Arquivo de categoria Constituição do Ser Humano e do Campo de Evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Tríplice Alma: um procedimento oculto para o aperfeiçoamento de si mesmo

A Tríplice Alma: um procedimento oculto para o aperfeiçoamento de si mesmo

Pouco antes de me ter sentado para estudar numa dessas tardes, premi o botão elétrico e imediatamente a luz inundou o quarto. Apanhei o livro e abrindo-o deparei com um trecho que tratava do trabalho executado pelos Adeptos – os iluminados que podem pronunciar a Palavra Criadora.

Veio-me então à mente o desejo de tornar-me idêntico a eles, servir como fazem os Irmãos Maiores, levando a luz à consciência da Humanidade.

O que deveria fazer para tornar-me igual a eles?

Pensativamente contemplei a lâmpada próxima a mim: a pressão sobre o botão não a criou; ele meramente pôs o dispositivo (a lâmpada) apta a transmitir a luz, contatando-o com certos dispositivos (arames, ligações, cabos) os quais transportam a energia elétrica gerada pela fonte central (dínamo). O que seria se a lâmpada fosse feita de madeira? Quando eu premisse o botão poderia inundar de luz o meu quarto? Poderá o meu ser físico, tal como agora é, transmitir a luz de Deus?

Se as linhas elétricas fossem defeituosas, a minha pressão sobre o botão poderia proporcionar luz perfeita em meu quarto? Terei eu uma conexão apropriada com a fonte de energia espiritual para torná-la usável? Ou o que daria se o dínamo funcionasse imperfeitamente? Para que serviriam os arames, os cabos, as ligações, as lâmpadas ou outros quaisquer dispositivos para a produção da luz, se o dínamo não produzisse energia? Estarei em uma célula no Grande Corpo de Deus, produzindo e libertando a energia para as mais altas funções de meus veículos?

Essa autopesquisa conduziu-me a uma revisão sobre o procedimento oculto ensinado pela Filosofia Oculta para o aperfeiçoamento de si mesmo no sentido de se tornar um “canal consciente” para o trabalho daqueles Elevadíssimos Seres, de modo a poder aplicar-me com renovado zelo no trabalho indispensável ao crescimento da alma. O moto “Serviço amoroso, altruísta e desinteressado” me veio à mente como linha de conduta para ser sempre observada e lembrada. Ao mesmo tempo recordei-me de certas instruções específicas para a espiritualização de nossos veículos e, consequentemente, do crescimento da alma. O que me ocorreu vai a seguir:

A filosofia oculta ensina que o ser humano é um Tríplice Espírito que possui uma Mente através da qual governa o Tríplice Corpo, os quais ele emanou de si mesmo para obter experiências. Esse Tríplice Corpo ele transmuta na Tríplice Alma, da qual ele se nutre a fim de sair da impotência para a onipotência: o Espírito Divino emana de si mesmo o Corpo Denso, extraindo como pábulo a Alma Consciente; o Espírito de Vida emana o Corpo Vital, extraindo a Alma Intelectual; o Espírito Humano emana o Corpo de Desejos, extraindo a Alma Emocional. Nosso problema como aspirantes espirituais é então planejar e controlar nossas atividades diárias de modo que, por meio delas, possamos extrair maior quantidade de poderes conscientes, intelectuais e emocionais, de nossos Corpos. Uma vez que nossos veículos estão intimamente inter-relacionados, a melhora de um, automaticamente gera a melhora dos demais. Porém, certas atividades afetam determinado Corpo mais definidamente do que os outros.

O Corpo Denso é um maravilhoso instrumento mecanizado para a ação no plano material; é por meio das experiências que obtemos por seu intermédio, pelas nossas retas ações em relação aos impactos externos e pela observação acurada que o transmutamos em Alma Consciente. Quanto mais ativos formos e mais retas forem nossas ações, maior crescimento de Alma Consciente alcançaremos. Basicamente, para a reta ação tornam-se necessários a higiene, o exercício, o ar fresco, uma dieta simples constante de alimento integral, bem como o altruísmo, o desejo de ajudar e a boa vontade. Em relação à observação correta ensina-nos a Filosofia Rosacruz: É da mais alta importância ao nosso desenvolvimento que observemos os fatos e as cenas em nosso redor acuradamente. Do contrário as impressões em nossa memória consciente não coincidirão com os registros automáticos subconscientes. O ritmo do Corpo Denso perturba-se na proporção da falta de acuidade de nossa observação durante o dia. Na proporção em que aprendemos a observar acuradamente, ganharemos em saúde e longevidade e necessitaremos menos de descanso e de sono. O Aspirante, sistematicamente, deve tudo observar, tirar guia mais seguro e certo em qualquer mundo. Ao praticarmos esse método de observação, devemos sempre ter em Mente que ele deve ser usado apenas para reunir fatos e não com o propósito de criticismo, pelo menos o acre criticismo. A crítica construtiva que assinala defeitos e dá os meios de remediá-los é a base do progresso.

O Corpo Vital, o veículo do hábito, é o armazém da memória consciente e subconsciente, é composto de quatro Éteres: o Éter Químico, o Éter de Vida, o Éter de Luz e o Éter Refletor.

Os dois primeiros constituem a matriz na qual o Corpo Denso é construído. A repetição é a nota-chave desse Corpo Vital. Daí o valor da repetição dos impactos espirituais do estudo, dos sermões, da conferência e leituras. Também a arte e a religião são de primeira importância no refinamento do Corpo Vital, bem como o cultivo da memória, da discriminação particularmente efetivos na geração da Alma Intelectual.

A memória liga as experiências passadas às as experiências presentes e os sentimentos por elas engendradas, criando “simpatia” e a “antipatia” que de outro modo não poderiam existir.

A discriminação é a faculdade por meio da qual distinguimos aquilo que não é importante, não essencial, separando o real da ilusão, o duradouro do evanescente.

Na vida comum pensamos de nós mesmos como se fôssemos o Corpo. A discriminação orienta-nos no sentido de que somos Espíritos e que os nossos Corpos são temporariamente lugares residenciais, instrumentos de uso. Pela discriminação aprendemos a considerar o Corpo como um servo na medida em que se torna dócil às nossas ordens. Assim considerando, veremos ser possível fazermos muitas coisas que de outro modo pareciam impossíveis.

Os dois Éteres do Corpo Vital, o Luminoso e o Refletor, são os que compõem o Corpo-Alma e em cada vida são renovados por meio do “serviço amoroso, altruísta e desinteressado aos outros”. A quinta essência desses atos, do bem, deles extraídos, determina a qualidade dos átomos estacionários prismáticos de que são compostos os dois Éteres inferiores na vida seguinte. Esse Corpo-Alma é a parte do Corpo Vital que o Aspirante imortaliza como Alma Intelectual.

O Corpo de Desejos é nosso veículo dos desejos, das emoções e dos sentimentos. Durante o estado de vigília ele se encontra constantemente em luta com o Corpo Vital. O Corpo Vital constrói e suaviza, ao passo que o Corpo de Desejos cristaliza e destrói. Por meio da devoção persistente aos suaves ideais da vida superior, dominamos nossos instintos animais, eliminando os traços indesejáveis do hábito e do caráter resultantes da geração e do desenvolvimento da alma emocional. A importância do cultivo da faculdade da devoção, dificilmente enfatizada por muitas pessoas, deve ser considerada, assim é que um dos melhores sistemas de desenvolvimento desse poder é a retrospecção, o exercício noturno ensinado pela Escola Rosacruz, por meio do qual nos lembramos em ordem inversa dos acontecimentos do dia, cuidadosamente louvando e reprovando quando é devido.

Uma explosão temperamental é detrimento para o crescimento da alma; é a dissipação em larga escala da energia que pode ser proveitosamente usada. Tal fato envenena o Corpo, deixa-o alquebrado, e impede enormemente o seu desenvolvimento. O Aspirante deve sistematicamente controlar todas as tentativas do Corpo de Desejos, o que poderá ser feito pela concentração em altos ideais, que fortalece o Corpo Vital e é muito mais eficiente do que as orações comuns usadas nas igrejas. Quando ditada pela devoção pura e altruísta a altos ideais, a oração é muito mais superior do que a fria concentração.

Em nossos esforços para transmutar o Corpo de Desejos em poder de Alma, devemos também nos lembrar de que o Espírito Humano, que está correlacionado com o Corpo de Desejos, era contraparte do Espírito Santo – a energia criativa na Natureza, a qual o aspirante deve aprender a usar nos processos superiores mentais e emocionais para regeneração. Ao vivermos castamente, a força criadora sobe, pelo trabalho mental e espiritual, refinamos e eterizamos nossos Corpos físicos, e ao mesmo tempo fortalecemos nossos veículos superiores. Dessa maneira alargamos materialmente nossa vida e aumentamos nossas oportunidades de crescimento de alma, avançando em graus definidos.

É-nos ensinado que a Mente é o elo entre o Espírito e seus Corpos, sendo também real que a Mente é o instrumento mais importante que o Espírito possui. Um dos principais alvos da nossa evolução durante este período é aprender a controlar o pensamento, o que será conseguido por meio do exercício do Princípio de Vontade do Espírito. Possuindo a prerrogativa divina da livre volição, podemos treinar habitualmente a pensar como quisermos. Dessa forma, se persistentemente continuarmos em nossos esforços de espiritualização de nossos Corpos pela reta ação, de sentimento e de pensamento, tempo virá no qual seremos auxiliares altruístas de nosso próximo e guardiães do poder do pensamento. Tendo-nos, então, adaptado ao uso desse tremendo poder para o bem de todos, indiferentes ao interesse próprio, estaremos aptos a formar ideias acuradas que se cristalizarão em coisas úteis. Por meio da laringe perfeita falaremos a Palavra Criadora e assim atingiremos ambicionado lugar na escada evolucionária.

(Traduzido da Revista Rays from Rose Cross – Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/67)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Há Rachaduras na Terra?

NATURA

O globo terráqueo, é fácil distinguir,

Está envolto no mistério de nove capas.

Ainda que os videntes incapacitados não possam

Desvendar o segredo do seu coração,

Deus palpita no peito vibrante

Da Natureza e, desde o leste ao poente

Tudo é claridade e beleza.

O Espírito que ronda em cada forma

Atrai os espíritos de sua classe;

Os átomos brilham na sua luz

E lhe sugerem o prescrito futuro,

(Ralf Waldo Emerson)

Da prolífica pena e do iluminado coração do grande vidente Max Heindel saíram volumosos escritos, cheios de inspiração, relativos a Deus, ao ser humano e ao mundo.

A ciência, e bem assim a Religião, pouco a pouco, estão confirmando muitos dos sublimes trabalhos desse homem excepcional. O Estudante Rosacruz que procura se manter a par dos acontecimentos do mundo pelos jornais, revistas científicas, rádio, televisão, etc. ficará maravilhado ao verificar, em cada momento que passa, que as revelações ou descobertas científicas eram por ele conhecidas e até descritas muito tempo atrás.

Num homem que escreveu sobre tão diversos tópicos, que abarcam virtualmente todas as fases da vida, há um ponto interessante: em nenhum escrito de Max Heindel encontramos nada de apocalíptico, sombrio ou dramático. Todavia, quanto às poucas predições de importância que ele fez, poderia demonstrar-se quanto têm sido exatas e como se têm cumprido no transcurso dos últimos tempos.

O presente artigo reporta-se unicamente a uma das suas muitas observações de importância mundial.

Como iniciado, Max Heindel tinha a mística faculdade de funcionar conscientemente nos mundos internos e a capacidade de trazer ao plano físico as suas observações daqueles mundos.

Um dos fatos que mais chamou a sua atenção e durante muito tempo lhe despertou o maior interesse, foi a forma de moldar, no Mundo do Pensamento, a substância mental do arquétipo ou matriz de uma Nova Terra; o ser humano, tal como é dito no Conceito Rosacruz do Cosmos, no post-mortem, trabalha sobre a flora e a fauna e ajuda a construir um desenho ou molde espiritual, de matéria mental, para a Nova Terra, aquela que substituirá a presente. Então, esgotado o arquétipo da Terra atual, o Grande Arquiteto infundirá sua vida naquela matriz e a Nova Terra irá surgindo na forma correspondente ao novo arquétipo.

Há muitos séculos que se está processando a construção dessa forma mental; Max Heindel calculou que estaria terminada por volta de 1950 e que por essa altura, e posteriormente, começariam a irromper tremores de terra, erupções. Tal como o ser humano, afirma a Filosofia Rosacruz, a Terra é um Ser evolucionante. Seu Corpo Denso está destinado a perder densidade, tornando-se mais leve, cada vez mais etérico. A Nova Conformação da Terra, por outro lado, facilitará ao ser humano, na sua ronda de mortes e nascimentos, maior variedade de experiências, quando voltar de novo a esta Escola de Vida.

Tudo que existe no mundo, incluindo a própria Terra, tem um arquétipo exato, espiritual, que moldou esse Mundo Físico átomo por átomo, molécula por molécula. Esses arquétipos ou moldes são, todavia, coisas vivas, são a causa invisível de tudo que vive e tem forma na Terra. Tais arquétipos recebem certa natureza de Vida e são destinados a necessárias etapas dela. Quando um arquétipo particular deixa de emitir o seu canto de vida, a forma morre. No caso particular da Terra, seu arquétipo deve ser alterado antes da Terra ser modificada. O que Max Heindel viu foi o arquétipo da futura Terra.

A propósito das profecias de Mother Shipton, feitas cinquenta anos antes da descoberta da América e agora recolhidas no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Max Heindel, a respeito de uma pergunta sobre as possibilidades de concretização dessas profecias, disse que ocorreriam cataclismos na crosta terrestre e que terremotos e crateras vulcânicas surgiram durante largos períodos de tempo. E que por volta de 1950 estaríamos assistindo aos sinais dessas transformações. E, em comentários mais amplos sobre as mesmas profecias, Max Heindel fez referências ao fim do mundo em 1991, no sentido de que um terrível cataclismo ou explosão sacuda o mundo inteiro, de tal modo que justifique a sua profecia. Logicamente, uma forma de expressão, visto que ele não acreditava que isso possa ser o fim do mundo.

Recentemente, os seres humanos de ciência, no campo da geologia, têm feito espantosas predições relativas a terremotos que podem irromper ao longo das grandes linhas de fratura da Terra. Também têm sido reportados como muito abundantes a atividade vulcânica e os terremotos.

Contudo, a mais alarmante revelação jamais ouvida no mundo proveio de uma tese cientifica, que afirma que a Terra está se fendendo gradualmente. Há cinco anos, uma jovem cartógrafa, Maria Tharp, notou que se estava formando uma série de terremotos perto de grandes fendas submarinas. Explorações feitas durante a maré alta localizaram essas trincheiras e uma grande linha de enormes fendas se descobriu por todo o globo. Tais fendas ou trincheiras submarinas têm uma profundidade de cerca de 3.500 metros e a largura de 46 quilômetros, ladeadas por montanhas de 2.000 metros de altura. Esses dados foram reportados pelos geólogos na Universidade americana de Columbia.

Segundo os ensinamentos Rosacruzes, a Terra tem nove capas ou estratos e um coração ou núcleo central.

Sob o Estrato Mineral, aquele sobre o qual vivemos, encontra-se o Estrato Fluídico, menos sólido que a crosta terrestre, não líquido, antes, uma pasta compacta. Tal estrato tem grande poder de expansão, tal como um gás altamente explosivo. É mantido no seu lugar pela enorme pressão e solidez da camada externa. Se esta camada externa se quebrasse, o Estrato Fluídico lançar-se-ia no espaço, produzindo uma catastrófica explosão. Ora, se as fendas da Terra se aprofundarem, é lógico supor que se produzam violentas reações pela libertação do Estrato Fluídico. Aliás, sabemos que, no passado, a Terra suportou muitos cataclismos e modificações e terá que sofrer muitos outros no futuro.

Tudo isto nos revela que nada mais somos que hóspedes temporários na superfície da Mãe Terra e que devemos ter regozijo em que o Espírito da Terra se esteja aliviando, pouco a pouco das suas cadeias físicas. É o mesmo que está sucedendo conosco, ao subirmos progressivamente, de condições materiais para estados mais espirituais. Temos, portanto, o dever de nos mantermos ao nível dos tempos que passam e preparar-nos, em todos os sentidos, para qualquer eventualidade da vida.

Há Rachaduras na Terra?

NATURA

O globo terráqueo, é fácil distinguir,

Está envolto no mistério de nove capas.

Ainda que os videntes incapacitados não possam

Desvendar o segredo do seu coração,

Deus palpita no peito vibrante

Da Natureza e, desde o leste ao poente

Tudo é claridade e beleza.

O Espírito que ronda em cada forma

Atrai os espíritos de sua classe;

Os átomos brilham na sua luz

E lhe sugerem o prescrito futuro,

(Ralf Waldo Emerson)

Da prolífica pena e do iluminado coração do grande vidente Max Heindel saíram volumosos escritos, cheios de inspiração, relativos a Deus, ao ser humano e ao mundo.

A ciência, e bem assim a Religião, pouco a pouco, estão confirmando muitos dos sublimes trabalhos desse homem excepcional. O estudante Rosacruz que procura se manter a par dos acontecimentos do mundo pelos jornais, revistas científicas, rádio, televisão, etc. ficará maravilhado ao verificar, em cada momento que passa, que as revelações ou descobertas científicas eram por ele conhecidas e até descritas muito tempo atrás.

Num homem que escreveu sobre tão diversos tópicos, que abarcam virtualmente todas as fases da vida, há um ponto interessante: em nenhum escrito de Max Heindel encontramos nada de apocalíptico, sombrio ou dramático. Todavia, quanto às poucas predições de importância que ele fez, poderia demonstrar-se quanto têm sido exatas e como se têm cumprido no transcurso dos últimos tempos.

O presente artigo reporta-se unicamente a uma das suas muitas observações de importância mundial.

Como iniciado, Max Heindel tinha a mística faculdade de funcionar conscientemente nos mundos internos e a capacidade de trazer ao plano físico as suas observações daqueles mundos.

Um dos fatos que mais chamou a sua atenção e durante muito tempo lhe despertou o maior interesse, foi a forma de moldar, no Mundo do Pensamento, a substância mental do arquétipo ou matriz de uma Nova Terra; o ser humano, tal como é dito no Conceito Rosacruz do Cosmos, no post-mortem, trabalha sobre a flora e a fauna e ajuda a construir um desenho ou molde espiritual, de matéria mental, para a Nova Terra, aquela que substituirá a presente. Então, esgotado o arquétipo da Terra atual, o Grande Arquiteto infundirá sua vida naquela matriz e a Nova Terra irá surgindo na forma correspondente ao novo arquétipo.

Há muitos séculos que se está processando a construção dessa forma mental; Max Heindel calculou que estaria terminada por volta de 1950 e que por essa altura, e posteriormente, começariam a irromper tremores de terra, erupções. Tal como o ser humano, afirma a Filosofia Rosacruz, a Terra é um Ser evolucionante. Seu Corpo Denso está destinado a perder densidade, tornando-se mais leve, cada vez mais etérico. A Nova Conformação da Terra, por outro lado, facilitará ao ser humano, na sua ronda de mortes e nascimentos, maior variedade de experiências, quando voltar de novo a esta Escola de Vida.

Tudo que existe no mundo, incluindo a própria Terra, tem um arquétipo exato, espiritual, que moldou esse Mundo Físico átomo por átomo, molécula por molécula. Esses arquétipos ou moldes são, todavia, coisas vivas, são a causa invisível de tudo que vive e tem forma na Terra. Tais arquétipos recebem certa natureza de Vida e são destinados a necessárias etapas dela. Quando um arquétipo particular deixa de emitir o seu canto de vida, a forma morre. No caso particular da Terra, seu arquétipo deve ser alterado antes da Terra ser modificada. O que Max Heindel viu foi o arquétipo da futura Terra.

A propósito das profecias de Mother Shipton, feitas cinquenta anos antes da descoberta da América e agora recolhidas no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Max Heindel, a respeito de uma pergunta sobre as possibilidades de concretização dessas profecias, disse que ocorreriam cataclismos na crosta terrestre e que terremotos e crateras vulcânicas surgiram durante largos períodos de tempo. E que por volta de 1950 estaríamos assistindo aos sinais dessas transformações. E, em comentários mais amplos sobre as mesmas profecias, Max Heindel fez referências ao fim do mundo em 1991, no sentido de que um terrível cataclismo ou explosão sacuda o mundo inteiro, de tal modo que justifique a sua profecia. Logicamente, uma forma de expressão, visto que ele não acreditava que isso possa ser o fim do mundo.

Recentemente, os seres humanos de ciência, no campo da geologia, têm feito espantosas predições relativas a terremotos que podem irromper ao longo das grandes linhas de fratura da Terra. Também têm sido reportados como muito abundantes a atividade vulcânica e os terremotos.

Contudo, a mais alarmante revelação jamais ouvida no mundo proveio de uma tese cientifica, que afirma que a Terra está se fendendo gradualmente. Há cinco anos, uma jovem cartógrafa, Maria Tharp, notou que se estava formando uma série de terremotos perto de grandes fendas submarinas. Explorações feitas durante a maré alta localizaram essas trincheiras e uma grande linha de enormes fendas se descobriu por todo o globo. Tais fendas ou trincheiras submarinas têm uma profundidade de cerca de 3.500 metros e a largura de 46 quilômetros, ladeadas por montanhas de 2.000 metros de altura. Esses dados foram reportados pelos geólogos na Universidade americana de Columbia.

Segundo os ensinamentos Rosacruzes, a Terra tem nove capas ou estratos e um coração ou núcleo central.

Sob o Estrato Mineral, aquele sobre o qual vivemos, encontra-se o Estrato Fluídico, menos sólido que a crosta terrestre, não líquido, antes, uma pasta compacta. Tal estrato tem grande poder de expansão, tal como um gás altamente explosivo. É mantido no seu lugar pela enorme pressão e solidez da camada externa. Se esta camada externa se quebrasse, o Estrato Fluídico lançar-se-ia no espaço, produzindo uma catastrófica explosão. Ora, se as fendas da Terra se aprofundarem, é lógico supor que se produzam violentas reações pela libertação do Estrato Fluídico. Aliás, sabemos que, no passado, a Terra suportou muitos cataclismos e modificações e terá que sofrer muitos outros no futuro.

Tudo isto nos revela que nada mais somos que hóspedes temporários na superfície da Mãe Terra e que devemos ter regozijo em que o Espírito da Terra se esteja aliviando, pouco a pouco das suas cadeias físicas. É o mesmo que está sucedendo conosco, ao subirmos progressivamente, de condições materiais para estados mais espirituais. Temos, portanto, o dever de nos mantermos ao nível dos tempos que passam e preparar-nos, em todos os sentidos, para qualquer eventualidade da vida.

(Traduzido da Revista Rays from The Rose Cross e Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/1971)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Ato de Pensar: como funciona em cada um de nós

O Ato de Pensar: como funciona em cada um de nós

Quando o Ego entrou pela primeira vez na posse de seus veículos, na Época Lemúrica, não possuía cérebro, nem laringe. Para suprir essa deficiência, metade da força criadora sexual, anteriormente empregada na propagação, foi dirigida para cima, a fim de construir aqueles órgãos. Pelo primeiro, poder-se-iam produzir o pensamento e a razão e, pelo segundo, comunicar aos outros o pensamento. Desse modo, vemos que o pensamento é criador, por derivar da força criadora.

Igualmente, é criadora a voz, isto é, a palavra falada, pela mesma razão, tem o poder de criar, porque tem sua origem na força criadora. Daí deduzimos que, ao conservarmos a força sexual, teremos maior quantidade de poder aproveitável no processo de raciocínio e, do mesmo modo, nossas Mentes serão muito mais poderosas do que as das pessoas que malbaratam a força criadora. Essa força, não obstante, deve ser empregada em trabalho construtivo, mental ou físico, ou transmutada ao serviço da raça. De outro modo causaria perturbação. Se permanecer meramente recalcada, produzirá, com o tempo, desordens e padecimentos mentais, emocionais e nervosos.

O ato de pensar é um processo muito complicado. Envolve, não somente o emprego do cérebro físico, mas, também, o do cérebro etérico, o Corpo de Desejos e a Mente. O processo é o seguinte: como Egos, funcionamos diretamente na Região do Pensamento Abstrato, dentro das nossas auras. Daqui, observamos as impressões lançadas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital, por meio da cadeia de veículos e suas faculdades, chamados sentidos.

Essas impressões, junto com os sentimentos e emoções por elas gerados no Corpo de Desejos, são imaginadas na Mente. Dessas imagens mentais, formamos nossas conclusões acerca das coisas observadas. Tais conclusões são as ideias.

Pelo poder da vontade, nós, como Egos, projetamos uma ideia através da Mente. Aí, toma forma concreta, como pensamento-forma, ao atrair ao seu redor matéria mental da Região do Pensamento Concreto. O pensamento é o poder que usamos para fazer imagens e pensamentos-formas, de acordo com as ideias interiores. O Pensamento-forma, em geral, envolve-se em matéria de desejo, obtida do Corpo de Desejos, recebendo um influxo de vida. Este pensamento-forma composto, fica, então, capaz de agir sobre o cérebro etérico, impulsionando a força vital através dos centros cerebrais e dos nervos, levando-a até aos músculos voluntários, para gerar a ação. Por conseguinte, o pensamento é a mola real de toda a atividade humana.

Os efeitos do temor e de inquietação sobre o Corpo de Desejos são muito prejudiciais para nosso desenvolvimento anímico. Na inquietação, as correntes de desejo não se desenvolvem em grandes linhas curvas, tal como se realiza em condições normais, mas enchem o Corpo de Desejos de redemoinhos, e só redemoinhos, em casos extremos. Esta última condição impede a pessoa de tomar uma resolução que poderia corrigir a causa de seu temor e de sua inquietude. Tal estado pode comparar-se ao da água a ponto de congelar-se, sob a ação duma temperatura muito baixa. O temor, que se expressa em ceticismo, cinismo e pessimismo, pode comparar-se à água, quando congelada, porque os Corpo de Desejos das pessoas, que habitualmente abrigam esses pensamentos, estão imóveis e nada pode alguém fazer, ou dizer, que possa alterar essa condição.

Cada vez que alguém abriga um desses pensamentos, ajuda a congelar as correntes do Corpo de Desejos e a formar uma armadura azul-acinzentada, em que se encerra, privando-se, muitas vezes, do amor e simpatia de todo mundo.

Daí, vem a necessidade de nos esforçarmos para sermos alegres e otimistas, mesmo em circunstâncias adversas, sob pena de criarmos severas condições no futuro.

A Mente subconsciente é fator muito importante no desenvolvimento do ser humano. Em cada respiração, o ar que inspiramos leva consigo um exato e detalhado quadro do que nos rodeia. O mais ligeiro sentimento, ou emoção, é transmitido aos pulmões, donde passa ao sangue. O sangue é o mais elevado produto do Corpo Vital. Os quadros nele contidos imprimem-se nos átomos negativos do Corpo Vital, para servirem como árbitros do destino do ser humano, no estado post-mortem. Quando uma pessoa cria um pensamento-forma, de natureza construtiva ou destrutiva, e projeta-o no mundo, efetua o seu trabalho, de acordo com a sua natureza, ou, então, gasta inutilmente sua energia em vã tentativa. Em qualquer dos casos, retorna ao seu criador, trazendo consigo a indelével recordação da viagem. Seu êxito, ou fracasso, imprime-se nos átomos do Éter Refletor e forma parte do arquivo da vida e ação do pensador, arquivo que, por vezes, chamamos “Mente subconsciente”.

O pensamento destrói tecidos no Corpo Denso. É bem sabido, pela ciência, que os pensamentos negativos, destrutivos, tais como medo, angústia, sexualidade e sensualidade, destroem o poder de resistência do corpo, expondo-o a enfermidades. Uma pessoa de natureza boa e jovial, ou devotadamente religiosa, que tem fé e confia na providência divina, não cria, com frequência, pensamentos negativos. Como resultado, possui uma vitalidade maior e melhor saúde do que as sujeitas à inquietude. Por meio de pensamentos de amor, benevolência e bondade, despertando qualidades semelhantes nos outros, atraímos pessoas que possuem as ditas qualidades.

Esse sutil e potente poder do pensamento pode ser empregado, também, para curar as enfermidades. Por outra parte, por meio do pensamento abstrato, o ser humano está capacitado a elevar-se do mundo material e a entrar em contato com Deus.

Se emitimos pensamentos de otimismo, de bondade, de benevolência, de utilidade e de serviço, esses pensamentos, gradualmente, colorirão a nossa atmosfera, de tal modo que chegará a expressar fielmente essas qualidades e virtudes. E, como nossos corpos são constituídos pelo Ego ou espírito, eles se tornam a expressão da nossa atitude mental.

Nossos pensamentos reagem sobre o nosso corpo físico e sobre o nosso meio ambiente, trazendo-nos saúde e bem-estar material.

Isso ilustra o poder criador do pensamento. É um meio de provar a verdade proferida por Cristo: “Se procuramos o reino de Deus e sua justiça, todas as demais coisas serão acrescentadas”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 01/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Nosso Templo Divino: como você está cuidando do seu?

O Nosso Templo Divino: como você está cuidando do seu?

A autoridade, a firmeza suave, é indispensável na condução dos veículos humanos pelo espírito.

As antigas tendências muitas vezes buscam levar a falsos caminhos, à fraude; procuram habilmente justificar certos atos errôneos. Mas o Eu superior atento, vigilante, cheio de discernimento, imparcial, não pode consentir que a personalidade transforme o templo do corpo num “covil de salteadores” (“Não sabeis que sois templos do Altíssimo que habita em vós? O Reino de Deus está dentro de vós”).

Não devemos permitir que em nosso íntimo se aceitem vícios e enganos, hipocrisia e “venda” de coisas que devem servir para o sacrifício ao Cristo interno; não podemos vender nosso Cristo por favores, prestígios e confortos.

Há muitas formas de cobrar… E quantas vezes permitimos que nossos veículos se tornem vendilhões e exploradores de coisas sagradas, comprando prazeres, vendendo emoções animalescas, em detrimento de nossas potencialidades sacrossantas? Por isso não devemos permitir que a personalidade nos atravesse o templo de leste a oeste (percorra a coluna de baixo para a cabeça) conduzindo os animais dos instintos à cabeça, como imaginações eróticas ou egoístas. Só os sacerdotes devem entrar (sublimação de forças que se elevam para servir a Deus).

Em certas ordens religiosas usavam chicotes de cordéis para martirizar o Corpo Denso quando apareciam os impulsos instintivos.

Mas o Corpo Denso não tem culpa.

Ao contrário, ele deve ser preservado como instrumento útil, sadio, a serviço do espírito. O azorrague deve descer sobre os instintos do corpo de desejos. Não sugerimos violência geradora de recalques, ainda mais prejudiciais que os atos cometidos. Repetimos: firmeza suave, autoridade, disciplinando a pouco e pouco os maus hábitos passados e construindo, paciente e firmemente, novos e melhores hábitos. Daí a importância que o Cristo dá à intenção, à ideia inicial. Nessa causa primeira é que deve estar nossa vigilância, nosso azorrague.

Reconhecer o que é errado é o primeiro passo. Desejar corrigir é o segundo; decidir expulsar os “vendilhões” é o terceiro e grande passo para a realização interna.

Condescendência própria é ignorância, quando não sabemos discernir; é fraqueza, quando desejamos permanecer no vício. Mas para assumirmos a direção de nossa vida, como Melquisedeque (rei e sacerdote de nosso templo corporal) em Jerusalém (paz interna), é indispensável o DISCERNIMENTO, a DECISÃO e a FIRMEZA.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/77)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Despertar do Cristo Interno em Nós

O Despertar do Cristo Interno em Nós

O Cristo Interno é o Ego ou o Espírito Interno do ser humano, o qual se faz consciente no Mundo Físico através da Mente, para obter experiência; operando um Tríplice Corpo para extrair a Tríplice Alma, a que se amalgama com dito Espírito formando parte dele.

Na humanidade comum e corrente, que vive unicamente para a vida material, o Cristo Interno permanece adormecido, como em letargia; mas quando o ser humano começa a transitar pelo Caminho Espiritual, esforçando-se em viver uma vida pura e limpa, então começa o Cristo Interno a despertar, à medida que vai recebendo alimento espiritual.

Nesse enorme processo de nutrição espiritual, o qual pode durar várias vidas, o Cristo Interno vai desenvolvendo em nós os poderes latentes de cada corpo a seu cargo. Paralelamente, se vão desenvolvendo os éteres superiores: o Luminoso e o Refletor, os quais, ao amalgamarem-se formam o Corpo-Alma, o radiante Vestido de Bodas.

Desta maneira, o Cristo Interno desperta seu poder em nós, equipando-nos com dois veículos, cuja posse nos converte em cidadãos de dois mundos: o físico e o de desejos. Ou seja, nos faz capazes de funcionar com plena consciência em ambos os mundos. Recordemos que a maioria dos seres humanos só estão conscientes do Mundo Físico, no que concerne aos desejos egoístas.

Sir Launfal, na busca pelo Santo Graal em terras distantes, o encontrou no final de seus dias na porta de seu Castelo, quando sua alma já estava desligada das coisas materiais mas havia-se desenvolvido mediante o seu próprio sacrifício, o Cristo Interno, cuja voz escutou: “Olha, sou Eu. Em muitas terras gastastes sua vida sem proveito, buscando o Santo Graal. Olha, aqui está: este pedaço de pão que me destes, é meu corpo, e esta taça que enchestes no arroio, é o sangue que por ti derramei no madeiro.”.

Na interpretação esotérica: Sir Launfal encontrou-se frente a frente com seu Cristo Interno, o qual havia estado alimentando na última parte de sua vida, participando das necessidades dos demais, dando-se a si mesmo.

Disse-nos Max Heindel, que se lermos a Bíblia com o Coração e não com a Mente, a Fraternidade Universal seria realizada agora mesmo.

O Coração é o foco do amor altruísta, no qual tem seu assento o segundo aspecto do Tríplice Espírito, o Espírito de Vida. No Coração se encontra o Átomo-semente de nosso Corpo Denso, chamado o livro da vida, onde estão gravadas todas as nossas ações conscientes ou inconscientes.

Para que possamos “ler com o coração”, é importante despertar o Cristo Interno em nós. Esta “visão” é ocultada pelo eu inferior (personalidade), que temos estado alimentando através de nossas vidas. Mas quando por nosso sacrifício e dedicação a nosso Grande Ideal, fazemos estremecer nossos poderes latentes, notaremos que o eu inferior não tem forças para nublar nossa visão.

Então nos assombraremos ao encontrar tantos tesouros escondidos, que seremos como o ser humano que vai por um caminho e a cada curva encontra uma pepita de ouro. Então não nos será necessário devorar quantidades de livros buscando a verdade, porque a encontraremos diante de nossos próprios narizes.

Quando o Cristo Interno se encontra em processo de realização, pode emitir sinais, os quais podemos captar, se somos suficientes sensíveis. Por exemplo, quando somos tentados a cair em atividades que podem afetar-nos espiritualmente, esta voz pode ser percebida como uma aura de calor que aquece nosso próprio coração.

Essa reação física, produto de uma reação espiritual, é como um grito do Cristo Interno, o qual chega a sentir-se quando queremos dizer ou dizemos algo injurioso contra alguém, que todos sabem, não merece o trato que queremos lhe dar. Mas, em todo o caso, é necessário que a “persona” não esteja muito agitada ou encolerizada.

Essa voz do Cristo Interno pode chegar a converter-se em algo assim como um “radar” que nos diz o que soa verdadeiro ou falso. Desde logo, quando o fato já está consumado, só fica o fogo do remorso que nos queima o coração. Mas ainda neste caso, a memória da reação física faz que tenhamos mais precaução na próxima vez.

Este fogo do remorso é o mesmo que durante a retrospecção apaga a impressão que estampou nossas más ações no Átomo-semente do coração, aumentando sua intensidade, à medida que ganhamos em espiritualidade.

Também nosso Cristo Interno se regozija enormemente quando realizamos uma ação de serviço dando-nos a nós mesmos, e pela gratidão que sentimos pelo que outros tem feito por nós. Neste caso, o efeito é sentido como um grato aroma que brota de nosso coração.

Como pudemos apreciar, os lamentos de tristeza ou regozijos de alegria ou gratidão podem ser percebidos em nosso próprio coração. Não devemos confundir isto como ouvir de vozes com os ouvidos físicos, o qual pode provir de entidades negativas do mundo do Desejo, o que deve ser recusado categoricamente por nós.

Como Aspirantes espirituais, estamos laborando o despertar do Cristo Interno através de nossas vidas passadas, em maior ou menor grau, de acordo com nossa aplicação. Assim, na medida de nosso esforço na presente vida, dependerá o despertar do Cristo Interno nesta vida ou em outras.

Não existe nenhum processo rápido na natureza, e nós não somos nenhuma exceção. Nossa capacidade para apreciar nosso grau de progresso espiritual se deve principalmente a que a falta de persistência tem alterado nosso estado de consciência.

Antes de Max Heindel ter tido contato com o Mestre, já era um clarividente, ainda que nem sempre esta clarividência estava sob seu controle, segundo ele mesmo nos relata em seu encontro com o Mestre, em seu livro Ensinamentos de um Iniciado.

Logicamente, entendemos que Max Heindel havia estado desenvolvendo seu Cristo Interno e com ele sua clarividência durante várias vidas, na última das quais, havia sido um sacerdote católico na França, entre 1600 a 1700.

Max Heindel nos diz que os Evangelhos (que são fórmulas de Iniciação) começam com o “relato da Imaculada Concepção e terminam com a Crucificação”; ideias maravilhosas às quais chegaremos algum dia, pois somos Cristo em formação, e teremos que passar pelo nascimento místico e pela morte mística.

Lemos na Bíblia, no Evangelho de São Mateus 18:1-4: “E naquele momento os discípulos se acercaram de Jesus e lhe disseram: Quem é, pois, o maior no Reino dos Céus?“. Ele chamou a uma criança e a colocou entre eles e disse: “Eu vos asseguro, se não mudais e fizerdes como as crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Assim, pois, quem se fizer pequeno como esta criança, esse será o maior no Reino dos Céus.“.

Cristo, ao colocar uma criança como exemplo, nos quis mostrar a condição requerida para aquele que desenvolveu o Cristo Interno, o Cristo Criança, por meio de uma vida de pureza e de serviço.

Para entrar no Reino dos Céus, ou seja, conseguir o estado de consciência apropriado para desenvolver o Cristo Interno, é necessário fazer-se como uma criança pequena, mas uma criança sábia. Por isso também nos disse Cristo, que fôssemos mansos como as pombas e sábios como as serpentes.

Quem se fizer pequeno como esta criança, será o maior no Reino dos Céus.

Recordemos que o Céu está dentro de nós. Tendo extraído a essência dos três Corpos – a Tríplice Alma – durante o processo de desenvolvimento do Cristo Interno, o aspirante conquista o Reino dos Céus (templo do Espírito), e se converte no maior em si, mas ao mesmo tempo se faz pequeno como uma criança, ao fazer-se servidor de todos.

As afirmações dos parágrafos precedentes ficam corroboradas com as palavras do Cristo, quando lhe foram apresentadas algumas crianças, e Ele disse a Seus Discípulos: “Deixai que as crianças venham a mim, e não as impeçais, porque daqueles que são como elas é o Reino do Céus.” (Mt 19:13-15).

“E aquele que recebe uma criança como esta em meu nome, a mim recebe. Mas aquele que escandalize a um desses pequenos que creem em mim, mais vale que lhe amarrem ao pescoço uma pedra de moinho que os asnos movem, e lhe atirem-no profundo dos mares.”

Ai do mundo pelos escândalos, mas aí daquele ser humano por quem o escândalo vem.” (Mt 18:5-7).

Não é o mesmo escandalizar a uma pessoa comum e normal, que não tem nenhum sentido da vida espiritual, que escandalizar a uma pessoa que está despertando ou despertou o Cristo Interno. A palavra escandalizar é usada para significar o fato de querer destruir um núcleo ou levedura espiritual, seja individual ou coletivo, em qualquer grau de desenvolvimento em que se encontre.

Não é um segredo como se protege de estorvos físicos ou suprafísicos ao sincero aspirante espiritual, principalmente quando está realizando seus serviços devocionais; ou como se protege a uma congregação em suas atividades espirituais, salvo casos em que se tenha estimulado a lei de causa e efeito, individual ou coletivamente.

“Quando o menino Jesus foi perseguido por Herodes com intentos criminosos, sua segurança se baseou na fuga, e assim se preservou sua vida e seu poder para desenvolver-se e cumprir sua Missão. Similarmente, quando Cristo nasce dentro do aspirante, pode preservar melhor sua vida espiritual, fugindo do ambiene dos degenerados, buscando um local entre os ideais semelhantes sempre que se tenha liberdade para fazê-lo.” (Max Heindel).

Se desejamos acelerar o despertar do Cristo Interno em nós, devemos, com persistência, nutri-lo com pensamentos de pureza e serviço desinteressado a nossos irmãos. Desta maneira, nossos diferentes veículos começam a brilhar com o ouro espiritual que atrai infalivelmente a atenção do Mestre, capacitando nos assim para poder servir em uma esfera mais elevada, onde realmente “caminharemos na luz”, uma luz que, lamentavelmente, a maioria não vê, ao menos por enquanto.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/88 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Ser Humano é um Portador de Luz Divina

O Ser Humano é um Portador de Luz Divina

O Oficio Devocional da Fraternidade Rosacruz ressalta em um de seus mais belos parágrafos que “DEUS É LUZ”.

Na impossibilidade de definir o indefinível, João Evangelista procurou dar uma ideia, a mais aproximada possível da natureza da Divindade. O termo “LUZ”, em sua acepção mais elevada, foi usado pelo “Discípulo amado” para corporificar uma imagem de algo transcendente.

Lemos no Antigo Testamento que fomos “criados a imagem e semelhança de Deus”. Isto deixa transparecer, em termos esotéricos, nossa identidade com o Pai Celestial, do qual herdamos um manancial infinito de potencialidades. Por enquanto, são apenas poderes latentes, aguardando as várias etapas da evolução para manifestarem-se em todo seu esplendor.

Para o ser humano comum, tudo isso não passa de fantasia, se loucos devaneios. Ledo engano. A humanidade, em sua maioria, ainda se encontra muito impermeável aos raios da verdade.

Cristo, Espírito incomensuravelmente mais avançado que qualquer ser humano, expressou essa grande possibilidade nestas palavras: “Vós fareis o que eu faço e coisas maiores ainda”.

Em termos potenciais, nossa relação com Deus pode ser entendida mediante a comparação da árvore com a semente. Esta contém todas as possibilidades de desenvolvimento da árvore. Contém, germinalmente, a árvore em si mesma. Porém, ainda não é uma árvore. Para chegar a esse ponto requer certos cuidados e um trabalho especial.

Com o ser humano ocorre algo análogo. Ele é possuidor de todas as faculdades de seu Divino Pai, mas em estado latente. Para chegar à estatura divina, só mediante os cuidados e o trabalho especial promovido pelas Grandes Hierarquias. Um sábio esquema evolutivo fornece todos os meios para que o ser humano desenvolva, com segurança, todos os seus poderes. Pelo menos no que diz respeito ao ser humano, “Involução, Evolução e Epigênese”, constituem a tríade responsável pelo seu progresso.

Vemos, portanto, que se “Deus é Luz”, essa luz brilha também dentro de nós. E se projeta para fora à medida que estamos conscientes de sua presença, agindo e vivendo como seres autenticamente divinos. A paz e pureza irradiadas por um ser humano, seu amor a verdade, seus atos de bondade e compaixão, seus sentimentos de ternura, tudo é manifestação dessa luz divina.

Alguém nos comparou a diamantes brutos, carentes de lapidação para poder brilhar. Quando a crosta opõe resistência a ação de Deus — o Grande Lapidador — necessário se torna o emprego do esmeril. É quando a pedra geme, fazendo desprender a matéria grosseira que a envolvia em trevas. Observamos aí uma alegoria ao sofrimento. O ser humano não deve resistir a luz divina, ansiosa por perpassá-lo, sob pena de transgredir uma lei natural e colher o resultado em forma de dissabores.

Devemos ser como um transparente cristal permitindo à divina luz irradiar seu fulgurante brilho. Para lograrmos ser esse foco luminoso, é indispensável alimentarmos somente pensamentos e sentimentos positivos, traduzindo-os em atos realmente edificantes.

“Pelos seus frutos os conhecereis”. A vida de uma pessoa é o indicador da medida em que a luz divina dela é irradiada. A consciência de nossa identidade com Deus, faz crescer nossa responsabilidade em face aos problemas dos nossos semelhantes e do mundo em que vivemos. Não há como fugir dessa realidade.

Temos uma missão a cumprir, missão essa consubstanciada naquelas expressivas palavras de Cristo: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”.

Irradiemos, portanto, essa luz superior.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Ego e suas manifestações

O Ego e suas manifestações

Pode-se comparar o Ego a uma pedra preciosa, a um diamante bruto. Quando este é retirado da terra está muito longe de ser formoso. Uma crosta grosseira oculta «o esplendor que ela encerra, e antes que o diamante possa converter-se em uma gema, deve ser polido sobre uma pedra duríssima de esmeril. Cada aplicação contra o esmeril arranca uma parte da crosta e modela uma faceta através da qual entra a luz, refratando-se em ângulo diferente pela luz que as outras facetas refletem. O mesmo acontece com o Ego. Como diamante bruto entra na escola da experiência, sua peregrinação através da matéria. Cada vida é como uma aplicação da gema à pedra de esmeril. Cada Vida na escola da experiência arranca uma parte da crosta do Ego e permite a entrada da luz da inteligência sob um ângulo novo, dando uma experiência diferente. Assim como os ângulos da luz variam nas muitas facetas do diamante, assim também, o temperamento, o caráter do Ego difere em cada vida.

Desde a infância até aos 14 anos, a medula dos ossos não forma todos os corpúsculos sanguíneos. A maioria deles é subministrada pela glândula timo, que é maior no feto, e gradualmente vai diminuindo conforme vai-se desenvolvendo a faculdade individual de produzir sangue, ao crescer a criança. A glândula timo contém, por assim dizer, certa existência de corpúsculos proporcionados pelos pais. A criança que haure o sangue dessa fonte não compreende sua individualidade. Até que a própria criança elabore seu sangue, não pensará em si mesmo como um “eu”.

Quando a glândula timo desaparece aos 14 anos, o sentimento do “eu” expressa-se plenamente, pois então o sangue é produzido e dominado inteiramente pelo Ego.

Contrariamente à ideia geralmente aceita, o Ego é bissexual. Se o Ego fosse assexual o Corpo seria também necessariamente assexual, porque não é mais que o símbolo externo do espirito interno.

O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estes são seus instrumentos, e de sua qualidade e seu estado depende a obra que poderá realizar para adquirir experiências.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 9/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Semente de um Novo Ser Humano: nossas crianças atuais

Semente de um Novo Ser Humano: nossas crianças atuais

É interessante observar que a semente de um novo ser humano está começando a nascer entre nós. Olhem as crianças! Como são diferentes se nós a comparamos com nós próprios quando éramos jovens. Elas têm uma nova mentalidade, uma nova resistência nervosa e novas qualidades espirituais. Não os levemos para trás com nossas ideias fixas e antiquadas. As crianças deste novo dia têm olhos mais brilhantes, um aspecto mais claro, a Mente mais perspicaz; elas não são absolutamente do tipo musculoso. São mais vivas e interpretam a vida sob um ponto de vista mais espiritual. Elas aplicam a inteligência nos seus trabalhos diários. Elas têm os mesmos problemas que nós tivemos, mas elas os veem sobre um plano mais elevado. Elas têm um entendimento intuitivo maior e mais profundo sobre a vida e nós devemos estar preocupados com o nosso próprio desenvolvimento se quisermos acompanhá-los. Devemos ainda dar-lhes instrução espiritual, conselhos e ensinar-lhes a pureza do coração.

Se entendermos que cada um de nós é uma parte componente da raça humana, nossa visão da vida mudará completamente. Trazer crianças para este mundo é uma boa maneira de fazer-nos sentir ligados à humanidade como um todo. Alguns nunca conceberiam crianças se dependesse meramente do instinto primitivo da multiplicação. Eles desejariam trazer uma criança para este mundo se por esse meio sentissem que estavam fazendo uma contribuição para a raça humana, como uma coisa mais perfeita é mais refinada do que antes. A pessoa altamente desenvolvida tem sempre o desejo de levar adiante alguma coisa nova e sentir a responsabilidade de fazer o melhor para ajudar o aprimoramento e a perfeição da raça humana.

Tudo o que fizermos sinceramente em serviços elevados – tanto no trabalho de um ideal como para um ser humano – se reflete sobre nós mesmos, não somente agora, como nas vidas que virão. Se pudermos educar nossas crianças, despertando-as para o sentido da responsabilidade tanto individual como racial, estaremos inspirando-as a viver saudável, bela e inteligentemente para benefício das futuras gerações. Devemos trabalhar continuamente através dessas.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Aquaria – As Últimas Horas de um Espião

Aquaria – As Últimas Horas de um Espião

“Há mais coisas no Céu e na Terra do que sonha a nossa vã filosofia” –William Shakespeare

Ele estava sentado no jardim em ruínas de um antigo mosteiro, olhando para a mistura de flores e ervas daninhas, crianças bem cuidadas e crianças abandonadas; as últimas pareciam estar levando a melhor desde que a guerra afastou os antigos proprietários, pois os soldados que aí acampavam no momento não tinham tempo para flores.

Ele não era um deles; ele era um prisioneiro, um espião. Apanhado com importantes documentos, foi sentenciado a ser fuzilado e estava, então, aguardando o pelotão de fuzilamento que iria dar fim a tudo. Porém, iria tudo terminar? Que pergunta tola. Ele foi educado a acreditar em algo posterior, mas logo após entrar na Universidade, ele adotou a atitude mental comum, a da mente científica que prevalecia naquela instituição. O criticismo superior tinha provado a falácia da Bíblia. Na sala de dissecação, a maquinaria mecânica do corpo ficou evidente e a química podia explicar as ações e reações do organismo. A psicologia oferecia uma explicação suficientemente ampla sobre as maravilhas da Mente; em resumo, foi provado que o ser humano era uma máquina pensante móvel, capaz até de se perpetuar por meio de sua descendência, que assumia os trabalhos quando a máquina genitora estava gasta e era despachada como sucata ao cemitério. Soberano ou vassalo, mestre ou aprendiz, santo ou pecador, todos eram senão sombras sobre a moldura do tempo.

Mas, de algum modo, ele não estava tão certo disso desde que a guerra o tinha colocado face a face com a morte em massa. Ele tinha observado centenas morrerem no campo de batalha, nas trincheiras e nos hospitais, e a convicção absoluta deles sobre a vida após a morte era, no mínimo, perturbadora. Poderia haver algo de verdadeiro na asserção deles de que tinham visto “Anjos”, quer nos campos de batalha, quer em seus leitos de morte? Qual, isso era uma alucinação devida à tensão causada pela situação. Entretanto, tantos tinham presenciado estas coisas, companheiros como o Tenente K e o Capitão Y, intelectuais e frios, sendo que o Capitão nunca mais praguejou depois desse dia no Marne1; mais do que isso, passou a carregar consigo um livro de orações e pregou um verdadeiro sermão a um sargento por sua língua ferina. E existiram outros exemplos.

Bem, ele cedo saberia; às cinco ele estava destinado a enfrentar o pelotão de fuzilamento.

Ele foi ao quarto onde tinha dormido a noite anterior. O guarda, que tinha permanecido na entrada do aposento enquanto ele estava fora, seguiu-o, de rifle na mão, e observou-o enquanto ele se atirava sobre o rude catre. Ele olhou para cima e viu uma cópia da famosa tela de Leonardo da Vinci, “A Última Ceia”. Ele nunca tinha sido particularmente aficionado da arte, mas algo parecia atraí-lo ao Cristo naquele momento. Ele tinha sido indubitavelmente um nobre caráter. Ele foi um mártir por uma causa e esse quadro da Última Ceia evidenciou a analogia entre Cristo e o homem no catre, pois ele também estava compartilhando da generosidade da Terra pela última vez.

Então, veio à sua mente, a história de como Leonardo da Vinci tinha pedido a um amigo para criticar a pintura quando concluída e o amigo advertiu-o sobre a incongruência dos copos dispendiosos em que os apóstolos bebiam. Da Vinci esfregou seu pincel sobre eles e suspirou; ele tinha posto todo o seu coração e toda a sua alma na face do Senhor, e tinha tido esperança que essa face gloriosa atrairia a atenção dos espectadores e ofuscaria as demais coisas; em vez disso, um dos detalhes mais insignificantes tinha atraído a atenção de seu amigo, excluindo até o Senhor da Glória.

“Será esse o meu caso?”, pensou aquele que jazia sobre o catre. “Será que concentrei meu olhar sobre as coisas sem importância da vida? Tenho pensado sobre a morte muito frequentemente para sentir temor agora que minha vez chegou; entretanto, há tanto ainda a fazer neste mundo que é desagradável pensar no esquecimento”.

Cristo disse: ‘Mas somente uma coisa é necessária’, e se Ele estiver certo, então eu fui como o amigo de Da Vinci, minha atenção foi dirigida a coisas não essenciais. Em vez de buscar as coisas eternas, eu comprometi todo o meu tempo com tarefas materiais”.

“Hei, para que esse devaneio? Se eu continuar assim, meus joelhos começarão a tremer quando o pelotão de fuzilamento aparecer”.

Ele se levantou e, seguido pelo atento guarda, voltou ao jardim onde foi atraído por um antigo relógio solar. Ele leu a inscrição: oros non numero nisi serenas (eu registro somente as horas ensolaradas).

“Que ditado bom, esquecer todas as coisas pequenas e sórdidas da vida e reconhecer somente o bom, o verdadeiro e o belo!”. Olhando para sua vida, agora prestes a terminar, quão próximo ele viveu desse ditado? A consciência o obrigou a confessar que ficou distante disso. Mas, agora era tarde. Perdido na contemplação, seus olhos ficaram presos à sombra projetada pelo sol no mostrador. Havia algo misterioso em torno de seu silencioso progresso, rastejando em direção às fatais cinco horas quando o pelotão deveria aparecer.

Ele não estava preocupado com a morte, mas começou a agarrar-se ao problema da vida, apossando-se dele um insuportável desejo por uma solução. Mas havia essa sombra no mostrador do relógio, “este nada intangível”, rastejando-se cada vez mais com lenta, mas fatal força. Ó! Bem que ele poderia ter a chance de buscar luz para lançar sobre o problema da Vida!

Era costumeiro executar ao amanhecer os condenados sob a lei marcial, mas ele fora polidamente informado que uma movimentação ordenada repentinamente para a divisão que o mantinha prisioneiro tinha ocasionado um inesperado atraso, que faria com que ele tivesse que enfrentar o pelotão de fuzilamento ao pôr do Sol. Na ocasião, ele respondeu com um menear de cabeça e um dar de ombros. O que importava? Mais cedo ou mais tarde, ele estaria preparado. Agora estava começando a desejar essas horas a mais em que poderia raciocinar.

Quando se afastou da sombra da morte no mostrador do relógio, seu silencioso progresso parecia mais eloquente que qualquer sermão sobre a evanescência da vida e a inexorável certeza da morte.

De novo, estendeu-se sobre o catre para pensar sobre o problema de sua existência. Em menos de meia hora, estaria sabendo tudo ou nada; se seria aniquilado tão logo a luz da vida fosse extinta pela bala, que inevitavelmente atingiria seu coração, ou, então, seria um espírito livre. Tudo dependeria de qual das duas teorias seria a verdadeira. O sentimento de “suspense” estava crescendo com maior intensidade a cada momento e o anelo pela vida sendo tão grande a ponto de tornar-se doloroso. De todas as pessoas que professaram sua fé na imortalidade da alma, nenhuma parecia saber o assunto; todos acreditavam – isto é, todos com exceção de um.

E, então, irrompeu em sua memória a lembrança de um encontro com um homem de uma estranha e fascinante personalidade, em uma popular estância de praia em que foi descansar, em certa ocasião, quando seus nervos não suportavam um extenuante estudo de um assunto científico. Esse homem, tranquilo, refinado e modesto, atraiu sua atenção desde o início e, em uma ocasião em que a conversa de ambos derivou para as teorias da vida, ele adotou um ponto de vista materialista, tendo o estranho confrontado com um número de argumentos aparentemente irrespondíveis. Todavia, não era a força dos argumentos que o impressionava agora e sim a lembrança da voz de autoridade, das maneiras e da conduta daquele que sabia do que estava falando, o que o fez ficar possuído de um ardente desejo de investigar.

“Será que o estranho saberia de tudo, real e verdadeiramente?”.

Ele tinha falado de seres humanos que “deixam seus corpos à sua vontade do mesmo modo que nos despojamos de um roupão quando mergulhamos na água para nadar”. “Assim”, disse ele, “procedem também aqueles que entram em certos Mundos invisíveis”.

Ele tinha chamado isso de: “A Terra dos Mortos que Vivem” e tinha afirmado que os assim chamados mortos ali funcionavam em um veículo mais sutil, de posse de todas as suas faculdades e com pleno conhecimento e memória das condições que existiam em torno deles, quando viviam esta vida. Ó, se esse estranho pudesse estar aqui, agora, e ele pudesse falar com ele de modo a descobrir mais sobre esse assunto que assumiu, então, tamanha importância em sua mente…

Mas, o que foi que apareceu no canto? Seria o estranho, aquela nebulosa e difusa forma no canto escuro distante? E agora parecia ouvir uma voz dizendo, “eu o encontrarei quando você deixar seu corpo”. Então a figura desapareceu.

Ó! Isso deve ter sido uma fantasia de sua imaginação, uma alucinação de seu cérebro desordenado, ele pensou. O desejo deve tê-lo feito ver coisas; ele não mais especularia. E, de novo, ele voltou ao jardim para observar o mostrador do relógio solar, à medida que sua sombra se arrastava em direção às cinco horas fatais.

Ali o encontraram, com um vivo sorriso em seus lábios, quando saudou o oficial do pelotão e pediu para ser poupado do ignominioso processo de vendar os olhos. Juntos, caminharam em direção ao muro no extremo do jardim, onde ele se voltou para enfrentar o pelotão no momento em que o oficial se perfilou e rapidamente deu a ordem de comando, que fez lançar a bala que encontrou seu coração.

* * * * ***

Ele ouviu a detonação dos fuzis e sentiu uma pontada de dor como se um ferro em brasa tivesse secado sua alma. Em seguida, sentiu um forte puxão e, involuntariamente, sua mão procurou seu coração, mas, que estranho, antes de ela ter alcançado seu peito, a dor já havia passado e, rapidamente, ele retornou seu braço à posição alinhada ao longo do corpo. Ele não podia deixar que os inimigos de sua pátria pensassem que ele era um covarde.

Novamente, ele voltou sua atenção para o pelotão de fuzilamento, aguardando momentaneamente sentir o impacto das balas que ele já havia sentido por antecipação, pois, de nenhum outro modo ter-se-ia dado conta do impacto e da dor em seu coração.

Mas, o que significava isso? O pelotão de fuzilamento permanecia perfilado e o oficial dele se afastava, abandonando o local.

Teriam sido tiros de festim? Não, isso seria impensável. Ele examinou suas roupas e encontrou três furos em seu casaco bem acima do coração. Introduziu seu dedo em um deles até onde pôde e retirou-o novamente, admirado com a ausência de sangue ou dor. Evidentemente, ele havia sido atingido por três balas e, de acordo com todos os cânones da experiência, ele deveria ter desabado como um fardo e morrido instantaneamente e, no entanto, ali estava ele mais vivo do que nunca. Como poderia ser?

Num impulso, ele correu atrás do oficial que se afastava, agarrou-o pelo braço e pediu uma explicação, mas o oficial parecia não se importar, nem com a mão que o segurava nem com a inflamada pergunta, continuando a caminhar na direção de seus homens como se nada tivesse ouvido ou sentido.

“Estarei sonhando, louco ou o quê?”.

“Nada disso, meu amigo”, respondeu uma voz a seu lado, e ele, ao se virar, viu que lá estava o estranho. “Sou um Rosacruz”, ele se identificou. Com um profundo sentimento de alívio, o espião voltou-se para o estranho. Talvez ele pudesse derramar alguma luz sobre aquela desconcertante experiência.

“Mas como você chegou até aqui? Não o vi entrar com o pelotão de fuzilamento”.

“Seus olhos ainda não estavam sintonizados com as vibrações do Espírito; você estava cego pelo véu da carne”, veio a resposta, mas sem que, com isso, o espião demonstrasse o menor sinal de compreensão, o que o fez começar a duvidar da sanidade mental de sua companhia.

“Vejo que você não está entendendo; o que eu lhe disse só fez aumentar sua perplexidade”, prosseguiu o estranho; “você não percebe que está morto”.

“Morto! Com toda a certeza você deve estar louco. Como posso estar morto se estou aqui diante de você e ainda conversando?”, perguntou o espião, mais perplexo do que nunca.

“Não me expressei de modo adequado; deveria ter dito: ‘o seu corpo está morto'”, respondeu o Rosacruz.

Mas o espião olhou-o espantado, no mais profundo abandono e desesperança; tudo estava cada vez mais desconcertante; um dos dois havia perdido a razão, senão ambos.

“Meu corpo está morto! Mas como você pode afirmar tal coisa? Não estou eu aqui, de pé, movendo meus lábios e lhe falando? Posso mexer os braços e pernas e caminhar tão bem quanto você, embora tenha que confessar que estou atônito por saber que estou vivo com três balas no meu coração”.

“Percebo sua perplexidade, meu amigo, e logo lhe darei explicações, mas primeiro venha comigo ao lugar onde você esteve de frente para o pelotão de fuzilamento; há algo lá de seu interesse”.

Juntos caminharam para o lugar.

“Olhe ali entre as flores, meu amigo”, disse o Rosacruz.

E, quando seguiu a direção do olhar do outro, o espião viu, parcialmente escondido pelas plantas altas e pelas flores que cresciam tão compactamente no jardim, o que parecia ser ele mesmo de bruços. Ele dobrou-se e procurou virar o corpo caído para resolver esse dilema impossível, porém, perplexidades pareciam se acumular sobre perplexidades, indefinidamente, pois, quando tentou segurar a forma inerte pelo ombro para levantá-la, sua mão penetrou através dela como se fosse feita de ar e não de carne e osso.

Novamente, levantou-se e virou-se para sua companhia.

“Pelo amor de Deus, desembarace este emaranhado para mim, pois se já não estou insano, enlouquecerei no próximo minuto!”.

“Paciência, meu amigo”, respondeu o Rosacruz, “está tudo bem e o deixarei à vontade em poucos minutos. O que aconteceu foi o seguinte:

‘Quando o pelotão de fuzilamento disparou os tiros fatais, três balas entraram em seu coração com tal efeito que você sentiu a dor por uma fração de segundo antes que o corpo etéreo, que você está agora usando, fosse libertado de seu corpo físico, que caiu então para frente, de rosto para o chão. Desde então, este corpo etéreo lhe servirá tão bem, ou melhor, que o Corpo Denso do qual você se desfez com a morte'”.

“Corpo etéreo”, balbuciou o espião, ainda sem poder entendê-lo.

“Sim, meu amigo. Parece assim tão estranho que o ser humano possua um corpo etéreo? A ciência formula a hipótese de que todas as coisas, desde o mineral mais denso ao gás mais rarefeito, acham-se permeadas de Éter, e essa é uma hipótese correta. O corpo humano não é uma exceção à regra; também está interpenetrado de Éter. Quando ele escapa, a morte ocorre, como foi demonstrado pelo Dr. Mc Dougall há uma década atrás no Hospital Geral de Boston, quando ele colocou na balança um certo número de pessoas prestes a morrer e eles acusaram, invariavelmente, uma perda de peso no momento em que expiraram.

O que os médicos e cientistas não sabem é que esse Éter permanece na mesma forma e semelhança do Corpo Denso do morto e continua sendo a morada do Espírito eterno, embora invisível para aquele que ainda está em seu corpo físico”.

Uma grande luz e um olhar de intenso alívio brilhou na face do espião. “Mas como o Éter passou através de minhas roupas, já que estou usando o mesmo traje do meu corpo inerte, e como os furos das balas reproduziram-se em minhas roupas atuais?”.

“Trata-se de um truque da Mente subconsciente , meu amigo”, respondeu o Rosacruz. “Embora você não esteja ciente do dano sofrido por seu corpo, as circunstâncias exatas foram registradas num pequeno átomo localizado em seu coração quando você deu seu último suspiro ao morrer, pois, a cada inspiração que fazemos, levamos aos pulmões o ar que contém o Éter que carrega uma imagem de tudo o que nos cerca, seguindo o mesmo princípio da fotografia que é levada para a placa sensível existente na câmera. O Éter entra na corrente sanguínea que o leva ao coração. Lá, o Átomo-semente corresponde ao filme fotográfico, cada inspiração sucessiva produzindo uma nova imagem e, assim, acha-se impresso sobre esse pequeno átomo uma série de quadros da vida desde o berço até a sepultura. Isso modela o nosso destino após a morte e é a base oculta do ditado: “Como o homem pensa em seu coração, assim ele é”. Quando a chamada ‘morte’ o retira de seus Corpos, o Éter reproduz suas roupas; reproduz as peculiaridades físicas com absoluta fidelidade, seguindo o modelo da última imagem gravada no Átomo-semente, a alma do qual o ser humano leva consigo como o árbitro de sua vida no futuro”.

O espião permaneceu em silêncio e perdido em seus pensamentos por algum tempo, analisando a explicação do Rosacruz de todos os ângulos. Pareceu-lhe perfeitamente correto, lógico e em harmonia com as novas descobertas da ciência. Nem era uma insuperável dificuldade o Átomo-semente mencionado pelo Rosacruz ser de dimensões tão diminutas. Não tem o olho de uma mosca numerosas facetas, cada uma delas tomando uma imagem do ambiente, e o microscópio não revelou o mundo das coisas diminutas? Quem se atreveria a estabelecer o limite?

“Mas eu tenho que ficar para sempre com furos em minha roupa e ferimentos no meu peito, ou eles vão se curar e eu vou poder procurar outra roupa?”.

“Nada disso, meu amigo. Como já lhe falei, aqui na Terra dos Mortos que Vivem é lei que o que o homem pensa em seu coração, assim ele é. Os pobres rapazes que tombaram aos milhares nos campos de batalha, horrivelmente mutilados, no princípio da guerra estavam terrivelmente angustiados com seus estados até lhes ensinarmos a pensar neles como eram antes de virem para a guerra, fortes e saudáveis. Foi uma tarefa difícil fazê-los acreditar que isso era tudo o necessário para restaurar-lhes a uma condição sadia e foi um serviço moroso, pois eram muitos os necessitados e nós, muito poucos. Mas, aos poucos, eles foram ficando convencidos e em condições de ajudar outras vítimas da guerra até que, agora, há centenas de ajudantes prontos para cuidar e ajudar centenas de mortos”.

“Ah! Você é um aluno perspicaz. Vejo que já remendou sua roupa e sarou seus ferimentos”.

“Sim”, respondeu o espião, “e muito obrigado. Nunca poderei pagar-lhe pelo alívio que me deu. Mas tenho uma dificuldade. Como é isso de meu corpo parecer o diáfano ar e minhas mãos passarem através dele? Eu sei que ele é sólido”.

“Pois é! Isso é engraçado; as pessoas no Mundo Físico pensam que os chamados fantasmas são compostos de matéria intangível e diáfana como uma espiral de fumaça, isto é, se é que eles tomam conhecimento de sua existência. Pensam que seus Corpos são sólidos como uma pedra. Mas, uma vez que transpassam o véu para a Terra dos Mortos que Vivem, ficam chocados ao descobrir que as pessoas ainda em seus corpos físicos são tão imateriais para nós como somos para eles, e que é tão fácil para nós atravessa-los com um braço quanto é para eles passarem através de nós. De fato, eles tanto parecem fantasmas para nós quanto nós para eles.

Você é agora um cidadão da Terra dos Mortos que Vivem. Venha, vamo-nos daqui para conhecer o lugar. Mas primeiro, há alguém com quem gostaria de falar? Pois o seu corpo espiritual estará mais denso nas próximas horas do que em qualquer outra ocasião durante sua existência post-mortem e, portanto, será mais fácil você se dirigir a seus amigos agora do que em qualquer outra oportunidade”.

“Tenho uma irmã, porém, ela vive na cidade X que dista daqui uns dez mil quilômetros. Por aqui, não tenho ninguém que me conheça e que se importasse com a minha morte”. “A distância não é barreira para o Espírito”, disse o Rosacruz. “Imagine-se nesse lugar, que estaremos na casa de sua irmã em dois minutos”. E eles se deslocaram juntos, embora para o espião não parecesse muito grande a velocidade quando sobrevoaram cidades e aldeias umas após as outras. Pareceu-lhe ter tempo bastante para observar os vários detalhes da região, a arquitetura das casas, o modo do povo se vestir, etc. Ao passar sobre uma grande extensão de água, notou muitos navios com suas tripulações e passageiros envolvidos em diversas tarefas e lazeres. Na verdade, o tempo não se lhe afigurou longo ou curto; o tempo pareceu inexistente à sua consciência e maravilhou-se consigo mesmo por ter encarado tudo isso tão naturalmente, como se em toda a sua vida tivesse estado flutuando pelo ar, vendo as coisas que agora observava.

Mas algo lhe pareceu estranho e o incomodou um pouco a princípio: o fato de o espaço parecer povoado de espíritos, tal qual ele mesmo e o Rosacruz, flutuando através deles. No princípio, ele tentou evitá-los, mas percebeu ser impossível; ele se retesou diante de uma colisão quando, para sua surpresa, verificou que aquelas pessoas passavam flutuando através dele e de seu companheiro como se eles não existissem. No momento, isso o encheu de consternação e perplexidade até que o Rosacruz, observando seu dilema, riu confiantemente e ordenou-lhe que não se preocupasse, acrescentando que aquele era o costume na Terra dos Mortos que Vivem, pois lá todas as formas eram de certo modo plásticas, que se interpenetravam facilmente todas as vezes, e que não havia perigo algum de alguém perder a identidade.

Chegando à casa da irmã dele, encontraram-na sentada numa confortável sala de estar. O espião correu impulsivamente para abraçá-la apenas para constatar, para seu desalento, que ela estava absolutamente inconsciente de sua presença e que as mãos dele, em vez de apertar as dela, passaram direto através das mesmas.

De novo, ele se virou para o Rosacruz e perguntou-lhe o que poderia fazer para tornar-se percebido. “Fique de pé nesse canto aqui onde a luz é fraca, pois as vibrações etéreas da luz são mais fortes que as vibrações que você pode emitir. Então, organize com firmeza, em sua Mente, a mensagem que você quer transmitir e pense nisso com toda a intensidade de que seja capaz. Foi a intensidade de seu pensamento, antes de enfrentar o pelotão de fuzilamento, que chegou a mim em minha casa e me fez deixar, por certo tempo, meu corpo físico para poder vir a você e lhe dar uma ajuda em sua hora de transição. Se você puder, com intensidade semelhante, pensar na mensagem que deseja transmitir à sua irmã, ela vai recebê-la e seus olhos dirigir-se-ão para você”.

Assim instruído, o espião formulou a seguinte mensagem: “Encontro-me na Terra dos Mortos que Vivem; eu atravessei o véu”. Olhando fixamente para sua irmã, permaneceu ali, imóvel, reiterando a mensagem por alguns minutos. Subitamente, os olhos de sua irmã procuraram o canto onde ele se encontrava e, percebendo ali a presença do irmão, ela começou a tremer e caiu desmaiada no chão. Imediatamente, o espião correu para levantá-la, quando, com um grito de alegria, ela atirou-se em seus braços.

“Ó, como você chegou, Bob? Faz poucos dias que eu recebi uma carta dizendo que você fora enviado em perigosa missão, e aqui está você. Como foi que isso aconteceu?”.

Uma vez mais, o rosto do espião ficou tomado por pálido espanto. Ele havia visto sua irmã cair, e aqui achava-se ela de pé! Ela também estava morta?

“Não”, explicou o Rosacruz, enquanto dava um passo à frente e se apresentava a ela como um amigo de Bob.

“Não, ela não está morta; apenas desmaiou e terá que retornar a seu corpo. Lá está o corpo dela, caído no chão, tal qual o seu corpo, Bob, após lhe terem desferido o tiro fatal. Provavelmente, ela não terá nenhuma lembrança de ter falado com você, nem ficará sabendo que você está na Terra dos Mortos que Vivem, mas terá apenas a impressão de ter visto o seu fantasma e de que algo se passou com você; quer dizer, a menos que você tenha conseguido impressioná-la o suficiente com sua mensagem quando afirmou que você transpassou o véu e acha-se, no momento, na Terra dos Mortos que Vivem. Todas as noites, porém, quando ela for dormir, você terá a mesma chance de falar-lhe como agora, pois, quando estamos dormindo, vamos para o mesmo lugar daqueles que o mundo chama de ‘mortos'”.

Nesse momento, a irmã do espião parecia ter caído no sono e foi irresistivelmente atraída para o corpo que jazia no chão. Gradativamente, o espião viu que ela se desvanecia e desaparecia dentro daquela forma que, em seguida, começou a gemer e a mover-se.

“Vem, vamos embora”, disse o Rosacruz. “Enquanto você falava com ela, eu trabalhei sobre o corpo dela, fazendo tudo o que podia para facilitar o seu retorno ao estado consciente. Não há nada que possamos fazer por ela. Vem, vamos embora daqui”.

 

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[1]N.T.: A Primeira Batalha do Marne foi uma batalha da Primeira Guerra Mundial que durou de 5 de setembro a 12 de setembro de 1914. Foi uma vitória franco-britânica sobre a Alemanha, em um dos momentos decisivos da Primeira Guerra Mundial.

 

(Escrito por Max Heindel e Publicado na Revista Rays from Rose Cross de fevereiro de 1918)

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Alma, Corpo-Alma e Desenvolvimento da Alma

Aquele que deseja servir como Auxiliar Invisível deve, durante o dia, cultivar uma atitude benevolente, e, à noite, ao se deitar, depois de feito o exercício de Retrospecção, rogar ao Adorável Espírito de Cristo, que enquanto o seu corpo repousar dormindo, lhe seja concedida a graça de cooperar na Seara espiritual em benefício dos seus semelhantes.

1) O Corpo-Alma não é um extrato, como o é a Alma. É um dos veículos do Espírito, ou um dos seus Corpos. É composto dos dois Éteres Superiores do Corpo Vital: Éter Luminoso e Éter Refletor. O Corpo-Alma é construído por meio de uma vida abnegada de Amor e Serviço em favor da humanidade. Essa vida abnegada é que atrai e aumenta os Éteres Superiores. Com a união do Pensamento, poder do Amor, a ação correta e da constante repetição estamos realmente construindo e revestindo-nos com o Dourado Traje Nupcial, o qual ainda não pode ser visto pela maioria dos olhos mortais. Nenhum conceito humano nos pode dar uma ideia aproximada do que é o Corpo-Alma.

2) A Alma é a quintessência dos três veículos inferiores e as experiências adquiridas por esses instrumentos nos seus aspectos de retidão no pensar e no agir. Essa quintessência é extraída pelo nosso Espírito. Uma das mais maravilhosas experiências da vida para a Alma é quando despertamos a grande verdade de expressar o Divino Interno, que é a verdadeira finalidade de nossa vida terrena, e para expressá-Lo é necessário cultivarmos a ação que é o alimento para o crescimento da Alma.

3) Vemos, pois, que a Alma se atrofia quando deixamos de alimentá-la, e que as ações bondosas, pensamentos de amor e serviço aos outros são o alimento para o crescimento dela. A ação tem três principais campos de operação, ainda que ela derivasse seu poder do Espírito por raios de energia. A ação no plano mental é o pensamento, a ação na natureza emocional é o sentimento, a emoção, a paixão e o desejo, a ação na natureza física é movimento com o propósito de alcançar todas as relações da vida. O propósito de cada ato, seja mental, emocional ou físico, é induzido pelos pares de opostos como o Amor e o ódio, Altruísmo e egoísmo, generosidade e avareza, atividade e indolência etc., e seu fruto é incorporado na alma, como consciência, que nos avisa em tempo de tentação ou nos provê do dinamismo para tudo quanta é Bom, Reto e Altruísta.

4) Há em todas as pessoas duas naturezas inteligentes e distintas, chamadas o Eu Superior e o eu inferior, ou Individualidade e Personalidade. O Eu Superior ou Individualidade do ser humano completo está feito do Tríplice Espirito – Divino, de Vida e Humano, juntamente com a Tríplice AlmaAlma Consciente, Emocional e Intelectual. Enquanto a personalidade, ou eu inferior, é feita dos quatro Corpos – Denso, Vital, de Desejos e veículo Mente. O Elo entre a Individualidade e a personalidade é a Mente. Quando a pessoa responde ao impulso do Eu Superior, renuncia ao que lhe é cômodo e útil a favor do que seja proveitoso a muitos. Antepõe o Serviço de Deus a todos os valores materiais. Busca em todas as coisas e em tudo os valores eternos. Porém, quando na pessoa prevalece o eu inferior ou personalidade, a renúncia lhe é desagradável, prefere mais receber ao que dar, cuida mais dos bens materiais e transitórios do que dos espirituais, e o resultado é um grande obstáculo ao desenvolvimento espiritual.

5) Sim, é algo bastante deplorável encontrar-se algum espírito em um estado de inércia durante inconcebíveis milhares de anos, até que, em uma nova evolução, chegue ao estado de unir-se ao ciclo evolutivo e prosseguir em sua tarefa.

6) Conforme nos ensina Max Heindel por meio do Conceito Rosacruz do Cosmos, unicamente três quintas partes do número total de Espíritos Virginais que começaram a evolução no Período de Saturno passarão o ponto crítico da próxima evolução e continuarão até ao fim.

7) Queridas Irmãs e prezados Irmãos, a finalidade da Fraternidade Rosacruz é nos mostrar o caminho da iluminação para nos ajudar a construirmos nosso Corpo-Alma e desenvolvermos as potências de nossa Alma que nos permitirão entrar conscientemente no Reino de Deus e obter o conhecimento direto. É uma longa tarefa, porém se continuarmos com fé e persistente perseverança alcançaremos o Nosso Divino Objetivo.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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