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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Atitude Mental: Admitir como possíveis todas as coisas

Uma das atitudes mentais insistentemente recomendadas pela Filosofia Rosacruz é a de “admitir como possíveis todas as coisas”. Negar precipitadamente qualquer coisa sem examinar os ângulos, é imaturidade ou fanatismo. A adaptabilidade é um dos fatores mais expressivos da evolução. Contrariamente, o do Ego, ou seja, para nós, a qualquer forma de verdade estabelecida é limitador. Convém estarmos alertas com os condicionamentos mentais. Se, por um lado, o “Corpo Vital é o veículo conducente a Iniciação, por meio da repetição de novos e melhores hábitos”, por outro lado pode nos encarcerar na conservação de hábitos antigos e, desse modo, nos retardar a evolução. É importante notar que essa tendência de se ater as verdades convencionais é mais forte nos mais intelectualmente desenvolvidos. O intelecto é orgulhoso e tende a se conservar, lutando contra as novas ideias. Por isso disse Max Heindel que um dos últimos tropeços iniciáticos é o de Judas Iscariotes que simboliza a “Mente concreta”. De fato essa resistência às inovações é mais notável nos proeminentes cientistas que nos leigos. Simon Newcomb, eminente cientista norte-americano declarou, no começo deste século, que era impossível a qualquer máquina voar através de grandes distâncias. Longe dos primeiros voos dos irmãos Wright causarem sensação, provocaram reações de muitos redatores de jornais, que consideraram o relato das testemunhas como “impossível”. Não publicaram uma linha sequer. Passaram-se muitos anos antes que o povo compreendesse que os irmãos Orville e Wilbur tinham começado a conquista espacial prevista para a Era de Aquário, naquela manhã de dezembro de 1903. Levou muitos anos para que eles descobrissem mercado para sua máquina voadora. Numa carta aos inventores, em 1907, o Primeiro Lorde do Almirantado escreveu o seguinte: “O conselho do Almirantado é de opinião que vossa máquina voadora não é de utilidade prática para a Marinha”.

Alexandre Graham Bell não foi mais feliz. Um artigo de fundo de um jornal dos Estados Unidos assim considerou sua invenção: “um homem de uns 46 anos foi preso em Nova Iorque por tentar extorquir dinheiro de pessoas ignorantes e supersticiosas, exibindo um aparelho que, dizia transmitir a voz humana a qualquer distância, através de fios metálicos. Ele chama o instrumento de telefone, naturalmente pretendendo imitar a palavra telégrafo e, com isto, conquistar a confiança daqueles que sabem do êxito que tem esse último aparelho. As pessoas bem-informadas sabem que é impossível transmitir a voz pelo fio e que, se isso fosse possível o aparelho não teria valor prático algum” (vide a obra de A.M. Low – “What’s the World Coming to?”). Tomemos, da mesma obra as palavras do professor Erasmus Wilson, em 1878: “Com relação à luz elétrica, muito se tem dito a favor e contra ela; mas creio que posso dizer, sem receio de contestação, que ao encerrar a exposição, em Paris, a luz elétrica deixará de existir e pouca coisa se ouvirá falar dela”.

Seria preciso dizer que Semmelweis foi expulso de Viena por cientistas que escarneciam de sua teoria sobre bactérias mesmo depois de suas ideias haverem salvado centenas de vidas? O valor de seu trabalho somente foi reconhecido 25 anos depois de sua morte. Quando a luneta de Galileu revelou as luas de Júpiter, seus companheiros astronômicos se recusaram a olhar pela luneta, porque eram de opinião que tais corpos não existiam e que a luneta devia ser, portanto, um embuste. Por que, então iriam olhar através dela?

Se os leitores querem a maior, reproduzo a opinião de um crítico literário acerca de uma obra: “Não a li e não gostei”.

Infelizmente, os tempos passam, a história protesta, os fatos gritam, mas os materialistas continuam assim, vencidos pelo convencionalismo, como Sigmund. Felizmente, ninguém pode deter a evolução. À medida que as necessidades internas e sociais exigem mudanças, elas vêm. Os Anjos do Destino e os Irmãos Maiores da humanidade, que vigiam e asseguram os destinos evolutivos, respeitando, no possível, o livre arbítrio individual suscitam as inovações necessárias. Demolem-se as velhas instituições e edificam-se novas sobre as suas cinzas segundo o mito de Fênix.

Deus opera continuamente para nosso bem. Quando a humanidade se preocupava com o número reduzido dos cavalos, que não daria para o transporte dos antigos troles, surgiu o petróleo, o automóvel, as estradas asfaltadas, e os cavalos foram pastar sossegadamente nos campos. Como dizem os Evangelhos: “olhai os lírios dos campos e os passarinhos do céu. Se Deus vela pela erva que hoje é e amanhã fenece; se olha pelos pássaros que não tecem nem guardam alimento, quanto mais a vós, homens de pouca fé! Sede, pois, como as crianças para entrardes no reino dos céus” (Lc 12:27-31).

(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de abril/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)

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Por que Morremos? Como Podemos Alcançar a Vida Eterna?

Como Chispas Divinas criadas por Deus, devemos percorrer o caminho de desenvolvimento que parte da impotência até a onipotência. Este caminho iniciou no Período de Saturno quando, pelo emprego da inerente força criadora que possuímos, começamos a construção e integração de nossos corpos. Isso ocorreu sob a orientação das Hierarquias Divinas ou Hierarquias Criadoras (veja mais informações no artigo “Arco Descendente: de onde viemos?” disponível no endereço eletrônico: https://www.fraternidaderosacruz.com/estudos-de-filosofia/arco-descendente-da-evolucao-de-onde-viemos).

O mecanismo da nossa evolução humana, que nos permitirá nos tornarmos um Deus, funciona do seguinte modo:

(1) todo o trabalho que realizamos com nosso Corpo Denso se converte em uma experiência (quintessência) ou Poder Anímico, que conhecemos como Alma Consciente e que deverá se amalgamar ao Espírito Divino ou a primeira faceta, ou o primeiro aspecto, do Ego;

(2) todo o trabalho que realizamos com o Corpo Vital se converte em uma experiência (quintessência) que conhecemos como Alma Intelectual. Essa se amalgamará ao Espírito de Vida ou segunda faceta, ou segundo aspecto, do Ego, e finalmente;

(3) todo o trabalho realizado com o Corpo de Desejos se converte em Alma Emocional que se amalgamará ao Espírito Humano ou segunda faceta, ou terceiro aspecto, do Ego.

O germe da Mente foi nos fornecido mais tarde e o trabalho feito com ela não será amalgamado de modo específico a algum aspecto de nós, o Ego humano, mas como um todo, afinal, sua função é servir como um elo ou meio pelo qual nós podemos transmitir nossos comandos para todos os nossos três Corpos. Façamos a importante observação de que o objetivo da evolução não é desenvolver corpos, mas experiências que promovem poder de expressão a nós, o Ego. O aperfeiçoamento dos Corpos é uma mera consequência da necessidade de novas experiências mais profundas que geram Alma ou Poder Anímico para nós, o Ego. Essa noção pode nos auxiliar na percepção da nossa real natureza, considerando o forte apego que possuímos para com o nosso Corpo Denso que naturalmente morrerá, pois chegamos ao ponto de confundir nossa identidade com o próprio Corpo Denso. Conclui-se, então, que a vida deve se resumir na busca por experiências que se convertem em Poderes Anímicos para nós, o Ego. O resto é pura ilusão.

No entanto, alguém pode se perguntar: este plano parece não justiçar as condições de misérias físicas que muitos de nós vivemos atualmente. Por que temos doenças, por que sofremos e por que morremos? Vamos tentar responder essas questões:

A doença, o sofrimento e a morte deram origem exatamente quando decidimos tomar as rédeas da nossa própria evolução, no episódio conhecido como a “Queda do Homem”. Antes da Queda, estávamos vivendo no Jardim do Éden, que é a Região Etérica do Mundo Físico. Lá, funcionávamos em um Corpo Vital que não morria bem diferente do Corpo Denso. Nessa época, éramos ingênuos e não possuíamos qualquer percepção do Mundo Físico e do Corpo Denso. Contávamos com a ajuda de Hierarquias Criadoras que neutralizavam nossos Corpos de Desejos e nos colocavam em condições difíceis de gerar dor. Mas essa dor não possuía a mesma natureza da dor que conhecemos atualmente, provocada pela desarmonia da Lei de Causa e Efeito. Aquela dor era positiva e estimulante, e tinha o objetivo de despertar a vontade, quando lá renascíamos como homens, e a imaginação, quando lá renascíamos como mulher. Ambos os métodos objetivavam fazer o despertar da consciência material (veja mais detalhes no Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos, Capítulo XII – Época Lemúrica). Mas tal processo era demasiadamente lento.

Nós poderíamos adiantar este processo se desejássemos, bastava respondermos ao incentivo dado pelos Espíritos Lucíferos (“serpente”) que sugeriu a Eva que comesse da fruta do conhecimento e disse: “Certamente não morrereis” (Gn 3:4) se comerdes do fruto da árvore proibida. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos (para o Mundo Físico), e sereis como Deus (Objetivo da Evolução), sabendo o bem e o mal” (Gn 3:5). “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus (virão seus Corpos Densos). No suor do teu rosto comerás o teu pão (isto é, deverão seguir independentes e produzir poder anímico por conta), até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3:19).

A decisão de tomar as rédeas da evolução significou abrir mão de toda ajuda divina, inclusive à ajuda que neutralizava nossos Corpos de Desejos e que evitava que tivéssemos desejos desenfreados. Perdemos a instrução de procriar apenas nas épocas propícias e o ensino dado pelas Hierarquias Criadoras, que tinham por objetivo nos ajudar a focarmos a consciência no Mundo Físico. “Adão conheceu Eva”, em verdade, começamos a estabelecer relacionamentos sexuais de modo independente e demasiadamente, conhecendo o sexo oposto. Deste contato físico, fomos percebendo que muitas outras coisas físicas também ocorriam além da percepção do outro corpo pelo qual nos relacionávamos (foram abertos os olhos de ambos). Assim, adiantamos todo o processo.

O problema é que a força gasta com o sexo é exatamente a mesma força que nos faz desenvolver ações efetivas para produzir o nosso alimento (Almas ou poder anímico). Tínhamos três problemas:

(1) um Corpo de Desejos desneutralizado e com materiais das regiões inferiores;

(2) pouca força de vontade ou poder anímico desenvolvido;

(3) uma Mente totalmente nova (que foi nos dada no Período Terrestre), que pouco conseguia refrear os impulsos do Corpo de Desejos.

Deste modo, a natureza corpórea (ou Personalidade) ganhou a cena e fez com que “sua vontade desenfreada” ficasse mais proeminente do que a nossa vontade pouco desenvolvida (nós, Ego): “Todo o bem que quero fazer não faço, e todo mal que não quero fazer, esse sim, faço” (Rm 7:15). Apesar da condição corajosa de assumirmos as rédeas da evolução, estávamos sem qualquer preparo para tal, e a forte tendência de gastarmos indiscriminadamente a força criadora nos fez gerar desequilíbrios importantes na natureza. As consequências sempre geraram dor, e pela dor fomos, gradativamente, perdendo nossa percepção espiritual e ganhando consciência na Região Química do Mundo Físico, onde a separatividade e o egoísmo reinam. Conhecemos a fome, o frio e a morte (fatores desta Região). Mas não apenas os fatores inerentes desta região de morte, mas também os desequilíbrios gerados fizeram com que houvesse doenças e corpos de morte. A perda da percepção etérica (do jardim do Éden) nos fez acreditar que somos apenas um Corpo Denso e não há vida após a morte.

Depois de focar totalmente nossa consciência aqui, conquistamos a Região Química do Mundo Físico (ainda na Época Atlante). Deveríamos, portanto, abandoná-la e partir de volta ao Jardim do Éden (agora conhecida como Nova Jerusalém) com toda a experiência produzida ali. Infelizmente, muitos de nós, ainda permanecem com o resquício enraizado e direcionam todos seus esforços para gratificar suas paixões sensualistas. Se não forem direcionados ao sexo, são direcionados aos negócios do mundo ou para o ser no mundo (como carreiras, cargos ou posição social). Chegamos ao ponto de necessitarmos de doenças e enfermidades para que haja o despertar de nossa consciência de volta a vida (para as coisas espirituais). Insistimos em agir como se não tivéssemos conquistado as experiências deste mundo. Por isso, continuamos a morrer, sofrer e “a comer o pão com nosso suor”.

Se aspiramos em ser arautos da Nova Jerusalém, nós, como aspirantes a vida superior, devemos compreender que nossos esforços criadores devem, agora, ser direcionados para um “corpo de vida”, onde não há morte, fome e sofrimento. O modo pelo qual podemos deixar a Região Química do Mundo Físico, interromper a morte e iniciar o processo de vida eterna se dá pelo caminho que permite tecermos o Dourado Manto Nupcial ou Corpo-Alma. Este é o “corpo de vida” que não conhece a morte. Este caminho foi ensinado por ninguém menos que Cristo Jesus, em seus três anos de Ministério na Terra, na Sua primeira vinda.

Devemos compreender que o maior mandamento Cristão consiste em “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.” (Jo 15:12-17); que devemos deixar os resquícios de separatividade do passado e buscar o amor universal, afinal “Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos” (Mc 3:33-34); compreende que o foco atual não é conquistar coisas da Terra, pois: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem (afinal, está região é a região da morte e tudo é passageiro), e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (foco de sua consciência e propósito de vida)”. (Mt 6:19-21).

Qualquer pessoa sabe que não mais devemos fazer uso de bebidas alcoólicas que nos faz focar, ainda mais, a consciência no Mundo Físico, e isto é ensinado aqui: “Pois vos digo que desde agora não beberei o fruto da videira até que venha o Reino de Deus” (Lc 22:16), aqui: “Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo convosco no reino do meu Pai” (Mt 26:29), e aqui “Em verdade vos digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo no Reino de Deus” (Mc 16:25).

Qualquer um compreende que devemos deixar o adultério e o gasto da força criadora sexual desenfreada, sendo puros já em nossos veículos internos: “Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura; no coração já cometeu adultério com ela.” (Mt 5:28), e que o serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e maia agradável que nos conduz a Deus: “Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt 25:35-40); “Aquele que quiser o maior entre vós, seja o servo de todos.” (Lc 22:26).

Todas estas práticas são diferentes daquelas que estamos habituados com o propósito de crescermos materialmente, de acumularmos fortuna e subirmos de posição social. Muitas das práticas que nos levam a Nova Jerusalém, onde não há doenças, sofrimentos e morte, parecem ser irracionais do ponto de vista material, e são impossíveis de serem colocadas em prática. No entanto, não podemos reproduzir o erro que já executamos no passado, “pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento (foco na Região Química do Mundo Físico já naquela época), até ao dia em que Noé entrou na arca (final da Época Atlante), e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt24:36-39). “Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (ITss 5:1-3).

Um novo dilúvio está por vir, não pela condensação da atmosfera gasosa em água, como ocorreu no passado, mas pela eterificação do ar que respiramos. A Nova Jerusalém está próxima e se não estivermos preparados para entrar e viver lá, o “dilúvio” nos consumirá novamente. Possamos mudar nossos hábitos materiais de morte, que produzem mais e mais sofrimento no mundo, para objetivos espirituais conforme ensinados pelo Cristo. Somente assim estaremos:

(1)   aprimorando cada um dos corpos que possuímos;

(2)   produzindo mais e mais poder anímico para o Ego;

(3)   não mais nos perdendo com afazeres inúteis que atrasam nossa evolução; e

(4)   finalmente livres da doença, sofrimento e da morte.

 Que as rosas floresçam em vossa cruz

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Exercícios para Adquirir Conhecimento Direto: Exercício Esotérico Rosacruz de Adoração

Pergunta: Quando o Aspirante à vida superior alcançou a Contemplação, alcançou o ponto mais alto?

Resposta: Quando o nível que se alcança através da Contemplação for atingido, o aspirante se dá conta de que está, na verdade, contemplando a Deus na vida que penetra todas as coisas, mas, ainda há que dar um passo a mais: a Adoração, por meio da qual se une, ele mesmo, com a Fonte de todas as coisas; alcançando por esse feito a mais alta meta possível de se conseguir por um ser humano até que a união permanente ocorre no final do Grande Dia de Manifestação.

Pergunta: O ser humano pode alcançar esse nível sem ajuda?

Resposta: A opinião do autor é que nenhum dos níveis de Contemplação, nem o nível final da Adoração pode ser alcançado sem a ajuda de um Mestre.

Pergunta: Como encontraremos o Mestre?

Resposta: O Aspirante à vida superior não dever temer nunca que, por falta do Mestre, seu progresso demore, nem necessita se preocupar em buscá-lo. Tudo o que ele precisa é começar a melhorar a si mesmo e continuar, diligente e persistentemente, nessa direção. Dessa maneira, purificará seus veículos.

Pergunta: A purificação dos seus veículos em que o beneficiará?
Resposta: Esses começam a brilhar nos Mundos internos (Região Etérica do Mundo Físico, Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento), o que atrairá a atenção dos instrutores, que estão sempre vigilantes e com muita satisfação ajudam a todos aqueles que, por seus vigorosos esforços de se purificarem a si mesmos, adquiriram o direito de serem ajudados.

Pergunta: Então, ninguém jamais necessita de um Mestre entre os seres humanos?

Resposta: “Buscai e encontrareis”, mas não vamos imaginar que indo de um instrutor a outro estamos buscando! “Buscai”, nesse sentido, não significaria nada para este mundo de trevas. Nós mesmos devemos acender a luz que, invariavelmente, irradia dos veículos dos aspirantes diligentes. Essa é a estrela que nos conduzirá ao Mestre, ou, melhor ainda, a que conduzirá o Mestre até nós.

Pergunta: Quanto tempo até vermos os resultados desses exercícios?

Resposta: O tempo necessário para termos resultados varia com cada um e é dependente da aplicação, do nível de evolução, da história no livro da vida; portanto, não há como determinar um tempo preciso, ou em média.

Pergunta: No que diferem os resultados?

Resposta: Alguns que estão preparados obtêm resultados em poucos dias, outros em meses, outros em alguns anos e outros não conseguem resultados visíveis. No entanto, os resultados estão ali e o aspirante que fielmente persiste os obterá algum dia; nesta ou em uma vida futura contemplará sua paciência e sua fidelidade recompensadas e as palavras interiores abertas ao seu olhar fixo (Contemplação), se encontrando como um cidadão do Reino, onde as oportunidades são imensamente maiores que as do Mundo Físico. Nesse momento, desperto ou dormindo, através do que os seres humanos chamam de vida e morte, sua consciência não será interrompida.

Levará uma existência contínua consciente, beneficiando-se de todas as condições que permitem um avanço mais rápido aos postos de maior responsabilidade, para produzir mais benefícios à humanidade.

(Traduzido da Revista: Artículos de Rayos de la Rosa Cruz – Dezembro/1984 – Fraternidad Rosacruz Max Heindel – Córdoba – Argentina)

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Exercícios para Adquirir Conhecimento Direto – Práticas de Concentração

ANTES DE COMEÇAR:

O único e verdadeiro método que põe, de fato, em ação as forças da alma, ou seja, que transforma, modifica, gera melhorias, pode regenerar e aperfeiçoar o ser humano, chama-se ALTRUÍSMO. Esse método é a prática efetiva e real de todos os melhores ideais. É a realização, agora e sempre, de tudo quanto reconhecemos que é justo e bom. Não há altruísmo sem prática.

É totalmente inútil e estéril agir de maneira diferente. Se sua intenção de conseguir domínio mental estiver baseada em interesses pessoais, fique atento! Além de inútil, é perigoso! Os resultados sempre serão desilusões tremendas, capazes de arrastar a alma humana ao mais infeliz abandono de si mesma.

Por isso, antes de começar, lembre-se que os Anjos do Destino estão acima de todos os erros e dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para seu desenvolvimento. Por isso, respeite e entenda a Lei de Causa e Efeito e a vontade de Deus acima de tudo.

PREPARATIVOS

Em lugar silencioso, comodamente sentado ou deitado, relaxar inteiramente todos os músculos, conservando por um ou dois minutos a Mente vazia de pensamentos. Dirigir, então, toda a atenção ao exercício escolhido, tendo o cuidado de não tomar uma atitude mental forçada.

Desde que se note qualquer estado inconveniente, como rigidez dos músculos, tendência a perder a consciência ou depressão nervosa, deve-se suspender o exercício, recomeçando-o depois de um intervalo de descanso mental. Algumas vezes, pode ocorrer o sono natural, que não apresenta inconveniente, mas que é preciso evitar energicamente, se queremos tirar proveito do exercício.

Nenhum esforço mental deve ser feito com o estômago sobrecarregado, logo depois das refeições. Somente três horas depois das refeições maiores as forças psíquicas do organismo estão livres e desembaraçadas e em condições de suportar um esforço superior.

O EXERCÍCIO:

PRIMEIRO EXERCÍCIO – Observe-se cuidadosamente um objeto qualquer simples, como uma flor, uma folha, um inseto ou uma planta. Esforce-se, depois, em reproduzir na imaginação o objeto em todos os seus detalhes, formando dele uma perfeita IMAGEM MENTAL. Com os olhos levemente cerrados, procure-se “ver” a imagem mental e conservá-la na imaginação durante o maior tempo possível.

SEGUNDO EXERCÍCIO – Concentrar-se fortemente nos algarismos de 0 a 9, um a um, vagarosamente, formando imagens mentais de cada um, em ponto grande.

TERCEIRO EXERCÍCIO – Formar as mesmas imagens dos algarismos, porém dando-lhes colorido. Imaginá-los nas cores: vermelho, amarelo, azul, verde e branco.

QUARTO EXERCÍCIO – Formar a imagem mental do nosso Símbolo Rosacruz, em ponto grande, meditando sobre o significado das suas figuras.

QUINTO EXERCÍCIO – Formar uma imagem mental de si mesmo, como se estivesse observando sua própria imagem num espelho. Dirigir essa imagem a qualquer lugar, imaginando estar com sua consciência localizada nessa imagem e empregando-a como empregaria seu próprio corpo denso.

SEXTO EXERCÍCIO – Concentrar o pensamento na Corrente Espiritual da Fraternidade, imaginando estar na Sede, com todos os irmãos reunidos, como em sessão. Repassar na imaginação, lentamente, as fisionomias de todos os amigos que nos vierem à lembrança, enquanto vibramos intensamente com os melhores sentimentos de amizade, de simpatia e afeição.

SÉTIMO EXERCICIO, DE AUXÍLIO ESPIRITUAL – Quando soubermos que algum dos nossos amigos se acha enfermo ou em dificuldades morais, concentremo-nos em sua imagem mental, vendo-o em nossa imaginação perfeitamente forte, corajoso, alegre e bem-disposto. Procuremos sentir profundamente esses estados de alma e transmiti-los à imagem formada. Essa prática é de incalculável valor e com ela podemos auxiliar a todos que desejarmos, mas ao mesmo tempo, que respeitando a Lei Cósmica de CAUSA E EFEITO e a VONTADE de DEUS.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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Para os que se desanimam em estudar nos Cursos de Astrologia Rosacruz

Muitos de nós quando se inscrevem nos Cursos da Fraternidade Rosacruz se enchem de muita alegria e entusiasmo. Esperam por uma nova lição e assim que ela chega, a leem e releem e tornam a ler, para assimilar o conteúdo e elaborar as respostas. Normalmente isso acontece com o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, com o Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz e com o Curso de Estudos Bíblicos baseado nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Do mesmo modo, muitos de nós percebem que tal entusiasmo não acontece com os Cursos de Astrologia Rosacruz!

Alguns admitem até, durante anos, entender a astrologia como uma coisa de adivinhação e sem bases científicas, e iniciam o Curso de Astrologia Rosacruz até com essa cisma. Uns, vão entendendo, compreendendo, persistindo, persistindo e persistindo. Outros, tentam pular etapas, vão se enganando, e, aos poucos, vão desistindo ou fazendo sem a aplicação, ênfase e dedicação necessária e suficiente que se espera de um aspirante à Astrólogo Rosacruz.

As dúvidas sobre as bases científicas são naturais, pois é fruto de séculos de enganação com uma Astrologia que, muitas vezes, nos foi apresentada mais como uma adivinhação barata do que como uma Ciência Divina. Aqui está uma ótima oportunidade para se fazer o Exercício Esotérico do Discernimento, como fornecido no Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos”. Como separar o mundano, o falso, do divino, do verdadeiro?

Que a Astrologia Rosacruz é uma Ciência Divina, isso não há dúvidas. Para atestar isso leia o livro “Astrodiagnose e Astroterapia”. Nesse livro, Max Heindel e Augusta Foss Heindel deixam claro que a Astrologia Rosacruz é uma Ciência Divina e deve ser utilizada única e exclusivamente para a Cura Definitiva (a cura que envolve o Corpo e a Alma, simultaneamente) das doenças e enfermidades (que nada mais são do que indicativos de lições que escolhemos aprender, ainda no Terceiro Céu, e que viemos nessa encarnação com partes do corpo que nos indicam, ainda latentes, que devemos prestar a atenção para nos dedicar a aprender tais lições e que, se insistimos em não aprendê-las, a latência se tornará ativa e a doença ou enfermidade se manifestará. Se nos mantemos alertas e aprendemos a lição, transformando (ou sublimando) aquele vício, defeito, falha ou problema em bom hábito – e depois em virtude – a doença ou enfermidade não se tornará ativa e passaremos a vida toda sem tal coisa se manifestar em sofrimentos e dores. Afinal, quaisquer coisas materiais que precisamos, teremos na medida, no tempo e quando for necessária. No livro “Teia do Destino” temos essa medida: “As invocações usadas para pedir coisas temporais são magia negra; pois temos a promessa de: ‘Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas’. Cristo nos indicou o limite a que podíamos aspirar no Pai Nosso, quando ensinou Seus discípulos a dizer: ‘O pão nosso de cada dia dai-nos hoje‘. Tanto no que diz respeito a nós mesmos como aos demais, devemos nos resguardar de ultrapassar esse limite na invocação científica”. Afinal, podemos considerar as enfermidades sob dois aspectos: a latente e a ativa. As tendências latentes estão indicadas pelas configurações adversas do Horóscopo. Se os pais são astrólogos ou tomam a sério os conselhos do astrólogo espiritual, a respeito das tendências de seus filhos, poderão ajudá-los de modo que as doenças possam ser evitadas ou, no caso em que isso não for possível, a pessoa possa ter condições de melhor lidar com elas e extrair o crescimento anímico que as doenças lhe proporcionam. É a mesma lei que diz: “se um elo de uma corrente está fraco, mas nunca a esticamos além do que ela pode, jamais se romperá”. Todavia, se as mesmas tendências de outras vidas, os abusos e as transgressões às leis de harmonia continuam nesta existência, aí se manifestarão os pontos débeis. Primeiramente surgem os sintomas, indícios de que a enfermidade se acha em processo de materialização (pois começa nos veículos Vital, de Desejos e Mente, para, finalmente, manifestar-se no Corpo Denso). “Quando se provocam os Aspectos adversos e a enfermidade aparece, as posições progredidas dos Astros orientam o curador a estabelecer um quadro completo do caso. Só o exame global do Horóscopo nos pode dar orientação segura do caráter da pessoa e o melhor modo de ajudá-la. A natureza física é indicada pelo Ascendente; pela posição e Aspectos do governante e suas configurações. Também precisamos examinar a sexta Casa, que rege a saúde e enfermidade. Isso tudo nos dará uma chave da natureza da enfermidade e o modo de removê-la ou contemporizá-la em estado latente. Por outro lado, devemos ver o papel que o enfermo deve desempenhar, em colaboração, e aí entra sua disposição física e tendências morais, marcadas pela posição do Sol e outros pontos do Horóscopo. Nossa esperança é que muitos profissionais da saúde de Mentes amplas e aquarianas, propensos a estudar um método mais avançado de diagnóstico, se achem dispostos a empregá-lo uma vez comprovada a sua eficácia”.

Quaisquer outros usos são distorções do objetivo da Astrologia Rosacruz e tende a cair na vala da adivinhação ou do palpite para se tentar conquistar algo material ou imaterial ou “justificar” o porquê do agir de um modo ou de outro. E esse tipo errado de uso é muito fácil de identificar, pois quem assim o faz, não utiliza somente o material da literatura Rosacruz para Astrologia, mas está sempre introduzindo material de outras fontes e que, logicamente, tem os mesmos objetivos de buscar “razões” para um comportamento, uma conquista de algum bem ou a justificativa para isso ou aquilo.

Um outro motivo que pode ser uma das causas dos desânimos é “descobrir” que a Astrologia Rosacruz aponta “tendências de ocorrer” e não a certeza inexorável que acontecerá. Aqui está outro equívoco, quando se esquece da máxima ocultista, como aprendemos na Astrologia Rosacruz: “os Astros impelem, mas não compelem” aplicada de maneira superficial e mesquinha. Sim! Tudo que está no nosso Tema são tendências. Nada nos é imposto, pois temos o livre arbítrio (somos criados à “imagem e semelhança de Deus”). Não é porque a pessoa tem Saturno de um modo ou de outro no Tema que tem que se comportar desta ou daquela maneira. No entanto, se ela tem Saturno assim e isso lhe dificulta resistir a alguma tentação (que, ao cair nela, ativará uma doença ou enfermidade) então, deve saber que todas as vezes que lidar com tais assuntos indicados, deve redobrar o seu cuidado, pois já sabe que tem dificuldades naqueles assuntos e a chance de cair na tentação é maior do que para outro irmão ou irmã que não tem Saturno assim. A medida, a intensidade, a dificuldade disso só a pessoa que tem o Saturno assim sabe. Por isso, é importante e indispensável cada um levantar o seu próprio Tema e interpretá-lo. Jamais solicitar a outrem fazer isso, sob pena de cair no erro de quem interpretou, ter uma análise superficial da questão ou, ainda, ser enganado de propósito. Se alguém utilizar a Astrologia Rosacruz para levantar o Tema de outras pessoas estará gerando destino maduro para si mesma (e a pessoa que solicitou também) que se transformará em dívidas a serem pagas nas próximas vidas. A única situação em que assim se faz é quando é para filhos com idade menor de 14 anos, desde que feito pelos pais ou pelo responsável, para entender como melhor ajudar a tais filhos na Cura definitiva.

O estudo em conjunto é muito importante, pois um ajuda o outro e todos saem ganhando, mas o foco tem que ser naquilo que a Astrologia Rosacruz se propõe: cura definitiva das doenças e enfermidades.

Lembremos: a saúde, tê-la ou não, está diretamente correlacionada com os assuntos como personalidade, finanças, filhos, amigos, casamento etc. E tudo isso se aprende nos três Cursos de Astrologia Rosacruz.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Visão

Qual é a visão que devemos escrever em letras grandes para que uma pessoa possa correr enquanto a lê e como devemos escrever o que vemos? Tenho a certeza de que, em um sentido menor, também recebemos a visão de nosso líder — a visão de um mundo redimido — uma visão na qual Mt. Ecclesia é o foco: Mt. Ecclesia, o lugar de encontros de almas ardentes com o desejo ansioso de fazer o serviço de Deus — almas que podem dizer como os Discípulos do passado: “Eis que deixamos tudo para seguir-Te, pois Cristo é nosso Modelo e Cristo é o nosso Guia”.

Isso não significa que negligenciamos nosso trabalho doméstico e dever dados por Deus, mas que ouvimos em nossa Vigília, enquanto estávamos na Torre Alta, a Voz que diz agora como então: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com todas as tuas forças, e amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Estamos alcançando aquela consciência Crística que verdadeiramente dirá: “Eis minha mãe e meus irmãos!”.

De Mt. Ecclesia vemos o movimento maior, os fluxos de poder e utilidade sempre crescentes, movendo-se incessantemente para a frente, dividindo-se e subdividindo, levando saúde, força e poder dados por Deus. Veremos o Cristo em cada indivíduo, por mais humilde ou aparentemente depravado, assim como Cristo viu o apóstolo no desprezado Mateus sentado no recebimento da alfândega; o esperançoso Zaqueu no mesquinho cobrador de impostos; as possibilidades divinas do amor na errante Madalena; no vacilante Simão Pedro, a rocha sobre a qual a igreja deveria ser construída; nos filhos de Zebedeu, os filhos do Trovão, que teriam feito seu Mestre invocar fogo do céu para consumir seus adversários, os apóstolos da não-resistência, os apóstolos do amor que não pensam mal do seu próximo.

Não posso fazer melhor do que citar novamente as palavras de William Penn, adaptando-as ao Mt. Ecclesia. “E tu”, Mt. Ecclesia, “nomeado antes de nasceres, que amor, que cuidado, que serviço e que trabalho houve para te dar à luz e para te preservar. Minha alma ora a Deus por ti, para que possas resistir no dia da provação, para que teus filhos sejam abençoados pelo Senhor e teu povo seja salvo por Seu poder.”.

(Publicado no Echoes de Mount Ecclesia de abril de 1914 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como se utiliza a Astrologia no dia a dia e como há charlatões que tentam desvirtuá-la

Apesar desta revista destinar-se aos filiados à Fraternidade Rosacruz que já conhecem o valor da Astrologia, queremos nos dirigir àqueles que, não participando ainda dos nossos ideais, venham a se espantar pelo fato de aparecer, numa Revista que se diz destinada a difundir a sublime Filosofia Rosacruz, uma seção destinada à Astrologia Rosacruz.

Até certo ponto, esses amigos céticos têm razão; a Astrologia, atualmente e para muitas pessoas, é tida como algo para adivinhar, como charlatanismo. Porém, quem fez da Astrologia charlatanismo? Naturalmente que ela, por si mesma, não o foi; foram, portanto, os próprios charlatães que, com a falsa capa de astrólogos, deturparam essa ciência sagrada. Pelo fato de haver médicos inescrupulosos ou pessoas que exerçam a falsa medicina, não concluímos daí que essa utilíssima ciência seja charlatanismo, não é verdade? Muito pelo contrário, chamamos de charlatães aos que desvirtuam tão nobre ciência; mas, a Medicina continua no seu pedestal, continua a ter crédito e a ser de utilidade para a humanidade.

Esse mesmo princípio, esse mesmo raciocínio deveria ser empregado com relação à Astrologia. Por que deveremos tachar a Astrologia de charlatanismo? Pelo fato de haver charlatães que deturpam e desvirtuam os seus ensinamentos? Não, Amigos. Já vimos que esse não é motivo que faça a Astrologia descer das alturas em que deve ser mantida. Combatamos o charlatanismo e não a Astrologia.

A pessoa que se utiliza do calendário, não faz outra coisa do que utilizar-se da Astrologia. Dizer que “estamos em 22 de dezembro”, é o mesmo que dizer: “o Sol entrou no Signo de Capricórnio”. Dizer: “em 21 de setembro começa a primavera”, significa, na verdade, que o Sol acaba de entrar no Signo de Libra. E, em verdade, não é exatamente em 21 de setembro que começa a primavera, mas em 23. Cada grau que o Sol percorre no Zodíaco, assinala um dia no calendário. O fato de que o Zodíaco tenha 360 graus e o ano 365 dias é porque o Sol não percorre exatamente um grau por dia. O cômodo calendário, a simples folhinha, não é, pois, outra coisa do que uma simples e imperfeita interpretação do ciclo solar anual, já utilizado pelos antigos “caldeus”.

É claro que a referência é feita ao movimento “aparente” do Sol, pois em verdade quem perfaz o ciclo é a Terra.

O agricultor que realiza sua sementeira em épocas determinadas, de acordo com as fases da Lua, é um astrólogo que ignora que o é, mas sabe que depois da Conjunção Lua-Sol (Lua Nova) tudo cresce, e que depois da Oposição dos luminares (Lua Cheia), as forças criadoras da natureza decrescem. Astrologia pura, como se vê.

Qualquer marinheiro do mundo sabe que para entrar em portos de pouca profundidade de água, deverá chegar quando se produza a Oposição ou a Conjunção da Lua com o Sol, porque do contrário faltará água para o calado do seu navio. E que as marés altas se produzem nesses períodos. O marinheiro talvez não saiba, mas isso é Astrologia pura.

Finalmente, quando na linguagem do povo se diz: “Um lunático”, faz-se Astrologia. Porque um lunático sempre tem forte influência de Câncer, que é um Signo Zodiacal.

É nosso propósito mostrar e demonstrar a veracidade da Astrologia Rosacruz. É nossa intenção procurar despertar o interesse do Amigo leitor para que se dedique ao estudo dessa ciência tão menosprezada.

Procuremos demonstrar a universalidade do uso da Astrologia Rosacruz. Nós a usamos constantemente sem repararmos que, apesar de todo o nosso ceticismo, estamos praticando a Astrologia Rosacruz.

Vamos ver algumas experiências materiais que atestam a influência astrológica no nosso dia a dia:

Já em outra ordem de ideias, estritamente científicas, isto é, dentro de um método apoiado em rigorosas demonstrações positivas, comprovou-se a influência dos Astros sobre os metais e sobre os Corpos simples. Isso não é obra dos astrólogos, mas dos físicos e dos químicos.

Assim, servindo-se de papel mata-borrão impregnado em uma solução de sais de prata e de ferro, o casal Kolisko demonstrou a influência da Lua e de Marte sobre esses sais. No momento da Conjunção desses Astros, formaram-se no papel mata-borrão uma série de “linhas de força” que terminavam em pontas de flecha de cor pardacenta, as quais se iam apagando à medida que a Lua se afastava de Marte.

Léon Mercier, físico francês contemporâneo, demonstrou, apoiando-se em experiências que realizou durante 15 anos, que os raios da Lua corroem com muito maior rapidez o mármore, ou seja, o carbonato de cálcio, do que os raios do Sol, apesar de que a luz emitida pela Lua é 465.000 vezes menos potente do que a do Sol. Isso vem demonstrar que a Lua emite um comprimento de onda que lhe é próprio e, em certos sentidos, mais poderoso do que o Sol.

Citamos essas experiências para deixar bem patenteada a seguinte verdade: os Astros influem sobre os metais e sobre os corpos simples – como prova a influência lunar sobre o crescimento dos vegetais – em virtude de que princípio lógico poderia alguém de boa-fé negar a influência dos Astros sobre o Corpo humano, constituindo em sua essência molecular por esses mesmos corpos simples? Na realidade, como alguém já disse, é mais fácil provar a verdade, a legitimidade da Astrologia do que a de qualquer outra ciência.

Provada essa influência dos Astros sobre o Corpo Denso, e como todos sabemos que o intelectual, o mental e o espiritual são inseparáveis do Corpo Denso, fica de fato demonstrada a influência dos Astros sobre o caráter, a inteligência, a saúde, as predisposições, em uma palavra, sobre o destino total do ser humano.

Durante todos os séculos que antecederam, a experiência dos astrólogos foram se acumulando e dados foram sendo compilados; tais dados foram submetidos a rigorosas comprovações, por meio de rigorosas estatísticas e por outros processos de observação direta. Desses dados, que outra coisa não são do que posições planetárias comuns a determinados temperamentos e inteligência, concluíram-se LEIS que permitem saber com exatidão, como é um ser humano, física e moralmente, da mesma maneira que o médico diagnostica uma enfermidade pela repetição dos sintomas já observados em outros casos dessa mesma enfermidade. E tudo isso os verdadeiros astrólogos conseguem sem outros dados além da data, hora e lugar do nascimento, dados esses que permitem estabelecer o “diagnóstico astral”, isto é, representar a posição dos Astros nesse ponto da Terra e nessa hora determinada até o minuto.

É muito certo que, da influência dos Astros, a maioria dos astrólogos só conhece os efeitos; porém, nós, que consideramos a Astrologia Rosacruz como sagrada, não podemos separá-la da Religião e, por isso, vamos mais longe, partindo dos efeitos para conhecer as causas. Isso, porém, não constitui descrédito à Astrologia Rosacruz, pois o mesmo ocorre com a eletricidade da qual apenas conhecemos os efeitos, e parece-me ainda não ocorreu a ninguém negar a existência da eletricidade.

O fato é que, no instante do nascimento, as forças astrais “sensibilizam” o ser para toda a vida, assim como um raio de luz, ao passar através da câmera escura, fixa para sempre a imagem na chapa fotográfica. Tudo o que um homem ou mulher traz potencialmente ao nascer, sua “predisposição” inata para alguma coisa está escrita no seu céu de nascimento. E o cálculo das probabilidades aplicado à estatística, demonstrou, pela frequência das semelhanças humanas que correspondem a posições planetárias também semelhantes, que os antigos estavam com razão.

A Astrologia Rosacruz é, pois, uma ciência experimental, como a física, a medicina ou a química, e a ela, nos domínios da saúde, da vocação, da descoberta de nós mesmos, e em infinitos campos impossíveis sequer de esboçar neste pequeno espaço, a humanidade deverá as mais formosas e inesperadas descobertas em um futuro não longínquo. Chegamos, pois, a uma evidência que nenhum ser humano de boa-fé, que se aproxime desta ciência com os olhos abertos, tem direito de duvidar e muito menos de negar a Astrologia Rosacruz.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1979- Fraternidade Rosacruz-SP)      

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Vários Exemplos de Atividades dos Auxiliares Invisíveis

Os Auxiliares Invisíveis da Onda de Vida humana são enviados em missões pelos Irmãos Leigos, Irmãs Leigas e Adeptos para ajudar e curar irmãos e irmãs que estão em necessidades.

Nós aprendemos pela experiência, e cada um de nós deve traçar o seu próprio destino. Percorremos parte da nossa jornada evolutiva, mas ainda temos muito trabalho a fazer em seus vários veículos antes que possamos esperar ganhar a libertação dessa roda de nascimentos e mortes aqui. Devemos aprender a progredir ajudando os outros irmãos e as outras irmãs no caminho da realização espiritual. Todos devem algum dia ganhar unidade consciente com o Deus Pai!

1. Para fazer download ou imprimir:

Amber M. Tuttle – As Atividades dos Auxiliares Invisíveis – Capítulo XVII – Histórias Diversas sobre Atividades dos Auxiliares Invisíveis

Para ler outros 16 Capítulos dessa obra: As Atividades dos Auxiliares Invisíveis, clique aqui:

Livro: As Atividades dos Auxiliares Invisíveis – por Amber M. Tuttle

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Travessia

A peregrinação do Espírito – nossa – em evolução é uma longa travessia.

Travessia é, também, a vida, o dia, a circunstância.

Em períodos infinitamente grandes até aos mais fugazes, nós estamos sempre transitando, recolhendo meios para realização do nosso destino: a dinamização das faculdades latentes, que nos torna à estatura d’Aquele que nos emanou.

Em toda a literatura espiritualista, quer esotérica, quer exotérica, figuram sempre, como expressivo símbolo, as travessias: as viagens, o êxodo, atravessar rios e mares, etc. É sempre alegoria de transições de consciência, no processo de expansão do ser e de um povo.

O caminho a percorrer está sempre dentro de nós. Nunca é externo. O exterior é simples meio para atingirmos o fim, que é a realização interna. O caminho não é marcado por distância, senão por expansão de consciência. Por isso disse Cristo: “EU SOU O CAMINHO…”. Ninguém pode chegar à união com o Pai Universal, com o Criador, senão pelo encontro e expansão do “Eu interno”. Pelo semelhante atingimos o semelhante. Pelo dissemelhante nos isolamos e nos afastamos. Tal é o sentido de Religião e de queda: uma questão vibratória.

Deus, no céu (superior, elevado) é Luz, é Vida (em vibração mais alta). Satanás (o adversário, em nós, a natureza inferior), no inferno (inferior estado de consciência) é treva, é morte.

Na mitologia greco-romana temos o relato do mergulho do espírito na matéria e as transições pelas quais poderá alcançar as delícias de Eliseu – a ilha dos escolhidos e dos heróis – que se distinguiram na batalha da vida, nos desafios da evolução.

Quando Júpiter dividiu seu Reino, coube a Plutão o governo do Hades. Ele raptou Prosérpina (Perséfone) para sua esposa. Hermes (Mercúrio) levava para o Hades os mortos e os entregava, às margens do primeiro rio (rio Estige = tenebroso) ao barqueiro Caronte que os atravessava e, na margem oposta os deixava sob a vigilância do cão Cérbero (de três cabeças), para que de lá não fugissem. Os maus sofriam castigos de remorso e o suplício da Hidra, serpente de 50 cabeças.

O Hades tinha cinco rios: o Estige (tenebroso), Aqueronte (das penas), Flegeton (do fogo), Cocito (dos lamentos) e Lete (do esquecimento).

Mito não é fantasia, e sim uma alegoria. Aqui temos o relato de como a Centelha Divina mergulhou no Esquema de Evolução, envolvendo-se sucessivamente nos Corpos que formou, com auxílio das Hierarquias Criadoras (Prosérpina raptada às regiões inferiores), unindo-se à Morte (Plutão, regente de Escorpião, correspondente à oitava Raça, da morte), isto é, perdendo consciência de Si próprio identificando-se como um ser humano, aparentemente separado e à parte do Espírito.

Quem nos mantém nessa ilusão é o intelecto condicionado (Hermes), cada vez que renascemos (voltamos aos planos inferiores) e somos vinculados aos Átomos-sementes dos três Corpos (Cérbero, cão de três cabeças).

Pelo mau uso do sexo (suplício da Hidra, relativa à Câncer, que governa a vida geradora) e ignorantes transgressões (que provocam remorsos) vamos despertando a consciência pela dor inevitável (Lei de Consequência).

A maioria da humanidade vive mergulhada como num sono (irmão gêmeo da morte, que habitava o Hades), gerando os sonhos (vida irreal) e julgando-se o que não é (Morfeu, o criador das formas nos sonhos). Oportuno é lembrar que, no mito, o sono e seu filho Morfeu trazem na mão uma papoula, da qual se extrai o ópio, símbolo da inconsciência em que mergulhamos.

Para libertar-nos desse estado há cinco transições (cinco rios). Do ponto de vista comum, do ser humano em geral, significa transcender os cinco sentidos pela metanóia ou ligação com o Espírito de Verdade, o Consolador em nós (Mente abstrata), portal para uma vida mais ampla, dos escolhidos (Eliseu). Daí por diante, os cinco rios representam as cinco primeiras iniciações, para superarmos em definitivo todas as diferenças humanas e nos identificarmos em essência, com nossos semelhantes e com toda a Criação.

Os Evangelhos relatam que o Cristo e seus Apóstolos atravessaram muitas vezes o Mar da Galileia, sempre com missões diferentes. Essas passagens aludem à missão do Espírito (Cristo) nos corpos (apóstolos), aparentemente numa rotina diária, mas em verdade, sempre submetido a novos desafios, a oportunidades renovadas de elevação.  A vida parece igual; os dias parecem repetir-se num monótono ritmo. Mas, o espiritualista, ao despertar, enxerga em tudo novas facetas e renovados convites de desdobramento de consciência. Cada vez que aceita esse desafio e aproveita essa oportunidade, ele faz uma transição.

Na tradição Cristã encontramos a vida de São Cristóvão, padroeiro dos viajantes e dos transportes em geral. É representado por um homem com uma criança ao ombro, atravessando o rio com auxílio de um cajado comprido. É uma maravilhosa alegoria! Representa o ser humano consciente de sua missão, que reconhece, ama e obedece ao Eu verdadeiro e superior, buscando ser um canal impessoal de Sua vontade.

São Cristóvão era um homem forte (internamente) e desejava servir alguém que lhe fosse superior em coragem e força. Conheceu um rei extraordinário e passou a servi-lo. Um dia falaram em “diabo” e o rei se persignou. Cristóvão estranhou e perguntou ao rei: “Por que fazes o sinal da cruz ao ouvires falar em diabo?”. O monarca lhe respondeu: “Por que é um poder temível”. Falou Cristóvão: “se ele é mais forte que ti, então servirei a ele”. Foi em busca de Satanás e passou a servi-lhe, até que um dia, vendo uma luz, o diabo tapou os olhos e fugiu. Cristóvão o abandonou e, indo ao encontro da luz, perguntou-lhe: “Que devo fazer para servi-la?”, E a Luz orientou-o: “Vai ajudar os viajantes na travessia daquele rio perigoso”. E o levou até lá, dizendo: “é uma tarefa difícil e ninguém a aceita”. Desde então, Cristóvão se tornou um servidor da Luz, para atravessar a vau os viajantes.

Um dia foi acordado, madrugada ainda, por um menininho que lhe pedia para ajudá-lo a atravessar o rio. Cristóvão, admirado por vê-lo só, não ousou fazer-lhe perguntas: sua tarefa era ajudar a travessia. Além disso, o menino era singularmente seguro de si.

Pô-lo no ombro e se meteu no rio. Quando chegou ao meio, inexplicavelmente as águas começaram a subir e a correnteza se tornava cada vez mais forte, ameaçando arrastá-lo. Para complicar a situação, o menino começou a tornar-se cada vez mais pesado.  Cristóvão concentrou toda sua imensa força e coragem e a duras penas chegou à outra margem, exausto. Desceu docemente a criança dos ombros e, olhando- a profundamente, observou: “Meu Deus! Eu parecia estar carregando o mundo! E por que o rio se tornou inopinadamente cheio e impetuoso?”.

O menino sorriu e respondeu: “Agora te chamarás Cristóforo, ou aquele que conduz o Cristo, ajudando o Senhor a levar a cruz do mundo”. E desapareceu.

Todos nós podemos nos transformar em Cristóforos, quando assumirmos conscientemente nosso destino espiritual. Temos de reunir recursos internos, confiança própria e poder. Temos de passar a servir à Luz interna, depois de nos convencermos da inutilidade de servir ao poder ambicioso, à fama vaidosa, ao apego de bens e ao amor sensual. Temos que deixar de servir à natureza inferior e reconquistar nossa verdadeira identidade.

Então, começaremos a repartir com os outros nossa experiência dessa transição de consciência para a vida real, até que, inesperadamente, quando estivermos internamente maduros, sejamos provados para ser admitidos à iniciação.

A Igreja descanonizou S. Cristóvão, devolvendo à estória seu caráter alegórico. Os Cristãos esotéricos guardam carinhosamente a lenda, pela esplêndida mensagem que encerra.

Se executamos cada vez mais eficientemente o Exercício Esotérico da Observação perceberemos que há sempre pessoas diferentes que ajudamos a atravessar e que atravessam em nossa experiência. Isso quer dizer que devemos tomar consciência da vida, aproveitando os ensinamentos que ela nos oferece continuamente. Cada circunstância tem sua razão de ser e se ela nos envolveu, é porque temos relação com ela: devemos encontrar essa relação dentro de nós. Cada lição, cada acontecimento, cada pessoa que acorre à nossa experiência é um barqueiro, é uma ajuda, para realizarmos com mais proveito a travessia. Ao mesmo tempo servimos de barqueiro aos outros. Cada qual tem sua contribuição a dar na travessia, de vez que a Individualidade, a Epigênese, nos concede faculdades pessoais, que os outros não possuem e que podem completar os recursos deles.

De modo especial, o barqueiro é o que reúne mais recursos e os oferece com amor aos demais. Segundo a necessidade interna, somos sempre atraídos para a pessoa ou circunstância que mais nos pode edificar, mesmo que sua aparência seja negativa.

Desse modo, a travessia de cada ato ou de cada dia, enriquece-se e se torna atraente, pela variedade de contribuições. Ajudamos os outros a atravessar e eles nos ajudam igualmente na transição. Queiramos ou não, a vida é uma Fraternidade, que tende a se tornar luminosa e valiosa, na medida em que tomamos consciência do servir. Cada encontro é um mistério e uma revelação quando nos dispomos a dialogar e permutar amorosamente os recursos anímicos.

Pena é que a travessia se faz inconscientemente. A maioria evolui com muita dor, envolvendo-se na correnteza do rio da vida (circunstâncias) e machucando-se nas pedras. Essa inconsciência e ilusão de separatividade ao espírito fazem com que a Personalidade se apegue ao exterior, identificando-se com tudo que o cerca, de modo negativo e egoísta. Se ajudarmos alguém na travessia, fazemos questão de que ele nos elogie, nos agradeça ou retribua de alguma forma. Só a essência serve pelo servir. Quando a pessoa é um instrumento consciente de seu Espírito, sabe que a tarefa é atravessar a si e aos demais. Sua missão termina aí.

O servir amoroso e desapegado é importante. Ele aproveita melhor os meios de evolução e faz a pessoa progredir mais depressa. É uma travessia mais rápida e mais agradável, porque não se apega aos meios evolutivos, mas os usa bem e enquanto são úteis. É como construir uma jangada, atravessar o rio e depois abandoná-la na outra margem. O apegado se sobrecarrega, retardando a jornada: leva a jangada e as tralhas nas costas.  Ora, à medida que evoluímos no caminho, os meios se tornam diferentes. Novos níveis determinam novas necessidades. Os níveis ultrapassados devem ser abandonados.

A pessoa apegada se identifica com os meios. Está sempre vivendo no passado, negligenciando as oportunidades presentes e a renovação inevitável. Ainda mais: deixa-se contaminar pelos meios, devido ao errôneo relacionamento com eles. Há uma estória referente a esse ponto, conforme segue.

Dois monges, em meio à jornada, defrontaram um rio e já se dispunham a atravessá-lo quando veio uma jovem pedir-lhes que a ajudassem na travessia. Um deles se negou e o outro, de boa vontade, tomou-a nos braços e a carregou até à outra margem. Separaram-se dela e continuaram seu caminho. Depois de meia hora de mutismo, o outro monge disse ao companheiro que ajudou a moça: “Irmão, estou muito triste com você! Jamais pude supor que você agisse de tal modo!”. O outro, admirado, perguntou: “De que você está falando?”. “Da moça – respondeu ele – da jovem que você estreitou nos braços, na travessia do rio!”. “Como? – contestou o monge – eu a deixei na outra margem e você ainda está com ela?”

A mensagem é clara: a moça representa, para um monge, uma tentação. Tentações também são todas as coisas mundanas que, encontrando um ponto fraco em nosso íntimo, possam afetar-nos. As coisas não são, em si, nem boas nem más; nem pecaminosas nem virtuosas. Quem lhes confere qualidades é o ser humano, segundo seu íntimo. Uma pessoa especializada pode e deve viver no mundo, para servir de “sal da terra”. Se o sal não se misturar à comida, de que servirá? Em si, o sal é intragável e a comida insossa. Se soubermos nos relacionar, sem identificação nem apreciação viciosa, com o mundo, ele nos ajuda a evoluir. Tal é a lição do monge que não se negou a ajudar a moça na travessia do rio. O fato de tomá-la nos braços, de estreitá-la obrigatoriamente, ao segurá-la e transportá-la, não o contaminou nem lhe despertou paixões e cobiça. Já o outro monge, progredindo por outros meios e evitando tudo o que chama “pecaminoso”, está, em verdade, recalcando desejos e pode cair facilmente através da insatisfação, um dia. Por si, julga o outro.

Outro pormenor interessante se pode sacar da estória: não há virtude em evitar os desafios da vida e recluir-se numa vida contemplativa e de exclusiva prática devocional. A virtude decorre da experiência e da superação do errôneo relacionamento com os meios evolutivos. Não há nada mal. Até no aparente mal há o bem em gestação. Deus é Onipresente e Ele é Luz e Amor. Tudo, afinal, resulta proveitoso à evolução.

Os Senhores do Destino ou Anjos do Destino utilizam os meios mundanos como incentivo para promover a evolução. A fama, o poder, o dinheiro e o amor são as grandes molas da ação humana. É fazendo que se aprende. As atividades em si não são boas nem más. Quando obrigatoriamente nos metemos nelas, vamos aprendendo a transcendê-las, no que refere ao apego, aos abusos, etc.; não que isso sirva de pretexto para chafurdarmos no que é reconhecidamente prejudicial. Referimo-nos aos inevitáveis desafios e tentações da vida.

O monge que levou a moça ensina isso: ao servir, foi servido. O estímulo do amor, da fama, do poder, da fortuna, dinamiza nossas faculdades e nos ajudam a fazer grandes travessias – as transições para melhor. Aprendemos e deixamos as falhas que a prática vai revelando.

Ao contrário, quem se omite para não ser tentado, mais facilmente poder cair nas armadilhas de sua natureza inferior. Suas críticas, sua malícia, são reflexos de seus recalques.

Realmente, a evolução não se processa apenas no que chamam de “ocultismo”, referindo-se a fenômenos, a desenvolvimento de faculdades etc. A espiritualidade é cultivo interno; é regeneração de caráter. Ela abrange toda a Personalidade viciada e condicionada, devolvendo ao intelecto, as emoções, aos sentimentos e ao Corpo Denso, condições de servirem como instrumentos eficazes do Espírito, por meio da regeneração dos hábitos.

Certa vez um discípulo, exultante, correu ao Mestre e lhe disse: “Mestre, consegui! Consegui!”. O Mestre, calmamente lhe perguntou: “Conseguiste o que, meu filho?” “Consegui cruzar o rio, andando por cima das águas. Consegui a levitação! Levei trinta anos! Mas consegui!” – exclamou o discípulo, cheio de euforia. O Mestre ficou sério alguns minutos e depois lhe observou: “Que pena! Quanta coisa melhor poderias ter feito nesses trinta anos!”.

De fato, a evolução é global. Os meios estão na própria vida de todos os dias: nas coisinhas costumeiras. A evolução está no modo como fazemos, como encaramos, como utilizamos: e tudo isso depende de nosso íntimo, de nosso conhecimento da verdade, da vivência, do amor.

Os fenômenos são decorrências inevitáveis da espiritualização do ser, mas não o fim, em si mesmo. No fundo, a busca de fenômenos esconde a pretensão da Personalidade, de distinguir-se, de parecer melhor e maior que os demais, impressionando-os com algo incomum. Não é por isso que se mede a espiritualidade. Há muito paranormal com limitação e falhas gritantes.

É importante meditarmos sobre a travessia e o modo como utilizamos os meios, para realizá-la de modo mais eficaz, rápido e agradável. Seja pelas lições do rio da vida, seja pelas constantes tarefas diárias (travessias do Cristo com os apóstolos, no Mar da Galileia), seja pelo poder da vontade persistente e da coragem (Cristóforo), seja pelos meios que nos facilitam mais, através do apego e discernimento; seja, enfim, pelos estímulos comuns da existência (ajudar a moça) – importante é que façamos a travessia para níveis mais altos; importante é que sigamos o interno impulso que nos chama para frente e para cima. Todavia, mais feliz o que tem a coragem e a paciente perseverança de se regenerar diariamente a fim de que a ascese decorra com segurança.

(por Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Rosacruz – novembro/1976 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Onde a Batalha se desenvolve mais ferozmente, as Rosas florescerão

Eu olho e vejo uma planície onde uma luta terrível está acontecendo. As nações da Terra estão reunidas para matar e destruir. As paixões mais ferozes lutam lá; os instrumentos mais diabólicos de morte e destruição que as mãos do ser humano podem criar estão ali, alinhados uns contra os outros. O ar está cheio do trovão dos canhões, dos gritos dos feridos e moribundos, e vermelho é o chão com o sangue dos mortos. Então, a fumaça sobe e bloqueia minha visão.

Eu olho novamente, e eis! Tudo está quieto. É noite e o país desolado está coberto por uma capa de neve. A Terra está em paz. Além das colinas cobertas de neve, a Lua nascente lança seu brilho prateado sobre a planície.

Mais uma vez eu olho e eis! É primavera. O Sol nasce em toda a sua beleza e esplendor, e derrama seu brilho sobre a Terra. O ar está cheio do canto dos pássaros e do zumbido das abelhas. Lá, onde tão recentemente as paixões ferozes se enfureceram e o clamor da batalha aconteceu, as flores da primavera agora crescem e sorriem ao Sol; as rosas e as madressilvas florescem nas sebes; a cotovia voa alto cantando e pulando de alegria enquanto canta.

O mesmo Espírito de Cura trabalha na Natureza e no coração do ser humano. Não há mal que não possa corrigir, nem ferida que não possa curar. É a eterna juventude dentro de nós, é a beleza que nunca desaparece nem perece, é o amor que nunca cansa nem envelhece. Fora do naufrágio e ruína de um mundo desgastado pela guerra Ele ainda sussurra: “Eis que faço novas todas as coisas”.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro de 1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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