógica.

Max Heindel é muito modesto. Cônscio de sua responsabilidade, como mensageiro da Ordem Rosacruz, ao fundar a Fraternidade Rosacruz, que é o aspecto humano, preparatório – o cursinho para a “Faculdade” Ordem Rosacruz – sinceramente diz: “Dizer que essa exposição é infalível seria o mesmo que pretender que o autor fosse onisciente. Até os próprios Irmãos Maiores nos dizem que eles mesmos se enganam, às vezes, nos juízos que fazem. Assim, está fora de qualquer discussão um livro que queira proferir a última palavra sobre o mistério do mundo, e é intenção do autor dessa obra apresentar apenas os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes”. O autor não é onisciente, nem os outros são. O Conceito Rosacruz do Cosmos está longe de ser a última palavra sobre este assunto. “à medida que avançamos, se apresentam aos nossos olhos novos aspectos e se esclarecem muitas coisas que, antes, só víamos ‘como em espelho, obscuramente’” (ICor 3:12)” (Conceito).

Prossegue Max Heindel: ” essa obra encerra apenas a compreensão do autor sobre os Ensinamentos Rosacruzes relativos ao mistério do mundo, revigorados por suas investigações pessoais nos mundos internos, a respeito dos estados pré-natal e pós-morte do ser humano, etc.”. ” tendo-se esforçado o possível para sugerir as ideias verdadeiras, se considera também na obrigação de se defender da possibilidade de a obra vir a ser considerada como uma exposição literal dos Ensinamentos Rosacruzes. Sem essa recomendação esse trabalho teria mais valor para alguns Estudantes, mas isto não seria justo nem para a Fraternidade nem para o leitor. Poder-se-ia manifestar certa tendência para atribuir à Fraternidade a responsabilidade dos erros que nesse trabalho, como em toda obra humana, possam ocorrer. Daí a razão dessa advertência.”. (Conceito)

Por outro lado, diz ele: “Durante os quatro anos decorridos, desde que foram escritos os parágrafos anteriores, o autor continuou suas investigações nos Mundos invisíveis e experimentou a expansão de consciência relativa a esses Reinos da Natureza (…). Pelo que pôde investigar por si próprio, os ensinamentos desse livro estão de acordo com os fatos tais como ele os conhece. (…) A Fraternidade Rosacruz tem a concepção mais lógica e ampla sobre o mistério do mundo. (…) Ao mesmo tempo crê firmemente que todas as outras filosofias do futuro seguirão as linhas mestras dessa filosofia, por lhe parecerem absolutamente certas”. (Conceito).

Vamos, agora, a meditação do assunto “ultrapassado” e “desatualizado”, como também já ouvi de outra escola com o nome de “rosacruz”.

Em primeiro lugar, para avaliar uma obra é preciso estudá-la com a Mente aberta. Depois que se a estuda, a apreciação que dela fazemos é de ordem pessoal: seguindo nosso ponto de vista, porque ninguém pode ver ou perceber além de seu nível interno. É, pois, uma opinião pessoal.

Em segundo lugar, para que nossa apreciação de uma obra seja realmente válida para todos, é indispensável que estejamos acima do nível do autor. Só quem está em nível superior pode apreciar o que está abaixo dele. Pergunto: a pessoa que diz: “O ‘Conceito’ está ultrapassado”, encontra-se acima do nível de Max Heindel? Sabemos que ele alcançou a quarta Iniciação Menor (que dentre outras revelações, capacita o Iniciado a funcionar conscientemente na Região arquetípica do Mundo do Pensamento, onde constatou muitas realidades) e, além disso, teve a assistência de um Irmão Maior, em virtude de sua missão, como fundador da Fraternidade Rosacruz. Alguma dessas pessoas tem mais evolução do que ele? Se não tem, incorrerão naquela falha apontada por um passo evangélico: “A sabedoria se torna estultícia para quem não a percebe”. Um sábio é, muitas vezes, tido por louco, pela maioria ignorante que não o compreende.

Em terceiro lugar: o que é estar ultrapassado? Ou desatualizado? Porque a edição do “Conceito” foi em 1909 e estamos numa época de velocidade? Já ouvi também esse argumento. Fiquei com pena dos Vedas que vem de 8.000 anos antes de Cristo; fiquei com pena dos ensinamentos de Zoroastro, de Buda, de Pitágoras etc.. E a Bíblia? Por que a estudam ainda? Não serão, também, velharias? Verdades anacrônicas?

Dirá alguém, em defesa: “mas a Bíblia é diferente. Lá está escrito: ‘Tudo passará, mas minhas palavras não passarão’”.

Por quê? Por que são verdades eternas? E as de Buda? E as de Zoroastro? E as de Pitágoras?

Em verdade, as realidades constatadas dos Mundos invisíveis não são passageiras. São verdades permanentes. Apenas a sua transmissão aos seres humanos comuns é que merece um modo adequado. Segundo o nível de evolução, os costumes, as tendências etc., os Iniciados transmissores dessas verdades apresentam-nas de modo acessível, em vários graus, atendendo a todos. É como apresentar a mesma pessoa em roupagens diferentes. Assim, a novidade não está na verdade, mas na sua forma de apresentação. Podemos gostar mais de um vestido do que outro, considerando-o mais moderno e atraente: a questão de preconceito, de moda. Já no campo espiritual, a coisa é mais séria, pois o método ou o modo de apresentação de uma filosofia pressupõe razões mais profundas. Por exemplo, a Filosofia Rosacruz tem a finalidade de atender a razão lógica da mentalidade ocidental, a fim de que possamos compreender e aceitar as verdades espirituais e comecemos a falar uma fé racional. Seu campo há de estender-se por muitos séculos, conforme diz Max Heindel: “As linhas mestras desta Filosofia orientarão as filosofias do futuro”. Em questão espiritual, o fator tempo entra numa dimensão muito mais ampla. De fato, embora os Evangelhos tenham transmitido os ensinamentos orais do Cristo há mais de 2.000 anos atrás, quem pode dizer de sã consciência, que os segue cabalmente? Quem pode dizer-se Cristão no profundo sentido de quem vive os ensinamentos do Mestre?

Daqui depreendemos o sentido de atual ou presente; de desatual ou passado. Enquanto não atingimos a vivência de algo, estamos aquém dele. Nesse caso, tal ensinamento está no futuro em relação a nosso nível de ser. Quando o atingimos, o conhecimento se torna presente. E só quando o ultrapassamos é que ele se torna passado. Pergunto: Quem ultrapassou o “Conceito”? Quem realizou o que ali se ensina? Respondam as pessoas que procuram justificar suas escolas como superiores. Não são as palavras que dão gabarito, mas o nível de “ser”.

Em ciência, quando uma mentalidade avançada (muitas vezes inspirada pelos Irmãos Maiores, que são os guardiões dos poderes) descobre novos princípios, anulando erros anteriores, dizemos que houve evolução: ultrapassamos conceitos tidos por certo, mas que se revelaram parcial ou totalmente falsos. No campo espiritual, mais elevado, as probabilidades de engano se tornam menores, ainda mais que lá tomamos contato com a realidade mesma e não com sua enganosa aparência física. Daí que as obras sérias atravessem séculos e milênios, atendendo a evolução de certo período. Quando mudam é mais na forma de apresentação, como dissemos.

Enfim, nenhuma realidade deixa de sê-lo, pelo simples fato de que a neguem alguns. Os seres humanos estão limitados a seu nível e muitas vezes cometem imprudência de atacar o que não alcançam, pela pretensão de justificar sua verdade relativa como padrão universal.

Isso nos honra. Como disse alguém: “Por que fulano me critica? Nunca lhe fiz nenhum bem!”.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1976 – Fraternidade Rosacruz SP)


[1] N.R.: O texto “Uma Palavra ao Sábio” das primeiras páginas do livro Conceito Rosacruz do Cosmos: O fundador da Religião Cristã emitiu uma máxima oculta quando disse: “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10:15). Todos os ocultistas reconhecem a imensa importância desse ensinamento de Cristo, e tratam de “vivê-lo” dia a dia.

Quando uma nova filosofia se apresenta ao Mundo é encarada de forma diferente pelas mais diversas pessoas. Algumas se apoderam avidamente de qualquer novo esforço filosófico, procurando ver em que proporção ele serve de apoio às suas próprias ideias. Para essas a filosofia em si mesma é de pouca valia. Terá valor se reforçar as SUAS ideias. Se a obra os satisfizer a esse respeito, adotá-la-ão entusiasticamente, a ela aderindo com o mais desarrazoado partidarismo. Caso contrário, afastarão o livro, aborrecidos e desapontados como se o autor os tivesse ofendido pessoalmente.

Outras adotam uma atitude cética tão logo descobrem que a obra contém alguma coisa a cujo respeito nada leram nem ouviram anteriormente, ou sobre a qual ainda não lhes ocorrera pensar. E, provavelmente, repelirão como extremamente injustificável a acusação de que sua atitude mental é o cúmulo da autossatisfação e da intolerância. Contudo, esse é o caso, e desse modo fecham suas Mentes à verdade que eventualmente possa estar contida naquilo no que rejeitam.

Ambas as classes se mantêm na sua própria luz. Suas ideias pré-estabelecidas os tornam invulneráveis aos raios da Verdade. A tal respeito “uma criança” é precisamente o oposto dos adultos, pois não está imbuída do sentimento dominador de superioridade, nem inclinada a tomar aparência de sábio ou ocultar, sob um sorriso ou um gracejo, sua ignorância em qualquer assunto. É ignorante com franqueza, não tem opiniões preconcebidas nem julga antecipadamente, portanto é eminentemente ensinável. Encara todas as coisas com essa formosa atitude de confiança a que denominamos “fé infantil”, na qual não existe sombra de dúvida, conservando os ensinamentos que recebe até comprovar para si mesmo a certeza ou o erro.

Em todas as escolas ocultistas o aluno é primeiramente ensinado a esquecer de tudo o que aprendeu ao lhe ser ministrado um novo ensinamento, a fim de que não predomine o juízo antecipado nem o da preferência, mas para que mantenha a Mente em estado de calma e de digna expectativa. Assim como o ceticismo efetivamente nos cega para a verdade, assim também essa calma atitude confiante da Mente permitirá à intuição ou “sabedoria interna” se apoderar da verdade contida na proposição. Essa é a única maneira de cultivar uma percepção absolutamente certa da verdade.

Não se pede ao aluno que admita de imediato ser negro determinado objeto que ele observou ser branco, ainda que se lhe afirme. se pede a ele sim, que cultive uma atitude mental suscetível de “admitir todas as coisas” como possíveis. Isto lhe permitirá pôr de lado momentaneamente até mesmo aquilo que geralmente se considera um “fato estabelecido”, e investigar se existe algum outro ponto de vista até então não notado sob o qual o objeto em referência possa parecer negro. Certamente ele nada considerará como fato estabelecido, porque compreenderá perfeitamente quanto é importante manter a sua Mente no estado fluídico de adaptabilidade que caracteriza a criança. Compreenderá, com todas as fibras do seu ser, que “agora vemos como em espelho, obscuramente” e, como Ajax, estará sempre alerta, anelando por “luz, mais luz”.

A grande vantagem dessa atitude mental quando se investiga determinado assunto, ideia ou objeto, é evidente. Afirmações que parecem positivas e inequivocamente contraditórias, e que causam intermináveis discussões entre os respectivos partidários, podem, não obstante, se conciliar, conforme se demonstra em exemplo mais adiante. Só a Mente aberta descobre o vínculo da concordância. Embora essa obra possa parecer diferente das outras, o autor solicitaria um auditório imparcial, como base, para julgamento subsequente. Se, ao ponderar esse livro, alguém o considerasse de pouco fundamento, o autor não se lamentaria. Teme unicamente um julgamento apressado e baseado na falta de conhecimento do sistema que ele advoga, ou que diga que a obra não tem fundamento, sem, previamente, lhe dedicar atenção imparcial. E deve acrescentar, ainda: a única opinião digna de ser levada em conta precisa se basear no conhecimento.

Há mais uma razão para que se tenha muito cuidado ao emitir um juízo: muitas pessoas têm suma dificuldade em se retratar de qualquer opinião prematuramente expressa. Portanto, se pede ao leitor que suspenda suas opiniões, de elogio ou de crítica, até que o estudo razoável da obra convença do seu mérito ou demérito.

O Conceito Rosacruz do Cosmos não é dogmático nem apela para qualquer autoridade que não seja a própria razão do Estudante. Não é uma controvérsia. Publica-se com a esperança de que possa ajudar a esclarecer algumas das dificuldades que no passado assediaram a Mente dos Estudantes das filosofias profundas. Todavia, a fim de evitar equívocos graves, deve ser firmemente gravado na Mente do Estudante que não há, sobre esse complicado assunto, qualquer revelação infalível que abranja tudo quanto está debaixo ou acima do sol.

Dizer que essa exposição é infalível seria o mesmo que pretender que o autor fosse onisciente. Até os próprios Irmãos Maiores nos dizem que eles mesmos se enganam, às vezes, nos juízos que fazem. Assim, está fora de qualquer discussão um livro que queira proferir a última palavra sobre o mistério do mundo, e é intenção do autor dessa obra apresentar apenas os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes.

A Fraternidade Rosacruz tem a concepção mais lógica e ampla sobre o mistério do mundo, e a tal respeito o autor adquiriu algum conhecimento durante os muitos anos que consagrou exclusivamente ao estudo do assunto. Pelo que pôde investigar por si próprio, os ensinamentos desse livro estão de acordo com os fatos tais como ele os conhece. Todavia, tem a convicção de que o Conceito Rosacruz do Cosmos está longe de ser a última palavra sobre esse assunto e de que, à medida que avançamos, se apresentam aos nossos olhos novos aspectos e se esclarecem muitas coisas que, antes, só víamos “como em espelho, obscuramente” (Jo 1:3). Ao mesmo tempo crê firmemente que todas as outras filosofias do futuro seguirão as linhas mestras dessa filosofia, por lhe parecerem absolutamente certas.

Ante o exposto, compreender-se-á claramente que o autor não considera essa obra como o Alfa e o Ômega, ou o máximo do conhecimento oculto. Embora tenha por título “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, deseja o autor salientar com firmeza que essa filosofia não deve ser entendida como uma “crença entregue de uma vez para sempre” aos Rosacruzes pelo fundador da Ordem ou por qualquer outro indivíduo. Convém enfatizar que essa obra encerra apenas a compreensão do autor sobre os Ensinamentos Rosacruzes relativos ao mistério do mundo, revigorados por suas investigações pessoais nos mundos internos, a respeito dos estados pré-natal e pós-morte do ser humano, etc. O autor tem plena consciência da responsabilidade em que incorre quem, bem ou mal, guia intencionalmente a outrem, desejando ele se precaver contra tal contingência e, também, prevenir aos outros para que não venham a errar.

O que nessa obra se afirma deve ser aceito ou rejeitado pelo leitor segundo o seu próprio critério. se pôs todo o empenho em tornar compreensíveis os ensinamentos e foi necessário muito trabalho para poder expressá-los em palavras de fácil compreensão. Por esse motivo, em toda a obra se usa o mesmo termo para expressar a mesma ideia. A mesma palavra tem o mesmo significado em qualquer parte. Quando pela primeira vez o autor emprega uma palavra que expressa determinada ideia, apresenta a definição mais clara que lhe foi possível encontrar. Empregando as palavras mais simples e expressivas, o autor cuidou constantemente de apresentar descrições tão exatas e definidas quanto lhe permitia o assunto em apreço, a fim de eliminar qualquer ambiguidade e para apresentar tudo com clareza. O Estudante poderá julgar em que extensão o autor logrou o seu intento. Entretanto, tendo-se esforçado o possível para sugerir as ideias verdadeiras, se considera também na obrigação de se defender da possibilidade de a obra vir a ser considerada como uma exposição literal dos Ensinamentos Rosacruzes. Sem essa recomendação esse trabalho teria mais valor para alguns Estudantes, mas isto não seria justo nem para a Fraternidade nem para o leitor. Poder-se-ia manifestar certa tendência para atribuir à Fraternidade a responsabilidade dos erros que nesse trabalho, como em toda obra humana, possam ocorrer. Daí a razão dessa advertência.

Max Heindel

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