HIERARQUIAS ZODIACAIS
ÁRIES: A FORÇA DE VIDA DO UNIVERSO
(*) Advertência:
A descrição aqui apresentada é mais exata conforme a cúspide da 1ª Casa esteja mais próximo do ou no segundo decanato do Signo (10º graus até 20º graus)
Quando os 3 últimos graus de um Signo estão ascendendo, ou quando os 3 primeiros graus ascendem no momento do nascimento, diz-se que a pessoa nasceu “na cúspide” entre dois Signos, e, então, a natureza básica dos Signos envolvidos são mescladas no corpo dela
Astros nas Casas:
Em tais casos o Estudante Rosacruz dever usar seu conhecimento do caráter dos Astros em conjunto com a descrição do Signo.
(Veja mais no Livro: Mensagem das Estrelas – O Signo Ascendente – Max Heindel e Augusta Foss Heindel)
Muitas Eras se passaram. O tempo estende-se pelo infinito e através dele as Estrelas, o Sol, os Planetas e a Lua desempenham sua harmonia celestial irradiando, para sempre, a glória do universo. A Lei da Vida e a Lei do Amor estão ligadas por afinidades espirituais e valores que vêm até nós, até os nossos corações, erguendo-nos em reverência à beleza e à ordem do Reino do Pai.
Que imagens de grande progresso sentimos ainda obscurecidas para nós, na estrutura dos céus? De onde vem a Luz e a Vida da Criação? Por que o ser humano anseia em ter uma alma plena e se elevar muito além da limitação pessoal? Vamos procurar essas respostas além da compreensão material, portanto “se teu olho for sincero e simples, todo teu corpo será coberto de luz” (Mt 6:22). Isso quer dizer que a compreensão da verdade, a sabedoria adquirida das épocas passadas, das várias Eras percorridas é que constituem a nossa verdadeira herança.
Mesmo quando fechamos nossos olhos ao deitar e elevamos nossas almas até as fronteiras do próprio tempo estamos sendo levados às profundidades, sem limites, do Espírito. O largo e vasto oceano de Éter que é o espaço, representa, na realidade, vida, mas vida como ela existe, isto é, sem limites materiais.
A intensidade da vida só pode ser compreendida e realizada quando alcançamos profundidade e o valor da vida espiritual, exemplificadas na marcha ordenada das órbitas celestes.
Quando algumas alusões são dadas, sugestões são feitas para que trabalhemos no progresso da alma, as meditações tranquilas sobre essas verdades sugeridas começam a torná-las mais visíveis e a luz que é obtida por contínuas meditações irá, aos poucos, tornando-se mais clara, irradiando sobre nossa alma e sobre nós uma luz maior. A meditação acalma a Mente inferior que está sempre ocupada em coisas externas. Somente quando a Mente está tranquila é que ela pode ser iluminada pelo Espírito. O conhecimento das verdades cósmicas deve ser obtido internamente, de dentro para fora e não externamente.
Assim, imbuídos de pensamentos espirituais e numa atitude devocional, lançamo-nos ao estudo das relações cósmicas das 12 Hierarquias Zodiacais, os Signos do Zodíaco, e vemos a importância e a influência delas como também o esforço do ser humano para expressar-se por estes canais exaltados.
Do ponto de vista material, é suficiente observar que a atividade começa no nascimento e dura um curto ou longo período de anos, até a morte. As bênçãos da Terra mostradas a uns e negadas a outros despertam uma reação profunda e melancólica ao sentirmos o sofrimento de nossos irmãos e de nossas irmãs, na vida aqui. Precisamos, então, aprender a reconhecer as potencialidades divinas em cada vida manifestada e estudar a Astrologia Rosacruz como um meio de compreender essa manifestação do Ser Supremo e colocarmo-nos em linha com o progresso evolutivo sob o qual viveremos.
A vida existia muito antes que os Espíritos Virginais fossem ainda um pensamento no Espírito do Deus Solar. Grandes Inteligências espirituais funcionaram em um reino que desafia a compreensão da Mente do ser humano. Já é suficiente reconhecer a imensidão da lei e da ordem que cerca toda partícula até o infinito. Grandes Dias de Manifestação, sem dúvida, existiram antes da criação do nosso Esquema Septenário de Evolução e outros Dias de Manifestação existirão no Cosmos, no futuro.
Ao formar um Sistema Solar, a primeira força de Deus, a Vontade, tem o desejo de criar e assim desperta uma segunda força, a Sabedoria – o Princípio do Amor. Essa segunda força, através da Imaginação, concebe a ideia (arquétipo) de um universo. Então, uma terceira força, a Atividade, trabalhando na Substância da Raiz Cósmica, produz o movimento.
A força melódica, harmoniosa e rítmica das esferas constrói um arquétipo separado para tudo aquilo que toma forma, do torrão de terra até Deus. Do mesmo modo, os frutos dos esforços do ser humano irão esclarecendo essa divina harmonia (em uma escala inferior) até o ponto em que a Vontade, a Sabedoria e a Atividade tornem-se uma parte de sua consciência.
Desde a aurora da criação, quando Deus diferenciou os Espíritos divinos que formam nossa Onda de Vida, a humanidade tem sido trabalhada por fortes e poderosas Inteligências. É aqui que a força da vida criadora do universo se manifesta e chega a nós através da primeira das Grandes Hierarquias Zodiacais, Áries.
Áries: Vida e Fogo
Áries representa Fogo e Vida. É o Fogo que corre em todas as criaturas vivas, embora em estados e formas diferentes.
A Vida é dada a todos, mas sua forma é decidida pelo modo de expressão gerado individualmente, vidas após vidas, no constante renascimento. Através do respeito e do cumprimento às leis naturais, geramos harmonia, resultando corpos perfeitos, tendências que afetam erroneamente ou se opõem as leis naturais criam desarmonia, distorções, dor e sofrimento. A força da lei é evidente: a ação individual cria consequências.
Se o deixarmos a seu bel-prazer, Áries queima e destrói tudo; quando controlado, leva a purificação. Representa todas as primeiras causas, o começo da Criação. Marte, filho de Áries, está presente para executar a vontade do Pai (Áries), queimando e destruindo quando necessário, mas curando e fortalecendo quando lhe é permitido operar de maneira construtiva. Podemos ver claramente que esta força não deve ser manipulada cegamente.
Áries simboliza a força da vida do universo, estimula tudo na Natureza e marca o nascimento da chama divina no ser humano. A vida, o amor e a radiação são qualidades complexas dessa grande Hierarquia. Áries dá exuberância e vida quando há cooperação, mas se há resistência vira-se para a guerra, para a disputa, provocando derramamento de sangue. A vaidade e o egoísmo obstruem esse canal rapidamente, mais do que qualquer outra coisa.
Os Irmãos Maiores da Terra estão cheios dessa força de vida alegre e positiva de Áries e com almas puras e Espíritos radiantes são encaminhados a lugares nobres e elevados. Quando retirados da vida, esse ouro puro e radiante é devolvido a seu verdadeiro lar, o Reino dos Céus, o lugar do perpétuo silêncio. Mas, quando os filhos da Terra se mostram indignos, restando neles a impureza que não pode ser levada para o Reino dos Céus, precisam, então, permanecer na Terra para serem redimidos pelo próprio ser humano com tristeza, arrependimento, dor e sofrimento. As canções alegres cessam quando a força que as fez entoar através de Marte e Áries, não as tocam de maneira apropriada. A verdadeira felicidade é recuperada somente com o retorno da energia construtiva de Áries – o fogo da vida revivido. Áries é a paixão da criação – a força da vida criadora do universo. Uma manifestação idêntica desta força, sobre o plano físico, é demonstrada quando as estrelas se tornam entidades e Sóis nascem.
O Caminho do Espírito
Áries traz vida a todas as coisas, desde que elas sejam capazes de suportar a força que emana deste canal abundante. Áries é o primeiro dos Signos de Fogo e representa o Espírito, o mais elevado veículo do ser humano.
Do mesmo modo que Câncer é a Mãe do Universo, a avenida da alma, Áries é o caminho do Espírito. Pensamos nesses Signos do Zodíaco como forma, mas eles precisam ser reconhecidos como vida. Raramente são considerados Seres – grandes Seres Criadores. Precisamos convidá-los a trabalhar para nós como amigos e deixar que nos mostrem o caminho para uma união glorificada com Deus e para o cumprimento das leis da vida. Áries é o mais violento e vital dos senhores dos Céus e essa força, cheia de energia, pode ferir e destruir nossos corpos devido a nossa limitada resistência. Porém, quando nossas formas inferiores são destruídas ou regeneradas, ele leva-nos num sopro impetuoso, para o Trono de Luz Dourada – para nossa reunião com a fonte de todo o Poder e Sabedoria, o Pai.
É muito difícil traduzir esta emanação dentro de uma forma física, mas quando encontramos Áries e Marte muito proeminentes no em um horóscopo, os princípios ativos dão características plenas de vida – força na constituição física, atividade cheia de energia, marcando um corpo forte e saudável.
Marte exercerá uma influência predominante na vida de um nativo de Áries. Quaisquer que sejam os Aspectos de Marte no horóscopo natal, ele proporcionará atividades impetuosas e excitantes. Embora sejam encontrados obstáculos, esses serão superados pela coragem, força de vontade e ações intencionais de um dedicado e construtivo filho ou filha de Áries.
Todo Aspecto, no mapa, representa um canal de expressão para o Espírito à medida que ele entra na vida acumulando experiência em sua viagem, através da matéria. Cada Astro age como um canal para um crescimento maior; e a evolução astral, assim como a nossa própria, depende do progresso da vida criada e manifestada através de vários instrumentos, dos vários Signos. O espírito de imortalidade corre nas veias dos nativos de Áries que fornecem excelentes oportunidades para esforços criadores extensivos.
A Força da Vida Criadora
(*) Advertência:
A descrição aqui apresentada é mais exata conforme a cúspide da 1ª Casa esteja mais próxima do ou no segundo decanato do Signo (10º graus até 20º graus)
Quando os 3 últimos graus de um Signo estão ascendendo, ou quando os 3 primeiros graus ascendem no momento do nascimento, diz-se que a pessoa nasceu “na cúspide” entre dois Signos, e, então, a natureza básica dos Signos envolvidos são mescladas no corpo dela
Astros nas Casas:
Em tais casos o Estudante dever usar seu conhecimento do caráter dos Astros em conjunto com a descrição do Signo.
(Veja mais no Livro: Mensagem das Estrelas – O Signo Ascendente – Max Heindel e Augusta Foss Heindel)
O símbolo de Áries é o martelo dos Deuses, um símbolo da criadora força de vida do universo. Como Áries representa a Vontade, o primeiro atributo do Pai, é natural que essa força de criação seja uma força mental. Sendo positiva, masculina e ígnea essa força não é facilmente controlada. O domínio dessa energia levará os nativos de Áries a saber dominar as condições de vida. Antes de serem abrandados em humildade e antes de aprenderem a caminhar na Luz, usarão e colocarão suas forças contra todos os obstáculos, contra as limitações da existência humana. Força pura e vontade de realização produzem talentos de uma variedade incrível.
A maneira construtiva e confiante com que Áries leva ao sucesso, atacando problemas com ávido prazer para conseguir vencê-los, é um direito de nascimento. Com uma Mente sempre livre e aberta para novos campos, a lição mais difícil para Áries é levar um projeto ao fim. Muitos filhos de Áries ficaram desacreditados perante seus empregadores e não foram bem-sucedidos porque eram fortes na ação, mas fracos na persistência. Os nativos de Áries podem realizar qualquer coisa quando dirigem para ela sua energia, mas devem fazê-lo até ao fim.
Com uma garra fora do comum, Áries não admite derrota, pois experimentou o fogo da vida. Sabe que o progresso é eterno e todos os pensamentos cristalizados e morosos que aparecem no caminho da liberdade da ação ou do espírito são refutados.
A capacidade de compreensão aumenta à medida que a vida avança – o que é de se esperar, pois é o constante amadurecer, no caminho do crescimento.
Experiência, Objetivo da Existência
O objetivo de toda existência é obter experiência. Isso é verdadeiro tanto para as Grandes Inteligências Criadoras como para os filhos desses grandes Seres. A força da alma e uma Mente criadora são frutos de toda uma peregrinação através da matéria. Portanto, é uma vantagem para o ser humano viver intensamente e agir com sabedoria, procurando tirar proveito de cada passo dado e, em consequência, assegurar um crescimento através da ação. Tendo uma vida plena assegurada, Áries tem a tarefa de assimilar essa riqueza de experiências, revendo tudo que acontece e absorvendo para si as lições aprendidas. Áries precisa adquirir estabilidade e equilíbrio. Não é bom passar pela vida sem absorver ativamente tudo que a própria vida ensina. Quando aparecem oportunidades especiais, devemos, com um zelo muito especial, esforçarmo-nos para alcançar a elevação espiritual. O sucesso nisso será meritório à medida que esses valores forem, conscientemente, trazidos para cima, alargados e engrandecidos.
O Espírito é capaz de reconhecer tanto a profundidade da tristeza como a da autorrealização e isso está diretamente relacionado com o grau de iluminação que foi atingido e adquirido através de esforços próprios.
Áries Rege o Cérebro
Áries tem o domínio de grande parte do cérebro, o “cerebrum”; e os hemisférios cerebrais são regidos por Marte (lado esquerdo do cérebro) e Mercúrio (lado direito do cérebro). O “cerebrum” ou cérebro frontal é o “cérebro masculino” que ocupa quase toda a abóbada craniana e com a cabeça, os olhos e a face (exceto o nariz) temos a extensão da parte do corpo regida por esse Signo. A ênfase dada ao domínio de Áries sobre o cérebro é importante. O vigor, a fortaleza do ariano desenvolvido está no uso que ele faz dessa capacidade (força cerebral). Quando os nativos de Áries se erguem acima das limitações, quando podem lançar sua força a um grau mais alto, despertam qualidades ocultas que, se forem desenvolvidas adequadamente na proporção das oportunidades que se apresentam, hão de levá-los a uma atividade crescente da mais alta inspiração e iluminação.
Esses resultados manifestam-se através de um despertar interior da consciência. Para trazer a total realização das intensas possibilidades criadoras desses divina Hierarquia, o nativo de Áries deveria se esforçar ao máximo para estar cada vez mais perto e ciente da verdade cósmica. É verdade que a ação e o fogo da vida requerem expressão, mas é principalmente porque possuem o poder da criação. Áries é um criador e todos os seus esforços mostram que o ser humano é verdadeiramente feito à imagem de Deus.
O fogo da vida queima fortemente e Áries é apenas o primeiro passo, o impulso inicial para a vida eterna, a eternidade, Deus.
(de Thomas G. Hansen – com prefácio da Fraternidade Rosacruz de Campinas – SP – Traduzido do original inglês: Zodiacal Hierarchies de Thomas G. Hansen e publicado na revista Rays from the Rose Cross da The Rosicrucian Fellowship, no período de abril de 1980 a março de 1981 – publicada na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em abril de 1982)
SIGNO: Áries, o carneiro
QUALIDADE: Cardinal; ou energia cinética ou, ainda, consciência dirigida ativa e dinamicamente para o interesse em objetivos específicos.
ELEMENTO: Fogo; ou um entusiasmado e inspirado estado de consciência. Entre outras coisas, o elemento Fogo corresponde ao Éter, o Corpo Vital, a Região Etérica do Mundo Físico e o Tríplice Espírito.
ANALOGIA FÍSICA: chama
PLANETA REGENTE: Marte e expressa sua inata natureza mais livremente nesse signo. Representa a necessidade de: agir, como uma expressão da própria identidade individual e independência do ser e; se estabelecer e o impulso, à vontade e a motivação para completar seus desejos e vontades pessoais.
ANATOMIA ESOTÉRICA: representa o Espírito Humano.
ANATOMIA EXOTÉRICA: crânio, cérebro, olhos e mandíbula superior.
FISIOLOGIA: Marte governa os processos fisiológicos envolvidos: na regulagem da temperatura do corpo; na manutenção do calor do sangue; na energia muscular; na distribuição, no transporte e na utilização dos recursos energéticos dentro do corpo; na produção dos hormônios masculinos; na produção dos anticorpos; na ativação das defesas imunológicas; no metabolismo das proteínas; no catabolismo; na excreção; na função dos nervos motores e no hemisfério cerebral esquerdo.
TABERNÁCULO NO DESERTO: corresponde ao fogo de origem divina no Altar do Sacrifício. Esse fogo era a primeira coisa que era encontrada pela pessoa que se aproximava do Portal do Templo e simbolizava o fato de que as primeiras qualidades que o Aspirante à vida superior deveria cultivar eram: o entusiasmo, a coragem e o espírito pioneiro. Sem esse fogo de origem divina, sem esse regozijo, entusiasmo e coragem queimando dentro de nós, não poderemos aspirar por muito progresso no caminho espiritual.
LIÇÕES A APRENDER: Para obter o máximo das influências positivas de Áries e evitar o desenvolvimento das suas características indesejáveis, o seguinte deveria ser considerado: paciência e persistência quando nem todas as coisas saem exatamente como se espera; gentileza e cortesia no lidar com os outros; e o reconhecimento de que os seus próprios defeitos são possíveis fontes de obstáculos, atrasos e frustrações para alcançar o objetivo desejado.
MITOLOGIA GREGA: A mitologia grega tende a retratar o lado negativo de Áries. Ele é o deus da guerra e da maldade, enquanto Éris é a deusa da discórdia. Ainda, sem a impetuosidade desses dois, haveria muito pouco por se dizer sobre mitologia. Da mesma forma, sem o impulso para a ação e a auto expressão fornecida por Áries, nós logo tenderíamos à letargia onde pouco ou nada poderíamos alcançar.
CRISTIANIDADE CÓSMICA: Áries é o Signo da Páscoa e da Ressurreição. Como a tumba não pode segurar a Cristo, também nada pode segurar o estimulante, exuberante impulso de Áries para encontrar a expressão. Nova esperança aparece de repente no seio da humanidade quando o Sol passa por Áries, fornecendo a ela a coragem e energia para enfrentar as experiências do ano vindouro. E através do mundo o grito é bradado: “A morte é engolida na vitória!”. Como Cristo está liberado da cruz da Terra até o Equinócio de Setembro, Ele nos deixa com a força e a coragem para suportar nossa própria cruz e seguir o caminho da libertação através daquela experiência.
(Traduzido da Revista: Rays from the Rose Cross – abril/1978 pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN – Correlacionadas com as Nove Iniciações Menores – Quarta Sinfonia
Por Corinne Heline
CAPÍTULO IV – QUARTA SINFONIA – SI BEMOL MAIOR – OPUS 60
“A Quarta Sinfonia é como uma donzela grega entre dois gigantes Nórdicos.”
Robert Schumann[1]
A Quarta das Nove Sinfonias foi composta no verão de 1806. Foi feita numa das mais agradáveis cercanias e sob condições de serenidade interna e externa. À sinfonia, que então surgiu, Romaine Rolland[2] se referiu poeticamente como “uma pura e perfumada flor que guarda como um tesouro o perfume daqueles dias”.
Foi dito anteriormente que o número “três” (força) é uma emanação masculina dos valores vibratórios combinados do número “um” (poder) e do número “dois” (amor). O número “quatro” (beleza) é uma emanação feminina formada pela mistura do número “um” (poder), número “dois” (amor) e número “três” (força). Assim, há uma íntima relação entre força e beleza. As duas principais colunas na entrada do Templo de Salomão têm gravadas as palavras força e beleza. É interessante notar que vários escritores encontram nas Sinfonias de Beethoven uma estreita relação entre a Terceira e a Quarta. A Terceira Sinfonia está centralizada em poder e força e a Quarta Sinfonia, em amor e beleza. “Em suas características masculinas”, escreve Alexander Wheelock Thayer[3], “Beethoven atinge o cimo das montanhas com fogo celestial; em suas características femininas, ele enche os vales com doçura celestial”. Esta, a proeminentemente feminina Quarta Sinfonia, ele ouve como a “sinfonia do sonho”.
No desenvolvimento da força anímica pura, a beleza está sempre latente em seu coração, e a essência da verdadeira beleza espiritual será sempre encontrada para possuir uma certa força interna. A Quarta Sinfonia tem sido chamada de Sinfonia da felicidade e seus quatro movimentos identificados com as qualidades de serenidade, felicidade, beleza e paz.
Considerando as quatro partes, o introdutório Adagio é caracterizado por uma doçura angelical; possui uma profunda e mística serenidade. “Sua forma é tão pura e o efeito de sua melodia tão angelical”, escreve Hector Berlioz, “e tão irresistível ternura que a arte prodigiosa através da qual essa perfeição é atingida desaparece completamente. Desde os primeiros compassos, somos tomados por uma emoção que chega ao final tão poderosa em sua intensidade, que só entre os gigantes da arte poética podemos encontrar algo comparável com essa sublime página do gigante da música”; ele conclui, “a impressão produzida por esse Adagio se parece com aquela que experimentamos quando lemos o comovente episódio de Francesca da Rimini[4] na Divina Comédia[5].
O segundo movimento, um Adagio em Mi bemol Maior, respira um fervor que outra vez alguns comentaristas procuraram ligar à vida amorosa pessoal do compositor. Mas aqui, Berlioz, como Wagner, percebe a verdadeira, sublime e impessoal fonte de inspiração de Beethoven. “O ser que escreveu tal maravilha de inspiração como esse movimento”, diz Berlioz, “não é um homem. Deve ser a canção do Arcanjo Miguel quando contempla a sublevação do limiar do Céu”.
O terceiro movimento (Allegro Vivace[6]) invoca um completo deleite. É brilhante e fascinante. Há felicidade nas cordas, nos instrumentos de sopro e no harmônico soar dos tambores. É uma verdadeira canção de beleza que a alma receptiva vem realizar como imortal em si mesma, não tendo nem começo nem fim. Nesse ponto, somos levados a exclamar com Wagner de que é música que não pode ser entendida de outra forma a não ser através da “ideia de magia”.
O Finale termina numa “brilhante perspectiva em que a harmonia dos Mundos visível e invisíveis se encontram e se comunicam. Ele respira uma doce e terna bênção de paz. É a paz que vem só para a alma que aprendeu a transmutar as dificuldades e problemas em pura beleza anímica. O mais alto significado do número “quatro” é essa habilidade do iluminado, ou cristianizado, se elevar sobre as limitações da vida humana e vagarosa, mas certamente, transformar o áspero Ashlar[7] em um perfeito cuboide.
A QUARTA INICIAÇÃO
A Quarta Iniciação está relacionada com a quarta camada da Terra chamada de Estrato Aquoso. Lá estão refletidas as forças da esfera mental da Terra conhecida como Região do Pensamento Concreto. A Terceira Iniciação tem a ver com a superação da natureza de desejo. O próximo passo na realização é a iluminação ou espiritualização da Mente. Isso envolve longos e árduos processos e necessita de muitas vidas para sua completa consumação. Para a pessoa comum, a Mente é escrava da Personalidade. A vida está completamente centrada no “Eu” ou naquilo que se relaciona com a vida pessoal. Quando o ser entra no Caminho, aprende a desligar a Mente da Personalidade gradualmente e a ligá-la com o Espírito. É então que a Mente se torna uma luz, uma luz que ilumina o mundo. A vida e o trabalho de tal ser traz a marca da imortalidade.
Um dos mais profundos livros da Bíblia e uma das mais belas lendas iniciáticas em toda a literatura mundial é o Livro de Jó. É a história do Grande Triunfo. Enquanto o Espírito está ligado aos três amigos, o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente, a Personalidade está sujeita a todas as dificuldades e limitações da vida física tais como pobreza, doença e morte.
O acontecimento supremo na vida de Jó foi o aparecimento de Eliú[8]. Sua vinda vitoriosa representa a separação da Mente da Personalidade e sua união com o Espírito. Essa iluminação ou Cristianização da Mente é a realização relatada na Quarta Iniciação e descrita musicalmente na Quarta Sinfonia. Quando Jó alcança esse estágio de desenvolvimento espiritual, seu Corpo Denso é recuperado, sua saúde se restabelece e até a vida de seus filhos é restituída. Jó é agora, nas palavras do poeta, “o senhor de seu destino e o capitão de sua alma”[9].
Na Quarta Iniciação, as forças do Mundo do Pensamento estão refletidas na quarta camada, chamada de Estrato Aquoso. Esse reino não é composto de água como pensamos desse elemento, mas é cheio de uma névoa luminosa e prateada, na qual estão refletidos os modelos arquetípicos que estão por trás de todas as coisas criadas.
O Mundo do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu, é o lar de todos esses modelos arquetípicos. É lá, entre as vidas na Terra, que o Ego passa muito tempo aprendendo como construir o Arquétipo que será o modelo do seu próximo corpo terreno.
É importante notar que é no plano mental que esses modelos arquetípicos são construídos, pois isso nos dá um conceito mais claro do tremendo poder do pensamento criador. Na Quarta Iniciação, o candidato aprende como usar o poder construtivo e criativo do pensamento e a realização de que, por esse modo, ele constrói ou destrói sua vida. Pelo poder do pensamento, ele pode se degradar ou se glorificar. Os movimentos metafísicos Cristãos estão prestando um importantíssimo serviço no mundo de hoje ao considerarem o poder do pensamento construtivo como seu ensinamento fundamental. É verdade que os pensamentos são coisas. A Bíblia expressa essa profunda verdade na citação: “Como um homem pensa em seu coração, assim ele é.”[10].
[1] N.T.: Robert Alexander Schumann (1810-1856) foi um pianista, compositor e crítico musical alemão.
[2] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[3] N.T.: Alexander Wheelock Thayer (1817-1897) foi um bibliotecário e jornalista americano que se tornou o autor da primeira biografia acadêmica de Ludwig van Beethoven, ainda após muitas atualizações considerada uma obra padrão de referência sobre o compositor.
[4] N.T.: Francesca da Rimini (Francisca da Polenta) (1255–1285) foi uma nobre medieval italiana, filha de Guido da Polenta, governante de Ravena, fonte de inspiração de Dante Alighieri, que a retratou na Divina Comédia. Seu pai, Guido da Polenta, era o governante da cidade e estava em guerra com a família Malatesta, de Rimini. Quando as famílias negociaram um acordo de paz, por conveniência, Guido concedeu Francesca em casamento para Giovanni Malatesta (Gianciotto), o filho mais velho de Malatesta da Verucchio, lorde de Rimini. Giovanni era um homem culto, porém de péssima aparência e tinha o corpo deformado. Guido sabia que Francesca não concordaria com o casamento de modo que ele foi realizado por procuração através do irmão mais novo, Paolo Malatesta, que era jovem e bonito. Francesca e Paolo não demoraram a se apaixonar. De acordo com Dante, Francesca e Paolo foram seduzidos pela leitura da história de Lancelote e Ginevra, e se tornaram amantes. Posteriormente foram surpreendidos e assassinados por Giovanni. Dante utilizou o romance de Lancelot, a fim de caber no âmbito do regime de amor poesia lírica, que emula Francesca no Canto V do Inferno.
[5] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
[6] N.T.: Chama-se de andamento o grau de velocidade do compasso. No italiano, idioma utilizado tradicionalmente na música, andamento se traduz como tempo, frequentemente usado como marca em partituras. Por exemplo o Allegrissimo ou Allegro vivace – é muito rápido: 172–176 bpm (batidas por minuto).
[7] N.T.: Ashlar é a melhor unidade de alvenaria de pedra, geralmente cuboide retangular, mencionada por Vitruvius como opus isodomum, ou menos frequentemente trapezoidal. Cortado com precisão “em todas as faces adjacentes às de outras pedras”, o silhar é capaz de fazer juntas muito finas entre os blocos, e a face visível da pedra pode ter a face da pedreira ou apresentam uma variedade de tratamentos: trabalhado, polido suavemente ou processado com outro material para efeito decorativo. Os blocos de Ashlar têm sido usados na construção de muitos edifícios como uma alternativa ao tijolo ou outros materiais. A palavra é atestada no inglês médio e deriva do francês antigo aisselier, do latim axilla, diminutivo de axis, que significa “prancha”.
[8] N.T.: ou Elihu é um crítico de Jó e seus três amigos no Livro de Jó da Bíblia Hebraica. Diz-se que ele era filho de Barachel e descendente de Buz, que pode ter sido da linha de Abraão (Gn 22:20-21 menciona Buz como sobrinho de Abraão). Eliú é apresentado em Jó 32:2, no final do Livro de Jó. Seus discursos compreendem os capítulos 32-37, e ele abre seu discurso com mais modéstia do que os outros consoladores. Eliú se dirige a Jó pelo nome (Jó 33:1, 33:31, 37:14) e suas palavras diferem daquelas dos três amigos em que seus monólogos discutem a providência divina, que ele insiste estar cheia de sabedoria e misericórdia. O prefácio do narrador Jó 32:4-5 e as próprias palavras de Eliú em Jó 32:11 indicam que ele estava ouvindo atentamente a conversa entre Jó e os outros três homens. Ele também admite seu status como alguém que não é um ancião (32:6-7). Como revela o monólogo de Eliú, sua raiva contra os três anciãos era tão forte que ele não conseguia se conter (32:2-4). Um “jovem raivoso”, ele critica tanto Jó quanto seus amigos: Tenho palavras para responder a você e seus amigos também. Eliú afirma que os justos têm sua parte de prosperidade nesta vida, não menos que os ímpios. Ele ensina que Deus é supremo, e que a pessoa deve reconhecer e se submeter a essa supremacia por causa da sabedoria de Deus. Ele extrai exemplos de benignidade, por exemplo, das constantes maravilhas da criação e das estações. Os discursos de Elihu terminam abruptamente e ele desaparece “sem deixar rastro”, no final do Capítulo 37.
[9] N.T.: do poema “Invictus” do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903).
[10] N.T.: Pb 23:7
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Aqui a Quarta Sinfonia em MP3:
Talvez você esteja se perguntando quem são os Auxiliares Invisíveis e como eles são compostos. Os Auxiliares Invisíveis pertencem a muitas Ondas de Vidas.
Esta faixa de seres, muito úteis, percorrem todo caminho de Deus, o Ser Supremo, dos Seres Superiores – que habitam os vários Planos Cósmicos – até seres inferiores como os Espíritos da Natureza, que trabalham com os Elementos Fogo, Terra, Ar e Água.
Vamos considerar os Auxiliares Invisíveis que pertencem à Onda de Vida Humana. Podemos dividi-los, resumidamente em duas classes, os Auxiliares Invisíveis conscientes e os inconscientes.
Os Auxiliares Invisíveis conscientes na Fraternidade e na Ordem Rosacruz, geralmente, estão capacitados para se tornar um a partir do grau de Probacionista. Vale a pena esclarecer que o fato de ser Probacionista não quer dizer que já é um Auxiliar Invisível. Significa que o irmão ou a irmã Probacionista está capacitado para se tornar um, desde que siga as orientações fornecidas ao grau Probacionista. Eles chegaram a um ponto onde eles podem deixar seus Corpos Densos, por sua vontade, sair em seus Corpos-Alma e trabalhar como Auxiliares Invisíveis, em plena posse de suas faculdades. Eles podem retornar a seus Corpos Densos e lembrar onde eles estiveram ou que fizeram e falaram. Eles podem reter o que aprenderam e trazer suas experiências vividas para a Mente, sempre que desejarem. Eles foram ensinados a trabalhar com os vivos e os mortos, como operar as leis espirituais e como curar definitivamente os doentes.
Os Auxiliares Invisíveis inconscientes são pessoas que saem à noite para curar definitivamente outras pessoas durante o sono. Eles fazem o que podem para ajudar, porém, não conseguem se lembrar daquilo que fizeram. Tal tipo de Auxiliar Invisível não é capaz de enviar mensagem, devido ao seu pouco treinamento como Auxiliar, por meio do brilhante Cordão Prateado, para ser gravada no cérebro físico. Por esta razão não consegue lembrar onde foi e o que fez. É necessário de um tempo maior de treinamento e muito esforço para que este Auxiliar Invisível se torne consciente nos planos internos, mas, pode ser alcançado e muitas pessoas avançaram até este ponto.
Qualquer pessoa pode ser um Auxiliar Invisível, se desejar e se cumprir com os requisitos necessários. Algumas pessoas foram Auxiliares Invisíveis em vidas passadas e hoje, renascidos aqui, continuam como Auxiliares Invisíveis. Qualquer pessoa que pratica o “Sermão da Montanha” ou os “Dez Mandamentos” na sua vida pode se tornar um Auxiliar Invisível. Qualquer pessoa que tem as leis de Deus escrita em seu coração pode se tornar um Auxiliar Invisível consciente, independentemente de onde nasceu aqui, do seu credo, da sua cor ou da sua Religião. O caminho está aberto para todos.
Se você deseja ser um Auxiliar Invisível precisará ter um só objetivo em mente. Você deve acreditar que pode fazer as coisas que você se propôs a fazer, ao longo de linhas religiosas e ajudar a humanidade.
Você deve ser altruísta e se dispor a ajudar a todos, independentemente de quem seja. Isto é muito importante, pois para os Seres Superiores se considera o coração e os desejos superiores e não as aparências externas. Muitos Aspirantes à vida superior acabam falhando por não estarem dispostos a fazer este trabalho, devido a um sentimento de superioridade e preconceito. O Aspirante à vida superior deve ter fé inabalável em Deus. Deve acreditar que aqui nada poderá machucá-lo e nem mesmo nos planos superiores, enquanto estiver fora do Corpo Denso durante o sono. É preciso muito tempo para que a maioria dos Aspirantes à vida superior se tornem eficientes Auxiliares Invisíveis. Muitas vezes, eles esquecem que estão fora de seus Corpos Densos e não podem ser feridos por pessoas e nem por animais ou, até, por quaisquer outros seres. Se assim se comportam, eles fogem em momentos críticos e retornam a seus Corpos Densos e, quando entram nele ficam acordados por muito tempo. Às vezes, eles retornam em seus Corpos Densos com tanta rapidez que acabam ferindo o seu próprio Corpo Denso devido ao estado de choque que se encontram. Isso se repetindo constantemente resultam em pessoas consideradas de pouca utilidade, pois não se pode confiar para completar o trabalho a que foram enviados para fazer.
(IH – de Amber M. Tuttle)
Um Corpo de Pecado é formado pela união do Corpo Vital e do Corpo de Desejos de uma pessoa que desencarnou, a qual em uma determinada vida foi muito cruel e egoísta. Quando tal pessoa morre, a maldade e o ódio que foi gerado em sua Mente e no seu Coração ocasiona o entrelaçamento, ou seja, uma união entre seus Corpos de Desejos e Vital tornando-os uma ameaça para a sociedade. Essa é uma das razões pelas quais a pena de morte deveria ser abolida. Quando uma pessoa má, como está sem o seu Corpo Denso, depois da morte, e encontra uma pessoa de vontade fraca pode, facilmente, fazer essa pessoa de vontade fraca vítima da influência daquela pessoa má e causar àquela muitos danos, enquanto estiver sob sua influência.
Muitos criminosos – pessoas o suficientemente más que criaram os seus Corpos de Pecado – se apegam a Terra, após a morte, e passam anos e anos incitando outras pessoas a fazerem maldades. Acumulam uma carga enorme de Destino Maduro, que deverá ser pago em algum tempo futuro. Quando, finalmente, o Espírito, depois de purgar suas dívidas, deixa o Purgatório, então lhe é permitido ascender ao Primeiro e Segundo Céu, onde permanecerá durante muitos anos. No entanto, o seu Corpo de Pecado é capaz de viver uma existência independente, por centenas de anos e se mostrar até como tendo uma consciência individual, que o manterá a espera do Ego que o criou. Quando este Ego renascer, esse Corpo de Pecado será atraído por ele e, normalmente, estará ao seu lado, como uma espécie de demônio, por toda a sua vida. Assim, este Corpo de Pecado vai procurará causar todos os problemas possíveis a este Ego.
Uma noite alguns Auxiliares Invisíveis saíram com sua amiga, uma Irmã Leiga. Todos estavam em seus veículos superiores e foram prestar auxílio as pessoas.
Esta Irmã Leiga trabalha com pessoas que têm problemas em seus Corpos de Pecado e os ajuda, da maneira que pode.
Uns dos Auxiliares Invisíveis solicitou a Irmã Leiga que lhes mostrasse um vampiro, porém, não havia nenhum ali naquele momento. Entretanto, viram muitas pessoas em seus Corpos de Pecado, seguindo-os. Estas pessoas carregavam em seus rostos uma expressão de medo e olhavam como se esperasse que um problema acontecesse.
Estes Corpos de Pecado tinham um aspecto deplorável. A parte do corpo que foi utilizada para maldade era desproporcional, em relação ao resto. Por exemplo, um homem que em sua vida passada utilizou suas mãos para enforcar ou aplicar torturas em várias pessoas, tinha uma mão, visto em seu Corpo de Pecado, enorme, que quase tocava o chão. Outro homem que tinha expressado muitos maus pensamentos, por meio do seu cérebro, tinha, em seu Corpo de Pecado, uma enorme cabeça. Outro homem que tinha se incumbido de práticas imorais, tinha, em seu Corpo de Pecado, órgãos sexuais geradores enormes. Estes Corpos de Pecado eram de aparência espantosa e os Auxiliares Invisíveis ficaram surpresos ao vê-los.
(IH – de Amber M. Tuttle)
Cristo-Jesus utilizou a pedagogia das parábolas como método de comunicação de lições espirituais profundas que necessitava ser transmitida para a Mente infantil que nós, enquanto humanidade, ainda possuímos. Todas as parábolas dadas por Cristo foram construídas de modo a possuir tanto ensinamentos para almas jovens como para almas mais velhas, obedecendo à máxima compreendida por São Paulo: “dar leite aos fracos e carne para os mais fortes”. Isso também significa que os ensinamentos contidos na Bíblia obedecem ao método de “espirais dentro de espirais” e, conforme vamos progredindo, um mesmo ensinamento oculto passa a ter um novo prisma e mensagens antes obscuras, passam a ser nítidas.
Corinne Heline ensina-nos que ao estudarmos a Bíblia devemos compreender que todos os personagens e eventos nela contidos estão relacionados com nossas vidas, e cada qualidade e atributo devem ser por nós cultivados ou erradicados. Além disso, “cada lugar mencionado representa o aqui e o agora, e cada personagem mencionado é você, você mesmo”. A leitura das parábolas da Bíblia sob esse prisma permite estabelecermos uma compreensão mais condizente com a realidade da parábola. Tentaremos aplicá-lo na parábola do Filho Pródigo.
Conforme relatado no Evangelho de São Lucas, capítulo 15, versículos de 11 a 32:
“Disse ainda: ‘Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois, este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois, esse teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado!’’”.
O filho mais jovem (que também representa você) de um homem poderoso (que representa Deus) diz a seu pai: “Pai, dá-me a parte da herança que me cabe”. Cheio de vida e bens, esse filho sai para o mundo, não mais se importando com sua origem, com sua herança ou com seu Pai. Apenas era-lhe importante sua própria vida e seus interesses. Nós também, enquanto jovens e/ou cheios de vida, pouco importamos com nossa origem, ou com a origem das dádivas que recebemos diariamente. Em verdade, pouco importa questões como estas. Estamos tão ocupados com nossos interesses pessoais que questões espirituais ou são deixadas de lado ou a tratamos da maneira mais passiva possível, mormente, baseada no medo ou na mínima obrigação. Enquanto nossas riquezas de juventude e vida durarem, aproveitar a vida parece ser a melhor solução.
O fato é que, conforme os anos vão passando, acabamos por gastar tudo o que temos. Não necessariamente riquezas materiais, mas riquezas como saúde, tempo, relacionamentos, oportunidades e energia, e acabamos cheios de doenças, ociosidade, retraimentos, medos e vícios. Em verdade gastamos toda nossa real riqueza com o egoísmo e individualismo. Com efeito, acumulamos diversas dívidas de destino. Quando percebemos o que fizemos e a condição precária que construímos (e isso normalmente ocorre quando estamos enfermos em uma cama), lembramos de nossa origem e dos bens de nosso Pai. Então dizemos como o filho pródigo: “vou-me embora (dos interesses materiais), vou procurar meu pai e dizer-lhe: Pai pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado de filho. Trata-me como um dos teus empregados”. E partimos de volta ao encontro de Deus, ou da parte espiritual.
O filho pródigo, quando estava voltando, arrependido para a casa de seu pai foi avistado. O Pai de longe o viu e encheu-se de compaixão, correu e lançou-se ao pescoço de seu filho e cobriu-lhe de beijos. Cristo Jesus disse: “Deveis ser perfeitos como o vosso pai celeste é perfeito” (Mt 5:48). “Aquele que procura limitar e enevoar nossa Mente, com ameaças do inferno (ou da Lei de Consequência), não compreendeu ainda nossa meta final”. Muitas vezes, esse medo enche nossa alma com sentimentos de tristezas e desânimos. Ficamos perturbados com a consciência que nos acusa dos erros que cometemos no passado e continuamos a acometer no presente. Deus, representado pelo Pai na parábola do Filho Pródigo, no entanto, ao verificar que estamos caminhando de volta para Ele, não se preocupa com a Lei de Causa e Efeito e com as punições que somos dignos de receber. Ao contrário, nos cobre de beijos, “manda trazer a melhor túnica, coloca-nos um anel no dedo, sandálias em nossos pés e faz uma festa com o melhor novilho da fazenda”. Cobre-nos com amor. Em verdade, Ele nos ama tanto, que foi capaz de enviar (e envia todos os anos) Cristo (o Filho) ao encontro da humanidade pecadora e errante, para que possamos a cada ano termos a disposição materiais de expressão de amor universal e, deste modo, termos condições de deixarmos o pecado.
Um outro personagem que também representa uma faceta de nossa Personalidade está na parábola: o irmão mais velho. Esse irmão, ao ver que o Pai estava comemorando a volta do filho pródigo, diz: “Pai, há tantos anos te sirvo e jamais transgredi uma só lei e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse seu filho que devorou teus bens com prostitutas e para ele, mata um novilho cevado!”. Expressamos essa faceta muitas vezes, quando guardamos os mandamentos e praticamos nossos ideais. Quando somos justos. Então, verificamos que pessoas indignas também recebem graças ou novas oportunidades divinas e sentimo-nos ofendidos com essa injustiça. O Pai, no entanto, diz: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo que é meu é teu. É certo festejarmos (…). Seu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado”. Cada personagem mencionado na Bíblia é você, você mesmo: “Deveis ser perfeitos como o vosso pai celeste é perfeito” e bem-aventurados são os misericordiosos, porque estes encontrarão misericórdia. Estamos agindo com nossos irmãos e nossas irmãs do mesmo modo como o Pai do Filho Pródigo agiu com seu filho errante?
É importante que aprendamos a comemorar o retorno de nossos irmãos e de nossas irmãs errantes. Também é importante que saibamos acolher esse irmão ou essa irmã, assim como o Pai acolheu o filho pródigo. Mais importante ainda, devemos, de uma vez por todas, tomar a decisão de voltar para a casa do Pai, antes que a miséria tome parte de nossas vidas. A acolhida é certa se o arrependimento e a reforma íntima forem sinceros. Que sejamos corajosos e praticantes dessas qualidades e atributos ensinados na parábola do Filho Pródigo.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Na Iniciação Cristã Mística não há graus tãos fixados e tão definidos. O candidato vê o Cristo como o autor e finalizador da sua fé, procurando imitá-Lo e seguir os Seus passos em todos os momentos de sua existência. Assim, os vários estágios que estamos considerando são alcançados por processos de crescimento da alma que, simultaneamente, o levam a aspectos mais elevados de todas essas etapas que agora estamos analisando. A esse respeito, a Iniciação Cristã Mística difere radicalmente dos processos em voga dos Rosacruzes, em que a compreensão por parte do candidato do que está para acontecer é considerada indispensável. Mas chega o momento em que o Cristão Místico precisa percorrer o caminho que tem pela frente, e é isso que constitui o Getsemani, em que o candidato à Iniciação é saturado com as tristezas e angústias profundas que florescem em compaixão, um anseio ao amor materno que tem apenas um desejo absorvente, de verter a si mesmo para o alívio das tristezas e angústias profundas do mundo, para salvar e amparar todos os que estão fracos e sobrecarregados, para confortá-los e lhes fornecer um descanso. Nesse ponto, os olhos do Cristão Místico são abertos para uma plena compreensão da aflição, do arrependimento e da agonia do mundo e de sua missão como um Salvador, e o ocultista também encontra aqui o Coração de amor, o único que pode fornecer o regozijo, o entusiasmo e zelo na busca. Pela união da Mente e do Coração, ambos estão prontos para a próxima etapa, que envolve o desenvolvimento dos estigmas, uma preparação necessária para a morte e ressurreição místicas.
Os irmãos e irmãs que seguem o Caminho da Iniciação Cristã são realmente Cristos em formação. Cada um, por sua vez, terá que alcançar as diferentes estações da Via Dolorosa, ou Caminho da Angústia profunda e da Tristeza, que o conduzirá ao Calvário, e experimentará no seu próprio corpo as angústias ou agonias e as dores sofridas pelo Herói dos Evangelhos. A Iniciação é um processo cósmico de iluminação e evolução do poder; portanto, as experiências de todos são semelhantes nas principais características.
A forma de uma Iniciação Cristã Mística difere radicalmente do método Rosacruz, que visa trazer o candidato à compaixão por meio do conhecimento e, para isso, procura cultivar nele as faculdades latentes da visão e da audição espiritual desde o início de sua peregrinação como um Aspirante a vida superior, lhe ensinando a conhecer os mistérios ocultos do ser e a perceber, intelectualmente, a unidade de cada um com todos, de modo que, finalmente, por meio desse conhecimento, haja despertado internamente o sentimento que o faz perceber, verdadeiramente, sua ligação com tudo o que vive e se move, e isso o coloca em perfeita e completa sintonia com o Infinito, tornando-o um verdadeiro auxiliar e trabalhador no divino reino da evolução.
A meta alcançada por meio da Iniciação Cristã Mística é a mesma, porém o método, como mencionado acima, é inteiramente diferente. Em primeiro lugar, o candidato geralmente está inconsciente do fato de que está tentando atingir algum objetivo definido, pelo menos durante os primeiros estágios de seus esforços, e há nessa nobre Escola de Iniciação tão somente um Mestre, o Cristo, que está sempre diante da visão espiritual do candidato como o Ideal e a Meta de todo o seu empenho. O mundo ocidental, infelizmente, se tornou tão enredado na intelectualidade que seus Aspirantes somente iniciam a Caminhada quando sua razão foi satisfeita; e, infelizmente, é apenas o desejo por mais conhecimento que traz a maioria dos Estudantes para a Escola Rosacruz. É uma tarefa árdua cultivar neles a compaixão, que deve ser mesclada com o seu conhecimento e ser o fator determinante no uso dele, antes que estejam habilitados para entrar no Reino de Cristo. Contudo, aqueles que são atraídos para o Caminho Místico Cristão não sentem nenhuma dificuldade desta natureza. Eles têm dentro de si um amor abrangente que os impulsiona e que, finalmente, gera neles um conhecimento que o autor acredita ser muito superior ao obtido por qualquer outro método. Aquele que segue o Caminho do desenvolvimento intelectual tende a menosprezar, arrogantemente, o outro cujo temperamento o impele a um Caminho Místico.
Tal atitude mental não prejudica somente o desenvolvimento espiritual de quem a coloca em prática, mas é totalmente gratuita, como pode ser vista nas obras de Jacob Boehme[2], Thomas de Kempis[3] e muitos outros que seguiram o Caminho Místico. Quanto mais conhecimento nós possuirmos, maior a condenação nós mereceremos se fizermos mal uso dele. Todavia, o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.
Há nove degraus definidos na Iniciação Cristã Mística, começando com o Batismo, que é introdutório. A Anunciação e a Imaculada Concepção precedem como temas de curso por razões que serão dadas posteriormente. Tendo preparado nossas Mentes pelas considerações anteriores, agora estamos prontos para considerar cada estágio separadamente, nesse glorioso processo de desenvolvimento espiritual.
O Cristão Místico, definitivamente, não é o produto de uma única vida, mas o florescimento de várias existências preparatórias, durante as quais ele cultivou aquela compaixão sublime que o faz sentir o sofrimento profundo – devido ao infortúnio, à aflição e a sensação de estar perdido – de todo mundo e evoca diante de sua visão espiritual o Ideal Crístico como o verdadeiro bálsamo de Gileade[1], ideal esse que é a única panaceia contra toda dor e tristeza humana. Semelhante alma recebe um especial cuidado das Hierarquias divinas que têm a seu cargo o nosso progresso ao longo do Caminho da Evolução e, quando chega o tempo para tal alma renascer naquela vida, na qual ele deve percorrer o caminho final para alcançar a meta e se tornar um Salvador de sua espécie, os Anjos estão observando bem de perto, esperando e cantando hosanas em regozijosa antecipação do grande evento.
Notem que toda grande alma que nasceu aqui nesse mundo para viver uma vida de uma santidade sublime, tal como exigiu para a Iniciação Cristã Mística, também encontrou acesso por meio de pais de imaculada virgindade, que não foram manchados pela paixão, durante a realização do ato gerador. Os seres humanos não colhem uvas dos abrolhos. É uma verdade axiomática que o semelhante atrai semelhante, e antes que alguém possa se tornar um Salvador, deverá ser puro e sem pecado. Ele, sendo puro, não poderá nascer de uma pessoa vil, terá de nascer de pais virgens.No entanto, a virgindade a qual nos referimos não abrange uma condição meramente física. Não há virtude inerente em uma virgindade física, pois todos a possuem no início da vida, não importa quão vil seja sua disposição possa ser. A virgindade da mãe do Salvador é uma qualidade da alma, que permanece sem mácula, independentemente do ato físico da fecundação. Quando as pessoas efetuam o primeiro ato criador sem o objetivo de ter filhos, meramente para a gratificação de suas luxúrias e propensões animais, elas perdem a única virgindade (física) que já possuíam; mas quando os futuros pais, unidos em espírito de oração, oferecendo seus corpos no Altar do Sacrifício com o propósito de fornecer a uma alma, que precisa renascer naquele momento, um Corpo Denso apropriado para obter um maior desenvolvimento espiritual, então a pureza deles devido a esse objetivo preserva as suas virgindades e atrai uma nobre alma para os seus corações e para o lar. Se uma criança será concebida em pecado ou de forma imaculada, dependerá da própria qualidade inerente da sua alma, pois, infalivelmente, isso a atrairá para pais de natureza semelhante à sua. Tornar-se filho de uma virgem pressupõe muita vivência anterior de espiritualidade para essa criança que assim nasceu.
O “nascimento místico” de um “construtor” é um evento cósmico de grande importância e, portanto, não é surpreendente que seja retratado nos céus, de ano para ano, mostrando um simbolismo gráfico no grande mundo ou no macrocosmo, o que finalmente se realizará no ser humano, o pequeno mundo ou o microcosmo. Todos nós estamos destinados a obter as experiências nas coisas que Jesus também obteve, incluindo a Imaculada Conceição, que é um pré-requisito para a vida dos santos e salvadores em seus mais variados graus. Compreendendo esse grande simbolismo cósmico, compreenderemos mais facilmente a sua aplicação no ser humano individual.
[1] N.T.: ou bálsamo de Geliad. Bartolomeu Angélicus, monge inglês que preparou a primeira enciclopédia de preciosas resinas e essências, disse: “A árvore do bálsamo cresce na Babilônia, no Egito, e suas virtudes são únicas e todas medicinais. Seus sucos curam o cérebro à semelhança de um fogo; sua virtude e dissolver e temperar, consumir e desgastar, resguardar e evitar a decomposição dos cadáveres”. O bálsamo de Gilead de Mecca e de La Matéria perto da Babilônia, foi considerado o melhor. As árvores de onde é extraído, eram protegidas por paredes altas. Atualmente, a goma é extraída especialmente por incisão, porém, antes, havia três diferentes meios de consegui-la. O primeiro, era pelo cozimento de brotos novos e chamava-se Xobalsamum; o outro, era produzido espremendo-se o suco da fruta e era chamado de Canapobalsamum; e o terceiro método, era usado para obter o mais fino bálsamo de todos, conhecido como Opobalsamum. Este óleo precioso era usado na medicina, e fornecia, também, às mulheres, os melhores cosméticos. O corpo era ungido com óleo, antes do banho, e agia não só como desinfetante, como também para atender à crença de que seu uso prolongava vida até idade avançada. O bálsamo de Gilead tem propriedades valiosas e é usado hoje pelos farmacêuticos que manipulam ervas, no preparo de uma excelente mistura para a tosse. Em algumas partes da Índia, a resina da Comm’phora Mokal é usada como remédio para doenças da pele e doenças reumáticas.
[2] N.T.: Jakob Böhme, por vezes grafado como Jacob Boehme (1575-1624) foi um filósofo e místico luterano alemão. Passou por experiências místicas em toda a sua juventude, culminando em uma epifania no ano de 1600, a qual ter-lhe-ia revelado a estrutura espiritual do mundo, assim como as relações entre o Bem e o Mal. Na época, ele decidiu não divulgar a sua experiência e continuou trabalhando como sapateiro na cidade de Goerlitz, na Silésia, constituindo família e tendo quatro filhos. Entretanto, após uma outra visão em 1610, ele começou a escrever sua primeira obra, Aurora (Die Morgenroete im Aufgang), resultante dessa iluminação.
[3] N.T.: Tomás de Kempis, também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis ou Thomas von Kempen (1379 ou 1380-1471) foi um monge e escritor místico alemão. Tomás de Kempis produziu cerca de quarenta obras representantes da literatura devocional moderna. Destaca-se o seu livro mais célebre, Imitação de Cristo, composto por quatro volumes, no qual apela a uma vida seguida no exemplo de Cristo, valorizando a comunhão como forma de reforçar a fé.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
É interessante notar, em nossos contatos comuns de cada dia, como reagem as pessoas a determinadas situações. De um modo geral, a maioria parece estar sempre em pé de guerra, com o espírito constantemente prevenido, preparada para defender-se de alguma possível agressão. Se alguém, mesmo em meio de uma conversa banal, usar algum termo capcioso, com ou sem intenção, é quase certo que provocará uma reação à altura, da pior espécie possível. Parece que todo o mundo lá fora, quero dizer, fora da vida espiritual, está empenhado em não se deixar atingir. E não poucos conservam, além de um estado permanente de autodefesa, uma necessidade premente de expressar-se em seu mais alto nível de valores, de talentos, de conhecimentos, de ideias, quando não, de posses e de uma boa situação financeira. Há, em geral, no ar, uma preocupação aflitiva em manter as aparências de parecer melhor, mais sábio, mais inteligente, de sobressair-se, como se o interlocutor, companheiro de trabalho, amigo ou até parente, seja um competidor perigoso, na sua escala de valores. Quase ninguém pensa em acertar, em encontrar o certo, sem preocupações de derrota ou de vitória ao seu próprio ponto de vista. E não raro acontece que, se alguém que já tenha ultrapassado esse estado de egotismo e, enxergando um pouco mais longe, procure atuar, nesses momentos, baseado nos seus princípios altruístas, seja imediatamente considerado um tolo, servindo de alvo da desconsideração ou até da astúcia dos outros.
Esse estado de coisas, entretanto, não deve assustar aqueles que, em face dos contatos humanos heterogêneos, mantêm-se bem-intencionados, embora não recebam a troca de valores que seria cabível no momento. Quem se aprofundar um pouco mais numa melhor e maior filosofia de vida e tiver a felicidade de pertencer a uma escola espiritualista de alto nível, como a Fraternidade Rosacruz, por exemplo, acabará penetrando no valor real de cada coisa, e sabendo como não se deixar atingir por nenhum desentendimento ou nenhum desafeto. Quando chegar, mesmo a esse ponto de ter que enfrentar situações de competição, saberá passar por cima das intenções incorretas, mantendo-se dentro de sua própria serenidade, de sua própria segurança íntima. E, não se deixando atingir, compreenderá com maior exatidão o peso real de cada palavra, de cada intenção, e, em lugar de sentir desconforto, necessidade de se defender ou até de fugir daquela situação, resumirá suas respostas na própria certeza do bem já desenvolvido em amor e compreensão. E é aí que começa a crescer em seu coração o verdadeiro espírito de Fraternidade, e a voz do Cristo interno passará a orientá-lo, cada vez mais viva, para o certo, para o verdadeiro.
Não será fugindo aos contatos da força agressiva da Personalidade alheia e de seus tentáculos, que se chegará à Verdade, mas observando, estudando em silêncio, procurando encontrar no caminho da discrição, o seu próprio dever, a sua real atitude. Tenhamos em mente que a verdadeira meta, Cristo Jesus deixou traçada para a humanidade em Seu caminho de glória e sofrimento. Quem quiser, mesmo, progredir realmente em sua vida espiritual e acertar em todos os momentos, muito aprenderá com a vida de Cristo, mediante os Evangelhos. E, se seguir com cuidado e persistência os ensinamentos de uma filosofia superior como a Fraternidade Rosacruz, encontrará esclarecimento e resposta aos seus pontos fracos, reforço para os pontos fortes e iluminação para realizar-se em seu próprio equilíbrio. Então, não haverá força humana capaz de causar-lhe qualquer sorte de desconforto, e sua firmeza poderá ajudar também aqueles que enxergam menos e ainda estão condicionados a uma série de preconceitos criados pela força da Personalidade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1974 – Fraternidade Rosacruz-SP)
São Paulo, em sua Carta aos Hebreus[1], forneceu uma descrição do Tabernáculo e muitas informações sobre os costumes que lá se usavam, os quais beneficiariam o Estudante a conhecê-los. Entre outras coisas observe que ele chama o Tabernáculo de “uma sombra das boas coisas que virão”[2].
Há, nesse antigo Templo de Mistério, uma promessa feita que ainda não foi cumprida, uma promessa que é tão boa hoje como o foi naquele tempo em que foi feita.
Se visualizarmos em nossa Mente a disposição dos objetos no interior do Tabernáculo, facilmente veremos a sombra da Cruz.
Começando pelo portão oriental havia o Altar dos Sacrifícios; um pouco além, em direção ao Tabernáculo, encontramos o Lavabo da Consagração, o Mar Fundido, no qual se lavavam os Sacerdotes. Logo depois de entrarmos na Sala Oriental do Templo encontramos uma peça de mobiliário, o Candelabro Dourado, no lado extremo esquerdo de quem entra, e a Mesa dos Pães da Proposição no lado extremo direito de quem entra, os dois formando uma cruz com o caminho que temos seguido ao longo do Tabernáculo. No centro e em frente do segundo véu, encontramos o Altar de Incenso, que forma o centro da cruz, enquanto a Arca, colocada na parte mais ocidental da Sala Ocidental, o Santo dos Santos, representa a parte mais curta ou superior da Cruz. Desse modo, o símbolo do gradual desenvolvimento ou revelação espiritual, que hoje é o nosso específico ideal, foi representado ou indicado vagamente no antigo Templo de Mistério, e aquela consumação que se atinge no topo da cruz, a plenitude da lei dentro de nós como estava dentro da Arca é a única que deve interessar atualmente a todos nós. A Luz que brilha sobre o Propiciatório no Santo dos Santos, no topo da cruz, no fim do caminho nesse mundo, é a luz ou o reflexo do Mundo invisível, em que o candidato procura entrar quando, ao seu redor, tudo no mundo se tornou para ele sombrio e obscuro. Só quando atingimos esse estado, em que percebemos a luz espiritual que nos acena, a luz que paira sobre a Arca, somente quando permanecemos à sombra da Cruz, podemos conhecer o significado, o objetivo e a meta da vida.
Atualmente, podemos aproveitar as oportunidades que são oferecidas e prestar o serviço com maior ou menor eficiência, porém, somente quando por meio desse serviço desenvolvermos a luz espiritual dentro de nós, que é o Corpo-Alma, e assim tivermos obtido acesso à Sala Ocidental, chamada o Vestíbulo da Libertação, então perceberemos e compreenderemos realmente o motivo pelo qual estamos no mundo e o que necessitamos para nos tornarmos propriamente úteis. Entretanto, nós não podemos permanecer ali quando tenhamos obtido acesso. Ao Sumo Sacerdote era permitido entrar somente uma vez por ano; havia um longo intervalo de tempo entre esses lampejos do real propósito da existência. Durante esse intervalo, o Sumo Sacerdote precisava sair e viver entre seus irmãos, a humanidade, servindo-os da melhor maneira que pudesse e, porque não era perfeito, pecava, para de novo entrar no Santo de Santos, após ter feito as reparações devidas pelos seus pecados.
Atualmente, sucede algo similar conosco. Por vezes, nós obtemos vislumbres das coisas que nos estão reservadas e das coisas que devemos fazer para seguirmos Cristo ao lugar para onde Ele foi. Você relembra que Ele disse aos Seus Discípulos: “Não podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde”[3]. E sucede o mesmo conosco. Devemos olhar repetidamente para dentro desse templo escuro, o Santo dos Santos, antes de estarmos realmente capacitados para permanecer lá; antes que estejamos realmente preparados para darmos o último passo e, assim, subir até o cume da Cruz, o lugar da caveira, aquele ponto, em nossas cabeças, por onde o Espírito sai quando deixa o seu Corpo quando da morte, ou entrando e saindo como um Auxiliar Invisível. Esse Gólgota é a melhor realização humana alcançável e devemos estar preparados para entrar muitas vezes na sala obscura antes que estejamos prontos para esse clímax final.
[1] N.T.: Capítulos 8, 9 e 10.
[2] N.T.: Hb 10:1: a sombra dos bens futuros.
[3] N.T.: Jo 13:36
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
“Igualmente o Reino dos Céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, que recolhe toda a qualidade de peixe. E estando cheia, os pescadores arrastam-na para a praia, sentam-se e juntam os peixes bons nas cestas, e jogam fora os maus. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo, ali haverá pranto e ranger dos dentes. E disse-lhes Cristo Jesus: ‘Entendestes todas estas coisas?’. Disseram-lhe eles: ‘Sim, Senhor’. E Cristo Jesus disse-lhes: ‘Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas’.” (Mt 13:47 a 52).
A palavra “rede” usada frequentemente nos Evangelhos como um meio de apanhar “peixe” simboliza os veículos superiores (principalmente o Corpo de Desejos) que formam a parte invisível, mas extremamente importante no desempenho das funções complexas do organismo humano e que conduz ao Ego (o “Eu superior”) as experiências (peixes) que são transmutadas em Alma ou alimento para o Espírito.
Como está estabelecido no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, o ser humano é Tríplice Espírito, possuindo uma Mente por meio da qual governa um Tríplice Corpo, que ele emanou de si mesmo para ganhar experiência. Transmuta o Tríplice Corpo em Tríplice Alma, por meio do qual ele se alimenta passando da impotência à onipotência.
O “mar” representa o Mundo do Desejo, que interpenetra a Terra e se estende além da sua superfície e com o qual cada pessoa tem contato por meio do seu próprio Corpo de Desejos individual.
Quando a “rede” fica cheia, isto é, quando no fim de uma vida terrestre o Corpo de Desejos fica cheio de experiências, o Corpo Denso é abandonado. Começa então, um período de separação, “juntando os bons num cesto e lançando os maus ao mar”. Vem, inicialmente, a experiência purgatorial, como Max Heindel nos ensina em sua obra básica. Há duas atividades distintas no Purgatório. Primeiro, há a erradicação dos maus hábitos. Por exemplo, o beberrão (aqueles que abusaram indiscriminadamente das bebidas alcoólicas) continua a desejar a bebida da mesma maneira que desejava antes de morrer, mas agora não tem aparelho digestivo que possa (metabolizar o álcool) conter o álcool. De forma que, embora possa frequentar todos os lugares onde é possível tomar bebidas alcoólicas ou possa meter-se num barril de vinho penetrando no líquido, não conseguirá se satisfizer, como antes, enquanto encarnado, poderia. Não se produzem os vapores que são produzidos quando tem lugar a combustão no estômago.
Mas, como o desejo aqui, quando como estamos renascido, morre quando verificamos que ele não pode ser gratificado, com o tempo o beberrão fica curado do seu desejo de tomar bebidas alcoólicas, porque ele não pode ingerir a bebida, e assim, no próximo renascimento nasce inocente deste vício. Todavia, ele deve sobrepor-se ao vício “conscientemente”, e assim, em certa ocasião, vem a tentação para prová-lo. Dependerá de ele sucumbir ou se sobrepor a essa tentação. Se ceder à tentação, peca novamente e de novo deverá ser purgado, até que por fim, as penas acumuladas nas repetidas existências purgatoriais, farão com que despreze a bebida alcoólica. Então, ele se sobreporá conscientemente à tentação e não mais terá sofrimentos provenientes dessa fonte.
Nas experiências seguintes, no Mundo celeste, os bons desejos e atos de desprendimento constituem a base dos sentimentos e desejos amalgamados no Ego pelas forças alquímicas espirituais geradas durante as experiências no Primeiro Céu que transformam essas experiências em faculdades utilizáveis em futuros renascimentos.
Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 1958 – Fraternidade Rosacruz – SP