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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Mensagem aos que Relutam em Servir

A diretriz básica de todo Centro Rosacruz ou Grupo de Estudo Rosacruz da Fraternidade Rosacruz é: “Os nossos serviços se destinam a DAR e não a receber: a ajudar os outros através do poder espiritual. É claro que quem dá dessa maneira, também recebe. No entanto, a ideia principal deverá sempre ser a de servir, ao nível espiritual. Este é o princípio básico do Trabalho da Fraternidade Rosacruz e constitui uma das razões mais importantes para participarmos desses serviços, tanto nos Centros Rosacruzes como Grupos de Estudo Rosacruz.”

“Servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível), focando na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, ao nosso irmão e a nossa irmã que estão do nosso lado é o desejo mais premente e elevado que se apresenta à consciência de um Estudante Rosacruz ativo e sincero, quando participa de um serviço ou medita a sós. A Luz e o Poder Espirituais irradiados de Mount Ecclesia e dos Centros Rosacruzes refletem a aspiração e as preces (que é uma concentração imbuída da força do amor) de todos os colaboradores nesses trabalhos.”.

Do acima exposto depreende-se que o grande objetivo da Escola – sim uma Escola e não uma Religião! – Fraternidade Rosacruz é ajudar a Humanidade em seus passos nesse Esquema de Evolução. O método de desenvolvimento preconizado pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz conduz o Aspirante à vida superior, com toda segurança e à realização espiritual, ao reconhecimento e a vivência de sua própria divindade.

Sendo assim, somente aqueles homens e mulheres predispostos internamente a dar e não a receber, sintonizam-se harmoniosamente com a corrente espiritual da Fraternidade Rosacruz. Sabemos quão difícil é proceder dessa maneira, ainda mais na época em que vivemos. Entretanto, só há essa via de acesso ao portal da Iniciação na Ordem Rosacruz.

Muitos são os chamados, mas poucos dos escolhidos.” (Mt 22:14). Estas palavras de Cristo servem também “como uma luva” para os Estudantes Rosacruzes. Muitas pessoas, representando todas as camadas sociais e culturais da sociedade, já tiveram algum contato com os Ensinamentos Rosacruzes, tais como preconizados pela Fraternidade Rosacruz; alguns até se inscrevendo no Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, o primeiro nível como Estudante Preliminar no trilhar do Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Nesse sentido, vira e mexe surgem algumas perguntas bem curiosas: Por que alguns nem sequer chegam a quinta lição desse facílimo Curso? Outros, por que desistem, estando já bem adiantados no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz?

Isso intriga muita gente. Contudo, é possível encontrar uma ou várias das razões pelas quais isso ocorre. Se uma pessoa ingressa na Escola Fraternidade Rosacruz com intuito exclusivo de resolver seus problemas, ou seja, de receber apenas, por certo, com o passar do tempo deverá revisar sua atitude, passando também a dar. Se tal não ocorrer, encontrará dificuldades em prosseguir, porque não está devidamente harmonizado com a dinâmica da Grande Obra da Fraternidade Rosacruz. O próprio Aspirante à vida superior acabará por se excluir da Escola Fraternidade Rosacruz.

É certo que todos, ou quase todos, trazem suas cargas de problemas, carências ou limitações. São frutos de erros passados. Mas sempre é tempo de corrigir antigos desvios, de iniciar uma reforma interior.

Também é certo que essas dificuldades absorvem grande parte do tempo e dos esforços do Estudante Rosacruz, sendo justo procurar resolvê-las. Tenhamos sempre conosco, entretanto, que a realização espiritual implica, primeiramente, no sacrifício de interesses pessoais no Altar do Serviço. É condição sine qua non, pois é necessário grande desprendimento para trabalhar em prol de um ideal superior.

É conveniente esclarecer: essa atitude de abnegação não significa o abandono das obrigações familiares e profissionais. Pelo contrário, exige maior zelo no cumprimento de todos os deveres (afinal, nós mesmos os escolhemos lá no Terceiro Céu, na nossa última preparação para essa mais uma vida aqui!). Mas, e as horas que sobram, muitas vezes desperdiçadas em entretenimentos e conversas inúteis? Por que não as aproveitar, por escassas que sejam, em servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível), focando na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, ao nosso irmão e a nossa irmã que estão do nosso lado?

Muitas pessoas afirmam não terem condição de ajudar a outrem, porquanto se veem as voltas com problemas insolúveis. Será verdade? Tomamos a liberdade de sugerir a você – se você está nesta condição – o seguinte:

  1. Façam um esforço no sentido de esquecer parte de suas dificuldades, pelo menos temporariamente;
  2. Preencham o tempo anteriormente despendido com algumas de suas preocupações, com a ocupação de se interessar pelos problemas alheios;
  3. Procurem servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível), focando na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, ao nosso irmão e a nossa irmã que estão do nosso lado, no que for possível (sem a pretensão de milagres) com humildade e desinteresse, sem ferir o livre arbítrio de ninguém.

Passado algum tempo você acabará sentindo uma indescritível paz interior, uma satisfação íntima capaz de lhe infundi mais coragem e decisão diante dos desafios. E, ficará surpreso quando notarem que seus problemas, aqueles que o atormentavam e amarguravam, foram solucionados naturalmente!

Todo esforço empregado em benefício do semelhante, será ressarcido ao seu devido tempo pela Lei do Dar e Receber. Todavia, nem cogite em se esforçar na caridade com intuito de retribuição. Se o fizer, automaticamente se excluirá.

A Fraternidade Rosacruz e uma obra de Amor. É uma Associação de Serviço, ao nível espiritual. Ninguém se iluda julgando ser passível atingir a meta apenas pela aquisição de conhecimento. Este é apenas o passo inicial. O Estudante Rosacruz ativo há que se exercitar no amor, pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, ao nosso irmão e a nossa irmã que estão do nosso lado. Não há outra via de progresso espiritual pelo Método Rosacruz, como preconizado pela Fraternidade Rosacruz.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1979 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Qualidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo promove a sua Individualidade, não a sua Personalidade. Sim, existe diferença entre o que busca promover a sua Individualidade, e o que vive na sua Personalidade. O verdadeiro Aspirante Rosacruz busca continuamente se ligar-se ao seu Cristo Interno – expressão da sua Individualidade – e se expressar superiormente em servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. É coerente, no sentido de que age segundo a consciência. Embora imperfeito ainda, cônscio das ciladas de sua natureza inferior (expressão da sua Personalidade), ele “ora e vigia” constantemente.

Ao contrário do que parece, a promoção da Individualidade, bem entendida, une e valoriza a Fraternidade, da mesma forma que cidadãos conscientes formam um povo e não massa.

Atende-se bem no que, sobre o assunto, escreveu Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, a obra básica da Filosofia Rosacruz: “O método de realização espiritual Rosacruz difere de outros sistemas num ponto especial: procura, desde o princípio, emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o confiante em si, no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e lutar em todas as condições. Somente aquele que for bem equilibrado, pode ajudar ao débil”.

Há um perigo de se interpretar mal essa independência. Julgamos, rigorosamente, como dependência externa, inclusive a que se pode ter a nossa Personalidade, que não faz parte real de nosso “Eu Superior”. Isto quer dizer que o verdadeiro Aspirante Rosacruz não procura mestres, guias, instrutores, ídolos, “preferidos”, “seguidores” externos; que em nossa Fraternidade não há estres ou instrutores, senão orientadores no reto sentido de quem procura ajudar cada Estudante Rosacruz a se ajudar, a se libertar, a se independer, a se confiar para ser um valioso servidor na obra de Cristo na Terra. Aquele que gosta de proteção não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato. Aquele que vive buscando novos autores, novos livros, “novas tendências”, novos conferencistas ou oradores da vez e correndo de uma a outra conferência, exposições, “retiros”, encontros, simpósios, seminários de oradores ilustres ou da “moda”, que se empolga, que vive repetindo ideias alheias e, afinal de contas, continua sendo o mesmo indivíduo, não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato.

Perscrute-se letra a letra, linha a linha, página a página, no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e as demais obras de Max Heindel e veja-se que todas elas são libertadoras. Os Irmãos Maiores não gostam de dependências. Temos de gravar com letras de fogo em nossa consciência anestesiada pela escravidão do mundo, que somos “príncipes”, filhos de Deus, centelhas de seu Fogo, Espíritos feitos à Sua Imagem e Semelhança tendo dentro de nós todos os divinos atributos, latentes, à espera de desenvolvimento e potencialização. Somos criadores em formação, Cristos em desenvolvimento. “Não sabeis que sois templo do Altíssimo e o Espírito Santo habita em vós?” (ICor 3:16). “O Reino dos Céus está dentro de vós” (Lc 17:21). Ensinou-nos o próprio Cristo: “Aquilo que eu faço vós o fareis e obras maiores ainda” (Jo 14:12). São promessas bíblicas, são reconhecimento de nossa divindade em formação.

Mas para que essa Individualidade se forme harmoniosamente é necessário que se a oriente honestamente em humildade, em amor, em serviço, em entendimento. Não conhecemos outra Escola que o faça melhor, do que a Fraternidade Rosacruz! Ela não é obra de mestres terrenos, de literaturas rendadas, de promessas fantasiosas, de pretensas Iniciações. Os Irmãos Maiores que a ditaram, são elevados Iniciados, conhecidos por seus frutos. Ela é simples e profunda como a própria natureza; racional e lógica como a própria nudez simbólica da verdade. Ela reúne a que há de mais atual e conveniente às necessidades internas de cada um de nós, Egos ocidentais; é uma fase mais elevada do Cristianismo, aquilo que o Cristo ainda não podia ensinar em seu tempo, porque não podíamos suportar; é o alimento sólido do “adulto espiritual”.

Respeitamos o “leite das criancinhas”; a necessidade de dependência de muitas pessoas a outras; compreendemos a curiosidade dos que buscam coisas novas, porque se encantaram com as “vestes coloridas e não podem avaliar, ainda, a essência”. Mas a Escola Fraternidade Rosacruz se destina aos simples, aos essencialistas, aos sinceros, aos realizadores, aos servidores, aos humildes, aos corajosos que podem renunciar aos acenos do passado e “buscam alcançar o Reino dos Céus por assalto” (Lc 16:16), por seu próprio esforço e orientação esclarecida da Fraternidade. Não é uma dependência; é o reconhecimento de um método melhor, mais apropriado. O Irmão Maior leva em conta as possibilidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz e, tendo já percorrido o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, previne os desvios retardantes e o prepara para vencer as dificuldades que defrontará.

A Escola Fraternidade Rosacruz (dizemos “de Max Heindel” só porque já andam deturpando o nome “Rosacruz”) é uma compilação atualizada de todos os mistérios antigos, conciliados com os mistérios Cristãos, de modo a dar a mentalidade inquiridora e dinâmica do povo ocidental, uma explicação lógica e simples do ser humano, do universo e de sua missão no mundo. Daí chamar-se “Escola Ocidental de Mistérios, preparatória para uma Nova Era – a de Aquário –, em que seus ensinamentos constituirão a futura Religião, o Cristianismo Esotérico”.

Compreende-se, então, que ela não pode ainda atrair grande número de pessoas, porque pressupõe qualidade, porque ensina primeiro a dar, a primeiro “buscar o Reino de Deus e Sua justiça”, e por mérito, como consequência natural o desenvolvimento interno lhe venha “como acréscimo”.

Essa é a Iniciação: um processo natural de desenvolvimento interno, como decorrência do mérito que se conquista pelo domínio de si mesmo e pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. O resto é fantasia.

A Fraternidade Rosacruz é desinteresseira e sincera, desmascara ilusões e artificialismo pela simples apresentação de seus princípios racionais.

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo que nela se inspira e forma se liberta de sua natureza inferior e concomitantemente, de todas as dependências externas. Não mais se desilude porque não se ilude. Sabe que seus poderes internos serão proporcionais a capacidade moral que ele desenvolve, para usá-los retamente. Não fala de si como um Mestre ou Instrutor, não conta suas “experiências”, não exibe seus recursos curadores – porque sabe que atrás de tudo isso está a Personalidade a reclamar preço, glória, reputação, que o distinga dos demais.

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo é autêntico, simples, humilde, e tudo refere a Deus dentro de si; é o que ocupa o último lugar e o que busca mais servir, sem pretensões ulteriores.

Quão necessário e oportuno se compreender isto para avançar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – outubro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Trabalho dos Irmãos Maiores na Atualidade

Sabemos pelos Ensinamentos Rosacruzes que Cristo é nosso Ideal e que, todo aquele que O segue até se libertar do ciclo de nascimento e morte, certamente, já quitou todos os seus débitos de destino maduro e, consequentemente, todos os seus vínculos terrestres são desfeitos. Hoje, esses seres humanos que atingiram esse patamar nós o conhecemos como Seres Compassivos; como exemplos podemos citar os Irmãos Maiores da Onda de Vida humana, os quais não mais necessitam de lições terrestres. Mas, escolheram ajudar os irmãos e as irmãs que, por livre vontade, se prontificaram a buscar o Caminho da Preparação e o Caminho da Iniciação Rosacruz e, nesse impulso de seguir adiante, para cima e para sempre, também são responsáveis pelo nosso progresso no caminho espiral desse Esquema de Evolução.

Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz procuram emancipar os Egos que nesse caminho evolutivo chegam até eles. Procuram educá-los, fortalecê-los e fazê-los seus colaboradores, mas nunca impelem, nunca elogiam e nunca censuram.

Esses Irmãos Maiores são capazes de guiar o Aspirante com segurança, mas não funcionam como Mestres individuais. Eles nos dão a base da instrução desta Escola de Preparação Rosacruz e, ao aprendermos como viver esta ciência da alma, com o tempo, estaremos preparados para encontrá-los, face a face, na escola dos Auxiliares Invisíveis.

E nós, na qualidade de Aspirantes nesta Escola de Preparação, temos o dever de nos aperfeiçoar e prosseguir sempre, com seriedade e persistência. Assim, cada pensamento bom, amoroso e altruísta que tivermos, aumentará a nossa luminosidade e a força de vibração contida nesses pensamentos é que irá atrair a atenção dos Irmãos Maiores que estão atentos e prontos a ajudar aqueles que, devido a seus sérios esforços para se purificarem e servirem aos outros, adquiriram o direito de receber a primeira iniciação.

Nenhum mestre, verdadeiro e altamente evoluído, seria capaz de dar o seu tempo e energia à instrução de um único aspirante. Portanto, “Não deveríamos reconhecer nenhuma outra liderança que não seja a de Cristo, nem mesmo a liderança dos Irmãos Maiores, pois eles atuam somente como amigos para aconselhar”.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Céu dentro de Nós

A Fraternidade Rosacruz é uma Escola de Cristianismo Esotérico, isto é, diferente do Cristianismo Exotérico ou Popular. Ela procura transferir as realidades do Cristianismo para o interior de cada indivíduo, visando convertê-lo no centro de uma realidade espiritual, num microcosmo, feito à imagem e semelhança de Deus em realidade. Afinal: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?[1].

Esse reino interno de Cristo é concebido por Virgem, a Virgem Celestial, em cooperação com José. Virgem é o símbolo da pureza e do serviço e mostra que o Cristo se forma pela pureza e serviço amoroso e desinteressado, mediante o esforço bem orientado da vontade humana consciente (José).

A história de Cristo Jesus é a nossa. Jesus nasceu em Bethlehem (“casa do pão”), o Corpo Denso. Somos nós, o Espírito interno, que aguardamos a nossa purificação ou o nosso batismo, a fim de que comecemos, de fato, a dirigir nosso destino. Depois é tentado, transfigurado e, finalmente, entra em Jerusalém (Jer-u-salém, “onde haverá paz”), e ali Seu primeiro ato foi expulsar os mercadores do Templo, mostrando que para haver paz dentro do Templo do nosso Corpo é preciso limpá-lo dos desejos, sentimentos e das emoções inferiores.

Nessa trajetória, Cristo Jesus pregou e curou, vivendo os mandamentos básicos da Sua mensagem e mostrando os meios de elevação para cada um de nós: autoaperfeiçoamento e serviço amoroso e desinteressado ao próximo, esquecendo os defeitos desse e focando na divina essência oculta nele, que é a base da Fraternidade. Por isso chamou os hipócritas fariseus de “túmulos caiados de branco por fora e podre por dentro[2].

Para nós, Estudantes Rosacruzes, Cristo é o ideal que buscamos atingir, ajudados pelos Ensinamentos Rosacruzes, tal como foram fornecidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, conhecedores da natureza humana e que nos previnem racional e devocionalmente como realizar essa gigantesca tarefa.

Não é uma Escola para a maioria, compreendemos, mas para verdadeiros Aspirantes à vida superior que buscam a realização pelo Cristianismo Esotérico, escolhidos por seus valores morais, pela sinceridade de propósito, provados na prática do trabalho coletivo. Não é certo que “pelos frutos se conhecem árvores[3]?

O Cristianismo Popular (Exotérico) ainda não compreendeu esse sentido ativo que ele deve imprimir a cada seguidor. “Ajuda-te que Deus te ajudará[4]. “Tome o Reino de Deus por assalto[5].

No Evangelho segundo S. Lucas (6:45) estudamos: “O homem bom, do bom tesouro do coração, tira o bem; e o mau, do mau tesouro tira o mal porque a boca fala do que está cheio o coração”. O que presenciamos atualmente que amostra nos dá dos corações dos seres humanos?

No entanto, os erros dos outros não justificam os nossos. Dizer que somos compelidos a errar por força das circunstâncias ou do meio em que vivemos é uma desculpa irrazoável. Afinal, a “ocasião não faz o ladrão”, mas, simplesmente, mostra o que a pessoa realmente é. Afinal, a ocasião faz o ladrão só quando há uma decisão para ser um ladrão; assim, não é a ocasião, mas o possível ladrão que decide. Portanto, a decisão continua a ser determinada pela pessoa e nunca pela circunstância. Uma pessoa pode e deve ser um Cristão consciente em qualquer meio, embora pareça difícil manter a coerência interna e externa. É uma questão de prudência e de boa compreensão do Cristianismo Esotérico.

Por outro lado, a elevação da pessoa não é tarefa impossível. Muitas a realizaram e nós também podemos levá-la a efeito. Uma história para ilustrar essa possibilidade: contam que certo embaixador, na antiguidade, visitou o rei de Esparta, que lhe mostrou toda a cidade. No fim da excursão o visitante estranhou: “Mas, onde estão as famosas muralhas de Esparta? O rei lhe respondeu: “Volte amanhã que lhe mostrarei”. No dia seguinte o rei levou o visitante às planícies fora da cidade, onde os Espartanos faziam exercícios, com escudos e lanças reluzindo ao Sol. Mostrando os soldados, disse o rei: “Eis as muralhas de Esparta. Cada homem é um tijolo”. E nós dizemos: “orai e vigiai[6], agindo como um real Cristão, no próprio aprimoramento interno e na prestação do serviço amoroso e desinteressado ao irmão e a irmã que estão ao seu lado, sempre focando na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, o melhor possível cada dia que passa e verá como se forma um “homem novo[7] de pequenos esforços, constantemente alinhados num plano de regeneração. Ao mesmo tempo passaremos a constituir, cada um de nós, um tijolo na obra de reerguimento do mundo, de que a pedra angular é o Cristo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1963-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: (ICor. 3:16)

[2] N.R.: Mt 23:27

[3] N.R.: Lc 6:44

[4] N.R.: Mt 7,7-8

[5] N.R.: Mt 11:12

[6] N.R.: Mt 26:41 e Mc 13:33

[7] N.R.: Ef 4:22-24 e Cl 3:10-11

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Você Realmente quer Alcançar o Conhecimento Direto dos Mundos suprafísicos?

Diversos Aspirantes à vida superior chegam até a Fraternidade Rosacruz revelando grande interesse em desabrochar seus poderes espirituais. Muitos, apesar de convictos, vêm em busca de respostas aos seus anseios. Outros desejam convalidar créditos de outra Escola, isto é, relatam que já passaram por correntes espiritualistas e, por isso, acreditam que já galgaram etapas básicas do treinamento esotérico e podem iniciar etapas mais profundas. “Você pode me adiantar para o Curso Superior de Astrologia Rosacruz ou me inscrever no Probacionismo?”, dizem alguns.

Quando lhes informam que devem realizar o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, antes de se inscreveram nos Cursos de Astrologia Rosacruz, e que somente podem se candidatar ao Probacionismo após um período mínimo de 24 meses recebendo semanalmente instruções espirituais do Mestre, saem desapontados. Tal atitude revela que ainda não compreenderam o que significa a busca pelo verdadeiro desabrochar espiritual.

Mas, a questão não é somente essa. Há outro fator que não parecem compreender. É o fato imperioso de possuir os requisitos básicos necessários para que o Mestre possa realmente iniciar o neófito nas tão almejadas verdades espirituais. Sem tais requisitos, essa aspiração não passa de sonho. A pergunta natural que se faz, neste ponto, é a mesma que o jovem aspirante fez ao sábio: “Senhor, o que devo fazer para me tornar um sábio?” (Introdução do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos[1]), ou quais são esses requisitos para que o Mestre venha até mim e me inicie?

Todos concordam que para adquirir uma formação acadêmica, a consagração de tempo constitui um dos principais ingredientes para que isso se torne uma realidade. Apesar de necessária, essa consagração não é suficiente. Veja bem, sabemos que muitos jovens alcançam a formação acadêmica, todos os anos. Mas, quantos jovens saem da universidade com mais do que o título e a formação? Isto é, quantos jovens saem com umdomínio total do conhecimentoadquirido?Quantos realmente saem do nível de aprendiz e passam para o nível de mestre no assunto? Pouquíssimos! Compreendem o porquê do tempo ser necessário, mas insuficiente?

Os alunos que realmente adquiriam poder sobre algum assunto foram além do tempo. O que lhes conferiu tal poder foi o sacrifício. Pelo sacrifício, ganhamos! “É dando que recebemos; é morrendo que nascemos para vida eterna” (Trechos da Oração de S. Francisco). Entre os sacrifícios para formar um bom profissional, destacamos: lazer; período diário para não apenas assistir às aulas, mas para estudar e se aprofundar no assunto; recusar trabalhos que ajudariam no orçamento mensal, pois tem foco; horas de sono; momentos agradáveis com amigos e família; entre muitos outros interesses concorrentes. Por meio da consagração de tempo para o estudo e o Sacrifício de diversos outros hábitos ou afazeres que poderiam preencher sua vida nesse período de formação, ele obteve foco e pôde se aprofundar, adquirindo poder sobre os assuntos estudados.

“Senhor, o que devo fazer para me tornar um sábio?”. Finalmente o sábio deu-lhe ouvidos e, então, desceu a um rio próximo. Entrou na água convidando o jovem e levando-o pela mão. Quando alcançaram certa profundidade o sábio, pondo todo seu peso sobre os ombros do rapaz, submergiu-o na água, apesar dos esforços que esse fazia para livrar-se. Por fim o sábio largou-o, e quando o jovem recuperou alento perguntou-lhe: “Meu filho, quando estavas debaixo d’água o que mais desejavas?” O jovem respondeu sem hesitar: “Ar, ar! eu queria ar!” “Não terias antes preferido riquezas, prazeres, poder ou amor, meu filho? Não pensaste em nenhuma dessas coisas?” indagou o sábio. “Não, senhor! Eu desejava ar, só pensava no ar que me faltava”, foi a resposta imediata. “Então”, disse o sábio, “para te tornares sábio deves desejar a sabedoria com a mesma intensidade com que desejavas o ar. Deves lutar por ela e excluir de tua vida qualquer outro objetivo. Essa e só essa deve ser, dia e noite, tua única aspiração. Se buscares a sabedoria com esse fervor, meu filho, certamente tornar-te-ás sábio”.

Essa aspiração traduz-se em sacrifício! Muitos que chegam à Fraternidade Rosacruz possuem esse anseio sincero por sabedoria, mas poucos estão dispostos a compreender e a realizar os sacrifícios necessários para se adquirir o conhecimento direto, o poder espiritual. “Saber o caminho é diferente de percorrer o caminho”. Se essas pessoas que relatam possuir conhecimentos avançados e, por isso, querem cortar caminho (isso também vale para os Estudantes Rosacruzes antigos que, muitas vezes, acabam caindo na cilada de deixar de realizar os Exercícios Esotéricos e buscar fora algo “mais elevado”), por que ainda não conseguiram o contato consciente com o Mestre, o único capaz de lhe oferecer algo mais elevado? O leitor agora percebe o motivo por que chamamos essas pessoas de “perdidos”?

Pelo sacrifício, recebemos! Pelo sacrifício, temos graça! “(…) aniquilou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E achando-se na condição de homem, humilhou-se a Si mesmo, tornando-se obediente até à morte, a morte na Cruz. Pelo que também, Deus o exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Cristo-Jesus, se dobre todo o joelho, e toda a língua confesse, que Cristo-Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Trechos do Ritual Rosacruz do Serviço Devocional do Templo, que repetimos todos os dias que o oficiamos). Cristo – o Caminho, a Verdade e a Vida – nos ensinou o sacrifício em seu mais alto significado. Por isso ele obteve a graça.

Abraão foi capaz de sacrificar seu filho Isaac (obras de seu Eu Superior) em favor da vontade do Senhor. Mas, foi divinamente impedido, pois Deus já tinha visto que tinha a coragem para tal. Por isso, foi agraciado, alcançou Iniciações ainda maiores. Do mesmo modo, Salomão desejou sabedoria para governar seu povo, ao invés de pedir faculdades ou regalias pessoais. Por isso, entrou em estado de graça e Jeová o tornou o ser humano mais sábio que já viveu.

Aquele que não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim. Aquele que acha sua vida, a perderá, mas quem perde sua vida por causa de mim, a achará.” (Mt 10:38-39). Esse constitui um dos fatores que faz o Aspirante à vida superior passar muitos anos sem contato com o Mestre. Isto é, o interesse pessoal ou egoísmo sutil e inconsciente que envolve o Aspirante à vida superior durante sua tentativa de percorrer o caminho da senda da preparação (Para mais informações sobre isso, leia o trecho da Conferencia XI do livro Cristianismo Rosacruz[2]).

Quem consegue abandonar (sacrificar) o próprio anseio de obter acesso direto às verdades espirituais, em favor de servir ao próximo? O maravilhoso poeta de Longfellow, A Lenda Formosa[3], retrata com maestria esse sacrifício em favor dos outros. S. João Batista também fornece uma das fórmulas para adquirir esse poder: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30).

Estimado amigo e estimada amiga, se deseja verdadeiramente adquirir poderes espirituais, trabalhe para despertar em seu coração, a sabedoria do sacrifício equilibrado. Sem esse requisito, todos os livros e conhecimentos que adquiriu serão estéreis.

Que as rosas floresçam em vossa cruz


[1] N.R.: Trecho do Capítulo em questão: Se o leitor, que compreendeu bem essa ideia perguntar o que deve fazer para obter o conhecimento direto, terá na seguinte história a ideia fundamental do ocultismo:

Certo dia um jovem foi visitar um sábio, a quem perguntou: “Senhor, o que devo fazer para tornar-me um sábio? “. O sábio não se dignou responder. Depois de repetir a pergunta certo número de vezes sem melhor resultado, o jovem foi embora, mas voltou no dia seguinte com a mesma pergunta. Não obtendo resposta ainda, voltou pela terceira vez e novamente fez a pergunta: “Senhor, o que devo fazer para tornar-me um sábio?”.

Finalmente o sábio deu-lhe ouvidos, e então desceu a um rio próximo. Entrou na água convidando o jovem e levando-o pela mão. Quando eles alcançaram certa profundidade o sábio, pondo todo seu peso sobre os ombros do rapaz, submergiu na água, apesar dos esforços que esse fazia para livrar-se. Por fim o sábio largou-o, e quando o jovem recuperou alento perguntou-lhe:

“Meu filho, quando estavas debaixo d’água o que mais desejavas?”.

O jovem respondeu sem hesitar: “Ar, ar! Eu queria ar!”.

“Não terias antes preferido riquezas, prazeres, poder ou amor, meu filho? Não pensaste em nenhuma dessas coisas?” – Indagou o sábio.

“Não, senhor! Eu desejava ar, só pensava no ar que me faltava” – Foi a resposta imediata.

“Então”, disse o sábio, “para te tornares sábio deves desejar a sabedoria com a mesma intensidade com que desejavas o ar. Deves lutar por ela e excluir de tua vida qualquer outro objetivo. Essa e só essa deve ser, dia e noite, tua única aspiração. Se buscares a sabedoria com esse fervor, meu filho, certamente tornar-te-ás sábio”.

Esse é o primeiro e fundamental requisito que todo Aspirante ao conhecimento oculto deve possuir – um desejo firme, uma sede abrasadora de conhecimento, e um entusiasmo insuperável para conquistá-lo. No entanto, o motivo supremo para a busca desse conhecimento oculto deve ser um desejo ardente de beneficiar a Humanidade, esquecendo-se inteiramente de si mesmo, a fim de trabalhar para os outros. A não ser por essa motivação, o estudo do ocultismo é perigoso.

Sem possuir tais qualificações – especialmente a última – em certa medida, qualquer tentativa para seguir o caminho árduo do ocultismo seria um empreendimento perigoso. Outro pré-requisito para aspirar ao conhecimento direto é o estudo do ocultismo indiretamente. A investigação direta requer certos poderes ocultos que permitem estudar os assuntos relacionados com os estados pré-natal e pós-morte do ser humano, mas ninguém deve se desesperar por não ter desenvolvido ainda poderes ocultos para adquirir conhecimento direto sobre esses assuntos. Assim como uma pessoa pode conhecer a África indo lá pessoalmente ou lendo as descrições de viajantes que ali estiverem, assim também, para conhecer os Mundos suprafísicos, visita-os, se estiver habilitado para fazê-lo, ou estuda o que outros já capacitados contam como resultado de suas investigações.

[2] N.R.: Trecho referente ao assunto: Surge daí a pergunta: Como achar um instrutor autêntico e como distingui-lo de um impostor? É uma pergunta muito importante, porque quando o aspirante encontra tal mestre, pode considerar-se em perfeita segurança e protegido contra a grande maioria dos perigos que cercam aqueles que, por ignorância ou egoísmo, traçam seus próprios rumos e buscam poderes espirituais, mas sem qualquer esforço para desenvolver fibra moral.

É uma verdade axiomática que os seres humanos são conhecidos “por seus frutos” e, como o mestre esotérico exige de seu pupilo desinteresse nas motivações, infere-se justamente que o instrutor deve possuir esse atributo em grau ainda maior. Portanto, se alguém se arvora em ser instrutor e oferece seus conhecimentos em troca de dinheiro, a tanto por aula, mostra assim que está abaixo do padrão que exige de seus discípulos. Alegar que precisa de dinheiro para viver, ou apresentar outros motivos semelhantes para cobrar pelo ensino, tudo não passa de sofismas. As leis cósmicas cuidam de todo aquele que trabalha com elas. Qualquer ensino oferecido em bases comerciais não é ensino superior, porque este jamais é vendido ou envolve considerações materiais, pois, em todos os casos, chega ao recebedor como um direito em função do mérito. Assim, mesmo que o verdadeiro instrutor tentasse negar o ensino a determinada pessoa que o merecesse, pela Lei de Consequência, seria um dia compelido a ministrar-lhe o mesmo.

No entanto, tal atitude seria inconcebível porque os Irmãos Maiores sentem uma grande e indizível alegria toda vez que alguém começa a palmilhar a senda da vida eterna. Por outro lado, embora ansiosos por tal, eles a ninguém podem revelar seus segredos antes que cada um tenha dado provas de sua constância e altruísmo, pois só assim poderá alguém ser um firme guardião dos imensos poderes resultantes, que tanto podem servir ao bem como podem ser usados para o mal. Se permitimos que nossas paixões se imponham descontroladamente, e se a avareza ou a vaidade são as molas de nossas ações, apenas sustamos o progresso de nosso semelhante ao invés de ajudá-lo. E, até que aprendamos a usar apropriadamente os poderes que possuímos, não estaremos em condições de realizar o trabalho ainda maior exigido daqueles que têm sido ajudados pelos Irmãos Maiores a desenvolverem sua visão espiritual latente, e a conseguirem compreensão espiritual, que é o que torna valiosa aquela faculdade como fator de evolução.

Portanto, a “Senda da Preparação” antecede o “Caminho da Iniciação”. A perseverança, a devoção, a observação e o discernimento são os meios de alcançá-lo, porque tais qualidades sensibilizam o Corpo Vital. Através da perseverança e da devoção, os Éteres Químico e de Vida capacitam-se a cuidar das funções vitais do Corpo Denso durante o sono. E uma separação entre estes dois Éteres e os dois superiores – Éter de Luz e Éter Refletor – acontece. Quando os dois últimos se espiritualizam suficientemente mediante a observação e o discernimento, uma simples fórmula dada pelo Irmão Maior capacita o Discípulo a separá-los e a levá-los consigo, à vontade, juntamente com seus veículos superiores. Deste modo, ele fica equipado com um veículo de percepção sensorial e memória. Qualquer conhecimento que possua no mundo material pode, então, ser utilizado nos Reinos espirituais, como também pode trazer ao cérebro físico recordações das experiências por que passou enquanto esteve fora de seu Corpo Denso. Isto nos é necessário para funcionarmos separados do Corpo Denso, plenamente conscientes tanto do Mundo Físico quanto do Mundo do Desejo, pois o Corpo de Desejos ainda não está organizado e, se o Corpo Vital não transferisse suas impressões no momento da morte, não poderíamos ter consciência no Mundo do Desejo durante a existência post-mortem.

Os exercícios respiratórios indiscriminados não produzem a divisão acima descrita, mas apenas tendem a separar o Corpo Vital do Corpo Denso. Por isso, as ligações entre os centros etéricos dos sentidos e as células cerebrais rompem-se ou deformam-se em certos casos, resultando ao final em vários tipos de insanidade mental, como a loucura. Em outros casos, o rompimento ocorre entre o Éter de Vida e o Éter Químico e, como o primeiro responde pela assimilação orgânica dos alimentos e é a avenida particular para a especialização da energia solar, essa ruptura resulta em tuberculose. Somente através de exercícios apropriados pode-se efetuar a separação correta. Quando a pureza de vida permite que a força sexual, que é criadora, gerada no Éter de Vida eleve-se até o coração, essa força encarrega-se de manter a quantidade de circulação necessária ao estado de sono. Deste modo, as funções físicas e o desenvolvimento espiritual correm paralelamente ao longo de linhas harmoniosas.

[3] N.R.: Poema de James Russell Lowell (1819-1891) – poeta romântico, crítico, satírico, escritor, diplomata e abolicionista americano: “A Lenda Formosa” (The Beautiful Legend):

“Sozinho em sua cela,

No chão de pedra ajoelhado,

O monge orava em profunda contrição

Por seus pecados de indecisão.

Suplicava por maior renúncia

Na tentação e na provação;

O mostrador meio-dia já marcava

E o monge em solidão ainda orava”.

“De repente, como num relâmpago,

Algo incomum resplandeceu, afora e no âmago,

E nessa estreita cela de pedra fez abrigo;

Então, o monge teve com o Poder do Clarão

De Nosso Senhor, a Abençoada Visão.

Como um manto, O envolveu,

Como uma veste, O abrigou”.

Contudo, este não era o Salvador açoitado e penitenciado, mas o Cristo que alimenta os famintos e cura os enfermos.

“A alma em preces acalentada,

Cada mão sobre o peito cruzada,

Reverente, adorando, assombrado,

O monge, perdido em êxtase, caiu ajoelhado”.

“Depois, em meio à sua exaltação,

Retumbante o sino do convento em exortação

De seu campanário tangeu, ressoou,

Por pátios e corredores reverberou

Com persistência badalando,

Como nunca antes ousou”.

Esse era o chamado para seu dever cumprir. Como esmoler da Irmandade sua tarefa era alimentar os pobres, tal como Cristo ensinou e exemplificou.

“Profunda angústia e hesitação

Misturavam-se à sua adoração;

Deveria ir, ou deveria ficar?

Poderia os pobres deixar

Famintos no portão a esperar,

Até a Visão se dissipar?

Poderia ele seu brilhante hóspede desprezar?

Seu visitante celestial desconsiderar

Por um grupo de míseros esfarrapados,

Mendicantes no portão do convento sediados?

Será que a Visão esperaria?

Será que a Visão retornaria?

Então, dentro do seu peito uma voz

Audível e clara sussurrou,

E ele, nitidamente escutou:

Cumpre teu dever sem inquietação ou protesto,

Deixa aos cuidados do Senhor o resto!”.

“Imediatamente ergueu-se resoluto,

E com um olhar ardente, decidido e arguto

Dirigido à Abençoada Visão,

Lentamente A deixou em sua cela na solidão,

Diligentemente foi cumprir sua missão”.

“No portão, os pobres estavam esperando

Através do gradil de ferro observando,

Com terror no semblante

Que só se vê no suplicante

Que em meio a desgraças e desditas

Ouve o som das trancas lhe cerrando as portas,

Pobres, por todos desprezados,

Com o desdém, familiarizados,

Com o dissabor, acostumados,

Buscam o pão pelo qual muitos sucumbem!

Mas hoje, sem o motivo sequer saberem bem,

Tal como Portal do Paraíso no além

Abre-se a porta do convento!

E como um divino Sacramento

Parecia-lhes o pão e o vinho nesse momento!

Em seu coração o Monge estava orando,

Nos pobres sem teto pensando,

Tudo que sofrem e suportam

E vendo ou ignorando, muitos rejeitam.

Enquanto isso uma voz interna ao Monge dizia:

O que quer que faças

Ao último e menor dos meus,

A Mim o fazes!”.

“A Mim! Mas se tivesse a Visão

Se apresentado em farrapos e errante,

Como um desvalido suplicante,

Ter-me-ia ajoelhado em adoração?

Ou A receberia com escárnio e presunção

E até ter-me-ia afastado com aversão”.

“Assim questionou sua consciência,

Com insinuações e incômoda insistência,

Quando, por fim, com passo apressado

Dirigindo-se à sua cela com ânsia,

Seus olhos contemplaram o convento iluminado

Por uma luz sobrenatural inundado,

Como uma nuvem luminosa se expandindo

E sobre o chão, paredes e tetos subindo”.

“Mas, assombrado parou a extasiar,

Da porta contemplou, no limiar!

A Visão que lá permanecera,

Exatamente como antes A deixara

Na hora em que o sino do convento soou,

De seu campanário clamou, clamou,

E para os pobres alimentar o intimou.

Por longa e solitária hora esperara,

Seu regresso iminente aguardara.

O coração do Monge ardeu

Quando Sua mensagem compreendeu,

Logo que o Vulto Amado deixou esclarecido:

Eu teria desaparecido

Se tu tivesses permanecido!”.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lamparina e o Coração

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, são dirigidos especialmente àqueles que não aceitam o Cristo exclusivamente pela fé. Tais pessoas, amadurecidas, mas caracteristicamente intelectuais, correm o risco de perigosamente se enlearem nas teias retardadoras do materialismo. Por meio de uma explicação lógica e profunda do Cristianismo – somente propiciada pelo Cristianismo Esotérico – poderão, uma vez satisfeita a Mente, atender aos reclamos do Coração.

O embasamento do nosso crescimento anímico não poderá ser unilateral, pois caso contrário “haverá fome em alguma parte” do nosso ser. A segurança do nosso desenvolvimento depende de um método equilibrado e equilibrador. Tal equilíbrio compreende o desenvolvimento paralelo de nossas naturezas ocultista e mística, isto é, no cultivo da razão (simbolizada pela lamparina) e do sentimento (simbolizado pelo coração). Daí resultará um corpo são e melhor serviço à humanidade. Segundo Platão, devemos ser “sábios, santos e atletas”. E o lema Rosacruz o parafraseia: “Mente pura, Coração nobre, Corpo São”.

Com o propósito de realizar essas duas finalidades, a Fraternidade Rosacruz promove a publicação de artigos, de materiais, dos textos dos Rituais, de vídeos fiéis aos Ensinamentos Rosacruzes, de livros da biblioteca Rosacruz, a execução de Reuniões de Estudos, Palestras, Oficinas e Seminários e a promoção de Cursos que ajudam a orientar, a percorrer, a avançar nos graus e a se aprofundar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

Isso tem maior importância do que podemos imaginar. Se realmente levamos a sério nosso ideal, na medida do possível devemos estudar esse material, fazer os Cursos, participar dos eventos e ajudar naquilo que mais se precisa em cada caso por meio de um Centro Rosacruz.

Quando de palestras ou eventos que durem, no máximo duas horas, procedemos de uma de duas maneiras: a primeira, em palestra ou evento o terminamos com o ofício do Ritual Devocional de Serviço próprio do dia. A segunda maneira, antecedendo a palestra ou o evento, começamos a oficiar o Ritual Devocional de Serviço próprio do dia até após o momento da Concentração; ao terminá-la fazemos a palestra ou o evento e depois terminamos o ofício com as partes próprias de cada Ritual Devocional de Serviço. A repetição das mesmas palavras ritualísticas a cada encontro grava em nosso íntimo preceitos básicos para nossa formação Cristã-esotérica. Essa, devidamente sedimentada e sinceramente expressa em obras na vida diária, constrói o “templo sem ruído de martelos”.

Cultivar os dois polos de nossa divindade interna é condição essencial para um crescimento harmonioso. O potencial equilibrado desses dois polos é que nos tornará, gradativamente, uma “usina de força”, uma fonte de luz. Deus é Luz. Somos feitos a imagem e semelhança d’Ele. Essa Luz encontra-se em toda parte, principalmente em nós. Como manifestá-la? Por meio do despertamento dos divinos atributos latentes em nós, objetivo maior do método Rosacruz de desenvolvimento.

Devorar ansiosamente os livros, correr de palestra em palestra, de evento em evento atrás de novidades intelectuais, percorrer diletantemente várias escolas filosóficas, vários movimentos cristãos ou não, ao mesmo tempo, não conduz a nenhum resultado positivo. O intelectual é presa fácil da vaidade e do personalismo. Igualmente, o místico, por falta de discernimento, pode ser enganado nas suas experiências internas, confundindo os meros reflexos de seu subconsciente com os raios da intuição, essa sim originária do Espírito de Vida.

As razões apresentadas justificam, sobejamente, a natureza equilibradora do método Rosacruz, conduzindo o Aspirante à vida superior com segurança pelo, geralmente íngreme, caminho da realização espiritual. Daí a simbologia maravilhosa da lamparina e do Coração.

(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de março/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Voltar Atrás

Uma das coisas mais prejudiciais ao processo de transmutação interna que o Estudante Rosacruz deve realizar mediante um trabalho árduo e sistemático, é o ato de voltar atrás. Quando já conseguiu atingir determinado ponto na escalada de ascensão no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz e, subitamente, por algum motivo que bem pode ocultar uma prova necessária, decide retroceder, abandonando um hábito novo positivo, voltando a retomar hábitos antigos, já superados anteriormente, fará estremecer as bases de sua conquista interna. Se já chegou a atingir certo nível de progresso anímico, é porque estava capacitado para tanto, e não se justifica mais que retraia todo aquele esforço.

Cristo diz na Bíblia que quem tropeçar num só ponto, cairá por inteiro. Daí se depreende que, quando já conseguimos superar, em alta escala, duas ou três, ou mais de nossas fraquezas, em parte ou totalmente, e de repente falhamos em uma delas apenas, todas as outras conquistas se sentirão abaladas, tenham ou não ligação entre si. Então pode acontecer que comecemos a sentir novamente impulsos recônditos de voltar — não só àquele – como a muitos outros erros ultrapassados. A besta inferior – o irmão burro de São Francisco de Assis – adormecida, começa a despertar e a comprometer todas as demais intenções superiores.

De modo contrário, em outra passagem da Bíblia, Cristo afirma que “um pouco de fermento faz toda a massa levedar”. Significa que um pequeno esforço para o bem vai mexer com todo o sistema interno de conquista, deslocando um pouco mais para a frente e para cima, as pedras interligadas do mosaico interno que estamos construindo. Daí a necessidade que se impõe de mantermos firmes os nossos propósitos, tomando decisões que sabemos estar em condições de poder enfrentar e sustentar. Verdade que ninguém está livre de levar quedas, e muitas, durante a escalada. Mas, o importante é saber tirar partido dessas quedas, mantendo-nos firmes na luta, para não deixar que se repitam. Max Heindel mesmo afirmou “o único fracasso é deixar de lutar”. E esse lutar, é lutar mesmo, sem esmorecimento, porque os retornos e as paradas são válidos até certo ponto, como resultado do nosso processo interno de esmerilhamento. Mas, uma vez estabelecida a conquista, voltar atrás é negar a si mesmo o próprio esforço já realizado.

Como exemplo do que foi dito acima, temos o caso de um homem que deixou por várias vezes o hábito de fumar, cada vez por um tempo maior, até que decidiu peremptoriamente não voltar a fumar. Assim se manteve durante muito tempo, aceitando o fato já como conquista interna positivada, quando de repente, não resistindo a uma grande decepção — que pode aparecer sempre como tentação, para confirmar a nossa certeza — retomou o velho hábito e de forma intensa, como se quisesse desforrar-se do tempo que passara sem fumar. Não tardou muito, começou a ficar rouco e acabou constatando a existência de um câncer na garganta.

É assim que funciona o processo quando não sabemos ou não temos força de assumir e conservar responsabilidades novas, adquiridas com sacrifício; quando não sabemos manter vivo o esforço dirigido; quando, subitamente, abandonamos uma longa linha de ação, apesar de termos revelado a nós mesmos certas aptidões para chegar a determinado progresso, o desequilíbrio que resulta de tudo isso vai obrigar a natureza a repor as coisas em seus lugares, mediante o sofrimento. E até nas pequenas coisas, isso pode acontecer. Basta que tenhamos assumido determinado compromisso conosco mesmos. O fato mesmo de dizermos “amanhã faço tal coisa” ou “amanhã vou a tal lugar”, na firme intenção de fazer o que nos propomos e, no dia seguinte, modificarmos os planos unicamente porque se perdeu a vontade de cumpri-los, sem motivo sério que justifique a retração, até isso nos fará dar um passo atrás no cultivo das forças conquistadas. E temos a notar também que esse prejuízo vai refletir-se fora do nosso plano interno de ação. Isso porque tudo o que fazemos, tanto de bem como de mal, por pequeno que seja, vai sempre influir na totalidade de nossa vida, e em tudo o que nos cerca e do qual fazemos parte: nosso lar, nossos familiares, nossos amigos, nosso relacionamento de todo o dia. Até nossa conduta poderá sofrer certas alterações desagradáveis, muitas vezes contra nossa própria vontade.

Por isso é sempre bom mantermo-nos alertas diante de qualquer tropeço, procurando corrigir de imediato qualquer falha. Ali pode estar a chave de uma experiência importante que nos abrirá as portas para um caminho mais amplo e mais seguro. Conservando-nos positivos, em qualquer circunstância, garantiremos o bom êxito final de todos os nossos esforços e das nossas conquistas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1974-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Assistindo ao Próprio Funeral

Quando chegou ao Mount Ecclesia a notícia de que Frank English, um de nossos membros de Los Angeles, havia se livrado do corpo mortal e que o autor deveria oficiar o Ritual do Serviço de Funeral, antes da cremação do corpo, um grupo foi formado pelos trabalhadores em Mount Ecclesia e fomos para Los Angeles no domingo de manhã, ajudamos nas atividades para cremar o corpo e viajamos de volta, uma distância total de 300 quilômetros, a tempo de Max Heindel falar na reunião noturna diária na Pro-Ecclesia — um dia de trabalho bastante extenuante.

Mas, isso é apenas um incidente registrado para preparar o caminho para contarmos a nossa história e trazer à tona o fato de que as pessoas, geralmente, assistem a seus próprios funerais. Isso foi aprendido quando alguém perguntou ao autor, após a reunião: “Você viu o Frank? Ele está aqui?”.

“Eu nunca oficiei um funeral em que o chamado ‘morto’ não estivesse presente e não fosse um espectador interessado”, respondeu Max Heindel. Ele então começou a contar uma série de experiências interessantes sobre o comportamento dos “mortos”: “Na maioria das vezes”, ele disse, “eles  se sentam quietos em seus assentos, observando o que acontece como qualquer uma das pessoas que nós chamamos de vivas, embora o significado do termo comum ‘os vivos e os mortos’ deva realmente ser invertido; pois nós, que estamos presos neste pesado ‘pedaço de barro’ e sujeitos a inúmeras dores e males, estamos realmente muito mais mortos do que os Espíritos desencarnados que assim designamos; enquanto aqueles, que não conhecem a doença, que não podem sentir fadiga, que se movem mais rápido que o vento sem fazer o menor esforço, devem realmente ser chamados de vivos”.

“Mas, na hora do funeral, muitos deles ainda não se encontraram, por assim dizer, pois acabaram de sair da visão e revisão sobre o panorama da vida passada, que é descortinada diante deles em ordem inversa, da morte ao nascimento, mostrando que os efeitos de suas vidas foram gerados por causas antecedentes; e como na maioria dos casos as pessoas não estudam sobre o assunto vida após a morte, elas geralmente ficam irremediavelmente confusas em todo o processo. Muitas vezes percebem que devem ter ‘morrido’, pois observam o Corpo Denso no caixão, mas se veem com uma forma semelhante, que para eles parece tão sólida e real quanto a coisa que está morta.”.

“Então eles não podem entender por que ainda estão em sua antiga casa e por que eles não viram qualquer coisa do ‘Tribunal, do Céu ou do Inferno’ — isto é, se eles acreditavam nisso. Se foram materialistas, provavelmente, começam a se perguntar como podem pensar ou continuar a existir. Encontrei apenas alguns materialistas do outro lado e não perguntei a eles sobre seus sentimentos a esse respeito, mas todos ficaram muito irritados por serem gradualmente forçados a revisar sua teoria de que a aniquilação do ser segue a morte física. Eles queriam a extinção da consciência e estavam muito infelizes”.

“As pessoas que estudaram os Ensinamentos Rosacruzes, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, diferem radicalmente da maioria como grupo, pois instantaneamente reconhecem, ao despertar da visão e revisão do panorama da vida, os fatos essenciais do caso. Eles sabem que entraram nas Regiões inferiores do invisível Mundo do Desejo e que estão entrando em uma nova fase de evolução. A maioria deles está quieta e subjugada, sentindo a importância da mudança, e consideravelmente amedrontada por enquanto. Eles costumam ir para uma parte da sala onde os cultos estão sendo realizados, que fica o mais longe possível de todos.”

“Contudo, sempre notei que, se a conversa na sala é toma um tom de alegria, tem um efeito maravilhoso em alegrar o amigo ou a amiga recém-falecido ou recém-falecida. Várias vezes tive a satisfação de vê-los sair do seu canto e se tornar muito brilhantes, com um aumento correspondente no ânimo de todos os ‘vivos’. Em uma ocasião o ‘morto’ ficou tão interessado e tão alegre que ele quase me atropelou no meio do meu discurso.”.

“Quando entrei na sala, esse homem estava sentado em um canto, muito quieto. Ele conhecia os Ensinamentos Rosacruzes e, evidentemente, estava totalmente atento aos fatos, mas também estava claro que a situação pesava bastante sobre ele. Então, imediatamente eu fiz todos os esforços para administrar ‘consolação aos mortos’ por meio de uma conversa alegre com a viúva sobre a morte e a condição posterior, relatando uma série de experiências para ilustrar os diferentes pontos, e muito em breve o ‘morto’ apurou os ouvidos, aproximou e se sentou ao lado da sua companheira de vida.

“Durante o serviço ele permaneceu lá, sentado, atento e alerta. Ele ouviu atentamente enquanto eu explicava ao público que aquele ‘pedaço de barro” no caixão era apenas uma roupa que nosso amigo havia usado há pouco tempo e, que, com o tempo, seria substituído por um corpo novo e melhor no qual ele aprenderia novas lições na Grande Escola da Vida.”

“Enquanto isso, continuei a apontar com a mão esquerda para o corpo no caixão aberto, enquanto a direita estava suspensa no ar. Eu estava me preparando para citar o poema inimitável de Sir Edwin Arnold que começa com: ‘Nunca nasceu o Espírito! Nunca o Espírito deixará de ser!’. Comecei a dizer: ‘Como diz Sir Edwin Arnold…’”.

“Então veio um clímax que eu não esperava. De repente, o homem ‘morto’ deslizou do sofá em que estava sentado e, em linha reta, passando pela mesa em que eu estava, foi até o caixão, olhou com grande interesse para a forma descartada, evidentemente observando-a de um modo que ele nunca tinha realmente entendido antes; e ele permaneceu assim, perdido em pensamentos por vários minutos.”

“Mas dizer que fiquei surpreso com esse incidente inesperado é dizer o mínimo. Em vez de manter minha Mente no discurso, involuntariamente segui os movimentos do nosso amigo ‘morto’ para ver o que ele faria, com o resultado inevitável de que perdi o fio do meu discurso por um minuto e repeti sem jeito: ‘Como Edwin Arnold diz…’. Então, com um grande esforço, juntei meus pensamentos e continuei.”

“Houve duas coisas notáveis sobre o que ele fez. Em primeiro lugar, as pessoas costumam andar de um lugar para outro por algum tempo depois de deixarem o Corpo Denso, até que gradualmente descobrem que podem planar mais rapidamente que o vento. Elas também parecem ter um pavor instintivo de atravessar uma parede ou uma porta fechada, mesmo que saibam, por seus estudos, que isso pode ser feito. Acima de tudo, elas temem que um amigo ‘vivo’ venha e se sente na cadeira em que estão sentadas. Talvez essa seja a verdadeira razão pela qual elas costumam ficar sentadas em algum canto durante o seu funeral.”.

“Mas, nesse caso o cavalheiro deslizou pela sala, passando diretamente pela mesa e por um vaso de flores, até chegar ao caixão. Isso me mostra que ele deve ter ficado tão absorto na ideia de que seu Corpo Denso descartado era exatamente como um casaco velho e que, durante esse acesso de abstração, inconscientemente obedeceu às leis do movimento do reino invisível, em vez do habitual método físico de locomoção.”

“Ah, e sobre Frank, como ele agiu?”.

“Ora, você deve se lembrar de que ele era um membro dos graus mais elevados (do Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz), no qual foi ensinado a assimilar o panorama da vida dia a dia (por meio dos Exercícios Esotéricos diários: o noturno de Retrospecção e o matutino de Concentração), de modo que, quando ele saiu do Corpo Denso, provavelmente, havia apenas algumas pontas esparsas que precisaram ser cortadas, antes que o Cordão Prateado se rompesse e o deixasse livre, em plena posse de sua consciência. Esse trabalho o familiarizou com os Mundos invisíveis anos atrás, de modo que ele estava bem à vontade. Além disso, quatro dias se passaram desde que ele falecera então, provavelmente, ele se sentia bem, pelo menos é o que pareceu — andando entre nós e parando ora entre um grupo de amigos, ora em outro grupo de amigos. Quando ele me viu, ele acenou com a cabeça e sorriu como se nada fora do comum tivesse acontecido.”

“Eu só gostaria que todos pudessem ver os amigos e as amigas depois do falecimento deles; e é sempre uma maravilha para mim que não possam ainda, pois durante os primeiros dias e as primeiras semanas eles me parecem tão densos quanto as radiações de calor acima de um radiador de vapor. Mas, graças a Deus, esse dia está chegando.”

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Necessidade Primordial da Fidelidade do Estudante Rosacruz na aprendizagem e prática dos Ensinamentos Rosacruzes

Um verdadeiro Estudante Rosacruz, um Aspirante à vida superior, ao entendimento do que, como funciona e como se desenvolver para trabalhar eficientemente nos Mundos suprafísicos, nos Mundos invisíveis, busca continuamente se ligar ao Cristo Interno e está sempre ajudando o próximo, praticando fielmente o serviço amoroso e desinteressado (e, portanto, o mais anônimo possível) e focando na divina essência de cada um que ele serve.

Assim, ajuda no anonimato, é confiante em si mesmo, consegue permanecer só em todas as circunstâncias e luta em todas as condições sempre bem equilibrado (“sim, sim” e “não, não”, mas jamais morno!).

O verdadeiro Aspirante Rosacruz sabe que na Fraternidade Rosacruz não há mestres, nem instrutores, nem professores, mas amigos, irmãos e irmãs em Cristo sempre prontos a ajudar, a orientar, a mostrar o caminho reto que nos mostra por meio da obtenção do conhecimento direto, desenvolvendo em cada um de nós os veículos necessários e apropriados para funcionarmos diretamente em cada Região e Mundo suprafísicos. 

Aquele que vive buscando proteção, novos autores, novos livros, correndo de uma a outra conferência, de um a outro site, de oradores que consideram ilustres, que vivem repetindo ideias alheias, não pode ser um Aspirante à vida superior, um Estudante Rosacruz, pois está sempre atendendo os anseios inferiores do seu Corpo de Desejos, e onde o Corpo de Desejos prevalece, o Corpo Vital (sede do alicerce para o desenvolvimento espiritual) não tem espaço, pois todo o seu tempo está voltado para reparar os estragos dos desejos, sentimentos e emoções que o Corpo de Desejos faz no Corpo Denso (como aprendemos nos Cursos de Filosofia Rosacruz).

Somos filhos de Deus, centelhas de Seu fogo, Espíritos feitos à Sua imagem e semelhança, tendo, dentro de nós, todos os atributos latentes à espera de desenvolvimento e potencialização. E isso a Fraternidade Rosacruz oferece ao fiel e sincero Estudante Rosacruz.

Eis o motivo dos Irmãos Maiores preconizarem o método direto para obtermos o conhecimento, sem utilizar nenhum instrumento (seja ele outra pessoa ou até artefatos físicos) para tal.

Somos criadores em formação, Cristos em desenvolvimento, portanto, firmes no nosso propósito, na nossa busca, na nossa independência, buscando sempre aprender os ensinamentos Cristãos e segui-los, colocando-os em prática na nossa vida cotidiana.

A Fraternidade Rosacruz não é obra de mestres terrenos, de literaturas rendadas, de promessas fantasiosas, de pretensas Iniciações. 

Os Irmãos Maiores ditaram para Max Heindel, fundador da Fraternidade Rosacruz, aqui no Mundo Físico, a obra básica que é o Conceito Rosacruz do Cosmos, um livro de estudos permanente e de aplicação durante toda a nossa vida.

Esses Irmãos Maiores são elevados Iniciados, seres humanos como nós, muito conhecidos por seus grandes frutos. 

A Fraternidade Rosacruz reúne o que há de mais atual às nossas necessidades internas, Egos, renascidos no ocidente, que somos; ela é o “alimento sólido do adulto”.

Ela desmascara ilusões e artificialismo, com seus princípios bem racionais e devocionais, em um equilíbrio perfeito entre “cabeça e coração”.

Ela se destina aos simples, aos essencialistas, aos sinceros, aos realizadores, aos servidores, aos humildes, aos corajosos, que podem e querem renunciar aos acenos do passado e buscam atingir o “Reino dos Céus por assalto” – como orientado pelo nosso Mestre, o Cristo –, por seu próprio esforço e sempre bem orientados, hoje mais ainda pelos meios aquarianos que, se bem utilizados, ajudam muito, tais como estudos on-line, site, redes sociais, e-mails e sim, quando houver um ambiente apropriado: seminários, palestras, reuniões de estudos e uma boa conversa. 

Quem nela se inspira, liberta-se da sua natureza inferior, não mais se desilude porque não se ilude. Não fala de si mesmo, não se intitula “Mestre”, não conta suas “experiências”, não exibe seus recursos curadores, não busca fama, glória, nem poder, ocupa o último lugar sempre que puder, é simples, autêntico, humilde, sempre se refere à Deus em seu interior, é o que busca mais servir, desinteressadamente, anonimamente por amor aos seus semelhantes, sem pretensões ulteriores. 

Pratica fielmente a máxima ocultista: “buscar o Reino de Deus e Sua justiça, que o resto vem por acréscimo”.

Quem entender isso, logo se engaja e se firma e caminha a passos largos no Caminho de Preparação para a Iniciação Rosacruz!!!

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Poder da Cura e a Luz Interior

Podemos ajudar muito as pessoas ao lembrá-las e fazê-las sentir que a Luz Interior é o mais poderoso remédio que temos ao nosso dispor. Estaríamos ajudando todos aqueles que estão viciados e saturados de remédios para cura de males reais e imaginários, assim como aqueles que se valem somente de remédios como suplementos nutritivos e fortificantes, ao primeiro sinal de alguma debilidade física.

A Luz Interior é a essência da natureza divina que é nossa herança, graças ao fato de que somos faíscas divinas do Deus Solar, destinadas a tornarmo-nos perfeitos, como Ele. Cada um de nós a possui e é nosso dever fazê-la brilhar cada vez mais, à medida que evoluímos. Quanto mais perto estivermos da nossa meta, mais a Luz Interna brilhará. Quanto mais brilhante ela estiver, mais próximos da perfeição estaremos; quanto mais perto da perfeição estivermos, mais perto estaremos da saúde perfeita.

A saúde perfeita depende do grau de obediência às leis naturais e a Luz Interior brilhará de acordo com esse grau de obediência. A mais sublime lei natural é a Lei do Amor. Se obedecermos a essa lei, implicitamente gozaremos da saúde perfeita. Isso tudo pode parecer simples, mas o Aspirante à vida superior, o Estudante Rosacruz, sabe o quanto é difícil darmo-nos de todo o coração, na personificação da Lei que nos foi dada por Jesus Cristo.

Os veículos de Jesus, assumidos pelo Espírito de Cristo, eram os mais perfeitos disponíveis na humanidade. É inconcebível que Cristo-Jesus tenha sucumbido a males e comoções às quais estamos submetidos. É inconcebível que Ele tenha recorrido a remédios ou cura. Pelo contrário, Ele era a cura personificada.

Para que a figura tão sublime como a de Cristo habite em qualquer tipo de Corpo Denso é necessário que esse Corpo esteja totalmente livre das imperfeições que caracterizam os Corpos da maioria da humanidade. Jesus pode fornecer o instrumento perfeito a Cristo porque viveu suas muitas vidas terrenas anteriores de maneira pura e sem egoísmo. Ele, obviamente, praticou a Lei do Amor muito antes de transmiti-la a humanidade e, ao fazê-lo permitiu que sua Luz Interior brilhasse com mais intensidade. Ele estava completamente livre da doença e da imperfeição humana e, portanto, pode fornecer ao Cristo os instrumentos puros para o Santo Ministério.

Esta é a condição a qual todos nós, seriamente, devíamos ficar atentos e nela trabalhar. Cada um de nós, antes de abandonar o corpo físico pela última vez, deveria ter desenvolvido seu Corpos Denso e seu Corpo Vital a tal grau de relativa perfeição, que um Ser de proporções cosmicamente esplêndidas como Cristo poderia utilizá-los, se necessário.

Isso quer dizer, em consequência, que deveríamos ter perfeita saúde no que diz respeito ao Mundo Físico. A saúde perfeita não será conseguida por meio de remédios, nos consultórios médicos com o auxílio de fortificantes. A saúde perfeita depende de como pensamos e agimos, não só do que tomamos como remédio.

Quando levamos em consideração o grau de perfeição alcançado por Jesus, na formação de seus dois veículos inferiores – Corpo Denso e Corpo Vital –, podemos ver aí o quanto ainda temos que evoluir. Todo pensamento ou ação egoísta, todo ato de submissão ao desejo imoderado, todo ouvido surdo ao grito de um irmão ou irmã em desgraça, coloca-nos longe dessa meta. Muitas pessoas, hoje em dia, não conseguem ver uma correlação entre o egocentrismo e a doença; essa correlação, porém, é muito real e verdadeira.

A Luz Interior brilha com seu maior esplendor quando nos tornamos abnegados. Abnegação implica em renúncia e sacrifício, assim como assumir a responsabilidade de ajudar e de prestar serviço em todas as ocasiões necessárias.

É possível alcançar um bom grau de abnegação para com todos mesmo quando não nos liga o amor, isto é, podemos agir com abnegação de acordo com a nossa consciência, porque sabemos que é a maneira certa de agir e não só porque amamos quem está ao nosso lado. Muitas vezes agimos abnegadamente, porque não queremos sentir as dores da consciência ou porque não queremos passar por egoístas durante o Exercício noturno da Retrospecção; agimos, portanto, para nos livrarmos do remorso e dos problemas. Essa atitude pode, de certo modo, ser uma evolução do tipo de egoísmo que existia antes, mas, ainda, não é o auge do desenvolvimento que almejamos.

Somente quando servimos continuamente e alegremente, porque estamos imbuídos do amor impessoal de Cristo, é que alcançaremos a perfeição do desenvolvimento humano, no Mundo Físico. A realização dessa condição exige uma dedicação intensa, autodisciplina e persistência que são percebidas muito vagamente ainda, quando o Aspirante à vida superior inicia o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

A saúde do Aspirante à vida superior está propensa a mudanças, à medida que ele intensifica sua indagação espiritual. Da mesma forma, à medida que ele não se entrega mais a desejos inferiores e não necessita de alimentação pesadas, seus veículos, aos poucos vão se sensibilizando. Uma pessoa ainda não acostumada a tão alto grau de sensibilidade poderá de início ter dificuldades em adaptar-se e até a atribuir essas dificuldades a “nervos”.

É aqui que o desenvolvimento do equilíbrio adquire particular importância. À medida que o Aspirante à vida superior vai conseguindo dominar e alcançar o “pensamento certo e a ação certa” ele poderá começar a usar seus veículos que vão se tornando altamente sensibilizados e, portanto, mais espirituais, para fins mais nobres, não só para sua própria evolução, mas, também no desenvolvimento do serviço para com os outros irmãos e as outras irmãs.

Equilíbrio, em sua essência, é um produto de adesão a Lei do Amor. A prática ativa e constante dessa suprema Lei Natural desenvolve, dentro de nós, o Ego, um sentimento de calma, satisfação e realização que não pode ser encontrada de nenhuma outra maneira. Quando isso acontece os benefícios para a nossa saúde são enormes. A harmonia do nosso estado mental e emocional se reflete no nosso estado físico; todas as partes e órgãos do nosso Corpo Denso trabalham correta e harmoniosamente e não existe nem a doença, nem a enfermidade. A Luz Interior, brilhando intensamente, apagou todo o conflito interior!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1982 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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