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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Fogo Espiritual na Tripartida Coluna Vertebral

O Fogo Espiritual na Tripartida Coluna Vertebral

A tripartida coluna vertebral era para os alquimistas o crisol da consciência. Sabiam que os Anjos lunares eram especialmente ativos na secção simpática da coluna nervosa, a regente das funções relacionadas à conservação e ao bem-estar do corpo; designavam essa seção com o nome do elemento sal. Viam claramente que os lucíferos espíritos marcianos governavam a seção relativa aos nervos motores, que difundem a dinâmica energia armazenada no corpo pelos alimentos; simbolizavam a dita seção por enxofre. A terceira seção, a que assinala e registra as sensações transmitidas pelos nervos, recebeu o nome de mercúrio porque, diziam, era regida pelos espirituais seres de Mercúrio.

Contrariamente ao que afirmam os anatomistas, o canal formado pelas vértebras não contém um fluido, mas um gás, semelhante ao vapor de água, que pode se condensar quando exposto à ação atmosférica; igualmente, a atividade vibratória do espírito pode sobreaquecê-lo a um grau tal que se converta no brilhante e luminoso fogo da regeneração. A esse campo, pertencente às grandes Hierarquias espirituais de Netuno, chamaram os alquimistas de azoto.

Esse fogo espiritual não é o mesmo nem brilha igualmente em todos os seres humanos. Sua intensidade depende do grau de evolução espiritual do indivíduo. Quando o aspirante à vida superior estava instruído no mistério desses símbolos, chegava a hora de falar-lhe com toda a clareza. Comunicavam-lhe os seguintes ensinamentos, ainda que sem as mesmas palavras nem da mesma maneira. Era dado ao seu entendimento, de forma clara, o seguinte.

“Sob o ponto de vista anatômico o ser humano pertence ao reino animal. Imediatamente inferior a esse reino está o vegetal, constituído pelas plantas, puras e inocentes, que se propagam sem paixão; toda a força criadora delas dirige-se para a luz, onde se manifesta na flor, formosura e gozo dos que a contemplam. As plantas não procedem de outra maneira porque carecem de inteligência, não conhecem o mundo exterior nem atuam com livre-arbítrio. Podem somente criar no Mundo Físico”.

“Acima do ser humano, na escala da evolução, estão os deuses, que criam nos Planos físico e espiritual. Também são puros como as plantas porque toda a sua força criadora se dirige para o alto e se consome de acordo com sua inteligência. Conhecem o bem e o mal; porém em seu arbítrio sempre agem bem”.

“Entre o reino dos deuses e o das plantas está o ser humano, um ser dotado de inteligência, de poder criador e de livre-arbítrio, podendo usá-los para o bem ou para o mal. No seu presente estado encontra-se sob o domínio da paixão infundida pelos espíritos de Lúcifer; por isso, para deleitar os sentidos, dirige para baixo, contrariamente à luz, a metade da sua força criadora. Progredir espiritualmente significa, em primeiro lugar, modificar essa condição, tendo em vista e como exemplo a semelhança entre a casta planta e os puros deuses espirituais, ambos dirigindo toda a sua força criadora para a luz”.

“No transcurso da evolução, o ser humano superou a etapa vegetal, cujo poder criador se limita ao mundo físico. Possuindo poder criador nos Planos físico e mental, livre-arbítrio e inteligência para dirigir o seu poder, assemelha-se aos deuses. Esse resultado foi obtido pela separação da sua energia sexual: metade foi canalizada para cima a fim de construir o cérebro e a laringe, órgãos alimentados e nutridos por essa exaltada energia sexual. Contudo, enquanto os deuses empregam mentalmente toda a sua força criadora com propósitos altruístas, o ser humano desperdiça a metade da sua com desejos e prazeres sensuais”.

“Portanto, aquele que deseja ser como os deuses deve aprender a dirigir para cima toda a sua energia criadora e empregá-la inteiramente segundo os ditames da inteligência. Só assim poderá ser como eles, criar pelo poder mental da Magna Palavra, equivalente ao Fiat Criador”.

“Recorde o tempo em que, sendo hermafrodita como a planta, era o ser humano capaz de procriar por si mesmo. E, agora, olhe o futuro através das perspectivas do passado e saiba que a sua presente condição unissexual seja apenas uma temporária fase de evolução. Em futuros tempos, terá que dirigir toda a sua energia criadora para o alto, de modo a tornar-se espiritualmente hermafrodita, capaz de plasmar ideias, infundir-lhes a vida e a vibração daquela vital energia. Assim, poderá enunciar a palavra vivente que, expressando a dual energia criadora, é o elixir da vida que brota da pedra viva do filósofo espiritualmente hermafrodita”.

“O alquímico processo de acender essa energia efetua-se na coluna vertebral, onde se encontram o sal, o enxofre, o mercúrio e o azoto. Os nobres e altos pensamentos, a meditação sobre assuntos espirituais e o altruísmo manifestado na vida cotidiana tornam incandescente a medula espinhal”.

“A segunda metade da energia criadora, encaminhada para cima através da coluna vertebral, é o fogo espírito-espinhal ou serpente da sabedoria. Ascende gradualmente e, quando no cérebro, chegando à Glândula Pineal e à Glândula Pituitária (ou Corpo Pituitário), põe em vibração esses órgãos, abrindo os mundos espirituais e capacitando o ser humano a comunicar-se com os deuses. Então, irradiando esse fogo em todas as direções, penetra no corpo inteiro, na aura e o ser humano converte-se na pedra viva cujo fulgor supera o do diamante ou do rubi. Ele é agora a pedra filosofal”.

Há muitos outros símbolos tomados da técnica química e aplicados ao processo espiritual que converte os seres humanos em pedras vivas do templo de Deus. O narrado é o bastante para demonstrar o que os alquimistas, nos termos que empregavam, queriam dar a entender e a razão por que encobriam as verdades dos seus ensinamentos sob a linguagem simbólica. Contudo, o caminho da Iniciação está e tem estado sempre aberto para todo aquele que sinceramente deseje iluminação e se comprometa a pagar o preço na moeda da abnegação e do sacrifício. Portanto, buscai a porta do templo e encontrá-la-eis; chamai e abrir-se-vos-á.

Se buscarmos devotamente, com insistência chamarmos e ativamente trabalharmos, alcançaremos a meta e nos converteremos na pedra filosofal.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A história de um Auxiliar Invisível

A história de um Auxiliar Invisível

Geralmente, não é permitido nem adequado que os Auxiliares Invisíveis falem de suas façanhas, porque isso possibilita a indesejável propagação de fenômenos; no entanto, há momentos em que a modéstia deva ser deixada de lado, em certa medida, pelo bem da causa e a seguinte história, do Dr. Stuart Leech, M. D., um de nossos Probacionistas, ilustra o método usado e os resultados obtidos em um caso. Poderíamos falar sobre centenas de casos semelhantes, em que outros órgãos foram restaurados, colunas foram endireitadas e membros paralisados voltaram a responder à vontade do paciente.

No caso relatado pelo Dr. Leech, ele não menciona se o paciente sentiu as manipulações. Isso é frequentemente o que ocorre, pois, as mãos invisíveis são poderosas, quando materializadas dentro do corpo do paciente. Também acontece com frequência que o paciente veja os Auxiliares Invisíveis no momento em que acorda.

O relatório foi originalmente escrito para publicação na Revista Médica. O Dr. Leech dá a seus médicos, confrades ortodoxos, alguns problemas difíceis de tempos em tempos: mas e se eles zombarem? Ontem, zombou-se de ideias que hoje sejam “estritamente científicas” e amanhã eles aprenderão isto, parafraseando Shakespeare: Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha sua patologia.

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Relatório clínico de um caso

Foi nos primeiros dias de janeiro de 1914 que eu atendendo um menino de quatorze anos que estava com problemas abdominais e muito extenuado. Ele tinha cabelos escuros, olhos castanhos, ossos grandes, corpo esbelto e uma boa quantidade de inteligência. Quatro anos antes do problema atual, ele havia sofrido um grave acometimento de apendicite do qual, aparentemente, se recuperara. Ultimamente, ele estava comendo mais do que devia e no dia anterior à crise, ele estava mexendo com o feno quando sentiu uma dor, ao escorregar o pé.

Depois de um ou dois dias de sofrimento, fui chamado e encontrei todos os sintomas clássicos de um apêndice com formação de pus. A comida foi interrompida por oito ou dez dias, o proverbial saco de gelo foi usado, como manda o procedimento médico, e um enema (uma lavagem intestinal) providencial foi empregado. Sua temperatura variava de 37,2°C — 39,1ºC e, no sétimo ou oitavo dia, os sintomas se tornaram tão alarmantes que convenci a família a permitir que eu tivesse o auxílio do Dr. North, na próxima manhã.

O Dr. Unus, da mesma cidade, havia participado do caso quatro anos antes e, na época, havia insistido em uma cirurgia. Pessoalmente, eu já tinha realizado várias cirurgias abdominais, mas geralmente a faço como último recurso e agora parecia que havia mais um caso em que precisaria recorrer a esse procedimento. Esse modus operandi (maneira de agir), especialmente no meio de uma crise, não é do meu agrado. Estando na classe neófita da Escola de Sabedoria Ocidental, tentei usar meios incomuns, em conjunto com os físicos, para promover a recuperação do garoto, como já fiz em outros casos. O incomum é a aplicação de Leis naturais de um ou mais dos Mundos superiores.

Para explicar, direi que a Escola de Ciências Naturais dos Rosacruzes nos informa sobre a existência real de um número de Mundos concêntricos, talvez mais reais do que o físico, todos interpenetrando-se, ocupando o mesmo espaço, por assim dizer, tomando nada menos do que sete dimensões do espaço, cada uma sob uma condição vibratória consistente com seu ambiente harmonioso. A Ciência Física relutantemente reconhece e sugere as vibrações mais altas do Éter invisível. A Ciência Médica faz o possível para ignorar esses Mundos mais elevados, porém ela usa de modo persistente, empírico e diário os poderosos alcaloides (substâncias naturais retiradas, sobretudo de plantas e muito usadas no contexto terapêutico). Há vários comprimentos de onda entre a vibração que causa o som e a que causa a luz; embora sejam desconhecidas para nós, produzem coisas tão poderosas quanto luz ou som; é assim no trilhão e quintilhão de vibrações. A maioria dessas ignora nossos Corpos Densos, vibrando através deles como se nunca tivessem existido. Essas vibrações são harmonizadas em divisões; a Região mais próxima do Mundo Físico é a Região Etérica desse mesmo Mundo e podemos concebê-la como uma extensão dessa Região que conhecemos como Plano físico e que podemos denominar como Região Química; a Região Etérica sendo mais refinada está, naturalmente, sujeita às Leis mais superiores e apuradas.

No entanto, para poder funcionar nessa Região ou no Mundo do Desejo é necessário um veículo feito da mesma substância. Todo ser humano possui em sua composição física a estrutura dessa substância e há certa Palavra ou Fórmula que, se usada com sabedoria, desenvolverá esse instrumento. Anatomicamente falando, cria-se um vínculo ou conexão fisiológica entre o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal, os quais governam e harmonizam respectivamente o Corpo de Desejos com o Corpo Denso. Quando esse abismo é superado, o Corpo-Alma (formado pelos dois Éteres superiores – Luminoso e Refletor – do Corpo Vital), de vibração superior, pode se retirar do Corpo Denso e percorrer qualquer distância no Mundo do Desejo.

Na noite anterior à realização da consulta física com o Dr. North, este, o Dr. Unus e eu fomos ao Mundo do Desejo, a Terra dos Sonhos, e nos encontramos ao lado do menino doente sem o seu conhecimento ou de seus pais, que o observavam com ansiedade. Naturalmente, éramos invisíveis às suas percepções físicas.

Durante essa consulta, no Mundo do Desejo, o Dr. Unus deu um passo à frente, quase atingiu violentamente uma parte do órgão afetado e o jogou fora: sua mão etérica passou direto pelo corpo físico do garoto. Então, fui até a cabeceira da cama e, usando as duas mãos, levantei a extremidade do ângulo do cólon para afagar gentilmente a substância irritante e indesejável. Dr. North atuou como espectador e aparentemente me deu o seu consentimento. Saiba, leitor, que a substância física não impede o trabalho da mão etérica, mas não é incomum que um paciente acorde, enquanto a mão invisível esteja sendo retirada.

Na manhã seguinte, depois da consulta nos Mundos invisíveis, liguei, como havia prometido, para o consultório do Dr. North e pedi que ele fizesse comigo a consulta física que havia sido combinada com a família no dia anterior. Para grande surpresa da família e para minha própria satisfação, o menino estava livre da dor, fragilidade, febre e rigidez muscular e, conforme o relato dos pais, sua rápida recuperação começara à noite. Já se passaram seis meses e o menino está desfrutando o melhor da saúde.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de 09/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Conceito Rosacruz do Cosmos: TERCEIRA PARTE – FUTURO DESENVOLVIMENTO E INICIAÇÃO DO SER HUMANO

TERCEIRA PARTE – FUTURO DESENVOLVIMENTO E INICIAÇÃO DO SER HUMANO   353

CAPÍTULO XV – Cristo e Sua Missão

A Evolução da Religião

Jesus e Cristo-Jesus

Não a Paz, mas uma Espada

A Estrela de Belém

O Coração, uma Anomalia

O Mistério do Gólgota

O Sangue Purificador

CAPÍTULO XVI – Desenvolvimento Futuro e A Iniciação

Os Sete Dias da Criação

Espirais dentro de Espirais

Alquimia e Crescimento da Alma

A Palavra Criadora

Capítulo XVII – Método para Adquirir o Conhecimento Direto

Os Primeiros Passos

Métodos Ocidentais para os Ocidentais

A Ciência da Nutrição

A Lei da Assimilação

Vivei e Deixai viver

A Oração do Senhor

O Voto de Celibato

O Corpo Pituitário e a Glândula Pineal

Treinamento Esotérico

Como os Veículos Internos são construídos

Concentração

Meditação

Observação

Discernimento

Contemplação

Adoração

CAPÍTULO XVIII – A Constituição da Terra e Erupções Vulcânicas

O Número da Besta

CAPÍTULO XIX – CHRISTIAN ROSENKREUZ E A ORDEM DOS ROSACRUZES

Antigas Verdades em Novas Roupagens

Iniciação

A Fraternidade Rosacruz

O Simbolismo da Rosacruz

Exercícios Noturno e Matinal Efetuados Pelo Aspirante Rosacruz

EPÍLOGO – O Poder de Cura Definitiva

TERCEIRA PARTE – FUTURO DESENVOLVIMENTO E INICIAÇÃO DO SER HUMANO

CAPÍTULO XV – Cristo e Sua Missão

Diagrama – Os Sete Dias da Criação

A Evolução da Religião

As duas partes anteriores desta obra familiarizaram-nos com o plano pelo qual o atual mundo externo veio à existência e o ser humano desenvolveu o complicado organismo que o relaciona com as condições exteriores. Em parte, também estudamos a Religião da Raça Judaica.

Consideremos, agora, a maior e divina medida tomada para salvação da humanidade, o Cristianismo, a Religião Universal do futuro.

É um fato notável que o ser humano e suas religiões têm evoluído paralelamente, em estágios iguais. A religião mais primitiva de qualquer raça é tão selvagem como o povo por ela governado. Conforme o povo se civiliza, a religião torna-se mais humana, harmoniza-se com mais elevados ideais.

Disto, os materialistas deduziram que a religião nunca teve uma origem superior ao próprio ser humano. As investigações históricas das eras primitivas deram-lhes a convicção de que o progresso do ser humano “civiliza” seu Deus e o modela à própria imagem.

É um raciocínio defeituoso. Não considera que o ser humano não é um Corpo, mas um espírito interno, um Ego que utiliza o Corpo com crescente facilidade conforme evolui.

Não há dúvida alguma: a lei para o Corpo é a “sobrevivência do mais apto”. Contudo, para o Espírito a lei de evolução pede “Sacrifício”. Enquanto o ser humano acreditar que a “força é um direito”, a Forma prosperará, far-se-á forte, e derrubará todos os obstáculos sem a menor consideração pelos demais. Se o Corpo fosse tudo, tal maneira de viver seria a única possível. Além disso, incapaz de sentir a menor consideração pelos outros, resistiria pela força a qualquer tentativa de usurpação do que considerasse seus direitos: o direito do mais forte, o único tipo de justiça condizente com a lei da “sobrevivência dos mais aptos”. Para coisa alguma teria em conta os demais. Seria absolutamente insensível a qualquer força externa que tentasse levá-lo a executar um ato contrário à satisfação de um momentâneo prazer.

É claro e manifesto: quando o ser humano se inclina para uma diretriz de conduta mais elevada no trato com os demais, o impulso deve vir de dentro, de uma fonte não idêntica à do Corpo. Do contrário não lutaria contra este, para fazer prevalecer esse impulso sobre os interesses mais óbvios do Corpo. Além disso, essa força tem que ser mais forte que a do Corpo, para triunfar e sobrepor-se aos desejos, impelindo ao sacrifício em benefício dos fisicamente mais débeis.

Que tal força existe ninguém poderá negar. E chegou a tal estado de desenvolvimento que, em vez de considerarmos a debilidade física um meio de tornar a vítima presa fácil e proveitosa, reconhecemos nessa mesma debilidade uma boa razão para proteger o débil. O egoísmo vai sendo corroído lenta mais seguramente pelo Altruísmo.

A Natureza é muito segura na realização dos seus propósitos. O processo é lento, mas o progresso é ordenado e certo. Como um fermento, essa força Altruística está trabalhando no peito de todos os seres humanos. Transforma o selvagem em civilizado e, com o decorrer do tempo, o transformará num Deus.

Por meios materiais não se pode compreender perfeitamente o que é verdadeiramente espiritual, mas uma ilustração facilitará esse entendimento.

Quando fazemos vibrar um de dois diapasões afinados exatamente no mesmo tom, o som induzirá a mesma vibração no outro. Esse vibrará fracamente, a princípio, mas continuando a golpear o primeiro, o segundo diapasão emitirá um som cada vez mais alto, até atingir um volume de som igual ao primeiro. Isto ocorre mesmo com os diapasões a vários pés de distância. Ainda que um deles esteja encerrado numa caixa de cristal, o som penetra através do vidro e faz o instrumento emitir um som igual.

As invisíveis vibrações sonoras têm grande poder sobre a matéria concreta. Podem destruir ou criar. Se colocarmos uma pequena quantidade de pó finíssimo sobre a placa de cristal plana e passarmos um arco de violino pela borda da placa, as vibrações produzidas farão o pó assumir belas formas geométricas. A voz humana também é capaz de produzir tais figuras, e sempre a mesma figura para o mesmo som.

Toquemos uma nota depois de outra em um instrumento musical, um piano, por exemplo, ou preferivelmente, um violino, em que se obtêm mais gradações de sons. Encontra-se um som que produz no ouvinte uma vibração clara e distinta na parte inferior da cabeça. Toda vez que se toque a nota, sente-se nesse lugar a mesma vibração. Essa nota ou som é a “nota-chave” da pessoa a quem afeta. Se for tocada lenta e suavemente, descansa e repousa o Corpo, tonifica os nervos e restaura a saúde. Se, ao contrário, é tocada alto e longamente, matará a pessoa tão certamente quanto uma bala de uma pistola.

Recordemos o que acabamos de dizer sobre a música e o som, e relacionemo-lo com o problema do despertamento e fortalecimento da força interna do Altruísmo. Talvez possamos compreender melhor o assunto.

Em primeiro lugar, note: os dois diapasões estavam afinados no mesmo tom. Não fora assim, poderíamos golpear um deles até rompê-lo que o outro permaneceria mudo. Fixemos isto claramente: a vibração pode ser induzida em outro diapasão, mas só por um do mesmo tom. De modo semelhante, qualquer coisa ou ser só pode ser afetado, como foi dito, pela nota-chave que lhe é particular.

Sabemos que aquela força altruística existe; sabemos que tem menor expressão num povo pouco civilizado do que num de elevado padrão social; e que falta quase totalmente nas raças inferiores. Logicamente, conclui-se que em tempo recuado, faltava por completo. Desta conclusão surge a pergunta: que ou quem a induziu?

Sem dúvida, a personalidade material nada tem a ver com ela. Essa parte da natureza humana sente-se até mais à vontade sem a despertada força altruística. Logo, o ser humano devia possuir latente essa força do Altruísmo, dentro de si. De outra maneira não a poderia ter despertado. Ainda mais, deve ter sido despertada por uma força da mesma espécie – uma força similar que já estivesse ativa – tal como a do primeiro diapasão que, “depois” que foi tocado, induziu a vibração no segundo.

Além disso, as vibrações do segundo diapasão tornavam-se cada vez mais fortes sob os contínuos golpes dados no primeiro, e a caixa de cristal que encerrava o segundo não era obstáculo algum à indução do som. Assim também, sob a continuidade do impacto do amor de Deus, dentro do ser humano, se desperta e aumenta a potência da força de igual natureza, o Altruísmo.

Portanto, é razoável e lógico admitir que, primeiramente, foi necessário dar ao ser humano uma religião apropriada à sua ignorância. Teria sido inútil ter-lhe falado, nesse estado, de um Deus todo amor e ternura. Consideraria esses atributos uma debilidade. Não se poderia esperar que reverenciasse um Deus possuidor de qualidades para ele desprezíveis. O Deus a quem reverenciaria seria um Deus forte, um Deus temível, um Deus que tivesse o raio, o trovão e o poder para fulminar.

Primeiramente, o ser humano viu-se impelido a temer a Deus. Para seu próprio bem espiritual, foram-lhe dadas religiões que tinham como base o látego do temor.

Depois, em segundo grau, ele foi induzido a certa classe de desinteresse que o coagiu a dar parte dos seus melhores bens como sacrifício. Isto foi conseguido pelo Deus de Raça ou Tribo, um Deus zeloso que exigia a mais estrita reverência e obediência, além do sacrifício dos bens que o ser humano ciosamente apreciava. Contudo, esse Deus de Raça era um amigo todo poderoso, ajudava os seres humanos em suas batalhas, e devolvia-lhes multiplicados os carneiros e cereais que lhe eram sacrificados. O ser humano não chegara ainda ao estado de compreender que todas as criaturas são semelhantes, mas o Deus de Tribo ensinou-lhe a tratar benevolamente seus irmãos de tribo e a fazer leis equitativas e amplas para os seres humanos da mesma raça.

Não imaginemos que estes progressivos passos do ser humano primitivo foram dados facilmente, sem rebeliões ou desobediências. Deve ter havido muitos fracassos e retrocessos sabendo como, até nossos dias, o egoísmo está enraizado na natureza inferior.

Na Bíblia judaica podemos encontrar bons exemplos de como o ser humano se esqueceu dos seus deveres e de como o Espírito de Tribo o encaminhou, persistentemente, uma e outra vez. Só os extensos sofrimentos ditados pelo Espírito de Raça é que foram suficientemente capazes de encaminhá-lo dentro da lei, essa lei que tão poucas pessoas aprenderam a conhecer e a obedecer.

Avançados há que necessitam de algo mais elevado. Quando são suficientemente numerosos, a evolução dá um novo passo. A evolução apresenta gradações diversas. Em certo tempo dos últimos dois mil anos, os mais avançados da humanidade estavam aptos para mais um esforço e aprender a viver bem a vida, dentro de uma religião que assegurasse uma recompensa futura, um estado de existência em que deviam ter fé.

Foi um grande e trabalhoso passo. Era fácil levar uma ovelha ou novilho ao templo e oferecê-lo em sacrifício. Ao levar os primeiros frutos de suas colheitas, de suas vinhas, de suas hortas, sabia que teria ainda mais e que o Deus da Tribo voltaria a encher seus depósitos abundantemente. Agora, nesse novo passo, já não era questão de sacrificar os bens. Pediu-se que ele próprio se sacrificasse. Não num único supremo sacrifício, como o de um mártir, o que teria sido comparativamente fácil, mas que, dia a dia, de manhã à noite, agisse misericordiosamente com todos. Devia desprender-se do egoísmo e amar o próximo, como tinha amado a si mesmo. Outrossim, não lhe era prometida nenhuma recompensa visível e imediata, devia ter fé numa felicidade futura.

Será de admirar que o povo ache difícil realizar esse elevado ideal de agir bem continuamente? É coisa duplamente difícil porque exige que se relegue completamente o próprio interesse, e pede-se a ele sacrifício sem positiva garantia de recompensa. É gratificante constatarmos a prática do altruísmo e quanto este, para dignificação da humanidade, vem aumentando. A sabedoria dos Líderes, conhecendo a fragilidade do ser humano, a tendência a unir-se com os instintos egoístas do Corpo e os perigos do desânimo diante de tal norma de conduta, deram outro impulso edificante, ao incorporarem na nova religião a doutrina do perdão dos pecados.

Esta doutrina é desprezada por alguns filósofos muito avançados que têm a Lei de Consequência como suprema lei. Se acaso o leitor está de acordo com eles, rogamos que aguarde a explicação que adiante se dará, demonstrando que ambas formam parte do esquema de melhoramento e aperfeiçoamento. Por agora, basta dizer que esta doutrina de reconciliação fornece, às almas fervorosas, força necessária para lutar, apesar dos repetidos fracassos, e para conseguir a subjugação da natureza inferior. Recordemos que, pelas razões já indicadas, ao falarmos das leis de Renascimento e Consequência, a humanidade ocidental nada conhecia praticamente dessas leis. Tendo diante de si um ideal tão grande como o de Cristo, e crendo não ter mais do que curto número de anos de vida para realizar tão elevado grau de desenvolvimento, não teria sido a maior crueldade imaginável deixar a humanidade sem essa ajuda? O grande sacrifício do Calvário, se bem que tenha servido para outros propósitos que serão indicados, converteu-se na Luz de Esperança para todas as almas fervorosas que estão se esforçando por realizar o impossível: efetuar numa única e curta vida a perfeição exigida pela Religião Cristã.

Jesus e Cristo-Jesus

Para obter ligeiro vislumbre do grande Mistério do Gólgota e compreender a Missão de Cristo como fundador da Religião Universal do futuro, é necessário conhecer primeiramente a natureza exata dessa missão. Incidentalmente, conheceremos a natureza de Jeová, a cabeça das Religiões de Raça, como o Taoísmo, Budismo, Hinduísmo, Judaísmo, etc., e a identidade do “Pai”, a quem Cristo, em tempo próprio, entregará o Reino.

No credo cristão encontra-se esta sentença: “Jesus-Cristo, o unigênito Filho de Deus”. Para a generalidade dos seres humanos, estas palavras reportam-se a certa pessoa, aparecida na Palestina há uns dois mil anos, de Quem se fala como Jesus-Cristo, um indivíduo somente, “o unigênito Filho de Deus”.

É um grande erro. Nessa sentença é caracterizado três Seres bem distintos e diferentes. É da maior importância que o Estudante compreenda claramente a natureza exata desses três Grandes e Exaltados Seres, enormemente diferentes em glória, mas que merecem nossa mais profunda e devotada adoração.

Rogamos ao Estudante que observe o Diagrama 6. Notará que “O Único Gerado” (o “Verbo” de que fala São João) é o segundo aspecto do Ser Supremo.

Unicamente esse “Verbo” foi “engendrado por Seu Pai (o primeiro aspecto) antes de todos os Mundos”. “Sem Ele nada do que foi feito se fez”[1], nem mesmo o terceiro aspecto do Ser Supremo, que procede dos dois aspectos anteriores. Portanto, o “único engendrado” é o exaltado Ser que está além de todo o Universo, salvo unicamente o aspecto-Poder d’Aquele que O criou.

O primeiro aspecto do Ser Supremo concebe ou imagina o Universo antes do começo da manifestação ativa, incluindo os milhões de Sistemas Solares e as grandes Hierarquias que habitam os seis planos cósmicos de existência além do sétimo, o campo da nossa evolução (veja-se o Diagrama 6). Esta Força também dissolve tudo o que se tem cristalizado sem mais possibilidade de ulterior crescimento. Quando chega o final da manifestação ativa, ela reabsorve em Si mesma tudo que existe, até o alvorecer de outro novo Período de Manifestação.

O segundo aspecto do Ser Supremo manifesta-se na matéria como forças de atração e coesão, dando-lhe a capacidade de combinar-se em várias classes de formas. Esse é o Verbo, o “Fiat Criador”. Modela a Substância-Raiz-Cósmica primordial de modo semelhante ao que produz as figuras geométricas por meio de vibrações musicais, como antes se indicou o mesmo som originando sempre as mesmas figuras. Assim, o grande e primordial “Verbo” trouxe a existência, em sutilíssima matéria todos os diferentes mundos e suas miríades de formas que, desde esse tempo, foram copiadas e trabalhadas em pormenores pelas inúmeras Hierarquias Criadoras.

Entretanto, o “Verbo” não podia fazer isso antes do terceiro aspecto do Ser Supremo preparar e despertar do seu estado normal de inércia a Substância-Raiz-Cósmica, pondo os inumeráveis átomos inseparáveis a girar em seus eixos, colocando esses eixos em diferentes ângulos uns em relação aos outros, e dando a cada estrutura atômica diferente “grau de vibração”.

Os diferentes ângulos de inclinação dos eixos e as intensidades vibratórias permitem à Substância-Raiz-Cósmica formar diferentes combinações. Tais combinações constituem a base dos sete grandes Planos Cósmicos. Havendo diferentes inclinações dos eixos e diferentes intensidades vibratórias em cada um desses planos, as condições e combinações de cada um dos planos são diferentes das de qualquer outro, em consequência da atividade do “Único Engendrado”.

Segundo o Diagrama 14:

Diagrama 14 – O Pai, o Filho e o Espírito Santo

O “Pai” é o mais elevado Iniciado da humanidade do Período de Saturno. À humanidade ordinária daquele Período pertenciam os que são agora os Senhores da Mente.

O “Filho” (Cristo) é o mais elevado Iniciado do Período Solar. A humanidade comum desse Período pertencia os que são agora os Arcanjos.

O “Espírito Santo” (Jeová) é o mais elevado Iniciado do Período Lunar. À humanidade comum desse Período pertenciam os que são agora os Anjos.

Esse Diagrama 14 mostra também quais eram os veículos dessas diferentes ordens de Seres. Comparando com o Diagrama 8, ver-se-á que seus Corpos ou veículos (indicados por retângulos em negro no Diagrama 14) correspondem aos Globos do Período em que foram humanos. É sempre assim, pelo menos no relativo às humanidades ordinárias. Ao fim do Período em que uma onda de vida se individualiza em seres humanos, esses seres retêm Corpos correspondentes aos Globos nos quais funcionaram.

Por outra parte, os Iniciados desenvolvem veículos superiores, para eles mesmos. Deixam de usar os veículos inferiores quando obtém a capacidade de empregar um veículo novo e superior. Ordinariamente, o veículo inferior de um Arcanjo é o Corpo de Desejos. Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, emprega geralmente o Espírito de Vida como veículo inferior. Funciona tão conscientemente no Mundo do Espírito de Vida como nós no Mundo Físico. Rogamos ao Estudante que note de modo particular esse ponto porque o Mundo do Espírito de Vida é o primeiro Mundo Universal, conforme explicamos no primeiro capítulo, sobre os Mundos. Nesse mundo cessa a diferenciação e começa a manifestar-se a unidade, pelo menos quanto ao nosso Sistema Solar.

Cristo tem o poder de construir e funcionar num veículo tão inferior como o Corpo de Desejos, o veículo usado pelos Arcanjos, mas não pode descer mais. O significado disso será agora examinado.

Jesus pertence à nossa humanidade. Estudando o ser humano Jesus na Memória da Natureza, podemos segui-lo em suas vidas anteriores. Nelas viveu sob diversas circunstâncias, sob vários nomes, em diferentes encarnações, do mesmo modo que outro qualquer ser humano. Isto não sucede com o Ser Cristo. No Seu caso só pode encontrar-se uma única encarnação.

Todavia, não se imagine que Jesus tenha sido um indivíduo comum. Era de Mente singularmente pura, muito superior à grande maioria da nossa presente humanidade. Esteve percorrendo o Caminho da Santidade através de muitas vidas, preparando-se para a maior honra que poderia ter recebido um ser humano.

Sua mãe, a Virgem Maria, possuía, também, a mais elevada pureza humana, por isso foi escolhida para ser a mãe de Jesus. O pai, José, era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal.

Em consequência, o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num Corpo puro e sem paixões. Esse Corpo era o melhor, o mais perfeito que se podia produzir na Terra. A tarefa de Jesus, nesta encarnação, era cuidar e desenvolver o seu Corpo até o maior grau de eficiência possível para o grande propósito a que devia servir.

Jesus de Nazaré nasceu mais ou menos no tempo indicado pela História, e não no ano 105 antes de Cristo, conforme indicam algumas obras ocultistas. O nome Jesus era comum no Oriente. Um iniciado chamado Jesus viveu no ano 105 A.C. e obteve a Iniciação egípcia. Não foi Jesus de Nazaré, com quem estamos a relacionar-nos.

O indivíduo que mais tarde se encarnou sob o nome de Christian Rosenkreuz, já estava em grau de evolução muito elevado quando nasceu Jesus de Nazaré. Está encarnado, atualmente. Seu testemunho, assim como o resultado das investigações diretas de outros Rosacruzes, concorda em que o nascimento de Jesus de Nazaré teve lugar no princípio da Era Cristã, na data que geralmente se atribui.

Jesus foi educado pelos Essênios e alcançou um elevado grau de desenvolvimento espiritual durante os trinta anos de uso do seu Corpo.

Podemos dizer, num parêntese, que os Essênios constituíam uma terceira seita na Palestina, além das duas mencionadas no Novo Testamento, os Fariseus e os Saduceus. Os Essênios formavam uma ordem extremamente devota, muito diferente da dos materialistas saduceus e completamente oposta aos hipócritas e vaidosos fariseus. Evitavam toda menção de si e de seus métodos de estudo e de adoração. Esse particular explica por que nada se sabe deles nem são mencionados no Novo Testamento.

É lei do Cosmos: por mais elevado que seja nenhum ser pode funcionar em qualquer mundo sem um veículo construído do material desse mundo (Ver os Diagramas 8 e 14). Por esse motivo, o Corpo de Desejos era o veículo mais baixo do grupo de espíritos que alcançaram o estado humano no Período Solar.

Cristo, um desses espíritos, era incapaz de construir para Si um Corpo Vital e um Corpo Denso. Podia ter trabalhado sobre a humanidade com um Corpo de Desejos, do modo que fizeram como Espíritos de Raça, seus irmãos mais jovens, os Arcanjos. Jeová Lhe teria aberto o caminho para entrar no Corpo Denso do ser humano. Todas as Religiões de Raça foram religiões de leis, originadoras do pecado como consequência da desobediência a essas leis. Tais religiões estavam sob a direção de Jeová que, tendo por veículo inferior o Espírito Humano, está correlacionado ao Mundo do Pensamento Abstrato, onde se origina o separatismo, conducente ao benefício próprio. A unidade era impossível. Precisamente por esta razão, foi necessária a intervenção de Cristo que possuía como veículo inferior o unificante Espírito de Vida. Por esse motivo, devia aparecer como um ser humano entre os seres humanos. Devia entrar num Corpo humano denso, porque unicamente de dentro é possível conquistar a Religião de Raça, que afeta o ser humano de fora.

Cristo não podia nascer num Corpo Denso. Não tendo nunca passado por uma evolução semelhante à do Período Terrestre, teria de adquirir, primeiramente, a capacidade de construir um Corpo Denso como o nosso. Porém, ainda que tivesse essa capacidade, seria inconveniente para um Ser tão elevado empregar energia na construção do Corpo durante a vida pré-natal, a infância, a juventude, e levá-lo até a maturidade indispensável.

Ele deixara de empregar ordinariamente o Espírito Humano, o Corpo Mental e o de Desejos, embora tivesse aprendido a construí-los no Período Solar e retivesse a capacidade de construí-los e de neles funcionar quando fosse necessário.

Cristo usou todos esses veículos próprios e só tomou de Jesus os Corpos Vital e Denso. Quando Jesus atingiu trinta anos de idade, Cristo penetrou nesses Corpos e empregou-os até o final de Sua Missão, no Gólgota. Depois da destruição do Corpo Denso, Cristo apareceu entre os discípulos em Corpo Vital, no qual funcionou ainda durante algum tempo. O Corpo Vital é o veículo que Ele empregará quando aparecer novamente. Nunca tomará outro Corpo Denso.

Com isto se relaciona o objetivo de todo treinamento esotérico, de que falaremos mais tarde, que é trabalhar sobre o Corpo Vital, para construir o Espírito de Vida e acelerar seu desenvolvimento. Quando tratarmos da Iniciação, será possível dar outros pormenores. Agora não é possível dizer mais sobre o assunto. Esse ponto já foi parcialmente tratado ao descrever os acontecimentos relativos à existência pós-morte. Rogamos ao Estudante tenha em conta o seguinte: supõe-se que o ser humano, antes de entrar no esoterismo, já deve ter conquistado em grande extensão o seu Corpo de Desejos. O treinamento esotérico e as primeiras Iniciações são destinados a preparar o Corpo Vital, a fim de ser organizado o Espírito de Vida. Jesus, quando Cristo tomou o seu Corpo, era um discípulo de grau elevado e, por conseguinte, seu Espírito de Vida estava em organizado. Vemos, portanto, que o veículo inferior em que funcionou Cristo e o melhor organizado dos veículos superiores de Jesus eram idênticos. Cristo, ao tomar os Corpo Vital e Denso de Jesus, encontrou-se com uma série completa de veículos, desde o Mundo do Espírito de Vida até o Mundo Físico.

Jesus já alcançara as mais elevadas vibrações do Espírito de Vida e passou por várias Iniciações para obter o necessário efeito sobre o Corpo Vital. O Corpo Vital de um ser humano comum ter-se-ia paralisado instantaneamente sob as intensíssimas vibrações do Grande Espírito que entrou no Corpo de Jesus. Até esse Corpo, puríssimo e ultrassensível como era, não podia suportar durante muitos anos os tremendos impactos vibratórios d’Aquele. Quando lemos que, em certa ocasião, Cristo se afastava dos seus discípulos, ou caminhava sobre o mar em sua procura, o esoterista sabe que Cristo tinha abandonado momentaneamente os veículos de Jesus para dar-lhes descanso, deixando-os ao cuidado dos Irmãos Essênios que, melhor que Cristo, sabia como deviam cuidar de tais veículos.

Esta cessão foi consumada com pleno e livre consentimento de Jesus. Ele soube que, durante a encarnação inteira, estava preparando um veículo para Cristo. Submeteu-se alegremente, para que o desenvolvimento da humanidade pudesse receber o gigantesco impulso que lhe foi dado pelo misterioso sacrifício do Gólgota.

Como se vê no Diagrama 14, Cristo Jesus possuía os doze veículos que formam uma ininterrupta cadeia desde o Mundo Físico até o próprio Trono de Deus. Portanto, Ele é o único Ser do Universo que está em contato, ao mesmo tempo, com Deus e com o ser humano. É capaz desta mediação porque experimentou, pessoal e individualmente, todas as condições e conhece todas as limitações incidentais à existência física.

Cristo é único entre todos os Seres dos sete Mundos. Unicamente Ele possui os doze veículos. Ninguém, a não ser Ele, é capaz de sentir tão elevada compaixão e compreender tão amplamente a situação e as carências da humanidade. Ninguém, só Ele, está qualificado para trazer o remédio que satisfaça todas as nossas necessidades.

Assim, ficamos conhecendo a natureza de Cristo, o Iniciado mais elevado do Período Solar, que tomou os Corpo Vital e Denso de Jesus para poder funcionar diretamente no Mundo Físico e aparecer como um ser humano entre os seres humanos. Se o seu aparecimento se desse de maneira milagrosa, estaria em desacordo com o plano evolutivo porque, ao final da Época Atlante, a humanidade obteve a liberdade de agir bem ou mal. Para aprender a dominar-se não podia ser empregada sobre ela nenhuma coação. Devia conhecer o bem e o mal por meio da experiência. Antes desse tempo, os seres humanos tinham sido conduzidos, voluntariamente ou não, mas, depois se deu a eles liberdade, sob diferentes Religiões de Raça, cada uma delas adaptada às necessidades de cada Tribo ou Nação.

Não a Paz, mas uma Espada

Todas as Religiões de Raça são do Espírito Santo. Baseadas na lei são insuficientes, porque produzem o pecado e acarretam a morte, a dor e a tristeza.

Todos os Espíritos de Raça sabem disso e compreendem que suas religiões são, tão somente, passos necessários para atingir algo melhor. Todas as Religiões de Raça, sem exceção, indicam Alguém que virá, o que demonstra a assertiva anterior. A religião dos persas indica a Mithras; a dos Caldeus, a Tammuz. Os antigos deuses do norte previam a aproximação da “Luz dos Deuses”, quando Surt, o brilhante Sol-Espiritual viesse substituí-los e uma nova e mais formosa ordem se estabelecesse em “Gimle”, a Terra regenerada.

Os egípcios esperavam a Horus, o Sol recém-nascido. Mithras e Tammuz são também simbolizados como órbitas solares e todos os templos principais eram construídos com frente para Leste, para que os raios do Sol nascente pudessem brilhar diretamente através das portas abertas. O templo de São Pedro, em Roma, foi assim edificado. Todos estes fatos demonstram que, geralmente, era sabido que Aquele que viria seria um Sol Espiritual, para salvar a humanidade das influências separatistas das Religiões de Raça.

Essas religiões foram os passos necessários à humanidade a fim de prepará-la para a vinda de Cristo. O ser humano deve primeiramente cultivar um “eu”, antes de poder ser desinteressado e compreender o aspecto superior da Fraternidade Universal, que exprime unidade de propósitos e interesses. Cristo lançou as primeiras bases da Fraternidade Universal em sua primeira vinda. Tal Fraternidade será coisa verdadeiramente realizada quando Ele voltar.

Como o princípio fundamental de toda Religião de Raça é a separação, que indica o engrandecimento próprio a expensas de outros seres humanos e nações, é evidente que, levado às suas últimas consequências, esse princípio teria necessariamente uma tendência destrutiva e frustraria a evolução, a menos que a Religião de Raça fosse substituída por uma religião mais construtiva.

As religiões separatistas do Espírito Santo devem dar lugar à unificante religião do Filho, a Religião Cristã.

A lei deve ceder lugar ao Amor, e as raças e nações separadas devem unir-se numa Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior.

A Religião Cristã não teve ainda o tempo necessário para realizar esse grande objetivo. Até agora o ser humano está sob a influência do dominante Espírito de Raça. Os ideais do Cristianismo ainda são demasiado elevados para ele. O intelecto pode ver nesses ideais algumas belezas e facilmente admite que devemos amar os nossos inimigos, mas as paixões do Corpo de Desejos permanecem demasiado fortes. Sendo a lei do Espírito de Raça “olho por olho”, o sentimento afirma: “hei de me vingar”. O coração pede Amor, mas o Corpo de Desejos anseia por vingança. O intelecto vê, em abstrato, a beleza de amar os nossos inimigos, mas nos casos concretos, alia-se aos sentimentos vingativos do Corpo de Desejos com a desculpa de fazer justiça, porque “o organismo social deve ser protegido”.

É motivo de satisfação, não obstante, que a sociedade sinta desejo de criticar os métodos empregados. Os métodos corretivos e a misericórdia vão-se tornando cada vez mais preponderantes na administração das leis, como demonstrou a favorável acolhida feita a essa instituição moderna, os Tribunais para Menores. Podemos notar outras manifestações desta tendência na frequência com que são suspensas as sentenças e deixados à prova prisioneiros convictos, e no espírito da humanidade que nos tempos atuais se usa para com os prisioneiros de guerra. É a vanguarda do sentimento de Fraternidade Universal que está fazendo sentir sua lenta, mas segura influência.

Embora o mundo esteja progredindo e, por exemplo, tenha sido fácil ao autor assegurar boa assistência às conferências feitas em diversas cidades que visitou (havendo jornais que lhe dedicou páginas inteiras e até primeiras páginas) enquanto se limitou a falar dos mundos superiores e dos estados pós-morte, pôde comprovar que tão logo era abordado o tema da Fraternidade Universal, seus artigos passavam sempre para o cesto de papéis.

Em geral, o mundo não gosta de considerar coisas que julga “demasiado” altruísta. Deve haver uma razão para isso. Não considera norma de conduta natural a que não ofereça uma oportunidade de “conseguir alguma coisa dos seus semelhantes”. As empresas comerciais são planejadas e conduzidas segundo esse princípio. Ante a Mente desses que estão escravizados ao desejo de acumular riquezas inúteis, a ideia da Fraternidade Universal evoca as terríveis visões da abolição do capitalismo e sua inevitável consequência, a exploração dos demais, e enfim, o fatal naufrágio dos “interesses de negócios”. A palavra “escravizados” descreve exatamente a condição. De acordo com a Bíblia, o ser humano deveria ter domínio sobre o mundo, mas na grande maioria dos casos, o inverso é a verdade: o mundo é que tem domínio sobre o ser humano. Cada ser humano que tenha interesses próprios admitirá, em momentos de lucidez, que as posses constituem uma fonte inesgotável de aborrecimentos, que se vê constantemente obrigado a traçar planos para conservar seus bens, ou pelo menos cuidar deles para evitar perdê-los, pois sabe “por dura experiência” que os outros estão sempre procurando tomá-los. O ser humano é escravo de tudo aquilo que, por inconsciente ironia, chama de “minhas posses” quando, em realidade, são elas que o possuem. Bem disse o Sábio de Concord[2]: “São as coisas que vão montadas e cavalgam sobre a humanidade”.

Esse estado resulta das Religiões de Raça e seus sistemas de leis; por isso, todas elas assinalam “Aquele que deve vir”. A Religião Cristã é a única que não espera Aquele que deve vir, mas sim Aquele que deve voltar. Sua volta se fará quando a Igreja se liberte do Estado. A Igreja, especialmente na Europa, está atrelada ao carro do Estado. Os ministros de Igreja encontram-se coibidos por considerações econômicas, não se atrevem a proclamar as verdades que seus estudos lhes têm revelado.

Recentemente, um viajante assistiu, em uma igreja de Copenhague (Dinamarca), a uma cerimônia de confirmação. Naquele país, a Igreja está sob o domínio do Estado e todos os seus ministros estão sob o poder temporal. Os fiéis nada têm a dizer sobre o assunto. Podem frequentar a igreja ou não, como queiram, mas são obrigados a pagar as taxas que sustentam a instituição.

Além de efetuar os ofícios sob a direção do Estado, o pastor da igreja visitada era condecorado com várias ordens conferidas pelo rei. O brilho das faixas oficiais era um silencioso, mas eloquente testemunho da grande escravidão a que está submetida a Igreja pelo Estado. Durante a cerimônia, o pastor rogou pelo rei e pelos legisladores, para que estes pudessem reger o país sabiamente.

Enquanto existirem reis e legisladores, essa oração será muito apropriada, mas foi muito chocante ouvi-lo exclamar ao final: “…e, o Todo-Poderoso Deus protege e fortifica nosso exército e armada”.

Uma oração semelhante só demonstra claramente que o Deus adorado é o Deus da Tribo ou Nacional, o Espírito de Raça. O último ato de Cristo Jesus foi arrancar a espada das mãos do amigo que queria protegê-lo, todavia, Ele disse que não tinha vindo para trazer a paz, mas uma espada. Disse-o porque previa os mares de sangue que as nações “cristãs” militantes provocariam, em consequência da má interpretação dos seus ensinamentos. Seus elevados ideais não podiam ser imediatamente alcançados pela humanidade. São terríveis os assassínios nas guerras e outras atrocidades semelhantes, mas são também potentes ilustrações daquilo que o amor há de abolir.

É aparente a contradição entre as palavras de Cristo Jesus (“Eu não venho trazer a paz, mas uma espada”[3]) e as palavras do cântico celestial que anunciava o nascimento de Jesus: “Paz na Terra, e boa vontade entre os homens”[4].

É a mesma contradição aparente que existe entre as palavras e os atos de uma mulher que diz: “vou limpar toda a casa e arrumá-la”. E começa a tirar os tapetes, a empilhar as cadeiras, etc., produzindo uma desordem geral na casa anteriormente em ordem. Quem observasse unicamente esse aspecto, poderia exclamar justificadamente: “está pondo as coisas piores do que antes”. Contudo, quando compreender o propósito do trabalho, compreenderá também a momentânea desordem, sabendo que a casa ficará, depois, em melhores condições.

Analogamente, devemos ter presente que o tempo transcorrido desde a vinda de Cristo Jesus não é mais do que um momento, quando comparado com um só Dia de Manifestação. Aprendemos a conhecer, como Whitman[5], “a amplitude do tempo”, e a olhar além das passadas e presentes crueldades e dos zelos das seitas em guerra, a caminho da Fraternidade Universal. Essa marcará o grande novo passo do progresso humano em sua larga e gloriosa jornada desde o barro até Deus, desde o protoplasma até a consciente unidade com o Pai, esse

… distante e divino acontecimento,

para o qual se move a criação inteira.

O pastor anteriormente mencionado, ao receber os fiéis na igreja disse-lhes, durante a cerimônia, que Jesus-Cristo era um indivíduo composto: Jesus era a parte humana mortal, enquanto Cristo era o Espírito imortal e divino. Se o assunto fosse discutido, cremos, ele não sustentaria a afirmação, apesar de ter anunciado um fato oculto.

A Estrela de Belém

A unificante influência de Cristo foi simbolizada na formosa lenda da adoração dos três reis magos ou “sábios do Oriente”, tão maravilhosamente descrita pelo General Lew Wallace[6], em sua encantadora história “Ben Hur”.

Os três sábios, Gaspar, Melchior e Baltazar, representam as raças branca, amarela e negra, e simbolizam os povos da Europa, Ásia e África guiados pela Estrela ao Salvador do Mundo, diante de Quem “todo joelho se dobraria”[7] e a Quem “toda língua louvaria”[8]. Aquele que uniria todas as nações debaixo da bandeira da Paz e da boa vontade. Aquele que levaria os seres humanos a “converter suas lanças em arados e suas espadas em foices”.

Diz-se que a Estrela de Belém apareceu ao nascer Jesus e guiou os três sábios para o Salvador.

Muito se especulou acerca da natureza dessa estrela. A maioria dos seres humanos que estudam a ciência materialista tem declarado que ela não passa de um mito, enquanto para outros, se fosse algo mais do que um mito, seria a simples “coincidência” de dois sóis mortos que, ao chocarem-se teria produzido uma explosão. Não obstante, todo místico conhece a “Estrela”, sim, e a “Cruz” também, não somente como símbolos relacionados com a vida de Jesus e de Cristo Jesus, mas também por meio de suas experiências pessoais. São Paulo disse: “até que o Cristo nasça de vós”[9]; e o místico Angelus Silesius[10] escreveu:

“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,

Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.

Olharás em vão a Cruz do Gólgota,

Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”

Richard Wagner mostrou seu conhecimento intuitivo de artista quando, à pergunta de Parsifal[11]: “Quem é o Graal? “ – Responde Gurnemanz:

Não podemos dizer-te;

porém, se foste guiado por Ele,

não te será oculta a verdade.

… Nenhum caminho conduz até Ele

e procurá-Lo é inútil,

salvo se Ele mesmo for o Guia.

Sob a “antiga dispensação” o caminho da Iniciação não estava aberto senão para poucos escolhidos. Alguns podiam procurar o caminho, mas só os guiados ao Templo pelos Hierofantes podiam encontrar a entrada. Antes da vinda de Cristo, não havia convite algum semelhante ao atual: “Todo aquele que queira pode vir”.

No momento em que o sangue fluiu no Gólgotao véu do Templo rasgou-se[12] (por razões que agora serão explicadas) e, daí para diante, quem procura sua admissão, encontra-a.

Nos Templos de Mistérios, os Hierofantes[13] ensinavam aos discípulos que no Sol há uma força espiritual além de energia física. Esta última, a dos raios solares, é o princípio fecundante da Natureza. Produz o crescimento das plantas, sustenta e conserva os Reinos animal e humano. É uma energia construtora, fonte de toda força física. Alcança mais elevada expressão em meados do verão, quando os dias são maiores e mais curtas as noites, porque os raios solares caem diretamente sobre o hemisfério norte, em junho. Nesse tempo, as forças espirituais são mais inativas.

Pelo contrário, em dezembro, durante as longas noites de inverno[14], a força física solar está adormecida e as forças espirituais alcançam seu grau máximo de intensidade[15].

A noite entre 24 e 25 de dezembro é, em todo o ano, a Noite Santa por excelência. O Signo zodiacal da imaculada Virgem Celestial está sobre o horizonte oriental à meia-noite, e o Sol do ano novo nasce e começa sua jornada do ponto mais austral, em direção ao hemisfério norte, para (fisicamente) salvar essa parte da humanidade da obscuridade e da fome inevitáveis, caso permanecesse sempre abaixo do Equador.

À meia-noite de 24 de dezembro, para os povos do hemisfério norte, onde nasceram todas as religiões atuais, o Sol está diretamente abaixo da Terra e as influências espirituais são fortíssimas.

Em tal momento, nessa noite, aos que desejassem, pela primeira vez, dar um passo na Iniciação, seria muitíssimo mais fácil se porem em contato consciente com o Sol Espiritual.

Por esse motivo, nos antigos templos, os discípulos preparados para a Iniciação eram levados pelas mãos dos Hierofantes dos Mistérios e, por meio de cerimônias que se realizavam no Templo, eram elevados a um estado de exaltação, no qual transcendiam toda condição física. A Terra tornava-se transparente à sua visão espiritual e eles viam o Sol da meia-noite: a “Estrela”! Não era o Sol físico, seu salvador físico, o que viam com os seus olhos espirituais, mas o Espírito do Sol, o Cristo, seu Salvador Espiritual.

Essa Estrela que brilhou na Santa Noite ainda brilha para o místico na obscuridade da noite. Quando o ruído cessa e a confusão da atividade física se aquieta, então ele entra em seu interior e procura o caminho que conduz ao Reino da Paz. A brilhante Estrela está sempre ali para guiá-lo e sua alma ouve a canção profética: “Paz na terra e boa vontade entre os homens” [16].

Paz e boa vontade a todos, sem exceção, não excluindo nem os inimigos. É de admirar que custe muito a educar a humanidade para esse tão elevado tipo de moral? Há algum meio melhor para demonstrar a beleza e a necessidade da paz, da boa vontade e do amor do que compará-los com o estado atual de guerras, egoísmos e ódios?

Quanto mais forte é a luz, tanto mais profunda é a sombra que projeta. Quanto mais altos os ideais, mais claramente podemos ver nossos defeitos.

Lamentavelmente, em nosso atual estado de desenvolvimento, a humanidade só pode aprender por meio de duríssimas experiências. Apegada à raça, tem de sentir-se absolutamente egoísta, para que possa provar as amarguras que lhe produz o egoísmo alheio, assim como é preciso conhecer a enfermidade para reconhecer-se quanto vale a saúde.

A religião impropriamente chamada Cristã tem sido a mais sangrenta que se conhece, sem excetuar o Maometismo[17] que, a esse respeito, é muito parecido com o nosso mal praticado Cristianismo. Nos campos de batalha e durante a Inquisição, cometeram-se atrocidades inqualificáveis em nome do doce e meigo Nazareno. A espada e o vinho, isto é, a cruz e o cálice da comunhão pervertidos, foram os meios de que se valeram as poderosas nações chamadas cristãs para dominar os povos pagãos e as nações mais débeis que professavam a mesma fé que os seus conquistadores. O mais ligeiro exame da história greco-latina ou das raças teuto-anglo-saxônicas corroborará amplamente essa afirmação.

Enquanto o ser humano esteve plenamente sob o governo das Religiões de Raça de cada nação, cada uma destas era um conjunto unido. Os interesses individuais subordinavam-se voluntariamente aos interesses da comunidade. Todos estavam “na lei”. Todos eram, em primeiro lugar, membros de suas respectivas tribos e, secundariamente indivíduos.

Nos tempos presentes, há tendência para ir ao outro extremo, exaltando-se o “eu” sobre tudo o mais. O resultado é evidente nos problemas econômicos e industriais, surgidos em todas as nações, cujos problemas clamam por pronta solução.

O estado de desenvolvimento em que o ser humano sinta-se uma unidade absolutamente separada, um Ego que segue seu caminho independentemente, é condição necessária. A unidade nacional, de tribo ou de família, precisa ser desfeita para que a Fraternidade Universal possa ser um fato. O regime do paternalismo foi já amplamente sucedido pelo reinado do Individualismo. Agora, conforme a civilização avança, estamos aprendendo o que esse último tem de mau. O desordenado método de distribuir os produtos do trabalho, a avidez de uns poucos e a exploração de muitos, todos esses crimes sociais produzem o enfraquecimento, as depressões econômicas e perturbações nas classes trabalhadoras, destruindo a paz interna. A guerra industrial dos nossos dias é muito pior e mais destrutiva do que as guerras militares entre as nações.

O Coração, uma Anomalia

Nenhuma lição é de valor real como princípio ativo de vida se a sua verdade for aprendida superficialmente. Deverá ser assimilada através do coração, pela aspiração e pela amargura. A lição principal que, por esse modo, o ser humano deve aprender é: o que não beneficia a todos não beneficia realmente a ninguém.

Durante cerca de dois mil anos temos concordado, de boca apenas, em agir e dirigir a vida segundo a máxima: “respondei ao mal com o bem”. O coração pede benevolência e amor. Contudo, a razão pede beligerância e medidas punitivas, se não como vingança, pelo menos como meio de prevenir uma repetição de hostilidades. Esse divórcio entre o coração e a cabeça impede o crescimento do verdadeiro sentimento de Fraternidade Universal e a adoração dos ensinamentos de Cristo, o Senhor do Amor.

A Mente é o foco através do qual o Ego percebe o mundo material. Como instrumento para aquisição do conhecimento é inestimável nesse domínio. Porém, ao arrogar-se o papel de ditador da conduta do ser humano para com os semelhantes, a Mente está em caso análogo ao das lentes do telescópio que, focalizadas para o Sol, dissessem ao astrônomo: “estamos mal enfocadas, não estamos bem de frente ao Sol, não cremos que seja bom focalizar o Sol, preferimos que focalizeis a Júpiter. Os raios do Sol esquentam-nos demasiadamente e podem danificar-nos”.

Se o astrônomo, empregando sua vontade, focaliza o telescópio a seu talante, como que dizendo às lentes para se ocuparem na transmissão dos raios que recebem, deixando para ele os resultados, o trabalho efetuar-se-á devidamente. Porém, se o mecanismo do telescópio estivesse ligado às lentes e elas tivessem uma vontade mais forte, o astrônomo ver-se-ia seriamente coibido e, tendo de lutar para manter o instrumento em boa forma, inevitavelmente as imagens sairiam confusas, fracas, imprecisas ou sem valor.

Assim acontece com o Ego. Trabalha com um Tríplice Corpo que governa, ou deveria governar através da Mente, mas, triste é dizê-lo, esse Corpo, tem uma vontade própria, é ajudado quase sempre pela Mente, e frustra os propósitos do Ego.

Esta antagônica “vontade inferior” é expressão da parte superior do Corpo de Desejos. Quando se deu a divisão do Sol, na Época Lemúrica, e a Terra, que incluía a Lua, se separou, a parte mais avançada da humanidade nascente experimentou no Corpo de Desejos uma divisão em duas partes, a superior e a inferior. O resto da humanidade sofreu divisão semelhante na primeira parte da Época Atlante.

A parte superior do Corpo de Desejos converteu-se numa espécie de alma-animal. Construiu o Sistema Nervoso cérebro-espinhal e os músculos voluntários, dominando por esse meio a parte inferior do Tríplice Corpo, até que o elo de ligação, a Mente, foi agregado. Então, a Mente uniu-se a essa alma-animal fazendo-se co-regente.

Portanto, a Mente está limitada pelos desejos, submersa na egoísta natureza inferior, o que torna difícil ao Espírito o governo do Corpo. A Mente, o foco – que deveria aliar-se à natureza superior – está unida à natureza inferior, escrava do desejo.

As Religiões de Raça e suas leis foram dadas para emancipar o intelecto do desejo. O “temor a Deus” foi posto contra os “desejos da carne”, mas não bastava para conseguir o domínio do Corpo e garantir sua cooperação voluntária. Foi necessário que o espírito encontrasse no Corpo outro ponto de apoio, que não estivesse sob o domínio do Corpo de Desejos. Não nos músculos porque são expressões do Corpo de Desejos, e formam um caminho direto até o ponto principal onde a Mente traidora está unida ao desejo e reina suprema.

Se os Estados Unidos estivessem em guerra com a França não desembarcaria suas tropas na Inglaterra, esperando dominar a França, mas desembarcariam os soldados diretamente na França, para que lutassem ali.

Assim, o Ego, como sábio general, segue uma conduta semelhante. Não começa sua campanha adquirindo domínio sobre alguma das glândulas, porque estas são expressões do Corpo Vital. É-lhe impossível adquirir domínio sobre os músculos voluntários, muito bem defendidos pelo inimigo. A parte involuntária do sistema muscular, sob a direção do Sistema Nervoso simpático, seria também inútil para esse objetivo.

O Ego tem que conquistar um contato mais direto com o Sistema Nervoso cérebro-espinhal. Nesse sentido, para conseguir uma base de operações no próprio campo inimigo, deve dominar um músculo que seja involuntário e que, ao mesmo tempo, esteja relacionado com o Sistema Nervoso voluntário, mas não sob sua direção. Esse músculo é o coração.

Já falamos anteriormente das duas classes de músculos: voluntários e involuntários. Esses últimos têm suas fibras em sentido longitudinal, e são relacionados com as funções que estão fora do domínio da vontade, como a digestão, a respiração, a excreção, etc. Os músculos voluntários, como os das mãos e dos braços, são dominados pela vontade, por meio do Sistema Nervoso voluntário. Suas fibras estão dispostas longitudinalmente cruzando-se com estrias transversais.

Estas particularidades são exatas para todos os músculos menos para o coração, que é um músculo involuntário. Normalmente, nós não podemos controlar a circulação. Sob condições normais, a batida do coração é de uma quantidade constante, ainda que para confusão dos fisiólogos, o coração seja estriado, como se fosse um músculo voluntário. É o único órgão do Corpo que exibe essa peculiaridade, porém, como esfinge, recusará dar aos cientistas materialistas uma resposta que resolva o enigma.

O ocultista pode encontrar facilmente a resposta na Memória da Natureza. Nessa fonte vê que o coração, quando o Ego procurou, pela primeira vez, firmar-se aí, era estriado apenas longitudinalmente, tal como qualquer outro músculo involuntário. À medida que o Ego foi adquirindo domínio sobre o coração, foram-se desenvolvendo gradualmente as fibras transversais. Não são nem tão numerosas nem tão definidas como as dos músculos que estão debaixo do pleno domínio do Corpo de Desejos, mas, conforme os princípios altruísticos do amor e da fraternidade se vigorizem e gradualmente sobre passem a razão, baseada no desejo, essas estrias transversais serão mais numerosas e estruturadas.

Como indicamos anteriormente, o Átomo-semente do Corpo Denso está situado no coração e abandona-o quando a morte ocorre. A obra ativa do Ego está no sangue.

Com exceção dos pulmões, o coração é o único órgão do Corpo através do qual passa todo o sangue em cada ciclo.

O sangue é a expressão mais elevada do Corpo Vital, porque nutre todo o organismo físico. Em certo sentido, é também o veículo da memória subconsciente e está em contato com a Memória da Natureza, situada na divisão mais elevada da Região Etérica. O sangue leva as recordações da vida dos antecessores aos descendentes durante gerações, quando é um sangue comum, como acontece na endogamia.

Na cabeça há três pontos que são o assento particular de cada um dos três aspectos do espírito (veja-se o Diagrama 17). O segundo e terceiro aspectos têm outros pontos de sustentação secundários.

O Corpo de Desejos é expressão deturpada do Ego. Manifesta em “egoísmo” o que é a “individualidade” do Espírito. A individualidade não procura o seu em detrimento dos demais, enquanto o egoísta procura tudo possuir sem ter em conta os demais. O assento do Espírito Humano é, primariamente, a Glândula Pineal[18] e secundariamente, o cérebro, ou antes, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, que domina os músculos voluntários.

O amor e a unidade do Mundo do Espírito de Vida encontram sua contraparte ilusória na Região Etérica, com a qual estamos relacionados pelo Corpo Vital, o originador do amor sexual e da união sexual. O Espírito de Vida assenta, primariamente, no Corpo Pituitário[19] e, secundariamente, no coração, o regente do sangue que nutre os músculos.

O inativo Espírito Divino – o Observador Silencioso – encontra sua expressão material no passivo, inerte e insensível esqueleto do Corpo Denso, o obediente instrumento dos outros Corpos. Não tem o poder de atuar por iniciativa própria e tem sua fortaleza no impenetrável ponto da raiz do nariz.

Em pura realidade, o espírito é um só, porém, observado do Mundo Físico, o Ego refrata-se em três aspectos que se expressam da forma indicada.

O sangue, ao passar pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante toda a vida, grava os acontecimentos nos Átomos-semente, enquanto permanecem frescos. Prepara um arquivo fidelíssimo da vida que, depois, na existência pós-morte, se imprimirá indelevelmente na alma. O coração está permanentemente em estreito contato com o Espírito de Vida, o espírito do amor e da unidade, o que o torna o foco do amor altruísta.

Após as imagens passarem ao Mundo do Espírito de Vida, em que se encontra a verdadeira Memória da Natureza, não voltam através dos lentos sentidos físicos, mas diretamente através do quarto Éter contido no ar que respiramos. No Mundo do Espírito de Vida o espírito pode ver muito mais claramente do que nos Mundos mais densos. Nesse elevado plano que lhe é próprio, está em contato com a Sabedoria Cósmica e, em qualquer situação, sabendo imediatamente o que há de fazer, envia sua mensagem de guia e de ação ao coração. Esse logo a retransmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico. Assim se formam as “primeiras impressões”, os impulsos intuitivos, sempre bons, porque emanam diretamente da fonte cósmica de Sabedoria e Amor.

Isto é tão instantâneo que o coração tem tempo de efetuá-lo antes da razão, mais lenta, poder, por assim dizer, “considerar a situação”. Crê-se que o ser humano pensa em seu coração e é certo, porque “assim ele é”. O ser humano, inerentemente, em qualquer aspecto, é um Espírito Virginal, bom, nobre, verdadeiro. Tudo o que não é bom pertence à natureza inferior, o ilusório reflexo do Ego. O Espírito Virginal sempre está dando sábios conselhos. Se pudéssemos seguir os impulsos do coração, o primeiro pensamento, a Fraternidade Universal seria realizada agora mesmo.

No entanto, precisamente nesse ponto começam as complicações. Depois do bom conselho dado pela primeira impressão, começa o raciocínio e, na maioria dos casos, o cérebro domina o coração. O telescópio controla o próprio foco e aponta para onde quer, sem atender ao astrônomo. A Mente e o Corpo de Desejos frustram os desígnios do Espírito e tomam a direção, mas, como carecem da sabedoria do Espírito, tanto o Espírito como o Corpo sofrem as consequências.

Os fisiólogos notam que certas áreas do cérebro estão dedicadas a determinadas atividades mentais. Os frenólogos levaram esse ramo da ciência ainda mais além. Sabe-se também que o pensamento destrói o tecido nervoso e que esse desgaste do Corpo, como qualquer outro, é restaurado pelo sangue. Quando o coração se converter em músculo voluntário, a circulação do sangue ficará completamente sob o domínio do unificante Espírito de Vida, o Espírito do Amor. Então, terá o poder de impedir que o sangue flua a essas partes do cérebro dedicadas a propósitos egoístas. Esses centros mentais irão atrofiando-se gradualmente. Por outro lado, ser-lhe-á possível ativar o sangue quando as elaborações mentais foram altruístas, o que restaurará e vigorizará esses centros. A natureza passional será conquistada e, pelo Amor, a Mente será emancipada da escravidão do desejo. Só se emancipando completamente pelo Amor, o ser humano poderá elevar-se além da lei e converter-se, ele mesmo, numa lei. Tendo-se conquistado a si, conquistará então todo o mundo.

As estrias transversais do coração podem formar-se mediante certos exercícios de treinamento oculto. Alguns desses exercícios são perigosos e devem ser levados a cabo unicamente sob a direção de um instrutor competente. É nosso desejo que nenhum leitor desta obra se deixe enganar por impostores habilidosos e desejosos de atrair discípulos. Para evitar esse engano voltamos a repetir, mui seriamente: nenhum verdadeiro ocultista se gaba, anuncia seus poderes ocultos, nem vende lições a tanto cada uma ou a tanto o curso, ou consentirá jamais em fazer exibições. Realiza seu trabalho com a maior discrição possível e somente com o propósito de ajudar legitimamente os demais, sem pensar nunca em si mesmo.

Como dissemos no princípio desse capítulo, todas as pessoas desejosas de obter o conhecimento superior podem ter a mais absoluta confiança: se verdadeiramente o buscam, encontrarão aberto o caminho que a ele conduz. Cristo mesmo preparou o caminho para “quem o deseje”. Ele ajudará e abençoará a todo o verdadeiro investigador que deseje trabalhar pela Fraternidade Universal.

O Mistério do Gólgota

Durante os últimos 2.000 anos, muito se tem escrito sobre o “sangue purificador”. O sangue de Cristo tem sido exaltado nos púlpitos como o soberano remédio do pecado, como o único meio de salvação e redenção.

Se, de acordo com as leis do Renascimento e de Consequência, os seres evolucionados colhem do que têm semeado e, por outro lado, o impulso evolutivo está constantemente elevando a humanidade até alcançar a perfeição, onde está a necessidade de redenção ou de salvação? E, ainda que essa necessidade existisse como pode a morte de um indivíduo ajudar os outros? Não seria mais nobre cada um sofrer as consequências dos próprios atos do que escapar-se atrás do outro?

Eis algumas objeções à doutrina da redenção (ou perdão) dos pecados por meio da substituição e da redenção pelo sangue de Cristo Jesus. Iremos dar-lhes resposta antes de demonstrar a lógica e a harmonia existente na Lei de Consequência e na expiação de Cristo.

Em primeiro lugar, é absolutamente certo que o impulso evolutivo tem em vista levar todos os seres à suprema perfeição. Contudo, alguns estão ficando para trás. Atualmente, estamos ultrapassando o extremo ponto de materialidade e passando através das dezesseis raças. Ao percorrer os “dezesseis caminhos de destruição” estamos em grave perigo de atrasar-nos, muito mais do que em qualquer outro momento da jornada evolutiva.

Considerando em abstrato, o tempo nada é. Certo número de entidades pode ficar tão atrasado que tenha de ser abandonado. E prosseguirá sua evolução em outro plano evolutivo, onde possa continuar sua jornada para a perfeição. Todavia, originalmente, essa evolução não foi projetada para elas. É razoável supor que as exaltadas Inteligências encarregadas da nossa evolução empreguem todos os meios para vitoriosamente conduzir as entidades a seu cargo, tantas quantas lhes sejam possíveis.

Na evolução ordinária, as leis do Renascimento e de Consequência são perfeitamente adequadas para conduzir à perfeição a maior parte da onda de vida, mas não são suficientes para os atrasados das várias raças que têm ficado para trás. Durante o estado de individualização, o pináculo da separatividade ilusória, toda a humanidade necessita de ajuda extra, mas os atrasados necessitam ainda de um auxílio especial.

Para conferir esse auxílio especial, a fim de redimi-los, foi preparada a missão de Cristo. Ele disse que tinha vindo buscar e salvar os que estavam perdidos. Abriu o caminho da Iniciação para todos os que quisessem alcançá-lo.

Os que levantam objeções à doutrina da expiação dizem: é covardia esconder-se atrás de outrem; cada ser humano deve assumir as consequências dos próprios atos.

Consideremos o seguinte caso. As águas dos Grandes Lagos[20] afluem ao rio Niágara[21]. Esse enorme volume de água corre rapidamente para as cataratas, sobre um leito coberto de rochas, numa extensão de vinte milhas[22]. Se uma pessoa vai além de certo ponto e não perde a vida nos redemoinhos vertiginosos, perdê-la-á indubitavelmente ao cair na catarata.

Suponhamos que um ser humano, cheio de piedade pelas vítimas dessas águas, resolvesse colocar uma corda sobre as cataratas, ainda que soubesse serem tais as condições que não poderia depois escapar com vida. Apesar disso, de seu próprio gosto e livremente, sacrifica sua vida e coloca a corda, modificando o estado inicial. As vítimas abandonadas podem agarrar-se à corda e salvar-se.

Que pensaríamos de um ser humano que, tendo caído na água devido à sua falta de cuidado e estivesse lutando furiosamente contra a corrente, exclamasse: “Como? Salvar-me e procurar escapar ao castigo que a minha falta de cuidado merece? Amparar-me no sacrifício de quem sofreu sem culpa alguma e deu sua vida para que outros pudessem salvar-se? Não, nunca! Isso não seria digno de ‘um ser humano’! Assumirei as consequências dos meus erros! “.

Não concordaríamos que esse ser humano deveria estar louco?

Nem todos necessitam de salvação. Cristo sabia que um grande número não necessitaria salvar-se dessa maneira. Porém, tão certo como noventa e nove por cento se deixa conduzir pelas leis do Renascimento e de Consequência e, por essa forma, alcança a perfeição, assim os “pecadores” se submergiram tanto na corrente do materialismo que não lhe poderiam fugir sem aquela ajuda. Cristo veio para trazer paz e boa vontade a todos, e para salvar esses pecadores elevando-os ao ponto necessário de espiritualidade, produzindo uma modificação em seus Corpos de Desejos que tornará mais forte a influência do Espírito de Vida em seus corações.

Os irmãos menores de Cristo, ou Arcanjos, tinham trabalhado, como Espíritos de Raça, no Corpo de Desejos do ser humano. Sua obra foi efetuada de fora. Era uma força solar espiritual refletida através da Lua, tal como a luz lunar é o reflexo da luz solar. No entanto, Cristo, o Maior dos Iniciados dos espíritos solares, influenciou nossos Corpos de Desejos de dentro, ao entrar diretamente no Corpo Denso da Terra, trazendo consigo a força solar direta.

Se o ser humano encarasse o Sol durante muito tempo ficaria cego, porque as vibrações da luz solar são tão fortes que destruiriam a retina do olho. No entanto, pode olhar sem temor a Lua, porque tem vibrações muito mais fracas. A Lua absorve as vibrações fortes do Sol e reflete as restantes sobre nós.

O mesmo acontece com os impulsos espirituais que ajudam a evolução do ser humano. A Terra foi arrojada do Sol porque a humanidade não podia suportar seus tremendos impulsos físicos e espirituais. Apesar de encontrar-se a tão grande distância do Sol, o impulso espiritual seria ainda demasiado forte se não fosse enviado primeiramente à Lua para que Jeová, o Regente da Lua, o empregasse em benefício do ser humano. Certo número de Arcanjos (espíritos solares comuns) seguiu com Jeová, como auxiliares, para refletirem esses impulsos espirituais do Sol sobre a humanidade da Terra, em forma de religiões de Jeová ou de raça.

O veículo inferior dos Arcanjos é o Corpo de Desejos. Nosso Corpo de Desejos foi obtido no Período Lunar, que tinha Jeová como Iniciado mais elevado. Portanto, Jeová pode tratar do Corpo de Desejos do ser humano. O veículo inferior de Jeová é o Espírito Humano (veja-se o Diagrama 14) e sua contraparte é o Corpo de Desejos. Os Arcanjos são seus auxiliares e têm o poder de administrar as forças espirituais do Sol. Trabalham e preparam a humanidade até chegar o tempo em que receba os impulsos espirituais diretamente do Sol, sem intervenção da Lua. Cristo, o Iniciado mais elevado do Período Solar, tem a seu cargo a tarefa de enviar esse impulso. Jeová, ao refleti-lo, preparou a Terra e a humanidade para a admissão direta de Cristo.

A expressão “preparou a Terra” significa que toda evolução num Planeta é acompanhada pela evolução do próprio Planeta. Se algum observador, localizado em alguma estrela distante e dotado de visão espiritual, tivesse contemplado a evolução da Terra, teria notado uma mudança gradual em seu Corpo de Desejos.

Sob a antiga dispensação, o Corpo de Desejos humano era aperfeiçoado por meio da lei. Ainda é desse modo que a maioria se prepara para a vida superior.

A Vida Superior (Iniciação) só tem início quando começa o trabalho no Corpo Vital. O meio empregado para pô-lo em atividade é o Amor ou, melhor dito, o Altruísmo. Tem-se abusado tanto da primeira palavra, amor, que já não sugere o significado aqui requerido.

Durante a antiga dispensação, o caminho da Iniciação não estava aberto para todos, e, sim para uns poucos. Os Hierofantes dos Mistérios escolhiam certo número de famílias. Eram levadas ao Templo, postas à parte das demais e guardavam rigorosamente certos ritos e cerimônias. Seus casamentos e relações sexuais eram regulados pelos Hierofantes.

Disso resultou uma raça que tinha o grau apropriado para separar o Corpo Vital do Denso e o poder de despertar o Corpo de Desejos, durante o sono, do seu estado de letargia. Desse modo, alguns foram postos em condições para a Iniciação, dando a eles oportunidades que não podiam ser concedidas a todos. Como exemplo, entre os judeus, encontramos a tribo de Levi, escolhida para prestar serviços no Templo. Entre os hindus, a única classe sacerdotal é a casta dos Brâmanes.

A missão de Cristo, além de salvar os que estavam perdidos, foi tornar possível a Iniciação para todos. Jesus surgiu do povo comum, não foi um levita, classe para quem era uma herança o sacerdócio. Ainda que não surgisse de uma classe de instrutores, seus ensinamentos foram superiores aos de Moisés.

Cristo Jesus não negou Moisés, nem a Lei, nem os profetas. Pelo contrário, confirmando-os, demonstrou ao povo que eles, ao indicarem Aquele que deveria vir, foram seus predecessores. Disse ao povo que tais coisas já tinham servido aos seus propósitos e que, para o futuro, o Amor deveria suceder à lei.

Cristo Jesus foi morto. Relativamente à sua morte, há uma diferença fundamental e suprema entre Ele e os antigos instrutores, em que se manifestaram os Espíritos de Raça. Tais instrutores morriam e deviam renascer uma e outra vez, para ajudar os seus povos no cumprimento de seu destino. Moisés, em quem se manifestou o Arcanjo Miguel (o Espírito de Raça dos judeus), foi conduzido ao Monte Nebo, onde deveria morrer. Moisés renasceu como Elias[23]; e Elias voltou como João Batista. Buda morreu e renasceu como Shankaracharya[24]. Shri Krishna[25] disse: “onde quer que decaia Dharma[26] (…) e (…) surge uma exaltação de Adharma[27], então Eu mesmo venho para proteger o bem e destruir os que fazem o mal, para salvaguardar o firme restabelecimento de Dharma. Eu nasço de tempos a tempos”.

Quando chegou a morte, o rosto de Moisés brilhou e o Corpo de Buda iluminou-se. Todos eles tinham chegado ao estado em que o espírito começa a brilhar de dentro e, então, morreram.

Cristo Jesus chegou a esse estado no Monte da Transfiguração. É sumamente significativo que Seu trabalho real teve lugar depois desse acontecimento. Ele sofreu, foi morto e ressuscitou.

Ser morto é mui diferente de morrer. O sangue, que tinha sido o veículo do Espírito de Raça, devia fluir e ser purificado de toda influência contaminadora. O amor ao pai e à mãe, com exclusão de todos os demais pais e mães, devia ser abandonado. De outra maneira, a Fraternidade Universal e o Amor altruísta que a todos abarca não poderiam jamais converter-se em fatos reais.

O Sangue Purificador

Quando o Salvador, Cristo Jesus, foi crucificado, seu Corpo foi ferido em cinco lugares, nos cinco centros por onde fluem as correntes do Corpo Vital. A pressão da coroa de espinhos produziu um fluxo no sexto centro também (isto é um vislumbre para os que já conhecem essas correntes. Uma explicação ampla não pode, por enquanto, ser dada publicamente).

Quando o sangue fluiu desses centros, o grande Espírito Solar, Cristo, libertou-se do veículo físico de Jesus. Encontrando-se na Terra com Seus veículos individuais, compenetrou os veículos planetários, já existentes e, num abrir e fechar de olhos difundiu Seu próprio Corpo de Desejos pelo Planeta, o que permitiu, daí para diante, trabalhar sobre a Terra e sobre a humanidade, de dentro.

Naquele momento, uma poderosa onda de luz espiritual solar inundou a Terra. O véu do Templo rompeu-se, o véu que o Espírito de Raça tinha colocado ante o Templo, para resguardá-lo de todos, menos dos poucos escolhidos. Desde aquele tempo, o caminho da Iniciação ficou aberto para quem nele queira entrar. Subitamente, como um relâmpago, essa onda transformou as condições da Terra no que diz respeito aos Mundos Espirituais. As condições densas e concretas, obviamente, são afetadas muitos mais lentamente.

Como toda vibração rápida e intensíssima de luz, o brilho fulgurante dessa grande onda de claridade cegou o povo. Por isso se diz que “o Sol se obscureceu”. O acontecido foi precisamente o oposto: o Sol não se tornou obscuro. Ao contrário: brilhava com glorioso esplendor. Foi o excesso de luz que ofuscou o povo. Quando a Terra absorveu o Corpo de Desejos do brilhante Espírito Solar, a vibração baixou a uma intensidade mais normal.

A expressão “o sangue purificador de Cristo Jesus” significa que o sangue que fluiu no Calvário está ligado ao Grande Espírito Solar, Cristo. Por esse meio, assegurou Sua admissão na própria Terra e, desde aquele momento, é seu Regente. Difundiu seu próprio Corpo de Desejos por todo o Planeta, purificando-o de todas as baixas influências desenvolvidas sob o regime do Espírito de Raça.

Sob a Lei, todos pecavam e, mais ainda, não podiam ser ajudados. Não se tinham desenvolvido até o ponto de poderem agir com retidão, por Amor. Era tão forte a natureza de desejos que se tornava impossível dirigi-la. As dívidas contraídas sob a Lei de Consequência tinham tomado proporções colossais. A evolução ter-se-ia demorado terrivelmente e muitos perderiam nossa onda de vida se não fossem ajudados.

Por tais motivos, Cristo veio para “buscar e salvar os que estavam perdidos”[28]. Limpou os pecados do mundo com o seu sangue purificador, o que lhe permitiu entrar na Terra e na humanidade. A Ele, ao fazer essa purificação, devemos a possibilidade de atrair para os nossos Corpos de Desejos matéria emocional mais pura do que antes. Ele continua trabalhando para ajudar-nos, tornando o ambiente que nos rodeia cada vez mais puro.

Que isto se efetuou e continua realizando-se à custa de um grande sofrimento para Ele, é coisa que ninguém pode duvidar; isso se for capaz de formar a mínima ideia das limitações suportadas por esse Grande Espírito ao entrar nas restritivas condições da existência física. A sua atual limitação como Regente da Terra não é menos dolorosa. Certamente, Ele é também Regente do Sol, pelo que só parcialmente fica confinado à Terra. Contudo, as limitações produzidas pelas lentíssimas vibrações do nosso Planeta denso devem ser quase insuportáveis.

Se Cristo Jesus não ressurgisse ter-lhe-ia sido impossível executar Sua obra. Os cristãos têm um Salvador ressuscitado; Alguém que está sempre presente para ajudar os que invoquem o Seu Nome. Tendo sofrido em tudo como nós e conhecendo plenamente todas as nossas necessidades, é o lenitivo para todos os nossos erros e fracassos, enquanto continuarmos lutando e procurando viver uma boa vida. Devemos ter sempre presente que o único verdadeiro fracasso é deixar de lutar.

Depois da morte do Corpo Denso de Cristo Jesus, os Átomos-sementes foram devolvidos a seu primitivo dono, Jesus de Nazaré que, algum tempo depois, funcionando temporariamente em um Corpo Vital que construíra, instruiu o núcleo da nova fé formado por Cristo. Jesus de Nazaré, desde aquele tempo, tem conservado a direção dos ramos esotéricos, existentes em toda a Europa.

Em vários lugares, os Cavaleiros da Távola Redonda foram altos Iniciados dos Mistérios da Nova Dispensação. Os Cavaleiros do Graal, a quem foi confiado o Cálice de José de Arimatéia, que tinha sido empregado por Cristo Jesus na Última Ceia, foram também altos Iniciados desses Mistérios. A estes foram entregues também a Lança que feriu o peito do Salvador e o receptáculo que recolheu o sangue da ferida.

Os Druidas[29] da Irlanda e os Trottes do Norte da Rússia constituíram, também, escolas esotéricas, nas quais trabalhou Jesus na chamada “Idade Média”. Na Idade Média, ainda que bárbara, fluía o impulso espiritual. Do ponto de vista oculto, era, em realidade, uma “Idade Brilhante”, comparada com o crescente materialismo dos últimos trezentos anos que, se aumentou imensamente os conhecimentos físicos, por outro lado, quase extinguiu a Luz do Espírito.

Os relatos do Santo Graal, dos Cavaleiros da Távola Redonda, etc. são considerados como superstições, visto ser olhado como indigno de ser acreditado o que não pode ser demonstrado materialmente. Gloriosas como são, as descobertas da ciência moderna foram adquiridas ao elevado preço do aniquilamento da intuição espiritual. Do ponto de vista superior, nunca amanheceram dias tão tenebrosos como os atuais.

Os Irmãos Maiores, Jesus entre Eles, têm lutado e lutam por equilibrar essa poderosa influência que, semelhante aos olhos da serpente, obriga o passarinho a cair em suas fauces. Cada tentativa para iluminar o povo e para nele despertar o desejo de cultivar o lado espiritual da vida é uma evidência da atividade dos Irmãos Maiores.

Possam seus esforços ser coroados de êxito e apressar o dia em que a ciência moderna, espiritualizada, encaminhe as investigações sobre a matéria, do ponto de vista do espírito. Então, e não antes, compreenderemos e conheceremos, verdadeiramente, o mundo.

CAPÍTULO XVI – Desenvolvimento Futuro e A Iniciação

Os Sete Dias da Criação

Ao Período Terrestre os Rosacruzes chamam Marte-Mercúrio. O grande Dia da Manifestação Criadora, pelos quais têm passado e passarão os Espíritos Virginais, em sua peregrinação através da matéria, deram nome aos dias da semana:

DiaCorrespondente aoRegido porDia da criação
SábadoPeríodo de SaturnoSaturno1
DomingoPeríodo SolarSol2
Segunda-feiraPeríodo LunarLua3
Terça-feiraPrimeira metade do Período TerrestreMarte4
Quarta-feiraSegunda metade do Período TerrestreMercúrio
Quinta-feiraPeríodo de JúpiterJúpiter5
Sexta-feiraPeríodo de VênusVênus6

O Período de Vulcano é o último Período do nosso plano evolutivo. A quintessência de todos os Períodos precedentes é extraída por recapitulação, espiral após espiral. Nenhum novo trabalho é feito até a última Revolução, do último Globo, na Sétima Época. Portanto, pode-se dizer, o Período de Vulcano corresponde à semana, que inclui todos os sete dias.

Está bem fundamentada a afirmação dos astrólogos de que os dias da semana são regidos pelo astro particular que indicam. Os antigos estavam familiarizados com esses conhecimentos ocultos, como demonstram suas mitologias, onde os nomes dos deuses eram associados aos dias da semana. Saturday (sábado) é, simplesmente, o dia de Saturno; Sunday (domingo) está relacionado com o Sol, e Monday (segunda-feira) relaciona-se com a Lua. Os latinos chamavam à terça-feira “Dies Martis”, o que mostra claramente sua relação com Marte, o deus da guerra. O nome Tuesday (terça-feira) deriva de “Tirsdag”, “Tir” ou “Tyr”, o nome do deus escandinavo da guerra. Wednesday (quarta-feira) era Wotanstag, de Wotan, também um deus do norte; os latinos denominavam-no “Dies Mercurii”, demonstrando assim sua relação com Mercúrio, conforme indicamos em nossa lista.

Thursday ou Thorsdag (quinta-feira) chamava-se assim porque “Thor” era o deus do trovão, e os latinos denominavam-no “Dies Jovis”, com o dia do deus do trovão “Jove” ou Júpiter.

Friday (sexta-feira) era assim chamado porque a deusa do norte que encarnava a beleza chamava-se “Freya”. Por análogas razões, os latinos chamavam-no “Dies Veneris”, o dia de Vênus.

Esses nomes dos Períodos nada têm a ver com os Planetas físicos. Referem-se às encarnações passadas, presente e futuras da Terra. Como no dizer do axioma hermético: “assim como é em cima, é em baixo”, o macrocosmo tem suas encarnações como as tem o ser humano, o microcosmo.

A ciência oculta diz que há 777 encarnações, o que não quer significar que a Terra sofra 777 metamorfoses. Significa que a vida que está evoluindo faz:

7 Revoluções em torno dos

7 Globos dos

7 Períodos Mundiais

Esta peregrinação involutiva e evolutiva e o caminho reto da Iniciação estão simbolizados no Caduceu ou “Cetro de Mercúrio” (veja o Diagrama 15). É assim chamado porque esse símbolo oculto indica o caminho da Iniciação, aberto unicamente desde o princípio da metade mercurial do Período Terrestre. Alguns Mistérios Menores foram dados aos primitivos lemurianos e atlantes, mas não as Quatro Grandes Iniciações.

Diagrama 15 – O Simbolismo do Caduceu

A serpente negra do Diagrama 15 indica o caminho cíclico e tortuoso da Involução, e compreende os Período de Saturno, Solar, Lunar e a metade marciana do Período Terrestre. Durante esse intervalo, a vida, que está evoluindo, construiu seus veículos, mas só adquiriu plena e clara consciência do mundo externo na última parte da Época Atlante.

A serpente branca representa o caminho que seguirá a humanidade através da metade mercurial do Período Terrestre e dos Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano. A consciência humana expandir-se-á durante esta peregrinação, até alcançar a onisciência, a Inteligência Criadora. Enquanto a grande maioria dos seres humanos segue o caminho serpenteante, o Cetro de Mercúrio em que se enrolam as serpentes mostra o “estreito e reto caminho”, o Caminho da Iniciação. Os que por ele viajam, realizam em poucas vidas o que requer milhões de anos para a maioria da humanidade.

Não é possível fazer qualquer descrição das cerimônias Iniciáticas. O primeiro voto do Iniciado é o do silêncio. Contudo, ainda que o relato fosse permitido, não teria maior importância. Para nós, basta indicar os resultados de tais cerimônias para ter uma visão geral do caminho evolutivo. Em síntese, a Iniciação fornece ao Aspirante espiritual uma oportunidade de desenvolver, em curto tempo e por meio de um treinamento mui severo, suas faculdades e poderes superiores. Por ela se alcança a expansão da consciência que toda a humanidade possuirá num futuro distante. A grande maioria só a conseguirá seguindo o lento processo da evolução comum. Podemos conhecer os estados de consciência e os poderes correspondentes alcançados pelo candidato que passa através das sucessivas Grandes Iniciações. Já demos alguns vislumbres. Outros mais podem ser deduzidos pela lei de correspondências de modo a poderem dar-nos uma visão de conjunto da evolução que nos aguarda e da magnitude dos grandes graus Iniciáticos. Nessa finalidade, talvez possa ajudar-nos a contemplação do passado e dos graus de consciência por que passou a humanidade nos períodos precedentes.

Recordemos que durante o Período de Saturno, o estado de inconsciência do ser humano era semelhante ao do Corpo Denso submerso em transe profundo. No Período Solar, esta consciência foi sucedida pela consciência do sono sem sonhos.

No Período Lunar obteve-se o primeiro vislumbre da atual consciência de vigília. Era uma consciência pictórica interna das coisas externas, uma representação interna dos objetos, das cores e dos sons externos. Por último, na segunda parte da Época Atlante, essa consciência imaginativa deu lugar à consciência plena de vigília atual, em que os objetos podem ser observados fora, distintos e definidos. Quando obteve essa consciência objetiva, o ser humano percebeu a realidade do mundo exterior e, pela primeira vez, vislumbrou a diferença entre si, o “eu” e os outros. O ser humano compreendeu que era separado e, desde então, a consciência do “eu”, o egoísmo, predomina. Anteriormente, não havia pensamentos nem ideias sobre esse mundo externo, pelo que não existia também memória dos acontecimentos.

A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente, em gradação proporcional à sua magnitude, desde a permanência no Globo C, na terceira Revolução do Período Lunar, até a última parte da Época Atlante.

Durante esse tempo, antes de atingir o estado humano, a onda que está evoluindo passou através de quatro grandes estados de desenvolvimento, analogamente ao animal. Esses quatro graus passados correspondem aos quatro graus que ainda teremos de passar, bem como às quatro Grandes Iniciações.

Dentro desses quatro estados de consciência já passados há treze graus. Do estado atual do ser humano até a última das Grandes Iniciações há treze Iniciações: os nove graus dos Mistérios Menores e as quatro Grandes Iniciações.

Uma divisão similar existe na forma dos animais atuais. Como a forma é a expressão da vida, cada grau de desenvolvimento desta corresponde, necessariamente, a um desenvolvimento de consciência.

Primeiramente, Cuvier[30] dividiu o Reino Animal em quatro classes primárias, mas não soube dividir essas classes em subclasses. O embriologista Karl Ernst Von Baer[31], o Prof. Agassiz[32] e outros cientistas classificam o Reino Animal em quatro divisões primárias e treze subdivisões, como a seguir:

 I – RADIADOS
1.     Pólipos (Anêmonas marinhas, Corais)

2.     Acaléfios (Alforrecas[33])

3.     Asteroides (Estrelas Marinhas, Ouriços do mar)

 
II – MOLUSCOS
4.     Acéfalos (Ostras, etc.)[34]

5.     Gastrópodes (caracóis)[35]

6.     Cefalópodes[36]

 
III – ARTICULADOS
7.     Vermes

8.     Crustáceos (lagostas, etc.)

9.     Insetos

 
IV – VERTEBRADOS
10. Peixes

11. Répteis

12. Aves

13. Mamíferos

As primeiras três divisões correspondem às três Revoluções da metade mercurial do Período Terrestre e suas nove subdivisões correspondem aos nove graus de Mistérios Menores, que serão alcançados pela humanidade quando tenha chegado à metade da última Revolução do Período Terrestre.

A quarta divisão na lista do Reino Animal mais avançado tem quatro subdivisões: peixes, répteis, aves e mamíferos. Os graus de consciência indicados correspondem a estados análogos de desenvolvimento que alcançará a humanidade respectivamente ao final dos Períodos: Terrestre, de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, mas que o Aspirante pode obter atualmente por meio da Iniciação. A primeira das Grandes Iniciações produz o estado de consciência que alcançará a humanidade comum no final do Período Terrestre; a segunda, o estado que alcançará no final do Período de Júpiter; a terceira, a extensão de consciência que se alcançará ao finalizar o Período de Vênus; e a quarta fornece ao iniciado o poder e a onisciência que alcançará a humanidade no final do Período de Vulcano.

A consciência objetiva, com a qual obtemos conhecimento do mundo exterior, depende do que percebemos pelos sentidos. A isto chamamos “real”. Em contradição aos nossos pensamentos e ideias que nos chegam através da consciência interna, a realidade não se apresenta da mesma forma que se nos apresenta um livro, uma mesa, ou qualquer objeto visível ou tangível no espaço. Parecem nebulosos e irreais e, por isso, falamos deles como “meros” pensamentos, ou “simples” ideias. Todavia, as ideias e os pensamentos atuais têm pela frente uma evolução anterior: estão destinados a tornarem-se tão reais, claros e tangíveis como qualquer objeto do mundo externo que percebemos por meio dos sentidos físicos. Quando pensamos num objeto ou numa cor, o objeto ou cor apresentado pela memória à nossa consciência interna parecem-nos obscuros, sombrios, comparados com as próprias coisas sobre as quais pensamos.

No Período de Júpiter produzir-se-á uma mudança marcante. Voltarão as imagens internas, como de sonho, do Período Lunar, mas estarão sujeitas à vontade do pensador e não serão meras reproduções dos objetos exteriores. Será uma combinação das imagens internas do Período Lunar com os pensamentos e ideias desenvolvidas conscientemente durante o Período Terrestre, isto é, será uma Consciência pictórica consciente de si.

Quando um ser humano do Período de Júpiter disser “vermelho” ou expressar o nome de um objeto, apresentar-se-á à sua visão interna uma reprodução exata e clara do tom particular de vermelho em que esteja pensando ou do objeto de que esteja falando, reprodução essa que será também visível para o interlocutor. Não haverá mal-entendido quanto ao que pretende significar pelas palavras emitidas, porque os pensamentos e ideias serão visíveis e vivos. A hipocrisia e a adulação serão completamente eliminadas, os seres humanos ver-se-ão exatamente como serão. Haverá bons e maus, mas as duas qualidades não se encontrarão mescladas na mesma pessoa. Haverá seres humanos perfeitamente bons e seres humanos completamente malvados, e um dos problemas mais sérios daquele tempo será a maneira de agir com estes últimos. Os Maniqueus, uma Ordem de espiritualidade ainda superior à dos Rosacruzes, estão atualmente estudando esse problema. Pode-se obter uma ideia antecipada dessas condições num curto resumo da sua lenda (Todas as ordens místicas têm uma lenda simbólica enunciadora dos seus ideais e aspirações).

Na lenda dos Maniqueus há dois reinos: o dos Luminosos e o dos Sombrios. Esses últimos atacam os primeiros, são derrotados e devem ser castigados. Contudo, como os Luminosos são perfeitamente bons, como, do mesmo modo, os Sombrios completamente maus, eles não podem lhes infligir nenhum mal, pelo que os castigam fazendo-lhes o Bem. Para isso, uma parte do reino dos Luminosos se incorpora ao dos Sombrios e, desta maneira, com o tempo, o mal é transmutado. O ódio não será dominado pelo ódio; há de sucumbir ante o Amor.

Durante o Período Lunar, as imagens internas eram a expressão do ambiente externo ao ser humano. No Período de Júpiter, essas mesmas imagens serão expressas de dentro, como uma faculdade da vida interna. O ser humano possuirá também a faculdade, cultivada no Período Terrestre, de ver as coisas no espaço fora de si mesmo. Lembremos que no Período Lunar o ser humano não via as coisas concretas, mas as suas qualidades anímicas. No Período de Júpiter verá ambas; terá uma compreensão perfeita de tudo quanto o rodeia. Em um estado posterior, no mesmo Período, dita capacidade perceptiva atingirá uma fase superior. O poder de formar claras concepções mentais acerca de cores, de tonalidades, de objetos, permitir-lhe-á pôr-se em contato com seres suprassensíveis de diversas ordens e, empregando sua força de vontade, assegurar sua obediência. Poderá emitir as forças necessárias à execução dos seus desígnios, mas, sem dúvida, dependerá do auxílio desses seres suprafísicos a seu serviço.

Ao finalizar o Período de Vênus poderá empregar a própria força para dar vida a suas imaginações e para exteriorizá-las no espaço, como objetos. Possuirá, então, uma consciência objetiva, consciente e criadora.

Muito pouco se pode dizer sobre a elevada consciência espiritual que se alcançará ao finalizar o Período de Vulcano. Estaria muito além da nossa atual compreensão.

Diagrama – Como é em cima, é em baixo[37]

Espirais dentro de Espirais

Não se deve supor que estes estados de consciência comecem no princípio dos Períodos a que pertencem, nem que durem até o final. Havendo sempre recapitulação, devem existir correspondentes estados de consciência em escala ascendente. A Revolução de Saturno de qualquer Período, a permanência no Globo A e a primeira Época de qualquer Globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período de Saturno. A Revolução Solar, a permanência no Globo B e a segunda Época de qualquer Globo são recapitulações dos estados de desenvolvimento do Período Solar, e assim sucessivamente, durante todo o caminho. Portanto, a consciência, que deve ser o resultado especial e peculiar de qualquer Período, não começa a desenvolver-se até que se tenham efetuado todas as Recapitulações. A consciência de vigília do Período Terrestre não começou até a quarta Revolução, quando a onda de vida havia chegado ao quarto Globo (D) e estava na quarta ou Época Atlante, nesse Globo.

A consciência no Período de Júpiter só começará a desenvolver-se na quinta Revolução, quando o quinto Globo (E) tenha sido alcançado e quando comece a quinta Época desse Globo.

Da mesma forma, a consciência de Vênus só começará na sexta Revolução, quando se tenha alcançado a Sexta Época e o sexto Globo. E a hora especial de Vulcano ficará limitada ao último Globo e Época, um pouco antes do fim do Dia de Manifestação.

O tempo de evolução através de cada um desses Períodos varia grandemente. Quanto mais submersos na matéria estão os Espíritos Virginais, tanto mais lentos são os progressos e mais numerosos são os graus e estados de desenvolvimento. Passado o nadir da existência material, conforme a onda de vida ascende para condições ou estados mais sutis, o progresso gradualmente se acelera. O Período Solar tem maior duração que o Período de Saturno e o Período Lunar maior duração que o Solar. A Metade Marciana (ou primeira metade) do Período Terrestre é a metade mais extensa de todos os Períodos. Depois o tempo encurta, de modo que a Metade Mercurial e as últimas três Revoluções e meia do Período Terrestre ocuparão menos tempo que a Metade Marciana; o Período de Júpiter será mais curto que o Lunar; o Período de Vênus mais curto que o Período Solar; e o Período de Vulcano será o menos extenso de todos.

Os estados de consciência dos diferentes Períodos são os seguintes:

PeríodoConsciência Correspondente
SaturnoInconsciência, correspondente ao transe profundo
SolarInconsciência, correspondente ao sono sem sonhos
LunarConsciência pictórica, correspondente ao sono com sonhos
TerrestreConsciência de vigília, objetiva
JúpiterConsciência própria e de imagens conscientes
VênusConsciência objetiva, autoconsciente, criadora
VulcanoA mais elevada Consciência Espiritual

Tendo examinado de modo geral os estados de consciência que se desenvolverão nos três Períodos e meio restantes, estudaremos, agora, os meios de consegui-los.

Alquimia e Crescimento da Alma

O Corpo Denso começou a desenvolver-se no Período de Saturno; passou através de várias transformações no Período Solar e Lunar e alcançará seu maior grau de desenvolvimento no Período Terrestre.

O Corpo Vital germinou na segunda Revolução do Período Solar; foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre e alcançará a perfeição no Período de Júpiter, o seu quarto grau, assim como o Período Terrestre é o quarto estado para o Corpo Denso.

O Corpo de Desejos teve início no Período Lunar; foi reconstruído no Período Terrestre; será novamente modificado no Período de Júpiter e alcançará a perfeição no Período de Vênus.

A Mente nasceu no Período Terrestre; será modificada nos Período de Júpiter e Vênus e alcançará a perfeição no Período de Vulcano.

Examinando-se o Diagrama 8, vê-se que o Globo inferior do Período de Júpiter está situado na Região Etérica. Seria impossível empregar um veículo denso-físico ali, porque o Corpo Vital pode ser usado na Região Etérica. No entanto, não se imagine que, transcorrido tanto tempo para completar e aperfeiçoar o Corpo Denso, desde o começo do Período de Saturno até o final do Período Terrestre, o ser humano abandone completamente esse veículo para funcionar em veículo “mais elevado”.

A Natureza nada desperdiça. No Período de Júpiter, as forças do Corpo Denso, por adição, completarão as do Corpo Vital. Esse veículo possuirá, além das próprias faculdades, os poderes do Corpo Denso. Será um instrumento muito mais útil para expressão do Tríplice Espírito do que limitado somente às próprias forças do veículo.

O Globo D do Período de Vênus está situado no Mundo do Desejo (veja o Diagrama 8). Lá, nem o Corpo Vital nem o Denso podem ser empregados como instrumentos de consciência. As essências dos Corpo Vital e Denso aperfeiçoados serão incorporados e completarão o Corpo de Desejos, o que o converterá num veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado, sensibilíssimo ao menor impulso do espírito interno, tão superior às nossas presentes limitações que escapa à nossa mais elevada concepção.

Todavia, a eficiência desse esplêndido veículo será transcendida no Período de Vulcano, quando a essência do Corpo de Desejos aperfeiçoada e a dos veículos Vital e Denso se agregarem ao Corpo Mental. Esse se converterá na mais elevada expressão dos veículos humanos, contendo em si a quintessência do melhor que neles havia. Se o veículo do Período de Vênus está tão além da nossa compreensão atual, quanto mais estará o veículo posto ao serviço dos divinos seres do Período de Vulcano!

Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o ser humano a despertar à atividade o Tríplice Espírito, o Ego, para construir o Tríplice Corpo e adquirir a ligação da Mente. No sétimo dia, empregando a linguagem da Bíblia, Deus descansa. Agora, o ser humano deve trabalhar por sua própria salvação. O Tríplice Espírito deve completar a obra do plano iniciado pelos Deuses.

O Espírito-Humano, despertado durante a Involução no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do espírito na evolução do Período de Júpiter, o Período correspondente ao Lunar no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, cuja atividade começou no Período Solar, manifestará sua atividade principalmente no correspondente Período de Vênus. As influências particulares do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, porque foi vivificado no correspondente Período de Saturno.

Os três aspectos do Espírito estão em atividade durante a evolução, mas a atividade principal de cada aspecto será desenvolvida nesses períodos particulares. A obra que ali executarão será seu trabalho especial.

Quando o Tríplice Espírito tenha desenvolvido o Tríplice Corpo e obtenha o domínio deles por meio do foco mental, começa a desenvolver a Tríplice Alma, trabalhando dentro. A maior ou menor alma que o ser humano tenha depende da quantidade de trabalho feito pelo espírito em seus Corpos. Isto foi explicado no capítulo que descreve a experiência pós-morte.

A parte do Corpo de Desejos trabalhada pelo Ego fica transmutada em Alma Emocional e, por fim, é assimilada pelo Espírito Humano, cujo veículo especial é o Corpo de Desejos.

A parte do Corpo Vital trabalhada pelo Espírito de Vida converte-se em Alma Intelectual que edifica o Espírito de Vida, porque esse aspecto do Tríplice Espírito tem sua contraparte no Corpo Vital.

A parte do Corpo Denso que tenha sido trabalhada pelo Espírito Divino chama-se Alma Consciente e, por fim, submerge-se no Espírito Divino, porque o Corpo Denso é a sua emanação material.

A Alma Consciente cresce pela ação, pelos impactos externos e pela experiência.

A Alma Emocional cresce pelos sentimentos e emoções gerados pelas ações e pela experiência.

A Alma Intelectual é um mediador entre as outras duas e cresce pelo exercício da memória, que liga as experiências passadas às experiências presentes e os sentimentos por elas engendrados. Origina a simpatia e a antipatia, que não têm existência independente da memória. Sentimentos que resultassem somente das experiências seriam evanescentes.

Durante a Involução o espírito progrediu através da formação e aperfeiçoamento dos Corpos, mas a Evolução depende do crescimento da alma, isto é, da transformação dos Corpos em alma. A alma é, por assim dizer, a quintessência, o poder ou força dos Corpos. Quando um Corpo foi completamente construído e alcançou a perfeição através dos diversos estados e Períodos, na forma já descrita, a alma é extraída dele e absorvida pelo aspecto do Espírito que gerou o Corpo. Assim:

A Alma Consciente será absorvida pelo Espírito Divino na sétima Revolução do Período de Júpiter.

A Alma Intelectual será absorvida pelo Espírito de Vida na sexta Revolução do Período de Vênus.

A Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta Revolução do Período de Vulcano.

A Palavra Criadora

A Mente é o instrumento mais importante que o espírito possui, um instrumento especial na obra da criação. A laringe espiritualizada e perfeita falará a Palavra Criadora, mas a Mente aperfeiçoada decidirá quanto à forma particular e volume de vibração. A Imaginação será a faculdade espiritualizada que dirigirá a criação.

Atualmente, existe forte tendência para considerar a faculdade da imaginação de modo superficial, quando, em realidade, é um dos fatores mais importantes da nossa civilização. Sem a Imaginação seríamos ainda selvagens. Pela imaginação desenhamos as casas, modelamos as roupas e meios de transporte. Se os inventores desses melhoramentos não tivessem possuído Mente nem imaginação capaz de formar imagens mentais, ditos melhoramentos nunca se teriam convertido em realidades concretas. No atual tempo de materialismo quase não se faz esforço algum para apreciar a Imaginação, e ninguém sente mais os efeitos desta atitude do que os inventores. Geralmente, são considerados “malucos”, eles que têm sido os agentes fundamentais da subjugação do Mundo Físico e da transformação do meio social no que ele é hoje em dia. Qualquer aperfeiçoamento, tanto no físico como o espiritual, deve ser, primeiramente, imaginado como uma possibilidade de converter-se em coisa real.

Se o Estudante examina o Diagrama 1, compreenderá isto claramente. O desenho exprime a comparação entre as funções dos diferentes veículos humanos e as partes de um estereoscópio. A Mente corresponde à lente, o foco. Por meio dela as ideias produzidas pela Imaginação do Espírito projetam-se no mundo material. Primeiramente são pensamentos-forma, mas quando o desejo de realizar as possibilidades imaginadas põe o ser humano em ação no Mundo Físico, convertem-se no que chamamos “realidades” concretas.

Atualmente, a Mente não está enfocada de maneira a dar uma imagem certa e clara daquilo que o Espírito imagina. Está mesmo desfocada, o que produz quadros confusos e imprecisos. Daí a necessidade da experimentação, que demonstra os defeitos da primeira concepção e produz novas imaginações e ideias, até que a imagem produzida pelo Espírito em substância mental seja reproduzida em substância física.

Atualmente só podemos formar imagens mentais que tenham relação com a Forma, porque a Mente humana começou seu desenvolvimento nesse Período Terrestre, e está no estado ou forma “mineral”. Por esse motivo, nossos labores estão limitados às formas, aos minerais. Podemos imaginar maneiras ou meios de trabalhar com as formas minerais dos três Reinos inferiores, mas nada, ou muito pouco, podemos fazer com os Corpos viventes. Somos capazes de enxertar um ramo numa árvore, ou uma parte viva de um animal ou ser humano em outras partes vivas, mas isto não é trabalhar com a vida; é com a forma. Modificaremos as condições da forma, mas a vida que a habita permanece. Criar vida está além do poder do ser humano. Esta impossibilidade será mantida até que a Mente se torne uma coisa viva.

No Período de Júpiter, a Mente será até certo ponto vivificada. O ser humano poderá imaginar formas que viverão e crescerão como as plantas.

No Período de Vênus, quando a Mente tenha adquirido “Sentimento”, poderá criar coisas com vida, sensíveis e com capacidade de crescer.

Quando alcance a perfeição, ao final do Período de Vulcano, poderá imaginar a criação de seres que viverão, crescerão, sentirão e pensarão. A evolução da onda de vida que atualmente forma a humanidade começou no Período de Saturno. Os Senhores da Mente eram, então, humanos. Trabalharam sobre o ser humano que, nesse Período, era mineral. Agora, nada tem a fazer com os Reinos inferiores, estão relacionados somente com o desenvolvimento humano.

A existência mineral dos animais atuais começou no Período Solar. Nesse tempo, os Arcanjos eram humanos. Agora, os Arcanjos são os dirigentes e guias da evolução animal. Não têm nada a fazer com os minerais nem com as plantas.

A existência dos atuais vegetais começou no Período Lunar. Os Anjos eram humanos, pelo que no presente, estão relacionados especialmente com a vida que ocupa o Reino Vegetal. Guiam-na para atingir o estado humano, mas não têm jurisdição alguma sobre os minerais.

A humanidade atual terá a seu cargo a evolução da onda de vida que começou no Período Terrestre e que, agora, anima os minerais. Atualmente estamos trabalhando com eles por meio da imaginação, dando-lhes formas, fazendo com eles barcos, pontes, trilhos, máquinas, casas, etc.

No Período de Júpiter guiaremos a evolução do Reino Vegetal. O que atualmente é mineral terá, então, uma existência análoga à das plantas. Deveremos trabalhar neles assim como, no presente, os Anjos estão fazendo com as plantas. Nossa faculdade imaginativa estará tão desenvolvida que, por seu intermédio, teremos a capacidade não só de criar formas como também de insuflar-lhes vitalidade.

A atual onda de vida mineral alcançará, no Período de Vênus, um novo grau. Dirigiremos os animais desse Período, como fazem atualmente os Arcanjos com os presentes animais, dando-lhes vitalidade e formas sensíveis; por último, no Período de Vulcano, será nosso privilégio dar-lhes uma Mente germinal, como os Senhores da Mente fizeram conosco. Os minerais de hoje serão a humanidade do Período de Vulcano, e o ser humano terá passado através de estados análogos aos percorridos pelos Anjos e Arcanjos. Será alcançado um ponto evolutivo um pouco superior ao dos atuais Senhores da Mente. Recorde-se, que em nenhuma parte se repete uma condição igual. Na espiral evolutiva há sempre aperfeiçoamento progressivo.

O Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao finalizar o Período de Júpiter e o Espírito de Vida, ao finalizar o Período de Vênus. A Mente aperfeiçoada, encerrando tudo quanto foi adquirido nos sete Períodos, será absorvida pelo Espírito Divino ao finalizar o Período de Vulcano. (Não há contradição alguma nesta afirmação, com referência à afirmação feita em outro lugar, de que a Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta Revolução do Período de Vulcano, porque esse último estará, então, dentro do Espírito Divino).

Seguir-se-á um largo intervalo de atividade subjetiva durante o qual os Espíritos Virginais absorverão todos os frutos do Período setenário de Manifestação. Passado esse intervalo, submergir-se-ão em Deus, de Quem vieram, para, ao alvorecer de outro Grande Dia, reemergirem como seus Gloriosos Colaboradores. Durante a passada evolução as possibilidades latentes foram transmutadas em poderes dinâmicos. Tendo adquirido Poder de Alma e Mente Criadora, frutos de sua peregrinação através da matéria, terão avançado da impotência à Onipotência, da ignorância à Onisciência.

Capítulo XVII – Método para Adquirir o Conhecimento Direto

Os Primeiros Passos

Chegou o momento de indicarmos os meios de cada indivíduo poder investigar, por si, todos os fatos estudados anteriormente. Como se disse ao princípio, a ninguém é concedido “dons” especiais. Todos podem adquirir as verdades relacionadas com a peregrinação da alma, a evolução passada e o destino futuro do mundo, sem depender da veracidade de outrem. Há um método de adquirir essa faculdade inestimável, capacitando o investigador para perscrutar esses domínios suprafísicos. Se tal método for seguido persistentemente, pode desenvolver os poderes de um Deus.

Uma simples ilustração indicará os primeiros passos do conhecimento. O melhor mecânico nada poderia fazer sem as ferramentas de seu ofício. Além disso, todo bom trabalhador caracteriza-se por ser muito cuidadoso com as ferramentas que usa, pois sabe que o trabalho depende tanto do conhecimento do ofício como das ferramentas que emprega.

O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estes são as suas ferramentas. De sua qualidade e estado depende o trabalho que possa realizar na aquisição da experiência. Se os instrumentos forem débeis e sem flexibilidade, haverá muito pouco crescimento espiritual e a vida será quase perdida pelo menos no que diz respeito ao espírito.

Geralmente, considera-se o “êxito” de uma vida pela conta corrente do banco, pela posição social adquirida ou pela felicidade resultante de um bom ambiente ou de uma vida sem cuidados.

Quando se encara a vida dessa maneira, ficam esquecidas as coisas principais, as de existência permanente. A pessoa está cega pelo fugaz e ilusório. A conta do banco parece-lhe um êxito real, esquecendo que para o Ego, ao abandonar o Corpo, nada vale o ouro ou qualquer tesouro terrestre, podendo ainda acontecer que tenha de responder pelos meios que empregou para acumular seu tesouro, sofrendo terrivelmente ao ver os demais gastá-lo. Esquece também que toda posição social se perde desde o momento que é cortado o Cordão Prateado, podendo ser que os adulados sejam depois escarnecidos.

Quem tenha fé na vida pode sentir-se estremecer ante o pensamento de dedicar uma única hora em refletir sobre a morte. Todavia, o que só pertença a esta vida é vaidade. De valor real é tão-só o que podemos levar para além do umbral da morte, como tesouro do espírito.

Poderão parecer preciosas as plantas e suas flores protegidas pela caixa de vidro de uma estufa. Contudo, se forem retiradas da estufa que as conserva em boa temperatura, gelar-se-ão e morrerão, enquanto as plantas que crescem sob a chuva e o sol, sob a calma e a tormenta, sobreviverão mesmo no inverno e florescerão cada ano.

Do ponto de vista da alma, a felicidade e o ambiente confortável são, de modo geral, circunstâncias desfavoráveis. O mimado cãozinho de luxo está sujeito a enfermidades que o cão sem casa e sem dono não conhece. A vida do segundo é muito dura, porém obtém experiências que o mantém alerta e cheio de recursos. Sua vida é rica em experiências e recolhe uma grande colheita, enquanto que o cão mimado perde seu tempo numa espantosa monotonia.

Com o ser humano acontece algo semelhante. Será muito duro lutar com a pobreza e com a fome, porém, do ponto de vista da alma, é infinitamente preferível a uma vida de grande luxo. Quando a fortuna é um meio para pensar filantropicamente, para ajudar os demais seres humanos a aperfeiçoar-se, pode constituir uma grande bênção para o seu possuidor. No entanto, quando é utilizada com propósitos egoístas e opressivos não pode ser considerada senão como terrível desgraça.

O Ego está aqui para adquirir experiência por intermédio de seus instrumentos. Essas ferramentas, que recebe em cada nascimento são boas, más ou de pouco proveito, de acordo com o que, para a sua construção, aprendeu nas experiências passadas. Se desejarmos fazer algo vantajoso, temos de trabalhar com elas tais como são.

Quando despertamos da letargia corrente e desejamos progredir, surge, naturalmente, a pergunta: Que devo fazer?

Sem boas ferramentas o mecânico não pode executar nenhum trabalho perfeito. Semelhantemente, os instrumentos do Ego devem ser purificados e afinados. Uma vez isto feito, podemos começar a trabalhar para realizar nosso propósito. À medida que esses maravilhosos instrumentos são usados no trabalho, eles mesmos melhoram com o uso apropriado, e tornam-se mais e mais eficientes na obra em que nos ajudam. O objetivo desse trabalho é a união com o Eu superior.

Há três graus no trabalho da conquista da natureza inferior. Sucedem-se uns aos outros, mas, em certo sentido, vão juntos. No estado atual, o primeiro recebe maior atenção, menos o segundo e menos ainda o terceiro. Quando o primeiro passo tenha sido dado completamente prestar-se-á maior atenção, obviamente aos outros dois.

Há três ajudas fornecidas para alcançar cada um dos três graus. Elas podem ser vistas no Mundo externo, onde os grandes Líderes da humanidade as colocaram.

A primeira ajuda é a Religião de Raça, com a qual a humanidade pôde dominar seu Corpo de Desejos, preparando-o para a união com o Espírito Santo.

A plena operação dessa ajuda pode ser vista no Dia de Pentecostes[38]. O Espírito Santo é o Deus de Raça e todos os idiomas são expressões dele. Esta é a razão por que os Apóstolos, quando estavam plenamente unidos e submergidos no Espírito Santo, falavam diferentes línguas e podiam convencer os seus ouvintes. Seus Corpos de Desejos tinham sido purificados de modo a produzir a desejada união. Isto é um vislumbre daquilo que o discípulo alcançará algum dia: poder falar todos os idiomas. Como exemplo histórico moderno podemos citar o Conde de Saint Germain (uma das últimas encarnações de Christian Rosenkreuz, o fundador da nossa sagrada Ordem) que falava todos os idiomas. Todos aqueles a quem dirige a palavra acreditavam que ele fosse de sua própria nacionalidade. Ele também realizou a união com o Espírito Santo.

Na Época Hiperbórea, antes do ser humano possuir o Corpo de Desejos, havia um único modo de comunicação. Quando os Corpos de Desejos se purificarem suficientemente, todos os seres humanos poderão compreender-se uns aos outros. Então a diferenciação separatista das raças terá desaparecido.

A segunda ajuda, que a humanidade tem atualmente, é a Religião do Filho: a Religião Cristã, cuja finalidade é a união com Cristo, pela purificação e governo do Corpo Vital.

São Paulo refere-se a esses estados quando diz: “até que o Cristo nasça dentro de vós” [39] e exorta seus seguidores a desembaraçarem-se de todos os empecilhos, como os atletas numa corrida.

O princípio fundamental para construir o Corpo Vital é a repetição. As experiências repetidas agindo nele criam a memória. Os Líderes da humanidade, desejando nos prestar uma ajuda inconsciente por meio de certos exercícios, instituíram a oração, como um meio de produzir pensamentos delicados e puros que agem sobre o Corpo Vital. Por isso eles nos recomendaram que “orássemos sem cessar”. Os críticos têm perguntado ironicamente e com frequência porque será necessário estar sempre a orar. Se Deus é Onisciente, dizem, deve conhecer todas as nossas necessidades e, se não é, as orações provavelmente, não chegarão até Ele. Aliás, se não for Onipotente também não poderá, sequer, responder às orações. Pensando de modo análogo, até muitos cristãos têm acreditado que será mal-estar importunando a Deus continuamente com orações.

Tais ideias estão baseadas numa má compreensão. Deus, verdadeiramente é Onisciente, não necessita que ninguém lhe recorde nossas necessidades. No entanto, se, como devemos, Lhe dirigimos orações, somos nós mesmos que nos elevamos para Ele ao prepararmos e purificarmos os nossos Corpos Vitais. Se orarmos como devemos, aí está a grande questão. Geralmente, interessam-nos muito mais as coisas temporais do que elevarmo-nos espiritualmente. As igrejas celebram reuniões especiais para pedir chuva ou para pedir o triunfo do exército ou armada sobre o inimigo.

Essas são orações ao Deus de Raça, o Deus que participa das batalhas do seu povo, que aumenta seus rebanhos, enche os seus depósitos, cuida, enfim, de suas necessidades materiais. Tais orações nem sempre purificam. Surgem do Corpo de Desejos, e podem resumir-se assim: “Senhor, agora estou guardando todos os teus mandamentos da melhor maneira que posso; espero que, em troca, tu farás a tua parte”.

Cristo deu à humanidade uma oração que, tal como Ele mesmo, é a única e universal. Há nela sete orações distintas e separadas, uma para cada um dos sete princípios do ser humano: o Tríplice Corpo, o Tríplice Espírito e, o elo de ligação, a Mente. Cada oração está particularmente adaptada para promover no ser humano o progresso da parte a que é dirigida.

As orações relativas ao Tríplice Corpo têm o propósito de espiritualizar aqueles veículos e deles extrair a Tríplice Alma.

As orações relativas ao Tríplice Espírito preparam-no para receber a essência extraída: a Tríplice Alma.

A oração pela Mente tem por fim conservá-la do modo melhor como laço de união entre a natureza superior e a inferior.

A terceira ajuda a ser dada à humanidade será a Religião do Pai. Vagamente podemos compreender o que será. Somente podemos dizer que seu Ideal será superior à Fraternidade e que, por seu intermédio, o Corpo Denso será espiritualizado.

As Religiões do Espírito Santo, ou seja, as Religiões de Raça, tiveram por objetivo a elevação da raça humana por meio do sentimento de união limitado a um grupo: família, tribo ou nação.

O propósito da Religião do Filho, o Cristo, é elevar ainda mais a humanidade, para formar uma Fraternidade Universal, composta de indivíduos separados.

O ideal da Religião do Pai será a eliminação de toda separatividade, submergindo-se todos no Uno, de modo a não haver mais nem “eu” nem “tu” e a serem todos unos em realidade. Isto não acontecerá enquanto habitamos a Terra física, mas sim num futuro estado em que compreenderemos a nossa unidade com tudo, tendo cada um acesso a todos os conhecimentos adquiridos por todos os indivíduos separados. Assim como, num diamante, uma só faceta tem acesso a toda luz que se filtra por todas as demais facetas, sendo una com elas, ainda que limitada por linhas que lhe dão certa individualidade, sem separatividade, assim também o espírito individual reterá a memória de suas experiências particulares, dando também aos demais os frutos de sua existência individual.

Por meio destes passos e estados a humanidade é guiada inconscientemente.

Nas idades passadas, o Espírito de Raça reinava exclusivamente. O ser humano era limitado por um governo patriarcal e paternal, e nele não tomava parte alguma. Agora, em todo o mundo, vemos inequívocos sinais da queda desses antigos governos. O sistema de castas, que constitui o poder da Inglaterra na Índia, está sendo posto abaixo. Ali, em vez de continuar separado em pequenos grupos, o povo está se unindo e pede ao opressor que se retire e que o deixe viver livremente sob um governo do povo, para o povo e pelo povo. A Rússia, transtornada por lutas internas, pretende derrubar o governo autocrático ditador. A Turquia despertou e já deu um grande passo para a liberdade. Aqui, em nosso país, onde supõem que gozamos plena liberdade, estamos como os demais lutando por ela e não estamos ainda satisfeitos. Vamos aprendendo que há outras opressões, além das monarquias autocráticas. Vemos que ainda nos resta alcançar a liberdade industrial. Encontramo-nos esmagados sob os monopólios e o insano sistema de competição. Encaminhamo-nos para a cooperação que, atualmente, está sendo posta em prática pelos próprios monopólios, dentro dos próprios limites, para seu benefício exclusivo. Desejamos ardentemente uma sociedade na qual “todo ser humano se sentará debaixo da sua parreira e sob a sua figueira, e nada o amedrontará”[40].

Portanto, todos os sistemas paternais de governo estão mudando no mundo inteiro. As nações, como tais, já tiveram a sua vida. Estão agora trabalhando pela Fraternidade Universal, de acordo com os desígnios dos Líderes invisíveis. Certamente, estes não são os menos poderosos na precipitação dos acontecimentos, ainda que não se assentem oficialmente nos conselhos das nações.

Os meios descritos são meios lentos de purificação dos diferentes Corpos da humanidade. O Aspirante ao conhecimento superior, para alcançar esses fins, trabalha conscientemente e emprega métodos bem definidos, de acordo com sua constituição.

Métodos Ocidentais para os Ocidentais

Na Índia empregam-se diversos métodos, sob diferentes sistemas de Ioga. Ioga significa União, e, como no Ocidente, o objetivo do Aspirante é a união com o Eu Superior. Porém, para serem eficazes os métodos de alcançar essa união, devem ser diferentes para um hindu e para um caucásico, tendo em vista que os veículos de um hindu estão diferentemente constituídos dos de um caucásico. Os hindus, durante muitos milhares de anos, viveram em ambiente e clima totalmente diferentes dos nossos e seguiram diferentes métodos de pensamento. Sua civilização, embora de ordem muito elevada, produz efeitos diferentes. Portanto, seria inútil adotarmos seus métodos, aliás, produto dos mais elevados conhecimentos ocultos. São perfeitamente convenientes para eles, mas, sob todos os aspectos, tão inadaptáveis aos ocidentais como um prato de aveia é impróprio para um leão.

Por exemplo, em alguns sistemas pede-se ao iogue para sentar-se em determinadas posições a fim de certas correntes cósmicas poderem fluir de certo modo através do seu Corpo, o que produzirá definidos resultados. Eis uma instrução completamente inútil para um caucásico, cuja maneira de viver torna-o inteiramente insensível a essas correntes. Para obter algum resultado prático deve trabalhar em harmonia com a constituição dos próprios veículos. Por esta razão os “Mistérios” foram estabelecidos em diversas partes da Europa na Idade Média. Os alquimistas eram profundos Estudantes da ciência oculta superior. É crença popular que o objetivo dos seus estudos e experiências era transmutar os metais inferiores em ouro. Essa representação simbólica foi escolhida para encobrir seu verdadeiro trabalho, a transmutação da natureza inferior em espírito. Foi descrita desse modo para evitar as suspeitas dos zelosos sacerdotes, e para não caírem em mentira. É certa a afirmação de que os Rosacruzes formavam uma sociedade dedicada à descoberta e ao uso da fórmula para fazer a “Pedra Filosofal”. Muitas pessoas tiveram em suas mãos, e ainda tem frequentemente, essa maravilhosa pedra. É muito comum, mas não têm nenhum valor a não ser para o indivíduo que a prepara por si mesmo. A fórmula obtém-se do treinamento oculto, não sendo os Rosacruzes, a tal respeito, diferentes dos ocultistas de qualquer outra escola. Todos estão dedicados à construção da cobiçada pedra. Cada um emprega seus próprios métodos. Não havendo dois indivíduos iguais, o trabalho eficaz, na esfera de ação de cada um, é sempre individual.

Há sete escolas de ocultismo, como são os “Raios” de Vida, os Espíritos Virginais. Cada escola, ou ordem, pertence a um desses sete Raios; assim também cada indivíduo da humanidade. Portanto, qualquer indivíduo que procure unir-se a um desses grupos ocultos cujos Irmãos não pertençam a seu Raio, não poderá alcançar qualquer benefício. Os membros desses grupos são irmãos em mais íntimo sentido que a restante humanidade.

Talvez se compreenda melhor a relação de cada um desses raios com os demais comparando-os com as cores do espectro. Por exemplo, juntando um raio vermelho a um verde, produz-se uma desarmonia. O mesmo princípio se aplica aos espíritos. Se bem que todos sejam unos, cada um deve cooperar com os do grupo a que pertence durante a manifestação. Assim como todas as cores estão contidas na luz branca, sendo a capacidade refratora da atmosfera que aparentemente a divide em sete cores, assim também as ilusórias condições da existência concreta fazem que os Espíritos Virginais, unos em essência, se dividam em grupos, aparentemente muito diferentes enquanto permanecerem divididos.

A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do coração. O intelecto pede imperiosamente uma explicação lógica de todas as coisas, do mistério do mundo, do problema da vida e da morte. O preceito sacerdotal “não procureis conhecer os mistérios de Deus” não explicou as razões e o modus operandi da existência.

É de suprema importância para todo homem ou mulher que tem a fortuna, ou o que seja, de possuir uma Mente esquadrinhadora, receber todas as informações que deseje, a fim de que o coração possa falar quando a cabeça esteja satisfeita. O conhecimento intelectual é um meio para chegar ao fim, não é a própria finalidade. Portanto, o propósito dos Rosacruzes é primeiramente satisfazer o Aspirante, provar-lhe que, no universo, tudo é razoável, para que triunfe sobre o rebelde intelecto. Quando deixar de criticar e se dispuser a aceitar provisoriamente, como verdade provável, afirmações que, de imediato, não pode constatar, então, e somente então, desenvolverá as faculdades superiores, pelo treinamento esotérico. Deixando de ser um simples ser humano de fé, passará ao conhecimento direto. Apesar disso, conforme progride no conhecimento direto e se habilita a investigar por si próprio, o discípulo verá que há sempre outras verdades além do seu alcance. Sabe serem verdades, mas seu insuficiente avanço não lhe permite investigar.

Seria bom que o discípulo sempre recordasse que a lógica é o guia mais seguro em todos os Mundos. Portanto, o que não seja lógico não pode existir no Universo. Também não deve esquecer as limitações das próprias faculdades, nem que, às vezes, seriam necessários poderes raciocinadores mais poderosos do que os seus para poder resolver alguns problemas. Com efeito, há problemas que só podem ter ampla explicação quando examinados à luz de raciocínios muito além do presente estado de desenvolvimento da capacidade do discípulo. Outro ponto que deve ter sempre presente: é inteiramente necessária a confiança mais absoluta no mestre.

O que acaba de ser exposto recomenda-se muito especialmente a todas as pessoas que tenham em mira dar seus primeiros passos no ocultismo superior. Quem pretende seguir as regras apresentadas, deve depositar toda a confiança nos meios de realização indicados. Não se alcançaria o menor resultado em segui-los parcialmente. A dúvida mataria a mais formosa flor que o espírito pudesse produzir.

O treinamento dos diferentes veículos do ser humano faz-se sincronicamente. Não pode um Corpo ser influenciado sem que os outros sejam afetados, porém, o trabalho principal ou definido pode fazer-se em qualquer deles.

O Corpo Denso é predominantemente afetado quando se presta estrita atenção à higiene e à dieta, contudo, ao mesmo tempo, há também um efeito no Corpo Vital e no de Desejos. Os mais puros e melhores alimentos têm suas partículas envolvidas por mais puro Éter planetário e mais pura matéria de desejos. Se eles forem empregados na construção do Corpo Denso, purificam e melhoram todos aqueles Corpos. Quando o cuidado é dirigido unicamente à higiene e ao alimento, o Corpo Vital e Corpo de Desejos poderão permanecer tão impuros como antes, mas, tal cuidado facilita um pouco o contato com o bem, mais do que o uso dos alimentos grosseiros.

Por outro lado, se a despeito das descomodidades, cultivamos um temperamento equânime e gostos literários e artísticos, o Corpo Vital produzirá aversão aos assuntos materiais e promoverá sentimentos e emoções nobres no Corpo de Desejos.

O cultivo das emoções também reage sobre os outros veículos, melhorando-os.

A Ciência da Nutrição

Se, começando pelo veículo denso, examinarmos os meios físicos para melhorá-lo e convertê-lo no melhor instrumento possível do espírito e, depois, estudarmos os meios espirituais conducentes ao mesmo fim, os demais veículos ficarão incluídos nesse estudo. Esse é o método que seguiremos.

O primeiro estado visível do embrião humano é uma pouca substância gelatinosa, parecida com a albumina ou clara de ovo. Nesse glóbulo gelatinoso aparecem partículas de matéria mais sólida. Estas partículas, gradualmente, aumentam em quantidade, tamanho e densidade, pondo-se em contato umas com as outras. Os diferentes pontos de contato convertem-se no decorrer do desenvolvimento em articulações ou juntas até formar-se gradualmente uma estrutura sólida: o esqueleto.

Durante a formação dessa estrutura, a matéria gelatinosa que o rodeia acumula-se e muda muito a forma, desenvolvendo por último, um organismo conhecido pelo nome de feto. Esse cresce cada vez mais, torna-se firme e organizado, até que chega o nascimento.

Começa a infância; mas o processo de solidificação surgido no primeiro grau visível de existência, continua. O ser passa através dos diferentes estágios da vida: infância, adolescência, juventude, virilidade e velhice, até chegar a mudança denominada morte. Pois bem, esses sucessivos estados são caracterizados por um crescente grau de dureza e solidificação.

Ossos, tendões, cartilagens, ligamentos, tecidos, membranas, pele e, até o estômago, os pulmões e outros órgãos internos sofrem uma gradual densidade e firmeza. As juntas, tornando-se rígidas e secas, começam a ranger com o movimento. O fluído sinovial que as lubrifica e abranda diminui, transforma-se em viscoso e gelatinoso e não pode mais servir bem aos seus fins.

O coração, o cérebro, todo o sistema muscular, a medula espinhal, nervos, olhos, etc., participam do mesmo processo de solidificação, tornando-se cada vez mais duros. Milhões e milhões dos diminutos vasos capilares, que se ramificam como os ramos de uma árvore através do Corpo inteiro, cerram-se gradualmente e transformam-se em fibras sólidas, por onde o sangue já não pode passar.

Os vasos sanguíneos maiores, artérias e veias, também endurecem, perdem a elasticidade, estreitam-se, incapazes de levar a quantidade necessária de sangue. Os fluídos do Corpo tornam-se viscosos e impuros, carregados de matéria terrosa. A pele fica amarelada, seca e áspera. O cabelo cai por falta de gordura. Os dentes cariam-se e desprendem-se por falta de gelatina. Os nervos motores começam a secar, os sentidos debilitam-se e os movimentos tornam-se pesados e lentos. A circulação do sangue retarda-se, paralisa-se e se coagula nos vasos. Os Corpos depois de serem elásticos, cheios de saúde, flexíveis, ativos, sensitivos, ficam tardos, rígidos, insensíveis, e, finalmente, morre-se de velhice.

Surge, logicamente, a pergunta: “o que ocasionou essa solidificação lenta do copo que produz a rigidez, a decrepitude e a morte? “.

Do ponto de vista físico, a opinião dos químicos é unânime: é principalmente um crescente depósito de fosfato de cálcio (substância dos ossos), de carbonato de cálcio (giz comum), de sulfato de cálcio (gesso), ocasionalmente, de um pouco de magnésio e de uma quantidade insignificante de outras matérias terrosas.

A única diferença entre o Corpo infantil e o decrépito é a maior densidade, dureza e rigidez do último, causadas pela quantidade de matérias terrosas, calcárias, depositadas no seu organismo. Os ossos da criança são compostos de três partes de gelatina para uma parte de matéria terrosa. No velho a proporção é inversa.

Qual é a fonte desse acúmulo de matérias que produz a morte? Como o Corpo é nutrido pelo sangue, qualquer substância nele existente deve ter estado primeiramente no sangue. A análise mostra que o sangue tem substâncias terrosas da mesma classe dos agentes da solidificação. Devemos notar que o sangue arterial contém mais substâncias terrosas do que o sangue venoso.

Isto é sumamente importante, porque demonstra que em cada ciclo o sangue deposita substâncias terrosas. Por consequência, o sangue é o veículo das substâncias que destroem o sistema. A quantidade de matérias terrosas nele contida renova-se, pois, do contrário o trabalho de solidificação não continuaria. Como se renova essa mortífera carga? Só pode haver uma resposta: pelo alimento e pela bebida. Não pode tomá-la de outra fonte.

O alimento e a bebida são, portanto, a fonte primária das matérias terrosas, calcárias, logo depositadas pelo sangue em todo o sistema, e que produzirão primeiramente a decrepitude e depois a morte. Dependendo a sustentação da vida de muitas classes de alimentos e bebidas, é conveniente conhecer as espécies de alimentos que contém menor quantidade de substâncias destrutivas. Se usarmos tais alimentos prolongaremos a vida. Aliás, do ponto de vista oculto, é desejável viver o maior tempo possível em cada Corpo Denso, especialmente depois de havermos iniciado o “Caminho”. São precisos bastantes anos para educar cada Corpo que habitamos, até o espírito obter algum domínio sobre ele. É bem claro que vivendo o maior tempo possível num Corpo já dirigido pelo espírito, tanto melhor será para o nosso progresso. Torna-se por consequência, da maior importância que o discípulo tome alimentos e bebidas com a menor quantidade de substâncias destrutivas, devendo, ao mesmo tempo, manter sempre ativos os órgãos de excreção.

A pele e o sistema urinário salvam o ser humano de uma morte prematura. Sem eles, que eliminam a maior parte das substâncias terrosas que absorvemos nos alimentos, não viveríamos nem dez anos.

A água ordinária, não destilada, contém tanto carbonato e outros compostos de cálcio que a quantidade por uma pessoa absorvida, correntemente, em forma de chá, café, sopa, etc., seria suficiente, em quarenta anos, para formar um bloco calcário ou de mármore do tamanho de um ser humano. Em circunstâncias ordinárias, a substância calcária é muito evidente na urina dos adultos. A essa eliminação deve-se o poder viver tanto como vivemos. É significativo encontrar fosfato de cálcio na urina dos adultos e não na urina das crianças. Nestas, a retenção deve-se à necessidade da rápida formação dos ossos. O mesmo acontece durante o período de gestação. Há muito pouca substância calcária na urina da mulher porque é empregada na construção do feto.

A água não destilada usada como bebida é o pior inimigo do ser humano. Quando se usa externamente é o seu melhor amigo, porque mantém os poros da pele abertos e estimula a circulação do sangue. Além disso, evita estancamentos que, originando depósitos das substâncias calcárias (fosfatos, etc.) muitas vezes causam a morte.

Harvey, o descobridor da circulação do sangue, disse que a circulação livre do sangue se traduz em saúde e que a enfermidade é o resultado de obstrução da mesma circulação.

O banho geral é de grande valor como meio de conservar a saúde do Corpo. Deve ser tomado, frequentemente, pelo Aspirante à vida superior. A transpiração, sensível ou insensível, expulsa muito mais substâncias terrosas do que qualquer outra função.

Um fogo a que se lance combustível e se mantenha livre de cinzas, continuará queimando. Os rins são muito importantes: expulsam as cinzas, mas apesar da grande quantidade de matérias calcárias que saem na urina, muitas pessoas retém o bastante para formar cálculos ou pedras nas vias urinárias – causa de dores indescritíveis e até da morte.

Não se deve crer que a água contenha menor quantidade de calcário por ter sido fervida. A crosta que se deposita no fundo da chaleira é deixada pela água evaporada, que sai como vapor.

A água destilada é importantíssima para manter o Corpo jovem. Nesta água destilada, que se obtém pela condensação do vapor, não há absolutamente substância terrosa de nenhuma espécie, nem também, na água da chuva, da neve ou do granizo (salvo a que possa apanhar no contato com o solo, telhado, etc.). O café, o chá ou a sopa, não estão livres de substâncias terrosas quando feitos com água ordinária, por mais que seja fervida. Pelo contrário, quanto mais se ferva, tanto mais carregada fica. Quem sofre de enfermidades urinárias só deveria beber água destilada.

Em termos gerais, dentre os alimentos sólidos, os vegetais frescos e as frutas maduras contêm a maior proporção de substâncias nutritivas e a menor quantidade de substâncias terrosas.

Como estamos escrevendo estas linhas para o Aspirante à vida superior e não para o público em geral, podemos dizer também que os alimentos animais, se for possível, devem ser abolidos completamente.

Nenhum indivíduo que mate pode chegar muito acima no caminho da santidade. Notemos, todavia que, comendo a carne, agimos pior do que se realmente matássemos. Com efeito, para evitar cometer pessoalmente essas matanças, obrigamos um semelhante[41], forçado por necessidades econômicas, a dedicar sua vida inteira ao assassínio. Isso o brutaliza em tal extensão que a lei não lhe permite atuar como jurado nos julgamentos por crimes capitais, porque o seu trabalho o tem familiarizado demasiadamente com a matança.

Os iluminados sabem que os animais são nossos irmãos mais jovens e que serão humanos no Período de Júpiter. Nesse tempo, ajudá-los-emos, tal como os Anjos, que eram seres humanos no Período Lunar, estão a ajudar-nos agora. Matar, para um Aspirante aos ideais elevados, seja pessoalmente ou por delegação, é coisa completamente fora de toda cogitação.

Contudo, podem ser usados vários produtos animais muito importantes, como o leite, o queijo e a manteiga. Tais produtos são o resultado de processo de vida. Transformá-los em alimento não causa nenhum sofrimento. O leite, fator importantíssimo para o Estudante ocultista, não contém substâncias terrosas e, por conseguinte, exerce influência como nenhum outro alimento.

Durante o Período Lunar, o ser humano foi alimentado com o leite da Natureza, alimento universal. O emprego do leite tem certa tendência a pôr-nos em contato com as forças cósmicas, que capacitarão para curar os outros.

Crê-se, geralmente, que o açúcar e outras substâncias sacarinas são prejudiciais à saúde, especialmente para os dentes, onde produzem dores e cárie. Isto é certo, mas sob certas circunstâncias. Podem ser prejudiciais em certas enfermidades como a biliosa ou a dispepsia, ou se é mantido muito tempo na boca, como o açúcar cande. Se for empregado discretamente durante a saúde, aumentando-se gradualmente a dose na medida em que o estômago se vá acostumando, ver-se-á que é muito nutritivo. A saúde dos trabalhadores melhora enormemente durante a safra, apesar de ser a época em que maus trabalham. Isto se atribui à alimentação com o suco doce da cana. O mesmo se pode dizer dos cavalos, vacas e outros animais dessas localidades, que gostam extraordinariamente do melado e dos resíduos da cana. Tornam-se gordos em pouco tempo e o pelo fica suave e brilhante. Os sucos sacarinos das cenouras tornam fino como seda o pelo dos cavalos alimentados durante algumas semanas como cenouras fervidas. O açúcar é um artigo nutritivo e benéfico à alimentação; não contém resíduos de nenhuma espécie.

As frutas são uma dieta ideal. As árvores produzem-nas para induzir o ser humano e os animais a comê-las, de maneira que as sementes se espalhem. As flores atraem as abelhas com análogos propósitos.

A fruta fresca contém água da classe mais pura e melhor, capaz de penetrar no sistema de uma maneira maravilhosa. O suco de uvas é particularmente um dissolvente admirável. Purifica e estimula o sangue e abre-lhe caminho nos capilares já secos e endurecidos, sempre que o processo de endurecimento não tenha ido demasiado longe. O tratamento pelo suco de uvas sem fermentar, torna fortes, vigorosas e cheias de vida as pessoas de olhos cansados, pálidas e de compleição pobre. A crescente permeabilidade permite ao espírito manifestar-se com mais liberdade e com renovada energia. A Tabela seguinte, com exceção da última coluna, foi copiada das publicações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e dará ao Aspirante alguma ideia da quantidade de alimento que deve comer, conforme os diferentes graus de atividade, assim como mostra os constituintes dos diversos alimentos indicados.

O Corpo, considerando do ponto de vista puramente físico, assemelha-se ao que poderíamos chamar um forno químico, sendo o alimento o combustível. Quanto mais exercício faz tanto mais combustível necessita. Seria loucura alguém mudar seu método ordinário de alimentação, usado durante anos, para seguir outro método, sem observação prévia e cuidadosa do melhor que possa servir aos seus propósitos. A mera alimentação da carne da alimentação ordinária das pessoas carnívoras, com toda a certeza produziria desarranjos na saúde da maioria. A única maneira segura é, primeiramente, experimentar e estudar o assunto com discernimento. A alimentação é uma coisa tão individual que não é possível estabelecer regras fixas. Podemos dar uma Tabela de valores alimentícios e descrever a influência geral de cada elemento químico, mas cada Aspirante deve organizar seu próprio regime.

Não devemos permitir, tampouco, que a aparência de uma pessoa afete o nosso juízo a respeito da sua condição ou estado de saúde. São aceitas certas ideias gerais como determinantes do estado de saúde, mas não há razões de peso para esse juízo. As faces rosadas, num indivíduo, podem ser uma indicação de saúde e, noutro de enfermidade. Não há nenhuma regra particular que permita conhecer a saúde. Não consideremos somente as aparências. Só o sentimento de conforto e de bem-estar que goza o próprio indivíduo.

A Tabela de valores que se fornece mostra os cinco componentes químicos dos alimentos e outras particularidades de interesse.

A água é o grande dissolvente.

O nitrogênio ou proteína é fator essencial na formação da carne, mas contém algumas substâncias terrosas.

Os hidratos de carbono ou açucares são os principais portadores de energia.

As gorduras produzem calor e conservam forças de reserva.

As cinzas são minerais, calcários, terrosos, que endurecem todo o sistema. Não devemos temer a influência desses elementos na formação dos ossos; pelo contrário, devemos ser sumamente cautelosos e absorver somente o mínimo possível.

A caloria é unidade de calor. A Tabela mostra a quantidade contida em cada substância alimentar, no estado em que se encontra nos mercados. Há em uma libra de castanha do Pará, por exemplo, 49,6% de resíduo (cascas). Os 50,4% restantes contém 1.485 calorias. Isto significa que cerca da metade do que se compra é inútil, mas a parte restante contém o número de calorias indicado. Para conseguir a maior soma de energia dos alimentos, devemos prestar atenção ao número de calorias para obtermos a energia precisa para o trabalho cotidiano.

O número de calorias (por dia) necessário para sustentar o Corpo sob diferentes condições, mostra-se na Tabela seguinte:

Ser humano com trabalho muscular muito forte:5.500 calorias
Ser humano com trabalho muscular moderadamente forte:4.150 calorias
Ser humano com trabalho muscular moderadamente ativo:3.500 calorias
Ser humano com trabalho moderadamente leve:3.050 calorias
Ser humano com trabalho sedentário:2.700 calorias
Ser humano que não faz exercício muscular:2.450 calorias
Mulher com trabalho manual leve ou moderado:2.450 calorias

Segundo a Tabela de valores nutricionais dos alimentos, é evidente que o chocolate é o alimento mais nutritivo e o cacau em pó é o mais perigoso de todos os alimentos porque contém três vezes mais cinzas do que qualquer outro e dez vezes mais do que muitos deles. É um alimento poderoso, mas também um veneno poderoso porque endurece o sistema muito mais rapidamente do que qualquer outra substância.

Para elaborarmos um bom regime alimentar é necessário fazer algum estudo. Esse trabalho é amplamente compensado pela saúde e longevidade que, assegurando-nos o livre emprego do Corpo, tornarão possível o estudo e a dedicação a coisas superiores. Depois de algum tempo, o Aspirante ficará tão familiarizado com o assunto que não precisará mais dedicar-lhe muito atenção.

A Tabela anterior mostra as proporções das substâncias químicas contidas em cada substância alimentar nomeada, mas, cabe recordar, nem todas são aproveitáveis pelo sistema. O Corpo recusa-se a assimilar algumas.

Dos vegetais digerimos somente 83% das proteínas, 90 % das gorduras e 95% dos hidratos de carbono.

Das frutas assimilamos 85% das proteínas, 90% das gorduras e 90% dos hidratos de carbono.

O cérebro, órgão coordenador que domina os movimentos do Corpo e expressa as ideias, é constituído pelas mesmas substâncias que as demais partes do Corpo, mas, além delas, tem o fósforo, peculiar somente ao cérebro.

Conclusão lógica a tirar: o fósforo é o alimento particular mediante o qual o Ego pode expressar pensamentos e influenciar o Corpo Denso. A quantidade desta substância é proporcional ao estado de consciência e ao grau de inteligência do indivíduo. Os idiotas têm muito pouco fósforo. Os profundos pensadores têm muito. No Reino Animal o grau de consciência e de inteligência está em proporção direta à quantidade de fósforo contida no cérebro.

Portanto, é de suma importância que o Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais dê ao cérebro esta necessária substância. A maioria dos vegetais e das frutas contém certa quantidade de fósforo. A maior quantidade encontra-se sempre nas folhas, geralmente desprezadas. O fósforo encontra-se em quantidades consideráveis nas uvas, cebolas, sálvia, feijões, ananás, alhos, e nas folhas e talos de muitos vegetais. Também no suco da cana de açúcar, mas não no açúcar refinado.

A seguinte Tabela mostra a proporção de ácido fosfórico em alguns produtos alimentares:

Em 100.000 partes de:

Cevada seca210 partes
Feijões, favas, ervilhas292 partes
Beterrabas167 partes
Folhas de beterraba690 partes
Trigo mourisco170 partes
Cenouras secas395 partes
Folhas de cenoura963 partes
Linhaça880 partes
Talos de linho118 partes
Chirívia (Pastinaga)111 partes
Folhas de chirívia (Pastinaga)1784 partes
Ervilhas frescas190 partes

Todas as considerações precedentes podem ser assim resumidas:

  • O Corpo está sujeito, durante toda a vida, a um processo de solidificação.
  • Esse processo traduz-se por depósito de substâncias terrosas trazidas pelo sangue, principalmente fosfatos e carbonatos de cálcio, com o que as diversas partes se endurecem, transformando-se em matéria endurecida.
  • Essa transformação arruína a flexibilidade dos vasos, músculos e outras partes do Corpo sujeitas a movimento. Torna o sangue viscoso e, obstruindo completamente os diminutos capilares, restringe a circulação dos fluídos e o labor do sistema, terminando na morte.
  • Esse processo de solidificação pode ser retardado. A vida prolonga-se desde que se evite todo o alimento que contenha muitas cinzas, beba-se água destilada e facilite-se a excreção através da pele por meio de banhos frequentes.
  • O que se disse explica a razão de algumas religiões prescreverem abluções frequentes, como exercícios religiosos, visto promoverem a saúde e purificarem o Corpo Denso. Os jejuns são também prescritos com análogas finalidades. Proporcionam ao estômago um bem necessário e merecido descanso e permitem ao Corpo eliminar as substâncias gastas. Se não são frequentes ou demasiado prolongados, levantam a saúde. Como regra geral, é melhor dar ao Corpo os alimentos apropriados, que são os melhores de todos os remédios.

O primeiro cuidado médico é comprovar se as excreções se efetuam devidamente. É o meio principal que a Natureza emprega para desembaraçar o Corpo dos venenos contidos nos alimentos.

Em conclusão, o Aspirante deve escolher os alimentos que melhor possa digerir porque, facilmente realizada essa função, maior a energia extraída do alimento e por mais tempo será o sistema nutrido antes de ser necessário comer de novo. Não se deve beber o leite como se bebe um copo de água. Ingerindo aos goles, como o chá ou o café, formará no estômago pequenos coágulos, facilmente assimiláveis. Criteriosamente tomado, é um dos melhores elementos da dieta. As frutas cítricas (limões, laranjas, etc.) são poderosos antissépticos. Os cereais especialmente o arroz, são antitóxicos de grande eficiência.

Explicando o que é necessário ao Corpo Denso, do ponto de vista material, puramente físico, consideraremos agora o assunto sob o ponto de vista oculto, relativamente ao efeito que o alimento produz sobre os dois Corpos invisíveis que interpenetram o Corpo Denso.

Como dissemos anteriormente, o ponto de apoio especial do Corpo de Desejos são os músculos e o Sistema Nervoso cérebro-espinhal. A energia desprendida por alguém que se movimenta sob excitação ou ódio é um bom exemplo. Em tais ocasiões, todo o sistema muscular está em tensão e nenhum trabalho, por duro que seja, é tão extenuante como um “acesso de ira”. Às vezes pode deixar o Corpo extenuado durante semanas inteiras. Portanto, é imprescindível melhorar o Corpo de Desejos e controlar o temperamento, evitando ao Corpo Denso sofrimentos que resultam da ação desordenada do Corpo de Desejos.

Sob o ponto de vista oculto, toda consciência do Mundo Físico resulta da luta constante entre os Corpos de Desejos e Vital.

A tendência do Corpo Vital é amolecer e construir. Sua expressão principal encontra-se no sangue, nas glândulas e no Sistema Nervoso simpático. Iniciou o ingresso na praça forte do Corpo de Desejos (o sistema muscular e o nervoso voluntário), quando começou a converter o coração em músculo voluntário.

A tendência do Corpo de Desejos é endurecer e invadir os domínios do Corpo Vital, tomando posse do baço. Produz os corpúsculos brancos do sangue, que não são “policiais” do sistema, como crê atualmente a ciência, mas destruidores de todo o Corpo. Ditos corpúsculos filtram-se pelas paredes das veias e artérias, onde quer que apareça a menor enfermidade. O torvelinho de forças do Corpo de Desejos permeabiliza as veias e artérias, especialmente em momento de cólera, abrindo caminho a esses corpúsculos brancos para os tecidos do Corpo, onde formam as bases para a agrupação das matérias terrosas que matam o Corpo.

Com a mesma classe de alimentos, a pessoa serena e jovial viverá muito mais, gozará de melhor saúde e será mais ativa do que a pessoa melancólica que perde o domínio próprio. A última produzirá e lançará por todo o organismo mais corpúsculos brancos destruidores do que a primeira. Se as pessoas que se dedicam à ciência analisassem os Corpos dessas duas pessoas, notariam que existe uma quantidade muito menor de substâncias terrosas no Corpo da pessoa jovial do que no Corpo do irascível.

Essa destruição é constante porque não é possível evitar totalmente os destruidores, nem essa é, tampouco, a intenção. Se o Corpo Vital pudesse ininterruptamente construir, continuaria empregando todas as energias com esse propósito, mas não haveria consciência ou pensamento algum. A obstrução produzida pelo Corpo de Desejos e pelo endurecimento das partes internas é que desenvolve a consciência.

Em tempo muito recuado, anterior àquele em que criamos as primeiras concreções, tínhamos, como os atuais moluscos, Corpos moles, flexíveis e sem ossos. Porém, a consciência era, como a deles, obscuríssima, vaga e tenuíssima. Para que pudéssemos avançar era necessário retermos as concreções.

O estado de consciência de qualquer espécie está em proporção direta ao desenvolvimento do esqueleto interno. O Ego, para sua expressão, deve possuir sólidos ossos, com medula semifluídica e vermelha, a fim de poder formar corpúsculos sanguíneos vermelhos.

Esse é o maior desenvolvimento do Corpo Denso. Isto não significa que os animais com esqueleto semelhante ao do ser humano, quanto à perfeição, possuam espírito interno. Não têm porque pertencem a uma corrente diferente de evolução.

A Lei da Assimilação

Segundo a lei da assimilação uma partícula forma parte do nosso Corpo quando, como espíritos, a dominamos e sujeitamos a nós mesmos. Nesse caso, recordemos que as forças ativas são principalmente os nossos “mortos”, que entraram no “céu”. Ali aprendem a construir Corpos para usá-los aqui, porém trabalham de acordo com certas leis que não está em seu poder modificar. Em toda partícula de alimento há vida. Antes de podermos incorporá-la pela assimilação, é necessário que a dominemos e a sujeitemos. Em caso contrário, não poderia haver harmonia no Corpo, cada parte agiria independentemente, como acontece quando, pela morte, a vida coordenadora se retira do Corpo. Esse é o processo de desintegração, precisamente o oposto da assimilação. Quanto mais individualizada está a partícula que se há de assimilar, tanto maior energia é necessária para digeri-la e tanto menos tempo permanecerá, procurando logo alguma saída para libertar-se.

Os seres humanos não estão organizados de maneira a viver de minerais sólidos. Ao ingerirmos uma substância puramente mineral, o sal, por exemplo, passa através do Corpo deixando muito pouco atrás. Porém, o pouco que deixa é de natureza perigosa. Se os minerais pudessem ser empregados pelo ser humano como alimento seriam ideais por terem pouca estabilidade e ser necessária pouca energia para dominá-los e subjugá-los à vida do Corpo. Comeríamos muito menos e menor número de vezes do que agora fazemos. Algum dia, os laboratórios fornecerão alimentos químicos de tal qualidade que sobre passarão quaisquer outros, além da vantagem de estarem sempre frescos. Os alimentos obtidos de plantas superiores e, sobretudo dos animais, Reino superior ao vegetal, é positivamente nauseabundo, por causa da rapidez da desintegração. Esse processo resulta dos esforços das partículas para livrarem-se do conjunto.

O Reino Vegetal, o próximo superior ao mineral, tem organização capaz de assimilar os compostos dos minerais da Terra. O ser humano e os animais podem decompor as plantas e assimilar e nutrir-se dos seus compostos químicos, tendo em vista que o Reino Vegetal, que tem consciência de sono sem sonhos, não oferece resistência alguma à assimilação. É necessária pouca energia para assimilar suas partículas, e como tem muito pouca individualidade própria, a vida que se anima não procura escapar-se de nosso Corpo tão rapidamente como as dos alimentos derivados de formas mais desenvolvidas.

A força obtida de uma dieta de vegetais ou de frutos permanece mais do que a derivada de uma dieta de carne. Não é necessário ingerir com tanta frequência quantidades de alimento vegetal. Proporcionalmente, esse alimento fornece mais energia porque, para assimilá-lo, é necessária menor energia.

O alimento obtido de Corpos animais compõe-se de particular trabalhadas e interpenetradas por um Corpo de Desejos individual, e individualizadas. Esta individualização é muito maior que a das partículas vegetais. No animal, cada célula constitui-se numa alma celular individual compenetrada pelas paixões, e desejos do animal. É necessária uma energia considerável, primeiramente para dominá-la e, depois, para poder ser assimilada. No entanto, nunca fica completamente incorporada ao Corpo como os constituintes duma planta, que não tem tendências individuais tão fortes. Resultado: o carnívoro necessita de quantidade maior de alimento que o frugívoro e tem de comer mais frequentemente. Ainda mais: a luta interna das partículas da carne provoca desgaste e destruição maior do Corpo, o que torna o carnívoro menos ativo e menos paciente do que o vegetariano, como tem sido demonstrado em provas realizadas pelos partidários de um e do outro regime.

Portanto, se a carne obtida dos herbívoros é um alimento tão instável, é evidente que seríamos obrigados a consumir quantidades enormes de alimento caso ingeríssemos a carne dos animais carnívoros, que têm as células ainda mais individualizadas. Ocuparíamos a maior parte do nosso tempo comendo e, todavia, estaríamos sempre extenuados e famintos. É o que se pode ver no lobo e no abutre, cuja magreza e fome são proverbiais. Os canibais comem carne humana, mas só em largos intervalos e como guloseima. O ser humano não faz alimentação exclusivamente de carne. Por isso, sua carne não é completamente igual à de um animal carnívoro. Não obstante, a fome dos canibais é também proverbial.

Se a carne de herbívoro fosse a essência do melhor que há nas plantas, a carne dos carnívoros, logicamente, seria a quintessência. A carne dos lobos e dos abutres, muito mais desejável, seria o creme dos cremes. Como sabemos não é assim. Pelo contrário, quanto mais nos aproximarmos do Reino Vegetal tanto mais energia obteremos do nosso alimento. Se a carne dos animais carnívoros fosse aquele creme, seria muito procurada pelos outros animais de presa, mas exemplos tais como “cão comer cão” é raríssimo na Natureza.

Vivei e Deixai viver

A primeira lei da ciência oculta é “não matarás”. O Aspirante à vida superior deve ter isto muito em conta. Não podendo criar sequer uma partícula de barro, não temos o direito de destruir nem a forma mais insignificante. Todas as formas são expressões da Vida Una, da Vida de Deus. Não temos o direito de destruir a Forma, pela qual a Vida está adquirindo experiência, e obrigá-la a construir um novo veículo.

Ella Eheeler Wilcox[42], com a verdadeira compaixão de todas as almas avançadas, defende esta máxima ocultista, nas seguintes e formosíssimas palavras:

Eu sou a voz dos que não falam.
Por mim falarão os que são mudos.
Minha voz ressoará nos ouvidos do mundo
até o cansaço; até que escutem e saibam
os erros que cometem com os débeis
que não podem falar.

O mesmo poder formou o pardal,
o ser humano e o rei.
O Deus do Todo deu uma
Chispa anímica a todos
os seres de pelo e pluma.

Eu sou o guardião dos meus irmãos.
Lutarei sua batalha e farei
a defesa do animal e da ave.
Até que o mundo faça
as coisas como se deve.

Objeta-se algumas vezes que também arrebatamos a vida dos vegetais e frutas que comemos. Objeção baseada numa imperfeita compreensão dos fatos. Quando a fruta está madura, já realizou o seu propósito: agir como matriz da semente. Se não é aproveitada, apodrece e perde-se. Além disso, destinada a servir de alimento ao animal e ao ser humano, ao cair no solo fértil proporciona à semente oportunidade de germinar. O óvulo e o sêmen dos seres humanos são estéreis sem o Átomo-semente do Ego reencarnante e sem a matriz do Corpo Vital. Assim também, qualquer ovo ou semente, se isolados, são desprovidos de vida. No entanto, se lhe são proporcionadas as condições necessárias de incubação, a vida do Espírito-Grupo neles penetra aproveitando a oportunidade para garantir a produção de um Corpo Denso. Se esmagarmos ou cozinhamos o ovo ou a semente, ou não lhe são proporcionadas as condições necessárias para a vida, a oportunidade se perde. Isto é tudo.

Já sabemos que, no estado atual da nossa jornada evolutiva, matar é um mal. O ser humano protege e ama aos animais conforme seus gostos e interesses egoístas (desde que não interfiram em seus direitos). A lei protege até os gatos e cães contra a crueldade desenfreada. Salvo no esporte, a mais desenfreada e covarde de todas as nossas crueldades contra o Reino Animal, sempre se matam os animais para ganhar dinheiro. Porém os devotos do esporte matam as indefesas criaturas só com o objetivo de obter prestígio, falso prestígio, de suas proezas sinergéticas. É muito difícil compreender como certas pessoas que parecem sãs e carinhosas possam, durante um momento, abandonar seus sentimentos humanitários e saciar uma selvagem sede de sangue, matando para satisfazer sua luxúria sanguinária e gozar da destruição. Certamente, isto é um retrocesso aos instintos mais inferiores e selvagens. Não pode nunca dignificar um ser humano e muito menos dar-lhe foros de “superior”, ainda que tal prática seja defendida pelas nações mais poderosas e, em outros sentidos, humanas.

Não seria mais belo o ser humano assumir seu papel de amigo e protetor do fraco? A quem não agrada visitar o Central Park de Nova York, acariciar e dar de comer às centenas de esquilos que correm de um a outro lado, na certeza de que não serão molestados? Quem não se alegra ao ver o letreiro que diz: “Serão mortos os cães que forem apanhados caçando esquilos”? Isto é duro para os cães, sem dúvida, mas evidencia o crescente sentimento favorecedor e protetor do débil contra a força irracional e egoísta do forte. Nada diz o letreiro dos prejuízos que os seres humanos pudessem causar aos esquilos, o que seria inadmissível. Tão grande é a confiança dos pequeninos e alegres animaizinhos na bondade do ser humano que esse não a violaria.

A Oração do Senhor

Voltamos a considerar as ajudas espirituais no progresso humano, podemos comparar a Oração do Senhor (Pai Nosso[43]) como uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação de todos os veículos do ser humano. O cuidado a prestar ao Corpo Denso está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.

A oração que se refere às necessidades do Corpo Vital é: “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.

O Corpo Vital é a sede da memória. Nele estão arquivadas subconscientemente as lembranças de todos os acontecimentos passados, bons ou maus, isto é, tanto a injúria como os benefícios feitos ou recebidos. Lembremos que, ao morrer, as recordações da vida são tomadas desses arquivos imediatamente depois de abandonar-se o Corpo Denso e que todos os sofrimentos da existência pós-morte são resultado dos acontecimentos aí registrados como imagens.

Se pela oração contínua obtemos o perdão ou esquecimento das injúrias que tenhamos praticado e procuramos prestar toda compensação possível, purificamos nossos Corpos Vitais. Esquecer e perdoar àqueles que agiram mal contra nós elimina todos os maus sentimentos e nos salva dos sofrimentos pós-morte. Além disso, prepara o caminho para a Fraternidade Universal, que depende mui especialmente da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. As ideias de vingança são impressas pelo Corpo de Desejos, em forma de memória, sobre o Corpo Vital. A vitória sobre isso é indicada por um temperamento equânime em meio dos incômodos e sofrimentos da vida. O Aspirante deve cultivar o domínio próprio, porque tem ação benéfica sobre os dois Corpos. A Oração do Senhor exerce o mesmo efeito porque ao fazer-nos ver que estamos injuriando os outros voltamo-nos para nós mesmos e resolvemo-nos a descobrir as causas. Uma dessas causas é a perda do domínio próprio, originada no Corpo de Desejos.

Ao desencarnar, a maioria dos seres humanos deixa a vida física com o mesmo temperamento que trouxe ao nascer. O Aspirante deve conquistar, sistematicamente, todos os arrebatamentos do Corpo de Desejos e assumir o próprio domínio. Isto se efetua pela concentração sobre elevados ideais, que vigoriza o Corpo Vital. É um meio muito mais eficaz do que as orações da igreja. O ocultista cientista prefere empregar a concentração à oração porque a primeira realiza-se com o auxílio da Mente, que é fria e insensível, enquanto a oração, geralmente, é ditada pela emoção. Feita com devoção pura e impessoal, dirigida a elevados ideais, a oração é muito superior à fria concentração. Aliás, nunca poderá ser fria, porque voa para Divindade sobre as asas do Amor, a exaltação do místico.

A oração para o Corpo de Desejos é: “Não nos deixeis cair em tentação”. O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.

O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro grandes motivos de toda ação humana. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo. Os grandes Líderes da humanidade agiram sabiamente quando lhe deram tais incentivos para a ação, a fim de obter experiências e aprender. O Aspirante deve continuar usando-os como motivos de ação, firmemente, mas deve transmutá-los em algo superior. Por meio de nobres aspirações, deve saber transcender o amor egoísta que busca a posse de outro Corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundamentados em razões pessoais egoísticas.

O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe.

A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes.

O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade.

A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.

A oração para a Mente é: “Livrai-nos do mal”. Como vimos, a Mente é a ligação entre as naturezas superiores e inferiores. Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma restrição. Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a Mente, a faculdade de discernir. Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres humanos que fazem tais coisas. Mesmo quando um ser humano de Mente anormal faz isso não se considera da mesma forma que ao animal. Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia é isolado.

O ser humano conheceu o bem e o mal quando seus olhos mentais se abriram. Aquele que realiza a ligação da Mente ao Eu superior permanentemente, é uma pessoa de elevado entendimento. Se, pelo contrário, a Mente está ligada à natureza emocional inferior, a pessoa tem mentalidade inferior.

Por tais razões, a oração para a Mente traduz a aspiração de nos libertarmos das experiências resultantes da aliança da Mente com o Corpo de Desejos e de tudo quanto tal aliança origina.

No Aspirante à vida superior, a união entre as naturezas superior e inferior é realizada pela Meditação sobre assuntos elevados, pela Contemplação que consolida essa união e, depois, pela Adoração que, transcendendo os estados anteriores, eleva o espírito ao Trono.

No “Pai Nosso” geralmente usado na igreja, a adoração está colocada em primeiro lugar, o que tem por fim alcançar a exaltação espiritual necessária para proferir uma petição que represente as necessidades dos veículos inferiores.

Cada aspecto do Tríplice Espírito, começando pelo inferior, expressa adoração ao aspecto correspondente da Divindade. Quando os três aspectos do espírito estão colocados ante o Trono da Graça, cada um emite uma oração apropriada às necessidades da sua contraparte material. No fim os três unem-se para proferir a oração da Mente.

O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”. O Espírito de Vida reverencia-se ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.

O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.

Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”.

O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.

O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.

Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito juntam-se para a mais importante das orações, o pedido pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”.

A introdução, “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção. A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.

O Diagrama 16 ilustra a explicação antecedente de forma fácil e simples, mostrando a relação entre as diferentes orações, em suas respectivas cores e os veículos correspondentes.

Diagrama 16 – O Pai Nosso

O Voto de Celibato

O (a) pervertido (a) sexual, ou o (a) maníaco (a) sexual, comprova a afirmação dos ocultistas de que uma parte da força sexual constrói o cérebro. Ele (ela) se converte em um (a) idiota, incapaz de pensar, porque exterioriza não somente a parte negativa ou positiva da força sexual (seja homem ou mulher), empregada normalmente pelos órgãos sexuais para a propagação, mas exterioriza também parte da força que, dirigida ao cérebro, o organizaria e tornaria apto a pensar. Daí as deficiências mentais que apresenta.

Se a pessoa se dedica a pensamentos espirituais, a tendência para empregar a força sexual na propagação é muito pequena. Qualquer parte dela que não use pode ser transformada em força espiritual. Por esta razão, em certo grau de desenvolvimento, o Iniciado faz o voto de celibato. Não é uma resolução fácil de tomar nem pode ser feita à ligeira por qualquer pessoa que deseje desenvolver-se espiritualmente. Muitos seres humanos imaturos para a vida superior encadearam-se quando se sujeitaram a uma vida ascética. Tais pessoas são tão perigosas para a comunidade como os erotomaníacos imbecis.

No estado atual da evolução humana, a função sexual é o meio pelo qual são formados os Corpos usados pelo espírito para obter experiência. Geralmente, as pessoas mais prolíficas e que seguem os impulsos geradores sem reserva, são de categoria inferior. As entidades em via de renascimento dificilmente encontram ambientes que permitam desenvolver suas faculdades de forma a beneficiarem-se e a beneficiarem a humanidade. Muitas pessoas das classes ricas poderiam oferecer condições mais favoráveis, mas em geral têm poucos filhos ou nenhum. Não porque vivam uma vida sexualmente de abstinência, mas por razões completamente egoístas, para maior comodidade e para poderem entregar-se à paixão sexual ilimitadamente, sem arcar com as dificuldades da família. Entre as classes médias, as famílias também são limitadas, mas nestas as razões são predominantemente econômicas. Procuram educar um ou dois filhos, dando-lhes vantagens que não poderiam proporcionar-lhes se tivessem quatro ou cinco.

Dessa maneira anormal, o ser humano exercita a prerrogativa divina de produzir a desordem na Natureza. Os Egos a ponto de renascer têm de aproveitar-se das oportunidades que se apresentam, às vezes sob condições desfavoráveis. Outros que não podem renascer nessas circunstâncias, esperam até apresentar-se ocasião mais favorável. Através dos nossos atos afetamo-nos uns aos outros e, desse modo, os pecados dos pais caem sobre os filhos, porque assim como o Espírito Santo é a energia criadora da Natureza, a energia sexual é seu reflexo no ser humano. O mau uso ou abuso desse poder é um pecado que não se pode perdoar; deve expiar-se, com prejuízo da eficiência dos veículos, a fim de aprendermos que a força criadora é santa.

Os Aspirantes à vida superior, ansiosos por viver uma nobre vida espiritual, muitas vezes olham a função sexual com horror, por causa das misérias que o seu abuso tem trazido à humanidade. Nem querem ver o que consideram uma impureza, esquecendo-se de que seres humanos como eles (os quais deram boas condições aos seus veículos por meio de alimentação apropriada e saudável, de elevados e bondosos pensamentos e de vida espiritual) são, precisamente, os que estão em melhores condições para gerar Corpos Densos apropriados às necessidades de desenvolvimento das entidades que os esperam para renascer. Todos os ocultistas sabem que, atualmente, muitos Egos elevados não podem renascer, em prejuízo da raça humana, por não encontrarem pais suficientemente puros para proporcionar-lhes os veículos físicos convenientes.

A função sexual tem seu lugar na economia do mundo. Quando empregada devidamente, fornece Corpos, fortes e cheios de saúde que o ser humano necessita para o seu desenvolvimento. Não há maior bênção para o Ego. Quando, inversamente, dela se abusa, não há maior desgraça, converte-se num manancial de todos os males, a verdadeira herança da carne.

É uma grande verdade que “nenhum ser humano vive somente para si”. As nossas palavras e ações afetam constantemente os outros. Se agirmos retamente, podemos ajudar ou prejudicar vidas, mas se descuidamos nossos deveres podemos frustrá-las, primeiramente, dos que estão em imediato contato conosco e depois de todos os habitantes da Terra e, talvez ainda, outras além.

Ninguém tem o direito de procurar a vida superior sem ter cumprido antes seus deveres para com a família, o país e a raça humana. Deixar tudo de lado, egoisticamente, e viver unicamente para o próprio desenvolvimento espiritual é tão repreensível como desinteressar-se absolutamente pela vida espiritual. Antes, é ainda pior. Quem cumpre seus deveres na vida ordinária da melhor maneira que pode, dedicando-se ao bem-estar dos que de si dependem, estão cultivando a faculdade fundamental, o dever. E, certamente, avançará tanto que despertará à chamada da vida superior. Apoiado no dever anteriormente cumprido encontrará grande auxílio nesse trabalho. O ser humano que deliberadamente volta as costas aos deveres atuais para dedicar-se à vida espiritual, com certeza será coagido a voltar ao caminho do dever, do qual se afastou equivocadamente. Não poderá escapar sem que tenha aprendido a lição.

Certas tribos da Índia fazem muito boa divisão de sua vida: os primeiros 20 anos são dedicados à educação; dos 20 aos 40 dedicam-se à criação da família, o resto do tempo é aplicado no desenvolvimento espiritual, sem nenhum cuidado físico que incomode ou distraia a Mente. Durante o primeiro período a criança é mantida por seus pais. No segundo, o ser humano, além de sustentar a família, cuida dos pais, enquanto eles estão dedicando sua atenção às coisas elevadas e, durante o resto da vida, é mantido por seus filhos.

É um método muito bom, completamente satisfatório para um povo que, totalmente, do berço ao túmulo, sente necessidades espirituais. Aliás, em tal extensão que equivocadamente descuidam o desenvolvimento material, salvo quando se veem impelidos pelo látego da necessidade. Os filhos sustentam carinhosamente os pais, seguros de que, por sua vez, serão sustentados pelos seus filhos e poderão dedicar-se por completo à vida superior, depois de terem cumprido seus deveres para com o seu país e a humanidade. No mundo ocidental, onde as necessidades espirituais não são sentidas e o ser humano corrente se desenvolve só materialmente, tal norma de vida seria impossível de realizar-se.

A aspiração espiritual precisa ser amadurecida pelo tempo e só chega quando se obtém as condições particulares sob as quais devemos procurar satisfazê-la. É preciso suportar qualquer dever que pareça uma restrição. Se o cuidado da família impede alguém de consagrar-se inteiramente àquilo que deseja, não seria justificado que o Aspirante descuidasse seus deveres, dedicando todo seu tempo e energia a propósitos espirituais.

Devem-se fazer esforços para satisfazer tais aspirações, mas de modo a não interferirem com os deveres da família.

Se o desejo de castidade nasce numa pessoa que mantém relações matrimoniais com outra, as obrigações de tais relações não podem ser esquecidas. Seria um grave erro viver castamente debaixo de tais circunstâncias, procurando fugir do apropriado cumprimento do dever. A respeito desse dever há uma linha de conduta para os Aspirantes à vida superior, diferente da do ser humano comum.

Para a maioria da humanidade, o matrimônio é como que a aprovação de uma licença para a gratificação dos seus desejos sexuais. Talvez seja assim aos olhos das leis humanas, mas à luz da verdadeira lei não, porque nenhuma lei feita pelos seres humanos pode reger esse assunto. A ciência oculta afirma que a função sexual nunca deve ser exercida para gratificar os sentidos, mas somente para a propagação. Portanto, é justo que o Aspirante à vida superior se negue ao ato com seu cônjuge, a menos que seu objetivo seja conseguir um filho. Mesmo assim, devem, ambos, gozarem perfeita saúde física, moral e mental. Em caso contrário, a união produziria um Corpo débil ou degenerado.

Sendo cada pessoa dona do próprio Corpo, é responsável, ante a Lei de Consequência, por qualquer mau uso resultante do abandono do Corpo a outrem, por fraqueza da vontade.

Contemplando o assunto à luz do precedente, do ponto de vista da ciência oculta, as pessoas de Corpo e Mentes saudáveis têm o dever, e ao mesmo tempo o privilégio (que deve ser exercitado com gratidão pela oportunidade) de criar veículos para as entidades, tanto quanto seja compatível com a saúde e com a capacidade de assistência. Com indicamos, os Aspirantes à vida superior têm especialmente essa obrigação, porque a purificação produzida em seus Corpos qualifica-os, mais do que a humanidade comum, para gerar veículos puros. Assim procedendo concedem veículos apropriados a entidades elevadas. Ao facilitarem a esses Egos oportunidades de renascerem e exercerem suas necessárias influências, eles ajudam à humanidade.

Empregando a força sexual do modo indicado, a função terá lugar muito poucas vezes na vida e, praticamente, toda a força sexual poderá ser empregada para fins espirituais. Não é o uso, mas o abuso que produz todas as perturbações e que interfere com a vida espiritual. Não há necessidade alguma de abandonar a vida superior quando não se possa ser casto, nem é necessário ser estritamente casto para passar pelas Iniciações Menores.

O voto de absoluta castidade relaciona-se unicamente com as Grandes Iniciações. Mesmo nestas, um só ato de fecundação pode ser necessário alguma vez, como um sacrifício, como aconteceu quando se preparou o Corpo para Cristo.

Pode-se acrescentar, também, que é pior estar sofrendo o abrasador desejo e pensando constante e vividamente na gratificação dos sentidos do que viver a vida matrimonial com moderação. Cristo ensinou que os pensamentos impuros são maus e talvez piores do que os atos impuros, porque os pensamentos podem ser repetidos indefinidamente, enquanto os atos têm sempre algum limite.

O Aspirante à vida superior só pode triunfar na medida da subjugação da natureza inferior. Contudo, deve guardar-se muito bem para não ir de um extremo ao outro.

O Corpo Pituitário e a Glândula Pineal

No cérebro, aproximadamente na posição indicada pelo Diagrama 17, há dois pequenos órgãos chamados Corpo Pituitário[44] e Glândula Pineal[45]. A ciência médica não sabe quase nada a seu respeito nem de outras glândulas do Corpo.

Diagrama 17 – Caminho das Forças Sexuais não empregada

A ciência chama à Glândula Pineal[46] “terceiro olho atrofiado”. Nenhum daqueles órgãos está se atrofiando. Isto é um manancial de perplexidades para os cientistas. A Natureza nada conserva inútil. Em todo o Corpo encontramos órgãos em desenvolvimento ou em atrofia. Sendo estes assim como marcos milenários no caminho seguido pelo ser humano até o seu estado atual de desenvolvimento, indicando futuros aperfeiçoamentos e desenvolvimentos. Por exemplo, os músculos que os animais empregam para mover a orelha existem também no ser humano. Muitas poucas pessoas podem movê-los, estão atrofiando. O coração pertence à classe dos que indicam desenvolvimento futuro. Como já indicamos, está a converter-se num músculo voluntário.

O Corpo Pituitário[47] e a Glândula Pineal pertencem a outra classe de órgãos, que atualmente não degeneram nem se desenvolvem: estão adormecidos.

Num passado remoto, o ser humano estava em contato com os mundos internos, e esses órgãos eram o meio de ingresso. Estavam relacionados com o Sistema Nervoso simpático ou involuntário. No Período Lunar, última parte da Época Lemúrica e primeira da Atlante, o ser humano via os mundos internos. As imagens se apresentavam a ele completamente independentes da sua vontade. Os centros dos sentidos do Corpo de Desejos giravam em direção contrária à dos ponteiros de um relógio (seguindo negativamente o movimento da Terra, que gira em torno do eixo, nessa direção) como atualmente os dos médiuns. Na maioria dos seres humanos esses centros são inativos, mas o desenvolvimento apropriado pô-los-á em movimento, na mesma direção em que giram os ponteiros de um relógio, com se explicou anteriormente. Essa é a parte difícil no desenvolvimento da clarividência positiva.

O desenvolvimento da mediunidade é muito mais fácil; é simples revivificação da função negativa que possuía o ser humano no antiquíssimo passado, pela qual o mundo externo refletia-se nele e cuja função era retida pela endogamia. Nos atuais médiuns essa faculdade é intermitente. Sem razão alguma aparente, podem “ver” umas vezes e outras não. Ocasionalmente, o intenso desejo do interessado permite ao médium pôr-se em contato com a fonte de informação que procura e nessas ocasiões vê corretamente. Contudo, nem sempre se porta honestamente. Tendo de pagar despesas de aluguel e outras, quando lhe falta o poder (sobre o qual não tem o menor domínio consciente) recorre à fraude e diz qualquer absurdo que lhe ocorra para satisfazer o cliente e não perder o dinheiro, desacreditando aquilo que noutras ocasiões realmente viu.

O Aspirante à verdadeira visão e discernimento espiritual deve, antes de tudo, dar provas de desinteresse. O clarividente idôneo não tem “dias livres” nem, de nenhum modo, é como um espelho negativo, dependente dos reflexos que de qualquer forma o possam atingir. Em qualquer momento, pode olhar e ver os pensamentos e planos dos demais, sempre que dirija sua atenção especialmente para isso.

É fácil de compreender o grande perigo que traria à sociedade o uso indiscriminado desse poder, se estivesse em mãos de qualquer indivíduo, visto que por meio dele, podem ser lidos os mais secretos pensamentos. O Iniciado, pelo voto mais solene, obriga-se a não empregar jamais esse poder para servir seus interesses individuais, sequer em grau mínimo, nem para salvar-se de qualquer dor ou tormento. Pode dar de comer a cinco mil pessoas, se o deseja, mas não pode converter uma pedra em pão para aplacar a própria fome. Pode curar os outros da paralisia ou da lepra, mas não pode usar a Lei do Universo para curar suas próprias feridas mortais. Está ligado a um voto de absoluto desinteresse e, por isso, é sempre certo que o Iniciado, ainda que possa salvar os outros, não pode salvar-se.

O clarividente educado, o que realmente tem algo a dar, não aceitará jamais nenhum donativo ou qualquer compensação para exercer sua faculdade. Contudo, dará e dará desinteressadamente, tudo o que considere necessário ou compatível com o destino gerado ante a Lei de Consequência pela pessoa a quem vá ajudar.

Usa-se a clarividência desenvolvida para investigar os fatos ocultos. É a única que serve realmente para esse objetivo. Portanto, o Estudante deve sentir um desejo santo e desinteressado de ajudar a humanidade e não um desejo de satisfazer uma tola curiosidade. Enquanto esse desejo superior não exista, não se pode fazer progresso algum em direção à clarividência positiva.

Nas idades transcorridas desde a Época Lemúrica, a humanidade construiu, gradualmente, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, o qual está sob o controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, o sistema já estava tão desenvolvido que foi possível ao Ego tomar posse plena do Corpo Denso. Isto, como já foi descrito, efetuou-se quando o ponto do Corpo Vital se pôs em correspondência com o ponto da raiz do nariz do Corpo Denso. O espírito interno despertou para o Mundo Físico, e a maior parte da humanidade perdeu a consciência dos mundos internos.

Desde esse tempo, a conexão entre a Glândula Pineal, o Corpo Pituitário e o Sistema Nervoso cérebro-espinhal foi se realizando lentamente e já quase está completa.

Para voltar a obter o contato com os mundos internos tudo se resume em despertar de novo o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal. Quando isto se realizar o ser humano possuirá novamente a faculdade de perceber os mundos superiores, porém em mais alto grau do que antes, porque estará em conexão com o Sistema Nervoso Voluntário e, portanto, sob o domínio da vontade. Essa faculdade de percepção abrir-lhe-á todas as fontes do conhecimento. Comparados com estes meios de adquirir conhecimento, todos os demais métodos de investigação não são mais do que brinquedos de crianças.

O despertar desses órgãos efetua-se por meio da educação ou treinamento esotérico, que agora descreveremos, tanto quanto se possa fazer publicamente.

Treinamento Esotérico

Na maioria dos seres humanos, a maior parte da força sexual que, de modo legítimo, deve ser usada pelos órgãos da geração, emprega-se na gratificação dos sentidos. Nesses seres humanos há muito pouca corrente ascendente (Diagrama 17).

Quando o Aspirante à vida domina cada vez mais esses excessos e dedica sua atenção a pensamentos e esforços espirituais, o clarividente educado pode verificar que a força sexual não utilizada começa a subir. Ao subir, em volume cada vez maior, segue o caminho indicado pelas flechas no Diagrama 17, atravessa o coração e a laringe, ou a medula espinhal e a laringe, ou a ambos ao mesmo tempo, passando diretamente entre o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal para o ponto obscuro da raiz do nariz, onde o “Vigilante Silencioso”, o mais elevado espírito, tem Seu templo.

Essas correntes não seguem um dos caminhos com exclusão do outro. Geralmente, seguem pelos dois, passando um volume maior de corrente sexual por um deles, de acordo com o temperamento do Aspirante. Nos que procuram a iluminação seguindo linhas puramente intelectuais, a corrente sexual passa especialmente sobre a medula espinhal e a parte menor segue o caminho que passa pelo coração. No místico, que antes “sente” do que conhece, essas correntes seguem preferivelmente o caminho que passa pelo coração.

Seguindo essas vias, o intelectual e o místico desenvolvem-se anormalmente. Para completar-se plenamente, cada um terá que dedicar sua atenção ao desenvolvimento daquilo que antes descuidou. O objetivo dos Rosacruzes é dar ensinamentos que satisfaçam a ambas as classes, se bem que os seus esforços principais se dirijam às Mentes muito desenvolvidas, de maior necessidade.

Essas correntes, em si mesmas, ainda que assumissem as proporções de um Niágara, e fluíssem até o sinal do dia de juízo, seriam inúteis se fossem tão só um complemento. Elas são prévio requisito para o trabalho consciente nos mundos internos e, por isso, dever ser cultivadas em alguma extensão antes de começar o verdadeiro treinamento esotérico. Durante certo tempo, é indispensável ao Aspirante uma vida moral, dedicada a pensamentos espirituais, antes de ser possível começar o trabalho que proporcionará o conhecimento direto dos domínios suprafísicos e o habilitará a converter-se, no sentido mais elevado, num auxiliar da humanidade.

Quando o candidato tenha vivido desse modo o tempo suficiente para estabelecer a corrente de força espiritual, está apto e capacitado para receber instruções esotéricas. São fornecidos a ele, então, alguns exercícios para pôr em vibração a glândula pituitária. Essa vibração faz a glândula pituitária chocar e desviar ligeiramente a linha de força mais próxima (Diagrama 17). Esta se choca com a próxima, e o processo continua até que a força da vibração se esgota. Isto se efetua de maneira parecida ao tocar-se uma nota num piano: ela produzirá certo número de sons harmônicos, a intervalos apropriados, os quais, por sua vez, farão vibrar as cordas correspondentes do piano.

Quando a vibração crescente do Corpo Pituitário desvia suficientemente as linhas de força e estas alcançam a Glândula Pineal, realiza-se o objetivo procurado: estabelece-se uma ponte entre ambos os órgãos. É a ponte entre o Mundo dos Sentidos e o Mundo do Desejo. Construída essa ponte, o ser humano torna-se clarividente e pode dirigir seu olhar à vontade. Os objetos sólidos podem ser vistos por dentro e por fora porque o espaço e a densidade deixaram de serem para ele obstáculos para a observação.

Não é ainda um clarividente exercitado, ou educado, mas é clarividente à vontade, um clarividente voluntário. É uma faculdade muito diferente da do médium, geralmente um clarividente involuntário, isto é, que só pode ver o que se lhe apresenta e que, no melhor dos casos, pouco mais tem além da mera faculdade negativa. Construída essa ponte, a pessoa estará sempre certa de poder pôr-se em contato com os mundos internos, estabelecendo ou rompendo à vontade a conexão com eles. Gradualmente, o observador aprende a dirigir a vibração do Corpo Pituitário, de maneira a poder pôr-se em contato com qualquer das regiões dos mundos internos que deseje examinar. A faculdade está sob completo domínio da sua vontade. Não é necessário pôr-se em transe, ou fazer algo anormal para elevar sua consciência até o Mundo do Desejo. Basta-lhe somente querer ver, e vê.

Como já indicamos no começo desta obra, o neófito deve aprender a ver no Mundo do Desejo ou, melhor dito, deve aprender a interpretar ou compreender o que vê ali. No Mundo Físico os objetos são densos, sólidos e sua forma não muda instantaneamente. No Mundo do Desejo, as formas mudam da maneira mais fugaz e instável. Isto é manancial de confusões sem conta para o clarividente involuntário e negativo e até mesmo para o neófito que nele penetra sob a direção de um instrutor. Porém, os ensinamentos do instrutor cedo colocam o discípulo em condições de perceber a Vida que produz a mudança nas formas e, assim, o discípulo, conhecendo a razão da instabilidade não dá atenção a isso.

Há também outra distinção importantíssima a fazer. O poder de perceber os objetos de um mundo não é idêntico ao poder de agir dentro dele. O clarividente voluntário pode ter recebido algum treinamento e distinguir o verdadeiro do falso no Mundo do Desejo. No entanto, é uma condição parecida à de um prisioneiro atrás da janela gradeada que o separa do mundo externo: pode vê-lo, mas não pode funcionar nele.

Portanto, a educação ou treinamento esotérico abre a visão interna do Aspirante. Há seu tempo, receberá exercícios que organizarão um veículo capaz de funcionar nos mundos internos de maneira perfeitamente consciente.

Como os Veículos Internos são construídos

Na vida comum a maioria das pessoas vive para comer, beber e satisfazer sua paixão sexual da maneira mais desenfreada, perdendo a cabeça à menor provocação. Ainda que na aparência tais pessoas possam ser bastantes “respeitáveis”, quase todos os dias produzem a maior confusão em seu organismo. O período do sono é totalmente utilizado pelos Corpos Vital e de Desejos para repararem os estragos produzidos durante o dia, não sobrando nenhum tempo para trabalho externo de qualquer natureza. Porém, conforme o indivíduo comece a sentir necessidade da vida superior, de controlar a força sexual e o temperamento, e de cultivar uma disposição serena, produzem-se menos perturbações nos veículos durante as horas de vigília, tornando-se menor o tempo de sono necessário para reparar os desgastes. Assim, torna-se possível abandonar o Corpo Denso por longos períodos nas horas dedicadas a dormir, e funcionar nos mundos internos nos veículos superiores. Como o Corpo de Desejos e a Mente não estão ainda organizados, eles são inúteis como veículos separados de consciência. Nem o Corpo Vital pode abandonar o Corpo Denso, pois isto produziria a morte. Portanto, é evidente que deve haver algum meio de prover-se um veículo organizado que seja fluídico, e construído de tal modo que satisfaça às necessidades do Ego nos mundos internos, assim como o Corpo Denso as satisfaz no Mundo Físico.

O Corpo Vital é um veículo organizado para isso, de modo que se encontrássemos um meio de poder separá-lo do Corpo Denso sem causar a morte, o problema estaria resolvido. Além disso, o Corpo Vital é a sede da memória, sem a qual seria impossível trazer de volta, à nossa consciência física, as lembranças das experiências suprafísicas e delas obtermos todo o benefício.

Recordemos que os Hierofantes dos antigos Templos dos Mistérios segregavam das castas e tribos alguns indivíduos, tais como os Brâmanes e os Levitas, com o objetivo de proporcionar Corpos para os Egos suficientemente avançados, prontos para a Iniciação. Isto se efetuava de tal maneira que o Corpo Vital se separava em duas partes, conforme era o Corpo de Desejos de toda a humanidade no começo do Período Terrestre. Quando o Hierofante retirava os discípulos dos seus Corpos, deixava uma parte do Corpo Vital, compreendendo o primeiro e o segundo Éteres, para realizar as funções, puramente, animais (as únicas ativas durante o sono). O discípulo levava então consigo um veículo capaz de percepção, dada a sua conexão com os centros sensoriais do Corpo Denso, e também de recordar. Possuía tais capacidades porque se compunha dos terceiro e quarto Éteres, os meios da percepção sensorial e da memória.

Essa é, pois, de fato, a parte do Corpo Vital que o Aspirante retém vida após vida, e que imortaliza como Alma Intelectual.

Desde que Cristo veio e “limpou os pecados do mundo”[48] (não os do indivíduo), purificando o Corpo de Desejos do nosso Planeta, a conexão entre os Corpos Denso e Vital de todos os seres humanos foram afrouxados, e a tal ponto que, pelo exercício, são capazes de separar-se na forma acima descrita. Portanto, a Iniciação está aberta para todos.

A parte mais sutil do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, é capaz de separação na maioria das pessoas (em realidade ela já possuía essa capacidade antes da vinda de Cristo). Assim, por meio da concentração e do emprego de fórmula apropriada, as partes mais sutis dos veículos foram isoladas para serem empregadas durante o sono ou em qualquer outra hora, deixando as partes inferiores dos Corpos Vital e de Desejos encarregadas dos processos de restauração do veículo denso, a parte simplesmente animal.

Essa parte do Corpo Vital que sai está altamente organizada, como vimos. É a exata contraparte do Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente não estão organizados, são úteis unicamente porque estão ligados ao altamente organizado Corpo Denso. Quando separados desse são instrumentos muito pobres. Por isso, antes que possa separar-se do Corpo Denso, o ser humano precisa despertar os centros sensoriais do Corpo de Desejos.

Na vida corrente o Ego está dentro de seus Corpos, dirigindo suas forças para o exterior. Toda a vontade e energia humanas estão empenhadas na tarefa de dominar o mundo externo. Em nenhum momento ele é capaz de livrar-se das impressões do ambiente externo e trabalhar livremente sobre si mesmo nas horas de vigília. Porém durante o sono, quando se apresenta essa oportunidade, porque o Corpo Denso perde a consciência do mundo, o Ego fica fora dos seus Corpos. Se o ser humano tiver que agir sobre os seus veículos, há de ser quando esteja alheio ao mundo externo, como no sono, contanto que o espírito permaneça dentro e no pleno controle de suas faculdades, como sucede nas horas da vigília. Enquanto não obtiver esse estado é impossível ao Espírito atuar internamente e sensibilizar devidamente os seus veículos.

Tal estado é a concentração. Quando a pessoa nela se submerge, seus sentidos ficam inativos, aparentemente na mesma condição que no sono profundo, se bem que o espírito permanece dentro, plenamente consciente. A maioria das pessoas já experimentou esse estado, pelo menos em certo grau, quando absorvidas na leitura de algum livro. Em tais ocasiões vivem as cenas descritas pelo autor, e perdem toda noção do seu ambiente. São insensíveis a todo som, às palavras que lhes dirigem e a tudo que as rodeia. Contudo, estão plenamente conscientes do que leem do mundo invisível criado pelo autor, vivendo neles e sentindo o bater dos corações dos diferentes personagens da narrativa. Não estão independentes, mas sim ligados à vida que alguém criou para elas no livro.

O Aspirante à vida superior cultiva a faculdade de absorver-se à vontade em qualquer assunto que escolha, ou melhor, geralmente não num assunto, mas num simples objeto que ele mesmo imagine. Desta maneira, quando alcança a condição apropriada ou ponto de absorção, quando seus sentidos ficam completamente cerrados, ele concentra seus pensamentos sobre os diferentes centros sensoriais do Corpo de Desejos e estes começam a girar.

A princípio o movimento é lento e laborioso, mas gradualmente esses centros sensoriais do Corpo de Desejos preparam seus próprios lugares dentro dos Corpos Denso e Vital, e estes por si aprendem essa nova atividade. Então algum dia, quando uma vida apropriada tenha produzido a desejada separação entre as partes superior e inferior do Corpo Vital, por um supremo esforço de vontade num movimento espiral de várias direções, o Aspirante vê-se fora do seu Corpo Denso. Nesse momento ele o olha como se olhasse outra pessoa. Está, pois, aberta a porta da sua casa-prisão. É livre para ir e vir, tanto nos mundos internos como no Mundo Físico, funcionando à vontade em ambos, para ajudar a quem precise em quaisquer deles.

Antes de aprender a deixar o Corpo voluntariamente, o Aspirante deve preparar o Corpo de Desejos durante o sono, posto que em algumas pessoas esse Corpo se organiza antes que a separação do Corpo Vital possa ser efetuada. Sob tais circunstâncias é impossível trazer de volta à consciência de vigília essas experiências subjetivas. Contudo, em casos tais, e como primeiro sinal de desenvolvimento, geralmente se nota que todos os sonhos confusos cessam. Então, após algum tempo, os sonhos tornar-se-ão mais vívidos e perfeitamente lógicos. O Aspirante sonhará com lugares e pessoas (conhecidas ou não, nas horas de vigília, pouco importa), conduzindo-se de forma razoável como se estivesse desperto. Se o lugar com que sonhou lhe for acessível, quando desperto, da realidade do sonho, poderá obter provas no dia seguinte se tiver anotado algum detalhe físico da cena.

A seguir descobrirá que pode, durante o sono, visitar qualquer lugar sobre a superfície da Terra e estudá-lo muito melhor do que se lá tivesse ido em seu Corpo Denso, pois em seu Corpo de Desejos ele pode entrar em todos os lugares, a despeito de portas e fechaduras. Se persistir, dia chegará finalmente em que não precisará esperar o sono para desfazer a ligação entre os seus veículos, mas poderá libertar-se deles conscientemente.

Instruções específicas para libertar os veículos superiores não podem ser dadas indiscriminadamente. A separação não se efetua por uma fórmula de palavras, mas sim por um ato de vontade, se bem que a maneira como se há de dirigir a vontade seja individual e só possa ser indicada por um instrutor competente. Como qualquer outra informação esotérica esta jamais se vende, mas alcança o discípulo como resultado de sua qualificação para recebê-la. Tudo que podemos fazer é dar algumas indicações sobre os primeiros passos que conduzem à aquisição da faculdade da clarividência voluntária.

O tempo mais favorável para exercitá-la é imediatamente ao despertar, pela manhã, antes que as preocupações e os cuidados da vida diária se apoderam da Mente. Tendo nesse momento acabado de deixar os mundos internos, a facilidade de voltar a pôr-nos em contato com eles é maior do que em qualquer outra hora do dia. Não precisamos nos vestir ou sentar na cama, mas relaxar o Corpo perfeitamente, permitindo ao exercício ser o primeiro pensamento do dia. Relaxamento não significa apenas uma posição confortável. Se os músculos se mantiverem tensos, em expectativa, isso por si frustra o objetivo, porque nestas condições o Corpo de Desejos está pressionando os músculos. E não pode ser de outra maneira, até que acalmemos a Mente.

Concentração

A primeira prática a efetuar-se é a fixação do pensamento em um ideal e assim mantê-lo, sem permitir que se desvie. Tarefa sumamente difícil, ela deve ser realizada regularmente pelo menos até que se possa alcançar algum progresso. O pensamento é o poder que empregamos na formação de imagens, cenas, pensamentos-formas, de acordo com as ideias internas. É o nosso poder principal, e temos de aprender a mantê-lo sob nosso absoluto controle de modo a produzirmos não absurdas ilusões induzidas pelas circunstâncias exteriores, mas sim imaginações verdadeiras geradas pelo espírito, internamente. (Veja o Diagrama 1).

Os céticos dirão que tudo é imaginação, mas, como já vimos antes, se o inventor não imaginasse o telefone, etc., não possuiríamos tais coisas. De modo geral suas imaginações não foram corretas ou certas no início. Se o tivessem sido, os inventos teriam funcionado com todo o êxito desde o princípio, sem aqueles muitos fracassos e experiências aparentemente inúteis que quase sempre precedem o aparecimento de um instrumento ou máquina utilitária e prática. Tampouco é correta a princípio a imaginação do ocultista novato. A única maneira de imaginar-se corretamente é conseguida pela prática ininterrupta, dia após dia, exercitando-se o pensamento, pela vontade, a manter-se enfocado sobre um assunto, objeto ou ideia, excluindo tudo o mais. O pensamento é um grande poder que costumamos desperdiçar. Permitimo-lo fluir sem qualquer objetivo, do mesmo modo que a água se despeja no precipício sem aproveitamento na movimentação de uma turbina.

Os raios do Sol difundidos sobre a superfície da Terra produzem apenas um calor moderado. Contudo, se alguns poucos forem concentrados através de uma lente, serão capazes de produzir fogo no ponto focal.

A força do pensamento é o meio mais poderoso para obter-se conhecimento. Se for concentrada sobre um assunto, abrirá caminho através de qualquer obstáculo e resolverá o problema. Possuindo-se quantidade necessária de energia mental, nada existe que esteja além do poder da compreensão humana. Enquanto a desperdiçamos, é uma força de pouca utilidade, mas tão logo estejamos prontos a enfrentar as dificuldades para dominá-la, todo conhecimento poderá ser nosso.

Ouvimos com frequência pessoas exclamarem petulantemente: “Oh! Não posso pensar em cem coisas ao mesmo tempo! “. Na realidade era exatamente isso o que estavam fazendo e que lhes causou o aborrecimento de que se queixam. As pessoas vivem pensando constantemente em cem coisas diferentes daquela que têm em mãos. Todo êxito é alcançado através da concentração persistente no objetivo desejado.

Isto é algo que o Aspirante à vida superior deve aprender positivamente. Não há outro caminho. A princípio se achará pensando em tudo quanto há debaixo do Sol, ao invés de pensar no Ideal sobre o qual tenha decidido concentrar-se, mas isso não deve desanimá-lo. Com o tempo verá que já é mais fácil cerrar os sentidos e manter firmemente os pensamentos. Persistência, persistência, sempre PERSISTÊNCIA e vencerá por fim. Sem ela, entretanto, não pode esperar resultado algum. Não será de nenhuma utilidade fazer os exercícios duas ou três manhãs ou semanas, e deixar de fazê-los por outro tanto tempo. Para serem eficazes devem ser praticados fiel e ininterruptamente todas as manhãs.

Escolha-se qualquer assunto, de acordo com o temperamento e convicções do Aspirante, contanto que seja puro e consiga elevar a Mente em sua tendência. Uns concentram-se em Cristo; outros, que tenham predileção por flores, encontrarão mais facilidade tomando-as como assunto da concentração. O objeto em si pouco importa, mas qualquer que seja, precisa ser imaginado vivente em todos os pormenores. Se for o Cristo, devemos imaginar um Cristo real, movendo-se: vida em Seus olhos, e uma expressão não petrificada ou morta. Devemos, enfim, construir um ideal vivente, não uma estátua. Se for uma flor, imaginemos que plantamos a semente no solo, fixando bem nossa Mente sobre ela. Observemos a seguir o seu desenvolvimento, ao deitar raízes que penetram na Terra em forma espiral. Das raízes principais vejamos sair miríades de pequenas raízes ramificando-se em todas as direções. Então o caule começa a surgir, rompendo a superfície da terra, aparecendo como uma pequenina haste verde. Cresce mais: surge um botão, e dois pequenos raminhos brotam do talo. Continua crescendo, outro jogo de raminhos aparece, e desse brotam pedúnculos com folhinhas. Surge um botão na ponta que cresce até abrir-se, dele surgindo uma formosa rosa vermelha por entre o verde das folhas. Esta continua a desabrochar, exalando delicioso perfume que sentimos perfeitamente como se chegasse até nós, trazido pela balsâmica brisa estival que balança suavemente a bela criação ante nossos olhos mentais.

Só quando “imaginamos” do modo acima, sem sombras ou aparência vaga, mas clara e distintamente, é que penetramos no espírito da concentração.

Os que têm viajado pela Índia falam-nos de faquires que mostram uma semente, plantam-na e a planta cresce rapidamente ante os olhos atônitos das testemunhas, produzindo frutos que o viajante pode provar. Isto resulta de uma concentração tão intensa que o quadro se torna visível, não somente para o próprio faquir, mas também para os espectadores. Recordamo-nos do caso em que os membros de uma comissão científica viram essas coisas maravilhosas com seus próprios olhos, e sob condições tais que toda prestidigitação era impossível, mas as fotografias obtidas enquanto se efetuavam as experiências nada mostraram de extraordinário. Nem havia a menor impressão nas chapas sensíveis, pois não existiam objetos materiais concretos.

As imagens produzidas pelo Aspirante serão a princípio obscuras e de fraca semelhança, mas depois, pela concentração, poderá evocar imagens mais reais e viventes do que as coisas do Mundo Físico.

Quando o Aspirante estiver apto a formar tais imagens, e já conseguindo manter a Mente sobre as imagens assim criadas, poderá tentar o desaparecimento súbito da imagem, mantendo a Mente firme, sem pensamento algum, esperando o que possa surgir nesse vazio.

Talvez nada apareça durante muito tempo, mas o Aspirante deve ter o cuidado de não criar visões por si mesmo. Se a prática for seguida fiel e pacientemente todas as manhãs, chegará o dia em que no momento que faça desaparecer a imagem, o Mundo do Desejo que o rodeia abrir-se-á aos seus olhos internos como num relâmpago. A princípio pode não ser mais do que um mero vislumbre, contudo não deixa de ser um sinal daquilo que virá mais tarde, sempre que o deseje.

Meditação

Tendo praticado a Concentração durante algum tempo, enfocando a Mente sobre um objeto simples, construindo um pensamento-forma vivente por meio da faculdade imaginativa, o Aspirante pode aprender pela Meditação tudo o que se refere ao objeto assim criado.

Suponhamos que o Aspirante evocou, na Concentração, a imagem do Cristo. É muito mais fácil reproduzir em meditação os incidentes de Sua vida, Seus sofrimentos e Sua ressurreição, porém muito mais pode ser aprendido pela Meditação. Um conhecimento jamais sonhado inundará a alma com uma luz gloriosa. É melhor praticar com algo que não desperte tanto interesse e não sugira nada de maravilhoso. Procure descobrir tudo o que se refere, digamos, a um fósforo ou a uma mesa comum.

Quando a imagem da mesa se formar com precisão na Mente, pense na espécie de madeira de que é feita e de onde veio. Volte até ao tempo em que, como delicada semente, caiu na terra do bosque, desenvolvendo-se depois na árvore da qual a madeira foi cortada. Observe-a crescer, ano após ano, coberta pelas neves do inverno e acalentada pelo Sol estival, crescendo continuamente enquanto as raízes penetram incessantemente na terra. A princípio é um tenro broto, balançado pela brisa. Depois, um arbusto que gradualmente cresce e se torna cada vez mais alto, buscando o ar e os raios do Sol. Com o passar dos anos a copa e o tronco tornam-se cada vez maiores. Por fim chega o lenhador, com seu machado e serra brilhando aos raios do Sol invernal. A árvore é derrubada e despojada da ramagem, ficando só o tronco que logo é cortado em toras e arrastado pelos caminhos gelados para a margem do rio. Ali tem que esperar a primavera, quando a neve derretida aumenta a correnteza. Faz-se um grande amarrado de toras, entre as quais estão os pedaços da nossa árvore. Conhecendo todas as suas pequenas peculiaridades, reconhecemo-la imediatamente entre milhares de outras, tão claramente temo-la gravado em nossa Mente! Seguimos o curso da balsa pela correnteza, observando as paisagens e familiarizando-nos com os homens que cuidam da balsa e dormem em pequenas barracas sobre a carga flutuante. Por fim, vemo-la chegar a uma serraria. Então, uma a uma as toras são presas a uma cadeia sem fim e içadas da água. Aqui vem uma das nossas toras, de cuja parte mais larga será feito o tampo da nossa mesa. É erguida com alavancas pelos homens e arrastada para o galpão. Ouvimos o ávido chiado das grandes serras circulares. Giram tão rapidamente que parecem torvelinhos aos nossos olhos. A tora, posta sobre um carro, é conduzida a uma dessas serras, e num momento os dentes penetram na madeira, dividindo-a em tábuas e pranchas. Algumas madeiras são separadas para formar parte de algum edifício, mas as melhores são levadas às fábricas de móveis. Metidas em estufas, são secadas pelo vapor para não empenarem depois de feito o móvel. Depois são alisadas por uma grande plaina, provida de muitas lâminas afiadas. Finalmente são cortadas em diversos tamanhos e coladas, para formar os tabuleiros das mesas. As pernas são torneadas das peças mais grossas e encaixadas na armação que suporta o tabuleiro. A seguir todo o móvel é alisado novamente com papel-lixa, envernizado e polido, ficando assim acabada, em todos os seus pormenores. Por último é enviada à loja junto com outros móveis, onde a compramos. Transportada para nossa casa, deixamo-la na sala de jantar.

Dessa maneira, por meio da meditação, familiarizamo-nos com os vários ramos da indústria, necessários para converter uma árvore da floresta numa peça de mobiliário. Observamos todas as máquinas, os homens e as peculiaridades dos diferentes lugares. Até seguimos o processo da vida que fez surgir a árvore da delicada semente, e aprendemos que atrás de toda aparência, por simples que seja, há uma grande e absorvente história interessante. Um alfinete; o fósforo com que ascendemos o gás; o próprio gás; e o aposento em que acendemos o gás; tudo tem histórias muito interessantes que vale a pena aprender.

Observação

Um dos mais importantes auxílios ao Aspirante que se esforça é a observação. A maioria das pessoas atravessa a vida quase às cegas. É, literalmente, certo dizer delas: “têm olhos e não veem… têm ouvidos e não ouvem”[49]. Na maior parte da humanidade há uma deplorável falta de observação.

Até certo ponto, muitas pessoas podem desculpar-se pela sua falta de visão normal. A vida urbana tem causado inúmeros danos aos olhos. No campo a criança aprende a usar os músculos dos olhos em toda a extensão, relaxando-os ou contraindo-os, conforme seja necessário para ver objetos a distâncias consideráveis ao ar livre ou ao alcance da mão, dentro e fora de casa. Contudo, o filho das cidades vê praticamente todas as coisas de perto, e os músculos dos seus olhos raramente são empregados para observar objetos a grandes distâncias. Por conseguinte, essa faculdade se perde em grande parte, resultando disso a miopia e outros problemas da visão.

É muito importante que o Aspirante à vida superior possa ver todas as coisas ao redor de si de maneira clara, nítida, distinta, em todos os pormenores. Para os que sofrem da vista, o uso de lentes é como o abrir-se um mundo novo à sua frente. Em vez da anterior nebulosidade, tudo é visto clara e definidamente. Se a condição da visão requer o emprego de dois focos, não deve a pessoa contentar-se com dois pares de óculos, um para as coisas próximas e outro para as distantes, que obrigam a mudanças frequentes. Não somente porque as mudanças são incômodas, mas também porque se pode esquecer um dos pares ao sair de casa. Podem-se ter os dois focos num só par de lentes bifocais, e esses são os que devem ser usados para facilitar a observação dos pormenores.

Discernimento

Quando o Aspirante tiver cuidado de sua visão, deve observar sistematicamente todas as coisas e todas as pessoas, e tirar conclusões dos fatos a elas relacionadas, a fim de cultivar a faculdade do raciocínio lógico. A lógica é o melhor instrutor no Mundo Físico, assim como é o guia mais seguro em qualquer Mundo.

Quando se pratica esse método de observação, é necessário ter bem presente que deve ser empregado exclusivamente para agrupar fatos, não com o propósito de criticar, nem que seja por brincadeira. A crítica construtiva, que assinala os defeitos e o modo de remediá-los, é à base do progresso. Contudo, a crítica destrutiva, sem nenhuma finalidade superior, que destrói de modo vandálico tudo quanto toca de bom ou de mau, é uma úlcera do caráter que deve ser extirpada. As conversações frívolas e os mexericos são estorvos, obstáculos. Se bem que não é necessário dizer que o branco é negro, e dissimular que não se vê a má conduta alheia. A crítica sempre deve ser feita com propósitos de ajudar, não com o de manchar, irresponsavelmente, o caráter do nosso próximo quando nele encontramos alguma pequena nódoa. Relembrando a parábola do argueiro e da trave, voltemos nossa impiedosa crítica contra nós mesmos. Ninguém é tão perfeito que não necessite melhorar. Quanto mais impecável é o ser humano menos se inclina a encontrar faltas nos demais e atirar a primeira pedra nos outros. Ao assinalarmos alguma falta e indicarmos o meio de corrigi-la, devemos fazer isso impessoalmente. Procuremos sempre o bem que se acha oculto em tudo. O cultivo desta atitude de discernimento é especialmente importante.

Quando o Aspirante ao conhecimento direto, tendo praticado os exercícios de concentração e de meditação durante algum tempo, neles se torna razoavelmente proficiente, deve dar um passo mais elevado.

Vimos que a concentração consiste em enfocar o pensamento num só objeto. É o meio pelo qual construímos uma imagem clara, objetiva e vivente da forma, acerca da qual desejamos adquirir conhecimento.

Meditação é o exercício pelo qual seguimos a história desse objeto, pondo-nos em relação com todos os pormenores a ele relativos e ao mundo em geral.

Esses dois exercícios mentais relacionam-se, da maneira mais profundamente imaginável, com as coisas. Conduzem a um estado mais elevado, penetrante e sutil de desenvolvimento mental, que se refere à alma das coisas.

O nome desse estado é Contemplação.

Contemplação

Diferentemente da Meditação, na Contemplação não é necessário esforço de pensamento ou de imaginação para conseguir-se a informação desejada. Esse exercício consiste simplesmente em mantermos o objeto ante a visão mental e deixar que a alma dele nos fale. Repousando tranquilamente num divã ou na cama – não de modo negativo, mas completamente alerta – esperamos a informação que virá com certeza, se já alcançamos o devido grau de desenvolvimento. Então a Forma do objeto parece desvanecer-se, passamos a ver unicamente a Vida em atividade. A Contemplação ensinar-nos-á tudo relativamente ao aspecto da Vida, assim como a Meditação nos ensinou tudo sobre a Forma.

Quando alcançamos esse estado, e pomos diante de nós, por exemplo, uma árvore na floresta, nós perdemos de vista a forma por completo e só veremos a Vida, que nesse caso é o Espírito-Grupo. Descobrimos então, para nosso assombro, que o Espírito-Grupo da árvore inclui os diversos insetos que dela se alimentam. Assim, tanto o parasita quanto o tronco em que ele se prende são emanações do mesmo Espírito-Grupo, pois quanto mais subimos nos domínios do invisível menos formas separadas e distintas encontramos, e mais completamente a Vida Una predomina, e imprime no investigador a noção suprema de que não há senão Uma Vida – a Vida Universal de Deus, em Quem realmente “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Os minerais, as plantas, os animais e o ser humano – todos sem exceção – são manifestações de Deus, e esse fato fornece a verdadeira base da fraternidade, uma fraternidade que inclui tudo, desde o átomo até o Sol, porque todos são emanações de Deus. Fracassaria o conceito de fraternidade que se baseasse em outro princípio qualquer, como o: das distinções de classes, das afinidades de raça ou de ofício, etc. O ocultista compreende claramente que a Vida Universal flui em tudo que existe.

Adoração

Quando, por meio da Contemplação, se alcança esta altura, isto é, quando o Aspirante compreende que de fato ele contempla Deus na vida que tudo compenetra, deve dar um passo ainda mais elevado e atingir a Adoração. Através desse exercício ele se une à fonte de todas as coisas, alcançando assim a maior altura possível de realização pelo ser humano, até que chegue o tempo em que essa união se torna permanente, ao fim do Grande Dia de Manifestação.

É opinião do autor que nem as alturas da Contemplação nem o passo final da Adoração podem ser alcançados sem a ajuda de um Mestre. O Aspirante nunca deve temer que, por falta de um Mestre, seu progresso seja retardado. Nem necessita preocupar-se em procurar um Mestre. Tudo o que precisa fazer é começar a aperfeiçoar-se, e continuar nesse trabalho diligente e persistentemente. Desse modo purificará seus veículos, que começarão a brilhar nos Mundos internos. Esse brilho não pode deixar de atrair a atenção dos Mestres, os quais, sempre atentos a tais casos, estão ansiosos e contentes por ajudar aqueles que, por seus sinceros esforços de purificação, adquiriram o direito de receber ajuda. A humanidade está duramente necessitada de auxiliares que possam trabalhar nos mundos internos. Portanto, “buscai e achareis”[50]. Contudo, não se imagine que a procura consiste em andar passando de um Mestre para outro. “Procurar”, no sentido da palavra, nada significa para esse mundo tenebroso. Nós mesmos é que temos de acender a luz – a luz que seguramente irradia dos veículos do Aspirante diligente. Essa é a estrela que nos conduzirá ao Mestre, ou melhor, que conduzirá o Mestre até nós.

O tempo necessário para se alcançar resultados por meio dos diversos exercícios varia de indivíduo para indivíduo, e depende da sua aplicação, grau de desenvolvimento e dos seus registros no Livro do Destino, pelo que não se pode estabelecer um tempo-padrão. Alguns, que já estão quase prontos, obtêm resultados em poucos dias ou semanas. Outros têm que trabalhar durante meses, anos e talvez durante uma vida inteira, sem obter resultados visíveis. Não obstante, os resultados são uma realidade, de modo que se o Aspirante persistir fielmente obterá algum dia, nesta ou em futura vida, a recompensa de sua paciência e fidelidade: os Mundos internos abrir-se-ão aos seus olhos, tornando-se cidadão de Reinos onde as oportunidades são imensamente maiores do que no Mundo Físico somente.

Daí em diante – desperto ou adormecido, através de tudo que o ser humano chama vida e de tudo o que chama morte – sua consciência será ininterrupta. Levará uma vida de consciência contínua, beneficiando-se de todas as condições que permitem um avanço mais rápido para posições cada vez mais elevadas, e a empregará na elevação da humanidade.

CAPÍTULO XVIII – A Constituição da Terra e Erupções Vulcânicas

Mesmo entre os cientistas ocultistas, a investigação da misteriosa constituição da Terra é considerada um problema dos mais difíceis. Todo cientista ocultista sabe que é muito mais fácil investigar detalhada e profundamente o Mundo do Desejo e a Região do Pensamento Concreto e trazer os resultados de tais investigações ao Mundo Físico, do que investigar completamente os segredos do nosso Planeta físico. Para consegui-lo plenamente é preciso haver passado pelos nove Mistérios Menores e pela primeira das Grandes Iniciações.

Os cientistas modernos sabem muito pouco sobre esse assunto. No que se referem aos fenômenos sísmicos, muitas vezes modificam suas teorias porque descobrem, constantemente, razões que tornam insustentáveis as hipóteses anteriores. Investigaram com minucioso e admirável cuidado a crosta externa, mas só até uma insignificante profundidade. Quanto às erupções vulcânicas, eles tentam compreendê-las do mesmo modo que procuram compreender qualquer outra coisa, isto é, de maneira puramente mecânica, descrevendo o centro da Terra como uma fornalha em ignição e concluindo que as erupções vulcânicas são causadas pela entrada acidental de água e outras explicações semelhantes.

Em certo sentido suas teorias têm algum fundamento, mas, como sempre, negligenciam as causas espirituais, que para o ocultista são as únicas reais. Para este, o mundo está longe de ser uma coisa “morta”. Pelo contrário, qualquer recanto e fenda são compenetrados pelo Espírito, o fermento que causa as mudanças tanto dentro como sobre o Planeta.

As diferentes espécies de quartzos, os metais, a disposição das várias camadas, tudo tem um significado muito maior do que aquilo que o investigador materialista jamais foi capaz de compreender. Para o cientista ocultista, o modo em que estes materiais estão dispostos é sumamente significativo. Nesse assunto, como em outro qualquer, a ciência oculta está para a ciência moderna assim como a fisiologia está para a anatomia.

A anatomia indica minuciosamente a posição de cada osso, músculo, ligamento, nervo etc.; suas posições relativas uns aos outros; e assim por diante; porém, não dá indicação alguma sobre o funcionamento das diferentes partes que compõem o Corpo. A fisiologia, por sua vez, indica não somente a posição e estrutura de todas as partes do Corpo, mas também sua função no Corpo.

Conhecer os diversos estratos da Terra e as posições relativas dos Planetas no firmamento, e não conhecer seu emprego e significado na vida e sua finalidade no Cosmos são tão inúteis quanto apenas conhecer as posições dos ossos, músculos, nervos etc., e não compreender as funções que desempenham na economia do Corpo.

O Número da Besta

Ante a visão do clarividente treinado, do Iniciado nos vários graus dos Mistérios, a Terra apresenta-se composta de camadas, à semelhança de uma cebola, cada camada ou estrato cobrindo outra. Há nove estratos e um núcleo central, dez no total. Tais estratos são revelados ao Iniciado gradualmente, um estrato em cada Iniciação, de modo que, ao final das nove Iniciações Menores domina todas as camadas, mas ainda não tem acesso aos segredos do núcleo central.

Em termos antigos esses nove passos são chamados “Mistérios Menores”. Levam o neófito, conscientemente, através de toda a sua evolução passada, ou seja, por meio de todas as atividades de sua existência involuntária, de modo que ele se torna capaz de compreender os meios e o significado da obra que efetuou, inconscientemente. A ele é mostrado como se constituíram as nove partes atuais (o Tríplice Corpo, a Tríplice Alma e o Tríplice Espírito); como as grandes Hierarquias Criadoras trabalharam sobre o Espírito Virginal, despertando nele o Ego e ajudando-o a formar o Corpo; também o trabalho que ele mesmo efetuou para, do Tríplice Corpo, extrair tanto da Tríplice Alma, como a que atualmente possui. Seguindo os nove estratos, é conduzido através dos nove graus que constituem os Mistérios Menores, um grau por vez.

O número nove é o número raiz do nosso presente estágio de evolução. Em nosso sistema tem um significado que nenhum outro número possui. É o número de Adão, a vida que começou sua evolução como ser humano e que alcançou o estado humano durante o Período Terrestre. Em hebraico, assim como em grego não há algarismos, porque cada letra exprime um valor numérico. Em hebraico, “Adão” é proferido “ADM”. O valor de “A” é 1; o de “D”, 4; e o de “M”, 40. Se somarmos esses algarismos 1+4+4+0=9, teremos o número de Adão, ou humanidade.

Se saltarmos do livro Gênesis, que trata da criação do ser humano em remotíssimo passado, para o Livro da Revelação[51], que trata de sua futura realização, veremos que o número da Besta que o oculta é 666. Somando esses algarismos 6+6+6 = 18, e 1+8 = 9, teremos novamente o número da humanidade, em si mesma a causa de todo mal que obstrui seu próprio progresso. Mais ainda: o número dos que se salvarão se diz que é de 144.000. Somando-se como antes 1+4+4+000 = 9, temos outra vez o número da humanidade, mostrando, praticamente, que ela será salva em sua totalidade, já que é insignificante a quantidade dos incapazes de progredir em nossa evolução atual. Mesmo os poucos que fracassam não estarão perdidos, mas progredirão num esquema evolutivo futuro.

A consciência do mineral e do vegetal é realmente inconsciência. O primeiro vislumbre de consciência começa no Reino Animal. Vimos, também, que, consoante a mais moderna classificação, há treze graus no Reino Animal: três classes de radiados; três classes de moluscos; três classes de articulados; e quatro classes de vertebrados.

Se considerarmos o ser humano comum como um grau em si mesmo, e recordarmos que há treze Iniciações desde o ser humano até Deus, ou desde o tempo em que começou a capacitar-se para se converter em uma Inteligência Criadora Consciente de Si, teremos de novo o mesmo número nove: 13 + 1 + 13 = 27 e 2 + 7 = 9.

O número 9 está também oculto na idade de Cristo Jesus, 33: 3 x 3=9, e de maneira análoga nos 33 graus da Maçonaria. Nos tempos antigos a Maçonaria era um sistema de Iniciação dos Mistérios Menores, os quais, como vimos, têm nove graus, ainda que os iniciados frequentemente os escrevessem 33. Por análogas razões existe o 18º grau dos Rosacruzes, o qual não é mais que um “véu” para o não iniciado, porque nunca há mais do que nove graus nos Mistérios Menores. Os Maçons de hoje conservam muito pouco dos rituais ocultos contidos em seus graus.

Temos também os nove meses da gestação, durante os quais é construído o eficiente Corpo atual. Há também nove perfurações no Corpo: dois olhos, duas narinas, dois ouvidos, uma boca e dois orifícios inferiores.

Quando em seu avanço o ser humano passa pelas nove Iniciações Menores conseguindo, assim, penetrar em todos os estratos da Terra, precisa ainda ter acesso ao núcleo central. Esse se abre para ele mediante a primeira das quatro Grandes Iniciações, na qual aprende a conhecer o mistério da Mente, essa parte do seu ser iniciada na Terra. Quando ele está pronto para a primeira grande Iniciação, sua Mente já foi desenvolvida a um grau que todos os seres humanos alcançarão no final do Período Terrestre. Nessa Iniciação é fornecido a ele a chave do próximo estágio, e todo o trabalho que depois disso ele efetua, será o mesmo que a humanidade em geral efetuará no Período de Júpiter. Isto não nos diz respeito atualmente.

Depois de sua primeira Grande Iniciação ele é um Adepto. A segunda, terceira e quarta das Iniciações pertencem a estágios de desenvolvimento que a humanidade comum alcançará nos Períodos de Júpiter, Vênus e Vulcano.

Essas treze Iniciações são representadas, simbolicamente, por Cristo e seus doze Apóstolos. Judas Iscariotes representa as traidoras tendências da natureza inferior do neófito. O amado João é a Iniciação de Vênus, e Cristo, em Si mesmo, simboliza o Divino Iniciado do Período de Vulcano.

Nas diversas escolas de ciência oculta diferem os ritos Iniciáticos, como também o que dizem sobre o número de Iniciações, mas isto é apenas uma questão de classificação. Observe-se que as vagas descrições que podem ser dadas se tornam ainda mais vagas à medida que se sobe mais. Ainda que se fale de sete ou mais graus, já da sexta Iniciação quase nada é dito, e absolutamente nada das que estão para além. A razão disto advém de outra divisão: os seis graus de “Preparação” e as quatro Iniciações, que ao final do Período Terrestre conduzem o candidato ao grau de Adepto. Portanto, sempre deverá haver mais três, caso a filosofia da escola ou sociedade vá tão longe. O autor, porém, não conhece ninguém, além dos Rosacruzes, que tenha algo a dizer sobre os três Períodos que precederam o Período Terrestre, a não ser a simples afirmação de que esses períodos existiram. Contudo, nem são postos em relação muito definida com a nossa atual fase de existência. De maneira análoga, outros ensinamentos ocultos afirmam, simplesmente, que haverá mais três esquemas evolutivos, porém não fornecem pormenores. Claro, nessas circunstâncias, as três últimas Iniciações não são mencionadas.

O Diagrama 18 dá uma ideia da disposição dos estratos terrestres, omitindo informações sobre o núcleo central para mostrar mais claramente a formação de correntes em forma de lemniscata no nono estrato.

Diagrama 18 – A Constituição da Terra

No Diagrama 18 os estratos são representados como se tivessem igual espessura, mas em realidade uns são muito mais delgados do que outros. Começando pelo mais externo, aparecem na seguinte ordem:

  1. Terra Mineral: é a crosta pétrea da Terra, com que lida a Geologia no tanto que lhe tem sido possível penetrá-la.
  2. Estrato Fluídico: a matéria desse estrato é mais fluídica que a da crosta exterior, mas não é líquida e sim parecida a uma pasta espessa. Tendo a propriedade da expansão, como a de um gás excessivamente explosivo, é mantida em seu lugar pela enorme pressão da crosta externa de modo que, se esta fosse removida, todo o estrato fluídico desapareceria no espaço com uma tremenda explosão. Esses estratos correspondem às Regiões Químicas e Etérica do Mundo Físico.
  3. Estrato Vaporoso: no primeiro e no segundo estratos não há realmente vida consciente. Já nesse existe uma corrente de vida que flui e pulsa continuamente, como no Mundo do Desejo que rodeia e interpenetra nossa Terra.
  4. Estrato Aquoso: nesse estrato estão as possibilidades germinais de tudo quanto existe na superfície da Terra. Aqui estão as forças arquetípicas que se ocultam atrás dos Espíritos-Grupo, como também as forças arquetípicas dos minerais, porque esta é a expressão física direta da Região do Pensamento Concreto.
  5. Estrato Germinal: os cientistas materialistas têm sido frustrados em seus esforços para descobrir a origem da vida, como surgiram coisas viventes de matéria antes morta.

Na realidade, e de acordo com a explicação oculta da evolução, a questão deveria ser como se originaram as coisas “mortas”. A vida existia antes das formas mortas. Ela construiu seus Corpos de substância vaporosa e sutil, muito antes de se condensar na crosta sólida da Terra. Só quando a Vida abandona as formas, podem estas se cristalizar, tornando-se duras e mortas.

O carvão nada mais é do que Corpo vegetal cristalizado. Os corais são também produtos da cristalização de formas animais. A vida abandona as formas e as formas morrem. A vida nunca penetra numa forma para despertá-la à vida. A vida sai das formas e as formas morrem. Foi assim que surgiram as “coisas mortas”.

Nesse quinto estrato existe a fonte primordial da vida, da qual brotou o impulso que construiu todas as formas da Terra. Corresponde à Região do Pensamento Abstrato.

  1. Estrato Ígneo: por estranho que pareça esse estrato possui sensações. O prazer e a dor, a simpatia e a antipatia produzem aqui seu efeito sobre a Terra. Geralmente se supõe que a Terra, em nenhuma circunstância, pode ter qualquer sensação. Contudo, quando o cientista ocultista observa colher o grão maduro, cortar as flores ou, no outono, colher as frutas das árvores, sabe do prazer experimentado pela Terra. É semelhante ao prazer que a vaca sente quando seus úberes cheios são aliviados pelo bezerro sugador. A Terra experimenta o deleite de nutrir sua progênie de Formas, e esse deleite culmina no tempo da colheita.

Por outro lado, quando se arrancam as plantas pela raiz, fica patente ao cientista-ocultista que a Terra sente dor. Por essa razão, ele não come alimentos vegetais que cresçam debaixo da Terra. Em primeiro lugar, porque esses vegetais são plenos de força terrestre e carentes de força solar; segundo, por terem sido extraídos com as raízes, são venenosos. A única exceção a esta regra é a batata, porque em seus primórdios crescia na superfície da terra, e só em tempos relativamente recentes começou a crescer debaixo do solo. Os ocultistas fazem o possível para alimentar seus Corpos com os frutos que crescem ao Sol, pois estes contêm mais força solar, e sua colheita não causa sofrimento algum à Terra.

Poder-se-ia supor que os trabalhos nas minas produzem dor à Terra. Pelo contrário, toda desintegração da crosta dura produz uma sensação de alívio, e toda solidificação é fonte de dor. Quando uma torrente de chuva lava a encosta da montanha, arrastando a terra para os vales, a terra sente-se mais aliviada. Aonde a matéria desintegrada se deposita de novo, como no baixio que se forma na foz de um grande rio, produz-se uma correspondente sensação de opressão.

Assim como a sensação, nos animais e no ser humano, é devida a seus Corpos Vitais separados, assim as sensações da Terra são especialmente ativas no sexto estrato, que corresponde ao Mundo do Espírito de Vida. Para compreender-se o prazer que ela experimenta quando se quebra uma rocha e a dor que lhe produzem as solidificações, devemos recordar que a Terra é o Corpo Denso de um Grande Espírito, o qual, para fornecer-nos um meio em que pudéssemos viver e obter experiência teve de cristalizar seu Corpo até à condição de solidez atual.

Contudo, na medida em que a evolução prossiga e o ser humano aprenda as lições correspondentes aos extremos de concretização, a Terra tornar-se-á mais branda e seu espírito libertar-se-á cada vez mais. Foi isto o que São Paulo quis significar quando disse que toda a criação geme e sofre, esperando o dia da libertação.

  1. Estrato Refletor: esta camada da Terra corresponde ao Mundo do Espírito Divino. Para aqueles que não estão familiarizados com o que na Ciência Oculta se conhece como “Os Sete Segredos Indizíveis”, ou que não tenham pelo menos um vislumbre de sua importância, as propriedades desse estrato parecerão particularmente absurdas e grotescas. Nele, todas as forças que conhecemos como “Leis da Natureza” existem como forças morais, ou melhor, imorais. No princípio da existência consciente do ser humano, essas forças eram piores do que agora. Contudo, tudo indica que tais forças melhoram com o progresso moral da humanidade, e que qualquer falha moral tem certa tendência a desencadear essas forças da Natureza produzindo devastações sobre a Terra, enquanto a busca de elevados ideais torna-as menos inimigas do ser humano.

Por conseguinte, as forças desse estrato são, em qualquer época, um reflexo exato do estado moral da humanidade. Do ponto de vista oculto, a “mão de Deus” que se abateu sobre Sodoma e Gomorra[52] não é uma tola superstição, pois, tão certo como há uma responsabilidade individual ante a Lei de Consequência que traz a cada pessoa o justo resultado de suas ações, sejam boas ou más, assim também existe uma responsabilidade coletiva ou nacional, que atrai sobre os grupos humanos resultados equivalentes aos atos efetuados em conjunto. As forças da natureza são, em geral, os agentes de tal justiça retribuidora, causando inundações ou terremotos a um grupo, ou a benéfica formação de óleos ou carvões a outro, de acordo com os seus merecimentos.

  1. Estrato Atômico: é o nome dado pelos Rosacruzes ao oitavo estrato da Terra, a expressão do Mundo dos Espíritos Virginais. Parece ter a propriedade de multiplicar as coisas que nele estão, porém, isto se aplica somente às coisas já formadas definitivamente. Uma peça informe de madeira ou uma pedra bruta não tem existência ali, mas qualquer coisa já modelada ou que tenha vida e forma, tal como uma flor ou uma pintura, é multiplicada nesse estrato em grau surpreendente.
  2. Expressão Material do Espírito Terrestre: aqui existem correntes em forma lemniscata, intimamente relacionadas com o cérebro, o coração e os órgãos sexuais da raça humana. Corresponde ao Mundo de Deus.
  3. Centro do Ser do Espírito Terrestre: nada mais pode ser dito presentemente a respeito, salvo que é a semente primeira e última de tudo quanto existe tanto dentro como sobre a Terra, e corresponde ao Absoluto.

Do sexto estrato, o ígneo, até a superfície da Terra, há certo número de orifícios em diferentes lugares. Seus terminais na superfície são chamados “crateras vulcânicas”. Quando as forças da Natureza do sétimo estrato são desencadeadas de modo a poderem se expressar por meio de uma erupção vulcânica, elas ativam o estrato ígneo (o sexto), e então a agitação se exterioriza através da cratera. A maior parte do material é tomada da substância do segundo estrato, por ser esse estrato a contraparte mais densa do sexto estrato, assim como o Corpo Vital, o segundo veículo do ser humano, é a contraparte mais densa do Espírito de Vida, o sexto princípio. Esse estrato fluídico, com sua qualidade expansiva e sumamente explosiva, assegura um suprimento ilimitado de material no local da erupção. O contato com a atmosfera exterior endurece a parte que não se volatiliza no espaço, formando a lava e a poeira vulcânicas. E da mesma maneira que o sangue ao fluir de uma ferida coagula-se e estanca, assim também a lava, ao final da erupção, cerra o caminho às partes internas da Terra.

Como é fácil deduzir-se do fato, a imoralidade refletida e as tendências ante espirituais da humanidade é que despertam a atividade destruidora das forças da Natureza no sétimo estrato. Portanto, geralmente são as pessoas dissolutas e degeneradas que sucumbem nessas catástrofes. Essas pessoas, juntamente com outras cujo destino autogerado sob a Lei da Consequência, por várias razões, implica em morte violenta, são conduzidas desde os mais diversos recantos por forças sobre-humanas até o lugar onde deve ocorrer a erupção. Para aquele que pensa seriamente, as erupções vulcânicas do Vesúvio, por exemplo, servem para corroborar a afirmação acima.

A lista dessas erupções durante os últimos 2.000 anos mostra que sua frequência tem aumentado em proporção direta ao crescimento do materialismo. Especialmente nos últimos sessenta anos, na razão em que a ciência materialista cresceu em sua arrogância na absoluta e ampla negação das coisas espirituais, aumentaram a frequência das erupções vulcânicas. Enquanto nos primeiros mil anos depois de Cristo houve apenas seis erupções, as últimas cinco erupções tiveram lugar num período de 51 anos, como veremos.

A primeira erupção da Era Cristã, no ano 79 D.C., destruiu as cidades de Herculano e Pompéia, em que pereceu Plínio, o Velho. As outras erupções tiveram lugar nos anos de: 203, 472, 512, 652, 982, 1036, 1158, 1500, 1631, 1737, 1794, 1822, 1855, 1872, 1885, 1891 e 1906.

Nos primeiros mil anos ocorreram seis erupções; nos seguintes mil anos aconteceram doze, ocorrendo as últimas cinco num período de 51 anos, como dissemos anteriormente.

Do número total de 18 erupções, as nove primeiras ocorreram na assim chamada “Idade das Trevas”[53], isto é, nos 1.600 anos durante o qual o Mundo Ocidental foi dominado pelos comumente chamados “Bárbaros” pela Igreja Romana. As restantes sucederam-se nos últimos trezentos anos, durante os quais o advento e desenvolvimento da ciência moderna, com suas tendências materialistas, quase apagaram os últimos vestígios de espiritualidade, de modo particular na última metade do Século XIX. Portanto, as erupções desse período compreendem quase um terço do número total das ocorridas em nossa Era.

Para contrabalançar essa influência desmoralizadora, uma grande quantidade de informação oculta foi fornecida, durante todo esse tempo, pelos Irmãos Maiores, que estão sempre trabalhando pelo bem da humanidade. Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que ainda queriam recebê-los, seria possível deter a maré de materialismo a qual, caso contrário, poderia produzir consequências muito sérias aos seus partidários. Com efeito, tendo negado durante tanto tempo a existência espiritual, poderão não serem capazes de manter seu equilíbrio ao perceberem que, embora tendo sido privados do Corpo Denso pela morte, eles continuam mais vivos do que nunca. Tais pessoas podem ter de suportar um destino demasiado triste para ser contemplado com serenidade. Uma das causas da terrível “peste branca”[54] é esse materialismo, talvez não reconhecível na encarnação atual, mas resultado de crenças e afirmações materialistas anteriores.

Falávamos da morte de Plínio, o Velho, quando da destruição de Pompéia. É interessante seguir o destino de tal cientista, não tanto pelo indivíduo em si, mas para compreendermos como o cientista ocultista lê a Memória da Natureza, de como as coisas nela se imprimem e os efeitos das características passadas sobre nossas tendências atuais.

Quando um ser humano morre, seu Corpo Denso desintegra-se, mas a soma total de suas forças pode ser encontrada no sétimo Estrato da Terra – o Estrato Refletor – o qual se constitui num repositório em que, como forças, as formas passadas são armazenadas. Assim, conhecendo-se o tempo em que ocorreu a morte de um ser humano, é possível encontrar sua forma nesse repositório, se ali o procurarmos. E não somente está ali armazenada, mas é também multiplicada pelo oitavo, ou Estrato Atômico, de modo que qualquer tipo pode ser reproduzido e modificado por outros e empregado repetidas vezes para a formação de outros Corpos. Por conseguinte, as tendências cerebrais de um ser humano tal como Plínio, o Velho, podem ter-se reproduzido milhares de anos depois, e ser, em parte, a causa da atual colheita de cientistas materialistas.

Resta ainda muito a aprender e desaprender, para os atuais cientistas materialistas. Ainda que lutem até o último limite contra o que, escarnecendo, qualificam de “ideias ilusórias” dos cientistas ocultistas, estão sendo obrigados a reconhecer suas verdades, a admiti-las uma a uma. É só uma questão de tempo o serem forçados a aceitá-las.

Mesmer, enviado pelos Irmãos Maiores, foi mais do que ridicularizado. Contudo, quando os materialistas, trocando o nome da força por ele descoberta, chamaram-na de “hipnotismo” ao invés de “mesmerismo”, tornou-se “científica”, imediatamente.

Há vinte anos a senhora Blavatsky, fidelíssima discípula dos Mestres Orientais, disse que a Terra tinha um terceiro movimento além dos dois que produzem o dia, a noite e as estações. Indicou também que a inclinação do eixo da Terra é causada por um movimento que, há seu tempo, levará o polo norte para onde atualmente está o equador, e mais tarde ainda o levará ao lugar ocupado agora pelo polo sul. Isto, afirmou ela, era conhecido pelos antigos egípcios, e referiu-se ao famoso planisfério de Dendera[55], onde se encontram registradas essas três Revoluções. Tais afirmações, juntamente com toda a sua insuperável obra “A Doutrina Secreta”, foram escarnecidas.

Há poucos anos atrás um astrônomo, Sr. G. E. Sutcliffe[56], de Bombaim, descobriu e demonstrou, matematicamente, que Laplace[57] havia se equivocado em seus cálculos. Seu descobrimento e a retificação do dito erro confirmaram por demonstrações matemáticas a existência do terceiro movimento da Terra, conforme revelado pela senhora Blavatsky. Isto explica o fato estranho de se encontrarem plantas tropicais e fósseis nas regiões polares, pois tal movimento produziria necessariamente, há seu tempo, períodos tropicais e glaciais em todas as partes da Terra, correspondentes às mudanças de posição em relação ao Sol. O Sr. Sutcliffe enviou sua carta e as demonstrações a “Nature”[58], mas essa revista recusou-se a publicá-las. Quando o autor tornou pública sua descoberta por meio de um folheto, levantou-se contra ele uma tremenda onda de protestos. Acontece que o Sr. Sutcliffe era um profundo e reconhecido Estudante de “A Doutrina Secreta”. Isto explica a recepção hostil e as consequências inevitáveis que teve a sua descoberta.

Mais tarde, todavia, um francês que não era astrônomo, mas sim mecânico, construiu um aparelho que demonstrava ampla possibilidade da existência de tal movimento. O aparelho foi exibido na “Louisiana Purchase Exhibition”, de Saint Louis[59], e foi aprovado calorosamente por M. Camille Flammarion[60] como digno de investigação. Aqui já se via algo “concreto”, algo mecânico, e o editor do “The Monist[61]“, ainda que descrevesse o inventor como um ser humano que trabalhava sob “místicas ilusões” (por acreditar que os antigos egípcios conheciam esse terceiro movimento), esqueceu magnanimamente o fato e disse que isso não lhe tinha feito perder a fé na teoria de M. Beziau[62]. Publicou então um esclarecimento e um ensaio de M. Beziau, em que descrevia o movimento e seus efeitos sobre a superfície da Terra, em termos análogos aos empregados pela senhora Blavatsky e o Sr. Sutcliffe. Como M. Beziau não estava incluído categoricamente no rol dos ocultistas, sua descoberta pôde ser aceita.

Podemos citar muitos exemplos de ensinamentos ocultos que mais tarde foram corroborados pela ciência. Um deles é a teoria atômica, defendida nas filosofias gregas e depois em “A Doutrina Secreta”, mas só “descoberta” em 1897, pelo professor Thompson[63].

Na inestimável obra de A. P. Sinnett [64]– “The Growth of the Soul”[65] publicada em 1896, o autor afirmava que há dois Planetas além da órbita de Netuno, dos quais, ele acreditava que só um seria descoberto pelos astrônomos modernos. Em “Nature” de agosto de 1906, Professor Barnard[66] afirmava que, por meio de um refrator Lick de 36 polegadas, havia descoberto dito Planeta em 1892. Nada de mais nisso, entretanto ele esperou catorze anos para anunciar sua descoberta! Não pretendemos levantar nenhuma questão sobre o assunto. O importante é que o Planeta existe, e que o livro do Sr. Sinnett o anunciava dez anos antes de o Professor Barnard reivindicar a prioridade da sua descoberta. É provável que anunciar a descoberta de um novo Planeta antes de 1906 pudesse ter perturbado alguma teoria popularmente aceita!

Há muitas teorias semelhantes. A teoria de Copérnico[67] não é de todo exata, assim como há muitos fatos que a elogiada Teoria Nebular por si só não explica. Tycho Brahe[68], o famoso astrônomo dinamarquês, recusou-se a aceitar a teoria de Copérnico. Tinha muito boas razões para ser fiel à teoria de Ptolomeu[69], pois, como dizia, através desta os movimentos dos Planetas são vistos corretamente, enquanto que pela teoria de Copérnico é necessário empregar-se uma Tabela de correções. O sistema de Ptolomeu é correto do ponto de vista do Mundo do Desejo e tem aspectos que são necessários no Mundo Físico.

Para muitos, as afirmações feitas nas páginas anteriores podem ser consideradas fantásticas. Que seja assim. Tempo virá em que todos os seres humanos possuirão os conhecimentos aqui oferecidos. Esse livro destina-se aos poucos que, tendo libertado suas Mentes dos grilhões da ciência e da religião ortodoxa, estão prontos a aceitá-lo, até que provem estar ele errado.

CAPÍTULO XIX – CHRISTIAN ROSENKREUZ E A ORDEM DOS ROSACRUZES

Antigas Verdades em Novas Roupagens

Nota-se entre o público um grande desejo de descobrir algo sobre a Ordem dos Rosacruzes. Como em nossa civilização ocidental, e até entre os nossos Estudantes, não se compreenda bem o importante lugar ocupado pelos Irmãos da Rosacruz, é conveniente dar algumas informações autênticas sobre o assunto.

Tudo no mundo está sujeito à lei, inclusive nossa evolução, de modo que os progressos espiritual e físico caminham de mãos dadas. O Sol é o dador de luz física e, como sabemos, caminha aparentemente de Lesse para Oeste trazendo luz e vida a todas as partes da terra. Contudo, o Sol visível é apenas uma parte do Sol, assim como o Corpo visível é apenas uma pequena parte do ser humano composto. Há um Sol invisível e espiritual cujos raios estimulam o crescimento anímico em todas as partes da terra, assim como o Sol visível promove o crescimento da forma. Esse impulso espiritual também caminha na mesma direção do Sol físico, de lesse para oeste.

Seiscentos ou setecentos anos A.C. uma nova onda de espiritualidade iniciou-se nas margens ocidentais do Oceano Pacífico, para iluminar a nação chinesa. Hoje em dia, milhões de habitantes do Celeste Império professam a religião de Confúcio. Notamos o efeito posterior dessa onda na religião de Buda, um ensinamento destinado a despertar as aspirações de milhões de hindus e chineses ocidentais. Em seu curso para Oeste, surge entre os gregos mais intelectuais, nas filosofias elevadas de Pitágoras e Platão, e por último, invade o mundo ocidental e alcança os precursores da raça humana, onde assume a elevada forma da Religião Cristã.

O Cristianismo abriu gradualmente seu caminho para Oeste até a costa do Oceano Pacífico, aonde vem reunindo e concentrando as aspirações espirituais. Ali alcançará um ponto culminante, antes de prosseguir através do Oceano para inaugurar no Oriente um despertar mais elevado e mais nobre, muito mais do que existente até agora nessa parte da Terra.

Assim como o dia e a noite, o verão e o inverno, o fluxo e refluxo, seguem-se uns aos outros em ininterrupta sucessão, de acordo com a lei dos ciclos alternantes, assim também a aparição de uma onda de despertar espiritual em qualquer parte do mundo é seguida por um período de reação material, a fim de que o desenvolvimento não se torne unilateral.

Religião, Arte e Ciência são os três meios mais importantes da educação humana e constituem uma trindade na unidade, não podendo ser separada sem que se altere o nosso ponto de vista sobre qualquer coisa que investiguemos. A verdadeira Religião inclui, por sua vez, a Ciência e a Arte, porque ensina a viver uma vida preciosa em harmonia com as leis da Natureza.

A verdadeira Ciência é artística e religiosa no mais elevado sentido, porque nos ensina a reverenciar e a nos conformar com as leis que governam nosso bem-estar, e explica por que a vida religiosa conduz à saúde e à beleza.

A verdadeira Arte é tão educativa quanto à ciência e tão elevada em sua influência quanto à religião. Na arquitetura encontramos a mais sublime representação das linhas de força cósmica do universo. Imbui o observador espiritual de uma poderosa devoção e adoração, nascida da respeitosa e inspirada concepção da esmagadora grandeza e majestade de Deus. A escultura e a pintura, bem como a música e a literatura, inspiram-nos com um transcendental encanto de Deus, o imutável manancial e meta de todo esse formoso mundo.

Nenhuma outra coisa, a não ser tal ensinamento integral, pode corresponder permanentemente às necessidades humanas. Houve um tempo, na Grécia, em que a Religião, a Arte e a Ciência eram ensinadas conjuntamente nos Templos de Mistérios. Contudo, para o melhor desenvolvimento de cada uma, tornou-se necessário separá-las durante algum tempo.

A Religião reinou suprema nas chamadas “idades das trevas”. Durante esse tempo ela escravizou a Ciência e a Arte, atando-as de mãos e pés. Depois veio o período da renascença, quando a Arte floresceu em todos os seus domínios. Contudo, a Religião era ainda muito forte, pelo que a Arte era frequentemente prostituída a seu serviço. Por último, chegou a vez da Ciência moderna, que com mão de ferro subjugou a Religião.

Foi em detrimento do mundo que a Religião oprimiu a Ciência. A Ignorância e a Superstição produziram males sem conta, mas o ser humano, não obstante, abrigava, então, elevados ideais espirituais, e esperava uma vida superior melhor. É infinitamente mais desastroso que a Ciência esteja sufocando a Religião, porque agora até a Esperança, o último dom deixado pelos deuses na Caixa de Pandora, pode desvanecer-se ante o Materialismo e o Agnosticismo.

Tal estado de coisas não pode continuar. Precisa haver uma reação. Se não a Anarquia dominará o Cosmos. Para evitar tal calamidade a Religião, a Ciência e a Arte devem reunir-se numa expressão do Bem, do Verdadeiro e do Belo, mais elevada ainda do que fora antes da separação.

Os acontecimentos futuros projetam antecipadamente suas sombras. Quando os Grandes Líderes da humanidade viram a tendência para o ultra materialismo, que agora grassa no mundo ocidental, tomaram certas medidas para enfrentá-lo e transmutá-lo. Não desejaram destruir a Ciência florescente, conforme esta última vinha sufocando a Religião, pois divisavam o resultado final que será o bem, quando uma Ciência avançada tornar-se-á novamente colaboradora da Religião.

Uma Religião espiritual, porém, não pode unir-se com uma Ciência materialista, assim como o azeite não pode misturar-se com a água. Portanto, medidas foram adotadas para espiritualizar a Ciência e tornar científica a Religião.

No século XIII um elevado instrutor espiritual, usando o simbólico nome Christian Rosenkreuz – Cristão Rosacruz – apareceu na Europa para iniciar esse trabalho. Fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes objetivando lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã, e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião.

Muitos séculos decorreram desde o seu nascimento como Christian Rosenkreuz, o Fundador da Escola de Mistérios Rosacruzes, cuja existência é, por muitos, considerada um mito. Todavia, seu nascimento como Christian Rosenkreuz marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do mundo ocidental. Esse Ego excepcional tem estado, desde então, em contínuas existências físicas, num ou noutro dos países europeus. Toda vez que seus sucessivos veículos perdem sua utilidade, ou as circunstâncias tornam necessária uma mudança de campo em suas atividades, toma um novo Corpo. Ainda mais, hoje em dia está encarnado. É um Iniciado de grau superior, ativo e potente fator em todos os assuntos do Ocidente, se bem que desconhecido para o mundo.

Trabalhou com os alquimistas séculos antes do advento da ciência moderna. Foi ele que, por um intermediário, inspiraram as, agora mutiladas, obras de Bacon[70]. Jacob Boehme[71] e outros receberam dele a inspiração que tão espiritualmente iluminou suas obras. Nos trabalhos do imortal Goethe[72] e nas obras-primas de Wagner[73] encontramos a mesma influência. Todos os espíritos intrépidos, que se recusam subordinar-se a qualquer ciência ou religião ortodoxa, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou de vaidade, tiram sua inspiração da mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreuz.

Seu próprio nome é a Corporificação da maneira e dos meios pelos quais o ser humano atual é transformado em Divino “Super-homem”. Esse símbolo,

“Christian Rosen Kreuz”

(O) Cristão Rosa Cruz

… mostra o fim e o objetivo da evolução humana, o caminho a ser percorrido e os meios pelos quais alcançará essa meta. A cruz negra, os galhos verdes da planta que a entrelaçam, os espinhos e as rosas vermelho-sangue ocultam a solução do Mistério do Mundo: a evolução passada do Ser Humano, sua constituição presente e, especialmente, o segredo do seu futuro desenvolvimento.

Esse segredo, que se oculta ao profano, é revelado ao Iniciado tanto mais claramente quanto mais esse se esforce, dia a dia, em construir para si mesmo a mais valiosa de todas as gemas, a Pedra Filosofal – mais preciosa que o “Velocino de Ouro”[74] mais preciosa ainda do que todas as riquezas terrestres! O símbolo recorda-lhe como a humanidade, em sua ignorância, está malgastando, a todo instante, o autêntico material concreto que poderia usar na formação desse tesouro inestimável.

Para mantê-lo firme e verdadeiro por meio de todas as adversidades, a Rosacruz se ergue ante ele como uma inspiração, como a gloriosa realização que espera aquele que suplanta, e aponta Cristo como a Estrela da Esperança, “os primeiros frutos”, que lavrou essa maravilhosa Pedra enquanto habitava o Corpo de Jesus.

As investigações mostram que em todos os sistemas religiosos sempre houve um ensinamento reservado ao clero, não acessível à multidão. Cristo também falou ao povo em parábolas, mas só aos discípulos explicou o significado que ocultavam, proporcionando-lhes, assim, uma compreensão mais profunda e adequada às suas Mentes desenvolvidas.

São Paulo dava “leite” às criancinhas, ou membros mais novos da comunidade, mas “carne”[75] para os fortes, os que tinham estudado mais profundamente. Assim, sempre tem havido um ensinamento interno e um ensinamento externo. Os ensinamentos internos foram dados nas, assim chamadas, Escolas de Mistérios, as quais se modificam de tempos em tempos a fim de adaptarem-se às necessidades dos povos entre os quais se destinam a operar.

A Ordem dos Rosacruzes não é meramente uma sociedade secreta: é uma das Escolas de Mistérios. Os Irmãos são Hierofantes dos Mistérios Menores, guardiões dos Sagrados Ensinamentos. Constituem um poder espiritual muito mais potente na vida do Mundo Ocidental do que qualquer governo visível, se bem que não interferem com a humanidade a ponto de privá-la de seu livre arbítrio.

Como a senda do desenvolvimento depende em todos os casos do temperamento do Aspirante, há sempre dois caminhos a seguir: o místico e o intelectual. O místico geralmente carece de conhecimentos intelectuais. Ele segue os ditames do seu coração e esforça-se por fazer a vontade de Deus tal como a sente, elevando-se sem estar consciente de qualquer meta definida, e por fim alcança o conhecimento. Na Idade Média as pessoas não eram tão intelectuais como são hoje em dia. Assim, os que sentiam o chamado para a vida superior seguiam, geralmente, o caminho místico. Nos últimos séculos, contudo, desde o advento da ciência moderna, uma humanidade mais intelectual povoou a Terra. A cabeça venceu completamente o coração, o materialismo dominou todo o impulso espiritual e a maioria das pessoas que pensam, não creem em nada que não possam tocar, provar ou manejar. Portanto, é necessário apelar para o seu intelecto, a fim de que o coração possa crer naquilo que o intelecto haja sancionado. Respondendo a esse anseio, os Ensinamentos de Mistérios Rosacruzes visam correlacionar fatos científicos com verdades espirituais.

No passado esses ensinamentos eram mantidos em segredo para todos, exceto para uns poucos Iniciados, e ainda hoje estão entre os mais misteriosos e secretos do mundo ocidental. Todos os chamados “descobrimentos” do passado, que pretendiam revelar os segredos dos Rosacruzes, não foram mais do que fraude ou resultado de traição de algum profano, que acidentalmente ou de outra maneira conseguiu captar fragmentos de conversações, incompreensíveis para todos, menos para os possuidores da chave. É possível viver sob o mesmo teto, em estreita intimidade, com um Iniciado de qualquer escola, e ainda assim seu segredo permanecer oculto em seu peito, até o amigo alcançar o ponto de poder converter-se num Irmão Iniciado. A revelação dos segredos não depende da vontade do Iniciado, mas da qualificação do Aspirante.

Como as demais Ordens de Mistérios, a Ordem dos Rosacruzes é formada segundo linhas cósmicas: se, com esferas do mesmo tamanho, procurarmos saber quantas são necessárias para cobrir e ocultar da vista uma delas, veremos que são necessárias 12 para cobrir uma décima terceira. A última divisão da matéria física, o átomo verdadeiro que se encontra no espaço interplanetário, está agrupado assim: doze em torno de um. Os doze Signos do Zodíaco que envolve nosso Sistema Solar; os doze semitons da escala musical que contém a oitava; os doze Apóstolos que se agrupavam em torno de Cristo, etc., são outros tantos exemplos desse agrupamento de doze e um. Por essa razão a Ordem dos Rosacruzes é também composta de 12 Irmãos e mais um décimo terceiro.

No entanto, há outras divisões que devem ser notadas. Como vimos da Hoste Celestial de Doze Hierarquias Criadoras que estiveram em atividade em nosso sistema evolutivo, cinco se retiraram à liberação, ficando sete ocupadas com o nosso progresso ulterior. Harmoniza-se com isso o fato de que o ser humano de hoje, o Ego Interno, o microcosmo, atuar externamente por meio de sete orifícios visíveis do seu Corpo: dois olhos, dois ouvidos, duas fossas nasais e a boca, estando os cinco orifícios restantes total ou parcialmente fechados: as glândulas mamárias, o umbigo e os dois órgãos de excreção.

As sete rosas que adornam o nosso formoso emblema e as cinco pontas da radiante estrela, que lhes ficam atrás, simbolizam as doze Grandes Hierarquias Criadoras que têm ajudado o espírito humano que está evoluindo através dos anteriores estados: mineral, vegetal e animal, quando ainda carecia de consciência própria e era incapaz de cuidar de si mesmo no mínimo grau. Destas doze Hostes de Grandes Seres, três classes trabalharam sobre e com o ser humano por sua livre vontade e sem nenhuma obrigação de fazê-lo.

Essas classes estão simbolizadas pelas três pontas da estrela do nosso emblema, que apontam para cima. Mais duas dessas Grandes Hierarquias estão a ponto de retirar-se, sendo simbolizadas pelas duas pontas da estrela que se irradiam do centro para baixo. As sete rosas indicam que ainda existem sete Grandes Hierarquias Criadoras em atividade no desenvolvimento dos seres da Terra. Como todas essas várias classes, da menor à maior, não são mais do que partes de Um Grande Todo, a quem chamamos Deus, todo o emblema é um símbolo de Deus em manifestação.

O axioma hermético diz: “Como em cima, assim é embaixo”. Os instrutores menores da humanidade estão também agrupados segundo as mesmas linhas cósmicas de: 7, 5, e 1. Há sobre a Terra: sete escolas de Mistérios Menores, cinco de Mistérios Maiores e o total está agrupado em torno de um Cabeça Central, que é chamado o Libertador.

Na Ordem dos Rosacruzes, sete Irmãos vêm ao Mundo toda vez que as circunstâncias o requerem. Aparecem como seres humanos entre os seres humanos, ou trabalham em seus veículos invisíveis com ou sobre os demais, conforme seja necessário. Entretanto, deve-se ter bem presente que jamais influenciam qualquer pessoa contra sua vontade ou contra seus desejos. Apenas reforçam o bem aonde quer que o encontrem.

Os cinco Irmãos restantes nunca abandonam o Templo e, ainda que possuam Corpos físicos, executam todo o seu trabalho nos mundos internos.

O Décimo Terceiro é o Chefe da Ordem, o elo com o Conselho Central Superior, composto dos Hierofantes dos Mistérios Maiores, que não tratam absolutamente com a humanidade comum, mas somente com os graduados nos Mistérios Menores.

O Cabeça da Ordem está oculto do mundo externo pelos Doze Irmãos, tal como a esfera central do nosso exemplo anterior. Nem mesmo os discípulos da Escola o veem, porém, nos serviços noturnos do Templo, sua presença é sentida por todos a qualquer momento em que entre, sendo esse o sinal para começarem a cerimônia.

Reunidos em volta dos Irmãos da Rosacruz, como seus alunos, há certo número de “Irmãos Leigos”, pessoas que vivem em diversas partes do mundo ocidental e que são capazes de sair dos seus Corpos conscientemente, comparecerem aos serviços e participar da obra espiritual no Templo. Foram “iniciados” todos e cada um, no método de assim atuar, por um dos Irmãos Maiores, sendo que a maioria é capaz de recordar tudo o que lhe acontece. Todavia, alguns que adquiriram, em vida anterior dedicada ao bem, a faculdade de deixar o Corpo, têm o cérebro incapacitado a receber impressões do trabalho executado pelo Ego fora do Corpo em razão de alguma enfermidade adquirida na presente existência, ou pelo hábito de tomarem drogas.

Iniciação

Sobre a Iniciação tem-se geralmente a ideia de que é apenas uma cerimônia pela qual alguém se converte em membro de uma sociedade secreta e que, na maioria dos casos, pode ser conferida a qualquer um disposto a pagar certo preço ou soma em dinheiro.

Se for verdade que seja assim a chamada Iniciação em ordens fraternais e também na maioria das ordens pseudo-ocultistas, a opinião é completamente errônea quando aplicada às Iniciações nos vários graus das verdadeiras Fraternidades Ocultas, conforme logo esclarecerá uma rápida compreensão dos verdadeiros requisitos exigidos e de sua razoabilidade.

Em primeiro lugar, o ouro não serve como chave para o Templo. Toma-se em conta o mérito, não o dinheiro, pois o mérito não se adquire num dia: é o produto acumulado das boas ações passadas. De modo geral, o candidato à Iniciação é totalmente inconsciente de que é candidato. Quase sempre vive sua vida na comunidade, servindo ao seu próximo durante dias e anos, sem outro pensamento para o futuro, até que um dia aparece em sua vida o instrutor, um Hierofante dos Mistérios Menores, apropriado ao país em que ele reside. Até esse momento o candidato esteve cultivando internamente certas faculdades, acumulando certos poderes para servir e ajudar, dos quais é quase sempre inconsciente ou não sabe como usar corretamente. A tarefa do iniciador é, então, muito simples: mostra ao candidato as faculdades latentes, os poderes adormecidos, e inicia-o no seu uso, explicando-lhe ou demonstrando-lhe, pela primeira vez, como o candidato pode despertar essa energia estática, convertendo-a em poder dinâmico.

A Iniciação pode efetuar-se por meio de uma cerimônia ou não. No entanto, observe-se particularmente que ela é a culminação inevitável de prolongados esforços espirituais do candidato, sejam conscientes ou não, e positivamente nunca pode realizar-se até que, no requerido desenvolvimento interno, tenham sido acumulados os poderes latentes que a Iniciação ensina a empregar dinamicamente, assim como apertar o gatilho de uma arma descarregada não produz nenhuma explosão.

Não se deve temer tampouco que o instrutor deixe de reparar em alguém que alcançou o desenvolvimento requerido. Toda ação boa e desinteressada aumenta enormemente a luminosidade e o poder vibratório da aura do candidato, de modo que, tão seguramente como o ímã atrai a agulha, assim também o brilho da aura luminosa atrairá o instrutor.

Naturalmente é impossível descrever num livro dado ao público em geral os estágios de Iniciação Rosacruz. Fazer isso seria um abuso de confiança, o que, ademais, seria impossível por falta de palavras adequadas para expressar os fatos. Não obstante, é permitido fazer um esboço geral e mostrar o propósito da Iniciação.

Os Mistérios Menores dizem respeito somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre. Nas primeiras três e meia Revoluções da onda de vida em torno dos sete Globos, os Espíritos Virginais não haviam ainda adquirido consciência. Por isso ignoramos como chegamos a ser o que somos hoje. O candidato precisa, pois, ser esclarecido pelos Hierofantes sobre o assunto durante o período de Iniciação. No primeiro grau, sua consciência é dirigida à página da Memória da Natureza que contém os registros da primeira Revolução, na qual se recapitula o desenvolvimento do Período de Saturno. Aí ele permanece em plena posse da sua consciência diária, sabe e recorda os fatos da vida do século XX, mas está agora observando conscientemente os progressos da evolucionante hoste de Espíritos Virginais, da qual era uma unidade na denominada Revolução de Saturno. Desse modo aprende como no Período Terrestre foram dados os primeiros passos para a meta da realização; realização esta que lhe será revelada num grau posterior.

Tendo aprendido a lição praticamente, tal como descrita no Capitulo X, o candidato adquiriu conhecimento direto sobre esse assunto, e pôs-se em contato direto com as Hierarquias Criadoras em sua atividade com e sobre o ser humano. Tornou-se assim capaz de apreciar seus esforços benéficos no Mundo e, até certo ponto, de pôr-se em linha com eles, convertendo-se, de fato, num colaborador.

Quando chega o tempo de passar ao segundo grau, a ele é solicitado dirigir sua atenção às condições da segunda Revolução do Período Terrestre, conforme registradas na Memória da Natureza. Então, em plena consciência, observa os progressos alcançados nesse tempo pelos Espíritos Virginais, tal como Peter Ibbetson (o herói da obra “Peter Ibbetson”, de George du Maurier[76], cuja leitura recomendamos por ser uma descrição gráfica de certas fases de subconsciência) observava sua vida infantil durante as noites em que “sonhava de verdade”.

No terceiro grau o discípulo segue a evolução da terceira Revolução – ou Lunar – e no quarto grau vê os progressos feitos na metade da quarta Revolução, metade acabada de passar.

Há, porém, outro passo a mais em cada grau: o discípulo vê também, além do trabalho executado em cada Revolução, a obra realizada na época correspondente durante a nossa estada no Globo D, a Terra.

Durante o primeiro grau ele segue a obra da Revolução de Saturno e sua última consumação na Época Polar.

No segundo grau ele acompanha o trabalho da Revolução Solar e sua réplica, a Época Hiperbórea.

Durante o terceiro grau, ele observa a obra realizada na Revolução Lunar e vê como esta foi a base da vida na Época Lemúrica.

Durante o quarto grau, ele vê a evolução da última meia Revolução com seu correspondente período de tempo em nossa estada sobre a Terra, a primeira metade da Época Atlante, que terminou quando a atmosfera densa e nebulosa se precipitou e o Sol começou a brilhar, pela primeira vez, sobre a terra e o mar. Então terminou a noite de inconsciência, os olhos do Ego interno abriram-se por completo e pôde dirigir a Luz da razão para o problema da conquista do Mundo. Foi aí que nasceu o ser humano tal como hoje o conhecemos.

Quando, nos antigos sistemas de Iniciação, dizia-se que o candidato era mergulhado em transe durante um período de três dias e meio, isso era apenas uma referência a essa parte da Iniciação que acabamos de descrever: os três dias e meio referem-se a estágios passados, não sendo absolutamente dias de vinte e quatro horas. O tempo empregado varia de um para outro candidato, mas em todos os casos ele é sempre conduzido através do desenvolvimento inconsciente da humanidade durante as Revoluções passadas. Quando se diz que ele é despertado ao nascer do Sol do quarto dia, usa-se a forma mística de expressar que sua Iniciação, na obra da carreira involucionária do ser humano, cessou quando o Sol se elevou sobre a clara atmosfera da Atlântida. Então o candidato é saudado como “primogênito”.

Tendo-se familiarizado com o caminho percorrido no passado, o quinto grau leva o candidato ao final do Período Terrestre, no qual uma humanidade gloriosa estará recolhendo os frutos desse Período, levando-os consigo, dos sete Globos sobre os quais evoluiu em cada Dia de Manifestação, ao primeiro dos cinco Globos obscuros que são a sua habitação durante as Noites Cósmicas. O mais denso deles está situado na Região do Pensamento Abstrato, e é em realidade o “Caos” de que se fala nas páginas anteriores. Esse Globo é, também, o Terceiro Céu. Quando São Paulo fala de ter sido levado ao Terceiro Céu, onde viu coisas que não podia revelar, referia-se a experiências equivalentes às do quinto grau dos Mistérios Rosacruzes atuais.

Uma vez mostrada a finalidade do quinto grau, em que o candidato se familiariza com os meios pelos quais essa finalidade há de ser atingida durante as três e meia Revoluções restantes do Período Terrestre, os quatro graus restantes são dedicados a seu esclarecimento sobre o assunto.

Por meio da percepção, assim adquirida, ele é capaz de cooperar, inteligentemente, com os Poderes que trabalham para o Bem, tornando-se apto para apressar o dia da nossa emancipação.

Para evitar más interpretações desejamos esclarecer aos Estudantes que não somos Rosacruzes pelo fato de estudarmos seus ensinamentos, nem tampouco nossa admissão ao Templo qualifica-nos a adotarmos esse título. O autor, por exemplo, é somente um Irmão Leigo, um aluno, e sob nenhuma circunstância denominar-se-ia a si próprio Rosacruz.

Ao concluir o curso primário um rapaz não está, por isso, capacitado para ministrar esse curso. Deve primeiro frequentar o curso ginasial e a universidade, podendo ainda acontecer que não se sinta inclinado a ser um professor. De modo semelhante, na escola da vida, o fato de um ser humano ter-se graduado na Escola de Mistérios Rosacruzes não significa necessariamente que ele já seja um Rosacruz. Os graduados nas várias escolas de Mistérios Menores escalam as cinco escolas de Mistérios Maiores onde, nas quatro primeiras passam pelas Quatro Grandes Iniciações. Por último alcançam o Libertador, recebendo conhecimentos relativos a outras evoluções. Então, é-lhes dado escolher entre ficar aqui para ajudar seus irmãos ou entrar noutra evolução como Auxiliares. Aos que escolhem ficar aqui como Auxiliares são dadas diversas tarefas, de acordo com seus gostos e inclinações naturais. Os Irmãos da Rosacruz estão entre estes compassivos seres, de modo que é um sacrilégio arrastar o nome Rosacruz no lodo, usando-o como título próprio, quando nada mais somos do que Estudantes de suas elevadas doutrinas.

Durante os últimos séculos os Irmãos têm trabalhado pela humanidade ocultamente. Cada noite, à meia-noite, há um serviço no Templo. Os Irmãos Maiores, assistidos pelos Irmãos Leigos que podem deixar seu trabalho no mundo (pois muitos deles moram em lugares em que ainda é dia quando no local do Templo Rosacruz é meia-noite), colhem de todas as partes do Mundo Ocidental os pensamentos de sensualidade, avareza, egoísmo e materialismo. Então procuram transmutá-los em puro amor, benevolência, altruísmo e aspirações espirituais, enviando-os de volta ao mundo para elevação e fortalecimento do Bem. Não fora esse potente manancial de vibrações espirituais, o materialismo já teria esmagado totalmente todo esforço espiritual, pois nunca houve idade mais obscura, do ponto de vista espiritual, do que os últimos trezentos anos de materialismo.

Agora, entretanto, chegado o tempo dos esforços secretos serem suplementados por um esforço mais direto, promulga-se um ensinamento definido, lógico e consequente, relativo à origem, à evolução e ao desenvolvimento futuro do mundo e do ser humano, apresentando-se, ao mesmo tempo, os aspectos espiritual e científico: um ensino que não faz afirmação alguma irreconciliável com a razão ou a lógica; que satisfaz à Mente, pois apresenta uma solução razoável a todos os mistérios; que não pede nem evita perguntas, oferecendo explicações lúcidas e profundas ao mesmo tempo.

Mas, e esse é um “Mas” muito importante: os Rosacruzes não consideram a compreensão intelectual de Deus e do Universo como um fim em si mesma. Longe disso! Quanto maior o intelecto tanto maior o perigo de empregá-lo mal. Portanto, esse ensino científico, lógico e completo é dado para que o ser humano possa crer em seu coração naquilo que sua cabeça tenha sancionado, e para que comece a viver uma vida religiosa.

A Fraternidade Rosacruz

Com o objetivo de promulgar esse ensinamento, foi organizada a Fraternidade Rosacruz. Qualquer pessoa, desde que não seja hipnotizador, ou que seja por profissão: médium, vidente, quiromante ou astrólogo, pode inscrever-se como Estudante do Curso Preliminar dirigindo-se à Secretaria Geral. Para a Iniciação não há taxas ou outras obrigações. O dinheiro não pode comprar ensinamentos: o avanço depende do mérito.

Depois de completar o Curso Preliminar, o Estudante é matriculado como Estudante Regular por um período de dois anos. Findo esse, caso haja se compenetrado da verdade dos Ensinamentos Rosacruzes, e se preparado para cortar todos os laços com qualquer outra ordem oculta ou religiosa – excetuando-se as Igrejas Cristãs e Ordens Fraternais – pode assumir o Compromisso, que o admite no grau de Probacionista.

Não pretendemos insinuar, no parágrafo anterior, que as demais escolas de ocultismo não contam. Longe disso. Muitos caminhos conduzem a Roma, mas chegaremos com menos esforço seguindo por um só deles do que ziguezagueando de um para outro. Primeiramente porque nosso tempo e energias são limitados e, além disso, reduzidos por deveres familiares e sociais que não devemos descuidar para atender ao próprio desenvolvimento. A fim de economizar o mínimo de energia de que legitimamente gastaríamos para nós mesmos, e evitar a perda dos poucos momentos vagos que temos à nossa disposição, é que os líderes insistem para renunciarmos a todas as demais ordens.

O mundo é um agregado de oportunidades, mas para aproveitá-las é necessário possuirmos eficiência em certa linha de esforços. O desenvolvimento dos poderes espirituais pode nos capacitar a ajudar ou prejudicar aos nossos irmãos mais fracos. E esses poderes só se justificam quando o objetivo é Servir à Humanidade.

O método de realização Rosacruz difere dos outros sistemas por um pormenor especial: procura desde o princípio emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o autoconfiante no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e enfrentar todas as condições. Somente aquele que for tão bem equilibrado pode ajudar ao débil.

Quando certo número de pessoas se reúne em classe ou círculo objetivando o autodesenvolvimento, mas por meio de métodos negativos, geralmente os resultados são conseguidos em pouco tempo, seguindo o princípio de que é mais fácil deixar-se levar pela corrente, do que lutar contra ela. O médium, contudo, não é senhor dos seus atos, mas escravo do espírito que o domina. Por isso tais reuniões devem ser evitadas pelos Probacionistas.

Mesmo as reuniões em que se mantenha uma atitude mental positiva não são aconselhadas pelos Irmãos Maiores, porque os poderes latentes de todos os membros são amalgamados. Então as visões dos mundos internos obtidas por quaisquer deles apenas resultam parcialmente da influência das faculdades dos demais. O calor de um carvão no centro de uma fogueira fica aumentado pelo dos carvões que o rodeiam. O clarividente originado num círculo, mesmo que esse seja positivo, é como uma planta na estufa – demasiado dependente para que se lhe possa confiar os cuidados dos demais.

Portanto, todo Probacionista da Fraternidade Rosacruz efetua seus exercícios sozinho, no isolamento do seu lar. Seguindo esse método, obtêm-se resultados mais lentamente. Porém, quando tais resultados aparecerem, manifestar-se-ão como poderes cultivados por ele mesmo, e poderão ser empregados independentemente dos demais. Além disso, os métodos Rosacruzes constroem o caráter, ao mesmo tempo em que desenvolvem as faculdades espirituais, resguardando assim o discípulo da tentação de perverter seus poderes divinos em busca de prestígio mundano.

Quando o Probacionista tenha cumprido os requisitos exigidos e completado o prazo de provação, pode enviar um pedido de instrução individual aos Irmãos Maiores, por meio do Secretário Geral.

Quando esse pedido foi concedido o Probacionista se torna um Discípulo e está gradualmente habilitado para o trabalho como um Auxiliar Invisível.

O Simbolismo da Rosacruz

Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.

Visto em toda sua plenitude, esse maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do ser humano, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em Espírito Humano interno. No entanto, houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o Tríplice Espírito pairava acima dos seus veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecentes no começo da terça parte da Época Atlante. Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era, pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o ser humano só dispunha dos Corpos Denso, Vital e de Desejos e carecia da Mente. O que predominava, então, era a natureza animal. O ser humano seguia os seus desejos sem reserva. Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os Corpos Denso e Vital, faltando o de Desejos. Então o ser humano, em formação, era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).

Esse símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do ser humano em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão ou desejo e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: “Ser humano, conhece a ti mesmo”. Esse lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do ser humano no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.

A planta é inocente, porém, não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O ser humano tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.

Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas, ele era também como elas: inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era então uma parte do órgão criador, aderindo à cabeça quando o Corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do polo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro Corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.

Quando o ser humano começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc. Naquele tempo o ser humano era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro Corpo.

A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro polo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em íntimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo, quando sua consciência se concentrou mais e mais no mundo externo, perdendo ele sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo e voluntariamente, toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie, mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o ser humano se converterá finalmente em um criador independente e autoconsciente.

Mesmo presentemente o ser humano já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia, etc. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o ser humano poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e o capacitará a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de tentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles, jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.

Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o Corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa está colocada no lugar da laringe.

Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa de cor vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o ser humano alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.

Por isso os Rosacruzes esperam, ardentemente, o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma Aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: “Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”; e é por esse motivo que essa saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os Estudantes, Probacionistas e Discípulos presentes respondem à saudação dizendo: “E na vossa também”.

Ao falar de sua purificação, São João (IJo 3: 9) diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o Aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o ser humano não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciações, e que a perpetuação da raça é um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos: mental, moral, financeira e fisicamente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um Corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também o ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.

Incluído em edições posteriores inglesas e brasileiras:

A Sede Internacional da Fraternidade Rosacruz

Tendo a Fraternidade Rosacruz sido fundada para promulgar os ensinamentos dados nesse livro, e para auxiliar os Aspirantes no caminho do progresso, tornou-se necessário sediá-la num lugar permanente que facilitasse o trabalho requerido. Com esse objetivo comprou-se uma gleba de terra na cidade de Oceanside, Califórnia, 90 milhas ao Sul de Los Angeles e 40 milhas ao norte de San Diego, a cidade mais ao sudoeste dos Estados Unidos.

Essa gleba, situada numa elevação, descortina a oeste, maravilhosa paisagem do grande Oceano Pacifico, e a lesse lindas montanhas cobertas de neve.

O sul da Califórnia oferece excepcionais oportunidades para crescimento espiritual porque o Éter contido em sua atmosfera é mais concentrado do que em qualquer outra parte do mundo. A esse respeito Mount Ecclesia, como se chama a Sede da Fraternidade Rosacruz, é particularmente favorecida.

Os Edifícios

O trabalho começou no fim de 1911. Até aqui (1978), numerosas construções foram erguidas, algumas das quais não mais existem. A Pro-Ecclesia, ou Capela, na qual são levados a efeito diariamente dois serviços de 15 minutos desde a sua consagração, em dezembro de 1913, foi totalmente reformada em 1962. Um serviço devocional com conferências continua a ser efetuado aos domingos. Um Edifício de Administração com dois andares foi terminado em 1917, e reformado em 1962. No segundo andar estão as Secretarias de vários departamentos: Esotérico, dos Cursos por Correspondência, Editorial, de Línguas Estrangeiras e Contábil. No primeiro andar situam-se os Departamentos de Expedição e a Oficina Impressora, onde as Lições, a Revista “Rays from the Rose Cross”, os panfletos, etc., são impressos. Em 1972 foi instalada uma impressora “off-set”.

No Refeitório, construído em 1914, ampliado nos anos 30 e renovado em 1962, são servidos pratos vegetarianos. O Templo de Cura, onde um serviço de cura é efetuado todas as noites, foi concluído em 1920. A Hospedaria Rosacruz, reservada aos visitantes e certos funcionários, foi construída em 1924. Presentemente vem sendo muito utilizada na estocagem de livros. O Prédio da Enfermaria foi levantado em 1939 e usado por alguns anos para o tratamento de enfermos portadores de doenças não contagiosas. Agora é a Casa do Visitante. Numerosas habitações individuais, construídas a partir de 1962, algumas já reformadas, são ocupadas por funcionários. A Sede do Departamento de Cura foi construída em 1940. Aqui os trabalhos de cura são conduzidos pelos secretários.

Cursos Por Correspondência

Além de suas publicações constantes da Biblioteca Rosacruz, a Fraternidade proporciona, gratuitamente, cursos por correspondência, para aqueles que aspiram crescimento espiritual e a iluminação pelos estudos, na compreensão de matérias mais avançadas, que capacitarão o Estudante a penetrar mais profundamente nos mistérios da Vida e do Ser.

Curso Preliminar de Filosofia

Composto de 12 lições. Prepara o Estudante ao caminho da espiritualidade. Recebidas as respostas das lições, são estas examinadas, corrigidas e devolvidas ao Estudante com respostas impressas para sua comparação. Para esse curso faz-se necessário o livro básico “Conceito Rosacruz do Cosmos”.

Curso Suplementar de Filosofia

Composto de 40 lições. São estas enviadas após a conclusão do Curso Preliminar, ocasião em que o Estudante se converte em Estudante Regular da Fraternidade Rosacruz. As lições têm também suas respostas devolvidas, depois de examinadas e corrigidas. Com esse curso, o Estudante ainda é inscrito na Sede Mundial – The Rosicrucian Fellowship – de onde também passa a receber correspondência. Depois de decorridos dois anos, o Estudante pode solicitar à Sede Mundial, o ingresso no Probacionismo, um caminho que proporciona estudos mais profundos.

Curso de Estudos Bíblicos

Composto de 28 lições, que serão devolvidas ao Estudante depois de examinadas e corrigidas.

Curso de Astrologia Espiritual Educativa

Elementar – composto de 26 lições

Superior – composto de 12 lições

Superior Suplementar composto de 13 lições.

Todas as lições também são devolvidas ao Estudante depois de examinadas e corrigidas.

Nota – Só depois de terminado o Curso Preliminar pode o Estudante, simultaneamente ou não, inscrever-se nos demais cursos.

Os cursos são ministrados nos idiomas: inglês, francês, alemão, italiano e espanhol, desde que solicitados a:

The Rosicrucian Fellowship

2222 Mission Avenue

Oceanside, CA -92054 – U.S.A.

Os mesmos cursos em português podem ser solicitados, no Brasil:

Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP

Av. Francisco Glicério, 1326 – 8° andar – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

E-mail: contato@fraternidaderosacruz.com – Tel.: 19 3886-3943

ou

Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP

Rua Asdrúbal do Nascimento, 196

01316-030 – São Paulo – SP – Brasil

E-mail: esoteric@fraternidaderosacruz.com.br –Tel.: 11 3107-4740

Todos os cursos são inteiramente gratuitos, visto que os gastos são cobertos pelas contribuições voluntárias, conforme os ditames do coração e as posses de cada um, cumprindo-se, assim, a lei de DAR e RECEBER.

Exercícios Noturno e Matinal Efetuados Pelo Aspirante Rosacruz

O Exercício Noturno

O exercício noturno, Retrospecção, é mais valioso do que qualquer outro método para adiantar o Aspirante no caminho da realização. Seu efeito é tão profundo que capacita a quem o pratica a aprender presentemente, não apenas as lições desta vida, mas também lições que normalmente estar-lhe-iam reservadas para vidas futuras.

Após deitar-se, à noite, relaxe o Corpo. Em seguida comece a rever as cenas do dia em ordem inversa, iniciando com os acontecimentos da noite, passando às ocorrências da tarde, e depois às da manhã. Procure rever as cenas com a maior fidelidade possível: reproduza diante do seu olhar mental tudo o que aconteceu em cada cena, sob revisão, com o propósito de julgar suas ações, de certificar-se se suas palavras transmitiram o significado pretendido ou se deram uma falsa impressão, ou se exagerou ou atenuou as experiências relatadas aos outros. Reveja sua atitude moral em relação a cada cena. Durante as refeições, comeu para viver, ou viveu para comer, para agradar ao paladar? Julgue-se a si mesmo, censure-se onde houver culpa, e louve-se onde houver mérito.

Algumas pessoas não conseguem permanecerem acordadas até o fim do exercício. Em tais casos é permitido sentar-se no leito, até ser possível seguir-se o método regular.

O valor da Retrospecção é enorme – ultrapassa a imaginação. Em primeiro lugar, efetuamos o trabalho de restauração da harmonia conscientemente, e em menor tempo do que é necessário ao Corpo de Desejos para realizá-lo durante o sono. Fica, assim, uma maior parte da noite disponível para o trabalho externo, o que não seria possível de outra maneira. Em segundo lugar, vivemos o nosso Purgatório e o Primeiro Céu todas as noites, introduzindo assim no Espírito, como sentimento correto, a essência das experiências diárias. Por conseguinte, escapamos do Purgatório após a morte e também economizamos o tempo de permanência no Primeiro Céu. Por último, mas não menos importante, tendo extraído diariamente a essência das experiências que dão crescimento anímico, e tendo-as amalgamado ao espírito, passamos a vivenciar realmente uma atitude mental e a nos desenvolver por linhas que ordinariamente nos estariam reservadas para vidas futuras. Pela fiel execução desse exercício apagamos, dia após dia, as ocorrências indesejáveis da nossa memória subconsciente, de modo que nossos pecados são apagados, nossas auras começam a brilhar com o ouro espiritual extraído por Retrospecção das experiências diárias, e desse modo atraímos a atenção do Mestre.

Os puros verão a Deus, disse Cristo, e o Mestre abrirá prontamente os nossos olhos quando estivermos prontos para entrar no “Saguão do Saber”, o Mundo do Desejo, onde adquirimos nossas primeiras experiências de vida consciente sem o Corpo Denso.

O Exercício Matinal

Concentração, o segundo exercício, deve ser realizado pela manhã, imediatamente depois que o Aspirante desperta. Não se deve levantar para abrir janelas nem fazer nenhum ato desnecessário. Se a posição do Corpo é confortável, deve relaxar imediatamente e começar a concentrar-se. Isto é muito importante, pois no momento de despertar, o espírito acaba de retornar do Mundo do Desejo, e nessa ocasião é mais fácil retomar o contato consciente com esse Mundo do que em qualquer outro momento do dia.

Lembremos que durante o sono as correntes do Corpo de Desejos fluem, e que seus vórtices giram e se movimentam com enorme velocidade. No entanto, logo que penetra no Corpo Denso, suas correntes e vórtices são quase paralisados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do Corpo Vital que transmitem as mensagens do e para o cérebro. O objetivo desse exercício é manter o Corpo Denso no mesmo grau de inércia e insensibilidade que experimenta durante o sono, embora o espírito no interior esteja perfeitamente desperto, alerta e consciente. Estabelecemos desse modo a condição necessária para os centros de percepção do Corpo de Desejos poderem começar a girar dentro do Corpo Denso.

Concentração é uma palavra que confunde a muitos, e que só tem significado para poucos. Por isso tentaremos esclarecer o seu significado. O dicionário dá várias definições, todas aplicáveis à nossa ideia. Uma delas é: “fazer convergir para um centro”. Outra definição, esta aplicável à química, é: “reduzir à máxima pureza e intensidade, removendo os constituintes sem valor”. Aplicadas ao nosso problema, uma das definições acima nos diz que se fizermos convergir os nossos pensamentos para um centro, para um ponto, aumentamos o seu vigor, sob o mesmo princípio pelo qual o poder dos raios solares aumenta quando focalizados num ponto através de uma lente de aumento. Eliminando na ocasião todos os outros assuntos de nossa Mente, a força total do nosso pensamento fica disponível para ser usada em atingir o objetivo, ou para resolver o problema sobre o qual nos concentramos. Podemos, pois, ficar tão absorvidos em nosso tema que se um canhão fosse disparado acima de nossa cabeça não o ouviríamos. Há pessoas que ficam tão perdidas na leitura de um livro que se esquecem de tudo o mais. O Aspirante à visão espiritual deve adquirir a faculdade de se tornar igualmente tão absorvido na ideia sobre a qual se concentra que possa excluir o mundo dos sentidos da sua consciência, e assim dar toda a sua atenção ao mundo espiritual. Quando aprender a fazer isso, verá o lado espiritual de um objeto ou de uma ideia, iluminado pela luz espiritual, e assim obterá um conhecimento da natureza interna das coisas como jamais foi sonhado por um ser humano mundano.

Atingido esse ponto de abstração, os centros de percepção do Corpo de Desejos começam a girar lentamente dentro do Corpo Denso, tomando, portanto, seus próprios lugares. Com o tempo isto se tornará cada vez mais definido, necessitando cada vez menos esforço para pô-los em movimento.

O assunto da concentração pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve ser preferentemente de tal natureza que faça com que o Aspirante se afaste das coisas comuns dos sentidos, além do tempo e do espaço, e para isso não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do primeiro Capítulo do Evangelho de São João. Tomando-os como assunto de concentração, sentença por sentença, todas as manhãs, com o tempo proporcionará ao Aspirante uma maravilhosa percepção do princípio do nosso Universo e do método da criação – uma compreensão muito além da que se poderia obter através dos livros.

Depois de algum tempo, quando o Aspirante tenha aprendido a manter diante de si por uns cinco minutos ininterruptos o assunto em que se concentra, deve tentar abandonar abruptamente esse assunto, deixando a Mente em branco. Não deve pensar em nada mais, esperando simplesmente que alguma coisa preencha o vazio. No devido tempo, a visão de cenas do Mundo do Desejo preencherá o espaço vazio. Depois que o Aspirante tenha se acostumado a tal, poderá mandar que isto ou aquilo apareça diante de si. O que for, aparecerá, e então ele poderá investigá-lo à sua vontade.

O importante, contudo, é que seguindo estas instruções, o Aspirante está se purificando; sua aura começará a brilhar e inevitavelmente atrairá a atenção do Mestre, o qual enviará alguém para ajudá-lo, onde necessário, a dar outro passo no caminho do progresso. Ainda que passem meses ou anos sem que apareçam resultados visíveis, estejamos certos de que nenhum esforço é feito em vão. Os Grandes Mestres veem e apreciam os nossos esforços. Eles estão exatamente tão ansiosos para terem a nossa ajuda quanto nós o estamos para servir. Podem também ver as razões da inconveniência de servirmos à humanidade nesta vida. No entanto, algum dia as condições inibidoras terão passado e seremos admitidos à luz, onde poderemos ver por nós mesmos.

Diz uma antiga lenda que a procura de um tesouro deve ser feita no sossego da noite e em perfeito silêncio. Pronunciar uma só palavra enquanto o tesouro não estiver completamente escavado causaria, inevitavelmente, o seu desaparecimento. É uma parábola mística que se refere à procura da iluminação espiritual. Se bisbilhotarmos ou contarmos aos outros as experiências de nossas horas de concentração perdê-las-emos. Elas não podem suportar a transmissão oral, por isso dissolver-se-ão em nada. Precisamos, pela meditação, extrair delas o pleno conhecimento das leis cósmicas ocultas. Portanto, a experiência própria não deve ser comentada, haja vista que ela é apenas o invólucro que esconde a semente que contém. A lei é de valor universal, como vai ficar evidente, porque pode explicar os fatos e ensinar-nos como aproveitar oportunidades de determinadas condições e a evitar outras. A critério do seu descobridor, e para benefício da humanidade, ela pode ser revelada livremente. A experiência que revelou a lei aparece, então, em sua verdadeira luz como sendo apenas de interesse passageiro, não mais digna de nota. Por isso o Aspirante precisa considerar tudo o que acontece durante a concentração como sagrado, e deve conservá-lo rigorosamente para si.

Finalmente, evite considerar os exercícios como uma tarefa enfadonha. Repute-os em seu verdadeiro valor: eles são os nossos mais elevados privilégios. Somente quando assim considerados podemos fazer-lhes justiça, e deles colher os mais amplos benefícios.

Conforme publicação na 3ª edição em 1912

EPÍLOGO – O Poder de Cura Definitiva

É uma inegável verdade que “o ser humano tem vida curta e atribulada”[77], e entre todas as vicissitudes da vida nenhuma tem o maior poder de fazer se voltar para Deus do que o sofrimento no Corpo. Podemos perder a nossa posição econômica ou os amigos com relativa equanimidade, mas quando nos falta a saúde e a morte nos ameaça, até os mais fortes vacilam. Compreendendo a impotência humana, e poderosamente movido por uma necessidade premente, sentimos necessidade de apelar para o socorro Divino, e quanto mais severamente a dor física nos aflige, mais insistentemente vamos pedir ajuda à Deus. Nada pode nos fazer orar tão fervorosamente como a dor no Corpo.

Por isso, o ofício sacerdotal sempre esteve intimamente ligado à cura. Entre os selvagens, o sacerdote era também o “homem da medicina”; na Grécia antiga o templo de Esculápio[78] era famoso pelas curas que eram operadas lá; Cristo, em Seus dias, curava totalmente o doente. A igreja primitiva seguiu essa prática, como é evidente nas Epístolas; e certas ordens católicas continuaram no esforço de amenizar a dor, através dos séculos, desde aqueles tempos até os dias atuais.

Nos tempos modernos, a tendência é de se dissociar o consolador espiritual do sacerdote, quando de um Corpo doente. Por isso, o estreito contato e a calorosa simpatia entre o sacerdote e os paroquianos foram perdidos, e, em consequência, ambos empobreceram, nesse sentido. Antigamente, nos momentos de doença, o “bom pai” era tido como um representante de nosso Pai Celeste. Provavelmente ele era não especializado em comparação com nossos médicos modernos, mas, se ele fosse um verdadeiro e santo sacerdote, seu coração seria caloroso e amoroso e suas orientações mais potentes, devido à fé do paciente em seu ofício sacerdotal, e, após a recuperação, seu paciente também seria seu amigo e se aconselharia com ele a respeito das coisas espirituais, coisa que ele nunca faz, onde os “consultórios” do sacerdote e do médico estão dissociados.

Não se pode negar que aquele consultório com essa dupla função deu aos titulares um poder e tanto sobre as pessoas, e que esse poder foi, por vezes, abusado. Também é patente que a arte da medicina atingiu um estágio de eficiência, o qual não poderia ter sido atingido, salvo pela devoção a um determinado fim e objetivo. As leis sanitárias, a extinção de insetos portadores de doenças, e consequente imunidade, são testemunhos monumentais do valor dos métodos científicos modernos. Portanto, pode parecer que tudo esteja bem e que não haveria necessidade de escrever sobre o assunto, mas, na realidade, até que a humanidade, como um todo, desfrute de uma perfeita saúde, não existe nenhum problema mais importante do que a questão: como podemos conseguir e manter a saúde?

Além da escola regular de cirurgia e medicina, que depende exclusivamente de meios físicos para a cura da doença, outros sistemas surgiram que dependem inteiramente da cura total mental. Já se tornou costume corrente nas organizações que advogam a “cura mental”, a “cura natural” e outros a realização das “reuniões de troca de experiências” e a publicação em revistas especializadas com testemunhos de milhares de pessoas agradecidas que foram beneficiadas por tais “tratamentos”, e se os médicos da escola regular fizessem o mesmo não lhes faltariam testemunhos similares acerca das suas eficácias.

A opinião de milhares de pessoas é de grande valor, mas nada prova porque outros tantos milhares de pessoas podem sustentar exatamente o ponto de vista oposto. Ocasionalmente uma só pessoa pode ter razão, enquanto o resto do mundo está errado, como aconteceu quando Galileu[79] afirmou que a Terra se movia. Hoje em dia, todo o mundo converteu-se à opinião pela qual Galileu foi perseguido como herege. Sustentamos que, sendo o ser humano um ser composto, a cura tem êxito na proporção em que se remedeiem os defeitos nos planos: físico, moral e mental do ser, e nós, também, afirmamos que resultados podem ser obtidos mais facilmente nos períodos quando os raios dos Astros são propícios para a cura definitiva de uma doença específica que faz uma pessoa sofrer. Ou doenças podem ser tratadas com mais sucesso por remédios previamente preparados sob condições propícias (ou favoráveis) do que quando o remédio é preparado sob condições astrais desfavoráveis.

É fato bem conhecido do médico moderno que o estado do sangue, e, por conseguinte, de todo o Corpo, muda de acordo com o estado mental do paciente, e quanto mais o médico empregar a sugestão como auxiliar dos remédios, tanto mais êxito obterá. Todavia, são poucos os que aceitariam o fato de que tanto nosso estado mental como o físico são influenciados pelos raios astrais, que mudam com o movimento dos respectivos Astros e, ainda, desde que foi reconhecida a existência da radioatividade, nós sabemos que todos os Corpos celestes lançam partículas radioativas no espaço. Na telegrafia sem fio nos demonstra que as ondas etéreas viajam segura e rapidamente através do espaço, atuando por meio de uma chave, de acordo com a nossa vontade. Sabemos, também, que os raios do Sol nos afetam de modo diferente pela manhã, quando nos atingem horizontalmente, do que ao meio-dia, quando caem sobre nós perpendicularmente. Se os raios luminosos do Sol, que se movem rapidamente, produzem mudanças físicas e mentais, por que não teriam efeito correspondente os raios persistentes dos Astros mais lentos? Se eles têm, então eles são fatores na saúde que não devem ser negligenciados por um verdadeiro curador científico.

A enfermidade é uma manifestação da ignorância, o único pecado, e a cura definitiva é uma demonstração do conhecimento aplicado, que é a única salvação. Cristo é a manifestação do Princípio de Sabedoria e, na mesma proporção em que o Cristo se forme em nós, alcançaremos a saúde. Por conseguinte, a pessoa que cura deve ser espiritualizada e deve procurar infundir em seu paciente elevados ideais, para que gradualmente aprenda a se conformar com as leis de Deus, que governam o Universo, alcançando, assim, saúde permanente na vida atual bem como nas futuras.

No entanto, “a fé sem obras é morta”. Se nós persistimos em viver sob condições não sanitárias a fé não nos salvará da febre tifoide, mas quando nós aplicamos medidas preventivas apropriadas e remédios para os doentes, nós estamos realmente mostrando nossa fé por obras.

Está escrito em várias obras que os membros da Ordem dos Rosacruzes têm o objetivo de ajudar a humanidade em obter a saúde do Corpo, e fazem o voto de curar definitivamente os outros gratuitamente. No entanto, como se vê em muitas das chamadas “revelações”, esta afirmação é inexata. Os Irmãos Leigos fazem o voto de assistir a todos com o melhor de sua capacidade gratuitamente. Esse voto inclui o trabalho de curar definitivamente, para os possuidores dessa aptidão, como foi o caso de Paracelso[80]. Ele tinha uma grande capacidade curadora e procurava combinar a eficiência dos remédios físicos, aplicados em fases astrológicas favoráveis, com a orientação espiritual conveniente. Os que não possuem a faculdade sanadora trabalham em outros setores, mas todos têm uma característica em comum: nunca cobram pelos seus serviços e sempre trabalham em segredo, sem clarinadas e rufos de tambores.

Durante os últimos três anos nós trabalhamos assiduamente para escrever, publicar e disseminar oralmente os Ensinamentos Rosacruzes. Eles alcançaram, rapidamente, os mais remotos lugares da Terra em um ano e meio e agora são estudados desde a África do Sul até o Círculo Ártico e ainda além. Nós temos, também, seguida a prescrição de “não cobrar pelos ensinamentos” e, tendo encontrado “fidelidade em algumas coisas”, o Irmão Maior, que é a nossa inspiração no trabalho, confiou aos nossos cuidados a fórmula pela qual uma panaceia de cura definitiva espiritual pode ser feita, para aliviar o sofrimento e curar a doença – sempre gratuitamente.

Para executar esse serviço para a humanidade será necessário estabelecer a sede e uma escola para educar os Auxiliares qualificados no uso da panaceia espiritual, Astrologia médica e higiene. Eles, então, levarão o auxílio e a cura definitiva para todos os lugares. Um número considerável de médicos já é afiliado à Fraternidade Rosacruz e talvez um número maior sentirá o chamado para praticar o método espiritual em combinação com seus procedimentos médicos tradicionais. Não é preciso que eles propagandeiem suas afiliações à Fraternidade Rosacruz ou as curas conseguidas.

Até o presente momento, estamos prestes a garantir um pedaço de terra no sul da Califórnia, e assim que os fundos se tornarem disponíveis e adequados, a sede será erguida, com uma escola e um lugar para as orações. Enquanto isso, vamos buscar voluntários no trabalho que possam dar seu tempo e seus talentos.

FIM

[1] N.R.: Jo 1:3

[2] N.R.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) – escritor, filósofo e poeta estadunidense

[3] N.R.: Mt 10:34

[4] N.R.: Lc 2:14

[5] N.R.: do poema Song of Myself, part 20 de Walt Whitman (1819-1892) – poeta, ensaísta e jornalista americano

[6] N.R.: Lewis “Lew” Wallace (1827-1905) – escritor, militar, advogado e diplomata dos Estados Unidos da América, autor do romance Ben-Hur.

[7] N.R: Fp 2: 10

[8] N.R: Fp 2: 11

[9] N.R.: Gl 4: 19

[10] N.R.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.

[11] N.R.: ópera de três atos do com a música e libreto do compositor alemão Richard Wagner.

[12] N.R.: Mt 27:51

[13] N.R.: os sacerdotes da alta hierarquia dos mistérios

[14] N.R.: o autor se refere ao Hemisfério Norte.

[15] N.R.: isso vale para todo o Planeta Terra, pois tem a haver com a distância entre a Terra e o Sol.

[16] N.R.: Lc 2:14

[17] N.R.: Religião fundada por Maomé. O mesmo que chamar de Islamismo ou Muçulmanismo.

[18] N.R.: também chamada de Epífise Neural

[19] N.R.: também chamada de Hipófise

[20] N.R.: são um conjunto de cinco lagos situados na América do Norte, entre o Canadá e os Estados Unidos.

[21] N.R.: rio no leste da América do Norte, na região dos Grandes Lagos

[22] N.R.: em torno de 16 quilômetros

[23] N.R.: Elias (“Meu Deus é Javé”) foi um profeta e taumaturgo que viveu no reino de Israel durante o reinado de Acab (século IX a.C.).

[24] N.R.: Também grafado como: Sancara, Sankaracharya, Sancaracarya, Shankaracharya, Sankara, Adi Sankara, Adi Shankaracharya e Adi Shankara, sendo também chamado de Bhagavatpada Acharya (788-820) foi um monge errante indiano. Sua vida encontra-se envolta em mistérios e prodígios que a tornam semelhante às de outros insignes mestres espirituais da humanidade.

[25] N.R.: no Hinduísmo, é uma manifestação de Brahma, Vishnu e Shiva.

[26] N.R.: Palavra em sânscrito que quer dizer: significa “Lei Natural”, “Realidade”, “Presente de Deus” ou “vida” no modo geral. Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o “Caminho para a Verdade Superior”.

[27] N.R.: Antônimo em sânscrito de dharma, e significa vício ou pecado.

[28] N.R.: Mt 18:11

[29] N.R.: povos de origem indo-europeia que habitava extensas áreas da Europa pré-romana, eram sacerdotes do lendário povo celta.

[30] N.R.: Jean Léopold Nicolas Frédéric Cuvier (1769-1832) – naturalista e zoologista francês

[31] N.R.: Karl Maksimovich Baer (1792-1876) – biólogo, geólogo, meteorologista e médico prussio-estoniano

[32] N.R.: Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) – naturalista, geologista e professor suíço

[33] N.R.: ou Acalefos; exe. Celenterados, Águas-vivas

[34] N.R. – “sem cabeça”

[35] N.R. – “pés nos intestinos”

[36] N.R. – “pés na cabeça”; exe. Polvo

[37] N.R.: Grupos – se refere à linha horizontal, na verdade Período, da Tabela Periódica de Química; Capacidade de combinação – nível de energia

[38] N.R.: a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos de Jesus Cristo

[39] N.R.: Gl 4: 19

[40] N.R.: Mq 4: 4

[41] N.R.: um ser humano, um irmão ou irmã

[42] N.R.: 1850-1919: escritora e poeta estadunidense

[43] N.R.: Mt 6: 9-13

[44] N.R.: também chamada de Hipófise

[45] N.R.: também chamada de Epífise Neural

 [47] N.R.: também chamada de Hipófise

[48] N.R.: Jo 1:29

[49] N.R.: Mt 13: 13-14

[50] N.R.: Lc 11:9

[51] N.R.: Livro do Apocalipse

[52] N.R.: duas cidades que foram destruídas por Deus com fogo e enxofre descido do céu, devido à prática de atos imorais

[53] N.R.: A “idade das trevas” é uma periodização histórica que enfatiza as deteriorações demográfica, cultural e econômica que ocorreram na Europa consequentes do declínio do Império Romano do Ocidente. O rótulo emprega o tradicional embate visual luz-versus-escuridão para contrastar a “escuridão” deste período com os períodos anteriores e posteriores de “luz”. É caracterizado por uma relativa escassez de registros históricos e outros escritos, pelo menos para algumas áreas da Europa, tornando-o, assim, obscuro para os historiadores. O termo “Era das Trevas” deriva do Latim saeculum obscurum, originalmente aplicado por Caesar Baronius em 1602 a uma época tumultuada entre os séculos V e IX

[54] N.R.: Também chamada de tísica pulmonar ou ‘doença do peito’ ou tuberculose

[55] Baixo Relevo do Antigo Egito esculpido no teto do pórtico de uma câmara dedicada à Osíris no templo de Hathor de Dendera, no Egito

[56] G. E. Sutcliffe – astrônomo indiano

[57] Pierre Simon Laplace (1749-1827) – matemático, astrônomo e físico francês

[58] Nature: Revista mensal que ilustrava artigos populares sobre a natureza

[59] N.R.: Exposição Universal de 1904 em Saint Louis, Lousiana, EUA

[60] N.R.: Nicolas Camille Flammarion (1842-1925) – astrônomo, pesquisador psíquico e divulgador científico francês

[61] N.R.: Fundado em 1888, por Edward C. Hegeler, é um dos mais antigos e importantes jornais de filosofia

[62] N.R.: M. Pierre Bizeau – artigo publicado no The Monist: The Third Movement of the Earth – 1908

[63] N.R.: John “J. J.” Thomson (1856-1940) – físico inglês

[64] N.R.: Alfred Percy Sinnett (1840-1921) – escrito e teósofo inglês

[65] N.R.: O Crescimento da Alma

[66] N.R.: Edward Emerson Barnard (1857-1923) – astrônomo americano

[67] N.R.: Nicolau Copérnico (1473-1543) – astrônomo e matemático polonês

[68] N.R.: Tycho Brahe (1546-1601) – astrônomo dinamarquês

[69] N.R.: Ptolomeu (90-?) – Cláudio Ptolemeu ou apenas Ptolemeu ou Ptolomeu, cientista grego: trabalhos em matemática, astrologia, astronomia, geografia e cartografia

[70] N.R.: Francis Bacon (1561-1626) – político, filósofo e ensaísta inglês

[71]  N.R.: por vezes grafado como Jacob Boëhme (1575-1624) – filósofo e místico luterano alemão

[72] N.R.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) –  autor e estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural

[73] N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão

[74] N.R.: na mitologia grega é a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo; ele é Áries, o primeiro Signo astrológico do Zodíaco; segundo Higino – autor romano da época de Augusto – acreditava-se que a constelação era o carneiro que carregou Frixo e Hele através do Helesponto. Este carneiro tinha pelo de ouro, e foi sacrificado a Júpiter quando Frixo chegou à corte do rei Eetes

[75] N.R.: ICor 3:2

[76] N.R.: George du Maurier (1834-1896) – cartunista e autor franco-britânico

[77] N.R.: Jo 14:1

[78] N.R.: o deus da Medicina e da cura da mitologia greco-romana

[79] N.R.: Galileu Galilei (1564-1542) – físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano.

[80] N.R.: ou Paracelsus – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1521) – físico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista suíço-germânico.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Qual a origem das figuras grotescas e hediondas vistas pelas pessoas que sofrem de “delirium tremens”?

Resposta: Começaremos pela última parte da pergunta, então veremos o que são essas coisas vistas durante o “delirium-tremens”. Em primeiro lugar, imaginemos que há várias espécies de Espíritos. Há o Ego, uma verdadeira centelha do Fogo Divino oculto sob um certo número de coberturas opacas: Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e, finalmente, o mais opaco de todos, o Corpo Denso – o véu carnal que isola o Espírito da consciência divina e o confina nos estreitos limites de um cérebro e um corpo.

Através da evolução, esses veículos estão se tornando mais espiritualizados. Suas vibrações ficam mais elevadas, e o Ego, aos poucos, está começando a se descobrir, tal como o filho pródigo achou-se distante do Pai e ansioso por retornar. Então, devido a certos processos definidos, está gradualmente recuperando a consciência cósmica. O poder divino dos órgãos que o serviram num passado distante, como meios espirituais, está sendo despertado para uma nova atividade. É esse particularmente o caso do corpo pituitário e da glândula pineal. Quando ele aprender a vibrar esses pequenos órgãos, ele desenvolverá um novo sentido que podemos chamar de visão espiritual, pois então vê o Mundo Invisível e seus ocupantes. Há outros passos por meio dos quais ele pode tornar-se um cidadão alado desses mundos, nos quais poderá entrar e sair à vontade, embora ainda esteja vivendo num corpo físico. Atualmente ainda não dominamos essas fases do assunto. Deve-se notar que somente um Espírito pode fazer vibrar esses pequenos órgãos ou despertar suas atividades latentes.

Onde há moeda circulante, há também uma imitação em metal inferior. O Espírito também tem sua imitação. O verdadeiro Espírito divino é uma emanação em Deus — não de Deus, mas em Deus. É um Espírito de Vida. Porém, obtêm-se também um espírito espúrio por meio da fermentação e da decomposição. Esse é um espírito de morte. Nós o chamamos de álcool. Sendo um espírito, essa droga também tem o poder de promover as vibrações dos pequenos órgãos citados, mas sendo o produto vil de um processo vil, não pode senão degradar o Espírito individual com o qual entra em contato. Assim, os alcoólatras geram baixos pensamentos que se revestem de formas hediondas. Algumas vezes, várias classes de Espíritos sub-humanos apossam-se dessas formas assim geradas e conservam-nas vivas durante muito tempo, alimentando-se com as exalações de sangue nos matadouros, ou com o odor que se eleva dos tonéis de fermentação da cerveja ou do envelhecimento de aguardente, para não mencionar também as repugnantes emanações dos desejos dos frequentadores de tais lugares.

Portanto, quando uma pessoa está saturada do espúrio espírito do álcool, a velocidade vibratória dos pequenos órgãos da visão espiritual é acelerada a tal grau, que essa pessoa pode ver o mundo dos Espíritos, e vê naturalmente o que é semelhante a si. Quando um diapasão é tocado, outros diapasões do mesmo tom entram também em vibração. Da mesma maneira, todos nós somos atraídos por outros de natureza semelhante a nós. Essas figuras grotescas e hediondas são efetivamente etéricas ou interetéricas entre o Mundo do Desejo e o Éter, penetrando ambos. Elas não são um produto da imaginação, mas realidades de natureza mais ou menos duradoura, criadas por pessoas sensuais e alcoólatras dos dois mundos.

(Perg. 58 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Malefício: por que as bebidas alcoólicas?

Nos Ensinamentos Rosacruzes, por vezes, encontramos observações contra a ingestão de bebidas alcoólicas.

A missão da Fraternidade Rosacruz é elevar a humanidade, e o uso do álcool provoca justamente o efeito contrário. A própria sociedade em que vivemos oferece inúmeros exemplos dessa verdade. Acreditamos mesmo que pouquíssimos estudantes não tenham no círculo familiar algum parente, próximo ou distante, vítima desse flagelo.

Degradação moral, incapacitação para o trabalho, destruição de lares, enfermidades e morte prematura são alguns dos males provocados por esse vício. São razões suficientemente fortes para justificar todas as campanhas educativas que visem a erradicação do alcoolismo do meio social, por mais onerosas que sejam.

É sempre oportuno abordar o assunto sob a ótica do esoterismo, justamente o que pretendemos fazer neste editorial.

Segundo a Bíblia, Noé fermentou o vinho pela primeira vez no início da Época Ária. A humanidade mais desenvolvida sobrevivera às inundações atlantes, fixando-se nas regiões mais elevadas da Terra.

As condições prevalecentes na Atlântida faziam parte do passado. Aquela névoa úmida não mais existia, dando lugar a uma atmosfera seca e clara.

O ser humano perdeu a visão dos planos internos, uma peculiaridade das épocas anteriores, passando a concentrar todas as suas energias no Mundo Físico. Para tanto, as Hierarquias lhe deram o vinho. Perder a visão espiritual era uma necessidade evolutiva nos primórdios da Época Ária.

Mas, com o advento do Cristianismo as coisas mudaram. Implantava-se uma nova ordem espiritual, e o uso do álcool não só já era dispensável, como impedia o crescimento anímico.

O primeiro milagre do Cristo foi transformar a água em vinho. Ele havia recebido o Espírito Universal por ocasião do Batismo, não necessitando, portanto, de estimulantes artificiais. Transformou a água em vinho para oferecê-lo aos menos avançados.

O bebedor de vinho, entretanto, não pode aspirar a degraus mais elevados na escala evolutiva. O uso do álcool produz alterações negativas na vibração de seus veículos.

Enquanto os Éteres inferiores vibram em função dos Átomos-semente localizados no Plexo Celíaco e no coração, os superiores vibram em função do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal. O despertamento do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal é muito importante no desenvolvimento da visão espiritual.

É lógico supor-se que o alcoolismo ao invés de sensibilizar venha provocar o efeito contrário. E mais: atua de maneira anormal sobre os veículos humanos, levando o alcoólatra a descortinar as Regiões inferiores do Mundo do Desejo com todas as suas mazelas. Isso ocorre principalmente nos casos de “delirium tremens”.

Uma coisa lastimável em nossos dias é constatar como as clínicas para doentes mentais estão repletos de alcoólatras e toxicômanos, porque o álcool também é um tóxico.

Esses vícios, além dos males físicos, psíquicos e emocionais, conduzem a uma inevitável degeneração de caráter.

Eis aí uma excelente oportunidade de servir à Humanidade: alertar e esclarecer quanto aos danos causados pelas bebidas alcoólicas.

(Publicada na ‘Revista Rosacruz’ – 10/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Qual o significado das letras I.N.R.I. colocadas, às vezes, no topo da cruz?

Pergunta: Qual o significado das letras I.N.R.I. colocadas, às vezes, no topo da cruz?

Resposta: Segundo a narração tirada do Evangelho, Pilatos colocou um letreiro na cruz de Cristo com as palavras “Jesus Nazarenus Rex Judaeorem” e isto é traduzido, normalmente, como “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”.

Mas, as iniciais I.N.R.I colocadas sobre a cruz representam os nomes em hebraico de quatro elementos: Iam, água; Nour, fogo; Ruach, espírito ou ar vital; e Iabeshah, terra. Esta é a chave oculta do mistério da crucificação, pois ela simboliza, em primeiro lugar, o sal, enxofre, mercúrio e azoto, que foram utilizados pelos antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o “elixir-vitae”. Os dois primeiros (Iam e Iabeshah), representam a água salina lunar: a – em um estado fluídico que contém sal em solução; b – o extrato coagulado desta água: o “sal da terra”; em outras palavras, os sutis veículos fluídicos do ser humano e seu Corpo Denso. N (nour) representa o fogo em hebraico, e os elementos combustíveis, entre os principais o enxofre e o fósforo, são muito necessários à oxidação, sem os quais o sangue quente seria impossível. O Ego, sem esta condição de calor no sangue, não poderia funcionar no corpo, nem conseguiria uma forma de expressão material. R (Ruach) é o equivalente a espírito em hebraico, isto é, o Azoth que funciona na Mente mercurial. Assim, as quatro letras: I.N.R.I. colocadas sobre a cruz de Cristo, de acordo com o relato dos Evangelhos, representam o ser humano composto, o Pensador, no momento de seu desenvolvimento espiritual, quando começa a se libertar da cruz de seu veículo denso.

Ampliando mais a elucidação deste ponto, notamos que I.N.R.I. é o símbolo do candidato crucificado pelas razões seguintes:

Iam, a palavra hebraica para água, o fluido ou elemento lunar, que constitui a maior parte do corpo humano (cerca de 87%). Esta palavra é também o símbolo dos mais sutis veículos fluídicos do desejo e da emoção.

Nour, a palavra hebraica para fogo, é a representação simbólica do calor produtor do sangue vermelho que está carregado de ferro, fogo e energia do marcial Marte, e esse sangue é visto pelo ocultista como um gás circulando pelas veias e artérias do corpo humano infundindo-lhe energia e ambição, sem as quais não haveria progresso espiritual nem material. Também representa o enxofre e fósforo necessários para a manifestação material do pensamento, como já anteriormente mencionado.

Ruach, a palavra hebraica para indicar o espírito ou ar vital, é um símbolo excelente do Ego envolvido pela Mente mercurial, que torna Espírito Virgem manifestado um ser humano, capacitando-o a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma forma racional.

Iabeshah, a palavra hebraica para terra, representando a parte sólida, a carne do ser humano, e forma o corpo terrestre cruciforme cristalizado dentro dos veículos mais sutis ao nascer e separado deles ao morrer no curso normal das coisas, ou em um acontecimento extraordinário pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender as gloriosas esferas superiores por uns tempos.

Este estágio do desenvolvimento espiritual do Místico Cristão requer uma reversão da força criadora de seu curso normal, de onde normalmente desperdiça energia para satisfazer suas paixões, uma corrente dirigida para baixo através do tríplice cordão espinhal, cujos três segmentos são regidos, respectivamente, pela Lua, Marte e Mercúrio, e de onde os raios de Netuno acendem o Fogo Regenerador Espiritual da Espinha Dorsal. Esta consciente elevação coloca em vibração o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal, abrindo a visão espiritual. Isto golpeia o sinus frontal, o que dá início aos efeitos da coroa de espinhos; o latejar da dor, à medida que a ligação com o corpo físico é consumida pelo sagrado Fogo Espiritual, que desperta este centro de sua milenar letargia começando a vibrar em direção a outros centros na estrela estigmatizada de cinco pontas. Elas também são vitalizadas e todos os veículos iluminam-se com o “Dourado Manto Nupcial”, o Corpo-Alma. Então, num arranco final, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, fica livre e a energia marciana, contida nesse veículo, impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado devido aos estigmas da cabeça, mãos e pés que estão situados na mesma posição dos da estrela de cinco pontas), o qual ascende através da caveira (Gólgota) enquanto o Cristão crucificado lança o grito triunfante: “Consummatum est” (está consumado), e começa a elevar-se as sublimes esferas siderais ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com pleno êxito e de quem, desde então, é companheiro inseparável. Jesus é seu Mestre e seu guia para o reino de Cristo, onde todos estaremos unidos num só corpo para aprender e praticar a Religião do Pai, e onde no reino Ele possa ser tudo em Todos.

(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Perg. Nº 78 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mistério das Glândulas Endócrinas – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

A função espiritual das glândulas tal como está exposta neste volume, baseia-se nas extraordinárias informações dadas por Max Heindel.

Muita ajuda vem sendo dada ao indivíduo pelos Grandes Seres por meio das glândulas endócrinas.

As Glândulas Endócrinas não têm aberturas, tubos, nem condutos para excretar suas secreções. Descarregam nas diretamente no sangue e nos vasos linfáticos que as permeiam. As Glândulas de Secreção Interna são chamadas Glândulas Endócrinas ou glândulas produtoras de hormônio.

As glândulas e o sangue são manifestações especiais do Corpo Vital. Embora cada uma das glândulas tenha um trabalho específico a realizar, todas elas trabalham em perfeita harmonia quando normais e em boa saúde. As Glândulas de Secreção Interna são de interesse particular para os Estudantes do ocultismo, porque podem ser chamadas em certo sentido, “as sete Rosas” na cruz do corpo e por estarem intimamente relacionadas com o desenvolvimento oculto da Humanidade.

1. Para fazer download ou imprimir:

O Mistério das Glândulas Endócrinas – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

DEDICATÓRIA

Este pequeno e modesto livro dedico-o ao meu bem-amado mestre, Max Heindel, cujas instruções espirituais o autor tem um débito de gratidão que não pode ser expresso em palavras.

PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO NORTE-AMERICANA

O conteúdo desse livreto foi enviado pela Fraternidade Rosacruz (The Rosicrucian Fellowship) na forma de lições mensais. Depois de terem se esgotado, inúmeros pedidos foram endereçados à nossa Sede Mundial, razão pela qual a Diretoria resolveu reimprimi-las, juntando-as num só volume, a fim de que se tornasse acessível a todos aqueles que se interessassem pela estrutura, função e significado espiritual das sete Glândulas endócrinas aqui estudadas. A função espiritual das Glândulas tal como está exposta neste volume, baseia-se nas extraordinárias informações dadas por Max Heindel. Em relação à estrutura fisiológica e funções das Glândulas endócrinas, baseou-se nas valiosas informações contidas no livro escrito pelo Dr. Louis Berman, a quem o autor deseja estender seus agradecimentos.

Mt. Ecclesia

Junho de 1940

ÍNDICE

DEDICATÓRIA.. 3

PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO NORTE-AMERICANA.. 4

CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO.. 7

CAPÍTULO II – TIPOS DE PERSONALIDADES PRODUZIDOS PELAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS. 18

A PERSONALIDADE DO TIPO SUPRARRENAL.. 20

CAPÍTULO III – O BAÇO – TIPOS DE PERSONALIDADE PRODUZIDA POR ELE.. 24

CAPÍTULO IV – A GLÂNDULA TIMO – A GLÂNDULA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.. 29

TIPO DE PERSONALIDADE TÍMICA.. 35

CAPÍTULO V – A GLÂNDULA TIREOIDE – A GLÂNDULA DA ENERGIA.. 37

COMPARAÇÃO DA TIREOIDE E DA PITUITÁRIA.. 47

PERSONALIDADE DE TIPO TIROIDE.. 48

CAPÍTULO VI – O CORPO PITUITÁRIO – TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA.. 52

TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA.. 59

CAPÍTULO VII – A GLÂNDULA PINEAL – TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL.. 64

TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL.. 66

CAPÍTULO VIII – GLÂNDULAS ENDÓCRINAS – CORRESPONDÊNCIAS ESPIRITUAIS. 69

AS GLÂNDULAS E OS SEUS ASTROS REGENTES. 71

AS SUPRARRENAIS E O MUNDO FÍSICO.. 72

O BAÇO E A REGIÃO ETÉRICA.. 74

A GLÂNDULA TIMO E O MUNDO DO DESEJO.. 77

A GLÂNDULA TIREOIDE E O MUNDO DO PENSAMENTO.. 79

O CORPO PITUITÁRIO E O MUNDO DO ESPÍRITO DE VIDA.. 81

A GLÂNDULA PINEAL E O MUNDO DO ESPÍRITO DIVINO.. 83

CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO

“Quando vejo os teus céus, a obra dos teus dedos e a Lua e as estrelas que preparastes;

Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?”

Sl 8:4

Antes de iniciarmos essas lições sobre as Glândulas de secreção interna, será bom revermos rapidamente a origem e a constituição do ser humano.

Nunca houve e nem há nada no Universo além de espírito puro. Porém, existem duas formas ou polos do Espírito: um positivo, ativo, dirigente e o outro negativo, passivo, receptor, assimilador. Essa substância espírito, com seus dois polos positivo e negativo trabalhando em conjunto, é tudo e produziu tudo que há, desde a terra até Deus. Toda a criação está em modificação constante e tem por meta a perfeição. O polo positivo do Espírito manifesta-se como energia, o negativo age como condutor daquela e os dois produzem a vida e a forma. A forma é produto do Espírito e traduz a sua mais baixa vibração. Ambos, forma e espírito, evoluem lado a lado.

Deus, o criador do nosso Sistema Solar, tem em Si três grandes poderes dinâmicos que, por falta de melhor nome, designamos como: Vontade, Amor-Sabedoria e Atividade. Quando pôs em ação essas forças e as ordenou, Deus criou nosso Sistema Solar e tudo que nele contém.

O fim último a ser atingido pelas Suas criaturas é a reintegração na Divindade. Cada indivíduo trazido à existência por este poderoso Ser, tem, em si potencialmente, todos os poderes do seu Criador, inclusive a Epigênese[1], o poder do Espírito para fazer algo inteiramente novo. O trabalho de cada um consiste em expandir essas potencialidades em forças dinâmicas como as do nosso Grande Progenitor. No ser humano falamos dessas potencialidades como Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, o que não significa que o indivíduo tenha três espíritos, mas que o ser humano como puro espírito tem em si três grandes poderes espírito.

Esses poderes latentes podem ser desenvolvidos por duas maneiras: por meio dos seus próprios esforços e pelo auxílio dos outros, principalmente daqueles Grandes Seres que estão além do ser humano no caminho da evolução.

Tal como é necessário alimento para manter e desenvolver o Corpo Denso, também é preciso alimentar os Corpos Vital e de Desejos. O Corpo Vital toma seu alimento diretamente do Sol: pelo Baço etérico de cada indivíduo é normalmente atraída tanta força vital do Sol quanta seja necessária. No Mundo do Desejo há uma essência correspondente ao Fluido Vital Solar que sustém o Corpo Vital; desse elixir de vida o Corpo de Desejos satura se enquanto o Corpo Denso dorme.

O TRABALHO INDIVIDUAL DO ESPÍRITO

Não foi possível o Espírito desenvolver seus poderes enquanto não construiu seus três veículos inferiores, os Corpos Denso, Vital e de Desejos. É deles que o Espírito obtém o alimento com o qual nutrirá e desenvolverá seus poderes potenciais. Este alimento essência é chamado Alma.

Do Corpo Denso, o Espírito extrai, automaticamente, a “Alma Consciente” mediante a ação reta em relação aos impactos externos, pelas experiências e observações. Esse pábulo ou alimento desenvolve as potencialidades latentes do Espírito Divino em poderes dinâmicos que se manifestam como vontade, inteligência, conhecimento, a força positiva do seu ser, o princípio paterno, o poder fazer.

Pela discriminação em relação ao importante, o essencial, e as coisas reais da vida e o que não é importante, não é essencial nem real, o Espírito extrai automaticamente o alimento essência do Corpo Vital, a Alma Intelectual, com a qual alimentará e desenvolverá, em poderes dinâmicos, as potencialidades do Espírito de Vida que são imaginação, intuição, poder receptor, poder de assimilar, o poder maternal e a natureza do amor.

Pelo domínio dos instintos animais, por meio da devoção guiada por sentimentos elevados e sublimes e pelas emoções geradas pela reta ação e experiências purificadoras o Espírito extrai automaticamente a Alma Emocional o alimento essência do Corpo de Desejos para em seguida nutrir e desenvolver as potencialidades do Espírito Humano, que são poder criador (físico e mental), fecundação, expansão, germinação e crescimento, desenvolvendo se em forças dinâmicas sob o domínio da vontade.

Muita ajuda vem sendo dada ao indivíduo pelos Grandes Seres por meio das Glândulas endócrinas a respeito das quais vamos estudar. Uma Glândula é formada por uma massa celular; essa é composta por uma substância densa, incolor, gelatinosa, chamada protoplasma. Cada Glândula pode ser comparada a um laboratório no qual as células são os operários, e o produto do laboratório é a secreção.

As Glândulas endócrinas não têm aberturas, tubos, nem condutos para excretar suas secreções. Descarregam nas diretamente no sangue e nos vasos linfáticos que as permeiam. As Glândulas de secreção interna são chamadas Glândulas endócrinas ou Glândulas produtoras de hormônio. Endócrina é, com efeito, a palavra mais conveniente, por se referir tanto à secreção como para a Glândula, mas a palavra hormônio se refere especificamente à secreção interna e não à Glândula. O hormônio é uma substância formada em um órgão do corpo que é levada por intermédio do sangue a outro órgão onde produz um efeito estimulante. A palavra deriva-se do verbo grego, cujo significado é estimular ou pôr em movimento. Sem suprimento do fósforo endócrino, fornecido pela Glândula Tiroide, nenhum cérebro funcionaria. A pulsação do coração cessaria quando deixasse de ser suprido com a secreção das Suprarrenais. Tem havido casos de pessoas com corações considerados “mortos” e que, depois de estimulados por hormônios das Suprarrenais, pulsaram novamente com ritmo regular.

O estudo científico das Glândulas de secreção interna foi iniciado há menos de cinquenta anos, e a maior parte dos conhecimentos que delas temos foi adquirido durante os últimos vinte anos. Todavia, o que os cientistas ainda não descobriram é que as Glândulas de secreção interna, em princípio, não pertencem ao Corpo Denso. São expressões do Corpo Vital, diferenciadas e cristalizadas até a densidade apropriada para desempenharem certa espécie de trabalho. As Glândulas e o sangue são manifestações especiais do Corpo Vital. Embora cada uma das Glândulas tenha um trabalho específico a realizar, todas elas trabalham em perfeita harmonia quando normais e em boa saúde. As Glândulas de secreção interna são de interesse particular para os estudantes do ocultismo, porque podem ser chamadas em certo sentido, “as sete Rosas” na cruz do corpo e por estarem intimamente relacionadas com o desenvolvimento oculto da Humanidade.

As principais Glândulas de secreção interna são: a Pineal[2], a Pituitária[3], a Tiroide, a Timo, o Baço e as duas Suprarrenais. As Suprarrenais, o Baço e a Timo pertencem à Personalidade, ao passo que a Pituitária e a Pineal se relacionam com o lado espiritual da natureza humana. A Tiroide constitui o elo entre os dois grupos de Glândulas.

AS SUPRARRENAIS

Iniciaremos o estudo das Glândulas com as Suprarrenais. São duas Glândulas com o formato aproximado de barrete frígio cobrindo a parte superior dos rins. Identificam se facilmente pela sua gordura amarelada. Por séculos essas importantes Glândulas não foram reconhecidas como partes ou órgãos separados dos rins. Na infância e na juventude são relativamente maiores, mais proeminentes que no adulto. Em qualquer idade, a quantidade de sangue que passa pelas Suprarrenais é muito grande comparada com o seu tamanho. O grande valor dessas Glândulas não pode ser subestimado, a sua importância na economia do corpo será mais bem compreendida quando verificamos que a morte ocorre imediatamente após a possível ablação.

Cada Suprarrenal tem uma constituição dupla, composta de um córtex ou camada exterior e uma medula ou camada interna. O córtex é constituído do mesmo tecido existente nos órgãos masculinos e femininos de reprodução. O mesoderma que forma a camada média da célula embrionária é o folheto ancestral comum, o que demonstra quão intimamente estão relacionadas as Suprarrenais e os órgãos de reprodução.

A medula ou porção interior dessas Glândulas é desenvolvida a partir do ectoderma, camada ou folheto exterior da célula que forma o embrião. Esse é o mesmo tecido que forma o sistema nervoso simpático. O tamanho das Suprarrenais é variável, porém de um modo geral em relação a sua dimensão é de mais ou menos 7,5 cm de comprimento, 3,75 cm de largura com um peso de 7 gramas. Em relação aos seres humanos o seu córtex (camada exterior) é maior do que a dos animais.

O córtex da Suprarrenais contém bastante substâncias geradoras de fósforo da mesma espécie existente no sistema nervoso cérebro espinal, mais do que em qualquer outra Glândula ou tecido não nervoso do corpo. Durante a vida intrauterina as Suprarrenais são maiores e distintas. Na primeira metade do segundo mês são duas vezes maiores do que os rins. Esse tamanho relativamente grande (que se verifica apenas no feto humano e não nos animais) é devido a expansão do córtex. Se essa predominância do córtex sobre a porção medular não ocorresse no feto humano, isto é, se a proporção permanecesse como nos animais, o cérebro não se desenvolveria convenientemente e seria gerado um monstro sem nenhuma capacidade de entendimento.

A secreção do córtex é chamada cortina ou corticoesterona[4]. Esta secreção estimula um crescimento sadio do cérebro e das células sexuais, desenvolve grande concentração mental e vigor físico, gerando uma vigorosa constituição muscular e nervosa. Atua sobre a pigmentação da pele diminuindo sua sensibilidade à luz. Em certas doenças do córtex das Suprarrenais a pele torna se escura, pigmentada ou bronzeada, o que caracteriza a conhecida enfermidade de Addison. A cortina neutraliza os ácidos formados no corpo durante a digestão. Se tais ácidos não fossem neutralizados a vida dos tecidos terminaria rapidamente.

A remoção do córtex da Suprarrenal influi profundamente na química do sangue, notadamente no conteúdo dos cloretos do ácido fosfórico solúvel e íons ácidos (um íon compõe se de um ou mais átomos e transporta uma carga unitária de eletricidade ou força vital).

O córtex Suprarrenal tem íntima relação com a massa cinzenta do cérebro, com o sexo e a química do sangue. Um córtex defeituoso significa um cérebro e um sistema nervoso deficientemente desenvolvidos. Tão íntima é a relação entre o cérebro e o córtex que nunca se desenvolve um cérebro humano normal sem um córtex Suprarrenal normal. Note se que o córtex está também correlacionado ao sistema nervoso voluntário.

A medula ou parte interna das Glândulas Suprarrenais, contém numerosas células idênticas às do sistema nervoso involuntário ou simpático.

A secreção da medula é uma substância nitrogenada chamada Adrenalina, que é um poderoso estimulante do coração com efeitos restauradores sobre o corpo. A porção da Adrenalina contida na medula, no sangue saldo das Suprarrenais e na circulação em geral é mínima, na proporção de uma para vinte milhões, ao passo que a porção armazenada nas Glândulas em reserva, é cerca de cem mil vezes maior. As emoções, profundas causam abaixamento da adrenalina nas Glândulas e aumento no sangue. O desgosto, a irritação, especialmente o medo e a cólera, ocasionam uma descarga das Glândulas na circulação. O aumento de Adrenalina no sangue determina um enorme aumento de vigor e tensão do sistema nervoso. As células nervosas tornam se mais sensíveis ao estímulo, o fígado envia mais açúcar ao sangue, e maior número de glóbulos vermelhos no sangue entram na circulação vindo do fígado e do Baço. Provoca também uma redistribuição de toda massa sanguínea; grande quantidade de sangue é retirado das vísceras e mandada ao cérebro e aos músculos ligados ao esqueleto. O coração pulsa mais forte, os olhos podem ver melhor, a audição se apura, a respiração fica mais rápida, a temperatura sobe e a pele fica úmida e gordurosa. Em caso de medo os pelos se eriçam e os cabelos ficam em pé.

Esta Adrenalina extra no sangue produz uma ação reforçadora das propriedades nutritivas do sangue, do tônus dos músculos e da atividade do cérebro e do sistema nervoso simpático.

Enquanto as Suprarrenais estimulam os músculos externos, produz se efeito oposto nos órgãos digestivos: a digestão paralisa se, porque toda atenção do Ego fica inteiramente concentrada em outra linha de ação. Aliás, é suspensa a atividade de tudo que não tenha relação com aquilo em que, nesses momentos, o Ego se focaliza.

Em certas pessoas de meia idade uma elevada pressão sanguínea acompanhada de grande capacidade para o trabalho são consequências de um super-desenvolvimento do córtex da Suprarrenal. As Glândulas Suprarrenais, também chamadas as “Glândulas de combate” são masculinas nas suas manifestações. Na mulher em que se desenvolveu excessivamente o córtex da Suprarrenal há certo grau de masculinidade que, em maior ou menor grau, neutraliza a influência especificamente feminina da secreção interna dos ovários. Tais mulheres tem vigor e energia acima do normal e dominam posições de responsabilidade na sociedade, não apenas entre as mulheres, mas também entre os homens. Têm probabilidade de se tornarem políticos profissionais, advogados, banqueiros, capitães de indústria e diretores de negócios.

Em presença de uma crise, as Suprarrenais funcionam como Glândulas de combate. Quanto mais combativo for o indivíduo ou o animal, tanto maior atividade Suprarrenal terá. As Suprarrenais são Glândulas da energia, das emergências, da disposição.

A Adrenalina, a secreção da medula, é substância muito usada para a mobilização imediata da energia do corpo. Tem ação reforçadora sobre toda a organização física: aumenta o vigor, o estado de alerta, as atividades físicas e mentais, dá força no combate e rapidez no ataque.

A ação da Adrenalina é tão poderosa que em solução de 1 por 1 milhão, produz reação fisiológica. Seu efeito nos pequenos vasos sanguíneos é tão intenso que uma solução fraca, aplicada localmente, faz parar rapidamente uma hemorragia. É usada frequentemente em pequena cirurgia para prevenir excessiva perda de sangue, devendo as injeções ser repetidas por ser passageiro o seu efeito. Sendo a atividade da Adrenalina regulada pelo sistema nervoso simpático ou involuntário, a estimulação daqueles nervos ao longo da coluna vertebral aumenta a sua secreção. A repetida excitação, emoção, cólera, etc. podem exaurir a reserva de Adrenalina. Se, ante uma secreção insuficiente, não houver para as Glândulas se recuperarem um intervalo de tempo entre as solicitações de secreção, resultará deficiência temporária ou crônica das Glândulas. Em pessoa assim afetada, aparece a fadiga, sensibilidade ao frio, mãos e pés frios (alguns pontilhados de vermelho azulado) perda de apetite, de gosto pela vida e instabilidade caracterizada por indecisão, tendência a inquietação e para chorar à menor provocação.

A deficiência nervosa pode, algumas vezes, ser atribuída à falta de resposta das Suprarrenais às necessidades da vida diária. Em certos casos, perde se totalmente a elasticidade mental e física, e o menor esforço em qualquer direção causa tanto cansaço que se torna inútil. Algumas vezes em tais sofredores, obcecados pela ideia de que perderam completamente seus nervos, os acontecimentos mais triviais causam lhes enorme temor. Este estado vacilante da Mente é tão penoso que às vezes traz pensamentos de suicídio.

Em determinadas perturbações das Glândulas Suprarrenais, especialmente quando existem tumores que abastecem o sangue com doses maciças de secreção, aparecem fenômenos sexuais peculiares bem como anomalias e irregularidades no desenvolvimento geral. Se a doença está presente no feto, manifestando se antes do nascimento, pode desenvolver se a condição de pseudo-hermafroditismo (a pessoa, aparentemente, não realmente é hermafrodita. Isto se observa nos animais que têm Glândulas de um sexo enquanto os caracteres genitais opostos, no todo ou em parte, estão presentes). O indivíduo pseudo-hermafrodita, se mulher, apresenta em maior ou menor extensão, caracteres físicos e hábitos de outro sexo, o que faz ser tomado por um homem, embora, na realidade, seus órgãos geradores sejam os ovários, muitas vezes são só descobertos quando examinados durante uma operação ou autópsia.

Se o processo mórbido do córtex da Suprarrenal surge depois do nascimento, a simetria e harmonia dos órgãos sexuais primários e das características sexuais secundárias não são afetadas. Dá se, porém, uma curiosa aceleração da maturidade do corpo e da Mente provocando uma puberdade precoce e outros espantosos efeitos. Uma menina de dois, três ou quatro anos de idade, dentro de poucos meses após o aparecimento da doença, começa a manifestar crescimento e aparência de uma moça de 14 ou 15 anos. Desenvolvem se o físico, as qualidades mentais e os atributos de uma adolescente   uma criança enfeitiçada em púbere, por assim dizer.

Um garoto de 6 ou 7 anos pode tornar se rapidamente um homenzinho no decorrer de poucas semanas ou meses. Robusto, embora pequeno e atarracado, com bigode, com força muscular e capacidade sexual de um homem, com pensamentos de adulto. Um caso desses sucedeu com o menino Clarence Kehr de Toledo, Ohio. As Glândulas Tiroide e Suprarrenais entraram em atividade da noite para o dia e transformaram no de um menino comum em um jovem Sansão. Clarence nasceu em setembro de 1924 e até os 3 anos de idade foi aparentemente normal. Então, de um dia para outro, sua voz mudou de agudo infantil para barítono roufenho e seu corpinho começou a tomar aparência madura. Em breve tempo, começou a considerar como crianças seu irmão de 7 anos e sua irmã de 8, e procurava na vizinhança a companhia de rapazes de 14 e 15 anos. Clarence tinha enorme prazer por ter assim crescido, ter de se barbear, ser anormalmente forte a ponto de levantar 200 libras (90 quilos) de peso.

Os psiquiatras da Universidade de Michigan fizeram um estudo meticuloso do caso desse menino. Depois de lhe radiografarem a cabeça mais de uma dúzia de vezes e de sujeitá-lo à mais rigorosa observação durante vários dias, os cientistas chegaram à conclusão de que o estado do rapaz era devido “a alguma perturbação das Glândulas de secreção interna”.

Eis o resumo do estudo feito pelo Dr. Gordon Manac:

“Clarence Kehr, de 4 anos de idade, foi observado em nossa clínica e concluímos que esta criança é uma rara anomalia…. Os estudos radiográficos revelam que seus ossos têm a estrutura dos de um rapaz bem mais velho. Suas condições físicas aparentemente são excelentes. De acordo com nossos psiquiatras, tem inteligência acima da média…. Acreditamos que o estado desse rapaz é devido a alguma perturbação das Glândulas de secreção interna”. Durante a reunião dos doutores, Clarence estava no anfiteatro da Academia de Medicina. Para mostrar sua força, levantava facilmente grandes pesos e, enquanto os cientistas discutiam, distraia-se empurrando um grande piano no anfiteatro.

O Dr. Louis Berman discutindo casos semelhantes disse:

“Tudo se passa como se em um meio ou solução fermentescível, deixássemos cair um pouco de levedo que transformasse a calma quietude da sua superfície em uma agitação borbulhante, efervescente”.

“Parece, ao mesmo tempo, que a transformação da criança em homem ou mulher pode ser devida ao derramamento, no sangue e nos fluidos do corpo, de alguma substância que atue como o fermento na solução fermentescível. O córtex Suprarrenal é uma fonte de secreções internas ‘produtoras de maturidade’”.

“Seja agora o caso da perturbação das Suprarrenais começar depois da puberdade. Aparecem fenômenos semelhantes aos descritos, mas de ordem diferente. Se, por exemplo, uma mulher de 30 anos for afetada, lenta ou rapidamente seu corpo cobre se com abundantes cabelos; no rosto aparecem barba e bigode; a voz torna se grave e profunda; os músculos endurecem e mostrará capacidade para trabalhos físicos pesados. A menstruação cessa. Parece ter mudado de sexo, predominando em seu todo a masculinidade. Terá de barbear se regularmente e não se incomodará pela perda dos atrativos femininos porque a mudança da sua organização física tornou a imune aos desejos femininos. A causa de tal transformação, em uma mulher antes normal, pode ser devida a tumor no córtex das Suprarrenais”.

CAPÍTULO II – TIPOS DE PERSONALIDADES PRODUZIDOS PELAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

No caso do tipo puro, uma Glândula particular exerce influência dominante nos traços do indivíduo, seja em virtude de uma atividade insuficiente ou excessiva dela. Devido a esse fato, dita Glândula convertem-se em agente diretor, de maneira que todas as outras se acomodam sob seu domínio. Como é a principal entre todas, ela determina o crescimento e desenvolvimento das funções normais, sustentando o equilíbrio da energia; apresenta-se dominante em cada emergência por sua fortaleza ou debilidade, criando desta maneira o tipo próprio de indivíduo com as características e atributos que correspondem a si mesmo. As Glândulas chamadas do tipo puro são: as Suprarrenais, a Tiroide, a Pituitária, a Pineal e a Timo.

Com um pouco de prática pode-se identificar um tipo glandular com facilidade, observando-se o cabelo, o temperamento, o peso, suas inclinações sociais, e a tendência para uma determinada enfermidade. Os vários tipos diferem entre si da mesma forma em que diferem os aspectos de animais de uma mesma espécie, pois ninguém confundirá um mastim com um buldogue, ou um fox-terrier com um dachshund[5]. Cada um tem um tamanho e forma distintos, traços característicos, constituídos e dispostos da mais eficiente maneira no sentido de desempenhar seu próprio destino. Graças a isso é legítimo se falar de pessoas de um tipo glandular.

As diferenças são menos acentuadas entre os tipos mistos e, por essa razão, mais difíceis de classificarem. Neles há como que um conflito e, naturalmente, a ação conjunta das diferentes Glândulas, dá origem a uma considerável modificação das características primárias. Em alguns casos não somente duas, mas mesmo três Glândulas de secreção interna esforçam-se pela supremacia, cujas atividades conjuntas determinam uma modificação na aparência glandular primitiva. Uma acomodação então torna-se necessária. Também é possível que um indivíduo esteja sob a regência de uma Glândula durante um período de sua vida e, mais tarde, sob o domínio de outra. Em tais casos a Glândula que regeu primeiramente, deixará seus traços em desenvolvimentos posteriores, ao passo que novos indícios mostrarão a influência mais recente. Algumas combinações glandulares são possíveis, a saber: tipo Suprarrenal-Tiroide, tipo Pituitário-Suprarrenal, etc.

A PERSONALIDADE DO TIPO SUPRARRENAL

O rosto Suprarrenal é, amiúde, escuro com sardas, tendendo a ser largo e irregular e a cabeça quadrada. Em virtude da linha da região dos cabelos serem baixa, a fronte aparece baixa, sendo considerável a quantidade de pelos que crescem nas maçãs do rosto. A pele é uma das principais características da Personalidade Suprarrenal. A epiderme é sempre mais ou menos pigmentada, em virtude da existência de matéria marrom escura existente na pele de intensidade variável. É fato bem conhecido que a pele pigmentada tem uma relação com a reação que a luz exerce sobre o organismo, especialmente em raios ultravioletas e a radiação do calor e, portanto, com a produção e dispêndio fundamentais de energia pelas células. O cabelo do tipo Suprarrenal é profuso, espesso, duro e grosseiro, mais proeminente no peito, no abdômen, e nas costas com tendência a carapinha, tendo muitas vezes cores incomuns, isto é, num italiano pode ser amarela, num norueguês preto azeviche. Os indivíduos do tipo Suprarrenal têm dentes marcadamente caninos. Com uma cooperação acentuada da Tiroide e Pituitária, a Personalidade Suprarrenal estará de posse de um vigor surpreendente, de energia e persistência, chegando por isso a possuir uma Personalidade progressiva, e um lutador triunfante que raramente deixa de atingir seus objetivos.

Entre as mulheres o “tipo Suprarrenal” é sempre masculinizado. Se uma dessas mulheres é fisicamente feminina, devido reações femininas adequadas da parte de outras Glândulas, demonstrará pelo menos qualidades viris de domínio. Há algumas poucas décadas passadas, tais mulheres teriam reprimido seus desejos inerentes de ocupar posições públicas, porém, atualmente, elas estão começando a desempenhar cargos de responsabilidade que lhes proporcionam salários elevados; eis porque o Dr. Berman sugere que a primeira mulher a se tornar presidente será, provavelmente, uma do tipo Suprarrenal. Certamente os indivíduos desse tipo são bons trabalhadores e diretores eficientes. São bem-sucedidos pela razão de que têm dentro de si uma força que os impele, que os incita a avançar em direção daquilo que desejam. O Presidente Harding[6] foi tipicamente um Suprarrenal masculino, e Carrie Nation[7] um exemplo excelente do tipo feminino.

Exemplo de uma pessoa predominante Suprarrenal masculino: presidente do EUA Harding

O tipo Suprarrenal insuficiente é formado ao longo das mesmas linhas que o Suprarrenal normal, e facilmente pode ser confundido com este, porém contrasta e difere notavelmente sob a superfície ou aparência. É talvez a mais frequente variedade do neurastênico. É débil, preguiçoso e irritadiço, pouco desejo de se alimentar, e carente de reações de toda espécie de estímulo. A indecisão crônica é um dos traços proeminentes. Entre seus principais dissabores situam-se a fadiga, proveniente da baixa pressão sanguínea e insuficiente temperatura corporal, acrescidos da incapacidade subnormal de utilização do açúcar para fins de combustão interna. As crianças que têm suprimento insuficiente das Suprarrenais não podem aprender com facilidade; seu crescimento é lento, não podendo ser impelidas ou apressadas. Muitas vezes aqueles que carecem da secreção da Suprarrenal, antes da puberdade, despertam a boa energia quando as outras Glândulas endócrinas se desenvolvem, especialmente as Glândulas sexuais. Portanto, as perspectivas para esses desafortunados não são de desesperanças.

O temor e a ira excitam as Glândulas endócrinas desnecessariamente, e a indulgência frequente, em relação a qualquer dessas emoções, debilita a eficiência delas. Daí, então, se um esforço não se fizer a fim de dar-lhes uma oportunidade para recuperação, essa condição anormal eventualmente desenvolver-se-á num estado de insuficiência Suprarrenal permanente, ficando o indivíduo na mais penosa condição física e mental. O otimismo, o bom humor e a fé em Deus, vivificarão e fortalecerão as Glândulas Suprarrenais, as imbuindo de poder e suficiência.

Em relação à atividade das Glândulas endócrinas, Max Heindel diz: “A ciência está gradualmente aprendendo as verdades que previamente foram ensinadas pela ciência oculta. Sua atenção está sendo mais e mais dirigida para as Glândulas endócrinas, as quais dar-lhe-ão a solução para muitos mistérios. Porém, não parece que esteja ainda consciente da existência de uma conexão física entre o Corpo Pituitário, o órgão principal de assimilação e, portanto, do crescimento, e as Suprarrenais que eliminam o supérfluo e assimilam as proteínas. Estas estão também conectadas com o Baço, a Timo e a Tiroide. Sob o ponto de vista astrológico é significativo que o Corpo Pituitário é regido por Urano, que é a oitava superior de Vênus, o regente do plexo solar, onde está localizado o Átomo-semente do Corpo Vital. Dessa maneira, Vênus guarda o portal do Fluido Vital Solar que vem diretamente do Sol através do Baço, ao passo que Urano é a sentinela do portal onde penetra o alimento físico. É a fusão dessas duas correntes que produz o poder latente que está armazenado em nosso Corpo Vital até converter-se em energia dinâmica pelo desejo marciano natural”.

CAPÍTULO III – O BAÇO – TIPOS DE PERSONALIDADE PRODUZIDA POR ELE

O Baço é a maior das Glândulas endócrinas. Está situado do lado esquerdo ao lado da grande curvatura do estômago, entre este e o diafragma. Tem o formato de uma fava de cor vermelho azulado escuro. Têm 180 a 200 gramas de peso, uns 13 cm de comprimento e 8 cm de largura. É macio, esponjoso e frágil. Normalmente, com os movimentos da respiração desloca se dentro de certos limites. Pode aumentar muito de tamanho em certas doenças como febre tifoide ou malária, ou em doenças do próprio órgão como a leucemia, afecção em que o número de corpúsculos brancos do sangue aumenta enormemente bem como o Baço. O aumento do Baço nas crianças é devido à sífilis, o que se dá, muitas vezes, na idade de dois a três meses. O Baço sempre se dilata durante a digestão. Essa Glândula é alimentada pela artéria esplênica e suas veias desembocam na veia porta que por sua vez descarrega no fígado.

No embrião, o Baço forma-se mais ou menos na 51ª semana, a partir do mesoderma, ou o folheto médio da célula embriônica. É quase inteiramente circundado pela membrana do peritônio e é mantido em posição por dois envoltórios desse tecido. É envolvido por duas membranas, uma externa úmida e fibrosa e outra interna, elástica. A membrana externa é delgada e lisa. A secreção do Baço é chamada hemolisina, que é a controladora da destruição dos elementos do sangue e tem efeito estimulante no movimento normal dos intestinos, havendo casos de constipação crônica que se curam pelo uso dessa secreção. Os vasos sanguíneos, linfáticos e os nervos entram e saem de uma depressão da parte interna do Baço, chamada “hilo”.

O Baço fabrica os corpúsculos brancos do sangue, armazena o ferro e tem grande influência no sistema nervoso (controla a absorção do Fluido Vital Solar do açúcar que percorre os nervos), auxilia a digestão absorvendo o Fluido Vital Solar do Sol durante esse processo. A remoção do Baço não é fatal. Depois da remoção realiza-se um desenvolvimento das Glândulas linfáticas que tomam a si o trabalho físico do Baço. O Baço etérico não se desintegra simultaneamente com o órgão físico amputado, mas permanece e desempenha suas funções vitais como antes. O Baço é a porta de entrada das forças solares que vitalizam o Corpo Denso. Sem esse elixir da vida nenhum ser pode viver. A partir do Baço essa força solar é enviada ao plexo solar, onde se encontra com o Éter que foi extraído do sangue no coração, o qual tão logo tenha sido extraído flui ao longo do cordão prateado para o plexo solar onde o Átomo-semente do Corpo Vital está localizado. Esse Átomo-semente parece ter o mesmo efeito sobre o Éter como um prisma tem em relação à luz, porque o fluxo etérico refrata-se nas três cores primárias: o vermelho, amarelo e o azul. Nas pessoas que vivem apenas a vida material predomina o vermelho, mas à medida que o indivíduo avança espiritualmente toma se notável o amarelo e, depois, o azul. O fluxo vermelho mistura se com o fluxo solar incolor que constantemente aflui para ao plexo solar por intermédio do Baço. É o agente que muda esse fluido solar incolor naquela cor rosa pálido que dá ao Corpo Vital esse tom delicado da flor do pessegueiro recém-aberta. Do plexo solar esse fluido energético flui ao longo dos filamentos que compõem o sistema nervoso e desse modo ele permeia cada parte do Corpo Denso, energizando cada uma das células com a sua vida força.

Quando uma pessoa está com boa saúde, essa vida energia é especializada pelo Baço e extraída do sangue em tão grande quantidade que, não podendo ser usada pelo organismo, irradia-se pelos poros da pele em linhas retas. Essa força irradiante excessiva arrasta consigo os gases venenosos, os micróbios inimigos e as substâncias inúteis, contribuindo, dessa maneira, para a conservação da saúde do Corpo Denso, evitando, ainda que exércitos de germes de enfermidades que enxameiam a atmosfera penetrem no Corpo Denso. Assim o fluido entérico cumpre um alto e benéfico propósito mesmo após ter sido usado ao retomar a seu estado primitivo.

O Clarividente treinado muitas vezes observa uma curiosa e surpreendente visão quando, ao observar as partes expostas do corpo, tais como o rosto e as mãos, vê começar a fluir por elas um facho de estrelas, cubos, pirâmides e grande variedade de outras figuras geométricas. Cada uma dessas figuras afasta-se a pouca distância do indivíduo e logo desaparece. Sua cor é azul ametista (arroxeado).

Após as refeições a força vital atraída pelo Baço é consumida pelo organismo em grandes quantidades. Os dois Éteres inferiores, o Químico e Vital, contêm o elemento estruturador que as forças da natureza (os Espíritos da Natureza), os chamados mortos, os espíritos Lucíferos e os Mestres das mais elevadas Hierarquias Criadoras empregam no processo de assimilação do alimento pelo Corpo.

Quando a alimentação é pesada ou excessiva, o fluxo do Fluido Vital Solar diminui perceptivelmente. Então a limpeza do Corpo Denso não é feita tão apropriadamente como quando a alimentação foi completamente digerida, nem o fluxo vital que se liberta do corpo é suficientemente poderoso para evitar o ataque de germes de enfermidades, o que explica por que as refeições copiosas tornam a pessoa mais sujeita a resfriar-se ou a adoecer. Na doença, o Baço fornece ao Corpo Vital muito pouca energia solar. Nesse estado parece que o Corpo Denso se alimenta do Corpo Vital, tornando o mais transparente e extenuado, resultando para o Corpo Denso um estado de fraqueza e emaciação. É fácil aparecerem complicações doentias, pois as condições vitais de limpeza estão quase inteiramente ausentes durante a enfermidade.

Quando alguma parte do corpo ou qualquer órgão são removidos, deixando de haver uso da contraparte etérica, desintegra-se gradualmente essa parte do Corpo Vital. Entretanto, no caso da ablação do Baço, tal consequência não se dá, cabendo a essa Glândula a tarefa de cumprir um grande trabalho. Por isso, se o Corpo Denso deve viver, o Baço etérico precisa permanecer intacto a fim de continuar o seu serviço, isto é, atrair força ou energia solar para o Corpo Denso.

As Glândulas são produtos do Corpo Vital, mas o Corpo de Desejos apropriou-se do Baço e nele produz os corpúsculos brancos. Esses corpúsculos brancos são destruidores, e são usados pelo Corpo de Desejos, levando-os por intermédio do sangue por todo o Corpo Denso. Ao atravessarem as paredes das artérias e das veias nos momentos de aborrecimento e especialmente nos de grande irritação, a impetuosidade das forças no Corpo de Desejos dilata as artérias e as veias, abrindo caminho aos corpúsculos brancos, através das finas paredes desses vasos sanguíneos dilatados, para os tecidos do corpo, onde formam bases de matéria terrosa destruidoras do Corpo Denso. O Corpo de Desejos constantemente está destruindo os tecidos do Corpo Denso que o Corpo Vital reconstrói. Dessa luta entre eles resulta a consciência no Mundo Físico. As forças etéricas no Corpo Vital agem de modo a converter, tanto quanto seja possível, o alimento em sangue, o mais elevado produto do Corpo Vital.

Os corpúsculos vermelhos do sangue são discos, côncavos em ambos os lados, não tendo núcleos. Têm a missão de oxigenar todo o organismo, ao passo que os corpúsculos brancos são de formato irregular, nucleados, com movimento parecido ao das amebas.

A forma pela qual o Corpo de Desejos opera na formação dos corpúsculos brancos do sangue, no Baço, é a seguinte: maus pensamentos, o medo e a cólera interferem na atividade e vaporizadora no Baço, daí então o Corpo de Desejos aproveita a oportunidade para formar uma partícula de plasma, material viscoso de uma célula animal, a qual se torna o fundamento do corpúsculo branco. Este é imediatamente atraído por um pensamento Elemental que dele se apropria, forma um núcleo e nele se incorpora. Depois, o elemental inicia uma vida de destruição, unindo-se a produtos nocivos e a elementos em decomposição onde quer que se encontre no corpo, fazendo dele um cemitério em vez do templo de um Espírito interno. Cada corpúsculo branco formado e apossado por uma entidade exterior é, para nosso Espírito, uma oportunidade perdida. Quanto mais oportunidades perdidas existam no Corpo Denso, tanto menos esse veículo estará sob o controle do Ego. Os corpúsculos brancos estão sempre presentes em grande número em todas as enfermidades.

A PERSONALIDADE DO TIPO BAÇO

O Baço não tem uma Personalidade típica. Contudo, considerando-se o fato que às refeições é atraída uma considerável quantidade de força solar, bem como durante a digestão, o “gourmand” pesadão e gordo, poderia ser tomado como um tipo representativo a desenvolver-se, se o apetite não for controlado. Contudo, se houver controle do apetite por parte da pessoa, um tipo superior, forte e potente, poderá desenvolver-se.

CAPÍTULO IV – A GLÂNDULA TIMO – A GLÂNDULA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

A Glândula Timo está situada no peito, entre os dois pulmões, e por trás do esterno. Projeta-se para baixo, cobrindo a parte superior do coração, envolvendo os grandes vasos na parte de cima. É uma massa pardacenta que, ocasionalmente, quando é cortada, tem a aparência de uma moela.

Situa-se sobre a traqueia, aparecendo como um crescimento da terceira bolsa da faringe (uma cavidade tubular no canal alimentício que começa na parte anterior da boca). Alcança seu maior tamanho no início da puberdade, pesando na ocasião do nascimento 14 g. Sua largura é de 3,75 cm e o comprimento é de 5 cm. Atinge o ponto de dissecação aos vinte e um anos. Seu desaparecimento gradual, subsequentemente, é assinalado pela perda da estrutura glandular que é substituída por um tecido fibroso e adiposo. Vestígios do tecido característico Timo, entretanto, persiste bem como certas células segregado sãs que assim permanecem durante toda a vida.

No passado, acreditava-se que a Glândula Timo se atrofiava na puberdade, porém atualmente sabe-se que suas células secretoras continuam em manifestação durante toda a vida. Quando tais células são muito numerosas a Glândula se torna de cinco a dez vezes maior do que a normal e um número de outros aspectos faz-se proeminente, dotando o indivíduo com características extraordinárias, fazendo-a vítima do “estado tímico”. Tal fato será exposto na série de lições que trata da “Personalidade Timo”. É exato que o Timo é a Glândula que faz as crianças pueris e, por vezes, os adultos infantis. Entre as artérias que nutrem a Glândula Timo há ramos das artérias mamárias, o que indica a estreita relação existente entre a mãe e o filho. Os minúsculos nervos vêm do sistema nervoso simpático e do 10º nervo craniano ou nervo pneumogástrico.

Durante a infância, o Timo é o órgão que promove o crescimento dos ossos, porém, na puberdade, o decrescimento inicia-se, admitindo-se que as Glândulas sexuais, despertadas nesse período, exerçam sobre o Timo uma influência refreadora.

Crê-se que a secreção da Glândula Timo que se chama Timovidina seja responsável pelo crescimento das crianças. Quando o Timo com um tamanho acima do normal apresenta-se num recém-nascido, o processo de respiração, isto é, a introdução do oxigênio contido no ar, na criança, torna -se algo difícil e prolongado. Tais crianças nascem azuis, como se diz. Durante dias a respiração é ruidosa, com um tom sibilante, normalizando por algum tempo, para, posteriormente, surgirem espasmos respiratórios ou sintomas de asfixia, acompanhados de manchas azuis na pele e ameaça de morte.

Há casos em que esses espasmos aparecem depois de a criança parecer perfeitamente saudável. Tal situação prende-se ao fato de o Timo avolumar-se, o que poderá ser aliviado pela aplicação de Raio X ou pela ablação cirúrgica de uma de suas partes.

Quando o corpo de uma criança sofre de desnutrição, produz-se um rápido declínio no peso do Timo, o que prova que o tamanho e demais particularidades do Timo de uma criança são índices do seu estado de nutrição. Nesse sentido provou-se que, mantendo a subalimentação durante 4 semanas, o Timo se reduziu de 1/3 do seu tamanho normal.

A Glândula Timo parece agir como um órgão de armazenagem e reserva, oferecendo alguma proteção contra a limitação do crescimento devido à falta de alimentação. É fato interessante que, no caso de enfermidades esgotadoras e depauperadoras, o peso dessas Glândulas desce muito mais rapidamente que o de qualquer outra Glândula. Há casos comprovados de crianças que crescem alguns centímetros e expandiram suas condições mentais ao serem tratadas com Timovidina, quando outras providências falharam. Na França foi feito um estudo em mais de quatrocentas crianças idiotas possuidoras de Glândulas Tiroides normais. Verificou-se que mais de 3/4 do número desses infelizes não tinham Glândulas Timo.

A secreção do Timo controla de forma definida o crescimento dos ossos e o metabolismo muscular durante o período infantil. Essa Glândula tem influência particular no desenvolvimento do córtex da Suprarrenal (a parte exterior dela) na Glândula Pineal, na Tiroide e na Próstata. A injeção de Timovidina alivia notoriamente a fadiga dos músculos voluntários.

A remoção da Glândula Timo de um animal jovem e pequeno interfere em seu crescimento normal, surgindo um anão e consequente alteração no desenvolvimento do esqueleto, idêntica à que caracteriza o raquitismo. Os ossos ficam moles, vergadiços e fraturam-se facilmente. Entretanto, no caso de regenerarem-se pequenos pedaços do Timo que tenham ficado da operação, os aludidos sintomas desaparecem e o animal volta à normalidade.

O Timo cresce rapidamente durante os primeiros dois anos de vida da criança. Razão disso é que a criança é então amamentada e o Éter de Vida contido no leite materno especialmente favorece o crescimento desse órgão. A Glândula Timo das crianças amamentadas com leite humano é sempre de maior tamanho do que a das crianças amamentadas com leite animal. Constata-se, também, que as crianças amamentadas com leite humano respondem mais ao controle da sua nutriz do que ao controle de qualquer outra pessoa. Após o desmame, os átomos da Glândula Timo que se desintegram circulam na corrente sanguínea, e como estão impregnados pelo Éter de Vida da mãe, obtido durante a amamentação, a íntima ligação entre eles permanece até que se dê a diminuição sensível na Glândula. As crianças alimentadas com leite humano têm maior vitalidade do que as alimentadas com leite animal, porque o Éter animal não é absorvido permanentemente pela Glândula Timo tal como é o Éter humano.

A criança não fabrica os próprios corpúsculos vermelhos de sangue, como fazem os adultos. A razão disso é que o polo positivo ou a energia do Corpo de Desejos da criança é comparativamente inativo; consequentemente, esse veículo não atua como uma via para as forças (Marcianas) que tomando o ferro do sangue transformam-no em Hemoglobina (a substância de coloração vermelha dos corpúsculos sanguíneos). Para compensar essa inatividade, existe na Glândula Timo da criança uma essência espiritual que é tomada dos pais no ato da concepção. Essa substância completa a alquimia do sangue temporariamente para a criança até que o seu Corpo de Desejos se torne dinamicamente ativo, o que se dá por volta dos quatorze anos de idade.

A Glândula Timo controla o crescimento físico das crianças, cujo máximo é atingido aproximadamente aos 14 anos. Durante esse tempo, essa Glândula mantém as outras Glândulas inativas, retarda a puberdade e estimula o desenvolvimento normal do cérebro. Há casos, contudo, em que, devido à enfermidade das Suprarrenais, o cérebro e os órgãos geradores amadurecem em poucas semanas ou meses, antes que o corpo se desenvolva normalmente. A paralisação do crescimento deixa o corpo pequeno, de pequena estatura, todavia simétrico. Podem surgir casos excepcionais, entretanto a Glândula Timo evita o aparecimento de tais fenômenos.

Quando a ação da Glândula Timo persiste depois da puberdade em tempo demasiado, chegando a ser de 5 a 10 vezes maior do que o normal, estamos perante um caso de “status thymicus” que é uma condição interessante em que a pessoa, se masculina, tende a exteriorizar a expressão feminina e, se feminina, a expressão masculina. Em outras palavras, causa uma suspensão da masculinidade ou da feminilidade, conforme seja o caso, algumas vezes resultando o peculiar complexo do homem desejar mais a associação com homens do que com mulheres e, vice-versa, as mulheres preferirem a associação com mulheres, em vez de homens. Isto levado a extremos pode converter se em narcisismo, o amor por si mesmo. Tais pessoas usam continuamente o pronome “eu”, gostam de se mirar nos espelhos, deleitam-se em admirar suas mãos, seus pés e todo seu corpo, podendo ser vistas, com frequência, acariciando-se ternamente e sorrindo docemente para sua própria imagem refletida. Por vezes, têm irresistível desejo de vestir roupas do sexo oposto. Algumas satisfazem-se com uma ou outra peça de vestuário, mas outras substituem todos os seus trajes e passam como membros do sexo oposto. Essas pessoas não são pseudo-hermafroditas porque têm desenvolvimento sexual perfeitamente normal. Cita se o caso de um homem que, tendo vivido 48 anos vestido com vestes masculinas, mudou para vestes femininas até sua morte, 35 anos depois. Durante todo este segundo tempo de sua vida foi aceito na sociedade como mulher. Somente a autópsia revelou que, sexualmente, “ela” era realmente “ele”, um homem normal. Esse tipo de indivíduo é incompreendido e mal julgado. São geralmente desajustados na sociedade, de que resulta tornarem-se muitas vezes desanimados e sem coragem, entregando-se ao uso do álcool ou aos entorpecentes e eventualmente praticam o suicídio. Entretanto, há indivíduos desse tipo que depois de uma vida tempestuosa pela casa dos vinte anos, adaptam-se ao seu ambiente pelos trinta anos, porque a Pituitária e a Tiroide tornaram-se mais predominantes, dando maior estabilidade mental e equilíbrio. Em alguns em que o Timo é o centro de direção, combinam o brilho com a instabilidade, tornando-se aventureiros famosos e incansáveis experimentadores.

O coração do tipo tímico é pequeno e os vasos sanguíneos notadamente frágeis. Isso, numa emergência, pode limitar o afluxo do sangue e, em consequência, tais pessoas podem morrer subitamente de ruptura de vasos, causada pelo excessivo afluxo do sangue a vasos débeis. Um choque súbito, um susto ou a administração de um anestésico podem produzir um colapso que, as mais das vezes, termina em morte.

TIPO DE PERSONALIDADE TÍMICA

Ao tempo do aparecimento dos dentes permanentes, o Timo é a Glândula dominante e é de notar que a forma física das crianças, em ambos os sexos, é muito semelhante. Depois disso há uma diferenciação gradual, sem distinção física acentuada até a puberdade. Iniciada esta, a função do Timo diminui gradativamente e outras Glândulas aumentam de atividade. Porém, muitas vezes, a ação da Glândula não cessa, casos em que os indivíduos têm toda a vida dominada por essa Glândula. Tais pessoas pertencem ao tipo tímico centralizado. Suas formas continuam redondas e infantis. As crianças pertencentes a esse tipo são bem proporcionadas, perfeitamente formadas com feições delicadas. A pele é transparente e cora com facilidade; o cabelo é longo e sedoso. Tais crianças são a incorporação da beleza. Crianças angelicais admiradas por todos, mas, não estando aptas para enfrentar os ásperos conflitos da vida, geralmente morrem jovens.

O tipo tímico é essencialmente feminino. O corpo, algumas vezes de estatura média e outras vezes alta, é todo graciosamente conformado, de membros roliços. A pele é fina, delicada e aveludada, cabelos macios e sedosos. Pouca ou nenhuma barba, feições delicadíssimas, magnificamente proporcionadas, olhos azuis ou castanhos, longas pestanas, lábios finos e o rosto oval. Por vezes, no adulto, o queixo não é bem formado, os dentes têm a brancura do leite, são finos e translúcidos com bordos serrilhados ou com a forma de crescente lunar.

Esse tipo de indivíduo, reiteramos, não tem grande resistência, e, portanto, deve ter o máximo cuidado com seu Corpo Denso.

CAPÍTULO V – A GLÂNDULA TIREOIDE – A GLÂNDULA DA ENERGIA

A Glândula Tiroide[8] consiste em duas massas de cor marrom, situada na parte superior da traqueia e junto à laringe, ligada logo abaixo ao pomo de Adão por um estreito istmo do mesmo tecido. A Tiroide surge do mesmo tecido e quase do mesmo ponto que o lóbulo anterior do Corpo Pituitário, pesando aproximadamente 28,4 g. Cada lóbulo da Tiroide tem em torno de 5 cm de comprimento, 2,5 cm a 3,75 cm de largura e 1,9 cm de espessura. Essa Glândula é um dos primeiros órgãos a distinguir-se no embrião humano, começando primeiramente como um sulco no fundo da boca por volta da terceira semana de vida do feto. Ao alcançar 0,62 cm no embrião, o tecido da Tiroide se separa e o sulco fecha-se.

A importância da Tiroide é acentuada pela riqueza de sua circulação. Essa Glândula recebe aproximadamente quatro vezes mais sangue, em proporção ao seu tamanho, do que os rins, os quais se destacam pelo seu alto grau de atividade funcional. É mais pesada na mulher do que no homem, tornando-se maior durante a excitação sexual, na menstruação e na gravidez. De acordo com uma notável autoridade, Gaskill[9], a Tiroide foi uma Glândula sexual. O Dr. Berman diz: “Tanto nos vertebrados inferiores como nos invertebrados superiores os tecidos dessa Glândula estão intimamente conectados com os condutos dos órgãos sexuais. São na verdade órgãos sexuais acessórios, Glândulas uterinas, satélites do processo sexual. Do Petromyzon (lampreia)[10] para cima, seu relacionamento se perde. A Tiroide emigra mais e mais para a região da cabeça, a fim de se tornar o grande elo entre o sexo e o cérebro”.

Max Heindel diz: “Durante os primeiros estágios da Época Hiperbórea, quando a Terra ainda estava unida ao Sol, as forças solares eram o suprimento do homem, o qual, inconscientemente, irradiava o excesso dessas forças recebidas, para fins de propagação”.

“Quando o Ego entrou em seus veículos, tornou-se necessário usar uma parte dessa força para construir o cérebro e a laringe que era originalmente uma parte dos órgãos geradores. A laringe foi construída enquanto o Corpo Denso era encurvado numa forma de bolsa como já foi descrita, a qual é ainda a forma do embrião humano. Quando o Corpo Denso se tornou reto, parte do órgão criador permaneceu na parte superior do corpo tornando-se mais tarde a laringe”.

“Assim a força criativa dual, que num determinado tempo foi usada somente numa direção, para criar outro ser, dividiu-se. Uma parte dirigiu-se para cima para criar o cérebro e a laringe, por meio dos quais o Ego é capaz de pensar e comunicar seus pensamentos a outros seres”.

“Como resultado dessa transformação, somente uma parte da força essencial para a criação de outro ser ficou de posse para um indivíduo, daí a necessidade de cada indivíduo procurar a cooperação de outro que possuísse a parte da força procriadora que carecia”.

“Assim, a entidade em evolução obteve a consciência cerebral do mundo exterior à custa da metade de seu poder criador. Anteriormente a esse tempo ela usava internamente ambas as metades ou partes desse poder para exteriorizar outro ser, porém, como resultado dessa modificação, desenvolveu o poder de criar e expressar o pensamento. Antes disso ela era um criador no Mundo Físico somente, desde então tornou-se apta a criar nos três Mundos”.

Uma comparação das descobertas feitas pelos modernos cientistas e daquelas realizadas pelos investigadores ocultistas, acima expostas, revelam uma pasmosa corroboração relativa à recente formação dos órgãos procriadores da raça humana. Max Heindel disse no Conceito Rosacruz do Cosmos que o ocultista acolhe com júbilo as descobertas da ciência moderna, porque invariavelmente corroboram o que a ciência oculta há longo tempo vem ensinando, sendo um fato digno de nota que quase diariamente um estudante esmerado lê algo a respeito de uma descoberta científica que vem provar uma afirmação particular registrada há longo tempo nos escritos dos nossos mais adiantados cientistas ocultistas.

É crença dos mais eminentes biologistas que a Tiroide desempenhou uma parte importantíssima na transformação das criaturas marítimas em animais terrestres. Experimentalmente a Tiroide foi usada para transformar uns em outros. Há uma pequena Salamandra que vive n’água e que respira por meio de guelras. Alimentando-se esse animal com Glândula Tiroide, opera-se uma mudança rapidamente, surge de uma Salamandra da água, uma Salamandra terrestre.

Tanto a Tiroide como sua secreção, são usadas na medicina. A secreção dessa Glândula é chamada Tiroxina. Trata-se de uma substância gelatinosa contendo uma grande porcentagem de Iodina, bem como Arsênico e Fósforo. A Tiroxina depende da Iodina para sua atividade. Há outras substâncias na secreção da Tiroide com funções próprias, porém as atividades delas são secundárias e obscuras. A Tiroxina produz resultados em pacientes em doses extremamente pequenas comparadas com a quantidade da Glândula toda. Além disso, uma dose de Tiroxina parece permanecer num organismo necessitado dela por um período de tempo maior, ao passo que a totalidade da Glândula tem de ser administrada continuamente.

A Tiroide é uma Glândula de energia. Sua secreção é a controladora do ritmo do viver, de tal modo que quanto menor seja a quantidade de secreção tanto menor será o nível de atividade. E, por assim dizer, a rapidez com que se produzem as reações químicas que constituem os processos da vida dependem da Tiroide. Quando as reações se aceleram, o oxigênio e a matéria alimentar se oxidam, portanto, libertam mais energia e o indivíduo pode pensar e sentir, ver e atuar mais rapidamente. A Tiroide parece mesclar mais oxigênio com as células alimentares e ao mesmo tempo libertar energia para ser usada como calor, movimento e outras necessidades. O Dr. Plummer[11] demonstrou que um aumento de Tiroxina dobra o aumento de energia numa determinada unidade de tempo. Isso nos dá uma ideia do poder dessa secreção interna e de sua importância para a vida normal. Para ser exato, um miligrama de Tiroxina aumenta a ação do metabolismo em dois por cento. Quando a Tiroxina é administrada em apenas uma dose, observa-se uma diminuição lenta de absorção dela pelos tecidos, assim mesmo não alcança o máximo efeito senão no décimo dia. Seu efeito continua por mais dez dias, aproximadamente. Daí então haverá uma diminuição de intensidade por outros dez dias. De acordo com a extensão do tempo uma simples dose de Tiroxina atua no organismo, aproximadamente, durante três semanas. Qualquer perturbação na secreção da Tiroide em quantidade maior ou menor ou ainda em relação à qualidade, isto é, uma mudança anormal em sua composição química, produz severos transtornos, os quais se tornam uma carga para si mesmo e para os outros.

Não é somente o grau de tensão da energia nas células do organismo que é controlado pela Tiroide, mas a mobilidade dessa energia, pois sem a secreção dessa Glândula, o rendimento de grandes e rápidas flutuações de energia, a sua elasticidade, flexibilidade e mobilização para a execução de um rápido ato muscular, numa emergência, seria completamente impossível.

A Glândula Tiroide é a mais importante Glândula do corpo, pela razão de que ela controla o crescimento do Corpo Denso, o desenvolvimento mental e está intimamente relacionada com as outras seis Glândulas que estamos considerando. É o grande elo entre o cérebro e os órgãos geradores, nela se processando a secreção necessária ao equilíbrio do cérebro.

Duas das principais doenças relacionadas com a Glândula Tiroide são o cretinismo e o mixedema. Ambas são causadas por conexão imperfeita entre o cérebro e o Corpo Vital, a qual impede a Tiroide de secretar a Tiroxina que a conectaria com o cérebro e os órgãos geradores. O cretinismo é o idiotismo infantil. A mesma doença é chamada de mixedema, no adulto.

Uma criança pode nascer cretina como resultante de uma deficiência de Tiroxina ou pode desenvolvê-la em qualquer tempo depois do nascimento. Uma criança pode nascer aparentemente normal, com exceção do nariz que será um pouco mais achatado do que o comum. Pode ter sonolência anormal, maior do que as crianças normais, durante o primeiro ou segundo mês, e não acordar espontaneamente para comer. Depois de alguns meses, nota-se que não acompanha o crescimento normal, física e mentalmente. Ao exame, revela-se um curioso engrossamento dos rebordos dos dentes. Então a língua se torna anormalmente espessa e proeminente, sobressaindo da boca continuamente, dificultando a respiração quando a criança está deitada. A boca está sempre cheia de saliva, a pele adquire um amarelado ou cor de cera, é seca, áspera escamosa e tumefeita. Os olhos lacrimejam e as pálpebras engrossam, o achatamento do nariz se pronuncia e suas asas engrossam; as orelhas são grandes e eretas; o cabelo afina; as sobrancelhas e as pestanas escasseiam e, por vezes desaparecem; as unhas ficam curtas, finas e quebradiças; os dentes demoram a aparecer, limitando-se, por vezes, a meras e poucas pontas curtas, e irregulares que rapidamente caem. Todo o crescimento é lento e desproporcionado. O tronco, bem pequeno se comparado com a cabeça, parece maciço se comparado com as diminutas dimensões das extremidades. As costas se acorcovam, arqueando-se na região lombar; o abdômen salienta-se como um pequeno balão, havendo às vezes hérnia umbilical. Os pés e as mãos são desajeitados, largos e grossos, os dedos rijos, curtos e finos, e os artelhos recobertos de sólida pele e separados. Esses desafortunados manifestam fome e sede por meio de grunhidos, de sons inarticulados ou gritos. Não sorriem nem tossem. A circulação é pobre, o corpo frio, a pressão sanguínea é baixa, porém nem todos os cretinos têm as mesmas peculiaridades; há muitos graus e variedades de acordo com a severidade da doença. Note-se que no cretino ou no mixedematoso[12], estando fechada a porta da Tiroide, que fornece a força criadora para o cérebro e os órgãos geradores, ambos começam a atrofiar-se. Em ambos os casos, a vítima é apática, indiferente, suja e desalinhada, um lastimável idiota.

Num adulto poder-se-ia suspeitar alguma causa para tão abominável enfermidade, mas numa inocente criança, por qual razão surge?

Para encontrar-se a causa da aflição, devemos observar os órgãos afetados, o cérebro e os órgãos geradores. A força criadora, a força que produz o crescimento está praticamente ausente.

O abuso da força criadora, usada para gratificação dos sentidos, é o pecado contra o Espírito Santo, que não é perdoado, mas que deve ser expiado pelo viver em veículos deficientes, como, por exemplo, o acabado de descrever. É uma terrível lição a aprender, uma lição que só é dada a um Espírito, quando não seja possível lhe dar de outra maneira.

Os cientistas, ao retirarem a Tiroxina do desamparado reino animal, para aplicá-la ao homem doente, estão, ignorantemente, tentando burlar o trabalho que a grande Lei de Causa e Efeito realiza por meio do renascimento. Mas Deus não pode ser ludibriado: o que um homem semeia isso colherá. A Tiroxina animal aplicada num cretino ou em um mixedematoso jamais efetuará uma cura real, apenas retarda a aplicação da Lei até outra oportunidade. O caso é análogo ao emprego do hipnotismo para curar alcoólatras da atração pelas bebidas. O que o hipnotizador faz é apenas sobrepor a própria vontade à do alcoólatra. Enquanto os dois viverem, o hipnotizador e o hipnotizado, a cura parece ter sido completa; mas se o hipnotizador morre antes do viciado, como o poder da vontade deste último não é mais controlado, o apetite desperta, e o viciado retorna ao antigo e infeliz hábito. É somente quando nos sobrepomos a um mau hábito pelo poder da própria vontade, que passamos a ter domínio sobre ele. O mesmo sucede no cretinismo e no mixedema.  A vítima pode tomar tiroxina durante toda a vida que jamais ficará “curada”. Apenas retardará até outra vida o pagamento de uma dívida do destino. Quando voltarem, a Lei cobrará o débito.

O primeiro êxito aparente na cura do mixedema deu-se com uma mulher inglesa de 42 anos de idade. A doença produziu-lhe crescimento do rosto e das mãos e tornou-a lenta no falar e no andar, sensível ao frio, de espírito lânguido, fisicamente deprimida, a ponto de não poder andar sozinha.

A injeção hipodérmica do extrato de Glândula Tiroide de carneiro, duas vezes por semana, produziu uma melhora imediata, maravilhosa e contínua. Verificou-se que a melhora pode ser mantida usando a Glândula por via oral. As feições e a pele retornaram ao normal e a mulher pôde voltar a andar por seus próprios meios. Viveu até a idade de 74 anos. Entre os 42 e 74 anos foi necessário administrar-lhe Tiroxina regularmente. A mulher consumiu 270 gramas de Tiroxina, extraída das Glândulas de 870 carneiros.

Quando se dá Tiroxina a uma criança cretina, a circulação melhora e o calor do corpo aumenta. Cerca de uma semana depois o estado de embrutecimento desaparece. A pequena criatura começa a sentir suas melhoras, logo reconhece seus pais, sorri e brinca. A face pálida toma a aparência normal e todo o corpo começa a crescer. Surgem todos os maravilhosos efeitos do crescimento. Por exemplo, podem aparecer 20 dentes dentro de 6 meses. O cabelo áspero e seco torna-se fino, macio, sedoso e, às vezes, ondulado. A pele fica úmida, macia e rosada, a altura, cada mês, poderá aumentar de alguns centímetros. A criança torna-se alegre e ativa, e começa a falar. Deu-se uma evidente transformação. Mas, apenas cesse a administração da secreção da Tiroide, é inevitável, quase imediatamente, a reversão às condições primitivas. Pouco tempo depois de diminuída a administração do medicamento a criança falará somente quando falarem com ela, ficará sentada quieta, durante todo o dia e agirá como se estivesse semi-anestesiada. A pele e o cabelo, gradualmente, retornam ao estado primitivo e o completo tipo do cretino se desenvolverá. Se de novo aplicamos a secreção, a transformação rapidamente se repetirá. Os médicos estão atônitos em relação ao destino que poderá sobrevir   para essas criaturas recuperadas, uma vez que a administração de Tiroxina foi feita apenas a uma geração, pelo que não há dados sobre o caráter dos filhos ou netos. Os casos que a medicina conseguiu registrar parecem normais, as crianças nas escolas e os adultos como trabalhadores ativos, aos interesses comuns da infância, nas ocupações adultas ou nos círculos sociais. Intelectualmente, a única dificuldade é a matemática. Normalmente, fora da família, ninguém sabe que são cretinos. Em dez casos, o observador mais sagaz de nada suspeita em nove.

Além das anomalias, no sangue e nos tecidos, por insuficiência da secreção da Tiroide, também há casos de sofrimento por excessos.  Quando a superatividade da Tiroide atinge o estado patológico, tal condição manifesta-se como Bócio Exoftálmico. De modo geral, essa enfermidade é acompanhada pelo aumento da Glândula, podendo manifestar-se de forma aguda ou crônica.

Os casos agudos, na maioria das vezes, são provocados por grande desgosto ou grande medo. Frequentemente desaparecem em poucos dias sem tratamento. Na forma crônica, a enfermidade é séria, é preciso prestar-se ao paciente o melhor cuidado. Entre os principais sintomas estão: movimentos cardíacos excessivamente rápidos, pulsações entre 90 e 100, hiperexcitabilidade nervosa[13], aumento da pressão sanguínea, respiração rápida e pouco profunda, traduzindo uma hiperreação de todo organismo. Os olhos, brilhantes e proeminentes, parecem saltar das órbitas e as pálpebras muito abertas conferem uma expressão espantada, assustada.

A pessoa afligida por essa enfermidade tem uma coloração viva, quente, não repousa, dorme mal. Emagrece e permanece magra, por muito que coma, chegando, em alguns casos, à emaciação. O bócio pode ser muito grande, por vezes é moderado. São conhecidas 21 espécies de Bócio. O Bócio exoftálmico é curável na maioria dos casos, sem operação, mas há casos que requerem o uso do bisturi.

A causa do Bócio é a carência de iodo na secreção da Tiroide. Há abundante iodo na água do mar e em pequenas quantidades nas fontes e vertentes de algumas regiões. Porém, em alguns lugares montanhosos e em outras regiões bastante afastadas do mar, não há, praticamente, presença de Iodo para suprir a Tiroide. Ela então, na tentativa de produzir adequadamente a secreção, aumenta de tamanho em consequência do esforço funcional desenvolvido para adaptar-se às condições existentes, isto é, à falta de iodo. Iodo na forma de iodato de sódio, em pequenas doses, é preventivo do Bócio. Todavia, os meios mais eficientes para curar essa enfermidade são o descanso prolongado físico, mental e emocional, e a supressão de toda a inquietação e excitação. Em último recurso, só a operação cirúrgica valeria, mas em nenhuma hipótese a Tiroide pode ser totalmente removida: a morte seria certa.

Essa misteriosa Glândula que dá equilíbrio ao cérebro, auxilia a digestão, mescla o ferro com as substâncias alimentares, secreta o Iodo que combate os venenos do corpo, coopera também no controle da quantidade de gordura no organismo, e de forma algo misteriosa, previne e cura o Bócio. Quanto mais Tiroide, mais enérgica é a pessoa; quanto menos Tiroide menos enérgica e mais preguiçosa a pessoa é.

Foi quase que definitivamente provado que os prisioneiros recolhidos na prisão de San Quentin por crime de assassinato têm Glândula Tiroide anormal. Isso foi demonstrado pelo Dr. Ralph Arthur Reynolds que, com a cooperação do Dr. Leo Stanley, médico da prisão, estudou durante dois meses tais prisioneiros.

Disse o Dr. Reynolds que seus estudos o convenceram de três fatos fundamentais:

1º. todo assassino, potencial ou atual, mostra supersecreção da Glândula Tiroide;

2º.  um assassino mostra sub-secreção da Glândula Pituitária e

3º. todo desajustado social apresenta perturbação da secreção de alguma Glândula.

Falou de um assassino jovem que, sem razão aparente, atacou outros prisioneiros com certo objeto que tinha à mão e, como consequência disso, passou 180 dias no calabouço. Sobre o jovem, que tinha uma Glândula Tiroide anormal, o Dr. Reynolds disse: “operamo-lo e reduzimo-la ao que pensamos ser normal. Hoje é um prisioneiro completamente tratável”. Em outros 16 casos que tratou pessoalmente, os resultados foram ótimos.

O que se segue faz parte de interessantes conclusões feitas pelo Dr. Louis Berman[14] que mostra assim, notáveis conhecimentos sobre as Glândulas endócrinas e suas funções no corpo humano.

“Se um crime é uma anormalidade cientificamente estudável e controlável como o sarampo, devem ser radicalmente transformados os tribunais e as prisões. Há, agora, espalhado por todo o mundo, um grupo de pessoas que estuda e aplica métodos científicos para diagnosticar e tratar crime. São eles os pioneiros que a história lembrará como companheiros daqueles outros que transformaram o comportamento do mundo para com os loucos e o modo de tratá-los, outrora condenados e tratados como criminosos mesmo nos países mais civilizados”.

“Os laboratórios de criminologia adjuntos às Cortes de Justiça, como já existe em várias cidades, tendem a tornarem-se universais. Como já foi demonstrado, a maior parte dos criminosos, são mental e moralmente anormais (deficiência de secreção da Tiroide). Para explicar essa anormalidade, os criminologistas fizeram e continuam fazendo investigações sobre a hereditariedade e o ambiente passado do criminoso, sua educação e ocupação, as influências sociais e religiosas às quais esteve sujeito, e os testes do quociente intelectual. As condições do Sistema Vegetativo (involuntário ou simpático) e o estado endócrino do prisioneiro ocuparão, sem dúvida, lugar proeminente em qualquer interpretação do crime”.

A observação introspectiva do estado mental pré-criminal nas chamadas pessoas normais revela uma diminuição da razão e do poder da vontade; em outros, uma exaltação enorme, quase histérica. O que é isso senão estados endócrinos de células, experimentalmente reproduzíveis pelo aumento e decréscimo da influência da Tiroide, das Suprarrenais e da Pituitária?

Os crimes passionais podem ser atribuídos, em não poucos casos, a distúrbio da Tiroide. Um psicólogo de um tribunal da cidade de Pittsburg (Pensilvânia), interessado no assunto, encontrou Tiroide aumentada em mais de 90% de moças delinquentes”.

Antes de o homem assumir a posição vertical, era bissexual, e toda a força criadora estava centralizada nos órgãos de reprodução. Nesse tempo, a Tiroide era pura e simplesmente uma Glândula sexual. Max Heindel disse que quando os sexos foram separados, metade da força criadora de cada indivíduo foi dirigida para cima, a fim de construir o cérebro e a laringe. O cérebro foi construído para dar ao Ego um instrumento para adquirir o conhecimento e criar no Mundo Físico; é a mesma força que ainda hoje o alimenta e o constrói. A laringe foi feita, por sua vez, a fim de que o homem pudesse ter um órgão para expressar seus pensamentos em palavras.

A perversão ou o sexo maníaco é uma prova da afirmação dos ocultistas de que uma parte das forças sexual construiu e sustenta o cérebro e a laringe, e que há uma conexão entre esses órgãos e a força expressa pelos órgãos geradores inferiores. O infortunado pervertido torna-se um idiota, incapaz de pensar, porque desperdiça a parte negativa ou positiva da força sexual (conforme seja homem ou mulher) normalmente utilizada pelos órgãos de reprodução para a propagação, e, também, porque dissipa sexualmente a parte da força sexual que deveria ascender e ser usada na construção do cérebro, impedindo o pensar. Daí sua deficiência mental. Pelo contrário, se o indivíduo é dado a pensamentos espirituais, a tendência para usar a força geradora para a propagação é pouca. Portanto, toda a força não utilizada sexualmente ascende e é transfigurada em poder espiritual.

COMPARAÇÃO DA TIREOIDE E DA PITUITÁRIA

Novamente é interessante notar que essa mesma Glândula Tiroide, que uma vez foi uma Glândula sexual, surge no embrião do mesmo tecido e quase no mesmo ponto em que aparece o lóbulo anterior do Corpo Pituitário (ou Glândula Pituitária), sendo a Tiroide uma excrescência do tecido e a Pituitária o desenvolvimento posterior dele. “O lóbulo anterior do Corpo Pituitário é chamado a Glândula da intelectualidade”, significando a capacidade da Mente em controlar, em seu meio ambiente, conceitos e ideias abstratas. Tudo isso confirma as declarações feitas por Max Heindel que a natureza da força geradora é tal que tanto pode se manifestar por meio do cérebro como pelos órgãos de reprodução.

A Glândula Tiroide está mais diretamente vinculada com as paredes internas e externas do corpo, a pele, a coberta externa das Glândulas, o cabelo, as membranas mucosas e a sensibilidade nervosa. A Pituitária atua mais sobre a estrutura do corpo, o esqueleto, e dos mecanismos de sustentação e de movimentos do corpo. A Tiroide altera o nível energético do cérebro e de todo o sistema nervoso. A Pituitária estimula as células cerebrais mais diretamente. A Tiroide facilita a produção de energia, ao passo que a Pituitária, o seu consumo. A Tiroide ocupa-se especialmente com a regulação da forma ou contornos e terminações dos órgãos, de acordo com seus arquétipos.

A força vital, indispensável para criar tanto o pensamento como as formas físicas, vem do Sol e da Força Crística anual que aportam à Terra. Essa força é atraída ao indivíduo pela Glândula Tiroide, e a força solar espiritual contida na Tiroxina é que proporciona o equilíbrio cerebral e a vida nos órgãos de reprodução. A secreção dessa Glândula é tão necessária à própria atividade mental e à reprodução das espécies como o Éter o é para a transmissão da eletricidade. Sem essa essência espiritual não poderia haver formação de hábitos, energia respondente para definir situações, complexidades de pensamentos, nenhuma possibilidade de aprendizado e, consequentemente, de educação, bem como nenhum desenvolvimento de faculdades e funções físicas. Não haveria ainda reprodução de qualquer espécie, nenhum indício de adolescência na idade apropriada e, subsequentemente, nenhuma demonstração de tendências sexuais.

PERSONALIDADE DE TIPO TIROIDE

Durante a infância normal esse tipo individual de Tiroide é saudável, delgado, robusto, enérgico, ativo, bem conformado, olhos grandes e algo saliente, nariz reto e bem talhado, dentes firmes e bem talhados com um translúcido e nacarado esmalte. As crianças normais desse tipo estão sempre ativas, nunca parecem cansadas e, por isso, não precisam dormir muito. São singularmente imunes às doenças. Contrairão sarampo, possivelmente, mas, em geral, nenhuma das outras doenças da infância. Sua adolescência é vibrante, apaixonada, cheia de episódios, mas eles se ajustam às mudanças consideráveis que se processam no seu íntimo e que, muitas vezes, se apresentam como um intenso peregrinar, isso, naturalmente, em virtude de que as células de seus corpos estão tão carregadas de energia vital que deve se expandir em qualquer forma de atividade ou então explode.

O jovem desse tipo é como um circuito carregado de eletricidade, irradiando vitalidade e magnetismo em qualquer grupo. Contudo, ele é facilmente abalado por acontecimentos súbitos e inesperados, a morte de um parente amado, ou o malogro de uma ambição afagada. Nesses casos, um desequilíbrio em outras Glândulas poderá advir rapidamente e, daí fraqueza e, até invalidez estacionária ou curável, mas que, em alguns casos, pode transformar-se na pior forma de deficiência Tiroidiana. Essas atrativas e agradáveis crianças do tipo Tiroide, necessitam ter o mais cuidadoso amparo.

Durante a maturidade, o tipo Tiroide caracteriza-se por um corpo delgado. Seus traços são bem conformados, cútis clara, cabelos abundantes, feições levemente coradas, sobrancelhas largas e longas, os olhos grandes brilhantes, penetrantes, a boca bem conformada, com dentes regulares e bem desenvolvidos. O rosto de Shelley[15] é um bom exemplo do tipo Tiroide masculino, a sua forma oval, bela configuração de traços, sobrancelhas espessas e altas, grandes olhos vivos e salientes, ativa vitalidade, boca sensível tudo pertence a esse tipo. Dele disse Matthew Arnold: “Um belo e ineficaz anjo que em vão bate no vácuo suas asas luminosas”.

Retrato de Percy Bysshe Shelley

A rainha Elizabeth da Inglaterra foi um exemplo excelente da mulher tipo Tiroide. Sexualmente esse é bem diferenciado e impressionável. Emotividade notável, percepção pronta e vontade rápida, impulsividade e tendência a crises de expressão explosiva fazem partes de seus traços característicos. Sua energia, aparentemente inesgotável, faz deles trabalhadores infatigáveis. Levantam-se cedo, deitam-se tarde da noite, planejam o seu trabalho e o de outros para o dia seguinte e queixam-se de insônia.

Retrato da Rainha Elizabeth I

Shelley tinha apenas 30 anos quando se afogou, mas o número de suas obras literárias era maior do que o de muitos escritores que passaram a vida entregues a essa mesma espécie de trabalho. O reinado da Rainha Elizabeth foi caracterizado pela atividade intelectual e pelos empreendimentos comerciais. A Humanidade deve muito a essas pessoas incansáveis e enérgicas; em certo sentido elas são o fermento que energiza o mundo.

CAPÍTULO VI – O CORPO PITUITÁRIO – TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA

O Corpo Pituitário, ou Hipófise, é uma massa de tecido do tamanho aproximado de um grão de ervilha, quase exatamente situado no centro da cabeça, na base do cérebro, para trás da raiz do nariz. Pende, suspenso, da parte inferior do cérebro tal como uma cereja pende do galho da cerejeira. É de cor cinza-amarela, aumentando em tamanho até a idade dos trinta anos, pesando no adulto cerca de 5 gramas. Durante a gravidez a Glândula aumenta em tamanho. Ela situa-se numa depressão parecida com uma sela no osso esfenóide, chamada “sela túrcica”, envolvida por um tecido membranoso chamado “dura mater”. O Corpo Pituitário pode ser assinalado desde as mais primitivas formas de vida até o ser humano. Em seu desenvolvimento da água do mar, a Humanidadedade trouxe consigo essa Glândula e o sal do sangue até o estado atual.

O Corpo Pituitário é um veterano do sistema de Glândulas endócrinas. Seu nome deriva-se da palavra latina “Pituitária”. Foi-lhe dado esse nome porque se supunha que a Glândula segregava um fluido que lubrificava a garganta.

Cria-se que a secreção se filtrava através do poroso osso etmoide que se situa entre a Pituitária e a cavidade nasal.

Se a “sela túrcica”, ou berço dessa Glândula, é demasiadamente pequena, haverá um subdesenvolvimento do senso moral e intelectual. As pessoas afetadas dessa forma podem ser chamadas mentirosas patológicos. Tais infortunados não têm senso da verdade, portanto são absolutamente inconscientes de que dizem mentiras. Tal aflição é muitas vezes encontrada nos débeis mentais.

O Corpo Pituitário é composto de duas partes aparentemente independentes, distintas em sua origem, história, função e secreção. No estudo do embrião humano encontramos o início da manifestação Pituitária como uma saliência na cavidade bucal, na área dos sentidos do gosto e do olfato. Esse crescimento adquire a forma de uma bolsa que gradualmente se estende para o cérebro. No final da quarta semana essa bolsa contata um crescimento do cérebro chamado infundíbulo. Daí então essas duas partes desenvolvem-se, constituindo a Glândula Pituitária adulta. O crescimento da cavidade da boca forma o lóbulo anterior da Pituitária e a parte do “infundibulum” representa o crescimento da parte mais antiga do sistema nervoso involuntário, ou simpático, e desenvolve-se no lóbulo posterior, ou post-pituitário da Glândula. Há um espaço entre as paredes das partes anterior e posterior da Glândula o qual persiste durante toda a vida como uma fissura da Glândula.

Em certo estágio da vida do embrião, a Glândula Pineal projeta-se através do cérebro e o Corpo Pituitário forma uma abertura na boca, ligando-se, também, com ela a cavidade do canal espinhal. Por este meio, o Espírito, prestes a nascer no Mundo Físico, está ainda em íntimo contato com o mundo espiritual, enquanto está em construção a casa prisão de carne ao seu redor. Quando outras aberturas do corpo se fecham, notadamente o “foramen ovale”, a corrente sanguínea fetal é desviada do seu primitivo caminho livre, através das aurículas do coração, diretamente para os centros espirituais da cabeça já mencionados, e o sangue é forçado pelos ventrículos do coração para os pulmões onde entra em contato com o Éter no ar. Esse Éter contém um acurado e detalhado retrato de tudo que cerca o Ego, não somente das coisas materiais, mas de todas as condições existentes em cada momento dentro da aura do indivíduo. Todos esses quadros são injetados e, por isso, ocasionam uma obstrução dos centros espirituais, perda da visão espiritual e, daí, a consciência do Ego gradualmente vai-se enfocando no Mundo Físico.

No início do estudo sério da Glândula Pituitária, cria-se que ela era apenas uma Glândula que produzia somente um hormônio ou substância. Posteriormente verificou-se que ela tinha duas partes distintas e cada uma delas produzia hormônios diferentes, descobrindo-se ainda que aquilo que se considerava ser um hormônio consistia em dois ou mais hormônios diferentes. Atualmente, crê-se que a Pituitária produz nada menos do que oito hormônios diferentes.

O lóbulo anterior da Pituitária, chamado pré-Pituitária, é composto de uma coleção de sólidas colunas rodeadas por espaços sanguíneos, nos quais, indubitavelmente, a secreção celular é lançada diretamente. O lóbulo posterior consiste de células secretoras que produzem uma substância vítrea que se junta ao fluido espinhal que banha o sistema nervoso.

Há uma substância química na secreção da pré-Pituitária que estimula o crescimento dos tecidos, particularmente do ósseo e outros, e que influencia os órgãos sexuais e a atividade sexual. Um dos extratos da pré-Pituitária tem efeito definido sobre a massa vermelho-amarelada que preenche a bolsa de óvulos nos ovários, estimulando-lhes o crescimento excessivo. Um cientista que enxertou pequenos pedaços da pré-Pituitária em animais jovens e imaturos, despertava-lhes a puberdade, sexualidade e acasalamento e todos os instintos reprodutores.

À luz do exposto, torna-se evidente que a pré-Pituitária não é somente uma das principais controladoras do crescimento, mas também controladora do misterioso processo que, no desenvolvimento humano, é chamado puberdade.

Provou-se pela experimentação que o funcionamento normal da pré-Pituitária é necessário durante o período de crescimento e desenvolvimento e provavelmente durante o período de maturidade para que evoluam e funcionem apropriadamente as Glândulas Tiroide e Suprarrenais. Quando a pré-Pituitária é prejudicada em animais jovens e em desenvolvimento ocorre um retardamento do crescimento e da atividade da Tiroide e das Suprarrenais, bem como das Glândulas sexuais. Substituindo-se artificialmente a secreção interna da pré-Pituitária, ativam-se as Glândulas Tiroide, Suprarrenais e sexuais.

As secreções internas da Pituitária indubitavelmente têm efeito sobre a produção de energia, especialmente a energia do Sistema nervoso central, a matéria cinzenta do cérebro e a da medula espinhal. Uma hiperprodução de energia no corpo pode ser devido a uma quantidade excessiva de secreção interna da Pituitária circulando no sangue e nos tecidos.

Sumarizando: O lóbulo anterior, ou pré-Pituitária, que produz o crescimento do esqueleto e dos tecidos conjuntivos, causa o desenvolvimento normal dos órgãos criadores e da atividade sexual, estimulando o bem-estar e a ação da Tiroide e das Suprarrenais. A secreção do lóbulo anterior da Pituitária, chamada Prolactina, é essencial para a produção do leite nos animais fêmeas.

O lóbulo posterior do Corpo Pituitário segrega vários hormônios importantes, dois dos quais são de uso frequente. Um deles, chamado Pitucina, tem poderoso efeito estimulante sobre o útero grávido e é usado frequentemente no parto lento e ineficaz. O outro hormônio,chamado Pituitrina, controla a to-nicidade dos tecidos da musculatura lisa e involuntária dos vasos sangüíneos e dos órgãos contráteis do corpo, tais como os intestinos, a bexiga e o útero. Injetado, eleva lentamente a pressão sanguínea, mantendo-a elevada por certo tempo, aumenta o fluxo de urina dos rins e o leite dos seios. Produz intensa e contínua contração da bexiga e do útero. Parece controlar o conteúdo do sal do sangue, do qual dependem a condutividade elétrica desse último e outras propriedades. Normalmente, há certa proporção de sais no sangue, mantida inalterável como sucede na água do mar. Recentemente foi provado que a elevação da pressão sanguínea é devido a uma secreção interna da post-Pituitária e a propensão contrátil é devido a outro constituinte da secreção.

Entre a Pituitária anterior e a posterior há uma estrutura intermediária que segrega um hormônio chamado Intermedina. Essa secreção tem efeito definido no tratamento da diabetes insípida.

A importância vital da Pituitária é demonstrada pela posição extraordinariamente bem protegida da Glândula, sua persistência durante a vida e seu abundante suprimento de sangue. Nenhuma outra Glândula de secreção interna é capaz de substituí-la adequadamente. A ablação total da Glândula significa a morte em dois ou três dias, com uma peculiar letargia, insegurança no andar, perda de apetite, emaciação e queda da temperatura tão acentuada que o animal fica com o sangue frio, à mesma temperatura do ambiente em que se encontra. Se é retirada apenas parte do lóbulo anterior, ocorre uma acentuada degeneração do indivíduo. Obesidade, com tendência a inversão sexual, sonolência invencível, pele seca, queda de cabelo, mentalidade obtusa, por vezes manifestações epiléticas e notável desejo por doces.

A remoção de parte do lóbulo anterior de um cachorrinho dá origem a retardamento acentuado do crescimento (os cachorros anões são criados artificialmente). Os patologistas vêm demonstrando que em inúmeros anões humanos verdadeiros a Pituitária é rudimentar ou mal desenvolvida. Tudo isso evidencia que o esqueleto está diretamente subordinado à Pituitária.

Notam-se efeitos singulares relacionados com a Pituitária e fenômenos periódicos do organismo, tais como a hibernação, o sono e a insônia. Uma Pituitária ativa produz estado de alerta, enquanto a cansada ou esgotada produz sonolência e indolência geral. Na hibernação, ou sono de inverno, o animal passa a um estado cataléptico no qual passa a respirar mais profundamente, porém mais vagarosamente do que desperto, não mostrando indício algum de vida consciente. Nesse estado é baixa a pressão arterial e existe insensibilidade à dor e aos estímulos emocionais.

Preliminarmente a esse estado, há um armazenamento de amido no fígado e de gordura nos depósitos de amido do corpo.

Tudo isso acontece quando é removida parte do Corpo Pituitário, o que torna inevitável a comparação dos dois estados. A queda do metabolismo, comum às duas situações, pode ser sanada por meio da injeção de um extrato pituitário. A elevação da temperatura é imediata.

Nos animais que hibernam há mudanças em todas as secreções internas das Glândulas, mas a mudança é mais acentuada na Pituitária, cujas células amortecem como se, também, estivessem dormindo ou descansando. Quando despertam, no equinócio vernal (Primavera), as células da Glândula Pituitária voltam a ser normalmente ativas. Alguns cientistas admitem que a hibernação pode ser atribuída à inatividade periódica da Pituitária. Em certas partes da Rússia, onde há escassez de alimentação durante os meses do inverno, os camponeses passam semanas inteiras em sonolência profunda, levantando-se apenas uma vez por dia para fazer escassa refeição.

Atualmente há no mundo numerosas pessoas parcialmente hibernadoras. Muitas delas estão realmente num estado que poderíamos chamar de subpituitarismo, que traduz algo de anormal em suas Glândulas Pituitárias: são lentas, obtusas, sexualmente inativas e, por vezes, estéreis. As vezes são altas, mas muito mais , são anãs e parece serem sujeitas à epilepsia.

A hiperatividade do Corpo Pituitário manifesta-se em todos os graus, tendo o poder peculiar de agir como estimulante do crescimento dos ossos e dos tecidos conectivos, tais como os tendões e ligamentos.

Se o excesso de secreção da Pituitária começa antes da puberdade, ocasiona o aumento dos ossos, resultando o gigantismo. Gigantes normais, pessoas excepcionais em estatura e livres de qualquer deformidade física ou mental, são raras. Entretanto, há pessoas portadoras de hiperpré-pituitarismo que possuem os mais elevados poderes mentais, eis que em tais indivíduos há um aumento da atividade do lóbulo posterior associado com aumento e hiperfuncionamento do lóbulo anterior.O crescimento deles é menos marcante, são magros e têm acuidade mental. O gigante comum é o que tem a Pituitária em degeneração depois de demasiada ação do lóbulo anterior e pequena atividade do lóbulo posterior. Frequentemente é responsável por isso algum tumor ou outro processo doentio da Glândula.

Se a hiperatividade da Pituitária vem depois da puberdade, depois dos ossos terem atingido o máximo de tamanho, um crescimento anormal do rosto e de algumas partes do corpo ocorre, especialmente das mãos, dos pés e da cabeça. O nariz, as orelhas, a língua, os lábios e os olhos ficam maiores e mais grosseiros. Sendo tais pessoas grandes e pesadas, seu aspecto é agressivo, sobrancelhas caídas, queixo largo, volumosas, balofas, sofrendo, por vezes, lancinantes dores de cabeça, grande desalento e um sentimento de infelicidade que tira todo o prazer pela vida. Até certo ponto, são notavelmente alertas e muito capazes. Quando conscientes da enfermidade que sofrem, enfrentam-na com corajoso otimismo; entretanto, em relação a mulheres, tal aflição leva-as ocasionalmente ao suicídio. Nos semihibernados que lembram a atitude do gado ou no tipo gigante, que lembra o antropóide, dá-se uma acentuada diminuição da vida sexual.

A hipersecreção ou a subsecreção do lóbulo anterior pode interferir no próprio funcionamento do lóbulo posterior, cuja secreção é a tônica tanto para o cérebro como para as células sexuais. Nos casos em que a cavidade óssea é ou se torna demasiadamente pequena para conter a Pituitária anormalmente aumentada, além da obesidade, da pequena estatura etc., desenvolve -se uma notória inferioridade moral e intelectual. As pessoas sofrem de falta de controle próprio e manifestam desejos impulsores de agir de acordo com qualquer idéia que penetre em sua Mente, seja boa ou má. Têm pouco ou nenhuma iniciativa e são instintivamente imorais. Devem ser tratadas com cuidado.

As secreções da Pituitária agem sobre a estrutura dos ossos, dos ligamentos, dos músculos e dos tendões, difundindo-se diretamente no fluido que banha o sistema nervoso, estimulam beneficamente e ajudam o organismo a remover os resíduos daninhos. A secreção da Pituitária estimula as células cerebrais direta, natural e normalmente, de forma análoga ao estímulo artificial da cafeína ou da cocaína. A Pituitária colabora na conversão e consumo da energia, particularmente do sistema cerebral e sexual. Trabalha diretamente com as forças criadoras, tanto no cérebro como nos órgãos reprodutores, facilitando-lhes o surto da energia. É a Glândula do esforço continuado. A incapacidade de manter um esforço é sinal de que a Glândula está destruída ou há insuficiência de hormônio para desempenhar seu trabalho normal. O crescimento do corpo normal e acima ou abaixo do normal depende do funcionamento normal da Pituitária, relativamente ao cérebro e aos órgãos reprodutores.

A pré-Pituitária:

  1. estimula o crescimento do esqueleto e tecidos suportadores;
  2. influencia os órgãos reprodutores e sua atividade;
  3. estimula o crescimento excessivo dos óvulos nos ovários;
  4. promove a puberdade;
  5. retarda o crescimento na juventude, quando de algum modo afetada.

A post-Pituitária:

  1. Segrega a Pituitrina, que controla o tônus (vigor) da musculatura lisa da bexiga e do útero;
  2. eleva a pressão sanguínea;
  3. aumenta o fluxo da urina e do leite;
  4. tonifica as células cerebrais e sexuais;
  5. aumenta a contração cardíaca mas diminui a força da sístole.

TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA

O Corpo Pituitário é uma Glândula feminino-masculina. O tipo feminino pituitário é dominado pelo lóbulo post-pituitário da Glândula, e o masculino pelo lóbulo anterior da Glândula em foco. O tipo pituitário feminino expressa emoções ternas e sentimentos refinados. A pele é suave, úmida, rosada ou cremosa, com ausência de pelos, enrubescendo facilmente. As sobrancelhas são altas, os olhos grandes e proeminentes. Essas pessoas são carinhosas com as crianças e de modo feminil. São de estatura mediana, bem formadas, mãos e pés de tamanho médio, voz bem modulada, amantes da boa poesia e da música, face sensitiva, demonstrando, ainda, grande interesse pelo bem-estar da humanidade. São femininas sugerindo, porém, influência varonil. Maria, mãe de Jesus, é um ótimo exemplo do tipo feminino pituitário bem equilibrado, bem como Florence Nightingale que, também, pertence a essa classe.

Florence Nightingale

Uma Glândula post-Pituitária superpredominante numa mulher determina uma pessoa que anela o excitamento, as mudanças contínuas e novos prazeres a cada instante. Essas mulheres são dementes pela excitação e descontroladas emocionalmente.

O tipo masculino pituitário tem um cérebro superlativo pelo seu tônus e atividade, um bom desenvolvimento mental e habilidade para dirigir. Geralmente é alto, com aproximadamente seis pés[16] de altura, tipo viril ideal, com um sistema ósseo forte e bem desenvolvido, músculos fortes, mãos e pés bem proporcionados. A cabeça é grande, a face aguda e bem delineada, as sobrancelhas espessas, os olhos proeminentes e separados, algo, um do outro, o nariz algo espesso e comprido, o queixo proeminente e firme bem como as maçãs. Tais pessoas têm grande poder cerebral, grande facilidade em aprender e autocontrole. São eles os senhores de seus instintos inferiores, regendo-os, bem como aos seus ambientes. A esse grupo pertencem os homens cerebrais, práticos e teóricas, os filósofos e criadores de novo pensamento. Homens como Lincoln, Júlio César e George Bernard Shaw pertencem a essa classe.

Abraham Lincoln

Imperador Júlio César

George Bernard Shaw

Quando ocorre a predominância da post-Pituitária no homem, produz-se um tipo curto, atarracado e forte, a cabeça aparecendo maior em proporção ao corpo, com uma distribuição escassa de pelos nas extremidades e no tronco, mas abundante no crânio e na face. Cedo, no adulto, uma bolsa abdominal. Exibem tendências femininas e com frequência demonstram interesse quase mórbido pela poesia e pela música. Na verdade, um grande número de poetas e musicistas classificam-se como tipos pituitários femininos. Frequentemente são excelentes caracteres, porém de um modo geral faltam-lhes firmeza e se deixam dominar pela esposa. São maridos que devem ser compreendidos e não intimidados.

Se o lóbulo pituitário anterior é dominante na mulher, produz-se um tipo masculino que obstaculiza a tendência feminina natural, inclinando-a ser de estatura alta, delgada e ossuda. Dá-lhe queixo proeminente, dentes largos, pele espessa, pelos no corpo e mãos e pés amplos. Contudo, isso lhes dá um intelecto brilhante, que, muitas vezes, causa perturbações nas Mentes de seus associados masculinos. Tais mulheres tornam-se tipo agressivo, substituindo o homem nos negócios do mundo. Elas necessitam compreensão e não a ridicularização e o sarcasmo que usualmente lhes são dirigidos.

Três vezes sejam abençoados os homens e mulheres que têm as Glândulas Pituitárias normais e equilibradas.

CAPÍTULO VII – A GLÂNDULA PINEAL – TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL

A Glândula Pineal por sua natureza é a mais surpreendente. Como está implícito em seu nome, é um corpo cônico, em forma de pinha (Conarium Pinealis, cone de pinha). É de cor avermelhada, com mais ou menos 1,2 cm em de comprimento, isto é, pouco maior do que um grão de trigo. Está situada na parte inferior do terceiro ventrículo do cérebro. Pesa cerca de 0,13 gramas. Está oculta na base do cérebro (ao qual se acha ligada por uma haste oca Pineal) numa diminuta cavidade atrás e acima do Corpo Pituitário. Está composta, em parte, de células nervosas, que contêm um pigmento idêntico ao das células da retina que é uma expressão do nervo ótico, o que sustenta o argumento em favor da antiga função de ter sido um olho. A parte inferior da Glândula aponta para trás. A secreção da Glândula Pineal, chamada Pinealina, age como restritor em todas as Glândulas de secreção interna. Sua atividade moderadora sobre as outras Glândulas endócrinas, dá à criança, durante os dois primeiros anos de existência, condições para crescimento. Durante esse período a criança quadruplica seu peso de nascimento. A Pineal age como uma espécie de supervisora em relação a outras Glândulas.

Os anatomistas do século XIX, não acreditando em qualquer finalidade da Glândula Pineal admitiam que fosse vestígio de alguma estrutura outrora importante. Durante longos tempos, realmente, até há poucas décadas, não havendo nenhum conhecimento de nenhuma função, não se lhe admitia nenhum papel. Todos repeliam a ideia de que fosse uma Glândula endócrina. Observações posteriores relacionaram a Pineal à função muscular. Há uma doença deformadora dos músculos conhecida como “distrofia progressiva”, cuja causa vem sendo um mistério insolúvel para a classe médica. Mas estu-dos realizados por meio de Raios X, mostraram que, nessa doença, a Pineal se apresenta com calcificações, isto é, incrustada de sais de cálcio, o que significa que no caso da Glândula enfraquecer ou deixar de funcionar, os músculos não recebem a quantidade necessária de nutrição.

Mais tarde, descobriu-se que a Pineal regula a cor da pele, fazendo variar o grau de reação aos raios luminosos, isto é, controla a ação da luz sobre o pigmento da pele. É a luz interna que reflete a luz externa.

A Pineal também contribui para o desenvolvimento normal físico e mental das células cerebrais e das células dos órgãos de reprodução. o abundante suprimento de sangue que a Pineal recebe indica mais o índice de seu funcionamento ativo do que apenas a sua presença como vestígio de um órgão que durante a evolução perdeu seu uso original.

Resumindo, a secreção da Pineal:

  1. evita, na criança, o desenvolvimento sexual prematuro, promovendo uma puberdade normal;
  2. favorece a atividade da força criadora, que tende a desenvolver normalmente tanto o cérebro como os órgãos de reprodução;
  3. dá vigor e tonaliza os músculos;
  4. influi sobre o corpo variando o grau de reação aos raios de luz, isto é, controla a sensibilidade da cor à luz;
  5. influi no pigmento da pele provocando sua transparência devido à contração das células pigmentadas.

TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL

Geralmente falando, a Glândula Pineal é masculina, mas algumas mulheres estão sob sua regência, como veremos quando fizermos o estudo das atividades espirituais desse órgão.

O tipo Pineal espiritual típico é alto, é bem modelado. Ombros largos, o corpo afinando gradualmente para os pés. A testa é alta e grande, as sobrancelhas são quase retas, mas bem conformadas. Os olhos, grandes, expressivos, bem abertos, são comumente azuis escuros, e, não obstante a cor, emitem um clarão de fogo divino. O nariz é quase o de perfil grego. Os lábios, meio carnudos, têm ligeira curvatura. o queixo é bem formado, bastante proeminente, mostra real força de caráter, o que harmoniza bem com outros aspectos. O pescoço é médio, sobre ombros fortes e bem modelados. O cabelo, em geral castanho claro, é abundante e possui brilho acentuado. Como um todo, o rosto é varonil com algo de encanto feminino.

O artista Rafael[17] foi um perfeito exemplo do tipo Pineal espiritualmente desenvolvido. Era tão grande sua beleza, diz-se, com um quase imperceptível traço feminino, que, ao passar pelas ruas, os que o viam paravam para admirá-lo. Em pessoa era tão bonito como um Anjo. Sua disposição era amável, bondosa, doce e gentil. Nos modos e na palestra era encantador. Foi célebre pela nobreza e generosidade de sua natureza.

O nome deste homem invulgar ainda permanece o maior na arte da pintura. No seu quadro “A Transfiguração”[18], os olhares discernidores descobrem o mistério da sua grandeza. Está aí, plenamente revelado, seu conhecimento e seu contato direto com os reinos sobrenaturais. Esse quadro maravilhoso, cuja beleza deve ser não só vista mas sentida, é para o pintor o “canto do cisne” de Rafael. Ele o pintou enquanto morria. Ao observarmos esse maravilhoso quadro, ficamos maravilhados e pensando que talvez ele tenha pintado aquele belo, feliz e compassivo rosto de Cristo exatamente da maneira como o estava vendo, no Éter, aguardando para levar ao paraíso o Espírito desse nobre homem que tanto fez pela glória do Cristianismo, quer pelas felizes e não ultrapassadas telas que pintou, quer pela vida nobre e altruísta que levou.

CAPÍTULO VIII – GLÂNDULAS ENDÓCRINAS – CORRESPONDÊNCIAS ESPIRITUAIS

Consideremos agora a conexão espiritual que as Glândulas endócrinas têm com o desenvolvimento das potencialidades latentes do Ego. Lembremos que as principais Glândulas endócrinas são sete, a saber: duas Suprarrenais, o Baço, o Timo, a Tiroide, a Pituitária e a Pineal. Max Heindel nos informa que essas Glândulas têm um interesse muito grande e particular para o estudante esotérico, uma vez que elas podem ser chamadas as Sete Rosas na Cruz do Corpo Vital, porque estão elas intimamente relacionadas com o desenvolvimento oculto da Humanidade.

Tudo o que vemos ao nosso redor, em nosso Sis­tema Solar, foi criado pelo Verbo, o qual é Som‑Música, a Voz de Deus. Foi essa Palavra primordial que levou ou falou à existência, na matéria mais sutil, todos os diferentes mundos com suas miríades de formas, as quais, desde então, vem sendo re­produzidas e trabalhadas detalhadamente por inu­meráveis Hierarquias Criadoras, principalmente por aquelas que mais se relacionam com nosso Sistema Solar – os Sete Espíritos Planetários ante o Trono, isto é, Urano (X), Saturno (W), Júpiter (V), Terra(@), Marte (U), Vênus (T) e Mercúrio (S).

A Palavra de Deus soa por intermédio dos Sete Espíritos Planetários, formando todos variadíssimos tipos que mais tarde se cristalizam nas inúmeras coisas que existem no Mundo Físico.

Assim, vemos que o Verbo manifesta‑se em sete grandes tons soados pelos Sete Espíritos Planetá­rios. Cada Planeta tem sua própria nota‑chave, emi­tindo um som que difere dos outros. Estes tons são construtores. Toda a música no mundo está basea­da nesses sete tons, emitidos pelos sete Espíritos Planetários e todas as formas são criadas por eles, as quais depois de criadas eles assistem o Ego inter­no em seu trabalho de desenvolvimento de suas po­tencialidades latentes que nesse princípio são aque­les poderes Divinos em embrião, assistência essa que se processa amplamente por intermédio das Glândulas de secreção interna.

Cada Glândula de secreção interna possui uma nota‑chave que está adormecida dentro de si mes­ma. Quando despertada, desenvolverá certas poten­cialidades do Ego. Cada uma dessas notas-chaves está tonalizada com um dos Espíritos Planetá­rios. O soar da nota‑chave de um determinado Es­pírito Planetário, gradualmente irá despertando a nota‑chave da Glândula correspondente. Quando a nota‑chave da Glândula é despertada, desenvolvem-­se no Ego energias especificas que o Espírito Pla­netário expressa. Essas energias são forças que o Ego deverá aprender a controlar e dirigir que, conforme sejam usadas, manifestam‑se como bem ou como mal. Lembremos que todo mal é um bem mal dirigido.

AS GLÂNDULAS E OS SEUS ASTROS REGENTES

PinealNetuno
PituitáriaUrano
TiroideMercúrio
TimoVênus
BaçoSol
SuprarrenaisJúpiter

AS SUPRARRENAIS E O MUNDO FÍSICO

As Glândulas Suprarrenais são regidas por Júpiter. A energia expressa por Júpiter manifesta-se principalmente como benevolência, visão, expansão, otimismo, filantropia, cortesia, generosidade, cordialidade, habilidade para compreender o funcionamento da lei cósmica, a ideação, ou seja, o poder de formar e relacionar ideias e o entendimento religioso.

Quando alguém se põe em contato com a nota-chave de Júpiter sente-se claro, pleno, inequívoco e expansivo. Parece que todo o seu poder envolvente toma conta do indivíduo, despertando-lhe um senso de confiança, segurança, a possibilidade e o desejo de sair ao mundo para transformar os abomináveis deslizes da semiadormecida Humanidade em criações de beleza e de valor intrínseco. Com sua visão iluminada observa com alegria as alturas a serem escaladas, os maiores poderes espirituais a serem desenvolvidos; reconhecendo em cada um de seus semelhantes outra parte de si mesmo, procurando e lutando para obter uma compreensão verdadeira do enigma da vida; inflama-se, desejoso de proporcionar urgentemente àquelas crianças desafortunadas, filhas do grande Pai, o serviço desinteressado e altruísta que lhes revelará, desde o mais elevado ao mais inferior, que o real propósito da vida em relação a cada indivíduo é o desenvolvimento de suas potencialidades latentes em poderes divinos dinâmicos.

Uma vez obtido esses poderes, torna-se possível para o indivíduo fazer mau uso deles, o que representa um dos maiores crimes que poderá ser cometido. O mau uso do poder espiritual é magia negra que poderá levar o indivíduo a tal ponto, que o elo (a Mente) que liga o Espírito com sua Personalidade, rompe-se. Daí, depois de algum tempo, o Espírito automaticamente gravitará em direção ao Planeta Saturno, onde deixará um registro de suas vidas passadas e, depois de dissolução de seus veículos, será propelido para o Caos, através de uma das luas de Saturno, onde aguardará a aurora de um novo dia de criação para recomeçar seu trabalho.

O mau uso dessas energias manifesta-se principalmente por meio da excessiva confiança, da extravagância, da autoindulgência, da prodigalidade, do exibicionismo, afetuosidade, dissipação, morosidade e libertinagem. Tudo isso submerge o Ego em profunda aflição, dores e sofrimentos, porém, no devido tempo, a lição do uso reto dos poderes espirituais será aprendida. Quando esta lição for dominada, por meio das dores e das lidas, o Ego na verdade estará apto para dar mais um passo no caminho da evolução. Correspondentemente às Suprarrenais, as Duas Rosas na Cruz do Corpo Vital desabrocharão.

A energia que as Suprarrenais subministravam para expressar-se em beligerância, agressão e luta, doravante manifestar-se-á nascida do poder espiritual puro e contrito   em benevolência, visão, expansão e filantropia.

O conhecimento que o bem de todos é o bem de cada um desenvolve-se na consciência do Ego, essa chispa individualizada de Deus. Será reconhecida a unidade que existe entre todos os seres criados e a união com o grande Criador do nosso Sistema Solar. Em conformidade com isso, a fraternidade entre os seres humanos será uma realidade.

Presentemente, o trabalho de Júpiter em relação a nossa Humanidade diz respeito ao plano físico. Por intermédio do poder espiritual gerado pelas Suprarrenais, o Ego aprovisiona-se com a força necessária para aperfeiçoar seu Corpo Denso e conquistar o Mundo Físico, completando assim sua evolução dentro da esfera mundana. O centro espiritual das Suprarrenais vibra em azul.

O BAÇO E A REGIÃO ETÉRICA

O Baço é a porta de entrada das forças solares, especializadas pelo indivíduo. Essas forças circulam pelo Corpo físico como um Fluido Vital Solar, sem o qual nenhum ser pode viver. O Baço é regido pelo Sol, que é a origem de toda vitalidade. As energias desse grande Astro manifestam-se como: vontade, vitalidade, individualidade, autoridade, coragem, generosidade, dignidade, lealdade, fidelidade, instinto paternal, liderança e responsabilidade.

Quando a grande nota-chave do Espírito Planetário do Sol, que contém em si todas as tonalidades astrais, põe em ação a nota-chave correspondente no Baço: a Terceira Rosa na Cruz do Corpo Vital floresce.

O desenvolvimento dessa Rosa eleva a tal ponto a consciência do indivíduo que o torna apto a entrar em contato com a Região Etérica, a qual é uma corrente de vida de fluxo vibrante. Aí, ele vê realmente a atividade que é levada a efeito por uma classe de entidades invisíveis que trabalham por meio dos Éteres Químico, de Vida, Luminoso e Refletor. Vê as forças vitais que dão vida às formas minerais, vegetais, animais e humanas, realmente fluindo em suas formas. Vê o trabalho das forças que produzem a assimilação no Corpo, o processo extrativo dos diferentes elementos nutritivos do alimento e sua incorporação nos Corpos da planta, dos animais e do ser humano. Observa também como essas forças expelem do Corpo as matérias incapazes de serem usadas. Aprende, assim, que esses processos independentes da vontade do ser humano, como muitos outros, são sábios e seletivos. Vê como as atividades das forças da natureza agem no Éter de Vida tornando possível aos pais trazerem crianças a este mundo. Entra em contato com a grande onda de vida dos Anjos e observa como eles trabalham com esta mesma força vital criadora o modo de colocarem o Átomo-semente do Corpo Denso dos Egos em vias de nascerem, em novos Corpos físicos, na força criadora dos respectivos pais. Aprende como as forças da natureza no Éter Luminoso produzem o calor do sangue e como dirigem os órgãos dos sentidos tornando se capazes da visão, da audição, do tato, do gosto e do olfato.

O desenvolvimento em questão habilita o indivíduo a entrar em contato com o Éter Refletor e assim ver as imagens nele contidas. Em contato com esse Éter descobre que é por meio da atividade de certa classe de espíritos da natureza que o Ego é capaz de fazer a impressão do pensamento sobre o cérebro humano. No exame desse Éter, entra ainda em contato com aqueles poderes sutis do Espírito conhecidos como Mentes consciente e subconsciente[19] e, com o tempo, aprenderá como fortificar a primeira e ler os registros contidos na segunda.

Enquanto explora a Região Etérica, o indivíduo entra em contato com os Egos que fazem a revisão do seu panorama do após morte aprendendo, de maneira definida, esse processo de revisão.

Os novos poderes desenvolvidos pelo indivíduo capacitam-no a ver os Gnomos que trabalham com o solo, as Fadas que trabalham com as flores; vê como essas pequenas criaturas extraem a substância corante do Éter Luminoso e a depositam nas várias flores um instante antes de que elas estejam prontas a desabrochar. Vê também os Silfos no ar e acompanham o processo que usam para fazer as brisas e as ventanias. Vê as Salamandras, que ateiam todos os fogos, e observa como produzem relâmpagos e como estes são lançados em ziguezagues flamejantes nos céus.

Resumindo: os poderes desenvolvidos por influência do Sol sobre o Baço abrem ao indivíduo toda a Região Etérica; permitem-lhe entrar em contato consciente com todos os habitantes desse plano e ver o trabalho que ali fazem, bem como o que eles estão fazendo na Terra.

Os indivíduos que desenvolvem esses poderes tanto podem usá-los para o bem como para o mal.   Alguns podem ficar de tal modo enamorado de si mesmo que se tornam arrogantes, ostentadores, altivos, soberbos, dominadores, verdadeiros déspotas. Se assim fizer, colherão o pior: tristezas, sofrimentos sem fim, até que humildes e arrependidos, se transformem em valiosos servidores, desejosos e prontos para utilizar seus conhecimentos no melhoramento do mundo.

O centro espiritual do Baço vibra em amarelo ouro.

A GLÂNDULA TIMO E O MUNDO DO DESEJO

Vênus controla a Glândula Timo. As emoções são desenvolvidas pelo raio amoroso de Vênus. A sede das emoções é o Corpo de Desejos e esse Corpo liga o indivíduo com o Mundo do Desejo. Quando a no­ta‑chave de Vênus põe em atividade a nota‑chave da Glândula Timo, o indivíduo desenvolve a mais alta forma de amor, habilidade artística, alegria, atração, cooperação e união.

O mau uso desses poderes exprime‑se como sen­sualidade, dissolução, vulgaridade, preguiça, sen­timentalismo, vaidade e inconstância.

Novamente avisamos que os poderes espiri­tuais, uma vez desenvolvidos, podem ser usados pa­ra o mal, e que o resultado disso é sempre infalível desastre. A tentação para usar os poderes espiri­tuais em benefício próprio é muito sutil e quase imperceptível.

A nota‑chave do Espírito Planetário de Vênus é suave e clara. Traz, ao que com ela se sintoniza, um sentimento de inexplicável felicidade, semelhan­te àquela experimentada em uma reunião familiar onde toda discórdia foi esquecida e somente prevalece a alegria da renovada companhia. Parece, em tal pes­soa, que os anos se afastam, sente‑se jovem, alegre e feliz.

A gradual vibração da nota-chave de Vênus, en­focada na nota‑chave da Glândula Timo, desperta os poderes dessa Glândula, fazendo florescer a Quarta Rosa na cruz do Corpo Vital. Tal vibração, rapidíssima, põe o indivíduo em contato com as mais elevadas regiões do Mundo do Desejo, onde a vida anímica se exprime na beleza das cores vivas, nas formas perfeitas, na harmonia do movimento, na primo­rosa harmonia do som; onde a luz anímica revela ao amor a sua oitava superior – o altruísmo, e onde o poder anímico se manifesta em atividades filan­trópicas.

Aí, o indivíduo também entra em contato com a onda de vida dos Arcanjos, que tem Cristo como o mais elevado iniciado. Aprende a conhecer as atividades deles, particularmente as relativas ao trabalho dos diferentes Espíritos‑Grupo e Espíritos de Raça que, embora invisíveis, são íntimos participan­tes das atividades do animal e do ser humano. Vê em ação as duas grandes forças de atração e de repul­são, o poder ativo do interesse e o efeito não vitali­zante da indiferença. Aí, aprende uma verdade de valor inapreciável: “nada sobreviverá, a não ser o bem”. Isso é, toda energia despendida em qualquer propósito que não seja o bem, não é só desperdiçada na própria ação, como também reage desastrosa­mente sobre que se atreve a utilizá‑la para o mal.

O centro espiritual na Glândula Timo vibra em amarelo.

A GLÂNDULA TIREOIDE E O MUNDO DO PENSAMENTO

A Glândula Tiroide é regida pelo Espírito Planetário de Mercúrio. Quando os poderes desse Grande Ser são despertados no ser humano, manifestam-se principalmente como razão, raciocínio, intelecto, meditação profunda, boa memória, aplicação ao estudo, inteligência rápida, eloquência, destreza, expressão própria, oral e escrita, riqueza de conhecimento por meio do raciocínio e domínio próprio. O mau uso desses poderes exprime-se principalmente em astúcia, falta de escrúpulo, falta de cuidado, de princípios, preconceito, fanfarronice, desonestidade, indecisão, nervosismo.

Quando a nota-chave de Mercúrio soa clara e forte no indivíduo, desperta anseio de saber a razão de tudo:   por que estamos aqui?   De onde viemos?  Para onde vamos?   Quem é Deus?   Quais são os segredos referentes às Suas poderosas Criações? A Tiroide é a Quinta Rosa na cruz do Corpo Vital. Ao ser despertada, o indivíduo entra em contato com o Mundo do Pensamento, em harmonia com a música das esferas. Vê, conscientemente, os arquétipos de tudo que existe no Mundo Físico, e aprende como a sua vida futura é traçada pelos Anjos Arquivistas[20]. Obtém informações definidas sobre os Senhores da Mente de cuja onda de vida o Pai é o mais alto iniciado. Aprende a natureza da ideia germinal que produz a forma dos reinos mineral, vegetal, animal e humano; descobre a ideia germinal da vida que se manifesta nas plantas, nos animais e no ser humano, e, outrossim, a ideia germinal que origina os desejos e emoções dos animais e do ser humano. Vê o modo como todas as ideias germinais se constituem em arquétipos ou modelos, na Região do Pensamento Concreto, de tudo quanto existe no Mundo Físico. Nada se manifesta no mundo antes da criação do seu arquétipo no Mundo do Pensamento pelo poder rítmico da música das esferas. Aprendendo o valor real do pensamento, recebe clara demonstração do seu poder para o bem ou para o mal. Verifica, enfim, como é necessário ao Espírito obter o controle da Mente para dirigir suas atividades de acordo com o plano divino que dirige a evolução.

Constata plenamente que a própria força criadora é um poder de Deus, nele implantado pelo divino Criador, e que toda parte dessa essência espiritual não usada na construção de corpos para Egos que estejam para renascer deverá ser dirigida conscientemente para o cérebro e aí consumida na formação de ideias germinais que, tornadas realidades concretas, são de eterno valor; seus amigos, seus semelhantes, as aproveitarão para transmutar seus próprios poderes divinos em energia espiritual dinâmica tão necessária à conquista do mal e à promoção do bem.

Nesse ponto o indivíduo adquiriu o controle de sua Mente e equilibrou seu poder nos órgãos de geração e no cérebro. O Espírito rege agora o eu inferior, estando apto a dirigir todas as atividades para empreendimentos produtores de verdadeiro crescimento espiritual.

O centro espiritual na Glândula Tiroide vibra em violeta.

O CORPO PITUITÁRIO E O MUNDO DO ESPÍRITO DE VIDA

O Corpo Pituitário está sob a regência de Urano. A nota-chave desse Grande Espírito Planetário expressa-se no plano físico como originalidade, universalidade, amor à liberdade, compaixão, engenho, independência, reforma, progresso, inventiva, decisão, clarividência, misticismo e altruísmo.

Todas essas expressões prostituem-se na excentricidade, na boêmia, fanatismo, licenciosidade, irresponsabilidade, inconstância, ação espasmódica, anarquia, perversão e impaciência. A celestial nota-chave de Urano, de maior elevação do que a de Vênus, desperta a Sexta Rosa na cruz do Corpo Vital, abrindo suas pétalas douradas. A elevada vibração dessa Glândula exalta a consciência do indivíduo até o elevado Reino do Espírito de Vida onde todos os filhos de Deus algum dia formarão unidade com Ele e vê essas Forças de Vida de Deus penetrando toda a criação e unindo cada um com todos. Essa é a Região do puro altruísmo.

Nesse elevado Reino encontra-se um registro de tudo o que aconteceu desde a aurora da criação e a esse grande armazém de conhecimento o indivíduo está apto a ter acesso. Dele o indivíduo poderá obter informações definidas sobre a evolução do nosso próprio mundo e, também, de todos os outros Planetas do nosso sistema solar. Também entra em contato consciente com sua Mente Supraconsciente a qual lhe revelará a história de todas as suas vidas passadas, desde o tempo que foi concebido no grande Corpo do Deus Pai Mãe, até o dia presente.

Nesse Reino o indivíduo se relaciona com os grandes Senhores da Forma que têm sob especiais cuidados a evolução durante nosso Período Terrestre e deles aprendemos o verdadeiro significado da dinâmica energia espiritual e como usá-la para criar formas.

O Corpo Pituitário é um dos elos da cadeia espiritual que conecta o ser humano com o Grande Espírito de Cristo que comumente funciona em seu veículo Espírito de Vida. Todos os órgãos e elementos que são usados pelo Espírito de Vida para sua manifestação neste plano físico, como o coração, o Corpo Pituitário, o Éter Luminoso e o próprio Planeta Urano, bem como a Alma Intelectual, são utilizados pelo indivíduo em seu esforço para desenvolver o Cristo Interno que é o seu verdadeiro Espírito de Vida. O Corpo Pituitário é o primeiro assento do Espírito de Vida e o coração, o segundo. Esses apoios constituem o meio pelos quais o homem trabalha no desenvolvimento das potencialidades latentes de seu próprio Espírito de Vida, o qual é o polo feminino de seu ser, a energia de seu Espírito que é imaginativa, nutritiva e a sua energia mãe protetora. A cor do Espírito de Vida é amarela, que, também, é a de Urano. A cor do Éter Luminoso é amarela, que é também de um amarelo brilhante quando a Glândula Pituitária desperta.

O Corpo Pituitário está intimamente relacionado com o principal caminho que conduz à Iniciação.

Assim está perfeitamente claro que o despertar do Corpo Pituitário é um dos mais importantes processos que há de levar a cabo para desenvolver os poderes femininos Amor-Sabedoria do Espírito.

A GLÂNDULA PINEAL E O MUNDO DO ESPÍRITO DIVINO

A Glândula Pineal é regida por Netuno, o portador do Sol espiritual que é o Pai. A natureza desse Planeta é oculta, profética e espiritual. A intelectualidade regida por Mercúrio sobrepõe o ser humano à condição animal e fez dele o ser humano. Mas a espiritualidade regida por Netuno o elevará do estado humano ao divino.

Em sua manifestação no plano físico, Netuno se revela como sabedoria e governa os contatos com entidades suprafísicas de todos os graus, a espiritualidade, a inspiração, a clarividência, a profecia, a devoção, a habilidade de sintonia com a música das esferas, a ideação, a vontade, o ocultismo em geral, a filosofia, a divindade; enfim, ele pode ser considerado como o iniciador.

Mas, se a sua expressão normal é prostituída, passará a manifestar-se como condição mental caótica, ilusão, morbidez, incoerência, insegurança, vazio, obsessão, intriga, magia negra etc.

Quando a nota-chave do Planeta Netuno é sentida pelo indivíduo, sua indescritível formosura e poder despertam-lhe uma verdadeira sabedoria em relação a Deus e Seu propósito. Ele vê seu divino poder em ação.

A Glândula Pineal é a Sétima Rosa sobre a cruz do Corpo Vital. Quando sua nota-chave se desperta pela vibração do Espírito de Netuno, a consciência do indivíduo se eleva ao Mundo do Espírito Divino, onde entra em contato com os Grandes Seres conhecidos como os Senhores da Individualidade, que nos assistiram em nosso trabalho involuntário durante o Período Lunar e que agora estão operando com o Espírito de Vida do ser humano. Pelo Mundo do Espírito Divino o ser humano se relaciona com outros Sistemas Solares e alguma coisa aprende a respeito de outros Deuses, dos mundos e seres que têm sido criados por Eles.

O Mundo do Espírito Divino é a região da pura Vontade. Ali a energia positiva de Deus se expressa como motivo poder que mantém toda a criação em ação.

O caminho oculto do desenvolvimento está intimamente ligado com a atividade intelectual desenvolvida pela Lua e por Mercúrio, a Glândula Pineal e Netuno. O raio de Netuno leva aquilo que os ocultistas conhecem como o Fogo do Pai, a luz e a vida do Espírito Divino, que expressa a si mesmo como Vontade. A cor do Fogo do Pai é azul; a Luz de Netuno é azul, o Éter Refletor relacionado com o Pai é azul translúcido. Quando a Glândula Pineal entra em ação, sua cor vibra num azul deslumbrante.

O despertar dessa Glândula é da maior importância para o desenvolvimento positivo do poder masculino do Espírito.

O despertar das notas chaves das Glândulas de secreção interna está intimamente associado com a Iniciação e é um dos valiosos auxílios para o Espírito em sua preparação para receber o trabalho iniciativo.

Três grandes lições foram dadas ao ser humano para ajudá-lo em sua evolução. A primeira foi-lhe dada na forma de imagens e quadros que representavam a natureza dos poderes físicos a serem desenvolvidos pela Humanidade, a fim de conquistar o mundo material. A segunda foi dada por Jeová Deus ao povo por intermédio de Moisés que a corporificou em leis na forma dos Dez Mandamentos que operavam diretamente sobre o Corpo de Desejos, a fim de ajudar o ser humano a obter controle sobre ele. A terceira lição é a Iniciação que nos veio por intermédio do Espírito de Cristo, o Senhor do Amor. O trabalho que conduz à Iniciação é feito sobre o Corpo Vital que é o veículo do amor. As Glândulas de secreção interna pertencem ao Corpo Vital e suas atividades espirituais são uma poderosíssima ajuda para o indivíduo na sua preparação para alcançar os vários graus de iniciação.

Para o progresso espiritual, torna-se imperativo que o indivíduo obtenha controle sobre a Mente, o que somente poderá ser conseguido por meio da eterna vigilância. Sabemos que na maioria das pessoas a Mente e o Corpo de Desejos estão intimamente relacionados. Porém, a Mente deveria estar sob controle do Espírito e assisti-lo no domínio dos desejos; então tornar-se-ia uma poderosa força para o bem. A concentração persistente é o poder que o indivíduo deverá usar para controlar a Mente. Quando concentrado, o Espírito tem seu poder de vontade focalizado na Mente, dirigindo-a para um certo ideal. Quanto mais o Espírito possa manter a Mente centralizada, mais controle o indivíduo mantém sobre ela e, consequentemente, mais prontamente ela seguirá seus ditames.

Quando a Mente não está ocupada no trabalho cotidiano, deve ser constantemente vigiada e dirigida para coisas que tenham valor espiritual, tal como a análise do que constitui a beleza, o que realmente é a caridade, o que é a bondade, a gentileza, a justiça e a verdade. Porém, o Espírito não poderá controlar a Mente simplesmente por meio de um pequeno esforço; trata-se de uma batalha generalizada com o Corpo de Desejos, a fim de conquistá-lo. Porém, o Espírito é o mais forte e o mais sábio dos dois, e, assim sendo, ele pode vencer.

A Mente é o elo entre o Espírito e seus veículos e por meio dela ele obtém o alimento espiritual necessário para desenvolver suas potencialidades latentes. Por isso, enquanto o Espírito não obtiver controle sobre a Mente, não poderá haver verdadeiro progresso espiritual.

No futuro, as Glândulas de secreção interna estão destinadas a desempenhar um importante papel, pois seu desenvolvimento acelerará grandemente a evolução, porque, embora seus efeitos sejam muito importantes fisicamente, serão da mais alta importância mental e fisicamente.

FIM


[1] N.T.: A cadeia de causas e efeitos não é uma repetição monótona. Há sempre um influxo contínuo de causas novas e originais. Esta é a espinha dorsal da evolução – a única realidade que lhe dá sentido e a converte em algo mais que a simples expansão de qualidades latentes. É a “Epigênese” – o livre arbítrio, a liberdade para inaugurar algo inteiramente novo e não uma simples escolha entre dois cursos de ação. Esse importante fator é o único que pode explicar de modo satisfatório o sistema a que pertencemos. A Involução e Evolução por si mesmas são insuficientes, mas juntas com a Epigênese formam uma perfeita tríade de esclarecimento.

[2] N.T.: ou Epífise neural ou simplesmente Pineal é uma pequena Glândula endócrina localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios.

[3] N.T.: Glândula Pituitária ou Hipófise: pequena Glândula com cerca de 1 cm de diâmetro. Aloja-se na sela túrcica ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cérebro. Está localizada abaixo do hipotálamo.

[4] N.T.: Atualmente, além da corticoesterona, estão identificados outros hormônios do córtex. De modo geral, eis os principais: a deshidro corticosterona, a hidrocortisona, a cortisona, a desoxicorticosterona e a aldosterona.

[5] N.T.: raças de cães: Mastim – cão grande – fisicamente pode chegar aos 70 kg e medir até 77 cm na cernelha; sua cabeça é a maior entre todas as raças caninas. Sua Personalidade é descrita como leal, apesar de sua face carrancuda; paciente e dócil. Buldogue – cão médio para grande – narinas grandes, amplas e pretas, vermelha ou marrom. O focinho é curto e largo, curvando-se para cima e muito profundo do canto do olho ao canto da boca. O pelo é de textura fina. Sua Personalidade é descrita como brincalhona e afetuosa, apesar da face brava. Tendência a ser preguiçoso. É teimoso e possessivo. São excelentes animais para famílias com crianças, pois são sociáveis e sem traços de agressividade. Fox-terrier – cão médio-pequeno – forte, inteligente, teimoso, persistente, destemido, ativo, afetuoso e, acima de tudo, muito amigo e protetor de seu dono. Dachshund – cão pequeno – “salsicha” – cães leais, protetores, ciumentos, valentes, brincalhões, conhecidos pela sua propensão em caçar pequenos animais e pássaros.

[6] N.T.: Warren Gamaliel Harding (1865-1923) foi o 29º Presidente dos Estados Unidos entre 1921 e 1923.

[7] N.T.: Carrie Amelia Moore Nação (primeiro nome também escrito Carry, nascida Carrie Amelia Moore; 1846-1911) era uma mulher americana; membro do movimento radical de temperança, que se opôs ao álcool antes do advento de Proibição. Ela é particularmente notável por atacar estabelecimentos que serviam álcool com uma machadinha.

[8] N.T.: também grafado como Tiroide.

[9] N.T.: Harold V. Gaskill

[10] N.T.: Lampreia é o nome comum dado a diversas espécies de peixes ciclóstomos de água doce ou anádromos, com forma de enguias, mas sem maxilas, pertencentes à família Petromyzontidae.

[11] N.T.: Henry Stanley Plummer (1874-1963), endocrinologista Americano.

[12] N.T.: que sofre de mixedema, que é uma infiltração cutânea causadora de edema firme e elástico nos tecidos, especialmente do rosto e dos membros, acarretada por diminuição da atividade da tireoide (hipotireoidismo).

[13] N.T.: é uma alteração no limiar de funcionamento cerebral, ou seja, o cérebro fica excitado além de seu normal, isso ocorre por exemplo nas convulsões, o cérebro fica tão excitado que entra em choque.

[14] N.T.: químico biólogo americano

[15] N.T.: Percy Bysshe Shelley (1792-822) foi um dos mais importantes poetas românticos ingleses.

[16] N.T.: em torno de 1,83 metros

[17] N.T.: Rafael Sanzio (em italiano: Raffaello Sanzio (1483-1520), frequentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da pintura e da arquitetura da escola de Florença durante o Renascimento italiano, celebrado pela perfeição e suavidade de suas obras. Também é conhecido por Raffaello Sanzio, Raffaello Santi, Raffaello de Urbino ou Rafael Sanzio de Urbino. Junto com Michelangelo e Leonardo Da Vinci forma a tríade de grandes mestres do Alto Renascimento.

[18] N.T.: A Transfiguração é uma pintura, considerada a última e uma das mais importantes obras de Rafael Sanzio (1483-1520), baseada na Transfiguração de Jesus, descrita no Novo Testamento da Bíblia, no Evangelho Segundo São Mateus, capítulo 17, versículos 1 a 13.

[19] N.T: A memória consciente, voluntária, ou Mente consciente. É a nossa memória comum e acessível a todos. Imperfeita e fugitiva, ela se forma a partir das percepções dos nossos cinco sentidos. A memória subconsciente, involuntária, ou Mente subconsciente. Ela é impressa sobre o nosso Corpo Vital. O Éter contido no ar que nós respiramos registra a cada instante de tudo que nos acontece e tudo que nós desejamos, sentimos e pensamos. Essas imagens passam pelo sangue, por intermédio dos pulmões e são impressas no Éter Refletor do Corpo Vital. Todas as nossas ações, nossos desejos, emoções, sentimentos e pensamentos são, assim, fielmente conservados. Após a morte, eles determinarão nossas condições de existência no Purgatório e no Primeiro Céu.

[20] N.T.: Ou Anjos do Destino, Senhores do Destino, Anjos Relatores.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia e as Glândulas Endócrinas – Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz

O trabalho apresentado a seguir é um registro espiritual das funções do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal, bem como as suas relações com a Astrologia Rosacruz, demonstradas com exemplos de Configurações e posicionamento dos Astros.

As pesquisas levadas a efeito por Augusta Foss Heindel são uma contribuição decisiva à matéria endocrinológica e deveria ser reservada para uso de todos os Estudantes de medicina e das ciência ocultas.

1. Para fazer download ou imprimir:

A Astrologia e as Glândulas EndócrinasAugusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

Por

Augusta Foss Heindel

Fraternidade Rosacruz

Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de acordo com:

10ª Edição em Inglês, 1973, Astrology and the Ductless Glands, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, 1973, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO.. 5

CAPÍTULO I – ÉPOCA POLAR.. 11

CAPÍTULO II – DO JARDIM DO ÉDEN.. 16

CAPÍTULO III – DUAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS. 19

O CORPO PITUITÁRIO.. 19

A GLÂNDULA PINEAL.. 21

CAPÍTULO IV – O GÁS ESPINHAL.. 23

OBSERVACÃO ESPIRITUAL.. 25

OBSERVACÕES ASTROLÓGICAS. 26

REJUVENESCIMENTO.. 28

INTRODUÇÃO

A Astrologia era uma das sete ciências sagradas cultivadas pelos Iniciados do Mundo antigo. Era estu­dada e praticada por todas as grandes nações da antiguidade. As origens da pesquisa astrológica são inteiramente obscurecidas pela noite do tempo que precedeu a alvorada da história. Segundo as tradi­ções, a ciência astrológica foi aperfeiçoada pelos filósofos magos da Época Atlante. Uma coisa é evidente: A Astrologia provém daqueles remotos dias, adornada com as descobertas e os embelezamentos de milhares de culturas. A história da Astrologia é na verdade a história do pensamento e das aspirações humanas. As leituras dos Astros, como apresentadas nos tabletes cuneiformes[1] de Sargon[2], são ainda usadas pe­los astrólogos desta geração. Somente modificações tem sido feitas, na medida em que os fundamentos culturais se impõem.

Duas escolas distintas de Astrologia têm sido reconhecidas desde o começo do período histórico. Com o declínio dos últimos atlantes e o surgimento do primitivo sacerdócio ariano e a profanação dos mistérios que agora são chamados de ciências, as quais foram separadas de suas antepassadas tradições religiosas, a Astrologia e a medicina foram as primeiras a proclamarem-se instituições independentes. Os sacerdotes do Estado Religioso não mais exerceram o monopólio sobre as artes proféticas e médicas. Começando com Hipócrates[3], novas categorias de adivinhos e curadores surgiram inteiramente ignorantes da fundamental unidade entre as ciências físicas e espiritual.

A divisão do aprendizado da essência do conhecimento em fragmentos competitivos (ou, pelo menos, não cooperativos), acabou por destruir a síntese. Frustrada pela divisão e discórdia, a total estrutura da educação rompeu-se em inumeráveis partes discordantes. A ciência médica dividida, de sua fonte espiritual deteriorou-se na Idade Média em Charlatanismo. A situação era tão penalizante, que levou o nobre médico Paracelso[4] a dizer: “Feliz do homem que não venha a perecer pela mão de seu médico”. A Astrologia vinha sendo igualmente corrompida pela comercialização de horóscopos. Separada de seu divino propósito ficou sujeita à ação de um trabalho indiferente e insubstancial de emitir predições terríveis ou compondo emplastros planetários para coceiras.

Entretanto, um pequeno grupo de homens e mulheres cultos e iluminados, preservou os segredos dos esotéricos da medicina e da Astrologia, em meio àqueles séculos de superstições e ambiguidades, que ora chamamos de Idade Média. Os Rosacruzes se incluíam entre esses grupos de seres humanos de elevada estatura mental. Eles honraram Paracelso como um chefe, um seu mentor. Graças a ele e à Rosacruz os segredos espirituais da natureza foram restaurados, vindo a ocupar o lugar primordial do conhecimento. O conhecimento foi interpretado misticamente. As ciências profanas refletiram meramente como formas exteriores dos mistérios internos. Mas os segredos da interpretação mística eram ocultados do vulgo e dados somente àqueles que anelavam por coisas do Espírito. A “Divindade Mística” de Dionísio – o Aeropagita[5] – tornou-se o livro-texto de um sempre crescente número de homens e mulheres devotos e amantes de Deus, que viam em todas as formas e instituições externas, as sombras e as semelhanças da verdade interior.

O Mundo moderno, que tanto se sacrificou pelo direito de pensar, em seu próprio conceito cresceu em sabedoria. Educadores ignoravam aqueles valores espirituais que constituem os ingredientes inestimáveis da composição química que chamamos civilização. A ciência material tornou-se uma instituição orgulhosa, um agrupamento de pedagogos e demagogos. Não deixaram lugar para o misticismo, nos cânones de seus super-escolásticos. Hipnotizados pela estranha fascinação que a matéria exercia sobre os materialistas, os sábios modernos ignoram a alma, aquela realidade invisível na qual se apoiam as ilusões de todo o Mundo.

Foi Lord Bacon[6] quem disse: “Um pouco de conhecimento inclina as Mentes dos homens para o ateísmo, porém a grandeza de conhecimentos devolve-os a Deus”. Essa maravilhosa frase expressa a cadência da idade moderna: Um Mundo desiludido, abatido pela insignificância das coisas materiais, que está clamando por aquelas verdades místicas que, por si só, explicam e satisfazem. A volta ao misticismo traz consigo um interesse renovado pela Astrologia e Cura.

O misticismo traz um novo padrão interpretativo. Mas, para corresponder à exata exigência de interpretação mística, todos os ramos de aprendizado devem ser purificados e restabelecidos. Para o místico, a Astrologia não é, meramente, predição ou fonte de conselhos, é a chave para atingir filosoficamente as verdades espirituais para ser estudada pelo que ela é em si.

Embora a ciência tenha classificado, catalogado e denominado todas as partes e funções do corpo, não pode descrever nem explicar o que o ser humano realmente é, de onde veio, porque está aqui, ou para onde irá. Em face da ignorância concernente a estes assuntos vitais, é difícil apreciar um conhecimento elaborado em matérias secundárias.

Os Iniciados da antiguidade estavam primeiramente interessados com o aspecto universal ou cósmico do ser humano, mesmo porque para alguém viver bem, deve orientar-se, deve conhecer, pelo menos em parte, o plano de viver. Com este conhecimento pode, então, cooperar com “o plano”. A vida filosófica recomendada por Pitágoras[7] consistia meramente em conhecer a verdade e vivê-la.

Os cientistas procuraram as causas daquelas energias que motivam e sustentam o Mundo; decidiram, por meio de um processo de eliminação, que essas causas devem estar numa estrutura subjetiva do universo, a esfera invisível de vibrações. Assim, a moderna tendência para atribuir à vibração, tudo aquilo que não pode ser explicado de outro modo. No momento em que reconhecemos estar o universo mantido por uma energia invisível que se manifesta através da lei de vibração, a física passa a tornar-se suprafísica; a fisiologia se torna psicologia; e a astronomia se torna Astrologia. A Astrologia nada mais é que o estudo dos corpos celestes, em termos de energias que deles irradiam e não apenas uma mera apreciação de suas aparências e estruturas.

Os primitivos Rosacruzes se apegavam à teoria geralmente rejeitada pelos homens de ciência e agora conhecida como teoria microcósmica. Paracelso foi o mais destacado expoente deste conceito de ordem e relação universal. Ele disse: “Assim como existem estrelas nos céus, assim também há estrelas dentro do ser humano. Portanto, nada existe no universo que não tenha seu equivalente no microcosmo (o corpo humano)”. Em outra ocasião ele disse: “O Espírito do homem deriva das constelações (estrelas fixas); sua alma, dos planetas; e seu corpo, dos elementos”.

É completamente impossível, mesmo para o mais altamente treinado cientista, examinar e apreciar devidamente os valores da infinita difusão do cosmos, com suas ilhas, galáxias e incompreensíveis aspectos do espaço incomensurável, embora a total aparência dos Mundos é evidentemente dominada por leis todo-suficientes. O ser humano mesmo é menos difuso, ainda que, de outra maneira, não menos difícil de analisar. As células do corpo humano são incontáveis como as estrelas do céu. Inumeráveis categorias de coisas vivas, espécies, tipos gêneros, estão se desenvolvendo na carne, músculos, ossos e tendões da constituição corpórea humana. A dignidade do microcosmos dá ao cientista alguma ideia da sublimidade do macrocosmo. Pelo uso da Astrologia é possível descobrir a inter-relação das forças celestiais entre o macrocosmo e o microcosmo. Os centros do corpo físico, por onde penetram as energias siderais foram descobertos e classificados pelos antigos gregos, egípcios, hindus e chineses. Existe uma grande oportunidade no trabalho de examinar não somente o corpo físico, como também as auras que se estendem do corpo, formando um esplêndido traje de luz cósmica.

Os últimos anos testemunham um excepcional progresso no ramo da ciência médica chamada endocrinologia, ou seja, o estudo da estrutura e funções das Glândulas de secreção interna, com a pesquisa de métodos terapêuticos para tratamento de suas anomalias. Estas Glândulas são agora aceitas como reguladoras de função física; governadoras e diretoras da estrutura corporal, profundamente significante, não somente em suas reações físicas, mas também sobre a mentalidade, emoções, reflexos sensoriais, e ainda sobre a chamada função espiritual ou metafísica. Quase todos endocrinologistas admitem que a Glândula Pineal[8] é a mais difícil de ser tratada e de ser entendida. Ela pode ser geralmente atingida, agora, somente através do tratamento de outras Glândulas sobre as quais ela atua com capacidade de um “generalíssimo”. As funções físicas das Glândulas já estão razoavelmente bem classificadas. Todavia, as presentes opiniões ainda serão revistas e ampliadas. Os médicos estão propensos a admitir que as funções das Glândulas não terminam meramente com seus efeitos sobre o corpo. Doutra parte, os cientistas ainda não estão preparados para fazer qualquer pronunciamento, além do campo da reação materia1[9].

No entanto, é assaz significativo afirmar que, através da combinação da clarividência e da Astrologia é possível examinar as Glândulas endócrinas e descobrir os elementos metafísicos de seus funcionamentos. O moderno Clarividente usa para seu trabalho o mesmo método que usavam os sacerdotes Iniciados do Mundo antigo, e como os velhos adeptos ele dá sua contribuição para a soma de conhecimentos que somente agora estão sendo considerados pelo cientista-materialista, depois de séculos de experiências.

O trabalho apresentado a seguir é um registro espiritual das funções do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal. Sinto que as pesquisas levadas a efeito pela Sra. Max Heindel são uma contribuição decisiva à matéria endocrinológica e deveria ser reservada para uso de todos os estudantes de medicina e ciência ocultas.

Manly P. Hall

CAPÍTULO I – ÉPOCA POLAR

Então Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus e criou-o varão e fêmea.”  (Gn 1:27)

No estudo da origem do ser humano e seu estado pré-histórico, tropeçamos constantemente em mistérios inexplicáveis, especialmente quando lemos com pontos de vistas materialistas o Antigo Testamento, que é a maravilhosa história do ser humano. Desse modo nos vemos obrigados a escalar, pelas mais formidáveis rochas da dúvida. Mas quando lemos as entrelinhas ou vemos o passado com a Mente aberta, então o Livro do Gênesis se torna uma mina cheia de gemas das mais raras espécies.

No Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” aprendemos que o Mundo está dividido em sete diferentes estados de consciência. Começando com o mais denso, temos a matéria física com a qual está formado o corpo físico do ser humano. Embora não seja visível aos sentidos físicos. Sabemos e temos provas positivas de que existe alguma coisa mais, dentro e ao redor de nós, de natureza sutil, mais delicada do que nosso corpo físico, porque o interpenetra.  É certo que não podemos vê-la, nem sentí-la. Todavia a eletricidade é uma força que o ser humano sente, mas não vê, sabemos que a atmosfera existe, mas não podemos vê-la. Do mesmo modo podemos sentir e saber, que esta sutil vida rarefeita existe. Vemos a tempestade e sentimos a força dela; vemos as gotas de chuva descendo sobre a Terra e, pela ciência, aprendemos que essa chuva é atraída para cima, por evaporação, causando a umidade nas nuvens. Sabemos que o vento sopra e sentimos a refrescante influência dele. A ciência tem uma explicação para todas essas mudanças e explica tais fenômenos atmosféricos, de acordo com suas investigações materialistas.

O ocultista explica estes fenômenos, segundo um ponto de vista superior ou espiritual, dizendo aos cientistas que as grandes regiões invisíveis de onde os ventos provêm, são povoadas por inteligências superiores e que os elementos são controlados por grandes Espíritos. Que eles tem seres que executam suas ordens, por exemplo: o Espírito da água tem seus trabalhadores, as Ondinas. O Espírito controlador do vento trabalha através dos Silfos[10]. E assim temos os elementos que o ser humano deve reconhecer, como existentes, todos com seus invisíveis lideres e seus trabalhadores que existem no grande Universo de Deus, tal como o pobre materialista, que nega tudo o que não pode ver, com os olhos físicos, e, quando se pede uma explicação desses grandes mistérios, nada poderá dizer.

Como dissemos, O “Conceito Rosacruz do Cosmos” reconhece sete diferentes Mundos. Como podem ser chamados? Não importa, porque nós podemos somente reconhecer como matéria aquilo que o ser humano comum pode ver com sua vista física. Contudo, existem seis estados superiores de consciência. Os quais, designemos pelos nomes que foram dados a Max Heindel pelos grandes seres, que viram nele a pessoa adequada para confiarem esse conhecimento:

  1. O Mundo Físico;
  2. O Mundo do Desejo;
  3. O Mundo do Pensamento;
  4. O Mundo do Espírito de Vida;
  5. O Mundo do Espírito Divino;
  6. O Mundo dos Espíritos Virginais; e
  7. O Mundo de Deus.

São apenas nomes. Não explicam as condições destes diferentes estados. Para ajudar, tomemos a ilustração da chaleira com água. Sabemos que o ar filtra-se através dessa água. Se colocarmos a chaleira com água em cima de um bloco de gelo, a água irá se esfriando até congelar-se. Tomemos depois a chaleira e coloquemo-la num fogão a esquentar. Em pouco tempo o gelo se liquefaz e a água se evapora na atmosfera, perdendo-se de nossa vista. Para onde foi? Algum lugar onde os olhos incrédulos do materialista não podem seguir, mas que o ocultista pode acompanhar. Ele sabe que nada se perde no Universo de Deus.

O ser humano, que é o mais perfeito trabalho de Deus, é composto de cada elemento existente nos citados sete Mundos. Tal como o vemos hoje, com sua Mente e Corpos maravilhosamente desenvolvidos e complexos, foi feito de barro e num só dia, como induzem más interpretações do primeiro capítulo do Livro do Gênesis. O estado atual do ser humano é produto de desenvolvimento gradual através de idades sem conta. Podemos seguir o ser humano quando ele entra na arena da vida como um Espírito Virginal, um pensamento, uma faísca do Pai Divino, largado no espaço com tal força que somente Deus pode usar. Este pensamento-forma tem seu nascimento no Mundo dos Espíritos Virginais, de onde as flamas divinas começam sua longa peregrinação através da matéria, colhendo material cada vez mais denso de cada Mundo e abrindo seu caminho através de etapas do mineral, vegetal, animal, até chegar, finalmente, ao estágio humano. Dentro desta faísca divina desenvolvem-se todas as potencialidades do Pai Divino. Assim como o pensamento de um edifício é gerado por um ser humano e gradualmente vai tomando forma em sua Mente. É assim, como põe seus planos no papel e imediatamente providencia os materiais necessários a sua edificação. Do mesmo modo se manifestou o pensamento de Deus, a faísca que se deveria tornar ser humano, também se tornou manifesta e nós a vemos hoje se expressando em um corpo a respeito do qual Davi, louvando a Deus no Salmo 139, disse: “Eu Te louvarei, pois sou assombrosa e maravilhosamente feito”. Paracelso disse: “O próprio corpo físico é o maior de todos os mistérios, porque nele estão contidas, em estado condensado, solidificado e corpóreo, as verdadeiras essências com as quais é feita a substância do ser humano espiritual, este é o segredo da Pedra Filosofal”.

Existem mistérios dentro desse templo humano que o ser humano é incapaz de solucioná-los, e por cuja solução, têm se sacrificado muitas vidas, tanto do reino humano como do animal. Os vivisseccionistas têm arriscado suas próprias almas no empenho de resolver esses mistérios. Os animais têm sido submetidos aos mais cruciantes sofrimentos pela ciência no seu esforço para arrancar estes segredos de Deus. Porém a ciência material não pode ir mais além porque se encontra frente a uma muralha, que não pode ser franqueada pelos seus instrumentos e suas mentalidades científicas, que nada podem fazer. Há apenas um instrumento que a ciência não pode ou não admite reconhecer, e é o único, que poderia penetrar ou romper essa muralha: é o Espírito humano. O Clarividente Voluntário treinado, sozinho, tem acesso as mais elevadas Regiões, as quais infortunadamente o materialista por não ter prova material, não admite a sua existência. Contudo, devemos dar-lhe crédito por ter conseguido maravilhas nos seus esforços para compreender as enfermidades humanas. A medicina tem conseguido coisas maravilhosas.

Existem duas forças na natureza que o ser humano admite como existentes em cada átomo. A força positiva, masculina, e a força negativa, feminina. Encontramo-las, igualmente, nos metais que usamos para gerar a eletricidade: no cobre, no zinco, etc.; também nas plantas encontramos os mesmos elementos. O próprio átomo mais diminuto do corpo humano está carregado com estas duas forças. Estas mesmas energias, atuam através de seu corpo, e sem elas não poderiam manter-se juntas, as partículas que o formam. O homem com um Corpo Denso masculino, embora possa expressar fisicamente positivo, ainda que seu Corpo Vital seja negativo, ajuda-o a manter coesas as partículas físicas positivas. Igualmente a mulher expressando-se num Corpo Denso feminino negativo é equilibrada pelo Corpo Vital positivo.

As várias formas de desenvolvimento do corpo do ser humano durante a vida pré-natal são recapitulações de seus desenvolvimentos durante o chamado período involutivo. Na Época Polar, seu corpo era globular, semelhante ao óvulo e também formado de substância gelatinosa. Ao principio não havia mais que um órgão, que se projetava da parte superior dessa forma globular, ou em forma de bolsa. Este órgão era os olhos e ouvidos, pois era na verdade o núcleo por meio do qual o resto do corpo foi construído e o meio pelo qual recebeu a vida do Pai. Este órgão é hoje chamado epífise neural, ou Glândula Pineal. As energias do ser humano, naquele tempo, como as do feto hoje, eram dirigidas para dentro, para construção dos futuros órgãos. E tal como a vida pré-natal do Corpo Denso de hoje é dirigida e ajudada pela mãe, assim também o ser humano era assistido no período involutivo pelas Hierarquias Divinas. Ele estava em direto contato com os reinos superiores e não tinha ainda consciência de seu ambiente físico. Nesse meio tempo, os olhos, os ouvidos, e os vários órgãos foram tomando forma dentro desse corpo ovoide, ao passo que a Glândula Pineal que, ainda é um mistério para a ciência médica, era seu único meio de comunicação com o Mundo exterior. Esse órgão era muito maior que atualmente, e de sua extremidade cônica projetava-se um longo transparente e flexível tentáculo, que o auxiliava na locomoção e na sensação. Este apêndice ainda pode ser observado na pequena extremidade da Glândula Pineal. Tem atualmente a aparência de um pequeno pedaço de pele e suas funções serão relatadas em outro capítulo.

CAPÍTULO II – DO JARDIM DO ÉDEN

A Evolução do ser humano, nesse Período Terrestre, até o presente momento é dividida, segundo os Ensinamentos Rosacruzes, em cinco Épocas. Descrevemos o seu desenvolvimento corporal durante a Época Polar. Agora faremos um estudo dele durante a Época seguinte, ou seja, a Época Hiperbórea. Anteriormente, o ser humano era idéntico ao mineral; posteriormente ele desenvolveu o Corpo Vital e era parecido ao vegetal[11]. Na terceira Época, a Época Lemúrica, desenvolveu o Corpo de Desejos, tornando-se parecido ao animal[12]. A Terra já havia formado algumas incrustações e havia endurecído em certos lugares, ao passo que a atmosfera era idêntica a uma densa neblina. O ser humano vivia, então, na mais densa das vegetações para se proteger do excessivo calor, enquanto seu Corpo havia adquirido uma forma gigantesca – grandes braços e mãos, maciças mandíbulas, sem testa, o topo da cabeça era muito próximo de onde hoje temos as sobrancelhas. O esqueleto estava parcialmente formado e sua estrutura era de uma cartilagem branda. O ser humano não estava ainda apto a andar ereto. O sangue, que até então fora frio, passou a receber o ferro e a desenvolver corpúsculos vermelhos, que, por sua vez, endureceram a estrutura corporal, tornando possível ao ser humano caminhar verticalmente.

Chegamos agora à Época de desenvolvimento humano relatado no segundo capítulo do Gênesis, quando o Senhor deu a Adão uma companheira, procedendo-se a separação dos sexos. Até, então, o ser humano era hermafrodita, porém, agora, chegamos ao tempo mencionado na história bíblica de Adão e Eva, quando eles foram expulsos do Jardim do Éden, em virtude de seus pecados. A mudança dos sexos não foi conseguida em um dia, como se poderia concluir pela leitura do Livro do Gênesis. Realizou-se lenta e gradativamente. Como a Terra se tornou mais cristalizada, a evolução do ser humano seguiu paralelamente a tal mudança, e daí se tornou necessário que o Ego penetrasse dentro do Corpo, a fim de exercer seu domínio sobre ele. Para isso foi necessário conseguir que um cérebro e uma laringe fossem adicionadas, e, para tal, ao ser humano foi necessário sacrificar metade de sua força criadora. Daí, então, o ser humano atingiu ao ponto de ser uma entidade individualizada e pensante, um criador, e tornou-se apto a iniciar seu trabalho com os minerais.

O ser humano, nesse tempo, era inconsciente da mudança dos sexos e também inconsciente de seu ambiente exterior, porque seus olhos ainda não tinham sido abertos. Similarmente aos peixes de águas profundas ou às topeiras não tinhamos necessidade desses órgãos, porque a atmosfera era demasiado densa e enevoada. Contudo, depois que a Terra foi lançada do Sol Central, a luz que vinha do interior do ser humano passou a vir de fora. E como a natureza sempre supre cada necessidade, dai, então, os olhos do ser humano começaram, lentamente, a se desenvolver. Identicamente o cérebro foi se desenvolvendo por etapas; da mesma maneira outros órgãos relacionados com o cérebro foram se formando de acordo com as exigências do desenvolvimento humano.

Conforme se separaram os sexos e o ser humano expressou exteriormente apenas um dos sexos; a Glândula Pineal, que nas Épocas Polar, Hiperbórea e na primeira parte da Época Lemúrica sobressaia do topo da cabeça, nessa ocasião, recolheu-se ao interior do crânio.

Há, ainda, pequeno órgão dentro do cerebro do ser humano, o Corpo Pituitário, que tem muito a haver com seu desenvolvimento físico e mental, e que é tão importante quanto à epífise cerebral, a Glândula Pineal. O Corpo Pituitário ou hipófise é muito necessário para a vida humana e seu desenvolvimento. Ele desabrocha no feto, na quarta semana.

Na vida é possível seguir o desenvolvimento do corpo humano, em todas as suas fases, desde o início até ao maravilhoso mecanismo atual; primeiramente vemos como uma diminuta partícula de matéria gelatinosa é atraída por outra partícula de vibração oposta, formando os polos positivo e negativo. Seguindo o embrião através de seu desenvolvimento ele adquire a forma semelhante a uma bolsa; a primeira tentativa de dar forma e é idêntica à que foi descrita no capítulo precedente, a forma globular e gelatinosa da Época Polar. Este pequeno saco embrionário possui dentro de si todas as potencialidades do presente Corpo aperfeiçoado, com as duas polaridades: positiva, masculina e negativa, feminina; a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário. Seguimos o embrião humano através de seu crescimento e de suas transformações, as quais, tal como no caso do ser humano pré-histórico, passam através dos estágios equivalentes ao mineral, vegetal, adquire o estágio de réptil, com sua característica cauda, a qual desaparece na nona semana. Seguindo em seu estágio animal, com sua face semelhante à do cão, na qual há como que uma pequena mancha, que se tornará mais tarde os olhos, os ouvidos, etc. Em certo estágio de seu desenvolvimento, a Glândula Pineal projeta-se através da forma idêntica à de uma bolsa, e essa pequena forma passa pelo hermafroditismo, tal como na Época Hiperbórea, quando não havia diferenciação de sexo exteriormente. Assim podemos seguir a evolução do corpo humano pelas transformações operadas no crescimento pré-natal da criança na matriz materna.

CAPÍTULO III – DUAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

A Glândula Pineal e o Corpo Pituitário são dois órgãos que não tiveram de sofrer mudanças extensivas até o presente estágio. Estes órgãos estavam presentes no Corpo saciforme durante a Época Polar, semelhantemente ao botão em sua forma ovoide, que contém em si o estame e o pistilo; a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário, respectivamente, são os núcleos das forças positiva e negativa, por meio das quais o nosso crescimento físico tem se processado.

Estes pequenos órgãos eram maiores no ser humano primitivo do que no presente. Através deles as Hierarquias Criadoras, designadas na Filosofia Rosacruz por Senhores da Forma, puderam ajudar o Ego a construir seu Corpo e levá-lo até o estado atual de perfeição.

O CORPO PITUITÁRIO

O Corpo Pituitário[13] recebeu esse nome porque a ciência médica cria que a pituita ou o muco nasal provinha deste Corpo. Atualmente esta ideia foi abandonada e, conquanto que a medicina afirmasse que as funções reais do Corpo Pituitário fossem principalmente especulações, nos últimos anos, entretanto, adquiriu-se muito conhecimento, não havendo mais especulações sobre o assunto. Esta Glândula é encontrada numa depressão em forma de sela do osso esfenoide, entre os olhos, e diretamente atrás da raiz do nariz, onde se juntam os dois nervos óticos. É impossível indicar o seu tamanho, porque muda com a idade, com o temperamento e a moral de cada pessoa. Gray[14] descreve o Corpo Pituitário como sendo um ponto de união na vida do primitivo embrião do hipoblasto, que é a camada mais interna; do epiblasto que é a camada mais externa, que mais tarde acaba por converter-se no sistema nervoso e na pele e do mesoblasto que é a camada intermediária. Dentro destas três camadas estão contidos todos os órgãos germinais do Corpo em formação. Consequentemente, o Corpo Pituitário é a estação central através da qual todo o crescimento é dirigido, mas a Glândula Pineal é o poder real e verdadeiro que está atrás de tudo isso, a respeito de cuja formação nos ocuparemos mais tarde.

A Glândula Pituitária é um pequeno corpo ovoide, composto de dois lóbulos; o anterior ou glandular, e o posterior ou nervoso, tendo cada um deles funções distintas e variando igualmente em cor. O lóbulo anterior é composto de uma substância cinzento-amarelado-rósea, enquanto que o posterior é mais escuro.

A ciência médica tem realizado algumas investigações valiosas nos últimos tempos, e entre outras coisas sustenta que o Corpo Pituitário é menor no homem do que na mulher, e que seu tamanho aumenta rapidamente entre o nascimento e a puberdade; sustenta, também, que o lóbulo posterior age sobre a circulação e sobre os fluidos do Corpo, regulando a assimilação dos hidratos de carbono e outros alimentos, secreções renais, temperatura do Corpo, etc.

Um de nossos Estudantes, que é médico, nos escreveu em certa ocasião, que jamais sairia de sua casa para atender um caso de obstetrícia, sem levar em sua maleta extrato pituitário, o que, se empregado devidamente, reduz as dores do parto e apressa-o de uma a até quatro horas. Entretanto, esse extrato em mãos inexperientes, é como uma espada de dois gumes.

A Glândula Pituitária está relacionada diretamente e governa a forma externa do cérebro e da coluna espinhal, a dura máter; essa coluna encerra o grande princípio materno protetor, recobre o cérebro e a medula espinhal, protegendo-os contra impactos exteriores; também alimenta os vasos sanguíneos e nervos.

A GLÂNDULA PINEAL

A Glândula Pineal[15] é um pequeno Corpo em forma de cone, que varia de tamanho, conforme o estado mental e espiritual da pessoa; chama-se assim por sua semelhança com a “pinha”, a cuja forma se assemelha. É maior na criança do que no adulto, e maior nas mulheres que nos homens. A ciência conhece pouco de suas funções, sendo que é dito que ela governa diretamente os órgãos geradores e o cérebro. Os extratos da Glândula Pineal quando injetados na circulação produzem ligeira dilatação dos vasos sanguíneos. É grande no momento de nascer e encontra-se totalmente desenvolvida na puberdade. Sua evolução estrutural começa na idade dos sete anos. Dana e Berkeley[16] em suas investigações constataram que esse órgão é menor e destituído de substância nas crianças mentalmente retardadas. A ciência oficial também pode verificar que existe uma relação entre esta Glândula e as funções da Glândula intersticial e do cérebro, mas estas conclusões são meramente especulativas.

A Glândula Pineal é mantida em seu lugar mercê a “pia mater”, uma membrana delgadíssima que envolve ou cobre todo o cérebro e a medula espinhal, da qual todo o sistema nervoso central se alimenta, e da qual partem inúmeras raízes de pequenos nervos que se exteriorizam por entre as vértebras da coluna dorsal. A “dura mater” é o invólucro exterior, enquanto que a “pia mater” é o invólucro interior. A Glândula Pineal tem uma certa aparência com um pequeno órgão masculino e repousa sobre o que a ciência denomina quadrigêmeo, que são quatro saliências arredondadas, colocadas em dois pares. Os dois inferiores denominamos traseiros, e os dois superiores, dianteiros. A pequena Glândula Pineal repousa no centro deles.

O Corpo Pituitário está conectado com a “dura mater”, o principio maternal, pelo lado anterior do terceiro ventrículo. A Glândula Pineal, que é o órgão masculino ou positivo, está ligada com a “pia mater” e se localiza no terminal posterior do terceiro ventrículo, consequentemente, esta diminuta cavidade ou ventrículo é da maior importância, como veremos mais tarde.

CAPÍTULO IV – O GÁS ESPINHAL

De acordo com as doutrinas Rosacruzes, o sangue é um gás e não um líquido, como a ciência oficial afirma. Quando uma pessoa que tenha a visão espiritual desenvolvida observa a coluna espinhal, o gás que existe nela tem a aparência de uma corrente luminosa muito fina, cuja cor varia conforme o temperamento e a moral da pessoa. Entre as pessoas sensuais, esse fogo espinhal é um vermelho-tijolo sombrio, matizado com um tênue colorido azulado.

Conforme as suas aspirações vão se elevando e desperta-se o seu amor pelos demais, essa cor vai se fazendo mais e mais clara e a luminosidade azul começa a ascender-se com ligeiras tonalidades róseas. Quando se observa o gás espinhal de um ser humano espiritualmente desperto, que tenha purificado a sua Mente e seu corpo por meio de elevados ideais e de uma vida de serviço e abnegação, especialmente quando observado sobre o efeito da meditação e da oração, a sua visão é realmente maravilhosa. O fogo espinhal é de um intenso azul etéreo, sumamente difícil de ser descrito. O azul que mais se lhe aproxima é o azul da chama de gás, com suavíssimos matizes de amarelo, os quais se manifestam através dela. Desde a parte inferior da região sacra, até a parte superior da região lombar, as cores encontram-se, todavia, mescladas de vermelho, porém, o gás espinhal acende e ascende, tornando-se cada vez mais puro e diáfano.

Esse fogo espinhal durante a meditação e a oração se torna cada vez mais ativo e à medida que vai tocando os nervos espinhais, emite pequenas chispas no começo de cada um, até alcançar a medula oblongada, que parece atuar como transformador ou uma estação separadora, onde as cores sofrem uma mudança, descendo as cores obscuras e sujas, ao passo que o gás mais leve segue para cima.

Existe na extremidade inferior do quarto ventrículo, uma espécie de cavidade em forma de peneira, que está relacionada com a medula oblongada. Nessa última, o gás parece que sofre um processo de purificação, passando logo do quarto ventrículo ao terceiro, onde passa por um esplendor dourado, semelhante à fornalha, quando então é absorvido pela Glândula Pineal.

A cor dessa chama é diferente, sem dúvida, no adulto de natureza terrena, cheio de paixões e desejos, cujo corpo só se alimenta das carnes dos animais, e que está impregnado de fumo, álcool, etc.  O gás espinhal de uma pessoa é de cor rosa e tem certa tendência de aderir-se à parte inferior da coluna espinhal. Essa pessoa necessitará fazer um esforço considerável para extrair algo desse gás e fazer com que ele ascenda ao cérebro a fim de alimentar o trabalho mental, e sua coloração não é do azul-diáfano que se encontra no ser humano de elevadas aspirações.

A Glândula Pineal da pessoa sensual, que dissipa seus fluidos vitais, é muito pequena, enquanto que na criança e no adulto que leva uma vida pura e limpa, esse órgão é grande.

A água quando atinge um certo grau de calor se converte em vapor, dissipando-se no ar, deixando, porém, um pequeno resíduo ou sedimento cristalizado no fundo do recipiente. Ao contrário, o sangue, enquanto está no interior do corpo, é um gás, porém, quando entra em contato com o ar se torna líquido, condensando-se. Assim, seria impossível para a ciência, sob semelhantes condições, investigar com seus instrumentos materiais e claramente entender as funções destes dois órgãos tão vitais, como a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário, cuja inacessibilidade os torna quase impossível de serem removidos sem que mudem a forma deles.

Quando o ser humano com a faculdade da visão espiritual investigar as funções fisiológicas desses órgãos, não necessitará extraí-los, mas, simplesmente, dirigirá sobre eles sua visão de raios-X e observará a ação deles.

OBSERVACÃO ESPIRITUAL

A autora teve o privilégio, enquanto sob a direção de um Iniciado Rosacruz, de observar as duas Glândulas Endócrinas, ora focalizadas, em ação. O momento e a oportunidade foram idealmente preparados e uma pessoa viva serviu de estudo. Ambos os órgãos eram muito grandes, o que permitiu uma grande clareza em nossas observações.

A pessoa era uma mulher em estado de meditação espiritual, uma mulher que tinha uma vida pura e cheia de elevadas aspirações, cujo alimento, por muitos anos, consistiu de frutas, legumes e cereais.

O Corpo Pituitário, em que se registram em primeiro lugar essas aspirações, estava muito avolumado. O lóbulo posterior estava voltado para trás com seu pescoço em forma de funil, aumentado com uma boca aberta na extremidade. Dessa boca aberta exalava um gás de cor rosa suave, ligeiramente matizado de amarelo e azul claro. A coluna espinhal estava cheia de um éter azulado, claro e mesclado de suave tonalidade rosa e amarelo. Depois que esse gás abandonava a medula oblongada e entrava na Glândula Pineal era de um maravilhoso colorido azul, como as tonalidades que as montanhas parecem ter depois do sol se pôr. A Glândula Pineal está também avolumada com a ponta do cone estirando-se em direção ao Corpo Pituitário. O diminuto apêndice de pele, mencionado em capítulo anterior, que se encontra no final da Glândula Pineal, está alongado e emite uma pequena chama, semelhante à chama azul de um jato de gás. Os dois órgãos vibram intensamente estirando-se, um em direção ao outro, sobre o terceiro ventrículo, uma cavidade oblonga que existe entre os tálamos óticos. Quando a vida do Aspirante à Vida Superior tem sido pura, o ventrículo citado aparece ao ocultista como um forno diminuto, resplandecente, de luz dourada, que supre a vitalidade do corpo.

A Glândula Pineal, como já foi dito, tem a aparência de um minúsculo órgão masculino, enquanto que o Corpo Pituitário, com sua boca aberta, é semelhante ao órgão feminino. Dessa maneira podemos ver que a ciência oficial, que procura provar que esses órgãos estão diretamente relacionados com as funções do cérebro e dos órgãos geradores, está certa.

Têm influência direta sobre o ser humano, desde as duas extremidades da medula espinhal, como demonstra o fato de que todos os pervertidos sexuais se tornam degenerados. A conservação dos fluidos vitais e a vida casta e pura fortalecem o cérebro; daí o aumento das duas Glândulas, ao passo que na pessoa sensual se atrofiam. A ciência oficial tem razão ao afirmar que tais órgãos são maiores nas crianças e nas mulheres que nos homens, embora se trate de homens que tenham tido uma vida muito pura.

OBSERVACÕES ASTROLÓGICAS

No esforço de comprovar as asserções astrológicas feitas acima, a escritora comparou horóscopos de pacientes que têm estado em contato com o Departamento de Cura da Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz, em Oceanside – Califórnia – USA. Ela encontrou dez horóscopos de moços e moças epiléticos.

Em quatro dos pacientes foi constatado que a Lua estava em Conjunção com Netuno, no Signo de Touro. Esse Signo rege a garganta e, também, indiretamente, sobre os órgãos geradores. Aqui, novamente, verificamos o que disse Max Heindel, que Netuno é a oitava superior de Mercúrio e não de Vênus, como admitem alguns astrólogos. Porque esse Planeta que rege a Glândula Pineal, também rege o cérebro e as faculdades espirituais.

Dois dos dez pacientes tinham Netuno em Quadratura com a Lua, sendo que um tinha Netuno em Conjunção com Marte e o outro tinha Netuno em Oposição a Saturno. Em todos esses casos verificamos que eles tinham formado um hábito sexual abusivo durante a infância, o que ocasionou uma dissipação dos fluidos vitais necessários à construção do cérebro, e daí, então, a deficiência mental fronteiriça à idiotice.

Se os médicos pudessem abrir os cérebros desses pacientes para lhes examinar as Glândulas, encontrá-las-iam enfermas, em conformidade com as aflições planetárias, as quais poderiam tomar forma de atrofia, de tumor ou, no caso da Glândula Pineal, inflamação.

Os astrólogos do passado asseguravam que Urano era a oitava superior de Mercúrio e regia as qualidades mentais superiores, e que Netuno era a oitava superior de Vênus. Ao mesmo tempo admitiam que Urano, aflito nos ângulos do horóscopo, causava separações no casamento, e que a Quadratura ou Conjunção entre Vênus e Urano, num horóscopo feminino, atrairia indevidas atenções do sexo oposto, portanto, comprometendo-lhe moralmente. Urano foi sempre associado com licenciosidade e lassidão moral, amores ilícitos, enquanto que Netuno é relacionado com ordens secretas, decepções e fraudes. A autora admirou-se porque esses dois Planetas altamente espirituais foram relacionados inversamente pelos astrólogos, quando apresentam características opostas. Investigações espirituais mostram as oitavas superiores como seguem: Netuno, regente da Glândula Pineal, é a oitava superior de Mercúrio; Urano, regente do Corpo Pituitário, é a oitava superior de Vênus.

O alcoólatra, quando sob a influência de bebidas, tem um forte estímulo do Corpo Pituitário, o que ocasiona tonturas e condições hilariantes. Essa Glândula regula a natureza emocional e a circulação sanguínea. Regida por Urano, a oitava superior de Vênus, o regente da música, o Corpo Pituitário é influenciado pela música e pela harmonia que o coloca em vibrações. O que utiliza a morfina ou cocaína recebe seu estimulo pela Glândula Pineal.

REJUVENESCIMENTO

Temos lido muito nos jornais a respeito de rejuvenescimento por meio de enxerto de Glândulas de animais nos seres humanos, para lhes restaurar a juventude. Se tal prática nefasta for levada em certa proporção, as próximas gerações estarão expostas a ter muitos filhos degenerados, enchendo as instituições de pervertidos mentais (quase 40 anos após a predição da autora, os hospitais de doenças mentais se enchem, como testemunho dos abusos passados e clamando por normas espirituais de vida). Os animais doadores dessas Glândulas são o bode e o macaco, que se multiplicam rapidamente e naturalmente produzem um efeito degenerativo no ser humano que foi bastante tolo para permitir que tal enxerto fosse feito em seu corpo. Além disto, esse rejuvenescimento é por curto período de tempo. Se o ser humano continuasse vivendo a vida dos sentidos, ele cedo dissiparia essa nova energia, a qual teria de ser suprida, novamente, de tempos em tempos.

Porém, há uma Fonte de Juventude, um elixir de vida que são os alimentos e os nossos pensamentos.

Se vivermos uma vida simples e pura, altruísta, comendo somente legumes e vegetais, e mantendo a devida vigilância sobre nossos desejos, então já não necessitamos de sacrificar vida de animal para recuperar as nossas energias desperdiçadas. Ponce de Leon procurou a fonte da perpétua juventude em terras distantes, ignorando que ele tinha duas pequenas taças dentro de seu próprio cérebro. Se ele tivesse pago o preço de efetuar a mudança da vida mundana dos sentidos para a vida de pureza espiritual, ele teria tido o elixir da vida.

F I M


[1] N.T.: A escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos baygons, sendo a designação geral dada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de objetos em formato de cunha. É juntamente com os hieróglifos egípcios, o mais antigo tipo conhecido de escrita.

[2] N.T.: Rei Assírio

[3] N.T.: Hipócrates (?460 a.C.-?370 a.C.), nascido em uma ilha grega, é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da Medicina, frequentemente considerado “pai da medicina”.

[4] N.T.: Paracelso (1493-1541), pseudônimo de Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, foi um médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista suíço-alemão.

[5] N.T.: Pseudo-Dionísio, o Areopagita ou simplesmente Pseudo-Dionísio é o nome pelo qual é conhecido o autor de um conjunto de textos (Corpus Areopagiticum) que exerceram, segundo os historiadores da filosofia e da arte, uma forte influência em toda a mística cristã ocidental na Idade Média. Esses textos foram muito lidos e admirados pelo Abade Suger de Saint-Denis, construtor do primeiro grande exemplar de arquitetura gótica: a basílica de Saint-Denis (ou Pseudo-Dionísio, em português). O autor se apresenta como Dionísio, o ateniense membro do Areópago, o único convertido por São Paulo (em Atos 17:34), no Século I.

[6] N.T.: Francis Bacon, também referido como Bacon de Verulâmio (1561-1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês. É considerado como o fundador da ciência moderna.

[7] N.T.: Pitágoras de Samos (? 570-?495 a.C.) foi um filósofo e matemático grego jônico creditado como o fundador do movimento chamado Pitagorismo.

[8] N.T.: A ciência, hoje, sabe que a Glândula Pineal atua, até certo ponto, na regulagem de desenvolvimento sexual; ajuda a sincronizar as mudanças rítmicas do Corpo, bem como atuar no misterioso mecanismo do acordar, por intermédio de seus hormônios.

[9] N.T.: Sabe-se, hoje, que a Glândula Pineal funciona, em anfíbios e peixes, como um órgão sensorial, sofrendo reações à luz.

[10] N.T.: ou Sílfides

[11] N.T.: Refere-se ao estado de consciência, tendo os mesmos veículos que um ser vegetal, atualmente. O ser humano nunca foi vegetal. Veja mais detalhes no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos.

[12] N.T.: Refere-se ao estado de consciência, tendo os mesmos veículos que um ser animal, atualmente. O ser humano nunca foi animal. Veja mais detalhes no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos.

[13] N.T.: Glândula Pituitária ou Hipófise: pequena glândula com cerca de 1 cm de diâmetro. Aloja-se na sela túrcica ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cérebro. Está localizada abaixo do hipotálamo.

[14] N.T.: Henry Gray, FRS, no livro: Anatomy and The Human Body, 12ª Edição, 1918.

[15] N.T.: ou epífise neural ou simplesmente pineal é uma pequena glândula endócrina localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios.

[16] N.T.: Dana, C. L., and W. N. Berkeley: 1913. Med. Rec. S3: S35

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