Nosso Planeta Terra se compõe de nove Estratos de diferentes espessuras, e o núcleo ou centro constitui a décima parte. Esse é o assento da consciência do Espírito da Terra.
Um resumo com pequena descrição de cada Estrato da Terra você encontra aqui: Resumo Descritivo de cada um dos Estratos do Planeta Terra.
Um descrição mais detalhada de cada um deles, bem como para que servem e as correlações deles com as Iniciações, os Mundos e as Regiões dos Mundos você encontra no Capítulo XVIII na sessão: O Número da Besta no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
Sempre ressaltamos e insistimos no que representa a retidão no bem servir, desde o ponto de vista espiritual e, também, material, do Estudante Rosacruz que está trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz e isso se deve a muitas razões que existem para que esta nossa insistência tenha justificação. Quiçá um dos pontos ou temas mais analisados, uma vez que estamos imbuídos do que representa o transitar pela senda, seguindo uma vida espiritual, mediante o conhecimento que nos brindam os Instrutores da Filosofia Rosacruz, ou seja, o tema do Guardião do Umbral.
Como seres eternos que somos, viemos desenvolvendo através do tempo, experiências diferentes, umas boas outras más, e tem uma implicância grandiosa no nosso desenvolvimento evolutivo, sendo que os resultados dessas ações sejam passadas ou presentes, o que constitui o Guardião do Umbral, o qual analisaremos à luz dos conhecimentos que nos proporciona à Filosofia Rosacruz, e a maneira como tratá-lo, por assim dizer.
O Guardião do Umbral é um Elemental evidentemente. É uma entidade criada por nós mesmos, com nossos maus pensamentos, com nossos maus desejos, más emoções, maus sentimentos e, principalmente, com nossas más ações, obras e nossos maus atos em vidas passadas aqui, incluso também com ações que pertencem à vida atual.
Seu principal alimento constitui-se de nossas más ações e estará presente como um grande obstáculo no momento quando, conscientemente, queiramos ingressar nos Mundos suprafísicos, tratará de nos deter, querendo evitar nossa elevação espiritual.
Seu alimento também se constitui do temor e do medo de que sempre estamos lhe acrescentando, ao invés de diminuir-lhe. Queridos irmãos e queridas irmãs: eis aqui o motivo pelo qual sempre estamos inculcando a eliminação do temor e do medo, porque esses dois não conduz a nada de bom, e vencê-lo é uma das chaves para que o Estudante Rosacruz consiga um triunfo positivo nesta senda. Outros alimentos deste Elemental também constituem de nossas dúvidas, nossas maldades — sejam pequenas ou grandes, sejam por omissão ou comissão —, o egoísmo, a hipocrisia e todas as circunstâncias negativas em que vivamos, ainda que para nós sejam “simplesmente” pensamentos.
Uma vez que estamos conscientes de que o Guardião do Umbral é um Elemental criado por nós mesmos e que está sendo alimentado para sua existência, por nossas más ações durante vidas e vidas, podemos fazer o contrário para ir diminuindo sua força pouco a pouco até eliminá-lo por completo, através do equilíbrio e com muita força de vontade, para, desta forma nos permitir chegar até o “Anjo Guardião”, que é produto de todas as boas ações, bons atos e boas obras que temos feito, sendo este “Anjo Guardião” o que nos guiará pelas maravilhosas experiências dos Mundos suprafísicos de forma consciente.
O trabalho da eliminação desse Elemental negativo é muito árduo, mas é uma tarefa que todos teremos que realizar algum dia, quando chegar o momento indicado, como escreve Max Heindel em várias de suas obras.
Falar da transmutação ou da redenção dessa entidade Elemental, implica num trabalho que se inicia nesse plano físico (ou seja, na Região Química do Mundo Físico, onde estamos, mais uma vez, renascidos), sendo impossível o acesso aos Mundos suprafísicos se não começarmos aqui e agora. Talvez o mais difícil seja cuidar das nossas emoções e desejos, cuidar dos nossos sentimentos, porque controlar o Corpo de Desejos é sumamente trabalhoso, por isso nos falta as diretrizes para o equilíbrio, para usar a nossa força de vontade. Equilíbrio para que, chegado o momento de ascender à espiritualidade, estejamos preparados para enfrentar à situação delicada que indubitavelmente se nos apresentará, e força de vontade para transmutar as circunstâncias. Essa força de vontade a obteremos aqui e agora, nesse plano físico ou nessa vida, mediante nosso trabalho cotidiano como Auxiliares Visíveis, trabalhando durante todo o nosso dia focado em servir a divina essência oculta em cada irmão e em cada irmã que nos relacionamos, sempre amorosa e desinteressadamente, o mais anônimo que possamos; com isso nos elevamos em espírito. Não há outro meio!
Como sabemos, todo desenvolvimento espiritual do Estudante Rosacruz se inicia no Corpo Vital, que está composto por dois Éteres superiores e dois Éteres inferiores. Se vivermos aqui uma vida somente material e social, sem dedicá-la à parte espiritual, desenvolvemos unicamente os dois Éteres inferiores, ou seja, o Éter Químico e o Éter de Vida. Isso não é ruim, mas desde o momento que iniciamos o esforço de ingressar a espiritualidade, temos a necessidade de desenvolver os outros dois Éteres superiores, que são o de Éter Luminoso ou de Luz e o Éter Refletor.
Nessa parte, cabe prevenir um pouco ao Estudante Rosacruz de que quando chegue a desenvolver a vida espiritual, e se sinta seguro com seus benefícios, não deve, no entanto, abandonar a vida material, porque aqui deve seguir atuando como Auxiliar Visível, desenvolvendo os dois Éteres Superiores e criando assim seu Corpo-Alma – o Dourado Manto Nupcial –, desempenhando um grande papel a serviço da humanidade que para ele, sempre será os irmãos e as irmãs que ele se relaciona durante toda a sua vida, seja em pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras, seja em atos, obras ou ações.
Então aqui também devemos manter o equilíbrio e cuidar da vida espiritual, sem abandonar a nossa vida material e, assim como alimentamos nosso Corpo Denso, também alimentemos a sensibilidade despertada no plano espiritual. Sempre busquemos o equilíbrio para cuidar das necessidades de ambos os planos, porque é errôneo, em detrimento de nossa vida material, que elevemos nosso potencial espiritual. Pois, sempre devemos nos lembrar que o baluarte da nossa evolução é aqui, renascidos na Região Química do Mundo Físico. Aqui é que estão as lições e as experiências que devemos aprender e passar e é a partir daqui que devemos buscar o desenvolvimento espiritual.
Um dos maiores problemas do Estudante Rosacruz, que escolheu trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, é o egoísmo, sendo esse o maior alimento que recebe o Guardião do Umbral, mas temos a opção de transmutá-lo. Talvez alguns pensem que não são egoístas, no entanto, a primeira coisa que devemos buscar é reconhecer nosso egoísmo. Para isto é necessário a autoanálise e autocrítica, para que vejamos sinceramente em que ponto estamos colocados, para só depois buscarmos nos melhorar, porque se nós mesmos não o reconhecermos, então não poderemos melhorar. O assunto não se trata de ler livros e mais livros e fazer orações e logo gozar a vida, como se diz. O assunto é de suma responsabilidade, e mais ainda quando já tem algum conhecimento espiritual.
Por tudo isto, dizemos que o caminho espiritual é para as almas fortes e decididas, e só os fortes e decididos tratam de buscar o caminho superior e ascender um pouco mais a cada vida. Daí meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs que devemos juntar ao equilíbrio e à força de vontade, outra virtude muito especial que é a persistência. Podemos nos enganar e cometer erros, mas devemos levantar e continuar a trilhar o Caminho; devemos persistir sem descanso, e ter presente que o Mestre, o Cristo, sempre nos acompanha, diariamente, apoiando nossos esforços e, mais ainda, devemos ter presente que há uma legião de seres espirituais, desde Irmãos Leigos e Irmãs Leigas até os Irmãos Maiores, que simpatizam e tratam de nos levar adiante, de nos encorajar, que se regozijam com nossos sucessos espirituais e se entristecem com nossos erros, e que chegam até a sentir muito mais, quando veem que não nos levantamos da queda, quando essa acontece.
Tendo em conta o que antecede, recomendamos aos Estudantes Rosacruzes que ponham muita força na parte devocional, a nossa parte mística, porque aí está o “alimento” para o “Soma Psuchicon”, esse Corpo-Alma, já que para esse veículo os conhecimentos meramente mentais e materiais não servem de nada. Devemos fortalecer o nosso lado devocional, místico e animicamente por meio da devoção ao mais elevado, ao bem e ao espiritual.
Se dão conta, então, porque há tão poucas pessoas que uma vez no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, progridem pouco ou não avançam? Porque abandonaram a parte devocional, a parte mística – e se apegaram somente à parte intelectual, racional e muito perigosa –, muito útil para ir deixando “sem alimento” o Guardião do Umbral. Pois então, aqui temos a real transcendência, a nota chave que nos levará adiante, ou seja, a devoção, o poder anímico, que está na oração, no perdão, no positivismo, em todo ato que eleva a alma.
Consequentemente, devemos guardar em nossa memória os três pontos necessários para avançar no caminho: o Equilíbrio, a Força de Vontade, que nos permitirá ascender ao terceiro ponto: que é a Persistência.
(Traduzido da Revista Joyas Espirituales da Fraternidad Rosacruz del Paraguay e Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 03 e 04/1987-Fraternidade Rosacruz-SP)
No princípio desse Grande Dia de Manifestação, Deus nos diferenciou dentro de si mesmo e nos deu o nome de Espíritos Virginais. Por isso que se diz que: “Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”
Como lemos em no Livro do Gênesis: 1:26: “Os Elohim disseram: ‘Façamos o homem à nossa imagem e segundo nossa semelhança’”.
Com isso, todas as qualidades de Deus estão contidas em cada um de nós, ainda que latentes. Além delas também há um atributo importante de Deus contido em cada um de nós: o germe da vontade que torna possível originarmos novas causas, exercitando nosso poder criador. Assim, durante a Evolução essas qualidades latentes vão se transformando em poderes dinâmicos, enquanto a vontade independente produz a chamada Epigênese, a qual dá a Evolução algo mais que o simples desdobramento ou desenvolvimento de qualidades latentes.
Deus, nosso criador, é Uno. É assim que ele se apresenta no Seu Mundo, o Mundo de Deus. Quando deseja se manifestar torna-se Trino, torna-se Tríplice: Vontade, Sabedoria e Atividade.
Como nós fomos criados à Sua imagem e semelhança, também, quando não manifestado, somos uno: um Espírito Virginal. É assim que nos apresentamos no nosso Mundo, o Mundo dos Espíritos Virginais, no nosso Plano Cósmico, o primeiro Mundo logo abaixo do Mundo de Deus (veja detalhes nos diagramas 6 e 14 do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos).
Quando nos manifestamos, tornamo-nos Tríplice:
.. Espírito Divino, imagem e semelhança da Vontade – Deus Pai.
.. Espírito de Vida, imagem e semelhança da Sabedoria – Deus Filho.
.. Espírito Humano, imagem e semelhança da Atividade – Deus Espírito Santo.
Deus se manifesta na criação. Criando os Mundos e tudo que neles há. Diferenciando dentro de Si tudo que hoje existe. Mundos esses que são campos de oportunidade de evolução para as infinitas formas de vida. Ele é o Macro e o Microcosmo.
Nós, criados a Sua imagem e semelhança, mas como Deuses em formação, nos manifestamos na peregrinação pelos diversos Mundos que ele criou.
Como diz São Paulo em sua Epístola aos Romanos 8:16-17: “… somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros: herdeiros de Deus”. Somos o microcosmos.
Diz uma lenda que quando Deus criou os Mundos, disse aos Espíritos Virginais: “Meus filhos, eis a nossa morada. Percorra-a e conheça tudo que nela há. Pois, Eu a fiz para vocês”. E nós, filhos obedientes e cheios de gratidão, iniciamos a nossa peregrinação.
Lógico que em nosso Mundo (Mundo dos Espíritos Virginais) estávamos mais bem acomodados. Tínhamos a consciência divina. Mas não a consciência do “eu”, de indivíduos separados. Éramos omniscientes como Deus, mas não conscientes de nós mesmos.
Deus tem essa consciência individual. A consciência de diferenciar Ele de outro Deus de outro Sistema Solar. E aqui encontramos o objetivo dessa peregrinação pelos Mundos que Deus nos criou: tornarmo-nos conscientes de nós mesmos, como indivíduos separados. Convertendo-nos, Espíritos Virginais, em seres humanos e depois em Deuses.
Afinal, como disse S. Paulo: “Não sabeis que sois Deus em formação?”
Contudo, em que consiste essa peregrinação?
Simplesmente, na nossa passagem pelos cinco Mundos mais densos situados logo abaixo do nosso Mundo, o Mundo dos Espíritos Virginais.
E quais são eles?
A passagem por esses Mundos tem como objetivos:
1-conhecermos como eles funcionam,
2-conhecermos para que servem,
3-conhecermos quais são as leis que os regem
E, principalmente, para mostrarmos ao nosso Deus, nosso criador, a gratidão que o temos por nos dar essa oportunidade de evolução.
Ora, para podermos passar por cada um desses Mundos existe uma Lei Cósmica que diz: “Nenhum ser, por mais elevado que seja, pode funcionar em qualquer Mundo sem um veículo construído com material desse Mundo”. Um exemplo claro está aqui quando da necessidade da cessão dos Corpos Vital e Denso de Jesus para que Cristo pudesse aparecer entre nós.
Assim, tínhamos que ter um veículo construído com material de cada um desses Mundos.
Então, vejamos:
¨ Para o Mundo do Espírito Divino, temos a nossa expressão como Espírito Tríplice: o veículo Espírito Divino
¨ Para o Mundo do Espírito de Vida, temos a nossa expressão como Espírito Tríplice: o veículo Espírito de Vida
¨ Para a Região Abstrata do Mundo do Pensamento, temos a nossa expressão como Espírito Tríplice: o veículo Espírito Humano
Todavia, e para a Região Concreta do Mundo do Pensamento, para o Mundo do Desejo e o Mundo Físico?
Não tínhamos veículos próprios. Além disso, não sabíamos como construí-los. Tudo bem, tínhamos veículos para o Mundo do Espírito Divino, Mundo do Espírito de Vida e a Região Abstrata do Mundo do Pensamento, mas não sabíamos como trabalhar lá. E o que dizer do Mundo do Desejo e do Mundo Físico que nem veículos tínhamos?
Aqui entra a regra de ouro que permeia toda a evolução em todo o Universo: “O Serviço amoroso e desinteressado para com os outros”.
Em outras palavras: desde o início de tudo fomos ajudados, de um modo que sem essa ajuda não teríamos condições sequer de começar. Desde aqui começa a nossa ingratidão. Pois se estivéssemos conscientes da imensa importância dessa ajuda, o serviço amoroso e desinteressado seria praticado em nossas vidas como um hábito qualquer, sem a necessidade do mais mínimo esforço, mas… um dia aprenderemos.
Afinal, quem nos ajudou?
Como sempre acontece nessas horas, em qualquer Esquema de Evolução, seres mais superiores na escala evolutiva que nós.
Na terminologia Rosacruz esses seres são conhecidos como:
¨ Hierarquias Divinas ou Hierarquias Criadoras
¨ Ou Jerarquias Divinas ou Jerarquias Criadoras
.. Ou, ainda, Hierarquias Zodiacais ou Hierarquias Divinas
Primeiro, penetramos no Mundo do Espírito Divino. Lembrem-se, já tínhamos o veículo: o Espírito Divino. Faltava somente saber como utilizá-lo. Afinal não sabíamos como se manifestar.
Aí apareceu a primeira Hierarquia Criadora, chamada Senhores da Chama. Assim chamados devido:
¨ à brilhante luminosidade dos seus corpos
¨ aos seus grandes poderes espirituais
Encontramos na Bíblia com o nome de Tronos na Epístola de São Paulo aos Colossenses 1:16.
Emitindo uma fortíssima luz dos seus corpos, projetavam suas imagens sobre a superfície desse nosso Planeta Terra. E através dessas projeções implantou na nossa vida evolucionante o Átomo-semente do nosso Corpo Denso. Através desse Átomo-semente é que podemos agregar os materiais dessa Região Química do Mundo Físico (sólidos, líquidos e gasosos) e, assim, construir um Corpo Denso (o nosso corpo físico).
Portanto, devemos a possibilidade de construir um Corpo Denso a Hierarquia Criadora dos Senhores da Chama.
Mas, eles fizeram mais. Foram eles que nos ajudaram:
¨ a penetrar no Mundo do Espírito Divino
¨ a despertar o nosso veículo Espírito Divino, para podermos funcionar nesse Mundo
Está aqui o porquê da relação entre o Espírito Divino e o Corpo Denso.
Depois, penetramos no Mundo do Espírito de Vida. Lembrem-se, já tínhamos o veículo: o Espírito de Vida. Faltava somente saber como utilizá-lo. Afinal não sabíamos como se manifestar.
Então apareceu a segunda Hierarquia Criadora, chamada Senhores da Sabedoria.
Encontramos na Bíblia com o nome de Dominações na Epístola de São Paulo aos Colossenses 1:16.
Emitindo uma fortíssima sugestão dos seus corpos, projetavam suas imagens sobre a superfície desse nosso Planeta Terra. E através dessas projeções implantou na nossa vida evolucionante o Átomo-semente do nosso Corpo Vital. Através desse Átomo-semente é que podemos agregar os materiais dessa Região Etérica do Mundo Físico (Éter Químico, de Vida, Luminoso e Refletor) e, assim, construir um Corpo Vital.
Portanto, devemos a possibilidade de construir um Corpo Vital a Hierarquia Criadora dos Senhores da Sabedoria.
Agora, nesse momento tínhamos, também, que ser ajudados para despertar o nosso veículo Espírito de Vida.
Para isso, recebemos ajuda de outra Hierarquia: são conhecidos como Querubins, seres mais desenvolvidos que os Senhores da Sabedoria.
Foram eles que nos ajudaram a:
¨ a penetrar no Mundo do Espírito de Vida
¨ a despertar o nosso veículo Espírito de Vida, para podermos funcionar nesse Mundo
Está aqui o porquê da relação entre o Espírito de Vida e o Corpo Vital.
Está aqui, também, porque foram os Querubins que se prostraram na porta do Jardim do Éden quando fomos de lá expulsos.
Como lemos no Livro do Gênesis: 3:23-24:
“O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha sido tirado. E expulsou-o; e colocou ao oriente do Jardim do Éden Querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida”
Em seguida, penetramos na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Lembrem-se, já tínhamos o veículo: o Espírito Humano. Faltava somente saber como utilizá-lo. Afinal não sabíamos como se manifestar.
Então apareceu outra Hierarquia Criadora, chamada Senhores da Individualidade.
Encontramos na Bíblia com o nome de Virtudes na Epístola de São Paulo aos Colossenses 1:16.
Emitindo a substância formadora dos seus corpos, implantou na nossa vida evolucionante o Átomo-semente do nosso Corpo de Desejos. Através desse Átomo-semente é que podemos agregar os materiais do Mundo do Desejo (emoções, sentimentos, desejos) e, assim, construir um Corpo de Desejos.
Portanto, devemos a possibilidade de construir um Corpo de Desejos a Hierarquia Criadora dos Senhores da Individualidade.
Agora, nesse momento, tínhamos, também que sermos ajudados para despertar o nosso veículo Espírito Humano.
Para isso, recebemos a ajuda de outra Hierarquia: são conhecidos como Serafins, seres mais desenvolvidos que os Senhores da Individualidade.
Foram eles que nos ajudaram a:
¨ a penetrar no Mundo do Pensamento, mais precisamente: na Região do Pensamento Abstrato
¨ a despertar o nosso veículo Espírito Humano, para podermos funcionar na Região Abstrata do Mundo do Pensamento
Está aqui o porquê da relação entre o Espírito Humano e o Corpo de Desejos.
Daqui por diante perdemos definitivamente a nossa omnisciência. Vimo-nos forçados a dirigir a nossa consciência para dentro, ali encontrando-nos separados e à parte de todos os outros.
E foi assim que nos vimos encerrados dentro de um tríplice véu.
O véu externo, o Espírito Humano, cerrou a consciência ao sentimento da unidade da Vida convertendo-nos em Ego, seres separados, prontos para sermos indivíduos.
Até esse ponto o que tínhamos para funcionar?
.. Um Corpo Denso
.. Um Corpo Vital
.. Um Corpo de Desejos
.. Um Espírito Divino
.. Um Espírito de Vida
.. Um Espírito Humano
Ainda tínhamos mais uma Região para penetrarmos: a Região Concreta do Mundo do Pensamento.
Percebam que essa Região é que liga os Mundos inferiores:
.. Região Química do Mundo Físico
.. Região Etérica do Mundo Físico
Aos Mundos superiores:
.. Mundo do Espírito Humano
Então apareceu outra Hierarquia Criadora, chamada Senhores da Mente.
Encontramos na Bíblia com o nome de Poderes das Trevas na Epístola de São Paulo aos Colossenses 1:16.
Nesse nosso Período Terrestre, essa Hierarquia alcançou o estado de Criador, um Deus Criador.
Emitindo a substância formadora dos seus corpos, implantou na nossa vida evolucionante o Átomo-semente da nossa Mente. Através desse Átomo-semente é que podemos agregar os materiais da Região Concreta do Mundo do Pensamento (pensamentos-formas) e, assim, construir uma Mente.
Portanto, devemos a possibilidade de construir uma Mente à Hierarquia Criadora Senhores da Mente.
Com a Mente tornamo-nos capazes de focalizar e podemos focalizar nossos propósitos ou objetivos, enquanto Egos, em nossos veículos mais densos, pois precisávamos de algo que unisse o nosso Tríplice Espírito a esse Tríplice Corpo. Ela é o meio de união entre a Personalidade e a Individualidade, nós, o Ego.
E, assim, graças a um belo Serviço amoroso e desinteressado estamos aqui podendo evoluir, construir a nossa Tríplice Alma, fruto do nosso trabalho no nosso Tríplice Corpo.
Graças a esse serviço prestado é que temos o exemplo a seguir de: “o Serviço Amoroso e desinteressado para com os outros é o caminho mais curto, mais seguro e o mais agradável que nos conduz a Deus”.
Ah! E que fim deram essas Hierarquias Criadoras?
.. Os Senhores da Chama, os Querubins e os Serafins elevaram-se da existência limitada à libertação
.. Os Senhores da Sabedoria, que nos ajudaram com o nosso Espírito de Vida, evoluíram e nos ajudam até hoje desenvolvendo o nosso veículo Espírito Divino
.. Os Senhores da Individualidade, que nos ajudaram com o nosso Espírito de Humano, evoluíram e nos ajudam até hoje desenvolvendo o nosso veículo Espírito de Vida
.. Outra Hierarquia apareceu, conhecida como Senhores da Forma, e nos ajudam até hoje desenvolvendo o nosso veículo Espírito Humano
.. Os Senhores da Mente continuam nos ajudando nesse veículo mais recente, a Mente
.. O nosso Corpo de Desejos, dado pelos Senhores da Individualidade, são objetos de ajuda da Hierarquia Criadora dos Arcanjos
.. E o nosso Corpo de Vital, dado pelos Senhores da Sabedoria, são objetos de ajuda da Hierarquia Criadora dos Anjos
Faltou um veículo. Qual? O Corpo Denso.
Pois é, qual a Hierarquia Criadora que está nos ajudando, nessa especialização de um corpo formado por sólidos, líquidos e gases?
A Hierarquia Criadora dos Espíritos Virginais, ou seja, nós mesmos!
E por quê?
Porque o mesmo serviço amoroso e desinteressado que todos esses Seres mais que Interplanetários prestaram a nós, também, estamos e sempre devemos prestar a todos os seres que necessitarem de Corpos Densos para evoluir.
Em particular, nesse momento do atual Esquema de Evolução, o Reino de vida mineral ou a Onda de Vida Mineral.
Ou seja, nessa Esquema de Evolução estamos nos desenvolvendo para sermos especialistas em construção e utilização de corpos formados de matéria da Região Química do Mundo Físico, de modo a poder ajudar Ondas de Vida que necessitam desse corpo para se manifestar nessa Região. Do mesmo modo que:
.. os Anjos são especialistas em corpos formados de matéria da Região Etérica do Mundo Físico
.. os Arcanjos são especialistas em corpos formados de matéria do Mundo do Desejo
.. os Senhores da Mente são especialistas em corpos formados de matéria da Região Concreta do Mundo do Pensamento
.. E assim por diante
Demonstremos a nossa gratidão a Deus e a todos esses Seres que nos ajudam nesse Esquema de Evolução, servindo ao irmão e à irmã no nosso entorno, sempre focando na sua divina essência e sempre da única maneira que é correta: amorosa e desinteressadamente, utilizando para isso todas as formas que temos: pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras, atos, obras e ações.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
“Um novo e importante papel atribuído ao coração, como regulador dasreações cerebrais, foi proposto pelodr. John I. Lacey, do Centro de Pesquisas de Fels, em Yellow Springs,Ohio. A teoria do dr. Lacey baseia-se em evidências sobre animais e humanos e contradiz teorias já reconhecidas, segundo as quais o sistema cardiovascular reflete, mas não controla, o dinamismo mental. Diz Lacey que o ritmo do coração e da pressão sanguínea varia com a atividade mental.
A desaceleração cardíaca e queda de pressão sanguínea se associam a um aumento da atividade cerebral. Até agora supunha-se que a aceleração do batimento cardíaco aumentava a atividade mental e física. Dr. Lacey vê o sistema cardiovascular como um canal para estímulo do cérebro. Ao chegar o estímulo ao cérebro, esse imediatamente decide se deve ou não o atender, comunicando, em seguida, ao Coração, a sua decisão. Seguidamente a atividade cardíaca atua sobre o cérebro, para inibi-lo ou acioná-lo. Por que o coração deveria ser envolvido em trabalho tão importante? Não está esclarecido. Mas serão necessárias investigações complementares para comprovar estados de atenção mental e expansão física”.
(Revista: Selected News)
COMENTÁRIO: Os cientistas ocultistas declaram, há séculos, que o coração, bem como o cérebro, tem parte preponderante sobre o consciente e inteligência do corpo. O Coração é de fato nomeado como sede de um aspecto da Mente Supraconsciente, o reino da intuição. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, tais como foram expostos por Max Heindel em “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, ensinam que a fortaleza do Espírito de Vida (consciência Crística), tem sua principal Sede no Corpo Pituitário (hipófise), no crâneo, e uma segunda fortaleza no coração. O Espírito Humano ou Ego tem sua primeira fortaleza na Glândula Pineal (epífise) e segunda fortaleza no cérebro, como um todo. O Espírito Divino, o Observador Silencioso, tem sua fortaleza na raiz do nariz, mas não em uma glândula. O Espírito Divino é chamado “O Princípio do Pai”. Ele inclui o Espírito de Vida, o princípio Crístico. O princípio do Pai é o da criatividade cósmica ou da vontade, ou ainda, a força da Epigênese. A Epigênese permite ao Espírito Virginal criar novas ideias no Universo e desse modo manifestar novas condições, tornando-se num Criador livre e positivo. Os cientistas, até agora, não admitiam que o coração pudesse interferir na inteligência manifestada pelo cérebro. Dr. Lacey vem trazer valiosa contribuição ao meio científico. De longa data vêm os ocultistas ensinando que as atividades mentais superiores dependem de relaxação e calma. Mergulham-se numa profunda tranquilidade, para possibilitar à Mente libertar-se das solicitações e pressões externas e iniciar as atividades internas e superiores. Essa condição de tranquilidade não é dormir porque a Mente está desperta e a pessoa consciente de si, de seu corpo e derredor.
Mesmo assim, deliberadamente, ela fecha, pelo poder da vontade, os sentidos, a tudo que no exterior possa distrai-la. Uma vez estabelecida a indispensável quietude, a supraconsciência mental procede como num espetáculo, ou projeção de quadros, fato conhecido como clarividência, telepatia, clariaudiência, consciência cósmica, etc. O indivíduo, em tal estado, pode sentir, às vezes, que está deixando o Corpo
Denso, podendo funcionar independentemente em outros planos da Natureza, nos quais colabora com Hierarquias Criadoras. Seu batimento cardíaco e pulso estão reduzidos e não excitados.
O coração toma parte especial nesse desempenho, em virtude de sua conexão com o Cristo Interno e o Corpo Pituitário (Hipófise), é popularmente considerado como a sede do amor humano. No entanto, quer nutramos amor material, quer elevadamente espiritual, estamos cônscios de correntes fluindo na região cardíaca. Max Heindel fala de um “lírio”, órgão etérico que se desenvolve entre a laringe e os dois centros cerebrais, para habilitar o Adepto a falar a palavra criadora. Esse lírio é construído pela força sexual criadora conservada, elevada através da coluna espinhal ao coração e desse ao cérebro. A conservação espiritual dessa força sexual criadora é mais que mero acúmulo de força sexual. Esclarecemos isso para orientação de pessoas que julgam bastar, para isso, a continência, sem crescimento da alma pelo altruísmo e amor. Essa conservação envolve também a justa aplicação da palavra, pelo controle da língua e usada edificantemente, sem desperdícios, o mais possível. força sexual criadora é igualmente conservada pela disciplina da atividade mental, por sua focalização em assuntos nobres e superiores, por pensamentos criadores da melhoria do ser humano e de suas condições.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)
Há momentos em que o Cristo Interno nos fala e dispomo-nos a ouvi-Lo, intimamente ajoelhados, a Personalidade apequenada em sua justa posição de serva, momentos sublimes! Banhamo-nos num indizível sentimento de convicção de todas as possibilidades divinas latentes, de todo o bem que nos está sendo oferecido, pela simples aceitação de Sua Vontade, pela entrega incondicional de nossa vida a Ele, pela disposição sincera de seguir-Lhe os princípios. Como, então, se nos incendeia o ser, inconformado e triste, ante as limitações que nossa natureza humana interpõe à divina Graça! É um gemido de nosso Ego à lentidão da caminhada, à estagnação da graça que não flui, sua mágoa ao ver os divinos talentos expostos na vitrine do personalismo, à admiração pública.
A Voz, suave e marcante nos exorta:
“Não te nego nada. Jamais te neguei. Se mais não tens é porque não dás. É mister que minha graça jorre de ti, em serviço amoroso, silencioso, e altruísta, para que renoves a provisão, com os juros do bom emprego que dela fizeste. Sou a videira verdadeira e tu, as varas. Se estás ligado e te abres a mim, minha seiva fluirá através de ti e se manifestará em rosas de virtudes em frutos suculentos de meu corpo e de meu sangue, para teu alimento e de todos os que ajudares, em meu nome. Aquele que não comer de meu corpo e não beber de meu sangue não tem parte comigo. Mas cuida bem de não te envaideceres quando atribuírem a ti a qualidade e origem de meus frutos, principalmente quando já forem mais abundantes e saborosos que no comum das pessoas. As tentações espreitam em cada curva da escalada. Quanto mais sobes, tanto maior é a queda, mais deprimente a sensação do tombo, mais aguda a fome da alma, que se segue, mais contundente o contraste, entre a confusão que se estabelece, então, em teu íntimo, e a paz que anteriormente gozavas. Mais ainda, quando caias, estarei contigo, sofrerei contigo, sentindo, entretanto, a necessidade da poda, para que frutifiques mais. E ainda que demores, aguardo que busques arrependido, para então reconfortar-te através de verdes brotos, esperançosos de uma nova primavera. Só virará fracasso se deixares de lutar. Quando levantares terás tu a consciência aumentada, poderás ligar a causa ao efeito, abrirás caminho para meu cumprimento e encontrarás nova disposição para aplicares a experiência em mais altas e seguras realizações.
E chegará o tempo, eu te espero sempre, em que aprenderás pelo meio mais fácil, da Observação e do Discernimento, principalmente ouvindo a intuição que te mando.
Então verás a razão de tudo, um movimento meu, crescendo, enquanto, seus orientadores me ouvem e a mim te ligam, outro movimento, sempre conduzido, porque seus responsáveis dizendo trabalhar para mim, fecharam as portas a meu suprimento, preferindo recebê-lo de seus recursos personalistas. Então verás como a tua palavra terá mais força de persuasão, terá espírito, poder de cura, terá essa faculdade de induzir ao íntimo de todos, minha mensagem, quando falas comigo e por mim. Contrariamente constatarás que teu personalismo te envaidecerá, tornar-te-ás exigente, crítico, intolerante, tirar-te-á este meu dom de te relacionares eficientemente com os outros, despertando-lhes e aproveitando-lhes o que tem de bom, em minha vinha.
Não há fugir, meu filho, aquilo que fizeres a um de meus pequeninos, a Mim o farás. Se não amas e não serves a teus irmãos, jamais poderás amar-Me e servir-Me. Eu Sou o espírito em ti e neles. Quando os amas, em verdade Me amas. Busca-Me em todos e achar-Me-ás, se o fizeres com amor. Eis o segredo do êxito na divulgação da minha obra. É desse modo que poderás ajudar a unir e estabelecer minha família universal.
“Abre-me, pois, a tua porta, para que eu entre e em ti faça morada. Ao girares a maçaneta de tua liberdade, ligarás ao mesmo tempo o interruptor de tua personalidade à minha Luz. Terás, então, consciência de Mim, e dirás também: ‘Não sou eu quem faço as obras, mas o Pai em Mim, não sou mais eu quem vivo, mas o Cristo em Mim’.”
(publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Cedo ou tarde chegará um momento em que a consciência será forçada a reconhecer o fato de que a vida, como a conhecemos, é passageira e que, em meio a todas as incertezas da nossa existência, há apenas uma certeza — a Morte!
Quando a Mente é despertada pelo pensamento desse salto no escuro, que em algum momento deve ser tomado por todos, as grandes perguntas — De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? — devem inevitavelmente surgir. Esse é um problema fundamental com o qual todos devem, mais cedo ou mais tarde, lidar, e é da maior importância como resolveremos isso, porque a opinião que adotarmos vai colorir toda a nossa vida.
Somente três teorias dignas de reconhecimento foram apresentadas para resolver esse problema. Para nos situarmos em um dos três grupos da humanidade que foram separados por sua aderência a uma dessas hipóteses é necessário conhecê-las, analisá-las calmamente, compará-las entre si e a fatos estabelecidos. Concordando ou não com suas conclusões, certamente teremos uma compreensão mais abrangente dos vários pontos de vista envolvidos para podermos formar uma opinião inteligente, quando lermos o Enigma da Vida e da Morte.
Se chegarmos à conclusão de que a morte não acaba com a nossa existência, será muito natural perguntar: onde estão os mortos? Essa questão importante é tratada aqui na A Luz Além da Morte. A lei de conservação da matéria e energia impede a aniquilação, mas vemos que a matéria está constantemente mudando do estado visível para o invisível e vice-versa, como, por exemplo, no caso da água que é evaporada pelo sol, parcialmente condensada em forma de nuvem e depois cai de novo na Terra, como chuva.
Também a consciência pode existir e não ser capaz de fornecer qualquer sinal disso, como nos casos em que as pessoas foram consideradas mortas, porém acordaram e disseram tudo o que foi falado e feito na presença delas.
Portanto, deve haver Mundos invisíveis feitos de força e matéria que são tão independentes da nossa cognição quanto a luz e a cor independem do fato de não serem percebidas pelos cegos.
Nesses Mundos invisíveis, os “mortos” vivem em plena posse de todas as faculdades mentais e emocionais. Vivem aí uma vida tão real quanto a existência aqui, no Mundo visível.
Os Mundos invisíveis são conhecidos por meio de um sexto sentido desenvolvido por alguns, mas latente na maioria das pessoas. Pode ser desenvolvido por todos; no entanto, métodos diferentes produzem resultados variados.
Essa faculdade compensa a distância de um modo bem superior aos melhores telescópios e a falta de tamanho é contrabalançada em um grau inacessível ao microscópio mais poderoso. Ela penetra onde o raio-X não pode. Uma parede ou uma dúzia de paredes não são mais densas para a visão espiritual do que o cristal é para a visão comum.
Aqui, nesse livro e nessa Parte II – Cristo Interno – A Memória da Natureza, a questão da Visão Espiritual como faculdade é descrita e, também, fornece um método seguro para o seu desenvolvimento.
Os Mundos invisíveis são divididos em diferentes domínios: Região Etérica, Mundo do Desejo, Região do Pensamento Concreto e Região do Pensamento Abstrato.
Essas divisões não são arbitrárias, mas necessárias porque a substância de que são compostas obedece a leis diferentes. Por exemplo, a matéria física está sujeita à lei da gravidade; no Mundo do Desejo, porém, as formas levitam tão facilmente quanto gravitam.
O ser humano precisa de vários veículos para funcionar nos diferentes Mundos, do mesmo jeito que necessita de uma carruagem para andar sobre a terra, de um barco para o mar e uma aeronave para o ar.
Sabemos que ele precisa de um Corpo Denso para viver no Mundo visível. Ele também tem um Corpo Vital, composto de éter, que lhe permite sentir as coisas ao seu redor. Um Corpo de Desejos formado pelos materiais do Mundo do Desejo, o que lhe confere uma natureza apaixonada e o incita à ação. A Mente é formada pela substância da Região do Pensamento Concreto e atua como um freio por impulso: ela dá propósito à ação. O ser humano real, o Pensador ou Ego, age na Região do Pensamento Abstrato, operando sobre, e através de, seus vários instrumentos.
Aqui, nesse livro e nesse Capítulo III – No Sono e nos Sonhos, trata das condições normais e anormais da vida como Sono, Sonhos, Transe, Hipnotismo e Loucura. Os veículos mais refinados mencionados anteriormente são todos concêntricos ao Corpo Denso, no estado de vigília, quando estamos ativos em pensamentos, palavras e ações; contudo, as atividades do dia fazem com que o corpo fique cansado e com sono.
Quando o desgaste causado pelo uso de um edifício torna necessário reparos exaustivos, os inquilinos precisam sair para que os trabalhadores possam ter espaço total para a restauração. Portanto, quando o desgaste do dia esgota o corpo, é necessário que o Ego saia. Essa retirada torna o corpo inconsciente, sendo necessário um trabalho preciso para restaurar seu tom e ritmo. Durante a noite, o Ego paira ao lado de fora do Corpo Denso, envolto no Corpo de Desejos e na Mente. Às vezes, o Ego retira-se apenas parcialmente, tendo uma das metades dentro do corpo e a outra, fora; quando isso ocorre, ele vê o Mundo do Desejo e o Mundo Físico, mas de forma confusa como em um sonho.
O hipnotismo é um ataque mental. A vítima desavisada é expulsa do seu corpo e o hipnotizador obtém o controle. As vítimas do hipnotizador são libertadas com a morte dele, no entanto; mas o médium não tem tanta sorte. Os Espíritos que o controlam são realmente hipnotizadores invisíveis. Essa invisibilidade oferece grandes possibilidades de enganar e após a morte eles podem tomar posse do Corpo de Desejos do médium e usá-lo por séculos, impedindo que sua infeliz vítima progrida no caminho da evolução. Essa última fase da mediunidade é elucidada nesse livro e nessa Parte IV – “O Corpo do Pecado” – Possessão por Demônios autocriados – Elementais.
O que chamamos de morte é, na realidade, apenas a mudança de consciência de um Mundo para outro. Temos uma ciência do nascimento com enfermeiras treinadas, obstetras, antissépticos e todos os outros meios de cuidar do Ego que chega; contudo, precisamos muito de uma ciência da morte, pois quando um amigo está saindo da existência concreta, permanecemos impotentes, ignorantes em relação a como ajudar; ou pior, fazemos coisas que tornam a passagem infinitamente mais difícil do que se estivéssemos apenas ociosos. Dar estimulantes é uma das piores ofensas contra os moribundos, porque atrai novamente o Espírito ao Corpo Denso e o faz com a força de uma catapulta.
Depois que o coração parou, pela ruptura parcial do Cordão Prateado (que unia os veículos superiores do ser humano aos inferiores durante o sono e, após a morte, permanece indiferente por um tempo que varia de algumas horas a três dias e meio), o Espírito ainda pode sentir o embalsamamento do corpo físico, sua abertura para exames post-mortem ou a cremação. Esse corpo não deve, portanto, ser incomodado, porque o Ego que passa de um Mundo ao outro está empenhado em revisar as imagens de sua vida passada (que são vistas em um lampejo por pessoas que se afogam). Essas imagens são impressas diariamente e a cada hora no éter do Corpo Vital, independentemente da nossa observação, assim como uma imagem detalhada é impressa na placa fotográfica pelo éter, ainda que o fotógrafo não tenha observado seus detalhes. Elas formam um registro absolutamente verdadeiro da nossa vida passada, que podemos chamar de memória subconsciente (ou Mente) e é muito superior à visão que armazenamos conscientemente em nossa memória (na Mente).
Sob a imutável Lei da Consequência, que decreta que aquilo que nós semearmos nós colheremos, os atos da vida são a base da nossa existência após a morte. O panorama de uma vida passada é o livro dos Anjos do Destino, os organizadores da partitura que fazemos junto à Lei da Consequência.
A revisão do panorama da vida logo após a morte registra as imagens no Corpo de Desejos, que é o nosso veículo normal no Mundo do Desejo, onde o Purgatório e o Primeiro Céu estão localizados.
Esse panorama é o fundamento da purificação do mal, no Purgatório, e da assimilação de boas ações, no Primeiro Céu. É da maior importância que ele seja profundamente gravado no Corpo de Desejos, porque se a gravação for profunda e clara, o Ego sofrerá mais acentuadamente no Purgatório e experimentará alegrias mais intensas no Primeiro Céu. Tais sentimentos permanecerão como consciência nas vidas futuras, impulsionando as boas ações e desencorajando os maus atos.
Se deixarmos o Espírito em paz, tranquilo, para se concentrar no panorama da vida, a gravação será clara e nítida; no entanto, se os parentes desviarem a dele atenção com altas e histéricas lamentações durante os primeiros três dias e meio, período em que o Cordão Prateado ainda está intacto, uma impressão superficial ou borrada fará com que o Espírito perca muitas das lições que deveriam ter sido aprendidas. Para corrigir essa anomalia, os Anjos do Destino são frequentemente forçados a terminar a próxima vida dele na Terra durante a primeira infância, antes que o Corpo de Desejos tenha nascido, conforme descrito nesse livro e nessa Parte IV – Capítulo II – O Efeito das Orações, Rituais e Exercícios, pois o que não foi vivificado não pode morrer; assim, a criança entra no Primeiro Céu e aprende as lições que não aprendeu anteriormente, tornando-se dessa forma equipada a passar pela Escola da Vida.
Como tais Egos mantêm o Corpo de Desejos e a Mente que tinham na vida em que morreram quando crianças, é comum que se lembrem dessa existência, porque só permanecem fora da vida terrena de um a 20 anos.
O sofrimento no Purgatório surge por duas causas: os desejos que não possam ser satisfeitos e a reação às imagens do panorama da vida — o bêbado, por exemplo, sofre as torturas de Tântalo, porque não tem meios de obter ou reter a bebida. O avarento sofre porque lhe falta a mão para impedir que seus herdeiros dissipem seu estimado tesouro. Assim, a Lei da Consequência elimina os maus hábitos até que o desejo se esgote.
Se tivermos sido cruéis, o panorama da vida irradia sobre nós a imagem de nós mesmos e de nossas vítimas. As condições são revertidas no Purgatório: nós sofremos como eles sofreram. Assim, com o tempo, somos expurgados do pecado. A matéria grosseira do desejo que forma a personificação do mal é expelida pela força centrífuga da Repulsão, no Purgatório, e retemos unicamente o puro e o bem, que são corporificados em matéria de desejo mais sutil que é dominada pela força centrípeta — Atração, que no Primeiro Céu une o que é bom, quando o panorama retrata cenas de nossas vidas passadas em que ajudamos outras pessoas ou nos sentimos gratos pelos favores recebidos, conforme descrito aqui em, nesse livro e nessa parte Vida e Atividade no Céu, que também fala da estadia no Segundo Céu, localizado na Região do Pensamento Concreto.
Esse também é o reino do tom, como o Mundo do Desejo é da cor e o Mundo Físico, da forma. O tom, ou som, é o construtor de tudo o que existe na Terra, como lemos no Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo (o som), e o Verbo se fez carne”, a carne de todas as coisas, “Sem Ele nada do que foi feito se fez”. A montanha, o musgo, o rato e o ser humano são encarnações dessa Grande Palavra Criadora que desceu do Céu.
Lá, o ser humano se torna um com as forças da natureza; Anjos e Arcanjos o ensinam a construir um ambiente conforme o que mereceu sob a Lei da Consequência. Se ele gastou seu tempo na especulação metafísica, igual aos hindus, deixou de construir um bom ambiente material e renascerá em uma terra árida, onde inundações e fome o ensinarão a voltar sua atenção às coisas materiais. Quando ele focaliza sua Mente no Mundo Físico, aspirando à riqueza e ao conforto material, constrói no Céu um inigualável ambiente material, uma terra rica com instalações que lhe trarão facilidade e conforto, como o mundo ocidental tem feito. Mas, dado que sempre ansiamos pelo que nos falta, as posses que temos nos saciam para além do conforto e estamos começando a desejar novamente a vida espiritual, como os hindus, nossos irmãos mais novos, querem agora a prosperidade material que temos e estamos deixando para trás, o que é mais bem explicado aqui nesse livro e nessa parte Métodos Ocidentais para os Ocidentais, que mostra por que as práticas de ioga hindu são prejudiciais aos ocidentais: eles estão atrás de nós na evolução.
Depois que o Ego ajuda a construir o arquétipo Criativo para o ambiente de sua próxima vida terrena, no Segundo Céu, ascende ao Terceiro Céu, localizado na Região do Pensamento Abstrato. Mas poucas pessoas aprenderam a pensar de forma abstrata como os matemáticos; portanto, a maioria está inconsciente, como no sono, aguardando o Relógio do Destino — as estrelas, para indicar a hora em que os efeitos gerados pela ação das vidas passadas possam ser calculados. Quando os responsáveis pelo tempo celestial, o Sol, a Lua e os planetas, alcançam uma posição adequada, o Ego acorda com o desejo de um novo nascimento.
Os Anjos do Destino examinam o registro de todas as nossas vidas passadas, estampadas na Mente Supraconsciente toda vez que o Ego vai para o Terceiro Céu, conforme descrito nesse livro nesse O Terceiro Céu na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Quando não há uma razão específica para a tomada de um determinado ambiente, o Ego tem várias opções de renascimento. Elas são mostradas a ele em uma visão geral, exibindo o grande esboço de cada vida proposta, mas deixando espaço para o livre-arbítrio individual nos detalhes.
Depois que uma escolha é feita, o Ego deve liquidar as causas maduras que foram selecionadas pelos Anjos do Destino e qualquer tentativa de escapar será frustrada. Deve-se notar cuidadosamente que o mal é erradicado no Purgatório. Somente as tendências restam para nos tentar, até que, de forma consciente, nós as vençamos. Assim, nascemos inocentes e, pelo menos, todo ato maligno é um ato de livre-arbítrio.
Quando o Ego desce em direção ao renascimento, reúne os materiais para seus novos corpos, mas eles não nascem ao mesmo tempo. O nascimento do Corpo Vital inaugura um rápido crescimento entre, o entorno, os sete anos e os catorze, desenvolvendo também a faculdade de propagação. O nascimento do Corpo de Desejos, em torno dos catorze anos, fornece origem ao período impulsivo que vai, em torno, dos catorze aos vinte e um anos. Nessa idade em torno dos vinte e um anos, o nascimento da Mente fornece um freio ao impulso e concede a base para uma vida séria.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Como todos os outros corpos ou órgãos por meio dos quais os veículos superiores e nós, o Ego, trabalhamos, o cérebro teve início antes que o germe da Mente fosse dado ao ser humano. Na Primeira Revolução do Período Terrestre, recapitulação do Período de Saturno, antes que o ser humano tivesse um Corpo Denso químico, quando ainda era um pensamento-forma e não havia se cristalizado o suficiente para ser chamado de químico, o primeiro impulso foi dado para construir a parte frontal do cérebro.
Portanto, nosso cérebro remonta ao início do Período Terrestre; naquele tempo distante, a substância da qual o cérebro foi construído era material de desejo, matéria da finura e plasticidade do Mundo do Desejo. Havia, entretanto, apenas um impulso, um cérebro germinativo, por assim dizer, e foi somente na quarta Revolução e na terceira Época, a Lemúrica, que realmente construímos um cérebro físico, composto de matéria mineral. Isso foi feito por meio da separação dos sexos, conforme estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos e na Bíblia. Metade da força criadora foi canalizada para cima, construindo o cérebro e a laringe.
O objetivo desse cérebro era funcionar como um veículo para a Mente. Há uma distância muito longa entre os primórdios do cérebro, na Primeira Revolução do Período Terrestre, e o seu desenvolvimento atual. Mesmo assim, hoje, apesar do nosso maravilhoso progresso, estamos apenas tocando a orla daquilo que ele deve ser. Provavelmente, nenhuma pessoa que vive entre a humanidade comum de hoje está usando mais da metade da massa cinzenta do cérebro.
Os antigos, não considerando os Iniciados, não tinham conhecimento das funções do cérebro. A palavra cérebro não ocorre em uma única parte da Bíblia. Os hebreus, em comum com outras raças antigas, aparentemente não tinham ideia de que o cérebro fosse o órgão de expressão da Mente. Eles pensavam que a Mente estivesse nos rins. Davi, em um de seus Salmos, disse: “o Senhor prova o coração e os rins”. Substitua a palavra “Mente” por “rins” e ela se torna inteligível. Jeremias, ao falar dos hipócritas daquela época, disse (Jr 12:2) que eles tinham o Senhor em suas bocas, mas não em seus rins (Mentes). No entanto, mesmo antes que os hebreus localizassem a Mente nos rins, os antigos babilônios a colocaram no fígado. Tanto quanto pode ser verificado, eles foram os primeiros a entender a Mente como um órgão corporal.
Alcemon, o pitagórico de Crotona, que viveu por volta de 500 a. C., foi o primeiro a mencionar o cérebro como o veículo do pensamento; porém ninguém deu atenção às suas afirmações, embora Platão, que viveu cerca de 200 anos depois, tenha desenvolvido a mesma teoria, mas de uma forma puramente especulativa, sem dar nenhuma razão para sua crença como Alcemon fizera. Aristóteles afirmava que o cérebro era um órgão de resfriamento que gelava o sangue para o coração e descobrimos, assim, que ao longo dos séculos, a Mente, como órgão do pensamento, foi atribuída primeiro a uma parte do corpo, depois a outra…
Em tempos bem modernos, sustentava-se a teoria de que “o cérebro fosse uma glândula que segregava pensamento como o fígado segrega a bile”. E hoje ainda existem muitos que, embora não o expressem de forma tão direta como visto na frase que acabamos de citar, pensam realmente assim, pois afirmam que não é uma presença animadora no Corpo Denso que tem o poder de pensar, mas que a capacidade de pensar é inerente ao próprio cérebro, estando tal ideia, em última análise, apenas um pouco afastada da “secreção de pensamento”.
O cérebro é dividido em dois hemisférios e os dois, no que diz respeito à matéria cinzenta, são exatamente iguais em todas as aparências, porém há uma diferença: o centro da fala (a Área de Broca) se desenvolve apenas em um hemisfério. O outro fato curioso foi trazido à tona: todas as pessoas destras têm o centro da fala desenvolvido no hemisfério esquerdo e as pessoas canhotas, no hemisfério direito: no entanto, nas pessoas ambidestras o centro da fala está presente em ambos os hemisférios.
Outro fato interessante é que ninguém nasce com o centro da fala já desenvolvido. Em geral, todos os bebês ouvem e enxergam ao nascer, embora não focalizem bem a visão, mostrando que nascem com os centros de visão e audição já construídos no cérebro; contudo, a criança precisa esperar um tempo que varia de dez meses a vários anos, em casos extremos, antes que a faculdade da fala seja adquirida.
A Ciência Material não nos dá qualquer explicação sobre essa variação no uso dos sentidos; mas, se olharmos para o nosso Conceito Rosacruz do Cosmos, encontraremos o motivo. Lá, aprendemos que o ouvido é o órgão sensorial mais antigo e mais desenvolvido que temos. Em seguida, descobrimos que, na Época Polar, o tato era um sentido localizado. A Ciência Material não conseguiu encontrar no cérebro o centro do tato (apesar de sempre haver algumas hipóteses); ela se pergunta sobre sua ausência e diz que ainda não está localizado com certeza ; porém os Estudantes Rosacruzes da Fraternidade Rosacruz sabem que durante a Época Polar o tato estava localizado na Glândula Pineal e, desde então, foi distribuído por todo o corpo e a sensação do tato nunca mais estará localizada no cérebro, pois atingiu um estágio de relativa perfeição.
Nenhuma menção especial é feita no Conceito Rosacruz do Cosmos ao sentido do paladar, mas por um processo de raciocínio podemos chegar à conclusão de que foi um dos sentidos desenvolvidos em um estágio inicial da nossa evolução, pois o bebê demonstra muito rapidamente sua capacidade para reconhecer doces, quando colocados em sua boca.
A capacidade de nos expressar pela fala pertence apenas ao ser humano. Nenhum dos Reinos inferiores, em desenvolvimento da consciência, pode se expressar dessa forma. Ela foi adquirida na Época Lemúrica, mas devemos lembrar que nessa Época não usávamos palavras como fazemos hoje. Naquela Época, “sua linguagem consistia em sons parecidos com os da natureza”, diz o Conceito Rosacruz do Cosmos. A habilidade de usar palavras para expressar os sentimentos veio depois.
O Lemuriano era capaz de perceber a Luz através dos pontos sensibilizados que mais tarde se desenvolveram nos nossos olhos atuais. O Conceito Rosacruz do Cosmos não afirma qual sentido foi aperfeiçoado primeiro, mas podemos razoavelmente concluir que o olho foi construído antes que a faculdade da fala fosse aperfeiçoada, pois sabemos que a prática gera perfeição e a longa prática no uso do ouvido e do paladar, também ao construir esses centros em cada novo Corpo Denso que ocupamos, nos permitiu construí-los em um período mais curto do que os centros de faculdades adquiridos posteriormente.
Assim, durante a vida pré-natal, fazemos o trabalho das primeiras Revoluções e Épocas iniciais e continua até nossos dias atuais, no que diz respeito aos centros de audição e paladar; assim, a criança nasce com a capacidade de ouvir e o paladar totalmente desenvolvido, porque os centros desses sentidos estão, aparentemente, embutidos no cérebro. O sentido da visão, sendo um desenvolvimento posterior, não é perfeito: embora o centro esteja embutido no cérebro e a criança possa ver ao nascer, é necessário um tempo mais longo do que a duração da vida pré-natal para aprender a usar os olhos físicos e focá-los corretamente.
Embora a fala aperfeiçoada possa não ser uma aquisição posterior à visão, é o único dos sentidos que não compartilhamos com o Reino animal e é necessário mais tempo para aperfeiçoá-lo. Carecemos da prática que nos capacita a construir o centro para a fala, na vida pré-natal, e a criança nasce enquanto ainda está no estágio Lemuriano de seu desenvolvimento. Como o antigo Lemuriano, ela enuncia os sons e continua a fazê-lo até que, com o tempo, tenha terminado o trabalho sobre aquele centro e, gradualmente, de maneira gaguejante e hesitante, aprenda a se fazer compreender por meio da palavra falada.
Também pode ser que as variações observadas no período necessário para o desenvolvimento do centro da fala dependam da evolução dessa espiral particular. Talvez isso nos dê uma pequena iluminação sobre a maneira pela qual os antigos Lemurianos eram capazes de se comunicar uns com os outros, usando apenas sons ululantes, quando nos lembramos da rapidez com que as mães podem interpretar os desejos do seu bebê a partir do caráter do choro.
O centro da fala é frequentemente destruído por acidente, doença, etc. Quando o acidente ocorre na infância, foi notado que, depois de um período variável (dependendo um pouco da idade da criança), a faculdade da fala é recuperada. O Ego constrói um novo centro na Área de Broca, no hemisfério oposto. Em todos os casos, na investigação por exame post mortem (o único meio de investigação aberto ao cientista material), o novo centro é aparente, porque o antigo pode ser visto em sua condição destruída.
O cérebro da criança é plástico, como o resto do corpo, e pode ser facilmente moldado para atender às necessidades do Ego; no entanto, nos adultos essa capacidade parece não existir. Em todos os casos de adultos em que foi possível investigar, após a morte, demonstrou-se que a recuperação parcial da faculdade da fala ocorreu por uma reconstrução daquele centro ferido e não pela instalação de um novo centro.
Todos nós conhecemos esta frase: “O pensamento sulca o cérebro”. Isso é literalmente verdade: a matéria cinzenta dobra-se repetidamente sobre si mesma e novas áreas do cérebro são formadas, como prateleiras em uma biblioteca, uma acima da outra. Se você deseja estudar um novo idioma, por exemplo, deve fazer uma nova prateleira e nós podemos, assim, organizar novas áreas do cérebro para realizar novas funções; contudo, a dificuldade com que isso é feito aumenta com o avanço da idade. Existem grandes áreas no cérebro que são lisas e sem sulcos; a dedução lógica é que não estamos usando essas partes. Isso nos dá uma ideia de como nossos cérebros podem desenvolver uma capacidade mental aumentada, no futuro, viabilizando que essas áreas lisas sejam cultivadas.
Vamos deixar o cérebro de lado, por enquanto, e dar uma olhada rápida na Mente. Na terceira Época ou Época Lemúrica, os pioneiros que se prepararam para a recepção da Mente receberam o seu núcleo dos Senhores da Mente, que irradiaram de si mesmos a substância que ajudou o ser humano a construir a Mente germinativa; mas a maioria da humanidade não estava pronta, naquela época, para esse novo passo e teve que esperar até a Época Atlante. A Mente é o nosso último veículo adquirido e o mais importante. Na grande maioria das pessoas, ela é informe e desorganizada: está em seu estágio mineral e tem poder apenas sobre os minerais. Poucos são capazes de ter pensamentos originais; tudo o que muitos de nós fazem é refletir os pensamentos de outras pessoas, estejam elas nos Mundos visível ou invisíveis.
“A Mente foi dada ao ser humano para que, pela obra do Ego através dela, o Pensamento e a Razão pudessem ser desenvolvidos, de modo que o desejo possa ser conduzido por canais que levem à obtenção da perfeição espiritual”. A Mente é composta da substância da Região do Pensamento Concreto e é, atualmente, uma essência semelhante a uma nuvem. Sendo o veículo mais jovem, ele tem um período de desenvolvimento mais curto do que nossos outros veículos e leva vinte e um anos, após o nascimento do Corpo Denso, para trazê-la à luz. É nosso desejo de conhecimento que nos impele a pensar; portanto, o egoísmo está na base de nossa capacidade de refletir.
A Mente é, temporariamente, extraída do Corpo Denso durante o sono, mas quando a morte acontece, ela é retirada permanentemente e permanece com o Ego, até que ele deixe o Segundo Céu e vá para o Terceiro, quando ela é dissolvida e sua a substância é deixada na Região do Pensamento Concreto.
Vamos olhar para frente e ver como será a Mente nos Períodos futuros. Como agora, durante o Período Terrestre, ela está em seu estágio mineral, atingirá o estágio de planta no Período de Júpiter; então se tornará viva e seremos capazes de trabalhar com vida, com plantas vivas, como os Anjos estão fazendo agora. Seremos capazes de criar vida pela imaginação e dar existência pelo pensamento a formas que viverão e crescerão como plantas; teremos a orientação do Reino vegetal nesse Período (nossos minerais atuais). No Período de Vênus, o Reino vegetal terá avançado para o Reino animal e nós daremos a eles formas vivas, com sentimento. No Período de Vulcano, nossas Mentes terão alcançado o estágio em que poderão criar ou propagar outras Mentes e nós daremos para a humanidade daquele Período a Mente germinativa.
Tendo visto uma breve revisão de várias fontes, da origem e do desenvolvimento do cérebro e da Mente, vejamos se podemos descobrir de que modo a Mente usa o cérebro como um veículo físico de expressão. Talvez devamos nos perguntar como nós combinamos os dois, porque nós, o Ego, estamos na base da Mente. Somos informados no Conceito Rosacruz do Cosmos de que o Éter Refletor é o meio pelo qual o pensamento é impresso no cérebro. Existem vários métodos pelos quais um pensamento pode atingir o cérebro. O primeiro, e mais geralmente usado, é o descrito no Conceito Rosacruz do Cosmos, em que estudamos os Éteres. Estamos todos perfeitamente familiarizados com este método — como o pensamento é lançado, já como forma de desejos, no Corpo de Desejos e, se a Força de Atração é despertada, então esse pensamento entra em espiral no Corpo de Desejos, é estimulada a forma de desejos, como se fosse acrescentada energia ao pensamento-forma e ela é revestida de matéria de desejo: então pode atuar no cérebro etérico e, por meio desse, no cérebro físico, para compelir a ação.
Se a Força de Repulsão for despertada no Corpo de Desejos, ocorrerá uma luta entre a força espiritual, na forma de pensamento, e o Corpo de Desejos; sabendo desse fato, devemos ser cuidadosos para que, quando nós, como Egos, desejamos despertar uma boa ação, a forma de pensamento que enviamos tenha por trás dela, e dentro dela, suficiente vontade e energia espiritual para que possa lutar por seu caminho, apesar da Força de Repulsão, assegurando o material de desejo necessário para se incorporar, em vez de ser expulsa do Corpo de Desejos. Se houver pouca vontade, poucas das nossas boas disposições se tornarão mais do que impulsos, pois a força espiritual está ausente.
Outro método pelo qual o Ego pode imprimir pensamentos no cérebro é por meio do sangue. O sangue é o veículo do Ego e carrega nossos sentimentos e emoções. É, em certo sentido, o veículo da memória subconsciente (ou Mente subconsciente) e está em contato com a Memória da Natureza, que é muito mais precisa do que a memória consciente (ou Mente consciente). As imagens do Éter Refletor são transportadas para os pulmões pelo ar que respiramos e a partir daí, transmitidas ao sangue; à medida que o sangue flui para todas as partes do corpo, incluindo o cérebro, uma impressão mais ou menos distinta daquilo que ele contém em seu depósito, incluindo o pensamento subconsciente, pode ser impressa no cérebro pelo Ego, caso se tornar necessário.
Outra maneira é pela memória superconsciente (ou Mente superconsciente) – também chamada de memória Supraconsciente -, inata ao Espírito de Vida, que é capaz de se imprimir diretamente no Éter Refletor do Corpo Vital sem a necessidade de se revestir de matéria de desejo: isso é a intuição ou a consciência que fala conosco. De uma quarta forma, o Espírito de Vida pode transmitir sua mensagem de sabedoria diretamente ao coração, que instantaneamente a transmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico, resultando as primeiras impressões, os impulsos intuitivos do Espírito de Vida.
Tendo rastreado a origem e o desenvolvimento da Mente e do cérebro, olhado para o futuro e tido um vislumbre da evolução da Mente durante os três Períodos que virão e compreendido amplamente o quanto as nossas Mentes atuais permitirão a imensidão desse plano final, consideremos agora alguns dos métodos pelos quais o desenvolvimento da Mente e do cérebro pode ser realizado, ambos tendo como objetivo do desenvolvimento a evolução espiritual do Ego.
Vamos começar com o cérebro: todos nós conhecemos a conexão íntima que existe entre o cérebro, o sistema nervoso e o sangue. O sangue é o meio pelo qual o alimento é levado às várias partes do corpo e o tipo de alimento que comemos deve ter grande influência sobre o cérebro. O Conceito Rosacruz do Cosmos nos informa que “o fósforo é o elemento particular por meio do qual o Ego é capaz de expressar o pensamento e influenciar o Corpo Denso”.
O fósforo se encontra em maior concentração no cérebro e “a proporção e variação desta substância corresponde ao estado e estágio de inteligência do indivíduo… Portanto, é de grande importância ao Aspirante à vida superior que vai usar seu corpo, pois o trabalho mental e espiritual deve suprir seu cérebro com a substância necessária para esse propósito”. Mais uma vez, Max Heindel diz: “Além disso, devem ser selecionados os alimentos que são mais facilmente digeridos, porque quanto mais facilmente a energia dos alimentos é extraída, mais tempo o organismo tem para se recuperar, antes de ser necessário repor o fornecimento”.
É importante que os vários órgãos fornecidos com a finalidade de livrar o corpo dos resíduos devem ser mantidos em perfeito funcionamento (e isso inclui a pele), ou o sangue ficará envenenado e transportará esse veneno para o cérebro, produzindo lentidão mental e, às vezes, até estupor.
Sabemos, por nossos Ensinamentos Rosacruzes, que a força criadora construiu o cérebro em primeiro lugar e é razoável concluir que a mesma força melhorará o cérebro, se for direcionada para cima e não desperdiçada por ordem do Corpo de Desejos.
Para entender o próximo método de melhora do cérebro, vamos recordar o que foi dito no início deste artigo a respeito de diferentes áreas do cérebro serem dedicadas a diferentes linhas de pensamento. Todos nós temos, dentro de nossos cérebros, certas áreas dedicadas ao pensamento egoísta. O pensamento destrói o tecido e, como nos diz o Conceito Rosacruz do Cosmos, o tecido destruído, assim como todos os outros resíduos do corpo, é substituído por novo tecido pelo sangue.
O coração era um músculo involuntário, mas aos poucos está se tornando um músculo voluntário, desenvolvendo listras ou estrias cruzadas como os outros músculos voluntários. Essas listras cruzadas podem ser incrementadas por certos exercícios ocultos, de modo que o tempo necessário para desenvolver o coração e torná-lo um músculo voluntário pode ser bastante reduzido pelo treinamento oculto; quando o coração se tornar um músculo voluntário totalmente desenvolvido, a circulação do sangue passará do controle do Corpo de Desejos para o influência absoluta do Espírito de Vida; esse veículo poderá então cancelar o suprimento de sangue para as áreas do cérebro dedicadas a propósitos egoístas: já que os pensamentos egoístas destruirão os tecidos e nenhum suprimento novo de sangue será enviado para aquele lugar, eles irão se atrofiar, gradualmente. Ao mesmo tempo, as áreas dedicadas ao pensamento altruísta serão aumentadas pelo maior suprimento de sangue e, dessa forma, o cérebro se tornará um fator poderoso no desenvolvimento espiritual.
Resta ver como a Mente pode ser melhorada. A concentração é um dos grandes auxílios, já que, por meio dela, a Mente torna-se direcionada; também pelos estudos do pensamento abstrato, preservando o estado fluídico de adaptabilidade, ou seja, mantendo a Mente aberta para que não se cristalize em uma linha de pensamento, mas esteja sempre pronta a assimilar novas verdades. A Religião é uma forma de ajudar a melhorar a Mente. Quando nossa Mente era nova, ela se fundiu com o Corpo de Desejos e, assim, as Religiões de Raça foram dadas para emancipar a Mente do desejo. A Mente deve ser mantida em seu devido lugar, como um elo entre o “Eu superior” e a Personalidade; deve, assim, procurar dar as mãos para o “Eu superior”; dessa forma seremos salvos das experiências que surgem quando a Mente fornece uma aliança ao Corpo de Desejos.
O Conceito Rosacruz do Cosmos afirma que a oração pela Mente é a parte mais importante da Oração do Senhor, o Pai-Nosso. Afirma ainda: “o espelho da Mente contribui cada vez mais para o crescimento espiritual, à medida que os pensamentos que ele transmite para o Ego, e a partir dele, aperfeiçoam-no para um brilho máximo, aguçando e intensificando seu foco cada vez mais para um único ponto, perfeitamente flexível e sob o controle do Ego”. É de grande importância que tenhamos apenas o tipo certo de pensamentos em nossa Mente, porque pensamentos de caráter semelhante serão atraídos a nós pelos pensamentos que já estão em nossa Mente. Se tivermos pensamentos espirituais, eles crescerão e aumentarão, porque “semelhante atrai semelhante”. A Mente, assim como todos os outros veículos, pode ser espiritualizada pelo cultivo das faculdades da observação, discriminação e memória, devoção a ideais elevados, oração, concentração e do uso correto das forças vitais.
Por último, todo trabalho que fizermos em nosso Corpo de Desejos, purificando os desejos e emoções, será extraído do Corpo de Desejos em forma da Alma Emocional e nos Mundos celestes ela será amalgamada ao Espírito Humano, o que resultará em Mentes melhores em vidas futuras.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de jul/1918 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
A Natureza e o Simbolismo da Alma — de acordo com Ideias Antigas
Era um ditado de Aristóteles que, na infância, a alma do ser humano não difere em qualquer coisa da alma dos brutos; mas então ele admite que apenas um animal, o ser humano, possa refletir e deliberar; a última afirmação encontrou grande apoio entre os filósofos modernos. Assim, agora somos informados de que o bruto seja sensível, mas não autoconsciente, e poderes e faculdades são continuamente apontados no ser humano, os quais, afirma-se positivamente, não podem ser encontrados em alguém inferior a ele. As pessoas que fazem tais declarações já visitaram a câmara de pensamento dos animais inferiores, nós nos perguntamos, e, se não, como podem falar do mistério da mente com tanta certeza?
Platão usou esta classificação: alma das paixões e alma das faculdades cognitivas; cada uma tendo sua própria sede no corpo e movimentos peculiares; até mesmo Aristóteles, seu oponente materialista, tem suas almas vegetais, almas sensíveis e almas racionais. Em toda a fisiologia e psicologia gregas estava o pressuposto de que tudo o que se movia sozinho tinha vida ou alma. A matéria foi admitida como essencialmente inativa e, portanto, tornou-se necessário supor um agente vital no qual (ou através do qual) a atividade se manifestasse; o mesmo era válido no caso da função física, da senciência e do intelecto, sendo essa a suposição sobre a qual repousava também os três tipos de alma de Platão e as três almas de Aristóteles, pois inclusive a teoria deste parece estar, e talvez literalmente, quase no mesmo nível.
Galeno limitou o termo alma ao agente das funções sencientes e inteligentes, fazendo da Natureza um simples operador físico; contudo, Aristóteles reinou sobre as escolas e sua doutrina das almas vegetais, almas sencientes e almas racionais, modificada de várias maneiras, pode ser localizada em muitas teorias fisiológicas e médicas até mesmo em nossos tempos. Era substancialmente um com o Archaeus, o princípio governante da filosofia de Paracelso, e o princípio animador, organizador de Harvey. Ainda mais tarde, Muller transformou a concepção em uma força orgânica que existe até mesmo no germe e cria nele a parte essencial do futuro animal, enquanto Haeckel e outros que tentam se afastar inteiramente do princípio das almas são ainda forçados a reconhecer, com ele, um princípio vital que subjaz a todas as manifestações físicas.
A alma cristã e imortal foi representada tanto pelo pavão quanto pela pomba e, mais frequentemente, pela última. Podemos ver os Discípulos de nosso Senhor representados como pombas na cruz absidal em São Clemente. As almas cristãs das pombas são encontradas em tabuletas murais tanto em fontes batismais quanto sarcófagos. Com menos frequência, elas aparecem como pavões e raramente em sarcófagos; no entanto, mesmo em tempos pré-cristãos, elas eram assim representadas nas paredes de câmaras sepulcrais e cenas do Paraíso de Osíris, em alguns sarcófagos. No museu do Vaticano estão duas pombas em uma cruz, rodeadas pelo monograma de Cristo em uma coroa de flores. Esse objeto pode ser visto com frequência.
No único tabernáculo de marfim preservado na sacristia da Catedral de Sens, vemos uma pinha tomando o lugar da cruz ou do diagrama de Cristo e, de cada lado dela, um pavão, representando não apenas as almas dos cristãos, mas as dos mártires, pois cada pavão tem um pequeno ramo de palmeira preso no pescoço.
O símbolo egípcio convencional para a alma era, como todo arqueólogo sabe, um gavião com cabeça humana. Nos últimos tempos e entre os romanos, as almas dos que partiram para o Paraíso de Osíris eram representadas como pombas e pavões. Em uma pintura afresco que existiu em Pompéia, uma cópia da qual foi gravada em Nápoles em 1833, almas simbolizadas como pombas e pavões são representadas empoleiradas em árvores sagradas — a palmeira e o pessegueiro, no Paraíso de Osíris e Isis. Nesse afresco estava também representada a garça, símbolo, segundo o Visconde de Ronge, da primeira transformação da alma neste misterioso Paraíso.
Havia, então, para esse propósito, certo significado idêntico e ligado ao símbolo do pavão e da pomba. A pomba de Vênus foi crucificada em uma roda de quatro raios ou cruz solar; a pomba, também chamada de Inyx, apresenta relação com esses símbolos e ocorre na história de Semiramis, sendo descrita como tendo fugido e transformando-se em pomba, quando foi conquistada por Esturobates, que havia ameaçado pregá-la na cruz, que é identificada com a roda de quatro raios na crucificação eterna de Ixion, ou a roda da execução descrita por Píndaro.
A pomba crucificada em uma cruz-de-roda ou cruz solar; basicamente, uma cruz dentro de uma circunferência é curiosa como um antigo símbolo pré-cristão, mas nos símbolos cristãos duas pombas na cruz são frequentemente vistas. No entanto, é mais do que provável que haja outro significado para o símbolo da pomba e não apenas o de representar a alma. O batismo de Jesus no Jordão foi um batismo da água e do espírito, porque, quando Jesus saiu da água, o Cristo Universal desceu sobre ele como uma pomba, mas não em forma de pomba e, a partir de então, foi animado por um espírito diferente, imbuído de sabedoria cósmica. Da mesma forma, quando o espírito desceu sobre os Discípulos na Celebração Pentecostal, eles também foram dotados de poderes espirituais não anteriormente possuídos por eles e apenas aqueles que têm tais faculdades evoluídas podem realmente entrar na classificação que lhes dá o direito ao símbolo da pomba, tal como foi depois dado aos Discípulos de Cristo. Portanto, é razoável supor que esse símbolo só tenha sido oferecido a iniciados cujos poderes espirituais foram desenvolvidos para serem usados a Serviço da Humanidade.
Porém, se pudermos aplicar o Mito de Argus como um índice para o significado do símbolo do pavão, isso nos mostrará a alma desperta que usa seus poderes para um propósito mais básico. Argus, de acordo com a mitologia, tinha cem olhos, era dotado de um poder de observação maravilhoso e penetrante; clarividência, na verdade. Mas ao invés de usar este poder da alma para o benéfico Serviço à Humanidade, ele prostituiu sua visão espiritual para aprisionar um semelhante e, por isso, Mercúrio, o deus da sabedoria, decapitou-o e colocou seus olhos nas plumas do pavão. Em outras palavras, o uso indevido de seus poderes espirituais para um propósito vil fez com que ele fosse privado deles e se tornasse uma criatura indefesa, arrogante e vaidosa como um pavão, algo lamentável, apesar de toda sua linda plumagem.
Conhecimento é bom, se for do tipo certo e usado corretamente para propósitos altruístas e úteis; contudo, é extremamente perigoso ser sábio como uma serpente, se não for inofensivo como uma pomba.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
De acordo com a Bíblia o ser humano é composto de três partes: Corpo, Alma e Espírito.
Cada um de nós é um Espírito Virginal da Onda de Vida humana. Um ser que começou o seu desenvolvimento no Período de Saturno e o terminará no Período de Vulcano, pelo menos no que se refere a este Grande Dia de Manifestação.
Um membro da Onda de Vida dos Espíritos Virginais. Diferenciados dentro de Deus como chispas de uma Chama, com as mesmas qualidades dela e capazes de se expandir até se converter em chamas.
“E os Elohim formaram o homem à sua semelhança e imagem” (Gn 1:27). Portanto, em todos os Espíritos Virginais estão contidas todas as possibilidades de Deus, inclusive o germe da vontade independente, o livre arbítrio, que nos torna capazes de originar novas fases, além das latentes, fases originais, o que corresponde à faculdade da Epigênese.
Vemos, portanto, que é um fato que: “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Nada pode existir fora de Deus.
A Onda de Vida dos Espíritos Virginais forma a Hierarquia Criadora de Peixes. Uma Hierarquia Criadora é um grupo de seres duplos ou bissexuais que coletivamente são Deus (chamados de Elohim no Gênesis) e que trabalham ativamente para se cumprir o plano evolutivo criado por Deus neste Grande Dia de Manifestação – em Gn 22:1: “Assim foram acabados os céus, a terra e todo seu exército”.
Como cada Hierarquia Criadora tem seu trabalho no Plano Evolutivo de Deus, nós também temos o nosso. E temos, ao nosso cargo, a Evolução da Onda de Vida que começou no Período Terrestre e que hoje anima os minerais.
Atualmente estamos trabalhando com eles por meio da imaginação, dando-lhes formas, fazendo com eles: livros, edifícios, pontes, máquinas, carros, etc…
Perceba que só trabalhamos com as formas minerais dos três reinos inferiores. Contudo, não podemos trabalhar com a vida que as anima. Isso porque, atualmente, a nossa Mente está no estado ou forma “mineral”. Tempo virá em que poderemos “imaginar formas que viverão e crescerão”. E depois, criar “coisas com vida, sensíveis e capazes de crescer”. E por último, seremos capazes de “imaginar a criação de seres que viverão, crescerão, sentirão e pensarão”.
Em harmonia com o Esquema da Evolução, traçado por Deus, cada Hierarquia só entra em atividade quando tenham sido criadas condições necessárias para o seu trabalho. Os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana, nós, só entraram em atividade quando as Hierarquias Criadoras prepararam as condições para o seu desenvolvimento.
Cada Hierarquia tem o seu trabalho. Por exemplo, os Anjos, a Hierarquia Criadora de Aquário, têm como objetivo conquistar, dominar e funcionar conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico. Tornaram-se especialistas na matéria dessa região. Para isso tiveram que descer a essa Região e aprender como lidar com tal matéria. Foi-lhes fornecido todo tipo de ajuda para tal, desde alimentação até instruções, experiências e orientação. Conquistarão e expandirão sua consciência nos quatro Mundos superiores a essa Região do Mundo Físico.
Do mesmo modo, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana têm como objetivo conquistar, dominar e funcionar conscientemente na Região Química do Mundo Físico. Devem se tornar especialistas na matéria dessa Região. Peritos na construção das formas constituídas de substâncias minerais químicas. Para isso tivemos que descer a essa Região e estamos aprendendo como lidar com tal matéria. Tivemos que adquirir a consciência de nós próprios. Portanto, “somos a vida que se juntou à forma, para, por meio de Deus, obter consciência”. Aperfeiçoaremos os nossos veículos e expandiremos a nossa consciência nos cinco Mundos superiores a essa Região do Mundo Físico, por nosso esforço e vontade. Estamos aprendendo, através da experiência, como fazer isso.
O Espírito é um só, entretanto, observado do Mundo Físico, ele refrata-se em três aspetos: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano. Como Deus, que nos criou, refrata-se em três: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Cada um desses aspectos corresponde a um aspecto da Deidade.
E na oração o Pai-Nosso, fornecida por Cristo, cada um expressa a sua adoração. O Espírito Humano é a contraparte do Espírito Santo (Jeová): “Santificado seja O vosso nome”. Ele expressa a ATIVIDADE, o MOVIMENTO, atributos do Espírito Santo.
O Espírito de Vida é a contraparte do Filho (Cristo): “Venha a nós o Vosso reino”. O reino do Filho, da Fraternidade Universal. Ele expressa o AMOR, a SABEDORIA.
O Espírito Divino é a contraparte do Pai: “Faça-se a Tua vontade”. Reverenciando a onipotência do Pai. Ele expressa o Poder, a Vontade.
Durante a involução, conforme nós passamos por cada Mundo vindo em direção à Região Química do Mundo Físico, foi despertado cada um desses aspectos, por cada uma das Hierarquias Criadoras que nos ajudaram.
Assim, quando entramos no Mundo do Espírito Divino, foi despertado o nosso Espírito Divino pelos Senhores da Chama.
Descendo a um grau a mais de densidade, mergulhamos no Mundo do Espírito de Vida. Então, foi despertado o nosso Espírito de Vida pelos Querubins.
Depois, descemos a mais um grau de densidade, e entramos na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Quando, então, foi despertado o nosso terceiro aspecto: o Espírito Humano, pelos Serafins. Quando isso aconteceu, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana perderam a onisciência, pois essa Região é a primeira Região separatista, de cima para baixo.
Assim, já não podendo descerrar seus véus (os três aspectos) para observar as coisas exteriores (espirituais) ou perceber os outros, nos vimos forçados a dirigir a consciência para dentro, ali encontrando nosso próprio “EU” ou EGO, separado e à parte de todos os outros à nossa volta. Foi assim que os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana se viram envoltos no seu Tríplice Espírito.
Perceba que é o Espírito Humano que encerrou o Espírito Virginal. É a capa externa – é o Ego.
Portanto, o Ego humano é um Espírito Virginal da Onda de Vida humana envolto em um Tríplice Véu de matéria que obscurece sua consciência divina original.
Nosso atual Esquema de Evolução é dividido em duas partes: a involução e a evolução. Durante a involução, o Ego mantém a ilusão da separatividade. O Ego vai descendo na matéria, entrando em Mundos e em Regiões de maior densidade.
Assim, já é fácil deduzir que o Espírito Virginal da Onda de Vida humana precisava funcionar conscientemente no Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico. Entretanto, para funcionar num determinado Mundo (ou Região desse Mundo) e expressar as qualidades que lhe são realizáveis é necessário construir um veículo formado de matéria desse Mundo. Para funcionarmos na Região Química do Mundo Físico precisamos de um Corpo Denso. Para expressar vida e crescimento, ou as outras qualidades da Região Etérica do Mundo Físico, precisamos de um Corpo Vital. Para expressar sentimentos, desejos e emoções precisamos de um Corpo formado de matéria do Mundo do Desejo, ou seja, de um Corpo de Desejos. E para manifestar o pensamento, precisamos de um veículo formado de matéria da Região do Pensamento Concreto, ou seja, de uma Mente. Esses são os instrumentos que utilizamos atualmente; cada um em seu estágio de evolução; todos interpenetrados; sendo que a Mente é o elo entre esse Tríplice Corpo e o nosso Tríplice Espírito.
Para que pudéssemos possuir cada um desses Corpos e veículos, as Hierarquias Criadoras nos deram o germe, ou irradiaram de si mesmo o germe de cada um deles.
No Período de Saturno, os Senhores da Chama irradiaram de si mesmo o germe do Corpo Denso. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado ápice do coração.
No Período Solar, os Senhores da Sabedoria irradiaram de si mesmo o germe do Corpo Vital. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado Plexo Celíaco.
No Período Lunar, os Senhores da Individualidade irradiaram de si mesmo o germe do Corpo de Desejos. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado fígado.
E, por fim, agora no Período Terrestre, os Senhores da Mente irradiaram de si mesmo o germe do veículo Mente. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado meio do sinus frontal.
Cada um desses germes serviu para o Ego humano (ou o Espírito Virginal envolto no Tríplice Espírito) aprender a construir cada corpo e veículo durante a involução.
Eles continham, e ainda contêm, o núcleo para a formação de cada Corpo e de cada veículo.
Hoje cada um desses Átomos-sementes forma parte de todos os veículos já usados por um Ego humano. Esses Átomos-sementes estão ligados entre si pelo Cordão Prateado, enquanto estamos aqui renascidos, nesta vida. E é esse Cordão Prateado que mantém unidos os veículos: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente.
Durante a involução, ou seja, do início do Período de Saturno até à Época Atlante no Período Terrestre as energias dos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana estavam dirigidas para dentro, para a construção desses Corpos e veículos. Essas energias são as mesmas que o ser humano hoje emprega para construir casas, pontes, estradas e qualquer coisa que melhore as condições externas na Região Química do Mundo Físico.
O caminho que compreende a involução e evolução desse Esquema de Evolução é a peregrinação dos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana da total inconsciência à consciência individual.
Hoje nos reconhecemos como um indivíduo, um ser pensante, unidos no Corpo místico de Deus, mas separados um do outro, um criador, como o nosso Pai que nos criou.
Esses Corpos e veículos são os instrumentos de trabalho do Ego humano. Como diz São Paulo em ICor 15:44-45: “Se há um corpo animal <Corpo Denso e Vital>, também há um espiritual <Corpo de Desejos e Mente>. Como está escrito: ‘o primeiro ser humano, Adão, foi feito alma vivente; o segundo Adão é Espírito vivificante’”.
É por meio deles que o Ego humano obtém a experiência. Como disse São Paulo em ICor 6:13-20: “Não sabeis que o vosso corpo é Templo do Espírito Santo, que habita em vós, O qual recebeste de Deus (…), glorificam, pois, a Deus no vosso corpo”.
Assim, cada aspecto do Tríplice Espírito trabalha sobre um dos três Corpos.
Novamente, na oração do Pai-Nosso podemos ver como isso se dá: O Espírito Divino pede à sua contraparte, o Deus Pai, pelo Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia”.
O Espírito de Vida pede à sua contraparte, Deus Filho, pelo Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O Espírito Humano pede à sua contraparte, Deus Espírito Santo, pelo Corpo de Desejos: “não nos deixeis cair em tentação”.
Por fim, os três aspectos (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano) se juntam na súplica pela Mente ao Pai, Filho e Espírito Santo: “livrai-nos do mal”.
Vale a pena lembrar que qualquer trabalho sobre um Corpo reflete em todos os outros. Por isso é importantíssimo o Aspirante à vida superior cuidar de cada um dos seus Corpos da melhor maneira possível. Sem isso é impossível se desenvolver espiritualmente em uma Escola como a Fraternidade Rosacruz.
Os três aspectos (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano), ou nossos veículos superiores, possuem assentos particulares no Corpo Denso.
O Espírito Humano possui um assento na Glândula Pineal e no sistema nervoso cérebro-espinhal. O Espírito de Vida possui um assento no Corpo Pituitário e no coração. O Espírito Divino possui um assento na impenetrável área conhecida como raiz do nariz.
Quando nós obtivemos o domínio dos nossos corpos por meio do foco mental, da Mente, começamos a desenvolver a Alma, trabalhando de dentro dos nossos Corpos. A Alma também é Tríplice. Cada vez que agimos bem, praticamos boas ações, servindo altruisticamente, a Alma Consciente cresce, e o Espírito Divino a assimila do Corpo Denso, assentando sua consciência. Cada vez que sentimos o bem, esforçando-nos por ter desejos e sentimentos superiores, emoções elevadas, alimentamos a nossa Alma Emocional e o Espírito Humano a assimila do Corpo de Desejos. Cada vez que exercitamos a nossa memória, originando a simpatia, ligando as experiências, alimentamos a nossa Alma Intelectual e o Espírito de Vida a assimila do Corpo Vital. Portanto, a Alma nada mais é do que o produto espiritualizado dos nossos Corpos; é a quintessência desses, o seu poder ou a sua força. É através desse trabalho que o Ego humano adquire a perfeição de cada um dos Corpos.
E nesse trabalho, percorrendo a parte conhecida como evolução desse Esquema de Evolução, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana vão da consciência de vigília (que temos agora) à onisciência, da impotência à onipotência. A evolução da vida, da consciência e da forma; a tríplice manifestação do Espírito Virginal da Onda de Vida humana, completando o Plano de Deus que nos criou neste Grande Dia de Manifestação.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Não há outro inimigo, senão nós mesmos. Enquanto houver dentro de nós um resquício sequer de Personalidade, haverá separação.
Na Fraternidade Rosacruz, distinguimos nitidamente entre Personalidade e Individualidade. Personalidade é a “persona”, o conjunto enganoso, provisório e em constante mudança formado pelas nossas sensações, emoções, sentimentos e modo de pensar. São os laços de sangue, as tradições, os elos do mundo, essas coisas mais fortes que algemas de aço, tudo a que o Cristo simbolicamente chamava de “o reino dos mortos”. O mundo, a família, os bens, tudo isso é meio de aprendizagem indispensável ao espírito, no presente estado evolutivo. Contudo, há o perigo de nos identificarmos com eles, de pensar que nos pertencem ou que lhes pertencemos, olvidando nossa origem celestial, nossa condição de espírito livre, em peregrinação e aprendizagem.
“Aquele que quiser ser meu discípulo, deve abandonar pai, mãe, irmãos, amigos, tudo”, disse o Cristo. Com isso não quis significar que devamos desleixar nossos deveres de pais, filhos, irmãos ou amigos Cristãos. Ao contrário, o verdadeiro Cristão é um excelente marido, esposa, pai, mãe, irmão, amigo, porque dá à sua afeição e trabalho o mais puro pensamento, sentimento e esforço. Dá e não espera receber; ama e não espera ser amado; compreende e não espera ser compreendido. As ingratidões não lhe suscitam ressentimentos, mas o cuidado de verificar se não contribuiu para isso. O verdadeiro Cristão busca a amorosa tentativa de reconciliação; ora e espera pela pessoa que é teimosa e rancorosa.
Ser Cristão é exemplificar AMOR, em seu sentido lato. É deixar que o Cristo, em si, fale, viva, ame.
Individualidade é a expressão do EU real (o que somos de fato, Espírito), verdadeiro e superior, comandando os pares físicos, morais e mentais como instrumentos de ação.
A Personalidade é a expressão do ser humano, de baixo para cima, o “homem invertido”, os valores instintivos, colorindo desordenadamente seu modo de ser; é o amordaçamento do espírito e seu condicionamento às conveniências instintivas. Um pentagrama com a ponta superior para baixo…
A Individualidade não prescinde da bagagem de experiências anímicas; ao contrário, vale-se dela de um modo próprio, original, epigenético, criador. Porém, nós, o Espírito, é quem mandamos e orientamos. Como disse São Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas o Cristo em mim”; e o próprio Cristo-Jesus: “Eu e o Pai somos um”.
É certo que essa condição vamos atingindo gradativamente, em uma luta constante entre a natureza inferior e a superior, entre as trevas e a luz dentro de nós. Por isso, a lenda dos Maniqueus, referindo-se internamente ao ser humano e ao mundo, fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz. Estes acabam vencendo aqueles; entretanto, sendo bons, não podem exterminá-los. Incorporam, pois, o reino das trevas ao da Luz; ou seja, efetuam a transmutação dos valores inferiores em valores espirituais. Os alquimistas medievais faziam o mesmo, quando falavam sobre transformar os metais inferiores em ouro. Também entre os manuscritos encontrados no soterrado mosteiro dos Essênios, Qumran, às margens do Mar Morto, há um que fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz.
Goethe, o grande Iniciado e autor de “Fausto”, falou, pela boca de um de seus personagens: “Duas almas — ai! — lutam dentro do meu peito pela posse de um reino indivisível; uma buscando alçar-se aos Céus em ilibados anseios, enquanto a outra se agarra à Terra, em passionais desejos”. São Paulo, o apóstolo, igualmente dizia: “Pobre homem sou! O bem que desejaria fazer, não faço; o mal que não desejaria fazer, esse eu faço”.
Tudo isso mostra, de sobejo, o que todas as Escolas (como a Fraternidade Rosacruz) e Ordens ocultistas (como a Ordem Rosacruz) ensinam.
Todo Aspirante sincero à espiritualidade “ora e vigia”, sobretudo quando se acha à frente de um movimento espiritualista e deve viver o que ensina. Ao mesmo tempo, o claro entendimento dessa luta dentro de cada um de nós nos torna rigorosos conosco e tolerantes com os demais, de modo a unir e não desunir, a estimular e não censurar; enfim, “a buscar a divina essência que existe em cada um”, o que constitui a base da Fraternidade que almejamos formar, como precursores da “Era de Aquário”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1965)