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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Tenho dificuldade em compreender as palavras de Max Heindel sobre a entrada periódica de Cristo na Terra em cada Natal, para lá sofrer até a Páscoa. Um Espírito pode sofrer? Também não o compreendo quando diz que Cristo está no centro da Terra e que, quando um número suficiente de discípulos estiver preparado, Cristo será libertado e os discípulos se encarregarão de sustentar a Terra. Essa teoria parece exigir a necessidade de Hierarquias diferentes para controlar os vários Planetas.

Resposta: Resumimos consideravelmente a pergunta, mas os pontos essenciais ali estão. A primeira pergunta é: “Um espírito pode sofrer?” Sabemos que quando uma pessoa sofre um acidente e perde uma perna, essa perna não sofrerá mais. Ela foi removida do Corpo Vital e a sensação desaparece. Por outro lado, o ser humano que perdeu a perna, com toda certeza, sofrerá intensamente, e se ele for de temperamento excessivamente nervoso, terá menos possibilidade de recuperar a saúde que outro de pouca sensibilidade que talvez só conheça nervos pelo nome. Mas o sofrimento físico não é nada comparado à angústia mental. Quem não preferiria sofrer a mais atroz dor de cabeça a sentir remorso decorrente de uma ação má, feita impulsivamente? Esta é, pois a “dor” que o Espírito pode sofrer, em virtude tanto de causas físicas quanto espirituais.

Pode agora o consulente compreender o que significa ser um Espírito livre e restringir-se, conscientemente, dentro de um veículo limitado? Talvez isso seja impossível para alguém que nunca experimentou essa sensação.

Quando os Auxiliares Invisíveis, que retém sua consciência quando estão fora e longe do Corpo Denso, voltam de manhã para reentrar neste Corpo Denso que tanto prezamos, que velamos como sendo tão precioso (afinal ele é o mais desenvolvido que todos os outros nossos veículos e, portanto, o mais próximo de alcançar a perfeição), isso lhes causa (a eles que o viram de fora) o mais intenso desgosto. Ele sente repugnância ao ter que entrar nessa coisa morta, fria e pegajosa, que jaz sobre o leito. Somente o mais elevado senso do dever pode obrigá-lo a entrar. Esse sentimento o abandona tão logo entre, pois, então, muda o ponto de vista. Não obstante, permanece como uma lembrança durante todo a dia. De maneira semelhante, o Cristo Cósmico chega no centro do Planeta Terra anualmente, no Solstício de Dezembro, embora num sentido diferente do que acontece conosco. É antes pela projeção de uma parte de Sua consciência, que é, então, aprisionada na Terra e trabalha pela eterização do nosso Planeta (ou seja: torna-lo predominantemente formado de Éteres, da Região Etérica do Mundo Físico, já que estamos nos esforçando, consciente ou inconsciente para viver em um Corpo formado só do dois Éteres superiores do Corpo Vital, conhecido como Corpo-Alma). Sofre e sente tudo o que uma consciência pode sentir no Corpo Denso. Ele sente tanto a falta de moralidade quanto o meio físico que o circunda e, portanto, a porção que cabe a Cristo é muito mais acentuada. Portanto, também é nossa responsabilidade moral esforçarmo-nos por encurtar, e não prolongar, o tempo que Ele deve suportar nosso fardo e sofrer por nossas más ações.

O consulente certamente leu na Bíblia a passagem referente aos Sete Espíritos diante do Trono (Ap 8). Eles são os Sete Espíritos Planetários, facilmente identificáveis no simbolismo. Necessitaríamos de mais espaço do que dispomos aqui para elucidar esse assunto. Tal assunto é, contudo, explicado no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Todos conhecem as palavras de São Paulo a respeito do nascimento de Cristo dentro de cada um de nós (o Cristo interno). Também, Angelus Silesius nos ensina:

“Embora Cristo nasça mil vezes em Belém,

Se não nasce dentro de ti, tua alma seguirá extraviada.

Olharás em vão a cruz do Gólgota,

Enquanto ela não se erguer em teu coração também”.

Esse Princípio de Cristo todos nós devemos desenvolver interiormente; ele é, também, o Dourado Manto Nupcial com o qual aqueles que são “o noivo encontrarão seu Senhor”, quando da Sua vinda. O nome desse manto é soma psuchicon na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, 15:44, que foi traduzido como corpo “natural”, palavras que deviam ser eliminadas e substituídas por Corpo-Alma. A Bíblia nos ensina que devemos encontrar o (nosso) Senhor no ar (Terra eterizada). Verdadeiramente, “a carne e o sangue” não podem herdar o Reino de Deus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz novembro/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Futura Educação da Criança: foco dos 0 as 7 anos

Segundo a Filosofia Rosacruz, aquilo a que vulgarmente chamamos nascimento é tão só o nascimento do Corpo Denso, visto que, por ter já atrás de si uma longa evolução, chega mais depressa ao termo do seu desenvolvimento, e a um elevado grau de eficiência, que os restantes veículos. Sendo esses de formação mais recente, tardam em atingir o seu estágio de maturidade. Em cada período setenário de vida pós-natal, nasce um dos corpos sutis, começando pelo Corpo Vital, cuja organização se completa por volta dos 7 anos de idade. Seguem-se, depois, o Corpo de Desejos – por volta dos 14 anos – e o veículo Mente que só completam em torno dos 21 anos, quando entramos na nossa fase adulta. Do conhecimento desta maravilhosa Filosofia Rosacruz podemos extrair importantes ensinamentos para a formação de um Corpo são e harmonioso e de uma equilibrada Personalidade (que se compõe do Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos).

O Corpo Denso apresenta-se, na infância, bastante plástico e moldável, em razão dos materiais ainda serem novos e de os Corpos Vital e de Desejos se encontrarem em formação, de cuja luta resultará, mais tarde, como consequência, o endurecimento dos tecidos. Certamente, esta luta (em que a Mente e o Corpo de Desejos nos obrigam a um desgaste permanente de energias e vitalidade, enquanto a função do Corpo Vital é a reconstrução dos tecidos e restauração das forças mantenedoras da vida) não é a única causa de envelhecimento e depauperação do Corpo Denso, mas não duvidamos que seja a mais importante. Ao conseguirmos o domínio dos nossos veículos sutis conservaremos até muito tarde a nossa juventude, porque nos traz, necessariamente, grande economia de vitalidade. Esse é um problema do conhecimento comum.

Sendo, pois, o Corpo Denso bastante flexível, por não estar ainda concluído o processo da ossificação, e as cartilagens e articulações se apresentarem ainda muito brandas, permite-nos em larga medida corrigir ou atenuar certas deformações inatas ou adquiridas na primeira infância (até aos 3 anos), dependendo o grau de correção do defeito e dos métodos ortopédicos ou cirúrgicos empregados. A ginástica desempenha aqui um papel a não ser desprezado.

De igual modo podemos operar sobre os Corpos invisíveis aos olhos físicos (aqui nomeados Corpo Vital, Corpo de Desejos e o veículo Mente) se bem que menos facilmente, porquanto a matéria de que são construídos é mais evanescente, menos estável. Se for certo que a constituição física e o caráter que trazemos ao nascer são pouco suscetíveis de profundas alterações, por serem o resultado, a primeira muito (mas não tudo) da hereditariedade, e a segunda da quintessência das nossas vidas passadas, no entanto, muito se pode fazer no sentido do delineamento das fundações que hão de formar as bases vivenciais da nossa nova existência humana aqui renascida.

Na infância todas as forças que agem pelo polo positivo dos Éteres do Corpo Vital estão latentes e inativas; as suas funções realizam-se pelo Corpo Vital “macrocósmico”, que pelos seus Éteres atua durante esse tempo como matriz no amadurecimento do Corpo Vital da criança.

Esse Corpo Vital macrocósmico, de grande sabedoria, orienta a criança no crescimento do seu Corpo e a protege dos perigos a que mais tarde será exposta, quando o seu incipiente veículo for capaz de realizar, sozinho, sua obra.

Contrariamente, as forças que agem pelo polo negativo dos Éteres do Corpo Vital estão extraordinariamente ativas nos primeiros anos. Entre essas funções, mencionaremos especialmente a percepção sensorial, muito aguda, devido às forças que operam pelo polo negativo do Éter Luminoso. Daí que a criança se manifeste muito impressionável: “é toda olhos e ouvidos”. Desta característica resulta a sua notável capacidade de imitação, única via utilizada na aprendizagem, porquanto a Mente se encontra ainda impossibilitada de elaborar pensamentos originais. Mostra viva emoção a mais ligeira contrariedade ou incitamento, mas de duração momentânea. Os seus Corpos sutis acham-se em intenso labor e, por isso, tudo é célere e superficial. Passa repentinamente do choro ao riso, do amuo ao contentamento, “esquecendo” no minuto seguinte tudo quanta sofrera ou gozara antes. Dizemos: “esquecera”, mas não é rigorosamente verdade. Todas as suas experiências boas ou más, agradáveis ou dolorosas, não só deixam impressas no Átomo-semente do Corpo Denso, localizado junto ao ápice do ventrículo esquerdo do coração, as “marcas” que mais tarde formarão parte do panorama da sua vida post-mortem, como ainda se imprimem nos átomos do polo negativo do Éter Refletor, constituindo aquilo a que chamamos “Mente ou memória subconsciente”.

Essas mudanças repentinas são próprias da criança, e constituem uma excelente defesa do Ego e da sua Personalidade em formação, pois os seus estados psíquicos, não sendo duradouros, roçam apenas a superfície do ser, deixando geralmente impressões pouco nítidas e profundas. É sempre motivo de cuidados quando se verifica certa permanência de estados nesta idade (Essas mudanças repentinas são próprias da criança, mas os pais ou responsáveis devem estar atentos tanto para casos de permanência (não oscilação) como excesso e intensidade das oscilações). Denota uma precoce cristalização de movimentos anímicos, que ocasionará seguramente desequilíbrios do caráter pela formação de nódulos e, que, em consequência disso, parecem ser causas ou gênese de muitas neuroses.

Sempre que uma criança não seja toda expansão, vivacidade, plena de movimentos físicos e anímicos, apresentando sintomas de indolência, é uma criança doente. Há que tratá-la com todo o zelo, procurando o mal que a estiola a qual, geralmente, se encontra nos defeituosos métodos educativos. Devemos observar-lhe o funcionamento das Glândulas Endócrinas, da alimentação, do metabolismo basal, das funções de excreção, integrá-las em uma vida ao ar livre para se retemperar, e, sobretudo, consultar um profissional da saúde competente e que uma parte espiritual Cristã cultivada, porque a desarmonia funcional pode não residir no Corpo Denso, mas nos veículos sutis.

Os pais ou responsáveis não devem, nunca, esquecer-se de que a sua função primordial é imprimir a vivência da criança a mais conveniente orientação, de harmonia com as suas melhores tendências e características genotípicas, e segundo adequados métodos da moderna psicopedagogia. Toda a limitação ou restrição da atividade infantil é perniciosa: o que importa não é contrariar a natureza, mas favorecer o que nela há de bom e de belo.

Ouvimos frequentemente perguntar por que é que os chamados meninos ou meninas “prodígios”, ou precoces, quando adultos manifestam, em geral, uma mentalidade abaixo da normal. Quase sempre o fato provém de uma educação errada. Os pais ou responsáveis, no desejo egoísta de ver os seus filhos “brilharem” e sobreporem-se as outras crianças da sua idade, forçam-nos a seguir cursos ou estudos próprios para adultos. Daí o enorme desgaste nervoso e mental de um corpo que não possui reservas suficientes, e de cujo esforço se ressentirá para vida afora. Há como que um “ingurgitamento” mental, uma indigestão ou embotamento intelectual, causado pela saturação. Estas crianças devem ser entregues ao seu natural pendor, no que se refere à aprendizagem, sem apressar a aquisição do conhecimento. Forçar o desenvolvimento mental é fazer-lhes perder o equilíbrio, ainda pouco estável.

Todavia, há um fato contra o qual os pais ou responsáveis devem estar prevenidos: à medida que avançamos na evolução e nos aproximamos de uma nova Era, a Era de Aquário, a precocidade e a perfeição, tanto no aspecto físico como no intelectual, vão-se tornando mais frequentes. Aqueles dos nossos leitores que estão familiarizados com a Filosofia Rosacruz compreenderão facilmente a razão disto. A Era de Aquário, em cuja Órbita de Influência já entramos, será caracterizada pelo desabrochar de faculdades extraordinárias, psíquicas e mentais, predominando a intuição, a fraternidade, a compaixão, o amor altruísta. A Clarividência se tornará um estado de visão normal, cujas consequências para a medicina e cirurgia, e para a investigação científica, em geral, será o de uma repercussão incalculável.

Relativamente à Clarividência, e dentro do tema que nos ocupa, desejamos fazer uma ligeira referência. O assunto foi, não obstante, mais de uma vez versado pelo excelso fundador da Fraternidade Rosacruz, Max Heindel, em alguns dos seus trabalhos.

A embriologia e a psicologia genética afirmam que o ser humano, desde a sua concepção até o estado adulto, reproduz sumariamente, em linhas gerais, todas as grandes fases evolutivas por que passou a humanidade desde os tempos mais recuados até ao ser humano atual. Neste ponto, a ciência concorda com a nossa Filosofia Rosacruz.

Na Época Lemúrica, o ser humano era altamente espiritual, um mago, e reconhecia-se com o um descendente dos deuses. Dotado de inocência imaculada, pura de intenção, possuía uma percepção interna que lhe proporcionava uma visão dos Mundos suprafísicos. Analogamente, a criança, nos primeiros anos, recapitula uma fase correspondente a essa Época: dotada de pura inocência, e em virtude de serem muito ativas, as forças que atuam pelo polo negativo do Éter Refletor, pode “ver” os habitantes do Mundo do Desejo ou mesmo da Região Etérica do Mundo Físico, com as quais mantem frequentes conversações, chegando até a elegê-los para companheiros de brincadeiras. Na sua simplicidade, a criança, não raro, fala “dessas coisas”, mas os adultos, na sua ignorância, castigam-na ou proíbem-na de dizer “tolices”. Ela, vendo-se ridicularizada ou ofendida, retrai-se, guarda silêncio e cala-se. É verdadeiramente deplorável a atitude a primeira causa da introversão em muitas crianças, e da sua perda de confiança nos genitores.

A educação científica – e hoje não se pode educar conscientemente uma criança de outra forma – exige dos pais, responsáveis e educadores um conhecimento suficiente da psicologia genética e evolutiva e da pedagogia, a fim de estimular a floração de uma Personalidade integral. E seria ideal se possuíssem o discernimento necessário para visualizar a sua progressiva estruturação à luz de um espírito clarividente, pois que a educação da nova Era, a Era de Aquário, cuidará mais dos Corpos sutis (principalmente do Corpo Vital) que do Corpo Denso.

Quando a criança nasce, os órgãos físicos estão já formados, mas durante os primeiros sete anos determinam-se as linhas de crescimento. Se elas não se definem bem durante esse período, a criança que nasceu robusta pode converter-se em um ser débil e enfermiço. Na determinação dessas linhas de força, seremos muito ajudados pela Astrologia Rosacruz. Se se levantar o horóscopo do bebê logo após o nascimento, se possuirá um útil instrumento de informação. Mas, pelo seu caráter reservado, este trabalho deve ser executado pelos pais ou responsáveis. Lembremos aqui que a Fraternidade Rosacruz fornece, de graça, Cursos de Astrologia Rosacruz para o Estudante Regular Rosacruz.

Segundo Max Heindel, o pai, a mãe ou o responsável ideal deve ser, também, um Astrólogo Rosacruz. Se, todavia, os pais ou responsáveis desconhecem a Astrologia Rosacruz – e é este o caso – em circunstância alguma devem consultar um astrólogo profissional, daqueles que prostituem, por dinheiro, essa divina ciência. O tema natal astrológico permite diagnosticar, com bastante exatidão, os pontos fortes e as debilidades de caráter e temperamento, e prognosticar o futuro da criança, ainda que conjenturalmente, pois os Astros (Signos, Sol, Lua e Planetas) apenas assinalam as tendências, às vezes bastante poderosas, e não um destino inexorável, porquanto acima de todas as tendências, instintos e hábitos paira a força de vontade e o livre arbítrio, que deverão ser sempre cultivadas. Com esse conhecimento, os pais ou responsáveis se encontram em melhores condições de escolher os métodos educativos mais apropriados ao fortalecimento e desenvolvimento das boas qualidades, que deverão opor-se ou neutralizar as tendências adversas reveladas no tema natal, antes destas se transformarem em realidades. Só assim podem, efetiva e conscientemente, ajudar seus filhos a vencer, em certa medida, os seus defeitos congênitos e construir um bom destino, corrigindo-o se for necessário.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Qualidade Importante: saibamos usá-la aqui

O valor é uma das nossas emoções ou qualidades mais construtivas; ele engendra a esperança e a fortaleza interna.

Qual é o valor? Sendo uma qualidade do Coração e da Mente, ele nos permite arrostar com firmeza as mais ásperas dificuldades. Permite manejar situações ou condições que exigem dos nossos recursos internos em menor ou maior grau de intensidade.

Essa característica positiva forma uma aura brilhante, capaz de repelir pequenas moléstias de tal maneira que não afeta profundamente as emoções, enquanto as experiências mais significativas são enfrentadas inteligentemente, após examinadas todas as facetas da questão. Tal atitude atrai pessoas não dotadas dessa mesma disposição, cujos temores conduzem-nas a situações desagradáveis. Os fortes são como magnetos: atraem os mais débeis (os temerosos).

Aos Estudantes Rosacruzes convém envidar esforços no sentido de compreender essa característica que repele o medo.

O Senhor é minha luz e salvação: de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza de minha vida: quem me atemorizará?” (Sl 27:1). Iahweh (Jeová, Javé, o Senhor) usou o temor para ensinar a existência de Deus a certa parte de nós, quando renascimentos naqueles tempos. Até então nós orávamos a vários deuses, temendo ofender a qualquer um deles. Mas, como haviam chegado a uma determinada etapa do nosso desenvolvimento, outro passo adiante foi planejado pelas Hierarquias Criadoras. Se nós, enquanto renascidos naquele tempo, obedecêssemos a essa nova Lei seríamos recompensados com riquezas, prole numerosa, terras ou gado. Nós obedecíamos para evitar a punição de um Deus vingativo.

Há mais de dois mil anos surgiu uma Lei superior prescrevendo a que “nos amássemos uns aos outros”. A Lei Jeovística nos condicionou a depender de um poder externo para preservar nossos costumes e nosso bem-estar. O ideal do Cristo, porém, prevê o desenvolvimento de uma qualidade interna, até agora raramente empregada pela grande maioria de nós.

Somos partes de Deus. Assim, temos potencialmente todos os poderes do nosso Criador, Deus. Cada passo em nossas experiências nos ensina um novo ideal e nos faz florescer certas qualidades já inerentes a Ele.

São Paulo nos ensinou: “porque Deus não nos deu o espírito do temor, mas o de fortaleza, de amor e equilíbrio.” (IITm 1:1). E São João evangelista, na sua Primeira Epístola nos ensinou: “E no amor não há temor; mas o perfeito amor elimina o temor: porque o temor tem pena. Por isso, o que teme não está perfeito no amor.” (IJo 4:18).

A vida sem problemas é uma impossibilidade, pelo menos agora, porque como seres espirituais criadores não somos perfeitos. Consequentemente, temos que aceitar experiências e aprender a viver com valor. Essas experiências constituem oportunidades de aprender e adquirir sabedoria. É esse o valor da nossa vida após vida aqui, até aprendermos tudo e não precisarmos ficar preso a essa “roda de nascimentos e mortes”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)

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Apreciações sobre o Natal

O nascimento de Jesus, filho de José e Maria, Iniciados da Ordem dos Essênios, foi um evento constante de um plano das Divinas Hierarquias, para que se pudesse realizar a salvação da humanidade. Havia chegado a hora de renovar a alma dos seres humanos e a vibração da Terra. A evolução da humanidade, dentro das atuais linhas de desenvolvimento, ter-se-ia frustrado sem essa providência superior. Resultou, desse acontecimento, a dramática crucificação de um Deus no Corpo de Jesus. Iniciava-se a iluminação da Terra em conjunto com seus habitantes. Assegurava-se, então, o impulso espiritual e vital aos seres humanos e a todos os seres que vivem neste Planeta.

Em Maria e José encontramos manifesto o amor procedente do Espírito Universal, raiz de quem deveria surgir o novo aspecto humano, uma nova identidade divina no ser humano que possa transcender os limites puramente materiais. Surgiu, para aqueles que compreenderam o significado espiritual da Era Crística, a autodisciplina espiritual (a necessidade do sacrifício de si mesmo), como meio de crescimento anímico. Para eles, o Natal é um acontecimento interno, e sentindo a repetição da Divina Presença todos os anos, tornam-se como que Magos, guiados pela Estrela. Seis dias antes e até seis dias após a culminação do Sol em Capricórnio, “nascem” aqueles que se santificaram e se prepararam para a viagem transcendental aos planos internos. O “homem natural”, como disse o evangelista, transforma-se em “homem espiritual”. Nasce nele o Espírito de Cristo

Pelo Natal, os “homens de boa vontade” percebem o influxo irresistível dos planos superiores. Os Rituais, os cânticos, as celebrações, condizem com a solenidade do momento e os mais harmonizados sentem a presença de Seres Superiores. Quem sabe abrir o Sésamo, verá Deus presente.

Finalizamos com um trecho de uma mensagem de Max Heindel:

“Podemos progredir gradualmente a cada dia, podemos sempre fazer algo, podemos de alguma forma fazer brilhar nossa luz. Que Deus nos ajude a obter no ano novo uma maior imitação de Cristo, como antes jamais havíamos alcançado. Cada vez que nos damos em serviço aos demais, aumentamos o brilho do nosso Corpo-Alma. Nossa Terra recebe atualmente a influência do Cristo, e se queremos trabalhar para a Sua libertação, devemos nos desenvolver, até ao ponto de levitá-la (a Terra), no espaço. Assim poderemos tomar a Sua carga e suplantar a dor da existência física” 

(de F. Ph. Preuss, publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lição do Natal que devemos Relembrar todos os Anos

Novamente nos encontramos na Estação do Natal, o período mais santo do ano. Retrocedamos mais de vinte séculos, e entremos numa singela casinha da cidade de Nazaré, na Galileia, para contemplarmos, deslumbrados, uma tocante cena. O Anjo Gabriel, enviado por Deus a Maria, esposa do varão José, exclamou-lhe: “Salve mui favorecida; o Senhor é convosco, Bendita sois entre as mulheres”. Maria está perturbada e o Anjo a tranquiliza, dizendo: “Não temas, porque achaste Graça junto de Deus; conceberás e parirás um filho, e o chamarás Jesus, Este será grande e chamado Filho do Altíssimo, e Lhe dará o Senhor Deus o trono de Davi, seu pai”.

São passados nove meses. Voltemos novamente o nosso olhar para uma estrada que vai de Nazaré a Belém, na Judeia. Acompanhemos José e Maria (prestes a ser mãe), caminhando com a finalidade de dar cumprimento à ordem de César Augusto, de que todos fossem recenseados. O casal chega a uma hospedaria, porém não encontra lugar. Pacientemente, Maria e José encaminham-se para outro local. É noite. Estamos em uma colina. Sob frondosa árvore, pastores com seus rebanhos repousam. Uma estranha magia e deslumbrante luz envolvem a paisagem. Ouve-se um cântico de glória despertando os pastores. Um formoso Anjo, acompanhado da Milícia Celestial, surge entoando a “Glória a Deus nas maiores alturas e Paz aos homens de boa vontade a quem Ele quer bem”. Os pastores estão temerosos, mas são tranquilizados pelas palavras do Anjo: “Não temais, pois eu vos trago uma boa nova de grande gozo e que o será para todo o povo, é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, um Salvador. Eis para vós um sinal: Encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada numa manjedoura”.

Os Anjos retornam para os céus. Acompanhemos os pastores dirigindo-se a Belém, e vejamos o santo acontecimento. Uma estrela de incomparável fulgor está próxima à estrebaria. Dentro estão Maria e José reclinados sobre uma manjedoura, contemplam uma adorável criança. Eis Jesus, nosso amado Irmão Maior! Despojado de todo conforto material, mas envolto pela Glória do Senhor, presenteado com Ouro, Incenso e Mirra por três reis vindos de longe, guiados pela fulgurante estrela, eis a Santa Criança! Que maravilhoso exemplo de amor, desprendimento e humildade. Que sublime lição nos dá Jesus, ao nascer em uma estrebaria! Ele, um iniciado e filho de iniciados, havia percorrido o caminho da santidade através de muitas vidas. Recebeu a maior honra concedida a um ser humano, ceder Seus Corpos Denso e Vital para Cristo, um Raio do Cristo Cósmico, auxiliar a humanidade em sua jornada evolutiva.

Nos países frios, a comemoração em 25 de dezembro foi adotada pela Igreja com a finalidade de cristianizar a festa de Deus Sol, até então considerada uma festa pagã, uma adoração ao Sol físico. Tal data foi observada mais tarde pelas demais nações cristãs. De acordo com os ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, os Solstícios de Junho e de Dezembro e os Equinócios de Março e Setembro são pontos de alternância, de mudança na vida do Grande Espírito da Terra, um Raio do Cristo Cósmico, que veio substituir a Lei pelo Amor, aparecendo como “um homem entre os homens”, demonstrando que somente de dentro é possível conquistar a separatista Religião de Raça – que age de fora – e estabelecer a Fraternidade Universal.

O sacrifício de Cristo encerra a comprovação que se processa com o advento do Equinócio de Setembro e o lançamento da semente anímica da época do Natal. Portanto, não se comemora meramente o nascimento do nosso amado Irmão Maior Jesus de Nazaré, senão o influxo rejuvenescente de amor e vida.

Como poderemos considerar esse processo de manifestação da Onda Crística em nosso hemisfério (Sul), sabendo-se que as Estações são opostas? Note aqui que uma coisa – que é a mais importante de tudo, pois garante o trabalho do Cristo por todo o Planeta Terra – que se mantém idêntica tanto para o hemisfério norte como para o hemisfério sul, independentemente da inversão das estações: é a distância, maior ou menor, entre o Sol e o Planeta Terra. Sabemos que a Terra translada em torno do Sol por meio de uma órbita elíptica (não circular), ao longo do ano, e que o Sol ocupa um dos focos dessa elipse (lembrando que a elipse tem dois focos). Próxima a data que temos o Solstício de Dezembro (o ponto conhecido como periélio da Terra ocorre entre 2 e 6 de janeiro de cada ano), o foco em que o Sol se encontra está mais próximo da Terra, o que resulta a Terra estar permeada mais fortemente pela aura do Sol espiritual, com o correlativo aumento do Fogo Sagrado inspirador de crescimento anímico em nós. Inversamente, no Solstício de Junho (o ponto conhecido como afélio da Terra ocorre entre 2 e 6 de julho de cada ano) o foco em que o Sol se encontra está mais longe da Terra, o que provoca uma diminuição de espiritualidade, portanto, uma intensificação e pujança da vitalidade física. Assim, é natural que a partir do Equinócio de Setembro – período em que a espiritualidade do Sol começa a se intensificar aqui na Terra e, inversamente, a vitalidade física começa a se enfraquecer, todos sintam, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, uma certa atenuação para se tratar dos assuntos materiais e, em contrapartida, uma maior propensão para o recolhimento interno onde se predomina o tratamento a assuntos espirituais.

(publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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O Sacrifício e o Serviço

Já se escreveu e falou sobre a natureza autossacrificadora do ser­viço amoroso à humanidade que os Ensinamentos da Sabedoria Oci­dental expõem. Sacrifício de inte­resses, desejos, objetivos, tempo e, às vezes, até da saúde pessoal são requisitos para o desempenho de tal serviço.

Entretanto, quem de nós considerou alguma vez o sacrifício do medo a esse respeito? Na verdade, percebemos que devemos apren­der a superar o medo físico — me­do do fogo, das alturas, de doen­ças e outros desse tipo. Isso é bastante simples de se com­preender e certamente necessário, se o nosso serviço a outra pessoa tiver que ser aperfeiçoado.

De fato, o medo é o maior obstáculo que o Auxiliar Invisível cons­ciente (aquele ser humano que já possui um Corpo-Alma suficientemente desenvolvido que lhe fornece a capacidade de trabalhar, fora do seu Corpo Denso e normalmente à noite, conscientemente nos Mundos suprafísicos) deve aprender a suplantar. Antes que ele possa trabalhar e ser bem-sucedido no Mundo do Desejo, deve estar plenamente convencido de que nem o fogo, nem a água, nem quaisquer outros objetos ou en­tidades têm força para molestá-lo. Destarte, a vitória sobre esse tipo de medo, no plano físico, é um pre­lúdio importante para que consigamos nos tornar um Auxiliar Invisível consciente.

Existe outra espécie de medo, contudo, muitas vezes não reconhecido como tal. Trata-se do me­do de nos projetar diante dos outros ou nos expormos às suas apreciações críticas, medo esse talvez mais conhecido como acanhamento ou timidez. Existem, certamente, graus de timidez, e a maior parte das pessoas tem momentos nos quais preferiria que ninguém se apercebesse delas ou que pudessem evi­tá-las, desempenhando uma tarefa que não as expusesse diante dos olhos do público.

Existem algumas pessoas, toda­via — e talvez em maior número do que geralmente se crê —, as quais o exame por parte do públi­co, seja ele em relação ao que for, tanto por parte de três pessoas sentadas em uma sala quando nela se adentra ou da parte de um audi­tório completamente tomado por espectadores ansiosos, consiste em uma agonia completa. Essas pessoas, muitas das quais talento­sas e que poderiam trazer contri­buições construtivas à melhoria do gênero humano, fogem das oportunidades de “deixar as suas luzes brilharem”, simplesmente porque são muito temerosas de se ergue­rem diante de outras e tornar co­nhecidos os seus pontos de vista ou, por seus próprios meios, tor­nar os seus talentos conhecidos.

A timidez nada mais é do que a falta de autoconfiança. “O que eles estão pensando a meu respei­to?” ou “O que eles irão dizer?” é o tipo de pensamento que, consci­ente ou inconscientemente, predo­mina na Mente de uma pessoa tími­da. Todo ato público seu é cerca­do por uma muralha de autodúvi­da, hesitação e desejo de terminar o quanto antes o serviço e desapa­recer. Como resultado, muitas vezes o trabalho é mal executado e os circunstantes de fato pensam coisas negativas sobre o seu realizador. Caso ele estives­se à vontade e trabalhasse bem, aconteceria justamente o oposto. E todo o episódio consiste em uma perda de tempo e de energia e serve apenas para criar vibrações desagradáveis que perpetuarão aquilo que teria sido melhor não fazer.

Por quê? Tudo porque a essa pessoa faltou confiança em si mesma.

Como sabemos muito bem, cada um de nós tem a centelha do Di­vino dentro de si. Quanto mais permitirmos que essa centelha nos penetre e governe as nossas ações, tanto mais razão teremos para ter­mos autoconfiança. De certa for­ma, pode-se até mesmo dizer que a timidez consiste em uma blasfêmia porque nega essa centelha Divina, a qual, se lhe fosse dada uma oportunidade, melhoraria nossas ações e nossas imagens.

Vista de outro ângulo, a timidez consiste em uma forma pervertida de autoindulgência e presunção. A maior parte de nós concordaria que os que não tenham paciência com os pontos de vista ou paixões de outras pessoas são egocêntricos. O extremo oposto, a timidez, é outra forma desse mes­mo egocentrismo. Ao invés de se concentrar no que poderia fazer em proveito de outrem, de quem tanto receia, a pessoa tímida con­centra-se muitas vezes no que po­deria fazer para evitar a execução de algo, escapando assim de ser notada. Pensa totalmente em si pró­pria da mesma maneira com que um presunçoso faz.

A pessoa tímida, portanto, de­plora o dedicar-se ao serviço amo­roso não menos do que a egocên­trica e egoísta o faz, embora possa não perceber isso e mais do que provavelmente não tencione isso. Frequentemente, uma pessoa tími­da tem um desejo ardente de se mostrar prestativa, mas é muito receosa das opini­ões de outras pessoas, do mesmo modo que muitas que experimen­tam um medo físico se ofereceriam em momentos de peri­go, caso não fossem tão medrosas em relação ao próprio perigo.

Conta-se que Max Heindel estava caminhando pela área de Mount Ecclesia, a alguns passos de uma jovem que fora destacada para fa­zer uma apresentação em um servi­ço da Pro-Ecclesia. Ela se queixava a seu amigo de que não desejasse apresentar — porque se sentia tí­mida para isso. Max Heindel, tendo ouvido isso casualmente, disse-lhe: “Minha cara, caso você não deseje apresentar na Pro-Ecclesia, não o faça. Esse tipo de serviço você não faria bem com seme­lhante estado de ânimo”.

Isso ilustra o ponto verdadeiramente importante de que o “servi­ço” que for relutado de um modo ou outro, até mesmo em virtude de timidez, não será um serviço na acepção dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Seria, entretanto, um exercício fútil, em maior ou menor grau que, na me­lhor das hipóteses, permitiria obter uma fração do que poderia ser ob­tido e, no pior dos casos, criaria uma condição completamente oposta àquela visada de início.

Realmente, é muito fácil dizer que a pessoa tímida necessita unicamente esquecer o seu medo de outras, concentrar-se na centelha Divina dentro de si e usá-la da maneira me­lhor em aplicações de benemerên­cia; a timidez, então, se desvaneceria na alegria do serviço “auto-esquecedor”.

É o que realmente acontece. Mas, não é coisa fácil de se realizar. Não é mais fácil conquistar a timi­dez do que conquistar o medo do fogo, a claustrofobia ou quais­quer medos físicos que dominam nas vidas de qualquer um de nós.

Todavia, aqueles que forem tímidos devem vencer esse temor e, do mesmo modo que muitos outros anteriormente, poderão juntar-se às fileiras dos serviçais altruístas, os trabalhadores do Reino de Cristo. A conquista da autoconfiança demanda tempo e é feita em pequenas etapas; para isso, ha­verá muitos momentos de “exposi­ção pública” tão amedrontadoras à pessoa tímida como uma exposi­ção a um perigo físico. Ela muitas vezes cometerá erros — e quem não os comete? — e poderá, sem dúvida, passar por momentos nos quais todos os seus temores de ser ridicularizada ou escarnecida se­rão justificados. Mas, conhecerá também momentos de extrema sa­tisfação, quando descobrir que po­derá atuar diante da apreciação do público de modo tão satisfatório quanto outra pessoa qualquer e terá tanta possibilidade de ser ou­vida e respeitada quanto aqueles indivíduos salientes os quais vinha até então invejando.

Em tempo e com persistência, perceberá com alegria que supe­rou — sacrificou — o seu medo e pode, a partir daí, utilizar inteira­mente as suas capacidades de servir.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1974-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Um vampiro é o mesmo que um lobisomem?

Resposta: Não, um vampiro é uma pessoa que absorve a vitalidade de outra pessoa, ao passo que aquele que era chamado de lobisomem, na época medieval, era o Corpo Vital de uma ordem inferior de magos negros. Ele dava uma forma ao Corpo Vital dele que inspirava horror e repulsão e, parcialmente o enchia com matéria densa para prejudicar a outras pessoas. As antigas histórias folclóricas diziam ser inútil golpeá-lo, pois os golpes não o feririam. Mas, se fosse ferido com uma faca ou outro instrumento pontiagudo, começaria a vomitar o sangue de suas vítimas, fugindo uivando para a casa dele, onde o mago negro, que se manifestara como um lobo, poderia ser encontrado com um ferimento no local exato em que havia sido ferido. Isso se deve a uma curiosa circunstância conhecida pelos ocultistas como repercussão, e os mesmos fenômenos podem ser observados quando os espíritos se materializam numa sessão dedicada a esse propósito. O Éter, no qual esses espíritos se materializam, foi retirado do Corpo Vital do médium, e se um pedaço for cortado da veste etérica de tal espírito, esse pedaço  estará faltando nas vestimentas do médium no final da sessão. Esse fato foi utilizado por investigadores céticos, ignorantes da lei de repercussão, para qualificar os médiuns como impostores quando, na verdade, eles eram perfeitamente honestos, embora incapazes de explicar as evidências aparentemente condenatórias.

(Pergunta nº 128 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Progredindo para entrarmos, de fato, na Era de Aquário

A Fraternidade Rosacruz foi encarregada pelos Irmãos Maiores para promulgar o Evangelho da Era de Aquário.

Muitos de nossos hábitos e costumes ainda estão sob a influência da Era de Peixes, a Era em que atualmente estamos. No entanto, já estamos na órbita de influência da Era de Aquário!

Devemos concentrar nossos esforços a fim de conquistar certas metas para a Era de Aquário. As principais são:

  1. Ser um Cristão ativo, definitivo e sem dúvidas;
  2. Focar na construção do Corpo-Alma;
  3. Desenvolver nossas capacidades de encontrarmos a Verdade por nós mesmos, tornando-nos confiantes e responsáveis;
  4. Aprender e se dedicar a ensinar aos demais por meio do raciocínio lógico, estimulando o pensamento por meio do método socrático;
  5. Respeitar e defender o direito e a liberdade dos demais;
  6. Manter, onde estiver, um sistema democrático de organização, informando a todos sobre todas as decisões;
  7. Manter discussões livres e abertas com enfoques nas ideias, e, não permitir que as argumentações se degenerem em ataques emocionais e pessoais;
  8. Compreender que a Verdade possui muitas facetas e cada um de nós conhece apenas uma delas;
  9. Ter sempre na nossa Mente – e praticar – que a paciência, a tolerância e a humildade devem ser os nossos guias nesse esforço de disseminar o Evangelho da Era de Aquário.

Publicado na Revsita Rays from the RoseCross de janeiro/1986 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz-Campinas-SP-Brasil

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por que há sempre, em suas obras, uma nota de caráter sombrio ou deprimente, sempre há um elemento sombrio e tão pouca emoção evocada pelo bem-estar, por ser bem-sucedido e tão pouca felicidade? Não há felicidade a ser encontrada na vida mais elevada? Contentamento, satisfação, paz – sim, mas não aquela emoção evocada pelo bem-estar, por ser bem-sucedido?

Resposta:

“Oh, que poder teríamos,

se nós nos víssemos como os outros nos veem”.

Assim cantou Robert Burns[1] e, sem dúvida, estava certamente correto ao presumir que nenhum de nós pode se ver como realmente nós somos. O autor não sabia que há um elemento sombrio e uma nota de caráter sombrio ou deprimente pairando sobre seus escritos, mas talvez essa observação tenha sido oportuna, embora seria errado tirar a conclusão de que não emoção evocada pelo bem-estar, nem por ser bem-sucedido e nem tão pouca felicidade na vida mais elevada. Há uma emoção evocada pelo bem-estar, e por ser bem-sucedido e uma felicidade que não podem ser expressas em palavras, no privilégio de nos ser permitido auxiliar os milhares de pessoas que vêm a nós em busca de ajuda, de orientação ou de conforto espiritual.

Entretanto, embora nós percebamos a necessidade e o benefício final que resultarão da grande operação cirúrgica que o mundo está atravessando atualmente[2], teríamos que ser “super-homens” para não nos curvarmos com a angústia profunda, a tristeza e o arrependimento à vista dessas centenas de milhares, mais ainda, de milhões de pessoas que estão sofrendo diariamente. Três anos e meio de trabalho com os feridos, agonizantes e os chamados mortos, não conseguiram nos fazer mais insensíveis do que o éramos na primeira noite em que nós estávamos emocionalmente quase fora de controle diante da cruel carnificina. Esforçamo-nos para não transferir as experiências da noite para o dia, pois isso nos tornaria inaptos para o trabalho que temos que realizar aqui, mas talvez seria excessivo esperar que essa vivência não se estamparia, de algum modo, em nossa vida quando no estado de vigília.

Isso pode ser um ponto muito bom a ser considerado por aqueles Estudantes Rosacruzes que estão excessivamente desejosos de obter a consciência nos Mundos espirituais. Diríamos a eles que os invejamos e trocaríamos de lugar com eles de bom grado, a fim de nos livrar das visões muito angustiantes, tristes e carregadas de arrependimentos que o dever e o amor por nossos semelhantes nos impelem a testemunhar todas as noites, embora, naturalmente, não seja a visão de cavalos selvagens que nos afastariam dos soldados que sofrem, ou de seus parentes enlutados. Não abriríamos mão, por nada, do privilégio de ajudar nossos semelhantes, mas gostaríamos de estar inconscientes do nosso trabalho ao retornarmos ao Corpo Denso. Desse modo, seríamos bem mais felizes e, provavelmente, concordaríamos em infundir felicidade em nossos escritos.

Nossa Personalidade sempre seria mantida em um segundo plano, mas se os Estudantes Rosacruzes levarem isso a sério, talvez a resposta a essa pergunta possa servir a um bom propósito.

(Pergunta nº 132 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)


[1] N.T.: Robert Burns, também conhecido como Robbie Burns e O Bardo de Ayrshire (1759-1796), foi um poeta escocês. Amplamente considerado o poeta nacional da Escócia, os trabalhos de Burns estão entre os primeiros escritos em língua escocesa, embora tenha também escrito em dialeto escocês (uma forma mais leve de escocês, mais suscetível de ser compreendida por anglófonos) e em língua inglesa. Burns escreveu poemas que prefiguram o romantismo e comédia, e, cheias de simplicidade e espontaneidade, suas poesias tinham como temas principais sua aldeia, a natureza e seus amores.

[2] N.T.: O autor se refere à Primeira Guerra Mundial, que estava ocorrendo naqueles tempos.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Frutos da União entre os nossos Polos Masculino e Feminino

A Sabedoria descrita nesse versículo dos Provérbios (“Obtenha sabedoria e compreensão” (Pr 1:2)) representa o princípio feminino de Deus, o fluir da revelação cósmica, enquanto a Compreensão representa o princípio masculino, que é alcançado pelo emprego da Vontade e da Razão (Logos). A temática do presente artigo aborda esses dois polos básicos que fundamentam qualquer desenvolvimento humano – até mesmo o desenvolvimento inconsciente que, mesmo sendo respeitado, não é sugerido aos Estudantes Rosacruzes, pois somente pelo emprego correto desses polos é que coisas originais podem ocorrer, de fato. Lembrando que a originalidade aqui mencionada, sempre será fundamentada no Amor, que também é o propósito de toda Ação, de todo o Poder e de toda a Sabedoria. Qualquer criação fundamentada fora do Amor é vaidade.

Duas figuras representam, em seu mais elevado grau, os polos feminino e masculino: a Virgem Maria que personifica o polo feminino e Hiram Abiff – o Construtor do Templo de Salomão – que representa o polo masculino. Lázaro, por sua vez, representa o fruto dessa união, ou o ser andrógeno ressuscitado pelo Leão de Judá, o Cristo. Ele, junto a Jesus, alcançou a vida eterna pela união dos dois polos. Essa androgenia foi majestosamente representada por Leonardo da Vinci na obra ‘A Última Ceia’, em que São João Evangelista é representado como um ser andrógeno.

Originalmente, o mundo foi concebido em equilíbrio e cooperação perfeita entre os polos masculino e feminino. Aqui todos os elementos da Natureza operam em consonância para a benignidade e para a vida. Condição conhecida na Bíblia como Jardim do Éden. Com o evento conhecido por “Queda do Homem” tanto o ser humano como a Natureza passaram a ser divididos: ao mesmo tempo em que a Natureza nos fornece a vida e o alimento de cada dia, há vírus, micróbios, vermes, infectuosos, animais e plantas que sugam, parasitam, lutam e matam. Catástrofes e desgraças provindos da Natureza, passaram a ocorrer após a “Queda do Homem”. Esse fenômeno é ilustrado por Ezequiel no Capítulo 31, versículos 16-17: “Ao som da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz descer ao inferno, com os que descem à cova; e todas as árvores do Éden, a flor e o melhor do Líbano, todas as árvores que bebem águas, se consolavam nas partes mais baixas da terra. Também estes com ele descerão ao inferno a juntar-se aos que foram traspassados à espada, sim, aos que foram seu braço, e que habitavam à sombra no meio dos gentios”.

Do mesmo modo, passamos a ter duas Naturezas pós-queda: uma superior (Imagem de Deus) e outra inferior (que atualmente é dessemelhante a Deus). A busca pelo reestabelecimento da condição antiga é meta do Aspirante a vida superior – o Estudante Rosacruz – e a Nova Jerusalém só poderá ser uma verdade quando essa condição for alcançada por nós.

O principal motivo pelo qual não atingimos esse estágio ocorre pelo fato de não compreendermos o Mistério do Divino Feminino e da não aplicação desse saber em nossa vida. A pureza é o elemento fundamental que transcende a experiência humana para além da representação ou do conhecimento cerebral (sombra da real essência pensante do Ego). Ao se buscar a pureza, alimenta-se a Virgem Maria interior, que desperta um saber acima do intelecto e permite a experiência da verdadeira Vida.

A quinta essência do polo masculino, conhecida na Fraternidade Rosacruz como quintessência da linhagem de Caim, se alimentada isoladamente, deslocada da pureza, seduzirá a pessoa ao ponto de acreditar ser detentora de grande poder e que pode bastar em si mesma.

O polo masculino isolado, então, jamais produzirá um poder epigenético (originalidade) colaborativo à Grande Obra. A originalidade sem pureza é muito perigosa, sendo sua expressão máxima manifestada em alguns sistemas econômicos atuais. Por exemplo, o capitalismo, que tem foco na produção e no lucro, induz seus adeptos (ainda que inconscientes em sua maioria) para a necessidade de ambição e originalidade. Estabelece, assim, a competição entre as pessoas. Pelo modo como esse sistema é aplicado hoje (sem pureza), aquele que tiver a melhor ideia (ou a ideia mais lucrativa) ganhará sua promoção ou recompensa. Por ser unilateral, possui efeitos colaterais como a exacerbação do individualismo, da vaidade e a periferia econômica-social.

Obviamente que os conceitos de: dinheiro, poder, amor e fama são os elementos colocados pelos Grandes Líderes da humanidade como fonte motivacional para que saíamos da inércia e dinamizamos nossos poderes latentes, por meio da obtenção de experiências e aprendizagem (ainda que isso pareça um absurdo quando se contempla a miséria que um sistema unilateral, como o acima mencionado, promove).

Lembrando o que estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos: “O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro grandes motivos de toda ação humana. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo. Os grandes Líderes da humanidade agiram sabiamente quando lhe deram tais incentivos para a ação, a fim de obter experiências e aprender. O Aspirante à vida superior deve continuar usando-os como motivos de ação, firmemente, mas deve transmutá-los em algo superior. Por meio de nobres aspirações, deve saber transcender o amor egoísta que busca a posse de outro Corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundamentados em razões pessoais egoísticas. O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da Alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe. A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes. O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade. A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.”

No entanto, a questão que fica é o modo como utilizar os conceitos de fortuna, poder, amor e fama: se houver correspondência aos raios inferiores de Marte e Vênus, tem-se uma vida comum e materialista; por e outro lado, se houver preenchimento destes conceitos com coragem, bravura, intrepidez, simetria, simpatia e Amor, pode-se despertar o raio universal de Urano e concretizar, aqui e agora, a Nova Jerusalém.

Atualmente, o polo masculino impera de modo invertido na grande maioria das pessoas, principalmente nas pessoas que possuem Mentes com poder material e que determinam aquilo que seguramente as massas aderirão. Aqui existem dois problemas:

O foco unilateral no polo feminino (linhagem de Água) também possui seus efeitos colaterais: mesmo que promova a experiência de fidelidade e pureza, induz o ser humano a mergulhar no “Eu verdadeiro” – o Ego, a Individualidade – e suspender todas as suas faculdades pessoais. Quem busca o “Eu verdadeiro” suprimirá o centro falso que é o “Eu inferior” (alimentado isoladamente pelo polo masculino isolado). Nessa libertação radical se atinge o estado de consciência sem sopro e sem reflexão. Aqui se alcança a transcendência do fenômeno de existir no “Eu inferior”; de qualquer senso de consciência do tempo, espaço e causa. Chega-se na dissolução do senso do ser individual. Em outras palavras, mata-se a Personalidade!

Entretanto, o método inaugurado por Cristo-Jesus – o Cristianismo – é o mais eficaz no propósito de reequilibrar a Natureza e o ser humano. Nele, o Fogo se encontra com o Água e nada se extingue na Personalidade humana. Ao contrário, tudo nela se abrasa. Esta é, de fato, a experiência do binário legítimo ou a união das duas substâncias separadas na essência única (Deus). Em outras palavras, as substâncias continuam separadas (Espírito e Corpo – Binário) para não serem privadas daquilo que é o mais precioso em toda a existência: a aliança livre no amor. Por isso no Cristianismo se diz sobre o dom das lágrimas, pois a Personalidade permanece. O próprio Cristo Jesus chorou na ressureição de Lázaro, que é a personificação da união perfeita entre os polos masculino e feminino.

Neste sentido, o Amor, que é a base do ensinamento do Cristo, só pode se manifestar se houver um binário; se houver um Amante e um Amado; se houver um “Eu” e um “Tu”; se houver Sopro (Espírito, Fogo) e Reflexão (Corpos, Água). Este é o motivo pelo qual Cristo sempre dizia, “Em verdade, em verdade”, referenciando a consonância entre o Espírito (primeiro “em verdade”) e o Corpo (segundo “em verdade”), e que dessa fecundação, nascerá a Alma, que são os poderes anímicos, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz, que é a Tríplice Alma: Alma Consciente, Alma Intelectual e Alma Emocional. Também este é o verdadeiro motivo pelo qual Ele curou um doente (fruto do círculo fechado) num Sábado, reabrindo a espiral em que Deus vem até o ser humano e o ser humano vai até Deus.

O principal meio para alcançarmos a união verdadeira entre os polos masculino e feminino (Originalidade-Pureza) é o Amor. Não é possível amar unilateralmente. Para o Amor se manifestar, deve haver os dois polos, em relação. Um alimenta o outro, sendo a Cristificação o fruto deste casamento. Somente assim a Nova Jerusalém se tornará uma realidade.

Do ponto de vista prático ou do cotidiano, dois são os meios que se pode atingir da união de complementares (Masculino-Feminino; Eu-Tu; Hiram-Rainha de Sabá; Espírito-Corpo; Sopro-Reflexão; Originalidade-Pureza): no nível pessoal (regeneração da Personalidade) e no nível coletivo (serviço amoroso e desinteressado aos outros), sendo que um aprimoramento não pode existir sem o outro. Isso está de acordo com a lógica de “espirais dentro de espirais” ou “de como é em cima, é embaixo”. Em ambos os níveis, a Imaculada Concepção e a Glória de Shekinah são alcançadas.

Os alquimistas revelaram uma grande verdade quando declararam que a Pedra Viva (o corpo da Nova Era) era formada pela união do Sol (polo masculino) e da Lua (polo feminino), e o percurso dos Astros no Sistema Solar, o Corpo-Templo de Deus, possui um correlato similar do Corpo-Templo do ser humano. Este é um dos maiores simbolismos do Corpo Humano.

A Semente Sol e a Semente Lua, conforme o Estudante Rosacruz se torna dedicado na busca espiritual, a cada ano, imediatamente após o Solstício de Junho, a Semente-Sol, ou semente masculina, inicia seu circuito anual através do corpo, simulando o caminho do Sol em seu curso pelo céu. As correntes vitais no ser humano e na Natureza estão sempre em sincronia, a menos que atrapalhemos esta harmonia. No Equinócio de Setembro a Semente-Sol alcança o centro do coração e no Solstício de Dezembro, o Sol alcança sua maior declinação, no Sul. Na humanidade comum, este ponto é onde fica o Plexo Celíaco. No Equinócio de Março, toca novamente o coração e, finalmente, no Solstício de Junho a semente-Sol toca a sua “Casa” que é a Glândula Pineal. Mas neste caso, temos as correntes vitais de um Adepto (um ser humano que já possui as Nove Iniciações Menores e uma Maior). Podemos utilizar a figura de uma lemniscata para ilustrar esse ponto: aqui, o ponto de maior declinação sul é na base do coração, enquanto em nós, humanidade comum, o ponto mais baixo é na região do Plexo Celíaco. Do mesmo modo, o ponto onde há o cruzamento do fluxo da energia vital, no Adepto ocorre na Laringe, seu novo órgão criador, enquanto em nós, ocorre no coração. Concomitante ao ciclo do Sol ocorre o ciclo da Lua.

A Semente-Lua (princípio feminino) segue o caminho da Lua. Na Lua Cheia, temos a ativação do centro da geração (Plexo Celíaco) – se a força sexual permanecer na pessoa, então ela subirá: “Qualquer um que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.” (1Jo: 3-9). Quando ocorre a Lua Cheia, a ativação da força de vida é sempre abundante, mas, a maior parte de nós acaba por derramá-la no robustecimento da incongruência entre Espírito, Alma e Corpo. Para aqueles que buscam uma vida casta, que é o esforço consciente para manter a sincronia entre Espírito (Céu), Alma (Purgatório) e Corpo (Terra), a semente permanecerá nele. Assim, o fluxo de energia de vida seguirá sua ascensão, a cada mês e, na Lua Nova, tem-se a ativação da Glândula Pituitária ou Corpo Pituitário. Se o Estudante Rosacruz for capaz de, a cada mês, trilhar o caminho da santidade, que é a mais solene preparação e com a maior reverência e devoção, então a semente permanecerá nele (12 sementes a cada ano, uma a cada ciclo da Lua em um Signo do Zodíaco). Assim, quando ocorrer o Solstício de Junho, as 12 sementes Lunares (polo feminino) serão unificadas a uma semente Solar (polo masculino). A fusão entre as sementes ocorre no terceiro ventrículo cerebral, que é a ponte entre as Glândulas Pituitária e Pineal. Por isso o terceiro ventrículo chamado de a cama da lua de mel, em que a Criança Santa (a união entre as sementes Lunar e Solar) é concebida e nascida. Também é chamado de “manjedoura” e as Glândulas Pituitária e Pineal denominadas: Pai e Mãe. O desequilíbrio desse processo, fruto da “Queda do Homem” no Jardim do Éden, causou a perturbação da sincronia entre as correntes de força cósmica e as correntes de força humana, que têm a mesma origem (“como em cima, é embaixo”). Este foi o nosso pecado, quando vivemos na antiga Lemúria (na Época Lemúrica), desperdiçamos nossas sementes sem levar em conta a lei e sem considerar o amor. Mas é nosso privilégio, enquanto Cristãos, nos redimir, pela pureza de nossa vida, em memória do Senhor. São João diz: “Sua semente permanece n’Ele” e este é o significado oculto “do pão e do vinho”. Vale lembrar que santidade é algo muito maior do que ter ou não ter relação sexual. “Não é o uso, mas o abuso que produz todas as perturbações e que interfere com a vida espiritual. Não há necessidade alguma de abandonar a vida superior quando não se possa ser casto, nem é necessário ser estritamente casto para passar pelas Iniciações Menores” (Max Heindel). A força sexual deve ser direcionada para outros propósitos, de modo a, gradativamente, sublimarmos a tendência passional e egoísta de satisfação pessoal, e a empregarmos em fins espirituais. Astrologicamente, isso é feito pela transmutação da paixão de Marte e do amor de Vênus (sensual e pessoal) no altruísmo de Urano exaltado em Escorpião, o Signo da regeneração.

“A Sala Oeste do Tabernáculo era tão escura como os céus o são quando a luz menor – a Lua – encontra-se na parte oeste do céu em oposição ao Sol, isto é, na Lua Nova, quando começa um novo ciclo num novo Signo do Zodíaco. Na parte mais ocidental deste escuro santuário ficava a Arca da Aliança com os Querubins pairando acima dela, e, também, a ardente Glória de Shekinah, da qual saía a Luz do Pai que comungava com Seus adoradores, mas que para a visão física era invisível, portanto, escura” (Max Heindel em Iniciação Antiga e Moderna). Para a compreensão do que é a Glória de Shekinah, devemos ter em mente que o elemento Fogo está presente em todo o universo. Não há nada que exista que não esteja envolvido por tal elemento. Talvez seja difícil compreendermos este fato, pois associamos fogo com chama. Mas bem sabemos que o fogo guarda a mesma relação com a chama que o Espírito tem com o Corpo; o Espírito é invisível assim como o fogo, e o corpo representa a chama, que é o fogo manifestado. Assim como a Árvore da Vida possui seu correlato no corpo do ser humano, assim também as partes do Tabernáculo do Deserto possuem correlatos anatômicos e funcionais com nosso Corpo-Templo. “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (ICor 3:16). A cabeça é o correlato anatômico da Sala Oeste do Tabernáculo do Deserto. Essa Sala é também conhecida como o Santo dos Santos ou Sanctum Sanctorum. Nenhum mortal poderia passar o véu que separava a Sala Leste da Sala Oeste, somente o Sumo Sacerdote em uma ocasião especial do ano, chamado Yom Kippur, o Dia da Expiação, é que podia ali adentrar. O Tabernáculo inteiro era o santuário de Deus, mas, neste lugar, sentia-se o imponente poder de Sua presença, a morada excepcional da Glória de Shekinah, e qualquer mortal tremeria dentro deste recinto sagrado, como devia acontecer ao Sumo Sacerdote no dia da Expiação (Max Heindel). Mesmo assim, essa entrada pelo Sumo Sacerdote, era feita após a mais solene preparação e com a maior reverência e devoção. É justamente sobre esta preparação que a Imaculada Concepção possui sua importância, pois somente “os puros verão a Deus”. No mundo existe matéria-prima dada por Deus, que é simbolizada pelo trigo. Ora, do mesmo modo que o trigo é a matéria-prima para elaboração e consumo do pão, os eventos de cada dia se apresentam como oportunidades de trabalho (originalidade) com a matéria-prima (gratidão, devoção e pureza), dadas por Deus, para elaboramos o “Pão da Vida”, que alimenta o Espírito. Note que a cada evento que nos deparamos, todos os dias, podemos enfocar nossa Mente sobre ele, e aqui trabalharemos com a matéria-prima do Mundo do Pensamento. Transformando o trigo em pão pelo emprego da duplicidade Originalidade-Pureza. O mesmo para os sentimentos que são despertados em nós na vivência dos fatos da vida. Se deixarmos que a nossa Natureza emocional degenerada sempre permaneça, sairemos da vida com o mesmo temperamento que entramos. Isso significa que não trabalhamos com a matéria-prima (trigo) do Mundo do Desejo que nos foi dada e, por isso, não produzimos nenhum pão. “Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.” (Mt 25:29). O mesmo para os hábitos que são o resultado que fazemos com o Corpo Vital. Se adquirirmos vícios e maus hábitos nesta vida, significa que estamos destruindo nosso Corpo-Templo que Deus habita e, nas próximas vidas, teremos mais doenças e morte. Finalmente, se não cuidamos de nosso Corpo Denso e do ambiente que vivemos (nossos lares e todos os locais que passamos), também deixamos de construir o “Pão da Vida”. Aqueles que já desenvolveram suas capacidades estão envolvidos nos sistemas acadêmicos, religiosos, políticos e artísticos, promovendo melhorias em nível coletivo, alcançaram consciência e capacidade que permitiram que seu círculo de ação fosse expandido. Veja que a vida se torna muito mais do que ter de trabalhar, comer, beber, nos momentos livres dedicar-se as distrações, prazeres e descansar. Se não criarmos vias originais para que a energia sexual floresça, com certeza ela fluirá para os órgãos sexuais e jamais a Imaculada Concepção permitirá a abertura dos olhos para ver o Fogo Invisível ou a Glória de Shekinah. O contato com o Altíssimo jamais ocorrerá, pois “somente os puros verão a Deus”. Com os “olhos abertos”, vendo face a face, um maior alcance de serviço amoroso nos será inaugurado e poderemos servir lá, como aqui procuramos servir. A Nova Jerusalém será, então, uma verdade. “E serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer está nela, e à tua terra: A casada; porque o Senhor se agrada de ti, e a tua terra se casará. Porque, como o jovem se casa com a virgem, assim teus filhos se casarão contigo; e como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus” (Is 62:3-5).

(Trecho do Livro The Life and Mission of the Blessed Virgin – Corinne Heline – traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz-Campinas-SP-Brasil)

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