PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Som e os Éteres – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

A matéria contida neste livro foi compilada de trabalhos de Max Heindel e acrescidos com conhecimentos de astronomia e contém informações muito valiosas sobre as relações entre o som e os Éteres e como a Ciência material lida com esse assunto (mesmo não reconhecendo, atualmente, o Éter, já que no passado o reconheceu e trabalhou muito com ele).

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O Som e os Éteres – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

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O Som e os Éteres

Por um Estudante

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de Temas Rosacruces – Tomo II – El Sonido y los Éteres – Centro Rosacruz Max Heindel de Buenos Aires – Argentina – 1983

pelos Irmãos e pelas Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

INTRODUÇÃO.. 4

CAPÍTULO 1 – UM SOM DE VIDA.. 5

CAPÍTULO 2 – OS SONS DO CORPO VITAL SUBSÔNICOS E SUPERSÔNICOS. 10

CAPÍTULO 3 – NOVAS RELEVAÇÕES. 15

CAPÍTULO 4 – OS NÚMEROS E O RITMO DO UNIVERSO: LEI DE BODE.. 22

CAPÍTULO 5 – A ASTRONOMIA ENTOA UMA NOVA CANÇÃO.. 29

CAPÍTULO 6 – KEPLER, O MÍSTICO ASTRÓLOGO ASTRÔNOMO.. 36

CAPÍTULO 7 – O SER HUMANO, CÂNTICO DE DEUS. 43

INTRODUÇÃO

Os Éteres constituem a Região Etérica do Mundo Físico. Eles são em número de quatro:

-Éter Químico: é o Éter através do qual as forças atuam para manter e nutrir o Corpo Denso (mantém a forma).

-Éter de Vida: é o Éter pelo qual atuam as forças de propagação, cujo objetivo é a manutenção das espécies (mantém as espécies).

-Éter de Luz ou Luminoso: é a fortaleza do cérebro-Mente, porque ele é o assento de toda a percepção sensorial tanto interna, quanto abaixo e acima do âmbito dos órgãos dos sentidos.

-Éter Refletor: é o armazém da memória do ser humano e reflexo da Memória da Natureza (aqui registra-se todos os eventos que são produzidos no Mundo). É, também, através deste Éter que o Ego direciona seus veículos.

O Corpo Vital do ser humano é composto de quatro Éteres.

CAPÍTULO 1 – UM SOM DE VIDA

Em lições anteriores foi dito que os ocultistas reconhecem, já há muito tempo, a existência de um “som de vida” acompanhando todas as coisas viventes e crescentes. A ciência moderna está agora chegando a este campo, assim como a outros campos de fenômenos etéricos, anteriormente admitidos apenas pelos ocultistas.

Houve sempre e ainda há muita confusão a respeito da Clariaudiência[1] ou audição extrassensorial. Mais do que em outros campos, talvez, contam-se histórias de distúrbios mentais, acompanhados de “audição de vozes” ou outros sons. Os médicos muito têm a dizer, também, acerca de “ruídos na cabeça” em geral, dos quais se diz frequentemente que prenunciam a surdez. Agora, a ciência contemporânea aproxima-se mais do “oculto”, como nos dá conta a informação acerca de experiência em laboratórios modernos, tornando possível uma avaliação mais realista.

Há algum tempo, o dr. Albert P. Seltzer, da Universidade de Pennsylvania, escreveu na revista Today’s Health (publicada pela American Medical Association) que ninguém deve desesperar-se por sofrer de ruídos na cabeça (chamados “tinnitus” pelos especialistas). Eles não são, necessariamente, os precursores da surdez, nem da insânia. Diferentemente dos sons normais, esses ruídos da cabeça não se originam nas ondas sonoras que chegam ao tímpano, mas em causas internas, algumas das quais são físicas como o cerume do conduto auditivo, pressões ou tensões nervosas, infecções no ouvido médio, obstruções na trompa de Eustáquio[2] (passagem entre o ouvido e a garganta), bloqueio da passagem do ar nas narinas, etc.

Segundo o dr. Seltzer, tais condições poderiam, usualmente, ser corrigidas por meios médicos. Na opinião de outro médico, existem tantas causas possíveis de ruídos na cabeça que a cirurgia deveria ser evitada, se possível, pois uma operação após outra pode ser levada a efeito nos ouvidos, no nariz e na garganta, e a verdadeira raiz do problema se encontra no sistema nervoso, por exemplo. A remoção do cerume seria relativamente simples, assim como outras correções menores no nariz e garganta. Porém, não há garantia de que ainda a cirurgia extensiva pudesse deter os ruídos.

Para os ocultistas, alguns desses ruídos são etéricos, pertencem ao Corpo Vital, sendo, em verdade, perfeitamente normais e audíveis quando as faculdades espirituais começam a se desenvolver.

A ciência física já começa a verificar isso. Em certas experiências com câmaras à prova de ruídos, na profundidade da Terra, constatou-se que cada um, sem exceção, ouviu um som agudo e intenso – descrito de maneira algo diferente por várias pessoas – e os cientistas observaram que, face à câmara ser totalmente à prova de efeitos sonoros, estes ruídos não podiam ser outra coisa, além de sons, produzidos pelo corpo, pelo fato de viver.

A experiência com a câmara explica o porquê a surdez total ou parcial é associada com os ruídos da cabeça. Uma vez eliminados os ruídos externos, o indivíduo torna-se consciente dos sons interiores. Estes, na verdade, encontravam-se ali o tempo todo, mas não eram percebidos. Independente de todas as causas físicas, o som dos processos vitais faz-se, então, audível.

O cientista observa que os ruídos da cabeça podem principiar sem sinais prévios. Apresentam-se também em pessoas normais, a despeito de sua maior incidência em quem sofre de surdez. Alguns tornam-se conscientes desses ruídos quando adormecem ou então ao despertar. Outros percebem nos instantes iniciais da aplicação da anestesia. Os ruídos são, algumas vezes, suaves e vibráteis, ou também se assemelham à madeira quando está sendo serrada, ou com a explosão de um motor, ou com o vapor escapando de uma caldeira, ou com o silvo de uma serpente.

É significativo que em certos antigos fragmentos de documentos ocultistas se faz menção do “canto da serpente”, ouvido pelo Iniciado, quando uma certa essência ígnea ascende por um canal até o cérebro.

Evidentemente, é o que chamamos de “o fogo-espírito espinhal”. Antigamente o cérebro era comparado à cabeça de uma serpente. As escrituras antigas mencionam também aquilo que denominaríamos de som de campainhas. Alguns destes ruídos, em sentido moderno, são idênticos ao tinir de uma campainha de telefone ou ao repicar de sinos. Achava-se, então, que a Serpente falaca com muitas vozes; e em sons captados por diferentes pessoas, como assinalaram os médicos, encontram-se tons musicais e vocais, algumas vezes em alta voz, diretamente ao ouvido.

A natureza de muitos destes sons está sendo confirmada, agora, por novos descobrimentos científicos, amplamente divulgados. Por exemplo: um médico descobriu, acidentalmente, durante uma cirurgia cerebral que quando a agulha elétrica tocava certas áreas do lóbulo temporal do paciente, este se tornava consciente dos sons, tão claramente como se houvesse um rádio ligado no recinto, associando-os, também, com recordações de acontecimentos passados. Disto se deduz que se as mesmas células são estimuladas de outra maneira que não seja com uma agulha elétrica, de um modo, todavia desconhecido para a ciência, a pessoa ouvirá sons aparentemente presentes e reais fisicamente. Alguém pode afirmar que ciência abordou a questão da “memória eletrônica”, de fato conectada com o cérebro etérico.

Agora vejamos como estas áreas cerebrais podem ser estimuladas a produzir sons de uma natureza etérica, percebidos como se fossem reais fisicamente.

Quando o Ego se isola do mundo exterior, preparando-se para o sono, revoluteando, porém, dentro de sua habitação física, torna-se consciente dos sons do Corpo Vital. Os ruídos de motor – funcionando ou serrando madeira – pertencem ao campo eletromagnético do corpo, no qual os vórtices movem-se com um zumbido comparado, por Max Heindel, ao das abelhas. Há ocasiões em que este zumbido parece se interromper. Max Heindel afirmou, citando alguns exemplos desta natureza, que um violento som de zumbido provém do choque de vibrações quando uma entidade dos planos internos procura obsidiar o Corpo de uma pessoa viva.

A nota-chave do Corpo Vital (ensejada pelo Arquétipo) soa na medula oblonga[3], onde arde a “chama da vida”. Neste lugar ouve-se o som discordante, quando da tentativa de obsessão. A “chama da vida” arde na medula, vibrando freneticamente ao mesmo tempo em que percebe o som. Na Escola de Mistérios tais casos são virtualmente desconhecidos, como resultado da vivência pura – física e mental – do neófito, o qual não se deixa atingir por influências maléficas.

Quando forças poderosas começam a fluir no Corpo Vital como fruto do treinamento espiritual, é natural a aceleração dos ritmos normais do organismo vital. Uma certa inércia deve ser superada, porque o materialismo amortece os sistemas nervosos, e estes devem ser sensibilizados pelo trabalho espiritual. Isto pode ser percebido como uma sensação de vibração nos ossos do crâneo, ou nos vórtices do Corpo de Desejos, assim como naqueles pontos do Corpo Vital por onde fluem as correntes vitais – tradicionalmente simbolizados na Crucifixão – ou seja nas mãos, pés e cabeça, nos quais Cristo foi ferido. Muitos Estudantes Rosacruzes tornam-se conscientes disso.

Os sons captados bem próximos do ouvido, algumas vezes, sobressaltam o indivíduo desperto quando está quase adormecido. Assemelham-se à brilhante luz que algumas vezes cintila ante os olhos fechados, quando se dorme ou se desperta. Em ambos os casos, o Ego envolto em seus veículos superiores, desliga-se da vestimenta corporal, preparando-se para dela sair. Nestas circunstâncias faz-se consciente dos planos internos.

Já se afirmou que quando um indivíduo se encontra fora de seu corpo, parece-lhe expandir-se e crescer em todas as direções. Isto provêm das novas sensações que o abordam de todos os lados no Mundo do Desejo. Muitos Estudantes Rosacruzes passaram pela experiência de flutuar até à cabeça do corpo, percebendo que a consciência parecia estender-se para fora, ao redor do crâneo. A sensação de expansão, característica de tais estados, evidencia-se também em outras formas. Algumas vezes há um som como que “crepitando” na cabeça ou nos ouvidos. Ou então outros ruídos sugerindo uma mudança de vibração, porque isto é o que os sons realmente indicam.

A situação, por suposto, é diferente daquela em que se percebe a “crepitação” quando se sobe uma colina ao nível do mar: aí a sensação origina-se da mudança de pressão atmosférica. Não obstante serem diferentes, as situações são análogas. A mudança de atitude psíquica, por assim dizer, produz variações na vibração, e como o Ego encontra-se conectado com o Corpo Denso, o som parece ocorrer no espaço físico.

CAPÍTULO 2 – OS SONS DO CORPO VITAL SUBSÔNICOS E SUPERSÔNICOS

Há somente três décadas a ciência chegou a compreender que a vibração da voz é transmitida tanto através dos ouvidos como da garganta e da boca. Isto poderia ter sido antecipado, posto que sentimos as vibrações vocais agitando a estrutura óssea do crânio. Porém, como muitos outros fenômenos, passou despercebido. Agora, não obstante, sabemos que os inventores estão tratando de aperfeiçoar dispositivos que permitam a pilotos de aviões emissores de sons de alta potência, “falar com seus ouvidos” por meio de um microfone especialmente desenhado que capte naturalmente a linguagem articulada. Os sons secundários são transmitidos mediante auriculares de estetoscópio. O cientista não sabe, todavia, como é transmitida a linguagem auricular, mas supõe ser pela trompa de Eustáquio, ou talvez, pelos ossos da cabeça, ou por ambas as vias.

Evidentemente, alguns dos ruídos da cabeça ou tinnitus, de que falam os médicos, devem também pertencer às ondas de linguagem transmitida desta maneira ao cérebro do paciente, além dos perfeitamente normais sons etéricos transmitidos ao “ouvido interno” do Corpo Vital, que está incluído com o outro ouvido físico no processo da audição. Os Clariaudientes comentam o fato de que ao ouvir sons dos planos espirituais, algumas vezes, são conscientes de vibrações na língua, boca e garganta, assim como no ouvido, demonstrando-se que existe uma resposta simpática por todas as partes.

Os físicos afirmam haver muitas classes de ondas sonoras, algumas demasiadas altas para serem ouvidas por ouvidos humanos e outras demasiadas baixas. Para as ondas sonoras abaixo de 500 ciclos por segundo, os ouvidos de um gato podem não ser tão sensíveis como os do ser humano. As mais baixas notas, para as quais o ser humano é sensitivo, são realmente sentidas mais que ouvidas. Uma frequência de 20 segundos soa não como um tom, mas como som palpitante baixo. As notas demasiadas baixas para serem ouvidas são, algumas vezes, sentidas como vibrações no Corpo.

A isso o ocultista acrescenta que os processos vitais do Corpo que residem no campo eletromagnético emitem vibrações, ou são vibrações percebidas pelo ouvido etérico interno sob circunstâncias especiais. Os sons do Corpo Vital são tanto subsônicos como supersônicos, mas são gerados dentro do Corpo: não se originam no exterior. Ao mesmo tempo é evidente por si mesmo que tanto os “subsônicos” como os “supersônicos” atuam sobre o Corpo Vital desde fora e podem matar se usados de certa forma, ou promover vida e saúde se empregados de outra.

Em um antigo artigo, como resposta a uma pergunta em nossa revista “Rays from the Rose Cross” (de novembro de 1964) encontramos sobre o som e seus efeitos. O consulente disse: “Muito se faz no campo da vibração; e demonstrou-se que a enfermidade e a saúde são questão de vibrações e de ritmos variáveis. Se se pode romper o ritmo em um dado lugar e impor um novo tempo sobre eles, aparentemente os prótons e os elétrons voltam a reunir-se em diferentes proporções, formando um padrão diferente: aparece um tecido ou substância de diferente classe. Este processo demonstra que dentro do ser humano há uma vontade ou força que pode atuar desde os modelos segundo os quais constroem seus tecidos, e mudando seu ritmo pode produzir outro desenho no mesmo espaço. Vocês concordam com isso?”.

De onde foi fornecida a seguinte resposta: “Se nos assegura por parte da ciência oculta que não há limite para o poder do Espírito na cura, de tal modo que podemos dizer com segurança: qualquer enfermidade ou doença pode ser curada. Isto nos foi demonstrado por Cristo-Jesus em Seu ministério. Porém, nem toda pessoa encontra-se qualificada para efetuar uma cura fenomenal instantânea… O ponto de vital importância é a transformação que deve partir de dentro do indivíduo.”.

Temos a afirmação de Max Heindel: “O Corpo Vital emite um som idêntico ao zumbido de um besouro. Durante a vida estas ondas sonoras etéricas atraem e colocam os elementos químicos de nosso alimento de tal modo a formar órgãos e tecidos. Conforme as ondas sonoras etéricas do nosso Corpo Vital estejam em harmonia com a nota-chave do Arquétipo, os elementos químicos com os quais nutrimos o Corpo Denso são adequadamente dispostos e assimilados, e a saúde prevalece… mas quando as ondas sonoras do Corpo Vital variam em relação à nota-chave arquetípica, esta dissonância coloca os elementos químicos do nosso alimento em uma disposição incongruente com as linhas de força do Arquétipo.”

Os Auxiliares Invisíveis são ensinados a utilizar o som em seu trabalho de cura nos planos internos. Isso consiste em emitir um som que se harmoniza com a nota-chave do Corpo do paciente, a qual o Auxiliar Invisível pode ouvir quando se encontra fora do Corpo, e isto ajuda a realinhar os elementos orgânicos em harmonia com a nota-chave.

O ultrassom é muito utilizado na sociedade humana. Os cirurgiões usam-no, e aperfeiçoam meios para empregá-lo na cirurgia cerebral. É especialmente útil neste campo devido a que os vasos sanguíneos são muito resistentes às ondas sonoras, e assim o perigo de hemorragia diminui consideravelmente. Mais ainda: a onda sonora pode ser enfocada tanto na matéria branca como na matéria cinzenta do cérebro.

Todos esses descobrimentos da física moderna indicam uma renovação das técnicas conhecidas pelos ocultistas há muitos séculos por intermédio das quais o som foi invocado, usualmente em várias formas de canto, para produzir curas milagrosas. A ciência está, verdadeiramente, no umbral do descobrimento da “Palavra Perdida”.

O Corpo Vital é capaz de receber sons exteriores em forma de vibrações o que, se está em harmonia com a nota-chave arquetípica que enseja a nota-chave do Corpo Vital, fortalece os modelos etéricos construídos pelo Arquétipo e promove a saúde. Mas se pelo contrário, o som não se harmoniza com a nota-chave arquetípica, então tenderá a romper os modelos etéricos, podendo produzir a enfermidade, a doença e até a morte.

“Por esta razão, muito daquilo que é denominado ‘música moderna’ pode deixar os nervos em frangalhos”.

Contudo, a música moderna não é inteiramente má. Introduziu ritmos novos e surpreendentes que ensejam o efeito benéfico de destruir modelos antiquados de pensamento e emoção, e de afrouxar alguns, dos modelos cristalizados do Corpo Vital da Onda de Vida humana. Alguma destruição é necessária para que se dê um passo adiante na evolução, de modo a eliminar as condições cristalizantes. O processo de industrialização até metade do século XX trouxe muita depressão às vidas dos povos do mundo ocidental, e somente os violentos ritmos de jazz e outras excentricidades da música moderna puderam rompê-la. Para milhões de trabalhadores mergulhados na apatia e no desespero, os excitantes alaridos e os rugidos reverberantes da orquestra de jazz foram uma bênção, devolvendo-lhes uma renovada esperança e interesse pela vida. Mas, uma vez realizada a obra de despertar o ser humano do século XX da apatia, florescem condições no sentido de realizar-se algo construtivo. Isto se torna possível agora sob os albores da Era de Aquário, à perspectiva de um novo tipo de música.

De todos os órgãos dos cinco sentidos, o ouvido é o mais altamente desenvolvido. Depende de sua sensibilidade mais que qualquer outro órgão sensorial, porquanto a música tem o poder de conectar o Ego diretamente com a Região do Pensamento Concreto – a pátria da música – onde os Arquétipos de tudo o que existe são construídos por sons musicais. E, diga-se de passagem, o ouvido está longe de ser o maravilhoso instrumento que está destinado a ser algum dia. Por exemplo: “há cerca de 10.000 fibras de Corti[4] localizadas no ouvido interno, cada uma capaz de interpretar aproximadamente 25 gradações de tom em cada ouvido. Na presente época, o ouvido de uma pessoa normal não responde mais que de 3 a 10 das possíveis 250.000 gradações de tom. Assim, nos damos conta de que o sentido da audição se encontra na mesma condição do sentido da visão; existe uma possibilidade de ouvir-se inumeráveis sons, tal como de perceber-se muitas gradações de luz. Tempo virá, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz, em que os sentidos da visão e audição não mais se localizarão em determinadas áreas, mas estarão distribuídos por todo o Corpo Denso: o ser humano verá e ouvirá com a totalidade do seu Corpo. Então, a visão e a audição se mesclarão em um só sentido, o qual poderá “ver o som” e “ouvir a cor”. Os sentidos do paladar e do olfato também se unificarão. Os dois novos sentidos se absorverão na faculdade da sensação que, por sua vez, se manifestará como conhecimento, e a laringe emitirá a ‘Palavra Criadora’”.

CAPÍTULO 3 – NOVAS RELEVAÇÕES

Foi mencionada em lições anteriores que não há diferença entre as ondas sonoras e as ondas luminosas. A diferença comumente reconhecida é a de que o som não se transmite através do vácuo e a luz sim. Portanto, na terminologia da ciência oculta falamos de um “Éter Luminoso interplanetário”, que é também evidentemente interestelar, pois existe onde quer que a luz viaje através do espaço. Outra diferença entre as ondas sonoras e luminosas é a classe de onda característica de cada uma, como vimos anteriormente. As ondas sonoras são “longitudinais”, ao passo que as luminosas são “transversais”[5].

As ondas luminosas irradiam-se em todas as direções, a partir de uma fonte luminosa, à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, o que é praticamente instantâneo, pelo que diz respeito ao olho humano sob condições ordinárias. Quando se acende uma lâmpada em um quarto escuro, todo o recinto se ilumina instantaneamente, ao que parece por causa da grande velocidade da luz. Com referência à luz que nos vem de estrelas longínquas, sabemos que em alguns casos ela demora muitos milhões de anos para chegar à Terra e ser percebida pelo olho humano. E quando contemplamos a estrela, ele pode ter deixado de existir há muito tempo. E se por algum meio ainda não descoberto pela ciência pudéssemos aumentar e estudar a imagem estelar tal como nos chega, veríamos condições, na estrela, tal como eram a milhões de anos atrás, quando a luz abandonou sua superfície para iniciar sua viagem através do espaço. No caso de supernova, por exemplo, a luz chegaria à Terra e continuaria viajando por milhões de quilômetros. E, como sugeriu um astrônomo, é possível que em algum mundo distante, para algum povo estranho e desconhecido, a Estrela de Belém fosse realmente uma supernova, o que seria uma explicação materialista a seu respeito. A Estrela Crística dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é, isso sim, um fenômeno místico pertinente ao Sol Espiritual do nosso próprio Sistema Solar: não é considerada uma supernova. Astronomicamente falando, todavia, uma supernova pode também ter brilhado naquela noite, ou noites, quando a Estrela de Belém brilhou sobre nosso mundo. Um não exclui a outro.

Mencionamos as diferenças entre a luz e o som, mas existe uma estranha e notável similitude, como o sugere a Tabela das Vibrações do livro Conceito Rosacruz do Cosmos (Tabela das Vibrações – Cujos efeitos são reconhecidos e estudados pela Ciência – por William Crookes (1832-1919), químico e físico britânico):

Observe-se que, quando se duplica o número de vibrações surge uma oitava. A figura abaixo deixa isso mais claro:

Esta lei das oitavas governa os fenômenos sonoros assim como os luminosos, embora as duas classes de ondas sejam distintas. A lei das oitavas diz respeito não somente à luz visível, pertencente ao nosso espectro solar, como também à gama total dos fenômenos eletromagnéticos. As leis da ressonância indicam como as ondas podem, unidas, harmonizar e gerar energia. Também explicam como as ondas podem excluir outra que não esteja em harmonia. Os físicos esclarecem que as ondas longitudinais formam conchas esféricas que se alargam cada vez mais. Em cada concha o ar se rarefaz, enquanto nas conchas intermediárias se condensa. A distância do centro de uma condensação ao centro da seguinte condensação é denominada a longitude de onda dessa onda sonora. As ondas resultam de que quando uma onda sonora passa através do ar, faz com que as moléculas vibrem e se movem.

Tal como a luz, o som pode refletir-se, como o sabemos pelo eco: o reflexo múltiplo das ondas sonoras que produz a reverberação do som nos grandes auditórios.

Quando dois corpos têm a mesma frequência de vibração, ocorre o fenômeno da “vibração simpática”. Assim, quando um diapasão vibra, outro diapasão à curta distância responderá, se tem a mesma frequência vibratória do primeiro.

As vibrações simpáticas podem ser observadas em muitos lugares. Quando são tocadas algumas notas em um piano, pequenos objetos da casa podem começar a vibrar. A ruptura de um recipiente contendo líquido no seu interior ao tocar-se uma nota, também pertence aos fenômenos da vibração simpática.

As ondas sonoras podem ser reforçadas por ondas refletidas: é um fenômeno chamado ressonância.

Estes fenômenos do som e da luz são todos físicos; não são etéricos. A ciência oculta, não obstante, observou, faz muito tempo, que nos planos internos, começando com a Região Etérica do Mundo Físico, as assim chamadas leis físicas da luz e do som têm um desenvolvimento correlato para a qual os aspectos físicos têm uma relação de sombra ou coisa análoga.

O tom musical depende da regularidade de uma vibração, enquanto o ouvido humano chama de “ruído” a uma vibração sonora irregular. Explica-se nos livros que “os corpos que vibram em uma faixa regular têm uma frequência definida e produzem tons musicais. Os corpos que não vibram em uma faixa regular produzem ruídos”. Já explicamos que quando um tom apresenta uma frequência vibratória correspondente ao dobro da frequência de outro tom, constitui uma oitava desse tom. Isto é, encontra-se a uma oitava acima dele. Os tons maiores e os menores são vibrações dentro da oitava.

Todos estes fenômenos sonoros têm lugar em um ambiente material tal como o ar, a água, etc. As vibrações luminosas, porém, são independentes destes meios, ainda que possam ser afetadas por eles. O vapor d’água no ar, por exemplo, empanará a imagem de uma estrela.

Com o objetivo de colocar à disposição do Estudante Rosacruz uma orientação no estudo da luz e do som, mencionamos o seguinte:

Existem quatro teorias principais sobre a natureza da luz. Todas encontram-se, contudo, em processo de comprovação e novas definições podem ser propostas de tempos em tempos, para consolidá-las. O ocultista, portanto, não deve abandonar as teorias ocultas da luz e do som, simplesmente porque a ciência do presente dia não está de acordo em todos os casos com os ensinamentos esotéricos. Algumas vezes nota-se discrepâncias referentes à terminologia e a ciência se contradisse a si mesma em muitos casos e pode fazê-lo novamente…

1. Teoria Corpuscular: segundo Newton, a luz é uma corrente de partículas ou corpúsculos emanados de um corpo luminoso em todas as direções.

2. Teoria das Ondas: a similaridade entre a luz e o som foi explicada por Huygens sob a premissa de que a luz consiste em ondas etéreas que partem da fonte luminosa como as ondas que se formam ao redor de uma pedra que se deixa cair na água. As ondas luminosas são transversais, enquanto as sonoras são longitudinais.

3. Teoria Eletromagnética: Maxwell tratou de explicar a gênese da luz por meio de sua teoria eletromagnética. Demonstrou que quando uma carga elétrica é posta em vibração, emite ondas transversais em todas as direções. Denominou-as de “ondas eletromagnéticas”. Todas, sem ter em conta a longitude da onda, viajam à mesma velocidade: 300.000 quilômetros por segundo. A luz visível do nosso Sol pertence a estas ondas eletromagnéticas.

4. Teoria do Quantum: esta é mais recente, e amplamente sustentada. Afirma que “a luz é emitida pelos átomos de um corpo luminoso em conjuntos de energia separados que se chamam quanta ou fótons. Estes fótons assemelham-se aos corpúsculos da teoria de Newton em alguma extensão, mas em lugar de serem partículas de matéria são conjuntos de energia. Todos os fótons viajam à mesma velocidade, mas podem conter diferentes quantidades de energia. A energia constante de um fóton determina sua cor. Com a finalidade de explicar alguns fenômenos luminosos, tais como a interferência, é necessária supor que todo fóton é acompanhado, de alguma forma, de uma onda que determina sua conduta.

Todas estas quatro teorias sobre a luz são úteis, mas não se harmonizam inteiramente.

A despeito destas leis físicas que regem a luz e o som, as ciências chamadas extrassensoriais afirmam que o som pode ser ouvido por meios não físicos a qualquer distância, e que esta não parece fazer diferença com respeito ao som percebido clariaudientemente. A mesma coisa é certa com respeito à visão da luz, chamada Clarividência.

Note-se também que a ultrassônica ou supersônica não pertence necessariamente aos reinos etéricos. Constituem sons físicos, além do campo auditivo humano, mas podem ser captados por meio de instrumentos físicos.

O som etérico, como é conhecido da ciência oculta, é som originário do plano etérico. E se bem os Éteres são parte do Mundo Físico e, portanto, em certo grau sujeitos a todas as leis físicas conhecidas da ciência moderna, existem sutis diferenças. O assim chamado “quarto estado da matéria”, tecnicamente denominado “plasma” é também físico, e não etérico. O “quarto estado da matéria” do ocultista é também diferente deste. Porém, é nestas regiões onde a ciência física hoje se aproxima do domínio oculto. E dentro de poucas décadas, poderemos ver a ciência física irrompendo no mundo dos Éteres.

CAPÍTULO 4 – OS NÚMEROS E O RITMO DO UNIVERSO: LEI DE BODE

Uma das maravilhas do universo é a forma misteriosa com que os números se ajustam em padrões ou classificações, por motivos que os matemáticos desconhecem. Nada pode afirmar porque os números atuam dessa maneira. É simplesmente um fato que assim o fazem.

Século após século, os matemáticos continuam descobrindo novos jogos que os números podem fazer e aprendem a usar estes jogos numéricos para explicarem as Leis da Natureza e do universo, que parecem manter alguma estranha correlação com eles.

H. D. F. Kitto[6] escreve (no livro “Os Gregos”): “Sucede que eu mesmo posso agir pessoalmente e por um momento estava capacitado para fazer isto (isto é, imaginar o impacto do descobrimento matemático sobre uma Mente arejada) por uma investigação matemática levada a efeito por mim, certa vez, e que me provocou insônia.

Ocorreu-me perguntar-me qual era a diferença entre o quadrado de um número e o produto de seus vizinhos ao lado: 10 x 10 é igual a 100, e 11 x 9 é igual a 99: um número a menos. Era interessante constatar que a diferença entre 6 x 6 e 7 x 5 era exatamente a mesma. E com crescente interesse descobri e provei algebricamente a lei de que este produto deve ser sempre um menos que o quadrado. O passo seguinte foi considerar a conduta do vizinho do lado, mas só de um. E foi com grande satisfação que revelei a mim mesmo todo um sistema de conduta numérica acerca da qual meus professores de matemática deixaram-me em completa ignorância (alegro-me em dizê-lo). Meu espanto aumentou quando resolvi as séries de 10 x 10 = 100, 9 x 11=99, 8 x 12=96, 7 x 13= 91… e constatei que as diferenças eram sucessivamente 1, 3, 5, 7, a série de números ímpares. Maravilhado fiquei ao descobrir que, subtraindo cada produto sucessivo de 100, produz-se a série 1, 4, 9, 16”.

“Eles nunca me disseram, e eu jamais suspeitara que os números fizessem estes formosos jogos, um com o outro, de eternidade a eternidade, independentemente (aparentemente) do tempo, do espaço e da Mente humana.

Foi um vislumbre impressionante de um universo novo e perfeito. Então supus o que sentiram os pitagóricos quando fizeram estes mesmos descobrimentos. A verdade última e simples que os jônios estavam tratando de descobrir em algo físico, era realmente o número. Disse Heráclito[7] que tudo está sempre mudando? Aqui há coisas que não mudam, entidades eternas, livres da carne que se corrompe, independente dos sentidos imperfeitos, perfeitamente concebíveis à Mente. Mais ainda: posto que o número foi concebido especialmente, estas entidades matemáticas tinham uma qualidade que os gregos denominavam de qualquer coisa perfeita: eram simétricas, sendo o Logos (ideia) existente nela, um padrão”.

As “Tábuas de Pitágoras”[8], consideradas reverentemente como algo milagroso pelo mundo antigo, eram simplesmente o que agora chamamos de tábuas de multiplicação (tabuada). A geometria escolar, hoje considerada algo simples, e casual, comoveu a gente grega.

Há, também, a lei de vibração musical, a que Pitágoras descobriu para o mundo ocidental. Segundo ela, quando se duplica um certo número de vibrações, produz-se um som que é a oitava do primeiro som. E uma coisa bem curiosa, algo similar, pode ser encontrada na astronomia. Os metafísicos e os ocultistas, geralmente, consideram-se um exemplo da maneira com que o número governa a criação e todos os fenômenos materiais. Sabemos dos “números mágicos” da física nuclear e de que os átomos que têm certos números definidos de cargas no núcleo, constituem os mais estáveis, sendo estes os átomos fundamentais do universo natural.

Na astronomia foi descoberta uma lei chamada Lei de Bode, que novamente exemplifica a Lei dos Números e seu concomitante de vibração (Os físicos modernos falam comumente de “frequências vibratórias” ou, simplesmente, de “frequências”. Mas estas “frequências”, todavia, referem-se à vibração, ou formas de vibração, no sentido mais antigo do tempo).

A Lei de Bode[9] em astronomia não é mais que uma lei de números, uma lei das relações numéricas que existem entre os Planetas e o Sol do nosso Sistema Solar, pela qual as distâncias entre os Planetas e o Sol ocorrem segundo uma progressão numérica definida. Max Heindel comenta a Lei de Bode no livro “Astrologia Científica e Simplificada”, cuja leitura recomendamos aos Estudantes Rosacruzes. Ele afirma: “A lei é esta: se escrevemos uma série de quatro números, adicionando 3 ao segundo, 6 ao terceiro, 12 ao quarto, etc., duplicando a quantidade somada cada vez, a resultante série de números constitui uma aproximação acentuada das distâncias relativas entre os Planetas e o Sol, com exceção de Netuno”. No lugar deste poderíamos colocar Plutão, que não havia sido descoberto no tempo de Max Heindel, porém, situa-se no lugar correto segundo a Lei de Bode. Plutão, com efeito, encontra-se no lugar em que, segundo a Lei de Bode, deveria estar Netuno, estando este ao redor de 12 milhões de quilômetros do Sol.

Não existe razão conhecida do “porquê” na música, duplicando as vibrações produz-se um tom que, para o sentido humano é a oitava do som repetido ou duplicado. Não existe razão alguma do porquê duplicando o número somado a quatro (o número 4 mesmo é igualmente inexplicável) devem produzir-se os números indicativos das distâncias relativas entre os Planetas e o Sol e um do outro. Isto é o que encontramos e o ocultista considera-o como outro exemplo da Lei de Vibrações que pertence a esse tom universal, ou som da Palavra Cósmica, que ao ser emitido dá existência à criação, mantendo o universo mediante suas harmonias.

A seguinte representação da Lei de Bode completa a explicação de Max Heindel em “Astrologia Científica Simplificada”:

Mercúrio……………4

Vênus………………..(4-3)

Terra………………….(4-6)

Marte…………………(4-12)

Asteroides…………..(4-24)

Júpiter…………………(4-48)

Saturno………………..(4-96)

Urano…………………..(4-192)

Netuno…………………(4-384)

Se dividimos a série anterior por 10, obtemos como convencionando a distância da Terra ao Sol, e os outros Planetas em termos da distância da Terra ao Sol: perto de 149.668.992 de quilômetros.

Note, também, que está indicado os números relativos da Lei de Bode, com Netuno ocorrendo com 38,8, se bem sua distância real esteja representada pelo número 30. Agora colocamos Plutão na lista, abaixo de Netuno, e encontramos o número “real” de Plutão: 39,5, que é unicamente subtraído ao número de Netuno, conforme a Lei de Bode.

O cientista analisa os fatos da ciência, contudo o filósofo da ciência pondera acerca destes fatos e os interpreta em termos da verdade, da consciência ou da Religião, ou de qualquer outra coisa que lhe agrade. Todo ser humano pensante é, portanto, um filósofo da ciência, e muitos dos grandes descobrimentos no domínio da lei científica chegaram a produzir-se mediante a filosofia dos leigos.

Não podemos então filosofar nesse assunto da Lei de Bode e da deslocação do Planeta Netuno? Os números são os indicadores da ação das grandes Leis da Vibração. O padrão tonal do nosso Sistema Solar implica em que um corpo cósmico exista no campo entre Marte e Júpiter, e no ponto onde Plutão tem sua órbita.

Rudolf Thiel[10], escritor alemão versado em astronomia, conta a história de como a Lei de Bode mereceu aprovação com o descobrimento do asteroide Ceres, o primeiro asteroide descoberto, no ano de 1801. No ano seguinte foi descoberto Palas, logo após Juno e, posteriormente, Vesta. Dois mil (2.000) asteroides foram registrados desde essa época, mas o número daqueles ainda não descobertos é estimado por alguns astrônomos como sendo mais de 50.000.

Os astrônomos e os leigos perguntaram-se se talvez tenha havido um Planeta certa vez em uma órbita entre Marte e Júpiter, e ao explodir deixou estes fragmentos. Outros opinam que se trata de fragmentos de Luas que giraram em redor de outros Planetas: de Mercúrio e Vênus, de Marte e Júpiter, e ainda de Saturno. Também se julga que talvez alguns dos cometas e meteoros que pertencem ao nosso Sistema Solar são fragmentos de Planetas que explodiram no espaço cósmico e logo retornaram. O cometa de Enke, com uma evolução orbital de somente 3 1/3 de anos, cai dentro da órbita de Mercúrio, entre Mercúrio e o Sol, sendo denominado de “Vulcano” por alguns antigos astrônomos, enquanto outros afirmam que o misterioso Vulcano nunca foi um Planeta, mas sim em realidade o Sol Interior. O asteroide Hermes viaja muito próximo à Terra, quase junto à Lua. E temia-se há poucos anos, que o asteroide Eros passasse raspando a Terra. Contudo, passou a grande distância e não houve incidentes. O cometa Halley mantém um ciclo de aproximadamente 76 anos, viajando fora da órbita de Netuno, entre Netuno e Plutão, e regressando novamente ao Sol.

Puderam Pitágoras e seus colaboradores conjeturar sobre um lugar vazio no esquema solar, especulando sobre um Planeta desintegrado ou perdido? É inquestionável que eles estabeleceram dados para os corpos celestes, porque calcularam o tamanho e a distância do Sol e da Lua, a partir da Terra. Houve, porém, um erro considerável em seus cálculos. Talvez o mito dos “Anjos caídos” provenha da memória de alguma catástrofe cósmica relativa ao Planeta que explodiu entre Júpiter e Marte, porque tal explosão deve ter abalado todo o Sistema Solar. A Terra, por exemplo, pode ter trepidado em seu eixo, dando origem ao mito grego de Faeton, quem, segundo se diz, conduzia o carro do Sol, mas perdeu o controle de seus cavalos. Assim, o Sol passou a dançar aqui e ali, acima e abaixo, no firmamento.

Os Sete Espíritos Planetários foram conhecidos pelos gregos como os sete titãs. E há uma lenda da guerra dos titãs com Urano, cujo nome significa céu.

CAPÍTULO 5 – A ASTRONOMIA ENTOA UMA NOVA CANÇÃO

Não é necessário discutir aqui, minuciosamente, as teorias dos antigos mestres das Escolas de Mistérios da Grécia: Pitágoras, Platão e seus sucessores. É interessante, porém, observar que os antigos videntes e astrônomos reconheceram a existência de um centro espiritual ígneo ao redor do qual o Sistema Solar parecia dar voltas: um “Sol Central” ou “Fogo Central”, que não era o Sol. E a revolução em torno deste Fogo Central era a causa, segundo eles, da Precessão dos Equinócios[11].

O Grande Ano Platônico não estava longe do Grande Ano Sideral[12] da moderna Astronomia. E é evidente que o Fogo Central de Platão deve estar relacionado com o círculo imaginário descrito no céu, no Polo Norte, pela rotação do eixo terrestre, porque todas as estrelas, assim como o Sol, a Lua e os Planetas, giram em círculos ao redor do Polo (mas existe outra possibilidade como veremos). Pitágoras algumas vezes chamou a isto uma “Contra-Terra”, mais que “Contra-Sol”, por causa, evidentemente de sua associação com as condições terráqueas. Existe um número específico de estrelas ao redor do Polo Norte celeste, para o qual o Polo Terrestre aponta no curso do Grande Ano Sideral. Existem também tempos, no curso deste Grande Ano, nos quais o Polo não aponta uma estrela, senão um espaço entre as estrelas. Quando o Polo aponta uma estrela específica, é compreensível que essa estrela parece ser uma “Contra-Estrela”. Quando, porém, o Polo aponta para o espaço, os antigos, naturalmente imaginaram a hipótese de uma “Terra Invisível”, ou “Contra-Terra”, ao redor da qual o Polo girava durante o Grande Ano.

Os romanos adotaram a Astronomia e a filosofia gregas, assim como a arte e a literatura da Grécia. E entre os sábios romanos, assim desenvolvidos, esteve Cipião, o Jovem, de quem Cícero[13] conta uma história interessante.

Este Cipião sonha que ascende à Via Láctea, donde ouve majestosa harmonia fluir através do espaço, e pergunta a seu avô, Cipião, o Velho, que mora ali como espírito entre outros espíritos bem-aventurados: “Que é este grande e agradável som que enche meus ouvidos?” O avô responde: é a harmonia dos acordes que representam os intervalos dos tons emitidos pelos Planetas e que são produzidos pelos movimentos das esferas em suas órbitas. A esfera mais exterior, Saturno, emite a nota mais alta, devido a que se move mais rapidamente em sua larga trajetória.

A Lua emite a mais baixa (mas outros antigos escritores invertem isto, afirmando que a Lua emite a mais alta nota e Saturno a mais baixa da escala solar. E Milton concorda com este último ponto-de-vista).

Segundo o sistema de Ptolomeu[14] – que se referia a Aristóteles principalmente – cada Planeta era levado ao redor dos céus em uma esfera invisível, e o Arcanjo ou Poder Celestial do Planeta residia na esfera. Uma esfera se acomodava dentro da outra: a de Saturno sendo a mais externa, e a esfera das estrelas fixas mais além da de Saturno. O Arcanjo ou “Deus da esfera” conduzia o Planeta pelos céus como uma lâmpada. Havia alguns homens, todavia, mesmo nos tempos antigos, que sustentavam a ideia de que os Planetas se moviam ao redor do Sol, e que cada corpo planetário individual, tal como se contemplava no espaço, era a indicação externa de um Espírito ou Deus Arcangélico. Este ponto-de-vista, por suposto, chegou a prevalecer, já que o sistema de esferas de Ptolomeu foi gradualmente abandonado junto com seu conceito geocêntrico. O que sucede aqui, é que os filósofos construíram uma filosofia sobre a Astronomia de Ptolomeu, e essa por sua vez, converteu-se em base da Religião.

Ainda hoje, a Religião moderna está procurando conformar-se com a nova Astronomia de nosso próprio tempo, e com toda propriedade, porque é correto hoje, como sempre foi, que o ser humano, em certos sentidos, cria seus próprios deuses, à sua própria imagem. Daí que os gregos dissessem que o “Homem é a medida do Universo”.

Portanto, quando a Astronomia Ptolomaica (geocêntrica) encontrava aceitação acreditava-se que a Música das Esferas provinha da grande esfera invisível ou de cristal que conduzia a cada Planeta, e na qual, verdadeiramente, residia o Espírito Arcangélico. Os místicos diziam que a música era o canto do Espírito, e não o som produzido pelo Planeta em revolução. Com a Astronomia heliocêntrica (o Sol no centro), chegou a ser dominante a ideia de que o Planeta mesmo emitia os sons, e que o Planeta era o corpo de um deus ou Arcanjo. Estas ideias eram as interpretações dos fenômenos científicos, oferecidas pelos místicos, os videntes e os filósofos.

Agora estamos em posição de observar porque Max Heindel afirmou que desde o ponto-de-vista do Mundo do Desejo o sistema Ptolomaico conservava pontos de valor. O ser humano é, todavia, em sua consciência, grandemente geocêntrico. Desde o ponto-de-vista do mundo da alma, que vê o Universo em seu aspecto espiritual interno, aquele é um complexo de seres viventes, e o canto destes seres, coletivamente falando, constituiu a palavra de Deus, o Verbo, que cantando produz a criação a partir do caos primordial e que o sustêm no processo da evolução.

A evolução é um cântico contínuo de Deus. Esta canção cósmica, afirma Max Heindel, modela ou agrega a Substância Raiz Cósmica em formas e figuras, semelhantemente como as vibrações musicais modelam figuras na areia, segundo as experiências de Figura de    [15].

Na meditação sobre o som cósmico ou Verbo, tal como incorporado nestes Arcanjos cantantes, a “esfera” da que se pensa que se estende pelo espaço interno dentro da órbita da revolução do Planeta, converte-se em “aura” do Espírito Planetário e simboliza um estado de consciência cósmica. Cada uma das esferas encerra e interpenetra a seguinte esfera menor, e todas se aninham dentro da esfera de estrelas fixas, que por sua vez se acomoda na Esfera do Espaço, Mente Primordial, que é a inteligência ordenadora e governadora de todas as esferas. Mais além encontra-se o Uno que é incompreensível e abarca tudo.

As nove esferas cósmicas do Sistema Ptolomaico davam voltas ao redor da Terra, considerada “a pedra fundamental do Universo”. A ordem dos Planetas era contada a partir da Terra, assim: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, seguido, como dissemos, pela esfera de estrelas fixas, encerradas no Primum Mobile ou Mente Primordial, culminando na Inefável Unidade.

Estas esferas estão acomodadas, uma dentro da outra, com a Terra no centro, e cada uma é governada por um “Deus”, ou Arcanjo, que faz a esfera dar voltas, conduzindo o Planeta ao redor de si mesmo, em sua órbita. Cada invisível esfera é a “aura” de influência do Arcanjo, do qual o Planeta visível é um representante ante os sentidos da Humanidade, uma espécie de sinal, por assim dizer, ensejado pelo Espírito Planetário. O Planeta é assim, um símbolo do Arcanjo. Este é o conceito que os antigos místicos usaram como base das meditações Astronômicas, por meio das quais desejavam alcançar uma visão cósmica.

A meditação sobre e nestas esferas, em muitos casos, abriu a Mente a uma revelação do Espírito Arcangélico do Planeta, que está, por suposto, presente em todas as partes do espaço mental:

• Miguel para o Sol,

• Rafael para Mercúrio,

• Anael para Vênus,

• Gabriel para a Lua,

• Samael para Marte,

• Zacariel para Júpiter,

• Cassiel para Saturno;

• Ituriel para Urano.

Há outros nomes também para o Arcanjo que incluía em sua consciência uma grande Hierarquia de Anjos. É bom recordar que estes nomes de Arcanjos, que nos parecem hebreus, eram familiares a todo o império persa ao oeste do Eufrates, onde o aramaico (língua falada por Jesus) era o idioma comercial e oficial.

No sistema heliocêntrico, cada Planeta é fisicamente um Arcanjo encarnado, voando ao redor dos céus, no espaço exterior, enquanto sua aura se estende em torno de cada Planeta separadamente, no espaço interno. Os ocultistas dizem que a aura astral dos Planetas Vênus e Marte se entremesclam com aura da Terra, porque estes dois Planetas são nossos vizinhos mais próximos, com exceção da Lua, que é nosso satélite e parte de nós mesmos. A entremescla das auras de Vênus e Marte, indica um laço evolutivo muito próximo entre os três Planetas. No sistema Ptolomaico as duas esferas mais próximas, depois da Lua, eram Mercúrio e Vênus.

Podemos expressar a relação da Terra com Marte e Vênus de outra forma, dizendo que os Corpos de Desejos destes Planetas mesclam-se, uns com os outros, exatamente como quando três seres humanos estão separados, uns dos outros, por poucos centímetros: suas auras se mesclam e todos tendem a reagir ao estado emocional de qualquer deles. Podemos também notar que no espaço mental todas as esferas planetárias se entremesclam com referência a seus Corpos Mentais ou auras mentais, sugerindo que o contato telepático pode ser estabelecido com outros Planetas, muito tempo antes de que seja possível viajar até eles, seja em Corpo-Alma, seja em Corpo Denso.

Shakespeare expressa tal estudo do sistema heliocêntrico quando diz: “Não existe a menor orbe que tu contemples, que em seu movimento como um Anjo não cante, imitando os Querubins de olhos brilhantes. Mas, enquanto essa lodosa vestimenta de podridão a encerre, não poderemos ouvir a canção”.

E assim também, em palavras que Shakespeare deve ter lido, Cipião, o Velho, explicou a seu neto que “os ouvidos dos mortais estão cheios deste som, mas são incapazes de ouvi-lo”. E Macrobius escreveu: “Não captamos o som da música que surge do constante redemoinho das esferas, devido a que é demasiado grande para introduzir-se no estreito espaço de nossos ouvidos”.

CAPÍTULO 6 – KEPLER, O MÍSTICO ASTRÓLOGO ASTRÔNOMO

Kepler[16] foi um verdadeiro místico. Afortunadamente viveu em uma época em que, ainda, era possível a um cientista proclamar seu misticismo abertamente, sem sacrificar seu prestígio. Afirmou ter ouvido a Música das Esferas e declarou que estava recebendo iluminação divina em seu trabalho científico. “A geometria é única e eterna.”, dizia, “um reflexo do Espírito Divino”.

Um dia subitamente inspirado, escreveu o seguinte: “Colocai o cubo entre Saturno e Júpiter. O cubo limitará a órbita de Júpiter. Colocai o tetraedro entre Júpiter e Marte: limitará a órbita do último. Colocai o dodecaedro entre Marte e a Terra. O dodecaedro limitará a órbita da Terra. Colocai o icosaedro entre a Terra e Vênus. Ele limitará a órbita de Vênus. Colocai o octaedro entre Vênus e Mercúrio. O octaedro limitará a órbita de Mercúrio”.

Estas figuras geométricas são os cinco sólidos básicos da teoria pitagórica. A situação apresentada por Kepler indica uma correlação com a ordem dos Planetas do sistema heliocêntrico, que Copérnico[17] havia redescoberto menos de um século antes.

Mais tarde escreveu: “Comecei esta investigação para meu particular regozijo. Sou tentado a gritar: Apartai-vos de mim, porque sou um pecador! Mas daqui por diante interessar-me-ei unicamente por Sua Glória, porque nós, os astrônomos, somos também os profetas de Deus, através do Livro da Natureza.” (Similarmente, um antigo texto afirma ter Abrão aprendido a Lei de Deus por meio da astronomia).

Ao formular suas três leis, Kepler[18], como Copérnico, usou sua imaginação. Copérnico visualizou o Sistema Solar centralizado no Sol, contudo julgava que as órbitas dos Planetas constituíssem círculos. Kepler, um místico cientista da maior envergadura, elaborou a tarefa de descrever as três grandes leis do movimento planetário, indicando que suas órbitas formavam elipses e não círculos.

Ele contemplou mentalmente o Sistema Solar desde um ponto situado em uma estrela distante, observando a Terra em movimento ao redor do Sol. Deduziu matematicamente que seus movimentos deviam constituir órbitas elípticas.

Comprovou sua primeira visão intelectual, colocando-se mentalmente a si mesmo no espaço. Logo procurou demonstrar matematicamente que a verdade não podia ser outra, a não ser a evidenciada do modo pelo que contemplou. Assim, ele era antes de tudo um matemático. Suas visões caminhavam de mãos dadas com a compreensão matemática, em uma forma impossível de ser percebida pelo não matemático. E ainda mais: não foram somente as matemáticas que revelaram a Kepler as três leis. Encontrava-se presente uma certa clarividência intelectual. Posteriores observações como telescópio demonstraram a correção tanto de suas visualizações como de seus cálculos.

O fato de que suas elipses (ovais) tivessem dois focos, em vez de um, lhe perturbou a Mente por muito tempo. Viu-se forçado a aceitá-lo ante as evidências, mas nunca encontrou uma explicação. Por que devia haver um segundo foco, um lugar vazio, além do foco ocupado pelo Sol, ao redor do qual giravam os Planetas? Kepler mostrava-se relutante em aceitar o conceito grego do círculo perfeito, com um foco em um ponto central, porém, não divisou outro caminho, pois foi conduzido em uma nova direção.

Ao considerar a luta de Kepler por compreender o porquê dos dois focos de suas elipses planetárias, o Estudante Rosacruz recorda novamente a “contra-Terra” pitagórica, que os pitagóricos diziam ser a causa da Precessão dos Equinócios. A astronomia moderna sustenta que o efeito gravitacional da Lua faz com que a Terra gire em torno de seu eixo. Isto, por sua vez, produz a Precessão dos Equinócios. Mas, os pitagóricos (e os platônicos também) evidentemente não incluíam a Lua. Assim é que talvez eles realmente suspeitassem de que uma ou mais órbitas planetárias – provavelmente a da Terra – não era circular, mas elíptica e de que o Planeta girava ao redor de dois focos em lugar de um só.

Os escritores não esclarecem, ao comentarem os fragmentos pitagóricos, se Pitágoras escreveu acerca de uma anti-Terra ou de um anti-Sol. Não obstante, qualquer deles seria, talvez, um esforço para explicar um dos dois focos de uma órbita planetária elíptica.

Acreditou Kepler na Astrologia? Ele chegou gradualmente a abandonar a crença na influência do Zodíaco, mas continuou a aceitar a ideia de que os Aspectos astrológicos exerciam alguma influência sobre a Terra e o ser humano. “Observai”, escreveu, “se, hoje os Planetas estão a 89 graus um do outro, nada acontecerá no ar. Mas amanhã, quando alcançarem os 90 graus completos, levantar-se-á uma súbita tempestade. O efeito, portanto, não provêm de um único Astro, senão de um ângulo, do segmento harmônico do círculo”. A astronomia de nosso próprio tempo redescobriu estes mesmos Aspectos e indicou sua conexão com as radiações, as manchas solares e ainda com os terremotos. É somente questão de tempo: os cientistas estudarão os horóscopos dos indivíduos.

Kepler dizia que a alma humana recebia, ao nascer, emanações planetárias, porque levava em si mesma as harmonias subjacentes: reagia indistintamente a proporções geométricas e continuava respondendo às mesmas durante toda a vida. Afirmou também: “Deus fez a música durante a Criação; também ensinou a Natureza a tocar: em verdade, ela repete o que Ele ensinou”. Tão complicada era a filosofia de Kepler acerca da música cósmica, que Rudolf Thiel comentou: “Comparada com o sistema de Kepler, a pitagórica música das esferas era como que uma lira contra toda uma orquestra”.

Kepler descobriu que os Aspectos astrológicos estavam relacionados com o número total de degraus de um círculo (não elipse) na proporção de 1:2, 2:3, 3:4, 4:5, 5:6, 3:5, 5:8. Levou a ideia mais adiante dizendo que “se mudarmos a forma do círculo, convertendo-o em uma corda de violino, os ângulos astrológicos correspondem às diferentes longitudes da corda que produzia a harmonia”. Seguramente os pitagóricos devem ter descoberto algo parecido em seu tempo, ainda que não tenha chegado até nós. Acreditou-se por longo tempo que o vidro branco transparente era desconhecido no tempo dos romanos. Porém, as recentes descobertas arqueológicas indicam o contrário: os romanos podem ter conhecido tal vidro. No entanto, toda a evidência disto perdeu-se com a queda da cultura greco-romana. A fórmula teve de ser redescoberta nos séculos recentes. A mesma coisa é certa acerca dos complicados relógios astronômicos. Sabe-se que foram inventados pelos gregos, pois um deles foi retirado do fundo do Mediterrâneo, de um barco naufragado. Antes, cria-se que os gregos eram demasiado filósofos, demasiado artistas, excessivamente refinados, para inventar um engenho desse tipo.

Kepler estava certo da existência de uma base harmônica para todas as atividades do Sistema Solar. E enumerou uma relação matemática entre as distâncias dos Planetas entre si, e de cada um deles com relação ao Sol, e suas velocidades. Esta relação se expressa na regra segundo a qual “os cubos das distâncias médias de qualquer par de Planetas com relação ao Sol, são os quadrados de seus tempos periódicos de revolução”. Descobriu isto como se fosse por um acidente divinamente ordenado, no curso de experiências, de provas e erros. Avançou com cada prova em ordem meticulosa até a correta conclusão, como muitos grandes descobrimentos científicos foram realizados. Tal aconteceu como se em realidade alguém estivesse guiando o cientista na série de acidentes que devem conduzir inevitavelmente à meta.

Hoje em dia vivemos na época da radioastronomia. “Ouvidos gigantes” são construídos para captar as mensagens que percorrem o espaço, procedentes de todas as estrelas, Planetas, satélites, meteoros, galáxias, nebulosas e, também, dos gases, especialmente hidrogênio – a substância mais abundante no espaço interestelar. O canto do hidrogênio provém do espaço, mas também dos corpos celestes. Sua cor é o vermelho, esse vermelho descrito por Max Heindel como a tonalidade primária, o “calor” existente na longínqua aurora do nosso Sistema Solar, no que conhecemos como Período de Saturno e sua recapitulação no Período Terrestre. Ali existia “calor”, “vermelho”, e o “canto do hidrogênio”.

Não é, entretanto, uma música possível de ser ouvida com o ouvido astronômico, mas somente o zumbido e o murmúrio das grandes máquinas que transmitem os sussurros do espaço. Não são as estrelas que ouvimos cantar, senão as máquinas murmurando suas respostas ao som das asas cósmicas. Mas temos ouvido suficiente para saber que os antigos estavam certos ao sentirem uma mística simpatia pela Via Láctea onde, diziam, moravam os deuses em seus palácios, e onde Cipião falou com seu avô – ali morando com os deuses em celestial bem-aventurança – e ouviu uma música divina soando ao seu redor.

A Via Láctea é nossa própria galáxia (a que pertence nosso Sistema Solar, um diminuto Sistema). E quando, da Terra, o ser humano contempla a constelação de Sagitário, à noite, olha na direção de algum grande centro invisível dos abismos do espaço, ao redor do qual nossa própria galáxia gira. Ali mora o Deus da galáxia, mesmo que não se possa dizer se sob a forma de um Fogo Central ou de um Poder Invisível em uma nuvem. Sabemos unicamente que as estrelas de Sagitário pendem como uma cortina entre nós e essa distante e oculta Glória, esse Shekinah do profundo e secreto lugar no coração do universo, ao qual a Mente se volta e o Coração exclama: “Quem és Tu, Senhor?”.

CAPÍTULO 7 – O SER HUMANO, CÂNTICO DE DEUS

Outra noite eu vi a eternidade

Como um grande anel de Luz pura e sem fim.

Entretanto ela brilhava calmamente

E sob ela, o Tempo em horas, dias e anos,

Conduzido pelas esferas,

Movia-se como uma vasta sombra,

Na qual o mundo

E todo seu cortejo eram lançados.

Henry Vaughn

No princípio era o Verbo[19], escreveu o apóstolo amado, S. João. E a ciência oculta está de acordo em que “tanto o universo como o ser humano foram criados pelo som”. Afinal, pelo universo inteiro soa um tríplice cântico, o cântico do Absoluto. O cântico é uno, mas possui três aspectos:

-Poder ou harmonia

-Verbo ou melodia e

– Movimento ou ritmo.

Este cântico universal é literalmente energia primordial por meio da qual Ele se manifesta. É verdadeiramente uma música, ainda que a sensibilidade humana, todavia, não seja tal a ponto dela ser ouvida fisicamente. Mas, ouvindo ou não, o ser humano em verdade se move, vive e tem seu ser em um universo de harmonia tonal.

Os físicos modernos afirmam que a ideia grega da harmonia das esferas – ainda os mistérios orquestrais de Kepler – foi posta fora de época pela infinita complexidade do universo, como se mostra aos astrônomos hoje em dia. Não há esquema musical conhecido do ser humano que possa harmonizar essa complexidade, disse o astrofísico. Talvez seja parte desta complexidade o que produziu a música excêntrica e sem melodia, hoje proeminente. Mas a tudo isso o ocultista responde que a Era de Aquário aprenderá primeiro a discernir, logo a compreender e, finalmente, a amar uma Nova Música do Universo. Sabemos que muitas pessoas musicalmente incultas são incapazes de apreciar a música erudita[20]: para seus ouvidos é “ruído”. Similarmente, a música cósmica, que é mais que a música das esferas do nosso Sistema Solar ou de nossa galáxia, deve ser aprendida por um novo tipo de seres humanos.

Afinal, o maravilhoso coro cósmico, estando além da capacidade perceptiva do ser humano é reduzido a potências menores pelo Logos do nosso Sistema Solar, que é seu Criador, e se mostra a conhecer a essa Terra como: Vontade (Melodia), Sabedoria (Harmonia) e Atividade (Ritmo). Assim, ouvir a música das esferas é uma experiência iniciatória transcendental para o espiritualmente iluminado. Assim como os tons celestiais são registrados por ouvidos bem-aventurados que ouvem, assim também olhos bem-aventurados registram um arco-íris de cores acompanhando esses tons. Platão esteve entre os iluminados que escutaram e contemplaram essas glórias supremas. São descritas com entendimento iniciático por Shakespeare. S. João refere-se a elas repetidamente ao relatar a Revelação[21].

Posto que o Fiat Criador do Absoluto, pleno de tons poderosos, é tríplice por natureza, os números um, dois e três são a base de toda manifestação. A Teologia Cristã se refere a esse tríplice poder sob a forma da Santíssima Trindade, e ensina corretamente que todas as coisas visíveis e invisíveis vêm à manifestação procedendo d’Ele.

Como estudamos no livro “A Música: a Nota-chave da Evolução Humana”, de Corinne Heline: “Todas as criações do Sistema Solar se formam por meio de emanações tonais das doze Hierarquias Criadoras. A base alquímica de todas as coisas é o Fogo e a Água, em conjunção com seus elementos complementares de Terra e Ar. Esses compõem a sinfonia zodiacal onde ressoa o coro celeste no supremo cântico: e o Espírito de Deus (Fogo) se movia sobre a face das águas (Água). A combinação dos poderes do Fogo, da Água, do Ar e da Terra é expressa em combinações mantrâmicas, de que são familiares exemplos: INRI, JHVH, AMEN, e o Verbo. No primeiro dos dias da criação, o quádruplo poder se encontrar potencialmente presente. Nos dias subsequentes faz-se progressivamente ativo, até alcançar completa expressão no último ou sétimo dia da criação. O poder dominantemente operativo em cada um dos sete dias ou períodos entona-se com a nota-chave musical de cada um dos Planetas de nosso Sistema Solar. Assim, cada dia acrescenta sua nota particular ao grande conjunto, à medida que os poderes inatos do espírito se manifestam em forma crescente. Quando foi tocada a nota final, ou sétima, o poder do Verbo que é Deus – o Bem Universal – ressoa como uma oitava gloriosa, que é o todo completo e perfeito.

Tudo isso complementa a afirmação de Max Heindel segundo a qual a música divina, quando soa na Substância-Raiz-Cósmica, cria as formas de todas as coisas, analogamente às figuras de Chladni, formadas quando uma lâmina metálica com areia é colocada em vibração por meio de um arco de violino. Esse é um antigo ensinamento das Escolas de Mistérios.

Ao descer dos vastos espaços cósmicos até aos recantos mais obscuros da Terra, o cântico entoado por Deus assume forma na Humanidade. Para o ocultista científico, o nascimento é um tríplice acontecimento. O primeiro é o nascimento físico, acontecimento experimentado por toda a Humanidade. O segundo é um novo nascimento mediante a regeneração espiritual ou Iniciação, experiência que é alcançada somente pelos mais avançados da Onda de Vida humana. O terceiro nascimento é a entrada no conhecimento cósmico, que estabelece contato direto com as atividades das Hierarquias Criadoras. Esse é o estado de adiantamento dos Mestres e Senhores da Compaixão, aqueles que estão ajudando a evolução e o progresso planetários.

Em virtude de ter passado por esse tríplice nascimento, o grande instrutor egípcio Thoth foi denominado pelos gregos de Hermes Trismegisto[22] ou Hermes Três Vezes Grande. A Divina Comédia de Dante contém uma velada alusão às suas experiências pessoais com Hierarquias estelares, que tiveram lugar depois de ele ter alcançado o tríplice nascimento. O que alguém fez, outro pode fazê-lo. A mesma meta sublime aguarda a todos que sejam dignos dela.

Nos mais primitivos estados da encarnação humana, a música foi utilizada pelas Hierarquias Criadoras para modelar os corpos humanos. Na presente época materialista, a música é usada para despertar as almas dos seres humanos.

A ciência espiritual descobriu evidência de quatro grandes períodos nos quais a evolução humana prosseguiu paralelamente com a evolução do nosso universo e Sistema Solar. Três fazem parte do passado, e a Humanidade agora trabalha pela sua libertação no presente quarto Dia da Criação, denominado Período Terrestre. Três períodos mais, ou Dias de Deus, virão a seguir, durante os quais a personalidade será transmutada em Espírito e o Espírito religado a Deus, em plena consciência de sua fonte e natureza divinas.

Durante os passados três Dias de Deus e, também, no presente quarto Dia, Hierarcas Cósmicos têm guiado nossa evolução. Sua obra pela Humanidade está indicada nos céus estelares”.

Mas, aqueles poderes espirituais vistos hoje em dia externamente como estrelas, foram em remotas épocas simplesmente vastas irradiações de inteligência e poder, incluindo não simplesmente os poderes que trabalharam na raiz da matéria, se não também as energias cósmicas que são individualizadas e concentradas nas emoções humanas. Os grandes Poderes do Universo não são seres sem sentimentos ou emoções. Diferem da Humanidade, pois que suas emoções são de caráter universal, “tecendo de estrela em estrela”, enquanto são, simultaneamente, conscientes de cada diminuto átomo do universo. O espaço e o tempo não obstam a atividade desses poderosos hierarcas universais. Suas emanações projetadas criaram as nebulosas e desenvolveram sistemas solares. E ainda quando alguma distante estrela não constitua senão a sombra da estrela real que se deslocou em sua órbita ou talvez tenha desaparecido no espaço, as emanações espirituais continuam trabalhando.

No primeiro grande dia da evolução da Humanidade, o espaço era obscuro. O calor, não obstante, encontrava-se presente na forma cósmica. A Hierarquia Criadora Senhores da Chama, a cujo cargo estava este Período, o de Saturno, era uma hoste de seres associados com o que é hoje em dia a constelação de Leão. São chamados os Senhores da Chama por causa da brilhante luminosidade de suas auras e de seus grandes poderes espirituais, como disse Max Heindel. A Bíblia chama-os de Tronos. Esses seres projetaram na consciência humana o arquétipo-semente do Corpo Denso que possuímos hoje em dia. Esse arquétipo-semente está arraigado em um particular átomo do coração chamado Átomo-semente do Corpo Denso. O Signo de Leão rege o coração, onde o Átomo-semente do Corpo Denso está localizado.

Similarmente, no segundo Dia de Deus – conhecido como Período Solar – o elemento-raiz do Ar foi acrescentado, e o calor converteu-se em luz. Agora o arquétipo-padrão do Corpo Vital foi dado pelas Hierarquia Zodiacal de Virgem ou Hierarquia Criadora do Senhores da Sabedoria. No terceiro dia – conhecido como Período Lunar – a umidade foi acrescentada ao calor e luz, e uma névoa ígnea cósmica (nebulosa) foi o resultado, enquanto o arquétipo-semente do Corpo de Desejos foi dado pela Hierarquia Zodiacal de Libra ou Hierarquia Criadora dos Senhores da Individualidade. No quarto Dia, que é o nosso Período Terrestre, foi acrescentado o germe da Mente, como dom da Hierarquia Zodiacal de Sagitário, a Hierarquia Criadora dos Senhores da Mente. Essa constelação (junto com partes de Escorpião) é o véu de estrelas localizado ante o centro invisível de nossa galáxia. As outras constelações estão implicadas nas atividades complementares da Alma e do Espírito (Ver o Conceito Rosacruz do Cosmos).

Desde o ponto de vista oculto, portanto, não dissemos mais que a verdade literal quando falamos da Humanidade como um Cântico de Deus, e o horóscopo sua carta musical, harmonizada com uma nota estelar ou acorde cósmico peculiar.

Foi dito corretamente que o Ego se harmoniza com a nota-chave de um dos Espíritos Planetários que estão ante o Trono de Deus, o Deus do nosso Sistema Solar. Por meio da meditação e do trabalho interno pode-se descobrir a referida nota-chave. E é certo que à medida que o Aspirante à vida superior continua crescendo espiritualmente esta nota básica aumenta em volume e intensidade até se converter em um canto vitorioso que vence a dissonância das configurações de Quadraturas ou Oposições do horóscopo, e se absorve em um coral triunfante.

A ciência oculta ensina que nos reinos elevados da música está o principal fator motivante de todo ser. Por meio da música desabrocham as flores e a vida vegetal é sustentada. Por meio da música os Seres Celestiais se comunicam uns com os outros: sua linguagem é o canto.

FIM


[1] N.T.: Clariaudiência é a habilidade da pessoa em ouvir sons nos Mundos suprafísicos. Uma pessoa que é clariaudiente ouve sons e vozes de reinos superiores e de outras dimensões que são inaudíveis para os outros.

[2] N.T.: A tuba auditiva ou Trompa de Eustáquio é um canal que liga a orelha média à faringe e que ajuda a manter o equilíbrio da pressão do ar entre os dois lados da membrana timpânica.

[3] N.T.: bulbo raquidiano, medula oblongata, medula oblonga ou simplesmente bulbo é a porção inferior do tronco encefálico, juntamente com outros órgãos como o mesencéfalo e a ponte, que estabelece comunicação entre o cérebro e a medula espinhal. Relaciona-se também com funções vitais como a respiração, os batimentos do coração e a pressão arterial; e com alguns tipos de reflexos, como mastigação, movimentos peristálticos, fala, piscar de olhos, secreção lacrimal e vômito (mais específico da área postrema).

[4] N.T.: ou órgão espiral ou, ainda, órgão de Corti que é o órgão sensorioneural da orelha interna, integrando cóclea. É um composto de células sensoriais (ou células ciliadas) e fibras nervosas que fazem sinapse entre si, além de estruturas anexas e de suporte. O órgão foi nomeado em homenagem ao anatomista italiano Marquês Alfonso Giacomo Gaspare Corti (1822–1876), que conduziu a pesquisa microscópica do sistema auditivo dos mamíferos e o descobriu em 1850.

[5] N.T.: Ondas longitudinais – são aquelas em que a vibração ocorre na mesma direção do movimento; um exemplo são as ondas sonoras. Na figura ao lado podes observar que a vibração provocada pela mão, tem a mesma direção da onda (São, ambas horizontais). Ondas transversais – são aquelas em que a vibração é perpendicular à direção de propagação da onda; exemplos incluem ondas numa corda e ondas eletromagnéticas. Na figura ao lado, observas um exemplo onde a vibração provocada é na direção vertical (para cima e para baixo) e a corda desloca-se na horizontal (da esquerda para a direita).

[6] N.T.: Humphrey Davy Findley Kitto, FBA (1897-1982) foi um estudioso clássico britânico. Seu tratado geral de 1952, Os Gregos, cobriu toda a gama da cultura grega antiga e tornou-se um texto padrão.

[7] N.T.: Heráclito (português brasileiro) de Éfeso (aproximadamente 500 a.C. – 450 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o “Pai da dialética”. Recebeu a alcunha de “Obscuro” principalmente em razão da obra a ele atribuída por Diógenes Laércio, Sobre a Natureza, em estilo obscuro, próximo ao das sentenças oraculares. Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do “tudo flui” e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda.

[8] N.T.: A tabela pitagórica (também chamada de tábua ou tabela da multiplicação) é um quadro de dupla entrada no qual são registrados os resultados das multiplicações, de uma vez um até 10 vezes 10. A multiplicação é uma operação matemática aprendida nos primeiros anos da escola. Existem dois métodos tradicionais para sua aprendizagem: as tabelas de multiplicação e a tabela pitagórica. Em que consiste? Em uma tabela são distribuídos dois eixos, um horizontal e outro vertical. Em cada um deles os números 1 a 10 são distribuídos e, em seguida, uma malha quadrícula com uma casinha é desenhada para cada multiplicação entre os números dos dois eixos. Em seguida, multiplicam-se os números do eixo horizontal com os do eixo vertical, posteriormente, coloca-se o resultado na casinha correspondente da grade. Qualquer um dos eixos ou colunas pode funcionar como multiplicando ou multiplicador. Uma vez que todos os números possam ser multiplicados, a tabela pitagórica está completa. A tabela pitagórica é mais visual do que a tabela de multiplicação tradicional. De qualquer forma, os dois sistemas de aprendizagem são válidos e complementares. Muitos professores ensinam as tabelas tradicionais e mais tarde explicam a mecânica da tabela pitagórica para reforçar a aprendizagem:

[9] N.T.: Também chamada de lei de Titius-Bode que é uma fórmula empírica que parte de uma progressão geométrica para determinar as distâncias dos Planetas do Sistema Solar, dadas em unidades astronómicas, em relação ao Sol.

[10] N.T.: Ferdinand “Rudolf” Thiel (1899-1981) foi um escritor alemão.

[11] N.T.: A Precessão dos Equinócios é o movimento cíclico realizado pela Terra ao redor do plano de sua eclíptica. A Precessão dos Equinócios é um dos vários movimentos realizados pela Terra e corresponde ao deslocamento circular efetuado pelo planeta em torno do eixo de sua eclíptica. Quando o Sol, na sua ronda aparente pela eclíptica, atravessa o equador celeste em março – o Equinócio de Março – ele “anda para trás “ contra o céu das estrelas fixas, cerca de 1 grau a cada 72 anos e ½ . A oscilação lenta do eixo da Terra sobre sua própria posição faz com que cada um dos polos trace um círculo cujo raio é de 230 ½ no céu; isso faz com que estrelas diferentes fiquem diretamente acima dos polos, durante cerca de 25.800 anos. Assim, podemos dizer que, a cada 2.160 anos, acontece uma nova Era. Se 2.160 anos atrás o eixo da Precessão do Equinócio se encontrava entre os Signo de Áries e o Signo de Peixes, podemos dizer que atualmente o ponto em Março do Equinócio se encontra entre os Signos de Peixes e o signo de Aquário, se movendo na direção de Aquário. Por essa razão, quando falamos em Era de Aquário não podemos definir com precisão o momento de seu início. Nenhum astrólogo ousaria definir com exatidão essa data. Talvez mais perto do ano 2.160.

[12] N.T.: É contado por meio do aparente movimento do Sol na abóbada celeste, em relação às 12 constelações zodiacais. A volta completa dura cerca de 25.920 anos, e cada idade ou era é marcada pelo alinhamento do Sol (e consequentemente todo o Sistema Solar) com uma das Constelações, e dura cerca de 2.148 anos, sendo marcada por suas características natas. Isso pode ser explicado através de um fenômeno chamado Precessão dos Equinócios, que é a oscilação da Terra ao redor de seu eixo, o que faz com que o norte aponte sucessivamente para diferentes estrelas no decorrer do tempo.

[13] N.T.: Marco Túlio Cícero (106 – 43 a.C.) foi um advogado, político, escritor, orador e filósofo da gens Túlia da República Romana.

[14] N.T.: Cláudio Ptolemeu, ou apenas Ptolemeu ou Ptolomeu (90 – 168), foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele é reconhecido pelos seus trabalhos em matemática, astronomia, geografia e cartografia. Realizou também trabalhos importantes em óptica e teoria musical.

[15] N.T.: Os nós de vibração de uma placa elástica fina formam linhas características da frequência específica que foi animada. A materialização dessas linhas com um pó, geralmente o pó de lycopodium, forma as figuras de Chladni. O nome das figuras origina-se do físico alemão Ernst Chladni. Uma vez a placa de metal fixada ao suporte, coloca-se areia e, em seguida, põe-se o dispositivo a vibrar, por exemplo, com um arco que é friccionado verticalmente na borda do prato. Com a fricção do arco, a placa vibra, a areia se move das zonas de vibração forte para as áreas onde a vibração é menos forte ou mesmo inexistente (os nós de vibração da onda estacionária), assim formando as figuras de Chladni.

[16] N.T.: Johannes Kepler (1571-1630) foi um astrônomo, astrólogo e matemático alemão. Considerado figura chave da revolução científica do século XVII é, todavia, célebre por ter formulado as três leis fundamentais da mecânica celeste, denominadas Leis de Kepler, tendo estas sido codificadas por astrônomos posteriores com base nas suas obras Astronomia Nova, Harmonices Mundi e Epítome da Astronomia de Copérnico. Essas obras também forneceram uma das bases para a teoria da gravitação universal de Isaac Newton.

[17] N.T.: Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um astrônomo e matemático polonês que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista e médico. Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente Teoria Geocêntrica (que considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia.

[18] N.R.: “A primeira lei de Kepler afirma que a órbita dos planetas que giram em torno do Sol não é circular, mas sim elíptica. Além disso, o Sol sempre ocupa um dos focos dessa elipse. Apesar de elípticas, algumas órbitas, como a da Terra, são muito próximas de um círculo, pois são elipses que apresentam uma excentricidade muito pequena. A excentricidade, por sua vez, é a medida que mostra o quanto uma figura geométrica difere-se de um círculo e pode ser calculada pela relação entre os semieixos da elipse.” “A segunda lei de Kepler afirma que a linha imaginária que liga o Sol aos planetas que o orbitam varre áreas em intervalos de tempo iguais. Em outras palavras, essa lei afirma que a velocidade com que as áreas são varridas é igual, isto é, a velocidade aureolar das órbitas é constante.”

“A terceira lei de Kepler afirma que o quadrado do período orbital (T²) de um planeta é diretamente proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol (R³). Além disso, a razão entre T² e R³ tem exatamente a mesma magnitude para todos os astros que orbitam essa estrela.”

[19] Jo 1:1

[20] N.T.: é a música de concerto, chamada popularmente de música clássica, é a principal variedade de música produzida ou enraizada nas tradições da música secular e litúrgica ocidental. Apesar do nome que remete a algo do ‘passado’ ou ‘antigo’, esta variedade de música é escrita também nos dias de hoje, através de compositores do século XXI que criam obras inéditas, originais e atuais. É aquela que se baseia principalmente na clareza, no equilíbrio, na objetividade da estrutura formal, em lugar do sentimentalismo exagerado ou da falta de limites de linguagem musical. A música clássica frequentemente se distingue pelo amplo uso que faz de instrumentos musicais de diferentes timbres e tonalidades, criando um som profundo e rico. Os diferentes movimentos da música clássica foram afetados principalmente pela invenção e modificação destes instrumentos ao longo do tempo. Embora a música clássica não tenha um “conjunto” de instrumentos necessários para que certos padrões de sua execução sejam preenchidos, os compositores escrevem suas obras tendo em mente diferentes conjuntos instrumentais: orquestras (composta por todas as famílias instrumentais acústicas: as cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo), as madeiras (flauta, oboé, clarineta, fagote, etc.), os metais (trompete, trompa, trombone, tuba) e a percussão (tímpano, gongo, xilofone etc.). Saxofone e violão eventualmente também participam de uma orquestra, além de pianos, órgãos e celestas. Para as orquestras são escritas as sinfonias. Quando se destaca um instrumento da orquestra que será a voz principal, para o qual a melodia foi composta, trata-se de um concerto. Mesmo destacando-se um instrumento ou conjunto de instrumentos nos concertos, a orquestra toda pode estar presente. As orquestras também realizam os acompanhamentos das óperas, que são compostas para a voz humana. A voz pode ser classificada da mesma maneira que os instrumentos, observando-se a extensão de notas alcançada por ela. As vozes mais agudas são chamadas “soprano”, as vozes mais graves são os “baixo”, que alcançam as notas mais graves)), conjunto de sopros (trompete, trompa, trombone, tuba), orquestra de câmara: Formada predominantemente por instrumentos de corda, podendo ter em algumas formações a presença de alguns sopros de madeira.

[21] N.T.: O Livro do Apocalipse, na Bíblia.

[22] N.T.: Hermes Trismegisto é uma figura mítica de origem sincrética. Essa figura mítica indica o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das letras do alfabeto e da escritura, escrita dos deuses e, portanto, revelador, profeta e intérprete da divina sapiência e do divino logos. Quando os gregos tiveram conhecimento desse deus egípcio, descobriram que apresentava muitas analogias com seu deus Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e o qualificaram com o adjetivo “Trismegisto” que significa “três vezes grandíssimo”. Na antiguidade tardia, especialmente nos primeiros séculos da era imperial (sobretudo nos séculos II e III depois de Cristo), alguns teólogos e filósofos pagãos, em contraposição ao Cristianismo galopante, produziram uma série de escritos, conhecidos como literatura hermética, apresentando-os sob o nome desse deus, com a evidente intenção de opor às Escrituras divinamente inspiradas dos Cristãos, como outras escrituras difundidas como divinas “revelações”. A literatura hermética hoje em dia está quase perdida.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lei do Renascimento: a Verdade e nada mais que a Verdade

O renascimento, para muitos, é apenas uma ideia ridícula e fantástica sobre aqueles que faleceram e retornaram em alguma forma grotesca ao Reino animal ou vegetal. Isso ocorre, sem dúvida, devido ao antigo ensino de Confúcio que, mais tarde, infelizmente foi mal interpretado. Nenhum verdadeiro seguidor de Confúcio alguma vez acreditou nisso, pois Confúcio nunca ensinou que sua avó pudesse reencarnar em uma vaca, um gato ou repolho. Somente aqueles que, em sua ignorância, riem dele pensam que os “chineses pagãos” admitam tal absurdo. Ele, de fato, acreditava na involução, a transferência de poder para um nível inferior e na evolução; que o mal da Humanidade se transformará em seres inferiores e o bem evoluirá para seres superiores.

Toda a criação evoluiu de uma substância — Deus. O fundamento da criação é o átomo da vida. Se toda a criação é construída a partir de átomos idênticos, como podemos explicar as diferentes formas que eles assumem? Em primeiro lugar, porque foi predeterminado pelo Criador. Mas essa explicação dificilmente basta.

Não há coisa alguma no universo que não tenha vida. Até o pavimento debaixo dos pés tem vida. Se não tivesse, não se desintegraria. Não há nada sem vida, sem vibração; porque vida é vibração e vibração é vida. A taxa de vibração de um determinado átomo depende da variedade de outros átomos que ele atraia para si e, portanto, da forma que ele assumirá.

Da inclinação do polo de um átomo (toda vida tem polo positivo e negativo) depende sua taxa de vibração. E a inclinação de seu polo depende do tempo que empregou em sua evolução. Portanto, os átomos que compõem o reino mineral tiveram o menor tempo em evolução e os do reino humano, o ser humano, o mais longo.

Contudo, a Bíblia nos diz que o ser humano foi criado por último. Verdadeiro. Não há qualquer coisa na Bíblia que não seja verdadeira, e literal, quando interpretada de maneira inteligente. A Bíblia e a afirmação de que o ser humano foi criado primeiro não estão em desacordo. Ambas estão corretas.

No início da primavera, plantamos o bulbo do açafrão. Em algumas semanas ele cresce, floresce, cai e murcha; mas, a rosa que deve florescer aproximadamente um mês depois do açafrão, nós devemos plantar no outono anterior. Portanto, a rosa é criada primeiro porque nós a damos à terra primeiro e é criada por último, nasce, porque é quando atinge a maturidade do seu último desenvolvimento.

Assim, como um pensamento Divino, um princípio Divino, uma vibração Divina, um átomo Divino, o ser humano foi criado primeiro; contudo, o ser humano como o conhecemos, plenamente desenvolvido, com posse mais ou menos consciente de todos os seus sentidos, faculdades e corpos, como um átomo atraindo para si um certo número de todos os átomos existentes, porque o ser humano é feito à imagem de Deus e Deus é tudo em tudo — tal ser humano foi criado por último do mesmo jeito que a rosa ostenta sua flor por último.

A ciência frequentemente chama a atenção e força a convicção em que os pensamentos mais elevados não conseguem. Vamos pegar como exemplo uma descoberta, o elemento químico rádio, para ilustrar o princípio do renascimento.

A força do elemento rádio não está no próprio elemento rádio, mas na emanação, ou gás, que a ciência extraiu dele. O ser humano é um átomo como o elemento rádio; um átomo composto. Ele é composto em maior grau apenas porque tem mais tempo de evolução, pois o elemento rádio também é composto. Se o elemento rádio não fosse composto, as emanações não poderiam ser separadas dele. Um processo natural no universo, a separação dos corpos superiores do ser humano do Corpo Denso, a chamada morte, pode ser comparada à separação do elemento rádio, pela ciência, das suas emanações.

O elemento rádio, do qual as emanações foram inteiramente extraídas, não seria diferente do elemento chumbo, a substância mais inerte conhecida na natureza. Essa substância, abandonada à natureza, iria se desintegrar em elementos. A isso pode ser comparada a desintegração do Corpo Denso do ser humano.

Contudo, o elemento rádio, diferentemente dos Corpos Densos, é precioso demais para ser abandonado à desintegração. A ciência o usa repetidamente, com novas emanações de átomos de vida regressando a ele. A ciência nunca fez e nunca poderá fazer algo fora dos limites naturais ou que seja contrário às Leis da Natureza. Mas, e por outro lado demonstra leis desconhecidas para ela. Assim, ela provou conclusivamente o retorno da vida à matéria. Da mesma forma, o princípio superior do ser humano deve renascer num Corpo Denso.

Mas o que acontece com as emanações ou átomos de vida, depois que eles saem do elemento rádio? Eles se unem ao Éter planetário. Os corpos superiores do ser humano vão para os Mundos Celestiais. O ser humano espiritual (Corpo de Desejos, Mente e o Tríplice Espírito) tem a mesma relação com os gases do elemento rádio, nos Mundos Celestiais, que o ser humano físico (Corpo Denso e Corpo Vital) tem com os minerais do elemento rádio, no mundo material (Mundo Físico).

Assim, o Criador está desenvolvendo TODA a criação para a perfeição suprema; as mesmas Leis da Natureza, perfeitas, inalteráveis e predeterminadas, governam um único átomo de vida ou um universo, o elemento rádio ou um ser humano, um sapo ou uma borboleta, um riacho ou as pedras sobre as quais ele balbucia. Cada um e todos têm o seu valor relativo e, como tal, todos e cada um devem alcançar sua perfeição relativa. Infelizmente, isso é difícil para algumas pessoas compreenderem — o Senhor da Criação deles fazendo leis apenas para quebrá-las por favoritismo ou falta de normas, influenciando Sua soberania.

Todas as Religiões ou doutrinas religiosas credenciadas, sejam antigas ou modernas, incorporam o princípio do renascimento; no entanto, originalmente divino, ele tem sido desvirtuado para atender às necessidades de credos e dogmas criados pelo ser humano.

A moderna doutrina ortodoxa é um bom exemplo. Aqui encontramos o princípio da ressurreição, mas ele não convence as Mentes lógicas e racionais de que ao som de trombetas os corpos que se tornaram pó e do pó sejam restaurados inteiros e perfeitos para as almas dos mortos neles reentrarem; nem convence de que de uma vasta multidão concebida em pecado e com apenas uma chance de se redimir, Deus salvará uns poucos escolhidos para habitar eternamente em uma Terra glorificada, jogando o restante na escuridão externa e no tormento eterno. Uma concepção assustadora de um Pai amável e gentil! E um equívoco terrível de uma grande e fundamental Lei da Natureza.

Aqueles que realmente mostram o caminho para sairmos da ignorância e das trevas e chegarmos até o conhecimento e a luz não pedem a nenhuma pessoa íntegra e racional que a alma humana aceite algo apenas pela fé ou por alguém ter afirmado. A Verdade, toda a Verdade e nada mais que a Verdade pode ser CONHECIDA se, por livre arbítrio, for buscada para poder ser vivenciada.

(Traduzida da Revista Rays From The Rose Cross de agosto de 1915 pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ação de Graças: Ecumenismo que Consola, Anima e Abre Perspectivas

Com fartas manifestações de ecumenismo, comemora-se na última quinta-feira de novembro o Dia Nacional de Ação de Graças.

Em todos os lugares do mundo onde essa data é comemorada e expressa por ações, as divergências existentes entre os diversos credos são deixadas de lado e seus mentores realizam conjuntamente cultos de Ação de Graças.

Essa união momentânea, em torno de um propósito comum, consola, anima e abre perspectivas, mesmo que ligeiras, se não de um perfeito entendimento, pelo menos de uma quebra de tensões. Pena que tal aconteça esporádicas vezes.

Ecumenismo é um belo vocábulo e uma ideia excitante. Entretanto, ainda não adquiriu aquela dinâmica própria do termo que ultrapassa os teóricos e inócuos limites do papel, para expressar-se na prática como um fato concreto.

De qualquer modo, para quem aspira à Fraternidade Universal, o ideal da Era de Aquário, essas manifestações já constituem um bom prenúncio. Frutos mais palpáveis por certo surgirão em tempos futuros, como consequência lógica desses esforços. O sentido mais profundo do ecumenismo não implica em, necessariamente, aceitar os princípios e dogmas alheios. Não! Configura-se no reconhecimento do direito de se abraçar qualquer credo ou filosofia e de respeitar toda e qualquer prática religiosa, desde que alicerçada na moral. É a compreensão dos vários estágios evolutivos em que se encontram os seres humanos.

“Os Anjos do Destino estão acima de todo erro e dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento”.

As Religiões e as Escolas filosóficas vêm atender as necessidades internas de determinados agrupamentos humanos. De tempos em tempos, a Humanidade, em sua escalada ascensional, recebe verdades mais profundas.

No passado, os mitos e as lendas foram os elementos dos quais as Hierarquias Criadoras projetaram conceitos básicos na Mente da Humanidade infantil.

Max Heindel ilustra, com muita propriedade, essa problemática com o exemplo da meta posicionada no cume da montanha e dos diversos serpenteantes caminhos que para ela convergem. A senda reta, porém, menos extensa e mais íngreme, simboliza o Caminho da Iniciação, preconizado pelas Escolas de Mistérios, dentre as quais destaca-se a Ordem Rosacruz.

O Cristianismo constitui uma notável ajuda, o grande impulso que recebemos. Cristo, todavia, em Seu ministério, ensinava a multidão por meio de parábolas, reservando a essência esotérica de Sua doutrina aos Discípulos, por pressuposto, Iniciados.

Ainda hoje, vemos a maioria da Cristandade limitada ao significado raramente exotérico da Religião. Notamos o comportamento humano ainda inculcado à Lei.

A ascensão espiritual realiza-se por etapas. Não é um processo repentino.

O próprio Cristo anteviu as dissidências e as lutas fratricidas que se fariam em Seu nome ao proclamar: “Não vos trago a Paz, mas uma espada“[1]. Sabia perfeitamente que o germe da separatividade medrava nos nossos corações. E que só depois de muito tempo as coisas tomariam um rumo diferente.

A ação do Cristo se faz sentir, paulatinamente, eliminando aos poucos os abismos cavados entre nós. E a Fraternidade Universal será rígida sobre as cinzas da separatividade, mesmo porque, na Era de Aquário, o Cristianismo Esotérico predominará como uma síntese completa e perfeita do pensamento religioso.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1973–Fraternidade Rosacruz–SP)

[1] Mt 10:34

(*) Pintura: 1º Thanksgiving (Ação de Graças) at Plymouth 1914 – por Jennie Augusta Brownscombe

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ação de Graças em Mount Ecclesia — O Levantamento da Bandeira

Estava um lindo dia e às onze horas todos nós nos reunimos em frente ao novo refeitório prontos para içar a bandeira da Fraternidade Rosacruz; Max Heindel então tomou a palavra:

“Embora numericamente sejamos poucos, os olhos que estão sobre este lugar nesta manhã são muitos e um evento que marcará época está prestes a acontecer. Seiscentos anos antes do início da era Cristã, uma onda de esforço espiritual foi iniciada nas costas orientais da Ásia; o Confucionismo começou então a lançar sua luz sobre os problemas das pessoas que viviam lá naquela época. Tornou-se para elas um trampolim para maiores realizações, pois era adequado àquela raça e de lá, em outra forma, foi para o oeste através do Índia e da Pérsia, até a Galileia, onde assumiu a atual roupagem da Religião Cristã e, como tal, foi promulgada em todo o mundo ocidental.”

“Mas, sempre houve um lado oculto em todas as Religiões: ‘leite para os bebês e carne para os fortes’ sempre foi a regra em todos os lugares, tanto nos tempos antigos como nos modernos, e os símbolos místicos que deram esse ensinamento mais profundo moveram-se junto à onda em seu caminho para o oeste. Seiscentos anos atrás, o avançado posto de mistérios ocidentais foi fixado na Alemanha e a Ordem Rosacruz começou a ensinar os poucos que estavam, então, prontos. Hoje, aquele posto quase completou seu trabalho, tanto quanto é possível naquele lugar. Está agora enviando outro posto avançado para as costas do Oceano Pacífico; aqui, na extremidade ocidental do nosso continente, a Fraternidade Rosacruz foi estabelecida como um centro Esotérico para preparar o caminho para a Ordem Rosacruz e algum dia, nós não sabemos quando, mas provavelmente na época em que o Sol entrar em Aquário, a própria Fraternidade Rosacruz surgirá e estará localizada em algum lugar nesta vizinhança.”

“Esta, então, é a última mudança nos continentes atuais e quaisquer futuros movimentos espirituais que possam surgir terão seu início em um novo ciclo em outros continentes, a ser elevado ao oeste e ao sul desta localização; portanto, estamos agora no final de um ciclo e no início de um novo. Estamos prestes a hastear a bandeira da Fraternidade Rosacruz, que é o símbolo espiritual mais elevado da Terra: a bela cruz branca com suas rosas vermelhas, a sua estrela dourada e um fundo azul-celeste. As cores primárias, em sua relação única e significando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, flutuarão sobre este lugar doravante até que a sua missão esteja cumprida, possibilitando a criação de veículos mais elevados. Queira Deus que uma multidão possa se unirem torno desta bandeira para guerrear contra a natureza inferior, para exaltar a vida superior, para trazer luz e cura ao mundo que agora geme de dor e sofrimento.”

A bandeira foi então hasteada e o Max Heindel continuou:

“Mas, enquanto tivermos fé, no devido tempo as trevas, a tristeza e o sofrimento cessarão e o glorioso Milênio, o Reino de Cristo mencionado na Bíblia, vai se tornar uma realidade; a ‘fé sem obras é morta’ e cabe a todos os verdadeiros construtores de Templos fazer o seu trabalho para que possamos tornar realidade esses ideais que esperamos. Portanto, nos reunimos hoje com o importante propósito de colocar a pedra fundamental, o primeiro bloco de concreto para o último Templo material a ser erguido no continente agora habitado por seres humanos. Notem, eu digo ‘o último Templo material’, pois é necessário para a nossa presente condição subdesenvolvida ter o edifício de concreto, antes de podermos construir sobre ele o verdadeiro Templo feito de corações humanos, do qual já falamos tantas vezes.”

“Em algum momento, como foi afirmado anteriormente, numa data futura, provavelmente quando o Sol entrar em Aquário, a Ordem Rosacruz se manifestará em toda a sua plenitude. Seus membros também construirão um Templo aqui, um Templo de potência muito maior do que jamais poderemos esperar para o nosso Templo ‘de concreto’; e nele será continuado o trabalho agora realizado no Templo da Ordem Rosacruz que hoje se encontra na Região Etérica do Mundo Físico, na posição referencial onde hoje está a Alemanha; talvez esse Templo possa inclusive ser transferido de lá. O autor não sabe ao certo, mas essa estrutura é inteiramente etérica. Nós, que somos incapazes de ver o Templo tal como ele aparece à visão espiritual, somos, naturalmente, obrigados a primeiro construir uma estrutura física como um tipo de esqueleto de um edifício verdadeiramente espiritual, que então se torna uma força no mundo. E se tornarmos este edifício material concreto bonito e inspirador, a inspiração que obtemos deste edifício visível se refletirá no nosso Templo espiritual invisível. Assim, a estrutura concreta é a ‘serva’ do trabalho espiritual.”

“Se compreendêssemos as linhas da força Cósmica, se pudéssemos ver como os Irmãos Maiores são, não teríamos a necessidade de construir assim uma estrutura de ‘concreto’, também não teríamos a necessidade de esperar muito tempo até que os materiais fossem colocados em suas devidas posições, mas nós poderíamos começar o trabalho de construção imediatamente; seríamos de uma vez por toda uma força para um grande bem no mundo, para a rápida libertação de Cristo; agora, porém, que não somos, devemos fazer o melhor que pudermos, isto é, criar uma estrutura material, incorporando linhas e princípios cósmicos, para que todos que entrarem em seus portais possam ser inspirados, e assim poderemos ajudar a todos para construir o Templo vivo invisível, que é a verdadeira assembleia de Cristãos, ligada pelos mesmos laços de doutrina de fé e sob a liderança de Cristo.”

“Esta manhã nos reunimos com o propósito de colocar a primeira pedra, a pedra que conterá todas as cartas e todos os documentos, juntamente com os escritos e a literatura tal como os temos atualmente na Fraternidade Rosacruz; isto proporcionará as idades futuras a razão sobre o motivo da construção desta estrutura e porque ela perdurou. Que Deus conceda que esta primeira pedra possa ser rapidamente seguida por outras pedras e que em breve possamos iniciar o trabalho e estar prontos para estabelecer a verdadeira Sede em Mount Ecclesia.”

“A Bíblia relata a visita dos Reis Magos no nascimento do nosso Salvador e a lenda completa a história contando-nos que Gaspar, Melchior e Baltazar, que eram os nomes destes sábios, pertenciam às três Raças na Terra, naquela época. É muito peculiar, para dizer o mínimo, que nesta importante ocasião também estejam presentes em Mount Ecclesia os representantes das Raças da Época Lemúrica, da Época Atlante e da Época Ária. Para uma Mente aberta, a presença de representantes das diferentes Raças no nascimento de Cristo esclarece o fato de que a Religião que Ele veio estabelecer é universal. Da mesma forma, a presença presente, inesperada e até o momento despercebida, de representantes das três grandes Raças em Mount Ecclesia parece um augúrio de que este grande movimento irá, também, se tornar um veículo universal de boas novas, de compreensão mais profunda e de um verdadeiro sentimento de companheirismo para todos os que vivem na Terra.”

Os presentes se dirigiram, então, para o local onde haviam sido empilhados areia e cimento e cada um, senhoras e senhores, participou da mistura do cimento, do transporte até a sala de espera decorada com folhas de palmeira e da confecção da pedra que formará o canto da Ecclesia, quando esta for iniciada.

(Publicado na Revista Rays from the Rosecross de dezembro de 1914 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renascimento: Verdadeiro em Todos os Sentidos

O renascimento é a única explicação lógica da existência física. Não só nos fornece uma concepção lúcida das várias discrepâncias da vida, mas, também, fornece um objetivo ou um propósito para nós, sem o qual todo o Esquema de Evolução se tornaria inútil e irrisório. Ninguém que, testemunhando as gloriosas maravilhas da natureza, poderia imaginar que um Criador com uma visão de amplitude e magnitude em projetar um universo tão vasto, o povoaria com pequenas marionetes, cuja única percepção d’Ele seria o medo, e o único tempo de vivência na terra seria meros, mais ou menos, setenta anos; na verdade, na maioria dos casos consideravelmente menos tempo ainda. E tão pouco Sua única “Palavra” poderia ser um registro que está inserido na Bíblia. É certo, não obstante, que encerra muitos conhecimentos ocultos inestimáveis. Esses conhecimentos se acham, em grande extensão ocultos, devido às interpolações e interpretações “tendenciosas”. As traduções da Bíblia não podem ter escapado do duvidoso reconhecimento da mutilação nas mãos da Religião e do Estado; embora, essas traduções foram e são agora pregadas literalmente pelos irmãos devotos de inúmeras seitas, e que são consideradas inquestionavelmente autênticas pelas multidões, que não têm a inclinação de estudá-las por vontade própria. É de admirar que o objetivo dessa existência física seja perdido no pântano do mal-entendido? E que o credo de que só o mais forte e o que teve mais sucesso se salvará é o fator dominante da civilização moderna? Afinal, para aprendermos o real significado do que está na Bíblia é indispensável estudarmos e aplicar o Cristianismo Esotérico, tal como preconizado pela Fraternidade Rosacruz.

Como podemos esperar que milhões de pobres trabalhadores, labutando seu dia dentro e fora de casa por um salário insignificante, que mal dá para cobrir suas necessidades corporais, desgastadas pelas doenças e enfermidades, possa amar e reverenciar um Deus que, por intermédio de suas “religiões”, não dá uma resposta satisfatória ao seu grito eterno de “Por quê”?

Eles são orientados a orar, mas eles são ensinados como orar? Não; e a única resposta dos responsáveis pela direção desses tipos de movimentos espirituais aos buscadores sinceros é: “É a vontade de Deus; não devemos questionar isso”. Assim, podemos imaginar que as pessoas se voltem apenas aos prazeres materialistas para se consolar, e se submergem nas alegrias superficiais que as invenções modernas os podem oferecer? No entanto, a explicação é tão simples: as leis gêmeas de Causa e Efeito que até mesmo a mentalidade mais infantil pode entender, e a seguindo pode ganhar paz mental e quietude. Essa verdade irá sufocar os rebeldes dissabores que assediam nossas Mentes e nos conduzem silenciosa, mas seguramente ao longo do caminho rumo à perfeição.

A vida não é mais do que uma escola na qual nós, os Egos, nos manifestamos por meio de um conjunto de veículos, aprendendo lições que, com o tempo, nos tornam dignos de pertencer ao Deus-Pai, nosso Criador. É somente renascendo e renascendo novamente nesta esfera física que podemos acumular experiências empíricas que resultam em um completo desenvolvimento físico, mental e espiritual. Seria possível prever que um indivíduo fizesse isto num corpo de 60 anos? Não seria razoável que ele esperasse e levando em consideração as limitações do ambiente, potencialidades mentais, etc., é impossível. Contudo, aqui é onde a verdade do renascimento é capaz de provar, conclusivamente, sua argumentação de autenticidade. Como estudamos na Bíblia: “Como semeastes, assim colhereis[1], e é exatamente isso que significa a Lei de Causa e Efeito. Nenhum de nós pode receber da vida nada mais além daquilo que depositamos, e assim, todos nós descansamos inteiramente nas condições e circunstâncias que deveremos reencarnar aqui: como semeamos nessa vida, assim colheremos na próxima.

Quando herdamos um Corpo Denso defeituoso, não é necessário culpar nossos antepassados, pois só podemos criar seu habitat em um corpo que nós mesmos aprendemos a construir e controlar. Os pais fornecem os materiais que nós precisamos e os utilizamos da melhor maneira possível. Se construímos um Corpo Denso com um mecanismo defeituoso para esta vida, podemos concluir que os erros de uma vida anterior nos limitaram a isso, de uma mentalidade pobre, físico fraco ou é mostrada qualquer que seja a falta. Nada é feito sem uma causa justa, pois essa Lei é muito precisa e não conseguiremos ludibriá-la. Qualquer esforço colocado em determinada coisa, colheremos sua recompensa; agora ou mais tarde; portanto, hábitos vividos e pensados erroneamente também terão sua avaliação a semelhantes casos.

Assim, podemos ver do que foi exposto, que as condições do mundo de hoje são o resultado de nossos esforços coletivos passados, e o que está por vir, está sendo criado agora por nós. Nós, e somente nós, somos os únicos culpados pelas circunstâncias angustiantes pelas quais todos nós estamos passando, e quando percebermos esse fato, mesmo que por razões egoístas, o incentivo virá como segurança coletiva no futuro.

Eu sou um Deus justo[2], afirma a Bíblia, e o renascimento é visto a partir da concepção, sendo ela verdadeira em todos os sentidos. A culpa recai sobre nós, cujo ponto de vista é tão estreito que requer uma ideia restrita do grande plano, e vendo somente uma parte dele, erroneamente concluímos que não há justificativa para as nossas provações e tribulações, ou mesmo aceitar nossas misérias ou alegrias sem questionar.

Esse é apenas um breve esboço dessa grande verdade, concluindo que até que o conhecimento do renascimento seja compreendido e aceito, a Fraternidade Universal só pode ser um ideal abstrato, em vez de uma realidade concreta.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1940 – traduzida pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Mt 13:3-9

[2] N.T.: ‎Rm 1:17, ‎Sl 103:6,  ‎Dt 32:4

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Céu dentro de Nós

A Fraternidade Rosacruz é uma Escola de Cristianismo Esotérico, isto é, diferente do Cristianismo Exotérico ou Popular. Ela procura transferir as realidades do Cristianismo para o interior de cada indivíduo, visando convertê-lo no centro de uma realidade espiritual, num microcosmo, feito à imagem e semelhança de Deus em realidade. Afinal: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?[1].

Esse reino interno de Cristo é concebido por Virgem, a Virgem Celestial, em cooperação com José. Virgem é o símbolo da pureza e do serviço e mostra que o Cristo se forma pela pureza e serviço amoroso e desinteressado, mediante o esforço bem orientado da vontade humana consciente (José).

A história de Cristo Jesus é a nossa. Jesus nasceu em Bethlehem (“casa do pão”), o Corpo Denso. Somos nós, o Espírito interno, que aguardamos a nossa purificação ou o nosso batismo, a fim de que comecemos, de fato, a dirigir nosso destino. Depois é tentado, transfigurado e, finalmente, entra em Jerusalém (Jer-u-salém, “onde haverá paz”), e ali Seu primeiro ato foi expulsar os mercadores do Templo, mostrando que para haver paz dentro do Templo do nosso Corpo é preciso limpá-lo dos desejos, sentimentos e das emoções inferiores.

Nessa trajetória, Cristo Jesus pregou e curou, vivendo os mandamentos básicos da Sua mensagem e mostrando os meios de elevação para cada um de nós: autoaperfeiçoamento e serviço amoroso e desinteressado ao próximo, esquecendo os defeitos desse e focando na divina essência oculta nele, que é a base da Fraternidade. Por isso chamou os hipócritas fariseus de “túmulos caiados de branco por fora e podre por dentro[2].

Para nós, Estudantes Rosacruzes, Cristo é o ideal que buscamos atingir, ajudados pelos Ensinamentos Rosacruzes, tal como foram fornecidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, conhecedores da natureza humana e que nos previnem racional e devocionalmente como realizar essa gigantesca tarefa.

Não é uma Escola para a maioria, compreendemos, mas para verdadeiros Aspirantes à vida superior que buscam a realização pelo Cristianismo Esotérico, escolhidos por seus valores morais, pela sinceridade de propósito, provados na prática do trabalho coletivo. Não é certo que “pelos frutos se conhecem árvores[3]?

O Cristianismo Popular (Exotérico) ainda não compreendeu esse sentido ativo que ele deve imprimir a cada seguidor. “Ajuda-te que Deus te ajudará[4]. “Tome o Reino de Deus por assalto[5].

No Evangelho segundo S. Lucas (6:45) estudamos: “O homem bom, do bom tesouro do coração, tira o bem; e o mau, do mau tesouro tira o mal porque a boca fala do que está cheio o coração”. O que presenciamos atualmente que amostra nos dá dos corações dos seres humanos?

No entanto, os erros dos outros não justificam os nossos. Dizer que somos compelidos a errar por força das circunstâncias ou do meio em que vivemos é uma desculpa irrazoável. Afinal, a “ocasião não faz o ladrão”, mas, simplesmente, mostra o que a pessoa realmente é. Afinal, a ocasião faz o ladrão só quando há uma decisão para ser um ladrão; assim, não é a ocasião, mas o possível ladrão que decide. Portanto, a decisão continua a ser determinada pela pessoa e nunca pela circunstância. Uma pessoa pode e deve ser um Cristão consciente em qualquer meio, embora pareça difícil manter a coerência interna e externa. É uma questão de prudência e de boa compreensão do Cristianismo Esotérico.

Por outro lado, a elevação da pessoa não é tarefa impossível. Muitas a realizaram e nós também podemos levá-la a efeito. Uma história para ilustrar essa possibilidade: contam que certo embaixador, na antiguidade, visitou o rei de Esparta, que lhe mostrou toda a cidade. No fim da excursão o visitante estranhou: “Mas, onde estão as famosas muralhas de Esparta? O rei lhe respondeu: “Volte amanhã que lhe mostrarei”. No dia seguinte o rei levou o visitante às planícies fora da cidade, onde os Espartanos faziam exercícios, com escudos e lanças reluzindo ao Sol. Mostrando os soldados, disse o rei: “Eis as muralhas de Esparta. Cada homem é um tijolo”. E nós dizemos: “orai e vigiai[6], agindo como um real Cristão, no próprio aprimoramento interno e na prestação do serviço amoroso e desinteressado ao irmão e a irmã que estão ao seu lado, sempre focando na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, o melhor possível cada dia que passa e verá como se forma um “homem novo[7] de pequenos esforços, constantemente alinhados num plano de regeneração. Ao mesmo tempo passaremos a constituir, cada um de nós, um tijolo na obra de reerguimento do mundo, de que a pedra angular é o Cristo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1963-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: (ICor. 3:16)

[2] N.R.: Mt 23:27

[3] N.R.: Lc 6:44

[4] N.R.: Mt 7,7-8

[5] N.R.: Mt 11:12

[6] N.R.: Mt 26:41 e Mc 13:33

[7] N.R.: Ef 4:22-24 e Cl 3:10-11

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A Vida Bem-sucedida

Todos querem o sucesso, mas isso tem um significado diferente para cada um. Certos padrões gerais que são aceitos em várias épocas são alterados à medida que evoluímos.

Na antiga Lemúria, os mais precoces eram instruídos nas ciências físicas, nas artes e nos ofícios. Esse ensinamento floresceu na nossa civilização ocidental. Antes dessa época, éramos Espíritos livres, livres do tempo e do espaço. Mas, quando o Ego entrou no Corpo Denso e se tornou o seu espírito residente, ficamos aprisionados. Durante toda a Época Atlante e grande parte da atual Época Ária eram necessários meses para percorrer distâncias comparativamente curtas na superfície da Terra. Agora (em 1912), praticamente conquistamos o espaço mediante o domínio das Forças da Natureza; o telégrafo, por exemplo, quase aniquila o espaço e o tempo.

Nessas épocas passadas, o padrão de sucesso era diferente do padrão atual e, no futuro, haverá ainda outro critério. Se é verdade que a produção nunca foi tão vasta como atualmente, também é geralmente aceito que as condições ideais da época medieval foram sacrificadas, pois naquele período o artesão trabalhava pelo puro prazer de criar. Tal como o herói da obra “Uma Estranha História” de Bulwer[1], cuja atividade era curar e para quem os honorários eram apenas casuais; ele não trabalhava apenas por causa de outra pessoa, mas em cada obra infundia algo da sua Individualidade, que fazia parte de si próprio. Trabalhava muitas horas, mas nunca resmungava, porque o dia passava rápido enquanto o seu canto alegre rivalizava com o canto do martelo na bigorna ou o seu assobio procurava abafar o assobio da serra ou da lima. Não controlava o tempo que demorava para cumprir a sua tarefa.

A única preocupação dele era que, quando terminado, o seu trabalho estivesse bem-feito. Por isso, as obras de um mestre de qualquer ofício eram justamente admiradas pelos seus concidadãos e eram objeto de disputa por parte dos seus aprendizes e operários. Atingiam um nível de excelência que ainda hoje nos faz admirar.

Hoje em dia nos afastamos muito desse antigo critério de sucesso; a saber, a “eficiência criativa”, e estabelecemos um novo padrão — a “eficiência acumulativa”. Crescemos desprezando o trabalhador e bajulando o ser humano que pode ganhar um milhão em um dia, controlando o abastecimento alimentar do mundo. E o trabalhador enlouqueceu com a mesma doença; não se preocupa com o seu trabalho e o considera uma maldição. Trabalha por dinheiro, contra o tempo e é tão miserável à sua maneira como o ser humano cujas riquezas estão penduradas na balança da bolsa de valores. Ele odeia os ricos, os ricos o odeiam e ambos olham com pena ou desprezo para os artistas e inventores idealistas que ainda trabalham muito tempo por amor e independentemente do dinheiro.

Assim, é evidente que o atual padrão de sucesso não é satisfatório. Também é evidente que não podemos voltar às condições antigas, por isso a questão das questões para o mundo resolver é: de que forma podemos alcançar o sucesso permanente? Quando tivermos encontrado um novo e melhor critério de sucesso e começarmos a vivenciá-lo, então haverá uma nova era. O Cristo estabeleceu o padrão de grandeza para essa nova era quando disse: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, que seja o servo de todos[2]; nessa era os seres humanos competirão entre si para serem úteis, como agora procuram rivalizar entre si na aquisição de riquezas. É, portanto, a razão pela qual esse princípio de serviço se tornou o ponto crucial do ritual usado pela Fraternidade Rosacruz, porque se queremos ser os pioneiros de uma ordem mais elevada de coisas, devemos começar a praticar seus princípios básicos pelo menos em alguma medida.

É um fato bem conhecido de todos nós que, em qualquer ramo de atividade, precisamos ter experiência antes de podermos ser úteis. Por conseguinte, é pertinente perguntar: que qualificações são necessárias para ser útil ao nosso semelhante?

Em primeiro lugar, devemos compreender que não é necessário ir ao estrangeiro para procurar a quem podemos servir entre os estrangeiros. Toda a nossa procura será em vão enquanto não tivermos cumprido o dever mais próximo.

Não percamos o nosso tempo ansiando por mundos longínquos e brilhantes para conquistar. O nosso trabalho é onde estamos. Se pudermos ajudar a tornar os seres humanos melhores, eles, por sua vez, tornarão as condições melhores. Para esse efeito, consideremos as ferramentas com que temos de trabalhar — os nossos Tríplices Corpos. Certos corpos, como as ferramentas, devem ser “afiados” pelo cuidado que lhes damos. O Corpo Denso é feito de substância química (sólidos, líquidos e gases) e a sua palavra-chave é a inércia. O Corpo Vital é feito de Éter e a sua palavra-chave é o ritmo. O Corpo de Desejos é feito de matéria de desejo e a sua palavra-chave é a emoção. Para vencer a inércia do Corpo Denso, devemos espiritualizá-lo e construí-lo com o melhor e mais leve material. É verdade que não é o que entra na boca que contamina, mas o estado de espírito que exige alimentos grosseiros é que contamina.

Para acentuar o ritmo do Corpo Vital devemos usar o princípio da repetição e orar sem cessar.

Depois, vem o Corpo de Desejos, o armazém da energia que move o mundo. Quando escapa do controle, surge aquele estado de sentimento ou estado de espírito em um determinado momento, geralmente dominado por uma única emoção forte, por vezes destrutivo e além da medida. No entanto, não devemos matar este sentimento, mas, isso sim, transmutá-lo e direcionar a sua energia para um esforço válido.

Olhamos para o mundo através da nossa própria atmosfera, que dá cor a tudo o que vemos. Se os nossos vizinhos nos parecem pequenos e mesquinhos, vejamos se não há alguma mesquinhez em nós e, segundo o princípio do diapasão, o mal em nós pode ter originado o mal correspondente neles. Esse é realmente o segredo do nosso sucesso ou fracasso na vida: recebemos o que damos.

O ser humano que é pequeno e mau encontra esse mesmo aspecto nos outros. Considera-se um ser humano muito maltratado e o mundo inteiro mau, quando é ele que tem a culpa. Por outro lado, o ser humano com uma disposição solar olha através da sua aura de Sol e de alegria; ele irradia alegria e a chama em todos os que encontra; assim, ele é uma fonte de alegria e de boa vontade, um fator de elevação em todos os Mundos. O Corpo de Desejos pode ser limpo e o estado de sentimento ensolarado pode ser cultivado. Não critiquem nem encontrem defeitos, não se preocupem nem tenham medo. Contemos as nossas bênçãos e sejamos gratos; assim vamos aumentá-las.

As nossas vidas estão nas nossas próprias mãos; podemos fazer delas o que quisermos. Mas, a maneira de começar é nos esforçarmos para que nunca deixemos passar por nós um dia em que não tenhamos ajudado alguém; à medida que ajudamos, descobriremos que as nossas oportunidades de serviço aumentarão; a nossa capacidade também vai aumentar e as nossas vidas serão, assim, um sucesso.

Assim, podemos dizer que uma vida bem-sucedido é uma vida de serviço a todos e na medida em que vivemos de acordo com esse padrão, estamos vivendo uma vida bem-sucedida.

(de Notas não Publicadas de Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/fevereiro de 1999 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: de Edward  Bulwer-Lytton. Bulwer-Lytton sempre acalentou o projeto de abordar o tema da imortalidade, junto com outras questões metafísicas e filosóficas, numa obra mais profunda. O seu Conto de Kosem Kesamim, como ele mesmo revelou, deveria ser posteriormente reelaborado numa obra mais pretensiosa, e para o autor a principal dificuldade deste projeto seria “evitar que se tornasse uma mera imitação do Fausto”. Tudo leva a crer que este projeto resultou nesta Uma Estranha História, obra que junta ficção científica, romance, mistério de assassinato, introspecção sobre o sentido da vida e espiritualidade, intercalada com preocupação social. Escrita vividamente no contexto filosófico histórico da era vitoriana, trata do tema espiritualidade, da busca alquímica da imortalidade, sem cair nos clichês das novelas góticas da época. Este romance, por ocasião de sua publicação em partes na revista norte americana Harper’s Weekly em 1861, recebeu elogios de Charles Dickens, que escreveu a Bulwer Lytton em uma carta de 18 de dezembro de 1861: “E eu digo: o mais magistral e o mais admirável! (…) Não pode haver dúvida da beleza, poder e excelência artística de todo o romance. Sua carreira mostra que mesmo a riqueza e o nascimento elevado nem sempre sufocam o gênio” (Harper’s Weekly, 10 de agosto de 1861, vol. V., n. 241). No transcorrer da trama, há referências aos Rosacruzes, alquimistas, sábios e adeptos que eram “versados nos mistérios da natureza”, levando o leitor a se perguntar se eles estão entrelaçados na história porque talvez estariam historicamente conectados através de um propósito benevolente maior para a humanidade. O livro “Uma Estranha História” foi descrito como “‘um romance baseado em alguns reflexos da realidade’”, com “alguns grãos de verdade” entre “as porções de mistério, suspense e romance inseridas para dar efeitos dramáticos”, elementos que o tornaram um escritor de sucesso com histó­rias que encantaram seus leitores e se tornaram best-sellers. Em certo trecho da obra, o herói Allen Fenwick se pergunta: “Existem em mim sentidos mais refinados do que aqueles que cultivei ou sem perspectivas de conhecimento que instiga, além de meus sentidos, o divino?” A história põe em discussão o desenvolvimento da ciência além da filosofia e da religião, espiritualidade — com referências à ciência do raciocínio indutivo de Francis Bacon.

[2] N.T.: Mc 10:43; Mt 20:26; Lc 22:24

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As Nossas Glândulas de Secreção Interna

Muita ajuda vem sendo fornecida à nós pelas Hierarquias Criadoras por meio das Glândulas Endócrinas. As Glândulas Endócrinas não têm aberturas, tubos, nem condutos para excretar suas secreções. Descarregam nas diretamente no sangue e nos vasos linfáticos que as permeiam. As Glândulas de Secreção Interna são chamadas Glândulas Endócrinas ou glândulas produtoras de hormônio.

As glândulas e o sangue são manifestações especiais do Corpo Vital. Embora cada uma das glândulas tenha um trabalho específico a realizar, todas elas trabalham em perfeita harmonia quando normais e em boa saúde. As Glândulas de Secreção Interna são de interesse particular para os Estudantes do ocultismo, porque podem ser chamadas em certo sentido, “as sete Rosas” na cruz do corpo e por estarem intimamente relacionadas com o desenvolvimento oculto da Humanidade.

Quer saber mais e como usar esse conhecimento? Acesse aqui: As Nossas Glândulas de Secreção Interna

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Por que os Homens comem mais do que as Mulheres?

Investigações da quantidade de alimentos habitualmente ingeridos por homens e mulheres, respetivamente, mostraram que os homens comem mais do que as mulheres; as tentativas feitas para regular esse fato, na suposição de que fosse um desejo anormal de alimentos por parte dos homens que causava essa discrepância, mostraram que os homens geralmente necessitam de mais alimentos do que as mulheres; os cientistas esforçaram-se para descobrir a razão disso, mas, até agora, não obtiveram sucesso e apenas podem registrar o fato.

Devemos admitir que os cientistas são muito engenhosos e meticulosos em seus esforços para chegar à verdade do seu ponto de vista com os meios de que dispõem. Nessa investigação, tiveram o cuidado de excluir todos os atletas e de selecionar homens e mulheres com aproximadamente a mesma altura e peso, de modo que a superfície corporal fosse presumivelmente a mesma. Os seus sujeitos estavam com boa saúde e, em todos os aspectos, o caso de um parecia uniforme com o do outro.

Observou-se que as mulheres geravam 1355 unidades de calor em vinte e quatro horas, contra 1638 unidades de calor produzidas pelos homens, ou cerca de dois por cento a mais para esses últimos, por quilo de peso corporal. Os homens produziram aproximadamente doze por cento mais calor do que as mulheres e, embora os investigadores não estejam preparados para fazer quaisquer declarações muito decisivas ou enfáticas sobre o resultado das suas investigações, a opinião deles parece estar baseada no aparente fato de que a diferença no consumo de alimentos possa estar ligada ao fato de os homens serem mais ativos do que as mulheres, terem mais tecidos ativos no seu corpo e menos gordura.

Esse é apenas mais um caso em que os cientistas estejam condenados ao fracasso, porque levam em consideração apenas o Corpo Denso que podem ver, sentir e medir. O ser humano, porém e decisivamente, não é esse corpo, o qual é apenas uma vestimenta para ele. Além disso, é o seu veículo mais denso e mais inerte. Se não fosse interpenetrado pelo Corpo Vital, composto dos quatro Éteres, seria tão inerte quanto uma pedra. De fato, sabemos e notamos a diferença entre o peso morto e o peso vivo; como é mais fácil carregar um fardo vivo de um determinado peso do que um material morto com o mesmo peso, porque o primeiro tem um Corpo Vital composto de Éter.

É claro que os investigadores científicos têm razão quando falam da inércia dos tecidos adiposos, mas não há fundamento para a afirmação de que as mulheres estejam mais sujeitas a isso do que os homens. A explicação da diferença no consumo de alimentos reside no fato de a mulher ter o Corpo Denso negativo e o Corpo Vital positivo e, por isso, assimilar melhor os alimentos do que o homem, necessitando, consequentemente, de uma menor quantidade; enquanto o homem, cujo Corpo Denso é positivo, tem um Corpo Vital negativo e, por isso, não é capaz de assimilar tão bem como a mulher. Além disso, as unidades de calor que ele absorve com a maior quantidade de alimento são rapidamente irradiadas por ele, enquanto são retidas por mais tempo pela mulher. Por isso, o homem, como já foi dito, gera 12% mais calor em 24 horas do que a mulher. Mas, o homem desperdiça, enquanto a mulher utiliza na sua economia e, por isso, consegue sobreviver com menos comida.

No livro Conceito Rosacruz do Cosmos, em que abordamos esse e outros pontos relacionados à nutrição, demos uma série de exemplos que mostram a diferença entre a ação de um Corpo Vital positivo e a de um Corpo Vital negativo, tal como possuído pelos sexos feminino e masculino, respectivamente. Só tendo em conta o Corpo Vital positivo da mulher é que podemos explicar o fato de ela se manter quente com menos roupa do que o homem, enquanto o homem, devido ao seu Corpo Vital negativo que permite a radiação do calor em maior medida do que o Corpo Vital positivo, necessita de roupas mais quentes.

É um truísmo que vivemos não pelo que comemos, mas pelo que assimilamos e, por causa do Corpo Vital positivo, a mulher tem certamente a vantagem nesse aspecto. Verifiquemos, no entanto, que os homens de inclinações espirituais e devocionais, homens que estão realmente vivendo a vida espiritual, estão, assim e em certa medida, mudando a polaridade do seu Corpo Vital, de modo que ele se torne gradualmente mais e mais positivo. Isso não se realiza em uma só vida, mas em uma sucessão de vidas; finalmente chegará uma fase em que a distinção que foi notada pelos investigadores científicos desaparecerá.

Acredito, ou melhor, se sabe que se essas investigações científicas tivessem sido efetuadas há alguns milhares de anos, a diferença teria sido muito mais acentuada. Porque, se a mulher ainda não tinha atingido o seu nível atual, o homem também não e estava muito mais atrasado.

Os últimos dois mil anos de altruísmo crescente sob a Religião Cristã fizeram maravilhas para tornar os homens menos brutos e as mulheres mais refinadas; dentro de algumas centenas de anos, quando chegarmos, por Precessão dos Equinócios, à cúspide de Aquário (o “Filho do Homem”) essa distinção terá, provavelmente, cessado e o homem e a mulher estarão em pé de igualdade no que diz respeito à finura dos seus veículos.

Lembrem-se, porém, de que “o homem não vive só de pão[1]. Quanto mais elevados forem os pensamentos que tivermos, menos grosseiros e materiais seremos. Por isso, podemos pegar o tempo pelo antebraço e, através de pensamentos puros, refinar os nossos veículos; à medida que o fizermos, precisaremos de menos alimentos terrenos. Essa é a linha de aperfeiçoamento tanto para homens como para mulheres.

(de Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho de 1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Mt 4:4

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Um Método Mental para Regular os Intestinos

O seguinte método para estabelecer a regularidade normal dos intestinos provou ser infalível no meu caso. Descobri isso através de um processo de dedução baseado em certos fatos científicos. Descobri que a irregularidade dos intestinos se deve principalmente a pensamentos negativos. Algum tempo antes disso, comecei a estudar Astrologia. Então descobri que os intestinos são regidos por Virgem e que Mercúrio, o Planeta mental, é o Regente de Virgem. Por conseguinte, as funções dos intestinos são regidas por Mercúrio e a sua atividade depende da atividade mental.

O que se seguiu foi a aplicação prática desses conhecimentos. Após análise, descobri que tinha por hábito ter pensamentos negativos de manhã e, muitas vezes, durante a tarde. O problema era acabar com essa condição mental negativa. Consegui através de um exercício mental realizado todas as manhãs depois do café da manhã. Eu colocava uma série de objetos, em número de dez a vinte e cinco, em uma prateleira ou mesa, depois eu os observava bem rapidamente e me afastava para tentar recordá-los por ordem. Mais tarde, substitui esses objetos por uma série de cartões e por um sistema de memorização que tinha aprendido.

Eu pegava as cartas e memorizava uma a uma até ter memorizado um determinado número. Depois invertia o processo e me lembrava delas, uma a uma, até ter memorizado todas. O resultado líquido dessa concentração mental era estabelecer um estado de pensamento positivo que, por sua vez, estabelecia subconscientemente as condições necessárias para induzir a ação normal dos intestinos. O tempo necessário para se dedicar ao exercício mental varia, dependendo do fato de estarmos mentalmente alerta ou não. Normalmente, memorizar quinze cartas é suficiente, embora no início ou quando nos sentimos particularmente aborrecidos ou deprimidos seja necessário até cinquenta. É claro que o sistema de memória é meramente uma conveniência da memorização e não uma parte essencial do processo.

O grande ponto a observar é que a vigilância mental é o elemento fundamental e tudo o que é necessário é estabelecer isso. No entanto, a vigilância mental e o pensamento positivo não devem ser confundidos com tensão ou excitação mental. A vigilância mental necessária é de um tipo calmo e estável. O tipo que prevalece em uma conversa animada ou discussão com outra pessoa não servirá de modo algum para estimular a atividade intestinal. Na verdade, produzirá o efeito oposto, porque envolve um certo grau de tensão mental ou excitação que é fatal para o objetivo pretendido. O relaxamento físico é uma ajuda e indica que não há tensão mental presente para interferir no processo.

Também é bom estabelecer uma condição mental e positiva logo após se levantar de manhã e não adiá-la até estarmos prontos para começar o exercício, pois esse adiamento exigirá que se dedique muito mais tempo a ele.

Recomendo muito este método de cura a todos os que se sentem incomodados com a eliminação defeituosa e o consequente auto-envenenamento. O princípio envolvido é fundamentalmente correto e o sucesso na sua aplicação depende apenas do rigor na execução do exercício. Outros métodos podem obter o mesmo resultado, mas, após análise, vamos verificar que eles incluem e, em última análise, dependem do princípio aqui exposto.

Não afirmo que este método seja necessariamente original da minha parte, mas apenas que nunca ouvi falar dele.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro de 1919 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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