É fato que tanto o altruísmo impulsionado por Cristo, ano após ano, quanto a gradual expansão de consciência, promove alterações na dinâmica do funcionamento biológico de partes do Corpo Denso do ser humano. Tais mudanças são efeitos de alterações na composição de outros Corpos mais sutis e das alterações da composição atmosférica da Terra. O presente artigo busca descrever parte destas mudanças graduais, que está estreitamente relacionada à promoção de maior longevidade e até mesmo a tão mal compreendida vida eterna.
Para fins didáticos, o texto é divido em três partes:
Parte I – Recapitulação do modo como o ser humano tornou-se consciente no Mundo Físico
A recapitulação do modo pelo qual ser humano tornou-se consciente do Mundo Físico se faz necessária para traçar uma linha de referência de seu desenvolvimento. Conforme bem explorado pela Filosofia Rosacruz, o Espírito Virginal desceu dos mundos superiores na involução. Com o propósito de desenvolver os três princípios divinos (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano) que herdou de Deus (pois tal como Deus, quando se manifesta, o faz de forma tríplice – Pai, Filho, Espírito Santo), o ser humano, criado a Sua imagem e semelhança, por ação recíproca constituiu três Corpos compostos por materiais correspondentes aos Mundos pelos quais passava – o Corpo Denso, oitava inferior do Espírito Divino (Pai); o Corpo Vital, oitava inferior do Espírito de Vida (Filho); e o Corpo de Desejos, oitava inferior do Espírito Humano (Espírito Santo).
Mas para que houvesse união e comunicação entre os princípios herdados e seus instrumentos, um veículo mental teve de ser construído. A partir daqui o Espírito se torna um Ego: um Espírito Virginal manifestado em forma sétupla (Tríplice Espírito, Tríplice Corpo e a Mente). Neste ponto do desenvolvimento, a dual força criadora (pólo masculino ou vontade e pólo feminino ou imaginação) ainda era direcionada para baixo, isto é, ambos os pólos, fluíam para o mesmo sentido e conferia ao ser humano a capacidade de ser hermafrodita.
No entanto, para que as vivências exteriores pudessem ser capturadas e para que as ideias concebidas pela Mente pudessem ser transmitidas, adaptações nos Corpos deveriam ocorrer. Especialmente para o Corpo Denso e Vital, deveria ser construído um encéfalo que fosse capaz de processar as informações provenientes do meio e enviar tais códigos para que o Espírito trabalhe sobre as mesmas, e, por fim, transmitir estas conclusões de volta ao meio. Também uma laringe para facilitar a comunicação das conclusões que foram produzidas pelo processamento das informações provenientes do meio.
Concomitante a essas necessidades, a matéria que hoje constitui nosso planeta Terra foi arrojada do Sol e, posteriormente, a matéria que forma a Lua foi arrojada da Terra. Tais separações promoveram expressões separadas de forças (força do Sol e força da Lua). Deste modo, alguns Corpos passaram a serem melhores condutores das forças solares e outros lunares. Um dos pólos da dual força criadora foi internalizado e direcionado para cima, a fim de construir o cérebro e a laringe. No caso do Corpo masculino (condutor da influência do Sol), o pólo feminino foi internalizado para este fim. Já o Corpo feminino (condutor da influência da Lua), o oposto. A condição de ser hermafrodita cessou e a necessidade da cooperação do sexo oposto para procriar se fez necessária. Além disso, um meio físico que suportasse as altas vibrações do Espírito individualizado era necessário para sua manifestação no Mundo Físico e para governo de seus Corpos. O sangue vermelho e quente constitui tal veículo.
O metal marciano conhecido como ferro é o elemento essencial para a produção deste sangue vermelho e quente. Já é bem consolidado pela ciência atual que durante a realização de uma tarefa, grande quantidade de sangue é direcionada a determinadas regiões do Corpo Denso necessárias para realização da mesma. O ocultista sabe que tal fenômeno significa o Ego utilizando sua ferramenta corporal para governar o Corpo e adquirir experiências.
Foi somente na Época Lemúrica – uma das Épocas que atravessamos nesse Período Terrestre desse atual esquema de evolução – que o ferro pode ser livremente utilizado (após a eliminação da influência marciana sobre a Terra) e, assim, o sangue tornar-se mais quente no interior do Corpo Denso em relação à temperatura ambiente. Com o sangue quente e vermelho e com um cérebro e uma laringe bem formados, o ser humano pôde alcançar o estado de consciência de vigília, parecido com o que temos atualmente.
O plano inicial era o seguinte: quando o Ego renasce em um corpo feminino (mulher) era exposto a estímulos ambientais extremamente fortes* (tempestades gigantescas, ventos, explosões vulcânicas): o objetivo era despertar a consciência das mulheres para fora, e, por meio desta exposição a acontecimentos alheios, a atenção seria direcionada também para isso. Isto iniciou um processo de construção de representações mentais das coisas externas (criação de códigos para que o Espírito pudesse interpretar o meio externo). A neurociência atual comprovou este fenômeno, pois mostra que tudo aquilo que o cérebro interpreta é, em realidade, representações mentais subjetivas que servem como código ou referência. Não se enxerga as coisas como são, mas se enxerga as representações mentais que se criou para interpretar tais coisas. O meio pelo qual as representações foram criadas ocorreu pela imaginação (pólo feminino da força criadora).
Porém, quando o Ego renasce em um corpo masculino (homem), estímulos corporais de dor e de estados de prisões eram determinados. Os estados de prisões eram realizados de modo que o, então homem, pudesse, com um pouco de força de vontade, se libertar. Já a dor, fazia com que um movimento para que a mesma cessasse fosse realizado. Ambos tinham o objetivo de despertar a vontade (força masculina).
Vemos, deste modo, as duas polaridades sexuais agindo separadamente, e métodos de aprendizagem adaptados a cada um eram necessários. Juntamente com esses estímulos, os Arcanjos – seres que estão a dois graus de evolução acima dos seres humanos – neutralizavam o Corpo de Desejos do ser humano, e este só era libertado em épocas propícias para a procriação. A procriação era orientada pelos Anjos – seres que estão a um grau de evolução acima dos seres humanos.
Diferentemente dos Anjos, que direcionam toda sua energia criadora para fora de si e, em troca, recebem sabedoria, o ser humano internalizou metade de sua força criadora para construção de uma laringe e um cérebro. A internalização para autosserviço determina uma característica de individualismo genuíno para ele. Se o estudante meditar sobre este caminho, compreenderá que o processo era demasiadamente lento, mas garantia o despertar seguro da vontade e da imaginação humana. Isto é, naquela época, a Personalidade e o temperamento não agiam como um fator de dificuldade tal como ocorre nos dias de hoje. Pelo menos até o ponto em que este plano pôde perdurar.
Mesmo que a morte do Corpo Denso ocorresse naquela época, a longevidade era muito maior do que atualmente, pois não se conhecia o pecado (transgressões das leis). A mulher, pela imaginação, já conseguia identificar muitas coisas que ocorria fora de si mesma. Mas ela também conservava a visão etérica das coisas. Por isso, quando ela percebia a morte do Corpo Denso e, ao mesmo tempo, também percebia a permanência do Corpo Vital (isto é, a pessoa que morreu no Mundo Físico permanecia viva nos planos internos), esse fato a deixava extremamente confusa.
Para acelerar o processo de evolução, os Espíritos Lucíferos – uma parte da onda de vida Angélica que se atrasou – entraram em contato com a mulher pela coluna espinhal, relatando que poderia gerar um novo Corpo Físico que morria. Para isso, deveria realizar o ato sexual (“comer o fruto da Árvore do Conhecimento”) sem esperar o comando dos Anjos. Isso a tornaria, juntamente com o homem, semelhante aos deuses (com capacidade de “criar”). Esse ato também favoreceria a libertação do Corpo de Desejos, pois haveria motivação para procriação sem a presença dos Arcanjos.
Por isso a Bíblia relata que Lúcifer era uma serpente sábia (coluna espinhal) que apareceu para Eva em uma árvore. Lúcifer (portador da luz) tentou adiantar o processo, ensinando ao ser humano como se libertar da influência dos Anjos e dos Arcanjos, assumindo sua própria evolução e geração de novos Corpos. Isto é relatado na Bíblia como a expulsão da humanidade do Jardim do Éden, que a obrigou a “comer poeira todos os dias de tua vida” e “com o suor de teu rosto, comer teu pão, até que retornes ao solo” (Gn 3:14 e 19). O problema é que o Corpo de Desejos estava em situação muito rudimentar, composto, praticamente, apenas de materiais das regiões inferiores do Mundo do Desejo. A Mente também estava em situação similar, sendo muito fraca para refrear os desejos e direcioná-los para motivação de propósitos do Ego. Tal condição precária somada a genuína condição de individualismo, o egoísmo e as paixões predominaram e uma série de desequilíbrios deu início.
O ser humano deve, pois, a Lúcifer e a seus “Anjos caídos”, à capacidade de ser autômato e da possibilidade de se desenvolver ao ponto de se tornar semelhante aos deuses – por isso, a ideia de que Lúcifer é mau e que deve ser abominado está incutido no inconsciente humano, isto é, foi ele que ensinou a humanidade a desobedecer aos deuses e lhe abriu o caminho para ser semelhantes aos mesmos (superiores aos Anjos). Essa desobediência não deve ser confundida com emancipação de Deus, mas como um novo caminho autômato em Deus (pois nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser).
O problema é que tal estado só será alcançado quando a Personalidade for dominada (estado ainda sonhado pela maioria das pessoas que já despertaram para a vida espiritual). O individualismo genuíno, transformado agora em egoísmo e orgulho pela Personalidade, fez com que cada ato do ser humano fosse direcionado para benefício próprio e quase nenhuma cooperação era conseguida. A sabedoria divina incutindo determinadas motivações no âmago da Personalidade, fez com que a evolução não fosse totalmente frustrada. As motivações foram: Amor, Fortuna, Poder e Fama. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo pelo qual se faz ou deixa de fazer algo. Isso promove alguma experiência e aprendizado. O livro O Conceito Rosacruz do Cosmos já explorou todos os fatos mencionados até o momento com extraordinária maestria. Convidamos o leitor para estudar este livro, a fim de que tenha uma ideia melhor de tudo isso.
Parte II – Mudanças físicas que estão ocorrendo devido à correspondência ao altruísmo
Agora que foi recapitulado o processo de aquisição do estado de consciência vigília e esclarecido o modo pelo qual deixamos o plano inicial de evolução e iniciamos o processo de evolução “por nossa própria conta e risco”, o segundo objetivo do presente artigo pode ser trabalhado. Isto é, que mudanças físicas estão ocorrendo devido ao aumento da consciência e altruísmo no mundo?
O Corpo Denso é um instrumento que, atualmente, possui duração pré-determinada de utilidade para servir ao propósito do Ego que é: extrair a quintessência das experiências vividas. Com o passar do tempo, suas funções vão declinando (devido à incompetência do ser humano em não deixá-lo cristalizar), até que a morte (a incapacidade do ser humano em se manter encarnado nesse Corpo Denso) sobrevém.
Dois fatores importantes atrapalham o desenvolvimento dos poderes do Ego: 1) a busca da satisfação pessoal imposta pela Personalidade que inclui o gasto demasiado da força sexual, a gula, os vícios, os maus hábitos, as omissões, as preguiças e irresponsabilidades com a saúde, entre outros, todos constituem maiores prazeres físicos e encurtamento da vida; 2) a influência da Lei de Consequência, pois muitos desequilíbrios foram gerados a partir da falsa iluminação lucífera. As doenças limitam, consideravelmente, a qualidade da produção anímica pelo Ego.
Presença de doença não significa ausência de possibilidades para geração de produção anímica. A Graça Divina é tamanha que há espaço para o desenrolar concomitante de produção anímica e o reequilíbrio das Leis transgredidas. Esse plano só pôde ser concretizado a partir do trabalho misericordioso de Nosso Senhor (o Cristo), que anualmente “retira o pecado do mundo”, isto é, purifica o Mundo do Desejo da Terra com seu Altruísmo. Com isso, disponibiliza materiais para que a humanidade possa avançar no caminho, mesmo que ainda tenha muitos pecados.
O tema astrológico natal revela as tendências de pontos fracos, cuja ciência material compreende como de origem genética e ambiental. Tais tendências são determinadas a partir dos desequilíbrios praticados em vidas precedentes e de desequilíbrios que tenderemos a realizar na presente vida. Por meio da progressão pode-se saber o momento em que tais tendências estarão ativas e fortes.
Independente do tipo de doença e do tratamento que o doente e seus cuidadores devem buscar, duas são as fontes de energia que, se deficitárias, acelerarão o desenvolvimento de qualquer patologia: 1) a energia vital que vem diretamente do Sol e é absorvida através do baço; e 2) a energia proveniente dos alimentos físicos, produto da respiração celular realizada, principalmente, pelas mitocôndrias. “É a fusão dessas duas correntes que produz o poder latente que está armazenado em nosso Corpo Vital até converter-se em energia dinâmica pelo desejo marciano natural” (veja mais detalhes no livro O Mistério das Glândulas Endócrinas), e, assim, o ser humano pode utilizar essa energia para produzir crescimento anímico.
Com foco na corrente de energia proveniente do consumo de alimentos, Max Heindel descreve: “o sangue que entra em contato com o ar, todas as vezes que respiramos, passa pelos pulmões e, da mesma maneira que uma agulha é atraída para um imã, o oxigênio do ar inspirado se mistura com o ferro no sangue. Realiza-se, então, um processo de combustão que é semelhante à ferrugem ou oxidação que observamos no ferro exposto ao ar”. Continua: “a experiência ensinou-nos que o material combustível pode ser colocado em uma fornalha com todas as condições necessárias para a combustão, porém, até que se use o fósforo, os materiais não serão consumidos. Aqueles que estudaram as leis de combustão sabem que uma corrente de ar bem forte leva consigo grande quantidade de oxigênio, que é necessário para se obter calor do combustível que contém muito mineral”. Assim, oxigênio é o acelerador deste processo. “Um processo similar ocorre dentro do corpo, que é o templo do espírito” (veja mais detalhes no livro Maçonaria e Catolicismo).
O processo de combustão que ocorre dentro do Corpo é um pouco diferente da combustão verificada, por exemplo, quando se queima gasolina, madeira ou papel. Neste último, o processo de retirada de energia ocorre em grande quantidade e de uma única vez. Por outro lado, a respiração celular promove quebra das cadeias de carbono (processo químico necessário para a retirada de energia das moléculas) de modo gradativo e em pequenas parcelas. Isto é necessário para a preservação da estrutura das células, pois se a combustão ocorresse como no primeiro exemplo, as células pereceriam pelo excesso de energia. Além disso, a energia retirada pelas mitocôndrias não é consumida rapidamente, mas permanece dissolvida na célula e, gradativamente, é utilizada no metabolismo.
Um dos problemas é que durante a extração de energia, moléculas incompletas de oxigênio também são geradas: incompletas por conterem um número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica. Este elétron ímpar, que se estabelece após cada quebra das cadeias de carbono, pode não ser pareado com o restante dos elétrons do átomo em questão. Em outras palavras, sua órbita segue uma rota diferente da órbita dos demais elétrons. Tal característica confere-lhe grande capacidade de reagir com outras biomoléculas que existem na célula, contra as quais colidem. Essa reação forçará a retirada de elétrons de outras moléculas que já são completas e possuem função importante dentro do sistema biológico (principalmente lipídios e proteínas das membranas celulares e, até mesmo, o DNA). Essa retirada de elétrons modificará suas adequadas estruturas e funções. Os exemplos mais comuns de radicais de oxigênio altamente reativos são: radicais superóxido (O2-), hidroxila (OH-), peroxila (RO2), alkoxila (RO) e hidroperoxila (HO2). O óxido nítrico (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2) são espécies reativas de nitrogênio.
O organismo normalmente consegue equilibrar os efeitos desses radicais de oxigênio reativos (radicais livres). Porém, há casos em que ocorrem desequilíbrios a favor do sistema pró-oxidantes em detrimento do sistema antioxidantes. Isto é denominado estresse oxidativo. O acúmulo dos efeitos do estresse oxidativo promove danos nas células e acelera o surgimento de doenças e envelhecimento (principalmente se ocorrer em órgãos do corpo relacionados a vulnerabilidades que acumulamos em outras vidas), fatores estes que limitam as oportunidades do Ego de gerar experiências e crescimento anímico.
Dentre as doenças já comprovadas pela ciência física que estão relacionadas aos efeitos dos radicais livres, somados a outros fatores estão: demência de Alzheimer, doença de Parkinson, aterosclerose, complicações da diabetes mellitus, câncer, doenças cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imunológico, disfunções cerebrais, o envelhecimento precoce, enfisema pulmonar, doenças inflamatórias, entre outras.
Sobre a respiração celular e oxigênio dentro do Corpo Denso, Max Heindel continua: “É a chama que acende o fogo interior e gera o produto espiritual que se exterioriza de todas as criaturas de sangue quente, da mesma maneira que o calor se irradia de uma estufa. Estas linhas radiantes de força que emanam de nossos Corpos Densos de maneira invisível à visão física, são nossa aura, como já foi dito, e, não obstante a cor da aura de cada indivíduo diferir da dos outros, existe uma cor básica ou fundamental que mostra sua posição na escala da evolução. Nas raças inferiores esta cor básica é um vermelho fraco, semelhante ao vermelho de um fogo que queima lentamente, que indica sua natureza passional e emocional (isso indica que a pessoa ainda responde a Lúcifer e a Jeová). Ao examinarmos as pessoas que estão em grau mais elevado na escala da evolução, a cor básica ou a vibração irradiada por elas parece ser de uma tonalidade alaranjada, que é o amarelo do intelecto misturado com o vermelho da paixão”.
O uso de antioxidantes, pela alimentação, naturalmente pode evitar os danos corrosivos dos radicais livres de oxigênio. O problema é que as transgressões das Leis Divinas e a natureza passional, em muitos casos, são tamanhas, que o uso de oxidantes nem sempre é suficiente, e os danos ainda permanecem. A produção de radicais livres constitui um fator natural do Corpo Físico e sempre foi programada por nós mesmos. Afinal, o propósito da existência física é o acúmulo de experiências e não devemos permanecer na Terra para “todo o sempre”. Naturalmente, processos que facilitam a morte e o desgaste do Corpo Físico devem ocorrer. O comer da árvore da vida, provavelmente, implicaria em também solucionar o problema dos efeitos dos radicais livres, dentre outros relacionados a doenças e morte do Corpo Físico.
“A auréola dourada ao redor dos santos, pintada por artistas dotados de visão espiritual, é a representação física de uma promessa espiritual que se aplica à humanidade como um todo, embora isto tenha sido compreendido apenas por alguns poucos, que são chamados Santos. Após vidas de luta com suas paixões, perseverança no fazer o bem, cultivando nobres aspirações e depois de aderir firmemente a propósitos superiores, estas pessoas elevaram-se acima do raio vermelho e estão agora totalmente imbuídas com o raio dourado de Cristo e sua vibração.” Max Heindel continua: “A cor dourada natural é o raio de Cristo, que encontra sua expressão química no oxigênio, um elemento solar”.
Naturalmente, o aspirante pode concluir que conforme a correspondência às vibrações Crísticas e o estabelecimento de uma vida com propósitos superiores, tanto a eficiência das mitocôndrias no processo de respiração celular quanto fatores que neutralizam os radicais livres aumentarão, promovendo menores danos às células e maior longevidade saudável. Porém, tal conclusão parece ser equivocada. Lembre-se: o propósito do Ego não é permanecer na Região Química do Mundo Físico, mas retornar ao Pai com sua herança divina despertada e totalmente desenvolvida (Parábola dos Talentos). A compreensão de como ocorre a longevidade é fator chave para a terceira etapa (conclusão) deste artigo.
Parte III – Que se deve fazer para acompanhar as mudanças que necessariamente devem ocorrer
Qual a diferença de desempenho de uma pessoa experiente e de outra iniciante, em uma dada tarefa em comum? A diferença básica é que a pessoa experiente já aprendeu todos os mecanismos e as técnicas necessárias para desempenhar, com segurança, cada etapa de uma tarefa. Por isso, aplica de modo direcionado, com paciência e observação, a quantidade ideal de energia (vontade) e estratégias para cumprir o propósito com eficiência. Já o inexperiente, por não conhecer os mecanismos e nem as técnicas, necessita muito tempo para aprender e tirar conclusões. Além disso, mesmo que realize todo este movimento, se realmente não se dedicar na extração da experiência, pouca memória formará. Isso significa que “viveu as cegas”, e continuará a gastar bastante energia todas as vezes que se deparar com a mesma situação, sendo um eterno aprendiz das mesmas coisas.
O acúmulo de experiência permite o menor gasto de energia e assim, menor necessidade das funções das mitocôndrias para gerar energia. Isso não significa que há menos atividades ou produção anímica. Inversamente, se faz muito mais com muito menos! Conforme a correspondência de vida vai gradativamente se afinando com as lições Cristãs, o uso dos Corpos pelo Ego ocorre mais adequadamente. Isto é, o Eu Superior domina a Personalidade e a espiritualiza. Este domínio pode ser ilustrado da seguinte maneira:
Vemos, pois, que uma vida bem vivida está pautada no acúmulo de sabedoria e firmada a propósitos superiores. Não há outro propósito maior do que estes. A fé, o amor universal, o propósito de contribuir com a evolução da humanidade e a convivência com verdades espirituais, revelam caminhos tão sublimes e infinitos que tornam cada ato da vida uma nota musical afinada à grande sinfonia divina. Não haverá mais espaços para desequilíbrios ou transgressões das leis, mas sim ações que nos aproximam de Deus.
A lógica do menor esforço e maior eficiência é o padrão de ouro para a vida espiritual, mas ela exige o emprego constante da observação e do aprendizado. Com o tempo, passaremos a evocar as experiências de modo tão eficiente que não mais necessitaremos dos arquivos do cérebro denso para nos fornecer referência de como agir, mas iremos acessar diretamente o éter refletor, não mais necessitando de energia física. Consequentemente haverá menos necessidade de mitocôndrias e menos radicais livres. Passaremos a utilizar o éter, um material com vibração superior aos elementos químicos do sangue, para manifestação do estado de vigília (já o fazemos atualmente, mas a quantidade será muito maior), pois o poder do Ego será tamanho que necessitará de materiais mais vibrantes para dar conta de sua expressão. Neste estado de Corpo de Vida, não mais conheceremos a morte e a vida eterna será, então, uma realidade.
Para finalizar, é importante considerar que um dos pólos da dual força criadora foi internalizada e direcionada para cima, a fim de construir um cérebro e uma laringe (mencionado na primeira parte deste artigo). Antes, ambas eram direcionadas para baixo com o propósito de gerar Corpos Físicos. Com o novo Corpo de Vida, não mais haverá mortes e desnecessária a geração de Corpos Densos, sendo o ser humano Cristificado isento da paixão lucífera.
O casamento místico, conforme bem expressado por Salomão em seu “Cântico dos Cânticos”, mostra a reunião dos polos da força criadora, mas agora com parte que permaneceu para baixo também direcionada para cima. “O homem deve se casar com a mulher que possui dentro de si mesmo, e a mulher com seu homem interno”. O mito denominava cada polo como Anima (feminino) e Animus (masculino). Com esta “re-união” dos polos criadores, mas direcionados para cima, a palavra fornecerá o molde (o verbo se fará carne) para gerar obras tão grandiosas como as obras dos deuses.
*note que as condições da Terra nesta época era bem diferentes das condições atuais.
Que as Rosas Floresçam em vossa cruz
A Relação dos Tríplices Espíritos, Almas e Corpos em cada um de nós
O ser humano é um tríplice Espírito que possui uma Mente, governando com ela um Tríplice Corpo que emanou de si mesmo para adquirir experiência. Esse Tríplice Corpo se transforma em Tríplice Alma, da qual se nutre, elevando-se assim da impotência à onipotência.
O Espírito Divino emanou de si Corpo Denso extraindo como fruto a Alma Consciente.
O Espírito de Vida emanou de si o Corpo Vital extraindo como fruto a Alma Intelectual.
O Espírito Humano emanou de si o Corpo de Desejos extraindo como fruto a Alma Emocional.
O Tríplice Espírito lançou uma tríplice sombra sobre o reino da matéria e desse modo o Corpo Denso foi evoluindo como contraparte do Espírito Divino, o Corpo Vital como réplica do Espírito de Vida, e o Corpo de Desejos como imagem do Espírito Humano.
Finalmente, e o mais importante de tudo, formou-se o degrau da Mente como enlace entre o Tríplice Espírito e seu Tríplice Corpo. Esse foi o começo da consciência individual e marca o ponto onde acaba a Involução do espírito na matéria e onde começa o processo evolutivo pelo qual o espírito é extraído da matéria. A Involução significa a cristalização do espírito em corpos distintos, mas a evolução depende da dissolução dos Corpos, da extração da substância da Alma deles e da amálgama alquímica dessa Alma com o espírito.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1970)
Adaptabilidade, a Chave do Seu Progresso
A presente condição desequilibrada do mundo de hoje deve sua origem a uma causa principal, a saber, inadaptabilidade por parte do indivíduo com relação a aprender as lições apresentadas a ele pelos vários instrutores a cargo da evolução, sendo dadas todas com o objetivo de desenvolver os divinos poderes latentes do ser humano. Os poderes de Deus, latentes dentro de cada ser criado, são três em número, separados e distintos em suas naturezas intrínsecas, e, não obstante, positivamente necessários com o fim de produzir a manifestação.
O primeiro poder de Deus é a VONTADE, que se expressa como o poder de originar e de destruir, o poder de guiar toda a criação, o poder de dirigir e de projetar ideias e formas de pensamento na Mente, e o poder de expressar controle através do intelecto, em todos os aspectos, tais como o raciocínio, o juízo, o conhecimento, a indução, a dedução, a compreensão, etc.
O segundo poder de Deus é AMOR-SABEDORIA, e se expressa como atração, coesão, receptividade, imaginação, sentimento, intuição, memória, conservação, proteção, alimentação, nutrição e concepção.
O terceiro poder de Deus é a ATIVIDADE, que se expressa como a força de movimento que impede a inércia e produz germinação, desenvolvimento, crescimento, ação, dinamismo, expansão, originalidade, fertilidade, reprodução, Epigênese e criação.
Quase desde o princípio, uma classe de pessoas avançou lenta, mas persistentemente no desenvolvimento dos poderes da VONTADE, combinados com os da ATIVIDADE. Esta combinação produziu os gigantes intelectuais do presente, os homens e mulheres teimosos que põem o “eu” antes de tudo e cruelmente deixam de lado qualquer coisa que apareça diante deles como um obstáculo, sem ter em conta o que ou quem possa ser, amigos, família, inimigos, tudo deve desaparecer, tudo o que não faça promover seus logros. Os membros desta classe se encontram no campo das finanças, grandes associações de negócios e de companhias industriais e corporações multinacionais, seja em menor ou maior escala, dependendo da capacidade do indivíduo. Aquele que não ajude a esta classe de pessoas é para elas um estorvo, e deve ser eliminado.
São talentosos, espertos e usualmente afortunados, mas temidos por todos os que se põem em contato com eles com a suficiente intimidade como para descobrir suas cruéis e dominantes características. Seus brilhantes e faiscantes intelectos podem ser admirados, seu fenomenal êxito invejado, mas os indivíduos por si mesmos não são nunca verdadeiramente queridos, nem honradamente respeitados. Nem tampouco, por regra geral, são lembrados por muito tempo, e suas fortunas, algumas vezes massivas, nunca são realmente apreciadas pelos parentes, geralmente gastando o dinheiro obtido deles, pródiga e rapidamente depois de sua morte.
Uma segunda classe, ao começo de seu caminho evolutivo, desenvolveu os segundo e terceiro poderes que se manifestam como AMOR e ATIVIDADE. Com desprezo do primeiro poder, a vontade, que inclui a razão, o juízo, etc. Aqui temos aquelas pessoas que se omitem em todas as formas de convenção no que se refere ao coração, sacrificando tudo pelo ser amado, seja justo ou injusto, sem analisar aquele que é objeto de seus afetos, ou quantos são prejudicados por suas ações. O amor, para essas pessoas, é desculpa suficiente, com o fim de satisfazer seus urgentes desejos e qualquer quantidade de raciocínio por parte dos amigos, tem pouco ou nenhum efeito. Nunca estão realmente contentes, a menos que estejam realmente próximos do objeto de seus afetos, que pode ser um amigo, uma criança, um marido ou uma esposa. Contudo, eles não são realmente tão maus como parecem sendo débeis no poder da vontade, creem que o amor, a urgência que sentem tão fortemente, é uma excelente desculpa para fazer as coisas que outros consideram como delitos de menor importância. Frequentemente o encantador lado atrativo de tais pessoas os ajuda a obter muitas coisas que em outros menos sedutores não seria tolerado. Estas pessoas têm muito a ver com a corrupção da sociedade, desbaratando amizades, lugares, sociedades, até governos, e despertando emoções nos outros que em muitos casos são difíceis de controlar. Lançam-se a toda classe de satisfação sensual sem usar o juízo, e com pouca discrição. Para eles o presente basta. Para que se preocupar com o que o futuro possa deparar. Para eles o pensar produz danos, e não gostam da sensação de dor.
A terceira classe de pessoas são aquelas que desenvolveram seus PODERES de VONTADE, e a NATUREZA DE AMOR em prejuízo de seus poderes de atividade. A essa classe pertencem os sonhadores do mundo. Possuem tanto o intelecto como a imaginação bem desenvolvidos, mas carecendo de incentivo em grau considerável; passam o tempo imaginando toda classe de projetos que, se fossem postos em ação, seriam de grande benefício para a humanidade. Mas, como são inimigos de ir ao mundo e materializar seus planos, preferem passar a maior parte do tempo evocando novos planos. Esta classe de pessoas é raramente perigosa para a sociedade, mas são geralmente esquivados pelos seus semelhantes, em razão de sua aparente indolência. Seus amigos se cansam de ouvir o que lhes parece mais ou menos como contos de fadas para adultos, de modo que estas pessoas levam uma vida um pouco solitária, até que despertem, por assim dizer, e começam uma honrada investigação das causas de tudo.
Ao princípio, praticamente, as mesmas experiências sucederam a todos por igual. Mas, logo, devido a NÃO ADAPTABILIDADE, as experiências se fizeram mais variadas, até que no tempo presente são quase inteiramente individuais. Não obstante, em todos os casos tais experiências são ideadas para satisfazer as necessidades especiais daqueles a quem são dadas, seja em massa ou separadamente. Terremotos, tornados, fome, seca, epidemias e guerras, são exemplos das experiências em massa, enquanto que os vários sucessos de nossa vida diária contêm especiais e necessárias lições. Muitas vezes estas experiências podem parecer quase triviais, mas se as considerarmos atentamente, revelarão os pontos débeis de nosso caráter que necessitam ser fortalecidos. Então devemos permanecer adaptáveis e consentir em fazer esforços.
Àqueles que “cobiçam o êxito” lhes serão dadas oportunidades, seja para acumular ou para dar, quando seja necessária ajuda aos demais. Geralmente tais pessoas sofrem por sentir e dar. Se sua lição é aprendida, depois da devida meditação, aprenderão a dar com compaixão, e ao fazê-lo assim, estarão estabelecendo um equilíbrio entre a cabeça (Vontade), o coração (Amor) e a ação (Atividade).
Àqueles que creem que o amor é uma desculpa legítima para toda classe de delitos morais, ser-lhe-ão dadas oportunidades de “pensar retamente e bem”, antes de sucumbir à tentação de roubar aos demais, seus seres amados que legitimamente lhes pertencem. Com o fim de aprender esta lição, essas pessoas inspiradas pelo coração devem desenvolver o poder da razão, o que lhes dará o necessário equilíbrio para vencer a tais tentações.
Àquelas pessoas que gostam de “sentar e sonhar” em grandes coisas para ser realizadas mais tarde, quando creem que estão se esforçando, encontrarão suas lições na privação de todas as coisas que mais veementemente desejam e com desprezo, ainda que seja parcialmente velado sentido por seus associados. A fome, o sofrimento e a vergonha finalmente os compelem à ação, e a atividade assim desenvolvida, com o tempo lhes proporcionará o necessário equilíbrio que tão desesperadamente necessitam. Quando nos tornamos conscientes de que algo vai mal conosco e começamos seriamente a averiguar a causa, necessitamos somente examinar os acontecimentos diários de nossa vida para chegar à raiz de tudo, que é o desequilíbrio. Então, se formos prudentes, cultivaremos novos hábitos e começaremos a trabalhar diligentemente para desenvolver os poderes que nos faltam.
Gradualmente, perceberemos que é mais fácil nos adaptarmos às novas circunstâncias e a vida se tornará mais simples de viver, porque terá seu centro do Tríplice Espírito.
Quando isto for conseguido por um número considerável de pessoas, as guerras cessarão. Estas pessoas saberão que unicamente o RETO PENSAR (Vontade), o RETO SENTIR (Amor) e o RETO ATUAR (Atividade) podem trazer paz duradoura a todas as nações da Terra.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – mai/jun/88)
Análise do Pai Nosso, a Oração do Senhor
O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe.
A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes.
O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade.
A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.
Podemos comparar a Oração do Senhor (Pai Nosso[1]) como uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação de todos os veículos do ser humano. O cuidado a prestar ao Corpo Denso está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.
A oração que se refere às necessidades do Corpo Vital é: “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
A oração para o Corpo de Desejos é: “Não nos deixeis cair em tentação”. O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.
A oração para a Mente é: “Livrai-nos do mal”. Como vimos, a Mente é a ligação entre as naturezas superiores e inferiores. Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma restrição. Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a Mente, a faculdade de discernir. Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres humanos que fazem tais coisas. Mesmo quando um ser humano de Mente anormal faz isso não se considera da mesma forma que ao animal. Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia é isolado.
No “Pai Nosso” geralmente usado na igreja, a adoração está colocada em primeiro lugar, o que tem por fim alcançar a exaltação espiritual necessária para proferir uma petição que represente as necessidades dos veículos inferiores.
O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”. O Espírito de Vida reverencia-se ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.
Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito juntam-se para a mais importante das orações, o pedido pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção. A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
[1] N.R.: Mt 6: 9-13
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/86)
Os Átomos-semente nos Futuros Períodos Mundiais
Investigamos a evolução dos Átomos-semente através dos três Períodos Mundiais involucionários e todo o presente Período Terrestre, até seu final. O que sucederá a esses Átomos-semente nos períodos subsequentes: o Período de Júpiter, o Período de Vênus e o Período de Vulcano?
A primeira Grande Iniciação “dá o estado de consciência que será alcançado, pela humanidade comum, ao final do Período Terrestre; a segunda, o que todos alcançaremos ao final do Período de Júpiter; a terceira dá a extensão de consciência que será alcançada ao final do Período de Vênus; a última confere ao Iniciado o poder e a omnisciência que toda a humanidade alcançará somente ao final do Período de Vulcano”.
No final de cada grande Período, o Corpo que tenha chegado à perfeição, é convertido em suas forças essenciais e agregado ao seguinte veículo superior. Assim é como, no final do Período Terrestre, as forças do Corpo físico aperfeiçoado serão agregadas ao Corpo Vital, o que tem, então, todos os seus próprios poderes mais os do corpo físico. Estes poderes amalgamados serão agregados ao Corpo de Desejos, no final do Período de Vênus e estes, por sua vez, serão agregados à Mente ou Corpo Mental, no final do Período de Vulcano.
Cada Corpo foi dado como um “germe”, que era também um “pensamento-forma”, como temos indicado. São as forças arquetípicas de cada Corpo, elevadas à perfeição, as que são os poderes de cada Átomo-semente que são agregadas ao seguinte veículo superior, quando termina o Período Mundial.
Paralelamente a esse desenvolvimento, observamos o pleno florescimento do Tríplice Espírito e de seus três poderes: o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano (os três juntos constituem o Ego).
Max Heindel escreveu: “Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o ser humano a pôr em atividade o Tríplice Espírito, o Ego, a construir o Tríplice Corpo e adquirir o elo da Mente. Agora, no sétimo dia (para usar a linguagem da Bíblia), Deus descansa. O ser humano deve trabalhar pela sua própria salvação. O Tríplice Espírito deve completar o trabalho e a execução do plano começado pelos deuses. O Espírito Humano, que foi despertado durante a involução, no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do Espírito, na evolução do Período de Júpiter, que é o Período correspondente no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, que foi posto em atividade no Período Solar, manifestará sua principal atividade no correspondente período de Vênus e, as particulares influências do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, porque foi vivificado no correspondente Período de Saturno”.
“Todos os três aspectos do Espírito são ativos, todo o tempo, durante a evolução, mas o aspecto espiritual de cada um será desenvolvido nestes Períodos particulares, porque o trabalho a ser feito é seu trabalho especial”. Assim como o polo negativo do Tríplice Espírito era o que estava ativo durante Involução, agora é o polo positivo o que está ativo durante a Evolução, à medida que o Ego ascende à Divindade, saindo da materialidade”.
A Tríplice Alma é também, durante este tempo que o Ego está evolucionando e saindo da matéria, assimilada pelo Tríplice Espírito.
Quando o Corpo for plenamente aperfeiçoado e suas forças agregadas ao Corpo Vital, a “Alma Consciente” será assimilada pelo Espírito Humano. Isto não é instantâneo. Dura por todo o ciclo do “Dia” de Júpiter e é apenas na sétima Revolução do Período de Júpiter, quando a Alma Consciente é, assim, assimilada pelo seu progenitor, o Espirito Divino.
Sob a Lei de Analogia e a causa de que a evolução se acelere à medida que se aproxima o final, a Alma Intelectual é assimilada pelo Espírito de Vida, na sexta Revolução do Período de Vênus. A Alma Intelectual é a essência do Corpo Vital e sua assimilação pelo Espírito de Vida requer todas as seis revoluções do Período de Vênus.
Finalmente, na quinta Revolução do último Período, o de Vulcano, em que a Mente será aperfeiçoada, a Alma Emocional será assimilada pelo Espírito Humano, na Região do Pensamento Abstrato.
Esta assimilação da essência do Corpo de Desejos nutre o terceiro aspecto do Tríplice Espírito, conduzindo-o até a perfeição e, o processo de assimilação requer todos as primeiras cinco revoluções do Período de Vulcano.
Restam duas revoluções mais, deste Período, nas quais o Espírito Virginal assimilará, na Mente, todos os poderes do Tríplice Corpo e, as essências anímicas também serão completamente assimiladas ao Tríplice Espírito. Conforme cada Globo Mundial se dissolve no caos, o aspecto do Espírito correspondente a esse Globo é atraído pelo mais elevado dos três aspectos, o Espirito Divino. No final do Período de Júpiter, o Espirito Humano será absorvido pelo Espírito Divino. No final do Período de Vênus, o Espírito de Vida será absorvido pelo Espírito Divino. E, ao final do Período de Vulcano, a Mente aperfeiçoada, incorporando todas as maravilhosas glórias assimiladas durante os passados sete Dias Mundiais, será absorvida pelo Espirito Divino.
Max Heindel comenta: “Não existe contradição entre estas e outras afirmações que dizem a Alma Emocional será absorvido pelo Espírito Humano, na quinta Revolução do Período de Vulcano, porque o último estará, então, dentro do Espírito Divino”.
Depois disto, vem o “grande intervalo de atividade subjetiva, durante o qual o Espírito Virginal, que agora tem absorvido em si mesmo todos os três aspectos, ou poderes e todos os frutos da evolução se fundirão em Deus, de Quem vieram, para reemergir na aurora de outro Grande Dia, como um de Seus gloriosos colaboradores”.
Durante sua passada evolução, suas possibilidades latentes têm sido transmutadas em poderes dinâmicos. Tem adquirido Poder Anímico e uma Mente Criadora, como fruto da peregrinação através da matéria.
Tem avançado da impotência à Onipotência, da inconsciência à Onisciência”.
Isto é, quando o Espírito Virginal reemerge da união com a Divindade, aparecerá como um deus-auxiliar, capaz de projetar no espaço, na Substância Raiz Cósmica, os “Átomos-semente”, ideias germinais e suas forças arquetípicas e pensamentos-forma, pertencentes a um novo esquema de evolução, como membro de uma Celestial Hierarquia, como a que nos ajudou em nossa própria evolução “desde o barro até Deus”.
Assim, do mesmo modo em que as Hierarquias Celestiais são nossos verdadeiros progenitores, cuja “semente” foi o modelo de nossa evolução, nós, por nossa vez, chegaremos a ser os progenitores divinos de novas raças, em novos sistemas evolucionários, quando emergirmos naquela aurora cósmica, sobre as asas do poder e da sabedoria, para ajudar a inaugurar um novo mundo – uma galáxia, um universo – e o fazer flutuar como uma rosa que se abre corrente abaixo nas ondas do espaço.
(Publicado no ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)
A Tríplice Alma: um procedimento oculto para o aperfeiçoamento de si mesmo
Pouco antes de me ter sentado para estudar numa dessas tardes, premi o botão elétrico e imediatamente a luz inundou o quarto. Apanhei o livro e abrindo-o deparei com um trecho que tratava do trabalho executado pelos Adeptos – os iluminados que podem pronunciar a Palavra Criadora.
Veio-me então à mente o desejo de tornar-me idêntico a eles, servir como fazem os Irmãos Maiores, levando a luz à consciência da Humanidade.
O que deveria fazer para tornar-me igual a eles?
Pensativamente contemplei a lâmpada próxima a mim: a pressão sobre o botão não a criou; ele meramente pôs o dispositivo (a lâmpada) apta a transmitir a luz, contatando-o com certos dispositivos (arames, ligações, cabos) os quais transportam a energia elétrica gerada pela fonte central (dínamo). O que seria se a lâmpada fosse feita de madeira? Quando eu premisse o botão poderia inundar de luz o meu quarto? Poderá o meu ser físico, tal como agora é, transmitir a luz de Deus?
Se as linhas elétricas fossem defeituosas, a minha pressão sobre o botão poderia proporcionar luz perfeita em meu quarto? Terei eu uma conexão apropriada com a fonte de energia espiritual para torná-la usável? Ou o que daria se o dínamo funcionasse imperfeitamente? Para que serviriam os arames, os cabos, as ligações, as lâmpadas ou outros quaisquer dispositivos para a produção da luz, se o dínamo não produzisse energia? Estarei em uma célula no Grande Corpo de Deus, produzindo e libertando a energia para as mais altas funções de meus veículos?
Essa autopesquisa conduziu-me a uma revisão sobre o procedimento oculto ensinado pela Filosofia Oculta para o aperfeiçoamento de si mesmo no sentido de se tornar um “canal consciente” para o trabalho daqueles Elevadíssimos Seres, de modo a poder aplicar-me com renovado zelo no trabalho indispensável ao crescimento da alma. O moto “Serviço amoroso, altruísta e desinteressado” me veio à mente como linha de conduta para ser sempre observada e lembrada. Ao mesmo tempo recordei-me de certas instruções específicas para a espiritualização de nossos veículos e, consequentemente, do crescimento da alma. O que me ocorreu vai a seguir:
A filosofia oculta ensina que o ser humano é um Tríplice Espírito que possui uma Mente através da qual governa o Tríplice Corpo, os quais ele emanou de si mesmo para obter experiências. Esse Tríplice Corpo ele transmuta na Tríplice Alma, da qual ele se nutre a fim de sair da impotência para a onipotência: o Espírito Divino emana de si mesmo o Corpo Denso, extraindo como pábulo a Alma Consciente; o Espírito de Vida emana o Corpo Vital, extraindo a Alma Intelectual; o Espírito Humano emana o Corpo de Desejos, extraindo a Alma Emocional. Nosso problema como aspirantes espirituais é então planejar e controlar nossas atividades diárias de modo que, por meio delas, possamos extrair maior quantidade de poderes conscientes, intelectuais e emocionais, de nossos Corpos. Uma vez que nossos veículos estão intimamente inter-relacionados, a melhora de um, automaticamente gera a melhora dos demais. Porém, certas atividades afetam determinado Corpo mais definidamente do que os outros.
O Corpo Denso é um maravilhoso instrumento mecanizado para a ação no plano material; é por meio das experiências que obtemos por seu intermédio, pelas nossas retas ações em relação aos impactos externos e pela observação acurada que o transmutamos em Alma Consciente. Quanto mais ativos formos e mais retas forem nossas ações, maior crescimento de Alma Consciente alcançaremos. Basicamente, para a reta ação tornam-se necessários a higiene, o exercício, o ar fresco, uma dieta simples constante de alimento integral, bem como o altruísmo, o desejo de ajudar e a boa vontade. Em relação à observação correta ensina-nos a Filosofia Rosacruz: É da mais alta importância ao nosso desenvolvimento que observemos os fatos e as cenas em nosso redor acuradamente. Do contrário as impressões em nossa memória consciente não coincidirão com os registros automáticos subconscientes. O ritmo do Corpo Denso perturba-se na proporção da falta de acuidade de nossa observação durante o dia. Na proporção em que aprendemos a observar acuradamente, ganharemos em saúde e longevidade e necessitaremos menos de descanso e de sono. O Aspirante, sistematicamente, deve tudo observar, tirar guia mais seguro e certo em qualquer mundo. Ao praticarmos esse método de observação, devemos sempre ter em Mente que ele deve ser usado apenas para reunir fatos e não com o propósito de criticismo, pelo menos o acre criticismo. A crítica construtiva que assinala defeitos e dá os meios de remediá-los é a base do progresso.
O Corpo Vital, o veículo do hábito, é o armazém da memória consciente e subconsciente, é composto de quatro Éteres: o Éter Químico, o Éter de Vida, o Éter de Luz e o Éter Refletor.
Os dois primeiros constituem a matriz na qual o Corpo Denso é construído. A repetição é a nota-chave desse Corpo Vital. Daí o valor da repetição dos impactos espirituais do estudo, dos sermões, da conferência e leituras. Também a arte e a religião são de primeira importância no refinamento do Corpo Vital, bem como o cultivo da memória, da discriminação particularmente efetivos na geração da Alma Intelectual.
A memória liga as experiências passadas às as experiências presentes e os sentimentos por elas engendradas, criando “simpatia” e a “antipatia” que de outro modo não poderiam existir.
A discriminação é a faculdade por meio da qual distinguimos aquilo que não é importante, não essencial, separando o real da ilusão, o duradouro do evanescente.
Na vida comum pensamos de nós mesmos como se fôssemos o Corpo. A discriminação orienta-nos no sentido de que somos Espíritos e que os nossos Corpos são temporariamente lugares residenciais, instrumentos de uso. Pela discriminação aprendemos a considerar o Corpo como um servo na medida em que se torna dócil às nossas ordens. Assim considerando, veremos ser possível fazermos muitas coisas que de outro modo pareciam impossíveis.
Os dois Éteres do Corpo Vital, o Luminoso e o Refletor, são os que compõem o Corpo-Alma e em cada vida são renovados por meio do “serviço amoroso, altruísta e desinteressado aos outros”. A quinta essência desses atos, do bem, deles extraídos, determina a qualidade dos átomos estacionários prismáticos de que são compostos os dois Éteres inferiores na vida seguinte. Esse Corpo-Alma é a parte do Corpo Vital que o Aspirante imortaliza como Alma Intelectual.
O Corpo de Desejos é nosso veículo dos desejos, das emoções e dos sentimentos. Durante o estado de vigília ele se encontra constantemente em luta com o Corpo Vital. O Corpo Vital constrói e suaviza, ao passo que o Corpo de Desejos cristaliza e destrói. Por meio da devoção persistente aos suaves ideais da vida superior, dominamos nossos instintos animais, eliminando os traços indesejáveis do hábito e do caráter resultantes da geração e do desenvolvimento da alma emocional. A importância do cultivo da faculdade da devoção, dificilmente enfatizada por muitas pessoas, deve ser considerada, assim é que um dos melhores sistemas de desenvolvimento desse poder é a retrospecção, o exercício noturno ensinado pela Escola Rosacruz, por meio do qual nos lembramos em ordem inversa dos acontecimentos do dia, cuidadosamente louvando e reprovando quando é devido.
Uma explosão temperamental é detrimento para o crescimento da alma; é a dissipação em larga escala da energia que pode ser proveitosamente usada. Tal fato envenena o Corpo, deixa-o alquebrado, e impede enormemente o seu desenvolvimento. O Aspirante deve sistematicamente controlar todas as tentativas do Corpo de Desejos, o que poderá ser feito pela concentração em altos ideais, que fortalece o Corpo Vital e é muito mais eficiente do que as orações comuns usadas nas igrejas. Quando ditada pela devoção pura e altruísta a altos ideais, a oração é muito mais superior do que a fria concentração.
Em nossos esforços para transmutar o Corpo de Desejos em poder de Alma, devemos também nos lembrar de que o Espírito Humano, que está correlacionado com o Corpo de Desejos, era contraparte do Espírito Santo – a energia criativa na Natureza, a qual o aspirante deve aprender a usar nos processos superiores mentais e emocionais para regeneração. Ao vivermos castamente, a força criadora sobe, pelo trabalho mental e espiritual, refinamos e eterizamos nossos Corpos físicos, e ao mesmo tempo fortalecemos nossos veículos superiores. Dessa maneira alargamos materialmente nossa vida e aumentamos nossas oportunidades de crescimento de alma, avançando em graus definidos.
É-nos ensinado que a Mente é o elo entre o Espírito e seus Corpos, sendo também real que a Mente é o instrumento mais importante que o Espírito possui. Um dos principais alvos da nossa evolução durante este período é aprender a controlar o pensamento, o que será conseguido por meio do exercício do Princípio de Vontade do Espírito. Possuindo a prerrogativa divina da livre volição, podemos treinar habitualmente a pensar como quisermos. Dessa forma, se persistentemente continuarmos em nossos esforços de espiritualização de nossos Corpos pela reta ação, de sentimento e de pensamento, tempo virá no qual seremos auxiliares altruístas de nosso próximo e guardiães do poder do pensamento. Tendo-nos, então, adaptado ao uso desse tremendo poder para o bem de todos, indiferentes ao interesse próprio, estaremos aptos a formar ideias acuradas que se cristalizarão em coisas úteis. Por meio da laringe perfeita falaremos a Palavra Criadora e assim atingiremos ambicionado lugar na escada evolucionária.
(Traduzido da Revista Rays from Rose Cross – Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/67)
Como é o seu Domínio Próprio nos Estudos Ocultos?
O ser humano real, o Ego, é um Tríplice Espírito. Ele projetou de si mesmo um Tríplice Corpo, empregando-o para funcionar nos Mundos inferiores e para adquirir aquela experiência a ser, mais tarde, assimilada como Tríplice Alma. O Mundo Físico, portanto, é o laboratório e o campo de experiência do espírito para aquisição de conhecimento e sabedoria.
O Ego é, por si mesmo, potencialmente onisciente. Não quer significar que o seja desde já, embora já tenha capacidade de adquirir sabedoria pelo estudo e aplicação, atingindo alturas nunca imaginadas. Isso só pode ser realizado mediante trabalho, conhecendo e experimentando todas as verdades por si mesmo, exclusivamente. O ser humano pode receber lições, naturalmente, e seus esforços podem ser orientados. Mas só se obtém o conhecimento real por meio da experiência. A princípio, a experiência deve ser pessoal. Mais tarde, quando o indivíduo progrediu suficientemente, pode, então, aprender observando a experiência alheia.
A ideia de que o ser humano vem a este Mundo simplesmente para ser feliz é um terrível engano. Ele aqui está para aprender e trabalhar e seu ambiente atual é fruto de seu próprio trabalho. Muitos problemas lhe são apresentados para que sejam solucionados e não ignorados. Algumas vezes, esse esforço pode causar sofrimento, induzindo o indivíduo a deles tentar escapar. Poderá até julgar tê-lo conseguido, entretanto, deverá encará-los novamente, sob condições menos favoráveis. Enquanto não os solucionar, deles não se livrará.
O ser humano não é um imitador. A ideia de que a involução de um Tríplice Espírito e a evolução de um Tríplice Corpo consiste apenas no desabrochar de algumas possibilidades latentes é errônea. O ser humano não é um modelo, e muito menos o Universo. Se assim fosse o único futuro seria a imitação de algo pré-existente, com suas eventuais falhas. O ser humano é uma entidade pensante e consciente, capaz de adquirir e assimilar conhecimentos. Ele pode empregar sua Mente para acionar causas novas que produzirão efeitos físicos, modificando o ambiente que o rodeia.
Aquilo que a humanidade criou em sua infância espiritual tem sido muito prejudicial. A razão disto é que o ser humano prefere a vida sensual e suas reações dizem respeito à satisfação dos sentidos, apoiada e estimulada pela ignorância. Essa fase da existência, necessária à salvaguarda da individualização, não é propriamente má. O mal consiste em o indivíduo persistir nos mesmos erros, quer por falta de vontade de aprender, quer por ignorância.
Para agir consoante as Leis Cósmicas, o ser humano deve aprender a distinguir entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro, a criar somente o que for harmonioso, visando sempre a um nobre objetivo. Ao mesmo tempo, deve aprender a empregar suas faculdades criadoras.
Existe uma ideia na Mente. Não importa que isto ocorra em virtude das atividades mentais ou se foi recebida de fontes externas. Essa ideia envolvida pela matéria mental, toma-se uma forma pensamento, tendo, em estado embrionário, forma e vida. Esta vida provém da Região do Pensamento Abstrato, ao passo que a forma pertence da Região do Pensamento Concreto. Se ela evoca apenas um interesse casual e passageiro, permanece adormecida, na Mente. Futuramente, se houver necessidade, poderá ser acionada. Muitas vezes ela desperta quando as condições se transformam, tomando-se favoráveis ao desenvolvimento da ideia. Se houver interesse, a Mente impele a forma-pensamento para o Mundo do Desejo, onde ela se reveste da matéria desse plano. Se, ao invés de interesse, a forma-pensamento encontra indiferença, ela se estiola e se desintegra, antes de que o espírito tenha ensejo de levar a ideia à manifestação.
O tempo necessário para manifestação depende inteiramente da intensidade do desejo e da força de vontade que o alimenta. Nem todos os pensamentos se materializam, embora deixem sempre na memória uma recordação do seu nascimento e de sua existência. Porém, quando foram projetados no Mundo do Desejo e o desejo de manifestação esteve ativo, nada pôde impedi-los. O processo torna-se absolutamente automático e não tem qualquer relação com a natureza, caráter ou valor do pensamento. Portanto, “como o homem pensa, assim ele é”.
A concentração sobre qualquer ideia ou pensamento, obriga-os a manifestarem-se fisicamente. Demonstrar interesse por uma ideia é o mesmo que cuidar de uma flor com terno carinho. Toda vez que alguém quiser desembaraçar-se de condições desagradáveis, não deve lamentar-se, nem se concentrar nos meios de poder destrui-las. Se elas forem simplesmente esquecidas, dissolvem-se, desintegrar-se.
O ser humano cria, contra si próprio, toda espécie de condições indesejáveis e desnecessárias. Ele assim age por não saber controlar seus pensamentos e depois clama contra o destino. Uma importante verdade a ser aprendida pelo estudante do ocultismo é que as condições que o cercam são inteiramente criadas por ele mesmo. A ninguém mais deve ser atribuída a culpa. Buda assim afirmou: “Se Deus realmente criasse todas as coisas que fazem a humanidade sofrer, Ele não seria justo. E não sendo justo, Ele não pode ser Deus”.
Se a origem do pensamento está em nós mesmos, ou se foi sugestionado por uma fonte externa, o resultado é o mesmo. A regra é a mesma tanto nos Mundos superiores como no físico. Ignorar a Lei não escusa ninguém.
Todos devem prestar cuidadosa atenção ao seu modo de pensar, imprimir sabedoria a seus pensamentos e dar vida somente àqueles que são desejados com justiça e retidão. Uma pessoa nunca deve agir de modo impulsivo, mas sim julgar seus pensamentos imparcialmente, pesando a ideia, seu valor e suas consequências. Se for inconveniente, deve esquecê-la e substituí-la por outra melhor. Se a ideia for aceitável, a pessoa deve procurar materializá-la o mais rapidamente possível pela concentração e fé no resultado. Fazer isto não é tarefa das mais fáceis: trata-se de um desvio da velha rotina, implicando na destruição de muitas ideias enraizadas em nossa mente desde a infância, e quiçá até antes do nascimento.
Nenhum ser humano pode alcançar destaque ou êxito efetivo em qualquer campo de atividade, enquanto não for capaz de controlar-se, ao menos em alguma extensão. Não pode haver saúde permanente enquanto o indivíduo não exercer domínio sobre suas próprias emoções. Estas, debilitam o Corpo Denso por sua ação sobre o sistema nervoso e perturbam o ambiente individual, pela concentração sobre condições discordantes. Sem algum grau de autodomínio não se pode pretender progresso no ocultismo.
É necessário evitar, a todo custo, as emoções negativas. Como emoções negativas classificamos o ódio, a paixão, a inveja, a malícia, a vaidade. Todas podem ser atribuídas a uma só causa: o medo. O medo está sempre presente em nossas atividades diárias e em nosso ambiente. Tememos perdas, moléstias, velhice, morte, críticas e um sem número de coisas reais ou imaginárias.
O ser humano deve convencer-se de que, nada, além dele próprio, pode prejudicá-lo. O medo da escuridão física ou espiritual pode facilmente ser destruído pela luz. Nada há a temer da obscuridade. O único perigo existente nas sombras é a desarmonia na própria consciência humana. Para dissipá-lo basta cultivar pensamentos sadios e construtivos e sentimentos tais como o amor, a fé, a alegria, compaixão, caridade.
Para muitos, esse tipo de vivência torna-se difícil, porque atormentar-se é humano. Também é humano justificar nossos tormentos, atribuindo sua causa a outrem. Porém, deve o ser humano conscientizar-se de que constitui lhe divina prerrogativa sublimar qualquer emoção capaz de gerar desarmonia. A conquista do autodomínio não é questão de meses ou de alguns anos. Na maioria dos casos, muitas encarnações são necessárias. Contudo, isso não quer dizer que o mesmo trabalho deva ser repetido constantemente. Qualquer progresso feito agora, permanece como parte integrante da consciência. Persiste através da existência como uma posse do Ego. O indivíduo em qualquer existência futura, pode não se lembrar de seus esforços anteriores. Os resultados, entretanto, permanecem e os problemas encarados e resolvidos nunca mais aparecem.
Alcançado esse estágio, a vitória está próxima. Quando o indivíduo se capacitou de todas as suas possibilidades, pode então compreendê-las e encontrar os meios de realizá-las. Muitos deixaram-se dominar pelos maus hábitos. A melhor maneira de vencê-los é criar hábitos de natureza oposta. Toda vez que um pensamento ou uma figura mental aflorarem nossa Mente, devemos proceder a uma análise. Se pertencerem ao medo, à morte, ou qualquer outra coisa indesejável, há que se lhe opor algo em contrário.
Todos devem convencer-se da divindade do Ego, de suas possibilidades e oobjetivo de sua evolução. Certas faculdades que se encontram adormecidas na maioria das pessoas, devem ser despertadas. As mais importantes são: o amor, o espírito de sacrifício, a abnegação, a humildade de coração, a renúncia de poderes para uso pessoal, um intenso desejo de ser útil, uma firme resolução de respeitar a liberdade alheia, fé e confiança nas verdades eternas, etc.
Como os seres humanos ainda são fracos, é de grande proveito uma precediária. Geralmente pensamos em Deus, julgando-o muito distante de nós. Não o alcançamos por causa de nossas próprias concepções errôneas de separatividade.
Se orarmos pedindo sabedoria, já estaremos em condições de recebê-la, pois “tudo quando suplicais e pedis, crede que o tendes recebido e tê-lo-eis”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro de 1979)