PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sol transitando pelo Signo de Gêmeos (maio-junho)

Gêmeos é o Signo dos gêmeos. No plano material significa dualidade; no plano espiritual, polaridade.

Sob a influência de Gêmeos o ser humano oscila facilmente de um extremo a outro: do material ao espiritual, do pessoal ao impessoal.

A nota-chave de Gêmeos é a versatilidade. Seus nativos se caracterizam por sua habilidade em fazer muitas coisas muito bem. Gêmeos avançando, frequentemente, se dedica a escrever e a falar sobre assuntos espirituais e, às vezes, se converte em um curador espiritual. Gêmeos é um Signo mental e a Mente pode conduzir tanto na direção das trevas como na direção da luz. São Paulo sabia disso perfeitamente e por isso acentuou em todos os seus ensinamentos o ideal de que “Cristo se forme em vós” (Gl 4:19). Até que a Mente se cristifique ela está ameaçada por grandes perigos. E contra isso São Paulo cita: “a Mente carnal é inimiga de Deus” (Rm 8:7).

De acordo com a natureza de Gêmeos, aqueles que estão fortemente influenciados por esse Signo, frequentemente enfrentam a necessidade de eleger entre um dos dois caminhos; por isso resulta essencial para eles o cultivo dos poderes do discernimento, poderes acentuados em Virgem, também regido por Mercúrio. Hão de cultivar a estabilidade e a fixidez de propósitos, já que são muito facilmente influenciáveis. O nativo de Gêmeos necessita muito tempo para se concentrar e meditar sobre a frase: “Está tranquilo e sabe que Eu sou Deus” (Sl 46:11)..



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Os Mortos Perderam o Interesse em Nós?

Max Heindel

Conta-se a história de um casal de grande coração, no País de Gales, que, desejando adotar uma criança belga refugiada, viajou para Swansea a fim de obter uma do Campo de Concentração de lá. Mas, nenhuma lhes convinha, exceto um irmão e uma irmã; porém, os dois se agarravam um ao outro tão tenazmente que não tiveram coragem de separá-los. Decidiram, finalmente, adotar os dois, levando-os para casa. Quando a senhora despiu a menininha, notou um medalhão pendurado no pescoço da criança e a menininha lhe disse da melhor maneira que pôde que ele continha uma foto da sua mãe, que havia sido massacrada. Ao abrir o medalhão, a mulher viu com espanto e tristeza a foto da sua própria irmã, que havia ido para a Bélgica como governanta anos antes e de quem ela havia perdido o rastro. Dessa forma, descobriu-se que ela havia levado os filhos da sua irmã assassinada para seu coração e lar.

Como isso aconteceu? Isso “aconteceu”? Essa é uma questão de grande importância, pois afeta o destino de todo ser humano, se os eventos em nossas vidas são governados por acaso ou destino. A explicação mais simples é, claro, que “simplesmente aconteceu” e pode parecer muito improvável para a maioria postular o destino. Ainda assim, Cristo disse: “os cabelos da sua cabeça estão contados, nem mesmo um pardal cairá na terra sem que o Pai saiba. Vós sois de mais valor do que muitos pardais” (Lc 12:7). Se Cristo disse a verdade, e não podemos duvidar disso, então o elemento “acaso” é eliminado e tudo o que nos acontece é o resultado do desígnio divino ou humano, operando sob, e em harmonia com a lei imutável da consequência; e os agentes que garantem esse desígnio podem estar nos Mundos visível ou invisíveis. Com essa hipótese, é fácil explicar a ocorrência. Quando nos perguntamos quem estaria interessado em levar essas crianças para a proteção da tia, a resposta é, obviamente, a mãe.

E, se uma ou outra mãe pode fazer isso por seus filhos, segue-se que todas as mães devem ter a mesma capacidade de afetar os destinos de seus filhos, restringidas, é claro, pela Lei de Causa e Efeito, como já foi dito; e se as mães podem fazer tais coisas, os pais ou outros parentes, em suma, o mundo inteiro do outro lado do véu da morte, devem ter o poder de afetar todas as outras pessoas que vivem aqui, e devemos ter o poder de afetá-los. Não pode haver meias medidas.

Para o investigador ocultista é de conhecimento comum que aqueles a que chamamos de mortos continuam por um tempo, variando de acordo com sua inclinação e disposição, a se interessar pelos assuntos daqueles que deixaram para trás, e se esforçam, com variado sucesso, para influenciá-los como influenciamos uns aos outros nas relações físicas. Eles não são livres para fazer isso o tempo todo, porque episódios no panorama da sua vida passada exigem toda a sua atenção enquanto estão sendo expurgados; mas, entre esses períodos nossos amigos dos Mundos invisíveis estão conosco e nos abraçam com a mesma solicitude e amor que tiveram por nós enquanto estavam ao nosso lado, aqui renascidos na Região Química do Mundo Físico.

Infelizmente, o inverso também é verdadeiro: se um inimigo morre, não nos livramos dele por esse fato. Ele pode realmente nos fazer mais mal fora do Corpo Denso e Vital do que poderia fazer enquanto estava aqui renascido na Região Química do Mundo Físico. Isso foi sentido em pequena escala na guerra russo-japonesa, quando alguns dos golpes inteligentes dos japoneses ocorreram em virtude de impressões recebidas do outro lado; métodos semelhantes foram usados em uma extensão que ninguém iria acreditar, se não estivesse ciente dos fatos, no início da presente guerra[1]. Mas, o efeito organizado dos Irmãos Maiores e seus grupos de Auxiliares Invisíveis deram frutos para conter a corrente de ódio entre as vítimas da batalha, de modo que todos os que cruzam o portal da morte são agora instruídos sobre o efeito da malícia sobre si mesmos e o mundo, sua melhor natureza surge e o altruísmo é exaltado como mais nobre do que o patriotismo; o resultado é que a maioria é convertida, pelo menos na medida em que se abstém de esforços ativos para interferir na batalha.

Há muitos anos defendemos a abolição da pena capital por razões semelhantes; o assassino ressentido é, por esse ato de retaliação, liberado do Corpo Denso para influenciar outros de mentalidade semelhante e o resultado é que os assassinatos se multiplicam; ao passo que, se fosse mantido na prisão, seria isolado até os anos passarem e esfriarem o ressentimento dele contra a sociedade; então ele morreria em um estado de espírito menos perigoso e, provavelmente, não faria mal à sociedade.

Portanto, que se perceba que seja um fato e não um sentimento poético, o que John McCreery escreveu:

Embora invisíveis aos olhos mortais,

Eles ainda estão aqui e ainda nos amam.

Os queridos que deixaram para trás,

Eles nunca esquecem.

Sim, sempre perto de nós, embora invisíveis,

Nossos queridos espíritos familiares caminham.

Pois todo o Universo sem limites de Deus é Vida.

Não há mortos.


[1] N.T.: Refere-se à Primeira Grande Guerra Mundial

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1915 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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As Nove Sinfonias de Beethoven – Correlacionadas com as Nove Iniciações Menores – Nona Sinfonia

Por Corinne Heline

CAPÍTULO IX – NONA SINFONIA – RÉ MENOR – OPUS 125

(Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)

A música é a entrada não corpórea no mundo superior do conhecimento que abrange a humanidade, mas que a humanidade não pode compreender. Por sua transparente beleza de ideia, há pouco no mundo da música que possa se aproximar desta obra prima em beleza melódica. Suas ideias são tão ricas em variedade, tão delicadas em orquestração e, também, tão profundamente simpáticas, que deve ser um ouvinte endurecido de fato aquele que escuta este movimento sem alguma percepção de uma visão dos céus se abrindo e um olhar distante no mundo além deste. Aqui, temos Beethoven como um expoente do sublime … Ninguém pode negar que aqui está uma obra prima inigualável na tremenda vastidão de sua concepção e inigualável por sua originalidade, poder e belezas prodigamente espalhadas.

Autor Desconhecido

Mais de dez anos se passaram depois da performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua sucessora, a Nona e última, em 7 de maio de 1824. Durante esse intervalo houve, evidentemente, uma profunda preparação em seu interior para poder criar o glorioso clímax que é a Nona Sinfonia.

Quando os Senhores do Destino procuram um mensageiro cuja missão beneficiará o mundo e elevará a humanidade, muito tempo e cuidado são dedicados à sua escolha. Precauções especiais são tomadas para que o escolhido não se transforme em uma presa das seduções do mundo material. Beethoven foi um mensageiro escolhido. Ele nasceu na pobreza e se criou sob as mais adversas circunstâncias. Todos os anos de sua vida foram cheios de solidão, desapontamento e desilusão com as coisas do mundo exterior.

Um mensageiro assim escolhido para uma grande missão no mundo raramente conhece as alegrias do companheirismo humano, que é privilégio da maioria dos mortais. Ele tem necessariamente que viver uma vida mais ou menos isolada. Muito tempo tem que ser gasto sozinho para que possa alcançar aquelas alturas inspiradas que o capacitará a se tornar um canal claro e livre para seu objetivo.

No funeral de Beethoven foi dito: “ele não tinha esposa para chorar por ele, filho, filha – mas o mundo todo lamenta junto ao seu ataúde”. A vida de uma pessoa como ele não está centrada em um, mas em muitos. Então, quando Beethoven chegou ao apogeu da vida, chegou para ele, de acordo com a compreensão humana, a maior desgraça que pode acontecer a um músico – a perda da audição. No entanto, do ponto de vista espiritual, talvez isso foi sua maior bênção. Ele era um mensageiro da gloriosa música celestial das Hierarquias Criadoras. Essa música é tão sublime e etérea que os sons dissonantes e desarmônicos da Terra não podiam obstruir e prejudicar sua pureza e beleza. E, assim, quando Beethoven perdeu sua audição física, ele se tornou cada vez mais sensível às harmonias dos planos internos e, por isso, um transmissor mais perfeito para essa música celeste. Muito embora o espírito possa estar ciente de seu elevado destino, enquanto ele está confinado dentro do corpo humano, terá que lutar com as limitações de seu instrumento mortal. E, assim, havia momentos em que Beethoven dava espaço à melancolia e ao desespero, às vezes, voltando-se contra o destino.

O verdadeiro propósito do sofrimento é servir de agente purificador e redentor. No livro “Luz no Caminho” lê-se que “antes que os olhos possam ver, eles devem ter perdido seu senso de separatividade, e que antes que os ouvidos possam ouvir, eles devem ter perdido sua sensibilidade, e que antes que os pés possam estar na presença dos Mestres, eles devem ser lavados no sangue do coração”.

Como Edward Carpenter[1] escreve sobre Beethoven em seu livro Angel´s Wings:“Embora sua vida exterior, pela surdez, doença, pelas preocupações financeiras e pela pobreza fosse despedaçada em mil miseráveis fragmentos, em seu grande coração ele abraçou toda a humanidade; penetrou intelectualmente em todas as falsidades até atingir a verdade e, em seu trabalho artístico, deu um esboço aos religiosos, aos humanos, aos democráticos, aos amores, ao companheirismo, às individualidades ousadas e a todos os altos e baixos do sentimento, o esboço de uma nova era da sociedade. Ele foi de fato e deu expressão a um novo tipo de ser humano. O que essa luta deve ter sido entre suas condições internas e externas – de seu “eu real” com os solitários e pobres arredores nos quais estava encarnado – nós só sabemos através de sua música. Quando nós a ouvimos, compreendemos a tradição antiga de que, de vez em quando, uma criatura divina dos céus distantes toma uma forma mortal e sofre para que isso possa abraçar e redimir a humanidade”.

A nota-chave espiritual da Nona Sinfonia é Consumação. Nove é o mais importante número relacionado com o presente estágio de evolução da humanidade. É o número da humanidade. É, também, o número da Iniciação, aquele reto e estreito caminho pelo qual o ser humano retorna à união com Deus.

Notou-se previamente que as Sinfonias de Beethoven retratam uma variedade de experiências. Essas experiências são recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de desdobramento da alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão magnificamente interpretada pela Nona Sinfonia.

Como foi dito anteriormente, as Sinfonias ímpares corporificam os atributos masculinos e as pares, os femininos, enquanto a última, ou a Nona, os dois atributos são trazidos em perfeito equilíbrio, um estado de unidade que, em linguagem esotérica, é chamada de Matrimônio Místico. Essa união marca o supremo alcance do ser humano sobre as coisas terrenas. Beethoven captou o lindo coro do Querubim na glória da Nona Sinfonia para que os ouvidos humanos pudessem sentir a poderosa efusão de seu poder espiritual.

O escritor John Naglee Burk[2], em seu livro “Life and Works of Beethoven”, se refere a esses ecos celestiais como “murmúrios misteriosos”; então, é como se os murmúrios do mundo celestial que Beethoven interiormente percebia se tornaram cada vez mais claros e mais fortes; enquanto o tema inicial se desenvolvia, há “um crescendo de suspense até que o tema em si é revelado… e proclamado fortíssimo pela orquestra toda em uníssono. “Ninguém”, ele acrescenta, “igualou esse poderoso efeito – nem mesmo Wagner que teve por essa página em particular uma mística admiração e que, sem dúvida, lembrou-a quando descreveu a serenidade elementar do Reno de maneira muito parecida na abertura de O Anel dos Nibelungos”.

“A Nona Sinfonia”, escreve Ralph Hill[3] em seu trabalho intitulado The Symphony, “é comparável aos vigorosos trabalhos como a Eroica e a Quinta Sinfonia, num plano psicológico tonalmente diferente que levanta questões mais amplas do que nas composições sinfônicas anteriores de Beethoven. Cada um de seus movimentos é incomparável em poder construtivo e na extensão e magnitude de suas ideias musicais. A abertura é de um mistério e intensidade. De uma região na qual tudo parece nebuloso e mal definido emerge o primeiro tênue prenúncio de um tema que é presentemente atirado violentamente com a força dos raios de Júpiter. Essa abertura portentosa é em seguida reformulada… e o tema todo é transferido, ainda fortíssimo, para o tom de Si Bemol. Por enquanto, é a terminação desse tema gigante que temos e esse, em sequências que se elevam, marcha para frente sem remorso até encontrarmos a transição para o segundo tema que se supõe conter leve semelhança com a Alegria, tema do Finale”.

“É difícil se encontrar algo mais requintado em toda a música”, escreve E. Markham Lee[4] no livro “The Story of the Symphony”, “do que o movimento de abertura, tão serenamente simples e ao mesmo tempo tão majestoso em suas ideias. Tecnicamente, sua complexa manipulação do material é maravilhosa e suas qualidades expressivas… são excelentes”.

O segundo movimento, um Scherzo, embora realmente não rotulado assim, foi considerado por muitos críticos musicais como uma das mais notáveis realizações de Beethoven. Um escritor se referiu a seu “ágil modo de andar” como “fortemente misturado com uma mística veia, um pouco como uma dança”. Berlioz o comparou ao ar puro e claro que acompanha o nascer do Sol numa manhã brilhante de maio.

“As palavras nos faltam”, escreve Markham Lee, “para comentar adequadamente o Adagio (terceiro movimento), uma das mais perfeitas e lindas peças de música orquestral que já foram escritas”. Bernard Shore[5], falando desse terceiro movimento em seu trabalho “Sixteen Symphonies”, afirma que é música que “deve estar nos céus” e nota como o incomparável Toscanini[6] ao apresentar essa parte “fez todo o esforço para transferir o toque de brilhante e incisiva vitalidade para a mais silenciosa e suave ternura. ‘No Paraíso!’, ele exclamava. As cordas acariciam particularmente sua música e nunca foi permitido que se tornassem apaixonadas – só etéreas.

Os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia estão no mais alto plano de toda a música. O tema de abertura do primeiro movimento é grandioso em inspiração, vigoroso em poder. O Scherzo é talvez o melhor de Beethoven. O Adagio começa com uma melodia de extrema nobreza – perfeito em curva e de uma serenidade maravilhosa. O sentimento de misticismo devoto e admiração aumenta até o coro final”.

UM ARAUTO MUSICAL DA NOVA ERA

Beethoven experimentou uma grande liberdade interior de espírito, um grande estado enlevado de alma. Consequentemente, ele foi capaz de transcrever para a audição humana a mais sublime música que esse mundo já conheceu. Sigmund Spaeth[7] em seu livro “A Guide to Great Orchestral Music” exprimiu perfeitamente: “A Sinfonia alcançou em Beethoven o seu apogeu. Durante o século que veio após o dele, grandes músicos compuseram muita música bonita na forma, mas nós temos só que contemplar Beethoven para compreender que o zênite está ultrapassado e que toda a música daí por diante é música numa longa tarde”.

Ludwig Von Beethoven foi um dos mais importantes evangelhos da Nova Era que vieram à Terra. Em cada uma e em todas as suas composições magníficas soa a nota da liberdade, da emancipação, da igualdade e da eventual e permanente conquista do bem sobre o mal.

Beethoven também mostrou sua completa harmonia com os impulsos da Nova Era em seu ideal de feminilidade e no profundo respeito e reverência que ele dedicou ao sexo feminino. Ele nunca pôde entender como Mozart pôde usar seu grande gênio retratando tantas mulheres superficiais e frívolas. Beethoven deu ao mundo só uma ópera, Fidélio[8], o fiel. Em sua heroína, Leonora, ele dá um quadro perfeito da mulher da Nova Era. Na última das três aberturas de Leonora, que é ouvida no ato final da ópera, está uma rapsódia descritiva da exaltação do Divino Feminino que tem que ser despertado em toda a humanidade antes que as verdades gloriosas que pertencem à Nova Era possam se tornar realidade sobre a Terra. A ópera Fidélio conclui com um triunfante Coral retratando o alegre dia em que a liberdade e a fraternidade se tornarão universais. São essas mesmas notas de Liberdade, Fraternidade e Universalidade que são ouvidas no coral com o qual ele conclui seu trabalho final e supremo, a Nona Sinfonia.

O CORAL DA NONA SINFONIA

O cantor está traduzindo sua canção em canto, sua alegria em formas e o ouvinte tem que traduzir o canto de volta em alegria original; então, a comunhão entre o cantor e o ouvinte é completa. A alegria infinita está manifestando-se em múltiplas formas, levando em si a servidão da lei e preenche nosso destino quando voltamos da forma para a alegria, da lei para o amor, quando desatamos o nó do finito e voltamos para o infinito.

Rabindranath Tagore[9]

Como mencionado anteriormente, Beethoven foi um mensageiro selecionado para transcrever a música cósmica para a audição humana. Essa “pressão interna levou-o a escolher uma vida de autoabnegação e retidão. Ele via através, por cima e além das ilusões e tentações do mundo numa época, e entre pessoas amplamente entregues à busca do prazer”.

Por música cósmica, queremos dizer música das Hierarquias Celestes. Foi a música triunfal soada pelos Querubins e Serafins na celebração dos Ritos do Matrimônio Místico da nona Iniciação que Beethoven gravou no magnífico Coral da Nona Sinfonia.

A humanidade não poderá vivenciar a alta exaltação espiritual desse Rito até que tenha aprendido a construir e a viver em um Mundo Unificado – um mundo em que a Paternidade de Deus e a Irmandade dos Homens se tornará realidade. Promover o ideal da fraternidade universal foi seu supremo objetivo; para esse fim, seu grande gênio estava completamente dedicado.

Para o Coral, Beethoven usou o poema de Schiller[10], Ode à Alegria. Esse poema, que foi escrito durante a Revolução Francesa, apresenta em seu tema a Fraternidade Universal.

Ó, amigos, mudemos de tom!

Entoemos algo mais prazeroso

E mais alegre!

Alegria, formosa centelha divina,

Filha do Elíseo,

Ébrios de fogo entramos

Em teu santuário celeste!

Tua magia volta a unir

O que o costume rigorosamente dividiu.

Todos os homens se irmanam

Ali onde teu doce voo se detém.

Quem já conseguiu o maior tesouro

De ser o amigo de um amigo,

Quem já conquistou uma mulher amável

Rejubile-se conosco!

Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,

Uma única em todo o mundo.

Mas aquele que falhou nisso

Que fique chorando sozinho!

Alegria bebem todos os seres

No seio da Natureza:

Todos os bons, todos os maus,

Seguem seu rastro de rosas.

Ela nos deu beijos e vinho e

Um amigo leal até a morte;

Deu força para a vida aos mais humildes

E ao querubim que se ergue diante de Deus!

Alegremente, como seus sóis voem

Através do esplêndido espaço celeste

Se expressem, irmãos, em seus caminhos,

Alegremente como o herói diante da vitória.

Abracem-se milhões!

Enviem este beijo para todo o mundo!

Irmãos, além do céu estrelado

Mora um Pai Amado.

Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?

Mundo, você percebe seu Criador?

Procure-o mais acima do Céu estrelado!

Sobre as estrelas onde Ele mora! [11]

Por razões políticas, Schiller não usa a palavra “Liberdade” e a substitui pela palavra alegria. Beethoven entendeu assim. Para ele, o poema era sua expressão de liberdade espiritual. Queria dizer a emancipação da alma; a liberdade do espírito de todas as limitações físicas e materiais. Significava liberdade para perambular à vontade através dos planos espirituais superiores, para contatar seres celestes que habitam aqueles planos e ouvir a gloriosa música das esferas.

No primeiro movimento, os céus emitem poderosos sons de evocação através do profundo misticismo do Ré Menor que é proclamado pela orquestra toda em uníssono. Mais tarde, o tema é repetido e a orquestra toca a mesma nota de triunfo em Ré Maior que nos diz musicalmente que as proclamações do coro celeste desceram ao plano terrestre.

O segundo movimento, Berlioz descreve em toda a sua inata beleza como parecendo com o “efeito do ar fresco da manhã e os primeiros raios do sol nascente de maio”.

O Adagio se expressa em variações de crescente complexidade e ornamentação melódica daquela rara e indescritível beleza que caracteriza Beethoven no seu apogeu. Cada movimento de suas Sinfonias é uma divina aventura em espírito. O Espírito, quando despertado (iluminado), não pode estar completamente satisfeito com apenas as dádivas que este plano físico tem para oferecer.

O Finale nos fala sobre isso. Ele questiona e procura avidamente por mais luz. Uma sugestão dessa alta realização cantada pelo tema coral ecoa suavemente nas madeiras de sopro. O tema é então gradualmente desdobrado em Ré Maior (ainda uma experiência no plano terrestre).

No quarto movimento, Beethoven, pela primeira vez, introduz palavras numa Sinfonia. A “Ode à Alegria” de Schiller é a base do Finale cantada por solo, quarteto e pelo coro. Beethoven usou essa Ode para expressar solidariedade humana. Esse coro sublime eleva a Terra para perto do Céu e aproxima os seres celestiais em comunhão mais íntima com os mortais. Ela soa a mais alta nota-chave da realização humana que é a emancipação própria.

A Nona Iniciação

A nona Iniciação conduz ao coração da Terra. Nesse centro, está refletido o plano espiritual mais elevado, o Mundo de Deus. Esse é um plano onde reside o Absoluto. Aqui, o Espírito se une com a matéria, o finito funde-se com o Infinito e Deus e o ser humano se encontram face a face.

É aqui que os Deuses de outros Sistemas Planetários comungam com o Deus deste Sistema. É aqui que os sagrados Mistérios da Criação são revelados. Nenhuma música que tenha sido dada a este Planeta pode traduzir a maravilha e a glória dessa sublime experiência, excetuando o magnífico Coral com o qual o mestre Beethoven conclui a Nona Sinfonia.

O diagrama 18 do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” mostra a escada de ascensão celestial. Poucos existem sobre a Terra que tenham alcançado seus mais altos degraus. Somente aqueles que trocaram o pessoal pelo impessoal, o terrestre pelo celeste, o humano pelo divino e que se tornaram verdadeiramente indivíduos Cristianizados alcançando as mais elevadas esferas da consciência. Porém, esse é o alto e glorioso destino que está esperando por toda a humanidade até que ela se faça merecedora da ascensão divina.

Na Noite Santa, quando a nona Iniciação é celebrada, inumeráveis hostes angélicas enchem o ar com sua canção de êxtase. Os ecos dessa gloriosa música dos céus foram captados por Beethoven e dados ao mundo no sublime Coral de sua grande Nona Sinfonia.

No coração da Terra, há três centros de poder que se relacionam com os três centros principais no corpo-templo humano, que são a cabeça, o coração e os órgãos reprodutivos. Entre a cabeça e os centros reprodutores há uma íntima relação. Entre esses dois pontos focais das energias criadoras, há uma constante corrente de força vital sagrada. Ela toma a forma de lemniscata, o ponto de junção sendo o coração. Um modelo igual de energias criadoras divinas está em ação dentro do coração da Terra.

A participação na nona Iniciação é possível somente depois que as correntes acima descritas alcançaram um estado de perfeito equilíbrio, com a Mente espiritualmente iluminada, o Coração um transmissor da ainda pequena voz interna e o centro reprodutor um assento da força vital regenerada. Essa realização alcança o clímax se encontrando face a face com o supremo Senhor deste mundo, o Abençoado Cristo. É essa a gloriosa experiência que espera a alma que alcança o nono degrau da escada da vida, a nona Iniciação.

A única música que pode adequadamente descrever o êxtase da alma dessa experiência é a magia que Beethoven teve o sucesso de tecer na Nona Sinfonia. É só por meio dessa música celestial que sua importância espiritual pode ser entoada. É música que pode vir somente da mais profunda experiência espiritual da qual o ser humano é capaz de registrar em sua presente e limitada existência. É a principal dádiva sem preço de um mágico à humanidade para ajudar em sua realização consciente e inconsciente para cima, para recapturar algo mais do seu puro estado divino.

Com a composição da Nona Sinfonia, o trabalho de Beethoven estava completo; seu destino se cumpriu. Esse é o seu canto do cisne, sua mais magnífica realização. Essa composição incomparável, como foi dito anteriormente, foi dada ao mundo em 1824. Três anos mais tarde, em 1827, ele recebeu a chamada para subir. Então, sem dúvida, ele também se tornou capaz de estar diante da divina presença e ouvir as palavras benignas que têm soado através dos tempos, “Muito bem, servo bom e fiel! Vem alegrar-te com o teu Senhor![12].


[1] N.T.: Edward Carpenter (1844-1929) foi um poeta inglês, socialista, filósofo, antologista e um dos primeiros ativistas políticos.

[2] N.T.: (1891-1967) escritor estadunidense.

[3] N.T.: (1900-1950) foi um escritor sobre música inglês.

[4] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1956) foi um compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.

[5] N.T.: (1896-1985) foi um violista e autor inglês.

[6] N.T.: Arturo Toscanini (1867-1957) foi um maestro italiano. Um dos mais aclamados músicos do século XIX e XX, ele foi renomado pela sua brilhante intensidade, seu inquieto perfeccionismo, seu fenomenal ouvido para detalhes e sonoridade da orquestra e sua memória fotográfica. Ele é especialmente considerado um competente intérprete das obras de Giuseppe Verdi, Ludwig van Beethoven, Johannes Brahms e Richard Wagner.

[7] N.T.: Sigmund Gottfried Spaeth (1885-1965) foi um musicólogo americano.

[8] N.T.: Fidelio (em português Fidélio), Op. 72b, é um Singspiel em dois atos, de Ludwig van Beethoven, com libretto de Joseph Sonnleithner e Georg Friedrich Treitschke baseado no libreto de Léonore ou L’Amour Conjugal (1798), peça em “prosa entremeada de canto”, de Jean-Nicolas Bouilly, baseada nas memórias do autor sobre os acontecimentos da França durante o Terror, quando ele era promotor público do Tribunal Revolucionário de Tours.

[9] N.T.: (1861-1941) foi um polímata bengali que trabalhou como poeta, escritor, dramaturgo, compositor, filósofo, reformador social e pintor.

[10] N.T.: Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759-1805), mais conhecido como Friedrich Schiller, foi um poeta, filósofo, médico e historiador alemão. Schiller foi um dos grandes homens de letras da Alemanha do século XVIII e, assim como Goethe, Wieland e Herder, é um dos principais representantes do Classicismo de Weimar, e é tido como um dos precursores do Romantismo alemão. Sua amizade com Goethe rendeu uma longa troca de cartas que se tornou famosa na literatura alemã.

[11] N.T.: o original em alemão:

O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern laßt uns angenehmere
anstimmen und freudenvollere.
Freude! Freude!

Freude, schöner Götterfunken
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligtum!

Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.
Wem der große Wurf gelungen,
Eines Freundes Freund zu sein;
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer’s nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund!

Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott.

Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt’gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.

Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!
Brüder, über’m Sternenzelt
Muß ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such’ ihn über’m Sternenzelt!
Über Sternen muß er wohnen.

[12] N.T.: Mt 25:23

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

De tempos em tempos, Estudantes de ocultismo de diversas partes do mundo nos perguntam qual deveria ser a atitude deles perante a guerra[1] e qual o propósito dela sob o ponto de vista espiritual. Já indicamos a posição dos Ensinamentos Rosacruzes referentes ao objetivo da guerra em vários artigos nossos, qual seja: para as pessoas se voltarem para Deus pela consolação devido à profunda angústia, tristeza e arrependimento delas, e para romper o véu que existe entre os Mundos visível e invisíveis, ajudando um considerável número de pessoas a adquirir a visão espiritual e a capacidade de se comunicar com aqueles que já passaram para o além. Mas, embora as explicações fornecidas satisfaçam a maioria dos Estudantes de ocultismo em até certo ponto, outros há que não se convenceram ainda; eles procuram algo mais diretamente relacionado com as condições estabelecidas. (trecho da Carta aos Estudantes nº 92).

É isso que trataremos nesse livreto.

Há 2 meios de você acessar esse livreto:

1.Em formato PDF (para download): O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – em PDF

2. Em forma audiobook ou audiolivro:

O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – audiobook

3.Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/@fraternidaderosacruzcampinasbr/videos

aqui:

O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – videobook

4.Para ler no próprio site:

O LADO OCULTO DA GUERRA

– UMA OPERAÇÃO DE CATARATA ESPIRITUAL

Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, War an Operation for Spiritual Cataract – 1st Part in Rays from the Rose Cross Magazine – a Magazine of Mystic Light – November 1915; 2nd Part in Rays from the Rose Cross Magazine – a Magazine of Mystic Light – December 1915; 3rd Part in Rays from the Rose Cross – a Magazine of Mystic Light – January 1916

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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SUMÁRIO

PREFÁCIO.. 5

CAPÍTULO I – A PARTE DA GUERRA TRAVADA NOS MUNDOS INVISÍVEIS. 8

CAPÍTULO II – EXEMPLOS DA ATUAÇÃO DOS ESPÍRITOS DE RAÇA, CONFUNDIDOS COM OUTROS SERES DIVINOS. 15

CAPÍTULO III – VISÃO ESPIRITUAL ABERTA TEMPORARIAMENTE.. 21

CAPÍTULO IV – SOLICITANDO UMA EXPLICAÇÃO AO IRMÃO MAIOR.. 24

CAPÍTULO V – “OS DEZESSEIS CAMINHOS PARA A DESTRUIÇÃO”. 30

PREFÁCIO

Você já deve ter estudado, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, que houve uma Raça no final da Época Lemúrica, sete Raças na Época Atlante, sete Raças na Época Ária e haverá uma na vindoura Época Nova Galileia, totalizando dezesseis Raças. Você também se lembra que essas dezesseis Raças são chamadas pelos Irmãos Maiores de “os dezesseis caminhos para a destruição”, porque o risco de se enredar nos corpos de qualquer Raça é tão alto, que o Espírito ficará incapaz de seguir os outros Espíritos ao longo do Caminho da Evolução. Durante os Períodos e as Épocas sempre há tempo suficiente para que os Líderes da humanidade possam reunir e ordenar da forma mais adequada e eficaz os que estão sob as suas responsabilidades. Contudo, os judeus são o exemplo do que pode acontecer a um povo que se tornou tão intensamente imbuído do espírito racial, que eles se recusam totalmente a abandonar tal espírito racial. Eles continuam como uma anomalia entre o restante da humanidade, um povo sem uma pátria, um rei ou outro qualquer dos fatores que impulsionam a evolução racial.

Essa foi a tendência entre as nações da Europa até a guerra atual[1]. Assim, o patriotismo e o ideal de Raça são fomentados, o que as conduz para longe de Deus. As inúmeras descobertas científicas foram precedidas por uma era de dúvida e de ceticismo, e as Raças pioneiras no mundo ocidental foram levadas muito próximas à beira da destruição. Por conseguinte, se tornou necessário que os Irmãos Maiores concebessem medidas para que a humanidade abandonasse o caminho do prazer e cultivasse o caminho da devoção, e isso só poderia ser feito removendo a catarata espiritual de um número suficientemente grande de pessoas para que, então, superar a dúvida e o ceticismo do restante da humanidade.

Quando nós habitávamos sob as águas na primitiva Época Atlante, éramos, como você sabe, incapazes de ver o Corpo Denso ou até mesmo senti-lo, porque a nossa consciência estava focada nos reinos espirituais. Víamo-nos uns aos outros, alma a alma. Estávamos inconscientes tanto do nascimento como da morte, e não sentíamos a separação daqueles que amávamos. Mas, quando nós, gradualmente, nos tornamos conscientes dos nossos Corpos Densos, e a nossa consciência foi focada no Mundo Físico desde ao nascimento até a morte aqui, e nos Mundos espirituais da morte até o nascimento lá, houve uma separação e o consequente pesar devido ao advento da morte. No entanto, em tempos passados, havia muitos seres humanos que eram capazes ver em ambos os mundos; eles formavam um número considerável entre toda a população humana. Os testemunhos desses seres humanos sobre a continuidade da vida foram um grande conforto para aqueles que ficavam desolados com a morte, pois eles acreditavam plenamente que aqueles que haviam morrido ainda estavam vivos e felizes, embora incapazes de se dar a conhecer. Mas, gradualmente, o mundo se tornou cada vez mais materialista; a fé na realidade da vida após a morte aqui se desvaneceu, e tornando-se mais intensa e profunda a angústia, a tristeza e até o arrependimento pela perda dos entes queridos, e ainda hoje muitos acreditam que a separação é definitiva. Para esses, a palavra “renascimento” é uma palavra vazia de sentido e, portanto, a angústia profunda e pungente é imensa.

Mas essa angústia profunda e pungente é o remédio da natureza para a catarata espiritual. Tão certo como o desejo de crescimento construiu o complicado canal alimentar desde o começo mais simples para que o anseio de crescimento pudesse ser satisfeito; tão certamente quanto o desejo de movimento desenvolveu as maravilhosas articulações, os tendões e ligamentos com os quais isso é realizado; com a mesma certeza, o intenso anseio de continuar os relacionamentos rompidos pela morte construirá o órgão para sua gratificação – o olho espiritual. Portanto, essa matança em massa de milhões de seres humanos ajudou e está ajudando mais a preencher o abismo entre os Mundos invisível e o Mundo visível do que mil anos de pregação poderiam fazer. Ao longo da história do mundo, foi registrado que os guerreiros (das batalhas e guerras) viram as chamadas manifestações sobrenaturais, e há muitos testemunhos de que estas visões também foram vistas na guerra atual. O choque da ferida, os sofrimentos nos hospitais, as lágrimas das viúvas, dos viúvos e dos órfãos, tudo isso está abrindo os olhos espirituais da Europa, e os tempos da dúvida e do ceticismo, aos poucos, desaparecerá. Em lugar de ficar envergonhado por ter fé em Deus, o mundo honrará o ser humano mais por sua devoção do que por suas proezas, e isso num futuro não muito distante. Elevemos uma prece para este dia chegar.

Max Heindel

CAPÍTULO I – A PARTE DA GUERRA TRAVADA NOS MUNDOS INVISÍVEIS

De fato, seria novidade para a grande maioria das pessoas, se lhes disséssemos que a grande guerra[2] que está sendo travada tão arduamente na Europa, envolvendo uma grande destruição de corpos humanos e de construções muitas centenárias, testemunhas da civilização, esteja sendo travada com mais ferocidade nos Mundos invisíveis e que os participantes do lado oculto da vida têm ainda mais em jogo do que as coisas que são consideradas valiosas neste mundo, como aquisição territorial, indenização financeira, etc. Tal é, no entanto, o caso. A guerra começou nos Mundos invisíveis antes de se cristalizar em ação física. E lá deve cessar, antes de uma paz permanente ser negociada. Quem vê e conhece também sabe que essa grande influência espiritual que causou a guerra foi instigada pelos Espíritos de Raça dos vários países, que se ampliaram com o intenso patriotismo demonstrado por toda parte entre os povos da Europa.

Cada Espírito de Raça luta através do seu povo e por seu povo, como mostramos na palestra nº 13 do Livro Cristianismo Rosacruz, cuja tema “Anjos como fatores de evolução” [3] e embora muitas pessoas possam zombar e caçoar, os fatos permanecem.

CAPÍTULO II – EXEMPLOS DA ATUAÇÃO DOS ESPÍRITOS DE RAÇA, CONFUNDIDOS COM OUTROS SERES DIVINOS

Cada Espírito de Raça luta através do seu povo e por seu povoe embora muitas pessoas possam escarnecer, os fatos permanecem.

Instâncias e evidências dessa liderança invisível na guerra atual[4] podemos ver na Retirada dos Aliados de Mons[5]. Afirmou-se, com confiança, que vários oficiais haviam presenciado então um curioso fenômeno na forma de uma estranha nuvem que se interpôs entre os alemães e os britânicos. Essa afirmação foi confirmada por um correspondente do jornal “Light” de 8 de maio, afirmando que “na ação de retaguarda, houve um momento especialmente crítico, quando a cavalaria alemã avançava rapidamente e superava em muito as nossas forças; de repente, vimos uma espécie de nuvem luminosa ou neblina, que se interpôs entre os alemães e nossos homens. Nessa nuvem parecia haver objetos brilhantes se movendo. No momento em que apareceu, o ataque alemão pareceu receber um xeque. Os cavalos podiam ser vistos empinando e deixaram de avançar”. Essa intervenção angelical, na opinião do narrador, salvou toda a força da aniquilação.

A história anterior parece ser a mesma narrada pelo Dr. R. F. Horton[6] em um sermão recente na Igreja de Brighton, em Manchester. Ele descreve a ocorrência relatada a ele por tantas testemunhas que, se algo pode ser estabelecido por evidência corroborativa, deve ser verdade. “Uma seção da linha de batalha”, disse o Dr. Horton, “estava em perigo iminente e parecia que seria derrubada e eliminada. Alguns dos homens presentes viram uma companhia de Anjos interposta entre eles e a cavalaria alemã, quando os cavalos dos alemães bateram os pés. Evidentemente os animais viram o que os nossos homens viram. Os soldados alemães tentaram trazer os cavalos de volta para a linha, mas eles fugiram e isso foi a salvação dos nossos homens”. Outro relato, derivado de outras testemunhas da ocorrência, é citado em uma carta conforme a seguir.

“No domingo passado encontrei a senhorita Marrable, filha do conhecido cônego Marrable, e ela me disse que conhecia os oficiais que tinham visto os Anjos que salvaram nossa ala esquerda dos alemães, quando eles os atacaram durante a Grande Retirada de Mons.”.

“Eles esperavam aniquilação, pois estavam quase indefesos quando, para seu espanto, os alemães ficaram atordoados e nem sequer tocaram em suas armas ou se mexeram, até que nos viramos e escapamos por alguma encruzilhada.”

“Um dos amigos da senhorita Marrable, que não era um homem religioso, disse a ela que viu uma tropa de Anjos entre nós e o inimigo e tem sido um homem transformado desde então. Ela conheceu o outro homem em Londres, na semana passada, e perguntou a ele se ele ouviu falar sobre a maravilhosa história dos Anjos. Ele disse que os viu pessoalmente. Enquanto ele e sua companhia estavam recuando, eles ouviram a cavalaria alemã correndo atrás deles. Eles correram para um lugar onde pensaram que um abrigo pudesse ser feito com alguma esperança de segurança, mas antes que pudessem alcançá-lo a cavalaria alemã estava sobre eles; então se viraram e enfrentaram o inimigo, esperando a morte instantânea; então, para sua surpresa, viram entre eles e o inimigo uma tropa inteira de Anjos. Os cavalos dos alemães se viraram apavorados e dispararam. Os homens puxavam suas rédeas, enquanto os pobres cavalos se afastavam na direção oposta aos nossos homens. Ele jurou que viu os Anjos, a quem os cavalos alemães viram claramente, talvez até mesmo os soldados alemães, e isso deu aos nossos homens tempo para chegar ao pequeno forte, ou qualquer que fosse o abrigo, e se salvarem”.

Uma contribuição adicional para esses registros da Retirada de Mons foi fornecida pelo Sr. Lancaster, um clérigo de Weymouth, em seu sermão de 30 de maio. O reitor leu no púlpito uma carta de um soldado da linha de frente que se encontrava em Retirada de Mons e dizia, na carta, que o seu regimento estava sendo perseguido por muitos homens da cavalaria alemã, da qual se refugiaram em uma grande pedreira onde os alemães os encontraram e estavam a ponto de matá-los. Naquele momento, afirmou o autor da carta, toda a borda superior da pedreira estava forrada de Anjos, que foram vistos por todos os soldados e pelos alemães. Os alemães pararam de repente, deram meia-volta e galoparam em alta velocidade. O narrador acrescenta que isso é atestado não apenas pelos Tommies[7], mas também pelos oficiais do regimento.

Vemos aqui certas variantes do que aparentemente seja a mesma história; mas, no primeiro caso a aparição surge apenas como uma nuvem estranha; no segundo, como uma nuvem com objetos brilhantes movendo-se dentro dela; e no terceiro, quarto e quinto aparece definitivamente como uma companhia de Anjos. Não parece improvável que a mesma aparição tenha se mostrado com essas variações devido ao acordo entre ela, o temperamento psíquico e o desenvolvimento do observador.

É um fato oculto e óbvio para quem é dotado de visão espiritual que um Espírito de Raça governa seu povo na forma de uma nuvem. Nele, ou dentro dele, eles realmente vivem, movem-se e têm o seu ser. Seus pensamentos e ideias os permeiam com o que é chamado de “espírito nacional” e é bastante concebível que sob a tensão e o estresse da batalha, um ou outro dos Espírito de Raça, vendo seu povo em terrível aflição, ofereça ajuda e se interponha entre eles e seus inimigos.

Se voltarmos à Bíblia, encontraremos uma ocorrência semelhante na época em que os israelitas foram tirados do Egito. Eles foram então perseguidos pelo exército do Faraó, e El Shaddai (em hebraico, Deus Todo-poderoso), o Senhor dos Exércitos, que os guiou na forma de uma coluna de nuvem, interpôs-Se entre os israelitas e os egípcios até que as águas do mar se dividiram e eles estivessem prontos para atravessar. Então o pilar de nuvem foi até eles de novo e os guiou pela água. Seus inimigos, que os seguiram, foram engolidos pelo mar.

Em circunstâncias normais, as pessoas podem não ser capazes de perceber essas vibrações mais elevadas e sentir os seres que estão sempre ao nosso redor, invisíveis, mas, ainda assim, muito mais vivos do que nós, potentes também como fatores para o bem ou para o mal. Mas quando chega um momento de grande estresse, quando um grupo de homens se encontra em um canto muito apertado, por assim dizer, cara-a-cara com a morte, quando a tensão nervosa é elevada a um nível suficientemente alto, eles começam a sentir o mundo suprafísico e os seres que estão com eles. Essa tem sido a regra em todas as épocas. Sir Walter Scott[8], em um dos seus livros, conta certos casos de natureza semelhante; mas, embora a manifestação sobrenatural, em cada caso citado, tenha sido testemunhada por muitas pessoas, Sir Walter Scott procura desacreditar seu testemunho e menosprezar a ocorrência como superstição, um método que tem sido seguido por vários jornais ingleses em relação à ocorrência na Retirada de Mons.

Ele diz que “mesmo no campo da morte e em meio ao próprio cabo de combate mortal, uma forte crença operou a mesma maravilha que até agora mencionamos como ocorrendo na solidão e em meio à escuridão, e aqueles que estavam, eles próprios, à beira do mundo dos espíritos ou ocupados em enviar outros para as regiões sombrias imaginavam ter visto a aparição dos seres a quem sua mitologia nacional associava a tais cenas. Nesses momentos de batalha indecisa, em meio à violência, pressa e confusão de ideias inerentes à situação, os antigos gregos supunham ver suas divindades Castor e Pólux lutando na vanguarda para seu encorajamento; o escandinavo viu as Valquírias, as Escolhedoras dos Mortos; e os católicos não foram menos facilmente levados a reconhecer na guerra São Jorge ou São Tiago bem na frente da luta, mostrando-lhes o caminho da conquista. Tais aparições sendo geralmente visíveis para uma multidão, em todos os tempos foram apoiadas pela maior força do testemunho”.

O primeiro exemplo citado por Sir Walter Scott é do livro História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha de Don Bemal Diaz del Castillo[9], um dos companheiros do célebre Cortez em sua conquista mexicana. Depois de obter uma grande vitória contra todas as probabilidades, ele menciona o relato inserido na contemporânea crônica de Gomara, de que São Tiago apareceu em um cavalo branco na vanguarda do combate e levou seus amados espanhóis à vitória.

É muito curioso observar a convicção interna do cavaleiro castelhano de que o boato surgiu de um engano, cuja causa ele explica por sua própria observação, enquanto ao mesmo tempo não se atreve a negar o milagre. O honesto conquistador reconhece que ele mesmo não viu essa aparição angélica; ou melhor, ele viu um cavaleiro chamado Francisco de Moria montado em um cavalo castanho e lutando arduamente no mesmo lugar onde São Tiago supostamente teria aparecido. No entanto, em vez de concluir que toda a sua companhia estivesse alucinada, o devoto Conquistador exclama: “Pecador que sou, quem sou eu para ter visto o abençoado Apóstolo!”.

CAPÍTULO III – VISÃO ESPIRITUAL ABERTA TEMPORARIAMENTE

Segue-se o outro exemplo do que Sir Walter Scott chama de “o caráter infeccioso da superstição”.

“No ano de 1686, nos meses de junho e julho, diz o honesto cronista, muitos ainda vivos podem testemunhar isso sobre o Crossford Boat, aproximadamente dois quilômetros abaixo de Lanark, especialmente no Mains, na água de Clyde, muitas pessoas se reuniram por várias tardes, onde houve chuvas de gorros, chapéus, revólveres e espadas que cobriram as árvores e o chão; companhias de homens armados marchando em ordem à beira-mar; grupos conhecendo grupos e passando por outros; depois todos caindo no chão e desaparecendo; outras companhias imediatamente apareciam marchando da mesma maneira… Fui lá três tardes e, como observei, dois terços das pessoas viram e um terço não viu; embora eu não pudesse ver qualquer coisa, havia tanto medo e tremor naqueles que viam, que era perceptível a todos os que não viam.

“Havia um cavalheiro de pé ao meu lado que falava como muitos outros e disse: ‘Um bando de malditos bruxos e bruxas que têm a segunda visão! O diabo não vejo’; e imediatamente houve uma mudança perceptível em seu semblante. Com tanto medo e tremor como qualquer mulher que vi ali, ele gritou: ‘Todos vocês que não veem, não digam coisa alguma; pois eu os convenço de que é fato e discernível para todos os que não são cegos’; então aqueles que viram disseram que aparência as armas tinham, qual era seu comprimento e largura; também falaram que cabo as espadas tinham, se eram pequenos, de três barras ou do tipo Highland Guard, e os nós dos gorros, se pretos ou azuis. Aqueles viram, sempre que estavam no exterior, observaram um gorro e uma espada cair no caminho.

No segundo livro de Samuel, no capítulo 22, nos versículos de 7 a 18, lemos.

Na minha angústia invoquei a Iahweh, ao meu Deus lancei meu grito, ele escutou do seu Templo a minha voz e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. “E a terra tremeu e vacilou, os fundamentos do céu se abalaram (pela sua ira eles oscilaram); fumo se elevou de suas narinas e da sua boca um fogo devorador (carvões inflamados saíam dele). Ele inclinou os céus e desceu, uma névoa escura debaixo dos seus pés; cavalgou um querubim e alçou voo, planou sobre as asas do vento. Fez das trevas a sua companhia e sua tenda, treva d’água, nuvem sobre nuvem; um fulgor adiante dele inflamou granizo e brasas de fogo. Iahweh trovejou desde os céus, o Altíssimo fez ouvir a sua voz; disparou setas e as espalhou, fez cintilar os relâmpagos e os dissipou. O leito dos mares apareceu, os fundamentos do mundo se descobriram, pela repreensão de Iahweh e ao sopro do vento de suas narinas. Enviou das alturas e me tomou, e me tirou das águas profundas; livrou-me do feroz inimigo, de adversários mais fortes do que eu.”.

No trecho acima, Davi dá uma descrição do Senhor dos Exércitos saindo para guerra para ajudar seus seguidores. E no décimo capítulo de Daniel (6-7) é dito como esses Arcanjos realmente ajudam uma nação contra outra a fim de trazer vitória ou derrota onde quer que seja necessário punição ou recompensa.

Daniel nos diz que “seu corpo tinha a aparência do Crisólito e seu rosto o aspecto do relâmpago seus olhos como lâmpadas de fogo, seus braços e suas pernas como o fulgor do bronze polido, e o som de suas palavras como o clamor de uma multidão. Somente eu, Daniel, vi esta aparição. Os homens que estavam comigo não viam a visão e, no entanto, um grande tremor se abateu sobre eles, a ponto de fugirem para se esconderem.” (Esse é outro caso em que um viu, enquanto outros sentiram a presença).

O Arcanjo disse a Daniel (10-13): “O Príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias, mas Miguel, um dos primeiros Príncipes, veio em meu auxílio. Eu o deixei afrontando os reis da Pérsia”.

Então ele disse: “Sabes por que vim ter contigo? Mas vou anunciar-te o que está escrito no Livro da Verdade. Tenho de voltar para combater o Príncipe da Pérsia: quando eu tiver partido, deverá vir o Príncipe de Javã. Ninguém me presta auxílio para estas coisas senão Miguel, vosso Príncipe, meu apoio para me prestar auxílio e me sustentar.” (Dn 10:20a-21b e 11:1).

Do exposto fica claro que em todas as épocas, quando as pessoas estavam em grande estresse, sua visão espiritual foi aberta de forma temporária.

CAPÍTULO IV – SOLICITANDO UMA EXPLICAÇÃO AO IRMÃO MAIOR

Vamos ver, agora, como a guerra é realmente uma operação para remover a catarata espiritual, um meio de abrir permanentemente a visão espiritual da humanidade.

Por muitos meses um assunto tem sido o principal nas Mentes de milhões de pessoas no mundo ocidental: a saber, a guerra. Foi lamentada por todos; todos os combatentes tentaram se desculpar por participar e buscaram colocar a responsabilidade sobre os ombros dos seus adversários. Assim, pela primeira vez na história do mundo, os senhores da guerra admitem que a guerra seja um erro. Toneladas de tinta e papel têm sido usadas pelas potências em conflito para culpar seus inimigos e poderem se desculpar, aliviando uma consciência dolorida. Mas nem desculpas nem tentativas de incriminação podem aliviar os corações doloridos de milhões de pessoas que clamam por uma solução para o problema e, às vezes, perguntam se Deus ainda Se importa com o Seu mundo ou se Ele está permitindo passivamente esse terrível massacre.

Para chegar a uma compreensão correta do assunto é necessário perceber que cada ser humano é cercado por uma aura sutil que é invisível para a maioria das pessoas, mas prontamente percebida por aquele que cultivou sua percepção espiritual. Essa aura é colorida de acordo com as vibrações que cada indivíduo estabelece em seu interior, por seus gostos e desgostos; é um índice de cor preciso do seu caráter. À medida que seus hábitos mudam, essa nuvem de cores assume diferentes tonalidades. Através dessa aura ele vê o mundo como através de um vidro e colore todos com quem entra em contato, de modo que imagina que eles tenham as mesmas virtudes e vícios que ele próprio possui e, com base no princípio de que quando um diapasão é tocado, ele evoca sons em outros de igual afinação, ele realmente evoca naqueles que encontra os traços que estão em si mesmo, um fato dentro da experiência de todos. Quem nunca foi despertado para a raiva, quando na presença de alguém que perdeu a paciência; quem ainda não sentiu irritabilidade, ao discutir qualquer assunto com um homem irritável? Da mesma forma, as nações se veem através da nuvem invisível do nacional Espírito de Raça e imaginam umas às outras como muito diferentes do que realmente são.

É significativo que homens e mulheres ingleses que viviam na Alemanha antes do início da guerra estivessem firmemente convencidos de que aquele país estivesse certo, antes de serem obrigados a voltar para casa; e que os alemães que residiam na Inglaterra fossem igualmente fanáticos em seu apoio a esse país, denunciando a Alemanha como agressora. No entanto, seu retorno à sua terra nativa, onde respiraram o espírito de Raça nacional, logo mudou sua atitude e todos começaram a ver “o outro lado” e apresentar sua fidelidade ao seu próprio Espírito de Raça.

Assim sendo, a guerra não é o resultado de ódio individual, pois não ouvimos que os soldados nas trincheiras confraternizavam sempre que surgisse uma oportunidade? Mas é o trabalho dos Espíritos de Raça que guiam as nações em seu caminho de progresso; ou melhor, deveríamos dizer, é permitido por eles, pois são os Irmãos da Sombra, as forças negras que fomentaram o lado maligno da vida nacional; orgulho, arrogância e busca de prazer para afastar a humanidade do lado mais sério da vida. Portanto, os espíritos raciais das nações, que estão sempre trabalhando para o bem, permitiram esta guerra não exatamente como um castigo, mas um meio de trazê-las de volta ao verdadeiro propósito da existência.

Isso já é conhecido há muito tempo pelo escritor, mas ele sabia e sentia no íntimo do seu coração que deveria haver outro propósito maior e que o bem a ser alcançado deveria ser proporcional ao sofrimento envolvido em sua obtenção; portanto, deve ser um grande e maravilhoso bem, uma bênção para a humanidade de inestimável importância. Mas o quê? Recordemos as palavras de Cristo: “Não vim trazer a paz, mas a espada”. Sempre consideramos a paz como um ideal, no entanto, e não conseguimos conciliar essa sentença com o Sermão da Montanha. Será que há uma virtude oculta na guerra que não percebemos até agora, uma virtude que possa justificá-la como um meio para um fim? Esse era um problema desconcertante.

Longos meses este escritor sofreu em silêncio por causa da terrível carnificina que vem acontecendo na Europa. Não é fácil trabalhar todas as noites entre as cenas angustiantes do campo de batalha, trazendo socorro aos feridos e trabalhando com os mortos de muitas nações, nos mundos invisíveis, em um esforço para aliviar sua angústia e acalmar seu ressentimento e, ao mesmo tempo, manter-se suficientemente preparado para continuar o trabalho na sede durante o dia. Durante esse tempo, estudantes de vários países pediram que tomássemos uma posição a favor do lado que eles defendiam e escrevêssemos nossas ideias sobre a guerra. Naturalmente, não tomaríamos posição contra qualquer um de nossos irmãos. A Fraternidade inclui o mundo inteiro e o amor universal nunca foi mais necessário do que agora. Nós nos esforçamos por lhe dar a expressão mais completa possível. E quanto à “escrita”: enquanto sentíamos e sabíamos que o resultado dessa grande calamidade deveria ser bom, não tínhamos luz e nunca foi nosso costume lidar com chavões ou encher nossas páginas com palavras, apenas palavras; então trabalhamos e oramos por luz, mês após mês, até que finalmente o suspense se tornou insuportável.

Ultimamente, a agonia daquela vasta massa de humanidade entre a qual trabalhamos há tantos meses parecia concentrar-se em nossa presença como um grande “Por quê?” escrito em letras de sangue e chamas durante nossas horas de vigília e, embora sozinho e tudo estivesse exteriormente quieto, o som daquele enorme “Por quê?” parecia preencher o Céu e a Terra em seu apelo intensamente apaixonado por uma resposta.

Por fim, não aguentei mais e quando o Irmão Maior que é o meu mentor apareceu em resposta ao meu grito de angústia, fiz a pergunta. A regra da Grande Ordem é que os Irmãos Leigos devem usar todos os esforços para resolver seus próprios problemas e apenas pedir ajuda como último recurso; contudo, até então tímido por causa disso, a agonia de um milhão de seres humanos parecia subir pela minha garganta quando eu o vi tão calmo e sereno: “Sei que o seu coração não é calejado, Irmão, que bate com tanta compaixão pelos milhões que até mesmo essa agonia de simpatia que agora dilacera o meu peito é nada em comparação; como então você pode ficar tão calmo enquanto milhões de pessoas sofrem inacreditavelmente! Qual é o propósito desse conflito cruel?”.

Nunca a música soou tão docemente ao meu ouvido; nunca experimentei uma sensação de alívio tão grande, uma modificação tão completa de sentimentos. Eu parecia saltar do pântano do desespero para o pináculo do louvor e da ação de graças, quando a resposta veio naquela voz sempre vibrante de bondade e compaixão, mas nessa ocasião essas qualidades foram tão intensificadas que as palavras não conseguem descrever.

Pare com sua tristeza, meu Irmão, e tenha bom ânimo; se você tivesse um amigo que tivesse perdido a visão por causa de uma catarata e ele fosse forçado a se submeter a uma operação, você provavelmente sentiria pena da dor atual, mas você se alegraria com a restauração iminente de sua visão e, talvez, na alegria da antecipação, você quase esquecesse a dor presente.

Da mesma forma, no caso desta guerra, o mundo, que se tornou espiritualmente cego, não admitirá pelo intelecto coisa alguma que não possa provar como demonstra um problema matemático. A dúvida e o ceticismo cresceram como enormes ervas daninhas entre os líderes do pensamento e os levou à louca busca do prazer; agora, a indulgência dos sentidos e a indiferença em relação a qualquer coisa que contribua para o crescimento da alma são características comuns entre as massas. Nem a pregação nem a oração podem despertar o mundo. Portanto, os Líderes Invisíveis da Evolução permitiram aos Irmãos da Sombra tentar os governantes das nações e, assim, os cães da guerra foram soltos junto do que parecem ser resultados absolutamente calamitosos.

Mas alegre-se, esta é na realidade uma operação de catarata espiritual em grande escala. É a sentença de morte da era do agnosticismo e do ceticismo em relação às verdades espirituais, pois abrirá a visão espiritual de tantos que seu testemunho terá sentido para aqueles que permanecem cegos; assim, o mundo ocidental se voltará para Deus com um novo zelo que não poderia ser despertado por mil anos de pregação.

Como lhes ensinamos no início e como está registrado no Conceito Rosacruz do Cosmos, a humanidade ainda está na parte mais perigosa do caminho do progresso, que chamamos de “os 16 Caminhos para a destruição”, e nunca em todas as anteriores corridas chegou tão perigosamente perto da beirada. Mas regozijai-vos e novamente digo: regozijai-vos! Pois o perigo já passou, a guerra salvou o mundo de um destino infinitamente pior e logo ressoará com louvor a Deus pela bênção forjada pela maldição da guerra.

Como os nossos leitores que não estão familiarizados com os Ensinamentos Rosacruzes podem não entender a referência aos 16 Caminhos e sua relação com esse problema e, também, como pode não ser intuitivo a todos o que se entende por “operação de catarata espiritual”, ou como a guerra pode abrir a visão espiritual, continuaremos este artigo no próximo mês com o propósito de elucidar esses pontos. Enquanto isso, os seguintes artigos do Literary Digest mostrarão que a previsão feita já começa a ser verificada.

CAPÍTULO V – “OS DEZESSEIS CAMINHOS PARA A DESTRUIÇÃO”

No parágrafo final do nosso artigo sobre esse assunto afirmamos que o ser humano está agora passando pelo período mais perigoso do seu desenvolvimento: “as Dezesseis Raças”. E que a guerra salvou a humanidade de um destino infinitamente pior do que o atual massacre em massa. Os fatos são os seguintes: durante o desenvolvimento da humanidade em nosso atual Período Terrestre, a Terra mudou para proporcionar ao ser humano o ambiente adequado à sua constituição versátil e aos requisitos evolutivos. As grandes divisões de tempo ocupadas por essas mudanças são chamadas de Épocas. As Época Polar, Época Hiperbórea, Época Lemúrica e Época Atlante já passaram; agora estamos na Época Ária. Quando ela acabar, outra Época, a Época Nova Galileia, será inaugurada.

Durante as duas primeiras Épocas, o ser humano era tão inocente da sua Individualidade quanto as crianças atualmente; mas, no final da Época Lemúrica alguns eram diferentes da maioria e formavam o que poderia ser chamado de Raça. Havia sete Raças na Época Atlante; cinco nasceram desde então e mais duas devem aparecer na Época Ária; uma delas nascerá no início da Época Nova Galileia. Com a última das dezesseis Raças, a humanidade estará novamente unida em Amor e Fraternidade, mas enquanto os líderes da evolução tiveram muito tempo para guiar a humanidade nas primeiras Épocas, em que longos períodos de tempo foram consumidos na evolução de uma certa faculdade, nos períodos de tempo em que há Raças, por essas serem comparativamente evanescentes, há um grande perigo de que algumas pessoas possam ficar tão enredadas no ideal de Raça que não consigam prosseguir para o próximo estágio superior; portanto, as Dezesseis Raças são chamadas de “os dezesseis caminhos para a destruição”.

As mudanças mais profundas na formação geológica da Terra e na constituição fisiológica do ser humano ocorreram no último terço da Atlântida (na Época Atlante), quando a Época Ária estava prestes a ser inaugurada, porque essas Épocas sempre se sobrepõem, de modo que uma começa antes que a anterior esteja inteiramente terminada. As mudanças foram as seguintes.

  1. A densa e escura névoa que pairava sobre a Atlântida condensou-se e a chuva encheu as bacias da Terra, deixando a atmosfera limpa. Então o arco-íris, fenômeno impossível na atmosfera nebulosa, tornou-se visível pela primeira vez.
  2. A respiração, que havia sido realizada por órgãos semelhantes a guelras durante a Época Atlante, foi alterada para o método atual de inalar diretamente o ar e absorver parte dele para dentro do sangue; ou seja, o oxigênio.
  3. Então o ser humano também começou a ver seus semelhantes em contornos nítidos, cada um diferente dos outros.

Essas mudanças geológicas e fisiológicas tiveram, como dissemos, consequências de longo alcance e são diretamente responsáveis pela opressão individual e pela guerra, como veremos.

Durante as Épocas anteriores, quando o Espírito moldava o veículo que estava destinado a habitar, o ser humano, em formação, quase não tinha consciência física e mesmo nos primeiros dois terços da Atlântida, quando o Espírito entrou em sua morada, a consciência se concentrava principalmente nos Mundos espirituais e a neblina escura impossibilitava que os atlantes percebessem claramente o Corpo Denso uns dos outros; mas eles viam a alma e “caminhavam com Deus”, o Divino Hierarca que os guiava como Pai, pois Ele era visível para eles como uma entidade espiritual. Portanto, tudo era paz.

Então veio o dilúvio e limpou a atmosfera com os seguintes resultados: aqueles que evoluíram a visão física, viram seus semelhantes com clareza e aprenderam a diferenciar entre “Eu” e “Você”, “Meu” e “Teu”, lançando as bases para o egoísmo e a luta. Assim, a humanidade, como um todo, não podia mais ser guiada por um líder, mas foi subdividida e guiada por vários Espíritos de Raça que, como “poderes do ar”, assumiram o controle da laringe e dos pulmões do povo. A cada respiração as pessoas inalavam esse Espírito de Raça, até que ele penetrou todo o seu ser e suas cordas vocais vibraram em seu tom peculiar, tornando a fala de um grupo diferente da de outras Raças; assim, ele envolveu todo o seu povo como uma nuvem, colorindo ambos, o povo e as paisagens, da sua terra natal, com suas próprias vibrações de cores específicas; isso foi sentido por todos os seus dependentes como um vínculo sagrado que os une uns aos outros e à terra que habitam. Tão forte é o domínio sobre o pulmão, a laringe e a terra mantido pelo Espírito de Raça, que seu povo lutará até o último suspiro pela língua materna e pela pátria.

Esse sentimento de companheirismo incutido pelo Espírito de Raça em seus dependentes é chamado de patriotismo. Era o objetivo dos Espíritos de Raça, fomentando o amor pela família, educar a humanidade a amar sua nação ou seus compatriotas. Através do patriotismo eles esperavam gerar o altruísmo, que transcende todas as fronteiras imaginárias no mapa, em um esforço para abraçar a todos no amor universal.

No entanto, em vez de realizar esse nobre propósito, o patriotismo, o amor à família e à pátria fomentaram, em muitos, o ódio a todas as outras nações junto ao desejo de persegui-las e submetê-las ao seu próprio engrandecimento. Na medida em que qualquer Raça, nação ou povo fez isso, provou ser contrária ao bem universal, pois deve ser lembrado que as Raças são apenas um aspecto da Personalidade, somente os corpos são carimbados com características raciais, mas os Espíritos não estão sob tais restrições ilusórias, quando desencarnados.

Assim, há grande perigo de que, por excesso de patriotismo, os Espíritos se tornem tão enredados nos grilhões da família e do país que não deixem a Raça quando o impulso evolutivo seguir adiante, esforçando-se para perpetuar a Raça indefinidamente, procurando renascer repetidamente nela, como os judeus fizeram e, assim, ir para a ruína através de um daqueles dezesseis caminhos de destruição, como os Irmãos Maiores chamam as dezesseis Raças. Por isso Cristo disse: “Não vim trazer a paz, mas a espada”. Portanto, as nações Cristãs têm sido as mais militantes sobre a Terra, talvez com exceção dos maometanos, que são seus parentes, e há amplo testemunho em quase toda guerra para mostrar que um número de pessoas teve sua visão espiritual aberta, pelo menos temporariamente, de modo que a guerra sempre foi um meio de remover a catarata espiritual que nos cega para a unidade de toda a vida.

Nas três Épocas anteriores, o ser humano não sabia que possuía um Corpo Denso, embora o usasse como usamos nossos pulmões, independentemente do fato de nunca os termos vistos; ele estava inconsciente do nascimento e da morte, também, embora tenha passado por ambos repetidamente, pois sua consciência estava focada nos Mundos espirituais e permaneceu ininterrupta pelas vicissitudes do Corpo. Porém, no alvorecer da Época Ária, quando a atmosfera clareou, ele se percebeu fisicamente e aprendeu que a consciência que anima o Corpo Denso o deixa frio e morto, após um período mais longo ou mais curto. O véu da carne escondia os Mundos espirituais, onde moram os chamados mortos, da visão física dele, como uma catarata espiritual que se adensou com o passar do tempo, até que hoje em dia aqueles que não negam ativamente a existência dos Mundos interiores se resignaram à ideia de que nada pode ser conhecido do estado dos chamados de mortos.

Por causa dessa falsa ideia, essa cegueira, a dor intensa pela perda de entes queridos que estão além da nossa visão física, obscureceu os olhos de todo o mundo. Lágrimas correram em torrentes dos olhos dos enlutados, mas não em vão: pois cada lágrima suaviza a catarata espiritual, cada pontada de dor pela perda de um ente querido é um corte pela faca do Grande Cirurgião que se esforça para restaurar nossa visão espiritual, para que possamos continuar nosso companheirismo com os amigos e com as amigas que abandonaram a espiral mortal. E tão certo como o desejo de crescer desenvolveu e aperfeiçoou o canal alimentar e a luz preexistente construiu o olho para sua percepção, assim também e com certeza o desejo intenso por nossos entes queridos que ultrapassaram o limiar da morte quebrará a casca da catarata e abrirá nossa visão espiritual. Aqueles que vivem a chamada “vida superior” e são fortalecidos em tempos de angústia por uma compreensão mais avançada do fenômeno da morte, muitas vezes, sentem que a intensa dor dos enlutados que ignoram esses fatos é imprópria e prejudicial à saúde do Espírito que abandonou o Corpo Denso. E assim é, quando expresso durante os primeiros dias após a mudança; mas, ao mesmo tempo, essa dor intensa e a tensão incidentes com a aproximação da morte são os meios pelos quais a multidão, que percorre o Caminho da Evolução, acabará por preencher a lacuna e recuperar a consciência espiritual. Assim sendo, ela toma o lugar dos Exercícios Esotéricos dados nas Escolas de Mistérios, como a Fraternidade Rosacruz.

A criação da prisão corporal emparedou o Espírito e excluiu os Mundos espirituais de seu alcance.

A destruição dos corpos dos Discípulos, como um sacrifício vivente, restaura seu contato consciente com os Mundo invisíveis, despertando sua visão espiritual por um processo de magia branca.

A destruição do corpo de outra pessoa pelo sacrifício na guerra tem o mesmo efeito. Os vapores do sangue, o rugido dos tiros, os gritos dos feridos e moribundos, sejam audíveis ou inaudíveis, mas carregados da mais intensa dor e tristeza, são sentidos por todos como um poder psíquico que tende a atrair cada um dos participantes à beira da Grande Divisão e, que maravilha que os olhos deles estejam temporariamente abertos e eles vejam os habitantes dos reinos suprafísicos que estão sempre entre nós, mas particularmente quando e onde alguém esteja passando pela fronteira da nossa esfera para a deles.

Além disso, aqueles que morreram também não são passivos; o seu desejo de ser visto por seus entes queridos é um grande fator para estabelecer a comunicação. Muitos casos foram registrados, comprovando esse fato; há o da mãe que, por exemplo, se materializou e chamou seus pequeninos para longe de um poço que estava sendo cavado, embora ela não possuísse os segredos da Iniciação. Seu intenso desejo forjou para ela uma temporária vestimenta física. Ora, quanto mais não pode ser feito quando meses ou anos de matança aumentaram a tensão nervosa de milhões de pessoas, todas ansiando por relações com algum ente querido nesse ou no outro mundo! Esse grande desejo resultará um despertar permanente da visão espiritual de um número de pessoas grande demais para ser ignorado!

Em todas as câmaras da morte estamos perto do portal dos Mundos invisíveis e um grande número daqueles que estão desmaiando vê seus entes queridos esperando ao redor da cama para recebê-los, regozijando-se pela morte, que os libertou do Corpo Denso e os fez nascer no Além. A tensão nervosa sentida pelo homem e pela mulher comum é extraordinariamente alta e propícia para provocar a ligeira extensão da visão necessária para perceber a multidão que espera do outro lado; não fosse o horror irracional que os faz fugir quando ocorrem manifestações e esconder o fato de terem visto alguma coisa, muitos saberiam que não há morte, mas que a continuidade da vida é um fato na natureza.

Esse processo é lento, no entanto; e periodicamente as pessoas se afundam em um estado de incredulidade e indiferença. Então as guerras são permitidas para acelerar a evolução pela matança massiva que separa o Espírito do seu Corpo Denso. As pessoas são, então, desviadas da busca do prazer para enfrentar os fatos da Vida e da Morte.

Portanto, a guerra fará mais que mil anos de pregação, para acabar com a era do agnosticismo e levar o povo a Deus, além disso, quando esse contato com os Mundos espirituais for restabelecido, não poderá haver mais guerras, pois todos aprenderão que há, na realidade, não o judeu, nem o gentio, nem o grego ou o romano, que todas as Raças são manifestações ilusórias e evanescentes e que somos todos filhos de Deus, assim, através da carnificina, o perigo de destruição nas Raças terá passado e a humanidade começará a expressar o ideal da próxima Raça que é a Fraternidade Universal.

Assim, o propósito da guerra é despertar a visão espiritual através da dor e da saudade intensa por aqueles que faleceram. É também o propósito de fazer com que aqueles que partiram se esforcem para retornar e gerar a visão espiritual em todos os combatentes, pela tensão e pelo estresse da batalha, restabelecendo assim a comunicação entre os dois Mundos, roubando da morte seu terror e promovendo elevando ideais, em vez das preocupações sórdidas da existência concreta.

FIM


[1] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.

[2] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial

[3] N.T.: CONFERÊNCIA Nº 13 – OS ANJOS COMO FATORES DA EVOLUÇÃO

Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.

O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isso formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”.

Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isso foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou essa teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.

Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? Que papel desempenharam no passado?  Qual o seu trabalho no presente?”. Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.

Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.

Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.

Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no mundo material. Esse foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.

Desse modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.

Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.

Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.

Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo Cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Esse pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.

No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.

Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.

No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.

Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “humanos aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:

1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;

2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;

3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.

O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.

Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi essa Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.

Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que a humanidade do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.

Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida em evolução emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.

Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.

Na primeira – ou Época Polar – “Adão” ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.

Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.

Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra em evolução condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos Corpos Densos ao fim do Período Terrestre.

Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras Ondas de Vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.

Os Anjos atuam particularmente nos Corpos Vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.

A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.

Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Essas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Nesse Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.

Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já tivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Desse modo, os seres humanos não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um desses ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isso foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, os quais, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.

Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Essa preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.

Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. São Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.

São Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Nesse caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.

Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.

Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isso os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.

Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.

Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Esses poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, esse tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.

As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que esse recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isso foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).

Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.

Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).

Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de RaçaJeová. Sob o reinado desse, todas as Religiões de Raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque esse foi obtido no Período Lunar.

Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem, independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.

Quando o Cristianismo houver espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente “Um” em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.

[4] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.

[5] N.T.: A Grande Retirada, também conhecida como a Retirada de Mons, foi a longa retirada para o rio Marne em agosto e setembro de 1914 pela Força Expedicionária Britânica (BEF) e pelo Quinto Exército Francês. As forças franco-britânicas na Frente Ocidental na Primeira Guerra Mundial foram derrotadas pelos exércitos do Império Alemão na Batalha de Charleroi (21 de agosto) e na Batalha de Mons (23 de agosto). Uma contraofensiva do Quinto Exército, com alguma ajuda do BEF, na Primeira Batalha de Guise (Batalha de St. Quentin 29-30 de agosto) não conseguiu acabar com o avanço alemão e a retirada continuou sobre o Marne. De 5 a 12 de setembro, a Primeira Batalha do Marne encerrou a retirada aliada e forçou os exércitos alemães a se retirarem em direção ao rio Aisne e a lutar na Primeira Batalha do Aisne (13 a 28 de setembro). Tentativas recíprocas de flanquear os exércitos adversários ao norte, conhecidas como Corrida para o Mar, ocorreram de 17 de setembro a 17 de outubro.

[6] N.T.: Robert Forman Horton (1855-1934), escritor inglês e pastor da Igreja Protestante Não-Conformista.

[7] N.T.: gíria britânica na época que quer dizer soldado sem patente.

[8] N.T.: Sir Walter Scott, PRSE (1771-1832) foi um romancista, poeta, dramaturgo e historiador escocês, o criador do verdadeiro romance histórico. Principais obras: A dama do lago (1810); Waverley (1814); Guy Mannering (1815); Rob Roy (1817); Ivanhoé (1819); Uma lenda de Montrose (1819); Kenilworth (1821); Peveril of the peak (1822); Woodstock (1826); Ano de Geirstein (1829). Ivanhoé é a mais conhecida e tornou-se filmes, seriados e peças de teatro.

[9] N.T.: Bernal Díaz del Castillo (1492-1584) foi um conquistador e cronista espanhol, que escreveu um relato da conquista espanhola do México liderada por Hernán Cortés, junto de quem serviu.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Se Cristo alimentou a multidão com peixes, por que é errado usá-los, ou mesmo a carne deles como alimento?

Resposta: É da natureza de um animal carnívoro comer qualquer animal que cruze em seu caminho, e seus órgãos são constituídos de tal forma que ele deve ter esse tipo de dieta para sobreviver, mas tudo se encontra em um estágio de transformação – está sempre mudando para algo superior. O ser humano, nos seus estágios mais antigos de desenvolvimento, também era parecido, em certos aspectos, como os animais carnívoros; no entanto, ele deve se tornar semelhante a Deus e, portanto, em algum momento, deve parar de destruir para que possa começar a criar. Os judeus ainda estavam em uma situação na qual a sua natureza animal era tão forte, que eles nutriam pouquíssimas ideias de altruísmo. Eles se apegaram firmemente à lei: “Olho por olho, dente por dente”, e não eram nada misericordiosos em nenhum aspecto. Avançamos um pouco mais no Caminho da Evolução, e o altruísmo está cada vez mais e mais se evidenciando na nossa vida.

Fomos ensinados que não há outra vida no universo senão a vida de Deus; que “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”; que Sua vida anima tudo o que é e, portanto, naturalmente compreendemos que assim que tiramos uma vida estamos destruindo a forma construída por Deus para Sua manifestação. Os animais inferiores são Espíritos em evolução e têm sensibilidades. Seu desejo de experiências é que faz com que eles construam suas várias formas, e quando tiramos essas formas deles, os privamos de sua oportunidade de ganhar experiência. Impedimos sua evolução em vez de ajudá-los. Isso é desculpável no canibal, que não tem noção disso quando ele come seus semelhantes. Atualmente, encaramos o canibalismo com horror e, também, chegará o dia em que sentiremos uma aversão semelhante ao pensar que nossos estômagos se converteram em cemitério das carcaças de animais mortos.

É natural que desejemos o melhor dos alimentos, mas cada corpo animal contém os venenos de decomposição. O sangue venoso é repleto de dióxido de carbono e outros produtos nocivos que são conduzidos aos rins ou aos poros da pele, do corpo da pessoa que come carne animal, para serem expelidos como urina ou transpiração. Essas substâncias repugnantes se encontram em todas as partes da carne animal e, quando comemos tal alimento, estamos preenchendo nossos próprios corpos com venenos tóxicos. Muitas doenças são causadas pelo uso da carne animal.

Quando clamamos a Bíblia como uma autoridade para comer carne, devemos também estar dispostos a seguir seus preceitos e parar de comer carne de porco, por exemplo, que é o alimento mais nocivo de todos. E é fato notável que os judeus ortodoxos que se abstêm dos alimentos proibidos na Bíblia tem muita baixa propensão a tuberculose e ao câncer.

Em muitas passagens da Bíblia em que se trata da “carne”, é evidente que não se trata do alimento carnívoro. O capítulo do Livro do Gênesis, o primeiro alimento que é atribuído ao ser humano diz que deverá comer de toda árvore e erva que produza semente, “e para você será para carne”. As pessoas mais evoluídas em todos os tempos se abstiveram de alimentos carnívoros. Vemos, por exemplo, Daniel, que era um homem santo e sábio, implorar para que ele não fosse forçado a comer carne, mas que ele e seus companheiros recebessem legumes. Os filhos de Israel quando estavam no deserto são mencionados como “desejando carne”, e em consequência, o seu Deus ficou irritado com eles.

Há um significado esotérico no ato de alimentar a multidão utilizando o peixe como alimento, mas considerando o aspecto puramente material, podemos resumir os pontos levantados em nossa resposta reiterando que, em algum momento, deixaremos o consumo de carne animal (mamíferos, aves, peixes, crustáceos, anfíbios, frutos do mar e afins) à medida que nos elevamos espiritualmente. Qualquer permissão que tenha sido dada no passado bárbaro, desaparecerá no futuro altruísta, quando sensibilidades mais refinadas terão despertado uma percepção mais plena aos horrores envolvidos na gratificação de um paladar carnívoro.

Para uma elucidação mais completa sobre a questão: “A Bíblia justifica o consumo de carne?”, remetemos o leitor a um pequeno panfleto (texto abaixo) com esse título publicado pela Unity Society de Kansas City, Missouri, que apresenta os prós e os contras com grande imparcialidade, e mostra que foi apenas por uma concessão, ao já anteriormente mencionado desejo pela carne, que a prática foi tolerada1.

(Pergunta nº 107 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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1                             A Bíblia justifica o consumo de carne?

É uma suposição comum que a Bíblia justifique o consumo de carne, e a afirmação de que ela o faz é geralmente aceita, pois poucos investigam por si mesmos, mas permitem que suas ideias herdadas e as ideias de outros, que assimilam por associação, governem eles.

Essa considerável convicção é dada à afirmação de que a Bíblia defende o consumo de carne quando certas passagens são consideradas independentemente de passagens correlatas. Os significados literais dos escritos da Bíblia são aparentemente contraditórios e ambíguos, e lidando apenas com a letra, encontramos muitas declarações que não estão de acordo com nossa crença de certo e errado, e por isso deve ser deixado à opinião individual sobre o que é trigo e palha. “Prove todas as coisas; apegue-se ao que é bom.” (1Tess 5:21).

Lemos que “No princípio, Deus criou o céu e a terra.” (Gn 1:1), e sobre a terra, ervas (Gn 1:12 e 2:5), e ao homem que Ele criou (Gn 1:27 e 2:7). “Deus disse: “Eu vos dou todas as ervas que dão semente, que estão sobre toda a superfície da terra, e todas as árvores que dão frutos que dão semente: isso será vosso alimento.” (Gn 1:29). E para as aves, animais, répteis, etc., (Gn 1:20,21, 24,25 e 2:19), Ele disse, “’A todas as feras, a todas as aves do céu, a tudo o que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou como alimento toda a verdura das plantas’ e assim se fez.” (Gn 1:30). “Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom.” (Gn 1:31). Temos aqui a vontade de Deus expressa por ordem direta: “Para você (ervas e frutos de árvores) isso será vosso alimento.” Devemos obedecer a esse mandamento “ou procurar outro”? É claramente aparente aqui que a vontade de Deus era que o ser humano vivesse de ervas e frutos de árvores; e não apenas o ser humano, mas todos os outros organismos cobertos de carne. Evidentemente, então, “no princípio[1] o ser humano e os outros animais não se devoravam uns aos outros. “Ninguém” não “fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte,” (Is 11:9). Isaías parece ter acreditado que o mundo voltará a seguir os mandamentos de Deus como declarados nesse, o primeiro capítulo da Bíblia, e ele expressou lindamente essa crença em Isaías 11.

Iahweh Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer.” (Gn 2:9) “E Iahweh Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim.” (Gn 2:16). “e comerás a erva dos campos.” (Gn 3:18). “Com o suor de teu rosto comerás teu pão.” (Gn 3:19). No Livro do Gênesis 4:4-5 ocorre o primeiro relato de oferta, mas nenhuma menção é feita de animais sendo mortos[2].

Em Gênesis 8:20 temos a primeira menção de uma oferta em holocausto, pelo fogo[3], e em Gênesis 15:9-10[4], 17[5], é descrito um sacrifício de animais por ordem de Deus. Encontramos sacrifícios semelhantes em Gênesis 22:13; Êxodo 12; Êxodo 13:13; Êxodo 20:24; Êxodo 24:5,6; Êxodo 29; Êxodo 34:20; Levítico 1; Levítico 3; Levítico 4; Levítico 5; Levítico 6; Levítico 7; Levítico 8; Levítico 9; Levítico 10:14-19; Levítico 12:6, 7,8; Levítico 14; Levítico 15:14, 15; 29, 30; Levítico 16; Levítico 17; Levítico 23; Números 6:10-11; 14-17; Números 7; Números 8:12; Números 15; Números 18; Números 19:3; Números 23; Números 28; Números 29; Deuteronômio 15:19, 20; Deuteronômio 21:4; Juízes 6:19-21; 25-28; Juízes 13:19; I Samuel 1:25; I Samuel 3:13-16; I Samuel 6:14; I Samuel 7:9; II Samuel 6:13; II Samuel 24:22; I Reis 8:63, 64; I Reis 18:23-26; I Cron. 15:26; I Cron. 21:23: I Cron. 29:21; II Cron. 7:5; II Cron. 15:11; II Cron. 29:2-2, 23; 32,33, 34; II Cron. 30:15, 17; II Cron. 35:6-11; Esdras 6:9, 17; Esdras 8:35; Esdras 10:19; Jó 42:8; Ezequiel 43:18-27; Ezequiel 44:11, 15; Ezequiel 45:22-25; Ezequiel 46:4-15; Lucas 2:24, 39.

De acordo com a Epístola de São Paulo aos Hebreus, nos Capítulos 9 e 10, todos os sacrifícios terminaram com o sacrifício de Cristo, e embora muitos mandamentos tenham sido dados ao sacrifício, ainda assim as leis relativas a eles foram cumpridas na crucificação, e depois disso essas leis foram e são nulas e sem efeito.

Que essas leis não tinham muita força é demonstrado pelas muitas passagens do Antigo Testamento que falam depreciativamente de sacrifícios. “não vou tomar um novilho de tua casa, nem um cabrito dos teus apriscos; pois são minhas todas as feras da selva, e os animais nas montanhas, aos milhares; conheço as aves todas do céu, e o rebanho dos campos me pertence. Se eu tivesse fome não o diria a ti, pois o mundo é meu, e o que nele existe. Acaso comeria eu carne de touros, e beberia sangue de cabritos? Oferece a Deus um sacrifício de confissão e cumpre teus votos ao Altíssimo” (Sl 50:9-14).

Evidentemente, devemos oferecer a Deus ações de graças e não animais mortos. “Sacrifício a Deus é um espírito contrito.” (Sl 51:19). Mas nesse Salmo 51, o versículo 16[6] parece estar em desacordo com o versículo 19. O Profeta de Cristo diz: “Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios?, diz Iahweh. Estou farto de holocaustos de carneiros e da gordura de bezerros cevados; no sangue de touros, de cordeiros e de bodes não tenho prazer.” (Is 1:11). E em Isaías 29:1, o sacrifício é desprezado. Sob algumas condições, o sacrifício parece ter sido muito pecaminoso (Is 65:3-4)[7]. Jeremias evidentemente não gostava de sacrificar e comer carne (7:19-21)[8]. Oséias fala de sacrifícios que não são aceitos (8:13[9] e 13:2-3[10]). “Porque, se me ofereceis holocaustos…, não me agradam as vossas oferendas e não olho para o sacrifício de vossos animais cevados.” (Am 5:22). Deus não se agrada de milhares de sacrifícios, mas que os seres humanos pratiquem a justiça e amem a misericórdia, e andem mansamente com Ele (Mq 6:7-8[11]). Assim, as leis do sacrifício são cumpridas, e o grande sacrifício — Cristo Jesus — o trouxe para um fim adequado.

Tudo o que se move e possui a vida vos servirá de alimento, tudo isso eu vos dou, como vos dei a verdura das plantas. Mas não comereis a carne com sua alma, isto é, o sangue. Pedirei contas, porém, do sangue de cada um de vós. Pedirei contas a todos os animais e ao homem, aos homens entre si, eu pedirei contas da alma do homem.” (Gn 9:3-5). Obviamente, há algo errado com essa passagem, pois é sem sentido, ambígua e conflita com muitas outras passagens da Bíblia, como, por exemplo, Deuteronômio 14 e Levítico 11, Gênesis 1:29 nunca pode ser reconciliado com isso. Gênesis 9:3, e como parece evidente que Gênesis 1 e 9 foram escritos por um mesmo autor, então sem dúvida há um erro nessa passagem. Se todo o Pentateuco é de um autor, então claramente Gênesis 9:3 é incorretamente proferido, pois é tão conflitante com Levítico 11 e Deuteronômio 14, e outras passagens. Nenhuma nação jamais comeu “toda coisa que se move e vive’”, e como algo poderia ser exigido da mão de cada animal? É dito por eruditos hebreus: “Entre Gênesis 9:3 e Levítico 11 (ou como repetido em Deuteronômio 14) parece haver um conflito de declaração. A explicação usual é que as proibições das últimas passagens repousavam sobre os judeus. Gênesis 9:3 é anterior ao primeiro judeu (Abraão) e pretende ser a regra de vida apenas entre os gentios”. Essa explicação certamente não esclarece o conflito, pois Gênesis 1:29 é anterior a Gênesis 9:3. Também a Bíblia tem muitos mandamentos gerais para não comer animais impuros. Se isso é um conflito entre os escritos Elohísticos[12] e os escritos Jeovísticos[13], parece estranho que o compilador, seja Esdras ou não, não o tenha removido. No entanto, é improvável que qualquer explicação seja satisfatória.

Gênesis 18:7-8[14] fornece o primeiro relato de comer carne, e o que é mais singular, pelos mensageiros de Deus. Devemos lembrar que se esses fossem verdadeiramente mensageiros de Deus, eles não poderiam participar de coisas carnais – não tendo corpo carnal, corpo físico – então eles simplesmente passaram pela forma de comer[15], para agradar a Abraão que havia preparado para eles. Mostra um ponto muito importante, porém, que Abraão estava acostumado a comer carne. Mas o código de moral de Abraão envergonharia um selvagem; veja Gênesis 12 e 20. Descobrimos que Isaac seguiu seu pai e comeu carne (Gn 25:27-28)[16]. Isaac parece ter sido um bom discípulo de seu pai em outros assuntos também (Gn 26:7-10)[17].

Lemos em Gênesis 43:16 que José, um dos personagens mais nobres e puros cuja vida é retratada pelo Antigo Testamento, deu a ordem de matar para um banquete; e, no entanto, na refeição, apenas o pão é mencionado como sendo comido (Gn 43:25-32)[18].

No Livro do Êxodo, capítulo 16, encontramos que os hebreus estavam acostumados a comer carne[19] no Egito, e que eles não comiam carne, mas a desejavam, e Deus prometeu carne a eles[20] e codornizes foram enviadas[21]. Mas os eventos desse capítulo (Êxodo 16) são apresentados de forma mais completa em Números 11, e é melhor considerar lá.

No Livro do Êxodo 20:13 e no Livro do Deuteronômio 5:17 dá a ordem: “Não matarás”. Não diz: “Não matarás o máximo”. Uma lei muito singular é dada no Livro do Êxodo 21:28-29[22], que claramente coloca o boi no mesmo plano de consciência que o ser humano, dando ao boi o poder de discernir o certo e o errado, e a capacidade de premeditação do crime. E o castigo deve ser dado ao boi pelos pecados cometidos como se fosse um ser humano. O fato de que o boi pecador deve ser apedrejado até a morte e a carne não comida prova conclusivamente isso. Isaías lançou mais luz sobre este assunto quando disse: “Aquele que mata um boi é como se tivesse matado um homem.” (66:3). A vida de um boi é aqui considerada tão importante quanto a vida de um ser humano, dando assim ao boi plena fraternidade com o ser humano. Uma consideração misericordiosa pela vida e conforto dos animais é mostrada em no Livro do Êxodo 23:12: “Durante seis dias farás os teus trabalhos e no sétimo descansarás, para que descanse o teu boi e o teu jumento, e tome alento o filho da tua serva e o estrangeiro.”.

Também no Livro do Deuteronômio 25:4, “Não amordaçarás o boi que debulha o grão”. E novamente no Livro dos Provérbios 12:10: “O justo conhece as necessidades do seu gado, mas as entranhas dos ímpios são cruéis.”. No Livro de Eclesiastes, capítulo 3 diz: “Quanto aos homens penso assim: Deus os põe à prova para mostrar-lhes que são animais. Pois a sorte do homem e a do animal é idêntica: como morre um, assim morre o outro, e ambos têm o mesmo alento; o homem não leva vantagem sobre o animal, porque tudo é vaidade.”.  Assim, os animais e o homem são manifestamente um e o mesmo, ou irmãos. E se é assim, e ninguém que investigue honestamente provavelmente duvidará disso, não pode haver diferença entre comer um homem ou um boi, e o canibalismo é simplesmente uma questão de gosto, e não um grau de pecado. Nessas circunstâncias, matar um boi é um crime tão grande quanto matar um homem, pois homem e boi são irmãos. (Isaías 66:3 e Eclesiastes 3:18,19). Se todas as criaturas vivas são irmãos, e é assim, com um Pai comum (Criador), aos olhos desse Pai, ou Deus, é um grande crime assassinar um organismo como outro. O homem ou a mulher que paga dinheiro ao negociante da carne dos seres criados por Deus é igualmente culpado com aquele que os mata. Eles também são culpados com o torturador que mutila os animais jovens, os cauteriza com ferros em brasa, arranca seus chifres, os marca com arame farpado, os coloca em carros lotados meio alimentados e meio regados, os envia em um frio amargo e calor intenso, amedronta-os e os leva para currais de abate, pendura-os pelos pés, enfia uma faca em suas gargantas. Em contraste com isso, que belo quadro é desenhado por Isaías em 11:6-10[23]. A inteligência total e o raciocínio puro dos animais são concedidos a eles em: Gênesis 3:1; Gênesis 9:10-12; Números 22; IIPedro 2:16; IReis 17:4-6; Jó 6:5; Jó 12:7, 8; Salmos 58:4, 5; Provérbios 6:6-8; Provérbios 30:18, 19; 24-28; Isaías 1:3; Isaías 43:20; Jeremias 8:7; Jonas 2:10; Mateus 10:16; Jó 12:10, onde ensina que todo ser vivo tem uma alma.

No Livro do Êxodo 22:1-31 mostra que era costume matar e devorar certos animais, mas que esse costume era acompanhado de alguma consciência de culpa é mostrado por Êxodo 23:19[24], Êxodo 34:26[25] e Deuteronômio 14:21[26].

Nos Livros de Levítico, capítulo 11, e do Deuteronômio, capítulo 14, é fornecida uma lista de animais e aves, etc. que podem ser comidos, e uma lista que não deve ser comido. Os comedores de carne dão grande ênfase a esses capítulos e afirmam que eles não apenas permitem o consumo de carne, mas também o ordenam. Uma leitura cuidadosa do Livro do Deuteronômio, capítulos 12 e 14, mostra que se as pessoas têm uma avassaladora luxúria para carne, eles podem comer certos animais sob restrições e condições que tendem a tornar o consumo de carne extremamente árduo.

Todo homem da casa de Israel que, no acampamento ou fora dele, imolar novilho, cordeiro ou cabra, sem o trazer à entrada da Tenda da Reunião, para fazer dele uma oferenda a Iahweh, diante do seu tabernáculo, tal homem responderá pelo sangue derramado e será eliminado do meio do seu povo.” (Lv 17:3-4) e “e diante de Iahweh teu Deus, no lugar que ele houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome, comerás o dízimo do teu trigo, do teu vinho novo e do teu óleo, como também os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas continuamente a temer a Iahweh teu Deus. Caso o caminho seja longo demais para ti, e não possas levar o dízimo — porque o lugar que Iahweh teu Deus escolheu para aí colocar o seu nome fica muito longe de ti, quando Iahweh teu Deus te houver abençoado, — vende-o então por dinheiro, toma o dinheiro em tua mão e vai para o lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido.6Lá trocarás o dinheiro por tudo o que desejares: vacas, ovelhas, vinho, bebida embriagante, tudo enfim que te apetecer. Comerás lá, diante de Iahweh teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua família.” (Dt 14:23-26).

““Eu queria comer carne!”., caso desejes comer carne, podes comer carne o quanto queiras.” (Dt 12:20).

“É no lugar que Iahweh vosso Deus houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome que trareis tudo o que eu vos ordenei: vossos holocaustos, vossos sacrifícios, vossos dízimos, os dons das vossas mãos e todas as oferendas escolhidas que tiverdes prometido como voto a Iahweh.” Dt (12:11)

“Tu os comerás diante de Iahweh teu Deus, somente no lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido, tu, teu filho e tua filha, teu servo e tua serva, e o levita que habita contigo. E te alegrarás diante de Iahweh teu Deus de todo o empreendimento da tua mão.” (Dt 12:18)

Se o lugar escolhido por Iahweh teu Deus para aí colocar o seu nome estiver muito longe de ti, poderás então imolar das vacas e ovelhas que Iahweh teu Deus te houver dado, conforme te ordenei. Poderás comer nas tuas cidades o quanto desejares.” (Dt 18:21). Um exame cuidadoso da lista de animais permitidos para serem comidos nos Livros de Deuteronômio, capítulo 14, e Levítico, capítulo 11, mostra que os antigos hebreus exibiam uma inteligência que, vista do ponto de vista científico material, está muito à frente daquela dos Cristãos carnívoros do civilização atual. A discriminação relativa aos mamíferos é tão quase perfeita quanto parece possível para o ser humano carnívoro fazê-lo, e quanto aos pássaros, a mesma inteligência maravilhosa é mostrada. Os peixes proscritos e os animais aquáticos são aqueles que são claramente impróprios para alimentação; especialmente é esse de espécies de água doce. Mas esse excelente grau de sabedoria não é mostrado quanto aos insetos e répteis permitidos e rejeitados, a intenção sendo vaga e incerta e a discriminação não é boa, pois nenhuma tentativa é feita para separar o limpo do impuro. Das coisas móveis que vivem sobre a face da Terra, uma, os porcos, é primordial quanto ao consumo de alimentos imundos; e os hábitos dos porcos são tão imundos quanto os alimentos que consomem. E, no entanto, as mesmas pessoas que recorrem a Levítico, capítulo 11 e Deuteronômio, capítulo 14, para justificá-los no consumo de carne ignorarão deliberadamente as passagens mais fortes desses capítulos, abordando a devoração de carne suína. Como qualquer povo civilizado ou semicivilizado pode cair em um costume tão abominável como comer carne de porco, está além de qualquer compreensão.

Um intelecto mais depravado, governado por uma luxúria incontrolável, deve ter primeiro concebido a ideia dessa prática repugnante. “tereis como impuro o porco porque, apesar de ter o casco fendido, partido em duas unhas, não rumina.” (Lv 11:7). “Não comereis da carne deles nem tocareis o seu cadáver, e vós os tereis como impuros” (Lv 11:8).  “Quanto ao porco, que tem o casco fendido, mas não rumina, vós o considerareis impuro. Não comereis de sua carne e nem tocareis em seus cadáveres.” (Dt 14:8). O Profeta de Cristo diz: “Um povo que continuamente me provoca à ira, … que come carne de porco… meu nariz, um fogo que queima o dia todo” (Is 65:3-5). O Livro de  Isaías, 65:1-5, foi referido por São Paulo, apóstolo dos gentios, em sua Epístola aos Romanos 10:20-21[27]. E Cristo destruiu um rebanho de suínos (Mt 8:31-32), mas Ele não veio para destruir (Mt 5:17).

Então, para resumir os Livros de Deuteronômio, capítulo 14, e Levítico, capítulo 11, parece que se a concupiscência do ser humano carnal não pode ser vencida, ela pode ser ratificada comendo certos animais limpos, sob condições muito restritas. “e diante de Iahweh teu Deus, no lugar que ele houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome, comerás o dízimo do teu trigo, do teu vinho novo e do teu óleo, como também os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas continuamente a temer a Iahweh teu Deus. Caso o caminho seja longo demais para ti, e não possas levar o dízimo — porque o lugar que Iahweh teu Deus escolheu para aí colocar o seu nome fica muito longe de ti, quando Iahweh teu Deus te houver abençoado, — vende-o então por dinheiro, toma o dinheiro em tua mão e vai para o lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido. Lá trocarás o dinheiro por tudo o que desejares: vacas, ovelhas, vinho, bebida embriagante, tudo enfim que te apetecer. Comerás lá, diante de Iahweh teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua família.” (Dt 14:23-26). Certamente, comer carne não era uma prática comum nessas condições. Não há mais razão para os Cristãos tentarem seguir as partes desses capítulos que podem agradar suas concupiscências do que haveria na tentativa de seguir a ordem em Levítico 26:29: “Comereis a carne dos vossos filhos e comereis a carne das vossas filhas.”.

Um Cristão segue a lei estabelecida no Livro do Deuteronômio, capítulo 14, versículo 21?

O Livro de Amós diz que comedores de carne devem entrar em cativeiro. (6:4:7)[28].

…tirarei o seu sangue de sua boca e as suas abominações dentre os seus dentes. Ele, também, será um resto para o nosso Deus, será como uma família em Judá, e Acaron como um jebuseu.” (Zc 9:7).

Que São João Batista comeu gafanhotos (Mt 3:4[29] e Mc 1:6[30]) é certo, mas São João deve ter tido muitas falhas. (Mt 11:11). Ainda assim, comer gafanhotos não é tão errado quanto comer vertebrados.

Cristo Jesus deu à multidão peixe para comer (Mt 14:17,19,20; Mt 15:36,37; Mc 6:41; Mc 8:7,8; Lc 9:16,17 e Jo 6:11), mas não há registro de que ele mesmo os comeu, e de acordo com São João (Jo 6:9[31]) nem Cristo Jesus nem seus Discípulos tinham o peixe original. Embora Cristo Jesus possa não ter aprovado comer carne, ainda no caso de peixe, pelo menos, ele tolerou. Mas não há nada no Novo Testamento tocando nessa questão que seja de alguma consequência. O mais sério é no Evangelho Segundo São Lucas, em 24:42:43[32]. Aqui Cristo Jesus aparentemente comeu peixe, mas essas passagens não são absolutamente claras. Como isso aconteceu após a crucificação, Cristo Jesus deve ter estado em estado espiritual onde o corpo carnal não exigia sustento; portanto, se Cristo Jesus comeu peixe, ele estava apenas passando pela forma de comer para convencer Seus Discípulos de que Ele era um “homem de carne e sangue” (?). Ainda assim, como São Lucas recebeu sua informação em segunda mão, e não escreveu o registro por, provavelmente, meio século depois, é muito provável que ele tenha cometido um erro aqui, pois São João, que estava presente nesta cena, não diz nada sobre Cristo Jesus comer peixe nessa ocasião, mas São João diz: “Jesus aproxima-se, toma o pão e o distribui entre eles; e faz o mesmo com o peixe.” (Jo 21:13). “Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e foi quem as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.” (Jo 21:24).

Os judeus comiam peixes e outros animais, e que Cristo Jesus reconheceu esse fato é demonstrado no Evangelho Segundo São Mateus 22:4[33]; Evangelho Segundo São Lucas 11:11[34] e em 15:23-29,30[35], mas não há insinuação de que Ele o sancionou.

No Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 10, é retratada uma visão de São Pedro, que às vezes é usada como justificativa para comer carne, mas esse capítulo e o seguinte explicam tão claramente que a visão se aplica a pessoas e não a alimentos, que não é digna de consideração.

São Paulo pensava que homens, pássaros, peixes e animais tinham, cada um, um tipo diferente de carne (ICor 15:39[36]), e que nenhuma ordem deveria ser dada “exigirão a abstinência de certos alimentos, quando Deus os criou para serem recebidos, com ação de graças, pelos que têm fé e conhecem a verdade. Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada é desprezível, se tomado com ação de graças,” (ITim 4:3-4). São Paulo parece sancionar o consumo de carne aqui e no capítulo 10 da Primeira Epístola aos Coríntios, embora seja muito vago. Ainda assim, São Paulo ensinou algumas coisas que nenhuma igreja Cristã aceita.

O Espírito Santo desceu sobre Cristo Jesus em forma corpórea como uma pomba (Lc 3:22[37]). É difícil conceber o Espírito Santo assumindo a forma de um animal destinado a ser devorado pelo homem para satisfazer um apetite carnal. Cristo Jesus era frequentemente mencionado como um Cordeiro, e Cristo Jesus chamou seus Discípulos de cordeiros e ovelhas (Jo 21:15-17[38] e Jo 10:3,7,8[39]). Parece singular que Cristo Jesus e seus Ciscípulos sejam chamados pelo nome de um animal que deveria ser devorado. |

Sede misericordiosos” (Lc 6:36) aplica-se igualmente bem a todos os seres criados por Deus. E da mesma forma, o comando: “Não mate.” (Lc 18:20).

Os Apóstolos ensinaram a abstenção de sangue. (At 15:20-29[40] e 21:25[41]).

Na Epístola de São Paulo aos Romanos, no capítulo 14, nos ensina que comer carne é um assunto que deve ser deixado ao julgamento do indivíduo.

Eis porque, se um alimento é ocasião de queda para meu irmão, para sempre deixarei de comer carne, a fim de não causar a queda de meu irmão.” (ICor 8:13).

Aqueles “cujo Deus é seu ventre” são inimigos de Cristo (Fp 3:18,19). “O alimento sólido” é mencionada em na Epístola de São Paulo aos Hebreus em 5:14, mas não tem relação com o assunto de comer carne. A última ordem de Cristo Jesus foi: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” (Lc 16:15; Cl 1:23).

Considerando todos os escritos da Bíblia, descobrimos que a preponderância de evidências dignas de crédito é esmagadoramente oposta ao consumo de carne. Não há absolutamente nada que justifique isso, e a única desculpa que se pode oferecer para devorar as carcaças dos seres criados de Deus é a luxúria do ser humano carnal.

Se matarmos e ensinarmos outros a matar, construiremos na consciência pensamentos de morte e falta de vida. “Não vos iludais; de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá.” (Gl 6:7). Se participamos de animais mortos, estamos participando da morte e, assim, atraindo a morte para nós. Se desejamos ver o Reino de Cristo, tão belamente descrito no Capítulo 2 do Livro de Isaias, estabelecido na Terra, teremos que fazer nossa parte na preparação para ele, e devemos construir e não destruir, enquanto aguentarmos a imagem de morte e destruição diante de nossos vizinhos e de nós mesmos, por tanto tempo estamos retardando a chegada deste tempo de perfeição pacífica tão graficamente retratado pelo irônico profeta de Cristo.

Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará das suas raízes.Sobre ele repousará o espírito de Iahweh, espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Iahweh: no temor de Iahweh estará a sua inspiração. Ele não julgará segundo a aparência. Ele não dará sentença apenas por ouvir dizer. Antes, julgará os fracos com justiça, com equidade pronunciará uma sentença em favor dos pobres da terra. Ele ferirá a terra com o bastão da sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos seus lombos e a fidelidade, o cinto dos seus rins. Então o lobo morará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos e um menino pequeno os guiará. A vaca e o urso pastarão juntos, juntas se deitarão as suas crias. O leão se alimentará de forragem como o boi. A criança de peito poderá brincar junto à cova da áspide, a criança pequena porá a mão na cova da víbora. Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte, porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh, como as águas enchem o mar. Naquele dia, a raiz de Jessé, que se ergue com um sinal para os povos, será procurada pelas nações, e a sua morada se cobrirá de glória.” (Is 11:1-10.).

O lobo e o cordeiro pastarão juntos e o leão comerá feno como o boi. Quanto à serpente, o pó será o seu alimento. Não se fará mal nem violência em todo o meu monte santo, diz Iahweh Deus.” (Is 65:25).

Farei em favor deles, naquele dia, um pacto com os animais do campo, com as aves do céu e com os répteis da terra. Exterminarei da face da terra o arco, a espada e a guerra; fá-los-ei repousar em segurança.” (Os 2:20). E quando nos prepararmos e prepararmos o mundo para receber nosso Rei – quando deixarmos de lado o “homem carnal” – quando não ferirmos, nem destruirmos, nem devorarmos – quando nos elevarmos acima do pecado, da doença, tristeza e morte, e entrarmos em Seu “descanso glorioso”, e aprendermos que o amor é a lei suprema – então, e não até então, haverá a “vinda do Filho do homem”, e todos poderemos dizer: “Bendito o que vem em nome do Senhor.”.

Se quisermos ver a segunda vinda de Cristo realmente ocorrer, como foi prometido, devemos preparar a nós mesmos e ao mundo para recebê-lo.

Não podemos descansar na esperança, mas devemos fazer nossa parte do trabalho. Não podemos realizar nada esperando com calma. Devemos estar trabalhando na construção do Reino, e o fundamento mais seguro que podemos construir está na Regra de Ouro. Devemos “viver e deixai viver”. Devemos nos levantar, e “como o relâmpago sai do leste e brilha até o oeste”, assim devemos “enviar a boa “palavra” e ensinar todos os seres criados a preparar o caminho” diante d’Ele.

Então veremos um “novo Céu e uma nova Terra”, pois o velho terá “passado”, e “veremos o Filho do homem vindo nas nuvens do céu, com poder e grande glória” e O verão entronizado e governando através do poder do amor, e então “não farão mal nem destruirão em todo o meu santo monte”. E não haverá mais morte, nem pesar, nem pranto e nem dor”.

FIM

(Publicado na revista Unity[42] Tract Society, Kansas City, MO. nas edições de novembro, dezembro de 1904 e janeiro e fevereiro de 1905 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Em todas as linhas de investigação, chegamos ao “princípio” com um ser humano vegetariano. No poema mais antigo conhecido, o épico acádico (da cidade de Acad) de Isdubar de Erech (Gn 10:10) ocorrem estas linhas: “Com as gazelas à noite ele comeu sua comida. Durante o dia com feras do campo ele vivia. Seu coração se alegrou quando viu coisas VIVAS.”. E em vislumbres obscuros e sombrios do Egito primitivo, vemos o ser humano comendo grãos, frutas e vegetais. Darwin diz sobre o ser humano primitivo: “Ele provavelmente habitava um país quente; uma circunstância favorável para a dieta frugífera, na qual, a julgar por analogia, ele subsistiu”.

[2] N.T.: Abel, por sua vez, também ofereceu as primícias e a gordura de seu rebanho. Ora, Iahweh agradou-se de Abel e de sua oferenda. Mas não se agradou de Caim e de sua oferenda, e Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido.

[3] N.T.: Noé construiu um altar a Iahweh e, tomando de animais puros e de todas as aves puras, ofereceu holocaustos sobre o altar.

[4] N.T.: Ele lhe disse: “Procura-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho”. Ele lhe trouxe todos esses animais, partiu-os pelo meio e colocou cada metade em face da outra; entretanto, não partiu as aves.

[5] N.T.: Quando o sol se pôs e estenderam-se as trevas, eis que uma fogueira fumegante e uma tocha de fogo passaram entre os animais divididos.

[6] N.T.: Livra-me do sangue, ó Deus, meu Deus salvador, e minha língua aclamará tua justiça.

[7] N.T.: “a um povo que me provoca de frente sem cessar, sacrificando nos jardins, queimando incensos sobre as lajes…comendo carne de porco, pondo nos seus pratos postas impuras”.

[8] N.T.: “Mas será a mim que eles ofendem?, oráculo de Iahweh. Não será a eles mesmos, para a sua própria vergonha? Por isso, assim disse o Senhor Iahweh: Eis que minha ira ardente se derramará sobre este lugar, sobre os homens, sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da leira. Ela arderá e não se extinguirá. Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel: Acrescentai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios e comei a carne!”.

[9] N.T.: “Eles oferecem os sacrifícios que amam, comem a carne, mas Iahweh não os aceitará. Agora ele se lembrará de suas faltas e castigará os seus pecados: eles voltarão ao Egito.”

[10] N.T.: “Eles dizem: “Oferecei-lhes sacrifícios”. Homens beijam bezerros. 3Por isso, serão como a nuvem da manhã, como o orvalho que cedo desaparece, como a palha que voa fora da eira e como a fumaça que sai pela janela.”.

[11] N.T.: “Terá Iahweh prazer nos milhares de carneiros ou nas libações de torrentes de óleo? Darei eu o meu primogênito pelo meu crime, o fruto de minhas entranhas pelo meu pecado?”. — “Foi-te anunciado, ó homem, o que é bom, e o que Iahweh exige de ti: nada mais do que praticar o direito, gostar do amor e caminhar humildemente como teu Deus.”

[12] N.T.: relativo à Elohim, não necessariamente de Jeová.

[13] N.T.: Relacionado à Jeová (Iahweh Deus).

[14] N.T.: “Depois correu Abraão ao rebanho e tomou um vitelo tenro e bom; deu-o ao servo que se apressou em prepará-lo. Tomou também coalhada, leite e o vitelo que preparara e colocou tudo diante deles; permaneceu de pé, junto deles, sob a árvore, e eles comeram.”

[15] N.T.: Josephus (foi um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis) disse: “Eles fizeram um demonstração de comida”.

[16] N.T.: 7Os meninos cresceram: Esaú tornou-se um hábil caçador, correndo a estepe; Jacó era um homem tranquilo, morando sob tendas.8Isaac preferia Esaú, porque apreciava a caça, mas Rebeca preferia Jacó.”

[17] N.T.: “Os homens do lugar interrogaram-no sobre sua mulher e ele respondeu: “É minha irmã”. Ele teve medo de dizer: “Minha mulher,” pensando: “Os homens do lugar me matarão por causa de Rebeca, pois ela é bonita”. Ele estava lá há muito tempo quando Abimelec, rei dos filisteus, olhando uma vez pela janela, viu que Isaac acariciava Rebeca, sua mulher. Abimelec chamou Isaac e disse: “É evidente que é tua mulher! Como pudeste dizer: ‘É minha irmã’?”. Isaac lhe respondeu: “Pensei comigo: corro o risco de morrer por causa dela”. Retomou Abimelec: “Que nos fizeste? Por pouco alguém do povo dormia com tua mulher e tu nos atrairias uma falta!””.

[18] N.T.: “Eles prepararam o presente, esperando que José viesse ao meio-dia, porque souberam que ali fariam refeição. Quando José entrou na casa, ofereceram-lhe o presente que tinham consigo e se prostraram por terra. Mas ele os saudou amigavelmente e perguntou: “Como está vosso velho pai, de quem me falastes: ele ainda vive?”. Responderam: “Teu servo, nosso pai, está bem, ele ainda vive,” e se ajoelharam e se prostraram. Erguendo os olhos, José viu seu irmão Benjamim, o filho de sua mãe, e perguntou: “É este o vosso irmão mais novo, de que me falastes?”. E dirigindo-se a ele: “Que Deus te conceda graça, meu filho”. E José apressou-se em sair, porque suas entranhas se comoveram por seu irmão e as lágrimas lhe vinham aos olhos: entrou em seu quarto e ali chorou. Tendo lavado o rosto, voltou e, contendo-se, ordenou: “Servi a refeição”. Serviram-no à parte, eles à parte e à parte, também, os egípcios que comiam com ele, porque os egípcios não podem tomar suas refeições com os hebreus: têm horror disso.”

[19] N.T.: Ex 16:3: “Os filhos de Israel disseram-lhes: “Antes fôssemos mortos pela mão de Iahweh na terra do Egito, quando estávamos sentados junto à panela de carne e comíamos pão com fartura! Certamente nos trouxestes a este deserto para fazer toda esta multidão morrer de fome”.”

[20] N.T.: Ex 16:8: “E Moisés disse: “Iahweh vos dará esta tarde carne para comer, pela manhã pão com fartura, pois ouviu a vossa murmuração contra ele. Porque nós, o que somos? Não são contra nós as vossas murmurações, e sim contra Iahweh”.” Ex 16:12: ““Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel; dize-lhes: Ao crepúsculo comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou Iahweh vosso Deus”.

[21] N.T.: Ex 16:13: “À tarde subiram codornizes e cobriram o acampamento; e pela manhã havia uma camada de orvalho ao redor do acampamento.

[22] N.T.: “Se algum boi chifrar homem ou mulher e causar sua morte, o boi será apedrejado e não comerão a sua carne; mas o dono do boi será absolvido. Se o boi, porém, já antes marrava e o dono foi avisado, e não o guardou, o boi será apedrejado e o seu dono será morto.”

[23] N.T.: “Então o lobo morará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos e um menino pequeno os guiará. A vaca e o urso pastarão juntos, juntas se deitarão as suas crias. O leão se alimentará de forragem como o boi. A criança de peito poderá brincar junto à cova da áspide, a criança pequena porá a mão na cova da víbora. Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte, porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh, como as águas enchem o mar. Naquele dia, a raiz de Jessé, que se ergue com um sinal para os povos, será procurada pelas nações, e a sua morada se cobrirá de glória.

[24] N.T.: “Trarás as primícias dos frutos da tua terra à casa de Iahweh teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe.

[25] N.T.: “Trarás o melhor das primícias para a Casa de Iahweh teu Deus. Não cozerás o cabrito no leite da sua própria mãe.

[26] N.T.: “Não podereis comer de nenhum animal que tenha morrido por si. Tu o darás ao forasteiro que vive em tua cidade para que ele o coma, ou vendê-lo-ás a um estrangeiro. Porque tu és um povo consagrado a Iahweh teu Deus. Não cozerás um cabritinho no leite de sua mãe.

[27] N.T.: “E Isaías ousa até dizer: Fui encontrado por aqueles que não me procuram; tornei-me visível aos que não perguntam por mim. E a Israel diz: O dia todo estendi as mãos a um povo desobediente e rebelde.”

[28] N.T.: “Eles estão deitados em leitos de marfim, estendidos em seus divãs, comem cordeiros do rebanho e novilhos do curral,improvisam ao som da harpa, como Davi, inventam para si instrumentos de música, bebem crateras de vinho e se ungem com o melhor dos óleos, mas não se preocupam com a ruína de José. Por isso, agora, eles serão exilados à frente dos deportados, e terminará a orgia daqueles que estão estendidos.”

[29] N.T.: “Seu alimento consistia em gafanhotos e mel silvestre.”

[30] N.T.: “e se alimentava de gafanhoto e mel silvestre.

[31] N.T.: “’Há aqui um menino, que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isso para tantas pessoas?’

[32] N.T.: “Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o, então, e comeu-o diante deles.”

[33] N.T.: “Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram degolados e tudo está pronto. Vinde às núpcias’”.

[34] N.T.: “Quem de vós, sendo pai, se o filho lhe pedir um peixe, em vez do peixe lhe dará uma serpente?”.

[35] N.T.: “Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois, este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’”.

[36] N.T.: “Nenhuma carne é igual às outras, mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos quadrúpedes, outra a dos pássaros, outra a dos peixes.”.

[37] N.T.: “e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho; eu, hoje, te gerei!”.

[38] N.T.: “Depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes”? Ele lhe respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta os meus cordeiros”. Uma segunda vez lhe disse: “Simão, filho de João, tu me amas?”. — “Sim, Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez disse-lhe: “Simão, filho de João, tu me amas?”. Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu me amas?”. e lhe disse: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes quente amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas.”.

[39] N.T.: Jo 10:3: “A este o porteiro abre: as ovelhas ouvem a sua voz e ele chama as suas ovelhas uma por uma e as conduz para fora.”. Jo 10:7-8: “7Disse-lhes novamente Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes; mas as ovelhas não os ouviram.”.

[40] N.T.: “Mas se lhes escreva que se abstenham do que está contaminado pelos ídolos, das uniões ilegítimas, das carnes sufocadas e do sangue. Com efeito, desde antigas gerações tem Moisés em cada cidade os seus pregadores, que o leem nas sinagogas todos os sábados”. Então pareceu bem aos apóstolos e anciãos, de acordo com toda a Igreja, escolher alguns dentre os seus e enviá-los a Antioquia, junto com Paulo e Barnabé. Foram Judas, cognominado Bársabas, e Silas, homens considerados entre os irmãos. Por seu intermédio, assim escreveram: “Os apóstolos e os anciãos, vossos irmãos, aos irmãos dentre os gentios que moram em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saudações! Tendo sabido que alguns dos nossos, sem mandato de nossa parte, saindo até vós, perturbaram-vos, transtornando vossas almas com suas palavras, pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo, escolher alguns representantes e enviá-los a vós junto com nossos diletos Barnabé e Paulo,homens que expuseram suas vidas pelo nome de nosso Senhor, Jesus Cristo. Nós vos enviamos, pois, Judas e Silas, eles também transmitindo, de viva voz, estas mesmas coisas. De fato, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum outro peso além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas, e das uniões ilegítimas. Fareis bem preservando-vos destas coisas. Passai bem.””.

[41] N.T.: “Quanto aos gentios que abraçaram a fé, já lhes escrevemos sobre nossas decisões: que se abstenham das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das uniões ilegítimas””.

[42] N.T.: UNITY é um manual de Cristianismo Prático e Cura Cristã. Ele apresenta a pura doutrina de Jesus Cristo diretamente da fonte, “O Espírito Santo, que vos conduzirá a toda a Verdade”. Não é o órgão de nenhuma seita, mas permanece independente como um expoente do Cristianismo prático, ensinando a aplicação prática em todos os assuntos da vida da doutrina de Jesus Cristo; explicando a ação da Mente e como ela é o elo de ligação entre Deus e o ser humano; como a ação da Mente afeta o corpo, produzindo discórdia ou harmonia, doença ou saúde, e traz o ser humano para a compreensão da Lei Divina, harmonia, saúde e paz, aqui e agora.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: A missão de Cristo não poderia ter sido cumprida sem um método tão drástico como o da crucificação?

Resposta: Certamente poderia ter sido realizada sem o método específico da crucificação ou crucifixão, mas era absolutamente necessário que o sangue fluísse. Há vários graus de Mestres e eles exigem condições diferentes para o cumprimento de suas tarefas. Alguns Mestres, como Moisés e Buda, vêm para uma nação ou um povo e ajudam-na até determinado ponto; eles mesmos evoluem nesse processo; e ambos os Mestres mencionados atingiram um ponto em seu próprio desenvolvimento em que seus corpos se iluminaram. Ouvimos quão o rosto de Moisés brilhou e de tal forma que foi necessário ele utilizar um véu. Buda se iluminou no momento de sua morte. Cristo atingiu o estágio de iluminação no momento de Sua transfiguração, e é muito significativo que a parte mais importante de Sua obra, do Seu sofrimento e da Sua morte ocorreram após o evento da Transfiguração. E para Moisés, Elias, Buda e os outros Mestres anteriores foi necessário que nascessem em um Corpo Denso repetidas vezes, a fim de suportar os pecados do povo para os quais eles vieram, Cristo apareceu apenas uma única vez em um Corpo Denso e não necessitará tomar para Si mesmo tal instrumento novamente. Pois, quando o Espírito deixa o corpo de forma natural, leva consigo certas impurezas à medida que se retira lentamente do sangue coagulado. Mesmo num corpo tão puro como o Corpo Denso de Jesus, havia impurezas, e a morte violenta que fez o sangue fluir libertou o Ego de Cristo do sangue com um movimento via uma torção violenta e rápida, deixando para trás qualquer impureza que poderia existir naquele Corpo Denso, de forma que Cristo emergiu do Corpo de Jesus imaculado e sem os laços do destino que, geralmente, acompanham a vida no Corpo Denso.

Baseados no mesmo princípio, é um fato que, embora atualmente tenhamos guerras que devem ser lamentadas do ponto de vista meramente humano, no entanto, é patente para o ocultista que essas guerras purificaram consideravelmente o sangue dos povos envolvidos, de modo que a humanidade, gradualmente, se torna menos violenta e mais e mais espiritual. Podemos ainda dizer que nesse fato se reflete a característica redentora do sacrifício de animais. Quando a humanidade passou pelo estágio animal, não possuía sangue vermelho passional como nossos animais; não éramos tão evoluídos. Os animais de hoje, embora inferiores a nós na evolução, encontram-se em uma espiral mais elevada e, enquanto estamos sofrendo sob a Lei de Consequência por termos que superar nossas paixões com a nossa própria força de vontade, os animais estão sendo ajudados e mantidos sob controle pelos seus Espíritos-Grupo. E quando atingirem o estágio humano no Período de Júpiter, se tornarão uma humanidade superior, livre das paixões que fizeram desse mundo um lugar tão desolador. Dessa forma, a natureza sempre transmuta qualquer mal que possamos cometer num bem mais elevado.

Respondendo à pergunta, podemos dizer que, no caso de Cristo a morte violenta foi necessária porque possibilitou que o Espírito de Cristo se retirasse do Corpo Denso de Jesus sem reter nenhuma das impurezas inerentes ao veículo meramente humano.

(Pergunta nº 101 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Filosofia de Cura, os papéis dos Auxiliares Invisíveis e Visíveis

Para considerar plenamente os princípios básicos relacionados com a arte de curar, deve-se olhar tanto do ponto de vista do curador como do paciente, o instrumento para o poder curativo, assim como, os que recebem as ministrações curativas. Deve-se entender, também, que quando se usa a palavra “cura”, se refere a algo mais que uma mera cura ou alívio temporal.

A verdadeira cura (a Cura Rosacruz) requer uma mudança definitiva na consciência do paciente, posto em ação seja por seus próprios esforços, pelos esforços do curador ou pelo de ambos. O curador deve possuir, também, um grau adequado de espiritualidade, a fim de transmitir o poder curativo de uma maneira positiva.

O ocultista pensa no ser humano como um espírito essencial, uma chispa diferenciada da grande Chama emanada através de uma grande peregrinação por meio da matéria, para desenvolver as divinas potencialidades inerentes a cada indivíduo. O plano original para a Onda de Vida Humana era que nele não haveria tristezas nem sofrimentos, mas na última parte da Época Lemúrica os Espíritos de Lúcifer penetraram na consciência da humanidade (quando o ser humano renascia com o sexo feminino, já no processo de alternância de sexos durante os renascimentos), impregnando o Corpo de Desejos com o princípio da paixão. Como resultado, o ser humano, abusando ignorantemente da força criadora sexual, que é divina, desenvolveu um desequilíbrio em sua natureza, e se escravizou a inumeráveis padecimentos, doenças e enfermidades.

A correção desse desiquilíbrio, a restauração da harmonia dentro da natureza do indivíduo, requer uma mudança da consciência ou a transmutação das propensões baixas e egoístas, em qualidades da mais elevada espiritualidade. Jesus Cristo ordenou à mulher pecadora: “Vai, e de agora em diante não peques mais.” (Jo 8: 11), indicando-lhe, com isso, a necessidade de uma mudança em seu modo de viver, se é que queria que a sua cura fosse permanente. Desse modo encontramos que a chave para a cura está encerrada nesta palavra: Regeneração, e isso há que se aplicar tanto a quem cura como a quem é curado.

Falando em termos gerais, podemos dizer que o primeiro passo para a regeneração, ou processo curativo, tem que vir com a purificação dos veículos humanos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos) e da Mente, aplicando-se, primordialmente, ao Corpo Denso os métodos mais usuais. O Estudante Rosacruz, compreendendo a importância da parte física do ser humano, tanto como a parte suprafísica, crê que a fim de conseguir uma cura permanente, ou uma regeneração do indivíduo, se deve trabalhar em conformidade com as Leis da Natureza, em todos os planos: o físico e os suprafísicos. Consequentemente, reconhece devidamente as leis fundamentais que determinam as reações que resultam do uso de certas propriedades físicas, reconhecendo, ao mesmo tempo, que tais reações são modificadas indevidamente ou afetadas pelas condições existentes aonde são aplicadas. Assim, ocorre complementar as leis básicas que afetam o Corpo Denso, tais como as que governam as dietas, tendo em conta a variedade para responder a essas Leis que existem em diversos indivíduos e que afetam o resultado final do remédio físico.

Os naturalistas, os médicos que usam os métodos naturais para ajudar aos doentes e enfermos, estão fazendo um serviço valioso à humanidade, ensinando-a a cooperar com as Leis fundamentais da Natureza, para recuperar ou manter a saúde; começando por desfrutar de uma grande quantidade de ar fresco e de Sol, fazer exercícios e alimentar-se corretamente, desistir de envenenar o Corpo com drogas e medicinas, que só podem dar alívio temporário; viver alegremente e de uma maneira não egoísta. Esses pioneiros estão em completa harmonia com as Leis da Natureza quando nos incitam a comer livremente frutas frescas e vegetais, o menos cozidos possíveis, para que toda quantidade de energias, vitaminas, minerais, etc. possam ser assimilados pelo Corpo Denso.

Assim é que eles demonstram a eficácia dessas simples ajudas, o valor de certas frutas e vegetais para a saúde do corpo, e limpá-lo de cristalizações que vão sendo formadas por uma dieta e uma vida incorretas.

Os teopatas e quiropratas estão contribuindo com muito valor, a arte de cura com seus ajustes espirituais, cirurgias sem sangue, etc., e os médicos mais avançados de todos os países estão reconhecendo a luz, a cor e a música, como fatores importantes para a manifestação da harmonia em todos os veículos do ser humano. Junto à mudança do Corpo Denso se produzem também as mudanças nos outros Corpos; devido à íntima compenetração de todos os veículos se necessitam uma resposta de todos os Corpos para desfrutar da uniformidade.

Do modo como o paciente usa sua vontade para cooperar com a Cura Rosacruz, assim progredirá na batalha do “Eu superior” na subjugação do “eu inferior”.

Sendo a Mente um ponto de encontro entre o Espírito e o Mundo material, naturalmente que ocupa uma situação estratégica na arte de curar, e ainda aqueles que não são conscientes nos assuntos de ocultismo, devem admitir a necessidade de cultivar uma atitude serena, mental e emocional, se desejam recuperar ou reter a saúde. Os resultados de amplas investigações e experiências, fala muito do dano que causam os efeitos venenosos do ódio, da cólera, do ressentimento, etc., sendo suas tendências obstruir o desenvolvimento normal do Espírito, algo essencial para a saúde. Tem que haver uma purificação da Mente, uma direção definida de suas atividades em canais construtivos, se quiser manter um estado saudável.

No trabalho de Cura Rosacruz da Fraternidade Rosacruz existe um ponto que é único, mas que será usado universalmente, à medida que nos aproximemos da Era de Aquário. Esse ponto é a faixa de Auxiliares Invisíveis ou pessoas que desenvolveram o Corpo-Alma o suficiente para funcionar neles nos planos internos, e prestar ali um serviço humanitário sob a direção daqueles treinados na arte de curar.

A cargo desses trabalhos estão aqueles seres altamente evoluídos, de quem nós chamamos de Irmãos Maiores. Os Auxiliares Invisíveis são ensinados a dirigir a força curadora de Deus Pai para onde se necessite, assim como, ajustar partes do Corpo Denso e Vital, materializando, às vezes, mãos para trabalhar nas partes afetadas de um modo efetivo. Somente aqueles que vivem uma vida pura e de serviço podem participar nesse amplo trabalho, já que é necessário que ele ame e sirva no plano físico (trabalhando como Auxiliares Visíveis) para atrair os dois Éteres Superiores e formar o Corpo-Alma, gozando do privilégio de servir nos planos internos. O Auxiliar Invisível é aquele ser humano que definitivamente trata de viver a vida regenerada.

Ademais, além da ajuda prestada pelos Auxiliares Invisíveis, também se dá ajuda, no plano físico, por uma pessoa em harmonia astrológica com o paciente, o curador. Quando a solicitação de cura chega ao Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que possui um (para solicitar a cura é só clicar aqui, imprimir o formulário, preenchê-lo com caneta tinteiro e enviá-lo para o endereço lá escrito), levanta-se o horóscopo do paciente, por meio da Astrologia Rosacruz, e do padrão de sua alma se pode julgar não só a natureza da enfermidade ou doença, e a parte do corpo afetada, como também se pode averiguar o desiquilíbrio espiritual que em sua natureza causou a afecção física. De modo que a é possível fornecer informações e orientá-lo apropriadamente, para que comece a viver em harmonia com as Leis de Deus, enquanto mantém seu contato com os Auxiliares Invisíveis, escrevendo mensalmente uma carta ao Departamento de Cura, resumindo seu estado, juntamente com o cartão assinado nas “Datas de Cura”. O valor da Astrologia Rosacruz está fortemente manifestado por Max Heindel quando diz: “Observando que o organismo terrestre, que cada um de nós habita, é moldado por meio de linhas vibratórias produzidas pela ‘Música das Esferas’, podemos nos dar conta que as desarmonias que se expressam como enfermidades ou doenças se produzem, em primeiro lugar, pela desarmonia espiritual interna. Ademais, é evidente que se podemos obter a devida sabedoria em relação com a causa direta da desarmonia, e remediá-la, as manifestações físicas da enfermidade ou doença desaparecerão logo. Essa informação está no horóscopo do momento do nascimento, porque nele cada Astro em sua Casa e Signo expressam a harmonia ou discórdia, a saúde ou a enfermidade. Portanto, o método de Cura Rosacruz é adequado na proporção de como se tomem em consideração as harmonias ou diversidades astrais, expressas na roda da vida: o horóscopo”.

No entanto, ainda que os Auxiliares Invisíveis tenham prestado sua ajuda em cada caso, e se lhes tenha comunicado ao paciente as sugestões e conselhos pela pessoa que se harmoniza com o tema do paciente, ainda fica a tarefa mais importante: a de o paciente compreender a necessidade de mudar o suficiente para lograr uma cura permanente.

Como a compreensão das Leis da Natureza é essencial para isso, e quando alguém tem essa compreensão, acompanhada pela segurança de que todas as enfermidades e doenças são os resultados das violações das Leis de Deus, normalmente, se terá o desejo de reformar o modo de vida, a fim de conseguir a finalidade do processo curativo. Quanto mais compreensão tenha o paciente desses princípios que governam a vida e o ser, estará mais capacitado para cooperar no funcionamento desses princípios e, por isso, é evidente que a obtenção da saúde duradoura deve ser acompanhada por certa educação do paciente, no conhecimento dos mistérios das leis imutáveis da vida. O desejo e adaptabilidade do paciente em cooperar com os Auxiliares Visíveis e Invisíveis determinarão a rapidez com que atrairá o processo regenerativo. Na Filosofia Rosacruz se nos ensina algo da natureza relativa ao Corpo Vital, e a necessidade que é mudar o Corpo Vital, antes que uma mudança duradoura se efetue em todo o organismo físico humano, seu Corpo Denso.

O Corpo Vital é o veículo dos hábitos, e a maioria das pessoas são filhos de seus hábitos. Para mudar esses hábitos, que temos formado no passado, se requer muita repetição, muita paciência no estabelecimento de novas linhas de pensamento e de ação. Nossos desejos têm um domínio excessivamente forte sobre nós, e aos poucos entendemos que é difícil ignorar a sutil persuasão da natureza de desejos, quando tratamos de romper velhos e daninhos hábitos, sejam eles físicos, emocionais ou mentais. No entanto, podemos mudá-los se quisermos, e aqui está o segredo da transmutação que estabelece a saúde permanente: o uso da nossa vontade. Atualmente, não há limites, no que se pode fazer pela cura, ou por qualquer outro esforço, se existe o desejo suficiente de fazê-lo, e um subsequente esforço da vontade em uma devida direção. Um exemplo interessante sobre isso aconteceu com um grupo de paralíticos em um hospital da América do Sul. Estes enfermos estavam todos confinados na cama. Oito deles estavam recolhidos em seu pavilhão quando certo dia surgiu uma terrível serpente não venenosa, que se colocou dentro do recinto por uma janela passando por um cano de água. Dez segundos depois que o réptil fez sua aparição, ele era o único ocupante do pavilhão. Um dos pacientes que estivera acamado por dois anos, saltou por uma janela que estava mais ou menos a 1,80 m de altura e dali fugiu. Todos os pacientes se restabeleceram em consequência do esforço realizado na fuga. Devemos estar convencidos, por vários exemplos dessa natureza, em que os podres do Espírito podem ser liberados por meio da vontade e do poder do pensamento. Nunca seria demais manifestar, portanto, que esse sublime processo, deve estar baseado sobre o “amor e o serviço desinteressado aos demais”, porque a vida regenerada deve ser a vida altruísta.

O ocultista familiarizado com as leis ocultas da natureza compreende como uma féintensa ou a mudança interior podem provocar assombrosas mudanças físicas, e desse modo é possível explicar as chamadas curas milagrosas de uma maneira sensível. Max Heindel, um Iniciado de quinto grau, nos diz que: “Cristo é uma encarnação do princípio da Sabedoria, e em proporção em como o Cristo está sendo formado em nós, obteremos saúde”. Podemos tomar essas palavras como uma chave que conduz ao caminho da regeneração e da saúde. O Cristo, o Princípio Amor-Sabedoria, é a expressão do segundo aspecto de Deus Trino, do qual o ser humano é um átomo diferenciado. Esse aspecto é o princípio da harmonia e do amor, justamente o oposto ao princípio discordante dos Espíritos de Lúcifer. À medida que cultivamos o amor de Cristo dentro de nós, e O manifestamos aos nossos semelhantes, automaticamente eliminamos as tendências ao egoísmo, à paixão, ao ódio, à inveja e a outras vibrações grosseiras que pertencem ao “eu inferior”, libertando os infinitos poderes do Espírito. Desse modo, a saúde vem simultaneamente com a transmutação das qualidades inferiores às mais elevadas; ainda que as mudanças necessárias nos corpos durante o processo de transmutação possam trazer, temporariamente, as moléstias.

Finalmente, um ajuste completo se fará por cada indivíduo que persista no caminho da espiritualidade, vivendo uma vida plena e dedicada ao serviço amoroso e desinteressado a cada irmão e a cada irmã que está a sua volta. Algum dia, a regeneração será obtida por toda a humanidade e prevalecerá a saúde.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Quando devo expor o Símbolo Rosacruz que contém a Rosa Branca visível no Centro

QUANDO EXPOR PUBLICAMENTE O SÍMBOLO ROSACRUZ QUE CONTÉM A ROSA BRANCA VISÍVEL NO CENTRO:

  1. Recomenda-se ao Estudante Rosacruz que somente o exponha publicamente nos momentos em que os Rituais Rosacruzes (do Templo, de Cura, dos Equinócios e Solstícios, de Véspera da Noite Santa) forem realizados e somente durante a leitura do Ritual (abrir depois do Hino Rosacruz de Abertura e fechar antes do Hino Rosacruz de Encerramento)
  2. O Símbolo deverá estar de frente para o Leste e de costas para o “Pôr do SOL”.
  3. Após o Ritual o Símbolo deve ser guardado, em local apropriado, não visível publicamente.
  4. É importante gravar o Símbolo em nossas Mentes para poder projetá-lo nos momentos em que uma situação da vida cotidiana o exigir. (ex: auxílio ao próximo).
  5. Não utilize o Símbolo Rosacruz como um quadro de decoração ou de adoração.
  6. Observemos também para a “Saudação Rosacruz” que projeta em nosso Irmão o Ideal da Rosa Branca. Coloquemos nossa força, nossa devoção, nosso amor e nosso altruísmo ao desejar a ele:

Que as Rosas floresçam em vossa cruz

(*) na figura veja: Símbolo Rosacruz SEM a rosa branca no centro (note que utilizemos como “favcon” nas nossas redes sociais).

(**) Aos Estudantes Rosacruzes e simpatizantes que desejarem aprofundar seus conhecimentos a respeito da simbologia das “rosas vermelhas” indicamos os livros O Mistério das Glândulas Endócrinas, Princípios Ocultos de Saúde e Cura e O Conceito Rosacruz do Cosmos.

(***) UMA DAS SIMBOLOGIAS DO SÍMBOLO ROSACRUZ:

  1. A Rosa Branca e pura é o símbolo do coração do Auxiliar Invisível;
  2. As Rosas Vermelhas representam seu purificado sangue;
  3. A Cruz Branca lembra-nos seu corpo;
  4. A Estrela Dourada simboliza o Dourado Manto Nupcial, seu Corpo-Alma, tecido através de uma vida pura.
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“A Imitação é o ‘Elogio’ Mais Sincero”

Desde que o trabalho da Fraternidade Rosacruz foi iniciado, em 14 de novembro de 1908, os movimentos com nome de “Rosacruz” multiplicaram-se rapidamente. Parece haver uma mania perfeita para anexar a palavra Rosacruz aos seus nomes; mas para garantir a distinção do restante, alguns escrevem com “k “— Rosakruz. Outros usam “ae” em vez do “a” — Rosaecrucianismo. Alguns deles fazem grandes reivindicações. Um até mesmo afirma ter seis milhões de membros, entre os quais estão os chefes coroados da Europa e todas as pessoas ilustres de todas as épocas, incluindo Moisés, Elias, os faraós do Egito e outros grandes demais para serem mencionados.

Tampouco é de admirar que essa deslumbrante fantasmagoria cegue alguns de nossos membros mais fracos, que correm para essas ordens com plena fé de que o chamado Grão-Mestre, Imperator ou qualquer outro nome fantasioso, simplesmente vai mover uma varinha mágica sobre eles e suas asas brotarão, imediatamente os tornando oniscientes como os deuses. Aos poucos eles entenderão melhor: o avanço no Caminho da realização espiritual depende, como já dissemos mil vezes, do crescimento da alma (crescimento anímico); ninguém pode assimilar nosso alimento espiritual para nós, nem crescer por nós, assim como não pode comer nosso café da manhã físico e nos entregar o valor alimentar pelo qual podemos crescer fisicamente mais fortes.

Shakespeare fez a pergunta: o que há em um nome? Pode haver pouco e pode haver muito. Todos nós conhecemos o valor comercial de um bom nome para designar uma marca de produtos; contudo, não importa quão bom seja o nome, a menos que os produtos que ele represente sejam de excelente qualidade, o nome por si só não pode torná-los um sucesso permanente e a mesma coisa é válida para um movimento espiritual — deve ter uma base sólida, uma filosofia robusta.

Os hindus receberam os Vedas; os persas receberam o Zend Avesta; os maometanos, o Alcorão; os Cristãos, a Bíblia. Cada grande Religião teve seu próprio livro-texto particular que é o fundamento da sua fé e esse livro-texto tem três pilares: um relato sobre a nossa origem, uma declaração sobre o futuro reservado para nós e um códigode ética. Mesmo nos tempos modernos descobrimos que os Cientistas Cristãos têm seu livro-texto, Ciência e Saúde, e os Teosofistas têm a Doutrina Secreta.

Antes do início da Fraternidade Rosacruz, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz deram ao escritor os ensinamentos monumentais contidos no Conceito Rosacruz do Cosmos, que supera todas as filosofias anteriores. Esse é agora o livro-texto da Fraternidade Rosacruz e está se espalhando por todo o mundo da maneira mais maravilhosa, pois encontra em todos os lugares, entre as pessoas pensantes, um assentimento incondicional, porque apela ao fórum interno da verdade.

A Filosofia Rosacruz foi oferecida, pela primeira vez, pelos Irmãos Maiores a Max Heindel com a condição de que ele a mantivesse em segredo e só a revelasse a alguns, através do rito e dos mistérios da Iniciação. Mas, sendo ele mesmo, naquela época, uma alma faminta em busca da solução do mistério da vida, recusou a oferta, embora repetidas propostas fossem feitas para que ele se retratasse. Ele pensou que se esse ensinamento fosse bom para ele, seria bom para milhares de outras almas famintas no mundo; finalmente, foi dado a ele na condição inversa, ou seja, que ele fizesse tudo ao seu alcance para promulgar a Filosofia Rosacruz. Ele foi submetido a um teste para ver se a usaria egoisticamente ou se seria firme em seu propósito de dá-la à humanidade; por isso, a Filosofia Rosacruz está sendo difundida publicamente através desse livro-texto para que todo aquele que busca, venha e beba de graça dessa “água da vida”.

Basta pensar o que teria acontecido se os Apóstolos tivessem conspirado, com sucesso, para manter os ensinamentos de Cristo longe do mundo ou se os primeiros Sábios da Índia ou da Pérsia, que receberam os Vedas e o Zend Avesta, respectivamente, tivessem feito isso. Então todo o mundo teria ficado séculos sem o ensino religioso e, certamente, todos sabem que isso teria sido um grande prejuízo para a evolução espiritual de muitos. Tendo isso em mente, basta aplicar os mesmos argumentos de bom senso às alegações dos chamados “Mestres”, que professam iniciar nos mistérios desta ou daquela Ordem qualquer um que tenha recursos financeiros, mas nada oferecem ao público. É fácil pegar um nome e fazer afirmações, mas peça-lhes para produzirem seu livro e compará-lo com a Bíblia ou o Conceito Rosacruz do Cosmos, veja se ele cobre os três pontos essenciais que mencionamos e nenhum outro teste será necessário para mostrar a sua condição de falso Mestre.

A Fraternidade Rosacruz não tem coisa alguma contra essas pessoas, pois, como se diz que a imitação é a forma mais sincera de elogio, supomos que elas reconhecem o mérito e a força do nosso movimento ou não tentariam imitá-lo.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de abril/1916 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Nove Sinfonias de Beethoven – Correlacionadas com as Nove Iniciações Menores – Oitava Sinfonia

Por Corinne Heline

CAPÍTULO VIII – OITAVA SINFONIA – FA MAIOR – OPUS 93

Nunca a arte ofereceu ao mundo algo tão sereno como as Sinfonias em Lá e em Fá Maior e todos aqueles trabalhos tão intimamente relacionados a elas que o mestre produziu durante o período divino de sua surdez. O seu primeiro efeito sobre um ouvinte é colocá-lo livre de um sentimento de culpa, enquanto dá nascimento a um sentimento de paraíso perdido ao retornar ao mundo dos fenômenos. Desse modo, esses maravilhosos trabalhos preconizam arrependimento e reparação no sentido da divina revelação.

Nesta Sinfonia, há pensamentos musicais intensos, há passagens que, por um momento, soam as profundezas e alcançam as alturas… Sem a grandiosidade da Quinta Sinfonia ou o romance da Sétima, ela contém um final perfeito e um rico estoque de bom humor.

Romaine Rolland[1]

A Oitava Sinfonia teve sua primeira apresentação em Viena, em 20 de abril de 1813. Sua nota-chave espiritual é harmonia.

Os antigos declararam que o número oito contém a marca da divindade e isso é o que a Oitava Sinfonia representa. Berlioz[2] declara que o modelo dessa Sinfonia foi formulado no céu e caiu dentro do cérebro do compositor. Um crítico de arte, escrevendo sobre essa Sinfonia, diz que ela é um brinquedo divino na região do pensamento tonal. Mais adiante, ele diz que a Sétima é uma arte épica ao máximo, então a Oitava Sinfonia é arte lírica em sua plenitude. A Oitava tem sido chamada de “um épico de humor”. Suas quatro divisões são permeadas com um sopro de alegria e transbordam em excêntrico humor. Um leve e caprichoso espírito de felicidade se difunde completamente. É deliciosa em sua totalidade. Dizem que Beethoven olhava-a com ternura e se referia a ela como sua “pequenina”. Talvez fosse por causa de seu espírito despreocupado e, também, porque é a menor das nove.

As duas primeiras partes estão cheias de alegria e suas harmonias extasiantes continuam a tecer e a entretecer através de toda a terceira parte. Ao invés do usual Scherzo, esse terceiro movimento é um lindo e majestoso minueto. Embora delicadamente caprichoso, ele, ao mesmo tempo, toca uma nota mais grave. Foi comparado por alguns escritores a uma exultante risada. E é verdade. Ele soa uma gargalhada triunfante de uma alma emancipada que encontrou sua própria herança divina de imortalidade consciente e a divina bem-aventurança da liberdade cósmica. Como Pitts Sanborn diz “não é o riso de regozijo infantil ou de frivolidade desesperante e imprudente”. Pelo contrário, é o “vasto e interminável riso de que Shelley[3] fala em Prometheus Unbound[4]. É o riso de um homem que amou e sofreu e, escalando as alturas, alcançou o cume. Só uma ou outra nota de rebeldia se intromete momentaneamente; e, às vezes, em repouso lírico… uma intimidação da Divindade mais do que o ouvido descobre”.

O Finale sobe a alturas ilimitadas em ritmo e fantasia. Irregularidades repentinas e ritmos interrompidos servem para criar uma atmosfera de mistificação deliberada. É fantasia altamente carregada designada para levar o ouvinte além dos estreitos confins da mente concreta.

A Oitava Sinfonia é, no entanto, uma outra composição que o grande gênio criativo de Beethoven deu ao ser humano para ajudá-lo em seus objetivos espirituais, que era seu verdadeiro destino perseguir e cumprir.

George Grove[5], em seu trabalho “Beethoven´s Nine Immortals” descreve o poder de Beethoven de abstrair-se do mundo externo e viver num mundo de sonho dele próprio. Seu ideal, como o de todos os grandes heróis, teve pouco interesse no mundo e nas poucas pessoas em volta dele. Ele foi um pico de uma montanha solitária e elevada que olhava para os vales. Seus olhos testemunhavam um solitário homem espiritualmente faminto. Seu idealismo sobrepassava seu julgamento. Era difícil para ele aceitar coisas realmente diferentes das que ele idealizava. Nos seus últimos anos ele mergulhou em profunda ternura e doce melancolia, resultando no que ele denominou sua “tendência feminina”.

Beethoven foi um instrumento usado pelo Espírito da Música para se realizar mais do que um homem que meramente compôs música. Em sua música, sempre criando mundos, seu grande gênio foi mostrado em seus movimentos rápidos, pois eles refletem os ritmos das órbitas celestes que se movem com mais velocidade que a luz.

Gustav Nottebohn[6], em seus Esboços de Eroica, observa que Beethoven alcançou um tipo de melodia que alguns chamaram de absoluta e, compondo seus últimos trabalhos, ele ficava verdadeiramente “possuído”. Sua Mente Superior assumiu a direção. Então, não trabalhou do pormenor para o todo, mas começou do todo para o pormenor. Sob um estado subconsciente, uma composição era como um todo antes que ele começasse a pensar nos detalhes. Um poeta expressou essa mesma verdade nas palavras: “Você não teria me procurado a menos que já tivesse me encontrado”.

Referimo-nos repetidamente às Nove Sinfonias como música cósmica. Quando Beethoven as escreveu, elas eram obviamente para demonstrar musicalmente as verdades fundamentais da polaridade. As Sinfonias ímpares possuem a grandiosidade, a rapidez, a ousadia, a coragem, a inovação e todas as qualidades masculinas dominantes. As de números pares são doces, ternas, dóceis, calmas, características do feminino.

A Quinta em Dó Menor teria seguido a Terceira, ou a Eroica. Beethoven colocou em prática esboços como elas originalmente chegaram a ele, de acordo com seus biógrafos. Algo em sua natureza antecipou isso até que a mais gentil Sinfonia em Si Maior, a Quarta, inseriu-se num modelo divino que a colocou imediatamente depois da poderosa Terceira. Então, seguindo a Épica Quinta, segue-se a Sexta ou Sinfonia Pastoral como um companheiro contemplativo.

Outra vez, após um espaço de quatro anos, Beethoven produziu outro par de afinidades complementares: a Sétima, de força masculina, e a Oitava, de atributos femininos, as duas produzidas em 1862 em sequência.

Finalmente, quase dez anos mais tarde, apareceu a magnífica mistura de opostos, que tinham se alternado nas precedentes oito Sinfonias e culminou na grandiosidade da Nona.

Oitava Iniciação

A oitava Iniciação está relacionada com a oitava camada da Terra conhecida como Estrato Atômico. O poder dessa Iniciação é tal que um objeto situado nesse Estrato, quando usado como um núcleo, pode ser multiplicado à vontade. Era o poder dessa oitava Iniciação que o Senhor estava demonstrando aos Discípulos quando multiplicou os cinco pães e os dois peixes e alimentou cinco mil – com doze cestas cheias de sobra[7].

Muito pode ser dito sobre essa Iniciação, excetuando que o participante tem que ter conquistado domínio sobre si mesmo e sobre o Mundo material. Uma harmonia básica é um requisito para a entrada nesse elevado Rito. As essências da experiência adquiridas através das Iniciações que precederam são aqui transformadas em poder anímico de tal força que uma tão esperada harmonia se torna a nota-chave da vida. O ser nunca mais explodirá numa experiência emocional, nem será indevidamente sacudido por eventos dolorosos ou agradáveis. Ele achou agora para sempre aquela profunda e intensa calma e paz à qual São Paulo se referiu quando disse que de fato nenhuma das coisas do mundo exterior o comoviam.

A esfera celestial chamada no ocultismo de Mundo dos Espíritos Virginais está refletida no oitavo Estrato da Terra. É nesse nível de vida que Deus diferencia dentro d´Ele as entidades que constituem uma Onda de Vida evolutiva. É desse plano que esses seres divinos em embrião entram em sua jornada evolutiva eterna através do tempo, espaço e matéria. Nesse estágio, os Espíritos Virginais possuem só consciência divina. O fim a ser atingido através de sua Involução dentro da matéria é a autoconsciência, quando o processo evolutivo o leva de volta à consciência Divina.

Na oitava Iniciação, o Iniciado é levado para muito além do mundo humano. As palavras são inadequadas para descreverem as maravilhas e as glórias daquele Mundo espiritual no qual ele é permitido entrar. A sublime música da Oitava Sinfonia transcreve algumas das maravilhas daquele Mundo.

Toda alma iluminada canta sua própria canção de realização. Essa canção é, às vezes, uma expressão de aspiração, busca, agonia, desilusão e mesmo de completa escuridão. Então, como a agonia continua, segue-se uma nova, fresca e sempre profunda dedicação, que culmina eventualmente numa vitória de completa conquista de si próprio. Essa foi a canção de alma que Moisés cantou na vitória do Mar Vermelho, uma vitória que se referiu não tanto a uma ocorrência física, mas a uma transmutação perfeita em seu interior. Outras canções de alma de tal alcance são os imortais Salmos de Davi e a melhor de todas as canções de amor, o 13º capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios[8]. Também a Canção do Cisne de Lohengrin naquele magnífico drama musical que leva o seu nome.

É essa mesma Canção de Realização que é ouvida na Oitava Sinfonia de Beethoven composta não em palavras, mas na linguagem tonal trazida inspiradamente do mundo celeste do som. O Finale dessa Sinfonia ressoa toda a profunda alegria do Ser Emancipado. É a Canção de Alma daquele que aprendeu, por sua divindade inata, a reivindicar sua herança que é a Liberdade Cósmica. Essa é a nota-chave da oitava Iniciação e o elevado tema musical da Oitava Sinfonia.

O elevado trabalho dessa oitava Iniciação está exemplificado na música dessa Sinfonia que é tão suave, linda e cheia de tal corrente de força que parece cantar a habilidade de acalmar a violenta tempestade ou de remover montanhas de seus lugares. A música da Oitava Sinfonia é a expressão do Feminino altamente aperfeiçoado, aquele poder espiritual que o alquimista descreveu como o Feminino em Exaltação.


[1] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.

[2] N.T.: Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor romântico francês.

[3] N.T.: Percy Bysshe Shelley (1792-1822) foi um dos mais importantes poetas românticos ingleses.

[4] N.T.: Prometheus Unbound é um drama lírico em quatro atos de Percy Bysshe Shelley, publicado pela primeira vez em 1820. Trata-se dos tormentos da figura mitológica grega Prometeu, que desafia os deuses e dá fogo à humanidade, pelo qual é submetido ao castigo eterno e sofrimento nas mãos de Zeus.

[5] N.T.: Sir George Grove CB (1820-1900) foi um engenheiro e escritor inglês sobre música, conhecido como o editor fundador do Grove’s Dictionary of Music and Musicians.

[6] N.T.: Martin Gustav Nottebohm (1817-1882) foi um pianista, professor, editor musical e compositor que passou a maior parte de sua carreira em Viena. Ele é particularmente celebrado por seus estudos de Beethoven.

[7] N.T.: “Cristo Jesus, ouvindo isso, partiu dali, de barco, para um lugar deserto, afastado. Assim que as multidões o souberam, vieram das cidades, seguindo-o a pé. Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas, Cristo Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. Disse Cristo Jesus: “Trazei-os aqui”. E, tendo mandado que as multidões se acomodassem na grama, tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu e abençoou. Em seguida, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços que sobraram. Ora, os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.” (Mt 14:13-21).

[8] N.T.: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade.” (ICor 13:1-13).

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Aqui a Oitava Sinfonia em MP3:

Symphony #8 In F, Op. 93 – 1. Allegro Vivace e Con Brio
Symphony #8 In F, Op. 93 – 2. Allegretto Scherzando
Symphony #8 In F, Op. 93 – 3. Tempo Di Menuetto
Symphony #8 In F, Op. 93 – 4. Allegro Vivace
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