Arquivo de categoria Constituição do Ser Humano e do Campo de Evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Poder Espiritual: Muitos Anelam, mas Poucos Sabem no que Ele Constitui

Poder espiritual: muitos anelam, mas poucos sabem no que ele constitui

A Filosofia Rosacruz descreve surpreendentemente todo o processo pelo qual o ser humano, desde a condição de chispas divinas, abandonou sua pátria celeste e iniciou o processo de manifestação individual. O objetivo dessa manifestação era de transformar cada chispa, que possuí toda a divindade em potencial dentro de si (assim como uma semente é uma árvore em potencial), em um Deus dinâmico criador e desenvolvido.

Para essa aquisição grandiosa, teve que receber veículos que permitisse esse processo. Assim como Deus é tríplice (Pai, Filho e Espírito Santo) o ser humano, Sua imagem e semelhança, também se manifestou de modo tríplice: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano (o Ego).

Contudo, tal condição, apesar de necessária, não era suficiente. O Ego também deveria possuir uma ferramenta material correspondente a cada Espírito que recebeu. Somente assim poderia viabilizar o desenvolvimento do inato potencial divino que possui. A ferramenta do Espírito Divino é o Corpo Denso, o físico. O modo pelo qual o Espírito Divino pode desenvolver sua potencialidade depende daquilo que o Ego extrai de experiências produzidas pelo Corpo Denso. A essência dessa experiência é denominada Alma Consciente (ou quintessência do Corpo Denso). Aquilo que o Ego extrai das experiências produzidas pelo Corpo Vital, constitui o alimento do Espírito de Vida. Esse alimento é denominado Alma Intelectual (ou quintessência do Corpo Vital). Finalmente, o que o Ego extrai do Corpo de Desejos constitui o alimento do Espírito Humano. Tal produto é denominado Alma Emocional (ou quintessência do Corpo de Desejos). O verdadeiro poder espiritual é exatamente o quanto de Alma pode-se produzir. Quanto mais Alma ou crescimento anímico (essência das experiências), maior será o poder espiritual do Ego. Todo o restante sobre o significado do que é poder espiritual, é fantasia ou vaidade.

O objetivo da vida é empregar todo o esforço possível para amalgamar ao Ego as experiências que constituem a Alma. De modo prático, isso é feito pelo trabalho que realizamos no mundo. Não é raro encontrarmos pessoas sonhadoras, anelando por dons espirituais, conhecimento da verdade e luz espiritual. Juntamente a esse forte desejo, também está a fraca compreensão e decisão de trabalho direcionado a renunciar as más intenções pessoais, que é condição sine qua non* para aquisição desse poder. Além disso, mesmo que um Mestre deseje iniciar um discípulo, este último deve possuir o poder para tal. Se faltar energia elétrica, jamais poderá acender uma lâmpada, mesmo que a pessoa tenha a lâmpada e os fios necessários para acendê-la.

Quando se diz que o trabalho de aquisição de poder espiritual se dá pelo trabalho no mundo, estamos referindo ao momento único pelo qual é possível realizar progressos espirituais: o momento em que o Ego está renascido aqui. Aqui, na Região Química do Mundo Físico, tão desprezada por alguns espiritualistas, o ser humano está em condições perfeitas e com a cadeia completa de Corpos (Denso, Vital, Desejos) e Mente, para aproveitar as oportunidades de testar a vontade do Tríplice Espírito. Isso permite o desenvolvimento de seu poder até que atinja maturação espiritual.

É Lei de Polaridade a seguinte afirmação: O poder espiritual se adquire durante o renascimento na matéria. A Escola de Sabedoria Ocidental, também conhecida como Fraternidade Rosacruz, é uma escola “inversa”. Quando um Discípulo ocidental descobre o que significa o poder espiritual, e o que ele deve fazer para adquiri-lo, jamais permanece em condição alheia ao mundo e a seu ambiente. Pelo contrário, inicia um processo de trabalho incessante jamais ocorrido em sua vida.

Novamente, não é raro encontrarmos pessoas que anelam poder espiritual ou a tão almejada união com Deus. Deste modo, iniciam uma vida de muita meditação, muito estudo, muita especulação, muito discurso, muito egocentrismo, poucos relacionamentos, pouco movimento e nenhum serviço. Conforme o tempo vai passando, o aspecto material torna-se totalmente abandonado e em desordem. O renascimento, momento pelo qual é a única condição em que o Ego pode se desenvolver em plenitude, é desperdiçada com justificativas metafísicas.

Essa condição nos faz lembrar o poema A Lenda Formosa, de Henry H. Longfellow e também a história do asceta. Essa última é descrita abaixo:

Um asceta estava meditando em uma caverna. De repente, um rato entrou e deu uma mordida em sua sandália. Aborrecido, o asceta abriu os olhos.

Por que você está perturbando a minha meditação?

Estou com fome – guinchou o rato.

Vai embora, rato louco – pregou o asceta. – estou procurando a união com Deus. Como se atreve a me perturbar?

Como espera tornar-se um com Deus – perguntou o rato – se nem mesmo consegue tornar-se um comigo?

A ingenuidade é filha da ignorância. É bastante nobre o desejo de busca por poder espiritual, mas é muito mais nobre ser capaz de compreender a responsabilidade e o equilíbrio necessário que esse poder exige.

“Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houveram antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor”. (Ecl 1:16-18)

O conhecimento deve ser mesclado com amor. A razão deve guiar o sentimento, do mesmo modo como um cano direciona o curso da água. Já o amor, permite que uma pessoa iniba sua tendência egoísta de fazer justiça a todo preço, afinal à lógica mostra que um pecador deve pagar o preço pelos seus erros. Sem um guia, o amor pode ser desperdiçado ou mal dosado; sem amor, a razão pode gerar ainda mais separatividade.

O poder espiritual somente será alcançado por aqueles que aprenderam a equilibrar os sentimentos com a razão (o lado místico com o lado ocultista; a cabeça e o coração). Sem esse equilíbrio, não poderá receber e acessar as verdades que os planos internos oferecem. Por mais estranho que possa ser, a incompreensão de toda a verdade, pela falta de poderes espirituais, favorece a evolução do próprio homem.

Não é raro verificar pessoas que já conhecem os mecanismos da Lei de Causa e Efeito e sobre o Livre arbítrio relatarem a seus familiares que atos errantes produzirão efeitos desastrosos no futuro (ex.: hábito de fumar e aparecimento de câncer; má alimentação e obesidade contribuindo para hipertensão ou diabetes). E que se isso ocorrer, não poderão fazer nada em seu favor, afinal, todos são livres e devem ter a responsabilidade de assumir as consequências futuras dos atos presentes.

Essa mesma pessoa, no entanto, possui um filho que tem uma síndrome genética acompanhada de retardo mental. Por não ter habilidades espirituais, como a capacidade de realizar a leitura na Memória da Natureza, ele é incapaz de verificar que esse filho, em outras vidas, realizou atos bem piores em relação aos atos presentes de seus outros familiares ou amigos. Por desconhecer os pecados passados de seu filho, ele o acolhe com muito amor e consegue a união com ele (união que o Asceta não conseguiu com o rato).

A conclusão lógica desse fato é: será que o Aspirante está realmente preparado para ter poderes espirituais e conhecer a verdade? Um dos principais motivos de ação do ser humano atual é a justiça aliada ao egoísmo e se ainda lhe fosse dado poderes espirituais, jamais o equilíbrio das desarmonias que geramos no passado seria atingido. Sábios são os Líderes da humanidade que nos mostram pelo exemplo que somente pelo amor, desprendimento e muito trabalho, enquanto renascido aqui e agora, é que o ser humano poderá se tornar UM COM TODOS E COM DEUS, é lhe será possível despertar seus poderes espirituais.

*Sine qua non ou condição sine qua non originou-se do termo legal em latim para “sem o qual não pode ser”

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Trabalho Individual do Espírito: você, de fato!

Não nos foi possível desenvolver nossos poderes, enquanto não construímos os nossos três veículos inferiores os Corpos: Denso, Vital e de Desejos. É deles que nós obtemos o alimento com o qual nutrimos e desenvolvemos nossos poderes potenciais.

Esse alimento-essência é chamado de Alma. Do Corpo Denso nós extraímos, automaticamente, a Alma Consciente, mediante a prática da ação reta em relação aos impactos externos, pelas experiências e observações. Esse pábulo ou alimento transmuta os poderes latentes do Espírito Divino (o veículo espiritual mais elevado em que nós nos manifestamos) em forças dinâmicas que se manifestam como vontade, inteligência, sabedoria, o princípio “Pai”, o poder de “fazer”, a força positiva do ser.

Do Corpo Vital extraímos o alimento-essência que chamamos de Alma Intelectual, também automaticamente, por meio do discernimento entre as coisas importantes, essenciais, reais da vida e as irreais, sem importância, não essenciais.

O que se chama de Alma Intelectual alimenta e transmuta em poderes dinâmicos as forças do Espírito de Vida (o segundo mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos), que são a imaginação, a intuição, o poder receptor, o poder de assimilar a natureza amorosa, o princípio “Mãe”.

Finalmente, pelo refreamento dos instintos animais, pela devoção aos sentimentos e desejos elevados e sublimes, pelas emoções geradas através da ação reta e por experiências purificadoras, nós, automaticamente, extraímos do Corpo de Desejos o alimento-essência conhecido como Alma Emocional. Com ele alimentamos e desenvolvemos as potencialidades do Espírito Humano (o terceiro mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos; note: manifestação tríplice, como Deus que nos criou): o poder criador (físico e mental), a fecundação, a expansão, a germinação e o crescimento; transformando-os em forças dinâmicas sob o domínio da nossa vontade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossa vida aqui, nossa vida lá, nossos poderes aqui, nossos poderes lá

Nossa vida aqui, nossa vida lá, nossos poderes aqui, nossos poderes lá

Cedo ou tarde chegará um momento em que a consciência será forçada a reconhecer o fato de que a vida, como a conhecemos, seja passageira e que, em meio a todas as incertezas da nossa existência, haja apenas uma certeza — a Morte!

Quando a Mente é despertada pelo pensamento desse salto no escuro, que em algum momento deve ser tomado por todos, as grandes perguntas — De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? — devem inevitavelmente surgir. Esse é um problema fundamental com o qual todos devem, mais cedo ou mais tarde, lidar e é da maior importância como resolveremos isso, porque a opinião que adotarmos vai colorir toda a nossa vida.

Somente três teorias dignas de reconhecimento foram apresentadas para resolver esse problema. Para nos situarmos em um dos três grupos da humanidade que foram separados por sua aderência a uma dessas hipóteses é necessário conhecê-las, analisar calmamente, comparar umas às outras e a fatos estabelecidos. A palestra nº 1, publicada no Livro Cristianismo Rosacruz, faz exatamente isso e, concordando ou não com suas conclusões, certamente teremos uma compreensão mais abrangente dos vários pontos de vista envolvidos para podermos formar uma opinião inteligente, quando lermos O Enigma da Vida e da Morte.

Se chegarmos à conclusão de que a morte não acaba com a nossa existência, será muito natural perguntar: onde estão os mortos? Essa questão importante é tratada na palestra nº 2. A lei de conservação da matéria e energia impede a aniquilação, mas vemos que a matéria esteja constantemente mudando do estado visível para o invisível e vice-versa, como, por exemplo, no caso da água que é evaporada pelo sol, parcialmente condensada em forma de nuvem e depois cai de novo na terra, como chuva.

Também a consciência pode existir e não ser capaz de fornecer qualquer sinal disso, como nos casos onde as pessoas foram consideradas mortas, porém acordaram e disseram tudo o que foi falado e feito em sua presença.

Portanto, deve haver um Mundo invisível feito de força e matéria que seja tão independente da nossa cognição quanto a luz e a cor independem do fato de não serem percebidas pelos cegos.

Nesse Mundo invisível, os “mortos” vivem em plena posse de todas as faculdades mentais e emocionais. Vivem aí uma vida tão real quanto a existência aqui, no Mundo visível.

O Mundo invisível é conhecido por meio de um sexto sentido desenvolvido por alguns, mas latente na maioria das pessoas. Pode ser desenvolvido por todos; no entanto, métodos diferentes produzem resultados variados.

Essa faculdade compensa a distância de um modo bem superior aos melhores telescópios e a falta de tamanho é contrabalançada em um grau inacessível ao microscópio mais poderoso. Ela penetra onde o raio-X não pode. Uma parede ou uma dúzia de paredes não são mais densas para a visão espiritual do que o cristal é para a visão comum.

Na palestra nº 3, Visão Espiritual e os Mundos Espirituais, essa faculdade é descrita e a palestra nº 11, Visão e Intuição Espirituais, fornece um método seguro para o seu desenvolvimento.

O Mundo invisível é dividido em diferentes domínios: Região Etérica, Mundo do Desejo, Região do Pensamento Concreto e Região do Pensamento Abstrato.

Essas divisões não são arbitrárias, mas necessárias porque a substância de que são compostas obedece a leis diferentes. Por exemplo, a matéria física está sujeita à lei da gravidade; no Mundo do Desejo, porém, as formas levitam tão facilmente quanto gravitam.

O ser humano precisa de vários veículos para funcionar nos diferentes Mundos, do mesmo jeito que necessita de uma carruagem para andar sobre a terra, de um barco para o mar e uma aeronave para o ar.

Sabemos que ele precisa de um Corpo Denso para viver no Mundo visível. Ele também tem um Corpo Vital, composto de éter, que lhe permite sentir as coisas ao seu redor. Um Corpo de Desejos formado pelos materiais do Mundo do Desejo, o que lhe confere uma natureza apaixonada e o incita à ação. A Mente é formada pela substância da Região do Pensamento Concreto e atua como um freio por impulso: ela dá propósito à ação. O ser humano real, o Pensador ou Ego, age na Região do Pensamento Abstrato, operando sobre, e através de, seus vários instrumentos.

A palestra nº 4 trata das condições normais e anormais da vida como Sono, Sonhos, Transe, Hipnotismo, Mediunidade e Loucura. Os veículos mais refinados mencionados anteriormente são todos concêntricos ao Corpo Denso, no estado de vigília, quando estamos ativos em pensamentos, palavras e ações; contudo, as atividades do dia fazem com que o corpo fique cansado e com sono.

Quando o desgaste causado pelo uso de um edifício torna necessários reparos exaustivos, os inquilinos precisam sair para que os trabalhadores possam ter espaço total para a restauração. Portanto, quando o desgaste do dia esgota o corpo, é necessário que o Ego saia. Essa retirada torna o corpo inconsciente, sendo necessário um trabalho preciso para restaurar seu tom e ritmo. Durante a noite, o Ego paira ao lado de fora do Corpo Denso, envolto no Corpo de Desejos e na Mente. Às vezes, o Ego retira-se apenas parcialmente, tendo uma das metades dentro do corpo e a outra, fora; quando isso ocorre, ele vê o Mundo do Desejo e o Mundo Físico, mas de forma confusa como em um sonho.

O hipnotismo é um ataque mental. A vítima desavisada é expulsa do seu corpo e o hipnotizador obtém o controle. As vítimas do hipnotizador são libertadas com a morte dele, no entanto; mas o médium não tem tanta sorte. Os espíritos que o controlam são realmente hipnotizadores invisíveis. Essa invisibilidade oferece grandes possibilidades de enganar e após a morte eles podem tomar posse do Corpo de Desejos do médium e usá-lo por séculos, impedindo que sua infeliz vítima progrida no caminho da evolução. Essa última fase da mediunidade é elucidada na palestra nº 5, Morte e Vida no Purgatório.

O que chamamos de morte é, na realidade, apenas a mudança de consciência de um Mundo para outro. Temos uma ciência do nascimento com enfermeiras treinadas, obstetras, antissépticos e todos os outros meios de cuidar do Ego que chega; contudo, precisamos muito de uma ciência da morte, pois quando um amigo está saindo da existência concreta, permanecemos impotentes, ignorantes em relação a como ajudar; ou pior, fazemos coisas que tornam a passagem infinitamente mais difícil do que se estivéssemos apenas ociosos. Dar estimulantes é uma das piores ofensas contra os moribundos, porque atrai novamente o espírito ao Corpo Denso e o faz com a força de uma catapulta.

Depois que o coração parou, pela ruptura parcial do Cordão Prateado (que unia os veículos superiores do ser humano aos inferiores durante o sono e, após a morte, permanece indiferente por um tempo que varia de algumas horas a três dias e meio), o espírito ainda pode sentir o embalsamamento do corpo físico, sua abertura para exames post-mortem ou a cremação. Esse corpo não deve, portanto, ser incomodado, porque o Ego que passa de um Mundo ao outro está empenhado em revisar as imagens de sua vida passada (que são vistas em um lampejo por pessoas que se afogam). Essas imagens são impressas diariamente e a cada hora no éter do Corpo Vital, independentemente da nossa observação, assim como uma imagem detalhada é impressa na placa fotográfica pelo éter, ainda que o fotógrafo não tenha observado seus detalhes. Elas formam um registro absolutamente verdadeiro da nossa vida passada, que podemos chamar de Memória subconsciente (ou Mente subconsciente) e é muito superior à visão que armazenamos conscientemente em nossa memória (na Mente).

Sob a imutável Lei da Consequência, que decreta que aquilo que nós semearmos nós colheremos, os atos da vida são a base da nossa existência após a morte. O panorama de uma vida passada é o livro dos Anjos do Destino, os organizadores da partitura que fazemos junto à Lei da Consequência.

A revisão do panorama da vida logo após a morte registra as imagens no Corpo de Desejos, que é o nosso veículo normal no Mundo do Desejo, onde o Purgatório e o Primeiro Céu estão localizados.

Esse panorama é o fundamento da purificação do mal, no Purgatório, e da assimilação de boas ações, no Primeiro Céu. É da maior importância que ele seja profundamente gravado no Corpo de Desejos, porque se a gravação for profunda e clara, o Ego sofrerá mais acentuadamente no Purgatório, e experimentará alegrias mais intensas no Primeiro Céu. Tais sentimentos permanecerão como consciência nas vidas futuras, impulsionando as boas ações e desencorajando os maus atos.

Se deixarmos o espírito em paz, tranquilo, para se concentrar no panorama da vida, a gravação será clara e nítida; no entanto, se os parentes desviarem sua atenção com altas e histéricas lamentações durante os primeiros três dias e meio, período onde o Cordão Prateado ainda está intacto, uma impressão superficial ou borrada fará com que o espírito perca muitas das lições que deveriam ter sido aprendidas. Para corrigir essa anomalia, os Anjos do Destino são frequentemente forçados a terminar a próxima vida dele na Terra durante a primeira infância, antes que o Corpo de Desejos tenha nascido, conforme descrito em Nascimento, um Evento Quádruplo (palestra nº 7), pois o que não foi vivificado não pode morrer; assim, a criança entra no primeiro céu e aprende as lições que não aprendeu anteriormente, tornando-se dessa forma equipada a passar pela Escola da Vida.

Como tais Egos mantêm o Corpo de Desejos e a Mente que tinham na vida em que morreram quando crianças, é comum que se lembrem dessa existência, porque só permanecem fora da vida terrena de um a 20 anos.

O sofrimento no Purgatório surge por duas causas: os desejos que não possam ser satisfeitos e a reação às imagens do panorama da vida — o bêbado, por exemplo, sofre as torturas de Tântalo, porque não tem meios de obter ou reter a bebida. O avarento sofre porque lhe falta a mão para impedir que seus herdeiros dissipem seu estimado tesouro. Assim, a Lei da Consequência elimina os maus hábitos até que o desejo se esgote.

Se tivermos sido cruéis, o panorama da vida irradia sobre nós a imagem de nós mesmos e de nossas vítimas. As condições são revertidas no Purgatório: nós sofremos como eles sofreram. Assim, com o tempo, somos expurgados do pecado. A matéria grosseira do desejo que forma a personificação do mal é expelida pela força centrífuga da Repulsão, no Purgatório, e retemos unicamente o puro e o bem, que são corporificados em matéria de desejo mais sutil que é dominada pela força centrípeta — Atração, que no Primeiro Céu une o que é bom, quando o panorama retrata cenas de nossas vidas passadas em que ajudamos outras pessoas ou nos sentimos gratos pelos favores recebidos, conforme descrito na palestra nº 6, Vida no Céu, que também fala da estadia no Segundo Céu, localizado na Região do Pensamento Concreto.

Esse também é o reino do tom, como o Mundo do Desejo é da cor e o Mundo Físico, da forma. O tom, ou som, é o construtor de tudo o que existe na Terra, como João diz: “No princípio era o Verbo (o som), e o Verbo se fez carne.”, a carne de todas as coisas, “Sem Ele nada do que foi feito se fez”. A montanha, o musgo, o rato e o ser humano são encarnações dessa Grande Palavra Criadora que desceu do céu.

Lá, o ser humano se torna um com as forças da natureza; Anjos e Arcanjos o ensinam a construir um ambiente conforme o que mereceu sob a Lei da Consequência. Se ele gastou seu tempo na especulação metafísica, igual aos hindus, deixou de construir um bom ambiente material e renascerá em uma terra árida, onde inundações e fome o ensinarão a voltar sua atenção às coisas materiais. Quando ele focaliza sua Mente no Mundo Físico, aspirando à riqueza e ao conforto material, constrói no Céu um inigualável ambiente material, uma terra rica com instalações que lhe trarão facilidade e conforto, como o mundo ocidental tem feito. Mas, dado que sempre ansiamos pelo que nos falta, as posses que temos nos saciam para além do conforto e estamos começando a desejar novamente a vida espiritual, como os hindus, nossos irmãos mais novos, querem agora a prosperidade material que temos e estamos deixando para trás, o que é melhor explicado na palestra nº 19, A Força Futura — Vril?, que mostra por que as práticas de ioga hindu são prejudiciais aos ocidentais: eles estão atrás de nós na evolução.

Depois que o Ego ajuda a construir o arquétipo Criativo para o ambiente de sua próxima vida terrena, no Segundo Céu, ascende ao Terceiro Céu, localizado na Região do Pensamento Abstrato. Mas poucas pessoas aprenderam a pensar de forma abstrata como os matemáticos; portanto, a maioria está inconsciente, como no sono, aguardando o Relógio do Destino — as estrelas, para indicar a hora em que os efeitos gerados pela ação das vidas passadas possam ser calculados. Quando os responsáveis pelo tempo celestial, o Sol, a Lua e os Planetas, alcançam uma posição adequada, o Ego acorda com o desejo de um novo nascimento.

Os Anjos do Destino examinam o registro de todas as nossas vidas passadas, estampadas na Mente supraconsciente toda vez que o Ego vai para o Terceiro Céu, conforme descrito na palestra nº 7, Nascimento, um Evento Quádruplo. Quando não há uma razão específica para a tomada de um determinado ambiente, o Ego tem várias opções de encarnação. Elas são mostradas a ele em uma visão geral, exibindo o grande esboço de cada vida proposta, mas deixando espaço para o livre-arbítrio individual nos detalhes.

Depois que uma escolha é feita, o Ego deve liquidar as causas maduras que foram selecionadas pelos Anjos do Destino e qualquer tentativa de escapar será frustrada. Deve-se notar cuidadosamente que o mal seja erradicado no Purgatório. Somente as tendências restam para nos tentar, até que, de forma consciente, nós as vençamos. Assim, nascemos inocentes e pelo menos todo ato maligno é um ato de livre-arbítrio.

Quando o Ego desce em direção ao renascimento, reúne os materiais para seus novos corpos, mas eles não nascem ao mesmo tempo. O nascimento do Corpo Vital inaugura um rápido crescimento entre os sete anos e os 14, desenvolvendo também a faculdade de propagação. O nascimento do Corpo de Desejos, aos 14 anos, dá origem ao período impulsivo que vai dos 14 aos 21. Nessa idade, o nascimento da Mente fornece um freio ao impulso e concede a base para uma vida séria.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross em maio/1915 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Relação dos Tríplices Espíritos, Almas e Corpos em cada um de nós

A Relação dos Tríplices Espíritos, Almas e Corpos em cada um de nós

O ser humano é um tríplice Espírito que possui uma Mente, governando com ela um Tríplice Corpo que emanou de si mesmo para adquirir experiência. Esse Tríplice Corpo se transforma em Tríplice Alma, da qual se nutre, elevando-se assim da impotência à onipotência.

O Espírito Divino emanou de si Corpo Denso extraindo como fruto a Alma Consciente.

O Espírito de Vida emanou de si o Corpo Vital extraindo como fruto a Alma Intelectual.

O Espírito Humano emanou de si o Corpo de Desejos extraindo como fruto a Alma Emocional.

O Tríplice Espírito lançou uma tríplice sombra sobre o reino da matéria e desse modo o Corpo Denso foi evoluindo como contraparte do Espírito Divino, o Corpo Vital como réplica do Espírito de Vida, e o Corpo de Desejos como imagem do Espírito Humano.

Finalmente, e o mais importante de tudo, formou-se o degrau da Mente como enlace entre o Tríplice Espírito e seu Tríplice Corpo. Esse foi o começo da consciência individual e marca o ponto onde acaba a Involução do espírito na matéria e onde começa o processo evolutivo pelo qual o espírito é extraído da matéria. A Involução significa a cristalização do espírito em corpos distintos, mas a evolução depende da dissolução dos Corpos, da extração da substância da Alma deles e da amálgama alquímica dessa Alma com o espírito.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Alcoolismo – Uma Doença Mental

Alcoolismo – Uma Doença Mental

É difícil controlar ou superar uma doença cuja causa é desconhecida. O alcoolismo é uma doença pura e simples, mas não uma doença da moral ou do corpo. É uma doença da Mente.

Todas as pregações de moralidade, condenação eterna, e assim por diante, ou proibir a venda de bebidas alcoólicas ou álcool, poderia ter apenas uma influência superficial no desejo de beber ou na causa desse desejo.

Instrua nossos filhos sobre a causa do alcoolismo e eles olharão para a bebida alcoólica como uma expressão distinta de inferioridade e não desejarão usá-la.

Em três gerações, o consumo de álcool poderia ser reduzido àqueles indivíduos adultos irremediavelmente fracos, que buscam no álcool a necessidade se sentir socialmente em igualdade.

Isso, precisamente, explica a causa do alcoolismo. De fato, a ingestão do primeiro gole pode ser atribuída a um sentimento de inferioridade, não querer ser diferente, não querer ser menos do que o outro sujeito ou querer ser ou fazer tanto quanto ele. Nós desprezamos o primeiro gole com: “Ele bebeu para ser sociável, ou para ser inteligente”. Mas isso não é verdade.

A bebida é ingerida quase sempre para alcançar um nível de igualdade, se não, como no caso do bebedor experiente, para alcançar um estado de superioridade temporária, pelo menos em sua própria Mente.

Algumas bebidas alcoólicas são para afogar os problemas, para esquecer, porque não se tem a coragem para enfrentar seu problema, não importa o que seja, analisá-lo e resolvê-lo com o melhor de sua capacidade individual. A bebida parece dar coragem. Na verdade, se revestem ou se afundam no sentimento de inferioridade. Quando o efeito do álcool desgasta o indivíduo, fica pior do que antes, então bebe novamente até que, eventualmente, tenha desenvolvido uma alcoolfilia ou uma obsessão por bebidas alcoólicas.

O alcoolismo repetitivo ou mesmo o consumo moderado regular de cerveja, vinhos, licores e outras bebidas alcoólicas, mais cedo ou mais tarde, trazem consigo distúrbios da garganta e do estômago, nefrite e cirrose ou endurecimento do fígado. As alterações cardíacas são dilatação, degeneração muscular e hipertrofia ou aumento anormal. —Dr. Jesse Mercer Gehman em Nature’s Path, dezembro de 1939.

Aparentemente, nunca antes foi tão predominantemente a tolerância a bebidas alcoólicas como é agora no mundo. Os jornais, as revistas e os outdoors de rodovias são financiados por propagandas de bebidas alcoólicas; os rádios expõem suas virtudes 24 horas por dia, utilizando imagens que glorificam isso, mostrando atores e atrizes famosos em quase todas as ocasiões.

Para o cientista ocultista essa condição é a mais deplorável, pois ele sabe que até a morte não alivia a garra desse monstro quando ele se apodera de sua vítima.

Depois da morte, aqueles que se intoxicam de bebidas alcoólicas desejam obter seus efeitos da mesma maneira que quando estão encarnados em um Corpo Denso; porque não é o veículo físico que anseia pelo álcool. De fato, em muitos casos, ele fica doente por causa disso e em vão protesta de várias maneiras. É o Corpo de Desejos do alcoólatra que anseia por bebida e força o Corpo Denso a participar dela, para que o Corpo de Desejos possa ter a sensação temporária de prazer resultante do aumento da vibração, e esse desejo permanece após a morte do Corpo Denso. Mas o ser humano, depois da morte, não tem mais a boca física para beber, nem o estômago para conter a bebida física e gerar os desejados gases criados pelo aparato digestivo. Consequentemente, ele aprende a inutilidade de desejar aquilo que não pode obter, e seu desejo por bebida finalmente cessa por falta de oportunidade de satisfazê-lo. Enquanto isso, ele sofre uma agonia indescritível, e o processo de desgaste é muito lento.

(Traduzido da Revista Rays From the Rose Cross – jan./1940)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Causas Frequentes do Infarto

As Causas Frequentes do Infarto

Médicos alemães e americanos trabalham atualmente na investigação dos fatores psíquicos que desempenham um papel importante, até mesmo decisivo como causa do infarto do miocárdio. Depois de se terem analisado conscientemente todos os fatores físicos, tais como o excesso de peso, a hiperpressão, falhas da alimentação, nível elevado de colesterina ou o abuso do cigarro, impõe-se cada vez mais nitidamente a convicção de que os fatores psicológicos e sócio-médicos têm de ser tomados em linha de conta nos antecedentes de um infarto e na situação propícia a um infarto.

É cada vez mais evidente, no segundo plano da chamada “doença dos managers”, aparecerem tensões psíquicas invulgares e extraordinárias, na maioria dos casos reações psíquicas inconscientes e fracassos ou a impossibilidade de realizar determinados projetos. Segundo as mais recentes investigações, o infarto do miocárdio não é causado por excesso de trabalho, mas por um determinado conflito resultante da discrepância entre os objetivos estabelecidos e os resultados atingidos efetivamente. O êxito, o fracasso ou reconhecimento dos méritos e o seu desprezo são as mais fortes vivências psíquicas. Esse resultado da análise psicológica não data dos nossos dias. No entanto, adquiriu muito maior importância na atual estrutura sociológica, na qual os êxitos e as realizações adquiriram muito maior peso na aferição do valor do indivíduo.

O especialista de medicina interna da Universidade de Munster, na Vestefália, Professor Werner Hauss, declarou recentemente no Congresso Berlinense de Promoção Médica que “o ser humano suporta o êxito ou os trabalhos coroados de êxito em ordens de grandeza simplesmente inconcebíveis”. Por outro lado, os trabalhos seguidos de decepções conduziriam frequentemente a toda uma série de males e doenças. O Professor Paul Christian, de Heidelberg, complementou essas asserções com uma análise precisa e exata da chamada “frustração”, dos perigosos abalos psíquicos que tão frequentemente são a consequência de fracassos. Segundo esse especialista, o fracasso efetivo ou imaginado é “a solicitação psíquica mais insuportável que nós conhecemos”. Se um indivíduo de grande vitalidade e ambição sofre a frustração em consequência de fracassos, pode ser originado um processo capaz de conduzir até mesmo à morte. Os fracassos induzem frequentemente o indivíduo a redobrar esforços, sendo o abalo psíquico da frustração ainda mais forte se o indivíduo em questão não atingir o objetivo em vista. Os mais recentes inquéritos organizados na Alemanha por médicos indicam efetivamente que cerca de 40% das vítimas de infarto do miocárdio tinham sofrido reveses e fracassos, sentindo-se finalmente incapazes de superarem o conflito psíquico.

O estudo consciencioso das causas psíquicas do infarto do miocárdio levou à convicção que existem indivíduos com uma autêntica predisposição psíquica ao infarto. Os indivíduos com a tendência para o infarto correspondem ao tipo pícnico e atlético. São extrovertidos, realistas, concentrados no seu êxito individual, sempre dispostos a agir e “ávidos de estímulos”. Se essas qualidades atingirem o limite do patológico, o perigo de um infarto é ainda maior. Frequentemente, o indivíduo predisposto ao infarto é também um neurótico, designado pelos psicólogos, de “histérico negativo”. Quando surgem quaisquer males ou doenças, esse indivíduo não as quer conhecer, negando-se até mesmo a consultar um médico. As estatísticas provam que 42 por cento dos pacientes que sofreram, de vez em quando, do coração e foram, finalmente, vítimas de um infarto do miocárdio, não tinham consultado previamente um médico. (Dos jornais).

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Ora, e o que é a frustração? O sentimento de malogro, a decepção pelo fracasso, o recalque inibitório por não suceder algo que se esperava ardentemente ou por que tenha lutado muito e não tenha chegado ao desejado resultado. Isso é comum. Bem entendido, é comum aos seres humanos comuns. Um indivíduo bem preparado espiritualmente não se deixa levar pela frustração ou outros fatores negativos semelhantes. E, por bem preparado queremos significar, não o espiritualista ilustrado, intelectualizado, senão o amadurecido, aquele que fundamentou uma razão superior para todas as coisas, que concilia a experiência e a observação com as leis superiores, o que tem fé incondicional no amor e justiça de nosso Criador.

Todos nós comprometemos parcialmente nossa liberdade com as dívidas do passado, ainda não regeneradas. Se não chegamos a um resultado, em nossos esforços, é porque, (para nosso próprio bem) não era justo o que pretendíamos, ou porque não fizemos os esforços naturais que nos tornariam dignos de sua posse ou ainda porque estamos resgatando algo que anteriormente infligimos a outrem. De toda maneira, o malogro não deve desesperar ninguém. Aprendemos mais com nossos fracassos do que com nossos êxitos, desde que saibamos extrair-lhes a lição que nos destinavam. E essa lição, para ser dos amorosos guias de nossa evolução, não pode encerrar vingança nem justificar desonestidade. No complexo mecanismo das relações humanas, há sempre um propósito superior: o de ensinar-nos a integração numa verdadeira fraternidade.

Ainda que a lição, amarga para nós, tenha vindo por intermédio de um semelhante nosso, que agiu com má-fé, precisamos compreender que ele apenas foi um instrumento, para ensinar-nos a prudência, para fazer-nos sentir algo que no passado forçamos outrem a experimentar, para provar-nos a convicção nos ideais superiores e a força de nosso amor.

Idealismo que se esboroa ao primeiro impacto de revés é idealismo puramente intelectual, justaposto, não assimilado, não interiorizado. E a maneira de chegar a sentir e viver realmente o ideal é ir sublimando essas manifestações negativas, pela razão, é persistir no estudo e compreensão das leis superiores que a Fraternidade Rosacruz oferece.

Avaliem, pois, a importância do Movimento Rosacruz. Ele veio, mercê da previdência e amor daqueles que anteviam esse estado de coisas, no progressista mundo ocidental. Eles anteviram a insuficiência do cristianismo popular no preparo interno dos que se deixam engolfar pela ambição, dos que se escravizam pela máquina e invenções modernas, cujo fito imaturo ainda é o de enriquecer minorias em detrimentos de legítimos direitos da maioria. Mas a transição e mudança de coisas devem provir do íntimo de cada ser humano. Quando as internas necessidades humanas reclamam condições melhores, elas naturalmente vêm.

Outra conclusão importante que podemos tirar da notícia acerca da causa mais frequente do infarto é a influência e inegável ação dos pensamentos e das emoções sobre a saúde.

Depreendemos, também, que a mesma influência e ação negativas são verdadeiras quanto à nossa felicidade. Aquele que alberga sentimentos e pensamentos pessimistas, rancorosos ou desonestos está, em primeiro lugar, conspurcando a si mesmo, comprometendo seu destino, manchando o templo divino do seu corpo, rasgando a trilha de hábitos daninhos que se alargarão pelo repetir, em estradas desoladoras de sofrimentos — a consequência lógica assegurada pela Lei de Causa e Efeito.

A Fraternidade Rosacruz franqueia amorosa e desinteressadamente a todos os de bom senso, a filosofia da felicidade, o entendimento de que só a Verdade, a Beleza e a Bondade, harmoniosamente conjugadas na ação humana, podem restituir-nos os direitos e vivências superiores que nós, como Espíritos, Filhos de Deus, temos de um dia alcançar. Resta-nos escolher se pelo caminho da dor, ou pela observação e consonância voluntária às Leis superiores.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1967)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Somos Espíritos!

Somos Espíritos!

Amigo leitor: somos espíritos, partes integrantes de Deus, que é Espírito também, Fonte de todo o Amor e de todo o Bem. N’Ele não existe um só vestígio de mal. Por essa razão, não podemos atribuir-Lhe nossos sofrimentos, como tantas pessoas o fazem.

Desde que o ser humano completou sua instrumentação com a Mente, com a razão, começou a dirigir-se sozinho. O livre-arbítrio e a experiência passaram a ser os dois fatores de elevação. É bom pensar muito bem nisso. Se existe qualquer dificuldade ou sofrimento em sua vida, não os atribua a Deus. Antes, deve encará-los como desafios à perfeição que um dia deveremos alcançar, segundo o desejo do Pai: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial”. Se o leitor é pai, não deseja que seu (sua) filho (a) se torne maior ainda que você? E para isso não deve ele aprender a fazer as coisas sozinho?

“Mas devemos ter assistência, como a que damos a nossos filhos” – poderá responder.

Sim, recebemos, desde que as desejemos. Quem procura, encontra.

Temos inúmeras provas disso. Um dia encontramos, como por acaso, a Fraternidade Rosacruz, e nela nos ofereceram um manancial de razões que nos transformaram o viver e nos tornaram possível suportar muita coisa que nada tem a ver com Deus, senão com nossas próprias falhas. Desde então as fomos corrigindo. Consideramos essa uma correta orientação, uma perfeita assistência. Dá-nos meios para que nós mesmos nos corrijamos.

Uma causa única existe para nossos males: é o desvio às leis naturais, mantenedoras da harmonia do Universo. Muita gente, presa de sofrimento e dificuldades por esse mundo afora, já ouviu falar nisso, porém, de uma forma insatisfatória. Suas dúvidas continuaram e as perguntas surgem naturalmente: se somos partes de Deus, que é o Supremo Amor e Bem, em Quem não há sequer o menor vestígio de mal, por que sofremos, então? Por que tantas dificuldades em nossa vida? Que Pai é esse que se compraz com nossos sofrimentos?

Quando alguém procura a causa de seus sofrimentos já é um importante passo para encontrar sua solução.

No íntimo de seu ser reconhece que deve haver uma causa. E há mesmo. Eu poderia desfiar agora mesmo uma série delas, as mais importantes e prováveis ao seu caso. Mas cada indivíduo é um mundo à parte. Suas condições internas são singulares. O modo como recebe as coisas, também. Por isso me permito sugerir-lhe: vá conhecer a Fraternidade Rosacruz e a maravilhosa filosofia de viver que ela oferece.

Tudo ali se faz no sincero intuito de elevar a humanidade, por meios cristãos e seguros e sem objetivos comerciais.

Não lhe exigirão nada, nem compromissos. Não há esforço de proselitismo na Fraternidade. Mas tudo lhe oferecem para que você mesmo encontre a felicidade de seu viver: entrevistas, cursos, revistas, livros, palestras públicas, folhetos informativos, etc. Há até cursos por correspondência ou por e-mail, para os que dispõem de pouco tempo, baseados em sua obra mestra “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, onde você encontrará respostas a todas as perguntas que lhe suscite o íntimo, sejam de ordem material ou espiritual.

Nela você encontrará tudo o que deseja saber a respeito de Deus, da criação e de sua própria evolução.

Reafirmamos que não desejamos convencer ninguém. Apenas, como disse São Paulo Apóstolo: “se sua vida carece ainda de esclarecimento, procure-o”. Nós lho oferecemos. E para isso não precisará sair de sua crença. Como alguém que entra para estudar numa Faculdade qualquer, sem que essa lhe afete a crença religiosa, a Fraternidade Rosacruz também não aconselha a ninguém que abandone o lugar em que está.

Nem é necessário. Seja homem ou mulher, a Filosofia Rosacruz lhe ensina que Deus está em todo lugar e principalmente no coração de quem esteja sinceramente pondo em prática os princípios cristãos.

E conforme esses princípios mesmos é que nos dirigimos ao Amigo, oferecendo-lhe de graça o que de graça recebemos. Somos Irmãos, porque filhos de um Pai comum – Deus, em Quem “vivemos, nos movemos e temos nossa existência”. É um simples dever que um Irmão faça pelo outro o que lhe estiver ao alcance. Em nosso caso, fazemo-lo com amor.

Em nome do Senhor aqui me despeço, até próxima oportunidade.

 (De David Dias dos Santos – Publicado na revista Serviço Rosacruz –10/66)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Órgão da Percepção da Verdade e que Instrumento temos que ter

O Órgão da Percepção da Verdade e que Instrumento temos que ter

Quando mais órgãos tiver um corpo para a recepção, o desenvolvimento e a propagação de diversas influências, mais certamente sua existência será rica e perfeita, porque terá um maior potencial de vida; mas, muitas forças para as quais não temos órgãos podem estar adormecidas em nós, e, por conseguinte não podem agir. Essas forças latentes podem ser despertadas, isto é, nós mesmos podemos nos organizar, para que elas se tornem ativas em nós.

O órgão é uma forma na qual age uma força; mas toda forma consiste na direção determinada das partes – ligadas à força atuante. O organizar-se para a ação de uma força quer dizer simplesmente: dar às partes uma tal forma ou situação que permita que a força possa agir nelas. É nisso que consiste a organização. Assim como para um ser humano que não tem órgãos, nem olhos para a luz, ela não existe realmente para ele, enquanto todos os outros que têm esse órgão gozem dela, assim também muitos indivíduos podem não gozar de coisas que outros gozam. Eu quero dizer que um ser humano poderá ser organizado de tal maneira que sentirá, escutará, verá e apreciará coisas que um outro não poderá sentir, nem ouvir, nem ver, nem apreciar, porque lhe falta o órgão de percepção.

Assim, neste caso, todas as explicações lhe seriam inúteis, porque ele juntaria sempre as ideias que teria de receber por seu órgão particular às ideias de outrem, não podendo apreciar e compreender senão o que se aproximasse das suas próprias sensações.

Assim como formamos todas as nossas ideias pelos sentidos e todas as operações da nossa razão são abstrações de impressões sensíveis, assim também não podemos fazer nenhuma ideia de muitas coisas, porque ainda não temos um órgão adequado.

Daí parece estar demonstrado que os indivíduos organizados para o desenvolvimento das forças superiores não podem dar aos que não estão organizados para isso nenhuma ideia da verdade superior, a não ser muito vagamente.

Assim, todas as nossas controvérsias e nossos escritos de pouco servem. Os seres humanos devem, primeiramente, se organizar para a percepção da Verdade.

Mesmo que nós explicássemos tudo a respeito da luz, os cegos não a veriam mais claro. É necessário que eles adquiram, primeiramente, o órgão da visão.

Eis a pergunta: em que consiste o órgão da percepção da Verdade? O que dá ao ser humano a capacidade de a perceber?

E eu responderei: “A simplicidade do coração”. Porque a simplicidade coloca o coração numa situação ajustada para receber o raio puro da razão, e esse raio prepara o coração para a percepção da luz. “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”.

E que instrumento é necessário para isso? E eu responderei: o Corpo-Alma!

 (Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jan/fev-87)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Mente é o “Mensageiro de Deus”

A Mente é o “Mensageiro de Deus

Algumas lições antigas da Fraternidade chamam a Mente de “O Mensageiro de Deus”. Sua importância na atual fase de desenvolvimento é indiscutível, embora ainda se encontre no seu estágio mineral de evolução.

O grande valor da Mente, como um “Mensageiro de Deus” ao ser humano, é facilmente compreendido pelo fato de que os Estudantes da Filosofia Rosacruz trabalham com seu Corpo Denso; os Probacionistas com o Corpo Vital; os Discípulos com o Corpo de Desejos e os Irmãos Leigos com o Corpo Mental. Os últimos trabalham com a Mente, se esforçando por transmutar os pensamentos de sensualidade, avareza, egoísmo, violência e materialismo em pensamentos de amor, benevolência, compaixão, altruísmo, aspiração espiritual, devolvendo-os ao mundo para estimular todas as manifestações do bem.

Os Estudantes Rosacruzes, fieis aos ditames de seu coração, se esforçam por fazer a vontade de Deus, conforme a sentem. Entendem que nesta época de profundo racionalismo, em que o cérebro predomina sobre o coração, é necessário alcançar uma compreensão intelectual de Deus. Portanto, se lhes oferece, por meio da Filosofia Rosacruz, uma gama de conhecimentos científicos, lógicos e completos. Desse modo creem em seu coração aquilo que o intelecto sancionou e passam a viver uma vida religiosa.

Quando a humanidade se desviou do esquema original da evolução sob a influência de Lúcifer, os Senhores de Vênus tiverem de se esforçar por prover o amor em vez da luxúria. Ao mesmo tempo os Senhores de Mercúrio apelaram àqueles que haviam desenvolvido alguma capacidade mental por meio dos sagrados ensinamentos, para que a humanidade se tornasse menos egoísta.

Os Senhores de Mercúrio eram, originalmente, Hierofantes dos Mistérios Menores, aos quais estamos harmonizados como membros de uma associação de cristãos místicos. Iniciaram os mais avançados seres humanos, tornando-os reis e governantes, para o bem de todos e não para o autoengrandecimento.

Astrologicamente, Mercúrio é o educador mental da humanidade. Sendo assim, é o Planeta da razão, considerado mitologicamente o “Mensageiro dos Deuses”. O símbolo de Mercúrio expressa a característica da Mente como um elo ou mensageiro entre o Espírito e o corpo em suas manifestações.

Para interpretar com crescente clareza a mensagem de Deus devemos purificar a Mente, cultivando um interesse cada vez maior por assuntos religiosos e intelectuais de natureza abstrata. Uma Mente capaz de entender matemáticas pode se elevar ao mundo do Espírito sem estar aprisionada ao plano das sensações e desejos. Assim podemos sobrepor-nos à existência concreta que obscurece a verdade.

Não esqueçamos: a lógica é o melhor guia em qualquer Mundo, e ela nos preservará do orgulho intelectual, tornando-nos justos, porque “quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Átomos-semente nos Futuros Períodos Mundiais

Os Átomos-semente nos Futuros Períodos Mundiais

Investigamos a evolução dos Átomos-semente através dos três Períodos Mundiais involucionários e todo o presente Período Terrestre, até seu final. O que sucederá a esses Átomos-semente nos períodos subsequentes: o Período de Júpiter, o Período de Vênus e o Período de Vulcano?

A primeira Grande Iniciação “dá o estado de consciência que será alcançado, pela humanidade comum, ao final do Período Terrestre; a segunda, o que todos alcançaremos ao final do Período de Júpiter; a terceira dá a extensão de consciência que será alcançada ao final do Período de Vênus; a última confere ao Iniciado o poder e a omnisciência que toda a humanidade alcançará somente ao final do Período de Vulcano”.

No final de cada grande Período, o Corpo que tenha chegado à perfeição, é convertido em suas forças essenciais e agregado ao seguinte veículo superior. Assim é como, no final do Período Terrestre, as forças do Corpo físico aperfeiçoado serão agregadas ao Corpo Vital, o que tem, então, todos os seus próprios poderes mais os do corpo físico. Estes poderes amalgamados serão agregados ao Corpo de Desejos, no final do Período de Vênus e estes, por sua vez, serão agregados à Mente ou Corpo Mental, no final do Período de Vulcano.

Cada Corpo foi dado como um “germe”, que era também um “pensamento-forma”, como temos indicado. São as forças arquetípicas de cada Corpo, elevadas à perfeição, as que são os poderes de cada Átomo-semente que são agregadas ao seguinte veículo superior, quando termina o Período Mundial.

Paralelamente a esse desenvolvimento, observamos o pleno florescimento do Tríplice Espírito e de seus três poderes: o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano (os três juntos constituem o Ego).

Max Heindel escreveu: “Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o ser humano a pôr em atividade o Tríplice Espírito, o Ego, a construir o Tríplice Corpo e adquirir o elo da Mente. Agora, no sétimo dia (para usar a linguagem da Bíblia), Deus descansa. O ser humano deve trabalhar pela sua própria salvação. O Tríplice Espírito deve completar o trabalho e a execução do plano começado pelos deuses. O Espírito Humano, que foi despertado durante a involução, no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do Espírito, na evolução do Período de Júpiter, que é o Período correspondente no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, que foi posto em atividade no Período Solar, manifestará sua principal atividade no correspondente período de Vênus e, as particulares influências do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, porque foi vivificado no correspondente Período de Saturno”.

“Todos os três aspectos do Espírito são ativos, todo o tempo, durante a evolução, mas o aspecto espiritual de cada um será desenvolvido nestes Períodos particulares, porque o trabalho a ser feito é seu trabalho especial”. Assim como o polo negativo do Tríplice Espírito era o que estava ativo durante Involução, agora é o polo positivo o que está ativo durante a Evolução, à medida que o Ego ascende à Divindade, saindo da materialidade”.

A Tríplice Alma é também, durante este tempo que o Ego está evolucionando e saindo da matéria, assimilada pelo Tríplice Espírito.

Quando o Corpo for plenamente aperfeiçoado e suas forças agregadas ao Corpo Vital, a “Alma Consciente” será assimilada pelo Espírito Humano. Isto não é instantâneo. Dura por todo o ciclo do “Dia” de Júpiter e é apenas na sétima Revolução do Período de Júpiter, quando a Alma Consciente é, assim, assimilada pelo seu progenitor, o Espirito Divino.

Sob a Lei de Analogia e a causa de que a evolução se acelere à medida que se aproxima o final, a Alma Intelectual é assimilada pelo Espírito de Vida, na sexta Revolução do Período de Vênus. A Alma Intelectual é a essência do Corpo Vital e sua assimilação pelo Espírito de Vida requer todas as seis revoluções do Período de Vênus.

Finalmente, na quinta Revolução do último Período, o de Vulcano, em que a Mente será aperfeiçoada, a Alma Emocional será assimilada pelo Espírito Humano, na Região do Pensamento Abstrato.

Esta assimilação da essência do Corpo de Desejos nutre o terceiro aspecto do Tríplice Espírito, conduzindo-o até a perfeição e, o processo de assimilação requer todos as primeiras cinco revoluções do Período de Vulcano.

Restam duas revoluções mais, deste Período, nas quais o Espírito Virginal assimilará, na Mente, todos os poderes do Tríplice Corpo e, as essências anímicas também serão completamente assimiladas ao Tríplice Espírito. Conforme cada Globo Mundial se dissolve no caos, o aspecto do Espírito correspondente a esse Globo é atraído pelo mais elevado dos três aspectos, o Espirito Divino. No final do Período de Júpiter, o Espirito Humano será absorvido pelo Espírito Divino. No final do Período de Vênus, o Espírito de Vida será absorvido pelo Espírito Divino. E, ao final do Período de Vulcano, a Mente aperfeiçoada, incorporando todas as maravilhosas glórias assimiladas durante os passados sete Dias Mundiais, será absorvida pelo Espirito Divino.

Max Heindel comenta: “Não existe contradição entre estas e outras afirmações que dizem a Alma Emocional será absorvido pelo Espírito Humano, na quinta Revolução do Período de Vulcano, porque o último estará, então, dentro do Espírito Divino”.

Depois disto, vem o “grande intervalo de atividade subjetiva, durante o qual o Espírito Virginal, que agora tem absorvido em si mesmo todos os três aspectos, ou poderes e todos os frutos da evolução se fundirão em Deus, de Quem vieram, para reemergir na aurora de outro Grande Dia, como um de Seus gloriosos colaboradores”.

Durante sua passada evolução, suas possibilidades latentes têm sido transmutadas em poderes dinâmicos. Tem adquirido Poder Anímico e uma Mente Criadora, como fruto da peregrinação através da matéria.

Tem avançado da impotência à Onipotência, da inconsciência à Onisciência”.

Isto é, quando o Espírito Virginal reemerge da união com a Divindade, aparecerá como um deus-auxiliar, capaz de projetar no espaço, na Substância Raiz Cósmica, os “Átomos-semente”, ideias germinais e suas forças arquetípicas e pensamentos-forma, pertencentes a um novo esquema de evolução, como membro de uma Celestial Hierarquia, como a que nos ajudou em nossa própria evolução “desde o barro até Deus”.

Assim, do mesmo modo em que as Hierarquias Celestiais são nossos verdadeiros progenitores, cuja “semente” foi o modelo de nossa evolução, nós, por nossa vez, chegaremos a ser os progenitores divinos de novas raças, em novos sistemas evolucionários, quando emergirmos naquela aurora cósmica, sobre as asas do poder e da sabedoria, para ajudar a inaugurar um novo mundo – uma galáxia, um universo – e o fazer flutuar como uma rosa que se abre corrente abaixo nas ondas do espaço.

(Publicado no ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)

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