Resposta: Sim, as festas anuais têm a mais profunda significância oculta. Do ponto de vista material, os Astros não passam de massas de matéria circulando em suas órbitas em obediência às chamadas “leis cegas”, mas para os ocultistas eles aparecem como Grandes Espíritos, movendo-se no espaço como nos movemos no mundo.
Quando uma pessoa é vista gesticulando, atribuímos certo significado aos seus gestos. Se ela balança a cabeça, sabemos que está negando uma determinada proposição, mas se ela acena a cabeça, inferimos que ela concorda. Se ela acena, com as palmas das mãos voltadas para ela, sabemos que está sinalizando para alguém vir até ela, mas se ela virar as palmas para fora, entendemos que está alertando alguém para se afastar. No caso do universo, geralmente não pensamos que haja qualquer significado para a posição alterada dos Astros, mas para o ocultista há o significado mais profundo em todos os fenômenos variados do céu. Eles correspondem aos gestos da pessoa nesse exemplo.
Krisma, palavra do grego antigo, significa ungido, e qualquer pessoa que tivesse uma missão especial a cumprir era ungida nos tempos antigos. Quando, nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, o Sol está mais próximo da Terra – atingindo o Trópico de Capricórnio – os impulsos espirituais são os maiores em todo o Planeta. Porém, para nosso bem-estar material é necessário que o Sol se afaste mais da Terra e, assim falamos da época em que o Sol começa se afastar mais da Terra a partir do dia 25 de dezembro, o aniversário do Salvador, ungido para nos salvar da fome e do frio que adviriam se o Sol permanecesse sempre no ponto mais perto da Terra.
À medida que o Sol segue em direção ao Equador, passando pelo Signo de Aquário, o “Homem com um cântaro vertendo água”, a Terra é inundada de chuva, simbolizando o batismo do Salvador. Em seguida, vem a passagem do Sol pelo Signo de Peixes, os peixes, no mês de março. No passado, as reservas do ano passado foram todas consumidas e a comida do ser humano era escassa, por isso temos o longo jejum da Quaresma, em que o “comer peixe” simbolizava essa característica da jornada solar. Em seguida, vem a Páscoa, quando o Sol passou pelo Equador. Essa é a época da Páscoa, quando o Sol está em seu nó oriental, e essa travessia do Equador é simbolizada pela crucificação ou crucifixão, assim chamada, do Salvador; o Sol então passa pelo Signo de Áries, o Carneiro, e se torna o Cordeiro de Deus, que é dado para a salvação do mundo quando as plantas começam a brotar. No entanto, para que o sacrifício possa ser benéfico ao ser humano, Ele (o Sol) deve ascender aos céus onde Seus raios terão o poder de amadurecer a uva e o milho, e assim temos a festa da Ascensão do Salvador ao Trono do Pai, que ocorre no Solstício de Junho – quando o Sol atinge o Trópico de Câncer. Lá o Sol permanece por três dias, quando se diz “De lá ele retornará”, entra em vigor quando o Sol começa sua passagem em direção ao nó ocidental. No momento em que entra no Signo de Virgem, a Virgem, temos a Festa da Assunção e, depois, quando sai do Signo de Virgem, o nascimento da Virgem que parece, por assim dizer, nascer do Sol.
A festa judaica dos Tabernáculos ocorria na época em que o Sol cruzava o Equador em sua passagem para os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, e essa festa era acompanhada pela “pesagem do milho e a colheita do vinho”, que eram as dádivas do Deus Solar aos seus devotos humanos.
Assim, todas as festas do ano estão ligadas aos movimentos das estrelas no espaço.
(Pergunta nº 89 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
SIGNO: Capricórnio, “cabra aquática”
QUALIDADE: Cardinal; ou vigorosa consciência dirigida ativa e dinamicamente para o interesse em objetivos específicos. Mas, a realimentação constante é necessária para manter a energia fluindo.
ELEMENTO: Terra; ou Corpo.
NATUREZA ESSENCIAL: Posição
ANALOGIA FÍSICA: rochas, pedras, cristais.
ASTRO REGENTE: Saturno
CASA CORRESPONDENTE: a 10ª Casa
ANATOMIA ESOTÉRICA: representa o Corpo Denso.
ANATOMIA EXOTÉRICA: específica: joelhos, vesícula biliar e medula das glândulas suprarrenais. Geral: pele; ossos, esqueleto, tecido conectivo, tecido epitelial, cabelo, dentes, baço, minerais carregados no sangue e todos os minerais depositados no corpo, ligamentos, tendões, cartilagens, juntas e articulações.
FISIOLOGIA: Saturno governa todos os processos no corpo que tem a haver com a cristalização, endurecimento, decaimento e decomposição. Rege os processos de catabolismo, formação da bile e formação da ureia. Fornece os minerais necessários para a formação dos ossos e do esqueleto e também fornece a estrutura do corpo. Saturno tem influência considerável no sistema nervoso parassimpático, especialmente no nervo vago (pneumogástrico).
TABERNÁCULO NO DESERTO: simboliza a Arca da Aliança, contendo o Pote de Ouro do Maná, a Vara de Aarão e as Tábuas da Lei. Isso, por sua vez, é o símbolo de um Corpo Denso perfeito.
MITOLOGIA GREGA: Saturno é, inicialmente, simbolizado por Chronus e Caos. Caos foi o primeiro deus, sendo criado antes de todos os outros deuses. Isso é o símbolo do Período de Saturno, a primeira manifestação de vida em substância após sua emersão da precedente Noite Cósmica. Chronus é o “Pai Tempo”, uma manifestação primária no Mundo Físico. A estória de Chronus comendo suas crianças é um símbolo de como uma atitude materialista pode sufocar as inclinações espirituais. Entretanto, o triunfo de Zeus sobre Chronus mostra o triunfo do espírito sobre a matéria.
CRISTIANIDADE CÓSMICA: Cristo nasce novamente na véspera de Natal, quando o Sol está em Capricórnio. A passagem do Sol através de Capricórnio marca um tempo de provas. Enquanto o ano novo começa nós somos testados para ver se nós aplicaremos os princípios espirituais, dados no tempo do Natal, no nosso dia a dia. Ao mesmo tempo, nós devemos nos esforçar para sobrepujar as tentações do mundo material, transformando o mal em bem. Nós devemos aprender a “tentar todas as coisas e reter somente o que é bom”.
(traduzido da Revista: Rays from the Rose Cross – janeiro/1976 e janeiro/1978 – Traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
FRATERNIDADE ROSACRUZ
Ritual do Serviço do Solstício de Dezembro
1. O Oficiante convida os presentes a cantarem, de pé, o Hino Rosacruz de Abertura
2. O Oficiante ilumina e descobre o Símbolo Rosacruz e apaga as luzes, exceto a que o ilumina o Símbolo e a que auxilia na leitura
3. Em seguida, fixa o olhar no Símbolo Rosacruz e fala a saudação Rosacruz:
“Queridos irmãos e irmãs:
Que as rosas floresçam em vossa cruz”
4. Todos respondem: “E na vossa também.”
5. Todos se sentam, menos o Oficiante.
6. Em seguida, o Oficiante começa a leitura do texto do Ritual:
Estamos agora no Solstício de Dezembro, tempo em que a luz do Sol definha para o hemisfério norte, onde o frio e a tristeza são intensos nessa ocasião. Mas, na noite mais longa e mais escura para aquele hemisfério, o Sol retoma o seu caminho de ascensão para o norte; a Luz de Cristo de novo nasce na Terra e todo o mundo rejubila. A onda de vida e luz espiritual que será a base do crescimento e do progresso do próximo ano, atinge o máximo de sua altura e poder. A Terra está agora mais próxima do Sol e seus raios espirituais incidem em ângulo reto sobre a superfície da Terra no hemisfério norte, promovendo a espiritualidade, enquanto as atividades físicas são mantidas em expectativa, devido ao fato de os raios solares incidirem em ângulo oblíquo sobre a superfície da Terra.
É da maior importância para o Estudante esotérico conhecer e compreender as condições particularmente favoráveis que prevalecem por ocasião do Natal, mais do que em qualquer outra ocasião, de modo a poder dirigir todas as suas energias na direção espiritual, de forma a poder percorrer, com menor esforço, uma distância muito maior nessa direção.
O apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse que “Deus é Luz”. Por isso a palavra Luz tem sido utilizada nos Ensinamentos Rosacruzes para ilustrar a natureza divina, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. É ensinado claramente nas Sagradas Escrituras de todos os tempos, que Deus é Um e Indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que assim como a luz branca Una é refratada nas três cores primárias: vermelho, amarelo e azul, assim também Deus se apresenta em tríplice aspecto durante Sua manifestação, pelo exercício das três funções divinas: de Criação, Preservação e de Dissolução.
Quando Deus exerce o atributo de criação aparece como Jeová, o Espírito Santo; Ele é, então, o Senhor da Lei e da Geração e projeta a fertilidade solar diretamente através dos satélites lunares de todos os Planetas onde se torna necessário fornecer corpos para os seres evoluintes.
Quando Deus exerce o atributo de preservação com o propósito de conservar os corpos gerados por Jeová sob as Leis da Natureza, Ele aparece como o Redentor, o Cristo, e irradia os princípios do Amor e da Regeneração diretamente em qualquer Planeta onde as criaturas de Jeová requeiram este auxílio para se libertarem das malhas da mortalidade e do egoísmo, a fim de alcançar o altruísmo e a vida eterna.
Quando Deus exerce o atributo divino da dissolução, aparece como o Pai que nos chama de volta ao nosso lar celeste para assimilarmos os frutos da experiência e do crescimento anímico, por nós armazenado, durante o Dia da manifestação. Este solvente universal, o raio do Pai, emana então do Sol espiritual invisível.
Estes processos divinos de criação e nascimento, de preservação e de vida, de dissolução, morte e retorno ao Autor do nosso ser, vemos por toda a parte à nossa volta e reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Triuno em manifestação.
Será que já imaginamos um mundo espiritual onde não existem acontecimentos definidos, onde não há condições estáticas, onde o princípio e o fim de todas as aventuras, de todos os tempos, estão presentes no eterno “Aqui” e “Agora”?
Do seio do Pai há uma permanente saída das sementes das coisas e acontecimentos que entram no reino do “tempo” e do “espaço”. Aí, elas se cristalizam, gradualmente, e se tornam inertes, sendo necessária à sua dissolução para que possam dar lugar a outras coisas e a outros acontecimentos.
Não podemos fugir dessa Lei Cósmica; ela se aplica no reino do “tempo” e do “espaço”, inclusive ao próprio raio de Cristo. Da mesma maneira que os rios, cujas águas são lançadas no oceano, se enchem novamente quando as águas do mar são evaporadas e a eles retornam como chuva, para de novo correrem para o mar, num incessante fluxo e refluxo, assim também o espírito de amor está eternamente nascendo do Pai, dia a dia, hora a hora, fluindo interminavelmente no universo solar para nos remir do mundo da matéria que nos prende nas suas garras de morte. Onda após onda é assim impelida do Sol para todos os Planetas, dirigindo ritmicamente as criaturas que neles evoluem.
Dessa maneira é, no sentido mais real e mais literal, um Cristo recém-nascido que nós saudamos em cada festa de Natal que se aproxima, e o Natal é o acontecimento anual mais vital para toda a humanidade, saibamo-lo ou não. Não é apenas a comemoração da data natalícia do nosso amado Irmão Maior Jesus, mas o advento do rejuvenescedor amor-vida do nosso Pai Celestial, por Ele enviado para livrar o mundo das garras mortais do inverno. Sem esta nova infusão de vida e de energia divina, cedo pereceríamos fisicamente, e todo o nosso progresso regular teria sido inútil, pelo menos no que se refere às nossas atuais linhas de desenvolvimento.
Infinita fonte de amor divino, o nosso Pai Celestial ama-nos, assim como um pai ama seu filho, pois, Ele conhece a nossa debilidade física e espiritual; Ele reconhece a nossa dependência. Por isso, estamos agora esperando confiantemente o nascimento místico do Cristo de outro ano, carregado com nova vida e amor, enviados pelo Pai para nos socorrer da fome física e espiritual que seria inevitável, não fora essa dádiva de amor anual.
Com tempo, todo o mundo compreenderá que “Deus é Espírito” e que em Espírito e em Verdade deverá ser adorado. Nada podemos fazer para que possamos retratá-lo, pois Ele não é semelhante a nenhuma coisa existente nem no céu nem na Terra.
Podemos ver os veículos físicos de Jeová circulando como satélites em torno de vários Planetas; podemos ver o Sol, que é o veículo visível do Cristo; mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai, e a origem de tudo, aparece aos maiores videntes humanos apenas como uma oitava superior da fotosfera do Sol, como um anel de luz azul-violeta, por trás do Sol.
Porém não necessitamos vê-Lo; sentimos o Seu Amor, e este sentimento nunca é tão intenso como por ocasião do Natal, quando Ele nos dá o maior de todos os presentes: o Cristo do Ano Novo.
Toda e qualquer partícula de energia física provém do Sol visível; e é do invisível Sol espiritual que obtemos toda a nossa energia espiritual. No momento presente não podemos olhar diretamente para o Sol, se assim fizéssemos ficaríamos cegos. Podemos, porém, olhar para a luz solar refletida que vem da Lua. Assim também o ser humano não pode resistir ao impulso espiritual direto vindo do Sol e por isso esse impulso tem de ser enviado por meio da Lua, pelas mãos e por intermédio de Jeová, o regente da Lua, como Religião de Raça. Somente pela Iniciação é possível chegar ao contato direto com o impulso espiritual do Sol. Um véu pendia diante do Templo.
Dessa forma, na Noite Santa a que chamamos Noite de Natal, era costume entre os “homens sábios” (os Magos) – aqueles que estavam muito na vanguarda da humanidade comum – chamar aqueles que também se preparavam para se tornar sábios e conduzi-los à Iniciação, no interior dos Templos. Levavam-se a efeito certas cerimônias e os candidatos entravam em transe. Nesse tempo não seria possível a Iniciação em estado de vigília; tinha que ser cumprida em estado de transe.
Quando a percepção espiritual despertava nos candidatos, estes podiam ver através da Terra; não viam nenhum detalhe, mas a Terra se tornava transparente e eles viam o Sol do outro lado da Terra, viam o que se chamava a “A Estrela da Meia-Noite”.
Posteriormente foi possível ao ser humano receber o impulso espiritual mais diretamente, e quando chegou a ocasião em que o Espírito de Cristo pôde ser admitido na Terra – através da nossa evolução, um Raio do Cristo Cósmico veio até nós e se encarnou no corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Foi assim que veio o Espírito de Cristo, o ponto de partida do impulso espiritual direto.
Exotericamente o Sol tem sido considerado desde tempos imemoráveis como o doador de vida, porque a multidão era incapaz de ver a grande verdade espiritual existente por trás desse símbolo material. No entanto, para além daqueles que adoravam o corpo celeste que viam com os olhos físicos, havia também, e ainda hoje há, uma pequena, porém crescente minoria, um sacerdócio consagrado mais pelas ações retas do que pelo ritual, que via e vê as verdades espirituais, essas verdades sob a forma de cerimonial, cerimonial esse que mudava de acordo com o tempo e com o povo a que era destinado. Para esses, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Sol Místico da Meia-Noite que penetra nosso Planeta no Solstício de Dezembro e logo começa a irradiar, do centro do nosso globo, a Vida, a Luz e o Amor, os três atributos divinos. Estes raios de força e de esplendor espiritual enchem nosso globo com luz celestial que envolve todas as criaturas sobre a Terra, da menor à maior, indistintamente.
Nesta Noite Santa da qual acabamos de falar, quando o Cristo nasce, como um Sol, para iluminar a nossa escuridão, a influência espiritual é mais forte e pode ser atingida com muito maior facilidade. Esta é a grande verdade encoberta pela Estrela da Noite Santa, que iluminava a noite mais escura e comprida do ano – para o hemisfério norte (Esta noite mais escura e mais longa simboliza também o desesperado estado de alma daquele que procura a Iniciação).
Quando o Cristo aqui chegou, alterou as vibrações da Terra e desde então continua a alterá-las constantemente. Cristo rasgou o “Véu do Templo”. Ele tornou o Santo dos Santos – o lugar da Iniciação – acessível a “todo aquele que quiser”.
Desde então não houve mais necessidade de transe; não é mais necessário provocar estados subjetivos com o propósito de conseguir a Iniciação. Todo aquele que quiser penetrar no Templo para se iniciar, fá-lo-á em estado consciente.
Na Ordem Rosacruz, os nove Mistérios Menores, ou Iniciações Menores, se referem somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre; o quinto grau desses Mistérios conduz o candidato ao final do Período Terrestre quando a humanidade gloriosa estará assimilando os frutos desse Período, retirando-os dos sete Globos nos quais evoluímos durante cada dia de manifestação, para transportá-los ao primeiro dos cinco globos obscuros que constituem nossa vivenda durante a Noite Cósmica. Depois de ter visto o fim, no quinto grau, o candidato é informado sobre os meios pelos quais este final será atingido no decorrer das três Revoluções e meia que faltam para se completar o Período Terrestre; os quatro graus restantes são dedicados à iluminação do candidato a esse respeito. O nono ou último desses graus é atingido nos Solstícios de Junho e de Dezembro, tendo o candidato, por essa ocasião, obtido acesso a todas as camadas ou estratos da Terra.
Este é o grande destino que está reservado a cada um de nós. Disse o Cristo aos Seus discípulos: “Aquele que crer em Mim, fará as coisas que eu faço… e ainda maiores”. É um fato sublime sermos nós Cristos em formação; quanto mais cedo nos convencermos que devemos dar nascimento ao Cristo Interno antes de podermos ver o Cristo exterior, mais depressa chegará o dia da nossa iluminação espiritual. Cada um de nós será, oportunamente, conduzido pela Estrela até ao Cristo, mas é necessário acentuar que não seremos conduzidos a um Cristo exterior, mas ao Cristo que está no Interior.
“Embora Cristo possa nascer mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada”.
Entremos, agora, em silêncio e, por alguns instantes, concentremo-nos sobre o Amor Divino e o Serviço.
7. O período de concentração deve se prolongar por uns 5 minutos
8. Terminada a concentração, o Oficiante cobre o Símbolo Rosacruz e acende as luzes
9. O Oficiante convida todos a se levantarem e a cantarem o Hino Rosacruz de Encerramento
10. O Oficiante profere a seguinte exortação de despedida:
“E agora, queridos irmãos e irmãs, que vamos partir de volta ao mundo material levemos a firme resolução de expressar, em nossas vidas diárias, os elevados ideais de espiritualidade que aqui recebemos, para que dia a dia nos tornemos melhores homens e mulheres, e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, a Serviço da Humanidade”.
“QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ”
11. Apaga-se a luz do Templo
(todos devem se retirar do Templo em silêncio)
O Natal é a época Santa do ano, ocasião em que o Raio Crístico retorna esplendoroso ao nosso Planeta. Sem a aura rejuvenescedora, curativa e fortalecedora do Cristo penetrando anualmente em nosso globo, grande parte de nós estaria inexoravelmente perdida. Esse grande presente natalino que recebemos é a mais profunda manifestação do amor nascido eternamente do Pai.
Max Heindel descreve de forma divinamente inspirada a natureza do Amor Cósmico, com estas palavras: “O amor nasce eternamente do Pai, dia após dia, hora após hora, fluindo ininterruptamente pelo universo solar, para redimir-nos do mundo material que nos atrasa com suas garras mortais”. Este tema é, particularmente, oportuno para meditarmos durante esta época.
Por outro lado, causa-nos compaixão a ideia de que a maioria das pessoas faz do Natal, tornando-o um evento mais social do que místico. É verdade que o relacionamento entre nós se torna mais ameno, que há uma tendência geral a confraternização.
Falta, porém, uma vivência mais mística: as pessoas acabam por dar maior importância para presentes materiais, ceias e coisas do gênero.
Falta um aprofundamento no significado desta festividade religiosa que foi revestida por nós com um caráter mundano.
Falta, enfim, o verdadeiro espírito do Natal.
Nós, Estudantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, Estudantes Rosacruzes, não podemos transgredir nossos princípios.
Devemos vivenciar os conhecimentos que recebemos. Se as circunstâncias nos obrigam ao cumprimento dos nossos deveres sociais, participando da ceia natalina em companhia dos nossos familiares, façamos dignamente. Abstenhamo-nos de carne (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios e afins), bebidas alcoólicas e quaisquer outros excessos. Guardemo-nos contra pusilanimidade de violentar nossos princípios apenas para não desagradar alguém. Sejamos firmes e coerentes em nossas convicções e estaremos contribuindo, com esse exemplo, para o estabelecimento do Reino de Deus aqui na Terra.
Se a tradição nos aconselha a dar presentes materiais, façamo-lo consoante a nossas posses e com dignidade. Nada de presentes luxuosos ou fúteis. Por que não dar algo edificante? Dar presentes úteis e que reconhecidamente podem preencher uma necessidade justa de um amigo, de uma amiga ou de um parente é uma postura sensata.
Porém, o Natal verdadeiro constitui-se de presentes espirituais. São aquelas dádivas que revelam a presença do Cristo em nossas vidas. E a maior dessas dádivas é o amor.
O amor deve fluir espontaneamente do nosso coração ao coração das pessoas. Deus é Amor. Somos parte de Deus e o amor que d’Ele se irradia em ilimitada medida também existe dentro de nós, aguardando apenas oportunidade de liberar.
Que este Natal nos seja mais intenso em amorosidade.
(Editorial da Revista Rosacruz – novembro-dezembro/1988 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Dezembro de 1912
Sinos de Natal! Quem já não sentiu a magia deles nos dias da sua infância, antes que a dúvida se insinuasse em seu coração e abalasse os ideais inculcados pela igreja? O mesmo sino repicava na Igreja aos domingos e chamava para a oração em todos os dias da semana, mas havia no dia de Natal um timbre diferente, algo excepcionalmente festivo, algo que nós, agora, atribuímos à imaginação relacionada às crianças ou à infância. Nós sentimos falta disso, por mais que possamos nos congratular com a emancipação daquilo que temos o prazer de denominar “as cerimônias ou performance ridículas, hipócritas ou pretensiosas da igreja”. Wordsworth[1], na sua “Ode à imortalidade”, expressou o intenso arrependimento pela perda dos ideais relacionados com a infância ou com a criança, e nada que o mundo tenha a dar pode ocupar o lugar deles e, embora possamos ser abençoados com os recursos materiais, somos realmente pobres quando o “glamour” da juventude se desvanece e as concepções intelectuais sufocam as chamadas “superstições”.
São Paulo nos exortou a estarmos sempre preparados para dar uma razão à nossa fé, e há uma razão mística para as muitas práticas da igreja, as quais são transmitidas às gerações, desde a mais remota antiguidade. O soar do sino quando a vela acende sobre o altar foi inaugurado por videntes espiritualmente iluminados para ensinar a unidade cósmica da luz e do som. O badalo metálico do sino traz a mensagem mística de Cristo à humanidade, tão claramente hoje como da primeira vez que Ele anunciou o amoroso convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso”[2]. Assim, o sino é um símbolo de Cristo. “A Palavra”, quando nos chama do trabalho para a adoração ante o altar iluminado, quando Ele nos encontra como “A Luz do Mundo”.
Também, o sentimento particularmente festivo despertado pelos sinos de Natal é produzido por causas cósmicas ativas nessa época do ano, e a estação atual é verdadeiramente santa, como agora veremos. Os que estudam a “ciência das estrelas” compreendem os Signos do Zodíaco como um conjunto sonoro cósmico, cada Signo vibrando com um atributo particular; e como as órbitas em marcha viajam em procissão caleidoscópica, de Signo em Signo, numa combinação sempre variável, os acordes da harmonia cósmica, conhecidos pelos místicos como a “música das esferas”, emitem um eterno hino de oração e glorificação ao Criador. Essa não é uma ideia fantasiosa, mas um fato real, perceptível ao vidente e capaz de ser demonstradas aos pensadores pelos seus efeitos. E a harmonia das esferas não é um som de um tom único; varia dia a dia e mês a mês, conforme o Sol e os Planetas cruzam Signo após Signo em suas órbitas. Há, também, épocas de variações anuais devido à Precessão dos Equinócios. Então, há uma infinita variedade na “música das esferas”, como de fato deve ser, pois esta constante mudança de vibrações espirituais é a base da evolução física e espiritual. Se cessasse por um só instante, o Cosmos se converteria em Caos.
Como demonstração, observemos a Natureza e a qualidade da vida de amor que derrama por meio do Cristo-estelar, o Sol, quando ele transita pelo beligerante Signo de Áries, o Carneiro, durante desde a metade do mês de março até metade do mês de abril. O amor sexual é a nota-chave da natureza; todas as energias são aplicadas na geração; então, predominam as inclinações passionais. Compare isso como o efeito do Sol em dezembro, quando se acha focalizado através do benevolente Sagitário, regido pelo Planeta Júpiter. Seus raios, então, conduzem à religião e à filantropia; o ar é vibrante com a generosidade, e a vida de amor do Cristo-estelar encontra a sua mais alta expressão nesse Signo que tem a mesma natureza. Externamente reina uma atmosfera de espera ansiosa que beira a angústia, pois o símbolo visível da “Luz do Mundo” se obscureceu, mas na noite mais escura do ano, o conjunto dos sinos de Natal evocam uma pronta resposta aos sentimentos do Natal, que torna o mundo inteiro semelhante, filhos do nosso Pai que está nos Céus.
Que a música mística dos sinos do Natal desperte o mais terno acorde em seu coração, e que a tônica do regozijo seja predominante em seu ser durante o próximo ano – esse é o desejo natalino dos trabalhadores de Mount Ecclesia.
(Carta nº 25 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: William Wordsworth (1770-1850) foi o maior poeta romântico inglês.
[2] N.T.: Mt 11-28
Enquanto o Sol passa por Sagitário a dourada força de Cristo penetra mais profundamente na Terra, e os planos internos se tornam mais intensamente iluminados com Sua luz gloriosa. Para o espaço exterior esse Planeta pareceria como ouro líquido.
Se o Discípulo da Trilha da Santidade aprendeu a trabalhar bem com as forças da transmutação, sob a influência de Escorpião, se sentirá atraído para esse grande e glorioso resplendor.
Se o Discípulo é persistente e confia em seus esforços, todo ano, durante essa época, será consciente do aumento da força e luminosidade das sete luzes (centros) no interior de seu próprio corpo-templo. Quando esses sete centros alcançam todo o clímax de sua glória, o Discípulo é considerado digno de seguir a Trilha da Santidade até o coração da Terra, e de permanecer ali na presença da Luz do Mundo. Receberá, então, a benção de Cristo, e ouvirá entonar o mantra utilizado em todos os Templos de Iniciação, antigos ou modernos: “Bem-feito, bom e fiel servo…entra na glória de teu Senhor”.
Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. É chegado o tempo de encerramento do ano-flor, e a cada mês de pétala foi transformado em fragrantes feixes de memória. Os Tecedores da Terra das Flores se reúnem em um conselho para decidir qual flor será considerada sagrada no Natal. Que flor é justa o suficiente para representar o mês do Nascimento Cósmico? Mais detalhes? Leia aqui: Um Calendário das Flores
O Ritual do Serviço de Véspera de Natal – Noite Santa é oficiado na véspera do Natal, dia 24 de Dezembro nos Centros da Fraternidade Rosacruz espalhados pelo mundo.
O irmão ou a irmã que não possa ir a um Centro Rosacruz poderá oficiá-lo em seu lar com familiares e amigos, preferencialmente, no horário indicado e sempre no mesmo local.
Perceba que o Ritual é dividido em três partes bem distintas:
1ª – Preparação – composto por músicas e textos que visam preparar o ambiente, separando o ambiente externo (de onde vem o Estudante) do interno (para o interior do Estudante).
2ª – Concentração – é o clímax do Ritual, onde o Estudante se dedica a se concentrar com toda a sua dedicação, foco, disposição e vontade no Serviço amoroso e desinteressado voltado exclusivamente para a divina essência do irmão e da irmã “que sofre, que chora, que ri” utilizando todos os meios disponíveis: pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações.
3ª – Saída – composto por uma admoestação de saída e música que visam preparar o Estudante para internalizar tudo o que aqui falou, ouviu, participou e se concentrou, recebendo toda a força espiritual gerada durante a oficiação do Ritual, a fim de aplicá-la no seu dia a dia, se esforçando para o cumprir no tema concentrado: servir amorosa e desinteressadamente exclusivamente a divina essência do irmão e da irmã “que sofre, que chora, que ri” utilizando todos os meios disponíveis: pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações.
a) Se você quiser saber exatamente como oficiar, assista o vídeo do nosso canal no Youtube: Tutorias, Dicas e Detalhes dos Ensinamentos Rosacruzes clicando aqui: Como Oficiar o Exercício Esotérico Ritual do Serviço de Véspera de Natal – Noite Santa
b) Se você quiser oficiar o Ritual, então acesse o texto aqui: Ritual do Serviço de Véspera de Natal – Noite Santa
c) Se você quiser “participar” da oficiação como um ouvinte, então é só clicar no áudio abaixo, seguindo as seguintes observações:
O Simbolismo de Natal
Bem no fundo do coração da humanidade existe o anseio místico que foi implantado nela no primeiro Natal, quando a luz do ser humano fixou um lugar definido para Si mesma dentro e sobre este denso Planeta.
Em inglês, a palavra Natal, Christmas, é derivada do medieval Christe Masse, a Missa de Cristo.
A história do nascimento de Cristo é, para o Ocidente, o que o nascimento de Krishna é para o Oriente. Quer seja entendida literal, mística ou simbolicamente, ela traz ao ser humano uma verdade fundamental que eleva todo o seu ser a uma altura não alcançada até então, à medida que suas faculdades espirituais evoluem e funcionam para perceber e aceitar tal verdade.
Para o Aspirante à vida superior, as palavras de Cristo, “Ninguém vem ao Pai senão por mim”, carregam um significado transcendente. Parsifal pergunta: “Quem [sic] é o Graal?”. E a resposta indica alta percepção espiritual.
Se tu foste por Ele convidado,
De ti o fato não será afastado…
À terra para Ele nenhum caminho conduz,
E a busca só nos afasta mais d’Ele, até,
Quando Ele próprio o Guia não é.
Uma verdadeira interpretação da lenda do Natal requer, antes de tudo, um entendimento. Por mais obscuro que ela seja no início, o nascimento do menino Jesus na manjedoura, no estábulo entre os animais, simboliza o primeiro e tênue nascimento da consciência de Cristo dentro do ser humano animal.
A minúscula chama interior que é a chama de Cristo tem estado, até então, adormecida na alma humana. Ela agora recebe estímulo suficiente para crescer e se ampliar até que, afinal, o Espírito se torne um fator poderoso na vida do indivíduo e o primeiro passo em direção ao Pai, por meio do Cristo.
O Ego-Consciência notou o seu veículo de expressão, o ser humano pessoal, e o vivificou, de modo que, entre os “animais” da natureza inferior do ser humano, na manjedoura ou local de alimentação das faculdades animais, o bebê da Consciência Crística nasce. A manjedoura, o berço do Menino Jesus, é um lugar de santuário.
Uma grande manifestação solar se concretiza no Natal. Os grupos de forças que compõem essa manifestação foram personalizados ao longo dos tempos. A história bíblica, quando interpretada corretamente, contém uma aproximação da verdade real. Toda a história do Natal é um símbolo universalmente aplicável. É encontrado em cada relato de nascimento de avatar, em todas as raças, povos e nações. Krishna, Mitra, Hórus, Orfeu, Hermes e inúmeros heróis, deuses ou salvadores nasceram em “manjedouras”, foram embrulhados em panos, visitados por “homens sábios” que lhes deram presentes, adorados por pastores e brilharam como estrelas de luz de redenção para seus povos e nações.
Vinte e cinco de dezembro é a data de nascimento do portador da luz física da Terra, o Sol. O Irmão Maior Jesus, o ser humano que teve a benção de ceder seus Corpos Denso e Vital ao Cristo Universal, a Luz do Mundo, é o portador da Luz espiritual para toda a humanidade, e Sua data de nascimento deve ser, adequadamente, a data solar do nascimento do sol. Vinte e cinco de dezembro, como o aniversário de Jesus, foi celebrado pela primeira vez, aproximadamente, 200 anos depois do evento real. Desde a antiguidade, muitos mitos dizem respeito ao nascimento do Cristo místico. Quer tenha nascido em uma caverna, um estábulo ou em outro lugar, esse nascimento tem dois grandes significados simbólicos.
1. O nascimento da “Boa vontade para os seres humanos”. A entrega de uma nova lei à humanidade, expressa nos mandamentos “Amai-vos uns aos outros” e “O amor é o cumprimento da Lei”.
2. O nascimento da consciência Crística nas almas de todos os seres humanos que aspiram às alturas da verdade espiritual. Nenhuma contradição pode contrariar essa verdade universal.
Em sentido Cósmico, o Natal celebra a descida da Luz Divina, o Espírito penetrando e permeando a matéria. No sentido humano, é a descida do Filho de Deus, a Luz Espiritual, à matéria, a entrada do Ego no Corpo Denso.
Como todos os grandes ensinamentos espirituais, este, a respeito da origem e celebração do Natal, foi pervertido e comercializado por pessoas gananciosas e egoístas.
A Véspera de Natal, entre 24 e 25 de dezembro, é considerada a noite mais sagrada do ano, porque nessa meia-noite as influências espirituais são as mais fortes. Nos mistérios, o candidato, em visão espiritual, viu a mística Estrela de Belém, o Sol espiritual que brilhou na Noite Santa, que o conduziu ao Cristo interior. Em seu coração ecoava uma canção profética e imortal: “Paz na terra e boa vontade para os homens. Alegrai-vos, filhos da Terra, porque hoje vos nasceu um Rei”, os Serafins cantaram naquela Noite Santa, muito tempo atrás.
No início da Grã-Bretanha, o belo costume da tora de Yule foi mantido. Tornou-se primeiramente uma cerimônia pública em 1577. Yule é uma palavra germânica que significa Natal. Grandes velas eram acesas na Véspera de Natal e uma grande tora de carvalho era colocada sobre o fogo para iluminar a casa. Acreditava-se que, se mantidos ao longo do ano, os restos do tronco de Yule protegeriam a casa contra incêndios e raios.
A própria árvore de Natal é um símbolo universal. Antecedendo a era Cristã, originou-se no Egito, quando a deusa Ísis era adorada. Uma palmeira com doze brotos curtos, representando os doze meses do ano, era usada na época do Solstício de Dezembro. Nas regiões do norte, um abeto foi usado em vez de uma palmeira. A origem da troca de presentes ocorreu nos primeiros dias medievais. Em alguns países, o costume de prever o futuro com bolos é celebrado na véspera de Natal.
Presentes foram trazidos para o nascimento de Jesus no casebre do pastor — preciosas dádivas de ouro, incenso e mirra: poder espiritual, amor-sabedoria e inteligência foram derramados sobre a criança recém-nascida, o átomo de Luz Crística no coração humano, o bebê nos braços de sua mãe, a grande mãe Terra que carrega, nutre e preserva o minúsculo veículo vital. Esses dons, ou qualidades, foram derramados pelos gloriosos Magos dos reinos Cósmicos, que abençoam e enriquecem cada nascimento espiritual e individual.
Esses poderes, em relação à e irradiados pela luz prateada da esplêndida Estrela Crística, chovem na humanidade, fraca e sofredora, sua influência e força estimulantes, sem as quais o curso evolutivo do ser humano seria muito mais difícil e prolongado.
Os Magos, altos Iniciados, foram atraídos para o lugar sagrado por sua percepção interior e o conhecimento do evento cósmico que aconteceria: o nascimento do Salvador do mundo. Os três Reis Magos representam aqueles Egos avançados que foram reunidos em propósito comum das três raças primárias. Seus dons significam as várias faculdades ou invólucros humanos que entram no processo de manifestação. Eles são conduzidos pela gloriosa Estrela ao Salvador do Mundo a Jesus, cujo objetivo da forma física era fornecer um veículo material e etérico para um Espírito universal, o Cristo.
Um dos Reis Magos trouxe ouro, designado simbolicamente como o emblema do Espírito. Lemos sobre alquimistas tentando transmutar metais básicos em ouro e entendemos que esta é uma linguagem esotérica para descrever a purificação do Corpo Denso, refinando-o e extraindo sua essência espiritual.
O outro trouxe olíbano, ou franquincenso, que é uma substância física de natureza muito leve, frequentemente usada em serviços religiosos. Ele serve como um andaime ou matriz para a personificação de forças invisíveis.
E o outro trouxe mirra. É o extrato de uma planta aromática muito rara. Simboliza aquilo que o ser humano, como espírito, extrai por meio da experiência no Mundo Físico — a Alma.
Maria, a mãe, era o foco da luz, o sagrado crisol etérico onde acontecia a transmutação dos elementos. Ela representa o ideal da pureza, devoção e humildade que torna possível o renascimento do mais evoluído dos Egos humanos.
Os pastores que viram a Estrela caracterizam a visão interior do Fogo Divino, conforme Ele vem para aqueles no plano terrestre, cuja piedade abriu a janela da alma e ativou a Clarividência. Seu discernimento lhes permitiu ver a glória nos Céus e sentir os impulsos espirituais irradiando da Estrela maravilhosa.
Em certo sentido, uma estrela material. Em um significado mais elevado, a chama de forças concentradas para trazer à expressão material uma apresentação física do Logos, o Salvador do mundo.
A Terra estava parada. O ar estava reverentemente silenciado, como se prendesse a respiração, pois naquele momento estava arrebatadoramente focado em Belém (nascimento). Silêncio, solidão e adoração desenvolvem o olho perspicaz, o ouvido interno e o Espírito sensível.
Especialmente neste Natal não devemos centralizar nosso pensamento nessas verdades? Não devemos meditar sobre a verdadeira interpretação da sublime narrativa do Natal, aprofundando nosso conhecimento e avivando nossa compreensão sobre esse evento místico? Não devemos centrar nossos esforços na expansão de nossa capacidade de servir?
Celebremos este Natal prestando ao Menino Jesus o amor e a homenagem que Lhe são devidos, além dos nossos dons e bênçãos.
Regozijemo-nos com os pastores: “Porque vimos a Sua Estrela no oriente e viemos adorá-Lo”. Ele, que ilumina todo ser humano que vem ao mundo, permanece iluminando o Caminho.
Como a encarnação da Verdade e da Vida, a Estrela de Belém revela o caminho que conduz ao Pai. “Para onde Eu vou, vós também ireis”.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross novembro/dezembro/1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
O Natal e Nós
Novamente o Natal. Sempre os mesmos enfeites coloridos, as músicas, o movimento de compras, os presentes, as ceias, os sinos, os cumprimentos…
Porém, jamais nos encontramos iguais. O desenvolvimento e os frutos da última colheita nos acrescentaram “algo” ao íntimo, tornaram-nos um pouco mais amadurecidos animicamente. Portanto, o íntimo que vê, que discerne, que sente, que avalia, concebe um Natal um pouco mais profundo e ora até às lágrimas para que o doloroso parto se complete: o nascimento do Cristo Interno.
Quanta resistência ainda existe no mundo exterior e interior para o Reino prometido!
Herodes reage enciumado. Ele compreende que o Reino do Príncipe Salvador não é deste mundo, mas também não ignora que não pode servir e ser servido. Um será o regente e o outro, o servidor. E como São Paulo, nos embates da Iniciação, sente aumentar o conflito entre a matéria e o espírito, entre as trevas e a luz.
Procura-nos o ponto sensível, o “calcanhar de Aquiles”, o ponto fraco nas costas de Siegfried, para que sucumbamos uma vez mais, anestesiados pelo ardil de Loges. A verdade, chorosa, adiará uma vez mais a ansiada união.
Enquanto os sinos tocam, parece que ouvimos um galo cantar, o que nos lança na consciência o apelo do Senhor rejeitado. Quantas aspirações mortas em pleno florescimento! Contudo, mesmo assim, graças elevamos porque, no silêncio do mais íntimo recôndito, ainda vive nosso Salvador, prudentemente aguardando que envelheça e morra nosso egoísmo e lhe suceda, pouco a pouco, algo menos ruim.
Natal! Quanto mais te compreendo, mais almejo que te realizes em mim!
Natal! Ainda temo falhar como São Pedro. Ainda urdo as manhas de Judas; ainda falho na resolução de São Paulo; ainda estou precisando de forças para renunciar às três tentações do meu deserto; ainda tenho de fazer esperar o meu Senhor!
Natal! O exterior canta em movimentos, em cores e sons; mas o interior chora no entendimento cada vez mais agudo de uma realização que se protela!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 12/1968)