S. Pedro não ressuscitou Dorcas[1], assim como Cristo não ressuscitou Lázaro[2] nem ninguém, o que aliás, Ele não pretendeu ter feito. Ele disse: “Lázaro não está morto: dorme”[3].
Para que essa asserção possa ser bem compreendida devemos explicar o que se passa por ocasião da morte e em que essa difere da letargia, pois as pessoas acima mencionadas estavam nesse estado, na ocasião em que os supostos milagres foram executados.
Durante a vigília, enquanto nós, o Ego (um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui) agimos conscientemente no Mundo Físico, nossos diversos veículos estão concêntricos: ocupam o mesmo espaço. Contudo, à noite, durante o sono, ocorre uma separação: nós, revestidos do nosso Corpo de Desejos e da nossa Mente, nos desligamos do nosso Corpo Denso e do Corpo Vital, que ficam sobre o leito. Os veículos superiores flutuam próximo e acima desses dois últimos. Estão ligados aos outros dois veículos superiores pelo Cordão Prateado, um fio estreito e brilhante com três segmentos, onde dois deles tem a forma semelhante a de dois números “seis” invertidos e do qual uma das extremidades está ligada ao Átomo-semente no coração e a outra no Átomo-semente do Corpo de Desejos, sendo que o ponto onde os dois “seis” se une, está ligado ao Átomo-semente do Corpo Vital.
No momento da morte, esse fio se desconecta do coração. As forças do Átomo-semente passam pelo nervo pneumogástrico ou vago, pelo terceiro ventrículo do cérebro, através da sutura entre os ossos parietal e occipital, subindo aos veículos superiores que estão fora, por intermédio do Cordão Prateado. O Corpo Vital também se separa do Corpo Denso com essa ruptura (aliás é essa a única ocasião em que se dá essa separação) e junta-se aos veículos superiores, que estão flutuando sobre o cadáver. Aí o Corpo Vital permanece cerca de três dias e meio. Depois desse tempo, os veículos superiores se desligam do Corpo Vital que começa a se desintegrar simultaneamente com o Corpo Denso, nos casos comuns.
No momento dessa última separação, o Cordão Prateado rompe-se pelo meio, no lugar da união dos dois seis, e nós, o Ego, nos encontramos livres de qualquer contato com o Mundo material (a Região Química do Mundo Físico).
Durante o sono, nós também nos retiramos do nosso Corpo Denso, mas o nosso Corpo Vital continua interpenetrando esse último, e o Cordão Prateado permanece inteiro e intacto.
Acontece, às vezes, que nós não tornamos a entrar no Corpo Denso pela manhã, para despertá-lo como de hábito, porém ficamos fora durante algum tempo que varia de caso para caso. Nesse caso, porém, o Cordão Prateado não se rompeu. Quando ocorre essa ruptura, não será possível nenhuma restauração. O Cristo e os Apóstolos eram Clarividentes: sabiam que não tinha havido ruptura nos casos mencionados, e daí a afirmação: “Ele não está morto, dorme”. Eles possuíam o poder de obrigar o Ego a entrar no seu Corpo Denso e de restaurar as condições normais.
Assim foram feitos os supostos milagres de ressuscitação ou ressurreição!
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho/agosto/1988 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Ora, em Jope havia uma discípula, chamada Tabita, em grego Dorcas, notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Aconteceu que naqueles dias ela caiu doente e morreu. Depois de a lavarem, puseram-na na sala superior. Como Lida está perto de Jope, os discípulos, sabendo que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens com este pedido: “Não te demores em vir ter conosco”. Pedro atendeu e veio com eles. Assim que chegou, levaram-no à sala superior, onde o cercaram todas as viúvas, chorando e mostrando túnicas e mantos, quantas coisas Dorcas lhes havia feito quando estava com elas. Pedro, mandando que todas saíssem, pôs-se de joelhos e orou. Voltando- se então para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te!”. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Este, dando-lhe a mão, fê-la erguer-se. E chamando os santos, especialmente as viúvas, apresentou-a viva. Espalhou-se a notícia por toda Jope, e muitos creram no Senhor. Pedro ficou em Jope por mais tempo, em casa de certo Simão, que era curtidor. (At 9:36-43)
[2] N.R.: Havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta. Maria era aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés com seus cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente. As duas irmãs mandaram, então, dizer a Cristo Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. A essa notícia, Cristo Jesus disse: “Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus”. Ora, Cristo Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro. Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no lugar em que se encontrava; só depois, disse aos discípulos: “Vamos outra vez até a Judéia!”. Seus discípulos disseram-lhe: “Rabi, há pouco os judeus procuravam apedrejar-te e vais outra vez para lá?”. Respondeu Cristo Jesus: “Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele”. “Disse isso e depois acrescentou: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. Os discípulos responderam: “Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar!”. Cristo Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do repouso do sono. Então Cristo Jesus lhes falou claramente: “Lázaro morreu. Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele!”. Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: “Vamos também nós, para morrermos com ele!”. Ao chegar, Cristo Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias. Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios. Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da perda do irmão. Quando Marta soube que Cristo Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, porém, continuava sentada, em casa. Então, disse Marta a Cristo Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá”. Disse-lhe Cristo Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. “Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia!”. Disse-lhe Cristo Jesus: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. “E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?”. Disse ela: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”. Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho: “O Senhor está aqui e te chama!”. Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro. Cristo Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o fora encontrar. Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a, viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que fosse ao sepulcro para aí chorar. Chegando ao lugar onde Cristo Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a seus pés e lhe disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. Quando Cristo Jesus a viu chorar e, também, os judeus que a acompanhavam, comoveu-se interiormente e ficou conturbado. E perguntou: “Onde o colocastes?”. Responderam-lhe: “Senhor, vem e vê!”. Cristo Jesus chorou. Diziam, então, os judeus: “Vede como ele o amava!”. Alguns deles disseram: “Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia ter feito com que ele não morresse?”. Comoveu-se de novo Cristo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com uma pedra sobreposta. Disse Cristo Jesus: “Retirai a pedra!”. Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!”. Disse-lhe Cristo Jesus: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”. Retiraram, então, a pedra. Cristo Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: “Pai, dou-te graças porque me ouviste. Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste”. Tendo dito isso, gritou em alta voz: “Lázaro, vem para fora!”. O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Cristo Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o ir embora” (Jo 11:1-44)
[3] N.R.: Jo 11:11
Nós somos um ser composto, possuindo sete veículos em diferentes estágios de desenvolvimento. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental os designam da seguinte forma: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos, Mente, Espírito Humano, Espírito de Vida e Espírito Divino. Um Tríplice Corpo e um Tríplice Espírito juntos, com um veículo Mente, que é o elo entre eles. Cada veículo serve como um trampolim para o próximo, que é superior.
O Corpo Denso é o nosso veículo mais bem organizado e o único no qual a maioria de nós pode funcionar conscientemente. Na verdade, a maioria das pessoas acredita que é o único Corpo que possui, pois é o único que consegue ver. No entanto, sempre tivemos pioneiros no caminho do progresso e temos hoje aqueles que se adiantaram e desenvolveram a consciência no Corpo Vital.
O desenvolvimento de cada veículo nosso avança simultaneamente, mas há períodos em que a ênfase é especialmente dada ao aperfeiçoamento de um determinado veículo. Em eras passadas, a última sob o regime de Jeová, o Legislador, o Corpo Denso foi levado ao seu atual estado de elevada organização. Para esse propósito a Lei Jeovística foi necessária. Com o advento de Cristo, porém, inaugurou-se uma nova Era cuja estrutura é o Altruísmo, e é a sua prática que desenvolverá a consciência no Corpo Vital e o levará a um elevado grau de evolução.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental fornecem ênfase especial ao desenvolvimento do Corpo Vital. Seus Ensinamentos são formulados com esse objetivo em vista, pois reconhece que todo desenvolvimento oculto seja proporcional à organização e evolução desse veículo. O Corpo Denso é composto de materiais da Região Química do Mundo Físico, a saber: Sólidos, Líquidos e Gases. O Corpo Vital é composto de matérias da Região Etérica do Mundo Físico, a saber: Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso (ou de Luz) e Éter Refletor, substâncias físicas muito sutis. A ciência material admite a presença do Éter como meio para a transmissão da luz e da eletricidade. A ciência oculta sabe que existem quatro Éteres separados e distintos que são usados na formação do Corpo Vital.
As forças que atuam através do Éter Químico do Corpo Vital atuam no Corpo Denso como agentes de assimilação e excreção. As que atuam através do Éter de Vida manifestam-se na propagação. A função desses dois Éteres, ditos como Éteres inferiores, é puramente física, sustentando o Corpo Denso e mantendo as espécies. As forças que atuam através do dois Éteres superiores, a saber: Éter de Luz, onde tornam possível a percepção sensorial, a dos sentidos físicos; e as que atuam através do Éter Refletor onde nos proporcionam a memória. À medida que esses dois Éteres tornam possível a percepção sensorial e a memória no Corpo Denso, veremos que, quando aperfeiçoarmos e organizarmos o Corpo Vital, eles se manifestarão também nele como percepção sensorial e memória; ou seja, como consciência.
Mas para tornar o Corpo Vital um veículo separado de consciência, enquanto ainda mantemos o Corpo Denso, é necessário separar os dois Éteres superiores dos dois Éteres inferiores. Os dois Éteres inferiores devem permanecer com o Corpo Denso para sustentá-lo; mas é possível retirar os dois Éteres superiores e usá-los como um veículo separado de consciência.
Para agarrar tal oportunidade e atingir esse objetivo, sem realizar o trabalho necessário para primeiro aumentar os dois Éteres superiores o suficiente para formar um veículo separado, algumas pessoas recorrem a exercícios respiratórios; mas eles são perigosos, pois tendem a retirar os quatro Éteres do Corpo ou desequilibrá-los. Isso pode resultar na morte, em algum grau de insanidade e/ou graves distúrbios físicos. O nosso desenvolvimento, tal como o crescimento de uma planta, não pode ser apressado sem frustrar o objetivo em vista. O verdadeiro desenvolvimento oculto é seguro e possível apenas quando acompanhado pelo desenvolvimento moral.
Hoje sabemos que a “Veste Dourada das Bodas” ou o “Traje Nupcial de Bodas” (que denominados de Corpo-Alma), ou Soma Psuchicon como chamou S. Paulo, mencionada por Cristo, é o Corpo Vital aperfeiçoado, que surge da separação entre os dois Éteres superiores dos dois Éteres inferiores. Sabemos também que a repetição é a base desse crescimento, porque nos foi ensinado a “orar sem cessar”[1]. Somente na medida em que seguirmos os passos de Cristo nós construiremos o veículo no qual “O encontraremos nos ares”[2], apressando Sua Segunda Vinda por meio do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), sempre focado na divina essência que cada um de nós temos – que é a base da Fraternidade – para com o irmão e a irmã ao nosso lado, que edifica o Corpo Vital.
(Publicado na: Rays From The Rose Cross – fevereiro /1918 – Traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: ITes 5:17
[2] N.T.: ITes 4:17
Aprendemos por meio dos Ensinamentos Rosacruzes que somos um Espírito Virginal, parte integrante de Deus, e temos em nós todas as possibilidades divinas (que traduzimos como poderes latentes); que, por meio de repetidas existências em Corpos Densos aqui na Região Química do Mundo Físico e de crescente perfeição, esses poderes latentes gradualmente se convertem em energia dinâmica; que nesse processo ninguém se perde e que todos nós alcançaremos, finalmente, a meta da perfeição e religação (da palavra “Religião” vem do latim religare, que significa “religar” ou “reconectar”) com Deus, levando conosco as experiências acumuladas como fruto de nossa peregrinação através da matéria.
E isso é feito por meio do Ciclo de Nascimentos e Mortes aqui na Região Química do Mundo Físico!
Se quiser saber mais detalhes sobre essa peregrinação, como “morte aqui, nascimento lá; morte lá, nascimento aqui”, é só clicar aqui: Nosso Trabalho para Renascer aqui mais uma vez – A Entrada no Corpo Materno
O Estudo Bíblico Rosacruz é fundamental para o Estudante Rosacruz a fim de ajudá-lo a equilibrar cabeça-coração, intelecto-coração, razão-devoção, ocultista-místico Cristão.
Sabemos que os eventos na vida de Cristo representam etapas sucessivas no Caminho da Iniciação para os Cristãos (Místicos e Ocultistas) que estão trilhando esse caminho, que na Fraternidade Rosacruz é o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Nesse Estudo vamos detalhar a significância esotérica desse ensinamento que o próprio Cristo nos mandou praticar, se formos Cristãos de fato, por essa dessa Oração.
Para saber mais sobre esses assuntos é só clicar aqui: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Significância Esotérica de alguns pontos – Evangelho Segundo S. Mateus: Capítulo 6 – Versículos de 7 a 15
Para os outros Capítulos, clique aqui
A Memória tem, na sua essência, três aspectos: Consciente ou Voluntária, Subconsciente ou Involuntária e Superconsciente.
A Memória Consciente ou Voluntária consiste das impressões de nossos sentidos físicos que são inscritas no Éter Refletor do Corpo Vital por meio da atividade da nossa Mente e da criação dos pensamentos-formas. Estas se refluem para dentro da nossa Mente sempre que o registro etérico é vitalizado por alguma associação de ideias, causando, por esse meio, o fenômeno conhecido como Memória Consciente.
A Memória Subconsciente ou Involuntária tem a sua existência de uma forma completamente diferente e está fora de nosso controle, presentemente. O Éter, contido no ar que respiramos, leva consigo imagens detalhadas e precisas de tudo que nos rodeia, não só das coisas materiais, mas também das condições existentes em cada momento dentro de nossa aura. Estas imagens são gravadas nos átomos negativos do Corpo Vital e constituem o que se chama a Memória Subconsciente.
A Memória Superconsciente é o depósito de todas as faculdades adquiridas e de todo o conhecimento obtido nas vidas anteriores e na vida presente, desde quando recebemos o germe da Mente, na Época Atlante. A gravação da memória Superconsciente está indelevelmente inscrita no Espírito de Vida. Manifesta-se normalmente, embora não em toda a sua amplitude, como consciência e caráter.
A imaginação, tal como usamos aqui, é a força criadora mental-formativa que cria imagens. É o poder de visualização que cria os pensamentos-forma de acordo com as ideias projetadas na Mente Consciente por nós, o Ego humano. É de natureza feminina e unida as forças da Lua, que são ativas na construção das formas.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1978 –Fraternidade Rosacruz– SP)
Quando renascemos neste Mundo Físico, estamos dotados de forças e poderes. É nosso dever, assim como também nossa oportunidade, desenvolvê-los durante a nossa vida aqui na Terra, e utilizá-los em nosso caminho para cima, na perfeição, em nossa jornada de retorno a Deus. Por isso, é nos ensinado: “E não sejas conformado a este mundo, mas sê transformado pela renovação da tua Mente, para que possas comprovar que essa é boa, aceitável, e a perfeita vontade de Deus.” (Rm 12:2).
Quando olhamos o diminuto, terno e quase desamparado Corpo Denso de uma criancinha, é para nós difícil imaginá-lo um indivíduo crescido, e capacitado para usar livre e poderosamente seu organismo. No começo da nossa existência terrena há pouca evidência dos poderes latentes espirituais e morais deste ser pequeno. Porém, ainda quando são invisíveis estas forças, estão prontas para manifestar-se no tempo apropriado.
O Corpo Denso renova-se a cada sete anos. Por analogia podemos deduzir que veículos sutis, têm que renovar-se também. É a presença desses poderes latentes que faz possível a evolução. Conforme renovamos nossos Corpos de Desejos, e os redirigimos, podemos mudar e enriquecer nossa existência fazendo com que a nossa vida se reflita nos Mundos superiores. Quanto mais muda para melhor, mais pertos da perfeição e mais amplos horizontes abrem-se ante nós.
Quando essas forças ocultas dentro de nós, são libertadas, podem produzir um efeito tremendo. Nada permanece estacionário. Nada há em estado permanente. “Nada é mais certo que a mudança”. Temos que escolher, e por um esforço determinado da vontade, cuidadosamente, eleger o caminho que desejamos percorrer.
Depois que a opção tenha sido feita, o investigador da verdade se esforça conscientemente, em trabalhar com as forças ocultas.
O aspecto mais valioso de todas as coisas criadas é a possibilidade de sua mudança para melhor; a potencialidade para seu crescimento e a habilidade para compreender e realizar a verdade. Existe em toda a criação um movimento contínuo para a perfeição. Na Filosofia Rosacruz ensina-se que podemos conseguir a perfeição com a ajuda daqueles que pisaram antes neste caminho: nossos Irmãos Maiores, que estão sempre empenhados em nos ajudar no nosso progresso.
A habilidade criadora é inseparável em nós. Fomos feitos à imagem e semelhança do nosso Criador, Deus. “N’Ele vivemos, nos movemos, e temos o nosso ser” (At 17:28). Com o auxílio da Oração e da Meditação, temos o poder de nos abrirmos às benéficas influências do Universo. Nosso Sistema Solar com tudo o que está em cima e dentro dele, provém do Sol. E recebemos nosso impulso espiritual por meio dos raios espirituais originários do Sol espiritual que vive atrás da órbita física solar. Muito depende da nossa habilidade, para responder a estas emanações.
Temos que saber como receber esse bem que está a nossa volta. Devemos anelá-lo, antes que seja possível utilizar essas forças superiores. Conforme pedimos, assim obteremos, é uma resposta a nossa própria procura.
Os raios que vêm do Sol transmitem iluminação espiritual. Aqueles raios enviados pelos Planetas promovem inteligência, moral e crescimento anímico. E os raios refletidos por nosso satélite, a Lua, assistem o crescimento físico.
Progredimos constantemente, de vida em vida. Conforme mudam os costumes sociais e ambientes físicos, de idade em idade, tornamos a estar em contato com a vida. Com o auxílio e orientação das Hierarquias Criadoras encontramos condições e circunstâncias úteis na obtenção das experiências necessárias. Deste modo temos a oportunidade de desemaranhar o novelo em que nos enrolamos em vidas anteriores. Ao mesmo tempo podemos colocar novas causas em ação. Estudamos nas Epístolas de S. Paulo aos Coríntios: “O homem interior é renovado dia por dia” (IICor 4:16).
No Livro A Teia do Destino – Fraternidade Rosacruz – Max Heindel, aprendemos que desde a puberdade, e durante toda a vida, uma força sexual criadora é gerada internamente em nosso organismo. Esta força pode ser usada para três fins: geração, degeneração ou regeneração. Depende de nós qual dos três métodos escolher. Porém, qualquer que escolhamos terá uma orientação importante em nossa vida, pois o uso dessa força sexual criadora não está limitado em seu efeito ao tempo ou ocasião em que se dispõe dela. Cobre cada um dos momentos de nossa existência e determina nossa atitude em cada uma das fases particulares da vida aqui.
Algumas vezes podemos perder nosso rumo aqui na Terra, e os valores reais e eternos são esquecidos em presença de tantas coisas desanimadoras e transitórias.
É quando nos damos conta desta condição, devemos parar, fazer o inventário da nossa existência, e procurar melhores meios de vida, procurando os valores superiores e a maneira para renovar nossa força.
Esta possibilidade é mencionada de modo bem claro nas Sagradas Escrituras, na Parábola do Filho Pródigo[1]. Ele tinha que dar-se conta por si mesmo do seu estado indigno, método insatisfatório de vida, e deveria procurar internamente, para encontrar a força que o faria retornar ao Pai. E, em verdade, o Pai contava com seu retorno. É evidente que o cultivo de forças e poderes espirituais, requer que também sejam adquiridas sabedoria e compreensão, pois os poderes espirituais não são nem maus nem bons em si, senão o motivo e o caráter de quem os possui, fazem-nos merecer esse qualificativo. Sabemos que as distinções entre o uso legítimo e ilegítimo dos poderes espirituais são superiores e sutis.
Sempre devemos recordar que poder é força para realizar, e o que com ela fazemos, depende de nós. A direção que lhe dermos é de nossa própria e pessoal responsabilidade.
Foi poder sobre todas as coisas o que o diabo, o tentador, prometeu ao Cristo Jesus, quando estiveram juntos no deserto. Sabemos que Cristo Jesus triunfou de todas as tentações e respondeu: “Não tentarás ao Senhor teu Deus.” Neste, como em todas as demais veredas, Ele é nosso único Ideal e Caminho.
Se perdemos nosso rumo, isto é só temporário. As asas cortadas podem crescer de novo, e quando encontrarmos outra vez nosso caminho, aprenderemos também que só o Bem, a Verdade e o Belo sobrevivem afinal, pois um dia seremos testemunhas desse fato: “E aquele que estava sentado no trono disse: E daqui eu faço novas todas as coisas.” (Apo 21:5).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1974 pela Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Lc 15:11-32 – “Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda ao longe, quando seu pai o viu, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois, este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois, esse teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado!’”
Todo o Cristão ora. A Oração é um ato generalizado em toda a coletividade Cristã e em toda a coletividade que crê em Deus. Orar é agir com a Mente e com o Coração ao mesmo tempo, em comunhão com as coisas superiores: é elevar a alma aos planos superiores, num movimento de aproximação.
Todo o Cristão ora, mas nem todos sabem orar e pode-se dizer que tanto mais eficaz é a oração, quanto mais sereno estivermos nessa hora, ou nesse momento. A aflição, a impaciência, um movimento forte de emoção neutralizam a intensidade da oração, por isso se aconselha que por mais forte que seja a necessidade ou a vontade de orar, quando se está em desespero, é melhor esperar a calma para depois fazer uma oração como se deve. A oração é um trabalho interno, de grande valor, porque é a concentração de forças espirituais no sentido de um entendimento com os Mundos das causas, os Mundos espirituais.
Se não houver uma harmonia perfeita do pensamento que dita a expressão de uma oração e dos sentimentos que traduzem essa expressão, a oração não tem intensidade, portanto perde muito de seu valor. Ela é tanto mais perfeita, quanto mais consciente e mais sentida for.
Muita gente tem as suas orações decoradas. Se elas forem compreendidas no seu verdadeiro sentido e levarem a força do sentimento, essas orações levam o efeito da sua repetição, que é um efeito infalível e a correspondência de seus sentimentos, mas, é preciso dizer que as orações que estão apenas no domínio da memória são vazias, sem consistência e, portanto, sem resultado. O que não é consciente é inconsequente. Essas orações decoradas têm, geralmente, palavras muito bonitas e de uma força de expressão, mas, de nada valem essas expressões, se não levarem um pouco da alma, se não produzirem um contato dentro de nós com o Espírito de Deus, num entendimento mútuo, num reconhecimento.
Deus está em nós e nós sentimos profundamente a Sua presença quando oramos com consciência e sentimento, com calma e confiança. E as orações conscientes, plenamente esclarecidas, são as orações espontâneas, criadas no momento, num esforço de elevação da alma, em confissão, clara e sincera, numa comunhão dos sentimentos mais elevados com o que realmente somos, o Deus Interno. Essas são as orações do verdadeiro Cristão e devem ser adotadas pelos Estudantes Rosacruzes. “Esoterismo”, no seu sentido gramatical, quer dizer “íntimo” de “dentro”.
No sentido espiritual, “Esoterismo” quer dizer desenvolvimento das faculdades mais íntimas, mais profundas que possuímos, latentes. Então, para que uma oração seja esotérica, é preciso que ela venha do íntimo de nossa consciência, numa força natural e pura, numa exposição clara de nossos pensamentos. E é assim que falamos nessas ocasiões, por meio da nossa consciência, e muitíssimas vezes, em meio de uma meditação profunda, em forma de oração, nós sentimos a nossa ignorância, os enganos da nossa conduta, dos nossos modos de agir, e percebemos o caminho mais certo.
É fato comum entre os Estudantes Rosacruzes perceber, intuitivamente, os enganos existentes numa questão já começada e decidida, e então fazer as modificações adequadas. Isso porque nós, quando em comunhão com Cristo, os Irmãos Maiores e até os Auxiliares Invisíveis conscientes, nos sintonizamos e nos harmonizamos para que possamos agir, atuar na nossa vida, desde que sinceramente procuramos.
É pensando, refletindo, com a consciência aberta que nós atinamos com os nossos próprios defeitos e com os erros de nossas ações e, é orando, pedindo a Deus (o nosso Deus Interno) que nos ilumine, que a nossa consciência se torna clara.
A oração é, como se diz comumente, um ato de Fé e de Confiança em Deus. Por isso mesmo, é preciso que leve um pouco de nós mesmos, num sentimento maior ainda, que é o de amor à Deus. Não basta a confiança, é preciso amá-lo.
Qualquer pessoa tem direito de orar, de pedir a Deus, de se socorrer na grandeza e na bondade Divina, mas o direito é, em grande parte, a consequência do dever cumprido. É preciso que sejamos dignos dos pedidos que fazemos, mesmo porque, nada que não seja justo, não pode ser concedido, por efeito das Leis de Deus.
Diante das Leis de Deus muita coisa nos pode ser proporcionado, mas fora das Leis de Deus, nada pode ser fornecido e tem que ser assim para que haja equilíbrio e para que haja o desenvolvimento da nossa consciência, o aperfeiçoamento das nossas faculdades, o nosso progresso, enfim.
Esse progresso é tão certo, é tão infalível, que os Ensinamentos Rosacruzes, ao contrário de outros ensinamentos conhecidos, não aconselham a resignação total, a passividade em relação aos sucessos da nossa vida, sucessos que nós chamamos de fatalidade. A resignação deve ser relativa. Sabemos que muitas coisas de nosso destino são imutáveis (chamado de Destino Maduro que temos que passar por meio de adversidades, restrições e que requer muita paciência e muita fé); que nós mesmos as criamos e que temos de suportá-las. Sabemos que o nosso destino é como uma casa que construímos para nossa moradia. Se ela tem defeitos, nós mesmos somos culpados e temos de suportar, porque para corrigir os defeitos dela, ou para remover as portas, janelas, o teto, etc., seria preciso desfazê-la toda, pedra por pedra, para não promover mais desordem ainda, e construí-la de novo, pedra por pedra, outra vez. No entanto, pode-se suportar os defeitos dela, arrumando-a com jeito, enfeitando-a, ajeitando o seu interior de acordo com nossas necessidades presentes. Além disso, justamente por conhecermos e não nos resignarmos com os nossos defeitos maiores, irremediáveis, nós vamos, nela mesmo, trabalhando para a construção de uma casa melhor, mais aperfeiçoada, mais a gosto. Vamos reunindo o necessário e construindo devagar, uma casa mais cômoda e mais fácil, de modo que não devemos rebelar-nos com a nossa situação na vida, mas também não devemos nos resignar completamente e deixarmos que as coisas corram por si só. O que é preciso é nos acomodarmos na situação atual e trabalharmos para criar uma melhor. Isso tanto no sentido material como no espiritual. Vivemos sempre a pedir a Deus e, de nossos pedidos quase todos são de ordem material, por isso mesmo é que muitas vezes ficamos desapontados e tristes. Peçamos somente em favor do nosso entendimento, da nossa luz espiritual, em favor de nossos semelhantes, e nossa vida terrena correrá mais suavemente, sem tantos solavancos. É que o nosso, o Ego, progresso traz progresso material, na sua justa proporção, na sua medida adequada às nossas verdadeiras necessidades. “Buscai primeiro o Reino de Deus e o demais lhe será dado por acréscimo”[1], nos ensinou o próprio Cristo.
Saber “querer” é uma das condições mais importantes da nossa vida e do nosso progresso. “Querer” o que é justo é meio caminho andado para se obter. Querer dentro dos limites do nosso merecimento é obter naturalmente, mas, acontece que não sabemos ser justos nos nossos deveres. Estamos sempre falhando com eles ou deixando-os incompletos, já pensando em receber o pagamento. Somos como as crianças de escola, que com a pressa de ver a nota no caderno, entregam a lição sem terminar.
Se pensássemos mais, procuraríamos, em primeiro lugar, corrigir os nossos próprios defeitos, porque então faríamos tudo mais bem feito, e pela Lei de Causa e Efeito ou Lei da Consequência teríamos também recompensas mais completas. Se somos imperfeitos, como queremos ter causas perfeitas?
De outro lado, quanto melhor somos, maior é o nosso centro de atração simpática e mais facilidades encontramos na vida, como aconteceu, por exemplo, com S. Francisco de Paula, que sendo uma criatura humílima, conquistou toda a simpatia de uma aristocracia orgulhosa e privilegiada ao ponto de ser convidado para assumir um cargo na Corte. Ele recusou esse cargo, mas aproveitou a simpatia daquela gente rica e de prestígio para aumentar a sua caridade, para intensificar a prática do bem.
A oração é, pois, um dos nossos maiores auxiliares, não resta a menor dúvida. É um esforço, um trabalho da alma, numa elevação da Mente e do Coração às esferas mais elevadas, onde as forças espirituais são concentradas, mas é preciso que sejamos dignos, profundamente dignos em pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações nas palavras que elevamos a Deus.
Examinando a nossa consciência notamos que em nossas orações poucas vezes nos lembramos dos outros e, no entanto, se quisermos, elas podem ser um veículo do nosso altruísmo. Se se faz orações coletivas em benefício de todos, porque é que a sós, não podemos repartir com eles o que de bem desejamos a nós.
Orar pedindo para os outros também aquilo que desejamos para nós é orar com Amor e Fraternidade.
Max Heindel aconselha-nos ainda mais: tudo o que pedimos a Deus, que seja para servir aos outros também. Tudo o que recebermos, que não seja guardado unicamente para o nosso próprio bem; que tenha utilidade para os que também precisam.
Tudo o que de “graça se recebe, de graça deve-se dar”, nos ensina os Evangelhos, e tudo que se consegue a custo de esforço e trabalho, também não deve servir ao nosso egoísmo e sim ao nosso altruísmo, porque então, além da boa vontade, leva também um pouco de nós, da nossa energia e da nossa capacidade.
Dar a sobra, não quer dizer nada, repartir o pouco que se tem, isto sim é caridade!
A oração, pois, elevada com amor a Deus e com amor aos nossos semelhantes, no silêncio, no recolhimento da nossa consciência, pode-se dizer que é mais um ato de fé; é um ato de reconhecimento de Deus em nós mesmos; no íntimo de nosso ser, no âmago de nossa Natureza. E Max Heindel aconselha-nos também, com insistência, a meditação: voltar nossos pensamentos para dentro de nós mesmos. Perguntar à nossa consciência o que temos feito. Ela com certeza responderá: pouco ou nada; sentir dentro de nós essa união com Deus é o principal objetivo de uma meditação, é fazermos à nossa consciência o compromisso de uma conduta louvável e útil à coletividade.
Cristo legou-nos a Oração do Senhor ou “O Pai Nosso”, uma oração completa, que pronunciada com convicção e sentimento, atende a todas as nossas necessidades, espirituais, materiais e sentimentais, que tem, em cada uma de suas partes, vibrações apropriadas a cada um dos nossos veículos externos e internos.
Essa oração interpreta as nossas necessidades de subsistência para prosseguirmos na luta de todos os dias, o desejo de redimir os nossos erros e compreender os erros dos outros, o pretexto de confiança, de fé e reconhecimento da vontade divina, infalível e sábia nos seus desígnios; a preservação do erro e das fraquezas, que são sempre provocados pelo Corpo de Desejos; a claridade da Mente para discernir o bem do mal e assim por diante.
Ao pronunciarmos o Pai Nosso, meditando e analisando cada uma de suas expressões, com intensidade de sentimento, com calma e clareza de ideia, podemos dizer que estamos sentindo em nós o Espírito de Deus. Max Heindel proporcionou-nos um presente dos Céus, um bem inefável, ensinando-nos a interpretação dessa Oração nos fornecida diretamente por Cristo[2].
Ela fala a todo o nosso mundo interno e coloca-nos junto a Deus, como um filho que procura a mão protetora do Pai. Essa oração deve nos servir de guia para todas as outras que fizermos, por nossas próprias palavras, de acordo com o estado de alma do momento. Ela nos ensina a falar com a consciência aberta, diretamente ao nosso Cristo Interno, na mais plena e absoluta confiança.
A palavra é uma força, e toda a palavra pronunciada com convicção, mesmo que fique solta no ar, é uma semente a germinar e um dia dará frutos. Nada se perde no Universo, nem mesmo um som qualquer, isolado perdido no espaço. Esses, conduzidos pelas ondas hertzianas, são conduzidos até onde podem ser reproduzidos.
Assim são as palavras. Uma vez pronunciadas com sentimento, provocam, infalivelmente, o efeito, como a resposta, muito embora demore um pouco. Boas ou más, elas vão e voltam trazendo a consequência, por isso devemos ter muito cuidado com as expressões, principalmente com aquelas que se diz em momentos de emoção, e com as que se pronuncia em forma de pedido às forças superiores.
Por grande que seja a nossa necessidade, por premente que seja a situação do momento, é melhor não a fazer se não se conseguir um pouco de calma. Quando a angústia alvoroça o nosso coração, é melhor, num pensamento único e confiante, entregar a Deus a questão. Confiar absolutamente, porque muitas vezes, o tumulto das emoções nos leva a pensamentos e palavras disparatadas, que sentidas e ditas com intensidade, podem provocar reação equivalente. O nosso Corpo de Desejos é impaciente e, na maioria das vezes, perturba a nossa Mente, mormente em casos difíceis, e nos leva a perturbar também as ideias, a palavra, o que nos leva a reações indesejáveis. O melhor meio de se aguentar um vendaval é parar junto a um apoio seguro, como fazem as pessoas que, durante os temporais de areia, se agasalham junto às muralhas e ficam imóveis enquanto o vendaval lhes passa por cima das cabeças. Do mesmo modo, um revés, uma dessas borrascas na vida que acontece a toda gente, deve ser suportado com a concentração das forças e com o pensamento firme em Deus.
Voltando à oração, há trabalhos na vida, trabalhos altruísticos, que valem por uma oração profunda. Há trabalhos, mesmo na nossa vida diária, em nossas profissões, que feitos com honestidade e interesse pela coletividade, também são orações oferecidas a Deus. A oração comum, a prece é um trabalho da Mente e dos sentimentos elevados a Deus, diretamente, mas há ainda outros meios de nos elevar, de estimular as nossas faculdades superiores e orar: é amar os nossos semelhantes e respeitá-los, proceder em tudo o que fizermos, com boa fé, com amizade, com vontade de ser útil. Essa é a melhor maneira de se orar, servir amorosa e desinteressadamente ao próximo, e servir a Deus.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1980 Fraternidade Rosacruz São Paulo-SP)
[1] N.T.: Mt 6:33
[2] N.T.: Podemos comparar a Oração do Senhor (Pai Nosso – Mt 6: 9-13) como uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação de todos os veículos do ser humano.
O cuidado a prestar ao Corpo Denso está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.
A oração que se refere às necessidades do Corpo Vital é: “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O Corpo Vital é a sede da memória. Nele estão arquivadas subconscientemente as lembranças de todos os acontecimentos passados, bons ou maus, isto é, tanto a injúria como os benefícios feitos ou recebidos. Lembremos que, ao morrer, as recordações da vida são tomadas desses arquivos imediatamente depois de se abandonar o Corpo Denso e que todos os sofrimentos da existência pós-morte são resultado dos acontecimentos aí registrados como imagens.
Se pela oração contínua obtemos o perdão ou esquecimento das injúrias que tenhamos praticado e procuramos prestar toda compensação possível, purificamos nossos Corpos Vitais. Esquecer e perdoar àqueles que agiram mal contra nós elimina todos os maus sentimentos e nos salva dos sofrimentos pós-morte. Além disso, prepara o caminho para a Fraternidade Universal, que depende mui especialmente da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. As ideias de vingança são impressas pelo Corpo de Desejos, em forma de memória, sobre o Corpo Vital. A vitória sobre isso é indicada por um temperamento equânime em meio dos incômodos e sofrimentos da vida. O Aspirante deve cultivar o domínio próprio, porque tem ação benéfica sobre os dois Corpos. A Oração do Senhor exerce o mesmo efeito porque ao fazer-nos ver que estamos injuriando os outros voltamo-nos para nós mesmos e resolvemo-nos a descobrir as causas. Uma dessas causas é a perda do domínio próprio, originada no Corpo de Desejos.
Ao desencarnar, a maioria dos seres humanos deixa a vida física com o mesmo temperamento que trouxe ao nascer. O Aspirante deve conquistar, sistematicamente, todos os arrebatamentos do Corpo de Desejos e assumir o próprio domínio. Isto se efetua pela concentração sobre elevados ideais, que vigoriza o Corpo Vital. É um meio muito mais eficaz do que as orações da igreja. O ocultista cientista prefere empregar a concentração à oração porque a primeira se realiza com o auxílio da Mente, que é fria e insensível, enquanto a oração, geralmente, é ditada pela emoção. Feita com devoção pura e impessoal, dirigida a elevados ideais, a oração é muito superior à fria concentração. Aliás, nunca poderá ser fria, porque voa para Divindade sobre as asas do Amor, a exaltação do místico.
A oração para o Corpo de Desejos é: “Não nos deixeis cair em tentação”. O desejo, o grande tentador da Humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.
O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro grandes motivos de toda ação humana. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo. Os grandes Líderes da Humanidade agiram sabiamente quando lhe deram tais incentivos para a ação, a fim de obter experiências e aprender. O Aspirante deve continuar usando-os como motivos de ação, firmemente, mas deve transmutá-los em algo superior. Por meio de nobres aspirações, deve saber transcender o amor egoísta que busca a posse de outro Corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundamentados em razões pessoais egoísticas.
O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da Alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe.
A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes.
O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a Humanidade.
A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa-nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.
A oração para a Mente é: “Livrai-nos do mal”. Como vimos, a Mente é a ligação entre as naturezas superiores e inferiores. Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma restrição. Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a Mente, a faculdade de discernir. Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres humanos que fazem tais coisas. Mesmo quando um ser humano de Mente anormal faz isso não se considera da mesma forma que ao animal. Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia é isolado.
O ser humano conheceu o bem e o mal quando seus olhos mentais se abriram. Aquele que realiza a ligação da Mente ao “Eu superior” permanentemente, é uma pessoa de elevado entendimento. Se, pelo contrário, a Mente está ligada à natureza emocional inferior, a pessoa tem mentalidade inferior.
Por tais razões, a oração para a Mente traduz a aspiração de nos libertarmos das experiências resultantes da aliança da Mente com o Corpo de Desejos e de tudo quanto tal aliança origina.
No Aspirante à vida superior, a união entre as naturezas superior e inferior é realizada pela Meditação sobre assuntos elevados, pela Contemplação que consolida essa união e, depois, pela Adoração que, transcendendo os estados anteriores, eleva o espírito ao Trono.
No “Pai Nosso”, geralmente utilizado na Igreja, a adoração está colocada em primeiro lugar, o que tem por fim alcançar a exaltação espiritual necessária para proferir uma petição que represente as necessidades dos veículos inferiores.
Cada aspecto do Tríplice Espírito, começando pelo inferior, expressa adoração ao aspecto correspondente da Divindade. Quando os três aspectos do espírito estão colocados ante o Trono da Graça, cada um emite uma oração apropriada às necessidades da sua contraparte material. No fim os três se unem para proferir a oração da Mente.
O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”. O Espírito de Vida se reverencia ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino se ajoelha ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do Tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.
Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito se juntam para a mais importante das orações, o pedido pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céus” é somente um indicativo de direção. A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
“Com Deus tudo é melodia, harmonia e ritmo; porque os pensamentos de Deus são melodias; os sentimentos de Deus são harmonias; e os movimentos de Deus são ritmos.”
Artur Taylor
“O Sistema Solar inteiro é um vasto instrumento musical, denominado na mitologia grega como a lira de sete cordas de Apolo. Os Signos do Zodíaco podem ser considerados como a caixa de ressonância da harpa cósmica e os sete Planetas, as suas cordas… se a harmonia falhasse por um simples momento, se houvesse a menor dissonância na orquestra celestial, o universo inteiro se desfaria.”
Max Heindel
Vamos ver alguns exemplos de músicas com as tonalidades de cada Signo:
ÁRIES – Ré Bemol Maior
TOURO – Mi Bemol Maior
GÊMEOS – Fá Sustenido Maior
CÂNCER – Sol Sustenido Maior (musicalmente: Lá Bemol Maior)
LEÃO – Lá Sustenido Maior (musicalmente: Si Bemol Maior)
VIRGEM – Dó Maior
LIBRA – Ré Maior
ESCORPIÃO – Mi Maior
SAGITÁRIO – Fá Maior
CAPRICÓRNIO – Sol Maior
AQUÁRIO – Lá Maior
PEIXES – Si maior
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Do Logos, no coração do Universo, surgiu um raio de luz, um pensamento de Amor — eu observei esse relâmpago atravessar o Mundo do Pensamento, o Mundo do Desejo e o Mundo Físico; foi isso que eu vi. Os moradores dos Céus, desfrutando da rapsódia de um grande Amor, sentiram Sua presença e um grito se elevou: “Glória a Deus nas alturas”. E tocou os moradores do Mundo do Pensamento, chamando novos poderes para o seu ser; então grandes ondas de pensamento assumiram um tom rosado enquanto as Mentes, mais uma vez, se dedicavam a serviços de amor na causa da elevação da Humanidade.
Enquanto a morada estrelada dos nossos Corpos-Alma radiantes foi iluminada por sua chama, semelhante a uma espada, eu vi cada membro envolto em brilho, enquanto as cores opacas das suas paixões inferiores foram consumidas por seus fogos; então — o Amor Humano se tornou angelical e o desejo queimou em formato de fogo branco para servir à Grande Fraternidade.
Finalmente, agora dividida, como que por um prisma, a chama de um Pensamento Divino envolveu em radiância os moradores da Terra de acordo com seus vários caminhos. Assim — os Discípulos da Devoção se tornaram um foco para vapores de um glorioso azul-esverdeado; aqueles do raio místico tomaram uma parte do azul do céu; artistas e músicos, deleitando-se com a beleza, receberam um batismo de chamas vermelho-rosadas: cada uma com a sua inspiração.
Eu também pude ver muitos filósofos e buscadores em claustros, laboratórios ou bibliotecas, perseguindo solitariamente alguma busca eterna; eles pareciam estar diretamente sob um raio de sol causado pela vibração dourada, junto a canções de esperança em seus corações e se dedicavam mais uma vez a diversas tarefas.
Outros, de esplendor divino nos quais pude discernir o “Caminho da Cruz”, estavam abrindo vias para irmãos e irmãs mais fracos através de emaranhados intermináveis de florestas, alguns deles encontrando apoio precário e doloroso em penhascos íngremes; eles olharam para cima em êxtase quando uma fonte de jatos Violetas desceu sobre suas testas sangrentas, um batismo de Fogo Divino.
E eles começaram a cantar; o tema da canção era um futuro glorioso, mas não um futuro temporal, não; uma condição na qual tempo, espaço, passado, presente e futuro são um onde todos vivem no “Eterno Agora”, reunindo e colhendo experiências de amor e serviço a uma grande Fraternidade que inclui tudo, da mais humilde erva e do inseto mais vil até o coração do Universo, onde habita o Logos: o Espírito do Amor.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
RESPOSTA: Antes de tudo vamos considerar o assunto em relação ao que se costuma chamar de “morte”. Quando chega o momento determinante do fim de mais uma existência física, nós – o Ego, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana, manifestado aqui – nos retiramos pela nossa cabeça, levando conosco a nossa Mente e o nosso Corpo de Desejos. É semelhante ao que costumamos fazer todas as noites, durante o nosso sono. Como o Corpo Vital já cumpriu também sua finalidade se retira juntamente. Rompe-se, então, o Cordão Prateado que ligava os veículos superiores ao veículo físico, o Corpo Denso.
Após esse fato surge, para nós, um momento de extrema importância: uma grande parte do valor da nossa vida passada depende da nossa atenção.
Quando nos libertamos do nosso Corpo Denso, que era o mais considerável empecilho ao nosso poder espiritual (como, por exemplo, são as luvas grossas nas mãos do músico que tenta tocar um violino), esse poder espiritual volta para nós, até certo ponto. Com isso podemos ler as imagens contidas no polo negativo do Éter Refletor do nosso Corpo Vital, que é o assento da Memória subconsciente.
Toda a nossa vida terrestre passada, recém-finda, desfila nesse momento ante nossa visão como um panorama – um Panorama de Vida, só que com todos os detalhes –, apresentando os acontecimentos em ordem inversa. Os incidentes do dia que precedeu a morte vêm em primeiro lugar, e assim seguem para trás através de todas as fases que passamos, por exemplo: terceira idade, adulto, adolescência e infância. Tudo é revisto.
Permanecemos como um espectador ante esse Panorama de Vida passada. Vemos as cenas conforme se sucedem e que se vão imprimindo nos nossos veículos superiores, mas nesse momento ficamos impassível ante elas. O sentimento está reservado para quando chegar a hora de entrarmos no Mundo do Desejo, que é o Mundo do sentimento, desejo e da emoção. Por enquanto nos encontramos apenas na Região Etérica do Mundo Físico. Este Panorama de Vida perdura de algumas horas até vários dias, dependendo isso do tempo que possamos nos manter despertos, se necessário. Algumas pessoas podem se manter assim somente doze horas, ou menos ainda; outras podem se manter, segundo a ocasião, por certo número de dias. Mas enquanto pudermos nos manter desperto esse Panorama de Vida recém-finda aqui. E desde que as experiências purgatoriais, a assimilação das experiências e o crescimento da consciência dependem da nitidez destas cenas impressas nos veículos superiores, é muito importante que quando morremos não sejamos perturbados durante esse período da gravação desse Panorama de Vida (o máximo tempo que devemos aguardar é até três dias e meio após a determinação da morte aqui). Autópsias, choros e lamentações em torno do Corpo Denso, remoções, movimentações e quaisquer outros procedimentos que mexam com o Corpo Denso são fatores que se devem evitar.
Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que a Ciência material reconhece que o poder que o faz funcionar está dentro do próprio. O Cientista Ocultista vê um espaço no ventrículo esquerdo do coração, próximo ao ápice que corresponde à ponta do coração, formado principalmente pela porção inferior do ventrículo esquerdo. É na posição referencial do ápice que está um pequeno átomo, chamado Átomo-semente do Corpo Denso. A forçaque existe nesse átomo, bem como em todos os outros átomos do nosso Corpo, nada mais é do que Vida indiferenciada de Deus. Sem esta força o mineral não poderia se materializar em cristal, por exemplo. Igualmente o vegetal, o animal e nós mesmos, seres humanos, estariam impossibilitados, sem Vida indiferenciada de Deus, de formarem o próprio Corpo.
A força existente nesse Átomo-semente do Corpo Denso é que movimenta o coração, proporcionando vida ao nosso organismo. Todos os demais átomos do Corpo vibram no tom desse átomo especial. As forças Átomo-semente do Corpo Denso estão imanentes em todo Corpo Denso possuído por nós, que é por meio dele que agimos. Nesse Átomo-semente do Corpo Denso, que poderíamos chamar “O Livro de Deus”, se imprimem todas as nossas (Egos) experiências, até as mais delicadas, mínimas e até as que poderíamos considerar “pequenas demais” da vida recém-finda. Nele, também, se encontra o arquivo de todas as experiências de todas as nossas vidas passadas.
Se quisermos seguir o caminho que compõe o Cordão Prateado, podemos começar pelo meio do seio frontal (meio da testa), passando pela raiz do nariz, descendo ao grande vórtice do fígado, passando pelo plexo celíaco e terminando no ápice do coração, onde está o Átomo-semente do Corpo Denso, e isso nos (nós, o Ego) liga ao nosso Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a nossa Mente. Quando mais uma vida material está chegando naturalmente ao fim, as forças do Átomo-semente do Corpo Denso se desligam, saindo do Corpo Denso através do nervo pneumogástrico, através das comissuras dos ossos parietais e occipital do crânio. Percorrem o trajeto do Cordão Prateado e acompanham os veículos superiores que nos acompanham Esta ruptura no coração determina a morte física, porém, a conexão do Cordão Prateado (entre o segmento que sai do ápice do coração e o segmento que sai do Plexo Celíaco, cuja união tem a forma de dois números “seis” invertidos), em alguns casos, só se desfaz depois de vários dias.
Sendo o Corpo Vital o nosso veículo da percepção sensorial, ele permanece com o nosso Corpo de Desejos e o Cordão Prateado, quando se libertam do Corpo Denso. Evidentemente, até que o Cordão Prateado se desconecte, no ponto mencionado acima, continuará gravando as sensações experimentadas por nós, o Ego, enquanto o nosso Corpo Denso, recém-morto, não for perturbado. Em consequência, toda cautela é pouca para não causar sofrimentos e nos incomodar nesse momento importantíssimo da nossa Evolução. Por isso é que, do mesmo modo que há uma Ciência para o Nascimento físico aqui, deve ter uma Ciência para a Morte aqui!
No caso de transplantes de um coração, como a cirurgia é realizada logo após a morte do doador, haverá interferência no processo do Panorama de Vida e sua gravação, pois também este se inicia imediatamente após amorte do Corpo Denso, ou seja, logo depois da ruptura do Cordão Prateado que estava ligado ao coração, no Átomo-semente do Corpo Denso. Contudo, embora imperfeitamente, devido aos incômodos ocasionados pela intervenção cirúrgica, cremos seja possível continuar o processo panorâmico do doador.
Mas, que sucederá ao Átomo-semente do Corpo Denso do receptor nesse meio tempo? Permanece inerte na contraparte etérica que ali continua, apesar de haver saído do coração físico. O Cordão Prateado dessa pessoa continua em seu lugar e ligado, mesmo que o coração físico tenha sido removido, pois se fosse rompido, o indivíduo não poderia viver. Em face de tal situação, surge a pergunta: teriam os Anjos e seus auxiliares transferido o Átomo-semente do Corpo Denso do receptor para o ápice do coração do doador? Não há dúvida que isto pode acontecer. Se o receptor vive, quer nos parecer que isto acontece. O destino deste último é uma provável relação em vidas passadas com o doador, poderá constituir elemento importante para o sucesso do transplante. Então, será também este o caso do Arquétipo, que supomos ficar sensibilizado por algum tempo com a ocorrência. É um fator a ser considerado.
Há outro ponto a ser lembrado no caso de transplante de órgãos humanos: cada átomo de um Corpo pertence peculiarmente ao Ego que nele habita. A condição de um Corpo com seus nervos, órgãos, tecidos, etc., reflete a modo como o Ego viveu anteriormente aqui na Terra. A recordação fiel de todas as suas experiências está registrada no Átomo-semente do Corpo Denso e esse, em cada renascimento, atrai matéria para onovo Corpo segundo as qualidades pessoais inatas. Se tiver violado as Leis de Deus, os resultados estarão presentes na estrutura de seus veículos.
Assim, as doenças são atraídas pelo próprio Ego, enraizando-se como uma manifestação de ignorância e desobediência às Leis Divinas, podendo ser erradicadas permanentemente com uma transformação interna moral. O transplante de um órgão saudável para substituir o órgão enfermo pode ser efetuado e em alguns casos poderá prolongar a vida do receptor. Contudo, acreditamos que seja um Arquétipo de matéria mental o que determina a extensão da vida, pois não outro jeito, porque a Lei de Causa e Efeito é o árbitro da maneira como a vida transcorre aqui. É fornecido a nós sempre escolher certas oportunidades de crescimento espiritual em vários momentos da nossa vida terrena. Se tais oportunidades forem aproveitadas a vida continuará pautada em reta conduta. Mas se forem negligenciadas, mergulharemos num beco sem saída, onde a vida é terminada pelas Hierarquias Criadoras com a destruição do Arquétipo.
Assim, podemos dizer que a extensão de uma vida na Terra é determinada antes do nosso, mais um, renascimento. Mas poderá ser reduzida (se negligenciarmos as oportunidades de avanço) ou excepcionalmente prolongada (quando, ao contrário, vivermos retamente e nos esforcemos em bem aproveitar todas as experiências).
(Publicada na Revista Rays from the Rose Cross de maio/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)