O Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz nos oferece, em suas páginas, preciosos conhecimentos sobre a “Ciência da Nutrição” e “Lei de Assimilação”. Abordando esses temas de um ângulo eminentemente científico, Max Heindel demonstra como o corpo humano (o nosso Corpo Denso), habitualmente, passa por um processo de decaimento precoce. Esse processo tem como causa uma alimentação inadequada, incapaz de manter a boa qualidade do fluido sanguíneo, além da flexibilidade e desobstrução do sistema circulatório.
No tópico intitulado “Vivei e Deixai Viver”, o fundador da Fraternidade Rosacruz analisa o problema de um ponto-de-vista exclusivamente moral. É uma das mais belas páginas da literatura Rosacruz. Não há como duvidar de que a Humanidade viveria em condições mais saudáveis e felizes se observasse estes princípios enunciados no Conceito: “A primeira lei da Ciência Oculta é ‘não matarás’. O Aspirante à vida superior deve ter isto muito em conta. Não podendo criar sequer uma partícula de barro, não temos o direito de destruir nem a forma mais insignificante. Todas as formas são expressões da Vida Una, da Vida de Deus. Não temos o direito de destruir a forma pela qual a Vida está adquirindo experiência, e obrigá-la a construir um novo veículo”.
Quando esses ensinamentos foram publicados, no início do século XX, pouco se conhecia a respeito da importância da alimentação como fator de equilíbrio físico-orgânico. A alimentação vegetariana era outra ilustre desconhecida. Só mesmo pessoas ligadas a escolas Esotéricas (como a Fraternidade Rosacruz) é que a adotavam de fato e com motivos lógicos.
Com o decorrer do tempo, muitos passaram a compreender que seus problemas de saúde são, na maioria das vezes, criados por vícios ou dieta alimentar errada. Compreendem, mas não se aprofundam na questão. E quando se aprofundam, quase sempre lhes falta coragem e determinação para mudar. Consequentemente, veem-se obrigados a carregar um rosário de doenças e enfermidades pela vida afora.
No que diz respeito ao ser humano comum – aquele que não está nem aí com outras coisas, senão deixar a vida levar por meio de prazer e sempre fazer o que deseja, independente das consequências –, esse quadro não é de espantar. O que nos deixa pasmos é saber que aqueles que estudam o Esoterismo sério – e que querem alcançar o autodomínio e a realização espiritual Cristã, como preconizados, por exemplo, pela Fraternidade Rosacruz –, não obstante o conhecimento que têm, enfrentam esses problemas.
O Estudante Rosacruz sabe perfeitamente que somos, essencialmente, Espírito, um Ego humano (um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui). Que o seu veículo físico – o Corpo Denso – é um meio de se expressar, aprender, adquirir experiências e expandir sua consciência. O Corpo Denso, portanto, é um Templo Divino – um Templo de Deus – e como tal deve ser preservado. A vida evolui através da forma. Quanto mais sensível a forma, maiores serão as possibilidades da vida expressar sua natureza divina.
É desejável, à luz dessa Verdade, viver o maior número de anos possível, com boa saúde, lucidez e disposição para trabalhar e aprender. É a única maneira de tornar um renascimento aqui proveitoso.
Certos conhecimentos básicos sobre alimentação são imprescindíveis, além de rudimentos de Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano.
O organismo humano requer, para o seu perfeito desenvolvimento e funcionamento, uma variedade balanceada de alimentos, diariamente. Sua estrutura deve ser, por conseguinte, reparada constantemente.
Um automóvel, mesmo tendo o seu tanque cheio de combustível, não poderá percorrer grandes distâncias se lhe faltar, por exemplo, óleo. Mesmo que suficientemente abastecido de óleo, gasolina ou álcool, se o radiador não contiver água, o motorista poderá ter uma surpresa desagradável.
Podemos, por analogia, comparar o Corpo Denso a um automóvel. A máquina humana resistirá por algum tempo desprovida de, por exemplo, vitaminas ou de sais minerais, mas essa carência não poderá se manter indefinidamente. Cedo ou tarde os resultados de uma dieta insuficiente ou desequilibrada surgirão em forma de doença ou enfermidade. Não é de se estranhar, portanto, que o item “saúde” absorva dotações cada vez maiores nos orçamentos das nações, dos países, dos governos.
O fator determinante de uma alimentação saudável é, sem dúvida alguma, seu teor qualitativo. O organismo não necessita de grandes quantidades de alimentos, mas de dietas balanceadas. Uma das causas da morte prematura é a alimentação irracional. Em geral, as pessoas que gozam de boa situação socioeconômica comem em demasia, mas não sabem escolher os alimentos. Acabam obesas e doentes.
Vivemos hoje em sociedades cada vez mais sofisticadas pelo aprimoramento tecnológico. Isso nos é benéfico à medida que nos traz conforto, racionalização de tempo, rapidez de comunicação e transporte, aquisição de conhecimentos e outros benefícios; contudo, esse processo avassalador de modernização também pode gerar distorções, se não for suficientemente compreendido. E essas distorções se evidenciam também na área alimentar.
Toda essa imensa gama de produtos alimentícios comercializados nos supermercados e no comércio em geral, geralmente, representam danos à saúde humana. A despeito das reiteradas advertências feitas por médicos, nutrólogos e nutricionistas conscienciosos, é alarmante o consumo de refrigerantes, carnes animais (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, répteis, frutos do mar e afins), alimentos enlatados (principalmente derivados de carne animal), ultraprocessados, refinados (açúcar, por exemplo), corantes, margarinas, alimentos ditos beneficiados (trigo e arroz brancos, por exemplo), estimulantes (chás, café, “energéticos”), bebidas alcoólicas, e tantos outros até “disfarçados” de saudáveis. Tudo isso, em maior ou menor grau, é prejudicial à saúde, mas é importante destacar a nocividade da carne animal, tanto orgânica como espiritualmente.
Não somos um ser naturalmente carnívoro, e isso já foi comprovado, anatômica e fisiologicamente pela Ciência. Não dispomos de garras e presas como alguns espécimes animais, para matar e esquartejar, nem seu aparelho digestivo permite digerir a carne animal com facilidade, eliminando rapidamente as toxinas.
Os animais que se alimentam de carne animal preferem-na ao natural, sem qualquer preocupação com seu sabor e odor. Já o ser humano procura dissimulá-la com temperos, para evitar a repugnância que causa (ainda que não admita de pronto!).
O fato da carne animal ser uma grande fonte de proteínas não quer dizer que seja imprescindível numa dieta alimentar. Há outras fontes de proteínas mais puras e baratas, cujo valor proteico nada lhe fica a dever.
A carne animal é muito mais excitante do que nutritiva. Quem ingere carne animal diariamente, em quantidade não moderada, e suprimi-la bruscamente um dia, mesmo que a substitua por alimentos mais saudáveis, padecerá nesse dia de uma sensação profunda de debilidade, como se estivesse em jejum prolongado. Essa sensação de fraqueza, entretanto, não é provocada por insuficiência alimentar, mas pela supressão do excitante. Fenômeno idêntico ocorre com outros excitantes, tais como o fumo, os “energéticos”, as drogas e o álcool.
A carne animal também é tóxica. Alguns venenos que ela contém são ensejados pela sua toxidez e outros porque são ácidos. E esse quadro se agrava quando a carne animal é obtida de animais doentes ou fatigados. E tem mais: no momento do abate, quando o animal se desespera ao perceber seu fim, seu organismo segrega várias substâncias que impregnam a carne, conferindo-lhe nocividade.
Felizmente, os princípios da alimentação vegetariana, natural, encontram receptividade cada vez maior, principalmente entre os jovens. Cresce, notavelmente, o número de publicações defendendo essa dieta alimentar. Em qualquer cidade de porte médio é comum encontrarmos pelo menos um restaurante vegetariano ou produtos vegetarianos para aquisição, além das feiras com produtos orgânicos e até “direto da horta”. O vegetarianismo deixou de ser sinônimo de excentricidade. Os vegetarianos, hoje, são pessoas respeitadas e admiradas.
A alimentação vegetariana, além de purificar e fortalecer o organismo, plasma um caráter mais elevado. Se tomarmos como amostragem um grupo de pessoas convictamente vegetarianas, verificaremos, com raríssimas exceções, que:
Há alguns anos, uma entidade britânica, a London Vegetarian Association, realizou uma interessante experiência: submeteu 10.000 crianças ao regime vegetariano simultaneamente, outra organização, a London Country Council, manteve outras 10.000 crianças no carnivorismo, regime alimentar do qual a carne é um dos componentes. Decorridos seis meses as 20.000 crianças passaram por rigorosos exames médicos. Constatou-se que o estado geral de saúde dos vegetarianos era bem melhor. Adquiriram peso maior e músculos mais fortes.
A London Vegetarian Association ficou incumbida, então, pelo Conselho Municipal de Londres, de alimentar igual número de crianças pobres daquela cidade, às expensas da Prefeitura.
Apesar de grandes avanços e mais amplas informações sobre a alimentação vegetariana, ainda predominam preconceitos intensamente arraigados numa sociedade tradicionalista como a nossa. Muita gente rejeita a alimentação vegetariana imputando-lhe falta de sabor. Outros afirmam que é “fraca”, desprovida de elementos nutritivos, tornando as pessoas igualmente “fracas” e desnutridas. Isso é puro preconceito e desinformação. Ora, todo alimento cárneo deve ser bem condimentado, pois na realidade o que não tem sabor algum é a carne animal em seu estado natural, ou seja, crua.
Para tornarmos um vegetal saboroso basta adicionarmos-lhe um tempero leve, isto quando se trata de legumes e verduras. Eis porque os carnívoros acham os vegetais insonsos. A diferença está na condimentação.
Quanto ao argumento de que o vegetarianismo enfraquece as pessoas, nada é mais irreal. São muitos os exemplos de esportistas consagrados, campeões, verdadeiros mitos que adotavam ou adotam uma dieta vegetariana. São igualmente numerosos os casos de pessoas longevas que atribuem seu excelente estado de saúde a uma dieta à base de vegetais.
Para ilustrar essas considerações, vamos a mais um exemplo concreto.
Numa daquelas regiões quase inacessíveis do Himalaia, vive um povo meio primitivo chamado hunza. Em 1947, um médico e fisiólogo inglês, Sir Robert McCarrison, esteve naquelas paragens, designado que foi pelo Serviço Sanitário da Índia Britânica, para verificar o estado geral de saúde daquela gente. Qual não foi seu espanto ao constatar a longevidade daquelas pessoas e a quase inexistência de enfermidades em seu meio.
Meticulosos estudos realizados pelo Dr. McCarrison, abrangendo condições climáticas, ambientais, hereditárias, culturais, alimentares, levaram-no a concluir que a dieta comum àquele povo continha o segredo da longevidade.
Os hunza alimentavam-se de cereais, frutas, legumes, leite, queijo e outros produtos naturais. Não conheciam as maravilhas da sociedade de consumo, tais como o açúcar refinado, o café, refrigerantes, bebidas alcoólicas, conservas e carne.
Além de todos esses dados registrados pelo Dr. McCarrison, algo mais despertou-lhe a atenção: a relação entre os hábitos alimentares, o caráter e a vida moral daquele povo. Os hunza são sóbrios em tudo, ativos, resistentes à fadiga, alegres, pacíficos, tolerantes e fraternais.
Poderíamos ainda enriquecer este nosso trabalho com grande e variado número de exemplos, capazes de comprovar as excelências da alimentação vegetariana. Preferimos, entretanto, não o fazer por razões de ordem prática, além do que outros aspectos da questão merecem ser abordados.
A Fraternidade Rosacruz, divulgadora autorizada dos Ensinamentos Rosacruzes, afirma convictamente que o regime alimentar ideal é o vegetariano, sob todos os aspectos. Respaldando essas afirmações encontramos ensinamentos nas obras de Max Heindel, nas revistas Rays From The Rose Cross, nas Revistas Serviço Rosacruz e outras publicações editadas pelos Grupos e Centros Rosacruzes no mundo. Há, ainda a mencionar, a facilidade crescente na aquisição de produtos naturais, pois além das lojas especializadas na comercialização desses artigos, podemos encontrá-los também nos supermercados.
Há casos de Estudantes Rosacruzes que, tendo adotado a dieta vegetariana, tempos após, retornam à dieta carnívora, alegando sentirem-se debilitados e enfermos. Dois aspectos na questão merecem uma análise acurada:
1.O Estudante Rosacruz pode não ter efetuado a transição de uma dieta para outra de uma forma racional e equilibrada. Talvez tenha passado de uma forma repentina para o regime vegetariano, sem balancear devidamente sua ração alimentar diária. Não esqueçamos um ensinamento elementar: a natureza não dá saltos. Não admite processos repentinos. A carne animal deve ser abandonada aos poucos.
A afirmação, muito comum por sinal, de que a carne animal deve ser “substituída” encerra uma visão equivocada do problema. Para “substituir” a carne animal há quem ingira quantidades exageradas de alimentos ricos em proteínas, tais como soja, ovos, laticínios. O organismo humano requer uma certa quantidade diária de proteínas, mas não um superprovimento. O superprovimento gerará problemas, sem dúvida alguma.
A carne animal não deve ser “substituída”. Deve ser abolida gradativamente. O Estudante Rosacruz simplesmente deve adotar uma dieta equilibrada, provendo-se de dosagens corretas de sais minerais, vitaminas, hidratos de carbono, proteínas e calorias adequadas ao tipo de atividade que exerce;
2.Este é o aspecto mais delicado do tema. De início queremos propor uma questão: que razões devem realmente levar o Estudante Rosacruz a adotar a alimentação vegetariana?
Alguns o fazem pela necessidade de gozar boa saúde.
Outros inspiram-se em considerações de ordem ética ou princípios relativos ao respeito à vida.
Na realidade, as duas razões são importantes, mas a segunda é fundamental e mais relevante.
Devemos ser vegetarianos por amor, por respeito à vida de outros seres. Não temos o direito de contribuir, direta ou indiretamente, para a matança de indefesos animais.
A compaixão, acima de tudo, deve nortear nossos passos na decisão de mudar nosso regime alimentar.
Do Estudante Rosacruz não se pode esperar atitudes dúbias ou pusilânimes. A firmeza de convicções é fator importante no crescimento anímico.
Se esses argumentos ainda não são convincentes, que o Estudante Rosacruz tome a iniciativa de visitar um matadouro. Seguramente ficará estarrecido com o que lhe será dado a observar. As más vibrações, o odor nauseabundo, as cenas de horror que por certo notará naquela casa da morte deverão incomodá-lo bastante. Mas, se tudo isso ainda não for suficiente, então que assista ao abate. Impossível a uma pessoa dotada de um mínimo de sensibilidade não ficar chocada com o desespero, a dor e agonia do animal na hora da morte. Há quem diga que os olhos de um carneiro chegam a verter lágrimas ao perceber o que o aguarda.
Não! Absolutamente não! Não podemos concordar com essa violência. Essa agressão às leis da vida só pode implicar sofrimento para o ser humano.
A evolução é fundamentalmente uma questão de consciência. Nosso estado de consciência determina o que somos e manifestamos, nossa sensibilidade e pensamentos. Determina principalmente nosso estado de saúde.
Se, em nossa consciência, admitimos a necessidade de conservar limpos e puros nossos corpos; se, intransigentemente, defendemos o direito à vida e a não-violência, podemos estar certos de que tudo isso repercutirá positivamente no corpo físico. Nossa consciência projetará equilíbrio e harmonia sobre nosso organismo, em forma de boa saúde.
Portanto, se o Estudante Rosacruz se tornar vegetariano por convicção, não haverá o que temer. E o que é mais importante: sua atitude constituirá um sólido exemplo para outros. A redenção da Onda de Vida humana começa por aí.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1988 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Indolência é uma palavra feia. Está intimamente associada à estagnação e à decadência e essas são palavras repulsivas para a Mente saudável. A indolência é a precursora da decadência e da morte. A atividade é o promotor do crescimento, do desenvolvimento e da força. Isso é verdade para o sistema muscular, para todos os órgãos do Corpo Denso e para o sangue, que é a vida. Também é verdade para o cérebro; um cérebro não pode ser alimentado com sono e ser saudável e forte; para triunfar, requer ainda mais exercício do que o Corpo Denso. A inatividade causa a degeneração do Ego e do Corpo Denso.
O Corpo Denso foi feito para ser ativo e o bem-estar do corpo exige isso. A natureza é o melhor exemplo de atividade. A natureza nunca adormece no sentido de desperdício ou improdutividade. Nos meses frios, ela está ocupada armazenando energia para os meses produtivos.
As grandes e pequenas criaturas vivem vidas ativas, ensinando a nós o valor do tempo e a brevidade da vida. Quem não observou os pássaros quando chegam a primavera? Começam a construir os seus ninhos, porque a Terra continua a se mover, sem perder um único segundo de tempo e, assim, e em breve, chegarão os dias em que terão de procurar climas mais quentes. A abelha há muito que é vista nós como uma criatura de atividade e indústria. A abelha é a própria encarnação da atividade e não tolera a indolência. Ela segue o ditado bíblico: “Quem não trabalhar também não comerá”; mas, no caso da abelha temos: “Quem não trabalhar também não viverá”.
Mas, há outro lado da vida ativa e completa. Tal como a saúde do Corpo Denso e do Ego não pode ser saboreada na ausência de uma vida ativa, também a felicidade e o contentamento não podem existir num ambiente de ociosidade. Parece que a inatividade enche o Corpo Denso com uma matéria estranha que envenena a felicidade, pois se somos ociosos não podemos ser felizes. Vemos outro exemplo disso novamente na Natureza. As aves na época do acasalamento, quando estão mais ativas, são felizes e cheias de canto. A miséria e a ociosidade caminham juntas, enquanto a felicidade e o contentamento acompanham uma vida ativa. Se todos os que estão cansados da monotonia da existência saíssem da luxuosa ociosidade, a vida teria um encanto e os dias seriam muito curtos em vez de ser muito longos.
A ociosidade tem sanções que afetam a nossa própria existência. A ação é a lei do nosso ser, é a lei do crescimento. A ociosidade é fraqueza; a ação é tão favorável ao crescimento físico e mental como o simples fato de dormir em um ginásio o é para a força de um atleta. O trabalho gera força, enquanto a ociosidade é perda de força. Até o menor talento se desvanecerá se não for utilizado. O poder de fazer as coisas deserda a pessoa, quando ela não age. Quando a energia é desligada, a máquina para; quando ficamos ociosos e nos esquivamos da nossa responsabilidade de trabalhar, a energia nos abandona. Nunca se deve permitir que o poder mental diminua. A perda de energia, a falta de confiança e uma capacidade executiva deficiente são os castigos.
O ocioso é um inadaptado, porque fica estacionário em um mundo ativo e se torna impotente, porque a Natureza lhe retira o talento que possuía. Aquele que abandona a vida ativa pela aposentadoria – por exemplo – apresenta um triste espetáculo, porque a infelicidade e não o prazer é o resultado inevitável. A classe ociosa apresenta uma vista infeliz. O trabalhador pode ser pobre, mas feliz; o ocioso pode ser rico, mas miserável. Ele não se encaixa na Natureza; está fora de harmonia com Deus e com o ser humano. O segredo da saúde e da felicidade é a atividade.
Todo o nosso ambiente, ao nosso redor, fala de atividade, de desenvolvimento, de utilidade; ensina-nos que devemos utilizar o tempo, devemos prestar atenção e respondermos aos monitores e às sirenes da atividade que nos rodeiam. A indolência é um crime que a Natureza não perdoa. Devemos trazer no nosso Corpo Denso as marcas da inatividade. Porque, com isso, rouba o nosso Corpo Denso e o nosso cérebro; nosso Corpo Denso não pode ser forte e saudável nem o nosso cérebro, desenvolvido. O Corpo Denso se fortalece com exercício, assim como o cérebro se fortalece e expande com a expressão do pensamento que criamos, como Egos.
Será que a Natureza perdoa esse crime de indolência? Não! Temos que confessar os nossos pecados; temos que ser obedientes; temos que limpar o nosso “Templo de Deus”, porque a Doutora Natureza sabe o que é melhor. A Natureza é o único “médico” verdadeiro; devemos então obedecê-la e começar a trabalhar.
O exercício mantém o Corpo Denso jovem ao promover a flexibilidade de todos os músculos e articulações. O exercício mantém o Corpo Denso saudável ao evitar a estagnação e expulsar as matérias estranhas do Corpo. Para saborear o maior grau de saúde, todos os órgãos, músculos e ligamentos do Corpo Denso devem ser exercitados, não só os membros, mas também a maquinaria interna. É aqui que o verdadeiro exercício tem valor. Quando deixamos de nos exercitar, a “idade se faz sentir”: músculos flácidos e articulações rígidas são alguns dos resultados e dos castigos.
O cérebro deve ser exercitado regularmente para se desenvolver e se manter jovem. Em pouco tempo o Corpo Denso e o cérebro enfraquecem, se forem negligenciados. Certamente é um crime matar o cérebro de fome, enfraquecer esse órgão maravilhoso com o qual Deus tanto nos abençoou. Tal como o Corpo Denso enfraquece sem exercício, também o cérebro enfraquece, caso não seja mantido ativo. Tão importante é o exercício e o uso adequado do cérebro, que cada um de nós deve prestar contas no grande julgamento pelo uso do tempo e do talento. Seremos obrigados a prestar contas rigorosas pela condição do “Templo de Deus”, o Corpo. Uma recompensa só pode ser concedida a um Templo limpo, incluindo o Corpo Denso e o cérebro.
O caminho que leva para cima é difícil de escalar. Significa trabalho árduo; mas, na escalada, ganha-se força, energia, coragem, persistência e consistência; o sucesso nos espera e o prazer na escalada é o companheiro diário. “Tudo que a tua mão encontrar para fazer, faça com a tua força” (Ecl 9:10). Há poder no trabalho. Aquele que não trabalha com o coração no seu trabalho não trabalha bem nem age bem.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Todo sincero Aspirante à vida espiritual considera que seu Corpo Denso, o físico, é o “Templo do Deus vivente” e, em consequência, observa que é seu sagrado dever aprender a comer para viver, no mais elevado sentido da palavra — prover o seu veículo físico daqueles alimentos que, em qualidade e quantidade, são capazes de lhe dar não só a possibilidade de funcionar com o máximo de eficiência no mais longo período de tempo, mas também para torná-lo mais refinado e sensível às solicitações do Espírito. Isso requer necessariamente um estudo de dietética sob os dois pontos de vista, o físico e o espiritual, e a efetivação da necessidade de se abster dos tóxicos, das bebidas alcoólicas, carnes de animais (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, répteis, frutos do mar) e de todos os alimentos muito temperados.
É de importância básica um conhecimento substancial dos fundamentos da dietética — dos alimentos, das quantidades necessárias ao corpo e dos alimentos que fornecem as necessárias proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, todos sob a forma mais facilmente digerível e assimilável. Evidentemente, os vegetais, as frutas e as nozes são os que melhor proveem esses elementos nutritivos, mas uma vez que cada indivíduo é uma lei em si mesmo e reage aos alimentos de modo inteiramente peculiar, é necessário que cada um adapte os seus conhecimentos sobre dietética às suas próprias necessidades. Observação impessoal e intuição são os dois principais meios para aprender a fazê-lo e quanto mais a pessoa presta atenção à sua intuição, quer nesse, quer em qualquer outro assunto, tanto mais claramente essa intuição se manifesta.
O fator dominante para a maioria, no aprendizado do comer para viver, é conduzir o Corpo de Desejos, objetivando a extirpação de hábitos alimentares inconvenientes e a implantação daqueles que sejam saudáveis. Verdadeiramente, nisso está a cruz do aprendizado, pois não importa a grande soma de conhecimento que se tem sobre dietética, se não for utilizado. Logo, aprender a comer para viver torna-se uma forma definitiva de treino espiritual. Ele pode solicitar muito exercício de vontade com o fim de dominar os clamores do apetite físico e de desejos, antes que o nosso paladar esteja exercitado na apreciação de alimentos adequados. Em todo caso, uma corajosa persistência sempre vence e a recompensa vale todo o esforço.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1965, traduzido da Revista Rays from the Rose Cross-Fraternidade Rosacruz-SP)
“Deus é Luz“, “Deus é Amor“, “Em Deus está a Vida“, uma trindade de inspirações divinas, de incomensurável valor, que se podem ler, respectivamente na 1ª Epístola de São João, Cap. 1, vers. 5; cap. 4, vers. 16 e o Evangelho Segundo São João, Cap. 1.
Três revelações que encerram dentro de si maravilhosas pérolas espirituais, quando profunda e humildemente meditadas. Se a elas associarmos o testemunho São Paulo: “O Espírito de Deus habita em nós” (1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios, Cap. 3) conseguiremos preciosos temas para reflexão, criaremos um largo e claro horizonte na vida prática de um verdadeiro cristão.
Por meio dessas afirmações facilmente chegamos ao raciocínio dedutivo de que sendo Deus, Luz, sendo Ele Amor, adorar a Luz é amar a Deus e como Ele vive em cada um de nós, amar o próximo como a nós mesmos é amar o Deus Interior, parte do Deus Exterior, do Deus do Universo, é viver na Luz.
Porém, para que a meditação seja a mais profunda possível torna-se necessário conhecer não só os sinônimos de Luz, Amor e Vida, como os seus antônimos, respectivamente trevas, ódio e morte, como ainda o que são e o que produzem.
Luz é tudo aquilo que ilumina, seja interior, seja exteriormente; são seus sinônimos a claridade, a sabedoria, a faculdade de raciocinar.
Amor é um sentimento intenso de afeto, cujos sinônimos, altruísmo, amizade, caridade tornam-se importantes, na medida em que essa maravilhosa palavra, Amor, tem sido desvirtuada a tal ponto que aparece confundida com sexo e o desejo possessivo. Vida é um vocábulo mágico que encerra as ideias de origem, existência, respiração, alimento, atividade. Por sua vez trevas é a escuridão, a noite; o ódio é um sentimento de antipatia, em que o rancor, a aversão, o egoísmo, o ressentimento se misturam; finalmente, a morte é o término da existência (se bem que para o Espírito ela não exista) cujo espectro engloba a ruína, inércia, destruição e dor.
Por isso, viver nas trevas é percorrer a estrada da Vida na escuridão, no veículo, cegueira noturna da ignorância, sujeito às provas dolorosas dos erros; semear ódio e colher os frutos das inimizades, desarmonias, guerras, cujas consequências são essencialmente prejudiciais a quem semeia, na medida em que esse sentimento negativo consome glóbulos vermelhos, necessários à fixação do oxigênio, contido no ar, fonte de vida, e fomenta o aumento dos destruidores corpúsculos brancos no sangue, cuja multiplicação ocasiona a leucemia, perturbando todo o aparelho circulatório, sistema digestivo e nervoso.
Quanto ao espectro da morte, essa ilusão materialista, irmã das trevas (inferno) e do ódio (guerras) e o túmulo da inércia, da inatividade e da destruição, o fim do mentiroso e do hipócrita, do egoísta e rancoroso, da preguiça e da luxúria.
Não nos iludamos com o caminho do egoísmo e dos seus aliados: o ódio e destruição; eles poderão conduzir à ilusão do poder efêmero terreno, alicerçado na lama das trevas, da injustiça e da morte que ocasionará, mais cedo ou mais tarde, enorme queda na qual serão colhidas as sementes dolorosas espalhadas anteriormente até que as lições sejam aprendidas e equilibradas, o débito registrado no Infalível Banco Celestial, onde o crédito são as boas ações.
Procuremos, antes e sempre, o caminho que conduz à Luz, à Vida, caminho esse que tem como bússola, o Amor Puro e como Norte, Deus. Mas, procurar exige trabalho, perseverança, desejo sincero sem o que nada se conseguirá.
Como labor prioritário façamos uma profunda observação do valor da luz física e espiritual, especialmente desse último aspecto, comparemos com os seus antônimos, discirnamos as vantagens e os inconvenientes, analisemos os perigos das trevas e do ódio e certamente que tomaremos a decisão firme de trilhar o caminho da Luz e do Amor.
Ninguém crê que desejará viver às escuras, na noite sem Luz, onde só os ladrões e os criminosos se sentem bem. No entanto, todos nós nos sentimos melhor nos dias de Sol radiante do que nos dias de chuva. Como poderíamos viver sem a Luz do Sol físico, fonte de calor e energia que faz possível a vida nas plantas, nos animais e nos seres humanos?
Tal como quando o Sol físico brilha no horizonte, o nosso ambiente externo é claro, mais alegre e o céu está limpo, também, quando o Sol espiritual brilha dentro de nós, os pensamentos tornam-se mais claros, a mente límpida, transparente e pura e então, veremos a Deus, pois “só os puros de coração verão a Deus” (Mt 5). Essa prerrogativa própria dos verdadeiros profetas e dos Clarividentes voluntários, isto é, dos que veem claro (quando querem ver e quando veem sabem o que precisam fazer), é alcançado após várias vidas na Terra de serviço amoroso e desinteressado em prol da humanidade.
A Luz física do Sol, além de originar um ambiente mais alegre, produz ainda efeitos regeneradores, curativos e daí o célebre ditado: “Casas onde entra o Sol, não entram os médicos”, o que nos aconselha a traçarmos devidamente as habitações rasgando boas entradas de Luz, que em virtude de seu poder vibratório tem a faculdade de ajudar a afastar as entidades maléficas desencarnadas. Por isso as pessoas negativas, sensitivas, devem evitar locais às escuras, tal como aqueles onde se queimem velas de cera que atraem elementais e devem ser substituídas por velas de estearina.
Esses são apenas pequenos tópicos sobre o valor da Luz, que cada qual deverá por si aprofundar. Neste trabalho um passo importante deverá ser dado, um exame de consciência, muito útil para um conhecimento de nós mesmos. Ele é uma condição indispensável para que a Luz brilhe dentro de nós, conquanto se faça unicamente à noite, antes de se deitar, evitando os inconvenientes do julgamento constante. Analisados e efetuados todos esses esforços certamente que verificaremos quanto de errado existe em nós e quanto há que aperfeiçoar. Mas, para frente e para cima é o caminho, vencendo obstáculos diversos, entre eles os preconceitos. Para transpô-lo torna-te criança, não de meses, mas daqueles que cada um tiver, isto é, despe-te do teu falso saber, dos preconceitos que não permitem ver claro e alcançar a verdade, do orgulho intelectual, que é o príncipe do reino das trevas e abre a tua Mente, em espírito de criança, todos os olhos e ouvidos, sempre pronto a aprender e a crer, não como os levianos ou idiotas, mas como seres livres e atentos, porque “todo aquele que não receber o Reino de Deus, como uma criança, nele não entrará”. Só com espírito de criança receberemos a Luz verdadeira dos Céus, do reino da Verdade do Pai, o qual é manifestado em ti, pois “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em Vós?”. Tornando-te criança escuta a Voz do Pai que está em ti, ora e vigia constantemente, procurando o Reino dos Céus. Como orações o Pai-Nosso, oração por excelência, e a oração de São Francisco de Assis; conta ao Deus interno, os teus problemas e ansiedades; diariamente no silêncio do teu quarto medita; a seu tempo oportuno, acredite, a Luz Interior te dará a intuição necessária para a resolução dos problemas tal como devem ser equacionados e não como a natureza inferior, egoísta ou os preconceitos desejariam.
Como criança espiritual teremos de beber só leite, isto é, só poderemos beber a luz que a nossa Mente possa digerir, porém na medida em que progredirmos, nossa Mente aumentará a capacidade para captar luz mais forte e, então, receberemos alimento sólido. Por isso, é que São Paulo dizia: “Foi leite que vos dei a beber e não alimento sólido porque ainda não podereis suportá-lo“. Tal como entramos aqui na Região Química do Mundo Físico, como criança, bebendo leite no início e mais tarde comendo alimento sólido, também só como criança entraremos no Reino dos Céus, bebendo leite espiritual no princípio e mais tarde alimento sólido.
O mesmo acontece com a recepção da luz física, quando muito forte, a nossa lente da vista é incapaz de absorver devido ao nosso estado de evolução, no entanto, Seres evoluídos como os Arcanjos, conseguem evoluir nas elevadíssimas vibrações do Sol.
Como criança, não poderemos aspirar imediatamente a coisas elevadas, a grandes voos, mas adaptarmo-nos às coisas pequenas, simples, servindo dentro das nossas posses até que tenhamos bases sólidas, alicerçadas na verdadeira luz e no Amor Puro que nos permitirá cumprir missões mais elevadas, com os perigos e inconvenientes de quedas napoleônicas ou doutras, contestadas dia a dia.
Para uma análise discernente das diferenças entre o falso saber e a sabedoria verdadeira estudemos os ensinamentos bíblicos, expressão de sabedoria. Assim, São Paulo aconselha: “Não o sejais sábios em vós mesmos“. São Tiago esclarece: “Onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e obra perversa, essa a sabedoria terrena não é a que vem do alto; essa é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, cheia de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia”.
Isso indica-nos que devemos ter cuidado com as nossas opiniões, designadamente com as ideias preconcebidas, que muitas das vezes nos obscurecem, evitar o orgulho intelectual, pôr em prática a verdadeira caridade, procurando a harmonia, na consciência de que a sabedoria vem de Deus e com Ele esteve sempre e existiu antes de todos os séculos e não é produto do nosso eu inferior, egoísta, orgulhoso.
Jesus-Cristo é a Luz do Mundo. “Quem O segue não andará nas trevas, mas terá a Luz da Vida” (Jo 8). Ora, os que o seguem são aqueles que fazem a vontade de Deus cumprindo as Suas leis, escutando as palavras do Mestre dos Mestres e pondo-as na prática (Mt 7).
“O que ama a correção, ama a sabedoria” (Pb 12). Por isso agrademos e sigamos os conselhos que nos deem e corrijamo-nos a nós mesmos, utilizando o exame de consciência.
“Aquele que ama o seu irmão vive na Luz, enquanto o que detesta está nas trevas e não sabe para onde vai“. Afinal o caminho da Luz é amar ao próximo em obras e em verdade como já tínhamos deduzido e que concorda com os ensinamentos de Cristo. Daqui que a Filosofia cristão-rosacruciana nos aconselha a servir amorosamente e de forma desinteressada e modesta e nos esclarece que esse é o caminho mais curto que conduz a Deus. Esse Amor Puro exige purificação dos veículos anímicos, no perfume das sete virtudes, simbolizadas nas rosas do emblema Rosacruz, e entre elas está a maior de todas, a caridade, mas a verdadeira, não a hipócrita.
Ela exige que o serviço seja desinteressado e modestamente executado, isto é, que se ajude sem esperar recompensa, quer ela seja monetária ou não, sem aspirar aos louvores, à gratidão, à fama, ou a ser admirado, que se faça bem com a mão direita sem que a esquerda o veja.
Fazer o bem para ser admirado ou fazê-lo apregoando-o não é amar, mas dar hipocritamente, com egoísmo, que é a vaidade das vaidades, rainha do reino das trevas. São Paulo nos esclareceu esse assunto dizendo: podemos distribuir toda a fortuna que possuímos para sustento dos pobres e até entregar o nosso corpo para ser queimado, mas se não tivermos caridade nada disso nos aproveitará. É que a caridade é sofredora, não é invejosa, não busca o seu interesse,não se irrita, folga com a verdade, tudo sofre, tudo suporta.
A caridade verdadeira exige que amemos os nossos inimigos, que façamos bem sem olhar a quem, com modéstia; não oprime ou engana seja quem for, mas liberta e ilumina o que dá e o que recebe.
Cumpramos nossos deveres, sirvamos amorosa e desinteressadamente, isto é, com agrado, com espírito de sacrifício, dedicação, zelo e sem interesse e no final de cada ação consideremo-nos como servos inúteis, tal como Cristo nos aconselhou, conhecedor profundo dos perigos da vaidade e do orgulho.
Procedendo nesse “modus-vivendi”, vamos construindo o nosso traje de bodas, o Corpo-Alma, veículo superior que nos iluminará com a Luz Superior, da intuição, da inspiração, da Clarividência, do gênio Criador. Assim, faremos subir a energia sagrada, numa transmutação alquímica, que nos abrirá a visão espiritual.
Para que todo esse trabalho individual floresça dois fatores devemos ter ainda em consideração. Um de natureza física: possuir um cérebro em boas condições, ele na Terra é o elo entre o Espírito e a matéria, é o instrumento da Mente no Mundo Físico. Como foi construído pela metade sexual de cada um é fácil concluir que devemos transmutar a energia sagrada, usando-a para gerar e regenerar, evitando os abusos.
Uma alimentação equilibrada, frugal, rica em vitaminas e minerais e em aminoácidos é outro fator importante. Dentro dos minerais merece realçar o fósforo, palavra derivada do grego “phós” que quer dizer luz e de phóros – portador ou reprodutor. Ele faz parte dos núcleos celulares do cérebro e do sistema nervoso. Note-se que é no núcleo, parte vital da célula, que está o célebre DNA, base da vida que os cientistas procuram descobrir plenamente para criarem vida. Essa, porém, é sagrada. Invisível, antes de se manifestar na forma e como sagrada a sua descoberta exige que os cientistas se tornem verdadeiros sábios, isto é, puros de coração, humildes, pois reconhecerão que o saber é divino verdadeiramente possuidor de altruísmo e caridade.
Para que esse mineral seja devidamente assimilado pelo organismo importa que tenhamos boas glândulas endócrinas, designadamente a hipófise, tireoide e paratireoide, o que exige o desenvolvimento do Amor Puro, da amizade sincera, qualidades Uranianas, do regente em astrologia científica, da hipófise que é Urano, além de que sejamos honestos, amigos da verdade e da razão, qualidades de um regenerado Mercúrio, que comanda as outras glândulas citadas. O outro fator é de natureza mental e denomina-se: concentração, muito difícil neste mundo cheio de ruídos, de más distrações etc.
É que tal como a luz concentrada numa lente se torna mais forte, luminosa e clara, também o pensamento concentrado produz ideias mais claras e profundas.
Um bom exercício é o Exercício Esotérico de Concentração ao acordar, tal como a Fraternidade Rosacruz solicita a todo Estudante Rosacruz fazer..
Chegados que somos ao final deste modesto trabalho apela-se para que cada qual faça uma meditação profunda sobre este tema e dia após dia aplique a luz que for efetivamente possuído de forma a que nos tornemos verdadeiros cristãos, construindo a Fraternidade Universal, dignos de viver na Era de Aquário.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – janeiro/1982 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O rei David louvava a Deus pela maravilhosa obra que Ele, o Pai, ajudou o ser humano a realizar, dizendo: “Louvar-te-ei porque Tuas obras são formidáveis e maravilhosas. Estou deslumbrado e minha alma o sabe muito bem. Não foi encoberto de Ti o meu corpo, quando no oculto foi feito e entretecido nas profundezas da Terra.” (Sl 139:14-15).
O corpo humano, “o Templo de Deus” referido por São Paulo Apóstolo, é o mais valioso instrumento do ser humano, porque por meio dele, o Espírito (nós), como manifestação da Chispa Divina, obtém experiência.
Entretanto, o que faz a maioria dos homens e das mulheres com esse divino Tabernáculo? Transformam-no em um depósito de vícios, maus hábitos e baixos desejos. Muitos ignoram a sublimidade de sua origem e o elevado custo de seu desenvolvimento passado e, cegados pela ilusão dos sentidos e convicções materialistas, buscam tirar dele o que chamam de proveito e embrutecem-no lamentavelmente. Outros, entretanto, sabem o que ele representa, como obra divina, como laboratório cuja perfeição de funcionamento sabe que não se deve a automatismos, senão à ação de Inteligências Superiores e à regência de Leis da Natureza imutáveis. No entanto, abusam conscientemente, em desafio a essas mesmas divinas Leis, cuja desobediência suscita enfermidades, doenças e todo um cortejo de dores. Aliás, os sinais dessa desobediência podem ser devidos às transgressões nesta vida ou existências anteriores.
Segundo os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, a saúde total abrange não só o físico, senão, também e principalmente, os comportamentos emocional e mental, respectivamente, dos quais geralmente afloram as causas dolorosas de nossas enfermidades e doenças. Nesse amplo sentido todos somos enfermos ou doentes, em maior ou menor grau, e se desejamos recuperar a saúde e conservá-la, precisamos conhecer e respeitar esses princípios fundamentais e regular, por eles, os nossos hábitos todos.
O Adorável Mestre Cristo Jesus ressaltou bem a origem de nossas enfermidades e doenças ao paralítico já curado por Ele: “Eis que já estás são. Vai e não peques mais para que não te suceda alguma coisa pior.” (Jo 5:7-18).
Note-se que até o próprio Senhor não ousava quebrar as Leis da Natureza e não podia assegurar saúde permanente se aquele que a recebesse não deixasse os maus hábitos e vícios transgressores da harmonia cósmica, essa harmonia presente nos Astros como no corpo humano, no macro e no micro e na relação entre toda a criação.
A Fraternidade Rosacruz nos leva a conhecer essas Leis, tornando-se, contudo, o respeito que tem à liberdade individual, um luminoso caminho de regeneração humana. Por isso recomenda a adoção de uma dieta racional em frutas, legumes, verduras, sementes, cereais integrais, leite, queijo e ovos. Alimentação isenta de elementos prejudiciais (excesso em embutidos, alimentos artificiais, carne animais – mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), sem excesso de massas, senão equilíbrio de vitaminas, sais minerais e proteínas, formas saudáveis de preparo, quantidade e qualidade condizentes, com o tipo físico, tipo de atividade, clima, etc. Mostra os efeitos da ira, da apreensão, da angústia, do medo, da crítica ferina, da inveja, do ciúme, do orgulho e todas as demais ramificações irmãs dessa hidra tenebrosa que generalizamos pelo nome de egoísmo. Não apenas tudo isso nos prejudica a saúde e a paz interior como, por decorrência, retarda nosso avanço espiritual.
A Filosofia Rosacruz nos leva a compreender nossa verdadeira identidade, como Espíritos, herdeiros de Deus, cidadãos celestiais, em peregrinação e aprendizagem neste plano, ao qual não nos devemos apegar e cujos elementos têm apenas utilidade transitória, como fatores de experiência, aprendizagem e crescimento interno, que se converterão em faculdades criativas em nossas condições superiores do futuro.
Reconhecendo as manhas e dificuldades impostas por nossa natureza inferior, embora de existência transitória, mas que pode nos atrasar perigosamente no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, ensina-nos o mecanismo de nossos desejos, sentimentos, nossas emoções e nossos pensamentos, e nos fornece um método racional e seguro de libertação, pela disciplina desses corpos e domínio de nós mesmos.
Conheça, pois, essa formosa e lógica Filosofia Rosacruz que a todos nós tem trazido imensos benefícios, e a qual desejamos estender a tantas pessoas que nos sejam possível alcançar, de modo a suscitar-lhes os pendores naturais, bons, espirituais, que jazem adormecidos em seu íntimo e armá-los com discernimento e amor para a luta e gradativa vitória contra a tenebrosa natureza inferior rumo ao alvorecer de um novo e radioso dia, à realização de um novo homem e de uma nova mulher, identificados com a luz, com a eterna e verdadeira fonte de que promanaram. Como diz o Novo Testamento: “Deus é Luz. Quem anda na luz está com Deus e Deus nele.” (IJo 1:1). “E já não será mais ele que vive, senão o Cristo em seu interior.” (At 21:13), o qual se dará sem medidas e por ele fará as mesmas obras e maiores ainda do que as que realizaram na Terra.
(Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)
São Paulo, em sua 1ª Epístola aos Coríntios (3:16-17), os exorta: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o construirá, porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado“.
Existem quase cinquenta métodos de Cura além do autorizado, o qual é ensinado nas Faculdades de toda a América. As Instituições que usam esses métodos, algumas das quais são grandes, estão atualmente prosperando devido aos efeitos da violação pelo ser humano do Templo de Deus, seu corpo.
Em verdade somos “veneráveis e maravilhosamente criados”. Existe um propósito no Plano de Deus, o qual não é a gratificação dos sentidos, e tão logo o conheçamos, trabalhando com ele, teremos a harmonia em nossos corpos e veículos.
As várias desordens que levam a pedir socorro às Instituições acima mencionadas são ocasionadas pela insistência em criarmos e mantermos os desejos, emoções e sentimentos inferiores muitas vezes aliados – senão como efeitos – uma má alimentação ou combinação imprópria dos alimentos que ingerimos. O ser humano está progredindo no Mundo externo, construindo melhores estradas, pontes mais seguras, recintos de trabalho mais amplos e equipados com máquinas mais modernas e aperfeiçoadas, ferramentas mais sofisticadas com as quais produzirá melhor trabalho. Porém, o que faz nos Mundo espirituais que deve ser construído sem o “ruído do martelo”?
Terá o ser humano adquirido a verdadeira compreensão do funcionamento do próprio organismo? Conhece as combinações químicas requeridas para o funcionamento normal do Corpo Denso? Interessa-se pelos efeitos resultantes dos alimentos que ingere? Compreende totalmente o efeito das emoções, sentimentos e desejos inferiores no seu corpo? Consideremos que tenha que levar em conta muitas outras coisas para o aperfeiçoamento do corpo humano: os pensamentos, os hábitos, etc. Os alimentos jogam um papel muito importante para determinar suas vibrações e texturas.
Não há dúvida alguma quanto ao fato de que o conhecimento do corpo humano e de seu funcionamento, de como se relacionam suas partes, como as substâncias nocivas afetam os tecidos, quer sejam ativas ou inertes deveriam fazer parte do cabedal de conhecimentos de quem se dedica a curar as pessoas. Se todos os chamados curandeiros possuíssem estes conhecimentos, causariam menos dano, porque o que é bom para um, é veneno para outro sob certas condições.
Em todos os meios de comunicação que se dedicam a propagação dos meios para adquirir e manter a saúde há artigos que exaltam as propriedades do pão de trigo integral; dele derivam o ferro e sais minerais e só necessitamos comer a metade do que consumimos de outra classe de pão, devido às riquezas de sais minerais nele contidas. Além disso, deve fazer parte da nossa dieta as frutas, verduras e legumes. As ervilhas e feijões proverão a necessária substância proteica para a reparação do desgaste; da mesma forma o farão os ovos e leite, se for do nosso agrado. A preparação e o cozimento dos alimentos é uma ciência e devem ser considerados como tal. Embora uma refeição esteja agradavelmente apresentada e servida, se não estiver devidamente equilibrada será um fracasso. Podem ser misturados alimentos ácidos e neutros na mesma refeição ou alcalinos e neutros, porém não devem nunca ser misturados ácidos e alcalinos.
A natureza dos elementos nutritivos – as vitaminas – é conhecida apenas parcialmente. Seus efeitos marcam a diferença entre a saúde e a enfermidade. Foi chamada por Herbert Hoover como “a descoberta mais importante da atualidade”.
É nos ensinado que mesmo quando estivermos saciados é possível que certa parte do nosso corpo “padeça de fome”, a menos que seja ingerido algo mais do que gorduras, proteínas e carboidratos considerados anteriormente como alimentos principais de uma dieta completa.
Os novos elementos descobertos nos alimentos, os quais a ciência chama de vitaminas A, B, C e D, se encontram em quantidade no leite e nas folhas dos legumes. Essas últimas, de preferência, devem ser comidas cruas. Se tiver de cozê-las deve-se colocar pouca água e não se deve ferver com sal e ao coar deve-se reservar a água para o preparo de sopas. Com a prática aprenderemos a quantidade de água necessária. Quando se fervem, muitos dos melhores elementos nutritivos são destruídos.
Outro ponto que deve ser considerado são as condições sob as quais se prepara o alimento. Muitas reações desagradáveis no estômago se devem a desarmonia na cozinha enquanto se prepara os alimentos. Muitas pessoas são bastante sensíveis para perceber essa desarmonia quando ingerem estes alimentos.
Uma palavra aos Estudantes Rosacruzes que compreendem: dizem que existe agora nos alimentos um novo elemento que não era conhecido há vários anos atrás. Os cientistas nutricionistas dizem que este novo elemento os burla e que não lhes foi possível detectá-lo. O alimento está mudando. Para quem compreende que está subjacente nas feridas do corpo de Cristo e o derramamento de Seu sangue há uma correlação e um mistério. Porém, para poder extrair este sutil elemento da alimentação que nos sustenta, devemos saber o significado destas coisas e também comer merecidamente como nos exortou Cristo-Jesus.
Tão pouco poderá obter este elemento dos alimentos se somos dados à crítica. Pode ser que, para alguns, este seja um novo pensamento. Porém, se estamos abertos para a verdade e temos o direito de saber, a dita verdade nos será dada. Não permanecerá por mais tempo oculta de nós se estamos preparados; isto é, seremos instruídos de como obtê-lo.
Toda a vida é vibração e as diferenças nos corpos são diferenças nas vibrações. Se nossos corpos são nutridos com alimentos grosseiros, como podem ser sensíveis as vibrações?
Desde que adquirimos de nossa nutrição aquilo em que vibramos, é muito importante cuidar não só de nossas palavras e pensamentos, mas também de nossa alimentação. Deveríamos aprender a aplicação dos princípios racionais da gastronomia e também o comer para ser saudáveis.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1983 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Por Corinne Heline
CAPÍTULO II – SEGUNDA SINFONIA – RÉ MAIOR – OPUS 36
Esta Sinfonia é música que transpira serenidade, beleza, jovialidade e coragem.
Philip Hale em “Boston Symphony Notes”
A segunda das Nove Sinfonias foi apresentada pela primeira vez em Viena em 5 de abril de 1803. Sua nota espiritual é Amor. O número dois expressa o feminino ou o princípio materno de Deus. Esse princípio se manifesta como amor supremo, poder que anima toda a Sinfonia, conferindo à música tal beleza e doçura que muitos devotos das Sinfonias de Beethoven declararam ser a mais bonita de todas. A proteção aconchegante do espírito materno brota em alguns de seus movimentos. Em outros, o espírito do sacrifício, inseparável do amor materno, encontra expressão em certas melodias ternas. O scherzo transpira felicidade tão refinada que é como uma brisa de ar perfumado. Tem o efeito de elevar e refrescar um espírito desanimado.
A surdez crescente de Beethoven serviu para livrá-lo das distrações do mundo físico, de modo que ele deve ter captado as harmonias celestiais que estão sempre vibrando através do nosso cosmos ordenado.
A qualidade tonal da Segunda Sinfonia é cheia de cores orquestrais que conferem à sua música uma qualidade e uma luminosidade desde o início até o final.
O primeiro movimento produz um efeito de um brilhante nascer do Sol. O larghetto[1] soa em cores suaves como um variado jogo de luz e sombra numa superfície clara. O scherzo brilha e faísca em júbilo vivaz e beleza, explodindo em contrastes dinâmicos no finale.
Sob apelos melódicos delicados e um tom de esplendor, essa Sinfonia está cheia de “episódios ousados” com insinuações de outros mundos e ecos tênues que confundiram os críticos da época.
Esse movimento, com suas súbitas explosões de acordes e modulações caprichosas, foi severamente criticado pelos revisores do tempo de Beethoven, mas foram também eles que reconheceram seus efeitos tonais como verdadeiramente magníficos. Beethoven sempre trabalhou dentro de estrutura de espaços ilimitados.
Berlioz, em seu comentário sobre essa Sinfonia, afirma que “o andante é uma canção pura e franca… cujo caráter não é removido do sentimento de ternura que forma o estilo nítido da ideia principal. É uma figura encantadora”, ele continua, “de prazer inocente que é dificilmente obscurecida por uns poucos acentos melancólicos”. Berlioz então descreve o scherzo como “francamente alegre na sua fantástica volubilidade como o andante foi completo e serenamente feliz; pois essa Sinfonia está sorrindo o tempo todo; as explosões do primeiro allegro estão totalmente livres de violência; há só o ardor juvenil de um nobre coração no qual as mais bonitas ilusões da vida são preservadas imaculadas. O compositor ainda acredita em glória imortal, em amor e devoção. Que naturalidade em sua jovialidade… É como se você estivesse vendo os esportes mágicos dos espíritos graciosos de Oberon[2]”.
“O ‘finale’, ele acrescenta, “é da mesma natureza”. “Um segundo scherzo em binário e sua jovialidade tem talvez algo ainda mais delicado, mas picante.”
Depois de uma das primeiras apresentações dessa Sinfonia em Leipzig[3] em 1804, um crítico de discernimento maior que o contemporâneo asseverou que era uma composição de ideias tão boas e ricas que permaneceria viva e que “sempre seria ouvida com renovado prazer mesmo quando mil coisas que hoje estão em moda estivessem enterradas”.
Como essa Sinfonia foi escrita sob circunstâncias de uma natureza depressiva, em virtude de enfermidades físicas que o compositor sofria e as notícias esmagadoras sobre Guilietta Guicciardi[4], uma aluna por quem tinha se apaixonado e que se casara com o Conde Gallenberg, os críticos não deixaram de comentar a contradição entre o sentimento pessoal melancólico do compositor e a música jovial e adorável que ele escreveu em sua Segunda Sinfonia.
A resposta à questão feita por essa circunstância é geralmente dada por um comentarista que concluiu que “em vista da tragédia daquele verão, esta Sinfonia deve talvez ser vista como um escape”.
Se Beethoven tivesse vivido para fins pessoais, tal explicação seria, com toda a probabilidade, completamente verdadeira. Mas Beethoven viveu para servir a objetivos universais e impessoais. Ele dedicou sua vida para trazer para a humanidade a cura e as forças redentoras da beleza através da mais elevada de todas as artes, a arte da música. Beethoven foi um Ego titânico funcionando dentro das limitações de uma forma pessoal. Quando ele se entregou para trazer do Mundo celeste suas comunicações musicais inspiradas, sua consciência ascendeu a níveis onde o que é puramente pessoal se perde no universal. Daí, concluímos sobre o caráter de Beethoven e sobre o propósito espiritual que, no caso da composição da Segunda Sinfonia, a alegria e o amor que ela irradia não é o resultado de um esforço desesperado da vontade de escapar da sua provação pessoal e atribulação, mas a renúncia às suas preocupações pessoais, sejam elas de natureza pesarosa ou de natureza exultante de alegria, a transmissão impessoal daquilo que o mundo do som era capaz de conferir ao homem através de um Ego qualificado para servir com tão exaltada capacidade.
Marion M. Scott[5], em “Master Musicians Series”, observa, com relação à Segunda Sinfonia, que, enquanto Beethoven andava nas campinas de Heiligenstadt[6], sua Mente perambulava pelos Campos Elíseos[7]. Em outras palavras, enquanto sua Personalidade estava andando aqui, na Terra, seu “Eu superior” estava voando lá em cima, nos Céus. Foi então que ele viu, nas palavras de Marion Scott, “como acontece nas cadeias de montanhas além do mar e nas cadeias de montanhas intermediárias uma radiante visão das montanhas distantes no horizonte – ele viu a Alegria”. Aquela visão, ele nos deixou na Segunda Sinfonia.
Como previamente foi dito, o tema principal da Segunda Sinfonia é Amor. Do amor brota confiança, serenidade, alegria e aquela grande paz que ultrapassa a compreensão. Todas essas qualidades são lindamente expressas através da Sinfonia que conclui na nota triunfante de que o Espírito é supremo e que é possível para ele permanecer liberto e intocado por todas as desarmonias e desilusões do mundo externo. Emerson[8] expressou isso muito apropriadamente quando escreveu: “É só o finito que tem trabalhado e sofrido; o infinito descansa em repouso sorridente”. Essa é a mensagem inspiradora da Segunda Sinfonia.
SEGUNDA INICIAÇÃO
A Segunda Iniciação está conectada com o segundo envoltório da Terra chamado de Estrato Fluídico. Nele, estão refletidas as forças harmoniosas e pulsantes da Região Etérica do Mundo Físico. O trabalho dessa Iniciação tem a ver com o segredo dos Éteres, incluindo os seres que habitam essa Região. Neles, estão incluídos os Espíritos da Natureza que fazem muito para embelezar a Terra. A Região Etérica do Mundo Físico transcende a esfera de escuridão e morte. Aqui o ser se move em luz perpétua e numa região de vida imortal.
Existem quatro Éteres com os quais estamos relacionados. Os dois Éteres inferiores estão relacionados com a nossa vida no plano físico, na Região Química do Mundo Físico; quanto mais terreno for o nosso caráter, mais densos são estes dois Éteres no nosso Corpo Vital. Os dois Éteres superiores se relacionam com as nossas atividades espirituais e estéticas. Têm a ver com nossas faculdades superiores. Por isso, quanto mais sensível a nossa natureza, mais nos tornamos orientados para o desenvolvimento espiritual e mais rápido é o nosso avanço no caminho.
São Paulo se referiu ao nosso corpo como o Templo do Deus vivo. Os dois pilares que apoiam esse templo são os dois sistemas nervosos, o cérebro-espinhal e o simpático. Esses dois sistemas estão diretamente relacionados com as Iniciações. Diz-se que, nestes tempos caóticos e incertos, a grande maioria da humanidade está afetada de certa maneira por desajustamentos nervosos. Isso é porque nós não aprendemos a adaptar corretamente a nossa vida e as atividades ao fluxo e refluxo das forças etéricas. Quando entendermos essas forças internas e vivermos mais em harmonia com as leis que governam os planos Etéricos, nos tornaremos sensíveis e receptivos a essa bela e sutil influência. O corpo humano do futuro será enormemente diferente do que é hoje. Possuirá faculdades de tal ordem que dificilmente são imaginadas no presente.
O primeiro movimento com suas súbitas explosões de acordes caracteriza a Hierarquia dos Anjos, que é especialista na manipulação das forças Etéricas. Os Anjos, que prestam auxílio à Terra, entram em contato com ela através do plano Etérico. Embora estejam presentes no espaço que a envolve, sua presença não é sentida por causa da falta de visão Etérica. Essa oitava superior da visão se tornará bastante comum no curso da Era de Aquário. Uma maravilhosa irmandade e um companheirismo serão então estabelecidos entre os Reinos de Vida Humano e dos Anjos.
Na terna beleza e delicadeza, na doçura e pureza de muitas passagens dessa Segunda Sinfonia, Beethoven descreve algo da sublimidade dessa Região e a beleza e luz dos seres angélicos que a habitam.
Novamente citando o Sr. Scott, “Havia em Beethoven algo que transcendia a ética de Ésquilo[9] e Sófocles[10] – algo que o colocava ao lado do cego Homero[11] e Virgílio[12] cujos altos pensamentos refletiam o brilho de algum dia misterioso que ainda não chegou”. Como eles, ele podia passar pela tragédia para um conhecimento maior além, onde nascimento e morte, alegria e sofrimento são só lados diferentes da mesma moeda dourada da vida cunhada por Deus na eternidade.
O grande poder espiritual das Iniciações aumenta com cada grau ascendente. Na gloriosa música da Segunda Sinfonia, soa um eco e uma repetição desse eco daquela força espiritual que só atingirá sua perfeição e plenitude na música da Nona Sinfonia.
Beethoven se inspirou nas montanhas durante a composição dessa Sinfonia. Os picos mais altos que ele frequentemente contemplava com enlevo podem bem ser vistos como um reflexo físico do elevado reino espiritual no qual seu espírito era envolvido em êxtase, quando ele se empenhava em transcrever em música o elevado significado das Iniciações.
Na Segunda Iniciação, entramos na Região Etérica para estudar os mistérios das flores e das plantas e o ministério dos Anjos conectados com elas. A peculiar doçura da Segunda Sinfonia é fragrante com esses segredos raros.
Com a aproximação da Nova Era, nos tornaremos cada vez mais Clarividentes. Isso revelará um fascinante mundo novo. Seremos capazes de observar a vida e as atividades dos Espíritos da Natureza e, também, a dos mensageiros angélicos que dirigem e supervisionam nossas atividades através de todo o Reino de Vida Vegetal. Como resultado desse desenvolvimento, a botânica se transformará em uma das mais interessantes de todas as ciências.
Um dos mais fascinantes aspectos da botânica da Nova Era será a experimentação que lida com os efeitos do pensamento humano concentrado sobre a vida e o crescimento do Reino de Vida Vegetal. Algumas experiências importantes nesse assunto estão sendo conduzidas no mundo todo. Seus resultados certamente serão enormemente importantes e muito mais abrangentes do que podemos prever agora. Significará expansão de fronteiras em termos de consciência humana e uma amplitude de sua esfera de vida.
[1] N.T.: andamento musical moderadamente lento (60-66 BPM – batidas por minuto). Menos lento que o largo (40-60 BPM – batidas por minuto).
[2] N.T.: Oberon ou Oberão é o rei dos elfos, é um dos principais personagens de William Shakespeare, aparecendo em sua obra Sonhos de Uma Noite de Verão. Esposo de Titania.
[3] N.T.: é uma cidade independente do estado da Saxónia na Alemanha.
[4] N.T.: ou Julie Guicciardi (1784-1856) foi uma condessa austríaca e brevemente aluna de piano de Ludwig van Beethoven. Ele dedicou a ela sua Sonata para Piano nº 14, mais tarde conhecida como Sonata ao Luar.
[5] N.T.: Marion Margaret Scott (1877-1953) foi uma violinista, musicóloga, escritora, crítica musical, editora, compositora e poetisa inglesa.
[6] N.T.: Heiligenstadt foi um município independente até 1892 e hoje faz parte de Döbling, o 19º distrito de Viena. Nos meses de verão, Heiligenstadt era um ponto turístico. Ludwig van Beethoven viveu lá de abril a outubro de 1802, enquanto enfrentava sua crescente surdez. Foi um momento difícil para o compositor.
[7] N.T.: A Avenue des Champs-Élysées é uma prestigiada avenida de Paris, na França.
[8] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[9] N.T.: Ésquilo foi um trágico grego antigo e, muitas vezes, é descrito como o pai da tragédia.
[10] N.T.: Sófocles (497 ou 496 A.C.- 406 ou 405 A.C) foi um dramaturgo grego, um dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de Ésquilo e Eurípedes, dentre aqueles cujo trabalho sobreviveu. Suas peças retratam personagens nobres e da realeza.
[11] N.T.: Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.
[12] N.T.: Públio Virgílio Maro ou Marão (70 A.C.-19 a.C.) foi um poeta romano clássico, autor de três grandes obras da literatura latina, as Éclogas (ou Bucólicas), as Geórgicas, e a Eneida.
*****
Aqui a Segunda Sinfonia em MP3:
Nosso Corpo Denso é uma máquina esplendidamente organizada e, em grande medida, autoajustável. Mas, mesmo a melhor máquina fica fora de serviço, se não for mantida em funcionamento por alguém que conheça seu mecanismo e, portanto, evite que sua complexa estrutura seja danificada. Se, devido ao desgaste ou ao estrago, manifestar-se um funcionamento impróprio, a mão hábil será capaz de consertar o instrumento e ele será de novo útil.
No entanto, quantos de nós sabem alguma coisa sobre a máquina mais maravilhosa na terra de Deus, o veículo mais perfeito que possuímos: o nosso Corpo Denso? Fingimos operar essa máquina delicada, abusamos dela todos os dias e de muitas maneiras, pecando contra a lei e, depois, culpamos todos os outros, exceto o verdadeiro culpado, quando o pobre e maltratado Corpo Denso se recusa a trabalhar.
Muitos, de fato, são os pecados de omissão e ação responsáveis pela doença. Mas, um dos pecados mais comuns de todas as épocas é a gula. Não vivemos para comer, mas comemos para viver. É seguro dizer que todos comemos demais. A razão física para a maioria das doenças é comer demais: empanturrar-se. Infelizmente, a profissão médica incentiva muita comida, principalmente nos momentos em que pouca ou nenhuma deve ser ingerida, para que o sistema entupido possa ter uma chance de se livrar dos venenos devido à comida que não foi digerida e está fermentando e se decompondo no intestino.
A questão da dieta é muito difícil. “A comida que é alimento para um é o veneno de outro”. Cada um é uma lei para si mesmo. Não se pode dizer o que e quanto uma pessoa deve comer. Muitos fatores devem ser considerados. Um ser humano que vive uma vida extenuante ao ar livre requer uma dieta diferente daquele que tem hábitos sedentários. Mais uma vez, o alimento adequado a um indivíduo saudável e robusto não serviria para uma pessoa cuja capacidade digestiva esteja prejudicada. Não se trata de quanto comemos, mas do quanto somos capazes de administrar, de construir carne e sangue sadios em nosso Corpo Denso. É algo relativo à digestão e isso significa quebrar a estrutura complexa dos alimentos em substâncias simples. Essas são absorvidas pelo sangue e transportadas para todas as células do nosso Corpo Denso; elas se tornam ossos, nervos, músculos, etc. Esse processo é chamado de assimilação.
Digerir significa decompor o alimento que comemos; para assimilar, para construir as partículas assim adquiridas em um corpo, de modo que somos de fato o que comemos. Todos estão ansiosos e querem saber o quanto comer, mas ninguém se pergunta o quanto consegue digerir. Como já foi dito, a maioria de nós come demais; tomamos muito mais comida do que o necessário para reparar o Corpo Denso; a máquina fica então entupida de cinzas e segue-se a doença e a enfermidade, porque o Corpo Denso não é capaz de digerir todo o combustível injetado; assim, a comida fermenta. Sentir o cheiro do conteúdo de uma lata de lixo meio podre nos dá uma ideia de como é o nosso interior nessas condições.
Suponha que nossa capacidade digestiva seja grande o suficiente para cuidar do suprimento excessivo de comida; mesmo nesse caso muita energia nervosa é desperdiçada, a qual poderia ser usada pelo Aspirante à vida superior para um propósito mais nobre. Além disso, muito mais produtos residuais devem ser eliminados pelos rins, intestinos, pulmões e pele. Por fim, chega o momento em que a pobre máquina fica sobrecarregada, quebra e todas as doenças ou enfermidades se manifestam. É então que clamamos por ajuda, que é dada pela Fraternidade Rosacruz; no entanto, para ficarmos bem temos que aprender a refrear nosso apetite, uma coisa difícil, mas que oferece ampla oportunidade à autodisciplina e à abnegação. Além da vantagem espiritual que ganhamos ao superar os desejos de gula do Corpo Denso, o sacrifício é cem vezes recompensado pela força do Corpo Denso, pela clareza e pela tranquilidade da Mente, que é a nossa recompensa.
Como poderíamos trabalhar na “vinha do Senhor”, se não houvesse uma única deficiência para destruir nossa capacidade de concentrar as forças! O doente, infelizmente, não passa de um pobre trabalhador e é loucura perder tempo na ociosidade porque estamos doentes, quando podemos fazer o bem e conhecer a alegria, o prazer de trabalhar como cooperador de Deus!
A maioria de nós, ao refletir sobre o assunto, reconhece que come demais, mas podemos comer com moderação e ainda pecar contra as leis naturais. A combinação de alimentos é tão importante quanto a qualidade deles. Tanto a moderação quanto o discernimento são essenciais para construir bem e com sabedoria o “Templo de Deus”, que é o nosso Corpo Denso.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Interessante o artigo publicado na “Seleções do Reader’s Digest “ (de abril de 2002), onde uma equipe de cientistas pesquisaram sobre quais os motivos que levam crianças à decisão de fumar.
Entre os motivos de rebeldia e de pais fumantes, a pesquisa mostrou um outro fator surpreendente: uma ligação direta entre a quantidade de cigarros que as crianças vêem nos filmes, e a decisão de tentarem fumar.
A equipe de cientistas liderados por um pediatra, Dr. James Sargent do Centro Médico de Dartmouth, questionou quase 5.000 estudantes na idade entre 9 a 15 anos, sobre filmes que já haviam assistido. A equipe calculou então o número de cenas que envolviam cigarros em cada um destes filmes.
As crianças expostas ao maior número dessas cenas se mostram 2,5 vezes mais propensas a começarem a fumar do que as menos expostas.
Aqui há dois fatores que poderemos analisar à luz dos Ensinamentos Rosacruzes:
Às consequências físicas que o cigarro causa aos fumantes, é de conhecimento de todos, vamos pois analisar os efeitos do tabagismo sob o ponto de vista espiritual.
Max Heindel, na obra “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume 2, pergunta 138”, nos informa que certa vez estava ele no Templo (etérico) Rosacruz na Alemanha quando ficou surpreso ao ver um homem que tinha conhecido nos Estados Unidos. Ambos conversaram um certo tempo, estando os dois em seus respectivos Corpos Etéricos. Ao voltar à América, Max Heindel encontrou-se (fisicamente) com aquele Sr., e comentou com ele sobre o encontro dos dois no Templo Rosacruz. Qual não foi a surpresa de Max Heindel ao ser informado por aquele homem de que ele não lembrava-se do encontro ou de sua estada no Templo.
Max Heindel nos informa que, apesar de ser um Irmão Leigo, aquele Sr. fumava cigarros e usava drogas que lhe obscureciam o cérebro, a tal ponto que lhe era impossível recordar algo de suas experiências fora do Corpo Denso.
Após ser aconselhado a deixar estes vícios, aquele homem passou um certo tempo de abstinência, mas não conseguiu dominar totalmente o vício, ficando impedido de qualquer tipo de conscientização da vida superior.
Este fato nos exorta a considerar nosso corpo como o Templo de Deus, como está inserido no lema Rosacruz, “Uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são”.
(Colaboração do Centro Rosacruz de Santo André-SP, publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP – mai-jun/2002)
O Jejum como um Fator para o Crescimento Anímico
Frequentemente o autor recebe perguntas em relação ao benefício ou desvantagem do jejum e, portanto, pode ser bom elucidar a origem e o fundamento dessa prática para que possamos determinar qual efeito, se houver, é exercido sobre o crescimento espiritual.
Nas Antigas Dispensações era exigido que os sacrifícios de bovinos e caprinos fossem feitos como expiação ao pecado praticado, pois o ser humano valorizava, então, seus bens materiais, muito mais do que nos dias de hoje, sentindo profundamente sua perda, quando forçado a abrir mão deles para tal finalidade. Mesmo nos dias modernos, as indulgências são compradas e o Perdão dos Pecados anunciado a qualquer pessoa que doe uma quantia em dinheiro a algumas Igrejas Católicas e Protestantes, para a compra de todo os tipos de acessórios necessários ao serviço.
Mas, sempre houve um ensinamento esotérico, que está sendo promulgado exotericamente hoje, e esse ensinamento não aceita o sacrifício de um animal, dinheiro ou outras posses; contudo, exige que cada um faça um sacrifício de si mesmo. Isso foi ensinado aos Aspirantes na antiga Escola de Mistérios, quando eles eram preparados para o Ritual Místico de Iniciação. A eles foram explicados os mistérios do Corpo Vital – composição pelos quatro Éteres e funções de cada Éter -: o Éter Químico, que é necessário para a assimilação; o Éter de Vida, que promove o crescimento e a propagação; o Éter de Luz ou Luminoso, que é o veículo da percepção sensorial; e o Éter Refletor, em que se armazena a memória. Eles foram, cuidadosamente, instruídos nas funções dos dois Éteres inferiores em comparação com os dois Éteres superiores. Eles sabiam que as funções puramente animais do corpo dependiam da densidade dos Éteres inferiores, e que os dois Éteres superiores, por sua vez, formavam o Corpo-Alma, o veículo do serviço e, naturalmente, eles aspiravam cultivar essa gloriosa vestimenta, pela renúncia e refreando as propensões das naturezas inferiores, assim como fazemos hoje. Esses fatos eram mantidos em segredo das pessoas que não estavam no Caminho da Iniciação, ou, melhor dizendo, assim deveriam ter permanecido. Mas, alguns neófitos, mesmo sendo excessivamente zelosos em alcançar a Iniciação, não importando os meios, esqueceram que é somente pelo serviço e altruísmo que a veste nupcial dourada é cultivada pelos dois Éteres superiores. Eles pensaram que a máxima Oculta, “ouro no cadinho, impureza no fogo; ligeiro como o vento, alçar-se cada vez mais alto”, apenas significava que, enquanto a natureza inferior, a escória, tinha sido expulsa, e não importava a maneira, mas se tivessem encontrado um método fácil, eles teriam retido apenas o “ouro” composto pelos dois Éteres superiores, o Corpo-Alma, no qual eles poderiam, com certeza, acessar os Mundos Invisíveis sem obstáculo ou embaraço. Eles concluíram que, como o Éter Químico é o agente de assimilação, poderia ser eliminado do Corpo Vital, privando o veículo físico da fome.
Eles também pensaram que, como o Éter da Vida é a via de propagação, poderiam privá-lo com uma vida celibatária. Seguindo esse método, concluíram, assim, que reteriam apenas os dois Éteres superiores e, portanto, praticavam todas as austeridades que se podia pensar, entre outras práticas, o jejum. Por esse processo o Corpo Denso perdia a saúde e a sua natureza passional ficava debilitada, pois, buscava a gratificação pelo exercício da função propagativa, sendo silenciado com a punição. Dessa maneira, horrível, é verdade que a natureza inferior parecia estar submetida, e também é verdade que, quando as funções corporais eram reduzidas a níveis bem baixos, as visões, ou melhor dizendo, as alucinações eram frequentemente a recompensa dessas pessoas equivocadas. Outros que ouviram falar de sua suposta santidade estavam ansiosos para imitá-los; assim, seu exemplo desviou milhares de almas da busca do verdadeiro Caminho. Mas, o resultado obtido por essas pessoas desencaminhadas e seus seguidores está longe de ser o que se pretendia pelo treinamento na Escola de Mistérios. Antes de mais nada, ao Aspirante foi ensinado que o Corpo é o “Templo de Deus” e que profaná-lo, destruí-lo ou mutilá-lo de qualquer maneira é um grande pecado. A indulgência com o apetite é um pecado, uma prática contaminadora que traz consigo certa retaliação, mas não deve ter maior repreensão do que a prática de jejuar para o crescimento da alma.
Viver corretamente não é banquetear e nem jejuar, mas dar ao corpo os elementos necessários para mantê-lo na forma adequada de saúde, força e eficiência como um instrumento do Espírito. Portanto, jejuar para o crescimento da alma é um pseudométodo que tem o efeito, exatamente o oposto daquilo que foi projetado para ser realizado, devido à falta de visão de seus criadores. “Eu sou a porta”, disse o Cristo, “se alguém não entra pela porta, esse é ladrão e salteador”.
Da mesma forma, com a prática do celibato para o crescimento da alma, a máxima enunciada no início desse parágrafo se aplica de forma idêntica. É repreensível quando homens e mulheres, feitos à imagem de Deus, se degradam pela indulgência da natureza passional a um estado inferior ao dos animais, porém, é igualmente repreensível quando aqueles que vivem de outra forma, tendo vidas boas e sagradas, se recusam a sacrificar suas aspirações para dar a uma alma que está à espera daquele Corpo e daquele ambiente que lhe atendam, e que tenha todo aquele tempo para o próprio desenvolvimento. Eles podem, pelo jejum, atenuar o Éter Químico, e, por suas vidas fanáticas e egoístas de celibatário, podem também eliminar o Éter da Vida em grande proporção, mas essas medidas nunca irão construir a “vestimenta dourada de casamento”, que é o ‘abre-te sésamo’ para a festa do “casamento místico”; na falta desse traje, alguns que conseguirem entrar sorrateiramente, por métodos ilegítimos como jejum, castigo e celibato, serão lançados nas trevas exteriores.
(Publicado na revista Rays from the Rose Cross em dezembro/1915 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)