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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Trabalho de Base: participação ativa e a importância de ser um Estudante Rosacruz atuante

Nenhum edifício se constrói sem base. E essa base não pode ser falsa (Mt 7:24-27[1] e Lc 6:46-49[2]). O ser humano sensato que edifica o templo interno sobre a rocha dos princípios Cristãos e não sobre a areia da transitoriedade, constituem-se num tijolo do templo de Deus, num esteio da sociedade e na pedra angular de sua família. E como a Fraternidade Rosacruz, em essência e realidade, não é constituída de edifícios, nem de “Sedes” nem de “Grupos”, mas, sim de indivíduos, de almas afinadas na mesma elevada aspiração, no mesmo edificante serviço, deduz-se que ela se edifica e se fortalece na medida em que seus Estudantes Rosacruzes se tornam mais cônscios da responsabilidade de cada um e crescem em virtude e entendimento. Os Evangelhos, igualmente, falam de Cristo como da Pedra Angular. E Cristo falou da transitoriedade das coisas externas, símbolo das verdades internas que aprenderemos a reverenciar dentro de nós e no Todo (Mt 24:1-2[3], Jo 4:19-24[4]).

Importa que os Estudantes Rosacruzes, após o estágio inicial necessário, em que, dentro da maior liberdade, podem examinar, ponderar e concluir se realmente essa Filosofia Rosacruz corresponde as necessidades de seu grau evolutivo, que eles empreendam um estudo sério. Para isso há os diversos Cursos (por correspondência ou por e-mail), há diversas reuniões públicas, há os sites e as redes sociais de Centros Rosacruzes e, principalmente, a possibilidade de se formar “Grupos de Estudos” (Informais e Formais, reconhecido, inclusive, pela The Rosicrucian Fellowship e núcleo de um futuro Centro Rosacruz), todos eles gratuitos e amplos. Ali poderá o Estudante Rosacruz participar das questões, apresentar seus estudos e preparar-se para ser um membro consciente, capaz de prestar um esclarecimento correto, sucinto, das questões que lhes forem propostas por amigos, conhecidos, desconhecidos e familiares interessados.

Esse é um trabalho de base. A tarefa não é de expandir sem firmeza. A expansão deve corresponder ao número de Estudantes Rosacruzes preparados para uma disseminação segura e fiel. Sabemos que há muitas pessoas sequiosas de esclarecimento, que muitas almas sofredoras necessitam das lógicas explicações da Filosofia Rosacruz sobre os mistérios da vida e da morte, do Mundo terreno e dos superiores, das leis que regem nossos destinos. Mas também, se não estamos preparados, suficientemente, para um esclarecimento seguro, somos “um cego dirigindo outro cego[5] para o buraco da confusão e desilusão”. Além disso, é necessário que esse trabalho de difusão, na esfera individual ou na direção de Grupos de Estudos, baseie-se num perfeito desinteresse, quer no ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista da vaidade, do personalismo, que sacrifica o espírito de equipe. Ambas são formas de cobrar.

De toda maneira, pressupõe-se um preparo seguro, quer do lado moral, quer do filosófico, ou melhor, dizendo, da Mente e do Coração.

Há dias um simpatizante pelos Ensinamentos Rosacruzes nos interpelou com uma pergunta difícil. Pudemos responder-lhe de pronto e seguramente porque estudamos sempre as obras de Max Heindel. Foi esta: “Como se explica logicamente o renascimento, sabendo-se que a população do globo vai aumentando cada vez mais? Se os espíritos levam determinado tempo nos mundos superiores e renascem, deveria ser sempre igual à população…”.

Esta pergunta é frequente e pode confundir o Estudante Rosacruz abordado. Por isso, para esclarecimento, aqui vai a resposta: “A Onda de Vida inicial de Espíritos Virginais, da humanidade, evoluiu junta até o Período Terrestre no Globo que mais tarde se tornou o Sol, o centro de nosso Sistema Solar. Mas devida a evolução variada de diversos grupos de Espíritos, foi necessário que tais grupos saíssem do Sol, arrojados com os Planetas que foram aos poucos se diferenciando, entre eles a nossa Terra. Mas não tínhamos impressão de morte, de separação, da perda dos corpos, até inicios da Época Atlante, quando nos “foram abertos os olhos” e tivemos a ilusão de que somos seres separados. Desde então fomos perdendo a visão dos planos internos e temendo a morte, porque não sabemos o que nos espera. Mas os Iniciados da Ordem Rosacruz, que sabem, não por suposição ou por teoria, mas porque veem, inclusive na Memória da Natureza, onde estão os registros de todos os fatos passados, nos explicam que os Espíritos renascem, normalmente, uma vez em cada mil anos, sendo uma vez como mulher e outra como homem, alternadamente, no espaço em que Sol transita, pelo movimento de Precessão dos Equinócios, por cada Signo no Zodíaco (por volta de 2.160 anos). Esta é uma regra geral, com exceções. Particularizando a questão, quanto mais atrasado é um ser humano, tanto mais tempo leva para reencarnar aqui e, contrariamente, quanto mais evoluído, tanto menos tempo. À medida que os seres vão se elevando, os intervalos vão encurtando até que estejam livre da roda de renascimentos sucessivos, que são atualmente uma necessidade evolutiva, para conquista das experiências na escola do mundo. Daí se infere que, ao início de cada Época, os períodos entre renascimentos são mais longos para que se dê tempo ao Ego, de assimilar as experiências novas. Com o tempo, vão se encurtando. Agora, que estamos chegando ao final da Época, os Egos vão renascendo todos mais amiúde, neste cadinho de ensinamentos, que é a Terra. No entanto, os Adeptos e Irmãos Maiores estão além da necessidade de renascimento. Estão aqui para ajudar-nos, por amor”.

Aqui termina a explicação, a resposta que poderia ser muito mais longa e pormenorizada. Citamo-la como ilustração de que, em apenas saberem que pertencemos a Fraternidade Rosacruz, as pessoas, algumas por curiosidade, outras por real interesse, outras por desafio, nos põem a prova. Devemos estar preparados para responder com firmeza ou então, honestamente dizer: “a pergunta é interessante. Vou estudá-la para lhe dar a resposta, segundo nossa Filosofia Rosacruz”. Além disso, como dissemos e repetimos, a preparação do Estudante Rosacruz o torna um membro consciente e atuante, para enriquecimento da própria alma e da alma da Fraternidade, de que fazemos parte.

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – Maio/1964 – Fraternidade Rosacruz–SP)


[1] N.R.: Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e as pôr em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua ruína!”

[2] N.R.: Por que me chamais ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que eu digo? Vou mostrar-vos a quem é comparável todo o que vem a mim, escuta as minhas palavras e as põe em prática. Assemelha-se a um homem que, ao construir uma casa, cavou, aprofundou e lançou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a torrente deu contra essa casa, mas não a pôde abalar, porque estava bem construída. Aquele, porém, que escutou e não pôs em prática é semelhante a um homem que construiu sua casa ao rés do chão, sem alicerce. A torrente deu contra ela, e imediatamente desabou; e foi grande a sua ruína!”.

[3] N.R.: Saindo do Templo, Jesus caminhava e os discípulos se aproximaram dele para mostrar-lhe as construções do Templo. Ele disse-lhes: “Estais vendo tudo isto? Em verdade vos digo: não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja demolida”.

[4] N.R.: Disse-lhe a mulher: “Senhor, vejo que és um profeta…Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar”. Jesus lhe disse: “Crê, mulher, vem a hora em que nem sobre esta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora — e é agora — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”

[5] N.R.: Lc 6:39

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Livro sem Prefácio

Desde o seu início, o Cristianismo vem sendo deturpado por interpretadores levianos, por entidades dogmáticas, por pretensiosos e pseudomestres, desavisados transmissores dos seus ensinamentos, os ensinamentos de Cristo, os ensinamentos Cristãos.

Vem sendo erroneamente ou mesmo inconscientemente confundido nos seus ensinamentos. Confundidos, sim, por aqueles que apenas o leram, sem entendimento e conhecimento de seu profundo significado oculto.

Essa verdade aqui exposta, sem nenhum sentimento ou propósito não fraternal, nós a encontramos se nos transportarmos aos textos do próprio Livro sem prefácio, a Bíblia. Esse livro que se constitui num verdadeiro manancial de ensinamentos revividos pelos apóstolos de Cristo e seguidos, retamente, por aqueles que possuem internamente a sua chave de interpretação.

Até mesmo nas suas traduções, esse fenômeno de deturpação se generalizou, se anotou de maneira muitas vezes grosseira, pois quase que a totalidade dos seus tradutores se julgaram privilegiados portadores da verdade, ao traduzi-la e entregá-la ao sabor de interpretadores menos capacitados.

Entretanto, nós sabemos que nenhum deles, ou melhor, a maioria deles não nos apresentou uma tradução do texto original, havendo, consequentemente, uma disparidade nas suas variadas traduções, encontrando-se, na maioria delas, a marca das funestas e nefastas influências de poderosos grupos da época de escribas, de fariseus interessados numa versão ajustada às conveniências e interesses desses mesmos grupos predominantes e, não raras vezes, fugindo à lógica da sua cristalina interpretação.

Dessa confusão e dessa disparidade caracterizada nas suas traduções surgiu o catolicismo, o protestantismo, enfim, a divisão de centenas de grupos e seitas religiosas, todas elas, porém, mantendo o sufixo “ismo”, o que, vale dizer, sem se afastarem do Cristianismo.

O movimento Rosacruz (cabendo aqui salientar: que não é uma seita ou organização religiosa, mas sim uma grande Escola de Pensamento Filosófica Cristã, também conhecida como a Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental), no entanto, sem se preocupar com tais disparidades de traduções, sem pretender dar novas formas aos seus textos, vem procurando interpretar e “prefaciar” a Bíblia dentro da sua não deturpável realidade oculta, buscando, nas suas entrelinhas, a sua real e efetiva significação esotérico-espiritual, sem se preocupar com as razões ou interesses de variados grupos guiados por preconceitos egoísticos, finalidades não definidas e por vezes danosas aos superiores interesses do Cristianismo, corretamente aplicado.

Com a segurança dessa interpretação, com a convicção das verdades existentes no texto oculto da Bíblia, vem a Fraternidade Rosacruz, com seus respectivos Centros e Grupos de Estudos, conquistando a aprimoração e difusão dos seus ensinamentos, que muito vêm ajudando os nossos irmãos, as nossas irmãs, as nossas amigas e os nossos amigos nessa preocupação constante de sobreviverem na verdade, unicamente na verdade, no desejo de constituir uma humanidade mais Cristã, mais Fraternal, mais humana.

A trajetória percorrida pela Fraternidade Rosacruz, nessa espiral de evolução, vem se pontilhando e se purificando no grande sacrifício de uma luta constante, difícil e, muitas vezes, incompreendida, porém profundamente gloriosa.

Nessas circunstâncias, aos Estudantes Rosacruzes não recomendamos a leitura pura e simples do livro sem prefácio, a Bíblia, porém, que cada um procure estudá-la sem interesses outros que não sejam aqueles de, constantemente, aprender a interpretá-la na imperativa missão de fazer prevalecer a verdade dos seus ensinamentos e nunca as conveniências de grupos que consciente ou inconscientemente vêm contribuindo para dificultar o estabelecimento da tão aspirada Fraternidade humana.

Afinal, não nos esquecemos do que repetimos todas as vezes que oficiamos o Ritual do Serviço Devocional do Templo: “A Bíblia foi dada pelos Anjos do Destino que estando acima de todos os erros dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento”.

E, mais, como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos: “Há muito boas razões para que a Bíblia – que contém não uma, mas duas Religiões, a Cristã e a Judaica – fosse dada ao Ocidente. Se procurarmos a luz diligentemente veremos a Suprema Sabedoria oferecida por esta dupla Religião, apropriada como nenhuma outra Religião atual, às nossas necessidades especiais. Esclarecendo melhor esse assunto tratemos, nesse capítulo, de alguns pontos já examinados em outras partes desse livro.”

“A Bíblia, portanto, contém os ensinamentos de que necessitam, especialmente, os povos ocidentais.”

“Não pretendemos defendê-la (na forma atual comumente conhecida) como a única, verdadeira e inspirada Palavra de Deus, não obstante, ser verdade que ela contém muitos conhecimentos ocultos inestimáveis. Isso é, em grande extensão, escondidos sob interpolações e obscurecidos pela supressão arbitrária de certas partes julgadas “apócrifas”. O ocultista cientista que, claro, sabe o que se quis expressar pode ver facilmente quais as partes originais e quais as que foram interpoladas.”

“Antes de proceder com uma análise, é necessário dizer que as palavras da língua hebraica, especialmente no estilo antigo, sucedem-se umas às outras sem a separação ou a divisão que é de uso em nossa língua. Acrescentando a isso, havia o costume de retirar as vogais da escrita, de maneira que sua leitura dependia muito donde fossem colocadas, se verá quão grandes são as dificuldades a vencer para apurar o significado original. Uma ligeiríssima mudança pode alterar inteiramente o significado de qualquer sentença.

Além dessas grandes dificuldades, devemos também saber que dos quarenta e sete tradutores da versão do Rei Jaime  (a mais comumente usada na Inglaterra e América) unicamente três conheciam bem o hebraico e, desses três, dois morreram antes da tradução dos Salmos. A ata que autorizava a tradução, tenhamos também em atenção, proibia aos tradutores todo o parágrafo que pudesse desviar grandemente ou perturbar as crenças já existentes. É evidente, portanto, que as probabilidades de se conseguir uma tradução correta eram bem escassas.

Tampouco foram mais favoráveis as condições na Alemanha. Lá, Martin Lutero , o único tradutor, mesmo ele não a traduziu do texto original hebraico, mas tão só de um texto latino. A maioria das versões empregadas pelos protestantes dos diversos países é simples traduções em diferentes idiomas da tradução de Lutero.

Certamente tem havido revisões, mas não tem melhorado grandemente a matéria. Além disso, há grande número de pessoas que insiste em considerar o texto inglês da tradução do Rei Jaime como absolutamente exata, da primeira à última letra, como se a Bíblia tivesse sido escrita originalmente em inglês e a versão do Rei Jaime fosse uma cópia fidedigna do manuscrito original. Assim, os erros subsistem apesar dos esforços que se têm feito para eliminá-los.

Deve-se também notar que os que originalmente escreveram a Bíblia não pretenderam dar a verdade de maneira a poder tê-la quem quisesse. Nada estava mais distante de sua Mente do que a ideia de escrever ‘um livro aberto de Deus’.”

“Originalmente, a Bíblia Judaica foi escrita em hebraico, mas não possuímos nem uma só linha da escritura original. No ano 280 antes de Cristo fez-se uma tradução para o grego, a ‘Septuaginta’. Ainda em tempos de Cristo, havia já uma confusão tremenda e diversidade de opiniões relativas ao que se devia admitir como original e ao que tinha sido interpolado.

Só depois da volta do desterro da Babilônia, começaram os escribas a compendiar as diferentes escrituras. Pelo ano 500 D.C. apareceu o Talmud (um livro sagrado dos judeus, um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico), com o primeiro texto semelhante ao atual. Em vista dos fatos mencionados, não pode ser perfeito.

O Talmud esteve em mãos da escola Massorética que, desde o ano 590 até 800 D.C., permaneceu, principalmente, em Tiberíades. Depois de enorme e pacientíssimo trabalho, escreveu-se um Antigo Testamento Hebreu, o mais próximo ao original que temos atualmente.

Esse texto massorético será utilizado na elucidação seguinte sobre o Gênesis e, não confiando no trabalho de um único tradutor, será suplementado por uma tradução alemã de três eminentes estudiosos do hebreu: H. Arnheim, M. Sachs e Jul. Furst que cooperou com um quarto, Dr. Zunz, sendo esse último também o editor.”[1]

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.E.: atualmente, em português, temos uma versão que atende à fidelidade descrita nesse parágrafo por Max Heindel em uma versão da “Bíblia de Jerusalém, edição brasileira (1981, com revisão e atualização na edição de 2002) da edição francesa Bible de Jérusalem, que é assim chamada por ser fruto de estudos feitos pela Escola Bíblica de Jerusalém, em francês: École Biblique de Jérusalem. De acordo com os informativos da Paulus Editora, a edição “revista e ampliada inclui as mais recentes atribuições das ciências bíblicas. A tradução segue rigorosamente os originais, com a vantagem das introduções e notas científicas.” Essas notas diferenciais em relação às outras traduções prestam-se a ajudar o leitor nas referências geográficas, históricas, literárias etc. Suas introduções, notas, referências marginais, mapas e cronologia — traduções de material elaborado pela Escola Bíblica de Jerusalém — fazem dela uma ferramenta útil como livro de consulta, para quem precisa usar passagens bíblicas como referência literária ou de citações. A Bíblia de Jerusalém é considerada atualmente, pela grande maioria dos linguistas, como uma das melhores bíblias para o estudo, aplicável não apenas ao trabalho de teólogos, religiosos e fiéis, mas também para tradutores, pesquisadores, jornalistas e cientistas sociais, independentemente de serem católicos, protestantes, ortodoxos ou judeus, ou mesmo de qualquer outra religião ou crença e ateus.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A importância de: se ter um vínculo mais forte de companheirismo, aprender a cooperar, se ter uma visão maior do nosso trabalho no mundo e inspirar em todos o desejo de Fraternidade

Durante as Eras passadas, várias Religiões foram fornecidas à humanidade pelas Hierarquias Criadoras, encarregadas pela nossa evolução – um ensinamento exotérico para a humanidade em geral e um ensinamento esotérico para os pioneiros.

Um pouco mais de dois mil anos atrás, a maioria da humanidade já tinha atingido um ponto alto de cristalização que necessitava de ajuda para seguir adiante. O Cristo, um Raio do Cristo Cósmico, veio e fez o sacrifício supremo tornando-se o Espírito Planetário residente da Terra; desse modo, foi possível termos acesso ao material mais puro para nossos Corpos atuais.

Podemos ler nos nossos ensinamentos que: “Engano e ilusão não podem perdurar eternamente”[1], e por isso, o Redentor veio para limpar e purificar o sangue cheio de paixão, para pregar a verdade que nos deve libertar desse corpo de morte, para inaugurar a Imaculada Concepção, segundo as linhas indicadas, superficialmente, pela ciência das eugenias para profetizar uma Nova Era, um novo Céu e uma nova Terra da qual Ele, a verdadeira Luz, será o Gênio; uma Era em que habitará a “plena realização dos anseios da humanidade onde florescerão a virtude e o amor”[2].

Antes de Sua vinda, eram poucos os eleitos que tinham permissão para entrar no Templo, mas após a Sua vinda o véu do Templo foi rasgado para “quem quisesse” entrar; ou seja, para aqueles que também estavam dispostos a pagar o preço vivendo uma vida de abnegação ou serviço amoroso e desinteressado aos demais.

Em 1313, um grande Mestre Espiritual, a quem chamamos de Cristão Rosacruz,[3] fundou a Ordem Rosacruz – uma ordem cujo propósito era neutralizar as tendências materialistas tão desenfreadas. Os membros da Ordem trabalharam secretamente para ajudar a humanidade.

Na primeira década do século XX finalmente chegou o momento de divulgar publicamente os ensinamentos da Ordem. Max Heindel, nosso amado líder, foi escolhido para ser o mensageiro dos Irmãos Maiores e recebeu as informações contidas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Esse livro contém ensinamentos lógicos e racionais que fornecem respostas adequadas aos questionamentos do intelecto, para que a vida religiosa seja vivida; um ensinamento, que, se vivido, torna possível se ter uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são; um ensinamento que é o caminho da realização espiritual para a Nova Era[4] ou a Nova Dispensação vindoura.

É de nossa responsabilidade para com aqueles que receberam esse Ensinamento filosófico, bem como nosso privilégio, ajudar nosso irmão e nossa irmã a se desvencilhar da matéria, ensinando-lhes os verdadeiros princípios sobre os quais se baseiam nossas vidas. Todos aqueles que se empenham na aplicação desses princípios podem viver de modo que sua vida se torne cada vez mais prazerosa e ajude a tornar a Religião Cristã um fator vivo no mundo.

Max Heindel nos conta que qualquer movimento que precise ser preservado, necessita, antes de tudo, possuir três qualidades divinas: sabedoria, beleza e força. A Ciência, a Arte e a Religião possuem, cada uma, um desses atributos até certa medida. O propósito da Fraternidade Rosacruz é uni-las e harmonizá-las entre si, ensinando uma Religião que seja científica e artística e, assim, reunir todas as igrejas em uma grande Fraternidade Cristã. Nosso livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” explica que o propósito da Fraternidade Rosacruz é fornecer uma explanação dos problemas da vida que satisfaça tanto a Mente como o Coração. A Fraternidade Rosacruz trabalha sob o comando de Cristo para “pregar o evangelho e curar os enfermos”. Pregar o evangelho não apenas com palavras, mas pelo que emanamos de todos os nossos atos e pensamentos.

No livro “Ensinamentos de um Iniciado” lemos: “Para cumprir o segundo mandamento de Cristo, ‘Pregar o Evangelho’ (da próxima Era) é tão necessário quanto ‘Curar os Enfermos’. O sistema de cura desenvolvido pelos Irmãos Maiores combina as melhores técnicas e métodos praticados por diversas escolas atuais. Conta com um método de diagnose e tratamento tão exato quanto simples”. Os Irmãos Maiores chegaram à conclusão de que “Orgulho intelectual, intolerância e impaciência diante das limitações e restrições”[5], seriam os pecados que assediam nossos dias e, com isso, formularam a Filosofia Rosacruz de modo que satisfaça ao Coração ao mesmo tempo que apela ao intelecto e ensina o ser humano a escapar da restrição dominando a si mesmo.

“Recebemos milhares de cartas de apreço de diferentes cantos do mundo, das altas esferas às camadas mais baixas. Atestam o desejo ardente da alma e a satisfação proporcionada pelos ensinamentos.

Mas, à medida que o tempo passa, daqui a cinquenta anos, talvez um século ou dois, quando as descobertas científicas confirmarem muitas das afirmações contidas no ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’,quando a inteligência da maioria se tornar ainda mais aberta, os Ensinamentos Rosacruzes darão satisfação espiritual a milhões de espíritos que buscam esclarecimento.”[6]

Max Heindel nos conta que recebeu ajuda de um Irmão Maior para entrar em contato com a quarta Região do Pensamento Concreto do Mundo do Pensamento e ali receber os ensinamentos e a compreensão daquilo que é contemplado como o mais elevado ideal e a mais elevada missão da Fraternidade Rosacruz. Ele afirma: “Pude ver nossa Sede e uma multidão de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receber seus ensinamentos. Pessoas também de lá saiam para levar lenitivo aos aflitos próximos e distantes.”[7]

Quando recordamos que Augusta Foss Heindel tantas vezes nos falou em suas palestras sobre os dias de pioneirismo – como, em 1911, quando chegaram a Mount Ecclesia, um campo de feijão estéril, com pouquíssimos recursos financeiros, porém, com os corações fortes em um mundo de fé e coragem e cheio de entusiasmo pelo trabalho que eles estavam prestes a começar – e então, olhamos ao nosso redor hoje, e vemos uma verdadeira cidade, mesmo que pequena, com suas estradas pavimentadas, árvores e folhagem, com seu Templo de Cura, o magnífico prédio do Departamento de Cura e o maravilhoso Sanitarium[8] de Mount Ecclesia; tudo isso e muito mais; uma instituição da qual o sul da Califórnia pode se orgulhar, construída com as ofertas de amor de milhares de Estudantes Rosacruzes fiéis e pela comercialização dos nossos livros. Quando lembramos que tudo isso foi realizado num prazo inferior a trinta anos, então, fica fácil visualizarmos o que esperar para os anos futuros. Nossos belos Ensinamentos Rosacruzes estão se espalhando rapidamente pelo Planeta; nosso trabalho está crescendo a passos largos, à medida que avançamos em aspiração harmoniosa em direção à meta que nosso líder estabeleceu para nós. Quando, por meio de nosso objetivo, nossas aspirações, nosso amor pela humanidade (pois o amor à humanidade gera amor a Deus) – quando nosso amor tiver se tornado elevado, puro e sagrado o suficiente, então proporcionaremos o nascimento da mais pura luz, a luz branca, de nosso Templo de Cura Etérico, interpenetrando a estrutura física, que se tornará um fogo branco resplandecente, com suas pontas, como asas, alcançando o Mundo celestial, formando um cálice ou matriz que conterá e trará à Terra o Solvente Universal ou a Panaceia para toda a aflição mundana. Então, a visão de Max Heindel será cumprida e “uma multidão de pessoas virá de todas as partes da terra… saindo dali para levar bálsamo para os aflitos próximos e distantes”.

Então, sempre que nos reunimos para estudar, para decidir, para oficiar rituais ou, somente, para batermos um bom papo, o façamos para estabelecer um vínculo mais forte de companheirismo entre os Estudantes Rosacruzes, para que possamos trabalhar em cooperação, pois nosso próximo passo é o trabalho em grupo em ambos os planos. Não é fácil para nós, quando temos tantos intelectuais entre nós, descobrir como fazer isso. Os diamantes são polidos por fricção e nós ainda somos diamantes brutos. Aprenderemos isso, gradualmente, friccionando uns nos outros – teríamos pouca experiência se estivéssemos sozinhos no Planeta. Dessa maneira, vemos as falhas um no outro, somos antipáticos e criticamos de maneira negativa, causando ressentimento e tristeza um ao outro, até que, finalmente, chegamos à conclusão de que os defeitos e falhas vistos em nosso irmão ou em nossa irmã, eram as nossas e nosso irmão ou a nossa irmã apenas serviram como um espelho para refletir os nossos defeitos e falhas. Somente quando chegarmos a essa percepção é que podemos ver o verdadeiro “eu” do outro e de “nós” mesmos, e seguir em frente na nossa unificação. Por fim, nós nos reunimos para aprender a cooperar, a descobrir maneiras e meios de divulgar amplamente essas verdades; ter uma visão maior do nosso trabalho no mundo; para nos aproximarmos mais das forças espirituais que atuam para elevar a humanidade; inspirar em todos um maior desejo e aspiração de estabelecer a Fraternidade Universal no mundo.

(Publicado pela Revista: Rays from the Rose Cross – novembro/1940 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[2] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[3] Christian Rosenkreuz

[4] N.T.: Era de Aquário

[5] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[6] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[7] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[8] N.T.: um hospital focado na cura definitiva das doenças e enfermidades

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por que alguns astrólogos afirmam ser o ano 1912 o início da Era Aquariana ou Era de Aquário?

Resposta: Já ouvimos essa afirmação, mas nenhuma razão foi apresentada. A astrologia não é necessária para calcular isso, já que a astronomia comum o faz de forma muito clara. Atualmente, o Equinócio de Março está em torno de 10 graus da constelação de Peixes, o que é naturalmente considerado pelos astrônomos como o primeiro grau de Áries. Eles usam o mesmo sistema que usamos na astrologia para diferenciar os dois Zodíacos. Eles sempre começam com o primeiro ponto de Áries, que chamamos de zero graus de longitude, no momento exato em que o Sol atravessa anualmente o Equador. Eles conhecem e medem a Precessão dos Equinócios à razão de aproximadamente cinquenta segundos de espaço por ano. Se retrocedermos, percorrendo anualmente esses cinquenta segundos de espaço, veremos que eles perfazem cerca de um grau em 72 anos, e um Signo em mais ou menos 2.100 anos, exatamente os mesmos cálculos que usamos na astrologia.

O Sol está no momento atual cruzando o Equador aproximadamente a 10 graus da constelação Peixes, como já foi dito, e como ele precede à razão de cinquenta segundos por ano ou um grau em setenta e dois anos, podemos facilmente calcular quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, entrará na constelação de Aquário: mais ou menos no ano 2638. Porque certas pessoas afirmam que a Era Aquariana, ou Era de Aquário, começou em 1912, não o sabemos. O que podemos dizer, contudo, é que cada um de nós possui uma aura que interpenetra o Corpo Denso, físico, e estende-se a cerca de quarenta centímetros de sua periferia. Ela cresce mais à medida que nos espiritualizarmos, mas essa é a média. Isso explica o fato de, às vezes, sentirmos uma pessoa atrás de nós. Sua aura e a nossa se misturam, e intuímos assim a presença dela, sentindo a sua vibração. Dá-se o mesmo com o Sol, a Lua, a Terra e com todos os outros Planetas.

Cada um possui a sua aura particular. Assim, à medida que o Sol se move em direção da constelação de Aquário, a sua aura o precede e entra em contato com a vibração Aquariana, de forma que a influência começou a fazer-se sentir por nós desde os meados do século passado. É o que chamamos de Órbita de Influência.

Se considerarmos que Aquário é o Signo da criatividade, originalidade e independência, que traz para o mundo ideias mais brilhantes e liberais, e lembrarmos que a partir de 1850 as ideias religiosas e sociais do mundo sofreram uma revolução total e que a ciência e as invenções deram um maravilhoso passo, devemos reconhecer a sua real influência. Pensemos em todas as invenções que surgiram no mundo desde aquela época.

Navios a vapor começaram a ser usados, em seguida o telégrafo e o telefone, o telégrafo sem fio, automóveis, dirigíveis, aparelhos elétricos, e tudo aquilo que passou a revolucionar a vida de 60 ou 70 anos para cá. O mundo inteiro transformou-se com essa influência Aquariana e isso é sentido, cada vez mais, a cada ano. Por essa razão, podemos dizer que estamos na órbita de Aquário, mas a Era Aquariana não começou realmente. Quando Cristo veio, o Sol, por Precessão dos Equinócios, estava em torno de sete graus de Áries.

Ainda tinha que percorrer sete graus antes de chegar a Peixes, mas já estava em sua Órbita de Influência. Em 498 D.C., o Sol cruzou o grau zero de Áries e, a partir daí, veio precedendo o Signo de Peixes, dando início a Era Pisciana, a Era de Peixes.

É comum um grande mestre aparecer a cada Era, e podemos esperar que desta vez venha através da Fraternidade Rosacruz, porque a Fraternidade é o arauto da Era Aquariana, da mesma forma que São João Batista foi o arauto da Era Pisciana.

(Pergunta nº 112 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Servindo onde melhor estivermos preparados para servir

Fevereiro de 1917

Uma pergunta foi me colocada recentemente; ei-la: “Você fala tanto sobre o serviço; mas o que isso significa? Há muitas pessoas em nossa Fraternidade Rosacruz que dizem que gostam muito de servir, mas nada fazem além do que gostam de fazer. Isto é servir?”.

Parece-me que essa questão nos oferece alimento para uma reflexão proveitosa e que uma análise sobre o assunto pode beneficiar a todos nós, por isso decidimos dedicar a carta mensal a esse propósito.

É evidente que a maioria das pessoas no mundo não prestará serviço algum a não ser que haja “algum proveito disso” para ela. Estão procurando por uma recompensa material, e esta é a maneira sábia empregada pelos poderes invisíveis para estimular as pessoas à ação, pois assim elas estão evoluindo inconscientemente até atingir a etapa do crescimento anímico, onde as pessoas servirão pelo amor de servir. Mas não se pode esperar que tal coisa mude da noite para o dia; não há transformações repentinas na Natureza. Quando a casca do ovo se rompe e o pintinho sai, ou quando o casulo se rompe e a borboleta voa por entre as flores, sabemos que a mágica não foi instantânea. Houve um processo interno de preparação antes que pudesse haver a mudança externa. Um processo similar de um crescimento interior ou interno é necessário para transformar os servidores de Mamon[1] em servidores do Amor.

Se queremos construir um edifício maior, tudo o que temos que fazer é transportar nossos tijolos e demais materiais de construção para o local, montar uma força tarefa de trabalhadores e pronto! O edifício começa a crescer rapidamente em qualquer dimensão e na velocidade que desejarmos, dependendo tão somente da nossa habilidade em equipar a mão de obra e em fornecer todo material necessário. Mas, se queremos aumentar o tamanho de uma árvore ou de um animal, não podemos atingir nosso objetivo pregando madeira no tronco da árvore ou colocando carne e pele no dorso do animal. O edifício cresce por acréscimos externos, porém, em todas as coisas viventes o crescimento físico é de dentro para fora e não pode ser apressado em nenhuma extensão apreciável sem o perigo de se provocar complicações.  É a mesma coisa que acontece com o crescimento espiritual; ele procede de dentro para fora e deve ter tempo. Não podemos esperar que pessoas que começaram recentemente a sentir o impulso interior, que as impele a uma associação altruísta, renunciem em um piscar de olhos a todo egoísmo e a outros vícios e se desenvolvam à estatura de Cristo. Na melhor das hipóteses, somos apenas um pouco melhores do que éramos, exceto pelo fato de estarmos nos esforçando e nos empenhando para seguir “Seus passos”. No entanto, nisto está toda a diferença, pois estamos tentando servir como Ele serviu.

Se este é o motivo, de modo algum, diminui o serviço de um músico que nos inspira com devoção em nossos serviços, por ele amar sua música. Tampouco torna o serviço menos valioso, porque o orador que nos inflama com fervor na obra do Mestre, gosta de revestir suas ideias com belas palavras. Nem por isso, um salão se torna menos atraente porque a pessoa que o varreu, limpou e decorou gosta de deixar seu ambiente externo bonito. Cada um pode, de fato, servir com muito mais vantagem se a linha de serviço estiver no caminho de suas inclinações e habilidades naturais, e devemos encorajar uns aos outros a procurar oportunidades onde cada um esteja mais apto para servir.

Não há mérito especial em procurar servir em uma função ou situação que nos seja desagradável. Seria um erro se o músico dissesse a um encarregado da organização de um recinto: “Não gosto de esfregar o chão e nem de decorar ambientes, e sei que você treme só de pensar em tocar, pois está sem prática, mas vamos trocar de lugar por amor ao serviço”. Por outro lado, se não houvesse ninguém para tocar, seria dever do encarregado da organização de um recinto deixar a desconfiança de lado e servir da melhor forma possível. Se fosse necessário esfregar o chão e limpar as cadeiras, o orador e o músico deveriam estar dispostos a fazer esse trabalho também, de livre e espontânea vontade, independentemente de qualquer aversão pessoal. Nada é insignificante, servil, subalterno ou inferior. O mesmo princípio deve ser aplicado no lar, no ambiente de trabalho ou em qualquer lugar que se esteja. O serviço prestado pode ser definido como o melhor uso de nossos talentos – a colocação de nossos talentos para melhor utilização em cada caso de necessidade imediata, independentemente da nossa preferência de gostar ou não.

Se nos esforçarmos em proceder dessa maneira, nosso progresso e crescimento da alma aumentarão de forma proporcional.

(Carta nº 75 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica “Mamom”, que significa literalmente “dinheiro”. No Evangelho, a palavra é utilizada quando afirma que não é possível servir simultaneamente a Deus e a Mamon (Lc 16:13). O termo, no texto original, também é citado no Evangelho Segundo São Mateus.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Cartas de Augusta Foss Heindel: A Ordem Rosacruz e a Fraternidade Rosacruz: Nosso Supremo Ideal

Augusta Foss Heindel

Nossa missão é dar a conhecer publicamente os Ensinamentos dos Irmãos Maiores dessa Ordem e, mediante a aplicação deles em nossa vida diária, poder chegar a possuir: uma Mente Pura – um Coração Nobre – um Corpo São.

Antes de entrar na explicação desses Ensinamentos Rosacruzes, bom será que digamos algumas palavras acerca dos Irmãos Maiores e do lugar que ocupam na evolução da humanidade.

Por razões que se dirão mais adiante, os Ensinamentos Rosacruzes advogam uma visão dualista: sustentam que cada um de nós é um Espírito encerrando em si mesmo todos os poderes de Deus, como a semente encerra a planta, e que esses poderes se desenvolvem lentamente em uma série de existências dentro de um corpo terreno que melhora gradualmente; sustentam, além disso, que referido desenvolvimento se tem processado sob a direção de Seres exaltados que dirigem, ainda hoje, nossos passos, embora essa tutela vá diminuindo à medida que gradualmente adquirimos intelecto e vontade. Esses Seres Excelsos, se bem que invisíveis a nossos olhos físicos, constituem, entretanto, poderosos fatores em todos os assuntos da vida, dando aos diferentes grupos humanos lições que impulsionam o desenvolvimento dos poderes espirituais deles com o máximo grau de eficiência. De fato, a Terra pode ser comparada a uma vasta escola de treinamento, na qual existem Discípulos de várias idades e diferentes habilidades ou disposições, como ocorre em qualquer de nossas escolas. Existem os selvagens, vivendo e adorando sob as mais primitivas condições, vendo Deus numa pedra ou num pedaço de madeira. Assim, sob o progresso que cada um de nós realiza para diante e para cima na escala da civilização, encontramos uma concepção mais alta da Deidade até florescer, em nosso mundo ocidental, na formosa Religião Cristã, que nos proporciona, atualmente, a inspiração espiritual e o incentivo necessário para melhorar. Os Seres, que a Religião Cristã conhece sob o nome de Anjos do Destino, proporcionaram a cada grupo humano as diferentes Religiões que conhecemos, e sua maravilhosa previsão capacita-Os para verem a direção de algo tão instável como a Mente humana, podendo assim determinar que passos são necessários para guiar nosso desenvolvimento a respeito de linhas convenientes ao bem universal mais elevado.

Estudando a história das antigas nações veremos que, cerca de seiscentos anos antes de Cristo, uma grande onda espiritual surgiu nas costas orientais do Oceano Pacífico, onde a grande Religião de Confúcio acelerou o progresso da nação chinesa. Na mesma época a Religião de Buda começou a conquistar milhões de adeptos na Índia, e mais a oeste temos a sublime filosofia de Pitágoras. Cada sistema era apropriado às necessidades particulares do povo ao qual se aplicava.

Veio então o período dos céticos, na Grécia, e mais tarde, caminhando para Oeste, a mesma onda espiritual se manifesta na Religião Cristã da Idade Média, quando o dogma de uma Igreja dominante impôs sua crença em toda a Europa Ocidental.

É Lei do Universo que à uma onda de despertar espiritual siga sempre um período de materialismo duvidoso, e cada uma dessas fases é necessária para que o Espírito receba igual desenvolvimento, tanto em seu intelecto como em seu coração, sem ir demasiado longe em nenhuma das direções.

Os Grandes Seres, anteriormente mencionados, que cuidam de nosso progresso, tomam sempre medidas para preservar a humanidade desse perigo.

Quando previram a onda de materialismo que começou no século dezesseis com o nascimento da ciência moderna, tomaram medidas para proteger o Ocidente, como haviam anteriormente salvaguardado o Leste contra os céticos, que se viram contidos pelas Escolas de Mistérios.

No século treze surgiu na Europa Central um grande Mestre espiritual cujo nome simbólico foi CHRISTIAN ROSENKREUZ, isto é — CRISTÃO ROSACRUZ — que fundou a misteriosa Ordem Rosacruz, em relação à qual tantas suposições têm sido feitas sem que grande coisa haja chegado ao mundo em geral, uma vez  que se trata da Escola de Mistérios do Oeste e se abre, unicamente, àqueles que alcançaram o estado de desenvolvimento espiritual necessário a serem “ iniciados nos seus segredos relativos à Ciência da Vida e do Ser

Se alcançamos um desenvolvimento tal que nos permita deixar nosso Corpo Denso e encetar um voo anímico pelo espaço interplanetário, veremos que o átomo físico primário é de forma esférica, como nosso Planeta, isto é — um globo. Se tomamos um determinado número de globos de igual tamanho e os agrupamos em torno de um deles, necessitaremos exatamente doze para ocultar o décimo-terceiro. Também assim os doze visíveis e o décimo-terceiro oculto – o UNO — são cifras que revelam uma relação cósmica; como todas as Ordens de Mistérios estão baseadas em linhas cósmicas, todas se compõem de doze membros reunidos em torno de um décimo-terceiro que é o Líder invisível.

São sete as cores do espectro: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta. Entre o violeta e o vermelho, porém, existem outras cinco cores invisíveis aos olhos físicos, mas que se descobrem pela visão espiritual. Em toda Ordem de Mistérios existem igualmente sete Irmãos que, às vezes, aparecem no mundo a fim de realizar o trabalho necessário para o progresso daqueles a quem servem. Entretanto, cinco Irmãos nunca são vistos fora do Templo. Eles ensinam e trabalham com aqueles que já passaram por certos estados de desenvolvimento espiritual e que podem, portanto, dirigir-se ao Templo em seus corpos espirituais — fato esse que se ensina na primeira Iniciação, que costuma ter lugar no exterior do Templo, por não ser conveniente a todos visitá-lo fisicamente.

Não vá agora o leitor imaginar que essa Iniciação faz do Estudante um Rosacruz, como tampouco a admissão de um estudante na Universidade o torna membro dessa Faculdade. Nem mesmo após passar os nove graus desta ou de outra Escola de Mistérios, se é um Rosacruz. Os Rosacruzes são Hierofantes dos Mistérios (ou Iniciações) Menores e além deles existem, ainda, escolas em que são ensinados Mistérios (ou Iniciações) Maiores. Todos aqueles que já concluíram os Mistérios Menores e são alunos dos Mistérios Maiores são chamados Adeptos; mas, nem mesmo eles alcançaram a privilegiada situação dos doze Irmãos da Rosacruz ou dos Hierofantes de qualquer Escola de Mistérios Menores, assim como o Estudante que acaba de graduar-se na Universidade não desfruta da posição e do reconhecimento devidos aos catedráticos.

Em outro artigo falaremos sobre a Iniciação, mas devemos salientar aqui que a porta de uma genuína Escola de Mistérios não se abre com chave de ouro, mas tão somente como recompensa pelos serviços meritórios realizados em prol da humanidade. Todo aquele que se anuncia a si mesmo como um Rosacruz, ou se encarrega de instruir a troco de dinheiro, se acredita a si mesmo como charlatão por qualquer desses dois atos.

Nos séculos decorridos desde a formação da Ordem Rosacruz seus membros têm trabalhado secreta e silenciosamente, esforçando-se por moldar o pensamento da Europa Ocidental mediante obras de Paracelso, Boehme, Bacon, Shakespeare, Fludd e outros. Diariamente à meia-noite, quando as atividades físicas do dia estão em seu mais baixo refluxo e os impulsos espirituais em seu fluxo superior, enviam de seu Templo vibrações que agitam e comovem a alma a fim de contrabalançar o materialismo e para impulsionar o desenvolvimento das forças do espírito. À suas atividades respondemos nós e delas nos beneficiamos, assim como a ciência materialista, que se vai espiritualizando lenta e gradativamente.

(de Augusta Foss Heindel – Traduzido e Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto de 1969 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Conheça os Deveres do Verdadeiro Estudante Rosacruz

O Universo é um corpo ou um todo. Os Astros são órgãos desse corpo e os habitantes são suas células.

Pela lei da analogia comparamos a Ordem Rosacruz com o Universo como sendo um corpo: a Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz em Mount Ecclesia – Oceanside – é a Cabeça; os Centros e Grupos de Estudos Rosacruzes são os órgãos e membros e os Estudantes Rosacruzes são as células desse corpo.

Quando em um corpo um órgão adoece ou não funciona bem, o corpo todo se ressente e há um desajuste. Esse órgão afeta todos os outros e reina a desarmonia no conjunto. Uma célula depende da outra. É um trabalho de equipe, por assim dizer. É necessário haver harmonia e unidade entre todas as células e órgãos, caso contrário, surge a doença e, possivelmente, a morte do corpo.

Na Fraternidade Rosacruz também é assim. Quando um Estudante Rosacruz se integra no movimento passa a fazer parte do todo.

O nosso lema é “Serviço” e cada Estudante Rosacruz deve fazer a sua parte. Onde houver algo para se fazer, façamo-lo; não esperemos que outros o façam. Max Heindel nunca escolheu serviço. Fazia de tudo, até faxina se preciso fosse. Sempre dizia: “Se este serviço tem que ser feito por alguém, então por que não eu?”. Nós, também, devemos fazer o mesmo, cada um dentro de suas possibilidades. Hoje em dia fala-se em trabalho de equipe. É o que procuramos empreender. Até no Reino Animal nota-se este trabalho. Quando uma formiga está carregando uma folha muito grande, vem outra ajudar e, ambas, levam a carga para o celeiro a fim de alimentar as outras companheiras. Todas trabalham para o mesmo fim. Por que não seguimos o exemplo delas? Cada Estudante Rosacruz é uma formiguinha e deve colaborar para que o todo sobreviva.

Alguns Centros da Fraternidade Rosacruz, como todas as entidades organizadas, tem um corpo de conselheiros, diretores, mas estes não são a Fraternidade Rosacruz. É lógico que a maior responsabilidade, quanto ao bom andamento e progresso da organização, cabe ao corpo de conselheiros, mas ela depende também de todos os Estudante Rosacruz. Se não houvesse Estudantes não haveria a Fraternidade Rosacruz.  A nossa Fraternidade Rosacruz cresce e progride à medida que cada Estudante Rosacruz evolui. Se nós não nos interessamos e somos indiferentes a tudo que diz respeito ao movimento, retrocedemos, pois, nosso irmão Max Heindel afirma que ninguém para nesse Esquema de Evolução; ou caminhamos para frente ou para trás. Se não avançamos, retrocedemos e, assim, o progresso da Fraternidade Rosacruz se torna mais lento. É a sinceridade e o interesse do Estudante Rosacruz que fazem a Escola Rosacruz crescer e progredir. O verdadeiro Estudante Rosacruz sincero e dedicado interessa-se por tudo o que diz respeito ao movimento Rosacruz.

Nós devemos ser quentes ou frios, porém nunca mornos; por isso ou somos ou não somos Estudantes Rosacruzes da Fraternidade Rosacruz.

Aquele que não se interessa de corpo e alma, que não vive a vida, que não toma parte ativa em tudo o que diz respeito à Escola Rosacruz não é um verdadeiro Estudante Rosacruz e está apenas passando seu tempo.

Quando um órgão ou membro adoece gravemente, muitas vezes, requer uma intervenção cirúrgica com extração ou amputação do mesmo para salvar o corpo.

Na Fraternidade Rosacruz também quando um elemento está prejudicando o todo pela sua conduta, os Irmãos Maiores se encarregam de afastá-lo. Essa é a prova do Estudante Rosacruz. Ser Estudante Rosacruz não é muito fácil. É necessário sacrifício, principalmente, da natureza inferior.

Na Oração do Senhor, o “Pai-Nosso”, há uma petição pelo Corpo de Desejos: “não nos deixei cair em tentação”. As tentações existem e são necessárias para provar a nossa resistência e o nosso valor. Mas precisamos lutar para não cairmos em tentação e se cairmos devemos nos erguer e continuar a luta com a mesma coragem e sinceridade. É nessa hora que se conhece o verdadeiro Estudante Rosacruz.

O maior serviço que devemos prestar é divulgar a Filosofia Rosacruz e o meio mais eficiente é pelo exemplo, vivendo o que aprendemos.

Não adianta ficarmos pregando a Filosofia Rosacruz, falando nas maravilhas que ela encerra se a vida que levamos mostra o contrário. Nesse caso, é preferível ficarmos calados levando uma vida honesta, digna e justa.

E quanto mais graus subimos (desde Estudante Preliminar até Discípulo), mais devemos nos dedicar a vivenciar e promulgar os Ensinamentos Rosacruzes, pois “a quem muito é dado, muito é exigido”. Se assim não o fizermos, pode ter certeza: você não é um Estudante Rosacruz, ainda que ache que é. Os Irmãos Maiores que tanto precisam de colaboradores (“a messe é grande e os operários são poucos”), com certeza, não tem tempo a perder com quem quer se intitular “Estudante Rosacruz”, mas não quer ser um “colaborador consciente na obra benfeitora a serviço da humanidade”.

Sejamos bons Estudantes Rosacruzes e lutemos com todas as nossas forças pelo engrandecimento da Fraternidade Rosacruz, a quem tanto devemos. Não poupemos esforços e, assim, quando chegar a nossa hora final estaremos em paz com a nossa consciência, certos de que colaboramos com nosso amado Mestre, o Cristo e não cruzamos os braços, enquanto os outros trabalhavam por nós.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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