Arquivo de categoria Estudos Bíblicos Rosacruzes: Novo Testamento

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia e a Páscoa

A Páscoa é sempre calculada da mesma forma[1], conforme é requerida pela tradição oculta, para apropriadamente simbolizar a significância cósmica do evento, e a esse respeito, ambos o Sol e a Lua são fatores necessários, já que a Páscoa não é, meramente, um festival solar. Não é somente a passagem do Sol pela linha do Equador, como ocorre todos os anos no Equinócio de Março que conta aqui, mas a Lua Cheia deve ter ocorrido após o Equinócio de Março. Então, o próximo domingo será a Páscoa, o dia da Ressurreição.

A luz do Sol de março deve ser refletida pela Lua Cheia, antes que o dia amanheça na Terra, e nisso há um profundo significado sobre esse método de determinar a Páscoa, como foi dito acima; e esse é o significado oculto: a humanidade não estava suficientemente evoluída para receber a Religião do Sol, a Religião Cristã de Fraternidade Universal, até que essa mesma humanidade fosse, completamente, preparada por meio das Religiões da Lua, as quais segregam e separam a humanidade em grupos, nações e raças. Isso tudo é simbolizado pela elevação anual do Espírito do Sol na Páscoa que vai sendo adiado até que a Lua Jeovística tenha trazido de volta e completamente refletido a luz do Sol da Páscoa.

Todos os fundadores das Religiões de Raça: Hermes, Buda, Moisés, etc. foram Iniciados nos Mistérios Jeovísticos. Eles eram Filhos de Seth. Nessas Iniciações eles se tornaram repletos de alma pelos seus respectivos Espíritos de Raça, e de cada um desses Espíritos de Raça falando através da boca de tais Iniciados forneceu as Leis ao seu povo, como por exemplo: o Decálogo de Moisés, as Leis de Manu, as verdades nobres de Buda, etc. Essas Leis manifestaram o pecado, porque o povo não as cumpria e não poderia guardá-las naquele estágio de evolução. Como consequência, esses povos produziram uma quantidade de Dívidas de Destino. O Iniciado e humano fundador da Religião de Raça tinha tomado para si mesmo essas Dívidas de Destino coletivo e, por isso, ele tinha que renascer de tempos em tempos para ajudar seu povo. Então Buda renasceu como Shankaracharya e teve outros inúmeros renascimentos. Moisés renasceu como Elias e, depois, como João Batista, mas Cristo, por outro lado, não precisou nascer, nem mesmo a primeira vez. Ele fez isso por Sua livre vontade para ajudar a humanidade, para revogar a lei, que traz o pecado, e emancipar a humanidade da Lei do pecado e da morte.

As Religiões de Raça do Deus lunar, Jeová, transmitem a vontade de Deus para a humanidade de um modo indireto por meio de videntes e profetas que foram instrumentos imperfeitos, assim como os raios lunares refletem a luz do Sol.

A missão dessas Religiões foi preparar a humanidade para a Religião universal do Espírito Solar, Cristo, que se manifestou entre nós sem um intermediário, como a luz que vem diretamente do Sol e “nós vimos Sua glória como o único primogênito do Pai[2], quando Ele ensinou o Evangelho do amor. A Religião Cristã não fornece Leis, mas prega o amor como um complemento da Lei. Portanto, nenhuma Dívida de Destino é gerada sob ela, e Cristo – que de antemão não tinha a necessidade de nascer – não será levado ao renascimento sob a Lei de Consequência, como foram os fundadores das Religiões de Raça lunares, que devem suportar, de tempos em tempos, os pecados de seus seguidores. Quando Ele aparecer será em um Corpo formado dos dois Éteres Superiores: o de Luz e o Refletor, o Dourado Manto Nupcial ou Corpo-Alma, chamado de Soma Psuchicon, por São Paulo que era muito enfático em sua asserção quando disse: “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus[3]. Ele afirma que nós devemos nos transformar e ser como Cristo, e se nós não podemos entrar no Reino em um corpo carnal, seria absurdo supor que o Rei da Glória usaria tal vestimenta, pesada e grosseira.

(retirado dos escritos de Max Heindel, Publicada na Revista Rays from the Rose Cross, de Março de 1978 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: (Ref.: Inst. Inf. UFRS) Para calcular o dia da Páscoa (Domingo), usa-se a fórmula abaixo (Fórmula de Gauss em 1750), onde o ANO deve ser introduzido com 4 dígitos. O Operador MOD é o resto da divisão. A fórmula vale para anos entre 1901 e 2099. A fórmula pode ser estendida para outros anos, alterando X e Y conforme a tabela a seguir (criada por Gauss até 1999 e estendida pelo autor até 2299):

faixa de anosXY
15821599222
16001699222
17001799233
18001899244
19002019245
20202099245
21002199246
22002299257

Para anos entre 1901 e 2099:
X=24
Y=5
a = ANO MOD 19
b= ANO MOD 4
c = ANO MOD 7
d = (19 * a + X) MOD 30
e = (2 * b + 4 * c + 6 * d + Y) MOD 7

Se (d + e) > 9 então DIA = (d + e – 9) e MES = Abril
senão DIA = (d + e + 22) e MES = Março

Há dois casos particulares que ocorrem duas vezes por século:

  • Quando o domingo de Páscoa cair em Abril e o dia for 26, corrige-se para uma semana antes, ou seja, vai para dia 19;
  • Quando o domingo de Páscoa cair em Abril e o dia for 25 e o termo “d” for igual a 28, simultaneamente com “a” maior que 10, então o dia é corrigido para 18.

Neste século estes dois casos particulares só acontecerão em 2049 e 2076.

[2] N.T.: Jo 1:14

[3] N.T.: ICor 15; 50

[1] N.T.: Jo 1:14

[2] N.T.: ICor 15; 50

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A Páscoa e a Unidade com Deus

Definimos como unidade o estado de formar uma coisa só, de estar em completa concordância e harmonia. A unidade pode ser mais bem definida como total integração.

Por causa de sua proficiência em três Exercícios Esotéricos Rosacruzes, ou três estados da Mente, Max Heindel obteve conhecimentos extraordinários e de primeira mão sobre o que realmente é a unidade. Os três estados da Mente são: a Concentração – sendo a Mente focalizada num só objeto, como através de uma lente, até que, em certo tempo, o objeto chega a ser um pensamento-forma vivo; a Meditação – precedida pela Concentração, permite a retrocessão até a origem do pensamento-forma; e a Imaginação que trabalha, dessa forma, sobre o resultado da Meditação.

A Concentração e a Meditação têm a ver, geralmente, com objetos, ou coisas externas. Após bastante prática, se atinge um grau de proficiência e estaremos então prontos a partir para o Exercício Esotérico da Contemplação, no qual a “alma vivente” do objeto nos fala. Na contemplação não há nosso esforço para “conseguir” como o caso dos dois Exercícios Esotéricos acima mencionados, e sim, a vida compreendida no objeto se nos manifesta.

Estudamos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” que o investigador bastante hábil no Exercício Esotérico da Contemplação fica consciente “do fato supremo de que só há uma Vida – a Vida Universal de Deus – em quem de fato e mui realmente, vivemos e temos o nosso ser”; o mineral, a planta, o animal e o ser humano, sem exceção, são manifestações de Deus.

A afirmação “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser (existimos)” aparece na Bíblia, no Livro Atos dos Apóstolos 17:28 onde o Apóstolo São Paulo argumentava com os “homens” de Atenas que gostavam demais de discutir filosofia.

Acharam a doutrina de São Paulo estranha e o chamaram de “pregador de deuses estranhos”, “homem de muitas palavras”, escarnecendo aquele que os queria ajudar “E enquanto São Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue a idolatria” (At 17:16).

São Paulo defendeu sua posição sem vacilar, proferindo esse maravilhoso discurso sobre a unidade: “Deus, que fez o mundo, sendo Senhor do Céu e da Terra, não habita em templos feitos por mãos de homens, dando ao homem de Sua vida, já que n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.” (At 17:24-31).

A ideia da unidade com Deus não era tão estranha aos “homens de Atenas”, pois no século VI A.C. o profeta de Creta, Epimenides já havia dito: “n’Ele vivemos, nos movemos e existimos”. Vemos por aqui que a ideia era comum na doutrina dos Cristãos Primitivos, na antiga filosofia grega, cretense, etc.

A Filosofia Rosacruz nos propicia, porém, uma interpretação científica e clara dessa unidade. Sabemos do grande Ser que conhecemos como Cristo, que vem até nós provindo do Mundo do Espírito de Vida, e nos traz essa maravilhosa influência unificadora de planos extremamente elevados.

Antes de Cristo, não estávamos bastante adiantados para seguir a Sua voz interna, necessitando da orientação dos Espíritos de Raça, que nos conduzia a partir do nosso exterior.

Tínhamos, naqueles longínquos tempos, pouquíssimo controle sobre os nossos desejos. Assim, devemos, sem dúvida alguma, muita gratidão aos Espíritos de Raça pelo seu trabalho dedicado. Porém, tal influência é separatista, resultando em conflitos, guerras e contendas infinitas e pouco “humanas” entre nações, tribos e indivíduos. Pelo visto, muitos de nós nos encontramos, ainda hoje, de baixo da direção dos Espíritos de Raça.

Antes do advento de Cristo, as influências espirituais, que nos vinham do Sol, só nos atingiam indiretamente, via a Lua, através de Jeová e dos seus Espíritos de Raça.

O mais avançado membro da família humana, Jesus de Nazaré, preparou seus veículos inferiores (Corpo Denso e Corpo Vital) para ficar à disposição do Cristo, na Sua missão terrestre, ensejando-se um primeiro impulso espiritual direto à Onda de Vida humana. O Cristo tomou posse dos Corpos Denso e Vital de Jesus no Batismo (com total consentimento de Jesus) e, durante poucos anos ensinou, curou e, pela sua própria presença literalmente, elevou a humanidade.

Na Páscoa, morrendo na Cruz, o sangue de Cristo-Jesus conduziu o próprio Espírito de Cristo para o interior da Terra. Durante o evento, como todos sabem, a luz era tão intensa que, temporariamente, cegou a humanidade, como cegou São Paulo no caminho de Damasco, promovendo uma grande purificação do Corpo de Desejos do Planeta Terra (o Mundo do Desejo). Como resultado desse grande sacrifício, na Páscoa, o Cristo passou a ser o Espírito Planetário da Terra, trabalhando diretamente com os seres humanos. Esse trabalho de dentro para fora, cujo propósito é a unificação, liberta o ser humano, a tribo e a nação da influência separatista e ainda egoísta dos Espíritos de Raça, que até agora tanto nos ajudaram para lograrmos o desenvolvimento material de hoje.

O trabalho do Cristo, porém, realiza-se em ciclos contínuos de descida ao centro da Terra, do Natal até a Páscoa, e Ascensão para os Mundos superiores nos quais Ele renova Sua força, com a qual deverá rejuvenescer e descristalizar a Terra e todas as Ondas de Vida que aqui habitam. Esse sacrifício continuará ano após ano, até a humanidade ficar liberta das forças tendentes a dividi-las. Quando isto acontecer, seremos guiados pelo Cristo Interno e estaremos formando, através de vidas de serviço e pureza, os nossos Dourados Mantos Nupciais, compostos dos dois Éteres Superiores, o Corpo-Alma

Quando, finalmente, um suficiente número de membros da Onda de Vida humana tenha se purificado ao ponto de poder levitar a Terra, nós O encontraremos nos Éteres. Ali habitaremos conscientes da unidade com o Espírito Divino, que interpenetra não somente o nosso Sistema Solar, mas também o espaço interestelar e muitos outros Sistemas Solares.

O museu astronômico de Mount Wilson, em Los Angeles, California, EUA parece-se com uma igreja. E é isso mesmo que poderia ser. As reproduções do Sol, das estrelas e as galáxias mais distantes, inspiram reverência. Há a possibilidade de se sentir a presença do Espírito Divino, quando admirando e meditando sobre a beleza magnífica dos corpos estelares.

Considerando esses pensamentos ocorre-nos a real grandeza do macrocosmo, Deus, no qual “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”.

Somos expressões em miniatura desse Ser Divino! “Como é em cima, assim é em baixo”. “Como em baixo, assim em cima”. Não é o microcosmo, ser humano, um tipo, em miniatura do macrocosmo Deus? Não há a mesma qualidade divina tanto em Deus como no ser humano? Consideremos a relação entre a semente que temos em nossa mão e uma árvore. Seguramente, nós temos uma árvore em potencial. Essa é a mesma relação entre o ser humano e Deus: o potencial está latente. Que unidade maravilhosa temos, realmente com Ele, no qual “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz Março/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)

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“Paz na Terra e Boa Vontade entre os Homens”

E, então, se seguiu um novo serviço, como leitura e resposta sem alguém para pronunciar qualquer palavra. Sozinho, eu falei com o que “eu sou”: — “Você deve conhecer a paz exterior”. “Vou procurá-la, ah! Que seja assim por dentro!”.

“Você não deve procurar, mas saber que encontrou. Posso viver de acordo com o que sei? Ah, que eu possa ficar aqui para sempre! Não, viver é a única maneira de provar o que você encontrou. Viva no Reino dia após dia”

Esse é o Reino lá fora, onde doses de amargura são drenadas até o fim? Sim, quando você sabe que é assim e sabe de quem é o cálice que você compartilha. Alegria potencial, suficiente para emocionar o mundo, foi anunciada quando as Hostes do Céu cantaram: “Paz na Terra e boa vontade aos homens” (Lc 2:14).

Então, quanto a mim, aceitarei o máximo que foi feito por mim e, quando deixar de viver como “em memória”, com profunda humildade, também aceitarei o perdão. — Então conduza a Luz Mais Gentil para fora, para este Reino próximo… Olhei para trás, para o caminho por onde vim. Eu me virei. E então o “eu sou” falou: “Se o seu coração está certo, sua vontade é a minha e você não voltará por onde veio. Quando você puder perceber, saberá que suas dores foram carregadas na cruz”. Eu lentamente me deixei cair cada vez mais para baixo, para testar minha fé; então entreguei minha dor a Ele.

A entrada do julgamento, bem atrás da porta da tristeza, lamentável, foi selada; a Terra cedeu e bloqueou o caminho. E avancei por outro caminho, a Estrada da Ressurreição. Embora eu não pudesse medir o amor Divino, elevei todo o meu ser e disse: “Ó Deus, se este meu amor humano que tudo consome é infinitesimal quando medido pelo Teu amor por mim, encha-me com tanto amor quanto eu posso sentir para torná-lo universal como o Teu”.

Ajoelhei-me para receber a bênção e, muito sagrado e distante para colocar em palavras, foi o derramamento avassalador daquela fonte de Amor transbordante e permanente da qual nenhuma altura ou profundidade, ou coisas acima, ou coisas abaixo, pode ser alcançada.

(Publicado no Echoes de Mount Ecclesia, nº 8 de 10 de janeiro de 1914 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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O Uso da Oração do Estudante Rosacruz e as Obras

Aumenta o nosso amor por Ti, ó Deus

Para que possamos servir-Te melhor a cada dia que passa

Faze com que as palavras dos nossos lábios

E as meditações dos nossos corações

Sejam sempre agradáveis à Tua presença.

Ó Senhor, nossa força e nosso redentor.”

Esta oração define o procedimento correto que o Estudante Rosacruz deve ter, cotidianamente. É necessário viver em conformidade com o espírito dessa oração; mais do que necessário, é imprescindível, visto que as ações revestidas de tal caráter têm efeitos contagiantes e são “agradáveis ao Senhor”.

Afinal, deve existir a fé e devem existir as obras, pois a “fé sem obras é morta”, e as obras sem a fé são de pouco valor. A fé, em nós, é a força que abre os canais que nos comunicam com Deus e é mediante a fé, que podemos nos pôr em contato com Sua vida e Seu poder.

A oração e a meditação constituem bases absolutamente essenciais para o Crescimento da Alma.

Porém, se dependermos somente da oração que sejam apenas palavras, pouco crescimento espiritual alcançaremos. Para obter resultados verdadeiros toda nossa vida deve ser uma oração, uma perene aspiração.

Devemos nos dar conta de que não são as palavras que mencionamos durante a oração que contam, senão a própria vida que conduz à oração. Só há uma maneira de provarmos nossa fé: é mediante as obras que realizamos dia a dia.

O fator determinante que sanciona corretamente se a classe de trabalho que fazemos é espiritual ou material é a atitude que adotamos ao fazê-lo. Lembremo-nos sempre disso!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1968-Fraternidade Rosacruz-SP) 

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O Crescimento Espiritual por meio do servir ao irmão e à irmã

 “Diga aos israelitas que me tragam uma oferta. Receba-a de todo aquele cujo coração o compelir a dar.” (Ex 25:2).

E, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10:7-8).

A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido.” (Lc 12:48).

Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês.” (Lc 6:38).

E digo isto: ‘Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria’.” (IICor 9:6-7).

Esses belos versos, tão plenos de verdade espiritual, vêm sendo violados através de idades, muitas vezes por esforços intencionais de indivíduos frívolos, com propósito de ganho monetário em movimentos de ordem temporal ou programas efêmeros de ação. Faremos bem em tornarmo-nos como crianças, lendo esses versos sempre uma vez mais como se fora pela primeira vez. O tempo da lei passa lentamente. Não mais devemos ordenar nossas vidas conforme preceitos obscuros, como o que diz que “o Espírito, em si mesmo, vem aprendendo a cooperar com as Leis Universais que são as Leis de Deus, não por meio do medo, mas por intermédio de uma vaga consciência de interesse próprio”.

Tal princípio faz parte de uma técnica esotérica que apela para o interesse próprio, sob a justificativa de que não podemos alcançar a realização espiritual de uma só vez e esse é um meio indireto do indivíduo controlar seus poderes latentes e conquistar a expansão de consciência, tornando-se, então, apto para melhor trabalho ao próximo. Todavia, pensando bem, essa é uma forma sutil de egotismo, de fazer o indivíduo concentrar-se em si mesmo e acostumar-se a pensar em seu crescimento espiritual, apenas. É contrário ao princípio de “buscar primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça para que o resto venha por acréscimo” (Mt 6:33). Ademais, que alegria pode advir desse esforço?

Na Filosofia Rosacruz aprendemos a viver a tônica: SERVIR. Permanecendo como um canal aberto ao influxo vitalizante e amoroso da Luz Divina, devemos manter nosso poder de projeção. Contudo, é preciso usar nossas energias com discernimento, evitando a pretensão de fazer pelos outros aquilo que eles devem fazer por si mesmos. Ajudar é preparar os mais débeis a não depender dos outros e a servir conscientemente.

É certo que o serviço implica desempenho do papel de servo. Porém, a fase Cristã de “servo e sofredor” está quase a findar. Devemos olhar para a frente, para a igualdade da Fraternidade, quando, então, poderemos chamar a cada um: Amigo. Do nosso ponto de vista terreno e no estado de semi-cegueira em que nos encontramos, o caminho parece conter muitos altares e neles somos convidados a sacrificar nossos preciosos seres inferiores.

Dentro de nossa família não precisamos ser outra coisa senão aquilo que somos, autênticos, porque ela nos conhece por meio do conhecimento que o coração dá. Acaso somos suficientemente convictos e coerentes, de modo que os outros saibam o que está mais profundamente oculto em nossos corações? Experimentamos estranha alegria, no fato de nos encontrarmos vivos e conscientes? O gesto mais simples ou a lágrima compassiva, um sorriso acompanhado de um amor altamente desenvolvido, possuem o poder inerente de fazer fluir a vida de nosso irmão em paz inefável. Possamos consultar muitas vezes os nossos corações, dando o melhor de nosso amor e compreensão, a fim de que nossos amados irmãos não precisem depender de nossos serviços, mas possam desenvolver-se conosco, como iguais, fortes e confiantes em espírito, servindo conosco junto aos mais débeis nessa essencial obra de libertação humana e preparação da família de Aquário.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Um Período de Depressão

O assunto deste artigo foi retirado de pensamentos contidos nas seguintes passagens da Primeira Epístola aos Tessalonicenses (4-11): “Mas, irmãos, nós vos rogamos para que procureis estar quietos e tratar dos vossos próprios negócios”; e do Evangelho Segundo São Lucas (2-49), “Cristo Jesus disse: ‘Não sabeis que devo tratar dos negócios de meu Pai?’”.

Na vida de todo buscador sincero da verdade, como o é o Estudante Rosacruz, após o primeiro entusiasmo do despertar para suas possibilidades espirituais e da admiração por sua alegria recém-encontrada, chega um período de depressão em que tudo parece falhar e uma sombra de desânimo, quase uma falta de fé, parece se espalhar sobre ele. Em sua Mente surgem questionamentos, a princípio fugazes, depois cada vez mais persistentes: “Afinal, essa grande mudança que ocorreu em minha vida vale o esforço que fiz para abrir mão de velhos ideais e condições e remodelar minha vida? Essas novas ideias são práticas? Ou são meros sofismas efêmeros que falham em minha hora de necessidade? E tudo que já ouvi na Fraternidade Rosacruz, não são advindos de seres humanos cheios de fragilidades como eu, sem algo para me dar que eu já não tenha?”.

Um grande medo o possui de que as condições o derrotem e o obriguem a retomar a velha rotina de sua vida anterior, sem esperança e sem poder entrar em contato com o poder espiritual que o sustentou no início. Todas as suas belas experiências de alma, observadas a partir deste “Pântano do Desespero”[1], agora parecem ter sido apenas imaginações fantásticas e o grito surge: “Qual é a utilidade de toda essa luta?”. Nesse ponto, a menos que algum entendimento da Lei de Deus seja apreendido, o buscador está prestes a retroceder, a repudiar todas as boas resoluções e votos que fez ao seu “Eu Superior” e, como o ser humano de quem o espírito impuro foi expulso, ele então traz para si outros sete espíritos[2] imundos de preocupação, dúvida, medo e desânimo: seu último estado é pior do que o primeiro.

Se ele se voltar para o Salmo 23, encontrará: “Sim, ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum”. Este “Pântano do Desespero” é de fato o “vale da sombra da morte”, um vale que está entre duas alturas e, se ele persistir em subir e descer o vale por falta de coragem de tentar alcançar a altura mais adiante, a sombra irá descer e envolvê-lo.

Confiando na Lei de Deus para corrigir as faltas dos outros, você perceberá a alegria que vem de tal conquista e quando parar de se preocupar, será como um fardo físico rolando dos seus ombros.

(Publicado no Echoes de Mount Ecclesia, nº 3 de 10 de agosto de 1913 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: O “Pântano do Desespero” é um pântano fictício e profundo da obra de John Bunyan, The Pilgrim’s Progress, no qual o protagonista Christian afunda sob o peso de seus pecados e seu sentimento de culpa por eles.

[2] N.T.: Lc 11:24-26

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Sigamos o Caminho de Cristo e não mais o dos Espíritos de Raça

Irmãos, caso alguém seja apanhado em falta, vós, os espirituais, corrigi esse tal com espírito de mansidão, cuidando de ti mesmo, para que também tu não sejas tentado. Carregai o peso uns dos outros e assim cumprireis a Lei de Cristo. ” (Gl 6:1-2).

Esse pedido, simples, mas grandemente significativo, cheio do fervor de um coração completamente dedicado à causa do Cristo, apresenta uma verdade muitíssima importante para todo Estudante Rosacruz, cuja verdade é tão vital hoje como quando foi escrita há cerca de mais de dois mil anos. Aqueles que a seguem porfiadamente são sábios, pois ela constitui uma pedra fundamental para o edifício espiritual. É um ideal entesourado por aqueles que seguem o Caminho de Cristo.

É prática comum, mesmo entre os que se dizem Cristãos, criticar e julgar, quando não condenar, quando um irmão ou uma irmã é “surpreendido ou surpreendida em falta”, esquecido ou esquecida do fato de que todos nós somos um no grande corpo de Deus, e que cada um de nós é responsável, em certa medida, pelas “faltas” dos nossos irmãos e das nossas irmãs, os quais estão indissoluvelmente ligados a nós pelos laços do Espírito (o que realmente somos: Espíritos Virginais da Onda de Vida humana, todos criados por Deus). E quem de nós está sem faltas, para se julgar no direito de julgar ou condenar outro?
Se ainda não desenvolvemos o “Cristo Interno” ao ponto de podermos seguir o ensinamento fornecido por São Paulo no verdadeiro “espírito de mansidão“, ou espírito de humildade, faríamos bem em seguir o ensinamento de Cristo Jesus: “Não julgueis para não serdes julgados, pois, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos[1].

Todavia, não é suficiente que apenas deixemos de julgar e de condenar. Devemos tomar a iniciativa e nos esforçar no serviço aos nossos semelhantes. Devemos desenvolver a humildade e a compaixão que nos habilitará a tomarmos carinhosamente a carga dos outros, e assim cumprir a Lei de Cristo.

Cumprir a Lei de Cristo! Sim, essa é a tarefa com a qual nos defrontamos hoje. A época dos Espíritos de Raça, durante a qual a separatividade e o egoísmo foram cultivados, deve ceder lugar à época do Cristo, durante a qual deverá prevalecer a unidade e a fraternidade. Passamos agora por um período de transição entre essas duas épocas. Podemos dizer que uma última oportunidade está sendo oferecida àqueles que queiram subir ao próximo degrau da escada da evolução. Este é o tempo em que uma decisão deve ser tomada: seguir sob a bandeira de Cristo do desprendimento e do serviço amoroso e desinteressado, focado na divina essência oculta, para com o irmão e a irmã que estão ao seu lado, ou então ficarmos para traz no nosso progresso. Não existe terceira escolha.

Os Estudantes Rosacruzes têm maior responsabilidade do que os outros no esforço de cumprir a Lei de Cristo, pois já possuem o conhecimento que lhes foi dado para satisfazer a Mente, no que concerne aos mistérios da vida. Eles compreendem o grande mistério cósmico do Cristo, isto é, que Ele, o mais elevado de todos os Arcanjos, veio à Terra por Sua livre e espontânea vontade, para tornar-Se o Espírito Planetário dela a fim de que pudéssemos sermos libertados do nosso egoísmo e do materialismo que insistimos em praticar.

E assim Ele continuará sofrendo os grilhões de Sua confinação à Terra, enquanto fornece a Sua poderosa Força de Amor para remir a humanidade.

E somente vivendo de acordo com os preceitos que Ele nos ensinou é que poderemos libertá-Lo desta Sua prisão.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1961 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: Mt 7:1-2

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Companheirismo

Três mendigos desceram à Samaria; um surdo, outro cego e o terceiro, aleijado.

E enquanto iam, um disse: “Certamente sou um pecador — sendo surdo”; e o segundo disse: “Eu sou cego, certamente também sou pecador”; e o terceiro também reconhecia seus pecados, dizendo: “Por causa disso, sou um aleijado”.

Então eles se lembraram de como sempre estavam os três juntos e disseram um ao outro: “Eu posso ouvir, porque eu tenho a ti e sois como ouvidos para mim”. E o seguinte disse: “Posso ver, porque tenho a ti por olhos”. E o último disse: “Certamente vós sois os meus pés”.

Então, todos os três louvaram a Deus e se alegraram. E, ao viajarem para Samaria, encontraram alguém cuja boca estava coberta e tinha na mão um badalo, porque era leproso.

Ele ficou longe e implorou uma esmola para eles, mas eles disseram: “Nós somos mendigos e não temos coisa alguma; descemos à Samaria em busca de esmolas, pois os samaritanos são bons doadores”. O leproso gritou alto e disse: “Embora tenham nada, ainda são muito abençoados — sendo três. Mas eu sou um pecador e devo morar sem companheiros”.

Quando os três amigos ouviram isso, disseram uns aos outros: “Nós também somos pecadores, mas andamos acompanhados”. Então seu coração os atingiu com compaixão pelo solitário e com um consentimento eles o chamaram: “Todos nós somos pecadores e fomos afligidos pelo Senhor. Venha agora e seja do nosso grupo”.

O leproso se alegrou muito ao ouvir isso e disse: “Então vamos a Belém esta noite; em sonho alguém me mostrou que o Messias nasceu ali”.

A estrada para Belém era pedregosa, íngreme e a noite caiu, mas o cego conhecia o caminho.

Já era noite quando chegaram ao estábulo em Belém e temeram bater à portinhola. Já dentro, José dormia, mas Maria vigiava a criança; ela ouviu o barulho de pés e homens sussurrando, então ela se levantou e abriu a portinhola.

Um belo raio de luz jorrou na escuridão e pela portinhola Maria perguntou quem eles eram e por que tinham vindo. Eles responderam: “Somos todos pecadores e justamente afligidos pelo Senhor, porém ouvimos que o Messias nasceu e, portanto, nós viemos”. A Virgem perguntou: “Que presente trouxestes? Ninguém pode entrar aqui a não ser que traga uma oferta”.

Os mendigos baixaram os olhos e não responderam coisa alguma porque as suas mãos estavam vazias.

Maria perguntou-lhes: “Quem é o quarto homem que está um tanto afastado?”.

Os três ficaram com muito medo e prostraram-se de joelhos, clamando: “Verdadeiramente somos pecadores, porque unimos este homem, que é leproso, a nós; além disso, ele é samaritano”. Então Maria escancarou a porta, eles entraram e viram o Salvador. O cego viu; o surdo ouviu; o coxo deu um salto. Esperavam que o leproso fosse curado; mas ele havia partido. Então eles perceberam que tinha sido um Anjo do Senhor.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Os Mistérios dos Céus: Sete Parábolas e suas Correlações com os Períodos Evolutivos

1ª) “E disse-lhes muitas coisas em parábolas: ‘Eis que o semeador saiu para semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e as aves vieram e a comeram. Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra. Logo brotou, porque a terra era pouco profunda. Mas, ao surgir o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. Outra ainda caiu entre os espinhos. Os espinhos cresceram e a abafaram. Outra parte, finalmente, caiu em terra boa e produziu fruto, uma cem, outra sessenta e outra trinta.‘” (Mt13:3-8).

2ª) “Propôs-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio. Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?’ Ao que ele respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’. Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres, então, que vamos arrancá-lo?’ Ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ‘Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’.” (Mt 13:24-30).

3ª) “Propôs-lhes outra parábola, dizendo: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos.‘” (Mt 13:31-32).

4ª) “Contou-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que tudo ficasse fermentado.‘” (Mt 13:33).

5ª) “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; um homem o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo.” (Mt 13:44).

6ª) “O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que anda em busca de pérolas finas. Ao achar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra. O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha de tudo. Quando está cheia, puxam-na para a praia e, sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora. Assim será no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. Entendestes todas essas coisas?” Responderam-lhe: ‘Sim’.” (Mt 13:45-51.).

7ª) “Então lhes disse: “Por isso, todo escriba que se tornou discípulo do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que do seu tesouro tira coisas, novas e velhas.” (Mt 13:52).

Há sete interpretações igualmente válidas e verdadeiras para cada parábola.  Algumas dessas interpretações são mais profundas em seu significado do que as outras. A maior parte das pessoas está familiarizada com as interpretações exotéricas ou ao pé da letra. Agora, com o “Conceito Rosacruz do Cosmos” foi levantado o primeiro véu e podemos deixar em segundo plano essa forma de interpretação literal. A chave para entendimento das parábolas transcritas está no último versículo; algumas coisas são velhas e outras são novas; algumas são do passado, ao passo que outras virão ainda. Os outros Evangelhos fazem apenas menção das quatro primeiras parábolas. Por isso consideramos esse capítulo como a apresentação completa do símbolo.

A primeira parábola refere-se ao semeador – Deus – lançando a semente de uma nova Onda de Vida, os Espíritos Virginais (a presente humanidade) foram diferenciados pela primeira vez, dentro de Deus ou “plantados”.

A segunda parábola narra o fato de o semeador encontrar joio em seu campo, preferindo deixá-lo crescer juntamente com o trigo, a fim de não haver o perigo de destruir a boa semente. Alude ao Período Solar, onde surgiram pela primeira vez a luz e as trevas. Segundo uma tradição de origem oculta, alguns componentes dessa onda de vida recusaram-se a emergir na matéria, retardando, dessa forma, a nossa evolução. Deram margem a um primeiro esboço de egoísmo ou joio, em nossa onda de vida.

A terceira parábola, do grão de mostarda, refere-se ao Período Lunar, quando o ser humano recebeu o germe do Corpo de Desejos. A semente da mostarda, embora pequenina, desenvolve-se até transformar-se numa árvore de grandes dimensões. A mostarda é um condimento excitante do Corpo de Desejos. Seu uso desmedido pode afetar negativamente nossa natureza emocional.

A quarta parábola, a da pequena quantidade de fermento, corresponde ao Período Terrestre. No Velho Testamento todo o pão sacramentado deveria ser levedado, porque desse modo Jeová poderia manter o povo sob seu jugo. Mas Cristo iniciou a Nova Era – a Era de Aquário, ainda como anunciador – em que, lenta, mas seguramente, o amor altruísta vem sendo difundido. “No peito de cada indivíduo a força do altruísmo trabalha como se fora um fermento. Desse modo transforma-se o selvagem numa pessoa civilizada e com o tempo, esse, num Deus.” (“Conceito Rosacruz do Cosmos”).

A quinta parábola, do tesouro escondido, sugere o Período de Júpiter. Naquele longínquo período futuro, os seres componentes do atual reino mineral passarão por um estado de consciência análogo ao das plantas e nós trabalharemos com eles com a mesma desenvoltura com que os Anjos operam atualmente com o Reino Vegetal.

O desenvolvimento de nossas faculdades imaginativas habilitar-nos-á também a vitalizá-las. Dessa maneira, os “tesouros do reino dos céus no Período de Júpiter, não permanecerão escondidos no campo de nossos corpos nem na Terra. Contudo, deve desde já despender os melhores esforços a fim de desenvolver estas faculdades futuras”.

A sexta parábola, a da pérola de alto preço, assinala as condições do Período de Vênus, quando os minerais atuais alcançarão um estado de consciência semelhante ao dos nossos animais. A pérola é a única gema originária da ação de uma criatura viva: a ostra.

Segundo Max Heindel, no final do Período em questão, o ser humano estará em condições de revestir de cores e tons as formas por ele engendradas e vitalizadas. Assim, tal como o comprador de pérolas, o ser humano tudo fará para adquirir essa faculdade.

A sétima parábola, a da semelhança do escriba instruído com o pai de família, refere-se ao período derradeiro – o Período de Vulcano – quando as influências particulares do Espírito Divino serão as mais fortes, porquanto foi vivificado no correspondente Período de Saturno. Nesse período o joio será removido do trigo e estaremos prontos para o repouso cósmico.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Livro sem Prefácio

Desde o seu início, o Cristianismo vem sendo deturpado por interpretadores levianos, por entidades dogmáticas, por pretensiosos e pseudomestres, desavisados transmissores dos seus ensinamentos, os ensinamentos de Cristo, os ensinamentos Cristãos.

Vem sendo erroneamente ou mesmo inconscientemente confundido nos seus ensinamentos. Confundidos, sim, por aqueles que apenas o leram, sem entendimento e conhecimento de seu profundo significado oculto.

Essa verdade aqui exposta, sem nenhum sentimento ou propósito não fraternal, nós a encontramos se nos transportarmos aos textos do próprio Livro sem prefácio, a Bíblia. Esse livro que se constitui num verdadeiro manancial de ensinamentos revividos pelos apóstolos de Cristo e seguidos, retamente, por aqueles que possuem internamente a sua chave de interpretação.

Até mesmo nas suas traduções, esse fenômeno de deturpação se generalizou, se anotou de maneira muitas vezes grosseira, pois quase que a totalidade dos seus tradutores se julgaram privilegiados portadores da verdade, ao traduzi-la e entregá-la ao sabor de interpretadores menos capacitados.

Entretanto, nós sabemos que nenhum deles, ou melhor, a maioria deles não nos apresentou uma tradução do texto original, havendo, consequentemente, uma disparidade nas suas variadas traduções, encontrando-se, na maioria delas, a marca das funestas e nefastas influências de poderosos grupos da época de escribas, de fariseus interessados numa versão ajustada às conveniências e interesses desses mesmos grupos predominantes e, não raras vezes, fugindo à lógica da sua cristalina interpretação.

Dessa confusão e dessa disparidade caracterizada nas suas traduções surgiu o catolicismo, o protestantismo, enfim, a divisão de centenas de grupos e seitas religiosas, todas elas, porém, mantendo o sufixo “ismo”, o que, vale dizer, sem se afastarem do Cristianismo.

O movimento Rosacruz (cabendo aqui salientar: que não é uma seita ou organização religiosa, mas sim uma grande Escola de Pensamento Filosófica Cristã, também conhecida como a Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental), no entanto, sem se preocupar com tais disparidades de traduções, sem pretender dar novas formas aos seus textos, vem procurando interpretar e “prefaciar” a Bíblia dentro da sua não deturpável realidade oculta, buscando, nas suas entrelinhas, a sua real e efetiva significação esotérico-espiritual, sem se preocupar com as razões ou interesses de variados grupos guiados por preconceitos egoísticos, finalidades não definidas e por vezes danosas aos superiores interesses do Cristianismo, corretamente aplicado.

Com a segurança dessa interpretação, com a convicção das verdades existentes no texto oculto da Bíblia, vem a Fraternidade Rosacruz, com seus respectivos Centros e Grupos de Estudos, conquistando a aprimoração e difusão dos seus ensinamentos, que muito vêm ajudando os nossos irmãos, as nossas irmãs, as nossas amigas e os nossos amigos nessa preocupação constante de sobreviverem na verdade, unicamente na verdade, no desejo de constituir uma humanidade mais Cristã, mais Fraternal, mais humana.

A trajetória percorrida pela Fraternidade Rosacruz, nessa espiral de evolução, vem se pontilhando e se purificando no grande sacrifício de uma luta constante, difícil e, muitas vezes, incompreendida, porém profundamente gloriosa.

Nessas circunstâncias, aos Estudantes Rosacruzes não recomendamos a leitura pura e simples do livro sem prefácio, a Bíblia, porém, que cada um procure estudá-la sem interesses outros que não sejam aqueles de, constantemente, aprender a interpretá-la na imperativa missão de fazer prevalecer a verdade dos seus ensinamentos e nunca as conveniências de grupos que consciente ou inconscientemente vêm contribuindo para dificultar o estabelecimento da tão aspirada Fraternidade humana.

Afinal, não nos esquecemos do que repetimos todas as vezes que oficiamos o Ritual do Serviço Devocional do Templo: “A Bíblia foi dada pelos Anjos do Destino que estando acima de todos os erros dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento”.

E, mais, como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos: “Há muito boas razões para que a Bíblia – que contém não uma, mas duas Religiões, a Cristã e a Judaica – fosse dada ao Ocidente. Se procurarmos a luz diligentemente veremos a Suprema Sabedoria oferecida por esta dupla Religião, apropriada como nenhuma outra Religião atual, às nossas necessidades especiais. Esclarecendo melhor esse assunto tratemos, nesse capítulo, de alguns pontos já examinados em outras partes desse livro.”

“A Bíblia, portanto, contém os ensinamentos de que necessitam, especialmente, os povos ocidentais.”

“Não pretendemos defendê-la (na forma atual comumente conhecida) como a única, verdadeira e inspirada Palavra de Deus, não obstante, ser verdade que ela contém muitos conhecimentos ocultos inestimáveis. Isso é, em grande extensão, escondidos sob interpolações e obscurecidos pela supressão arbitrária de certas partes julgadas “apócrifas”. O ocultista cientista que, claro, sabe o que se quis expressar pode ver facilmente quais as partes originais e quais as que foram interpoladas.”

“Antes de proceder com uma análise, é necessário dizer que as palavras da língua hebraica, especialmente no estilo antigo, sucedem-se umas às outras sem a separação ou a divisão que é de uso em nossa língua. Acrescentando a isso, havia o costume de retirar as vogais da escrita, de maneira que sua leitura dependia muito donde fossem colocadas, se verá quão grandes são as dificuldades a vencer para apurar o significado original. Uma ligeiríssima mudança pode alterar inteiramente o significado de qualquer sentença.

Além dessas grandes dificuldades, devemos também saber que dos quarenta e sete tradutores da versão do Rei Jaime  (a mais comumente usada na Inglaterra e América) unicamente três conheciam bem o hebraico e, desses três, dois morreram antes da tradução dos Salmos. A ata que autorizava a tradução, tenhamos também em atenção, proibia aos tradutores todo o parágrafo que pudesse desviar grandemente ou perturbar as crenças já existentes. É evidente, portanto, que as probabilidades de se conseguir uma tradução correta eram bem escassas.

Tampouco foram mais favoráveis as condições na Alemanha. Lá, Martin Lutero , o único tradutor, mesmo ele não a traduziu do texto original hebraico, mas tão só de um texto latino. A maioria das versões empregadas pelos protestantes dos diversos países é simples traduções em diferentes idiomas da tradução de Lutero.

Certamente tem havido revisões, mas não tem melhorado grandemente a matéria. Além disso, há grande número de pessoas que insiste em considerar o texto inglês da tradução do Rei Jaime como absolutamente exata, da primeira à última letra, como se a Bíblia tivesse sido escrita originalmente em inglês e a versão do Rei Jaime fosse uma cópia fidedigna do manuscrito original. Assim, os erros subsistem apesar dos esforços que se têm feito para eliminá-los.

Deve-se também notar que os que originalmente escreveram a Bíblia não pretenderam dar a verdade de maneira a poder tê-la quem quisesse. Nada estava mais distante de sua Mente do que a ideia de escrever ‘um livro aberto de Deus’.”

“Originalmente, a Bíblia Judaica foi escrita em hebraico, mas não possuímos nem uma só linha da escritura original. No ano 280 antes de Cristo fez-se uma tradução para o grego, a ‘Septuaginta’. Ainda em tempos de Cristo, havia já uma confusão tremenda e diversidade de opiniões relativas ao que se devia admitir como original e ao que tinha sido interpolado.

Só depois da volta do desterro da Babilônia, começaram os escribas a compendiar as diferentes escrituras. Pelo ano 500 D.C. apareceu o Talmud (um livro sagrado dos judeus, um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico), com o primeiro texto semelhante ao atual. Em vista dos fatos mencionados, não pode ser perfeito.

O Talmud esteve em mãos da escola Massorética que, desde o ano 590 até 800 D.C., permaneceu, principalmente, em Tiberíades. Depois de enorme e pacientíssimo trabalho, escreveu-se um Antigo Testamento Hebreu, o mais próximo ao original que temos atualmente.

Esse texto massorético será utilizado na elucidação seguinte sobre o Gênesis e, não confiando no trabalho de um único tradutor, será suplementado por uma tradução alemã de três eminentes estudiosos do hebreu: H. Arnheim, M. Sachs e Jul. Furst que cooperou com um quarto, Dr. Zunz, sendo esse último também o editor.”[1]

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.E.: atualmente, em português, temos uma versão que atende à fidelidade descrita nesse parágrafo por Max Heindel em uma versão da “Bíblia de Jerusalém, edição brasileira (1981, com revisão e atualização na edição de 2002) da edição francesa Bible de Jérusalem, que é assim chamada por ser fruto de estudos feitos pela Escola Bíblica de Jerusalém, em francês: École Biblique de Jérusalem. De acordo com os informativos da Paulus Editora, a edição “revista e ampliada inclui as mais recentes atribuições das ciências bíblicas. A tradução segue rigorosamente os originais, com a vantagem das introduções e notas científicas.” Essas notas diferenciais em relação às outras traduções prestam-se a ajudar o leitor nas referências geográficas, históricas, literárias etc. Suas introduções, notas, referências marginais, mapas e cronologia — traduções de material elaborado pela Escola Bíblica de Jerusalém — fazem dela uma ferramenta útil como livro de consulta, para quem precisa usar passagens bíblicas como referência literária ou de citações. A Bíblia de Jerusalém é considerada atualmente, pela grande maioria dos linguistas, como uma das melhores bíblias para o estudo, aplicável não apenas ao trabalho de teólogos, religiosos e fiéis, mas também para tradutores, pesquisadores, jornalistas e cientistas sociais, independentemente de serem católicos, protestantes, ortodoxos ou judeus, ou mesmo de qualquer outra religião ou crença e ateus.

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