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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ação de Graças: Ecumenismo que Consola, Anima e Abre Perspectivas

Com fartas manifestações de ecumenismo, comemora-se na última quinta-feira de novembro o Dia Nacional de Ação de Graças.

Em todos os lugares do mundo onde essa data é comemorada e expressa por ações, as divergências existentes entre os diversos credos são deixadas de lado e seus mentores realizam conjuntamente cultos de Ação de Graças.

Essa união momentânea, em torno de um propósito comum, consola, anima e abre perspectivas, mesmo que ligeiras, se não de um perfeito entendimento, pelo menos de uma quebra de tensões. Pena que tal aconteça esporádicas vezes.

Ecumenismo é um belo vocábulo e uma ideia excitante. Entretanto, ainda não adquiriu aquela dinâmica própria do termo que ultrapassa os teóricos e inócuos limites do papel, para expressar-se na prática como um fato concreto.

De qualquer modo, para quem aspira à Fraternidade Universal, o ideal da Era de Aquário, essas manifestações já constituem um bom prenúncio. Frutos mais palpáveis por certo surgirão em tempos futuros, como consequência lógica desses esforços. O sentido mais profundo do ecumenismo não implica em, necessariamente, aceitar os princípios e dogmas alheios. Não! Configura-se no reconhecimento do direito de se abraçar qualquer credo ou filosofia e de respeitar toda e qualquer prática religiosa, desde que alicerçada na moral. É a compreensão dos vários estágios evolutivos em que se encontram os seres humanos.

“Os Anjos do Destino estão acima de todo erro e dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento”.

As Religiões e as Escolas filosóficas vêm atender as necessidades internas de determinados agrupamentos humanos. De tempos em tempos, a Humanidade, em sua escalada ascensional, recebe verdades mais profundas.

No passado, os mitos e as lendas foram os elementos dos quais as Hierarquias Criadoras projetaram conceitos básicos na Mente da Humanidade infantil.

Max Heindel ilustra, com muita propriedade, essa problemática com o exemplo da meta posicionada no cume da montanha e dos diversos serpenteantes caminhos que para ela convergem. A senda reta, porém, menos extensa e mais íngreme, simboliza o Caminho da Iniciação, preconizado pelas Escolas de Mistérios, dentre as quais destaca-se a Ordem Rosacruz.

O Cristianismo constitui uma notável ajuda, o grande impulso que recebemos. Cristo, todavia, em Seu ministério, ensinava a multidão por meio de parábolas, reservando a essência esotérica de Sua doutrina aos Discípulos, por pressuposto, Iniciados.

Ainda hoje, vemos a maioria da Cristandade limitada ao significado raramente exotérico da Religião. Notamos o comportamento humano ainda inculcado à Lei.

A ascensão espiritual realiza-se por etapas. Não é um processo repentino.

O próprio Cristo anteviu as dissidências e as lutas fratricidas que se fariam em Seu nome ao proclamar: “Não vos trago a Paz, mas uma espada“[1]. Sabia perfeitamente que o germe da separatividade medrava nos nossos corações. E que só depois de muito tempo as coisas tomariam um rumo diferente.

A ação do Cristo se faz sentir, paulatinamente, eliminando aos poucos os abismos cavados entre nós. E a Fraternidade Universal será rígida sobre as cinzas da separatividade, mesmo porque, na Era de Aquário, o Cristianismo Esotérico predominará como uma síntese completa e perfeita do pensamento religioso.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1973–Fraternidade Rosacruz–SP)

[1] Mt 10:34

(*) Pintura: 1º Thanksgiving (Ação de Graças) at Plymouth 1914 – por Jennie Augusta Brownscombe

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O Desapego

Do ponto de vista filosófico Rosacruz, desapego é a capacidade que desenvolvemos para gerir todas as coisas sem o sentimento de posse, qual o administrador ciente de que as deve utilizar, edificante e transitoriamente, como instrumento de evolução.

O desapego, aliado ao reto uso de tudo que está à nossa disposição no mundo, constituem dois importantes pilares da felicidade humana. Aliás, o uso egoísta de alguma coisa já constitui, em si, um apego. Assim, o desapego inclui o bom uso de todos os talentos. São, ambos, duas virtudes que se mesclam e mutuamente se fortificam para estabelecimento de nossa paz interna e crescimento anímico.

Muitas vezes as pessoas confundem o desapego com a indiferença. É um grave equívoco! Devemos ter interesse pela vida e por tudo que ela nos oferece. Se estamos no mundo e ele figura para nós uma autêntica escola de aplicação de nossas faculdades, de experiências e de desenvolvimento, a indiferença seria uma negação lamentável. Aqueles que possuem corpos ocidentais não devem cair na indiferença, por terem estágio de evolução e necessidades específicas diferentes de outras partes do mundo. A indiferença pode ser, para outros povos, uma necessidade, ainda hoje, mas nesses casos, outros métodos devem ser empregados que lhes são apropriados. No ocidente, a indiferença é algo inútil e embrutecedor que nos retarda e dificulta o contato com a vivência dos planos superiores. Para aqueles que já ultrapassaram a necessidade de inércia, mesmo no oriente, essa inércia tem sido responsável, em grande parcela, por atrasos na evolução espiritual de algumas raças. A prática da indiferença pode libertar a pessoa da escravidão da Lei da Causa e Efeito, porém ela não promove, sequer, “um grama” de crescimento moral ou anímico. Por outro lado, não desejamos pender para o extremo oposto, em que se encontram os povos ocidentais. Dizem-se Cristãos e não perceberam que o demasiado apego deles às coisas do mundo jamais foram ensinadas por Cristo-Jesus. A Fraternidade Rosacruz, como Escola de Mistérios Ocidentais, como Cristianismo Esotérico, propõe-se a trabalhar pelo estabelecimento de uma nova compreensão da vida, consoante a reta acepção da doutrina Cristã.

Tudo tem seu lado bom e esse aspecto positivo deve ser claramente distinguido e utilizado pelo Aspirante à Espiritualidade. Somos, essencialmente, Espíritos e trabalhamos no mundo, por meio de nossos veículos, para gerenciar e conhecer as matérias de todos os planos até conseguir descobrir todas as leis que os regem e os empregarmos nos propósitos do Espírito: serviço amoroso e desinteressado ao irmão e à irmã ao seu lado, focado na divina essência oculta em cada um de nós, que é a base da Fraternidade. O Corpo Denso que utilizamos não é nosso; foi-nos oferecido pelo concurso de nossos pais e tomado por empréstimo ao Reino Mineral, dentro do Esquema de Evolução regidos pelos Senhores da Forma, a Hierarquia de Escorpião. Devemos essa gratidão aos Minerais. Não fora o Corpo Denso seríamos fantasmas, invisíveis, sem possibilidade de atuar e manejar no plano material da Terra. Não aprenderíamos suas ricas lições. Cuidemos, pois, desse veículo, convenientemente, a fim de que se torne uma útil ferramenta de nosso Espírito. Alimentação adequada, higiene, exercício razoável. Com isso o devolvemos, pela morte, com suas partículas enriquecidas, para formação de melhores corpos futuros. Também, assim fazendo, estamos prestando um serviço à causa evolutiva dos minerais, que se elevam à interpenetração de nossa consciência vibratória. Eles são nossos pupilos. Desde agora e pelos períodos futuros trabalharemos sobre eles, servindo-nos deles para nossa evolução e a eles servindo ao mesmo tempo, dentro do maravilhoso e amoroso plano de mútuo serviço e evolução dos reinos criados.

Não há como negar as finalidades do plano material. Mas, também não devemos fugir dessa compreensão espiritual para cairmos no ridículo de nos identificarmos com o corpo e julgarmos até que ele é nós. Nada disso. Uma coisa é a casa, outra o morador. A casa mostra o que é o morador. Suas condições e aspectos contam a mentalidade de quem a habita. Ingere bebidas alcoólicas? Fuma? Consome drogas que alteram a sua consciência de vigília? Alimenta-se mal? Negligencia os hábitos de higiene? Não sabe assegurar as condições de vida saudável: ar, silêncio, árvore e espaço? Então é um mau administrador de seu próprio lar, o corpo. Não tem condições nem força moral para orientar outros. Está fadado a tornar-se enfermo. E, sem saúde, de que lhe valerão as demais coisas? A saúde influi no modo como vemos nosso exterior.

É um apego ignorante esse dos vícios, da gula, do comodismo. Os males que observamos ao nosso redor contam os desvios dessa natureza; deveríamos ter vergonha deles e decididamente tomar o rumo certo. No entanto, quantas pessoas conhecem as leis da alimentação, da higiene e da saúde, embora se alimentem várias vezes por dia? Não é um contrassenso?

E o veículo etérico, o Corpo Vital? Igualmente importante em nossa existência e plano de aprendizado, pois nos assegura o metabolismo, capacita-nos à procriação, à atividade sensorial, ao estabelecimento do calor e da circulação sanguíneos e a ele devemos a capacidade da memória; a base de todo o conhecimento material. Quão importante é? É, por assim dizer, uma contribuição vegetativa. Suas funções são exercitadas por nós, como um aluno que trabalha sobre aparelhos laboratoriais e elementos químicos, produzindo reações diversas. Justifica podermos usar mal essas funções? Isso indica mau aproveitamento dos alunos humanos. Se a assimilação e a excreção não se fazem normalmente, é sinal de abuso anterior. Devemos aprender a nos alimentar, compreendendo quais as finalidades do alimento em nossa vida e não para satisfação de apetites e gostos pervertidos. A natureza é governada por leis sábias e denota logo as transgressões, muitas vezes de forma bem dolorosa aos responsáveis. E quanto ao sexo? A força criadora é a grande fonte de energia em todos os campos: físico, emocional e mental. O uso abusivo e desvirtuado dessa força tem trazido males sem conta ao ser humano. Situemo-nos num campo de equilíbrio, conciliando os conhecimentos científicos com os espirituais, a fim de que sejamos homens e mulheres racionais e não pessoas movidas por incontroláveis impulsos instintivos. A literatura Rosacruz é rica na elucidação desse delicado assunto, que reclama compreensão e melhor expressão prática.

Neste, como nos pontos precedentes e posteriores, a chave é uma iluminada compreensão das leis regentes e a coragem de assumir a função de Espírito, governante e não escravo dos bens que administra.

E, passando as funções sensoriais, poderíamos lembrar a curiosidade mórbida, a sede constante de coisas novas, sem outra finalidade senão a de quebrar a rotina. Mesmo no espiritualismo, quantas pessoas existem que atribuem valor às coisas novas! Encantam-se com as versões originais, com os novos modos de expressão e, sobretudo, com novos conhecimentos como se nisso consistisse a evolução espiritual! Puro engano. A natureza não mudou os aspectos do céu, nem os da flora. Achamos insípida a árvore do quintal porque a vemos sempre. No entanto, ali está ela a desafiar nosso conhecimento. Bem pouco ainda conhecemos de tudo o que vemos todos os dias. Aí está a ciência para testificar, com seus avanços, aspectos nunca vistos, conhecimentos nunca imaginados, em coisas que se veem e estudam desde há muitos séculos! Curiosidade no sentido positivo de ânsia de saber estar bem; mas de “mariposear” de escola em escola, de livro em livro, é rematada tolice. Acabam os tais por sofrer a indigestão de tantos e contraditórios conhecimentos e impressões assimilados sem a necessária mastigação. Pior ainda: nesse particular, o apego é usura dos vaidosos intelectuais que se julgam riquíssimos com os muitos conhecimentos que memorizam e repetem aos maravilhados ignorantes. A lei é dar e receber. O que estaciona apodrece e contamina. Isso acontece com o avaro intelectual. Apego tolo, inconsistente. A semente que não se desfaz e não se multiplica na terra, jamais poderá produzir e saciar a sede e fome dos necessitados do Senhor.

Agora o Corpo de Desejos. Ele é relativamente recente, não tem órgãos. Simplesmente forma vórtice ou pontos de concentração de força, coincidentes com centros etéricos, cujo despertar abre os olhos do neófito ao Mundo do Desejo. O Corpo de Desejos é o incentivo para a ação. De nada valeriam os músculos e nervos do Corpo Denso nem a vitalidade infundida pelo Corpo Vital se não houvesse o incentivo do Corpo de Desejos para tirar-nos do estado de inércia. Ao mesmo tempo, o Corpo de Desejos nos permite sentir emoções e desejos, dor e alegria. Ele se compõe de uma parte inferior (desejos egoístas, paixões) e outra superior (altruísmo, filantropia e outras vivências elevadas).

O que em nós provoca repulsão, separação, distinção entre o meu e o teu, é a parte inferior do Corpo de Desejos. Nosso Corpo de Desejos foi dividido em superior e inferior no início de nosso estado humano; no fim da Época Lemúrica e início da Época Atlante. Desde então a parte superior vai sendo aumentada com nosso desenvolvimento interno, na medida em que vamos nos afastando das condições animais de outrora e definimos nossa condição de seres racionais e espirituais. Como indicam as lendas místicas antigas, a luz dominará as trevas, isto é, os instintos e impulsos irregenerados do passado irão se transubstanciando e convertendo-se em luz. Até que isso suceda, precisamos orar e vigiar atentamente, persistindo em hábitos bons, mediante orientação devida para que não subsistam insatisfações e frustrações. O Corpo de Desejos inferior é a fonte principal do egoísmo. Faz-nos sofrer muito porque incute o sentimento de posse: posse de dinheiro e bens, posse de fama, posse de amor e posse de poder. O desejo de posse é desmedido. Quer sempre mais. E quando nos conflitos de interesses com os demais perdemos algo, sofremos, porque nos separam daquilo que julgávamos nosso.

Querem exemplos? Uma mulher diz às amigas: “minha filha vai se casar muito bem; o noivo está bem de vida, tem carro e apartamento, triunfou na vida”. Por que não diz: “o moço tem excelente caráter. Já tomei informações cuidadosas a seu respeito. Mesmo que não chegue a ter grande conforto sei que fará minha filha feliz porque tem todas as qualidades para isso”. Se de um lado o êxito material é sinal de confiança própria, decisão, descortino, competência, de quem o conquistou, por outro prisma sabemos que a maioria das fortunas foi acumulada por meios ilícitos, sem lastro espiritual e, portanto, fadada ao desmoronamento e ruína moral. Por que, então, darmos tanto valor ao dinheiro, à posição, à aparência, esquecendo as legítimas conceituações de “elite” e de valor? Não se diz que a letra mata e o Espírito vivifica? Onde está a consideração à essência? Isso, no fundo, é materialismo crasso, é culto ao exterior, às vestes, à casca, que hoje é e amanhã apodrece debaixo da terra, roída pelos vermes. Que é da exortação de Cristo “acumulai riquezas no céu que são eternas e não na terra que o ladrão rouba, a ferrugem destrói e a traça rói”? Sabemos que o exterior é transitório porque vemos a ação da morte física todos os dias.

Dizemo-nos Cristãos. Então, por que essa ânsia de viver intensamente os prazeres do mundo se não nos trazem paz interior? E por que apoiarmos, inteiramente, nossas vidas num afeto para que ele caia juntamente com aquela ou aquele que é falível, que tem defeitos, que tem egoísmo também? Podemos exigir que nos deem felicidade e afetos perfeitos, quando não há perfeição entre os seres humanos? Não é razoável esperar que os outros falhem como nós? Quem se ilude é quem se desilude. O egoísmo, o apego, é que nos obscurece a razão em tudo. Quem avalia e reconhece as próprias limitações, compreende que elas existem nos outros também e não lhes exige a perfeição que lhes dá. Esse é o ponto inicial do bom relacionamento e da convivência harmoniosa. Quem tem afeto dá sem esperar retribuição. Dar com mira em retribuição é desvirtuar o afeto, condicionando-o ao egoísmo. Quem dá sempre recebe.

Finalmente, desapego do ponto de vista mental (por meio do nosso veículo Mente) é considerar que as ideias também são transitórias e valores a serem postos a juros. Se julgamos possuir a verdade, estamos mal. A verdade integral não está em nenhuma pessoa particular. Nossas ideias e conceitos do mundo, das pessoas e de nós próprios, são muito limitados e passíveis de muito aprimoramento. Se a ciência não tivesse disposta a sempre revisar seus princípios, estaria irremediavelmente estagnada. Só quem tem sua Mente fluídica, receptiva, sem apegar-se às próprias ideias, disposto a examinar tudo e escolher o melhor está em condições de evoluir mentalmente.

Tudo parte de dentro para fora e de nós para os outros. Aquele que conhece a si mesmo aprende a conhecer os semelhantes assuntos como a Deus, à cuja semelhança foi criado. Aquele que domina pode participar efetivamente de um trabalho de equipe. Todas as coisas do céu e da Terra estão dentro de nós também. Quando as conhecemos e as controlamos em nós podemos conhecê-las e compreendê-las nos outros e realmente ajudar a que também consigam os nossos resultados.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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Filosofia Rosacruz pelo Método Socrático: Terceiro Céu

Pergunta: Onde está localizado o Terceiro Céu?

Resposta: Situa-se nas três Regiões superiores do Mundo do Pensamento que é a Região do Pensamento Abstrato.

Pergunta: Quando entramos no Terceiro Céu, ainda estamos de posse de algum dos nossos Corpos ou da Mente?

Resposta: Não, somente com os Átomos-sementes deles.

Pergunta: Nós temos atividades no Terceiro Céu?

Resposta: Sim. Teremos uma vida bem ativa, contudo para usufruirmos de uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e esforço aqui a pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras, atos, obras e ações construtivos, superiores, elevados em espiritualidade.

Pergunta: Mas, se o Ego na sua vida anterior procurou focar somente em assuntos materiais?

Resposta: Aí, certamente, o Terceiro Céu será apenas um lugar de espera, onde permanece inconsciente – como no sono – até a oportunidade de um próximo nascimento físico.

Pergunta: Por que então, o Ego sente-se fortemente inclinado a buscar o renascimento?

Resposta: A vontade de renascer é porque no Terceiro Céu temos a consciência de que “o objetivo da vida aqui no Mundo Físico não é a busca da felicidade, mas sim, a aquisição de experiências”. E é essa certeza que alavanca a um novo renascimento.

Pergunta: O que alguns Egos trazem do Terceiro Céu?

Resposta: Aqueles Egos avançados, que conseguem obter uma visão mais clara de como realizar seus planos utópicos, como os filantropos, podem, com suas aspirações espirituais, receber novos impulsos; bem como os inventores podem também trazer suas ideias originais para implementar aqui e se manifestarem como gênios.

Pergunta: Quando empregamos nossa força de vontade para renascer, existem critérios para escolha da próxima existência?

Resposta: Sempre haverá, dependendo do nosso desempenho em vidas anteriores.

Pergunta: Podemos escolher um panorama para a próxima vida, em que possamos resolver todos os nossos problemas?

Resposta: Não será possível, pois os Anjos do Destino não irão permitir, por saber que não suportaríamos uma carga maior que a podemos carregar. Todo panorama precisa estar de acordo com o ajuste de contas amadurecidas para nossa liquidação. E por isso, precisamos ser orientados e acompanhados pelos Anjos do Destino.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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Um Exemplo de Sexto Sentido

Há pessoas dotadas de um estranho sexto sentido, pois tal sentido não é visto, nem ouvido, nem parece com nenhum dos demais sentidos do Corpo Denso que conhecemos. Essas pessoas podem saber o que se passa na Mente das demais e, às vezes, a milhares de quilômetros de distância. Indiscutivelmente, não há ser humano que não se sinta atraído por essas manifestações que revelam a presença de forças latentes, em desenvolvimento no ser humano. O ser mais insensível e materializado não crê e afirma que tudo isso não passa de truques, que só existe a razão como guia de conduta humana. Todavia, há outros mais acessíveis a essas manifestações que, pelo menos, as julgam possíveis.

Em nosso mundo ocidental, o mundo da razão e do número, esse poder pouco explicável cientificamente, tão conjectural e fantasioso, é negado muitas vezes e a priori. Mas, é negado pelas pessoas menos preparadas cientificamente e culturalmente. Aqueles possuidores de conhecimentos e com a Mente aberta às possibilidades do saber, que já leram algo de Filosofia Rosacruz, sabem que isso é apenas um prenúncio de muitos poderes que advirão à nós, à medida que a nossa capacidade moral para bem empregar esses poderes e a maior sensibilização dos nossos veículos forem despertando essas forças dentro de nós. Ademais, se poucos ainda no Ocidente têm tratado de desentranhar o ministério desse poder, no Oriente são muitos os que também já penetraram nas esferas e dimensões dessas forças. Vamos relatar aos leitores um dentre muitos fatos ocorridos acidentalmente, que revelam a veracidade do sexto sentido.

Sucedeu no ano de 1943, em um hospital da Holanda, em Haia. Haviam levado sumamente enfermo, um pintor de paredes, chamado Pieter Van der Urk. Esse homem de 32 anos de idade, de grande estatura e físico imponente, deu um passo em falso enquanto estava trabalhando sobre um andaime colocado a 12 metros de altura. Seu corpo, ao chocar-se contra o solo, feriu-se do lado esquerdo, sofreu um traumatismo craniano e seus companheiros de trabalho, vendo-o sangrando e inanimado, o deram como morto. Entretanto, ainda que seu caso fosse desesperador um médico, o doutor Peter, empenhou-se em salvá-lo e ainda que isso lhe tenha custado noites de angústia e dias febris viu seu esforço recompensado, pois numa manhã foi avisado que Pieter Van der Urk tinha aberto os olhos e pronunciado algumas palavras. Mas, passou-se algum tempo entre o despertar e o aviso ao médico e, enquanto isso, o pintor de paredes encontrou um mundo completamente desconhecido para ele. Não porque se achasse em um hospital: ele recordava algo sobre uma queda e era lógico que se encontrasse ali. Não se tratava disso. O mundo que se apresentava ante seus olhos era algo estranho e distinto de tudo quanto havia conhecido antes. Um estremecimento percorreu seu corpo. Estava verdadeiramente em um hospital e todas essas camas que o circundavam e as enfermeiras que passavam silenciosamente entre elas eram a prova. Mas, que era esse murmúrio confuso e constante que sentia em torno de si? Por que via, em cada uma dessas pessoas, por que só de olhá-las, só de senti-las perto, podia saber o que se passava no fundo de suas almas? Era como se cada uma delas lhe estivesse contando as histórias de suas vidas. Entretanto, os lábios delas não se moviam; quer dizer que não falavam! Mas, algumas delas estavam estiradas nas camas, olhando para o teto, como que metidos dentro de si mesmas. Entretanto, Pieter Van der Urk sabia o que estavam pensando. Fechou os olhos, mas continuava ouvindo; e tinha a impressão de que cada uma dessas pessoas lhe falava de suas penas, de seus problemas, de suas angústias e que cada uma delas queria que ele lhes respondesse e as aconselhasse.

Meu Deus! Que se passava? Encontrar-se-ia já no mundo dos mortos? Como era possível que visse sem olhar, que ouvisse palavras sem que ninguém as pronunciasse? Havia um homem ali, ao lado de sua cama, que nem sequer o olhava e que, entretanto, não sabia como lhe estava dizendo algo e que lhe rogava responder. E tudo isso sem sequer olhá-lo, deitado na cama, como que concentrado dentro de si mesmo. Mas, Pieter Van der Urk sabia perfeitamente o que o outro pensava e, sobretudo, sabia por que o outro estava sofrendo. E então não pôde deixar de dizer-lhe, de gritar-lhe, pois o que esse homem havia feito punha-o fora de si.

– Você sabe que está sofrendo por sua culpa! – gritou-lhe – Como foi capaz de vender, sem necessidade, o relógio que seu pai lhe deixou ao morrer? Esse relógio que seu pai havia guardado durante anos. E só há três meses de sua morte!

O outro se voltou rapidamente na cama e olhou para Pieter Van der Urk, com espanto misturado a um irrefutável temor. Como pôde esse homem ler em seus pensamentos mais profundos, mais escondidos?

Mas, Pieter Van der Urk também se atemorizou. Que se passava com ele? Como sabia o que esse homem estava pensando? Por que lhe havia falado dessa maneira? Como podia ler dentro do outro homem, como se estivesse diante de si um livro aberto? Involuntariamente as lágrimas começaram a brotar-lhe dos olhos. Sentia-se desamparado como um menino abandonado. Que havia se passado, meu Deus! Estava na verdade morto? Por que se via obrigado a falar com pessoas que nunca havia visto, de inteirar-se do que acontecia a essa gente?  Suas mãos retorciam debaixo dos lençóis. Depois tratava, em vão, de tapar os ouvidos, de fechar os olhos, porém tudo inutilmente, pois as vozes continuavam sendo ouvidas e já conhecia tudo o que pensavam e o que haviam passado esses homens que estavam ao seu redor.

Mas, passaria certo tempo antes que Pieter Van der Urk soubesse a razão do que estava acontecendo. Enquanto isso, devia resignar-se e aceitar essa terrível realidade que tanto o mortificava. Uma enfermeira, que o viu desassossegado, aproximou-se dele e tratou de acalmá-lo. Ajeitou-lhe os lençóis em torno do corpo, animou-o como poderia fazer uma mãe com seu filho e pediu-lhe que tratasse de dormir. Pieter Van der Urk lhe disse, entretanto:

– Tenha cuidado com a valise durante a viagem.

A enfermeira olhou-o estupefata.

– Essa viagem eu fiz na semana passada – respondeu-lhe com voz alterada – e é certo que quase perdi a valise. Mas, como você sabe disso?

Mas, o pobre Pieter Van der Urk não sabia o porquê desse saber. E isso era o que o deixava angustiado. Era como se alguém falasse por ele, como se ele tivesse deixado de ser quem era e se transformasse em outro.  Um outro que não precisava dos olhos para olhar, nem dos ouvidos para ouvir, nem das mãos para apalpar, nem nada do que até esse momento lhe havia sido imprescindível a fim de inteirar-se do que passava entre os vivos ou se havia descido ao mundo dos mortos.

Neste momento chegou o médico; a enfermeira lhe contou rapidamente o que havia se passado. O médico auscultou-o, observou a ferida e sua conclusão foi categórica: Pieter Van der Urk estava se curando de forma magnífica. Mas, o que havia passado no íntimo do doente? Isso não podia ser resolvido por esse médico; ele o que podia fazer era lhe dar alta, quando estivesse fisicamente bem e depois veriam o que significava essa transformação que havia ocorrido no modo de ser de Pieter Van der Urk. E assim foi. Pieter Van der Urk foi curando, pouco a pouco, e depois de certo tempo pôde sentar-se na cama e mais tarde dar alguns pequenos passeios pelo jardim do hospital. Mas, devido ao acidente que tinha sofrido, apesar de o corpo ter ficado cada dia mais forte, aquela coisa estranha que lhe acontecera a princípio, de poder ler o íntimo dos seres que o rodeavam, e que, por um momento, acreditou ser o resultado de sua debilidade, pelo sangue que havia perdido, seguiu seu curso. Ele continuava ouvindo vozes e inteirando-se do que sucedia na alma de cada um dos que estavam perto dele, no hospital. Ninguém poderia lhe guardar um segredo; ninguém podia pensar algo que jamais tivesse dito nem confiado a qualquer pessoa; Pieter Van der Urk sabia o que ele pensava, sabia o que esse homem ou mulher ia fazer ou havia feito. Já no hospital não se falava de outra coisa a não ser de Pieter Van der Urk, o feiticeiro; Peter, o vidente.

Por fim, Pieter Van der Urk ficou completamente bom e saiu do hospital. Teve, então, que se adaptar a um mundo ainda mais difícil, por ser grande e complicado. Durante o primeiro mês, viveu como um sonâmbulo. Vozes, vozes e vozes que o invadiam, que o inquiriam, que lhe rondavam a alma. Se se sentava à mesa de qualquer café, todos aqueles desconhecidos que se encontravam ao seu redor lhe contavam seus pensamentos. Já imaginaram como os contavam: sem falar uma só palavra, sem mirá-lo sequer. Quantas vezes uma enorme piedade o invadia pelo que ia pensando! Quantas vezes ele ficava vermelho de raiva ao saber as coisas desagradáveis que eram capazes de pensar e de querer fazer alguns seres humanos!

De noite não podia dormir. Como um permanente pesadelo perseguiam-no as coisas que havia ouvido durante o dia. Por fim, não pode mais; acreditou que acabaria louco. Alguém lhe recomendou um médico especializado em atender pessoas fisicamente sadias, mas espiritualmente ruins; que estivessem tristes ou deprimissem em estado de ânimo diferente do normal.Pieter Van der Urk pensou que realmente tinha a alma enferma, que algo de anormal havia dentro dele. Se continuasse assim, enlouqueceria. Foi procurar um psiquiatra.

Às primeiras palavras do Pieter Van der Urk, o médico ficou surpreendido. Embora estivesse acostumado a casos raros, o de Pieter Van der Urk lhe pareceu o mais extraordinário que havia visto em toda a sua carreira. Pieter Van der Urk começou por falar-lhe do paciente que o médico havia acabado de atender e que, momentos antes, havia deixado a consulta e a quem Pieter Van der Urk nem sequer havia visto! E mais: contou-lhe certas coisas sobre esse paciente que o médico não tinha conhecimento, coisas a respeito de seu caráter, sobre sua maneira de ser e de pensar, que muito ajudaram na cura do enfermo. Mas, o que, sobretudo Pieter Van der Urk interessava era saber o porquê de lhe haver acontecido essas coisas raras, porque é que ele tinha a capacidade de descrever a casa do médico sem conhecer, como o fazia naquele momento. Então, o médico disse a Pieter Van der Urk que ele já não voltaria a ser o que havia sido antes, mas isso não era motivo de desespero, ao contrário, a única coisa que devia fazer era ter consciência do que lhe passava e, seguramente, usar essa faculdade para ser útil ao próximo e à sociedade. Com palavras simples ele disse que não sendo mais que um pintor de parede, desconhecia muitas coisas que sucedem na vida e ensinam nos livros. E acrescentou-lhe:

-Você sabe, Pieter Van der Urk, que em geral o ser humano, para ver, tem que olhar. Para ouvir tem que haver um ruído, de qualquer espécie que seja, alto ou baixo, agradável ou desagradável; para sentir uma sensação de tato, temos que apalpar algo; para sentir o gosto de uma comida tem-se que a por na boca; para cheirar tem que haver algo que produza odor. Ademais, sabemos que enxergamos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, apalpamos com as pontas dos dedos, degustamos com a língua e cheiramos com o nariz. Quer dizer que temos um sistema especial formado pelos sentidos, por meio dos quais tomamos conhecimento do que se passa no mundo que nos rodeia. E os olhos, ouvidos, as pontas dos dedos, a língua e o nariz são os lugares em que estão situados esses sentidos. Pois bem: que se passa com você, amigo Pieter Van der Urk? – continuou dizendo o doutor. – Com você acontece que pode inteirar-se (note só que maravilha!), que pode se interessar, repetiu cada vez mais entusiasmado, por coisas que sucedem aos seus semelhantes, de coisas que ainda vão acontecer, sem necessidade de vê-las nem de ouvi-las, nem as sentir, nem nada. Imagine você, como isso pode ser útil para desmascarar um ladrão, ou para dizer a muita gente o que se passa no íntimo delas mesmas, porque você é capaz de saber o que se passa dentro delas, mais que elas mesmas.

Pieter Van der Urk continuava, entretanto, sem entender que lhe havia acontecido. Havia compreendido muito a respeito dos sentidos, mas, por que podia saber todas essas coisas como havia dito o médico, sem vê-las, nem as ouvir, nem senti-las, nem nada?

Então o médico continuou falando:

– O que se passa com você, Pieter Van der Urk, não é novidade. O que me admira muito é que possua essa capacidade em um grau tão intenso. Quer dizer que você tem um grande poder nesse sentido, maior do que tenho podido notar em outras pessoas. Algo maior que lhe falei dos sentidos que possuímos. O que sucede com você, Pieter Van der Urk, é que você possui, nesses momentos, uma espécie de “sexto sentido”, pelo qual pode inteirar-se de tantas coisas.

– Mas, o que é sexto sentido? – interrogou Pieter Van der Urk.

Aí está o problema, Pieter Van der Urk – respondeu o meditativo médico. Aí está o problema – voltou a repetir. Não se parece em nada com os sentidos que possuímos. Contudo, não sabemos, ainda, o que vem a ser; a única coisa que podemos afirmar é que existe, porque não é você o único que possui. Há muitas pessoas capazes de “saber” desse modo misterioso o que se passa na alma dos outros. Talvez seja uma espécie de onda de um magnetismo especial ou coisas semelhantes. Poderíamos compará-lo à telegrafia sem fio. Você compreende Pieter Van der Urk, antes de descobrirem a telegrafia sem fios, para não falarmos do rádio e da televisão, nem de outras invenções maravilhosas – quando uma pessoa falasse desses inventos, hoje tão familiares, causaria espanto ou passaria por louca. A mesma coisa sucede com as pessoas que possuem suas atuais faculdades. Passam por fantasistas. Talvez quando você sofreu esse acidente algo se comoveu, se transformou, dentro do seu corpo, e fez com que você fosse capaz de ter essa faculdade que agora possui. O que posso afirmar é que você não deve se assustar. Todos nós possuímos em graus variáveis essa capacidade que se inicia. Uma mãe tem pressentimento de que um filho seu está a perigo. Outra pessoa pressente um amigo ou parente que está à beira da morte. E se essa pessoa morrer e estiver a centenas de quilômetros de distância, mesmo que sem comunicação direta, haverá “avisos”. Como sucedem essas coisas? Até agora, para a ciência, são mistérios que ela busca decifrar. A única coisa que pode fazer é anotar esses fenômenos que surgem, até que um dia descubra as leis que os regem.

Agora Pieter Van der Urk ia compreendendo um pouco mais. Antes de seu acidente, esse tipo de fenômeno lhe havia acontecido, porém não lhe deu maior importância. A tanta gente acontecia o mesmo! Mas, agora compreendia que era diferente. Que podia fazer? Continuar por uns tempos nas mãos do médico, que de qualquer modo aconselharia. E, sobretudo, tratar de usar esse dom que possuía para ajudar seus semelhantes.

Por isso Pieter Van der Urk deixou de ser pintor de paredes. Já todo mundo o conhece como o Doutor Hurkos e, segundo a imprensa do mundo inteiro tem sido muito útil para desmascarar crimes e roubos.

Um dos mais famosos, o roubo da pedra da coroação, foi, segundo a imprensa mundial, resolvido com a ajuda do Doutor Hurkos. E, ultimamente, em uma das revistas francesas mais importantes aparecia a colaboração de Pieter Van der Urk na resolução de um crime espantoso: o bárbaro assassinato de uma menina de oito anos.

Anos atrás a ciência oficial talvez se tivesse depreciada ou talvez se tivesse desinteressada desse tipo de fenômenos, alegando tratar-se somente de charlatanices. Na Idade Média, Pieter Van der Urk teria sido queimado como feiticeiro.

Hoje em dia sabemos que o sucedido a Pieter Van der Urk não era um fato tão fora do comum e que, algum dia, a ciência fará novas conquistas na elucidação desses problemas.

O que sucedeu com Pieter Van der Urk, sob a luz dos Ensinamentos Rosacruzes, foi uma alteração da Glândula Pineal que afetou o centro sensório a ela ligado, precipitando a faculdade antes possuída em menor grau. A Glândula Pineal, ou epífise, é o centro relacionado com a nossa Mente, com o intelecto e com a visão. Mais detalhes sobre isso você encontra nos textos abaixo.

Um dos principais cuidados que a Fraternidade Rosacruz tem é instruir os Estudantes Rosacruzes sobre a diferença existente entre Clarividência voluntária ou positiva e os sintomas psiquiátricos que compõem quadros de alguns transtornos mentais.

Por exemplo, a descrição de sintomas como ouvir vozes, invasão descontrolada de pensamentos alheios na consciência, percepção de que os outros estão lhe contando seus pensamentos, são também conhecidos, em psiquiatria, como alucinações auditivas, percepções delirantes, interpretação falsa de percepções ou experiências e fornecer significado especial a algum evento corriqueiro. Tais fenômenos, se permanecerem por muitos dias e tornarem-se central na vida da pessoa, a ponto de atrapalhar suas atividades rotineiras (trabalho, relações com família, social e lazer), são considerados patológicos e devem ser tratados. Isso é muito importante! Além disso, essa ocorrência pode ser um indicativo do início de um quadro de esquizofrenia, já que esses sintomas foram considerados, por Kurt Schenider, como de sintomas de primeira ordem para seu diagnóstico.

Interessante também é checarmos o relato do Doutor Hurkos a respeito de suas próprias habilidades: “Eu vejo desenhos em minha Mente como uma tela de televisão. Quando eu toco em alguma coisa, eu então posso dizer o que vejo”. Relatos e documentos da antiguidade sugerem que Hipócrates (460-377 A.C.), considerado o médico mais importante da antiguidade e Pai da Medicina, já havia descrito sobre uma patologia, da qual pessoas acometidas tinham visões de imagens que ocorriam como em sonhos. A esses sinais, somados a discursos desorganizados e comportamentos agitados, deu o nome de hebetude (hoje conhecemos a esquizofrenia do tipo hebefrênica). Areteo da Capadócia (135-200 D.C.) também descreveu a respeito de indivíduos jovens que acreditavam serem filósofos, gênios, poetas ou entidades divinas, dando os primeiros registros sobre delírios. A própria alteração de nome para Doutor Hurkos, se tiver sido sugerido por ele mesmo, sugere um quadro delirante. Em outras palavras, os fenômenos que ocorreram com Pieter Van der Urk estão bem caracterizados como sintomas psicóticos induzidos pelo trauma encefálico que sofreu.

No entanto, é preciso saber diferenciar os fenômenos ocorridos com o Doutor Hurkos com sintomas psicóticos e esquizofrenia. Faremos tal diferenciação tanto do ponto de vista material quanto do espiritual.

Primeiramente, a maior parte dos quadros de esquizofrenia (senão todos) apresenta não apenas distorções do pensamento e da percepção, como também alterações de afetos e prejuízos de funcionalidade. Normalmente, após os episódios agudos de sintomas, a capacidade de atender às exigências da vida fica comprometida e o indivíduo raramente retoma o nível anterior de funcionalidade. Obviamente que muitas terapias (medicamentosa, psicossociais e cognitivas) em conjunto, podem reestabelecer muitos aspectos da vida do paciente, mas muitas dificuldades normalmente permanecem.

Aparentemente, o Doutor Hurkos não apresentava problemas de funcionalidade. Obviamente, houve um dado momento em que sua vida ficou comprometida, mas esse comprometimento era secundário à inabilidade em lidar com sua nova faculdade e isso gerou muito estresse, afetando consideravelmente seu humor e relações. Mas, tão logo recebeu alguma orientação sobre o que lhe estava acontecendo, permaneceu mais calmo e tentou adaptar-se a essa habilidade. Na esquizofrenia, os comprometimentos cognitivos e emocionais, muitas vezes, dificultam enormemente a adesão a novas formas de vida e adaptação de comportamento. Além disso, o Doutor Hurkos não apresentava discursos e pensamentos desorganizados. Muito menos comportamentos bizarros.

Outro indício de que os fenômenos do Doutor poderiam ser reais foram os apelidos dado a ele enquanto estava no hospital: Pieter, o feiticeiro, Pieter, o vidente. Caso suas previsões fossem psicoses francas ou alterações de Personalidade, provavelmente ele seria apelidado de Pieter, o louco; Pieter, o lunático. Afinal, a enfermeira, os pacientes internados e médico psiquiatra não confirmariam a veracidade de suas visões, mas relatariam um quadro típico de confusão mental, após acidente encefálico.

Outros dados interessantes provêm dos experimentos do médico e pesquisador Puharich, que realizou uma série de ensaios laboratoriais controlados sobre as habilidades de Pieter Hurkos. Os resultados demonstraram que as visões internas de Hurkos tinham precisão de aproximadamente 90 por cento. O Dr. Puharich enfatizou: “Estou convencido de que Pieter Hurkos é o maior de todos que já testei como um vidente”.

Vemos, pois, que a veracidade de suas visões, somadas a maior capacidade de adequação comportamental frente a novas demandas, diferenciam os fenômenos do Doutor Hurkos dos sintomas psicóticos e do potencial de aprendizado deficitário comum da esquizofrenia, que normalmente é decorrente de prejuízos cognitivos.

Como já mencionado, os prejuízos do Doutor Hurkos foram secundários ao seu despreparo em relação a um novo sentido. Do ponto de vista oculto, ele teve a oportunidade de despertar essa faculdade a partir de uma alteração na Glândula Pineal, ligada à Mente, o que se tivesse ocorrido a partir do plexo celíaco (também conhecido como plexo solar), provavelmente, teria se tornado um escravo ainda maior dessa função, uma vez que o plexo celíaco está ligado ao desenvolvimento negativo e descontrolado da percepção oculta do ser humano. Isso normalmente ocorre com os Clarividentes involuntários.

O despreparo do Doutor Hurkos, que gerou tanto sofrimento, estava relacionado à sua total ignorância dos Mundos internos e das leis que os regem. Condições essas fornecidas pela Filosofia Rosacruz. Também ao desabrochar acidental de seus órgãos de percepção interna, o que não acontece com as pessoas que seguem voluntariamente e fielmente os Exercícios Esotéricos Rosacruzes dados e tratam de viver uma vida de retenção da força sexual criadora junto à prática constante de servir amorosa e desinteressadamente ao irmão e à irmã que estão ao seu lado, desconsiderando totalmente os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta em cada um de nós.

Outro perigoso fator na história do Doutor Hurkos foi o desabrochar de faculdades como aquela relatada acima, antes da reforma moral necessária, pois uma pessoa sem o Cristo Interno nascido e cultivado dentro dela, a priori, corre o risco de realizar muitos trabalhos egoístas, tornando-se uma ameaça para a sociedade. Mas esse não foi o caso dele, graças à Deus!

Por fim, a inabilidade do Doutor Hurkos em lidar com as imoralidades das pessoas em que tocava, constituía grande fonte de estresse. As verdadeiras Escolas de Mistérios Ocidentais, como a Fraternidade Rosacruz, têm como único Mestre o Cristo (o único Ideal de todo verdadeiro Estudante Rosacruz), que é o Senhor do Amor. Sua Sabedoria está fortemente relacionada ao serviço amoroso e desinteressado ao irmão e à irmã que estão ao nosso lado, desconsiderando totalmente os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta em cada um de nós e à Doutrina do Perdão dos Pecados. Somente aqueles que permanecem neutros (sem projeções) e com a prática do Perdão dos Pecados de todas as coisas que entram em contato são capazes de permanecer equilibrados, quando desabrocham uma faculdade tão intensa como a do Doutor Hurkos[1]. Essa neutralidade de julgamento é uma condição já no grau de Discipulado do Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

(Publicado Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1965-Fraternidade Rosacruz-SP com acréscimos dos irmãos e das irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.R.: Pieter van der Hurk (21/5/1911-1/6/1988) conhecido como Peter Hurkos, ou Dr. Hurkos, foi um holandês que afirmou ter manifestado percepção extrassensorial após se recuperar de um ferimento na cabeça e coma causado por uma queda de uma escada aos 30 anos de idade. Ele veio para os Estados Unidos em 1956 para experimentos psíquicos, tornando-se mais tarde um vidente profissional que buscava pistas nos assassinatos da Família Manson e no caso do Estrangulador de Boston. Com a ajuda do empresário Henry Belk e do parapsicólogo Andrija Puharich, Hurkos se tornou um artista popular conhecido por realizar feitos psíquicos diante de audiências ao vivo e na televisão.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Não Morra pela Boca: é mais comum do que você imagina

Os assuntos sobre alimentação e saúde tem tão grande importância em nossa evolução que nunca relegamos a plano secundário tais assuntos tão correlatos. Perceba que até propomos algumas receitas vegetarianas, no intuito de colaborar com os Estudantes Rosacruzes, por certo, sequiosos de ampliar seu receituário naturista.

Assim, vejamos mais detalhes sobre a importância da alimentação em nosso esforço para bem evoluir, especialmente quando estamos aqui renascidos. O Estudante Rosacruz deve encarar esse problema com muita seriedade. Afinal, um trabalho de Treinamento Esotérico depende também da manutenção das boas condições do nosso Corpo Denso. Esse esforço repercute na sensibilização dos nossos outros veículos: Corpo Vital, Corpo de Desejos, Mente, Espírito Humano, Espírito de Vida e Espírito Divino, pois como aprendemos nos Ensinamentos Rosacruzes: um trabalho sobre um determinado veículo repercute (para melhorar ou piorar) todos os outros veículos!

A sabedoria popular afirma que “o ser humano morre pela boca”. E é verdade. Constituições físicas vigorosas, às vezes, são debilitadas por dietas inadequadas e empíricas constituídas de substâncias tóxicas e/ou desprovidas de elementos nutrientes.

O vegetarianismo ainda é novidade para muita gente, por incrível que pareça. Muitas pessoas até vão a restaurantes vegetarianos simplesmente para “ver como é que é”. Para alguns o vegetarianismo é até sinônimo de exotismo. Felizmente, muitos se surpreendem quando dão uma olhada no cardápio: encontram uma gama imensa de pratos deliciosos (com os mais diversos ingredientes que vão de verduras, legumes, sementes, cereais, ovo, leite, mel, frutas, raízes, pranks e afins. Até empolgam-se com a variedade de quitutes à base de soja e outros cereais! Muitos ignoram o emprego tão diversificado desse saudável alimento vegetal ou produto do trabalho amoroso dos nossos irmãos menores, os animais (ovos, leite, mel). Ficam surpresos ao verem tantas verduras, legumes e frutas que nem sabem bem o nome, pois, para muitos, ainda rege a piada sem graça: “mas o que vocês comem? Capim?”.

Graças à Deus, atualmente, estamos ouvindo relatos de grata surpresa partindo de pessoas habituadas à uma dieta à base de carne animal (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), desvinculadas de qualquer movimento espiritualista. Isso deve nos deixar muito satisfeitos.

Lembremo-nos Sempre que surgir uma oportunidade podemos fazer a apologia da dieta vegetariana, porém, de uma forma discreta e simpática. Por certo, não contaremos com a adesão de todo mundo. Mas alguém ouvirá com interesse e talvez se disponha a fazer uma experiência. Vale a pena lançar uma sementezinha.

(Publicada na ‘Revista Rosacruz’ em fevereiro/1979-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Estamos trabalhando com a Lei de Consequência ou tentando ignorá-la?

Os Anjos do Destino dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para seu desenvolvimento.”

(Ritual do Serviço Devocional – Serviço do Templo da Fraternidade Rosacruz)

Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”.

(IICor 5:10)

A compreensão das Leis justas e imutáveis que regem nossas vidas constitui um dos primeiros passos para realização espiritual. Somente aqueles que conseguem ir além da teoria e encaram a vida como uma experiência científica, governada por essas Leis, podem caminhar na senda da preparação para, depois, começar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Estes não mais duvidam que todas as ações sempre gerarão resultados e, desse modo, se souberem direcionar seus atos, colherão frutos valorosos para seu desenvolvimento.

Mas é evidente que novas práticas baseadas na aplicação de um novo ensinamento dependem do quanto um Estudante Rosacruz compreendeu e sentiu da verdade contida no mesmo. Além disso, pré-conceitos incontroláveis e despercebidos pelo Estudante Rosacruz (de seu “eu inferior”) contribuem para que não haja pleno acesso ao real significado de um novo ensinamento.

Vamos ver os aspectos importantes relacionados à Lei de Consequência, de como podemos trabalhar com a mesma e de alguns desses aspectos não percebidos que funcionam como bloqueadores do caminho da realização espiritual.

Sempre que ocorrer uma ação de desequilíbrio na natureza, a Lei de Consequência necessariamente, produzirá uma reação futura que objetiva reestabelecer o equilíbrio natural das coisas. É exatamente essa homeostase (essa propriedade que vemos em todo sistema aberto que possibilitam a seres vivos, especialmente, de regular o seu ambiente interno para manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico controlados por mecanismos de regulação inter-relacionados) universal que fundamenta o destino de cada ser humano e determina seu atual estado biológico, psicológico, emocional, mental, econômico, educacional, laboral, ambiental e de relações em geral (sua Teia do Destino). O estudo da Lei de Consequência nos mostra que não há espaço para a infantil ideia sobre “graça ou desgraça” na vida, distribuídos gratuitamente pelo Plano Divino, mas sim, resultado de ações passadas que determinam as condições presentes e ações presentes que determinarão o futuro.

A força que busca harmonizar a natureza é manifestada em nossas vidas como: positiva ou credora (exe.: dar e receber) e como negativa ou devedora (exe.: pecado e doença). A condição presente de evolução do ser humano revela que a maior parte de suas ações ainda está presa às forças do seu “eu inferior” (composto pelo seu veículo Mente que está atrelada à parte inferior do Corpo de Desejos). Assim, poucos são os trabalhos realizados diretamente pela vontade do Ego, os quais deveriam ser à base de todas as suas ações. Essa condição faz com que colecione muito mais dívidas do que créditos.

A menos que aprendamos a não mais gerar desequilíbrios negativos e assumamos a responsabilidade das ações desarmônicas do passado, jamais ficaremos livres dos efeitos de cativeiro da Lei de Consequência. Parar de gerar esses desequilíbrios significa decidirmos entrar de vez no processo de autoconhecimento das ciladas da Personalidade (“eu inferior”) e, haja o que houver, encontrar meios de cada vez mais concretizar a vontade do Ego.

A compreensão gradativa sobre os efeitos da Lei de Consequência permite ao Estudante Rosacruz tomar consciência do emaranhado de linhas que limitam suas ações presentes. Neste ponto, despertará a possibilidade de sofrer uma tentação básica que é importante ao seu desenvolvimento espiritual, que normalmente, produz dois tipos de reações: a de acreditar estar sendo vítima de forças que o limitam injustamente; ou de incorporar em si a atitude de que os efeitos limitantes atuais são frutos das desarmonias geradas no passado. A primeira atitude o leva a tomar a decisão dissimulada de fuga, o que contribui para que seu desenvolvimento consciente, que visa a um determinado fim manifestada por intenção e decisão, praticamente cesse. Já a segunda atitude, possibilitará ao Estudante Rosacruz assumir a responsabilidade de viver suas limitações justas e poderá garantir o surgimento de novas situações futuras harmônicas ou em sintonia com a natureza.

Como nos advertiu Max Heindel: “Apesar de procurarmos a luz sob o estudo das Leis que regem nossas vidas, não devemos ter a ideia equivocada de que tudo que nos acontece é a consequência de alguma causa ou ação passada, geralmente numa existência prévia. Além do destino trazido por nós de outras vidas para redimi-lo nesta existência, estamos todos os dias exercendo uma influência causal com nossos atos. (…) Não obstante, nas ações há uma larga margem de livre-arbítrio, que dá lugar ao exercício da Epigênese (ação original), a divina atividade criadora que a base da evolução.” (veja mais detalhes na Carta nº 84 do Livro “Carta aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz). 

Sabemos que as provas não têm o papel único de ajustar os desequilíbrios que geramos no passado, mas também são importantes para que ocorra o desenvolvimento da moral e da força interior espiritual, assim também como o exercício físico e o trabalho desenvolvem a saúde, os músculos e a força do Corpo Denso. O problema é que a maior parte das pessoas se acovarda neste ponto crucial no caminho inicial da santidade.

Esquecendo do funcionamento da Lei de Consequência e respondendo ao seu eu inferior, o Estudante Rosacruz pode exortar as mesmas palavras e sentimentos que a mulher de Jó teve quando viu que seu marido sem nada e acometido por grande enfermidade: “Ainda reténs a tua sinceridade (na Lei de Deus)? Amaldiçoa a Deus, e morre” (Jó 2:9). No entanto, aquele que de fato compreendeu o significado da Lei de Consequência, não responderá a esse impulso expressado pela esposa de Jó, mas firmemente exortará: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR” (Jó 1:21).

Outro maravilhoso exemplo de como devemos encarar nossas responsabilidades com a Lei de Consequência, sem cairmos na armadilha da fraqueza da carne, é nos fornecido por S. Paulo (na Segunda Epístola aos Coríntios, 6:4-10): “Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo”.

No final de cada vida, uma grande ajuda nos é dada para evitarmos gerar desequilíbrios negativos futuros e vivermos como ministros de Deus. Como é sabido, atualmente somos o produto final no melhor que conseguimos alcançar na realização espiritual. Todos os erros cometidos foram expurgados em cada vida purgatorial passada. Assim, em cada morte, dissipamos todo o mal que causamos pertencente àquela vida. Mas tal processo de dissipação é extremamente doloroso. O resultado deste doloroso processo será uma presente emoção de repulsão, bem como um discernimento incorporado no Ego, que servirá de guia no futuro quando ele entrar em contato com uma determinada ideia, situação, pensamento ou objeto. Esse guia o acompanhará para todo o sempre em sua Memória Supraconsciente, revelando para ele se aquilo que contatou é ruim ou bom.

Entretanto, é importante compreendermos que a mencionada consciência constitui uma preciosa dádiva divina, pois o Ego jamais foi capaz de adquirir essa consciência por esforço próprio. Ele não expressou ações retas sobre determinado assunto que costumava tentá-lo em prévios renascimentos (única maneira de poderes latentes se tornarem dinâmicos). Em outras palavras, ele desenvolveu sua consciência moral pela purgação nos planos internos. Assim, ele deverá ser tentado a cometer os mesmos erros do passado, MAS com a dádiva gratuita de estar armado moralmente para superar suas provas. Cabe a cada um identificar essa dádiva e utilizar seus talentos para ouvir a voz silenciosa da consciência que impulsiona em nossos corações.

A vantagem de conhecermos uma escola de pensamento de Filosofia Cristã ocidental, como a Fraternidade Rosacruz, é que é fornecido ao Estudante Rosacruz ferramentas para que possa produzir e reforçar ainda mais a mencionada consciência moral durante a vida objetiva, antes da chegada da morte e do Purgatório. Isso é feito pelo Exercício Esotérico Rosacruz de Retrospecção (Veja mais detalhes no livro Conceito Rosacruz do Cosmos).

Os Anjos do Destino trabalham diretamente com a Lei de Consequência. Em cada novo renascimento, os arquivos registrados em cada Átomo-semente são lidos por aqueles Seres que cuidam para estabelecer as condições e o momento adequado para que o Ego renasça aqui, na Terra, com exatamente o que necessita para seu desenvolvimento. Estes mesmos exaltados seres também forneceram a Bíblia ao Mundo Ocidental e sabemos que ao procurarmos a Luz, encontraremos na Bíblia. Conforme já ilustrado em dois exemplos acima (Jó e S. Paulo), a compreensão dos conteúdos da Bíblia constitui o bálsamo que nos indica como suportar os efeitos do mal praticado no passado, sem gerar mais desequilíbrios para o futuro. Nada na natureza é maléfico ou vingativo. Assim, há muitas maneiras da harmonia ser estabelecida, sem que para isso tenhamos que pagar do pior modo possível as nossas faltas.

Mas para modificarmos o curso natural de pagamento de dívidas passadas, é preciso muito esforço de prática da doutrina do arrependimento e perdão dos pecados, fornecida no ministério de Cristo. Esse é um grande conforto e um precioso convite para trabalharmos no sentido de compreendermos a Luz que está na Bíblia e, pela expressão na vida diária dessa luz, tornar possível disparar novas reações benéficas na natureza para modificação nossa condição de devedores.

Ao aprendermos o mecanismo de como a Lei de Consequência opera, raramente iniciamos uma vida pura e de altruísmo. Mas mudamos nossas vidas pelo medo de gerar novos pecados, sofrimentos, limitações e corpo de morte. Aqueles que já percorrem o Caminho da Preparação para a Iniciação Rosacruz sabem que tal atitude está longe de ser uma consagração de uma vida altruísta que garante o disparo das forças benéficas da Lei de Consequência. Isso porque os pré-conceitos não conscientes estão fundamentados na forte tendência de egoísmo, de medo e de astúcia que direcionam ou determinam nossa capacidade de praticar esses ensinamentos.

O que de fato a Lei de Consequência computa é o resultado das ações que são os produtos da guerra entre as forças espiritual (vontade do “eu superior”) e corporal (vontade do “eu inferior”) e a classificação moral e pessoal de todas as ações resultantes dessa guerra. Pois é esse extrato dos acontecimentos que formam a voz interior ou poderes anímicos que as pessoas acumulam em cada vida. Esse é o motivo pelo qual devemos, durante o Exercício Esotérico Rosacruz de Retrospecção, examinar se transmitimos o real significado daquilo que tentamos transmitir (seja em palavras ou ações) para nossos ouvintes-observadores. Quanto mais próxima for à ação da intenção (vontade do Ego) da ação, mais congruentes e usufruidores da Lei de Consequência seremos.

O Estudante Rosacruz deve redobrar sua observação para com suas tendências enviesadas, pois uma atitude aparentemente santa pode ter uma base fortemente egoísta, e essa sutileza é pouco percebida pela maior parte das pessoas. Por exemplo, o sentimento de alívio quando se deixa de pecar ou cometer erros pode ser fruto de um egoísmo disfarçado de bondade. O aparente auxílio alheio também pode estar fundamentado na vontade de escapar da própria consciência que nos “aponta um dedo invisível” caso não o façamos. No fundo, essas ações não estavam direcionadas para o próximo, mas para nós mesmos, que não desejamos sofrer o fogo quente da consciência que queima sem a presença de chamas. A garantia de um futuro glorioso não pode ser fruto de ações justificadas, mas de uma vida de consagração. O jovem rico, na Parábola que lemos na Bíblia, que se aproximou de Cristo Jesus lhe mostrou que guardava todos os mandamentos. Mas quando o Mestre o convidou para consagrar sua vida, deixando toda sua fortuna, não foi capaz de fazê-lo.

A Fraternidade Rosacruz que é uma Escola Cristã da Sabedoria Ocidental também promulga a Epigênese, que é exatamente a capacidade que todo ser humano possui de responder de modo original às situações presentes, determinadas no passado pela Lei de Consequência. Jó, quando perdeu tudo o que tinha, quando sua honra desvaneceu e grave enfermidade acometeu sua carne, foi capaz de dar uma resposta NOVA que lhe garantiu a salvação. Já sua esposa, respondeu como a maioria das pessoas normalmente responderia, amaldiçoando a Deus e implorando para que Jó morresse.

O estudo da Lei de Consequência pode gerar a ideia equivocada de que estamos presos às ações negativas do passado. Apesar de sua influência, devemos enfatizar a realidade da Epigênese. Se nos esforçarmos inteligentemente em considerar os problemas da vida, aprendendo pela observação das ações dos que nos rodeiam assim como as nossas próprias experiências, encontraremos oportunidades para exercer iniciativas que se abrem ante nós, como nunca poderíamos julgar possível se considerarmos apenas a Lei de Consequência. Esse é o modo pelo qual o Estudante Rosacruz que venceu o teste acima mencionado passa a viver cotidianamente.

Tenhamos sempre em mente a larga margem de livre arbítrio mencionado por Max Heindel, a fidelidade de Jó, os ensinamentos vivos contidos nas Epístolas de S. Paulo aos Coríntios e a voz silenciosa que nos dita qual caminho devemos seguir frente a uma situação, para que possamos por em movimento novas causas que garantirão destinos futuros mais santos e propícios para a união com nosso Cristo Interno, o Casamento Místico.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Três Fatores fundamentais para se alcançar a Cura pelo Método Rosacruz

“Os três fatores são: 1) o Poder infinito curador que vem do nosso Deus Pai (o Poder de Cura do Pai), que está nos Céus; 2) o Curador, uma pessoa renascida aqui, como instrumento do Pai; 3) o Paciente com uma Mente fervorosa e confiante que, desse modo, pode usar o Poder Curador do Pai, por meio do Curador, com o objetivo de eliminar a doença ou a enfermidade que o aflige”.

Max Heindel

Se o leitor quiser comprovar o extraordinário efeito de uma verdade pela autossugestão, que experimente repetir fervorosamente esta frase: “Todo o Universo, e principalmente eu, está impregnado pelo Poder Curador do Pai, sempre acessível para a cura de todas as enfermidades e doenças, seja qual for a sua natureza”. Logo, uma calma indizível e um efeito harmonizador nos envolvem, após a repetição dessa profunda verdade, se o fizermos com fé, compreensão e receptividade.

Realmente, “em Deus nós vivemos, nós nos movemos e temos o nosso ser” (At 17:28). Quanto mais nos tornamos conscientes da proximidade desse Poder de Cura do Pai, sempre benéfico e presente, tanto mais aptos estaremos para receber e observar seus efeitos em nossa vida.

O Curador é o foco, o veículo por meio do qual o Poder Curador do Pai se manifesta e é comunicado ao Corpo Vital do irmão ou da irmã enfermo (a) ou doente. Se o Curador for um instrumento apropriado, consagrado, harmonioso e realmente sintonizado com o infinito, não haverá limites para o trabalho maravilhoso do Pai, que se processará por meio dele. Na Fraternidade Rosacruz, o Curador é um irmão ou irmã que chegou, no mínimo, ao grau de Probacionista (nem todo Probacionista é um Curador. O fato de estar no grau do Probacionismo o qualifica para tal, mas não o faz Curador automaticamente). O trabalho de Cura Rosacruz não se efetua pessoalmente; todo trabalho é executado na Região Etérica do Mundo Físico, e à noite, fora do Corpo Denso (tanto o Curador como o Paciente). Esse trabalho de Cura Rosacruz exige certa orientação e grande preparo. Em primeiro lugar, é necessário amor incondicional, desejo de ajudar, de servir amorosa e desinteressadamente, de aliviar os sofrimentos e as dores.

Complementando essa atividade noturna, há as atividades diurnas com participação ativa do Paciente com o irmão ou a irmã enfermo ou doente ( e isso depende da sua própria vontade, pois a liberdade é sagrada e é preciso que ele ou ela deseje ajuda para que o trabalho se realize bem) quando se inscreve no Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o tenha. Periodicamente é lhe passada orientações para que compreenda que a doença ou a enfermidade, pela qual está passando, é a manifestação da ignorância sobre as Leis que regem o Universo (as Leis de Deus), cuja transgressão traz, como consequência, o sofrimento e a dor. Também lhe é solicitado que oficie os Rituais do Serviço Devocional do Templo e de Cura (nas datas específicas) a fim de ele consiga criar uma egrégora no lugar que vive, o que garante um aumento das vibrações espirituais que muito beneficiará a ele e aos que vivem nesse lugar. Essa prática, também, promove a oportunidade para o Paciente também ajudar, porque sempre haverá irmãos ou irmãs que sofrem muito mais do que ele. A ajuda dele ocorre justamente nos momentos de concentração (ponto alto dos Rituais) diariamente, onde ele cria e transmite seus pensamentos, seus desejos e sentimentos de que a cura se processe para quem dela precisar, impessoal, desinteressada e amorosamente – todo material é enviado pelo Centro e, logicamente, tudo grátis. Desse modo, a Cura Rosacruz vai sendo preparada, mostrando a natureza espiritual do processo e tendo a cooperação do irmão ou da irmã enfermo ou doente que, ao mesmo tempo que vai alcançando a Cura, ajuda a promover a Cura para os outros que necessitam por meio da oficiação daqueles Rituais.

Aliás, o papel do irmão ou a irmã enfermo ou doente deve ser de uma pessoa que tenha uma “Mente adequadamente receptiva e obediente”, ou seja, deve ter fé tal como a anunciada por Cristo quando, ao curar, propunha uma condição: “sejam feita as coisas de acordo com a TUA fé”. Realmente, as dúvidas e descrenças obstruem a Força Curadora do Pai. É preciso que o irmão ou a irmã enfermo ou doente rompa os bloqueios de seu pessimismo, sua indiferença, descrença e outros fatores, como o medo, a impaciência, o desespero, etc. que lhe formam uma couraça na aura e impedem qualquer ajuda de fora. Entender a lógica do processo de Cura Rosacruz, baseado profundamente no Cristianismo Esotérico, ajuda ao irmão ou a irmã enfermo ou doente se predispor a abrir a sua Mente e acolher a ajuda que lhe está sendo oferecida, pronto a obedecer a perseverar o tempo que for necessário.

O tempo para o alcance da cura depende de pessoa para pessoa. Há vários pontos a serem considerados, mas um é vital: “o ensino só é suspenso quando a lição é aprendida”. E quem sabe se aprendeu a lição ou não é somente o irmão ou a irmã enfermo ou doente. A sua sinceridade, paciência e persistência indicam a quantidade de tempo necessário. Enquanto isso e enquanto estiver participando do processo de Cura Rosacruz – que ele informa por meio da assinatura semanal, com caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim -, o Poder Curador do Pai e o Curador continuarão agindo, paciente e persistentemente, amorosa e desinteressadamente.

Durante o processo o irmão ou a irmã enfermo ou doente vai se imbuindo da necessidade de fazer uma reforma em sua vida, quer mudando a alimentação, para um regime equilibrado ao seu dia a dia; quer na parte moral e mental, buscando vigiar seus impulsos, evitando os maus sentimentos, desejos, emoções e pensamentos negativos, buscando apenas o bem em todas as coisas. Convidamo-lo (a) a estudar as Leis de Deus, às quais deve conformar sua vida, mostrando que tais Leis governam o Universo e ao nos sintonizar a elas, não só alcançaremos a saúde como nos manteremos sãos em todo o sentido, nessa e em futuras vidas.

A Fraternidade Rosacruz é muito discreta em tudo, em consonância com os Evangelhos (“não saiba a mão direita o que a esquerda fez” (Mt 6:3)), mas podemos afirmar que muitas curas já tem sido alcançadas, das quais não nos orgulhamos em absoluto, porque não somos nós que as realizamos, senão Deus Pai.

Se quiser mais informações é só acessar aqui: https://fraternidaderosacruz.com/como-funciona-e-como-solicitar-auxilio/

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1965-Fraternidade Rosacruz-São Paulo)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Razões para Adoção de uma Dieta Vegetariana

A maior parte das pessoas pensam que uma refeição sem carne animal (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins) está incompleta, pois, desde tempos imemoráveis, considera-se axiomático ser a carne animal o alimento mais revigorante que possuímos. Todos os outros alimentos são considerados como simples acessórios de um ou mais pratos de carne animal no cardápio. Nada é mais errado, porque a ciência demonstrou experimentalmente, que a nutrição obtida dos vegetais tem maior poder alimentício, e a razão não é difícil de ver quando observamos o assunto do ponto de vista oculto.

A Lei da Assimilação nos ensina que que nenhuma partícula do alimento pode vir a formar parte do nosso Corpo Denso, a menos que suas forças tenham sido absorvidas por nós, o Ego – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui -, porque devemos ser o regente absoluto e incontestável do nosso Corpo Denso, dominando a vida das células, como um perfeito autocrata, pois, do contrário, cada uma delas seria independente, como ocorre quando abandonamos o nosso Corpo Denso por ocasião da nossa morte aqui.

É evidente que quanto mais próximo do nível de inconsciência seja a consciência de uma célula, tanto mais fácil é se sobrepor a ela e tanto mais tempo permanecerá sujeita. Os diferentes Reinos de Vida (Mineral, Vegetal e Animal) têm distintos veículos e, por conseguinte, níveis de consciências diferente[1]. O Reino Mineral só tem o Corpo Denso e sua consciência é semelhante à do transe profundo. Por isso é mais fácil assimilar os alimentos do Reino Mineral, porque suas células permaneceriam no nosso Corpo Denso por mais tempo, evitando a necessidade de comer frequentemente. Mas, infelizmente, o nosso organismo humano vibra com uma intensidade tão superior que não pode assimilar diretamente as inertes substâncias minerais. O sal e outras substâncias semelhantes saem logo do nosso organismo sem ser assimilados. O ar está cheio de nitrogênio de que necessitamos para reparar os desgastes e o aspiramos continuamente no nosso organismo, mas não podemos assimilá-lo, nem a nenhum outro mineral, enquanto não for primeiramente transmutado no laboratório da Natureza por intermédio dos vegetais. Os vegetais (ou as plantas) têm um Corpo Denso e um Corpo Vital, o que lhes permite realizar este trabalho, sendo sua consciência como sono profundo, sem sonhos. Desta maneira é fácil para nós absorver as células vegetais e conservá-las por longo tempo; daí o grande poder alimentício dos vegetais!

Nos alimentos baseados em carnes animais (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), as células se individualizaram mais e como o animal tem, além do Corpo Denso e do Corpo Vital, um Corpo de Desejos o que lhe fornece uma natureza passional, é fácil compreender que, comendo carne animal é muito mais difícil vencer essas células, cuja consciência animal é idêntica à do sono com sonhos e, além disso, essas partículas não permanecerão muito tempo em sujeição. Por esse motivo a dieta carnívora exige maior quantidade de comida e refeições mais frequentes do que a dieta vegetal. Se déssemos um passo a mais e comêssemos a carne dos animais carnívoros, estaríamos continuamente famintos, porque nesses animais as células alcançaram um alto grau de individualização e tratariam de obter sua liberdade muito mais depressa. Que isto é verdade, o demonstra bem o caso do lobo, do abutre e do canibal, cuja fome é proverbial, e como o fígado humano é pequeno até para cuidar adequadamente das comidas advindas da carne animal usuais, é evidente que se o canibal vivesse somente de carne humana em vez de usá-la como ocasional “guloseima”, logo sucumbiria, porque embora o excesso de carboidratos, açúcares, amido e gorduras causem pouco dano ao organismo, sendo exalados pelos pulmões sob a forma de gás carbônico, ou saindo em forma líquida pelos rins e pela pele, um excesso de carne animal também é queimado, porém deixa o venenoso ácido úrico. Portanto, já se reconhece que quanto menos carne animal comer tanto melhor para o nosso bem-estar.

É natural que desejemos o melhor como alimento, mas todos os animais têm em si os venenos da putrefação. O sangue venoso está cheio de substâncias venenosas que ele vai adquirindo no seu caminho através de todo o organismo e que, normalmente, deveriam ser expelidas através da urina e da transpiração. Estas substâncias repugnantes se encontram em todas as partes da carne animal, e quando comemos esses alimentos enchemos nosso Corpo Denso com essas toxinas venenosas. Muitas doenças e enfermidades são devidas ao emprego da carne animal como alimento.

Existem provas abundantes de que a dieta carnívora estimula ferocidade. Podemos mencionar a conhecida ferocidade das bestas-feras e a crueldade de muitos povos, que comem muito mais carne animal do que outros alimentos, como exemplos típicos. Por outro lado, a força e a docilidade prodigiosa do boi, do elefante e do cavalo, mostram os efeitos da alimentação herbívora nos animais. As nações vegetarianas do Oriente são um argumento incontestável contra os que defendem a dieta carnívora.

Tão logo adotemos a dieta vegetariana, escapamos a uma das mais sérias ameaças à saúde, isto é, a putrefação das partículas de carne animal incrustadas entre os dentes. Este não é dos menores argumentos para adotar a dieta vegetariana. As frutas, os cereais e demais vegetais, assim como os ovos, o mel, o leite e seus derivados, são de decomposição lenta e cada partícula contém uma enorme quantidade de Éter que a mantém viva e fresca durante longo tempo, ao passo que o Éter que interpenetra a carne animal e compõe o Corpo Vital de um animal, desaparece conjuntamente com o Espírito que o animava, ao se produzir a morte. Logo, o perigo de infecção pelos alimentos vegetais é pequeno, sendo muitos deles antissépticos em alto grau, em vez de venenosos. Isto se aplica particularmente às frutas cítricas: laranjas, limões, toronjas, etc., para não falar do rei dos antissépticos, o abacaxi, que tem sido empregado frequentemente para curar uma das enfermidades mais mortais, a difteria, que não é senão outro nome para qualificar a dor de garganta séptica. Assim, pois em vez de envenenar o sistema digestivo com elementos putrefatos das carnes animais, as frutas limpam e purificam o organismo e o abacaxi é um dos melhores digestivos que conhecemos. É muito superior à pepsina e não há necessidade de se empregar nenhuma crueldade para obtê-lo.

Existem doze sais no nosso organismo que são vitais e representam os doze Signos do Zodíaco[2]. Esses sais são indispensáveis para a formação do nosso Corpo Denso. Não são minerais como geralmente se supõe, mas vegetais. Não é possível assimilar diretamente os minerais, porque esses não possuem o Corpo Vital e este Corpo é indispensável para que uma substância possa ser incorporada ao nosso organismo. Assim sendo, só poderemos obter os sais minerais através do Reino vegetal que os contém.

Há médicos que mandam fazer isto, mas não percebem que o fogo que utilizamos no preparo dos alimentos expulsa e destrói o Corpo Vital das plantas, da mesma maneira que a cremação deixa, somente, as cinzas ou parte mineral dos nossos Corpos Densos. Portanto, se quisermos renovar o suprimento de qualquer sal em nosso Corpo Denso, é necessário que o obtenhamos das plantas ou vegetais crus. Assim é que deveriam ser administrados aos enfermos ou doentes.

Não devemos, todavia, chegar à conclusão de que cada um de nós teria que deixar de comer carne animal e se dedicar a comer vegetais crus. Em nosso estado atual de evolução são muito poucos os que podem fazê-lo (!). Temos que cuidar de não elevar muito rapidamente as vibrações dos nossos Corpos Densos, porque para continuarmos nosso trabalho nas condições atuais, precisamos ter um Corpo Denso apropriado para as tarefas que devemos realizar. É necessário conservarmos sempre presente este pensamento. O passar para uma dieta vegetariana é um processo e não um ato repentino. E esse processo é individual!

No crânio, na base do cérebro, existe uma chama. Arde continuamente na medula oblongada no extremo da medula espinhal e, como o fogo do Altar dos Sacrifícios[3], é de origem divina. Este fogo emite um som como o zumbido de uma abelha e constitui a nota-chave do Corpo Denso. É o Arquétipo[4] que o faz soar. É o construtor e unificador das massas de células que conhecemos como “nosso corpo”.

Esse fogo arde com chama alta ou baixa, clara ou opaca, conforme o alimentemos. O fogo existe em toda a natureza, com exceção do Reino Mineral. O mineral não tem Corpo Vital e carece, portanto, do condutor para o ingresso do Espírito de Vida, o fogo. Renovamos continuamente esse fogo sagrado parcialmente com as forças do Sol que penetram no Corpo Vital através da contraparte etérea do baço, passando daí ao plexo celíaco[5] onde toma cor de rosa pálido, dirigindo-se logo para cima pelo sangue. Também alimentamos esse fogo com o fogo vivente que absorvemos dos alimentos crus que comemos e assimilamos.

Observando o assunto do carnivorismo do ponto de vista ético, vemos que o fato de matar para comer carne animal é contra os nossos mais elevados sentimentos, como um verdadeiro Estudante Rosacruz que somos. Nos tempos antigos íamos caçar como qualquer animal de presa, insensível e rude. Atualmente os que comem carne animal, continuam “caçando”, mas “realiza” a sua caça no açougue, onde não tem que suportar as cenas repulsivas do matadouro. Se tivesse que ir a esses lugares sangrentos, onde todos os dias se cometem horrores para poder satisfazer os costumes anormais e daninhos, que causam muito mais vítimas que a sede de álcool; se tivesse que manejar o cutelo impiedoso e mergulhá-lo nas carnes palpitantes de suas vítimas, quanta carne animal comeria? Muito pouca! Mas para fugir desse trabalho repugnante, obriga-se nossos semelhantes a trabalhar nos sangrentos matadouros, matando milhares de animais dia após dia. Eles ficam tão brutalizados que a Lei – a da justiça humana – não permitem que tomem parte como jurados em casos sujeitos e pena capital, porque perderam todo sentimento a respeito da vida.

Os animais que matamos também elevam seu grito de protesto contra esse assassinato e forma-se uma nuvem de horror e de ódio sobre as grandes cidades onde existem matadouros. A lei protege os cães e os gatos contra as crueldades. Todos nos alegramos quando os pequenos esquilos, galinhas, galos, pacas, tatus, capivaras, coelhos, patos, gansos, marrecos e outros pequenos animais estão soltos nos parques das cidades, alguns até se aproximam de nós; mas desde que haja possibilidade de ganhar dinheiro com a carne animal ou com a pele de um animal, muitos de nós perdem todo o respeito pela vida desses animais e se convertem nos seres mais perigosos da Terra, alimentando-os e criando-os para ganhar dinheiro, impondo sofrimentos e tormentos a um ser com direito à vida, para amontoar recursos financeiros. Temos que pagar uma pesada dívida para com as criaturas inferiores das quais deveríamos ser mentores, mas ao contrário, nos convertemos em seus assassinos e a Lei Divina, que sempre age para corrigir os abusos, a seu devido tempo relegará o hábito de comer carne de animais mortos, como já relegou o canibalismo às práticas obsoletas.

É natural nos animais de presa comer qualquer outro animal que atravesse o seu caminho. Seus órgãos estão constituídos de tal forma que necessitam dessa espécie de alimento para sobreviver, mas tudo está em desenvolvimento, sempre mudando para algo superior. Nós, em nossas primeiras etapas de desenvolvimento, éramos também como os animais de presa, em muitos sentidos. Porém, devemos nos converter em um deus e, portanto, devemos deixar de destruir, em tempo oportuno, para começar a criar.

A alimentação carnívora estimulou o nosso engenho humano de ordem bem inferior no passado e, portanto, já serviu ao seu propósito na evolução; mas agora estamos no umbral de uma nova etapa evolutiva na qual, o serviço abnegado e o sacrifício de si mesmo produzirão o crescimento espiritual de cada um de nós. A evolução da Mente proporcionará uma sabedoria muito superior as nossas mais grandiosas concepções atuais, mas antes que nos seja conferida essa sabedoria, temos que nos tornar tão “inofensivos como as pombas”, pois, do contrário, existiria o perigo de que a utilizássemos com fins egoístas e destrutivos, o que seria grave ameaça para nossos semelhantes. Para evitar tal contingência, é necessário adotar uma dieta vegetariana.

Não existe outra vida no Universo além da vida de Deus; e “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser[6]. Sua Vida anima tudo que existe e por isso é fácil de compreender que quando tiramos uma vida estamos destruindo uma forma de vida que foi criada por Deus para Sua manifestação. Os animais inferiores são Espíritos em evolução (é a Onda de Vida dos animais) e têm sensibilidade. O desejo de experiência de cada um deles é que os faz construir suas várias formas; e quando as destruímos, privámo-los da oportunidade de obter essa experiência. Retardamos sua evolução, em vez de ajudá-lo, e chegará o dia em que sentiremos profunda repugnância ante o pensamento de converter nossos estômagos em cemitério de cadáveres dos animais assassinados. Todos os verdadeiros Cristãos se absterão de comer carne animal por pura compaixão e compreenderão que toda vida é a Vida de Deus e que é errado causar sofrimento a qualquer ser sensível.

Em muitos lugares da Bíblia fala-se da “carne”, mas é evidente que não faz referência à carne como alimento. No capítulo do Gênesis onde se determina pela primeira vez o alimento para o ser humano, é dito que comerá de toda árvore e de toda erva que tenha semente, “e será para ti como se fosse carne”. As pessoas mais evoluídas de todos os tempos se abstiveram de comer carne animal. Vemos, por exemplo, Daniel, que era um santo e um sábio, pedir para não ser forçado a comer carne animal solicitando que dessem legumes, a ele e a seus companheiros. Também se fala dos filhos de Israel no deserto, dizendo que sentiam falta de comer carne animal, e que seu Deus se irritou contra eles por esse motivo.

Há um significado esotérico no que seja alimentar a multidão com peixe; mas se nos limitamos ao ponto de vista estritamente material, podemos resumir tudo que dissemos reiterando que chegará o tempo em que nos será impossível comer carne animal, da mesma maneira que já passamos da etapa do canibalismo.

Sejam quais forem às tolerâncias que se tenham permitido no bárbaro passado, todas elas desaparecerão no futuro altruísta, quando uma sensibilidade mais refinada despertará em nós um sentido mais profundo dos horrores que implicam na gratificação dos nossos gostos carnívoros.

(“Extraído do livro: Princípios Ocultos de Saúde e Cura” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.R.: Veja mais detalhes aqui: https://fraternidaderosacruz.com/diagrama-4-a-consciencia-dos-quatro-reinos/

[2] N.R.: Veja mais detalhes aqui: https://fraternidaderosacruz.com/os-sais-celulares-por-um-estudante/

[3] N.R.: que havia no Tabernáculo no Deserto. Veja mais aqui: https://fraternidaderosacruz.com/glossary/altar-dos-sacrificios/

[4] N.R.: Veja mais aqui: https://fraternidaderosacruz.com/arquetipos/

[5] N.R.: Também conhecido como Plexo Solar, um local popularmente conhecido como “boca do estômago”, onde há uma concentração de nervos que irradiam para várias partes do nosso Corpo Denso, daí a comparação com os raios do Sol e o nome de “Plexo Solar”.

[6] N.R. At 17:28

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Verdadeira Causa do Contágio

Existem muitas pessoas de natureza arrogante que estão sempre prontas para fazer uma piada sobre a Ciência Cristã e os métodos relacionados à cura divina, que ensinam a seus seguidores a cultivar uma atitude mental que não tem medo de nada sob quaisquer as condições. Contudo, com o um fato natural, uma enorme porcentagem das nossas doenças tem como causa e facilmente correlacionada a sentimentos de medo por parte do paciente.

Os viajantes que visitaram ilhas desabitadas relataram que os pássaros e animais encontrados ali, a princípio, não tinham medo deles, mas tão logo aprenderam a natureza predatória do ser humano, acabavam fugindo dele, por medo de que suas vidas estivessem correndo perigo. Assim, por séculos, a natureza cruel do ser humano espalhou o medo por toda a Terra; conquistamos, domesticamos e exploramos tanto os pássaros como os animais, e o que não pudemos conquistar, matamos; até chegarmos ao ponto de qualquer coisa que respire se esconder de nós por medo. Ou seja, entre os maiores animais, nenhum é tão grande que não teme e foge do ser humano.

Contudo, quando nós voltamos em direção as pequenas coisas, vemos que o caso é diferente, e o ser humano, achando que reina supremo na terra só porque colocou toda a criação sob um estado de medo, treme diante das pequenas coisas do mundo, e quanto mais ínfimas são, mais ele as teme. O microscópio nos mostra que uma criatura tão pequena como a mosca doméstica carrega no pelo de suas pernas milhares de parasitas que acreditamos serem inimigos a nossa saúde e, portanto, o medo nos leva a gastar milhões de dólares em armadilhas para mosca, telas mosqueteiras para proteção e outros dispositivos para nos livrarmos dessa praga, porém, nossos esforços em grande parte são em vão; embora essas vastas somas, anualmente, sejam gastas para exterminar com as moscas, a proliferação delas é mais rápida do que a quantidade que conseguimos matar.

Entretanto, tememos que seu primo mosquito seja ainda pior. O microscópio nos disse que esse pequeno inseto é um dos principais mensageiros do Anjo da Morte; portanto, nós o combatemos com receio por nossas vidas; mas ele prospera apesar da grande soma que se investe anualmente no seu extermínio. Depois, tem o leite que bebemos. Diz-se que, em condições normais, existem cem mil germes por centímetro cúbico, todavia, nas melhores condições sanitárias esse exército de destruidores pode ser reduzido a dez mil; mas por medo, pasteurizamos o leite antes de ousar dar às criancinhas. Diz o microscópio que em cada gota de água que bebemos encontramos um enxame de vida germinativa (micróbios), e até a moeda e mesmo o dinheiro de papel com as quais compramos as necessidades diárias na vida são veículos de morte, pois estão infectados com germes em uma extensão quase inacreditável. Depois que o dinheiro foi lavado, os banqueiros verificaram que não se conseguia detectar facilmente as falsificações, então abandonaram o processo. Ou tememos mais os falsificadores do que os germes; ou amamos mais o dinheiro do que a saúde.

Não é toda essa atitude ridícula e indigna de nosso elevado e nobre estado, como seres humanos, como filhos de Deus? É bem conhecido pela ciência que uma atitude de medo destrói o poder da resistência do corpo e, portanto, sujeita-o a doenças que de outra forma não seriam capazes de se sustentar. Do ponto de vista oculto, é perfeitamente claro e fácil de compreender por que isso acontece. O Corpo Denso que vemos com nossos olhos é interpenetrado por um veículo feito de Éter, e a energia do Sol que permeia todo o espaço está, constantemente, despejando em nosso Corpo por meio do baço, que é o órgão especializado para a atração e assimilação desse Éter universal. No plexo celíaco é convertido em um líquido cor-de-rosa que permeia o sistema nervoso. Isso pode ser comparado à eletricidade que percorre os fios de um sistema elétrico ou telegráfico. Por meio desse fluido vital, os músculos são movidos e os órgãos desempenham suas funções vitais para que o corpo possa se expressar em perfeita saúde. Quanto melhor for a saúde, maior será a quantidade desse fluido solar que somos capazes de absorver, contudo, só podemos utilizar uma parte dele e o excedente é irradiado do Corpo em linhas retas.

Você já deve ter visto as tiras de papel que se prendem à grade dos ventiladores elétricos nos estabelecimentos comerciais, como por exemplo, em uma loja que vende frutas e doces. Quando o ventilador está em movimento, essas serpentinas de papel se movimentam quase que perpendiculares às pás dos ventiladores. Da mesma forma, as linhas que fluem de toda a periferia do Corpo humano também se irradiam em linhas retas, quando gozamos de perfeita saúde. Essa condição é, assim, adequadamente descrita como de saúde radiante. Nós dizemos de tal pessoa que ela irradia saúde e vigor. Sob tais condições nenhum ser, por mais minúsculo que seja, e que seja capaz de carregar ou provocar uma doença, pode encontrar guarida nesse Corpo. Não pode penetrar vindo de fora, porque essas linhas de força invisíveis o impedem, da mesma que uma mosca não pode passar através de um ventilador em movimento. E aqueles microrganismos que entram no Corpo com o alimento, também, são expelidos rapidamente porque os processos vitais no Corpo são seletivos, como vemos, por exemplo, nos rins que expelem os detritos, enquanto retêm as substâncias vitais necessárias para a economia do Corpo.

No entanto, a partir do momento em que nós nos permitimos termos pensamentos de: medo, preocupação, raiva, o Corpo faz um esforço como que para fechar as portas contra os inimigos exteriores, imaginários ou reais. Então, o baço também se fecha e deixa de especializar o fluido vital em quantidades suficientes para as necessidades do Corpo e, assim, presenciamos um fenômeno que é análogo ao efeito que observamos quando se diminui a voltagem ou se coloca mais resistência em um ventilador elétrico. Neste caso, as serpentinas de papel começarão a decair e já não se mantém estendidas e ondulantes o suficiente para proteger os doces e as frutas, mantendo as moscas afastadas. Do mesmo modo, no Corpo humano quando os pensamentos de medo provocam o fechamento parcial do baço a força solar já não passa pelo Corpo com a mesma velocidade de antes. Não irradiam da periferia do Corpo em linhas retas, mas essas linhas se deformam, permitindo a passagem do ser, por mais minúsculo que seja, e que seja capaz de carregar ou provocar uma doença.

Quer conheçam ou não essa lei, os que praticam a ciência mental consistente ou aqueles que acreditam na cura divina, atuam de acordo com seus ditames quando eles afirmam que são filhos de Deus, que não há motivo para sentir medo porque Deus é o Pai deles e os protegerá, enquanto não violarem, deliberadamente, as leis da vida.

O fato real e a verdade nesse assunto é que o contágio vem de dentro. Enquanto vivemos uma vida sensata, alimentando nossos Corpos com alimentos puros, procedentes do Reino Vegetal, fazendo uma quantidade suficiente de exercícios físicos e nos mantivermos mentalmente ativos, podemos ficar seguros na promessa de que o “Senhor é nosso refúgio”. Nenhum mal nos atingirá, enquanto demonstrarmos a nossa fé com obras. Se, por outro lado, negarmos nossa fé em Deus, desobedecendo Suas leis, nossas esperanças de conservar a saúde serão vãs.

O Poder do Pensamento

Como o ser humano pensa em seu coração, assim ele é[1], disse Cristo e essa é uma proposição absolutamente científica; sendo algo que todo o mundo pode comprovar observando ao seu redor as condições da vida diária no lar, no trabalho, nas ruas. Vemos um homem de lábios grossos, com as bochechas estufadas para fora, com grande papada sob o queixo e, imediatamente, sabemos que se trata de um glutão, de um sensualista. Vem outro pela rua; seu rosto está coberto de rugas, seus lábios são finos e duros; logo sabemos que os arquitetos que modelaram tal face são os pensamentos imediatistas e as preocupações.

Cada um que passa a nossa frente expressa, exteriormente, seus pensamentos que estão no seu interior. Um é musculoso e ativo, porque os pensamentos que governam suas atividades construíram um Corpo cheio de atividade. Outro tem a parte do corpo que fica entre a pele e os ossos flácida, muita gordura ao redor do abdômen, e um andar com passos curtos e com o corpo pendendo de um lado para o outro, demonstrando que é avesso a exercícios físicos. Em cada caso o Corpo é uma exata reprodução da Mente; cada classe sofre das doenças peculiares às tendências gerais da sua atividade mental. O glutão e o sensualista sofrem de doenças engendradas quando seus pensamentos cristalizaram e debilitaram o trato digestório[2] e os órgãos criadores. Suas enfermidades são completamente diferentes das doenças nervosas que atacam pensador, e qualquer sistema de cura que não leve em consideração o fato de que o Corpo é mais uma expressão física da Mente do que a Mente é uma manifestação do ser humano físico, cometerá um erro radical. Em nossa natureza complexa, Mente e matéria agem e reagem reciprocamente, de tal maneira que é absolutamente necessário considerar o ser humano como um todo, cada vez que nós tentamos tratar das suas incapacidades.

É bem conhecido pelos fisiologistas[3] que a alegria, algumas vezes, é capaz de tirar o paciente do seu leito de enfermo muito mais depressa do que qualquer remédio. Se acontece algo que dê um bom impulso aos seus assuntos mundanos, uma mudança repentina ocorre e o torna otimista, a enfermidade parece desaparecer como por mágica; por outro lado, mesmo gozando de boa saúde se sobrevém uma influência deprimente nos seus negócios, ele começa a se sentir mal fisicamente. Uma carta que contenha más notícias pode deter a digestão totalmente e provocar na pessoa que a recebeu grave indigestão muito grave. Daí a verdade enunciada por nosso Salvador: “Como o ser humano pensa em seu coração, assim ele é” fica amplamente demonstrada na vida prática diária.

Quando compreendermos isso nós, também, veremos a necessidade de cultivar uma atitude de otimismo. Uma Mente cheia de esperança é o maior de todos os remédios e a reiteração constante da resolução de superar as doenças atuais é muito melhor do que todos os remédios do mundo. Quando alguém está com uma dor constante, sofrendo agudamente, talvez seja muito difícil manter uma atitude otimista; todavia, a fórmula mágica do Salvador, aplicada à saúde, nos ajudará a superar no devido tempo.

É uma lei que, se pensarmos em saúde, nós imperativamente a expressaremos, cedo ou tarde. Devemos viver uma vida racional e cessar os excessos, particularmente os da alimentação diária; isto nunca será demais enfatizar. De nada servirá parar diante de um espelho e dizer a si mesmo: “Tenho fé”, “Sou saudável” ou outras afirmações similares falsas. Basta deixar de falar das suas doenças para outros; tente, acima de tudo, distrair seus pensamentos da sua condição; acreditar na saúde como um direito de nascimento e que, como qualquer outra coisa, pode ser obtida por nós, sem hesitação.

Você deve ter ouvido a estória daquela velhinha que tinha ouvido o pastor pregar em um sermão que a fé poderia remover montanhas. Em seguida, ela procurou pôr à prova sua fé com um monte de cinzas, mas na manhã seguinte, quando foi vê-lo encontrou onde estava antes e exclamou: “Tal como pensei”. As coisas estavam tal qual ela esperava em seu coração, e não como ele afirmava acreditar com a sua língua, e o mesmo sucede com todo mundo. Portanto, acredite de coração na saúde.

(por Max Heindel na Revista Rays from the Rose Cross)


[1] N.T.: Pb 23:7; Lc 6:45 e Mt 12:34

[2] N.T.: junto com os órgãos anexos constituem o sistema digestório ou sistema digestivo.

[3] N.T.: A fisiologia é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. Em síntese, a fisiologia estuda o funcionamento do organismo.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Plutão: Potencialidade de Renascimento Espiritual – Princípio do Fogo Congelado

Embora Plutão tenha sido oficialmente descoberto somente em 12 de março de1930, os cientistas já possuem sobre esse Astro um número considerável de dados dignos de confiança. Inserindo Plutão em horóscopos mais antigos e levando em conta as chaves transmitidas pela Mitologia, foi possível modelar bastantes frases e palavras-chave que têm permitido aos astrólogos interpretar corretamente a influência desse Astro em qualquer Signo ou Casa, bem como os respectivos Aspectos. Essas palavras-chave são já numerosas e incluem algumas bem conhecidas tais como: transformação, transmutação, redenção, regeneração, morte, renascimento, unidade, cooperação, tirania, ditadura, desaparecimento, delinquência, gangsterismo, coerção. Notamos imediatamente que esses conceitos estão largamente correlacionados com a 8a Casa, a das heranças, morte e renascimento espiritual. Segundo a Mitologia, Plutão era o deus do mundo subterrâneo (em grego Hades), o inferno ortodoxo onde arde o fogo eterno. Esse fogo corresponde ao sexo, a força procriadora. Quando analisado profundamente, Plutão revela todas as fases do sexo e, como as atividades sexuais são as mais fortes em praticamente tudo o que diga respeito à vida e à morte, bem se pode dizer que esse Astro é a “central de energia” da família planetária. Pensamos que não deve ser estritamente considerado como adverso, mas antes como um Astro que não aceita compromissos em meios-termos, não concede favores e exige que todo e qualquer benefício ou proveito tenha de ser ganho.

Plutão pode adequadamente ligar-se ao submundo do crime ou pelo menos à esfera das classes sociais mais baixas e desfavorecidas. Etimologicamente significa riqueza e esse termo foi-lhe aplicado porque o trigo, riqueza dos tempos antigos, era enviado de dentro da terra para fora (para cima) como uma dádiva. Plutus, o deus da riqueza, também enviava a pluvia. Era representado como sendo cego, indicando assim que quando um homem focaliza a sua atenção nas coisas materiais, deixa de ver as coisas verdadeiramente dignas e valiosas que o rodeiam, e como diz o ditado: “o apego ao dinheiro é a raiz de todos os males”. A palavra “plutocrata” e “plutocracia” derivam de Plutus e significam o poder de dominar por meio da riqueza obtida por outros meios que não os do próprio trabalho. Tipos de riqueza que caem sob a jurisdição da 8a Casa (posição natural do Signo de Escorpião) provêm de heranças, legados, bônus, taludas, seguros e fontes similares, tendo sido adquiridos numa encarnação anterior e surgem agora de fontes ocultas como, por exemplo, uma herança inesperada na presente vida. Plutão e Prosérpina, sua esposa, governavam os Espíritos dos mortos no mundo inferior ou subterrâneo, e aqui constatamos uma analogia direta com a morte, tradicionalmente incluída na 8a Casa. Plutão e Prosérpina relacionam-se com os princípios macho e fêmea da Natureza, os princípios da procriação. Outra correlação com essa Casa torna-se evidente quando consideramos a função de Ceres, deusa das searas e mãe de Prosérpina, de cujo nome derivou a palavra cereal. No ciclo de vida dos cereais, como na maioria das plantas, a velha planta morre e a semente que dela saiu é enterrada, germina e depois reproduz uma nova planta — da morte surgiu o renascimento.

Plutão é geralmente aceito como regente (ou corregente com Marte) do Signo de Escorpião, governando os órgãos de excreção que controlam a “rede de esgotos” do Corpo Denso, tal como também rege as redes de esgotos de qualquer cidade. Assim, vemos Plutão como regenerador e transformador, porque a matéria excretória, uma vez enterrada, é transformada, regenerada e quase podemos dizer redimida, aparecendo mais tarde sob novas formas, como a Fênix que renasce das suas próprias cinzas[1]. Considerando o seu Aspecto positivo, Plutão trabalha em benefício da unidade através da organização. A regeneração do Corpo Denso e da Mente começa a ter lugar quando se suspende a gratificação dos sentidos; criam-se, assim, as condições para as forças vitais que ascendem pelo serpenteado cordão espinal como um fluido ou gás, vitalizando a glândula pineal que se abre então à influência espiritual de Netuno. Atingido esste ponto, o homem ou a mulher pode elevar-se a grandes alturas pela força de uma Mente renovada. Como consequência, a regência plutônica é invertida e transferida para o Signo do Carneiro (regido por Marte), que governa a cabeça que, por sua vez, é a sede do pensamento onde se aloja a Glândula Pineal.

No lado negativo, Plutão engendra e favorece a tirania, a ditadura e a organização de esquemas para dominar os outros, influenciando os “padrinhos” do submundo, os gangsters e os assassinos. Pelos seus Aspectos adversos tem sido comparado ao Guardião do Umbral — entidade elemental criada nos planos invisíveis pelos nossos maus pensamentos e ações que não foram transmutados em vidas anteriores. Pelos Aspectos positivos tem sido comparado ao Santo dos Santos. Não há um Astro que indique, como esse, condições tão drásticas e depravadas por um lado e, ao mesmo tempo e em contrapartida, tão exaltados cumes de espiritualidade.

O Signo de Escorpião como Signo Fixo de Água pode comparar-se ao gelo comprimido e imóvel. Como significador emocional é sentimento na sua forma mais intensa. Representa o grande oceano do poder do desejo do qual toda a humanidade recebe o alimento emocional para ser transmutado por meio do amor e da regeneração da vida. Os nossos problemas surgem na nossa vida como dor no contato com os outros e através da nossa reação vibratória aos seus padrões de consciência. A roda do horóscopo é a representação abstrata de encarnações sucessivas. Em cada encarnação o nascimento físico é simbolizado pelo Signo ascendente na 1a Casa. No entanto, cada vez que renascemos há uma nova reação de consciência sexual; o reconhecimento de “outro eu” para o cumprimento desejado e necessitado. Em sentido abstrato é Adão e Eva, através do intercâmbio de polaridades, começando com a experiência do sexo físico até chegar a todas as etapas de desenvolvimento e intercâmbios mentais e criadoras, relações biológicas e não-biológicas. A 1a Casa do horóscopo do zodíaco natural é representada pelo Signo do Carneiro, que é a (poderosa) afirmação: Eu sou. A 2a, pelo Signo de Touro: Eu tenho as coisas da vida; através da consciência de posse desse Signo venusiano do elemento terra, que é fixo, simbolizando o sustento da vida física; são as raízes na terra, o sentido de posse, o nosso domínio nessa expressão da vida.

A 7a Casa, Signo também venusiano, mas do elemento ar (Eu sou com os outros; nós somos: sociedade, Casamento etc.) transcende o Eu sou do Carneiro. A 7a Casa é a 1a do hemisfério superior, é a iniciação da consciência anímica pela experiência do reconhecimento do amor ou da destilação da essência do amor através dos mecanismos de relação. A Casa n° 8 representa a polaridade anímica da 2a, que é regida por Touro. É o recurso do desejo, o fogo do intercâmbio e da polaridade, completando assim o quadro do lançamento do indivíduo aos níveis evolutivos para transmutação e regeneração da consciência. Isso é um retrato que representa simbolicamente o bíblico Jardim do Éden, o nascimento da consciência sexual e a iniciação do matrimônio. Eva é a consciência da alma ou a metade superior da roda. Ela é derivada da necessidade de “transcender as condições da 1a Casa”, que é em si conservação própria, separatista, inocência ou ignorância. Todo ser humano é um composto vibratório de “Adão e Eva”. O sexo físico é meramente uma especialização de polaridade manifestada numa encarnação para necessidades específicas que são geradoras e evolutivas. Não há superioridade do masculino sobre o feminino. Cada ser humano, se relacionado com o grande oceano do poder do desejo, pode ser comparado a uma avalanche que mostra na superfície uma pequena parte da totalidade. Cada um de nós tem potencialidades de desejo submersas ou desconhecidas, o que levou muitos pensadores a ligar essa situação ao “inconsciente coletivo”. Todo ser humano, em qualquer momento da sua etapa de evolução, vibra em certo nível com esse “Corpo de Desejos coletivo”, analogamente, em qualquer vibração específica de cor ou espectro inteiro ou em qualquer tom em relação ao corpo de vibração tonal.

Os Aspectos de Conjunção ou Quadratura com outros Astros indicam, em regra geral, um desafio e uma tensão interna entre nós próprios, que podemos aceitar como algo que devemos enfrentar intensamente, empenhadamente, ou que podemos tentar evitar. A Oposição indica geralmente tendências compulsivas que são exigentes e teimosas, interferindo com regularidade no desenvolvimento de certas relações em nossas vidas. Assim, Escorpião, Plutão e a Casa 8 estão relacionados com a transformação que tem relação com o poder do desejo, o que forja as nossas ligações ou desejos que nos motivam compulsivamente. Os Signos Fixos representam as forças internas em uma profundidade de poder inconcebível. Através do Signo de Touro somos impelidos ao amor e ao sustento da família. Do amor ardente de Leão, pelos filhos ou outras criações que se estendem pela infinita fraternidade do amor sem fronteiras de Aquário. Escorpião é a imensa e profunda energia que, quando redimida, transforma-se em um fluxo perene e constante de poder e amor supremos. Os Signos Cardeais nos levam construtivamente à realização dessa força suprema. Os Signos Comuns transmitem a sabedoria em toda a sua pureza e esplendor no trabalho no Mundo Físico. A Mente abstrata reflete sutilmente a Ideia germinal, incorporando-a na Mente concreta e arquetípica. A involução do Espírito na forma levará a evolução da forma até à espiritualidade necessária para transbordar na alma essa essência divina que surge da união entre a Mente e o coração dos mundos internos com o Mundo Físico. As Hierarquias Criadoras ou Zodiacais são os embaixadores divinos das estrelas das constelações cuja energia, vibrações e harmonia são captadas e expressadas pela nossa estrela, o Sol, em uma cadeia infinita até ao Deus Uno e Universal.

Elman Bacher, um Astrólogo Rosacruz de elevada evolução e autor de muitos pontos de vista aqui referidos, afirma que o Signo de Escorpião só é adverso para aqueles que veem o “mal” como força fixa, negando a si próprios a graça de crer no poder onipotente do bem que apagará o “mal”, tal como uma noite triste e sem estrelas transforma-se em uma radiante madrugada cheia de luz.

(Publicado na Revista Rosacruz-Centro Rosacruz de Lisboa-Portugal


[1] N.R.: É interessante constatarmos o grande número de movimentos e escolas literárias e artísticas que adotam o nome de Fênix ou a ideia dessa por meio de uma palavra ou frases curtas, sempre no eterno desejo de renascer do que já passou e deu os seus frutos.

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