O vocábulo “renascimento” se constitui, no campo linguístico, do prefixo “re”, mais “nascimento”. Significa, etimologicamente, nascer de novo. E o nascer de novo é o renascimento do Ego em cada plano.
Difere, portanto, da reencarnação, cujo significado é entrar na carne. Popularmente, essas duas expressões são usadas como se fossem sinônimos, mas, a nós, Estudantes Rosacruzes, que nos foi transmitida pelo fiel mensageiro da Ordem Rosacruz, Max Heindel, cabe entendermos os termos com precisão, pois sabemos quão importante é a gravação certa no Corpo Vital, do que aprendemos. Assim, usaremos cada umas dessas palavras em seu exato sentido.
Vamos dizer algo a respeito do renascimento. Depois do Ego ter feito os últimos preparativos, no Terceiro Céu, a fim de renascer com seus Corpos e veículos aqui mais uma vez e chegado o momento de sua descida, se encontra despido de Corpos e veículos tendo, tão somente, as forças dos quatro Átomos-sementes, ou seja, o núcleo do Tríplice Corpo e da Mente.
Devemos lembrar aqui, que falarmos de Ego ou de Tríplice Espírito vem a ser a mesma coisa, pois estamos nos referindo a uma só realidade. A essência é a mesma. As expressões é que são sinônimas.
Ao iniciar a sua jornada, o Ego desce à subdivisão mais elevada da Região do Pensamento Concreto. Com o despertar das forças mentais conquistadas em vidas anteriores, que se achavam latentes no respectivo Átomo-semente, atrai e incorpora em si mesmo o material que lhe é necessário para construir um veículo por meio da qual poderá funcionar nesse Mundo. Adotando o mesmo processo, desce o Ego às outras três Regiões inferiores do Mundo do Pensamento Concreto, completando, consequentemente, a formação da sua nova Mente.
Continuando em sua descida, atinge o Ego a sétima Região do Mundo do Desejo, da qual atrai o material afim e indispensável, agrupando-o em torno de si. Prosseguindo, desce ele à sexta Região, onde adquire, também, o material afim que lhe é imprescindível. Segue, fazendo o mesmo até alcançar a primeira Região do Mundo do Desejo. Completa-se, dessa maneira, a formação do seu novo Corpo de Desejos.
Em seguida, desce o Ego à sétima Região do Mundo Físico, isto é, a Região Etérica do Éter Refletor. A formação do Corpo Vital não é, entretanto, tão simples como acontece com a formação do Corpo de Desejo e da Mente, a que anteriormente nos referimos. Só em um ponto é idêntica, ou seja, na quantidade e qualidade do material a ser atraído, obedecendo, ainda, a mesma lei que rege os corpos superiores: a Lei da Semelhança ou Lei da Atração. Para construir o Corpo Vital e colocá-lo no ambiente adequado, trabalham, em número de quatro, os Anjos Relatores, também conhecidos por Senhores do Destino ou Anjos do Destino. Esses Seres são portadores de incomensurável sabedoria. Estão acima de todo e qualquer erro. Eles fazem com que seja incorporado o Éter Refletor no Corpo Vital, em formação, para que as cenas da vida que seguirá, reflitam nele. Convém notar que, além dos habitantes do Mundo Celeste participam da construção do Corpo Vital, os espíritos elementais. Integra, finalmente, a plêiade de construtores desse Corpo, o Ego que se prepara para renascer com seus Corpos e veículos aqui, incorpora também a quinta-essência dos seus Corpos Vitais anteriores, realizando, ainda, um pequeno trabalho original. Esse trabalho possibilita ao Ego expressar-se, na vida prestes a ter início, de modo individual e original, quer dizer, não determinado por ações de existências pretéritas. Verificamos, assim, que as causas e efeitos não se constituem numa repetição rotineira. Constatamos, isso sim, a existência palpitante e viva de um influxo constante de causas novas e originais. Temos aí, a Involução e a Evolução completadas, cabalmente, pela Epigênese. Podemos dizer, em outras palavras, que a Epigênese consiste na liberdade de que desfruta o Ego, no sentido de criar, em cada renascimento, coisas novas. Ele atua, nessa parte, sempre de maneira original. Convém lembrarmos que a Fraternidade Rosacruz é a única que fala na Epigênese. Além de falar, devemos convir, o faz com invulgar sabedoria, esclarecendo o ponto de vital importância, concernente às possibilidades do Ego, em seu roteiro evolutivo.
Na matriz do Corpo Vital vamos encontrar a formação, órgão por órgão, do Corpo Denso.
Relativamente ao Átomo-semente do Corpo Denso, situa-se, como nos ensina Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, na cabeça triangular de um dos espermatozoides do sémen paterno. Nesse espermatozoide, unicamente, é que reside a possibilidade de fertilização. Nesta altura, entende-se perfeitamente, a causa de uniões estéreis.
Voltando ao Átomo-semente, esse, devemos recordar, é o determinador da quantidade e qualidade da matéria para que se possa formar o Corpo Denso, que é feito, tomando-lhe como modelo, o Corpo Vital.
Apesar de restrita a atividade doEgo na construção do Corpo Denso, neste ele incorpora a quinta-essência das qualidades físicas das vidas anteriores. E, muito embora o Ego tome, imprescindivelmente, os materiais dos corpos do pai e da mãe, a fim de formar o seu, esse não traz com exatidão, as mesmas características dos corpos paternos. Como se vê, o referido Corpo Denso é a expressão do próprio Tríplice Espírito ou Ego renascente. A hereditariedade poderá explicar alguma coisa, porém, jamais tudo. Não esclarece, por exemplo, as qualidades da alma, as quais são absolutamente individuais. Cada Ego, ao renascer, traz características próprias. Estão ligadas às suas existências passadas, pois são o fruto de seu mérito ou demérito nelas.
Após a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele, seguramente, durante espaço de tempo que vai de 18 a 21 dias. Nesse período, o Ego se encontra fora da matriz materna, todavia mantém-se em contato com ela. Acha-se ele, em seu Corpo de Desejos e em sua Mente. Decorrido esse prazo, ele entra no corpo da mãe. Daí por diante, o Ego incuba seu novo Corpo até que se dê o nascimento da criança, iniciando-se, assim, a nova vida aqui. Desse modo, acaba o Ego de chegar ao máximo de sua descida, pois atingiu o ponto mais denso que ele deve descer: a Região Química do Mundo Físico. Ele vive, nesse Mundo, habitando um Corpo Denso, como estamos, por exemplo, todos nós aqui, até que lhe advenha mais uma morte aqui, com a qual o Ego começa a sua viagem de retorno aos Mundos Celestes.
A ruptura do Cordão Prateado ocasiona a morte. Com essa, abandona o Ego o Corpo Denso, que foi o último a ser, por ele, adquirido. Permanece, entretanto, durante três dias e meio, aproximadamente, na Região Etérica do Mundo Físico, pairando sobre o Corpo Denso e assimilando as experiências da existência terrestre que acabou de terminar. Feita essa assimilação, entra o Ego no Purgatório, situado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-semente dos Corpos Denso e do Corpo Vital. Ali se desenrola de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que prejudicou alguém – por omissão ou por querer –, incorporando ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a consciência que atuará no futuro como impulso para não repetir o mal cometido. Purgados os maus hábitos, vícios, falhas e omissões, passa ele ao Primeiro Céu, que se situa nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. Aqui, desenrola-se de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que ajudou alguém – por fatos ou boas e sinceras intenções –, incorpora ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a qualidade de sentimento reto que atuará no futuro como impulso para o bem e repulsão para o mal. No Mundo do Desejo o Ego permanece, em média, um terço do tempo da vida que terminou. Esse período de tempo poderá, entretanto, ser maior ou menor, dependendo do grau de espiritualização dele.
A seguir, entrando no Segundo Céu, encontra-se o Ego envolto no veículo mental, contendo esse a quinta-essência dos três veículos abandonados. Agora, acha-se ele, em sua verdadeira pátria. Leva vida ativa e variada, assimila os frutos de sua última vida terrestre, procura também, ir preparando o ambiente, ou seja, o ambiente na terra, tendo em vista o seu próximo renascimento. Prestam-lhe colaboração, como sabemos, todos os habitantes do mundo celeste, alterando as formas físicas e produzindo mudanças em seu aspecto, conforme a necessidade.
Nos Mundos Celestes o Ego aprende a construir os seus veículos e a usá-los no Mundo Físico. O músico aprende a construir mãos próprias e ouvido perfeito para captar com precisão o som. Ao despertar no Segundo Céu, ouve o Ego a música das esferas. O ser humano tem, por destinação, converter-se em inteligência criadora. Assim, chegará a ser algum dia, verdadeiro artífice de seu destino, deixando, portanto, de ser escravo dele.
Passa o Ego, em seguida, ao Terceiro Céu, onde faz os últimos preparativos, a fim de empreender outra vez, nova descida aqui, na Região Química do Mundo Físico. Leva o Ego, de conformidade com esclarecimento de Max Heindel, geralmente, 1.000 anos de um renascimento a outro, salvo exceções, ou seja: considerando a sua evolução espiritual ou missão que tenha de realizar, poderá ser esse espaço de tempo, bastante reduzido. Com o próprio Max Heindel, isto aconteceu, pois levou, do penúltimo renascimento ao último, apenas uns trezentos anos. Outra exceção é a criança. Essa, como ao morrer é inocente, não lhe tendo nascido o Corpo de Desejos, razão por que não pecou, vai diretamente para o Primeiro Céu onde é bem recebida por parentes ou adotada por alguém e permanece de um a vinte e um anos, a fim de renascer.
Quando o ser humano passou pelas nove Iniciações Menores e, também, pelas quatro Grandes Iniciações libertou-se, totalmente, da roda de nascimentos e mortes. Poderá renascer na Terra e geralmente o faz, mas não por sua causa, e sim, unicamente por causa da Humanidade. Nesta altura, temos plena convicção de que só a Teoria do Renascimento satisfaz, dentro da lógica e do bom senso, atendendo, com perfeição toda e quaisquer necessidades evolutivas da Humanidade. Para essa Teoria, cada alma é parte integrante de Deus e está desenvolvendo, por meio de vidas sucessivas, em corpos de crescente perfeição, os latentes poderes divinos em energia dinâmica. Ninguém se perde. Todos, a seu tempo, alcançarão a perfeição, integrando-se em Deus, e levarão o fruto anímico de sua peregrinação através da matéria. Quanto às teorias materialista e teológica, têm visão sobremaneira estreita, que não resistem à análise, desde que se ponha um pouco de bom senso. Não satisfazem nem mesmo os elementares de justiça ou de lógica.
O Espírito Divino, emanando de si o Corpo Denso, obtém como fruto a Alma Consciente. O Espírito de Vida emana de si o Corpo Vital, obtém a Alma Intelectual. O Espírito Humano emana de si o Corpo de Desejos e obtém a Alma Emocional.
São nessas descidas e subidas que realizamos, vindo até o Mundo Físico e subindo, após a morte, até o Mundo Celeste, que nos tornamos artífice do nosso destino, pois nos converteremos em Inteligência Criadora.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: Se uma pessoa está preparada para receber tais tipos de ensinamentos, é porque já fez um nível de progresso no caminho espiritual, encontrando-se além da maioria de seus contemporâneos que conhecemos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz como Irmão Leigo ou Irmã Leiga. O elevado conhecimento adquirido, o intuitivo discernimento obtido, com a consequente mudança no comportamento dele ou dela, sobrepassam a compreensão mundana. Em virtude disso, muitos passam a hostilizar esse irmão ou irmã, não significando que ele ou ela se insurja contra eles ou deixe de amá-los. Significa tão somente que ele ou ela deve deixá-los temporariamente, até que atinjam um estágio semelhante de desenvolvimento. Não há razão para deixar de irradiar amor e simpatia para todos, quer seja correspondida ou não. Um Ego mais avançado pode permanecer só, embora, sempre irradiando ternura.
No Livro “Mistério das Grandes Óperas”, de Max Heindel, Fraternidade Rosacruz, lemos que o ser humano que tem a capacidade de passar instruções individuais para conhecimentos que sozinho um Irmão ou Irmã não conseguiria obter não aparecerá até que o Aspirante abandone o mundo e seja abandonado por ele. Isso quer dizer, certamente, o Mundo material com o apego às coisas materiais (especialmente em detrimento às coisas espirituais). Assuntos meramente mundanos, incluindo os negócios materiais com que seus amigos estão grandemente ocupados, não lhe interessam. Dessa forma, ele tem, naquele momento, pouca coisa em comum com tudo o que o rodeia. E, em seu contexto, parece estar desamparado. Contudo, isso constitui um estado de coisas passageiro. Seus contemporâneos e toda Onda de Vida Humana também evoluirão.
A Fraternidade Universal é o ideal da Era de Aquário. O sentimento fraternal será levado à prática de uma forma muito mais elevada do que observamos hoje em dia. Haverá uma ética, estética e espiritual irmandade, da qual todos serão partícipes e ninguém parecerá se encontrar abandonado.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1973 – Fraternidade Rosacruz SP)
Costuma-se dizer, na experiência popular, que “a virtude reside no meio termo”. É verdade.
Atualmente notamos um lamentável afrouxamento na vontade, na fibra de nossas crianças e jovens. E a causa é evidente, se bem que a maioria dos pais não a enxerguem.
A geração passada se diz sacrificada. Sua educação foi severa. Os pais eram duros, não havia quase diálogo entre eles. O método era o de imposição e obediência. Um extremo, evidentemente falho, do ponto de vista da psicologia educacional.
Por sua vez, aqueles filhos foram para o outro extremo, igualmente falho, de poupar seus filhos, de permitir-lhe intimidades exorbitadas, na presunção de estar corrigindo as falhas de educação pelas quais antes passaram. E aquilo que fazem com amor, com boa intenção, converte-se num entrave para o futuro dos pequenos, porque a educação deve prepará-los para participar positiva e eficientemente da sociedade, encontrando nos desafios da existência motivos de exteriorizar sua iniciativa, recursos internos, valor moral, persistência, discernimento e outras qualidades que um lar bem formado deve incutir na criança, nessa tarefa diária e paciente da educação.
Para acentuar essa falha, temos o concurso da técnica moderna, que veio facilitar a vida do lar. Hoje, ninguém mais corta lenha, nem carrega água, nem alimenta animais de carga. Inúmeros afazeres têm utensílios dos mais engenhosos para economizar tempo e energia, seja nas tarefas domésticas, seja nas industriais e comerciais. Até a técnica depende do uso que dela fazemos.
A lei natural é esta: “o exercício faz o órgão”. Aquilo que não se exercita, atrofia-se. Observe-se como o braço fraturado fica depois que lhe tiram o gesso: amarelo e fino, com apenas 40 dias. A mesma lei rege a inatividade mental e moral. Há muitas maneiras de desenvolvermos a fibra, o hábito da atividade, em nossos filhos. Mas, todas elas exigem exemplo. O pai indolente não tem força moral para sequer recomendar ao filho o exercício e atividade. Está provado que a higiene mental não consiste em parar, senão em fazer coisa diferente. Um intelectual deve realizar trabalho manual ou fazer caminhada em horas de folga. É a melhor terapia. Em casa há sempre algo a ser feito, conservado ou reparado.
Desgrudemo-nos da poltrona onde nos sentamos para assistir televisão, vídeo, filme e, sem falar nada aos filhos, tomemos uma latinha de tinta e uma trincha para pintar. O filho certamente nos acompanhará, desejoso de imitar, de ajudar. Aí está à oportunidade, então. Em vez de o mandarmos embora com um berro, demos-lhe uma lixa de ferro e os ensinemos como remover a ferrugem das partes oxidadas.
Façamos junto com ele. Se ele errar, não gritemos. Isso pode formar um complexo. Ao contrário, digamos que é natural errar, num principiante. Depois, ensinemos como passar o zarcão e qual o seu papel conservador. Em seguida, pintemos com ele. A confiança demonstrada, o companheirismo, o fato da criança fazer algo que apreciemos, aumenta-lhe a confiança em si próprio, desenvolve a afeição em nós e possibilita o diálogo, sem perda do respeito e preenchendo integralmente as normas de uma educação correta.
Mil e uma formas do gênero, a vida cotidiana nos oferece: ir à feira com os filhos, mostrar-lhes como comprar, como selecionar a qualidade, como encontrar os melhores preços. Só essa tarefa envolve experiência, exercício físico, gosto de ajudar os pais, etc. Mas, não deve ser forçado. Aliás, o normal é a criança desejar fazer as coisas com os pais. Se não deseja é porque houve falhas. Os pais é que, no dizer de Comenius, devem avaliar que “a medida do aprendizado está no que o aluno aprender e não no que o professor pode ensinar”. Esse respeito às limitações de idade, de compreensão deve ser tomado em conta pelo educador e pelos pais.
Porém, não residem aí às causas mais profundas, as deficiências maiores da educação. Elas estão é no mau exemplo dos pais, na indiferença afetiva ou no amor mal compreendido. Os pais não têm o direito de dar mau exemplo. Uma vez que conscientemente aceitaram a missão de educadores, perderam o direito de fazer o que bem entendem sem levar em conta se estão sendo ou não observados e imitados. E se o fazem, são irresponsáveis ou criminosos. Não tem, em verdade, capacidade moral para casar-se, pois, a finalidade precípua do casamento é a formação da família.
A indiferença afetiva é a criadora do “play boy”. O pai se ocupa com os seus negócios e diletantismos; a mãe, por outro lado, dos dela. A obrigação com os filhos – julgam eles – está cumprida com a manutenção dos estudos (verniz intelectual) e uma mesada. O problema já foi explorado e analisado por todos os ângulos. Nem cabem mais comentários.
O amor mal compreendido, já o dissemos, é, principalmente, a poupança de esforços, a intimidade exagerada, o mínimo, a insinuação de preconceitos.
Todas as falhas se refletem como consequências prejudiciais. A sociedade aí está para análise de todos. Pelos frutos se conhece a árvore. Quem tem olhos veja, mas não critique. Trate isso sim, de buscar os seus defeitos, ler, estudar o assunto, discutir, estudar o assunto por meio dos Ensinamentos Rosacruzes, a fim de se capacitar a assumir a responsabilidade que lhe cabe como pais e cidadãos com a respectiva parcela de erros, no conjunto dos erros da sociedade de que faz parte.
Afinal aprendemos na Fraternidade Rosacruz que: “pais sábios que desejam proporcionar à criança todos os benefícios, já começam antes do nascimento, antes mesmo da concepção, a voltar reverentemente seus pensamentos para a tarefa da qual vão incumbir-se. Cuidam para que a união que vai gerar novo ser se realize sob condições astrológicas apropriadas, isto é, quando a Lua estiver transitando por um Signo que possibilite a construção de um corpo forte e sadio, conservando-os, tanto quanto possível, seus próprios corpos nas melhores condições físicas, morais e mentais. Durante o período de gestação devem evocar constantemente a imagem ideal de uma vida expressiva, saudável e útil para o ser que se aproxima.”
Também aprendemos que: “os pais ou responsáveis precisam conscientizar-se de que aquilo que denominamos nascimento é apenas o nascimento do corpo físico visível, que nasce e chega ao seu presente estado com maior eficiência e em menos tempo do que os veículos invisíveis, porque teve uma evolução mais longa. Assim como o feto é resguardado dos impactos do Mundo visível pelo útero protetor da mãe durante o período de gestação, do mesmo modo os veículos mais sutis são resguardados por um envoltório de Éter e de matéria de desejos que os protegem até que estejam suficientemente amadurecidos e aptos para suportarem as condições do Mundo externo.”
Que há dois lemas que se aplicam em cada período setenário da vida do filho ou da filha: um para os pais ou responsáveis e outro para a criança:
“Dos 0 aos 7 anos: Exemplo – para os pais – e Imitação, para os filhos. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança, e sua conduta nos anos futuros dependerá dos exemplos dados por seus pais na aurora de sua vida. Tudo no ambiente da criança deixa nela uma impressão para o Bem ou para o Mal. Devemos portanto compreender que os nossos mais insignificantes atos podem causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos e que nunca devemos fazer nada na presença da criança que não desejemos que ela imite. É inútil ensinar-lhe moralidade ou racionar neste período. Ela ainda não possui Mente, não possui razão.
Dos 7 aos 14 anos: Autoridade – para os pais – e Aprendizado, para os filhos. Nessa época em que a criança vai aprender o significado das coisas. Se temos um filho precoce, procuremos não o estimular a cursos que exijam esforços mentais extremos. Criança-prodígio, conforme já dissemos, geralmente vêm a ser homens e mulheres de inteligência abaixo do normal. Neste particular deve-se permitir à criança seguir as suas próprias inclinações. Sua faculdade de observação precisa ser ensinada especialmente através dos exemplos. Neste período pode-se começar a prepará-lo para economizar a força que principia a despertar em si, e que vai capacitá-lo a reproduzir a espécie ao fim do segundo período de sete anos. Que ele nunca busque informar-se a esse respeito através de fontes duvidosas porque seus pais, muitas vezes, tolhidos por um falso senso de pudor, evitam esclarecê-lo devidamente. É dever do educador o esclarecimento apropriado da criança. A omissão nesse ponto equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas, com advertência de não tropeçar nelas. Ora, ao menos tirem-lhe a venda. Ela já terá dificuldades suficientes mesmo sem ela.
Dos 14 aos 21 anos: máximo de Tolerância e de Conselhos – para os pais – e Autoafirmação, para os filhos. Chega, então, a idade crítica em que os pais ou responsáveis começam a colher o que semearam. A Mente ainda não nasceu; nada mais consegue deter a natureza de desejos; e tudo passa, pois, a depender dos exemplos ministrados por eles ao adolescente em seus primeiros anos de vida. Neste período, a fase da autoafirmação, o sentimento de “Eu sou eu” é mais forte do que em qualquer outra idade e, portanto, as ordens autoritárias devem ceder lugar a conselhos. Em nenhuma outra época o ser humano necessita tanto de simpatia quanto nos 7 anos que medeiam os 14 e os 21 anos, quando a natureza de desejos é irreprimível. Para o adolescente que foi educado desde criança segundo os princípios que esboçamos e enfatizamos atrás, este período não será tão crítico, uma vez que seus pais podem então significar o amparo que precisa para superar os obstáculos próprios desta fase até a maioridade, quando nasce a Mente. Na maioria das vezes este é um período de provas, que não chega a ser tão difícil para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais ou mestres, pois estes podem, então, ser para ele uma âncora de apoio contra a erupção de seus sentimentos. Se ele se habituou a confiar na palavra dos mais velhos, e estes sempre lhe deram ensinamentos sábios, ele terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará com segurança. Porém, na mesma medida, se houve falha nisso, poderá estar sujeito a situações perigosas.
Quando acompanhamos o Espírito humano através de um Ciclo de Vida, do nascimento à morte e desta ao renascimento, podemos ver quão imutável é a lei que governa cada um dos seus passos e quão rodeado ele se encontra pelo mais amoroso desvelo dos grandes e gloriosos Seres que são os ministros de Deus. Esse conhecimento é da máxima importância para os pais ou responsáveis, já que uma boa compreensão do desenvolvimento que se efetua em cada período setenário capacita-os a trabalharem inteligentemente com a Natureza, podendo conquistar mais confiança do que aqueles pais que desconhecem os Ensinamentos dos Mistérios Rosacruzes.”
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Eis uma atitude louvável e uma sugestão valiosa, sobretudo na época atual em que predominam, quase sempre, o egoísmo, a indiferença pelo semelhante, a ânsia de obter cada vez mais dinheiro, prestígio, conforto, olvidando a sorte dos menos favorecidos.
Não basta viver e cumprir a contento as tarefas diárias, no lar, no trabalho, na sociedade. É preciso realizar algo mais! Procuremos sempre fazer algum bem, onde quer que seja. Todos nós temos que procurar, dentro de nossas possibilidades, enobrecer a nós mesmos, o Ego, e realizarmos o nosso particular valor. Dediquemos algum tempo a nossos semelhantes. Ainda que pouco, façamos algo por aqueles que têm necessidade de auxílio humano, algo pelo qual não recebemos outra paga que o privilégio de o ter feito. Porque – nos lembremos – nós não vivemos sozinho neste mundo. Nossos irmãos e nossas irmãs se encontram aqui também.
É noção antiga e firmada que não podemos viver isolados, tão intenso é o nosso instinto gregário. E se fazemos parte de um agrupamento (qualquer que seja), tornemos imprescindíveis a nossa colaboração, o nosso sacrifício para o bem-estar dos nossos semelhantes.
Em qualquer agrupamento isso acontece: na família, num clube esportivo ou social, no trabalho, na vida cotidiana …
O altruísmo precisa vencer o egoísmo, aperfeiçoando as nossas virtudes e concorrendo para completa abnegação da Humanidade.
Dar parcelas de nós mesmos – eis outra recomendação proveitosa e que representa fator indiscutível para se alcançar a felicidade.
Notem que lindas essas sugestões escritas por alguém:
“Dá àqueles que você não ama um gesto de simpatia, uma palavra amiga.
Dá um sorriso àqueles que passam indiferentes na sua vida: ao varredor de rua, ao carteiro, ao vendedor de frutas, ao porteiro, às pessoas tidas como “invisíveis”.
Dá uma volta de chave aos pensamentos vãos; às lamentações inúteis, ao ciúme e à inveja.
Dá uma parte do seu tempo àqueles que lhe cercam, mesmo que esteja muito ocupado!
Dá um lugar a sua mesa e um cantinho no seu coração àqueles que vivem na solidão.
Dá pensamentos de amor a todo o mundo”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Indolência é uma palavra feia. Está intimamente associada à estagnação e à decadência e essas são palavras repulsivas para a Mente saudável. A indolência é a precursora da decadência e da morte. A atividade é o promotor do crescimento, do desenvolvimento e da força. Isso é verdade para o sistema muscular, para todos os órgãos do Corpo Denso e para o sangue, que é a vida. Também é verdade para o cérebro; um cérebro não pode ser alimentado com sono e ser saudável e forte; para triunfar, requer ainda mais exercício do que o Corpo Denso. A inatividade causa a degeneração do Ego e do Corpo Denso.
O Corpo Denso foi feito para ser ativo e o bem-estar do corpo exige isso. A natureza é o melhor exemplo de atividade. A natureza nunca adormece no sentido de desperdício ou improdutividade. Nos meses frios, ela está ocupada armazenando energia para os meses produtivos.
As grandes e pequenas criaturas vivem vidas ativas, ensinando a nós o valor do tempo e a brevidade da vida. Quem não observou os pássaros quando chegam a primavera? Começam a construir os seus ninhos, porque a Terra continua a se mover, sem perder um único segundo de tempo e, assim, e em breve, chegarão os dias em que terão de procurar climas mais quentes. A abelha há muito que é vista nós como uma criatura de atividade e indústria. A abelha é a própria encarnação da atividade e não tolera a indolência. Ela segue o ditado bíblico: “Quem não trabalhar também não comerá”; mas, no caso da abelha temos: “Quem não trabalhar também não viverá”.
Mas, há outro lado da vida ativa e completa. Tal como a saúde do Corpo Denso e do Ego não pode ser saboreada na ausência de uma vida ativa, também a felicidade e o contentamento não podem existir num ambiente de ociosidade. Parece que a inatividade enche o Corpo Denso com uma matéria estranha que envenena a felicidade, pois se somos ociosos não podemos ser felizes. Vemos outro exemplo disso novamente na Natureza. As aves na época do acasalamento, quando estão mais ativas, são felizes e cheias de canto. A miséria e a ociosidade caminham juntas, enquanto a felicidade e o contentamento acompanham uma vida ativa. Se todos os que estão cansados da monotonia da existência saíssem da luxuosa ociosidade, a vida teria um encanto e os dias seriam muito curtos em vez de ser muito longos.
A ociosidade tem sanções que afetam a nossa própria existência. A ação é a lei do nosso ser, é a lei do crescimento. A ociosidade é fraqueza; a ação é tão favorável ao crescimento físico e mental como o simples fato de dormir em um ginásio o é para a força de um atleta. O trabalho gera força, enquanto a ociosidade é perda de força. Até o menor talento se desvanecerá se não for utilizado. O poder de fazer as coisas deserda a pessoa, quando ela não age. Quando a energia é desligada, a máquina para; quando ficamos ociosos e nos esquivamos da nossa responsabilidade de trabalhar, a energia nos abandona. Nunca se deve permitir que o poder mental diminua. A perda de energia, a falta de confiança e uma capacidade executiva deficiente são os castigos.
O ocioso é um inadaptado, porque fica estacionário em um mundo ativo e se torna impotente, porque a Natureza lhe retira o talento que possuía. Aquele que abandona a vida ativa pela aposentadoria – por exemplo – apresenta um triste espetáculo, porque a infelicidade e não o prazer é o resultado inevitável. A classe ociosa apresenta uma vista infeliz. O trabalhador pode ser pobre, mas feliz; o ocioso pode ser rico, mas miserável. Ele não se encaixa na Natureza; está fora de harmonia com Deus e com o ser humano. O segredo da saúde e da felicidade é a atividade.
Todo o nosso ambiente, ao nosso redor, fala de atividade, de desenvolvimento, de utilidade; ensina-nos que devemos utilizar o tempo, devemos prestar atenção e respondermos aos monitores e às sirenes da atividade que nos rodeiam. A indolência é um crime que a Natureza não perdoa. Devemos trazer no nosso Corpo Denso as marcas da inatividade. Porque, com isso, rouba o nosso Corpo Denso e o nosso cérebro; nosso Corpo Denso não pode ser forte e saudável nem o nosso cérebro, desenvolvido. O Corpo Denso se fortalece com exercício, assim como o cérebro se fortalece e expande com a expressão do pensamento que criamos, como Egos.
Será que a Natureza perdoa esse crime de indolência? Não! Temos que confessar os nossos pecados; temos que ser obedientes; temos que limpar o nosso “Templo de Deus”, porque a Doutora Natureza sabe o que é melhor. A Natureza é o único “médico” verdadeiro; devemos então obedecê-la e começar a trabalhar.
O exercício mantém o Corpo Denso jovem ao promover a flexibilidade de todos os músculos e articulações. O exercício mantém o Corpo Denso saudável ao evitar a estagnação e expulsar as matérias estranhas do Corpo. Para saborear o maior grau de saúde, todos os órgãos, músculos e ligamentos do Corpo Denso devem ser exercitados, não só os membros, mas também a maquinaria interna. É aqui que o verdadeiro exercício tem valor. Quando deixamos de nos exercitar, a “idade se faz sentir”: músculos flácidos e articulações rígidas são alguns dos resultados e dos castigos.
O cérebro deve ser exercitado regularmente para se desenvolver e se manter jovem. Em pouco tempo o Corpo Denso e o cérebro enfraquecem, se forem negligenciados. Certamente é um crime matar o cérebro de fome, enfraquecer esse órgão maravilhoso com o qual Deus tanto nos abençoou. Tal como o Corpo Denso enfraquece sem exercício, também o cérebro enfraquece, caso não seja mantido ativo. Tão importante é o exercício e o uso adequado do cérebro, que cada um de nós deve prestar contas no grande julgamento pelo uso do tempo e do talento. Seremos obrigados a prestar contas rigorosas pela condição do “Templo de Deus”, o Corpo. Uma recompensa só pode ser concedida a um Templo limpo, incluindo o Corpo Denso e o cérebro.
O caminho que leva para cima é difícil de escalar. Significa trabalho árduo; mas, na escalada, ganha-se força, energia, coragem, persistência e consistência; o sucesso nos espera e o prazer na escalada é o companheiro diário. “Tudo que a tua mão encontrar para fazer, faça com a tua força” (Ecl 9:10). Há poder no trabalho. Aquele que não trabalha com o coração no seu trabalho não trabalha bem nem age bem.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Agosto de 1911
Espero que você tenha apreciado a lição do mês passado sobre “O Mistério da Luz, Cor e Consciência”[1], e que você agora tenha uma maior compreensão do qual é o significado da sentença bíblica: “n’Ele nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser”, porquanto, em todas as partes onde quer que a luz penetre, ali também está Deus. Mesmo nos lugares que nós chamamos de escuros, porque a constituição dos nossos olhos nos priva da percepção dos objetos que nesses lugares estão, órgãos de visão constituídos de maneira diferente podem funcionar nesses lugares, como acontece, por exemplo, os gatos e as corujas.
Cristo disse: “Deixai brilhar a vossa luz”[2]. À visão espiritual, cada ser humano aparece como uma chama de luz, de colorido variado conforme a inclinação característica ou habitual ou o modo de resposta emocional dele, e de maior ou menos brilho em proporção à pureza do seu caráter. A ciência descobriu que toda a matéria está em permanente movimento, que as partículas que compõem os nossos corpos decaem continuamente e são eliminadas do organismo, para serem substituídas por outras, que permanecem um curto espaço de tempo até que também se decompõem. Da mesma forma, nossos humores, nossas emoções e nossos desejos mudam a cada instante, o antigo dando lugar ao novo em uma sucessão interminável. Portanto, eles também devem ser compostos de matéria e sujeitos a leis semelhantes àquelas que regem as substâncias físicas visíveis.
Nós até podemos e mudamos a nossa Mente; podemos cultivá-la em uma ou em outra direção como quisermos, assim como podemos desenvolver os músculos dos braços e das pernas ou podemos permitir que os membros se atrofiem. Portanto, a Mente também deve ser composta de uma substância mutável. Mas o Ego, o Pensador, nunca perde a identidade do “Eu”. Nos dois casos, tanto na infância como na velhice, este “Eu” permanece igual, independentemente das mudanças nos pensamentos, sentimentos, nas emoções e nos desejos. Embora o Corpo, que usamos como uma vestimenta, mude com o passar dos anos, nós somos eternamente os mesmos.
A qualidade de mutabilidade da matéria e a evanescência da forma são a base de todo progresso espiritual, entretanto, se a matéria fosse imutável como é o Espírito, não haveria possibilidade alguma de progresso ou de avanço. Enquanto formos levados pela maré da vida e não controlarmos, conscientemente, o fluxo e refluxo da matéria para dentro e para fora do nosso ser, seremos joguetes das circunstâncias. Então, quando um raio de Marte é projetado em um determinado ângulo sobre os átomos do nosso Corpo, sentimos toda a agressividade que ele carrega. Por outro lado, um raio de Saturno nos provoca depressão, enche-nos de melancolia e de terríveis pressentimentos. Mas, à medida que evoluímos e chegamos a uma compreensão do mistério da luz, da cor e da consciência, vamos aprendendo, gradualmente, a reger nossas estrelas. Então, em conformidade às Leis da Natureza, nos tornamos senhores e senhoras do nosso próprio destino; e é de importância vital que não importa quais sejam os aspectos que possam nos influenciar em um determinado momento, devemos sempre afirmar e dizer:
“Não importa quão estreito seja o portão,
Quão cheio de punições o pergaminho.
‘Eu sou o mestre do meu destino.
Eu sou o capitão da minha alma’”[3]
(Carta nº 8 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: O Mistério da Luz, Cor e Consciência
“Deus é Luz” (IJo 1:5), diz a Bíblia, e nós não somos capazes de conceber uma analogia tão grandiosa e magnífica da Sua Onipresença ou do modo da Sua manifestação. Até os mais potentes telescópios fracassam em alcançar os limites da luz, embora nos revelem estrelas a milhões de quilômetros de distância da Terra, e podemos bem perguntar a nós mesmos, assim como o fez o salmista: “… Para onde fugir, longe da tua presença? Se subo aos céus, Tu lá estás; se me deito no Xeol (a palavra hebraica Xeol significa sepultura e não inferno), aí te encontro. Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar, mesmo lá é tua mão que me conduz” (Sl 139:7-10).
Quando, na aurora do Ser, Deus-Pai anunciou A Palavra e O Espírito Santo se moveu sobre o mar da Matéria Virginal homogênea, as primitivas Trevas foram convertidas em Luz. Esta é, portanto, a primeira manifestação da Divindade e um estudo dos princípios da Luz revelará à intuição mística um maravilhoso manancial de inspiração espiritual. Como isso nos afastaria muito do nosso assunto, nós não entraremos aqui na elucidação deste tema, exceto para dar uma ideia elementar de como a Vida Divina energiza a forma humana e a estimula à ação.
Verdadeiramente, Deus é UNO e indivisível. Ele contém dentro do Seu Ser tudo o que é, como a luz branca inclui todas as cores. Mas Ele se manifesta de uma forma tríplice, assim como a luz branca é refratada nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos essas cores, elas servem como um símbolo do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esses três raios primários da Vida Divina se difundem ou são irradiados pelo Sol, produzindo Vida, Consciência e Forma sobre cada um dos sete portadores de Luz, os Planetas, que são chamados “os Sete Espíritos diante do Trono”. Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode prova que Netuno (nem Plutão) não pertence ao nosso Sistema Solar e o leitor está convidado a consultar a obra Astrologia Científica Simplificada (veja mais detalhe no Capítulo I do Livro Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), escrita pelo autor do presente trabalho, para a demonstração matemática dessa afirmação.
Cada um dos sete Planetas recebe a luz do Sol em proporções diferentes, de acordo com a proximidade deles da órbita central, com a constituição da sua atmosfera e de acordo com os seres em cada um deles, conforme o estágio evolutivo desses seres, caso eles tenham afinidade com um ou outro dos raios solares. Eles absorvem a cor ou as cores que lhes são harmônicas e refletem as restantes sobre os outros Planetas. Esses raios refletidos levam consigo um impulso da natureza dos seres com os quais estiveram em contacto.
Deste modo, a Luz e a Vida Divinas chegam a cada um dos Planetas, quer diretamente do Sol, quer refletidas pelos seis Planetas-irmãos, e assim como a brisa do verão que, tendo passado pelos campos em flor, leva em suas asas silenciosas e invisíveis a fragrância misturada de uma multidão de flores, assim também, as influências sutis do jardim de Deus nos trazem os impulsos reunidos de todos os Espíritos e nesta luz multicor nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.
Os raios que vem diretamente do Sol são produtores de iluminação espiritual; os raios refletidos dos demais Planetas produzem o aumento da consciência e o desenvolvimento moral; os raios refletidos por meio da Lua produzem o crescimento físico.
Mas, como cada Planeta só pode absorver uma quantidade determinada de uma ou mais cores, de acordo com o estágio geral da sua evolução, assim cada ser aqui na Terra, que seja mineral, vegetal, animal e humano, pode absorver e assimilar somente uma determinada quantidade dos diversos raios projetados sobre a Terra. O restante não o afeta, nem lhe causa sensação alguma, do mesmo modo que o indivíduo totalmente cego não tem consciência da luz e da cor que existem em volta dele. Assim, cada ser é afetado distintamente pelos raios astrais e a ciência da Astrologia é uma verdade fundamental da natureza cujo conhecimento é de enorme benefício para se conseguir o crescimento espiritual.
Nos caracteres místicos de um horóscopo podemos aprender sobre as nossas próprias forças ou fraquezas e os meios mais convenientes para o nosso desenvolvimento, ou podemos conhecer as tendências daqueles amigos e amigas que vêm a nós como nossos filhos e nossas filhas e as faculdades neles latentes. Desse modo, saberemos claramente como cumprir nosso dever de pais ou responsáveis, reprimindo o mal antes que se manifeste e alimentando o bem, para que possamos estimular mais abundantemente as tendências espirituais das almas confiadas ao nosso cuidado.
Como já dissemos, o ser humano volta à Terra para colher o que semeou em vidas anteriores e para semear, outra vez, as novas sementes que proporcionarão experiências futuras. As estrelas são o relógio celeste que mede os anos; a Lua indica o mês em que as condições serão mais propícias para a colheita ou para a semeadura.
A criança é um mistério para todos nós; nós só podemos conhecer suas tendências à medida que essas, lentamente, vão se convertendo em características, mas, geralmente, é muito tarde para checar, uma vez que os maus hábitos já se formaram e a juventude já chegou para esses ser. Um horóscopo cientificamente levantado com relação à hora do nascimento indica as tendências da criança para o bem e para o mal e, se os pais ou responsáveis se dedicarem com afinco para estudar a ciência das estrelas, eles poderão prestar um serviço inestimável às crianças a eles confiadas, estimulando as tendências que tenham para o bem e reprimindo as inclinações para o mal, antes que estas se cristalizem em hábitos. Não pense que é preciso um conhecimento superior de matemática para levantar um horóscopo. Muitos levantam um horóscopo de uma forma tão complicada, com tanto receio e tanta “meticulosidade”, que ele se torna completamente indecifrável para eles ou para os outros, enquanto um simples horóscopo, fácil de ler, pode ser feito por qualquer pessoa que saiba somar e subtrair. Esse método foi cuidadosamente explicado no livro Astrologia Científica Simplificada (Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), o qual é uma obra de ensino completo sobre o assunto, ao mesmo tempo pequena e econômica. Os pais que anseiam profundamente pelo bem-estar dos seus filhos e das suas filhas deveriam se esforçar por aprender eles mesmos, embora a habilidade deles não se possa comparar com a de um Astrólogo mais experiente, o conhecimento íntimo da criança e de seus interesses profundos compensarão sobejamente a falta de competência, tornando-os capazes de penetrar mais profundamente no caráter do filho ou da filha por meio do horóscopo.
[2] N.T.: Mt 5:16
[3] N.T.: do poema “Invictus”, de autoria do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903). Foi escrito em 1875 e publicado em 1888 em seu primeiro volume de poemas, Livro dos Versos, na seção Vida e Morte (Ecos).
Resposta: Quando um navio está navegando rio abaixo, a favor da correnteza, os motores operam sem esforço aparente, e o navio avança rapidamente. Da mesma maneira, quando um automóvel desce uma ladeira, o motor é capaz de carregar peso sem esforço e ele progride sem problemas. Mas, quando um navio deve navegar rio acima, contra a correnteza, ou quando um automóvel deve subir uma ladeira, isso requer um gasto considerável de esforço, e o progresso não é tão rápido. Há obstáculos a serem superados. Cada pedrinha no solo é sentida, etc.
Da mesma forma ocorre com o Espírito. Enquanto nos deixamos levar pela correnteza da vida e vamos a favor da maré da humanidade, tudo parecerá correr suavemente e não há obstáculos e nem problemas. No entanto, no momento em que deixamos a correnteza e nos esforçamos para seguir o caminho em direção à vida superior, nós enfrentamos o desacordo do curso geral da humanidade e, claro, aqueles que estão mais próximos de nós serão os que, naturalmente, provocarão maior atrito conosco. Assim, esses parecem ser a oposição, e retardar o nosso progresso em todas as ocasiões possíveis. Eles parecem se esforçar ao máximo para obstruir o nosso caminho, e nós sentimos isso mais intensamente, porque pensamos que aqueles que estão mais próximos, mais no dia a dia e mais queridos devem ser os primeiros a apreciar os nossos esforços, e nos apoiar nisso. No entanto, não é assim. Não devemos esperar isso deles. Eles estão seguindo a correnteza, indo a favor da maré. Nós estamos indo contra ela, e o atrito é tão absolutamente necessário quanto o atrito da água contra o navio que está navegando rio acima, contra a correnteza.
Ao caminhar à beira-mar, em uma praia com pedregulhos, você pode notar que os pedregulhos se tornaram arredondados e lisos, sim até mesmo polidos, graças ao atrito constante contra as outras pedras. Durante eras e eras, todas os cantos ásperos foram desgastados, e eles têm aquela superfície que é tão peculiar aos pedregulhos ao longo da praia. Podemos comparar esses pedregulhos à humanidade em geral. Pelo atrito um contra o outro por eras e eras, os cantos mais pontiagudos irão se desgastando e, finalmente, nos tornaremos arredondados, lisos, polidos e tão belos quanto o são os pedregulhos daquela praia. Mas, considere um diamante bruto: não podemos conseguir aquele polimento pelo processo lento comum, a exemplo dos pedregulhos da praia. O lapidário se encarrega dele, esmerilha-o e há um ruído estridente sempre que a pedra é tocada pelo esmeril.
No entanto, toda vez que um grito estridente alto como que expressando uma dor é emitido, há um pedaço áspero da superfície desgastado e, em seu lugar, aparece uma superfície polida brilhante. Ocorre o mesmo com o Ego que aspira a algo mais elevado. Deus é o lapidário que dá polimento à pedra, e não é nada agradável quando a parte áspera está sendo tirada de nós, quando somos pressionados contra o esmeril da angústia e tristeza mais profundas, bem como da miséria causada por grande infortúnio. Entretanto, de tudo isso sairemos cintilantes e brilhantes como diamantes. Portanto, não deixe seu coração ser perturbado, pois as angústias e tristezas profundas, bem como as tribulações que se apresentam e bloqueiam seu caminho são apenas o esmerilhamento da pedra pelo lapidário. Você pode ter certeza de que, qualquer que seja a sensação atual, o resultado será bom, pois Deus é AMOR. Embora Ele aplique as medidas mais severas no presente momento, no futuro isso o deixará polido e resplandecente.
(Pergunta 143 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. II-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
Uma das atitudes mentais insistentemente recomendadas pela Filosofia Rosacruz é a de “admitir como possíveis todas as coisas”. Negar precipitadamente qualquer coisa sem examinar os ângulos, é imaturidade ou fanatismo. A adaptabilidade é um dos fatores mais expressivos da evolução. Contrariamente, o do Ego, ou seja, para nós, a qualquer forma de verdade estabelecida é limitador. Convém estarmos alertas com os condicionamentos mentais. Se, por um lado, o “Corpo Vital é o veículo conducente a Iniciação, por meio da repetição de novos e melhores hábitos”, por outro lado pode nos encarcerar na conservação de hábitos antigos e, desse modo, nos retardar a evolução. É importante notar que essa tendência de se ater as verdades convencionais é mais forte nos mais intelectualmente desenvolvidos. O intelecto é orgulhoso e tende a se conservar, lutando contra as novas ideias. Por isso disse Max Heindel que um dos últimos tropeços iniciáticos é o de Judas Iscariotes que simboliza a “Mente concreta”. De fato essa resistência às inovações é mais notável nos proeminentes cientistas que nos leigos. Simon Newcomb, eminente cientista norte-americano declarou, no começo deste século, que era impossível a qualquer máquina voar através de grandes distâncias. Longe dos primeiros voos dos irmãos Wright causarem sensação, provocaram reações de muitos redatores de jornais, que consideraram o relato das testemunhas como “impossível”. Não publicaram uma linha sequer. Passaram-se muitos anos antes que o povo compreendesse que os irmãos Orville e Wilbur tinham começado a conquista espacial prevista para a Era de Aquário, naquela manhã de dezembro de 1903. Levou muitos anos para que eles descobrissem mercado para sua máquina voadora. Numa carta aos inventores, em 1907, o Primeiro Lorde do Almirantado escreveu o seguinte: “O conselho do Almirantado é de opinião que vossa máquina voadora não é de utilidade prática para a Marinha”.
Alexandre Graham Bell não foi mais feliz. Um artigo de fundo de um jornal dos Estados Unidos assim considerou sua invenção: “um homem de uns 46 anos foi preso em Nova Iorque por tentar extorquir dinheiro de pessoas ignorantes e supersticiosas, exibindo um aparelho que, dizia transmitir a voz humana a qualquer distância, através de fios metálicos. Ele chama o instrumento de telefone, naturalmente pretendendo imitar a palavra telégrafo e, com isto, conquistar a confiança daqueles que sabem do êxito que tem esse último aparelho. As pessoas bem-informadas sabem que é impossível transmitir a voz pelo fio e que, se isso fosse possível o aparelho não teria valor prático algum” (vide a obra de A.M. Low – “What’s the World Coming to?”). Tomemos, da mesma obra as palavras do professor Erasmus Wilson, em 1878: “Com relação à luz elétrica, muito se tem dito a favor e contra ela; mas creio que posso dizer, sem receio de contestação, que ao encerrar a exposição, em Paris, a luz elétrica deixará de existir e pouca coisa se ouvirá falar dela”.
Seria preciso dizer que Semmelweis foi expulso de Viena por cientistas que escarneciam de sua teoria sobre bactérias mesmo depois de suas ideias haverem salvado centenas de vidas? O valor de seu trabalho somente foi reconhecido 25 anos depois de sua morte. Quando a luneta de Galileu revelou as luas de Júpiter, seus companheiros astronômicos se recusaram a olhar pela luneta, porque eram de opinião que tais corpos não existiam e que a luneta devia ser, portanto, um embuste. Por que, então iriam olhar através dela?
Se os leitores querem a maior, reproduzo a opinião de um crítico literário acerca de uma obra: “Não a li e não gostei”.
Infelizmente, os tempos passam, a história protesta, os fatos gritam, mas os materialistas continuam assim, vencidos pelo convencionalismo, como Sigmund. Felizmente, ninguém pode deter a evolução. À medida que as necessidades internas e sociais exigem mudanças, elas vêm. Os Anjos do Destino e os Irmãos Maiores da humanidade, que vigiam e asseguram os destinos evolutivos, respeitando, no possível, o livre arbítrio individual suscitam as inovações necessárias. Demolem-se as velhas instituições e edificam-se novas sobre as suas cinzas segundo o mito de Fênix.
Deus opera continuamente para nosso bem. Quando a humanidade se preocupava com o número reduzido dos cavalos, que não daria para o transporte dos antigos troles, surgiu o petróleo, o automóvel, as estradas asfaltadas, e os cavalos foram pastar sossegadamente nos campos. Como dizem os Evangelhos: “olhai os lírios dos campos e os passarinhos do céu. Se Deus vela pela erva que hoje é e amanhã fenece; se olha pelos pássaros que não tecem nem guardam alimento, quanto mais a vós, homens de pouca fé! Sede, pois, como as crianças para entrardes no reino dos céus” (Lc 12:27-31).
(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de abril/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)
Em vários artigos recentemente publicados sobre possessão, mencionei duas classes: a demoníaca e a elemental. Essa última é uma possessão ou a posse das faculdades do paciente, em maior ou menor grau, por uma entidade invisível (espiritual). Pode haver ou não intervalos lúcidos, mas no caso registrado abaixo eles foram numerosos. No ocultismo, não pretendo ser alguém que se aproxime da mestria, mas há muitas coisas sobre as quais posso dar conhecimento em primeira mão.
Não é da competência deste breve artigo descrever os motivos e a origem de entidades como elementais e Espíritos da Natureza, nem entraremos em algum dos planos superiores para descrever a forma ou constituição química dos elementais. O elemental é a mais simples de todas as influências externas que possuem e é a primeira influência externa, viva e real, ou ser real, com o qual o diagnosticador astromédico entrará em contato.
A verdadeira composição material do elemental é um elemento, daí o seu nome. É bom para o leitor lembrar que estamos falando aqui das vibrações que são mais elevadas do que as do plano físico e cotidiano, e que uma descrição completa do elemental nos levaria a uma dissertação prolongada sobre as forças que atuam ao longo da parte negativa e positiva dos polos ou os quatro Éteres. Basta dizer aqui que o elemental tem forma real e possui vida, principalmente a que é obtida da sua pobre vítima humana. O casuísta pode exigir prova dessa afirmação antes de prosseguir. Eu respondo que é auto demonstrável e que o caminho para a verdade e o aprendizado está aberto a qualquer um que esteja disposto a pagar o preço. Esse preço, no entanto, não é dinheiro e se o pesquisador for absolutamente materialista, ele fará bem em ler o Caibalion[1] ou literatura semelhante, antes de fazer mais pesquisas médicas.
É bom lembrar que o que há de mais fundamental, por exemplo, em uma planta é invisível aos olhos físicos. O conhecimento suprassensível é acessível a todos aqueles que buscam com diligência e persistência.
Ao relatar este caso, vamos nos ater tanto ao lado físico quanto for compatível com o assunto e descreveremos este como um caso típico e real de possessão elementar. Visite qualquer instituição para pessoas com alguma debilidade mental na Terra e muitos casos semelhantes poderão ser encontrados. Você pode argumentar como quiser e zombar o quanto quiser, mas a verdade não será mudada para se adequar a uma de nossas opiniões preconcebidas.
Sra. H., 26 anos, esposa de um mecânico honesto; mãe de três filhos; loira com algumas características marcantes de beleza feminina; tamanho médio, razoavelmente bem constituída; veio de uma família em que muitos são inteligentes, mas também neuróticos; seu pai morreu em uma instituição para débeis mentais; pulmões e coração em bom estado, sem história específica de problemas. Ela era organizada, trabalhadora e naturalmente de temperamento alegre. Durante o último parto, o trabalho de parto foi concluído em menos de uma hora sob a competente gestão do Dr. Muir, que a atendeu muitas vezes durante as sete semanas seguintes.
Na primeira semana do período de internação, ela foi esplêndida. Aproximadamente depois do nono dia, ela começou a ter peculiares ataques nervosos de vaga apreensão de perigo para seu bem-estar. Não houve febre em momento algum. O Dr. Muir, de maneira sutil, encaminhou o caso para mim no início da oitava semana. Fui chamado pela primeira vez em 19 de janeiro, às cinco horas da tarde, e a encontrei sentada na cama segurando uma bolsa de água quente sobre o seio esquerdo; seus cabelos estavam desgrenhados e o rosto exibia uma expressão maníaca; nenhum piscar de olhos; olhos afundados em suas órbitas; pupilas dilatadas; mãos e pés frios, mostrando circulação perturbada, embora o quarto estivesse confortavelmente quente; os batimentos cardíacos eram lentos e fracos, mas regulares. Ambas as pupilas estavam dilatadas e se recusavam persistentemente a contrair mesmo sob a influência de luz, hiosciamina, estricnina ou brometos.
Sua conversa era não racional e ela estava apreensiva, com medo de morrer imediatamente e fazia repetidamente a mesma pergunta aos atendentes sobre sua morte próxima. Independentemente das garantias em contrário, ela perguntava cem vezes ou mais por dia se seu coração iria parar ou se algum dia ela se recuperaria. Ela estava rapidamente ficando acamada e qualquer tribunal de insanidade teria julgado sem hesitação que ela fosse um caso adequado para uma instituição do Estado para pessoas insanas. Seu coração reagiu a uma injeção hipodérmica de estricnina; mas, as pupilas, as janelas da alma (do Ego), não se contraiam por meio de estimulante algum que eu aplicasse.
Havia várias sensações nervosas e metastáticas, simulando um tipo travesso de histeria. O atendente médico pode sentir uma sensação ou atmosfera mais calorosa quando está na presença do caso comum de histeria, seja na variedade travessa ou simiesca.
Seus intervalos lúcidos eram levemente perceptíveis. Os pentabrometos produziram um sono razoavelmente bom, embora um pouco perturbado por sonhos importantes para qualquer psicanalista.
Além de uma administração hipodérmica e da dosagem noturna de pentabrometos, prescrevi um tônico amargo para ser tomado após as refeições. Resolvi fazer tudo o que estava ao meu alcance como médico para salvá-la de ser internada em uma instituição para débeis mentais; mas, quanto mais eu fazia, mais graves se tornavam os sintomas, até o terceiro dia, quando decidi que o diagnóstico poderia ser modificado de prostração nervosa para um caso simples de possessão elementar que tinha seus sintomas psiconeuróticos produzidos por um fator além do ambiente físico e visível. As pupilas e a atitude eram patognemônicas.
Nesse extremo, iniciou-se um tratamento suprafísico para despojá-la da entidade obsessora. Não é conveniente informar o público sobre essa parte do tratamento neste momento. Quase imediatamente a pupila começou a alterar de tamanho, por assim dizer, a reagir em pontos, os intervalos lúcidos tornaram-se mais longos e, em dez dias, toda a pupila assumiu um aspecto normal. Dentro de 36 horas do início do tratamento modificado, uma confissão veio da paciente. Ela afirmou que desde os cinco anos de idade praticou a masturbação e continuou essa perversão sexual em intervalos ao longo da vida; também havia praticado duas vezes desde o último parto.
Os sintomas eram a manifestação direta desse elemental que atuava no plano etérico. Como um vampiro invisível, ele cresceu muito e estava roubando dessa bela mãe o seu próprio princípio de vida. Sem ajuda, ela era impotente para se livrar desse elemental.
Não há necessidade de falar sobre o tratamento, se houver viés no julgamento diagnóstico do leitor. Ao fazer um diagnóstico, é bom agir com calma em todos os casos neuróticos, pois devemos primeiro nos certificar de que os sintomas não têm origem física; além disso, não pode haver obsessão sem dilatação pupilar. É fácil perceber que não cometer erros no diagnóstico nesses casos é de muita importância para a reputação do diagnosticador e de grande importância para o pobre paciente. Na realidade, os nomes “histeria”, “neurastenia” e “psiconeurose” são vãos subterfúgios usados para acobertar as multidões da nossa ignorância.
Em poucas palavras, a paciente tinha uma predisposição neurótica, um ambiente hostil, o estresse da maternidade e uma prática maligna enfraqueceu ainda mais a sua autonomia física e mental, proporcionando, assim, uma condição ideal, um convite à influência externa. Muito cedo o elemental obteve dela uma área de consciência; como seus atos eram uma rendição de vida ao elemental, ele cresceu muito, alimentando-se do Éter de Vida e foi capaz de obter posse de mais áreas da sua consciência. Pouco a pouco o elemental se tornou a maior coisa dentro do templo, destronando o Ego humano do seu trono de razão.
Observação. — Embora a paciente possa realizar os seus afazeres domésticos, continua sob observação médica.
(Por um médico Probacionista, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro de 1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: O Caibalion (Kybalion), publicado em 1908 pela Yogi Publication Society sob o pseudônimo de “os Três Iniciados”, afirma conter a essência dos ensinamentos de Hermes Trismegisto, tal como ensinado nas escolas herméticas do Antigo Egito e da Antiga Grécia. Seu material tornou-se um dos pilares do Movimento Novo Pensamento da década de 1910. Muitas das ideias apresentadas nesse livro anteciparam conceitos popularizados no século XXI, como por exemplo, a Lei da Atração.