Somos apologistas do trabalho em equipe. Observamo-lo portador de inúmeras vantagens, como, por exemplo, o alcance de um rendimento máximo em tempo mínimo, mediante o aproveitamento racional das qualidades e aptidões de cada um em função do todo. Além disso, sua ação faz-se sentir individualmente, revertendo em benefício de cada um, em forma de disciplina, solidariedade, harmonia, companheirismo e expansão natural das próprias qualidades.
Mas, não se pense que o desenvolvimento do trabalho em grupo ou em equipe depende, única e exclusivamente, da aglutinação de pessoas dotadas de capacidade para realizar a obra proposta. Não. Não é tão simples assim. Certas aptidões, conhecimentos e habilidades são importantes e desejáveis. Mas, por si só não asseguram o êxito final de um trabalho coletivo. Há certos requisitos prioritários, tais como: boa vontade, sinceridade, desprendimento, altruísmo, harmonia, ausência de personalismo e outros. São essas qualidades, de natureza moral, que possibilitam a um grupo relativamente heterogêneo empreender e concretizar obras de vulto, num sentido comum.
É importante, na quadra atual, cada um meditar sobre isso, e perguntar-se: “Estou preparado para trabalhar em equipe?” Sempre estão se formando novos Grupos de Estudos Rosacruzes Informais e Formais e muitos estão se tornando Centro Rosacruz. E por meio deles os Estudantes Rosacruzes têm oportunidade de contribuir com sua parcela de esforço para a disseminação do Ideal Rosacruz.
O Método Rosacruz de Desenvolvimento oferece meios de realização estritamente individuais, objetivando o aprimoramento espiritual do Aspirante à vida superior, de modo a permitir-lhe transcender os entraves internos separatistas, integrando-o cada vez mais no puro sentido de equipe.
Todos temos alguma coisa a realizar, pois o mundo necessita de pessoas responsáveis, decididas a arregaçar as mangas e trabalhar. Não fiquemos aguardando o surgimento de condições favoráveis. Não esperemos o emergir do amanhã acenando-nos com as oportunidades. Essas já estão por aí à espera da nossa decisão. Nos dias que correm o “futuro é hoje”. E o trabalho deve ser realizado “aqui e agora”!
Se você quiser saber como deve funcionar um trabalho em grupo ou em equipe típico Rosacruz (pautado, logicamente, nos preceitos aquarianos) leia e estude esse material elaborado por um antigo Probacionista:
A Libertação Através Do Trabalho Em Grupo
“Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e a Luz do mundo”.
Max Heindel
O conhecimento, em todos os seus aspectos, é a base reconhecida do progresso. À medida que novos fatos são descobertos, novas leis são formuladas, a tecnologia vai se aperfeiçoando e as evidências do progresso se manifestam. Desse modo o ser humano vai obtendo tudo o que previamente lhe parecia impossível. Tal acontece porque novos fragmentos de conhecimento em um campo provê a chave do mistério existente em outro campo. Consequentemente, em virtude do interrelacionamento comum entre todas as fases da vida e do conhecimento, quanto mais o ser humano sabe a respeito de determinado assunto, mais poderá saber a respeito dos outros. Assim, a luz do conhecimento cresce e se torna mais brilhante.
Muitos problemas da vida, mercê dessa transferência de capacidade e interrrelacionamento de conhecimento, são resolvidos satisfatoriamente. Mas, o progresso aí está, constantemente desafiando o ser humano com novas e diferentes situações que inevitavelmente suscita. Os novos problemas vão tornando mais amplos, envolvendo mais pessoas, abrangendo maiores horizontes e exigindo soluções mais rápidas. As conquistas da técnica e da ciência, aproximando cada vez mais e identificando os diferentes grupos humanos, fazem com que cada acontecimento afete a todos. É evidente que a humanidade está sendo submetida a um processo evolutivo acelerante. Os sinais apontados são o início desse processo.
Ninguém sabe tudo – nenhum ser humano, por mais disciplinado, inteligente e dono de seu tempo que seja, pode hoje aprender tudo o que está à disposição do conhecimento humano. Ninguém, por mais poderoso e influente, não poderá pensar, planejar e atuar, com o acerto e rapidez necessários, em todos os problemas sociais. Ora, não é do intento divino que seja a humanidade subjugada e vencida pelo desespero, ante os penosos e confusos tempos que vamos adentrando. Graças a alguns afortunados cérebros que não se deixam limitar pelo medo, que sobrepassaram o egoísmo e, pelo amor ao próximo, sincero e desinteressado, lograram alcançar as mais profundas verdades do Cristo, está sendo divulgado por todas as partes a necessidade imperiosa de congregar as pessoas em grupos. Pela conjugação dos recursos individuais, na busca da solução dos mais altos e legítimos problemas coletivos, vêm-se obtendo meios para enfrentar a evolução da técnica, a fim de utilizá-la convenientemente, sem violência aos sagrados direitos do ser humano. Ainda há muito erro, decorrente, as mais das vezes, da falta do espírito de equipe. Ademais, há pouco é que, praticamente, se evidenciam as vantagens desta técnica há tanto tempo pregada por Cristo. Mas, ninguém pode deter o fluxo do propósito evolucionário; verifica-se um rápido aumento do trabalho em grupo, em todo o mundo.
Necessidades para se trabalhar em grupo – o primeiro passo para o trabalho em grupo é o reconhecimento de nossas limitações pessoais. Isso nos leva a participar de esforços cooperativos, cujo brilhante futuro mal podemos prever. À medida que nossos egoísmos e interesses imediatistas forem dando lugar ao altruísmo e bem-comum, novas fases irão sendo exploradas no trabalho em grupo. De fato, a formação de grupos de trabalho ainda está na infância. As técnicas são relativamente desconhecidas de uma grande maioria de indivíduos e as forças cósmicas, que unem os indivíduos esparsos em grupos, estão apenas começando a produzir seus impactos sobre a consciência humana. Tais forças fluem primeiramente do Espírito do Cristo Interno e secundariamente da influência de Aquário. Ao se tornarem mais fortes, os grupos de pessoas, de uma natureza mais original e espiritual, se tornarão mais comuns. Eles serão os vanguardeiros e a glória da Era de Aquário. Pelo discernimento de assuntos públicos, Júpiter – o princípio da expansão e da boa vontade, da filantropia e da sociabilidade – revela o que é desejável em matéria de negócios, de religião, de ciência e outros assuntos, suscitando a revisão de atividades para novas e construtivas fases em grupos. Desse modo, utilizando os valores relativos pessoais, sob o impulso do altruísmo e sem ofender a liberdade individual, Júpiter vai tornando possível grandes melhoramentos. Para as pessoas integradas em movimentos humanísticos e espirituais, o trânsito desse Planeta enseja grandes oportunidades de progresso.
No passado, as transições de progresso que se operavam no mundo eram consequências do trabalho de indivíduos mais ou menos iluminados, cujas Personalidades exerciam poderosa ação, atraindo e dominando aqueles que se tornariam seus discípulos. Por intermédio de tais singulares indivíduos o trabalho era feito. Foram grandes homens e mulheres a quem devemos não somente as revelações religiosas, como o progresso nos vários ramos da arte, da ciência, das leis, da política, da filosofia, etc. Eles, em grande parte, fizeram a história, história de umas poucas pessoas, de cujo esforço e gênio dependeram as grandes realizações, em todos os campos de trabalho.
Atualmente essa condição está mudando. Novos métodos e novos homens e mulheres estão rapidamente emergindo. Muitos poucos indivíduos excepcionais surgem, mas, em compensação, levanta-se muitos homens e mulheres aptos para qualquer atividade. Em vez do antigo “mestre” que determinava tudo, observamos hoje muita gente com idêntica habilidade, trabalhando em conjunto. Ampliam-se enormemente as atribulações de responsabilidade e expansão da atividade humana. Devemos, hoje, aprender a trabalhar em conjunto ou nos desatualizaremos. Como predisse Max Heindel, devemos ser iguais, amigos, compartilhando experiências e ações, acima da preocupação de liderança. A Fraternidade é a nova ordem da Era que se aproxima. Ou nos entendemos ou nos limitaremos cada vez mais.
O desejo de se destacar – A ambição para se tornar líder leva a mesma razão que torna o indivíduo inadaptado para a mais elevada forma de trabalho em grupo, não importando quão altruístas e benevolentes possam ser as motivações. O desejo de se destacar, de exercer autoridade, encerra um erro de aproximação à moderna atividade em grupo, pois ressalta a Personalidade, em prejuízo de fatores anímicos de confraternização, de identidade incondicional. Em seus trabalhos com os Irmãos Leigos e Discípulos, os Irmãos Maiores nunca dão ordens, nunca censuram e nunca louvam. O anelo de servir, de viver retamente, deve brotar espontaneamente do interior do indivíduo. Isso o capacitará para a integração da equipe. Esse deve ser o espírito de todo trabalho em grupo.
Tempo está chegando em que, na vida de todo e qualquer indivíduo, a única autoridade a ser levada em conta será o “Eu Superior”, o foro íntimo. Na medida em que cada um aprenda a amar, a honrar e a obedecer a seu “Eu Superior” expressará o que é bom, o belo e o verdadeiro (o que é indispensável na evolução prática dos ideais Cristãos). E para isso é imprescindível se torna compreensivo e harmonioso com todos seus companheiros de atividade, entendendo e seguindo espontaneamente os objetivos do grupo. A intuição, em vez do intelecto, será o fator reinante. Desaparecerão as regras e os regulamentos impostos pelos líderes. Nos novos grupos, em vez de um líder, surge um representante, um porta-voz, o qual, pelo menos em teoria, preside aos trabalhos, por escolha de todos. Em virtude de seus méritos pessoais ele se tornou o SERVO DE TODOS, cujo conceito está muito distante do de um líder que, seguindo suas próprias ideias e determinações, modela e executa o sistema de um grupo.
A especialização em um determinado ramo de atividade – No sentido de ampliar mais as possibilidades do conhecimento, atualmente há uma tendência bastante generalizada: se especializar um determinado ramo de atividade, depois de ter sido adquirido o conhecimento geral da profissão escolhida. Reúnem-se, então, os especialistas de diversos ramos para que todos e cada um contribuam com seus talentos num objetivo e benefício comum. Essa conjugação de técnicos desempenhou importante papel no esforço da última guerra mundial. Igualmente, a interdependência de técnicos foi que produziu o tremendo avanço da medicina, da ciência em geral, da técnica dos negócios. É a prova de que, fundindo e focalizando o conhecimento e poder cerebral de muitos, resolvem-se os mais complexos problemas do mundo. De igual modo, se fundirmos e focalizarmos os atributos do coração, o conhecimento e as energias espirituais de muitos indivíduos devidamente preparados, então pode-se, com toda a certeza, exercer um poder espiritual quase ilimitado na tarefa de libertação do mundo. Esse é um palpitante, profundo e maravilhoso tema para o qual chamamos a atenção especial de todo Aspirante à vida superior sincero.
O trabalho em grupo – Existem utilíssimos conhecimentos em relação ao trabalho de grupo. Contudo, permitimo-nos tecer considerações acerca de fatores diretamente relacionados com atividades espirituais, que é o nosso caso. Temos amplas razões para admitir que, por meio da Fraternidade Rosacruz, conseguiremos promover uma expressiva fase de libertação da humanidade. E para compreendermos como atingir essa realização de efetiva ajuda ao Cristo, estudemos os cinco princípios básicos do nosso esforço em grupo:
1) O primeiro princípio é o SACRIFÍCIO, pois, sugere o impulso amoroso de dar, com renúncia de si mesmo, sem egoísmo. Sem o sacrifício o trabalho de grupo é praticamente impossível. Tudo o que não beneficie o conjunto e suas finalidades e que possa constituir obstáculo para Deus e para o ser humano, deve ser posto de lado. Sacrifício é fazer apenas o que é bom e implica renúncia aos reclamos da Personalidade. É interessante observar, de passagem, que embora exista muitas pessoas altruístas, em todos os lugares, atualmente, poucas são as que agem acima de sua Personalidade com o único propósito de servir e elevar os semelhantes. Aqueles que se reúnem para congregar forças a fim de obter mudanças políticas, para fundar uma instituição filantrópica, quase sempre cobram o preço do prestígio e do proveito pessoal. Raro é o que nada reclama para si, cuja presença e ação, eficientes e silenciosas, constituem o alicerce espiritual do movimento.
O fundamento e a causa de todo poder espiritual residem, em parte, no sacrifício. O egoísta transfere para um plano secundário o interesse impessoal da humanidade, sobrepondo-lhe a glória, a fama e poder material dos membros do grupo. Sacrifício é o “abc” do viver espiritual, é esquecimento próprio, é afastar tudo o que, de alguma forma, possa enfraquecer ou dividir os membros do grupo ou interferir no desenvolvimento de seus propósitos comuns. Não nos referimos somente ao que é errado, mas também ao não essencial, ao que não seja diretamente objetivado pelo movimento pelo qual o grupo está reunido – como, por exemplo, é o caso da Fraternidade Rosacruz –, embora interesse, de modo especial, a um ou a vários membros do grupo.
Cada membro deve ter boa vontade em relação ao grupo, deixando de lado sua vontade pessoal, seus esquemas favoritos e toda forma de ambição pessoal. O que prevalece é a vontade da maioria. Lembremos que, por força da presente condição humana, todos vemos “como que através de um vidro enfumaçado”, isto é, com nossas limitações não percebemos claramente a vontade de Deus e seus agentes, os Irmãos Maiores. Os propósitos dos Irmãos Maiores sobre a questão da elevação e libertação humana respeitam, em primeiro lugar, a liberdade individual, a valorização e o poder de uma FRATERNIDADE; conciliam os aspectos individuais mais legítimos com os propósitos de Deus. Mas, devido às limitações, apenas uma parte do trabalho pode, por ora, ser realizado, porque não enxergamos com clareza os detalhes do Divino Plano Redentor. Todavia, não nos desalentemos por isso.
Por meio do esforço sincero, o Aspirante à vida superior Rosacruz está conquistando, mais depressa, sua libertação e elevação, capacitando-se para um trabalho mais elevado. São poucos os que conseguem. Por enquanto, esforcemo-nos, sem nos aborrecermos por presenciar, frequentemente, membros que não trabalham com idênticas compreensão e unidade de propósito. A perfeição do trabalho em grupo é coisa do futuro. Contudo, um contato íntimo, fundado no amor e numa profunda realização de unidade em Cristo, é possível atualmente, com indivíduos incomuns, que saibam sobrepor-se às diferenças de opinião, que lutam contra as desuniões, porque essas resultam sempre das forças inferiores. É da maior importância, num trabalho em grupo, que todos aprendam a amarem-se uns aos outros, com o Amor de Cristo – amor ágape, incondicional –, de alma para alma, um amor nunca influenciado por fatores pessoais.
O amor é o que ilumina e valoriza o sacrifício. O serviço em favor da humanidade se realizará satisfatoriamente apenas quando se fundar num profundo e permanente amor, livre de crítica (em geral oriundas de frustrações) e orientado pelo firme propósito de não transigir com o erro, com o supérfluo e, sobretudo, com as brechas que entre seus membros produzam desuniões e enfraquecimentos. O sacrifício de fatores negativos pessoais, para perfeita integração e ajuda na Fraternidade, em prol da humanidade é, ao mesmo tempo, uma contribuição preciosa para si mesmo, um exemplo e cooperação à Fraternidade e uma ajuda à humanidade, porque todos os nossos pensamentos, emoções e atos refletem-se em todos os planos da Natureza. Pela contribuição perfeita ao grupo, o indivíduo realiza a superação automática de si mesmo. Pelo esforço de integração, pacificação e eliminação de divergências, cada um harmoniza-se, ao mesmo tempo, a si mesmo.
2) O sacrifício sábio traz, portanto, à atividade, o segundo princípio do trabalho em grupo: a IDENTIFICAÇÃO AMOROSA COM OS COMPANHEIROS DE LABOR. Ao sobrepor-se à Personalidade, cada membro do grupo, pela dedicação ao serviço, cresce em consciência quanto aos propósitos comuns. À medida que cresce, indiferente ao personalismo e egoísmos de toda ordem, identifica-se mais com seu verdadeiro “Eu” e adquire uma atitude de alegria, de confiança própria e de profundo amor ao próximo. Atinge, então, a vivência da “realização da unidade fundamental de si com os demais, em identidade espiritual”. Começa a manifestar sua deidade interna, que permite a superação espontânea de suas solicitações egoísticas e, ao mesmo tempo, fá-lo olhar seus semelhantes, não pelos aspectos externos, não por seus defeitos, senão pela “divina essência oculta em cada um”, o IRMÃO.
Só então atinge a consciência e vive a consciência real do grupo. Muitos de nós, nos instantes de oração ou oficiação de rituais em grupo (quando se processa uma perfeita fusão entre todos), tivemos oportunidade de sentir uma grande vibração. Isto é possível, devido ao princípio de fusão de semelhantes (semelhante atrai semelhante), que é muito mais forte do que uma unidade. Um grupo harmonioso é mais do que um simples ajuntamento de pessoas. São carvões que provocam um fogo que, e em conjunto, focalizados e vibrando num ideal comum, formam um instrumento de Cristo. Por isso foi dito que “onde dois ou mais se reunirem EM MEU NOME” ali Ele estaria! A fusão de almas é o mais poderoso instrumento de corporificação de Cristo, para um trabalho superior, porque produz um volume tão grande de vibração espiritual que pode canalizar, do Mundo do Espírito de Vida, um caudal de energia incalculável. Todos conhecemos essa lei: chama-se a Força de Atração.
Ela determina a atração de pessoas de vibração idênticas, levando-as a diariamente se reunir para um propósito comum. Eis o sentido de cada Centro ou Grupo de Estudos Rosacruz em todo o mundo! O semelhante atrai o semelhante. A mais alta expressão dessa Lei é a fusão de indivíduos preparados para um ideal superior, com plena consciência das leis que regem o trabalho em grupo, isto é, com renúncia de si mesmos e dedicação amorosa ao próximo. Eis como se realiza o trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz, a Cura Rosacruz. A fusão consciente e ardorosa de tais indivíduos forma um canal de natureza tão sublime que atrai um fluxo magnético poderoso do plano Crístico, beneficiando enfermos de todo gênero e enchendo a Terra de uma força equilibradora. Por meio do silencioso poder de tais grupos, os Seres Superiores podem fazer fluir o Poder Curador, a força, a Sabedoria e Amor, para todo este mundo carente. Atualmente o Mundo do Desejo se acha tão conturbado que seus reflexos na humanidade são os que observamos por aí. O contato de Egos, uns com os outros, em propósitos construtivos, é o meio mais eficiente, mais seguro, mais rápido, de libertação individual. O relacionamento de alma, pela autorrenúncia, leva-nos a um conhecimento superior e à unidade com o Cristo Cósmico, pelo despertar de nosso Cristo Interior. As aspirações devocionais e consagradoras para com o serviço, elevam os membros da Fraternidade a planos e condições que, sozinhos, abandonados a seus próprios recursos e às influências que vigoram desde a última conflagração mundial, não poderiam atingir.
3) O terceiro princípio do trabalho em grupo é o SERVIÇO (tônica da Fraternidade Rosacruz). Dele ninguém pode se evadir. Do mais elevado ao mais inferior dos seres vivos, o serviço é o preço a pagar, não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição do direito de existir. De uma evasão deliberada, egoísta, do privilégio de SERVIR, origina severas penalidades das leis equilibradoras do Universo. É o que sucede a muitos Egos que atualmente, em alguns países, são obrigados, à FORÇA, a se conformar e servir com boa ou má vontade para atender às necessidades do grupo a que pertencem. O SERVIÇO é a capacidade de identificação do indivíduo com os interesses comuns. Pressupõe, como dissemos, a superação dos interesses pessoais, voluntariamente e regozijosamente. Quem é feliz servindo, torna-se simpático na vida íntima do grupo. É a técnica que liberta o indivíduo dos laços do “eu inferior” e o capacita a integrar a família de Cristo. O verdadeiro serviço não é fácil. Sua legítima expressão pressupõe muita renúncia, persistência e fé: “Poderosamente devem mourejar os que servem os deuses eternos”.
Servir significa sacrifício de tempo, de interesses pessoais, de ideias favoritas. Exige prudência, sabedoria, habilidade de trato, domínio das emoções. Observe-se quão poucos estão preparados para trabalhar impessoalmente. Não se trata de mero negócio, nem de interferências ou de esforços fanáticos. O verdadeiro serviço nasce da combinação das faculdades mentais com as do coração. Não é motivado por estados emotivos, por sentimentalismos, por arroubos acidentes de entusiasmos e tampouco do desejo de progresso espiritual da parte do servidor. O verdadeiro serviço salienta o grupo, em vez de o indivíduo. Por meio do verdadeiro trabalho em grupo nos tornamos mais úteis do que isoladamente poderíamos ser e mais nos aproximamos da nossa FONTE e ORIGEM. Através do serviço verdadeiro expressamos, com mais facilidade, os atributos de nosso “Eu Superior”, o Ego, cuja natureza é naturalmente boa e nobre, amorosa e fraternal, porque “feita à imagem e semelhança do Pai”.
O verdadeiro serviço não é solicitado nem planejado como um fim em si mesmo: surge espontaneamente na medida em que crescemos por dentro e nosso Cristo deseja expandir seus poderes anímicos. Gradualmente, à medida que vamos crescendo por dentro, irradiamos o amor e outras energias espirituais, nunca para nosso próprio engrandecimento, senão para elevação e libertação daqueles que de nós se aproximam. O verdadeiro servidor tira as vistas de si mesmo e de suas realizações, dando atenção integral para as necessidades de seus semelhantes, a começar por seu lar, sem deixar-se prender pelas insidiosas cadeias do interesse puramente familiar. Conduz-se equilibradamente em meio a todas as necessidades, seguindo os impulsos de seu Cristo Interior. A completa submissão à lei do serviço leva-o gradualmente ao íntimo do coração do grupo e a conhecer, para além de todas as dúvidas, que é UNO com as almas IRMÃS. À medida que os membros se elevam assim, o grupo vai atingindo a capacidade de serviço total, o poder e a oportunidade de executar as obras mais inimagináveis.
4) O quarto princípio consiste em RECUSAR tudo o que seja danoso aos interesses do grupo. Isso exige sinceridade, lealdade, coerência. Há muita gente de boa índole que falha neste princípio, por medo de ferir os membros do grupo. Mas a recusa não é desamorosa. Ao contrário: é firme, porém, amorosa, inteligente, esclarecida. Relaciona-se, como veem, com a Força de Repulsão, uma vez que, tudo o que não seja da mesma vibração do grupo tende a ser afastado. Pela manifestação desse princípio, todos os grupos tendem a repelir o que lhe seja estranho ao modo de ser e necessidades, envolvendo pessoas, coisas e condições. Não se trata propriamente de conservação. A evolução do grupo se processa naturalmente, à medida que seus membros evoluem e refletem amorosamente novas necessidades coletivas. Porém, o princípio que estamos considerando preserva o interesse de todos, elevando para Deus as pessoas e coisas identificadas, entre si, como conjunto.
Simbolicamente falando, a totalidade dos membros dedicados de um grupo “reúne seus carvões”, abanando-os pelo serviço amoroso, a fim de que flameje a chama do fogo espiritual, que é um poderoso dissipador das trevas da ignorância e do frio egoísmo que existe no mundo. Por meio de sua própria existência irradiará de tal grupo luz e calor que dissiparão as forças mentais negativas e as correntes miasmáticas do Mundo do Desejo, que escravizam a humanidade. Atuando sobre cada membro ou unidade do grupo, esse quarto princípio imprime, em suas consciências, uma profunda determinação de evitar e repelir, em sua maneira particular de vida, tudo o que possa obstar ou interferir desfavoravelmente nas atividades e interesses comuns. Disso decorre a necessidade de vigilância constante, de si mesmo e não propriamente quanto aos demais. Deve cada um vigiar todas as atividades físicas, emocionais e mentais, a fim de que não chegue a exprimir ação inconveniente.
Compreendendo que sua própria consciência é parte integrante do Todo, a qual, de algum modo misterioso, ele ajuda a sustentar, o membro dedicado e sincero pratica o discernimento e amiúde pergunta a si mesmo: “O que estou pensando, sentindo ou fazendo influencia favoravelmente o grupo? Aumentará ou diminuirá a Luz Espiritual do grupo?”. Então procura, sincero como é para si mesmo, atuar harmoniosamente, recusando tudo o que seja imoral, rancoroso, malicioso, interesseiro, crítica destrutiva, etc. e cultivando apenas, deliberadamente, as vibrações auxiliadoras da sã alegria, da simpatia e do altruísmo. Para o bem do grupo e não por motivos pessoais, trabalha para a pureza, para a estabilidade emocional e pelo controle do pensamento. Respeita e obedece aos propósitos do Grupo e recusa todas as faltas que, dentro de si, procurem prejudicar seu trabalho na equipe. Aprende que não é lutando que vence o egoísmo, senão pelo esquecimento de si mesmo, dedicação aos demais e prazerosa obediência à luz interna, conforme aquela frase de Cristo: “Aquele que perde sua vida por Minha causa, encontrá-la-á”.
5) Quando cada membro tenha aprendido a trabalhar em íntima cooperação mental e espiritual com seus companheiros; quando o desejo de crescimento pessoal e espiritual tenha sido transcendido e cada um tenha dado tudo o que pode ao grupo, então o quinto princípio começará a atuar. Esse princípio que brota da UNIDADE de cada um com todos, originará uma automática distribuição das conquistas do grupo, de forma que, qualquer unidade ou membro começará a sentir e expressar tudo o que o grupo tenha conquistado, embora individualmente não o tenha pretendido. Uma completa realização, por parte de um membro do poder do amor, por exemplo, eventualmente se tornará uma realização consciente de todo o grupo e, assim, em relação a tudo em evolução. É a lei que Cristo enunciou quando disse “Se eu ascender levarei comigo todos os seres humanos”.
Indubitavelmente existem outros princípios que operam nos grupos, a respeito das quais, atualmente, pouca noção temos. Contudo, a boa vontade de nossa parte, em adaptar nossa vida aos princípios aqui enunciados, nos possibilitará percorrer mais rapidamente e proveitosamente o longo caminho que nos conduz às novas e luminosas condições da Era de Aquário.
(por Elvin Joseph Noel)
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)
Mais revelações espirituais são oferecidas ao Estudante Rosacruz, conforme ele gradativamente fornece provas de que está, fortemente, percorrendo o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Caberá a ele estar atento para observar e compreender os Ensinamentos Rosacruzes oferecidos.
Qualquer comportamento humano consciente e direcionado necessita de um propósito subjacente que guie ou forneça sentido para as ações. Por exemplo, um empresário que objetiva tornar seus negócios bem-sucedidos poderá permanecer meses, anos, até mesmo a vida toda, com esse objetivo que fornece sentido para todas as demais ações. O fato desse empresário ficar todos os dias até tarde no escritório, passar finais de semana planejando e executar ações para melhorar os rendimentos da empresa, terá sua explicação se conseguirmos enxergar o propósito que ele acredita ser o correto de buscar. Outro exemplo seria a pessoa que deseja fazer uma aquisição material qualquer, mas não possui o dinheiro imediato para comprar. Ela procurará um segundo emprego ou realizará horas extras no trabalho para conseguir o dinheiro. Com o tempo e sacrifício, conseguirá acumular o dinheiro e concretizará seu desejo.
Desse modo, verifica-se que é o propósito subjacente que faz uma pessoa elaborar diversas estratégias e ações para concretização dele. Sem o propósito, não haverá sentido para as ações. Caso o propósito esteja ausente na consciência, não haverá motivação necessária para a pessoa agir em uma determinada direção, mas apenas respostas automáticas a estímulos ambientais.
O maior propósito que um Aspirante sincero à vida superior, um Estudante Rosacruz, tem é aquele de cumprir os preceitos do Cristianismo Esotérico em sua vida diária. É exatamente esse propósito que fornece sentido às ações que normalmente pratica em seu cotidiano. Dentre as ações, destacamos aquelas relacionadas a sacrifício do “eu inferior”, a retidão, ao perdão, ao serviço amoroso e desinteressado focado na divina essência do próximo, a vigília e a oração. Ele não se preocupa com a redenção particular ou seu desenvolvimento pessoal, pois seu objetivo prioritário é o auxílio ao alheio, aos que estão em torno dele. Se um terceiro conseguir enxergar esse propósito subjacente, compreenderá o sentido pelo qual um Estudante Rosacruz realiza todos esses atos tão “sem sentidos”, de acordo com os parâmetros materialistas e individualistas comumente observados no atual contexto que vivemos.
É exatamente a não observação ou compreensão desse propósito, pelas pessoas que não estão percorrendo Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, que gera o julgamento equivocado e que contribui para o Estudante Rosacruz caminhar cada vez mais sozinho. Apesar de aparentemente sozinho, conforme se torna uma “fonte de água da vida” (que jorra sem parar, não importando quem se aproxima para dela beber), novos horizontes e novas companhias de propósito lhe aparecem automaticamente.
Cada evento vivenciado é, então, observado cuidadosamente sob a direção dos propósitos espirituais que escolheu para sua vida. O Estudante Rosacruz deverá, então, utilizar suas faculdades tais como: percepção, atenção, inteligência, aprendizado vicário (aprendizado por observação) e sua experiência prévia, para praticar e realizar o Exercício Esotérico de Discernimento necessário para agir. Além disso, deve também contar com sua força de vontade para conseguir concretizar, no Mundo Físico, aquilo que julga ser correto. Desse processo, ocorre a evolução ou a transformação de seus poderes anímicos latentes em dinâmicos.
Além de sua vontade e do seu propósito espiritual, há, durante o todo o ano, condições propícias para que o Estudante Rosacruz consiga amalgamar poderes dinâmicos ao seu Espírito.
De modo a concentrar forças e ter uma maior eficácia no processo de produção de poderes anímicos, os Estudantes Rosacruzes de todo o mundo da Fraternidade Rosacruz se reúnem, todos os dias, atendendo suas aspirações espirituais e oficiam o Ritual Devocional do Serviço do Templo. Essa reunião tem o objetivo de gerar pensamentos-formas de amor, de fraternidade e de cura. Os pensamentos-formas gerados são concomitantemente envolvidos com sentimentos de igual natureza, que fornecem a força necessária para que os pensamentos-formas cheguem ao seu propósito. Essa é a primeira condição favorável que o Estudante Rosacruz pode unir aos seus propósitos espirituais, para conseguir maior eficácia em seu trabalho no mundo.
Uma segunda condição favorável ocorre quando a órbita da Lua atravessa o raio de vibração de uma Hierarquia Criadora Cardinal (Signos Zodiacais Cardinais ou Cardeais). Nessa situação, há favorecimento de produção de pensamentos-formas e sentimentos direcionados à Cura Rosacruz e é o dia para oficiar o Ritual Devocional do Serviço de Cura. É como se houvesse um forte vento a favor, e se aproveitarmos esse vento que sopra para a direção da cura, nossas orações serão muito mais eficazes e, consequentemente, a produção anímica também. Todo aquele que quiser contribuir para esse serviço, automaticamente também recebe a cura que necessita, seja física ou mental. Mas a recompensa particular desse trabalho não deve ser prioridade para o Estudante Rosacruz, mas sim, a certeza de que irmãos e irmãs que buscam esse auxílio estão recebendo essas bênçãos.
Juntamente a esses serviços, o Estudante Rosacruz busca, onde quer que esteja, ser útil como uma canal de amor e de trabalho. Por mais trabalhoso e árduo que esse tipo de vida parece ser, ele o faz porque compreendeu que os demais propósitos oferecidos pela vida material são estéreis – “…Senhor, para quem iremos? Só tu tens as palavras de vida eterna” (Jo 6:68). Cada trabalho que consegue realizar nesse sentido produz materiais invisíveis que alimentam três pessoas diferentes: a (as) pessoa (as) envolvida (as) que recebeu (eram) o produto desse trabalho; a si próprio (pois esse material invisível para seus olhos fará parte do radiante Dourado Manto Nupcial, seu Corpo-Alma) e, finalmente, o Cristo, que aguarda pelo dia de Sua Libertação (Segunda Vinda) – “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” (Mt 25:40).
Como sabemos, o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção representa o momento do dia em que realizamos nosso Purgatório e Primeiro Céu. Esse Exercício Esotérico é mais valioso do que qualquer outro método para adiantar o Estudante Rosacruz no Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz. Seu efeito é tão profundo que capacita a quem o pratica a aprender presentemente, não apenas as lições dessa vida, mas também lições que normalmente lhe estariam reservadas para vidas futuras.
Já o Exercício Esotérico matutino da Concentração oferece ao Estudante Rosacruz, depois de algum tempo, quando ele tenha aprendido a manter diante de si por uns cinco minutos ininterruptos o assunto em que se concentra, a visão do Mundo do Desejo.
Se o Estudante Rosacruz for fiel, disciplinado e criar o hábito de fazer os Exercícios Esotéricos diários propostos que estão ao seu alcance (Concentração, Meditação, Observação e Discernimento), evitando considerá-los como uma tarefa enfadonha e os reputando em seu verdadeiro valor – afinal eles são os nossos mais elevados privilégios – deles colherá os mais amplos benefícios que o ajudará a dar passos largos no Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz.
Vê-se, portanto, que há muitas oportunidades dadas para que o Estudante Rosacruz possa se desenvolver com maior eficácia. Mas, como já mencionado no início, deve estar atento para observar e compreender os ensinamentos oferecidos e as condições mais favoráveis.
Possa o Estudante Rosacruz aproveitar todas essas oportunidades que lhe são constantemente apresentadas.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Quando consideramos o intrincado e maravilhoso processo que se desenrola nos Mundos invisíveis, envolvendo as atividades de Anjos e seus auxiliares para trazer um Ego de volta a um Corpo Denso, e todas as causas e efeitos passados que entram neste evento, não é concebível destruir o veículo criança que está em formação.
Tudo começa quando estamos no Terceiro Céu (que se situa na Região Abstrata do Mundo do Pensamento), sem nenhum desses nossos Corpos e nem a Mente, mas com um nível de consciência muito mais ampla do que a que temos aqui e que nos faz, dentre outras coisas, a compreender em toda a sua plenitude qual é a nossa missão, o que temos que aprender ainda e quanta coisa temos que consertar na próxima vida. É sim uma consciência divina! E são esses três pontos os principais que nos faz ter uma vontade divina enorme para renascer.
Quando chega a nossa vez (mormente, em torno de 1000 anos, contando o tempo terrestre) contemplamos alguns Panoramas de Vida – somente com os eventos principais – possíveis de vivermos na próxima vida (isso devido à nossa teia de destino).
Note uma coisa importantíssima: a vida que viveremos no próximo renascimento aqui na Terra já começou!
Uma vez escolhido o Panorama de Vida (lembremos: estamos com a consciência divina e com o contato direto com os Anjos do Destino que nos ajudam), começamos a “descer” e passando pelas Regiões Concreta do Mundo do Pensamento colhemos tanto material quanto temos afinidades (“semelhante atrai semelhante”) para construir a nossa próxima Mente. Para isso utilizamos o Átomo-semente da Mente.
Depois “descemos” mais um pouco e entramos no Mundo do Desejo. Da mesma forma, colhemos de cada um das sete Regiões desse Mundo colhemos tanto material quanto temos afinidades (“semelhante atrai semelhante”) para construir o nosso próximo Corpo de Desejos. Para isso utilizamos o Átomo-semente do Corpo de Desejos.
Depois “descemos” mais um pouco e entramos na Região Etérica do Mundo Físico. Da mesma forma, colhemos de cada um das quatro Regiões Etéricas do Mundo Físico colhemos tanto material quanto temos afinidades (“semelhante atrai semelhante”). Para isso utilizamos o Átomo-semente do Corpo Vital. Só que aqui, além desse processo, contamos com a ajuda de outros seres que estão na fase de habitar o Segundo Céu e que se dedicam a construção de Arquétipos de Corpos, de outros seres conhecidos como Espíritos da Natureza e, também, nós mesmos (o que somos, um Ego) construímos o nosso próximo Corpo Vital (átomo por átomo copia do próximo Corpo Denso). Esse novo Corpo Vital é a soma de todos os outros que já criamos (desde o Período Solar) e mais algo original que não é resultado dos Corpos Vitais anteriores.
No momento em que a fecundação (resultado da relação sexual entre nosso futuro papai e nossa futura mamãe) os Anjos do Destino depositam o “molde” do Corpo Vital na matriz do útero da mamãe e coloca o Átomo-semente na cabeça do espermatozoide que fecundará o óvulo.
A partir daí o Corpo de Desejos da mamãe trabalha por um período de 18 a 21 dias no embrião, enquanto o Ego permanece fora, em seu Corpo de Desejos e em sua Mente, mas sempre em íntimo contato com a mãe. Após esse período o Ego entra no útero da mãe e toma posse do seu Corpo Denso (sim, já é um Corpo Denso!). Assim, a partir desse momento o Ego já não pode mais sair do seu Corpo Denso, ficando ligado à mãe no ambiente uterino até o momento de nascer aqui.
Nós, Estudantes Rosacruzes, conforme aprendemos nos Ensinamentos Rosacruzes, temos a certeza de que o aborto é uma interferência de caráter destrutivo, é uma violação às leis naturais, às leis da Natureza e quando se refere à Natureza, refere-se a Deus. Cremos que tudo no Universo é planejado e tem um propósito, portanto, o nascimento, a vida e a morte obedecem a traçados muito sábios que correspondem a todas as necessidades do ser humano em evolução, visando o seu progresso, o seu crescimento anímico, a dilatação de sua consciência e o seu bem final.
Cremos que cada vez que renascemos para mais um dia de aprendizado na Escola da Experiência, que é a vida física, tem ano, mês, dia, hora e local para cumprir o nosso destino, para aprender as lições que precisa e dar mais um passo no caminho em espiral, evolutivo, rumo à perfeição. Cremos na imortalidade do Espírito e consideramos o aborto um assassinato, atitude causa um sofrimento lamentável e um rompimento desastroso na trajetória eterna de cada um de nós, quando ocorre um aborto provocado.
(*) Se você quiser se inteirar com mais detalhes sobre esse assunto é só acessar esse link: https://fraternidaderosacruz.com/tag/aborto/
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Resposta: Quando um braço, membro ou qualquer órgão é removido do Corpo Denso, o físico, por meio de qualquer tipo de intervenção cirúrgica, somente a parte densa[1] do órgão ou do membro, permeada pelo Éter planetário, é retirada. Os quatro Éteres[2], que constituem o Corpo Vital do homem ou da mulher, assim submetido à intervenção cirúrgica permanecem; mas há uma certa conexão magnética entre a parte que se decompõe – e que, normalmente, é enterrada – e a contraparte etérica que permanece com a pessoa. Em consequência, ele ou ela sente a dor e o sofrimento na parte removida, ainda por algum tempo após a cirurgia, até que essa se deteriore e a contraparte etérica se desintegre.
Você encontrará alguns casos interessantes demonstrando esse ponto e ensinamentos adicionais a respeito desse assunto no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Quando uma pessoa ferida (em alguma parte do Corpo Denso dela) passa para os Mundos invisíveis, ela pensa usando a Mente do mesmo jeito que usava quando estava viva aqui, e se imagina com a mesma aparência que tinha quando estava viva aqui. Consequentemente, uma cicatriz na testa ou a perda de um braço ou membro é reproduzida pelo pensamento dela na matéria do Mundo do Desejo e ela aparece lá tão desfigurada como estava aqui.
Isso foi muito observado durante a Guerra Mundial[3], pois todos os soldados que faleciam, em consequência de ferimentos visíveis no Corpo Denso, e cujos efeitos sabiam determinar, reproduziram esses ferimentos nos Corpos de Desejos deles. Eles sentiram uma dor semelhante à que sentiriam se tivessem ainda em seus Corpos Densos, porque imaginavam ou acreditavam ser real lá a dor que deveria estar relacionada com seus ferimentos. Entretanto, eles procuraram rapidamente se ajudar mutuamente e por aqueles que tinham sido auxiliados pelos Irmãos Maiores a ver a realidade, isto é, que não havia realmente dor. Assim que eles se convenceram que seus ferimentos eram nada mais do que ilusões e aprenderam que eles podiam moldar os Corpos deles para condições normais e saudáveis, eles puderam, rapidamente, remediar a situação.
(Pergunta nº 41 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: formada de material da Região Química do Mundo Físico.
[2] N.T.: Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso e Éter Refletor.
[3] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
Quando chegou ao Mount Ecclesia a notícia de que Frank English, um de nossos membros de Los Angeles, havia se livrado do corpo mortal e que o autor deveria oficiar o Ritual do Serviço de Funeral, antes da cremação do corpo, um grupo foi formado pelos trabalhadores em Mount Ecclesia e fomos para Los Angeles no domingo de manhã, ajudamos nas atividades para cremar o corpo e viajamos de volta, uma distância total de 300 quilômetros, a tempo de Max Heindel falar na reunião noturna diária na Pro-Ecclesia — um dia de trabalho bastante extenuante.
Mas, isso é apenas um incidente registrado para preparar o caminho para contarmos a nossa história e trazer à tona o fato de que as pessoas, geralmente, assistem a seus próprios funerais. Isso foi aprendido quando alguém perguntou ao autor, após a reunião: “Você viu o Frank? Ele está aqui?”.
“Eu nunca oficiei um funeral em que o chamado ‘morto’ não estivesse presente e não fosse um espectador interessado”, respondeu Max Heindel. Ele então começou a contar uma série de experiências interessantes sobre o comportamento dos “mortos”: “Na maioria das vezes”, ele disse, “eles se sentam quietos em seus assentos, observando o que acontece como qualquer uma das pessoas que nós chamamos de vivas, embora o significado do termo comum ‘os vivos e os mortos’ deva realmente ser invertido; pois nós, que estamos presos neste pesado ‘pedaço de barro’ e sujeitos a inúmeras dores e males, estamos realmente muito mais mortos do que os Espíritos desencarnados que assim designamos; enquanto aqueles, que não conhecem a doença, que não podem sentir fadiga, que se movem mais rápido que o vento sem fazer o menor esforço, devem realmente ser chamados de vivos”.
“Mas, na hora do funeral, muitos deles ainda não se encontraram, por assim dizer, pois acabaram de sair da visão e revisão sobre o panorama da vida passada, que é descortinada diante deles em ordem inversa, da morte ao nascimento, mostrando que os efeitos de suas vidas foram gerados por causas antecedentes; e como na maioria dos casos as pessoas não estudam sobre o assunto vida após a morte, elas geralmente ficam irremediavelmente confusas em todo o processo. Muitas vezes percebem que devem ter ‘morrido’, pois observam o Corpo Denso no caixão, mas se veem com uma forma semelhante, que para eles parece tão sólida e real quanto a coisa que está morta.”.
“Então eles não podem entender por que ainda estão em sua antiga casa e por que eles não viram qualquer coisa do ‘Tribunal, do Céu ou do Inferno’ — isto é, se eles acreditavam nisso. Se foram materialistas, provavelmente, começam a se perguntar como podem pensar ou continuar a existir. Encontrei apenas alguns materialistas do outro lado e não perguntei a eles sobre seus sentimentos a esse respeito, mas todos ficaram muito irritados por serem gradualmente forçados a revisar sua teoria de que a aniquilação do ser segue a morte física. Eles queriam a extinção da consciência e estavam muito infelizes”.
“As pessoas que estudaram os Ensinamentos Rosacruzes, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, diferem radicalmente da maioria como grupo, pois instantaneamente reconhecem, ao despertar da visão e revisão do panorama da vida, os fatos essenciais do caso. Eles sabem que entraram nas Regiões inferiores do invisível Mundo do Desejo e que estão entrando em uma nova fase de evolução. A maioria deles está quieta e subjugada, sentindo a importância da mudança, e consideravelmente amedrontada por enquanto. Eles costumam ir para uma parte da sala onde os cultos estão sendo realizados, que fica o mais longe possível de todos.”
“Contudo, sempre notei que, se a conversa na sala é toma um tom de alegria, tem um efeito maravilhoso em alegrar o amigo ou a amiga recém-falecido ou recém-falecida. Várias vezes tive a satisfação de vê-los sair do seu canto e se tornar muito brilhantes, com um aumento correspondente no ânimo de todos os ‘vivos’. Em uma ocasião o ‘morto’ ficou tão interessado e tão alegre que ele quase me atropelou no meio do meu discurso.”.
“Quando entrei na sala, esse homem estava sentado em um canto, muito quieto. Ele conhecia os Ensinamentos Rosacruzes e, evidentemente, estava totalmente atento aos fatos, mas também estava claro que a situação pesava bastante sobre ele. Então, imediatamente eu fiz todos os esforços para administrar ‘consolação aos mortos’ por meio de uma conversa alegre com a viúva sobre a morte e a condição posterior, relatando uma série de experiências para ilustrar os diferentes pontos, e muito em breve o ‘morto’ apurou os ouvidos, aproximou e se sentou ao lado da sua companheira de vida.
“Durante o serviço ele permaneceu lá, sentado, atento e alerta. Ele ouviu atentamente enquanto eu explicava ao público que aquele ‘pedaço de barro” no caixão era apenas uma roupa que nosso amigo havia usado há pouco tempo e, que, com o tempo, seria substituído por um corpo novo e melhor no qual ele aprenderia novas lições na Grande Escola da Vida.”
“Enquanto isso, continuei a apontar com a mão esquerda para o corpo no caixão aberto, enquanto a direita estava suspensa no ar. Eu estava me preparando para citar o poema inimitável de Sir Edwin Arnold que começa com: ‘Nunca nasceu o Espírito! Nunca o Espírito deixará de ser!’. Comecei a dizer: ‘Como diz Sir Edwin Arnold…’”.
“Então veio um clímax que eu não esperava. De repente, o homem ‘morto’ deslizou do sofá em que estava sentado e, em linha reta, passando pela mesa em que eu estava, foi até o caixão, olhou com grande interesse para a forma descartada, evidentemente observando-a de um modo que ele nunca tinha realmente entendido antes; e ele permaneceu assim, perdido em pensamentos por vários minutos.”
“Mas dizer que fiquei surpreso com esse incidente inesperado é dizer o mínimo. Em vez de manter minha Mente no discurso, involuntariamente segui os movimentos do nosso amigo ‘morto’ para ver o que ele faria, com o resultado inevitável de que perdi o fio do meu discurso por um minuto e repeti sem jeito: ‘Como Edwin Arnold diz…’. Então, com um grande esforço, juntei meus pensamentos e continuei.”
“Houve duas coisas notáveis sobre o que ele fez. Em primeiro lugar, as pessoas costumam andar de um lugar para outro por algum tempo depois de deixarem o Corpo Denso, até que gradualmente descobrem que podem planar mais rapidamente que o vento. Elas também parecem ter um pavor instintivo de atravessar uma parede ou uma porta fechada, mesmo que saibam, por seus estudos, que isso pode ser feito. Acima de tudo, elas temem que um amigo ‘vivo’ venha e se sente na cadeira em que estão sentadas. Talvez essa seja a verdadeira razão pela qual elas costumam ficar sentadas em algum canto durante o seu funeral.”.
“Mas, nesse caso o cavalheiro deslizou pela sala, passando diretamente pela mesa e por um vaso de flores, até chegar ao caixão. Isso me mostra que ele deve ter ficado tão absorto na ideia de que seu Corpo Denso descartado era exatamente como um casaco velho e que, durante esse acesso de abstração, inconscientemente obedeceu às leis do movimento do reino invisível, em vez do habitual método físico de locomoção.”
“Ah, e sobre Frank, como ele agiu?”.
“Ora, você deve se lembrar de que ele era um membro dos graus mais elevados (do Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz), no qual foi ensinado a assimilar o panorama da vida dia a dia (por meio dos Exercícios Esotéricos diários: o noturno de Retrospecção e o matutino de Concentração), de modo que, quando ele saiu do Corpo Denso, provavelmente, havia apenas algumas pontas esparsas que precisaram ser cortadas, antes que o Cordão Prateado se rompesse e o deixasse livre, em plena posse de sua consciência. Esse trabalho o familiarizou com os Mundos invisíveis anos atrás, de modo que ele estava bem à vontade. Além disso, quatro dias se passaram desde que ele falecera então, provavelmente, ele se sentia bem, pelo menos é o que pareceu — andando entre nós e parando ora entre um grupo de amigos, ora em outro grupo de amigos. Quando ele me viu, ele acenou com a cabeça e sorriu como se nada fora do comum tivesse acontecido.”
“Eu só gostaria que todos pudessem ver os amigos e as amigas depois do falecimento deles; e é sempre uma maravilha para mim que não possam ainda, pois durante os primeiros dias e as primeiras semanas eles me parecem tão densos quanto as radiações de calor acima de um radiador de vapor. Mas, graças a Deus, esse dia está chegando.”
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta: Neste Mundo Físico todas as formas são estáveis e não mudam facilmente. O Mundo do Desejo é muito diferente a esse respeito. Os contos de fadas, como a metamorfose dos camundongos da Cinderela, etc., são fatos reais no Mundo do Desejo, pois as aparências mudam conforme a vontade de vida que as anima, com a rapidez de um relâmpago, o que é muito desconcertante para quem entra nesse Mundo, como um neófito. Portanto, é necessário que o Clarividente seja treinado, a fim de não de escapar do encantamento pela forma, que está sempre mudando e assumindo múltiplas aparências em instantes. Quando somos capazes de perceber a vida que anima a forma, não importa que aspecto ela toma naquele momento, pois não somos mais enganados, nem ludibriados. Como todos os outros no Mundo do Desejo, os Elementais têm essa faculdade de mudar a forma deles, e isso explica as muitas histórias ou visões estranhas que são consideradas verdadeiras por Clarividentes não treinados. Nada pode ser feito para impedir que os Elementais mudem a forma deles, mas podemos afastá-los de nós, da mesma maneira que expulsamos um felino seresteiro que fica debaixo da janela do nosso quarto.
(Pergunta nº 123 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: Um médium é um Clarividente negativo ou involuntário e está sob o controle de um Espírito que se encontra no Mundo do Desejo. Ele ou ela corresponde à vítima de um hipnotizador no Mundo Físico. No caso do hipnotizador, ele é visto por sua vítima quando está em estado de vigília, enquanto o médium não vê o Espírito que o controla até que o médium tenha sido expulso do seu corpo. Então, o médium é revestido com seu Corpo de Desejos e, portanto, normalmente é incapaz de se lembrar das suas experiências vivenciadas.
Todas as suas experiências ocorrem enquanto o Corpo Denso estava em transe. É o Ego envolto pela Mente e pelo Corpo de Desejos que abandona o Corpo Denso, e a mesma separação ocorre também no sono normal sem sonhos, porém, com a diferença de que o Corpo Denso não é simplesmente abandonado na cama, mas o Espírito controlador, normalmente, entra no Corpo Denso do médium, tomando posse e usando-o a seu bel prazer, sendo muitas vezes em grande detrimento do médium. Pois, quando tal Espírito foi um bêbado ou um libertino durante a vida terrena, frequentemente, ele usará o corpo do médium para satisfazer seu desejo por bebida alcoólica ou por seus instintos inferiores e sensuais.
Nós não podemos impressionar as pessoas com toda a seriedade necessária de que esse Corpo Denso – o corpo físico – é nosso instrumento mais valioso, e que é um erro enorme abandoná-lo à mercê de um hipnotizador ou de um Espírito de controle. No caso dos médiuns, há um perigo ainda maior, pois às vezes não é um Ego humano comum que exerce o poder de controle, mas um Elemental que, normalmente, não pode atuar no Mundo Físico. Quando o médium, após a sua morte, entra no Mundo do Desejo, o Elemental já obteve tal poder sobre o Corpo de Desejos do médium que poderá roubar esse veículo do seu próprio dono. O Corpo de Desejos é o veículo em que se origina o incentivo para a ação e, portanto, quando um Ego é privado desse veículo, não há nada que o faça renascer aqui. O Elemental pode se apoderar desse Corpo de Desejos por milhões de anos e, assim, enquanto o resto da humanidade está progredindo, o infeliz Ego, privado do seu Corpo de Desejos, permanece inerte e estará distante de todos os seus semelhantes, até que esteja liberto da escravidão dessa entidade. Portanto, a mediunidade é o maior perigo para a alma que o autor conhece ou é capaz de conceber, exceto a prática da magia negra.
(Pergunta nº 120 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
A obsessão é um estado na qual um Espírito desencarnado toma possessão permanente do Corpo Denso e Vital de uma pessoa, depois de haver expulsado seu dono. Porém, algumas vezes ocorre que um indivíduo que tem algum vício, como o de embriagar-se, apresenta como desculpa que estampa obsidiado. Quando isso acontece, quase sempre se pode ter a certeza de que não é mais que um pretexto. Um ladrão que rouba algo aqui no Mundo Físico não vai divulgar seu furto; nem uma entidade obsessora vai proclamar esse feito. A essas entidades não importa absolutamente o que se pense da pessoa, cujo corpo tenham roubado, nem têm motivos para divulgar sua condição e arriscar um exorcismo.
Existe uma maneira infalível para determinar se uma pessoa está possessa por meio do diagnóstico do olho. “Os olhos são as janelas da alma“[1]. Somente o dono verdadeiro é capaz de contrair e dilatar a íris do olho. Se um indivíduo realmente está possesso, a íris dos seus olhos não se dilatará quando entrar num quarto escuro ou quando se fixar em um objeto distante. Também não se contrairá quando sair ao sol ou quando se fixar em letras pequenas. Em resumo, a íris dos seus olhos não responde nem à luz nem à distância, quando e pessoa está possessa. Não obstante, existe uma enfermidade chamada “ataxia locomotriz” na qual a íris não responde à distância, porém responde à luz. Os Espíritos apegados à Terra sentem atração pelas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, a qual interpenetra os Éteres do Mundo Físico. Esses Espíritos estão em estreito contato com as pessoas terrestres que se encontram em melhores condições para a execução de seus projetos infames. Normalmente, permanecem nesse estado apegados à Terra por cinquenta, sessenta ou setenta e cinco anos, porém, sabe-se de casos muitos raros em que tais espíritos permaneceram assim por séculos. As investigações de Max Heindel indicam que não há limite às suas ações ou ao tempo em que podem ficar apegados à Terra. Porém, durante esse período estão acumulando muitos pecados, sofrimento pelo qual não podem escapar, porque seu Corpo Vital imprime em seu Corpo de Desejos um arquivo das suas más ações. Quando se desprendem da Terra e entram na existência purgatorial – no Purgatório que se localiza especificamente nas três Regiões inferiores –, enfrentam-se com a justa recompensa que bem merecem. Naturalmente esse sofrimento aumenta conforme o tempo que permaneceram em suas práticas nefandas depois da morte do Corpo Denso, que é outra prova de que “mesmo que os moinhos de Deus moam muito lentamente, o fazem com precisão”.
Quando o Espírito, por fim, abandona o Corpo de Pecado e sobe ao Segundo Céu, este Corpo de Pecado não se desintegra tão rápido como o faz normalmente o cascão de pessoas normais.
Isto acontece porque o elo dos Corpos Vital e de Desejos dão ao Corpo de Pecado uma consciência que é notável. O cascão não pode raciocinar, porém tem uma astúcia tal que dá a impressão de estar animado por um Espírito, por um Ego, e isso o capacita a levar uma vida individual por muitos séculos. O Espírito liberto entra no Segundo Céu, mas por não ter feito nada na Terra para merecer uma longa permanência ali ou no Terceiro Céu, fica somente o tempo suficiente para criar um novo ambiente para si, e logo volta a renascer muito mais breve do que o normal, a fim de satisfazer suas ânsias pela vida material que tanto o atrai.
Quando este Ego retorna à Terra é natural que o cascão da sua vida anterior se adira a ele e permaneça assim durante a vida inteira como um demônio. As investigações a esse respeito provaram que esta classe de entidades sem alma era muito comum nos tempos bíblicos. Foi a eles a que se referiu nosso Salvador quando falou dos demônios, que eram a causa das possessões e enfermidades descritas na Bíblia. A palavra grega “daimon” os descreve com precisão.
No Conceito Rosacruz do Cosmos vemos que o Ego, o ser humano verdadeiro, é um Tríplice Espírito que funciona em um Tríplice Corpo, contando com a Mente como o elo, e que somente um, o Corpo Denso, pode-se ver com os olhos físicos. São Paulo cita no ICor 15:40: “... e há corpos celestiais e corpos terrestres…”. E no capítulo 15:44, “Há corpo animal e há corpo espiritual“. Os Ensinamentos Rosacruzes reconhecem os corpos natural e espiritual, mencionados por São Paulo, mas também afirmam que estes dois corpos são interpenetrados por um corpo invisível chamado de Corpo Vital, o qual mantém a saúde do Corpo Denso, restaurando e recompondo o que ser humano destrói com seus desejos durante o dia. Além disso, coloca que cada corpo do ser humano corresponde a certo Mundo invisível que o rodeia e que o Mundo e o corpo correspondente estão compostos do mesmo tipo de matéria. Os diferentes planos de existência – o químico, o etérico e o de desejos – são de diferentes densidades e se interpenetram. Por exemplo, no Mundo do Desejo a densidade da matéria a faz atuar de uma forma similar ao fumo; o mais pesado se adere às regiões baixas da Terra, enquanto que o mais puro e rápido ascende ao ar.
Durante a vida física, o ser humano desenvolve seus corpos invisíveis constantemente por seus pensamentos, sentimentos, desejos e emoções. Caso seus desejos se fundem numa vida de sensações, se passa seu tempo com prazeres inúteis, para sua própria satisfação, se não aspira a outra coisa que não seja o dinheiro, então seu Corpo de Desejos pode ser comparado ao fumo negro e pesado. Depois de passar à vida de além-túmulo, será atraído para uma região chamada Purgatório, a mais próxima do Mundo Físico. Neste lugar tem que purgar-se de todos os seus desejos impuros; tem que limpar o Corpo de Desejos antes de poder subir à região superior chamada Primeiro Céu.
Se conduzíssemos um ser humano culto e sensível, que tenha levado uma vida pura e decente, para os guetos de uma cidade e o obrigássemos a viver em tal ambiente, sofreria, adoeceria e voltaria com seus afins na primeira oportunidade. Igualmente, se a um ser humano inferior e degradado que sempre viveu num ambiente de imundície, entre pessoas desonestas, o obrigássemos a viver num palácio entre pessoas cultas, ficaria deslocado e voltaria à sua antiga guarida, tão logo quanto possível.
As condições são semelhantes no Mundo do Desejo. O ser humano que levou uma vida pura e espiritual, ao morrer, fica nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo (onde se localiza o Purgatório) por muito pouco tempo. Tão rápido como se desprende de seu Corpo Denso, sobre à matéria mais sútil desse Mundo. Porém, aquele que não conheceu a pureza, que não pensou no mais além, é como o vapor negro e pesado: se adere ao plano físico. Prefere frequentar os antigos lugares, principalmente se guardou rancor contra alguém e quer se vingar. Ficará apegado à Terra até que consiga seu intento, frequentará o mesmo lugar onde vive seu inimigo, ou onde houver reuniões que se evoca os Espíritos desencarnados (e, muitas vezes, até por desconhecimento, os Elementais[2]), até conseguir influenciar alguma pessoa débil e negativa e levar a termo seu plano de vingança. Muitas vezes se lê no relato de um ladrão a alegação, ante o juiz, de que lhe sobreveio uma sensação repentina e não pode mais evitar o delito, alguma força o obrigou a fazê-lo. Os Espíritos desencarnados, frequentemente, incitam um alcoólatra a beber porque, dessa forma, os degenerados do Mundo do Desejo recebem certa satisfação.
É um fato interessante que os espíritos Elementais, sub-humanos, às vezes se apegam a certos indivíduos, à uma família, ou mesmo a uma sociedade religiosa. Não obstante, os veículos desses Elementais não consistem de um Corpo de Pecado composto com um Corpo Vital e Corpo de Desejos entrelaçados, senão do Éter obtido de um médium de natureza moral inferior, uma vez que o Éter assim obtido está em decomposição e, por lhes ser difícil conservar seu veículo, obrigam a quem servem que os alimente com comidas e incenso. Como esses Elementais não podem assimilar os alimentos físicos, vivem das emanações e odores que estas pessoas emitem através do fumo e do incenso. Isto é uma prova de que um ideal nobre não nos protege quando violamos as Leis de Deus, assim como não podemos evitar uma queimadura se colocarmos as mãos numa estufa quente, seja qual for o nosso motivo. Mas quando um médium está movido por desejos nobres e por uma devoção religiosa intensa, é difícil que as entidades malévolas se apoderem do seu Corpo Vital por muito tempo; se cansam rapidamente do esforço e buscam outra vítima que seja mais de conformidade com sua natureza.
Na infância, o sangue costuma subir de temperatura até um nível anormal. Nos anos seguintes, durante o período de crescimento, frequentemente acontece o contrário, porém, durante a desenfreada e impetuosa adolescência, as paixões e a cólera quase sempre expulsam o Ego, devido ao superaquecimento do sangue. Com efeito, dizemos que ebulição da cólera faz a pessoa “perder a cabeça”, ou seja, incapacita-a para o raciocínio. Isto é precisamente o que acontece quando a paixão, a raiva ou a cólera esquentam o sangue, assim expulsando o Ego de seus corpos. É com acerto que se costuma dizer que um indivíduo em tal estado tenha “perdido o controle de si mesmo”. O Ego se encontra fora de seus veículos e eles estão privados da influência direta de seu pensamento, cuja função consiste, em parte, em frear os impulsos. O grande perigo de tais arranques é que algum Espírito desencarnado poderá tomar posse do corpo antes que seu dono volte a entrar nele. A isto se chama possessão. Somente o ser humano que é equânime e que não permite que seu sangue se aqueça, pode pensar corretamente.
Quando alguém morre durante uma briga, com ira ou desejos de vingança, seguirá apegado a seu inimigo por certo tempo. Às vezes, ocorre que um Espírito desencarnado incita uma pessoa negativa do Mundo Físico a executar a vingança que deseja realizar, levando-a a cometer o crime planejado por aquele Espírito.
Nos anos vindouros, quando a humanidade estiver mais iluminada e os juízes, advogados e jurados possuírem mais conhecimentos em relação ao estado post-mortem, não condenarão o criminoso à morte, pois compreenderão que um assassino que passa ao além sem a necessária retrospecção e a quem se joga ao Mundo do Desejo sem preparação, é na verdade, um perigo maior para a sociedade do que o seria em carne e osso. Sem o Corpo Denso, o criminoso se assemelha a um animal selvagem fora de sua jaula. Tem um maior campo de atuação para levar sua vida de crimes, mesmo porque não poderão vê-lo os que “tem olhos de ver, mas não veem”. Se em vez de abrirem a jaula, as autoridades tentassem amansar o animal selvagem, o resultado seria muito melhor. Deveriam colocar o delituoso onde se pudesse lhe ensinar uma vida melhor, pois desse modo salvariam muitas pessoas dos crimes que poderiam cometer sob a influência deste tipo de espíritos invisíveis, ainda apegados à Terra e cheios de ódios e desejos.
É também por isso que a pena de morte, ao invés de servir de freio, na realidade fomenta ainda mais o crime.
A humanidade está escandalizada pela onda de crimes que percorre o mundo todo. Nenhum país está livre de sua influência, especialmente as cidades grandes.
Muitas vezes se pergunta: qual é a origem desta degeneração? O ocultista conhece as razões. Ele conhece as condições do Mundo do Desejo.
Sabe que as Regiões inferiores do Mundo do Desejo estão repletas de Espíritos apegados à Terra, em estreito contato com o Mundo Físico. Estes Espíritos nutriam ódio e desejos muito fortes quando foram arrojados a uma nova vida. Tais Espíritos guardam seus desejos inferiores e buscam sua satisfação.
No Mundo do Desejo existem também muitos Espíritos nobres que compreendem estas condições e permanecem nas Regiões inferiores com o objetivo de auxiliar aos débeis, ensinando-os e levando-os por vias mais retas. Porém, da mesma forma que os assistentes sociais das grandes cidades do Mundo Físico, esses auxiliares podem somente alcançar um número limitado. Há pessoas na Terra que são nobres e altruístas, e quando estão fora do Corpo Denso, enquanto dormem, prestam auxílio amoroso a estes, como Auxiliares Invisíveis. Nesse campo, estão muito ativos os Probacionistas da Fraternidade Rosacruz. Eles também fazem trabalho social na região purgatorial.
Caso um Espírito malévolo obtenha satisfação de seus baixos desejos, influenciando a uma pessoa débil ou a um médium de quem possa alimentar sua natureza inferior, então será necessário a este Espírito muito mais tempo para superar seus desejos e ficaria apegado à Terra até que estivesse totalmente purgado. Se um indivíduo morre antes de superar sua natureza inferior, vive com gente parecida por algum tempo com o fim de satisfazer suas ânsias, seja pelo tabaco, licor ou o sangue, mesmo o luxurioso pode obter algum prazer influenciando outros a que executem atos sensuais, para que possa gozar da satisfação experimentada por eles. Assim como o Espírito abandona seu Corpo Denso ao morrer, da mesma forma descarta seu Corpo de Desejos quando termina suas experiências no Mundo do Desejo. Depois, passa ao Segundo Céu.
O cascão de desejos descartado pelo assassino requer muito mais tempo para desintegrar-se que o de uma alma avançada. O cascão, ou seja, o Corpo de Desejos descartado, o qual possui uma certa consciência individual, é atraído para junto daqueles a quem o Ego tinha formado laços, ou seja, com quem esteve em relação na vida terrestre. Estes cascões podem ser usados por Elementais, os quais por sua vez se apegam a algum médium e se fazem passar por Lincoln, Wagner ou outro personagem famoso que, sem dúvida, já passaram ao Segundo Céu há muito tempo.
O suicida, aquela alma que por desalento destrói o Corpo Denso, é um dos mais desgraçados dos Espíritos apegados à Terra. Ele destrói o templo que é a morada do Deus vivente. O ser humano durante sua vida terrestre prepara o material com o qual constrói a matriz, ou seja, o arquétipo do corpo que irá usar em sua próxima vida. Cada órgão está fortificado ou debilitado segundo seus aspectos na presente vida. Ignora que seus excessos ou abusos produzirão reações e o deixarão com um corpo debilitado em uma vida futura. Uma vida casta e singela constrói um corpo são. “Aquilo que o homem plantar, isto mesmo ele colherá“[3]. Vemos que o ser humano não se transforma pela morte; um pecador não se converte em santo pelo fato de trocar de roupa. Aquilo que o indivíduo semeou em sua vida, deve colher algum dia, em algum lugar, mas tem a oportunidade de arrepender-se e purgar-se de seus pecados enquanto se encontra nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo.
Também, pode optar por estacionar nesta região depois da morte, vampirizando os demais e frequentando os lugares que o atraíram durante a vida terrestre. Pode roubar o corpo de alguma alma débil, para continuar com sua vida libertina e satisfazer seus desejos inferiores. No entanto, algum dia terá que pagar pelas faltas cometidas, cedo ou tarde, por sofrimentos ou tristezas, terá que limpar-se de todos seus pecados e aproximar-se de Deus em corpo purificado e espiritualizado.
Ninguém que mantenha uma atitude mental positiva pode chegar a ser possuído por um Espírito desencarnado ou por um Elemental, porque enquanto se faz valer sua Individualidade, isto é suficiente para impedir que venha algum intruso. Mas sempre há grande perigo onde houver reuniões que se evoca os Espíritos desencarnados (e, muitas vezes, até por desconhecimento, os Elementais), onde os assistentes se colocam em estado negativo. A melhor maneira para evitar a possessão é a de sempre manter uma atitude positiva. Alguém que tenha inclinações negativas não deveria jamais assistir a àquelas reuniões, servir-se de bolas de cristal e outros instrumentos que sempre aparecem com nomes “modernos”, mas que tem a mesma intenção: evocar os Espíritos desencarnados. Isso é prejudicial em todos os casos, pois os que passaram ao além possuem trabalho a fazer e não se deveria fazê-los voltar para cá.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1986-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.T.: Lc 11:34
[2] N.R.: Além das Hierarquias Divinas e das quatro Ondas de Vida de Espíritos Virginais que se acham evolucionando agora no Mundo Físico por meio dos Reinos Mineral, Vegetal, Animal e Humano, existem ainda outras Ondas de Vida que se manifestam nos Mundos invisíveis. Entre elas existem certas classes de espíritos sub-humanos que são chamados Elementais. Ocorre algumas vezes de um desses Elementais tomarem posse de um Corpo de Pecado ou de algum outro e deste modo confere uma inteligência extra a tal ser.
[3] N.R.: Gl 6:7
Um tema muito interessante para os Estudantes Rosacruzes é o SOM ou a VIBRAÇÃO. Sua área de frequências se estende entre o ruído comum à vida diária e o Som (ou Nota) que revela nosso Pai Celestial.
Os resultados do som em forma rítmica podem ser percebidos imediatamente: por exemplo, os rituais bárbaros ou selvagens produzem um frenesi no Mundo do Desejo, expressando movimentos espasmódicos do Corpo Denso. Os sons repousantes, por outro lado, produzem resultados opostos.
Tais efeitos podem ser observados com relativa facilidade, onde quer que se manifestem. Mas, e as sutis vibrações que não percebemos? Essas vibrações sonoras e invisíveis exercem considerável poder sobre a matéria concreta: constroem ou destroem, curam ou enfermam. Esses sons, contudo, surgem de uma fonte criadora, levando consigo esse poder em sua manifestação.
Uma evidência é a “Música das Esferas”, a mescla das “notas” planetárias com o canto dos Signos do Zodíaco.
Foi o “Verbo”, o Criador, o Modelador da carne através da qual obtemos nossas experiências. O “Verbo” foi e é o Som rítmico, o Grande Construtor Cósmico. Cada som engendra uma forma diferente. Se, por exemplo, necessitamos de produzir um certo efeito, emitimos um som especial. Mas, se o modificamos, o efeito será alterado. Isso constitui um fato importante em nossas vidas.
Um nome é um som. “Adequadamente pronunciado, não importa por quem, exerce uma influência predominante sobre a inteligência que representa.” (do livro Mistérios das Grandes Óperas-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz). Como poderemos utilizar essa informação?
Usamos nossa faculdade da linguagem diariamente, muitas vezes sem pensar, fazendo as palavras tropeçarem em nossas línguas, sem cogitar ao menos ligeiramente sobre as consequências. Sofremos muito pelas nossas indiscrições verbais, tornando-nos vítimas de nossa própria “falta de pensar”. Criamos condições confusas dentro de nossa própria aura. Arriscamo-nos, dessa maneira, a abrir nossas portas internas a elementais capazes de abalar nosso equilíbrio, permitindo que as ações de outras pessoas também nos afastem da serenidade.
Você pensou alguma vez no efeito de nossas orações em favor dos enfermos? Os nomes geralmente são mal pronunciados, formando uma vibração desarmoniosa com o “tom” da pessoa enferma, criando, obviamente, mais confusão ao seu redor. Quando oramos pelos enfermos, abrimos um canal através do qual a Divina Força Curadora pode fluir. Mas se o nome do paciente é pronunciado incorretamente, o canal pode não se abrir.
No trabalho de cura da Fraternidade Rosacruz, o paciente escreve, formando um canal direto, suficiente para a ação dos Auxiliares Invisíveis.
Como Estudantes Rosacruzes é nosso dever meditar sobre o poder “criador” da nossa linguagem, aprendendo a usar correta e cautelosamente as palavras, até nos dispormos a receber o enorme poder que deve ser utilizado em benefício de tantos quantos se ponham em contato conosco.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Como existem muitos Estudantes Rosacruzes que praticam os Exercícios Esotéricos recomendados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz para o desenvolvimento progressivo da alma, e ainda não se sentem inclinados a penetrar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, parece-nos conveniente considerar o efeito oculto das emoções geradas por esses Exercícios Esotéricos.
É muito comum, na prática do Exercício noturno de Retrospecção, o Aspirante à vida superior, ao rever os acontecimentos do dia em ordem inversa, chegar a um incidente no qual tenha injuriado a alguém ou deixado de ajudar a outro, ou de qualquer forma, não se comportou da maneira que acredita ser o ideal de sua vida. A esse Aspirante à vida superior ensinamos a cultivar um intenso remorso pelo que tenha feito de mal. Isso, com o objetivo de eliminar a imagem negativa impressa no Átomo-semente do Corpo Denso, e onde permanecerá até ser eliminada pelo sofrimento purgatorial. Tal acontecerá, a menos que a imagem tenha sido apagada previamente, por meios de Exercício Esotérico, como o de Retrospecção.
No Purgatório, esse processo se efetua pela força centrífuga de repulsão, que arrasta e destroça a matéria de desejos onde a imagem se tiver formado por cima de sua matriz de Éter. Nesse justo momento, o Ego sofre tal como fez sofrer aos demais por uma singular condição das Regiões inferiores do Mundo do Desejo – a região purgatorial.
Alguns videntes, incapazes de colocarem-se em contato com as Regiões superiores, falam do Mundo do Desejo como de algo ilusório, e não são enganados no tocante às Regiões inferiores, “já que ali todas as coisas aparecem invertidas como se fossem vistas num espelho”. Essa particularidade não é casual. Nada no Reino de Deus é assim. Tudo se destina a um fim sábio e determinado. Esta reversão ou inversão, coloca o Ego de injuriador na posição de sua vítima, de maneira que, quando se desenrola na tela uma cena da vida passada em que se conduziu indignamente em relação a alguém, o Ego não permanece apenas como simples expectadora, contemplando o quadro repetido.
Naquele momento torna-se a vítima do prejuízo, sentindo a dor do injuriado, pois a força centrífuga de repulsão exercida para destruir a cena e arrojá-la do Corpo de Desejos do pecador, deve, ao menos, igualar ao ódio ou a raiva da pessoa atingida.
Durante a Retrospecção, o Aspirante à vida superior trata de imitar essas condições. Experimenta visualizar as cenas em que fez algo de mal, e o remorso que trata de sentir deve, ao menos, igualar o ressentimento sentido pelo ofendido. Produz-se, então, o mesmo efeito como se apagasse o registro da injúria, tal os erros cometidos através do fogo do remorso, a substância prejudicial, assim extirpada, deixa lugar a um influxo de matéria de desejos que “moralmente” é mais saudável, e terreno mais propício ao desenvolvimento de ações nobres. Quanto mais nos purguemos pelo remorso, tanto maior será o vazio produzido e melhor qualidade e grau de material novo atrairemos aos nossos veículos sutis.
Por outro lado, entretanto, se nos entregamos ao remorso e aos pesares durante as horas de vigília, como fazem alguns, excedemos o nosso Purgatório; pois ainda que esse tempo seja dedicado à extirpação do mal, a consciência volta de um quadro ou cena a outro, mesmo depois de haver sido erradicado pela força de repulsão. Pois bem: pela conexão dos Corpos de Desejos e Vital podemos reviver o quadro mentalmente, tantas vezes quanto desejarmos. E enquanto o Corpo de Desejos se dissolve gradualmente no Purgatório, pelo expurgo do panorama da vida, uma porção determinada se acrescenta durante a existência no Mundo Físico, para substituir o que se expulsa por meio de remorso.
Assim, quando nos entregamos ao remorso e ao pesar exagerados, produz-se o mesmo efeito sobre o Corpo de Desejos, que o banho excessivo sobre o Corpo Vital. Ambos os veículos ficam exaustos devido a excessiva limpeza. Por essa razão, é tão perigoso para a saúde moral e espiritual comprazer-se, sem discernimento, com sentimentos de pesar e de remorso, como é fatal ao bem-estar físico, o banhar-se demasiado. O discernimento deve predominar em ambos os casos.
Ao praticarmos o exercício de Retrospecção devemos entregar-nos ao sentimento de pesar e remorso com toda a intensidade possível. Devemos procurar que caiam de nossos olhos lágrimas de fogo, capazes de alcançar até o mais íntimo de nosso ser. O processo de limpeza deve ser feito tão conscienciosamente como nos seja possível. Porém, uma vez terminado o exercício, devemos fazer o mesmo que se faz no Purgatório, isto é, considerar liquidados os incidentes do dia, esquecendo-os completamente, salvo em casos de necessária restituição, escusas ou atos subsequentes que a consciência nos aponte. Resgatada, assim, a dívida, nossa atitude deve ser a de um inquebrantável otimismo, pois “ainda que vossos pecados sejam vermelhos como escarlate”[1], se tornarão “brancos como a neve” [2]; e “se Deus é por nós, quem será contra nós”[3].
Através dessa atitude, morreremos diariamente em relação ao dia anterior para renascer, a cada aurora, para uma nova existência espiritual, pois nossos Corpos de Desejos renovam-se assim, prontos para servir a um fim mais elevado na vida, do que até aquele momento.
Ao falar de pesar e de remorsos aplicados ao problema do desenvolvimento da alma, com seu efeito sobre os nossos corpos sutis, podemos mencionar proveitosa e igualmente o efeito do pesar dirigido em outras direções. Há pessoas que convivem com o pesar como se ele fosse um companheiro agradável. Levam-no ao leito, para despertar com ele na manhã seguinte, leva-nos ao trabalho, aos negócios, a igreja, tratam-no com cuidado como se fosse a coisa mais preciosa que possuíssem. Poderiam antes deixar de viver do que abster-se de manifestar seu sofrimento por todas as suas ninharias.
Tal como um vampiro suga o Éter do Corpo Vital de sua vítima e se alimenta dele, os pensamentos constantes de pesar e de remorso, concernentes a determinadas coisas, tornam-se um Elemental, de desejo, que até como vampiro e extrai a vida das pobres almas que o sustentam. E o pior é que, em virtude da atração do semelhante pelo semelhante, procura a continuação desse mórbido hábito de pesar.
Não será com nossos pesares que socorreremos aos seres queridos que desapareceram do nosso lado. Tentando fazer com que as aparências sejam realidade, não faremos senão prejudicá-los. Eles abandonam a esfera atual de experiência e seguem adiante, para outros reinos, onde existem outras lições a aprender. E nós os detemos em seu caminho com nossos pensamentos, porque os recordamos mais profundamente durante algum tempo depois de passar para o além. Temos de considerar um dever dirigir-lhes pensamentos de carinho e de amor, em lugar do pesar egoísta, que tanto os prejudica, como também a nós. O pesar é contraproducente para o desenvolvimento espiritual, pois, enquanto o pensamento; o Elemental assim criado, permanece em torno de nós, como vampiro, não podemos elevar-nos pelo escarpado caminho.
Repugnante e asqueroso como o abutre ou o corvo que se alimentam de restos decompostos de animais mortos, é o vão pesar que vive da nociva contemplação do passado e de seus erros. É nosso dever expulsá-lo de nosso ambiente mental como expulsaríamos de nosso lar o primeiro abutre que nele tentasse penetrar. Por conseguinte, cultivemos uma atitude de otimismo em todas as coisas, porquanto todas as coisas, porquanto todas trabalham em conjunto para o bem final.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – outubro/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.T.: Is 1:18-19
[2] N.T.: Is 1:18-19
[3] N.T.: Rm 8:31