Resposta: Certamente, mas há conversões e conversões. Há a conversão que ocorre numa reunião de avivamento ao soar de tambores, ao bater de palmas, ao cantar de hinos evangélicos e o insistente chamado do revivalismo[1] para “vir antes que seja tarde demais”. Todas essas assistências à conversão produzem uma intensa influência hipnótica, que atua sobre a natureza emocional de muitas pessoas e, de tal maneira que esses chamados “pecadores”, não conseguem mais permanecer em seus lugares, pois, no sentido literal, são forçados a obedecer ao comando e se apresentar ao “banco dos enlutados”[2]. Geralmente, esse tipo de conversão é de pouquíssimo valor. Os revivalistas descobrem que é extremamente fácil converter as pessoas dessa maneira. O problema exasperadamente difícil é, como um deles expressou, “fazer com que isso perdure, que a pessoa volte”, pois quando a vítima do revivalista hipnótico deixa a reunião, a influência desaparece gradualmente e, mais cedo ou mais tarde, ele recai em sua atitude original. E embora esses “desviados” possam não sentir nenhuma angústia ao retroceder, a próxima reunião de avivamento os atrai para o banco dos enlutados novamente, com a mesma certeza de que um ímã atrai uma agulha. Eles são convertidos repetidamente e retrocedem regularmente todas as vezes que há uma reunião de avivamento, para o desgosto do revivalista e para a diversão da comunidade, que não sabe que é um simples caso de hipnotismo moderado.
No entanto, há outra conversão, porém, sempre acompanhada por influências astrais (Sol, Lua e Planetas) e conforme a força e intensidade dessas influências a conversão ou mudança na vida, será mais ou menos radical. Isso mostra, então, que a alma atingiu um certo ponto em sua peregrinação, em que sentirá uma atração pela vida superior. A causa imediata da conversão pode ser um sermão, uma palestra, um livro, um versículo da Bíblia ou algo dessa natureza, mas, na verdade, essa é apenas a causa física de algo que já era um fato espiritual. A partir desse momento, o homem ou a mulher começará a considerar uma nova visão da vida, deixará de lado os velhos vícios, seguirá novas linhas de pensamento e de realizações. Pode mudar toda a sua atitude em relação à vida e, também, em relação ao seu ambiente. De fato, muito frequentemente uma viagem o (a) tirou momentaneamente do ambiente habitual, para lhe proporcionar a condição apropriada para o plantio da nova semente.
(Pergunta nº 114 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: O avivamento ou revivalismo é um conjunto de práticas religiosas que produzem uma atmosfera de intensidade espiritual com dois objetivos em mente: convencer os não-cristãos a se converterem ao cristianismo e convencer os cristãos a revitalizar sua fé. O avivamento centra-se na pregação vigorosa e na plateia cantando canções religiosas populares. A pregação e o canto visam provocar respostas racionais e emocionais do público. O revivalismo protestante desenvolveu-se a partir de dois movimentos europeus do final do século XVII — o puritanismo inglês e o pietismo continental. Os puritanos contribuíram com ênfase na conversão visível. Esperava-se que adultos ou crianças mais velhas fossem capazes de contar a história de como se conscientizaram de sua pecaminosidade e de sua consequência final – a morte – e como se tornaram cristãos como resultado. Os puritanos frequentemente descreviam o evento de se tornar um cristão como o “Novo Nascimento”. Em outros momentos e lugares, tem sido descrito como “confiar em Cristo”, “experimentar a salvação”, tomar uma “decisão por Cristo” ou “nascer de novo”.
[2] N.T.: O banco dos enlutados, também conhecido como propiciatório ou banco da ansiedade, nas igrejas metodistas e outras igrejas cristãs evangélicas, é um banco localizado em frente à capela-mor. A prática foi instituída por John Wesley, o fundador da Igreja Metodista. Indivíduos se ajoelham no banco dos enlutados para experimentar o Novo Nascimento e alguns dos que já tiveram o Novo Nascimento vão lá para receber a inteira santificação, enquanto outros, especialmente apóstatas, usam o banco dos enlutados para confessar seus pecados e receber o perdão, em para continuar o processo de santificação. No banco dos enlutados, os indivíduos recebem conselhos espirituais de um ministro. De acordo com a doutrina da mortificação da carne, os penitentes não se ajoelham em almofadas de joelhos, mas sim no chão. Hoje, muitas, mas não todas, as igrejas metodistas suplantam o banco dos enlutados com trilhos da capela-mor, onde os metodistas (assim como outros cristãos evangélicos) recebem a Sagrada Comunhão, além de experimentar o novo nascimento, arrepender-se de seus pecados e orar.
Por Max Heindel
Algum tempo atrás eu tive o privilégio de falar com vocês sobre o assunto “a nota-chave do Cristianismo” e no decorrer dessa palestra trouxemos à nossa Mente o encontro de Pilatos com Cristo, em que a grande e importante pergunta foi feita: “O que é a verdade?”. Vamos olhar para essa imagem mais uma vez. Lá está Pilatos, o representante de César e, em virtude desse fato, uma encarnação do mais alto poder temporal, um governante de todo o mundo com poder sobre a vida e a morte, um homem diante de quem todos tremem. Diante dele está o Cristo, manso e humilde, mas muito maior, pois enquanto esse homem, Pilatos, tem poder sobre o mundo presente, que é evanescente e temporal, ele mesmo está sujeito à morte. Mas Cristo é o Senhor da Vida, o Príncipe de um Reino espiritual que não passa. Ele não responde à pergunta de Pilatos, “O que é a verdade?”, mas em outra ocasião, ele disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”[1]; e “A Verdade vos libertará”[2].
Não se pode negar que estamos agora sob a lei do pecado e sujeitos à morte. A grande questão é, portanto: como encontrar a verdade que nos libertará real e verdadeiramente? Com o propósito de encontrar o caminho, vamos dar uma olhada na aurora dos tempos, quando a humanidade infantil veio pela primeira vez à Terra. De acordo com a Bíblia, uma névoa subiu da Terra quando a crosta do Planeta, que esfriava, secou; quando olhamos para essa Época na Memória da Natureza, encontramos um maravilhoso crescimento tropical de tamanho gigantesco cobrindo a bacia da Terra onde agora está o Oceano Atlântico. Realmente, era um verdadeiro jardim, mas a névoa era tão densa que a luz do Sol nunca poderia penetrá-la; então a humanidade infantil vivia nesse paraíso como filhos do Grande Pai. Eles tinham corpos nessa Época como têm agora, mas não tinham consciência deles, embora pudessem usá-los, assim como usamos nosso aparelho digestivo sem estarmos conscientes disso. E embora eles fossem incapazes de ver fisicamente, a visão espiritual era uma faculdade ainda possuída por todos. Assim eles se viam alma-a-alma; não havia malícia nem hipocrisia, mas a verdade estava com todos.
Gradualmente, no entanto, a névoa clareou e se tornou uma enorme nuvem, envolvendo o Planeta. Simultaneamente, esses “filhos da névoa”, os Niebelungos, começaram a se ver vagamente; tornaram-se cada vez mais “internalizados” em seus Corpos Densos e perceberam finalmente que esse veículo é uma parte do ser humano. Contudo, ao mesmo tempo, eles gradualmente perderam contato com os Mundos espirituais; já não viam a alma com clareza e até mesmo a voz das Hierarquias espirituais, que antes os guiavam como um pai guia seus filhos, tornou-se fraca e vaga. Com o passar do tempo, a nuvem que pairava sobre esse vale havia se condensado o suficiente na atmosfera fria, de um tão denso que se liquefez e caiu sobre a Terra em diversos dilúvios que levou esses “filhos da névoa” até as terras altas, onde, na atmosfera clara e sob arco-íris, eles se viram cara-a-cara pela primeira vez. Gradualmente a grande ilusão de que “somos corpos” tomou conta de tudo; a alma não era mais vista, nem podiam eles ouvir a voz do Grande Pai que cuidou deles durante sua infância, naquele estado paradisíaco. A humanidade ficou órfã, à deriva no deserto do mundo. A vida tornou-se uma luta contra a Morte.
Logo, a maioria da humanidade parecia esquecer que havia um estado tão feliz, embora a história vivesse em canções, em lendas, e houvesse, como ainda há, em cada peito humano um profundo e inerente reconhecimento dessa verdade, uma memória de algo que se perdeu, algo mais precioso do que qualquer coisa que o mundo possa dar. E há, portanto, em cada peito humano um profundo anseio por aquela companhia espiritual que perdemos pela identificação com nossas naturezas inferiores. Encontramos uma encarnação desse anseio no Tannhauser[3], que entrou no Monte de Vênus para satisfazer seu desejo inferior. Depois de algum tempo, ele anseia pelo mundo que deixou e implora a Vênus que permita que ele parta para que possa desfrutar novamente do sofrimento, das torturas de um amor não correspondido, pois ele se cansou do que ela lhe deu gratuitamente. Como ele diz:
Um Deus pode amar sem cessar,
Mas sob as leis do alternar,
Nós, mortais, precisamos em medida ter
Nossa parcela de dor, assim como de prazer.
Esse foi o propósito quando a humanidade foi conduzida da Atlântida[4] para a presente Era do arco-íris[5]; a Lei da Alternância foi dada para que possamos colher como semeamos (Gl 6:7), para que a tristeza e a alegria mudem conforme as estações se sucedem em uma sequência ininterrupta; e, assim, deve continuar até que o sofrimento gerado por nossas transgressões tenha demolido a crisálida que agora mantém a alma agrilhoada, enquanto a natureza inferior se alimenta das cascas da materialidade. A princípio, a humanidade se deleitou com o poder sobre o mundo e nasceu o orgulho da vida; a luxúria dos olhos era grande, mas, embora “os moinhos dos Deuses moam lentamente, eles moem extremamente bem”[6]; mesmo que possamos alcançar o poder, embora a saúde e a prosperidade possam ser nossos servos hoje, chegará um dia em que, como Fausto[7], sentiremos que a vida não tem valor. Então começa a luta de que Fausto fala a seu amigo Wagner com as seguintes palavras:
Tu, por um único impulso, és possuído;
Inconsciente do outro ainda permanece.
Duas almas estão lutando em meu peito
E batalham lá pelo reinado indiviso.
Uma pela terra, com desejo apaixonado,
E a roupa bem colada ainda adere;
Acima da névoa a outra aspira
Com ardor sagrado a esferas mais puras.
São Paulo também descobre que há dentro dele uma natureza inferior, “os desejos da carne”[8], que luta contra as ânsias e os desejos do espírito, mas Goethe, com a maravilhosa penetração do Místico, resolve o grande problema para nós. À pergunta “O que devemos fazer para que possamos alcançar a libertação?”, ele responde:
De todo poder que mantém a alma acorrentada,
O homem se liberta quando o autocontrole ele ganha na sua Jornada.
Podemos, como Pilatos, ter autoridade, talvez não tão grande autoridade. Mas, mesmo supondo que fosse possível a qualquer um de nós se tornar um “governante do mundo” e exercer autoridade sobre a vida e a morte de toda a humanidade, de que isso nos serviria, se não fôssemos capazes de conquistar e controlar a nós mesmos? Por meio de agressão física, César, o mestre de Pilatos (a quem ele representa) conquistou o mundo e todos lhe prestaram homenagens; mesmo assim o seu reino durou apenas alguns anos. Então, o sombrio espectro da morte veio para acabar com sua vida e seu domínio no Mundo Físico. Olhe para o outro, o Cristo, que permaneceu manso e humilde, mas capaz de dizer: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; (…) todo aquele que crê em Mim não perecerá, mas terá a vida eterna”[9]. O governante do mundo, apesar de todo o seu poder e pompa aparentes, ainda está sujeito à morte, mas Aquele que aprendeu a ter poder sobre si mesmo, Aquele que conquistou sua natureza inferior, o corpo de morte, assim se fez ele mesmo o Senhor da Vida, com um reino que é eterno nos Céus. E é dever de cada um de nós seguir Seus passos, pois Ele disse: “estas coisas que eu faço vós também as fareis e maiores”[10]. Cada um de nós é um Cristo em formação, um vencedor no sinal da cruz.
E quando será isso? Quando o sentimento do egoísmo aprisionou o espírito no corpo, perdemos a alma de vista e a morte se tornou nossa porção. Assim que superarmos esse sentimento de egoísmo pelo altruísmo, assim que abandonarmos e esquecermos de nós mesmos e formos iluminados pelo Espírito Universal, teremos vencido o grande inimigo. Então, estaremos prontos para subir na cruz e voar para as esferas mais altas com aquele glorioso grito de triunfo: “Consummatum est” — foi realizado.
O Caminho é pelo Serviço. A verdade é que pelo serviço servimos a nós mesmos, pois todos somos um em Cristo. A Vida é a Vida do Pai, em Quem nós vivemos, nós nos movemos e existimos, e em Quem, consequentemente, não pode haver morte.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1917 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Jo 14:6
[2] N.T.: Jo 8:32
[3] N.T.: Tannhäuser und der Sängerkrieg aus Wartburg (Tannhäuser e o torneio de trovadores de Wartburg, em alemão) é uma ópera em três atos com a música de Richard Wagner, e com o libreto do próprio compositor, de 1845. A ação decorre ao pé de Wartburg, terra de grandes cavaleiros trovadores, onde se realizavam pacíficos concursos de canto, no século XIII. Reza a lenda que ao pé de Wartburg existia o monte de Vênus onde a bela deusa atraía e mantinha cativos no puro deleite, os cavaleiros trovadores. Tannhäuser caiu na quentes garras de Vênus. Essa obra é estudada no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz.
[4] N.T.: na Época Atlante
[5] N.T.: a presente Época Ária
[6] N.T.: antigo provérbio alemão
[7] N.T.: Fausto (em alemão: Faust) é um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. É considerado uma das grandes obras-primas da literatura alemã. Essa obra é estudada no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz.
[8] N.T. Rm 13:14
[9] N.T.: Jo 14:6 e 11:25
[10] N.T.: Jo 14:12
Resposta: É da natureza de um animal carnívoro comer qualquer animal que cruze em seu caminho, e seus órgãos são constituídos de tal forma que ele deve ter esse tipo de dieta para sobreviver, mas tudo se encontra em um estágio de transformação – está sempre mudando para algo superior. O ser humano, nos seus estágios mais antigos de desenvolvimento, também era parecido, em certos aspectos, como os animais carnívoros; no entanto, ele deve se tornar semelhante a Deus e, portanto, em algum momento, deve parar de destruir para que possa começar a criar. Os judeus ainda estavam em uma situação na qual a sua natureza animal era tão forte, que eles nutriam pouquíssimas ideias de altruísmo. Eles se apegaram firmemente à lei: “Olho por olho, dente por dente”, e não eram nada misericordiosos em nenhum aspecto. Avançamos um pouco mais no Caminho da Evolução, e o altruísmo está cada vez mais e mais se evidenciando na nossa vida.
Fomos ensinados que não há outra vida no universo senão a vida de Deus; que “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”; que Sua vida anima tudo o que é e, portanto, naturalmente compreendemos que assim que tiramos uma vida estamos destruindo a forma construída por Deus para Sua manifestação. Os animais inferiores são Espíritos em evolução e têm sensibilidades. Seu desejo de experiências é que faz com que eles construam suas várias formas, e quando tiramos essas formas deles, os privamos de sua oportunidade de ganhar experiência. Impedimos sua evolução em vez de ajudá-los. Isso é desculpável no canibal, que não tem noção disso quando ele come seus semelhantes. Atualmente, encaramos o canibalismo com horror e, também, chegará o dia em que sentiremos uma aversão semelhante ao pensar que nossos estômagos se converteram em cemitério das carcaças de animais mortos.
É natural que desejemos o melhor dos alimentos, mas cada corpo animal contém os venenos de decomposição. O sangue venoso é repleto de dióxido de carbono e outros produtos nocivos que são conduzidos aos rins ou aos poros da pele, do corpo da pessoa que come carne animal, para serem expelidos como urina ou transpiração. Essas substâncias repugnantes se encontram em todas as partes da carne animal e, quando comemos tal alimento, estamos preenchendo nossos próprios corpos com venenos tóxicos. Muitas doenças são causadas pelo uso da carne animal.
Quando clamamos a Bíblia como uma autoridade para comer carne, devemos também estar dispostos a seguir seus preceitos e parar de comer carne de porco, por exemplo, que é o alimento mais nocivo de todos. E é fato notável que os judeus ortodoxos que se abstêm dos alimentos proibidos na Bíblia tem muita baixa propensão a tuberculose e ao câncer.
Em muitas passagens da Bíblia em que se trata da “carne”, é evidente que não se trata do alimento carnívoro. O capítulo do Livro do Gênesis, o primeiro alimento que é atribuído ao ser humano diz que deverá comer de toda árvore e erva que produza semente, “e para você será para carne”. As pessoas mais evoluídas em todos os tempos se abstiveram de alimentos carnívoros. Vemos, por exemplo, Daniel, que era um homem santo e sábio, implorar para que ele não fosse forçado a comer carne, mas que ele e seus companheiros recebessem legumes. Os filhos de Israel quando estavam no deserto são mencionados como “desejando carne”, e em consequência, o seu Deus ficou irritado com eles.
Há um significado esotérico no ato de alimentar a multidão utilizando o peixe como alimento, mas considerando o aspecto puramente material, podemos resumir os pontos levantados em nossa resposta reiterando que, em algum momento, deixaremos o consumo de carne animal (mamíferos, aves, peixes, crustáceos, anfíbios, frutos do mar e afins) à medida que nos elevamos espiritualmente. Qualquer permissão que tenha sido dada no passado bárbaro, desaparecerá no futuro altruísta, quando sensibilidades mais refinadas terão despertado uma percepção mais plena aos horrores envolvidos na gratificação de um paladar carnívoro.
Para uma elucidação mais completa sobre a questão: “A Bíblia justifica o consumo de carne?”, remetemos o leitor a um pequeno panfleto (texto abaixo) com esse título publicado pela Unity Society de Kansas City, Missouri, que apresenta os prós e os contras com grande imparcialidade, e mostra que foi apenas por uma concessão, ao já anteriormente mencionado desejo pela carne, que a prática foi tolerada1.
(Pergunta nº 107 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
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1 A Bíblia justifica o consumo de carne?
É uma suposição comum que a Bíblia justifique o consumo de carne, e a afirmação de que ela o faz é geralmente aceita, pois poucos investigam por si mesmos, mas permitem que suas ideias herdadas e as ideias de outros, que assimilam por associação, governem eles.
Essa considerável convicção é dada à afirmação de que a Bíblia defende o consumo de carne quando certas passagens são consideradas independentemente de passagens correlatas. Os significados literais dos escritos da Bíblia são aparentemente contraditórios e ambíguos, e lidando apenas com a letra, encontramos muitas declarações que não estão de acordo com nossa crença de certo e errado, e por isso deve ser deixado à opinião individual sobre o que é trigo e palha. “Prove todas as coisas; apegue-se ao que é bom.” (1Tess 5:21).
Lemos que “No princípio, Deus criou o céu e a terra.” (Gn 1:1), e sobre a terra, ervas (Gn 1:12 e 2:5), e ao homem que Ele criou (Gn 1:27 e 2:7). “Deus disse: “Eu vos dou todas as ervas que dão semente, que estão sobre toda a superfície da terra, e todas as árvores que dão frutos que dão semente: isso será vosso alimento.” (Gn 1:29). E para as aves, animais, répteis, etc., (Gn 1:20,21, 24,25 e 2:19), Ele disse, “’A todas as feras, a todas as aves do céu, a tudo o que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou como alimento toda a verdura das plantas’ e assim se fez.” (Gn 1:30). “Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom.” (Gn 1:31). Temos aqui a vontade de Deus expressa por ordem direta: “Para você (ervas e frutos de árvores) isso será vosso alimento.” Devemos obedecer a esse mandamento “ou procurar outro”? É claramente aparente aqui que a vontade de Deus era que o ser humano vivesse de ervas e frutos de árvores; e não apenas o ser humano, mas todos os outros organismos cobertos de carne. Evidentemente, então, “no princípio”[1] o ser humano e os outros animais não se devoravam uns aos outros. “Ninguém” não “fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte,” (Is 11:9). Isaías parece ter acreditado que o mundo voltará a seguir os mandamentos de Deus como declarados nesse, o primeiro capítulo da Bíblia, e ele expressou lindamente essa crença em Isaías 11.
“Iahweh Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer.” (Gn 2:9) “E Iahweh Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim.” (Gn 2:16). “e comerás a erva dos campos.” (Gn 3:18). “Com o suor de teu rosto comerás teu pão.” (Gn 3:19). No Livro do Gênesis 4:4-5 ocorre o primeiro relato de oferta, mas nenhuma menção é feita de animais sendo mortos[2].
Em Gênesis 8:20 temos a primeira menção de uma oferta em holocausto, pelo fogo[3], e em Gênesis 15:9-10[4], 17[5], é descrito um sacrifício de animais por ordem de Deus. Encontramos sacrifícios semelhantes em Gênesis 22:13; Êxodo 12; Êxodo 13:13; Êxodo 20:24; Êxodo 24:5,6; Êxodo 29; Êxodo 34:20; Levítico 1; Levítico 3; Levítico 4; Levítico 5; Levítico 6; Levítico 7; Levítico 8; Levítico 9; Levítico 10:14-19; Levítico 12:6, 7,8; Levítico 14; Levítico 15:14, 15; 29, 30; Levítico 16; Levítico 17; Levítico 23; Números 6:10-11; 14-17; Números 7; Números 8:12; Números 15; Números 18; Números 19:3; Números 23; Números 28; Números 29; Deuteronômio 15:19, 20; Deuteronômio 21:4; Juízes 6:19-21; 25-28; Juízes 13:19; I Samuel 1:25; I Samuel 3:13-16; I Samuel 6:14; I Samuel 7:9; II Samuel 6:13; II Samuel 24:22; I Reis 8:63, 64; I Reis 18:23-26; I Cron. 15:26; I Cron. 21:23: I Cron. 29:21; II Cron. 7:5; II Cron. 15:11; II Cron. 29:2-2, 23; 32,33, 34; II Cron. 30:15, 17; II Cron. 35:6-11; Esdras 6:9, 17; Esdras 8:35; Esdras 10:19; Jó 42:8; Ezequiel 43:18-27; Ezequiel 44:11, 15; Ezequiel 45:22-25; Ezequiel 46:4-15; Lucas 2:24, 39.
De acordo com a Epístola de São Paulo aos Hebreus, nos Capítulos 9 e 10, todos os sacrifícios terminaram com o sacrifício de Cristo, e embora muitos mandamentos tenham sido dados ao sacrifício, ainda assim as leis relativas a eles foram cumpridas na crucificação, e depois disso essas leis foram e são nulas e sem efeito.
Que essas leis não tinham muita força é demonstrado pelas muitas passagens do Antigo Testamento que falam depreciativamente de sacrifícios. “não vou tomar um novilho de tua casa, nem um cabrito dos teus apriscos; pois são minhas todas as feras da selva, e os animais nas montanhas, aos milhares; conheço as aves todas do céu, e o rebanho dos campos me pertence. Se eu tivesse fome não o diria a ti, pois o mundo é meu, e o que nele existe. Acaso comeria eu carne de touros, e beberia sangue de cabritos? Oferece a Deus um sacrifício de confissão e cumpre teus votos ao Altíssimo” (Sl 50:9-14).
Evidentemente, devemos oferecer a Deus ações de graças e não animais mortos. “Sacrifício a Deus é um espírito contrito.” (Sl 51:19). Mas nesse Salmo 51, o versículo 16[6] parece estar em desacordo com o versículo 19. O Profeta de Cristo diz: “Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios?, diz Iahweh. Estou farto de holocaustos de carneiros e da gordura de bezerros cevados; no sangue de touros, de cordeiros e de bodes não tenho prazer.” (Is 1:11). E em Isaías 29:1, o sacrifício é desprezado. Sob algumas condições, o sacrifício parece ter sido muito pecaminoso (Is 65:3-4)[7]. Jeremias evidentemente não gostava de sacrificar e comer carne (7:19-21)[8]. Oséias fala de sacrifícios que não são aceitos (8:13[9] e 13:2-3[10]). “Porque, se me ofereceis holocaustos…, não me agradam as vossas oferendas e não olho para o sacrifício de vossos animais cevados.” (Am 5:22). Deus não se agrada de milhares de sacrifícios, mas que os seres humanos pratiquem a justiça e amem a misericórdia, e andem mansamente com Ele (Mq 6:7-8[11]). Assim, as leis do sacrifício são cumpridas, e o grande sacrifício — Cristo Jesus — o trouxe para um fim adequado.
“Tudo o que se move e possui a vida vos servirá de alimento, tudo isso eu vos dou, como vos dei a verdura das plantas. Mas não comereis a carne com sua alma, isto é, o sangue. Pedirei contas, porém, do sangue de cada um de vós. Pedirei contas a todos os animais e ao homem, aos homens entre si, eu pedirei contas da alma do homem.” (Gn 9:3-5). Obviamente, há algo errado com essa passagem, pois é sem sentido, ambígua e conflita com muitas outras passagens da Bíblia, como, por exemplo, Deuteronômio 14 e Levítico 11, Gênesis 1:29 nunca pode ser reconciliado com isso. Gênesis 9:3, e como parece evidente que Gênesis 1 e 9 foram escritos por um mesmo autor, então sem dúvida há um erro nessa passagem. Se todo o Pentateuco é de um autor, então claramente Gênesis 9:3 é incorretamente proferido, pois é tão conflitante com Levítico 11 e Deuteronômio 14, e outras passagens. Nenhuma nação jamais comeu “toda coisa que se move e vive’”, e como algo poderia ser exigido da mão de cada animal? É dito por eruditos hebreus: “Entre Gênesis 9:3 e Levítico 11 (ou como repetido em Deuteronômio 14) parece haver um conflito de declaração. A explicação usual é que as proibições das últimas passagens repousavam sobre os judeus. Gênesis 9:3 é anterior ao primeiro judeu (Abraão) e pretende ser a regra de vida apenas entre os gentios”. Essa explicação certamente não esclarece o conflito, pois Gênesis 1:29 é anterior a Gênesis 9:3. Também a Bíblia tem muitos mandamentos gerais para não comer animais impuros. Se isso é um conflito entre os escritos Elohísticos[12] e os escritos Jeovísticos[13], parece estranho que o compilador, seja Esdras ou não, não o tenha removido. No entanto, é improvável que qualquer explicação seja satisfatória.
Gênesis 18:7-8[14] fornece o primeiro relato de comer carne, e o que é mais singular, pelos mensageiros de Deus. Devemos lembrar que se esses fossem verdadeiramente mensageiros de Deus, eles não poderiam participar de coisas carnais – não tendo corpo carnal, corpo físico – então eles simplesmente passaram pela forma de comer[15], para agradar a Abraão que havia preparado para eles. Mostra um ponto muito importante, porém, que Abraão estava acostumado a comer carne. Mas o código de moral de Abraão envergonharia um selvagem; veja Gênesis 12 e 20. Descobrimos que Isaac seguiu seu pai e comeu carne (Gn 25:27-28)[16]. Isaac parece ter sido um bom discípulo de seu pai em outros assuntos também (Gn 26:7-10)[17].
Lemos em Gênesis 43:16 que José, um dos personagens mais nobres e puros cuja vida é retratada pelo Antigo Testamento, deu a ordem de matar para um banquete; e, no entanto, na refeição, apenas o pão é mencionado como sendo comido (Gn 43:25-32)[18].
No Livro do Êxodo, capítulo 16, encontramos que os hebreus estavam acostumados a comer carne[19] no Egito, e que eles não comiam carne, mas a desejavam, e Deus prometeu carne a eles[20] e codornizes foram enviadas[21]. Mas os eventos desse capítulo (Êxodo 16) são apresentados de forma mais completa em Números 11, e é melhor considerar lá.
No Livro do Êxodo 20:13 e no Livro do Deuteronômio 5:17 dá a ordem: “Não matarás”. Não diz: “Não matarás o máximo”. Uma lei muito singular é dada no Livro do Êxodo 21:28-29[22], que claramente coloca o boi no mesmo plano de consciência que o ser humano, dando ao boi o poder de discernir o certo e o errado, e a capacidade de premeditação do crime. E o castigo deve ser dado ao boi pelos pecados cometidos como se fosse um ser humano. O fato de que o boi pecador deve ser apedrejado até a morte e a carne não comida prova conclusivamente isso. Isaías lançou mais luz sobre este assunto quando disse: “Aquele que mata um boi é como se tivesse matado um homem.” (66:3). A vida de um boi é aqui considerada tão importante quanto a vida de um ser humano, dando assim ao boi plena fraternidade com o ser humano. Uma consideração misericordiosa pela vida e conforto dos animais é mostrada em no Livro do Êxodo 23:12: “Durante seis dias farás os teus trabalhos e no sétimo descansarás, para que descanse o teu boi e o teu jumento, e tome alento o filho da tua serva e o estrangeiro.”.
Também no Livro do Deuteronômio 25:4, “Não amordaçarás o boi que debulha o grão”. E novamente no Livro dos Provérbios 12:10: “O justo conhece as necessidades do seu gado, mas as entranhas dos ímpios são cruéis.”. No Livro de Eclesiastes, capítulo 3 diz: “Quanto aos homens penso assim: Deus os põe à prova para mostrar-lhes que são animais. Pois a sorte do homem e a do animal é idêntica: como morre um, assim morre o outro, e ambos têm o mesmo alento; o homem não leva vantagem sobre o animal, porque tudo é vaidade.”. Assim, os animais e o homem são manifestamente um e o mesmo, ou irmãos. E se é assim, e ninguém que investigue honestamente provavelmente duvidará disso, não pode haver diferença entre comer um homem ou um boi, e o canibalismo é simplesmente uma questão de gosto, e não um grau de pecado. Nessas circunstâncias, matar um boi é um crime tão grande quanto matar um homem, pois homem e boi são irmãos. (Isaías 66:3 e Eclesiastes 3:18,19). Se todas as criaturas vivas são irmãos, e é assim, com um Pai comum (Criador), aos olhos desse Pai, ou Deus, é um grande crime assassinar um organismo como outro. O homem ou a mulher que paga dinheiro ao negociante da carne dos seres criados por Deus é igualmente culpado com aquele que os mata. Eles também são culpados com o torturador que mutila os animais jovens, os cauteriza com ferros em brasa, arranca seus chifres, os marca com arame farpado, os coloca em carros lotados meio alimentados e meio regados, os envia em um frio amargo e calor intenso, amedronta-os e os leva para currais de abate, pendura-os pelos pés, enfia uma faca em suas gargantas. Em contraste com isso, que belo quadro é desenhado por Isaías em 11:6-10[23]. A inteligência total e o raciocínio puro dos animais são concedidos a eles em: Gênesis 3:1; Gênesis 9:10-12; Números 22; IIPedro 2:16; IReis 17:4-6; Jó 6:5; Jó 12:7, 8; Salmos 58:4, 5; Provérbios 6:6-8; Provérbios 30:18, 19; 24-28; Isaías 1:3; Isaías 43:20; Jeremias 8:7; Jonas 2:10; Mateus 10:16; Jó 12:10, onde ensina que todo ser vivo tem uma alma.
No Livro do Êxodo 22:1-31 mostra que era costume matar e devorar certos animais, mas que esse costume era acompanhado de alguma consciência de culpa é mostrado por Êxodo 23:19[24], Êxodo 34:26[25] e Deuteronômio 14:21[26].
Nos Livros de Levítico, capítulo 11, e do Deuteronômio, capítulo 14, é fornecida uma lista de animais e aves, etc. que podem ser comidos, e uma lista que não deve ser comido. Os comedores de carne dão grande ênfase a esses capítulos e afirmam que eles não apenas permitem o consumo de carne, mas também o ordenam. Uma leitura cuidadosa do Livro do Deuteronômio, capítulos 12 e 14, mostra que se as pessoas têm uma avassaladora luxúria para carne, eles podem comer certos animais sob restrições e condições que tendem a tornar o consumo de carne extremamente árduo.
“Todo homem da casa de Israel que, no acampamento ou fora dele, imolar novilho, cordeiro ou cabra, sem o trazer à entrada da Tenda da Reunião, para fazer dele uma oferenda a Iahweh, diante do seu tabernáculo, tal homem responderá pelo sangue derramado e será eliminado do meio do seu povo.” (Lv 17:3-4) e “e diante de Iahweh teu Deus, no lugar que ele houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome, comerás o dízimo do teu trigo, do teu vinho novo e do teu óleo, como também os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas continuamente a temer a Iahweh teu Deus. Caso o caminho seja longo demais para ti, e não possas levar o dízimo — porque o lugar que Iahweh teu Deus escolheu para aí colocar o seu nome fica muito longe de ti, quando Iahweh teu Deus te houver abençoado, — vende-o então por dinheiro, toma o dinheiro em tua mão e vai para o lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido.6Lá trocarás o dinheiro por tudo o que desejares: vacas, ovelhas, vinho, bebida embriagante, tudo enfim que te apetecer. Comerás lá, diante de Iahweh teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua família.” (Dt 14:23-26).
““Eu queria comer carne!”., caso desejes comer carne, podes comer carne o quanto queiras.” (Dt 12:20).
“É no lugar que Iahweh vosso Deus houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome que trareis tudo o que eu vos ordenei: vossos holocaustos, vossos sacrifícios, vossos dízimos, os dons das vossas mãos e todas as oferendas escolhidas que tiverdes prometido como voto a Iahweh.” Dt (12:11)
“Tu os comerás diante de Iahweh teu Deus, somente no lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido, tu, teu filho e tua filha, teu servo e tua serva, e o levita que habita contigo. E te alegrarás diante de Iahweh teu Deus de todo o empreendimento da tua mão.” (Dt 12:18)
“Se o lugar escolhido por Iahweh teu Deus para aí colocar o seu nome estiver muito longe de ti, poderás então imolar das vacas e ovelhas que Iahweh teu Deus te houver dado, conforme te ordenei. Poderás comer nas tuas cidades o quanto desejares.” (Dt 18:21). Um exame cuidadoso da lista de animais permitidos para serem comidos nos Livros de Deuteronômio, capítulo 14, e Levítico, capítulo 11, mostra que os antigos hebreus exibiam uma inteligência que, vista do ponto de vista científico material, está muito à frente daquela dos Cristãos carnívoros do civilização atual. A discriminação relativa aos mamíferos é tão quase perfeita quanto parece possível para o ser humano carnívoro fazê-lo, e quanto aos pássaros, a mesma inteligência maravilhosa é mostrada. Os peixes proscritos e os animais aquáticos são aqueles que são claramente impróprios para alimentação; especialmente é esse de espécies de água doce. Mas esse excelente grau de sabedoria não é mostrado quanto aos insetos e répteis permitidos e rejeitados, a intenção sendo vaga e incerta e a discriminação não é boa, pois nenhuma tentativa é feita para separar o limpo do impuro. Das coisas móveis que vivem sobre a face da Terra, uma, os porcos, é primordial quanto ao consumo de alimentos imundos; e os hábitos dos porcos são tão imundos quanto os alimentos que consomem. E, no entanto, as mesmas pessoas que recorrem a Levítico, capítulo 11 e Deuteronômio, capítulo 14, para justificá-los no consumo de carne ignorarão deliberadamente as passagens mais fortes desses capítulos, abordando a devoração de carne suína. Como qualquer povo civilizado ou semicivilizado pode cair em um costume tão abominável como comer carne de porco, está além de qualquer compreensão.
Um intelecto mais depravado, governado por uma luxúria incontrolável, deve ter primeiro concebido a ideia dessa prática repugnante. “tereis como impuro o porco porque, apesar de ter o casco fendido, partido em duas unhas, não rumina.” (Lv 11:7). “Não comereis da carne deles nem tocareis o seu cadáver, e vós os tereis como impuros” (Lv 11:8). “Quanto ao porco, que tem o casco fendido, mas não rumina, vós o considerareis impuro. Não comereis de sua carne e nem tocareis em seus cadáveres.” (Dt 14:8). O Profeta de Cristo diz: “Um povo que continuamente me provoca à ira, … que come carne de porco… meu nariz, um fogo que queima o dia todo” (Is 65:3-5). O Livro de Isaías, 65:1-5, foi referido por São Paulo, apóstolo dos gentios, em sua Epístola aos Romanos 10:20-21[27]. E Cristo destruiu um rebanho de suínos (Mt 8:31-32), mas Ele não veio para destruir (Mt 5:17).
Então, para resumir os Livros de Deuteronômio, capítulo 14, e Levítico, capítulo 11, parece que se a concupiscência do ser humano carnal não pode ser vencida, ela pode ser ratificada comendo certos animais limpos, sob condições muito restritas. “e diante de Iahweh teu Deus, no lugar que ele houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome, comerás o dízimo do teu trigo, do teu vinho novo e do teu óleo, como também os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas continuamente a temer a Iahweh teu Deus. Caso o caminho seja longo demais para ti, e não possas levar o dízimo — porque o lugar que Iahweh teu Deus escolheu para aí colocar o seu nome fica muito longe de ti, quando Iahweh teu Deus te houver abençoado, — vende-o então por dinheiro, toma o dinheiro em tua mão e vai para o lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido. Lá trocarás o dinheiro por tudo o que desejares: vacas, ovelhas, vinho, bebida embriagante, tudo enfim que te apetecer. Comerás lá, diante de Iahweh teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua família.” (Dt 14:23-26). Certamente, comer carne não era uma prática comum nessas condições. Não há mais razão para os Cristãos tentarem seguir as partes desses capítulos que podem agradar suas concupiscências do que haveria na tentativa de seguir a ordem em Levítico 26:29: “Comereis a carne dos vossos filhos e comereis a carne das vossas filhas.”.
Um Cristão segue a lei estabelecida no Livro do Deuteronômio, capítulo 14, versículo 21?
O Livro de Amós diz que comedores de carne devem entrar em cativeiro. (6:4:7)[28].
“…tirarei o seu sangue de sua boca e as suas abominações dentre os seus dentes. Ele, também, será um resto para o nosso Deus, será como uma família em Judá, e Acaron como um jebuseu.” (Zc 9:7).
Que São João Batista comeu gafanhotos (Mt 3:4[29] e Mc 1:6[30]) é certo, mas São João deve ter tido muitas falhas. (Mt 11:11). Ainda assim, comer gafanhotos não é tão errado quanto comer vertebrados.
Cristo Jesus deu à multidão peixe para comer (Mt 14:17,19,20; Mt 15:36,37; Mc 6:41; Mc 8:7,8; Lc 9:16,17 e Jo 6:11), mas não há registro de que ele mesmo os comeu, e de acordo com São João (Jo 6:9[31]) nem Cristo Jesus nem seus Discípulos tinham o peixe original. Embora Cristo Jesus possa não ter aprovado comer carne, ainda no caso de peixe, pelo menos, ele tolerou. Mas não há nada no Novo Testamento tocando nessa questão que seja de alguma consequência. O mais sério é no Evangelho Segundo São Lucas, em 24:42:43[32]. Aqui Cristo Jesus aparentemente comeu peixe, mas essas passagens não são absolutamente claras. Como isso aconteceu após a crucificação, Cristo Jesus deve ter estado em estado espiritual onde o corpo carnal não exigia sustento; portanto, se Cristo Jesus comeu peixe, ele estava apenas passando pela forma de comer para convencer Seus Discípulos de que Ele era um “homem de carne e sangue” (?). Ainda assim, como São Lucas recebeu sua informação em segunda mão, e não escreveu o registro por, provavelmente, meio século depois, é muito provável que ele tenha cometido um erro aqui, pois São João, que estava presente nesta cena, não diz nada sobre Cristo Jesus comer peixe nessa ocasião, mas São João diz: “Jesus aproxima-se, toma o pão e o distribui entre eles; e faz o mesmo com o peixe.” (Jo 21:13). “Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e foi quem as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.” (Jo 21:24).
Os judeus comiam peixes e outros animais, e que Cristo Jesus reconheceu esse fato é demonstrado no Evangelho Segundo São Mateus 22:4[33]; Evangelho Segundo São Lucas 11:11[34] e em 15:23-29,30[35], mas não há insinuação de que Ele o sancionou.
No Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 10, é retratada uma visão de São Pedro, que às vezes é usada como justificativa para comer carne, mas esse capítulo e o seguinte explicam tão claramente que a visão se aplica a pessoas e não a alimentos, que não é digna de consideração.
São Paulo pensava que homens, pássaros, peixes e animais tinham, cada um, um tipo diferente de carne (ICor 15:39[36]), e que nenhuma ordem deveria ser dada “exigirão a abstinência de certos alimentos, quando Deus os criou para serem recebidos, com ação de graças, pelos que têm fé e conhecem a verdade. Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada é desprezível, se tomado com ação de graças,” (ITim 4:3-4). São Paulo parece sancionar o consumo de carne aqui e no capítulo 10 da Primeira Epístola aos Coríntios, embora seja muito vago. Ainda assim, São Paulo ensinou algumas coisas que nenhuma igreja Cristã aceita.
O Espírito Santo desceu sobre Cristo Jesus em forma corpórea como uma pomba (Lc 3:22[37]). É difícil conceber o Espírito Santo assumindo a forma de um animal destinado a ser devorado pelo homem para satisfazer um apetite carnal. Cristo Jesus era frequentemente mencionado como um Cordeiro, e Cristo Jesus chamou seus Discípulos de cordeiros e ovelhas (Jo 21:15-17[38] e Jo 10:3,7,8[39]). Parece singular que Cristo Jesus e seus Ciscípulos sejam chamados pelo nome de um animal que deveria ser devorado. |
“Sede misericordiosos” (Lc 6:36) aplica-se igualmente bem a todos os seres criados por Deus. E da mesma forma, o comando: “Não mate.” (Lc 18:20).
Os Apóstolos ensinaram a abstenção de sangue. (At 15:20-29[40] e 21:25[41]).
Na Epístola de São Paulo aos Romanos, no capítulo 14, nos ensina que comer carne é um assunto que deve ser deixado ao julgamento do indivíduo.
“Eis porque, se um alimento é ocasião de queda para meu irmão, para sempre deixarei de comer carne, a fim de não causar a queda de meu irmão.” (ICor 8:13).
Aqueles “cujo Deus é seu ventre” são inimigos de Cristo (Fp 3:18,19). “O alimento sólido” é mencionada em na Epístola de São Paulo aos Hebreus em 5:14, mas não tem relação com o assunto de comer carne. A última ordem de Cristo Jesus foi: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” (Lc 16:15; Cl 1:23).
Considerando todos os escritos da Bíblia, descobrimos que a preponderância de evidências dignas de crédito é esmagadoramente oposta ao consumo de carne. Não há absolutamente nada que justifique isso, e a única desculpa que se pode oferecer para devorar as carcaças dos seres criados de Deus é a luxúria do ser humano carnal.
Se matarmos e ensinarmos outros a matar, construiremos na consciência pensamentos de morte e falta de vida. “Não vos iludais; de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá.” (Gl 6:7). Se participamos de animais mortos, estamos participando da morte e, assim, atraindo a morte para nós. Se desejamos ver o Reino de Cristo, tão belamente descrito no Capítulo 2 do Livro de Isaias, estabelecido na Terra, teremos que fazer nossa parte na preparação para ele, e devemos construir e não destruir, enquanto aguentarmos a imagem de morte e destruição diante de nossos vizinhos e de nós mesmos, por tanto tempo estamos retardando a chegada deste tempo de perfeição pacífica tão graficamente retratado pelo irônico profeta de Cristo.
“Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará das suas raízes.Sobre ele repousará o espírito de Iahweh, espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Iahweh: no temor de Iahweh estará a sua inspiração. Ele não julgará segundo a aparência. Ele não dará sentença apenas por ouvir dizer. Antes, julgará os fracos com justiça, com equidade pronunciará uma sentença em favor dos pobres da terra. Ele ferirá a terra com o bastão da sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos seus lombos e a fidelidade, o cinto dos seus rins. Então o lobo morará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos e um menino pequeno os guiará. A vaca e o urso pastarão juntos, juntas se deitarão as suas crias. O leão se alimentará de forragem como o boi. A criança de peito poderá brincar junto à cova da áspide, a criança pequena porá a mão na cova da víbora. Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte, porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh, como as águas enchem o mar. Naquele dia, a raiz de Jessé, que se ergue com um sinal para os povos, será procurada pelas nações, e a sua morada se cobrirá de glória.” (Is 11:1-10.).
“O lobo e o cordeiro pastarão juntos e o leão comerá feno como o boi. Quanto à serpente, o pó será o seu alimento. Não se fará mal nem violência em todo o meu monte santo, diz Iahweh Deus.” (Is 65:25).
“Farei em favor deles, naquele dia, um pacto com os animais do campo, com as aves do céu e com os répteis da terra. Exterminarei da face da terra o arco, a espada e a guerra; fá-los-ei repousar em segurança.” (Os 2:20). E quando nos prepararmos e prepararmos o mundo para receber nosso Rei – quando deixarmos de lado o “homem carnal” – quando não ferirmos, nem destruirmos, nem devorarmos – quando nos elevarmos acima do pecado, da doença, tristeza e morte, e entrarmos em Seu “descanso glorioso”, e aprendermos que o amor é a lei suprema – então, e não até então, haverá a “vinda do Filho do homem”, e todos poderemos dizer: “Bendito o que vem em nome do Senhor.”.
Se quisermos ver a segunda vinda de Cristo realmente ocorrer, como foi prometido, devemos preparar a nós mesmos e ao mundo para recebê-lo.
Não podemos descansar na esperança, mas devemos fazer nossa parte do trabalho. Não podemos realizar nada esperando com calma. Devemos estar trabalhando na construção do Reino, e o fundamento mais seguro que podemos construir está na Regra de Ouro. Devemos “viver e deixai viver”. Devemos nos levantar, e “como o relâmpago sai do leste e brilha até o oeste”, assim devemos “enviar a boa “palavra” e ensinar todos os seres criados a preparar o caminho” diante d’Ele.
Então veremos um “novo Céu e uma nova Terra”, pois o velho terá “passado”, e “veremos o Filho do homem vindo nas nuvens do céu, com poder e grande glória” e O verão entronizado e governando através do poder do amor, e então “não farão mal nem destruirão em todo o meu santo monte”. E não haverá mais morte, nem pesar, nem pranto e nem dor”.
FIM
(Publicado na revista Unity[42] Tract Society, Kansas City, MO. nas edições de novembro, dezembro de 1904 e janeiro e fevereiro de 1905 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Em todas as linhas de investigação, chegamos ao “princípio” com um ser humano vegetariano. No poema mais antigo conhecido, o épico acádico (da cidade de Acad) de Isdubar de Erech (Gn 10:10) ocorrem estas linhas: “Com as gazelas à noite ele comeu sua comida. Durante o dia com feras do campo ele vivia. Seu coração se alegrou quando viu coisas VIVAS.”. E em vislumbres obscuros e sombrios do Egito primitivo, vemos o ser humano comendo grãos, frutas e vegetais. Darwin diz sobre o ser humano primitivo: “Ele provavelmente habitava um país quente; uma circunstância favorável para a dieta frugífera, na qual, a julgar por analogia, ele subsistiu”.
[2] N.T.: Abel, por sua vez, também ofereceu as primícias e a gordura de seu rebanho. Ora, Iahweh agradou-se de Abel e de sua oferenda. Mas não se agradou de Caim e de sua oferenda, e Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido.
[3] N.T.: Noé construiu um altar a Iahweh e, tomando de animais puros e de todas as aves puras, ofereceu holocaustos sobre o altar.
[4] N.T.: Ele lhe disse: “Procura-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho”. Ele lhe trouxe todos esses animais, partiu-os pelo meio e colocou cada metade em face da outra; entretanto, não partiu as aves.
[5] N.T.: Quando o sol se pôs e estenderam-se as trevas, eis que uma fogueira fumegante e uma tocha de fogo passaram entre os animais divididos.
[6] N.T.: Livra-me do sangue, ó Deus, meu Deus salvador, e minha língua aclamará tua justiça.
[7] N.T.: “a um povo que me provoca de frente sem cessar, sacrificando nos jardins, queimando incensos sobre as lajes…comendo carne de porco, pondo nos seus pratos postas impuras”.
[8] N.T.: “Mas será a mim que eles ofendem?, oráculo de Iahweh. Não será a eles mesmos, para a sua própria vergonha? Por isso, assim disse o Senhor Iahweh: Eis que minha ira ardente se derramará sobre este lugar, sobre os homens, sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da leira. Ela arderá e não se extinguirá. Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Acrescentai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios e comei a carne!”.
[9] N.T.: “Eles oferecem os sacrifícios que amam, comem a carne, mas Iahweh não os aceitará. Agora ele se lembrará de suas faltas e castigará os seus pecados: eles voltarão ao Egito.”
[10] N.T.: “Eles dizem: “Oferecei-lhes sacrifícios”. Homens beijam bezerros. 3Por isso, serão como a nuvem da manhã, como o orvalho que cedo desaparece, como a palha que voa fora da eira e como a fumaça que sai pela janela.”.
[11] N.T.: “Terá Iahweh prazer nos milhares de carneiros ou nas libações de torrentes de óleo? Darei eu o meu primogênito pelo meu crime, o fruto de minhas entranhas pelo meu pecado?”. — “Foi-te anunciado, ó homem, o que é bom, e o que Iahweh exige de ti: nada mais do que praticar o direito, gostar do amor e caminhar humildemente como teu Deus.”
[12] N.T.: relativo à Elohim, não necessariamente de Jeová.
[13] N.T.: Relacionado à Jeová (Iahweh Deus).
[14] N.T.: “Depois correu Abraão ao rebanho e tomou um vitelo tenro e bom; deu-o ao servo que se apressou em prepará-lo. Tomou também coalhada, leite e o vitelo que preparara e colocou tudo diante deles; permaneceu de pé, junto deles, sob a árvore, e eles comeram.”
[15] N.T.: Josephus (foi um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis) disse: “Eles fizeram um demonstração de comida”.
[16] N.T.: 7Os meninos cresceram: Esaú tornou-se um hábil caçador, correndo a estepe; Jacó era um homem tranquilo, morando sob tendas.8Isaac preferia Esaú, porque apreciava a caça, mas Rebeca preferia Jacó.”
[17] N.T.: “Os homens do lugar interrogaram-no sobre sua mulher e ele respondeu: “É minha irmã”. Ele teve medo de dizer: “Minha mulher,” pensando: “Os homens do lugar me matarão por causa de Rebeca, pois ela é bonita”. Ele estava lá há muito tempo quando Abimelec, rei dos filisteus, olhando uma vez pela janela, viu que Isaac acariciava Rebeca, sua mulher. Abimelec chamou Isaac e disse: “É evidente que é tua mulher! Como pudeste dizer: ‘É minha irmã’?”. Isaac lhe respondeu: “Pensei comigo: corro o risco de morrer por causa dela”. Retomou Abimelec: “Que nos fizeste? Por pouco alguém do povo dormia com tua mulher e tu nos atrairias uma falta!””.
[18] N.T.: “Eles prepararam o presente, esperando que José viesse ao meio-dia, porque souberam que ali fariam refeição. Quando José entrou na casa, ofereceram-lhe o presente que tinham consigo e se prostraram por terra. Mas ele os saudou amigavelmente e perguntou: “Como está vosso velho pai, de quem me falastes: ele ainda vive?”. Responderam: “Teu servo, nosso pai, está bem, ele ainda vive,” e se ajoelharam e se prostraram. Erguendo os olhos, José viu seu irmão Benjamim, o filho de sua mãe, e perguntou: “É este o vosso irmão mais novo, de que me falastes?”. E dirigindo-se a ele: “Que Deus te conceda graça, meu filho”. E José apressou-se em sair, porque suas entranhas se comoveram por seu irmão e as lágrimas lhe vinham aos olhos: entrou em seu quarto e ali chorou. Tendo lavado o rosto, voltou e, contendo-se, ordenou: “Servi a refeição”. Serviram-no à parte, eles à parte e à parte, também, os egípcios que comiam com ele, porque os egípcios não podem tomar suas refeições com os hebreus: têm horror disso.”
[19] N.T.: Ex 16:3: “Os filhos de Israel disseram-lhes: “Antes fôssemos mortos pela mão de Iahweh na terra do Egito, quando estávamos sentados junto à panela de carne e comíamos pão com fartura! Certamente nos trouxestes a este deserto para fazer toda esta multidão morrer de fome”.”
[20] N.T.: Ex 16:8: “E Moisés disse: “Iahweh vos dará esta tarde carne para comer, pela manhã pão com fartura, pois ouviu a vossa murmuração contra ele. Porque nós, o que somos? Não são contra nós as vossas murmurações, e sim contra Iahweh”.” Ex 16:12: ““Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel; dize-lhes: Ao crepúsculo comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou Iahweh vosso Deus”.”
[21] N.T.: Ex 16:13: “À tarde subiram codornizes e cobriram o acampamento; e pela manhã havia uma camada de orvalho ao redor do acampamento.”
[22] N.T.: “Se algum boi chifrar homem ou mulher e causar sua morte, o boi será apedrejado e não comerão a sua carne; mas o dono do boi será absolvido. Se o boi, porém, já antes marrava e o dono foi avisado, e não o guardou, o boi será apedrejado e o seu dono será morto.”
[23] N.T.: “Então o lobo morará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos e um menino pequeno os guiará. A vaca e o urso pastarão juntos, juntas se deitarão as suas crias. O leão se alimentará de forragem como o boi. A criança de peito poderá brincar junto à cova da áspide, a criança pequena porá a mão na cova da víbora. Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte, porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh, como as águas enchem o mar. Naquele dia, a raiz de Jessé, que se ergue com um sinal para os povos, será procurada pelas nações, e a sua morada se cobrirá de glória.”
[24] N.T.: “Trarás as primícias dos frutos da tua terra à casa de Iahweh teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe.”
[25] N.T.: “Trarás o melhor das primícias para a Casa de Iahweh teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite da sua própria mãe.”
[26] N.T.: “Não podereis comer de nenhum animal que tenha morrido por si. Tu o darás ao forasteiro que vive em tua cidade para que ele o coma, ou vendê-lo-ás a um estrangeiro. Porque tu és um povo consagrado a Iahweh teu Deus. Não cozerás um cabritinho no leite de sua mãe.”
[27] N.T.: “E Isaías ousa até dizer: Fui encontrado por aqueles que não me procuram; tornei-me visível aos que não perguntam por mim. E a Israel diz: O dia todo estendi as mãos a um povo desobediente e rebelde.”
[28] N.T.: “Eles estão deitados em leitos de marfim, estendidos em seus divãs, comem cordeiros do rebanho e novilhos do curral,improvisam ao som da harpa, como Davi, inventam para si instrumentos de música, bebem crateras de vinho e se ungem com o melhor dos óleos, mas não se preocupam com a ruína de José. Por isso, agora, eles serão exilados à frente dos deportados, e terminará a orgia daqueles que estão estendidos.”
[29] N.T.: “Seu alimento consistia em gafanhotos e mel silvestre.”
[30] N.T.: “e se alimentava de gafanhoto e mel silvestre.”
[31] N.T.: “’Há aqui um menino, que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isso para tantas pessoas?’”
[32] N.T.: “Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o, então, e comeu-o diante deles.”
[33] N.T.: “Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram degolados e tudo está pronto. Vinde às núpcias’”.
[34] N.T.: “Quem de vós, sendo pai, se o filho lhe pedir um peixe, em vez do peixe lhe dará uma serpente?”.
[35] N.T.: “Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois, este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’”.
[36] N.T.: “Nenhuma carne é igual às outras, mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos quadrúpedes, outra a dos pássaros, outra a dos peixes.”.
[37] N.T.: “e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho; eu, hoje, te gerei!”.
[38] N.T.: “Depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes”? Ele lhe respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta os meus cordeiros”. Uma segunda vez lhe disse: “Simão, filho de João, tu me amas?”. — “Sim, Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez disse-lhe: “Simão, filho de João, tu me amas?”. Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu me amas?”. e lhe disse: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes quente amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas.”.
[39] N.T.: Jo 10:3: “A este o porteiro abre: as ovelhas ouvem a sua voz e ele chama as suas ovelhas uma por uma e as conduz para fora.”. Jo 10:7-8: “7Disse-lhes novamente Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes; mas as ovelhas não os ouviram.”.
[40] N.T.: “Mas se lhes escreva que se abstenham do que está contaminado pelos ídolos, das uniões ilegítimas, das carnes sufocadas e do sangue. Com efeito, desde antigas gerações tem Moisés em cada cidade os seus pregadores, que o leem nas sinagogas todos os sábados”. Então pareceu bem aos apóstolos e anciãos, de acordo com toda a Igreja, escolher alguns dentre os seus e enviá-los a Antioquia, junto com Paulo e Barnabé. Foram Judas, cognominado Bársabas, e Silas, homens considerados entre os irmãos. Por seu intermédio, assim escreveram: “Os apóstolos e os anciãos, vossos irmãos, aos irmãos dentre os gentios que moram em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saudações! Tendo sabido que alguns dos nossos, sem mandato de nossa parte, saindo até vós, perturbaram-vos, transtornando vossas almas com suas palavras, pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo, escolher alguns representantes e enviá-los a vós junto com nossos diletos Barnabé e Paulo,homens que expuseram suas vidas pelo nome de nosso Senhor, Jesus Cristo. Nós vos enviamos, pois, Judas e Silas, eles também transmitindo, de viva voz, estas mesmas coisas. De fato, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum outro peso além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas, e das uniões ilegítimas. Fareis bem preservando-vos destas coisas. Passai bem.””.
[41] N.T.: “Quanto aos gentios que abraçaram a fé, já lhes escrevemos sobre nossas decisões: que se abstenham das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das uniões ilegítimas””.
[42] N.T.: UNITY é um manual de Cristianismo Prático e Cura Cristã. Ele apresenta a pura doutrina de Jesus Cristo diretamente da fonte, “O Espírito Santo, que vos conduzirá a toda a Verdade”. Não é o órgão de nenhuma seita, mas permanece independente como um expoente do Cristianismo prático, ensinando a aplicação prática em todos os assuntos da vida da doutrina de Jesus Cristo; explicando a ação da Mente e como ela é o elo de ligação entre Deus e o ser humano; como a ação da Mente afeta o corpo, produzindo discórdia ou harmonia, doença ou saúde, e traz o ser humano para a compreensão da Lei Divina, harmonia, saúde e paz, aqui e agora.
Desde que o trabalho da Fraternidade Rosacruz foi iniciado, em 14 de novembro de 1908, os movimentos com nome de “Rosacruz” multiplicaram-se rapidamente. Parece haver uma mania perfeita para anexar a palavra Rosacruz aos seus nomes; mas para garantir a distinção do restante, alguns escrevem com “k “— Rosakruz. Outros usam “ae” em vez do “a” — Rosaecrucianismo. Alguns deles fazem grandes reivindicações. Um até mesmo afirma ter seis milhões de membros, entre os quais estão os chefes coroados da Europa e todas as pessoas ilustres de todas as épocas, incluindo Moisés, Elias, os faraós do Egito e outros grandes demais para serem mencionados.
Tampouco é de admirar que essa deslumbrante fantasmagoria cegue alguns de nossos membros mais fracos, que correm para essas ordens com plena fé de que o chamado Grão-Mestre, Imperator ou qualquer outro nome fantasioso, simplesmente vai mover uma varinha mágica sobre eles e suas asas brotarão, imediatamente os tornando oniscientes como os deuses. Aos poucos eles entenderão melhor: o avanço no Caminho da realização espiritual depende, como já dissemos mil vezes, do crescimento da alma (crescimento anímico); ninguém pode assimilar nosso alimento espiritual para nós, nem crescer por nós, assim como não pode comer nosso café da manhã físico e nos entregar o valor alimentar pelo qual podemos crescer fisicamente mais fortes.
Shakespeare fez a pergunta: o que há em um nome? Pode haver pouco e pode haver muito. Todos nós conhecemos o valor comercial de um bom nome para designar uma marca de produtos; contudo, não importa quão bom seja o nome, a menos que os produtos que ele represente sejam de excelente qualidade, o nome por si só não pode torná-los um sucesso permanente e a mesma coisa é válida para um movimento espiritual — deve ter uma base sólida, uma filosofia robusta.
Os hindus receberam os Vedas; os persas receberam o Zend Avesta; os maometanos, o Alcorão; os Cristãos, a Bíblia. Cada grande Religião teve seu próprio livro-texto particular que é o fundamento da sua fé e esse livro-texto tem três pilares: um relato sobre a nossa origem, uma declaração sobre o futuro reservado para nós e um códigode ética. Mesmo nos tempos modernos descobrimos que os Cientistas Cristãos têm seu livro-texto, Ciência e Saúde, e os Teosofistas têm a Doutrina Secreta.
Antes do início da Fraternidade Rosacruz, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz deram ao escritor os ensinamentos monumentais contidos no Conceito Rosacruz do Cosmos, que supera todas as filosofias anteriores. Esse é agora o livro-texto da Fraternidade Rosacruz e está se espalhando por todo o mundo da maneira mais maravilhosa, pois encontra em todos os lugares, entre as pessoas pensantes, um assentimento incondicional, porque apela ao fórum interno da verdade.
A Filosofia Rosacruz foi oferecida, pela primeira vez, pelos Irmãos Maiores a Max Heindel com a condição de que ele a mantivesse em segredo e só a revelasse a alguns, através do rito e dos mistérios da Iniciação. Mas, sendo ele mesmo, naquela época, uma alma faminta em busca da solução do mistério da vida, recusou a oferta, embora repetidas propostas fossem feitas para que ele se retratasse. Ele pensou que se esse ensinamento fosse bom para ele, seria bom para milhares de outras almas famintas no mundo; finalmente, foi dado a ele na condição inversa, ou seja, que ele fizesse tudo ao seu alcance para promulgar a Filosofia Rosacruz. Ele foi submetido a um teste para ver se a usaria egoisticamente ou se seria firme em seu propósito de dá-la à humanidade; por isso, a Filosofia Rosacruz está sendo difundida publicamente através desse livro-texto para que todo aquele que busca, venha e beba de graça dessa “água da vida”.
Basta pensar o que teria acontecido se os Apóstolos tivessem conspirado, com sucesso, para manter os ensinamentos de Cristo longe do mundo ou se os primeiros Sábios da Índia ou da Pérsia, que receberam os Vedas e o Zend Avesta, respectivamente, tivessem feito isso. Então todo o mundo teria ficado séculos sem o ensino religioso e, certamente, todos sabem que isso teria sido um grande prejuízo para a evolução espiritual de muitos. Tendo isso em mente, basta aplicar os mesmos argumentos de bom senso às alegações dos chamados “Mestres”, que professam iniciar nos mistérios desta ou daquela Ordem qualquer um que tenha recursos financeiros, mas nada oferecem ao público. É fácil pegar um nome e fazer afirmações, mas peça-lhes para produzirem seu livro e compará-lo com a Bíblia ou o Conceito Rosacruz do Cosmos, veja se ele cobre os três pontos essenciais que mencionamos e nenhum outro teste será necessário para mostrar a sua condição de falso Mestre.
A Fraternidade Rosacruz não tem coisa alguma contra essas pessoas, pois, como se diz que a imitação é a forma mais sincera de elogio, supomos que elas reconhecem o mérito e a força do nosso movimento ou não tentariam imitá-lo.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de abril/1916 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta: Contrariando a opinião normalmente aceita, os quatro Evangelhos não são, absolutamente, a biografia de Jesus, o Cristo; são Fórmulas de Iniciação de quatro diferentes Escolas de Mistérios e, para ocultar seu significado esotérico, a vida e o ministério de Cristo também foram mesclados. Facilmente, isso poderia ser feito, porque todos os Iniciados, sendo individualidades cósmicas, possuem experiências similares. É correto dizer que Cristo falava à multidão por parábolas, mas o significado oculto era transmitido a Seus Discípulos em particular. São Paulo também dava leite aos fracos e carne aos fortes. Nunca houve a pretensão de transmitir os símbolos ocultos às pessoas comuns, ou de fazer da Bíblia “um livro aberto de Deus”, como muitos atualmente acreditam.
Ao ler na Memória da Natureza descobrimos que, no momento da crucificação, não houve apenas dois, mas vários, que foram crucificados. Naquela época, se aplicava a pena de morte para as mínimas transgressões e muitos foram penalizados com essas mortes bárbaras. Deste modo, aqueles que quisessem encobrir o significado oculto dos Evangelhos, não encontraram dificuldades em encontrar algo com que pudessem completar a história e obscurecer os pontos que são realmente vitais na crucificação. A parte da história que se relaciona aos ladrões é, portanto, um verdadeiro incidente, não tendo nenhum significado esotérico.
(Pergunta nº 99 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
A maioria das edições da Bíblia utilizada pelos nossos irmãos e irmãs protestantes tem a versão do Rei James. E mesmo outras versões diferem da Bíblia utilizada pelos nossos irmãos e irmãs católicos e de outras Religiões Cristãs. Muitas pessoas acreditam que a Bíblia utilizada pelos nossos irmãos e irmãs protestantes seja realmente completa. A menos, isto é, que tenham visto a Douay-Rheims (tradução da Bíblia, a partir da Vulgata, em inglês pelos membros do English College Douai, a serviço da igreja católica) ou outra versão católica, que não tem 66, mas 80 livros (isso porque há diferenças entre a Bíblia católica e a Bíblia protestante: católica tem 73 livros e a protestante 66 livros; a Bíblia protestante não tem os seguintes Livros: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico, I e II Macabeus, Trechos de Ester – 10, 4-16 – e Trechos de Daniel – 3, 24;20, 13-14).
Entre o Antigo e o Novo Testamento há 14 livros adicionais, classificados pelos nossos irmãos e irmãs protestantes como “apócrifos” (do grego apokryphos, escondido).
Surgem as perguntas: por que eles não estão nas Bíblias protestantes? Como ou por que motivo eles foram removidos? Eles pertencem ao cânone dos livros bíblicos? Um resumo dos fatos essenciais ajudará o leitor a tirar suas próprias conclusões.
No século III a.C., havia no Egito cerca de 70 ou 72 eruditos judeus que, a pedido de Ptolomeu II, prepararam o que veio a ser conhecido como a versão Septuaginta (da palavra 70) do Antigo Testamento. Ela incluía os apócrifos. Esse foi o Antigo Testamento usado por Nosso Senhor e os Apóstolos e sem reservas endossado pelos “pais da igreja primitiva”. Nossas Escrituras não incluem os… livros apócrifos… No entanto, o menino Jesus, provavelmente, estava familiarizado com eles e Ele se lembrou deles quando era adulto, porque são citados em Seus discursos registrados no Novo Testamento. A Igreja antenicena (antes do Concílio de Niceia, em 325 d.C.) os aceitou.
Em 382 d.C., um erudito conhecido como Jerônimo foi comissionado pelo Papa Dâmaso para revisar a versão latina da Bíblia, que conhecemos como a Vulgata. Os livros apócrifos faziam parte dela. Por mais de um milênio foi indiscutivelmente a Bíblia da Igreja. Quando Wyclif e Purvey prepararam a primeira tradução da Bíblia para o inglês, 1382-1388, os escritos apócrifos foram mantidos. Isso também é verdade para a primeira tradução alemã do texto em latim, feita mais ou menos na mesma época.
A primeira Bíblia publicada com os apócrifos separados foi a de 1520, em Wittenberg, Alemanha, por um certo Andreas Bodenstein, mais conhecido pelo nome de sua cidade natal, Karlstadt, e seguidor de Martinho Lutero. Ele acrescentou uma nota informando que esses livros eram “dignos da proibição do censor” — inferiores. Era uma Bíblia escrita em latim.
A primeira Bíblia em vernáculo — o holandês — que segregou os livros apócrifos, colocando-os todos após o Antigo Testamento, apareceu em 1526, em Antuérpia. Também incluía uma nota chamando a atenção para a opinião de que fossem inferiores aos demais livros. Em 1530, uma versão suíça semelhante apareceu; ambas foram emitidas por autores que não eram católicos.
Em 1534, foi publicada uma tradução completa da Bíblia, em alemão, por Lutero. Mais uma vez, esses 14 livros estavam juntos, logo após Malaquias, com um prefácio: “apócrifos — isto é, livros que não são considerados iguais às Sagradas Escrituras, mas são proveitosos e bons de ler”. Ele não explicou quem determinou que esses escritos “não são considerados iguais”, nem o porquê.
No ano seguinte, a primeira Bíblia em francês foi impressa por Pierre Robert Olivetán, perto de Neuchâtel, Suíça. Os apócrifos foram incluídos nessa edição, como também nas publicações francesas que vieram depois. Grande reformador protestante, o francês João Calvino (Jehan Cauvin), citou os apócrifos — embora apenas 10 vezes, enquanto se referiu aos outros 4.000 vezes —, mas nunca para apoiar posições doutrinárias.
Também, em 1535, apareceu a primeira Bíblia em inglês, impressa por Myles Coverdale. Os 14 livros apócrifos foram todos abrigados entre o Antigo e o Novo Testamento. Assim também ocorreu com todas as seguintes Bíblias protestantes em inglês: a Bíblia de Mateus de 1537; a Bíblia de Taverner e a Grande Bíblia de 1539; e a Bíblia de Genebra (produzida pelos puritanos) de 1560.
Enquanto isso, para conter a revolta protestante, a Igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento (1545 — 1563). Lá, os escritos apócrifos receberam o endosso mais forte possível. Naturalmente, isso não passaria despercebido aos protestantes, embora a reação deles viesse com uma lentidão surpreendente. Assim, o Livro de Oração Anglicano Protestante de 1549 ainda aceitava os apócrifos. Treze anos depois, o governo inglês publicou um documento muito interessante, os Trinta e Nove Artigos de Religião, definindo a ortodoxia oficial. Essa foi a época da Rainha Elizabeth I, cujo objetivo transcendente era acabar com a controvérsia religiosa como parte da sua Via Media (Caminho do Meio). Consequentemente, o Artigo VI pode ser interpretado como anti-apócrifo e o Artigo XXXV como pró-apócrifo.
Em 1581, a primeira Bíblia eslava (russa) foi publicada. Aqui, os livros apócrifos foram distribuídos por todo o Antigo Testamento. Mas a Igreja Ortodoxa Russa mudou gradualmente sua posição até que, em 1839, seu “Catecismo Mais Longo” excluiu, por completo, os apócrifos do Antigo Testamento. Voltando nossa atenção mais uma vez para o Ocidente, descobrimos que, em 1599, novas edições da Bíblia de Genebra começaram a omitir os 14 livros. Essa foi uma época de maré alta para os puritanos; eles se propuseram a “purificar” a Igreja da Inglaterra de todas as coisas que eles chamavam de “Romanas”. Isso incluía os livros tão singularmente apoiados pelo Concílio de Trento, 53 anos antes. Como disse o famoso estudioso Sir Frederick Kenyon, “os puritanos perseguiram os apócrifos”.
Mas, 1611 foi um ano de maré baixa para os puritanos, quando a versão do Rei Jaime apareceu. O Rei Jaime, que patrocinou a tradução (por isso que o prefácio ou a introdução, ainda vista em algumas edições da Versão do Rei Jaime, é tão ressaltada), foi também quem fez muitos puritanos fugirem para os Estados Unidos da América. Essa versão incluía os apócrifos. Não apenas isso, mas em 1615 George Abbot, arcebispo de Canterbury e, portanto, o “líder ativo” da Igreja da Inglaterra, sob o rei, ameaçou com um ano de prisão qualquer um que imprimisse uma Bíblia sem os apócrifos! Mas os “omissores” dos apócrifos tinham uma grande vantagem. As Bíblias sem os apócrifos tinham uma regalia competitiva — podiam ser colocadas à venda por um preço mais baixo. E devido às condições instáveis na Inglaterra, sob o governo de Carlos I (1625 — 1649) e o retorno da ascendência puritana sob a Comunidade de Cromwell (1649 — 1659), o decreto de Abbot não foi executado. Bíblias sem os apócrifos circularam em grande número. Exceto entre um grupo, os místicos. No espírito de amor Cristão, eles simpatizaram com as aspirações dos puritanos, embora tivessem sido perseguidos por eles, mas consideraram os 14 livros controversos como estando no mesmo nível dos outros.
Certamente, uma das principais publicações bíblicas e auxiliares por muitos anos tem sido a Concordância de Cruden. Sua primeira edição americana (1806) continha uma seção especial para os apócrifos; edições posteriores começaram a omiti-los. Uma razão pode ter sido que, em 1827, as sociedades bíblicas britânicas e americanas, que vinham incluindo os apócrifos em suas Bíblias, pararam de fazê-lo. Ainda assim, em 1894, quando a “Versão Revisada em Inglês da Bíblia” foi lançada, os 14 livros foram incluídos em algumas edições, embora em letras menores.
Um evento pouco conhecido, mas significativo, ocorreu em 1901, quando Eduardo VII da Inglaterra foi coroado. Por fim, pouco antes de o monarca beijar a Bíblia, antes de assinar o juramento de coroação, descobriu-se que ela, devidamente fornecida pela Sociedade Bíblica Britânica, não contava com os apócrifos. Outra, com os apócrifos, foi adquirida rapidamente, porque a lei do Reino Unido ainda exigia que uma Bíblia de 80 livros fosse usada nas instalações reais.
Não se pode negar que, ao longo dos anos, os livros apócrifos exerceram considerável influência cultural. O famoso poeta inglês do século 7, Caedmon, usou trechos deles. Isso fez Chaucer, sete séculos depois, em seus célebres Contos de Canterbury e outros escritos.
Colombo foi influenciado pelos apócrifos para zarpar em 1492! É um fato bem conhecido que ele foi influenciado pelo Imago Mundi (a forma do mundo) de Pierre d’Ailly para acreditar não apenas que a Terra era redonda, mas também que apenas um sétimo da superfície da Terra é coberto por água; portanto, as terras fabulosas a oeste não podiam estar muito longe. Essa noção foi baseada em uma interpretação errônea de II Esdras 6: 42, 47, 50, 52 de d’Ailly.
Shakespeare faz mais de 80 referências aos apócrifos (veja em Shakespeare and Holy Scripture, Thomas Carter; Shakespeare’s Biblical Knowledge and Use of the Book of
Common Prayer, Richard Noble), embora possa ser mera coincidência que duas de suas filhas tenham recebido o nome de heroínas apócrifas, Susanna e Judite. John Milton também ficou em dívida com esses livros. Por exemplo, seu Paraíso Perdido traz referências à Sabedoria de Salomão, mesmo que o transcendentalista americano Nathaniel Hawthorne possa ser ligado a II Macabeus.
Todos os anos, no Natal, milhões cantam “Noite Silenciosa, Noite Sagrada” e “Ó, Noite Santa”. Ainda assim, em Lucas 2:11, lemos que Jesus nasceu “hoje”. De onde vem a crença popular em um presépio noturno? Pode ser rastreada até a interpretação de Sabedoria 18:14-16, por parte dos pais da igreja primitiva. Os conhecedores de arte sabem que Judite, Tobit, Susanna e Holofernes inspiraram obras-primas. Suas histórias estão todas nos livros controversos da Bíblia.
Mesmo dessa visão geral bastante abreviada, alguns fatos indiscutíveis emergem: por mais de três quartos da era Cristã, os apócrifos foram universalmente aceitos e exerceram uma poderosa influência cultural. Também tem isto: a enorme lacuna de 400 anos entre o Antigo e o Novo Testamento. Se alguém lesse uma história dos EUA que omitisse eventos entre a Guerra Civil e a Segunda Guerra Mundial — menos de um quinto do intervalo de tempo entre Malaquias e Mateus —, perceberia imediatamente que algo estivesse faltando. Isso é verdadeiro, se alguém lê uma Bíblia sem os apócrifos.
“À medida que a videira produziu, eu – Sabedoria – ganhei sabor agradável e minhas flores são frutos de honra e riqueza. Eu sou a mãe do amor justo, do temor a Deus, do conhecimento e da esperança sagrada: Eu, portanto, sendo eterna, dou-me a todos os meus filhos, que têm o nome Dele. Venham a Mim, todos vocês que desejam se alimentar de Mim, e encham-se dos meus frutos. Porque o meu memorial é mais doce do que o mel e a minha herança, mais do que o favo de mel. Aqueles que Me comem ainda terão fome. Quem Me obedece nunca será confundido e os que trabalham por Mim não errarão.” (Eco 24:23-30)
“Pois enquanto todas as coisas estavam em quieto silêncio e aquela noite estava no meio do seu curso rápido, a Tua palavra Todo-poderosa saltou do Céu, do Teu trono real, como um feroz homem de guerra no meio de uma terra de destruição, e trouxe o Teu mandamento honesto como uma espada afiada.” (Sb 18:14-16)
“Temer ao Senhor é o princípio da sabedoria: ela foi criada junto dos fiéis, no ventre. Ela construiu um alicerce eterno com os homens.” (Eco 1:16)
“Sabedoria é o sopro do poder de Deus e uma pura fonte que nasce da Glória do Todo-poderoso… o brilho da luz eterna, o espelho imaculado do poder de Deus e a imagem de Sua Bondade.” (Sb 7:2-26)
À margem da versão de 1611 do Rei James, não há menos do que 113 referências a passagens relacionadas nos apócrifos; 102 no Antigo Testamento e 11, no Novo (alguns exemplos: Mt 6:7; Eco 7:14; Mt 23:37; IIEsd 1:30; Mt 27:43; Sb 2:15-16; Lc 6:31; Tob 4:15; Lc 14:13; Tob 4:7; Jo 10:22; IMb 4:59; Rm 9:21; Sb 15:7; Rm 11:34; Sb 9:13; IICor 9:7; Eco 35:9; Hb 1:3; Sb 7:26; Hb 11:35; IIMb 7:7). Para detalhar aqui apenas duas dessa lista: Jo 10:22 fala sobre a Festa da Dedicação; IMb 4:59 relata sua origem pós-Antigo Testamento. E não pode haver dúvida de que o apóstolo Paulo emprestou muito dos apócrifos para sua epístola aos romanos (Rm 1:20-21; Sb 13:5-8; Rm 1:22; Sb 13:1, 12:24; Rm 1:26; Sb 14:24; Rm 1:29; Sb 14:25-27; Rm 9:20; Sb 12:12; Rm 9:21; Rm 9:22; Sb 12:20).
Não há melhor maneira de considerar a relação dos apócrifos com o resto da Bíblia do que os ler. Assim, alguém se perguntará em que base os 14 livros foram afastados dos outros 66. É frequentemente dito que eles não tenham qualidade devocional como os outros 66. Claro que essa é uma forma muito subjetiva de fazer julgamentos. Mas não há muitas partes dos 66 livros que podem ser consideradas deficientes da mesma maneira? As genealogias no Antigo Testamento, por exemplo, ou as histórias de muitas guerras sangrentas? Também é um fato que John Bunyan, famoso autor de Pilgrim’s Progress (O Progresso do Peregrino), em um momento de desânimo espiritual, encontrou um bálsamo para sua alma depois de pesquisar na Bíblia por “mais de um ano”, em Eclesiástico 2:10. Também pode ser observado que um grupo devoto de Cristãos Protestantes dirigiu seu clero, em casamentos, a ler não só o Antigo e o Novo Testamento, mas também o livro apócrifo de Tobias, pois ele “apresenta uma bela lição que fortalece os piedosos e tementes a Deus na Terra, especialmente no que diz respeito ao casamento”.
É certo que os apócrifos possam ser considerados “diferentes”. No entanto, essa é realmente uma afirmação vaga. Os outros 66 livros também são bastante diferentes uns dos outros. No Antigo Testamento, temos os livros históricos, a literatura sapiencial, os profetas maiores e os menores. Algumas partes de apenas um livro dos 66 são muito diferentes, razão pela qual, por exemplo, os capítulos que vão do quarenta ao cinquenta e cinco, no Livro de Isaías, são conhecidos como o Deutero-Isaías… Não da autoria de Isaías, mas obra de outro. No Novo Testamento, existem os Evangelhos, Atos, Epístolas e Apocalipse. Rute e Apocalipse são muito diferentes; também Crônicas e Coríntios, Provérbios ou Filipenses. Qualquer pessoa inclinada a denegrir os apócrifos precisa ser lembrada de que partes do Antigo Testamento, se fossem transformadas em filmes, receberiam uma classificação X, na melhor das hipóteses; porém não são questionadas. Isso é consistente?
Talvez a chave mestra para o que pertence à Bíblia é encontrada no fato de que reais eventos físicos são usados para esconder profundas verdades espirituais. Pode haver outra base viável para permitir certas partes do Antigo Testamento no cânone bíblico? Existe outra maneira pela qual as muitas contradições aparentes da Bíblia, com base em uma interpretação literal, podem ser harmonizadas?
Por causa da sua função como elo entre o Antigo e o Novo Testamento, os estudantes da Bíblia sofrem uma perda por negligenciar os apócrifos — mas, uma ainda maior por ignorar a chave para compreender todos os três: a abordagem esotérica que é apresentada pelo Cristianismo Místico. A literatura da Sabedoria Ocidental tem inúmeras referências aos apócrifos.
A palavra “apócrifo” também pode significar que os escritores dos livros quisessem que seu significado fosse enigmático ou aparente apenas para os Iniciados. Houve muitos escritos desse tipo no período imediatamente anterior e posterior ao início da era Cristã.
Aqueles familiarizados com as Escrituras extracanônicas, além dos apócrifos, estarão interessados em saber que ‘as Pseudoepígrafes’ ou Escrituras ‘falsamente inscritas’ não são fraudulentas; a falsa inscrição é apenas um artifício… pelo qual um escritor posterior poderia expressar suas ideias sob o abrigo de um nome do escritor anterior e aceito.
(publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro-outubro de 1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Como um Estudante Rosacruz estuda a Bíblia
A princípio, sempre nos lembremos que a “Bíblia foi nos dada pelos Anjos do Destino, que estando acima de todos os erros, dão a cada um e a todos o que necessitam para o seu desenvolvimento. Por conseguinte, se procurarmos a Luz, encontrá-la-emos na Bíblia”.
Quando se fala dos Mistérios Cristãos deve-se compreender que os quatro Evangelhos que encontramos na Bíblia não são exclusivamente relatos da vida de um único indivíduo, escritos por quatro pessoas diferentes, mas sim que são símbolos de Iniciações distintas. Cada um de nós atravessará algum dia os quatro períodos descritos nos quatro Evangelhos, porque cada um está desenvolvendo o espírito de Cristo no seu interior, o Cristo Interno. E ao dizer isso dos quatro Evangelhos, podemos aplicá-lo também a uma grande parte do Antigo Testamento que é, também, um maravilhoso livro de ocultismo, pois nos relembra o que fizemos naqueles tempos, bem como quantos irmãos e irmãs anteciparam o conhecimento que iria nos ser fornecido na plenitude via o Novo Testamento.
Quando colhemos batatas não esperamos encontrar somente batatas e nenhuma terra; tampouco, devemos esperar, ao nos aprofundarmos no livro chamado Bíblia, que cada palavra seja uma verdade oculta, porque como deve haver terra entre as batatas, assim também deve haver escória entre as verdades ocultas da Bíblia. Os quatro Evangelhos foram escritos de tal maneira que somente aqueles que têm o direito de saber podem descobrir o verdadeiro significado e compreender os fatos subjacentes. Do mesmo modo, no Antigo Testamento encontramos grandes verdades ocultas que se tornam lúcidas quando podemos olhar por detrás do véu.
Deve-se notar que as pessoas que originalmente escreveram a Bíblia não intentaram dar a verdade de uma maneira que todo aquele que quisesse, pudesse lê-la. Nada estava mais afastado de suas Mentes que escrever “um livro aberto sobre Deus”. Os grandes ocultistas que escreveram o Thorah são muito categóricos a esse respeito. Os segredos do Thorah não podiam ser compreendidos por todos. Cada palavra do Thorah tem um significado elevado e um mistério sublime. Muitas passagens estão veladas; outras devem ser entendidas literalmente; e ninguém que não possua a chave oculta pode decifrar as profundas verdades veladas naquilo que, amiúde, apresenta um feio revestimento.
(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz – dezembro/1982)
Pergunta: Existe alguma citação na Bíblia que sustente a teoria do Renascimento?
Resposta: Sim, há muitas citações a sustentarem-na, embora seja ensinada diretamente em um só lugar. Os sacerdotes judeus acreditavam na teoria do Renascimento, ou não teriam mandado perguntar a João Batista: “Tu és Elias?”, como está relatado no Evangelho segundo São João, Capítulo 1, Versículo 21; no Evangelho Segundo São Mateus temos as palavras de Cristo a respeito de João Batista, que são claras e inequívocas. Ele disse: “Esse é Elias”. E, também, numa ocasião posterior, no momento que estavam no Monte da Transfiguração, Cristo disse: “Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram a ele o que quiseram”, e nos é dito que os Discípulos “sabiam que Ele falava de João”, que tinha sido decapitado por Herodes.
No Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 16, Versículo 14, Ele pergunta aos Seus discípulos: “Que dizes o povo que Eu sou?”, e a resposta que eles deram a Ele foi: “Uns dizem que és João Batista, outros que és Elias, e outros que Jeremias ou algum dos profetas”. É digno de nota que Cristo não os contradisse absolutamente, pois Ele era o Mestre, e se eles tivessem concebido uma ideia errada a respeito da doutrina do Renascimento, teria sido, sem dúvida, Seu dever corrigi-los. Mas Ele não o fez. Além do mais, Ele a ensinou diretamente, conforme constatamos na passagem acima.
Há também casos mencionados na Bíblia, em que uma pessoa foi escolhida para um certo trabalho antes do seu nascimento. Um Anjo prenunciou a chegada de Sansão e a sua missão — exterminar os Filisteus. O Senhor disse ao profeta Jeremias: “Antes que tu saísses da clausura do ventre materno, santifiquei-te e ordenei-te profeta entre as nações”. João e Jesus receberam sua missão antes de nascer. Uma pessoa é escolhida para uma missão devido à uma aptidão especial. A competência pressupõe a prática antes do nascimento que deve ter sido adquirida numa vida anterior. Nesse caso, a doutrina do Renascimento também é ensinada, por analogia, nos casos citados.
(Pergunta nº 81 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
A Fraternidade Rosacruz é composta por homens e mulheres que estudam a Filosofia Rosacruz, que também é conhecida como os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, tal como é apresentada no livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos”.
É uma Escola, onde quando a pessoa se inscreve e começa a fazer o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, alcança o Grau de Estudante Preliminar. Depois dele pode alcançar os demais graus propostos na Fraternidade Rosacruz que você pode ver aqui: Caminho da Preparação e o Caminho da Iniciação Rosacruz.
Essa Filosofia Cristã Mística revela os conhecimentos profundos a respeito dos Mistérios Cristãos e estabelece a união entre a Arte, a Religião e a Ciência. Max Heindel foi escolhido pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz para revelar publicamente os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, de modo a contribuir na preparação da humanidade para a vindoura era da Fraternidade Universal, a Era de Aquário. O trabalho da Fraternidade Rosacruz consiste em disseminar o Evangelho e a curar (não remediar!) os enfermos. Tais tarefas são realizadas de três modos principais:
1º) a disponibilização dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental a todos aqueles que desejam recebê-lo;
2º) por um Departamento de Cura que enfatiza a cura espiritual baseada nos princípios do reto viver pelo Método Rosacruz de Cura;
3º) e disponibilizando os livros da Fraternidade Rosacruz, bem como seus cursos, que ajudam no desenvolvimento pessoal, para todos aqueles que os solicitem.
Os cursos podem ser realizados por correspondências ou endereço eletrônico (e-mail) e incluem: estudos na Filosofia Esotérica Cristã, tendo como base o livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos”; o curso de Estudos Bíblicos que contribui para uma melhor compreensão das verdades satisfatórias contidas na Bíblia; e estudos da Astrologia Espiritual que foi concebido para auxiliar no foco da vida em sua parte espiritual (por meio do desenvolvimento espiritual e autoconhecimento), como uma chave para o Espírito, como um forte correlacionador para ajudar na cura dos doentes e enfermos, cujas causas estão justamente nas falhas que se comete por não focar a vida na parte espiritual. Assim, se utiliza da Astro-diagnose e Astro-terapia. Uma das condições básicas para que os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental fossem fornecidos a Max Heindel para serem revelados publicamente é que nenhum preço deve ser cobrado por eles.
Esta condição foi fielmente observada por Max Heindel e é respeitada e seguida atualmente e com a mesma ênfase. Embora os Livros em papel da Fraternidade Rosacruz sejam vendidos – a fim de cobrir os custos de confecção – o serviço de nosso Departamento de Cura, os Cursos por Correspondências e as várias atividades desenvolvidas sempre serão oferecidos gratuita e amorosamente e baseadas no livre-arbítrio.
A Fraternidade Rosacruz não possui conexão com qualquer outra organização, inclusive as que também utilizam o nome Rosacruz.
Não há qualquer obrigação para os membros da Fraternidade Rosacruz, nem qualquer tarifa a ser cobrada.
Essa é a Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil.
Sua fundação data de 3 de agosto de 1980 no Centro de Campinas – SP – Brasil. Desde então desenvolve um trabalho focado na disseminação dos Ensinamentos Rosacruzes, fiel à literatura Rosacruz, conforme preconizada por Max Heindel e seguindo os três modos destalhados acima. Somos ligados à The Rosicrucian Fellowship (www.rosicrucianfellowship.org), fundada por Max Heindel, como um Centro autorizado.
Nosso endereço físico é:
Avenida Francisco Glicério, 1326 – Conjunto 82 – Centro – Campinas – SP – 13012-905 – Brasil Para receber mais informações ou tirar dúvidas sobre cursos, palestras e participações, envie um e-mail para: contato@fraternidaderosacruz.com
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BEM-VINDO e BEM-VINDA e desejos de que
AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ!
Um decálogo para as relações humanas — Baseado nos ensinamentos de Cristo
Para que tenha valor ao indivíduo, a Religião deve produzir-lhe reforma interna. Conhecer a Religião praticada convencionalmente, de modo superficial, não nos traz proveito algum.
Contudo, para apreciar devidamente uma Religião, precisamos conhecê-la. Para conhecê-la precisamos estudá-la de modo conveniente. A Filosofia Rosacruz nos ajuda muito a conhecer o Cristianismo. Não poucos, com sua ajuda, retornaram à Bíblia, vendo-a sob nova luz.
Estivemos meditando sobre os princípios do Mestre, alusivos às relações humanas. Lemos várias vezes o Novo Testamento, anotando as citações que nos pareceram encerrar maior significância para o tema. Confirmamos, então, que o Novo Testamento seja o mais atualizado e profundo manual de relações humanas que existe no mundo!
Naturalmente, para esmiuçar as citações, buscando todos os seus alcances práticos, precisaríamos escrever um volumoso livro. Poucos se dispõem a ler obras volumosas e sérias. Buscamos, por isso, sintetizar nossas conclusões neste pequeno trabalho. Este decálogo deveria ser meditado e praticado por todos, pois abrange todas as esferas sociais. Desse modo, Cristo presidiria aos nossos diálogos, assegurando-nos êxito em todos as conversas!
1 — HARMONIZA-TE SEM DEMORA COM O TEU ADVERSÁRIO
Disse alguém: “Vive cada dia como se fosse o último de tua vida”. O que faríamos, se soubéssemos ter apenas um dia de vida ou, digamos, alguns dias? Como espiritualistas convictos da ação da Lei de Consequência e Renascimento, trataríamos, sem demora, de acertar todas as nossas pendências, desligando-nos de todos os compromissos terrenos! Não é lógico?
Enquanto mole, podemos corrigir um desnível no cimento. Mas depois que endurece não é possível, senão quebrando-o. Todas as coisas são mais facilmente acertadas no início, enquanto as razões estão frescas. Depois, convertem-se em destino maduro e a dor é inevitável durante a correção.
Contudo, se, ao buscarmos conciliação e harmonia, apesar da delicadeza, do tato e do intento sincero, encontrarmos no desafeto uma disposição rancorosa e agressiva, que nos afastemos calmamente, sem revide. É o que os Evangelhos ensinam, ao recomendar que se deva tirar o pó das sandálias, retirando-se do lar onde não se foi acolhido. O importante é que cada um cumpra sua parte com seu Deus. E não nos detenhamos nas querelas. Imitemos os rios, que não se chocam com as montanhas, porém as contornam e seguem a diante.
2 — SE ALGUÉM TE OBRIGAR A ANDAR MIL PASSOS, VAI COM ELE DOIS MIL
“Não resistais ao mal”, ensinou também o Cristo e isso diz respeito ao nosso comportamento interno. Importa que não reajamos negativamente a qualquer atitude ou circunstância adversa. São Bernardo ensinou: “Ninguém pode ferir-me ou atingir-me, senão eu mesmo. Depende, pois, de mim, rebaixar-me ou irritar-me e, desse modo, deixar-me atingir pelo inimigo de minha personalidade”. Devemos empreender sincero esforço na conquista do domínio próprio. O descontrole emocional, mormente entre os latinos, tem sido a causa frequente de úlceras, diabetes, enfartes e tantas outras doenças. Existe alegria de viver ou felicidade, quando não temos saúde? E como podemos cumprir nossos deveres para com nosso Espírito, nossa família e o gênero humano, sem condições normais que nos ajudem? Também incluímos neste assunto todos os pequenos desafios que diariamente nos ameaçam corroer a paciência: as dificuldades no trabalho e no lar, as esperas nas filas de ônibus e os apertos dentro deles…
3 — TODA ÁRVORE QUE NÃO DÁ BOM FRUTO É CORTADA E LANÇADA NO FOGO
Não existe inércia nem inutilidade na natureza. O órgão não usado é atrofiado. Os desafios da vida são naturais e necessários para o desenvolvimento proporcional a cada indivíduo. Aquele que se adapta e age construtivamente, progride; o que para, retrocede. Aí está o verdadeiro conceito de mocidade e velhice: internamente, aquele que desanima e empaca morre para a vida, cuja finalidade é o desenvolvimento das faculdades internas que herdamos do nosso Criador. O cristão consciente é honesto e dá o melhor que pode em seu trabalho, no lar ou na sociedade porque sabe que, ao retardar seu dever, ao negligenciar suas tarefas, descuida de si mesmo, recebendo dos outros exatamente na medida em que oferece. Isso se aplica aos indivíduos, às empresas e agrupamentos sociais. Quanto mais produzem, construtiva e legitimamente, tanto mais crescem — em todos os sentidos! É preciso vencer as tentações dos maus exemplos e das insinuações aparentemente justas. Um erro não justifica outro! Que cada um de nós cumpra o seu dever.
4 — NÃO É O QUE ENTRA PELA BOCA QUE CONTAMINA O SER HUMANO, MAS O QUE DELA SAI
“Falar é prata, calar é ouro” — diz o provérbio. Depois que falamos algo inconveniente, tornar-se difícil e embaraçoso ao nosso orgulho que nos retratemos. Uma mentira conduz a outras, acabando por subestimar as pessoas mentirosas. As palavras violentas e irritadas têm prejudicado ótimas situações e arruinado negócios. Estamos educando ou aconselhando? Se queremos ajudar e demonstrar amor, falemos com amor. Argumentamos com alguém? Então que mantenhamos o equilíbrio, a lógica e a humildade, porque o objetivo é a verdade e não ganhar ou perder a discussão.
O uso da palavra é um assunto bem importante. É o próprio uso do Verbo! Tão importante que Tiago lhe dedicou primoroso capítulo, o terceiro de sua carta, sobre o qual Max Heindel nos exorta a meditar de vez em sempre. Observa Heindel: “A tendência de falar mal dos outros ou admoestar as coisas más é magia negra, porque construímos no Mundo do Desejo uma forma negativa e a lançamos na pessoa ou coisa. Uma abelha, quando pica, deixa o ferrão e morre. Que seria das línguas das pessoas, se lhes sucedesse o mesmo?”.
Todo Cristão-esoterista conhece a Lei de Atração dos semelhantes: se nutrimos ódio por alguém, suscitamos a reação odiosa dessa pessoa; se o amamos, suscitamos-lhe amor; se, ao irmos ao encontro de alguém para resolver uma pendência, um assunto qualquer, pensamos negativamente, construímos com isso as condições negativas em nós e na outra pessoa; no entanto, se vamos de forma confiante e corajosa, parte do problema já foi resolvido.
5 — E QUEM QUISER SER O PRIMEIRO ENTRE VÓS, SEJA ESSE O SERVO DE TODOS
Eis o ideal de liderança, o verdadeiro sentido de liderança baseado no serviço amoroso do líder, em sua relação com os companheiros: exemplificar. Envolve não apenas um sentido de poder, mas também um de dever. Em vez de submeter e mandar, une-se aos outros e os soergue com seu entusiasmo, convicção e trabalho. No lar, no trabalho ou na Fraternidade, os dirigentes criam seres humanos, ajudam-nos a vencer, multiplicam-se por meio deles e logram seguramente os objetivos para o benefício comum, porque lhes conquistam a lealdade, lhes galvanizam o entusiasmo e criam um espírito de trabalho em conjunto e de harmonia contagiante.
O serviço amoroso e altruísta é a tônica da Fraternidade Rosacruz; vale dizer, a medula da doutrina Cristã. Nele reside o êxito de todas as atividades.
6 — APASCENTAI AS MINHAS OVELHAS
O respeito do ser humano pelo ser humano, como semelhante centelha espiritual, deixa muito a desejar. Nunca o mundo precisou tanto de amor como nos atuais tempos de materialismo, algo tão perigoso ao nosso natural desenvolvimento interno. Por isso, o mais deplorável na hora presente é o desânimo dos “homens de boa vontade”. Psicólogos e educadores estudam as causas dos problemas sociais, mas não poderão perscrutar profundamente o problema, enquanto não considerarem o ser humano em sua integralidade, como humano e espiritual. A menos que sejamos alimentados em todos os aspectos, haverá fome de algum lado, deficiências, enfermidades jamais sonhadas pelos materialistas, porque a função cria o órgão e a negligência de certos aspectos, justamente os mais complexos e elevados da natureza humana, trará consequências desastrosas!
A técnica moderna, em vez de servir ao ser humano, veio escravizá-lo em benefício de alguns. As máquinas avassalaram os operários, reduzindo-os a peças cujos movimentos são estudados para cada vez mais produzir. A vida egoísta e intensa das grandes cidades nos ilham em um círculo vicioso e pouco edificante. É uma indústria de neuróticos. Os hospitais de doenças nervosas se multiplicam.
Contam as estatísticas que, dentre as pessoas com cursos superiores, os que mais se suicidam são os médicos e, dentre eles, os psiquiatras! Na América do Norte, é alarmante o número das pessoas que morrem de enfarte nervoso, antes dos 50 anos. Na Europa, justamente nos países mais adiantados (Suíça, Suécia, Dinamarca), ocorrem os maiores índices de suicídio. Por quê? Se o objetivo do ser humano fosse meramente material, se ele fosse apenas um conjunto orgânico que se desfaz com a morte, por que essa angústia? A resposta é simples: estão esquecendo o ser humano real! As criaturas andam famintas de amor, apreciação, estímulo, criatividade, motivação. O ser humano precisa ser compreendido em sua inteireza. De novo surge, do fundo das idades, a Esfinge gigantesca e repete o desafio: ou me decifras ou te devoro! De novo o Cristo dentro de nós inquire a nossa consciência: tu Me amas? Então, apascenta as minhas ovelhas!
O Cristianismo Esotérico possui uma tremenda responsabilidade, um grande dever de divulgar, por todos os meios ao seu alcance, os aspectos integrais do ser humano e o modo de torná-lo realmente feliz e realizado, mas não segundo o ponto de vista material, imediatista; porém, conforme uma perspectiva ampla que atente não só ao presente, mas também ao futuro.
“Não só de pão vive o homem.” O dia em que se ensejar a cada ser humano os meios e motivações de crescimento interior, ver-se-á que eles hão de florescer a dimensões jamais sonhadas, em todos os aspectos.
7 — MAS, SE NÃO PERDOARDES AOS SERES HUMANOS, TAMPOUCO VOSSO PAI PERDOARÁ AS VOSSAS OFENSAS
O único antídoto eficaz para a enfermidade do ressentimento, do ódio e da amargura é o perdão. Mas o perdão terapêutico! Todos nós conhecemos, por experiência própria, o perdão superficial, de boca: “Eu o perdoei, mas ele acabou para mim!”. Isso não é perdão! O ressentimento persiste como um elo paradoxal: dizemos que não mais desejamos qualquer laço com o desafeto e, todavia, mantemo-nos algemados, relembrando sempre o seu erro. Dizemos que a pessoa acabou para nós e, no entanto, permanecemos igual a um carcereiro, prendendo-a ao nosso ressentimento.
A imagem não é exagerada. É real, para quem conhece as atividades do nosso Corpo de Desejos e sua relação com o Mundo do Desejo. O purgatório existe para desfazer os laços desamorosos que não foram desfeitos pela compreensão e perdão. O perdão terapêutico consiste em realmente perdoarmos o desafeto, dizendo convictamente para nós mesmos: “Eu o liberto do meu ressentimento por amor, na certeza de que tudo coopera com o bem”.
Os ressentimentos dividem os esforços coletivos cujos objetivos deveriam permanecer acima dos indivíduos. E a casa dividida não pode subsistir.
A resposta do Cristo para Pedro é bem significativa em relação à disposição que deveríamos costumeiramente adotar: “Devemos perdoar até setenta vezes sete”.
8 — TODA CASA DIVIDIDA CONTRA SI MESMA NÃO SUBSISTIRÁ
Quando Max Heindel fundou a Fraternidade Rosacruz, o Irmão Maior que o orientava recomendou-lhe que dispensasse, o quanto lhe fosse possível, a burocratização dos trabalhos, a criação de cargos etc. Max Heindel não conseguiu. A humanidade ainda não está preparada para essa elevada forma de trabalho em conjunto, onde cada um, independentemente de funções bem definidas, procura fazer o máximo, sem pensar em cargo ou natureza de trabalho. E as mesmas falhas humanas que ainda nos impedem de realizar essa colaboração espontânea e construtiva são as que motivam as dissenções.
O único líder é a IDEIA; e o único IDEAL É O CRISTO!
Se todos trabalhássemos para difundir, com o máximo das forças e faculdades, os maravilhosos ensinamentos da Filosofia Rosacruz, sem pensar em distinções, cargos ou elogios, que são ainda as propagandas de nossa personalidade, o Cristo seria mais bem alimentado! Não só dentro de nós, pelo serviço, como igualmente pelo soerguimento de nossos semelhantes.
As condições atuais exigem regulamentos, estatutos, cargos…, mas devemos aprender a transcender a época ou então ainda não estaremos capacitados para ensinar os ideais de uma nova época!
Não consideremos os aspectos externos das Sedes: a Fraternidade não é suas paredes ou móveis. Não critiquemos os oradores; eles estão fazendo o que podem para colaborar, mas têm suas falhas. Em vez de criticar, trabalhemos harmoniosa e conjuntamente pelo objetivo comum. Cada um de nós é algo muito valioso para a Fraternidade. Todas as trevas do mundo são incapazes de encobrir a luz de uma pequenina vela! E as velas reunidas iluminam o mundo.
Independentemente de tudo, façamos a nossa parte. Sobretudo, façamos parte ativa do Todo que é a Fraternidade. Ofereçamos nossos préstimos sem pretensão alguma.
A qualidade e a persistência de nossa colaboração, unidas pela compreensão, tolerância e adaptabilidade, darão credenciais de SERVOS DO SENHOR.
9 — ESTENDE A TUA MÃO!
Quando Cristo curou a mão atrofiada do homem que estava na sinagoga, ordenou: “Estende a tua mão!”. E o ideal de Cristo para a cura de todos os nossos males, para estabelecimento da real felicidade humana, continua a exigir de nós: “Estende a tua mão!”.
Além dos limites da nossa personalidade, estendamos a mão direita, símbolo universal de amizade, na direção do nosso próximo.
Como os braços metálicos que se entrelaçam e formam a tela de arame, homens e mulheres, brancos e negros, acima de credo, nacionalidade ou cor; acima de todos os convencionalismos, devem sair de si mesmos e se irmanar em uma autêntica família universal!
Cumprimente sentindo o que diz: “Bom dia!”, “Boa tarde!”, porque se a sua mão, em minha mão, não transmite amizade ou amor, também não transmite o Cristo, o único Ego para uma real Fraternidade.
Se isso se consumasse agora, todas as guerras, doenças e misérias acabariam!
10 — ASSIM, “TUDO O QUE QUISERDES QUE OS HOMENS VOS FAÇAM, FAZEI-O ASSIM TAMBÉM VÓS A ELES. PORQUE ESSA É A LEI E OS PROFETAS”
Deixamos propositalmente a Regra Áurea para o fim. Ela enfeixa e encerra tudo o que existe sobre as relações humanas. Nem seria preciso tecer comentários sobre ela. Tanto tem sido falado e escrito a seu respeito que pareceria ocioso acrescentar algo. Apenas lembraríamos sua estreita ligação com a Lei de Consequência e a Lei de Atração do semelhante. Sua aplicação é pessoal, nacional e internacional. Quer pô-la em prática amanhã mesmo? Então faça uma lista das coisas que gostaria que as pessoas lhe fizessem e, assim, faça-as para as outras pessoas. Mas não faça como o menino imediatista que plantou as sementes e todos os dias as desterrava para verificar se estavam crescendo. Plante e espere. Mas plante com amor. O amor, a água pura e o Sol morno dão vigor à planta humana e a faz produzir mais de cem frutos por um. Lembremos: nossa personalidade é apenas vara, um galho da videira do Cristo interior. E quanto mais Lhe fizermos a Vontade, tanto mais fluiremos pelos canais de Sua inteligência, Seu afeto e Sua vitalidade: os frutos de Deus para a criação de um mundo melhor!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1970)