Embora Plutão tenha sido oficialmente descoberto somente em 12 de março de1930, os cientistas já possuem sobre esse Astro um número considerável de dados dignos de confiança. Inserindo Plutão em horóscopos mais antigos e levando em conta as chaves transmitidas pela Mitologia, foi possível modelar bastantes frases e palavras-chave que têm permitido aos astrólogos interpretar corretamente a influência desse Astro em qualquer Signo ou Casa, bem como os respectivos Aspectos. Essas palavras-chave são já numerosas e incluem algumas bem conhecidas tais como: transformação, transmutação, redenção, regeneração, morte, renascimento, unidade, cooperação, tirania, ditadura, desaparecimento, delinquência, gangsterismo, coerção. Notamos imediatamente que esses conceitos estão largamente correlacionados com a 8a Casa, a das heranças, morte e renascimento espiritual. Segundo a Mitologia, Plutão era o deus do mundo subterrâneo (em grego Hades), o inferno ortodoxo onde arde o fogo eterno. Esse fogo corresponde ao sexo, a força procriadora. Quando analisado profundamente, Plutão revela todas as fases do sexo e, como as atividades sexuais são as mais fortes em praticamente tudo o que diga respeito à vida e à morte, bem se pode dizer que esse Astro é a “central de energia” da família planetária. Pensamos que não deve ser estritamente considerado como adverso, mas antes como um Astro que não aceita compromissos em meios-termos, não concede favores e exige que todo e qualquer benefício ou proveito tenha de ser ganho.
Plutão pode adequadamente ligar-se ao submundo do crime ou pelo menos à esfera das classes sociais mais baixas e desfavorecidas. Etimologicamente significa riqueza e esse termo foi-lhe aplicado porque o trigo, riqueza dos tempos antigos, era enviado de dentro da terra para fora (para cima) como uma dádiva. Plutus, o deus da riqueza, também enviava a pluvia. Era representado como sendo cego, indicando assim que quando um homem focaliza a sua atenção nas coisas materiais, deixa de ver as coisas verdadeiramente dignas e valiosas que o rodeiam, e como diz o ditado: “o apego ao dinheiro é a raiz de todos os males”. A palavra “plutocrata” e “plutocracia” derivam de Plutus e significam o poder de dominar por meio da riqueza obtida por outros meios que não os do próprio trabalho. Tipos de riqueza que caem sob a jurisdição da 8a Casa (posição natural do Signo de Escorpião) provêm de heranças, legados, bônus, taludas, seguros e fontes similares, tendo sido adquiridos numa encarnação anterior e surgem agora de fontes ocultas como, por exemplo, uma herança inesperada na presente vida. Plutão e Prosérpina, sua esposa, governavam os Espíritos dos mortos no mundo inferior ou subterrâneo, e aqui constatamos uma analogia direta com a morte, tradicionalmente incluída na 8a Casa. Plutão e Prosérpina relacionam-se com os princípios macho e fêmea da Natureza, os princípios da procriação. Outra correlação com essa Casa torna-se evidente quando consideramos a função de Ceres, deusa das searas e mãe de Prosérpina, de cujo nome derivou a palavra cereal. No ciclo de vida dos cereais, como na maioria das plantas, a velha planta morre e a semente que dela saiu é enterrada, germina e depois reproduz uma nova planta — da morte surgiu o renascimento.
Plutão é geralmente aceito como regente (ou corregente com Marte) do Signo de Escorpião, governando os órgãos de excreção que controlam a “rede de esgotos” do Corpo Denso, tal como também rege as redes de esgotos de qualquer cidade. Assim, vemos Plutão como regenerador e transformador, porque a matéria excretória, uma vez enterrada, é transformada, regenerada e quase podemos dizer redimida, aparecendo mais tarde sob novas formas, como a Fênix que renasce das suas próprias cinzas[1]. Considerando o seu Aspecto positivo, Plutão trabalha em benefício da unidade através da organização. A regeneração do Corpo Denso e da Mente começa a ter lugar quando se suspende a gratificação dos sentidos; criam-se, assim, as condições para as forças vitais que ascendem pelo serpenteado cordão espinal como um fluido ou gás, vitalizando a glândula pineal que se abre então à influência espiritual de Netuno. Atingido esste ponto, o homem ou a mulher pode elevar-se a grandes alturas pela força de uma Mente renovada. Como consequência, a regência plutônica é invertida e transferida para o Signo do Carneiro (regido por Marte), que governa a cabeça que, por sua vez, é a sede do pensamento onde se aloja a Glândula Pineal.
No lado negativo, Plutão engendra e favorece a tirania, a ditadura e a organização de esquemas para dominar os outros, influenciando os “padrinhos” do submundo, os gangsters e os assassinos. Pelos seus Aspectos adversos tem sido comparado ao Guardião do Umbral — entidade elemental criada nos planos invisíveis pelos nossos maus pensamentos e ações que não foram transmutados em vidas anteriores. Pelos Aspectos positivos tem sido comparado ao Santo dos Santos. Não há um Astro que indique, como esse, condições tão drásticas e depravadas por um lado e, ao mesmo tempo e em contrapartida, tão exaltados cumes de espiritualidade.
O Signo de Escorpião como Signo Fixo de Água pode comparar-se ao gelo comprimido e imóvel. Como significador emocional é sentimento na sua forma mais intensa. Representa o grande oceano do poder do desejo do qual toda a humanidade recebe o alimento emocional para ser transmutado por meio do amor e da regeneração da vida. Os nossos problemas surgem na nossa vida como dor no contato com os outros e através da nossa reação vibratória aos seus padrões de consciência. A roda do horóscopo é a representação abstrata de encarnações sucessivas. Em cada encarnação o nascimento físico é simbolizado pelo Signo ascendente na 1a Casa. No entanto, cada vez que renascemos há uma nova reação de consciência sexual; o reconhecimento de “outro eu” para o cumprimento desejado e necessitado. Em sentido abstrato é Adão e Eva, através do intercâmbio de polaridades, começando com a experiência do sexo físico até chegar a todas as etapas de desenvolvimento e intercâmbios mentais e criadoras, relações biológicas e não-biológicas. A 1a Casa do horóscopo do zodíaco natural é representada pelo Signo do Carneiro, que é a (poderosa) afirmação: Eu sou. A 2a, pelo Signo de Touro: Eu tenho as coisas da vida; através da consciência de posse desse Signo venusiano do elemento terra, que é fixo, simbolizando o sustento da vida física; são as raízes na terra, o sentido de posse, o nosso domínio nessa expressão da vida.
A 7a Casa, Signo também venusiano, mas do elemento ar (Eu sou com os outros; nós somos: sociedade, Casamento etc.) transcende o Eu sou do Carneiro. A 7a Casa é a 1a do hemisfério superior, é a iniciação da consciência anímica pela experiência do reconhecimento do amor ou da destilação da essência do amor através dos mecanismos de relação. A Casa n° 8 representa a polaridade anímica da 2a, que é regida por Touro. É o recurso do desejo, o fogo do intercâmbio e da polaridade, completando assim o quadro do lançamento do indivíduo aos níveis evolutivos para transmutação e regeneração da consciência. Isso é um retrato que representa simbolicamente o bíblico Jardim do Éden, o nascimento da consciência sexual e a iniciação do matrimônio. Eva é a consciência da alma ou a metade superior da roda. Ela é derivada da necessidade de “transcender as condições da 1a Casa”, que é em si conservação própria, separatista, inocência ou ignorância. Todo ser humano é um composto vibratório de “Adão e Eva”. O sexo físico é meramente uma especialização de polaridade manifestada numa encarnação para necessidades específicas que são geradoras e evolutivas. Não há superioridade do masculino sobre o feminino. Cada ser humano, se relacionado com o grande oceano do poder do desejo, pode ser comparado a uma avalanche que mostra na superfície uma pequena parte da totalidade. Cada um de nós tem potencialidades de desejo submersas ou desconhecidas, o que levou muitos pensadores a ligar essa situação ao “inconsciente coletivo”. Todo ser humano, em qualquer momento da sua etapa de evolução, vibra em certo nível com esse “Corpo de Desejos coletivo”, analogamente, em qualquer vibração específica de cor ou espectro inteiro ou em qualquer tom em relação ao corpo de vibração tonal.
Os Aspectos de Conjunção ou Quadratura com outros Astros indicam, em regra geral, um desafio e uma tensão interna entre nós próprios, que podemos aceitar como algo que devemos enfrentar intensamente, empenhadamente, ou que podemos tentar evitar. A Oposição indica geralmente tendências compulsivas que são exigentes e teimosas, interferindo com regularidade no desenvolvimento de certas relações em nossas vidas. Assim, Escorpião, Plutão e a Casa 8 estão relacionados com a transformação que tem relação com o poder do desejo, o que forja as nossas ligações ou desejos que nos motivam compulsivamente. Os Signos Fixos representam as forças internas em uma profundidade de poder inconcebível. Através do Signo de Touro somos impelidos ao amor e ao sustento da família. Do amor ardente de Leão, pelos filhos ou outras criações que se estendem pela infinita fraternidade do amor sem fronteiras de Aquário. Escorpião é a imensa e profunda energia que, quando redimida, transforma-se em um fluxo perene e constante de poder e amor supremos. Os Signos Cardeais nos levam construtivamente à realização dessa força suprema. Os Signos Comuns transmitem a sabedoria em toda a sua pureza e esplendor no trabalho no Mundo Físico. A Mente abstrata reflete sutilmente a Ideia germinal, incorporando-a na Mente concreta e arquetípica. A involução do Espírito na forma levará a evolução da forma até à espiritualidade necessária para transbordar na alma essa essência divina que surge da união entre a Mente e o coração dos mundos internos com o Mundo Físico. As Hierarquias Criadoras ou Zodiacais são os embaixadores divinos das estrelas das constelações cuja energia, vibrações e harmonia são captadas e expressadas pela nossa estrela, o Sol, em uma cadeia infinita até ao Deus Uno e Universal.
Elman Bacher, um Astrólogo Rosacruz de elevada evolução e autor de muitos pontos de vista aqui referidos, afirma que o Signo de Escorpião só é adverso para aqueles que veem o “mal” como força fixa, negando a si próprios a graça de crer no poder onipotente do bem que apagará o “mal”, tal como uma noite triste e sem estrelas transforma-se em uma radiante madrugada cheia de luz.
(Publicado na Revista Rosacruz-Centro Rosacruz de Lisboa-Portugal
[1] N.R.: É interessante constatarmos o grande número de movimentos e escolas literárias e artísticas que adotam o nome de Fênix ou a ideia dessa por meio de uma palavra ou frases curtas, sempre no eterno desejo de renascer do que já passou e deu os seus frutos.
É usando a lei de Titius-Bode que se comprometeu a preencher a lacuna observada entre Marte e Júpiter. Já em 1786, o astrônomo francês Jérôme Lalande (1732-1807), empreendeu essa pesquisa, mas sem sucesso.
Você tem que cruzar o limiar do século 19 e ir para a Itália.
Essa lacuna entre Marte e Júpiter destacada pela lei de Titius-Bode foi preenchida em 1º de janeiro de 1801, no observatório de Palermo, na Sicília, por um astrônomo e monge beneditino chamado Giuseppe Piazzi (1746-1826).
Ele descobriu o maior dos asteroides, Ceres, cuja distância média do Sol corresponde à quinta posição na lei de Bode.
Em 1802, Pallas foi descoberto. Isso intrigou os astrônomos porque era surpreendente que dois Planetas orbitassem tão próximos um do outro.
O espanto aumentou ainda mais quando Juno foi descoberto em 1804 e depois Vesta em 1807. Não se tratava, portanto, de um único Planeta, mas de um conjunto de corpos, que chamamos de “asteroides”, localizados em torno da famosa “distância de Bode”. Foi necessário esperar até 1845 para descobrir um quinto asteroide chamado Astrée.
Em 2017, o número de asteroides maiores que um quilômetro era estimado em 400 mil (apenas 26 são maiores que 200 km). Devido ao seu tamanho, Ceres é o único asteroide quase esférico. Seu diâmetro é de 946 km, pouco menos de um terço do diâmetro da Lua. Sua massa é cerca de um terço da massa total do cinturão de asteroides localizado entre Marte e Júpiter.
Várias teorias opostas tentam explicar a origem desse cinturão de asteroides. Aquela que atualmente recebe a aprovação da maioria dos astrônomos, considera que se trata das “ruínas de um projeto inacabado”: a acumulação do material nebuloso original nunca poderia ter sido plenamente realizada devido à fortíssima força gravitacional de Júpiter.
Uma segunda teoria vê os asteroides como restos de um único Planeta que explodiu. O problema dessa teoria é que a massa total dos asteroides é cerca de 5% da massa da Lua e isso constituiria uma esfera com um diâmetro inferior a 1500 km, que é demasiado pequena para formar um Planeta. Lembre-se que Mercúrio tem um diâmetro de 4.879 km e o da Terra tem 12.742 km (em média). A Lua tem um diâmetro de 3.474 km.
Uma terceira teoria prevê que seriam os destroços de um pedaço de Planeta arrancado durante uma colisão, que teria a vantagem, em relação à teoria anterior, de poder “grudar” na massa total dos asteroides.
Max Heindel diz no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, no final do capítulo XI, que os asteroides são os fragmentos dos satélites de Mercúrio e Vênus que serviram num passado distante para a evolução daqueles que conhecemos sob o nome de Senhores de Mercúrio e Senhores de Vênus. Os Senhores de Mercúrio, que alcançaram a evolução do Planeta Mercúrio, em grande parte, pelos serviços que nos prestaram. A mesma coisa se deu com os Senhores de Vênus
Ao nível de massa, isso pode ser bom, mas essa afirmação esotérica poderia parecer contradizer as leis da mecânica celeste, se todos os asteroides gravitassem entre Marte e Júpiter. Na verdade, 5% dos asteroides não pertencem ao cinturão principal e têm uma órbita tão alongada que alguns passam perto da Terra, de Vênus e até de Mercúrio.
Em particular, o asteroide Ícaro, de 1,4 km de largura, que leva bem o seu nome, passa dentro da órbita de Mercúrio, muito perto do Sol, para retornar além de Marte.
As teorias científicas e as informações esotéricas fornecidas por Max Heindel sobre os asteroides não são, portanto, necessariamente contraditórias se assumirmos que todos os asteroides não têm a mesma origem.
Ao nível astrológico, embora a investigação tenha sido rapidamente realizada para Urano e mais tarde para Netuno e Plutão, para determinar as suas características astrológicas e, em particular, que Signo eles governam, só recentemente essa investigação foi realizada para os asteroides. No entanto, Plutão não é muito maior que Ceres e está 14 vezes mais distante de nós (o que obviamente não constitui um argumento astrológico, porque as distâncias certamente não intervêm neste campo).
Assim como Urano não excluiu Saturno como Regente de Aquário, mas eles são considerados seus corregentes, Mercúrio permanece, é claro, Regente do Signo de Virgem.
Agora vamos falar sobre a descoberta de Netuno. Vários astrônomos notaram anomalias na órbita de Urano (Delambre, Laplace, Conti, Bouvard).
Em 1821, Alexis Bouvard (1767-1843) publicou uma tabela astronômica de Urano e suspeitou de “alguma ação estrangeira que teria influenciado o curso do Planeta”.
Em 1840, Bessel (1784-1846) levantou a hipótese de que se tratava de um novo Planeta. Foi Urbain Le Verrier (1811-1877), ensinando astronomia na École Polytechnique desde 1837, quem determinou, por cálculo, sua posição em 31 de agosto de 1846. Em 18 de setembro, escreveu ao astrônomo alemão Johann Galle (1812-1910), que recebeu a carta em 23 de setembro. Como o tempo estava bom naquela noite, Galle apontou seu telescópio para o ponto indicado e descobriu Netuno a um grau da posição calculada.
Arago (1786-1853), que encorajou Le Verrier a fazer essa pesquisa, escreveria: “M. Le Verrier viu a nova estrela sem precisar lançar um único olhar para o céu; ele viu no final da caneta”.
Le Verrier fez uma profecia: “O sucesso deveria permitir-nos esperar que, após trinta ou quarenta anos de observações do novo Planeta (Netuno), seremos capazes de usá-lo, por sua vez, para a descoberta daquele que segue na ordem de distância de o sol.
Como veremos, a descoberta de Plutão levaria mais de 30 ou 40 anos. Foi a partir da descoberta de Netuno que a lei de Bode caiu mais ou menos em desuso nos círculos astronômicos, porque a diferença entre a distância média de Netuno ao Sol e aquela fornecida pela lei de Bode é bastante importante.
Max Heindel escreve no livro “Astrologia Científica Simplificada”: “O místico refere-se à lei de Bode para apoiar sua afirmação de que Netuno não pertence realmente ao nosso Sistema Solar… Netuno é a personificação de um grande Espírito das Hierarquias Criadoras que normalmente nos influenciam através do Zodíaco. Esse gênio planetário trabalha sobretudo com quem se prepara para a Iniciação e, em parte, com quem estuda Astrologia Espiritual e a põe em prática no seu quotidiano, desde então também se prepara para o caminho do conhecimento”.
Encontramos também essa afirmação de que Netuno não pertence ao nosso Sistema Solar, no final do capítulo XI do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, mas sem referência à Lei de Bode.
Para acabar com a Lei de Bode, ainda temos que ultrapassar o limiar do século XX.
Max Heindel escreve no capítulo XVIII do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “Na notável obra do Sr. Sinnett, The Development of the Soul, publicada em 1896, o autor afirmou que existem dois Planetas além da órbita de Netuno, apenas um dos quais seria descoberto pelos modernos astrônomos.
Na edição de agosto de 1906 da ‘Nature’ afirma-se que o Professor Barnard, usando o refletor de 90 cm de Lick, descobriu o referido Planeta em 1892… O ponto importante é que o Planeta está lá e que o Professor Barnard afirmou já ter descoberto isso anteriormente”.
Edward E. Barnard (1857-1923) foi um grande astrônomo que, em 1892, observou a explosão de uma estrela (nova) e descobriu um quinto satélite de Júpiter, tendo os quatro primeiros sido de Galileu em 1610 (hoje conhecemos 67 deles).
Em 1915, Percival Lowell (1855-1916), fundador do observatório de Flagstaff, Arizona, detectou pequenas anomalias na órbita de Netuno e, pelo mesmo método de Le Verrier, provou a existência de um Planeta localizado além da órbita de Netuno.
Mas, a pequenez e a distância desse Planeta não permitiram observá-lo tão facilmente como foi o caso de Netuno.
Em 1919, usando um método diferente, William Henry Pickering (1858-1938), astrônomo do Observatório Mount Wilson, na Califórnia, chegou à mesma conclusão sobre a órbita desse Planeta.
Demorou mais 11 anos para que fosse descoberto, em 13 de março de 1930, em Flagstaff, pelo assistente do observatório, Clyde Tombaugh (1906-1997), em fotografias tiradas em 21, 23 e 29 de janeiro de 1930.
A sua posição foi deslocada apenas 2° em comparação com a prevista pelos cálculos de Lowell e Pickering. A sua órbita, muito alongada, dá uma distância ao Sol que varia entre 4,4 mil milhões de km e 7,4 mil milhões de km. Isso quer dizer que no periélio (a menor distância do Sol), Plutão está aproximadamente à mesma distância do Sol que Netuno. Além disso, essa órbita tem a particularidade de ser fortemente inclinada em relação a todas as órbitas dos outros Planetas (17° em relação ao plano da eclíptica).
Foi levantada a hipótese de que Plutão seria um antigo satélite de Netuno que escapou da atração desse último durante a formação do Sistema Solar (hipótese atribuída a Raymond Lyttleton (1911-1995)).
Podemos notar que, mesmo integrando Netuno e Plutão à série estatística dupla formada por (i, log(di-d1)) em que i é o número de ordem do Planeta e di a distância média do i-ésimo Planeta de do Sistema Solar ao Sol, com i variando de 2 a 10, obtemos um coeficiente de correlação de 0,996 que ainda é excelente (o alinhamento perfeito corresponde a um coeficiente igual a 1).
Isto mereceria, portanto, que os astrônomos se questionassem sobre a possível existência de uma lei cosmológica ligada à formação do Sistema Solar.
(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Assim, pois, o Zodíaco e os Astros são como um livro no qual nós podemos ler a história da Humanidade durante os estados passados e, também, nos dá uma chave para futuro que está diante de nós. No famoso Zodíaco do Templo de Denderah, Câncer não estava representando como hoje. Lá era representado por um escaravelho. Este escaravelho era o símbolo da alma, e Câncer sempre foi conhecido antigamente, como ainda hoje entre os místicos, como sendo a esfera da alma, a porta da Vida no Zodíaco, de onde os espíritos que vem renascer entram em nossa condição sublunar. Está, portanto, governado muito apropriadamente pela Lua, que é o Astro da fecundação, e é notável que vemos Capricórnio, que é o Signo oposto, ser regido por Saturno, o Planeta da morte e do caos. Saturno é desenhado simbolicamente como “O segador com sua foice e sua ampulheta nas mãos”.
Estes dois Signos opostos são, portanto, os pontos nos quais gira a evolução da alma. Câncer e Capricórnio, respectivamente, marcam o ponto de maior ascensão do Sol no hemisfério norte e o ponto de descida mais inferior, no hemisfério sul. Observamos que durante os meses de junho e julho, quando o Sol está na esfera do Câncer e Signos aliados, a fecundação e o crescimento estão na ordem do dia. Mas quando o Sol está em Capricórnio temos a época em que a natureza está morta. Os frutos são então consumidos e por nós assimilados.
Como a dança circular do Sol entre os doze Signos determina as estações do ano quando o vemos “direito”, produzindo germinação de miríades de sementes, enterradas no solo assim como o acasalamento da fauna, que então faz o mundo mais alegre com as vistas e os sons da vida em manifestação e na outra ocasião deixa o mundo mudo, confuso e abatido com a tristeza sob o domínio de Saturno, assim também pelo movimento mais lento e para trás conhecido como a Precessão dos Equinócios, é que se produz a grande mudança que se conhece como Evolução. Com efeito, essa Precessão do Sol determina, o nascimento e a morte das raças, das nações e de suas religiões, pois o Zodíaco e seus Signos são a representação simbólica do nosso desenvolvimento passado, presente e futuro.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – dezembro/1979-Fraternidade Rosacruz-SP)
Uma das disciplinas estudadas pelos Estudantes Rosacruz é a Astrologia Espiritual Rosacruz. Mas, conjectura-se que até aos nossos dias a ciência chamada Astrologia tem decaído, ao longo dos séculos, sendo hoje explorada, como filão aurífero, por uma categoria de pessoas que não tem cotação no mundo moral. Daí a má fama que tem visto que os negociantes de horóscopos, pela sua falta de cultura e de moral, não podem dignificá-la. Mas a Astrologia foi, até o século XVII, uma Ciência que figurava na lista das disciplinas de todas as universidades, estando especialmente a cargo dos matemáticos e dos médicos. Por meio da Astrologia os matemáticos observavam o céu e previam o tempo; os médicos utilizavam a Astrologia para o diagnóstico das doenças e enfermidades e para, com maior êxito, fazerem as suas intervenções cirúrgicas, pois nunca se podia operar em boa segurança estando a Lua no Signo que regia a parte do Corpo Denso a operar.
Por esse motivo nenhum estudante era admitido à matrícula em medicina sem provar, com diploma autêntico, que tinha concluído a cadeira de Astrologia. A História da Medicina registra, ainda que sumariamente, essa associação da Astrologia com a arte de curar. Porém quando se fundou a Academia Francesa, a Astrologia não foi incluída entre as ciências perfilhadas e por isso mesmo é que sofreu a sua maior queda, ficando abandonada! Nunca mais ela foi ensinada nas universidades.
Mas não estava bastante desacreditada pelos charlatães que, à sua sombra, faziam o sórdido negócio dos horóscopos e lançavam errados vaticínios aos quatro ventos. O que levou os acadêmicos franceses a deixar de parte a Astrologia foi a lógica preocupação de abandonar tudo quanto não pudesse comprovar-se cientificamente. E pela mesma razão os matemáticos trataram de fazer a separação entre o que na Astrologia era arte de profetizar e o que se referia à especulação do espaço onde vogam os corpos celestes, aparecendo desse modo a ASTRONOMIA.
Muitos indivíduos que nunca estudaram esta ciência lançaram sobre ela a “sentença condenatória”. Mas nós sabemos perfeitamente que a ignorância e o orgulho nada valem!
A ignorância sempre foi atrevida, o orgulho sempre se mostrou autoritário, arrogante. Mas nem uma nem outra possuem qualquer valor, pelo que não ligamos importância ao que dizem os imprudentes, porque tais julgadores estão condenados por si próprios, não só porque revelaram a sua maldade, filha duma estúpida ignorância, mas porque julgaram mal o mundo que havia de lê-los, pensando que todos os seus leitores estariam mais pobres de mentalidade que eles.
O ser humano honesto não condena antes de conhecer muito bem. E mesmo assim, ele procura ser justo, humano, antes de lançar a sua sentença, para que depois não tenha de se arrepender quando a sua consciência o censure por haver sido desonesto e injusto.
Negar, denegrir, desacreditar é sempre muito fácil; investigar, buscar a verdade onde quer que julguemos que ela esteja, não é fácil! Exige trabalho, tempo, e nem sempre a certeza de a encontrar. Por isso demolir é mais fácil e, com alguma habilidade, até se pode conseguir brilhar destruindo, ainda que não seja senão como ouro falso. É pena que entre os detratores da Astrologia encontremos alguns que possuem boas qualidades mentais e só por isso conseguiram cotação no plano intelectual. Bom seria que também a possuíssem no moral, porque neste caso nunca tomariam atitudes deselegantes como é a do que nega o que não sabe!
A Astrologia é a mais antiga ciência que os seres humanos conheceram e chegou até nós ao longo de muitos milhares de anos, não porque desde o seu princípio até agora estivesse na posse de pessoas estúpidas, ignorantes e supersticiosas, mas porque realmente é uma ciência, ainda que apenas conjectura.
É arcaica? É! Mas, em todo o mundo culto e em todo os tempos houve indivíduos da mais alta cotação intelectual que a estudaram e utilizaram para fins úteis, como já vimos.
Os árabes, que vieram do Oriente até nós, numa caminhada secular, trouxeram consigo, na maior intimidade com os chefes, astrólogos que os guiavam de harmonia com as indicações dadas pelos ângulos de incidência e das emanações dos corpos celestes. Entre nós, Pedro Nunes e Luís de Camões foram amorosos cultores da Astrologia, e nem por isso os seus créditos ficaram diminuídos!
Desacreditaram a Astrologia indivíduos de baixo quilate moral, desonestos, uns negociando-a ou fazendo inconscientemente previsões que não se realizaram; outros, empertigados na sua vaidade e orgulho e valendo-se da sua cotação meramente intelectual, só porque outros lhe arremessaram pedras, trataram de fazer o mesmo, negando à Astrologia foros de ciência espiritual; e para além destes ainda apareceram outros que, por falta de dinheiro, ou escreveram a favor ou contra ela, mas de um modo ou do outro sempre em desabono da profética ciência, como lhe chamava Camões.
Já o Estudante Rosacruz sabe que à medida que ele use a Astrologia Espiritual Rosacruz altruisticamente para ajudar aos irmãos e as irmãs que sofrem com doenças e enfermidades, como consequência isso o ajuda a acumular tesouros no céu como nenhuma outra coisa na Terra poderá fazê-lo. Aplicando-a desse modo o efeito é o crescimento anímico e uma maior consciência em seguir o duplo mandamento de Cristo: “Pregar o Evangelho e curar os enfermos.”.
(Publicado na Revista “O Rosacruz”, nº 221, da Fraternidade Rosacruz de Lisboa, Portugal e publicado na Revista Serviço Rosacruz de 03/1962-Fraternidade Rosacruz-SP)
Muitos de nós quando se inscrevem nos Cursos da Fraternidade Rosacruz se enchem de muita alegria e entusiasmo. Esperam por uma nova lição e assim que ela chega, a leem e releem e tornam a ler, para assimilar o conteúdo e elaborar as respostas. Normalmente isso acontece com o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, com o Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz e com o Curso de Estudos Bíblicos baseado nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Do mesmo modo, muitos de nós percebem que tal entusiasmo não acontece com os Cursos de Astrologia Rosacruz!
Alguns admitem até, durante anos, entender a astrologia como uma coisa de adivinhação e sem bases científicas, e iniciam o Curso de Astrologia Rosacruz até com essa cisma. Uns, vão entendendo, compreendendo, persistindo, persistindo e persistindo. Outros, tentam pular etapas, vão se enganando, e, aos poucos, vão desistindo ou fazendo sem a aplicação, ênfase e dedicação necessária e suficiente que se espera de um aspirante à Astrólogo Rosacruz.
As dúvidas sobre as bases científicas são naturais, pois é fruto de séculos de enganação com uma Astrologia que, muitas vezes, nos foi apresentada mais como uma adivinhação barata do que como uma Ciência Divina. Aqui está uma ótima oportunidade para se fazer o Exercício Esotérico do Discernimento, como fornecido no Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos”. Como separar o mundano, o falso, do divino, do verdadeiro?
Que a Astrologia Rosacruz é uma Ciência Divina, isso não há dúvidas. Para atestar isso leia o livro “Astrodiagnose e Astroterapia”. Nesse livro, Max Heindel e Augusta Foss Heindel deixam claro que a Astrologia Rosacruz é uma Ciência Divina e deve ser utilizada única e exclusivamente para a Cura Definitiva (a cura que envolve o Corpo e a Alma, simultaneamente) das doenças e enfermidades (que nada mais são do que indicativos de lições que escolhemos aprender, ainda no Terceiro Céu, e que viemos nessa encarnação com partes do corpo que nos indicam, ainda latentes, que devemos prestar a atenção para nos dedicar a aprender tais lições e que, se insistimos em não aprendê-las, a latência se tornará ativa e a doença ou enfermidade se manifestará. Se nos mantemos alertas e aprendemos a lição, transformando (ou sublimando) aquele vício, defeito, falha ou problema em bom hábito – e depois em virtude – a doença ou enfermidade não se tornará ativa e passaremos a vida toda sem tal coisa se manifestar em sofrimentos e dores. Afinal, quaisquer coisas materiais que precisamos, teremos na medida, no tempo e quando for necessária. No livro “Teia do Destino” temos essa medida: “As invocações usadas para pedir coisas temporais são magia negra; pois temos a promessa de: ‘Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas’. Cristo nos indicou o limite a que podíamos aspirar no Pai Nosso, quando ensinou Seus discípulos a dizer: ‘O pão nosso de cada dia dai-nos hoje‘. Tanto no que diz respeito a nós mesmos como aos demais, devemos nos resguardar de ultrapassar esse limite na invocação científica”. Afinal, podemos considerar as enfermidades sob dois aspectos: a latente e a ativa. As tendências latentes estão indicadas pelas configurações adversas do Horóscopo. Se os pais são astrólogos ou tomam a sério os conselhos do astrólogo espiritual, a respeito das tendências de seus filhos, poderão ajudá-los de modo que as doenças possam ser evitadas ou, no caso em que isso não for possível, a pessoa possa ter condições de melhor lidar com elas e extrair o crescimento anímico que as doenças lhe proporcionam. É a mesma lei que diz: “se um elo de uma corrente está fraco, mas nunca a esticamos além do que ela pode, jamais se romperá”. Todavia, se as mesmas tendências de outras vidas, os abusos e as transgressões às leis de harmonia continuam nesta existência, aí se manifestarão os pontos débeis. Primeiramente surgem os sintomas, indícios de que a enfermidade se acha em processo de materialização (pois começa nos veículos Vital, de Desejos e Mente, para, finalmente, manifestar-se no Corpo Denso). “Quando se provocam os Aspectos adversos e a enfermidade aparece, as posições progredidas dos Astros orientam o curador a estabelecer um quadro completo do caso. Só o exame global do Horóscopo nos pode dar orientação segura do caráter da pessoa e o melhor modo de ajudá-la. A natureza física é indicada pelo Ascendente; pela posição e Aspectos do governante e suas configurações. Também precisamos examinar a sexta Casa, que rege a saúde e enfermidade. Isso tudo nos dará uma chave da natureza da enfermidade e o modo de removê-la ou contemporizá-la em estado latente. Por outro lado, devemos ver o papel que o enfermo deve desempenhar, em colaboração, e aí entra sua disposição física e tendências morais, marcadas pela posição do Sol e outros pontos do Horóscopo. Nossa esperança é que muitos profissionais da saúde de Mentes amplas e aquarianas, propensos a estudar um método mais avançado de diagnóstico, se achem dispostos a empregá-lo uma vez comprovada a sua eficácia”.
Quaisquer outros usos são distorções do objetivo da Astrologia Rosacruz e tende a cair na vala da adivinhação ou do palpite para se tentar conquistar algo material ou imaterial ou “justificar” o porquê do agir de um modo ou de outro. E esse tipo errado de uso é muito fácil de identificar, pois quem assim o faz, não utiliza somente o material da literatura Rosacruz para Astrologia, mas está sempre introduzindo material de outras fontes e que, logicamente, tem os mesmos objetivos de buscar “razões” para um comportamento, uma conquista de algum bem ou a justificativa para isso ou aquilo.
Um outro motivo que pode ser uma das causas dos desânimos é “descobrir” que a Astrologia Rosacruz aponta “tendências de ocorrer” e não a certeza inexorável que acontecerá. Aqui está outro equívoco, quando se esquece da máxima ocultista, como aprendemos na Astrologia Rosacruz: “os Astros impelem, mas não compelem” aplicada de maneira superficial e mesquinha. Sim! Tudo que está no nosso Tema são tendências. Nada nos é imposto, pois temos o livre arbítrio (somos criados à “imagem e semelhança de Deus”). Não é porque a pessoa tem Saturno de um modo ou de outro no Tema que tem que se comportar desta ou daquela maneira. No entanto, se ela tem Saturno assim e isso lhe dificulta resistir a alguma tentação (que, ao cair nela, ativará uma doença ou enfermidade) então, deve saber que todas as vezes que lidar com tais assuntos indicados, deve redobrar o seu cuidado, pois já sabe que tem dificuldades naqueles assuntos e a chance de cair na tentação é maior do que para outro irmão ou irmã que não tem Saturno assim. A medida, a intensidade, a dificuldade disso só a pessoa que tem o Saturno assim sabe. Por isso, é importante e indispensável cada um levantar o seu próprio Tema e interpretá-lo. Jamais solicitar a outrem fazer isso, sob pena de cair no erro de quem interpretou, ter uma análise superficial da questão ou, ainda, ser enganado de propósito. Se alguém utilizar a Astrologia Rosacruz para levantar o Tema de outras pessoas estará gerando destino maduro para si mesma (e a pessoa que solicitou também) que se transformará em dívidas a serem pagas nas próximas vidas. A única situação em que assim se faz é quando é para filhos com idade menor de 14 anos, desde que feito pelos pais ou pelo responsável, para entender como melhor ajudar a tais filhos na Cura definitiva.
O estudo em conjunto é muito importante, pois um ajuda o outro e todos saem ganhando, mas o foco tem que ser naquilo que a Astrologia Rosacruz se propõe: cura definitiva das doenças e enfermidades.
Lembremos: a saúde, tê-la ou não, está diretamente correlacionada com os assuntos como personalidade, finanças, filhos, amigos, casamento etc. E tudo isso se aprende nos três Cursos de Astrologia Rosacruz.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Apesar desta revista destinar-se aos filiados à Fraternidade Rosacruz que já conhecem o valor da Astrologia, queremos nos dirigir àqueles que, não participando ainda dos nossos ideais, venham a se espantar pelo fato de aparecer, numa Revista que se diz destinada a difundir a sublime Filosofia Rosacruz, uma seção destinada à Astrologia Rosacruz.
Até certo ponto, esses amigos céticos têm razão; a Astrologia, atualmente e para muitas pessoas, é tida como algo para adivinhar, como charlatanismo. Porém, quem fez da Astrologia charlatanismo? Naturalmente que ela, por si mesma, não o foi; foram, portanto, os próprios charlatães que, com a falsa capa de astrólogos, deturparam essa ciência sagrada. Pelo fato de haver médicos inescrupulosos ou pessoas que exerçam a falsa medicina, não concluímos daí que essa utilíssima ciência seja charlatanismo, não é verdade? Muito pelo contrário, chamamos de charlatães aos que desvirtuam tão nobre ciência; mas, a Medicina continua no seu pedestal, continua a ter crédito e a ser de utilidade para a humanidade.
Esse mesmo princípio, esse mesmo raciocínio deveria ser empregado com relação à Astrologia. Por que deveremos tachar a Astrologia de charlatanismo? Pelo fato de haver charlatães que deturpam e desvirtuam os seus ensinamentos? Não, Amigos. Já vimos que esse não é motivo que faça a Astrologia descer das alturas em que deve ser mantida. Combatamos o charlatanismo e não a Astrologia.
A pessoa que se utiliza do calendário, não faz outra coisa do que utilizar-se da Astrologia. Dizer que “estamos em 22 de dezembro”, é o mesmo que dizer: “o Sol entrou no Signo de Capricórnio”. Dizer: “em 21 de setembro começa a primavera”, significa, na verdade, que o Sol acaba de entrar no Signo de Libra. E, em verdade, não é exatamente em 21 de setembro que começa a primavera, mas em 23. Cada grau que o Sol percorre no Zodíaco, assinala um dia no calendário. O fato de que o Zodíaco tenha 360 graus e o ano 365 dias é porque o Sol não percorre exatamente um grau por dia. O cômodo calendário, a simples folhinha, não é, pois, outra coisa do que uma simples e imperfeita interpretação do ciclo solar anual, já utilizado pelos antigos “caldeus”.
É claro que a referência é feita ao movimento “aparente” do Sol, pois em verdade quem perfaz o ciclo é a Terra.
O agricultor que realiza sua sementeira em épocas determinadas, de acordo com as fases da Lua, é um astrólogo que ignora que o é, mas sabe que depois da Conjunção Lua-Sol (Lua Nova) tudo cresce, e que depois da Oposição dos luminares (Lua Cheia), as forças criadoras da natureza decrescem. Astrologia pura, como se vê.
Qualquer marinheiro do mundo sabe que para entrar em portos de pouca profundidade de água, deverá chegar quando se produza a Oposição ou a Conjunção da Lua com o Sol, porque do contrário faltará água para o calado do seu navio. E que as marés altas se produzem nesses períodos. O marinheiro talvez não saiba, mas isso é Astrologia pura.
Finalmente, quando na linguagem do povo se diz: “Um lunático”, faz-se Astrologia. Porque um lunático sempre tem forte influência de Câncer, que é um Signo Zodiacal.
É nosso propósito mostrar e demonstrar a veracidade da Astrologia Rosacruz. É nossa intenção procurar despertar o interesse do Amigo leitor para que se dedique ao estudo dessa ciência tão menosprezada.
Procuremos demonstrar a universalidade do uso da Astrologia Rosacruz. Nós a usamos constantemente sem repararmos que, apesar de todo o nosso ceticismo, estamos praticando a Astrologia Rosacruz.
Vamos ver algumas experiências materiais que atestam a influência astrológica no nosso dia a dia:
Já em outra ordem de ideias, estritamente científicas, isto é, dentro de um método apoiado em rigorosas demonstrações positivas, comprovou-se a influência dos Astros sobre os metais e sobre os Corpos simples. Isso não é obra dos astrólogos, mas dos físicos e dos químicos.
Assim, servindo-se de papel mata-borrão impregnado em uma solução de sais de prata e de ferro, o casal Kolisko demonstrou a influência da Lua e de Marte sobre esses sais. No momento da Conjunção desses Astros, formaram-se no papel mata-borrão uma série de “linhas de força” que terminavam em pontas de flecha de cor pardacenta, as quais se iam apagando à medida que a Lua se afastava de Marte.
Léon Mercier, físico francês contemporâneo, demonstrou, apoiando-se em experiências que realizou durante 15 anos, que os raios da Lua corroem com muito maior rapidez o mármore, ou seja, o carbonato de cálcio, do que os raios do Sol, apesar de que a luz emitida pela Lua é 465.000 vezes menos potente do que a do Sol. Isso vem demonstrar que a Lua emite um comprimento de onda que lhe é próprio e, em certos sentidos, mais poderoso do que o Sol.
Citamos essas experiências para deixar bem patenteada a seguinte verdade: os Astros influem sobre os metais e sobre os corpos simples – como prova a influência lunar sobre o crescimento dos vegetais – em virtude de que princípio lógico poderia alguém de boa-fé negar a influência dos Astros sobre o Corpo humano, constituindo em sua essência molecular por esses mesmos corpos simples? Na realidade, como alguém já disse, é mais fácil provar a verdade, a legitimidade da Astrologia do que a de qualquer outra ciência.
Provada essa influência dos Astros sobre o Corpo Denso, e como todos sabemos que o intelectual, o mental e o espiritual são inseparáveis do Corpo Denso, fica de fato demonstrada a influência dos Astros sobre o caráter, a inteligência, a saúde, as predisposições, em uma palavra, sobre o destino total do ser humano.
Durante todos os séculos que antecederam, a experiência dos astrólogos foram se acumulando e dados foram sendo compilados; tais dados foram submetidos a rigorosas comprovações, por meio de rigorosas estatísticas e por outros processos de observação direta. Desses dados, que outra coisa não são do que posições planetárias comuns a determinados temperamentos e inteligência, concluíram-se LEIS que permitem saber com exatidão, como é um ser humano, física e moralmente, da mesma maneira que o médico diagnostica uma enfermidade pela repetição dos sintomas já observados em outros casos dessa mesma enfermidade. E tudo isso os verdadeiros astrólogos conseguem sem outros dados além da data, hora e lugar do nascimento, dados esses que permitem estabelecer o “diagnóstico astral”, isto é, representar a posição dos Astros nesse ponto da Terra e nessa hora determinada até o minuto.
É muito certo que, da influência dos Astros, a maioria dos astrólogos só conhece os efeitos; porém, nós, que consideramos a Astrologia Rosacruz como sagrada, não podemos separá-la da Religião e, por isso, vamos mais longe, partindo dos efeitos para conhecer as causas. Isso, porém, não constitui descrédito à Astrologia Rosacruz, pois o mesmo ocorre com a eletricidade da qual apenas conhecemos os efeitos, e parece-me ainda não ocorreu a ninguém negar a existência da eletricidade.
O fato é que, no instante do nascimento, as forças astrais “sensibilizam” o ser para toda a vida, assim como um raio de luz, ao passar através da câmera escura, fixa para sempre a imagem na chapa fotográfica. Tudo o que um homem ou mulher traz potencialmente ao nascer, sua “predisposição” inata para alguma coisa está escrita no seu céu de nascimento. E o cálculo das probabilidades aplicado à estatística, demonstrou, pela frequência das semelhanças humanas que correspondem a posições planetárias também semelhantes, que os antigos estavam com razão.
A Astrologia Rosacruz é, pois, uma ciência experimental, como a física, a medicina ou a química, e a ela, nos domínios da saúde, da vocação, da descoberta de nós mesmos, e em infinitos campos impossíveis sequer de esboçar neste pequeno espaço, a humanidade deverá as mais formosas e inesperadas descobertas em um futuro não longínquo. Chegamos, pois, a uma evidência que nenhum ser humano de boa-fé, que se aproxime desta ciência com os olhos abertos, tem direito de duvidar e muito menos de negar a Astrologia Rosacruz.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1979- Fraternidade Rosacruz-SP)
Podemos dizer, em tom de brincadeira, que no século XVIII, o Iluminismo, “as estrelas já não brilham”.
Esse é o título de um parágrafo do interessante livro: “Astrology: Proof by two” dedicado às estatísticas sobre gêmeos escrito, em 1992, por Suzel Fuzeau-Braesh, pesquisadora em biologia do CNRS.
A partir de 1710, não há mais edições de efemérides astrológicas. Para construir um gráfico, você terá que usar diretórios astronômicos.
No entanto, esse último dá as posições dos Planetas em um sistema de rastreamento vinculado ao equador celeste (ascensão reta e declinação) e não em relação à eclíptica (longitude e latitude celeste) como é necessário na Astrologia. A conversão de um sistema para outro requer conhecimento de trigonometria esférica. E, justamente, a maioria das pessoas que tem esse conhecimento não acredita mais na Astrologia.
Restará então uma vaga astrologia de almanaques que contribui para desacreditar ainda mais a Astrologia.
Diderot (1713-1784) escreve em sua Encyclopédie: “Hoje o nome de astrólogo tornou-se tão ridículo que as pessoas comuns dificilmente acrescentam qualquer fé às previsões dos almanaques”.
Henri de Boulainvilliers (1656-1722), historiador e filósofo, pratica a Astrologia e tenta defendê-la. Infelizmente permite-se prever que Voltaire (1694-1778) morreria aos 33 anos, o que lhe permitiu escrever, em 1757, com o seu humor habitual: “Tive a malícia de o enganar já há trinta anos, pelo que humildemente imploro perdão”.
Citemos os nomes de Cagliostro (1743-1795) e do misterioso Conde de Saint-Germain, considerados aventureiros pelos historiadores, mas que eram Iniciados e conheciam Astrologia.
Max Heindel nos diz em sua resposta à pergunta nº 69 (em “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume 2”): “Quando um Adepto cria um corpo é sempre com o objetivo de deixar o lugar onde ele está e iniciar uma nova missão em outro lugar. É por isso que a história nos fala de homens como Cagliostro, Saint-Germain e outros, que um dia aparecem em um determinado meio, fazem um trabalho importante e depois desaparecem”.
Na Pergunta nº 76, do citado livro, ele diz ainda mais claramente: “Eles eram Adeptos…”.
O Iniciado não deve ser confundido com o Conde Claude Louis De Saint-Germain (1707-1778), que foi Ministro da Guerra de Luís XVI entre 1774 e 1777.
Diz-se que o Iniciado “surpreendeu a corte de Luís XV com sua prodigiosa memória”; assim foi antes de 1774, ano da morte de Luís XV.
Max Heindel escreve, no capítulo XVII do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “Também podemos citar como exemplo histórico moderno o fato de que o Conde de Saint-Germain (que foi uma das recentes encarnações de Christian Rosenkreuz, fundador de nossa Sagrada Ordem) falou todas as línguas, de modo que todos com quem falava pensavam que ele era um de seus compatriotas. Ele também alcançou a união com o Espírito Santo”.
No final da sua resposta à Pergunta n°69, do citado livro, Max Heindel acrescenta, a propósito de Christian Rosenkreuz: “Diz-se que ele assumiu o corpo de uma dama da Corte de França antes da Revolução e que fez todo o possível para evitar essa catástrofe iminente, embora sem sucesso. Embora acreditemos que isso seja possível, só sabemos disso por boatos”.
Se for esse o caso, deve-se admitir que o conde de Saint-Germain, falecido em 1784, teria continuado sua missão na Corte em um veículo feminino apenas cinco anos antes da Revolução.
Na mesma resposta, Max Heindel diz que um Adepto sai do lugar onde se encontra quando constitui um novo corpo físico, o que pode parecer contraditório, porém, deve-se reconhecer que no caso do Conde de Saint-Germain, foi um caso de emergência, pelo que, excepcionalmente, foi feita uma segunda tentativa, por Christian Rosenkreuz, com o objetivo de evitar esse banho de sangue…
LEI DE BODE
Não se pode deixar o século XVIII sem abordar a lei de Bode, mencionada, por Max Heindel, no primeiro capítulo do livro “Astrologia Científica Simplificada” e no final do segundo capítulo do livro “Mensagem das Estrelas”.
Esse é um capítulo bastante longo porque teremos que considerar as descobertas de diferentes corpos celestes entre o século XVIII e o início do século XXI.
Em 1741, o filósofo alemão Christian Wolff (1679-1754) descobriu que as distâncias dos Planetas ao Sol seguem aproximadamente uma lei geométrica. Mas, essa aproximação é bastante grosseira.
Trinta e um anos depois, outro astrônomo alemão, Johann Daniel Tietz (1729-1796), que latinizou seu nome como era comum na época chamando-se Titius, melhorou essa lei da seguinte maneira: se multiplicarmos por 10, a unidade astronômica (distância média entre a Terra e o Sol), obtemos uma boa aproximação das distâncias médias dos Planetas ao Sol tomando para Mercúrio o número 4, para Vênus o número 7 = 4+3, para a Terra o número 10 = 4+6, para Marte: 16 = 4+12, para Júpiter: 52 = 4+48, para Saturno: 100 = 4+96.
Para quem não é alérgico à matemática, essa lei pode ser expressa da seguinte forma: 10di / d3 = 4+3(2^(i-2))
onde d3 designa a distância média Terra-Sol e di designa a distância média do i-ésimo Planeta do Sistema Solar ao Sol, sendo: “1” Mercúrio, “2” Vênus, “3” Terra, “4” Marte, “6” Júpiter, “7” Saturno.
Recorde-se que só conhecíamos seis Planetas naquele tempo e assinalamos que era necessário ir diretamente de 12 para Marte para 48 para Júpiter, em vez de 24.
Poderia haver um Planeta invisível entre Marte e Júpiter? Os astrônomos logo descobririam.
Em 1778, o diretor do observatório de Berlim, Jean Elert Bode (1747-1826) mencionou essa lei em uma de suas publicações. Acontece que três anos depois, Sir William Herschel (1738-1822) descobriu o Planeta Urano “por acaso”.
Ele estava engajado na Guarda Real Britânica como oboísta e só começou a estudar astronomia aos 28 anos.
Não tendo como comprar um telescópio, ele construiu um, muito mais eficiente, com as próprias mãos (a ampliação era de 200).
Em 13 de março de 1781, por volta das 23 horas, ele apontou seu telescópio na direção “certa” e inicialmente pensou que era um cometa embora não tivesse “aparência peluda” (ele anunciou como um “cometa careca” …).
Vários estudiosos (Brochart de Saron, Laplace, Lexell, …) provaram que era um Planeta. Bode notou que a distância média de Urano ao Sol correspondia bem à mesma lei e é por isso que essa lei tomou o nome de lei de Bode, apesar dos protestos desse último, a quem a lei foi indevidamente atribuída. Posteriormente, esse erro de nomenclatura foi parcialmente corrigido, pois foi acrescentado o nome Titius.
É usando a lei de Titius-Bode que se comprometeu a preencher a lacuna observada entre Marte e Júpiter. Já em 1786, o astrônomo francês Jérôme Lalande (1732-1807), empreendeu essa pesquisa, mas sem sucesso.
Você tem que cruzar o limiar do século 19 e ir para a Itália.
Essa lacuna entre Marte e Júpiter destacada pela lei de Titius-Bode foi preenchida em 1º de janeiro de 1801, no observatório de Palermo, na Sicília, por um astrônomo e monge beneditino chamado Giuseppe Piazzi (1746-1826).
Ele descobriu o maior dos asteroides, Ceres, cuja distância média do Sol corresponde à quinta posição na lei de Bode.
Em 1802, Pallas foi descoberto. Isso intrigou os astrônomos porque era surpreendente que dois Planetas orbitassem tão próximos um do outro.
O espanto aumentou ainda mais quando Juno foi descoberto em 1804 e depois Vesta em 1807. Não se tratava, portanto, de um único Planeta, mas de um conjunto de corpos, que chamamos de “asteroides”, localizados em torno da famosa “distância de Bode”.
Será necessário esperar até 1845 para descobrir um quinto asteroide chamado Astrée.
(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Verdadeiramente, Deus é UNO e indivisível. Ele inclui dentro de Seu ser tudo o que existe, assim como a luz branca encerra, dentro de si mesma, todas as cores. Mas, Ele parece tríplice em Sua manifestação, assim como a luz branca se refrata nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos essas cores, elas simbolizam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, respectivamente. Esses três raios primários da Vida Divina derramam-se ou são irradiados pelo Sol, produzindo Vida, Consciência e Forma sobre cada um dos Sete portadores de Luz, os Planetas, chamados “os Sete Espíritos diante do Trono”. Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode demonstra que Netuno e Plutão não pertencem ao nosso Sistema Solar. Apontamos ao leitor a obra “Astrologia Científica Simplificada”, escrita por Max Heindel, para a demonstração matemática dessa afirmação.
Cada um dos sete Planetas recebe a luz do Sol, em proporção diferente, de acordo com sua proximidade do globo central e a constituição da sua atmosfera; e os seres que habitam cada um deles, de acordo com seu estado evolutivo, têm afinidade com certos raios solares. Absorvem a cor, ou as cores, que lhe são correspondentes, e refletem o restante sobre os outros Planetas. Esses raios refletidos levam consigo um impulso da natureza dos seres com os quais estiveram em contato.
Assim, a Luz e a Vida divinas chegam a todos os Planetas, quer diretamente do Sol, quer refletidos pelos outros seis, semelhantemente à brisa do verão que tendo passado pelos campos em flor, leva em suas silenciosas e invisíveis asas a fragrância mesclada de uma variedade de flores. Assim também as influências sutis do Jardim de Deus nos trazem os impulsos reunidos de todos os espíritos, e nessa luz multicor “nós vivemos, nos movemos e temos a nossa existência”[1].
Os raios irradiados diretamente do Sol produzem a iluminação espiritual. Os raios refletidos dos outros Planetas servem para aumentar a consciência, produzindo desenvolvimento moral. E os refletidos pela Lua produzem o crescimento físico.
Como cada Planeta só pode absorver uma quantidade determinada de uma ou mais cores, de acordo com o estado geral de evolução ali prevalecente, assim também cada ser vivo sobre a Terra, mineral, vegetal, animal ou humano, pode absorver e assimilar somente uma determinada quantidade dos diversos raios projetados sobre o Planeta. O resto não o afeta nem lhe produz nenhuma sensação, do mesmo modo como o cego não é consciente da luz e da cor existentes por toda parte ao seu redor. Por isso, cada ser é afetado distintamente pelos raios astrais, e a Ciência da Astrologia é uma verdade fundamental da natureza, ensejando enorme benefício para o crescimento espiritual.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em novembro/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R. At 17:28
Vários artigos de recente publicação se referem, quando está prestes a ocorrer, ao estranho alinhamento de Planetas. É quando alguns dos Planetas do nosso Sistema Solar estão dispostos em linha reta com o Sol.
Alguns cientistas têm predito que semelhante configuração, resultante da atração gravitacional dos Planetas, causará uma aceleração na atividade magnética do Sol. Esse acontecimento é esperado separadamente, entre outras coisas, para determinar a marca do tempo na Terra, alterando as direções dos ventos na atmosfera.
Alguns cientistas advertem também que o efeito friccional exercido pela circulação atmosférica poderá ser adversamente afetado causando, subitamente, um repouso na rotação da Terra. Se isso acontecer, os cientistas predizem que vários terremotos poderão ser desencadeados em muitas partes do mundo.
Desde que considerável alarme se tem feito notar como resultado dessas predições, acreditamos mais uma vez no benéfico ensinamento oculto concernente às causas dos terremotos e outras catástrofes naturais.
É verdade, portanto, que os fatores físicos assim como os enumerados acima, podem parecer um desastroso desequilíbrio no conjunto natural. De qualquer modo, o assunto que os cientistas veem como causas físicas fundamentais são manifestações meramente superficiais.
Todos assim chamados desastres naturais são resultados diretos do uso distorcido ou abusivo dos direitos naturais do ser humano.
As catástrofes somente terminarão quando os seres humanos se libertarem necessariamente de seus próprios sofrimentos. Estes chegarão ao seu final quando o ser humano aprender a viver sem lutar contra a natureza.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental também frisam que os Planetas não são corpos constituídos de matéria inerte: estão vivendo, pulsando, e neles vibrando a Grande Inteligência Espiritual.
As influências astrais não são desencadeadas arbitrariamente para perturbar a humanidade.
Elas, de qualquer modo, ensejam as experiências necessárias que decidem os resultados do desenvolvimento espiritual humano.
Algumas vezes essas influências aparentam ocasionar situações calamitosas para um indivíduo ou mesmo, uma raça, nação, povo inteiro. Mas isso é devido ao comportamento da humanidade, principalmente naqueles Planetas “visados”, cujo material prioritário necessita de uma organização.
É bom se lembrar, também, que alteramos nosso senso espiritual a ponto de inibir a capacidade de entendimento da elevação das influências astrais. Para recuperar isso precisamos elevar nossa moral, nosso comportamento e usar a força criadora como objetivo próprio. Precisamos dirigir o pensamento no sentido do progresso espiritual. Todos nós carecemos de abandonar os prazeres materiais que nos retêm na escravidão.
Há muitos indícios encorajando à procura de novo caminho, apesar da considerável evidência do egoísmo e materialismo ainda existentes entre nós.
O despertar da consciência social e os novos interesses pelos ensinamentos esotéricos estão tomando muitas formas. É melhor começar no real do que consultar publicações de informações médias que deixam a desejar.
Assim, o medo do futuro e o alarme sobre as terríveis predições não são recursos de todos. As catástrofes cessarão de nos atormentar uma vez que tenhamos aprendido a viver a vida do amar e servir. E isso acontecerá tão logo a humanidade se devote intensamente ao esforço de um melhor fim.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – outubro/1975 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Chegamos ao século XVI, o chamado século “renascentista”, porque aí redescobrimos as antigas fontes. Os estudiosos dessa época são, em geral, favoráveis à Astrologia.
Em 1520, uma cadeira de Astrologia foi fundada na universidade papal. O médico suíço Bombastus Von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso (1493-1541), fundou a medicina hermética e utilizou o simbolismo astrológico na prática de sua arte. Ele escreve: “Aquilo que cura indica a natureza e a causa do mal, e como cada Astro é representado por um metal: Marte pelo ferro, Vênus pelo cobre, Saturno pelo chumbo, seguir-se-á que a ação terapêutica de cada metal indicará a influência mórbida da estrela correspondente”.
Catarina de Médicis (1519-1589), muito afeiçoada à Astrologia, trouxe para a corte muitos videntes e astrólogos e, em particular, o famoso Nostradamus (1503-1566). As profecias contidas em seus Centuries ainda fazem correr muita tinta…
Mas, a próspera era da Astrologia está terminando com a descoberta do heliocentrismo pelo astrônomo polonês Copérnico (1473-1543). Alguns meses antes de sua morte, ele publicou “revolutionibus orbium coelestium”, que teria uma grande influência no pensamento humano.
Pela primeira vez em 17 séculos, reafirma-se que a Terra e todos os outros Planetas giram em torno do Sol, girando a Terra, aliás, sobre si mesma em 24 horas. Deve-se saber que nenhum fato novo esteve na origem dessa teoria. Copérnico conhecia os escritos de Heráclides (388-315 a.C.) e Aristarco (310-230 a.C.), a quem saudou como seus precursores e é essencialmente por razões metafísicas que adotou esse ponto de vista.
De fato, ele considerava normal colocar a estrela mais brilhante no centro do mundo, aquela que fornece luz e calor à Terra. No entanto, os resultados das observações à sua disposição não lhe permitiram descobrir as leis exatas do movimento dos Planetas. Isso seria descoberto no século seguinte por Kepler, graças às observações astronômicas de um dinamarquês, apaixonado por Astrologia, Tycho-Brahe (1546-1601).
Tycho-Brahe estava inicialmente destinado à carreira jurídica, mas sua paixão pela Astrologia o levou a querer saber as posições dos Planetas com mais precisão do que se fazia na época. Com o apoio do rei Frederico da Dinamarca, ele mandou construir o primeiro observatório digno desse nome perto de Copenhague, que batizou de “Uranienborg” (nome profético quando Urano só seria descoberto quase dois séculos depois).
Com a ajuda dos instrumentos que construiu, conseguiu determinar com precisão a declinação e as coordenadas equatoriais dos Planetas. Tycho-Brahe nunca aceitou a teoria heliocêntrica. Talvez ele tenha percebido que essa teoria se tornaria uma arma contra a Astrologia?
Mas, vamos às descobertas do astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Kepler havia sido aluno de Tycho-Brahe e tinha os resultados de suas observações; mas, ao contrário de Tycho-Brahe, ele era partidário do sistema de Copérnico.
É, portanto, graças aos resultados de Tycho-Brahe que Kepler conseguiu destacar as leis do movimento dos Planetas: movimento elíptico dos Planetas ao redor do Sol, velocidades de revolução não uniformes (= lei das áreas).
No entanto, ele ainda era, ao contrário do que afirmam os detratores da Astrologia, um grande Astrólogo (embora tenha lutado contra a Astrologia de “baixo nível”).
Ele escreve: “Vinte anos de estudo prático convenceram meu espírito rebelde da realidade da Astrologia”.
Ele entende que o heliocentrismo não lhe diz respeito: “Basta ao astrólogo ver como os raios vêm do leste, do sul ou do oeste, basta que saibamos se dois Planetas estão em Conjunção ou em Oposição. O astrólogo pergunta como isso é feito? Na verdade, ele não faz isso, assim como o camponês não pergunta como se forma o verão ou o inverno e, no entanto, ele é regulado pelas estações”.
Ele também escreve: “Há um argumento bastante claro e além de qualquer exceção, em favor da autenticidade da Astrologia, é a comunidade de temas entre pais e filhos” (hereditariedade astrológica).
Com Kepler já cruzamos o limiar do século XVII. Ao mesmo tempo, Galileu (1564-1642) também aderiu ao sistema copernicano.
Ele foi o primeiro a usar, para observar as estrelas, o telescópio de “aproximação” (ampliação x50) que já existia há alguns anos. Ele descobriu milhares de estrelas que não eram visíveis a olho nu, os quatro maiores satélites de Júpiter, manchas solares e principalmente as fases de Vênus análogas às da Lua, que vieram a sustentar a teoria heliocêntrica.
Parece que Galileu, sem ter ele próprio praticado Astrologia, se interessou por ela. Ele teria dito a seu aluno, Paolo Dini, que a teoria de Copérnico não poderia abalar os fundamentos da Astrologia.
Em 1616, a Igreja advertiu-o de que esse sistema era “contrário às Sagradas Escrituras e, portanto, não pode ser mantido ou tido como verdadeiro” (Cardeal Bellarmi). Como ele manteve suas opiniões, teve que comparecer, em 1632, perante um tribunal de inquisição e teve que se retratar solenemente. O que ele faz, após 16 anos de resistência, para evitar a estaca; mas, depois, pronunciará esta famosa frase: “E ainda assim ela gira”.
Vale lembrar que o ex-monge Giordano Bruno havia sido queimado em 1600 por ter dito que as estrelas eram corpos semelhantes ao Sol e que havia outros mundos habitados.
Na primeira metade do século XVII, a Astrologia continuou a progredir, apesar da revolução copernicana. Placidus (de Titis ou Tito) (1603-1668), matemático e físico, professor da Universidade de Pavia, desenvolveu outro sistema de Casas.
Esse sistema é ainda mais complicado que os anteriores, pois não utiliza um único plano de referência, mas sucessivos paralelos de declinação. A ideia do método consiste em dividir por três o tempo que o ponto localizado no Ascendente leva para chegar ao MC. O primeiro terço desse tempo, reportado à eclíptica, dá a ponta da Casa 12, o segundo terço dá a ponta da Casa 11 e procedemos da mesma forma entre o MC e o DS (Descendente).
Quanto mais longe do equador você fica, mais ângulos desiguais você obtém; mas, isso também é verdade para os outros sistemas mencionados acima. Existem, ainda, em qualquer altura, duas localizações geográficas variáveis, uma no Círculo Polar Ártico, outra no Círculo Antártico onde não é possível definir um Ascendente: são os dois polos da eclíptica (não confundir com os polos norte e sul fixos que são os do equador).
As diferenças entre Casas de diferentes sistemas podem ser bastante significativas. Assim, um Astro pode estar na Casa 12 em um sistema e na Casa 1 ou mesmo 2 em outro. É o método de Placidus que ainda é o mais amplamente utilizado hoje. Max Heindel o adotou nas tabelas que editou.
Tendo uma base científica sólida, ele poderia ter desenvolvido tabelas de outro sistema, se tivesse encontrado um mais em conformidade com a realidade astrológica. Deve-se saber, no entanto, que certos astrólogos usam outros sistemas, incluindo o da Antiguidade, em que o Ascendente está a 15° do ponto da Casa 1.
Mas, voltando ao século XVII. Outra figura muito importante na Astrologia desse século é Jean-Baptiste Morin de Villefranche (1583-1656), médico, astrólogo do Duque de Luxemburgo, então professor do College de France.
Ele é o fundador da Astrologia moderna e deixa uma obra abundante, a Astrologia gálica, composta por 26 volumes escritos em latim. Richelieu não desdenhou de consultá-lo; Mazarin concedeu-lhe uma pensão.
Foi ele o responsável por traçar o mapa astral do futuro Luís XIV (nascido em 5 de setembro de 1638, às 11h11).
Morin teve que se defender dos ataques de um de seus colegas do College de France, Gassendi, um matemático que, provavelmente não tendo estudado Astrologia, o repreendeu por não ter adotado o sistema de Copérnico.
Ainda hoje encontramos essa resposta ou explicação sem sutileza, sem originalidade, como uma ideia difundida, já conhecida de todos e que ninguém verificou, com a da Precessão dos Equinócios…
Em 1666, Colbert, ministro de Luís XIV, criou a Academia de Ciências e, “em nome da Razão”, proibiu que a Astrologia fosse ali ensinada, ou mesmo praticada por seus membros sob pena de perda de cargo. A partir de agora, esse ensino também será banido das universidades.
Um declínio invencível não demora a tomar forma.
Antes de deixar o século XVII, é necessário dizer algumas palavras sobre Newton (1643-1727), porque ele é o fundador da astronomia mecanicista que contribuirá para relegar a Astrologia um pouco mais para o armário das superstições como, para alguns, Religião em si.
Seu pai já havia morrido antes de ele nascer e ele foi criado pela avó. Quando ele tinha 16 anos, sua mãe pediu que ele assumisse a fazenda; felizmente, ela entende que ele é mais “feito para estudos”. Aos 18 anos ingressou em Cambridge, onde o professor de matemática Isaac Barrow lhe abriu as portas do conhecimento. Aos 25 anos, ele já é um matemático e físico genial. Interessa-se pela óptica e pelo estudo dos prismas desenvolve a sua teoria da luz (à qual Goethe se oporá), e descobre as leis da mecânica que permitem explicar, em particular, os movimentos dos Planetas assinalados por Kepler, um século antes.
Reza a lenda que foi ao observar a queda de uma maçã que teve a intuição da lei universal da atração. Paul Valéry escreveu: “Você tinha que ser Newton para ver que a Lua está caindo, quando todos podem ver claramente que ela não está caindo”. De fato, um objeto lançado ao ar cai pela lei da gravidade; mas, a mesma lei se aplica a um satélite (natural ou artificial): está a uma distância tal que a Terra não está mais perto o suficiente para cair sobre ela e é assim que começa a girar.
Podemos ver isso como uma queda contínua, a Terra constantemente “caindo”. O próprio Newton não era um materialista. Ele escreve: “Este sistema mais que admirável do Sol, dos Planetas e dos cometas, só pode emanar do desígnio e da autoridade de um Ser inteligente e poderoso”.
Mas, a maioria dos cientistas, por mais de dois séculos, preferiu ignorar esse aspecto do pensamento de Newton e acreditar, com base em suas descobertas, que “tudo” pode ser explicado mecanicamente e que “tudo é puramente físico”.
No capítulo XIV do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, Max Heindel descreve a experiência da água e do óleo representando, respectivamente, o espaço e a nebulosa original e o cientista que não percebe que ele próprio desempenha o papel de Deus criador através da concepção da experiência e sua intervenção com o auxílio de um bastão, para colocar em ação o movimento formativo dos “planetas”.
Foi somente no século XX, com os paradoxos da relatividade de Einstein e da mecânica quântica, que os cientistas (pelo menos alguns) adotaram uma posição mais aberta, como veremos adiante.
(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)