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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O que o Discípulo pode esperar do Mestre

Janeiro de 1914

Cristo disse: “Pelos seus frutos os conhecereis”[1]. Suponhamos que ervas daninhas pudessem falar. Acreditaríamos em suas pretensões se elas declarassem serem parreiras? Certamente não; nós procuraríamos os seus frutos. E, a menos que elas fossem capazes de produzirem uvas, os protestos delas – não importa quão vociferantemente os pudessem fazer – não nos causariam impressão. Nós somos suficientemente sensatos em assuntos materiais para nos precavermos contra decepções; então, por que não aplicamos o mesmo princípio para outros departamentos da vida? Por que não usar sempre o bom senso? Se assim fizéssemos, ninguém nos poderia impor os seus pontos de vista em assuntos espirituais, pois cada reino da natureza é governado por uma lei natural, e a analogia é a chave mestra para todos os mistérios e uma proteção contra as decepções.

A Bíblia nos ensina muito, mas muito claramente, que nós devemos testar e provar os espíritos e julgá-los de acordo[2]. Se fizermos isso, nunca seremos enganados por pretensos mestres; e salvaremos a nós mesmos, aos nossos familiares e aos conhecidos – inclusive da Fraternidade Rosacruz – de muita tristeza, muita angústia, muita dor e de muita ansiedade, inquietação e aflição.

Vamos, então, analisar a questão e vejamos o que temos o direito de esperar de quem pretende ser um mestre. Para isso, devemos, primeiramente, nos fazer a pergunta: “Qual é o propósito da existência no universo material?”. E podemos responder a essa pergunta dizendo que é a evolução da consciência. Durante o Período de Saturno, quando a nossa constituição era semelhante à dos minerais, a nossa consciência era como a de um médium expulso do seu corpo por Espírito de Controle em uma reunião se evoca espíritos desencarnados para se materializar, onde uma grande parte dos Éteres, que compõem o Corpo Vital, foi removida. Então, o Corpo Denso está em um transe muito profundo. No Período Solar, quando a nossa constituição era semelhante à das plantas, a nossa consciência permanecia como no estado de sono sem sonhos, no qual o Corpo de Desejos, a Mente e o Espírito estão do lado de fora, deixando o Corpo Denso e o Corpo Vital em um leito ou em um lugar dormindo. No Período Lunar, tivemos uma consciência pictórica, correspondente ao sono com sonhos, quando o Corpo de Desejos está apenas parcialmente removido do Corpo Denso e do Corpo Vital. Agora, aqui no Período Terrestre, a nossa consciência foi ampliada para abarcar objetos fora de nós próprios, mediante uma posição concêntrica de todos os nossos veículos, como acontece quando estamos acordados.

Durante o Período de Júpiter, os Globos sobre os quais progrediremos estarão situados de forma semelhante ao que estavam no Período Lunar. E a consciência pictórica interna que, então, possuiremos será exteriorizada, pois o Período de Júpiter está no arco ascendente desse Esquema de Evolução. Assim, em vez de ver as imagens dentro de nós mesmos, poderemos, quando falarmos, projetá-las sobre a consciência daqueles a quem nos dirigimos.

Por conseguinte, quando alguém se intitula um Mestre, ele deve ser capaz de fundamentar sua afirmação dessa maneira, pois os Mestres verdadeiros, os Irmãos Maiores, que estão agora preparando as condições de evolução que devem ser obtidas durante o Período de Júpiter, têm a consciência pertinente àquele Período. Portanto, eles são capazes, e sem esforço algum, de utilizar essa linguagem pictórica externa e, assim, imediatamente dão evidências claras de sua identidade. Somente eles são capazes de guiar outros com segurança. Aqueles que não se desenvolveram a tal ponto, mesmo que possam estar até iludidos a seu próprio respeito e até imbuídos de boas intenções, não são dignos de confiança, e não devemos lhes dar crédito. Esta é uma aferição absolutamente infalível; e as pretensões de quem não pode mostrar seus frutos não tem maior valor do que a erva daninha mencionada daninhas mencionadas no nosso parágrafo inicial.

Todos os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem esse atributo; e eu confio que nenhum dos nossos Estudantes, no futuro, se deixará enganar em seguir exercícios ou passar por cerimônias planejadas por qualquer pessoa que não seja capaz de produzir o fruto, e evocar imagens vivas na consciência daqueles com quem ele fala.

(Carta nº 38 do livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Mt 7:16

[2] N.T.: IJo 4:1

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Momentos na Vida

Muita gente costuma dizer: “Ah! Eu não tenho sorte; estou sempre chegando atrasado; perco sempre os meus momentos de felicidade; as minhas oportunidades na vida; porque chego tarde!”. Mas, se essas pessoas forem pensar um pouco verão que nunca chegam atrasadas, que aquele é justamente o SEU momento de chegar. Se essas pessoas sempre perdem oportunidades é porque é esse o seu destino e aquelas oportunidades ainda não são para ela. Afinal, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz: temos ganhado o que merecemos, seja nesta ou em uma vida anterior, e o que precisamos, seja em boa saúde ou bem-estar físico, o poderemos obter nesta ou em vidas posteriores, pelo bom uso que façamos de nossas oportunidades.

O relógio do destino segue sempre a evolução e, dentro da evolução, aquela criatura chega justamente quando deve chegar, para perder a oportunidade que ainda não pode ser dela. Assim, nunca nos preocupemos em forçar a natureza das coisas. Devemos agir e empenhar-nos em vencer, mas nunca nos desesperarmos, vivendo preocupados em ganhar oportunidades. Se elas forem nossas, elas virão a nós, infalivelmente. Não quer dizer que nos sentemos à espera dessas oportunidades. Não! Quando quisermos realizar algo devemos dar tudo de nós para conseguir o que pretendemos, mas agindo sempre por meios lícitos. Nunca procuremos forçar as coisas para que se acomodem à nossa vontade egoísta. Podemos desejar que as coisas deem certo, mas almejar de acordo com a vontade de Deus.

Eu quero e trabalho para obter o que pretendo, mas deixo a Deus o momento para a boa realização do que pretendo, na certeza de que, se perco uma oportunidade dentro de todo o esforço, é porque ainda não chegou o meu momento de acertar precisamente. Posso conseguir melhorar minha situação, se passar a considerar o que me falta, como uma nova conquista no campo espiritual, fazendo do material, uma aquisição espiritual no terreno da verdade.

Realizo sempre a verdade, acima de tudo penso com verdade, sem egoísmo; não atraiçoo ninguém, nem em palavras, nem em pensamentos ou em sentimentos. Então, é certo que só poderei colher a verdade no mundo. Sendo verdadeiro, as traições e os enganos não terão mais afinidades comigo.

Os meus dissabores deixam de serem dissabores, porque se os encaro em sã consciência, percebo que são meus dissabores, que me pertencem ainda, porque estão dentro do meu momento de vida. Cabe a mim, compreender o meu momento, não tanto pelas oportunidades materiais que possa oferecer, mas muito mais pelo que puder dar-me em oportunidades no campo da verdade e espiritualidade.

Pensando, sentindo e procurando a verdade em todas as coisas, dando só verdade em mim, e encarando o que me acontecer de bom e mau, com olhos verdadeiros, é natural, é lógico, que só a verdade é que receberei de volta; porque crio uma força de verdade tão forte em volta de mim, uma atmosfera tão verdadeira que atrairá, por afinidade, só o que for verdadeiro, tanto no terreno material como no espiritual. Se realizo verdades na vida todos os dias, em pensamentos, emoções, palavras e ações, certamente que as minhas realizações e conquistas só podem ser reais.

Porém, não vou ser verdadeiro apenas para adquirir certeza daquilo que conquisto, para adquirir novas conquistas ou para progredir apenas; vou ser verdadeiro pela própria verdade em si, pois a verdade é o próprio Deus, e aplicando-a reconheceremos Deus. Dentro desse equilíbrio, estou absolutamente certo de que não chegarei atrasado a nenhum de meus momentos, sejam de aquisições materiais ou espirituais; tenho certeza de que o instante em que chegar, bem ou mal para as minhas aspirações, será este o meu momento, aquele em que mereço chegar.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz –Novembro/1959-Fraternidade Rosacruz-SP)

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O Estudante Rosacruz

Quando a pessoa, seja homem ou mulher, se torna Estudante Rosacruz é porque acordou para realidades mais elevadas. Esse despertar mostra ter o Aspirante à vida superior alcançado, já, certo amadurecimento interno, fruto de sua peregrinação, embora estivesse, até então, inconsciente. O referido amadurecimento interno é que o leva a se ligar à Misteriosa Escola Rosacruz. Feita a ligação com essa Escola, recebe o Estudante a orientação necessária, assim como o auxílio dos Irmãos Maiores, a fim de que possa realizar, daí em diante, conscientemente, a sua evolução. Antes ela se processava de maneira inconsciente. Nesse caso, ela se realiza com lentidão e muito sofrimento, enquanto no outro se dá exatamente o contrário. É que, ao se ligar à Escola, tomou o Estudante o caminho de atalho. Aproveita o tempo e pode fazer, no atual renascimento, o que não faria em vários, de outro modo.

Convém esclarecer que, uma vez ligado à Escola, o maior ou menor avanço na senda depende, exclusivamente, da dedicação do Estudante. A parte de incentivo e orientação que compete à Escola e aos Irmãos Maiores jamais faltou ou faltará. Cada Estudante é atendido, prontamente, no nível de sua dedicação. Aliás não poderia ser de outra forma.

Quanto mais o Estudante Rosacruz se dedica, maior compreensão lhe surge, quase que automaticamente, dos mistérios da vida e da mencionada Escola Fraternidade Rosacruz que o orienta e apoia. Os horizontes vão se alargando, até que, um dia, o simples Estudante Rosacruz se torna Iniciado. Portanto, queridos amigos e queridas amigas, é sobremaneira importante se esforçarem. Todo esforço traz um resultado positivo na Economia da Natureza. Do preparo de cada um depende a capacidade para melhor e mais SERVIR.

(Hélio de Paula Coimbra, publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Ação de Graças em Mount Ecclesia — O Levantamento da Bandeira

Estava um lindo dia e às onze horas todos nós nos reunimos em frente ao novo refeitório prontos para içar a bandeira da Fraternidade Rosacruz; Max Heindel então tomou a palavra:

“Embora numericamente sejamos poucos, os olhos que estão sobre este lugar nesta manhã são muitos e um evento que marcará época está prestes a acontecer. Seiscentos anos antes do início da era Cristã, uma onda de esforço espiritual foi iniciada nas costas orientais da Ásia; o Confucionismo começou então a lançar sua luz sobre os problemas das pessoas que viviam lá naquela época. Tornou-se para elas um trampolim para maiores realizações, pois era adequado àquela raça e de lá, em outra forma, foi para o oeste através do Índia e da Pérsia, até a Galileia, onde assumiu a atual roupagem da Religião Cristã e, como tal, foi promulgada em todo o mundo ocidental.”

“Mas, sempre houve um lado oculto em todas as Religiões: ‘leite para os bebês e carne para os fortes’ sempre foi a regra em todos os lugares, tanto nos tempos antigos como nos modernos, e os símbolos místicos que deram esse ensinamento mais profundo moveram-se junto à onda em seu caminho para o oeste. Seiscentos anos atrás, o avançado posto de mistérios ocidentais foi fixado na Alemanha e a Ordem Rosacruz começou a ensinar os poucos que estavam, então, prontos. Hoje, aquele posto quase completou seu trabalho, tanto quanto é possível naquele lugar. Está agora enviando outro posto avançado para as costas do Oceano Pacífico; aqui, na extremidade ocidental do nosso continente, a Fraternidade Rosacruz foi estabelecida como um centro Esotérico para preparar o caminho para a Ordem Rosacruz e algum dia, nós não sabemos quando, mas provavelmente na época em que o Sol entrar em Aquário, a própria Fraternidade Rosacruz surgirá e estará localizada em algum lugar nesta vizinhança.”

“Esta, então, é a última mudança nos continentes atuais e quaisquer futuros movimentos espirituais que possam surgir terão seu início em um novo ciclo em outros continentes, a ser elevado ao oeste e ao sul desta localização; portanto, estamos agora no final de um ciclo e no início de um novo. Estamos prestes a hastear a bandeira da Fraternidade Rosacruz, que é o símbolo espiritual mais elevado da Terra: a bela cruz branca com suas rosas vermelhas, a sua estrela dourada e um fundo azul-celeste. As cores primárias, em sua relação única e significando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, flutuarão sobre este lugar doravante até que a sua missão esteja cumprida, possibilitando a criação de veículos mais elevados. Queira Deus que uma multidão possa se unirem torno desta bandeira para guerrear contra a natureza inferior, para exaltar a vida superior, para trazer luz e cura ao mundo que agora geme de dor e sofrimento.”

A bandeira foi então hasteada e o Max Heindel continuou:

“Mas, enquanto tivermos fé, no devido tempo as trevas, a tristeza e o sofrimento cessarão e o glorioso Milênio, o Reino de Cristo mencionado na Bíblia, vai se tornar uma realidade; a ‘fé sem obras é morta’ e cabe a todos os verdadeiros construtores de Templos fazer o seu trabalho para que possamos tornar realidade esses ideais que esperamos. Portanto, nos reunimos hoje com o importante propósito de colocar a pedra fundamental, o primeiro bloco de concreto para o último Templo material a ser erguido no continente agora habitado por seres humanos. Notem, eu digo ‘o último Templo material’, pois é necessário para a nossa presente condição subdesenvolvida ter o edifício de concreto, antes de podermos construir sobre ele o verdadeiro Templo feito de corações humanos, do qual já falamos tantas vezes.”

“Em algum momento, como foi afirmado anteriormente, numa data futura, provavelmente quando o Sol entrar em Aquário, a Ordem Rosacruz se manifestará em toda a sua plenitude. Seus membros também construirão um Templo aqui, um Templo de potência muito maior do que jamais poderemos esperar para o nosso Templo ‘de concreto’; e nele será continuado o trabalho agora realizado no Templo da Ordem Rosacruz que hoje se encontra na Região Etérica do Mundo Físico, na posição referencial onde hoje está a Alemanha; talvez esse Templo possa inclusive ser transferido de lá. O autor não sabe ao certo, mas essa estrutura é inteiramente etérica. Nós, que somos incapazes de ver o Templo tal como ele aparece à visão espiritual, somos, naturalmente, obrigados a primeiro construir uma estrutura física como um tipo de esqueleto de um edifício verdadeiramente espiritual, que então se torna uma força no mundo. E se tornarmos este edifício material concreto bonito e inspirador, a inspiração que obtemos deste edifício visível se refletirá no nosso Templo espiritual invisível. Assim, a estrutura concreta é a ‘serva’ do trabalho espiritual.”

“Se compreendêssemos as linhas da força Cósmica, se pudéssemos ver como os Irmãos Maiores são, não teríamos a necessidade de construir assim uma estrutura de ‘concreto’, também não teríamos a necessidade de esperar muito tempo até que os materiais fossem colocados em suas devidas posições, mas nós poderíamos começar o trabalho de construção imediatamente; seríamos de uma vez por toda uma força para um grande bem no mundo, para a rápida libertação de Cristo; agora, porém, que não somos, devemos fazer o melhor que pudermos, isto é, criar uma estrutura material, incorporando linhas e princípios cósmicos, para que todos que entrarem em seus portais possam ser inspirados, e assim poderemos ajudar a todos para construir o Templo vivo invisível, que é a verdadeira assembleia de Cristãos, ligada pelos mesmos laços de doutrina de fé e sob a liderança de Cristo.”

“Esta manhã nos reunimos com o propósito de colocar a primeira pedra, a pedra que conterá todas as cartas e todos os documentos, juntamente com os escritos e a literatura tal como os temos atualmente na Fraternidade Rosacruz; isto proporcionará as idades futuras a razão sobre o motivo da construção desta estrutura e porque ela perdurou. Que Deus conceda que esta primeira pedra possa ser rapidamente seguida por outras pedras e que em breve possamos iniciar o trabalho e estar prontos para estabelecer a verdadeira Sede em Mount Ecclesia.”

“A Bíblia relata a visita dos Reis Magos no nascimento do nosso Salvador e a lenda completa a história contando-nos que Gaspar, Melchior e Baltazar, que eram os nomes destes sábios, pertenciam às três Raças na Terra, naquela época. É muito peculiar, para dizer o mínimo, que nesta importante ocasião também estejam presentes em Mount Ecclesia os representantes das Raças da Época Lemúrica, da Época Atlante e da Época Ária. Para uma Mente aberta, a presença de representantes das diferentes Raças no nascimento de Cristo esclarece o fato de que a Religião que Ele veio estabelecer é universal. Da mesma forma, a presença presente, inesperada e até o momento despercebida, de representantes das três grandes Raças em Mount Ecclesia parece um augúrio de que este grande movimento irá, também, se tornar um veículo universal de boas novas, de compreensão mais profunda e de um verdadeiro sentimento de companheirismo para todos os que vivem na Terra.”

Os presentes se dirigiram, então, para o local onde haviam sido empilhados areia e cimento e cada um, senhoras e senhores, participou da mistura do cimento, do transporte até a sala de espera decorada com folhas de palmeira e da confecção da pedra que formará o canto da Ecclesia, quando esta for iniciada.

(Publicado na Revista Rays from the Rosecross de dezembro de 1914 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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Renascimento: Verdadeiro em Todos os Sentidos

O renascimento é a única explicação lógica da existência física. Não só nos fornece uma concepção lúcida das várias discrepâncias da vida, mas, também, fornece um objetivo ou um propósito para nós, sem o qual todo o Esquema de Evolução se tornaria inútil e irrisório. Ninguém que, testemunhando as gloriosas maravilhas da natureza, poderia imaginar que um Criador com uma visão de amplitude e magnitude em projetar um universo tão vasto, o povoaria com pequenas marionetes, cuja única percepção d’Ele seria o medo, e o único tempo de vivência na terra seria meros, mais ou menos, setenta anos; na verdade, na maioria dos casos consideravelmente menos tempo ainda. E tão pouco Sua única “Palavra” poderia ser um registro que está inserido na Bíblia. É certo, não obstante, que encerra muitos conhecimentos ocultos inestimáveis. Esses conhecimentos se acham, em grande extensão ocultos, devido às interpolações e interpretações “tendenciosas”. As traduções da Bíblia não podem ter escapado do duvidoso reconhecimento da mutilação nas mãos da Religião e do Estado; embora, essas traduções foram e são agora pregadas literalmente pelos irmãos devotos de inúmeras seitas, e que são consideradas inquestionavelmente autênticas pelas multidões, que não têm a inclinação de estudá-las por vontade própria. É de admirar que o objetivo dessa existência física seja perdido no pântano do mal-entendido? E que o credo de que só o mais forte e o que teve mais sucesso se salvará é o fator dominante da civilização moderna? Afinal, para aprendermos o real significado do que está na Bíblia é indispensável estudarmos e aplicar o Cristianismo Esotérico, tal como preconizado pela Fraternidade Rosacruz.

Como podemos esperar que milhões de pobres trabalhadores, labutando seu dia dentro e fora de casa por um salário insignificante, que mal dá para cobrir suas necessidades corporais, desgastadas pelas doenças e enfermidades, possa amar e reverenciar um Deus que, por intermédio de suas “religiões”, não dá uma resposta satisfatória ao seu grito eterno de “Por quê”?

Eles são orientados a orar, mas eles são ensinados como orar? Não; e a única resposta dos responsáveis pela direção desses tipos de movimentos espirituais aos buscadores sinceros é: “É a vontade de Deus; não devemos questionar isso”. Assim, podemos imaginar que as pessoas se voltem apenas aos prazeres materialistas para se consolar, e se submergem nas alegrias superficiais que as invenções modernas os podem oferecer? No entanto, a explicação é tão simples: as leis gêmeas de Causa e Efeito que até mesmo a mentalidade mais infantil pode entender, e a seguindo pode ganhar paz mental e quietude. Essa verdade irá sufocar os rebeldes dissabores que assediam nossas Mentes e nos conduzem silenciosa, mas seguramente ao longo do caminho rumo à perfeição.

A vida não é mais do que uma escola na qual nós, os Egos, nos manifestamos por meio de um conjunto de veículos, aprendendo lições que, com o tempo, nos tornam dignos de pertencer ao Deus-Pai, nosso Criador. É somente renascendo e renascendo novamente nesta esfera física que podemos acumular experiências empíricas que resultam em um completo desenvolvimento físico, mental e espiritual. Seria possível prever que um indivíduo fizesse isto num corpo de 60 anos? Não seria razoável que ele esperasse e levando em consideração as limitações do ambiente, potencialidades mentais, etc., é impossível. Contudo, aqui é onde a verdade do renascimento é capaz de provar, conclusivamente, sua argumentação de autenticidade. Como estudamos na Bíblia: “Como semeastes, assim colhereis[1], e é exatamente isso que significa a Lei de Causa e Efeito. Nenhum de nós pode receber da vida nada mais além daquilo que depositamos, e assim, todos nós descansamos inteiramente nas condições e circunstâncias que deveremos reencarnar aqui: como semeamos nessa vida, assim colheremos na próxima.

Quando herdamos um Corpo Denso defeituoso, não é necessário culpar nossos antepassados, pois só podemos criar seu habitat em um corpo que nós mesmos aprendemos a construir e controlar. Os pais fornecem os materiais que nós precisamos e os utilizamos da melhor maneira possível. Se construímos um Corpo Denso com um mecanismo defeituoso para esta vida, podemos concluir que os erros de uma vida anterior nos limitaram a isso, de uma mentalidade pobre, físico fraco ou é mostrada qualquer que seja a falta. Nada é feito sem uma causa justa, pois essa Lei é muito precisa e não conseguiremos ludibriá-la. Qualquer esforço colocado em determinada coisa, colheremos sua recompensa; agora ou mais tarde; portanto, hábitos vividos e pensados erroneamente também terão sua avaliação a semelhantes casos.

Assim, podemos ver do que foi exposto, que as condições do mundo de hoje são o resultado de nossos esforços coletivos passados, e o que está por vir, está sendo criado agora por nós. Nós, e somente nós, somos os únicos culpados pelas circunstâncias angustiantes pelas quais todos nós estamos passando, e quando percebermos esse fato, mesmo que por razões egoístas, o incentivo virá como segurança coletiva no futuro.

Eu sou um Deus justo[2], afirma a Bíblia, e o renascimento é visto a partir da concepção, sendo ela verdadeira em todos os sentidos. A culpa recai sobre nós, cujo ponto de vista é tão estreito que requer uma ideia restrita do grande plano, e vendo somente uma parte dele, erroneamente concluímos que não há justificativa para as nossas provações e tribulações, ou mesmo aceitar nossas misérias ou alegrias sem questionar.

Esse é apenas um breve esboço dessa grande verdade, concluindo que até que o conhecimento do renascimento seja compreendido e aceito, a Fraternidade Universal só pode ser um ideal abstrato, em vez de uma realidade concreta.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1940 – traduzida pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Mt 13:3-9

[2] N.T.: ‎Rm 1:17, ‎Sl 103:6,  ‎Dt 32:4

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Inauguração de Mount Ecclesia (Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz)

Relato de Augusta Foss Heindel na data inaugural de Mount Ecclesia (Fraternidade Rosacruz em sua Sede Mundial em Oceanside, CA) em 28 de outubro de 1911:

“O trem chegou ao meio-dia e trouxe com ele 5 de nossos membros leais:

Sr. William Patterson, de Seattle, Washington;

George Cramer, de Pittsburgh, Pennsylvania;

John Adams

e Rudolph Miller, membros ativos do Centro da Fraternidade em Los Angeles;

e a Sra. Anne R. Attwood, de San Diego.

A esses cinco se juntou o nosso grupo que era composto:

 da Sra. Ruth Beach,

da Rachel Cunningham e

nós mesmos,

perfazendo um total de 9 almas.

Dirigimo-nos ao terreno lamacento em duas carruagens pois Oceanside era uma pequena vila, com apenas uns seiscentos habitantes, com cocheiras muito antigas. Carros, lá, eram uma raridade.

Assim, o grupo prosseguiu de carruagem para realizar o que posteriormente veio a ser conhecida como a mais importante cerimônia — cavar a primeira pá de terra, erguer a cruz, e plantar uma roseira no local que se tornaria o ponto central de uma grande obra.

A Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz, que era para crescer e se expandir no mundo foi iniciada.

Mount Ecclesia veio à existência num terreno baldio e poeirento onde não se via nenhum arbusto ou raminho verde.

Tanto a cruz negra, com as iniciais C.R.C. nos três braços, quanto a pá com que se cavou a primeira terra, vieram da cidade de Ocean Park.

O seguinte discurso foi proferido, por Max Heindel, aos 9 irmãos presentes em Corpo Densos e a 3 Irmãos Maiores presentes nos seus Corpos Vitais:

Cristo disse:

“Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, Eu estarei no meio deles” e como tudo que Ele disse essa declaração era a expressão da mais profunda sabedoria divina.

Ela se apoia sobre uma lei da natureza tão imutável como o próprio Deus.

Quando os pensamentos de dois ou três focalizam-se sobre qualquer objeto ou pessoa determinada, gera-se uma forma poderosa de pensamento como uma expressão definida de suas Mentes imediatamente projetada para seu objetivo.

Seus efeitos ulteriores dependerão da afinidade entre o pensamento e a quem ele é endereçado, pois para conseguir gerar uma correspondência vibratória, sobre a nota soada pelo diapasão, é necessário outro diapasão afinado no mesmo tom.

Se forem projetados pensamentos e orações de natureza inferior e egoísta, apenas criaturas inferiores e egoístas responderão a eles.

Essa espécie de oração nunca chegará até Cristo, como a água não pode correr montanha acima. Gravita para os demônios ou Elementais, que são totalmente indiferentes às sublimes aspirações manifestadas pelos que estão reunidos em nome de Cristo.

Como estamos reunidos hoje neste lugar a fim de assentar a pedra fundamental para a construção da Sede de uma Associação Cristã Mística, estamos confiantes em que, tão certo como a gravidade atrai uma pedra em direção ao centro da Terra, o fervor de nossas aspirações unidas atrairá a atenção do Fundador de nossa fé (Cristo) que, assim, estará entre nós.

Tão certamente como diapasões com a mesma afinação vibram em uníssono, também o augusto “Cabeça” da Ordem Rosacruz (Christian Rosenkreuz) faz sentir sua presença nesta ocasião quando a sede da Fraternidade Rosacruz está tendo início.

O Irmão Maior que inspirou este movimento está presente e visível, pelo menos para alguns de nós.

Estão presentes nesta maravilhosa ocasião e diretamente interessados nos acontecimentos formando o número perfeito — 12.

Isto é, há três seres humanos invisíveis que estão além do estágio da Humanidade comum, e nove membros da Fraternidade Rosacruz.

Nove é o número de Adão, ou ser humano.

Destes, cinco — número ímpar masculino — são homens, e quatro — número par feminino — são mulheres.

Por sua vez, o número dos seres humanos invisíveis, três, apropriadamente representa a Divindade assexuada.

O número dos que atenderam ao convite não foi programado pelo orador. Os convites para tomar parte nesta cerimônia foram enviados a muitas pessoas, mas apenas nove aceitaram. E, como não acreditamos no acaso, o comparecimento deve ter sido conduzido de acordo com os desígnios de nossos líderes invisíveis.

Pode ser entendido também como a expressão da força espiritual por trás deste movimento, e não é necessária maior prova do que observarmos a extraordinária expansão dos Ensinamentos Rosacruzes, que se disseminaram por todas as nações da Terra nos últimos anos, despertando aprovação, admiração e amor nos corações de todas as classes e condições de pessoas, especialmente entre os seres humanos.

Enfatizamos isso como um fato notável, pois enquanto todas as outras organizações religiosas compõem-se em sua maioria de mulheres, os homens são maioria entre os membros da Fraternidade Rosacruz.

Também é significativo que nossos membros profissionais da saúde sejam mais numerosos que os de outras profissões e que, em seguida, estejam as pessoas que exercem alguma posição nas Religiões Cristãs exotéricas.

Isso prova que aqueles que têm a prerrogativa de cuidar do corpo enfermo estão conscientes que causas espirituais geram fraqueza física, e estão tentando compreendê-las para melhor ajudar os enfermos e doentes.

Demonstra também que aqueles cujo trabalho é cuidar das pessoas doentes estão tentando socorrer Mentes inquisidoras com explicações razoáveis sobre os mistérios espirituais.

Reforçam, assim, sua fé esmorecida e tentam firmar seus laços com a Religião Cristã exotérica, em vez de responder com máximas e dogmas não sustentadas pela razão, o que abriria totalmente as comportas para o mar agitado do ceticismo, afastando aqueles que procuram a luz através do porto seguro da Religião Cristã exotérica, e levando-os para a escuridão do desespero materialista.

É um abençoado privilégio da Fraternidade Rosacruz socorrer a muitos que buscam, sinceramente, a verdade e que, embora ansiosos, são incapazes de acreditar no que lhes parece contrário à razão.

Recebendo explicações razoáveis sobre a fundamental harmonia entre os dogmas e doutrinas apresentadas pela Religião Cristã exotérica e as Leis da Natureza, muitos retornaram à sua congregação, regozijando-se com os companheiros, tornando-se mais fortes e melhores membros do que antes de se afastarem.

Qualquer movimento para perdurar deve possuir três qualidades divinas: Sabedoria, Beleza e Força.

Ciência, Arte e Religião, cada uma possui, de certa forma, uma dessas qualidades.

O objetivo da Fraternidade Rosacruz é unir e harmonizar umas com as outras, ensinando uma Religião que é tanto cientifica como artística, e reunir todas as Igrejas numa só grande Irmandade Cristã. Presentemente, o relógio do destino marca um momento auspicioso para o início das atividades da construção, erigindo um centro visível de onde os Ensinamentos Rosacruzes possam irradiar sua benéfica influência para aumentar o bem-estar de todos que estão fisicamente, mentalmente ou moralmente enfermos ou doentes.

Portanto, agora ergamos a primeira pá de terra no local da construção com uma prece pela Sabedoria, para guiar esta grande escola no caminho certo.

Cavemos o solo, uma segunda vez, com uma súplica ao Mestre Artista pelo direito de introduzir aqui a Beleza da vida superior, de tal maneira a torná-la atrativa para a humanidade.

Cavemos, pela terceira e última vez, com relação a esta cerimônia, murmurando uma prece pela Força, para que, paciente e diligentemente, possamos continuar o bom trabalho em perseverar e tornar este lugar um maior fator de elevação espiritual do que qualquer dos que nos antecederam.

Cavado o local do primeiro prédio, continuaremos, agora, plantando o símbolo maravilhoso da vida e do ser, o emblema da Escola de Mistérios ocidentais.

O emblema consiste na cruz, representando a matéria, e nas rosas, que envolvem e rodeiam o tronco, representando a vida em evolução subindo cada vez mais alto pela crucificação.

Cada um de nós, os nove membros, participará deste trabalho de escavação para este primeiro e maior ornamento de Mount Ecclesia.

Vamos fixá-lo numa posição em que os braços apontem um para Leste e outro para Oeste, enquanto o Sol do meridiano projeta-o inteiramente em direção ao Norte. Assim, ele estará diretamente no caminho das correntes espirituais que vitalizam as formas dos quatro Reinos da vida: Mineral, Vegetal, Animal e Humano.

Sobre os braços e a parte superior desta cruz podemos ver três letras douradas, “C.R.C”, Christian Rosenkreuz, ou Christian Rosecross, as iniciais do Líder Augusto da Ordem.

O simbolismo desta cruz está parcialmente explicado aqui e também em nossa literatura, mas seriam necessários volumes para dar uma explicação completa. Vamos olhar um pouco mais longe sobre o significado da lição que nos oferece este maravilhoso símbolo.

Quando vivíamos na densa atmosfera aquosa da antiga Atlântida, estávamos sob leis completamente diferentes das que nos regem hoje. Quando deixávamos o corpo, não o percebíamos, pois nossa consciência estava focalizada mais nos Mundos espirituais do que nas densas condições da matéria. Nossa vida era uma existência contínua; não percebíamos nem o nascimento nem a morte.

Ao emergirmos para as condições aéreas da Época Ária, o mundo de hoje, nossa consciência dos Mundos espirituais desvaneceu-se e a forma tornou-se mais proeminente. Então, começou uma existência dupla, cada fase definidamente diferenciada da outra pelos eventos do nascimento e da morte. Uma dessas fases é a vida do espírito livre no reino celestial: a outra, um aprisionamento num corpo terrestre, que é virtualmente a “morte do espírito”, como está simbolizado na mitologia grega de Castor e Pólux, os gêmeos celestiais.

Já foi elucidado, em diversos pontos de nossa literatura, como o espírito livre ficou emaranhado na matéria pelas maquinações dos espíritos de Lúcifer, aos quais, Cristo se referiu como as falsas luzes. Isso ocorreu na ígnea Lemúria. Portanto, Lúcifer pode ser chamado o Gênio da Lemúria.

O efeito de seu erro não ficou totalmente aparente até a Época de Noé, compreendendo o período final Atlante e o início da nossa presente Época Ária. O arco-íris, que não poderia existir sob as condições atmosféricas anteriores, pairou com suas cores sobre as nuvens como uma inscrição mística quando a humanidade entrou na Época de Noé, onde a lei dos ciclos alternantes trouxe enchente e vazante, verão e inverno, nascimento e morte. Durante essa Época, o espírito não pôde fugir permanentemente do corpo mortal gerado pela paixão satânica primeiramente inculcada por Lúcifer. Suas repetidas tentativas de fugir para seu lar celestial são frustradas pela lei da periodicidade, pois, ao livrar-se de um corpo pela morte, será trazido para renascer quando o ciclo se completar.

Engano e ilusão não podem perdurar eternamente. Surgiu, portanto, o Redentor para purificar o sangue cheio de paixão, para pregar a verdade que nos libertará deste corpo de morte. Surgiu para inaugurar a Imaculada Concepção ao longo das linhas grosseiramente indicadas na ciência da eugenia, para profetizar uma nova Era, ‘um novo céu e uma nova terra’, onde Ele, a verdadeira Luz, será o Gênio; uma Era em que florescerão a virtude e o amor, pelos quais toda a humanidade suspira e procura.

Tudo isso e a maneira de evoluir estão simbolizados na cruz de rosas que temos em frente. A rosa, na qual a seiva da vida está inativa no inverno e ativa no verão, ilustra com clareza o efeito da lei dos ciclos alternantes. A tonalidade da flor e seus órgãos reprodutores lembram o nosso sangue. No entanto, a seiva que flui é pura, e a semente é gerada imaculadamente, sem paixão.

Quando alcançarmos a pureza de vida assim simbolizada, estaremos libertos da cruz da matéria, e as condições etéricas do milênio estarão presentes.

A aspiração da Fraternidade Rosacruz é apressar esse dia feliz, quando a tristeza, a dor, o pecado e a morte desapareçam e nós sejamos redimidos das fascinantes, mas escravizantes ilusões da matéria, e despertados para a suprema verdade da realidade do Espírito.

Que Deus apresse e frutifique nossos esforços.”

Como de costume, o tempo estava ótimo no sul da Califórnia após a cerimônia, os cinco homens e as quatro mulheres retornaram à pequena casa em Oceanside, que serviria de lar para o casal Max Heindel e Augusta Foss Heindel e duas mulheres que estavam ajudando nas atividades diárias, durante o período de construção do primeiro prédio. Compartilhamos um ligeiro almoço, e os visitantes regressaram aos seus lares, deixando estas quatro almas esperançosas exaustas para repousarem um pouco, após a batalha com as pulgas e camundongos.

(Do Livro Memórias sobre Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz – Por Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que esperamos depois…

Por sua natureza mesma, a Fraternidade Rosacruz não é ainda um movimento para a maioria. Não que não vamos ao encontro dos outros. Ao contrário: Fraternidade Rosacruz é consagração, é diálogo, é amizade leal, é ajuda mútua, é autenticidade, simplicidade e espontaneidade de trato. Não há quem não se sinta bem entre seus membros, exceto os mal preparados.

Mas, talvez justamente por isso algumas pessoas se retraiam. Quem sabe lá o que pensam ao serem cordialmente recebidas; ao encontrar sorrisos, faces iluminadas pelo entusiasmo e idealismo, semblantes satisfeitos, que revelam, pelas janelas dos sentidos, a interior alegria de estar em seu ambiente, de estar entre verdadeiros amigos?

Notamos, muitas vezes, uma certa desconfiança, não em todos. Não estranhamos. Compreendemos bem. Este mundo ainda tão cheio de interesses! Principalmente nas cidades maiores como São Paulo, a competição é tão rica em desamor!

Ademais, quantas desilusões não se tem no próprio campo do espiritualismo?

Por isso não estranhamos quando, ao oferecer os meios disponíveis para obter mais informações, folhetos diversos, prestamos esclarecimento de que na Fraternidade Rosacruz não há contribuição estipulada, porque tudo nós fazemos dentro de puro ideal Cristão (ou seja, tendo o Cristo como nosso único ideal) – o visitante corresponda com um sorriso meio forçado observando tudo, como quem diz: “que virá depois?”.

O depois, todos sabem, depende de cada um. A Fraternidade Rosacruz tudo oferece para que cada um aprenda a viver melhor, a verdadeira vida de Cristão, dentro das relatividades, dos defeitos e virtudes, nossos e dos outros. A tônica da Fraternidade Rosacruz é serviço. A princípio da forma que o Estudante Rosacruz melhor pode prestar, mas sabendo que o objetivo final é aquele do tipo que repetimos quando oficiando o Ritual do Serviço Devocional do Templo: “serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao irmão e a irmã que está ao seu lado, focando na divina essência oculta em cada um deles – que é a base da Fraternidade – e esquecendo todos os defeitos deles.”. Lá aprendemos a receber e depois a dar, de modo que, com o tempo possamos perguntar: “Que posso fazer por esse Ideal que foi bom para mim e o será para qualquer um?”.

Isso é o que vem depois! Chegamos a compreender que não podemos receber sempre sem pensar em dar. Tudo o que recebemos, leva consigo uma responsabilidade: a do emprego justo. Aquele que não sabe dividir limita a si mesmo. A avareza, em todos os campos é, mais do que tudo, uma doença da alma, uma prisão sem grades ao Espírito faminto de boas obras.

Não nos referimos só a dar dinheiro. É dar a si mesmo, em entusiasmo, em sentimento, em pensamentos, em atos, a fim de que um Ideal que verificamos ser bom, edificante, conveniente, seja em nossa vida um fator decisivo de regeneração, que nos torne melhores, que nos faça mais conscienciosos, mais puros, autênticos, equilibrados e, depois tudo isso se estenda aos demais.

Que deve esperar de si mesmo um Cristão que se forme médico? Ficar rico? “Gozar”?

Busquemos ser úteis à Fraternidade Rosacruz, sem esperar que os outros façam por nós. Os outros dedicados que lá servem, amorosamente, são poucos e seu trabalho é limitado. A obra não pode expandir-se, senão pela melhoria da qualidade de seus membros e pela contribuição de mais um cérebro, de mais um coração, de mais um braço, cheios de convicção, de amor e de entendimento.

Isso é o que esperamos “depois”. Aliás, não somos propriamente nós, é o Cristo. Ele, continuamente, nos fita com aqueles olhos expressivos, há tempos amorosos, perscrutadores e severos, sem nada pedir, sem nada perguntar, esperando…

Que estamos fazendo dos conhecimentos que recebemos? Se a Fraternidade Rosacruz nos torna melhores, que valia isso tem? Para que os outros nos apreciem e elogiem? Para que sejamos mais felizes, para conseguirmos mais harmonioso trato?

Respondemos com um assertivo: não! O Sol não retém sua luz, a fonte não detém suas águas, a árvore não impede os frutos. Só o serviço dignifica e justifica a posse. É uma lei natural irreprimível. A esse respeito disse o Cristo: “Aquele que quer salvar sua alma, perdê-la-á: aquele que a perder por minha causa ganhá-la-á[1].

Esclareçamos bem isto: a Fraternidade Rosacruz não pede para si, senão para a Humanidade, para a “Vinha de Cristo”. Ao servir nessa causa impessoal e amorosa, estamos servindo a nós mesmos, em última análise, embora, não devamos agir pela recompensa, mas pela convicção de um dever.

O inverso é verdadeiro, também: o conhecimento egoisticamente represado se deteriora. Como a seiva contida no tronco de uma árvore ao ser cortada fora de tempo, do mesmo modo todas as possibilidades que pensamos poder guardar para o nosso próprio benefício, nos fazem carunchar… tornando-nos, após a morte, imprestáveis para obras maiores, senão para servir de lenha, para alimentar o fogo consumidor das coisas que o espírito não pode assimilar.

Para ser uma verdadeira Fraternidade Rosacruz, seus membros devem ter qualidade e devem saber servir!

(Editorial da Revista Serviço Rosacruz – setembro/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: Mt 16:25 e Mc 8:35

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Carta de Max Heindel: Guardiões Invisíveis à Humanidade

Setembro de 1911

Você viu na lição sobre o Batismo como retrocedemos no tempo até os primórdios da evolução em nosso Planeta para descobrir o significado daquele Sacramento. Você deve ter notado também, naquela lição do mês passado, como o Sacramento da Comunhão tem suas raízes naqueles tempos remotos. Deste modo, é evidente que, a menos que sejamos capazes de investigar a história passada da Onda de Vida humana, não poderemos obter uma concepção clara a respeito de qualquer coisa relacionada com a Humanidade. Goethe falava de “das ewing werdende”, que quer dizer “sempre em transformação”. A mudança é a principal alavanca do progresso e se observarmos o ser humano tal como é agora, sem atentarmos para o que ele foi, as nossas deduções quanto ao seu futuro deverão ser, necessariamente, muito limitadas.

A última lição ilustra a Lei da Analogia, mostrando como o ser humano foi guiado pelos Divinos Guardiões[1], de maneira semelhante àquela em que a criança pequena é cuidada pelos pais ou responsáveis para prepará-la para a batalha da vida; e podemos ter a certeza de que, embora esses Divinos Guardiões se retiraram da liderança “visível”, eles ainda estão conosco e mantém um olhar atento sobre seus antigos protegidos, exatamente como os pais ou responsáveis continuam interessados no bem-estar de seus filhos, mesmo depois destes deixarem o lar dos pais ou responsáveis para travar a batalha da vida por seus próprios meios.

Quando tivermos nossos “olhos espirituais” abertos – ou seja: desenvolvido a nossa visão espiritual – e tivermos aprendido a distinguir as diversas classes de seres das regiões superiores, essa tutela será um dos fatos mais tranquilizadores para o observador; pois, ainda que ninguém possa interferir no livre arbítrio da Humanidade e, embora seja de alguma forma contrário ao plano divino coagir um ser humano a fazer aquilo que ele não quer fazer, não há nada que o impeça de se sugestionar e, assim, provavelmente escolher. E é devido à sabedoria e ao amor desses Grandes Seres que o progresso ao longo de linhas humanitárias é a palavra de ordem do dia.

No transcurso dos últimos tempos, nós que habitamos o mundo ocidental, sentimos particularmente a profunda angústia, o intenso sofrimento e a dor provocados pelas guerras e pelos conflitos. A luta pela existência se torna cada vez mais acirrada; é ditada pelo comportamento cruel que as pessoas demonstram umas com as outras – ou “a desumanidade do homem para com o homem”[2]. Contudo, há também outro fator desenvolvido pelos Senhores do Amor e da Compaixão, nomeadamente, os movimentos altruístas, que se multiplicam em números a um ritmo maravilhoso e ganham em eficiência, à medida que os anos passam. No entanto, é digno de nota que tanto a beneficência como as esmolas, que degradam quem as recebe, vão sendo substituídas pela ação de ajudar-se a si mesmo, que eleva tanto quem ajudamos como quem assim age, tornando os necessitados autossuficientes. Esse tipo de ajuda envolve pensamento e autossacrifício, que são promovidos pelos nossos Guardiões Invisíveis entre os mais fortes que são, agora, os guardiões dos seus irmãos e das suas irmãs mais fracos.

É motivo de considerável regozijo sabermos que vários membros da Fraternidade Rosacruz são trabalhadores em instituições onde a sistemática de ajuda é a de tornar o indivíduo capaz de se bastar a si mesmo e eu, sinceramente, espero ver o dia em que muitos outros estejam dispostos a assumir um trabalho dessa natureza, cada um no seu respectivo ambiente. Mas, comece no seu próprio lar, sendo gentil com todos com quem você entrar em contato cotidianamente e, assim, quando você for considerado fiel nessas pequenas coisas, oportunidades maiores não lhe faltarão.

(Carta nº 9 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: as Hierarquias Criadoras

[2] N.T.: de “Man’s inhumanity to man”, expressão cunhada pelo poeta escocês Robert Burn, publicado em 1784 na primeira edição da obra Poems, Chiefly in the Scottish Dialect em 1786.

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Seu Papel na Fraternidade Rosacruz

Nós somos um ser complexo. A Fraternidade Rosacruz também.

Nós temos um Corpo Denso, químico, com que nos manifestamos e evoluímos nesse Mundo; temos um Corpo Vital que infunde, ao Corpo Denso, vitalidade na forma e a faz funcionar; temos um Corpo de Desejos que dá incentivo ao Corpo Denso para a ação e o capacita nutrir emoções; e temos uma Mente com a qual aspiramos, manifestamos o pensamento e criamos. A Fraternidade Rosacruz é tudo isso também!

Estude e observe uma colmeia como um conjunto. É uma entidade atuante em evolução. Abelhas de formas e missões diferentes, todas indispensáveis ao trabalho. As inúteis desaparecem. As que cumpriram seu cicio de trabalho, que serviram ao conjunto e levam a bagagem de seu crescimento interno, somem também. Dizem que morrem. Mas a colmeia continua, porque surgem novas abelhas e até novas rainhas.

Qual é o seu papel na Fraternidade Rosacruz? Sabe que, ao servi-la, está, fatalmente, servindo a você mesmo, alcançando maior evolução, maior crescimento espiritual? Sabe que os ramos da videira verdadeira são os primeiros a se beneficiar da “seiva de Cristo”, antes de a exteriorizarem em frutos? Mas se beneficiam na medida em que não pensam nos benefícios, porque, na hora em que o egoísmo nos leva a ideia de proveito, aí fechamos os nossos canais internos à graça e a seiva deixa de fluir e de nos vitalizar. Ah! Se todos pudessem compreender isso profundamente! Então poderiam sentir as causas de haver tantos ramos secos, crispados, sofrendo e chorando pelos frutos da saúde e da harmonia que não vem… Porque não deixam vir!

A Fraternidade Rosacruz é reunião física de esforços e realizações materiais. Esse aspecto não pode faltar em nada neste Mundo material. Mas é, principalmente, amálgama harmoniosa de sentimentos nobres e elevados ideais, coerentemente alinhados num Templo Etérico. Um tal Templo se torna num farol aos olhos clarividentes; um farol que projeta luz harmonia aos que criaram dentro de si as sombras. Uma luz que dissipa as trevas e torna possível aos frequentadores enxergar seus desvios e endireitar as veredas para uma vida real. Daí aquele formoso símbolo dos carvões que se acendem e, juntos, formam uma fogueira. Mas é preciso que sejamos carvões! É indispensável que sejamos combustíveis! Se nos isolamos, se nos mantemos comburentes, se não nos deixamos queimar de aspirações anímicas, se não ansiamos algo maior na vida, que se pode fazer? Só o tempo para nos transformar quimicamente.

Pense nisto seriamente. Quem não faz parte da fogueira, não faz parte da Fraternidade Rosacruz. É borra inútil para si mesmo e para o conjunto. Está se iludindo.

Fraternidade é participação no conjunto; é assimilação na Luz; é contágio do Bem; são fachos de luz que se juntam e se concentram num trabalho redentor sobre a humanidade!

Seja membro! Seja galho vivo! Seja participante ativo que recebe e que dá, numa mutualidade que avulta e abençoa! Trabalhe pela harmonia! Sinta amor! Pense nobremente! Sobretudo, dê exemplo de harmonia e de sabedoria espiritual!

Mas faze-o discreta e humildemente, sem insistência, tolerantemente. Que a sua ação, o seu exemplo, sejam percebidos no meio em que estiver como o sal que se mistura ao alimento e não impõe frontalmente sua presença, mas que dá muito sabor! Que os outros apreciem a sua companhia e sintam a sua ausência, isto é, a companhia e a ausência de sua luz! Então será um discípulo de Cristo! Então integrará a Fraternidade Rosacruz! Então contribuirá para a luz!

Até que isso aconteça, persista às reuniões, estuda e ora e se melhora, contando com orientação e ajuda. Deixa que o grande magneto lhe induza a mesma força atrativa com que lhe converterá, mais tarde, num ponto aglutinador de Luz!

Seja esse o supremo objetivo de sua vida!

Asseguramos que ele te conduzirá à Felicidade!

(de Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de junho/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)

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