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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Simbolismo da Pedra Filosofal

O Simbolismo da Pedra Filosofal

Todos os sonhos do ser humano se tornarão realidade na futura Era de Aquário? Assim muitos esperam. Não esqueçamos, porém, que a Era aquariana será apenas uma parte de um Grande Ano Sideral, a despeito de todas as perspectivas de um admirável avanço. Nas Eras subsequentes a Aquário, o gênero humano alcançará estágios de desenvolvimento inimagináveis à nossa consciência atual. Nossas esperanças mais próximas, entretanto, concentram-se na era que se avizinha.

A maior realização humana de Aquário não será uma inovação material (embora se possa prever um progresso científico passível de ser tomado, nos dias de hoje, como mera ficção, tal seu esplendor), sociológica ou cultural. Será a plenitude de todas as realizações humanas verdadeiramente significativas, hoje situadas no plano dos anseios mais nobres.

O ser humano terrestre logrará uma conquista importante: a elaboração da Pedra Filosofal pela transmutação da força criadora. Todos os Egos são dotados potencialmente dessa capacidade e, a seu tempo e após muito trabalho, todos a realização.

Na Idade Média se falava muito nos alquimistas. Muitos criam piamente na versão divulgada de que eles se esforçavam por transformar os metais brutos em ouro. Era uma forma de ocultar seu verdadeiro trabalho da curiosidade profana. Na realidade, os verdadeiros alquimistas eram dedicados Estudantes Rosacruzes da Ciência Oculta, fazendo-o com o propósito de aprender a transmutar a natureza inferior em Espírito. Portanto, considerada à luz dessa verdade, a afirmação de que os Rosacruzes se dedicavam à descoberta da fórmula da Pedra Filosofal é correta. O local em que esse trabalho é levado a efeito nada tem a ver com o laboratório alquimista tal como os antigos o imaginavam. O corpo humano é o único “laboratório”, pois é o próprio Ego o Alquimista espiritual – que, ao trabalhar em seu veículo físico, converte-se na Pedra Filosofal. O corpo, essa oficina do Espírito, contém todos os elementos essenciais a essa formulação. A elaboração dessa Pedra depende do direcionamento ascensional da força criadora. Em nosso passado evolutivo, fomos hermafroditas, criando fisicamente a partir de nós próprios.

Tendemos futuramente a retornar a essa condição, mas de uma forma mais elevada. Seremos novamente hermafroditas, tanto física como espiritualmente. A força criadora, ora encontrando expressão parcial através do cérebro e da laringe, permitir-nos-á, então, objetivar e vivificar ideias por intermédio do Verbo. Essa energia criativa dual é o “elixir da vida”, emanado do próprio Ego.

Esse trabalho requer persistência e, por certo, os resultados não se tornarão evidentes logo de imediato. Vencer a natureza inferior não é tarefa das mais fáceis e só uma perseverante diligência conduzirá o Estudante Rosacruz ao objetivo em mira. Um dia seu esforço será recompensado, quando o fogo espiritual finalmente ascender à cabeça, fazendo vibrar a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário.

O corpo inteiro se impregnará dessas irradiações e o ser humano tornar-se-á uma Pedra Filosofal.

(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz – Fraternidade Rosacruz de Santo André – SP – abril/1982)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Educando a criança e o adulto para o futuro já na órbita de influência da Nova Era

Os pais e educadores conscienciosos de hoje, bem como todos os interessados no bem-estar da humanidade, estão dedicando considerável atenção à questão educacional, tanto das crianças quanto dos adultos.

Os métodos e programas das escolas elementares e secundárias estão passando por uma análise crítica e por nova apreciação à luz das inúmeras mudanças em nosso modo de vida, resultantes das descobertas e invenções científicas, assim como das influências espirituais que estão, à revelia de muitos, afetando o conhecimento humano.

A intensificação de uma percepção mundial revelou com grande insistência o fato de que milhões de seres humanos estejam com extrema necessidade não somente de alimento para sua substância física, mas também de ideias para nutrir suas personalidades espirituais e livrá-las da ignorância, da pobreza, da doença e escravidão a mercê das quais têm estado há tanto tempo. Consciente ou inconscientemente, muitas pessoas percebem que as ideias extremamente nacionalistas ou separatistas não favorecem a formação de bons cidadãos da Nova Era, a Era de Aquário, que ora surge; sinal disso é a maneira com que se acentua hoje a necessidade das “relações humanas” nas escolas públicas e nos cursos profissionais. A educação planejada para pessoas de todas as idades, abrangendo o lar, a fábrica e a escola é considerada o meio lógico de ajudar a humanidade, em todas as partes, a construir uma vida melhor e um nível de conhecimento mais elevado.

Até aqui tudo isso está muito bom. Porém, se todos os educadores estivessem cientes do fato de que agora estejamos atravessando um período de transição, seus planos educativos seriam elaborados com mais segurança, de modo a satisfazer as necessidades da nova raça de seres humanos. Quer muita gente saiba, quer não, o fato é que estamos preparando as condições das quais emergirá uma parte mais evoluída da humanidade. Agora, estamos nos libertando da matéria e, futuramente, o lado real ou mais elevado do ser humano, em vez do lado físico, deverá ter a preferência.

Os sistemas escolares do passado e do presente, nos diversos países do mundo, embora diferindo em muitos aspectos, têm sido destinados principalmente a desenvolver a natureza infantil em relação às coisas. A criança, desde os tempos primordiais, tem se tornado cônscia do seu ser físico e do Mundo material em que vive esse ser físico. O programa escolar é elaborado principalmente para prepará-la a funcionar bem como um ser físico. Sua alimentação, roupa, habitação e prazeres físicos receberam máxima consideração.

Contudo, o fato de que uma Nova Era esteja raiando torna necessário que novos princípios básicos substituam os do passado e do presente. O ser humano, o Tríplice Espírito, possui outros Corpos, que são mais sutis do que o veículo físico, o Corpo Denso. Esses Corpos, o Vital e o de Desejos, estão relacionados diretamente aos mundos suprafísicos, os reinos de força, causa e significado, e ligados ao Espírito pela ponte da Mente. A fim de orientar a educação com sabedoria, o ser humano precisa primeiro compreender a existência dos Mundos invisíveis e se adaptar as suas realidades.

É muito bom aprender a ler, escrever e contar; contudo, o objetivo de tal aprendizagem, bem como dos métodos empregados, deve basear-se na evidência fundamental de o ser humano ser um Tríplice Espírito e a Mente, a ponte entre o Espírito e seus veículos, ser o instrumento por meio do qual se atinge um dos propósitos da evolução: o controle da personalidade, do Ego. Daí a necessidade de se dispensar atenção especial à educação da Mente, embora nunca se deva esquecer que ela seja apenas um instrumento, sendo o Espírito a energia central, a força dentro do ser humano.

A Mente concreta, que é inferior, reflete os desejos inferiores e precisa ser utilizada para transmitir ao Ego as experiências sensórias ou as informações que ela projeta, vindas do Mundo do Desejo. Contudo, o processo de educar a mentalidade humana e desenvolver os sentidos superiores precisa estar relacionado com o mundo das causas e significados, ao invés do mundo dos fenômenos físicos. Existem Leis que regem esse processo e elas abrangem muito mais do que decorar e sistematizar fatos, exigem que se ponham em exercício as três forças fundamentais do Espírito: Vontade, Sabedoria, Atividade.

A Vontade é o princípio mais elevado do Deus trino que está dentro do ser humano; seu desenvolvimento e orientação acertada deveriam ser a maior preocupação de todos os educadores. As crianças deveriam ser ensinadas, desde os primeiros anos, a desejar o bem, o verdadeiro e o belo. A vontade de ajudar e servir os outros deveria ser um dos objetivos específicos. O desenvolvimento da vontade impede que a natureza dos desejos se imponha e desvirtue as atividades.

A Sabedoria, o segundo Aspecto do Deus interno do ser humano, é o princípio unificador mediante o qual todas as pessoas podem compreender sua identidade com todas as outras criaturas e, assim, viver coletivamente, estabelecendo relações humanas harmoniosas, construtivas. É bom sinal o aumento constante do número de pessoas que compreendem o fato de que conviver harmoniosamente com os seus semelhantes, qualquer que seja a sua natureza, sua religião, raça ou cor, seja requisito indispensável para viver feliz hoje — e amanhã.

O terceiro, ou princípio de Atividade, compreende o desenvolvimento da força criadora, inata ao Espírito, e sua transmutação da potencialidade física em potencialidade superior. Os educadores verificaram que as crianças apreciam e aprendem melhor fazendo coisas. Isto aplica-se grandemente aos artigos físicos, é verdade, mas também à música, literatura e todos os outros setores onde são utilizadas as faculdades criadoras. Desejar criar objetos úteis à humanidade é o passo seguinte.

Para promover o desenvolvimento das três forças do Espírito interior certas faculdades podem ser aproveitadas, tanto no ensino tradicional como praticamente em todos os processos educativos e indiretos. Uma faculdade importante é o discernimento. A criança aprende a distinguir entre real e irreal — essencial e não-essencial. Compreender que as realidades existam nos mundos suprafísicos torna possível encarar os eventos do mundo material como secundários e, não raro, de pequeno ou nenhum valor real. Devidamente orientada, a criança aprende a dedicar suas energias para controlar e transmutar a personalidade, ao invés de egoisticamente ganhar dinheiro e adquirir posses materiais.

A observação é outra faculdade de máxima importância. A menos que aprendamos a observar com precisão as cenas ao nosso redor, as imagens em nossa memória consciente não coincidirão com os registros automáticos e subconscientes. Existe uma perturbação do ritmo e da harmonia no Corpo Denso que atua em proporção à falta de precisão de nossas observações diárias.

A devoção também deve ser incluída na educação da criança, devoção à realização de ideais elevados e ao Criador. Como Max Heindel disse: “A devoção aos ideais elevados é um freio aos instintos animais, ela gera e desenvolve a alma (que é alimento para o Espírito)”. Isso é particularmente certo para as pessoas que têm inclinação à vida intelectual, porque aqueles que se excedem no intelectualismo, em relação ao coração, e seguem “o caminho do saber simplesmente para aprender e não para servir podem acabar na magia negra”.

A ordem também deve ser ensinada ao Ego em desenvolvimento, não somente em relação ao seu mundo objetivo, mas também a sua atividade criadora. O universo se baseia em um plano divinamente ordenado. Daí a manifestação de suas maravilhas. O ser humano também possui a habilidade inata de funcionar melhor debaixo de um propósito dirigido e um ritual. O máximo grau de atividade construtiva obedece a um ritmo ordenado. Entretanto, ele não é imposto por terceiros. É uma obediência interior às Leis espirituais que foram estabelecidas e sempre conduz a ritmos espirais mais elevados.

Acima de tudo, a educação para o futuro deve dirigir a atenção e o propósito do ser humano para o autoaperfeiçoamento físico, emotivo, mental e espiritual, afastando-o das glórias nacionalistas do passado e das possíveis conquistas do futuro. Quando colocarmos a personalidade sob o controle do Espírito, que é trino e equilibrado, poderemos observar energias que formam condições melhores para uma humanidade mais altamente desenvolvida.

(Tradução da Revista: Rays From The Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1966)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Surge Um Mundo Novo

Surge Um Mundo Novo

Um mundo novo está surgindo, como consequência do impulso originado de uma melhor compreensão da vida.

O ser humano já se apercebe de que com a decadência do já ultrapassado pensamento filosófico e religioso, a Divindade está preparando para si e para a humanidade, mudanças substanciais, capazes de ensejar uma concepção mais ampla sobre o significado da vida. A velha ordem de coisas está no fim e, simultaneamente, assistimos ao alvorecer de algo novo. Uma consciência que permaneceu adormecida durante Eras está despertando. Deus, que sempre trabalhou na essência mesma das coisas está desenvolvendo uma nova expressão da vida eterna que lhe é inerente.

A guerra e seus terríveis sofrimentos constituem as dores do parto. A seu devido tempo, o recém-nascido aportará a toda a humanidade, concedendo-lhe uma liberdade mais ampla, uma mentalidade mais forte e amor em maior profusão. A dor provocada por tão horrível carnificina trouxe triste pesar à nossa mãe-terra, mas sua convalescença já começou. No mundo inteiro está surgindo um ideal mais elevado que por séculos esperou o momento oportuno para manifestar-se.

No mundo trava-se uma luta da qual somos partícipes. Ela é parte da evolução que sempre se evidenciou através da submissão do inferior ao superior, do imperfeito ao perfeito. Esse conflito eterno e universal acompanha o ser humano desde as remotas épocas em que Deus o projetou como um pensamento no reino do Espírito. Passo a passo essa luta contínua e cruenta vai aperfeiçoando o espírito, até o estado atual.

Uma nova luz está projetando seus raios sobre a humanidade, luz de um conhecimento mais profundo. Os ensinamentos rosacruzes pretendem que o desenvolvimento da Mente se encontre em seu primeiro estágio, o mineral de sua evolução. O ser humano recebeu a Mente na Época Atlante para um propósito determinado. Mas como nessa época o Ego era excessivamente débil a seus desejos muito fortes, o nascente intelecto fracassou, unindo-se ao Corpo de Desejos. Daí originou-se a astúcia.

“Na Época Ária iniciou-se o desenvolvimento da Mente e da razão por intermédio do trabalho do Ego no sentido de dominar o Corpo de Desejos e conduzi-lo à realização da perfeição espiritual, que é o objetivo da evolução” (Conceito Rosacruz do Cosmos).

Na agonia da transição, muitas almas devotas assistem à derrota da religião, à eclipse da fé e ao desaparecimento das mais caras expectativas da humanidade. Porém, como a verdade é eterna não pode desaparecer. O conflito do ser humano com a realidade é parte essencial do progresso. Não estando preparado para receber a nova luz, a verdade a cega, o perturba e a dúvida atormenta.

Neste momento da vida é quando o ser humano mais necessita do auxílio de um mentor espiritual que o oriente, até que seja capaz de, por si mesmo, compreender a nova verdade que floresce. Chegou o momento em que ao estudante rosacruz se oferecem mil oportunidades de servir. “A seara é imensa, mas poucos são os trabalhadores”.

O século XX caracteriza-se por um grande despertar espiritual e filosófico. Desde o advento de Cristo-Jesus nunca se viu tantas igrejas, tantos novos cultos, nem tanto interesse renovado pela religião.

Quando faltavam uns 500 anos para o nascimento de Jesus, surgiram por todos os rincões da Terra novos instrutores e novas religiões. As mudanças que influenciaram o globo terrestre, por precessão dos equinócios, trouxeram muitas inquietudes à humanidade, pois essa se preparava para responder aos novos tempos. Foi assim que a Era de Áries, regida pelo belicoso Marte foi substituída pela influência jupteriana de Peixes.

Todas as decadentes filosofias devem ser substituídas por sistemas mais avançados. Novas religiões surgiram e se disseminaram pela Terra. Naqueles tempos o profeta e instrutor mais avançado, Isaias, assentava as bases daquilo que seria a religião cristã. A vida intelectual chegava ao seu ponto culminante.

Essas mudanças excitaram ao mesmo tempo os elementos inferiores, dando margem a guerras e crimes de toda espécie. É um fato bem conhecido dos esoteristas que quando um novo impulso ativo a religião, o mal e os elementos mais baixos são também postos em ação. A humanidade daquele tempo se dividiu, tal como predisse Cristo ao afirmar que “as ovelhas estão separadas das cabras”.

A Era Aquária, que se aproxima, é a Era do AR. Uma fase de características marcadamente intelectuais onde se produzirá o despertar intelectual da humanidade. Aquário é um Signo mental, cientifico e elétrico, capaz de despertar as multidões como nunca o fez Signo algum do zodíaco. Esse Signo representa o FILHO DO HOMEM.

Existem duas classes de pessoas capazes de responder às vibrações aquarianas: em primeiro lugar está o tipo saturnino, inflexível, duro, que se manifesta por atitudes cruéis; em segundo lugar encontra-se o tipo mais evoluído da humanidade, aquele que alcança as regiões do infinito, representado pelos seres de ciência, pelos pensadores avançados e os religiosos sensíveis às mais elevadas influências espirituais.

Como afirmou o casal Heindel no Livro A Mensagem das Estrelas: “Podemos dizer que o FILHO DO HOMEM é o “super-homem”; por tal motivo, quando o Sol transitar pelo Signo celeste de Aquário, entraremos (esotericamente) em uma nova fase da religião do Cordeiro, e o ideal para o qual haveremos tender é indicado por Leão, o Signo oposto”.

Todo exército tem sua vanguarda. A evolução também tem a sua. Existe sempre uma classe evoluída, destinada a preparar a humanidade para futuras transformações. De acordo com os ensinamentos rosacruzes, esses períodos evolucionários se estreitam à medida que nos elevamos no caminho. Conforme a Mente se organiza, alcança-se um estado de consciência mais elevado e com o tempo tomará uma forma semelhante à dos demais veículos superiores. A Mente do ser humano também se espiritualiza. Na Era de Aquário o veículo mental alcançará um grande desenvolvimento como consequência dos esforços científicos e espirituais do ser humano. Há um grande número de pessoas já conscientes da existência dos poderes internos, ansiosas por obter e aplicar os conhecimentos avançados.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: A Era de Aquário – Elsa Margaret Glover

A Era de Aquário é uma era astrológica que está chegando em torno de 2638, onde os seres humanos terão a capacidade de ler Mentes por ressonância e terão visão de raios-x, não processando o reflexo da imagem na retina, mas realmente olhando e vendo a coisa em si.

Isso não é ficção científica, mas predito por uma PhD em física que dedicou sua vida ao estudo de Astrologia e espiritualidade. Ela mostra como a Era de Aquário ajudará as pessoas a romper com a ignorância, a falta de auto-estima e o medo, para que possam se tornar, pela primeira vez na história, verdadeiramente livres.

À medida que as pessoas se tornem livres para explorar suas próprias naturezas interiores, o mundo a sua volta e outros povos, avanços sem precedentes serão feitos na auto-atualização, compreensão científica, invenção e amor universal.

1. Para fazer download ou imprimir:

Livro: A Era de Aquário – Elsa Margaret Glover

2. Para estudar no próprio site:

A ERA DE AQUÁRIO

por

Elsa M. Glover

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de acordo com:

The Aquarian Age – Elsa M. Glover

1ª Edição em Inglês, 1987

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

I- A NATUREZA DAS INFLUÊNCIAS ASTROLÓGICAS

II – A ERA DE AQUÁRIO

III – VALORES AQUARIANOS

IV – A IDEIA AQUARIANA DO EU

V – A LIBERDADE VERSUS AS LEIS

VI – IMITAR OU EXPLORAR?

VII – A INICIATIVA PESSOAL NA ERA DE AQUÁRIO

VIII – A CRIATIVIDADE

IX – A RESSONÂNCIA

X – A AMIZADE UNIVERSAL

XI – A CIÊNCIA E RELIGIÃO NA ERA DE AQUÁRIO

XII – A VISÃO ETÉRICA  

XIII – A SOLUÇÃO DE CONFLITOS COM MÉTODOS AQUARIANOS

XIV – MÉTODOS DE ENSINO AQUARIANOS

XV – O GOVERNO AQUARIANO

XVI – A POLÍTICA NA ERA DE AQUÁRIO

XVII – A JUSTIÇA NA ERA DE AQUÁRIO

XVIII – MÉTODOS AQUARIANOS DE CURA

XIX – EXERCÍCIOS MENTAIS PARA A ERA DE AQUÁRIO

XX – AUTOCONTROLE NA ERA DE AQUÁRIO

XXI – ALEGORIAS PARA A ERA DE AQUÁRIO       

I- A NATUREZA DAS INFLUÊNCIAS ASTROLÓGICAS

Deus é luz… se andamos na luz, como Ele está na luz, seremos fraternais uns com os outros…”

(IJo 1:5-7)

“Um é o brilho do sol, outro o brilho da Lua, e outro o brilho das estrelas. E até de estrela para estrela há diferença de brilho.”

 (ICor 15:41)

Quando falamos ou cantamos geramos ondas sonoras que viajam em todas as direções a partir de nossos corpos e que podem produzir um efeito naqueles que as ouvem. Nossos corpos geram calor e o irradiam para o ar e os corpos físicos próximos, aquecendo-os consequentemente. Nossos corpos também geram ondas mais sutis (ondas etéricas, emocionais e de pensamento) que igualmente saem de nossos corpos e podem produzir um efeito sobre aqueles que nos rodeiam se estiverem “sintonizados” com elas. O tipo de ondas etéricas, emocionais e mentais que irradiamos depende de nosso caráter. Se somos gananciosos, irradiamos ganância. Se somos generosos, irradiamos generosidade. Se somos amorosos, irradiamos amor.

O Sol, os Astros que giram no seu entorno e as Luas nas órbitas desses Astros são os corpos de exaltados seres espirituais. Assim como nós irradiamos diferentes ondas de nossos corpos, também esses exaltados seres espirituais irradiam ondas de diferentes tipos. Da mesma forma como as ondas que irradiamos dependem da natureza da nossa personalidade, a natureza das ondas do Sol, dos Astros e das Luas dependem da natureza dos seres que trabalham nesses corpos cósmicos. Os astrólogos observam que os Astros irradiam ondas que tendem a estimular os seguintes aspectos no ser humano:

AstrosQualidades estimuladas
SolIndependência, emprego do poder da vontade
MercúrioPensamento lógico, autoexpressão
VênusHarmonia, beleza e amor próprio
LuaMemória, imaginação
MarteDesejo
JúpiterDevoção, generosidade, entrega
SaturnoRetrospeção, previsão, persistência
UranoSuperação, altruísmo, independência, criatividade
NetunoIntuição
PlutãoRegeneração, perdão. transformação

Assim como o ângulo dos raios solares determina quando a Terra experimentará o verão e o inverno, igualmente os diferentes ângulos dos raios emitidos pelos Astros afetam a natureza da influência das radiações astrais. Para determinar os diversos ângulos e seus efeitos, o céu, visto da posição de uma pessoa na Terra, é dividido em doze seções chamadas Signos do Zodíaco. A primeira Casa começa no horizonte oriental. O primeiro Signo, Áries, começa no ponto do céu onde o Sol se encontra no meio do mês de março.

Os astrólogos observaram que a Casa ocupada por um Astro indica a área da vida na qual as radiações planetárias tendem a se concentrar.

Número da CasaÁrea da Vida
1Personalidade
2Posses materiais
3Mente Concreta
4Casa
5Liderança
6Serviço
7Parcerias
8Desejo
9Mente Abstrata
10Fama
11Amigos
12Isolamento

Os astrólogos observaram ainda que o Signo em que se encontra um Astro determina a parte do corpo humano onde os raios planetários se concentrarão e o nível do Ser e de Consciência no qual estarão focados:

ÁriesParte superior da cabeçaFogo – Cardeal
TouroMandíbula inferior, pescoçoTerra – Fixo
GêmeosBraços, pulmãoAr – Comum
CâncerEstômagoÁgua – Cardeal
LeãoCoraçãoFogo – Fixo
VirgemIntestinosTerra – Comum
LibraRinsAr – Cardeal
EscorpiãoGenitaisÁgua – Fixo
SagitárioQuadris, coxasFogo – Comum
CapricórnioJoelhosTerra – Cardeal
AquárioTornozelosAr – Fixo
PeixesPésÁgua – Comum

Os Signos Cardeais estimulam a atividade do corpo físico; os Signos Fixos, a tenacidade na natureza emocional; os Signos Comuns, a investigação através da Mente. Os Signos de Fogo focam na consciência e na vitalidade, os Signos de Terra, na consciência na Mente; os de Água, na consciência dos sentimentos.

Quando uma criança nasce, o momento exato em que é tomada a primeira respiração é que servirá de base para levantar seu tema natal. A razão disso é que o primeiro sopro de ar (inspiração) carrega consigo a vibração da atmosfera naquele instante.

Essa vibração é transmitida dos pulmões para o sangue e depois para todas as partes do corpo, colocando cada átomo físico em uma determinada vibração. Assim o corpo está em sintonia com os padrões astrológicos de vibração do momento em que a criança tomou sua primeira respiração. Essa sintonização persiste durante toda a vida. À medida que os Astros se movem no céu durante a vida da pessoa, eles estimulam um aspecto ou outro do padrão vibratório natal. A pessoa sente então um impulso ou uma energia dentro dela que a leva a querer fazer algo, dependendo dos Astros específicos envolvidos e seus respectivos ângulos. Um dos objetivos da evolução é ser plenamente capaz de responder aos estímulos de todos os Astros. Todas nossas energias vêm dos Astros e das estrelas e somente quando nos tornamos capazes de recebê-las, elas estarão disponíveis para nosso uso. Outro objetivo da evolução é ter controle consciente sobre o uso das energias. Ter a energia necessária para fazer algo não significa que isso seja apropriado para fazer. Nem todas as energias se combinam harmoniosamente. Necessitamos aprender quando e como empregar as energias disponíveis e quando simplesmente as deixar passar através de nós.

II – A ERA DE AQUÁRIO

A Terra gira sobre seu eixo, dando uma volta completa a cada 24 horas. À medida que move suas diferentes partes até o Sol, a vida na Terra experimenta alternadamente o dia e a noite. As criaturas da Terra ajustam suas atividades de forma a, durante o dia, desenvolver atividades que são favorecidas pela luz e pelo calor e, à noite, desempenhar as que requerem condições mais escuras e frias.

Imagine que vejamos o Sistema Solar a partir de uma espaçonave espacial em pleno voo, de maneira que o centro da Terra nos parece imóvel. Visto a partir da nave, o Sol parece se mover em um círculo ao redor da Terra. Sua rota é inclinada de forma que parte dele fica acima do Equador na Terra. Quando a rota do Sol está acima do Equador (de 21 de março a 21 de setembro), os dias são mais longos que as noites no Hemisfério Norte, que experimenta a primavera e o verão. Quando a rota do Sol está abaixo do Equador (de 21 de setembro a 21 de março), os dias são mais curtos que as noites no Hemisfério Norte, que experimenta então o outono e o inverno. Na Terra, toda a vida ajusta seu ritmo às mudanças de estações, empregando a primavera e o verão para procriação e crescimento e o outono e o inverno para a colheita e a hibernação.

O momento em que a rota do Sol cruza a linha do Equador para o Norte (próximo de 21 de março) se denomina Equinócio de Março. A partir da posição do Sol neste preciso período, o caminho solar se divide em doze seções, chamadas Signos do Zodíaco. Assim como o átomo parece ter uma estrutura similar à do Sistema Solar, também a estrutura dessas doze seções aparece em vários níveis no universo. O corpo humano pode se dividir em doze partes, cada uma delas com uma sensibilidade especial às radiações solares que procedem da parte correspondente da rota solar. Além das doze partes do corpo humano e das doze partes do caminho solar (os Signos do Zodíaco) existem doze formações de estrelas fixas, denominadas constelações.                      

Devido a um lento movimento de oscilação no eixo de rotação da Terra, a linha do Equador muda sua orientação gradualmente. Isso faz que o Equinócio de Março mude sua posição em relação às constelações. Visto a partir da Terra, o Equinócio de Março ocorreu na constelação de Touro entre 3700 A.C e 1.600 A. C. aproximadamente. Dizia-se que a Terra estava na Era de Touro e a adoração ao touro se destacava em várias religiões.  Na época do Equinócio de Março, tudo na Terra está impregnado de vida, de modo que quando ele estava na constelação de Touro, o Sol enfocava uma influência taurina em todas as plantas e criaturas, no seu momento de renovação, a cada conjunto dos meses referentes a março, abril, maio e junho.

O Equinócio de Março aconteceu na constelação de Áries entre 1600 A. C. e 498 D. C. aproximadamente. Então se iniciou o culto ao cordeiro. O sangue do cordeiro foi empregado para proteger os semitas originais quando tentaram escapar da terra do Touro, chamada de “Egito” nos relatos bíblicos. Cristo denominou a si mesmo o Cordeiro de Deus. O Equinócio de Março entrou na constelação de Peixes por volta de 498 D.C. e continuará nela até aproximadamente 2638 D.C. Cristo chamou seus Discípulos para serem “pescadores de homens” e a mitra dos bispos tem a forma de uma cabeça de peixe. O Equinócio de Março permanecerá na constelação de Aquário a partir de 2638 D.C. até o ano 4700 D.C.

Uma vez que o Equinócio de Março ainda não atingiu a constelação de Aquário, podemos nos perguntar por que temos de pensar sobre a Era de Aquário no tempo presente. Uma razão para olhar para frente é que é bom ter em mente a meta em direção a qual seguimos e avançar diretamente para ela. Outra razão é que, apesar do equinócio não entrar na constelação de Aquário até 2638 D.C., o Sol não focaliza apenas as influências de um ponto específico do céu, mas de uma faixa que ultrapassa seus limites físicos. Mesmo agora, a influência aquariana começa a ser sentida por algumas pessoas.

Outra razão é que, entre os milhões de pessoas na escola da vida chamada Terra, existem algumas delas suficientemente precoces para avançar mais rapidamente que outras e preparadas para entrar em uma nova era antes do tempo definido para a humanidade como um todo. Da mesma forma, algumas pessoas podem precisar permanecer em uma era antiga mesmo depois que a maior parte da humanidade as tenha ultrapassado.

A natureza encerra ciclos dentro de outros ciclos. No ciclo dia-noite, a temperatura é mais quente durante o dia e mais fresca à noite. No ciclo verão-inverno, a temperatura é mais cálida no verão e mais fria no inverno. Como o ciclo verão-inverno se sobrepõe ao ciclo dia-noite, os dias de verão tendem a ser mais quentes que os do inverno e as noites de verão mais suaves que as do inverno.

Similarmente, durante uma Era, as características que lhe são próprias se sobrepõe às dos ciclos menores que estão ocorrendo. Na Era de Peixes, o Sol viaja pelos doze Signos do zodíaco anualmente, projetando as influências de cada um, mas a influência de Peixes se sobrepõe a todo momento. Na Era de Aquário, o Sol se moverá através dos doze Signos anualmente, mas a influência aquariana se sobreporá a cada instante.

Os astrólogos observaram que a influência de Peixes estimula as pessoas a respeitarem a autoridade, a acreditarem no que as autoridades lhes dizem para fazer e obedecerem às leis promulgadas por elas. As “autoridades” de Peixes podem obter seu lugar por herança (reis e outros indivíduos de “bom berço” ou classe social alta), pelo uso do poder físico (líderes militares e ditadores), ou por uma dispensação divina (sacerdotes e clérigos). Tradições e costumes são tidos como “autoridades” e se tornam guias de conduta.

Uma influência aquariana, por outro lado, estimula o desejo de romper com a tradição e com regras autoritárias, impulsionando a ânsia de exercer livremente a própria iniciativa. Aquário é regido pelo Planeta Urano e uma das características principais de Urano é a independência. Outra característica básica desse Planeta é a superação. À medida que as pessoas são incentivadas a desenvolver novas ideias, se envolvem em pesquisas científicas e desenvolvem sua própria criatividade. Se superam a incompreensão em relação a pessoas de outros grupos, religiões, raças e nações, o amor universal se desenvolverá. Aquário também é governado pelo Planeta Saturno, cuja característica principal é o estabelecimento de conexões entre passado, presente e futuro. Na Era de Aquário, portanto, as pessoas serão incentivadas a entender melhor a relação causa-efeito e usá-la para obter autocontrole.

A vida é uma escola. As diferentes Eras podem ser comparadas com cursos escolares.  Em uma escola comum, há certas coisas que os Estudantes devem aprender em cada série, assim como em cada Era existem certas coisas que a humanidade deve aprender. Muitos aprendem inconscientemente. Todavia, ao ignorar seu objetivo, vagueiam e dão muitos passos desnecessários que não os levam diretamente até a sua meta. Se, pelo contrário, estudarmos o plano da evolução, tal como ensinado pelas estrelas, poderemos conhecer as lições que deveríamos estar  aprendendo e nos mover diretamente e com segurança até a meta, sem desperdiçar esforços.

III – VALORES AQUARIANOS

“É a virtude e não o nascimento o que nos faz nobres. Os atos valiosos falam de Mentes grandes, aquelas que nos deveriam governar.”

John Fletcher

À medida que o mundo fizer a transição da Era de Peixes para a Era de Aquário, a avaliação sobre o que realmente tem valor também mudará.

Na Era de Peixes se dá grande importância a se relacionar com personalidades importantes. Se alguém tem uma árvore genealógica impressionante, ou é convidado para festas da alta sociedade ou se atribui relacionamento com a realeza ou com alguma autoridade religiosa, se torna objeto de admiração e inveja.  Na Era de Aquário, o que contará não será com quem a pessoa se relaciona, mas o que ela pode fazer por si mesma. As habilidades pessoais, o aprendizado e o caráter terão grande valia. Qualquer pessoa, independente do seu nascimento ou relações, poderá desenvolver suas habilidades.

Na Era de Peixes a aprovação das autoridades dá às pessoas um sentimento de valor. Por consequência, as pessoas se curvam ao poder, concordam com ele e seguem as leis ditadas pela autoridade. Não se questiona se as determinações da autoridade são sábias ou não.  Na Era de Peixes, por sua vez, a aprovação dos semelhantes dará às pessoas o mesmo sentimento de valorização.

Como os semelhantes só possuem a visão física na Era de Peixes, baseiam seus julgamentos nas aparências. Portanto, para conseguir a aprovação de seus semelhantes, as pessoas se cercam de posses ostensivas de materiais, preenchem suas Mentes com qualquer assunto para conversas ou com fofocas sobre a atualidade, aprendem a seguir todos os costumes e regras da etiqueta. Não se discute o real valor das posses materiais, da conversação trivial ou dos modismos.

Na Era de Aquário as pessoas fortalecerão sua autoestima mediante a auto aprovação. Cada um será consciente de sua própria divindade. Cada um estabelecerá suas próprias metas de autodesenvolvimento e serviço. Cada um julgará a si mesmo e se louvará ou criticará de acordo com suas ações. Como uma pessoa capaz de julgar a si mesma já não está presa ao que pensam os demais, a análise de si mesmo promoverá liberdade e a criatividade.

Na Era de Peixes se dá muita importância à segurança e ao conforto. Na Era de Aquário, o espírito de investigação, o valor e a coragem serão as aspirações comuns, mesmo que a segurança e o conforto tenham de ser sacrificados em algum grau.

Se desejamos ajudar o mundo a adotar um sistema de valores aquariano, eis aqui algumas coisas que podemos fazer:

  1. Deixar de prestar mais atenção às pessoas que tem ancestrais famosos, relacionamentos importantes, riqueza ou popularidade do que àquelas que tem uma posição social diferente; 
  2. Respeitar conquistas pessoais, coragem e criatividade;
  3. Nos habituar a julgar nossos atos, mas evitar julgar as ações das outras pessoas.

IV – A IDEIA AQUARIANA DO EU

“É difícil fazer um homem infeliz se ele se sentir digno de si mesmo e filho do grande Deus que o criou.”

Abraham Lincoln

A influência aquariana estimulará a consciência de si mesmo, nos levará a afirmações do tipo “Eu sou filho de Deus”, “Sou valioso e tenho potencial”, “Posso fazer qualquer coisa se trabalho o tempo necessário com a dedicação suficiente”, “Posso pensar por mim mesmo e tomar decisões”.

Depois que tomarmos consciência de nosso valor intrínseco, já não poderemos ser silenciados ou subjugados por outros. Não desejaremos fazer por mais tempo o papel de capacho, peão ou escravo. Se tomarmos consciência de nossa capacidade de raciocinar e tomar decisões, descobriremos que podemos tomar decisões tão boas como as de qualquer outra pessoa, já não ficaremos felizes se outros decidirem por nós. Desejaremos ser livres para determinar o que pensamos, em que acreditamos, para onde iremos e o que faremos.

Uma vez que descobrirmos nosso potencial, vamos querer ter liberdade para desenvolvê-lo. Sermos livres para realizar novas tarefas que nunca tentamos antes (talvez nem outra pessoa), mesmo que isso envolva assumir riscos, cometer eventualmente erros, e, às vezes, fracassar e ter de começar de novo.

Como compartilhamos a Terra com outras pessoas, é lógico que as tratemos como gostaríamos que nos tratassem. Como esperamos que os outros nos respeitem, devemos respeitar o próximo. Devemos ter em mente que toda pessoa é filha de Deus e tem um valor e um potencial intrínsecos. Assim como queremos ter liberdade para tomar decisões, deveremos igualmente permitir que as outras pessoas vivam suas próprias vidas. Assim como queremos ser livres para tomar iniciativa, deveremos permitir que os outros façam o mesmo.

V – A LIBERDADE VERSUS AS LEIS

“Mas se o Espírito o guia, já não estais sob o domínio da Lei.”

(Gl 5:18)

A promulgação de leis para o governo do povo é um conceito de Peixes. A liberdade individual é o ideal de Aquário. À medida que fizermos a transição da Era de Peixes para a de Aquário, necessitamos reconsiderar o papel que as leis representam na sociedade e pensar seriamente em que grau estamos preparados para avançar sem leis.

As leis podem salvar as pessoas da obrigação de pensar. Talvez seja por essa razão que as pessoas consultam livros sobre regras de etiqueta para aprender a celebrar uma festa de casamento ou batizado ou como se comportar em um funeral. Evitar que as pessoas pensem equivale a paralisar seu crescimento intelectual. Da mesma forma como os músculos e ossos de um indivíduo se deteriorariam se ele estiver preso em um molde de gesso, o poder criativo, o raciocínio e a capacidade de resolver problemas se deterioram se nosso comportamento for constantemente restringido pelas leis.

Outro problema com as leis é que são promulgadas para governar sob certas condições e, se a situação mudar, as leis deixam de ser apropriadas. A história de Epaminondas ilustra este ponto.

Um dia enviaram Epaminondas para comprar manteiga no mercado. Estava muito quente e, a caminho de casa, a manteiga derreteu. Quando chegou em casa, sua mãe lhe disse: “Quando trouxer manteiga do mercado, embrulhe-a em folhas frescas e, ao atravessar o rio, coloque a manteiga na corrente de água para esfriá-la”.

Na semana seguinte, sua mãe o enviou ao mercado para comprar um cachorro. Ele comprou, enrolou o animal em folhas frescas e quando chegou ao riacho, quase o afogou ao mergulhá-lo na água. Quando chegou em casa, sua mãe disse: “Não é assim que se trata um filhote. Você deveria ter amarrado uma corda no pescoço dele para trazê-lo para casa”.

Na outra semana, ela o enviou para comprar um pedaço de pão.  Epaminondas comprou o pão, o amarrou em uma corda e arrastou até sua casa.

Se uma criança só recebe normas e não é ensinada a pensar por si mesma, o que fará quando crescer e se encontrar em um mundo em constante mudança? Como enfrentará   situações e problemas que seus pais e professores nunca sonharam?

Outro problema com as leis é que, às vezes, quem as cria pode estar equivocado.  Tennyson[1] refletiu uma dessas situações em seu poema “A Carga da Brigada Ligeira”[2]. As duas primeiras estrofes dizem o seguinte:

“Meia légua, meia légua,

meia légua em frente,

todos no Vale da Morte

cavalgaram com os seis centos.

“Para a frente a Brigada Ligeira!

Carreguem contra as armas!”, disse ele.

Para o Vale da Morte

cavalgaram os seiscentos

Para a frente a Brigada Ligeira!

Havia algum homem desanimado?

Todavia, o soldado não sabia

De algum que tivesse disparatado.

Eles não têm de responder,

eles não têm de se perguntar,

Apenas vencer ou morrer

No Vale da Morte

Cavalgaram os seiscentos.”

Se uma pessoa comanda seiscentos homens e comete um erro, esse erro se repete seiscentas vezes. Se cada pessoa pensa por si mesma, ao menos cada erro se comete uma só vez.

As leis podem guiar o ignorante. Se uma criança não compreende os perigos de um fogão quente, é possível lhe dar a ordem “Não toque” para que não se queime. No entanto, ao dissipar sua ignorância, a lei deixa de ser necessária. Uma vez que a criança compreenda o efeito que o calor excessivo exerce sobre o tecido humano, já não é necessária ordem alguma para se manter longe do fogão quente. Na Era de Aquário se espera que as pessoas tenham desenvolvido a luz dentro de si de modo que não sejam mais necessárias leis para guiá-las.

Outro problema com as leis é que elas podem produzir uma ação correta, mas não podem gerar sentimentos retos.  Um gerente de loja pode exigir que seus funcionários tratem os clientes com amabilidade, mas não consegue forçá-los a colocar amor e sentimento em suas palavras. Ordens podem obrigar os seres humanos a firmar contratos, mas não que se entreguem ao trabalho. As regras podem fazer com que as pessoas se comportem adequadamente em circunstâncias em que temem punição, mas não os faz responsáveis por suas ações.

As leis podem impedir que as pessoas roubem umas às outras e podem até forçá-las a dar dinheiro para outros por meio de impostos e programas de assistência social, mas não conseguem – de forma alguma – forçar as pessoas a amar, respeitar e cuidar umas das outras. De fato, as leis impedem o desenvolvimento de sentimentos retos. Se nossa atenção está focada em obedecer às leis, talvez não permitamos ao nosso coração percorrer seu caminho.

Se leis nos obrigam a contribuir com uma boa causa, talvez o coração não se preocupe em desenvolver empatia ou real interesse pela causa. “Uma Mente que se adapta a qualquer padrão de autoridade, interna ou externa, não pode ser sensível”[3].

Uma criança não pode aprender a caminhar se for mantida presa à cama pelo medo de cair. Para a criança aprender a caminhar precisa praticar e a prática inclui esforços vacilantes e muitas quedas. Na Era de Aquário se espera que todos desenvolvam a Luz interna que guiará suas vidas. As pessoas só conseguem aprender a dirigir suas vidas se forem livres para fazer suas próprias escolhas, se puderem ver as consequências das mesmas e consequentemente, aprender com suas experiências.

Quando tem liberdade, as pessoas podem cometer erros. Todavia, esse é o único caminho para aprender a exercitar a livre escolha e crescer. Somente à medida que os indivíduos de uma sociedade crescem, a sociedade como um todo cresce. “Aceito sinceramente o lema ‘O melhor governo é o que menos governa’, e gostaria de vê-lo em prática de forma mais rápida e sistemática. Bem desenvolvido, acabará por levar a algo em que também acredito: ‘O melhor governo é aquele que não governa em absoluto’. Quando os seres humanos estiverem prontos para isso, esse será o tipo de governo que eles terão”.[4]

VI – Imitar ou Explorar?

“Amarre dois pássaros juntos. Eles não serão capazes de voar, embora agora tenham quatro asas.”

Jalaludin Rumi

Na Era de Peixes, as pessoas tendem a copiar o que os outros fizeram. Seguem tradições e costumes. Uma vez estabelecido um determinado padrão de comportamento, ele se perpetua pelo hábito. Na Era de Aquário, as pessoas se afastarão do passado e explorarão novos campos. Ao nos aproximarmos dessa nova Era, precisamos considerar quando devemos imitar os outros, quando repetir o que já fizemos ou quando romper com o passado e encontrar novas maneiras para fazer as coisas.

Uma situação em que as pessoas, às vezes, imitam outras é aquela em que se sentem subordinadas e tentam ganhar favores com seus superiores. Shakespeare ilustrou isso em sua peça teatral Hamlet, na qual acontece esta conversa:

Hamlet: Vês aquela nuvem cuja forma se assemelha um camelo?

Polônio: Pela massa! Realmente parece um camelo!

Hamlet: Isso me lembra uma doninha.

Polônio: Tem as costas de uma doninha.

Hamlet: Ou de uma baleia.

Polônio: Exato, parece uma baleia!

Hamlet era o príncipe da Dinamarca e Polônio sem dúvida pensou que poderia ganhar seus favores lhe sendo agradável. À medida que se aproxima a Era de Aquário, as pessoas se tornam menos inclinadas ao jogo de subordinado e superior, pois conhecerão seu próprio valor e o dos outros. Na Era de Aquário, as pessoas não sentirão mais necessidade de concordar com algo para se dar bem e todos buscarão ouvir novas ideias e obter novas perspectivas.

Outra situação em que as pessoas tendem a imitar os outros é aquela em que não entendem o que está acontecendo e carecem de base para decidir por si mesmas o que fazer. Copiar às cegas é certamente perigoso. O estudante que não compreende uma matéria determinada copia a resposta escrita por outro colega, apenas para descobrir mais tarde que o parceiro estava respondendo outra pergunta. Pessoas distintas passam por situações diferentes na vida e o que é apropriado a um pode não ser para o outro. Com frequência, descobrimos na vida que aqueles a quem decidimos copiar não têm realmente compreensão maior que a nossa da situação, de modo que, no final, um cego guia outro cego. O único caminho seguro para definir uma linha de ação é, em primeiro lugar, compreender a situação e depois decidir por conta própria o que fazer.

Se apenas copiarmos, nunca poderemos ir aonde os outros não tenham chegado. Não poderemos nos tornar líderes que exploram novos campos e mostram aos outros o caminho, a menos que estejamos dispostos a nos separar da multidão ou tentar novas coisas, trilhar caminhos desconhecidos. Se apenas repetimos o que os outros fizeram no passado, não poderemos evoluir ou alcançar novos objetivos.

Se paramos de imitar e começamos a experimentar o novo, devemos estar prontos para uma aventura. No livro “O Hobbit”, de Tolkien, o mago Gandalf diz a Bilbo que tinha dificuldades em encontrar alguém que gostaria de empreender uma aventura e ele responde: “Acredito, aqui somos pessoas bastante tranquilas e não temos o hábito de nos aventurar. Aventuras são histórias desagradáveis e incômodas que mudam tudo! As aventuras fazem você chegar atrasado no jantar! Não entendo o que as pessoas veem nelas”. No devido tempo, Bilbo é convencido a empreender uma aventura. Algo que ajudou a convencê-lo foi uma música dos anões, com um trecho assim:

Longe, das geladas e enevoadas montanhas

Para masmorras profundas e cavernas antigas

Devemos ir, antes do romper do dia,

Buscar o pálido e encantado ouro.

Isso é, em geral, o que move as pessoas para empreender aventuras: buscar algo que não tem ou não pode ser encontrado na loja da esquina ou nos caminhos muito trilhados.

Além de nos atrasar para o jantar, as aventuras podem nos fazer sentir desconfortáveis e inseguros. Um ditado sufi, retirado de Idries Shah, na obra “El sendero del sufi” (“O Caminho Sufi”), diz:

Nas profundezas do mar existem

riquezas incomparáveis.

Mas se o que busca é segurança,

você a encontrará na praia.

Alguém que reconhece a bondade e a onipresença de Deus estará mais disposto a entrar em regiões desconhecidas do que alguém sem esta compreensão. Cristo encorajou seus discípulos quando começaram a pregar o Evangelho em um mundo hostil: “Não temais aqueles que podem matar o corpo, mas não podem matar a alma.” (Mt 10:28). São Paulo escreveu em sua Epístolas aos Gálatas: “Não tenha ilusões: ninguém zomba de Deus. Aquilo que cada um semeia, colherá” (Gl 6:7). Se nos alinharmos com as forças da Luz e servimos a Luz, então as forças do mal não podem nos prejudicar. Onde quer que formos, mesmo que façamos nossa cama no Sheol (mundo dos mortos) ou “nas asas do amanhecer, vamos habitar na parte mais distante do mar” (Sl 139:9), Deus está presente e seu amor, justiça e caridade prevalecem.

VII – A INICIATIVA PESSOAL NA ERA DE AQUÁRIO

 “No largo campo de batalha no mundo, no acampamento da vida, não seja um cordeiro submisso. Seja um herói na luta.

Longfellow

Às vezes, forças externas podem nos induzir a atuar de determinado modo. Outras pessoas podem nos dizer ou pedir para fazermos algo, ou esperar ou implorar por algo e até mesmo nos culpar por fazermos determinadas coisas. O Tempo ou as vibrações astrológicas podem nos estimular a fazer algumas coisas antes de outras. As pessoas, no entanto, necessitam não se deixar levar pelos ventos.  Não devem se mover na direção que as forças externas as pressionam, mas decidir se e como vão responder às forças externas. As pessoas podem, inclusive, decidir agir quando nenhuma força externa está presente. Sempre que alguém inicia uma ação que não é uma resposta a uma força externa, se diz que a pessoa mostra iniciativa.

Na Era de Peixes, não se espera e nem se incentiva que as pessoas tenham iniciativa. Os líderes dizem o que devem fazer e o povo age de acordo com as instruções, sem discutir.  Na Era de Aquário, no entanto, a iniciativa deverá ser desenvolvida. Aquário é regido pelo Planeta Urano, que tem como uma de suas características o autoaperfeiçoamento, a superação. À medida que as pessoas se abrirem para novas ideias, encontrarão formas diferentes de fazer as coisas e, consequentemente, empreenderão novas ações.

Em qualquer época, a constelação oposta à regra mostra os ideais esotéricos que serão combatidos naquele momento. Assim, Leão, Signo oposto a Aquário, nos mostra os ideais esotéricos para a Era de Aquário. O Sol governa Leão, o qual incentiva as pessoas a desenvolverem o poder da vontade. Na Era de Aquário, a constelação de Leão despertará o Espírito interno do ser humano até o ponto em que exerça o poder da vontade, para que as pessoas tenham suas próprias motivações.

Se quisermos responder às irradiações de Aquário, devemos nos esforçar para desenvolver iniciativa. Ao fazermos isso, precisamos ter em mente certas coisas:

  1. Quando pararmos de imitar amigos, seguir líderes e aceitar costumes para começar a tomar nossas próprias decisões, necessitaremos que alguma Luz interior nos guie. Devemos despertar a Luz da Verdade e o Amor dentro de nós para poder distinguir entre o verdadeiro e o falso, entre o correto e o equivocado;
  2. Deveremos pensar sempre antes de agir. Independentemente do que os outros digam ou façam, ou o que nos apeteça fazer (devido a nossos hábitos ou as influências astrológicas), devemos ter razões bem pensadas para qualquer coisa que façamos;
  3. Deveremos nos dedicar a busca de caminhos para servir e estar a serviço do outro quando a oportunidade surgir.

Max Heindel escreve em “Carta aos Estudantes” (Carta nº 20) que devemos aprender a trabalhar sem liderança, cada um impulsionado internamente pelo Espírito do Amor para lutar pela elevação física, moral e espiritual do mundo. Adicionalmente, no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. 2, pergunta nº 70, afirma que os Irmãos Maiores, que guiam os Discípulos das Escolas de Mistérios do Ocidente em seu crescimento espiritual, “… nunca pedem, nunca elogiam, nunca censuram. O desejo deve vir de dentro do discípulo e eles lhe ensinam, a julgar a si mesmo. Em todo o sentido, o educam para se defender, sem o apoio deles ou de qualquer outro.”

Necessitamos examinar continuamente as circunstâncias em que nos encontramos, decidir o que fazer e logo iniciar ações que nos levem aos objetivos desejados.

VIII – A CRIATIVIDADE

         A opinião pública é uma tirana vulgar e impertinente que faz a vida deliberadamente difícil para quem não concorda em ser uma pessoa comum.”

 Deán W.R. Inge

As irradiações aquarianas estimularão a criatividade. Portanto, responderemos mais eficientemente se realizarmos um esforço consciente nesse sentido. Prestemos atenção, consequentemente, às atitudes e técnicas que facilitam a criatividade. A pessoa criativa tem a coragem de ser diferente e tentar algo novo. Enquanto alguém sentir que deve pensar ou agir como os demais, não será criativo.

Enquanto alguém tiver medo de fazer algo diferente porque outros poderiam rir dele, não será criativo. A pessoa criativa geralmente tem senso de humor e se diverte em relacionar ideias de um modo lúdico e pouco usual e frequentemente ri junto com os outros do curioso de suas criações.

O criativo observa os acontecimentos comuns sob perspectivas novas, faz perguntas que aos outros não ocorreria formular e busca respostas a essas perguntas. Afasta de sua Mente as velhas ideias e enxerga o mundo com os olhos de uma criança. Se permite esquecer que lhe disseram que sapatos são para os pés e se pergunta o que aconteceria se os colocasse nas mãos. Se permite esquecer que, ao escrever, a caneta se move e o papel permanece fixo. Ela não está satisfeita com o que aprendeu na escola, que “A gravidade atrai os objetos para a Terra”, e começa a se perguntar o que é gravidade e como essa atração realmente acontece. Já viu as roupas penduradas para secar muitas vezes, mas ainda consegue contemplá-las com admiração e se perguntando como faz a água para sair das roupas.

A pessoa criativa consegue imaginar algo que não viu ou viu parcialmente. Pode imaginar a aparência do quarto se os móveis mudarem de lugar, ou de que maneira uma nova ferramenta facilitaria o trabalho, ou o que uma cadeia de acontecimentos pode ter originado determinados resultados.

O criativo tem um pensamento flexível. Está ansioso para mudar seus pensamentos à medida que a situação exija. Ele anseia por considerar muitas soluções diferentes para um problema específico. Quando uma das soluções proposta se mostra ineficaz, está disposto a tentar outra. A pessoa criativa julga suas criações por seus próprios critérios, não pelo que os outros pensam. Ela é guiada por sua visão interior, não por elogios ou críticas do exterior.

IX – A RESSONÂNCIA

As vibrações da Mente podem ser acalmadas e a consciência retirada completamente dela. Dessa forma, um impacto externo formará uma imagem exatamente igual à original.”

Annie Besant

“Ressonância” é um termo empregado para descrever o que acontece quando um sistema emite ondas que viajam para outro sistema e se põe em vibração com ele. Para haver ressonância, ambos os sistemas devem ter a mesma frequência natural de vibração. Dessa forma, um diapasão em vibração pode emitir notas que coloquem em vibração outro diapasão similar. Uma emissora de rádio envia ondas que podem fazer um receptor funcionar se estiver sintonizado na mesma frequência da estação.

As pessoas também emitem ondas. Quando se forma um pensamento, ele cria ondas mentais, emocionais e etéricas que partem da pessoa que o criou.  Se essas ondas são claras e potentes, e se alguém é capaz de se sintonizar e ressoar com elas, o receptor se torna consciente dos pensamentos e sentimentos do emissor. No plano emocional, a ressonância produz empatia no receptor. No plano intelectual, a ressonância provoca compreensão no receptor.

As irradiações de Aquário estimulam o desenvolvimento da ressonância entre as pessoas. Se quisermos acelerar o progresso até a Era de Aquário, deveríamos tentar conscientemente aumentar nossa habilidade para ressoar com os outros. Para obter esta ressonância, o receptor deve ser capaz de se sintonizar com o emissor. Se o receptor tem suas próprias opiniões sobre o que o emissor deveria estar pensando ou sentindo, ou se o receptor estiver inclinado sobre o que o emissor poderia pensar ou sentir, o receptor sintonizará sua Mente com suas próprias ideias preconcebidas e a ressonância não terá lugar. Se o receptor quiser mesmo se sintonizar com o emissor, deve limpar sua Mente de suas próprias ideias e permanecer aberto à chegada de qualquer pensamento que o emissor envie, seja lá o que for. Os pensamentos de superlatividade, tais como orgulho, superioridade, desgosto ou ira, tendem a diminuir a ressonância. Praticando, aprenderemos a ressoar com uma variedade de tipos humanos.

A ressonância pode se estender igualmente a animais, plantas e objetos. No devido tempo, aprenderemos a ter empatia com os animais e a ver os objetos a partir do seu próprio ponto de vista, a sintonizar o ser interior das plantas e a entender a vida que as anima, incluindo a compreensão dos minerais e as construções feitas com a matéria desse reino. As obras de arte (escritos, pinturas, esculturas e composições musicais) têm incorporados os sentimentos e os pensamentos de seus criadores e apenas podem ser apreciadas adequadamente se o observador for capaz de se sintonizar com a obra e permitir que esses sentimentos e pensamentos internos ressoem dentro dele, em sua alma.

Na Era de Aquário se espera que as pessoas sejam seus próprios guias. Para guiarem a si mesmas, as pessoas necessitarão uma Luz interior. Para obtê-la, os indivíduos precisarão desenvolver a capacidade de se sintonizar e ressonar com os outros, com o mundo ao seu entorno e com a Consciência Cósmica, que é Deus. Quando ressoamos com os outros, simpatizamos com eles, os entendemos e, portanto, podemos resolver os conflitos que enfrentam. Quando ressoamos com o entorno, podemos aprender a viver em harmonia como ele. Quando ressoarmos com a Consciência Cósmica, seremos capazes de compreender a Lei e o Plano Divinos, bem como o que precisamos fazer para avançar no esquema evolutivo.

X – A AMIZADE UNIVERSAL

“O mundo é minha pátria e fazer o bem minha religião.”

Thomas Paine

As vibrações espirituais de Aquário promoverão descobertas científicas e pessoais, assim como o desejo de compreender outras pessoas cujas origens são diferentes das nossas.  À medida que as pessoas aprenderem a responder as vibrações aquarianas, a mostrar iniciativa e tomar decisões por si mesmas, escaparão aos Espíritos Nacionais. “Cada nação da Terra, com exceção dos Estados Unidos, tem recebido um arcanjo que guia este povo no desenvolvimento da linguagem, costumes e religião, e que impulsiona o patriotismo e um sentimento de unidade entre as pessoas daquele país. Tal arcanjo se denomina “Espírito Nacional”.  Os Espíritos Nacionais não serão mais capazes de dirigir os indivíduos de uma nação como um único corpo, pois cada cidadão decidirá por si mesmo o que é certo e o que é errado.

Como as vibrações aquarianas promovem a pesquisa científica, facilitam a comunicação entre as pessoas. Os telefones, as rádios, as televisões e satélites já fazem com que falar, ver e escutar uma pessoa do outro lado do mundo seja quase tão fácil como o contato próximo com um vizinho; automóveis, ônibus, trens e aviões nos permitem viajar para qualquer lugar do globo em algumas horas.

Como as vibrações aquarianas promovem o desejo de compreender pessoas de diferentes origens, os indivíduos aprenderão a abrir suas mentes para entender como os outros pensam ou sentem. Quando as pessoas compreenderem como pensam e sentem os membros de uma nação, surgirá a empatia e o sofrimento de um será sentido por todos. Então chegará a Amizade Universal, e toda a Humanidade se unirá em uma Fraternidade. Todos poderão dizer como Thomas Paine: “O mundo é minha pátria e fazer o bem minha religião.”.

Se desejamos ajudar o mundo a caminhar para a Era de Aquário, faremos tudo ao nosso alcance para promover a Amizade Universal. O que podemos fazer especificamente?

Em primeiro lugar, podemos aprender sobre as pessoas de outros países. Podemos tentar compreender suas necessidades, suas esperanças e medos, o que consideram importante, o que lhes agrada e desagrada. A rádio, a televisão, os jornais, livros e filmes podem ser fontes de informação. Viagens nos fornecem informações em primeira mão. Aprender outros idiomas igualmente pode nos ajudar a ver as coisas de outro ponto de vista e estabelecer laços de simpatia.

Em segundo lugar, podemos aprender a considerar os problemas do mundo de um ponto de vista universal. Ao considerar o comércio internacional, não devemos nos preocupar com a pergunta “O que é mais vantajoso para meu país?”, pelo contrário, devemos buscar o maior benefício para o mundo como um todo. Ao considerar conflitos internacionais, a pergunta deveria ser “O que é justo e correto neste caso?”.

Em terceiro lugar, quando desastres atingirem diferentes partes do mundo, outras nações podem ajudar a reconstruir as vidas de suas vítimas. Quando qualquer pessoa está sofrendo por qualquer motivo, outros podem ajudar os que sofrem a retornar para o caminho do bem-estar e da prosperidade.

Por último, podemos evitar mencionar ou reconhecer as diferenças de raça ou nacionalidade. Ao lidar com pessoas, devemos nos esforçar para ignorar sua aparência externa (características físicas, roupas, costumes e idioma) e dirigir nossa atenção para a essência divina que escondem, a qual não pertence a nenhuma raça ou nação.

XI – A CIÊNCIA E RELIGIÃO NA ERA DE AQUÁRIO

“Experimente tudo.”

 ITes 5:21

Aquário é uma constelação do Ar. Portanto a Era de Aquário se caracterizará pelo desenvolvimento intelectual. Na Era Aquariana, as pessoas buscarão razões para suas crenças e tentarão, tanto quanto possível, adquirir conhecimento por si próprias, em primeira mão. O ponto de partida para adquirir conhecimento em primeira mão implica uma postura observadora. Para se chegar à verdade, é necessário observar com precisão. As coisas devem ser vistas e ouvidas com clareza. Os sentimentos pessoais não devem interferir na observação. As pessoas não devem confundir o que veem ou ouvem com o que pensam que deveriam escutar ou com o que gostariam de escutar.

Se você quer chegar à verdade, suas observações devem ser tão completas quanto possível. Com a chegada da Era de Aquário, as pessoas expandirão o alcance e o tipo de observações. Elas empregarão sua criatividade para inventar máquinas que possam detectar ondas com frequências além do espectro da visão e audição humana, que possam ajudar a humanidade a conseguir informações de lugares onde não poderiam chegar de outra forma. As pessoas também aumentarão a sensibilidade de seus corpos às vibrações do entorno, de modo a perceber as ondas etéricas e detectar outras vibrações, inclusive as mais sutis.

Aquário é regido por Urano, que também governa as ondas etéricas. Max Heindel escreve no Livro: “Ensinamentos de um Iniciado”:

“Quando o Sol entrar em Aquário por precessão, o resto da umidade do ar será eliminada e as vibrações visuais, que são melhor transmitidas em uma atmosfera seca e etérica, se tornarão mais intensas, de modo que as condições sejam particularmente favoráveis para que se produza a ligeira extensão da nossa visão física atual necessária para abrir nossos olhos à Região Etérica. (…) A visão etérica é semelhante aos Raios-X, pois permite a quem a possui ver através dos objetos, só que é muito mais potente e apresenta todas as coisas de forma tão translúcida como o vidro”.

À medida que as pessoas aumentarem sua capacidade de ressoar, serão mais capazes de conhecer os sentimentos e pensamentos de outras pessoas.

A Era de Aquário será uma época da razão. Portanto, as pessoas na Era de Aquário não se contentarão em deixar suas observações em forma de fatos sem sentido ou sem relação entre eles. Elas tentarão ordenar suas observações, encontrar padrões e finalmente, tirar conclusões. As pessoas usarão o raciocínio lógico para estabelecer relações de causa e efeito.

O acima exposto indica um crescimento e expansão da ciência na Era de Aquário. A religião também experimentará mudanças. Uma religião baseada em um conjunto de crenças que devam ser aceitas por meio da fé, sem questionamentos, já não satisfará as pessoas.  Elas pedirão razões para suas crenças e que tudo se encaixe em uma estrutura lógica. Serão pedidas explicações lógicas sobre nossa origem, porque estamos aqui, porque alguns sofrem muito e outros pouco. Max Heindel, no Conceito Rosacruz do Cosmos afirma: “Nada que não seja lógico pode existir no universo e (…) a lógica é o guia mais seguro em qualquer mundo”. Na Era de Aquário cada pessoa desenvolverá o amor em seu coração, que lhe proporcionará orientações muito mais confiáveis para sua conduta do que as normas externas. A ideia de Peixes era que a revelação divina viria apenas para alguns poucos. A atitude aquariana é que todos podem, igualmente, despertar a Luz interior.

XII – A VISÃO ETÉRICA

“O espanto apoderou-se de todos e glorificavam a Deus. Ficaram cheios de medo e diziam: ‘Hoje vimos coisas estranhas!’.”.

Lc 5:26

A matéria do mundo existe em sete estados, que recebem os seguintes nomes: Sólidos, Líquidos, Gases, Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso (ou Éter de Luz) e Éter Refletor. A matéria adquire uma taxa vibratória crescente, conforme passa de um estado para outro. As partículas da matéria sólida possuem uma taxa vibratória mais baixa. Ao aquecer um sólido, as moléculas recebem energia que aceleram sua taxa de vibração e rompe suas ligações de moléculas sólidas, o que faz o sólido virar líquido. Ao aquecer um líquido, as moléculas aceleram sua taxa vibratória e adquirem energia suficiente para saltar do líquido e flutuar livremente, formando-se assim um gás.  Similarmente, as taxas vibratórias das moléculas gasosas podem ser aumentadas com o resultado da sua decomposição em átomos, e em seguida, em partículas elementares: prótons, nêutrons, elétrons, fótons, grávitons etc. A matéria se encontra então no estado de Éter Químico. Aumentos posteriores na taxa vibratória levarão a matéria aos estados de Éter de Vida, Éter Luminoso e Éter Refletor. No curso da evolução, o ser humano desenvolveu a habilidade de ver sólidos e líquidos. Os raios de luz visíveis (que são raios do Éter Químico), se refletem nos objetos, atingem o olho e formam uma imagem dentro dele, na retina.

À medida que nos aproximamos da Era de Aquário, a atmosfera da Terra vem mudando. Cristo, com seu ministério benéfico, atrai cada vez mais Éter interplanetário para a Terra, de modo que o Éter que a rodeia está se tornando mais denso e luminoso. Nossos olhos estão sendo modificados para se acomodarem a essas novas condições. O chamado “ponto cego” do olho se tornará sensível e olharemos através do olho e veremos diretamente o objeto em vez da imagem formada na retina. Perceberemos uma frequência vibratória maior que a atual e o reino etérico se fará visível. A abertura da visão etérica trará um número grande de mudanças no que as pessoas pensam e fazem:

  1. A visão etérica é semelhante aos Raios-X na medida que permite a quem possui ver através de qualquer objeto, mas de forma mais potente e apresenta tudo transparente como vidro. Quando as pessoas tiverem a visão etérica, não se poderá ocultar algo atrás de um muro. Nem poderão manter em segredo seus atos passados já que todos os fatos recentes na Terra se encontram armazenados no Éter Refletor e podem ser vistos por qualquer pessoa que possua a visão etérica.

Esta incapacidade para ocultar ações e os objetos pode atuar como prevenção ao crime. Também exigirá que as pessoas desenvolvam: força interior suficiente para se mostrar frente aos demais como realmente são, sem aparências nem máscaras, e compaixão para aceitar os outros como realmente são, seja qual for sua fragilidade.

  • A visão etérica permitirá observar o funcionamento interno do seu próprio corpo e o dos outros. Será fácil identificar um processo tumoral, uma fratura ou condição patológica do corpo. Isso facilitará enormemente o diagnóstico de enfermidades.
  • Junto a um Corpo Denso, composto por sólidos, líquidos e gases, todos temos um Corpo Vital composto de Éter. Com a visão etérica, as pessoas adquirirão a capacidade de ver os Corpos Vitais.

As pessoas poderão observar que o Corpo Vital necessita de alimento para trabalhar e que frutas e legumes frescos, assim como o leite, possuem fluido vital (Éteres Químico e de Vida) que favorecem a nutrição do Corpo Vital, enquanto as refeições cozidas têm pouco fluido vital. As pessoas poderão apreciar como o fluido vital solar entra no Corpo Denso (o físico) pelo baço, circula pelos nervos do corpo e em seguida, sai através dos poros da pele, arrastando venenos e impedindo, com sua corrente centrífuga, a entrada de micróbios no corpo. Poderemos observar quando o fluxo do fluido vital se debilita, devido a alterações tóxicas ou psicológicas, e seremos capazes de agir para eliminar a obstrução.

As pessoas poderão observar que o sono é um meio de reparar e limpar o Corpo Vital. Outro meio é o banho. A água absorve o fluído vital, de modo que durante o banho seja eliminado o fluido vital utilizado e impuro, que é substituído por fluido vital limpo. As pessoas poderão ver por si mesmas que um curador extrai fluido vital impuro de um paciente impondo as mãos úmidas. O curador pode, por um ato de vontade, impedir que o fluído suba até acima dos cotovelos e depois, lavar suas mãos em água corrente para se livrar dele.

As pessoas serão capazes de ver como os doentes podem absorver fluido vital de quem os rodeia e podem usar este fato para aliviar os enfermos, embora devam ser tomadas precauções no sentido de assegurar que os que proporcionam fluido vital passem tempo suficiente afastados dos doentes para repor sua própria fonte de fluido vital.

Ter a capacidade de ver o fluido vital ajudará as pessoas a dirigir seu fluxo mediante o poder do pensamento. A capacidade de dirigir esse fluxo facilitará a cura.

  • Quando as pessoas dispuserem de visão etérica serão capazes de ver o estado evolutivo de seus Corpos Vitais e poderão apreciar diretamente como diferentes pensamentos, sentimentos e ações promovem ou entorpecem o crescimento do Corpo Vital. Será semelhante a disponibilidade atual de estudos sobre o que afeta a beleza ou capacidade do Corpo Denso, o físico. Dessa forma, as pessoas poderão prestar mais atenção ao desenvolvimento da alma.
  • Quando as pessoas dispuserem de visão etérica, serão capazes de ver os mortos e apreciar como o Corpo Vital deixa o Corpo Denso, quando o coração para de bater. À medida que o Corpo Denso decai, decaem também as partes do Éter Químico e de Vida do Corpo Vital. Se o Corpo Denso é incinerado, os Éteres Químico e de Vida se desagregam no momento da incineração. A incineração não deveria ser praticada durante os três dias e meio que seguem a parada do coração (ver Max Heindel, Livro: Cristianismo Rosacruz).

A parte do Corpo Vital formada pelos Éteres de Luz e Refletor é retida, no entanto, durante mais tempo. Assim, quando a visão etérica for desenvolvida, os fisicamente mortos se tornarão visíveis para os vivos e poderemos nos comunicar com eles durante um tempo depois da sua morte. A morte deixará de ser tão terrível para os falecidos ou tão penosa para os que ficam na Terra como quando não conseguimos ver os mortos.

  • Quando as pessoas tiverem visão etérica, poderão ver a miríade de seres que habitam a Região Etérica. Os Espíritos da Natureza tais como Gnomos, Elfos, Fadas, Ondinas, Silfos e Salamandras, assim como Anjos, se farão visíveis. Uma vez que os Espíritos da Natureza são inferiores aos humanos na cadeia evolutiva, quando os humanos os comandarem, eles devem obedecer. Assim, os humanos poderão fazer que os Espíritos da Natureza os sirvam. Os Anjos estão acima de nós na cadeia evolutiva e não podem ser comandados pela humanidade, mas é possível estabelecer uma comunicação e cooperação em alguns aspectos. Os Anjos trabalham para facilitar a propagação e crescimento das plantas, dos animais e dos seres humanos sobre a Terra. Assim, os agricultores e outros, que cultivam plantas ou que criam animais, poderão se beneficiar com a comunicação com os Anjos.

XIII – A SOLUÇÃO DE CONFLITOS COM MÉTODOS AQUARIANOS

Dentro de cada ser humano mora um rei. Fale com o rei e o rei se manifestará”.

Provérbio escandinavo

Na Era de Peixes, as pessoas vivem sob o domínio de ditadores como reis, sacerdotes e outros, que estabelecem leis e proclamam o que é verdadeiro e justo. Como todos em uma mesma sociedade seguem o ditador, o conflito interno é mínimo. Se duas pessoas tiverem diferenças, podem ir até o ditador e ele diz quem tem razão e quem não e o que se deve fazer para resolver o conflito. Dessa forma, tudo transcorre em paz e harmonia.

Na Era de Aquário não existirá uma cabeça que tome todas as decisões e pense em tudo. Em vez disso, cada um pensará por si mesmo. Quando muitas pessoas têm ideias de forma independente, partindo de perspectivas distintas e exercendo sua criatividade de diferentes formas, surge uma grande variedade de opiniões, algumas das quais podem entrar em conflito. O grande problema que surge é como resolver esses conflitos. Não haverá mais autoridade a quem recorrer e que forneça aos indivíduos uma solução definitiva para os conflitos. De alguma maneira, deveremos trabalhar juntos para resolver nossos conflitos.

A Era de Aquário será uma época de raciocínio. Assim, a razão será usada para resolver os conflitos. Veremos as causas e soluções para os conflitos à luz da razão. As pessoas têm necessidades e desejos de ordem física (comida, roupa, moradia), de segurança, de companhia, estima e autorrealização (criatividade, independência, alcance de objetivos pessoais). Se as necessidades e desejos de uma pessoa chocam com os da outra, surgirá um conflito.

Uma situação em que os desejos e necessidades entram em conflito é a superpopulação: pessoas demais; comida, roupas e moradias insuficientes. A solução para este tipo de conflito será diminuir o número de pessoas em uma região ou zona determinada e/ou trabalhar para aumentar o volume de comida, roupas e moradias disponíveis.

Outra situação em que o conflito aparece é aquela em que alguém excede o que seriam suas necessidades legítimas e interfere com as necessidades e desejos do outro. Isso acontece quando alguém rouba, ameaça ou atinge o outro sem motivo, quando alguém impõe sua presença ou suas ideias, quando alguém tenta ficar por cima ou dominar outros. Quando aparecer este tipo de conflito, as pessoas deverão ser colocadas em posição de ver a partir do ponto de vista do outro e deste modo, poder reconhecer que todos têm desejos e necessidades, de modo que, para viver em paz e harmonia, ninguém pode satisfazer suas necessidades e desejos às custas do outro.

Alguns que excedem seus desejos e necessidades legítimas podem desconhecer outros caminhos para satisfazê-las. Seria inútil explicar a um ser humano faminto que não é certo roubar. Em tais casos, o único meio de solucionar o problema seria ajudar a pessoa necessitada a encontrar uma forma de satisfazer suas necessidades. Dê algo para comer ou um emprego para o faminto e, provavelmente, ele não roubará mais. Se alguém sente a necessidade de ser escutado e incomoda todo mundo com sua conversa, o problema não será resolvido com um “cale-se”. Em vez disso, alguém deveria escutar o que a pessoa fala até que sua necessidade de ser escutado seja satisfeita. Se alguém necessita de reconhecimento e, consequentemente, alardeia suas faculdades, o problema não se soluciona lhe dizendo que não realizou nem metade dos méritos que afirma ter. A questão seria melhor resolvida satisfazendo sua necessidade de reconhecimento, elogiando a pessoa até certo ponto para que comece a se sentir apreciado.

Às vezes, as necessidades e desejos das pessoas podem entrar em conflito porque uma delas está se excedendo em seus direitos, embora a pessoa que está sendo escravizada poderia evitar o conflito renunciando a seus desejos. Esta técnica é especialmente útil em assuntos triviais que não merecem os esforços de uma confrontação. Também se pode recorrer a essa solução quando uma pessoa ama a outra e está disposta a assumir cargas com a finalidade de tornar as coisas mais fáceis para a outra pessoa. É perigoso agir assim a menos que uma das pessoas realmente renuncie a seus desejos. De outra forma, aparecem tensões internas.

John Powell cita no livro “Why Am I Afraid to Tell You Who I Am?” (“Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?”): “ficarei tentado acreditar que é melhor não mencionar isso. Nossa relação será mais pacífica…. Então, guardo para mim e cada vez que você faz isso de novo meu estômago acumula tensões… 2… 3… 4… 5… 6… 7… 8… até que um dia você faz o que sempre fez e o inferno se abre. Durante todo tempo que você estava me irritando, eu guardava isso dentro de mim e, secretamente, aprendia a odiar você. Meus bons pensamentos se transformaram em bílis. Quando, finalmente, tudo veio à luz, numa grande explosão emocional, você não entendia. Pensava que esse tipo de reação era totalmente injustificado”.

Algumas pessoas sofrem necessidades e desejos conflitantes em seu interior. Querem duas coisas que não se pode ter simultaneamente. Querem sair para a rua e ficar em casa também. Comer de tudo e ao mesmo tempo, permanecer magras. Fazer o trabalho e jogar ao mesmo momento. Essas pessoas tendem a estar em conflito com seu entorno porque tudo que é feito por elas está de alguma forma equivocado. Tais conflitos só podem ser resolvidos ajudando a pessoa a entender que não pode estar na missa e também no celular, e a incentivando a aclarar seus objetivos e o que deve fazer para alcançá-los.

Outra situação na qual aparecem conflitos é quando alguém pensa que suas necessidades e desejos estão em conflito devido a mal-entendidos. Observe-se que as necessidades e conflitos não estão realmente em conflito, de modo que ao se esclarecer o mal-entendido, o conflito desaparece. Os mal-entendidos podem se dissolver por meio da comunicação.  A comunicação deve ser contínua, aberta e bidirecional. Ambas as partes necessitam escutar o outro, livres de preconceitos para que possa existir ressonância e se produzir empatia e compreensão entre as duas partes. Cada um deve ser capaz de ver o ponto de vista do outro. As pessoas precisam aprender a ver o pensamento atrás das palavras utilizadas para expressar esse pensamento, de modo que duas pessoas com a mesma ideia não discutam mais devido às palavras.

Muitas pessoas estão em conflito não por um enfrentamento de suas necessidades e desejos presentes, senão por um enfrentamento antigo, persistindo aquele fato na memória. Tais conflitos desapareceriam com facilidade e deixariam de esmagar as pessoas, se elas desapegassem de suas memórias dolorosas e perdoassem a seus devedores. Alguns não querem perdoar seus devedores, pois sentem que não foi feito justiça. O ser humano, no entanto, é um péssimo juiz, pois pode observar alguns incidentes, mas não é capaz de formar um quadro completo com todos os débitos e créditos, alguns que tiveram lugar em vidas anteriores na Terra. Assim, o ser humano faria melhor se deixasse a justiça nas mãos de Deus. São Paulo escreveu em “Carta aos Romanos” (12,19): “Não façais justiça por vossa conta, caríssimos, mas dai lugar à ira, pois está escrito: A mim pertence a vingança, eu é que retribuirei, diz o Senhor”.

Se os conflitos devem ser resolvidos, devem ser enfrentados com atitude adequada. É importante compreender que as pessoas podem discordar e seguir sendo amigos. Os desacordos devem ser mantidos no nível intelectual e não degenerar em ataques emocionais de uma pessoa contra a outra. Os insultos nunca resolveram uma disputa. É possível resolver um desacordo se cada parte explica a outra, com calma, as razões de suas crenças. Se uma das partes considera um erro o raciocínio da outra, pode indicar cordialmente o que considera um equívoco e por quê. Se a outra parte aceita a correção, pode mudar de opinião. Se vê um erro na argumentação pode replicar cordialmente. Em tal discussão é de maior importância que ambas as partes escutem o que o outro tem a dizer, permaneçam abertos às ideias novas, flexíveis e capazes de mudar uma opinião que se mostre insustentável.

Da mesma forma, ao tentar resolver conflitos, as pessoas devem tentar ver a situação em seu conjunto e determinar o melhor para todos os implicados e não apenas procurar obter a maior vantagem para si. Os princípios da justiça deveriam ser aplicados igualitariamente para todos os envolvidos, em vez de para alguns e outros não. Os direitos humanos de todos deveriam ser respeitados.

Finalmente, os conflitos deveriam ser enfrentados com a atitude mental de que podem ser resolvidos. Nada se consegue quando duas pessoas perderam a esperança. As pessoas podem fazer tudo o que pensam que podem fazer.

XIV – MÉTODOS DE ENSINO AQUARIANOS

O objetivo primordial da educação é a manifestação das faculdades potenciais e não a imposição de ideias externas.

Geoffrey Hodson

Na Era de Peixes, os indivíduos de qualquer sociedade são geralmente de origem e crenças semelhantes e se ensina às crianças as crenças compartilhadas pelos outros membros da sociedade para que as adotem. Na Era de Aquário, ao contrário, as crianças estarão expostas a um amplo número de crenças por meio da televisão, do rádio, do cinema e das viagens.

Assim, as crianças aquarianas provavelmente questionarão a validade de qualquer sistema de valores, porque saberão que outras pessoas possuem outras crenças. Elas resistirão à tentativa de simplesmente lhes impor um sistema de valores.

Na Era de Peixes, o volume de conhecimento disponível é relativamente escasso. O conhecimento se encontra em livros, nos quais as crianças devem aprender. A Era de Aquário será uma época de investigação e à medida que se avança nesse sentido, o campo de conhecimento cresce. Chegará um momento em que o volume de conhecimento será tão extenso que – nem mesmo em um só campo – será possível uma pessoa conhecer tudo. Portanto, o objetivo da educação na Era de Aquário já não poderá ser ensinar aos jovens tudo o que se conhece. Não é possível prever que tipo de conhecimento uma determinada criança necessitará no futuro.

Na Era de Peixes, a maioria dos trabalhos exige a repetição de certas tarefas predefinidas. Ao preparar os jovens para o mercado de trabalho, seus professores ensinam a lembrar o que foi dito e seguir as instruções. Com a chegada da Era de Aquário muitas tarefas repetitivas e predefinidas serão realizadas por máquinas (gravadores, câmeras, maquinário industrial, computadores e robôs). Assim, o jovem que aprendeu a fazer apenas o que lhe disseram, não encontrará trabalho com facilidade. Na Era de Peixes as condições são relativamente estáveis. Os usos, tradições e maneiras de lidar com os problemas humanos são bastante semelhantes, geração após geração. Consequentemente, as crianças são instruídas nos mesmos usos, tradições e formas de lidar com os problemas humanos herdados de seus pais, de modo que o aprendizado da infância seja útil na idade adulta. Elas recebem respostas a cada uma das situações que podem encontrar pela vida. Na Era de Aquário, a vida já não será tão simples. Pessoas de terras distantes carregam consigo novos modos de fazer as coisas. As estruturas sociais mudam. São inventadas novas máquinas que transformam radicalmente os sistemas de produção, os tipos de trabalho e os estilos de vida. A mudança será tão rápida e imprevisível que é quase impossível dar soluções predeterminadas para os problemas da vida.

Se na Era de Aquário será inútil tentar impor um sistema de valores aos jovens (pois eles não vão acreditar em nós), se será impossível tentar ensinar a eles umas realidades ou técnicas (já que as realidades e as técnicas que realmente precisarão conhecer após sua graduação podem ser diferentes), se será inútil tentar dar soluções para os problemas da vida (uma vez que os problemas reais que encontrarão no futuro podem ser diferentes), qual será então a função das escolas?

As crianças na era aquariana necessitarão ter a oportunidade de observar o mundo. Elas vão acreditar no que virem por si mesmas. Elas necessitam que lhes ensinem a realizar experimentos controlados, nos quais as variáveis são controladas de forma que o efeito produzido ao modificar uma única variável por vez possa ser observado, para que possam estabelecer relações de causa e efeito. Necessitam que as incentivem a se formular perguntas e em seguida, fazer as observações e pesquisas necessárias para obter a informação que responda às suas questões. Precisam que lhes ensinem a analisar dados, a encontrar relações lógicas nesses dados e extrair suas conclusões. Necessitam que lhes ensinem técnicas para solucionar problemas para que gerem por si próprias tanto soluções para novos problemas como novos modos para fazer as coisas.

Na sala de aula de Peixes, as duas principais técnicas são leitura e repetição. Na aula aquariana, a leitura e a repetição serão reduzidas ao mínimo. O professor incentivará muito o pensamento individual nos alunos, lhes fazendo perguntas e estimulando todos a participarem no debate de ideias. Quando o professor quiser que os alunos considerem um determinado conceito, formulará uma série de perguntas que os incentivarão a emitir comentários relevantes e raciocinar de modo a chegar a uma conclusão a partir desses comentários. Esse é o método socrático.

Na escola de Peixes se coloca ênfase em copiar e memorizar. Na escola aquariana, a ênfase se deslocará da memorização de fatos para raciocinar sobre ideias. A ênfase nas escolas mudará de copiar os outros para criar a si mesmo. Na escola de Peixes, se espera que os alunos se encaixem em um ou vários moldes. Na escola aquariana, os alunos poderão pensar e agir de forma diferente entre si, desenvolver tendências individuais e seguir processos de aprendizagem distintos.

Na escola de Peixes, o professor deve controlar os alunos, estabelecer normas e ordens. Na escola aquariana, o aluno terá mais responsabilidade sobre sua conduta. As próprias crianças poderão planejar o que farão, quando e como.

Na escola de Peixes os conflitos são “solucionados” mediante o uso da força. Os professores obrigam as crianças a obedecer, espancando ou castigando de outras formas aqueles que não obedecem. Na Era de Aquário, a razão será usada para resolver os conflitos. Quando um conflito surgir entre professores e alunos, a questão será debatida. Cada parte tentará compreender o ponto de vista da outra e se buscará uma solução satisfatória para todos.

O treinamento da empatia será tópico relevante na educação dos alunos aquarianos. Se ensinará aos estudantes evitar o preconceito, que impede o surgimento da empatia. Eles aprenderão sobre astrologia, o que poderá ajudar a entender os pontos de vistas alheios. Estudarão literatura, belas artes e música, que exigem empatia para serem realmente compreendidas. Se ensinará ainda a desenvolver um sentimento de paz e tranquilidade interior, assim como a reverenciar todos os seres viventes e a Deus, atitudes tão necessárias para que exista uma verdadeira empatia.

XV – O GOVERNO AQUARIANO

“Sustentamos que as seguintes verdades são evidentes por si mesmas:  que todos os homens são criados iguais e que lhes são outorgados por seu criador certos direitos inalienáveis, entre eles se encontram a vida, a liberdade e a busca da felicidade.”

Thomas Jefferson

Na Era de Peixes, as pessoas frequentemente carecem de educação e de informação sobre os assuntos da atualidade. Os governantes, tanto reis como personalidades nobres, se rodeiam de conselheiros e sábios que lhes assessoraram, cabendo a responsabilidade de guiar o povo exclusivamente ao governante. Na Era de Aquário, no entanto, a informação e as oportunidades educativas estarão igualmente disponíveis para todos. Qualquer pessoa terá acesso a bibliotecas, rádio, televisão e bancos de dados digitais. Por meio dos sistemas de comunicação eletrônica, os sábios compartilharão seus pensamentos com todos tão facilmente como fazem antes com uma única pessoa. Assim, o governo da Era de Aquário já não poderá reclamar a exclusividade da sabedoria. Já não haverá razão alguma para acreditar que o governo tenha maior capacidade que o povo para julgar o que é correto e o que não é. A crença de Peixes sobre a decomposição da sociedade se o governo deixar de dizer ao povo o que é correto e o que não é, ou não os forçar a fazer o que é correto, será substituída gradualmente pelo ponto de vista aquariano de que as pessoas têm tanta capacidade moral para eleger e tomar decisões como o próprio governo.

Na Era de Aquário se supõe que as pessoas estejam desenvolvendo a Luz dentro delas e aprendendo a dirigir suas vidas. As pessoas só poderão aprender a dirigir sua vida se tiverem liberdade para tomar decisões, se experimentarem as consequências dessas decisões e se, em seguida, empregarem suas mentes para estabelecer relações entre as escolhas (causas) e os efeitos resultantes, de modo que no futuro possam escolher melhor. Em seu livro “Liberty and Consciousness” (“Liberdade e Consciência”), Michael Newbrough escreve: “O crescimento não pode surgir da repressão… De forma que quanto antes aceitarmos os riscos e erros da vida, antes aprenderemos o que funciona e o que não funciona, onde reside a felicidade e a realização e onde não. Para começar a conhecer a virtude e a excelência, devemos pagar o preço de enfrentar o autodestrutivo e o indigno. Não sabemos quando tivemos o suficiente de uma experiência até chegarmos ao excesso… A paz interna não será apreciada até nos cansarmos de perseguir as ilusões do mundo material relativo e sujeito à tirania do tempo…A experiência é o mestre supremo.”

Na Era de Aquário, o governo deverá evitar interferir no processo de desenvolvimento. Permitir ao povo escolher livremente desde que não violem os direitos que todos têm de escolher com idêntica liberdade seus próprios caminhos. O governo deverá permitir que as pessoas decidam suas crenças, seus sistemas de valores, seu estilo de vida, o que dirão e o que farão, como votarão, etc., contanto que as pessoas não interfiram no direito de liberdade que tem igualmente os outros de fazer escolhas.

Os governos deverão permitir às pessoas experimentar as consequências de seus atos. Se as pessoas estão convencidas de que o governo se ocupará delas, façam o que fizerem, deixam de se sentir responsáveis por evitar problemas ou cuidar de suas próprias necessidades.

 Se o governo não tenta controlar as pessoas e tampouco tomar decisões por elas, nem as protege dos efeitos de suas decisões, para que existe o governo então? O governo pode atuar como uma organização centralizada para ajudar as pessoas a intercambiar informações, estimular os diferentes setores sociais a se relacionar melhor, facilitar acordos ou tomada de decisões conjuntas.

Na Era de Aquário, as pessoas que compartilham valores similares poderão se unir em grupos pequenos e pouco estruturados para se apoiar, enriquecer umas às outras, compartilhar e cooperar. Esses pequenos grupos poderão ter autonomia para se criar, organizar e dissolver. O acesso a tais grupos habitualmente estará aberto a todo aquele que desejar. A liderança poderia passar de uma pessoa a outra, segundo as necessidades do momento. Um grupo poderia mudar suas atividades ao longo do tempo, de acordo com as necessidades e interesses dos seus membros. As associações de grupos formariam redes, embora em tal situação os grupos de base seguiriam sendo autossuficientes.

XVI – A POLÍTICA NA ERA DE AQUÁRIO

“O homem que só pode se gabar de seus antepassados ilustres

é como uma batata, o único bem que

lhe pertence está enterrado.”

Sir Thomas Overbury

Na Era de Peixes, os regimes monárquicos dirigem os países.  Na Era de Aquário, os países serão governados democraticamente por presidentes eleitos. Como alguém se torna rei é significativamente diferente de como alguém chega a ser presidente. Algumas pessoas chegam a reis por inspiração divina. Todo aquele que seja considerado emissário ungido por Deus tem a liderança assegurada na Era de Peixes. Na Era de Peixes, algumas pessoas se tornam reis por seu nascimento. Se as leis estabelecem que o primogênito do rei reinante serás o futuro rei, então o Ego nascido nessa circunstância assume a tarefa de governante, a menos que alguém o impeça à força. Outro caminho para se tornar rei na Era de Peixes é a riqueza material. Alguém com grande riqueza pode comprar o apoio do povo e contratar um exército para defender sua posição. Na Era de Peixes, algumas pessoas chegam a reis graças a sua força física ou coragem. O guerreiro com mais valor pode chegar a ter o comando das tropas e, portanto, do país. Na Era de Aquário, a pessoa que aspire a governar empregará sua inteligência para identificar o que o país necessita, para convencer intelectualmente as pessoas de que pode liderá-las para alcançar esses objetivos e, consequentemente, será eleito pelos cidadãos para o cargo de presidente.

Na Era de Peixes, a responsabilidade das massas é ser fiel ao chefe. Independentemente de quem sigam, enquanto todos seguem o líder, há paz no país. Na Era de Aquário, a responsabilidade do povo será estar informado e votar com sabedoria. O cidadão aquariano deverá evitar ser influenciado por subornos, falsidades, nomes ressoantes, poderio militar, pelo que outros pensem ou votem ou por pressões sociais. Deverá exercer de modo independente suas faculdades de raciocínio.

O líder de Peixes costuma ser colocado em um pedestal sobre as massas, reverenciado e admirado. As pessoas não precisam entender o que ele enxerga a partir de seu elevado ponto de vista ou o que ele fazia. O líder aquariano, por sua vez, não deverá estar em um pedestal sobre as massas, as pessoas deverão compreender o que faz e por que faz, se manter informadas sobre suas ações. Elas serão livres para criticar o líder aquariano e ele deverá acolher essas críticas, explicar satisfatoriamente o que faz e estar disposto a mudar sua conduta. Cristo nos deu o exemplo quando disse aos seus discípulos: “Já não vos chamo de servos, pois o servo não sabe o que faz seu senhor, mas digo amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.” (Jo 15:15).

             XVII – A JUSTIÇA NA ERA DE AQUÁRIO

“Todo santo tem um passado. Todo pecador tem um futuro.”

Oscar Wilde

A Era de Aquário será uma época de liberdade individual e de responsabilidade. O governo aquariano não fará leis para tentar controlar as vidas das pessoas individualmente. Não haverá leis coercitivas desse tipo. Se as pessoas estiverem treinadas em ressonância, de modo a compreender e sentir empatia uns pelos outros, e na lógica, será necessário apenas uma lei para reger as relações interpessoais, a saber, “Faz aos outros o que gostaria que fizessem a ti”. Na era aquariana, as pessoas compreenderão que, assim como não gostam que outros interfiram em sua liberdade pessoal, igualmente não devem interferir na liberdade dos demais. Reconhecerão que, da mesma forma que não apreciam que seus bens materiais sejam roubados, tampouco devem roubar, agredir ou julgar o próximo. Quando surgirem conflitos entre pessoas, elas deverão se reunir, discutir suas diferenças, aprender a compreender o ponto de vista alheio e considerar a situação objetivamente, de modo que possam chegar por si mesmos a uma solução satisfatória para seus problemas.

Se alguns membros da sociedade persistirem em interferir na liberdade dos outros e se as negociações entre os envolvidos não resolverem o problema, então o governo será obrigado a prender o acusado, promover seu julgamento e detê-lo, se sua culpa for provada. Nos julgamentos, a reconstituição dos fatos será facilitada pelo desenvolvimento da visão etérica a qual capacita as pessoas a lerem os registros do passado acumulados no Éter Refletor. O método socrático poderá ser empregado para induzir o culpado a sentir o dano que causou a outros, a reconhecer as consequências de seus atos, o que o levou a cometer o crime e que caminhos poderia ter seguido para manejar a situação apropriadamente. O culpado também poderá, voluntariamente, decidir o que fazer para restituir os danos causados e ser incentivado a cumprir sua restituição.

As pessoas cometem crimes devido a desejos egoístas tais como avareza, ira, luxúria, desejo de experiências intensas, etc., que assumem o controle. Se com o método socrático elas puderam ser levadas a considerar as situações intelectualmente e a considerar os sentimentos e direitos dos outros, assim como as consequências de suas ações, então suas mentes e seus Egos podem tomar o controle de suas vidas e o crime nunca mais será atrativo.

XVIII – MÉTODOS AQUARIANOS DE CURA

“Aquilo em que a mente se ocupa constantemente será,

de forma inevitável, o que o homem se converterá”.

Annie Besant, “In the Outer Court”.

Na Era de Peixes, a doença é aceita como um designo de Deus ou um acidente da natureza. Na Era de Aquário, as pessoas reconhecerão como certas ações, sentimentos e pensamentos conduzem à enfermidade e identificam quais as condutas concretas produzem cada doença. À medida que a Era de Aquário se aproxima, começarão a ser determinados os efeitos de certos alimentos sobre o corpo, do estresse emocional no organismo e a necessidade física de certas doses de exercício e de repouso, assim como de higiene.

Na Era de Peixes, a natureza da enfermidade de uma pessoa, com frequência, permanece desconhecida. Ao nos aproximar da Era de Aquário, serão desenvolvidos instrumentos científicos que servem para observar as diferentes partes do corpo e para identificar anormalidades em seu funcionamento. Como a Era de Aquário estimulará a visão etérica e a visão etérica permite ver através da matéria sólida, as pessoas serão capazes de detectar, de relance, os órgãos doentes e as dificuldades nas correntes de energia etérica que vitalizam os diferentes órgãos do corpo. Na Era de Aquário se empregará a Astrologia como um meio de investigar as causas subjacentes à doença.

Na Era de Peixes, as pessoas tendem a ter fé em seu médico e nos medicamentos que ministra; às vezes sua fé é o fator determinante mais importante em sua cura. Na Era de Aquário, as pessoas vão querer entender por si mesmas a natureza e as causas de sua enfermidade de modo que possam decidir o que necessitam para se recuperar.

Na Era de Peixes, as pessoas tendem a se abandonar passivamente nas mãos do médico e a esperar que promova a cura.  O médico continua administrando medicamentos que controlam partes do corpo, à margem do Ego, e forçam o corpo a realizar certas funções. Ou o médico pode sugerir massagens ou manipulações que geram novamente certos efeitos corporais. Na Era aquariana, no entanto, as pessoas buscarão o autocontrole. As pessoas aprenderão a usar o poder da vontade para dominarem suas Mentes e, portanto, donos de suas ações. As pessoas aprenderão a controlar mentalmente seus sentimentos e a dissolver as tensões internas. As pessoas aprenderão a controlar sua Mente subconsciente, a qual influi no funcionamento dos diferentes órgãos corporais. As pessoas aprenderão a dirigir o fluxo das forças etéricas em seus corpos e empregá-las para tarefas curativas.

XIX – Exercícios Mentais para a Era de Aquário

Para aqueles desejosos de adiantar seu aprendizado das lições de Aquário foram dados dois exercícios. Um deles se denomina Retrospecção e o outro, Concentração.

O exercício de Retrospecção é feito à noite quando o Aspirante se deita para dormir. Ele relaxa seu corpo e, em seguida, revisa os acontecimentos do dia, em ordem inversa, começando com os noturnos e em seguida, gradualmente, prosseguindo em ordem inversa, os da tarde, os que aconteceram pela manhã até chegar no momento do despertar. Ao trazer cada cena a sua Mente, tenta sentir os efeitos que suas ações tiveram sobre outras pessoas. Se seus atos causaram dor a alguém, tenta sentir essa dor. Se alegraram alguém, tenta sentir essa alegria. Ao tentar ver as relações de causa e efeito, quando observa que certas ações tiveram efeitos indesejáveis, ele decide reformar sua vida. É importante que o corpo esteja relaxado ao praticar esse exercício de Retrospecção, porque quando está tenso os desejos pessoais ainda se mantêm firmes e dificultam a obtenção de uma visão objetiva, impessoal e superior dos acontecimentos do dia. A razão para reviver os acontecimentos do dia em ordem inversa é que desse modo vemos primeiros os efeitos e em seguida, as causas, facilitando o julgamento de que ações produzem efeitos desejáveis.

O exercício da Retrospecção nos ajuda a desenvolver a habilidade aquariana de autoanálise e, portanto, de autocontrole. Proporciona uma compreensão crescente das relações de causa e efeito e ajuda a desenvolver a Luz interior. A tentativa de sentir como os outros se sentiram aumenta nossa habilidade de ressonar com os outros e ajuda a resolução de conflitos. Como Aquário é regido por Urano, que influencia o sistema nervoso, um dos problemas que as pessoas vão enfrentar na era aquariana será a tensão nervosa. A liberdade, a iniciativa e a exploração que a Era de Aquário promoverá estão associadas a uma certa tensão. O exercício de Retrospecção, se realizado com o corpo relaxado, ajudará a superar a tensão nervosa progressivamente.

O exercício de Concentração se realiza pela manhã, tão logo o Aspirante tenha despertado. Se o corpo estiver confortável, ele deve relaxar e iniciar logo a Concentração. Caso contrário, o Aspirante pode se levantar para solucionar o desconforto antes de se concentrar, mas muito da eficácia da Concentração pode se perder com esse atraso. O Aspirante foca seus pensamentos em um objeto, tema, imagem ou citação e tenta manter sua Mente sem distração alguma durante, aproximadamente, cinco minutos.

O exercício de Concentração ajuda a desenvolver a ressonância, se um objeto ou uma citação forem escolhidas para a Concentração. Criar uma imagem mental ou observar um tema, incentiva a criatividade.

XX – AUTOCONTROLE NA ERA DE AQUÁRIO

“De todas as amarras que mantém o mundo acorrentado, o homem se liberta quando consegue o controle sobre si mesmo.”

Goethe

A Era de Aquário será uma época de liberdade individual. As vidas das pessoas estarão libertas do domínio de reis, sacerdotes, mestres, opinião pública, arcanjos (Espíritos de Raça) e influências astrológicas. Cada pessoa deverá aprender a dirigir sua própria vida. Vamos examinar o que significa ter controle sobre nossas próprias vidas.

A Bíblia afirma que “Deus é espírito” (Jo 4:24) e que “Deus criou o homem à sua imagem” (Gn 1:27). Portanto, o ser humano é um espírito. Cada espírito humano construiu para si mesmo, com alguma ajuda externa, uma Mente, um Corpo de Desejos, um Corpo Vital e um Corpo Denso, o físico. A Mente pode ser usada para raciocinar e criar planos. No Corpo de Desejos tomam forma os desejos, aspirações e emoções da pessoa. O Corpo Vital recebe as percepções sensoriais e ali se gravam os hábitos e as lembranças. O Corpo Denso é o instrumento através do qual o Espírito pode interagir com os sólidos, líquidos e gases do mundo físico. Aprender a controlar seus veículos é responsabilidade do Espírito. Ao tentar controlar seus veículos, um problema que o Espírito encontra são as suas limitações. Um Espírito não pode fazer voar um Corpo Denso se este carecer de asas e outras estruturas apropriadas. Para resolver esses problemas, o Espírito precisa reestruturar o arquétipo do corpo, trabalho que efetua habitualmente entre duas vidas terrestres, quando a consciência do Espírito está focada nos mundos superiores.

Outro problema que encontra o Espírito ao tentar controlar seus veículos é que eles podem ser insensíveis às ordens do Espírito. Por exemplo, mesmo que os veículos tenham as estruturas exigidas para tocar uma música formosa e inspiradora no piano, o Espírito pode ter dificuldades para se fazer obedecer em seu impulso de tocar música. É necessária prática para superar esse tipo de dificuldade.

Outro problema que encontra o Espírito é que os veículos com a organização e sensibilidade necessárias podem deixar de funcionar apropriadamente, a menos que recebam os cuidados adequados. Quando os veículos deixam de funcionar adequadamente, o Espírito já não consegue conduzir com facilidade. Esse problema se resolve ao se conhecer o que os veículos necessitam para se manter saudáveis e em seguida, exercitar o poder da vontade para realizar o que se sabe ser o correto.

Os veículos são também difíceis de governar porque têm desejos próprios que são contrários à vontade do Espírito. Os veículos se deleitam em atos, sentimentos e pensamentos selvagens e descontrolados. A Mente vagueia antes de se concentrar em resolver um problema que o Espírito colocou frente a ela. Os desejos preferem reagir ao ódio com ódio, em vez de se submeter ao autocontrole e transformar o ódio em amor. O Corpo Vital e o físico se sentem mais confortáveis fazendo o que estão acostumados a fazer, em vez de se sujeitarem ao tipo de controle necessário para mudar seus padrões de comportamento. Os veículos desfrutam os prazeres sensuais que se podem obter do álcool e outras drogas, embora estas lhes arrebatem o controle do Espírito.  Os veículos querem estímulos sexuais, mesmo às custas da força criadora que o Espírito quer empregar para construir a Mente e fazê-la operar criativamente. Os veículos buscam conforto e descanso, enquanto o Espírito quer obter experiência. Os veículos querem satisfazer suas necessidades e desejos egoístas, enquanto o Espírito cresce servindo os outros.

Paulo estava consciente dessas coisas quando escreveu: “Andai em Espírito, e não deis satisfação à concupiscência da carne. Porque a carne tem tendências contra o Espírito, e o Espírito contra a carne… Porque as obras da carne são manifestas, a saber: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdias, emulações, iras, brigas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, embriaguez, orgias e outras como essas…Os frutos do Espírito são: caridade, alegria, paz, paciência, bondade, fé, mansidão, temperança.” (Gl 5:16-23)

O que necessita o Espírito para que prevaleça sua vontade sobre as tendências dos veículos? O ponto de partida para conseguir é o controle da Mente. Quando os veículos inferiores tomam o controle, levam a Mente a racionalizar e fornecer razões para que as coisas sejam como dizem. O Espírito deve insistir para que a Mente pense de forma objetiva e lógica, parando com racionalizações. O Espírito necessita que a Mente aprenda a distinguir entre desejos dos veículos inferiores e objetivos do Espírito. Uma vez que essa distinção se estabeleça, o Espírito pode obter o compromisso da Mente de planejar apenas aquilo que conduz às metas do Espírito. Assim, os desejos e atos podem ser alinhados com a decisão da Mente. Quando a Mente toma uma determinação sob a direção do Espírito, então essa determinação deve ser mantida a menos que se prove que é um erro. Se a decisão for alcançar um determinado objetivo, adiamentos, atrasos e fracassos repetidos não deveriam enfraquecer a determinação inicial. Se a determinação era realizar uma tarefa em benefício da sociedade ou de uma pessoa, a gratidão ou ingratidão recebidas não devem influenciar suas ações.

Uma vez que uma pessoa já desenvolveu autocontrole, pode decidir por si mesma aonde irá e o que fará.  Será capaz de afirmar como William Henley:

“Sou o amo do meu destino. Sou o capitão da minha alma”.

XXI – ALEGORIAS PARA A ERA DE AQUÁRIO

Una alegoria é um conjunto de ideias sobre um assunto familiar, material ou concreto, que ilustra por comparação outro tema menos familiar, de natureza abstrata ou espiritual. As alegorias interessam ao ser humano aquariano porque o ajudarão a colocar em atividade e desenvolver seu próprio raciocínio com a finalidade de obter mais compreensão das realidades espirituais. Apresentamos a seguir algumas alegorias para consideração do leitor.

O carvalho que não queria crescer

Em certa ocasião, uma pequena semente caiu na terra. Era tão pequena que nem sequer olhava para o mundo ao seu redor, apenas permanecia enrolada em sua forma. Pouco a pouco, as folhas a cobriram, assim como os outros detritos trazidos pelo vento. Logo, o solo abaixo dela cedeu com as chuvas e deu lugar à semente, que se afundou nele. Ao passar do tempo, a semente se tornava vagamente consciente de si mesma. Também começou a perceber que seu entorno era escuro e sem ventilação. Começou a sentir necessidade, mais inconsciente do que consciente, de luz e de liberdade. Começou a brotar. Ela mesma não sabia bem em que direção crescer, mas enquanto se esforçava, espíritos da natureza estavam ali a guiá-la para a direção correta.

Finalmente, ela brotou da terra. Olhou ao seu redor e ficou encantada pela luz e beleza que a rodeavam. “Ah”, disse, “agora estou iluminada. Agora posso ver tudo. Que glorioso e magnífico estado de existência. Agora alcancei o propósito da minha vida.” “Não”, replicaram os espíritos da natureza, “Observa essa grande árvore ali adiante. Deves crescer tanto como ela!” “Mas isso é impossível”, disse o pequeno carvalho. “Nunca poderei ser tão alto. Uma só folha é maior que eu. Observe seu tronco largo, a casca tão grossa e seus grandes ramos. Olha, mesmo que eu cresça tudo o que puder neste verão, nunca alcançarei este tamanho”.

Assim o pequeno carvalho se deixou desanimar, sem fazer nenhum esforço para alcançar uma meta considerada por ele impossível e suas pequenas folhas começaram a amarelar e cair. “Deves tentar”, o animaram os espíritos da natureza. “O Deus que está no céu não lhe teria designado uma tarefa impossível. Com certeza, ele ajudará”. – “Bem, não me sinto nada bem quando minhas folhas ficam fracas. Talvez deva tentar”, disse o pequeno carvalho.

Logo que se reanimou, Deus enviou chuva quando o pequeno carvalho necessitava, e igualmente, Ele enviou ventos fortalecedores e exaltados raios de Sol. Assim, o pequeno carvalho foi crescendo durante todo o verão. Estava tão ocupado crescendo que teve pouco tempo para se preocupar se chegaria ou não a ser tão grande como o velho carvalho.

O outono chegou e o pequeno carvalho começou a perder suas folhas. Isso o entristeceu muito. “Trabalhei duramente para fazer crescer estas folhas”, dizia, “Como posso chegar a ser algo se mesmo o que consegui me foi tirado de mim?  -“Não se apresse”, disseram os espíritos da natureza.” Você não perderá nada que seja essencial para o seu progresso”.

Assim, o pequeno carvalho foi dormir e dormiu o inverno todo. Na primavera, quando despertou e olhou ao seu redor, observou um carvalho muito menor que ele, recém surgido do solo. “Olha como sou grande comparado com esse menino”, disse o pequeno carvalho. “É ele que precisa se esforçar em crescer e não eu”. Assim novamente cessou seus esforços para crescer e deixou amarelarem e caírem suas novas folhas, que ainda estavam brotando. “Mas olha o velho carvalho”, disseram os espíritos da natureza. “Não deves se dar por satisfeito até alcançar seu tamanho e mesmo assim não deves se contentar, até mesmo ele tem crescimento a frente”.

O pequeno carvalho continuou crescendo, verão após verão. E chegou a ser tão alto que podia ver a uma grande distância os campos. O pequeno carvalho ficou grande e forte e adquiriu a capacidade de produzir numerosas sementes e de dar sombra e proteção a inúmeras plantas e animais menores sob seus amplos e firmes ramos.

Lenha e casacos

Existiam há algum tempo duas ilhas separadas por um oceano. A ilha do sul foi chamada de País do Sul. Desfrutava de um clima ameno e era a mais habitada. A ilha do norte se chamava País do Norte. Seu clima era verdadeiramente frio e as pessoas só iam lá se tivessem uma boa razão. E certamente havia uma boa razão para ir ao País do Norte pois lá se encontravam pedras preciosas impossíveis de encontrar em outros lugares.

Quando as pessoas tinham de viajar do País do Sul para o País do Norte, compravam bilhetes de ida e volta no barco que as transportava. No bilhete figurava tanto a data da ida como a do retorno. Durante a viagem, elas recebiam um casaco grande e pesado, um chapéu quente e botas. Bebiam vinho durante a travessia na crença de que manteriam seu sangue quente no País do Norte. Infelizmente, o vinho as fazia esquecer o que tinham vindo buscar no País do Norte. Às vezes, acontecia de passaram o tempo brincando umas com as outras ou recolhendo lenha, geralmente muito mais do que necessitavam em toda a sua estadia ali. Quando lhes sugeriam que buscassem pedras preciosas, as pessoas riam e respondiam “As joias não aquecem! Por que alguém iria querer essas pequenas pedras?”.

O vinho também fazia que esquecessem a aparência que seus companheiros tinham antes de vestir os casacos, chapéus e botas para a viagem e então começavam a os identificar pelas roupas que vestiam. Quando um dos companheiros partia em regresso no barco, com frequência encontravam seu casaco na praia e choravam, pois, ele não mais iria brincar com eles ou os ajudaria a recolher lenha.

Finalmente chegava o momento de regressar e tentavam carregar no barco toda a lenha que tinham reunido. O capitão do barco nunca permitia isso. Era um barco pequeno e não havia espaço para transportar lenha em vez de pessoas. Além disso, o capitão sabia bem que não necessitariam dessa lenha no País do Sul, embora não tentasse discutir esse ponto com os passageiros, limitando-se a dizer que era contra lei levar esse tipo de bagagem no barco. 

Quando esses passageiros desorientados chegavam de volta ao País do Sul e se dissipavam os efeitos do vinho, recordavam com amargura que partiram em busca de pedras preciosas e não as haviam trazido com eles. Então começavam a se preparar para uma nova jornada.

Uma ilha enevoada

Em   algum lugar, no meio do oceano, se encontra uma grande ilha. Uma montanha se eleva no seu centro. Ao redor dela, uma grande quantidade de colinas obriga o viajante a subir e descer, uma e outra vez, se quiserem se aproximar da montanha. O clima é tal que a maior parte do tempo uma neblina espessa cobre a costa e também boa parte da terra em seu redor. À medida que se aproxima da montanha, a atmosfera se aclara mais e mais. O motivo pelo qual a ilha interessa para muitas pessoas é que no alto da montanha há um castelo mágico e quem entra nele tem visões maravilhosas e adquire sabedoria acerca de tudo o que foi criado.

Em qualquer momento, é possível encontrar com numerosos viajantes na ilha, todos com o propósito de alcançar o topo da montanha. Eles vêm navegando de todos os países, desembarcam em algum ponto da costa e em seguida, adentram a pé na ilha.

O maior problema é que os viajantes se perdem facilmente devido à neblina. Alguns deles não são conscientes de que o castelo mágico se encontra no topo da montanha. Tendem a vagar sem rumo, confiando que algum dia atingirão acidentalmente com o castelo. Como costumam transitar pelas trilhas mais confortáveis, caminham por vales entre as colinas que rodeiam a montanha. Os vales estão dispostos em círculos e, portanto, nunca conseguem ir longe. Se diz, no entanto, que os que caminham pelos vales gradualmente se aproximam da montanha, da mesma forma que um micróbio que seguir os sulcos de um disco de vinil se acerca gradualmente do centro do disco. Essa trilha é tão longa que, mesmo entre os que chegaram primeiro na ilha e percorreram esse caminho, ninguém alcançou o castelo ainda. Outros viajantes sabem que o castelo está no alto da montanha, mas não são conscientes das colinas que o rodeiam.  Pensam que para chegar lá em cima é suficiente caminhar sempre para cima. Seu problema é que quando chegam no alto de uma colina, às vezes, pensam que estão em cima da própria montanha e param ali. Depois contam a todos os que podem ouvir que chegaram lá em cima e que já são sábios, se sentindo cheios de superioridade com relação aos que andam atrás deles naquele vale e com aqueles que estão em um vale próximo da montanha.

Ocasionalmente, o vento dissipa a neblina e se faz um clarão no céu. Se alguém estiver alerta nesse momento, pode divisar a colina seguinte e inclusive excepcionalmente, a própria montanha. Se segue avançando com determinação em direção de sua visão, pode fazer um progresso considerável antes de perder novamente a orientação e com ela a direção em que deveria caminhar.

Quando alguém tem um vislumbre desse tipo, talvez possa dar orientações aos que o possam ouvir, de modo que eles sejam também capazes de se encaminhar para a montanha. Quando isso acontece, alguns de seus companheiros não prestam atenção porque pensam que se eles não podem ver através da neblina, então ninguém pode fazer isso e quem afirme o contrário não é digno de confiança. Outros seguem as orientações que escutam com a atitude de “vamos tentar e ver o que acontece”. Se caminham até a montanha e são observadores, comprovarão que a neblina se tornou menos densa. Um problema que experimentam os que tentam seguir instruções de outros é que não se encontram no lugar preciso de quem está dando as orientações e descobrem que o que essa pessoa disse nem sempre se aplica a eles, podendo acabar perdidos.

Às vezes, alguém pode ter um vislumbre da montanha e do caminho que leva até ela e deixar instruções por escrito de como alcançá-la, que podem ser transmitidas de pessoa para outra e inclusive terminar no lado oposto da montanha de origem. Então, as pessoas que seguem as instruções, com grande surpresa, se encontram de novo na costa, em vez de ter chegado na montanha.

Os viajantes que alcançaram o topo da montanha frequentemente acendem luzes ali com a esperança que brilhem e sirvam de guia para o resto dos caminhantes. Quanto mais viajantes alcançarem o cume e acenderem luzes, mais brilhante será a luz e mais profundamente a luz atravessará a neblina. Mas a luz tende a se tornar difusa e dispersa na neblina, de modo que os caminhantes têm grande dificuldade em determinar em que direção devem avançar para alcançar a fonte da luz.

Algumas pessoas idealizaram um outro método, que pode ajudar todos os viajantes que ainda não alcançaram o topo da montanha. Sugerem que todos eles se encontrem na costa, juntem suas mãos e formem um círculo imenso que rodeie completamente a ilha.  Depois poderiam diminuir o círculo gradualmente, unindo suas mãos e de quando em quando, um deles se soltar dentro do círculo, com os demais unindo de novo suas mãos atrás dele. Assim, o círculo seria cada vez menor e todos se aproximariam necessariamente do topo. Algumas tentativas foram feitas nesse sentido, mas até agora não tiveram êxito porque os viajantes não têm a paciência de permanecer em seu lugar enquanto o círculo vai se formando. Inclusive, suspeito que se o círculo se formasse, alguns diriam que os mais próximos se movem com muita lentidão e sairiam do círculo para avançar cegamente. Bom, não devemos perder a esperança. Algum dia, depois de vagarem o suficiente, podem estar enfim desejosos de formar um círculo e permanecer nele até alcançar a montanha.

FIM


[1] N.T.: Alfred Tennyson (1809-1892) foi um poeta inglês. Estudou no Trinity College, em Cambridge. Viveu longos anos com sua esposa na ilha de Wight por seu amor à vida sossegada do campo.

[2] N.T.: “A Carga da Brigada Ligeira” é um 1854 poema narrativo por Alfred, Lord Tennyson sobre a Carga da Brigada Ligeira na batalha de Balaclava durante a Guerra da Criméia. Ele escreveu em 2 de dezembro de 1854, e foi publicado em 9 de Dezembro de 1854 em The Examiner. Ele era o poeta laureado do Reino Unido no momento.

[3] N.A.: J. Krishnamurti, na obra “The First and The Last Freedom” (“A primeira e última liberdade”).

[4] N.A.: Henry David Thoreau se alinhou com o ideal aquariano quando escreveu (“Desobediência Civil”, 1849).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Tempestades da Insegurança

Tempestades da Insegurança

Em um mundo onde os valores espirituais aparentam soçobrar ante as tempestades da insegurança, da falência moral e dos distúrbios sociais; em um mundo onde a indigência e a ignorância afloram em todos os quadrantes evidenciando o contraste brutal, o chocante paradoxo –  o ser humano empreende milagres tecnológicos, mas sente-se incapaz de equacionar seus problemas mais comezinhos, de enfrentar seus desafios cotidianos; em um mundo onde o materialismo ameaça pisotear as mais belas flores do sentimento humano, lhes sufocando a dulcíssima fragrância; em um mundo de “ISMOS” antagônicos e radicalizantes, buscando desesperadamente uma hegemonia mentirosa e levando de roldão tantos quantos se deixem iludir pelo canto de suas sereias; neste mesmo mundo, em dolorosa fase de transição, ser membro de uma Escola Filosófica como a Fraternidade Rosacruz constitui um invulgar privilégio.

Enquanto a humanidade comum se vê às voltas com o terrível pesadelo que é a própria atualidade, procurando debelar as chamas devoradoras das neuroses e dos vícios, das guerras e das carências, tentando em vão encontrar-se nos valores efêmeros e nas condições exteriores, a Filosofia Rosacruz exorta-nos a procurarmo-nos dentro de nós mesmos.

O método Rosacruz de desenvolvimento difere de todos os outros métodos em um aspecto básico: procura desde o início libertar o aspirante da dependência de fatores externos, tornando-o confiante em si mesmo no mais alto grau. Capacita-o a suportar com estoicismo e serenidade as ondas devassadoras da adversidade e da incerteza. Conscientiza-o da transitoriedade dos fenômenos que pululam no mundo físico. Desperta-lhe uma fé inabalável na Justiça Divina, fé, essa, nascida do conhecimento espiritual e da vivência dos princípios preconizados pela Escola dos Irmãos Maiores.

Vinte séculos contemplam um Cristianismo puro e perfeito, porém mal compreendido e distorcido pelos seres humanos que o adequaram a seus interesses e conveniências. Dois milênios testemunharam a concretização da profecia de Cristo: “Eu não vos trago a paz, mas uma espada”.

Contudo, em contraposição, agora, no prelúdio da Era de Aquário, qual um milagre messiânico, surge a Fraternidade Rosacruz, para restaurar sua autenticidade original. E no contexto de seus ensinamentos, exorta o aspirante a procurar o Reino dos Céus dentro de si mesmo, no seu templo interno, no sacrário de seu coração.

A Fraternidade Rosacruz é o ponto de apoio no Mundo Físico de um grande trabalho de regeneração humana, encetado e inspirado desde os planos internos. Cada Grupo e Centro constitui um fulcro de espargimento das mais elevadas energias espirituais. Talvez, face às nossas limitações humanas, façamos uma ideia muito vaga do que representa realmente um Grupo ou Centro de Estudos. Ainda não nos encontramos em condições de avaliar as dimensões de um trabalho tão supremo. Porém, o simples fato de estarmos conscientes de que em alguma extensão ele beneficia a humanidade, induz-nos a sentir uma alegria incomum por estarmos aqui reunidos, irmanados e solidários trilhando o Caminho Rosacruz de desenvolvimento espiritual.

Ao longo desse tempo, muitos foram os obstáculos transpostos. E por certo, outros maiores ainda deverão ser superados no futuro. É mister unirmo-nos cada vez mais. Amarmo-nos como verdadeiros amigos. Redobrarmos a vigilância sobre as arremetidas do eu inferior e, nos prepararmos para mais renhidas batalhas.

Convictos de que o ideal merece nossos maiores sacríficos, cremos firmemente que não tombaremos em meio ao caminho, pois em nossa lida sincera, somos fortalecidos continuamente por Cristo, o Senhor do Amor.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1973)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que está errado no Mundo?

O que está errado no Mundo?

A avalanche de mudanças de condições e problemas que se abateu sobre todos nós, supostamente inesperada e repentina, não foi surpresa para os astrólogos, filósofos e estudantes da Bíblia. Eles estavam preparados para isso.

Para os astrólogos, os sinais eram claros, sabendo que as mãos do Zodíaco, o relógio dos céus, operado pela Lei Universal, apontavam para uma nova época – e que grandes mudanças estavam chegando tanto ao universo, como à Terra e aos seus habitantes ao nos aproximarmos da conclusão de um ciclo e do começo de uma nova Era – à medida que passamos da Era de Peixes para a dispensação na Era de Aquário, várias centenas de anos a partir de agora.

Os filósofos, conhecendo a Lei de Causa e Efeito, têm a certeza que dela não se pode fugir sem colher a consequência negativa, já que a presente condição das nações e dos indivíduos tem sido causada por violações lamentáveis ​​e repetitivas da Lei Cósmica. Se nós estivéssemos vivendo e administrando os assuntos mundanos em harmonia com a Lei, agora no final dessa dispensação se poderia misturar à nova dispensação sem essa situação de pensar e fazer as coisas erraticamente e não claramente em harmonia.

O que estamos passando agora não deveria ser chamado de uma depressão ou repressão, mas um despertar, de um modo em pensar como nunca pensamos antes. Estamos começando a usar uma faculdade que há muito tempo estava adormecida e que é altamente essencial para nosso avanço sob essas condições variáveis.

Para entender a causa desses grandes problemas que nos confrontam, devemos voltar à história e desvendar o passado. Há sempre uma solução para cada problema, mas às vezes não é do modo que queremos nem do modo de estamos pensando.

Para chegarmos a uma conclusão lógica, devemos considerar o plano invisível, assim como o visível (também conhecidos como o plano criador e o plano onde se pratica, respectivamente), uma vez que nos manifestamos em ambos os planos, e como são interdependentes, eles não podem ser separados.

O Livro do Gênesis na Bíblia nos fornece o nosso primeiro conhecimento da nossa existência, como ser humano, mostrando que somos uma alma vivente, e como tal fomos criados pela primeira vez no plano Invisível, à imagem de Deus: um ser andrógino, masculino e feminino. Com o tempo, fomos constituídos do pó do chão, uma substância densa e material. Tivemos o auxílio na construção de um corpo para nos manifestar e evoluindo fomos desenvolvendo as qualidades necessárias para dominar um plano material. Então, Deus considerou apropriado nos fornece uma ajuda, não só para que facilitasse a nossa aprendizagem, mas que pudéssemos criar aqui nesse mundo material. Nesse momento, nos tornamos sexuados; quando renascido como homem retemos o polo positivo da força criadora e quando renascido como mulher retemos polo negativo ou intuitivo da força criadora. Quando a assim chamada “serpente” apareceu, ele pôde tentar Eva (o estereótipo da nossa encarnação como mulher), porque era possível se comunicar com ela através de sua faculdade intuitiva. Adão (o estereótipo da nossa encarnação como homem) não poderia ser atingido devido a não ter desenvolvido essa faculdade a bom termo.

Quando olhamos para o céu e observamos o glorioso Sol, a Lua e as estrelas movendo-se em perfeito equilíbrio; os maravilhosos oceanos, lagos, rios e florestas sobre a terra, respondendo às leis naturais; os animais, pássaros e insetos cumprindo seu destino, vivendo em liberdade e se alimentando; o nascer do Sol, a neve e a chuva para variar o clima e nutrir nossa vegetação; os vastos recursos sob a nossa disposição, com as riquezas nas montanhas e nos vales – quando vemos tudo isso, somos inundados de êxtase pelo maravilhoso sistema criado e pelo plano estabelecido pelo Criador.

E perguntamos, por que tudo isso foi criado e com que finalidade?

Novamente, consultando o Gênesis, vimos que nós deveríamos ser o Regente dessa Terra. Tudo deveria estar sob nossa tutela. Certamente, deveríamos ter feito alguma coisa, em nossa existência passada, para sermos merecedores de uma herança tão grande – mas, com esse presente generoso, veio a responsabilidade e um teste de integridade.

Repetidamente, em cada dispensação espera-se que nós entendamos e aprendamos o que é ensinado e necessário. A história registra as oportunidades que nos foram dadas para resolver os nossos problemas, mas nós escolhemos o nosso próprio caminho, e, ao fazê-lo, sofremos tristezas e misérias incalculáveis, e impérios caíram, para nunca mais se levantar.

Deus nos deu uma ajuda para nos confortar, nos inspirar e para equilibrar nossas decisões e nossos deveres; contudo, nós nunca a reconhecemos como tal, nem mesmo as qualidades que antes eram nossas. Durante séculos, quando renascidos como homem consideramos a mulher inferior, esmagamos as aspirações dela e a tratamos como um brinquedo para o nosso prazer e nossa diversão, a considerando necessária apenas para povoar a Terra – tornando-a, assim, nossa dependente. Quando renascidos como mulheres permanecemos sem voz nos problemas mundiais, fomos forçados a nos embelezar e a recorrer a todo tipo de subterfúgios para agradar aos renascidos como homens e obter favores; pois nossa própria vida e existência, quando renascidos como mulheres, dependiam do nosso tato, da nossa astúcia e do nosso poder de enganar. Como o renascimento é, normalmente, alternado, cada um de nós praticamos isso, ora como homem, ora como mulher!

Mesmo em nossos dias, frequentemente, a pergunta é feita: será que quando renascidos como mulher chegaremos a expressar aqui a capacidade intelectual de quando renascido como homem? Por que não perguntar, também, se quando renascido como homem chegaremos a expressar aqui as qualidades intuitivas de quando renascido como mulher?

O homem real é positivo e criativo e possui excelentes qualidades de força, bravura e nobreza, enquanto a mulher real tem as qualidades adoráveis da bondade, simpatia e generosidade. Tudo isso é essencial e necessário – uma combinação maravilhosa para governar e promover uma administração harmoniosa no lar e fora dele.

Contudo, nós preferimos viver no paraíso dos tolos – lutando contra a guerra e o crime, que são filhos de uma força concentrada e positiva na sua pior forma. Nós, ainda, estamos usando a força para tentar trazer paz e harmonia. Nada jamais produzirá o oposto de seu tipo!

Os cientistas nos dizem que o Universo adquire seu equilíbrio por meio da combinação harmoniosa entre as forças positivas e negativas. Nós temos usado a força positiva apenas em nossa decisão. Agora tornou-se pesado e fora de seu controle e é como uma locomotiva correndo a esmo. Tudo o que precisa é da força negativa, para reverter o acelerador e, assim, evitar a completa destruição.

Guerra, armamento para defesa, manutenção de exércitos e marinhas: esses são os obstáculos mais estupendos para o avanço de uma nação, minando a própria vida dos cidadãos; esvaziando suas bolsas e enchendo o mundo de tristeza, pobreza e dependentes desamparados chorando por pão em meio à abundância – tudo por causa da nossa visão errada e da administração de um sistema desequilibrado.

Mais uma vez, algo está fadado a fracassar ou a ser destruído, devido a presença de certos “sinais ruins” ou “maus presságios”. Estamos no momento em que as implicações positivas e negativas desses atos estão sendo considerados e decisões estão sendo tomadas e, para complicar, nos encontramos carentes. Traímos nossa grande confiança. No entanto, continuamos a fazer Conferências, participando de reuniões entre nações e de alianças diplomáticas secretas – o que apenas o fará se envolver ainda mais e que não dará em nada, a menos que revertamos as rodas de ação da força para a razão, e a menos que cada um de nós, em nossa vida cotidiana, assim como no governo, reconheçamos as nossas responsabilidades, não apenas para com o outro ser humano – nosso irmão e semelhante-, mas para com o nosso Criador, pela parte que assumimos no Seu plano.

A menos que ajudemos a construir, em vez de destruir, e nos tornemos mais abrangentes em nossas ideias, mais amáveis em nossos corações, a história se repetirá e a civilização será novamente destruída. Grandes e nobres mestres vieram em cada ciclo para nos ajudar a emancipar e nos provar a imortalidade da nossa alma e a existência de uma vida eterna. Porém, eles receberam apenas a nossa ingratidão. Eles receberam o cálice do veneno e foram queimados na fogueira e até mesmo o glorioso corpo de Cristo-Jesus foi crucificado por nós!

Todos foram mal compreendidos, quando tentavam nos poupar exatamente pelo que estamos passando agora. Contudo, Deus é misericordioso e compassivo, e nos fornece a chance de se redimir em cada Era. Não podemos alegar desconhecimento de um Plano para nos guiar. A astrologia, a ciência das estrelas, revela a nossa vida desde o seu nascimento e através de nossas vidas anteriores. Isso nos revela nossas características individuais e, a partir delas, podemos saber no que mais encaixamos e qual a vocação deveríamos seguir para ser bem-sucedido. Para as nações, mostra um “plano azul” de seu destino; os eventos importantes na vida, os seus dirigentes e os problemas que eles enfrentarão.

Os arqueólogos nos dizem que nas paredes internas da Grande Pirâmide do Egito as mudanças dos ciclos estão escritas em sinais e símbolos, quando esperá-los, também o passado, presente e futuro das raças dos seres humanos e das nações. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento na Bíblia nos mostra a ascensão, o declínio e a queda das nações, e as causas disso; e a história comprova isso. Patriarcas, filósofos, profetas, de uma vida exemplar e antiga, nos deram um modelo, um projeto, e nos disseram como lidar com o nosso próximo. Todos eles esperavam que a gente despertasse no devido tempo o conhecimento da verdade e encontrasse a sua filosofia de vida.

Do mesmo modo que a rosa tenta insistente e firmemente se desenvolver nesse solo nada fértil e consegue, finalmente, desabrochar as suas pétalas uma a uma até alcançar a beleza suprema, também assim as nossas glórias serão manifestas e surgirão da noite longa e escura, quando percebermos que Deus tem um propósito para nós, bem como para o universo do qual nós, permanentemente, fazemos parte, e compreenderemos o valor das qualidades positivas e negativas e as utilizaremos para equilibrar e harmonizar nossos assuntos materiais e nossa vida cotidiana. Assim, a paz e a felicidade serão a nossa recompensa na Nova Era, cujo amanhecer já vislumbramos!

(Publicado na Revista ‘The Rosicrucian Magazine’ – “Rays from the Rosecross” de fevereiro/1940 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Aqueles que estão passando, agora, para o Além voltarão a renascer antes da Era de Aquário? Se eles têm lições a aprender para se tornarem capazes de viver naquela Era, voltarão para aprender?

Pergunta: Aqueles que estão passando, agora, para o Além voltarão a renascer antes da Era de Aquário? Se eles têm lições a aprender para se tornarem capazes de viver naquela Era, voltarão para aprender?

Resposta: Isso tudo depende. O tempo usual entre dois nascimentos é de mil anos, de modo a dar a todos uma oportunidade de renascer uma vez como homem e outra, como mulher, enquanto o Sol transita por cada Signo do Zodíaco pela Precessão dos Equinócios, o que demora, aproximadamente, 2.100 anos.

Isso é feito porque as lições desse período são tantas e tão diferentes que não podem ser efetivamente aprendidas pelo mesmo tipo sexual de corpo. As experiências, do ponto de vista masculino, são muito diferentes das do feminino.

Essa lei, porém, é semelhante a todas as outras leis da natureza: não é cega. Ela está sob o domínio de quatro grandes Seres chamados de Anjos do Destino e Eles têm que preparar todos os detalhes da evolução humana. Providenciam para que todos possam ter a oportunidade de conseguir tanta experiência quanto possam suportar.

Se for necessário que uma pessoa permaneça mil anos, inteiramente nos Mundos invisíveis, ela permanecerá. Se não, voltará mais cedo. Algumas voltam após poucas centenas de anos, porque já evoluíram até ao ponto em que aprendem rapidamente.

Pessoas que “vivem a vida”, como os Probacionistas ativos e fiéis à obrigação, que já assimilaram sua experiência de vida antes de saírem daqui e estão fazendo uma boa parte do seu trabalho nos Mundos invisíveis, não necessitam ficar muito tempo no outro lado.

Elas se puseram definitivamente do lado das Leis de Deus e, portanto, a elas são dadas maiores oportunidades para evoluir pelo serviço.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1973)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O uso correto das coisas ao seu redor para um Aspirante

O uso correto das coisas ao seu redor para um Aspirante

Como Aspirantes à espiritualidade, entendemos que as posses materiais tenham valor apenas na medida do uso espiritualmente conveniente que delas fizermos. Para muitos de nós é difícil ainda resistir à tentação de adquirir coisas para atender meramente a caprichos egoístas.

A propriedade material, em si mesma, não é boa nem má. O possuir não é repreensível, a menos que seja ilegal. O que espiritualmente nos condena é o uso indevido e pervertido do que possuímos. Enquanto vivemos neste mundo, muitas coisas materiais se tornam indispensáveis para o seu adequado funcionamento. O que o Aspirante deve aprender é, emocional e intelectualmente, medir o valor das coisas em razão de sua utilidade, distinguindo ajuizadamente se elas representam necessidade real ou luxo, seja para ele ou seus propósitos. Como disse um observador: “Só começamos a compreender o valor de nossas coisas, quando as empregamos para o bem dos outros”. Do ponto de vista espiritual, as posses sempre são relativas. É claro que todos precisamos de alimento, vestuário e abrigo adequados. E o termo “adequado” tem sentido muito amplo. Uma família com muitos filhos, para ser confortavelmente instalada, precisa de uma casa grande. No entanto, se um casal sem filhos ocupa essa casa grande, podemos supor que esteja vivendo em luxo desnecessário, a menos que utilize os cômodos sobrantes para filhos adotivos, parentes menos favorecidos ou qualquer obra social e altruísta. Desse modo usará suas posses a serviço de Deus, de Quem tudo provém, e dando boa conta de sua administração.

Hoje em dia, o automóvel se tornou uma necessidade para muitas famílias e profissionais, mormente nas grandes cidades ou nos lugares afastados. E nada há de mal no fato de usarmos esse veículo nos indispensáveis descansos de fins de semana ou nas merecidas férias. Esses repousos entremeados nas duras atividades humanas se observam também entre os períodos de manifestação na obra de Deus. Contudo, não é necessário que o carro seja o mais caro e sofisticado de todo o mercado. Isso não afeta a eficiência e segurança do manejo. É natural que uma família grande tenha um carro grande. Entretanto, se um indivíduo compra um grande e deslumbrante veículo no intento óbvio de ostentar poder social, concluímos que esteja fazendo desnecessariamente um uso egoísta de sua posse.

Se uma pessoa parece adquirir riquezas sem grandes esforços, é lógico supor que tenha acumulado méritos mediante suas atividades em vidas anteriores. No entanto, isso não lhe impede de fazer um reto uso de suas facilidades presentes para que não caia sob a Lei do destino maduro. Contrariamente, há muitas pessoas obrigadas a viver entre dificuldades e pobreza em razão do mau uso de suas posses em vidas pregressas. Mas, se fizerem agora o melhor uso possível do pouco que têm, seguramente as suas futuras condições serão facilitadas. É a nossa atitude que determina se o uso de nossos “talentos” está sendo espiritualmente oportuno ou não. O milionário que investe a maior parte de seu capital com o objetivo de aumentá-lo, mas apenas no intento de viver ostentosamente, evidencia um temperamento egoísta, indiferente à necessidade dos demais. Neste ponto surge a pergunta: “Devemos ajudar os necessitados que precisam de duras experiências para aprender o justo uso das coisas?”. Respondemos: — sim, devemos ajudá-los de forma inteligente e pedagógica, segundo as normas hoje adotadas pelo Serviço Social. O abastado que muito contribui às causas filantrópicas e presta serviço desinteressado à vida pública ou política, reservando ao mesmo tempo recursos suficientes para suas justas necessidades, demonstra interesse humanitário e está empregando bem os recursos que Deus lhe ofereceu. Entretanto, caso use apenas o mínimo, uma parcela proporcionalmente pequena em tais objetivos, mostra que ainda carece de completo altruísmo.

É o caso de pensarmos: se esse rico, que dá o mínimo, fosse reduzido à condição de um pobre, com o salário comum, — qual seria o grau de sua generosidade? Que faria ele em benefício da coletividade da qual faz parte? É fato interessante o que se nota em muitas sociedades religiosas, onde o dízimo se tornou obrigatório: as pessoas dão com boa vontade, ainda que ganhem pouco E SUA VIDA MELHORA CADA VEZ MAIS. Ao passo que outros, mentindo sobre o que ganham, veem a sua vida cada vez mais reduzida, como na atitude de Ananias e Safira, narrada em Atos, 5: 1 — 10: “Não se enganem: Deus não Se deixa escarnecer; tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7).

Feliz de quem, ainda que possuindo pouco dos bens do mundo, usa tudo o que possua de forma justa. Esse alarga a sua vida em Deus e se credencia à administração de bens cada vez maiores, porque Deus precisa de muitos canais para a edificação do mundo. O “óbolo da viúva” (Lc 21:1-4), colocado na arca de oferendas, representa bastante mais o amor de Cristo do que a grande contribuição do rico que separa cuidadosamente o dízimo de seus ganhos, porém não se priva de coisa alguma do que se refere às comodidades humanas.

É mister vigiar e nos esforçar para, com o tempo, cultivar o desapego às posses terrenas. Não confundamos as coisas: é justo criar e possuir, isso revela capacidade; mas administremos de tal modo os bens como se trabalhássemos para Deus e a Ele tudo pertencesse. Por que temer a perda do que possuímos? Se temos capacidade de subir, ninguém nos poderá tirar essa faculdade de triunfar em qualquer época. Essa é a marca dos grandes indivíduos.

Quando Cristo-Jesus mandou seus Apóstolos ao mundo para predicar os evangelhos e curar os enfermos, ordenou-lhes: “Não possuais ouro, nem prata nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão; porque digno é o trabalhador de seu salário” (Mt 10:9-10). Que significa isso? Quer dizer: se estamos fazendo o trabalho de Deus no mundo (e todos devemos fazê-lo, quaisquer que sejam nossas funções na vida), Ele nos proverá seguramente do que necessitamos. Não precisamos nos preocupar com a roupa, o alimento ou a conta bancária. Sem dúvida, a rigorosa observância dessas regras não é para uma pessoa comum, mas para os mais espiritualmente avançados. Se estamos na sociedade, com uma família para manter e orientar, devemos ater-nos aos deveres mais próximos, pois “a caridade começa em casa”. Entretanto, isso não impede os esforços a que nos referimos anteriormente.

Os Guias Espirituais da humanidade, sábios como são, não desejam que a maioria de nós se despoje de tudo, restringindo-se à roupa do corpo. Nem desejam que obriguemos nossas famílias a agirem dessa maneira. Eles apenas nos pedem bom senso na aquisição e uso dos bens. Nesta época materialista que o Mundo Ocidental atravessa, é comum nos acostumarmos a ter muito mais do que o necessário. A abundância chegou a ser habitual. A noção de valores vem sendo deformada na batalha constante pela concorrência exagerada para obter este ou aquele bem, altamente recomendado, sem o qual pensamos não poder viver. Vemos como é difícil cerrar nosso subconsciente ao contínuo bombardeio de anúncios sobre inúmeros artigos “indispensáveis”. O marketing procura aprimorar essa técnica de condicionamento. Somos levados a acreditar que devamos obter determinadas coisas “essenciais” cujas prestações nos preocupam e escravizam por muito tempo. As crianças já estão fartas de brinquedos produzidos em massa. Tudo está pronto. Não precisam fazer coisa alguma. Suas imaginações ficam adormecidas e se cristalizam. Que espécie de adultos serão? O status é uma imposição brutal a explorar a vaidade e o egoísmo humanos: o primeiro objetivo dos bem situados e agora também das outras classes (por força dos anúncios) é não ficar atrás de seus vizinhos, parentes e amigos…

Da perspectiva espiritual, é muito justo aproveitarmos as conquistas técnicas para economizarmos tempo e trabalho, se a intenção for boa. Os utensílios domésticos, por exemplo, facilitam o trabalho da dona de casa e lhe poupam tempo e energia para que ela os use na melhor orientação de seus filhos e na própria casa, quando eles estão no colégio. Contudo, se, como infelizmente é comum, esse tempo e energia são empregados para ver telenovelas ou “matar o tempo” em atividades inúteis, podemos assegurar que a pessoa esteja se prejudicando e fazendo uso egoísta desses talentos divinos. Como diz a biologia: “a função faz o órgão”. O que não se exercita, atrofia-se. A natureza não conserva algo inútil. Os efeitos far-se-ão sentir.

Igualmente, é justo usarmos recursos para criar em nosso lar uma atmosfera de beleza e tranquilidade. O bom gosto comedido, a boa música, um lugar de paz e de quietude são altamente indicados para o crescimento espiritual. É um oásis em que nos refazemos dos desgastes do ruído, da pressa, da mediocridade comum nos ambientes de trabalho. Porém não há necessidade de buscarmos o mais requintado toca-discos embutido num móvel colonial. No lar, os objetos extravagantes não podem substituir o amor. Se a harmonia e o amor existem, os móveis simples, de bom gosto e decoro, são suficientes para criar um ambiente alegre e decente para a família e os visitantes. Pode-se até compreender e tolerar uma ligeira e ocasional extravagância, quando as pessoas sejam sinceras e responsáveis no uso das coisas. É justo que a mãe dedicada e conscienciosa tenha um novo vestido, mesmo que não o necessite. Também é compreensível que o pai de família esforçado e justo se dê, vez por outra, à compra de uma extravagância de sua predileção. Errado é malgastar grandes somas em luxos exagerados. É bom que nos examinemos cuidadosamente, analisando as razões desses excessos. Se agimos assim porque o marido ou a esposa também o faz, porque não pensamos em outra forma, uma de aplicação altruísta? Muitas vezes o equilíbrio do lar depende de nós.

Como Aspirantes à espiritualidade, temos uma responsabilidade pessoal de compreender muito bem tudo isso e, convictamente, incutir em nossos filhos uma correta atitude sobre o uso das posses. Muitos jovens atuais cresceram em meio ao luxo e plena satisfação de todos os impulsos. Não compreendem que precisem trabalhar para ter o que desejam. Não foram educados para cooperar e produzir. Compreendem mal o que seja usar as posses de modo responsável e altruísta.

Para aqueles que tenham filhos pequenos ainda, recomendamos a prática de os incluírem nos “conselhos de família”, em que se discute os prós e contras, no uso dos recursos, para este ou aquele objetivo. Precisam saber como funciona uma família, como se atende primeiramente às necessidades essenciais e, do que sobra, às secundárias, em ordem justa. Além disso, é bom que aprendam a economizar para atender a uma compra mais vultosa, que aprendam a assistir obras filantrópicas e que delas participem com o que economizam. É bom que sejam assim educados, em vez de, com lágrimas nos olhos, serem obrigados pelos pais a entregarem seus brinquedos a um movimento de caridade.

Em contrapartida, é digno de elogio o que uma elite de jovens (elite no sentido altruísta, espiritual, interno) está fazendo. Vestem-se e vivem de forma simples, buscam as coisas singelas e sadias, pregam contra o excessivo materialismo e, o que é mais expressivo, dão-se a si mesmos em atividades filantrópicas. Muitos desses jovens cresceram na abundância e, renunciando às facilidades, contentam-se com poucas coisas, recusando o acúmulo de bens e realçando os valores da criatividade, da individualidade sadia e da espiritualidade como sentido mais alto na vida. Ajudam os demais, estudam, fazem artes e se dedicam às práticas espirituais. Não nos referimos aos excessos ou extremos. A imprensa e o convencionalismo ressaltam bastante tais excessos, que vêm da parte dos que desejam fazer-se notar e nada renovam. Não. Referimo-nos à elite jovem que ninguém pode negar. Eles sabem ser simples sem ser sujos; sabem usar os recursos técnicos sem a eles se escravizarem; não veem mérito em voltar à vida e aos recursos primitivos, mas usufruem a vida moderna de modo racional. Eles são filhos da Nova Era de Aquário: almas avançadas. Estão demonstrando a nova opinião sobre o uso das posses e realçando os valores espirituais sobre os materiais. Essa tendência era prevista e aumentará à medida que a humanidade se desapegar das “coisas”. A própria insatisfação que nasce do materialismo contribuirá para isso.

Aquele que deseja sinceramente fazer melhor uso de suas posses, a partir de um ponto de vista espiritual, compreenderá a necessidade de seguir os impulsos de sua consciência e intuição. Convém-nos atentar mais cuidadosamente para essa “pequenina voz” em nosso íntimo a fim de lhe seguir os preceitos nas circunstâncias pessoais.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1973)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Saber Ceder mantém a sua Mente arejada

Saber Ceder mantém a sua Mente arejada

A arte de saber ceder é uma das mais difíceis, pois requer um sacrifício das ideias próprias, já arraigadas, em favor do algo novo. Se nos aferramos, intransigentemente, a padrões e conceitos extremamente arcaicos, como poderemos evoluir?

Segundo Max Heindel, a palavra-chave da evolução é ADAPTABILIDADE. Isso vem colocar-se num plano diametralmente oposto à cristalização. O verdadeiro buscador da verdade há de ser como a água, que toma sempre a forma do recipiente que a contém, sem, contudo, deixar de ser água. Há de ter sempre a Mente arejada, admitindo inicialmente todas as coisas como possíveis, até chegar o momento da comprovação.

Essa atitude não rara lhe acarreta aborrecimentos em face ao julgamento da maioria, que muitas vezes poderá considerá-lo um louco visionário, etc. Cristo também assim foi considerado pelos fanáticos de seu tempo.

A época vindoura, a Era de Aquário, caracterizar-se-á pela renovação, pelo arejamento e libertação da Mente. Já notamos essa influência em todos os campos. Uma nova geração surge e reage desenfreadamente nos influxos dessa época de transição que atravessamos. Esses jovens podem e devem ser orientados, porém não podemos coagi-los a aceitar padrões que de há muito pedem para ser reformulados. Com descabida intransigência, só faremos aumentar o abismo entre a velha e a nova geração. Procuremos ceder um pouco, compreendendo, estimulando, orientando com amor. Não nos assustemos. Só os meios mudarão. As verdades serão as mesmas, apenas trocarão de vestes, mais condizentes com à realidade atual. Portanto, ceder em favor das novas luzes da verdade é adaptar-se às condições Aquarianas, já às portas!

(Publicada na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/70)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Método Socrático e a Educação para a Era de Aquário

O Método Socrático e a Educação para a Era de Aquário

No advento da Era de Aquário é de principal importância a atenção que se deve dispensar à educação das crianças, preparando-as para o futuro, e não para um presente efêmero, que aliás é de uma rápida mudança e que por isso quase nem se pode caracterizar com certeza. Sabemos a Idade de Ouro que espera a humanidade e, portanto, as sementes de uma sociedade mais livre e fraterna, uma geração que sinta os valores do espírito como realidade eterna, deve aparecer diretamente com ação no plano físico. Mesmo entre nós, Estudantes Rosacruzes, deveríamos dar mais ênfase a este Aspecto, seja nos nossos contatos pessoais, quer mesmo dentro da nossa filosofia no que diz respeito à preparação de programas adequados às crianças, visando de um modo particular a atividade movimento-som-expressão, atendendo a Aspectos astrológicos como o Ascendente, posição da Lua, Vênus e Mercúrio.

Não é tarefa fácil educar plena e harmonicamente se tivermos em consideração a responsabilidade da palavra educar, e sobretudo se pensarmos que podemos atrasar ou acelerar esse aparecimento do ser humano novo, equilibrado de mente e corpo, do ser humano que possa ver em todo o conhecimento a Unidade, o sentido sagrado de todo e qualquer ato. Parece-nos, creio, ser este o ponto mais importante de educação para a Nova Era, a parte de outro: o desenvolvimento da criatividade. Esse, deveras amplo e atraente, é sempre tema inesgotável. Assim, numa perspectiva humana, criatividade será sinônimo de autêntica liberdade interior, fator epigenético por excelência, e talvez das poucas vias para um convívio fraterno aquariano sem atropelos de ideias e empreendimentos postos em ação, pois que seremos ainda mais individualizados, o que quer dizer que cada qual pensará cada vez mais por si mesmo, e só no campo criativo poderá haver maior libertação.

Ao longo da História têm aparecido pedagogos e pedagogistas que têm trabalhado para a educação. A sua preocupação básica tem incidido principalmente na questão do que é educar e quais os melhores processos e métodos, não esquecendo os estudiosos da chamada psicologia do desenvolvimento — etapas do crescimento mental-emocional da criança. Não podemos ignorar que a despeito do avanço das ideias pedagógicas, os sistemas econômicos e os governos têm condicionado certas descobertas, atropelado tal investigação ou ignorando certa iniciativa. É certo que tudo isto é um problema complexo, mas fundamentalmente sabemos que é o “pão” da idade sombria que atravessamos. Considerando esta análise, e para nosso espanto paradoxal, encontramos hoje em dia ideias e métodos de séculos passados, plenamente prontos a serem levados à prática. Mais uma vez nos certificamos que, antes de mais, tudo nasce no pensamento, variando depois o tempo e o modo como serão realizados no mundo material. Um indivíduo de hoje pode conceber algo que só venha a ser materializado séculos depois. É também o caso da expansão e vivência da Filosofia Rosacruz; sendo divulgada no princípio deste século, só agora começa a ser mais e mais reconhecida.

Tudo isto a propósito da educação e do grande pedagogo Sócrates (460-369 A.C.). O que Max Heindel aconselhou para o desenvolvimento da criança pode encontrar aplicação e harmonia no método socrático. Vamos ver sucintamente alguns pontos fundamentais desta via pedagógica. Aliás é Jäeger que na sua grande obra “Paideia”, considera esse grande educador grego (e universal por vocação) como o fenômeno mais extraordinário da História do Ocidente. Logo de início, deparamos com um aspecto interessante, tanto mais se atendermos ao fato da criança nos primeiros anos de vida pode e deve ser educada sem livros. Sócrates ensinava aos seus discípulos tomando como ponto de partida a consciência da própria ignorância; depois cada qual devia aprender por si mesmo. Relacionamos isto com a absoluta necessidade de desenvolver na criança o sentido do trabalho pessoal e consequente responsabilidade e independência; vejamos o alcance que isto poderá ter quando for adulta, se no seu horóscopo Netuno estiver “aflito”, criando condições para o assalto de espíritos-controladores. Educada de certa maneira a criança poderá ganhar confiança em si mesma, o que se adquire quando aprende à sua custa. A forma do método socrático assenta no diálogo (o qual será muito salutar na próxima Era de Aquário) e tem por objetivo a autorreflexão crítica. Apresenta duas fases: uma negativa — a ironia; outra positiva — a maiêutica. A maiêutica é coro que uma arte obstétrica, faz nascer na mente do interlocutor as verdades latentes. O Discípulo era assim encaminhado para procurar as soluções dentro de si, partindo dele próprio. Isto é de capital importância no ser humano e particularmente no Aspirante Rosacruz. A verdade oscila e vive sempre entre o mundo externo (plano objetivo) e a arquetípica realidade interior no Mundo do Pensamento (chamada de plano subjetivo, embora seja esta a real). Os Discípulos e Aspirantes da Escola Rosacruz sabem da imperiosa atitude que se deve ter em relação a atitude mental: partindo da ignorância e humildade, procurar a verdade (Lei) dentro de si, admitindo todas as coisas como susceptíveis de acontecer. Desta analogia entre o método socrático e o caminho do desenvolvimento espiritual, concluímos que o caminho preconizado pelo pensador grego leva necessariamente ao aparecimento de uma pedagogia ativa interior. Não devemos confundir o método, como técnica que é, com a divulgação de valores ideológicos que podem ser transmitidos através daquele. Portanto, a via socrática pode ser utilizada ao serviço de várias causas, mais plenamente se forem de vocação universal, o que é o nosso caso, isto é, a Filosofia Rosacruz. Max Heindel, na sua humildade e sabedoria, deixou-nos dois bons exemplos de livros em Perguntas e Respostas, o que constitui, discretamente, um modo socrático de aprofundar conhecimentos[1].

Como o nosso processo evolutivo é em espiral, pois verdadeiramente nada se repete, resta-nos utilizar, tanto hoje como no futuro próximo (salvaguardando a hipótese de aparecer melhor processo — o que não será de todo impossível), todo o avanço técnico e outros meios que possuímos em vários campos, para à nossa educação, isto é, para a nossa descoberta — a beleza e totalidade da Vida.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/06/88)

 

[1] Embora saibamos que a edição dos referidos livros só tenha sido feita depois da passagem de Max Heindel aos planos invisíveis.

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