O trabalho de curar os enfermos constitui a mais nobre missão da Fraternidade Rosacruz. Diariamente o Departamento de Cura recebe uma grande quantidade de cartas solicitando ajuda. São palavras expressas em idiomas os mais diferentes. Mas todas trazem um ponto em comum: a mesma súplica, a mesma esperança, a certeza de terem batido na porta certa.
Ao longo de todos esses anos de militância no movimento Rosacruz chegaram ao nosso conhecimento casos de curas verdadeiramente “milagrosas”. Grafamos “milagrosas” entre aspas porque o chamado milagre não representa uma manifestação do sobrenatural. Pelo contrário, um milagre é o resultado da ação das Leis Naturais, as Leis de Deus.
Nós, entretanto, nos habituamos a curar nossas enfermidades por meio de meios artificiais ou antinaturais. A cura obtida dessa forma não é duradoura, havendo uma tendência para os sintomas reaparecerem mais cedo ou mais tarde. Dessa maneira, quando alguém consegue debelar um distúrbio orgânico pela simples adoção de uma dieta alimentar mais pura ou pelo cultivo de sentimentos e pensamentos positivos, não raro causa expressões de espanto e admiração. No entanto, tudo resulta de um processo simples.
A saúde deve ser o estado natural do Corpo Denso. Nosso organismo possui defesas naturais. É de vital importância compreender que a enfermidade nos atinge como consequência inevitável da debilitação dessas defesas deprimidas por vícios e hábitos errôneos. Por paradoxal que pareça, a vida moderna, com suas deslumbrantes conquistas e inovações, veio semear uma série de desequilíbrios. O consumismo supérfluo e exagerado, nutrido por massificantes e alienantes mensagens publicitárias, nos tornou presa fácil do artificialismo. Assim, alimentos enlatados, antinaturais, totalmente inadequados à constituição humana são comercializados em quantidade nunca dantes observada.
A televisão, o rádio, a internet, enfim, os meios de comunicação “sugere” que o consumo de determinadas marcas de alimentos, de cigarro e bebidas alcoólicas confere “status”. Todo o cuidado é pouco com frutas e hortaliças à venda nos supermercados e feiras-livres, pois, não se sabe se os produtores pulverizaram-nas com pesticidas ou algum outro produto químico altamente tóxico. Prefira os orgânicos. É caro? Pense no preço dos remédios que toma ou que terá que tomar. Com certeza, serão mais caros. Atualmente, mesmo nas grandes cidades, temos várias opções de acesso a produtos orgânicos: desde as sessões de supermercados e feiras de produtos orgânicos (às vezes, mais caros) até hortas comunitárias, hortas urbanas, hortas em apartamentos e em vasos e para quem tem quintal, então, nem se fale! Muitos de nós, ao invés de saúde, podem estar ingerindo venenos de efeito lento, mas letal.
Como lemos no artigo Como os Rosacruzes curam os Enfermos: “o Corpo Denso se desenvolve e é preservado por meio de substâncias físicas introduzidas no sangue pela alimentação quotidiana”. “Uma boa alimentação constitui, pois, um medicamento natural que o paciente deve ingerir para cooperar com os Auxiliares Invisíveis em seu labor de fortalecer o organismo”.
Nunca é demais repetir: os Ensinamentos Rosacruzes propugnam pela dieta vegetariana, ou seja, isenta de carnes animais (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do amor e afins), seus derivados ou quaisquer produtos (cosméticos, vestuários, calçados, acessórios e até produtos de beleza) que para ser obtido impliquem no sacrifício dos animais, nossos irmãos menores.
Outros fatores também afetam a saúde humana, principalmente aqueles de ordem psíquica ou emocional. A esses podemos acrescentar outros não menos importantes. A vida agitada e ruidosa dos grandes centros urbanos, por exemplo, a poluição, a correria, a competição desenfreada, causam insatisfação e insegurança.
A crise econômica enfrentada atualmente por quase todas as nações altera, negativamente, o estado emocional das pessoas, afetando-lhes sobremaneira a saúde física e mental. Sim, há essa inter-relação entre a prosperidade ou recessão econômica e o índice de pessoas internadas em hospitais psiquiátricos. Os distúrbios emocionais são apenas parte do problema, pois as mesmas tensões produzem doenças físicas que acompanham as oscilações econômicas.
Para nós, as revelações acima não são surpreendentes. Como Aspirantes a uma vida espiritual, Estudantes Rosacruzes como somos, torna-se fácil verificar a urgência do assentamento de bases espirituais mais sólidas na vida da humanidade. Portanto, para se obter uma cura permanente, não basta apenas uma mudança nos hábitos alimentares e físicos. O paciente deve promover modificações efetivas em sua maneira de pensar, agir e sentir. Há que cultivar pensamentos e sentimentos de fé, coragem, alegria e compaixão. Deve consagrar-se a uma vida de serviço amoroso e desinteressado, principalmente, para os que estão no seu entorno e expandir esse seu entorno dia a dia. A isso chamamos “viver consoante as Leis de Deus”.
A Filosofia Rosacruz é rica em tais ensinamentos, indicando sempre o caminho conducente a uma vida plena e feliz, de modo a chegar em mais um fim de uma vida aqui e poder ouvir: “Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mt 25:21).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1981 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Augusta Foss Heindel
Nossa missão é dar a conhecer publicamente os Ensinamentos dos Irmãos Maiores dessa Ordem e, mediante a aplicação deles em nossa vida diária, poder chegar a possuir: uma Mente Pura – um Coração Nobre – um Corpo São.
Antes de entrar na explicação desses Ensinamentos Rosacruzes, bom será que digamos algumas palavras acerca dos Irmãos Maiores e do lugar que ocupam na evolução da humanidade.
Por razões que se dirão mais adiante, os Ensinamentos Rosacruzes advogam uma visão dualista: sustentam que cada um de nós é um Espírito encerrando em si mesmo todos os poderes de Deus, como a semente encerra a planta, e que esses poderes se desenvolvem lentamente em uma série de existências dentro de um corpo terreno que melhora gradualmente; sustentam, além disso, que referido desenvolvimento se tem processado sob a direção de Seres exaltados que dirigem, ainda hoje, nossos passos, embora essa tutela vá diminuindo à medida que gradualmente adquirimos intelecto e vontade. Esses Seres Excelsos, se bem que invisíveis a nossos olhos físicos, constituem, entretanto, poderosos fatores em todos os assuntos da vida, dando aos diferentes grupos humanos lições que impulsionam o desenvolvimento dos poderes espirituais deles com o máximo grau de eficiência. De fato, a Terra pode ser comparada a uma vasta escola de treinamento, na qual existem Discípulos de várias idades e diferentes habilidades ou disposições, como ocorre em qualquer de nossas escolas. Existem os selvagens, vivendo e adorando sob as mais primitivas condições, vendo Deus numa pedra ou num pedaço de madeira. Assim, sob o progresso que cada um de nós realiza para diante e para cima na escala da civilização, encontramos uma concepção mais alta da Deidade até florescer, em nosso mundo ocidental, na formosa Religião Cristã, que nos proporciona, atualmente, a inspiração espiritual e o incentivo necessário para melhorar. Os Seres, que a Religião Cristã conhece sob o nome de Anjos do Destino, proporcionaram a cada grupo humano as diferentes Religiões que conhecemos, e sua maravilhosa previsão capacita-Os para verem a direção de algo tão instável como a Mente humana, podendo assim determinar que passos são necessários para guiar nosso desenvolvimento a respeito de linhas convenientes ao bem universal mais elevado.
Estudando a história das antigas nações veremos que, cerca de seiscentos anos antes de Cristo, uma grande onda espiritual surgiu nas costas orientais do Oceano Pacífico, onde a grande Religião de Confúcio acelerou o progresso da nação chinesa. Na mesma época a Religião de Buda começou a conquistar milhões de adeptos na Índia, e mais a oeste temos a sublime filosofia de Pitágoras. Cada sistema era apropriado às necessidades particulares do povo ao qual se aplicava.
Veio então o período dos céticos, na Grécia, e mais tarde, caminhando para Oeste, a mesma onda espiritual se manifesta na Religião Cristã da Idade Média, quando o dogma de uma Igreja dominante impôs sua crença em toda a Europa Ocidental.
É Lei do Universo que à uma onda de despertar espiritual siga sempre um período de materialismo duvidoso, e cada uma dessas fases é necessária para que o Espírito receba igual desenvolvimento, tanto em seu intelecto como em seu coração, sem ir demasiado longe em nenhuma das direções.
Os Grandes Seres, anteriormente mencionados, que cuidam de nosso progresso, tomam sempre medidas para preservar a humanidade desse perigo.
Quando previram a onda de materialismo que começou no século dezesseis com o nascimento da ciência moderna, tomaram medidas para proteger o Ocidente, como haviam anteriormente salvaguardado o Leste contra os céticos, que se viram contidos pelas Escolas de Mistérios.
No século treze surgiu na Europa Central um grande Mestre espiritual cujo nome simbólico foi CHRISTIAN ROSENKREUZ, isto é — CRISTÃO ROSACRUZ — que fundou a misteriosa Ordem Rosacruz, em relação à qual tantas suposições têm sido feitas sem que grande coisa haja chegado ao mundo em geral, uma vez que se trata da Escola de Mistérios do Oeste e se abre, unicamente, àqueles que alcançaram o estado de desenvolvimento espiritual necessário a serem “ iniciados nos seus segredos relativos à Ciência da Vida e do Ser
Se alcançamos um desenvolvimento tal que nos permita deixar nosso Corpo Denso e encetar um voo anímico pelo espaço interplanetário, veremos que o átomo físico primário é de forma esférica, como nosso Planeta, isto é — um globo. Se tomamos um determinado número de globos de igual tamanho e os agrupamos em torno de um deles, necessitaremos exatamente doze para ocultar o décimo-terceiro. Também assim os doze visíveis e o décimo-terceiro oculto – o UNO — são cifras que revelam uma relação cósmica; como todas as Ordens de Mistérios estão baseadas em linhas cósmicas, todas se compõem de doze membros reunidos em torno de um décimo-terceiro que é o Líder invisível.
São sete as cores do espectro: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta. Entre o violeta e o vermelho, porém, existem outras cinco cores invisíveis aos olhos físicos, mas que se descobrem pela visão espiritual. Em toda Ordem de Mistérios existem igualmente sete Irmãos que, às vezes, aparecem no mundo a fim de realizar o trabalho necessário para o progresso daqueles a quem servem. Entretanto, cinco Irmãos nunca são vistos fora do Templo. Eles ensinam e trabalham com aqueles que já passaram por certos estados de desenvolvimento espiritual e que podem, portanto, dirigir-se ao Templo em seus corpos espirituais — fato esse que se ensina na primeira Iniciação, que costuma ter lugar no exterior do Templo, por não ser conveniente a todos visitá-lo fisicamente.
Não vá agora o leitor imaginar que essa Iniciação faz do Estudante um Rosacruz, como tampouco a admissão de um estudante na Universidade o torna membro dessa Faculdade. Nem mesmo após passar os nove graus desta ou de outra Escola de Mistérios, se é um Rosacruz. Os Rosacruzes são Hierofantes dos Mistérios (ou Iniciações) Menores e além deles existem, ainda, escolas em que são ensinados Mistérios (ou Iniciações) Maiores. Todos aqueles que já concluíram os Mistérios Menores e são alunos dos Mistérios Maiores são chamados Adeptos; mas, nem mesmo eles alcançaram a privilegiada situação dos doze Irmãos da Rosacruz ou dos Hierofantes de qualquer Escola de Mistérios Menores, assim como o Estudante que acaba de graduar-se na Universidade não desfruta da posição e do reconhecimento devidos aos catedráticos.
Em outro artigo falaremos sobre a Iniciação, mas devemos salientar aqui que a porta de uma genuína Escola de Mistérios não se abre com chave de ouro, mas tão somente como recompensa pelos serviços meritórios realizados em prol da humanidade. Todo aquele que se anuncia a si mesmo como um Rosacruz, ou se encarrega de instruir a troco de dinheiro, se acredita a si mesmo como charlatão por qualquer desses dois atos.
Nos séculos decorridos desde a formação da Ordem Rosacruz seus membros têm trabalhado secreta e silenciosamente, esforçando-se por moldar o pensamento da Europa Ocidental mediante obras de Paracelso, Boehme, Bacon, Shakespeare, Fludd e outros. Diariamente à meia-noite, quando as atividades físicas do dia estão em seu mais baixo refluxo e os impulsos espirituais em seu fluxo superior, enviam de seu Templo vibrações que agitam e comovem a alma a fim de contrabalançar o materialismo e para impulsionar o desenvolvimento das forças do espírito. À suas atividades respondemos nós e delas nos beneficiamos, assim como a ciência materialista, que se vai espiritualizando lenta e gradativamente.
(de Augusta Foss Heindel – Traduzido e Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto de 1969 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)
Nesses conturbados tempos, os Ensinamentos Rosacruzes constituem uma sólida e confiável mensagem de esperança. Notamos até pessoas dotadas de um vasto cabedal de conhecimentos espirituais, com dificuldades para manterem-se infensas as vibrações de desânimo e exasperação circulantes pelo mundo. Há momentos em que a estrutura interna mais equilibrada aparenta vacilar, quando não vacila mesmo.
O Estudante Rosacruz tem a seu favor o fato de viver consoante conhecimentos profundos das Leis Universais. Procurando aprofundar-se nos mistérios da natureza, extrairá desse esforço uma orientação segura diante dos embates da vida. Mas o que o permanece diante de quaisquer circunstâncias é a fé. Max Heindel a define como “uma perspectiva otimista acerca do bem final”.
Em realidade, sejam os acontecimentos agradáveis ou desagradáveis, carregam em seu bojo valiosas lições de vida. Não importa quão difícil seja a nossa existência. Se a vislumbrarmos como uma gama de oportunidades de aprendizado e crescimento anímico, por certo ela não nos será um fardo incômodo. Converter-se-á numa aventura fascinante e gratificante, onde os contrastes, as alternâncias, as supostas contradições, nada mais são que etapas a serem queimadas, capacitando-nos a agir melhor, futuramente. Nossa consciência moral nasce em meio às dificuldades, quando nosso caráter é tentado a agir erroneamente.
Quantas vezes um indivíduo de boa formação cede aos reclamos insidiosos da natureza inferior, procurando tirar partido de determinadas situações, esquivando-se ao cumprimento de certos deveres, ou pecando por omissão em ocasiões onde deveria manifestar-se.
Se não ignorarmos essa faceta do ser humano, observando-o como um diamante bruto, em processo de lapidação, mais fácil nos será cultivar a tolerância e o entendimento de uma verdade fundamental: embora filhos do mesmo Pai, emanados da mesma Fonte Divina, vivemos experiências diferentes. Dessa forma cada um se encontra num determinado estágio evolutivo. A maneira como reagimos a essas experiências é determinante de atraso ou adiantamento.
Hoje, mais do que nunca, o Estudante Rosacruz deve cultivar a delicada flor da esperança, na expectativa de uma venturosa fluência para um bem final. Portanto, a coragem deve acompanhá-lo em todos os momentos e em todas as suas atividades, sejam de caráter material, sejam de natureza espiritual.
Em primeiro lugar, deve permanecer firme em meio a situações adversas. Deve manter-se equilibrado pela conscientização de suas potencialidades anímicas, fatores capazes de modificar quaisquer situações. Deve imbuir-se da inabalável fé de que Cristo, nele, é mais poderoso que as aparências antagônicas.
Os Ensinamentos Rosacruzes ensejam a podermos constatar em nosso íntimo a existência de algo superior às circunstâncias. Assim, não nos abalemos com os acontecimentos, mas procuremos descobrir o significado.
A cada manhã, quando acordarmos e dedicarmo-nos às práticas espirituais façamo-las seriamente, convictos de que aquele dia recém-iniciado será o mais importante das nossas vidas, com Deus manifestando-se cada instante, através dos nossos atos amorosos.
(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de 8/80 – Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP)
Não importa que saibamos ser a morte uma benção e libertação, nem o quão preparados estamos, para nos alegrar pelo fato de aquele que se foi estar livre dos grilhões do Corpo Denso; isso tudo geralmente não ajuda, porém pode ser um recurso para nós quando uma pessoa querida passa para o além.
Sabemos que nosso amigo ou nossa amiga está bem e ficamos contentes com isso, mesmo que não possamos ajudá-lo ou ajudá-la e sentimos saudades dele ou dela. Deparamo-nos ouvindo os seus passos na escada ou a sua voz na porta e, como isso não se confirma, inevitável será que a nossa natureza egoísta vá se erguer até o ponto em que nos encontramos lutando contra a solidão. A menos que nos encontremos entre aqueles afortunados, os quais são relativamente poucos, que podem ver e se comunicar com os Egos do outro lado. Muitos de nós somos ainda humanos o suficiente para sentir saudade em certas circunstâncias, mesmo quando olhamos a morte de um ente querido com o positivismo implícito nos Ensinamentos Rosacruzes dados pelos Irmãos Maiores.
Poderá ser ligeiramente mais fácil suportar essa solidão e até desviá-la para canais construtivos, se pudermos assegurar que, durante o seu tempo de vida terrena, lhe prestamos o máximo de serviço possível, e que apreciamos suas boas qualidades, e demonstramos nossa gratidão pelo privilégio de tê-lo conhecido tão bem. Geralmente nos tornamos conscientes dessas ponderações somente após o desaparecimento da pessoa.
Quão maravilhoso e benéfico seria se chegássemos a essas considerações cotidianamente, enquanto essa pessoa está ainda fisicamente conosco. Serviço e amabilidade para com a pessoa amada é, sem dúvida, uma fonte de alegria, particularmente se pudermos sentir o seu aproveitamento e a forma pela qual ela se beneficia com isso.
Pelo simples motivo de estarem nossos amados próximos de nós, eles são obrigados, muitas vezes, a suportar o impacto de nossos erros, em forma de impaciência, cólera ou aborrecimento, erros esses que na maioria das vezes evitamos na presença de outras pessoas, não tão chegadas a nós.
De fato, nossos entes queridos são geralmente aqueles que assistem às nossas piores facetas, isso porque somos mais propensos a desabafos em sua presença, enquanto reservamos o nosso controle para contatos com novas amizades ou para com os estranhos. Triste, porém, que exatamente aquelas pessoas que nós tanto amamos não possam usufruir das nossas melhores qualidades, de forma que, vivendo conosco, possam sentir a mesma felicidade que nós por viver com elas.
Sejamos animados e positivos na presença delas, pensemos duas vezes antes de afligi-las com nossos problemas, e, o mais importante, devemos estar alertas para com os serviços que pudermos lhes render, desde as mais bem refletidas palavrinhas de otimismo e bondade, até, quiçá, as mais oportunas e proveitosas ações de ajuda.
A apreciação das boas qualidades dos nossos entes queridos, e da divina essência oculta, é também quase sempre negligenciada em nossa vida dia a dia. Frequentemente, em virtude da sua aproximação, suas imperfeições nos aborrecem, e podem tomar proporções exageradas em nossas mentes, no entanto permanecemos inconscientes a esse fato, e mesmo insensíveis às suas notáveis qualidades.
Concentremo-nos em suas características positivas enquanto eles estiverem conosco, elogiando-os e engrandecendo-os sempre que pudermos, alegrando-os com isso, para adquirirmos a certeza de, sempre que possível, podermos ajudar um amigo a vencer suas falhas. Façamos isso, porém sempre de forma construtiva.
Poderemos nos esfomear para dar-lhe um pouco da nossa energia, criticando-o positivamente (quando necessário se torna), certamente sem aborrecê-lo, nem o repreender, e ajudá-lo a dominar o mal dentro dele, tornando-o consciente do seu poder, de sua inata bondade e natureza divina.
Um dos pontos mais importantes a ser convenientemente examinado na retrospecção noturna, é a nossa conduta e os nossos sentimentos para com esses nossos entes queridos. Teríamos nós negligenciado de dizer-lhes ou fazer-lhes alguma coisa que poderia tê-los ajudado? Ao estarem ao nosso redor, chegamos a nos impacientar ou a nos aborrecer a ponto de deixá-los inconformados ou infelizes? Apreciamos e nos alegramos com sua presença e suas boas qualidades, ou os temos considerados simplesmente como amigos certos?
Essas considerações ponderadas à noite e praticadas durante o dia seguinte, alargarão as nossas relações com nossos amados neste plano, e farão com que possamos suportar mais facilmente a sua eventual partida física.
Finalmente, e quem sabe, o mais importante de tudo, é nunca esquecermos de nos mostrar agradecidos por termos junto de nós os nossos amigos.
O mero fato de amá-los é um privilégio, a sua presença ou aproximação é outra benção, que temos a tendência de não a considerar devidamente. Agradecer a Deus diariamente por essas benções, não é somente a maneira de demonstrar a nossa gratidão, mas, também, o meio de aumentá-la. Por isso, certo é que se agradecermos genuinamente uma benção, maior será o benefício que dela virá.
Evidentemente, melhor seria que nossos agradecimentos por conhecer nossos estimados, fossem manifestados diariamente, quando eles estiverem conosco, do que quando são exclusivamente reservados para a ocasião da saudade ou talvez do arrependimento após a morte deles.
Se tomarmos consciência dessas coisas, e se vivermos a vida com nossos amados, tão intensamente produtiva e positiva quanto nos seja possível, sempre dentro de um trabalho orientado por alegria e consciente gratidão, nos beneficiaremos largamente com as nossas experiências com eles, da mesma forma que eles com as experiências deles conosco.
Quando chegar o momento da passagem de um deles, então estaremos aptos a acalmar nossa solidão, não somente por alegrar-nos com ele, mas também pela honestidade, humildade e agradecimento, podendo então dizer: “devo ser uma boa pessoa pelo fato de tê-lo conhecido”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de novembro/1969)
Quando o Sol entrar por Precessão dos Equinócios no Signo celestial de Aquário, o Aguador, virá uma nova fase da Religião do Cordeiro, a Religião Cristã. Esotericamente, o ideal que devemos perseguir está indicado no Signo oposto: Leão.
A Lua, habitação de Jeová – o Regente autocrático das Raças e o dador de Leis – está em Exaltação em Touro. Quando o Sol transitou, por Precessão dos Equinócios, pelo Signo de Touro, todas as Religiões de Raça, mesmo a fase mosaica da Religião Ária do Cordeiro, pediam uma vítima propiciatória para cada transgressão da Lei.
Mas, o Sol está em Exaltação em Áries e ao entrar nesse Signo, por Precessão dos Equinócios, o grande Espírito Solar, Cristo, veio como um Sumo Sacerdote da Religião Ária e revogou o sacrifício de outros ao oferecer-se a Si mesmo como um sacrifício perpétuo pelos pecados do mundo.
Observando o ideal maternal de Virgem, durante a Era de Peixes, e seguindo o exemplo de Cristo como um serviço de sacrifícios, a Imaculada Concepção converte-se numa experiência real para cada um de nós, e Cristo, o Filho do Homem (Aquário) nasce internamente.
Deste modo, gradualmente a terceira fase da Religião Cristã se manifestará e um novo ideal será encontrado no Leão de Judá (Leão). Valor e convicção, fortaleza de caráter e virtudes semelhantes, farão de nós, realmente o Rei da Criação, digno da confiança e do afeto dos Reinos de vida inferiores ao nosso, bem como do amor das divinas Hierarquias Criadoras que sobre nós estão.
Assim, a mensagem mística da nossa evolução está marcada em caracteres de fogo no campo celestial, onde qualquer investigador pode ler. E quando estudemos o propósito de Deus, revelado no Zodíaco, aprenderemos a nos conformarmos inteligentemente com Seus desígnios e, desse modo, abreviar o dia da emancipação do nosso limitado ambiente atual, para sermos perfeitamente, livres como Egos, sobrepondo-nos à lei do pecado e da morte, por meio de Cristo, o Senhor do Amor e da Vida.
Todos nós podemos e devemos decifrar a mensagem e resolver o mistério do Universo.
A entrada do Sol em Aquário, em que teremos mais estreita união com o Cristo, por uma forma elevada da Religião Cristã, está indicada, além do Zodíaco, no Evangelho Segundo São Lucas: “Respondeu-lhes: “Logo que entrardes na cidade, encontrareis um homem levando uma bilha de água. Segui-o até à casa em que ele entrar. Direis ao dono da casa: ‘O Mestre te pergunta: onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos?” (22:10-11), no Evangelho Segundo São Marcos: “Enviou então dois dos seus discípulos e disse-lhes: “Ide à cidade. um homem levando uma bilha d’água virá ao vosso encontro. Segui-o. Onde ele entrar, dizei ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde está a minha sala, em que comerá a Páscoa com os meus discípulos?’ E ele vos mostrará, no nadar superior, uma grande sala arrumada com almofadas. Preparai-a ali para nós.” (14:13-15) e no Evangelho Segundo São Mateus: “Ele respondeu: ‘Ide à cidade, à casa de alguém e dizei-lhe: ‘O Mestre diz: o meu tempo está próximo. Em tua casa irei celebrar a Páscoa com meus discípulos’.” (26:18), pois o Cristo Solar é simbolizado na Astrologia pelo Sol, quer na evolução da humanidade como das nações e do mundo.
Aquário, às vezes, é representado por uma mulher derramando água de um cântaro; outras vezes por um menino e outras, ainda, por um homem. O correto é o de um rapaz, que simboliza o Cristo já crescido no ideal dentro de nós; a água que se derrama sob controle do cântaro, pelo rapaz, significa o equilíbrio das emoções. Será, pois, a Era do amor racional, inteligente, o equilíbrio entre o Coração e a Mente, preconizado nos Ensinamentos Rosacruzes.
A palavra-chave de Aquário, como Signo fixo, é: ESTABILIDADE.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1964-Fraternidade Rosacruz-SP)
No ciclo dos grandes acontecimentos cósmicos a que chamamos de Solstícios e Equinócios, mas que esotericamente sabemos se tratar de planos de ação e fases do grande trabalho de Cristo para a redenção da humanidade, chega novamente o NATAL.
É certo que, em cada dia do ano, buscamos nos animar com um propósito altruísta e amoroso. Mas, nesta época sentimos, sob o contagiante influxo do Salvador, um desejo quase irreprimível de infundir nosso entusiasmo, idealismo e fé no futuro da humanidade.
Como Estudantes Rosacruzes sabemos que devemos desejar a cada irmão e irmã com que convivemos que a presença viva e real do Salvador possa figurar em uma cadeira vazia de sua ceia, exortando, por vibração, a uma integração ativa e consciente na grande família do futuro, intuindo a suprema verdade de que todos precisamos de todos; isto é, de que a Fraternidade Rosacruz, não importa onde cada um de nós esteja, é alimentada e fortificada, em cada momento e dia do ano, pelas nossas boas ações, nobres sentimentos, pensamentos edificantes e esforço contínuo e persistente em aprender e aplicar os Ensinamentos Rosacruzes no nosso dia a dia.
Como Estudantes Rosacruzes sabemos que devemos desejar a cada irmão e irmã com que convivemos que o anúncio dos Anjos, no eco da ação Crística que se renova, aceite em cada um de nossos corações e entendimentos, o sentido atual que reclama: “Eis que vos trago novas de grande alegria. É-nos nascido o Salvador. Ide e adorai-O. Glória a Deus nas maiores alturas; e na Terra, paz e boa vontade entre os homens”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro de 1968 da Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)
FRATERNIDADE ROSACRUZ
Ritual do Serviço do Solstício de Dezembro
1. O Oficiante convida os presentes a cantarem, de pé, o Hino Rosacruz de Abertura
2. O Oficiante ilumina e descobre o Símbolo Rosacruz e apaga as luzes, exceto a que o ilumina o Símbolo e a que auxilia na leitura
3. Em seguida, fixa o olhar no Símbolo Rosacruz e fala a saudação Rosacruz:
“Queridos irmãos e irmãs:
Que as rosas floresçam em vossa cruz”
4. Todos respondem: “E na vossa também.”
5. Todos se sentam, menos o Oficiante.
6. Em seguida, o Oficiante começa a leitura do texto do Ritual:
Estamos agora no Solstício de Dezembro, tempo em que a luz do Sol definha para o hemisfério norte, onde o frio e a tristeza são intensos nessa ocasião. Mas, na noite mais longa e mais escura para aquele hemisfério, o Sol retoma o seu caminho de ascensão para o norte; a Luz de Cristo de novo nasce na Terra e todo o mundo rejubila. A onda de vida e luz espiritual que será a base do crescimento e do progresso do próximo ano, atinge o máximo de sua altura e poder. A Terra está agora mais próxima do Sol e seus raios espirituais incidem em ângulo reto sobre a superfície da Terra no hemisfério norte, promovendo a espiritualidade, enquanto as atividades físicas são mantidas em expectativa, devido ao fato de os raios solares incidirem em ângulo oblíquo sobre a superfície da Terra.
É da maior importância para o Estudante esotérico conhecer e compreender as condições particularmente favoráveis que prevalecem por ocasião do Natal, mais do que em qualquer outra ocasião, de modo a poder dirigir todas as suas energias na direção espiritual, de forma a poder percorrer, com menor esforço, uma distância muito maior nessa direção.
O apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse que “Deus é Luz”. Por isso a palavra Luz tem sido utilizada nos Ensinamentos Rosacruzes para ilustrar a natureza divina, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. É ensinado claramente nas Sagradas Escrituras de todos os tempos, que Deus é Um e Indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que assim como a luz branca Una é refratada nas três cores primárias: vermelho, amarelo e azul, assim também Deus se apresenta em tríplice aspecto durante Sua manifestação, pelo exercício das três funções divinas: de Criação, Preservação e de Dissolução.
Quando Deus exerce o atributo de criação aparece como Jeová, o Espírito Santo; Ele é, então, o Senhor da Lei e da Geração e projeta a fertilidade solar diretamente através dos satélites lunares de todos os Planetas onde se torna necessário fornecer corpos para os seres evoluintes.
Quando Deus exerce o atributo de preservação com o propósito de conservar os corpos gerados por Jeová sob as Leis da Natureza, Ele aparece como o Redentor, o Cristo, e irradia os princípios do Amor e da Regeneração diretamente em qualquer Planeta onde as criaturas de Jeová requeiram este auxílio para se libertarem das malhas da mortalidade e do egoísmo, a fim de alcançar o altruísmo e a vida eterna.
Quando Deus exerce o atributo divino da dissolução, aparece como o Pai que nos chama de volta ao nosso lar celeste para assimilarmos os frutos da experiência e do crescimento anímico, por nós armazenado, durante o Dia da manifestação. Este solvente universal, o raio do Pai, emana então do Sol espiritual invisível.
Estes processos divinos de criação e nascimento, de preservação e de vida, de dissolução, morte e retorno ao Autor do nosso ser, vemos por toda a parte à nossa volta e reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Triuno em manifestação.
Será que já imaginamos um mundo espiritual onde não existem acontecimentos definidos, onde não há condições estáticas, onde o princípio e o fim de todas as aventuras, de todos os tempos, estão presentes no eterno “Aqui” e “Agora”?
Do seio do Pai há uma permanente saída das sementes das coisas e acontecimentos que entram no reino do “tempo” e do “espaço”. Aí, elas se cristalizam, gradualmente, e se tornam inertes, sendo necessária à sua dissolução para que possam dar lugar a outras coisas e a outros acontecimentos.
Não podemos fugir dessa Lei Cósmica; ela se aplica no reino do “tempo” e do “espaço”, inclusive ao próprio raio de Cristo. Da mesma maneira que os rios, cujas águas são lançadas no oceano, se enchem novamente quando as águas do mar são evaporadas e a eles retornam como chuva, para de novo correrem para o mar, num incessante fluxo e refluxo, assim também o espírito de amor está eternamente nascendo do Pai, dia a dia, hora a hora, fluindo interminavelmente no universo solar para nos remir do mundo da matéria que nos prende nas suas garras de morte. Onda após onda é assim impelida do Sol para todos os Planetas, dirigindo ritmicamente as criaturas que neles evoluem.
Dessa maneira é, no sentido mais real e mais literal, um Cristo recém-nascido que nós saudamos em cada festa de Natal que se aproxima, e o Natal é o acontecimento anual mais vital para toda a humanidade, saibamo-lo ou não. Não é apenas a comemoração da data natalícia do nosso amado Irmão Maior Jesus, mas o advento do rejuvenescedor amor-vida do nosso Pai Celestial, por Ele enviado para livrar o mundo das garras mortais do inverno. Sem esta nova infusão de vida e de energia divina, cedo pereceríamos fisicamente, e todo o nosso progresso regular teria sido inútil, pelo menos no que se refere às nossas atuais linhas de desenvolvimento.
Infinita fonte de amor divino, o nosso Pai Celestial ama-nos, assim como um pai ama seu filho, pois, Ele conhece a nossa debilidade física e espiritual; Ele reconhece a nossa dependência. Por isso, estamos agora esperando confiantemente o nascimento místico do Cristo de outro ano, carregado com nova vida e amor, enviados pelo Pai para nos socorrer da fome física e espiritual que seria inevitável, não fora essa dádiva de amor anual.
Com tempo, todo o mundo compreenderá que “Deus é Espírito” e que em Espírito e em Verdade deverá ser adorado. Nada podemos fazer para que possamos retratá-lo, pois Ele não é semelhante a nenhuma coisa existente nem no céu nem na Terra.
Podemos ver os veículos físicos de Jeová circulando como satélites em torno de vários Planetas; podemos ver o Sol, que é o veículo visível do Cristo; mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai, e a origem de tudo, aparece aos maiores videntes humanos apenas como uma oitava superior da fotosfera do Sol, como um anel de luz azul-violeta, por trás do Sol.
Porém não necessitamos vê-Lo; sentimos o Seu Amor, e este sentimento nunca é tão intenso como por ocasião do Natal, quando Ele nos dá o maior de todos os presentes: o Cristo do Ano Novo.
Toda e qualquer partícula de energia física provém do Sol visível; e é do invisível Sol espiritual que obtemos toda a nossa energia espiritual. No momento presente não podemos olhar diretamente para o Sol, se assim fizéssemos ficaríamos cegos. Podemos, porém, olhar para a luz solar refletida que vem da Lua. Assim também o ser humano não pode resistir ao impulso espiritual direto vindo do Sol e por isso esse impulso tem de ser enviado por meio da Lua, pelas mãos e por intermédio de Jeová, o regente da Lua, como Religião de Raça. Somente pela Iniciação é possível chegar ao contato direto com o impulso espiritual do Sol. Um véu pendia diante do Templo.
Dessa forma, na Noite Santa a que chamamos Noite de Natal, era costume entre os “homens sábios” (os Magos) – aqueles que estavam muito na vanguarda da humanidade comum – chamar aqueles que também se preparavam para se tornar sábios e conduzi-los à Iniciação, no interior dos Templos. Levavam-se a efeito certas cerimônias e os candidatos entravam em transe. Nesse tempo não seria possível a Iniciação em estado de vigília; tinha que ser cumprida em estado de transe.
Quando a percepção espiritual despertava nos candidatos, estes podiam ver através da Terra; não viam nenhum detalhe, mas a Terra se tornava transparente e eles viam o Sol do outro lado da Terra, viam o que se chamava a “A Estrela da Meia-Noite”.
Posteriormente foi possível ao ser humano receber o impulso espiritual mais diretamente, e quando chegou a ocasião em que o Espírito de Cristo pôde ser admitido na Terra – através da nossa evolução, um Raio do Cristo Cósmico veio até nós e se encarnou no corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Foi assim que veio o Espírito de Cristo, o ponto de partida do impulso espiritual direto.
Exotericamente o Sol tem sido considerado desde tempos imemoráveis como o doador de vida, porque a multidão era incapaz de ver a grande verdade espiritual existente por trás desse símbolo material. No entanto, para além daqueles que adoravam o corpo celeste que viam com os olhos físicos, havia também, e ainda hoje há, uma pequena, porém crescente minoria, um sacerdócio consagrado mais pelas ações retas do que pelo ritual, que via e vê as verdades espirituais, essas verdades sob a forma de cerimonial, cerimonial esse que mudava de acordo com o tempo e com o povo a que era destinado. Para esses, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Sol Místico da Meia-Noite que penetra nosso Planeta no Solstício de Dezembro e logo começa a irradiar, do centro do nosso globo, a Vida, a Luz e o Amor, os três atributos divinos. Estes raios de força e de esplendor espiritual enchem nosso globo com luz celestial que envolve todas as criaturas sobre a Terra, da menor à maior, indistintamente.
Nesta Noite Santa da qual acabamos de falar, quando o Cristo nasce, como um Sol, para iluminar a nossa escuridão, a influência espiritual é mais forte e pode ser atingida com muito maior facilidade. Esta é a grande verdade encoberta pela Estrela da Noite Santa, que iluminava a noite mais escura e comprida do ano – para o hemisfério norte (Esta noite mais escura e mais longa simboliza também o desesperado estado de alma daquele que procura a Iniciação).
Quando o Cristo aqui chegou, alterou as vibrações da Terra e desde então continua a alterá-las constantemente. Cristo rasgou o “Véu do Templo”. Ele tornou o Santo dos Santos – o lugar da Iniciação – acessível a “todo aquele que quiser”.
Desde então não houve mais necessidade de transe; não é mais necessário provocar estados subjetivos com o propósito de conseguir a Iniciação. Todo aquele que quiser penetrar no Templo para se iniciar, fá-lo-á em estado consciente.
Na Ordem Rosacruz, os nove Mistérios Menores, ou Iniciações Menores, se referem somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre; o quinto grau desses Mistérios conduz o candidato ao final do Período Terrestre quando a humanidade gloriosa estará assimilando os frutos desse Período, retirando-os dos sete Globos nos quais evoluímos durante cada dia de manifestação, para transportá-los ao primeiro dos cinco globos obscuros que constituem nossa vivenda durante a Noite Cósmica. Depois de ter visto o fim, no quinto grau, o candidato é informado sobre os meios pelos quais este final será atingido no decorrer das três Revoluções e meia que faltam para se completar o Período Terrestre; os quatro graus restantes são dedicados à iluminação do candidato a esse respeito. O nono ou último desses graus é atingido nos Solstícios de Junho e de Dezembro, tendo o candidato, por essa ocasião, obtido acesso a todas as camadas ou estratos da Terra.
Este é o grande destino que está reservado a cada um de nós. Disse o Cristo aos Seus discípulos: “Aquele que crer em Mim, fará as coisas que eu faço… e ainda maiores”. É um fato sublime sermos nós Cristos em formação; quanto mais cedo nos convencermos que devemos dar nascimento ao Cristo Interno antes de podermos ver o Cristo exterior, mais depressa chegará o dia da nossa iluminação espiritual. Cada um de nós será, oportunamente, conduzido pela Estrela até ao Cristo, mas é necessário acentuar que não seremos conduzidos a um Cristo exterior, mas ao Cristo que está no Interior.
“Embora Cristo possa nascer mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada”.
Entremos, agora, em silêncio e, por alguns instantes, concentremo-nos sobre o Amor Divino e o Serviço.
7. O período de concentração deve se prolongar por uns 5 minutos
8. Terminada a concentração, o Oficiante cobre o Símbolo Rosacruz e acende as luzes
9. O Oficiante convida todos a se levantarem e a cantarem o Hino Rosacruz de Encerramento
10. O Oficiante profere a seguinte exortação de despedida:
“E agora, queridos irmãos e irmãs, que vamos partir de volta ao mundo material levemos a firme resolução de expressar, em nossas vidas diárias, os elevados ideais de espiritualidade que aqui recebemos, para que dia a dia nos tornemos melhores homens e mulheres, e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, a Serviço da Humanidade”.
“QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ”
11. Apaga-se a luz do Templo
(todos devem se retirar do Templo em silêncio)
Nos dias atuais dá-se muito valor à criatividade. Em alguns campos de atividade humana a ausência do poder criativo causa verdadeiras crises. Quando surge alguém, capaz de inovar ao descobrir algum aspecto inusitado de alguma coisa, recebe o epíteto de “revolucionário”. Isso sem considerar que de tempos em tempos espíritos avançados promovem transformações radicais em seus campos de atuação. Trazem soluções novas, abrem perspectivas nunca dantes imaginadas, rompem novos caminhos, inaugurando patamares mais elevados dentro de determinados ramos de atividade ou conhecimento. A esse processo criativo original os Ensinamentos Rosacruzes chamam de Epigênese.
Há grande tendência em admitir que tudo é resultado de qualquer coisa pré-existente. Isso constitui grande equívoco e desconhecimento das leis que regem a evolução em todos os níveis. Se fosse verdade, não haveria margem para esforços novos e originais, promotores de novas causas.
A Epigênese é a base real da evolução, ou seja, o único elemento a dar-lhe significado, convertendo-a em algo mais que simples desdobramento ou desenvolvimento de qualidades latentes. Não fosse assim, a face da Terra seria um painel por demais monótono e desolador, habitada por seres estereotipados, como que saídos de uma linha de montagem de uma indústria. Incapazes de descobrir novos caminhos, os seres acabariam por perder sua identidade com o Supremo Criador de todas as coisas. Tornar-se-iam imitadores, grotescos imitadores, ao invés de imprimirem a marca da originalidade em seus trabalhos.
A Epigênese, é bom ressaltar, é uma faculdade do Espírito, não da persona (personalidade). Sua capacidade epigenética melhora ou aperfeiçoa a forma, tornando-a elemento maleável e utilizável.
O progresso não é simplesmente desenvolvimento, nem tampouco involução: há um terceiro fator, a Epigênese, completando o trinômio. Quando ela não atua, ou torna-se inativa no indivíduo, na família, nação ou raça, cessa a evolução e começa a degeneração. Isso se aplica também às ideias, aos sistemas, as organizações, etc. Se, pelo menos, não se reciclarem periodicamente perdem sua eficiência e, consequentemente, sua razão de ser.
É interessante notarmos como as dificuldades são fatores capazes de exigir muito da capacidade epigenética das pessoas. Os seres humanos acomodam suas vidas aos princípios ou características da sociedade que pertençam. Com o passar do tempo essas “formas” (características) tornam-se obsoletas. Sobrevêm, então, as crises. A maioria propõe sempre soluções velhas, desgastadas, sem nenhuma eficácia. Quem propõe uma solução inédita, original, resultante de seu espírito criativo, consegue, via de regra, resolver o problema. As crises, portanto, não devem assustar. Indicam que o agrupamento, ou a própria pessoa, encontra-se em fase de transição, de transformação. Quando, porém, o ser humano reage negativamente as soluções novas propostas, quando insiste em formulações bolorentas e ultrapassadas, acaba gerando o impasse. Aí, só mesmo o sofrimento surge como meio de solucionar a questão. E, diga-se de passagem, é um meio irracional. Denota teimosia e inadaptabilidade.
Há, entretanto, outro aspecto a ser considerado: nem tudo o que é novo merece aceitação. Nem sempre representa uma lídima aspiração do Espírito. Talvez não passe de uma manifestação da natureza inferior, ávida de reconhecimento, desejosa de satisfazer a vaidade, o orgulho e a ilusão do ser humano pouco evoluído.
Que o “Tribunal Interno da Verdade”, no dizer de Max Heindel, julgue e decida sempre!
(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de junho/1980)
Pergunta: Nos Ensinamentos Rosacruzes, você afirma que permanecemos no Purgatório por um tempo equivalente a um terço da duração da vida terrena, para que nossos pecados possam ser expiados antes de entrarmos para o céu. Como, então, reconciliar esse Ensinamento com as palavras de Cristo ao ladrão agonizante: “Hoje estarás comigo no paraíso[1]?”
Resposta: O Novo Testamento foi escrito em grego, uma língua que não se usavam sinais de pontuação. A pontuação foi inserida em nossa Bíblia pelos tradutores posteriores a ela e, muitas vezes, a pontuação muda radicalmente o significado de uma frase, como a seguinte história ilustrará:
Num serviço religioso, alguém entregou um pedido para que o pastor lesse: “Um marinheiro indo para o mar, sua sogra deseja as orações da congregação pelo seu retorno seguro para esposa e filho”. O pedido não estava com pontuação, mas tudo indicava que a sogra do jovem estava muito solícita para que ele voltasse em segurança para sua esposa e filho e, por isso, desejava as orações da congregação. Se o pastor tivesse lido o pedido sem a vírgula, implicaria no fato de que o marinheiro, indo ver sua sogra, desejava as orações da congregação por seu retorno seguro para esposa e filho, e alguém naturalmente pensaria que a senhora, em questão, fosse uma pessoa intratável, uma vez que o jovem achou necessário pedir as orações da congregação antes de enfrentá-la. Nesse caso, se as palavras de Cristo forem lidas assim: “Em verdade vos digo hoje, estarás comigo no Paraíso”, elas implicariam que o ladrão estaria com o Cristo em algum momento futuro não definido. Mas onde a vírgula foi colocada antes da palavra “hoje”, como está na Bíblia, dá a ideia normalmente sustentada pelas pessoas.
O fato de que essa ideia está totalmente equivocada pode ser comprovado pela observação do Cristo logo após Sua Ressurreição, quando Ele disse à mulher: “Não me toque, porque ainda não subi para meu Pai”[2]. Se Ele prometera ao ladrão que estariam juntos no Paraíso no dia da crucificação, e três dias depois declarou que ainda não havia ido para lá, o Cristo teria incorrido numa contradição que, naturalmente, é uma impossibilidade. Ao colocar a vírgula, conforme sugerido, reconcilia totalmente o significado das duas passagens e, além disso, São Pedro nos diz que naquele intervalo Ele trabalhou com os espíritos no Purgatório[3].
(Pergunta nº 98 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Lc 23:43
[2] N.T.: Jo 20:17
[3] N.T.: 1Pe 3,18-19; 4,6
No Primeiro Céu, quando vivenciamos o processo panorâmico, após abandonar o Corpo Denso, os bons atos da nossa vida são a base do sentimento. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria de bem agir e sentiremos toda a gratidão emitida por aquele a quem ajudamos. Quando vemos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltaremos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Daqui ressalta a importância de apreciar os favores que nos têm sido feitos, a gratidão produz crescimento anímico. (“Conceito Rosacruz do Cosmos”).
Em uma de suas lições mensais, “O povo escolhido por Deus”, Max Heindel relembra a seus Estudantes a necessidade de se expressar gratidão pelos Irmãos Maiores, por ter recebido os Ensinamentos Rosacruzes que satisfazem a alma de maneira que o espírito possa evoluir por meio da gratidão.
Talvez não tenhamos percebido que, na mesma proporção que o nosso espírito amadurece, há um aumento no poder que atrai, para o nosso corpo, as forças de cura; isso pode ser verdade, porém todos os distúrbios resultam de uma origem espiritual.
Mas, à medida que progredimos espiritualmente e equilibramos os nossos veículos superiores, eliminamos as congestões que resultaram em doenças.
Nunca deveríamos esquecer que somos divinos e que temos uma força latente ilimitada. Quando nos conscientizarmos de nossas transgressões e começarmos a obedecer às leis que violamos, apagaremos de nossos veículos superiores as condições que se manifestaram em aflições nos corpos físico, emocional e mental, e começaremos a expressar a divindade interna.
Quando formos curados, não esqueçamos de agradecer aos nossos companheiros, os nossos Irmãos Maiores e, acima de todos, ao nosso Pai Celestial, que nos proporciona todas as riquezas da vida.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de maio-junho/1995)