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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Impulso Criador

Esta é a época do ano – março, abril, maio e junho, entre o Equinócio de Março e o Solstício de Junho – na qual o poder do desejo chega ao clímax. Com o brotar desse período do ano vem a intensa atividade para o progresso e desenvolvimento em todos os assuntos da vida.

À medida que o Sol transita pelo Signo de Áries, especializa a inteligência criadora. Você observará, naturalmente, a importância da Mente, guiando o desejo na criação, cuja espécie mais importante se encontra em nós. Achamo-nos influenciados nisso pela paixão de Marte, Regente do Signo de Áries. Porém, no nosso adiantamento de animal a ser humano, a Mente está gradualmente temperando o ferro e convertendo-o em aço. O poder criador pode ser governado pela inteligência tendo livre vontade para usá-las para o bem ou para o mal, conforme seja o caso.

No passado, a metade de nossa força sexual criadora começou a ser enviada “para baixo”, para gratificar nossos sentidos, além de prover Corpos para irmãos e irmãs que precisavam renascer. A outra metade começou a ser enviada “para cima”, para construir o cérebro e a laringe. Essa força ainda alimenta esses órgãos. O caminho para a Divindade requer que dirijamos “para cima”, tanto quanto possível, nossa força sexual total criadora. Possamos, com o tempo, criar por meio do poder da Mente, à medida que pronunciamos o fiat criador, a palavra criadora ou a palavra perdida.

Nossa condição unissexual, quando renascidos aqui, é temporária nesta fase da evolução. No futuro, dirigindo a força sexual criadora totalmente “para cima”, nos tornaremos espiritualmente hermafroditas. Objetivando nossas ideias e falando a palavra criadora, poderemos infundir-lhes vida e fazê-las vibrar de energia vivente.

A Fraternidade Rosacruz não advoga inteiramente uma vida de celibato para os seus Estudantes Rosacruzes. Ao contrário, ela considera a união de duas pessoas com o objetivo de gerar Corpos de modo a proporcionar a tantos irmãos e tantas irmãs, que estão na imensa fila para renascer aqui, as vantagens e oportunidades especiais para um Renascimento como um dever religioso para o Místico ou Ocultista iluminado, o qual pode encontrar um Espírito semelhante, com o mesmo pensar.

Como os Egos mais avançados não podem nascer de pais que não se ocupam das suas partes espirituais, que se deliciam com os “prazeres do mundo”, que pregam e vivem no materialismo ou, ainda, que se negam e até abortam para não terem filhos, seria em verdade um erro para os Aspirantes à vida superior, os Estudantes Rosacruzes, viver inteiramente uma vida de celibato só pelo próprio benefício do seu adiantamento particular, quando as condições – físicas, emocionais, financeiros, psicológicas e espirituais – lhes permitem ter filhos. O uso da força sexual criadora nas poucas vezes que se requer quando é legitimamente utilizada para a propagação não interfere no desenvolvimento espiritual. Afinal, aqueles que fazem grandes sacrifícios pelo interesse dos demais ganharão a “Coroa da Glória”, pois “semeiam para o espírito e não para a carne”, como aprendemos nos nossos Estudos Bíblicos Rosacruzes.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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A Atitude Devocional: uma Premissa para o seu Desenvolvimento Espiritual Rosacruz

Nesta era intelectual, com sua pressa, sua correria louca e sua busca vã por prazer, posses, poder e prestígio, poucos são os que procuram viver uma vida de devoção a elevados ideais ou cultivar, dentro de si, aquela atitude de espírito que busca o bem e o belo em todas as coisas.

Para a grande massa da humanidade, a percepção material parece ser a única base de compreensão: o que costuma ver com os sentidos externos, acredita ser verdade. Mas, não acredita no que não pode ver com os olhos físicos.

O Cristão Místico (que vive mais com o “Coração” do que com a “Cabeça”), por outro lado, percebe um significado ulterior, uma beleza e acepção ocultas em todos os objetos, atos e eventos da vida diária. Para ele não há algo mesquinho ou sórdido no universo; mas, considera todas as coisas, desde a minúscula folha de grama até as constelações brilhantes no caminho ardente do Zodíaco, como símbolos do Divino.

Assim, nas coisas que muitas vezes, o intelectual (que vive mais com a “Cabeça” do que com o “Coração”) vê com indiferença, devido à constante familiaridade com elas, o Cristão Místico percebe um significado oculto que lhe revela a importância espiritual delas.

No brilho do Sol ele vê um símbolo do grande amor de Deus pela humanidade; nas nuvens, que muitas vezes o obscurecem, as preocupações mundanas e as buscas materiais que impedem que esse amor se manifeste.

Na glória do nascer do Sol ele vê a promessa de um futuro glorioso pelo qual anseia e nas cores deslumbrantes do pôr do Sol, a certeza de uma continuação da vida além da noite escura da morte do Corpo Denso.

O riacho seguindo seu caminho tortuoso e tempestuoso em esforços incansáveis para alcançar o mar é um símbolo adequado da alma no caminho da realização, trilhando o labirinto do mundo material, buscando seu caminho para a Verdade e a Luz.

Cada pequena flor que cresce à beira do caminho fala com mais eloquência do caminho da castidade que todos devem trilhar para alcançar esse objetivo. Em cada pequena semente é revelada a história da evolução e as grandes possibilidades da alma humana. Na transformação da lagarta em borboleta, obtemos uma pista sobre o que o ser humano foi e, também, o que ele está destinado a se tornar.

Tal é a atitude que o Cristão Místico mantém em relação a todas as coisas da Natureza. Ele olha para tudo com uma visão espiritual que vê em cada objeto um símbolo do propósito Divino e busca, no mais profundo do seu ser, aprender uma lição com isso.

Da mesma forma, todos os atos e eventos da vida diária são considerados, pelo Cristão Místico, como símbolos de coisas superiores e ele pratica seus deveres com espírito de devoção, como se fizesse ao Senhor. Motivo por que, para ele, esses atos se tornam sacramentos.

Quando ele come, cada refeição é para ele a Santa Ceia a ser abordada com reverência e comida em memória d’Aquele que disse: “Isto é o meu corpo”, pois ele vê verdadeiramente que o pão que ele come é de fato uma parte do corpo do grande Espírito de Cristo que Se sacrifica pelo bem da humanidade.

O banho ele vê como um símbolo daquela purificação interior tão essencial para quem busca trilhar o caminho.

O matrimônio ele considera algo elevado e sagrado, pois nessa união de alma com alma é prefigurada aquela união maior e mais sagrada do casamento místico entre Deus e a alma.

É assim que o Cristão Místico, cultivando dentro de si aquela atitude devocional da Mente que vê apenas o bem, o verdadeiro e o belo em todas as pessoas e coisas, e percebendo o significado interior que está contido em todas as experiências, abre sua alma para o influxo da vida Divina que ilumina o seu entendimento e o dota com uma visão espiritual que o capacita a ler os segredos contidos no livro da Natureza.

Sempre buscando instrução nas coisas espirituais, ele se esforça para refinar diariamente seus sentidos da mera percepção das formas externas para que possa perceber mais claramente a importância espiritual delas.

No entanto, não se deve supor que ele desconsidere as coisas da vida comum ou gaste seu tempo em especulações ociosas sobre assuntos metafísicos. Ele considera o mundo como uma escola onde é colocado para aprender, pela experiência, as lições da vida e, desse modo, ele passa pela vida com uma Mente alerta e bem desperta observando todas as coisas e cuidadosamente pesando e testando todas as experiências, extraindo assim de cada uma o maior benefício possível. Dessa maneira, ele é uma das pessoas mais práticas, fazendo seu trabalho no mundo da melhor maneira possível; mas, sempre tendo o foco no verdadeiro propósito da vida e lutando constantemente para entender o significado espiritual de tudo.

Todo aquele que deseja trilhar o caminho da realização espiritual deve cultivar assiduamente, dentro de si, essa atitude mental e devocional. É o primeiro passo no caminho que leva ao conhecimento superior e tem uma importância enorme e de longo alcance. Em todo lugar em nosso ambiente devemos procurar aquilo que evoca em nós sentimentos de respeito e veneração. Tais sentimentos são para a alma o que o alimento é para o Corpo Denso.

É cultivando nossa natureza devocional que alimentamos a alma, fazendo com que ela se expanda e fortaleça. Sentimentos de ódio, desrespeito e antipatia, por outro lado, provocam a fome e o enfraquecimento das nossas atividades anímicas. Portanto, devemos evitar tais sentimentos e concentrar todas as nossas energias na tarefa de desenvolver a atitude devocional dentro de nós mesmos. Então, plantamos firmemente nossos pés no caminho mais elevado que finalmente nos levará a Deus.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho de 1915 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Aforismos Rosacruzes: sobre o nosso Treinamento Esotérico

  1. Herói não é o que realiza façanhas sensacionais, num lance de denodo. Herói é o que aceita o desafio das pequenas dificuldades diárias e as leva de vencida, uma a uma, mediante o conhecimento e domínio próprio. Cada vitória alcançada, cada pouco caso ou insulto perdoado, cada pensamento e sentimento de mágoa substituído por ato de boa vontade, manifestado em circunstância difícil, é um expressivo passo à frente, na direção de uma vida harmoniosa, feliz e cheia de paz.
  2. Ter fome e sede de justiça é aspirar ardentemente por essa condição ideal: de pensar, sentir e agir segundo a Vontade de Deus. Nessa aspiração, reza o Estudante Rosacruz: “Faze que as palavras de meus lábios e as meditações do meu coração sejam sempre agradáveis à Tua presença, ó Senhor, minha Força e meu Redentor”.
  3. Os Ensinamentos Rosacruzes dão uma ideia clara e lógica do mundo e do ser humano; convidam à discussão em lugar de evitá-la, para que aqueles que buscam a verdade espiritual possam satisfazer amplamente seu intelecto e as explicações que recebam sejam tão embasadas na ciência, como reverentemente devocionais. Esses Ensinamentos organizam e explicam os problemas da vida segundo um conjunto de leis tão imutáveis em sua esfera de ação, como imutável é a Estrela Polar no céu.
  4. Não somos forçados a agir em determinada direção por estarmos num determinado ambiente ou porque toda a nossa existência anterior nos deu uma tendência para uma exata finalidade. Com a divina prerrogativa do livre-arbítrio, o ser humano tem o poder da Epigênese ou iniciativa, de forma que pode adotar uma nova linha de conduta a qualquer momento que queira. Não poderá separar-se instantaneamente de toda a sua vida passada – isto requer muito tempo, talvez várias vidas – mas, gradualmente, pode ir cultivando o ideal que uma vez semeou.
  5. Há melhores meios que a dor, para quem deseja viver retamente. A dor é inevitável apenas para os que continuam a usar mal a liberdade.
  6. O livre arbítrio é um sagrado direito individual, e Deus, como Pai e pedagogo incomparável, sabe que precisamos de aprender a usá-lo, para um dia exercermos os deveres e direitos de cidadãos espirituais.
  7. Quanto mais comprometidos estamos com o passado, tanto menos livre arbítrio, e vice-versa. Nossa vida é como um quadro de luz e sombras, uma mescla de tristezas e alegrias, uma sinfonia ainda cheia de dissonâncias. Se queremos alcançar a felicidade futura, é importante não assumirmos novos e pesados encargos e ao mesmo tempo nos aplicarmos diligentemente a um bem orientado esforço da regeneração.
  8. A cadeia de causas e efeitos não é uma repetição monótona. Há sempre um influxo contínuo de causas novas e originais. Esta é a espinha dorsal da evolução – a única realidade que lhe dá sentido e a converte em algo mais que a simples expansão de qualidades latentes. É a “Epigênese” – o livre arbítrio, a liberdade para inaugurar algo inteiramente novo e não uma simples escolha entre dois cursos de ação. Este importante fator é o único que pode explicar de modo satisfatório o sistema a que pertencemos.
  9. Até certo ponto podemos modificar e até frustrar certas causas já posta em movimento, mas uma vez começadas, se outras medidas não forem tomadas, ficarão fora do nosso controle. Chama-se a isso destino “maduro” e os Senhores do Destino impedem quaisquer tentativas de fugir a tal classe de destino.
  10. Quando o ser humano começa a emancipar-se, deixa também de pensar em si como “a semente de Abraão”, ou como da “Família X”, ou “Família Y” e aprende a ver-se como um “eu”. Quanto mais cultivar esse “Eu”, mais libertará o sangue do Espírito de Família ou Nacional e mais se bastará como habitante do mundo.
  11. Enquanto amarmos somente a própria família ou nação, seremos incapazes de amar aos demais. Rompamos os laços do sangue, ainda limitados pelos laços de parentesco e da pátria, afirmemo-nos e bastemo-nos, e poderemos converter-nos em servidores desinteressados da humanidade. Quando o ser humano chega a tal cume, descobre que, em vez de perder a própria família, obteve todas as famílias do mundo. Todos serão para ele seus irmãos, seus pais, suas mães, de quem deve cuidar e a quem deve ajudar.
  12. O destino de um indivíduo gerado sob a Lei de Consequência é de grande complexidade, e envolve associação com outros Egos, encarnados e desencarnados, de todos os tempos. Igualmente, os encarnados em um determinado tempo podem não estar vivendo na mesma localidade, o que torna impossível cumprir o destino de um indivíduo em uma só vida ou em um só lugar. Por isso o Ego é trazido a um ambiente e a uma família com que esteja de algum modo relacionado.
  13. Um ideal é tão grande, quão grandes são os seus membros. Na medida em que, internamente, crescemos, elevamos nosso ideal por todos os meios ao nosso alcance. Ao mesmo tempo, o impulso de dar gera o efeito inevitável de receber. Não que ajamos com esse propósito de receber, senão que a Lei cósmica se incumbe de processar a mutualidade que nos eleva pelo SERVIR.
  14. Ninguém pode viver bem sem equilíbrio, portanto, se caíres antes as provas, não te desesperes. Tu és parcela de Deus e forças novas te reerguerão novamente. Enquanto permaneceres convicto de que és espírito, nada poderá derrubar-te, porém, se te limitares ao sentido efêmero desta vida material serás sempre presa fácil da tristeza, do desânimo, do ódio e de uma infinidade de sentimentos mesquinhos.
  15. Somos ofendidos quando e na medida em que admitimos a ofensa. Em última análise, pois, somos nós mesmos quem nos ofendemos.
  16. O ressentimento deixa cicatrizes na alma; o perdão restaura a epiderme do impacto recebido; a não-resistência é como a borracha: não resiste e nem se magoa ao impacto.
  17. O mal é como um raio: sai de “baixo” para ferir o céu; mas esse o devolve, para ferir o ventre que o gerou.
  18. O sábio extrai de cada experiência a lição que ela encerra e a transpõe. O ignorante não a enxerga e tem de novamente enfrenta-la, sob novos disfarces, em outras circunstâncias.
  19. Ninguém se ilude, a menos que se tenha iludido. Mas o se iludir é compreensível, no curso da ação humana. A desilusão é o desvelar das falhas, quebrando a magia da ignorância e nos despertando para níveis mais altos.
  20. Uma boa memória é aquela que esquece as falhas dos outros, mas lembra as lições.
  21. As invocações usadas para pedir coisas temporais são magia negra; pois temos a promessa de: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas vos serão acrescentadas“.
  22. Ainda sobre “pedir coisas temporais”: Cristo nos indicou o limite a que podíamos aspirar no Pai Nosso, quando ensinou Seus discípulos a dizer: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje“.
  23. A oração é como a ativação do interruptor elétrico, que não cria a corrente, mas simplesmente fornece um canal através do qual a corrente elétrica pode fluir. Da mesma forma, a oração cria um canal através do qual a vida e a luz divinas se derramam em nós para nossa iluminação espiritual.
  24. A oração é um encantamento mágico, mas a menos que sua vida seja uma oração, você nunca receberá a resposta.
  25. A palavra perdida: você não pode proclamá-la, a menos que você tenha aprendido a vive-la em uma primeira vez.
  26. Quando você estabeleceu seu objetivo, nunca abrigue um pensamento de medo ou fracasso, mas cultive uma atitude de determinação invencível para alcançar seu objeto, apesar de todos os obstáculos, mantendo, constantemente, o pensamento de sucesso.
  27. Nenhuma lição é de valor real como princípio ativo de vida se a sua verdade for assimilada superficialmente.
  28. Quanto mais forte é a luz, mais forte a sombra projetada. Quanto mais alto os ideais, mais claramente podemos observar nossos defeitos.
  29. Se admitimos ser a Fraternidade Rosacruz inspirada desde os Planos Internos pelos Irmãos Maiores da Ordem do mesmo nome, não é menos verdade que ela, para sua manutenção e expansão, necessita de nosso apoio no plano físico. Portanto, colabore da forma que puder. Por favor, não se omita!
  30. Precisamos aprender a ficar sós em determinados momentos do dia, não para sentir a sensação de solidão, mas para nos unirmos a Deus, por meio da sua Essência em nós. Peçamo-Lhe ajudar-nos a manter abertos os canais de nossos veículos, a Sua manifestação. Isto nos inclina cada vez mais a identificação com os outros seres, a amá-los e servi-los apropriadamente.
  31. Tudo, em última análise, é presença ou ausência de Deus: bem e mal, alegria e tristeza, confiança e temor, luz e sombra, paz e intranquilidade. Só Deus é. Nossas transgressões as Leis da Natureza é que nos fizeram cientes do contraste desses extremos relativos, para que de novo e conscientemente agora, amemos e almejemos e busquemos a Deus, dentro e fora de nós.
  32. Quanto mais crescemos espiritualmente, menos as chamadas “influências maléficas” ou os Aspectos adversos nos afetarão. Eles são transmutados em bem.
  33. O Exercício Esotérico noturno de Retrospecção contribui para extirpar o panorama da vida no Purgatório e, também, sem esta capacidade para julgar corretamente, fica o neófito que entra nos Mundos invisíveis, sujeito aos enganos e ilusões de que o Mundo do Desejo está cheio.
  34. Há apenas uma lei: A Lei do Amor. É a lei básica do universo, alicerce das demais leis subsidiárias. Ela é que mantém coeso o universo. O amor é vida, mas o ódio é morte. Realmente, na medida em que pensamos e vivemos de acordo com a Lei do Amor, a harmonia, a beleza e a felicidade se manifestam em nossa vida. Contrariamente, “o salário do erro é a morte”.
  35. O Pai Nosso é, precisamente, um maravilhoso modelo de Oração, provendo as necessidades do Ser Humano, com nenhuma outra fórmula poderia fazê-lo. Em algumas frases curtas encerra todas as complexas relações de Deus com o ser humano.
  36. O ser humano perde na personalidade e na matéria a compreensão de seu ser espiritual. Sendo, porém, essencialmente divino, redime-se a si mesmo e a seu ambiente mediante a aspiração espiritual por meio da Luz de Cristo.
  37. O único e verdadeiro objetivo da verdadeira ciência e da verdadeira Religião deve ser ensinar ao ser humano a relação entre si e o infinito todo e a se elevar àquele exaltado plano de existência para que foi criado.
  38. O Exercício Esotérico noturno de Retrospecção contribui para extirpar o panorama da vida no Purgatório e, também, sem esta capacidade para julgar corretamente, fica o neófito, que entra nos Mundos invisíveis, sujeito aos enganos e ilusões de que o Mundo do Desejo está cheio.
  39. Devido a pureza de sua vida, o Corpo Vital se está desprendendo do Corpo Denso, exceto por cinco pontos saber, dois nas mãos, dois nos pés, e outro em alguma outra parte. Quando você tenha feito credor da instrução individual, o Mestre lhe dirá como pode se livrar de suas ligaduras.
  40. Quando você se tenha santificado e por esse motivo seja candidato a instrução individual, o Mestre lhe ensinará como arrancar os cravos, no entanto, terá que efetuar o trabalho.
  41. O que somos, o que temos, todas as boas qualidades são o resultado das próprias ações passadas. O que agora nos falta, mental, moral e fisicamente, pode ser nosso no futuro.
  42. Certamente, criamos agora as condições das futuras vidas, pelo que, em vez de lamentarmos a falta desta ou daquela faculdade desejada, empreguemos os meios necessários para adquiri-la
  43. Se uma criança, sem esforço aparente, com toda facilidade toca um instrumento musical, e outra toca com dificuldade, apesar de persistente esforço, isso demonstra, simplesmente, que a primeira se esforçou em alguma vida anterior e adquiriu eficiência na execução, enquanto que a outra, começando agora nesta existência, deve esforçar-se muito mais. Mas, se persistir, poderá na presente vida tornar-se superior à primeira, a menos que esta continue exercitando-se e aperfeiçoando-se
  44. A tendência natural evolutiva é de dentro para fora, de baixo para cima, sempre, e por isso a Filosofia Rosacruz – a escola de mistérios ocidentais – leva o Estudante Rosacruz a se redescobrir, a se conhecer e, tomando conhecimento de seu relativo estado de consciência, empreenda a tarefa de reeducação, de transmutação e libertação das sujeições da matéria.
  45. Os 3 grandes objetivos da evolução através da matéria são: 1) A espiritualização do caráter; 2) O desenvolvimento da vontade, para dirigir as faculdades obtidas pela experiência; 3) O desenvolvimento da Mente criadora para, em certo dia, podermos criar, direta e conscientemente.
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A importância de: se ter um vínculo mais forte de companheirismo, aprender a cooperar, se ter uma visão maior do nosso trabalho no mundo e inspirar em todos o desejo de Fraternidade

Durante as Eras passadas, várias Religiões foram fornecidas à humanidade pelas Hierarquias Criadoras, encarregadas pela nossa evolução – um ensinamento exotérico para a humanidade em geral e um ensinamento esotérico para os pioneiros.

Um pouco mais de dois mil anos atrás, a maioria da humanidade já tinha atingido um ponto alto de cristalização que necessitava de ajuda para seguir adiante. O Cristo, um Raio do Cristo Cósmico, veio e fez o sacrifício supremo tornando-se o Espírito Planetário residente da Terra; desse modo, foi possível termos acesso ao material mais puro para nossos Corpos atuais.

Podemos ler nos nossos ensinamentos que: “Engano e ilusão não podem perdurar eternamente”[1], e por isso, o Redentor veio para limpar e purificar o sangue cheio de paixão, para pregar a verdade que nos deve libertar desse corpo de morte, para inaugurar a Imaculada Concepção, segundo as linhas indicadas, superficialmente, pela ciência das eugenias para profetizar uma Nova Era, um novo Céu e uma nova Terra da qual Ele, a verdadeira Luz, será o Gênio; uma Era em que habitará a “plena realização dos anseios da humanidade onde florescerão a virtude e o amor”[2].

Antes de Sua vinda, eram poucos os eleitos que tinham permissão para entrar no Templo, mas após a Sua vinda o véu do Templo foi rasgado para “quem quisesse” entrar; ou seja, para aqueles que também estavam dispostos a pagar o preço vivendo uma vida de abnegação ou serviço amoroso e desinteressado aos demais.

Em 1313, um grande Mestre Espiritual, a quem chamamos de Cristão Rosacruz,[3] fundou a Ordem Rosacruz – uma ordem cujo propósito era neutralizar as tendências materialistas tão desenfreadas. Os membros da Ordem trabalharam secretamente para ajudar a humanidade.

Na primeira década do século XX finalmente chegou o momento de divulgar publicamente os ensinamentos da Ordem. Max Heindel, nosso amado líder, foi escolhido para ser o mensageiro dos Irmãos Maiores e recebeu as informações contidas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Esse livro contém ensinamentos lógicos e racionais que fornecem respostas adequadas aos questionamentos do intelecto, para que a vida religiosa seja vivida; um ensinamento, que, se vivido, torna possível se ter uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são; um ensinamento que é o caminho da realização espiritual para a Nova Era[4] ou a Nova Dispensação vindoura.

É de nossa responsabilidade para com aqueles que receberam esse Ensinamento filosófico, bem como nosso privilégio, ajudar nosso irmão e nossa irmã a se desvencilhar da matéria, ensinando-lhes os verdadeiros princípios sobre os quais se baseiam nossas vidas. Todos aqueles que se empenham na aplicação desses princípios podem viver de modo que sua vida se torne cada vez mais prazerosa e ajude a tornar a Religião Cristã um fator vivo no mundo.

Max Heindel nos conta que qualquer movimento que precise ser preservado, necessita, antes de tudo, possuir três qualidades divinas: sabedoria, beleza e força. A Ciência, a Arte e a Religião possuem, cada uma, um desses atributos até certa medida. O propósito da Fraternidade Rosacruz é uni-las e harmonizá-las entre si, ensinando uma Religião que seja científica e artística e, assim, reunir todas as igrejas em uma grande Fraternidade Cristã. Nosso livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” explica que o propósito da Fraternidade Rosacruz é fornecer uma explanação dos problemas da vida que satisfaça tanto a Mente como o Coração. A Fraternidade Rosacruz trabalha sob o comando de Cristo para “pregar o evangelho e curar os enfermos”. Pregar o evangelho não apenas com palavras, mas pelo que emanamos de todos os nossos atos e pensamentos.

No livro “Ensinamentos de um Iniciado” lemos: “Para cumprir o segundo mandamento de Cristo, ‘Pregar o Evangelho’ (da próxima Era) é tão necessário quanto ‘Curar os Enfermos’. O sistema de cura desenvolvido pelos Irmãos Maiores combina as melhores técnicas e métodos praticados por diversas escolas atuais. Conta com um método de diagnose e tratamento tão exato quanto simples”. Os Irmãos Maiores chegaram à conclusão de que “Orgulho intelectual, intolerância e impaciência diante das limitações e restrições”[5], seriam os pecados que assediam nossos dias e, com isso, formularam a Filosofia Rosacruz de modo que satisfaça ao Coração ao mesmo tempo que apela ao intelecto e ensina o ser humano a escapar da restrição dominando a si mesmo.

“Recebemos milhares de cartas de apreço de diferentes cantos do mundo, das altas esferas às camadas mais baixas. Atestam o desejo ardente da alma e a satisfação proporcionada pelos ensinamentos.

Mas, à medida que o tempo passa, daqui a cinquenta anos, talvez um século ou dois, quando as descobertas científicas confirmarem muitas das afirmações contidas no ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’,quando a inteligência da maioria se tornar ainda mais aberta, os Ensinamentos Rosacruzes darão satisfação espiritual a milhões de espíritos que buscam esclarecimento.”[6]

Max Heindel nos conta que recebeu ajuda de um Irmão Maior para entrar em contato com a quarta Região do Pensamento Concreto do Mundo do Pensamento e ali receber os ensinamentos e a compreensão daquilo que é contemplado como o mais elevado ideal e a mais elevada missão da Fraternidade Rosacruz. Ele afirma: “Pude ver nossa Sede e uma multidão de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receber seus ensinamentos. Pessoas também de lá saiam para levar lenitivo aos aflitos próximos e distantes.”[7]

Quando recordamos que Augusta Foss Heindel tantas vezes nos falou em suas palestras sobre os dias de pioneirismo – como, em 1911, quando chegaram a Mount Ecclesia, um campo de feijão estéril, com pouquíssimos recursos financeiros, porém, com os corações fortes em um mundo de fé e coragem e cheio de entusiasmo pelo trabalho que eles estavam prestes a começar – e então, olhamos ao nosso redor hoje, e vemos uma verdadeira cidade, mesmo que pequena, com suas estradas pavimentadas, árvores e folhagem, com seu Templo de Cura, o magnífico prédio do Departamento de Cura e o maravilhoso Sanitarium[8] de Mount Ecclesia; tudo isso e muito mais; uma instituição da qual o sul da Califórnia pode se orgulhar, construída com as ofertas de amor de milhares de Estudantes Rosacruzes fiéis e pela comercialização dos nossos livros. Quando lembramos que tudo isso foi realizado num prazo inferior a trinta anos, então, fica fácil visualizarmos o que esperar para os anos futuros. Nossos belos Ensinamentos Rosacruzes estão se espalhando rapidamente pelo Planeta; nosso trabalho está crescendo a passos largos, à medida que avançamos em aspiração harmoniosa em direção à meta que nosso líder estabeleceu para nós. Quando, por meio de nosso objetivo, nossas aspirações, nosso amor pela humanidade (pois o amor à humanidade gera amor a Deus) – quando nosso amor tiver se tornado elevado, puro e sagrado o suficiente, então proporcionaremos o nascimento da mais pura luz, a luz branca, de nosso Templo de Cura Etérico, interpenetrando a estrutura física, que se tornará um fogo branco resplandecente, com suas pontas, como asas, alcançando o Mundo celestial, formando um cálice ou matriz que conterá e trará à Terra o Solvente Universal ou a Panaceia para toda a aflição mundana. Então, a visão de Max Heindel será cumprida e “uma multidão de pessoas virá de todas as partes da terra… saindo dali para levar bálsamo para os aflitos próximos e distantes”.

Então, sempre que nos reunimos para estudar, para decidir, para oficiar rituais ou, somente, para batermos um bom papo, o façamos para estabelecer um vínculo mais forte de companheirismo entre os Estudantes Rosacruzes, para que possamos trabalhar em cooperação, pois nosso próximo passo é o trabalho em grupo em ambos os planos. Não é fácil para nós, quando temos tantos intelectuais entre nós, descobrir como fazer isso. Os diamantes são polidos por fricção e nós ainda somos diamantes brutos. Aprenderemos isso, gradualmente, friccionando uns nos outros – teríamos pouca experiência se estivéssemos sozinhos no Planeta. Dessa maneira, vemos as falhas um no outro, somos antipáticos e criticamos de maneira negativa, causando ressentimento e tristeza um ao outro, até que, finalmente, chegamos à conclusão de que os defeitos e falhas vistos em nosso irmão ou em nossa irmã, eram as nossas e nosso irmão ou a nossa irmã apenas serviram como um espelho para refletir os nossos defeitos e falhas. Somente quando chegarmos a essa percepção é que podemos ver o verdadeiro “eu” do outro e de “nós” mesmos, e seguir em frente na nossa unificação. Por fim, nós nos reunimos para aprender a cooperar, a descobrir maneiras e meios de divulgar amplamente essas verdades; ter uma visão maior do nosso trabalho no mundo; para nos aproximarmos mais das forças espirituais que atuam para elevar a humanidade; inspirar em todos um maior desejo e aspiração de estabelecer a Fraternidade Universal no mundo.

(Publicado pela Revista: Rays from the Rose Cross – novembro/1940 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[2] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[3] Christian Rosenkreuz

[4] N.T.: Era de Aquário

[5] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[6] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[7] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[8] N.T.: um hospital focado na cura definitiva das doenças e enfermidades

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Lado Oculto da Oração

Nós nos encontramos aqui, esta noite, com um objetivo duplo: primeiro, porque é domingo e realizamos o nosso habitual Ritual do Serviço Devocional do Templo Rosacruz; depois, como a Lua, hoje à noite, está em um Signo Cardinal[1], também realizamos a “Reunião de Cura”. Nesse sentido, é muito importante ter em Mente o fato de que os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, localizados no mundo, hoje concentraram seus pensamentos nessa Pró-Ecclesia com o mesmo objetivo que agora estamos tentando alcançar, isto é, gerar pensamentos de ajuda e de cura para concentrá-los em uma única direção para que possam estar disponíveis e ajudar os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz em seu trabalho benéfico para a humanidade.

No entanto, se realmente quisermos conseguir algo nessa direção, devemos ter uma compreensão bem definida e clara de qual é a nossa meta e conhecer o método mais adequado. Não é suficiente sabermos de modo vago que existem no mundo a doença e o sofrimento, nem que façamos uma ideia, também vaga, de auxílio para aliviar esse sofrimento, seja ele físico ou mental. Devemos fazer algo definitivo para atingir nosso objetivo e, portanto, será bom colocar diante de nossas Mentes uma ilustração que possa ajudar. Suponhamos que um de nossos prédios esteja em chamas e tenha muito lixo se acumulando em um de seus cantos; assim, por combustão espontânea, finalmente surge um incêndio. Temos mangueira, água e um bico de mangueira para que possamos jogar água no fogo e tentar apagá-lo. Mas, para fazer isso, precisamos primeiro ligar a torneira e apontar a mangueira de forma reta para o fogo; além disso, o fluxo de água deve ser adequado para lidarmos com o fogo. Não nos ajudará de forma alguma, se apenas derramarmos o fluxo de água pela metade ou se tivermos um pequeno fluxo para esguichar aqui e ali. Devemos apontá-lo diretamente para o centro do fogo, devendo ser adequado em força e volume para vencer o material em chamas. Se observarmos esses requisitos, seremos capazes de apagar o incêndio no edifício e, assim, conseguir nosso propósito pelo uso adequado de meios eficientes.

A cura de doenças oferece uma analogia perfeita, pois toda doença é, por assim dizer, realmente um fogo, o invisível fogo que é o Pai tentando dissolver as cristalizações que acumulamos em nossos corpos. Reconhecemos a febre como sendo um fogo, mas os tumores, como o câncer e outras doenças, são, também em realidade, o efeito desse fogo invisível, que tenta purificar o organismo e libertá-lo das condições que criamos ao transgredir as Leis da Natureza. Agora, aos pensamentos de Cura. Esse mesmo poder, que está procurando, lentamente, purificar o corpo, pode ser aumentado em alto grau, pela concentração adequada (é isso que a oração realmente é), desde que tenhamos as condições apropriadas.

Para ilustrar essas condições tomaremos como exemplo a tromba marinha. Talvez nenhum de nós tenha presenciado este fenômeno da natureza, que, embora maravilhoso, inspira pavor. Em geral, quando ele ocorre o céu parece aproximar-se da água; há no ar um tenso estado de concentração. Gradualmente, um ponto do céu desce até à superfície das águas e as ondas, em certa extensão, parecem saltar para cima, até que ambos, céu e mar, unem-se formando um redemoinho de voragem vertiginosa.

Algo semelhante ocorre quando uma pessoa ou um grupo de pessoas, está em prece fervorosa. Todas as forças da natureza que realizam nosso trabalho aqui estão trabalhando apenas no Éter — a eletricidade, a força expansiva do vapor ou outras, todas são etéreas —; entretanto, há forças no universo bastante mais potentes e sutis, entre elas o poder do pensamento. Se alguém se absorve numa intensa súplica a um poder superior, sua aura parece afunilar-se em forma muito semelhante à parte inferior da tromba marinha. Essa forma eleva-se no espaço a grande distância, e sintonizando-se com as vibrações do Cristo, do Mundo Interplanetário do Espírito de Vida, atrai para si uma Força Divina que penetra na pessoa ou no grupo de pessoas, e vivifica o pensamento-forma que elas criaram. Desse modo, o fim pelo qual se reuniram será atingido.

Mas gravemos bem em nossas mentes que esse processo de orar ou de concentrar, não é um frio processo intelectual. É PRECISO HAVER UM GRAU ADEQUADO DE SENTIMENTO PARA ATINGIR O FIM DESEJADO, POIS, SE NÃO ESTIVER PRESENTE ESTA INTENSIDADE DE SENTIMENTO, O OBJETIVO NÃO SERÁ ALCANÇADO. Este é o segredo de todas as preces milagrosas que a história registra: a pessoa que orava, fazia-o sempre com INTENSO FERVOR; todo o seu ser se submergia no desejo de obter aquilo por que orava, e dessa forma, elevava-se aos reinos divinos, trazendo de volta a resposta do Pai. No ano passado, tivemos um caso desse tipo na Fraternidade Rosacruz. Uma das trabalhadoras foi ferida em um acidente de carro e recebeu um impacto no cérebro. Naquela noite, nós todos nos juntamos em súplica silenciosa ao nosso Pai Celestial, aqui nesta Pró-Ecclesia, para que ela pudesse ser curada e ajudada. O escritor então percebeu distintamente a intensidade do sentimento e como ele deu origem àquele funil (similar à tromba marinha), na parte inferior do canal, que trouxe a resposta divina. Assim, naquela noite a consciência dela retornou, algo que é mais do que incomum nos anais de casos semelhantes.

Também descobrimos que em certas comunidades sagradas como, por exemplo, “a mesa redonda do Rei Artur” ou em um círculo de espiritualistas uma condição semelhante seja provocada. Os assistentes no primeiro círculo sintonizam-se com uma vibração comum, cantando certas canções, e assim unidos, formam um único funil áurico que traz (do Alto) tudo o que almejam, de acordo com a intensidade de seus desejos e sua concentração.

Essa vibração espiritual é tão poderosa que, às vezes, pode ser transmitida e permanecer em torno de objetos aparentemente inanimados. Por exemplo, muitas pessoas notaram, e algumas ficaram até impressionadas, as poderosas vibrações no órgão daqui. Você notará que há uma cópia do Cristo de Hoffman[2] sobre o órgão. Não há dúvida na Mente do orador que, quando Hoffman pintou esse quadro, ele sentiu muito intensamente a posição e o sentimento de Cristo no Getsemani; portanto, apegou-se à sua imagem uma representação desse mesmo canal áurico. Esse quadro não ficaria aqui, nem seria reproduzido em uma cópia impressa, se não fosse uma pintura feita aqui, na Pró-Ecclesia, por um de nossos membros que acessou o sentimento do artista original e foi equipado com o entendimento sobre o mistério do sofrimento de Cristo naquela hora solitária, também possui esse canal de aura e, portanto, as vibrações são sentidas emanando daí.

Tudo isso nos ensina que essa força está disponível e possa ser usada cientificamente com muito mais efeito do que se a usássemos de maneira aleatória, desejando vagamente isso, aquilo ou outra coisa. Mas há também um grande perigo se fizermos mau uso desse maravilhoso poder; portanto, façamos sempre nossas súplicas em favor dos outros; acrescentando estas palavras do Cristo: “Pai, Faça-se Tua Vontade e não a minha[3]. Caso contrário, estaremos suscetíveis a causar ferimentos onde ajudaríamos. Você provavelmente notou que eu disse “nossas súplicas para os outros”. Deixemos esta ideia se aprofundar em nossas Mentes — nunca devemos pedir qualquer coisa para nós mesmos. Isso é supérfluo; o Cristo nos deu garantia de que, se procurarmos “primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, todas as outras coisas serão acrescentadas[4] a nós. Possuímos também a promessa da Bíblia, “O Senhor é o meu pastor, não me faltará[5], e muitos anos de experiência demonstraram a esse orador que isso é um fato: se trabalharmos com a lei, para os outros, ela cuidará de nós, porque trabalhamos com ela.

O grande motivo da oração não estar sendo ouvida atualmente é que os suplicantes estão continuamente pedindo alguma coisa para eles mesmos, o que é contrário ao bem comum: se estivermos cuidando de nós mesmos e continuamente tentando obter o melhor de nós mesmos, independentemente de todos os outros, então não será necessário que Nosso Pai Celestial cuide de nós; contudo, no momento em que nos colocamos em Suas mãos para pensar em como podemos realizar Sua obra ou fazer Sua vontade na Terra, como está sendo feita no Céu, então nos tornamos Seus cooperadores, trabalhadores em “Sua vinha”. Cabe então a Ele cuidar de nós e podemos, assim, confiar plenamente que tudo o que for necessário para o nosso conforto material ou espiritual será iminente e a medida não será pequena, escassa ou mesquinha, mas receberemos uma quantidade completa, abarrotada, transbordante. Com esses pensamentos, entraremos em silêncio e, por dez minutos, concentremo-nos no objetivo para o qual nos reunimos: ajudar e curar nossos companheiros sofredores, particularmente aqueles que se inscreveram no Departamento de Cura para buscando ajuda às suas angústias.

(de Max Heindel; publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Áries, Câncer, Libra e Capricórnio

[2] N.T.: Cristo no Jardim do Getsemani por Heinrich Hofmann ou Johann Michael Ferdinand Heinrich Hofmann (1824-1911) foi um pintor alemão do final do século XIX ao início do século XX. É principalmente conhecido por suas numerosas pinturas que retratam a vida de Jesus Cristo.

[3] N.T.: Lc 22:42

[4] N.T.: Mt 6:33

[5] N.T.: Sl 23

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida” – para quem serve essa sentença?

Já chegamos a um ponto de nossa evolução em que se torna necessário saber aquilo que o peregrino vai encontrar na Senda que conduz ao Reino, nesse ponto em que a VOZ INTERIOR deve ser reconhecida e aceita como a orientadora.

O solitário viajante se converteu num Discípulo à prova; o “filho pródigo” retorna à casa do Pai.

Após um longo período de provas, tendo demonstrado que nada pode desviá-lo da sua determinação de atingir a meta, deve o Discípulo enfrentar a última prova, a suprema prova desse período. Ocorrerá então uma profunda e íntima experiência anímica, na qual se verá obrigado a fazer uma escolha entre um querido ideal ou um simples e penoso dever.

Se escolhe o “dever”, como certamente acontecerá, se pede auxílio a esse infalível Guia Interior – O Cristo interno – então penetrará em uma nova etapa da sua jornada, mais brilhante, porque sua dedicação demonstrou ser uma consagração espiritual e não uma mera dedicação da Mente ou do Coração humano. É aceito porque se converteu num verdadeiro Discípulo e desse instante em diante vai se tornando cada vez mais consciente de um Guia Interior definido, que vai cada vez falando mais claramente e com maior insistência à proporção que o desinteresse do seu coração vai se acentuando.

Gradualmente, começa a aprender que toda a vez em que concentra a sua atenção no interior de si mesmo encontra um Ser Sábio e Poderoso, sempre pronto a ensinar, auxiliar e fortalecer, sempre que se lhe pede.

A voz que ali reside e que com tanta autoridade diz: “EU SOU O CAMINHO, A VIDA E A VERDADE E NINGUÉM CHEGA AO PAI SENÃO POR MIM”, é a voz do Cristo Interno, sempre falando no íntimo do coração quando a Mente está tão tranquila.

O Discípulo começa então a compreender de um modo definitivo que ele não é a sua Mente, nem as suas preocupações, que aliás devem ser reduzidas a silêncio, mas que, em uma forma maravilhosa e natural, ele mesmo faz parte e pode entrar realmente na Consciência desse Cristo Interno e, desde ali, ordenar que a Mente se aquiete, obrigando-a a obedecer.

E não tarda a descobrir que, enquanto se acha na Consciência, ele é o MESTRE, mas que, quando se acha na sua consciência cerebral então, não é mais que um Discípulo. E descobre, ainda, que quando abre seu coração, deixando que o amor brote nele, pode penetrar no interior, tornando-se ele mesmo – puro amor e que, nesse estado de consciência, ele e o CRISTO são UM, formando-se nessa ocasião a consciência, tal qual a tivera Jesus, que sentia ser o Caminho, o “único” Caminho, a Vida e a Verdade. A consciência cerebral não é mais que uma consciência individual, que ELE está exercitando, desenvolvendo e disciplinando, para convertê-la em Seu perfeito instrumento de expressão.

A “Mente cerebral” começa a conformar-se, se deixar levar, sem resistência, limitando-se ao papel de espectador daquilo que ocorre, que tudo o que é necessário fazer, quando o Discípulo tem que ensinar ou ajudar a outrem é: abrir a boca e dizer as palavras que nesse momento lhe são dadas, ou pôr-se a realizar qualquer tarefa – seja qual for – sem nenhuma preocupação, POIS UM PODER SÁBIO E PODEROSO LHE DÁ, NESSE INSTANTE, a habilidade e a capacidade para realizá-la. Similarmente, se deseja saber algo, basta que peça com calma e oportunamente observa a sabedoria que surge e inunda sua consciência.

E assim é que pouco a pouco, de maneira lenta e gradativa, a “Mente cerebral” vai aprendendo o seu verdadeiro lugar, que consiste simplesmente em “ATENDER-TE A TI, QUE MORAS AGORA NA CONSCIÊNCIA DO CRISTO INTERNO”.

“Quando te encontrares nessa consciência serás verdadeiramente o Mestre, enquanto, a consciência cerebral, esta, que neste momento, está lendo e escutando estas palavras, tratando de compreendê-las, não é mais do que o Discípulo humilde e simples, ou que aspira sê-lo”.

Se pudermos compreender tudo o que isso significa, compreenderemos, também, gradualmente, que à medida que o Discípulo consente que o Mestre obre por seu intermédio vai convertendo a sua consciência de tal forma que o Mestre estará realmente vivendo a sua vida, e fazendo nele a Sua Vontade. Como resultado de tudo isso, o Discípulo se encontra na situação em que o Mestre pode realizar, por seu intermédio, a Obra que Ele veio fazer aqui e para a qual esteve disciplinando e aperfeiçoando, em todo esse tempo, Seu Discípulo.

Agora trabalham como um só, em perfeita harmonia com todos os demais irmãos que compõem o Reino, servindo a grande causa da Fraternidade, sob a direção do Supremo Senhor e Mestre: o Cristo de Deus.

Nada mais se pode dizer sobre o caminho, posto que isso já é o máximo que a Mente pode conceber, de acordo com o seu atual estado de desenvolvimento.

Pelo exposto podereis compreender que o verdadeiro Discípulo se conhece sempre pela obra que faz, pelo seu espírito de abnegação e de sacrifício.

Vive só para servir os demais seres; todos os seus pensamentos e interesses tendem a esse fim, porque agora se converteu numa parte integral da Grande Fraternidade de Servidores que moram em Cristo e só a Ele obedecem.

É assim que o Cristo Interno, o Mestre, se revela àqueles que são dignos de conhecê-Lo: seus Discípulos. Os demais só podem ver no Discípulo uma pessoa sempre disposta a ajudar os outros, a antecipar-se às suas necessidades, e a trabalhar desinteressadamente.

Se compreendermos bem isso, notaremos que são bem poucos os Discípulos realmente aceitos. A maior parte, não são mais do que Discípulos à prova; mas, mesmo assim, é muito maior o número de aspirantes que pouco a pouco, respondendo ao estímulo provocado por nossos trabalhos, chegarão gradualmente à etapa do verdadeiro Discipulado.

Entretanto, essas palavras foram escritas para os Discípulos, para aqueles que, conscientemente, estão procurando o Reino de Deus, obedecendo instintivamente ao impulso que brota do seu interior, embora o seu cérebro especule e diga outra coisa.

Essas palavras têm por objeto descobrir aquilo que intrinsecamente a alma é, com relação à Mente cerebral, de tal forma que ela possa voltar novamente à Casa do Seu PAI – à Consciência Crística – e conhecer ali a Obra que a espera.

Todos aqueles que sentem a virtude dessas palavras, conhecendo instintivamente a verdade que encerram, estão destinados a serem Discípulos ainda nesta vida.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado da Morte

Os dogmas teológicos e científicos que representam o pensamento do ser humano sobre si mesmo e seu ambiente no que há de pior, seja selvagem ou sábio, exibiram o que Schopenhauer chamou de “a vontade de viver de maneira biológica e primitiva”, diz o London Light (Luz de Londres), ao discutir um livro chamado La Sens de la Mort (O Significado da Morte), de M. Paul Bourget. A história em si é dos dias atuais, mas a falta de espaço nos impede de expor até mesmo a forma mais abreviada da trama. O que imediatamente nos preocupa são as visões divergentes sobre a vida e a morte que se manifestam durante a discussão entre dois dos personagens principais. Um desses é um famoso cirurgião que acaba de se descobrir condenado à morte em poucos meses por câncer. O outro é um jovem saudável.

Esses dois senhores estão inspecionando um hospital juntos, quando o jovem comenta que os arranjos lá são confortáveis demais. A isso o grande cirurgião objeta: “Não, para que serve o sofrimento, quando é possível escapar dele?”. Sua pergunta é apaixonadamente ressentida, porque ele próprio está sofrendo muito.

O jovem, que nunca sofreu, responde: “Para pagar”. “Pagar o quê?”, exigiu o cirurgião, que a ninguém contou o segredo do seu sofrimento. “As dívidas das nossas faltas e as dos outros”, responde o jovem. O cirurgião se ressente dessa interpretação, pois suas concepções são principalmente materialistas.

“Faltas nossas, como se tivéssemos pedido para nascer! E os defeitos dos outros — é monstruoso!”. “Mas”, diz o jovem, “já que tudo na vida leva ao sofrimento e à morte, se o sofrimento e a morte não têm esse sentido de expiação, que sentido têm, que sentido tem a vida?”. A resposta do grande cirurgião é curta, pois ele está cheio de ressentimento intenso. “Nenhum”, conclui.

É desnecessário dizer ao Estudante Rosacruz que ambos estão errados. Não é verdade que tudo na vida leva ao sofrimento e à morte. A missão da dor e do sofrimento não é meramente expiatória. Não existe um Deus irado que pretende se vingar de nós por nossos erros; mas, estamos aqui frente-a-frente com uma Lei, uma boa Lei, destinada a nos ensinar as lições necessárias para o nosso avanço a alturas mais elevadas na escala da evolução.

De modo que, por uma sucessão de existências em Corpos Densos de textura cada vez mais fina, aprendemos as lições da vida e entendemos como nos ajustar às condições aqui por meio do pensamento correto e da ação correta. Quem tem um Corpo Denso tão bom e perfeito que gostaria de habitar nele para sempre? Certamente ninguém. Todos nós temos nossas dores e sofrimentos e todos estamos sujeitos à dor e ao sofrimento. Portanto, a morte deve ser encarada não como o rei dos terrores, mas como o alívio misericordioso que nos liberta de uma vestimenta superada para que uma nova e melhor possa nos servir em uma vida futura, permitindo progredir ainda mais no caminho do desenvolvimento. Isso é visto em todos os Reinos de Vida.

Se a flora primordial não estivesse sujeita à morte e decadência, nenhuma forma superior de vida vegetal poderia ter surgido na Terra; e se a morte não tivesse liberado o Espírito que animava a primitiva forma animal, os répteis ainda habitariam a Terra, excluindo os mamíferos superiores. Da mesma forma, se o ser humano não tivesse morrido, as formas humanas e primitivas, absolutamente inadequadas para a expressão da vida e do intelecto a que hoje atingimos, ainda seriam as únicas por aqui. É verdade que colhemos o que semeamos, mas a expiação não é a única finalidade dessa colheita; estamos ao mesmo tempo aprendendo lições sobre como evitar erros do passado em ocasiões futuras e nos conformando às Leis da Natureza.

Não estamos aqui apenas para pagar por nossos erros, mas para aprender com eles e tais ideias primitivas de expiação, expressas na resposta do jovem, devem ser extirpadas da Mente humana para que formas mais nobres de Religião (a re-ligação com Deus, de onde viemos e para onde estamos voltando) possam tomar o seu lugar. Por toda a constituição do Universo corre o princípio da justiça, mas não uma justiça fria e dura: uma justiça que é temperada com misericórdia, pois aquilo que conhecemos como as Leis da Natureza em suas manifestações – e que chamamos de “Deus em manifestação” – são, de fato: as grandes inteligências – Hierarquias Criadoras –, os Ministros de Deus, os Sete Espíritos diante do Trono, os Anjos do Destino. Eles são compassivos além de qualquer concepção que possamos ter sobre esse termo e tudo o que acontece a um ser humano sob a orientação deles é adequado apenas às necessidades desse ser humano.

Foi dito que nem mesmo um passarinho cai no chão sem a vontade do Nosso Pai Celestial (Mt 10:29-30). E se a Natureza — que é Deus ou o Universo —, o Poder que progressivamente fez nascer o Espírito não-individualizado em formas ascendentes na escala evolutiva, até chegar ao ser humano, conservando em cada forma todos os desenvolvimentos progressivos das formas inferiores, se esse Poder inefável é justificado até mesmo para o ser humano no que diz respeito ao destino de todas as criaturas abaixo dele, a suposição clara em referência ao seu próprio destino é que ele, sendo o mais elevado nos quatro Reinos da Vida que agora se desenvolve nesse Período Terrestre, deve ser ajudado quando morrer, assim como é antes de nascer. Tal é a conclusão lógica e quanto mais examinamos o assunto, tanto mais essa conclusão é justificada entre aqueles que estudaram o assunto e estão em posição de saber.

A esse respeito, é tão estranho quanto esclarecedor observar as diferentes maneiras pelas quais a guerra afeta pessoas de diferentes crenças religiosas. Falando de modo geral, podemos dizer que há três grandes sistemas religiosos representados entre os combatentes: os Hindus, os Maometanos e os Cristãos. Cada uma dessas três classes encontra a morte de uma maneira diferente em função do que acreditou durante a vida. Além disso, sua crença os faz agir de maneira diferente quando entram nos Mundos invisíveis.

Para fins de elucidação e comparação, podemos considerar o Hindu primeiro. Ele acredita no karma; ou seja, que a maioria das coisas que lhe acontecem nesta vida são resultado de ações em vidas anteriores e esse karma, ao que parece, é, para dizer o mínimo, muito difícil de ser mudado, supondo que isso possa ser feito de algum modo. Talvez, até certo ponto, alguns dos mais inteligentes acreditem que o karma possa ser alterado; mas, como raça, é do entendimento do escritor que eles acreditam que esse tipo de karma não possa ser evitado e estão aqui com o propósito de resolvê-lo. Mas, ao mesmo tempo em que expiam o resultado de suas ações passadas em vidas anteriores, também estão criando novo karma e, assim, lançando as bases para suas vidas futuras. A esse respeito, eles acreditam que têm livre-arbítrio, exceto quando restritos por seu ambiente e, portanto, são capazes de mudar suas vidas no futuro.

Quando um ser humano está imbuído dessa crença e vai para a guerra, ele toma como certo que, se encontrar a morte, então é o seu karma. Ele luta sem medo porque sente que, se não for o seu karma morrer, ele sairá seguro, faça o que fizer. Se o sofrimento vier a ele, ele o considerará também como karma e se esforçará para torná-lo o mais pacientemente possível. Além disso, quando, após a morte, ele se encontra nos Mundos invisíveis, está calmo e sereno; ele sabe que seus parentes, embora possam sofrer por ele, não o farão de forma desmedida, porque sabem que morrer foi o seu karma e, portanto, sentem que não adianta se rebelar. Além disso, ele acredita que no devido tempo nascerá novamente e encontrará seus entes queridos em formas alteradas. Portanto, não há causa real para o luto desenfreado.

Os Maometanos têm uma crença um tanto semelhante no kismet, que é o nome que dão ao destino. Eles acreditam que tudo na vida humana, nos mínimos detalhes, é predestinado e que, portanto, não importa como eles agem ou não, tudo o que precisa acontecer vai acontecer, independentemente de qualquer ação ou exercício de engenhosidade da sua parte; portanto, sempre foi relatado que os soldados Maometanos foram para a guerra em absoluto desrespeito por suas vidas; que eles lutaram com bravura insuperável e suportaram todas as privações sem um único murmúrio, sabendo que, quando tivessem combatido o bom combate, seriam transportados para o paraíso, onde a bela Houris ministraria o seu bem-estar para sempre. Embora atualmente todas as Religiões pareçam ter caído cada vez mais na indiferença, o efeito dessa crença ainda é visto em grande medida pelos Auxiliares Invisíveis que cuidam das vítimas da guerra quando elas falecem. Eles geralmente encontram os Maometanos calmos e resignados com seu kismet.

No entanto, quando consideramos o caso dos Cristãos, o assunto é bem diferente. É verdade que a Religião Cristã também ensina que aquilo que o ser humano semear, isso também colherá (Gl 6:7); contudo, em primeiro lugar, os ensinamentos religiosos tiveram um lugar muito restrito entre as nações ocidentais em comparação com o domínio que exercem sobre o povo do oriente, como os Hindus e Maometanos. A Religião deles faz parte da vida cotidiana deles. Em certas épocas, os orientais, de qualquer Religião, dedicam-se à oração e são muito sinceros em sua observância religiosa.

No mundo ocidental, por outro lado, as pessoas geralmente têm vergonha de serem consideradas religiosas demais. Recentemente, um dos jornais de Nova York publicou um anúncio de página inteira, se o escritor lembra bem, que afirmava que os “homens de negócios” deveriam ir à igreja, pois isso é um bom trunfo nos negócios, porque os marcava como cidadãos respeitáveis e garantir-lhes-ia mais crédito. Que motivo indigno para resistir como um incentivo! Houve, é claro, uma indignação considerável direcionada a esse anúncio, mas ele mostra o dilema da igreja, como ela está submetida a isso para manter seus membros e sua frequência; também revela quão poucos, mesmo entre os estudantes que buscam o desenvolvimento místico, leem este grande livro (da Sabedoria Ocidental), a Bíblia.

O escritor já notou que sempre que surge uma pergunta sobre a Bíblia ou alguém é solicitado a ler a Bíblia, muito poucos conseguem pronunciar os nomes corretamente ou nomear os vários livros da Bíblia. Todos esses são sinais que mostram que a Religião no mundo ocidental não é estudada nem praticada diariamente pela grande maioria. Em certa ocasião, ao discutir isso com um “homem de negócios”, ele observou que não tinha tempo para o estudo da Religião durante a semana, portanto, pagava um ministro de uma igreja para estudar e ia à igreja no domingo para que o ministro pudesse ali dar a ele o benefício do que havia aprendido durante a semana anterior.

Aqueles que estudam a Bíblia são chamados de excêntricos e evitados como tal. Daí a ideia sobre o significado do sofrimento e da morte expressa pelo cirurgião no livro que deu origem às reflexões aqui expressas. Mas mesmo onde a ideia de misericórdia e expiação vicária é adotada, vemos o extremo oposto, o ensino que nos diz que um ser humano que pecou e se arrepende é imediatamente perdoado conforme expresso neste dístico.

Entre o estribo e o chão,

Ele procurou e achou o perdão.[1]

Isso transmite a ideia de que alguém pode viver uma vida de pecado até o momento da morte e depois, no leito de morte, ao pedir perdão, podemos ser perdoados por toda a nossa vida de erro. Essa ideia errada tornou-se tão arraigada na consciência pública que perdemos o respeito pela Lei que afirma que “como semeamos, assim também ceifamos”, o que nos torna totalmente dependentes da graça; isso, é claro, se alguma vez já pensamos no assunto. Na estimativa do escritor, nada menos que uma educação completa das pessoas do mundo ocidental sobre o fato da sua responsabilidade pode despertar a vida religiosa novamente.

Se as igrejas querem ter sucesso e aumentar a frequência dos seus membros, se querem espalhar o Reino de Cristo na Terra, então esse é realmente o caminho. Devem despertar o sentido da responsabilidade individual, que em parte se perdeu com a venda de indulgências praticada pela Igreja Católica ou a exigência de dízimos e “contribuições” obrigatórias (inclusive com argumentos de “lugar no céu”) das Igrejas Protestantes, que deu a quem nelas cressem o sentimento de que a justiça e a igualdade, que têm a sua raiz no Direito universal, podem ser enganadas pelo pagamento de coisas insignificantes. Isso foi um golpe no próprio fundamento sobre o qual a Religião está e, como resultado, temos hoje na guerra atual um espetáculo que é horrível demais para ser contemplado. E enquanto nossos irmãos e nossas irmãs, a quem chamamos pagãos, enfrentam a morte e se ajustam às condições do Além, porque estão imbuídos de um senso dessa responsabilidade por suas próprias ações e uma percepção da proteção Divina que tem todas as coisas sob o Seu grande cuidado, nós, que nos orgulhamos de ser as pessoas mais civilizadas, Cristãos, encaramos a morte de um modo totalmente impróprio. Quando não perdemos o juízo por causa da raiva ou ódio e morremos nessa condição, choramos ou ficamos infelizes por causa dos entes queridos que deixamos para trás; e uma pequena classe se compadece por ter sido tirada da vida terrena e dos prazeres aí experimentados.

Há tristeza e sofrimento mental entre os, assim chamados, Cristãos, sentimentos que são inigualáveis, incomparáveis entre aqueles que vêm do Oriente. Se não fossem os parentes daquelas pessoas, que agora estão morrendo às centenas de milhares, pressionarem o Departamento de Cura para acalmá-los até que encontrem seu equilíbrio e, assim, minimizar sua condição terrível, pareceria que o mundo tivesse sido engolido por um oceano de tristeza.

Portanto, ao escritor é provável que, para efetuar a regeneração do mundo ocidental, as pessoas devem ser educadas sobre a ação das Leis gêmeas que estão na raiz do progresso humano; pois, quando entendemos completamente que, sob a Lei da Consequência nós somos responsáveis por nossas ações, mas que a retribuição não é aplicada por um Deus irado, assim como, quando jogamos uma pedra para o céu, não há um Deus irado que pega essa pedra e a joga de volta em nós. Ação e reação se seguem uma à outra assim como fluxo e refluxo, noite e dia, inverno e verão… Essa Lei, juntamente à Lei do Renascimento, que nos dá nova chance em novo ambiente e corpo melhor, permite que nós trabalhemos o nosso caminho do humano até a Divino conforme evoluímos do micróbio ao ser humano.

(Escrito por Max Heindel, Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de abril/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Na igreja Católica, o Ato de Contrição faz parte do Sacramento da Penitência e é rezado pelo penitente depois que o padre atribui uma penitência e antes de dar a absolvição ao penitente. Também costuma ser dito especialmente antes de ir para a cama à noite. Supõe-se geralmente que os indivíduos podem recorrer a um Ato de Contrição quando se encontram à beira da morte. Fulton Sheen relata uma história contada sobre John Vianney. Quando uma viúva recente lamentou a morte de seu marido, que cometeu suicídio pulando de uma ponte, Monsieur le Curé observou: “Lembre-se, senhora, que há uma pequena distância entre a ponte e a água”. Com isso ele quis dizer que o marido dela tinha tempo para fazer um Ato de Contrição. Isso é análogo à conhecida citação: “Entre o estribo e o solo, algo procurou e algo encontrou” – mais poeticamente: Entre o estribo e o chão, ele procurou e achou o perdão –, indicando que a misericórdia está disponível quando buscada. (A citação original é do antiquário inglês do século XVI, William Camden; a versão mais familiar é do romance Brighton Rock, de Graham Greene, de 1938.).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Música arrancando o Véu das nossas Limitações Mortais

A música contém, em sua expressão, toda a gama da evolução. Ela se levanta das névoas da antiguidade, desenvolve-se com as diversas épocas e revela um futuro de infinitas e gloriosas realizações. Vai ao fundo do ser humano desde o começo dele, e guarda, em suas mensagens esotéricas, a história da semente e do broto que germinam, do pecíolo, da folha e do botão que desabrocham e do aperfeiçoamento da maravilhosa flor.

Com a humanidade ela alcança seu destino glorioso de espiritualidade, completamente desabrochada.

A música vivifica a parte mortal do cérebro e faz com que a Mente superior desça para tocar a mortal.

Ela verte, das alturas de onde se encontra, beleza, harmonia e glória em nossas vidas no mundo. É uma benção sublime que nos foi dada para que ouçamos, em suas harmonias, os segredos de nossa natureza divina, enquanto ainda somos mortais, para que vejamos as estrelas da glória futura, mesmo que ainda estejamos na escuridão da noite mortal, para que possamos, enquanto ainda só humanos, obter uma visão distante e vaga que seja, daquele estado superior, a meta de todos os seres, a glória, a magnificência e a realidade daquilo que está tão próximo de nós, uma parte de nosso próprio ser, embora escondido pelas limitações mortais. A música arranca esse véu e revela um pouco dessa glória.

O ser humano percebe isso até certo ponto e assim procura a música e ama as supremas qualidades de sua natureza, fundindo-a à sua própria alma!

(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – abril/1986-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: É absolutamente necessário viver uma vida de ascetismo para evoluir espiritualmente e desenvolver os poderes psíquicos?

Resposta: Isso depende do que a pessoa que pergunta entende por ascetismo. Algumas pessoas no Oriente se jogam dentro de um barril de pregos e se mexem todo para mortificar a carne, ou se chicoteiam e se mutilam de várias maneiras para obter os poderes espirituais. Certamente, isso não está correto. Eles podem e, às vezes, se tornam clarividentes, mas esse percurso é tão repreensível e seus resultados tão transitórios quanto os efeitos obtidos pela bola de cristal, pelo hábito de drogas e por métodos similares.

Devemos compreender que esse Corpo Denso é o nosso instrumento mais valioso e, que é nosso dever lhe fornecer todos os devidos cuidados com esmero, para que, sob essas boas condições, possa ser conduzido à saúde e ao bem-estar. Nenhum poder obtido por maltratar nosso Corpo Denso será de natureza elevada e, portanto, não é duradouro e nem totalmente eficiente.

Porém, algumas pessoas entendem que ascetismo é “viver uma vida saudável e pura”. Desejam o poder espiritual sem sacrificar as tendências animais; eles desejam voar por entre as nuvens, livremente, embora outros chafurdem na lama para reivindicar a liberdade. Querem continuar ingerindo alimentos não saudáveis ou não se preocupar com o tipo de alimento que consomem, empanturrando-se de carne animal, de bebidas alcoólicas, de tabaco e até de drogas, satisfazendo suas paixões e desejos sensuais em todos os sentidos e, ao mesmo tempo, querem ter poderes espirituais.

Isso não pode ser possível. Nossos Corpos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos) e a Mente são nossas ferramentas. Um bom trabalhador aprecia o valor de boas ferramentas e as mantém nas melhores condições – afiadas e limpas. Quando nossos sentidos estão entorpecidos pelo consumo de bebidas alcoólicas e pelo tabaco e, às vezes, até de drogas, quando o nosso organismo é forçado a empregar toda a energia para digerir ou eliminar alimentos não saudáveis, dessa maneira, pode-se esperar que o ser humano seja um sensitivo? Não podemos servir a Deus e a Mamom; a escolha é nossa. Se queremos poderes espirituais, devemos pagar o preço levando uma vida realmente saudável; isto é, fornecer ao nosso corpo alimentos saudáveis e cumprir as regras vivendo de forma simples; nos abstendo de tudo que entorpece os sentidos — bebidas alcoólicas, tabaco e abusos similares. Se isso é chamado de “uma vida de ascetismo”, então o ascetismo é absolutamente necessário.

(Pergunta nº 138 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Mente no Tema Natal ou no Horóscopo Natal

Quando vamos ponderar as qualidades mentais de uma pessoa, em um tema astrológico, a primeira coisa que devemos considerar é a posição de Mercúrio. Primeiramente, notemos em que Signo está ele colocado, depois a Casa e, finalmente, os Aspectos que mantém com os outros Astros.

Para não nos estendermos demasiadamente nesta explanação, remeteremos o caro leitor ao livro “Mensagem das Estrelas” para estudar e compreender os efeitos produzidos pelo Astro da razão, nos diferentes Signos do Zodíaco.

Lá encontrará, também, as qualidades básicas de Mercúrio nos doze Signos. Tais qualidades devem ser estudadas cuidadosamente pois do proveito desse estudo dependem os fundamentos em que basearemos depois nossas conclusões. O outro Astro a considerar, no estudo da razão ou mentalidade, é a Lua. Se há um bom Aspecto entre a Lua e Mercúrio, especialmente se esses dois Astros estão colocados nos ângulos do tema e em Signos que podem expressar suas melhores qualidades, podemos confiar que o paciente cooperará com o médico em sua cura.

Todavia, Mercúrio em Conjunção com Saturno proporciona a uma pessoa uma mentalidade obstinada, teimosa, lenta e propensa à melancolia. Mas, Mercúrio em Trígono ou Sextil com Saturno, proporciona a ela uma memória retentiva, uma Mente bem equilibrada possibilitando o desenvolvimento de boas qualidades de razoamento. Marte e Urano em Conjunção com Mercúrio, proporciona ao paciente uma mentalidade impressionável, sensitiva e emocional; também lhe proporciona tendências a ser um lunático, com pouco controle sobre a Mente. Mas, Marte e Urano em Sextil ou Trígono com Mercúrio, fornecerá a ela uma tendência à sensibilidade e à acuidade mental. Mercúrio ou a Lua em Aspecto adverso (Quadratura ou Oposição) à Netuno, proporciona a ela uma Mente inclinada às condições antinaturais e doentias; propenderá às manias e ao fanatismo na prática da Religião, da mediunidade, das bebidas alcoólicas e das drogas. Observe-se a Casa e o Signo em que estão colocados esses Astros, para conhecer o modo como tendem a se manifestar.

Sendo Netuno a oitava superior de Mercúrio, tem ele influência sobre a Mente superior. Netuno em Aspecto adverso com Urano ou com a Lua proporciona tendências para indesejáveis experiências de psiquismo. Afligido por Marte, especialmente em Conjunção com esse ígneo Planeta, o nativo se vê tentado a empregar amiúde o hipnotismo ou a magia negra sobre os demais, expondo-se, por si mesmo, a ser vítima dos que, faltos de quaisquer escrúpulos, usam essas horrendas práticas sobre os outros.

Quando as aflições mentais se verificam na oitava ou décima segunda Casa têm uma influência mais sutil do que em qualquer outra posição. As aflições ou Aspectos adversos ocorrentes na oitava Casa podem resultar à Mente tendências suicidas.

Desejamos imprimir firmemente na memória do leitor que nunca e por nenhuma razão baseie seu diagnóstico somente em um ou dois Aspectos, senão que deve julgar o horóscopo como um todo. Para ilustrar o perigo em que pode se incorrer pelo exame superficial, tomemos o tema de um homem com Mercúrio em Capricórnio e na sexta Casa, formando um só Aspecto, que era uma débil Quadratura com Netuno. Julgando o horóscopo à ligeira se poderia dizer que o nativo tem a tendência a ter uma mentalidade obtusa. No entanto, quando criança foi o primeiro aluno de sua classe. Em matemática e ortografia era verdadeiramente notável. Já homem, ocupou postos relevantes em suas posições e profissão, sendo depois um diretor de uma empresa que exigia muita habilidade executiva e aguda mentalidade. Para esclarecer isso passemos ao que indicavam os outros Astros de seu tema: tinha sete Astros em Signos de Ar, cinco Astros em Signos mentais, a Lua e Netuno com Aspectos benéficos entre si e nos ângulos, o Sol e a Lua em Signos Fixos. Ao resumir o horóscopo pode-se ver claramente por que tal pessoa alcançou tão elevada posição num trabalho mental, apesar de um débil Mercúrio.

Assim, pois, cremos necessário que o leitor tenha sempre em mira, sem esquecer jamais, o conjunto do tema astrológico – o horóscopo –, empregando bem o raciocínio antes de emitir juízo sobre um horóscopo, quer se trate de qualidades mentais, quer de morais, espirituais ou físicas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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