“Um só carvão não produz fogo, mas, quando se juntam vários carvões, o calor latente em cada um deles pode converter-se em chama, irradiando luz e calor”. Foi em obediência a essa mesma Lei da Natureza que nos reunimos aqui, esta noite, porque ao acumular nossas aspirações espirituais para curar e ajudar nossos companheiros sofredores, poderemos realizar nossa modesta parte no sentido de levantar o manto de tristeza que agora paira sobre a vida deles e apressar o dia do Reino vindouro, onde o sofrimento e a tristeza serão abolidos e mesmo a morte deixará de ter domínio sobre os seres humanos.
As “Reuniões de Cura” são realizadas nas noites em que a Lua esteja em um Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra, Capricórnio), porque nesse momento o máximo de energia cósmica é infundido no trabalho que iniciamos; assim, existem as melhores chances de um problema ser resolvido. Portanto, estamos aproveitando as forças do universo e o pensamento é o veículo que usamos para transmitir esse poder de cura.
No entanto, antes que a energia possa ser transmitida, ela deve ser gerada e, para fazer isso com eficiência, devemos entender com precisão qual é o método. Lemos na Bíblia que: “Como um homem pensa em seu coração, assim ele é” (Pb 23:7). Isso vai ao fundo do assunto, pois, embora possamos confessar com a boca acreditar em certas coisas e, logo, enganar os outros ou, sim, até nós mesmos, apenas aquilo em que realmente acreditamos em nosso interior, o que pensamos no fundo do coração, é válido. Se professamos com a boca que cremos em Deus, que vivemos a vida correta, que fazemos aos outros o que é certo, independentemente do que façam conosco, ou que sigamos outros altos padrões de conduta, ainda poderemos viver uma vida ambígua e sermos hipócritas. Contudo, se realmente aceitarmos isso em nosso cerne, não será necessário que façamos declarações. Cada um dos nossos atos proclamará exatamente o que pensamos em nosso íntimo e no que acreditamos. Rapidamente, as pessoas descobrirão justamente que tipo de pessoa somos, observando nossas ações, em vez de ouvir o que dizemos.
Devemos perceber que todo pensamento é uma centelha emitida pelo Ego, que quando nasce, atrai para si um determinado tipo de material apropriado à sua natureza. Esse pensamento-forma pode ser enviado a outras pessoas, visando ao seu bem ou mal; mas haverá uma reação sobre nós mesmos, boa ou má, dependendo do que foi canalizado aos outros. É um fato e não apenas mero provérbio poético afirmar que “pensamentos, como galinhas, sempre voltam para o poleiro”. Qualquer pessoa que tenha a visão espiritual despertada vê em cada um de nós uma atmosfera áurica sutil, colorida de acordo com nossa particular tendência de pensamento; embora, é claro, a cor básica seja determinada por características do povo e da nação.
Se depositarmos em nossos corações pensamentos de otimismo, bondade, benevolência, ajuda e serviço, então esses pensamentos gradualmente vão colorir nossa atmosfera de certa maneira que é muito expressiva de todas essas diferentes qualidades ou virtudes desejáveis. E, à medida que nossos corpos são construídos pela Mente em uma expressão de nossa atitude mental, isso reage em nosso Corpo Denso, trazendo para nós saúde e bem-estar. Por essa razão, os Ensinamentos Rosacruzes são verdadeiros, quando afirmam que dessa maneira a saúde e a prosperidade são alcançadas; ainda que ninguém com Mente espiritual realmente use tais meios para obter riqueza material. Mas, essa é apenas outra maneira de provar a verdade das palavras de Cristo: se procurarmos primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, todas as outras coisas nos serão acrescentadas[1].
O profeta de Israel também deu essa garantia, quando afirmou: “Fui jovem e já estou velho, mas nunca vi um justo abandonado, nem sua descendência mendigando pão”[2]. É uma lei do universo que, se trabalharmos com Deus, Ele certamente cuidará de nós de maneira material. “Não se vendem dois pardais por um asse? E, no entanto, nenhum deles cai em terra sem o consentimento do vosso Pai!”[3]; porventura não valem mais do que muitos pardais? Por toda a palavra de Deus temos a promessa de que, se trabalharmos com fidelidade, honestidade e o melhor da nossa capacidade, lutando pelos interesses do Cristo, trabalhando em “Sua vinha”, Ele cuidará de nós.
Quando alguém cria sobre si mesmo uma atmosfera áurica de utilidade, bondade e serviço real — porque não basta desejarmos prestar o serviço, mas devemos nos esforçar dia após dia para servir ao máximo — deita toda noite cansado, na feliz consciência de ser um verdadeiro servo de Cristo. Contudo, quando tivermos feito isso, encontraremos um mundo mudado. Acharemos em outras pessoas as mesmas qualidades que possuímos, porque essa atmosfera áurica é como um vidro através do qual devemos olhar para todos. O mundo inteiro é colorido por nossa própria aura, como se estivéssemos em uma sala com janelas de vidro vermelho e o mundo lá fora, então, as árvores, casas e tudo o mais, parecesse vermelho.
Para mencionar um fato, vemos o mundo em que vivemos através dessa atmosfera áurica e, se ela for vibrante pela benevolência e bondade, encontraremos sobre nós pessoas que sejam benevolentes e gentis, pois atraímos delas as qualidades que nós mesmos expressamos, seguindo o mesmo princípio científico do diapasão: quando um é tocado, ele desperta as vibrações de outros diapasões de tom idêntico; assim, as pessoas que nos conhecem são sempre atraídas e respondem àquilo que temos em nós mesmos.
Portanto, um ser humano que é benevolente, como dito, sente a benevolência e a bondade de outras pessoas. Um que dispõe de pensamentos mesquinhos e preocupantes, que é pessimista ou habitualmente tem pensamentos de crueldade para com os outros, invocará sobre si próprio os mesmos traços de caráter que envia. Estamos todos vibrando em determinado tom e o Átomo-semente do coração é a base da existência física e das vibrações que saem de nós para o mundo físico.
É de imenso benefício conhecer essa evidência científica, já que podemos controlar nossos pensamentos e, através deles, todas as condições da vida. Cabe a nós, portanto e diariamente, cultivar o otimismo, a utilidade, a benevolência e a bondade para podermos ter maior valor no trabalho do mundo. A menos que tenhamos essas qualidades em algum grau, é impossível realizar a tarefa para a qual viemos aqui, hoje à noite: ou seja, ajudar outras pessoas e curar.
Milhares de Estudantes Rosacruzes em todo o mundo concentraram seus pensamentos aqui, durante este dia, como faz todos os dias, quando há uma “Reunião de Cura”, seja em um Centro Rosacruz, em um Grupo de Estudos ou mesmo em um lar. Essa agregação de pensamentos agora flutua sobre a Pro-Ecclesia, aqui na Sede Mundial, uma força poderosa. O Símbolo Rosacruz na parede oeste é o instrumento ou foco através do qual devemos enviar essa força poderosa ao mundo. Temos ali a estrela dourada de cinco pontas e a cruz trilobada de quatro pontas. Os números cinco e quatro formam o místico nove, que é o número de Adão, a Humanidade. A cruz é branca e pura, símbolo que indica que quem deseja se tornar um Auxiliar Invisível da Humanidade deve se purificar de todo o mal e, embora tentando fazer isso caiamos repetidas vezes, lembremos que não exista falha, exceto desistir da missão. As sete rosas que enfeitam este símbolo representam o sangue purificado.
Enquanto a Humanidade e os animais que têm sangue quente e vermelho estão cheios de paixão e desejo, a planta não tem paixão. A rosa vermelha, sendo o órgão gerador da planta, permanece como um símbolo da imaculada concepção que ocorre quando o Cristo nasce em nosso interior, purificando-nos dos pecados do passado e santificando-nos para a obra do futuro. Esse é o grande ideal ao qual aspiramos. Concentremos nosso pensamento na rosa branca do centro do Símbolo Rosacruz, que representa o coração puro do Auxiliar Invisível, que é tão desinteressado. Oramos para que nossos pensamentos sejam tão puros quanto aquela rosa, para que possamos gerar conceitos de pureza, força, utilidade e confiança em Deus, apesar de todos os desânimos.
Acima de tudo, depois que fizermos nossa parte, confiemos os resultados a Deus, eliminando nossa própria Personalidade. Somos fracos demais para lutar contra forças cósmicas; entretanto, Deus é onipotente. Não tentaríamos atravessar o oceano em um barco a remo que, muito provavelmente, afundasse; no entanto, se formos de avião, grande e bem construído, as chances serão muito favoráveis à sobrevivência contra qualquer vento forte que nos possa assolar. Essa metáfora também pode ser aplicada à viagem em direção ao nosso objetivo espiritual. Se nos esforçarmos para manter as próprias forças, estaremos muito aptos a cair; porém, se nos comprometermos com Deus e orarmos a Ele por orientação, descobriremos que as chances de sucesso aumentam bastante. E por oração não se entende apenas a dos lábios, mas a do coração.
Como Emerson ensina:
Embora seus joelhos nunca estejam dobrados,
Para o céu, de hora em hora, seus pedidos são enviados;
E sejam, para o bem ou para o mal, formados,
Ainda são respondidos e registrados.
(De Max Heindel, publicado na Revista “Rays from the Rose Cross”, de julho/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz de Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Mt 6:33
[2] N.T.: Sl 37:25
[3] N.T. Mt 10:29
Dois advogados, associados na prática forense, tiveram uma séria divergência. Como resultado, dissolveram a sociedade. Depois de pouco tempo, um deles foi hospitalizado em virtude da pressão sanguínea elevada. À medida que a animosidade entre os sócios foi acentuada, a pressão do sangue aumentou.
O médico encarregado do caso tentou inutilmente aplicar todos os seus métodos de socorro. Sabendo algo a respeito da altercação entre os dois sócios, sugeriu finalmente que o único remédio eficaz para o seu paciente fosse ele reconciliar todas as discordâncias com o seu antigo sócio e esquecer tudo. Providenciou um encontro entre os dois, no qual dissecaram a coisa toda. Finalmente, concordaram em restabelecer a sociedade e esquecer as divergências do passado. Dentro de uma semana a pressão sanguínea do paciente retornou ao normal.
O ódio ou uma hostilidade arraigada constitui o uso mais ineficaz que uma pessoa possa fazer de sua Mente. Isso poderá causar muitos distúrbios, até mesmo nos olhos. Trata-se de uma das principais causas do glaucoma, uma doença dos olhos que cega totalmente a 20.000 pessoas por ano e faz com que um grande número de pessoas, que varia de cinco a dez vezes essa quantidade, venha a perder a visão de um olho.
Os especialistas descobriram que a pressão ocular aumenta sempre que uma pessoa começa a sofrer pela ação de outra. No Instituto de Psicanálise de Chicago, 2/3 dos casos de glaucoma foram tidos como bastante relacionados com algum evento emocional, tal como um conflito interno e crônico.
Os estudos feitos no Hospital de Nova Iorque e no Colégio Médico de Cornell, pelos Drs. Stewart Wolf e Harold G. Wolf, mostram que a raiva reprimida ou o ressentimento acarretam não apenas indisposições tais como uma pressão alta da corrente sanguínea, mas também indigestões e outras dores. O Dr. N. C. Oilbert, da Northwestern University, diz que a mesma emoção causa, frequentemente, ataques de angina pectoris (dor no peito) e que “provoca mais aflições e ataques do que qualquer outro distúrbio emocional”.
A cura mais rápida dos males causados pela cólera ou hostilidade represadas é o esquecimento. Quando esquecemos uma divergência, a coisa se desfaz, a causa desaparece. Não se tem de aturar mais o desgaste e a ruptura da Mente.
Outra emoção desagradável que provoca dificuldades sem fim é o aborrecimento, juntamente ao medo. Os males mais frequentes, resultado do aborrecimento, são as úlceras estomacais. Muitas vezes o aborrecimento causa sintomas de úlceras sem a ocorrência do fato físico. Na Clínica Mayo, um estudo do estômago feito com 15.000 pacientes mostrou que apenas 20% tivessem uma base física, concreta, para as suas queixas.
Uma das principais causas da alta pressão do sangue é o aborrecimento reprimido ou o ressentimento que se receia admitir. Talvez você abrigue uma aversão intensa à sua esposa, ao seu marido, ao seu irmão, à sua irmã ou alguém muito próximo; porém, você, por dever, reprime esse sentimento, procurando manter as aparências de uma relação familiar amistosa. Você gostaria de chorar no ombro de alguém, mas receia fazer com que ele penetre em seu íntimo.
Seria difícil comentar todos os males que possam resultar do aborrecimento ou do medo, mas devemos dizer que até o câncer faz parte deles. O Dr. Lawrence Le Shan, do Union, do Theological Seminary de Nova Iorque, diz que as histórias de ocorrência do câncer em pacientes por ele estudados revelam costumeiramente um modelo característico. Como exemplo, uma pessoa que contrai o câncer em idade avançada poderá ter sofrido um trauma psíquico ou um choque emocional durante a infância. Ele reporta, a partir desses estudos, que as relações emocionais trazem dores e desânimos; por exemplo, atribuindo um evento a uma falta que tenha praticado, a vítima responde com sentimento de culpa e autocondenação, sendo que o aborrecimento cria o desespero.
Diz ele que as viúvas, os viúvos e as mulheres e os homens divorciados ou separados são mais suscetíveis ao câncer do que os que mantêm um relacionamento sério, sincero e duradouro.
O Dr. Schindler, outra autoridade no assunto, comenta que 1/3 de todas as doenças de pele tratadas por dermatologistas é produzido pela reação dos vasos sanguíneos à ansiedade, ao aborrecimento, ao desgosto, etc. Muitos outros males podem ocorrer devido às tensões emocionais, inclusive a úlcera péptica, a bronquite asmática, a enxaqueca, a colite ulcerativa, a artrite reumatoide, a hipertensão e o hipertireoidismo.
Um estudo realizado com 1.660 residentes, na cidade de Nova Iorque, revelou que mais de 80% apresentavam sintomas de distúrbios emocionais, variando de brandos a acentuados. Assim, apenas uma pessoa entre cinco foi julgada suficientemente livre de problemas emocionais para ser considerada em bom estado.
“A maior parte de nossas emoções mais desagradáveis produz tensão muscular”, diz o Dr. Schindler. “Um dos primeiros lugares a apresentar tensão é o grupo de músculos da parte posterior do pescoço. Caso os músculos do esôfago inferior se contraiam, a coisa será séria”.
Uma vez que as tensões emocionais tenham participação tão importante nas dores físicas, as autoridades médicas são favoráveis a que os médicos recebam aulas de diagnóstico psiquiátrico no decorrer de seus cursos regulares de formação médica. O Dr. G. G. Robinson, do Hospital Johns Hopkins, acentuou essa necessidade já faz vinte anos.
Realmente, o “médico da família” costuma estar em uma posição mais favorável para diagnosticar os distúrbios emocionais do que o especialista, mormente em comunidades muito agrupadas, em que está familiarizado com todos os membros da família. Ele conhece os seus problemas financeiros e sociais, suas esperanças, ambições, frustrações e a maior parte das influências que modelam o comportamento perante a vida.
Diferentemente do desdobramento dos males orgânicos, um fato encorajador em matéria de males psicossomáticos é que nós, e apenas nós, possamos fazer o máximo em relação a eles. Um psiquiatra poderá unicamente nos ajudar a analisar os fatos.
Contudo, nenhum psiquiatra pode fazer com que nós paremos de odiar, de nos aborrecer, de nos atemorizar ou invejar. Ele nos poderá ajudar a localizar o mal, dizendo qual é sua causa, advertindo-nos de suas consequências e dando a coragem para que possamos superar o estado mental que o agrava; no entanto, o fator mais importante da cura somos nós mesmos, por meio da nossa força de vontade.
Para vencer o efeito destruidor das emoções, os médicos recomendam que o paciente assuma uma derivação criadora (um desvio positivo do ambiente interno ao externo) que faça com que sua Mente pense em algo fora de si próprio: substituir as fricções mentais por atividades físicas auxilia o reajustamento.
Os médicos sugerem que se aprenda a gostar de pessoas, cultivar amizades e criar uma disposição alegre. Cultivar o interesse por fazer coisas em benefício de outros, dizem, e dessa forma projetar nossa Mente para além de si mesma e de seus sentimentos discordantes.
Quando começamos a ter interesse genuíno em outras pessoas, esquecemos os próprios aborrecimentos íntimos e percebemos que não sejam, afinal, o pesadelo que imaginamos.
Tudo isso é o que podemos verificar claramente utilizando nossos sentidos físicos, ou seja, os efeitos de causas que não conseguimos identificar pelos nossos sentidos. Pois aprendemos na Fraternidade Rosacruz, em seu processo de Cura Rosacruz, que a doença é uma manifestação de ignorância, o único pecado. E que curar definitivamente (e não remediar) é a demonstração do conhecimento aplicado, a única salvação. Então, a doença é a manifestação da ignorância das leis que regem o Universo, cuja transgressão traz, como consequência, a enfermidade e a dor. Também aprendemos que Cristo é a incorporação dos Princípios da Sabedoria. Portanto, a saúde plena e permanente pode ser conquistada na mesma proporção em que o Cristo conquista nosso coração, ou seja: se forme em nós, o Cristo Interno.
Por meio dos Estudos Bíblicos Rosacruzes aprendemos que o pecado ou o agir erroneamente é a causa direta das doenças. Por exemplo, de acordo com o Levítico, a lepra era o resultado da calúnia. Míriã certa feita viu surgir-lhe a lepra logo a seguir ter falado mal de Moisés durante os anos no deserto (Nm 12); em Salmos, 31: “Por ser perverso e injusto resultou em dor nos ossos”; em Lamentações 1-20: “Devido a angústia, dores fortes nas vísceras”; em Jeremias 8:18: “Devido a profunda tristeza, dores fortes no coração”.
Hipócrates, o “Pai da Medicina”, viveu no quinto século A. C. Dedicou-se a arte de curar, fazendo-o com extrema amorosidade. Tratava o paciente como um todo: Corpo, Mente e Espírito. Atribuiu-se-lhe uma frase célebre: “Não há doenças, mas doentes”. Os doentes da alma acabam por adoecer fisicamente. A dor serve para alertar. O sofrimento significa que algo está errado.
Como a humanidade reluta em compreender e viver essas verdades, as Hierarquias Criadoras utilizam as alternâncias para alertá-la quanto às suas transgressões. Assim, “bem e mal”, “bom e mau”, “dor e prazer”, “alegria e tristeza”, servem de parâmetros para avaliação de conduta e estabelecimento de relação causa e feito. Se sofremos é porque produzimos alguma desarmonia. Só a harmonia nos trará a plenitude.
Entre os primeiros Cristãos acreditava-se que “as doenças provinham de sete pecados: a calúnia, o fluxo menstrual (hemorragia* – ver: Mt 9:20-22; Mc 5:22-43 e Lc 8:40-56), o falso testemunho, a falta de castidade, a arrogância, o roubo e a inveja”.
Cristo Jesus enfatizava, frequentemente, as mesmas verdades em suas conversas com os Doze, como no caso em que, após curar um paralítico dizendo: “Tem ânimo, meu filho, teus pecados estão perdoados. Levanta-te toma o teu leito e vá para tua casa“, “Ele lhes perguntou: “O que é mais fácil dizer: teus pecados estão perdoados ou dizer levanta-te e anda?”.
Notem: embora condições ambientais, mudanças climáticas, acidentes ou fatores hereditários, etc., pareçam constituir as causas determinantes da enfermidade, sua origem encontra-se em nós mesmos, em nossa conduta moral. Nossas doenças provêm de uma errônea maneira de viver, pensar e sentir. São o resultado de erros passados ou presentes. Decorrem de nosso descuido em não atender ao chamamento interno de nossa consciência que, constantemente, procura sobrepor-se a nossa natureza inferior.
“Vamos começar distinguindo os conceitos de duas palavras que, por razões históricas e descuidos, são mau interpretadas e, até, achadas com os mesmos significados: curar e sarar.A principal diferença consiste em haver ou não haver cooperação do paciente.
Uma pessoa pode curar outra com massagens ou drogas. Nestes casos, o paciente mantém-se passivo. Não há dúvida de que com tais tratamentos podem desaparecer as afecções e o doente restabelecer-se, mas em geral seu restabelecimento é apenas temporário.
A palavra cura vem latim com o sentido primitivo de ‘cuidado’, ‘atenção’, ‘diligência’, ‘zelo’. O verbo curo, curare, de largo emprego, com o significado de ‘cuidar de’, ‘olhar por’, ‘dar atenção a’, ‘tratar’.
A evolução semântica da palavra cura, tanto em latim, como nas línguas românicas, operou-se em várias direções, sempre em torno da ideia de ‘cuidar de’, ‘exercer ação sobre’, ‘tratar’.
Então para mudar a situação, para curar o sintoma, tomamos um remédio que até funciona bem. Só que esquecemos que o nosso corpo fala e se expressa através de sensações de conforto, desconforto, dor, aumento de temperatura, etc., querendo nos avisar que algo está errado. Por exemplo, que comemos demais, bebemos demais, trabalhamos demais, estamos com fome, que estamos com sono, com frio, ou super-aquecidos. Tudo isto leva a um desequilíbrio dentro do nosso sistema. A função do sintoma é o da auto preservação do organismo. Precisamos aprender a ouvir o corpo/sintoma.
É importante reconhecer o valor e o poder dos remédios, uma vez que estando com dor, desconforto, não conseguimos elaborar, pesquisar, ou compreender a causa deste desconforto, sintoma, etc. neste momento da nossa vida. Os remédios são muito importantes sim, como uma espécie de bengala.”.
Já sarar vem do latim sanare, e evoluiu para sanar em espanhol e sarar em português (a substituição de n por r que se operou na língua portuguesa é explicada pela seguinte sequência na passagem do latim vulgar para o português arcaico: sanare > saar > sar > sarar). Sarar é ‘ficar são’, ‘recuperar a saúde’, ‘tornar uma pessoa sã’, ‘dar saúde a (quem está doente)’, ‘emendar’. Assim, “Sarar” é radicalmente diferente porque, neste caso, se exige que o paciente coopere espiritual e fisicamente com quem cura. Ou seja: sarar é curar com a cooperação ativa do paciente.
Portanto, para sarar de uma doença: o paciente mantém-se ativo, o paciente coopera espiritual e fisicamente com quem cura. Com isso, o único resultado possível: a cura definitiva para o sofrimento do doente: “lição aprendida…ensino suspenso”!!!!
Agora, vejamos a relação da sentença: “A Fé sem Obras é Morta”, que lemos na Epístola de São Tiago, Cap. 2, Versículo 20, e os trabalhos da cura definitiva, do sarar.
Para isso note que todos os casos em que Cristo sarou alguém, essa pessoa tinha que fazer alguma coisa: ou seja: tinha que cooperar com o Grande Médico, antes que a sua cura se efetuasse.
Alguns exemplos: “Estende a tua mão“, e quando a pessoa assim fazia, sua mão ficava sanada. Dizia a outro: “Toma o teu leito e anda“, e quando isso era feito, desaparecia a enfermidade. Ao cego mandou: “Vai e banha-te no lago de Siloé“, ao leproso: “Vai ao sacerdote e oferece o teu donativo“, etc.
Em todos os casos havia necessidade da cooperação ativa da parte daquele que desejava ser sanado. Eram simples pedidos, mas tais como eram, tinham que ser atendidos e a obediência auxiliava o trabalho do Curador.
O auxílio prestado pelo Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz é efetivo e real. Há mais de um século promove a Cura de muitas doenças e enfermidades. Cabe, entretanto, ao paciente colaborar, fazendo a sua parte. Cumpre-lhe observar certos princípios, sem o que tudo resultará em malogro. Enfatizando a importância de tais princípios, recordemos algumas passagens do Novo Testamento, em que Cristo-Jesus realizou algumas curas: Mateus – cap. 9, vers. 2: “E eis que lhe trouxeram um paralitico deitado num leito. Vendo-lhe a fé, Cristo Jesus disse: Tem bom ânimo filho: estão perdoados os teus pecados. Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa”.
“A cura permanente só é alcançada no final do ciclo de um processo, onde a doença é o último elo da corrente. Devido a Seus poderes cósmicos, Cristo-Jesus podia, com facilidade, curar instantaneamente qualquer pessoa de qualquer doença. Entretanto, se o enfermo não houvesse aprendido a lição concernente aos seus erros, sua enfermidade cedo ou tarde reapareceria. Somente quando o Átomo-semente em seu coração, que carrega a gravação de todos os esforços mal direcionados (pecados), tiver sido limpo pela repetição, reforma, e restauração, Cristo dirá ‘Levanta-te, estás livre’. Isto porque o Mestre pode mandar ‘Levanta-te e anda’, mas somente o próprio ser humano pode tornar isto possível, a fim de que Ele declare: ‘Teus pecados estão perdoados’”.
Quer buscar ajuda no Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz ou entender melhor como funciona a Cura Rosacruz? É só acessar aqui: https://fraternidaderosacruz.com/category/cura/como-solicitar-inscricao-no-departamento-de-cura-rosacruz/
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1970-Fraternidade Rosacruz-SP-com adições da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Julho de 1911
No mês passado, nós começamos a tratar com mais atenção a questão dos Sacramentos, e era minha intenção escrever sobre a Comunhão esse mês, mas o assunto se mostrou tão vasto que cobre praticamente tudo do Livro do Gênesis ao Livro do Apocalipse, além de uma quantidade de aspectos fisiológicos tais como a química do alimento e do sangue, também a atmosfera, etc. Além disso, está inseparavelmente conectado com a segunda vinda do Cristo. Isso necessitará mais tempo que eu posso dispender no início do mês, além desse assunto envolver várias lições. No entanto, eu pensei que é melhor não trabalhar com este assunto até o próximo mês, e nesse meio tempo eu decidi fornecer um material sobre isto no livro Os Mistérios Rosacruzes. Esse assunto está parcialmente coberto no capítulo intitulado: “O Mistério da Luz, Cor e Consciência”[1]. Você achará isso mais interessante e mais instrutivo.
Referente à lição do mês passado sobre o Batismo, você notará que longe de ser somente uma consequência do dogmatismo, geralmente atribuído ao Cristianismo popular, é o símbolo de uma condição que, na verdade, existiu no passado, quando a Humanidade era, verdadeiramente, uma fraternidade. É um fato da maior significância que até a primeira vinda do Cristo, a lei exigia um olho por um olho, um dente por um dente[2]; mas, antes d’Ele começar a pregar o Evangelho do amor ao próximo e o perdão para aqueles que transgrediram contra nós, Ele passou sob as Águas do Batismo e ali recebeu o Espírito Universal, que suplantará o egoísmo de hoje.
Assim, Ele se plenificou de amor e irradiava, naturalmente, esta qualidade, de uma forma tão natural como um fogão cheio de carvão em brasa irradia calor. Nós podemos pregar ao fogão eternamente que seu dever é aquecer, mas, se não o abastecermos com o combustível, ele permanecerá frio. Da mesma maneira, nós podemos pregar à Humanidade que devemos ser irmãos e que devemos nos amar uns aos outros, mas, até que nos ponhamos “em sintonia com o Infinito”, não podemos amar o nosso próximo, da mesma maneira que o fogão sem lenha ou carvão não produz calor. Como São Paulo disse: “Ainda que fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver amor, serei como o metal que soa ou como o sino que tine”[3].
O Batismo de Água se refere a uma condição passada, na qual éramos tão irresponsáveis como a criança que, atualmente, levamos à uma igreja; mas, o Batismo do Espírito é algo que ainda está por vir para a maioria de nós, e é nessa direção que devemos nos esforçar. Vamos dedicar uma especial atenção ao Capítulo 13 da primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios[4] durante o mês entrante. Vamos nos esforçar para praticar, em nossas vidas diárias, pelo menos uma das virtudes que, segundo disse São Paulo, conduzem à iluminação, para que possamos ver face a face as belezas dos Sacramentos, que agora vemos através de um vidro embaçado.
(Carta nº 7 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: O Mistério da Luz, Cor e Consciência
“Deus é Luz” (IJo 1:5), diz a Bíblia, e nós não somos capazes de conceber uma analogia tão grandiosa e magnífica da Sua Onipresença ou do modo da Sua manifestação. Até os mais potentes telescópios fracassam em alcançar os limites da luz, embora nos revelem estrelas a milhões de quilômetros de distância da Terra, e podemos bem perguntar a nós mesmos, assim como o fez o salmista: “… Para onde fugir, longe da tua presença? Se subo aos céus, Tu lá estás; se me deito no Xeol (a palavra hebraica Xeol significa sepultura e não inferno), aí te encontro. Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar, mesmo lá é tua mão que me conduz” (Sl 139:7-10).
Quando, na aurora do Ser, Deus-Pai anunciou A Palavra e O Espírito Santo se moveu sobre o mar da Matéria Virginal homogênea, as primitivas Trevas foram convertidas em Luz. Esta é, portanto, a primeira manifestação da Divindade e um estudo dos princípios da Luz revelará à intuição mística um maravilhoso manancial de inspiração espiritual. Como isso nos afastaria muito do nosso assunto, nós não entraremos aqui na elucidação deste tema, exceto para dar uma ideia elementar de como a Vida Divina energiza a forma humana e a estimula à ação.
Verdadeiramente, Deus é UNO e indivisível. Ele contém dentro do Seu Ser tudo o que é, como a luz branca inclui todas as cores. Mas Ele se manifesta de uma forma tríplice, assim como a luz branca é refratada nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos essas cores, elas servem como um símbolo do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esses três raios primários da Vida Divina se difundem ou são irradiados pelo Sol, produzindo Vida, Consciência e Forma sobre cada um dos sete portadores de Luz, os Planetas, que são chamados “os Sete Espíritos diante do Trono”. Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode prova que Netuno (nem Plutão) não pertence ao nosso Sistema Solar e o leitor está convidado a consultar a obra Astrologia Científica Simplificada (veja mais detalhe no Capítulo I do Livro Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), escrita pelo autor do presente trabalho, para a demonstração matemática dessa afirmação.
Cada um dos sete Planetas recebe a luz do Sol em proporções diferentes, de acordo com a proximidade deles da órbita central, com a constituição da sua atmosfera e de acordo com os seres em cada um deles, conforme o estágio evolutivo desses seres, caso eles tenham afinidade com um ou outro dos raios solares. Eles absorvem a cor ou as cores que lhes são harmônicas e refletem as restantes sobre os outros Planetas. Esses raios refletidos levam consigo um impulso da natureza dos seres com os quais estiveram em contacto.
Deste modo, a Luz e a Vida Divinas chegam a cada um dos Planetas, quer diretamente do Sol, quer refletidas pelos seis Planetas-irmãos, e assim como a brisa do verão que, tendo passado pelos campos em flor, leva em suas asas silenciosas e invisíveis a fragrância misturada de uma multidão de flores, assim também, as influências sutis do jardim de Deus nos trazem os impulsos reunidos de todos os Espíritos e nesta luz multicor nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.
Os raios que vem diretamente do Sol são produtores de iluminação espiritual; os raios refletidos dos demais Planetas produzem o aumento da consciência e o desenvolvimento moral; os raios refletidos por meio da Lua produzem o crescimento físico.
Mas, como cada Planeta só pode absorver uma quantidade determinada de uma ou mais cores, de acordo com o estágio geral da sua evolução, assim cada ser aqui na Terra, que seja mineral, vegetal, animal e humano, pode absorver e assimilar somente uma determinada quantidade dos diversos raios projetados sobre a Terra. O restante não o afeta, nem lhe causa sensação alguma, do mesmo modo que o indivíduo totalmente cego não tem consciência da luz e da cor que existem em volta dele. Assim, cada ser é afetado distintamente pelos raios astrais e a ciência da Astrologia é uma verdade fundamental da natureza cujo conhecimento é de enorme benefício para se conseguir o crescimento espiritual.
Nos caracteres místicos de um horóscopo podemos aprender sobre as nossas próprias forças ou fraquezas e os meios mais convenientes para o nosso desenvolvimento, ou podemos conhecer as tendências daqueles amigos e amigas que vêm a nós como nossos filhos e nossas filhas e as faculdades neles latentes. Desse modo, saberemos claramente como cumprir nosso dever de pais ou responsáveis, reprimindo o mal antes que se manifeste e alimentando o bem, para que possamos estimular mais abundantemente as tendências espirituais das almas confiadas ao nosso cuidado.
Como já dissemos, o ser humano volta à Terra para colher o que semeou em vidas anteriores e para semear, outra vez, as novas sementes que proporcionarão experiências futuras. As estrelas são o relógio celeste que mede os anos; a Lua indica o mês em que as condições serão mais propícias para a colheita ou para a semeadura.
A criança é um mistério para todos nós; nós só podemos conhecer suas tendências à medida que essas, lentamente, vão se convertendo em características, mas, geralmente, é muito tarde para checar, uma vez que os maus hábitos já se formaram e a juventude já chegou para esses ser. Um horóscopo cientificamente levantado com relação à hora do nascimento indica as tendências da criança para o bem e para o mal e, se os pais ou responsáveis se dedicarem com afinco para estudar a ciência das estrelas, eles poderão prestar um serviço inestimável às crianças a eles confiadas, estimulando as tendências que tenham para o bem e reprimindo as inclinações para o mal, antes que estas se cristalizem em hábitos. Não pense que é preciso um conhecimento superior de matemática para levantar um horóscopo. Muitos levantam um horóscopo de uma forma tão complicada, com tanto receio e tanta “meticulosidade”, que ele se torna completamente indecifrável para eles ou para os outros, enquanto um simples horóscopo, fácil de ler, pode ser feito por qualquer pessoa que saiba somar e subtrair. Esse método foi cuidadosamente explicado no livro Astrologia Científica Simplificada (Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), o qual é uma obra de ensino completo sobre o assunto, ao mesmo tempo pequena e econômica. Os pais que anseiam profundamente pelo bem-estar dos seus filhos e das suas filhas deveriam se esforçar por aprender eles mesmos, embora a habilidade deles não se possa comparar com a de um Astrólogo mais experiente, o conhecimento íntimo da criança e de seus interesses profundos compensarão sobejamente a falta de competência, tornando-os capazes de penetrar mais profundamente no caráter do filho ou da filha por meio do horóscopo.
[2] N.T.: Ex 21:23 e Mt 5:38-42
[3] N.T.: 1Cor 13:1
[4] N.T.: O conceito da palavra caridade aqui é: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá.Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade.”
Para imprimir em formato A4 é só clicar aqui: Folha com Aspectos Astrológicos Rosacruz – Julho de 2023
Quer saber como lê-la? É só clicar aqui: Descrição das Colunas e dos Dados da Folha com Aspectos Astrológicos Rosacruz
Para consultar no site ou copiar:
Para saber qual é o Trabalho Cósmico do Cristo nesse quadrimestre: O Trabalho do Cristo no Mundo do Espírito de Vida: de Junho à Setembro
Para esse Mês Solar tome como material para os seus Exercícios Esotéricos tal assunto: Senhor Cristo se prepara para voltar ao Seu Mundo cotidiano
Para saber que Signo a Lua está em cada dia desse mês, e daí saber as Partes do Corpo que Não Se Deve Mexer – Julho de 2023
Para obter mais detalhes sobre os Auxílio para Utilizar na Cura – Melhores e Adversos Períodos e Dias para Tratamentos e Cirurgias – Julho de 2023
De fato: não precisamos de uma nova Religião nem de uma nova Filosofia. Precisamos, isto sim, é de RE-ligião, de FILO-sofia, quer dizer, necessitamos buscar, dentro de nós, o nosso Deus, o Cristo Interno, com Quem devemos Re-atar, conscientemente, as relações. Uma vez que o encontremos e o ouçamos, seremos FILÓ-sofo, amigo da sabedoria. Essa é a verdadeira sabedoria, perfeitamente individualizada às nossas necessidades. Ninguém melhor do que nosso Verdadeiro Eu para compreender-nos e intuir-nos a melhor forma de viver.
É útil o estudo dos Evangelhos se pudermos pôr de lado as formas convencionais de interpretação e se pudermos neutralizar as induções materialistas dos nossos sentidos. Para isso, basta que leiamos e meditemos calmamente ficando, depois, em silêncio, para que a Deidade interna nos instrua. Mas, precisamos de calma e de concentração. O nervosismo e a preocupação movimentam o nosso Corpo de Desejos e comprometem a recepção mental. Se estivermos preocupados ou nervosos, respiremos profunda e calmamente e peçamos que o Cristo se levante do fundo da barca do nosso corpo-templo e, estendendo Seus poderosos braços, acalme as ondas das emoções e os ventos dos pensamentos errantes. De toda maneira, o acalmar e concentrar são preâmbulos indispensáveis ao contato com o Cristo. Pode suceder, também, que hajamos estado a conversar frivolidades e ouvindo até coisas maliciosas. Limpemos a Mente e as emoções. Isso representa tirar as sandálias, para pisar um solo santo, de encontro com o Senhor. Aí podemos ler, meditar e silenciar, pedindo ao Cristo que nos instrua.
Realmente, os Evangelhos continuam sendo atualíssimos, continuam a desafiar-nos que os vivamos, para sermos realmente felizes. Quando tivermos atingido esse ponto, aí sim, virão ensinamentos mais altos; será quando o Cristo entregar seu Reino ao Pai, a fim de que recebamos d’Ele orientação mais elevada. Mas, quem chegou a esse ponto? Os sofrimentos internos e sociais, as guerras, as doenças, são macabros atestados de como projetamos, de dentro de nós, as sombras de nossas discórdias às Leis da Natureza.
A Filosofia Rosacruz apareceu, no começo deste século, para orientar, pela razão, os Egos ocidentais que não aceitam o Cristo simplesmente pela fé. É uma Filosofia de ação Cristã, racional, atualizadíssima, que vai preparar a humanidade para uma forma de Religião mais alta, o Cristianismo Esotérico, para a próxima Era de Aquário. Ela pode servir-nos de segura orientação, porque os Irmãos Maiores que a estruturaram são Elevados Iniciados que já passaram pelas nove Iniciações Menores e pelas quatro Iniciações Maiores ou Cristãs.
Precursores que já foram até o fim do caminho desse Esquema de Evolução e pensando naqueles que ficaram para trás, amorosamente voltaram para ajudá-los, prevenindo-os da melhor forma para vencer os obstáculos da jornada. Eles podem olhar lá de cima do grande monte e vislumbrar claramente os caminhos que levam ao cume. Daí Eles serem muito tolerantes com todas as formas religiosas e filosóficas que se criaram para ajudar a humanidade. No entanto, eles indicam um caminho mais curto, um caminho do MEIO, para os que tenham coragem de vencer a si mesmos e de renunciar ao ilusório, como o “atleta que fica com o mínimo de roupas, para melhor vencer a corrida”.
A Fraternidade Rosacruz não é uma nova filosofia. É Sabedoria antiquíssima que surge para a NOVA criatura. À medida que nos renovamos, nos aparecem meios mais elevados de orientação. Simplesmente isso! A Sabedoria nada tem de nova. O método sim é adequado às necessidades internas do povo a quem se dirige. Eis a razão de ser da Fraternidade Rosacruz, que busca livrar o Aspirante das ilusões e miragens do Caminho no deserto, mostrando-lhe, seguramente, as vias de chegar à Terra Prometida, dentro dele mesmo.
Ela não manda “matar os desejos” nem se sentar em meditação ou fazer longos retiros e jejuns, negligenciando os deveres familiares e fugindo aos desafios da vida social. Não! Dá condições de nós, Aspirante à vida superior, haurirmos o alimento anímico no próprio ambiente em que vivemos e lutamos e, nos momentos que nos sobram, buscar a Deus, estudar as verdades espirituais que foram mantidas pela Ordem Rosacruz, livres da conspurcação materialista, de modo que estabeleça no íntimo um Templo. Se nós, Estudantes Rosacruzes, recebemos a oportunidade desse contato com a Fraternidade Rosacruz e a aproveitamos, consideramos isso uma graça de Deus. Mas, se nós temos a oportunidade e não reconhecemos nada de superior nos ensinamentos da Fraternidade Rosacruz e não sentimos vibrar o íntimo à Mensagem dela, é porque não chegou a nossa hora. Ainda estamos verdes; ainda precisamos de “viver e sofrer” até que “encontremos” tempo para o cultivo da Alma, por julgar que isso é a coisa mais importante do mundo.
Então podemos começar a escalada. Aí compreendemos o que é “AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO”.
Compreendem isso, meu Amigo e minha Amiga?
(por Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de julho/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)
“Os céus declaram a glória de Deus” (Sl 19:1), cantou o antigo salmista; uma verdade com a qual nós, que tivemos o privilégio de viver em Mount Ecclesia, podemos concordar prontamente. Pois, quando vemos a vasta extensão do céu azul com o Sol pairando e brilhando sobre nós, isso não é glorioso? Novamente, quando o céu está encoberto por nuvens e vemos os raios do Sol irradiando-se para baixo sobre as montanhas ou sobre o mar, isso não é uma glória de outra natureza? E quando contemplamos a nuvem carmesim no oeste, cobrindo a glória do Sol poente, ela não nos fala como nada mais poderia?
No entanto, a glória do dia não perde seu significado quando olhamos para o céu à noite, depois que a estrela do dia desapareceu. Podemos, então, ver a infinitude do espaço. Em todas as direções e até onde nossos olhos podem ver existem Mundos e Mundos; ora, quando pegamos o telescópio e olhamos ao nosso redor, nesse labirinto de Mundos, em nenhum lugar encontramos espaço vazio!
Por toda parte existem sóis brilhantes de magnitude muitas, muitas vezes maior que o nosso próprio Sol. A luz viaja com tanta rapidez que durante o breve espaço de tempo em que pronunciamos a palavrinha “luz”, aquele raio que deixou o Sol quando começamos tem tempo de dar cinquenta voltas ao redor do nosso mundinho.
Para nos dar uma ideia melhor da imensidão do universo, consideremos que a luz que deixou a Estrela Polar há cinquenta anos só hoje atinge o mundo em que vivemos. De modo que, quando o marinheiro faz sua observação noturna para guiar seu navio em seu curso correto, o raio que o ilumina e o guia, provavelmente, se originou antes de ele nascer.
E que lição podemos aprender com a meditação sobre a grandeza e a infinitude deste universo? Quando nos sentimos cheios de orgulho por nossas realizações e desprezamos outros que pensamos não serem tão avançados quanto nós, então devemos comparar nossas próprias realizações com as do grande Criador deste Universo; assim nós veremos nosso orgulho desmoronando no pó e nos deixando humilhados, reconhecendo que, de fato, somos nada.
Por outro lado, estamos desanimados, sentindo que estamos sozinhos e que tudo está contra nós? Consideremos então que Deus tem cada um desses vastos Mundos em Suas mãos, que existem milhões de pequenas organizações em uma gota d’água sustentada por Deus e essas, assim como os grandes globos mundiais, estão em Suas mãos. Assim também nós estamos e não há um único pardal que caia no chão sem a vontade do Pai.
Sabendo que Ele tem a capacidade de segurar esses vastos Universos em Suas mãos e guiá-los corretamente, certamente podemos descansar em segurança, sabendo que, confiando n’Ele, tudo ficará bem. Assim, como o jardineiro semeia as sementes no jardim, rega, cultiva e, em seguida, colhe cada tipo de fruto de acordo com a semente plantada, assim também colhemos das flores tingidas de fogo nas planícies do céu, as estrelas, o destino que foi armazenado e cultivado por nós mesmos no passado.
Fizemos para nós as camas onde agora nos deitamos. Se são inconvenientes, temos o poder de mudá-las por esforços oportunos aliados ao conhecimento. Vamos, portanto, fixar nossos ideais tão alto quanto as estrelas; nunca os alcançaremos, mas como a estrela distante guia com segurança o marinheiro através do deserto das águas para o céu de descanso, assim nossos ideais iluminarão o caminho para nosso Pai Celestial.
Nós, em nosso atual estágio de evolução, desenvolvemos certas faculdades mentais, ou ferramentas, com as quais resolvemos os problemas da nossa vida diária e o enigma do Universo. Se desejamos progredir mais, devemos colocar essas faculdades em uso ativo; caso contrário, elas ficarão enferrujadas e terão pouco valor para nós.
No livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” recebemos instruções definidas quanto ao uso de certas faculdades as quais podemos usar como chaves para destrancar as portas do conhecimento que conduzem à luz da sabedoria, onde ardem os fogos espirituais.
FOGOS ESPIRITUAIS
Com Observação aguçada e clara,
Discernir!
Com a tocha da razão acesa, tenha certeza!
Elimine!
E no fogo da Retrospecção,
Jogue fora a escória da vida
Até que a chama da Meditação,
Claramente queimando,
Traga a palavra silenciosa
Doce Contemplação e anseio —
Ansiando com aspiração pura,
Devoto implorando!
E então, revelada será, tua alma
Para ti — o Cristo em Adoração.
(Publicado no Echoes de Mount Ecclesia de junho/1914 e traduzidos pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
“No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Esse é um versículo muito citado pelos estudantes de ocultismo, já que é um legado fundamental. No primeiro versículo do primeiro capítulo do Gênesis lemos que Deus criou os Céus e a Terra, e no primeiro versículo do primeiro capítulo do Evangelho de São João nos é informado o modo em que a criação se levou a cabo. Nos versículos posteriores do mesmo capítulo se nos diz que o “Verbo estava no princípio com Deus e que todas as coisas foram feitas por ele, e que n’Ele estava a vida e que a vida era a luz dos homens”.
Tudo o que encontramos no Universo existiu primeiro como um pensamento na Mente do Criador; isso se manifestou como o Verbo que é som rítmico. É esse som, o Verbo que constitui a vida dentro da forma.
Lemos também na Bíblia que o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus e se esperamos ser como Ele, muito teremos que aprender. Agora somos ensinados em distintas formas. Vidas após vidas terão que aprender a ser criadores também. De modo que, depois de um período longo de tempo nos quais ganhamos em experiência, podemos esperar que sejamos criadores, diretamente por meio da palavra (Verbo) de nossa boca. A fim de que possamos levar a cabo essa instantânea criação, temos que aprender primeiramente a criar por outros meios. Isso é o que estamos tratando de fazer agora, quando trabalhamos na Região Química do Mundo Físico e usamos nossas energias para conquistar essa Região. No presente, com o pensamento e a Mente, o ser humano exercita seu poder somente sobre os minerais e por meio da química. Trabalha com eles e cria muitas ferramentas novas e concebe novas coisas para sua comodidade. Esse treinamento é essencial a fim de que possamos aprender a criar sem cometer erros e fazer as coisas bem-feitas desde o princípio. Quando criarmos por meio da palavra de nossa boca, será feito instantaneamente e tem que ser feito certo desde o princípio porque não há possibilidade de mudanças imediatas posteriores.
Dos instrumentos que o espírito possui, o mais importante é a Mente. Nos esforços do ser humano para ser um criador, a Mente é um instrumento especial. Quando nossa laringe for perfeita, algum dia, no futuro, seremos capazes de pronunciar a Palavra Criadora. Todavia estamos ainda muito longe disso, já que nossa Mente não pode dar-nos uma ideia clara do que é necessário para essa criação imediata. Nossa Mente ainda se encontra em seu estado mineral.
Existe ainda outro requisito mais importante antes que possamos começar a pensar em criar do mesmo modo que Deus o faz. O ser humano deve ser bom. Enquanto as ações do ser humano não forem governadas por seu coração, suas criações não serão dignas. No presente de nossa evolução, certamente, nossas criações são às vezes sem importância e às vezes maliciosas. Quando aprendermos a pensar retamente seremos capazes de conceber o verdadeiro, sem experimentar, e a seu devido tempo seremos capazes de pronunciar nossos pensamentos e cristalizá-los em coisas.
No passado, quando o ser humano era um ser espiritual e mais ligado ao seu Criador, era ensinado diretamente por seres Superiores. Usava, então, palavras formativas sobre os animais e as plantas. Quando a santidade houver novamente tomado o lugar do profano na linguagem do ser humano, ele voltará a ter o poder de usar a Palavra Criadora. Encontramos no livro Cristianismo Rosacruz esta citação: “Todas as coisas da Natureza vieram à existência por meio do Verbo que fez a carne (São João). O som, o pensamento falado, será nossa próxima força de manifestação, uma força que nos converterá em Homens-Deuses criadores, quando mediante nossa atual escola nos hajamos preparados para usar esse formidável poder em benefício de todos, sem ter em conta nosso próprio interesse”.
O ser humano é a única criatura sobre a Terra que usa as palavras. Muitos de nós não podem pensar ou formular pensamentos sem a ajuda das palavras. É quão preferível quando pensamos, expressarmos o correto significado do que queremos dizer, e quando falamos, sentimos que soa diferente do que queremos dizer. As palavras encerram pensamentos de um ser a outro e são as coisas mais humanas. As palavras também executam o valioso serviço de encarnar pensamentos de um período de tempo a outro, fazendo possível o escrever o registro de uma geração para outra, e, portanto, tornando possível a evolução.
A primeira vez que o ser humano primitivo usou a palavra foi no começo da Época Atlante. Foi, então, que a humanidade adquiriu um pouco de memória e com isso vieram os rudimentos da linguagem. Até aquela fase de nossa existência, o humano primitivo fez uso somente de sons, porém, agora as palavras evoluíram. O ato de pronunciar palavras era uma coisa sagrada para eles. As palavras constituíam a mais elevada expressão direta do espírito e nunca eram usadas levianamente. Esses seres humanos primitivos estavam mais próximos de sua fonte espiritual do que em épocas posteriores, e, portanto, constituíam ainda uma raça espiritual. Seus sentimentos como espíritos ainda tinham efeito sobre eles.
Quando os Apóstolos ficaram cheios com o Espírito Santo, no Dia de Pentecostes, seus Corpos de Desejos haviam sido purificados e lhes foi possível falar em distintas línguas, quando davam a sua mensagem a tantos que vinham ouvi-los desde distintos países nos quais se falavam linguagens diferentes. No futuro, quando a humanidade em geral houver se purificado suficientemente, todos os seres humanos serão capazes de se entenderem uns aos outros novamente. Nesse dia a separatista Consciência de Raça haverá sido dominada e a união com o Espírito Santo será um fato e as barreiras da linguagem deixarão de existir.
Copiando do livro Mistérios Rosacruzes: “Nas Regiões inferiores do Mundo de Desejo há as mesmas diversidades de língua que na Terra, e os chamados ‘mortos’ de uma nação se veem impossibilitados de conversar com aqueles que vieram de outro país. Assim, vemos que o conhecimento de várias línguas é de grande valor para os ‘Auxiliares Invisíveis’ dos quais falaremos depois, porque sua esfera de utilidade se amplia grandemente pela sua capacidade”.
Do modo em que usamos nossas palavras, a miúde causa incompreensão, porém, nas Regiões superiores do Mundo do Desejo essa confusão de linguagem não existe. Aí nossos pensamentos tomam formas definidas que se impregnam de cores que emitem tons que não são palavras, porém, que encerram certos significados que qualquer um pode compreender.
Os sons das palavras contêm um poder maravilhoso e as palavras corretas são verdadeiras, e, portanto, liberam ao que as pronuncia. “A Verdade vos libertará”. Palavras verdadeiras nunca são obstruídas pelo tempo nem o espaço. Elas chegam aos mais distantes rincões da Terra, e quando o que as pronunciou houver falecido e se distanciado da Terra para as mais altas esferas, as palavras que ele pronunciou poderão ainda ser ouvidas e inclinam as multidões pelo poder de sua força moral. De certa forma os Apóstolos estão pregando a mensagem de Cristo que ainda trazem bálsamo a este atribulado mundo.
Se nos déssemos conta do poder contido na palavra falada, então poderíamos, talvez, compreender ligeiramente a magnitude do Verbo de Deus. Quando Deus envia Seu poder na forma de som, é algo muito mais que isso, é o Fiat Criador. Quando em princípio reverberou pelo espaço e começou a criar as formas da matéria primordial, construindo mundos, se formou o nosso planeta. Quando passamos um arco de violino sobre a borda de uma placa de cristal, sustentando pó muito fino, podemos observar, em quase um minuto, sons sendo moldados em figuras geométricas.
O som do Verbo Criador ainda sustenta os corpos celestes em marcha em sua órbita e os impele para frente em sua marcha. O Verbo Criador continua produzindo formas de eficiência gradualmente crescente, expressando vida e consciência.
Quando houver sido pronunciada a última sílaba e houver ressoado a palavra completa, teremos chegado à perfeição como seres humanos. Então, será o final dos tempos, e com a última vibração da Palavra de Deus, os Mundos serão dissolvidos ao seu elemento original. Nossa vida, então, será una em Cristo com Deus, até que a Noite Cósmica – o Caos – haja terminado e despertemos de novo para fazer grandes coisas em um novo Céu e em uma nova Terra.
(Publicado na Revista “Serviço Rosacruz” maio/1981 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia, e um de vocês lhe disser: ‘Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se’, sem, porém, lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também é a fé; por si só, se não for acompanhada de obras, está morta.” (Tg 2:14-17).
Com essas palavras, o Apóstolo São Tiago chamou a atenção sobre o fato de que devemos mostrar nossa fé por suas obras. A história se ocupa do estudo das vidas e dos atos de seres humanos dinâmicos e disciplinados, que dedicaram todas as suas energias em servir à humanidade e provaram, com seus próprios trabalhos, a fé suprema que os animava em servir a um ideal. Um autêntico e grande indivíduo é todo aquele que serve nobremente, quaisquer que sejam as condições, modestas ou elevadas, de sua ascendência.
Ao destacar a importância de praticar a “fé pelas obras”, estudemos a vida de algumas pessoas bem conhecidas da história contemporânea, que deixaram uma estrela de glória por sua sinceridade, sua fé e sua determinação em realizar os elevados ideais a que se haviam propostos.
Uma grande alma, como a de Abraham Lincoln, demonstrou sua fé por suas obras. Desde os primeiros anos de sua iniciação na vida, o “Honesto Abe”, como se lhe designava afetuosamente, começou lavrando as vigas de sua casa, a fim de ter um teto onde abrigar-se. Com seus trabalhos, naqueles anos difíceis em que tudo estava por fazer-se, estabeleceu os alicerces de seu futuro destino. Rendeu afetuosa homenagem à nobre e austera influência que o guiou em sua juventude, com as simples, porém eloquentes palavras: “Tudo o que sou devo à minha mãe”. Ela foi uma mulher que se adiantou na sua época; com esse avanço no tempo, demonstrou, a seu jovem filho, sua fé em suas obras, dando-lhe uma educação no lar e a inspiração que o conduziu à realização de grandes obras. Devido a esses princípios, Lincoln construiu seu caminho no mundo, e foi o maior e o mais querido Presidente dos Estados Unidos.
Thomaz Edison foi educado por sua mãe. Quando tinha apenas doze anos, começou a ganhar a vida vendendo jornais e pedindo, de casa em casa, relógios estragados para consertá-los. Hoje em dia, o mundo inteiro se beneficia pela fé que o animou, e pelas ideias que o conduziram a realizar inventos da maior utilidade prática, que todos usamos.
Henry Ford aprendeu seu ofício em uma oficina de modesta aparência, suja e obscura. Seu invento do motor de explosão a gasolina, legou à humanidade um novo meio de locomoção. A indústria, a qual deu lugar esse invento, atualmente dá trabalho e pão a milhares e milhares de operários, e a muitas bênçãos de gratidão que se elevam por ele.
Outro homem genial que por muitos anos de sacrifício e, por um trabalho assíduo e infatigável, provou por sua fé em suas obras, é Luther Burbank, que fez experiências em plantações e cultivos de novas variedades de árvores e plantas. Graças a seus esforços, o ser humano dispõe hoje de inumeráveis variedades de vegetais e frutos.
Uma mulher genial foi Marie Curie foi a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Paris e, em 1995, se tornou a primeira mulher a ser sepultada por seus próprios méritos no Panteão de Paris. Ela estudou na clandestina Universidade Volante de Varsóvia e iniciou seu treinamento científico prático na mesma cidade. Suas realizações incluem o desenvolvimento da teoria da “radioatividade” (um termo que ela cunhou), técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos químicos, o polônio e o rádio. Sob sua direção, foram conduzidos os primeiros estudos para o tratamento de neoplasias usando isótopos radioativos. Ela fundou o Instituto Curie em Paris e sua contraparte em Varsóvia, que continuam sendo grandes centros de pesquisa médica. Durante a Primeira Guerra Mundial, ela desenvolveu unidades de radiografia móvel para fornecer serviços de raio-X a hospitais de campanha.
Outra mulher a destacar foi Emmy Noether. Considerada a criadora da álgebra moderna, seus estudos científicos revolucionaram as áreas de álgebra abstrata e física teórica. Albert Einstein declarou-a como a mulher mais importante da história da matemática, reconhecendo que dois teoremas provados por ela — em especial o “Teorema de Noether”, que explica a ligação primordial entre leis de conservação e simetria na física — foram fundamentais para a posterior descoberta da Teoria da Relatividade.
Já Nise da Silveira, aluna de Carl Jung, iniciou seus estudos aos 21 anos na Faculdade de Medicina da Bahia e obteve reconhecimento mundial pela dedicação de uma vida inteira à psiquiatria brasileira. Radicalmente contrária ao confinamento e tratamentos agressivos e desumanos (lobotomia, eletrochoque, insulinoterapia etc.) impostos às pessoas que sofriam de transtornos mentais, Nise revolucionou, por meio de terapias humanizadas, o tratamento psiquiátrico no Brasil.
Rosalind Franklin foi pioneira em pesquisas de biologia molecular e difração de raios X, a biofísica britânica foi uma das personagens femininas mais injustiçadas de toda a história da ciência, recebendo, depois de muito tempo, o título póstumo de “mãe do DNA“. Rosalind foi quem descobriu a estrutura e a composição do DNA. Apesar disso, os bioquímicos James Watson e Francis Crick, sob chefia de Maurice Wilkins, receberam os créditos sozinhos pela descoberta e, na entrega do prêmio Nobel de Medicina, em 1962, o trio não fez uma única menção sequer à cientista.
Essas pessoas não dilapidaram seu tempo em sonhos. Souberam aproveitar as ocasiões que se lhes apresentaram e por sua fé realizaram inventos da maior importância prática, das que já se beneficiou o mundo. Pela fé, a perseverança e a determinação, usaram o talento e os conhecimentos que, com seus esforços adquiriram em vidas passadas, talentos que lhes pertenciam por havê-los desenvolvidos com seus próprios esforços.
O ser humano, um Deus em embrião, foi colocado na terra para trabalhar, assim como seu Pai que está nos céus. Deve ter fé, pois como ser humano, não pode esperar nenhum progresso espiritual se leva a vida sem fazer nada; permitindo ou obrigando a outros que trabalhem para ele.
Se aquelas pessoas citadas como exemplo, assim como tantas outras, que seria demasiado longo numerar, que tiveram fé em seus ideais, firmemente enraizados no mais fundo de seus corações, a houvessem perdido ao ter que se enfrentar com toda a classe de dificuldades, e até com a burla dos demais e houvessem desanimado em seu intento, suas invenções não teriam se realizado, e o mundo não teria se enriquecido com eles e estaria em verdade mais infeliz e mais pobre de realidades.
A fé, à qual se refere o Apóstolo São Tiago, está inspirada na crença profunda do conceito espiritual do serviço prático; e é esse ideal que tem motivado o êxito mundial do atual movimento de nossa Fraternidade Rosacruz. Se o mundo teve fé na Filosofia Rosacruz, é porque seus ensinamentos e as obras de seus afiliados são inspirados nas sublimes verdades que Cristo nos deu, quando esteve entre nós. Os benefícios espirituais que adquirimos se devem à nossa fé, e à prática do serviço amoroso e desinteressado à humanidade. Ao dizer isso não podemos deixar de citar as seguintes palavras de Max Heindel: “No serviço está a verdadeira grandeza. Todavia, qualquer que seja a eficiência com a qual servimos, se nos glorificarmos, essa glória será nossa única recompensa”.
Os benéficos resultados dos trabalhos do ser humano o conduzem à conclusão de que nada se perde na natureza. Vê que Deus criou cada átomo, cada planta e cada animal com um propósito determinado; cada qual tem o seu papel para desempenhar, um trabalho a realizar. No tear de Deus, não há falhas nem pontos perdidos; tudo conduz à realização da obra mestra do Supremo Arquiteto, que trabalha sem trégua e sem descanso para alcançar a perfeição.
Há momentos nos quais o ser humano pode pensar que certos trabalhos da natureza não são necessários; esforços que até podem nos parecer fúteis. Sem dúvida, sabemos que todas as coisas foram criadas e desenvolvidas com um fim determinado que, a seu devido tempo, estaremos em condições de compreender. Cada folha que cresce e cai tem sua utilidade, enriquecendo o solo e fazendo germinar uma nova planta, mais formosa, ano após ano. No Universo de Deus nada se perde, não há nada inútil. Toda Criação trabalha incessantemente, mantendo e sustentando alguma outra forma no progresso que ascende em espiral na escala da evolução. Poderá alguém pensar que Deus criou a mais perfeita e elevada de suas obras terrestres – o ser humano – feito à sua imagem e semelhança, para permitir que esse possa malgastar seu tempo e suas energias, em sonhos inúteis e em uma vida sem objetivo?
São Francisco de Assis, o bem-aventurado Santo do século XII, nos transmitiu os seguintes ensinamentos, que extraímos de seus escritos: “Uma grande alma concentra todos os seus pensamentos, seus afetos e suas realizações em uma eternidade infinita, e como a alma é eterna, analisa todas as coisas que não são eternas, todas as coisas demasiado pequenas, que são finitas… Deus concedeu ao ser humano a razão para que se governe a si mesmo, mas sem dúvida, poucos sabem fazê-lo, ao contrário, se deixam governar por suas paixões, que deveriam estar submetidas e obedecer à razão, de acordo com a ordem que Deus nos deu… Tanto quanto possível, fazei com perfeição tudo o que tens a fazer, e, quando terminar seu trabalho, não penseis mais nele, mas concentrai vossos pensamentos no próximo trabalho a realizar”.
A vontade para agir se desenvolve pela ação, e o trabalho e a ação se desenvolvem pela fé. A fé é um princípio espiritual inerente à alma do ser humano. A fé em si mesmo e o trabalho dotam o ser humano de poder. É por meio da fé no trabalho e na vontade de agir, que os seres humanos mencionados no início deste texto alcançaram o êxito. É pela fé que o ser humano vence o medo, e é por ela que o que sofre é curado. É a fé do paciente no poder de Deus, que flui por meio dos Auxiliares Invisíveis, o qual dá ao taumaturgo o poder de curar.
O ser humano deve ter presente que o Universo está baseado na Lei e na Ordem, e que a Lei prevalece em toda a natureza, até no átomo mais diminuto. O ser humano deve regular sua vida de acordo com as Leis de Deus, se deseja ter êxito, paz interior e conseguir o desenvolvimento espiritual desejado. Se os planos ocultos do Criador devem ser postos em evidência, o ser humano deve, por sua fé em Deus e no Universo, apoiar todos os seus esforços para alcançar a perfeição pela fé em suas obras. Deve, como indivíduo feito à imagem e semelhança de Deus, trabalhar de acordo com as Leis Divinas.
Nos antigos tempos da Fraternidade Rosacruz, os trabalhadores eram poucos e as horas de trabalho, longas. De tempos em tempos, nos chegavam trabalhadores voluntários, que haviam malgastado a maior parte de suas vidas em sonhos e em meditações mal dirigidas, carecendo do sentido necessário para aprender as realidades práticas de uma vida útil e proveitosa. Ao ouvirem o toque da campainha pelas manhãs para se levantarem, ao meio-dia e ao entardecer, nas horas das refeições, os sonhadores estranhavam. Perguntavam a si mesmos: “Por que tudo aqui se realiza com tanta disciplina, ao toque da campainha? Por que não se permite trabalhar quando estamos dispostos a fazê-lo, ao sentirmo-nos inspirados?” É desnecessário acrescentar que essas pessoas não se encontravam satisfeitos, à vontade, na Sede Central. Pensavam que o senhor e a senhora Heindel deveriam empregar mais tempo em suas meditações, para porem-se em contato com os mundos internos. Pensavam que não podiam desenvolver-se sob as condições rígidas de um horário fixo. Como resultado dessas incompreensões, seu ideal se ressentia. Para eles, o senhor e a senhora Heindel eram pessoas comuns, que não viviam de acordo com seus ensinamentos espirituais. Não podiam compreender que até Deus trabalha com ritmo, e que tudo na natureza se realiza a seu devido tempo, que o Sol e as estrelas se levantam e se põem em momentos determinados, que o inverno sucede ao verão, que as flores se abrem e exalam seu perfume, e os frutos amadurecem em estação oportuna.
Tais pessoas não tinham ordem em suas vidas diárias, e não agiam de acordo com as condições requeridas para uma vida ordenada. Em consequência, ao terem que se enfrentar com as realidades práticas da vida, as quais todos temos necessidades de enfrentar na Sede Central, a fim de que o trabalho diário possa realizar-se, eram qualificados como pouco simpáticos e carentes de fervor espiritual. Estavam muito longe de compreender que a fé profunda em nossa obra, nos obrigava a agir de forma disciplinada em nossa tarefa diária. O ser humano viola as Leis da Vida, quando pede a Deus que lhe conceda maiores comodidades e mais riquezas, de maneira a poder gratificar melhor seu sobrealimentado e enfermiço corpo, e acariciar seu fatigado intelecto.
Como se indicou ao princípio desta apresentação, os primeiros Apóstolos, aprendendo como tiveram que fazê-lo na escola prática da Vida, nos primeiros momentos de se iniciar a atividade Cristã, compreenderam que as maiores realizações eram alcançadas por uma fé profunda na obra de Cristo; que só pela fé e pelo trabalho, se atingem as maiores e mais nobres realidades. Deus e Suas Leis são imutáveis. Os autênticos avanços espirituais do ser humano, não são só o resultado da fé e de suas obras, mas também requerem o exercitamento incessante da vontade, em uma luta dura e sem trégua no aperfeiçoamento espiritual, até alcançar conscientemente a irradiação da brilhante luz branca, símbolo do Espírito.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1981 – Fraternidade Rosacruz- SP)
O que é o Discernimento?
É a faculdade que nos permite distinguir aquilo que é essencial daquilo que não tem importância.
É aquilo que nos ajuda a separar a realidade da ilusão.
É aquilo que nos ajuda a separar o que é duradouro do que é eterno.
Influenciados pelas opiniões da sociedade materialista em que vivemos, somos levados a avaliar as coisas segundo suas aparências.
O discernimento nos ajuda a entender que as formas são pensamentos cristalizados, que este Mundo Físico é o Mundo dos efeitos e que a causa de tudo está nos Mundos espirituais, de onde provém todo o conhecimento.
Por exemplo: muito do nosso sofrimento cotidiano advém de pensarmos que somos somente corpos. O discernimento ensina-nos que somos espíritos e que nossos corpos não são nada mais do que moradas provisórias, instrumentos do nosso uso, veículos que utilizamos para nos expressar nos mundos e, mais ainda: ensina-nos que através do nosso trabalho sobre esses nossos corpos é que construímos a nossa Tríplice Alma.
Por meio do discernimento geramos a Alma Intelectual que nada mais é que a quinta essência do nosso Corpo Vital.
Tal prática nos ajuda a descobrir que somos capazes de fazer, com facilidade, muitas coisas que até então julgávamos impossível realizar.
Sem dúvida, o discernimento nos imprime o primeiro impulso em direção à vida superior!
A prática do importante Exercício Esotérico do Discernimento advém de construirmos bons hábitos (por meio da repetição consciente e buscando melhorar continuamente nesse quesito) baseados nas seguintes atividades:
1)Cultivar o raciocínio lógico (a lógica é o melhor instrutor no Mundo Físico e o guia seguríssimo em qualquer mundo) – assim, todo raciocínio que não tenha uma base lógica deve ser evitado pelo Aspirante à vida superior e jamais servir de argumento, tanto para se convencer, como para convencer aos outros. Nesse contexto, o Aspirante à vida superior deve evitar participar de qualquer tipo de conversas, debates e colocações em que o raciocínio lógico não tenha seu assento garantido.
2)Exercitar a crítica construtiva (assinala os defeitos e o modo de remediá-los) – assim, ao criticar uma determinada posição, ação, atividade ou ponto de vista, deve sempre ser seguido pelo modo de remediar a situação, fornecendo sugestões totalmente isentas de paixões, interesse próprio, condições que colocarão o próximo em situação difícil etc. Jamais deve ser proferida pelo Aspirante algo que tenha como único objetivo a destruição vandálica, ou mesmo a participação em conversas maldosas, fofocas, blasfêmias, mexericos e “jogar conversa fora”. Como parâmetro relembre, na Bíblia, a Parábola do argueiro e da trave.
3)Procurar o bem em tudo que está oculto – quanto poder tem esse princípio para reprimir o mal! Reforçar o bem onde encontrarmos mal é a chave para respeitar o livre arbítrio de qualquer um e um instrumento dos mais importantes na execução do exercício de discernimento. Afinal, o “mal não passa do bem em gestação”. Assim, se procurarmos o bem no mal, com o tempo, o mal se transformará em bem! Em outras palavras: “não se alcança o sucesso lutando contra o mal, nem o negando ou mentindo, mas sim procurando o bem.”.
Que as Rosas Floresçam em vossa cruz