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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como Conheceremos Cristo quando Voltar?

A fim de facilitar o estudo desse assunto dividiremos nas seguintes partes:

  1. Quem é Cristo?
  2. Por que Cristo veio à Terra pela primeira vez?
  3. Por que Ele deve vir outra vez?
  4. Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?

Deste modo, será mais fácil, para aqueles que não estudaram os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, compreenderem a ideia.

Há 3 meios de você acessar esse Livro:

1. Em formato PDF (para download):

Quando Conheceremos Cristo quando Ele voltar? – Max Heindel

2. Em forma audiobook ou audiolivro:

Como Conheceremos Cristo quando Voltar? – Max Heindel – audiobook

3. Para estudar no próprio site:

COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO VOLTAR

Relatório Taquigrafado de uma Palestra Proferida em Los Angeles Study Center, Rx. F., em 18 de maio de 1913, por Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, How shall we know Crist at his coming, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

PARTE I – QUEM É CRISTO?

PARTE II – POR QUE CRISTO VEIO À TERRA PELA PRIMEIRA VEZ?

PARTE III – POR QUE ELE DEVE VIR OUTRA VEZ

PARTE IV – COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO ELE VOLTAR?

INTRODUÇÃO

Relatório Taquigrafado de uma Palestra Proferida em Los Angeles Study Center, Rx. F., em 18 de maio de 1913, por Max Heindel

Existe um quadro em minha Mente, ele está lá há anos; algumas vezes, quando tenho tempo disponível para voltar-me para dentro de mim mesmo e olhar aquele arquivo, este aparece. Deixe-me descrevê-lo: Acompanhe-me, regredindo no tempo, cerca de dois mil anos. A cena passa-se na Palestina; as colinas estão desertas; vê-se um pequeno grupo de homens e no rosto de cada um reflete-se a tristeza. Eles estão pranteando. Aquele que, pensavam, tinha vindo para fazer grandes coisas foi-lhes tirado por mãos implacáveis e Sua vida parecia-lhes destruída, e eles perguntavam-se: “Será este o fim”? Isto emocionava-os profundamente. Ele os tinha chamado de amigos. Disse-lhes: “Vós sois meus amigos[1], e eles choravam por Ele, como a um amigo. Disse-lhes também: “Se Eu for embora, Eu virei novamente[2], e eles discutiam, ansiosamente, procurando saber quando esse advento ocorreria.

Assim foi o início, mas, desde então, isto continua sendo um assunto de interesse para todos que, pela graça de Cristo, intitulam-se Seus amigos. Tem sido um tema de entusiástica e constante indagação: Quando Ele virá novamente, e como O conheceremos quando Ele voltar?

Ele disse a Seus seguidores na Palestina que muitos viriam para enganar: que se lhes fosse dito para irem ao deserto, a este ou aquele lugar para procurá-Lo, eles não deveriam ir. Disse-lhes, também, que os Anjos no céu não sabiam o dia em que Ele retornaria; que mesmo o Filho não sabia, mas somente o Pai. Como descrevi antes, eles estavam discutindo, procurando saber o tempo aproximado do advento e, particularmente, como cada um poderia conhecê-Lo quando Ele aparecesse.

Pretendentes – tem havido muitos desde aquele dia – têm alegado ser Cristo; alguns enganam-se a si próprios e aos outros, acreditando que são realmente aquele exaltado e elevado Mestre. Existem outros que, deliberada e maliciosamente, procuram usurpar Seu lugar. Portanto, há um interesse permanente na pergunta: Como vamos reconhecê-Lo?

Há um ano atrás, apareceu em uma revista inglesa, um artigo intitulado “Arautos Ocultos”. Nele foram apresentados resumos dos Ensinamentos dos Mistérios Ocidentais como são fornecidos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e do Ocultismo Oriental, representado por uma sociedade que promulga aquela doutrina. Os líderes das duas sociedades e suas obras foram comparados. Semelhanças foram encontradas, mas o autor do artigo também percebeu, com notável perspicácia, o que Estudantes superficiais dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental não perceberam, isto é, a diferença Vital e irreconciliável nos dois ensinamentos, no que diz respeito a Cristo e Sua vinda. Foi mostrado que, de acordo com os ensinamentos Orientais, tanto Cristo quanto Buda foram homens de vida comum, enquanto nos ensinamentos do Mistério Ocidental diz-se, com ênfase, que Cristo é um Hierarca divino, não de nossa evolução, mas, “que por nós, homens, veio” e que, tendo uma vez deixado o Corpo Denso, Ele jamais aparecerá em um veículo físico.

Como esta é uma das principais diferenças entre a Sabedoria do Ocidente e os Ensinamentos Orientais, constituindo isto um dos maiores problemas atuais, parece Vital que todos os Estudantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental compreendam perfeitamente o assunto.

Para sistematizar nossa exposição, vamos dividi-la em quatro partes, cada uma dedicada à consideração de uma questão que tenha relação definida com nosso assunto:

  1. Quem é Cristo?
  2. Por que Cristo veio à Terra pela primeira vez?
  3. Por que Ele deve vir outra vez?
  4. Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?

Deste modo, será mais fácil para aqueles que não estudaram os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, compreenderem a ideia.

 PARTE I – QUEM É CRISTO?

O primeiro ponto que precisamos colocar é a identidade de Cristo, como é ensinada na Escola dos Mistérios Ocidentais. De acordo com a figura anterior, “Os Sete Dias da Criação”, o ser humano passou por um período de involução compreendendo os Períodos de Saturno, Solar e Lunar, como também metade do Período Terrestre. Nesta peregrinação através da matéria, ele adquiriu os veículos que hoje possui.

Durante o Período de Saturno, quando éramos semelhantes aos minerais, alguns seres eram humanos como nós somos hoje, mas eram de uma onda de evolução diferente. Desde então, eles têm avançado e tornaram-se os Senhores da Mente. O mais elevado daquela evolução – da Onda de Vida que estava, então, no estágio humano – é chamado no esoterismo de o Pai.

O mais elevado Iniciado do Período Solar, quando aqueles seres, que agora são Arcanjos, eram humanos, é chamado o Filho, ou seja, o Cristo.

Os Anjos atuais eram humanos no Período Lunar e o mais elevado Iniciado, que agora chamamos de Jeová, é também chamado Espírito Santo.

Temos aqui a categoria dos três mais ativos grandes seres – os líderes da evolução.

A humanidade do Período Solar não podia descer mais no mar da matéria além do Mundo do Desejo (veja a figura acima), portanto, seu veículo inferior era o Corpo de Desejos e, como é uma lei cósmica que nenhum ser pode criar um veículo que não aprendeu a construir durante sua evolução, era impossível para o Espírito Cristo nascer em um Corpo Denso. Ele não poderia formar tal veículo. Nem poderia formar o Corpo Vital, feito de Éter. Faltava-Lhe também a habilidade de funcionar na última substância, pois Ele nunca a havia adquirido em Sua evolução. Para fornecer os veículos necessários para Cristo, Jesus, um ser humano da nossa evolução – um homem nascido de um pai e de uma mãe, ambos altos Iniciados, que fizeram do ato criador um sacrifício e chegaram à concepção imaculada sem paixão – entregou seus Corpos Denso e Vital no Batismo para o Espírito Sol, Cristo, que, então, entrou no mundo material e tornou-se mediador, possuindo todos os veículos necessários para funcionar entre Deus e o ser humano. Cristo Jesus é, portanto, absolutamente único, e a Bíblia nos diz que não há nenhum outro nome pelo qual devemos ser salvos, a não ser pelo nome de Cristo Jesus. Este é o único Credo Cristão autorizado.

Tendo explicado a identidade de Cristo e de Jesus, como é apresentada nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, nosso problema seguinte é:

 PARTE II – POR QUE CRISTO VEIO À TERRA PELA PRIMEIRA VEZ?

No Gólgota, o Corpo Denso de Jesus foi destruído, ao mesmo tempo em que se manifestavam certos fenômenos relatados na Bíblia, e o Espírito de Cristo penetrou na Terra. Até aquele momento, a Terra vinha sendo governada de fora. Do mesmo modo que os Espíritos-Grupo guiam os animais de fora, também a Terra foi guiada em sua órbita e a humanidade também o foi, no caminho de evolução, dirigida quase que inteiramente por Jeová, mas, desde aquele momento, o Cristo se tornou nosso Espírito Interno da Terra. Agora, Ele guia nosso Planeta em sua órbita e está procurando substituir o regime de guerra, inaugurado por Jeová de um lado e pelos marciais espíritos Lucíferos de outro, por um regime de altruísmo, um reino de Fraternidade Universal. Ouvimos falar muito sobre Fraternidade Universal, mas não é necessário formarem-se sociedades para proclamar que somos irmãos. Todos sabemos disto, não há necessidade de chamar atenção para este fato. Irmãos e irmãs nem sempre são harmoniosos, mas devem procurar sê-lo, se pretendem ser amigos. Cristo instituiu um ideal muito mais elevado, quando chamou Seus Discípulos de amigos: “Vós sois meus amigos se fizerdes tudo que Eu vos mandar[1].

 PARTE III – POR QUE ELE DEVE VIR OUTRA VEZ

Enquanto temos a promessa enfática do retorno de Cristo, existem muitos Cristãos que não acreditam no Segundo Advento, de maneira que será melhor, analisar se existe alguma razão compelindo Seu retorno.

Para elucidar este ponto, tomemos um episódio iluminador de “Fausto”. Embora escrito por Goethe, este drama não foi uma ficção, pois a lenda de Fausto é mais velha que a história; é um dos mitos que expressa, em termos fantasiosos, pictóricos, a história da alma em busca da luz. Estes contos foram transmitidos à humanidade infantil para que pudesse, subconscientemente, absorver os ideais que, em épocas posteriores, deveria viver. Na verdade, usamos o mesmo método de instrução quando damos a nossos filhos livros com ilustrações para inculcar-lhes ideias que não podem captar intelectualmente, por serem muitos novos.

Fausto leu livros durante sua vida inteira e, gradualmente, aprendeu que nós sabemos somente o que vivemos. Se não for para aplicação prática na vida diária, o aprendizado através de livros não terá nenhum valor. Quando a alma desperta para este fato, coloca-se no limiar do verdadeiro conhecimento olhando em direção à LUZ. Mas, a estrada se bifurca: um caminho é tranquilo e fácil, por toda sua extensão existem guias serviçais e risonhos prontos para encorajar o viajante e assisti-lo em tudo que desejar, e, no final, está Lúcifer, o portador da luz, disposto a dar honras mundanas àqueles que lhe prestam culto. O outro caminho é áspero, escarpado e perigoso; algumas vezes é muito escuro; muitos corações doloridos estão nele e, frequentemente, podemos ouvir o grito de angústia: “Quanto tempo mais, Ó, Senhor! Quanto tempo”? Mas, ainda que a alma lute aparentemente sozinha, sempre escuta uma voz interior, suave, tênue e silenciosa, mas inconfundivelmente clara: “Vinde, vós que estais fatigados e sobrecarregados e Eu vos darei repouso[2]. Às vezes, a “Verdadeira Luz”, Cristo, a meta da alma que procura, é vista através de uma brecha nas nuvens tempestuosas, que precisam ser transpostas para que o aspirante alcance o topo da realização e, a partir da visão beatificada, a alma que busca reúne novas forças.

No caminho escuro, Lúcifer favorece todos os apetites sem restrições ou reserva. Enquanto a alma é levada pela correnteza, tudo aparenta ser fácil e o prazer parece estar a espera a cada passo. No entanto, quanto a alma finalmente chega ao fim do rio da vida, em lugar de voar muito alto em direção à própria meta, é arrastada para baixo pelos apetites vis que se uniram a ela, como a polpa de sua fruta verde está colada na presente; e ela experimenta, com uma intensidade mil vezes maior, a dor que sobrevém quando pretende se libertar dos grilhões consolidados pelo pecado.

Thomas A. Kempis menciona o desejo da maioria de viver uma longa vida e como poucos se preocupam em viver uma boa vida. Eu posso parafrasear isto, exclamando: “Oh, quantos desejam alcançar poderes espirituais, mas como são poucos os que se esforçam para cultivar a espiritualidade”! A história de Fausto dá-nos uma visão daquilo que pode acontecer, se exclamássemos com toda a intensidade de nosso ser, como ele o fez:

“Oh! Há Espíritos no ar,

Que flutuam entre o céu e a terra em domínio atuando?

Inclinai-vos aqui de vossa atmosfera dourada,

Para cenários, nova vida e plena rendição ides me guiando.

Se eu possuísse um manto mágico, simplesmente,

Para transportar-me como que em invisíveis asas, largamente,

Muito mais do que custosas vestes eu prezaria,

E nem por um manto real o trocaria”.

Por esta impaciência e desejo de obter alguma coisa em troca de nada, de colher onde não semeou, ele atrai para si um espírito de natureza indesejável, pois os habitantes dos Mundos invisíveis não são, de modo algum, diferentes das pessoas daqui. Um filantropo não é encontrado a cada curva do caminho neste mundo, nem encontramos Anjos por todos os lados quando atravessamos fronteira, e a única proteção é esforçar-nos para sermos dignos de entrar conscientemente naqueles reinos. Quando tivermos alcançados o caráter requerido, não teremos que esperar.

Não precisamos referir-nos ao tipo de barganha que foi proposta a Fausto por Lúcifer, que seguiu sua vítima em perspectiva até seu gabinete; mas, quando ele se volta para a porta e está prestes a sair, ele vê, aflito, uma estrela de cinco pontas, com duas pontas viradas para a porta e uma ponta à sua frente. Esta, ele pede a Fausto que a remova, mas ao ser rigorosamente interpelado e convidado a sair pela janela ou chaminé, Lúcifer finalmente confessa:

“Para os fantasmas e espíritos é uma lei

Por onde entrarmos, por aí sair devemos”.

Isto é um ponto muito importante, pois, assim como Lúcifer entrou no gabinete de Fausto pela porta e é forçado a sair pelo mesmo caminho, Cristo entrou na Terra por meio do Corpo Vital de Jesus e precisa, em Seu retorno, sair da Terra redimida por esse mesmo caminho em direção ao Sol, Seu lar celestial. Nenhum outro veículo o fará.

Mas existem mais coisas de interesse nesta situação e na ligação entre Fausto e Lúcifer. A porta está aberta, então, por que a estrela de cinco pontas iria barrar a saída de Lúcifer, especialmente quando ele a havia transposto ao entrar no gabinete?

A estrela de cinco pontas é o emblema do ser humano com seus membros separados e braços estendidos; uma ponta está no topo, representando a cabeça que é a porta natural do espírito. Por aí ele entra em seu futuro Corpo cerca de 18 dias depois da concepção, daí saindo quando o Corpo dorme, retornando pela mesma passagem pela manhã. Para os Auxiliares Invisíveis esta é, também, a saída e a entrada. Finalmente, quando a morte chega, o espírito se retira por meio da cabeça.

Por esta razão, a estrela de cinco pontas, com uma ponta para cima, como está representada no emblema da Fraternidade Rosacruz, é o símbolo de magia branca, que trabalha por meios naturais, em harmonia com a lei de evolução.

O Estudante de uma Escola de Mistérios aprende a dirigir a força criadora para cima, para o cérebro e transmutá-la em poder anímico através de uma vida de castidade e auto sacrifício. Esse poder anímico ele o usa para projetar-se nas esferas superiores por meio da cabeça. O seguidor da magia negra, incapaz de auto sacrifício, obtém o poder através do uso pervertido da força de vida de suas vítimas, que o projetam para baixo por meio dos pés, e ele deve retornar pelo mesmo caminho. O Cordão Prateado, então, projeta-se através do órgão inferior. Portanto, a estrela de cinco pontas, com duas pontas apontando para cima e uma para baixo, é o símbolo da magia negra. Foi fácil para Lúcifer entrar no gabinete de Fausto porque as duas pontas da estrela estavam apontando para a entrada, mas, quando ele quis sair e defrontou-se com uma ponta do símbolo, sua alma pervertida foi repelida pelo emblema da pureza e do amor.

Realmente, não temos qualquer prova legal de que Cristo tenha entrado na Terra e esteja lá parcialmente confinado, como estamos confinados em nossos Corpos Densos, mas existe nisto muita evidência mística e, pela Lei da Analogia, está evidente que Cristo, passa Seus dias-santos, parte dentro e parte fora da Terra.

Câncer, regido pela Lua, é o Signo que rege a concepção. Os Egípcios o retrataram como um besouro e, para eles, o escaravelho era o símbolo da alma. Quando a Luz do Mundo, o Sol, entra em Câncer, em Junho, o poder criador do último ciclo que deu vida à Terra foi gasto e, para renovar esta vida, que caso contrário se desvaneceria, o Sol precisa descer novamente. No Equinócio de Setembro, a balança se inclina e a força germinativa entra em nossa Terra, alcançando o Centro no Natal, quando o Sol está em seu ponto mais baixo de declínio, o Solstício de Dezembro. Daí a força germinante, o raio de Cristo, se irradia para frutificar novamente a matéria e alcançar a periferia da Terra no momento em que o Sol cruza o equador celeste, no Equinócio de Março. Então, o Salvador, o Cordeiro de Deus, morre para o Mundo, mas se torna vivo para as esferas superiores.

Assim como estamos confinados em nossos Corpos Densos, de manhã até a noite pelas atividades do dia, também Cristo está confinado na Terra, do Equinócio de Setembro até o Equinócio de Março, que é o período em que as atividades físicas estão bastante inativas, mas onde os esforços espirituais trazem melhores resultados. E, da mesma forma que somos libertados de nossos Corpos à noite e entramos nos Mundos invisíveis para recuperar-nos (para o espírito) das condições difíceis da existência física, o Cristo também é temporariamente libertado da Terra na cruz (cificação) quando vemos o Sol passar o equador celeste e elevar-se às alturas celestiais. Esta é, portanto, a ocasião em que sentimos o impulso espiritual enfraquecer e utilizamos nossa energia nas atividades físicas, no cultivo do solo, fazendo crescer duas folhas de erva onde havia apenas uma.

De acordo com a opinião comum sobre o assunto, Cristo completou o Sacrifício no Gólgota, mas, na verdade, aquilo foi só o início. Ele ainda está confinado à Terra como nós estamos em nossos “Corpos de Morte”. Ele sofre como nós sofremos, mas com uma intensidade que não podemos avaliar. Ele ainda está “gemendo e labutando esperando pela manifestação dos Filhos de Deus[3], que somos nós mesmos. Quando um número suficiente de pessoas sentir o nascimento do Cristo Interno, de modo que possam suportar a carga de seus irmãos e dar suas vidas como Cristo está agora dando a Sua, então, a hora da libertação soará e Cristo poderá retornar permanentemente para o Sol. Mas, da mesma forma que Ele entrou na periferia da Terra quando veio, assim também, sob a lei que acabamos de explicar, Ele deve voltar para a superfície da Terra e isto, em si, é o que constitui a Segunda Vinda.

Não existe na Bíblia aviso mais enfático do que aquele dado por Cristo contra os que pretendem ser Cristos. Ele declarou que alguns produziriam sinais e maravilhas que poderiam enganar o próprio escolhido, e nós devemos lembrar-nos de Suas palavras, quando começamos a considerar nossa última pergunta:

PARTE IV – COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO ELE VOLTAR?

Cristo disse: “Tende cuidado para que nenhum ser humano vos engane; pois muitos virão em meu nome, dizendo, Eu sou Cristo; e enganarão muitos. E, se algum ser humano vos disser, olhai, aqui está Cristo, ou olhai, ele está lá, não acrediteis nele. Pois falsos Cristos e falsos profetas surgirão e produzirão sinais e milagres para enganar, se isto fosse possível, o verdadeiro escolhido… então, eles verão o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória … Ele enviará Seus Anjos e juntará Seu escolhido dos quatro ventos …, mas, deste dia e hora, nenhum ser humano o sabe, nem os Anjos que estão no céu, nem o Filho, mas só o Pai”.[4]

Por essas passagens, vemos como precisamos ser cuidadosos para não sermos atraídos por impostores. Existe, também, muita luz a guiar-nos para o caminho certo e alguns sinais são os indicadores pelos quais podemos, certamente, reconhecer Cristo dos imitadores. O sinal mais conclusivo dos impostores é que, não importa quanto seu argumento possa ser inteligente, eles vêm revestidos em um Corpo físico. Existem boas razões para entendermos que:

Cristo Não Virá em um Corpo Físico[5]

Nenhum veículo poderia suportar a tremenda vibração de tão grande Espírito. Pelas Escrituras, sabemos que Cristo frequentemente afastava-Se de Seus Discípulos. Nessas ocasiões, Ele levava o Corpo de Jesus para os Essênios, que eram homens de nossa evolução e hábeis médicos esotéricos, peritos nos cuidados com o Corpo. Eles restauravam o seu vigor e energia e, dessa forma, mantiveram o Corpo de Jesus unido por três anos. Do Gólgota, o Corpo foi levado para o túmulo e, como a influência coesiva foi retirada, os átomos espalharam-se em todas as direções e quando o túmulo foi aberto, somente a vestimenta foi encontrada.

Para obter outro veículo físico para a Segunda Vinda, da mesma maneira que o primeiro foi preparado, seria muito difícil, mas poderia ser conseguido. No entanto, sob a lei de que um espírito deve sair por onde entrou, somente aquele único Corpo de Jesus seria utilizado e, como foi destruído, é impossível que Cristo apareça em um veículo físico. Portanto, como já foi dito, possuir tal Corpo revela o impostor.

Supondo que essa “lei” seja uma invenção da imaginação do autor e que a Lei de Analogia, citada como defesa, seja somente uma coincidência, nossa argumentação é ainda apoiada pela Bíblia, não obstante todas as outras evidências. Cristo disse: “Se eles disserem para vós; Olhai, Ele está no deserto; não ides. Olhai, Ele está nas câmaras secretas; não acrediteis[6]. Assim Cristo não deve ser encontrado em nenhum lugar físico. São Paulo também declara enfaticamente que “carne e sangue” não herdarão o reino. Se nós estamos para ser “revestidos com uma casa que nos vem do céu”, por que o líder da Nova Dispensação deveria Ter um veículo físico?

A Bíblia não abandona o assunto e diz-nos onde não procurar Cristo. Ele disse enfaticamente: “O Filho do Homem virá nas nuvens[7]. Quando Ele finalmente deixou Seus Discípulos, “Ele foi levado para cima, e uma nuvem O recebeu, sem ser visto por eles. E, enquanto eles olhavam fixamente para o céu, à medida que Ele subia, dois homens permaneceram perto deles em trajes branco, os quais também disseram: Ele voltará do mesmo modo que O vistes ir para o céu” (At 1:10-11). São Paulo diz: “O Senhor, Ele mesmo descerá do céu… depois nós … seremos arrebatados por entre nuvens para encontrar o Senhor, no ar” (ITes 4:16-17). São João viu o primeiro céu e a terra desaparecerem – o mar secou e uma cidade santa desceu do céu, da qual Cristo era o regente. Estas coisas são, evidentemente, impossibilidades físicas. Um Corpo de carne e sangue não pode elevar-se no ar, e São Paulo afirma, categoricamente, que “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Se nós não podemos entrar naquele traje, como pode Cristo, o líder, usar um Corpo físico em um universo de lei?

Se pudéssemos, agora, descobrir que tipo de veículo Ele usou, saberíamos como reconhecê-Lo e, também, como seremos constituídos, pois “seremos como Ele” de acordo com São João: “Amados, agora nós somos os filhos de Deus, e não aparece ainda o que seremos: mas nós saberemos que, quando Ele aparecer, nós seremos como Ele.” (IJo 3:2). São Paulo diz: “nossa comunidade (não conversação, como foi traduzido; a palavra grega é “politeuma” – forma de governo ou comunidade e é usada pelo apóstolo para se referir ao novo céu e terra) está no céu, de onde também estamos esperando o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso Corpo vil, fazendo-o semelhante ao Seu Corpo glorioso.” (Fp 3:20-21).

O Corpo que Cristo usou depois do evento do Gólgota era também capaz de entrar em uma sala com portas fechadas, pois Ele assim apareceu para Seus Discípulos e deixou Tomás tocá-lo. Podem pseudo-Cristos, em um Corpo físico, fazer isto? Acredito que não.

Este fato requer um veículo mais sutil que o físico e nenhum sofisma poderá invalidar este argumento, isto é, de que Cristo usará um veículo mais sutil que o físico. A Bíblia diz que Cristo usou um Corpo tão sutil depois da ressurreição, que Ele ascendeu ao Céu dentro dele, que Ele deverá voltar neste mesmo Corpo e que, neste aspecto, nós mudaremos para um estado onde seremos como Ele.

Surge a pergunta final: Ensina-nos a Bíblia que veículo é esse e existe alguma informação pela qual possamos obter conhecimento completo e definitivo com respeito a este novo veículo? Devemos procurar a resposta no inimitável capítulo XV da 1ª Epístola aos Coríntios, onde São Paulo ensina a doutrina do Renascimento por meio dos Átomos-semente, tão claramente quanto a dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental de hoje.

Na versão inglesa, o versículo 44 diz: “Existe um Corpo natural e um Corpo espiritual”; mas o Novo Testamento não foi escrito em inglês e, como os tradutores nada sabiam dos ensinamentos internos, não tinham ideia de como traduzir a palavra grega que para eles parecia sem sentido, por isso, a traduziram como a compreenderam. Contudo, deixarei que vocês a traduzam, mesmo que não sejam Estudantes de grego. A palavra que é usada e traduzida como “corpo natural” é soma psuchicon. Soma é uma palavra grega que, todos concordam, é Corpo – não há dúvidas quanto a isto. Mas Psuchicon – psuche – (psyche) – a alma – um Corpo-Alma do qual nunca ouviram falar; provavelmente pareceu-lhes tolice, de maneira que traduziram a palavra como “Corpo natural”. É verdade que São Paulo diz na 1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:23, que o ser de todo ser humano é Espírito, Alma e Corpo, mas, provavelmente, eles interpretaram alma e espírito como sinônimos. Existe, porém, uma grande diferença, como é explicado nos Mistérios Rosacruzes: este Corpo-Alma é o veículo a que São Paulo se refere e no qual encontraremos Cristo. É composto de Éter e, portanto, capaz de levitação e de passar por paredes, uma vez que toda matéria densa é permeada com Éter. Os Auxiliares Invisíveis o usam hoje, como Cristo o fez.

De início, parece muito estranho saber que encontraremos o Senhor “no ar”, que esta terra vai ser deixada para trás. Mas não é estranho se considerarmos que o caminho da evolução sempre foi de dentro para fora. Na última parte da Época Lemúrica, quando esta terra estava em um estado ígneo, o ser humano vivia na crosta que estava sendo formada próxima ao centro ígneo, em um Corpo que começava também a ser formado. Ele viveu na Época Atlante, nas bacias da Terra, sob a densa neblina que se levantava da terra que se esfriava, como é mencionado no capítulo segundo do Livro do Gênesis. Então, a humanidade foi chamada, como relata a história folclórica alemã “Niebelungen” – Niebel, que significa neblina e Ungen, filhos: Filhos da Neblina. A Bíblia conta-nos como eles foram guiados por seus mestres e, gradualmente, como esta atmosfera nebulosa da terra condensou-se quando o Planeta resfriou e, finalmente, como as águas desceram do céu no chamado “o dilúvio”.

Nessa ocasião, sabemos que o ser humano deixou as terras baixas, que estavam submersas pela neblina condensada, o mar, e entrou em uma nova era de desenvolvimento sob as atuais condições. Então, ele viu o arco-íris pela primeira vez, quando o Sol brilhou sobre as nuvens e foi-lhe dito que, enquanto aquele sinal permanecesse, a sucessão de mudanças, que conhecemos como estações, continuaria. Enquanto tivermos as atuais condições atmosféricas, esta era de alternâncias continuará. Devagar, mas seguramente, estamos subindo em direção aos cumes da terra; procuramos níveis cada vez mais altos.

Quanto mais elevada for a evolução das raças, mais elas quererão subir em direção ao ar e, gradualmente, vão deixando as terras baixas.

Como aconteceu na época de Noé, dia virá que ocorrerá uma grande mudança cósmica. Cristo refere-se a isto ao falar de Sua vinda: “Assim como foi nos dias de Noé, assim será nos dias do Filho do homem[8]. Pessoas movimentavam-se como sempre o haviam feito. Casavam-se e eram dadas em casamento; comiam e bebiam e viviam suas vidas mundanas. Mas, de repente, o dilúvio desceu sobre a antiga Atlântida e os veículos que tinham não lhes eram mais úteis. Necessitavam de veículos onde pudessem adaptar-se às novas condições atmosféricas, da mesma maneira que o bebê, quando nasce, precisa instantaneamente adaptar-se, da respiração que tinha dentro da água, à respiração no ar. Se não puder fazer isto, ele morrerá e foi o mesmo no caso dos Atlantes que estavam acostumados a respirar em sua atmosfera aquosa e nebulosa. Aqueles que não estavam fisiologicamente ajustados para esta mudança, afogaram-se.

Cristo disse que uma condição semelhante ocorrerá à Sua vinda. Aqueles que viviam na Atlântida, talvez não tenham percebido o desenvolvimento fisiológico que ocorreu em alguns e que os preparou para mudar da respiração aquosa para a respiração do ar, usando diretamente os pulmões. Do mesmo modo, há uma mudança acontecendo na humanidade, não observável por aqueles que não cultivam a visão espiritual. É um fato que uma atmosfera áurica envolve todo ser humano. Sabemos que, frequentemente, sentimos a presença de uma pessoa que não vemos e sentimos isto porque existe esta atmosfera fora de nossos Corpos Densos. Ela está, pouco a pouco, mudando; está se tornando cada vez mais dourada no Oeste. Quanto mais caminhamos com Cristo, mais esta cor dourada aumentará – esta que é a cor do Cristo e dos semelhantes a Ele: os Santos que os pintores retrataram com uma auréola. Gradualmente, estamos nos tornando mais semelhantes a Ele e esse “soma psuchicon” ou Corpo-Alma está adquirindo forma, está sendo preparada como nosso “traje nupcial”.

Um número crescente de pessoas está se tornando capaz de funcionar neste veículo e muitos estão se preparando para o dia da vinda de Cristo. Esta mudança não é realizada por processo físico, mas pelo serviço, pelo amor, pelo que conhecemos no mundo ocidental como altruísmo, que está se difundindo cada vez mais na sociedade. Estamos ficando mais humanos; cada vez mais iguais a Cristo, embora longe de sermos perfeitos. Talvez o dia da vinda de Cristo não seja nesse século ou no outro, nem no próximo milênio, não obstante, podemos observar uma mudança espiritual acontecendo na humanidade e depende de nós apressarmos o dia da vinda de Cristo, pois como Ele mesmo disse: “Este dia nenhum ser humano conhece[9]. Nenhum ser humano está habilitado a dizer quando e quantas pessoas terão desenvolvido o soma psuchicon, de tal forma que estejam capacitados a fazer a obra que Ele está agora fazendo para nós.

Descemos até ao vale da matéria e, por nossa causa, foi necessário que Cristo entrasse na Terra para nos ajudar de dentro. Por nossa causa, Ele está agora sofrendo e labutando lá, esperando pela manifestação dos filhos de Deus e depende de nós apressarmos ou retardarmos este dia. Cada ato nosso tem algum efeito nesse sentido – cada um de nós tem seu trabalho neste mundo e quanto mais cedo aprendermos a fazê-lo, melhor será para nós. Não deveríamos procurar o Cristo fora – Ele não se encontra lá. Ele mesmo disse, “Não vás para o deserto”. Não O procuremos nestes lugares: o Cristo é formado de dentro. O Corpo-Alma que está, gradualmente, tornando-se capaz de elevar-se sobre as montanhas, é o resultado do esforço de cada aspirante que esforça para ser admitido à vida superior. Como diz Fausto:

“Duas almas, oh! Moram dentro do meu peito,

E aí lutam por um indivisível reino;

Uma aspira pela terra, como vontade apaixonada

À íntimas entranhas ainda está ligada.

Acima das névoas, a outra aspira, de certeza,

Com ardor sagrado por esferas onde reine a pureza”.

Amigos, em cada um de nós há essa luta travada entre a natureza superior e a inferior. São Paulo teve que lutar essa batalha e toda alma que procura deve lutar, também. Mas, não pensem que é saindo para o extenso mundo e nele lutar, que encontraremos o que procuramos. Sir Launfal saiu de sua casa ainda jovem, passou toda uma vida procurando o Graal. Quando voltou para seu castelo, encontrou o mesmo mendigo que ele havia desdenhosamente ignorado quando partiu de casa, mas, quando agiu certo, quando o amoroso espírito do serviço entrou nele, então, o Cristo se manifestou.

“Ele partiu em duas, sua única côdea de pão,

Ele quebrou o gelo da beira do córrego;

E ao leproso deu de comer e beber pela mão”.

O Salvador, diante dele, disse: “Este é meu Corpo e este é meu sangue”.

“Santa Ceia é mantida, na verdade,

Por tudo que ajudamos o outro em sua necessidade”

Não é o que damos, mas é o que compartilhamos que realmente tem valor. Aqueles que dão somente quando têm em abundância, quando dão coisas que não necessitam – coisas que são realmente um peso para eles, coisas de que não sentem falta – não sabem o que é dar a vida por um amigo. Enquanto não se derem, suas dádivas serão estéreis. “Não há maior amor que o do ser humano que dá sua vida por um amigo”. Este não deve ser um único ato – o dar a vida por um amigo – mas sim um auto sacrifício constante, diário. “Eu estava com fome e tu me deste de comer; eu estava com sede e tu me deste de beber … eu estava doente e tu me visitaste[10]. Este é o único requisito. Que nós possamos aprendê-lo, amigos. Não precisamos procurá-Lo tão longe: está perto de nós, ao nosso lado.

Conhecemos aquele pequeno poema sobre deixar nossa luz brilhar exatamente onde estamos. Nem todos podem ser uma estrela, nem podem brilhar, nem ser um líder, mas cada um pode fazer algo, acender sua própria velinha e deixar que ela dissipe um pouco a escuridão ao redor. Isto é o que temos que fazer e se fizermos somente este tanto, descobriremos que aquela vela será como uma estrela ardente para guiar-nos para o Cristo, na Sua próxima vinda. Então, teremos certeza de reconhecê-Lo, pois encontraremos a resposta dentro de nós. Diz-se que O conheceremos porque seremos como Ele e, como Ele não tem Corpo Denso para vir, temos que desenvolver aquele veículo da alma, o soma psuchicon. Para que nós possamos encontrá-Lo quando Ele aparecer, mas deveremos estar trajados com o “Dourado Manto Nupcial”.

F I M


[1] N.T.: Jo 15:14

[2] N.T.: Mt 11:28

[3] N.T.: Rm 8:18

[4] N.T.: Mt 24 4-36 e Mc 13:5-32

[5] N.T.: em um Corpo Denso

[6] N.T.: Mt 24:26

[7] N.T.: Mt 24:30; Lc 21:27 e Mc 13:26

[8] N.T.: Mt 24:37

[9] N.T.: Mt 24:36

[10] N.T.: Mt 25:35-36

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Interpretação Mística da Páscoa

As informações contidas nesse livreto foram trazidas das conferências e de outros escritos de Max Heindel e publicadas de tempos em tempos, em forma de revista ou trechos em livros.

Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota.

O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós.

Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo-interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria.

Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.

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Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel

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4. Para estudar no próprio site:

INTERPRETAÇÃO MÍSTICA DA PÁSCOA

 Por

Max Heindel

(1865-1919)

Compilado de vários escritos e conferências de um místico

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, The Mystical Interpretation of Easter, editada por Max Heindel

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

PREFÁCIO

As informações contidas nesse livreto provêm das conferências e escritos de Max Heindel, e foram publicadas uma e outra vez em forma de artigos de revista e/ou em livros. O Boletim Echoes, editado pela primeira vez em junho de 1913, por Max Heindel, contém uma grande quantidade de conhecimentos e sabedoria sobre esse e outros importantes acontecimentos de significado místico. Alguns capítulos sobre a Páscoa são, também, encontrados nos livros Coletâneas de um Místico e Ensinamentos de um Iniciado.

Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota. O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós. Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo Interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria. Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.

ÍNDICE

CAPÍTULO I

O CRISTO CÓSMICO

CAPÍTULO II

UM ACONTECIMENTO DE SENTIDO MÍSTICO

CAPÍTULO III

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Primeira Parte

CAPÍTULO IV

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA.

Segunda Parte

CAPÍTULO V

A LIÇÃO DE PÁSCOA

CAPÍTULO VI

O SÍMBOLO DO OVO

CAPITULO VII

A CRUZ DE CRISTO

CAPITULO VIII

QUE FOI FEITO DO CORPO FÍSICO DE JESUS?

CAPÍTULO I

O CRISTO CÓSMICO

“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,

se não nasce dentro de ti, tua alma segue extraviada.

Olharás em vão a Cruz do Gólgota,

enquanto não fizeres um Gólgota de teu coração também”.

AngelusSilésius[1]

A canção popular de hoje, que todo mundo canta com entusiasmo, mas que é esquecida amanhã; o espetáculo que é levado à cena, talvez, cem noites seguidas, para depois ser abandonado e relegado ao pó, e todas as outras coisas que são evanescentes demonstram, claramente, que não tem um valor intrínseco. O brilho de uma estrela cadente ilumina o céu por um momento, mas embora o brilho das outras estrelas seja mais fraco e atraia menos a nossa atenção, suas luzes confortam ao caminhante, noite após noite, através dos tempos. Somente as canções que, por seu valor, são reproduzidas sempre de novo, cuja música não nos cansa nunca, têm realmente algo de valioso na vida. O mesmo acontece nos ciclos cósmicos que sempre se repetem, marcados pelas festas do ano. Como elas são recorrentes, sempre nos ensinam as mesmas antigas lições, sempre sob um novo ponto de vista.

O impulso de vida do Cristo Cósmico que entrou na Terra no último mês de setembro, manifestou-se no nascimento Místico no Natal e realizou sua maravilhosa magia de fecundação do mês de setembro até março e se libertou da cruz da matéria para ascender novamente ao trono do Pai, na Páscoa deixa a Terra coberta de uma glória verde dos próximos meses, pronta para as atividades físicas[1].

Como é em cima, assim também é em baixo. Os processos que se desenvolvem em larga escala na Terra manifestam-se, também, no ser humano. Durante os meses de setembro a março nós fomos completamente impregnados pelas vibrações espirituais que predominaram nos últimos meses, muito mais do que foi possível sob as condições mais materiais que prevalecem entre março e setembro. Chegou-nos em setembro com um novo impulso para a vida superior; culminou na Noite Santa, e sua magia trabalhou dentro de nós e em nossas naturezas na proporção que aproveitamos nossas oportunidades. De acordo com a nossa aplicação ou descuido no último período, o progresso será acelerado ou atrasado no próximo período, porque não existem palavras mais verdadeiras do que aquelas que nos ensinam que somos exatamente aquilo que fizermos de nós mesmos. O serviço que prestamos ou deixamos de prestar determina se a nova oportunidade, para um serviço maior, nos proporciona um impulso mais forte para cima; e não será nunca demais repetir que é inútil esperar libertação da cruz da matéria, antes que tenhamos usado nossas oportunidades aqui e, então obter uma mais ampla capacidade de sermos úteis. Os “cravos” que prendem a Cristo na Cruz do Calvário prendem você e eu, até que o impulso dinâmico de amor flua de nós em ondas e correntes rítmicas, tal como a maré de amor que, anualmente, entra na Terra, e a impregna com vida renovada.

Conhecemos a analogia entre o ser humano – que entra nos seus veículos, quando desperta pela manhã, vive neles e trabalha por meio deles, e a noite é um Espírito livre, livre da escravidão do Corpo Denso – e o Espírito de Cristo que mora em nossa Terra, uma parte do ano. Nós todos sabemos que grilhão e que prisão esse Corpo representa; como nós somos cerceados pelas doenças e sofrimentos, porque não existe ninguém que esteja sempre em perfeita saúde, de maneira que nunca estamos livres de sentir as ânsias de dor, pelo menos ninguém que esteja no estreito caminho espiritual.

A mesma coisa acontece com o Cristo Cósmico, que dirige Sua atenção para a nossa pequena Terra, focando Sua consciência neste Planeta, para que tenhamos vida.  Ele tem que vitalizar esta massa morta (que nós mesmos cristalizamos fora do Sol) todos os anos; e isso é um grilhão, um peso e um aprisionamento para Ele. Esse é o motivo justo e próprio pelo qual devemos nos alegrar quando Ele chega à época doNatal, todos os anos, e nasce, novamente, no nosso mundo para nos ajudar a transformar para melhor essa massa informe, com a qual nos sobrecarregamos. Nossos corações, nessa época, devem voltar-se para Ele, em gratidão pelo sacrifício que Ele faz por nossa causa, durante os meses de: setembro, outubro, novembro e dezembro, permeando este Planeta com Sua Vida, para despertá-lo da hibernação, no qual permaneceria se não fosse Ele, pelo seu nascimento, para dar-lhe vida.

Durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro Ele sofre agonias de torturas, “gemendo, trabalhando e esperando pelo dia da libertação[2], a qual chega no tempo em que nós falamos nas igrejas ortodoxas: Semana da Paixão, mas nós afirmamos que, de acordo com os ensinamentos místicos, essa semana é exatamente a culminação ou ponto mais alto dos Seus sofrimentos, e que Ele, então, sai de Sua prisão; e quando o Sol cruza o Equador, Ele é suspenso na Cruz, exclamando: “Consummatum est!” – “Está consumado!”[3]; ou “Está cumprido!”. Isto quer dizer que o Seu trabalho, para aquele dia, foi cumprido. Não é um grito de agonia, mas um grito de triunfo, um grito de alegria, pois a hora da libertação chegou e, mais uma vez, Ele pode se elevar, por mais um período, se livrando da prisão e do peso do nosso Planeta.

O ponto para o qual desejo chamar vossa atenção é que deveríamos nos alegrar com Ele, nessa grande, gloriosa e triunfante hora, a hora da libertação, quando Ele exclama: “Está cumprido”. Sintonizemos os nossos corações para esse grande acontecimento Cósmico; alegremo-nos com o Cristo, nosso Salvador, que o tempo de Seu sacrifício anual se completou, mais uma vez; sintamo-nos agradecidos, do fundo dos nossos corações, que Ele está, agora, prestes a ser libertado da prisão terrena; pois a vida que Ele imbuiu no nosso Planeta é suficiente para conservar-se até o próximo Natal.

A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Por isso, quando queremos conhecer a Deus precisamos estudar a Natureza, lembrando-nos sempre que existe um propósito emtoda a manifestação; que a vida é uma escola e aprendendo suas muitas lições a humanidade evolui lentamente de uma chispa divina para a Divindade. Se tivéssemos aprendido as lições da vida, tal como nos foram dadas, não teria havido necessidade do grande sacrifício que foi feito e que é anualmente repetido pelo Espírito de Cristo, que é a personificação do Amor. Por egoísmo, desobediência às Leis e práticas do mal fomos cristalizando rapidamente, não somente nossos corpos, mas, também a Terra na qual vivemos, a um nível que ambos estavam se tornando inúteis como meios de evolução. Quando já não nos podíamos salvar dos resultados dos nossos próprios erros, o Cristo compassivo ofereceu a Si mesmo e o seu grande Poder de Amor para romper essas condições cristalizadas dos corpos humanos e da Terra. Durante três anos Ele ensinou a Humanidade pela palavra, pelo preceito e exemplo.

Quando Ele foi crucificado no Gólgota o seu Grande Sacrifício pela humanidade apenas começou. Cada ano, desde esse tempo, quando o Sol passa do Signo zodiacal de Virgem para o de Libra, o Espírito de Cristo, retornando à nossa Terra, toca a sua atmosfera. Ele começa a sua jornada de descida em torno de 21 de junho[4], no Solstício de Junho, quando o Sol entra no Signo de Câncer. Ele chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de dezembro. Aí Ele fica por três dias e, depois, começa a voltar. Esta volta completa-se na Páscoa. Da Páscoa até o Solstício de Junho Ele está passando pelos Mundos Espirituais e chega ao Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai, a 21 de junho[5]. Durante julho e agosto, quando o Sol está em Câncer e Leão, Ele reconstrói o seu veículo Espírito de Vida, que Ele trará ao mundo, novamente, e, com esse veículo, Ele voltará a rejuvenescer a Terra e os reinos de vida que nela evolucionam. Do Natal até a Páscoa Ele se dá a Si mesmo sem limitações nem medida, imbuindo com vida, não apenas as sementes adormecidas, mas todas as coisas sobre e dentro da Terra.

Sem essa infusão da vida e energia Divinas, todos os seres viventes da nossa Terra morreriam imediatamente, e todo o progresso seria frustrado, no que concerne à nossa presente linha de desenvolvimento. Essa atividade germinativa da vida do Pai, que nos é trazida por Cristo e entregue amplamente no tempo da Páscoa, que renova o crescimento e intensifica a atividade na planta, no animal e no ser humano, nessa especial parte do ano. Cristo não deixa a Terra na Páscoa senão depois de dar de Si Mesmo até ao máximo. É, então, que a infusão de Sua Vida, junto com os raios quase verticais do Sol, faz as sementes germinarem; as árvores florirem; os pássaros acasalarem, dirigidos pelos seus Espíritos-Grupo, e construírem seus ninhos. A humanidade, então, é fortificada e imbuída com a energia e a coragem necessárias para enfrentar, aproveitar e crescer por meio das experiências inesperadas providas pelos diversos e perplexos problemas da vida.

Para aqueles que se decidiram trabalhar consciente e inteligentemente com a Lei Cósmica, a Páscoa tem um grande significado. Para eles significa a libertação anual do Espírito de Cristo das restrições dolorosas da Terra e Sua gloriosa ascensão ao mundo do Seu verdadeiro lar, para lá permanecer um período junto ao seio do Pai. E se os seus olhos estão verdadeiramente abertos eles podem ver as hostes Angélicas que O estão esperando, prontos para acompanhá-Lo na Sua viagem em direção ao céu; se os seus ouvidos estão sintonizados com os sons celestiais, eles ouvem os coros celestiais cantando Seu louvor e hosanas jubilosos, elevados ao Deus Altíssimo.

Para as almas iluminadas a Páscoa traz uma profunda compreensão do fato de que toda a humanidade é peregrina na Terra; que a verdadeira pátria do Espírito são os Mundos Espirituais e para alcançar esse reino devemos nos esforçar em aprender as lições da escola da vida o mais rápido possível, de maneira que possamos ser capazes de ver para o amanhecer de um dia que nos liberaremos, permanentemente, da escravidão da Terra. Então, da mesma forma como o Cristo libertado, chegaremos a uma realização dessa gloriosa imortalidade, como recompensa da conquista do Espírito perfeito. Para as almas iluminadas, a Páscoa simboliza o amanhecer de um dia feliz, quando toda a humanidade, semelhante ao Cristo, será permanentemente livre das restrições materiais, e ascenderão aos Reinos celestes, tornando-se pilares de força na Casa do Pai, de onde não mais sairão.

CAPÍTULO II

UM ACONTECIMENTO DE SENTIDO MÍSTICO

Para onde eu vou não podes agora seguir-me; mas

depois me seguirás … Aquele que crê em mim

também fará as obras que eu faço

e as fará maiores do que estas.

Jo 13:36; 14:12

Se fôssemos a uma igreja ortodoxa num Domingo de Páscoa, provavelmente ouviríamos a história de Jesus, o Filho de Deus, concebido sem pecado e que, com a idade de 30 anos, assumiu um sacerdócio que durou três anos e que terminou em crucificação e morte por nós; que através de seu sangue podemos ser salvos. Provavelmente, poderíamos ouvir, também, que no dia da Páscoa ele levantou-se novamente dos mortos, subindo depois para o Pai onde está agora sentado à direita da majestade de Deus, de onde retornará para julgar os vivos e os mortos na última Ressurreição.

Porém, mesmo sabendo – em virtude de podermos ler na Memória da Natureza – que Jesus viveu e morreu, que teve uma missão mística da máxima importância para a evolução humana e que os principais acontecimentos daquela grande vida se deram realmente conforme relata o Evangelho, sabemos também que a missão do Cristo Místico é algo infinitamente mais gloriosa do que aquilo que já penetrou no coração dos que conhecem apenas a interpretação ortodoxa dos Evangelhos.

Em primeiro lugar, a festa da Ressurreição, chamada Páscoa, não comemora simplesmente a ressurreição de um indivíduo, mas significa um evento cósmico. Seria extrema tolice celebrar-se a morte e ressurreição de uma pessoa, ocorrida em certo dia do ano, com uma festa móvel que é determinada pelas posições do Sol e da Lua no Signo zodiacal de Áries, o carneiro ou cordeiro.

Cada ano uma onda espiritual de vitalidade invade a Terra no Solstício de Junho, a fim de despertar a semente que hiberna no solo gelado e infundir nova vida ao mundo em que vivemos. Este trabalho se processa durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto o Sol transita pelos Signos zodiacais de Capricórnio, Aquário e Peixes. Então, ele cruza o equador celestial vindo do Sul, onde esteve durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro; esse cruzamento ou crucificação (crucifixão) é então relacionado, cosmicamente, com a sua entrada no Signo de Áries, o carneiro ou cordeiro. Então, o Sol se eleva para os Signos dos céus setentrionais a fim de promover, com seus raios aquecedores, o crescimento da semente no solo já revitalizada pela onda de vida Crística nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Sem essa onda mística anual de energia vital oriunda do Cristo Cósmico, a vida física seria uma impossibilidade. Sem ela não poderia haver nem pão e vinho físicos, nem a transubstanciada tintura espiritual, preparada pela alquimia vinda do sangue do coração do Discípulo.

O cordeiro foi morto quando da fundação do mundo da Época Ária, em que agora vivemos. Seu sangue foi o símbolo que salvou da morte o povo escolhido de Deus quando este deixou o lendário Egito, a pátria de adoração do boi Touro ou Apis. A partir dali, tornou-se idolatria para todos os que haviam sido salvos pelo sangue do cordeiro, adorar o bezerro de ouro, pois as velhas Religiões do boi Touro tinham sido superadas pela Religião do cordeiro, quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, deixou o Signo de Touro e entrou no Signo celestial de Áries, o cordeiro ou carneiro. Completado o tempo em que o Sol, por Precessão dos Equinócios, havia alcançado os sete graus no Signo do carneiro, Cristo veio no corpo de Jesus para estabelecer um novo pacto sob o selo e símbolo dos místicos pão e água da vida. Mas o Cordeiro de Deus precisava morrer, e isto aconteceu individualmente quando Cristo deixou o corpo de Jesus e, cosmicamente quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, saiu do Signo de Áries. Então um novo símbolo precisava ser dado àqueles que seriam os mensageiros durante a entrante Era de Peixes, por conseguinte, Ele, Ele próprio representou na última ceia do cordeiro do sacrifício. O pão e a água da vida foram dados como símbolo do seu corpo e do seu sangue, devendo ser usados para recordá-Lo durante a próxima Era. Há, portanto, uma ligação entre o vinho místico e o sangue, como também entre o pão místico e o corpo, que precisamos compreender se quisermos conhecer o verdadeiro sentido místico da morte e da ressurreição.

Em sua evolução o ser humano recebeu o alimento apropriado ao desenvolvimento de cada um dos seus veículos. Um veículo como o nosso corpo físico, formado de compostos químicos, só pode ser nutrido com substâncias químicas. Analogamente, só Espírito pode atuar sobre Espírito, portanto o vinho foi acrescentado à dieta do ser humano para ajudá-lo a dissolver as pesadas moléculas da carne e estimulá-lo na batalha da existência. A isto se refere à história de Noé (Gn 9:2-20), o qual com seus seguidores, representa a humanidade na era do arco-íris em que a assim chamada “dieta mista” e o vinho constituem a alimentação necessária à presente fase de evolução.

Fortalecido pela Mente carnívora e pelo Espírito do álcool, o ser humano se afastou cada vez mais do caminho da fraternidade, pois nutrindo-se com o mesmo alimento dos carnívoros ele se tornou necessariamente tão feroz quanto um animal predador, passando a caçar instintivamente ao seu próprio semelhante. Enquanto o sistema de procriação e casamento dentro da mesma tribo prendia-o firmemente aos seus companheiros de clã, ele ao menos demonstrava amá-los. Mas desde que os casamentos intertribais entraram em voga e ele começou a emancipar-se gradativamente do Espírito de raça, passou a saquear, ao próprio ser humano e até à própria família. O egoísmo tomou-se ilimitado, nada mais foi sagrado aos olhos cobiçosos, e cada ser humano passou a viver em guarda contra todos os outros. Além da ação que tais coisas trazem, não há descanso, não há paz duradoura nem felicidade na senda da paixão e da autogratificação. Portanto, chega a hora em que o ser humano deseja um fim permanente para os seus sofrimentos mais do que qualquer outra coisa, e aí começa a buscar o caminho da paz, que é também o caminho da pureza e da abnegação. Então ele é introduzido nos mistérios do Gólgota, do Sangue Purificador e da Cruz das Rosas, como segue:

Purificar o sangue do egoísmo é o Mistério no Gólgota. O processo começou quando o sangue de Jesus foi derramado e continuou através das guerras entre nações Cristãs todas as vezes que o ser humano lutou por um ideal, e prosseguirá até que o contraste entre os horrores da guerra e a beleza da fraternidade tenham impressionado suficientemente a espécie humana. Abaixo de nós na escala da evolução estão os vegetais e os animais, acima estão os deuses. Anatomicamente nós pertencemos ao reino animal e, em nossas vidas passadas, vivemos abaixo da nossa condição de humanos. Como os animais, gratificávamos nossos desejos sexuais e nossos apetites, mas enquanto aqueles eram mantidos sob controle por um sábio Espírito-Grupo nós não exercemos nenhum domínio sobre os nossos desejos, pelo que a doença, a dor e o sofrimento tornaram-se o nosso quinhão. Agora, contudo, aspiramos palmilhar a senda da paz em direção à serena felicidade dos deuses. Para isso devemos nos tomar como as plantas, isto é, puros e sem paixões. Consideremos o antigo Templo de Mistérios Atlante, também chamado “O Tabernáculo no Deserto”. Na velha Dispensação, quando a carne oferecida em sacrifício pelos pecados era queimada sobre o altar do sacrifício, seu odor elevava-se aos céus como um atestado da repugnante natureza da transgressão, da paixão e da impureza. Mas dentro do Tabernáculo havia o candelabro de sete braços, que queimava a essência das oliveiras sem desprender odor desagradável. Toda carne foi concebida sob a paixão e o pecado, mas a geração da planta é pura e imaculada. Por conseguinte, a flor aromática, especialmente a rosa vermelha, mantém-se em simbólica e direta oposição à carne corrompida. A flor é o órgão gerador da planta. Ela nos diz que a concepção sem mácula, em amor e pureza, é o caminho da paz e do progresso. Em Sua última reunião com seus Discípulos, Cristo estabeleceu os símbolos do novo pacto, do Testamento: deu-lhes pão para comer, simbolizando o Seu corpo, e a taça simbolizando o Seu sangue. Não uma taça comum para qualquer líquido, nem que o líquido por si só tivesse o poder suficiente para ratificar o novo pacto. O mistério jaz no fato de que a taça e seu conteúdo eram partes essenciais e necessárias de um sublime todo. O nome que designava essa taça mística em latim era “Calix”, em grego era “Poterion”.

Na velha Dispensação só a água era usada nos serviços do templo, mas com o tempo o vinho tornou-se um fator na evolução humana. Um deus do vinho – Baco – passou a ser adorado, e orgias da mais brutal natureza eram celebradas para que, sufocando as aspirações do Espírito, o ser humano se voltasse mais para a conquista do Mundo Físico. Mesmo sob a Dispensação mosaica os sacerdotes eram rigorosamente proibidos de usar o vinho enquanto oficiassem no templo, mas Cristo em sua primeira aparição em público mudou a água em vinho, aprovando deste modo o seu uso na ordem de coisas então existentes. Note-se, todavia, que isso foi feito em público, e que esse foi Seu primeiro ato como sacerdote do povo, mas na última reunião esotérica de Cristo com Seus Discípulos, quando o novo pacto foi dado, não havia nem carne de carneiro (Áries) – conforme estabelecia a ordem Mosaica – nem vinho, mas tão somente pão, um produto vegetal e o cálice do qual falaremos após ouvirmos as palavras que Ele proferiu naquela ocasião: “Não mais beberei deste fruto da videira até o dia em que hei de beber, novo, convosco no Reino dos Céus[6]. O suco novo, recém-espremido da uva, não contém o Espírito da fermentação e da decomposição, mas é um alimento vegetal nutritivo e puro. Por conseguinte, os seguidores da doutrina esotérica foram instruídos por Cristo a não consumirem alimentos cárneos nem alcoólicos.

Geralmente supõe-se que o cálice usado por Cristo na Última Ceia continha vinho, muito embora não haja fundamento bíblico para tal suposição. Existem três relatos dos preparativos para a Páscoa. Mesmo que Marcos e Lucas refiram-se aos mensageiros enviados a certa cidade em busca de um homem que carregava um cântaro de água, nenhum dos evangelistas diz que o cálice continha vinho. Além disso, investigações na Memória da Natureza mostram que a água é que foi usada, e no que diz respeito aos esoteristas o vinho não tinha mais vez. Daquele ato, data também a inauguração do movimento de temperança, pois tais mudanças cósmicas envolvem longos preparativos nos Mundos Espirituais internos antes que possam manifestar-se nas sociedades do Mundo externo. Assim, milhares de anos quase nada significam nesses processos.

O uso da água na Última Ceia também se harmoniza com os requisitos astrológicos e éticos. O Sol saía de Áries – o Signo do Cordeiro – e entrava em Peixes, um Signo de Água. Ia soar uma nova nota de aspiração. Na Era de Peixes entrante ia iniciar-se uma nova fase de soerguimento humano. A autoindulgência ia ser suplantada pela autonegação. O pão, a matéria da vida, que é feito do grão gerado imaculadamente, não estimula paixões como a carne, nem nosso sangue se agita tão apaixonadamente quando recebe água do que quando recebe vinho. Portanto, pão e água são os alimentos e símbolos apropriados aos ideais da Era Peixes-Virgem, pois representam pureza. A Igreja Católica dá aos seus fiéis a água de Peixes na porta dos templos, como dá também o pão da Virgem no altar, mas nega-lhes o cálice de vinho do ofício. Todavia, as considerações acima não conduzem no âmago do mistério oculto no “Cálice do Novo Pacto”.

A taça de vinho velho, que nos foi dada no início da Época Ária – terra da geração – estava cheia de destruição, morte e veneno, de modo que a palavra que então aprendemos a falar é morta e destituída de poder.

A taça de vinho novo, mencionada como o ideal da futura época – a Nova Galileia (não a confundir com a Era de Aquário) – é um órgão etérico construído no interior da cabeça e da garganta pela força sexual economizada, o qual órgão é visto pelos Clarividentes como a haste de uma flor que ascende da parte inferior do tronco. Este cálice, ou taça-semente, é verdadeiramente um órgão criador capaz de emitir a palavra, a vida e o poder.

A palavra atual é produzida por movimentos musculares rudimentares que combinam laringe, língua e lábios de tal modo que a passagem do ar saído dos pulmões gera determinados sons. Mas o ar é um veículo pesado, difícil de mover-se, comparado as forças mais sutis da Natureza como a eletricidade, que se propaga no Éter, de modo que, quando este órgão tiver alcançado pleno desenvolvimento, ele terá o poder de falar a palavra da vida e infundir vitalidade nas substâncias que até ali estiverem inertes. Este órgão está sendo agora construído por nós, através do serviço.

Recorde-se que Cristo não deu o cálice ao povo, mas sim aos Seus Discípulos, Seus mensageiros e servos da Cruz. Nos dias atuais, aqueles que bebem do cálice da auto-abnegação para poderem usar a força no serviço aos outros estão construindo esse órgão e, também, o Corpo-Alma, que é o traje nupcial. Estão aprendendo a usá-lo aos poucos, como Auxiliares Invisíveis, quando fora de seus corpos à noite precisam emitir a palavra de poder para dissipar doenças e produzir tecidos sadios.

Quando a Época Atlante se aproximava do seu fim e a humanidade abandonava o lar de sua infância, onde viveu sob a orientação direta de Guias Divinos, o velho pacto foi feito dando ao ser humano carne e vinho, e estes dois elementos, juntamente com o uso descontrolado da força sexual, tornaram a Época Ária uma era de morte e destruição. Agora estamos nos aproximando do fim dessa era. Estamos em busca do Reino dos Céus, da Nova Galileia, e a fim de preparar-nos para essa época. Cristo nos deu o pão e a água da vida, ordenando-nos ao mesmo tempo não cedermos a luxúria. Tendo feito este novo pacto, Ele foi para a cruz da libertação, deixando atrás de Si o corpo da morte e pairando nas alturas em um veículo de vida, o Corpo Vital. Mas Ele deu aos Seus seguidores a certeza de que, embora eles não O pudessem seguir então ao lugar para onde ia, mais tarde o seguirão. Cada pessoa é um Cristo-em-formação e algum dia acontecerá a “Páscoa” para cada um de nós.

CAPÍTULO III

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Primeira Parte

“Toda a vida de Cristo foi uma cruz e um martírio,

e tu buscas para ti mesmo folga e prazer? Quanto

maior o avanço espiritual de um indivíduo mais

pesadas as cruzes com que ele se depara frequentemente,

pois as dores do seu desterro aumentam

com o fortalecimento do seu amor”.

Thomas de Kempis[7]

Na manhã da Sexta-Feira Santa de 1857, Richard Wagner[8], o maior artista do século dezenove, sentou-se à varanda de uma vivenda suíça que se debruçava às bordas do lago de Zurich[9]. O panorama que se descortinava ao redor estava banhado por um glorioso brilho do Sol; paz e boa vontade pareciam vibrar por toda a Natureza. A criação inteira palpitava de vida e o ar estava carregado da deliciosa fragrância dos bosques de pinho – bálsamo gratificante para um coração atormentado e uma Mente agitada.

Então, de súbito, como um raio caído do céu azul, surgiu na alma profundamente mística de Wagner a lembrança do execrável significado daquele dia – o mais sombrio e mais doloroso do ano Cristão. Essa lembrança o inundou de tristeza, pelo contraste com o que via. Era uma incongruência marcante entre o alegre cenário que tinha diante de si, a clara atividade notável da Natureza, em luta pela renovação da vida após o longo sono hibernal, e o mortal esforço do Salvador torturado na cruz; entre os gorjeios plenos de vida e amor dos milhares de cantores de pena do bosque, na charneca e no prado, e os hediondos gritos de ódio duma turba enfurecida que insultava e zombava do mais nobre ideal que o mundo já conheceu; entre a maravilhosa energia criadora manifestada pela Natureza na primavera[10] e o elemento destruidor no ser humano, que assassinou o caráter mais nobre que já agraciou a Terra.

Enquanto Wagner meditava assim sobre os paradoxos da vida, ocorreu-lhe a pergunta: “há alguma relação entre a morte do Salvador por crucificação, na Páscoa, e a energia vital que se manifesta tão abundantemente na primavera quando a Natureza começa a vida de um novo ano?”.

Mesmo que Wagner não percebesse, conscientemente, o significado total da relação entre a morte do Salvador e o rejuvenescimento da Natureza, não obstante ele havia dado com a chave de um dos mais sublimes mistérios com que o Espírito humano já deparou em sua peregrinação da Terra à Deus.

Na noite mais escura do ano, quando a Terra dorme mais profundamente no abraço do frio Boreal, quando as atividades materiais descem ao nível mais baixo, uma onda de energia espiritual transporta em sua crista a “Palavra do Céu”, divina e criadora, para um nascimento místico no Natal. Então, como uma nuvem luminosa, o impulso espiritual paira sobre o mundo que “não o conheceu[11] porque ele “brilha nas trevas[12] do inverno, quando a Natureza está paralisada e muda.

Essa divina “Palavra” criadora contém uma mensagem e tem uma missão. Nasceu para “salvar o mundo[13] e “para dar sua vida pelo mundo”. Deve, necessariamente, sacrificar sua palavra para conseguir o rejuvenescimento da Natureza. Gradativamente sepulta-se na Terra e passa a infundir sua própria energia vital nas milhões de sementes que jazem adormecidas no solo. Sussurra a “palavra de vida” nos ouvidos dos animais e pássaros, até que o evangelho das boas novas tenha sido pregado a todas as criaturas. O sacrifício se completa totalmente na época do ano em que o Sol cruza seu nódulo oriental no Equinócio de Março. Então a divina palavra criadora expira. Em um sentido místico, ela morre na cruz da Páscoa, emitindo um último brado de triunfo: “Está Consumado[14] (Consummatum est).

Porém, do mesmo modo que o eco volta a nós, muitas vezes, repetido, assim também o canto celestial de vida se repete sobre a Terra. A criação inteira entoa um cântico de louvor, que é repetido sem cessar pelo coro de uma legião de línguas. As pequeninas sementes no seio da Mãe Terra começam a germinar, brotando e despontando em todas as direções, e logo um maravilhoso mosaico de vida, um tapete verde aveludado bordado de flores multicores, toma o lugar da mortalha do imaculado branco gelado. Dos animais de pelo e pena, em todos a palavra de vida ressoa como uma canção de amor, impelindo-os ao acasalamento. Geração e multiplicação é o lema em toda parte – o Espírito libertou-se para uma vida mais abundante.

Podemos, assim, observar todos os anos, misticamente, o nascimento, a morte e a ressurreição do Salvador como o fluxo e o refluxo de um impulso espiritual que culmina no Solstício de Dezembro – Natal – e sai da Terra logo após a Páscoa, quando a “palavra” sobe ao Céu, no Domingo de Pentecostes. Mas lá não fica para sempre. Foi-nos ensinado que “dali retornará”, “no Juízo”. Portanto, quando o Sol desce pelo equador, em outubro, através do Signo de Libra – época em que os frutos do ano são colhidos, pesados e classificados por tipos – começa a descida do Espírito do novo ano, culminando esta descida no nascimento, no Natal.

O ser humano é uma miniatura da Natureza. O que acontece em grande escala na vida de um Planeta, como a nossa Terra, ocorre em escala menor ao longo da vida do ser humano. Um Planeta é o corpo de um grande, maravilhoso e exaltado Ser, um dos Sete Espíritos diante do Trono (do Pai Sol). O ser humano também é um Espírito “feito à sua imagem e semelhança”. Assim como um Planeta gira em seu caminho cíclico ao redor do Sol, de onde é emanado, assim também o Espírito humano se move numa órbita em volta de sua fonte central – Deus. Sendo elípticas as órbitas planetárias, possuem pontos muitíssimo próximos e pontos extremamente afastados dos seus centros solares. De maneira análoga, a órbita do Espírito humano é elíptica. Nós estamos mais perto de Deus quando nossa jornada cíclica nos leva à esfera de atividade celeste – o Céu – e estamos mais separados d’Ele durante a vida terrena. Tais mudanças são necessárias ao nosso crescimento anímico. Assim como as festividades do ano assinalam o caráter repetitivo de acontecimentos importantes na vida de um Grande Espírito, do mesmo modo nossos nascimentos e mortes são fatos de repetição periódica. É tão impossível para o Espírito permanecer definitivamente no Céu ou na Terra como o é para um Planeta deter-se em sua órbita. A mesma imutável lei de periodicidade que determina a ininterrupta sequência das estações, a alternação do dia com a noite e os fluxos e refluxos das marés, governa também a marcha progressiva do Espírito humano tanto no Céu quanto na Terra.

Dos domínios de luz celestial onde vivemos em liberdade, sem as limitações do tempo e do espaço, onde vibramos em uníssono com a infinita harmonia das esferas, nós descemos para nascer no Mundo Físico, onde nossa visão espiritual torna-se obscurecida pela corda enrolada que nos agrilhoa a esta fase de limitações da nossa existência. Vivemos uns tempos aqui, depois morremos e subimos aos céus, para renascer e morrer outra vez. Cada vida terrena é um capítulo da história seriada da vida, extremamente humilde em seu começo, mas crescendo em interesse e importância à medida que ascendemos para estágios de responsabilidade humana, cada vez mais altos. Nenhum limite é concebível, pois somos divinos em essência e, portanto, temos latentes em nós as infinitas possibilidades de Deus. Quando tivermos aprendido tudo o que este mundo tem para ensinar-nos, uma órbita mais ampla, uma esfera maior de utilidade sobre-humana, abrir-se-á às nossas maiores capacidades.

“Mas, e Cristo?” – Pode alguém perguntar. “Você não acredita n’Ele? Você está discorrendo sobre a Páscoa, o feriado que comemora a morte cruel do Salvador e Sua gloriosa e triunfante ressurreição, todavia parece referir-se a Ele mais como uma alegoria que como um fato.”.

Certamente nós cremos em Cristo; amamo-Lo de todo o coração e com toda a nossa alma, mas queremos enfatizar a crença de que Cristo é a primícia da raça. Ele disse que nós poderíamos fazer as coisas que Ele fez, “e maiores ainda”. Portanto, somos Cristos-em-formação.

Estamos muito habituados a buscar um Salvador externo ao mesmo tempo que abrigamos um demônio interno, mas até que Cristo seja formado EM NÓS, conforme disse São Paulo, buscaremos em vão, porque assim como é impossível para nós percebermos a luz e a cor ao nosso redor sem o registro de suas vibrações pelo nosso nervo ótico, e assim como permanecemos inconscientes do som quando o tímpano dos nossos ouvidos está insensível, do mesmo modo permanecemos cegos à presença de Cristo e surdos à Sua voz enquanto não despertarmos nossa natureza espiritual interna. No entanto, uma vez despertada essa natureza espiritual, o Senhor do Amor se revela como uma realidade primordial, baseado no princípio de que, fazendo-se vibrar um diapasão, outro diapasão de mesmo tom começará também a vibrar, enquanto outros de tons diferentes ficarão mudos. Por isso Cristo disse que Suas ovelhas conheciam-No pelo som de Sua voz, à qual respondiam, mas não ouviam a voz do estranho (Jo 10:5). Não importam nossos credos, todos somos irmãos de Cristo, portanto regozijemo-nos: o Senhor ressuscitou! Busquemos a Ele e esqueçamos nossos credos e outras diferenças de menor importância.

CAPÍTULO IV

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Segunda Parte

O sinal da Cruz estará no céu quando o Senhor

vier para julgar. Então, todos os que servem a

Cruz e que na vida se tenham harmonizado com o

Crucificado poderão aproximar-se de Cristo com

toda coragem.

Thomas de Kempis

Mais uma vez chegamos ao ato final do drama cósmico que envolve a descida do Raio solar de Cristo ao interior da matéria de nossa Terra, o qual se completa no nascimento místico celebrado no Natal e na Morte Mística e Libertação, celebradas logo após o Equinócio de Março, quando o Sol do novo ano inicia sua ascenção às esferas superiores dos céus setentrionais, depois de verter sua vida para salvar a humanidade e revigorar todas as coisas sobre a Terra. Nessa época do ano uma nova vida, uma energia intensificada, circula com força irresistível nas veias e artérias de todos os seres vivos, inspirando e instilando neles novas esperanças, novas ambições e nova vida, e impelindo-os a novas atividades pelas quais possam aprender novas lições na escola da experiência. Consciente ou inconscientemente, tudo o que tem vida beneficia-se desse manancial de energia fortalecida. Até a planta responde por um aumento de circulação de seiva, que resulta em uma renovação de folhas, flores e frutos, meios pelos quais esta classe de vida expressa-se a si mesma e evolui para um estado superior de consciência.

Mas ainda que maravilhosas sejam essas manifestações físicas externas, e ainda que possa ser chamada de gloriosa essa transformação da Terra de um deserto de neve e gelo em um formoso jardim florido, isso é insignificante diante das atividades espirituais paralelas que se efetuam ao mesmo tempo. As características salientes do drama cósmico são idênticas em termos de época com os efeitos materiais do Sol nos quatro Signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), porque os eventos mais significativos ocorrem nos pontos equinociais e solsticiais.

Realmente, é de fato verdadeiro que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser[15]. Fora d’Ele não poderíamos existir; vivemos por e através de Sua vida; movimentamo-nos e agimos por e através de sua fortaleza; é o Seu poder que sustenta nossa morada, a Terra, e sem Seus incessantes e invariáveis esforços o universo desintegrar-se-ia por si mesmo. Sabemos que o ser humano foi feito à semelhança de Deus, e nos é dado compreender que, consoante a lei de analogia, possuímos internamente certos poderes latentes idênticos àqueles que vemos tão poderosamente manifestados pela Deidade na obra do universo. Isso desperta, em nós, um particular interesse no drama cósmico anual em que envolve a morte e ressurreição do Sol. A vida do Deus-Homem, Cristo-Jesus, foi moldada de conformidade com a história solar e prenuncia, de modo idêntico, tudo o que pode acontecer ao Homem-Deus, a quem Cristo-Jesus profetizou quando disse: “As obras que eu faço vós fareis também, e maiores ainda[16]; para onde vou agora vós não podeis ir, mas depois podereis seguir-me”[17].

A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Ela nada faz em vão ou arbitrariamente, mas existe um propósito por trás de todas as coisas e de todos os atos. Por conseguinte, devemos estar alertas e considerar cuidadosamente os sinais nos céus, porque eles possuem um significado profundo e importante referentes às nossas próprias vidas. A compreensão inteligente desses propósitos capacita-nos a trabalhar mais eficazmente com Deus em Seus maravilhosos esforços para emancipar nossa raça da escravidão das leis da Natureza e, mediante essa liberação, alcançarmos a plena estatura de filhos de Deus, coroados de glória, honra e imortalidade; livres do poder do pecado, da doença e do sofrimento que agora encurtam nossas existências terrenas em razão de nossa ignorância e de inconformidade às leis de Deus. O propósito divino visa essa emancipação, e ser ela conseguida através do longo e tedioso processo evolutivo ou ser alcançada através do caminho muitíssimo mais curto da Iniciação, isso depende da nossa vontade de cooperar ou não. A maioria da humanidade atravessa a vida com olhos que não veem e ouvidos que não ouvem. Segue absorvida em seus negócios materiais, comprando e vendendo, trabalhando e divertindo-se sem a devida apreciação ou compreensão dos propósitos da existência e, ainda que tais propósitos se tornassem claros, é provável que dificilmente se conformasse em virtude do sacrifício que isso envolve.

Não é de estranhar que Cristo chame especialmente o pobre e enfatize a dificuldade do rico entrar no Reino dos Céus, pois mesmo hoje, quando a humanidade já avançou dois milênios na escola da evolução desde aquela data, vemos que a grande maioria ainda dá mais valor às suas casas e terras, às suas roupas e chapéus, aos prazeres sociais, festas e banquetes do que aos tesouros celestiais, que se juntam pelo serviço aos outros e sacrifício de si mesmo. Ainda que essa maioria possa perceber intelectualmente a beleza da vida espiritual, a conveniência desta torna-se insignificante aos seus olhos quando comparada ao sacrifício exigido para alcançá-la. Como o moço rico, ela seguiria, voluntariamente, a Cristo não fora a necessidade de tanto sacrifício. Prefere ir-se quando percebe que o sacrifício é a única condição para ingressar-se no discipulado. Portanto, para tais pessoas a Páscoa não é mais que uma ocasião de regozijo porque se trata do fim de um momento especial e começo de outro momento especial diferente, que convida manifestações de alegrias.

Mas para aqueles que escolheram, definitivamente, a senda do auto sacrifício que conduz à libertação, a Páscoa é o sinal anual que evidencia as bases cósmicas de suas esperanças e aspirações.

No Sol da Páscoa, que no Equinócio de Março começa a percorrer os céus setentrionais, após verter sua vida na Terra, temos o símbolo cósmico da veracidade da ressurreição. Quando o consideramos como um fato cósmico enquadrado na lei de analogia, que relaciona o macrocosmo com o microcosmo, o importante é saber que algum dia alcançaremos a consciência cósmica e conheceremos positivamente por nós mesmos, por nossa própria experiência, que a morte não existe, mas o que isso parece é apenas uma transição para uma esfera mais sutil.

É um símbolo anual para fortalecer as nossas almas no afã das boas-obras, para que possamos tecer o manto dourado nupcial requerido para converter-nos em filhos de Deus no sentido mais elevado e mais santo. É literalmente verdadeiro que enquanto não andarmos na luz, como Ele na luz está, não seremos fraternais uns com os outros. Mas, fazendo sacrifícios e prestando os serviços que se requerem de nós para ajudar na emancipação da raça humana, estamos assim construindo um Corpo-Alma de radiante luz dourada, que é a substância especial emanada do e pelo Espírito do Sol, o Cristo Cósmico. Quando esta substância dourada nos envolver com densidade suficiente, então seremos capazes de imitar o Sol da Páscoa e pairar em esferas mais elevadas.

Com esses ideais firmemente impressos em nossas Mentes, a época da Páscoa se converte em uma estação apropriada para revisarmos nossas vidas durante o ano que passou e tomarmos novas resoluções que adiantem nosso crescimento anímico até ao próximo. É uma época em que o símbolo do Sol ascendente deve levar-nos a uma compreensão profunda do fato de que na Terra não somos mais que peregrinos e forasteiros; que, como Espíritos, nossa verdadeira pátria é o Céu; e que devemos esforçar-nos para aprender as lições desta vida tão depressa quanto nos permitam os caminhos apropriados. O Dia da Páscoa marca a ressurreição e libertação do Espírito de Cristo dos planos inferiores, e essa libertação deve lembrar-nos de buscar continuamente a aurora do dia em que estaremos permanentemente livres das malhas da matéria, do corpo de pecado e morte, juntamente com todos os nossos irmãos em escravidão. Nenhum aspirante sincero poderia conceber uma libertação que não incluísse a todos que estivessem na mesma situação.

Esta é uma tarefa gigantesca. Enfrentá-la pode muito bem desalentar o mais valente coração, de modo que se estivéssemos sozinhos não poderíamos realizá-la, mas as Hierarquias Divinas, que têm guiado a humanidade no caminho evolutivo desde o começo da jornada, ainda estão ativas e trabalhando conosco desde os Mundos Espirituais siderais, de maneira que com sua ajuda seremos, oportunamente, capazes de conseguir o soerguimento da humanidade como um todo e alcançar uma condição individual de glória, honra e imortalidade. Com esta enorme esperança dentro de nós mesmos, com esta grande missão no mundo trabalhemos como nunca para sermos melhores homens e mulheres, de forma que, por nossos exemplos, possamos despertar nos outros o desejo de levar uma vida que conduza à libertação.

CAPÍTULO V

A LIÇÃO DE PÁSCOA

“Porque se morreres com Ele, também com Ele

viverás, e se partilhares dos Seus sofrimentos,

da Sua glória também partilharás”.

Thomas de Kempis

Outra vez a Terra alcança o Equinócio de Março, em seu movimento anual de translação em torno do Sol, e assim chegamos à Páscoa. O raio espiritual emitido pelo Cristo Cósmico nesse período, para reativar a esgotada vitalidade da Terra, está quase subindo de volta ao Trono do Pai. Às atividades espirituais de fecundação e germinação, levadas a efeito durante os últimos seis meses, seguir-se-ão os processos de crescimento físico e amadurecimento durante os próximos seis meses, sob a influência do Espírito da Terra. O ciclo termina no “Lar da Colheita”. Deste modo o grande Drama do Mundo é encenado e reencenado ano após ano, numa eterna disputa entre a vida e a morte, sendo cada uma por vez vencedora e vencida na sequência dos ciclos.

Os grandes fluxos e refluxos cíclicos não estão limitados em seus efeitos à Terra, à sua flora e fauna. Exercem igualmente uma influência dominante sobre a humanidade, mesmo que a grande maioria não se aperceba das causas que a impelem a agir numa e noutra direção. Não obstante, essa ignorância, permanece o fato de que a mesma vibração terrestre que adorna vistosamente as aves e outros animais nesses próximos três meses, responde também pelo desejo humano de se vestir com cores alegres e roupas mais claras nessa época do ano. É, também, “o apelo do silvestre campo”, que nos subsequentes três meses convida o ser humano a relaxar no meio rural, onde os Espíritos da natureza exercitaram suas artes mágicas nos campos e florestas, para recuperar-se da tensão das condições artificiais reinantes nas cidades congestionadas.

Por outro lado, é a “queda” do raio espiritual do Sol nos meses de setembro, outubro e novembro que causa o reinício das atividades mentais e espirituais nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A mesma força germinadora que fermenta a semente na terra e a prepara para reproduzir sua espécie multiplicada, também ativa a Mente humana e fomenta atividades altruístas que tornam o mundo melhor. Caso essa grande onda de desprendido Amor Cósmico não culminasse no Natal, com vibrações de paz e boa-vontade, não poderia haver nenhuma sensação festiva em nossos corações de modo a gerar o desejo de fazer os outros igualmente felizes. O costume universal de dar presentes no Natal seria impossível, e todos nós sofreríamos essa perda.

Quando Cristo andava, dia após dia, pelas colinas e vales da Judeia e Galileia, ensinando às multidões, todos foram beneficiados. Mas Ele convivia mais com Seus Discípulos, e estes cresciam rapidamente cada dia. À medida que o tempo passava esses laços de amor estreitavam-se ainda mais, até que, um dia, mãos impiedosas tiraram o amado Mestre e o levaram a morte desonrosa. Contudo, mesmo que tenha morrido na carne, Ele continuou a conviver intimamente com Seus Discípulos por algum tempo, em Espírito. Mas por fim subiu às esferas superiores, perdendo-se assim o contato direto com Ele, e aqueles homens olharam-se tristemente, cara a cara e perguntaram-se: “É este o fim?”. Eles haviam esperado tanto, haviam alimentado tão elevadas aspirações que, apesar da verdejante paisagem continuar brilhante e beijada pelo Sol como antes de Sua Partida, a Terra parecia fria e monótona, pois sombria desolação oprimia os seus corações.

Algo semelhante também acontece conosco quando buscamos seguir o Espírito e lutar contra a carne, mesmo que a analogia não tenha sido aparente até aqui. Quando, nos meses de setembro, outubro e novembro a “queda” do raio Crístico começa anunciando a época da supremacia espiritual, logo o sentimos e começamos avidamente a banhar nossas almas nessa bendita maré. Experimentamos uma sensação semelhante à dos Apóstolos, quando andavam com Cristo, e à medida que os meses avançam torna-se cada vez mais fácil comungar com Ele, face a face, como antes. Mas, no curso anual dos acontecimentos, a Páscoa e Ascenção do raio de Cristo “ressuscitado” para o Pai, deixa-nos em idêntica posição à dos Apóstolos quando seu querido Mestre se afastou. Nós ficamos desolados e tristes, vemos o mundo como um deserto monótono e não podemos atinar com a razão de nossa perda, que é tão natural como os fluxos e refluxos das marés ou como os dias e as noites – fases da era atual dos ciclos alternados.

Existe um perigo nesta atitude mental. Se permitirmos que ela nos domine, é possível que abandonemos o nosso trabalho no mundo e nos convertamos em sonhadores desiludidos, percamos, nosso equilíbrio e provoquemos, contra nós, a crítica muito justa dos demais. Este tipo de conduta é inteiramente errado, pois, assim como a Terra emprega o seu esforço material para produzir abundantemente em um período, após haver recebido o ímpeto espiritual em outro período, é nosso dever, também, envidar os maiores esforços ao trabalho do mundo quando possuímos o privilégio de comunicar com o Espírito. Assim fazendo, é possível que despertemos nos outros o Espírito de emulação e o de reprovação.

Estamos acostumados a pensar no avaro como alguém que junta ouro, sendo essa classe de pessoas objeto de desprezo, de modo geral. Mas há indivíduos que lutam tão tenazmente para adquirir conhecimento, quanto se esforça o avaro para acumular ouro, não hesitando em usar qualquer meio ou subterfúgio para alcançar seu intento e guardando consigo seus conhecimentos, tão egoisticamente quanto o avaro guarda o seu tesouro. Não compreendem que por tal método eles fecham de fato as portas à uma sabedoria maior. A antiga teologia nórdica continha uma parábola que, simbolicamente, esclarece o assunto. Dizia que todos os que morriam no campo de batalha (as almas fortes que combateram o bom combate até o fim) eram levados ao Valhalla[18], a estar com os deuses, enquanto os que morriam na cama ou por doenças (as almas fracas, que vagavam pela vida) iam para o lúgubre Niflheim. No Valhalla, os valentes guerreiros banqueteavam-se diariamente com a carne de um javali chamado Scrimner, que se caracterizava por uma particularidade: sempre se cortava um pedaço de suas carnes, imediatamente outro crescia no lugar, de modo que seu corpo nunca era consumido, não importa quanto se cortasse dele. Isto simbolizava adequadamente o “conhecimento”, pois, não importa quanto dele possamos dar aos outros, o original sempre fica conosco.

Existe, portanto, certa obrigação de transmitirmos os conhecimentos que possuímos, pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido”[19]. Se acumularmos as bênçãos espirituais que temos recebido, o mal nos ronda, por isso imitemos a Terra nesta época da Páscoa. Externemos no Mundo Físico da ação, os frutos do Espírito semeados em nossas almas durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Habilitemo-nos a receber bênçãos cada vez maiores de ano para ano.

CAPÍTULO VI

O SÍMBOLO DO OVO

“E quando este corpo incorruptível se revestir de incorruptibilidade,

e o que é mortal se revestir de imortalidade,

e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”.

ICor 15 :54

Para os nossos irmãos e irmãs do hemisfério norte passaram-se os sombrios e monótonos dias do inverno (meses de dezembro, janeiro e fevereiro). A Mãe Natureza remove o manto frio de gelo que cobre a terra, permitindo a milhões e milhões de sementes abrigadas no chão macio, romperem sua crosta e vestirem o solo com trajes de verão numa orgia de cores alegres e vistosas, preparando as “câmaras nupciais” para os animais e aves se acasalarem.

Na presente estação a Mente do mundo volta-se para a festividade que chamamos Páscoa, na qual se comemora a morte e ressurreição do nobre indivíduo que o mundo conhece pelo nome de Jesus, cuja história de sua vida foi escrita nos Evangelhos. Mas um Cristão Místico tem uma visão mais profunda e mais ampla desse evento cósmico que se repete anualmente. Para este, o que existe é uma impregnação anual da Terra com a vida do Cristo Cósmico. Uma inalação que tem lugar durante os meses de setembro, outubro, e novembro, culminando no Solstício de Dezembro, quando celebramos o Natal, e uma exalação que chega ao fim na época da Páscoa.

O drama cósmico de vida e morte é representada anualmente, por todas as criaturas e coisas evoluintes, da maior à menor, porque até o grande e sublime Cristo Cósmico, em Sua compaixão, torna-se sujeito à morte quando entra nas condições enclausurantes da Terra, em um período do ano. Por conseguinte, é oportuno recordar alguns pontos relativos à morte e renascimento que, às vezes, podemos esquecer.

Entre os símbolos cósmicos conservados desde a antiguidade, nenhum é mais comum que o do ovo. Acha-se em toda Religião. Encontramo-lo no Antigo Eddas dos Escandinavos, venerável pela idade, que nos fala do mundano esfriado pelo sopro gelado do Niebelheim, mas aquecido pelo hálito quente do Muspelheim, antes que os vários Mundos Espirituais e o próprio ser humano viessem a existir. Se nos voltarmos para o ensolarado sul, podemos achar nos Vedas da Índia a mesma história no mito Kalahansa, o Cisne do tempo e do espaço, o qual pôs o ovo que veio a ser, finalmente, o mundo. Entre os egípcios encontramos o globo alado e as serpentes ovíparas, simbolizando a sabedoria manifestada neste nosso mundo. Os gregos utilizaram esse simbolismo, reverenciando-o em seus Mistérios. Foi preservado pelos Druidas; tal símbolo era também conhecido dos construtores do grande outeiro da serpente, em Ohio; e conservou seu lugar na simbologia sagrada até hoje, muito embora a grande maioria de seres humanos seja cega ao grande mistério que ela encerra e revela – o mistério da vida.

Quando quebramos a casca de um ovo, achamos apenas fluídos viscosos de coloração variada e consistências diversas. Mas se submetido a uma temperatura adequada logo se dá uma série de mudanças e assim, em pouco tempo, uma criatura viva pode romper a casca e surgir pronta para assumir seu lugar entre os de sua espécie. Os magos dos laboratórios podem duplicar as substâncias do ovo e injetá-las numa casca de maneira que, conforme as experiências feitas até aqui, uma réplica perfeita do ovo natural pode ser produzida. Contudo, este difere do ovo natural em um ponto, isto é nenhuma coisa viva pode ser incubada no produto artificial. Fica evidente, portanto, que alguma coisa intangível deve estar presente em um e ausente em outro.

Esse mistério de todos os tempos que produz o ser vivo é que nós chamamos vida. Visto que a Vida não pode ser detectada em meio aos elementos do ovo, nem mesmo através do mais potente microscópio (ainda que ela ali esteja para produzir as mudanças que se notam), é de concluir-se que ela deve ser capaz de existir independentemente da matéria. Aprendemos, pois, através do sagrado simbolismo do ovo que, apesar da vida ser capaz de modelar a matéria, não depende, entretanto, desta para existir. Ela é autoexistente e não tendo princípio não pode também ter fim. Isto é simbolizado pela forma ovoide do ovo.

Quando nos apercebemos do verdadeiro conhecimento contido no simbolismo do ovo de que a vida nunca teve princípio e nunca terá fim, habilitamo-nos a criar coragem e admitir que aqueles que se retiram agora da existência física estão apenas atravessando uma jornada cíclica idêntica à da vida do Cristo Cósmico, vida que penetra a Terra no outono e a abandona na Páscoa. Vemos assim como a grande Lei da Analogia atua em todas as circunstâncias e em todas as fases da vida. O que acontece no grande mundo ao Cristo Cósmico verifica-se também nas vidas daqueles que são Cristos-em-formação.

Devemos admitir que a morte é uma necessidade cósmica nas atuais circunstâncias, porque se fôssemos aprisionados num corpo como o que agora usamos, e fôssemos colocados num ambiente tal e qual este em que nos encontramos hoje, para assim viver perenemente, as enfermidades do corpo e as condições insatisfatórias do ambiente bem cedo nos fariam cansar da vida e implorar por libertação. Isso impediria todo progresso e tornaria impossível para nós evoluirmos às alturas mais elevadas, tais como os que podemos alcançar por meio do nascimento em novos veículos e novos ambientes que nos permitam novas possibilidades de crescimento. Por conseguinte, devemos agradecer a Deus o fato de que, enquanto o nascimento em um corpo concreto tem sido necessário para um desenvolvimento futuro, a liberação pela morte tem sido proporcionada para libertar-nos do instrumento esgotado pelo uso; e a ressurreição e um novo nascimento sob o céu alegre de um novo ambiente fornecem-nos outras oportunidades para recomeçar a vida com a ficha limpa e aprender as lições que não conseguimos assimilar antes. Por este método seremos, algum dia, perfeitos como o Cristo ressuscitado. Ele assim determinou e nos ajudará a consegui-lo.

CAPÍTULO VII

A CRUZ DE CRISTO

“Se alguém quiser vir após mim,

negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Mt 16:24

De acordo com uma antiga lenda, quando expulso do Paraíso, Adão levou consigo três mudas da árvore da vida, as quais, plantadas pelo seu filho Seth, vingaram e cresceram. De uma delas se fez mais tarde o cajado de Aarão, com o qual este operou milagres diante do Faraó. Outra foi levada ao Templo de Salomão para servir de pilar ou coisa semelhante ali, mas, como não serviu para nada no interior do edifício, foi então utilizada como uma ponte sobre um regato que corria fora do Templo. A terceira foi usada para fazer-se a cruz de Cristo, sobre a qual Ele sofreu por nós, libertou-se finalmente, penetrou na Terra e tornou-se o Espírito Planetário do nosso globo, no qual Ele agora sofre e geme esperando o dia da libertação.

Existe um grande significado nessa lenda antiga. A primeira muda da árvore representa o poder espiritual exercido pelas Hierarquias Divinas na infância da humanidade, isto é, um poder exercido por outrem para o nosso próprio benefício. A segunda era para ser usada no Templo de Salomão. Ninguém pode apreciá-la, exceto a Rainha de Sabá, nenhuma serventia foi achada para ela, pois o Templo de Salomão era a consumação das artes e ofícios e em uma civilização materialista nada que seja espiritual é apreciado. Os Filhos de Caim conseguiam sua salvação ao longo de linhas materiais, portanto não precisavam de poderes espirituais. Assim, “ela foi usada como ponte sobre o regato”. Sempre existiram almas – os reais, os verdadeiros Maçons Místicos – capazes de usar essa ponte que vai do visível ao invisível, e de voltarem ao Jardim do Éden; ao Paraíso, através da mesma. Foi a terceira muda da árvore da vida que deu a cruz de Cristo. Erguido naquela cruz foi que Ele conseguiu se libertar desta existência física e entrar nas esferas superiores. De modo semelhante nós também, ao tomarmos nossa cruz e segui-Lo, podemos desenvolver nossos poderes anímicos e ingressar numa esfera de maior utilidade nos Mundos invisíveis. Esforcemo-nos todos de modo que, dia após dia, sejamos encontrados de joelhos e vencedores, agarrados à cruz de Cristo para que, num dia não muito distante, possamos subir à nossa própria cruz e dali alcançarmos a gloriosa libertação, a ressurreição da vida da qual Cristo foi e continua sendo os primeiros frutos para toda alma crente. Esta é a autêntica, a verdadeira mensagem da Páscoa e devemos compreender que todos somos Cristos-em-formação, e que quando Cristo nasce real e verdadeiramente dentro de nós Ele então nos mostrará o caminho da cruz a partir da Árvore do Conhecimento pela qual conseguimos avançar. Essa cruz trouxe morte à Árvore da Vida no Corpo Vital, mas trouxe também a imortalidade.

CAPÍTULO VIII

QUE FOI FEITO DO CORPO FÍSICO DE JESUS?

“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste Tabernáculo se desfizer,

temos da parte de Deus um edifício,

casa não feita por mãos, eterna, nos céus”.

IICor 5: 1

Que fim teve o Corpo Denso de Jesus, colocado no túmulo, mas não encontrado na manhã do domingo de Páscoa? E se o Corpo Vital de Jesus foi preservado para ser usado novamente por Cristo, como pode ele, Jesus, estar nesse meio tempo funcionando num Corpo Vital? Não teria sido mais fácil conseguir para Cristo, em Sua segunda vinda, outro Corpo Vital?

Essas perguntas foram respondidas assim, no “Ecos” de 1914[20]:

Estudos nas Escrituras revelam o fato de que Cristo costumava afastar-se de Seus Discípulos e que estes ignoravam para onde Ele ia nessas ocasiões ou, se não ignoravam, isso jamais foi mencionado. O motivo desses afastamentos, porém, era que, sendo Ele um Espírito tão glorioso, Suas vibrações eram demasiado elevadas mesmo para o melhor e mais puro dos veículos físicos, fazendo-se, portanto, necessário retirar-se deste veículo, frequentemente, para um período de completo repouso, de modo que o padrão vibratório de seus átomos pudesse baixar ou voltar ao normal. Por conseguinte, Cristo habitualmente buscava os Essênios em tais momentos, aos cuidados de quem deixava o Corpo, uma vez que eles eram peritos em lidar com o Corpo Denso. Cristo nada sabia de como tratar o veículo que recebera de Jesus. Não fora esses repousos e os cuidados recebidos, o corpo de Jesus ter-se-ia desintegrado bem antes de se haverem completado os três anos do Seu ministério, e assim o Gólgota não teria sido alcançado.

Quando o tempo se esgotou e o ministério terreno chegou ao fim, os Essênios pararam de intervir, então as coisas tomaram o seu curso natural e a tremenda força vibratória que atuava sobre os átomos físicos espalhou-os aos quatro ventos de modo que, quando o túmulo foi aberto poucos dias depois, nenhum sinal do corpo foi encontrado.

Isso se harmoniza perfeitamente com as leis naturais que conhecemos e com o seu modo de atuarem no Mundo Físico. A corrente elétrica de baixa potência queima e até mata, enquanto a alta voltagem pode atravessar o corpo sem prejudicá-lo. A luz, que possui elevadíssimo grau vibratório, é agradável e benéfica ao corpo, mas quando focalizada através de uma lente esse grau vibratório é reduzido, produzindo-se então o fogo que queima e destrói. De modo idêntico, quando Cristo, o Grande Espírito Solar, entrou no Corpo Denso de Jesus, reduzindo Seu padrão vibratório em virtude de resistência da matéria densa, tê-lo-ia queimado – como na cremação – caso não tivessem sido tomadas medidas para evitá-lo. A força era a mesma, os resultados idênticos, exceto num pormenor: o fogo que consumiu o corpo de Jesus não produziu cinzas, conforme aconteceria com o fogo comum que produz chamas. A propósito, é bom recordar que o fogo, embora invisível, encontra-se latente em todas as coisas. É verdade que não o vemos na planta, no animal ou na pedra, não obstante, ele ali está perceptível à visão interna e capaz de manifestar-se a qualquer momento na substância física em forma de chama.

Uma das nossas ilusões é a de que o corpo que habitamos é vivo. Isto de fato não acontece. Pelo menos a porção deste corpo que pode ser verdadeiramente chamada de viva é tão pequena que a afirmação acima é praticamente verdadeira. O resto dele existe absolutamente adormecido, se não inteiramente morto. Este fato é bem conhecido pela ciência e é algo que a razão nos demonstra ser verdade: nosso poder espiritual é tão pequeno que não pode dotar de vida este veículo por tempo suficientemente longo, de modo que, na medida em que nos incapacitamos para vitalizar o corpo, este começa a assemelhar-se a um pesado torrão de barro que devemos arrastar penosamente conosco até que alguns poucos anos depois ele se cristaliza a tal ponto que se nos torna impossível manter o trabalho vibratório por mais tempo. Então, somos forçados a abandoná-lo, e aí se diz que ele morre. Inicia-se, assim, um lento processo de desintegração que devolve o átomo à sua condição original de liberdade.

Confronte agora a condição das coisas quando um desses mesmos corpos terrenos é possuído por um poderoso Espírito como o de Cristo. Pode-se achar uma analogia com o caso de um indivíduo reanimado após um afogamento. Em tais casos o Corpo Vital se retira e a ação vibratória dos átomos físicos quase cessa, quando não para totalmente. Restauradas as condições que permitem ao Corpo Vital voltar a interpenetrar o corpo físico, aquele entra imediatamente a acionar e pôr em vibração todos os átomos deste. Esta tentativa de despertar os átomos inertes provoca aquela intensa e desagradável sensação de formigamento que o afogado descreve depois de reanimado, sensação que persiste até os átomos físicos alcançarem o grau vibratório de uma oitava abaixo daquele em que vibra o Corpo Vital. Chegado a esse ponto acaba a sensação, nada mais é sentido, salvo aquilo que se sente normalmente.

Agora consideremos o caso de Cristo entrando no Corpo Denso de Jesus, cujos átomos naturalmente moviam-se numa velocidade muito inferior àquela das forças vibratórias do Espírito Cristo. Consequentemente, uma aceleração tinha de acontecer, de tal maneira que, durante os três anos de ministério, essa notável aceleração de vibração desses átomos teria desintegrado o corpo não fora a atuação da poderosa vontade do Mestre para conservá-lo inteiro, reforçada pela habilidade dos Essênios. Se os átomos do corpo de Jesus estivessem adormecidos no momento em que Cristo dele se retirou – conforme ocorre aos nossos átomos quando abandonamos nossos corpos – um longo processo de putrefação ter-se-ia feito necessário para desintegrar aquele corpo. No entanto eles estavam altamente sensibilizados e vivos, portanto, era impossível ficarem presos após o Espírito ter-se retirado. Em futuras épocas, quando tenhamos aprendido a manter nossos corpos vivos, não precisaremos mudar átomos nem trocar de corpos tão frequentemente. Quando isso acontecer, o processo de putrefação não exigirá tanto tempo para se completar, conforme acontece presentemente. O sepulcro não foi fechado hermeticamente, portanto não podia oferecer obstáculo à passagem dos átomos.

Ao morrer o Corpo Denso de Jesus, os Átomos-semente retomaram ao seu primitivo dono. Durante os três anos de intervalo entre o batismo, em que ele renunciou a seus veículos, e a crucificação, quando pôde reaver os Átomos-semente, Jesus formou um veículo etérico, do mesmo modo que um Auxiliar Invisível junta matéria física sempre que se faça necessário materializar um corpo ou parte dele. Contudo, matéria que não corresponda ao Átomo-semente não pode ser utilizada de modo permanente: desintegra-se tão logo desapareça a força de vontade que a atraiu. Portanto, aquilo foi para Jesus apenas um expediente de ocasião. Quando o Átomo-semente do seu Corpo Vital retornou, então um novo corpo foi formado, e em tal veículo Jesus vem funcionando desde então, trabalhando com as igrejas. Nunca mais utilizou um Corpo Denso, embora seja perfeitamente capaz de fazer um. Presumivelmente isto se dá em virtude de seu trabalho ser totalmente desligado das coisas materiais e diferir diametralmente da obra de Christian Rosenkreuz, que tem muito a ver com problemas de governos, industriais e políticos, pelo que precisa de um corpo físico em que possa aparecer ao público.

A razão pela qual o Corpo Vital de Jesus é conservado para a segunda vinda de Cristo ao invés de Lhe providenciar um novo veículo pode ser encontrada em “Fausto”, mito que apresenta em sentido figurado grandes verdades espirituais de valor inestimável à alma sedenta. Fausto, em seu esforço para obter poder espiritual antes de merecê-lo, atrai um Espírito disposto a auxiliá-lo em seus desejos mediante uma compensação, pois em tal classe de Espírito o altruísmo é uma virtude que simplesmente não existe. Quando Lúcifer se volta para sair, nota apavorado a existência de um pentagrama diante da porta, uma das pontas em sua direção. Pede, então, a Fausto que retire dali o símbolo para que ele possa sair, ao que este lhe pergunta por que não sai pela janela ou pela chaminé. Lúcifer, relutantemente, admite que:

Para os fantasmas e Espíritos é lei

que por onde entramos, devemos sair.

Quando, no curso natural dos acontecimentos, o Espírito volta a nascer, ele entra no Corpo Denso pela cabeça, trazendo consigo os veículos superiores. Ao deixar o corpo à noite, sai pelo mesmo lugar, para reentrar do mesmo modo na manhã seguinte. O Auxiliar Invisível também sai do seu corpo e nele reentra da mesma maneira. E quando por fim nossa vida terrena chega a seu termo, é pela cabeça que saímos do nosso corpo pela última vez. Vemos, pois, que a cabeça é a porta natural do corpo e, por conseguinte, o pentagrama com uma ponta para cima é o símbolo da magia branca, que atua em harmonia com a lei de progressão.

O mago negro, que atua contrariamente à natureza, perverte a força da vida dirigindo-a para baixo, através dos órgãos inferiores. O portal da cabeça está fechado para ele, mas ele se retira pelos pés, o cordão prateado estendendo-se através dos órgãos inferiores. Portanto, foi fácil para Lúcifer entrar no gabinete de Fausto, pois o pentagrama com duas pontas voltadas para ele representava o símbolo da magia negra, mas ao tentar sair depara com uma só ponta em sua direção, e então se amedronta diante do sinal da magia branca. Ele só podia sair pela porta inferior porque por ali é que havia entrado, por isso ficou preso quando essa porta inferior foi bloqueada.

De maneira análoga, Cristo era livre para escolher Seu veículo para entrar na Terra onde agora se acha confinado, mas uma vez escolhido o veículo de Jesus a este ficou limitado como único meio de sair dela. Se esse veículo houvesse sido destruído, Cristo teria de ficar enclausurado no globo até que a Terra se dissolvesse no caos. Isso seria uma calamidade imensurável, portanto o veículo usado por Ele está sendo guardado com o máximo cuidado pelos Irmãos Maiores.

Nesse meio tempo Jesus perdeu todo o crescimento anímico alcançado durante seus trinta anos na Terra, antes do batismo, e contido no veículo dado a Cristo. Isto foi e continua sendo um grande sacrifício feito por nós, mas redundará em glória maior no futuro, como todas as boas ações. Porque esse veículo, utilizado como foi, e a ser usado novamente por Cristo em Sua vinda para estabelecer e aperfeiçoar o Reino de Deus será tão espiritualizado e glorificado que, quando for devolvido a Jesus na época em que Cristo entregar o Reino ao Pai será também o mais maravilhoso de todos os veículos humanos. E, ainda que isto não tenha sido ensinado, o autor acredita que Jesus será, por isso mesmo, o mais alto fruto do Período Terrestre, seguido de Christian Rosenkreuz. Porque “nenhum homem tem maior amor do que aquele que dá a própria vida[21] e dar não somente o Corpo Denso, mas também o Corpo Vital, e por tempo tão prolongado, certamente é o máximo dos sacrifícios.

F I M


[1] N.R.: Independentemente da inversão das estações, uma coisa que se mantém idêntica no Norte e no Sul: a distância maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. No Solstício de Dezembro, o Sol se encontra mais próximo da Terra: a Terra é permeada mais fortemente pela aura do Sol Espiritual (inspiração de crescimento anímico nos seres humanos). No Solstício de Junho, a Terra no máximo afastamento do Sol: diminuição de espiritualidade com a intensificação de vitalidade física.

[2] N.R.: Rm 8:22

[3] N.R.: Jo 19:30

[4] O Solstício de Junho varia entre 20 e 21 de junho, dependendo do ano.

[5] N.R.: ou 20, dependendo do ano.

[6] N.R.: Mt 26:26-29

[7] N.R.: Também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (1379 ou 1380-1471) foi Monge e escritor alemão.

[8] N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão.

[9] N.R.: ou Zurique é a maior cidade da Suíça, um país do hemisfério norte.

[10] N.R.: a Suíça fica no hemisfério norte, onde, em março, é a estação da primavera.

[11] N.R.: Jo 1:10

[12] N.R.: Jo 1:5

[13] N.R.: Jo 12:47

[14] N.R.: Jo 19:30

[15] N.R.: At 17:28

[16] N.R.: Jo 14:12

[17] N.R.: Jo 13:36

[18] N.R.: Valhala, Valíala, Valhalla ou Palácio dos Einherjar (em português “Palácio dos mortos heroicos”), na mitologia nórdica e nas religiões pagãs nórdicas, como a popular Ásatrú, é um palácio com enorme salão com 540 quartos — situado em Asgard e dominado pelo deus Odin — no qual metade dos guerreiros mais nobres e destemidos mortos em batalha são levados pelas valquírias após a morte para viverem com Odin (enquanto a outra metade vai para os campos Folkvang da deusa Freia), onde participam de combates diários, para manter o exercício da luta e preparar-se para o dia de Ragnarök (em português “o dia do fim do mundo”).

[19] N.R.: Lc 12:48

[20] N.R.: Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship.

[21] N.R.: Jo 15:13

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