Relato de Augusta Foss Heindel na data inaugural de Mount Ecclesia (Fraternidade Rosacruz em sua Sede Mundial em Oceanside, CA) em 28 de outubro de 1911:
“O trem chegou ao meio-dia e trouxe com ele 5 de nossos membros leais:
Sr. William Patterson, de Seattle, Washington;
George Cramer, de Pittsburgh, Pennsylvania;
John Adams
e Rudolph Miller, membros ativos do Centro da Fraternidade em Los Angeles;
e a Sra. Anne R. Attwood, de San Diego.
A esses cinco se juntou o nosso grupo que era composto:
da Sra. Ruth Beach,
da Rachel Cunningham e
nós mesmos,
perfazendo um total de 9 almas.
Dirigimo-nos ao terreno lamacento em duas carruagens pois Oceanside era uma pequena vila, com apenas uns seiscentos habitantes, com cocheiras muito antigas. Carros, lá, eram uma raridade.
Assim, o grupo prosseguiu de carruagem para realizar o que posteriormente veio a ser conhecida como a mais importante cerimônia — cavar a primeira pá de terra, erguer a cruz, e plantar uma roseira no local que se tornaria o ponto central de uma grande obra.
A Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz, que era para crescer e se expandir no mundo foi iniciada.
Mount Ecclesia veio à existência num terreno baldio e poeirento onde não se via nenhum arbusto ou raminho verde.
Tanto a cruz negra, com as iniciais C.R.C. nos três braços, quanto a pá com que se cavou a primeira terra, vieram da cidade de Ocean Park.
O seguinte discurso foi proferido, por Max Heindel, aos 9 irmãos presentes em Corpo Densos e a 3 Irmãos Maiores presentes nos seus Corpos Vitais:
Cristo disse:
“Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, Eu estarei no meio deles” e como tudo que Ele disse essa declaração era a expressão da mais profunda sabedoria divina.
Ela se apoia sobre uma lei da natureza tão imutável como o próprio Deus.
Quando os pensamentos de dois ou três focalizam-se sobre qualquer objeto ou pessoa determinada, gera-se uma forma poderosa de pensamento como uma expressão definida de suas Mentes imediatamente projetada para seu objetivo.
Seus efeitos ulteriores dependerão da afinidade entre o pensamento e a quem ele é endereçado, pois para conseguir gerar uma correspondência vibratória, sobre a nota soada pelo diapasão, é necessário outro diapasão afinado no mesmo tom.
Se forem projetados pensamentos e orações de natureza inferior e egoísta, apenas criaturas inferiores e egoístas responderão a eles.
Essa espécie de oração nunca chegará até Cristo, como a água não pode correr montanha acima. Gravita para os demônios ou Elementais, que são totalmente indiferentes às sublimes aspirações manifestadas pelos que estão reunidos em nome de Cristo.
Como estamos reunidos hoje neste lugar a fim de assentar a pedra fundamental para a construção da Sede de uma Associação Cristã Mística, estamos confiantes em que, tão certo como a gravidade atrai uma pedra em direção ao centro da Terra, o fervor de nossas aspirações unidas atrairá a atenção do Fundador de nossa fé (Cristo) que, assim, estará entre nós.
Tão certamente como diapasões com a mesma afinação vibram em uníssono, também o augusto “Cabeça” da Ordem Rosacruz (Christian Rosenkreuz) faz sentir sua presença nesta ocasião quando a sede da Fraternidade Rosacruz está tendo início.
O Irmão Maior que inspirou este movimento está presente e visível, pelo menos para alguns de nós.
Estão presentes nesta maravilhosa ocasião e diretamente interessados nos acontecimentos formando o número perfeito — 12.
Isto é, há três seres humanos invisíveis que estão além do estágio da Humanidade comum, e nove membros da Fraternidade Rosacruz.
Nove é o número de Adão, ou ser humano.
Destes, cinco — número ímpar masculino — são homens, e quatro — número par feminino — são mulheres.
Por sua vez, o número dos seres humanos invisíveis, três, apropriadamente representa a Divindade assexuada.
O número dos que atenderam ao convite não foi programado pelo orador. Os convites para tomar parte nesta cerimônia foram enviados a muitas pessoas, mas apenas nove aceitaram. E, como não acreditamos no acaso, o comparecimento deve ter sido conduzido de acordo com os desígnios de nossos líderes invisíveis.
Pode ser entendido também como a expressão da força espiritual por trás deste movimento, e não é necessária maior prova do que observarmos a extraordinária expansão dos Ensinamentos Rosacruzes, que se disseminaram por todas as nações da Terra nos últimos anos, despertando aprovação, admiração e amor nos corações de todas as classes e condições de pessoas, especialmente entre os seres humanos.
Enfatizamos isso como um fato notável, pois enquanto todas as outras organizações religiosas compõem-se em sua maioria de mulheres, os homens são maioria entre os membros da Fraternidade Rosacruz.
Também é significativo que nossos membros profissionais da saúde sejam mais numerosos que os de outras profissões e que, em seguida, estejam as pessoas que exercem alguma posição nas Religiões Cristãs exotéricas.
Isso prova que aqueles que têm a prerrogativa de cuidar do corpo enfermo estão conscientes que causas espirituais geram fraqueza física, e estão tentando compreendê-las para melhor ajudar os enfermos e doentes.
Demonstra também que aqueles cujo trabalho é cuidar das pessoas doentes estão tentando socorrer Mentes inquisidoras com explicações razoáveis sobre os mistérios espirituais.
Reforçam, assim, sua fé esmorecida e tentam firmar seus laços com a Religião Cristã exotérica, em vez de responder com máximas e dogmas não sustentadas pela razão, o que abriria totalmente as comportas para o mar agitado do ceticismo, afastando aqueles que procuram a luz através do porto seguro da Religião Cristã exotérica, e levando-os para a escuridão do desespero materialista.
É um abençoado privilégio da Fraternidade Rosacruz socorrer a muitos que buscam, sinceramente, a verdade e que, embora ansiosos, são incapazes de acreditar no que lhes parece contrário à razão.
Recebendo explicações razoáveis sobre a fundamental harmonia entre os dogmas e doutrinas apresentadas pela Religião Cristã exotérica e as Leis da Natureza, muitos retornaram à sua congregação, regozijando-se com os companheiros, tornando-se mais fortes e melhores membros do que antes de se afastarem.
Qualquer movimento para perdurar deve possuir três qualidades divinas: Sabedoria, Beleza e Força.
Ciência, Arte e Religião, cada uma possui, de certa forma, uma dessas qualidades.
O objetivo da Fraternidade Rosacruz é unir e harmonizar umas com as outras, ensinando uma Religião que é tanto cientifica como artística, e reunir todas as Igrejas numa só grande Irmandade Cristã. Presentemente, o relógio do destino marca um momento auspicioso para o início das atividades da construção, erigindo um centro visível de onde os Ensinamentos Rosacruzes possam irradiar sua benéfica influência para aumentar o bem-estar de todos que estão fisicamente, mentalmente ou moralmente enfermos ou doentes.
Portanto, agora ergamos a primeira pá de terra no local da construção com uma prece pela Sabedoria, para guiar esta grande escola no caminho certo.
Cavemos o solo, uma segunda vez, com uma súplica ao Mestre Artista pelo direito de introduzir aqui a Beleza da vida superior, de tal maneira a torná-la atrativa para a humanidade.
Cavemos, pela terceira e última vez, com relação a esta cerimônia, murmurando uma prece pela Força, para que, paciente e diligentemente, possamos continuar o bom trabalho em perseverar e tornar este lugar um maior fator de elevação espiritual do que qualquer dos que nos antecederam.
Cavado o local do primeiro prédio, continuaremos, agora, plantando o símbolo maravilhoso da vida e do ser, o emblema da Escola de Mistérios ocidentais.
O emblema consiste na cruz, representando a matéria, e nas rosas, que envolvem e rodeiam o tronco, representando a vida em evolução subindo cada vez mais alto pela crucificação.
Cada um de nós, os nove membros, participará deste trabalho de escavação para este primeiro e maior ornamento de Mount Ecclesia.
Vamos fixá-lo numa posição em que os braços apontem um para Leste e outro para Oeste, enquanto o Sol do meridiano projeta-o inteiramente em direção ao Norte. Assim, ele estará diretamente no caminho das correntes espirituais que vitalizam as formas dos quatro Reinos da vida: Mineral, Vegetal, Animal e Humano.
Sobre os braços e a parte superior desta cruz podemos ver três letras douradas, “C.R.C”, Christian Rosenkreuz, ou Christian Rosecross, as iniciais do Líder Augusto da Ordem.
O simbolismo desta cruz está parcialmente explicado aqui e também em nossa literatura, mas seriam necessários volumes para dar uma explicação completa. Vamos olhar um pouco mais longe sobre o significado da lição que nos oferece este maravilhoso símbolo.
Quando vivíamos na densa atmosfera aquosa da antiga Atlântida, estávamos sob leis completamente diferentes das que nos regem hoje. Quando deixávamos o corpo, não o percebíamos, pois nossa consciência estava focalizada mais nos Mundos espirituais do que nas densas condições da matéria. Nossa vida era uma existência contínua; não percebíamos nem o nascimento nem a morte.
Ao emergirmos para as condições aéreas da Época Ária, o mundo de hoje, nossa consciência dos Mundos espirituais desvaneceu-se e a forma tornou-se mais proeminente. Então, começou uma existência dupla, cada fase definidamente diferenciada da outra pelos eventos do nascimento e da morte. Uma dessas fases é a vida do espírito livre no reino celestial: a outra, um aprisionamento num corpo terrestre, que é virtualmente a “morte do espírito”, como está simbolizado na mitologia grega de Castor e Pólux, os gêmeos celestiais.
Já foi elucidado, em diversos pontos de nossa literatura, como o espírito livre ficou emaranhado na matéria pelas maquinações dos espíritos de Lúcifer, aos quais, Cristo se referiu como as falsas luzes. Isso ocorreu na ígnea Lemúria. Portanto, Lúcifer pode ser chamado o Gênio da Lemúria.
O efeito de seu erro não ficou totalmente aparente até a Época de Noé, compreendendo o período final Atlante e o início da nossa presente Época Ária. O arco-íris, que não poderia existir sob as condições atmosféricas anteriores, pairou com suas cores sobre as nuvens como uma inscrição mística quando a humanidade entrou na Época de Noé, onde a lei dos ciclos alternantes trouxe enchente e vazante, verão e inverno, nascimento e morte. Durante essa Época, o espírito não pôde fugir permanentemente do corpo mortal gerado pela paixão satânica primeiramente inculcada por Lúcifer. Suas repetidas tentativas de fugir para seu lar celestial são frustradas pela lei da periodicidade, pois, ao livrar-se de um corpo pela morte, será trazido para renascer quando o ciclo se completar.
Engano e ilusão não podem perdurar eternamente. Surgiu, portanto, o Redentor para purificar o sangue cheio de paixão, para pregar a verdade que nos libertará deste corpo de morte. Surgiu para inaugurar a Imaculada Concepção ao longo das linhas grosseiramente indicadas na ciência da eugenia, para profetizar uma nova Era, ‘um novo céu e uma nova terra’, onde Ele, a verdadeira Luz, será o Gênio; uma Era em que florescerão a virtude e o amor, pelos quais toda a humanidade suspira e procura.
Tudo isso e a maneira de evoluir estão simbolizados na cruz de rosas que temos em frente. A rosa, na qual a seiva da vida está inativa no inverno e ativa no verão, ilustra com clareza o efeito da lei dos ciclos alternantes. A tonalidade da flor e seus órgãos reprodutores lembram o nosso sangue. No entanto, a seiva que flui é pura, e a semente é gerada imaculadamente, sem paixão.
Quando alcançarmos a pureza de vida assim simbolizada, estaremos libertos da cruz da matéria, e as condições etéricas do milênio estarão presentes.
A aspiração da Fraternidade Rosacruz é apressar esse dia feliz, quando a tristeza, a dor, o pecado e a morte desapareçam e nós sejamos redimidos das fascinantes, mas escravizantes ilusões da matéria, e despertados para a suprema verdade da realidade do Espírito.
Que Deus apresse e frutifique nossos esforços.”
Como de costume, o tempo estava ótimo no sul da Califórnia após a cerimônia, os cinco homens e as quatro mulheres retornaram à pequena casa em Oceanside, que serviria de lar para o casal Max Heindel e Augusta Foss Heindel e duas mulheres que estavam ajudando nas atividades diárias, durante o período de construção do primeiro prédio. Compartilhamos um ligeiro almoço, e os visitantes regressaram aos seus lares, deixando estas quatro almas esperançosas exaustas para repousarem um pouco, após a batalha com as pulgas e camundongos.
(Do Livro Memórias sobre Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz – Por Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Vamos começar entendendo o conceito da palavra “cura” para os Ensinamentos Rosacruzes. Isso porque, na língua portuguesa, há uma confusão que não há na língua inglesa. Em inglês “healing” é bem diferente de “curing”. O problema é que em português traduzimos ambas as palavras por “curar”. Entretanto, o conceito delas é bem diferente. “Curing” significa “eliminar todas as evidências da doença”, “eliminar todos os sintomas” – está mais para remediar; enquanto que “healing” significa curar totalmente o Corpo – aqui sim: restaurar, eliminar a causa suprafísica, restabelecer o funcionamento normal da parte afetada, pois essa parte está doente. Lembrando: o Espírito e a Alma nunca ficam doentes (!). Quando falamos do Método de Cura da Fraternidade Rosacruz, estamos falando de “healing”. Assim, neste texto, todas as vezes que se lê “cura”, entenda “healing” e não “curing”.
“Entre a infinidade de tolices que têm circulado nos últimos séculos a respeito dos Rosacruzes, destaca-se uma grande verdade: ‘Os membros da Ordem Rosacruz se dedicam a curar os enfermos e têm meios superiores para realizar esse benéfico propósito’. As ordens religiosas anteriores buscaram o progresso espiritual mortificando o corpo, porém os Rosacruzes sempre tiveram o maior cuidado com a conservação desse veículo. Existem duas razões para as suas atividades de curar. Todos os seguidores fervorosos de Cristo esperam ansiosamente pelo ‘dia do Senhor’. Sabem que Lúcifer, a falsa Luz da Lemúria, infundiu a paixão, iniciando assim o pecado original que causou sofrimento, tristeza e morte. Sabem também que o Cristo, a Verdadeira Luz da vindoura Nova Galileia, inaugurou a Imaculada Concepção, pregando o Evangelho da redenção do pecado pelo Amor. O celibato é adequado para os aspirantes do Oriente, porque os veículos físicos que tais irmãos e irmãs utilizam nos seus renascimentos estão destinados a desaparecer, mas é contrário ao esquema da Evolução Ocidental porque dela deve surgir um novo tipo de corpo disponível para os renascimentos e a geração em pureza deve ser a diretriz do discípulo nessa parte do mundo. Esses novos tipos de corpos deverão ser trazidos à existência pelo Amor, e dessa maneira os males que atualmente afligem a humanidade, trazidos pelas gerações que concebem em pecado, cessarão. Até a morte será vencida na Nova Dispensação, porque a pureza etérea dos Corpos evitará a necessidade de sua renovação.
Embora se fale muito sobre essa época na Bíblia, um ponto está envolto em mistério impenetrável: ‘Esse dia ninguém sabe quando será, nem os Anjos do céu, nem mesmo o Filho.’[1]. Desde que o Evangelho foi pregado pela primeira vez, todos os Cristãos, em todos os tempos, anseiam fervorosamente por esse dia em que se manifestarão os Filhos da Luz. Somente o Pai, o mais elevado Iniciado dos Senhores da Mente, é Quem pode prever o tempo em que a Mente egoísta e separatista se submeterá à abnegação e ao unificante Espírito do Amor. Um ponto, todavia, está bem claro: o ser humano do futuro não poderá habitar o Novo Céu e a Nova Terra enquanto não tiver construído para si mesmo um corpo chamado, na Bíblia, “Veste Nupcial”, o Corpo-Alma. Foi algo parecido que aconteceu com os degenerados Atlantes, os quais, não possuindo pulmões, não puderam respirar quando mudaram as condições atmosféricas para esta Época Ária.
É um fato científico que o estado do sangue afeta a Mente e vice-versa. Para ter a mentalidade sã é mister possuir igualmente um corpo são. Só a Mente sã pode transcender à paixão e só um corpo são pode gerar outro que seja puro. Os Rosacruzes sempre procuraram curar o corpo para que possa albergar uma Mente sã e um amor puro e para que cada concepção, nessas condições, seja um passo à frente para o dia do Senhor que todos esperamos ardentemente. Essa é a razão para as atividades curadoras e é a razão de ser do nosso lema: ‘Mente Pura – Coração Nobre – Corpo São’.
Está escrito em várias obras que os membros da Ordem fazem o voto de curar os outros gratuitamente. Essa afirmativa é inexata. Os Irmãos Leigos fazem o voto de assistir a todos o melhor que possam independentemente de retribuição. Esse voto inclui o trabalho de curar para os possuidores dessa aptidão, como foi o caso de Paracelso. Ele tinha uma grande capacidade curadora e procurava combinar a eficiência dos remédios físicos, aplicados em fases astrológicas favoráveis, com a orientação espiritual conveniente. Os que não possuem a faculdade curadora trabalham em outros setores, mas todos têm uma característica em comum: nunca cobram pelos seus serviços e sempre trabalham em segredo, sem clarinadas e rufos de tambores.
Cristo deu dois mandamentos aos Seus mensageiros: ‘Pregai o Evangelho’[2] (da Nova Era) e ‘Curai os Enfermos’[3]. O primeiro mandamento é tão obrigatório quanto o segundo e, pelas razões que já vimos, são igualmente necessários. Para cumprir o segundo mandamento, os Irmãos Maiores desenvolveram um sistema curador que combina os melhores pontos das diferentes escolas atuais com um método de diagnóstico e de tratamento tão seguro como simples, com o qual se deu um grande passo na arte de curar, algo assim como passar das simples areias da experiência para a firme rocha do conhecimento.
É uma boa razão, verdadeira e válida, quando dizemos que procuramos ajudar os outros pelo amor de Cristo. Ele está atualmente encerrado na Terra, penando e esperando o dia da sua libertação. A dor e a enfermidade são causadas pela violação das Leis da Vida; por isso, o Corpo Denso se cristaliza, dando maior compressão ao Corpo Vital e retardando o dia da nossa libertação, bem como da d’Ele. Ajudando os enfermos a recuperar a saúde, ensinando-os a viver de acordo com as leis da vida, de maneira que possam manter a saúde, estamos, realmente, apressando o dia da Sua volta. Que Deus abençoe nossos esforços e fortaleça nossas mãos na Boa Obra!”.
(Explicação sobre termos e Trecho do Livro: “Princípios Ocultos de Saúde e Cura” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.R.: Mt 24:36
[2] N.R.: Mc 16:15
[3] N.R.: Mt 10:8 e Lc 10:9
A música é, na saúde, a mestra da perfeita ordem, a voz da obediência dos Anjos, a companheira do curso das esferas celestes; na depravação, é também a mestra da perfeita desordem e desobediência
Ruskin
Na música, entre a melodia e o ritmo, encontramos a harmonia, que pode ou se elevar e se misturar com a vibração do pensamento puro, melodia, ou descer se misturando com o movimento puro da atividade impulso. Se o puro elemento melódico na música, que carrega a vibração da vontade de Deus e do Espírito, for omitido em uma composição, então, o poder diretor não estará lá para controlar as atividades do Corpo de Desejos e do Corpo Denso e, então, os desejos se revelam em excitação e, estando sem o poder controlador da razão, o resultado será, provavelmente, um desastre. É a probabilidade da harmonia se misturando com o impulso que explica a razão pela qual é possível para a chamada música moderna, que tende a trazer confusão ao invés de coerência unificante, poder se tornar realidade.
Antes da 1ª Guerra Mundial, as condições psíquicas do ser humano eram tão malignas, e suas emoções tão inconscientemente excitadas e a um nível tão alto, que foram compelidas a encontrar uma saída e se exteriorizar em ação, mas de alguma forma intensificada. Como os Espíritos de Lúcifer se regozijam e crescem por meio da intensidade de sentimentos, foi essa a sua oportunidade de penetrar e insinuar na consciência humana uma forma intensificada de atividade rítmica. A guerra chegou. As emoções se elevaram ainda mais e condições desconcertantes introduziram ritmos de música baseadas em reclamações, prantos e lamentos; tudo agitando febrilmente. A tendência descendente estava agora em plena liberdade de ação, e apareceram ritmos de música afoitamente fantástico e delirantemente grotesco. E segui-se outros estilos de música baseados em toda atordoante e maníaca histeria de massa, e isso arrebatou várias partes do mundo. Desde então, barulhentos ruídos, mais ou menos demoníacos, têm, gradualmente, tomado o lugar da música celestial, e os nervos das vítimas, desgastados e estimulados, devido a esses barulhos cruciantes, rapidamente se rompem, causando uma variedade de formas sem esperanças de demência.
Agora, a menos que alguma força seja acionada em uma ação que, literalmente force as massas a um estado de espírito de mais tranquilidade e reflexão, certamente condições ainda piores prevalecerão. Se isso não puder ser feito, ou for considerado desaconselhável pelos grandes Seres que estão dirigindo a evolução da humanidade, então, alguma forma de salvação terá que ser providenciada para os que a merecem. E os restantes serão simplesmente eliminados por uma tremenda conflagração cósmica de algum tipo, em data mais adiante – possivelmente em um outro Dia de Manifestação, e a estes desafortunados serão dados oportunidades para recuperar suas perdas.
Enfrentando tais fatos tremendamente aterrorizantes, em que direção o ser humano deverá procurar o remédio e o mais rapidamente possível? É possível procurar e encontrar no passado ou no futuro, podendo encontrar uma pista que, quando aplicada, salvará a situação.
A história sempre se repete. O continente lemuriano foi destruída por cataclismos vulcânicos, quando uma parcela de seu povo deixou de progredir. A Atlântida foi destruída pela água quando seu povo mergulhou de tal forma no mal, que se tornou insensível para receber às instruções que lhe foram dadas por seus líderes sábios. A Época Ária se ergueu do grande abismo, e outra oportunidade foi dada à humanidade para continuar com sua evolução. Agora, o ser humano, novamente se vê escorregando perigosamente próximo ao final de uma descida. Pitágoras, considerado um dos maiores videntes, dizia a seus alunos que a lira era o símbolo secreto da estrutura humana – que o Corpo Denso representava a forma física, as cordas, os nervos e o músico que a reproduziu, representavam o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado. “Tocando em seus nervos”, ele dizia, “o Espírito criou uma função harmoniosa e normal que, porém, a qualquer momento, pode ser facilmente modificada para a dissonância, se a natureza do ser humano se tornar corrompida”. Nota‑se aqui o aviso oculto.
Novamente, Platão, um grande filósofo grego e estudante dos Mistérios, desaprovou a ideia de que a música se destinava unicamente a criar emoções alegres e agradáveis, contudo sustentou que ela deveria inculcar o amor por tudo que é nobre, e uma aversão por tudo que é mesquinho, degradante e baixo, e que nada poderia influenciar mais fortemente o íntimo do ser humano do que a melodia e o ritmo. Estava tão firmemente convencido desse fato, que não concordou com a introdução de uma nova e presumivelmente enervante escala musical, pois acreditava que ela iria pôr em perigo o futuro de toda uma nação; que não era possível alterar uma única nota, sem abalar os próprios alicerces do Estado.
Mais tarde, Platão afirmou que a música que enobrece a Mente (melodia) é de uma categoria mais elevada do que aquela que simplesmente apela para os sentidos. Insistiu, energicamente, que era dever supremo da Legislatura suprimir toda música de caráter lascivo, e encorajar somente a que fosse pura e dignificante. O máximo cuidado deveria ser tomado na seleção de toda música instrumental, porque a ausência de palavras poderia tornar seu significado duvidoso, tornando difícil prever se ela exerceria uma influência benéfica ou prejudicial sobre as pessoas; o gosto popular, sempre sendo estimulado para a parte sensual e, aparentemente atraente, mas tendo na realidade nenhum valor ou integridade (barulhento), devia ser tratado com o merecido desprezo. Temos aqui a resposta para a maneira sensível de mudar as condições indesejáveis: substituir as práticas do mal, às quais produzem resultados mais ou menos calamitosos, por atividades positivas, de vibrações elevadas, que levem maiores benefícios para um maior número de pessoas.
Evitando músicas aderentes aos Espíritos de Lúcifer (que se regozijam e crescem por meio da intensidade de sentimentos), penetrando e insinuando na consciência humana uma forma intensificada de atividade rítmica, músicas que elevam emoções ainda mais e condições desconcertantes (reclamações, prantos e lamentos; tudo agitando febrilmente), música que promovem a toda atordoante e maníaca histeria de massa e outros sons, nada da verdadeira música seria perdida. Em seu apelo para os desejos sensuais e sentimentais, por meio de uma variedade excessiva das denominadas combinações harmônicas, de sucessões dissonantes de intervalos entre notas, provenientes da complexidade da música moderna e seus acordes perturbadores, nenhum elemento novo foi realmente introduzido, mas simplesmente uma confusão e um excesso de elaboração dos elementos antigos. No elemento musical rítmico, super-enfatizado, encontrado em certos tipos da chamada música popular, a verdadeira experiência musical não pode descer, por meio da harmonia, para uma atividade de movimento artístico, mas é forçada a baixar para rotações físicas ao extremo.
As três divisões primárias da música – melodia, harmonia e ritmo – estão correlacionadas aos três poderes primários de Deus: Vontade, Sabedoria e Atividade. A Vontade, que inclui intelecto e razão, unida ao Sabedoria, produz um modo de Atividade correlacionado ao equilibrado, balanceado ritmo (atividade) celestial de Deus, que ordenou os átomos de nosso Sistema Solar, na matriz das várias formas preparadas para elas pelos poderes da energia de amor do Criador.
Separando‑se a Vontade (melodia) do Sabedoria (harmonia), e se unindo a Sabedoria com a Atividade (ritmo), e os dois, sendo privados do poder dirigente da Vontade (intelecto e razão), podem produzir qualquer tipo de monstruosidade que as forças do mal podem desejar formar. Descontroladas, suas atividades maléficas certamente poderão destruir, com o tempo, uma nação.
Nenhuma tentativa de revolucionar a arte da música pode produzir resultados desejados, a menos que comece com o princípio artístico de coerência, e com um equilíbrio correto dos três elementos dos quais a música é composta: melodia, harmonia e ritmo.
(leia mais no Livro A Escala Musical e o Esquema de Evolução – Fraternidade Rosacruz)
Origens pré-históricas da Música
Os elementos de Fogo, Ar, Água e Terra são os mais importantes no processo evolucionário da Terra; de fato, sem esses quatro elementos a vida neste Planeta seria impossível. O fogo foi descoberto primeiramente e usado pelo ser humano nos dias da Lemúria. Foi, consequentemente, o elemento dominante conectado à Época Lemúrica e o fator principal nas suas cerimônias de Iniciação. Capacidade para andar sobre carvão em brasa ou segurar bolas de fogo nas mãos constitui uma memória parcial desses dias antigos, ainda conservada por alguns povos primitivos.
A música que acompanhava os Cerimoniais Lemurianos de Fogo era ao mesmo tempo sobrenatural e selvagem, isso porque era afinada ao ritmo das chamas crepitantes. O Corpo de Desejos dos Lemurianos necessitava de um avivamento, assim, os Guias da Humanidade usaram essa música de ritmo peculiar para estimular essa atividade. Com o passar do tempo essa força ígnea interna despertada levou a práticas mal orientadas que reagiram sobre as correspondentes forças ígneas planetárias, resultando em destruição do continente Lemuriano pela atividade vulcânica. Os seres humanos que habitaram a Lemúria antiga pouca semelhança tinham com os seres do nosso tempo. Durante os primórdios daquela Época, vários milhares de anos atrás, sua forma corporal era meramente embrionária. Após um longo ciclo evolucionário, sofreu sucessivas transformações até que, na Lemúria tardia, assumiu uma forma algo semelhante aos contornos atuais, embora com textura muito diferente. Antes de condensarem-se em substância física, os veículos dessa humanidade antiga foram, até certo ponto, tênues e plásticos. Poderiam na verdade ser considerados quase uma sombra com forma.
Portanto, o Corpo Denso não tinha ainda se desenvolvido até o ponto em que o Ego pudesse nele habitar. O Ego era ligado ao Corpo apenas magneticamente e como consequência permanecia em um estado livre, o que lhe permitia ir e vir à vontade. A Mente, tal como a conhecemos hoje, ainda não tinha surgido. A humanidade no início era realmente infantil e se encontrava sob a direção das Hierarquias Criadoras ou Zodiacais, seres espirituais aos quais estamos habituados a chamar de Deuses.
Todavia, os Lemurianos primitivos viviam em íntima harmonia com a natureza. Suas vidas estavam intimamente envolvidas e faziam realmente parte integrante das forças da natureza. Sua visão interna estava aberta para as inúmeras atividades das criaturas invisíveis (para nós) que constituíam o lado vivo da natureza na sua totalidade, enquanto sua audição interna registrava as sublimes harmonias para as quais a natureza progride e através das quais ela dirige suas múltiplas ações.
Também foi de acordo com as leis básicas da natureza que seus Corpos originais foram moldados, desenvolvidos e animados.
Quando a humanidade for suficientemente espiritualizada para reconhecer a relação da música com sua evolução, ela descobrirá como as harmonias celestiais emanadas das Hierarquias Zodiacais, nossos guardiões sagrados, exerceram influência formadora em cada estágio do seu desenvolvimento; perceberão ainda que cada passo tem sido acompanhado por uma orquestração celestial adaptada a cada processo criativo.
O ser humano, na sua formação, era bissexual. As polaridades masculina e feminina, agora focalizadas cosmicamente no Sol e na Lua, respectivamente, exerceram uma influência igual sobre os Corpos plásticos da humanidade primitiva. Isso, porém, ocorreu quando a Terra e a Lua eram ainda partes do Sol. Em um estágio mais tardio, quando a Terra foi lançada para fora do Sol e mais tardiamente ainda, quando a Lua foi atirada para fora da Terra, essas duas polaridades deixaram de ter uma expressão igual e equilibrada sobre o ser humano individual. Alguns responderam preponderantemente ao polo positivo centrado no Sol, enquanto outros responderam ao polo negativo focalizado na Lua. Finalmente, isso resultou na divisão da humanidade em dois sexos separados, com o homem e a mulher aparecendo em cena.
A partir de então as harmonias emanadas das Hierarquias Criadoras se diferenciaram em dois ritmos, agora conhecidos como Maior e Menor. As Notas musicais Maiores, masculinas na potência e objetivas no caráter, foram projetadas à humanidade através da força solar. As Notas musicais Menores, femininas na qualidade e subjetivas na natureza, foram dirigidas através da força da Lua. O ser humano que até então tinha evoluído sob os ritmos divididos em uma única escala, tornava-se agora sujeito a duas. Uma, afinada aos tons Maiores, dirigindo-o para condições de crescente densidade; outra, afinada aos tons Menores, dirigiu sua alma para um contato mais íntimo com as forças espirituais.
Como a Época Lemúrica encontrava-se predominantemente sob a influência da Lua, sua música estava afinada aos matizes mais sutis dos tons Menores. Tratava-se de uma música incomum, melancólica e sobrenatural. Vestígios dela persistem na música de Java e de outras Ilhas do Sul, estas remanescentes do continente Lemuriano.
A natureza mais íntima de qualquer povo pode ser avaliada penetrando compreensivelmente em sua música.
Nenhum outro meio é mais exato para avaliar a qualidade de suas vidas e o estágio de seu desenvolvimento. A menos que estejamos aptos para visualizar os corpos plásticos e fluídicos dos Lemurianos mais antigos, jamais entenderemos a influência exercida pela música sobre eles. Ela literalmente deu forma e traços característicos aos seus veículos em desenvolvimento. As forças circundantes da natureza fluíram através deles sem obstáculos. Eles habitaram entre as árvores gigantes de suas terras e seus bosques enormes eram áreas sagradas nas quais festivais sazonais eram observados. Cerimônias de iniciação de suas temporadas sagradas eram eventos gloriosos atribuídos à música, isto é, à harmonia das esferas.
Os dançarinos do Templo Lemuriano duplicaram os movimentos e ritmos das esferas celestiais e sua “música de gestos” era ouvida pelos fanáticos que dançavam. Certos centros espirituais ou “luzes” dentro de seus corpos eram despertados por essas danças realizadas na mais elevada reverência e na mais profunda emoção. Os dançarinos eram sempre escolhidos entre os aspirantes mais evoluídos do Templo.
Os Templos da Floresta eram, para os Lemurianos, o Santo dos Santos. Nesses santuários sagrados ocorriam os principais acontecimentos de suas vidas. Esses compreendiam o nascimento, a Iniciação ou iluminação espiritual e a morte — esses acontecimentos correspondem aos três passos de desenvolvimento em todas as escolas esotéricas e aos primeiros três graus das fraternidades. Era nos Templos da Floresta e sob orientação angelical que a propagação da onda de vida humana era levada a efeito de acordo com os apropriados ritmos astrais, cuja música era absorvida pela audição e transmitida à função edificadora do corpo.
Os Egos Lemurianos foram particularmente sensíveis à força do amor. A consciência era íntegra, pois os Egos não tinham ainda descido profundamente na existência material a ponto de retirar o véu existente entre os planos externos e internos do ser. Assim, a morte, como a conhecemos hoje, era desconhecida. Quando os Corpos terminavam seus períodos de utilidade, eram deixados de lado, da mesma forma que certos animais deixam e mudam periodicamente suas peles. Um Corpo Denso gerado sob tais condições era perfeitamente atinado com a nota estelar especifica de cada Ego. Pelo poder daquela nota era capaz de renovar ou descartar seu Corpo à vontade. A doença não tinha ainda se tornado uma aflição, assim, a vida era uma canção alegre e a Terra era ainda uma reflexão do Jardim do Éden. Como a raça Lemuriana era regida pela Lua, respondia fortemente às sempre mutáveis fases orbitais. Ao tempo das Luas Novas e Luas Cheias, forças poderosas eram liberadas; aí então, eles celebravam seus rituais místicos iniciatórios. Esses não eram dirigidos para os planos mais internos como agora, mas para os mais externos, dado que o desenvolvimento Lemuriano dependia primariamente do desenvolvimento objetivo da atividade. A música era um fator potente para capacitá-los a realizar a necessária descida para a matéria. Com essa descida a diferenciação entre os sexos se tornou mais marcante e era realizada através dos ritmos Maior e Menor que acompanham a Lua Cheia. Nas noites de Lua Cheia as forças femininas eram precipitadas através das celestiais tonalidades Menores e as forças masculinas através das tonalidades Maiores.
Mais tarde, quando a humanidade entrou completamente na existência física e quando, através da entrada no diferente significado da vida do mundo material, nascimento e morte marcaram as fases diferenciadas da existência. A entrada na manifestação física foi acompanhada por música constituída pelas harmonias de Notas musicais Maiores; enquanto a entrada nos Mundos internos, através do portão que chamamos morte, era atinada aos acordes Menores.
Assim, vemos quão profundamente é verdadeiro tratar o ser humano como um ser musical. Sua origem está na Palavra falada. Pelo som ele foi confirmado e pela música ele progrediu. O que ele registrou subconscientemente na Lemúria, um dia ele saberá conscientemente. Então não mais considerará a música como uma arte mais ou menos apartada da vida e não mais pensará na música somente como um objeto para alegria estética.
Ao contrário, ele reconhecerá a música como um fator vital para a evolução física, mental, emocional e espiritual de toda a onda de vida humana.
Já na próxima Época, a Atlante, a água era o principal elemento associado com a Atlântida, onde o ser humano foi ensinado a controlar suas emoções e a desenvolver suas faculdades físicas. Naquele continente o psiquismo alcançou o maior estágio de desenvolvimento já visto, nunca igualado antes ou depois, tendo a música atlante se constituído em um fator de desenvolvimento das faculdades psíquicas. A maior parte dessas músicas era solene e grave, algumas vezes alcançando níveis de grandeza imponente. Suas ondas melódicas eram comparáveis à música rítmica atualmente ouvida nos movimentos cíclicos das marés alta e baixa. O Sol nunca brilhou claramente na Atlântida. A atmosfera era sempre pesada devido à névoa existente. Nessa atmosfera nevoenta as figuras vaporosas de outros planos eram facilmente discerníveis, uma condição que auxiliou de maneira importante o despertar e o desenvolvimento das faculdades psíquicas. A Época Atlante terminou quando o continente foi destruído pela água.
A transição da Lemúrica para a Atlante foi marcada por um aumento da densidade da atmosfera, Corpos Densos mais solidificados e a consciência humana focalizada mais definitivamente no mundo material. A humanidade estava então perdendo aquela bonita e quase contínua comunhão com as hostes angelicais, desfrutada anteriormente pelos Lemurianos.
Consequentemente havia uma correspondente perda na percepção das harmonias celestiais. Entretanto, nesse estágio de desenvolvimento não tinham perdido contato com os Mundos internos a ponto de negar ou mesmo duvidar da existência da Música das Esferas, fosse ela ouvida ou não. Tais negativas não chegavam ao materialismo profundo da presente era. Assim, os Iniciados dos Templos Atlantes, sacerdotes e sacerdotisas da sabedoria eterna, realizavam seus rituais sagrados em total acordo com os ritmos celestiais.
Os Templos Atlantes eram realmente universidades onde as faculdades física, mental e espiritual do ser humano eram estimuladas e desenvolvidas. A partir do momento em que o ser humano deixou de viver em harmonia com os mundos elevados, seu Corpo Denso se tornou sujeito a desarmonias e doenças; nessas condições, um Mestre Iniciado se afinava com a nota estelar de um indivíduo, a fim de substituir a desarmonia pela harmonia. Com essa finalidade, a música, a grande panaceia curadora, era administrada nesses Templos.
Os povos atlantes eram muito mais suscetíveis aos efeitos curativos do ritmo do que a humanidade atual. Eles podiam utilizar a força pulsante do crescimento das plantas e se apropriar delas para a revitalização e renovação de seus Corpos Densos. Podiam também transferir essas energias de uma planta para outra, assim, aumentando a energia das plantas fracas e doentes através das plantas fortes e saudáveis. As palpitantes correntes de vida emitiam tons específicos na medida em que elas cresciam para cima. Os Atlantes podiam ouvir esses sons e transcrevê-los em música, tão perfeitamente afinados aos ritmos das plantas que eles possuíam uma dinâmica eficácia curadora. No devido tempo, consequentemente, a terapia musical se tornou um dos principais ramos da instrução no Templo.
A fala foi desenvolvida pelos Atlantes. Um tipo de fala cantante. Suas palavras entoadas projetavam energia em qualquer objeto especificado e por essa energia o objeto podia ser remodelado de acordo com a vontade de um indivíduo. Os cânticos e hinos de todas as Religiões antigas tiveram sua origem nessa fala cantante. Os sacerdotes do Templo e seus discípulos avançados podiam ouvir também as notas musicais dos objetos naturais e estavam aptos, por meio do poder que isso lhes dava, a realizar milagres de transformação. Isso originou numerosos mitos e lendas relacionados às civilizações que precederam nossa atual Quinta Raça Original, a raça Ária. Na Era de Ouro da Atlântida a liderança era conferida aos neófitos do Templo, mais espiritualmente desenvolvidos, aos quais eram concedidas honras e reverências pelos leigos. A Realeza era um Grau do Templo ao qual somente o mais merecedor podia aspirar; pois o Rei Iniciado era precedido apenas pelo Alto Sacerdote.
Será visto que no poder praticamente ilimitado dos Atlantes reside a semente da decadência e destruição definitivas. A tentação ao mau uso daquele poder foi para eles quase irresistível. Com o desenvolvimento de sua índole de desejos e de um concomitante crescimento em interesses egoístas, as habilidades que originalmente funcionavam sob a direção das Hierarquias de Luz foram transferidas para as da Sombra. As condições anunciando caos e desintegração similares àquelas manifestadas no mundo atual tornaram-se prevalentes. Tais condições eram sempre indicativas do início do fim. A fala cantante dos consagrados Iniciados do Templo foi modificada para fins nocivos e destrutivos. Literalmente, as “explosões tonais”, afinadas à nota-chave de uma pessoa ou objeto, eram usadas para destruir cruelmente a vida humana e a propriedade.
O conhecimento pelo ser humano das harmonias celestiais em ondas de tons Maiores e Menores foi comentado anteriormente. Com a depravação crescente dos Atlantes, as consonâncias e dissonâncias tornaram-se mais e mais agudamente diferenciadas. O resultado foi uma música estranha e sinistra, uma música capaz de produzir doença, perda da memória e mesmo insanidade. “Círculos Sombrios” compostos por neófitos do Templo, trabalhando sob influência das Sombras, estavam aptos a expressar explosões tonais capazes de expulsar um Ego para fora de seu corpo físico, frequentemente causando nas pessoas obsessão permanente ou mesmo a morte. Esses fatos são mencionados apenas para ressaltar o longo alcance dos poderes do som.
Somente um remanescente dos Atlantes foi salvo. Na terminologia bíblica, Noé e sua família sobreviveram ao dilúvio. Esse remanescente se tornou a semente da atual raça Ária. Sobre o novo continente para o qual esse remanescente migrou, o Sol brilhou claramente e pela primeira vez o ser humano pôde usufruir uma atmosfera oxigenada tal como a temos hoje. A humanidade dessa raça recebeu a suprema dádiva, a Mente, o elo que lhe permitirá ser como os deuses. O grande trabalho desde então é espiritualizar e desenvolver as Mentes Crísticas. Como a Mente está relacionada com o elemento Ar, é através do ar que seu progresso maior será atingido. Caso haja outra destruição deste Planeta após suas lições terem sido aprendidas, ela virá através daquele elemento.
A onda de vida humana está destinada a recuperar as harmonias celestiais que ela perdeu na Atlântida. Isso será feito através da Mente Crística e a música será o fator primordial na sua consecução. Através dos séculos os Guias da Humanidade têm enviado à Terra alguns de seus mais avançados Iniciados em música para auxiliar o ser humano a espiritualizar sua Mente. Tal foi o propósito da Criação de Haydn, do Messias de Häendel e das magníficas Paixões de J. S. Bach. Esse desenvolvimento está sob a orientação dos Senhores da Mente, os quais pertencem à Hierarquia de Sagitário, o Signo que conserva o modelo da Mente mais elevada e seus mistérios espirituais. O objetivo dessas Hierarquias é apressar no ser humano seus incentivos espirituais e encorajar suas aspirações até que ele ganhe ascendência sobre sua inferior Mente concreta.
A nota-chave de Sagitário é Fá Maior e a nota-chave da Terra é também Fá Maior. Vários sons da natureza são, consequentemente, afinados a essa nota. Essa é a razão pela qual composições em Fá Maior são especialmente relaxantes para um sistema nervoso alterado; também efetivos para restaurar um corpo fatigado e para acalmar uma Mente aturdida.
Através de ritmos em Fá Maior os Senhores da Mente concederam a Mente germinal para a humanidade nascente e, através de seu uso continuado, estão trazendo essa Mente para o ponto em que ela possa transmitir, para a personalidade externa do ser humano, a imagem-espírito existente dentro deles. Esses se tornarão os pioneiros da Sexta Raça original e entre eles nascerá um tipo de música com qualidades que curam e iluminam. Todos os movimentos em direção ao futuro são escolas preparatórias para a Nova Era, a Era de Aquário. Até que as Mentes dos neófitos se tornem espiritualizadas, eles receberão, através de tons e ritmos, aqueles poderes superiores que estão aguardando para serem concedidos ao ser humano.
(“Pre-Historic Origins of Music” de Corinne Heline da obra “Music: The Keynote of Human Evolution”, publicado na Revista “Rays from the Rose Cross”, Fev./Mar de 1988 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Pergunta: As condições atuais são também passageiras?
Resposta: As condições dominantes, nessa idade de Noé, são tão temporárias, como as das idades precedentes. O processo de condensação que ainda continua, transformou a nevoa ígnea da Lemúria na atmosfera densa e úmida da Atlântida e, mais tarde, converteu esta umidade em água que inundou as cavidades da Terra – o Dilúvio – e impeliu a humanidade para as terras altas, para as mesetas. Tanto a atmosfera, como as condições fisiológicas estão mudando. É um alerta para a Mente compreensiva, referente à aurora de uma nova idade sobre o horizonte do tempo, a idade de unificação a que a Bíblia chama o Reino de Deus.
(Revista Serviço Rosacruz – 07/74 – Fraternidade Rosacruz – SP)