Arquivo de categoria Estudos Bíblicos Rosacruzes: Novo Testamento

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Alerta sobre quando estudamos a Bíblia

Um Alerta sobre quando estudamos a Bíblia

Quando se fala dos Mistérios Cristãos deve-se compreender que os quatro Evangelhos não são exclusivamente relatos da vida de um único indivíduo, escritos por quatro pessoas diferentes e sim que são símbolos de Iniciações distintas. Cada um de nós atravessará, algum dia, os quatro períodos descritos nos quatro Evangelhos, porque cada um está desenvolvendo o espírito de Cristo no seu interior. E ao dizer isso dos quatro Evangelhos, podemos aplicá-lo também a uma grande parte do Antigo Testamento, que é também um maravilhoso livro de ocultismo.

Quando colhemos batatas não esperamos encontrar somente batatas e nenhuma terra; tampouco, devemos esperar, ao nos aprofundarmos no livro chamado Bíblia, que cada palavra seja uma verdade oculta, porque como deve haver terra entre as batatas, assim também deve haver escória entre as verdades ocultas da Bíblia. Os quatro Evangelhos foram escritos de tal maneira que somente aqueles que têm o direito de saber podem descobrir o verdadeiro significado e compreender os fatos subjacentes. Do mesmo modo, no Antigo Testamento encontramos grandes verdades ocultas que se tornam lúcidas no dia em que podemos olhar por detrás do véu.

Deve-se notar que as pessoas que originalmente escreveram a Bíblia não intentaram dar a verdade de uma maneira que todo aquele que quisesse, pudesse lê-la. Nada estava mais afastado de suas mentes que escrever “um livro aberto sobre Deus”. Os grandes ocultistas que escreveram o Thorah são muito categóricos a esse respeito. Os segredos do Thorah não podiam ser compreendidos por todos. Cada palavra do Thorah tem um significado elevado e um mistério sublime. Muitas passagens estão veladas; outras devem ser entendidas literalmente; e ninguém que não possua a chave oculta pode decifrar as profundas verdades veladas naquilo que amiúde apresenta um feio revestimento.

(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz – Fraternidade Rosacruz em Santo André-SP – dezembro/1982)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Jesus pertence à Nossa Humanidade

Jesus pertence à Nossa Humanidade

Quando se estuda o homem Jesus na Memória da Natureza, pode-se seguir de trás para diante, vida após vida, todas as que viveu, sob vários nomes, em diferentes encarnações, o mesmo que acontece com qualquer outro ser humano. Não se pode fazer o mesmo com o ser chamado Cristo. Em seu caso só se pode encontrar uma única encarnação. Não se deve, contudo, supor que Jesus tenha sido um indivíduo comum. Era um tipo singularmente puro de Mente, muito superior à maioria de nossa presente humanidade. Durante muitas vidas esteve percorrendo o Caminho da Santidade, preparando-se, assim, para a maior honra que possa ter tido um ser humano. Sua mãe, a “Virgem Maria”, era também um tipo da mais elevada pureza humana, e devido a isso foi eleita para ser a mãe de Jesus. Seu pai era um elevado Iniciado, virgem, capaz de realizar o ato da fecundação como um sacramento, sem nenhuma classe de desejo ou paixão pessoal. Dessa maneira o formoso, puro e amante espírito que conhecemos sob o nome de Jesus de Nazaré nasceu num corpo puro e sem paixões. Esse corpo era o melhor que se podia produzir na Terra, e a tarefa de Jesus nessa encarnação, era a de cuidá-lo e desenvolvê-lo até o máximo grau de eficiência possível do seu corpo, preparando-o para o grande propósito a que devia servir.

Jesus de Nazaré nasceu mais ou menos no tempo indicado pela História, e não no ano 105 antes de Cristo, segundo indicam algumas obras ocultistas. O nome de Jesus era muito comum no Oriente, e um Iniciado chamando Jesus viveu no ano 105 A.C., mas obteve a Iniciação egípcia e não foi Jesus de Nazaré, com o qual estamos nos relacionando.

A missão de Jesus não foi simplesmente a de um legislado moralista sem mais autoridade que sua palavra; veio a cumprir as profecias que anunciaram sua vinda. Recebia sua autoridade da natureza excepcional do seu Espírito e de sua missão divina. Veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas no Reino dos Céus; ensinar-lhes o caminho que conduz a ele, os meios para reconciliar-se com Deus, a fazer pressentir a marcha das coisas futuras para o cumprimento dos destinos humanos. Sem embargo, não disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a deixar o gérmen de verdades que não poderiam ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos explícitos, porque para entender o sentido oculto daquelas palavras era preciso que ideias e conhecimentos novos viessem dar a chave, e essas ideias não podiam vir antes de certo grau de maturidade do espírito humano. A ciência reluta, poderosamente, em aceitar o nascimento e o desenvolvimento dessas ideias; logo é preciso dar à ciência o tempo necessário para progredir.

(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz – Fraternidade Rosacruz em Santo André-SP – dezembro/1982)

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Os Três Reis Magos

Os Três Reis Magos

Por que este número três?

Seria por causa de São Mateus que só menciona três presentes: ouro, incenso e mirra – atribuindo-se, assim, simplesmente um presente para cada Rei?

O texto evangélico não diz mais, além do que os “Magos vieram do Oriente à Jerusalém” onde perguntaram a todos pelo recém-nascido – “Onde está o Rei dos Judeus? Porque vimos a Sua Estrela no Oriente e viemos para adorá-lo“.

Segundo São Mateus, os Magos encontraram o Menino Jesus e Maria em “Belém da Judeia”. Quem seriam esses Magos? Max Heindel dá-nos uma resposta rica em detalhes de conhecimento oculto: “Nos tempos antigos antes da vinda de Cristo, somente uns poucos escolhidos podiam seguir o caminho da Iniciação”. Era um privilégio ao alcance de uma minoria, tais como os sacerdotes e os Levitas. Estes eram levados aos templos, onde lá permaneciam. Casavam-se em condições determinadas. Alguns se preparavam para fins definidos, como por exemplo, desenvolver um apropriado afrouxamento entre os Corpos Vital e Denso, cuja separação é necessária para a Iniciação. Tem de haver esta separação para que se possam desprender os dois Éteres superiores e deixar os outros dois Inferiores. Isso não se podia fazer com a humanidade ordinária. Estava, ainda, muito aferrada ao Corpo de Desejos. Devia aguardar até mais tarde, quando as suas condições evolutivas fossem melhores.

Até àqueles que se encontravam reunidos nos templos era perigoso o trabalho de libertá-los fora de certas épocas; e a mais longa noite do ano, a noite de Natal, era uma das mais apropriadas para a Iniciação.

Quando o maior impulso espiritual estava presente, havia melhor oportunidade para estabelecer contato com Ele, do que em qualquer outra parte do ano. Na Noite Santa do Natal era costume dos Seres Sábios – os Magos –que estavam acima da humanidade comum, levar ao Templo aqueles que se estavam tornando sábios e, portanto, com direito a serem Iniciados. Realizavam-se determinadas cerimonias e os candidatos eram mergulhados numa espécie de transe. Naquele tempo não se lhes podia conceder a Iniciação em estado de completa vigília. Quando despertada a sua percepção espiritual, podiam ver através da Terra, que para a sua visão espiritual tornava-se transparente, por assim dizer, e viam a Estrela da Meia-Noite, o Sol espiritual do outro lado do globo.

Porém, essa estrela não brilhava somente nessa época. É mais fácil vê-la agora, porque Cristo alterou as vibrações da Terra e desde então o seu aperfeiçoamento se efetiva. Ele rasgou o véu do templo, e fez o Santo dos Santos – o lugar da Iniciação – accessível a todo aquele quede coração queira iniciar-se. Desde então não mais foi necessário o transe ou estados subjetivos. Há uma chamada consciente dentro do Templo para todo aquele que deseja entrar.

Temos de considerar outra coisa: as oferendas dos Magos, postas aos pés do Salvador recém-nascido. Segundo a lenda um trouxe OURO, outro MIRRA e o terceiro INCENSO.

Sempre temos ouvido falar do ouro, como símbolo do Espírito. O Espírito é simbolizado deste modo no Anel dos Nibelungos. Na primeira cena vemos o ouro do Reno. O rio é tornado como emblema da água e ali se vê o ouro brilhando sobre a rocha simbolizando o Espírito Universal em perfeita pureza. Mais tarde roubam-no e CONVERTEM-NO EM ANEL. Isto o fez Alberico, simbolizando a humanidade na parte média da Atlântida em cuja época o Espírito penetrou nos veículos humanos. Depois o ouro foi adulterado, perdeu-se e foi à causa de toda a tristeza sobre a Terra. Os Alquimistas dizem ser possível transmutar os metais baixos ou vis em ouro puro; este é o modo espiritual de dizer que eles queriam purificar o Corpo Denso, refiná-lo e extrair dele a essência espiritual, pela sublimação dos instintos, e não pela sua supressão ou pelo recalcamento.

Portanto, o presente de um dos reis Magos, o ouro, simboliza o Espírito puro.

A Mirra é extraída duma planta aromática, cultivada na Arábia. Por esse motivo simboliza aquilo que o ser humano extrai de si mesmo quando se purifica, libertando o seu sangue da paixão que o consome. Deste modo se converte em algo semelhante às plantas, na sua castidade e pureza. Então, o seu corpo torna-se uma essência aromática. É certo que existem homens e mulheres tão santos que emitem de si um aroma agradável, e daí dizer-se que morreram em odor de santidade. A mirra representa a essência da alma, extraída da experiência realizada enquanto se vive em Corpos Densos.

O incenso é uma substância física de um caráter muito sutil e usada muito amiúde, nos serviços religiosos, onde serve de veículo físico para as forças invisíveis, simbolizando assim o Corpo Denso.

Esta é a chave dos três presentes oferecidos pelos Magos, ou seja: o Espírito, a Alma e o Corpo.

Cristo afirmou: “Se queres ser perfeito, vai vender tudo o que tens” (Mt 19:21). Não deves ficar com coisa alguma. Tens que dar o Corpo, a Alma e o Espírito, tudo, pela Vida Superior para Cristo, não para um Cristo exterior, mas para o Cristo Interno, o Cristo que está dentro de ti mesmo. Os três Magos, segundo diz a lenda, eram: um amarelo, outro negro e outro branco. Representavam as três raças existentes sobre a Terra: a Mongólia – amarela; da África – a negra; e do Cáucaso – a branca. A lenda demonstra que seu tempo todas as raças unir-se-ão na benéfica Religião do Cristo, porque “diante d’Ele todo o joelho se dobrará” (Rm 14:11). E cada um, a seu tempo, será guiado pela Estrela de Belém.

(Revista: Serviço Rosacruz – 12/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado Esotérico de: “não a paz, mas sim a espada”

Eis que faço novas todas às coisas. E continuou: ‘Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras’.” (Ap 21:5), proclama a Presença na Revelação anunciando a visão etérica da cidade santa, a Nova Jerusalém.

Cristo, sem dúvida, veio ao mundo para tornar novas todas às coisas. Ele trouxe para a humanidade um novo Ensinamento de amor e fraternidade e permanece como Espírito Planetário, de onde podemos tirar proveito da nova e pura matéria do desejo, com a qual Ele penetra em nossa atmosfera. Quando Ele se manifestar novamente, na segunda aparição, Ele irá reinar sobre uma nova raça da humanidade regenerada, onde os Corpos Densos terão se tornado obsoletos.

Quando, finalmente, todas as coisas se tenham tornado novas, foi nos dito que uma era áurea nos espera. “Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21:4).

Quando todas as coisas tiverem sido feitas novas estaremos vestindo nossos brilhantes e dourados trajes nupciais, o nosso Corpo-Alma. Não haverá mais Corpos Densos, acompanhados de doença e morte. Na dourada cidade etérica, experimentaremos a imortalidade da vida eterna alegre e completa, sem a presença da dor. Deus deverá, realmente, enxugar todas as lágrimas, porque o que as causou deverá ter se acabado para sempre. Os seres inferiores terão evoluídos para seres superiores, o material para o espiritual e, deste modo, terá sido revelada a renovação de todas as coisas.

O auge será glorioso, mas o processo de transição de nosso estado atual até o revelado será com dor e tormentos. O obsoleto não será vencido sem protestos, pois a regeneração raramente vem sem revolta. Mudanças vantajosas e verdadeiras são muitas vezes lentas para que seus efeitos possam ser profundos e duradouros. Mudanças superficiais, baseadas em caprichos e, portanto, efêmeras, são mais fáceis de conseguirem, mas seus efeitos deixam muito a desejar, não são de longo alcance.

Basta observar a Natureza para se notar como o processo de mudança é realmente ponderado e, muitas vezes, cataclísmico. São necessários séculos para que as condições físicas de uma época substituam, por completo, as de outra. Mudanças geográficas, climáticas, fisiológicas e biológicas não são feitas, jamais, de um dia para outro e quase que, invariavelmente, há um elemento perturbador no processo. Vulcões, terremotos, mudança violentas e prejudiciais nos padrões do comportamento do clima e a ascensão e queda “literal” dos continentes: tudo isto são fatores de tais alterações.

Mesmo em períodos mais curtos, mudanças menores são acompanhadas por destruição que precede a regeneração. Incêndios nas florestas são seguidos por novo crescimento.

“Anos de vacas magras” durante os quais a seca, a fome e as pragas se manifestam, são seguidos por “anos de vacas gordas” durante os quais as perdas do período anterior são recuperadas, muitas vezes seguindo-se métodos mais eficientes do que os usados anteriormente. Alguma coisa foi aprendida como consequência da miséria e as mudanças resultantes, mesmo que sutis e pequenas, foram, consequentemente, instituídas.

Mudanças espirituais são, também, acompanhadas de revolta. Para se evoluir do egoísmo, típico da humanidade materialmente orientada, todo Ego precisa travar sua própria guerra contra seu caráter inferior, de batalha em batalha, até que um caráter mais alto, permanentemente virtuoso, surja triunfante.

Todos nós, no caminho espiritual, conhecemos bastante bem as dificuldades, frustrações e o desespero, assim como os momentos de exaltação, que caracterizam esta luta. Livrando-nos de nossos antigos padrões de pensamento, a atitude e a conduta posterior são difíceis, porque todos nós temos certos vestígios de egoísmo e sentimentos inferiores profundamente enraizados dentro de nós.

Desde os tempos em que os fundamentos do verdadeiro Cristianismo foram introduzidos por Cristo-Jesus, as mudanças foram acompanhadas de resistência, agitação, protesto e derramamento de sangue, assim como crueldades cometidas em nome da chamada “Cristandade”.

A divulgação do Cristianismo ortodoxo mostrou traços de interesse próprio. Durante séculos a Igreja vigente foi intolerante a todas as divergências e críticas a ela dirigidas e, mais tarde, houve proliferação de divisões da Igreja com diferentes denominações, todos convencidos de que suas interpretações dos princípios cristãos representavam, se não a verdade em si, certamente a mais lógica, compreensível e racional versão da verdade.

Muitos membros dessas seitas se convenceram, através dos anos, de que somente seus pontos de vista estavam certos e que aquele, cuja interpretação divergisse da sua, tinha de ser convertido, evitado ou combatido.

Assim, muitas formas, dogmas, credos e rituais foram introduzidos, encobrindo, substituindo e, portanto, alterando a simples essência dos verdadeiros ensinamentos de Cristo, transmitidos à humanidade pelos primeiros Cristãos e seus descendentes espirituais.

Vemos, então, que não somente mudanças, mas o que pode ser chamado contra-mudanças, acompanharam a divulgação dos Ensinamentos. Intrinsicamente eles eram e são elaborados para acabar com a desunião humana e promover a fraternidade. Abnegação, sacrifício e compaixão são seus princípios. Os valores espirituais mais avançados eram, inicialmente, adaptados a um contexto material somente na quantidade necessária para desenvolver a vida espiritual, num plano material. Aos poucos, porém, estes conceitos sublimes foram ocultados pelas adaptações e adições materiais do ser humano com o tempo, e a mensagem louvada de Cristo ficou quase perdida diante da proliferação de armadilhas feitas pelo próprio ser humano.

Houve, naturalmente, Egos avançados (superiores) mesmo nos séculos mais obscuros, que viveram e mostraram o verdadeiro Cristianismo por meio de suas vidas, pela conduta, pelo amor e pelo serviço.

E estes Egos poderiam ser Cristãos ou não, mas tinham o Cristianismo dentro de si – e estão no plano mais evolutivo, no caminho da mudança, das “coisas novas”, mais perto da palavra revelada.

Para o resto da humanidade, porém, a era das grandes mudanças ainda está para vir. Mas, no século XIX, os princípios de serviço, sacrifício próprio e universalidade começaram a receber uma aceitação ativa em larga escala. Muitas pessoas estão, agora, fervorosamente empenhadas em utilizar um ou todos estes princípios em suas vidas, como também mais ativamente ligadas ao bem-estar de seus companheiros. Muitas destas pessoas não se consideram Cristãos.

Alguns se desencantaram com as leis rígidas e intolerantes da ortodoxia. Outros aderiram a outras fés ou a crenças religiosas não organizadas. Os princípios de Cristianismo esotérico, contudo, depois de mais de 2.000 anos de distorções humanas e deturpações, provará sua invencibilidade e sua eternidade. Eles estão emergindo agora, com consciência, para o idealismo de homens e mulheres sensíveis e de visão em todos os lugares.

Eventualmente, o Cristianismo esotérico (na realidade, o verdadeiro Cristianismo trazido pelo Cristo) servirá como a Religião unificadora de toda a humanidade. No momento, porém, o que é mais importante não é o nome sob o qual os princípios esotéricos são expressos, mas, o fato de que eles estão sendo enunciados num âmbito cada vez maior.

Podemos dizer que a era da mudança, em oposição à da contra-mudança, começou verdadeiramente. Há ainda, uma resistência, um egoísmo e uma ignorância bastante grande das verdades Universais pelas quais estamos trabalhando. Porém, podemos esperar um progresso encorajador de vivência cristã.

A Era de Aquário, a nossa frente, verá o refinamento destes princípios, só observados agora pelos olhos dos visionários.

Cristo veio a Terra para que todas as coisas se tornassem novas, mas Ele não prometeu que o processo de mudança seria agradável. “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada.” (Mt 10:34). A espada metafórica é o eliminar do velho, aquilo que não se adapta ao novo. Isto se aplica a instituições, costumes, atitudes raciais, formas de exploração material, mas, acima de tudo, se aplica ao estado interior de cada indivíduo. As condições exteriores que parecem regular nosso comportamento estão, na verdade, baseadas nas condições interiores da humanidade e do indivíduo, o que faz com que este estado permaneça mais tempo em vigor. Muitas vezes dizemos: “Não concordo com este procedimento, mas, por circunstâncias, sou forçada a isto”.

Devemos pensar, no entanto, que nada em que estejamos muito ou pouco envolvidos pode ser considerado alheio (externo) a nós, porque essa reação irá determinar seu efeito sobre nós mesmos. Portanto, “o que devemos dizer ou fazer, que nos é ainda muito difícil dizer ou fazer, é que mesmo que esta ou aquela condição exista, meu comportamento em relação a essa mesma condição será sempre o certo, o correto.”. Qualquer que seja a conduta do outro, a minha estará de acordo com os preceitos espirituais de compreensão, compaixão, bondade e ajuda.

Esta é a maneira pela qual devemos aplicar a espada a nós mesmos e abdicar totalmente do chamado desejo “natural” de vingança, justificação própria, proteção ou qualquer outro vestígio de egoísmo, vaidade ou orgulho. Devemos substituir estas atitudes por outras mais naturais e superiores, olhar todas as coisas dentro de um contexto universal, do bem comum e da maneira como elas se adaptam no plano divino para a evolução de todas as coisas. Estes mesmos fatores não se tornarão novos e nem poderiam, a não ser que este conceito seja o resultado do esforço de cada um de nós, o que refletirá na humanidade.

Cristo-Jesus nos disse que veio para trazer uma espada, mas Ele também nos advertiu para que a carregássemos. Cristo disse: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11:29-30). Isto quer dizer, simplesmente, que somos obrigados a carregar nossas próprias cruzes e segui-Lo, aderindo a Seus ensinamentos e vivendo a vida que Ele pregou e da qual Ele é o mais perfeito exemplo. Teremos que nos transformar em novos para que nos tornarmos seres espirituais compadecidos, destituídos de ambições e interesses materiais.

A melhor, mais rápida, mais segura e mais gratificante maneira de fazer isto é seguir os passos de Cristo, suportando o peso da experiência e da evolução, como Ele suportou e continua a suportar. Pode parecer, à primeira vista, que assumir nossas cargas espirituais seja difícil e, de certo modo, o é. O Caminho do Aspirante à vida superior se torna cada vez mais estreito e mais exigente e a necessidade de autodisciplina, autoconfiança e devoção total para atingir essa meta fica cada vez mais acurada. É, por vezes, muito difícil afastar os prazeres, o conforto e o auto engrandecimento da existência material, em favor da austeridade, do autossacrifício e de outras demandas feitas ao Aspirante à vida superior. Porém, as recompensas permanentes do esforço espiritual valem muito mais do que qualquer vantagem e conforto material temporário.

O Ego que aceita sua carga descobre que está em sintonia com a lei do “para frente, para cima, sempre”, o que caracteriza todo desenvolvimento. Sob esta lei, a inovação eventual de todas as coisas será inevitável. Depois, esta meta gloriosa de nossos esforços se tornará também antiquada, sendo substituída, por sua vez, por outro elevado estado de existência e consciência.

O Ego que permanece suficientemente adaptável para sempre cooperar com a lei do progresso contínuo, encontra uma tarefa muito mais fácil, no que se refere a sua evolução, do que aquele que adere obstinadamente ao “status quo” e permanece.

Sabemos que a evolução não admite ficar parado. As duas únicas alternativas que se nos apresentam são a regeneração ou a degeneração. Se, por conseguinte, não fizemos esforços para incluirmos na corrente da regeneração, nós nos encontraremos nas águas estagnadas da degeneração. A palavra regeneração é composta por duas palavras: “re” – que vem de “novamente”, e “generare” – que vem de “produzir, procriar ou criar”. Humanidade regenerada significa, portanto, a humanidade que foi criada novamente. Esta será a o tipo de ser humano que povoará a Nova Jerusalém, quando “todas as coisas se tornarem novas”.

Se optarmos pela regeneração, estamos, com efeito, nos recriando, nos tornando novos nos alicerces estabelecidos em vidas anteriores.

Todo renascimento, sem dúvida, é uma oportunidade para renovação, uma chance para nos tornarmos mais perfeitos e mais de acordo com as Verdades fundamentais, nas quais são baseados toda vida e todo progresso. Se todo Ego pudesse ao menos ficar ciente deste fato, desde seus primeiros anos de formação, que diferente aspecto de comportamento humano teríamos!

A Era da Nova Galileia chegará quando os seres humanos se provarem dignos. . . e “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, somente o Pa.” (Mc 13:32).

Quanto mais cedo criarmos e fortalecermos dentro de nós as condições que visam uma recriação da humanidade, mais cedo seremos capazes de ajudar outros a assim agirem.

A perspectiva é empolgante e divertida, assim como atemorizante. Olhando para a história passada podemos traçar o desenvolvimento das realizações intelectuais, culturais e científicas do ser humano, desde os trabalhos mais primitivos na Idade da Pedra até seu alto grau de sofisticação atual. Algumas destas realizações são valiosas no sentido do desenvolvimento criativo do ser humano, no progresso material, outras concebidas para beneficiar a humanidade.

Muitos outros, porém, especialmente aqueles de décadas mais recentes, estão contribuindo muito para o desenvolvimento material universal, numa sociedade de consumo, angustiada.

Chegou a hora, portanto, de intensificar também nossa imagem espiritual. Conquistas materiais são somente acessórios temporários no quadro completo da evolução do ser humano, o progresso espiritual será infinito e eterno. Não há dúvidas de que o despertar para a regeneração humana já começou, porque as pessoas procuram a “verdade”, o “significado da vida”, a “identidade e o destino do indivíduo”, e sentem que não recebem essa resposta no mundo físico e material. Mais importante: seres humanos, em todos os cantos do mundo, se esforçam, mais do que nunca, para ajudarem seus irmãos.

A regeneração da onda de vida humana será feita deste material; o movimento já começou, façamos parte dele, o progresso deve ser também espiritual, progresso para nós e para cada ser humano.

(Traduzido da Revista “Rays from the Rose Cross” e Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 10/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Existe alguma citação na Bíblia que sustente a teoria do Renascimento?

Pergunta: Existe alguma citação na Bíblia que sustente a teoria do Renascimento?

Resposta: Sim, há muitas citações a sustentarem-na, embora seja ensinada diretamente em um só lugar. Os sacerdotes judeus acreditavam na teoria do Renascimento, ou não teriam mandado perguntar a João Batista: “Tu és Elias?”, como está relatado no Evangelho segundo São João, Capítulo 1, Versículo 21; no Evangelho Segundo São Mateus temos as palavras de Cristo a respeito de João Batista, que são claras e inequívocas. Ele disse: “Esse é Elias”. E, também, numa ocasião posterior, no momento que estavam no Monte da Transfiguração, Cristo disse: “Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram a ele o que quiseram”, e nos é dito que os Discípulos “sabiam que Ele falava de João”, que tinha sido decapitado por Herodes.

No Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 16, Versículo 14, Ele pergunta aos Seus discípulos: “Que dizes o povo que Eu sou?”, e a resposta que eles deram a Ele foi: “Uns dizem que és João Batista, outros que és Elias, e outros que Jeremias ou algum dos profetas”. É digno de nota que Cristo não os contradisse absolutamente, pois Ele era o Mestre, e se eles tivessem concebido uma ideia errada a respeito da doutrina do Renascimento, teria sido, sem dúvida, Seu dever corrigi-los. Mas Ele não o fez. Além do mais, Ele a ensinou diretamente, conforme constatamos na passagem acima.

Há também casos mencionados na Bíblia, em que uma pessoa foi escolhida para um certo trabalho antes do seu nascimento. Um Anjo prenunciou a chegada de Sansão e a sua missão — exterminar os Filisteus. O Senhor disse ao profeta Jeremias: “Antes que tu saísses da clausura do ventre materno, santifiquei-te e ordenei-te profeta entre as nações”. João e Jesus receberam sua missão antes de nascer. Uma pessoa é escolhida para uma missão devido à uma aptidão especial. A competência pressupõe a prática antes do nascimento que deve ter sido adquirida numa vida anterior. Nesse caso, a doutrina do Renascimento também é ensinada, por analogia, nos casos citados.

(Pergunta nº 81 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Verdadeiros Presentes de Natal, Seus Símbolos e o maior Presente de todos

Os Verdadeiros Presentes de Natal, Seus Símbolos e o maior Presente de todos

Os verdadeiros presentes de Natal são mais profundos que aqueles que os seres humanos comuns dão, por ensejo tradicional. O caminho da iluminação começa em dar de si. Não se trata de dar presentes, mas dar de si mesmo, nas menores coisas e manifestações (pelos pensar, sentir, falar e agir). Tal é o caminho mais curto, o mais seguro e mais agradável que conduz à religação consciente com o “Eu superior”. O Natal é o símbolo da culminância de um estado de transição, do humano para o Espírito. Para chegar a esse portal e ser admitido como “novo nascido” é mister aprender a lição do serviço amoroso e altruísta, em cada minuto do ano.

Cristo é o divino presente a que todos devemos almejar: é o coração e o sapato que colocamos para recebê-lo; é a consciência despojada de valores negativos que pode conceber o Messias interno. Devemos preparar-nos, “Somos Cristos em formação”. Que Deus fortaleça nossas aspirações!

Vamos falar do símbolo que há no pinheirinho de Natal. O pinheirinho é árvore de folhas perenes. No auge do inverno, quando a neve se vai acumulando, pesando e crestando suas folhas, ele permanece firme, à espera do hálito quente da primavera que vem reanimá-lo. Daí haver sido tomado como símbolo da vida eterna, que transita pelas estações do ano, inalterável aos desafios dos renascimentos, ereto, olhando para o céu e levantando os braços em oração.

A silhueta do pinheiro é triangular. O triângulo com a ponta para cima é o símbolo da Trindade Divina, em que reside a vida eterna. Seu verde constante é o símbolo da esperança que não se abate nas vicissitudes.

Assim, não importa que aqui no hemisfério Sul não haja neve. Pense no símbolo e ponha uns flocos de algodão sobre as folhas de seu pinheirinho. E as lampadazinhas lembrarão o significada da vida, que por si só ele exprime.

Agora, vamos falar sobre a simbologia que há nas velas natalinas. As velas que se acendem ou que figuram nos adornos natalinos, representam a luz do Aspirante Cristão. Nosso estado atual de consciência ainda não pode libertar a luz total do Espírito interno. É apenas uma fresta, uma pequenina luz. No entanto, todas as trevas do mundo não podem esconder a luz de uma pequenina vela. Ao contrário, quanto mais profunda as trevas, mais ressalta a luz, por pequena que seja. Se não podemos ser uma estrela, sejamos uma lâmpada que alumia a todos e a nós mesmos. Se não podemos ser uma lâmpada, sejamos, pelo menos uma pequena vela. Dizendo melhor, não é que humanamente possamos ser alguma coisa. Em verdade depende de compreendermos que o Divino, em nós, é quem faz. “Deus é luz”. Somos feitos à Sua imagem e semelhança. Basta, pois, que deixemos a luz interna brilhar, na medida em que removemos os condicionamentos da personalidade egoísta, como as nuvens desfeitas revelam o Sol. Acenda as velas de Natal e pense nisso.

Será que o verdadeiro Papai Noel – não esse que temos nos comerciais – também é um símbolo natalino? Vejamos! A figura simpática, sempre esperada, de Papai Noel ou São Nicolau (conforme a tradição) está ligada a Júpiter, governante de Sagitário: alto, forte, rosado, risonho, dadivoso – as características físicas e internas de Júpiter, governante de Sagitário, que precede e anuncia o Natal.

E por falar em presentes, não podíamos deixar de citar os três Reis Magos e seus presentes. Vamos ver a simbologia que aqui há: a narrativa da visita dos Reis Magos está no Evangelho segundo São Mateus. Nesse trecho se fala indeterminadamente de alguns magos que vieram do oriente. A tradição designou três representantes das raças: branca, amarela e negra. Beda, um escritor inglês (673-735) foi quem os batizou de Gaspar, Melchior e Baltazar. A palavra “mago” vem do hebraico “magh”, em sânscrito “mahat”, que significa “grande”.

A simbologia é clara: a realização do verdadeiro Cristianismo há de abraçar a humanidade inteira e dissolver todo o conceito de raças na unidade espiritual. Mas, isso acontecerá quando cada ser humano se tornar um “mago”, isto é, grande (por dentro), um rei (que governa a si mesmo), ao alcançar a união com o “Eu verdadeiro” – o “Eu superior” – e servir à divina essência em todos os seus irmãos e irmãs, acima de todos os preconceitos que são as divisórias atuais.

Os presentes que deram, de ouro, incenso e mirra, são alegorias do Espírito, Corpo e Alma. O Ego que está evoluindo, quando iluminado pela consciência é o ouro depositado das escórias. A mirra é uma erva amarga (resina de Balemodendron) procedente da Arábia e alude às dores e dificuldades com que o Espírito que evolui acumula suas experiências através dos Renascimentos. O incenso é utilizado nos ofícios religiosos para incorporação de elementais que trabalham, sob as ordens dos Anjos, pela respectiva comunidade. A Fraternidade Rosacruz desaconselha o seu uso e prefere meios internos, já que é um recurso de incorporação. Daí estar ligado com o “corpo”.

Conjuntamente, os presentes dos magos representam a dedicação integral do Aspirante a seu Cristo Interno, quando Ele nasce. É claro que o “Eu verdadeiro” sempre esteve em nós, mas somente quando a consciência desperta para Ele se diz que lhe nasceu.

O Cristo definiu essa dedicação integral como o maior mandamento Cristão: “Amar a Deus (o Divino em si, nos semelhantes e no Universo) de todo o coração, de todo o entendimento, com todas as forças, de toda alma“.

Agora, vamos ver o símbolo que há oculto no presépio natalino. Segundo a história, o presépio foi instituído por São Francisco de Assis, para representar a cena da manjedoura, descrita pelo Evangelho místico de São Lucas. Seria ideal que nossos filhos aprendessem a modelar as figurinhas de massinha, para representar essa cena. Uma caixa de areia, com o auxílio de uns pedaços de plástico para imitar os rios, pontilhões de papelão, manjedoura com palhinha e pauzinhos, detritos de madeira serrada e pintados de verde, para imitar a grama etc. fixam vivamente, no íntimo da criança, o cenário natalino, de tão formosos símbolos. O presépio enseja-nos ocasião de explicar às crianças, com palavras simples, “aquilo que Cristo pede a cada um de nós”. José e Maria não encontram lugar para Jesus nascer e tiveram que se ajeitar em uma manjedoura (lugar anexo à casa onde pernoitam e se alimentam os animais, principalmente no inverno). Pergunta: Você tem um lugarzinho em seu coração, para nascer Jesus?

A cidade se chamava Belém, que significa “casa do pão”. Essa casa de pão é o coração humano, quando aprendemos a viver bem, isto é, quando aproveitamos as oportunidades de cada dia, como grãozinhos de trigo, e vamos moendo, cozendo, com bons pensamentos, palavras verdadeiras e amorosas, atos bons, o pão vivo, a hóstia sagrada.

Belém ficava na região da Galileia, que significa “Jardim fechado”; quer dizer o nosso íntimo, o lugar secreto do Altíssimo mencionado no Salmo 91. Ali é que tem que nascer nosso Cristo, como nasceu o Outro, o externo. O Outro nos ensina que deve haver um Natal interno. Um poeta ensinou isso: “Ainda que o Cristo nascesse mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada… Olharás em vão a cruz do Gólgota, a menos que ela seja erguida em teu próprio coração”. (Angelus Silésius).

José conduziu Maria grávida, para lá. Também nós devemos estar cheios de luz, de bem, de amor, de entendimento da verdade espiritual, para que nasça o Cristo Interno. A gestação é de tempo variável: depende do nosso preparo. Podemos abreviá-lo ou retardá-lo. Os incômodos da gravidez são altamente compensados pela alegria do nascimento.

O menino se chamou Jesus. Jesus significa “aquele que é salvo por Deus”. Salvo de quê? De quem? De você mesmo, de sua falsa persona, egoísta, que é o anticristo. Só a graça de Deus pode conseguir isso, bem como disse o salmista: “A batalha não é vossa, mas de Deus”. Então você poderá se chamar também Jesus-aquele que é salvo por Deus.

A mesma Trindade (pai, mãe e filho, aqui representada por José, Maria e Jesus) aparece igualmente na tradição filosófica de outros países. Sempre um iluminado ser nascia de uma “virgem” e esses Iniciados estavam relacionados com o Sol. Entre os persas foi Mitras; entre caldeus foi Tamuz; entre os egípcios foi Horus, filho de Osíris e Isis. Os antigos deuses do norte previam a aproximação da “luz-dos-Deuses” como a chegada de Surt, o brilhante Sol-Espiritual desses deuses e inaugurar harmonia em “”Gimie”, a terra regenerada.

Só o Cristianismo fala de Alguém que veio e que voltará.

No ponto de vista externo, exotérico, essas crenças criaram a adoração do Sol, como fonte de espiritualidade, de luz e de vida. Em todas as partes se construíram os Templos com as portas em direção ao Leste, onde “nasce o Sol”.

Do ponto de vista interno, esotérico, o “místico Sol da meia-noite” há de brilhar na escuridão da inconsciência humana atual, com o irromper da Luz interna, do Cristo Interno, que vem estabelecer definitiva harmonia em nosso ser, quando estejamos preparados, em condição de uma “terra regenerada”, isto é, uma personalidade transformada para servir de canal ao “Eu superior”. Isso pressupõe uma personalidade humilde (a manjedoura) e a parte instintiva, animal, domesticada (o boi e o burrico) que São Francisco de Assis colocou ali inspirado pelo livro de Habacuque.

De um prisma cósmico, mais amplo, Cristo veio efetivamente do Sol, pois é o mais alto Iniciado entre os Arcanjos. O que possibilitou sua vinda foi o preparo de Jesus, que lhe cedeu os veículos Corpo Denso e Corpo Vital, para que se manifestasse entre nós como um homem. “Como é em cima é em baixo” e, assim, para manifestação do Cristo Interno é necessário que a personalidade se regenere. Então, se cumpre a profecia da vinda do Messias o “Himmanu-El”, “o Deus convosco” – Aquele que nascerá no íntimo de cada criatura transformada e libertada.

O nascimento de Jesus foi narrado por São Mateus e São Lucas. Cada um deles fez a narrativa de forma diversa, porque os Evangelhos são métodos de Iniciação. São Mateus é o método masculino, positivo, do fator vontade. Sua narrativa é marcada de aventuras e perigos. José é avisado pelo Anjo para receber Maria, que concebeu do Espírito Santo, o que mostra que da vontade humana não pode vir a realização espiritual, mas de uma fonte mais alta, pois é o Pai em mim quem faz as obras; eu, de mim mesmo, nada posso. Receber a visita dos Reis Magos seus presentes (dedicação consciente ao Cristo interno. Prevalece o fator masculino). José é avisado novamente para deixar Belém, antes do ataque de Herodes (o egoísmo, natureza inferior enciumada), refugiando-se no Egito, a Terra do Silêncio (o preparo interno e silencioso). Já em São Lucas é o método místico na cena da manjedoura, em humildade e recolhimento, mostrando que o processo de preparo é interno, reservado. É sempre Maria (o fator feminino, coração) que é avisada pelo Anjo. Ela deve ser virgem (ser humano despojado de impurezas internas, em sua imaginação, o lado feminino), desposada com José, um viúvo, segundo a tradição, ou seja, a vontade humana a serviço do justo, desligada da esposa, do mundo, do vício.

Na Fraternidade Rosacruz aprendemos que os dois lados são necessários: o ocultista (intelecto) e o místico (coração, a devoção). Por isso, ela adota os emblemas de uma lâmpada (a razão) e de um coração (a devoção), que são os dois polos do Ser. Quando esses dois polos se aperfeiçoam, de seu encontro nasce a luz, a sabedoria interna, decorrente da união do amor e do conhecimento, para tornar a Mente amorosa e o Coração sábio.

O fato histórico existiu e persiste como tradição, porque esotericamente a vida de Jesus-Cristo é um convite à realização interna. À nossa maneira, todos devemos realizar, individualmente, as fases daquele que nos serviu de modelo.

Agora, vamos ver como é o verdadeiro presente natalino que todos, pobres e ricos, bons e maus, crianças e idosos, homens e mulheres e quaisquer outras “duplas” que podemos segmentar recebem na época do Natal. Do ponto de vista cósmico é o que anuncia o presente do céu: o Cristo do Ano Novo – a vida que vem dar novo alento à Terra, na noite mais longa e escura do Ano – física, em uma boa parte da Terra e espiritual em toda à Terra –; o Cristo é a promessa da nova vida, com a beleza de cores e perfumes, com as sementes que se converterão em alimento físico e espiritual, para que a humanidade não pereça.

Do ponto de vista coletivo, Cristo é o presente celeste, confortando pelo novo impulso de altruísmo e luz que dá ao globo terrestre, para nos assegurar a evolução e nos livrar da “queda do homem”. É um eterno presente, já que Ele voluntariamente se encadeou a cruz do mundo, até que sejamos salvos: “Estarei convosco até a consumação dos séculos”.

Do ponto de vista individual, é a promessa do fruto espiritual, já que todos somos “Cristos em formação” e Ele é o modelo, o exemplo que todos devemos imitar, a nosso modo, internamente. É o convite de um Natal interno, pela religação consciente com o “Eu verdadeiro” ou o “Eu superior”.

Assim, de modo geral, os presentes natalinos e o coração generoso que os oferece, representam as dádivas divinas, em todos os sentidos, já que “Deus é Amor”. É o Espírito de Natal expresso em todos os minutos do ano, mas que assumiu sua mais significativa expressão pela vinda do Cristo, o excelso presente.

Oxalá que esta orientação do Cristianismo Esotérico da Filosofia Rosacruz lhe traga uma nova abertura e um firme propósito para alcançar essa meta sublime.

(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz de dezembro/1982 – Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Substituição dos Festivais que celebravam o Sol pela Celebração do Natal

A Substituição dos Festivais que celebravam o Sol pela Celebração do Natal

Aos Cristãos comuns o festival natalino vem a ser a celebração da maior oferenda de Deus ao ser humano: a vinda de um Redentor, uma época de grande júbilo, de felicidade e boa vontade transbordantes. Realmente, o mês de dezembro é a época mais apropriada para a celebração da vinda do Salvador.

Do mesmo modo com que o Solstício de Dezembro assinala o término do movimento descendente do Sol, salvando-nos assim de virmos a perecer de frio e fome, especialmente no hemisfério norte deste Planeta, assim também, quando Cristo veio, Ele deteve o movimento descendente da humanidade e nos fez voltar à direção certa. Destarte, foi bastante apropriado que os antigos festivais solares, que celebravam o nascimento do Sol do novo ano, fossem substituídos pelo Natal.

Há também o retorno anual do Cristo, nesse período do ano, que não deve ser confundido com o Seu retorno, como prometera, no Corpo Vital de Jesus.

No momento da Crucificação, o Raio do Cristo Cósmico, que utilizava o corpo de Jesus, sobrepairou o Planeta Terra e nele adentrou. A cada ano, no Equinócio de Março, Ele recomeça o Seu retorno para os Mundos superiores e então celebramos a Páscoa. Inicia uma nova estação com o Sol nos céus do norte, misticamente chamado de “Polo Norte”, e retorna trazendo outro ano de suprimento do espiritualmente chamado Seu “sangue”, que, conforme lemos no Evangelho segundo São João 6:53, recebemos junto à nossa comida diária para limpeza de todo pecado, nutrindo o Cristo desperto, parcialmente desperto ou ainda adormecido dentro de nós (Cl 1:27). Isso começa a ser derramado sobre a Terra no Equinócio de Setembro, atinge a sua intensidade máxima na estação do Natal e cessa quando Ele retorna aos Mundos superiores, na Páscoa.

Naturalmente, quando isso está no auge, os impulsos da alegria, do altruísmo e da boa vontade Crísticos são mais sentidos pelo ser humano. A isso se chama de espírito do Natal, sendo sua influência sentida por todos, em maior ou menor grau. É simbolizado por um ser humano idoso, de longa barba branca, com um corpo rotundo e natureza maravilhosamente benigna, alegre e generosa. Ele passou o verão no “Polo Norte” e traz aos “filhos dos homens” os presentes que esteve fazendo. São Nicolau ou Papai Noel não é, realmente, um mito ou fábula, mas, sim, um símbolo do grande fato que é o retorno anual do Cristo.

Um dos presentes trazidos por São Nicolau, sobre o qual são pendurados os outros, é a árvore de Natal. O mais significativo a respeito da árvore de Natal é que ela é, ou deveria ser, um pinheiro. As árvores comuns, que perdem suas folhas no outono e apresentam novas na primavera, simbolizam os ciclos periódicos de morte e ressurreição do corpo por meio do renascimento; o pinheiro, porém, simboliza a vida eterna, a contínua consciência de que o Cristo veio para Se oferecer a nós.

A maioria de nós não receberá essa vida eterna, a não ser algum tempo após a Segunda Vinda de Cristo. A Bíblia (ICo 15:26) diz que o último inimigo que deve ser destruído é a morte. De fato, não mais existindo morte não haverá necessidade de renascimento.

O lenho dos pinheiros é comumente menos denso do que a madeira das árvores que deixam cair suas folhas. Isso está em acordo com o ensinamento de que nossos novos corpos serão menos densos do que os atuais, de carne e sangue, que não podem herdar o Reino. Também a árvore de Natal tem as suas próprias luzes, proféticas de nossa futura e íntima ligação com a fonte de toda luz, de forma tal que os ensinamentos profanos serão quase, ou totalmente, desnecessários.

A história do “nascimento virginal”, na Bíblia, é um pormenorizado relato alegórico do que realmente sucederá a cada um de nós, quando tivermos “nascido novamente”, como Cristo explicou a Nicodemos, no Evangelho segundo São João 3:3-8. Teremos então a mesma espécie de “chaves” que foram oferecidas a São Pedro e seremos capazes de ver os Mundos superiores, chamados de Reino de Deus, e entrar neles, à semelhança do vento, em nossos novos corpos, “como fantasmas” chamados “corpos anímicos” ou “manto de bodas” – o Corpo-Alma – enquanto os Corpos Densos estão adormecidos durante a noite ou em outros momentos.

Alguns pais tentam fazer com que seus filhos creiam literalmente em São Nicolau e, quando estes começam a pensar de outra maneira, a fé em seus pais é fortemente abalada. Alguns líderes religiosos nos fizeram crer em um literal nascimento virginal, tais como as afirmações de Buda, Tamuz e outros, assim chamados, líderes. Isso faz com que muitos percam a confiança nas igrejas.

Outro ângulo da história do Natal, que se relaciona ao “nascer novamente”, é a estrela. São Mateus nos diz que ela foi vista por “homens sábios”, mas não disse que foi vista por alguém mais. São Lucas não se refere a isso, absolutamente. Os “homens sábios” de hoje ainda seguem essa mesma estrela, a fim de que possam ser conduzidos até o nascimento de seus próprios “Cristos internos”. Esse constrói para si, dentro do Corpo Denso e nele interpenetrando, o novo e etérico “corpo anímico”, o Corpo-Alma. Antes do seu “nascimento” ou formação, que é consumado sob a orientação e o controle dos “Irmãos Maiores”, está ligado ao Corpo Denso em sete pontos, cinco dos quais — a fronte, as palmas de ambas as mãos e as plantas de ambos os pés — configuram uma estrela.

Uma vez que, simbolicamente falando, o véu do templo foi rasgado em dois, todos podem aspirar agora ao “novo nascimento”, que São Paulo chama de “o elevado chamado de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:14).

Do mesmo modo que o Sol do ano novo leva algum tempo para banir o frio do inverno, assim também é necessário certo tempo para que o Cristo limpe as condições maléficas acumuladas em épocas anteriores a Ele. Quando consideramos que 1.900 anos correspondem a menos de um mês em um ano sideral, que tem aproximadamente 25.000 anos, e comparamos as condições não tão boas da atualidade com as muito piores de 2.000 anos atrás, sentimos que houve muito progresso. E o índice de melhora aumentará do mesmo modo que o grau de aquecimento aumenta à medida que realmente chegamos à primavera.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1972)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Simbolismo de Natal

O Simbolismo de Natal

Bem no fundo do coração da humanidade existe o anseio místico que foi implantado nela no primeiro Natal, quando a luz do ser humano fixou um lugar definido para Si mesma dentro e sobre este denso Planeta.

Em inglês, a palavra Natal, Christmas, é derivada do medieval Christe Masse, a Missa de Cristo.

A história do nascimento de Cristo é, para o Ocidente, o que o nascimento de Krishna é para o Oriente. Quer seja entendida literal, mística ou simbolicamente, ela traz ao ser humano uma verdade fundamental que eleva todo o seu ser a uma altura não alcançada até então, à medida que suas faculdades espirituais evoluem e funcionam para perceber e aceitar tal verdade.

Para o Aspirante à vida superior, as palavras de Cristo, “Ninguém vem ao Pai senão por mim”, carregam um significado transcendente. Parsifal pergunta: “Quem [sic] é o Graal?”. E a resposta indica alta percepção espiritual.

Se tu foste por Ele convidado,

De ti o fato não será afastado…

À terra para Ele nenhum caminho conduz,

E a busca só nos afasta mais d’Ele, até,

Quando Ele próprio o Guia não é.

Uma verdadeira interpretação da lenda do Natal requer, antes de tudo, um entendimento. Por mais obscuro que ela seja no início, o nascimento do menino Jesus na manjedoura, no estábulo entre os animais, simboliza o primeiro e tênue nascimento da consciência de Cristo dentro do ser humano animal.

A minúscula chama interior que é a chama de Cristo tem estado, até então, adormecida na alma humana. Ela agora recebe estímulo suficiente para crescer e se ampliar até que, afinal, o Espírito se torne um fator poderoso na vida do indivíduo e o primeiro passo em direção ao Pai, por meio do Cristo.

O Ego-Consciência notou o seu veículo de expressão, o ser humano pessoal, e o vivificou, de modo que, entre os “animais” da natureza inferior do ser humano, na manjedoura ou local de alimentação das faculdades animais, o bebê da Consciência Crística nasce. A manjedoura, o berço do Menino Jesus, é um lugar de santuário.

Uma grande manifestação solar se concretiza no Natal. Os grupos de forças que compõem essa manifestação foram personalizados ao longo dos tempos. A história bíblica, quando interpretada corretamente, contém uma aproximação da verdade real. Toda a história do Natal é um símbolo universalmente aplicável. É encontrado em cada relato de nascimento de avatar, em todas as raças, povos e nações. Krishna, Mitra, Hórus, Orfeu, Hermes e inúmeros heróis, deuses ou salvadores nasceram em “manjedouras”, foram embrulhados em panos, visitados por “homens sábios” que lhes deram presentes, adorados por pastores e brilharam como estrelas de luz de redenção para seus povos e nações.

Vinte e cinco de dezembro é a data de nascimento do portador da luz física da Terra, o Sol. O Irmão Maior Jesus, o ser humano que teve a benção de ceder seus Corpos Denso e Vital ao Cristo Universal, a Luz do Mundo, é o portador da Luz espiritual para toda a humanidade, e Sua data de nascimento deve ser, adequadamente, a data solar do nascimento do sol. Vinte e cinco de dezembro, como o aniversário de Jesus, foi celebrado pela primeira vez, aproximadamente, 200 anos depois do evento real. Desde a antiguidade, muitos mitos dizem respeito ao nascimento do Cristo místico. Quer tenha nascido em uma caverna, um estábulo ou em outro lugar, esse nascimento tem dois grandes significados simbólicos.

1. O nascimento da “Boa vontade para os seres humanos”. A entrega de uma nova lei à humanidade, expressa nos mandamentos “Amai-vos uns aos outros” e “O amor é o cumprimento da Lei”.

2. O nascimento da consciência Crística nas almas de todos os seres humanos que aspiram às alturas da verdade espiritual. Nenhuma contradição pode contrariar essa verdade universal.

Em sentido Cósmico, o Natal celebra a descida da Luz Divina, o Espírito penetrando e permeando a matéria. No sentido humano, é a descida do Filho de Deus, a Luz Espiritual, à matéria, a entrada do Ego no Corpo Denso.

Como todos os grandes ensinamentos espirituais, este, a respeito da origem e celebração do Natal, foi pervertido e comercializado por pessoas gananciosas e egoístas.

A Véspera de Natal, entre 24 e 25 de dezembro, é considerada a noite mais sagrada do ano, porque nessa meia-noite as influências espirituais são as mais fortes. Nos mistérios, o candidato, em visão espiritual, viu a mística Estrela de Belém, o Sol espiritual que brilhou na Noite Santa, que o conduziu ao Cristo interior. Em seu coração ecoava uma canção profética e imortal: “Paz na terra e boa vontade para os homens. Alegrai-vos, filhos da Terra, porque hoje vos nasceu um Rei”, os Serafins cantaram naquela Noite Santa, muito tempo atrás.

No início da Grã-Bretanha, o belo costume da tora de Yule foi mantido. Tornou-se primeiramente uma cerimônia pública em 1577. Yule é uma palavra germânica que significa Natal. Grandes velas eram acesas na Véspera de Natal e uma grande tora de carvalho era colocada sobre o fogo para iluminar a casa. Acreditava-se que, se mantidos ao longo do ano, os restos do tronco de Yule protegeriam a casa contra incêndios e raios.

A própria árvore de Natal é um símbolo universal. Antecedendo a era Cristã, originou-se no Egito, quando a deusa Ísis era adorada. Uma palmeira com doze brotos curtos, representando os doze meses do ano, era usada na época do Solstício de Dezembro. Nas regiões do norte, um abeto foi usado em vez de uma palmeira. A origem da troca de presentes ocorreu nos primeiros dias medievais. Em alguns países, o costume de prever o futuro com bolos é celebrado na véspera de Natal.

Presentes foram trazidos para o nascimento de Jesus no casebre do pastor — preciosas dádivas de ouro, incenso e mirra: poder espiritual, amor-sabedoria e inteligência foram derramados sobre a criança recém-nascida, o átomo de Luz Crística no coração humano, o bebê nos braços de sua mãe, a grande mãe Terra que carrega, nutre e preserva o minúsculo veículo vital. Esses dons, ou qualidades, foram derramados pelos gloriosos Magos dos reinos Cósmicos, que abençoam e enriquecem cada nascimento espiritual e individual.

Esses poderes, em relação à e irradiados pela luz prateada da esplêndida Estrela Crística, chovem na humanidade, fraca e sofredora, sua influência e força estimulantes, sem as quais o curso evolutivo do ser humano seria muito mais difícil e prolongado.

Os Magos, altos Iniciados, foram atraídos para o lugar sagrado por sua percepção interior e o conhecimento do evento cósmico que aconteceria: o nascimento do Salvador do mundo. Os três Reis Magos representam aqueles Egos avançados que foram reunidos em propósito comum das três raças primárias. Seus dons significam as várias faculdades ou invólucros humanos que entram no processo de manifestação. Eles são conduzidos pela gloriosa Estrela ao Salvador do Mundo a Jesus, cujo objetivo da forma física era fornecer um veículo material e etérico para um Espírito universal, o Cristo.

Um dos Reis Magos trouxe ouro, designado simbolicamente como o emblema do Espírito. Lemos sobre alquimistas tentando transmutar metais básicos em ouro e entendemos que esta é uma linguagem esotérica para descrever a purificação do Corpo Denso, refinando-o e extraindo sua essência espiritual.

O outro trouxe olíbano, ou franquincenso, que é uma substância física de natureza muito leve, frequentemente usada em serviços religiosos. Ele serve como um andaime ou matriz para a personificação de forças invisíveis.

E o outro trouxe mirra. É o extrato de uma planta aromática muito rara. Simboliza aquilo que o ser humano, como espírito, extrai por meio da experiência no Mundo Físico — a Alma.

Maria, a mãe, era o foco da luz, o sagrado crisol etérico onde acontecia a transmutação dos elementos. Ela representa o ideal da pureza, devoção e humildade que torna possível o renascimento do mais evoluído dos Egos humanos.

Os pastores que viram a Estrela caracterizam a visão interior do Fogo Divino, conforme Ele vem para aqueles no plano terrestre, cuja piedade abriu a janela da alma e ativou a Clarividência. Seu discernimento lhes permitiu ver a glória nos Céus e sentir os impulsos espirituais irradiando da Estrela maravilhosa.

Em certo sentido, uma estrela material. Em um significado mais elevado, a chama de forças concentradas para trazer à expressão material uma apresentação física do Logos, o Salvador do mundo.

A Terra estava parada. O ar estava reverentemente silenciado, como se prendesse a respiração, pois naquele momento estava arrebatadoramente focado em Belém (nascimento). Silêncio, solidão e adoração desenvolvem o olho perspicaz, o ouvido interno e o Espírito sensível.

Especialmente neste Natal não devemos centralizar nosso pensamento nessas verdades? Não devemos meditar sobre a verdadeira interpretação da sublime narrativa do Natal, aprofundando nosso conhecimento e avivando nossa compreensão sobre esse evento místico? Não devemos centrar nossos esforços na expansão de nossa capacidade de servir?

Celebremos este Natal prestando ao Menino Jesus o amor e a homenagem que Lhe são devidos, além dos nossos dons e bênçãos.

Regozijemo-nos com os pastores: “Porque vimos a Sua Estrela no oriente e viemos adorá-Lo”. Ele, que ilumina todo ser humano que vem ao mundo, permanece iluminando o Caminho.

Como a encarnação da Verdade e da Vida, a Estrela de Belém revela o caminho que conduz ao Pai. “Para onde Eu vou, vós também ireis”.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross novembro/dezembro/1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Natal e Nós

O Natal e Nós

Novamente o Natal. Sempre os mesmos enfeites coloridos, as músicas, o movimento de compras, os presentes, as ceias, os sinos, os cumprimentos…

Porém, jamais nos encontramos iguais. O desenvolvimento e os frutos da última colheita nos acrescentaram “algo” ao íntimo, tornaram-nos um pouco mais amadurecidos animicamente. Portanto, o íntimo que vê, que discerne, que sente, que avalia, concebe um Natal um pouco mais profundo e ora até às lágrimas para que o doloroso parto se complete: o nascimento do Cristo Interno.

Quanta resistência ainda existe no mundo exterior e interior para o Reino prometido!

Herodes reage enciumado. Ele compreende que o Reino do Príncipe Salvador não é deste mundo, mas também não ignora que não pode servir e ser servido. Um será o regente e o outro, o servidor. E como São Paulo, nos embates da Iniciação, sente aumentar o conflito entre a matéria e o espírito, entre as trevas e a luz.

Procura-nos o ponto sensível, o “calcanhar de Aquiles”, o ponto fraco nas costas de Siegfried, para que sucumbamos uma vez mais, anestesiados pelo ardil de Loges. A verdade, chorosa, adiará uma vez mais a ansiada união.

Enquanto os sinos tocam, parece que ouvimos um galo cantar, o que nos lança na consciência o apelo do Senhor rejeitado. Quantas aspirações mortas em pleno florescimento! Contudo, mesmo assim, graças elevamos porque, no silêncio do mais íntimo recôndito, ainda vive nosso Salvador, prudentemente aguardando que envelheça e morra nosso egoísmo e lhe suceda, pouco a pouco, algo menos ruim.

Natal! Quanto mais te compreendo, mais almejo que te realizes em mim!

Natal! Ainda temo falhar como São Pedro. Ainda urdo as manhas de Judas; ainda falho na resolução de São Paulo; ainda estou precisando de forças para renunciar às três tentações do meu deserto; ainda tenho de fazer esperar o meu Senhor!

Natal! O exterior canta em movimentos, em cores e sons; mas o interior chora no entendimento cada vez mais agudo de uma realização que se protela!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 12/1968)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Sacramentos Cristãos

Os Sacramentos Cristãos

A presente fase de nossa evolução, aqui no plano físico, vivemos na condição de obscuridade espiritual.

Mas, as Hierarquias Criadoras nos têm prestado uma maravilhosa ajuda por meio das Sagradas Escrituras.

Sabemos que através da Bíblia o ser humano tem recebido mais luz espiritual.

A Bíblia foi dada à humanidade pelos Anjos do Destino, que estão acima de todo erro, e que permanecem sempre dispostos para auxiliar aqueles que buscam compreensão, conforto e sabedoria.

E mesmo assim levará muitos anos (e, talvez vidas) para que possamos compreendê-la inteiramente.

Pois, ela é na verdade um elo dos Anjos com a humanidade. E dentro desse livro sagrado e que serve para nos dar mais impulso espiritual encontramos os Sacramentos Cristãos, que são verdadeiras dádivas de crescimento espiritual.

Os Sacramentos estão relacionados com a transmissão dos Átomos-sementes que formam os núcleos dos nossos diferentes corpos e veículos para cada nascimento aqui, na Região Química do Mundo Físico. Em que “Sacr” significa o “portador do germe”. Seria o germe do nosso corpo colocado em terreno fértil, que no caso do Corpo Denso nada mais é do que o útero da mãe.

E quais são os sete Sacramentos dados por Cristo aos seus Apóstolos? São: Batismo, Confirmação, Sagrada Comunhão (Eucaristia); Matrimônio; Penitência; Ordem Sacerdotal e Extrema-Unção.

Eles são simbolizados por rituais de curta duração, porém seu propósito é de nos prover de uma contínua ajuda para o nosso crescimento espiritual.

Não consideremos os Sacramentos como meras cerimônias, mas sim como exercícios espirituais de grande poder para o ser humano.

E toda vez que lemos a Bíblia e invocamos a ajuda dos Anjos do Destino, assim também quando vivemos o verdadeiro significado dos Sacramentos, estamos atraindo o Raio de Cristo para nosso preparo evolutivo.

Vamos falar agora do Sacramento do Batismo. Quando nos referimos ao Batismo, logo vem a nossa mente a criança que, após o nascimento no Mundo Físico, é levada pelos pais à Igreja para o ritual do Batismo, quando o ser humano se torna um herdeiro do céu. No Evangelho Segundo São Mateus em 3:11, lemos: “Eu vos batizo com água, em sinal de penitência…”. Mas devemos buscar uma outra explicação para o verdadeiro sentido do Ritual do Batismo. Vamos retroceder na nossa história evolutiva e buscar lá na verdadeira Memória da Natureza (que está no Mundo do Espírito de Vida) as imagens daquele tempo antes de formar o Planeta Terra, tal como conhecemos hoje. Era um lugar escuro e sem forma, como mostra no Livro do Gênesis em 1:2: “A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Era uma massa ígnea que gerava calor e sua volta era rodeada por água fervente e então o vapor foi jogado para a atmosfera. E, assim, Deus disse: “Faça-se um firmamento entre as águas e separa ele uma das outras”. E quando se completou o processo de evaporação, houve a formação de uma crosta em volta deste centro ígneo. E a terra foi se solidificando.

E nós habitávamos essa terra nos lugares mais duros e resfriados. Mas nossa forma era muito diferente do que somos hoje. Éramos enormes e pesados. Tínhamos apenas percepção interna. O nosso desenvolvimento era voltado para dentro. Só conseguíamos perceber as qualidades espirituais e não os materiais, pois ainda não tínhamos aberto os olhos. Não existia nenhuma nação ou raça. Constituíamos uma vasta fraternidade, uma grande família, em que não havia o egoísmo, a astúcia, a maldade. Mas, vivíamos numa condição de inocência infantil. E todos estávamos em contato com o Espírito Universal que nos guiava em tudo. Ainda no final desse momento nesse Esquema de Evolução, quando ganhamos o germe da Mente e começamos a trabalhar com esse veículo, o utilizamos na forma de justificar os nossos desejos mais inferiores, desenvolvendo a astúcia e todos os meios para conseguir o que queríamos, fosse para o bem ou para mal dos outros (e de nós mesmos). Tornamo-nos egoístas e até egocêntricos. E, depois, quando deixamos a atmosfera desse lugar, a Atlântida, abrimos nossos olhos e percebemos a Região Química do Mundo Físico, ocasião em que tomamos consciência do nosso “Eu” individual; por uso e abuso da força sexual criadora nos tornamos mais egoístas e mais astutos, o que provocou nosso distanciamento dos demais. Sob a Lei de Consequência fomos nos tornando cientes do motivo dos sofrimentos gerados por nós mesmos e aos poucos fomos nos reparando e evoluindo. Essa compreensão da vida, de seus males e da morte só poderia ser assimilada pelo coração, já que a razão estava envolta em conquistar, adquirir, acumular egoisticamente. As experiências adquiridas em vidas anteriores e nesta vida têm nos ensinado que o “caminho largo” é dotado de dores, tristezas e desenganos; porém, quando se trilha o “caminho estreito” e reto podemos até sublimar a morte e entrar para a vida eterna. Mas, hoje quando conseguimos progredir no caminho evolutivo e passamos a apreciar as bênçãos da fraternidade vencemos o egoísmo, e cultivando o altruísmo poderemos então submeter-nos ao Ritual do Batismo. E quando sentimos o nascimento de Cristo dentro de nós, estamos em contato direto com essa inspiração divina, e esse é o primeiro passo para o Batismo. O Batismo Místico pode ocorrer em qualquer lugar e qualquer hora. O Batismo Espiritual do Cristo místico produz o sentimento Fraterno Universal. O verdadeiro significado do Sacramento do Batismo é o anseio germinal do Espírito por uma vida superior, o plantio de uma semente espiritual. E devemos fazer parte dessa grande Fraternidade, deixando de lado o proveito próprio, egoísta e buscar o principal incentivo para ação que é o serviço amoroso e desinteressado para com os outros, sempre focando esse serviço na divina essência oculta em cada irmão e em cada irmã. Cristo define esse tipo de serviço na seguinte frase: “Aquele que quiser ser o maior entre nós, seja o servo de todos”.

Vamos agora, tratar do Sacramento Cristão da Confirmação: esse Sacramento está relacionado com a imersão do nosso Espírito na matéria. Quando desejamos ardentemente obter novas experiências ingressamos para um novo nascimento. Assim, atraímos por meio do Átomo-semente de cada Corpo e do veículo Mente o material a ser utilizado como base para a construção deles para a próxima vida aqui. E então fazemos a escolha para o renascimento e, com a ajuda dos Anjos do Destino, somos auxiliados a escolher o panorama da próxima vida e construir a teia do destino para que nenhum ato nosso se frustre no cumprimento do destino escolhido. Depois de tudo pronto confirmamos o nascimento para uma nova vida aqui, onde aprendemos mais e colocamos em ação os ensinamentos obtidos em vidas passadas.

Agora, vamos ao Sacramento da Sagrada Comunhão (a Eucaristia): a Comunhão está relacionada aos Corpos Vital, Desejos e à Mente. Nós como Egos, Espíritos Virginais manifestados da onda de vida humana, começamos nossa peregrinação através da matéria e chegamos a uma Época aqui no Período Terrestre conhecida como a Época Lemúrica. Quando em formação, recebemos ajuda das grandes Hierarquias Criadoras que guiavam todos nossos passos. Até o alimento que comíamos era escolhido para que pudéssemos obter o melhor material apropriado para construir os vários veículos de consciência para o nosso processo de crescimento anímico. Lembrando que naquela Época a nossa consciência era voltada para dentro de nós mesmos (para construirmos os nossos órgãos, sistemas, tecidos, etc…). E assim nos evoluindo até que em meados da Época Atlante (a próxima depois da Época Lemúrica), o Sol físico “brilhou pela primeira vez sobre nós”, ou seja, desenvolvemos o que precisávamos para perceber a existência do Sol enquanto renascidos aqui. Então pudemos deslumbrar das maravilhosas formas e belezas da natureza da Região Química do Mundo Físico. Vimos a nós mesmos como um ser separado e independente de todos os outros. Mas já havíamos adquirido a faculdade para iniciar na escola da experiência, que é o mundo dos fenômenos, dos efeitos. Éramos livres para desempenhar nosso papel no mundo e aprendermos as lições, coordenadas pelas leis da natureza. Hoje, em função de uma vida atropelada de afazeres desenfreados e na busca de riqueza material e poder também material acabamos por esquecer as necessidades do amor, de se doar e de agradecer o ganho do pão diário. Na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, capítulo 10, versículo 31, lemos: “Quer comais, quer bebais ou façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus.”.

Da Terra se extrai o alimento para nossas refeições e esse sustento é o Corpo do Espírito de Cristo que mantém o Planeta Terra para que possamos evoluir. E esse Corpo nos é doado amorosamente todos os dias quando nos servimos da substância extraída da terra e que muitas vezes esquecemos de agradecer o alimento que é colocado à mesa. E saber que muitos nem lembram de agradecer todo esse trabalho de amor do Cristo para manter o planeta rejuvenescido e cheio de vida. A Santa Comunhão está relacionada ao “pão feito da semente (grão) da planta casta e pura” e ao “cálice preenchido com o suco da videira, também da planta casta e pura desprovida de paixão”; isso tudo simbolizado pela Última Ceia. E na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, capítulo 11, versículos de 23-30, lemos: “O Senhor Jesus, na mesma noite em que foi traído tomou o pão, e depois de dar graças partiu-o e disse: ‘Tomai e comei; este é Meu Corpo, que se parte para vós. Fazei isto em memória de mim’. E depois de ceado tomou a taça e disse ‘Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; fazei isto todas as vezes que o beberes, em memória de mim… Porque qualquer um que come deste pão e beba deste cálice, indignamente, será réu do corpo e sangue do Senhor… pois come e bebe sua própria condenação. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem’”. Quando partilharmos do pão e do vinho estaremos construindo a Época futura, a Nova Galileia. Uma Época, em que não necessitaremos mais usar o Corpo Denso para transmitir “a semente da vida”, através do útero materno. Mas será uma Época, em que poderemos nos alimentar diretamente da Vida Cósmica e, assim, não precisaremos mais morrer aqui para assimilar as experiências da vida.

A perfeita execução do Sacramento da Comunhão podemos ler aqui na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 11, versículos de 23 a 30: “… na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’. Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha. Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação. Eis porque há entre vós tantos débeis e enfermos e muitos morreram.”.

“São Paulo exprimiu uma verdade esotérica quando disse que aqueles que tomam a Comunhão sem viver a vida, estão em perigo de doença e morte. Assim como, sob uma tutela espiritual, a pureza de vida pode elevar o discípulo de maneira maravilhosa, assim também a incontinência produz um efeito muito maior sobre os corpos mais sensibilizados do que sobre aqueles que estão ainda sob a lei e não se tornaram participantes da graça, pelo cálice da Nova Aliança.”.

Agora, vamos ao Sacramento do Matrimônio: os Sacramentos do Batismo e da Comunhão estão relacionados com o Espírito, mas o Sacramento do Matrimônio está relacionado ao corpo. É a colaboração com a espécie humana. Houve um tempo em que vivíamos sem pecado, isto é, não éramos conscientes nem da dor e nem da morte. Porém, fomos tentados pelos Anjos Lucíferos, os Anjos caídos, que nos sugeriram um caminho de atalho para “conhecer” a Região Química do Mundo Físico, por meio da desobediência ao plano liderado pelos Anjos. Muitos de nós atenderam à sugestão e mais do que isso, abusaram no desperdício da força sexual criadora para gratificar os seus sentidos inferiores. O resultado de atender à sugestão foi a focalização da nossa consciência na Região Química do Mundo Físico, nos centrando no lado material; foi a conscientização da Lei de Causa e Efeito, ou Lei da Consequência e, assim, passamos a responder por nossos atos, conhecendo a Lei do Renascimento e a morte aqui nesta Região. O abuso nos trouxe a dor e o sofrimento que hoje sentimos. A partir daí, como podemos ler no Livro do Gênesis, capítulo 3, versículo 16: “Disse também à mulher: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto, darás à luz com dores”. A morte é o preço que pagamos por abusar da força sexual criadora. Agora, o Sacramento do Matrimônio é necessário para o nascimento de novos veículos, que pensamos inicialmente para os Egos que aguardam uma oportunidade para renascer aqui, mas que depois de uma análise mais profunda, concluímos que é para garantir a nós mesmos a chance de renascer em vidas futuras também aqui e, assim, continuar o nosso desenvolvimento. Na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, capítulo 15, versículo 38, lemos: “Deus, porém, lhe dá o corpo como lhe apraz e a cada uma das sementes o corpo da planta que lhe é própria”. Esse “germe” do nosso Corpo Denso ainda precisa ser depositado em solo fértil, para desenvolver um veículo denso adequado e realizar o propósito de sua evolução.

O maior exemplo da execução desse Sacramento vemos em Maria e José: a mãe de Jesus, a Virgem Maria, possuía, também, a mais elevada pureza humana, por isso foi escolhida para ser a mãe de Jesus. O pai de Jesus, José, era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como se deve realizar no Sacramento do Matrimônio, sem nenhum desejo ou paixão pessoal.

E como temos um Corpo de Desejos que nos dá incentivo à ação por meio do Corpo Denso, mas por outro lado o destrói, precisamos também de um Corpo Vital para ir reparando esses danos no Corpo Denso, até um momento em que não mais se consegue. E, ainda, precisamos de dois seres unissexuais para que possa haver a geração de um novo Corpo Denso. Consideremos o matrimônio como união de duas almas ao invés de dois sexos; pois o verdadeiro matrimônio transcende ao sexo. E toda vez que dois seres se unirem para galgarem esse plano de intimidade espiritual, oferecendo seus Corpos para receber “aquele” que vai nascer, certamente proporcionará ao Ego a chance de um Corpo com melhores condições de se desenvolver espiritualmente. Porém, se a criança for concebida levando em consideração a natureza cristalizante do Corpo de Desejos (fruto de um “sexo casual”, de uma orgia sexual, de uma relação regada à bebida alcóolica ou a drogas lícitas ou ilícitas), o Ego poderá até ter uma vida curta e, muitas vezes, sofrida.

Existem pessoas que por motivos egoístas ou por maior comodidade e para poderem se entregar à paixão sexual ilimitada não são favoráveis a ter filhos, apesar de terem todas as condições financeiras, morais, psicológicas e físicas para tal.

“Como os outros sacramentos, a instituição do matrimônio teve seu começo e terá seu fim. Seu início foi descrito por Cristo quando Ele disse: “Não tendes lido que o Criador desde o princípio, os fez homem e mulher?” E disse: “Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne. Por isso não mais são dois, mas uma só carne”, como lemos no Evangelho Segundo São Mateus, capítulo 19 e versículos de 4 a 6.

E o seu fim foi anunciado por Cristo, por meio da Sua missão, em que veio para nos elevar, ajudando-nos a alcançar um estado mais elevado no qual não mais será necessário a roda de nascimento e morte. No Evangelho Segundo São Mateus, no capítulo 22, versículo 30, lemos: “Na ressurreição eles não se casarão nem serão dados em casamento, mas serão como os Anjos de Deus no céu”.

Agora, vamos ao Sacramento da Penitência: esse Sacramento é parecido com o Exercício de Retrospecção que o Estudante Rosacruz faz todas as noites quando se recolhe para dormir. Consiste em uma confissão ao Pai (“Eu Superior”) cada noite, de todos os acontecimentos do dia, arrependendo-se com toda sinceridade por todos os pecados cometidos. E mantendo o firme propósito de se reformar intimamente. Podemos ler no Conceito Rosacruz do Cosmos, em que Max Heindel declara que “A prática vespertina da Retrospecção é o exercício espiritual mais poderoso que tem sido dado ao ser humano”. Quando praticamos esse ato de penitência certamente permaneceremos menos tempo no Purgatório e no Primeiro Céu.

Agora, vamos ao Sacramento da Ordem Sacerdotal: esse Sacramento é mais uma conduta que todo Aspirante à vida superior terá que buscar no seu caminho. É quando, por meio de meditações e disciplina, se consegue elevar acima de qualquer necessidade para a expressão das energias criadoras. A aspiração espiritual precisa ser amadurecida pelo tempo e só chega quando obtemos as condições particulares sob as quais devemos procurar satisfazê-la. E esse Sacramento não está reservado apenas ao clero de uma Religião. O Aspirante à vida superior produzirá uma purificação em seus corpos que o classifica a gerar veículos puros. E criando oportunidades de renascer em Corpos e veículos mais desenvolvidos e exercer uma maior ajuda à humanidade.

Agora, vamos ao Sacramento da Extrema-unção: esse Sacramento está relacionado com o momento que morremos aqui e nascemos nos Mundo espirituais. É o Sacramento que marca um total rompimento do Cordão Prateado e a extração do gérmen sagrado, até que volte a ser plantado novamente em outra mãe. É o momento em que aspiramos a desenvolver nosso trabalho do outro lado e, então, assimilar tudo o que aprendemos na nossa última existência terrestre.  

Sabemos agora da importância de todos os Sacramentos na nossa vida. Por isso reafirmamos os nossos esforços pelos seus estudos e para que possamos abrir um por um desses selos sagrados que são as dádivas dos Anjos do Destino dadas à humanidade.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

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