Arquivo de categoria Cartas Max Heindel

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Razão das Provas que assolam o Estudante Ocultista

Novembro de 1916

De tempos em tempos recebemos algumas Cartas de Estudantes lamentando que, desde que começaram os estudos superiores, estão procurando viver em consonância com eles, porém, tudo parece dar errado com suas obrigações. Alguns enfrentam uma oposição determinada em seus lares, outros sofrem em seu trabalho, e alguns até são afetados em sua saúde. Alguns, de acordo com seu temperamento, estão quase no ponto de desistir, e outros usam toda a sua determinação para continuar, apesar das dificuldades, em perseverar para seguir o método de S. Paulo na “paciente perseverança em fazer o bem[1], somando a isso as provações. Contudo, todos são unânimes em perguntar as causas dessas mudanças marcantes em seus relacionamentos. Cada um recebe a melhor ajuda que se pode oferecer para resolver os seus problemas individuais, porém, como sabemos que há muitos Estudantes que são, similarmente, colocados a prova, nos parece prudente explicar a razão dessa situação.

Em primeiro lugar, a alma aspirante deveria perceber que as situações adversas ocorrem para o bem, de acordo com uma Lei da Natureza firmemente estabelecida, pela qual Deus quer ajudá-la em sua busca. As provas são um sinal de progresso e uma causa de grande regozijo. É assim que a lei atua: durante todas as nossas vidas anteriores, criamos laços e contraímos dívidas sob a Lei de Causa e Efeito. Essas dívidas continuam a aumentar à medida que, a cada existência, continuamos a viver de maneira egoísta e agindo e fazendo coisas de maneira não planejada e desorganizada, e podemos comparar cada uma destas dívidas a uma gota de vinagre. Quando chegar a hora do acerto e deixarmos de fabricar o vinagre, a lei da justiça exigirá que tomemos todo o vinagre que produzimos. Porém, podemos optar por tomá-lo em grandes doses e acabar depressa com essas dívidas ou em pequenas doses e prolongar esse pagamento por várias vidas. Essa escolha não é feita por palavras, mas por atos. Se assumirmos o trabalho de aperfeiçoamento interno com entusiasmo, se cortarmos os nossos vícios pelas raízes e vivermos a vida que professamos, os Grandes Seres que conhecemos como os Anjos do Destino[2] nos darão uma dose maior de vinagre do que nos daria se apenas exaltássemos as belezas da vida superior. Eles agem assim para nos preparar para o dia da libertação de nossas dívidas contraídas por nós mesmos e não para nos prejudicar ou nos atrapalhar.

Em vista desses fatos, podemos compreender a exortação de Cristo para nos regozijar quando os irmãos ou irmãs nos insultam e nos acusam falsamente por Seu amor. Os meninos passam indiferentes por uma árvore estéril, porém, se estão carregadas de frutos, eles estarão prontos para atirar pedras e roubá-los. Assim também, é com os seres humanos: enquanto seguirmos com a multidão e agirmos como ela, não somos molestados; agora, no momento em que fazemos o que ela reconhece em seus corações que é correto, nos transformamos numa reprovação vivente para ela, mesmo que nunca tenhamos proferido uma só palavra de censura, e, com o objetivo de justificar-se aos seus próprios olhos, começam a encontrar falhas em nós. A esse respeito, aqueles que estão mais próximos de nós, quer no lar ou no trabalho são mais incisivos do que os estranhos, que não têm nenhuma conexão conosco. Contudo, seja qual for a causa dessas dificuldades, devemos nos congratular por eles, pois isso demonstra que estamos fazendo algo que é efetivamente progressista. Portanto, continuemos animados e com entusiasmo incansável.

(Carta nº 72 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

[1] N.T.: IICor 6:6

[2] N.T.: também conhecidos como Anjos Relatores ou Senhores do Destino.

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Carta de Max Heindel: A Atitude Otimista e a Fé no Bem Final

Outubro de 1918

Suponhamos que uma pessoa muito chegada a nós fosse passar por uma operação cirúrgica. Naturalmente você se sentiria muito envolvido e ocupado em se dedicar ao que fosse preciso, e os seus sentimentos, provavelmente, variariam entre o medo e a esperança. Algumas vezes uma determinada emoção predominaria, outras vezes a outra. Mas, considere qual seria o efeito sobre o paciente se você, a cada momento, fosse falar com ele sobre as suas dúvidas e os seus temores. O medo causa sempre um efeito desvitalizador e prejudicial, o que torna difícil a recuperação do paciente, especialmente durante uma doença em que ele está menos confiante e mais negativo do que quando a sua saúde está perfeita. Ainda que estivéssemos realmente ansiosos por ajudá-lo e dispostos a fazer qualquer coisa ao nosso alcance para servi-lo, pela nossa atitude mental e com a expressão de semelhantes pensamentos, causar-lhe-íamos grandes prejuízos.

Algo parecido vem ocorrendo no mundo. A Onda de Vida humana se prepara para ser operada de sua catarata espiritual. A dor e o sofrimento provocados pelas guerras estão promovendo a retirada da venda do materialismo, colocada sobre nossos olhos.

Rompe-se, assim, gradativamente, o véu que nos separa dos habitantes da terra dos mortos que vivem.

A operação é um recurso doloroso. Seguramente, quem abrigue sentimentos humanitários em seu coração não deixam de sofrer, em certo sentido, por aqueles envolvidos na luta. Todavia, se estamos plenamente convencidos de que “os pensamentos são coisas”, constitui nosso dever sagrado manter a atitude mental mais otimista que nos seja possível nos momentos presentes.

Não tenho a menor dúvida de que todo Estudante Rosacruz está fazendo tudo quanto lhe seja possível, empenhando-se dentro de seu alcance, para aliviar o sofrimento existente nas nações atingidas diretamente pelos conflitos. Mas, a atitude mental otimista é o mais importante de tudo. Para muitos é difícil cultivá-la e conserva-la.

De qualquer maneira, devemos agir assim, especialmente à luz do nosso conhecimento superior. É natural não estarmos satisfeitos pelo fato destas catástrofes tocar-nos tão de perto. Mesmo assim, somos gratos por elas, porquanto carreará um grande benefício ao, mundo, tão seguramente como o Sol desponta pela manhã, pondo-se a noite.

Nutrimos uma fé absoluta na sabedoria e onipotência divinas. É falsa a afirmação segundo a qual “a natureza é sangrenta em corpo e espírito”. Apesar do que possa parecer à nossa limitada visão, a benevolência é o fator predominante na evolução do mundo.

Portanto, devemos ser coerentes com nossas crenças, esforçando-nos para manter sempre uma atitude otimista e exteriorizar nossa fé resoluta no bem final. Enquanto trabalharmos em harmonia com a evolução, agindo como se conduzíssemos um barco a favor da correnteza, nossos esforços produzirão um efeito bem maior do que se mantivéssemos uma atitude mental contraria ao bem do mundo.

(Carta nº 95 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Descida da Vida de Cristo a partir de Setembro

Outubro de 1916

Estamos agora no Equinócio de Setembro, onde o Sol físico está deixando o hemisfério norte depois de ter fornecido as necessidades de vida para o próximo ano; e a maré espiritual que carrega na crista da sua onda a vida que encontrará expressão física no próximo ano está agora a caminho da nossa Terra. A metade do ano diante de nós é a parte sagrada do ano. Desde a festa da Imaculada Concepção até o Nascimento Místico do Natal (enquanto essa onda está descendo para a Terra[1]) e desde então até a Páscoa (enquanto está se dirigindo para fora da Terra[2]), uma canção vibra de forma rítmica e harmoniosa – inadequadamente descrita na lenda do Nascimento Místico como “hosana”, cantada por um coro de Anjos – preenche a atmosfera planetária e atua sobre todos como um impulso à aspiração espiritual – não sobre todos na mesma medida, é claro, mas de acordo com o caráter geral.

Alguns não sentem essa onda espiritual por causa da sua depravação, mas ela funciona dentro, sobre e com eles da mesma forma, e com o tempo eles responderão. Outros estão tão absortos em fazer compras e vendas, em se casar, com assuntos envolvendo os seus prazeres, as suas paixões e as suas ambições que não têm consciência dessa onda espiritual, salvo quando ela atinge a sua máxima força, isto é, no Natal, e então se expressa apenas como um espírito de elevada sociabilidade e generosidade – afinal, essas pessoas que não sentem essa onda espiritual gostam de festas e de dar presentes. Uma classe de pessoas mais avançada a onda de santidade desde o início da sua descida e percebe o importante efeito da sua harmonia e do seu ritmo favorecendo os esforços na direção do crescimento da alma. Essa classe mais avançada se beneficia muito, fazendo os maiores esforços durante do Equinócio de Setembro, todo o restante do mês de setembro, outubro, novembro e meados de dezembro até o Equinócio de Março. É como nadar a favor da maré.

Por esta razão, dedico essa Carta aos Estudantes para chamar sua atenção a esse fenômeno que se repete anualmente. Esteja você consciente disso ou não, as poderosas vibrações espirituais da onda vivificante de Cristo permanecem na atmosfera da Terra durante meados de dezembro, do mês de janeiro, fevereiro até meados de março, e podem ser utilizadas por você com uma vantagem muito maior, se você souber disso e redobrar seus esforços do que se você não tivesse conhecimento do fato.

Façamos, portanto, cada um de nós um inventário dos pecados específicos que mais facilmente nos assolam, pois agora começa o período mais favorável do ano para erradicá-los. Façamos, também, um inventário das virtudes que nos faltam e que sentimos mais necessidades de cultivá-las, pois esse é o momento de fazer esse trabalho com mais eficiência. Por meio de um trabalho cuidadoso e sistemático nesses meses sagrados (durante meados de dezembro, do mês de janeiro, fevereiro até meados de março), poderemos fazer grandes progressos nos nossos esforços para realizar a nossas aspirações espirituais.

Tendo decidido quanto ao trabalho pessoal, olhemos à nossa volta para ver quem em nosso círculo de relacionamentos parece estar buscando a iluminação espiritual e quem, provavelmente, está interessado em conhecer nossos Ensinamentos Rosacruzes. Isso requer discernimento, pois não temos o direito de impor nossas ideias a quem não as quer ouvir, do mesmo modo que não podemos ficar tocando um tambor em suas casas durante uma ou duas horas por dia. Se percebermos que as pessoas do nosso círculo de relacionamentos não aceitam bem o que temos a dizer, é melhor deixá-los; mas, há muitos que podem ser despertados com a vibração espiritual de Cristo nesses meses, vibrações que não seriam obtidas nos outros meses do ano. Portanto, confio que poderemos utilizar os próximos meses de uma forma que nos beneficiará grandemente do ponto de vista espiritual.

(Carta nº 71 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: vindo do Mundo do Espírito Divino, passando pelo Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo, Região Etérica do Mundo Físico até chegar no centro do Planeta Terra já na Região Química do Mundo Físico.

[2] N.T.: partindo a partir do centro do Planeta Terra na Região Química do Mundo Físico, indo para a Região Etérica do Mundo Físico, depois para o Mundo do Desejo, Mundo do Pensamento, pelo Mundo do Espírito de Vida até chegar no Mundo do Espírito Divino (de volta do Trono do Pai).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Guardiões Invisíveis à Humanidade

Setembro de 1911

Você viu na lição sobre o Batismo como retrocedemos no tempo até os primórdios da evolução em nosso Planeta para descobrir o significado daquele Sacramento. Você deve ter notado também, naquela lição do mês passado, como o Sacramento da Comunhão tem suas raízes naqueles tempos remotos. Deste modo, é evidente que, a menos que sejamos capazes de investigar a história passada da Onda de Vida humana, não poderemos obter uma concepção clara a respeito de qualquer coisa relacionada com a Humanidade. Goethe falava de “das ewing werdende”, que quer dizer “sempre em transformação”. A mudança é a principal alavanca do progresso e se observarmos o ser humano tal como é agora, sem atentarmos para o que ele foi, as nossas deduções quanto ao seu futuro deverão ser, necessariamente, muito limitadas.

A última lição ilustra a Lei da Analogia, mostrando como o ser humano foi guiado pelos Divinos Guardiões[1], de maneira semelhante àquela em que a criança pequena é cuidada pelos pais ou responsáveis para prepará-la para a batalha da vida; e podemos ter a certeza de que, embora esses Divinos Guardiões se retiraram da liderança “visível”, eles ainda estão conosco e mantém um olhar atento sobre seus antigos protegidos, exatamente como os pais ou responsáveis continuam interessados no bem-estar de seus filhos, mesmo depois destes deixarem o lar dos pais ou responsáveis para travar a batalha da vida por seus próprios meios.

Quando tivermos nossos “olhos espirituais” abertos – ou seja: desenvolvido a nossa visão espiritual – e tivermos aprendido a distinguir as diversas classes de seres das regiões superiores, essa tutela será um dos fatos mais tranquilizadores para o observador; pois, ainda que ninguém possa interferir no livre arbítrio da Humanidade e, embora seja de alguma forma contrário ao plano divino coagir um ser humano a fazer aquilo que ele não quer fazer, não há nada que o impeça de se sugestionar e, assim, provavelmente escolher. E é devido à sabedoria e ao amor desses Grandes Seres que o progresso ao longo de linhas humanitárias é a palavra de ordem do dia.

No transcurso dos últimos tempos, nós que habitamos o mundo ocidental, sentimos particularmente a profunda angústia, o intenso sofrimento e a dor provocados pelas guerras e pelos conflitos. A luta pela existência se torna cada vez mais acirrada; é ditada pelo comportamento cruel que as pessoas demonstram umas com as outras – ou “a desumanidade do homem para com o homem”[2]. Contudo, há também outro fator desenvolvido pelos Senhores do Amor e da Compaixão, nomeadamente, os movimentos altruístas, que se multiplicam em números a um ritmo maravilhoso e ganham em eficiência, à medida que os anos passam. No entanto, é digno de nota que tanto a beneficência como as esmolas, que degradam quem as recebe, vão sendo substituídas pela ação de ajudar-se a si mesmo, que eleva tanto quem ajudamos como quem assim age, tornando os necessitados autossuficientes. Esse tipo de ajuda envolve pensamento e autossacrifício, que são promovidos pelos nossos Guardiões Invisíveis entre os mais fortes que são, agora, os guardiões dos seus irmãos e das suas irmãs mais fracos.

É motivo de considerável regozijo sabermos que vários membros da Fraternidade Rosacruz são trabalhadores em instituições onde a sistemática de ajuda é a de tornar o indivíduo capaz de se bastar a si mesmo e eu, sinceramente, espero ver o dia em que muitos outros estejam dispostos a assumir um trabalho dessa natureza, cada um no seu respectivo ambiente. Mas, comece no seu próprio lar, sendo gentil com todos com quem você entrar em contato cotidianamente e, assim, quando você for considerado fiel nessas pequenas coisas, oportunidades maiores não lhe faltarão.

(Carta nº 9 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: as Hierarquias Criadoras

[2] N.T.: de “Man’s inhumanity to man”, expressão cunhada pelo poeta escocês Robert Burn, publicado em 1784 na primeira edição da obra Poems, Chiefly in the Scottish Dialect em 1786.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Regendo as Estrelas

Agosto de 1911

Espero que você tenha apreciado a lição do mês passado sobre “O Mistério da Luz, Cor e Consciência”[1], e que você agora tenha uma maior compreensão do qual é o significado da sentença bíblica: “n’Ele nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser”, porquanto, em todas as partes onde quer que a luz penetre, ali também está Deus. Mesmo nos lugares que nós chamamos de escuros, porque a constituição dos nossos olhos nos priva da percepção dos objetos que nesses lugares estão, órgãos de visão constituídos de maneira diferente podem funcionar nesses lugares, como acontece, por exemplo, os gatos e as corujas.

Cristo disse: “Deixai brilhar a vossa luz[2]. À visão espiritual, cada ser humano aparece como uma chama de luz, de colorido variado conforme a inclinação característica ou habitual ou o modo de resposta emocional dele, e de maior ou menos brilho em proporção à pureza do seu caráter. A ciência descobriu que toda a matéria está em permanente movimento, que as partículas que compõem os nossos corpos decaem continuamente e são eliminadas do organismo, para serem substituídas por outras, que permanecem um curto espaço de tempo até que também se decompõem. Da mesma forma, nossos humores, nossas emoções e nossos desejos mudam a cada instante, o antigo dando lugar ao novo em uma sucessão interminável. Portanto, eles também devem ser compostos de matéria e sujeitos a leis semelhantes àquelas que regem as substâncias físicas visíveis.

Nós até podemos e mudamos a nossa Mente; podemos cultivá-la em uma ou em outra direção como quisermos, assim como podemos desenvolver os músculos dos braços e das pernas ou podemos permitir que os membros se atrofiem. Portanto, a Mente também deve ser composta de uma substância mutável. Mas o Ego, o Pensador, nunca perde a identidade do “Eu”. Nos dois casos, tanto na infância como na velhice, este “Eu” permanece igual, independentemente das mudanças nos pensamentos, sentimentos, nas emoções e nos desejos. Embora o Corpo, que usamos como uma vestimenta, mude com o passar dos anos, nós somos eternamente os mesmos.

A qualidade de mutabilidade da matéria e a evanescência da forma são a base de todo progresso espiritual, entretanto, se a matéria fosse imutável como é o Espírito, não haveria possibilidade alguma de progresso ou de avanço. Enquanto formos levados pela maré da vida e não controlarmos, conscientemente, o fluxo e refluxo da matéria para dentro e para fora do nosso ser, seremos joguetes das circunstâncias. Então, quando um raio de Marte é projetado em um determinado ângulo sobre os átomos do nosso Corpo, sentimos toda a agressividade que ele carrega. Por outro lado, um raio de Saturno nos provoca depressão, enche-nos de melancolia e de terríveis pressentimentos. Mas, à medida que evoluímos e chegamos a uma compreensão do mistério da luz, da cor e da consciência, vamos aprendendo, gradualmente, a reger nossas estrelas. Então, em conformidade às Leis da Natureza, nos tornamos senhores e senhoras do nosso próprio destino; e é de importância vital que não importa quais sejam os aspectos que possam nos influenciar em um determinado momento, devemos sempre afirmar e dizer:

“Não importa quão estreito seja o portão,

Quão cheio de punições o pergaminho.

‘Eu sou o mestre do meu destino.

Eu sou o capitão da minha alma’”[3]

(Carta nº 8 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: O Mistério da Luz, Cor e Consciência

Deus é Luz” (IJo 1:5), diz a Bíblia, e nós não somos capazes de conceber uma analogia tão grandiosa e magnífica da Sua Onipresença ou do modo da Sua manifestação. Até os mais potentes telescópios fracassam em alcançar os limites da luz, embora nos revelem estrelas a milhões de quilômetros de distância da Terra, e podemos bem perguntar a nós mesmos, assim como o fez o salmista: “… Para onde fugir, longe da tua presença? Se subo aos céus, Tu lá estás; se me deito no Xeol (a palavra hebraica Xeol significa sepultura e não inferno), aí te encontro. Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar, mesmo lá é tua mão que me conduz” (Sl 139:7-10).

Quando, na aurora do Ser, Deus-Pai anunciou A Palavra e O Espírito Santo se moveu sobre o mar da Matéria Virginal homogênea, as primitivas Trevas foram convertidas em Luz. Esta é, portanto, a primeira manifestação da Divindade e um estudo dos princípios da Luz revelará à intuição mística um maravilhoso manancial de inspiração espiritual. Como isso nos afastaria muito do nosso assunto, nós não entraremos aqui na elucidação deste tema, exceto para dar uma ideia elementar de como a Vida Divina energiza a forma humana e a estimula à ação.

Verdadeiramente, Deus é UNO e indivisível. Ele contém dentro do Seu Ser tudo o que é, como a luz branca inclui todas as cores. Mas Ele se manifesta de uma forma tríplice, assim como a luz branca é refratada nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos essas cores, elas servem como um símbolo do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esses três raios primários da Vida Divina se difundem ou são irradiados pelo Sol, produzindo Vida, Consciência e Forma sobre cada um dos sete portadores de Luz, os Planetas, que são chamados “os Sete Espíritos diante do Trono”. Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode prova que Netuno (nem Plutão) não pertence ao nosso Sistema Solar e o leitor está convidado a consultar a obra Astrologia Científica Simplificada (veja mais detalhe no Capítulo I do Livro Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), escrita pelo autor do presente trabalho, para a demonstração matemática dessa afirmação.

Cada um dos sete Planetas recebe a luz do Sol em proporções diferentes, de acordo com a proximidade deles da órbita central, com a constituição da sua atmosfera e de acordo com os seres em cada um deles, conforme o estágio evolutivo desses seres, caso eles tenham afinidade com um ou outro dos raios solares. Eles absorvem a cor ou as cores que lhes são harmônicas e refletem as restantes sobre os outros Planetas. Esses raios refletidos levam consigo um impulso da natureza dos seres com os quais estiveram em contacto.

Deste modo, a Luz e a Vida Divinas chegam a cada um dos Planetas, quer diretamente do Sol, quer refletidas pelos seis Planetas-irmãos, e assim como a brisa do verão que, tendo passado pelos campos em flor, leva em suas asas silenciosas e invisíveis a fragrância misturada de uma multidão de flores, assim também, as influências sutis do jardim de Deus nos trazem os impulsos reunidos de todos os Espíritos e nesta luz multicor nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.

Os raios que vem diretamente do Sol são produtores de iluminação espiritual; os raios refletidos dos demais Planetas produzem o aumento da consciência e o desenvolvimento moral; os raios refletidos por meio da Lua produzem o crescimento físico.

Mas, como cada Planeta só pode absorver uma quantidade determinada de uma ou mais cores, de acordo com o estágio geral da sua evolução, assim cada ser aqui na Terra, que seja mineral, vegetal, animal e humano, pode absorver e assimilar somente uma determinada quantidade dos diversos raios projetados sobre a Terra. O restante não o afeta, nem lhe causa sensação alguma, do mesmo modo que o indivíduo totalmente cego não tem consciência da luz e da cor que existem em volta dele. Assim, cada ser é afetado distintamente pelos raios astrais e a ciência da Astrologia é uma verdade fundamental da natureza cujo conhecimento é de enorme benefício para se conseguir o crescimento espiritual.

Nos caracteres místicos de um horóscopo podemos aprender sobre as nossas próprias forças ou fraquezas e os meios mais convenientes para o nosso desenvolvimento, ou podemos conhecer as tendências daqueles amigos e amigas que vêm a nós como nossos filhos e nossas filhas e as faculdades neles latentes. Desse modo, saberemos claramente como cumprir nosso dever de pais ou responsáveis, reprimindo o mal antes que se manifeste e alimentando o bem, para que possamos estimular mais abundantemente as tendências espirituais das almas confiadas ao nosso cuidado.

Como já dissemos, o ser humano volta à Terra para colher o que semeou em vidas anteriores e para semear, outra vez, as novas sementes que proporcionarão experiências futuras. As estrelas são o relógio celeste que mede os anos; a Lua indica o mês em que as condições serão mais propícias para a colheita ou para a semeadura.

A criança é um mistério para todos nós; nós só podemos conhecer suas tendências à medida que essas, lentamente, vão se convertendo em características, mas, geralmente, é muito tarde para checar, uma vez que os maus hábitos já se formaram e a juventude já chegou para esses ser. Um horóscopo cientificamente levantado com relação à hora do nascimento indica as tendências da criança para o bem e para o mal e, se os pais ou responsáveis se dedicarem com afinco para estudar a ciência das estrelas, eles poderão prestar um serviço inestimável às crianças a eles confiadas, estimulando as tendências que tenham para o bem e reprimindo as inclinações para o mal, antes que estas se cristalizem em hábitos. Não pense que é preciso um conhecimento superior de matemática para levantar um horóscopo. Muitos levantam um horóscopo de uma forma tão complicada, com tanto receio e tanta “meticulosidade”, que ele se torna completamente indecifrável para eles ou para os outros, enquanto um simples horóscopo, fácil de ler, pode ser feito por qualquer pessoa que saiba somar e subtrair. Esse método foi cuidadosamente explicado no livro Astrologia Científica Simplificada (Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), o qual é uma obra de ensino completo sobre o assunto, ao mesmo tempo pequena e econômica. Os pais que anseiam profundamente pelo bem-estar dos seus filhos e das suas filhas deveriam se esforçar por aprender eles mesmos, embora a habilidade deles não se possa comparar com a de um Astrólogo mais experiente, o conhecimento íntimo da criança e de seus interesses profundos compensarão sobejamente a falta de competência, tornando-os capazes de penetrar mais profundamente no caráter do filho ou da filha por meio do horóscopo.

[2] N.T.: Mt 5:16

[3] N.T.: do poema “Invictus”, de autoria do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903). Foi escrito em 1875 e publicado em 1888 em seu primeiro volume de poemas, Livro dos Versos, na seção Vida e Morte (Ecos).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O Batismo de Água e do Espírito

Julho de 1911

No mês passado, nós começamos a tratar com mais atenção a questão dos Sacramentos, e era minha intenção escrever sobre a Comunhão esse mês, mas o assunto se mostrou tão vasto que cobre praticamente tudo do Livro do Gênesis ao Livro do Apocalipse, além de uma quantidade de aspectos fisiológicos tais como a química do alimento e do sangue, também a atmosfera, etc. Além disso, está inseparavelmente conectado com a segunda vinda do Cristo. Isso necessitará mais tempo que eu posso dispender no início do mês, além desse assunto envolver várias lições. No entanto, eu pensei que é melhor não trabalhar com este assunto até o próximo mês, e nesse meio tempo eu decidi fornecer um material sobre isto no livro Os Mistérios Rosacruzes. Esse assunto está parcialmente coberto no capítulo intitulado: “O Mistério da Luz, Cor e Consciência”[1]. Você achará isso mais interessante e mais instrutivo.

Referente à lição do mês passado sobre o Batismo, você notará que longe de ser somente uma consequência do dogmatismo, geralmente atribuído ao Cristianismo popular, é o símbolo de uma condição que, na verdade, existiu no passado, quando a Humanidade era, verdadeiramente, uma fraternidade. É um fato da maior significância que até a primeira vinda do Cristo, a lei exigia um olho por um olho, um dente por um dente[2]; mas, antes d’Ele começar a pregar o Evangelho do amor ao próximo e o perdão para aqueles que transgrediram contra nós, Ele passou sob as Águas do Batismo e ali recebeu o Espírito Universal, que suplantará o egoísmo de hoje.

Assim, Ele se plenificou de amor e irradiava, naturalmente, esta qualidade, de uma forma tão natural como um fogão cheio de carvão em brasa irradia calor. Nós podemos pregar ao fogão eternamente que seu dever é aquecer, mas, se não o abastecermos com o combustível, ele permanecerá frio. Da mesma maneira, nós podemos pregar à Humanidade que devemos ser irmãos e que devemos nos amar uns aos outros, mas, até que nos ponhamos “em sintonia com o Infinito”, não podemos amar o nosso próximo, da mesma maneira que o fogão sem lenha ou carvão não produz calor. Como São Paulo disse: “Ainda que fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver amor, serei como o metal que soa ou como o sino que tine[3].

O Batismo de Água se refere a uma condição passada, na qual éramos tão irresponsáveis como a criança que, atualmente, levamos à uma igreja; mas, o Batismo do Espírito é algo que ainda está por vir para a maioria de nós, e é nessa direção que devemos nos esforçar. Vamos dedicar uma especial atenção ao Capítulo 13 da primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios[4] durante o mês entrante. Vamos nos esforçar para praticar, em nossas vidas diárias, pelo menos uma das virtudes que, segundo disse São Paulo, conduzem à iluminação, para que possamos ver face a face as belezas dos Sacramentos, que agora vemos através de um vidro embaçado.

(Carta nº 7 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: O Mistério da Luz, Cor e Consciência

Deus é Luz” (IJo 1:5), diz a Bíblia, e nós não somos capazes de conceber uma analogia tão grandiosa e magnífica da Sua Onipresença ou do modo da Sua manifestação. Até os mais potentes telescópios fracassam em alcançar os limites da luz, embora nos revelem estrelas a milhões de quilômetros de distância da Terra, e podemos bem perguntar a nós mesmos, assim como o fez o salmista: “… Para onde fugir, longe da tua presença? Se subo aos céus, Tu lá estás; se me deito no Xeol (a palavra hebraica Xeol significa sepultura e não inferno), aí te encontro. Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar, mesmo lá é tua mão que me conduz” (Sl 139:7-10).

Quando, na aurora do Ser, Deus-Pai anunciou A Palavra e O Espírito Santo se moveu sobre o mar da Matéria Virginal homogênea, as primitivas Trevas foram convertidas em Luz. Esta é, portanto, a primeira manifestação da Divindade e um estudo dos princípios da Luz revelará à intuição mística um maravilhoso manancial de inspiração espiritual. Como isso nos afastaria muito do nosso assunto, nós não entraremos aqui na elucidação deste tema, exceto para dar uma ideia elementar de como a Vida Divina energiza a forma humana e a estimula à ação.

Verdadeiramente, Deus é UNO e indivisível. Ele contém dentro do Seu Ser tudo o que é, como a luz branca inclui todas as cores. Mas Ele se manifesta de uma forma tríplice, assim como a luz branca é refratada nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Onde quer que vejamos essas cores, elas servem como um símbolo do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esses três raios primários da Vida Divina se difundem ou são irradiados pelo Sol, produzindo Vida, Consciência e Forma sobre cada um dos sete portadores de Luz, os Planetas, que são chamados “os Sete Espíritos diante do Trono”. Seus nomes são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano. A Lei de Bode prova que Netuno (nem Plutão) não pertence ao nosso Sistema Solar e o leitor está convidado a consultar a obra Astrologia Científica Simplificada (veja mais detalhe no Capítulo I do Livro Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), escrita pelo autor do presente trabalho, para a demonstração matemática dessa afirmação.

Cada um dos sete Planetas recebe a luz do Sol em proporções diferentes, de acordo com a proximidade deles da órbita central, com a constituição da sua atmosfera e de acordo com os seres em cada um deles, conforme o estágio evolutivo desses seres, caso eles tenham afinidade com um ou outro dos raios solares. Eles absorvem a cor ou as cores que lhes são harmônicas e refletem as restantes sobre os outros Planetas. Esses raios refletidos levam consigo um impulso da natureza dos seres com os quais estiveram em contacto.

Deste modo, a Luz e a Vida Divinas chegam a cada um dos Planetas, quer diretamente do Sol, quer refletidas pelos seis Planetas-irmãos, e assim como a brisa do verão que, tendo passado pelos campos em flor, leva em suas asas silenciosas e invisíveis a fragrância misturada de uma multidão de flores, assim também, as influências sutis do jardim de Deus nos trazem os impulsos reunidos de todos os Espíritos e nesta luz multicor nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.

Os raios que vem diretamente do Sol são produtores de iluminação espiritual; os raios refletidos dos demais Planetas produzem o aumento da consciência e o desenvolvimento moral; os raios refletidos por meio da Lua produzem o crescimento físico.

Mas, como cada Planeta só pode absorver uma quantidade determinada de uma ou mais cores, de acordo com o estágio geral da sua evolução, assim cada ser aqui na Terra, que seja mineral, vegetal, animal e humano, pode absorver e assimilar somente uma determinada quantidade dos diversos raios projetados sobre a Terra. O restante não o afeta, nem lhe causa sensação alguma, do mesmo modo que o indivíduo totalmente cego não tem consciência da luz e da cor que existem em volta dele. Assim, cada ser é afetado distintamente pelos raios astrais e a ciência da Astrologia é uma verdade fundamental da natureza cujo conhecimento é de enorme benefício para se conseguir o crescimento espiritual.

Nos caracteres místicos de um horóscopo podemos aprender sobre as nossas próprias forças ou fraquezas e os meios mais convenientes para o nosso desenvolvimento, ou podemos conhecer as tendências daqueles amigos e amigas que vêm a nós como nossos filhos e nossas filhas e as faculdades neles latentes. Desse modo, saberemos claramente como cumprir nosso dever de pais ou responsáveis, reprimindo o mal antes que se manifeste e alimentando o bem, para que possamos estimular mais abundantemente as tendências espirituais das almas confiadas ao nosso cuidado.

Como já dissemos, o ser humano volta à Terra para colher o que semeou em vidas anteriores e para semear, outra vez, as novas sementes que proporcionarão experiências futuras. As estrelas são o relógio celeste que mede os anos; a Lua indica o mês em que as condições serão mais propícias para a colheita ou para a semeadura.

A criança é um mistério para todos nós; nós só podemos conhecer suas tendências à medida que essas, lentamente, vão se convertendo em características, mas, geralmente, é muito tarde para checar, uma vez que os maus hábitos já se formaram e a juventude já chegou para esses ser. Um horóscopo cientificamente levantado com relação à hora do nascimento indica as tendências da criança para o bem e para o mal e, se os pais ou responsáveis se dedicarem com afinco para estudar a ciência das estrelas, eles poderão prestar um serviço inestimável às crianças a eles confiadas, estimulando as tendências que tenham para o bem e reprimindo as inclinações para o mal, antes que estas se cristalizem em hábitos. Não pense que é preciso um conhecimento superior de matemática para levantar um horóscopo. Muitos levantam um horóscopo de uma forma tão complicada, com tanto receio e tanta “meticulosidade”, que ele se torna completamente indecifrável para eles ou para os outros, enquanto um simples horóscopo, fácil de ler, pode ser feito por qualquer pessoa que saiba somar e subtrair. Esse método foi cuidadosamente explicado no livro Astrologia Científica Simplificada (Astrologia Científica e Simplificada-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz.), o qual é uma obra de ensino completo sobre o assunto, ao mesmo tempo pequena e econômica. Os pais que anseiam profundamente pelo bem-estar dos seus filhos e das suas filhas deveriam se esforçar por aprender eles mesmos, embora a habilidade deles não se possa comparar com a de um Astrólogo mais experiente, o conhecimento íntimo da criança e de seus interesses profundos compensarão sobejamente a falta de competência, tornando-os capazes de penetrar mais profundamente no caráter do filho ou da filha por meio do horóscopo.

[2] N.T.: Ex 21:23 e Mt 5:38-42

[3] N.T.: 1Cor 13:1

[4] N.T.: O conceito da palavra caridade aqui é: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá.Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade.”

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Curando os Doentes

Junho de 1911

Cristo deu dois mandamentos a Seus Discípulos quando Ele disse: “Pregai o Evangelho e Curai o enfermo”[1]. Vimos, na lição do mês passado[2], como o ofício de um conselheiro espiritual está estreitamente ligado à cura das doenças físicas, pois, ainda que a causa imediata e aparente da doença possa ser física, numa análise final, todas as doenças são devidas à transgressão das Leis de Deus, que costumamos chamar de “Leis da Natureza”, em nossos intentos materialistas de eliminar o Divino. Bacon[3], com rara percepção espiritual, disse: “Deus e a Natureza diferem entre si como o sinete[4] e a impressão”[5]. Assim como o lacre flexível é moldado pelas linhas rígidas do sinete, assim também a natureza se ajusta, passivamente, às Leis imutáveis do seu Divino Criador e, assim, a saúde e uma condição de despreocupação são a regra entre os Reinos de Vida inferiores[6]. Mas quando o estágio humano de um Reino é alcançado, quando a Individualidade é desenvolvida e começamos a ter escolhas, prerrogativas e emancipações, nós nos tornamos capazes de transgredir as Leis de Deus e, invariavelmente, o sofrimento é o efeito dessa transgressão.

Há um lado da Lua que nunca vemos[7], mas sabemos que está lá, e esse lado oculto da Lua é um fator tão importante para a formação das marés, quanto a parte da Lua que está mais próxima de nós e visível. Do mesmo modo, também há no ser humano um lado oculto que é tão ativo quanto o ser físico[8] que contemplamos. As transgressões às Leis divinas, nos planos de ação mental e moral, são tão responsáveis pelos transtornos físicos, como o é o lado oculto da Lua na formação das marés.

Se o que foi dito fosse compreendido, os profissionais de saúde[9] não ficariam mais intrigados com o fato irritante de que, embora um certo tipo e quantidade de um remédio produza a cura em um caso, pode ser absolutamente impotente em outros. Um grande e crescente número de profissionais da saúde está agora convencido que a Lei do Destino é um fator importante no aparecimento da doença e na demora da sua extinção ou do restabelecimento à saúde ou, ainda, da cura superficial, embora não acreditarem na falácia de um destino inexorável. Eles reconhecem que Deus, pela vontade d’Ele, não nos aflige, nem pretende se vingar do transgressor;eles compreendem que toda a angústia profunda, tristeza e todo sofrimento são destinados a nos ensinar lições que não aprenderíamos ou não poderíamos aprender por qualquer outro meio. As estrelas[10] mostram o período estimado como requisito para nos fazer conhecer as consequências desagradáveis de alguma ação por meio de lições, mas nem mesmo Deus pode determinar o tempo exato, nem a quantidade de sofrimento necessária; nós mesmos temos essa prerrogativa, pois nós somos divinos. Se nos tornarmos conscientes das nossas transgressões e começarmos a obedecer às Leis antes que a aflição astral[11] cesse, estaremos curados da nossa desordem no Corpo, ou seja, da doença mental, física ou moral; se persistirmos até o fim de uma aflição astral, sem termos aprendido a nossa lição, mais tarde, uma configuração astrológica mais adversa e intensa nos forçará à obediência para aprender o que devemos.

É nessa conexão que um curador dotado de uma Mente espiritual pode prestar, frequentemente, serviços eficazes e encurtar o período de sofrimento do paciente ao lhe indicar a causa de sua aflição. Mesmo quando o curador se sinta incapaz de lidar com a doença, muitas vezes, ele pode encorajar o paciente durante uma crise de inevitável angústia, informando-lhe sobre as esperanças de alívio para quando essa determinada fase passar. Nos meus cuidados aos doentes, nesses últimos anos, tem sido frequente o privilégio de apontar a Estrela da Esperança e, até onde eu me lembre, as minhas previsões de recuperação, em um prazo determinado, se realizaram sempre e, algumas vezes, quase de maneira milagrosa, pois as estrelas são o relógio do destino e são sempre corretas.

Pelo que expusemos acima, você tem o grande motivo pelo qual nós devemos estudar Astrologia do ponto de vista espiritual. Na Carta aos Estudantes do próximo mês, espero expor algo mais definitivo quanto à Panaceia Espiritual, mas, enquanto isso, tenho a certeza de que você ficará feliz em saber que compramos o terreno ao qual nos referimos anteriormente. É um dos pontos mais agradáveis aos olhos no belo sul da Califórnia; na verdade, embora eu já tenha viajado por quase todo o mundo, nunca deparei com uma vista que se possa comparar com a do local da nossa futura Sede[12]. Está situado sobre um elevado planalto que permite uma visão que se estende por uns sessenta quilômetros ou mais em todas as direções. Ao Norte, as Montanhas Santa Ana (uma pequena cordilheira) protegem dos ventos frios do norte, fazendo com que, praticamente, o clima seja livre de geadas durante todo o ano. Abaixo, para o leste, está o lindo Vale São Luiz Rey, com seu rio que parece uma faixa prateada serpenteando por campos férteis, passando pela antiga e histórica Missão Espanhola, onde os padres franciscanos ensinaram os indígenas durante séculos. Mais para o leste, a Montanha São Jacinto ergue seu pico coberto de neve contra um céu do mais intenso azul. No sul, o promontório de La Jolla, com suas cavernas pitorescas, encobre o grande porto natural da cidade, situado mais ao sul da cidade mais a sudoeste do Tio Sam, que é San Diego. Em direção ao sol poente, contemplamos a plácida enseada do Oceano Pacífico, as ilhas São Clemente e Santa Catarina com seus maravilhosos jardins submarinos – uma imagem composta de glória e inspiração, suficiente, por si só, para evocar tudo o que há de melhor e mais puro em qualquer pessoa que seja inclinada à espiritualidade.

Demos o nome de “Mount Ecclesia” a esse belo local da natureza, e uma verba já foi designada para a construção das edificações necessárias: uma Escola de Cura, um Sanitarium[13] e, por último, mas não menos importante, um lugar de culto – uma Ecclesia– onde possa ser preparada a Panaceia Espiritual e enviada para todo o mundo e, posteriormente, utilizada pelos Auxiliares devidamente qualificados.

(Carta nº 6 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Mt 10:7-8

[2] N.T.: Carta nº 5: O Valor dos Sentimentos Retos

[3] N.T.: Francis Bacon, 1°. Visconde de Alban, também referido como Bacon de Verulâmio (1561-1626) foi um político, filósofo empirista, cientista, ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio) e visconde de Saint Alban. É considerado como um dos fundadores da Revolução Científica.

[4] N.T.: É um pequeno objeto de metal como ouro ou prata (placa, coluna e até anel) usados como assinatura do proprietário e/ou responsável por uma organização, para selar e autenticar documentos e cartas.

[5] N.T.: Trecho do livro “The First Book Of Francis Bacon” – Of The Proficience And Advancement Of Learning, Divine And Human – Volume VIII

[6] N.T.: Por exemplo: Animal, Vegetal e Mineral.

[7] N.T.: Também chamado de lado oculto da Lua (também chamado de lado negro da Lua ou lado escuro da Lua) é o hemisfério lunar que não pode ser visto da Terra em decorrência da Lua estar em rotação sincronizada com a Terra.

[8] N.T.: o Corpo Denso

[9] N.T.: médico (a), enfermeiro (a), psicólogo (a), psiquiatra, farmacêutico (a), fisioterapeuta, nutricionista, odontólogo (a), biomédico (a), biólogo (a), osteopata, fonoaudiólogo (a), terapeutas, quiroprata e afins.

[10] N.T.: Signos astrológicos, Sol, Lua e Planetas

[11] N.T.: apontada pelos Signos astrológicos, Sol, Lua e Planetas

[12] N.T.: Onde hoje temos Mount Ecclesia, sede mundial da The Rosicrucian Fellowship.

[13] N.T.: Ou Sanatorium: se refere a um centro médico para tratamento de doenças diversas não contagiosas.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Desvantagem em Dispersar as Nossas Forças

Maio de 1915

Na Carta de Março[1], como você deve se lembrar, sugeri a concentração da energia numa só direção, aconselhando, como já tinha feito anteriormente, que os Estudantes Rosacruzes dediquem todo o tempo livre deles para trabalhar numa única sociedade religiosa[2], em vez de dissipar e distribuir as energias deles pertencendo à várias dessas sociedades, pois é impossível fazer um trabalho eficaz dessa maneira.

Desde então, recebemos alguns pedidos de desistência de Estudantes na Fraternidade Rosacruz, o que não foi inesperado. Entre os membros de uma associação tão grande como a Fraternidade Rosacruz, alguns dos que pertencem simultaneamente a outros grupos, naturalmente, teriam uma preferência maior por algum outro lugar e, em consequência dessa sugestão dada no parágrafo anterior, seguiriam essa tendência. No entanto, é surpreendente que tenha havido tão poucas desistências. De fato, a surpresa é que houve poucas desistências, mas isso, sem dúvida, se deve ao fato de que a Fraternidade Rosacruz retira, periodicamente, da sua lista aqueles que mostram pouco interesse e, assim, mantém apenas os Estudantes Rosacruzes ativos.

Mas o tom dessas desistências é que nos entristece. Alguém nos escreveu: “Sou membro da Igreja Episcopal e pago lá a minha contribuição periódica, etc., etc.”. Parece estranho que alguns não compreendam que a Fraternidade Rosacruz não é antagônica a nenhuma organização religiosa (seja qual for) ou sociedade e, nesse particular, não as que professam o Cristianismo. Temos afirmado, repetidamente, que apoiamos qualquer pessoa que se associe a uma Igreja Cristã. O que a Carta se refere não foi sobre Religião, mas sobre “sociedades religiosas”; e, como disse, não é porque temos algo contra as sociedades que trabalham seguindo as linhas Cristãs. Há, por exemplo, a Sociedade da Unidade de Kansas City[3], uma organização honesta e com boa moral, sob direção de uma nobre liderança, tanto quanto podemos depreender de todas as informações que temos recebido. Mas, para bem obrar nesta ou noutra sociedade religiosa, toda a sua energia durante o tempo livre deve ser dada apenas a essa sociedade; e se um membro da Fraternidade Rosacruz, que pertença igualmente a essa outra organização, decide se dedicar somente a essa última, age corretamente, não só com essa organização como também com a Fraternidade Rosacruz, muito melhor do que se prosseguisse a sua ligação com ambas. Por outro lado, se por suas afinidades, resolve permanecer com a Fraternidade Rosacruz, então é melhor para ele, melhor inclusive para a Sociedade da Unidade e para a Fraternidade Rosacruz, que ele se dedique exclusivamente a nossa Associação.

Como já dissemos muitas vezes, muitos caminhos conduzem a Roma, mas não podemos seguir dois caminhos ao mesmo tempo. Devemos seguir só um para chegar lá. Ziguezaguear de um para o outro é um desperdício de esforço. Se cumprirmos efetivamente com os nossos deveres no mundo, muito pouco tempo livre nos restará para que possamos trabalhar legitimamente em nosso próprio benefício nas linhas espirituais. Portanto, devemos focar para concentrar os nossos esforços no que nos seja mais proveitoso, em vez de dissipar as energias e obter pouco crescimento da alma.

Além disso, convém deixar bem claro que, se em algum momento as condutas políticas da Fraternidade Rosacruz não merecer a aprovação de alguém, esse não age bem se simplesmente desertar e passar a protestar contra nós já do lado de fora. Se permanecer conosco, nós o escutamos como um irmão ouve outro irmão ou outra irmã, e ponderamos os seus argumentos de um ponto de vista muito diferente da que ocorre quando ele deserta, mostra-se hostil e se transforma em um oponente. Então, os mesmos argumentos perderiam boa parte do seu peso. Estamos todos de acordo com os pontos principais dos nossos Ensinamentos Rosacruzes. Cada um de nós, certamente, aprecia o benefício que colhemos dessa Filosofia Rosacruz que estamos empenhados em promulgar. Não é adequado, então, sermos tolerantes em questões de políticas, para que possamos dedicar toda nossa atenção aos ideais?

(Carta nº 54 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Refere-se à Carta aos Estudantes de março de 1915, aqui transcrita: “Concentração no Trabalho Rosacruz

Meditando sobre a utilidade da Fraternidade Rosacruz, surgiu-me a pergunta: “Qual o obstáculo mais comum que impede o nosso progresso no trabalho espiritual?”. E a resposta foi: “A falta de concentração”.

Todos temos uma família que depende de nós e que tem direito a uma parte da nossa atenção. Nosso trabalho no mundo não deve ser negligenciado sob pretexto algum. Estamos aqui para executar certas tarefas e aprender por meio delas. Depois de atender a esses deveres, vejamos se ainda nos sobra algum tempo para aplicá-lo, justa e apropriadamente, no nosso próprio desenvolvimento.

Na vida cotidiana, não tentamos ser médicos hoje, trabalhar numa indústria amanhã e, no dia seguinte, começar uma nova atividade. Sabemos que tal procedimento não nos levaria a lugar algum. Devemos, portanto, seguir uma linha de trabalho no mundo.

Por que não aplicar o mesmo bom senso em nossos esforços espirituais? Sabemos que tanto o progresso social e como profissional dependem da soma de concentração, planejamento e perseverança que tivermos. Então, se nos mostramos tão sábios e prudentes no que diz respeito às coisas do mundo, que duram apenas os poucos anos de nossa vida terrena, por que não nos empenhamos em usar o mesmo bom senso, aplicando-o de corpo e alma às coisas espirituais que são eternas?

Aqueles que perambulam de seita em seita ou em várias escolas filosóficas e que pensam ser conhecedores das mais variadas práticas espiritualistas falham ao ver sua falta de profundidade. Eles se vangloriam de seu conhecimento de livros e palestras até ficarem doentes com indigestão mental. Ouvem e leem muito, mas praticam pouco.

Para nossas atividades terrenas necessitamos de trabalhadores experientes, hábeis e dedicados. No Reino Celestial, a lealdade e a devoção são também fatores primordiais.

Nossa contínua presença faz com que o carvão latente em cada um de nós se transforme em chama e emita luz e calor, unindo e fortalecendo nosso ideal no caminho da espiritualidade.”

[2] N.T.: Vamos definir aqui o que é uma “sociedade religiosa” ou “associação religiosa” para não confundirmos com Religião: uma sociedade religiosa ou associação religiosa é a congregação incorporada de um grupo religioso. Uma congregação incorporada ou grupo religioso atua como uma ‘pessoa jurídica’ legal que existe separada e separada de seus membros. Nesse sentido pode desenvolver, também, outras atividades, de caráter econômico, como instituições educacionais ou empresariais.

[3] N.T.: Era uma sociedade fundada pelo casal Charles e Myrtle Filmore: Aos 40 anos, Myrtle Fillmore ficou muito doente. Foi-lhe dito que ela tinha tuberculose e tinha menos de 6 meses de vida. Quando a medicina tradicional e os médicos deixaram de dar alívio, ela começou a pesquisar meios alternativos de cura. Ela assistiu a palestras de praticantes que estavam na vanguarda da cura espiritual. Myrtle teve uma epifania. Ela despertou para a verdade de que ela era uma expressão do espírito divino e era por meio desse mesmo espírito que ela poderia ser curada. Ela descobriu a Oração Afirmativa. Em vez de implorar a Deus para lhe dar algo ou fazer algo acontecer, Myrtle afirmou que o que ela pediu já estava acontecendo. Ela orou e meditou diariamente por mais de dois anos. Ela comunicou pensamentos positivos e curativos às células de seu corpo. A fé de Myrtle nunca vacilou e ela viveu mais 46 anos. Inspirados pela saúde renovada, os Fillmores se interessaram em dar às pessoas ferramentas práticas no Cristianismo para melhorar suas vidas. Charles estudou Religiões e filosofias mundiais. Ele também estudou a ligação entre Religião e Ciência. Em 1889, Charles e Myrtle começam a escrever sobre suas crenças e, pouco depois, nasce a Unidade (Sociedade da Unidade de Kansas City). Em abril de 1889, os Fillmores publicam a primeira edição de Modern Thought, uma revista nacional mensal dedicada a questões espirituais. O nome da revista foi mudado para Unity Magazine em junho de 1891. Eles usaram sua revista para contar às pessoas sobre a Society of Silent Help, renomeada Society of Silent Unity em 1891. Myrtle diz aos leitores que o trabalho da Society of Silent Help é “aberto para todos.” Em 1891, Charles escolhe ‘Unidade’ como o nome do movimento que estão fundando.

Myrtle inicia a Wee Wisdom em 1893, uma revista mensal para crianças, e permanece como editora por muitos anos. Quando foi descontinuada em 1991, Wee Wisdom era a mais antiga revista infantil publicada continuamente no país.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Páscoa, uma Promessa de Vida Recém-construída e Bem Desenvolvida

Abril 1916

Essa é a lição de Páscoa, embora não contenha uma só palavra relacionada com o evento cósmico da presente estação. Mas, enfatiza em uma nova ou diferente forma o grande fato vital que o nascimento e a morte são meros incidentes na vida do Espírito, que não tem princípio nem fim.

A velhice, a doença, a guerra ou os acidentes podem destruir essa habitação terrena, mas possuímos “uma casa celestial” que nenhum poder pode mover ou mudar. E assim, não importa o quanto a morte chegue perto de nós ou dos nossos entes queridos, sabemos que, assim como a Sexta-feira Santa é seguida da gloriosa Páscoa, assim também a porta da morte não é mais do que a porta para uma vida mais longa, onde a doença e a dor, que tanto abatem o nosso Corpo Denso não têm mais domínio sobre nós.

Apenas pense no que isto significa para os nossos pobres irmãos e nossas pobres irmãs que têm sido destroçados e mutilados pela pavorosa da “desumanidade do homem para com o homem”[1], e vamos agradecer por eles terem escapado do sofrimento que deveriam suportar, se não houvesse a morte para libertá-los.

A grande maioria considera a morte como “o rei dos terrores”, mas, quando estamos bem instruídos, percebemos que, nas nossas condições atuais, a morte é realmente uma amiga. Nenhum de nós possui um corpo perfeito e, como ele se deteriora num alarmante grau durante os poucos anos que o utilizamos, pense o que seria ele daqui a um milhão de anos – e um milhão de anos é menos que um fugaz momento comparado com a duração infinita. Ninguém além do Espírito pode suportar o infinito e, portanto, a Páscoa é o penhor de nossa esperança de imortalidade e Cristo é as primícias da imortalidade, e muitos irmãos com Ele.

Vamos então, caro amigo, nos aproximarmos da próxima Páscoa numa atitude de aspiração espiritual, para imitar o nosso grande Líder, o Cristo, crucificando a nossa natureza inferior. Que cada dia do próximo ano seja uma Sexta-feira Santa; que cada noite seja passada na prisão purgatorial ministrando aos Espíritos ali confinados, como Cristo também fez, e que cada manhã seja uma Páscoa gloriosa pela qual nos elevemos numa vida recém-construída e bem desenvolvida para ações maiores e melhores.

“Cuide dos tostões que os milhões cuidarão de si mesmos”, diz um prudente ditado mundano. Podemos parafraseá-lo e adaptá-lo à vida espiritual, dizendo: “Tome cuidado para que cada dia seja bem gasto e os anos renderão muito tesouro”.

(Carta nº 65 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Trecho da obra: “Man was made to Mourn: A Dirge” que é um canto fúnebre de onze estrofes do poeta escocês Robert Burns, publicado pela primeira vez em 1784 e incluído na primeira edição de Poemas, principalmente no dialeto escocês em 1786. O poema é um dos poemas de Burns muitas das primeiras obras que criticam as desigualdades de classe. Tornou-se conhecido por sua linha de protesto “A desumanidade do homem para com o homem”, que foi amplamente citada desde sua publicação.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Nobreza de Todo Trabalho

Março de 1918

Uma correspondente entusiasmada com a beleza, a grandiosidade e a natureza, ao mesmo tempo, calmante e intelectualmente estimulante dos Ensinamentos Rosacruzes, lamenta com desgosto, desaprovação e com arrependimento o destino que a aprisiona em cuidar dos afazeres da casa, dos filhos e de todo trabalho doméstico. Fosse ela livre apenas para levar esse evangelho recém-encontrado, ela iria pelo mundo afora com as boas novas, nele contidas, pelas quais ela sabe que milhares e milhares de pessoas estão orando e buscando.

Isso seria bom para nossa amiga e para aquelas milhares de pessoas, mas, e quanto às criancinhas privadas dos cuidados de suas mães? Não esqueçamos de um ponto muito importante:  de que todos os que foram chamados a trabalhar na “vinha do Mestre”[1] já tinham cumprido suas atividades de trabalhos e tarefas cotidianas. Todos eles não tinham vínculos que os impedissem de trabalhar lá o dia inteiro, e ninguém que não esteja livre das suas obrigações anteriores pode dedicar uma vida inteira ao trabalho de ensinar os outros. Se aspirarmos a esse trabalho, sendo fiéis no desempenho dos nossos deveres atuais, o caminho se abrirá em algum momento e nos dará o chamado legítimo.

Quanto ao uso muito comum da expressão “o árduo trabalho braçal ou monótono ou, ainda, a labuta doméstica”, referente aos fatores impeditivos de um maior empenho na divulgação dos Ensinamentos Rosacruzes, urge que seja analisada sob uma perspectiva condizente com a atual fase evolutiva da humanidade. O professor ou a professora fala do trabalho árduo de repetir a mesma lição na cabeça das crianças ano após ano; a mãe fala do trabalho penoso dos afazeres domésticos; o pai reclama do trabalho penoso no escritório ou nas atividades mecânicas; e assim por diante. Cada um pensa que se estivesse no lugar do outro, a vida se transformaria imediatamente em uma grande e doce canção.

Isso é uma falácia. “O ser humano, nascido de mulher, tem a vida curta e cheia de tormentos”[2]. Não importa onde ele esteja, há tão somente um método de alívio, uma maneira de superar: a adoção de uma atitude mental correta.

Um grande motor a gasolina funcionando a toda velocidade pode desafiar um exército de homens fortes a detê-lo, mas uma pequena partícula de carbono depositada no ponto de ignição, ou uma pequena peça giratória trabalhando com alguma folga, rapidamente suprimiria sua energia. Assim, um pouco de fuligem, que desprezamos como sujeira, pode, sob determinadas circunstâncias, realizar mais do que muitos homens. Portanto, não devemos enaltecer extravagantemente algumas pessoas como heróis e desprezar outras como trabalhadores braçais ou que fazem trabalhos maçantes ou pesados. Há almas tão nobres remendando meias como aqueles agraciados em cadeiras presidenciais. Tudo depende se eles colocaram amor em seu trabalho ou não.

Mas, o que muitas pessoas realmente querem dizer quando falam sobre “trabalho duro, maçante, penoso” é, na verdade, a monotonia. Pois, todo trabalho é, mais ou menos, uma rotina e a execução constante das mesmas tarefas, repetidas vezes, torna o trabalho monótono. Há uma excelente razão para que a atual fase do nosso desenvolvimento inclua esse princípio de rotina. Estamos agora nos preparando para a Era de Aquário que se aproxima rapidamente com seu grande desenvolvimento intelectual e espiritual. Isso requer um despertar do Corpo Vital adormecido, cuja palavra-chave é a repetição. A rotina dos nossos afazeres diários nos proporciona isso. Se nos rebelarmos, isso gera monotonia e retarda o progresso. Mas, se fermentarmos nosso trabalho com amor, avançaremos muito na evolução e colheremos a recompensa de um estado de felicidade e satisfação.


[1] N.T.: Mt 20:1-16

[2] N.T.: Jo 14:1

(Carta nº 88 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


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