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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Todos os buscadores espirituais podem achar útil a Oração do Estudante Rosacruz

Quando alguém cresce, especialmente alguém que é robusto, com atributos físicos, um amigo pode observar: “Ele não conhece sua própria força”. Como o exercício é necessário para o desenvolvimento do músculo físico, o desenvolvimento da natureza moral é realizado por meio da tentação.

Em qualquer busca da verdade, mesmo as obras mais mandatórias, como os Livros da Bíblia Sagrada, contêm contradições desconcertantes. Portanto, embora se comece a entender os mistérios, o conhecimento incompleto pode levar o Ego a tirar conclusões contraditórias.

O Ego habita no Mundo do Pensamento; esse é o seu lar. Estudantes Rosacruzes que praticam exercícios mentais, incluindo oração concentrada, adquirem novos pontos fortes; poderes que, embora sejam sutis, podem surpreender o neófito com sua potência. Contudo, até que o Ego desenvolva intensa observação e discernimento (e isso tem a ver com a prática constante do Exercício Esotérico Rosacruz de Observação e do Exercício Esotérico Rosacruz de Discernimento), e cresça, por meio da experiência, da inocência à virtude, incertezas podem engolfá-lo, causando confusão e erro.

Os dois atributos que melhor nos ajudam a vencer as tentações de Lúcifer e que nos tiram do “deserto” são o Amor e o Dever.

A Oração do Estudante Rosacruz, embora muito breve, quando recitada com sinceridade, eleva o buscador espiritual ao reino protetor do Amor Divino e coloca o Ego sobre uma base firme de intenções nobres. Durante as apresentações, reuniões, seminários, oficinas, concertos, os Estudantes Rosacruzes e participantes costumam repetir essa oração em uníssono no início ou no final de cada encontro.

A sentença final é o versículo 14 do décimo nono Salmo da Bíblia.

Se você está fazendo a Oração do Estudante Rosacruz sozinho então, você deve proferi-la assim:

Aumenta o meu amor por ti, Ó Deus

Para que eu possa servir-Te melhor a cada dia que passa

Faze que as palavras de meus lábios

E as meditações do meu coração

Sejam agradáveis a Tua presença

Ó Senhor, minha força e meu redentor.

Se estiver com mais de uma pessoa, então a faça assim:

Aumenta o nosso amor por ti, Ó Deus

Para que possamos servir-Te melhor a cada dia que passa

Faze que as palavras dos nossos lábios

E as meditações dos nossos corações

Sejam agradáveis a Tua presença

Ó Senhor, nossa força e nosso redentor.

A oração é como ligar um interruptor elétrico: não cria a corrente; simplesmente fornece um canal através do qual a corrente elétrica pode fluir. Da mesma maneira, a oração cria um canal através do qual a Vida e a Luz Divinas podem se derramar em nós para nossa iluminação espiritual.

Se o interruptor fosse feito de madeira ou vidro, seria inútil; de fato, seria uma barreira pela qual a corrente elétrica não poderia passar, porque isso é contrário à sua natureza. Para ser eficaz, o interruptor deve ser feito de um metal condutor; então está em harmonia com as leis da manifestação elétrica.

Se nossas orações são egoístas, mundanas e eivadas de desprezo pelo próximo, são como o interruptor de madeira; eles derrotam o próprio propósito a que se destinavam a servir, porque são contrários ao propósito de Deus.

Para ser útil, a oração deve estar em harmonia com a natureza de Deus, que é o Amor Divino.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Orar Sem Cessar ou Repudiar a Prática

Em um lugar, a Bíblia nos leva a orar sem cessar, em outro, Cristo repudia a prática, dizendo que não devemos imitar aqueles que acreditam que são ouvidos por suas muitas palavras. É claro que não pode haver contradição entre as palavras do Cristo e as de seus discípulos; portanto, devemos reconstruir nossas ideias de oração de tal maneira que possamos orar sempre e, no entanto, sem expressão verbal ou mental volumosa.

Emerson disse:

Embora seus joelhos nunca se dobrem,

De hora em hora ao Céu suas preces sobem.

E sejam elas para o bem ou para o mal formuladas,

Ainda assim são respondidas e gravadas.

Em outras palavras, todo ato é uma oração que, sob a Lei de Causa e Efeito, traz resultados adequados. Conseguimos exatamente o que queremos e a expressão em palavras não é necessária; mas, a ação sustentada ao longo de uma certa linha indica o que desejamos, mesmo que nós mesmos não percebamos e, com o tempo, mais cedo ou mais tarde, de acordo com a intensidade do nosso desejo, vem aquilo pelo qual oramos. As coisas assim ganhadas ou alcançadas podem não ser o que realmente e conscientemente queremos; de fato, às vezes podemos conseguir algo que não queremos, algo que é uma maldição ou um flagelo, mas o ato da oração o trouxe para nós e devemos mantê-lo até que possamos legitimamente nos livrar dele.

Se jogamos uma pedra no ar, o ato não estará completo até que a reação leve a pedra de volta à terra. Nesse caso, o efeito segue a causa com tanta rapidez que não é difícil conectar os dois. Contudo, se enrolarmos a mola de um despertador, a energia será armazenada nela até que algum mecanismo a libere; então, vem o efeito, que é o toque de um sino e, embora possamos estar dormindo o sono do esquecimento, a reação da mola ocorreu da mesma forma. Assim também, os atos que esquecemos em algum momento ou outro produzem seus resultados de modo independente; dessa maneira, a oração da ação é respondida.

Mas, existe a verdadeira oração mística, a oração em que encontramos Deus cara-a-cara, como Elias o encontrou. Não no tumulto do mundo, o vento, o terremoto ou o fogo; mas, quando tudo está quieto a voz sem som fala conosco por dentro. Mas, o silêncio necessário para essa experiência não é um mero silêncio de palavras; não há sequer as imagens internas que geralmente passam diante de nós na meditação, nem há pensamentos, mas todo o nosso ser se assemelha a um lago calmo e cristalino. Nele, a Deidade Se reflete e experimentamos a unidade que torna a comunicação desnecessária, seja por palavras ou qualquer outra maneira, porque sentimos o que Deus sente. Ele está mais próximo do que nossas mãos e pés.

O Cristo nos ensinou a dizer: “Pai nosso que estais no Céus” … Essa oração é a mais sublime que pode receber expressão em palavras, mas a oração da qual estou falando pode, no momento da união, ser expressa em uma única palavra: “Pai”. O devoto, quando está realmente no clima da oração, nunca está longe de Deus. Ele não faz pedidos relativos à vida prática, porque tem esta promessa: “Deus é meu pastor e não me faltará”. A ele não foi ensinado isto: “procure primeiro o Reino dos Céus e todas as outras coisas lhe serão adicionadas?”. Porém, sua atitude talvez seja melhor entendida se considerarmos um cachorro fiel olhando com devoção ingênua o rosto do seu mestre; toda a sua alma se derrama através de seus olhos no amor que sente por ele. Da mesma forma, apenas com uma intensidade muito maior, a verdadeira visão mística para o Deus interno se derrama em adoração sem voz. Dessa maneira, podemos orar sem cessar, interiormente, enquanto trabalhamos como servos zelosos no mundo; pois vamos lembrar sempre que enquanto oramos ao Deus interno, devemos trabalhar para o Deus externo.

(por Max Heindel; publicado no Echoes de Mount Ecclesia de março/1914 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz de Campinas-SP-Brasil)

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Pergunta: A Bíblia e os fatos concretos fornecem indícios referentes às mudanças futuras?

Pergunta: A Bíblia e os fatos concretos fornecem indícios referentes às mudanças futuras?

Resposta: A Bíblia não deixa nenhuma dúvida a respeito das mudanças. Cristo disse que o acontecido nos dias de Noé aconteceria nos dias do porvir.

A ciência e a imaginação descobrem condições desconhecidas anteriormente.

É um fato científico que o consumo do oxigênio, na alimentação da indústria, está se tornando alarmante.

Também os incêndios nos bosques consomem, consideravelmente, este importante elemento e contribuem para o processo de dissecação da atmosfera.

Cientistas eminentes assinalaram que, um dia, nosso globo não poderá suster a vida dependente da água e do ar. Suas ideias não provocaram muita ansiedade, por ser distante a data no futuro prevista. Contudo, por mais afastado que seja este dia, o destino dos tipos de Corpos que construímos durante essa Época Ária é tão inevitável, como o foi dos Atlantes (ou seja: dos corpos que construíamos quando estávamos passando pela Época Atlante).

(Revista Serviço Rosacruz – 07/74 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Livro sem Prefácio

Desde o seu início, o Cristianismo vem sendo deturpado por interpretadores levianos, por entidades dogmáticas, por pretensiosos e pseudomestres, desavisados transmissores dos seus ensinamentos, os ensinamentos de Cristo, os ensinamentos Cristãos.

Vem sendo erroneamente ou mesmo inconscientemente confundido nos seus ensinamentos. Confundidos, sim, por aqueles que apenas o leram, sem entendimento e conhecimento de seu profundo significado oculto.

Essa verdade aqui exposta, sem nenhum sentimento ou propósito não fraternal, nós a encontramos se nos transportarmos aos textos do próprio Livro sem prefácio, a Bíblia. Esse livro que se constitui num verdadeiro manancial de ensinamentos revividos pelos apóstolos de Cristo e seguidos, retamente, por aqueles que possuem internamente a sua chave de interpretação.

Até mesmo nas suas traduções, esse fenômeno de deturpação se generalizou, se anotou de maneira muitas vezes grosseira, pois quase que a totalidade dos seus tradutores se julgaram privilegiados portadores da verdade, ao traduzi-la e entregá-la ao sabor de interpretadores menos capacitados.

Entretanto, nós sabemos que nenhum deles, ou melhor, a maioria deles não nos apresentou uma tradução do texto original, havendo, consequentemente, uma disparidade nas suas variadas traduções, encontrando-se, na maioria delas, a marca das funestas e nefastas influências de poderosos grupos da época de escribas, de fariseus interessados numa versão ajustada às conveniências e interesses desses mesmos grupos predominantes e, não raras vezes, fugindo à lógica da sua cristalina interpretação.

Dessa confusão e dessa disparidade caracterizada nas suas traduções surgiu o catolicismo, o protestantismo, enfim, a divisão de centenas de grupos e seitas religiosas, todas elas, porém, mantendo o sufixo “ismo”, o que, vale dizer, sem se afastarem do Cristianismo.

O movimento Rosacruz (cabendo aqui salientar: que não é uma seita ou organização religiosa, mas sim uma grande Escola de Pensamento Filosófica Cristã, também conhecida como a Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental), no entanto, sem se preocupar com tais disparidades de traduções, sem pretender dar novas formas aos seus textos, vem procurando interpretar e “prefaciar” a Bíblia dentro da sua não deturpável realidade oculta, buscando, nas suas entrelinhas, a sua real e efetiva significação esotérico-espiritual, sem se preocupar com as razões ou interesses de variados grupos guiados por preconceitos egoísticos, finalidades não definidas e por vezes danosas aos superiores interesses do Cristianismo, corretamente aplicado.

Com a segurança dessa interpretação, com a convicção das verdades existentes no texto oculto da Bíblia, vem a Fraternidade Rosacruz, com seus respectivos Centros e Grupos de Estudos, conquistando a aprimoração e difusão dos seus ensinamentos, que muito vêm ajudando os nossos irmãos, as nossas irmãs, as nossas amigas e os nossos amigos nessa preocupação constante de sobreviverem na verdade, unicamente na verdade, no desejo de constituir uma humanidade mais Cristã, mais Fraternal, mais humana.

A trajetória percorrida pela Fraternidade Rosacruz, nessa espiral de evolução, vem se pontilhando e se purificando no grande sacrifício de uma luta constante, difícil e, muitas vezes, incompreendida, porém profundamente gloriosa.

Nessas circunstâncias, aos Estudantes Rosacruzes não recomendamos a leitura pura e simples do livro sem prefácio, a Bíblia, porém, que cada um procure estudá-la sem interesses outros que não sejam aqueles de, constantemente, aprender a interpretá-la na imperativa missão de fazer prevalecer a verdade dos seus ensinamentos e nunca as conveniências de grupos que consciente ou inconscientemente vêm contribuindo para dificultar o estabelecimento da tão aspirada Fraternidade humana.

Afinal, não nos esquecemos do que repetimos todas as vezes que oficiamos o Ritual do Serviço Devocional do Templo: “A Bíblia foi dada pelos Anjos do Destino que estando acima de todos os erros dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento”.

E, mais, como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos: “Há muito boas razões para que a Bíblia – que contém não uma, mas duas Religiões, a Cristã e a Judaica – fosse dada ao Ocidente. Se procurarmos a luz diligentemente veremos a Suprema Sabedoria oferecida por esta dupla Religião, apropriada como nenhuma outra Religião atual, às nossas necessidades especiais. Esclarecendo melhor esse assunto tratemos, nesse capítulo, de alguns pontos já examinados em outras partes desse livro.”

“A Bíblia, portanto, contém os ensinamentos de que necessitam, especialmente, os povos ocidentais.”

“Não pretendemos defendê-la (na forma atual comumente conhecida) como a única, verdadeira e inspirada Palavra de Deus, não obstante, ser verdade que ela contém muitos conhecimentos ocultos inestimáveis. Isso é, em grande extensão, escondidos sob interpolações e obscurecidos pela supressão arbitrária de certas partes julgadas “apócrifas”. O ocultista cientista que, claro, sabe o que se quis expressar pode ver facilmente quais as partes originais e quais as que foram interpoladas.”

“Antes de proceder com uma análise, é necessário dizer que as palavras da língua hebraica, especialmente no estilo antigo, sucedem-se umas às outras sem a separação ou a divisão que é de uso em nossa língua. Acrescentando a isso, havia o costume de retirar as vogais da escrita, de maneira que sua leitura dependia muito donde fossem colocadas, se verá quão grandes são as dificuldades a vencer para apurar o significado original. Uma ligeiríssima mudança pode alterar inteiramente o significado de qualquer sentença.

Além dessas grandes dificuldades, devemos também saber que dos quarenta e sete tradutores da versão do Rei Jaime  (a mais comumente usada na Inglaterra e América) unicamente três conheciam bem o hebraico e, desses três, dois morreram antes da tradução dos Salmos. A ata que autorizava a tradução, tenhamos também em atenção, proibia aos tradutores todo o parágrafo que pudesse desviar grandemente ou perturbar as crenças já existentes. É evidente, portanto, que as probabilidades de se conseguir uma tradução correta eram bem escassas.

Tampouco foram mais favoráveis as condições na Alemanha. Lá, Martin Lutero , o único tradutor, mesmo ele não a traduziu do texto original hebraico, mas tão só de um texto latino. A maioria das versões empregadas pelos protestantes dos diversos países é simples traduções em diferentes idiomas da tradução de Lutero.

Certamente tem havido revisões, mas não tem melhorado grandemente a matéria. Além disso, há grande número de pessoas que insiste em considerar o texto inglês da tradução do Rei Jaime como absolutamente exata, da primeira à última letra, como se a Bíblia tivesse sido escrita originalmente em inglês e a versão do Rei Jaime fosse uma cópia fidedigna do manuscrito original. Assim, os erros subsistem apesar dos esforços que se têm feito para eliminá-los.

Deve-se também notar que os que originalmente escreveram a Bíblia não pretenderam dar a verdade de maneira a poder tê-la quem quisesse. Nada estava mais distante de sua Mente do que a ideia de escrever ‘um livro aberto de Deus’.”

“Originalmente, a Bíblia Judaica foi escrita em hebraico, mas não possuímos nem uma só linha da escritura original. No ano 280 antes de Cristo fez-se uma tradução para o grego, a ‘Septuaginta’. Ainda em tempos de Cristo, havia já uma confusão tremenda e diversidade de opiniões relativas ao que se devia admitir como original e ao que tinha sido interpolado.

Só depois da volta do desterro da Babilônia, começaram os escribas a compendiar as diferentes escrituras. Pelo ano 500 D.C. apareceu o Talmud (um livro sagrado dos judeus, um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico), com o primeiro texto semelhante ao atual. Em vista dos fatos mencionados, não pode ser perfeito.

O Talmud esteve em mãos da escola Massorética que, desde o ano 590 até 800 D.C., permaneceu, principalmente, em Tiberíades. Depois de enorme e pacientíssimo trabalho, escreveu-se um Antigo Testamento Hebreu, o mais próximo ao original que temos atualmente.

Esse texto massorético será utilizado na elucidação seguinte sobre o Gênesis e, não confiando no trabalho de um único tradutor, será suplementado por uma tradução alemã de três eminentes estudiosos do hebreu: H. Arnheim, M. Sachs e Jul. Furst que cooperou com um quarto, Dr. Zunz, sendo esse último também o editor.”[1]

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.E.: atualmente, em português, temos uma versão que atende à fidelidade descrita nesse parágrafo por Max Heindel em uma versão da “Bíblia de Jerusalém, edição brasileira (1981, com revisão e atualização na edição de 2002) da edição francesa Bible de Jérusalem, que é assim chamada por ser fruto de estudos feitos pela Escola Bíblica de Jerusalém, em francês: École Biblique de Jérusalem. De acordo com os informativos da Paulus Editora, a edição “revista e ampliada inclui as mais recentes atribuições das ciências bíblicas. A tradução segue rigorosamente os originais, com a vantagem das introduções e notas científicas.” Essas notas diferenciais em relação às outras traduções prestam-se a ajudar o leitor nas referências geográficas, históricas, literárias etc. Suas introduções, notas, referências marginais, mapas e cronologia — traduções de material elaborado pela Escola Bíblica de Jerusalém — fazem dela uma ferramenta útil como livro de consulta, para quem precisa usar passagens bíblicas como referência literária ou de citações. A Bíblia de Jerusalém é considerada atualmente, pela grande maioria dos linguistas, como uma das melhores bíblias para o estudo, aplicável não apenas ao trabalho de teólogos, religiosos e fiéis, mas também para tradutores, pesquisadores, jornalistas e cientistas sociais, independentemente de serem católicos, protestantes, ortodoxos ou judeus, ou mesmo de qualquer outra religião ou crença e ateus.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado da Morte

Os dogmas teológicos e científicos que representam o pensamento do ser humano sobre si mesmo e seu ambiente no que há de pior, seja selvagem ou sábio, exibiram o que Schopenhauer chamou de “a vontade de viver de maneira biológica e primitiva”, diz o London Light (Luz de Londres), ao discutir um livro chamado La Sens de la Mort (O Significado da Morte), de M. Paul Bourget. A história em si é dos dias atuais, mas a falta de espaço nos impede de expor até mesmo a forma mais abreviada da trama. O que imediatamente nos preocupa são as visões divergentes sobre a vida e a morte que se manifestam durante a discussão entre dois dos personagens principais. Um desses é um famoso cirurgião que acaba de se descobrir condenado à morte em poucos meses por câncer. O outro é um jovem saudável.

Esses dois senhores estão inspecionando um hospital juntos, quando o jovem comenta que os arranjos lá são confortáveis demais. A isso o grande cirurgião objeta: “Não, para que serve o sofrimento, quando é possível escapar dele?”. Sua pergunta é apaixonadamente ressentida, porque ele próprio está sofrendo muito.

O jovem, que nunca sofreu, responde: “Para pagar”. “Pagar o quê?”, exigiu o cirurgião, que a ninguém contou o segredo do seu sofrimento. “As dívidas das nossas faltas e as dos outros”, responde o jovem. O cirurgião se ressente dessa interpretação, pois suas concepções são principalmente materialistas.

“Faltas nossas, como se tivéssemos pedido para nascer! E os defeitos dos outros — é monstruoso!”. “Mas”, diz o jovem, “já que tudo na vida leva ao sofrimento e à morte, se o sofrimento e a morte não têm esse sentido de expiação, que sentido têm, que sentido tem a vida?”. A resposta do grande cirurgião é curta, pois ele está cheio de ressentimento intenso. “Nenhum”, conclui.

É desnecessário dizer ao Estudante Rosacruz que ambos estão errados. Não é verdade que tudo na vida leva ao sofrimento e à morte. A missão da dor e do sofrimento não é meramente expiatória. Não existe um Deus irado que pretende se vingar de nós por nossos erros; mas, estamos aqui frente-a-frente com uma Lei, uma boa Lei, destinada a nos ensinar as lições necessárias para o nosso avanço a alturas mais elevadas na escala da evolução.

De modo que, por uma sucessão de existências em Corpos Densos de textura cada vez mais fina, aprendemos as lições da vida e entendemos como nos ajustar às condições aqui por meio do pensamento correto e da ação correta. Quem tem um Corpo Denso tão bom e perfeito que gostaria de habitar nele para sempre? Certamente ninguém. Todos nós temos nossas dores e sofrimentos e todos estamos sujeitos à dor e ao sofrimento. Portanto, a morte deve ser encarada não como o rei dos terrores, mas como o alívio misericordioso que nos liberta de uma vestimenta superada para que uma nova e melhor possa nos servir em uma vida futura, permitindo progredir ainda mais no caminho do desenvolvimento. Isso é visto em todos os Reinos de Vida.

Se a flora primordial não estivesse sujeita à morte e decadência, nenhuma forma superior de vida vegetal poderia ter surgido na Terra; e se a morte não tivesse liberado o Espírito que animava a primitiva forma animal, os répteis ainda habitariam a Terra, excluindo os mamíferos superiores. Da mesma forma, se o ser humano não tivesse morrido, as formas humanas e primitivas, absolutamente inadequadas para a expressão da vida e do intelecto a que hoje atingimos, ainda seriam as únicas por aqui. É verdade que colhemos o que semeamos, mas a expiação não é a única finalidade dessa colheita; estamos ao mesmo tempo aprendendo lições sobre como evitar erros do passado em ocasiões futuras e nos conformando às Leis da Natureza.

Não estamos aqui apenas para pagar por nossos erros, mas para aprender com eles e tais ideias primitivas de expiação, expressas na resposta do jovem, devem ser extirpadas da Mente humana para que formas mais nobres de Religião (a re-ligação com Deus, de onde viemos e para onde estamos voltando) possam tomar o seu lugar. Por toda a constituição do Universo corre o princípio da justiça, mas não uma justiça fria e dura: uma justiça que é temperada com misericórdia, pois aquilo que conhecemos como as Leis da Natureza em suas manifestações – e que chamamos de “Deus em manifestação” – são, de fato: as grandes inteligências – Hierarquias Criadoras –, os Ministros de Deus, os Sete Espíritos diante do Trono, os Anjos do Destino. Eles são compassivos além de qualquer concepção que possamos ter sobre esse termo e tudo o que acontece a um ser humano sob a orientação deles é adequado apenas às necessidades desse ser humano.

Foi dito que nem mesmo um passarinho cai no chão sem a vontade do Nosso Pai Celestial (Mt 10:29-30). E se a Natureza — que é Deus ou o Universo —, o Poder que progressivamente fez nascer o Espírito não-individualizado em formas ascendentes na escala evolutiva, até chegar ao ser humano, conservando em cada forma todos os desenvolvimentos progressivos das formas inferiores, se esse Poder inefável é justificado até mesmo para o ser humano no que diz respeito ao destino de todas as criaturas abaixo dele, a suposição clara em referência ao seu próprio destino é que ele, sendo o mais elevado nos quatro Reinos da Vida que agora se desenvolve nesse Período Terrestre, deve ser ajudado quando morrer, assim como é antes de nascer. Tal é a conclusão lógica e quanto mais examinamos o assunto, tanto mais essa conclusão é justificada entre aqueles que estudaram o assunto e estão em posição de saber.

A esse respeito, é tão estranho quanto esclarecedor observar as diferentes maneiras pelas quais a guerra afeta pessoas de diferentes crenças religiosas. Falando de modo geral, podemos dizer que há três grandes sistemas religiosos representados entre os combatentes: os Hindus, os Maometanos e os Cristãos. Cada uma dessas três classes encontra a morte de uma maneira diferente em função do que acreditou durante a vida. Além disso, sua crença os faz agir de maneira diferente quando entram nos Mundos invisíveis.

Para fins de elucidação e comparação, podemos considerar o Hindu primeiro. Ele acredita no karma; ou seja, que a maioria das coisas que lhe acontecem nesta vida são resultado de ações em vidas anteriores e esse karma, ao que parece, é, para dizer o mínimo, muito difícil de ser mudado, supondo que isso possa ser feito de algum modo. Talvez, até certo ponto, alguns dos mais inteligentes acreditem que o karma possa ser alterado; mas, como raça, é do entendimento do escritor que eles acreditam que esse tipo de karma não possa ser evitado e estão aqui com o propósito de resolvê-lo. Mas, ao mesmo tempo em que expiam o resultado de suas ações passadas em vidas anteriores, também estão criando novo karma e, assim, lançando as bases para suas vidas futuras. A esse respeito, eles acreditam que têm livre-arbítrio, exceto quando restritos por seu ambiente e, portanto, são capazes de mudar suas vidas no futuro.

Quando um ser humano está imbuído dessa crença e vai para a guerra, ele toma como certo que, se encontrar a morte, então é o seu karma. Ele luta sem medo porque sente que, se não for o seu karma morrer, ele sairá seguro, faça o que fizer. Se o sofrimento vier a ele, ele o considerará também como karma e se esforçará para torná-lo o mais pacientemente possível. Além disso, quando, após a morte, ele se encontra nos Mundos invisíveis, está calmo e sereno; ele sabe que seus parentes, embora possam sofrer por ele, não o farão de forma desmedida, porque sabem que morrer foi o seu karma e, portanto, sentem que não adianta se rebelar. Além disso, ele acredita que no devido tempo nascerá novamente e encontrará seus entes queridos em formas alteradas. Portanto, não há causa real para o luto desenfreado.

Os Maometanos têm uma crença um tanto semelhante no kismet, que é o nome que dão ao destino. Eles acreditam que tudo na vida humana, nos mínimos detalhes, é predestinado e que, portanto, não importa como eles agem ou não, tudo o que precisa acontecer vai acontecer, independentemente de qualquer ação ou exercício de engenhosidade da sua parte; portanto, sempre foi relatado que os soldados Maometanos foram para a guerra em absoluto desrespeito por suas vidas; que eles lutaram com bravura insuperável e suportaram todas as privações sem um único murmúrio, sabendo que, quando tivessem combatido o bom combate, seriam transportados para o paraíso, onde a bela Houris ministraria o seu bem-estar para sempre. Embora atualmente todas as Religiões pareçam ter caído cada vez mais na indiferença, o efeito dessa crença ainda é visto em grande medida pelos Auxiliares Invisíveis que cuidam das vítimas da guerra quando elas falecem. Eles geralmente encontram os Maometanos calmos e resignados com seu kismet.

No entanto, quando consideramos o caso dos Cristãos, o assunto é bem diferente. É verdade que a Religião Cristã também ensina que aquilo que o ser humano semear, isso também colherá (Gl 6:7); contudo, em primeiro lugar, os ensinamentos religiosos tiveram um lugar muito restrito entre as nações ocidentais em comparação com o domínio que exercem sobre o povo do oriente, como os Hindus e Maometanos. A Religião deles faz parte da vida cotidiana deles. Em certas épocas, os orientais, de qualquer Religião, dedicam-se à oração e são muito sinceros em sua observância religiosa.

No mundo ocidental, por outro lado, as pessoas geralmente têm vergonha de serem consideradas religiosas demais. Recentemente, um dos jornais de Nova York publicou um anúncio de página inteira, se o escritor lembra bem, que afirmava que os “homens de negócios” deveriam ir à igreja, pois isso é um bom trunfo nos negócios, porque os marcava como cidadãos respeitáveis e garantir-lhes-ia mais crédito. Que motivo indigno para resistir como um incentivo! Houve, é claro, uma indignação considerável direcionada a esse anúncio, mas ele mostra o dilema da igreja, como ela está submetida a isso para manter seus membros e sua frequência; também revela quão poucos, mesmo entre os estudantes que buscam o desenvolvimento místico, leem este grande livro (da Sabedoria Ocidental), a Bíblia.

O escritor já notou que sempre que surge uma pergunta sobre a Bíblia ou alguém é solicitado a ler a Bíblia, muito poucos conseguem pronunciar os nomes corretamente ou nomear os vários livros da Bíblia. Todos esses são sinais que mostram que a Religião no mundo ocidental não é estudada nem praticada diariamente pela grande maioria. Em certa ocasião, ao discutir isso com um “homem de negócios”, ele observou que não tinha tempo para o estudo da Religião durante a semana, portanto, pagava um ministro de uma igreja para estudar e ia à igreja no domingo para que o ministro pudesse ali dar a ele o benefício do que havia aprendido durante a semana anterior.

Aqueles que estudam a Bíblia são chamados de excêntricos e evitados como tal. Daí a ideia sobre o significado do sofrimento e da morte expressa pelo cirurgião no livro que deu origem às reflexões aqui expressas. Mas mesmo onde a ideia de misericórdia e expiação vicária é adotada, vemos o extremo oposto, o ensino que nos diz que um ser humano que pecou e se arrepende é imediatamente perdoado conforme expresso neste dístico.

Entre o estribo e o chão,

Ele procurou e achou o perdão.[1]

Isso transmite a ideia de que alguém pode viver uma vida de pecado até o momento da morte e depois, no leito de morte, ao pedir perdão, podemos ser perdoados por toda a nossa vida de erro. Essa ideia errada tornou-se tão arraigada na consciência pública que perdemos o respeito pela Lei que afirma que “como semeamos, assim também ceifamos”, o que nos torna totalmente dependentes da graça; isso, é claro, se alguma vez já pensamos no assunto. Na estimativa do escritor, nada menos que uma educação completa das pessoas do mundo ocidental sobre o fato da sua responsabilidade pode despertar a vida religiosa novamente.

Se as igrejas querem ter sucesso e aumentar a frequência dos seus membros, se querem espalhar o Reino de Cristo na Terra, então esse é realmente o caminho. Devem despertar o sentido da responsabilidade individual, que em parte se perdeu com a venda de indulgências praticada pela Igreja Católica ou a exigência de dízimos e “contribuições” obrigatórias (inclusive com argumentos de “lugar no céu”) das Igrejas Protestantes, que deu a quem nelas cressem o sentimento de que a justiça e a igualdade, que têm a sua raiz no Direito universal, podem ser enganadas pelo pagamento de coisas insignificantes. Isso foi um golpe no próprio fundamento sobre o qual a Religião está e, como resultado, temos hoje na guerra atual um espetáculo que é horrível demais para ser contemplado. E enquanto nossos irmãos e nossas irmãs, a quem chamamos pagãos, enfrentam a morte e se ajustam às condições do Além, porque estão imbuídos de um senso dessa responsabilidade por suas próprias ações e uma percepção da proteção Divina que tem todas as coisas sob o Seu grande cuidado, nós, que nos orgulhamos de ser as pessoas mais civilizadas, Cristãos, encaramos a morte de um modo totalmente impróprio. Quando não perdemos o juízo por causa da raiva ou ódio e morremos nessa condição, choramos ou ficamos infelizes por causa dos entes queridos que deixamos para trás; e uma pequena classe se compadece por ter sido tirada da vida terrena e dos prazeres aí experimentados.

Há tristeza e sofrimento mental entre os, assim chamados, Cristãos, sentimentos que são inigualáveis, incomparáveis entre aqueles que vêm do Oriente. Se não fossem os parentes daquelas pessoas, que agora estão morrendo às centenas de milhares, pressionarem o Departamento de Cura para acalmá-los até que encontrem seu equilíbrio e, assim, minimizar sua condição terrível, pareceria que o mundo tivesse sido engolido por um oceano de tristeza.

Portanto, ao escritor é provável que, para efetuar a regeneração do mundo ocidental, as pessoas devem ser educadas sobre a ação das Leis gêmeas que estão na raiz do progresso humano; pois, quando entendemos completamente que, sob a Lei da Consequência nós somos responsáveis por nossas ações, mas que a retribuição não é aplicada por um Deus irado, assim como, quando jogamos uma pedra para o céu, não há um Deus irado que pega essa pedra e a joga de volta em nós. Ação e reação se seguem uma à outra assim como fluxo e refluxo, noite e dia, inverno e verão… Essa Lei, juntamente à Lei do Renascimento, que nos dá nova chance em novo ambiente e corpo melhor, permite que nós trabalhemos o nosso caminho do humano até a Divino conforme evoluímos do micróbio ao ser humano.

(Escrito por Max Heindel, Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de abril/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Na igreja Católica, o Ato de Contrição faz parte do Sacramento da Penitência e é rezado pelo penitente depois que o padre atribui uma penitência e antes de dar a absolvição ao penitente. Também costuma ser dito especialmente antes de ir para a cama à noite. Supõe-se geralmente que os indivíduos podem recorrer a um Ato de Contrição quando se encontram à beira da morte. Fulton Sheen relata uma história contada sobre John Vianney. Quando uma viúva recente lamentou a morte de seu marido, que cometeu suicídio pulando de uma ponte, Monsieur le Curé observou: “Lembre-se, senhora, que há uma pequena distância entre a ponte e a água”. Com isso ele quis dizer que o marido dela tinha tempo para fazer um Ato de Contrição. Isso é análogo à conhecida citação: “Entre o estribo e o solo, algo procurou e algo encontrou” – mais poeticamente: Entre o estribo e o chão, ele procurou e achou o perdão –, indicando que a misericórdia está disponível quando buscada. (A citação original é do antiquário inglês do século XVI, William Camden; a versão mais familiar é do romance Brighton Rock, de Graham Greene, de 1938.).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Causa da Tristeza Profunda, da Angústia e do Sofrimento

Max Heindel

Reunimo-nos novamente esta noite com o propósito de concentrar nossos pensamentos na segunda parte do mandamento de Cristo: “curai os enfermos”. Pois consideramos essa parte do mandamento divino tão obrigatória para seus seguidores quanto a primeira parte, que nos exorta a “pregar o Evangelho”. Mas, se entendermos bem esse mandamento, não nos contentaremos em meramente tentar aliviar a dor, a tristeza profunda, a angústia e o sofrimento de qualquer um ou de qualquer número de pessoas. Tentaremos chegar à causa de todo sofrimento humano para que, eliminando a causa principal (a causa fundamental, a causa-raiz) possamos erradicar os efeitos. Para fazer isso, para chegar a uma conclusão verdadeira sobre a origem da tristeza profunda, da angústia e do sofrimento, ao tempo em que descobrimos os meios para sua erradicação permanente, devemos voltar ao passado distante; de fato, ao início da existência física.

A Bíblia foi dada ao mundo ocidental pelos Anjos do Destino que, estando acima de todos os erros, dão a cada nação a Religião mais adequada para guiá-la no caminho da sua evolução espiritual e física; e, se buscarmos a luz nessa fonte, certamente a encontraremos. Deve-se ter em mente que o Cristo ensinou a multidão por parábolas, mas deu aos Seus Discípulos o significado dessas parábolas e as coisas mais profundas sobre os mistérios do Reino dos Céus. São Paulo também ensinou uma verdade diferente, ou melhor, mais profunda (“carne”) para aqueles que eram fortes na fé, mas deu o “leite” das doutrinas mais elementares aos bebês. Da mesma forma, devemos entender que, além do significado que a Palavra de Deus carrega em sua face, há um lado mais profundo e oculto sobre o qual faremos bem em ponderar esta noite.

Aprendemos primeiro a ideia de que a Terra nem sempre foi como é hoje; que houve um imenso período de formação e que este Planeta deve ter passado por vários estágios de desenvolvimento antes de atingir a condição atual. Vemos nas nebulosas do céu, que agora são ígneas. Podemos entender que a umidade deve ser condensada por esse fogo da fria extensão do espaço; também podemos entender que essa umidade se evapora rapidamente quando entra em contato com um vórtice tão ardente e rodopiante; que o vapor gerado sobe ao espaço para ser ali condensado novamente pelo frio, passando assim por inúmeros ciclos de evaporação e condensação até que, finalmente, forma-se uma crosta ao redor do núcleo ígneo. Essa crosta se torna mais dura quando gradualmente a umidade supérflua é evaporada como uma névoa. A névoa eventualmente se reúne e condensa em uma nuvem, caindo novamente sobre o Planeta como um dilúvio e deixando as condições climáticas como as encontramos hoje na Terra. A esses estágios os Ensinamentos Rosacruzes chamam de Épocas, denominadas Época Hiperbórea, Época Atlante e Época Ária.

Não falaremos da primeira dessas Épocas mencionadas. Mas, durante a última parte da Época Lemúrica, quando a humanidade ainda vivia em ilhas cercadas de fogo na crosta em formação, os humanos eram muito diferentes da humanidade de hoje. Eles eram, de fato, gigantes de uma forma corporal que seria repulsiva para nossas atuais noções de simetria e beleza corporal; mas, diferiam de nós particularmente neste fato: o Ego ainda não tinha aprendido a administrar o seu corpo de forma adequada e permanente. Na verdade, eles não sabiam, naquela Época, que tinham corpos; eles os usavam tão inconscientemente quanto usamos atualmente o nosso aparelho digestivo. A visão deles estava totalmente focada nos Mundo espirituais e eles viam Deus face-a-face, ou melhor, aqueles que eles pensavam ser Deus; isto é, os Mensageiros Divinos que os guiaram como as crianças são guiadas por seus pais, porque naquela época eles não tinham desenvolvido a vontade, como temos hoje.

Estando inconscientes de seus corpos, eles não conheciam o nascimento nem a morte. A perda de um veículo físico acontecia frequentemente por causa das erupções vulcânicas que eram comuns em nossa Terra em formação; mas, era como a queda de uma folha seca da árvore e não produzia diferença alguma em sua consciência. Nem era o nascimento de um novo corpo um evento de distração, porque durante o nascimento e a morte sua consciência estava focada nos Mundos Invisíveis aos olhos físicos.

Em certas épocas do ano, os Anjos, que sempre foram os precursores do nascimento, conduziam essas hostes de humanos em grandes templos em que o ato propagativo era realizado como um ato de sacrifício sob os raios astrais (Sol, Lua e Planetas) apropriados. Nesses momentos de intenso contato íntimo, a atenção do ser humano era temporariamente desviada dos Mundos espirituais para a Região Química do Mundo Físico e, assim, “Adão conheceu sua esposa”.

Assim, a tônica do corpo, então concebido, estava em perfeita sintonia com a harmonia das esferas naquele momento e, portanto, o parto era indolor, a saúde era perfeita e a morte não aterrorizava a humanidade daquela época.

Mas, os Anjos não eram todos da mesma natureza. Havia duas classes; uma sintonizada com a Água e outra, com o Fogo. É a última classe que foi interpelada por Isaías (14:12) naquela maravilhosa passagem em que ele diz:

Ó Lúcifer, filho da manhã,

Como você caiu do Céu!

Dos Espíritos da Água, ou verdadeiros Anjos, o ser humano recebeu o cérebro; mas Lúcifer (lucis + ferre = o portador da luz; no original em hebraico temos Hêlêl = o brilhante), Espírito do Fogo, é o “doador de luz”. Dos Espíritos do Fogo veio a luz da razão.

O Corpo de Desejos do ser humano foi por eles impregnado de uma nova faculdade: impulso. E como era necessário que eles usassem um instrumento físico para seu próprio desenvolvimento, embora fossem incapazes de criar tal veículo, eles ensinaram ao ser humano para que esse tivesse um Corpo Denso e o esclareceram sobre o método pelo qual ele poderia gerar um novo veículo a qualquer momento, quando o antigo morresse, independentemente das condições astrais; e o ser humano, cedendo ao impulso dos Espíritos de Lúcifer, incitado pela paixão que eles incutiram, passou a considerar o ato gerador como meio de gozo e gratificação, em vez de um Sacramento. Assim, os corpos nascidos sob tais condições estavam fora de sintonia com a Harmonia Cósmica. Portanto, o parto tornou-se doloroso, a saúde ficou prejudicada e a Morte entrou em seu reinado como o “Rei dos Terrores”.

Enquanto Adão conhecia sua esposa apenas durante o tempo em que os Anjos presidiam o ato propagativo, sua consciência estava focada durante todo o tempo restante nos Mundos espirituais. Mas, as coisas tornaram-se radicalmente diferentes quando o ser humano tomou o assunto em suas próprias mãos. Quanto mais frequentemente ele conhecia sua esposa para autogratificação, mais frequente e completamente sua consciência se concentrava no Mundo Físico e mais ele perdia de vista os reinos superiores, até que finalmente eles foram esquecidos, ou quase. Portanto, o nascimento agora parece o começo da vida. Começa com dor para mãe e bebê; a própria vida costuma ser um caminho de dor e sofrimento, porque em Espírito nos sentimos órfãos de nosso Pai; e no final está a morte, o “Rei dos Terrores”, para introduzir o Espírito no que é, para nossa consciência física, um grande desconhecido, e tudo isso por causa do impulso e da paixão que os Espíritos marciais de Lúcifer gravaram em nossa natureza de desejo. E enquanto a luz do fogo da paixão manchar nossa natureza de desejo, esse regime deve continuar.

O Antigo Testamento começa com o relato de como o ser humano foi desviado de Deus pela falsa Luz dos Espíritos de Lúcifer, dando origem a toda tristeza profunda, angústia e sofrimento do mundo; termina com a promessa de que o Sol da Justiça surgirá com a Cura em suas asas. E no Novo Testamento encontramos o Sol da Justiça, a verdadeira Luz, vindo para salvar o mundo e o primeiro fato que se afirma sobre Ele é que seja de uma Imaculada Conceição.

Agora, esse ponto deve ser totalmente compreendido e deve ficar claro a partir do que foi dito anteriormente: que é a mácula luciferiana da paixão que trouxe tristeza, pecado e sofrimento ao mundo. Antes da impregnação do Corpo de Desejos com esse princípio demoníaco, a Concepção era Imaculada e um Sacramento. O ser humano caminhava então na presença dos Anjos, puro e livre de vergonha. O ato da fertilização era tão casto quanto o da flor. Portanto, quando o mal foi feito, imediatamente o mensageiro, ou Anjo, cingiu-os com folhas para imprimir neles o ideal que eles deveriam aprender a viver; ou seja, a castidade, como a planta é casta. Sempre que somos capazes de realizar o ato gerador de maneira pura, casta e desapaixonada como a planta, ocorre uma Concepção Imaculada e nasce um Cristo capaz de curar todos os sofrimentos da humanidade, capaz de vencer a morte e estabelecer a imortalidade, uma verdadeira luz para conduzir a humanidade para longe do fogo-fátuo da paixão; isso é feito através do autossacrifício pelo companheiro.

Esse, então, é o grande ideal pelo qual estamos lutando: purificar-nos da mácula do egoísmo e da busca egoísta. E, portanto, consideramos o emblema da Rosacruz como um ideal. Pois as sete rosas vermelhas tipificam o sangue purificado; a rosa branca mostra a pureza da vida e a estrela dourada e radiante simboliza aquela inestimável influência para a saúde, utilidade e elevação espiritual que irradia de cada Servo da humanidade.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Princípios Básicos da Astrologia Rosacruz

A Astrologia Rosacruz se baseia em dois fatos cósmicos:  primeiro, que a matéria é inerte e segundo, que a vida se manifesta na matéria, como movimento.

No começo desse grande Dia de Manifestação o Deus do nosso Sistema Solar produziu movimento nos átomos inseparáveis da Substância Raiz Cósmica, ao emitir a Palavra de Poder. Essa “Palavra” foi um tom musical, provavelmente, contendo a totalidade da Escala Cromática.

Outros grandes Seres, dotados de poder criador, assistiram à divindade nos detalhes relativos à execução do plano criador do Sistema Solar. São as Hierarquias Criadoras. Esses seres são designados na Bíblia como Elohim. Um deles é Jeová, o Anjo mais elevado Iniciado do Período Lunar. Seu poder, expressando-se em tonalidades musicais, atingiu o extremo ou a periferia do Sistema Solar.

Deus é vida, e cada ser humano, como uma descendência direta de Deus, também é uma unidade de vida. Por isso cada uma dessas unidades de vida tem poder inerente para se manifestar na matéria, em grau limitado. Daí, então, ser o propósito da vida humana tornar o ser humano gradativamente idêntico a Deus em manifestação.

O Sol tem três veículos, a saber: o Sol Espiritual, o Sol Central e o Sol Físico, através dos quais operam o Pai, o Filho (Cristo) e o Espírito Santo (Jeová), respectivamente. Toda a vida e energia, dadora e criadora, nos vêm do Sol, porém, presentemente recebemos e usamos pouco dela. Eis porque se refrata nos três tons musicais e nas cores do espectro. Essas focalizam-se em nós por intermédio dos Planetas do nosso Sistema Solar.

É o tom que produz a cor e, assim, cada um deles manifesta uma cor particular. Primeiramente, os sete Planetas do nosso Sistema Solar (que são corpos de Grandes Inteligências Espirituais, designados na Bíblia como os Sete Espíritos diante do Trono) tonalizam-se com determinado tom da escala musical e cor do espectro; por meio do Sol e dos Planetas recebemos as energias que nos auxiliam a crescer e desenvolver.

Há nove Planetas em nosso Sistema Solar. Dois deles, Netuno e Plutão, descobertos mais recentemente, não pertencem ao nosso Sistema Solar, porque não foram ejetados do Sol como os outros sete. Foram adicionados, provindos do espaço exterior, pertencentes a outro Sistema Solar. Mais três Planetas serão necessários para completar a Escala Cromática dentro desse Esquema de Evolução. No devido tempo serão eles “descobertos” pelos astrônomos.

Como ficou demostrado pelo grande tenor Caruso, o tom musical de um objeto poderia ser encontrado utilizando-se uma taça. Ficou provado que cada objeto na Terra possui uma nota-chave. Colocava a citada taça à uma certa distância e emitindo o tom-chave com relativa intensidade ela se esfacelava. A mesma verdade encontramos mencionada na passagem bíblica do desmoronamento das Muralhas de Jericó, por Josué.

O ser humano é sétuplo. Possui um Tríplice Espírito (Poderes), um Tríplice Corpo e uma Mente. Cada um desses fatores que o compõem possui um tom-chave que lhe é determinado antes do nascimento físico ou um mais nascimento aqui.

As vibrações ou tons que são induzidos nos Corpos Densos pelas energias provindas do Sol, da Lua e dos Planetas no momento do nascimento físico, são também tonalidades permanentes, para mais ou para menos, na vida. Elas compõem a “Carta Natal da Astrologia”, o horóscopo. Produzem discórdia ou harmonia de acordo com suas naturezas e os ângulos em que se colidem. Esses tons, em conformidade com suas naturezas e os ângulos de incidências, impelem (sugerem, induz, não exigem, nem obrigam!) o ser humano a gerar certos tipos e classes de pensamentos, de sentimentos, de emoções e de desejos. As vibrações discordantes produzem pensamentos, sentimentos, emoções e desejos discordantes (inferiores), ao passo que as harmoniosas geram sentimentos, emoções e desejos concordantes (superiores). As discórdias geram como efeitos a tristeza, a dor, o sofrimento, a frustração e a perda. Pela aplicação do conhecimento, da sabedoria e do poder da vontade essas vibrações ou tons poderão ser mudados, dentro de certos limites, em conformidade com os propósitos e necessidades do indivíduo. Afinal, o livre arbítrio sempre é e será respeitado!

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – junho/1973 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Vitalizemos nosso Arquétipo para Aumentar Nossos Esforços Sempre

Como o pensamento ao final de cada ciclo se volta naturalmente ao passado, é oportuno considerar com que velocidade o tempo ocorre e quão ilusória e evanescente é a vida no mundo dos fenômenos, aqui.

Isso nos faz lembrar, também, como é precioso nosso tempo e a responsabilidade enorme que temos no justo emprego que dele fazemos.

Em verdade, o tempo deveria ser utilizado, quanto mais possível, de modo edificante para que resultasse em maior crescimento da nossa alma. Caso contrário, que aproveitaria o indivíduo “ganhar o mundo inteiro se viesse a perder a sua alma?” (Mc 8:36).

Esta é uma época de sementeira e segundo nos foi ensinado: “aquele a quem muito é dado, muito também lhe será exigido.” (Lc 12:48), incumbe-nos tomar senso de responsabilidade de nossos atos. Respondemos não só pelo que fizemos, como igualmente, pelo que deixamos de fazer. E consoante a gradação de consciência, nós, Estudantes Rosacruzes, que possuímos íntimo conhecimento dos propósitos de Deus e de todas as oportunidades que nos oferece, por mediação amorosa dos Irmãos Maiores, haveremos de responder em maior extensão da responsabilidade, pelo uso que fazemos do tempo.

Do exposto podemos compreender que todos os nossos atos produzem um efeito direto nos Arquétipos dos nossos veículos, influindo na Lei da Vida e da Evolução, de modo a fortalecer o Arquétipo (ocasionando um prolongamento da vida para lograr o máximo de experiência e desenvolvimento anímico, na proporção da capacidade de adaptação e de aprendizado) ou enfraquecendo-os por transgressões à Lei e desarmonia arquetípica, perdendo oportunidade de evoluir pela antecipação da morte.

Aquele que sabe aproveitar suas oportunidades e bem utilizar seu tempo poderá, em poucos renascimentos, conseguir um grande avanço espiritual e aproximar-se da perfeição. Contrariamente, o que malgasta a corrente vital e conscientemente busca fugir a seus deveres de consciência ou aplica suas energias de modo destrutivo, se distanciará da meta, atraindo as mais dolorosas experiências – único meio de recuperação das almas teimosas.

Todos os atos contrários à Lei encurtam a vida, aumentando o número de renascimentos e protelando o “Dia da Libertação”.

A Bíblia, exata e verídica como é, exorta-nos a fazer o bem para que se prolongue nossa vida sobre a Terra. Essa lei abarca todos os seres vivos sem exceção, mas tem maior significação nas vidas daqueles que já estão conscientemente laborando na “Vinha do Senhor”, do que nas dos que desconhecem as Leis. O conhecimento destas verdades deve aumentar uns dez ou até um cento de vezes nosso zelo e interesse em fazer o bem. E mesmo que hajamos começado tarde – como dizem alguns amigos ou algumas amigas – poderemos facilmente acumular um tesouro enorme nestes últimos anos bem aproveitados de nossa existência em fazer o bem, maior até do que em grandes períodos de vidas anteriores, de semi-inconsciência. Sobretudo, estamos nos colocando em linha para iniciar em esferas mais elevadas nossas futuras existências aqui na Terra.

Assim, pois, alimentamos o mais firme propósito de utilizar, do melhor modo possível, nosso tempo e nossas oportunidades na firme esperança de que os frutos colhidos no ano que passou servirão de semente para aumentar nossos esforços no ano entrante.

É o que desejamos a todos expressando melhor augusto de que o Ano Novo seja pleno de realizações espirituais.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Evidências do Renascimento na Bíblia

Não é sem razão que muitos estudiosos dos Evangelhos encontram dificuldade em compreendê-los, pois é necessário meditar longamente nas entrelinhas. Sem nos alargarmos demasiadamente, segundo nossa capacidade, seguem algumas citações do evangelista São Mateus:

Se, pois, trouxeres ao altar a tua oferta e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeira reconciliar-te com ele; e então, voltando, faze tua oferta. Entra em acordo com o teu adversário enquanto estás com ele no caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo (Mt 5; 21-26).

O que é altar senão a nossa consciência, e oferta senão as preces e vibrações que fazemos a todo mundo? Reconciliarmo-nos com o adversário é um convite do Mestre ao Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, de consciência e à oração. E caminho, na citação, é um indicativo da nossa presente existência. Interessante é notar, também, que os Senhores do Destino estão figuradamente representados pelo juiz e o oficial de justiça, que nos sentenciam à prisão de novos Corpos, pelo renascimento, até que tenhamos saldado a última parte da dívida perante a Lei de Causa e Efeito.

Mais adiante vemos enunciada uma disciplina preventiva de um renascimento triste: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti, pois te convém que se perca um dos teus membros e não seja todo o teu corpo lançado no inferno, (…) e assim também com as mãos” (Mt 5:29-30). Todos sabem das causas remotas de um renascimento num corpo aleijado ou idiota sem possibilidade de recuperação naquela vida, por efeito da lei “o que semeares isto mesmo colherás.” (Ga 6:7). Não é como estar num inferno? No entanto, é uma forma de prevenir que se caia em falta maior e se perca a própria alma.

Há passagens evangélicas que deixam perplexas as pessoas afeitas à sua meditação. Um exemplo é o paralítico trazido num leito perante Cristo-Jesus. E esse lhe disse: “tem bom ânimo, filho, a tua fé te salvou.” (Mt 9:22). Os escribas ficaram escandalizados com essas palavras e ainda hoje pode se julgar que o Mestre quisera exorbitar a Lei de Causa e Efeito. Outro caso é o do cego a quem o Nazareno curou, misturando saliva com a terra e fazendo lama. Outro ainda, o do paralítico que aguardava há muito a possibilidade de alcançar a piscina, quando o Anjo lhe vinha agitar as águas. O Mestre curou-o simplesmente e fora dizendo que seus pecados estavam perdoados. Pois bem, não há de que estranhar. O Cristo vira, em tais casos, a extinção das dívidas de destino pendente.

Quantas vezes uma pessoa que cai enferma é submetida pelo médico à rígida disciplina e, às vezes, impõe a necessidade de uma intervenção cirúrgica, com amputação de um membro para que se salve o restante do corpo! No entanto, isso não livra a vítima de futuras complicações, caso. de novo. ela deslize e caia em pecado.

Semelhantemente o Mestre dava por findas as causas de destino e, como o Grande Médico divino proclamava a cura. Mas não deixava de advertir: “…vai e não peques mais, para que te não suceda coisa pior.” (Jo 5:14), mostrando a cadeia ininterrupta de novas causas.

Aos ouvidos duros de entendimentos, Cristo cita, ainda, o caso de Elias, renascido como João Batista: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos, ouça” (Mt 11:14-15). Não é preciso dizer que ainda hoje há ouvidos que ainda não querem ouvir, em virtude dos preconceitos, citações tão claras a respeito do renascimento.

Cristo compara, também, esta geração às crianças que brincam nas praças, gritando uns com os outros, sem cultivar os aspectos mais sérios da vida presente e futura, no além.

Vejamos agora em São Mateus capítulo 16 e versículos de 13 a 16: “E, chegando Cristo Jesus às partes de Cesarea de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’ E eles disseram: ‘Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas’. Disse-lhes Ele: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ E Simão Pedro, respondendo, disse: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’”. Se para aquela gente Jesus seria ou João Batista (já decapitado) ou Elias (que o Antigo Testamento cita haver sido arrebatado ao céu num carro de fogo) não revela isso a crença natural, daquela gente, no renascimento?

Muitos mais poderiam dizer das outras partes do Novo Testamento e, também, do Velho Testamento para corroborar a declaração de Max Heindel, de que o renascimento era ensinado antes de Cristo e mesmo por Ele, em secreto, a seus Discípulos.

Outros pontos de ocultismo podem ser igualmente esquadrinhados pela mente inquiridora e lógica do estudante Rosacruz, mercê das chaves que se lhe dão.

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – 02/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Diferenças entre Exoterismo e Esoterismo

Há certa tendência das pessoas não repararem a diferença existente entre as palavras Exotérico e Esotérico, pretendendo dar a ambas o mesmo significado.

Exoterismo vem do grego: exotéricos e, pelo latim: exotericu, que quer dizer: conhecimento passível de ser divulgado para o público. Relacionamos com externo, público e profano. Para passarmos de nível utilizamos as conversões.

Esoterismo vem do grego: esotericos, que quer dizer: conhecimento complexo e entendimento restrito a um círculo de especialistas. Relacionamos com interno, oculto e reservado. Para passarmos de nível utilizamos as iniciações.

Assim, Exotérico é tudo que se fala abertamente sobre: uma filosofia, uma corrente de pensamento, uma Religião, etc., ou seja: todo ensinamento dado publicamente, sem reservas. É representado pelas grandes Religiões: Cristianismo Popular – igreja católica, protestante, ortodoxa, etc. –, Budismo, Judaísmo, Islamismo, etc. É por isso que cada Religião possui três elementos imprescindíveis:

  • Uma Doutrina sobre o Criador: de onde viemos, porque estamos aqui e para onde vamos;
  • Um conjunto de Rituais (ajudam a incorporar a Doutrina);
  • Um conjunto de Símbolos (ajudam a entender a verdade exposta na Doutrina e corporificada nos Rituais)

Como aprendemos nos Ensinamentos Rosacruzes: a Religião Cristã é a mais elevada fornecida ao ser humano até o momento presente. Então, repudiar a Religião Cristã, seja ela exotérica ou esotérica, por qualquer sistema antigo é como preferir livros científicos desatualizados, ao invés dos mais novos que contém as mais recentes descobertas.

Da mesma forma, desprezar a crença nos ensinamentos da igreja Cristã relativa à Doutrina dos Perdão dos Pecados, ao poder salvador da fé e a eficácia da oração é um fator de atraso para o Aspirante à vida superior. Pois impelidos pela razão, muitos de nós afastamo-nos da igreja Cristã e tornamos as nossas vidas vazias. A saída é um retorno com renovada devoção, nascida de uma compreensão mais profunda das verdades cósmicas.

Notemos isso quando entendemos a mensagem Cristã que a Bíblia nos transmite e que conseguimos distinguir entre: o conteúdo essencial (“interior”) – ensinamento esotérico – e a forma estrutural (“exterior”) – ensinamento exotérico.

A forma estrutural que aparece como Religião sugere uma radiação exterior, um véu. E é com isso que externa os principais problemas: a pretensão de posse exclusiva da verdade; a rejeição das realidades iniciáticas; a fixação no dogmatismo; o conhecimento público que tende a sofrer modificações advindas das interpretações individuais.

Lembremo-nos do ensinamento de São Pedro: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.” (IIPe 1:20).

Também vemos que São Paulo formulou que as Escrituras Cristãs nos fornecem dois “tipos” Evangelhos:

  • um exotérico (relacionado com a Personalidade): “Resolvi não saber coisa alguma, entre vós, senão Jesus Cristo, e este crucificado.” (ICor 2:2).
  • outro esotérico (relacionado com a Individualidade): “Não sabeis que sois templo de Deus?” (ICor 3:16).

Percebam: é o primeiro “tipo” que o Cristianismo Popular mais prega e divulga; mantém com o carácter que conhecemos e tem sido a tônica permanente da sua doutrina.

Por outro lado, vejam que o Cristianismo em si não é exclusivamente esotérico: é uma Religião dada por Cristo para a salvação de todos e comunicável a todos!

Então, qual é origem e a necessidade que temos de experimentarmos o exoterismo e o esoterismo?

Nos Ensinamentos Rosacruzes nós temos a resposta e essa é composta de duas partes.

A primeira parte é essencialmente a necessidade de sairmos da inconsciência total até a consciência total. No atual Esquema de Evolução conseguimos isso em quatro Etapas bem definidas:

Etapa 1 – Ações feitas sobre nós de fora, enquanto permanecemos inconscientes;

Etapa 2 – Sob a direção de Mensageiros Divinos e Reis, a quem vemos e a cujas ordens obedecemos;

Etapa 3 – Ensinados a reverenciar as ordens de um Deus a quem não vemos com os olhos físicos

Etapa 4 – Aprendemos: a nos elevar sobre toda a ordem; a convertermos em uma lei em nós mesmos; viver voluntariamente em harmonia com a Lei de Deus

A segunda parte da resposta do porquê precisamos experimentar o exoterismo está na necessidade de galgarmos os 4 Graus que nos leva a Deus, quais sejam:

Primeiro Grau: Adoramos a Deus por meio do medo; começamos a presenti-Lo; fazemos sacrifícios para agradá-Lo (exemplo: fetichismo);

Segundo Grau: Vemos Deus como o “dador de tudo”; esperamos Dele benefícios materiais; cumprir as Leis desse Deus: prosperidade material; sacrificamos por avareza e intenções próprias;

Terceiro Grau: Adoramos a Deus com orações; cultivamos a fé num céu com recompensa futura através de um sacrifício próprio; caso contrário: castigo futuro em um inferno;

Quarto Grau: Agimos bem sem pensar em recompensas ou castigo; amamos o bem por ser o bem; vivemos uma vida de serviço amoroso e desinteressado.

Convido você a fazer uma reflexão e determinar:

  1. em qual Etapa e Grau você se encontra hoje; se isso varia ao longo do seu dia, da sua vida; se varia, para que Etapas e Graus?
  1. em qual Etapa e Grau você acha que deveria estar (sua meta e objetivo)?
  2. em qual Etapa e Grau termina o exoterismo e começa o esoterismo?

                                                                       Que as rosas floresçam em vossa cruz

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