A Filosofia Rosacruz nos ensina que quando estudamos a Bíblia podemos também ler o Primeiro Mandamento (que encabeça os Dez Mandamentos) da seguinte forma: “Não terás outros deuses (Personalidade) além do “Eu superior” (Individualidade)”.
A Personalidade – também conhecida como “Eu inferior” – é o conjunto composto do nosso Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e, devido à contaminação pelos desejos, sentimentos e pelas emoções inferiores, uma parte do nosso veículo Mente, que podemos chamar de “Mente inferior” ou “Mente concreta”.
Aqui está a raiz de todo nosso sofrimento e de todas as nossas dores, quando estamos renascidos aqui em mais uma vida terrestre: a nossa identificação com a Personalidade e, com isso, o ignorante modo de conduzir nossas faculdades.
Ativamos muito mais a nossa Personalidade, respondendo mais ao nosso Corpo de Desejos, o que nos faz agir pelo nosso próprio interesse, na grande maioria das vezes, ou seja: caminhamos muito, mas muito mais, pelo próprio interesse do que pelo dever.
Nós construímos a nossa Personalidade toda vez que renascemos nesse Mundo Físico. É ela que, por exemplo, nos faz “amar para sermos amados”, nos “faz amar quando somos amados”. É por ela que buscamos “a retribuição no amor”. É ela que nos impede de entender que “o amor é a própria recompensa”, pois distorce o conceito do que é “amor”, como Cristo nos ensinou. Ela não quer nem saber que “o dar gera o receber”; que “o dar não depende do receber” para viver no amor.
Todas as distorções dos nossos sentimentos, desejos e das nossas emoções, tais como: crueldade, opressão, injustiça, astúcia, raiva, ódio, ciúmes, inveja, cobiça e afins têm suas raízes no egoísmo, que é a expressão da Personalidade.
Os sentimentos, desejos e as emoções de posse exclusiva, a luta pelo interesse próprio sem levar em consideração os demais, os preconceitos, são frutos de uma vida vivida a base do próprio interesse, a base de respostas ao Corpo de Desejos, onde o que importa é o nosso bem-estar a qualquer custo. Frases como “mas todo mundo faz assim”…“se eu não fizer, outro fará e levará a vantagem”… “fiz para poder cuidar do meu filho, minha filha, meu pai, minha mãe, meu/minha…” … “é apenas uma mentirinha que não fará mal a ninguém” e outras afins demonstraram o viver pela Personalidade, como ou se só existisse ela, ou se ela fosse eterna, imutável e suficiente!
Se vivemos e agimos assim, já esquecemos que a Individualidade – também conhecida como “Eu superior”, que é o conjunto: do Espírito Humano, Espírito de Vida e Espírito Divino – é que nos impulsiona para viver uma vida de “reto pensar, reto sentir, reto agir”.
Ou seja: é por meio dela que conseguimos vivenciar aqui o correto modo de amar, honrar e obedecer às Leis de Deus. Por meio da nossa Individualidade experimentamos o mesmo amar, o mesmo honrar e o mesmos obedecer à divina essência oculta (que é a base da Fraternidade) em cada irmão e em cada irmã, cujos defeitos devemos esquecer – afinal também temos os nossos, senão não estaríamos renascidos mais uma vez aqui!
Uma das metas como Estudante Rosacruz ativo é tornar a nossa Personalidade passiva, serva da nossa Individualidade.
O “Eu inferior” – a Personalidade – deve comprometer a amar, honrar e obedecer ao “Eu superior” – a individualidade.
Se usarmos todos os valores externos e internos como meios evolutivos provisórios, a serviço do “Eu superior”, tornamos impossível qualquer interferência negativa em nossa harmonia básica aqui e agora mesmo.
Daqui vemos que a chave da nossa libertação está no conhecimento aplicado na vivência de que não existe nenhuma outra presença ou poder além da consciência universal que se expressa individualmente como consciência individual, ou seja: que se expressa pela nossa Individualidade.
Assim, se só existe um poder que é o poder de Deus, então temer o que? Afinal, como disse S. Paulo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós.” (Rm 8:31)?
Assim, se só existe um poder que é o poder de Deus, então odiar por quê? Quem odeia é a Personalidade e não o “Eu superior”, a Individualidade.
Difícil praticar isso? Sim, difícil, mas não impossível. Veja aqui o que S. Paulo mesmo nos ensina: “Sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado. Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto. Ora, se faço o que não quero, eu reconheço que a Lei é boa. Na realidade, não sou mais eu que pratico a ação, mas o pecado que habita em mim. Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance, não, porém o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que estou agindo, e sim o pecado que habita em mim. Verifico, pois, esta lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Eu me comprazo na lei de Deus segundo o homem interior; mas percebo outra lei em meus membros, que peleja contra a lei da minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus membros. Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo Senhor nosso. Assim, pois, sou eu mesmo que pela razão sirvo à lei de Deus e pela carne à lei do pecado.” (Rm 7:14-25).
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Qual parte do Espírito Tríplice constitui o “Eu Superior”? Será o Espírito Divino? Afirma-se no Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” que o Espírito Humano é o Ego. O Espírito de Vida não é uma parte do Ego? O Ego inteiro fica no plano físico durante a vida terrena, ou somente parte dele, conforme o ensinamento hindu?
Resposta: O “Eu Superior” é o Espírito Tríplice, o Ego: o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano, mas não se deve conceber esses três como separados um do outro. O Espírito é indivisível, como a luz branca que vem do Sol através do espaço interplanetário, mas da mesma forma que a luz pode ser refratada em três cores primárias – azul, amarelo e vermelho – ao atravessar a atmosfera mais densa da Terra, o Espírito Virginal também aparece como sendo tríplice durante a manifestação, em virtude de estar rodeado por envoltórios de matéria de densidade variável.
Quando envolto apenas na substância do Mundo do Espírito Divino, é o Espírito Divino; quando o Espírito Divino recebe, em acréscimo, um envoltório de material oriundo do Mundo do Espírito de Vida, é um Ego manifestado de forma dupla; e quando, finalmente, é revestido na matéria da Região do Pensamento Abstrato, despertando o seu veículo Espírito Humano, é um Ego manifestado de forma tríplice: um Tríplice Espírito. É por isso que o Espírito Virginal, enredado nessas três camadas de matéria, está apartado de toda consciência de seu Pai Divino e, estando tão encoberto pela matéria que não consegue mais ver as coisas do ponto de vista cósmico, ao atingir o exterior, ele volta sua consciência para dentro e vê-se separado e isolado de todos os outros. Por isso, ele é um Ego – um indivíduo. Nesse ponto nasce o egoísmo, e começa a busca individual.
Quando o Espírito Humano atrai ao redor de si, para uma melhor expressão, os veículos inferiores e mais concretos – a Mente, o Corpo de Desejos, o Corpo Vital submergindo neles, e mesmo descendo até o Mundo Físico, ele adquire a consciência das coisas externas. A partir desse momento, tendo perdido o conhecimento do Mundo de Deus, de onde veio originalmente, ele começa a conquistar o Mundo Físico e a dominá-lo para atingir seus próprios fins.
Individualidade e Personalidade são iguais? Qual a diferença?
Não há outro inimigo, senão nós mesmos. Enquanto houver dentro de nós um resquício de Personalidade, haverá separação.
Na Fraternidade Rosacruz, distinguimos nitidamente entre Personalidade e Individualidade. Personalidade é a “persona”, o conjunto enganoso, provisório e em constante mudança formado pelas nossas sensações, emoções, nossos desejos, sentimentos e modo de expressar o pensamento. São os laços de sangue, as tradições, os elos do mundo, essas coisas mais fortes que algemas de aço, tudo a que o Cristo simbolicamente chamava de “o reino dos mortos”. O mundo, a família, os bens, tudo isso é meio de aprendizagem indispensável a nós – o Ego –, no presente estado evolutivo. Contudo, há o perigo de nos identificarmos com eles, de pensar que nos pertencem ou que lhes pertencemos, olvidando nossa origem celestial, nossa condição de espírito livre, em peregrinação e aprendizagem.
“Aquele que quiser ser meu discípulo, deve abandonar pai, mãe, irmãos, amigos, tudo” (Lc 14:26), nos ensinou o Cristo. Com isso não quis significar que devamos desleixar nossos deveres de pais, filhos, irmãos ou amigos Cristãos. Ao contrário, o verdadeiro Cristão é um excelente marido, pai, irmão, amigo, uma excelente esposa, mãe, porque oferece a sua afeição e trabalho o mais puro pensamento, sentimento, emoção, desejo e esforço. Oferece e não espera receber; ama e não espera ser amado; compreende e não espera ser compreendido. As ingratidões não lhe suscitam ressentimentos, mas o cuidado de verificar se não contribuiu para isso. O verdadeiro Cristão busca a amorosa tentativa de reconciliação; ora e espera pela pessoa que é teimosa e rancorosa.
Ser Cristão é exemplificar AMOR, em seu sentido lato. É deixar que o Cristo, em si, fale, viva, ame.
Individualidade é a expressão do “Eu” real (o que somos de fato, Espírito), verdadeiro e superior, comandando os pares físicos, morais e mentais como instrumentos de ação.
A Personalidade é a nossa expressão, de baixo para cima, o “homem invertido”, os valores instintivos, colorindo desordenadamente nosso modo de ser; é o nosso (Ego, Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado) amordaçamento e o nosso condicionamento às conveniências instintivas. Um pentagrama com a ponta superior para baixo…
A Individualidade não prescinde da bagagem de experiências anímicas; ao contrário, vale-se dela de um modo próprio, original, epigenético, criador. Porém, nós, o Espírito, é quem mandamos e orientamos. Como disse S. Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas o Cristo em mim” (Gl 2:20); e o próprio Cristo-Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30).
É certo que essa condição vamos atingindo gradativamente, em uma luta constante entre a natureza inferior e a superior, entre as trevas e a luz dentro de nós. Por isso, a lenda dos Maniqueus, referindo-se internamente ao ser humano e ao mundo, fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz. Esses acabam vencendo aqueles; entretanto, sendo bons, não podem exterminá-los. Incorporam, pois, o reino das trevas ao da Luz; ou seja, efetuam a transmutação dos valores inferiores em valores espirituais. Os alquimistas medievais faziam o mesmo, quando falavam sobre transformar os metais inferiores em ouro. Também entre os manuscritos encontrados no soterrado mosteiro dos Essênios, Qumran, às margens do Mar Morto, há um que fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz.
Goethe, o grande Iniciado e autor de “Fausto”, falou, pela boca de um de seus personagens: “Duas almas — ai! — lutam dentro do meu peito pela posse de um reino indivisível; uma buscando alçar-se aos Céus em ilibados anseios, enquanto a outra se agarra à Terra, em passionais desejos”. São Paulo, o apóstolo, igualmente dizia: “Pobre homem sou! O bem que desejaria fazer, não faço; o mal que não desejaria fazer, esse eu faço”.
Tudo isso mostra, de sobejo, o que todas as Escolas (como a Fraternidade Rosacruz) e Ordens ocultistas (como a Ordem Rosacruz) ensinam.
Todo Aspirante sincero à espiritualidade “ora e vigia”, sobretudo quando se acha à frente de um movimento espiritualista e deve viver o que ensina. Ao mesmo tempo, o claro entendimento dessa luta dentro de cada um de nós nos torna rigorosos conosco e tolerantes com os demais, de modo a unir e não desunir, a estimular e não censurar; enfim, “a buscar a divina essência que existe em cada um”, o que constitui a base da Fraternidade Universal que almejamos formar, como precursores da Era de Aquário.
Assim, a Individualidade é a expressão do “Eu” real, verdadeiro e “Eu Superior”, comandando os pares físicos, morais e mentais como instrumentos de ação. A Individualidade não prescinde da bagagem de experiências anímicas, ao contrário, vale-se dela de um modo próprio, original, epigenético, criador. Porém o Espírito é quem manda e orienta. Compõe-se dos veículos Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano.
É o resultado da descida do Espírito dos Mundos superiores durante a Involução (neste Esquema de Evolução) e, por ação recíproca, no mesmo período os Corpos se elevaram. O encontro dessas duas correntes no foco, ou Mente, marca o momento em que nasce o indivíduo, o ser humano, o Ego, quando o Espírito toma posse dos seus veículos.
Consideremos, agora, a doutrina do Renascimento, que postula um processo de lento desenvolvimento, efetuado, persistentemente, por meio de repetidos renascimentos e em formas de crescente eficiência. Por intermédio dessas formas, tempo virá em que todos alcançarão o cume do esplendor espiritual, presentemente, a nós, inconcebível. Nada há nessa teoria que seja irrazoável ou difícil de aceitar. Olhando ao redor, vemos por toda a parte o esforço lento e perseverante, na natureza, para atingir a perfeição. Não vemos nenhum processo súbito de criação ou mesmo de destruição, mas nós vemos, isto sim, “Evolução”. Afinal, aprendemos que Evolução é “a história do progresso do Espírito no Tempo”.
Evolução é um processo de espirais dentro de espirais. Cada volta da espiral é um ciclo. Cada ciclo funde-se com o seguinte e, como as espirais são contínuas, cada ciclo é o produto melhorado do precedente e o criador de estados sucessivos de maior desenvolvimento.
Pela Lei de Consequência sabemos que “os Anjos do Destino estão acima de todo erro e dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para seu desenvolvimento.” Afinal, “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” (IICor 5:10).
“Todas as Leis da Natureza, inclusive a Lei de Consequência, e suas aplicações na vida humana, encontram-se sob a direção de Grandes Seres de sublime espiritualidade e sabedoria superlativa. A Lei não opera às cegas, regendo-se pelo princípio do ‘olho por olho e dente por dente’. Os Grandes Seres e Seus colaboradores administram as coisas com sabedoria muito além da compreensão da nossa Mente finita. Alguns julgam não haver meio de escapar às dívidas do passado. Mas, há. Reiteradas vezes afirmamos: Deus, a Natureza ou os colaboradores da Grande Lei nunca a empregam com todo o seu rigor. Encontramo-nos aqui, neste grande Esquema de Evolução, resguardados por essas Leis, que foram instituídas para nos beneficiar e não para nos prejudicar, ainda que nos limitem de certo modo, de maneira idêntica como limitamos a liberdade concedida a nossos filhos menores visando a protegê-los contra os perigos de sua inexperiência”.
“Mediante nossas ações passadas deixamos dívidas em pendência (lições a serem aprendidas nessa Escola da Vida), sujeitas ao resgate, ou seja: a mostrar para nós mesmo que aprendemos a lição. No entanto, reconhecendo nossas falhas, procuramos escrever uma nova página de nossa vida, em harmonia com as Leis outrora infringidas. Essa transformação apaga as consequências dos erros passados e os agentes da Grande Lei, ao observarem isso, abstêm-se de nos infringir os sofrimentos dos quais fizemo-nos merecedores. Aí está a diferença entre os pontos de vista espiritual e fatalista. A mão de Deus, por intermédio de Seus agentes, encontra-se em toda parte, desde os acontecimentos mais importantes, como a passagem de um Planeta por sua órbita, até o mais simples como a queda de uma folha. Tudo está sob Seu cuidado amoroso e, por conseguinte, o que nos sucede harmoniza-se com o Grande Plano Divino. E tal Plano certamente não pode ser “fatalista”.
Vamos ver, agora, as fases da vida Terrestre e Celestial: em um ciclo de vida, temos a parte superior denominada “Celestial” e a parte inferior, “Terrestre”.
De cima para baixo, como Egos estamos no Terceiro Céu no Mundo do Pensamento Abstrato com uma vontade clara e intensa de adquirir mais experiências (por meio de aprendizagem de mais lições) e, assim, obter um Crescimento Anímico, somos atraídos para mais um renascimento ao qual escolhemos nosso Panorama de Vida (dentre alguns possíveis nos mostrados pelos Anjos do Destino) e partimos para o Segundo Céu, também no Mundo do Pensamento, mas na Região do Pensamento Concreto ao qual reunimos materiais para formar uma nova Mente. Partimos para o Primeiro Céu, que se situa no Mundo do Desejo, reunindo materiais para um novo Corpo de Desejos e, por fim, adentramos ao Mundo Físico na Região Etérica e, também, reunindo materiais para posterior construção do Corpo Vital e, auxiliados mais de perto pelos Anjos do Destino nos preparamos para mais um nascimento aqui (Nascimento do Corpo Denso).
Ao nascer, após o primeiro suspiro (primeira respiração) iniciamos nossa jornada na Vida Terrestre. A cada 7 anos, aproximadamente, temos o “nascimento” dos Corpos:
E a cada 7 anos temos uma mudança de fase na nossa vida (quer façamos ou não):
Após mais uma morte aqui, vemos o Panorama da nossa Vida recém-finda e, assim, se encerra mais uma jornada terrestre aqui, a qual é revista e gravada toda a experiência que acumulamos no Átomo-semente do Corpo Denso e é passada, via Átomo-semente do Corpo Vital, para o Átomo-semente do Corpo de Desejos. Essa gravação é a base da nossa nova vida celeste.
Na “subida”, inicia-se o retorno para mais uma vida celestial, nós aqui com o Corpo de Desejos (que assume o formato do Corpo Denso) e o veículo Mente, seguimos para o Purgatório, onde por meio do sofrimento purgamos o que de mal fizemos, e a Essência da Dor se incorpora em nós como consciência; de depois passamos para o Primeiro Céu, onde tudo que fizemos de bom se incorpora em nós como bons hábitos e/ou virtudes.
Ao entrar no Segundo Céu, vivemos com a Mente (que temos aqui) e se aqui nos esforçamos para viver uma vida cuidando mais da parte espiritual dela, temos a chance de trabalhar sobre novos ambientes, novos Corpos e veículos para os outros e para o nosso próximo renascimento.
Por fim retornamos para o Terceiro Céu e a essência da Mente do “reto pensar” e essência Anímica de “reto sentir” são incorporadas em nós como bases para futuros “atos de retidão”.
Encerra-se um ciclo de vida e aguardamos uma nova oportunidade de renascimento para aprendermos as lições que nos faltam, “pelo amor ou pela dor”.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
É o Cordão Prateado que une os veículos superiores e inferiores. Durante os primeiros vinte dias do período de gestação, o sangue do feto é nucleado pela vida da mãe e ela regula o processo de construção do Corpo Denso. Então o Ego, de fora, inicia o trabalho no feto, da mesma forma que um Espírito-Grupo trabalha com os seres da espécie que está sob a tutela dele. Nesse momento, alguns corpúsculos são nucleados e a vida celular é dominante em certa medida. O Ego está no útero, mas ainda não permeou seus veículos. Então a parte inferior do Cordão Prateado começa a crescer a partir do Átomo-semente do Corpo Denso no coração e se eleva enquanto a parte superior inicia seu crescimento a partir do vórtice central do Corpo de Desejos, no qual o Ego está revestido.
À medida que o Espírito, na 4ª Época, a Época Atlante, começou a atrair seus veículos e, gradualmente, os interpenetrou e se tornou dinamicamente ativo, o Espírito individual começou a permear o feto no quarto mês e progressivamente tomou posse do organismo em formação. Quando as partes inferior e superior do Cordão Prateado se unem, começa, então, a vida senciente e temos o período de aceleração. Assim como o Átomo-semente do Corpo Denso está na posição referencial do ápice do ventrículo esquerdo do coração, o Átomo-semente do Corpo de Desejos está na posição referencial do grande lóbulo no fígado.
O Átomo-semente do Corpo Vital durante o dia está localizado no ponto vulnerável chamado plexo celíaco. Esse Átomo-semente é formado pelos dois Éteres inferiores (Químico e de Vida) e é a raiz daquela parte do Corpo Vital em que se dá a morte a cada renascimento. É por meio do Átomo-semente do Corpo Vital, com seu dois Éteres inferiores, que forma ao redor a matriz do novo Corpo Vital, quando o Ego desce para o nascimento. Não há Átomo-semente dos dois Éteres superiores, pois eles são a parte imortal ou a parte capaz de se tornar imortal.
Os Éteres são, por assim dizer, os eflúvios do nosso sangue após a oxidação. Assimilamos fisicamente as partículas físicas do sangue, mas assimilamos etericamente as partes etéricas. Essa mudança está constantemente ocorrendo, e as vibrações do Átomo-semente do Corpo Denso constituem a nota-chave. Os vampiros se alimentam dos eflúvios do sangue que irradiam do Corpo. Esses eflúvios são conhecidos como “magnetismo animal”. Nos matadouros, os elementais repugnantes pairam sobre as poças de sangue, banqueteando-se com os eflúvios daquele sangue.
Os eflúvios mais sutis, representando nossas boas ações e experiências, pairam e formam uma aura turva e dourada, talvez, com um profundo tom azulado próximo ao Corpo. As partes azul e dourada estão aproximadamente nas mesmas proporções e na mesma relação entre si que a parte azul e amarela de uma chama de gás, com a qual tudo se mescla. O fogo que arde na medula espinhal, nos ventrículos do cérebro e no topo da cabeça forma uma chama ardente que possui uma aparência belíssima; é a Luz.
À medida que o sangue corre pelo coração, o Éter é extraído e flui ao longo do Cordão Prateado até o plexo celíaco, onde está localizado o Átomo-semente do Corpo Vital. Esse Átomo-semente parece ter sobre o Éter o mesmo efeito que um prisma tem sobre a luz, pois a corrente de prata é refratada por ele nas três cores primárias, vermelho, amarelo e azul, embora a proporção dessas cores não seja a mesma, como na chama externa que queima acima da cabeça. Nas pessoas que se dedicam a uma vida puramente material, o vermelho é esmagadoramente predominante, mas à medida que nos elevamos espiritualmente, o amarelo se torna perceptível e, mais tarde, o azul. A corrente vermelha se aglutina com a corrente incolor do Éter solar que corre constantemente através do baço, e é o agente que transforma esse Éter incolor em um rosa pálido e fornece a todo o Corpo Vital seu tom delicado parecida com a da flor de pessegueiro recém-aberta.
Os raios amarelos e azuis são refratados na medula espinhal oca e ali está a fonte de luz. À medida que crescemos espiritualmente, a agregação cumulativa desses raios transborda e envolve a cabeça e mais tarde todo o Corpo. É o chamado soma psuchicon[1] no qual podemos viajar (nos planos invisíveis) quando o tivermos liberado do veículo denso; é um metal básico transformado pela alquimia em ouro espiritual, que é a Pedra Filosofal.
E, para finalizar, o Átomo-semente da Mente está entre os dois sinus frontais na testa e o segmento do Cordão Prateado que chega até ele parte do Átomo-semente do Corpo de Desejos.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross – Janeiro/1928 – Este artigo provém de anotações a lápis até então inéditas deixadas por Max Heindel – traduzidos pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Como estudamos no Capítulo 15 da 1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios, em que S. Paulo ensina a doutrina do Renascimento por meio dos Átomos-sementes, tão claramente quanto a dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental de hoje.
Na versão inglesa, o versículo 44 diz: “Existe um corpo natural e um corpo espiritual”; mas o Novo Testamento não foi escrito em inglês e, como os tradutores nada sabiam dos Ensinamentos ocultos não tinham ideia de como traduzir a palavra grega que para eles parecia sem sentido; por isso, a traduziram como a compreenderam. A palavra que é usada e traduzida como “corpo natural” é soma psuchicon. Soma é uma palavra grega que, todos concordam, é Corpo – não há dúvidas quanto a isto. Mas psuchicon – psuche – (psyche) – a alma – um Corpo-Alma do qual nunca ouviram falar; provavelmente pareceu-lhes tolice, de maneira que traduziram a palavra como “corpo natural”. É verdade que S. Paulo diz na 1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:23, que somos “Espírito, Alma e Corpo”, mas, provavelmente, eles interpretaram Alma e Espírito como sinônimos. Existe, porém, uma grande diferença, como é explicado nos Mistérios Rosacruzes: “Este Corpo-Alma é o veículo a que S. Paulo se refere e no qual encontraremos Cristo. É composto de Éter e, portanto, capaz de levitação e de passar por paredes, uma vez que toda matéria densa é permeada com Éter. Os Auxiliares Invisíveis o usam hoje, como Cristo o fez, na Sua primeira vinda aqui”.
O Átomo-semente é onde se registra tudo o que já vivemos em todas as vidas. Há um Átomo-semente para cada um dos três Corpos: Denso, Vital e de Desejos, e um para o veículo Mente.
O Átomo-semente do Corpo Denso está localizado na posição referencial do Ápice, no ventrículo esquerdo, do Coração (que é o lugar onde ocorre o batimento apical, ou seja, a pulsação máxima do coração).
Lembremos que o ventrículo esquerdo recebe, através da Válvula Bicúspide (ou válvula mitral), todo o sangue oxigenado que chega dos pulmões, via as quatro veias pulmonares do Átrio esquerdo.
E, portanto, todo esse sangue passa pelo Ápice deixando as imagens (de material de pensamento, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e ações) de tudo o que se passou ao redor de nós, 24 horas por dia e durante toda a nossa vida aqui. Do ventrículo esquerdo o sangue, via a aorta descendente – a maior aorta do nosso Corpo Denso –, é distribuído para todo o nosso Corpo Denso.
Por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Denso é que são gravados todos os desejos, pensamentos, sentimentos, todas as emoções, palavras, obras, ações e todos os atos que chegam até ele, vindo pelos Éteres (que entra nos pulmões com o ar que inspiramos) e que é trazido pelo sangue arterial contido nas veias pulmonares, que como vimos, são vasos sanguíneos, que carregam sangue rico em oxigênio, dos pulmões até o átrio esquerdo do coração, e atravessando a válvula mitral chega até o ventrículo esquerdo onde, como vimos, no ápice, é a posição referencial onde está o Átomo-semente do Corpo Denso.
Nas forças do Átomo-semente do Corpo Denso estão inscritas todas as nossas experiências de nossas vidas anteriores, e a utilizamos para a construção dos Corpos Densos nos próximos Renascimentos.
Após a nossa morte, são por meio dessas forças do Átomo-semente do Corpo Denso que tudo que está gravado nele, é passado para o Átomo-semente do Corpo de Desejos, utilizando para isso o segmento do Cordão Prateado que liga o Átomo-semente do Corpo Denso até o Átomo-semente do Corpo Vital, e daqui o segmento do Cordão Prateado que liga o Átomo-semente do Corpo Vital até o Átomo-semente do Corpo de Desejos. De forma que o que está gravado no Átomo-semente do Corpo de Desejos, é a base da nossa vida no Purgatório e no Primeiro Céu.
Já o Átomo-semente do Corpo Vital situa-se na posição referencial do Plexo Celíaco (antigamente era chamado de Plexo Solar, porque é um local do nosso Corpo Denso de onde se irradia muitos nervos).
Por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Vital é que atraímos material etérico quando estamos nos preparando para um novo renascimento e, portanto, estamos passando pela Região Etérica do Mundo Físico, e atraímos material para compor o nosso Corpo Vital.
É por meio dessas forças do Átomo-semente do Corpo Vital que o Fluido Vital Solar incolor – que especializamos por meio das forças solares, que entram pelo nosso baço etérico (que é a porta de entrada das forças solares) durante o dia – que é dirigido para o plexo solar que, como vimos, é a posição referencial que está o Átomo-semente do Corpo Vital, é convertido em fluido de cor rosa pálido rosado.
E flui por todos os nervos, e quando é irradiado pelos centros cerebrais em grandes quantidades, move os músculos para os quais os nervos se dirigem.
Lembrando que durante o dia absorvemos o Fluido Solar em grandes quantidades, os pontos do Corpo Vital ficam mais vibrantes, aumentados ou dilatados pelo Fluido Vital, e é o que usamos quando trabalhamos à noite, como Auxiliar Invisível nos processos de Cura Rosacruz.
É por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Vital que temos a composição somente o Éter Químico e o Éter de Vida (ou seja, não há Éter Luminoso e nem Éter Refletor no Átomo-semente do Corpo Vital).
É também por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Vital que o polo positivo do Éter Químico se torna totalmente ativo, por volta dos sete anos de idade e, também, que o polo positivo do Éter de Vida se torna totalmente ativo por volta dos catorze anos de idade.
O Átomo-semente do Corpo de Desejos se situa na posição referencial do grande lóbulo do fígado.
Por meio das forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos é que se recebe, do Átomo-semente do Corpo Denso, todos os pensamentos, sentimentos, desejos, todas as emoções, palavras, obras, ações e todos os atos gravados da vida que acabou de findar, e que será a base da nossa vida no Purgatório e no Primeiro Céu.
Também por meio das forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos é que atraímos material de desejos, emoções e sentimentos, quando estamos nos preparando para um novo renascimento e, portanto, estamos passando pelo Mundo do Desejo, e atraímos material para compor o nosso Corpo de Desejos.
É também por meio das forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos que o nosso Corpo de Desejos nasce por volta dos catorze anos de idade, e entramos então na puberdade.
O Átomo-semente da Mente se situa no meio da posição referencial dos dois seios frontais, localizados acima dos olhos, perto da testa.
Por meio das Forças do Átomo-semente da Mente é que atraímos material de pensamentos-forma quando estamos nos preparando para um novo renascimento e, portanto, estamos passando pela Região Concreta do Mundo do Pensamento para compor a nossa Mente.
É por meio das forças do Átomo-semente da Mente que a nossa Mente nasce por volta dos vinte e um anos de idade e entramos então na maioridade.
Todos os quatro Átomos-semente estão ligados por um Cordão Prateado que é tríplice.
O primeiro segmento, que vai do Átomo-semente do Corpo Denso até o Átomo-semente do Corpo Vital, é formado de matéria etérica.
O segundo segmento, que vai do Átomo-semente do Corpo Vital até o Átomo-semente do Corpo de desejos, é formado de matéria de desejos.
O terceiro segmento, que vai do Átomo-semente do Corpo de Desejos até o Átomo-semente da Mente, é formado de matéria mental.
É graças a esses Átomos-sementes que conseguimos construir um novo Corpo e uma nova Mente.
As forças dos Átomos-sementes impregnaram todos os nossos três Corpos, e todas as nossas Mentes que habitamos sucessivamente na nossa marcha nesse Esquema de Evolução.
São essas forças dos Átomos-sementes que, na forma de registros, que é o Registro de Deus, quando voltarmos a Deus, quando nos unirmos novamente com Ele, ainda subsistirão, e dessa maneira conservaremos a nossa individualidade eternamente.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
A Terra na qual vivemos é composta de outros Mundos além deste que percebemos com os nossos sentidos.
Do mesmo modo, nós somos compostos de outros Corpos além deste Corpo que percebemos com os nossos sentidos físicos, o Corpo Denso.
Pensando mais profundamente, chegaremos à conclusão de que os demais corpos que possuímos devem ser compostos dos materiais desses outros Mundos que a Terra possui. Pois é uma lei cósmica que para podermos funcionar em um determinado Mundo ou Região de um Mundo, deve-se construir um Corpo com material ou matéria desse Mundo ou dessa Região, cujo material é diferente daquele de que é composto o nosso Corpo Denso.
Dá-se o nome de Corpo Vital ao corpo formado por matérias da Região Etérica do Mundo Físico, os Éteres.
Dá-se o nome de Corpo de Desejos ao corpo formado de matéria do Mundo do Desejo.
E dá-se o nome Mente, ao veículo formado por matéria da Região Concreta do Mundo do Pensamento.
Esses 3 corpos e o veículo mental são os instrumentos por meio dos quais trabalhamos para aprender, para servir e para viver.
S. Paulo chamou o Corpo Denso e o Corpo Vital de “corpo natural”, composto de sólidos, líquidos, gases e éteres. E de “corpo espiritual”, o Corpo de Desejos e a Mente (ICor 15:44-49).
Esses Corpos se interpenetram na seguinte ordem: o Corpo Vital interpenetra o Corpo Denso; o Corpo de Desejos interpenetra os Corpos Denso e Vital; e a Mente interpenetra o Corpo Denso, o Corpo Vital e Corpo de Desejos. Ou seja, os Corpos ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Todos eles são concêntricos, uns com os outros.
Falemos um pouco sobre o Corpo Denso. O Corpo Denso é o nosso mais valioso instrumento, não só por ser o mais antigo, mas também o mais organizado.
Sem dúvida é o mais grosseiro dos Corpos – no conceito de massa e peso que temos, a partir da Região Química do Mundo Físico – e por nos colocar em contato com a Região Química do Mundo Físico, traz-nos todas as qualidades e deficiências que já conhecemos. Entretanto, é o mais bem construído, basta lermos nos livros de anatomia e fisiologia que logo chegaremos a essa conclusão.
Um outro ponto interessante é lembrarmos que o baluarte da nossa evolução é aqui no Mundo Físico e, para aprendermos tudo que esse Mundo possa nos oferecer, é preciso ter um corpo bem-organizado a fim de, um dia, alcançarmos a perfeição e o domínio dos elementos e Leis deste Mundo.
Como disse S. Paulo em ICor 6:19-20: “Não sabeis que o corpo é o templo do Espírito Santo, que em vós? (…) Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo”.
E ainda: o Corpo Denso é o “Templo de Deus”, o templo do Espírito interno, um Templo vivo e devemos cuidar bem dele se quisermos funcionar conscientemente nele e, realmente viver nele.
Um cuidado especial que deve ser tomado está relacionado à alimentação. Durante toda a vida o Corpo Denso está sujeito a um processo de solidificação, o que o torna cada vez mais duro conforme passamos pela infância, adolescência, juventude, virilidade e velhice. A causa desse processo é um crescente depósito de fosfato de cálcio, carbonato de cálcio, sulfato de cálcio e outras substâncias minerais encontradas nos alimentos. Essa solidificação endurece os vasos sanguíneos, os músculos e as outras partes do corpo que movimentamos. Esse processo também obstrui os capilares tornando a circulação sanguínea deficiente e, consequentemente, os órgãos que se alimentam do sangue que ali transita.
Podemos retardar esse processo escolhendo alimentos que contenham pouca matéria calcária ou terrosa, estimular a transpiração, principalmente por meio de atividades físicas. Também evitar alimentos estimulantes e alimentos de difícil assimilação pelo nosso corpo.
Enfim: nossa alimentação deve ser alterada conforme se passam os anos e conforme altere o nosso ritmo de vida. É impossível dar uma regra geral sobre nutrição, pois “o que é alimento para uma pessoa, pode ser veneno para outra”.
A assimilação é um processo natural e diferente para cada um. A reação química aos alimentos quando fora do Corpo Denso segue leis bem definidas.
Entretanto, quando dentro do Corpo Denso, são impregnadas pela vida, pelo sentimento e pelo pensamento de cada um de nós de uma maneira individual.
É por isso que as moléculas individualizadas são difíceis de serem assimiladas por nós, tais como a da carne. Isso sem se falar das calcárias contidas nela. E isso sem se falar no aspecto moral de obrigarmos as pessoas a matarem os animais para nos fornecer alimento.
Apesar de termos tabelas que nos orientem, de fazermos exercícios físicos que nos colocam em forma, de cuidarmos dos alimentos que ingerimos, é indispensável ter uma atitude interna positiva sobre a alimentação. Façamos, sempre, esta pergunta: “comemos para viver ou vivemos para comer?”.
Do ponto de vista oculto é importante que vivamos o maior tempo possível em cada Corpo Denso. Pois se leva muitos anos até que consigamos educar tal Corpo, sendo necessário passarmos pela infância, adolescência e, finalmente chegarmos à virilidade. E só a partir do ponto em que despertamos para a vida espiritual é que, realmente, vivemos! Portanto, se quisermos dirigir plenamente o nosso Corpo temos que dar uma especial atenção à alimentação.
A mais pura expressão do Corpo Denso pode ser encontrada no nosso sistema esquelético, nas cartilagens, nos tecidos, na pele e nos pelos. Esses traduzem uma das suas principais funções: o de dar estrutura e sustentação. Astrologicamente os signos estão também relacionados com o Corpo Denso. Através do Signo de Câncer, renascemos neste Mundo Físico e, através do Signo de Capricórnio, o deixamos.
Agora, de nada valeria o Corpo Denso se não tivéssemos um Corpo Vital para vitalizá-lo. É o Corpo Vital que nutre o Corpo Denso. Ele é a exata contraparte do Corpo Denso. É formado pelos quatro Éteres: Éter Químico – responsável pela assimilação dos alimentos e pela excreção dos produtos não utilizados; Éter de Vida – responsável pela propagação da espécie; Éter Luminoso ou Éter de Luz – responsável pelo calor do sangue, pela circulação da seiva e pelos sentidos; e Éter Refletor – responsável pela memória.
Apesar de ser a contraparte do Corpo Denso, o Corpo Vital é ligeiramente maior, estendendo-se cerca de 4 cm além da periferia do Corpo Denso. Cada átomo do Corpo Vital penetra em cada átomo do Corpo Denso fazendo-o vibrar numa frequência que é a nota-chave de cada pessoa, imbuindo a cada átomo a força vital. Podemos ter um certo vislumbre disso quando “adormece”, por exemplo, a nossa mão, quando a circulação do sangue diminui. A sensação de formigamento e de dor são os átomos do Corpo Vital reanimando os átomos do Corpo Denso, aumentando-lhes a vibração até a frequência da nota-chave.
O Corpo Denso nasce assim que renascemos neste Mundo Físico. Já o Corpo Vital só nasce por volta dos sete anos, e assim só o Éter Químico. Os outros Éteres entram em atividade total em cada 7 anos subsequentes. Esses são os motivos de vermos o crescimento do Corpo Denso, uma vez que vemos o Corpo Denso através dos olhos físicos. Mas, para ver o Corpo Vital devemos desenvolver a visão etérica, a visão dos Éteres. Ela é uma extensão da visão física, já que ambas servem para ver as “coisas” do Mundo Físico. Através dela pode-se ver os Corpos Vitais e os Éteres trabalhando em toda natureza.
Toda e qualquer doença se manifesta no Corpo Vital e é só depois que se manifesta no Corpo Denso. Quando temos saúde, o Corpo Vital emite um som contínuo semelhante à de um besouro. Mas, quando estamos enfermos o som decresce em amplitude, os átomos vibram desarmonicamente. A nota desse som difere de pessoa para pessoa e é determinado pelo ascendente quando nascemos.
O Corpo Vital especializa a força vital que provém do Sol. É essa força que usamos para nos mantermos conscientes neste Mundo Físico e para expelirmos os microrganismos que causam doenças.
Quando comemos em demasia utilizamos muito dessa força vital para digerir o alimento. Daí a sonolência que advém. Aqui também vemos a importância da alimentação.
O desenvolvimento do Corpo Vital é feito mediante a repetição de coisas boas; pois ele é o nosso veículo dos hábitos e para que uma coisa boa se torne um hábito é necessário repeti-la muitas vezes. A intensidade com que realizamos e tornamos a realizar as coisas boas, constrói os bons hábitos. Daí a importância do exercício noturno de Retrospecção em nos lembrar das coisas boas que fizemos durante o dia, reforçando-as e das coisas não boas, rechaçando-as.
As experiências repetidas nele podem criar o hábito. A oração é um dos meios de produzir pensamentos delicados e puros que agem sobre o Corpo Vital, purificando-o. A oração do Pai Nosso, promulgada por Cristo, é a mais completa de todas. Sua repetição nos ajuda a conquistar o domínio próprio, a harmonizar o Corpo Vital e a nos tornarmos mais fraternos.
As forças do Corpo Vital têm sua mais pura expressão no Corpo Denso através do baço, do sangue, do coração, do sistema circulatório, das glândulas endócrinas e dos órgãos sensoriais. Astrologicamente, os Astros estão relacionados com o Corpo Vital. E através dele, no nosso mapa astral e nas configurações astrológicas temos toda gama de aprendizagem e as oportunidades para fazer coisas boas, repeti-las, transformá-las em hábitos e, extraindo a quintessência deles, assimilá-los como virtudes.
De nada adiantaria possuir o Corpo Vital que nos possibilita movimentar o Corpo Denso se não tivéssemos o Corpo de Desejos que nos dá o incentivo para a ação, para movimentar o Corpo Denso. É ele que nos dá o interesse, ou o desinteresse, para desejar algo.
É por causa dele que somos capazes de sentir desejos, sentimentos, emoções e paixões. O Corpo de Desejos não tem a mesma forma que os Corpos Denso e Vital. Durante a vida aqui na Região Química do Mundo Físico (enquanto estamos renascidos aqui) tem a aparência de um ovoide que envolve completamente o Corpo Denso, atingindo de 33 a 44 cm para fora desse Corpo, na Humanidade comum.
O Corpo de Desejos só nasce por volta dos 14 anos de idade, marcando o início da puberdade – em que começa a atração pelo sexo oposto, com seus desejos desenfreados e demais características próprias dessa fase.
Assim como enxergamos o Corpo Vital com a visão etérica, assim também, para enxergarmos o Corpo de Desejos é preciso a visão espiritual do Mundo do Desejo. Então, o veremos formado de vórtices que giram, no ser humano comum, no sentido dos ponteiros do relógio, e que têm como centros determinados pontos do Corpo Denso. Também veremos que ele apresenta todas as cores e nuances que conhecemos e outras que nem imaginamos que exista. Essas cores variam de pessoa para pessoa, e dependem das emoções e desejos que em determinado momento experimentamos. No nosso tema astrológico é o Astro Regente que imprime sua própria cor no nosso Corpo de Desejos. Por exemplo, se for Marte haverá uma tonalidade básica vermelha carmim no nosso Corpo de Desejos. Mas, isso varia de acordo com o momento ou do trabalho que o Ego faz sobre seus Corpos.
Ainda não dominamos o nosso Corpo de Desejos. Por esse motivo principal ainda somos vítimas da Lei – base da religião de raça – que tem como um dos principais objetivos subjugar o desejo.
Como disse S. Paulo em sua Epístola aos Romanos Cap. 7 Vers. 14 a 19: “Não entendo absolutamente o que faço, pois não faço o que eu quero, mas faço o que aborreço (…) eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetivá-lo. Não faço o bem que queria, mas faço o mal que não quero”. O mal aqui é o desejo incontrolado que nos faz satisfazer os nossos sentidos, independentemente de serem egoístas ou não; se prejudicam os outros ou não.
Fazer o mal aqui é relativo e depende de cada um.
Antes de despertarmos para o caminho espiritual, tudo nos é permitido. Se esse despertar ocorrer, pouco a pouco a percepção de que muito do que fazemos não é bom e fruto do egoísmo necessariamente ocorrerá. Pouco a pouco, então, passaremos ao domínio de nós mesmos e do nosso Corpo de Desejos. Como diz S. Paulo em sua Primeira Epístola aos Coríntios Cap. 6 Vers. 12: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma”.
Importa ao Aspirante à vida superior: “estar no Mundo, mas não ser do Mundo”. E, para sabermos quão dominado está o nosso Corpo de Desejos, vem a tentação. Ela é a prova se estamos aptos a subir mais um degrau ou não!
As forças do Corpo de Desejos têm sua mais pura expressão no Corpo Denso através do fígado, dos músculos, do sistema reprodutivo e do sistema metabólico. Essa expressão dele é que impele o Corpo Denso à ação.
Astrologicamente falando, as Casas astrológicas estão também relacionadas com o Corpo de Desejos. Através delas temos toda a gama de assuntos que nos despertam o Sentimento de Interesse – provocando a Força de Atração ou a Força de Repulsão – ou o Sentimento de Indiferença. Por meio das Casas astrológicas, temos o incentivo para a ação ou a deliberação para refreá-la. E é interessante ressaltar que o Sentimento de Interesse e o Sentimento de Indiferença são “as alavancas que movem o Mundo”.
Para distinguirmos se os nossos desejos estão se tornando mais superiores, mais puros (entendamos aqui, mais superiores e mais puros, como desejos que são criados a partir de material das três Regiões Superiores do Mundo do Desejo, quais sejam, Poder Anímico, Luz Anímica e Vida Anímica; como exemplos citamos o altruísmo, a fraternidade, a filantropia, etc.); dependendo da natureza de nossas ações a Mente que regulará ou equilibrará os impulsos advindos dos nossos desejos. É ela que proporciona a qualidade refreadora pelo pensamento. É através dela que temos a capacidade de expressar nossas ideias e pensamentos-formas.
Ainda não nos acostumamos a viver com um raciocínio ordenado e consecutivo. Portanto, o que nos impulsiona mais são os desejos; não o raciocínio, o dever, mas, sim, o prazer. Isso ainda se dá porque a Mente está no seu primeiro estágio de evolução, o estágio dito mineral. Seu formato ainda é uma nuvem disposta em torno da nossa cabeça física. Por ser o veículo mais recente que recebemos então a sua utilização é muito incipiente. A Filosofia Rosacruz ensina várias técnicas e Exercícios Esotéricos para ajudar-nos a melhorar a utilização desse valioso veículo. Com isso, tempo virá em que ela será mais ativa e bem mais desenvolvida, chegando ao seu estágio de Corpo, no caso, Corpo Mental.
A Mente nasce por volta dos 21 anos de idade, quando atingimos a fase conhecida como maioridade. As forças da Mente acham sua mais pura expressão, no Corpo Denso, através do cérebro, do Sistema Nervoso e dos pulmões. Essas partes “iluminam” o Corpo Denso.
Nós agimos e utilizamos esses três Corpos e um veículo para evoluirmos. Durante as horas de vigília – quando estamos “acordados” na Região Química do Mundo Físico – o Corpo de Desejos e a Mente estão destruindo o Corpo Denso, através do pensamento e do desejo, que provocam o movimento e destroem os tecidos, órgãos, sistemas e demais partes do Corpo Denso. Já o Corpo Vital – que é cópia fidedigna do Corpo Denso – trabalha para reconstruí-lo, constantemente. Aos poucos, o Corpo Vital vai perdendo a força vital de tanto corrigir os estragos. Por fim paralisa-se, vem o sono e temos que dormir. Aí, então, começa, efetivamente, o trabalho de restauro do Corpo Denso pelo Corpo Vital: saímos do nosso Corpo Denso, levando conosco os dois Éteres Superiores do Corpo Vital – o Éter Luminoso e o Éter Refletor –, o Corpo de Desejos e a Mente, deixando junto ao nosso Corpo Denso, os dois Éteres Inferiores do Corpo Vital – o Éter Químico e o Éter de Vida. Permanecemos ligados pelo Cordão Prateado.
E, assim, depois de uma noite tranquila, de sono restaurador, estamos prontos para mais um dia de vigília, nesta escola da vida. Afinal, o baluarte da evolução é aqui, renascido, na Região Química do Mundo Físico!
Que as rosas floresçam em vossa cruz
“Levantai, ó, portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó, entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.”[1]. Essa passagem, tirada dos Salmos, o Livro dos Louvores, Canções de Sião, considerados como os primeiros dos “escritos” do Antigo Testamento, bem pode ser usada em conexão com o mistério do Cristo.
Os judeus, como outras nações, mostram em seus escritos religiosos que esperavam por um Salvador que viria, o Ungido, Cristo ou Messias. Nesse tempo, o adorado era o Deus Jeová, o Senhor dos Exércitos e Criador das Formas. Portanto, nesse tempo o Cristo devia ser um Deus pessoal, principalmente porque a Mente ainda estava em seu estado ou forma mineral. Eles não poderiam imaginar outra espécie de Deus. Ainda hoje nós O concebemos assim, mas aos poucos mudamos a ideia que temos sobre Ele, por meio da evolução do nosso veículo Mente. Coube àquele educado místico, São Paulo, revelar o segredo básico do Cristianismo, segundo o qual Cristo pode realmente ser formado em nós e, dessa forma, podemos antecipar prazerosamente o dia em que o Ungido irá Se tornar, e já é, nós mesmos.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental acerca da evolução do ser humano explicam o nascimento, crescimento e desenvolvimento dos vários corpos com seus Átomos-sementes, bem como as várias forças que por eles agem, em uma sequência natural, lógica. Agora, estamos tentando, conscientemente ou não, construir um novo corpo feito de Éter no qual o Átomo-semente se tornará ativo. Estando pronto esse veículo, o Poder Crístico poderá nele penetrar; e quando ele despertar, nascerá em nós o Cristo Menino como o segundo aspecto de Deus — Cristo assume então o controle do nosso ser. Disse o místico Angelus Silesius: “Embora Cristo nascesse mil vezes em Belém, enquanto não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada”.
Antes de podermos agir como verdadeiros Cristãos, como expressões do consciente Espírito de Vida interior, devemos construir tal corpo, o Dourado Manto Nupcial, composto dos dois Éteres superiores do Corpo Vital (Éter Luminoso e Éter Refletor). Por meio do Corpo-Alma nós, o Ego – o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado –, podemos agir. Esse Corpo-Alma é, portanto, nosso primeiro objetivo. Ele se desenvolve e é nutrido pelo poder do amor que busca sua manifestação pelo serviço amoroso e desinteressado, focado na divina essência oculta no irmão ou na irmã, porque quando amamos, procuramos servir. Quer compreendamos, quer não, todas as coisas criadas servem a outrem; seu propósito é servir.
Quando o Sol passa pelo Signo de Câncer, onde a Lua está fortíssima – pois a Lua rege Câncer – é um ótimo momento para estudarmos o serviço amoroso e desinteressado, focado na divina essência oculta no irmão ou na irmã, ou: o Espírito – simbolizado pelo Sol – servindo a Alma (a quintessência dos nossos Corpos) – simbolizado pela Lua. Já quando o Sol passa pelo Signo de Leão, vemos exatamente o oposto: a Alma servindo ao Espírito, pois neste mês o Sol rege Leão e domina a influência lunar. Esse é o tempo da construção e melhorias do Corpo, da forma; devido às poderosas forças solares, o Espírito trabalha sobre o Corpo para obter posterior crescimento anímico, o Crescimento da Alma. O crescimento e o fortalecimento da manifestação física são necessários para conter um influxo de atividades maiores e mais refinadas do poder de Cristo, que volta no fim de cada ano. Por isso, é dado maior impulso à exibição material do poder físico do Sol, estando diminuídos seus poderes anímicos. O poder do Sol está agora em seu máximo de força, fisicamente, objetivamente; espiritualmente, contudo, está subjetivo, em preparação para o futuro crescimento anímico.
É, portanto, pela compreensão intelectual das coisas místicas que levantamos nossas cabeças e abrimos nossos corações às portas e entradas eternas para, por elas, deixarmos entrar o Cristo, o Rei da Glória, tornando-nos Cristãos no verdadeiro sentido.
O Signo de Leão é o do Rei e do coração, a fonte do amor e, por isso, nesse nosso período evolutivo, o grande poder do amor é, na verdade, o “rei” e reina supremo. O amor, como causa, produz como efeito o serviço e é essa causa e efeito que, quando demonstrados, tecem misteriosamente o precioso manto do Cristo (o Corpo-Alma), o Soma Psuchicon de que falou São Paulo, como um veículo independente, utilizável para os voos anímicos da vida superior. Esse Corpo-Alma não deve ser confundido com a Alma que o interpenetra. Ele é algo intangível, percebido pelo espírito de introspecção através do qual sentimos o Poder do Pai no Céu, a incitação íntima que todos os Aspirantes à vida superior conhecem tão bem. É o Poder do Pai que acende a luz, tornando o Corpo-Alma luminoso.
Lembremo-nos, entretanto: é o Sol, o Espírito, que é poder, força ou energia agindo no Corpo, o responsável pela Alma e, nessa ocasião, quando atinge sua máxima força, bem podemos aprender com suas atividades. O Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” informa-nos que no Período Solar, um renascimento anterior da nossa Terra, os Senhores da Sabedoria irradiaram de Si o germe do Corpo Vital, capaz de crescimento posterior, possuindo faculdades que agora estão latentes; que essas faculdades iniciaram sua manifestação na segunda Revolução desse Período e continuaram até a sexta Revolução. Nessa Revolução apareceram os Querubins e despertaram o germe do Espírito de Vida; ou seja, o Princípio Crístico do ser humano. No Período Lunar, os Senhores da Individualidade irradiaram de Si o Corpo de Desejos germinal, ligando-o ao Corpo Vital e mais tarde os Serafins despertaram no ser humano o germe do Espírito Humano. No Período Terrestre, no qual agora estamos, esse trabalho envolvendo os Éteres ficou sob a tutela dos Anjos, os mestres dos seres humanos nesse assunto, por serem peritos na construção do Corpo Vital, já que foram humanos quando o Éter era a condição mais densa da matéria.
Já atravessamos o arco descendente da Involução, nesse Esquema de Evolução, e agora iniciamos a porção ascendente da Evolução, armados com a faculdade da Epigênese; estamos passando das substâncias mais densas para as mais sutis, bem como espiritualizando nossas forças e poderes; em poucas palavras, estamos indo do reino puramente físico para o etérico e, por isso, a especialização que vem sofrendo o Corpo Vital, a Alma Intelectual e o Espírito de Vida ou o Ser Cristo. Essa é nossa primeira tarefa como seguidores do Cristo. O Corpo Vital está radicado na posição referencial do baço, por meio do qual especializa a energia solar e é o construtor e restaurador do Corpo Denso; mas enquanto esse Corpo Vital for o canal pelo qual as forças solares são introduzidas no Corpo Denso, ele não tem poder em si mesmo. Determina a direção em que uma dada força é usada; contudo, essa força é fornecida do exterior. Pelo poder do amor, levantamos portas e abrimos entradas eternas em nosso coração para possibilitar ao Cristo entrar e habitar em nós, permitindo assim que nossa Luz brilhe diante dos seres humanos para que possam ver nossas boas obras e glorificar nosso Pai, que está nos Céus.
Outrora, o Corpo de Desejos dos mais avançados da humanidade foi dividido em duas partes: a superior e a inferior, tornando-se capaz de conter um Ego humano. Hoje, estamos provocando a divisão do Corpo Vital também em duas partes: uma superior e outra inferior. A parte superior é conhecida como o Dourado Manto Nupcial (como vimos, o Corpo-Alma) que permitirá ao Cristo, o Rei da Glória, agir dentro de nós. Essa semente virá à vida e crescerá em força e beleza com o decorrer do tempo, se for alimentada e nutrida pelo poder do amor em seu mais elevado aspecto, o que quer significar isto: o sacrifício da carne pelo Espírito. Não podemos ter “Deus e servir ao Mammon[2]”. A lei da autopreservação deve ceder lugar à de viver para os outros.
A construção desse Dourado Corpo Solar do Espírito de Vida é mais bem conseguida por meio da experiência purgatorial obtida pelos Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, por meio do qual se diz que “tomamos o céu de assalto”[3]. É pelos atos, pelas ações, obras de amor e bondade, ou melhor, pelo motivo que está por trás desses atos, dessas ações e obras que construímos o Veículo do Cristo com os Éteres Refletor e Luminoso do Corpo Vital, o Corpo-Alma. Não há outro jeito! O serviço amoroso e desinteressado, focado na divina essência oculta no irmão ou na irmã nos traz as melhores recompensas, pois nenhum exercício pode construir a Alma, porque é apenas um processo de amalgamação pelo qual as experiências da vida física são transmutadas em poder anímico, o poder da Alma.
A força solar, expressa por meio do polo masculino, é a responsável pelo poder da Vontade, um atributo do Princípio Paterno que cuida de Seus filhos, assim como a força lunar, expressa por meio do polo feminino, é a responsável pelo poder da Imaginação, um atributo do Princípio Maternal, que ama Seus filhos. Logo, temos durante todo mês de julho a expressão positiva da Lua, ou trindade fraternal, já que o Sol passa pelo Signo de Leão.
Leão é o Signo dos filhos que vêm ao nascimento pelo poder do amor e, sendo masculino, é natural que os Átomos-sementes dos nossos três Corpos e da Mente sejam depositados por meio do elemento positivo ou masculino e sob o cuidado amoroso das qualidades anímicas femininas para serem nutridos e sustentados.
“Senhor, ajuda-me a viver dia a dia
De tal maneira altruísta
Que mesmo quando me ajoelhe para orar
Minhas orações sejam pelos outros”.
“E a cidade não necessita de Sol nem de Lua para que nela resplandeçam, porque a Glória de Deus a tem alumiado e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21:23).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Sl 24:7-10
[2] N.R.: a palavra siríaca (a língua da Síria antiga, um dialeto ocidental do aramaico no qual muitos textos Cristãos primitivos importantes são preservados e que ainda é usado pelos Cristãos sírios como língua litúrgica) para as riquezas desejadas pelas pessoas sem bom senso ou sem julgamento, imprudentes ou néscias. Contudo, uma pessoa pode manter-se em seus negócios e cuidar deles pelo bem de todos, não por seu próprio interesse ou ganância, mas fazendo o possível para ajudar os outros. Não servindo a “Mammon”, não importa quanta riqueza esteja administrando.
[3] N.R. Mt 11:12
O Ritual do Serviço Devocional do Templo da Fraternidade Rosacruz ressalta, em um de seus mais belos parágrafos, que “Deus é Luz“. Na impossibilidade de definir o indefinível, São João Evangelista procurou dar uma ideia, a mais aproximada possível, da natureza da Divindade. O termo “LUZ”, em sua acepção mais elevada, foi usado pelo “Discípulo amado” para corporificar uma imagem de algo transcendente.
Lemos no Antigo Testamento que fomos “criados à imagem e semelhança de Deus“. Isso deixa transparecer, em termos esotéricos, nossa identidade com o Pai Celestial, do qual herdamos um manancial infinito de potencialidades. Por enquanto, são apenas poderes latentes, aguardando as várias etapas da evolução para manifestarem-se em todo seu esplendor.
Para o ser humano comum tudo isso não passa de fantasia, de loucos devaneios. Ledo engano. A humanidade, em sua maioria, ainda se encontra muito impermeável aos raios da verdade.
Cristo, Espírito incomensuravelmente mais avançado que qualquer ser humano, expressou essa grande possibilidade nestas palavras: “Vós fareis o que eu faço e coisas maiores ainda“.
Em termos potenciais, nossa relação com Deus pode ser entendida mediante a comparação da árvore com a semente. Essa contém todas as possibilidades de desenvolvimento da árvore. Contém, germinalmente, em si mesma, a árvore. Porém, ainda não é uma árvore. Para chegar a esse ponto requer certos cuidados e um trabalho especial.
Com o ser humano ocorre algo análogo. Ele é possuidor de todas as faculdades de seu Divino Pai, mas em estado latente. Para chegar à estatura divina, só mediante os cuidados e o trabalho especial promovido pelas Grandes Hierarquias Criadoras. Um sábio esquema evolutivo fornece todos os meios para que o ser humano desenvolva, com segurança, todos os seus poderes. Pelo menos no que diz respeito ao ser humano, “Involução, Evolução e Epigênese”, constituem a tríade responsável pelo progresso.
Vemos, portanto, que se “Deus é Luz“, essa luz brilha também dentro de nós. E se projeta para fora à medida que estamos conscientes da sua presença, agindo e vivendo como seres autenticamente divinos. A paz e pureza irradiadas por um ser humano, seu amor à verdade, seus atos de bondade e compaixão, seus sentimentos de ternura, tudo é manifestação dessa luz divina.
Alguém nos comparou a diamantes brutos, carentes de lapidação para poder brilhar. Quando a crosta opõe resistência à ação de Deus – o Grande Lapidador – necessário se toma o emprego do esmeril. É quando a pedra geme, fazendo desprender a matéria grosseira que a envolvia em trevas. Observamos aí uma alegoria ao sofrimento. O ser humano não deve resistir à luz divina, ansiosa por perpassá-lo, sob pena de transgredir urna lei natural e colher o resultado em forma de dissabores.
Devemos ser como um transparente cristal permitindo à divina luz irradiar seu fulgurante brilho.
Para lograrmos ser esse foco luminoso, é indispensável alimentarmos somente pensamentos e sentimentos positivos, traduzindo-os em atos realmente edificantes.
“Pelos seus frutos os conhecereis“. A vida de uma pessoa é o indicador da medida em que a luz divina dela é irradiada. A consciência de nossa identidade com Deus faz crescer nossa responsabilidade diante dos problemas dos nossos semelhantes e do mundo em que vivemos. Não há como fugir dessa realidade.
Temos uma missão a cumprir, missão essa consubstanciada naquelas expressivas palavras de Cristo: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo“.
Irradiemos, portanto, essa luz superior!
(por Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de julho/1979-Fraternidade Rosacruz-SP)
No lado inferior da capa tem duas flores-de-lis, simbolizando a Trindade Divina: Pai, Filho e Espírito Santo; mas, como na Época aqui apresentada somente o Pai e o Espírito Santo estavam ativos, temos apenas duas pétalas da flor pintadas de vermelho e, portanto, indicando energia.
Vemos os seres criados como dois fluxos subindo, por um tempo, com dois Corpos ativos, o Corpo Denso e o Corpo Vital; mas, depois de um tempo o Corpo de Desejos é acrescentado e isso é representado pelo vermelho aparecendo nos fluxos ascendentes.
Embora os dois fluxos pareçam iguais, eles são totalmente diferentes. O do lado esquerdo corresponde ao seres criados que são conhecidos, em nossa literatura, como os Filhos de Caim. Eles estão repletos de energia positiva e são os artesãos no mundo, os phree-messen[1], que abrem o seu caminho através da vida ultrapassando os obstáculos, pois sabem que isso fortalece o caráter. Eles trabalham por meio do intelecto, demonstrado pela lamparina que tem nove raios saindo da chama, mostrando o caminho positivo escolhido pelo Estudante esoterista.
O do outro lado, o direito, corresponde aos seres criados que são conhecidos, em nossa literatura como os Filhos de Seth, desenvolvem o lado devocional da vida, o do Coração. A chama divina tem apenas oito raios, um caminho negativo (passivo); os que seguem esse caminho querem um líder, alguém para seguir, alguém para adorar. Eles são os devotos, normalmente espalhados pelas igrejas do mundo, e que obedecem aos ensinamentos fornecidos pelos seus líderes.
Os dois fluxos de vida seguem para cima, lado a lado, até chegar o momento em que os sábios e os amorosos que lideram a nossa evolução decidem que, para acelerar a evolução, é necessário que os dois fluxos se unam e planejam que isso será realizado por meio da construção de um Templo pelos artesãos para os adoradores e que os dois fluxos se uniriam em um Místico Mar Fundido. Podemos ver o impulso maravilhoso pelo cálice erguido de cada lado e preenchido com o vermelho do “vinho da vida”. Pode se ler essa história na construção do Templo do Rei Salomão. Esse plano foi frustrado pela traição dos Filhos de Seth, que ficam do lado direito. E depois disso cada um dos fluxos se afastou mais do que em qualquer tempo antes.
Um condição grave é demonstrada pelo fato de alguns caírem inteiramente no materialismo. Mas, ainda assim, a Onda de Vida humana continua vivendo e progredindo, o devoto e o cientista, o místico e o ocultista, cada um seguindo seu próprio caminho, independente do outro, até que foi atingido um estado tal de materialismo que os líderes espirituais viram um grande perigo para o futuro. Para impedir que o plano de evolução fosse frustrado, foi permitido a destruição em massa de corpos dos seres humanos que, por um tempo, parecia que varreria a humanidade da Terra. Veja a ruptura em ambos os lados. Mas, essa calamidade tem o efeito desejado: vemos, agora, uma grande força e ambos os lados se viram novamente voltados em direção um do outro, em que eles podem se unir em breve como um único fluxo.
Na parte inferior da página vemos mais um símbolo, tão pequeno que pode ser negligenciado facilmente. Aqui está uma pequena cruz preta, que representa o Corpo Denso. Numa ampliação da cabeça da cruz vemos um coração. Coração e Cabeça se uniram, e a consequência pode ser vista no feixe de propagação – o Corpo-Alma resultante.
Ainda há outro símbolo no meio da página, o Símbolo Rosacruz. A parte inferior da cruz branca trilobada representa a vida vegetal, que extrai seu sustento de suas raízes. Em algum momento da nossa existência fomos semelhantes às plantas. A parte horizontal da cruz branca trilobada é o símbolo da nossa passagem pelo estágio animal, com sua espinha horizontal. A parte superior da cruz branca trilobada representa a Mente, que é a característica do ser humano, e a estrela radiante representa o Dourado Manto Nupcial que nos tornará divinos.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1919 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Nota: Como a Fraternidade Rosacruz recebeu algumas perguntas referentes ao motivo pelo qual a rosa branca não está desenhada na versão do Símbolo da Fraternidade que aparece nos livros, cartas, envelopes etc., foi explicado na edição do Echoes de julho de 1985: “A rosa branca simboliza pureza de coração e, também, a laringe com a qual o ser humano, quando estiver puro, falará a palavra criadora; é a parte mais sagrada do Símbolo. Ela atrai e emite uma força que deve ser admirada com muito respeito. Por essa razão consideramos inadequado imprimir a rosa branca na versão do Símbolo que é utilizado em produtos materiais, comerciais e anexos dos trabalhos da Fraternidade. O Símbolo que permanece na Capela e no Templo em Mount Ecclesia, que contém a rosa branca, é coberto por uma cortina que a tira da vista, e apenas durante algumas ocasiões como nos rituais do templo e de cura. O Símbolo na Capela do Departamento de Cura, que, também, contém uma rosa branca, está constantemente descoberto. Contudo, essa capela é visitada apenas por pessoas que sinceramente e conscientemente rezam pela cura, ou por aqueles que urgentemente pedem por auxílio espiritual”.
[1] N.T.: que é um termo egípcio que significa “Filhos da Luz”.
Uma bolha do infinito que se emaranhou na matéria e que lentamente está voltando à sua fonte no Espírito Eterno. Assim como a manteiga evoluiu a partir do creme, da mesma forma o universo manifesto evoluiu a partir da Substância não manifestada e Infinita. E como as bolhas de leitelho (o soro de leite coalhado) são capturadas na massa de manteiga, também na Criação universal as bolhas do Espírito Infinito são capturadas na matéria.
Como uma bolha de ar que é liberada da sua escravidão na lama no fundo de um lago sobe lenta, mas seguramente, através da lama, do lodo e da água até atingir a superfície, onde se expande, explode e se une ao seu próprio elemento, assim também é o progresso do Ego individual em sua jornada ascendente para a união final com Deus. Nos primeiros estágios da sua evolução, no Reino mineral, o Ego individual, ou consciência, é fortemente oprimido pela matéria grosseira — isso é, a matéria pressiona tão fortemente a consciência que “sua vida é completamente esmagada”; daí, o seu estado de “inconsciência”. Mas, no Reino vegetal a pressão da matéria é um tanto aliviada e o Ego torna-se semiconsciente; uma forma ainda mais elevada de consciência é aparente no Reino animal; mas a autoconsciência não se torna manifesta até que o Reino humano seja alcançado.
Mas, também no Reino humano, em vários momentos e sob diversas condições, todas as formas inferiores são encontradas. Mesmo a autoconsciência assume várias formas — como a imaginativa, a intelectual, a intuitiva, a “classe” e os estados cósmicos. O verdadeiro Ego, ou “Eu superior”, “Aquilo que em ti conhece”, é claro, nada mais é do que a consciência. É Aquilo que pensa e sente, que move e age, que tem vontade. Percebendo isso, os problemas da vida, do desenvolvimento individual e da autoevolução tornam-se simplesmente uma questão de uso ou expansão da própria consciência, sendo ilimitada a extensão de tal uso ou sua expansão.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Muitas pessoas que moram na cidade não estudam os céus. Geralmente ficam fechados dentro das residências ou olhando para cima e para baixo nas longas ruas com iluminação elétrica; mas, quando vamos para o campo onde há pouca iluminação artificial e vemos os céus se expandindo sobre a Terra como uma cúpula abobadada, obtemos uma visão melhor, especialmente se tivermos olhos que enxergam.
Talvez a oeste possamos ver uma nuvem enevoada cobrindo, como se fosse uma cortina, o leito do Sol poente; talvez possamos ver um fogo vivo acima da vasta extensão do mar, se estamos em um litoral; e depois que ele desaparece, talvez possamos ver a Lua Nova um pouco mais acima; ainda um pouco mais acima, Vênus, o mais belo e luminoso de todos os nossos Planetas… E, então, ao nos virarmos e olharmos mais para o leste, podemos ver como, uma após a outra, as lâmpadas do céu são acesas à medida que as estrelas de diferentes magnitudes aparecem e, finalmente, contemplamos uma miríade de mundos.
Parece não haver ordem nem sistema e, no entanto, quando olhamos com cuidado e com compreensão, podemos ver que existem muitas constelações e que elas se movem em sucessão ordenada do leste para o oeste; que quanto mais perto elas estão do polo, mais giram em uma órbita; também vemos como as diferentes estrelas assumem posições diferentes em horas diferentes; assim, podemos citar as palavras do salmista: “Os céus declaram a glória do Senhor.” (Sl 19:1).
Há algo maravilhoso naquele céu abobadado e naquelas flores ardentes do céu, quando as contemplamos uma após a outra, enquanto o dia desaparece e a escuridão da noite se aprofunda. Durante o dia vemos apenas o Sol e talvez em certos dias a Lua, mas à noite ficamos mais impressionados com a infinitude do espaço, a vastidão deste universo em que vivemos e certamente devemos perceber que existe um Poder governante por trás de tudo.
A ciência materialista de meados do século passado iniciou a teoria da geração espontânea — em algum momento apareceu no espaço, espontaneamente, uma névoa de fogo e, também espontaneamente, surgiram naquela névoa de fogo correntes que a fizeram girar; então, também espontaneamente, a força centrífuga lançou dela corpos e eles formaram Planetas que giram em torno do Sol central; assim, os Sistemas Solares foram formados.
No entanto, mesmo Spencer, o grande pensador materialista do século XIX, não podia concordar com essa Teoria Nebular, pois ele viu que, se tal teoria fosse verdadeira, deveria haver por trás de tudo uma primeira causa. Ele não acreditava em um Criador Divino, mas compreendia perfeitamente que deve ter havido uma causa externa para iniciar aquela névoa de fogo. Os cientistas, daquela época, costumavam fazer uma experiência com um pouco de óleo, que eles jogavam em uma bacia de água para mostrar como a névoa de fogo se moldaria em uma bola e lançaria de si Planetas para longe, de modo que girassem em torno do Sol; eles tentaram fazer as pessoas acreditarem que não passava de uma lei natural e cega; mas Spencer entendeu que aquele que agitou a água representava a causa primeira e, portanto, às vezes, devemos acreditar que por trás desse vasto universo existe um Poder governante; isso é assim ou não poderia haver uma expressão tão ordenada. Se jogarmos uma caixa de lápis para o alto, esperamos que ela caia de forma a produzir um belo poema? Não, não poderíamos; menos ainda podemos esperar que uma massa de átomos, tal como preconizava a ciência da época, moldasse a si mesma em tais formas ordenadas.
Assim, “os céus declaram a glória de Deus” e quando olhamos para o céu e vemos tudo isso com nossos próprios olhos, isso deve ser suficiente para nos assegurar que deve haver um grande e governante Ser que comanda o movimento de todos esses mundos em suas órbitas; quando observamos por um telescópio, vemos que há um número ainda maior de mundos; e quanto maior o telescópio, mais constatamos que existem mundos acima de mundos que não são revelados ao olho nu.
Olhe para cima, por exemplo para a constelação de Orion – o caçador; a mais baixa daquelas três estrelinhas (as Três Marias, como são conhecidas aqui no Brasil) que formam a sua espada é, por assim dizer, uma massa nebulosa; nada será visto a olho nu a não ser isso e podemos até mesmo tentar usar um telescópio, como o que o grande astrônomo Herschel usou quando descobriu o planeta Urano, mas ele também mostrará apenas uma nebulosa. É somente quando usamos os maiores telescópios de nossos dias que obtemos alguma satisfação em relação ao que está lá; quando a vemos através de tal telescópio, descobrimos que não é uma nebulosa, mas um Sistema Solar como o nosso, apenas muitas, muitas vezes maior.
Estamos aqui, em um pequeno Planeta que chamamos de Terra, e o Sol em torno do qual ele gira é um milhão de vezes maior; mas, um Sol como Arcturus, que vemos tão longe nos céus, emite quinhentas vezes mais luz do que o nosso Sol; dizem que uma estrela nas longínquas Plêiades, que são tão nebulosas que dificilmente são distinguíveis aos olhos, emite cem milhões de vezes mais luz. Nossa Terra gira em torno do seu eixo a uma velocidade de 1.609,34 km por hora e corre ao longo da sua órbita ao redor do Sol a uma taxa de 104.607,36 km e faz isso ao mesmo tempo. Leva, em torno de, trezentos e sessenta e cinco dias para fazer essa revolução; faz parte de um Sistema Solar e é dito que o nosso se move em uma órbita que, segundo cálculos, levaria 1.800 milhões de anos para ser completada. Órbita dentro de órbita, estrela dentro de estrela e assim vai… Mas “os céus declaram a glória do Senhor”, porque eles apontam para o fato de que deve haver uma grande e maravilhosa fonte central de poder que mantém tudo isso funcionando.
E quando vocês e eu pensamos que realizamos algo grande; quando talvez nos sintamos vaidosos ou quando saímos e olhamos para aquele céu abobadado, qual é a lição que aprendemos? Quando comparamos nossas próprias e pequenas conquistas com o que existe naquele universo, isso não deveria nos ensinar humildade? E, se tristezas e problemas nos visitam, se nos preocupamos com as pequenas coisas que acontecem em nossas vidas, pensemos apenas nesse maravilhoso universo em que vivemos.
Na Terra pode haver tristeza, dor e conflito; a tempestade pode destruir em uma hora mais do que o ser humano pode construir em séculos, a erupção de um vulcão pode, em poucos segundos, destruir uma cidade de milhões de habitantes e um terremoto pode trazer grandes estragos; mas, quando tudo isso acaba e olhamos para cima, o universo “não se moveu em uma partícula”. As mesmas estrelas brilham acima de nós, estrelas que brilharam sobre a Terra por milênios. Há imutabilidade aí e essas estrelas, que se movem em suas órbitas que parecem imutáveis, estão sob uma lei também imutável que as mantém firmes. Podemos chamar essa lei de gravidade, ou podemos chamá-la de Deus, mas ela está lá e essa mesma imutabilidade — o próprio fato da imutabilidade das leis — é o que nos dá segurança.
Se não fosse por essa lei, a da gravidade, não poderíamos sair de casa com segurança pela manhã e ter certeza de que a encontraríamos lá, à noite; mas por causa dessa lei, que mantém tudo em seu lugar, ela está lá quando voltamos. Sabemos que a água, quando transformada em vapor, é uma força que, sob certas condições, pode ser usada; dependemos da imutabilidade das Leis de Deus e descansamos seguros nisso.
Como é no universo, assim é com as pequenas coisas da vida (“assim com é em cima, é embaixo”). Contemplar as órbitas imutáveis das estrelas nos dá a fé de que não seremos lançados no nada; que ano após ano haverá tempo para um maior desenvolvimento, até que tenhamos completado e aproveitado todas as oportunidades que estão aqui para nós; a fé de que não haverá uma convulsão repentina na Terra que nos lançará no espaço e fará com que esta vida perca seu valor; a fé de que tudo o que está aqui, está sob a mesma lei imutável que governa e tem governado e sustentado incontáveis estrelas no espaço por milhões e milhões de anos; então podemos agradecer a Deus por esta oportunidade; que possamos ter fé para olhar para os céus e assim chegar mais perto d’Ele.
Antigamente, a humanidade sempre contemplava os céus com reverência; é apenas nesses dias materialistas que nos esquecemos dele por um tempo; mas nós, que estudamos a ciência estelar de um ponto de vista espiritual, devemos perceber que, assim como existe a órbita da Terra ao redor do Sol e a órbita do Sol ao redor de outro Sol central, também nós temos uma órbita cada vez maior. Podemos ter pequenas oportunidades no presente, mas, dependendo de como as usarmos, teremos maiores oportunidades no futuro ou permaneceremos no ambiente que temos hoje. Se não abraçarmos diligentemente as oportunidades aqui, a Natureza, em sua solicitude beneficente, vai nos retirar deste local para nos dar outra chance em outro ambiente; mas, quando esgotamos as oportunidades aqui na Terra, um novo ambiente nos é dado com maiores oportunidades.
Aqueles que receberam os ensinamentos mais profundos devem aproveitar especialmente todas as oportunidades de estudo dadas aqui e apreciar os Ensinamentos Rosacruzes, que são os mais avançados dados ao mundo ocidental; também devemos apreciar qualquer oportunidade que tenhamos de viver vidas mais úteis no mundo, mais do que a das pessoas que não fazem isso. Não devemos procurar trabalho longe — cabe a nós fazer tudo o que pudermos no ambiente onde nos encontramos para viver vidas nobres e elevadas, embora também muito humildes. Não devemos deixar que as pequenas preocupações da vida nos dominem, mas ter como objetivo deixar as nossas luzes brilharem em órbitas cada vez maiores para que possamos adicionar brilho à Glória dos Céus, como convém aos Estudantes Rosacruzes.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)