Resposta: Resumimos consideravelmente a pergunta, mas os pontos essenciais ali estão. A primeira pergunta é: “Um espírito pode sofrer?” Sabemos que quando uma pessoa sofre um acidente e perde uma perna, essa perna não sofrerá mais. Ela foi removida do Corpo Vital e a sensação desaparece. Por outro lado, o ser humano que perdeu a perna, com toda certeza, sofrerá intensamente, e se ele for de temperamento excessivamente nervoso, terá menos possibilidade de recuperar a saúde que outro de pouca sensibilidade que talvez só conheça nervos pelo nome. Mas o sofrimento físico não é nada comparado à angústia mental. Quem não preferiria sofrer a mais atroz dor de cabeça a sentir remorso decorrente de uma ação má, feita impulsivamente? Esta é, pois a “dor” que o Espírito pode sofrer, em virtude tanto de causas físicas quanto espirituais.
Pode agora o consulente compreender o que significa ser um Espírito livre e restringir-se, conscientemente, dentro de um veículo limitado? Talvez isso seja impossível para alguém que nunca experimentou essa sensação.
Quando os Auxiliares Invisíveis, que retém sua consciência quando estão fora e longe do Corpo Denso, voltam de manhã para reentrar neste Corpo Denso que tanto prezamos, que velamos como sendo tão precioso (afinal ele é o mais desenvolvido que todos os outros nossos veículos e, portanto, o mais próximo de alcançar a perfeição), isso lhes causa (a eles que o viram de fora) o mais intenso desgosto. Ele sente repugnância ao ter que entrar nessa coisa morta, fria e pegajosa, que jaz sobre o leito. Somente o mais elevado senso do dever pode obrigá-lo a entrar. Esse sentimento o abandona tão logo entre, pois, então, muda o ponto de vista. Não obstante, permanece como uma lembrança durante todo a dia. De maneira semelhante, o Cristo Cósmico chega no centro do Planeta Terra anualmente, no Solstício de Dezembro, embora num sentido diferente do que acontece conosco. É antes pela projeção de uma parte de Sua consciência, que é, então, aprisionada na Terra e trabalha pela eterização do nosso Planeta (ou seja: torna-lo predominantemente formado de Éteres, da Região Etérica do Mundo Físico, já que estamos nos esforçando, consciente ou inconsciente para viver em um Corpo formado só do dois Éteres superiores do Corpo Vital, conhecido como Corpo-Alma). Sofre e sente tudo o que uma consciência pode sentir no Corpo Denso. Ele sente tanto a falta de moralidade quanto o meio físico que o circunda e, portanto, a porção que cabe a Cristo é muito mais acentuada. Portanto, também é nossa responsabilidade moral esforçarmo-nos por encurtar, e não prolongar, o tempo que Ele deve suportar nosso fardo e sofrer por nossas más ações.
O consulente certamente leu na Bíblia a passagem referente aos Sete Espíritos diante do Trono (Ap 8). Eles são os Sete Espíritos Planetários, facilmente identificáveis no simbolismo. Necessitaríamos de mais espaço do que dispomos aqui para elucidar esse assunto. Tal assunto é, contudo, explicado no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Todos conhecem as palavras de São Paulo a respeito do nascimento de Cristo dentro de cada um de nós (o Cristo interno). Também, Angelus Silesius nos ensina:
“Embora Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nasce dentro de ti, tua alma seguirá extraviada.
Olharás em vão a cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer em teu coração também”.
Esse Princípio de Cristo todos nós devemos desenvolver interiormente; ele é, também, o Dourado Manto Nupcial com o qual aqueles que são “o noivo encontrarão seu Senhor”, quando da Sua vinda. O nome desse manto é soma psuchicon na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, 15:44, que foi traduzido como corpo “natural”, palavras que deviam ser eliminadas e substituídas por Corpo-Alma. A Bíblia nos ensina que devemos encontrar o (nosso) Senhor no ar (Terra eterizada). Verdadeiramente, “a carne e o sangue” não podem herdar o Reino de Deus.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz novembro/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Segundo a Filosofia Rosacruz, aquilo a que vulgarmente chamamos nascimento é tão só o nascimento do Corpo Denso, visto que, por ter já atrás de si uma longa evolução, chega mais depressa ao termo do seu desenvolvimento, e a um elevado grau de eficiência, que os restantes veículos. Sendo esses de formação mais recente, tardam em atingir o seu estágio de maturidade. Em cada período setenário de vida pós-natal, nasce um dos corpos sutis, começando pelo Corpo Vital, cuja organização se completa por volta dos 7 anos de idade. Seguem-se, depois, o Corpo de Desejos – por volta dos 14 anos – e o veículo Mente que só completam em torno dos 21 anos, quando entramos na nossa fase adulta. Do conhecimento desta maravilhosa Filosofia Rosacruz podemos extrair importantes ensinamentos para a formação de um Corpo são e harmonioso e de uma equilibrada Personalidade (que se compõe do Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos).
O Corpo Denso apresenta-se, na infância, bastante plástico e moldável, em razão dos materiais ainda serem novos e de os Corpos Vital e de Desejos se encontrarem em formação, de cuja luta resultará, mais tarde, como consequência, o endurecimento dos tecidos. Certamente, esta luta (em que a Mente e o Corpo de Desejos nos obrigam a um desgaste permanente de energias e vitalidade, enquanto a função do Corpo Vital é a reconstrução dos tecidos e restauração das forças mantenedoras da vida) não é a única causa de envelhecimento e depauperação do Corpo Denso, mas não duvidamos que seja a mais importante. Ao conseguirmos o domínio dos nossos veículos sutis conservaremos até muito tarde a nossa juventude, porque nos traz, necessariamente, grande economia de vitalidade. Esse é um problema do conhecimento comum.
Sendo, pois, o Corpo Denso bastante flexível, por não estar ainda concluído o processo da ossificação, e as cartilagens e articulações se apresentarem ainda muito brandas, permite-nos em larga medida corrigir ou atenuar certas deformações inatas ou adquiridas na primeira infância (até aos 3 anos), dependendo o grau de correção do defeito e dos métodos ortopédicos ou cirúrgicos empregados. A ginástica desempenha aqui um papel a não ser desprezado.
De igual modo podemos operar sobre os Corpos invisíveis aos olhos físicos (aqui nomeados Corpo Vital, Corpo de Desejos e o veículo Mente) se bem que menos facilmente, porquanto a matéria de que são construídos é mais evanescente, menos estável. Se for certo que a constituição física e o caráter que trazemos ao nascer são pouco suscetíveis de profundas alterações, por serem o resultado, a primeira muito (mas não tudo) da hereditariedade, e a segunda da quintessência das nossas vidas passadas, no entanto, muito se pode fazer no sentido do delineamento das fundações que hão de formar as bases vivenciais da nossa nova existência humana aqui renascida.
Na infância todas as forças que agem pelo polo positivo dos Éteres do Corpo Vital estão latentes e inativas; as suas funções realizam-se pelo Corpo Vital “macrocósmico”, que pelos seus Éteres atua durante esse tempo como matriz no amadurecimento do Corpo Vital da criança.
Esse Corpo Vital macrocósmico, de grande sabedoria, orienta a criança no crescimento do seu Corpo e a protege dos perigos a que mais tarde será exposta, quando o seu incipiente veículo for capaz de realizar, sozinho, sua obra.
Contrariamente, as forças que agem pelo polo negativo dos Éteres do Corpo Vital estão extraordinariamente ativas nos primeiros anos. Entre essas funções, mencionaremos especialmente a percepção sensorial, muito aguda, devido às forças que operam pelo polo negativo do Éter Luminoso. Daí que a criança se manifeste muito impressionável: “é toda olhos e ouvidos”. Desta característica resulta a sua notável capacidade de imitação, única via utilizada na aprendizagem, porquanto a Mente se encontra ainda impossibilitada de elaborar pensamentos originais. Mostra viva emoção a mais ligeira contrariedade ou incitamento, mas de duração momentânea. Os seus Corpos sutis acham-se em intenso labor e, por isso, tudo é célere e superficial. Passa repentinamente do choro ao riso, do amuo ao contentamento, “esquecendo” no minuto seguinte tudo quanta sofrera ou gozara antes. Dizemos: “esquecera”, mas não é rigorosamente verdade. Todas as suas experiências boas ou más, agradáveis ou dolorosas, não só deixam impressas no Átomo-semente do Corpo Denso, localizado junto ao ápice do ventrículo esquerdo do coração, as “marcas” que mais tarde formarão parte do panorama da sua vida post-mortem, como ainda se imprimem nos átomos do polo negativo do Éter Refletor, constituindo aquilo a que chamamos “Mente ou memória subconsciente”.
Essas mudanças repentinas são próprias da criança, e constituem uma excelente defesa do Ego e da sua Personalidade em formação, pois os seus estados psíquicos, não sendo duradouros, roçam apenas a superfície do ser, deixando geralmente impressões pouco nítidas e profundas. É sempre motivo de cuidados quando se verifica certa permanência de estados nesta idade (Essas mudanças repentinas são próprias da criança, mas os pais ou responsáveis devem estar atentos tanto para casos de permanência (não oscilação) como excesso e intensidade das oscilações). Denota uma precoce cristalização de movimentos anímicos, que ocasionará seguramente desequilíbrios do caráter pela formação de nódulos e, que, em consequência disso, parecem ser causas ou gênese de muitas neuroses.
Sempre que uma criança não seja toda expansão, vivacidade, plena de movimentos físicos e anímicos, apresentando sintomas de indolência, é uma criança doente. Há que tratá-la com todo o zelo, procurando o mal que a estiola a qual, geralmente, se encontra nos defeituosos métodos educativos. Devemos observar-lhe o funcionamento das Glândulas Endócrinas, da alimentação, do metabolismo basal, das funções de excreção, integrá-las em uma vida ao ar livre para se retemperar, e, sobretudo, consultar um profissional da saúde competente e que uma parte espiritual Cristã cultivada, porque a desarmonia funcional pode não residir no Corpo Denso, mas nos veículos sutis.
Os pais ou responsáveis não devem, nunca, esquecer-se de que a sua função primordial é imprimir a vivência da criança a mais conveniente orientação, de harmonia com as suas melhores tendências e características genotípicas, e segundo adequados métodos da moderna psicopedagogia. Toda a limitação ou restrição da atividade infantil é perniciosa: o que importa não é contrariar a natureza, mas favorecer o que nela há de bom e de belo.
Ouvimos frequentemente perguntar por que é que os chamados meninos ou meninas “prodígios”, ou precoces, quando adultos manifestam, em geral, uma mentalidade abaixo da normal. Quase sempre o fato provém de uma educação errada. Os pais ou responsáveis, no desejo egoísta de ver os seus filhos “brilharem” e sobreporem-se as outras crianças da sua idade, forçam-nos a seguir cursos ou estudos próprios para adultos. Daí o enorme desgaste nervoso e mental de um corpo que não possui reservas suficientes, e de cujo esforço se ressentirá para vida afora. Há como que um “ingurgitamento” mental, uma indigestão ou embotamento intelectual, causado pela saturação. Estas crianças devem ser entregues ao seu natural pendor, no que se refere à aprendizagem, sem apressar a aquisição do conhecimento. Forçar o desenvolvimento mental é fazer-lhes perder o equilíbrio, ainda pouco estável.
Todavia, há um fato contra o qual os pais ou responsáveis devem estar prevenidos: à medida que avançamos na evolução e nos aproximamos de uma nova Era, a Era de Aquário, a precocidade e a perfeição, tanto no aspecto físico como no intelectual, vão-se tornando mais frequentes. Aqueles dos nossos leitores que estão familiarizados com a Filosofia Rosacruz compreenderão facilmente a razão disto. A Era de Aquário, em cuja Órbita de Influência já entramos, será caracterizada pelo desabrochar de faculdades extraordinárias, psíquicas e mentais, predominando a intuição, a fraternidade, a compaixão, o amor altruísta. A Clarividência se tornará um estado de visão normal, cujas consequências para a medicina e cirurgia, e para a investigação científica, em geral, será o de uma repercussão incalculável.
Relativamente à Clarividência, e dentro do tema que nos ocupa, desejamos fazer uma ligeira referência. O assunto foi, não obstante, mais de uma vez versado pelo excelso fundador da Fraternidade Rosacruz, Max Heindel, em alguns dos seus trabalhos.
A embriologia e a psicologia genética afirmam que o ser humano, desde a sua concepção até o estado adulto, reproduz sumariamente, em linhas gerais, todas as grandes fases evolutivas por que passou a humanidade desde os tempos mais recuados até ao ser humano atual. Neste ponto, a ciência concorda com a nossa Filosofia Rosacruz.
Na Época Lemúrica, o ser humano era altamente espiritual, um mago, e reconhecia-se com o um descendente dos deuses. Dotado de inocência imaculada, pura de intenção, possuía uma percepção interna que lhe proporcionava uma visão dos Mundos suprafísicos. Analogamente, a criança, nos primeiros anos, recapitula uma fase correspondente a essa Época: dotada de pura inocência, e em virtude de serem muito ativas, as forças que atuam pelo polo negativo do Éter Refletor, pode “ver” os habitantes do Mundo do Desejo ou mesmo da Região Etérica do Mundo Físico, com as quais mantem frequentes conversações, chegando até a elegê-los para companheiros de brincadeiras. Na sua simplicidade, a criança, não raro, fala “dessas coisas”, mas os adultos, na sua ignorância, castigam-na ou proíbem-na de dizer “tolices”. Ela, vendo-se ridicularizada ou ofendida, retrai-se, guarda silêncio e cala-se. É verdadeiramente deplorável a atitude a primeira causa da introversão em muitas crianças, e da sua perda de confiança nos genitores.
A educação científica – e hoje não se pode educar conscientemente uma criança de outra forma – exige dos pais, responsáveis e educadores um conhecimento suficiente da psicologia genética e evolutiva e da pedagogia, a fim de estimular a floração de uma Personalidade integral. E seria ideal se possuíssem o discernimento necessário para visualizar a sua progressiva estruturação à luz de um espírito clarividente, pois que a educação da nova Era, a Era de Aquário, cuidará mais dos Corpos sutis (principalmente do Corpo Vital) que do Corpo Denso.
Quando a criança nasce, os órgãos físicos estão já formados, mas durante os primeiros sete anos determinam-se as linhas de crescimento. Se elas não se definem bem durante esse período, a criança que nasceu robusta pode converter-se em um ser débil e enfermiço. Na determinação dessas linhas de força, seremos muito ajudados pela Astrologia Rosacruz. Se se levantar o horóscopo do bebê logo após o nascimento, se possuirá um útil instrumento de informação. Mas, pelo seu caráter reservado, este trabalho deve ser executado pelos pais ou responsáveis. Lembremos aqui que a Fraternidade Rosacruz fornece, de graça, Cursos de Astrologia Rosacruz para o Estudante Regular Rosacruz.
Segundo Max Heindel, o pai, a mãe ou o responsável ideal deve ser, também, um Astrólogo Rosacruz. Se, todavia, os pais ou responsáveis desconhecem a Astrologia Rosacruz – e é este o caso – em circunstância alguma devem consultar um astrólogo profissional, daqueles que prostituem, por dinheiro, essa divina ciência. O tema natal astrológico permite diagnosticar, com bastante exatidão, os pontos fortes e as debilidades de caráter e temperamento, e prognosticar o futuro da criança, ainda que conjenturalmente, pois os Astros (Signos, Sol, Lua e Planetas) apenas assinalam as tendências, às vezes bastante poderosas, e não um destino inexorável, porquanto acima de todas as tendências, instintos e hábitos paira a força de vontade e o livre arbítrio, que deverão ser sempre cultivadas. Com esse conhecimento, os pais ou responsáveis se encontram em melhores condições de escolher os métodos educativos mais apropriados ao fortalecimento e desenvolvimento das boas qualidades, que deverão opor-se ou neutralizar as tendências adversas reveladas no tema natal, antes destas se transformarem em realidades. Só assim podem, efetiva e conscientemente, ajudar seus filhos a vencer, em certa medida, os seus defeitos congênitos e construir um bom destino, corrigindo-o se for necessário.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio de sua praça e de uma e outra margem do rio estava a Árvore da Vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro e os seus servos O servirão. E verão o seu rosto e nas suas testas estará o seu nome. E ali não haverá mais noite e não necessitarão de lâmpada, nem de luz do Sol, porque o Senhor Deus os alumia; e reinarão para todo o sempre.“. (Ap 22 :1-5).
Deus, o Arquiteto de nosso Sistema Solar, é Trino. Seus atributos são: Poder; Amor; Movimento. O aspecto de Sabedoria é o que expressa Cristo Cósmico – o mais alto Iniciado do Período Solar. Um raio do Cristo Cósmico penetrou na Terra, tornando-se, desde então, seu Espírito Planetário interno e, daí por diante tem infundido na humanidade os sentimentos de altruísmo para aquisição de uma consciência idêntica à Sua. Comumente Cristo usa o Espírito de Vida como veículo de expressão mais inferior de sua natureza. Funcionando conscientemente no Mundo do Espírito de Vida, o primeiro dos Mundos universais (onde desaparece toda a separatividade; onde a Fraternidade é uma constante), Ele se reflete no Corpo Vital dos seres humanos, assim como aquele Mundo (o Seu) se reflete na Região Etérica do Mundo Físico da nossa Terra. Foi ao Reino de Cristo e à Sua Consciência que São João se referiu, ao falar do “rio puro da água da vida“.
Igualmente, pela boca de São João, o Cristo exprimiu a mesma ideia, ao dizer: “Mas aquele que beber da água que Eu lhe der, nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna“; e mais ainda, quando disse no Evangelho Segundo São João, capítulo 7, versículo 37: “Se alguém tem sede, venha a Mim e beba“.
A Árvore da Vida é a “faculdade de regeneração da força vital”, possível por meio da nova “taça de vinho místico” mencionada como o ideal a ser atingido na futura Época, a Nova Galileia – um órgão etérico na parte interna da cabeça e da laringe, construído pela força libertada e sublimada, o qual, à vista espiritual, aparece como o caule de uma flor que ascende da parte inferior do tronco. Esse cálice ou a taça da semente é o verdadeiro órgão criador, capaz de pronunciar a palavra de vida e de poder.
“A palavra atual é gerada e produzida pelos movimentos imperfeitos dos músculos os quais regulam a laringe, a língua e os lábios para que o ar que vem dos pulmões torne possível determinados sons. Porém, o ar é um meio denso difícil de manipular, em comparação com as mais refinadas forças da natureza, tais como a eletricidade, que se movimenta no Éter. Quando esse novo órgão tiver sido desenvolvido, tornar-se-á possível falar a palavra de vida e infundir vitalidade em substâncias que atualmente são inertes. Presentemente, aqueles que beberem da taça da abnegação, que podem usar sua força no serviço aos demais, estão construindo esse órgão, juntamente com o Corpo-Alma, que é o manto nupcial. Estão aprendendo a usar na forma menor de Auxiliar Invisível, quando se encontram fora do Corpo Denso à noite, muitas vezes sem que isso possa ser transmitido à Memória Consciente. Com o maior desenvolvimento e consciência iniciática, então ensinam a falar a palavra de poder, que remove as doenças e proporciona tecidos saudáveis.” (Max Heindel).
Na Nova Galileia a humanidade viverá no ar, em seus corpos luminosos, numa Terra feita de Éter. O Amor e a Fraternidade prevalecerão e o Cristo (que terá vindo pela segunda vez) reinará como Melquisedeque (Rei e Sacerdote).
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – setembro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
1 – O SENHOR é o meu pastor, não me faltará.
2 – Deitar-me faz em verdes pastos guia-me mansamente às águas tranquilas.
3 – Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor de seu nome
4 – Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte não temeria mal algum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam.
5 – Preparas uma mesa perante mim na presença de meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
6 – Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão por todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para sempre.
Salmo 23:1-6
Temos a impressão de que esse Salmo foi escrito especialmente para nós que vivemos nestes dias de inquietação e insegurança, porque:
A Bíblia revela-se em seus verdadeiros significados por meio de sete chaves. Entretanto, neste trabalho vamos analisá-la por meio da chave astrológica, compreendendo que a palavra “Senhor” se refere à Lei Cósmica.
O SENHOR É O MEU PASTOR – A Lei Cósmica é o nosso Pastor ou a nossa Guia em nossa peregrinação através da matéria. Áries, “cabeça” do Círculo Zodiacal, é a primeira ou a maior das 12 Hierarquias Criadoras em virtude de se encontrar muito próximo à Luz, Deus, perdendo em glória apenas em relação ao Esplendor Central.
Apenas sabemos que esses Seres se identificaram como o Pai ou Princípio Vontade.
Para ajustamento de nossas vidas ao Plano Divino, torna-se necessário grande esforço, grande atividade anímica, porque o Corpo de Desejos é o elemento de ação com o qual nós contamos desde o tempo em que, por nossa própria iniciativa, nos propomos a dirigi-lo quando a Mente era apenas um germe. Não é, pois, de se admirar que nos deparemos com grandes dificuldades, devido a essa união do Corpo de Desejos – de ação e de emoção – com a Mente.
A realização da vida superior requer a separação desses dois veículos.
Adicionalmente, nos servirmos do cérebro para dirigir e operar em todas as funções corporais, porém apenas podemos usar algumas áreas cerebrais. Restam áreas não despertas, próprias de uma vida mais ampla que virá, depois de removermos as barreiras autocriadas.
NÃO ME FALTARÁ – Existe o suficiente para todas as necessidades, tanto de ordem material, como espiritual. Quando tivermos conhecimento dos mistérios e trabalharmos com eles, por meio do uso controlado das forças correspondentes que estão dentro de nós, superaremos todas as carências do amanhã.
Primeiramente, necessitamos estabelecer “internamente” a ordem e harmonia usando o pensamento e a palavra para criar apenas o que estiver tonalizado com a harmonia do Universo.
Nossa segunda necessidade é desenvolver a determinação, a constância necessária para manter nossos pensamentos até que o propósito seja cumprido. Touro reflete-se na laringe. Temos a palavra, então.
Quando admitimos que a laringe é um órgão criador, acautelamo-nos com nossas palavras, o nosso mais elevado privilégio. Lembremo-nos das palavras de Cristo “Toda palavra ociosa que o homem fala, terá que dar conta dela no dia do julgamento.” (Mt 12:36-37).
A Natureza não é pródiga em dádivas, mas quando nos conformamos com suas Leis, “NÃO NOS FALTARÁ”.
DEITAR-ME FAZ EM VERDES PASTOS – Somos levados ao campo da Mente e por isso ao Signo de Gêmeos. Ele é um Signo dual, expressa forma positiva e negativa, os polos do Espírito bem como contrastes expressos no plano físico da matéria.
Foram os Senhores da Mente que implantaram o germe mental na parte superior do Corpo de Desejos, criando uma união íntima entre ele e o poder emocional.
Gêmeos reflete-se em nosso Corpo Denso por meio dos pulmões que, ao se desenvolverem pelo aumento do oxigênio no sangue, torna possível à nós levá-lo ao íntimo dos nossos veículos e iniciar, assim, a expressão de Individualidade. Nós, o Ego, controlamos nossos veículos por meio do calor do sangue.
Jeová – o Espírito Santo –, o Senhor dos Espíritos de Raça, iniciou seu controle sobre nós por meio do ar que inalamos e o sangue que circula através dos pulmões.
Atingiu, assim, a evolução a sua mais elevada forma de contrastes. Começamos a gerar, levamos a nossa consciência para a nossa forma exterior.
Daí, então, nossa Mente embrionária, operando com alguma clareza, nos mostrou a nós mesmos como uma forma entre outras formas. Assim, o contraste entre as formas se tornou para nós um estado de separação, estado que em a Natureza não existe, e que se trata apenas de uma nossa ilusão mental. Eis que então o nosso maior problema é o de compreender a nossa unidade com todos no universo. Essa Unidade se revelará quando a Mente se espiritualizar por meio da nossa natureza emocional.
A Mente é a ferramenta, a razão, o archote por cuja luz nos ajusta os pequenos fragmentos da Verdade.
São Paulo, diz: “Agora conhecemos em parte, porém conheceremos com também somos conhecidos.” (ICor 13:12). Tal são os “verdes pastos” da Mente.
GUIA-ME MANSAMENTE ÀS ÁGUAS TRANQUILAS – Agora nos deparamos com o Signo de Câncer, cujos Querubins nos despertaram o Espírito de Vida, o segundo Aspecto da Divindade e a contraparte da Sabedoria ou do Princípio Materno de Deus.
Câncer, o segundo dos grandes Signos Maternos, é ativo na forma de colocar em ação o pensamento de Deus na substância física. Sob Touro a palavra criadora põe a vida em movimento rítmico, ao longo das linhas determinadas pela Vontade Divina. O princípio Materno em Câncer recebe e mantém o quadro vivente do Plano, como se estivesse refletido na superfície profunda e quieta da “lagoa”, imprimindo esse quadro vivente do Plano sobre cada semente de vida em cada forma na concepção, “cada uma em conformidade com a sua espécie”. Podemos realmente dizer que a “mãe Natureza” é o Signo de Câncer. Quando a operação das formas de Câncer é compreendida, entendemos o mistério da vida em si mesmo.
Presentemente podemos censurar os quadros que, diariamente, e passam através do nosso espelho mental, aceitando aquilo que é bom, acionando o poder criador de nossos corações a fim de que se manifeste em nossas vidas o mais prontamente possível. Também procuramos desenvolver a visão interna que nos proporcionará a simpatia que compreende, estimula e cura. O Princípio Materno de Câncer trabalha, nutre, bem como concebe. Reflete-se no estômago, preparando o alimento para a digestão, ao passo que nos seios provê a nutrição para o recém-nascido. A Luz rege o Sistema Nervoso Simpático que controla todas as funções involuntárias do Corpo Denso. A vida atual causa, em todos nós, quase que uma contínua tensão, produzindo contrações nervosas e musculares que interferem no fluir da força vital em todo organismo. Portanto, na preparação da meditação, acalmamos a Mente, relaxamos toda a tensão, abrindo as portas do santuário interno; mas também libertando, para mais grandiosas ações, as forças que sustentam nossos Corpos.
Compreenderemos então as palavras: Ele “guia-me mansamente às águas tranquilas”.
REFRIGERA MINHA ALMA – É no lar do Signo do Sol – representado em nossos Corpos Densos pelo coração – que temos a explicação dessa frase. Os Senhores da Chama, a Hierarquia Criadora de Leão, nos deram o germe do Corpo Denso e despertaram o nosso Espírito Divino, ainda em formação. Segundo os Ensinamentos Rosacruzes, o Sol é o símbolo mais aproximado que temos de Deus. É o Véu daquilo que está oculto. Por isso São João nos fornece uma melhor definição: “Deus é Luz, Deus é Amor” (IJo 1:5 e IJo 4;8) e penetrando o Universo com Sua Vida fluindo como uma corrente de fogo Vivo em toda a Natureza.
Ainda São João nos diz que “A vida era a Luz dos homens, e a Luz brilhava nas trevas e as trevas não a compreenderam.” (Jo 1:5). As trevas representam nossa Mente concreta, ligando-nos ao Mundo da forma.
Quando nossos esforços se encaminham penetrantemente em direção às trevas (o véu da matéria), apressamos a elaboração da Alma Consciente, a frutificação das experiências do Espírito relacionadas com o Corpo Denso.
GUIA-ME PELAS VEREDAS DA JUSTIÇA – Isso nós devemos aos Senhores da Sabedoria que no Período Solar nos deram o germe do Corpo Vital, atualmente composto de quatro Éteres, utilizados na elaboração da Alma Intelectual.
Mercúrio, o Mensageiro de Virgem e o Planeta da razão, nos ajuda a desenvolver, claramente, o discernimento necessário para analisar e classificar nossas conclusões. Por meio do discernimento os frutos da experiência são absorvidos, afetando decididamente o Corpo Vital, usado por nós como um departamento de compensação para todas as nossas atividades. Virgem tem seu reflexo no Corpo Denso por intermédio dos intestinos e de suas funções (os processos de seleção e de absorção). Pela ligação desse núcleo mental com uma forte devoção a ideais de pureza, de serviço e da verdade seremos levados a caminhos de real utilidade
POR AMOR DE SEU NOME – Pelo estudo do Plano Divino, o alvo essencial é o equilíbrio entre os polos positivo e negativo do ser. Entre o Espírito e a Matéria, a Vida e a Forma, entre o Criador e a Sua vasta Criação.
A confusão existente no mundo é um reflexo daquilo que criamos em nossa consciência. Agora, por intermédio dos Senhores da Individualidade, que nos deram o germe do Corpo de Desejos no Período Lunar, disciplinamos esse Corpo de Desejos e formamos a Alma Emocional. Vênus indica a parte vital desempenhada pelo amor e pela pureza na realização do equilíbrio simbolizado por Libra. Vênus é o salvador do bem, conservando-o para crescimento evolucionário. Repete-se em nosso Corpo Denso por meio dos rins, onde os elementos indispensáveis são conservados por meio da filtração da corrente sanguínea. Assim o Amor e a Pureza nos tornam aptos a joeirar o verdadeiro do falso, na Lei Cósmica por Amor ao Seu Nome.
AINDA QUE EU ANDASSE PELO VALE DA SOMBRA DA MORTE, NÃO TEMERIA MAL ALGUM – Sob Escorpião todo o trabalho requerido fundamenta-se na ligação de tudo aquilo que aprendemos durante a nossa peregrinação na matéria. Deparamo-nos aqui com o mistério da vida. Necessitamos de compreender que o Espírito “move-se sobre as águas do profundo” dentro de nós, vertendo através do canal formado por nossos desejos, criando em nós e em nossas vidas as condições correspondentes àqueles desejos. De acordo com as leis da vida, se harmonizará cada um dos departamentos do nosso ser nos tornando vitoriosos sobre a vida e a morte. Por meio de Escorpião temos a oportunidade de fundir nossas qualidades mediante a junção dos raios de Vênus (Touro) e Marte (Escorpião) pelo refinamento e redireção dessa grande força vital. Dessa forma, nossa consciência se desperta para o glorioso significado da vida, proporcionando-nos criar o “Novo Céu” e a “Nova Terra” para onde toda a Onda de Vida humana está se movendo.
TUA VARA E TEU CAJADO ME CONSOLAM – Em Sagitário, os Senhores da Mente mantêm a visão do nosso alvo diante de nós, com Júpiter dissolvendo as barreiras que levantamos ao redor de nossa consciência. São aquelas barreiras que nos mantêm confinados àquilo que está de acordo com nossos sentidos. Sagitário é o Signo por meio do qual o Fogo Criador do Espírito Santo flui para criar em nós a Mente superior – Deus-Mente – que, livre da escravidão das formas, se relaciona com as Leis e Princípios subjacentes em todas as formas, criando como Deus cria. O Espírito Santo procede da união do Pai (Princípio da Vontade) e do Filho (Princípio da Sabedoria). Daí ser a mensagem de Sagitário a de juntar os poderes da Mente e do Coração para que, assim, todos ascendam ao Trono de Deus. Impelida pelo trabalho de realização anímica, a Mente superior desenvolve-se para manter nossos veículos em grande eficiência, refletindo-se na espiritualização do Corpo Denso, do Corpo Vital e do Corpo de Desejos por meio da elevação vibratória de cada célula. Daí então a força criadora começa a fluir como ouro líquido, ascendendo lentamente em direção ao seu objetivo situado no cérebro, para aí acionar as Glândulas Endócrinas Corpo Pituitário (hipófise) e a Pineal (conarium ou epífise cerebral). O fêmur representa Sagitário no Corpo Denso, tornando possível a rapidez e a liberdade de ação. O movimento no Caminho da Iniciação é obtido por meio da Divindade interna.
PREPARAS UMA MESA PERANTE MIM NA PRESENÇA DE MEUS INIMIGOS – O pensamento é a semente e dele brota a ação e a manifestação. Um quadro mental na frente de Deus é a semente da qual surgiu todo o Universo, bem como todo o trabalho das inúmeras ordens de Seres de variados poderes para executar seu Plano. Nossa Onda de Vida particular é apenas uma definida parte do Plano de Deus como qualquer outra Hierarquia Criadora que nos precedeu na infindável procissão que se estende desde a argila até Deus.
A nossa parte não poderá ser cumprida eficientemente se não soubermos quem e o que somos, de onde viemos, porque estamos aqui e para onde vamos. Em Capricórnio temos a delineação completa do Plano. Saturno, mensageiro de Capricórnio, cuja força tem relação com o princípio e o fim da manifestação:
Estudando o Plano de Deus compreendemos que a forma deve ser usada somente para desenvolvimento da consciência e poder da chispa de vida interna. Capricórnio reflete-se em nossos Corpos Densos nos joelhos, funcionando como acomodações para o movimento, adaptável tanto mental como fisicamente.
Precisamos compreender a importância dos nossos Corpos, servos do Ego, que requer persistente concentração para o cumprimento do Plano de Deus. Assim procedendo superaremos o “eu inferior”.
UNGES A MINHA CABEÇA COM ÓLEO, O MEU CÁLICE TRANSBORDA – Em Aquário temos uma visão da Forma Divina em operação através das 12 Hierarquias Criadoras e Espíritos Planetários do nosso Sistema Solar. Operam como intermediários de Deus, como Fonte e Centro de toda a Vida, em “quem vivemos, nos movemos e temos nosso ser.” (At 17:28). Cada um tem uma parte de responsabilidade no desenvolvimento do Plano Divino, alcançando a unidade na diversidade, antes que possamos merecer a primogenitura como filhos de Deus.
Estamos no ponto mais crítico de nossa evolução, donos de uma vontade livre, de Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos fortemente desenvolvidos. Por meio dos Anjos, que é a Hierarquia de Aquário, fluem correntes do Amor Divino provendo nossas necessidades. As leis Cósmicas podem tornar-se conhecidas por intermédio de Saturno e de Urano, esse impulsionando-nos a investigar os segredos da Natureza e, também, nos levando à originalidade, estimulando o crescimento espiritual e individual.
Saturno, assistindo-nos, possibilita a coordenação dessas conclusões e de pô-las em prática. Se se tornam rígidas, Urano quebra-as. Saturno clama por justiça, ordem, dever e senso de responsabilidade. Por intermédio de associações, empenhados em esforços cooperativos, ascendemos pela influência de Urano ao altruísmo e, dessa forma, preparamo-nos para a Era de Aquário.
Necessitamos aprender a trabalhar em conjunto para um bem comum, desenvolvendo todos nossos poderes ao máximo, tal como fazem as células em nosso organismo físico (a unidade na diversidade). A coordenação dos movimentos está relacionada – em Aquário – com os tornozelos em nossos Corpos Densos.
Quando essa coordenação é usada na movimentação para frente, no sentido evolutivo, realmente podemos dizer: “Tu unges minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.”.
CERTAMENTE QUE A BONDADE E A MISERICÓRDIA ME SEGUIRÃO TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA E HABITAREI NA CASA DO SENHOR PARA SEMPRE – O Signo de Peixes revela, por intermédio das profundezas do misticismo, as sombras dolorosas que atraímos sobre nós em virtude do nosso rompimento com nossos guardiães espirituais, ao assumir a responsabilidade dos nossos atos. A Lei de Causa e Efeito se torna necessária porque frustramos a Lei Cósmica. Ao tomar conhecimento da conexão entre semear e colher, Peixes se torna o portão luminoso da libertação. O Dia da Libertação depende de nós. Podemos reclamar nossos direitos de primogenitura como filhos de Deus e enveredar pelo reto Caminho. Se assim fizermos, devemos passar pelo Tabernáculo no Deserto e, por meio da Iniciação, encontrar a Verdade que nos tornará livres.
Em relação ao Corpo Denso, os pés se relacionam com o Signo de Peixes representando a base que suporta todo o Corpo Denso. Assim, a influência de Peixes é o fundamento sobre o qual repousa nossa vida espiritual. É por meio da libertação que vem a compreensão, e certamente a bondade e a misericórdia nos seguirão todos os dias de nossas vidas e habitaremos na “casa do Senhor” para sempre.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – abril/1973 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta:
“Oh, que poder teríamos,
se nós nos víssemos como os outros nos veem”.
Assim cantou Robert Burns[1] e, sem dúvida, estava certamente correto ao presumir que nenhum de nós pode se ver como realmente nós somos. O autor não sabia que há um elemento sombrio e uma nota de caráter sombrio ou deprimente pairando sobre seus escritos, mas talvez essa observação tenha sido oportuna, embora seria errado tirar a conclusão de que não emoção evocada pelo bem-estar, nem por ser bem-sucedido e nem tão pouca felicidade na vida mais elevada. Há uma emoção evocada pelo bem-estar, e por ser bem-sucedido e uma felicidade que não podem ser expressas em palavras, no privilégio de nos ser permitido auxiliar os milhares de pessoas que vêm a nós em busca de ajuda, de orientação ou de conforto espiritual.
Entretanto, embora nós percebamos a necessidade e o benefício final que resultarão da grande operação cirúrgica que o mundo está atravessando atualmente[2], teríamos que ser “super-homens” para não nos curvarmos com a angústia profunda, a tristeza e o arrependimento à vista dessas centenas de milhares, mais ainda, de milhões de pessoas que estão sofrendo diariamente. Três anos e meio de trabalho com os feridos, agonizantes e os chamados mortos, não conseguiram nos fazer mais insensíveis do que o éramos na primeira noite em que nós estávamos emocionalmente quase fora de controle diante da cruel carnificina. Esforçamo-nos para não transferir as experiências da noite para o dia, pois isso nos tornaria inaptos para o trabalho que temos que realizar aqui, mas talvez seria excessivo esperar que essa vivência não se estamparia, de algum modo, em nossa vida quando no estado de vigília.
Isso pode ser um ponto muito bom a ser considerado por aqueles Estudantes Rosacruzes que estão excessivamente desejosos de obter a consciência nos Mundos espirituais. Diríamos a eles que os invejamos e trocaríamos de lugar com eles de bom grado, a fim de nos livrar das visões muito angustiantes, tristes e carregadas de arrependimentos que o dever e o amor por nossos semelhantes nos impelem a testemunhar todas as noites, embora, naturalmente, não seja a visão de cavalos selvagens que nos afastariam dos soldados que sofrem, ou de seus parentes enlutados. Não abriríamos mão, por nada, do privilégio de ajudar nossos semelhantes, mas gostaríamos de estar inconscientes do nosso trabalho ao retornarmos ao Corpo Denso. Desse modo, seríamos bem mais felizes e, provavelmente, concordaríamos em infundir felicidade em nossos escritos.
Nossa Personalidade sempre seria mantida em um segundo plano, mas se os Estudantes Rosacruzes levarem isso a sério, talvez a resposta a essa pergunta possa servir a um bom propósito.
(Pergunta nº 132 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
[1] N.T.: Robert Burns, também conhecido como Robbie Burns e O Bardo de Ayrshire (1759-1796), foi um poeta escocês. Amplamente considerado o poeta nacional da Escócia, os trabalhos de Burns estão entre os primeiros escritos em língua escocesa, embora tenha também escrito em dialeto escocês (uma forma mais leve de escocês, mais suscetível de ser compreendida por anglófonos) e em língua inglesa. Burns escreveu poemas que prefiguram o romantismo e comédia, e, cheias de simplicidade e espontaneidade, suas poesias tinham como temas principais sua aldeia, a natureza e seus amores.
[2] N.T.: O autor se refere à Primeira Guerra Mundial, que estava ocorrendo naqueles tempos.
Muitas vezes expressamos nosso apreço pela “ciência do nascimento”, com seus métodos eficientes que ajudam tanto a mãe quanto a criança, quando ela está entrando em nossa vida terrena; mas, também deploramos sinceramente a falta de uma “ciência da morte”, que ensinaria as pessoas a como ajudar, de forma inteligente, a alma que está passando da vida terrena para os reinos invisíveis da natureza. Em tais momentos, geralmente, ficamos impotentes e muitas vezes fazemos, em nossa ignorância, coisas que são prejudiciais ao conforto do espírito então em transição. Se as pessoas pudessem saber como seus gemidos e explosões histéricas afetam seus entes queridos que partem, provavelmente considerações altruístas mudariam sua atitude e acalmariam seus modos. No que diz respeito ao Corpo Denso, ele não está realmente morto até cerca de três dias e meio após o Ego ter saído dele, pois o Cordão Prateado ainda o conecta aos veículos superiores e, por exemplo, uma autopsia, um embalsamamento ou uma cremação pode ser sentida pelo Ego quase tão intensamente como se ainda estivesse dentro do Corpo Denso. Esses são fatos bem conhecidos de todos os estudiosos da Filosofia Rosacruz, mas talvez não tenha recebido a ênfase que merece — nossa atitude depois desse tempo continua a afetar o Ego, pois nossos amigos não costumam deixar seus lugares habituais imediatamente após a morte do Corpo Denso.
Muitos ficam dentro da casa ou perto dela por vários meses depois de deixarem o Corpo Denso e podem sentir as condições aí ainda mais intensamente do que quando estavam na vida terrena. Se suspiramos, lamentamos e choramos por eles, transferimos para eles a tristeza que nós mesmos carregamos conosco, ou então os amarramos ao lar no seu esforço de nos animar. Em ambos os casos, somos um obstáculo e uma pedra de tropeço no caminho do seu progresso espiritual; embora isso possa ser perdoado àqueles que ignoram os fatos relativos à vida e à morte, as pessoas que estudaram a Filosofia Rosacruz ou ensinamentos afins estão incorrendo em gravíssima responsabilidade quando se entregam a tais práticas. Sabemos bem que o costume exigisse o uso de luto e que as pessoas não fossem consideradas respeitáveis, se não vestissem um traje de zibelina como sinal de sua tristeza. Mas, felizmente, os tempos estão mudando e uma visão mais esclarecida está sendo tomada sobre o assunto. A transição para o outro mundo é bastante séria em si mesma, envolvendo um processo de ajuste a condições estranhas ao redor e o Ego que passa é ainda mais prejudicado pela tristeza e angústia dos entes queridos que continua a ver ao seu redor, quando os encontra cercados por uma nuvem de escuridão negra, vestidos com roupas da mesma cor e nutrindo sua tristeza por meses ou anos; o efeito só pode ser deprimente.
Quão melhor é a atitude daqueles que aprenderam os Ensinamentos Rosacruzes e os levaram a sério. Nesses casos, quando um ente querido faz a transição, sua atitude é alegre, prestativa, esperançosa e encorajadora. A dor egoísta pela perda é suprimida para que o Ego que passa receba todo o encorajamento possível. Normalmente, os sobreviventes da família se vestem de branco no funeral e um espírito alegre e genial prevalece por toda parte. O pensamento dos sobreviventes não é: “O que devo fazer agora que o perdi? O mundo parece vazio para mim”. Mas o pensamento correto é: “Espero que ele possa se encontrar bem nas novas condições o mais rápido possível; que ele não se aflija com a ideia de nos deixar para trás”. Assim, pela boa vontade, inteligência, pelo altruísmo e amor dos amigos que continuam aqui, o Ego que passa é habilitado a entrar nas novas condições em circunstâncias muito mais favoráveis, e os Estudantes Rosacruzes não podem fazer melhor do que difundir esse ensinamento como amplamente possível. De acordo com a Bíblia, os perdoados pelo Senhor finalmente vencerão o último inimigo, a morte, e então exclamarão: “Ó, Morte, onde está o teu aguilhão? Ó, Túmulo, onde está a tua vitória?”. Para aqueles que desenvolveram a visão espiritual é claro que a morte não existe, mas mesmo aqueles que estudaram os Ensinamentos Rosacruzes podem, em certa medida, ter alcançado essa grande vitória.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio/1917 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
A música é, na saúde, a mestra da perfeita ordem, a voz da obediência dos Anjos, a companheira do curso das esferas celestes; na depravação, é também a mestra da perfeita desordem e desobediência
Ruskin
Na música, entre a melodia e o ritmo, encontramos a harmonia, que pode ou se elevar e se misturar com a vibração do pensamento puro, melodia, ou descer se misturando com o movimento puro da atividade impulso. Se o puro elemento melódico na música, que carrega a vibração da vontade de Deus e do Espírito, for omitido em uma composição, então, o poder diretor não estará lá para controlar as atividades do Corpo de Desejos e do Corpo Denso e, então, os desejos se revelam em excitação e, estando sem o poder controlador da razão, o resultado será, provavelmente, um desastre. É a probabilidade da harmonia se misturando com o impulso que explica a razão pela qual é possível para a chamada música moderna, que tende a trazer confusão ao invés de coerência unificante, poder se tornar realidade.
Antes da 1ª Guerra Mundial, as condições psíquicas do ser humano eram tão malignas, e suas emoções tão inconscientemente excitadas e a um nível tão alto, que foram compelidas a encontrar uma saída e se exteriorizar em ação, mas de alguma forma intensificada. Como os Espíritos de Lúcifer se regozijam e crescem por meio da intensidade de sentimentos, foi essa a sua oportunidade de penetrar e insinuar na consciência humana uma forma intensificada de atividade rítmica. A guerra chegou. As emoções se elevaram ainda mais e condições desconcertantes introduziram ritmos de música baseadas em reclamações, prantos e lamentos; tudo agitando febrilmente. A tendência descendente estava agora em plena liberdade de ação, e apareceram ritmos de música afoitamente fantástico e delirantemente grotesco. E segui-se outros estilos de música baseados em toda atordoante e maníaca histeria de massa, e isso arrebatou várias partes do mundo. Desde então, barulhentos ruídos, mais ou menos demoníacos, têm, gradualmente, tomado o lugar da música celestial, e os nervos das vítimas, desgastados e estimulados, devido a esses barulhos cruciantes, rapidamente se rompem, causando uma variedade de formas sem esperanças de demência.
Agora, a menos que alguma força seja acionada em uma ação que, literalmente force as massas a um estado de espírito de mais tranquilidade e reflexão, certamente condições ainda piores prevalecerão. Se isso não puder ser feito, ou for considerado desaconselhável pelos grandes Seres que estão dirigindo a evolução da humanidade, então, alguma forma de salvação terá que ser providenciada para os que a merecem. E os restantes serão simplesmente eliminados por uma tremenda conflagração cósmica de algum tipo, em data mais adiante – possivelmente em um outro Dia de Manifestação, e a estes desafortunados serão dados oportunidades para recuperar suas perdas.
Enfrentando tais fatos tremendamente aterrorizantes, em que direção o ser humano deverá procurar o remédio e o mais rapidamente possível? É possível procurar e encontrar no passado ou no futuro, podendo encontrar uma pista que, quando aplicada, salvará a situação.
A história sempre se repete. O continente lemuriano foi destruída por cataclismos vulcânicos, quando uma parcela de seu povo deixou de progredir. A Atlântida foi destruída pela água quando seu povo mergulhou de tal forma no mal, que se tornou insensível para receber às instruções que lhe foram dadas por seus líderes sábios. A Época Ária se ergueu do grande abismo, e outra oportunidade foi dada à humanidade para continuar com sua evolução. Agora, o ser humano, novamente se vê escorregando perigosamente próximo ao final de uma descida. Pitágoras, considerado um dos maiores videntes, dizia a seus alunos que a lira era o símbolo secreto da estrutura humana – que o Corpo Denso representava a forma física, as cordas, os nervos e o músico que a reproduziu, representavam o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado. “Tocando em seus nervos”, ele dizia, “o Espírito criou uma função harmoniosa e normal que, porém, a qualquer momento, pode ser facilmente modificada para a dissonância, se a natureza do ser humano se tornar corrompida”. Nota‑se aqui o aviso oculto.
Novamente, Platão, um grande filósofo grego e estudante dos Mistérios, desaprovou a ideia de que a música se destinava unicamente a criar emoções alegres e agradáveis, contudo sustentou que ela deveria inculcar o amor por tudo que é nobre, e uma aversão por tudo que é mesquinho, degradante e baixo, e que nada poderia influenciar mais fortemente o íntimo do ser humano do que a melodia e o ritmo. Estava tão firmemente convencido desse fato, que não concordou com a introdução de uma nova e presumivelmente enervante escala musical, pois acreditava que ela iria pôr em perigo o futuro de toda uma nação; que não era possível alterar uma única nota, sem abalar os próprios alicerces do Estado.
Mais tarde, Platão afirmou que a música que enobrece a Mente (melodia) é de uma categoria mais elevada do que aquela que simplesmente apela para os sentidos. Insistiu, energicamente, que era dever supremo da Legislatura suprimir toda música de caráter lascivo, e encorajar somente a que fosse pura e dignificante. O máximo cuidado deveria ser tomado na seleção de toda música instrumental, porque a ausência de palavras poderia tornar seu significado duvidoso, tornando difícil prever se ela exerceria uma influência benéfica ou prejudicial sobre as pessoas; o gosto popular, sempre sendo estimulado para a parte sensual e, aparentemente atraente, mas tendo na realidade nenhum valor ou integridade (barulhento), devia ser tratado com o merecido desprezo. Temos aqui a resposta para a maneira sensível de mudar as condições indesejáveis: substituir as práticas do mal, às quais produzem resultados mais ou menos calamitosos, por atividades positivas, de vibrações elevadas, que levem maiores benefícios para um maior número de pessoas.
Evitando músicas aderentes aos Espíritos de Lúcifer (que se regozijam e crescem por meio da intensidade de sentimentos), penetrando e insinuando na consciência humana uma forma intensificada de atividade rítmica, músicas que elevam emoções ainda mais e condições desconcertantes (reclamações, prantos e lamentos; tudo agitando febrilmente), música que promovem a toda atordoante e maníaca histeria de massa e outros sons, nada da verdadeira música seria perdida. Em seu apelo para os desejos sensuais e sentimentais, por meio de uma variedade excessiva das denominadas combinações harmônicas, de sucessões dissonantes de intervalos entre notas, provenientes da complexidade da música moderna e seus acordes perturbadores, nenhum elemento novo foi realmente introduzido, mas simplesmente uma confusão e um excesso de elaboração dos elementos antigos. No elemento musical rítmico, super-enfatizado, encontrado em certos tipos da chamada música popular, a verdadeira experiência musical não pode descer, por meio da harmonia, para uma atividade de movimento artístico, mas é forçada a baixar para rotações físicas ao extremo.
As três divisões primárias da música – melodia, harmonia e ritmo – estão correlacionadas aos três poderes primários de Deus: Vontade, Sabedoria e Atividade. A Vontade, que inclui intelecto e razão, unida ao Sabedoria, produz um modo de Atividade correlacionado ao equilibrado, balanceado ritmo (atividade) celestial de Deus, que ordenou os átomos de nosso Sistema Solar, na matriz das várias formas preparadas para elas pelos poderes da energia de amor do Criador.
Separando‑se a Vontade (melodia) do Sabedoria (harmonia), e se unindo a Sabedoria com a Atividade (ritmo), e os dois, sendo privados do poder dirigente da Vontade (intelecto e razão), podem produzir qualquer tipo de monstruosidade que as forças do mal podem desejar formar. Descontroladas, suas atividades maléficas certamente poderão destruir, com o tempo, uma nação.
Nenhuma tentativa de revolucionar a arte da música pode produzir resultados desejados, a menos que comece com o princípio artístico de coerência, e com um equilíbrio correto dos três elementos dos quais a música é composta: melodia, harmonia e ritmo.
(leia mais no Livro A Escala Musical e o Esquema de Evolução – Fraternidade Rosacruz)
“Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque se vivemos, para a Senhor vivemos, e se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morremos, somos do Senhor, porque para isto também morreu Cristo, e ressuscitou, e tornou a viver; para ser Senhor, tanto dos mortos como dos vivos.” (Rm 14:7-9).
De todas as verdades que recebemos dos Ensinamentos Rosacruzes, a mais importante e essencial para o nosso progresso é aquela que enuncia “a fundamental unidade de cada um com todos”. Quanto mais rápida e completamente possamos aprender essa verdade fundamental, tanto mais brevemente transcenderemos a guerra e os males, nos integrando no rumo ascensional da evolução.
A Filosofia Rosacruz nos ensina que o Universo, e tudo o que nele se encontra, funciona de acordo com um modelo divino, baseado em leis imutáveis, as Leis de Deus. No início de nossa grande peregrinação setenária interna e externamente na matéria, nosso Deus Solar diferenciou dentro de si uma hoste de Espíritos Virginais, possuindo cada um deles a consciência total e dotado potencialmente de todos os poderes de seu Criador, que as enviou a materialidade, manifestados como Egos humanos.
Esses Espíritos, no curso de sua longa peregrinação, adquiriram veículos individuais de crescente densidade, que lhes deram a ilusão de separatividade. Além disso, a fim de ajudá-Los a levar a carga humana, as Hierarquias Criadoras os separaram em Raças e lhes deram Religiões peculiares, adaptadas as necessidades desses Egos humanos, agora já enclausurados em um Tríplice Corpo e em uma Mente. Contudo, o egoísmo neles suscitado pelos Espíritos Lucíferos originou excessiva cristalização em seus corpos rácicos, de tal modo que, com o tempo, a maioria dos Egos humanos estava a ponto de retroceder e se perder nesse Esquema de Evolução.
Com intuito de evitar um atraso desastroso na evolução dos Egos humanos, Cristo – o mais elevado dos Arcanjos –, o poderoso Espírito Solar, uma emanação do Princípio do Cristo Cósmico e incorporação do poder do Amor-Sabedoria – o segundo aspecto de Deus –, voluntariamente veio a Terra e nela viveu pelo espaço de três anos e meio nos Corpos Denso e Vital (já que como Arcanjo, o Cristo tem como Corpo mais inferior o Corpo de Desejos) de um homem – chamado Jesus – que era um alto iniciado da Onda de Vida humana – composta dos Egos humanos. Jesus foi especialmente preparado para desempenhar a parte dele nesse importante drama cósmico. Com isso Cristo, pode se manifestar como “um homem entre os homens”, e possuindo uma cadeia de veículos desde um Corpo Denso até um Corpo formado de material do Mundo de Deus. Na crucificação, o Espírito de Cristo deixou os Corpos de Jesus e por meio do sangue dele entrou na Terra, tornando- se a Espírito Interno do nosso Planeta, o Regente Planetário. Desde então irradia, com intensidade crescente, poderosíssimas vibrações através da Terra, que é a Sua vida, a Sua luz e o Seu amor.
Cristo representa o princípio Unificante que se difunde no Universo – o Segundo Aspecto Macrocósmico do Deus de nosso Sistema Solar, bem como do microcósmico, no ser humano. A vinda desse Poder a Terra trouxe um ímpeto definido à nós, no sentido de nos livrar das cadeias da Raça, do credo e do sexo. Deu-nos, igualmente, a possibilidade para compreender o princípio da unidade de cada um com todos, de modo a pô-lo em prática, na conquista de uma verdadeira fraternidade humana.
Realmente não podemos fugir a realidade de que todos nós, quer nos planos invisíveis, quer no plano visível, estamos unidos por intangíveis e indissolúveis laços do Espírito, tão reais como as que unem a Luz com o Sol de onde veio.
Desse modo, tudo a que nós, como indivíduos, possamos pensar, sentir, dizer ou fazer afeta não somente a nós mesmos como também aos nossos semelhantes, tanto os remotamente distantes com os que estão próximos de nós.
Ainda que o tentássemos por todos os meios não podemos viver apenas como indivíduos ou famílias ou comunidades ou nações separados, porque realmente vivemos num mundo só, que compenetra tudo. Funcionando em nossos veículos, nesse Mundo material, vivemos nesse Mundo; deixando esses veículos, pela morte, entramos nos reinos suprafísicos – nos Mundos suprafísicos ou Mundos invisíveis aos olhos físicos –, mas continuamos fazendo parte do nosso Criador e estamos sob Sua guarda.
“Para onde me irei de teu Espírito ou para onde fugirei de Tua face? Se subir aos céus aí estás; se fizer no Sheol a minha cama, eis aí também estás; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e tua destra me sustentará.” (Sl 139:7-10).
“O Senhor é meu pastor; não me faltarás. Em verdes pastagens, guia-me mansamente a águas tranquilas, refrigera minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor de Seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo.” (Sl 23:1-4).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: No presente estágio da nossa evolução, a maior parte da humanidade está conectada aos seus corpos durante a vida terrena. Essas pessoas são colocadas em um ambiente restrito e limitado onde certas lições podem ser aprendidas somente nesses tipos de ambiente e, também, podem ser mais bem assimiladas que em qualquer outro ambiente em que fossem colocadas. Mas chega um momento em que o ser humano desenvolveu tão suficientemente o seu conhecimento, que o faz merecedor de um campo maior para suas atividades. Então, o corpo se torna um estorvo e uma prisão que, às vezes, é necessário deixá-lo e, sendo assim, os Irmãos Maiores o ensina a se libertar e a deixar, por conta própria e por livre e espontânea vontade, então o que se tornou um enredamento. E como os Irmãos Maiores foram ajudados, no passado, por seres mais avançados de outros Planetas, agora se tornaram capazes de ensinar os menos evoluídos da humanidade.
O objetivo de deixar o corpo é obter um conhecimento mais amplo. Mas, esse conhecimento é, em si, apenas um meio para obter um fim, ou seja, para ajudar os demais a progredirem. Assim, aqueles que são capazes de deixar seus corpos são conhecidos como Auxiliares Invisíveis. O trabalho deles é ajudar tanto os que chamamos de vivos quanto os que chamamos de mortos, de acordo com a habilidade de cada um deles.
(Pergunta nº 137 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: De um modo geral, podemos dizer que a humanidade, atualmente, está dividida em duas classes: aquelas em que a conexão entre o Corpo Vital e o Corpo Denso está bem forte, e a outra classe em que a conexão está mais frouxa. Na primeira classe está a pessoa comum, que está engajada em atividades materiais e completamente sem nenhum contato com os Mundos espirituais. Na segunda classe estão os assim chamados sensitivos e, novamente, está dividida em duas classes. Uma classe que é positiva e está motivada pela vontade interna. Dessa classe se origina o Clarividente Voluntário treinado e o Auxiliar Invisível. A outra classe é negativa e está sujeita à vontade dos outros. Dessa classe os médiuns são recrutados.
Quando a conexão entre o Corpo Vital e o Corpo Denso de um indivíduo é um tanto frouxa, ele será sensível às vibrações espirituais e, se escolher se desenvolver pelo lado positivo ou voluntário, ele desenvolverá por sua própria vontade as faculdades espirituais, viverá uma vida espiritual e, com o tempo, receberá os ensinamentos necessários para se tornar um Clarividente Voluntário treinado e o dono da sua faculdade para exercê-la livremente quando ele quiser e precisar, em todo e qualquer momento.
Se uma pessoa tem essa leve frouxidão entre os Corpos Vital e Denso, e se escolher se desenvolver pelo lado negativo ou involuntário, ela está sujeita a se tornar presa de espíritos desencarnados[1], como um médium.
Quando a conexão entre o Corpo Vital e o Corpo Denso é muito frouxa, de modo que pode ser removida facilmente, e o indivíduo escolhe se desenvolver pelo lado positivo ou voluntário, ele pode se tornar um Auxiliar Invisível, capaz de retirar os dois Éteres superiores[2] de seu Corpo Vital à vontade e usá-los como um veículo de percepção sensorial e de memória. Ele pode, então, funcionar conscientemente nos Mundos espirituais e recordar de manhã de tudo o que ele fez por lá, de modo que, por exemplo, quando deixa seu Corpo Denso à noite, ele retoma a vida nos Mundos invisíveis de maneira totalmente consciente, como o fazemos aqui, quando acordamos de manhã após uma noite de sono e realizamos nossas várias atribuições no Mundo visível.
Quando uma pessoa possui essa conexão frouxa entre o Corpo Vital e o Corpo Denso e escolhe se desenvolver pelo lado negativo ou involuntário, os espíritos que estão presos à Terra e procuram se manifestar por aqui, podem retirar parte do Corpo Vital da pessoa, por meio do baço, e usar temporariamente os Éteres inferiores[3] desse Corpo para materializar formas espirituais, devolvendo os Éteres ao médium após terminada a sessão de manifestação.
(Pergunta nº 129 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: também chamados de Espíritos apegados à Terra, normalmente irmãos ou irmãs que morrem durante uma discussão, uma briga ou com um sentimento de raiva e vingança, ou ainda, muito apegado aos “seus” bens materiais.
[2] N.T.: Éter Luminoso ou de Luz e Éter Refletor.
[3] N.T.: Éter Químico e Éter de Vida.