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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pela Paz: que Paz? A falsa Paz, a que o mundo dá aos seus devotos?

Estamos orando pela paz; estamos pensando na paz; esperando por paz e por alguns momentos consideraremos a paz em seu significado mais amplo e completo. Qual é a paz pela qual estamos orando com todos os nossos corações, enquanto lá longe o barulho e o horror da luta fratricida enchem a aura da Terra com seu vermelho lúgubre?

No ano passado, foram realizados mais de cento e cinquenta Congressos, Convenções e Conferências Internacionais de Paz. Acreditava-se que isso pressagiasse a aproximação da tão esperada unidade mundial pela qual a humanidade estava orando. Foi declarado, com certeza enfática, que a guerra era coisa do passado. Hoje, estamos em meio a condições que podem fazer os Anjos chorarem — a Europa está mergulhada na mais terrível luta fratricida já registrada na história[1]. Disso somos forçados a tirar várias conclusões — uma das quais é que o nosso otimismo anterior repousava sobre uma base muito insegura e que a nossa “paz” se empoleirava sobre uma crosta fina, em cima de fogos internos e fervilhantes.

O grande Mestre — Cristo Jesus — pronunciou estas palavras maravilhosas em seu significado profundo e místico: “Minha paz vos dou — não como a dá o mundo”. Observe que elas foram faladas apenas aos Discípulos; para aqueles que O amavam e foram consagrados ao Seu serviço. Além disso, elas implicam dois tipos de paz. A analogia humana confirma a inferência. A paz que o mundo dá é a falsa segurança que nos embala em um cochilo temporário, enquanto a tempestade se forma.

A paz de Cristo pela qual oramos é mais do que a calma externa. É mais do que a imobilidade exterior sobre profundezas agitadas e fervilhantes. No microcosmo, é mais do que a emoção embalada por um descanso momentâneo. É mais do que os sentidos paralisados de uma criança quieta que, por um breve intervalo, não veem, não sentem, não ouvem. No microcosmo, é mais do que a cessação do movimento marcial, quando as forças elementais são silenciadas pela vontade de um Mestre. A paz mundial pela qual ansiamos e esperamos não é a quietude sinistra da miséria oprimida e sufocada — sufocada sob a tirania esmagadora. Não é a patética indiferença ao destino que as massas submersas mostram sob a mão de ferro da ganância e da avareza. Não é a aceitação monótona de condições implacáveis — uma submissão que impede a guerra aberta por causa das condições. Tal submissão paralisa todos os esforços de longo alcance ou alimenta um fogo fervente de ódio interior que, eventualmente, irá estourar todos os limites.

Essas têm sido as condições de paz dos últimos séculos entre as nações do mundo. Murmúrios agourentos da tempestade que se aproxima foram ouvidos de vez em quando através do silêncio abafado. Os erros clamam por reparação, mas foram silenciados pela mão erguida da tirania, tingida de vermelho com o sangue da humanidade. Chamamos isso de “paz” porque havia uma submissão entorpecida a condições inevitáveis. Os erros foram vestidos com roupas de dignidade oficial, a injustiça foi vestida de púrpura com arminho e a crueldade ocupou os tronos do poder.

Portanto, houve “paz”. Paz? Ah, amigos! Vamos olhar para baixo, para o coração, o âmago de tudo isso. Mais uma vez, voltemos às palavras do nosso grande exemplo, o Cristo. Ele faz uma distinção significativa entre a paz que o mundo dá e a que Ele concede àqueles que O amam. Vimos os efeitos da primeira. Vivemos sob a falsa segurança dela e sofremos com suas consequências de longo alcance. Essa paz é como a de uma tarde abafada de verão, quando toda a natureza está consciente de distúrbios elétricos em algum lugar. Os centros dos sentidos e os centros emocionais percebem as vibrações sutis das agitadas correntes atmosféricas. Atualmente, há um movimento de ar, uma energia correndo, um suspiro de florestas curvadas e uma batalha feroz, elementar está acontecendo…

Outra analogia para a falsa paz pode ser encontrada na lagoa tranquila em cujas profundezas escuras o veneno se esconde. Uma falsa paz, queridos amigos, não repousa sobre um fundamento real. A qualquer momento, impulsos vindos de baixo podem penetrar em sua casca fina, causando perturbações gigantescas. É evidente, assim, que desejamos outra forma de paz — algo duradouro e potencial. Essa paz só pode ser encontrada no princípio do Cristo: o Espírito do Cristo deve prevalecer e guiar. Essa paz difere daquela que o mundo oferece em sua política de contemporização, pois energia radiante é diferente de letargia. A paz de Cristo é energia radiante, vida brilhante, chama movente de um centro puro de Luz; Seu altruísmo brilhante envolve e abençoa o coração da humanidade — a alma do mundo. Quando essa paz chegar ao coração da humanidade, as nações não estarão mais em guerra. Não haverá espírito racial, nenhum desejo de poder para usar no monopólio egoísta; nenhum tentáculo de avareza para agarrar vítimas infelizes. Esta, então, é a paz pela qual oramos esta noite, amanhã e todos os dias que virão: A paz de Cristo! Dizem que isso excede o entendimento. Ela ultrapassa os limites do intelecto. A Mente não pode entendê-la. Somente o Espírito pode reconhecê-la e abraçá-la. Mesmo assim, daquele centro radiante sentimos sua calma benevolente e alta bem-aventurança por toda a vida. Ela toca e eletrifica todos os sentidos e todos os centros emocionais. Ela realmente irradia bênçãos por todas as vias da consciência. Não pode ser expressa. Não pode ser entendida por aqueles que não a conhecem.

Torna-se evidente que o mundo não está totalmente pronto para a bem-aventurança divina da paz de Cristo. Qualquer coisa menos do que isso não é paz, mas apenas ausência de movimento marcial. É uma das grandes tragédias da nossa “Estrela das Dores” que lágrimas e derramamento de sangue, destroços e ruína devem preceder a harmonia reconciliadora — a harmonia que brota da paz perfeita e a inclui. O espírito de Marte torna esta era uma época de inquietação. Isso é sentido não só no campo de batalha, mas em cada caminhada na vida, em cada avenida do progresso do mundo. É bom, portanto, enviar pensamentos de paz continuamente; concentrar-se na paz, trabalhar e orar por ela; mas devemos fazer mais do que isso.

Devemos analisar com a visão do filósofo e encontrar as causas subjacentes das condições caóticas que encontramos em toda parte. Então, devemos reconhecer todos os elementos da discórdia e encontrar uma verdadeira base para a paz. Porque isso só pode ser encontrado no altruísmo — o amor universal —, no reconhecimento da unidade fundamental. É claro, então, que devamos trabalhar para isso; em outras palavras, para Cristo e Seu Reino. Para fazer o máximo, não pare no meio do caminho nem sonhe com condições disfarçadas que são más no centro, mas “justas” por fora — como sepulcros caiados. São essas condições que produziram as guerras e misérias. Tais guerras e misérias devem prevalecer até que o fluxo da vida humana seja purificado em sua fonte. Muito do “elemento animal” no ser humano está agora misturado com a essência pura dele que, às vezes, fica difícil separar os dois. No entanto, devemos nos tornar puros antes que possamos ter paz — a paz duradoura — tanto na vida coletiva com os demais como na individual. Enquanto tudo o que é falso ou mau está oculto, encoberto ou dissimulado, o máximo de paz que podemos conhecer é aquela que o mundo dá — uma calmaria temporária na tempestade — um armistício durante o qual podemos enterrar nossos mortos.

A verdadeira paz é branca e luminosa como um raio de luz de Deus. É a flor perfeita que coroa a vida harmonizada. É a verdadeira sinfonia da vida humana cuja análise qualitativa pode ser resumida nestas palavras do grande músico, Beethoven: “Nada pode ser mais sublime do que se aproximar da Divindade e difundir aqui na Terra Seus raios divinos entre os mortais”.

Durante o processo de desenvolvimento, de ajuste, de utilidade construtiva e beleza, a vida é cheia de discórdia e contenda. Tanto com as nações como com os indivíduos — no macrocósmico e no microcósmico. Enquanto os destroços de uma estrutura demolida estão sendo liberados para dar lugar ao novo, a visão não é agradável. Todos os sentidos ficam ofendidos com o lixo e a confusão. Só a alma do artista pode ver, na imaginação, a nova estrutura que surgirá em graça arejada, em beleza nobre sobre os destroços e ruínas. Em nossa antiga terminologia, precisamos falar das vidas humanas que foram “apagadas no campo de batalha”, como a chama de uma vela. Sabemos agora que sua vida não se extinguiu — a chama ainda vive. As velhas condições cristalizadas serão rompidas por essa terrível reviravolta e sentiremos a agitação de correntes etéricas mais sutis.

Vamos, então, continuar a enviar pensamentos de paz e mais do que isso para torná-los poderosos, potentes, onipotentes — carregados da corrente elétrica do amor do Centro Divino. Assim, poderemos ajudar no movimento pela paz, a verdadeira paz, a paz do Cristo. O trabalho preparatório deve ser feito, no entanto. Os destroços do pensamento inútil, da fantasia ociosa e dos interesses egoístas devem ser eliminados. A necessidade do ser humano em ser orientado por um Espírito de Raça deve se extinguir. As distinções de classe, exceto os graus de realização espiritual, devem ser abolidas. O único padrão de excelência deve ser baseado no desenvolvimento espiritual. Todas as distinções arbitrárias da nossa “civilização” tola e moderna devem ser dissolvidas na luz branca da Verdade que brilha nos mundos espirituais. Todos os nossos conceitos baseados nos falsos padrões da Terra devem ser revertidos e devemos permanecer como uma unidade infinitamente multiplicada, como um de forma radical e fundamental, manifestando-se em diferentes graus; mas juntos, formando a humanidade perfeita.

Para usar o antigo comparativo musical: cada inteligência humana emite sua nota-chave e um certo número dessas notas harmoniosamente mescladas compõem o acorde perfeito. Todos esses acordes, com seus tons e sobretons, seu equilíbrio e ritmo, formam a grande sinfonia da vida. Nenhuma nota pode ser dispensada: nenhum acorde pode ser ignorado. Mesmo aqueles que entram com uma dissonância estranha em ouvidos destreinados, sob a habilidade do Mestre ajudam a produzir a música mais verdadeira — a harmonia mais perfeita. Nenhum de nós que viajamos juntos nesta “Estrela triste” pode entrar em harmonia perfeita até que a última nota individual e falsa soe sua nota completa e verdadeira. Na grande alma do mundo existem muitos tons. Alguns soam muito discordantes para ouvidos sensíveis, mas devem ser transformados em esferas verdadeiras e claras como um fato vívido, em vez de um sonho de poeta. Então saberemos o significado da paz e perceberemos o quão completamente somos um. Neste exato momento, a nota marcial prevalece; mas, do estrondo de trompas e tambores surgirá a melodia clara e pura das cordas de violino e violoncelo da alma superior do ser humano: o reinado da paz começará.

Em um sentido muito real, somos os guardiões de nossos irmãos, em um sentido místico e profundo, pois no cerne das coisas somos um. Nossas almas, formadas a partir da alma do mundo, embora estejam separadas agora, estando cada uma envolta em sua minúscula concha, quando purificadas e unidas à Inteligência espiritual, serão uma só em grande poder e bem-aventurança.

Um último pensamento: o altruísmo deve ter suas raízes dentro, no centro sagrado do Amor e da Luz, em que o verdadeiro Eu habita. As sementes da verdade devem cair no silêncio do coração e germinar ali, na quietude profunda. Não sabemos o que perdemos quando as deixamos cair na turbulenta e agitada correnteza da vida exterior, em suas inquietas correntes. Seus impulsos são sempre externos e, se as verdades divinas, que o Mestre fala ao ouvido interno, não puderem fruir plenamente por dentro, antes de serem levadas para fora, elas falharão em seu alto propósito. Uma verdade profunda está oculta nisso — uma verdade digna de sua reflexão séria.

O Coração do Cristo é amor e luz. Quando Sua lei governa a vida, o resultado é a paz. A inquietação é um sinal de centros perturbados e mostra que as energias estão fluindo em canais de parto — dissipadas em linhas que não são essenciais.

A falsa paz, a que o mundo dá aos seus devotos, desune, segrega, perturba. À sua maneira, é quase tão prejudicial quanto as forças marciais. Para entrar na grande e duradoura paz, queridos amigos, a alma da humanidade deve se voltar para o Divino, a Luz central, para longe do mundo da forma e da fantasia. É a tentativa de enfrentar os dois lados que traz toda a nossa miséria.

Tudo é muito simples — o problema da vida, tanto no nível individual quanto no cósmico —, quando encontramos a chave. Essa chave está ao alcance de todos, quando olhamos para dentro, para o centro do nosso ser — na imobilidade profunda, encontramos nosso verdadeiro Eu: nosso Eu superior, nosso Deus.

Que o pensamento final de paz que levaremos conosco seja expresso nas palavras de um hino escrito por um místico e santo da Abadia Galesa de Llanthony.

Silêncio — que uma quietude profunda

Paire sobre cada coração!

Que cada pensamento terreno

Agora parta totalmente.

Mestre, diga: “Fique quieto”.

Pois você está certamente aqui.

Mestre — que Tua grande calma

Faça-nos Te sentir por perto!

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: refere-se à Primeira Guerra Mundial

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Algumas Correlações do Signo de Escorpião

SIGNO: Escorpião, o escorpião ou a águia

QUALIDADE: Fixo; ou consciência dirigida gradual e consistentemente para estabelecer e manter um centro estável.

ELEMENTO: Água, ou uma consciência orientada para a sensitividade, o sentimento, a subjetividade e a expressão. Entre outras coisas, o elemento água representa os fluídos, o Corpo de Desejos, o Mundo do Desejo e a Alma.

NATUREZA ESSENCIAL: Intenção, meta.

ANALOGIA FÍSICA: lagos, mares e oceanos.

ASTRO REGENTE: Marte e Plutão são seus co-Regentes, mas consideraremos somente Plutão aqui, já que Marte foi discutido quando da Descrição de Áries. Plutão representa o meio para expressar a dedicação para um objetivo comum, para experimentar uma realização da unidade fundamental de cada um com todos, e para se esforçar em direção a uma metamorfose de consciência.

CASA CORRESPONDENTE: a 8ª Casa corresponde a Escorpião e representa o desejo para estabelecer uma conquista individual e qualidades internas de valores duradouros, permanentes.

ANATOMIA ESOTÉRICA: representa a Alma Emocional.

ANATOMIA EXOTÉRICA: específica: bexiga, uretra, cólon, reto, órgãos excretores, apêndice, pélvis, períneo, glândula próstata, órgãos geradores externos e nariz. Geral: sistema entérico, gerador e urinário e hemoglobina do sangue.

FISIOLOGIA: Marte, como co-Regente de Escorpião rege os seguintes processos fisiológicos: calor do sangue, regulação da temperatura do sangue, energia muscular, manutenção e distribuição dos recursos de energia do corpo, produção dos hormônios masculinos, digestão das proteínas, catabolismos, excreção, função dos nervos motores, produção das células vermelhas do sangue e reações imunológicas e anticorpos. Plutão, o Regente principal de Escorpião, sendo um dos Planetas transcendentais, não parece ter influência direta sobre os processos fisiológicos no Corpo Denso. Entretanto, pode ser que Plutão tenha alguma coisa com os processos reprodutivos e a força sexual. Em um nível espiritual, Plutão governa a produção e operação dos fluídos regenerativos produzidos nas gônadas, coluna espinhal e cérebro. Esses fluídos são produzidos quando a força sexual cessa de ser desperdiçada na gratificação dos sentidos e a Mente é sintonizada para propósitos altruístas (Urano, o Planeta do altruísmo, está Exaltado em Escorpião). Esses fluídos regenerativos tem o poder de curar e rejuvenescer o Corpo Denso em uma grande extensão, e vivificar a Mente aumentando seu potencial criativo.

TABERNÁCULO NO DESERTO: Escorpião corresponde ao Lavabo da Purificação, que contém o Mar Fundido. Esse Lavabo estava na parte externa do Tabernáculo e os sacerdotes se banhavam (se purificavam) antes de serem admitidos para entrar no Tabernáculo. Isso indica que o Aspirante a uma vida superior deve se purificar do lado negativo e inferior das suas tendências de desejos e dedicar a si mesmo mais exclusivamente ao santo serviço se ele deseja obter a consciência própria para entrar nos Mundos invisíveis como um Irmão Leigo ou Irmã Leiga de uma verdadeira Escola de Mistério. Ele deve fazer da pureza geradora seu objetivo e se esforçar para transmutar o impulso sexual em canais elevados de geração. A um certo degrau, ele deve conquistar os processos alquímicos de transmutação e regeneração.

MITOLOGIA GREGA: Plutão é representado na Mitologia Grega por Hades, deus dos mundos subterrâneos, dos recursos escondidos da Terra, e regente das almas dos mortos. Hades foi um dos triunviratos dos deuses que regeram o universo criado.

CRISTIANIDADE CÓSMICA: Quando o Sol passa por Escorpião o Espírito de Cristo penetra mais profundamente  na Terra e na alma da humanidade, ajudando-nos a recordar a necessidade que temos de nos regenerar e de uma maior consagração e dedicação.

(Publicado na Revista: Rays from the Rose Cross – Novembro/1976 e 1977 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Tempestade de Eliseu

A natureza intrínseca de Marte é energia dinâmica, ou seja, força atual ou cinética. As pessoas que tenham acumulado um lastro positivo em vidas anteriores nesse aspecto da sua natureza trazem ao nascer e por mérito, em seus horóscopos, um Marte Essencialmente Dignificado, Exaltado, com fortes Aspectos benéficos e até Elevado. Alcançam facilmente êxito na vida, pelo menos dentro dos limites de seu raio de ação. Mas, se não estão equilibrados pelo aspecto do sentimento, da afeição, da amizade, do altruísmo, essa energia vital se expressa como agressiva ambição, tão forte que põe de lado, sem a menor consideração, os direitos do próximo. Vêm apenas seus interesses, ponto de vista e métodos, fazendo-os prevalecer sem levar em conta as pessoas que possam ferir ou prejudicar. Impulsivos, estão dispostos a produzir mudanças repentinas sob o impulso do momento e o convite das circunstâncias. Ressentem-se vivamente contra as pessoas que ousam formular objeções a seus planos, mas geralmente lhes falta a persistência necessária para levar a cabo seus projetos. Quando encontram sérios obstáculos, abandonam seus planos, tão ardente e subitamente como os haviam concebido e iniciado, para conceber outros novos com o mesmo ardor de suas anteriores iniciativas e com a mesma deficiente razão.

No Reino de Deus todas as coisas estão equilibradas de modo a assegurar, finalmente, o maior bem possível a todos.  Daí que a influência de Saturno, outro dos Astros conhecido como adverso, sirva como freio à exuberante energia de Marte. A natureza intrínseca de Saturno é obstrução. Jamais impulsiona alguém ao risco, à imprudência, à incerteza. Medita antes de tomar uma decisão. Sua razão, fria e calculista, descobre a menor falha em qualquer empresa.

No horóscopo de uma alma jovem ou imatura, Marte predomina. Sua personalidade se desenvolve sob o aspecto inteiramente físico. Está muito próximo a agir e viver sob a lei de sobrevivência do mais apto, mas gradualmente as garras de Saturno se vão ajustando em Conjunções adversas, Quadraturas e Oposições, produzindo sofrimentos e tristezas.

Saturno estará então, colocado acima de Marte em seu horóscopo para o frear e lhe frustrar o egoísmo, humilhá-lo nas ambiciosas pretensões, de modo tal que todo esforço fique neutralizado pela obstrução saturnina. Eliseu não podia ouvir a voz que queria guiá-lo, por causa do ronco dos trovões e relâmpagos faiscantes da tempestade ao seu redor (IRs 19:11-12)-(Eliseu – em hebreu: Deus é a salvação – é um profeta Bíblico. Era discípulo de Elias e foi um dos profetas que mais tem milagres registrados na Bíblia). Mas, quando tudo cessou, então pode escutar a pequena voz silenciosa que o confortou compensadoramente. O mesmo sucede conosco. Ao cedermos aos impulsos desenfreados de Marte tornamos nossa vida demasiado agitada para ouvirmos a voz interior. É-nos impossível estabelecer comunicação com o Superior. Mas, quando Saturno atenua, pelos pesares, os impulsos de Marte, quando a noite torna mais tenebrosa na “cova de Eliseu”, então podemos também ouvir a voz que anuncia a bonança, após a tempestade.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz – de outubro/1968 – Fraternidade Rosacruz-São Paulo-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Exemplos das Diferenças das Influências de Marte e Vênus em um Horóscopo

Marte possui qualidades completamente opostas a Vênus. Estudemos alguma coisa mais sobre Marte, a fim de compreender a natureza dele.

O primeiro grande contraste que desejamos assinalar é o seguinte: as pessoas que ocupam os graus mais elevados na escala da evolução têm, em seu horóscopo, Vênus excelentemente aspectado e na melhor posição.

Contrariamente, as almas jovens, as menos evoluídas, estão dominadas pelos discordantes raios marcianos, ou seja: têm, em seu horóscopo, Marte com fortes Aspectos adversos e em posições fortificadas.

Por sua vez, Vênus alimenta a natureza afetiva superior. Uma ilustração sobre esse assunto tornará mais clara a diferença entre as influências de Marte e Vênus em um Horóscopo.

Suponhamos que Vênus seja o Regente do Horóscopo e esteja na 7ª Casa em que está no Regente.  Suponhamos que ele está em Sextil com o Sol (esse na 9ª Casa, que rege, entre outros, o assunto religião) e em Trígono com Júpiter (esse na 11ª Casa, que rege, entre outros, o assunto amigos).

Vênus na 7ª Casa proporciona ao nativo uma emanação coesiva, um raio de atração e simpatia percebido pela grande maioria das pessoas que estabelece relacionamentos e, desse modo, favorece a popularidade. Júpiter, que infunde benevolência, está na 11ª Casa, proporcionando ao nativo tendências a ser um grande benfeitor, pois Júpiter expande qualidades que auxilia a pessoa a ser amigo por excelência. O Sol, que significa pessoa de elevada posição social, está na 9ª Casa, que rege, entre outros, o assunto religião, o que proporciona ao nativo facilidades para ser um líder religioso ou dirigente de um movimento espiritual, idealista, popular, altruísta, muito conceituado e muito querido em seu meio.

Tomemos, agora, um exemplo oposto: onde Marte é o Regente do Horóscopo, na 10ª Casa, que rege, entre outros, o assunto da posição social, Marte está em Quadratura com Urano (que rege, entre outros, os assuntos genialidade, capacidade inventiva, originalidade) na 7ª Casa (que rege, entre outros, o assunto associações). Dois Astros adversos formando um Aspecto adverso que impele o indivíduo, cujo horóscopo assim se encontra, a utilizar seu poder inventivo como uma ameaça para todos que se relacionam com ele. Se também Marte estiver em Quadratura com Saturno (o Planeta da restrição), que está na 12ª Casa (Casa da aflição, do confinamento e das tristezas), podemos deduzir que os prejuízos provocados pelo nativo às pessoas que se associa tendem a terminar por gerar inimigos ocultos que limitarão sua liberdade, ou seja, lhe condenará à algum nível de prisão, seja uma prisão literal ou mental.

Mas digamos que o indivíduo que plantou essas sementes, numa vida passada, venha a nascer como filho de uma pessoa que seja evoluída e amorosa, cuja influência e orientação cresça e se forme nele. Essa pessoa benfeitora, que conhece a Astrologia Rosacruz, sabe que o menino nasceu com essas tendências voltadas para o mal, nele adormecidas. Ela pode ajudar esse seu filho extirpando essas inclinações antes que possam florescer. É verdade que Saturno marca influências muito fortes, que a maioria das pessoas é incapaz de romper. É quase certo que Saturno, na Casa do confinamento, acaba por levá-lo a uma prisão. Mas a influência de Marte já pode ser canalizada para fins edificantes. Urano poderá proporcionar engenhosas descobertas. A boa educação contribuirá, pois, no mínimo para dominar a energia de Marte e desviá-la de fins destrutivos para uma atividade útil. Numa condição de prisão legal, o nativo trabalhará num laboratório ou em outras atividades na penitenciária, inventando de lá coisas interessantes, de utilidade pública, levantando fundos em favor das famílias de presidiários e de necessitados.

Desse modo, não importa quão adverso nos pareça um horóscopo: nele há sempre Aspectos benéficos e se nós, como pais astrólogos, vemos as tendências de nossos filhos e os ajudamos a exteriorizar o que tem de bom, acumularemos para eles, e principalmente para nós, grandes tesouros nos céus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1968 – Fraternidade Rosacruz de São Paulo-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Valor da Energia Marciana na sua vida

A natureza intrínseca de Marte é “energia dinâmica”. Ele é que infunde a vontade e disposição em atingir um objetivo ou uma meta, o dinamismo, o espírito empreendedor, a iniciativa, capacidade de luta, ousadia para construir o mundo.

Marte rege os glóbulos vermelhos do sangue, o ferro que dá o calor sanguíneo, ânimo para qualquer atividade. Necessariamente, pela expressão dessa energia construtiva e propulsora surgem, também: os choques emocionais, a impaciência, a rudeza, o mando altivo, enfim, as desinteligências e querelas de toda a ordem. Aí está a fonte mais comum de ódio, de ira, engendrados pelo mau emprego da energia marciana.

Por si só Marte jamais infunde elemento de discórdia. A falta de equilíbrio dos seres humanos é que acaba por expressar discordantemente essa força. A energia em si não é má. O uso que dela fazemos é que está errado. Tal como a cachoeira pode destruir com a violência das águas, também pode construir. Se a dominamos e a pomos para movimentar um dínamo, com sua força, iluminaremos cidades.

É um equivoco, pois, culpar o Planeta Marte por nossas manifestações de violência, assim como seria errôneo culpar um bom alimento energético, pelo fato de havermos sofrido uma indigestão. O culpado mesmo é a nossa incapacidade de criar um Corpo Denso que produz a insuficiência de bílis, a perturbação estomacal que não soube digerir devidamente o alimento, para utilizá-lo na economia do corpo. Em lugar disso, desperdiçou-o. Analogamente, quando o raio marciano age em nós, convertendo-se em paixão ao expressar-se por nosso intermédio, apenas devemos lamentar, pois é nossa incapacidade de canalizar e controlar essa grande força em propósitos eficientes.

Vejam quão maravilhosamente equilibrado é o Reino de Deus! No Sistema Solar estes contrastes são necessários. Se tivéssemos apenas os raios de Vênus, por exemplo, jamais poderíamos aprender a amar o bom e o belo. Não poderíamos desenvolver o senso estético consciente, pois é justamente o contraste que nos evidencia e desenvolve determinada virtude. Se o feio e o mau nos fossem desconhecidos, as desejáveis qualidades opostas jamais se apresentariam diante de nossos olhos tão marcadamente. Aqueles que buscam unilateralmente cultivar apenas as qualidades venusianas, de amor, de beleza, de harmonia alcançarão, com certeza, um agudo sentido estético que os tornará cada vez mais sensíveis e rebelde aos mesquinhos aspectos da vida. Mas, há nisso muitas falhas. Sentirão essa repulsa pelas coisas inferiores, pela desordem, pela desarmonia, mas não sentirão impulsos de ajudar os que necessitem de orientação, não procurarão melhorar e corrigir as falhas por qualquer meio possível a seu alcance. E assim, desprovidos da iniciativa e dinamismo marciano, apenas lamentam e se ressentem, cômoda e inertemente.

É de todo conveniente que se cultive também o dinamismo marciano, que nos provê de fibra moral para enfrentar situações difíceis e desagradáveis para arrastar reveses que desanimariam as pessoas comuns e poriam fora de combate os “sensíveis e predominantemente venusianos”.

Assim, utilizando Vênus como exemplo, o ideal é mesclar essas duas qualidades: a virtude feminina de Vênus que ameniza, harmoniza, embeleza com a o dinamismo de Marte que anima, que promove a ação, que exterioriza em atos, que decide, que dá valor e decisão. Desse casamento resulta, então, a capacidade de planejar bem e agir equilibrada e decididamente na vida.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – Fraternidade Rosacruz – São Paulo – SP – setembro/1968)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Garoto que provou que Seus Professores estavam Errados

Você sabia que, quando os Estados Unidos da América eram um jovem país, acreditava-se que os tomates fossem venenosos? Que, se as pessoas viajassem em trens com velocidade superior a 38 quilômetros por hora, teriam ataques cardíacos e morreriam? E que ninguém seria capaz de voar? É uma pena, porque a vida sempre fica melhor quando a verdade é revelada. É por isso que algumas das maiores pessoas de todos os tempos dedicaram suas vidas ao estudo da verdade.

Um dos mais famosos deles nasceu em 1564, em Florença, uma bela cidade da Itália. Seu nome era Galileu. Mesmo quando menino, ele se interessava por muitas coisas e pelo modo como elas funcionavam. Acima de tudo, ele acreditava que tudo devesse fazer sentido. Não se deve acreditar em algo só porque alguém disse — nem mesmo se foi um homem chamado Aristóteles. Aristóteles foi um estudioso famoso que viveu cerca de dois mil anos antes de Galileu. Por ter descoberto muitas coisas maravilhosas, as pessoas passaram a acreditar que tudo o que ele havia dito e escrito era verdade. Na verdade, nos dias de Galileu, quando alguém declarava que Aristóteles tivesse dito algo, essa era a última palavra; ninguém deveria discutir.

Mas, Galileu achou que isso estivesse errado. Ele sabia que as pessoas cometem erros; provavelmente isso incluía Aristóteles. Ele disse isso ao seu professor na escola, que ficou muito zangado com o que ouviu; por isso ele repreendeu Galileu: “Como você ousa duvidar de Aristóteles!”, gritou com o garoto um dia.

Você não consegue imaginar como Galileu deve ter se sentido? Afinal, ele era apenas um menino. Quem era ele para desafiar aquilo em que os estudiosos acreditavam por quase dois mil anos? Mas ele tinha que provar que Aristóteles cometeu erros. Essa era a única maneira de convencer os outros. Então ele teve que manter os olhos bem abertos para encontrar algo, em algum lugar, que mostrasse que Aristóteles realmente houvesse cometido um erro. Eventualmente, sua oportunidade apareceu.

Como você sabe, naquela época não havia luz elétrica. As pessoas usavam velas ou tochas que tinham que ser acesas; às vezes, elas pendiam do teto. Ocasionalmente, no processo de acender, elas começavam a balançar um pouco. Galileu uma vez assistiu a isso. Ele imediatamente se lembrou do que Aristóteles havia escrito — coisas grandes e pesadas caem mais rápido do que as pequenas e leves. Galileu agora acreditava, depois de ver tochas e velas de vários tamanhos balançando da mesma maneira, que Aristóteles estivesse errado.

Sua grande chance de provar isso veio quando era professor na Universidade de Pisa. Talvez você já tenha ouvido falar dessa cidade; é famosa porque tem uma torre inclinada. Qual a melhor maneira de provar que coisas com pesos diferentes caem igualmente rápido do que derrubar dois desses objetos do topo da torre?

Naturalmente, Galileu não poderia simplesmente subir até lá e deixá-los cair. Ele precisava obter permissão e definir um horário para o que havia planejado — alguém, em baixo, poderia se machucar, caso estivesse lá na hora errada!

Não foi fácil para Galileu obter a permissão. Afinal, a própria ideia de questionar Aristóteles era algo inédito. Ele não deveria estar sempre certo? Contudo, finalmente Galileu obteve permissão. A hora foi definida, e as pessoas iriam para assistir.

Dois objetos deveriam ser soltos simultaneamente, um pesando cerca de cinco quilos e o outro de apenas meio quilo. Os dois alcançaram o solo exatamente ao mesmo tempo. Galileu provou que estava certo! Mas você pensa que as pessoas o aplaudiram? Apenas algumas ficaram para apertar sua mão; a maioria simplesmente foi embora. Elas não sabiam o que fazer com isso. Deveriam manter o que aprenderam durante toda a vida ou acreditar no que viram?

Os dirigentes da Universidade sabiam o que fazer: mandaram Galileu sair. Eles não deveriam tê-lo recompensado? Não, eles disseram que ele tinha sido contratado para ensinar conhecimentos antigos, não para desafiá-los. Disseram ainda que ele tinha perturbado a mente de seus alunos e isso não era uma coisa muito legal de se fazer.

Então, Galileu teve que procurar outros lugares para ensinar, como Pádua e Florença. Mais importante, ele agora tinha mais certeza do que nunca de que Aristóteles nem sempre estivera certo. Isso despertou nele o interesse por um livro que encontrou, escrito por um homem chamado Nicolau Copérnico, ex-aluno de Pádua, onde, por acaso, ele ministrava as aulas dele, na época.

Nesse livro, leu que Aristóteles errou ao acreditar que o Sol se movia ao redor da Terra; o contrário era verdade, mas não podia ser provado. Fazia todo sentido para Galileu e o ajudou a compreender muitas outras coisas. Entretanto, ele não podia provar.

Isto é, não até 1609, quando ouviu o viajante de um país distante contar uma história incrível. Alguém nos Países Baixos (atualmente conhecidos como Bélgica e Holanda) inventara algo para fazer objetos distantes parecerem se aproximar e ficarem muito maiores, aparentemente. Isso, é claro, você conhece como telescópio.

Contudo, havia algo de errado com o telescópio inventado: quando se olhava por ele, as coisas pareciam de cabeça para baixo. Isso era confuso. Galileu começou a corrigir esse defeito. Agora, quando alguém olhava através dele, objetos distantes podiam ser ampliados quase mil vezes e estavam com o lado certo para cima. Galileu recebeu muita honra e fama por fazer seu progresso; mas é claro que seu verdadeiro interesse ainda era descobrir se o Sol se movia ao redor da Terra ou se o contrário era correto.

Ele foi muito encorajado por um fato: pouco antes, uma bela e brilhante nova estrela apareceu no céu. Mas, Aristóteles, 2.000 anos antes, havia dito que nenhuma nova estrela apareceria. Visto que ele se enganou quanto a esse fato sobre os céus, não poderia ele também estar errado ao afirmar que o Sol se movia em torno da Terra? Não poderia ser o inverso, a Terra se movendo em redor do Sol?

Galileu agora passava praticamente todo o tempo olhando pelo telescópio. Às vezes, ele se esquecia de comer e dormir. Porém, mesmo que sua saúde não fosse das melhores, ele continuou se esforçando, com medo de não viver o suficiente para aprender a verdade sobre o que está no centro, o Sol ou a Terra.

Ele fez isso. Como? Ele sabia que, se Vênus e Marte se moviam em torno do Sol, a Terra também o fazia. Ele também sabia que, se o fizessem, pareceriam ficar menores, algumas vezes, e, outras, maiores, como a Lua fica quando se torna Lua Nova e, depois, Lua Cheia. E foi isso exatamente o que ele viu Vênus e Marte fazer. Eles pareciam mudar de tamanho.

Galileu também descobriu “manchas” no Sol, embora não devesse haver nenhuma. Quanto mais ele estudava os céus com seu telescópio, mais ele percebia que boatos muitas vezes são apenas isso — boatos.

Galileu escreveu tudo em um livro para que o maior número possível de pessoas pudesse ler sobre o assunto. Hoje em dia, algumas pessoas ficam ricas e famosas após escreverem livros. Não Galileu. Ele foi jogado na prisão. As autoridades tentaram fazer com que ele “se retratasse”; isto é, que anulasse o que havia dito e escrito, prometendo que não acreditasse mais nisso.

Mas como ele poderia? Só porque a maioria das pessoas havia acreditado por muito tempo no conhecimento antigo, isso não o tornava certo. E, se as pessoas algum dia lhe disserem para acreditar em algo só porque muitos acreditaram por muito tempo, você saberá o que dizer a eles, não é? Você vai apenas contar a eles sobre Galileu: e nada mais!

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro-outubro/1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Nutrição e a Lua, Saturno, Marte e Urano

A alimentação possui três elementos principais: proteínas, que reparam o tecido; carboidratos, que são convertidos em açúcar e fornecem energia; e gorduras, que são o suprimento de reserva energética armazenado no corpo para uso em emergências. A digestão também é tripla: na boca extraem-se os açúcares, mas a saliva não atua sobre as proteínas e as gorduras; no estômago, o suco gástrico converte proteínas em peptonas, mas não age sobre as gorduras e açúcares; no intestino, o suco pancreático decompõe as gorduras em partículas menores, que são misturadas com água (linfa) em um fluido semelhante ao leite, que é chamado de quilo. A digestão de açúcares e proteínas, realizada apenas parcialmente na boca e no estômago, também é concluída no intestino.

Os açúcares e as peptonas extraídos na boca, no estômago e no intestino são transportados ao fígado pela veia porta, e nesse órgão o material residual é extraído como bile e o fluxo de nutrientes limpos é canalizado ao coração pelas veias hepática e cava inferior, para atender às necessidades imediatas do corpo.

As gorduras, quando transformadas em quilo, são absorvidas pelos lácteos (portadores de leite), aderidas ao intestino, passam pelo duto torácico situado na frente da coluna vertebral e vão à veia subclávia esquerda. Lá, elas entram no sangue e vão para o coração. Quando mais alimento do que o necessário é ingerido, a gordura é armazenada para uso futuro.

A Lua rege os órgãos digestivos, a linfa e o quilo. Quando Saturno aflige a Lua, o metabolismo é obstruído, tanto a linfa como o quilo não são secretados em quantidade suficiente para manter o corpo sadio e as pessoas adquirem aparência murcha.

Marte controla os movimentos musculares e os músculos que são semelhantes em construção a um eletroímã; as correntes de desejos circulam em torno da origem, exercendo atração magnética sobre a inserção. Quando Urano está em Quadratura ou Oposição a Marte, o resultado é o reumatismo muscular; porém Saturno rege os ossos, produzindo o reumatismo articular. Marte é o responsável pela inflamação em ambas as doenças.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro/1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Caminho da Preparação – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

Vivemos no Mundo das Formas (Mundo Físico) que é de grande valor para a nossa evolução.  Serve como uma estação de experiência para nos capacitar a trabalhar corretamente nos Mundos Superiores.

Ao buscamos este caminho devemos compreender que “o caminho da Preparação precede ao caminho da Iniciação”.

Nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, aprendemos que todo desenvolvimento espiritual começa no Corpo Vital, formado de material da Região Etérica do Mundo Físico e que ainda é invisível para a maioria de nós, devido à necessidade de desenvolvermos a visão etérica, para tal. Esta Região Etérica está dividida em quatro Éteres: Químico, de Vida, de Luz e Refletor.

O Éter Químico é o canal para assimilação e excreção.

O Éter de Vida é a avenida para propagação e crescimento.

O Éter de Luz (Luminoso) gera o calor do sangue e é também o veículo da percepção sensorial.

O Éter Refletor é um dos mais importantes em nosso presente estado evolutivo e é por onde o Ego controla o Corpo Denso. Nele se mantêm os registros ou arquivos da nossa memória.

1. Para fazer download ou imprimir:

O Caminho da Preparação – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

O Caminho da Preparação

Por

um Estudante

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, 1964, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

INSTRUÇÕES INICIAIS PARA O CAMINHO DA PREPARAÇÃO.. 4

INTRODUÇÃO.. 7

A PERSISTÊNCIA E O ÉTER QUÍMICO.. 15

A DEVOÇÃO E O ÉTER DE VIDA.. 19

o éter luminoso e a observação.. 23

o éter refletor e o discernimento.. 26

INSTRUÇÕES INICIAIS PARA O CAMINHO DA PREPARAÇÃO

Vivemos no Mundo das Formas (Mundo Físico) que é de grande valor para a nossa evolução.  Serve como uma estação de experiência para nos capacitar a trabalhar corretamente nos Mundos Superiores.

Ao buscarmos este caminho devemos compreender que “o Caminho da Preparação precede ao Caminho da Iniciação”. Nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental aprendemos que todo desenvolvimento espiritual começa no Corpo Vital, formado de material da Região Etérica do Mundo Físico, e que ainda é invisível para a maioria de nós, devido à necessidade de desenvolvermos a visão etérica para tal. Essa Região Etérica está dividida em quatro Éteres: Químico, de Vida, de Luz e Refletor. O Éter Químico é o canal para assimilação e excreção. O Éter de Vida é a avenida para propagação e crescimento. O Éter de Luz (Luminoso) gera o calor do sangue e é também o veículo da percepção sensorial. O Éter Refletor é um dos mais importantes em nosso presente estado evolutivo e é por onde o Ego controla o Corpo Denso. Nele se mantêm os registros ou arquivos da nossa memória.

Os dois Éteres inferiores (Químico e de Vida) desta região são compostos de átomos etéricos prismáticos e estão conectados com os processos físicos do Corpo Denso. É nos dois Éteres superiores (Luminoso e Refletor) que formaremos o Corpo-Alma (composto, justamente, por esses dois Éteres). Quando renascemos neste Mundo, trazemos certas tendências boas e/ou más, construtivas e/ou destrutivas que foram adquiridas em várias vidas passadas. Se durante a nossa vida procurarmos fortalecer o bem e transmutar o mal construiremos melhores Corpos e melhor caráter em cada vida. “Nossas observações, nossas aspirações, nosso caráter, etc., são devidos ao trabalho do Espírito nesses dois Éteres superiores, que se tornam mais ou menos luminosos de acordo com a natureza de nosso caráter e hábitos”.

Sabemos que a nota chave do Corpo Vital é a REPETIÇÃO. Pois, a formação de nosso caráter é estabelecida por meio de repetidas ações sejam boas ou más. Além disso “caráter é destino”. É fundamental que as verdades espirituais sejam sempre repetidas e vivenciadas, para que a nossa alma cresça em luminosidade; assim, nosso Espírito de Vida assimilará a essência das boas ações na construção do nosso Corpo-Alma. Isso porque quando se recapitula uma antiga situação, ela é vivenciada diferentemente pelo Estudante, pois este caminhou algumas etapas na vida e possui maior vivência para aprofundar, ainda mais, na mesma lição e encontrar verdades que não tinha percebido na primeira vez que teve a oportunidade de estudá-la. E vale ressaltar a importância do alimento que ingerimos e no cuidado também no nosso Corpo Denso, de alimentar elevados sentimentos e do reto pensar, pois todos os nossos veículos (Denso, Vital, de Desejos e Mente) estão interligados neste trabalho.

Nesta escola experimental, que é a vida, é de suma importância que cada um de nós tenha suas próprias experiências e que tiremos delas o melhor proveito possível. Nenhuma outra pessoa poderá fazer nosso próprio trabalho; cada um deve resolver seus próprios problemas uma vez que todos eles foram criados e colocados em ação por nós mesmos. Agora temos a oportunidade de estarmos aqui para transmutar nossas falhas, mas a ajuda que devemos receber é de Seres Superiores como os Irmãos Maiores, que estão sempre nos colocando em estado elevado, otimista e não negativo. As ações devem vir de dentro e respaldadas por nossa vontade e, por isso, devemos estar capacitados para tomar nossas próprias decisões e escolher nossos próprios meios de ação.

Porque com boas ações e serviços amorosos, prestados desinteressadamente nesta vida, é que formaremos o Corpo-Alma, veículo da Nova Dispensação.

No Conceito Rosacruz do Cosmos encontramos duas correntes de desenvolvimento espiritual que a humanidade segue. Ambas estão tecendo o Corpo-Alma ou Traje Dourado Nupcial a seu modo. Com o tempo, elas serão unidas, o que estabelecerá o “Abre-te Sésamo” para os Mundos invisíveis. Quando houver esta união, teremos a certeza de estarmos sendo regidos pela Lei do Amor.

“Que as rosas floresçam em vossa cruz”

INTRODUÇÃO

Bem-disse o Cristoas minhas ovelhas conhecem a minha voz[1]. Todo Aspirante Rosacruz verdadeiro, quando se defronta pela primeira vez com um dos nossos livros de Filosofia Rosacruz ou após ler algum material da Fraternidade Rosacruz, diz: “É o que eu estava procurando há muito tempo. Finalmente achei!”. E se lhe perguntarmos de onde lhe vinha essa aspiração, responderá: “É uma questão interna; eu tinha a intuição de que devia ser assim; parece-me lógico”. Isso revela que trazemos conosco o desenvolvimento anímico preparatório que nos habilitará a etapas superiores de desenvolvimento nesta vida. Então um dia, um aparente acaso nos leva a um website ou a uma rede social da Fraternidade Rosacruz, vemos em uma vitrine alguma daquelas capas características da nossa literatura Rosacruz ou entramos em um grupo de estudos da Fraternidade Rosacruz e, então, dentro de nós algo crepita, uma vozinha atravessa o véu de carne e reconhece o que já tínhamos estudado. Assim, lembramos a frase do Mestre a Tomé: “Bendito o que não vê, mas crê[2]. Realmente, como disse São Paulo, “A fé é a substância das coisas esperadas[3].

É muito natural que o Aspirante à vida superior almeje a Iniciação para conquistar maior capacidade de serviço ao próximo. No entanto, isso pressupõe esforço e perseverança. Assim também faz o indivíduo que estuda anos a fio e com afinco para se tornar médico e se habilitar a cuidar dos irmãos e irmãs doentes ou enfermos. Aqueles que buscam a Iniciação por mera curiosidade sobre coisas diferentes e fantásticas ou com intuitos interesseiros não têm fibra para conquistá-la. Podem, então, procurá-la pelo caminho fácil dos exercícios de respiração ou de espelho e, nesse caso, acabam dentro de um hospício ou hospital, ou no mínimo perturbados pelo resto da vida; também podem buscar um falso mestre que os “inicie” em determinado período e por certa quantia de dinheiro. Em todos os casos, arruínam-se ou se desiludem e concluem: “É uma farsa”. Ora, o verdadeiro mestre não se revela, senão no devido tempo, nem cobra qualquer valor!

As Leis da Natureza (as Leis de Deus) são bem fundamentadas. A Natureza não dá saltos. Todo desenvolvimento harmonioso é gradativo. Quando é conquistado mais rapidamente, como no Método Rosacruz, exige renúncia e dedicação; como no caso de alguém que se submeta a exames supletivos para ganhar tempo.

É muito lógico: se um médico precisa estudar dezoito anos (isso quando não é reprovado em alguma disciplina) para dominar regularmente a especialidade que abraçou, que é uma ciência material, como poderíamos abarcar a ciência da alma, que é muito mais complexa, em pouco tempo? Só mesmo uma alma velha e amadurecida poderia; mas nesse caso seu esforço foi feito anteriormente e ela dependia de um simples despertar, um esforço menor, para revelar-se nesta vida.

Já transcrevemos em vários livros e artigos um claríssimo trabalho de Max Heindel sobre o que é a Iniciação. Em resumo, podemos repetir: é algo interno e não será por exercícios materiais que vamos conquistá-la. O Corpo Denso influi sobre os veículos superiores e estes sobre o Corpo Denso, mas esta é uma parcela do assunto. A Iniciação abrange o desenvolvimento simultâneo dos diferentes veículos do ser humano, um atuando sobre os outros.

Podemos dizer que “o desenvolvimento espiritual começa pelo Corpo Vital”, o veículo dos hábitos e que os hábitos se formam pela REPETIÇÃO. Falamos aqui, é claro, de hábitos elevados, pois a repetição de atos degradantes, pensamentos baixos e sentimentos instintivos levam a costumes escravizadores que embrutecem o ser humano e lhe retardam a evolução. Nossos cursos por correspondência e por e-mail dão uma ideia global e pormenorizada de tudo o que convém à alma Aspirante. Com tais dados, qualquer pessoa poderá compreender em que sentido dirigir seus esforços e quais os novos hábitos que deva formar. Se somos insinceros ou dúbios, enganamos a nós mesmos. A água não se mistura com azeite. Se não temos decisão para renunciar a antigos hábitos errôneos, que nossa natureza inferior reclama, e procuramos acender uma “vela para Deus e outra para o Diabo”, nada conseguiremos. “Vinho novo não se põe em odre velho, porque rasga[4]; “nem se põe remendo novo em roupa velha[5], diz o Evangelho e muito judiciosamente. O novo “homem”, indicado por São Paulo, tem de ser NOVO mesmo, coerente.

Quando começamos novos e edificantes hábitos, físicos, morais e mentais, partimos ao encontro do ser humano ideal em nós que, segundo Platão, deve ser atleta, sábio e santo, ou, conforme nosso lema Rosacruz, “Corpo são; Coração nobre; Mente pura”. E o método para atingir esse ser humano ideal? Max Heindel o expôs de forma magistral na Conferência n° 11 do livro “O Cristianismo Rosacruz”. É a amorosa contribuição genérica de quem já foi muito adiante no caminho e volta para nos prevenir dos desvios retardantes, ensinando como chegar mais depressa ao cimo. Por isso, é uma orientação genérica. A Iniciação é muito pessoal e não pode ser dada por correspondência ou classe, segundo afirmam algumas escolas que inclusive e indevidamente têm o nome de Rosacruz. Indicado o Caminho, cada um se esforça em percorrê-lo.

E depois de certo ponto terá ajuda individual do Mestre, um Mestre verdadeiro, um Irmão Maior da Ordem Rosacruz que lhe respeitará a Epigênese. Essa etapa, na Escola Rosacruz, é o Discipulado, o quarto de sete graus. Até aí ele será preparado pela Fraternidade Rosacruz através dos cursos epistolares e orais, além de outras ajudas acessórias que você encontra nessa Escola, a Fraternidade Rosacruz.

OS ÉTERES

O Caminho da Preparação necessariamente deve preceder ao Caminho da Iniciação. O trabalho iniciático é preparado através do Corpo Vital, de um lado por ser ele o veículo dos hábitos para a formação do “novo homem” e, de outro, porque é indispensável ao Ego para funcionar fora do Corpo Denso com plena consciência nos Mundos suprafísicos. Particularizando a questão, dizemos que o Corpo de Desejos, que ganhamos como germe no terceiro Período, o Lunar, é relativamente novo e ainda não está organizado com órgãos, como o Corpo Vital e o Corpo Denso, mais antigos e mais próximos da perfeição. Desse modo, se o Corpo Vital não registrasse as impressões da vida para transmiti-las, durante os primeiros três dias e meio após a morte, ao Corpo de Desejos, não poderíamos ter atividade no Mundo do Desejo e, consequentemente, não poderíamos adquirir consciência e desenvolvê-la.

Todavia, como veículo de consciência a serviço do Ego, o Corpo Vital deve ser purificado de modo a permitir a natural divisão entre os dois Éteres superiores, o Refletor e o Luminoso, e os inferiores, o Vital e o Químico. Só a partir de então os dois Éteres superiores, formando o Corpo-Alma, o dourado manto nupcial das bodas do eu inferior com o eu superior, o “soma-psuchicon” citado por São Paulo, poderão ser retirados do corpo com o Corpo de Desejos e a Mente para formar o veículo de percepção e memória do Espírito.

No entanto, isso não é obtido de forma rápida, mas pela espiritualizarão dos Éteres e pelo domínio de suas funções. Nesse trabalho de preparação há quatro palavras-chave que mostram as qualidades a serem cultivadas, simultaneamente:

Esses são os meios de realização, as qualidades que sensibilizam o Corpo Vital. Mediante a persistência e a devoção os Éteres Químico e de Vida se capacitam para cuidar das funções que lhes estão afetas: o Químico, assimilação e excreção; o de Vida, o fornecimento do material que cimenta a assimilação e a condução da energia solar especializada pelo baço. São as funções vitais conservadoras do equilíbrio corporal durante o sono.

Explicando melhor, podemos dizer que a persistência consiste na repetição de hábitos sadios como o alimentar e o higiênico; e a devoção, no exercício de uma vida pura e idealista. É por isso que se aconselha os Aspirantes à vida superior (aconselhamos, não obrigamos) a adotar a alimentação vegetariana e racional, com todos os elementos necessários (vitaminas, sais minerais, proteínas), facilitando-lhes receitas e promovendo de tempos em tempos cursos práticos; fazemos exposições mensais sobre os “princípios ocultos de saúde e cura”; falamos sobre as razões científicas e ocultas dos benefícios da castidade progressiva, começando pelo “orar e vigiar”; abordamos o abandono de tóxicos e outros estímulos sensoriais e muito mais, até que o Aspirante à vida superior desfrute de um equilíbrio interno que lhe permita a divisão etérica mencionada. Quando a pureza de vida eleva a força criadora sexual que não é usada, gerada pelo Éter de Vida, até o coração, tal força passa a manter, durante o sono, a limitada e necessária circulação sanguínea, para assegurar a normalidade das funções vitais, enquanto trabalhamos fora do corpo.

Os dois Éteres inferiores são corporais e os superiores, espirituais. O desenvolvimento de ambos os grupos é paralelo e o de um se comunica com o outro. O Químico, que é o primeiro, atua sobre o terceiro, o Luminoso; e o segundo, o de Vida, sobre o Refletor. É fácil compreender a correlação: a agudeza e agilidade sensorial dependem do perfeito funcionamento vital; a robustez cerebral e da memória dependem do crescimento anímico, que nos permite maior assimilação do fósforo e, além disso, lembremos que o cérebro e a laringe foram construídos com metade da força criadora.

Com o aperfeiçoamento dos dois Éteres inferiores, por meio da persistência e da devoção bem entendidas, produz-se a desconexão entre eles e os superiores. Estes são espiritualizados pela observação e pelo discernimento até que, atraindo o Mestre pelo brilho da aura, o Aspirante é ensinado por ele mediante um esforço de vontade, como quem tira um fruto maduro da árvore, e sai do corpo levando esses Éteres, o Luminoso (sensorial) para ver e o Refletor (de memória) para recordar-se de seus conhecimentos na Terra, quando está no Mundo do Desejo, e registrar, trazendo de lá, a recordação de sua viagem e observações.

Resumindo o exposto, dizemos que os dois meios de desenvolvimento dos Éteres inferiores, a persistência e a devoção, incluem-se no exercício noturno de Retrospeção, que tem por finalidade desenvolver nossa natureza emocional e vibrar o vórtice correspondente à Glândula Pituitária, que é regida por Urano, oitava superior de Vênus. É o lado místico da nossa natureza. Quem tem esse lado preponderante nota que seja mais fácil o esforço nesse sentido. Os dois meios de desenvolvimento dos Éteres superiores, a Observação e o Discernimento, dizem respeito ao exercício matinal, de Concentração e Meditação, cuja finalidade é ativar o vórtice correspondente à Glândula Pineal, regida por Netuno, oitava superior de Mercúrio. É o lado ocultista ou intelectual da nossa natureza, mais facilmente executado pelos que desenvolveram essa tendência.

Os dois lados devem seguir paralelamente equilibrados para conseguirmos alcançar o casamento do homem e da mulher dentro de nós; ou seja, da Mente e do Coração.

Aos que têm mais facilidade em um lado, aconselhamos esforçarem-se mais diligentemente no outro, até conseguir o equilíbrio.

Dessa maneira e ao mesmo tempo, o Aspirante desenvolve sua Tríplice Alma: a Emocional com o cultivo dos Éteres inferiores; a Consciente pela observação bem orientada; e a Intelectual pelo discernimento.

A PERSISTÊNCIA E O ÉTER QUÍMICO

Como dissemos, a chave particular da sublimação do Éter Químico é a persistência. Mas como a persistência está intimamente relacionada com a repetição, que por sua vez é a chave geral do Corpo Vital, podemos dizer que a sublimação dos quatro Éteres se fundamenta na persistência em um caminho superior.

A maior sensibilidade corporal e, consequentemente, a facilidade de transubstanciação, do ponto de vista astrológico-científico, depende de Urano, que rege o Éter e de seus Aspectos benéficos, principalmente com o Ascendente, porque essa indicação mostra que já se armazenaram conquistas anteriores nesse campo.

Contudo, a persistência depende da boa vontade desenvolvida positivamente. Essa qualidade é revelada num horóscopo pelos Signos Fixos em seus ângulos e pelos Aspectos benéficos de Saturno (que rege o esqueleto, as cartilagens, a cristalização, a inércia, o “status quo”) com Marte (o Planeta do dinamismo), com o Sol (o Astro da vitalidade e do misticismo) ou com Júpiter (o Planeta do idealismo).

O idealismo pode estar presente num horóscopo sem a valiosa companhia da persistência. Isso sucede a muitos Aspirantes do espiritualismo. Veem-se atraídos pela beleza da filosofia oculta, mas não têm perseverança. Seus horóscopos revelam que essa conquista não foi feita em vida anterior e, portanto, deve ser feita agora. Porém muitos não se detêm o suficiente para examinar a questão e se encher de suficiente convicção para realizar essa tarefa. Vão de uma à outra escola, não terminam coisa nenhuma, não realizam os Exercícios Esotéricos matinal (de Concentração) e noturno (de Retrospecção), recomendados pela Fraternidade Rosacruz e, por fim, o resultado é pequeno. É como se alguém fosse aprender um ofício e ficasse cada dia em uma especialidade. Ao fim, torna-se uma colcha de retalhos. Entende um pouquinho de cada coisa e nada profundamente. Que seria de nossa ciência, se todos agíssemos assim? Ninguém seria médico ou engenheiro. E no campo ocultista, em que trabalhamos com a alma, bem mais complexa, que resultado podemos esperar, sem a persistência?

No entanto, é mera questão de persistir em um rumo que saibamos ser certo. O Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” nos explica muito bem, de um modo que nem mesmo a moderna psicologia poderia fazê-lo: o germe de uma ideia vem da Mente abstrata, imbuído da vontade espiritual (o atributo do Pai dentro de nós). Essa vontade atrai matéria mental concreta e toma forma: é já um pensamento-forma, imaginação (atributo do Filho). Desce à quarta região (a dos Sentimentos), para o Corpo de Desejos e ali é atraída para alguma sub-região segundo a sua natureza, em nosso caso para a superior (a do altruísmo, da filantropia e todas as demais qualidades superiores da vida da alma), onde, se a vontade é suficientemente forte, sujeita a matéria emocional e com ela se envolve para acionar os centros etéricos e agir sobre o cérebro, culminando na ação física (atividade, aspecto do Espírito Santo). Tudo isso em uma fração de segundos. No entanto, se a vontade é débil, não chega ao campo físico, por falta de impulso. Então fica registrado o esforço, ainda que fraco, na Memória (ou Mente) subconsciente. Quando fizer novo esforço, no mesmo sentido, ainda que novamente débil, por afinidade ele será atraído e somado ao esforço anterior e, assim, pela persistência, chegará um dia em que aquele intuito alcançará força suficiente para abrir caminho até a ação física. Então, assim, completamos o ideal, já que a “fé sem obras é morta.” (Tg 2:26).

Vejam, pois, a vantagem da persistência rumo ao caminho superior. É uma questão de repetição que forma o hábito e esse, como segunda natureza, leva-nos a agir automaticamente na direção tomada. Isso explica a força de nossos maus hábitos. Porém como o inverso também é verdadeiro, se VIGIARMOS e ORARMOS, deixando de fazer o que é inconveniente e concentrando forças em novos e bons hábitos, teremos a transubstanciação. Não lutamos contra o mal, porque isso traria recalques. Simplesmente, devemos nos concentrar no que é benéfico. O pensamento não pode manter no foco da consciência senão uma coisa de cada vez. Pois que seja ela o bem; o mal, pelo esquecimento, morrerá de inanição. Sabemos que os hábitos antigos são muito fortes e, vez por outra, somos arrastados à sua repetição. Contudo, persistamos no bem sem perder tempo em pensar nessas quedas. O que interessa é o bem. “A função faz o órgão”, o exercício faz o músculo e, portanto, nossa energia deve ser concentrada agora, à vontade do nosso entendimento, na busca de uma meta superior. E justamente esse conhecimento nos traz maiores responsabilidades. A quem mais se dá, mais se lhe exige. Quem sabe o que é o bem e não o pratica, erra duas vezes; por não fazer e por saber que seja bom.

No tocante ao Éter Químico, que disciplina a assimilação e a excreção, a persistência deve ser desenvolvida:

  1. – pelo exercício físico, que nos habilita a governar o Corpo Denso sem deixar acumular toxinas e gorduras ou desenvolver a preguiça. A atividade física ordenada conserva a atividade corporal e assegura boa circulação sanguínea para a perfeita eliminação dos resíduos internos
  2. – pela higiene, que deixa os poros abertos para um normal catabolismo
  3. – pela alimentação vegetariana, porque é de mais fácil assimilação, tem celulose para estimular os movimentos peristálticos dos intestinos na defecção, não está imbuída de instintos animais que não desejamos somar aos nossos e não supõe sacrifício de um irmão menos evoluído que sofre. Entretanto, a alimentação deve ser racional, contendo todos os elementos essenciais à normalidade orgânica. O Estudante recebe nossa orientação completa e
  4. – finalmente, pelo equilíbrio emocional, para que as Glândulas Endócrinas não fiquem prejudicadas na função conservadora do corpo.

A soma dessas realizações disciplina e sensibiliza o Corpo Denso de modo que suas células se põem a vibrar mais rapidamente, permitindo que os vórtices do Corpo de Desejos, que normalmente se paralisam em nosso estado de vigília, devido à condição atual de insensibilidade do Corpo Denso, comecem a girar, a princípio lentamente, até alcançar, com a continuidade da disciplina, maior rapidez. Então, vem o desabrochar das faculdades internas.

A DEVOÇÃO E O ÉTER DE VIDA

Entendamos que a trilogia ideal (MENTE PURA, CORAÇÃO NOBRE e CORPO SÃO), que constitui o lema Rosacruz, fundamenta-se sobretudo na disciplina e na espiritualização dos Éteres, sendo que o Químico afeta o corpo, o de Vida afeta a emoção e os dois superiores, o Luminoso e Refletor, afetam os sentidos e a Mente; ou seja, o intelecto. No entanto, frisamos sua interrelação e mútua influência. O primeiro, o Químico, tem relação com o terceiro, o Luminoso, influindo ambos sobre o Corpo Denso, pois a observação e a ação geram a Alma Consciente, que é o extrato das experiências do Corpo Denso, absorvidas pelo mais elevado aspecto espiritual do ser humano, o Espírito Divino. O segundo Éter, o de Vida, tem relação com o quarto, o Refletor, pois a disciplina do sexo pelas asas da devoção a ideais superiores eleva a força criadora não utilizada, através do coração, ao centro espiritual da Glândula Pituitária, ao mesmo tempo que desenvolve a capacidade de assimilar mais fósforo, fortificando as funções da memória e do discernimento para mais fiel interpretação mental do espírito. A elevação da força criadora acende o fogo espinhal de Netuno e faz vibrar o centro espiritual da Glândula Pineal. Aí temos, então, o equilíbrio perfeito entre a Mente e o Coração, estabelecendo uma ponte vibratória entre ambos os centros da cabeça para o abrir dos olhos espirituais.

Como sabem os Estudantes Rosacruzes, os dois polos são regidos pelos opostos zodiacais, Touro e Escorpião, sendo o primeiro a palavra e o segundo, o sexo. O segundo, para formar a Águia, que voa em busca das alturas, depende da força impulsora da energia criadora e sublimada. A força criadora desperdiçada é morte em todos os sentidos, pois retarda a evolução e enlaça cada vez mais o Ego às consequências dolorosas provocadas pelo embrutecimento do corpo, o que é contrário aos desígnios evolutivos. Por isso, Escorpião é o oitavo Signo, correspondente à oitava Casa, a Casa da morte. Conforme diz a Bíblia: “O salário do pecado é a morte[6]. Além disso, lembremos que com a metade da força criadora formamos o cérebro e a laringe para criar superiormente no futuro, como hermafroditas espirituais, e não temos outro caminho, senão o da sublimação da força criadora em benefício do órgão etérico que está sendo formado dentro do cérebro do ser humano, como uma flor cuja haste se apoia na laringe. Então a criação do Verbo será de um poder inimaginável, tendo em vista as rudimentares possibilidades da nossa laringe material. A força instintiva do rastejante Escorpião não é coisa desprezível que deva ser objeto de tabus, de repulsa ou considerada inferior. Essa interpretação errônea de falsos puritanos, de religiosos recalcados e de doutrinas orientais deve, necessariamente, dar lugar ao lógico discernimento. Para isso concorre a psicologia moderna, que supera a de Freud, explicando o mecanismo da emoção e a necessidade da catarse. Todavia, a Filosofia Rosacruz vai além: mostra como e por que sublimar essa força; que toda força é, em si, divina e boa e o erro está no seu mau uso, iniciado pela ignorante transgressão às Leis, com a decorrente perda de nosso estado de pureza e decretação de posteriores sofrimentos, “Comerás o pão com o suor do teu rosto”, desde o simbólico paraíso ou Éden. Agora, com a chave da razão, a meta evolutiva da presente Época Ária, vamos sublimar essa força.

Os prejuízos espirituais e físicos provenientes do recalque estão bem expressos no mito “Parsifal”, musicado por Wagner na ópera de mesmo nome. Ali, Amfortas (símbolo do ser humano) tenta destruir Klingsor (natureza inferior, instintos) com a lança do poder espiritual (o fogo de Netuno). De fato, Klingsor mutilou-se, mas como a paixão está no Corpo de Desejos e não no Corpo Denso, os instintos se manifestaram pela imaginação libidinosa, criando um castelo com jovens-flores que tentavam e desviavam para o mal os Cavaleiros do Graal (os sentimentos nobres). Com isso Amfortas foi ferido (recalque) e sofria cada vez, quando devia realizar a cerimônia para descobrir a lança e a taça, que correspondem à dor da consciência despertada perante o seu Cristo interno.

A questão é a de sublimar, à maneira de Parsifal (a pureza dentro de nós), que defrontando Klingsor e suas tentadoras flores (imaginações libidinosas) sentiu, por simpatia, o sofrimento de Amfortas e, fazendo o sinal da cruz com a espada (usando o bem, a oração), desfez o reino do mal; posteriormente, em peregrinação pelo mundo, no desenvolvimento da consciência e discernimento, jamais usou a lança para benefício próprio ou defesa de si mesmo. Essa mesma ideia está expressa na formosa lenda dos Maniqueus, em que os Filhos da Luz (altruísmo) vencem os Filhos das Trevas (instintos); mas, não desejando destruí-los, porque eram bons, dividem seu reino (a parte superior do Corpo de Desejos) com os vencidos. A mesma lenda estava presente entre os Essênios e constituiu um dos mais importantes rolos encontrados em 1947, no soterrado mosteiro de Qumran, às margens do Mar Morto.

Com isso não queremos induzir alguém à castidade absoluta. Ela é somente exigida nas Iniciações Maiores e, portanto, por poucos indivíduos. Atualmente, a união sexual é o método de procriação. Não há outra forma de fornecer corpos aos Egos que precisam renascer e é dever de todo aquele que seja são mental, moral e fisicamente facilitar o veículo e ambiente apropriado aos muitos espíritos em busca de novas experiências; isso, conforme os recursos e as oportunidades lhe permitam. Deveríamos realizar o ato da procriação como se fosse um sacramento e não para gratificar os sentidos; como se fosse uma oração espiritual. Isso é um ideal a ser alcançado aos poucos, na sublimação do Éter de Vida pela devoção a ideais superiores, pois assim usada, a força criadora seria necessária pouquíssimas vezes e sem o prejuízo do desenvolvimento espiritual, como sucedeu a José e Maria, pais de Jesus.

Por ser um tema muito delicado e profundo, cuja solução é fundamental aos que buscam o desenvolvimento espiritual, sua solução fica na dependência de cada Aspirante à vida superior, que deve estudá-la e resolvê-la por seu próprio discernimento, ajudado por nossa formosa filosofia, pela astrologia oculta e incentivado pelas maravilhosas promessas contidas na Bíblia e nas obras ocultistas.

“Ao que vencer, eu o farei coluna do Templo do meu Deus e dali jamais sairá.” (Apo 3:12)

O ÉTER LUMINOSO E A OBSERVAÇÃO

A observação é o emprego dos sentidos como meio de obter informações a respeito dos fenômenos que ocorrem ao nosso redor. Como dissemos, a observação e a ação geram a alma consciente, que representa a colheita de experiência do Espírito Divino, o mais elevado aspecto da nossa Trindade interna, através da sua contraparte, o Corpo Denso. É, pois, da maior importância para o nosso desenvolvimento espiritual que observemos fielmente tudo o que ocorre em nossa volta. Se não gravamos corretamente os eventos observados, provocamos uma discordância entre as imagens formadas na memória consciente, pela observação, e as recordações automáticas feitas fielmente através do Éter do ar, pela respiração, e que constitui a memória subconsciente. Essa memória é mais importante que a consciente e forma a maior parte da nossa atividade interna. A moderna psicologia está levando na devida conta esses registros. A filosofia Rosacruz, que alia ciência, arte e religião, explica logicamente essas coisas e possibilita a seus Estudantes alcançar o equilíbrio interno pela coerência entre essas duas memórias.

O ritmo e a harmonia do Corpo Denso se perturbam proporcionalmente às inexatidões das nossas observações durante o dia. É muito comum, ao Aspirante sincero e sensível, sentir uma desagradável sensação de mal-estar interno, quando diz alguma mentira, exagera uma verdade ou fornece uma versão maliciosa sobre algo. Quando chega a noite e ele faz seu exercício de Retrospecção, encontra a causa, isso quando não a percebe de imediato, como é comum. Quando não desfazemos essa desarmonia pelo arrependimento sincero e consciente, nossas atividades durante o sono a desfazem, mas apenas parcialmente. Porém a luta de vibrações, dia após dia, ano após anos, gradualmente destrói e endurece o nosso organismo até que ele se torne impróprio para o emprego do espírito neste mundo. Temos então de abandoná-lo e buscar novas experiências, mais tarde, em um novo e melhor corpo. Contudo, o Aspirante à vida superior dedicado pode amenizar esses transtornos e alongar sua estada nesta escola, pois é desejável que aprenda mais, quando já está no caminho. Na proporção direta à exatidão com que aprendemos a observar, obteremos paz interna, saúde e longevidade. Outro ponto importantíssimo: necessitaremos de menos horas de sono para restaurar as perdas corporais e psíquicas. O tempo de que necessita o Corpo de Desejos para restaurar e restabelecer o ritmo dos corpos depende da maneira como tenhamos empregado o Corpo Denso durante o dia. Se permitirmos que o Corpo Denso se agite entre emoções descontroladas ou desarmonia de observações, o Corpo de Desejos levará mais tempo, durante a noite, para restaurar a harmonia e o ritmo do Corpo Denso. Assim, vemos que o ser humano, o Ego, fica ligado ao seu corpo dia e noite. Contudo, quando aprendemos a descansar na ação e controlamos nossas energias durante o dia, evitando desperdiçá-las com palavras ou atos desnecessários; quando começamos a dominar nossos impulsos, a moldar nosso caráter e impedir desarmonia nas observações, então o Corpo de Desejos não precisa trabalhar durante a noite para restaurar o Corpo Denso. Grande parte da noite poderá, então, ser empregada para trabalharmos fora do corpo, livres como Auxiliares Invisíveis; isso ocorre quando os centros do Corpo de Desejos estão suficientemente desenvolvidos, como na maioria dos seres humanos inteligentes e equilibrados, de modo a permitir ao Ego estirar o cordão prateado e viajar no Mundo do Desejo, onde verá e ouvirá coisas de que geralmente não recordará até que haja efetuado a desconexão entre as partes inferior e superior do Corpo Vital, segundo já explicamos. É por isso que a maioria dos Probacionistas ainda é Auxiliar Invisível de forma inconsciente.

Do exposto pode o leitor avaliar a grande importância da observação correta, aliada à devoção a elevados ideais, alimentação pura, etc. Também, a persistência, sobretudo para chegarmos a um resultado superior pelo caminho mais curto, o caminho do meio, representado pelo cetro do símbolo do Caduceu de Mercúrio.

Para arrematar, podemos lembrar que a capacidade maior ou menor de observação está indicada no horóscopo científico, de modo a permitir que nos eduquemos e orientemos nossos filhos nesse importante ponto. Leia-se no Livro “A Mensagem das Estrelas” o seguinte trecho, sobre o assunto: “É um fato científico bem conhecido que a sensação depende da habilidade de sentir e interpretar a vibração do Éter e do ar, de acordo com o sentido correspondente (visão, olfato, paladar, tato ou audição). Os videntes antigos tomaram o báculo de Mercúrio como o símbolo de seus efeitos e entre outros segredos espirituais incorporados nas formas ondulantes das duas serpentes, branca e preta, enroscadas no báculo, há também este: Mercúrio é o originador de todo movimento vibratório, sendo, pois, um fator primordial no produto da sensação e no processo mental que dela depende. Portanto, a elevação de nossa consciência, como resultado dos processos mentais, conscientes, depende de Mercúrio, que rege nossa mente, nosso raciocínio. Daí vemos que um Mercúrio elevado (no Meio do Céu), forte e bem aspectado, agudiza nossos sentidos e torna a mente mais engenhosa e penetrante. Ao contrário, estando Mercúrio com Aspectos adversos, produz embotamento dos sentidos e torna a pessoa hipersensitiva, nervosa”. E como os Astros indicam o que nós construímos anteriormente, aceitamos com isso nossa responsabilidade no caso e tratamos de destecer o mal e tecer o bem, pois, se o destino foi construído por nós, também por nós pode ser modificado. E de fato está sendo, continuamente: “Os Astros impelem, mas não obrigam”. Podemos e devemos mudar o horóscopo, indicativo de nosso caráter. E a maneira científica e racional de fazer isso é a indicada por Max Heindel, neste trabalho, o livro “A Mensagem das Estrelas”.

O ÉTER REFLETOR E O DISCERNIMENTO

Dissemos que o discernimento é a chave particular de desenvolvimento do Éter Refletor, por meio do qual o espírito colhe as experiências que nutrem e formam a Alma Intelectual, para o enriquecimento do segundo aspecto da nossa divindade interna, o Espírito de Vida.

O discernimento é a faculdade que nos permite distinguir entre o essencial e o supérfluo, separando a realidade da ilusão, o permanente do transitório.

Na materializada vida de nossos dias somos impelidos a pensar que nós somos o Corpo Denso. Contudo, o discernimento nos ensina que somos Egos humanos (Espíritos Virginais da onda de vida humana manifestados), enquanto nossos Corpos (Denso, Vital, de Desejos) e o nosso veículo Mente são apenas prisões temporais, instrumentos à nossa disposição. O carpinteiro usa martelos e serrotes que lhe são instrumentos utilíssimos; no entanto, nunca lhe ocorre crer que ele seja tais ferramentas. Assim também, não devemos nos identificar demasiado com o Corpo, mas, com ajuda do discernimento, considerá-lo um valioso servidor, quando obedece fielmente aos nossos (Ego) ditames.

Considerando-o desse modo veremos que nos é possível realizar muitas coisas anteriormente inviáveis. É por isso que o discernimento gera a Alma Intelectual e nos fornece o primeiro impulso rumo à vida espiritual, porque nos mostra em que estado se encontram nossos Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente, ensinando-nos a ver quais pontos nos estão obstaculizando a marcha ascendente.

Contudo, esse desenvolvimento sozinho é parcial. O ocultista se desenvolve assim, por linhas intelectuais, buscando a verdade pela observação e discernimento. Observa e raciocina sobre o que vê, obtendo, desse modo, o conhecimento. Contudo, São Paulo advertiu que o conhecimento incha, enquanto o amor constrói, edifica e, antes que o conhecimento seja utilizado no desenvolvimento espiritual, é necessário aprendermos a senti-lo. Caso contrário, não poderemos vivê-lo. Portanto, o caminho completo é o ensinado pela Fraternidade Rosacruz, o da lanterna e do coração, o da Mente e do Coração, o do ocultismo e do misticismo, juntos, paralelamente. Assim, enquanto o discernimento nos mostra os pontos falhos, a devoção à vida superior nos ajuda a ser humildes, a reconhecer as próprias faltas, a eliminar os hábitos errôneos e os indesejáveis traços de caráter, sobrepondo-nos aos desejos inferiores e impulsos instintivos.

Nesse assunto de ver ou discernir há um ponto importantíssimo: os pensamentos de crítica devem ser evitados. É um péssimo hábito, muito prejudicial ao Aspirante. Devemos abster-nos da crítica, tanto quanto nos seja possível. O verdadeiro discernimento nos ensinará a ver, impessoalmente e de modo genérico, o que é bom e o que é mau. Mas não nos produzirá um sentimento em relação à causa, acontecimento ou pessoa observada. Esse é o ponto importante. O exame de um fato, uma ideia ou um objeto é necessário para que saibamos do seu valor. Olhar e discernir é legítimo e importante para que não nos suceda como àquele homem que, levando a extremo a recomendação bíblica de “não julgar para não ser julgado[7], acabou tornando-se um idiota, incapaz de saber o que era conveniente ou não. O que se deve evitar são os pensamentos agressivos, que ferem ou degradam, pois sabemos como são gerados os pensamentos-forma e como agem fora de nós, contra as pessoas a quem os dirigimos. Sabemos que eles voltam e depois agem sobre nós próprios. Por outro lado, o estado de crítica, de contínua insatisfação, obstrui a aura e impede o fluxo de pensamentos nobres e incentivadores que os Irmãos Maiores dirigem a todos.

A capacidade maior ou menor de discernimento é revelada, no horóscopo cientificamente levantado: por Mercúrio, que rege a vibração do Éter e permite a observação; por Saturno, o Planeta da consciência e da moral; por Júpiter, a Mente superior; e pela Lua, a Mente subconsciente. É uma qualidade mental a ser desenvolvida por quem a tendência a ser mais místico, sentimental, de se deixar levar pelo primeiro impulso. A preguiça mental é um grande mal. Devemos aprender a discernir. Igualmente triste é a cultura periférica dos que vivem a citar ideias alheias que não chegam sequer a compreender profundamente. Recomendaríamos, porém, que memorizemos e sempre recordemos a seguinte frase: “Os melhores mestres são esses: Quem? Por quê? Como? Quando? Onde?”, pois ela nos orienta em direção ao amor inato ao próximo e nos ajuda a aproveitar melhor nossos esforços sociais, muitas vezes malbaratados com coisas vãs.

F I M


[1] N.R.: Jo 10:27

[2] N.R.: Jo 20:29

[3] N.R.: Hb 11:1

[4] N.R.: Lc 5:33

[5] N.R.: Mt 9:16

[6] N.R.: Rm 6:23

[7] N.R.: Mt 7:1

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que um Júpiter forte oferece como possibilidades e tendências a uma pessoa

O que um Júpiter forte oferece como possibilidades e tendências a uma pessoa

Júpiter, o lustroso, agora é o senhor.

O trabalho escuro, completo de preparação.

Ele atrai pela força os reinos da luz.

As palavras de Schiller citadas acima explicam a missão de Júpiter, o segundo em brilho, depois de Vênus, o Planeta do Amor. Aqueles que têm a sorte de nascer sob seu raio benéfico movem-se em uma atmosfera de fraternidade e são muito amados.

Abertos, francos e generosos, eles caminham pela vida com tropas de amigos. Aqueles em grau superior de evolução são nossos legisladores e professores, o tipo inferior é o bon-vivant, que desfruta ao máximo os prazeres e não se importa com aquilo que o amanhã pode trazer.

O ser humano de Júpiter brilha na sociedade. Sua cortesia está tão distante da timidez saturnina quanto da ousadia de maneiras do marciano. Há também uma grande vitalidade e uma certa leveza de constituição que o acompanham. Ele se recupera muito rápido de uma doença ou acidente e, se for envolvido em circunstâncias adversas, sempre haverá uma saída fácil para o jupiteriano.

A criança cujo horóscopo mostra Júpiter proeminente e benéfico deve ter permissão para seguir sua própria tendência e escolher sua vocação, na qual terá sucesso, pois existe o poder de se lançar de corpo e alma em uma ocupação amada. Quando Júpiter está com Aspectos adversos, encontramos a bajulação e hipocrisia fortemente marcados no caráter. Essas pessoas adoram títulos e são esnobes por excelência. As virtudes associadas ao Planeta, seus ideais e aspirações são degradados em esforços inúteis de ambição egoísta.

Outro ponto a ser lembrado é que, quando Júpiter promete boas oportunidades em um mapa natal, com Trânsitos três vezes mais numerosos que Saturno, os períodos de ponto alto na carreira são iguais e as oportunidades de expansão são ampliadas.

A esse respeito, Max Heindel observa: “Se cultivarmos as qualidades jupiterianas da benevolência, seu sorriso e cordial atitude mental, logo sentiremos a resposta em nosso círculo de amizades e os Aspectos benéficos de Júpiter terão, assim, um efeito grande em tornar nossa vida e trabalho agradáveis”.

A ametista é a gema particularmente associada a Júpiter. Suas cores são a púrpura profunda e o vinho. Seu dia é quinta-feira e todos os Astros (Planetas, Sol e a Lua), exceto Marte, são seus amigos.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Acelerar o Grau de Suscetibilidade às Vibrações Astrais: Auxílio na Mudança de Caráter

Acelerar o Grau de Suscetibilidade às Vibrações Astrais: Auxílio na Mudança de Caráter

Um diapasão somente responderá a uma vibração se houver correspondência vibratória entre ambos (diapasão e vibração). Caso não ocorra essa sintonia, significa que não há suscetibilidade entre o diapasão e a vibração, sendo possível afirmar que aquele som é inexiste para ele. Do mesmo modo, o ser humano necessita de um elo interno para perceber ou sentir as vibrações que o envolve constantemente. “Só podemos entrar em contato com ideias, pessoas e situações com as quais estivermos afinados, ou seja, sintonizados”.

Neste sentido, Max Heindel sugere aos Estudantes Rosacruzes que sempre leve em consideração o nível espiritual, socioeconômico, cultural, ambiental e o contexto de uma pessoa antes de realizar análises de um horóscopo, pois tais características fornecem dicas sobre o “diapasão do irmão ou da irmã”. Sem essas noções básicas, o Astrólogo Rosacruz pode cometer equívocos de interpretação em qualquer mapa astrológico. Na mesma lição, Max Heindel mostra que quanto mais um irmão ou irmã: cuidar menos da sua parte espiritual (ou até não cuidar nada!), está preso a condições jeovísticas de espiritualidade ou somente ao Cristianismo popular (ou exotérico), dar sua razão de vida às coisas materiais e/ou se declara (e insiste em viver como) ateu ou agnóstico, menor será sua suscetibilidade a quantidade de vibrações astrais e maior será sua resposta às mesmas. Por exemplo, os referidos irmãos e irmãs, normalmente, fundamentam seu credo na subsistência e na gratificação dos sentidos. Vivem para comer, beber e se divertir. Sua expressão emocional é claramente forte e impulsiva, além de individualista e bruta.

O único modo pelo qual refreiam seus impulsos é por meio do medo e do temor, quando a ampulheta saturnina lhes revela o tempo de colheita. Ou seja, Saturno instala neles as necessidades físicas (por ser o único meio de ressonância que respondem) que normalmente são expressas como doenças. Desse modo, toda a braveza egoísta e impulsiva se torna branda e obediente. Nesse ponto, as vibrações do Planeta Marte desempenham papel fundamental na promoção da tendência animalesca e individualista desses irmãos e irmãs enquanto Saturno, que emana vibrações que limitam ou restringem, mostra pela dor o caminho de volta ao Pai. Finalmente, a Lua instala, nesse bravo e impulsivo irmão ou irmã, uma Mente infantil colorida pelo medo pelo temor necessário para o fazer suscetível a temer algo superior e intangível.

Por outro lado, irmãos e irmãs que estão na outra ponta da escala evolutiva (estudam e vivem no dia a dia o Cristianismo Esotérico) demonstram maior suscetibilidade à quantidade de Astros e menor resposta aos mesmos. Tal fato ocorre porque as pessoas com maior realização espiritual tendem a demonstrar maior força espiritual (sua força de vontade é focada para tal direção). Essa força os torna capazes de reger seus próprios Astros. Além disso, a sutileza do seu Tríplice Corpo e da Mente permite que percebam maiores quantidades de vibrações astrais, muito além daquelas percebidas pelo irmão ou irmã que pouco caminhou na escala de evolução espiritual. Em outras palavras, o irmão ou irmã que se esforça em seu crescimento espiritual terá maior quantidade de diapasões ou um diapasão com diversas tonalidades capazes de responder a vibrações amplas e, também, uma força espiritual que a torna capaz de trabalhar volitivamente com tais vibrações.

Pelo uso da lógica, podemos perceber que no horóscopo daqueles irmãos e irmãs que vivem para beber, comer e gratificar seus sentidos podem ser facilmente interpretados pela análise de Marte, Lua e Saturno. Já no horóscopo dos irmãos e irmãs com sensibilidades espirituais mais apuradas devem ser interpretados levando em consideração muitos outros Astros do nosso Sistema Solar. E mesmo que essa interpretação seja realizada com grande fidelidade, a força de vontade do irmão ou da irmã pode mudar completamente seu destino e suas tendências.

É possível aprimorarmos nosso diapasão interno à medida que aprendamos a utilizar nossos pensamentos, imaginação e faculdades criadoras para entrarmos em contato com conceitos espirituais, atualmente considerados como ideais, por meio do Cristianismo Esotérico, como preconizado, por exemplo, pela Fraternidade Rosacruz. Essa prática permite criar os pontos de contato necessários para que as vibrações desses conceitos sejam ressoadas dentro de nós. Assim, não mais passarão como invisíveis para nós, mas realizarão seu efeito em nossas vidas. Há pobreza geral, na maior parte dos irmãos e irmãs, sobre o que significa conceitos espirituais. Eles são, de certo modo, sutis ou abstratos demais para serem expressos com as referências materiais que temos a disposição ou que nossa Mente mineral pode processar.

Se o Aspirante a vida superior empregar sua força de vontade (por meio do estudo, da aplicação no seu dia a dia do que estudou, da meditação e da imaginação), e se esforçar por entrar em contato com os significados dos conceitos espirituais, poderá gradativamente criar correspondência vibratória interna para responder aos mesmos. Uma vez compreendido os significados dos conceitos que escolheu estudar, praticar e entrar em contato, poderá imaginá-los como parte de si; como podem ser expressos por outros irmãos e irmãs e por ele próprio; estabelecendo uma pintura mental viva desses conceitos manifestados em sua vida e em plenitude.

Sabemos que é mais eficiente navegar para o norte quando o vento também “sopra” para o norte. Também sabemos que é mais eficiente nadar grandes distâncias a favor da correnteza, quando a maré está cheia. Do mesmo modo, quando o Sol transita por um Signo zodiacal ou quando um Astro está forte, se focalizarmos nossa energia espiritual para visualizarmos e entrarmos em contato com os conceitos espirituais relacionados aos mesmos, alcançaremos maior eficiência e com maior facilidade. Um exemplo dessa prática cotidiana foi maravilhosamente descrito por Corinne Heline, em sua obra “Os doze dias Santos”.  Nessa obra, Corinne Heline nos mostra a melhor época e como podemos meditar sobre os conceitos dos Signos que são derramados sobre nós com maior intensidade, quando o Sol transita por eles. Outra maneira de realizar esse exercício é pelo estudo das palavras-chave dos Signos e dos Astros.

Com essa prática, o Aspirante à vida superior, gradativamente, passará a notar a manifestação real desses conceitos, não apenas em seu ambiente, mas também na natureza e nos irmãos e irmãs que também já aprenderam a manifestá-los. Com o tempo, conceitos que eram abstratos para ele passam a ser concretos. Nessa condição poderá trabalhar com essa nova vibração que, agora, se tornou realidade em sua vida.

Note que antes da mencionada prática, todos esses conceitos estavam invisíveis para o Aspirante à vida superior, assim como uma vibração diferente do tom de um diapasão é inexistente para ele. Essa será a maior evidência de que está sintonizado com as vibrações astrais que antes não respondia, e, desse modo, tornou seus veículos suscetíveis a maiores e mais elevadas vibrações. Se desenvolvermos o hábito de praticarmos tais exercícios como conteúdo de estudos e meditações, gradativamente aumentaremos a sensibilidade de nosso diapasão e teremos, a nossa disposição, muito materiais novos para transformar nosso caráter e, consequentemente, nosso destino.

 Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

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