Essa Vida é uma de muitas outras Vidas
Através dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, relatados por Max Heindel, é-nos ensinado que essa vida é uma entre muitas outras vidas na qual o ser humano, como Espírito Virginal, se prepara para a parte que assumirá no drama cósmico como um colaborador de Deus.
Muitas experiências foram necessárias para nos preparar para o nível de consciência que agora possuímos, e nosso progresso contínuo depende do uso que fizermos de nossos atuais Corpos Densos (o físico) em seus relacionamentos com o crescimento de nossos veículos espirituais.
Um corpo fraco não pode manter a vibração mais elevada, que acompanha qualquer crescimento espiritual, e é somente por meio do crescimento espiritual que a atual geração pode preparar-se para a próxima Era de Aquário.
Visto que nossos próximos renascimentos podem se realizar durante essa Era, é necessário que façamos essa preparação ou seremos incapazes de competir com seres que renasçam em um nível mais elevado, pois eles estão se preparando para o evento que se aproxima. O fracasso, nessa vida, pode significar que renasceremos na próxima vida como membros de um grupo de um povo inferior.
Muitos fatores estão envolvidos no desenvolvimento espiritual. Essa dissertação, no entanto, será limitada à discussão do que, pelo uso contínuo, é prejudicial ao progresso de uma pessoa, a saber: bebidas alcóolicas, drogas e fumo. Sua importância está no fato de que eles podem impedir ou inverter a evolução do indivíduo. Centenas de livros têm sido escritos sobre os efeitos que essas substâncias têm sobre o Corpo Denso e, diariamente, aparecem artigos na internet, em jornais e revistas alertando sobre os problemas que podem resultar o seu uso prolongado.
Vamos assinalar as implicações espirituais que devem ser consideradas depois que todos os aspectos de ordem física foram estudados. Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que o Corpo de Desejos e a Mente estão nos primeiros estágios do desenvolvimento evolutivo.
Nosso crescimento depende do trabalho que fizermos para obter controle desses importantes veículos. O uso de qualquer substância que enfraqueça nosso controle sobre esses veículos nos impede de exercer a necessária disciplina para aprender as lições para as quais renascemos agora – lições que devem ser aprendidas, se pretendemos continuar em nosso progresso para cima e para frente. Isso quer dizer que devemos empregar todo esforço para obter controle do Corpo de Desejos e da Mente.
As Bebidas Alcóolicas e Nossa Evolução
Através da descida do Espírito humano na matéria, substâncias foram introduzidas na dieta do ser humano para capacitá-lo a prosseguir nos sucessivos passos de sua evolução, para baixo e para frente. As bebidas alcóolicas foram uma dessas substâncias. Antes da quinta Época ou Época Ária da evolução da Terra, o ser humano conservava alguma visão espiritual, que era sua herança como um Espírito em evolução e, dessa maneira, ele estava ciente de ser um ser espiritual. Até essa Época a água era usada como a principal bebida; então, se tornou necessário que o ser humano perdesse sua visão espiritual para que se tornasse incapaz de ter consciência de sua existência espiritual. Somente dessa maneira ele seria capaz de conquistar o Mundo Físico (esse que vemos) e aprender as lições necessárias, orientadas assim só para a matéria.
Para preencher essa parte do destino do ser humano “Baco”, o Deus do vinho, apareceu e sob sua influência até mesmo as nações mais avançadas esqueceram que as pessoas eram também súditas de uma vida mais elevada.
Mais tarde, Cristo Jesus transformou água em vinho que, nessa época, estava sendo usado pela humanidade em evolução. O próprio Cristo Jesus era um ser altamente evoluído e não precisava aprender as lições que eram tão necessárias para a humanidade. Ele não precisava de vinho, e não há nenhuma passagem na Bíblia que afirme que Jesus bebeu o vinho.
É tempo, agora, do ser humano começar a subir o caminho da evolução e se encaminhar em direção à consciência de Cristo – isto é, de desenvolver sua perdida visão espiritual.
Desde que as bebidas alcóolicas foram usadas para capacitar o ser humano a esquecer seu Eu superior, ninguém que alimente o corpo com elas (produto de fermentação e deteriorização) poderá saber alguma coisa sobre os reinos espirituais. A próxima Era de Aquário exigirá que o ser humano tenha conhecimento do seu Eu superior, e aquele que não se preparar para renascimentos futuros, procurando desenvolver a visão espiritual, será incapaz de competir com o ser humano superior renascido nessa época e terá dado um passo para trás na evolução.
Todas as formas de bebidas alcoólicas devem, portanto, ser eliminadas da dieta daqueles que desejam continuar na espiral ascendente. Qualquer pessoa afortunada, que hoje possua visões ocasionais dos Mundos espirituais, pode arriscar o nível que alcançou por seu trabalho em vidas anteriores pelo contínuo uso desse tipo de bebida e chegará à Era de Aquário incapaz de ocupar esse lugar conquistado.
O Uso das Drogas Lícitas e Ilícitas
O uso de drogas ocupa seu lugar como um companheiro das bebidas alcoólicas, quando o desenvolvimento espiritual do ser humano é levado em consideração. Ao explorar o difundido uso de drogas na sociedade de hoje, vemos que a necessidade para seu uso gira em torno de três fatores: 1) alívio de dor; 2) tédio: 3) a esperança de experimentar revelação espiritual.
No Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel nos diz que o objetivo da vida não é a felicidade, mas a experiência. Em nossa luta por aquilo que achamos ser o melhor do lado material da vida, deixamos que nossos desejos nos levem pelos caminhos do prazer, do bem-estar e no conforto. Então, muitas vezes, falhamos em cumprir o objetivo de nossa existência, a saber, ganhar experiência.
Quando abusamos de nossos corpos, ficamos sujeitos à dor, que é a maneira da Natureza nos dizer que o mau uso que fizemos deles foi longe demais e que é tempo de inverter as condições que resultaram em nosso desconforto. Muitos ignoram esse aviso da Natureza e, preferindo uma saída mais confortável, recorrem ao uso de drogas. A tragédia é que, estando sem vontade de fazer uma tentativa honesta para procurar corrigir a causa, não param aqui. Aceitam o alívio temporário que é proporcionado e permitem que seus corpos acumulem uma quantidade cada vez maior de toxinas.
Assim, criam uma condição que requer o uso cada vez mais frequente de drogas, até que são forçados a agir somente através desse meio altamente tóxico; e uma pessoa dominada assim pela droga tem pouca oportunidade de realizar crescimento espiritual nessa vida.
Esse crescimento exige que o Corpo Denso e a Mente estejam puros e saudáveis para que deem ao veículo espiritual a disciplina necessária, como uma preparação para o trabalho que têm a realizar. Somente o próprio indivíduo pode efetuar as condições que assegurarão a ele um crescimento contínuo. Ele deve, portanto, evitar o uso de drogas ou qualquer outra substância que irá interferir no trabalho do cérebro. Nossa sociedade é afligida hoje por uma condição auto-imposta chamada tédio que se tornou um dos maiores problemas do ser humano enquanto ele tenta realizar o destino de sua presente vida.
O consumo de calmantes, soníferos e pílulas estimulantes aumentou muito e atinge um grande grupo da família humana. Esse uso poderia ser eliminado se o indivíduo envolvido procurasse viver como um membro cooperante da sociedade. Ao invés de chafurdar-se em sentimentos de
autopiedade, ele deveria procurar abrir seu coração para seus semelhantes e tentar encontrar a paz que ele almeja por seu serviço à humanidade. Em nível mais alto, os barbitúricos (sedativos) e as anfetaminas (estimulantes) produzem um efeito mais potente. Está confirmado que essas drogas afetam o sistema nervoso central. De forma diferente dos animais, que são governados pelos Espíritos Grupos e, portanto, reagem todos da mesma maneira às drogas, o ser humano é individualizado e não há nenhuma forma de determinar, com certeza, os efeitos colaterais sobre o corpo.
Esses podem ser mínimos ou sérios, dependendo do nível de desenvolvimento espiritual de cada um. Podemos, no entanto, ter a certeza de que, em todos os estágios, o efeito será o de diminuir ou retardar o crescimento espiritual presente e futuro. Drogas como maconha, cocaína, heroína, LSD e outras similares, usadas especialmente pela geração mais jovem para produzir uma assim chamada “alta” ou “viagem”, são, realmente, as mais perigosas. Para compreender porque o jovem é suscetível ao uso dessas drogas que deixam a Mente confusa, é necessário compreender que ele pode estar na idade onde nasce o seu Corpo de Desejos (mais ou menos aos 14 anos) ou a sua Mente (mais ou menos aos 21 anos). Essa é a época em que ele determina os limites de sua capacidade e vê o quanto pode desafiar o “status quo”. Muitos jovens estão desejosos de testar os limites de sua capacidade de adaptação.
Outros desejam revelação espiritual, que acreditam poder ser induzida pelo uso de drogas. Nesse período crítico na vida do indivíduo, frequentemente falta-lhe a confiança e o carinho de um companheiro mais velho que poderia orientá-lo nesse momento difícil. Para muitos jovens de hoje, essa é uma época de sofrimento e de erro, um período de crescimento cego. As drogas oferecem uma saída, mas, com o tempo, revelarão ser uma saída errada.
Sendo alucinatórias, não trazem os resultados desejados; ao contrário, colocam o Aspirante em perigo de ser controlado por espíritos indesejáveis, de destruir o Corpo Denso e de se expor a efeitos extremamente prejudiciais sobre seus corpos espirituais.
Qualquer dano a esses veículos pode exigir mais existências para restaurá-los à adaptabilidade que eles originalmente tinham. Isso significa um recuo certo na evolução.
Portanto, uma pessoa que tenha feito muito progresso em renascimentos anteriores poderá perder o valor do árduo trabalho precedente ao afetar seriamente os atuais instrumentos da vida.
O Fumo e o dano ao Corpo-Alma
O terceiro membro do trio é o fumo, uma mistura complexa de gases, líquidos e partículas sólidas. Não só encontramos muitos componentes químicos no fumo, como também muitos mais são criados à medida que as substâncias se queimam. Qualquer componente pode produzir efeitos prejudiciais sobre o corpo; juntos, podem significar um desastre. Em comentários anteriores, ressaltamos que nosso interesse não é somente com os efeitos sobre o Corpo Denso, mas também sobre os corpos espirituais.
Nossa evolução como seres espirituais depende da aquisição do Corpo-Alma, o Dourado Manto Nupcial, que é tecido a partir do desenvolvimento dos Éteres superiores. Nenhum progresso pode ser feito nestes Éteres a menos que elevemos as vibrações de nossos Corpos Densos, e isto só pode ser conseguido ao mantermos um corpo tão puro quanto nosso atual desenvolvimento o permita.
Nenhum atleta ou qualquer outra pessoa que precise de um veículo apto por excelência para seu trabalho faria qualquer coisa que fosse sabidamente nocivo para o corpo e para a Mente. Para a pessoa que escolhe seguir o caminho espiritual, a necessidade de abstinência é muito maior, uma vez que toda faculdade do cérebro é necessária para aprender a controlar a Mente.
Ninguém com um cérebro confuso pode esperar alcançar algum sucesso duradouro, apesar do esforço que empregue para elevar seu nível de consciência.
O Aspirante não só deve abster-se do uso do fumo, como também precisa tentar evitar, se possível, lugares frequentados por fumantes, uma vez que estão expostos aos vários compostos que são produzidos ao se queimar a substância, assim como ao material exalado pelo fumante. Em resumo, repetimos que, como seres renascidos, deveríamos estar preocupados com o desenvolvimento dos instrumentos do Ego, a saber: o Corpo Denso físico, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente. A qualidade e a condição desses instrumentos determinarão quanto o Ego poderá realizar em seu trabalho de acumular experiências na escola da vida.
As bebidas alcoólicas, as drogas e o fumo têm um efeito nocivo sobre esses veículos, a ponto de o crescimento espiritual do indivíduo e seu progresso no caminho da evolução poderem ficar seriamente retardados por esses vícios.
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As Relações Humanas e o Estudante Rosacruz
Desde meados do século passado, com a entrada do Sol na órbita de influência de Aquário, pelo movimento da Precessão dos Equinócios, iniciou-se o evento da Nova Era, do elemento Ar, do intelectual e renovador Aquário. A par das conquistas de tudo que se relaciona com o ar, com o Éter (eletricidade, máquina a vapor, aviação, rádio, televisão, desintegração atômica, conquista e aparelhos espaciais), há em tudo e em todos um anseio de renovação, de autoafirmação, da revisão de todas as normas sociais à luz da razão e do direito humano. A isso muitos chamam de crise; mas nós, de renovação prevista pelos Astros. Pouco a pouco impõe-se o reconhecimento de que somos Espíritos, filhos de um Pai comum, Deus; portanto, irmãos em realidade e essência.
Os Irmãos Maiores prepararam a valorização do ser humano com a Revolução Francesa. Hoje, em várias partes do mundo vemos movimentações, manifestações, conquistas, leis e outros processos que demonstram a necessidade da eliminação do preconceito racial (seja de conceito de raça – branca, negra, amarela, vermelha – se entende) e muito já se conseguiu. Todos lutam pela igualdade humana, em bases democráticas nas relações humanas. Todos sabem que a base foi firmada pela pedra angular da nossa construção individual e social, o Cristo, quando disse: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Sem essa prática, nada é satisfatório nas relações humanas.
O egoísmo, em suas múltiplas manifestações, como a Hidra de cem cabeças da mitologia, bloqueia e limita a natureza espiritual do ser humano para tirar-lhe preciosa porcentagem de experiência na escola do mundo. É preciso que o Estudante Rosacruz reconheça e comece a trabalhar pelo altruísmo, pela renúncia de si mesmo em favor dos outros, a fim de eliminar o egoísmo limitador.
A compreensão das próprias limitações é o primeiro passo para a libertação, o caminho à tolerância e à verdadeira renúncia Cristã. É uma questão de apenas desviar o olhar crítico para dentro de nós próprios e passar a observarmos sincera e imparcialmente como pensamos e sentimos a cada reação exterior, fazendo o balancete diário no exercício noturno de Retrospecção.
Ora, o maravilhoso do tapete humano são justamente as diferenças de cor e forma de seus fios humanos; essa heterogeneidade de indivíduos, com seus defeitos e virtudes; aí é que está a escola com todas as espécies de provas e incentivos. E os Anjos (também chamados de Senhores) do Destino, junto a Seus auxiliares, incumbem-Se de entrelaçar as coisas para atender a necessidade de cada indivíduo ou grupo social. Quem poderia pretender um tapete branco? É puro e é bonito; mas por enquanto nos cansa, se olhamos muito tempo. A harmonia musical e constante enfada. A cor e a desarmonia precisam aparecer para movimentar e nos exercitar a alma em formação. Olhemo-nos, pois, como indivíduos separados; vejamos nossa esposa e filhos, cada qual como um indivíduo, tendo algo de si mesmo. Não pretendamos nessa Era impor aos outros nosso ponto de vista. A orientação deve ser racional para ser eficaz.
O ser humano está ligado ao meio social de diferentes maneiras, porque essencialmente, por nossa natureza crística, coesora (Vênus e Urano), saímos juntos do Pai e não podemos nos separar, tendo necessidade um do outro. Pode-se dizer que é a busca da natureza biológica e de uma necessidade evolutiva, em todos os sentidos. Que seja. O fato é que, no transcurso de sua evolução cada Espírito foi desenvolvendo seu próprio modo de ser, foi potencializando os atributos divinos e herdados (vontade e poder, amor e sabedoria, atividade) diferentemente, segundo as experiências por que passava, sempre diferentes das de seus irmãos e de suas irmãs em alguma coisa. Isso lhe foi formando uma individualidade.
Assim, hoje temos uma sociedade maravilhosamente formada com indivíduos de profissões, tendências e habilidades variadas, em que aprendemos pela prática e observação o que jamais seria possível numa linha puramente individual. Essa sociedade nos proporciona conforto, alimento, experiência, provas e tudo o mais de que necessitamos como Espíritos peregrinos.
Todos nós somos devedores e credores uns dos outros; devedores pelo que recebemos todos os dias, até o amargor (pois a Lei de Consequência é justa e até o aparente mal é um bem em gestação) e credores pelo que damos de nossa deidade inimitável. O ser humano precisa do próximo. É o único ser desamparado, quando pequeno (e, às vezes, até mesmo grande), pois os animais irracionais têm a orientação de seu Espírito-Grupo, que a ciência chama de instinto.
Desde que nasce, o ser humano precisa de proteção e orientação dos pais, dos professores, dos amigos… Por isso, formamos, no transcurso da história humana, os diferentes grupos sociais: a família, a escola, a Igreja, o Estado, etc. A família é agrupada pelos Anjos; os Anjos Arquivistas (também chamados de Anjos ou Senhores do Destino) reúnem os Egos cuja relação prévia (em vidas anteriores) atraem de novo uns aos outros.
Os cônjuges ficam ligados toda a vida pelo Éter de Vida que trocam no abraço matrimonial. Por isso, a Bíblia diz que “o que Deus une não o desuna o ser humano”. É fato. Só pela morte de um dos cônjuges essa ligação é desfeita, por mais que fisicamente não estejam mais juntos.
Os filhos ficam ligados aos pais pelo sangue, pela essência dos pais na glândula timo, até a puberdade. Depois começam a se individualizar, pois esse vínculo domina, em certa extensão maior ou menor, os rasgos individuais. A família é a célula máter da sociedade.
A Escola pública e coletiva foi estabelecida com o tempo para repartir os conhecimentos humanos que foram acumulados e sistematizados mediante as experiências do nosso passado, a fim de atualizar nossos filhos em todas as conquistas humanas.
Na Atlântida, em virtude da maior sujeição do Ego ao sangue de seus ascendentes, porque só havia casamento dentro da mesma família (endogamia), bastava evocar à imaginação vívida e sensível da criança as experiências de seus ascendentes e dos heróis nacionais para atualizá-la nos conhecimentos. Esse hábito de veneração aos heróis e ascendentes foi conservado mesmo depois de abolida a endogamia e constituiu o método dos romanos, já sem fundamento.
Hoje, pelas conquistas modernas que aproximaram os seres humanos (rádio, literatura, televisão, navios, aviões, telégrafo, automóveis, etc.) podemos dar quase que em iguais condições programas de ensino às crianças do mundo inteiro. E o respeito aos pais e aos dirigentes do município, do estado, do país e outros líderes se funda em bases racionais, pelo que de Cristão podem realizar. Daí a desilusão a muitos de nossos líderes.
A Religião correspondeu a um anseio do ser humano que, após a chamada queda, sentiu o afastamento de seus antigos guardiães, obscurecida que lhe foi a visão, com o clareamento da atmosfera pós-atlante, com a bebida alcoólica, o abuso sexual e a eliminação da endogamia. Sempre sentiu a evidência de algo superior a que se identifica e a que tem necessidade de reunir-se. Por isso a Religião (religação). Quem ensinou o primitivo a adorar o Sol, a Lua, o fogo, senão esse chamado interior? À medida que evoluiu, foi conscientemente se apropriando de concepções mais altas de Deus e tornando sua religião mais racional. Respeitamos, pois, todos os estágios religiosos, que passaram da adoração de fetiches e elementos naturais para, entre os Semitas Originais, o Tabernáculo do Deserto e, mais tarde, por Hiram Abiff, para o Templo de Salomão, o Cristianismo Popular e, finalmente, hoje se expressa no Cristianismo Esotérico muito bem demonstrado no Símbolo Rosacruz até que tenhamos encontrado o Cristo em nós mesmos e por meio d’Ele possamos adorar a Deus em Espírito e Verdade.
O Estado surgiu das necessidades do agrupamento humano. Cada grupo, segundo seu estágio evolutivo, concebeu suas normas de conduta, suas escolas, seus serviços públicos, etc. Na Época Atlante, os líderes dos povos eram Reis preparados e formados pelos Senhores de Vênus (os dirigentes sociais) e pelos Senhores de Mercúrio (que eram os seus Iniciadores). Eram, pois, Reis e Sacerdotes, Sábios e Santos a dirigir com justiça seus povos. Contudo, depois se tornaram soberbos e déspotas, quando deixados por esses mensageiros divinos e entregues a seus próprios recursos. Isso começou a ocorrer no meio da segunda fase da Época Atlante, quando o povo sofreu muito com trabalhos forçados e escravidão até que aprendeu a defender seus direitos. Todos conhecem a história antiga, o feudalismo, a história moderna e o que sucedeu a cada povo; como viviam, como eram explorados para pagar impostos altíssimos e quão pequena a retribuição em benefícios que o povo recebia. Hoje caminhamos vertiginosamente por uma intervenção evidente dos Senhores do Destino e pela ação dos Irmãos Maiores em todos os campos, por inúmeras inovações rumo à Era de Aquário, em que teremos uma sociedade ideal e fraternal. Nós, Estudantes Rosacruzes, temos serena e absoluta confiança no futuro da humanidade e fazemos nossa parte o melhor que podemos, certos de que ela tem sua valia e função.
Todavia, o importante não é apenas conhecer tudo isso e, sim, a reforma de cada Aspirante Rosacruz. Ele precisa ataviar-se para esse estado futuro. Ele precisa rever tudo o que tem dentro de si, reformular sua vida, reformar o que está errado, à luz dos conhecimentos Cristãos esotéricos, expostos pela Filosofia Rosacruz. É preciso lembrar: a quem mais se dá, mais se lhe exige. O conhecimento é dado para que cada um comece a viver uma vida mais digna. Se não procuramos ser melhores para nos convertermos em canais conscientes de ajuda do alto, para auxílio ao próximo e reforma do meio social, pelo método silencioso do exemplo sadio, da convicção irremovível que não se abala com os rumores e pessimistas previsões, se não se tem esse sincero propósito, é melhor não continuar, porque a Lei de Consequência cobra na medida da consciência.
No entanto, a questão não é apenas pessoal. Começa por nós, de dentro para fora, sim; mas, por reflexo natural e lógico, nosso progresso tem de expressar-se no modo como tratamos nossa esposa, nosso marido, como orientamos nossos filhos, como agimos no trabalho e no meio social tratando os nossos irmãos e irmãs do nosso entorno. A vida e a evolução nos pedem novos métodos, atualização constante em todos os sentidos. Eis porque São Paulo, o Apóstolo, dizia que morria todos os dias: algo de inferior morria e algo de novo e melhor nascia, numa renovação constante, caminho à incorruptibilidade.
Contudo, voltamos a afirmar, essa evolução tem de ser firmada de maneira cristã; isto é, em humildade e amor, pois pode ocorrer que nos julguemos santos, superiores e nos consideremos deslocados em um meio de pecadores… Max Heindel afirmou que a adaptabilidade é a chave da evolução em todos os tempos, desde o início do Período de Saturno. Adaptar-se não é macular-se do que há de errado no meio social, não é fazer o que os outros fazem para agradá-los. Adaptar-se é identificar-se com o que há de bom em tudo. Isso pressupõe discernimento elevado, vontade de compreender os outros, procurar o que há de bom, esquecer o que há de mal e prudentemente defender-se. Lembram-se daquele exemplo do Cristo e dos Discípulos diante do cadáver em putrefação de um cachorro? Ele procurou e achou algo bonito em que tudo parecia feio, porque sabia dos benéficos efeitos em nossos Corpos e no Mundo do Desejo, quando criamos algo bom, pensamos no bem, sentimos nobremente e, sobretudo, agimos coerentemente com esses impulsos internos, porque os pensamentos e emoções não expressos em atos são estéreis.
Isso não é tão difícil como parece. O perigo é olhar para trás — lembrar-se e desejar o que seus antigos vícios suscitam. Quem toma o arado não deve olhar para trás. Deixem que os mortos enterrem seus mortos.
A natureza divina em nós reclama alimento puro. Basta que tenhamos vontade de desejar melhorar e as forças da luz nos encaminharão à fonte, como a agulha magnética da bússola em busca do norte. É uma questão de vibração uníssona. Basta desejar mesmo, persistentemente. “Buscai e acharás; pede e ser-te-á dado; bate e ser-te-á aberta a porta”. Não são promessas vãs. É o Cristo quem as profere, ontem, hoje e sempre, dentro de nossas consciências. E ao achar o caminho, nós, que nele estamos e ainda não avaliamos bem a bênção que isso representa, a importância da oportunidade que nos está sendo dada, basta usar a vontade e adquirir o preparo. Cristo em nós, a vontade de melhorar, sempre, o preparo e, pronto, estamos munidos para o trabalho: ação, experiência, humildade e fé para continuar serenos, apesar das provas, que são reflexos de nossas falhas e da resistência do meio. Quem não reconhece energia nas vibrações da luz que penetra as trevas?
Preparo significa abrir as barreiras da nossa personalidade, eliminar o egoísmo, o que não é fácil, porque ele se disfarça muito bem de saudosismo ou sentimentos que julgamos desculpáveis. Enquanto não estamos limpos, agradeçamos as experiências, porque elas vêm para limpar; se você não tem coragem, então não venha! Ninguém pode seguir o Cristo, se não tomar sobre si a própria cruz de cada dia. Essa limpeza nos permitirá ver compreensiva e humildemente cada qual como Ele é e recebê-lO assim, não lhe exigindo mais do que pode dar. Ninguém pode exigir amor, se não sabe amar; nem perdão, se não sabe perdoar. O mais claro indício de nossos defeitos está nas provas que recebemos. Não sabendo amar, encontramos muitas pessoas que nos desamam. É um aviso. Para vencer a prova temos de aprender a amar.
A limitação individual está em ordem inversa ao preparo interno. Quando amamos e crescemos em conhecimento, o coração dá intuição à sabedoria para penetrar as pessoas e avaliar-lhe o grau interno, de modo a assegurar em nossa mútua relação um perfeito entendimento, porque sabemos como devemos tratá-las e como ajudar. O conhecimento, sozinho, torna-nos vaidosos e intolerantes. É muito comum entre nós julgar alguma coisa pelo que já sabemos e, em vez de melhorar a vida, arranjamos discordância no lar, exigindo da mulher e dos filhos o que não podem dar. Acabam, então, os familiares, antipatizando-se com a Fraternidade Rosacruz, julgando ser ela um obstáculo à felicidade do lar. Não é! É falha do Estudante; isto, sim! É-nos ensinado o equilíbrio entre a Mente e o Coração. Atentem bem a isto, enquanto é tempo de conquistar os seus no seu entorno; primeiramente, ao estudo; depois, exemplificando pacientemente e esclarecendo para que possam amar e seguir o que, sendo bom para nós, desejamos para os outros, principalmente para os próximos de nós.
O desenvolvimento unilateral é falho. Vejam as doutrinas sociais que sobem e caem, porque atendem apenas a uma coisa, sem levar em conta que o ser humano é um ser complexo que exige, para total satisfação, desenvolvimento moral, intelectual, liberdade e justiça, sobretudo amor e cuidados físicos. Temos necessidade de conhecimentos, de vivência moral, senso de ética, carência de boa alimentação e higiene; mas, para entender precisamente tudo isso em nós, precisamos primeiro nos conhecer. Por isso, nos antigos templos de mistério havia aquela frase: “Ser humano, conhece-te a ti mesmo”. E o Cristo reitera: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”, em um sentido mais amplo. Estamos na Fraternidade Rosacruz. Sabem o que isso representa, o que devemos fazer para nós e para os outros, o esforço que isso exige, a renúncia que reclama, a decisão que devemos tomar? Renovação! Regeneração! Sinceridade! Altruísmo! Pensem muito nisso e ajam, se estão dispostos a honrar as heranças sociais e o chamado espiritual do Cristo dentro de nós.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho de 1965 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)
A Relação entre a Música e a Espiritualização
“Ao músico foi entregue a mais elevada missão, porque, como um modo de expressão da vida anímica, a música é a soberana”. Estas palavras de Max Heindel inspiraram-me a escrever este artigo sobre a relação existente entre a música e o crescimento espiritual.
Quando digo “música” quero referir-me unicamente a música de verdadeira eufonia, dádiva maravilhosa do Pai Celestial. Vias de regra, a maior parte daquilo que popularmente concebe-se como sendo música é justamente o contrário, porquanto não emana de Deus e sim das distorções da Mente humana. Esta se enquadra no mesmo plano da enfermidade que resulta, tão somente, da violação das Leis Divinas. Deus nos concedeu as melodias e vibrações para construirmos harmonias e ritmos belos, porém, o ser humano emprega-as erroneamente, usando-as em combinações desarmônicas, similarmente ao que faz, arruinando sua saúde, ingerindo alimentos que não se coadunam com a constituição do Corpo Denso.
O Deus do nosso Sistema Solar está representado por um triângulo, simbolizando o Poder Trino. Desse poder emanam as três qualidades: Vontade, Sabedoria e Ação. Do primeiro poder, que por sinal é o mais elevado, emana a Vontade, cuja vibração é Melodia e a cor é o azul. O segundo poder é a Sabedoria, cuja vibração é Harmonia e o amarelo a tonalidade correspondente. O Terceiro poder é representado pela Ação, cuja vibração é Ritmo e a cor correspondente é o vermelho. De modo que a música e a cor correspondem à mesma coisa, diferenciando-se como sons na música e como cores para a nossa vista; contudo, as vibrações são as mesmas. Assim como obtemos diversas combinações das três cores primárias mencionadas, de maneira idêntica combinamos os sons, pela mescla das três maiores ou primárias vibrações da música, o que estabelece a Eufonia, provando-se que a mais alta consecução em música se obtém por meio de um perfeito entrelaçamento de Melodia, Harmonia e Ritmo.
Por outro lado, a desarmonia é um resultado de um desajustamento na combinação da Melodia, Harmonia e Ritmo; e tem o mesmo efeito sobre os ouvidos sensitivos, como o tem a violenta combinação de cores sobre a vista delicada. Sons discordantes, que erroneamente recebem o nome de música, só podem ser apreciados por ouvidos carentes de sensibilidade. Do mesmo modo como há pessoas que mirando uma pintura não percebem as gradações da cor, assim também existem outras que não podem captar as combinações sutis dos três elementos da música. Para eles não existe diferença entre a verdadeira música e o que é uma degeneração dela, muitas delas ditas nos ritmos quentes.
A melodia e a cor azul estão ligadas à Mente. É uma agradável sucessão de simples sons musicais percebidos através do sentido da audição, conectado com o cérebro, que é o veículo físico da transmissão do pensamento. Portanto, através do veículo mental pode o ser humano se relacionar com a Melodia e a cor azul. A Harmonia e a cor amarela estão ligadas ao Corpo de Desejos. A Harmonia é uma combinação de sons acordes percebidos ao mesmo tempo, estando ligada ao Corpo de Desejos por intermédio de nossos sentimentos e emoções, sobre o que exercem sua influência junto com a cor correspondente. O Ritmo e a cor vermelha se acham ligados ao Corpo Vital (Max Heindel afirmou que o Corpo Vital apresenta uma cor parecida com a flor do pessegueiro, recém-aberta). É uma tonalidade derivada do vermelho. O Ritmo se manifesta pelo Poder de Deus, na ação e no movimento. A força ativa ou vital é absorvida pelo Corpo Vital quando prevalece uma saúde normal e essa energia mantém o Corpo Denso. Todas e cada uma das coisas existentes têm a sua nota-chave ou tom. Kepler disse que ouvia as diferentes notas emitidas pelos Astros e Max Heindel também afirmou que os cientistas ocultistas “escutam a música ordinária do deslocamento dos corpos celestes”. Eles formam a harpa e as cordas da lira de sete cordas de Apolo. Também asseveram que uma simples discordância afetaria a harmonia celeste, advindo uma grande hecatombe na matéria e um choque entre os mundos.
No Mundo Celeste, ainda que a cor e o som se achem presentes, deve-se ressaltar que dos sons é que se originaram as cores, e construíram todas as formas no Mundo Físico. Segundo Max Heindel, as formas que vemos ao nosso redor são figuras-sons cristalizadas das forças arquetípicas que trabalham dentro dos arquétipos no Mundo Celeste. O músico pode perceber certos tons em distintas partes da natureza, tais como o vento na floresta, o som das águas, o rumor do oceano, etc. Estes tons combinados formam um todo que é a nota-chave da Terra. Percebe-se esse tom na quietude do bosque, onde é mais perceptível devido à profunda calma reinante. Richard Wagner também o escutou, porque assim o expressa por meio de sua ópera Parsifal.
Alguns exemplos destes “certos tons nas distintas partes da natureza”, os quais Max Heindel nos afirmou que são ouvidos pelos músicos, encontram-se em algumas obras tais como “Nuvens” e “Mar” de Debussy. Nesta última composição o tom do espírito do mar encontra-se descrito magicamente apresentando com impressionante realidade o “Diálogo do Mar e do Vento”. Encontramos outro exemplo na “Sinfonia Pastoral” de Beethoven, na qual ele expressa diversos tons da natureza, entre os quais encontram-se os pássaros, os riachos e as tempestades. Mendelssohn captou a nota do mar, quando visitou a Escócia e a exprimiu em um de seus mais belos trabalhos sinfônicos. Rimsky-Korsakow em “Scheherezade” descreveu de um modo assaz realístico uma tempestade no mar, pois, o contato que teve com o oceano, quando integrava a Armada Russa, facultou-lhe uma ampla oportunidade marítima, tanto na calma como durante a tempestade. Estes são alguns poucos exemplos que podemos citar como prova.
O Segundo Céu é a verdadeira pátria da música, porque este é o reino do som. Quando o espírito abandona o Primeiro Céu, situado no Mundo do Desejo, entra no Segundo Céu localizado na Região do Pensamento Concreto. Agora, está livre de sua vida passada e vive em perfeita harmonia com Deus. Quando penetra nesta Região, desperta a Música das Esferas ao seu redor, cuja melodia transcende a tudo que havia ouvido na Terra. Este lugar, em verdade, é um paraíso para o compositor, porque aqui ele se eleva com a música, tal qual a havia concebido quando compunha no Mundo Físico, mas no qual não podia transcrevê-la para o papel de uma maneira concreta. Aqui, no Segundo Céu, ele compõe, inspirado nas coisas mais profundas do seu ser, com a mais incrível facilidade e prazer imersos, obtendo grandiosas melodias que traz ao plano físico depois, para alegrar aos corações daqueles que se acham ungidos ao mesmo. Se ele deseja, pode reencarnar como músico (e eu não posso imaginar um grande músico renunciando a este privilégio) preparando-se convenientemente para tal. Aprenderá a construir ouvidos, mãos e nervos supersensitivos e, nesse particular é ajudado pelos Mestres das Grandes Hierarquias. Max Heindel afirmou que a extensão do ajuste dos canais semicirculares do ouvido, aliado a uma delicadeza extrema nas “fibras de Corti”, das quais existem aproximadamente umas dez mil no ouvido humano, cada uma é capaz de interpretar cerca de vinte e cinco gradações de tom. Estas fibras nos ouvidos da maioria das pessoas não respondem a mais de três ou dez das tonalidades possíveis. Um músico comum não alcança mais do que cinco tons em cada fibra, ao passo que o verdadeiro mestre possui uma capacidade bem mais ampla. Portanto, é fácil compreender porque os Mestres das Grandes Hierarquias devem auxiliar especialmente o músico e o compositor, porque como disse Max Heindel: “o elevado estado de seu desenvolvimento demanda isto, e o instrumento por meio do qual o ser humano percebe a música é o sentido mais perfeito do corpo humano”.
Mozart, aos cinco anos de idade, compunha; aos dez havia completado uma sinfonia; aos quinze um oratório; aos doze uma ópera e aos dezoito havia composto umas vinte e três sonatas, oitenta e uma obras sinfônicas, nove missas, três oratórios, cinco sonatas para órgão e outros trabalhos de vulto.
Schubert, quando chegou aos dezesseis anos de idade, entre muitos outros trabalhos, compusera uma sinfonia, e quando tinha vinte e um anos havia escrito mais cinco. Mendelssohn começou a compor aos doze anos; havia escrito uma sinfonia aos dezesseis e com apenas dezessete anos brindou o mundo com a encantadora “Sonho de Uma Noite de Verão”. Estes exemplos e muitos outros, aqui não mencionados de músicos que já compunham em tenra idade provam que eles foram músicos em existências anteriores.
Em vidas passadas sempre ampliavam suas possibilidades musicais. Cada vez que atingia o Segundo Céu, entre as encarnações, construíam um arquétipo mais sensitivo que o último para captar as vibrações musicais do Cosmos, sendo neste particular, assessorados pelos Mestres das mais elevadas Hierarquias.
A música e a cor têm relação com a ordenação de nossa existência, através dos números: 1, 3, 7 e 12. Na figura do número 1 temos a escala musical completa; o total da luz solar. No 3 temos as três fases de Deus: Vontade, Sabedoria e Atividade, ou seja, Melodia, Harmonia e Ritmo e as três cores primárias, que são: Azul, Amarelo e Vermelho. Na figura do 7 temos as sete Hierarquias, os sete Mundos, os sete Planetas do nosso Sistema Solar. Na música a escala completa contém sete notas; nas cores, o branco contém as sete cores do espectro. Na figura do 12 temos os doze Signos do Zodíaco, os doze Irmãos Maiores, os doze Discípulos de Cristo. Na música, os sete tons da escala se decompõem em doze semitons. As sete cores do espectro se decompõem em doze, cinco das quais são vistas somente pelos Clarividentes exercitados.
Nós podemos elevar nossas vibrações por meio da música. Essa foi uma das razões por que a música foi escolhida como um meio de expressão espiritual nas cerimonias religiosas. Na maioria dos casos se inspira na Bíblia, e o sentimento de alívio que se experimenta é notável. Este é um exemplo do aumento das vibrações produzidas pela música. Esta é uma grande tônica para os nervos. A fadiga corporal pode ser removida, desde que nos sentemos em um lugar tranquilo, com música elevada purificando o ambiente.
O poder curativo da música tem sido alvo de várias experiências em diversos hospitais no mundo inteiro. Não obstante, a sua aplicação como terapêutica é pouco conhecida. A medicina tornar-se-á desnecessária, quando aprendermos a usar a música em relação aos nossos diferentes veículos. Ele pode se dizer com referência às cores.
Nas frases de Max Heindel, “como um modo de expressão para a vida da alma, a música reina de um modo supremo” constituem uma realidade, pois existem passagens nas grandes composições musicais, de natureza tão sublime que nos fazem sentir a presença de Deus, de uma maneira patente. Podemos citar algumas tais como a ópera de Parsifal de Wagner, onde o motivo da “Última Ceia” e sua evolução sinfônica é solenemente grandioso, e o motivo da “Fé” soa muito alto cada vez que se repete, como a fé que se eleva cada vez mais se esforçando para chegar a Deus. Também na “Paixão Segundo São João” de Bach, excelsa veneração sempre presente, culmina no puro e tranquilo coro de “Descansa Aqui em Paz Redentor”.
Quando um músico expressa sua obra no papel, nada mais efetua do que apresentar uma partícula daquilo que sente interiormente quando se coloca em sintonia com as vibrações cósmicas. Qualquer compositor confirmará que suas composições estão além daquilo que concretiza no papel. Não importa quão portentosa seja sua obra quando em forma concreta, pois jamais atingirá a excelência de quando foi sentida em sua alma. Estamos no presente estado evolutivo impossibilitados de expressar materialmente, com absoluta fidelidade, estas correntes musicais ou vibrações.
Poucas músicas atingiram a culminância de um Bach, porque ele podia penetrar mais adiante do que qualquer outro e sintonizar-se com as vibrações musicais mais sublimes. Ainda que ele não pudesse transcender a mais alta vibração ou corrente, mesmo assim, quando considerarmos a perfeição ao nosso desenvolvimento, pressentiremos algo divinal.
Talvez possamos atingir tal estado na Era de Aquário, quando tivermos avançado o suficiente para que se fundam a Arte, a Ciência e a Religião em uma unidade espiritual. Desse modo veremos que a relação da música com o crescimento espiritual resume-se em poucas palavras como segue: “Com Deus tudo é Melodia, Harmonia e Ritmo, porque os Seus pensamentos são Melodias, Suas criações Harmonia e Seus movimentos (ou gestos) são Ritmos”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 06/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Preparação para a Era de Aquário
Nós, Estudantes Rosacruzes, a despeito dos quadros não muito animadores que o mundo nos oferece, mantemos inabalável a fé no futuro da humanidade.
Quando instituições, dogmas e estruturas das mais diversas parecem se encontrar a beira de um colapso, prestes a fundirem-se num caos total, nossa maneira de encarar as coisas, por paradoxal que possa parecer, é otimista.
Nossa visão dos fatos não é apocalíptica, no sentido exotérico do termo. Cremos estar próximo o fim, não do mundo, mas de uma Era, de um estado de coisas.
Toda essa confusão prenuncia o desabamento de estruturas obsoletas, de sectarismos, de preconceitos. Esse sofrimento vivido na época atual compelirá o ser humano a se desapegar, de uma vez por todas, de um estilo de vida já inadequado as suas necessidades evolutivas.
“Eis que as coisas se farão novas”. Você percebe que nos encontramos em fase de transição? Você está consciente do significado dessas transformações?
Em 1918, Max Heindel escreveu: “O trabalho de preparação para a Era de Aquário já se iniciou”.
Como se trata de um Signo de Ar, científico, intelectual, depreende-se que a nova religião deverá se alicerçar em bases racionais, sendo capaz de resolver o enigma da vida e da morte de tal forma a satisfazer tanto o intelecto como o coração.
Abriu-se, então, o caminho para o alvorecer da Era de Aquário. Sobre os escombros da Era atual, florescerão um ideário mais avançado, estruturas mais dinâmicas e, consequentemente, uma nova humanidade.
Lembramos, também, que dia a dia surgem condições favoráveis ao desenvolvimento das faculdades latentes do espírito. O gradativo crescimento da quantidade de Éter no Planeta já está afetando as pessoas mais sensíveis. Não constitui exagero afirmar que a própria ciência já se encontra no umbral da Região Etérica.
Desde as primeiras Eras viemos desenvolvendo os cinco sentidos por meio dos quais nos foi possível contatar e conhecer a Região Química do Mundo Físico. Da mesma forma, futuramente, a humanidade desenvolverá outro sentido, que deverá capacitá-la a perceber a Região Etérica, seus habitantes, inclusive aqueles entes queridos que não estão aqui renascidos e que permanecem na Região Etérica do Mundo Físico e no Mundo do Desejo durante os estágios iniciais nos planos internos.
As pessoas mais evoluídas já estão, mesmo que tênue e esporadicamente, ensaiando seus primeiros passos no Éter.
O dilúvio, responsável pela submersão da Atlântida, tornou mais seca a atmosfera, fazendo baixar sua umidade para o mar. Quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, entrar em Aquário, a eliminação da umidade será bem maior. As vibrações mais facilmente transmissíveis através do Éter serão mais intensas, gerando condições para a sensibilização do nervo ótico, requisito necessário à abertura de nossa visão a Região Etérica.
Mesmo não tendo concluído suas pesquisas sobre os Éteres, Max Heindel legou-nos conhecimentos notáveis a respeito desse elemento.
Em verdade, estamos próximos a grandes transformações, principalmente no campo das ideias.
Cabe-nos, portanto, mantermo-nos atentos às mudanças que se operarão, preparando-nos para interpretá-las e, posteriormente a elas nos integrarmos.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz não limitam suas atividades aos Estudantes e Probacionistas, nem a nenhum outro grupo específico. Trabalham também através dos cientistas, embora estes nem sempre estejam conscientes disso. O propósito deles é estabelecer a Fraternidade Universal. Sendo assim, o campo de ação deles é de uma amplitude inimaginável.
Segundo Augusta Foss Heindel, “a Nova Era mostrará a verdade indiscutível do espaço interestelar, novas aventura cósmicas para o Espírito Humano e uma Filosofia Cósmica mais perfeita”.
E, então, você está cultivando uma sincera e verdadeira afinidade com o ideal aquariano?
(De Gilberto A V Sillos – no Editorial da Revista Serviço Rosacruz de 2/80)
Fraternidade: demonstremos pelos nossos atos coerentes de amor e entendimento
Seria maravilhoso se pudéssemos estar reunidos, todos nós que vibramos de forma uníssona neste sublime ideal, em um espontâneo diálogo, de simpatia e esclarecimento, uma osmose em que todos pudéssemos absorver as experiências de cada um, em real comunhão de ideias, sentimentos e esforços.
Não sendo isso possível, ficamos no monólogo, em que nós falamos, mas não escutamos; em que dizemos o que pensamos e não aprendemos o que você, leitor, acrescentaria ao assunto. Contudo, pelo menos permanece o conforto de nos estender até vocês com sentimentos de comunhão, simpatia e incentivo, dizendo: estudemos e assimilemos juntos os Ensinamentos Rosacruzes. Dentro desses Ensinamentos, vibramos em uma nota-chave de iluminação e serviço, dentro do Plano Etérico, em um grande todo a que chamamos FRATERNIDADE, não de prédios de tijolos, mas formada por ALMAS-tijolos, que tomam toda a área do mundo, acima das limitações rácicas e ideológicas que muram e adstringem os irmãos e irmãs menos preparados.
Graças damos ao irmão Max Heindel. Sua mensagem libertadora gravou-se em nossas consciências com letras de fogo, indelevelmente. Ele teve o dom de fazer ecoar com novas modalidades a voz do Bom Pastor, que há quase dois milênios vibrou na Palestina, espalhando-se em todos os sentidos pelos vales e serras dos homens e mulheres, em busca de consonância; a voz do amor e da sabedoria, conhecida por seus cordeiros; o radar divino que denuncia, pela resposta, a distância e a posição de seus eleitos.
Max Heindel teve o mérito de, como ninguém depois do evento Cristão, graças ao seu treinamento oculto, verter-nos em primeira mão e pela primeira vez publicamente os mistérios Cristãos com tal poder penetrador que fez vibrar todas as almas afins, como um chamado familiar, estranhamente familiar, que nos descortina uma nova terra prometida, uma nova ordem de coisas — a Era de Aquário.
Temos uma grande obra a realizar, embora nos reconheçamos humildes pedreiros, de acordo com os desígnios do Grande Arquiteto, seguindo as linhas de uma Pedra Angular — O Cristo.
Cada ação nobre será um tijolo que poderemos juntar à construção com a argamassa do amor. E a melhor homenagem que podemos prestar ao fundador da Fraternidade Rosacruz, Max Heindel, é mostrar, por nossos atos COERENTES de amor e entendimento, o que aprendemos da inestimável mensagem que ele nos legou.
Trabalhemos todos para sermos dignos dessa herança, não importando se estejamos distantes e isolados dos Centros e Grupos de Estudos Rosacruzes. O que realmente vale é estarmos afinados com o Ideal através de nossos pensamentos, emoções e atos. Eles é que mostrarão, como frutos, que a semente lançada caiu em terra fértil; eles é que farão erguer o mais expressivo sentimento de gratidão ao iluminado mensageiro dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz!
(de Olga Guerreiro – publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1965)
Não há outro inimigo, senão nós mesmos. Enquanto houver dentro de nós um resquício sequer de Personalidade, haverá separação.
Na Fraternidade Rosacruz, distinguimos nitidamente entre Personalidade e Individualidade. Personalidade é a “persona”, o conjunto enganoso, provisório e em constante mudança formado pelas nossas sensações, emoções, sentimentos e modo de pensar. São os laços de sangue, as tradições, os elos do mundo, essas coisas mais fortes que algemas de aço, tudo a que o Cristo simbolicamente chamava de “o reino dos mortos”. O mundo, a família, os bens, tudo isso é meio de aprendizagem indispensável ao espírito, no presente estado evolutivo. Contudo, há o perigo de nos identificarmos com eles, de pensar que nos pertencem ou que lhes pertencemos, olvidando nossa origem celestial, nossa condição de espírito livre, em peregrinação e aprendizagem.
“Aquele que quiser ser meu discípulo, deve abandonar pai, mãe, irmãos, amigos, tudo”, disse o Cristo. Com isso não quis significar que devamos desleixar nossos deveres de pais, filhos, irmãos ou amigos Cristãos. Ao contrário, o verdadeiro Cristão é um excelente marido, esposa, pai, mãe, irmão, amigo, porque dá à sua afeição e trabalho o mais puro pensamento, sentimento e esforço. Dá e não espera receber; ama e não espera ser amado; compreende e não espera ser compreendido. As ingratidões não lhe suscitam ressentimentos, mas o cuidado de verificar se não contribuiu para isso. O verdadeiro Cristão busca a amorosa tentativa de reconciliação; ora e espera pela pessoa que é teimosa e rancorosa.
Ser Cristão é exemplificar AMOR, em seu sentido lato. É deixar que o Cristo, em si, fale, viva, ame.
Individualidade é a expressão do EU real (o que somos de fato, Espírito), verdadeiro e superior, comandando os pares físicos, morais e mentais como instrumentos de ação.
A Personalidade é a expressão do ser humano, de baixo para cima, o “homem invertido”, os valores instintivos, colorindo desordenadamente seu modo de ser; é o amordaçamento do espírito e seu condicionamento às conveniências instintivas. Um pentagrama com a ponta superior para baixo…
A Individualidade não prescinde da bagagem de experiências anímicas; ao contrário, vale-se dela de um modo próprio, original, epigenético, criador. Porém, nós, o Espírito, é quem mandamos e orientamos. Como disse São Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas o Cristo em mim”; e o próprio Cristo-Jesus: “Eu e o Pai somos um”.
É certo que essa condição vamos atingindo gradativamente, em uma luta constante entre a natureza inferior e a superior, entre as trevas e a luz dentro de nós. Por isso, a lenda dos Maniqueus, referindo-se internamente ao ser humano e ao mundo, fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz. Estes acabam vencendo aqueles; entretanto, sendo bons, não podem exterminá-los. Incorporam, pois, o reino das trevas ao da Luz; ou seja, efetuam a transmutação dos valores inferiores em valores espirituais. Os alquimistas medievais faziam o mesmo, quando falavam sobre transformar os metais inferiores em ouro. Também entre os manuscritos encontrados no soterrado mosteiro dos Essênios, Qumran, às margens do Mar Morto, há um que fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz.
Goethe, o grande Iniciado e autor de “Fausto”, falou, pela boca de um de seus personagens: “Duas almas — ai! — lutam dentro do meu peito pela posse de um reino indivisível; uma buscando alçar-se aos Céus em ilibados anseios, enquanto a outra se agarra à Terra, em passionais desejos”. São Paulo, o apóstolo, igualmente dizia: “Pobre homem sou! O bem que desejaria fazer, não faço; o mal que não desejaria fazer, esse eu faço”.
Tudo isso mostra, de sobejo, o que todas as Escolas (como a Fraternidade Rosacruz) e Ordens ocultistas (como a Ordem Rosacruz) ensinam.
Todo Aspirante sincero à espiritualidade “ora e vigia”, sobretudo quando se acha à frente de um movimento espiritualista e deve viver o que ensina. Ao mesmo tempo, o claro entendimento dessa luta dentro de cada um de nós nos torna rigorosos conosco e tolerantes com os demais, de modo a unir e não desunir, a estimular e não censurar; enfim, “a buscar a divina essência que existe em cada um”, o que constitui a base da Fraternidade que almejamos formar, como precursores da “Era de Aquário”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1965)
Pergunta: Aqueles que morrem agora, tornam a renascer antes da Era de Aquário? Se tiverem ainda lições para aprender a fim de capacitá-los a viver nessa era, poderão voltar para aprendê-las?
Resposta: Depende. Geralmente o tempo estabelecido entre dois nascimentos é em torno de mil anos, para dar oportunidade às pessoas a renascerem uma vez como homem e outra como mulher durante a passagem do Sol, por precessão, através de cada Signo do Zodíaco, o que leva aproximadamente 2.100 anos. Assim acontece porque as lições a serem aprendidas, durante esse período, são tantas e tão variadas que não podem ser totalmente assimiladas num corpo pertencente a um único sexo. As experiências são bem diferentes sob o ponto de vista de um homem e o de uma mulher. Contudo, essa lei é semelhante a todas as outras leis da natureza, ou seja, ela não é cega. Ela está sob o controle de quatro grandes Seres chamados Anjos do Destino, que tratam de todos os pormenores da evolução humana. Cuidam para que cada um consiga passar pelo maior número de experiências possíveis.
Se for necessário que uma pessoa permaneça nos Mundos invisíveis durante todo um período de mil anos, ela permanecerá. Senão, voltará mais cedo. Algumas pessoas retornam num período mais curto, de algumas centenas de anos, por terem evoluído bastante, aprendido rapidamente. As pessoas que “vivem a vida” como Probacionistas, que assimilaram sua experiência de vida antes de deixarem este mundo e já estão em condições de trabalhar nos mundos invisíveis, não precisarão passar tanto tempo do outro lado. Ao se colocarem definitivamente ao lado das leis de Deus, têm maiores oportunidades de evoluir mediante o serviço.
(Pergunta nº 17 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Repostas” – Volume 2 – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
A importância da dedicação para alcançarmos resultado em uma escola preparatória como a Fraternidade Rosacruz
O lema Fraternidade Rosacruz é “Uma Mente Pura, um Coração Nobre e um Corpo São”, o que fornece uma ideia de seu programa de realização, muito mais formativo do que informativo.
Tomando o ser humano como realmente é, potencialmente divino, desvela a cada Aspirante as possibilidades que têm de se transformar em altamente iluminado, segundo o nível interno e empenho que ponha na sua regeneração. Seu lema é um convite e ao mesmo tempo um desafio para essa integralidade que vai muito além do conceito materialista de que somos meramente uma criatura carnal. Contudo, a realização dessa integralidade pressupõe um sincero e perseverante esforço, utilizando meios seguros de elevação, dados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz que já percorreram essa ascese e voltaram para ajudar e orientar com segurança, a escalada dos que vêm atrás. São os mais adiantados no Caminho Rosacruz que já se consagraram na elevação da humanidade, em serviço amoroso e altruísta.
Nada cobram e como irmãos e amigos ajudam seus companheiros, respeitando-lhes a índole e nível pessoais, suscitando-lhes os meios de realização interna. No entanto, cada membro tem o dever moral de contribuir, na medida de suas posses, na divulgação do ideal, uma vez que a ele se ligam para considerá-lo edificante.
Sua tônica é: servir – partindo da convicção de que ninguém pode receber sem primeiramente dar: o efeito se segue a causa. Ninguém tem o direito de avaramente reter o que pode edificar os demais: “A quem mais for dado, mais lhe será exigido”.
Ademais, o exercício do dar traz o crescimento interno. Desse modo depositamos no “Banco Interno” os meios e asseguramos os “juros” de seu emprego no amoroso SERVIR, “acumulando tesouros nos céus, onde o ladrão não rouba, a ferrugem não corrói e a traça não destrói”. Esse depósito é valioso porque podemos “sacar” recursos de equilíbrio, de intuição, de graça, de discernimento, nas horas de desafio. Daí a ênfase que damos à vivência: a verdade que não é assimilada, é inútil; mas a verdade vivida é a que nos transforma internamente em novas criaturas.
Como disse Cristo: “Por seus frutos os conhecereis”.
A Fraternidade Rosacruz é uma associação Cristã de âmbito mundial. Foi fundada em 1909 por Max Heindel, ramificando-se rapidamente.
A ela podem se filiar todas as pessoas, de ambos os sexos, sinceramente desejosas de um aprimoramento mental, espiritual, moral e físico.
Ela busca preparar e encaminhar os Aspirantes de boa vontade, de modo que um dia atinjam as portas da iluminação. Observa a vida do candidato, até admiti-lo como Estudante Preliminar. Nesse estágio avalia seu grau de compreensão interna, disciplina, aspiração, no curso de doze lições – que servem como introdução para ele compreender a terminologia Rosacruz e ter os primeiros contatos com os Ensinamentos Rosacruzes – e fidelidade na oficiação dos rituais e na prática dos exercícios esotéricos. Já aqui é lhe fornecido os 10 Preceitos do Estudante Rosacruz para que ele tenha a oportunidade de ir exercitando cada um, se dedicando ao que cada um solicita e internalizando cada um na sua vida cotidiana:
Vencida a primeira etapa, o candidato é admitido à qualificação de Estudante Regular, com inscrição na Sede Mundial, a The Rosicrucian Fellowship, em Mount Ecclesia, passando de lá a receber uma lição periódica, submetendo-se à aplicação do que recebeu no seu dia a dia e voltados para o seu desenvolvimento interno. Ao mesmo tempo vai fazendo o Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz, para se aprofundar nos conhecimentos, nas terminologias e nas respostas às questões da vida. Nesse período, se lhe sobra tempo para outros estudos, além dos trabalhos citados e fidelidade na oficiação dos Rituais e na prática dos exercícios esotéricos, pode se dedicar aos Cursos de Astrologia Rosacruz e Estudos Bíblicos Rosacruzes.
Após dois anos no segundo grau, o Estudante ativo e fiel é considerado apto e convidado a ingressar no Probacionismo, terceiro grau. Nesse estágio recebe instruções especiais, mediante Cartas e lições periódicas específicas também da Sede Mundial, a The Rosicrucian Fellowship, em Mount Ecclesia – além de instruções durante o sono, se o seu preparo e sinceridade fizerem jus. As Cartas e Lições contêm ensinamentos definidos e científicos para prevenir o Probacionista quanto aos perigos da ilusão e das decepções do Mundo em que vive e dos Mundos suprafísicos.
Definimos o Probacionista autêntico àquele que nos seus pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações diárias procura “Amar, Honrar e Obedecer ao Eu Verdadeiro e Superior”. Se é realmente sincero, dedicado e fiel nos seus deveres internos e externos, chegará ao ponto de ser admitido ao quarto grau e último da Fraternidade Rosacruz: o Discipulado.
Para isso, sua aura deverá atrair a atenção do Irmão Maior da Ordem Rosacruz responsável por tal atividade que o submeterá a uma prova (sem que o candidato saiba) para avaliar seu preparo ao Discipulado.
Do exposto se vê que a Fraternidade Rosacruz tem uma parte oculta. Oculta porque nossos cinco sentidos comuns não percebem. Os que se preparam e desenvolvem as faculdades latentes podem chegar a ponto de “ver” a “porta” e bater, para ser admitido, à Ordem Rosacruz.
A Ordem Rosacruz são as raízes sustentadoras dessa grande árvore que é a Fraternidade Rosacruz. A ordem é o alicerce, o fundamento; a Fraternidade é a parte pública, visível, do plano físico, ou seja: da Região Química do Mundo Físico.
Uma entidade esotérica que não tenha esse fundamento, esse alicerce, essa parte oculta, Iniciática, não é autêntica: é meramente humana, por mais boa vontade que tenham seus membros.
E prevenimos que há entidades com nome de “Rosacruz” ou com designações similares, que não pertencem à Ordem Rosacruz.
A Fraternidade Rosacruz é essencialmente Cristã. Não no sentido do cristianismo popular, que respeitamos e que, no entanto, é apenas uma fase elementar da verdadeira Religião do Cristo, que florescerá na Era de Aquário. Nosso trabalho é preparar essa nova compreensão da mensagem do Cristo, revelando aspectos até agora desconhecidos.
Cristo, para os Rosacruzes, não foi simplesmente mais um Profeta ou Iluminado que, de tempos em tempos, foram enviados para ajudar um certo povo ou uma parte da humanidade.
Cristo é a maior luz que jamais se manifestou aos seres humanos. É o mais elevado iniciado dos Arcanjos, moradores do Sol. Com o objetivo de poder “aparecer” aqui em Corpo Denso, Jesus cedeu o seu Corpo Denso e o seu Corpo Vital, de livre e espontânea vontade, no Batismo do Rio Jordão e, dali em diante se tornou Cristo Jesus: Jesus, o mais elevado iniciado humano, cujos veículos, de elevadíssima vibração, permitiram a manifestação direta do Cristo, como “um homem, entre os homens”, nos três anos de mistério que marcaram a consciência da humanidade para uma nova era espiritual.
A tarefa sobre-humana que o Cristo veio realizar (porque os seres humanos mais avançados eram incapazes de tanto) foi de transformar as condições vibratórias de nosso Planeta. Nosso Globo estava ameaçado de ir para o Caos, comprometido com as gravações de todos os erros acumulados pela humanidade em seus estratos. O Pai Universal interferiu em nosso favor e, com a colaboração dos seres humanos mais avançados da Terra, realizou o Plano de Salvação, e, através do sangue de Jesus, derramado no Gólgota, o Cristo pôde penetrar no nosso Planeta (“desceu aos infernos”) e conquistá-lo diretamente, de dentro, dando-lhe um novo impulso espiritual.
Ao mesmo tempo, nas entrelinhas dos Evangelhos são revelados, sob a forma de palavras, frases-chave e símbolos diversos, os degraus conducentes à cristificação. Aquilo que o Cristo revelou, como um modelo, devemos e podemos realizar, à nossa maneira, internamente, desde que nos disponhamos, resolutamente, à metanoia (transmutação pregada por São João Batista, o precursor), que nos levará à anunciação (umbral) e daí a percorrer os alegóricos passos do ministério Crístico: Batismo, Tentação, Transfiguração, Última-Ceia e Lava-pés, Getsemani, Estigmata, Crucifixão, Ressurreição e Ascensão.
Para “os Rosacruzes” a Bíblia (composta pela Velha e Nova Dispensação, isto é, Antigo e Novo Testamentos) é um relato do Espírito humano que está evoluindo; uma jornada através de diversos estágios de consciência, a conduzi-lo de Adão (Adi-aham ou primeiro Ego) ao último Adão (o Cristo ou ungido, pela fusão da consciência humana à divina).
Como entidade esotérica, a Fraternidade Rosacruz tem muitos pontos comuns a outras Escolas de Pensamento.
O Estudante encontrará nos nossos ensinos: a Cosmogênese (origem e evolução do Universo); a Antropogênese (origem, estado atual e futuro do gênero humano); as Leis de Causa e Efeito (Consequência), de Renascimento, da Atração, dos Semelhantes, etc. São verdades universais ensinadas pelos Mestres das diversas escolas.
O que distingue a Fraternidade Rosacruz (como as outras entidades esotéricas) é o Método de Desenvolvimento Interno. Cada Escola tem seu método próprio, provado e estabelecido. É indispensável que o Candidato, uma vez satisfeito o seu íntimo e confirmada sua sintonia com ela, permaneça fiel, a ela se dedicando exclusivamente. Não é que subestimemos outras Escolas sérias e julguemos a Rosacruz a única certa. Longe disso! Uma pessoa pode ver obras de todas as escolas e devorar tudo o que se refira a ocultismo, a esoterismo. O livre arbítrio é sagrado. Isso é compreensível, enquanto a pessoa está no diletantismo intelectual; na curiosidade superficial em nossa época de superficialidade informativa. Há muita gente que vai de escola em escola, de conferência em conferência, de livro em livro, ávida de “novidades”.
Sentimos desiludir: não há novidades, mas sim verdades antigas em novas roupagens. As novidades não estão em novas formas de apresentação, exigidas pela época, pela analogia científica etc. Não! A novidade está na constante descoberta interna, daquilo que vamos vivenciando. Contudo, isso requer penetração além do estudo superficial.
Por isso exigimos concentração de esforços na Fraternidade Rosacruz. Ninguém tem o direito de afirmar que um método de desenvolvimento é falho, se não o provou sinceramente; se não o testou profunda e sistematicamente. Ora, na Fraternidade Rosacruz não miramos o conhecimento apenas, senão a vivência, a realização da verdade, a iluminação interna. E isso pressupõe a prática fiel e persistente do método indicado pelos Irmãos Maiores.
Um exemplo bem próximo pode demonstrar a razoabilidade do que afirmamos: se uma pessoa, ao buscar uma profissão, praticar apenas uma semana em cada uma (alfaiate, relojoeiro sapateiro, etc.), ao fim de um ano ou dois o que será que aprendeu de fato? Será apenas um conhecedor superficial delas. Se alguém deseja ser engenheiro, deve se dedicar exclusivamente ao seu estudo, até se formar; depois deve praticar seriamente para adquirir segurança e descortino na especialidade escolhida. Não é assim? No entanto, no assunto esotérico (oculto, interno, espiritual), muito mais complexo e delicado, as pessoas têm a pretensão de conhecer e dominar em curto tempo!
Depois que um engenheiro se considera como tal, pode se dar ao prazer de fazer outros cursos e estudos correlatos, para enriquecer o seu conhecimento.
Igualmente, quando alcançamos a realização interna e uma visão definida do esoterismo, em qualquer escola séria, podemos nos dedicar ao estudo comparativo, muitas vezes necessário na tarefa de conferencista, para esclarecer honestamente os outros. Antes disso, não.
Ainda em relação ao ocultismo, é corrente a curiosidade por fenômenos, a que o espiritismo, a umbanda, a parapsicologia e outros similares muito têm contribuído.
Maior ainda é o interesse do povo em resolver seus problemas, apelando para alguém que tenha “poderes” para “dar um jeitinho”.
Esclarecemos de início que a Fraternidade Rosacruz conhece bem a origem e o mecanismo dos fenômenos das magias “branca”, “cinzenta” e “negra”, mas absolutamente não se dedica a isso.
Ela desaconselha tacitamente seus Aspirantes a perseguir poderes e provocar fenômenos.
Seu programa é formativo: primeiro ela ajuda a formar o caráter; a consolidação, integralização a um reto viver; a uma busca e encontro do Divino interno – advertindo que os fenômenos são naturais decorrências das aberturas internas; que os poderes internos são flores feiticeiras do Caminho, cujo aroma pode retardar ou desviar da jornada. Nunca se dá um poder ou faculdade a quem não pode usá-lo reta e edificantemente. O ensino do Mestre é claro: “Busca, em primeiro lugar, o Reino de Deus (que está dentro de ti) e sua justiça, e tudo o mais lhe será dado por acréscimo”.
Temos provas, em nosso viver, de que todos os problemas devem ser solucionados dentro de nós. A vida externa (as circunstâncias, suas limitações, dores etc.) é apenas uma projeção ampliada de nosso íntimo.
Quando harmonizamos o íntimo, pela obediência às Leis Divinas, quebramos automaticamente a sequência do destino maduro, e transformamos nossa vida para melhor. Tal é a solução definitiva e real que devemos conquistar, em cada escaninho de nossa vida. As soluções forçadas são como os remédios: amenizam os efeitos, mas não removem as causas, não curam. O indivíduo reto não cede aos vícios, pois sabe que a recaída é bem pior.
Os centros Rosacruzes da Fraternidade Rosacruz espalhados pelo mundo, da mesma maneira que a Sede Mundial, a The Rosicrucian Fellowship, possuem um Departamento de Cura, dirigido por pessoas competentes, que atendem aos vários aspectos da saúde integral: mental, espiritual, emocional, psíquico e físico.
Cada centro Rosacruz da Fraternidade procura, ao mesmo tempo, orientar os enfermos a uma dieta racional, a novos hábitos conducentes à estável harmonia.
Em resumo, como recomendou Cristo, pregamos e curamos – o que é a mesma coisa, porque uma decorre da outra. Um indivíduo são se vai tornando ao mesmo tempo são (de integral, santo) no seu interior, que é a causa e o físico é o efeito. Tudo o que se manifesta no físico nasceu primeiramente no mental e no emocional, ou seja, no Espírito. Se corrigimos o íntimo, curamos o externo e o indivíduo se torna integralmente harmonioso.
Os Estudantes Rosacruzes que estiverem impossibilitados de frequentar a Sede de um Centro Rosacruz e o seu Templo, podem realizar seus estudos por correspondência (física ou eletrônica). Contudo, devem sempre que possível, buscar uma frequência física, tanto para melhor orientação, como para um melhor proveito, especialmente da egrégora construída em um verdadeiro Templo solar.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
O Simbolismo da Pedra Filosofal
Todos os sonhos do ser humano se tornarão realidade na futura Era de Aquário? Assim muitos esperam. Não esqueçamos, porém, que a Era aquariana será apenas uma parte de um Grande Ano Sideral, a despeito de todas as perspectivas de um admirável avanço. Nas Eras subsequentes a Aquário, o gênero humano alcançará estágios de desenvolvimento inimagináveis à nossa consciência atual. Nossas esperanças mais próximas, entretanto, concentram-se na era que se avizinha.
A maior realização humana de Aquário não será uma inovação material (embora se possa prever um progresso científico passível de ser tomado, nos dias de hoje, como mera ficção, tal seu esplendor), sociológica ou cultural. Será a plenitude de todas as realizações humanas verdadeiramente significativas, hoje situadas no plano dos anseios mais nobres.
O ser humano terrestre logrará uma conquista importante: a elaboração da Pedra Filosofal pela transmutação da força criadora. Todos os Egos são dotados potencialmente dessa capacidade e, a seu tempo e após muito trabalho, todos a realização.
Na Idade Média se falava muito nos alquimistas. Muitos criam piamente na versão divulgada de que eles se esforçavam por transformar os metais brutos em ouro. Era uma forma de ocultar seu verdadeiro trabalho da curiosidade profana. Na realidade, os verdadeiros alquimistas eram dedicados Estudantes Rosacruzes da Ciência Oculta, fazendo-o com o propósito de aprender a transmutar a natureza inferior em Espírito. Portanto, considerada à luz dessa verdade, a afirmação de que os Rosacruzes se dedicavam à descoberta da fórmula da Pedra Filosofal é correta. O local em que esse trabalho é levado a efeito nada tem a ver com o laboratório alquimista tal como os antigos o imaginavam. O corpo humano é o único “laboratório”, pois é o próprio Ego o Alquimista espiritual – que, ao trabalhar em seu veículo físico, converte-se na Pedra Filosofal. O corpo, essa oficina do Espírito, contém todos os elementos essenciais a essa formulação. A elaboração dessa Pedra depende do direcionamento ascensional da força criadora. Em nosso passado evolutivo, fomos hermafroditas, criando fisicamente a partir de nós próprios.
Tendemos futuramente a retornar a essa condição, mas de uma forma mais elevada. Seremos novamente hermafroditas, tanto física como espiritualmente. A força criadora, ora encontrando expressão parcial através do cérebro e da laringe, permitir-nos-á, então, objetivar e vivificar ideias por intermédio do Verbo. Essa energia criativa dual é o “elixir da vida”, emanado do próprio Ego.
Esse trabalho requer persistência e, por certo, os resultados não se tornarão evidentes logo de imediato. Vencer a natureza inferior não é tarefa das mais fáceis e só uma perseverante diligência conduzirá o Estudante Rosacruz ao objetivo em mira. Um dia seu esforço será recompensado, quando o fogo espiritual finalmente ascender à cabeça, fazendo vibrar a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário.
O corpo inteiro se impregnará dessas irradiações e o ser humano tornar-se-á uma Pedra Filosofal.
(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz – Fraternidade Rosacruz de Santo André – SP – abril/1982)
Os pais e educadores conscienciosos de hoje, bem como todos os interessados no bem-estar da humanidade, estão dedicando considerável atenção à questão educacional, tanto das crianças quanto dos adultos.
Os métodos e programas das escolas elementares e secundárias estão passando por uma análise crítica e por nova apreciação à luz das inúmeras mudanças em nosso modo de vida, resultantes das descobertas e invenções científicas, assim como das influências espirituais que estão, à revelia de muitos, afetando o conhecimento humano.
A intensificação de uma percepção mundial revelou com grande insistência o fato de que milhões de seres humanos estejam com extrema necessidade não somente de alimento para sua substância física, mas também de ideias para nutrir suas personalidades espirituais e livrá-las da ignorância, da pobreza, da doença e escravidão a mercê das quais têm estado há tanto tempo. Consciente ou inconscientemente, muitas pessoas percebem que as ideias extremamente nacionalistas ou separatistas não favorecem a formação de bons cidadãos da Nova Era, a Era de Aquário, que ora surge; sinal disso é a maneira com que se acentua hoje a necessidade das “relações humanas” nas escolas públicas e nos cursos profissionais. A educação planejada para pessoas de todas as idades, abrangendo o lar, a fábrica e a escola é considerada o meio lógico de ajudar a humanidade, em todas as partes, a construir uma vida melhor e um nível de conhecimento mais elevado.
Até aqui tudo isso está muito bom. Porém, se todos os educadores estivessem cientes do fato de que agora estejamos atravessando um período de transição, seus planos educativos seriam elaborados com mais segurança, de modo a satisfazer as necessidades da nova raça de seres humanos. Quer muita gente saiba, quer não, o fato é que estamos preparando as condições das quais emergirá uma parte mais evoluída da humanidade. Agora, estamos nos libertando da matéria e, futuramente, o lado real ou mais elevado do ser humano, em vez do lado físico, deverá ter a preferência.
Os sistemas escolares do passado e do presente, nos diversos países do mundo, embora diferindo em muitos aspectos, têm sido destinados principalmente a desenvolver a natureza infantil em relação às coisas. A criança, desde os tempos primordiais, tem se tornado cônscia do seu ser físico e do Mundo material em que vive esse ser físico. O programa escolar é elaborado principalmente para prepará-la a funcionar bem como um ser físico. Sua alimentação, roupa, habitação e prazeres físicos receberam máxima consideração.
Contudo, o fato de que uma Nova Era esteja raiando torna necessário que novos princípios básicos substituam os do passado e do presente. O ser humano, o Tríplice Espírito, possui outros Corpos, que são mais sutis do que o veículo físico, o Corpo Denso. Esses Corpos, o Vital e o de Desejos, estão relacionados diretamente aos mundos suprafísicos, os reinos de força, causa e significado, e ligados ao Espírito pela ponte da Mente. A fim de orientar a educação com sabedoria, o ser humano precisa primeiro compreender a existência dos Mundos invisíveis e se adaptar as suas realidades.
É muito bom aprender a ler, escrever e contar; contudo, o objetivo de tal aprendizagem, bem como dos métodos empregados, deve basear-se na evidência fundamental de o ser humano ser um Tríplice Espírito e a Mente, a ponte entre o Espírito e seus veículos, ser o instrumento por meio do qual se atinge um dos propósitos da evolução: o controle da personalidade, do Ego. Daí a necessidade de se dispensar atenção especial à educação da Mente, embora nunca se deva esquecer que ela seja apenas um instrumento, sendo o Espírito a energia central, a força dentro do ser humano.
A Mente concreta, que é inferior, reflete os desejos inferiores e precisa ser utilizada para transmitir ao Ego as experiências sensórias ou as informações que ela projeta, vindas do Mundo do Desejo. Contudo, o processo de educar a mentalidade humana e desenvolver os sentidos superiores precisa estar relacionado com o mundo das causas e significados, ao invés do mundo dos fenômenos físicos. Existem Leis que regem esse processo e elas abrangem muito mais do que decorar e sistematizar fatos, exigem que se ponham em exercício as três forças fundamentais do Espírito: Vontade, Sabedoria, Atividade.
A Vontade é o princípio mais elevado do Deus trino que está dentro do ser humano; seu desenvolvimento e orientação acertada deveriam ser a maior preocupação de todos os educadores. As crianças deveriam ser ensinadas, desde os primeiros anos, a desejar o bem, o verdadeiro e o belo. A vontade de ajudar e servir os outros deveria ser um dos objetivos específicos. O desenvolvimento da vontade impede que a natureza dos desejos se imponha e desvirtue as atividades.
A Sabedoria, o segundo Aspecto do Deus interno do ser humano, é o princípio unificador mediante o qual todas as pessoas podem compreender sua identidade com todas as outras criaturas e, assim, viver coletivamente, estabelecendo relações humanas harmoniosas, construtivas. É bom sinal o aumento constante do número de pessoas que compreendem o fato de que conviver harmoniosamente com os seus semelhantes, qualquer que seja a sua natureza, sua religião, raça ou cor, seja requisito indispensável para viver feliz hoje — e amanhã.
O terceiro, ou princípio de Atividade, compreende o desenvolvimento da força criadora, inata ao Espírito, e sua transmutação da potencialidade física em potencialidade superior. Os educadores verificaram que as crianças apreciam e aprendem melhor fazendo coisas. Isto aplica-se grandemente aos artigos físicos, é verdade, mas também à música, literatura e todos os outros setores onde são utilizadas as faculdades criadoras. Desejar criar objetos úteis à humanidade é o passo seguinte.
Para promover o desenvolvimento das três forças do Espírito interior certas faculdades podem ser aproveitadas, tanto no ensino tradicional como praticamente em todos os processos educativos e indiretos. Uma faculdade importante é o discernimento. A criança aprende a distinguir entre real e irreal — essencial e não-essencial. Compreender que as realidades existam nos mundos suprafísicos torna possível encarar os eventos do mundo material como secundários e, não raro, de pequeno ou nenhum valor real. Devidamente orientada, a criança aprende a dedicar suas energias para controlar e transmutar a personalidade, ao invés de egoisticamente ganhar dinheiro e adquirir posses materiais.
A observação é outra faculdade de máxima importância. A menos que aprendamos a observar com precisão as cenas ao nosso redor, as imagens em nossa memória consciente não coincidirão com os registros automáticos e subconscientes. Existe uma perturbação do ritmo e da harmonia no Corpo Denso que atua em proporção à falta de precisão de nossas observações diárias.
A devoção também deve ser incluída na educação da criança, devoção à realização de ideais elevados e ao Criador. Como Max Heindel disse: “A devoção aos ideais elevados é um freio aos instintos animais, ela gera e desenvolve a alma (que é alimento para o Espírito)”. Isso é particularmente certo para as pessoas que têm inclinação à vida intelectual, porque aqueles que se excedem no intelectualismo, em relação ao coração, e seguem “o caminho do saber simplesmente para aprender e não para servir podem acabar na magia negra”.
A ordem também deve ser ensinada ao Ego em desenvolvimento, não somente em relação ao seu mundo objetivo, mas também a sua atividade criadora. O universo se baseia em um plano divinamente ordenado. Daí a manifestação de suas maravilhas. O ser humano também possui a habilidade inata de funcionar melhor debaixo de um propósito dirigido e um ritual. O máximo grau de atividade construtiva obedece a um ritmo ordenado. Entretanto, ele não é imposto por terceiros. É uma obediência interior às Leis espirituais que foram estabelecidas e sempre conduz a ritmos espirais mais elevados.
Acima de tudo, a educação para o futuro deve dirigir a atenção e o propósito do ser humano para o autoaperfeiçoamento físico, emotivo, mental e espiritual, afastando-o das glórias nacionalistas do passado e das possíveis conquistas do futuro. Quando colocarmos a personalidade sob o controle do Espírito, que é trino e equilibrado, poderemos observar energias que formam condições melhores para uma humanidade mais altamente desenvolvida.
(Tradução da Revista: Rays From The Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1966)