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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Nobreza de Todo Trabalho

Março de 1918

Uma correspondente entusiasmada com a beleza, a grandiosidade e a natureza, ao mesmo tempo, calmante e intelectualmente estimulante dos Ensinamentos Rosacruzes, lamenta com desgosto, desaprovação e com arrependimento o destino que a aprisiona em cuidar dos afazeres da casa, dos filhos e de todo trabalho doméstico. Fosse ela livre apenas para levar esse evangelho recém-encontrado, ela iria pelo mundo afora com as boas novas, nele contidas, pelas quais ela sabe que milhares e milhares de pessoas estão orando e buscando.

Isso seria bom para nossa amiga e para aquelas milhares de pessoas, mas, e quanto às criancinhas privadas dos cuidados de suas mães? Não esqueçamos de um ponto muito importante:  de que todos os que foram chamados a trabalhar na “vinha do Mestre”[1] já tinham cumprido suas atividades de trabalhos e tarefas cotidianas. Todos eles não tinham vínculos que os impedissem de trabalhar lá o dia inteiro, e ninguém que não esteja livre das suas obrigações anteriores pode dedicar uma vida inteira ao trabalho de ensinar os outros. Se aspirarmos a esse trabalho, sendo fiéis no desempenho dos nossos deveres atuais, o caminho se abrirá em algum momento e nos dará o chamado legítimo.

Quanto ao uso muito comum da expressão “o árduo trabalho braçal ou monótono ou, ainda, a labuta doméstica”, referente aos fatores impeditivos de um maior empenho na divulgação dos Ensinamentos Rosacruzes, urge que seja analisada sob uma perspectiva condizente com a atual fase evolutiva da humanidade. O professor ou a professora fala do trabalho árduo de repetir a mesma lição na cabeça das crianças ano após ano; a mãe fala do trabalho penoso dos afazeres domésticos; o pai reclama do trabalho penoso no escritório ou nas atividades mecânicas; e assim por diante. Cada um pensa que se estivesse no lugar do outro, a vida se transformaria imediatamente em uma grande e doce canção.

Isso é uma falácia. “O ser humano, nascido de mulher, tem a vida curta e cheia de tormentos”[2]. Não importa onde ele esteja, há tão somente um método de alívio, uma maneira de superar: a adoção de uma atitude mental correta.

Um grande motor a gasolina funcionando a toda velocidade pode desafiar um exército de homens fortes a detê-lo, mas uma pequena partícula de carbono depositada no ponto de ignição, ou uma pequena peça giratória trabalhando com alguma folga, rapidamente suprimiria sua energia. Assim, um pouco de fuligem, que desprezamos como sujeira, pode, sob determinadas circunstâncias, realizar mais do que muitos homens. Portanto, não devemos enaltecer extravagantemente algumas pessoas como heróis e desprezar outras como trabalhadores braçais ou que fazem trabalhos maçantes ou pesados. Há almas tão nobres remendando meias como aqueles agraciados em cadeiras presidenciais. Tudo depende se eles colocaram amor em seu trabalho ou não.

Mas, o que muitas pessoas realmente querem dizer quando falam sobre “trabalho duro, maçante, penoso” é, na verdade, a monotonia. Pois, todo trabalho é, mais ou menos, uma rotina e a execução constante das mesmas tarefas, repetidas vezes, torna o trabalho monótono. Há uma excelente razão para que a atual fase do nosso desenvolvimento inclua esse princípio de rotina. Estamos agora nos preparando para a Era de Aquário que se aproxima rapidamente com seu grande desenvolvimento intelectual e espiritual. Isso requer um despertar do Corpo Vital adormecido, cuja palavra-chave é a repetição. A rotina dos nossos afazeres diários nos proporciona isso. Se nos rebelarmos, isso gera monotonia e retarda o progresso. Mas, se fermentarmos nosso trabalho com amor, avançaremos muito na evolução e colheremos a recompensa de um estado de felicidade e satisfação.


[1] N.T.: Mt 20:1-16

[2] N.T.: Jo 14:1

(Carta nº 88 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


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