Arquivo de categoria Esquema, Caminho e Obra da Evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Bosques da Alegria

Os Bosques da Alegria

No onírico, de acordo com nossas visões ocidentais – e muito pouco prático no oriente, onde, em geral, os sentimentos profundamente religiosos das pessoas superam em muito o instinto material – o sonho, às vezes, se materializa da maneira mais surpreendentemente prática.

Por muito tempo e em muitos lugares o mais pesado da viagem era e ainda é realizado de maneira primitiva, a pé ou por animais de carga, que auxiliam no tráfego das trilhas e, frequentemente, ao longo do caminho o viajante cansado encontra um “Bosque da Alegria”; um grupo de árvores com uma pequena casa onde, como um dever religioso, uma refeição gratuita é fornecida para o ser humano ou animal pelas pessoas da vizinhança que, assim, discretamente dão do seu escasso estoque para que seu irmão possa ser revigorado, descansar e se recuperar para começar de novo a próxima etapa da sua jornada. Que sensação deve ser a de gratidão e alegria, de descanso e alívio sentida pelo ser humano e pelos animais, quando entram em tal lugar, após um dia na poeira, na claridade e no calor da estrada e que atmosfera de altruísmo deve haver ali, para incalculável benefício espiritual tanto do doador quanto do receptor, do benfeitor e do beneficiário! Por outro lado, que calamidade seria se a maioria dos viajantes dessas rodovias e atalhos ficasse cega pela poeira da estrada ou pelo brilho do sol, de modo que não pudesse ver esses Bosques da Alegria. Quanto eles perderiam! Quão dura e quão difícil seria sua jornada!

Nossa vida, aqui na Terra, é uma grande jornada do berço ao túmulo e, como Jó diz: “O homem que nasceu da mulher tem poucos dias e tem muitos problemas”. Mesmo aqueles entre nós que vivem em ambiente mais abrigado têm tristeza e sofrimento, às vezes. O que dizer, então, daqueles infelizes que são assediados por provações e tribulações todos os dias de suas vidas? Todos nós temos que suportar aflições físicas em alguma medida; alguns sofrem aflições mentais ou morais; alguns sofrem com a perda ou desgraça de entes queridos; nenhum de nós está livre das cicatrizes da tristeza que, às vezes, marcam a alma até o âmago do nosso ser. Alguns ficam desapontados com suas ambições para si ou para os outros, após uma vida de sacrifício, e partem para a sepultura caindo de decepção; tudo isso porque estamos cegos pela poeira, pelo brilho da clareira e permitimos que o espectro da tristeza obscureça os Bosques da Alegria que estão ao longo da estrada da vida, repletos de altruísmo e prontos para nos receber, removendo dos nossos olhos o brilho e o charme, para encher nossa alma de alegria e nos enviar rejuvenescidos e alegres pelo caminho, deixando claro que não estamos caminhando para a sepultura, mas para Deus, o doador de tudo o que é bom.

A vida é uma corrida; porém não é de forma alguma uma corrida de cem metros que pode ser realizada em um único momento por um jato de energia. É um teste de resistência e, portanto, devemos perceber que seja um erro fatal estabelecer um ritmo mais rápido do que podemos manter. É também uma regra bem estabelecida que em uma corrida devemos deixar de lado todo peso que não seja absolutamente necessário e, se aprendermos a nos apressar lentamente, provavelmente viveremos mais e aprenderemos mais, porque seremos menos prejudicados pela poeira da tristeza e pelo clarão da ilusão. Se pararmos para visitar os Bosques da Alegria — onde a sombra protetora da Religião alivia nossos olhos cansados do brilho gerado pela ilusão daquilo que o mundo valoriza e mostra os verdadeiros padrões de amor e luz, onde podemos viver perto dos riachos de alegria para nos lavar do pó da tristeza que nos oprime, atrapalhando nossa corrida, e lançar nossas preocupações n’Aquele que cuida de nós, conforme mostrado por Seu convite, “Venham todos vocês que estão cansados e sobrecarregados e Eu vou dar-lhes descanso”, — então nos sentiremos, ah, muito mais leves! Nossos pés serão calçados com as asas do vento e caminharemos sustentados pela força adquirida nos Bosques da Alegria. Então seremos capazes de realizar uma obra maior no mundo.

Não é perda de tempo começar o dia com oração, louvor e adoração a Deus, o doador de todo bem, não importa o quão apressados possamos estar. O tempo investido nesse propósito logo será compensado pela suave elevação que levaremos conosco por esta comunhão com nossa Fonte e nossa Meta. Não é necessário recorrer ao nosso Pai quando estivermos cansados, exaustos, fatigados com o trabalho e as preocupações do dia. Devemos dormir mais profundamente, descansar e nos recuperar melhor. Geralmente somos muito religiosos em nossa observância dos momentos em que o alimento é servido para a restauração do ser humano físico; mas “o homem não vive só de pão” e não importa quão suntuosa seja nossa comida, morreremos de fome se não visitarmos o Bosque da Alegria, onde nosso Pai espera pelos errantes, pronto com o pão do estímulo espiritual para banir o cuidado embotado e reavivar o espírito que se afunda. Nossa é a perda, se permitirmos que a poeira e o brilho da estrada da vida nos ceguem e não passemos por essas casas de repouso; nosso é o ganho, se muitas vezes nos afastarmos do caminho da dor para comer o pão da vida nos Bosques da Alegria.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de set/1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Religião e a Ciência

A Religião e a Ciência

A Religião já foi o fator dominante na vida. Foi assim na Idade Média. A Ciência, então, ocupou um espaço subordinado à Religião. Hoje as posições estão invertidas. A Religião foi relegada para o segundo lugar.

No passado distante, quando a Sabedoria de Mistérios guiava a civilização, essa desigualdade não existia. O coração se apegava a uma fé viva e a busca da Mente pela luz da razão prosseguia ao seu lado, em um relacionamento equilibrado.

Com o desaparecimento das Escolas de Mistérios e a sabedoria que fomentavam, a visão de totalidade que conferiam foi gradualmente perdida. Então a diferenciação e a especialização se desenvolveram.

Em nossa época, isso se tornou tão pronunciado que Religião e Ciência passaram a ser amplamente consideradas como pertencentes a esferas mutuamente exclusivas. A tendência é considerar a Religião como ligada apenas a assuntos pertencentes a outro mundo e, portanto, bastante divorciada da Ciência, que confina suas preocupações ao Mundo Físico do aqui e agora. Esses são os infelizes conceitos errôneos que se desenvolveram no curso da era materialista em que vivemos.

Como consequência, desenvolveu-se um conflito entre as duas. Mas não de forma real. Não pode haver conflito entre Religião e Ciência, quando são vistas em sua verdadeira luz como dois aspectos diferentes, mas igualmente importantes, do Ser Divino e, assim, como abordagens igualmente válidas para se alcançar a realidade última. Neste plano físico de manifestação existem diferenciações nítidas. À medida que a consciência ascende aos planos superiores de expressão, ela finalmente atinge o ponto em que a unidade absoluta é atingida.

Aquilo que está em conflito em nome da Religião e da Ciência é, na verdade, uma teologia superada, por um lado, e uma Ciência terrestre, por outro. Uma teologia que era totalmente certa em sua época e serviu para ajudar o ser humano a entender melhor sua relação com Deus e os mundos espirituais, por sua apresentação virtualmente inalterada, tornou-se, em nosso tempo, o maior obstáculo ao reconhecimento, aceitação e prática dos valores espirituais e básicos que foram adotados pela Religião verdadeira.

É função da Religião atender às necessidades do ser humano espiritual e interior. Para isso, ela sempre deve possuir uma teologia adequada à sua tarefa. Isso não existe hoje. Por isso, a Ciência que se desenvolveu é predominantemente materialista. Ela considera tudo o que pertence ao ser interior, aos mundos psíquico e espiritual, como fora do seu domínio. Assim, a Religião não está na Ciência e a Ciência não está na Religião. Enquanto essa condição prevalecer, haverá conflito entre as duas.

Certamente, o progresso está sendo feito de ambos os lados, da Religião e da Ciência, para efetuar uma reconciliação. A unidade entre as duas está perto de se restabelecer. E assim deve ser. A vida em um estado dividido pode durar até certo ponto. O materialismo confirmado pode perdurar, mas por um período limitado de tempo. A menos que os recursos internos do espírito sejam reabastecidos, a forma física, seja ela do ser humano ou da cultura, da instituição ou da civilização, murcha e morre. Após duas gerações de materialismo, o declínio se instala, se não houver renovação interior.

A harmonização e a unificação da Ciência com a Religião virão quando a Religião recuperar seus fundamentos esotéricos, como ensinados nos Templos de Mistérios da antiguidade, e quando a Ciência física reconhecer que também há uma Ciência superior dentro da compreensão do ser humano que se estende às esferas da alma e do espírito. A Ciência da alma é a resposta para a carência espiritual de hoje, por um lado, e para a perspectiva materialista, por outro.

Uma era de fé deu lugar a uma era de razão. Ao fazer isso, o conservadorismo natural da Religião falhou em acompanhar o ritmo das razões cada vez mais claras. Dessa maneira, a fé religiosa e formal ainda tenta viver de acordo com dogmas que a moderna Mente racional e científica não pode e não aceita.

Os dogmas de uma época anterior devem ser reafirmados em termos de maior conhecimento, experiência acumulada e consciência cada vez maior. As reinterpretações periódicas dos Mistérios Sagrados são absolutamente imperativas para a restauração da Religião ao seu lugar de direito na vida diária do nosso mundo cristão. Os dogmas religiosos do passado perderam seu domínio sobre o ser humano moderno porque agora são pouco mais do que cascas das quais caíram os frutos vivos e crescentes que antes continham.

A Ciência também deve erguer seus olhos para horizontes mais amplos. Ela deve estender os limites de suas investigações para fenômenos que alcançam as frequências mais altas de expressão da vida. Ela ainda precisa reconhecer algumas faculdades dentro do próprio ser humano, latentes ainda na grande maioria, mas desenvolvidas em poucos, por meio das quais também os planos internos da vida podem ser e estão sendo explorados, com descobertas organizadas no corpo de sabedoria chamado de Ciência espiritual.

Quando a Ciência acadêmica, como a conhecemos agora, reconhecer a legitimidade da Ciência oculta e seu cultivo como essencial para uma compreensão adequada das leis e forças operantes neste mundo exterior de efeitos que ela aprendeu a manipular com tal habilidade maravilhosa, terá feito a adaptação necessária para dar as mãos da humanidade à verdadeira Religião.

E quando a Religião tiver a coragem de reescrever boa parte de seus manuais doutrinários, santificados como se tornaram ao longo dos séculos de uso devotado, e reinterpretar as verdades encontradas nas Sagradas Escrituras do mundo à luz dos ensinamentos iniciáticos das antigas Escolas de Mistérios, então ela terá alcançado o lugar onde descobrirá sua unidade subjacente com uma Ciência que tudo abrange. A Religião e a Ciência terão alcançado um terreno comum. Elas terão subido a níveis esotéricos. Ambas terão contatado a Doutrina Arcana que é, ao mesmo tempo, científica e espiritual.

(Publicado na New Age Interpreter de abril-maio-junho de 1960 – Corinne Heline)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

É Tempo de Renovação Espiritual

É Tempo de Renovação Espiritual

O Ego, quando entrou pela primeira vez na posse de seus veículos, na Época Lemúrica, não possuía o cérebro, nem a laringe. Para suprir essa deficiência, metade da força criadora sexual foi desviada para cima e empregada para construir esses órgãos. Construindo o cérebro, o Ego poderia transmitir os seus pensamentos e construindo a laringe ele poderia se comunicar com os outros seres renascidos aqui na Região Química do Mundo Físico. Daí deduzimos que o pensamento é criador por derivar da força criadora sexual.

O ato de transmitir o pensamento aqui, uma vez esse pensamento criado pelo Ego, envolve não somente o emprego de cérebro físico, como também do cérebro etérico, do Corpo de Desejos e da Mente. Assim, o pensamento é a mola impulsora de toda atividade humana, através da Mente, para se expressar aqui.

Como disse Max Heindel: “Como o homem pensa em seu coração, assim ele é”. De fato, o pensamento é a força criadora que permite ao Ego se expressar.

Com isso, nossos pensamentos passam a ter uma forte influência sobre nós, isto é, uma nova conduta em nossas disposições e em nossa vida íntima. Como também, esses pensamentos têm grande influência na sociedade a que pertencemos e na família com que moramos.

Quando nascemos neste Mundo Físico, o Ego acabou por construir Corpos de diferentes graus de cristalização e por ter essa estrutura cristalizada é dotado de limitações quanto ao que é capaz de fazer, mas, mesmo assim, é dotado também de forças e poderes latentes. Pois somente assim o Ego é capaz de atingir a meta da vida que é a evolução do inconsciente para o consciente, da desarmonia para a harmonia, da passividade para a criatividade. Isso passa a ser nossa obrigação diária, já que a meta da nossa vida é a evolução, e temos que desenvolver e empregar esses poderes no caminho para a perfeição.

Contudo, quando olhamos uma criancinha com seu pequeno corpo desamparado e dependente de sua mãe, torna-se difícil imaginá-lo como um ser humano crescido e capacitado para usar livremente seu corpo e dotado de todas as forças invisíveis, esteja pronto para manifestar-se no seu tempo apropriado. É graças a essas forças e poderes latentes que é possível a evolução no caminho espiritual.

A criança tem a Mente aberta e sempre pronta a receber novas ideias e experimentar novas maneiras de agir e de fazer coisas novas. Algumas crianças crescem e tornam-se preguiçosas e acomodadas, das quais muitas delas estão satisfeitas com sua situação atual e não se esforçam para mudar nada. Outras crescem com esperança e sonhos e pensam em atingir a maioridade rapidamente para realizar grandes coisas na vida.

Todavia, quando crescemos, muitas vezes, acontece que ao depararmos com repetidas frustrações, acabamos por perder um pouco dessas esperanças e sonhos.

Na Epístola de São Paulo aos Filipenses, cap. 4, 8, é nos sugerido o seguinte: “Quanto no mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro… se há alguma virtude e se há algum louvor, nisso pensai”.

Porém o verdadeiro Aspirante à vida superior deve e precisa usar sua força de vontade e continuar trabalhando até conseguir a sua meta, isto independe de idade ou desilusões encontradas no caminho. Temos que eleger o caminho que desejamos trilhar e persistir sempre nele, apesar dos tropeços.

Porque quando essas forças dentro de nós são liberadas, elas podem produzir um efeito grandioso em prol do nosso crescimento espiritual. O que precisamos é estar atentos para canalizar essa força de forma adequada no sentido do bem e no emprego das leis espirituais.

Como lemos na Epístola de São Paulo aos Romanos (12:2) “Não sejas conformado a este mundo, mas sejas transformado pela renovação da tua Mente, para que possas comprovar que essa é boa, aceitável, e é a perfeita vontade de Deus”.

No livro escrito por Max Heindel: “A Teia do Destino” encontramos uma passagem que nos esclarece que desde a puberdade, e durante toda nossa vida, existe uma força espiritual que é gerada internamente e que poderá ser usada para três fins que são: “Geração, Degeneração e Regeneração”. Porém dependerá de nós a escolha do caminho para percorrer. Sabemos que no caminho da evolução não existe a possibilidade de ficar parado esperando as coisas acontecerem. Estas são as duas alternativas que nos apresentam e que são: a regeneração ou a degeneração.

Contudo, se algumas vezes perdemos nosso rumo aqui na Terra, esquecendo os valores reais e eternos diante de tantas coisas desanimadoras, é momento de nos conscientizarmos dessa nossa situação e passarmos a fazer um inventário das nossas atitudes e de nossa existência aqui e depois procurar os valores superiores e a maneira correta para renovarmos nossa força.

No Livro do Apocalipse, cap. 21:5 encontramos o seguinte: “E aquele que estava sentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas”, e acrescentou: “Escreve, porque estas palavras são muito dignas de fé e verdadeiras”.

Isso mostra que estamos regenerando. Ela se dá por meio do renascimento, quando o Ego passa pelo ciclo de manifestação para adquirir experiência e pelo ciclo de retração para um período de avaliação e planejamento.

Podemos chamar esses ciclos de manifestação e retração como nascimento e morte. Pela morte procurarmos eliminar as imperfeições mediante as experiências vivenciadas no Purgatório e no Primeiro Céu e pelo nascimento criamos um corpo novo e melhor para adquirirmos mais experiências. Todavia, não precisamos esperar a morte para nos regenerarmos e eliminar nossos maus hábitos. Podemos e devemos praticá-lo na nossa vida terrena mediante o Exercício da Retrospecção todas as noites, antes de dormir. Sabemos que para a maioria esse Exercício é muito difícil, mas devemos nos empenhar e muito nessa prática, pois somente assim conseguiremos a regeneração e perfeição independente do processo de renascimento físico e assim seguiremos o caminho da Iniciação não pelo caminho serpenteante do Caduceu de Mercúrio, mas pelo bastão desse símbolo.

No Evangelho Segundo São Mateus, cap. 10, 34 lemos: “Não penseis que vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz e sim a espada”. Isso mostra que devemos eliminar o velho que está dentro de nós e nos adaptar ao novo processo, tanto aos costumes quantos as atitudes de vingança, vaidade, egoísmo e orgulho. Devemos aplicar essa espada dentro de nós mesmos e substituir essas atitudes por outras mais elevadas para que possamos nos transformar em seres mais sutis e elevados, sem interesses materiais e sem ambições terrenas.

Também, no Evangelho Segundo São Mateus, cap. 11, 29-30 lemos: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração, e acharei o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é leve e meu peso é suave”. Sabemos que nossa habitação é o coração, então não devemos jamais fechar essa porta, pois se nos esforçarmos para melhorarmos e corrigirmos, com certeza, eliminaremos de nosso coração tudo o que seja inferior e negativo. E recordemos o conselho do mestre Cristo quando disse: “Imite a mim que sou manso e humilde de coração”.

O trabalho do Cristo anual nos auxilia no foco da renovação/regeneração e através do Espírito Planetário do Cristo estamos recebendo o impulso e crescimento para nos purificarmos. Sem esse impulso de vida cósmica não seria possível germinar semente alguma na Terra e não existiria o ser humano, o animal ou nenhuma outra forma de vida. As nossas vidas, embora sejam castigadas por duras provas, devemos vê-las como oportunidades gloriosas de progresso para busca da sabedoria e da verdade. Porque todos nós temos uma tarefa a ser cumprida neste mundo. Na verdade, temos capacidade para suportar e superar qualquer dificuldade, mas muitas vezes enfraquecemos diante dessas dificuldades e acabamos por esmorecer.

Contudo, um Estudante Rosacruz é um pioneiro nessa luta, precisa se esforçar e porque não se comprometer SEMPRE na busca do bom, nobre e verdadeiro para encher nossos corações de paz, amor, tolerância e compreensão e assim conseguir ajudar eficazmente para criar um mundo com condições melhores para nós e para nossos irmãos e irmãs? Lembremos que um verdadeiro Estudante Rosacruz está sendo constantemente observado por seres humanos visíveis (aqui renascidos) e invisíveis na nossa vida diária e muitos se espelhando nele para crescimento evolutivo de cada um deles.

Vamos aproveitar este período em que o Cristo está voltando o seu foco nesse Planeta onde, atualmente, é o Seu Regente, para que nos coloquemos metas a serem atingidas em nossos ideais espirituais como coisas simples do nosso dia a dia, porém, difíceis de serem eliminadas do nosso pensamento e do nosso coração como: ressentimento, divergências, medo, egoísmo, orgulho, apego ao passado e outras atitudes mais.

Porque isto são as tentações pequenas que se não as vencermos, certamente deixamos de nos estruturar para desempenhar um trabalho maior no caminho espiritual.

Para finalizar, sigamos o conselho de Cristo Jesus: coloquemos o “arado na terra” e não olhemos para trás, pois cada um receberá sua recompensa na medida justa de suas obras.

“Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Perigos no Caminho

Os Perigos no Caminho

Somente uma coisa é necessária[1], disse Cristo a Marta. Nessas palavras encontramos uma das grandes verdades fundamentais da vida e, embora a grande maioria não admita que haja apenas uma coisa necessária e que muitas pessoas concordarão que nossos desejos são numerosos, mas de fato nossas necessidades são muito poucas.

Não obstante esse grande fato, a complexidade de nossa atual vida civilizada, assim chamada, é tal que a maior parte da humanidade está se desgastando para multiplicar o que chamamos de confortos e luxos, que são apenas para o Corpo Denso, enquanto a alma está faminta. Tampouco esses chamados confortos e luxos satisfazem quando realmente estão em nossa posse. Os seres humanos abastados  que conseguiram alcançar tal posição, se pudessem ser interrogados de forma confidencial, nos diriam que seu desfrute com a riqueza estava muito mais na expectativa, na busca pela conquista, do que na posse propriamente dita e, esse dinheiro é um remédio amargo na boca de quem o possui, isso se ele é um ser pensante. Da mesma forma ocorre com o prestígio social, o ser humano, dito “socialite” que conquistou seu caminho para a liderança nesse ambiente deslumbrante, assim chamado, e uma vez lá dentro, descobre que isso é um lugar-comum, um tédio e não vale o esforço. Mesmo assim, existem sempre aqueles que clamam por riquezas, por posição social, que buscam essas coisas tão avidamente e não se importam com o custo para o espírito, como as mariposas buscam a luz de uma lâmpada. Embora existam muitos lugares perigosos na vida social e civilizada para seduzir a mariposa descuidada, também existem iscas mais fatais no caminho do progresso espiritual.

A Parábola do Semeador[2], como todas as outras parábolas das quais o Cristo fez uso, era fácil de ser aprendida e aplicada em cada momento; alguns grãos caíram à beira do caminho, outros sobre o solo rochoso, entre espinhos e abrolhos etc., mas, apenas uma pequena parte caiu em solo fértil, onde deu frutos abundantes. Hoje em dia, as pessoas correm de um lado para o outro, e no mundo todo são movidas por esse desejo interior, um anseio por algo que não sabem definir. Contudo, embora procurem, são surdos e cegos, eles não podem ver a luz interior, não ouvem o chamado silencioso interior; a luxúria dos olhos e o orgulho da vida no mundo exterior são atrações muito fortes. Como toupeiras, refugiamo-nos nas trevas, numa existência que ficou órfã, longe da luz, longe do Pai da Luz, e mesmo assim Ele está presente em toda parte. É verdade, verdade literal, poeticamente expressa quando o salmista diz:

“Para onde ir, longe do teu sopro?

Para onde fugir, longe da tua presença?

Se subo aos céus, tu lá estás;

se me deito no Xeol, aí te encontro.

Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar,

mesmo lá é tua mão que me conduz,

e tua mão direita me sustenta”. [3]

Deus é Luz”[4], como disse o Apóstolo São João, com uma percepção mística, e a luz está em toda parte, só que não a vemos em nossa cegueira de coração.

Porém, em algum momento no curso de nossas vidas, a luz latente no interior de cada um será despertada, a centelha divina do nosso invisível Fogo do Pai começará a brilhar e lentamente despertamos para a percepção de que somos filhos da luz.

Essa é a grande crise, o ponto de inflexão na peregrinação do pródigo; quando percebe sua condição, quando vê claramente que toda a riqueza mundana, a condição social, o poder na sociedade são apenas “cascas”; que há apenas uma coisa necessária, apenas uma que vale a pena em todo o mundo que é encontrar, novamente, o seio do Pai.

Nesse momento de conversão, o Espírito expressa o intenso desejo que permeia cada fibra do seu ser naquela expressão concisa, forte e marcante do Espírito: “Eu me levantarei e irei para meu Pai[5]. Essa é a senha para “O Caminho”; no outro extremo está a Cruz, onde a libertação o aguarda, e o Espírito santificado paira sobre as esferas mais sutis com o grito comovente do triunfo “Consummatum est”, foi concluído! Estou livre do grilhão da carne, um espírito livre, em união com meu Pai.

Contudo, ninguém imagina que possa estar seguro, quando entra no portal da aspiração; muitos se espreitam pelo caminho, procurando desviar a atenção do buscador da verdadeira luz, e nenhuma armadilha é mais sedutora nessa hora do que aquela que brinca com o ardente desejo da alma por uma conquista rápida.

São Paulo expressa esse grande anseio no quinto capítulo da Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios (1-9):

“Sabemos, com efeito, que, se a nossa morada terrestre, esta tenda, for destruída, teremos no céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos humanas. Tanto assim que gememos pelo desejo ardente de revestir por cima da nossa morada terrestre a nossa habitação celeste — o que será possível se formos encontrados vestidos, e não nus. Pois nós, que estamos nesta tenda, gememos acabrunhados, porque não queremos ser despojados da nossa veste, mas revestir a outra por cima desta, a fim de que o que é mortal seja absorvido pela vida. E quem nos dispôs a isto foi Deus, que nos deu o penhor do Espírito. Por conseguinte, estamos sempre confiantes, sabendo que, enquanto habitamos neste corpo, estamos fora da nossa mansão, longe do Senhor, pois caminhamos pela fé e não pela visão… Sim, estamos cheios de confiança, e preferimos deixar a mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor. Por isto também nos esforçamos por agradar-lhe, quer permaneçamos em nossa mansão, quer a deixemos.”.

No entanto, observemos especialmente que São Paulo reconhece o perigo de ser encontrado nu, que insiste e não deseja ser despido, mas vestido, e que, portanto, trabalha para isso.

Impulsionados por esse desejo insano de desenvolvimento rápido, as almas são constantemente enlaçadas por constituídos pseudoinstrutores inescrupulosos que prometem resultados rápidos, geralmente exigindo uma taxa financeira (disfarçada de vários modos) inicial por seus serviços; contudo, o tolo rebanho se reúne em torno desse tal impostor como mariposas em torno de uma chama.

Na verdade, elas obtêm, muitas vezes, resultados sendo impelidas para os Mundos invisíveis. Contudo, tendo fracassado em “trabalhar na vinha”, como São Paulo assim trabalhou para ganhar a “veste nupcial” [6] ou o “paraíso”, elas não têm o veículo vital da consciência necessário para funcionar nas esferas superiores, de maneira consciente e inteligente, e também são incapazes de encontrar o caminho de volta ao Corpo Denso deixados por elas, e geralmente, se tem relatos nesses casos que a causa da morte foi “insuficiência cardíaca”.

Elas ficam, de fato, “nuas” e fadadas ao sofrimento até ficarem inconscientes no curso natural dos acontecimentos, porque na verdade cometeram suicídio e o arquétipo do Corpo Denso permanece intacto, constantemente, se esforçando por atrair para si substâncias físicas; porém, quando o Cordão Prateado é rompido, nada pode ser obtido, e a dor descrita pelos suicidas (seria como a dor da fome ou a dor de dente, na qual se parece com a dor muscular por todo o corpo) é experimentada, às vezes, por muitos anos. “Quem não entra pela porta é ladrão e assaltante” (Jo 10:1). É possível entrar furtivamente na casa terrena e fugir, mas quem procura enganar a Deus descobrirá que o caminho do transgressor é difícil, quando suas asas são chamuscadas na chama.

Não é estranho que seres humanos que compreendem a necessidade de passar anos para aprender uma determinada ciência, ofício ou profissão, trabalhando dia após dia, ano após ano, com incansável paciência e aplicação assídua, a fim de obter o domínio de qualquer ciência material que estejam estudando, ao mesmo tempo podem ficar iludidos ao pensar que, em pouco tempo, alguns dias, algumas semanas ou meses, talvez no máximo um ano ou dois, possam dominar a ciência da alma, simplesmente pensando por dez minutos por dia ou menos. Eles iriam rir e desprezar qualquer um que se oferecesse para iniciá-los nos mistérios da cirurgia ou da relojoaria em poucos dias; agora, quando se trata da ciência da alma, eles abandonam toda consideração do senso comum; o desejo por poderes ocultos é tão forte que ofusca a razão e, como as mariposas voam para a chama, também voam para um falso instrutor que lhes promete fenômenos em pouco tempo.

E, quando alguém que está tentando desse modo é queimado, os outros percebem o aviso? Infelizmente não!

Para cada mariposa que cai, outra ou mais dez estão prontas para tomar o seu lugar. Espelhos mágicos, bola de cristal, pêndulo, astrologia “adivinhatória”, barras de access, reiki, tabuleiro ouija, cura eletrônica, auriculoterapia, constelação familiar e empresarial, radiestesia, mesa radiônica quântica, apometria quântica, radiação atlante, cristais magnetizados, pedras mágicas, runas, búzios, borra de café, quiromancia e tantos outros instrumentos ou métodos encontram um mercado receptivo, enquanto a verdade segue implorando para ser vista e buscada. A fraude e o engano por pessoas inescrupulosas, que depredam essa intensa alma faminta de seus semelhantes, são mais numerosos do que aqueles que não estão familiarizados com o desejo oculto de milhares de pessoas que possam compreender. Geralmente, os ingênuos aceitam suas perdas financeiras, mas, às vezes, os processos nos tribunais públicos mostram que pessoas inteligentes deixam para trás somas consideráveis a pedido de falsos instrutores e alguns intitulados de pseudoespíritos, e ocasionalmente o cerco se fecha sobre um “vidente” bem-sucedido, que vai para a cadeia, ou então, é internado em manicômio.

Todavia, se a “mariposa humana” fosse passível em raciocinar e pudesse ouvir a voz da advertência, perguntaria: “então, como posso saber distinguir a verdadeira luz da falsa?”. Aqui podemos recorrer, com total confiança, às Escrituras para obter nossa resposta. Não há nenhuma incerteza quanto a isso, pois o Cristo deu aos Discípulos os poderes necessários para ajudar a humanidade, e Ele lhes disse: “dê de graça, aquilo que de graças recebestes” (Mt 10:8). Pedro também, quando foi abordado por Simão, o feiticeiro, que desejava comprar por dinheiro os poderes espirituais que o Apóstolo exercia, o amaldiçoou. Sempre que se doaram, o fizeram sem pedir valores financeiros (direta ou indiretamente). Da mesma forma, o verdadeiro instrutor não cobra por seus ensinamentos, mas procura imitar o exemplo da vida dos Apóstolos, recebendo contribuições voluntárias daqueles a quem eles ajudam. Tampouco é necessário para quem não busca o “ouro mundano” atrair outros com promessas de fenômenos ou poderes em pouquíssimo tempo. É fácil construir uma casa do tamanho desejado, desde que você tenha o material. E você pode aumentá-la acrescentando mais tijolos.

Contudo, nem a planta, nem o animal, nem o ser humano crescem dessa maneira; o crescimento deles é interior, e cada um deve fazer isso individualmente. Não podemos comer a comida de outra pessoa e dar a ele a devida força vinda do alimento; nem podemos passar pelas experiências de outrem, assimilá-las e dar a ele o crescimento anímico obtido dessa forma.

Então, fuja da chama dos falsos mestres; tenha paciência. Trabalhe, observe e aguarde. No devido tempo, a luz de Cristo brilhará dentro de sua própria alma, e você nunca precisará procurá-la em outro lugar.

(Publicado na: Rays From The Rose Cross – mar/1916 – Traduzido e atualizado pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Lc 10:42

[2] N.T.: Mt 13:1-9, Mc 4:3-9 e Lc 8:4-8

[3] N.T.: Sl 139:7-10

[4] N.T.: IJo 1:5

[5] N.T.: Lc 15:18

[6] N.T.: o Corpo-Alma

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Tipo de Renúncia necessária para trilhar o Caminho de Preparação para a Iniciação Rosacruz

O Tipo de Renúncia necessária para trilhar o Caminho de Preparação para a Iniciação Rosacruz

A renúncia, ou renunciamento, para trilhar o Caminho de Preparação para a Iniciação Rosacruz con­siste em um esforço de desprendimento progressivo dos laços que ligam o indivíduo à vida e à experiência mate­riais, tendo em vista ampliar o do­mínio de sua vida moral e espiritual. É um trabalho de desmaterialização ou abandono dos instintos animais, empreendido para que se efetue a espiritualização; isto é, o acesso mais rápido à vida sobrena­tural e feliz do espírito. É um des­locamento do dinamismo, no organismo humano, que se opera reduzindo as exigências sensuais, depois transportando e concentrando as ener­gias vitais, tanto quanto possível, nas operações espirituais. Pela mesma razão, criam-se relações entre o corpo e o espírito que têm por efeito domar a animalidade e fazer triunfar o espírito.

A renúncia é, pois, uma espécie de morte progressiva e anteci­pada do ser terrestre, um esgotamento dele que acelera a elevação do espírito individual e pre­para sua união com Deus. “É preciso que vivamos neste mundo”, dizia S. Francisco de Sales, “como se tivéssemos o espírito no céu e o corpo no túmulo”.

Com efeito, o que é que nos pesa neste mundo e retarda o pro­gresso? É a vaga tumultuosa das satisfações concedidas aos desejos egoístas e sensuais. É o livre exercício dos prazeres do orgulho e da sensualidade, as duas grandes raí­zes do sofrimento e embruteci­mento.

A vida não é, portanto, mais do que o aprendizado do renunciamento material, que se deve realizar sob a ação combinada da providência diretriz da vontade pouco a pouco clarividente no indivíduo.

O não-renunciamento cria o sofrimento, forma a doença física e a degradação moral. Não pode existir verdadeira saúde física e moral sem a renúncia. É por isso que aque­le que deseja a saúde material e o progresso espiritual deve recusar-se a entrar na via larga e fácil que con­duz ao inferno dos prazeres, da ri­queza, do egoísmo, do orgulho e da sensualidade; entretanto, deve procurar a via estreita e rude do sacrifício, em um esforço permanente de domínio das paixões e da elevação moral. “En­trai pela porta estreita, porque lar­ga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. E porque es­treita é a porta e apertado o cami­nho que leva à vida e poucos são os que entram por ele” (Mt 7:13-14).

Antes de Cristo, a renúncia pessoal não existia em parte alguma com tanta caridade, coração e sacrifício de si mesmo pelos outros. Muitíssimas vezes contentavam-se em oferecer à Divindade um presente material ou a vida dos animais, supondo que a alma deles pudesse voltar à sua origem cria­dora e servir de veículo às orações. Só se podia exigir o sacrifício da pos­se material. Mesmo nas religiões em que o renunciamento era prescrito, não se tinha observado que o apaziguamento do desejo pessoal devesse ser conduzido mais como obra de al­truísmo ativo; isto é, de auxílio mú­tuo e resgate. Em suma, não se tinha compreendido que o indivíduo devesse, acima de tudo, sacrificar-se por outra pessoa e renunciar a si mesmo pelo amor ao próximo a fim de se com­portar na Terra à imagem de Deus que, por puro amor, sacrifica-Se to­dos os dias, dando vida às Suas criaturas com o alimento material e espiritual.

A renúncia pessoal e ativa constitui, assim, o eixo da vida cristã.

Assim, a sua obrigação encontra-se inscrita em termos concordantes nos evangelhos: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mt 16:24). “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8:34). “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9:23). “Assim, pois, qualquer de vós que não renuncie a tudo quanto tem não po­de ser meu discípulo” (Lc 14:33).

Se queremos então manter-nos no caminho direito do desenvolvimento espiritual (como ensinado pela Fraternidade Rosacruz), seguir a verdade e conservar a saúde, é necessário ter­mos o cuidado de tomar a cruz, domi­nando as paixões e renunciando a muitos impulsos da personalidade. E, correlativamente, quando os tormen­tos morais ou os sofrimentos físicos nos afligirem, o verdadeiro remédio que destruirá o mal na sua origem será aplicarmo-nos ao renunciamento em certos pontos. Quanto sofrimento, na verdade, os seres humanos se afligem por não saberem renunciar às ambições exageradas e às vantagens frágeis; por terem estimado demais as suas capacidades físicas e intelectuais; por terem bebido e comido em excesso; por terem gastado muitas forças em ocupações inúteis ou em excesso de sensualida­de por estarem agarrados demais aos bens e às afeições deste mundo!

Em lugar, portanto, de esperarmos que as pesadas sanções das crises morais e das doenças contraídas amiúde apoderem-se de nós, é mais prudente aceitarmos a cruz mais le­ve das privações voluntárias e todos os dias sacrifi­car um pouco a ambição e a sen­sualidade, o que permitirá edificar pouco a pouco, em nós, os três pilares do renunciamento: SOBRIEDADE, HUMILDADE, CASTIDADE.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1965)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Evolução pelo Alimento

Os Espíritos Virginais que atualmente formam a humanidade, ou seja, os Espíritos Virginais da onda de vida humana, começaram sua peregrinação através da matéria no Período de Saturno.

Na Época Polar deste Período Terrestre – a primeira Época -, auxiliados pelos Senhores da Forma, o ser humano construiu seu primeiro corpo mineral, ou seja, um Corpo formado de material da Região Química do Mundo Físico. E os primeiros a aparecer foram os mais desenvolvidos da época. O ser humano dessa Época tinha ainda seu foco muito voltado à Região Etérica do Mundo Físico e a Terra não tinha solidificado ainda, como a vemos hoje.

Portanto, podemos relacionar o Corpo Denso à Adão, que simbolizava o ser humano dessa Época, como lemos na Bíblia: “foi feito de barro”. Isso pelo fato de ter sido semelhante ao mineral, atualmente.

Na Época Hiperbórea deste Período Terrestre – a segunda Época -, auxiliados pelos Senhores da Forma e os Anjos, que tinham atingindo o seu “grau de humanidade” (a maior densidade em matéria que poderia alcançar nesse Esquema de Evolução, qual seja, na Região Etérica do Mundo Físico) no Período Lunar, foi acrescentado ao ser humano o Corpo Vital. Portanto, sua constituição foi semelhante à planta, atualmente. Na Bíblia está relacionado a Caim, descrito como um agricultor, já que o ser humano daquela época vivia dos “frutos da terra”.

Na Época Lemúrica deste Período Terrestre – a terceira Época -, auxiliados pelos Arcanjos, que tinham atingindo o seu “grau de humanidade” (a maior densidade em matéria que poderia alcançar nesse Esquema de Evolução, qual seja, no Mundo do Desejo) no Período Solar, foi acrescentado ao ser humano o Corpo de Desejos. Portanto, sua constituição foi semelhante ao animal, atualmente. Então, o leite que era extraído dos animais foi dado como alimento aos seres humanos. O emprego do leite nessa Época foi para nos colocar em contato com as forças cósmicas e utilizado para desenvolver o Corpo de Desejos. Fato esse relacionado na Bíblia com Abel, quando diz que ele foi um pastor.

Na Época Atlante deste Período Terrestre – a quarta Época -, foi dado ao ser humano o germe da Mente pelos Senhores da Mente, que tinham atingindo o seu “grau de humanidade” (a maior densidade em matéria que poderia alcançar nesse Esquema de Evolução, qual seja, na Região Concreta do Mundo do Pensamento) no Período de Saturno. O veículo Mente é o ponto de ligação entre nós, um Espírito Virginal da onda humana manifestado, e os três Corpos, completando assim o conjunto de ferramentas da constituição atual do ser humano, equipado para conquistar o Mundo e criar o poder da alma por meio do esforço e da experiência.

E para que o ser humano pudesse buscar essas vantagens e as oportunidades para seu progresso foi necessário privá-lo da existência espiritual, pois o ser humano dessas quatro primeiras Épocas estava com a sua consciência mais voltada para os Mundos espirituais. Sabia que não podia morrer, pois quando seu Corpo Denso se tornava inútil para ele, abandonava – o e construía outro.

Só que chegou o momento em que o ser humano precisava despertar para sua existência física. Precisava buscar as oportunidades de crescimento na Região Química do Mundo Físico. Precisava buscar os recursos materiais desse Mundo que a existência concreta na vida terrestre lhe daria. Precisava descer para obter a consciência de si mesmo, o que antes não possuía, nessa Região do Mundo Físico. E foi nesse momento evolutivo que o ser humano desceu mais profundamente na matéria física. E, para isso, foi acrescentado pelos Líderes responsáveis pela evolução da humanidade mais um alimento ao ser humano para construir os diferentes veículos de consciência, indispensáveis para que conseguíssemos chegar ao processo de evolução da alma. Foi nesse momento evolutivo que se iniciou a prática de comer carne dos animais. E por meio da dieta da carne animal o ser humano foi se fartando tanto dela, que foi sobrecarregando todo o organismo, tornando o Corpo Denso pesado, sombrio e bruto.

Pari passu o ser humano começou a perder a visão espiritual. A visão do ser humano foi sendo obscurecida pelo véu da carne e, por isso, acabou se tornando estranho entre os seus irmãos. Matava para comer, razão pela qual na Bíblia diz que “Nimrod era um caçador poderoso”. Ele representava o ser humano daquela Época. Pois com a obtenção da Mente, a atividade do pensamento acabava por destruir as células nervosas do corpo, o que acabava por produzir a morte. E como o Corpo Denso é composto de matéria química mineral, o alimento para esse Corpo só poderia ser de alimentos químicos minerais e, com isto, faz com que haja uma luta para dissolução da proteína animal (domínio das células animais dentro do nosso Corpo) e, por outro lado, estimular o amolecimento do Espírito humano, incentivando o foco na consciência na Região Química do Mundo Físico, a que conhecemos como consciência de vigília.

Repare, então, que em cada Época passada foi acrescentado ou modificado algo na alimentação do ser humano, a fim de que pudesse obter as condições apropriadas para atingir as finalidades previstas nesse Esquema de Evolução, conforme criado por Deus.

Seguindo essa necessidade de acréscimo e modificação da alimentação, na Época Ária deste Período Terrestre – a quinta Época -, foi necessário um novo alimento, o “vinho” (ou seja: bebidas alcoólicas fermentadas exteriormente ao nosso Corpo Denso), que pudesse ajudar o ser humano a dominar as moléculas altamente individualizadas da carne, e a focar definitivamente sua consciência na Região Química do Mundo Físico, obrigando-o a pensar que era “um verme do pó”, como lemos na Bíblia.

Note que o “princípio ativo do álcool é um espírito”. Atuando sobre o Corpo, gerou as dificuldades na parte espiritual do ser humano em se focar nos Mundos espirituais, paralisou-o temporariamente, a fim de fazê-lo conhecer, estimar e conquistar essa Região Química do Mundo Físico e avaliar seu justo valor.

Na Bíblia é dito que Noé fermentou o “vinho” pela primeira vez ao começar a “Era do Arco-Íris”, que é a Era em que vivemos com atmosfera de ar puro e clara (a Era de Áries da quinta Época, a Ária). Bem diferente da atmosfera úmida em que vivia o ser humano até a Era de Touro na Época Atlante, a quarta Época.

Foi nessa Época Ária (que agora estamos) que começou a lei dos ciclos alternantes do dia e da noite, do verão e inverno, da chuva e do sol e de tantos outros a que o ser humano está sujeito atualmente.

Dessa forma o ser humano ficou provido de uma constituição física composta e com uma dieta alimentar apropriada para o guiar. A humanidade foi, então, entregue à sua própria iniciativa na batalha da vida e sobrevivência.

Agora, já atingimos outro patamar nesse Esquema de Evolução. Desde a primeira vinda do Cristo é tempo de conquistarmos a Região Etérica do Mundo Físico. A alimentação já mudou: carnes animais e “vinho” não devem fazer mais parte da nossa alimentação, pois o objetivo agora é reduzir a densidade dos nossos Corpos, é sublimar o Corpo Denso, é extrair dele a Alma Consciente, facilitando a assimilação da sua quintessência pelo Corpo Vital, o Corpo em que devemos funcionar conscientemente para viver com a consciência de vigília na Região Etérica do Mundo Físico.

Como fazer isso em menor tempo possível? Os Ensinamentos Rosacruzes como fornecidos pela Fraternidade Rosacruz nos ensinam, desde que estejamos dispostos a seguir o Caminho de Preparação e o Caminho de Iniciação Rosacruz.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossa valorização individual: uma das grandes contribuições dada pelo Cristianismo

Nossa valorização individual: uma das grandes contribuições dada pelo Cristianismo

A grande contribuição dada pelo Cristianismo à humanidade foi a sua libertação. Essa libertação, se bem esteja claramente exposta nos Evangelhos, não é bem compreendida pelo Cristianismo Popular. Em muitos casos até há intenção de ocultar a verdade e submeter o ser humano a poderes temporais, a que ele gosta de se sujeitar. Infelizmente, muitos ainda permanecem num estado semelhante a um canário que ficou muito tempo na gaiola; quando lhe abrem a porta não quer partir para a amplidão dos céus ou, se vai, dá uma voltinha e regressa à sua cadeia, onde lhe dão comida e água. É cômodo e não lhe exige esforço. Por isso, muitos “pastores” de alma, seja nas igrejas ou em entidades espiritualistas, não gostam de tocar nesse ponto da libertação. Gostam mesmo de mostrar a necessidade de dependência. Nas escolas orientais a submissão ao mesmo é taxativa.

A Fraternidade Rosacruz, fundada por Max Heindel, como expositora dos Ensinamentos elementares da Ordem Rosacruz, cujos Irmãos Maiores são auxiliares diretos de Cristo na obra de redenção da humanidade, se distingue de tudo o que atualmente conhecemos, por seu esforço na libertação do indivíduo. A Fraternidade Rosacruz ensina como o Cristianismo nos liberta pelo conhecimento de seus valores internos (Jo 8:32), pela identificação com sua natureza divina, subjacente e ignorada (Jo 3:14).

Na Parábola do “Filho pródigo” vemos a nossa história, como Espírito Virginal diferenciado em Deus para obter experiência em nossa peregrinação involutiva, à custa de nossa herança espiritual, que ficaria enterrada e esquecida em virtude dos Corpos Denso, Vital, de Desejos e pela Mente que fomos construindo. Iniciamos a evolução com a ajuda das religiões primitivas. Depois veio Moisés e nos deu a Lei geradora do pecado, pois passaria a nos ensinar o que era transgressão e como deveríamos repara-la.

Contudo, devido ao nosso egoísmo e à falta de compreensão, reparávamos os pecados pelo sacrifício de animais. Depois veio Cristo e não revogou a Lei antiga. Antes, confirmou-a, mas nos deu a libertação do enlaço da matéria, o que, ao tempo de Moisés, seria tarefa extremamente difícil para boa parte de nós. Essa situação fora criada por nossa queda, quando os marcianos espíritos lucíferos, os Anjos decaídos, não podendo alcançar a evolução angélica, buscaram nosso cérebro e a força criadora que o sustenta, para, através de sua atividade, obter experiência e, em consequência, evoluir. Custou-nos alto preço “ouvi-los e seguir o que nos propôs”. É verdade que pelo embrutecimento sensorial decorrente obtivemos a vantagem da consciência atual, a capacidade de discernir, que os Anjos não têm. Por isso se disse que fomos feitos um pouco abaixo dos Anjos. Após a queda, as Religiões de Raça nos incutiram o sentido egoístico de separação e chegamos a tal estado de cristalização que nossa evolução ficou ameaçada. Não poderíamos, por nós mesmos, retomar a senda ascendente evolutiva que nos estava destinada, como filhos de Deus, de retorno à casa paterna.

Comíamos a “escória” dada como alimento aos “porcos”, nas duras experiências de nossa vida. Veio, então, o Libertador, o Cristo. Limpou o Corpo cósmico de Desejos da Terra, formado por todas as nossas antigas transgressões à Lei. Sacrificou-se como o “Cordeiro de Deus que limpou os pecados do mundo” (Jo 1:29), em lugar do cordeiro do tabernáculo. Foi quando se rasgou o véu do Templo, isto é, quando se abriram à nós, em geral, as possibilidades de libertação, Iniciação e acesso ao “Sanctum Sanctorum” – Santo dos Santos -, aos segredos e possibilidades de nossa própria natureza egoica, através da qual entrará, concomitantemente, nos arcanos da Terra e da humanidade, para mais altos serviços.

Não sem razão, pois, a citação de São Paulo, um Iniciado consciente dessa realidade: “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (lCor 6:20), e “por preço fostes comprados, não vos torneis escravos de homens” (lCor 7:23).

Realmente, este mundo é uma escola em que somos apenas peregrinos (At 7:6, Hb 11:13 e IPd 2:11). E como somos destinados, quais sementes da árvore de Deus, a tornamo-nos iguais a Ele (Jo 10:34), a fazer obras maiores do que as realizadas por Cristo na Terra (Jo 14:12), deduz-se, logicamente, que o renascimento é um fato natural, pois nenhum de nós pode realizar numa vida o que nos está prometido nos Evangelhos. Pela evolução, nós iremos sublimando doravante todos os nossos veículos e deles levando a quinta essência, que nos dará a capacidade criadora. Realmente, os corpos são os meios de obtenção do alimento anímico que nos enriquece, a nós o Tríplice Espírito. No conjunto, o corpo é um precioso templo do Espírito (Jo 2: 21, ICor 3:17 e 6:19) que não deve ser desprezado como vil e inferior, segundo a concepção oriental, senão tratado com carinho, como ferramenta bem cuidada para que através dele nós possamos criar e crescer, pela Epigênese. Contudo, também aprendemos a não nos identificarmos com os nossos Corpos, senão governá-los, para que não nos suceda ficarmos escravizados a eles. Quem sabe que é de fato um Ego, um Espírito Virginal da onda humana manifestado, ama o Espírito e a ele serve e nesse ponto não adora imagens nem em templos de pedra, senão em espírito e em verdade (Jo 4: 24) porque em verdade nada restará de nossos corpos, ao fim dos atuais períodos evolutivos (Mt 24:2; Jo 2:19 e 21).

De todo o exposto, reconduzindo a nossa consciência ao seu real valor, como Filho de Deus, livre dos temores do inferno, porque sabemos que uma parte de Deus não se pode perder, comecemos a trabalhar diligentemente por nossa própria evolução, a fim de se tornar um novo ser humano (Ef 4:24; Col 3:10), sabendo discernir entre o real e o falso (ICor 6:12 e 19) e buscando se desvincular de todos os antigos hábitos errôneos (IPd 1:14 a 17) sem acender uma vela para Deus e outra para o diabo, como fazem os incoerentes de nossos dias (Mt 9:16 e 17). É preciso decisão, perseverança e humildade para limpar o templo interno (Jo 2:15 e 16) e ver nascer a estrela d’alva no coração (IIPd 2:19).

De toda nossa procura e experiência podemos, hoje, dizer aos novos companheiros: a Fraternidade Rosacruz é a escola aquariana que ensina e ajuda o indivíduo a se libertar de suas próprias limitações e o leva a uma concepção muito mais elevada e a possibilidades ilimitadas no campo das realizações internas, onde se encontra o Graal e sua lança (o Espírito e o seu poder). Contudo, para chegar a ele deve ser um autêntico e moderno cavaleiro, o novo e consciente Parsifal. O vivido Sir Launfal de retorno ao “seu castelo”.

Que nos eleve nas asas da aspiração; que nos armemos da couraça do valor e da persistência; que nos imbuamos de propósitos altruísticos, e que o Deus da paz será conosco!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1964)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como chegamos ao ponto de poder utilizar o pensamento aqui, no Mundo Físico

Como chegamos ao ponto de poder utilizar o pensamento aqui, no Mundo Físico

Havia um tempo em que não tínhamos a capacidade de experimentar nossos pensamentos aqui no Mundo Físico. Éramos autômatos, guiados em tudo. Criávamos somente nosso próprio Corpo Denso (o físico), Corpo Vital e Corpo de Desejos e ainda de maneira inconsciente. Para podermos ser conscientes da manifestação desses Corpos nos seus respectivos Mundos, além de poder ter a capacidade de experimentar nossos pensamentos aqui no Mundo Físico, houve a necessidade de algumas alterações na nossa constituição.

A primeira alteração foi feita no nosso Corpo de Desejos, o veículo que utilizamos para gerar nossos desejos, nossos sentimentos e nossas emoções. Estávamos a milhares e milhares de anos atrás, em meados de uma Época que conhecemos como Época Lemúrica, a terceira Época desse grande Período, conhecido como Período Terrestre.

Nessa Época, a parte mais avançada da nossa humanidade experimentou uma divisão em duas partes no Corpo de Desejos: a superior e a inferior. O restante da humanidade sofreu divisão semelhante um pouco mais tarde, na primeira parte da quarta Época, conhecida como Época Atlante.

A parte superior construiu o sistema nervoso cérebro espinhal e os músculos voluntários. Com isso, essa parte do Corpo de Desejos dominou a parte inferior do Tríplice Corpo, ou seja, a parte inferior do Corpo de Desejos, o Corpo Vital e o Corpo Denso.

A segunda alteração dependeu da ajuda de uma classe de seres mais evoluídos do que nós, especialistas em matéria mental, denominados Senhores da Mente. Foram, então, os Senhores da Mente que nos deram o germe da Mente. Depois de feito isso, eles impregnaram a parte superior do Corpo de Desejos e da Mente com o sentimento da personalidade separada, a personalidade individual.

É esse sentimento que nos capacita, hoje, de saber, ou ainda, de ter consciência de que “eu sou eu, você é você”, de que cada um de nós é um indivíduo. Com a Mente ganhamos o elo que nos faltava para ligar o Tríplice Espírito (o Espírito Humano, o Espírito de Vida e o Espírito Divino) ao seu correspondente Tríplice Corpo (o Corpo de Desejos, o Corpo Vital e o Corpo Denso). Portanto, a Mente é o foco em que o Tríplice Espírito, a individualidade, o Ego, reflete-se no Tríplice Corpo, a personalidade.

Essa ligação marca o “nascimento” do indivíduo, do ser humano, do Ego, quando tomamos a posse, de fato, dos nossos veículos Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso.

Entretanto, isso não foi suficiente para nos tornar conscientes deste Mundo Físico, nem para nos tornar um pensador, a partir desse Mundo, como somos hoje.

A terceira alteração necessária para tornar isso possível foi a construção do cérebro, destinado a ser o instrumento da Mente no Mundo Físico. Note que a necessidade de se ter um instrumento formou o cérebro, porém o pensamento existiu antes da formação desse órgão!

Para isso foi necessário nos separar em sexos. Isso é descrito na Bíblia (Gn 2:21-25) como a criação de Eva.

Precisávamos nos expressar no Mundo Físico e criar a partir dele. Para isso precisávamos construir órgãos criadores. Esses órgãos são: a laringe e o cérebro. Por serem criadores, eles deviam ser criados e mantidos pela força sexual criadora.

Antes da necessidade de criação desses órgãos, essa força era utilizada só para criar outro Corpo Denso, ou seja, só para a propagação. O excesso era irradiado. O ser humano era hermafrodita, capaz de criar outro Corpo Denso sem intervenção de outra pessoa.

Foi então necessário utilizar metade dessa força para a construção desses órgãos. Conforme o Corpo Denso foi se verticalizando, parte dessa força foi se dirigindo para cima. Com isso obtivemos material para construir o cérebro e a laringe, “o meio para o Ego pensar e comunicar pensamentos aos demais seres no Mundo Físico”.

A outra metade dessa força continuou sendo dirigida para baixo, para a propagação. Ou seja, como só metade dessa força passou a ser destinado para criação de outro Corpo Denso, cada um de nós teve que procurar a cooperação de outro ser que possuísse a outra metade complementar. Deixamos de ser hermafrodita. Assim, a partir de então, quando estamos aqui renascidos, o homem expressa mais a vontade, que é uma força masculina, ligada ao Sol, enquanto a mulher expressa mais a imaginação, que é uma força feminina, ligada à Lua.

É importante salientar que sexo só tem a ver com a expressão do Corpo Denso. O Espírito, o Ego, nós de fato, é bissexual.

Em cada renascimento expressamos ou o polo feminino ou o polo masculino com o único objetivo de melhor aprender as lições a que estamos destinados.

Perceba que quando toda a força sexual criadora era utilizada para a propagação, realizávamos muito pouco no sentido do próprio crescimento anímico, quando renascidos aqui, no Mundo Físico. Após essa separação, e consequente construção do cérebro e da laringe, pudemos utilizar o restante da força não empregada na propagação como força para o nosso crescimento anímico a partir daqui.

Assim, podemos conceituar o cérebro como o órgão que “liga” o Ego ao Mundo Físico. É por meio dele que podemos saber qualquer coisa sobre o Mundo Físico.

Já os órgãos dos sentidos levam os impactos exteriores até o cérebro, o Ego os interpenetra e atua no cérebro coordenando essas impressões, respondendo-as por meio de movimentos, observações ou memorização.

Entretanto, não pensemos que uma vez feita essas alterações nos tornamos consciente, pensante, tal como hoje, no estado atual de nossa evolução. Para alcançar esse estado tivemos que percorrer um longo e penoso caminho.

Ainda no final da terceira Época, a Época Lemúrica, começamos a expressar algum som pela laringe. Esses sons eram baseados nos sons da natureza: o murmúrio dos ventos, o barulho das tempestades, o ruído dos rios. A linguagem era considerada santa. Por meio dela tínhamos poder sobre os animais e sobre a natureza. Entretanto, ainda éramos guiados em tudo: os Anjos nos guiavam em tudo que se relacionava com a propagação da raça. Uma outra Hierarquia, conhecida como Senhores de Vênus, guiavam a nossa evolução com o objetivo de conseguirmos manifestar a vontade e a imaginação. Quando renascíamos como homens, éramos ensinados como desenvolver a vontade. Quando renascíamos como mulher, éramos ensinados como desenvolver a imaginação. Os métodos utilizados chegavam a ser cruéis. Entretanto não tínhamos memória. Uma vez passada a experiência, esquecíamo-nos dela imediatamente. Aos poucos essas experiências foram imprimindo no cérebro impactos violentos e repetidos. Com isso uma memória germinal foi sendo desenvolvida.

Entretanto, por sermos guiados em tudo, éramos inocentes e, por conseguinte, ignorantes.

Os resultados das experiências proporcionadas pelos métodos empregados nos deram a primeira ideia do bem e do mal. Já a Iniciação daquela Época era voltada para o desenvolvimento do poder da vontade e da imaginação. Como já dissemos, quando renascíamos como mulher éramos treinados para desenvolver a imaginação. Com isso, começamos a perceber que aqueles que estavam renascidos como homens perdiam seus corpos muito frequentemente. Isso por causa dos métodos empregados para desenvolver a força de vontade. Entretanto, devido à imperfeita percepção do Mundo Físico, renascido como mulher não conseguíamos revelar àqueles renascidos como homem o que estava acontecendo. Foi aí que apareceram uns seres que procuraram nos esclarecer o que acontecia. Seus nomes: Espíritos Lucíferos.

Esses seres entraram através da coluna espinhal serpentina nos seres renascidos como mulher. Devido à consciência voltada para o interior e porque esses Espíritos Lucíferos tinham entrado através da coluna espinhal serpentina, os seres renascidos como mulher os viram como serpentes. Isso é descrito na Bíblia (Gn 3:1-13). Os seres renascidos como mulher aceitaram essa sugestão. Então, os Espíritos Lucíferos “abriram-lhe os olhos”, fizeram-nos cientes dos Corpos Densos, seus e dos seres renascidos como homem.

Os seres, enquanto renascidos como mulher, ajudaram os seres, enquanto renascidos como homem, a “abrir os seus olhos” também. Assim, ambos, voltaram sua consciência para o Mundo Físico. Reparem bem: como pela Lei do Renascimento, cada renascimento é alternado (ora renascemos como homem, ora como mulher), todos passamos por essa experiência luciferiana. Aprendemos “o bem e o mal”, a como propagar a espécie. Entretanto, em virtude da nossa ignorância, abusamos da força sexual, empregando-a para gratificação dos nossos sentidos.

Aos poucos a consciência foi enfocada para o Mundo Físico. Com isso conhecemos a morte, a dor e o sofrimento.

“Se o ser humano continuasse sendo um autômato guiado por Deus, não teria conhecido, até hoje, nem a enfermidade, nem a dor, nem a morte, mas também não teria obtido a consciência cerebral e a independência resultante da iluminação proporcionada pelos Espíritos Lucíferos, os dadores da luz. Eles abriram o entendimento e ensinaram a empregar a obscura visão para obter conhecimento do Mundo Físico”. Essa é a história da queda. Através dela, tomamos as rédeas da nossa evolução. Conhecendo o bem e o mal, o certo e o errado e tendo a liberdade de agir, podemos cultivar a virtude e a sabedoria que nada mais é do que o conhecimento temperado com amor.

Perceba que com essa “queda”, conseguimos utilizar aquele sentimento com que os Senhores da Mente impregnaram a parte superior dos nossos Corpos de Desejos e das Mentes e que nos dão a noção de indivíduo. Porque foi com a queda que começamos a sentir que somos individuais.

Existe um ponto no Corpo Denso colocado na “Raiz do Nariz”, a meia polegada abaixo da pele. É o assento do Espírito Divino. Há um correspondente desse ponto no Corpo Vital. Até antes da queda esses dois pontos não estavam concêntricos, ou seja, estavam distantes um do outro. Isso propagava uma percepção mais nítida dos mundos internos e bem menos nítida do Mundo Físico. Aos poucos, a distância entre esses dois pontos foi diminuindo.

Finalmente, no último terço da quarta Época, a Época Atlante, o ponto do Corpo Vital uniu-se ao ponto correspondente do Corpo Denso. Desde esse momento obtivemos a plena visão e percepção do Mundo Físico. A partir daí começamos a aprender como utilizar os pensamentos.

Como somos imperfeitos, muito sofremos, não só pelo mau uso do pensamento, mas também pela criação de coisas ruins.

Inicialmente começamos desenvolvendo os sentimentos mentais como a alegria, a tristeza, a simpatia, etc. Com esses sentimentos formamos uma incipiente memória. Essa nos proporcionou a disposição para uma rudimentar linguagem, criamos algumas palavras, demos nomes às coisas.

Com o desenvolvimento da memória, tornamo-nos ambiciosos, pois começamos a nos lembrar das nossas obras, e compará-las com as de outrem. Enaltecíamos as pessoas que tinham alcançado algum mérito. Esse foi o princípio da adoração. Graças a isso tudo, fomos dando importância à aquisição da experiência. Em qualquer situação, procurávamos experiências análogas anteriores como base. Se não as encontrássemos, experimentaríamos. Com o desenvolvimento da adoração e a valorização da experiência, criamos o costume de honrar as pessoas em atenção às proezas de seus antecessores.

Pelo mau uso do pensamento, criamos a astúcia, esse terrível vício de querer sempre levar vantagem sobre o nosso próximo. Junto a ela veio o egoísmo, esse terrível vício de querer tomar posse de tudo que desejamos.

Esses sentimentos negativos foram crescendo e usávamos tudo que podíamos para gratificar a nossa vaidade e a nossa ostentação externa. Aos poucos utilizamos a Mente para controlar os nossos desejos. Fomos aprendendo a refrear as nossas paixões. Descobrimos que “o cérebro é superior ao músculo”.

Mais tarde foi nos dado a consciência do livre arbítrio, ou seja, a capacidade de fazer o que quiser, mas, também, de responder por isso, através da Lei de Consequência.

Em paralelo a esse nosso desenvolvimento, foram criadas condições para que enfocássemos nossa atenção aqui no Mundo Físico: as condições atmosféricas foram alteradas com alternância das estações, a nossa alimentação foi sendo acrescida de alimentos que endurecessem nosso Corpo Denso, a mescla de sangue com casamentos entre indivíduos de raças diferentes, entre outros.

Voltando a nossa atenção para o Mundo Físico, começamos a aperfeiçoar o nosso pensamento e a nossa razão, como resultado do nosso trabalho sobre a Mente. Transformamos o Planeta Terra num verdadeiro jardim com todas as facilidades para ser habitado e funcionar num Corpo Denso. Manipulamos os minerais com grande destreza, fazendo com eles móveis, ferramentas, carros, alimentos, etc.

Perceba que só podemos exercitar nosso poder mental nos minerais, sólidos, líquidos e gasosos – manipulando-os, por causa do estágio em que se encontra a nossa Mente: o primeiro estágio, ou mineral.

Transformando o nosso Planeta numa boa morada, conquistamos o Mundo Físico. Com isso ganhamos mais conhecimento, e como o fizemos? Por meio da aplicação do pensamento aqui. Sabemos que temos um Corpo Denso, formado de matéria do Corpo Denso, um Corpo Vital, formado de Éter – matéria também do Mundo Físico -, um Corpo de Desejos formado de matéria do Mundo do Desejo e uma Mente, formada de matéria da Região Concreta do Mundo do Pensamento.

Portanto, carregamos conosco matéria de cada um desses Mundos. Podemos manipulá-las, colorí-las, utilizá-las.

Como Espírito que somos, ou Egos – Espírito Virginal manifestado e envolto no Tríplice véu: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano – funcionamos na Região do Pensamento Abstrato.

Dessa região é que observamos o mundo exterior, que, através dos sentidos, produz impressões sobre o Corpo Vital. Essas impressões produzem sentimentos e emoções no Corpo de Desejos. Essas impressões são levadas, também, através dos sentidos até o cérebro. Daí essas impressões refletem-se na Mente.

Então, manipulamos o material da Região do Pensamento Abstrato, tendo como base a reflexão dessas impressões, criando a ideia. Essa ideia é projetada, através da nossa força de vontade, na Mente. Manipulamos, através da Mente, a matéria da Região do Pensamento Concreto, revestimos a ideia com tal matéria, e a ideia se transforma em pensamento-forma. A Mente pode projetar, então, esse pensamento-forma em três direções possíveis: no Corpo de Desejos, no Corpo Vital ou sobre a Mente de outra pessoa.

Se for sobre o Corpo de Desejos, pode ainda ser envolvido por matéria de desejos, depois atuar na parte etérica do cérebro e daí até os centros cerebrais do cérebro físico que movimentará os músculos para a ação, construindo alguma coisa.

Pode ainda não resultar em ação e ficar arquivado, por falta de vontade.

Se for sobre o Corpo Vital, não provoca uma ação imediata. Fica na memória para uso posterior.

Por fim, projetado sobre a Mente de outra pessoa, pode atuar como sugestão, como na telepatia, ou como meio de ação, como na hipnose.

Com isso concluímos que os pensamentos são gerados no Mundo do Pensamento. E que no Mundo Físico aprendemos como usá-los de maneira correta.

É o nosso principal poder e devemos aprender a mantê-lo sob o nosso absoluto domínio, de modo a não produzir ilusões induzidas pelas circunstâncias exteriores, mas sim verdadeiras imaginações geradas pelo Espírito. O Exercício de Concentração, que deve ser realizado de manhã, assim que despertamos, tem esse objetivo. Não desperdicemos nossos pensamentos em matérias sem nenhuma importância que nos envolve em ambientes de tédio e de medo.

Tenhamos sempre nossos pensamentos voltados para Deus. Com isso fica muito mais fácil dominá-los. Os maus pensamentos só destroem e paralisam qualquer eventual ação. Dominando nossos pensamentos, poderemos dirigi-los para a finalidade que desejarmos.

Aos poucos não precisaremos experimentar, no Mundo Físico, o que criamos no Mundo do Pensamento. Com o desenvolvimento da nossa Mente poderemos imaginar formas que viverão, crescerão e pensarão. E a nossa laringe falará a palavra criadora, pois se tornará espiritualizada e perfeita. Teremos então contato direto com a sabedoria da natureza.

E nos tornaremos um criador de verdade, colaborador mais ativo no plano de Deus.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Processo de Redenção

O Processo de Redenção

O caminho evolutivo da humanidade está, indissoluvelmente, unido às Hierarquias que regem os Planetas e os Signos do Zodíaco. Disse Max Heindel, nos livros “Mensagem das Estrelas” e no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, que essas Hierarquias determinaram diferentes graus de controle da evolução humana, assim como do reino animal e vegetal, e que guiam a evolução da vida e da forma nos outros reinos também.

Enquanto o Sol estiver passando através do Signo de Capricórnio, de 22 de Dezembro a 21 de Janeiro, agiremos bem em estudar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, no que se refere às diferentes fases da manifestação, relacionadas com esses símbolos espirituais.

Cada Estrela, Planeta ou Sol é o corpo de uma entidade que se manifesta por meio de raios de energia que compenetram todo o espaço. O Signo de Capricórnio está relacionado com as Hostes Arcangélicas e o Sol, com o Cristo.

Os Arcanjos operam mediante corpos compostos da substância do Mundo do Desejo, porém, seus poderes chegam a muitos Mundos que se acham por cima e por baixo desse nosso Mundo Físico. O Senhor da Terra é o Cristo, o mais elevado de todos os Arcanjos. Uma das funções dos Arcanjos é ser Espíritos de Raça, sobre a Terra, e têm influência no ser humano, através do Corpo de Desejos humano; outra de suas funções é ser os Espíritos-Grupo dos animais, meio pelo qual atuam como guias da evolução dessa onda de vida.

À medida que a Terra gira em torno do Sol se converte em um ponto focal dos raios solares, em combinação com cada Signo do Zodíaco, e essas Hierarquias estimulam as atividades espirituais na Terras.

Todo fenômeno da Natureza tem um especial propósito espiritual, que nos ensina que o grande ciclo da precessão dos Equinócios, que equivale a um período de 25.868 anos, marca a evolução e a queda dos povos, das nações e suas religiões. Durante o trânsito precessional do Sol através de um Signo, que dura aproximadamente 2.156 anos, realiza-se um trabalho especial com uma nação ou um grupo de nações, como pudemos constatar nas guerras mundiais I e II, que são os resultados da separatividade nacional entre as nações, porque durante a precessão, através do Signo de Peixes, o resultado será a unidade.

O trânsito anual do Sol, através dos Signos, marca as mudanças das estações e dos processos vitais em todas as formas viventes. No entanto, o impulso espiritual incorporado nesse acontecimento está sempre se dirigindo para despertar o gênio adormecido de um espírito individualizado.

Durante o período que antecedeu a era cristã, o Espírito Santo teve a seu cargo a evolução humana e os Arcanjos e os Anjos também estiveram sob seu domínio trabalhando, principalmente, sobre o aspecto emocional da alma humana, por isso foram estabelecidas a beleza e a diversidade dos tipos nacionais. O patriotismo foi a suprema expressão do Amor e da Devoção. O patriotismo e os aspectos nacionais da religião cegaram os seres humanos com respeito à realidade de um só Deus com muitos nomes.

Com o advento da era cristã, os Arcanjos e os Anjos prestaram obediência a Cristo, e o Espírito de Cristo se converteu no espírito interno da Terra. Agora, todas as Hierarquias trabalham com Cristo para ajudar a humanidade a converter o patriotismo em Fraternidade Universal.

As comunicações e o intercâmbio internacional teceram uma grande trama ou teia do destino, que nos envolve em tantos interesses internacionais bastante comuns a nós todos, que as barreiras nacionais estão se apagando gradualmente ante a ameaça dos horrores de uma possível guerra nuclear. Por isso precisamos despertar gradualmente o sentido comum do ideal da “Paz sobre a Terra e boa vontade entre os homens”.

Existência sobre existência, todo ser humano está dando um pouco mais de expressão terrena à verdade espiritual da fraternidade entre os seres humanos; essa é a nossa resposta ao chamamento de nosso Redentor, o príncipe da Paz, o Senhor do Amor. Felizmente a religião progrediu um pouco, trocando a idolatria, que é a adoração da forma, pelo misticismo, que é a adoração aos ideais mais elevados. O governo está progredindo desde o despotismo (governo absoluto de um só indivíduo) para a república democrática, na qual prevalece o grupo do governo com representação popular. A Ciência está conseguindo se libertar do controle estatal e religioso, e está servindo ao bem-estar humano, em campos cada vez mais amplos. A Arte, todavia, ainda não chegou à sua completa posse, mas está conseguindo progredir. Chegará o dia em que a humanidade conseguirá despertar para a necessidade de incorporar a beleza em cada expressão da vida.

Cada ano, ao nascer o raio do Cristo na Terra, é dado um novo impulso de vida a toda criatura vivente, e quando relacionamos essa verdade com os Ensinamentos Rosacruzes, de que é em Capricórnio que se dão os grandes impulsos evolutivos, nos será possível compreender a importância da paciente estação, no que se refere à política, à economia, às finanças e aos empregos.

A analogia, chave-mestra de todos os mistérios espirituais, nos ensina que o Espírito da Terra se encontra dentro dela mesma, desde o Solstício de Dezembro até o Equinócio de Março. Durante esse tempo, a Terra se encontra cheia do Amor do Cristo, de uma forma mais íntima. Na época do Equinócio de Março, Ele sai em seus veículos superiores, para fortalecer-se em espírito, mediante a Comunhão com o Pai; por isso todas as criaturas dão visível expressão à Vida e ao Poder com os quais Sua vinda enche a Terra. Isso é análogo a nossos estados alternativos de vigília e de sono. Trabalhamos em nossos corpos durante o dia e saímos dele durante o sono noturno, mas as forças vitais continuam ativas dentro do corpo, de maneira que ao despertarmos pela manhã, para um novo dia, nos encontramos ativos e renovados.

O egoísmo, a cobiça e o materialismo devem ceder lugar a pensamentos e ações elevados, como resposta ao chamado do princípio de Cristo, nos trazendo melhores condições. Capricórnio, podemos dizer, que é o Signo da engenharia, de todas as classes de engenharia do mundo e que estão trabalhando para despertar milhões de seres humanos, livrando-os da pobreza e da enfermidade, que infelizmente avassala nosso Globo. Mediante métodos melhores de cultivar a Terra, de construir estradas, do correto cuidado do corpo físico. Os engenheiros educativos estão ajudando a afastar a ignorância e a estimular o impulso interno do espírito, elevando-o ao mais sublime nível de consciência.

Verdadeiramente, estamos no amanhecer de uma nova Era, porque todos os que receberam a iluminação por meio dos Ensinamentos Rosacruzes deverão estar na vanguarda de um novo pensamento que promete, em sua plenitude, a emancipação dos antigos métodos em que havia o aproveitamento de muitos para o benefício de poucos. É nosso dever pensarmos em termos de um bem maior, em benefício de muitos; devemos nos adaptar à nova ordem de coisas, por meio do serviço desinteressado. É conveniente que possamos pensar de nós mesmos como um corpo de paz espiritual, fazendo todo o possível, servindo de exemplo, e exaltando os mais altos ideais de vida onde quer que estejamos.

Durante milhares de anos quase todo o esforço do ser humano sobre a Terra tem sido centralizado em obter alimento, vestimenta e abrigo. Contemplemos a visão da época que se aproxima rapidamente, na qual poderemos obter as coisas com o mínimo esforço e, assim, teremos mais tempo, dedicando uma maior porção de nosso poder criador, reflorindo os lugares desérticos da Terra, colocando beleza na vida, afastando a enfermidade e o crime, cooperando com seres mais evoluídos e estudar o mais amplo significado da vida.

Em nosso estudo da ciência espiritual de Astrologia, encontramos que, no tempo presente, Netuno, Planeta da individualidade, está transitando pelo Signo de Escorpião, que governa as forças ocultas da Natureza. Júpiter, o Planeta da expansão e da benevolência, está transitando por Peixes, o Signo da antiga ordem das coisas, e Urano, o despertador, está transitando por Virgem, o Signo que governa o serviço, o trabalho e saúde. Sob o acúmulo dessas poderosas influências poderemos esperar, com segurança, ver muita investigação oculta nos campos científicos e para aqueles que estão suficientemente evoluídos, para responder ao lado superior da vibração de Netuno em Escorpião, existe a promessa de um progresso na realização espiritual mediante a Arte, a Música, a Dança e a Poesia, assim como também no trabalho de Cura. A Igreja e os ideais religiosos em geral se elevarão para a unidade universal. Sob a influência de Júpiter em Peixes, que se opõem a Urano em Virgem, haverá um rompimento com os credos e as práticas antiquadas, tanto na religião como na saúde; assim, os ideais de serviço, trabalho e saúde deverão alcançar novos níveis à medida que o fermento do altruísmo aumentar sua força em todas as atividades humanas.

Pelos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, como também é conhecida a Fraternidade Rosacruz, ficamos sabendo que esta é a revolução Marte-Mercúrio, do Período Terrestre. Marte é o símbolo do guerreiro, do trabalhador, do desejo, da paixão, da energia dinâmica, do impulso e da força centrífuga de repulsão, como claramente ficou esclarecido nas notas-chaves e nas características das eras passadas. Mas, agora, estamos entrando na metade de Mercúrio do Período Terrestre. Mercúrio é o símbolo do pensador, do escritor, da razão, da lógica, da relatividade, da habilidade mental e das trocas rápidas, por isso as massas dos povos devem aprender a pensar sem serem confundidas pelo sentimento e pelo desejo.

Ao nosso redor, ainda que invisíveis para muitos, os Grandes Seres estão em seus postos, guiando e humanidade para um bem maior. Quando nos desviamos da Lei Divina, sofremos, nos redimimos e então poderemos dar o passo seguinte em direção à Luz.

Cristo veio para salvar os que haviam se perdido. Podemos vender nossa herança por um prato de lentilhas, não encontrar felicidade, mas olhando para além da tirania das coisas, contemplaremos os Seres mais evoluídos, sorrindo, amando-nos e sempre prontos a nos inspirar os eternos valores do real. O ser humano perde a personalidade na matéria em favor de seu ser espiritual, porém, sendo essencialmente divino, se redime, se esforçando em purificar o ambiente em que vive, submergindo na harmonia espiritual por meio da luz do Cristo. As nações são guiadas por meio de uma Lei Divina, para a verdadeira Fraternidade. Assim como o indivíduo se redime do egoísmo e do materialismo, o poder do iluminado é muito maior que o mal do irrecuperável, o indivíduo que dissolveu sua alma, por isso é chamado de desalmado. As pessoas boas do mundo inteiro fracassaram em estabelecer a paz sobre a Terra, porque sua bondade era demasiado passiva, mas o verdadeiro cristão ocultista está sempre ativo em todos os planos de expansão.

Não fiquemos inativos no bem-obrar. O processo de redenção, todavia, segue adiante. Lentamente a humanidade está sendo redimida, cada vez mais, pelo poderoso raio de Amor de Cristo, a todos que queiram o separatismo. Nosso é o privilégio de apressar esse processo, por meio do serviço ativo.

Tratemos de abrir nossos corações para que penetre neles o fermento do Amor Fraternal, e nos esforcemos para sentir com toda sua beleza e maravilha, a unidade de cada um para com todos.

(Da Revista O Encontro Rosacruz, traduzido da Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1963, de abril/1991)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Qual é o conceito de felicidade que a Escola Rosacruz preconiza

Qual é o conceito de felicidade que a Escola Rosacruz preconiza

Chegado é o tempo de nós, seres humanos, já bem conscientes de nossos deveres e finalidades da nossa existência, verificarmos se realmente estamos vivendo como esperaria Deus, de quem somos filhos e partes integrantes, dentro do nível particular da nossa evolução.

Em tempos bastante remotos, nada conhecíamos de nós mesmos como indivíduos; nada sabíamos de nós próprios, nem física nem espiritualmente. Com o decorrer de milhões de anos, vida após vida, fomo-nos gradativamente elevando da inconsciência para a consciência, chegando hoje à possibilidade de saber muito a respeito do homem real, o tríplice espírito interior. Dessa grande realidade não são todos ainda conhecedores; mas nem por isso ela deixa de ser real. Como as estrelas, o oceano, a luz e todas as demais coisas que se revelam ao sentido da visão, existem em realidade, embora os cegos não as possam ver, assim também são as coisas espirituais, em relação ao ser humano materializado. Ora, assim como nós acreditamos nos altos postulados da ciência, embora pessoalmente não tenhamos recursos intelectuais para comprová-los, também as pessoas descrentes poderiam, por analogia, encontrar razões para confiar nas dezenas de testemunhos convergentes daqueles que relatam as coisas espirituais, como um homem normal a descrever para o cego as realidades da natureza física.

Basta aplicarmos a lógica para que tudo se torne mais coerente e simples. Dura é aquela verdade expressa nos Evangelhos: “Cego é o que, vendo, não vê”. Ao nosso redor a natureza fornece todos os elementos de correlação para avaliarmos a realidade da vida e dos mundos espirituais. Permito-me ainda lembrar ao caro leitor que, se antes não nos era possível conhecer a nós mesmos, por falta de consciência e razão, hoje não se justifica mais nossa ignorância em assunto tão vital. A graça que me foi dada, de mais profundamente conhecer o cristianismo e a realidade do meu ser, quero compartilhá-la com você, leitor e leitora, oferecendo-lhe a mais formosa filosofia que já foi dada ao mundo: a Filosofia Rosacruz.

Talvez você esteja bastante desiludido com tudo o que diga respeito à religião. Não há razão para isso: as falhas são dos seres humanos e não dos princípios Cristãos. Mais desiludido ainda talvez esteja com as chamadas coisas reais do mundo. Também não há razão para isso. Tudo é sagrado e bom. O mal está no mau uso que os seres humanos fazem de tudo, na pretensão de que possam possuí-las, quando em realidade são eles os possuídos pelas coisas e têm de abandoná-las, ao morrer.

Em verdade, você pode e deve ser feliz, porém isso depende da harmonia interna e de uma visão correta das coisas. Você é um estrangeiro, disse o Cristo; o seu reino, a sua pátria não é deste mundo. Sua felicidade, portanto, não reside na posse de artigos materiais, na fama que possa desfrutar entre seus semelhantes, no poder que possa exercer sobre os outros, nem no amor, esse amor comum e desvirtuado. Essas são as motivações da ação, os meios de atrair e fazer evoluir os seres humanos que ainda não encontraram interesse em coisas elevadas. Essas são fontes comuns de amargura, sofrimentos e desilusões. Não conduzem a algo efetivo ou real. São apenas meios e tentações terríveis onde o desprevenido amiúde afunda.

Veja por si mesmo: os resultados dessa dolorosa e sombria felicidade que sempre termina em dor ou enfermidade. Devemos culpar o mundo, as coisas ou nós mesmos? Seguramente, isso depende de nós. A real felicidade, escrita com letra maiúscula, de que estamos tratando está à sua espera como já esteve à espera dos que hoje vivem uma vida diferente. E estará esperando enquanto houver uma ovelha transviada, porque escrito está que haverá “um só rebanho e um só Pastor”. Essa felicidade jamais deixará de ser sentida, buscada ou vivida. Ela é o próprio fluir da harmonia cósmica que, por reflexo, escorre no microcosmo, no “homem real”, o espiritual, que nunca nasceu e jamais morrerá: você.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1966)

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