Um ponto alto destaca-se dentre as leis que asseguram nosso bem-estar físico e espiritual: o sentimento de gratidão, a capacidade sentimental de avaliar, de ver e sentir todas as bênçãos e manifestar seu reconhecimento pela generosidade de Deus. A porta que conduz à abundância das bênçãos divinas, quer materiais, quer espirituais, abre-se amplamente ao coração humilde e agradecido. Só esse poderá avaliar a realidade e riqueza das dádivas divinas. A saúde física, a iluminação espiritual e o sustento material acompanham o despertar daqueles que “entram pelas Suas portas com ação de graças, e em Seus átrios com louvor” (Sl 100:4).
Quando, pela manhã, abrimos os olhos ao despertar, devemos logo agradecer a Deus. Esse sentimento pavimentará o caminho do dia que se inicia com alegria, paz, ajuda e crescimento interno. A atitude de gratidão estabelece uma vibração que automaticamente nos atrai a atenção e assistência daqueles que fulguram nos planos internos, os quais são, realmente, os mensageiros de Deus.
O coração grato está espiritualmente sintonizado à “onda divina” e mantém, desse modo, seu físico, os demais corpos e todos os assuntos na harmonia cósmica, em perfeita normalidade. Ainda que tenha estado física, mental ou psicologicamente enfermo, o novo hábito de vislumbrar o bem em todas as coisas, de avaliar os dons de Deus à disposição de todos, de sentir o amor divino convidando ao usufruto da permanente felicidade, o levará a agradecer por tudo. Essa atitude positiva, humilde e amorosa, irá seguramente reconstituindo o equilíbrio de sua instrumentação.
“Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser” (At 17:28); Sua força infinita está sempre ao nosso alcance, desde que estejamos vibrando numa silenciosa canção de louvor e de ação de graças. A coragem, o equilíbrio interno, o entusiasmo e tudo o mais são a colheita daqueles que vivem semeando atos, em sentimentos e modo de pensar, o reconhecimento da bondade de Deus.
“Oh, aqueles homens que louvavam ao Senhor por Sua bondade e por Seu maravilhoso trabalho para com seus filhinhos humanos!”
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1965-Fraternidade Rosacruz-SP)
Muitos Estudantes Rosacruzes têm dificuldade em realizar convenientemente os Exercícios Esotéricos noturno e matutino. Vamos, por essa razão, indicar um bom método a seguir. Começaremos pelo Exercício noturno Esotérico de Retrospecção.
É errado supor que você deve pensar minuto por minuto durante o Exercício Esotérico Retrospecção a tudo quanto tenha feito durante o dia que passou, controlando assim todos os atos automáticos e todas as ações diárias. Tendo uma tal concepção desse Exercício Esotérico, descobrirá que o sucesso é nulo ou que perderá um tempo precioso. Há Estudantes Rosacruzes que desejam voluntariamente fixar seu pensamento sobre ideais elevados, a fim de que a passagem seja tão harmoniosa quanto possível. É muito prosaico ou indesejável que seu Exercício noturno Esotérico de Retrospecção se detenha sobre o fato de ter comido uma fatia de pão com goiaba ou de ter amarrado o seu calçado.
O êxito de seu Exercício Esotérico Retrospecção depende de uma vida diária consciente e do poder de pensar de maneira abstrata. Uma vida diária consciente é uma condição e pensar de maneira abstrata não toma quase tempo.
Deve refletir sobre a beleza deste método, ele justifica-se por si mesmo; o Exercício Esotérico Retrospecção não pode se tornar um meio para atingir a Iniciação a não ser que esse mesmo Exercício se torne a este respeito, um serviço diário. Se esse último ponto não for atingido milhões de Exercícios não darão nenhum resultado.
Um Estudante Rosacruz sério desempenhará, conscientemente, toda ação diária; ele será igualmente consciente de suas palavras, dos seus desejos, sentimentos, das suas emoções, dos seus pensamentos, atos, das suas ações e obras baseando-se sempre sobre a lei santa para o Estudante Rosacruz. Esse fundo devocional de toda sua manifestação se torna semelhante a uma segunda natureza e ele notará, sem demora que cada erro em palavra, desejos, sentimentos, emoções, pensamentos, atos, ações ou obras toma imediatamente sua desforra e que a consciência de sua falta se impõe imediatamente. É por essa razão que alguns Estudantes Rosacruzes sérios que realmente vivem a vida, dizem: “o Exercício Esotérico Retrospecção é para mim um serviço diário”, o que prova que se acham no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Entretanto, quando tiver feito essa experiência, não deve cometer a falta de crer que o Exercício Esotérico Retrospecção é supérfluo. Assim seria se o Exercício Esotérico Retrospecção não fosse mais do que um meio para atingir o conhecimento de si mesmo; ele é igualmente um dos meios mais eficazes, fornecidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, para chegar à Iniciação.
Consideremos agora o Exercício Esotérico de Retrospecção na suposição que você o faz como um serviço noturno diário: depois de se deitar para dormir à noite, tome uma posição a mais confortável possível do seu Corpo Denso. Fixe seu pensamento sobre o Símbolo Rosacruz e deixe se aproximar de você mais e mais a Cruz com as Rosas até que ela se imponha em sua frente de maneira luminosa (Quando a Cruz luminosa se acha diante de você, pode pronunciar uma pequena prece antes de começar o Exercício Esotérico de Retrospecção). Depois disso examine rapidamente tudo o que se passou durante o dia (o que é fácil usando o Pensamento abstrato, não o Pensamento concreto). Isso supera o trabalho do cérebro e verá como as experiências importantes e notáveis do dia se apresentarão com a rapidez do relâmpago tocando o seu Coração e a sua Mente, conforme sejam as experiências de natureza mística ou intelectual, respectivamente.
Seguem-se primeiramente sensações de alegria e de paz ou sensações de tristeza e desespero (pelas boas ou más ações, atos ou obras). Em seguida, pelo choque ocasionado, importantes órgãos latentes do Corpo Denso recebem vibrações mais elevadas, graças às quais o caminho da liberação desenha-se de mais em mais.
Depois de executar o Exercício Esotérico de Retrospecção, que não dura mais do que alguns instantes, se eleva no abstrato, e depois de um certo tempo será possível a você passar conscientemente ao estado de sono, onde o outro Mundo lhe acenará. Estamos persuadidos de lhe ter dado uma outra visão desse serviço bem conhecido do Estudante Rosacruz.
Esperamos que compreenda bem o que foi explicado acima; nós rogamos para que os Estudantes Rosacruzes possam rapidamente franquear a porta de ferro do Serviço diário para ir ao verdadeiro Exercício Esotérico de Retrospecção que é de ouro. Assim você transformará o ferro em ouro e você se tornará um alquimista da Fraternidade Rosacruz.
Vamos, agora, falar sobre o Exercício Esotérico matutino de Concentração.
Muitos Estudantes Rosacruzes que antes quebravam a cabeça para preencher o Exercício Esotérico de Retrospecção se acham capacitados agora de se submeterem harmoniosamente ao plano estabelecido pelos Irmãos Maiores para auxiliarem nos esforços para atingir uma consciência mais elevada.
Esperamos poder auxiliar igualmente, submetendo a você uma nova perspectiva sobre o Exercício Esotérico matutino de Concentração.
Você sabe que o Exercício Esotérico de Retrospecção, depois que o neófito atingiu a prática do serviço diário, é uma penitência para desenvolver uma mais alta vibração em certos órgãos do Corpo Denso. É a Glândula Pituitária que é mais especialmente atingida pelo Exercício Esotérico de Retrospecção. O Exercício Esotérico matutino de Concentração age, por sua vez, sobre a Glândula Pineal, excitando-a a mais elevadas vibrações.
Não há nenhuma razão em se abster de um dos Exercícios Exotéricos e de crer conveniente realizar o outro. Um Exercício Esotérico feito sem o outro é perfeitamente inútil e até mesmo prejudicial. Trata-se de um só Exercício Esotérico com dois aspectos. Uma metade é feita antes de dormir, a outra, depois, um pouco antes de despertar totalmente. Trata-se de poder evadir-se conscientemente da chamada consciência de vigília para o inconsciente e de poder voltar conscientemente para poder, em seguida, como bem lhe parece, ir de um Mundo a outro.
Antes de falar do segundo aspecto desse importante Exercício Esotérico, nós chamamos novamente sua atenção sobre o “serviço diário”. Reveja o que temos dito acima; economizaremos tempo.
Quando o Estudante Rosacruz vive verdadeiramente a vida e na mais elevada expressão da palavra, toda sua vida, suas idas e vindas, todas suas ações estarão em concordância com o fim essencial de toda existência humana e tudo o que ela deve atingir; e dessa maneira, todo pensamento se dirigirá para esse Ideal. Cada dia ele vê diante de si sua vocação crescer em natureza, com todas as consequências relativas.
Você pode, pois, facilmente imaginar que um tal Estudante Rosacruz não tem falta de assuntos de reflexão para seu Exercício Esotérico matutino de Concentração, esse Exercício baseando-se sobre a verdadeira vida. Não deve se perder nas origens de um palito de fósforo, de um vestido ou de qualquer outro objeto empregado, pois quando você aspira à realidade do ato em todas as coisas o fato de ser pioneiro pode levar a situações grotescas nas quais nós podemos nos perder. Agora o método: depois da penitência consciente que levou o trabalho do fogo purificador ao Estudante Rosacruz, ele terá uma noite de atividade intensa, não obstante o Estudante Rosacruz novato não se lembrar de nada disto, a lembrança virá mais tarde.
Assim passam-se as horas da noite até o momento de despertar. Voltamos lentamente ao inconsciente na vida material. Cada um conhece esse estado passageiro.
“O assunto da concentração pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve ser preferentemente de tal natureza que faça com que o Aspirante se afaste das coisas comuns dos sentidos, além do tempo e do espaço, e para isso não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do primeiro Capítulo do Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo; e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus; Ele estava no princípio com Deus; Tudo que foi feito, foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele; n’Ele estava a vida e a vida era a ‘luz dos homens’; a luz resplandece nas trevas; e as trevas não a compreenderam”. Tomando-os como assunto de concentração, sentença por sentença, todas as manhãs, com o tempo proporcionará ao Aspirante uma maravilhosa percepção do princípio do nosso Universo e do método da criação – uma compreensão muito além da que se poderia obter através dos livros.”
A vida que se aproxima nos traz seus conflitos, suas necessidades e suas forças, em relação aos deveres diários; o Estudante Rosacruz experimenta fora dessa multidão de coisas que se defrontam o que se acha em relação com sua tarefa particular, sua vocação e é isso que ele estuda durante esses momentos encantadores que precedem o despertamento real. Resulta disso um movimento oscilatório, um movimento ritmado; um retorno ao sono depois a aproximação do despertar. Depois vê uma formidável visão sobre seu trabalho, sua tarefa, sua vocação; um transporte da verdadeira essência espiritual sobre a personalidade toda, inteira, um verdadeiro banho espiritual, um afastamento de fronteiras.
Qual é, pois, o resultado de tudo isso? A Glândula Pineal foi levada pelo processo descrito a uma atividade intensa. A ação radiante desse órgão se amplifica e ele vibra em uníssono e entra em contato com a ação radiante da Glândula Pituitária. É um turbilhão de forças agindo o fluxo e o refluxo: é uma união contínua devida a uma reação constante; de onde resulta segundo a perspectiva idealizada um alargamento de consciência.
É o que há de mais importante no Exercício Esotérico matutino de Concentração. Tenha presentes nossas observações que nós resumimos abaixo: você não deve separar nunca o Exercício Esotérico matutino de Concentração do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção. Colocando você na vida real e no seu Exercício Esotérico matutino de Concentração se tornará igualmente uma pluralidade de realidades. Ele lhe sustenta na vida e lhe fornece as mais altas possibilidades.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – Maio-Junho/1988-Fraternidade Rosacruz-SP)
Nesses anos transcorridos desde a passagem de Max Heindel, muito se falou a respeito de sua notável obra. A cada 23 de julho — data do seu nascimento — os Grupos e Centros Rosacruzes em atividade pelo mundo lhe rendem uma linda homenagem. Relembram as dificuldades com que se defrontou para iniciar o trabalho. Recordam certas passagens marcantes de sua vida, como o primeiro encontro com o Irmão Maior – que ele chamava de “Mestre” –, na Alemanha, ou o lançamento da pedra fundamental em Mount Ecclesia, evento que prenunciou o grande porvir da Fraternidade. Ressaltam também a grande odisseia vivida na elaboração e impressão do livro Conceito Rosacruz do Cosmos.
Há, porém, na figura de Max Heindel um aspecto pouco abordado, conquanto importantíssimo na consolidação de sua obra: sua capacidade de aglutinar pessoas em torno do Ideal Rosacruz.
A Fraternidade Rosacruz, embora inspirada desde os Planos internos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, que lhe emprestam o nome, começou do nada, do chão. À frente, apenas Max Heindel.
Sozinho, desprovido de recursos e com a saúde abalada, embora tendo em mãos o tesouro dos tesouros — a Filosofia Rosacruz — onde poderia ele chegar?
Que força misteriosa impelia esse homem aos maiores sacrifícios, convertendo-o em um polo de atração, uma fonte viva de magnetismo?
Somente alguém dotado de um acentuado poder de aglutinação poderia inspirar outras pessoas, indicando-lhes o Ideal Rosacruz e a necessidade de se trabalhar por esse Ideal.
Ao ensejo de mais um aniversário de nascimento de Max Heindel, transcrevemos abaixo o depoimento de Bessie Boyle Campbell, publicado há muitos anos em Rays from The Rose Cross de outubro de 1955. Essa Estudante Rosacruz e contemporânea de Max Heindel, deixa entrever em suas linhas as razões de o fundador da The Rosicrucian Fellowship ser um aglutinador por excelência.
“Meu primeiro encontro com Max Heindel foi em uma noite de 1908, em Yakima, Washington, à entrada de um salão de conferências. Eu havia lido no diário local o anúncio de sua conferência sobre “A vida depois da morte”, franqueada ao público. Ora, eu havia sido criada e educada em um ambiente estritamente episcopal e os assuntos dessa natureza espiritual eram incompreensíveis para meus pais e imediatamente rechaçados por eles. Perguntei à minha irmã e mãe se podiam me acompanhar para assistir à conferência, pois o salão em que conferência se realizaria ficava em uma rua pouco recomendável para uma moça andar sozinha… Não é demais dizer que não me deixaram ir. Mas ao forte impulso interno que me impelia tomei a resolução de ir só. Quando cheguei à entrada do salão, defrontei-me com três pessoas e logo reconheci o casal Swigart e o próprio Max Heindel. Ao contemplar o rosto e a figura de Max Heindel, tive a sensação momentânea de me achar diante de um padre, embora ele estivesse trajado como qualquer homem de negócios. Pensei, depois, que essa impressão talvez se originasse da grande reverência que me despertava sua pessoa e isso me fizera associá-lo a um padre. Muito tempo depois, durante uma de suas aulas, ele nos contou que em seu renascimento anterior, há trezentos anos, havia sido um padre católico na França. Fiquei satisfeita ao ver confirmada minha intuição (…). “Observando o auditório daquele velho salão, onde Max Heindel proferiu a primeira de dez conferências, notei que, em sua maioria, era composto de mendigos e vagabundos que tinham ido ali mais para se proteger do frio e da neve do que propriamente para ouvi-lo. O conteúdo de sua dissertação estava além do meu alcance e entendimento; não obstante, seu forte magnetismo pessoal e sua grande eloquência me levavam a crer firmemente em cada palavra que dizia, como se fosse uma grande verdade”. (…) “Compreendi que eu tivesse ouvido um grande homem, abordando assuntos transcendentais”. (…) “Senti que nesses ensinamentos houvesse encontrado o que há tempo buscava”. (…) “Muito depois eu lhe perguntei o que era isto: magnetismo pessoal. Ele me respondeu que foi um poder obtido mediante atos de bondade, nesta vida e nas anteriores. Explicou-me que isso é visto pelo Cristão Místico como uma aura dourada que os grandes mestres costumam pintar ao redor da cabeça dos Santos, em suas obras clássicas. Assisti a suas conferências e lições, nessa ocasião, durante seis semanas, recomeçando tempos depois. Ele não havia publicado ainda a grande obra ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’, pois não havia chegado o ano de 1909. Suas conferências e lições eram mimeografadas. Em 1910, assisti novamente a suas dissertações, já com público numeroso, em Los Angeles. De vez em quando, Max Heindel costumava entremear suas palestras com observações engraçadas, alegres, simpáticas. Outras vezes, permanecia muito sério e circunspecto. Ele sentia uma grande compaixão por todas as almas que sofriam. Em 1911 recebi dele uma carta em que me comunicava haver iniciado os trabalhos de Cura Rosacruz. Nessa oportunidade eu passava por um precário estado de saúde, internada em um hospital de Pasadena-CA, com febre altíssima. Depois de ler sua amável carta, meu quarto se inundou de luz e senti tal exaltação que não posso descrever. Eu vinha orando intensa e incessantemente quando isso aconteceu. Na manhã seguinte minha febre havia desaparecido por completo e, depois de alguns dias, achava-me em minha residência completamente restabelecida”. (…) “Minha mãe, que também chegou a ser Probacionista, faleceu em 1915. Max Heindel veio ao funeral e usou da palavra. Em certo momento ele me disse: ‘Bessie, coloque uma cadeira junto ao ataúde para que sua mãe possa se sentar-se’. Ele sorriu diante da cadeira, para nós vazia, e então lhe perguntei se mamãe se sentia feliz. Ele me respondeu: ‘Ela está muito séria e impressionada com a mudança’. Os trinta amigos que se achavam presentes ficaram muito impressionados ao ouvir suas palavras. Max Heindel sempre irradiava uma dulcíssima simpatia e bondade, em sua habitual humildade. Sinto que, pela oportunidade de haver conhecido esta grande alma, recebi a maior bênção deste mundo, além do conhecimento da verdadeira Religião Cristã que me veio à Mente e ao Coração por seu intermédio”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho de 1975-Fraternidade Rosacruz-SP)
Pergunta: Como poderão ser despertados os órgãos de percepção espiritual?
Resposta: Por meio do treinamento esotérico, cujos métodos são parcialmente expostos ao público.
Pergunta: Para sensibilizar tais órgãos é necessário que a corrente ascendente esteja ativa?
Resposta: Na maioria das pessoas pouco existe de corrente ascendente. Isso ocorre porquanto uma parte da força sexual criadora, que deveria ser usada legitimamente no processo de perpetuação da espécie, é desperdiçada na gratificação dos sentidos.
Pergunta: Quando se evidencia tal desenvolvimento?
Resposta: Quando o Aspirante à vida superior começa a dominar esses impulsos rasteiros e devotar-se à práticas espirituais, com esforço e sinceridade. Então, o Clarividente treinado pode observar a ascensão da força sexual criadora não utilizada.
Pergunta: Que direção toma essa corrente?
Resposta: Ela se eleva em proporções cada vez maiores, atravessando o coração e a laringe, ou o cordão espinhal e a laringe, ou ainda ambos, para então passar entre as Glândulas Pituitária e Pineal, em direção ao ponto situado na raiz, o “Vigilante Silencioso”.
Pergunta: Qual o caminho percorrido normalmente pela corrente?
Resposta: Ela não segue um caminho com a completa exclusão do outro. Em geral, um caminho é percorrido pelo maior volume da corrente, de acordo com o temperamento do Aspirante à vida superior. Quando o candidato à vida superior possui tendências ocultistas, isto é, procura desenvolver-se seguindo linhas puramente intelectuais, a corrente passa pelo cordão espinhal e somente uma pequena parte atinge o coração. Quem procura desenvolver-se pela devoção, procurando sentir as coisas antes de conhecê-las, enquadra-se entre os místicos, nos quais, as correntes fluem para cima através do coração.
Pergunta: Essa corrente é o único requisito necessário?
Resposta: Essa corrente em si mesma não é tudo. Mesmo que atinja as proporções do Niágara e flua até o soar das trombetas do Juízo Final, ela por si só não dotará o Aspirante à vida superior de visão interna.
Podemos conceituá-la como um pré-requisito para o trabalho consciente nos Mundos internos, devendo ser cultivada em alguma extensão antes que o verdadeiro treinamento esotérico possa iniciar-se.
Pergunta: Quando o Aspirante à vida superior estaria pronto para o início do treinamento esotérico?
Resposta: Quando tenha vivido a vida dentro de elevados padrões morais e espirituais por tempo suficiente para formar a corrente de força anímica. Ao qualificar-se para receber instruções esotéricas, ser-lhe-ão ministrados determinados Exercícios Esotéricos a fim de que coloque em vibração a Glândula Pituitária.
Pergunta: Como isso se processa?
Resposta: A vibração faz com que o Glândula Pituitária desvie levemente a linha de força mais próxima. Com o aumento da vibração, as linhas de força vão sendo gradativamente desviadas até atingirem a Glândula Pineal estabelecendo-se como que uma ponte entre os dois órgãos. Essa é a ponte entre o Mundo exterior e o Mundo do Desejo. Quando construída, o ser humano torna-se um Clarividente, podendo dirigir sua visão para onde lhe aprouver.
Pergunta: Torna-se dessa maneira um Clarividente treinado?
Resposta: Não é ainda um Clarividente treinado, mas um Clarividente Voluntário.
Pergunta: Como poderemos compará-lo com o médium?
Resposta: A faculdade de um Clarividente Voluntário difere muito daquela possuída pelo médium. Esse é um Clarividente Involuntário, podendo ver somente aquilo que surgir ante a sua visão de uma forma negativa. O Clarividente Voluntário encontra-se em contato contínuo com os Mundos internos. Esse contato estabelece-se debaixo de sua vontade. Aprende a controlar a vibração da Glândula Pituitária, o que lhe permite manter-se em contato consciente com qualquer das regiões dos Mundos internos em que deseje penetrar.
Pergunta: Isso se realiza no estado de transe?
Resposta: Não lhe é necessário ficar em tal estado ou em qualquer outra condição anormal a fim de ascender a sua consciência ao Mundo do Desejo. Basta apenas desejar ver e os Mundos internos se descortinarão ante sua visão.
Na medida do seu desenvolvimento e aprimoramento de caráter, outros Exercícios Esotéricos ser-lhe-ão ministrados a fim de possibilitar-lhe construir um veículo com que possa funcionar nos planos internos conscientemente.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – maio/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Começaremos por estudar, de maneira sucinta, a questão da “Salvação”, relacionada com cada uma das três teorias da vida. A Teoria Materialista propõe que a vida é o resultado de um processo químico e que a vida de um indivíduo é somente uma viagem do útero ao túmulo. A Teoria Teológica, sustentada pela igreja ortodoxa, prega que o nascimento representa um Espírito recém-criado que está entrando para a vida pela primeira vez. A Salvação está baseada nas crenças adquiridas durante esta única vida. A Teoria do Renascimento, ensinada pela Fraternidade Rosacruz, afirma que o ser humano tem muitas vidas, sempre renascendo como um ser humano, nunca como um animal, e que durante estas vidas ele adquire experiência e, desta maneira, desenvolve seus potenciais divinos de acordo com a Lei de Consequência.
A Teoria Materialista, por negar o aspecto divino do ser humano, não é capaz de chegar a um conceito racional da vida humana e seu destino final. Não oferece nenhuma esperança de Salvação. Os teólogos ortodoxos, com sua interpretação da Bíblia e seus conceitos, apresentam um “plano de Salvação” errôneo para o mundo. A Teoria do Renascimento oferece o único plano justo e íntegro de Salvação, semelhante ao justo e íntegro Deus, a quem o plano pertence.
O erro básico na Teoria Materialista é que ela trata somente da parte da forma da vida e despreza o lado espiritual. O erro básico, no plano de Salvação ortodoxo é a afirmação de que o principal mérito está na crença ou fé que se tem, com pouca ou nenhuma ênfase dada ao “viver” a vida. Um segundo erro recai na crença de que a Salvação está baseada nesta única vida terrena.
Os teólogos Cristãos ortodoxos dizem que somente a fé em Jesus Cristo nos salvará. Dizem que os salvos serão aqueles que acreditam. Não é propriamente a vida que levam, mas, sim no que acreditam. Isto satisfaz aos que dão valor às coisas materiais e creem que estão “salvos” apesar de continuarem a viver como antes, sem transformações internas e constantes.
Lemos na Bíblia: “‘Com efeito, é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!’. Os ouvintes disseram: ‘Mas então, quem poderá salvar-se?’” (Lc 18:25-26).
Para o materialista, Salvação está relacionada com o lado forma-matéria da vida, visto que ele nega o lado espiritual da vida. Salvação, do ponto de vista forma-matéria, quer dizer sobrevivência dos mais fortes ou seleção natural. Do ponto de vista espiritual o problema da Salvação não é uma consequência. O materialista acredita que a vida é só o produto de um processo químico e não parte de um plano divino. Portanto, Salvação do nada, não quer dizer nada.
Uma pessoa que não pode aceitar nem a ideia Cristã Ortodoxa da Salvação, nem os pontos de vista da ciência materialista, começa a procurar outros conceitos de “Salvação” e, em consequência, a aprofundar-se nas palavras de Cristo.
Aqueles que seguem os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental da Fraternidade Rosacruz e estão, assim, em busca de uma solução para os mistérios da vida através da razão, Salvação significa progresso na nossa atual onda evolutiva de vida. Diz Max Heindel que “é isto o que se quer dizer quando se fala em ‘Salvação’ na Religião Cristã. Tal Salvação deve ser procurada com toda diligência”.
A “Condenação Eterna” não significa destruição ou sofrimento sem fim. Entretanto, é algo muito sério encontrar algum Espírito num estado de inércia, durante inconcebíveis milhares de anos até que, num novo Esquema de Evolução (em um novo Grande Dia de Manifestação), chegue ao estado de se unir-se a ela e prosseguir sua tarefa, numa nova oportunidade (vide mais detalhes no livro Conceito Rosacruz do Cosmos).
A maioria dos planos de Salvação do Cristianismo ortodoxo põe de lado a maneira de viver das pessoas. Para citar Corinne Heline: “A igreja ortodoxa acha que para ser salvo, tudo o que se precisa fazer é aceitar Cristo verbalmente. Todos devem se ajoelhar diante d’Ele e todas as vozes devem proclamá-Lo Senhor e Salvador do mundo. Na realidade, o que temos de fazer é trabalhar, viver a vida dia a dia, numa demonstração viva dos princípios do Cristo Cósmico em termos de unidade, igualdade, fraternidade, paz, harmonia e amor. Somente aqueles que manifestam estes princípios, independente de raça, credo, nacionalidade ou cor, serão qualificados como pioneiros da nova Sexta Raça e serão capazes de ‘encontrá-Lo no ar’”.
A Bíblia não afirma que a aceitação verbal de Jesus Cristo é suficiente para a Salvação. Pelo contrário, a Bíblia dá ênfase a “viver a vida”, a fé e ações. Algumas passagens relevantes são: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus.” (Mt 7: 21).
“Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e as pôr em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia.” (Mt 7:24-26).
“Pois o Filho do Homem há de vir na glória do Seu Pai, com os Seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento.” (Mt 16:27).
Portanto, Salvação envolve “seguir Cristo”. A Salvação estará baseada na maneira pela qual vivemos a vida.
Salvação, então, depende do que fizermos, com fé, durante a vida. Podemos ver que a afirmação dos teólogos ortodoxos de que para sermos salvos precisamos só acreditar, está errado. A vida que levamos é muito importante para a Salvação. “Vi então os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e abriram-se livros. Também foi aberto outro livro, o da vida. Os mortos foram então julgados conforme sua conduta, a partir do que estava escrito nos livros.” (Ap 20:12).
Não é a aparência externa que conta, mas o desenvolvimento interno que é complementado, por meio da fé e das ações. Deveríamos estar trabalhando todos os dias, no nosso Dourado Manto Nupcial que não nos será dado no dia do julgamento. Devemos construí-lo por meio da fé e serviço amoroso, dia a dia. Tendo em Mente que a forma de vida que levamos é de suma importância para nossa evolução, não podemos acatar a ideia apresentada pela igreja ortodoxa, de que a cada nascimento uma nova vida é criada e que este Espírito, criado por Deus, não existia antes do nascimento atual.
Quando pensamos em diferentes ambientes dentro dos quais este novo Espírito pode nascer, uma pergunta se levanta: se a Salvação deve ser baseada em uma única vida, por que cabe a alguns, cargas maiores do que a outros ou vidas e situações tão diferentes?
Devemos analisar as duas maneiras de nos encontrarmos com Deus e saber também por qual caminho o estamos procurando. Podemos nos aproximar de Deus através da linha da fé onde o Coração predomina. Esta é a característica do Cristianismo Ortodoxo, a escola da fé. Ou podemos nos aproximar de Deus através da razão, onde a Mente predomina; é a escola do conhecimento.
Na escola da fé encontramos o Místico. Na escola do conhecimento encontramos o Ocultista. O Místico anda pelo caminho com o auxilio da Fé, o Ocultista com a ajuda do conhecimento. Cada um procurando encontrar Deus.
Vemos, portanto, que a fé e conhecimento são meios para se chegar a um fim comum. Devemos, porém, compreender que nem a fé nem o conhecimento representam o fim propriamente dito. São Paulo nos diz: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria.” (ICor 13:2).
O propósito dos Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz é fazer com que a Mente e o Coração se integrem; é equilibrar a fé com as ações. Quando as perguntas da Mente são respondidas, o Coração está livre para amar (amar perfeitamente, ou seja: caridade). Do mesmo modo, o Coração estará mais forte quando a Mente estiver mais madura. Embora São Paulo tenha nos dito que o conhecimento passa, ele também nos adverte para não sermos “crianças em Cristo”, mas sim maduros (“homens espirituais) na nossa maneira de pensar[1].
Nem a fé, o Coração sozinho, nem as ações e a Mente por si só, tem o poder de salvar. São Tiago nos chama a atenção: “Com efeito, como o corpo sem o sopro da vida é morto, assim também é morta a fé sem obras.” (Tg 2:26).
É-nos ensinado pela Bíblia que Deus é Amor. Por meio dos ensinamentos da Fraternidade Rosacruz tomamos conhecimento e compreendemos o plano de Deus, Sua sabedoria, justiça e compaixão.
As aparentes injustiças do plano de Deus para a Salvação são explicadas por meio das Leis do Renascimento e da Consequência, tal como é ensinado pela Fraternidade Rosacruz. Sob a luz da Teoria do Renascimento e da Lei da Consequência, constatamos que nossa vida presente está baseada em nossas vidas passadas.
Nossa próxima vida será baseada, em grande parte, em nossa vida atual. Nascemos em diversos ambientes e enfrentamos problemas diferentes devido a maneira como nós nos comportamos no passado. Daí o valor de se trabalhar muito nesta vida para, assim, desenvolvermos nossa postura física e espiritual para uma vida futura.
A Salvação não depende de uma única vida. Salvação está relacionada com a nossa evolução, durante muitas vidas. Vemos aí, a importância da afirmação de São Tiago: “A fé sozinha, sem trabalho, é uma coisa morta”[2]. Esforcemo-nos para unir o Coração e a Mente de maneira que a fé seja aumentada pelas ações. Assim, viveremos a vida como se deve e com nós mesmos nos prometemos lá no Terceiro Céu!
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/1981 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.R.: “Quanto a mim, irmãos, não vos pude falar como a homens espirituais, mas tão-somente como a homens carnais, como a crianças em Cristo. Dei-vos a beber leite, não alimento sólido, pois não o podíeis suportar. Mas nem mesmo agora podeis, visto que ainda sois carnais.” (ICor 3:1-3) e “De fato, aquele que ainda se amamenta não pode degustar a doutrina da justiça, pois é uma criancinha! Os adultos, porém, que pelo hábito possuem o senso moral exercitado para discernir o bem e o mal, recebem o alimento sólido.” (Hb 5:13-14).
[2] N.R.: Tg 2:14
A vida de um irmão ou de uma irmã que sofre um ataque cardíaco ou infarto do miocárdio pode ser salva até mesmo por um leigo, desde que ele tenha conhecimento de alguns princípios básicos de ressuscitação cardiopulmonar.
Os princípios de ressuscitação são muito simples e podem ser aplicados por qualquer pessoa:
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Aprendemos com São Paulo na sua Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 2 e versículos de 7 a 10 que: “Ensinamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que Deus, antes dos séculos, de antemão destinou para a nossa glória. Nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu, pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da Glória. Mas, como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam. A nós, porém, Deus o revelou pelo Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus.“.
O fato da “Sabedoria de Deus” se tornar oculta e ser um “mistério” para a Humanidade é devido ao evento conhecido como “A Queda do Homem”. Em determinado ponto de sua longa jornada evolutiva setenária, para passar da “consciência coletiva” para uma “consciência própria”, nós nos desviamos do plano divino original que nos fora reservado. Com isso nós nos cristalizamos tanto que perdemos o contato consciente com os Mundos e seres, agora invisíveis para nós. Ao mesmo tempo e do mesmo modo, perdemos a consciência das verdades espirituais relacionadas com a nossa origem e peregrinação na matéria. Anteriormente, em determinado tempo da Época Lemúrica, a nossa consciência estava focalizada nos Reinos espirituais. Nós éramos inconscientes do processo físico de propagação, do nascimento e da morte do Corpo Denso. Quando nossos “olhos se abriram”, a nossa consciência foi projetada para o exterior, em relação com os fatos dessa Região Química do Mundo Físico. As condições, então, se alteraram. Gradualmente, depois disso, nossa consciência interna, relacionada com os Mundos superiores, e os seres a eles pertencentes, foi desaparecendo.
Entretanto, o nadir da materialidade foi finalmente ultrapassado já na segunda metade da Época Atlante (lembrando: estamos na Época Ária); Cristo, o mais poderoso dos Arcanjos, veio ao mundo, foi crucificado e se tornou o Espírito Interno de nosso Planeta (o Espírito Planetário). Do centro da Terra Ele irradia seu poderoso amor, nos ajudando a atingir a perfeição do nosso Corpo Denso de modo que esse possa se fundir ao Corpo Vital (esse processo é chamado de eterificação do Corpo), expandir nossas faculdades espirituais e, assim, reaver nossa herança perdida. Desse modo a “sabedoria oculta” nos será revelada e penetraremos a essência, intuitivamente, das coisas que “Deus preparou para aqueles que O amam“.
A Filosofia Rosacruz descreve o processo intuitivo da seguinte maneira: “À medida que o sangue passa pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante uma vida inteira, imprime as imagens que ele transporta, no Átomo-semente do Corpo Denso (situado no ápice do ventrículo esquerdo do coração), realizando um registro perfeito da vida. E isso sempre está em contato com o Espírito de Vida, o Espírito do Amor e da União”.
“Portanto, o coração é o lar do amor altruísta”. “Na proporção em que essas imagens passam internamente para o Mundo do Espírito de Vida, onde se encontra a verdadeira Memória da Natureza, para que se tornem conscientes, poderemos invocar tais imagens de experiências passadas, não pelo processo comum e lento dos sentidos, mas diretamente, por meio do quarto Éter, o Éter Refletor, contido no ar que respiramos”.
“No Mundo do Espírito de Vida, o nosso veículo Espírito de Vida vê muito mais claramente do que nos Mundos mais densos”. “Lá, (que é aqui também, porque os Mundos superiores interpenetram os inferiores) o Espírito de Vida, segundo aspecto de nossa Trindade interna (que é Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano), está em contato com a Sabedoria Divina e em qualquer situação sabe, imediatamente, o que fazer, transmitindo a mensagem da apropriada ação, diretamente ao coração que, por sua vez, a retransmite rapidamente ao cérebro, por intermédio do nervo pneumogástrico ou nervo vago. Assim é que surgem as “primeiras impressões” – o impulso intuitivo que sempre é bom, porque vem diretamente da fonte de Amor e Sabedoria Cósmica”.
Esse processo é instantâneo e tão rápido que o coração, mais sensível e havendo-o recebido de primeira mão, tem seu controle antes que a lenta razão tenha tido tempo para orientar-se. Este primeiro impulso, se realmente intuitivo, é verdadeiro. Segui-lo é um caminho de felicidade para nós. Mas, para a maioria de nós, pouco alerta, a Mente, o raciocínio, muitas vezes condena e sacrifica este primeiro impulso. Realmente “pensamos no que temos em nosso coração” e isso é sempre verdadeiro. Mas o “racionalista” que se apoia apenas em sua capacidade de análise, muitas vezes julga, em seu interior, que a verdade não é verdade!
Felizes dos que podem atingir este estado e unir a Mente ao Coração!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Que razão pode haver para que não deixemos de seguir o intelecto? Ele nos trouxe apenas miséria no passado; ele nos afastou do puro, do bom, do belo. Ele nos fez expressar o que há de pior em nossa natureza. Tornou-nos frios e insensíveis e amorteceu nossas faculdades; sufocou o fogo do amor e da bondade fraternal que deveriam arder em cada peito humano; ele nos tornou orgulhosos, egocêntricos, egoístas e egoisticamente ambiciosos. Oh, já é hora de renunciarmos a esse falso salvador e perceber que ele não nos leva a Deus.
Mas, ah! Que doce amor e reverência brotam do coração, das profundezas do nosso ser. Simpatia e compaixão tão grandes que envolvem o mundo. Esses são os momentos em que o coração tem equilíbrio. Aspiração tão grande que parece que a alma é elevada ao próprio trono de Deus. O gênio oculto na natureza de alguém, toda a eloquência da alma, derrama-se em alegria indizível. De boa vontade gostaríamos de reunir toda a humanidade sob esse cuidado protetor e lhe contar sobre a paz e a alegria que encontramos. Esses são os momentos em que o coração tem equilíbrio. Esse é um salvador que nos conduzirá à salvação e a Deus.
Mas, devemos nos considerar sozinhos? Olhe para o ser humano intelectual, enquanto ele caminha entre seus companheiros, frio, insensível, um gelado iceberg. Externamente, ele pode ser todo sorrisos e polidez atraente, mas por dentro as forças de repulsão têm pleno domínio. Devemos ser assim? Devemos nos movimentar no mundo silenciando as almas de todos que encontramos?
Devemos ajudar a esmagar os sentimentos mais delicados do mundo? Devemos ajudar a embotar e silenciar as almas sensíveis que tantas vezes encontramos? Ah! Quão proibitiva é tal vida! Inútil para nós mesmos, pouco inspiradora para os outros.
Então, olhe para a alma terna e amorosa, movendo-se entre seus semelhantes. Uma palavra amável, uma carícia suave, uma simpatia sentida na alma e outras almas sentem um toque de amor, alegria e contentamento. Que inspiração! Uma marca ardente de amor para atiçar as brasas fumegantes de seus companheiros! Um farol que salva outras almas do naufrágio. Ah! Sejamos assim, vivamos de modo a iluminar o mundo com a nossa própria presença. Não há amor verdadeiro que não induza o amor nos outros; não há verdadeira alegria que não cause nos outros a sua emoção. Então amemos com o coração e não com a cabeça; e sirvamos com o coração, não com a mente. Não há profundidade tão grande que o coração cheio de amor não possa sondar; não há meta tão grandiosa que o coração não possa alcançar. Fora de nós e dentro de nós, ao nosso redor e acima de nós, habita a vida sempre pulsante de Deus. O coração, e somente o coração, pode conhecer sua presença e sentir a emoção que varre tudo mais para o lado.
É somente o coração que sempre leva a Deus. Olhe para a grande Vida enquanto ela pulsa diante de nós. As plantas ficam verdes por um tempo e depois morrem para voltar. Os animais habitam conosco por alguns curtos anos e passam para o grande Além, enquanto outros tomam o seu lugar.
Geração após geração da humanidade sobe e desce em uma sequência sem fim. Nações vêm e vão como ondas na água. Os continentes são mantidos acima do oceano por um espaço de tempo e afundam abaixo. Sóis e Planetas nascem e desaparecem na fonte de onde vieram. Vida, em toda parte, vida! E o que é Aquilo que está por trás da cena, que mantém todas as coisas em equilíbrio rítmico? Pergunte ao coração, pois Deus só pode falar do fundo da alma.
Ah! Somos parte d’Aquele que tudo rege! Essa é a nossa casa e daí chama a nossa Mãe Infinita. Por muito tempo nos afastamos do seio da nossa Mãe Deus, mas nunca deixamos o seu carinhoso e protetor cuidado. Agora, Ela está chamando: “Casa, volte para casa”; e nossos corações ecoam: “Venha para casa”. E vamos para casa com um canto de alegria, atendendo ao chamado do amor da nossa Mãe. E nossos corações transbordam de amor compassivo por milhões que lutam cegamente. Então, estenderemos nossas mãos para nossos irmãos necessitados e arrancaremos de seus olhos todas as ataduras! Vamos levá-los todos para sua Casa celestial, não vamos deixar um único para vagar sozinho. E ali, naquela Presença tão calma e doce, nós nos ajoelharemos pela última vez e repetiremos: “Pai Nosso que está no Céus”.
(Publicado no Echoes nº 8 de Mount Ecclesia de 10 de janeiro de 1914– e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz-Campinas-SP-Brasil)
No lado inferior da capa tem duas flores-de-lis, simbolizando a Trindade Divina: Pai, Filho e Espírito Santo; mas, como na Época aqui apresentada somente o Pai e o Espírito Santo estavam ativos, temos apenas duas pétalas da flor pintadas de vermelho e, portanto, indicando energia.
Vemos os seres criados como dois fluxos subindo, por um tempo, com dois Corpos ativos, o Corpo Denso e o Corpo Vital; mas, depois de um tempo o Corpo de Desejos é acrescentado e isso é representado pelo vermelho aparecendo nos fluxos ascendentes.
Embora os dois fluxos pareçam iguais, eles são totalmente diferentes. O do lado esquerdo corresponde ao seres criados que são conhecidos, em nossa literatura, como os Filhos de Caim. Eles estão repletos de energia positiva e são os artesãos no mundo, os phree-messen[1], que abrem o seu caminho através da vida ultrapassando os obstáculos, pois sabem que isso fortalece o caráter. Eles trabalham por meio do intelecto, demonstrado pela lamparina que tem nove raios saindo da chama, mostrando o caminho positivo escolhido pelo Estudante esoterista.
O do outro lado, o direito, corresponde aos seres criados que são conhecidos, em nossa literatura como os Filhos de Seth, desenvolvem o lado devocional da vida, o do Coração. A chama divina tem apenas oito raios, um caminho negativo (passivo); os que seguem esse caminho querem um líder, alguém para seguir, alguém para adorar. Eles são os devotos, normalmente espalhados pelas igrejas do mundo, e que obedecem aos ensinamentos fornecidos pelos seus líderes.
Os dois fluxos de vida seguem para cima, lado a lado, até chegar o momento em que os sábios e os amorosos que lideram a nossa evolução decidem que, para acelerar a evolução, é necessário que os dois fluxos se unam e planejam que isso será realizado por meio da construção de um Templo pelos artesãos para os adoradores e que os dois fluxos se uniriam em um Místico Mar Fundido. Podemos ver o impulso maravilhoso pelo cálice erguido de cada lado e preenchido com o vermelho do “vinho da vida”. Pode se ler essa história na construção do Templo do Rei Salomão. Esse plano foi frustrado pela traição dos Filhos de Seth, que ficam do lado direito. E depois disso cada um dos fluxos se afastou mais do que em qualquer tempo antes.
Um condição grave é demonstrada pelo fato de alguns caírem inteiramente no materialismo. Mas, ainda assim, a Onda de Vida humana continua vivendo e progredindo, o devoto e o cientista, o místico e o ocultista, cada um seguindo seu próprio caminho, independente do outro, até que foi atingido um estado tal de materialismo que os líderes espirituais viram um grande perigo para o futuro. Para impedir que o plano de evolução fosse frustrado, foi permitido a destruição em massa de corpos dos seres humanos que, por um tempo, parecia que varreria a humanidade da Terra. Veja a ruptura em ambos os lados. Mas, essa calamidade tem o efeito desejado: vemos, agora, uma grande força e ambos os lados se viram novamente voltados em direção um do outro, em que eles podem se unir em breve como um único fluxo.
Na parte inferior da página vemos mais um símbolo, tão pequeno que pode ser negligenciado facilmente. Aqui está uma pequena cruz preta, que representa o Corpo Denso. Numa ampliação da cabeça da cruz vemos um coração. Coração e Cabeça se uniram, e a consequência pode ser vista no feixe de propagação – o Corpo-Alma resultante.
Ainda há outro símbolo no meio da página, o Símbolo Rosacruz. A parte inferior da cruz branca trilobada representa a vida vegetal, que extrai seu sustento de suas raízes. Em algum momento da nossa existência fomos semelhantes às plantas. A parte horizontal da cruz branca trilobada é o símbolo da nossa passagem pelo estágio animal, com sua espinha horizontal. A parte superior da cruz branca trilobada representa a Mente, que é a característica do ser humano, e a estrela radiante representa o Dourado Manto Nupcial que nos tornará divinos.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1919 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Nota: Como a Fraternidade Rosacruz recebeu algumas perguntas referentes ao motivo pelo qual a rosa branca não está desenhada na versão do Emblema da Fraternidade que aparece nos livros, cartas, envelopes etc., foi explicado na edição do Echoes de julho de 1985: “A rosa branca simboliza pureza de coração e, também, a laringe com a qual o ser humano, quando estiver puro, falará a palavra criadora; é a parte mais sagrada do emblema. Ela atrai e emite uma força que deve ser admirada com muito respeito. Por essa razão consideramos inadequado imprimir a rosa branca na versão do emblema que é utilizado em produtos materiais, comerciais e anexos dos trabalhos da Fraternidade. O emblema que permanece na Capela e no Templo em Mount Ecclesia, que contém a rosa branca, é coberto por uma cortina que a tira da vista, e apenas durante algumas ocasiões como nos rituais do templo e de cura. O emblema na Capela do Departamento de Cura, que, também, contém uma rosa branca, está constantemente descoberto. Contudo, essa capela é visitada apenas por pessoas que sinceramente e conscientemente rezam pela cura, ou por aqueles que urgentemente pedem por auxílio espiritual”.
[1] N.T.: que é um termo egípcio que significa “Filhos da Luz”.
Muitos de nós entre dezoito ou dezenove anos começa a fumar tabaco (seja cigarro, charuto, cachimbo ou quaisquer outra coisa parecida com tal). Outros até mais cedo! E por quê? Pelos mesmos motivos que movem todos os adolescentes a adquirir esse hábito: imitação e vaidade.
Muitos nessa época do serviço militar e, como voluntários, ainda mais jovens do que os demais soldados, na sua maioria com vinte e um ou mais anos; por isso, muitos sentem um certo complexo de inferioridade. Ou mesmo em um grupo de companheiros ou companheiras que estão sempre juntos a passear. Ou, ainda, em grupos da escola. Assim foi que, pega hoje um cigarro deste amigo, pega amanhã outro daquele se começa a fumar. Fumar não é bem o termo; seria melhor dizer “queimar cigarros”, já que a fumaça não nos passava da boca, pois a princípio nem traga.
Depois, muitas vezes, à vaidade se acrescentou o esnobismo — só se fuma cigarros de marca famosa ou quiçá o cigarro eletrônico. Quando não, por falta de recursos financeiros, apela-se para comprar cigarros mais perigosos ainda, feitos sabe-se do que. Junta-se, assim, à vaidade e ao esnobismo, a emoção do perigo. Ser apanhado quando se compra faz correr o risco de ser presos. Como isso, para muitos naquelas idades, é emocionante!
Dentro de pouco tempo se começa a tragar. As primeiras tragadas faz ver “mosquitos” luminosos e provocam tosse e náuseas. Mas, pouco a pouco, o organismo reage e se estabelece a tolerância. No fumar propriamente não há prazer. Mas como se sente prazer, ao discutir na rodinha de amigos um problema importante como, por exemplo, a resposta que havíamos dado à uma garota! De repente, para a discussão e, frente à ansiedade de auditório por saber qual fora a resposta, saca-se do bolso um isqueiro e um maço de cigarros que se bate na caixa para, com um gesto de displicência, acender, produzir a baforada, tragá-la e, enfim e só então, dar a resposta em que as sílabas, escondidas, se misturam às baforadas azuis. Como aquilo, para muitos, ainda os torna importantes! As frases mais vulgares adquirem, assim, foros de sábios conceitos.
Depois, quando se aborrece, porque o mundo não fora feito de encomenda para alguns, segundo a fórmula, se acende um cigarro e o aborrecimento se desfaz nas volutas da fumaça. A irritação, causada pela contrariedade, produz um acúmulo de energia nervosa que muitos desejam expandir, arrebentando o nariz de alguém que os houvesse atrapalhado os planos. O ritual de fumar — tirar o maço do bolso, retirar o cigarro, tirar o isqueiro, bater nele o tubinho de papel recheado de tabaco, acender o isqueiro, fechar as mãos em concha para proteger a chama, aspirar o ar através do cigarro para acendê-lo na lavareda do isqueiro, soltar a baforada —feito de movimentos em que aquela energia represada se esvaía, destruindo-se desse modo a angústia.
Muitos nessas idades, porém, nada sabia disso e se dizia apenas que o cigarro acalma os nervos.
Então, o tempo passo e por volta de trinta e poucos anos (muitas vezes até um pouco antes) se começa a se interessar por psicanálise, psicologia ou filosofia. Principia a meditar sobre o porquê das ações. Seriam elas inspiradas por algum motivo real e justo ou seriam mera questão de hábito?
Quem sabe se começa ler livros antigos como aqueles que contam que certos náufragos, na falta de fumo, fumaram, em seus cachimbos, fibras de cânhamo retiradas de cabos para atracação de navios.
Coincide essa leitura com a verificação de que, ao fumar no escuro para que se fique satisfeito, é preciso que se sopre a fumaça na brasa do cigarro a fim de vê-la. O prazer do fumar não vinha, pois, do sabor da fumaça e, sim, do “ritual”. No entanto, o fascínio de um ritual está no mistério. Desfeito o mistério, o encanto se dilui e desaparece. Foi o que sucedeu a muitas pessoas. O estudo de comportamentos, embora superficial, a tentativa do nosce te ipsum (conheça a ti mesmo), conquanto em grande parte infrutífera, se põe em contato com a realidade da vida.
Troca-se a “lira de Apolo” pela “lanterna de Diógenes”. Conta-se que esse filósofo grego quebrou a cuia em que bebia água, ao ver uma menina bebê-la na concha das mãos. Desde que se podia beber na concha das mãos, a cuia era uma inútil complicação na vida.
Assim acontece com o fumante que encontrou a realidade, que se convenceu de que as coisas são como são e que de nada vale querer que sejam como se gostasse que fossem. Ele se livra da angústia sem precisar da “muleta” do cigarro. O ritual do fumo perde o encanto e a significação: torna-se uma coisa tola, absurda.
Por isso, hoje, quando vemos uma pessoa caminhando pelas ruas de ventre e cabeça erguidos, puxando as fumaças de um cigarro (ou charuto, ou cachimbo ou cigarro eletrônico) que traz, à guisa de chupeta, entalado nos lábios, ficamos penalizados. Pobre ser humano! É o complexo de inferioridade dele que o condiciona a andar pendurado num cigarro para estar seguro de sua importância no rol das coisas.
Quem se põe a meditar, diariamente, em como é tolo e ridículo o vício de fumar, está a meio caminho de abandonar o vício. Mas quem diz a si mesmo “no dia que eu quiser, deixarei de fumar”, provavelmente continuará fumando pela vida toda, pois essa afirmação é uma prova de que esteja realmente escravizado pelo vício e tenta se enganar por sentir-se envergonhado de ser escravo de um rolete de tabaco.
É uma desculpa que dá a si próprio para não ter que confessar a incapacidade de abandonar o vício. E muitos, mesmo sabendo que um dos apelidos do cigarro é “bastonete cancerígeno”.
Talvez seria bom conhecer os poderosos venenos contidos no tabaco, e assim, verificar como é fácil compreender por que o fumante sofre sua ação lenta, pérfida e prejudicial desde o dia em que fuma seu primeiro cigarro (e que o organismo reage e recusa produzindo tonturas, náuseas, vômitos, dor de cabeça e fraqueza muscular) até que o largue ou até a sua morte. Nenhum órgão escapa à ação prejudicial de seu tóxico fatal.
Vamos ver alguns:
Sobre os rins: Quando uma pessoa fuma o veneno que ingere deve ser eliminado de algum modo. Uma parte passa para os pulmões e o cheiro se sente na respiração. Um pouco é eliminada pela pele e pela transpiração. Mas a maior parte do veneno é expelida pelos rins, os quais primeiramente se congestionam, depois degeneram, tornando-se enfermos, produzindo albumina. O tabaco é responsável pelo enorme aumento de doenças renais, como nefrites, uremia, pedras renais etc.
Sobre o fígado: Esse órgão, que desempenha uma importante função antitóxica, é o primeiro que recebe a nicotina e demais venenos que contém o cigarro, cuja ação trata de anular, ainda que em parte, tentando salvar os demais órgãos do corpo. O resultado é a inflamação hepática, seguida de suas consequências irreversíveis.
Sobre o coração e as artérias: Todos os venenos contidos no tabaco têm uma ação inflexível e marcada sobre o músculo cardíaco, produzindo nele lesões diversas, bem conhecidas por todos os médicos e pelos fumantes. Atacam as artérias provocando artrites, aneurismas, espasmos, arteriosclerose, angina de peito, etc. A hipertensão arterial (pressão alta no sangue) tão frequente nos fumantes, provoca um grande aumento de trabalho ao coração, provocando males fatais.
Sobre o sangue: o veículo do Ego! A palidez característica dos fumantes é devido a que o óxido de carbono, produzido pela combustão do tabaco, dificulta a oxigenação do sangue. Está demonstrado, também, que o tabaco destrói tanto os glóbulos vermelhos, contribuindo para que se instale uma anemia, como os glóbulos brancos, que têm a importante função de defesa do organismo.
Sobre o sistema nervoso: O fumo, assim como o ópio, atua especialmente sobre o sistema nervoso. Ainda que em pequena quantidade é muito prejudicial para a delicada estrutura do cérebro e dos nervos. A neurastenia e um bom número de desordens crônicas nervosas podem ser atribuídas ao tabaco. Uma das consequências mais comuns no tabagismo, é a insegurança dos nervos, o tremor. Com o transcorrer do tempo, essa tremura instala-se para sempre, notando-se, em especial, quando o fumante escreve, segura um objeto ou faz um trabalho delicado. O primeiro sintoma alarmante é quando o fumante não consegue levantar a mão, a uma certa altura, sem que ela trema. O prolongado uso do tabaco está reconhecido como uma das causas de perturbações nervosas.
Sobre os pulmões: O efeito sobre os pulmões é desastroso. O câncer de pulmão aumenta paralelamente ao aumento do consumo do tabaco. São bem conhecidas as faringites, as laringites, as bronquites e a tosse dos fumantes, assim como as inflamações e úlceras do estômago.
A perda da memória e do apetite, as dores de cabeça, o enfraquecimento são o caminho certo que o fumante vai trilhar. Nenhum órgão escapa à ação contínua e dramática desse tóxico.
O tabaco e o álcool são os dois maiores inimigos do intelecto; com o tempo embotam o cérebro, cada célula destruída nunca mais é reposta.
Assim como a traça rói a roupa, o tabaco destrói e rói o organismo do fumante.
Da mesma forma que o fumante consome o cigarro na boca e o converte em cinzas, assim também sua saúde, pouco a pouco, é consumida, convertendo-se em cinzas suas energias vitais e, quase sempre, com sofrimento e dor.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1970-Fraternidade Rosacruz-SP)