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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Interpretação da Capa do Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”

No lado inferior da capa tem duas flores-de-lis, simbolizando a Trindade Divina: Pai, Filho e Espírito Santo; mas, como na Época aqui apresentada somente o Pai e o Espírito Santo estavam ativos, temos apenas duas pétalas da flor pintadas de vermelho e, portanto, indicando energia.

Vemos os seres criados como dois fluxos subindo, por um tempo, com dois Corpos ativos, o Corpo Denso e o Corpo Vital; mas, depois de um tempo o Corpo de Desejos é acrescentado e isso é representado pelo vermelho aparecendo nos fluxos ascendentes.

Embora os dois fluxos pareçam iguais, eles são totalmente diferentes. O do lado esquerdo corresponde ao seres criados que são conhecidos, em nossa literatura, como os Filhos de Caim. Eles estão repletos de energia positiva e são os artesãos no mundo, os phree-messen[1], que abrem o seu caminho através da vida ultrapassando os obstáculos, pois sabem que isso fortalece o caráter. Eles trabalham por meio do intelecto, demonstrado pela lamparina que tem nove raios saindo da chama, mostrando o caminho positivo escolhido pelo Estudante esoterista.

O do outro lado, o direito, corresponde aos seres criados que são conhecidos, em nossa literatura como os Filhos de Seth, desenvolvem o lado devocional da vida, o do Coração. A chama divina tem apenas oito raios, um caminho negativo (passivo); os que seguem esse caminho querem um líder, alguém para seguir, alguém para adorar. Eles são os devotos, normalmente espalhados pelas igrejas do mundo, e que obedecem aos ensinamentos fornecidos pelos seus líderes.

Os dois fluxos de vida seguem para cima, lado a lado, até chegar o momento em que os sábios e os amorosos que lideram a nossa evolução decidem que, para acelerar a evolução, é necessário que os dois fluxos se unam e planejam que isso será realizado por meio da construção de um Templo pelos artesãos para os adoradores e que os dois fluxos se uniriam em um Místico Mar Fundido. Podemos ver o impulso maravilhoso pelo cálice erguido de cada lado e preenchido com o vermelho do “vinho da vida”. Pode se ler essa história na construção do Templo do Rei Salomão. Esse plano foi frustrado pela traição dos Filhos de Seth, que ficam do lado direito. E depois disso cada um dos fluxos se afastou mais do que em qualquer tempo antes.

Um condição grave é demonstrada pelo fato de alguns caírem inteiramente no materialismo. Mas, ainda assim, a Onda de Vida humana continua vivendo e progredindo, o devoto e o cientista, o místico e o ocultista, cada um seguindo seu próprio caminho, independente do outro, até que foi atingido um estado tal de materialismo que os líderes espirituais viram um grande perigo para o futuro. Para impedir que o plano de evolução fosse frustrado, foi permitido a destruição em massa de corpos dos seres humanos que, por um tempo, parecia que varreria a humanidade da Terra. Veja a ruptura em ambos os lados. Mas, essa calamidade tem o efeito desejado: vemos, agora, uma grande força e ambos os lados se viram novamente voltados em direção um do outro, em que eles podem se unir em breve como um único fluxo.

Na parte inferior da página vemos mais um símbolo, tão pequeno que pode ser negligenciado facilmente. Aqui está uma pequena cruz preta, que representa o Corpo Denso. Numa ampliação da cabeça da cruz vemos um coração. Coração e Cabeça se uniram, e a consequência pode ser vista no feixe de propagação – o Corpo-Alma resultante.

Ainda há outro símbolo no meio da página, o Símbolo Rosacruz. A parte inferior da cruz branca trilobada representa a vida vegetal, que extrai seu sustento de suas raízes. Em algum momento da nossa existência fomos semelhantes às plantas. A parte horizontal da cruz branca trilobada é o símbolo da nossa passagem pelo estágio animal, com sua espinha horizontal. A parte superior da cruz branca trilobada representa a Mente, que é a característica do ser humano, e a estrela radiante representa o Dourado Manto Nupcial que nos tornará divinos.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1919 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

Nota: Como a Fraternidade Rosacruz recebeu algumas perguntas referentes ao motivo pelo qual a rosa branca não está desenhada na versão do Emblema da Fraternidade que aparece nos livros, cartas, envelopes etc., foi explicado na edição do Echoes de julho de 1985: “A rosa branca simboliza pureza de coração e, também, a laringe com a qual o ser humano, quando estiver puro, falará a palavra criadora; é a parte mais sagrada do emblema. Ela atrai e emite uma força que deve ser admirada com muito respeito. Por essa razão consideramos inadequado imprimir a rosa branca na versão do emblema que é utilizado em produtos materiais, comerciais e anexos dos trabalhos da Fraternidade. O emblema que permanece na Capela e no Templo em Mount Ecclesia, que contém a rosa branca, é coberto por uma cortina que a tira da vista, e apenas durante algumas ocasiões como nos rituais do templo e de cura. O emblema na Capela do Departamento de Cura, que, também, contém uma rosa branca, está constantemente descoberto. Contudo, essa capela é visitada apenas por pessoas que sinceramente e conscientemente rezam pela cura, ou por aqueles que urgentemente pedem por auxílio espiritual”.


[1] N.T.: que é um termo egípcio que significa “Filhos da Luz”.

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O Forte Aperto da Pata do Leão

Um correspondente deseja saber o que determina a época da Páscoa a cada ano e, sendo maçom, também deseja saber qual a conexão entre a ressurreição de Cristo na Páscoa e a ressurreição de Hiram Abiff na simbologia maçônica.

Terminada a nossa série sobre a Iniciação Cristã Mística, continuaremos o assunto com outro artigo que trata da Iniciação e se chama “Maçonaria e Catolicismo”. Nesses artigos, o assunto mencionado por nosso correspondente será amplamente debatido. Enquanto isso, esboçaremos brevemente a lenda maçônica que é necessário conhecer para compreender o assunto a que se refere.

A lenda maçônica diz que no início Iahweh criou Eva e o espírito de Lúcifer, Samael, uniu-se a ela; dessa união nasceu Caim. Então Samael deixou Eva e ela se tornou virtualmente uma viúva; assim, Caim era filho de uma viúva e dele descenderam todos os artesãos do mundo, incluindo Hiram Abiff, o grande mestre-de-obras do templo de Salomão, a quem Iahweh revelou o projeto para o Seu templo; mas, Salomão foi incapaz de executar o projeto e, portanto, compelido a contratar Hiram Abiff, um artesão exímio, filho de Caim e, portanto, filho de uma viúva.

Os elevados maçons místicos reconhecem o fato de que, do ponto de vista cósmico, Hiram Abiff é simbolizado pelo Sol. Enquanto o Sol (Hiram) está nos Signos do norte — Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem — ele está entre amigos e seguidores fiéis, mas quando, no decorrer do ano, ele entra nos Signos do sul — Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes — ele é atacado pelos três conspiradores, conforme registrado na lenda maçônica, e finalmente morto no Solstício de Dezembro, para ser novamente ressuscitado enquanto sobe em direção ao equador, que ele cruza no Equinócio de Março.

A lenda maçônica relata que a Rainha de Sabá viajou de longe para ver o sábio Salomão de quem ela tanto ouvira falar. Ela também viu o belo templo e quis ver o exímio artesão, o mestre-de-obras e seus operários, que haviam forjado tal maravilha. Mas, sempre houve inimizade entre os filhos de Caim e os filhos de Seth. Mesmo quando eles cooperaram, nunca confiaram totalmente um no outro e Salomão temia que sua bela noiva pudesse se apaixonar por Hiram Abiff; portanto, ele se esforçou para chamar os trabalhadores pessoalmente, mas nenhum respondeu. Eles “conheciam a voz do seu pastor”, Hiram Abiff (o Sol em Áries, o Signo do cordeiro). Eles foram treinados para obedecer ao seu chamado e não atenderiam a outra voz. Portanto, Salomão foi finalmente forçado a mandar chamar Hiram Abiff e pedir que ele chamasse seus artesãos; no momento em que ergueu o seu martelo (1 grau de Áries, que é o Signo de sua autoridade e exaltação), eles vieram em uma multidão que não poderia ser contada, cada um ansioso para fazer a sua vontade.

Em meados de março o Sol (Hiram) ingressa em Áries a 1 grau, Signo de sua Exaltação. Esse Signo tem a forma do martelo que Hiram ergueu e todos os trabalhadores do templo (o Universo) correm para cumprir suas ordens e continuar seu trabalho, quando ele ascender ao trono de sua dignidade e autoridade nos céus do Norte. Ele é o seu pastor porque no Equinócio de Março ele entra no 1° grau de Áries, o Signo do carneiro ou cordeiro. Eles o ouvem, mas essas forças da natureza assumem o comando de ninguém menos que o Sol em Áries, o Sol da Páscoa.

Essa é a interpretação cósmica, mas de acordo com a Lei da Analogia, Hiram, o filho de Caim, também deve ser elevado a um grau superior de Iniciação e somente o Espírito-Sol, prestes a subir aos céus, poderia realizar a façanha. Portanto, Hiram renasceu como Lázaro e foi levantado pelo forte aperto da pata do Leão. Ele havia sido um líder dos artífices durante o regime de Iahweh e Seu filho Salomão. Por essa Iniciação ele foi elevado com o propósito de ser um líder no Reino de Cristo e ajudar as mesmas pessoas em uma fase superior de sua evolução. Portanto, ele se tornou Cristão, encarregado de explicar os mistérios da Cruz e como símbolo desse mistério a Rosa foi adicionada a ele; essa missão foi incorporada em seu nome simbólico, Christian Rosenkreuz.

Em geral, a rosa é chamada de emblema do mistério; mas, a maioria das pessoas não sabe que essa adição da rosa à cruz foi a origem desse significado simbólico. A rosa é o emblema do mistério da cruz porque explica o caminho da castidade, a transmutação do sangue da paixão em amor. Lázaro, portanto, tornou-se Cristão Rosa-Cruz e os Rosacruzes são os mensageiros especiais de Cristo para os filhos de Caim, como Jesus é para os filhos de Abel.

Os fariseus sabiam muito sobre a origem oculta dessas duas classes da humanidade e, portanto, o milagre de Lázaro foi para eles o grande crime do Cristo. Eles ficaram seriamente alarmados com o fato de que sua Religião nacional seria substituída por outra, se mais sinais fossem realizados, pois eles sentiram que fosse uma Iniciação de natureza mais elevada do que eles conheciam e um presságio da entrada em um ciclo superior. Antes de Cristo, todas as Religiões eram Religiões de Raça, adequadas às pessoas a quem foram dadas e apenas a elas. Todas essas Religiões eram Religiões de Iahweh, pois assim como o Pai foi o mais elevado Iniciado do Período de Saturno e Cristo, o Filho, foi o mais elevado Iniciado do Período Solar, Iahweh, o Espírito Santo, foi o mais elevado Iniciado do Período Lunar. De Iahweh, então, vêm as Religiões de Raça, que se empenham em preparar a humanidade no caminho da evolução por meio da lei. Essas Religiões de Raça serão substituídas pela Religião universal do Espírito-Sol Cristo, que unirá todos os seres humanos em uma fraternidade. A mudança de uma para outra e o fato de que a Religião do Deus lunar Iahweh deve preceder a Religião do Espírito-Sol Cristo é simbolizada pela maneira como a Páscoa é determinada.

A regra em uso atual para determinar o tempo da Páscoa é que ela aconteça no primeiro domingo após a Lua Cheia pascal. Isso foi adotado pelos primeiros Cristãos, que tinham conhecimento e consideração pelo significado oculto, mas logo pessoas ignorantes começaram cismas e fixaram-na em diferentes épocas. Isso ocasionou grande controvérsia. No segundo século surgiu uma disputa sobre esse ponto entre as Igrejas orientais e ocidentais. Os Cristãos orientais celebravam a Páscoa no 14º dia do primeiro mês ou Lua judaica, considerando-a equivalente à Páscoa judaica. Os Cristãos ocidentais celebravam no domingo, após o 14º dia, sustentando que fosse a comemoração da ressurreição de Jesus.

O Primeiro Concílio de Nicéia, 325 d.C., decidiu a favor do uso ocidental, marcando a prática oriental com o nome de heresia. Isso, no entanto, apenas estabeleceu a norma de que a Páscoa não deveria ser celebrada em um determinado dia do mês ou da Lua, mas em um domingo. O ciclo astronômico adequado para calcular a ocorrência da Lua da Páscoa ainda não tinha sido determinado, mas eles finalmente adotaram o antigo método de fixar o festival pela Lua e, assim, o antigo costume original foi finalmente revivido. Dessa forma, a Páscoa, agora, é celebrada no mesmo dia exigido pela tradição oculta e necessária para simbolizar adequadamente o significado cósmico do evento. A esse respeito, tanto o Sol quanto a Lua são fatores necessários, porque a Páscoa não é meramente uma festa solar. O Sol não deve apenas ultrapassar o Equador, como acontece em 21 de março, mas também a Lua Cheia após o Equinócio de Março, e então o domingo seguinte é a Páscoa, o dia da Ressurreição. A luz do Sol de Março ou Abril deve ser refletida por uma Lua Cheia antes que esse dia possa raiar na Terra e há, como foi dito, um profundo significado oculto por trás desse método de determinar a Páscoa; a saber, que a humanidade não está suficientemente evoluída para ter a Religião do Sol, a Religião Cristã da fraternidade universal, até que ela tenha sido totalmente preparada através das Religiões da Lua, que segregaram e separaram a humanidade em grupos, nações e raças; isso é simbolizado pela ascensão anual do Espírito do Sol na Páscoa, sendo adiada até que a Lua Jeovística tenha refletido completamente a luz do Sol da Páscoa.

Todos os fundadores das Religiões de Raça — Hermes, Buda, Moisés, etc. — foram Iniciados nos mistérios jeovistas. Eles eram Filhos de Seth. Em sua Iniciação, eles foram animados por seu Espírito de Raça particular e Ele, falando pela boca de tal Iniciado, deu leis a seu povo, como, por exemplo, o Decálogo de Moisés, as leis de Manu ou as nobres verdades de Buda. Essas leis manifestavam pecado porque o povo não as guardava e não podia mantê-las em seu estágio de evolução. Em consequência disso os povos fizeram uma certa dívida de destino. Esse destino, o Iniciado humano fundador da Religião teve que assumir e então precisou nascer de novo e de novo para ajudar seu povo. Assim, Buda nasceu como Shankaracharya e teve vários outros renascimentos. Moisés renasceu como Elias e João Batista; mas Cristo, por outro lado, não precisava nascer, em primeiro lugar. Ele o fez de livre e espontânea vontade para ajudar a humanidade, para revogar a lei que traz o pecado e emancipar a humanidade da lei do pecado e da morte.

As Religiões de Raça do Deus lunar Iahweh transmitiam a vontade de Deus à humanidade de maneira indireta por meio de videntes e profetas, que eram apenas instrumentos imperfeitos como os raios lunares que refletem a luz do Sol. A missão dessas Religiões é preparar a humanidade para a Religião universal do Cristo Sol-Espírito, que Se manifestou entre nós sem intermediário, como a luz que vem direto do Sol, e “vimos a Sua glória como o unigênito do Pai”, quando ensinou o Evangelho do Amor. A Religião Cristã não oferece leis, mas prega o Amor como o cumprimento da lei; portanto, nenhuma dívida de destino é gerada sob ela e assim, o Cristo, que não teve necessidade de nascer, não será atraído para o renascimento sob a Lei de Consequência, como foram os fundadores das Religiões lunares da Raça, que devem carregar de vez em quando os pecados de seus seguidores. Quando Ele aparecer, será em um corpo feito dos dois Éteres superiores — o Éter de Luz e o Éter Refletor — o Dourado Manto Nupcial, chamado de soma psuchicon ou Corpo-Alma por São Paulo, que é muito enfático em sua afirmação de que “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Ele afirma que seremos transformados e seremos semelhantes a Cristo; ora, se não podemos entrar no Reino em um corpo carnal, seria absurdo supor que o Rei da Glória usaria uma roupa tão grosseira e pesada!

O Sacerdócio, do qual Iahweh tirou Seus representantes, os profetas, os fundadores de Religiões e os construtores de templos espirituais, são os Filhos de Seth. Os Filhos de Caim ainda sentem no peito a natureza divina do seu ancestral; eles repudiam o método indireto de salvação pela fé da Igreja e insistem em encontrar a luz da Sabedoria eles mesmos pelos métodos diretos do trabalho, aperfeiçoando-se nas artes e ofícios e construindo o templo da civilização material pela indústria e estadismo, de acordo com o plano de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, sendo Cristo “a principal Pedra Angular” e cada maçom místico uma “pedra viva”.

Com o tempo, porém, essas duas grandes correntes dos Filhos de Seth e dos Filhos de Caim devem se unir para alcançar os portais do Reino de Cristo. Antes do Seu tempo, não havia como tal amálgama ocorrer, mas quando Cristo, o grande Espírito do Sol, veio, Salomão renasceu como Jesus, em quem o Cristo-Espírito entrou no Batismo e Hiram Abiff renasceu como Lázaro. Quando Lázaro foi levantado pelo forte aperto da pata do Leão de Judá, Hiram e Salomão, os antigos antagonistas, apagaram suas diferenças, conforme solicitado pelo Espírito de Cristo, e ambos estão trabalhando agora para o estabelecimento do Reino de Cristo. Foi isso que os fariseus, de alguma forma, sentiram ou presumiram e daí seus temores de que esse Jesus iniciaria muitas pessoas e as retiraria da Religião de Raça com a qual eles (os fariseus) estavam fiéis seguidores.

(por Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio/1917 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Diagrama: As Funções de “Reis e Sacerdotes” ao longo da nossa Evolução

O Diagrama (seguinte) mostra os três momentos que são detalhados no texto abaixo:

Primeiro Momento (Época Lemúrica): quando cada ser humano era uma unidade criadora completa, macho-fêmea, bissexual e regida por um Hierarca, Melquisedeque, que exercia o duplo cargo de Rei e Sacerdote.

Segundo Momento (Época Atlante e Época Ária): quando a divisão da raça em homens e mulheres, e a divisão de governo em Estado e Igreja, causaram guerras e lutas. Estado abraça a causa da “Paternidade e do Homem” e eleva o ideal masculino das Artes, Ofícios e Indústria, encarnado em Hiram Abiff. A Igreja abraça a causa da Maternidade e da Mulher e mantém erguido o ideal feminino do amor e do lar, encarnado na Madona e seu filho. São os interesses conflitantes entre o homem e a mulher, o lar e o trabalho, a Igreja e o Estado, que causam as lutas econômicas, a guerra e as disputas com as quais a humanidade é atormentada e faz com que todos desejemos e oremos pelo reino da paz.

Terceiro Momento (Época Nova Galileia): quando um Cristo divino que, como Melquisedeque, exercerá o cargo duplo de Rei e Sacerdote e reinará sobre uma humanidade purificada e glorificada que se elevou do amor-sexo ao amor-alma.

Agora, vamos detalhar cada Momento a fim de entendermos como isso se deu e como se dará daqui para frente.

Entre todos os personagens mencionados na Bíblia, nenhum é mais misterioso do que Melquisedeque (ou Melchizedek). Não teve pai, mãe ou outro parente terrestre e mantinha o duplo cargo de rei e sacerdote. São Paulo, em sua Epístola aos Hebreus, nos fornece muita informação a respeito, mostrando a ligação entre Cristo e Melquisedeque, ambos Reis e Sumo-Sacerdotes, ainda que de dispensações diferentes:

Deus, tendo falado outrora muitas vezes e de várias maneiras aos nossos pais, pelos profetas, a nós falou nestes últimos dias pelo Seu Filho, a quem Ele constituiu herdeiro de todas as coisas, por quem Ele fez também os mundos *** Nenhum homem toma para si esta honra, senão aquele que é chamado por Deus, como foi Arão. Assim também Cristo não Se glorificou para se tornar Sumo Sacerdote, mas Aquele que Lhe disse: `Tu és meu Filho, hoje Te gerei.’ Como Ele também diz em outro lugar Tu és um Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque, o qual nos dias de Sua carne, quando Ele ofereceu, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que O podia salvar da morte e foi ouvido quanto ao que temia, e, embora fosse o Filho, ainda aprendeu a obediência pelas coisas que padeceu; e, tornando-se perfeito, tornou-se a causa de eterna salvação para todos que O obedecem; chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação. * * * Porque este Melquisedeque, que era rei de Salem, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava de destroçar os reis, e o abençoou; a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça e depois também rei de Salem, que quer dizer rei de paz; sem pai nem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. *** E aqui certamente recebem dízimos os homens que morrem (os Levitas); ali, porém, Ele acolhe aquele de quem se afirma que vive. *** De sorte que, se a perfeição tivesse podido ser realizada pela lei e seu sacerdócio, que necessidade havia de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não segundo a ordem de Arão? *** Porque é manifesto que nosso Senhor procedeu da tribo de Judá, tribo da qual Moisés nunca atribuiu o sacerdócio. E muito mais manifesto é ainda se, à semelhança de Melquisedeque, se levantar outro sacerdote que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo o poder da vida eterna, porque dele assim se testifica; `Tu és sacerdote através dos séculos, segundo a ordem de Melquisedeque.’ *** Jesus tornou-se, por isso mesmo, o fiador de uma aliança melhor: *** mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo; *** porque a lei constituiu sumos sacerdotes a homens débeis, mas a Palavra de Deus que era desde a lei, constituiu o Filho, consagrado para sempre. A suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote que está assentado nos céus à direita do trono da majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor erigiu, e não o homem: *** E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue, e sem derramamento de sangue não há remissão; de sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as mesmas coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes, porque Cristo não entrou num santuário feito por mão de homem, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós diante de Deus; *** Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais elevado, quanto é mediador da melhor aliança, que está confirmada em melhores promessas; porque se aquela primeira aliança fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança. Não como a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito; como não permaneceram na minha aliança, eu para eles não atentei, diz o Senhor. *** Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor: “porei as minhas leis no seu entendimento, e em seus corações as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo; e não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conheça o Senhor: porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior”.

É necessário juntar inteligentemente a narrativa da Bíblia, para que possamos obter um esboço do futuro desenvolvimento que foi delineado pelas Divinas Hierarquias para constituir nossa evolução. A compreensão deste plano é nossa evolução. A compreensão deste plano é essencial para o completo entendimento da relação Cósmica entre a Maçonaria e o Catolicismo; é também necessário entender integralmente a finalidade do Mar Fundido e aprender como fazer, com discernimento, esta maravilhosa liga. Como diz São Paulo, estas coisas são difíceis de dizer, mas tentaremos apresentar em linguagem simples, o mistério de Melquisedeque e do Mar Fundido, para que possamos, como foi expresso na Bíblia, ajudar a iluminar do menor ao maior dos homens, para que todos conheçam o objetivo da evolução e tenham a oportunidade de alinharem-se com os acontecimentos Cósmicos.

Para compreendermos o mistério de Melquisedeque devemos retroceder à Época relacionada com a existência do ser humano na Terra, a Época Hiperbórea. A Terra estava, então, em uma condição extremamente aquecida. O ser humano em formação era bissexual, masculino-feminino, como muitas das nossas plantas atuais, com as quais se parecia por ser inerte e por faltar-lhe desejo e aspiração. Naquele tempo, o ser humano era o tutelado dócil das Hierarquias Divinas que o guiavam fisicamente, sendo isto veladamente referido na Bíblia como “Reis de Edom”. Mais tarde, na Época Lemúrica, quando o corpo do ser humano se cristalizou e condensou um pouco mais, a humanidade foi dividida fisicamente em sexos. Porém, como a consciência dos homens ainda estava focalizada no mundo espiritual, eles eram inconscientes do ato físico da geração, como somos agora da digestão. Não conheciam nascimento nem morte e eram totalmente inconscientes da posse de um veículo físico, mas, com o tempo, sentiram-no no processo gerador. Então, foi dito que “Adão conheceu Eva”. Nessa época, os Espíritos Lucíferos, os Anjos caídos e habitantes do belicoso Planeta Marte, ensinaram os seres humanos a comer da Árvore do Conhecimento, nome simbólico do ato gerador. Assim, gradativamente, seus olhos abriram-se e tornaram-se conscientes do Mundo Físico, mas perderam o contato com o mundo espiritual e com os Anjos guardiães, que tinham sido, anteriormente, seus guias benevolentes. Somente alguns dos mais espiritualizados conservaram sua visão superior e a comunhão com as Hierarquias Criadoras. Eram os profetas, que agiam como mensageiros entre os divinos guias invisíveis e seus respectivos povos. Porém, com o decorrer do tempo, a humanidade desejou escolher seus próprias guias e exigiu reis visíveis; sabemos que os Israelitas repudiaram a divina liderança e exigiram um rei e daí Saul ter sido designado. A seguir, o duplo cargo de Governante e Sacerdote, abrangendo a liderança temporal e espiritual, foi também dividido, pois nenhum ser humano que estivesse capacitado em problemas do mundo para exercer com eficiência o cargo de Rei, era bastante santo para também exercer a liderança espiritual de seus irmãos e vice-versa. Um verdadeiro sacerdote, capaz de guiar espiritualmente seu rebanho, não pode controlar, ao mesmo tempo e bem, riquezas materiais como governante de um domínio temporal. Assim como a Política, no seu aspecto mais elevado, visa dirigir as massas focalizando somente seu bem-estar físico, o Sacerdócio, exercido benevolentemente, procura guiá-las unicamente para o progresso da alma. Portanto, é natural que o conflito aconteça após essa separação, mesmo que ambos, governantes espirituais e temporais, sejam movidos pelos motivos mais elevados e altruístas. Melquisedeque era o nome simbólico das Hierarquias Criadoras que desempenharam o duplo cargo de sacerdote e rei na orientação dos seus tutelados bissexuais, e enquanto eles reinaram houve paz sobre a Terra. Mas logo que os cargos de Rei e Sacerdote foram separados e os sexos divididos, é fácil compreender pela razão acima apresentada, que o reino cheio de paz de Melquisedeque foi seguido por uma era de guerras e conflitos, tal como acontece na atual dispensação. Antigamente, os fatores unificantes de um cargo duplo no governo e o sexo duplo do seu povo, impediam o conflito de interesses que agora existe, e que continuará até que um outro regente divino se apresente para incorporar as qualidades do duplo cargo de Rei e Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e até que a geração pelo sexo seja abolida. É significativo observar-se que a narrativa bíblica começa no Jardim do Éden, onde a humanidade era macho-fêmea e inocente. No capítulo seguinte, falam-nos da divisão dos sexos, da transgressão à ordem de não comerem da Árvore do Conhecimento e dos castigos impostos – o parto doloroso e a morte. Daí por diante, o Antigo Testamento fala de guerras, lutas e contendas, e, no último capítulo, faz a profecia de que um Sol de justiça surgirá trazendo a cura em suas asas. O Novo Testamento começa com um relato sobre o nascimento do Cristo, que proclamou um Reino do céu que está para ser estabelecido. Posteriormente, Ele é chamado de Rei e Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, unindo em si o cargo duplo. Também é dito que no céu não haverá matrimônio, ninguém será dado em casamento, pois a soma psuchicon, ou corpo-alma, que São Paulo disse ser o veículo que usaremos no Reino do Céus (Icor 15), não está sujeito à morte nem à desintegração. Assim, não haverá morte, e o nascimento dos corpos gerados pelo casamento será dispensável, pois São Paulo nos diz que “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Portanto, o casamento será desnecessário e o choque de interesses, devido à luxúria do sexo e do amor ao poder, desaparecerá e o amor das almas será santificado pelo espírito da paz.

Este é o plano que os Filhos de Caim, os Artífices, e os Filhos de Seth, os Sacerdotes, e seus respectivos seguidores devem amalgamar para ficar unidos no Reino de Cristo. Já vimos como Hiram Abiff, o Filho da Viúva, deixou seu pai, o espírito Lucífero Samael, depois do batismo de fogo no Mar Fundido e como recebeu a missão de preparar o caminho do reino para seus irmãos, os Filhos de Caim, pelo desenvolvimento de suas artes e ofícios como construtores do templo – Maçons – ensinando-os a preparação da Pedra Filosofal, ou Mar Fundido. Assim, os fisicamente negativos Filhos de Seth devem aprender a deixar seu pai Jeová e é natural que o primeiro a dar este passo seja uma grande alma.

Como a suprema habilidade dos Filhos de Caim foi focalizada em Hiram Abiff na ocasião do seu batismo de fogo, assim também a sublime espiritualidade dos Filhos de Seth foi centralizada em Jesus na ocasião de Seu batismo nas águas do Jordão. Quando Ele se ergueu dessa água, estava na mesma situação que Hiram ao emergir do fogo; cada um tinha deixado seu pai, respectivamente Jeová e Samael, e cada um estava pronto para servir o Cristo. Por isso, o Espírito Cristo foi visto no Batismo descendo sobre o corpo de Jesus, o qual foi habitado e usado por Cristo durante Seu ministério. Jesus, o Espírito, deixou aquele corpo e foi-lhe dada a missão de servir as igrejas enquanto seu corpo estava sendo usado por Cristo para divulgar os novos ensinamentos e seu sangue estava sendo preparado como um “Abre-te-Sésamo” para o Reino de Deus, uma Panaceia para ser usada pelos Seus irmãos, os Filhos de Seth, do mesmo modo que o Mar Fundido serve os Filhos de Caim.

Na Epístola aos Hebreus, São Paulo deu-nos algumas alusões acerca do Mistério de Melquisedeque na qualidade de Sumo Sacerdote, e enfatizou a necessidade absoluta do sangue como um complemento para o Serviço do Templo. Mostrou que era exigido que o Sumo Sacerdote oferecesse primeiro sangue pelos seus próprios pecados, antes de oferecer sacrifício pelos pecados do povo, e que este sacrifício duplo devia ser efetuado ano após ano. Ele indicou o sacrifício no Gólgota como o que representou isto, uma vez e para sempre, proporcionando um caminho de redenção por meio do sangue de Jesus. Durante o regime de Jeová, o sangue da humanidade tornou-se impregnado de egoísmo, que é o fator separativo nesta era. O sangue deve ser purificado deste pecado antes que a humanidade seja unida e entre no Reino de Cristo. Esta foi uma tarefa gigantesca, pois a humanidade estava tão impregnada de egoísmo, que raramente alguém fazia um favor a outro. Por esta razão, o panorama “post-mortem” da vida, na época de Cristo, nada continha que pudesse impulsionar uma vida no Primeiro Céu ou dar-lhe progresso espiritual. Quase toda existência “post-mortem” das pessoas era consumida na expiação purgatorial de suas más ações, e mesmo suas vidas no Segundo Céu, onde o ser humano aprende a fazer trabalho criativo, era infrutífera. Então, o Rei Salomão foi chamado novamente à arena da vida para cumprir uma missão em benefício e bem-estar dos seus irmãos, os Filhos de Seth. Estava qualificado para este trabalho porque era realmente generoso, como foi revelado pelo pedido que fez quando Jeová apareceu-lhe em um sonho e perguntou-lhe o que ele queria receber, como presente, quando subisse ao trono. Salomão respondeu a Deus: “Tu mostraste grande misericórdia com David meu pai e me colocaste para reinar em seu lugar; agora, Oh! Senhor, confirma Tua promessa dada a David meu pai, porque me fizeste rei de um povo que é como o pó da terra em multidão. Dá-me agora sabedoria e conhecimento para que eu possa sair e estar diante deste povo, pois quem pode julgar Teu povo tão numeroso?” E Deus disse a Salomão: “Porque isto estava no teu coração e não pediste riquezas, opulência, poder ou glória, nem a vida dos teus inimigos, nem ainda pediste vida longa, mas pediste sabedoria e conhecimento para ti, para que possas julgar o meu povo sobre o qual Eu te fiz rei; sabedoria e conhecimento te serão dados e Eu te darei riqueza, opulência e glória como ninguém dos reis possuiu antes de ti, nem haverá ninguém semelhante depois de ti”.

Esta característica de altruísmo desenvolvida em vidas anteriores, preparou o espírito de Salomão, que habitou o corpo de Jesus, para a alta missão a que foi destinado, isto é, servir como um veículo para o generoso e unificante Espírito Cristo, com o propósito de acabar com a divisão entre os Filhos de Seth e os Filhos de Caim, unindo-os na Fraternidade, formando o reino do Céu.

Quando Fausto fez o pacto com Mefistófeles, como é lembrado no antigo mito-alma daquele nome, ele estava prestes a assiná-lo com tinta, quando Mefisto disse: “Não, assina em sangue”. Quando Fausto perguntou a razão disso, Mefistófeles disse esperta e astutamente: “O sangue é uma essência muitíssimo peculiar!.A Bíblia diz que o sangue dos touros e bezerros não tirará os pecados e isso é compreensível, mas qual a explicação para o sangue de Jesus que é exaltado como uma panaceia? Para compreender esse grande mistério do Gólgota é necessário estudar a composição e função do sangue, do ponto de vista oculto.

Quando o sangue é examinado em um microscópio, parece ter um número de minúsculos glóbulos ou discos, porém, quando um clarividente treinado pode vê-lo enquanto circula através de um corpo vivo, constata que o sangue é um gás, uma essência espiritual. O calor é causado pelo Ego que está dentro deste sangue, pois, como diz a Bíblia, a vida está no sangue. Mefistófeles estava certo quando disse que o sangue é uma essência muitíssimo peculiar, pois contém o Ego e todo aquele que quiser obter um poder sobre o Ego, tem que possuir o seu sangue.

O Ego humano é mais poderoso que o Espírito-Grupo do animal, como podemos ver quando aplicamos o teste científico conhecido como hemólise. Sangue estranho de um animal superior, se inoculado nas veias de um de espécie inferior, causará a morte deste. Se tomarmos sangue humano e o injetarmos em um animal, este será incapaz de suportar as altas vibrações que estão no sangue do ser humano e morrerá. Por outro lado, um ser humano poderá ser inoculado com o sangue de um animal inferior sem sofrer danos. Nos tempos primitivos era rigorosamente proibido alguém pertencente a uma tribo casar-se dentro de uma outra tribo, pois era sabido, então, pelos guias da humanidade, que o sangue estranho mataria alguma coisa; sempre o faz. Lemos que Adão e Matusalém viveram vários séculos; naquele tempo era costume casarem-se em família, casar-se tão próximo quanto possível, para que os laços de sangue ficassem cada vez mais fortes. Assim, o sangue que circulava nas veias das pessoas naquela família continha as imagens de todos os acontecimentos referentes aos seus ancestrais; esses quadros eram guardados na mente, que é agora o subconsciente. Naquela época, eram conscientes e estavam sempre diante da visão interior das pessoas e cada família estava unida por este sangue comum, onde as imagens dos seus ancestrais permaneciam. Os filhos viam a vida dos seus pais e, em consequência, os pais viviam nos filhos; e, uma vez que as consciências de Adão, de Matusalém e de outros Patriarcas viveram durante séculos em seus descendentes, diz-se que viveram pessoalmente essa longevidade.

O matrimônio forada família era considerado um crime, como agora casar-se dentro dela é considerado um mal. Sabemos que entre os primitivos escandinavos, se alguém quisesse se casar em uma família estranha, era obrigado primeiro a misturar o sangue, que devia ser testado para ver se esse sangue se misturaria com o da família na qual desejava entrar. Desta forma, a hemólise foi sentida por muitos, pelo menos em algumas de suas fases. Se o sangue não se misturasse podia trazer “confusão de casta”, como diz o Hinduísmo; uma linha pura de descendência devia ser mantida, pois, de outra maneira, aquelas imagens ou visão interna se misturariam e se tornariam confusas. Este matrimônio na família ou tribo foi o que engendrou o egoísmo, o espírito de clã, o conflito e a luta no mundo. Para acabar com isso, a prática devia ser interrompida, e quando Cristo veio à Terra, Ele advogou a interrupção desse hábito, quando disse: “Antes que Abraão fosse, Eu sou”. De fato, Ele disse: “Eu não me importo pelo pai da raça, mas Eu me glorifico no Eu Sou, o Ego que era há muito tempo antes que ele fosse”. E Ele também disse: “Quem não deixa pai e mãe não pode seguir-Me”. Enquanto estivermos amarrados à família, à nação ou tribo, estamos ligados ao velho sangue, aos velhos caminhos e não podemos fundir-nos em uma fraternidade universal. Isto poderá ser alcançado quando as pessoas se casarem além das fronteiras, porque quando existem tantas nações, a maneira de uni-las é através do casamento. Deixemos Abraão, o pai da raça e da tribo morrer; deixemos o “Eu Sou” viver. Cristo tinha conhecimento do fato oculto de que a mistura do sangue em casamento entre diversas raças e famílias sempre mata algo; quando não mata o corpo, mata alguma outra coisa. Se cruzarmos um cavalo e um burro, teremos um híbrido, a mula; nela alguma coisa está faltando devido à mistura de sangue estranho, a saber, a faculdade da propagação que está faltando em todos os híbridos. De forma análoga, quando os casamentos ocorrem fora do círculo da raça ou família, alguma coisa é destruída, e, neste caso, são os quadros da visão interna. Os diferentes quadros de diferentes famílias se chocam e, em consequência, a clarividência, o contato com o mundo espiritual e com a memória da Natureza foi desaparecendo desde que a prática do casamento dentro do mesmo grupo cessou. Somente os escoceses das montanhas que se casam na clã, e os ciganos, retêm, de certa forma, esta segunda visão. Assim, vemos que o sangue é agora constituído diferentemente do que era nas idades primitivas da evolução humana. O corpo de Jesus era um veículo pioneiro, de máxima pureza, quando o Espírito Cristo entrou nele como um meio de ingressar no centro da Terra pelo idêntico caminho que, previamente, tinha sido percorrido por Hiram Abiff quando se lançou no Mar Fundido e foi conduzido pelo caminho da Iniciação para o centro da Terra, onde Caim, seu antepassado, habitava.

Essa viagem de Cristo é citada na Primeira Epístola de São Pedro 3:18-19, depois de Cristo ter-se libertado da carne pela morte violenta no Gólgota. Quando alguém morre, o sangue venoso com suas impurezas adere firmemente à carne e, portanto, o sangue arterial que corre fica visivelmente mais limpo do que em outras circunstâncias; está mais livre de paixão e de desejo. Sendo eterizado pelo grande Espírito Cristo, o sangue limpo de Jesus inundou o mundo, purificou grandemente a região etérica do egoísmo, e deu ao ser humano uma melhor oportunidade para atrair para si materiais que lhe permitirão formar propósitos e desejos altruísticos. A era do altruísmo foi aí inaugurada. Pela fé neste sangue e pela imitação da vida de Cristo, os Filhos de Seth foram preparados para eliminar de si a maldição do egoísmo; enquanto aos Filhos de Caim foi-lhes dado o emblema da Rosa e da Cruz, para ensinar-lhes como trabalhar fielmente no preparo do Mar Fundido, a Pedra Filosofal, e encontrar a Nova Palavra que os admitirá no reino, pois eles acreditam mais no trabalho do que na fé.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mito de Fausto e a Lenda Maçônica

O Mito de Fausto e a Lenda Maçônica

Na lição do mês passado terminamos a nossa consideração final do Mito de Fausto[1]; e analisando-a como um todo, notamos que transmite a mesma ideia da Lenda Maçônica. De um lado, temos Fausto e Lúcifer; do outro, Margarida e os sacerdotes. Margarida mostra a fé na igreja, mesmo nas horas mais sombrias. Essa fé é o seu conforto e a sua segurança e, definitivamente, ela a faz alcançar o objetivo do espírito. Ela alcança seu lar celestial pela fé. Seus pecados de omissão e comissão são devidos à ignorância; mas quando ela vê o poder maligno incorporado ao caráter de Lúcifer que lhe oferece a liberdade da prisão e da morte, então, ela se recusa a fugir em sua companhia; e assim se redime, o suficiente, para merecer um lugar no Reino celestial. Da mesma forma, uma ala da igreja, os Filhos de Seth, são dependentes, atualmente, do perdão dos pecados, ao invés dos seus próprios méritos. Estão procurando a salvação por meio da fé, já que seus poderes para demonstrar por obras são pequenos.

Em Lúcifer e Fausto encontramos a réplica dos Filhos de Caim, que são construtores, fortes e ativos no trabalho do mundo. O mesmo espírito que infundiu em Caim o desejo de fazer com que “duas folhas de erva crescessem onde antigamente crescia apenas uma” – o instinto criativo, independente e divino que fez com que os Filhos de Caim em todas as épocas liderassem o trabalho no mundo – também é visto em Fausto; e a prática gloriosa com a qual ele empregou nos poderes do mal, isto é, fazendo-as construir uma nova terra, livre, onde um povo feliz e livre pudesse morar em paz e alegria, dá-nos uma visão do que o futuro nos reserva.

Pelo nosso próprio esforço, empregando os poderes do mal para fazer o bem, nos libertaremos das limitações tanto das igrejas como do estado, que agora nos mantêm em servidão. Ainda que as convenções sociais e as leis terrenas sejam agora necessárias para nos impedir de violar os direitos dos outros, dia virá em que o espírito nos animará e nos purificará, da mesma maneira que o amor de Fausto por Helena purificou-o e incentivou-o a empregar as forças de Lúcifer da maneira correta. Quando sentirmos o desejo de trabalhar por nossa própria vontade, quando nos gratificarmos pelo serviço que prestamos aos outros, como estava Fausto quando, com sua visão agonizante, ele pode contemplar a terra que se elevava do mar, então não necessitaremos mais em encarar as características restritivas das leis e convenções, pois teremos nos elevados acima deles pelo cumprimento de todas as suas exigências. Somente dessa maneira poderemos nos tornar realmente livres. É muito fácil dizer aos outros o que deve ser feito ou não, mas é muito difícil impor-nos o cumprimento da obediência, ainda que, intelectualmente, possamos aceitar os ditames do convencionalismo. Como diz Goethe:

“De todo o poder que mantém o mundo agrilhoado,

O ser humano se libera quando o autocontrole há conquistado”.

O mito de Fausto nos diz que há um estado utópico reservado para nós, quando nós tenhamos trabalhado pela nossa salvação usando as forças titânicas internas para nos tornar realmente livres. Que todos nós possamos nos esforçar nas nossas ações diárias para acelerar a chegada desse dia.

(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 35)

[1] N.T.: Fausto (em alemão Faust) é um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. É considerado uma das grandes obras-primas da literatura alemã. A criação da obra ocupou toda a vida de Goethe, ainda que não de maneira contínua. A primeira versão foi composta em 1775, mas era apenas um esboço conhecido como Urfaust (Proto-Fausto). Outro esboço foi feito em 1791, intitulado Faust, ein Fragment (Fausto, um fragmento), e também não chegou a ser publicado. A versão definitiva só seria escrita e publicada por Goethe no ano de 1808, sob o título Faust, eine Tragödie (Fausto, uma tragédia). A problemática humana expressada no Fausto foi retomada a partir de 1826, quando ele começou a escrever uma segunda parte. Esta foi publicada postumamente sob o título de Faust. Der Tragödie zweiter Teil in fünf Akten (Fausto. Segunda parte da tragédia, em cinco atos) em 1832.

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