Arquivo de categoria Cartas Max Heindel

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Ajustando os Ensinamentos à Compreensão dos Outros

Julho de 1917

Recentemente, recebemos uma carta de Seattle contendo uma ótima sugestão, que vocês poderão gostar de utilizar. Nosso amigo escreveu: “Outro dia, enquanto estava em Ballard[1], entrei na biblioteca e pedi o livro Conceito Rosacruz do Cosmos. Quando estava já para sair da biblioteca folheando o livro, me deparei com a tabela de valores alimentares e levei o livro aberto nessa página à mesa da bibliotecária. Mostrei-lhe essa tabela e lhe disse: ‘Essa é uma tabela valiosa’. Depois de examiná-la, ela me disse: ‘Oras, por várias vezes me pediram uma tabela como essa’. Então me ocorreu que, quando outros Estudantes Rosacruzes ao se dirigirem a uma biblioteca e pedirem o Conceito Rosacruz do Cosmos, eles podem fazer o mesmo que eu fiz. Dessa forma, o bibliotecário ou a bibliotecária pode catalogar esse livro como contendo dicas sobre saúde e alimentação e, assim, chegaria às mãos daqueles que buscam justamente a luz que ele contém”.

Isso é muito mais assertivo do que normalmente imaginamos. Maravilhosos são os caminhos, os meios e os lugares em que a Luz nos impressiona, não só quando não a procuramos conscientemente, mas mesmo quando afirmamos que não existe luz no sentido espiritual e censuramos como fraudulentos aqueles que a seguem. Para mim, muitas vezes tem sido uma inspiração e uma fonte de grande encorajamento pensar na viagem de São Paulo a Damasco[2]. Ele foi um homem que se gloriava no zelo com que perseguia os santos. Ninguém foi mais diligente do que ele em esmagar o que acreditava ser uma heresia condenável. Mas, as almas fortes são as preferidas dos deuses, quer trabalhem para o bem ou para o mal, porque aquela energia indomável e irresistível que os impulsionava à ação, mesmo que temporariamente usada para os maus propósitos, também será do mesmo modo tão forte quando dirigida para os canais do bem. Assim, São Paulo se tornou um favorito especial dos deuses e, portanto, recebeu uma luz tão poderosa que o cegou, mesmo não procurando por tal coisa, ou seja, enquanto estava na estrada para Damasco. Naquele momento, a ele foi fornecida uma compreensão e um conhecimento muito superior ao de qualquer outro Apóstolo. Ele foi escolhido para uma missão especial e lhe foi fornecido um dom particular em forma de visão espiritual e a capacidade de ser tudo para todas as pessoas.

Com frequência, nossos Estudantes Rosacruzes se queixam que não conseguem fazer com que as pessoas com quem se relacionam ou até familiares compreendam os Ensinamentos Rosacruzes. Como ilustração, lembrei de que outro dia quando eu estava olhando para a caixa de ferramentas em Mt. Ecclesia. Havia muitos chaves inglesas, algumas maiores e outras menores, porém, cada uma apropriada para trabalhar apenas num determinado tamanho de parafuso; também havia algumas que eram ajustáveis ​​dentro de certos limites. Neste momento, me ocorreu que às vezes uma chave inglesa muito pequena pode ser muito mais valiosa do que uma de maiores dimensões; tudo depende do tamanho do parafuso. Para um parafuso pequeno, você precisa da chave inglesa pequena e, para um parafuso grande, da chave inglesa maior. O mesmo acontece ao nos encontramos no mundo com outras pessoas, devemos avaliar e ver o que precisam. Muitos de nós, estudamos profundamente os Ensinamentos Rosacruzes e adquirimos um conhecimento profundo desses assuntos. Somos como grandes chaves inglesas, mas absolutamente inúteis para apertar os pequenos parafusos que não foram tocados com todo esse conhecimento. Em tais casos, não devemos tentar transmitir nosso profundo conhecimento e falar sobre coisas que tal pessoa não consegue seguir, entender ou compreender, mas devemos nos esforçar em descer ao nível delas e explicar as coisas exatamente da mesma maneira elementar que nos foram explicadas quando principiamos.

Em outras palavras, devemos ser ajustáveis como algumas das chaves inglesas da caixa de ferramentas. Ao encontramos um público desconhecido, procuremos falar diretamente no nível dele e usar uma linguagem o mais simples possível. Então, novamente, quando encontrarmos Estudantes Rosacruzes com mais tempo dedicado aos Ensinamentos Rosacruzes e estivermos em uma classe em que eles sejam capazes de compreender os problemas mais profundos, podemos expandir ao máximo nossa capacidade, com considerável proveito e benefício para nós mesmos e para todos os outros interessados. Mas, acima de tudo, devemos aprender com São Paulo, a “se tornar tudo para todos[3], ou perderemos o objetivo que temos em vista de trazer luz às almas que estão buscando.

(Carta nº 80 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: trata-se de um bairro na cidade de Seattle, Washington, EUA

[2] N.T.: De acordo com as escrituras, Saulo segue a caminho da cidade e, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu, a ponto de fazê-lo cair com o rosto em terra e ouvir uma voz que vinha do alto dizendo “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9:4).

[3] N.T.: ICor 9:22

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Necessidade pela Devoção

Março de 1912

Como o assunto do matrimônio, que tratamos na nossa lição do mês passado, recebeu um tratamento adicional mais completo, creio que a Carta aos Estudantes deste mês pode, talvez, ser mais proveitosamente dedicada a um tema sobre o qual tenho desejado discorrer há muito tempo.

O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” teve um sucesso tão fenomenal e fez brotar tanta gratidão e admiração em todo o mundo, que eu deveria estar lisonjeado pela atenção que lhe foi concedida em todos os lugares. Mas, ao contrário, começo a sentir cada vez maior receio de que o livro possa perder o objetivo ao qual os Irmãos Maiores aspiram. Seu propósito, como é dito no livro, é o de satisfazer a Mente mediante a explanação intelectual do mistério do mundo, de forma que o lado devocional da natureza do Estudante Rosacruz possa se desenvolver por conceitos que seu intelecto tenha aprovado. O “Conceito Rosacruz do Cosmos”, acredito, abriu caminho devido a esse apelo ao intelecto e a satisfação que ele forneceu à Mente inquiridora. Centenas, talvez milhares, de cartas têm testemunhado que os Estudantes Rosacruzes, que estavam buscando em vão por anos e anos, encontraram nele o que procuravam. Mas, poucos parecem ter sido capazes, até então, em transcender a concepção intelectual e, a menos que o livro forneça ao Estudante Rosacruz um desejo sério e sincero de transcender o caminho do conhecimento e prosseguir pelo caminho da devoção, em minha opinião, ele é um fracasso.

Em outra sociedade, formada sob essas mesmas linhas, conheci grupos que debateram durante anos um plano sobre o átomo, examinando profundamente as minúcias das espirais e de bactérias em forma espiralada, mas  frios e indiferentes para com os sofrimentos, as tristezas e aflições do mundo à volta deles; e é com grande pesar e profunda apreensão que noto o desenvolvimento de uma tendência nessa direção entre alguns dos nossos Estudantes, uma tendência que espero possa ser controlada antes que mate o coração. O “conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica[1], disse São Paulo, e isso é bem exemplificado na atitude dos membros daquela sociedade que me referi, os quais, com frequência, menosprezam a Religião Cristã na tribuna e na imprensa, porque acham que falta a ela uma concepção intelectual do Universo.

Deixe-me recordar a você a advertência feita por nosso Mestre no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e que se refere aos diagramas: “No melhor dos casos são somente muletas para ajudar as nossas limitadas faculdades; quando fazemos um diagrama para explicar os mistérios espirituais, é como se tirássemos todas as peças de um relógio e as espalhássemos para mostrar como o relógio indica as horas”. Ainda que os diagramas possam ser uma valiosa ajuda em certo estágio do nosso desenvolvimento, cumpre-nos sempre recordar as suas limitações, e devemos nos esforçar para obter, através da nossa intuição, a verdadeira concepção espiritual. Também julgo que é da maior importância que os Estudantes mantenham o verdadeiro propósito do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, seu objetivo e seu fim, sempre da maneira mais clara e precisa. Recomendo intensamente que escrevam em algum lugar em que possam sempre ler, quiçá no próprio “Conceito Rosacruz do Cosmos”, que embora tenhamos todos os conhecimentos e possamos resolver todos os mistérios, somos apenas sinos que tinem, a menos que tenhamos amor e o utilizemos para ajudar nossos semelhantes.

(Carta nº 16 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Icor 8:1

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O Consumo de Carne Animal e o Uso de Peles, Couros e de outras partes dos Animais

Maio de 1918

Um Estudante que confessou que ainda continua, às vezes, comendo carne animal tem, ocasionalmente, uma disposição para falar com os outros sobre os Ensinamentos Rosacruzes, mas sempre se sente um hipócrita toda vez que preconiza o vegetarianismo. Ele nos pergunta como pode superar esse hábito e se deveria desistir de ensinar aos outros até que consiga parar de comer carne animal.

Essa pergunta tem um interesse geral, pois embora os Estudantes dos Ensinamentos Rosacruzes sejam sinceros e sérios, eles têm as mesmas imperfeições que todos os outros seres humanos, ou não estariam aqui; dessa forma, uma carta sobre esse assunto pode ser muito útil para muitos.

Não precisamos de argumentos para provar que você não pode efetivamente discorrer sobre espiritualidade, enquanto toma um coquetel com bebidas alcóolicas, nem defender uma vida inofensiva, enquanto come um bife de carne animal. Além disso, aqueles que conhecem nossos hábitos na vida quotidiana, são sempre rápidos em perceber a diferença entre o que você prega e o que você vive. Portanto, é muito bem melhor ser capaz de viver de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes antes de começar a converter os outros. Ao mesmo tempo, chamar alguém de hipócrita é muito ofensivo, só porque ele defende um ideal que ainda não alcançou. Enquanto houver alguém que creia, sinceramente, que a dieta isenta de carne animal é a correta e que tenta viver de acordo, ele está justificado a pregá-la, ainda que, ocasionalmente, infrinja a regra. A Estrela Polar guia o marinheiro com segurança até o refúgio desejado, embora ele nunca alcance a própria estrela. Da mesma forma, se elevarmos os nossos ideais tão altos quanto as estrelas, podemos não os alcançar nesta vida, mas seremos sempre melhores caso possamos realizá-los.

Ao mesmo tempo, parece que exercendo um pouco de força de vontade não seria muito difícil para alguém se abster do tabaco, da bebida alcoólica e da carne animal. Certamente, o pensamento do sofrimento que é causado aos pobres animais nos transportes a caminho do matadouro, e a agonia que precede o momento final do golpe que acaba com a vida deles, ou o momento em que a faca é passada na garganta deles, deveria comover qualquer um que aspire à uma vida mais elevada e encher esse aspirante de compaixão por essas pobres criaturas que não podem se defender. Por razões semelhantes, o uso de peles e plumas, como vestimentas, deveria ser totalmente evitado. É igualmente inconsistente e causaria comentários desfavoráveis se alguém pregasse o evangelho da inofensividade, enquanto se adorna com peles ou couro de animais.

Infelizmente, a complexidade da nossa civilização nos obriga a usar parte dos animais para muitas coisas, devido à inexistência, no mercado, de substitutos adequados. Mesmo assim, devemos fazer todo o possível para evitar o uso de qualquer material proveniente do corpo de um animal que requeira sua morte. Uma das bênçãos dessa guerra atual[1] é que o ser humano está percebendo que a carne animal não é um alimento essencial da dieta, e que vivemos muito melhor sem a ingestão de bebidas alcóolicas. Temos a esperança de que isso seja apenas o princípio do fim, e que o ser humano em breve pare de criar ou caçar animais para aproveitar a carne e o couro deles. Enquanto isso, vamos todos dar o exemplo e nos empenharmos com toda a nossa força de vontade para conseguir esse fim.

(Carta nº 90 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O Propósito da Guerra e a Nossa Atitude para com ela

Julho de 1918

De tempos em tempos, Estudantes de ocultismo de diversas partes do mundo nos perguntam qual deveria ser a atitude deles perante a guerra[1] e qual o propósito dela sob o ponto de vista espiritual. Já indicamos a posição dos Ensinamentos Rosacruzes referentes ao objetivo da guerra em vários artigos nossos, qual seja: para as pessoas se voltarem para Deus pela consolação devido à profunda angústia, tristeza e arrependimento delas, e para romper o véu que existe entre os Mundos visível e invisíveis, ajudando um considerável número de pessoas a adquirir a visão espiritual e a capacidade de se comunicar com aqueles que já passaram para o além. Mas, embora as explicações fornecidas satisfaçam a maioria dos Estudantes de ocultismo em até certo ponto, outros há que não se convenceram ainda; eles procuram algo mais diretamente relacionado com as condições estabelecidas. Para eles, nós sugerimos a leitura da Conferência No. 13 – “Os Anjos como Fatores de Evolução[2] – mostrando como os assuntos humanos são guiados pelos Anjos e Arcanjos que atuam como Espíritos de família e de Raça causando a ascensão e queda de nações, conforme seja necessário para a evolução dos diversos grupos de espíritos que estão sob sua tutela.

Como uma tentativa final de satisfazer nossos Estudantes sobre esse assunto de vital importância, enviamos junto uma lição intitulada “A Filosofia da Guerra”[3], mostrando sua aplicação às condições atuais. Confiamos que todos encontrem nela os esclarecimentos necessários que os ajudará a compreender o que está em envolvido nisso, para que possam prestar sua sincera cooperação para o encerramento, o mais rápido possível, dessa luta e assegurar a paz que todos tanto almejamos.

Mas, devemos perceber que não haverá paz que valha a pena enquanto o militarismo não sofrer um golpe de tal proporção, que não volte a levantar a cabeça novamente e por muito tempo. Muitas pessoas têm esperança de que essa será a última guerra e desejamos, ardentemente, pudéssemos acreditar nisso. As pessoas pensavam da mesma maneira quando Napoleão e suas hordas invadiram a Europa há cem anos atrás, mas o tempo provou que tais esperanças eram vãs. A paz é uma questão de educação e é impossível alcançá-la até que tenhamos aprendido a lidar de maneira caridosa, justa e aberta uns com os outros – tanto como nações quanto como indivíduos. Enquanto continuamos a fabricarmos armas, a paz não poderá se estabelecer. Deve se tornar a nossa principal finalidade e objetivo fazer de tudo o que seja possível para abolir o militarismo em todos os países e estabelecer o princípio da arbitragem de dificuldades.

(Carta nº 92 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial.

[2] N.T.: Replicamos, abaixo, esse texto que se encontra no Livro: Cristianismo Rosacruz – Fraternidade Rosacruz – de Max Heindel: Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.

O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isto formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”.

Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isto foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou esta teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.

Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? que papel desempenharam no passado? e qual o seu trabalho no presente?” Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.

Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “O Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.

Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.

Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no Mundo material. Este foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.

Deste modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.

Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.

Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.

Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Este pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.

No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.

Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.

No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.

Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “homens aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:

1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;

2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;

3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.

O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.

Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi esta Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.

Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que os homens do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.

Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida evoluinte emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.

Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.

Na primeira – ou Época Polar – “Adão” – ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.

Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.

Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra evoluinte condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos corpos densos ao fim do Período Terrestre.

Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras ondas de vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.

Os Anjos atuam particularmente nos corpos vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.

A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.

Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Estas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Neste Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.

Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já estivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Deste modo, os homens não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um destes ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isto foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, sendo que estes, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.

Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Esta preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.

Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.

Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Neste caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.

Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.

Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isto os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.

Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.

Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Estes poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, este tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.

As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que este recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isto foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).

Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.

Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).

Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de RaçaJeová. Sob o reinado deste, todas as religiões de raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque este foi obtido no Período Lunar.

Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.

Quando o cristianismo haja espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente Um em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.

[3] N.T.: Replicamos, abaixo, esse texto que se encontra na Pergunta nº 163 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas Vol. II – Fraternidade Rosacruz – de Max Heindel: Pergunta: Do ponto de vista Rosacruz, a guerra é justa e necessária? Qual deveria ser a posição do Estudante Rosacruz no atual conflito? (Primeira Guerra Mundial).

Resposta: Nas grandes crises da vida, somos levados a enfrentar certos acontecimentos e a tomar decisões de tal importância que elas requerem frequentemente uma reformulação de ideias e ideais, até mesmo dos nossos princípios mais firmes até então concebidos.

Quando chega tal crise, seria simplesmente um suicídio mental, moral e espiritual esquivar-nos ou fugir do problema, não importa o quanto custe. Diz-se que a consistência é uma joia, mas se fôssemos verdadeiramente sábios, deveríamos estar prontos a mudar ou a rever nossas ideias sempre que a ocasião realmente o exigisse.

Os Ensinamentos Rosacruzes sempre concordaram com o ditado bíblico: “Não matarás”. Nenhuma qualificação foi feita a respeito, e alguns chegam ao extremo de não matar nem mesmo uma mosca. Mas a maioria interpreta corretamente que a injunção não pretendia se estender aos insetos e micro-organismos que afetam e tiram tantas vidas humanas. Esses seres, sendo manifestações de pensamentos maus, estão fora dessa regra. Certamente, essas pessoas não desejam que seus corpos ou os corpos de seus filhos sejam infestados por parasitas ou insetos nocivos, e todos concordam que a exterminação de insetos (entre eles o mosquito transmissor da malária), foi o fator decisivo para o sucesso da América no Panamá, no sentido de que transformou o fracasso em sucesso, e este princípio deveria ser aplicado sempre que necessário. Essas pessoas sentem que seria: absurdo aplicar o mandamento: “Não matarás” ao ponto de permitir que animais de rapina e os répteis venenosos circulassem entre nós, pondo em perigo as nossas vidas. Com certeza todos se empenhariam em eliminar tal ameaça da comunidade. Em seu código de ética, o mandamento envolve unicamente a ideia de que é errado matar para obter alimento, por esporte ou por lucro. Matar um ser humano parece uma possibilidade tão remota para a maioria de nós, que não é considerado nem mesmo como uma eventualidade. Sempre condenamos a pena capital, tanto porque é basicamente errada, como por ser inútil e prejudicial, pois, quando libertamos o Espírito de um assassino do seu corpo, nós o libertamos nos Mundos espirituais, onde ele pode e frequentemente trabalha sobre outros, influenciando-os a praticar crimes semelhantes aos seus.

Por essa razão, é preferível confiná-lo numa prisão, envidando esforços para reformá-lo, pois, mesmo que ele não recupere a sua liberdade nesta vida, em futuras existências respeitará a santidade da vida alheia.

Embora seja assim possível lidar com o assassino individual, o caso é diferente quando uma nação inteira investe furiosamente contra outra, perpetrando assassinatos, incêndios, destruição e pilhagem. Torna-se impossível aprisionar uma nação inteira e devemos encontrar meios mais drásticos de autodefesa.

Na vida civil, reconhecemos como válida a lei da legítima defesa que confere à futura vítima de um suposto assassino, o direito de matar antes de ser morta, e seria uma ilusão afirmar que esse direito deixa de existir simplesmente porque um milhão de assassinos enverga uniformes, porque eles atacam imprudente e descaradamente proclamando sua intenção de matar, ou ainda porque investem em grupos ao invés de agirem isoladamente. Sendo os agressores, eles são assassinos, e suas futuras vítimas têm um direito moral inquestionável de defender suas próprias vidas matando esses assassinos. Além disso, repousa sobre o mais forte o dever sagrado de proteger as vidas daqueles que são fracos demais para se protegerem sozinhos, mesmo que isso envolva a matança dos assassinos.

Do ponto de vista espiritual, o fato da guerra ser certa ou errada depende da pergunta: quem é o agressor e quem é a vítima?

Esta pergunta é facilmente respondida quando a guerra é iniciada com o propósito de conquista, ou quando é travada com fins altruísticos, tal como a emancipação de um povo oprimido para libertá-lo da escravidão física, industrial e religiosa. Não é necessário nenhum argumento para demonstrar que, em tais casos, o opressor é também o agressor e que o libertador é o defensor dos direitos humanos inalienáveis. Ele está cumprindo um dever sagrado como o “protetor de seu irmão”.

Uma vez entendido isto, não podemos ser enganados pelo fogo-fátuo da diplomacia, pois temos uma luz verdadeira, um critério simples do que é certo ou errado.

Tendo tomado uma decisão a respeito, conclui-se que é muito mais nobre e heroico enfrentar um pelotão de fuzilamento por recusarmo-nos a ingressar no exército agressor, ou fugir da nossa pátria, ou mesmo juntarmo-nos às tropas dos defensores na posição mais humilde do que ocuparmos um cargo dos mais elevados entre os agressores.

Por outro lado, lutar ao lado dos defensores é um dever sagrado, de acordo com os princípios espirituais mais elevados e nobres. Quanto maior o sacrifício, maior o mérito, e aquele que foge deste dever sagrado de defender a família e o lar, parentes e pátria, ou que deixa de lutar pelos oprimidos, está abaixo da crítica. Além disso, quanto maior a emergência, maior o sacrifício exigido.

E o privilégio deste sacrifício não se restringe àqueles que possuem ombros largos e musculosos. Eles não estão apenas comprometidos com o dever; o trabalho por detrás das linhas é, talvez, mais importante e dele todos podem participar de acordo com seu talento e suas habilidades – mental, física e financeira.

Quando surgir a ocasião em que a defesa dos outros ou autodefesa se torna inevitável, quanto mais duramente for impulsionada a luta, tanto mais breve e mais bem-sucedida ela será. Portanto, não devemos tolerar meias medidas, e a neutralidade, sob tais circunstâncias, deve ser considerada, pelo menos, como um pecado de omissão.

Os Estudantes do ocultismo sabem que as guerras são instigadas e inspiradas pelas Divinas Hierarquias que usam uma nação para punir a outra por seus pecados.

Mesmo um estudo superficial da Bíblia fornecerá inúmeros exemplos dessas lutas. Isto não significa que a vitória seja sempre inteiramente justificada, mas mostra que a nação vencida agiu mal e merece o castigo infligido, geralmente por causa de sua arrogância e ateísmo. Tampouco é um sinal que, pelo fato de uma nação ser vitoriosa por longo tempo e ter conseguido uma conquista extremamente difícil, esteja desfrutando dos favores divinos – pelo menos até certo ponto. Tal rumo pode ser realizado pelo exército invisível que Sustenta a força do agressor e prolonga a luta com o propósito de tornar a derrota final mais completa e desastrosa e, também, para ensinar aos defensores uma lição que não poderia ser aprendida em uma luta breve e decisiva.

Resumidamente, apresentamos a filosofia da guerra do ponto de vista espiritual, independentemente de quais sejam as nações envolvidas nela. Se aplicarmos esses princípios e critérios a atual guerra (Primeira Guerra Mundial), tornar-se-á evidente para todo aquele que não for preconceituoso e que encara o assunto com uma visão ampla e uma mente aberta, que os militaristas dos Impérios Centrais prepararam-se para esta guerra durante gerações, e a 5 de julho de 1914, na famosa Conferência de Potsdam, que é hoje admitida por todos eles, concordaram em iniciar a guerra algumas semanas depois, durante as quais os banqueiros dessas nações manipularam a bolsa de valores para reunir os maiores recursos financeiros possíveis. Isto caracteriza os componentes do bloco bélico Austríaco-Germânico como os agressores que, sob o chamado dos Espíritos de Raça, conduziram milhões de soldados contra todas as outras nações do mundo. No início do conflito, a França e a Inglaterra, que eram as vizinhas imediatas dos belgas ultrajados, fizeram de sua causa a delas, e agiram assim como protetoras de seu irmão. Mas, não estando preparadas, foram incapazes de levar essa luta a uma conclusão decisiva, Por essa razão, tornou-se necessário que a América entrasse no conflito e mudasse o rumo dos acontecimentos, para que a paz fosse restaurada e a segurança assegurada para aqueles excessivamente fracos para se protegerem sozinhos.

É um motivo de júbilo verificar que sempre que os Estados Unidos foram forçados a entrar numa campanha militar, foi em legítima defesa ou para desempenhar um papel altruísta como defensor e libertador dos fracos.

Fosse essa uma guerra de conquista ou agressão, seria melhor para todas as pessoas espiritualizadas enfrentar um pelotão de fuzilamento, como já foi dito, do que participar em tal guerra injustificada. Por outro lado, vendo o quanto a luta atual, travada com o propósito de esmagar o militarismo da Europa Central, já ceifou de vidas humanas, e o quanto esgotou a força dos defensores aliados, torna-se dever sagrado de todos ajudar ao extremo limite, de acordo com suas capacidades espiritual, mental, moral ou física, seja na frente ou por detrás das linhas, sempre que os dirigentes de combate julguem necessário requerer seus serviços.

Encorajamos todos os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, de qualquer que seja o país que agora defende a causa da humanidade contra a facção militarista dos Poderes Centrais, a apoiar ao máximo o seu governo, de acordo com sua capacidade, para que logo possamos ter “Paz na terra e boa vontade entre os homens“.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O Desenvolvimento do Coração e a Iniciação

O Desenvolvimento do Coração e a Iniciação

Maio de 1917

Enquanto elaborava a lição deste mês, me ocorreu perguntar se vocês estão obtendo ou não, todos os benefícios proporcionados por essas lições.   Tudo depende da maneira como estão estudando, pois vocês não podem obter mais delas do que aquilo a que se dedicarem por si mesmos. Portanto, pensei que seria oportuno dedicar essa carta a uma pequena discussão sobre o método mais adequado de utilizá-las com o máximo de benefício possível.

Sabemos que o objetivo dos Ensinamentos Rosacruzes é desenvolver, equitativamente, a Mente e o Coração; fornecendo todas as explanações de uma maneira tão lógica que a Mente esteja pronta para aceitar e, assim, o coração fique livre e à vontade para trabalhar sobre o material recebido. Se vocês simplesmente lerem a lição e refletirem sobre ela, achando até lógica e racional a explanação sobre o assunto abordado mensalmente e, em seguida, a deixarem de lado e a esquecerem, de pouco valerá, pois utilizarão apenas o intelecto e não o coração. A maneira apropriada, após a lição ter sido assimilada e aceita intelectualmente, é praticá-la de uma forma devocional durante o resto do mês, em diferentes ocasiões, quando sentirem a necessidade e a predisposição para realizar esse exercício. Depois, deverão não pensar mais na lição, se esforçando para não raciocinarem sobre qualquer assunto que ela contenha, deixando o intelecto o mais longe possível que puderem. Esforcem-se para senti-la, pois, o sentimento é uma função do coração. Tentem visualizar os diferentes detalhes e assuntos nela contidos.

Por exemplo, a lição que acompanha esta presente carta aborda sobre a humanidade durante o estágio em que fomos hermafroditas. Ela nos recorda a entrada dos espíritos de Lúcifer, bem como o caminho da regeneração sob a orientação de Mercúrio. Se visualizarem ante sua visão interior a condição do ser humano durante os diferentes estágios que se sucederam, colherão grande benefício. Fazendo dessa forma, podem visualizar e sentir as mudanças que ainda estão por vir no futuro, pois na consciência interna de vocês permanecem latentes todos os sentimentos que experimentaram durante todas as vidas passadas da evolução, e será apenas uma questão de prática serem capazes de contatá-las, quando quiserem.

Lembrem-se do que foi dito no Conceito Rosacruz do Cosmos sobre o método de Iniciação que, em algum momento, quando chegarem a esse ponto, terão que retroceder ao longo do caminho que percorreram para sentir e ver, conscientemente, aquilo que trilharam de maneira inconsciente. Portanto, a prática acima mencionada é uma preparação. Quanto mais puderem ver por si mesmos, no estado de espírito indicado acima, mais profundamente poderão sentir a condição correspondente e perceberão a mão protetora e condutora das Hierarquias Divinas, que nos têm ajudado no caminho da evolução; assim, estarão melhor preparados para o tempo vindouro, quando tiverem que passar pelo processo da Iniciação. É seguro dizer que, dessa maneira, receberão muito mais benefícios da Iniciação do que se estivessem despreparados.

Nessa prática de sentir a lição, vocês encontrarão um auxílio muitíssimo grande para o progresso espiritual; e se usado corretamente, iluminará as lições e lhes fornecerá uma percepção espiritual que não poderá ser alcançada de nenhuma outra maneira. Portanto, sinceramente, eu espero que levem isso a sério e decidam praticar esse modo de estudar a lição regularmente, mesmo naquelas que, à primeira vista, possam lhes parecer monótonas e desinteressantes. Esse processo permitirá a vocês extrair as pérolas escondidas sob a superfície, com as quais jamais sonhariam.

(Carta nº 78 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O Papel dos Estimulantes na Evolução

O Papel dos Estimulantes na Evolução

Fevereiro de 1912

Nossa última lição encerrou a série que trata do Sacramento da Comunhão, descrevendo como o “espírito do álcool”, que é fermentado fora do organismo, está sendo posto de lado pelo açúcar, que fermenta dentro do organismo. Confio que você perceba o aspecto que conecta todas as diferentes partes distribuídas nessas lições: que um estimulante era indispensável para despertar o espírito humano da letargia que acompanha a dieta baseada em carne animal; que as orgias de bacanal nos templos antigos, que hoje em dia nos enchem de horror, eram então de um valor imenso para o desenvolvimento humano; que o primeiro milagre de Cristo e Sua Última Ceia foram dedicados a uma dispensação do estimulante; que Ele ordenou seu uso “até que Ele venha”; que à medida que aumenta o consumo de açúcar, diminui o uso das bebidas alcoólicas e, concomitantemente, o padrão moral vai se elevando gradualmente; que as pessoas se tornam mais altruístas e semelhantes a Cristo, na proporção do uso de estimulantes não inebriantes, e que, portanto, o movimento da temperança é um dos fatores mais poderosos para apressar a vinda de Cristo.

Mas à medida que cultivamos sentimentos mais refinados e delicados, devemos nos afastar rapidamente de uma coisa tão chocante, tão assustadora e tão repugnante que é se alimentar com carne animal; e algum dia será considerado como um gosto mórbido desejar usar o estômago como um receptáculo para os cadáveres de animais mortos, do mesmo modo que agora é considerado, pela sociedade, um gosto mórbido desejar se embebedar constantemente. Entretanto, como Estudantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, não devemos julgar, mas reconhecer o fato de que muitos realmente necessitam desses artigos com moderação; mas a questão está sendo ajustada pelos líderes invisíveis da evolução, de uma maneira ainda não óbvia para observadores casuais, embora seja bastante discernível para investigadores mais profundos.

É evidente que o progresso evolutivo está elevando os Reinos inferiores, bem como a humanidade. Os animais, particularmente as espécies domesticadas, estão se aproximando da individualização e seu afastamento da manifestação já começou. Como um resultado, com o tempo será impossível obter alimento carnívoro. Então, a condenação à morte do “King Alcohol”[1] terá chegada, pois somente os comedores de carne animal anseiam por bebida alcóolica.

Nesse ínterim, a vida das plantas está ficando mais senciente. Os ramos laterais das árvores produzem mais abundantemente do que os ramos verticais, porque nas plantas, como em nós, a consciência resulta das atividades antagônicas do desejo e das correntes vitais. Os membros laterais são varridos por todo o seu comprimento pelas correntes de desejo que circundam nosso Planeta e que agem tão poderosamente nas espinhas horizontais dos animais. As correntes de desejo despertam a vida vegetal adormecida nos membros laterais a um grau de consciência mais elevado do que no caso das correntes verticais que irradiam do centro da Terra. Assim, com o tempo, as plantas também se tornarão sensíveis demais para servir de alimento e outra fonte e alimentação deverá ser buscada.

Hoje, temos uma habilidade considerável para trabalhar com as substâncias químicas e minerais; nós os moldamos em casas, navios e todas as outras coisas que evidenciam nossa civilização. Somos mestres dos minerais fora do nosso corpo, mas impotentes para assimilá-los e usá-los dentro do nosso organismo para construir nossos órgãos, até que a vida vegetal tenha transmutado os cristais em cristaloides. Nosso trabalho com os minerais no mundo exterior está aumentando a vibração deles e abrindo caminho para o uso interno direto. Pela alquimia espiritual, devemos construir o templo do espírito, conquistar a poeira de onde viemos e nos qualificar como verdadeiros Mestres Maçons, preparados para trabalhar nas esferas mais elevadas.

(Carta nº 15 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Música folclórica de Minesota, EUA:

“King Alcohol” tem muitas formas pelas quais ele pega homens,

Ele é uma besta de muitos chifres e sempre foi assim.

Pois há rum, gim, cerveja e vinho,

E conhaque de tonalidade de madeira.

E hock, porto e flip se combinam

Para fazer um homem ficar azul.

Ele diz que está feliz, por aqui está um bom xerez,

E Tom e Jerry, champanhe e Perry

E espíritos de todos os matizes,

Oh, estes não são uma tripulação demoníaca

Como sempre um mortal sabia?

“King Alcohol” é muito astuto, mentiroso desde o início,

Ele vai fazer você beber porque você está seco, depois beber porque está com sede,

Pois há rum, gim, cerveja e vinho

“King Alcohol” teve seu dia, seu reino está se desintegrando rapidamente,

Seus devotos são ouvidos hoje: “Nossos dias de queda se passaram.”

Pois não tem cachaça, nem gim, nem cerveja, nem vinho,

Nem conhaque de qualquer matiz,

Nem jarrete, nem porto, nem flip combinados

Para fazer um homem ficar azul.

E agora eles estão felizes sem o xerez,

Ou Tom e Jerry, champanhe e Perry,

Ou espíritos de qualquer matiz

E agora eles são uma tripulação temperada

Como todo mortal sabia;

E agora eles são uma tripulação temperada

Como deu ao diabo o que lhe é devido.

O grito dos Washingtonians é ouvido em cada vendaval,

Eles estão traçando agora a vitória sobre a cidra, cerveja e cerveja inglesa,

Pois não tem cachaça, nem gim, nem cerveja, nem vinho

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Epigênese e a Lei de Causa e Efeito

Cartas de Max Heindel: A Epigênese e a Lei de Causa e Efeito

Novembro de 1917

Alguns erros são tão frequentemente cometidos pelos Estudantes que se precisa chamar a atenção deles de tempos em tempos. O erro mais frequente é a ideia equivocada de que tudo o que nos acontece é o resultado ou efeito de alguma causa ou ação que nós mesmos fizemos no passado, geralmente, em alguma vida anterior a esta. Teoricamente, os Estudantes sabem que essa atitude é errada. Eles estão conscientes que, além do destino trazido conosco de existências anteriores, para liquidá-lo nesta vida, todos os dias estamos exercendo uma influência causal pelos nossos atos. Uma parte considerável dos atos praticados neste Corpo Denso irá resultar em efeitos antes que a morte termine com nossa permanência no nosso ambiente atual, ao passo que os atos que não forem liquidados serão retidos e formarão a base do destino de uma existência futura, em que poderemos colher o que tenhamos semeados. Esse destino transferido de uma vida para outra é mostrado em nosso horóscopo e nos fornece certas características, tendências ou linhas de menor resistência. No entanto não podemos ignorar que esse destino do passado nos fornece certo viés ou certa tendência para uma determinada linha de ação. Entretanto, há um relativo livre arbítrio em uma grande porcentagem das nossas ações, deixando espaço para o exercício da Epigênese, a atividade divina criadora que é a base da evolução.

Como dissemos, teoricamente todos os Estudantes conhecem isso perfeitamente bem. Mas, ao nos relacionar com os problemas práticos da vida cotidiana parecem que, persistentemente, tomam a atitude de que tudo o que acontece é o desdobramento de algo que já existiu. Isso é particularmente verdadeiro para aqueles que estudaram as Religiões orientais antes de dedicarem-se aos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Com essa atitude mental de ignorar a Epigênese, eles retardam o crescimento da alma deles alheios ao elevado grau de prejuízo que estão ocasionando ao seu próprio desenvolvimento anímico. Na verdade, está acontecendo com eles algo muito parecido ao que acontece com o materialista durante sua existência post-mortem, quando ele permanece na Região Limítrofe[1] entre o Purgatório e o Primeiro Céu, numa monotonia terrível de se contemplar. A Região Limítrofe é, por assim dizer, um redemoinho fora do fluxo da vida, onde o progresso está com todas as suas atividades ou movimentos cessados. O materialista está ali por causa de sua negação da existência post-mortem, o que o colocou fora de contato das correntes espirituais que geram movimento e ação durante esta existência.

Da mesma forma, quando enfatizamos, constantemente, a Lei da Causa e Efeito e de forma consistente e persistentemente ignoramos a Lei da Epigênese, nos colocamos fora dessa última linha de ação, e nossas oportunidades para exercer a iniciativa da Epigênese são negligenciadas na maioria das vezes, o que resulta em nos tornamos cada vez mais estéreis, à medida que os anos passam. Contrariamente, se nos esforçarmos, inteligentemente, quando considerarmos os problemas da vida, exemplificados nas ações daqueles que nos rodeiam, assim como nas nossas próprias ações, procurando o princípio da Epigênese e observando funcionamento dela, com certeza encontraremos oportunidades para ações de iniciativas que se abrem ante nós, em uma quantidade que nunca seria possível crer. Observando a maneira como a Epigênese se aplica em outras vidas, podemos aprender o modo de aplicá-la na nossa própria.

Espero que você mantenha sempre esse pensamento bem perto de você e que, com isso, possa colher muitos benefícios por meio da prática persistente desse princípio.

 (Carta nº 84 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Ela está localizada na quarta Região do Mundo do Desejo, entre o Purgatório (localizado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo) e o Primeiro Céu (localizado nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo); uma espécie de fronteira – nem céu nem inferno. Aqui estão as pessoas honestas e corretas, incluindo o materialista; que não causaram danos a ninguém, mas que estiveram tão intensamente imersos nos seus negócios materiais que não tiveram tempo de pensar na vida superior, na vida espiritual. Para essas pessoas, o Mundo do Desejo é um estado indescritível de monotonia. O suicida também permanece nessa região até completar o tempo de vida que tinha programado no seu arquétipo. Nessa Região, as pessoas geralmente estão fora do alcance de qualquer ajuda e sofrem muito mais do que qualquer outra pessoa. Até quando? Até ela chegar à conclusão de que há vida espiritual, se arrepender sinceramente de não ter considerado isso durante o seu último renascimento e desejar intensamente reformar essa sua posição. Ou seja: só depende dela e de mais ninguém. Uma vez isso alcançado, pelo seu próprio esforço e força de vontade, ela parte para o Purgatório e segue no Ciclo de Vidas e Mortes, como qualquer outro ser humano.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Desejo – Uma Faca de Dois Gumes

Cartas de Max Heindel: Desejo – Uma Faca de Dois Gumes

Dezembro de 1914

Este é o momento em que os bons votos estão na ordem do dia. “Um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo” são saudações que logo serão ouvidas em toda parte, e em conformidade com esse velho costume, os trabalhadores de Mt. Ecclesia também estendem aos membros do mundo as habituais saudações dessa estação.

Mas, enquanto nós, cordialmente, desejamos uma próspera jornada e bom ânimo uns aos outros para o próximo ano, e ainda que os votos dos outros possam ser encorajadores e gratificantes, certamente terão uma consequência muito pequena. Contudo, o que desejamos a nós mesmos, individualmente, é de máxima importância. Se o mundo inteiro conspirasse contra nós e nos hostilizasse por causa desse desejo, mesmo assim deveríamos ser bem-sucedidos, se fôssemos sempre capazes de manter a intensidade e persistência suficientes nesse desejo. Desejamos riquezas? Elas podem ser nossas pelo exercício da vontade. Se queremos poder e popularidade, eles também estão à nossa disposição, desde que envolvamos nosso desejo com um ardor irresistível. Estamos doentes, fracos ou debilitados de alguma outra forma? Também podemos nos livrar dessas doenças no nosso corpo por um desejo intenso de saúde. As restrições sociais ou dificuldades nas condições familiares desaparecerão ante o desejo sincero daquilo que realmente se deseja.

Porém, existe o outro lado. O desejo é uma faca de dois gumes, e o que pode ser o maior bem, enquanto na contemplação, pode se mostrar uma maldição, quando alcançamos a posse definitiva do que desejamos. A maior fortuna pode sucumbir em poucas horas por um terremoto ou uma queda do mercado financeiro, e a pessoa rica sempre teme a possibilidade de perder suas posses. Para sermos populares, devemos estar à disposição de todos; nós nem descansamos, nem temos tempo para fazer o que queremos. Doenças do nosso corpo que parecem espinhos na carne, que parecem roubar todas as alegrias da vida e das quais desejaríamos nos ver livres, podem ser a maior das bênçãos, ainda que disfarçadas. São Paulo tinha um problema de saúde e rogou ao Senhor, que lhe disse: “A minha graça te basta[1]. O mesmo pode acontecer com as condições desarmônicas familiares, etc. Em todos os relacionamentos humanos há certas lições a serem aprendidas para o nosso próprio bem e, portanto, devemos ser muito cuidadosos para não desejar o fim dos nossos sofrimentos sem antes e sempre acrescentar as palavras que Cristo proferiu durante a Paixão na Cruz, no Jardim do Getsemani. Mesmo que o Seu corpo tentasse se esquivar da tortura que O aguardava, Ele disse: “Pai, faça a Sua vontade e não a minha[2]. Devemos sempre relembrar que só há uma coisa pela qual podemos orar com ilimitado fervor e total intensidade, e que é o que podemos agradar a Deus.

E agora, queridos amigos e amigas, a Fraternidade Rosacruz é uma associação composta de muitos membros individuais. Você sendo um,  se juntará a nós como um membro para desejarmos a nós mesmos, à Fraternidade, as maiores bênçãos da graça de Deus durante o ano de 1915, para que possamos ser mais eficazes em fazer nosso trabalho de Deus na Terra e apressar o dia da vinda de Cristo? E você desejará isso com tanta intensidade que você trabalhará para essa finalidade, durante todo o ano com zelo e fervor?

Que Deus possa abençoar a Fraternidade Rosacruz e a torne um fator mais eficiente em Seu trabalho no mundo.

 (Carta nº 49 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: 2Cor 12:9

[2] N.T.: Lc 22:42

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Os Reais Heróis do Mundo

Os Reais Heróis do Mundo

Junho de 1916

Embora minha carta esteja datada como primeiro dia do mês, é claro que foi escrita antes – de fato, na noite antes do dia “Decoration Day”[1], dia em que todos os americanos patriotas deveriam homenagear os heróis mortos que lutaram pela integridade da União.

Enquanto eu refletia sobre o assunto, me ocorreu que parece ser sempre necessária uma calamidade ou uma catástrofe para que o ser humano se esqueça de si mesmo e atenda ao apelo de uma causa ou à necessidade daquele momento, sem considerar as consequências. O ser humano sempre reage em resposta a esse apelo nas guerras, nos terremotos, incêndios ou naufrágios.

Contudo, por que haveria necessidade de tais eventos cataclísmicos para despertar a virtude do serviço desinteressado, quando tais serviços são necessários todos os dias, todas as horas, em todos os lares, lugarejos e cidades? O mundo seria bem melhor se nós praticássemos nossos atos nobres diariamente, ao invés de somente em ocasiões de excepcional estresse. Pode ser nobre morrer por uma grande causa, porém, certamente é mais nobre viver uma vida de sacrificando a si mesmo ou de seus interesses pelos dos outros, estendendo por muitos anos, sentindo e demonstrando afeto para com os outros e ajudando-os a ser melhores e mais nobres, do que morrer na tentativa de matar o seu próximo.

Há muitos pais que anos e anos fazem esforços extenuantes e desgastantes devido a dificuldades e adversidades para proporcionar a seus filhos o que eles denominam “uma oportunidade na vida”. Há milhares de mães que se esforçam laboriosamente durante uma vida toda em “árduos trabalhos” para fornecer o que é necessário para proporcionar “uma oportunidade na vida” para os jovens. Há milhões destes heróis de quem nunca se ouviu falar, porque eles ajudaram seus semelhantes a viver, ao invés de lhes causarem a morte.

Isso não é uma anomalia: que nós honremos um exército de homens por mais de meio século, pelo fato de terem matado, matado, matado…, enquanto aquele exército bem maior que fomentou tudo aquilo que há de melhor na Terra repousa esquecido em suas sepulturas?

Como seguidores de Cristo, vamos prestar homenagens aos heróis e heroínas que durante anos de sofrimento lutaram pelos outros, prestando cuidados carinhosos em tempos da infância desamparada, pelo serviço incansável em tempos de doença, pela paciente ajuda aos pobres e por todo e qualquer problema que pudesse ocorrer, especialmente devido a um destino.

Tampouco vamos esperar até que esses benfeitores passem para o além. E nem deveríamos estipular um dia no ano para o pagamento de tal tributo, mas nós deveríamos honrá-los todos os dias das nossas vidas, e deveríamos tentar aliviar seus fardos, imitando seus nobres atos.

Como vamos encontrá-los? Eles não usam uniformes; nem se exibem pelo que fazem. Eles estão em toda parte, e se buscarmos, os encontraremos. Quanto mais depressa nos juntarmos a eles, mais depressa nós os honraremos aliviando seus fardos, pois isso torna a nós todos servos do Mestre: “cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes’”[2].

(Do Livro: Carta nº 67 do Livro Cartas aos Estudantes – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: O Memorial Day é o feriado nacional nos Estados Unidos que acontece anualmente na última segunda-feira de maio. Anteriormente conhecido como Decoration Day (Dia da Condecoração), o feriado homenageia os militares americanos que morreram em combate.

[2] N.T.: Mt 25:40

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Tolerância com a Crença dos Outros

Tolerância com a Crença dos Outros

Junho de 1918

Estamos aqui para viver nas condições como nós encontramos e para aprender as lições proporcionadas pelo nosso meio ambiente. Aqueles que estão constantemente vagando nas nuvens e buscando ideais espirituais e negligenciando os seus deveres cotidianos estão tão equivocados em seus esforços quanto aqueles que se maculam na lama do trabalho material, trabalhando duro e pesado em sua ganância pelo dinheiro. Ambos precisam de ajuda, mas em direções opostas. Uma classe precisa ser puxada para baixo até que seus pés estejam firmemente colocados na Terra; a outra classe precisa de uma elevação espiritual para que possam ver a luz do céu e comecem a pensar em adquirir tesouros lá.

“Um alimento para um ser humano pode ser um veneno para outro”, e isso se aplica tanto ao alimento espiritual como ao alimento físico. Há somente uma grande verdade – a Divindade – contudo, ela tem muitas facetas. O ângulo de apresentação que nos atrai pode não ter a mesma força para comover os outros; e, vice-versa, sua visão da verdade pode não atender às nossas necessidades. Portanto, há uma razão para todas as diferentes Religiões no mundo e as diferentes visões apresentadas pelos diversos cultos e seitas. Cada um tem sua missão a desempenhar junto as pessoas entre as quais se encontra, por isso devemos ser tolerantes com todos os cultos ou Religiões, quando aqueles que os professam e que nos atacam em nossos pontos de vista.

Devemos estar satisfeitos em sermos conhecidos por nossos frutos, pois esta é a única prova individual verdadeira e válida da Religião. Isso nos torna melhores homens e mulheres, melhores pais e mães, filhos e filhas, irmãos e irmãs, patrões e empregados? Isso nos faz sermos melhores cidadãos em todos os lugares, de maneira que possamos ser respeitados na comunidade onde vivemos? Esta é a prova da verdadeira Religião.

Não há grandes riscos de encontrar o materialista em nossas fileiras, mas, infelizmente, existe uma tendência entre as pessoas que abraçam ensinamentos avançados de voar nas nuvens, esquecendo das condições do cotidiano delas e dos deveres terrenos. Isso faz com que as pessoas comuns olhem com desconfiança para o ocultismo e classificam aqueles que o estudam como excêntricos, embora suas ações não tenham nada a ver com o ocultismo, como não é culpa de um bom alimento quando de um estômago fraco que não consegue digeri-lo.

Por essa razão, não só devemos ser tolerantes para com as crenças dos outros e manter o princípio de nunca criticar qualquer uma das crenças, como também devemos nos vigiar para VIVERMOS os Ensinamentos Rosacruzes, de forma a dar credibilidade a eles, onde quer que estejamos.

(Do Livro: Carta nº 91 do Livro Cartas aos Estudantes – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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