Arquivo de categoria Método e Leis cósmicas que regem a evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Motivo de uma aparente contradição: um método de libertação espiritual não atrai tanta gente

Muitas vezes tenho-me perguntado em minhas meditações porque, sendo a Filosofia Rosacruz, tão obviamente um método de libertação espiritual, de elevação moral, de vivência amável e confortadora não atrai para si verdadeiras multidões.

“Exatamente por esses mesmos motivos”, segreda-me uma vozinha suave.

Não é fácil libertarmo-nos dos tabus que orientaram toda a nossa vida pregressa. Tampouco é fácil aprendermos a andar com os nossos trôpegos pés, sem “muletas morais”, sobre as quais possamos jogar o peso da culpa de nossas fraquezas e às quais possamos voltar arrependidos, para logo em seguida incidirmo-nos mesmos erros.

Aprendemos com a Filosofia Rosacruz a nos responsabilizarmos por nossas próprias ações, na conscientização de nossa própria individualidade Cristã; aprendemos a observar e discernir, e tirar o máximo proveito das lições que a própria vida nos ensina. O preceito “orai e vigiai” está sempre vivo. Ainda assim, quando, por força dos velhos hábitos, reagimos em desacordo com as normas que passaram a se constituir em vivência Cristã, recolhemo-nos em nossa alma e, do solo pedregoso onde fomos lançados pela força avassaladora de nossa Personalidade ainda deseducada e viciosa, levantamo-nos novamente, humildes, mas esperançosos e continuamos, corajosamente, nossa caminhada por sabermos, embora falíveis e fracos, que estando sintonizados na luz de Cristo, que nos ampara, teremos novas oportunidades para servir.

Embora continuemos, aparentemente, a viver uma vida comum, damo-nos conta de uma mudança sutil em nossos velhos hábitos e temos a coragem de assumir nossa nova roupagem perante aqueles que nos rodeiam. O fumo, a bebida alcoólica e os alimentos à base de carne animal de nossos irmãos menores são coisas do passado e não nos deixam saudades. E a causa é porque estamos conscientes da presença de Deus, afastamo-nos discretamente de toda conversa picante; porque é nossa obrigação mantermos a Mente, a via de comunicação do Cristo Interno, sempre aberta e desimpedida, esforçamo-nos (embora nem sempre com sucesso) para expulsar os pensamentos capciosos sugeridos pelo nosso Corpo de Desejos indisciplinado.

Passamos a construir a nossa volta, uma amável carapaça contra as críticas ditas em tom brejeiro, suscitadas pelos nossos novos hábitos, por sabermos que tudo que foge à regra geral causa estranheza.

Mesmo sabendo que conseguimos galgar um degrau na escada do desenvolvimento espiritual não nos orgulhamos, pois sabemos que a ascensão à nossa frente é infinita e é nossa obrigação ajudarmos aqueles que encontramos no caminho a subir em direção à Luz que vislumbramos no horizonte distante.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 02/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como funcionam as Forças de Atração e Repulsão que tanto usamos

Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que nós, Ego, funcionamos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato. Aqui especializamos dentro da periferia da nossa aura individual o material que precisamos para criarmos as ideias.

Dessa Região nós observamos, através dos cinco sentidos, as impressões produzidas pelo mundo exterior sobre o nosso Corpo Vital, como também os sentimentos e emoções gerados por elas no nosso Corpo de Desejos e refletidos na nossa Mente.

Dessas imagens mentais formamos as nossas conclusões na substância da Região do Pensamento Abstrato relativas aos assuntos a que se referem.

Tais conclusões são ideias.

Pelo poder da vontade as projetamos através da Mente quando então, revestindo-se de matéria mental da Região do Pensamento Concreto, concretizam-se como pensamento-forma.

Dentre as direções possíveis, que de acordo com a nossa vontade anima o pensamento-forma e envolvido pelo sentimento do Interesse, uma delas é o despertar da Força da Atração, a força centrípeta, no Mundo do Desejo.

Assim, essa força toma o pensamento, impele-o para o nosso Corpo de Desejos, acrescenta vida à imagem e a envolve em matéria de desejos.

Então o pensamento (agora já envolvo de material de desejos, ou seja, uma forma de desejos) está apto a atuar sobre o cérebro etérico impelindo, através dos centros cerebrais apropriados e dos nervos, força vital aos músculos voluntários, os quais executarão a ação necessária.

Deste modo se consome a força do pensamento, mas sua imagem fica impressa no Éter do Corpo Vital como memória do ato e do sentimento que o causou.

Dentre as direções possíveis, que de acordo com a nossa vontade anima o pensamento-forma e envolvido pelo sentimento do Interesse, uma delas é o despertar da Força da Repulsão, a força centrífuga, do Mundo do Desejo.

Se essa é a força despertada pelo pensamento, então haverá uma luta entre a força espiritual (a nossa vontade) dentro do pensamento-forma e o Corpo de Desejos.

Essa é a batalha entre a consciência e o desejo, entre a natureza superior e a inferior.

Apesar da resistência, a força espiritual (a nossa vontade) pode procurar envolver o pensamento-forma na matéria de desejos necessária para manipular o cérebro e os músculos.

A força de Repulsão tentará dispersar essa matéria e expulsar o pensamento.

Mas se a energia espiritual (a nossa vontade) é forte, pode romper caminho através dos centros cerebrais e envolver o pensamento-forma em matéria de desejos enquanto põe em movimento a força vital, compelindo-a desse modo à ação.

Então deixará na memória uma impressão bem vivida da batalha e da vitória.

Se a energia espiritual se esgotar antes de produzir a ação, a força de Repulsão prevalecerá. Se ela vencer, naturalmente leva-nos a cortar, de nossas vidas, qualquer conexão com esse objeto ou ideia que a despertou.

De qualquer modo será arquivada na memória, como todos os demais pensamentos-forma quando esgotam sua energia.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Igreja da Apreciação Mútua — um Novo Ideal

A humanidade ainda não está pronta para ser fundida em uma única Igreja com um serviço comum e duvidamos que algum dia estará. É fato e incontestável que a comida que alimenta um ser humano é veneno para outro e o mesmo se aplica à nossa comida espiritual. Cada um é constituído de forma diferente — mental, moral e espiritualmente, bem como fisicamente. Logo, olhamos para as mesmas coisas de diferentes pontos de vista. No campo político, as diferentes facções são chamadas de partidos e cada uma luta pela supremacia, com a firme convicção de que em seu credo particular esteja a salvação nacional: eis a utopia política e industrial. No reino da Religião, os vários grandes sistemas como Cristianismo, Islamismo, Budismo, Judaísmo ou outros têm seitas e cada uma delas luta pela aceitação nacional e internacional, acreditando que seu credo particular seja o único caminho seguro para a bem-aventurança eterna.

No entanto, Deus, a Verdade, ou qualquer outro nome que desejemos dar ao grande Poder abrangente que todos nós sentimos mais intensamente ou menos, pode ser comparado a uma montanha que é abordada de todas as direções por uma multidão de viajantes que estão todos atentos ao escalar. Como vêem de vários ângulos, a montanha (Deus) parece diferente para cada um e o caminho (Religião) que estão trilhando parece o mais reto e melhor. Cada um pensa que sua visão é inigualável e seu caminho, o mais seguro. Mas isso, enquanto estão nas partes baixas da montanha. Ao subir, verá que há muitos caminhos que levam para cima e, quando chegar ao topo, descobrirá que todos os caminhos convergem para uma única realidade, DEUS.

Então, todos também verão que não importa tanto em que acreditamos, mas, sim, o quanto escalamos; então gritarão para os que estão abaixo: “Não se preocupem com os católicos, batistas, metodistas, cientistas, budistas, mormons ou salvacionistas ou, ainda, todos os outros; o caminho deles os traz aqui para cima do mesmo jeito que o seu. Não gaste seu tempo fazendo proselitismo. Eles estão escalando assim como você. Chame todos os seus missionários para casa e cuide de sua escalada. Dedique toda a sua energia para ajudar aqueles que estão em seu próprio caminho e deixe os outros fazerem o mesmo. Assim, todos vocês farão mais progresso e serão melhores amigos. Cuidando da sua vida e respeitando os pontos de vista religiosos dos outros, dando-lhes crédito pela sanidade e sinceridade em que diferem de você e acelerando-os em seu caminho escolhido com sua bênção, você ajudará a si mesmo e a eles a alcançar o Reino de Deus, que é a meta de todos”.

Se a atitude das Igrejas pode, assim, ser transformada de desconfiança mútua em apreciação e ajuda mútuas; se as diferenças podem ser esquecidas e o objetivo comum mantido em vista, em breve veremos um renascimento do sentimento religioso em uma escala tal que ultrapassará até mesmo as esperanças dos mais otimistas, porque não é a visão sectária de Deus que impede o crescimento da alma do ser humano; mas, isto sim, a visão sectária das suas seitas.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro de 1918 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Simbolismo Rosacruz

Em tempo remoto, o simbolismo foi tão usado que os historiadores modernos falam dele como se fora a “linguagem do homem primitivo”. Não obstante, nós continuamos a encontrar nos símbolos extrema utilidade, porque algumas vezes, por meio de uma simples figura ou emblema, comunicamos às nossas Mentes uma compreensão maior sobre os profundos princípios e leis cósmicas, como não poderíamos fazer por meio de palavras. O valor educacional dos símbolos expressa-se também nesta máxima: “Um quadro ou imagem é melhor do que mil palavras”.

A palavra é o símbolo da ideia. Assim também, na música, na arte, na literatura, na dança, no drama e em muitos outras formas de expressão o simbolismo é usado para transmitir as mensagens dos seus criadores.

Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, também chamados de Mestres, há muito esperam o florescimento das rosas da humanidade e dão a todos os Aspirantes ao conhecimento espiritual esta saudação: “Que as rosas floresçam em vossa Cruz!”.

Assim também, em todas as reuniões da Fraternidade Rosacruz, em todo o mundo, os Estudantes, Probacionistas e Discípulos são saudados e se saúdam de igual maneira e todos lhe respondem: “Na vossa também”.

Das doze Hierarquias Criadoras que ajudaram o ser humano na sua evolução, cinco já se libertaram dessa missão sublime; as outras sete continuam na Sua nobilíssima tarefa de amparar e guiar o ser humano na sua jornada, estando simbolizadas nas sete rosas sobre a Cruz. E assim como as referidas Hierarquias são a expressão do Macrocosmos, assim também o Microcosmo está simbolizado por nós, o Ego, dirigindo as nossas atividades para fora, através dos sete orifícios visíveis do Corpo Denso. As cinco Hierarquias que terminaram a Sua missão e retiraram-Se estão simbolizadas na estrela dourada de cinco pontas e nos cinco orifícios parcialmente cerrados do nosso Corpo Denso: os mamilos, o umbigo e os canais de excreção.

A CRUZ BRANCA simboliza a vida dedicada do servidor da humanidade. Na forma em que tem uma rosa apenas, no centro, simboliza o Espírito irradiando de Si mesmo o quádruplo corpo, isto é, o Corpo Denso ou de carne e ossos, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente, de onde o Ego, o Espírito, fiscaliza os Seus instrumentos e chega a ser o Espírito humano que mora internamente. Em Épocas anteriores não existia essa condição.

O Tríplice Espírito então flutuava sobre os seus veículos, nos quais não podia entrar. Quando a Cruz se erguia sozinha, simbolizava a condição existente no primeiro terço da Época Atlante. Houve ainda um tempo no qual o madeiro superior da Cruz faltava e a constituição humana era representada pela letra hebraica Tau (T), que sucedeu no tempo da Época Lemúrica, quando o ser humano tinha apenas o Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, faltando-lhe a Mente.

A natureza animal predominava nessa Época. Em Época ainda mais remota, a Hiperbórea, faltava o Corpo de Desejos e o ser humano possuía unicamente o Corpo Denso e o Corpo Vital. Então o ser humano, em potência, era como as plantas: casto e sem desejos. Não podia ser representado por uma Cruz e por esse motivo o símbolo era um pilar ou coluna, como a letra “I”.

Esse símbolo foi considerado fálico, um emblema da geração. Esse pilar é hoje representado pelo madeiro inferior da Cruz, emblemático do ser humano em potência, quando era semelhante a uma planta. A planta não tem paixão nem desejos e, por conseguinte, é inocente. O falus e o lone, imagens dos órgãos masculino e feminino, usados nos templos de mistérios da Grécia, foram dados pelos hierofantes; nesse sentido e sobre os pórticos dos templos, foram colocadas as palavras: “HOMEM, CONHECE A TI MESMO”. Palavras que, quando bem compreendidas, são semelhantes aos Ensinamentos Rosacruzes e mostram a razão da “queda do homem” no desejo e no pecado, dando a chave da sua liberação da mesma forma que as rosas sobre a Cruz indicam o caminho da emancipação. Através do “conhecimento” de Eva, Adão “caiu” e perdeu a sua consciência dos Mundos invisíveis. Não achará outra vez essa interna percepção das esferas celestes até que tenha aprendido de novo, em uma espiral mais elevada, como criar de si mesmo usando a sua força criadora e total à vontade. Então se conhecerá outra vez.

Através dos tempos o ser humano usou várias cruzes: a cruz latina, a TAT ou cruz grega, a TAU ou cruz hebraica, a cruz ANSATA ou egípcia (cruz com asa ou círculo por cima), a cruz céltica, a cruz de Lorena, a cruz papal, a cruz do Calvário, a cruz Suástica ou gamada, a cruz de Santo André, a Cruz de Malta, a cruz em forma de trevo. A cruz Ansata foi o mais antigo símbolo da Maçonaria egípcia, instituída pelo Conde Cagliostro, e significava imortalidade. A asa colocada no topo superior da cruz Ansata apresenta duplo significado: como símbolo mundano era um atributo de ISIS, uma imagem da Lei; como símbolo da imortalidade era usado sobre o peito das múmias; uma eternidade sem princípio nem fim que desce sobre o plano da natureza material e, logo, emerge dele.

A cruz do Calvário encontra-se sobre três degraus, sendo o maior a base; o segundo, ligeiramente mais estreito; e o terceiro, sobre o qual descansa a cruz, menor ainda. Esses três degraus representam os três primeiros graus da Maçonaria, os passos necessários para se chegar a ser um Mestre Maçon. Recordam-nos os três dias entre a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo, aqueles três dias que significaram setenta e duas horas, que representam o número nove, do qual é dito que representa a humanidade atual. Os três degraus também simbolizam o Deus Trino: Pai, Filho, Espírito Santo, além dos três aspectos da Divindade: Vontade, Sabedoria, Atividade.

A Cruz em forma de folha de trevo é a base do emblema Rosacruz. É uma cruz branca e brilhante, tendo três semicírculos nos extremos de cada madeiro. Esses doze semicírculos no emblema Rosacruz simbolizam as doze Hierarquias que Se manifestaram no início da Criação, têm os mesmos nomes dos Signos do Zodíaco e ajudaram o ser humano em seus esforços para governar o seu quádruplo veículo. No centro da cruz está a Rosa pura e branca, simbolizando o coração do Auxiliar Invisível. É o sinal da PURIFICAÇÃO.

No serviço que se lê à tarde no Templo de Cura, exceto por ocasião da Lua Nova e da Lua Cheia, dão-se os passos mais diretos para se alcançar essa realização: “O amor (…) não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a Verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

Suspensa na cruz está uma coroa de sete rosas vermelho-sangue, imaculados receptáculos da semente da roseira e livres de paixão, emblemas da força geradora, purificada e elevada. Como a vida do ser humano está no sangue, vivendo uma vida de Serviço, dedicado, e ao mesmo tempo desinteressado, aos outros, cada um de nós pode transmutar as forças vitais e impuras em força criadora e pura do Espírito de Vida, alcançando assim o mais elevado estado humano. As sete Rosas sobre a cruz também significam os sete passos que deve dar o Aspirante no caminho estreito.

A primeira rosa significa a Clarividência e a Clariaudiência; no desenvolvimento dessas faculdades é essencial o poder de observação. Essas duas Faculdades desenvolvem-se na ação positiva, na qual o Aspirante quer “ver e ouvir claramente”.

A segunda rosa significa a Profecia e para desenvolver essa última usa-se o discernimento. Cristo disse: “E muitos falsos Profetas se levantarão e enganarão a muitos[1]; “Porque se levantarão falsos Cristos e falsos Profetas e darão grandes sinais de prodígios, tais que, se fora possível, até enganariam os escolhidos”; “E então aparecerá o sinal do Filho do Homem que virá sobre as nuvens com toda a pompa e glória[2].

A terceira rosa é a da Pregação e do Ensino da Verdade. Esse é o primeiro dos mandamentos do Senhor: “Pregai o Evangelho[3]. Ou seja, “pregai a verdade por Mim ensinada”. A maneira mais direta de pregar a verdade é deixar que a nossa vida seja um exemplo constante dessa Verdade.

A quarta rosa é a Rosa da Cura. Este é o segundo mandamento: “Curai os enfermos[4]. Antes que possamos chegar a ser um Auxiliar Invisível e ajudar na cura dos enfermos, devemos mostrar merecimento, manifestando-nos como auxiliares visíveis.

A quinta rosa é a da Expulsão dos Demônios. Há numerosas passagens nas Escrituras Sagradas que mencionam esse fato. No Livro Conceito Rosacruz do Cosmos o leitor é advertido de que deve ter muito cuidado com a maneira de prestar esse serviço. Cada um dos que se prestam a expulsar os demônios deve estar bem armado em nome de Cristo, antes de se aventurar a fazer esse melindroso trabalho. Alguns historiadores profanos disseram que Maria Madalena estava possuída por sete demônios e que, depois que esses sete diabos foram lançados para fora dela, deixando-a novamente livre, ela voltou a ser uma nobre mulher.

A sexta rosa é a da Pronunciação da Palavra de Poder, expressando os três aspectos da Divindade, falando (ação) com o poder (vontade) da palavra (sabedoria). Quando o Aspirante alcança esse ponto de desenvolvimento no caminho da Iniciação, ele aprende a invocar a manifestação da Divindade e a falar em seu NOME.

A sétima rosa é a do Poder de Ressuscitar os mortos, isto é, os adormecidos no esquecimento da Divindade. Cristo afirmou: “Em verdade vos digo que aquele que crê em Mim fará as obras que eu faço e ainda maiores, porque Eu vou a meu Pai[5].

Na História Sagrada, é São Pedro o único depois de Cristo de quem se diz que ressuscitou mortos: “Havia em Jope uma discípula chamada Tabita, ou Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e de esmolas que fazia. Mas Pedro, lançando fora a todos, pôs-se de joelhos e orou; voltando-se para o corpo disse: ‘Tabita, levanta-te!’. Ela abriu os seus olhos e, vendo Pedro, assentou-se. Fez-se isto notório em Jope; e creram muitos no Senhor[6].

O Aspirante sabe também que pode ser ressuscitado da morte da sua antiga vida para se levantar e viver uma vida nova, na consciência da sua unidade com Deus, em Quem vivemos, movemo-nos e temos o nosso ser. O centro da cruz irradia a estrela dourada de cinco pontas, uma das quais se dirige para cima. Essa estrela simboliza o Manto Dourado Nupcial – o Corpo-Alma – que todos nós, seres humanos, estamos tecendo para nós mesmos, com os nossos pensamentos amorosos e ações bondosas.

A Estrela é dourada por ser essa a cor do ouro, a mais parecida com a irradiada pelo Amor Crístico, O qual deve ser o motivo das nossas ações. O amarelo é símbolo do segundo aspecto da Divindade, o Filho ou Cristo; no entanto, dado que o ser humano de hoje não pode manifestar o amarelo puro do Amor de Cristo, esse se expressa no alaranjado do ouro. O Corpo-Alma ou Veste Dourada de Bodas deve ser desenvolvido antes que o Cristo interno possa nascer.

Por detrás da Estrela e da Cruz está o campo azul, símbolo do Espírito Puro, assim como o céu azul é um símbolo do Caos do qual procedeu a Manifestação. Essa cor simboliza o primeiro aspecto da Divindade, o Pai. Cristo disse que devia atrair todas as coisas para Si e que podia, então, entregar o Reino ao Pai.

Quase nada sabemos a respeito desse Reino e, como o pouco que sabemos vem por meio dos Seus ensinamentos, o azul está mesclado de amarelo, não sendo azul puro, mas azul-turquesa, altamente translúcido e vibrante de vida. O vermelho das rosas é o símbolo do Terceiro aspecto da Divindade e é a única cor pura que é mostrada no símbolo Rosacruz.

Portanto, o Símbolo Rosacruz é um símbolo da nossa evolução passada, da nossa presente constituição e do nosso futuro desenvolvimento, junto ao método de realização.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross; traduzido e publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)


[1] N.T.: Mt 24:11

[2] N.T.: Mt 24:30

[3] N.T.: Mt 16:15 e Mc 16:15

[4] N.T.: Mt 10:8

[5] N.T.: Jo14:12

[6] N.T.: At 9:36-42

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lua na Tradição Oculta – Parte II – A Significância Espiritual da Lua Cheia

A Lua na Tradição Oculta – Parte II – A Significância Espiritual da Lua Cheia

Corinne Heline

Como a Lua Nova marca o tempo de novos começos, da nova Dedicação e nova Consagração aos mais elevados ideais aos quais alguém pode aspirar, então a Lua Cheia marca o tempo de Realização, Consecução e Cumprimento, as três palavras que expressam a nota-chave espiritual dela. E como o Batismo, que foi geralmente observado na época da Lua Nova como o cerimonial da nova dedicação e nova consagração do Ego àquilo que é mais elevado no ser humano, o Deus Interior, assim também o aprofundamento, o aumento e a glória da realização sublime estão incluídos no belo cerimonial da Festa do Amor Místico ou Eucaristia que, nos Templos de Mistério, era celebrado em noites de Lua Cheia.

A elevada realização do mistério da Eucaristia não pode ser adquirida em poucos meses ou mesmo anos; mas requer um período de muitas vidas. No entanto, um antegozo dessa glória toca a consciência de cada Aspirante à vida superior sincero, em qualquer parte do Caminho onde estiver, por mais humilde que seja. Participar do Rito da Realização significa que a personalidade se tornou a serva obediente, em todos os momentos, dos ditames do Espírito. Significa que alcançou a conquista suprema, a do “eu”. Na vida de Dante, isso foi alcançado quando ele chegou ao topo do Monte do Purgatório e Virgílio, seu mestre e guia espiritual, disse a ele: “Com coroa e mitra eu te nomeio soberano sobre ti mesmo!”. Quando nos voltamos para a Bíblia, aquele supremo Livro da Vida, encontramos entre seus personagens mais importantes aqueles que alcançaram esse alto nível de desenvolvimento.

No décimo quinto capítulo do Êxodo, Moisés canta sua canção triunfal da autorrealização. Ele declara: “O Senhor é minha força e meu cântico. O Senhor é minha salvação. Por causa Dele triunfei”. Com essas palavras, ele descreve sua passagem milagrosa pelo Mar Vermelho. Esotericamente, esse mar é apropriadamente chamado de Vermelho porque simboliza a cor marciana da paixão física à qual a natureza emocional está sujeita. As hostes do Faraó, que perseguiam os israelitas e foram engolfadas e afogadas pelas águas do Mar Vermelho, representam aqueles que não superaram suas propensões emocionais, inferiores e, consequentemente, são engolfados pelas águas da paixão e do desejo. Moisés e os israelitas, por outro lado, representam aqueles que dominaram sua natureza inferior e se tornaram obedientes aos conselhos e orientação do seu eu superior. Para eles, as inundações emocionais retrocedem e caminham a seco para as vistas gloriosas da Terra Prometida. Pela autorrealização, todo obstáculo que barraria o caminho para o autodomínio e a iluminação é infalivelmente removido.

Os Salmos de Davi são hinos de vários graus de Iniciação. Alguns são dirigidos ao iniciante ou neófito; outros foram compostos para aqueles que avançaram mais no Caminho; e ainda há os que expressam o estado exaltado de almas que alcançaram a consciência cósmica. No Salmo 24, por exemplo, ouvimos os acordes triunfantes de uma canção de Iniciado: “Abri, ó portas, ó portas eternas, para que o Rei da Glória possa entrar”. Esse Rei da Glória não é apenas o Senhor Deus dos Exércitos. Ele também é o Ser luminoso que chega à consciência e expressão na alma que alcançou o lugar de onde pode abrir as portas para os mundos espirituais e entrar e sair à vontade. Com essa conquista, vem a capacidade de estudar, ensinar e servir conscientemente nos planos interno e externo, conforme as condições e circunstâncias exigirem.

Em suas Epístolas, São Paulo delineou o caminho do Iniciado tal como ele próprio o havia vivido. Por isso, foi capaz de pronunciar aquelas palavras comoventes que incontáveis “atletas de Deus” proclamaram depois dele: “Eu combati o bom combate. Eu mantive a fé. Eu terminei a corrida”.

O Senhor Cristo reteve Seu ensino mais avançado até o final do Seu ministério terreno. Os mistérios mais profundos que Ele veio a revelar foram transmitidos aos Seus Discípulos mais avançados quando eles se reuniram no “Cenáculo” e compartilharam a “Última Ceia”. Essa observância perpetuou os cerimoniais anteriores do Templo, conhecidos como Festa do Amor Místico, e santificou-os como os mais sagrados dos sacramentos cristãos. A Eucaristia, ou Sagrada Comunhão, conforme observada pela Igreja, está no próprio cerne da fé e da prática cristã.

Em nosso volume O Mistério dos Cristos citamos: “A Última Ceia ou Rito da Eucaristia fez parte de todo ensinamento iniciático que já foi dado ao ser humano. No Egito, o pão e o vinho místicos significavam as bênçãos do Deus Sol, Rá. Na Pérsia, a Eucaristia fazia parte dos Mistérios Mitraicos. Na Grécia, o pão era sagrado para Perséfone e o vinho, para Adônis. O Rito também é referido em um fragmento antigo do Rigueveda, na Índia. – “Você bebeu soma”, diz uma passagem, “nos tornamos imortais; entramos na luz; nós conhecemos os deuses”.

Todas as épocas, pessoas e Religiões receberam esse ritual sagrado do “pão e do vinho” e ele sempre é visto como o cerimonial que carrega os mais elevados ensinamentos espirituais que podem ser ministrados à época. Em cada época e religião sucessivas, à medida que a revelação divina se estende, o ritual da Eucaristia assume significados mais profundos, alcançando seu mais alto significado espiritual quando o Cristo, o supremo Instrutor do Mundo, celebra o rito com Seus Discípulos no Cenáculo, à meia-noite da Quinta-feira Santa, imediatamente antes da Sexta-Feira Santa ou Dia da Paixão.

Na hora da Última Ceia, esse serviço sagrado foi dividido em três partes. A primeiro consistia principalmente de orações e hinos com o objetivo de criar um espírito de pura comunhão entre os reunidos, porque somente em um estado de harmonia um eficaz trabalho espiritual pode ser realizado.

A segunda parte do Serviço consistia dos ensinamentos que Cristo deu a estes, Seus Discípulos mais avançados, relativos à doutrina do balanço, ou equilíbrio, entre as forças masculina e feminina da mente e do coração. O pão personificava a força positiva, ou masculina (a mental), e o vinho, a força negativa ou feminina (o coração). Enquanto o Cristo administrava aos Discípulos o pão e o vinho, ao mesmo tempo derramava do Seu próprio Ser esses poderes duais que possuía em um estado perfeito de equilíbrio. Essas duas forças também são representadas como o Maná do Céu, ou Pão da Verdade, e o Vinho do Amor.

Astrologicamente, o pão se correlaciona com o Signo terrestre de Virgem, a virgem do céu, que carrega um feixe de trigo; enquanto o fruto da videira, o poder do amor feminino, relaciona-se ao Signo ígneo e masculino de Leão, o rei leão. Nessas relações estelares, descobrimos como a mistura dos opostos é tecida na própria estrutura do Universo. Assim, a Hierarquia feminina de Virgem carrega consigo poderes masculinos ocultos e a Hierarquia masculina de Leão, as potências femininas. A interação harmoniosa entre esses poderes, seja na abóbada dos céus ou nos interiores da alma humana, é o estado que leva à totalidade ou santidade.

De muitos pontos de vista, o registro bíblico indica a necessidade que o ser humano tem de atingir o estado de consciência no qual é justo dizer-se que ele pode pensar com o coração e amar com a mente. Com tal realização, vem a Iluminação. O ser humano pode então andar na Luz como Ele está na Luz.

No terceiro e último estágio do cerimonial da Eucaristia, aberto apenas aos “Poucos” ou “Remanescentes”, o Mestre ensinou a Seus Discípulos como derramar os poderes espirituais da polaridade Amor-Sabedoria nas substâncias físicas, resultando que, assim magnificados – engrandecidos com louvor –, irradiaram poderes de cura. Que as potências vivas e energizantes são transmitidas a objetos tocados por um Mestre foi intuitivamente reconhecido em todas as religiões, desde os primeiros tempos e, embora isso tenha dado origem a muitas práticas supersticiosas em relação a talismãs e relíquias, ainda existe uma realidade espiritual e subjacente a elas.

Depois da Ascensão e da partida do Mestre, os Discípulos se reuniam todas as noites naquele Cenáculo, que era sagrado para a memória do Banquete Místico. A ocorrência mais importante do dia para eles foi a celebração da sagrada Festa do Amor. Depois que os elementos do pão e do vinho eram energizados com a vital força cósmica, os Discípulos os levavam para os enfermos e aflitos; tão poderosas eram suas emanações magnéticas que muitos eram curados simplesmente tocando ou mesmo olhando para eles.

Na tarde da Páscoa, durante a festa e a caminho de Emaús, dois Discípulos convidaram um estranho que passava para entrar e jantar com eles. Eles não O reconheceram como o Mestre até que, à mesa, Ele colocou as mãos sobre o pão, o qual, de repente, tornou-se luminoso como ouro fundido. Foi então que eles souberam que o Cristo ressuscitado estava no meio deles. Quando, mais tarde, Ele desapareceu de suas vistas, eles saíram com alegria, proclamando que o Mestre ressuscitado havia retornado para eles.

Em uma de suas interpretações mais importantes, a Bíblia pode ser verdadeiramente denominada “O Livro da Angelologia”. Muitos dos seus ilustres personagens foram acompanhados, dirigidos e iluminados por visitantes angelicais. Alguns dos eventos mais maravilhosos da Bíblia acontecem por meio da intercessão angelical. Há apenas um ligeiro reconhecimento desse ministério celestial em nossos dias, devido à luz ofuscante do materialismo. Mesmo nas igrejas, onde se esperaria que fosse um ensino muito proeminente, ele falhou em receber a ênfase que merece. E, no entanto, para aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, o ministério angélico continua a ser tão essencial e eficaz para a vida humana como sempre foi.

Durante as horas da noite, hostes de Anjos se reúnem acima das cidades do mundo, dissipando as escuras nuvens astrais que pairam sobre elas. Essa névoa cancerígena é composta pela combinação dos pensamentos negativos e sentimentos malignos da população. O medo, o desânimo, a crueldade, o ódio, a luxúria e os elementos discordantes e destrutivos de todo tipo escurecem e sobrecarregam a atmosfera psíquica. Para neutralizar essa condição, que surge no curso das atividades diárias, o ministério angélico trabalha durante a noite com o fim de dissipar a nuvem e limpar a atmosfera, de modo que melhores condições prevaleçam na madrugada do próximo dia para o progresso do ser humano.

Embora o ministério angélico seja incessante, é à noite, quando os humanos estão dormindo e suas mentes quietas, que eles respondem melhor às influências espirituais desse ministério.

Onde quer que haja problemas, tristeza e sofrimento, mensageiros angélicos estão sempre presentes para prestar Serviço amoroso e útil. Eles se reúnem em grande número nos campos de batalha, onde trazem paz aos recém-mortos e confortam os que sofrem. Os Anjos também visitam casas, hospitais e instituições psiquiátricas durante o dia e a noite. Eles trazem luz a lugares escuros, força aos fracos, esperança aos desanimados, conforto aos enlutados e paz de espírito às mentes perturbadas e alienadas. Embora não façam acepção de pessoas, sendo ministros de acordo com a necessidade e não o mérito, eles são mais felizes no ambiente daquelas cujas vidas estão em sintonia com os níveis superiores de consciência e expressão. Eles também se reúnem em grande número dentro, e ao redor, de lugares sagrados; por exemplo, os Templos de Mistério no plano etérico e onde quer que os devotos se reúnam na observância do Santo Sacramento da Eucaristia. Sua presença e participação são sentidas interiormente pelos devotos adoradores e são claramente vistas por aqueles que possuem uma segunda visão. Em ambos os casos, as bênçãos de suas emanações áuricas são inconfundíveis.

Nas lendas do Rei Arthur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, que na verdade são descrições veladas das atividades do Templo que ocorriam na época medieval, cada cavaleiro recebia uma cadeira específica na qual sempre se sentava. Acima de cada cadeira e sobre a cabeça de cada cavaleiro via-se uma forma angelical. Pois foi dito que Deus designou a cada cavaleiro um Anjo que o acompanhava em todas as suas aventuras, ou testes, para sustentá-lo no fracasso e ampará-lo na justiça, regozijando-se com ele em sua realização espiritual, enquanto progredia em seu Caminho de Iniciação.

Realização, Consecução e a grande glória da Consumação — essas são as bases espirituais que transmitem o verdadeiro significado da noite de Lua Cheia. As lendas nos contam que, depois que Pedro negou seu Senhor, ele sofreu terríveis agonias de contrição e humilhação que foi literalmente reformado e sua natureza inferior passou por uma transmutação completa. Foi então que ele se tornou de fato e de verdade São Pedro, o Iniciado; foi a Iniciação de Pedro a que o Senhor Cristo Se referiu por estas palavras: “Sobre esta pedra fundamental edificarei a minha igreja”. Foi assim que, de acordo com a lenda, Pedro atingiu tal santidade que, enquanto caminhava, onde quer que sua sombra caísse nos enfermos, eles eram curados e, ao se levantarem, com alegria e exultação proclamavam o Santo Nome e seu poder transformador.

Eu combati o bom combate. Eu mantive a fé. Eu terminei a corrida”. Esse é o glorioso ideal defendido por aqueles grandes Discípulos espirituais, São Pedro e São Paulo. E, à medida que avançamos no Caminho da Luz, também aprenderemos a superar as turbulentas águas do Mar Vermelho. Nós também estaremos em terra seca e teremos um vislumbre daquela Terra Prometida, que é a aurora dourada da Nova Era, agora se aproximando tão rapidamente… Aquela Era em que a “Paternidade de Deus” e a “Fraternidade do Homem” se tornarão uma realização viva em todo o mundo.

(Publicado na Revista New Age Interpreter – Corinne Heline second quarter, 1964 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lua na Tradição Oculta – Parte I – A Significância Espiritual da Lua Nova

A Lua na Tradição Oculta – Parte I – A Significância Espiritual da Lua Nova

Corinne Heline

Os primeiros ensinamentos do Templo foram dados quase no início da civilização. Nenhum desses ensinamento está perdido; mas, através dos tempos foram endereçados aos cuidados das Escolas de Mistérios e ainda estão disponíveis aos “poucos” que estão prontos para recebê-los. Muitos dos belos cerimoniais simbólicos e pertencentes aos antigos Templos de Mistérios foram incorporados às várias Religiões do mundo. Talvez os dois mais importantes desses cerimoniais, levados à primitiva Igreja Cristã, sejam o cerimonial do Batismo e o da Festa do Amor Místico que, na terminologia da igreja, é chamado de Eucaristia ou Sagrada Comunhão.

Esses dois cerimoniais, como observados nos antigos Templos de Mistérios, geralmente eram comemorados nas noites de Lua Nova e Lua Cheia. Os neófitos do Templo eram ensinados que esses são os pontos espirituais elevados de cada mês, porque nas noites de Lua Nova e Lua Cheia há uma liberação adicional de energias espirituais em todo o Planeta Terra, exterior e interiormente.

É significativo que em vários livros do Antigo Testamento o leitor seja advertido contra a participação nos festivais da Lua, e eles são o objeto de muitas repreensões veementes de vários profetas. A razão para isso é que os cerimoniais religiosos pertencentes à Era de Touro, embora belos e puros em suas concepções originais, no tempo do Antigo Testamento degeneraram em feitiçaria e sensualismo do tipo mais degradante. As assembleias da Lua Nova haviam se tornado conclaves sombrios e sinistros, sob a égide dos deuses e deusas da feitiçaria, enquanto as festas da Lua Cheia eram tempos de folia licenciosa, descritos no Antigo Testamento como a adoração ao bezerro de ouro. À parte desses festivais degenerativos, no entanto, havia verdadeiros Mistérios da Lua que eram celebrados nos santuários mais internos do Templo, que sempre foram uma forma da ordem celestial mais elevada e sagrada.

Para o Aspirante no Templo do Mistério, a Lua Nova é uma época de novos começos. É tempo de consagração e dedicação aos mais exaltados ideais aos quais ele aspira. No final de cada mês lunar, portanto, ele examina cuidadosamente, em retrospecto, todas as obras do mês que acabou de terminar e observa em que falhou em viver fiel a esses ideais, tentando descobrir o motivo dessas falhas.

Um dos mais notáveis videntes modernos disse que o único e verdadeiro fracasso que alguém pode conhecer é deixar de tentar; e, assim, o Discípulo do Templo de Mistério tem a oportunidade de rever suas falhas. Por mais lamentáveis que sejam, ele sabe que não são irremediáveis, porque não parou de tentar.

Logo após o festival da Lua Nova e a cada mês, o Discípulo é instruído a se doar a um ideal pessoal ou de um movimento que contribuirá, por menor que seja, para a elevação da humanidade e o aprimoramento do mundo. Isso é feito para provar sua abnegação total e irrestrita, em harmonia com o belo mantra Rosacruz: “O serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que conduz a Deus”.

Nos ensinamentos do Templo, o cerimonial batismal era, geralmente, observado nas noites de Lua Nova e a Festa do Amor Místico, ou Eucaristia, nas noites de Lua Cheia.

O serviço batismal que foi organizado para se harmonizar com a lei esotérica está disponível hoje. Simples na forma, ainda que rico em substância espiritual e poderoso em invocação da torrente cósmica.

Os Quatro Elementos são usados nesse cerimonial e cada um é dedicado ao serviço do Aspirante. Eles são: Sal, Óleo, Água e Fogo (Luz). O sinal da Cruz também é usado, como na igreja. A Cruz é um símbolo pertencente aos primeiros ensinamentos do Templo e sua assinatura é um ato litúrgico de “magia” espiritual que sela a unidade do ser humano com o cosmos. É um símbolo cósmico em ação. Ele invoca as bênçãos de Câncer, a Hierarquia do Norte; Capricórnio, a Hierarquia do Sul; Leão, a Hierarquia do Oriente; Aquário, a Hierarquia do Ocidente. Câncer representa os Elementos da Água; Capricórnio, os da Terra; Leão, o do Fogo e Aquário, o do Ar.

Uma bênção é pedida aos quatro grandes Seres que operam através dos Quatro Elementos Cósmicos que são tão importantes no trabalho evolucionário do nosso Planeta Terra e dos seres residentes nele.

Na bênção dos Quatro Elementos, o sinal da Cruz é feito primeiro no Coração e depois na testa; sendo o Coração o núcleo de amor do corpo e a cabeça, o centro da Mente. O ponto crucial dos ensinamentos do Templo sempre foi a unificação das forças da Mente com as do Coração. A Bíblia nos mostra que devemos aprender a pensar com o Coração e a amar com a Mente. Quando essas duas forças são estabelecidas em equilíbrio dentro do ser humano, ele “nasce” como um Iniciado. É a união das duas forças cósmicas que a Bíblia retrata simbolicamente como uma Festa do Casamento Místico. É com uma Festa do Casamento Místico que o Evangelho Segundo São João começa. São João foi o mais avançado dos Discípulos de Cristo e, por isso, seu Evangelho contém os ensinamentos do Templo mais exaltados já dados ao mundo.

Um por um, os Quatro Elementos Sagrados são abençoados para o serviço do Aspirante. Em primeiro lugar, o Elemento Sal, símbolo de pureza: a pureza do alimento que sustenta e nutre o Corpo Denso; a pureza do amor que desperta o Coração; a pureza do pensamento que ilumina a Mente; a pureza da ação que embeleza a vida. Aquele que realiza o rito batismal coloca suas mãos sobre o Sal em bênção e, então, faz o sinal da Cruz no Coração do Aspirante, dizendo: Cristo ensina que somente os puros de Coração verão a Deus”. Em seguida, o sinal da Cruz é feito na testa, com as palavras: “Quando a pureza é alcançada na consciência do ser humano, isso é conhecido como um grande poder espiritual. Do servo de Deus é dito que sua força é como a força de dez, cujo Coração é puro”.

Então as mãos são colocadas em bênção sobre o Óleo, que é o símbolo da harmonia, unidade, cooperação, da cura, do companheirismo, da fraternidade. Novamente o sinal da Cruz é feito no Coração, com as palavras: “Se andarmos na Luz como Ele está na Luz, seremos fraternais uns com os outros”. E novamente o sinal da Cruz é feito na testa, com as palavras: “Que a aspiração do seu pensamento o eleve sempre à realização harmoniosa com o ideal da Paternidade de Deus e da Fraternidade do Homem”.

Em seguida, as mãos são colocadas em bênção acima da vela acesa, pois o Fogo é o símbolo da fé e a fé tem sua casa no Coração. O sinal da Cruz é feito no Coração e as palavras são pronunciadas: “Que a bela fé de uma criança viva sempre e floresça em seu Coração”. O sinal da Cruz é, então, feito na testa, junto às palavras: “Cristo disse: se tiverdes fé como um grão de mostarda, tudo quanto pedirdes será feito a vós”.

Em seguida, as mãos são abençoadas acima da vela acesa. São João deu a única descrição perfeita da Luz quando disse: “Deus é Luz”. Ao que acrescentou: “Deus é Amor”. Mais uma vez o sinal da Cruz é feito acima do Coração: “Que este Amor-Luz celestial sempre brilhe em seu Coração e ilumine sua vida e a vida de todos aqueles que você encontrar”. Novamente o sinal da Cruz é feito na testa e as palavras de São Paulo são ditas: “Que esteja em vós aquela Mente que também estava em Cristo Jesus”.

Agora, as mãos são colocadas na Água; mais uma vez é abençoada e algumas gotas são colocadas sobre a cabeça do aspirante no encerramento da bênção: “Que você ande sempre na Luz como Ele está na Luz e que você sempre viva, mova-se e tenha seu ser n’Ele. Amém”.

O cerimonial do batismo ocupou um lugar de destaque na vida da primitiva comunidade Cristã. Foi observado em muitas estações; talvez a mais importante delas sendo o Sábado Santo, à noite, imediatamente antes do amanhecer da Páscoa. Foi nessa época que os recém-batizados foram encontrados esperando para tomar parte naquela gloriosa procissão da Páscoa, que ocorre nas altas esferas espirituais e que é conduzida por nosso bendito Senhor, o Cristo.

(Publicado na Revista New Age Interpreter – Corinne Heline – first quarter, 1963 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Questão do Hábito

A Questão do Hábito

O lema Rosacruz “Uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo São” suscita a ideia de um conjunto harmonioso de hábitos físicos, morais e mentais. Muitos dos que anelam o desenvolvimento espiritual veem-se na contingência de travar uma luta terrível contra uma séria de obstáculos que se antepõem ao objetivo colimado. Muitos desses entraves traduzem-se numa série de maus hábitos, adquiridos desde tenra idade, produtos de uma educação bem intencionada, porém, eivada de falhas.

Tudo evolui no Universo e o que não acompanha essa marcha, desajusta-se inexoravelmente. Cada idade dentro da Época Ária se caracteriza por transformações, inovações, novas descobertas, etc. Uma passada de olhos em um bom compêndio da História da Civilização, confirmará tal asserção. A Filosofia, a Arte, a Religião e a Educação devem seguir suas linhas, caso contrário tornar-se-ão anacrônicas, provocando uma série de desajustamentos. Por exemplo, causará uma espécie de estranheza, de assombro, hodiernamente, se um pai educar seus filhos dentro de um sistema espartano medieval, isto é, propugnando pela adoção da força física em vez de empregar a inteligência. Constituir-se-á um caso muito estranho, um pai conceder à sua filha aquela alternativa tão peculiar aos “senhores do engenho” do Brasil colonial: casar-se com alguém previamente escolhido pela própria família, ou então internar-se num convento. Uma educação não condizente com as exigências da época implica complexos, fobias, inibições, e outros problemas psíquicos. Contudo alguém pode perguntar se devemos nos integrar a tudo o que se nos depara modernamente, quando observamos que múltiplos problemas afligem atualmente os seres humanos, problemas estes, em grande parte, advindos das próprias condições da época. Há resposta para tal indagação. Primeiramente, somos seres racionais, pensadores, podemos aceitar ou rejeitar tudo quanto vier ao nosso encontro. São Paulo afirmou: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.

Devemos adotar um critério seletivo a fim de podermos caminhar sem entrarmos em choque com as Leis da Natureza.  Podemos, deixando de lado as mazelas e as distorções da época. Procurando vislumbrar o Bem em todas as coisas, superaremos muitos obstáculos e erradicaremos muitos males. Os verdadeiros espiritualistas procedem assim, e esse é um dos fatores determinantes de seu progresso anímico. Em última análise, o mal é sempre produto da ignorância.

Caminhamos gradualmente para a afirmação total do ser humano como um indivíduo, uma lei em si mesmo. Quando essa individualidade, dentro do bom sentido, manifesta-se em toda plenitude, há uma perfeita adaptação aos padrões da época sem quaisquer prejuízos morais ou físicos. Isso, entretanto, se processa em um número irrisório de pessoas, visto que, de um modo geral, a maioria, além de sofrer a influência de um “modus vivendi” muito imperfeito, ainda vive agrilhoado a preconceitos obsoletos. É mister, contudo, que cada um procure dissipar aos poucos essas limitações. O ser humano necessita renovar-se constantemente, mas sempre para melhor. É necessário que cada um procure diariamente ponderar sobre suas próprias condições, analisando-se, averiguando quais os pontos a serem sanados e quais os que devem ser fortalecidos. Ante o tribunal de nossa consciência devemos nos revelar como realmente somos, aí então virão à tona aqueles hábitos nocivos, sedimentados já há muito tempo e que como um peso tornam a nossa caminhada muito lenta. Em tais circunstâncias, para que esse autojulgamento se efetive de fato, é necessário que sejamos rigorosos conosco mesmo, porém justos. O exercício de Retrospecção preceituado pelo Filosofia Rosacruz é o meio mais eficiente que conhecemos para a perfeita realização desse processo de autoanálise, contudo, para que esse trabalho se complete devemos manter uma firme resolução de efetuar uma limpeza interna que se reflita também numa transformação externa, eliminando os hábitos nocivos, substituindo-os pelos opostos.

Muitos podem objetar, afirmando que se esses preceitos espelham a realidade, por que poucos os seguem? Inicialmente devemos salientar que o fato de que algo seja verdadeiro não significa que goze do consenso geral. Pelo contrário, muitas vezes não é aceito pela maioria justamente por expressar a verdade. Devemos considerar também o fato de que muitos não põem em prática esses preceitos porque a adoção deles implica inevitavelmente expurgo de uma porção de hábitos errados, mas hábitos que são agradáveis para quem os têm, porquanto já se constituem numa segunda natureza. É peculiar à natureza humana descrer no que lhe é desagradável; como exemplo, podemos apontar o caso de pessoas que embora sob suspeita de que tenham contraído alguma moléstia grave, recusam-se obstinadamente a consultar um médico, temendo tomar conhecimento de uma verdade aflitiva.

Grande parte dos seres humanos resiste psicologicamente a qualquer modificação de seus hábitos. Muitos procuram encontrar razões e argumentos para não aceitar certas verdades, por mais evidentes que sejam unicamente porque não lhes convém, ou não lhes é agradável.

Às vezes, o problema não se restringe somente a hábitos, mas estende-se a preconceitos, e estes, ainda em nossos dias possuem uma força considerável. A verdade, contudo, sobrepõe-se a tudo isso, simplesmente porque é verdade, e o seu reconhecimento é questão de tempo. No século XVII, Galileo Galilei, italiano natural de Pisa, resolveu defender e propagar a tese do polonês Nicolau Copérnico, segundo a qual – ao contrário do que era tido e havido como certo – a Terra é que girava ao redor do Sol. No entanto, o Santo Ofício reagiu obrigando-o a abjurar tal ideia, simplesmente porque ela colidia com um preconceito vigente na época, considerado como sendo uma verdade indiscutível. Hoje a opinião é outra, porém não foi a Terra que passou por girar em torno do Sol, e sim os seres humanos que reconheceram a verdade. A opinião da maioria não modifica os fatos, eis outra verdade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro de 1968)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossos Pecados: porque os cometemos e o que fazer para nos redimir

Deus é perfeito. Mas nós, individualmente, não somos perfeitos. Devido ao processo de evolução nós estamos a cometer erros. E a maioria desses erros nós os cometemos por causa da nossa ignorância.

Em parte, isso é devido a irmos contra as Leis da Natureza. Na maioria das vezes deixamos nosso “Eu inferior” dominar a situação. Nosso “Eu superior” sabe como não pecar, como obedecer às Leis da Natureza. Isso prova nossa imperfeição. Usamos nosso livre arbítrio de modo contrário às Leis de Deus. Cometemos mais pecados por omissão do que por comissão. São pequenos pecados aos quais, na sua maioria, nem damos importância. Entretanto, ao passar do tempo esses pecados começarão a atrapalhar o nosso progresso espiritual.

O pecado é consequência natural das Religiões de Raça, as Religiões de Jeová. Essas Religiões eram Religiões de Leis, originadoras do pecado, como consequência à desobediência dessas leis. Sob essas leis todos pecavam. E chegou-se a tal ponto que a evolução teria demorado muito, e muitos de nós perderíamos a nossa onda de vida se não fôssemos ajudados.

Isso porque não sabíamos agir com retidão e amor. Nossa natureza passional tornou-se tão forte que não sabíamos mais como controlá-la. Pecávamos continuamente.

Na Época Lemúrica, a propagação da Raça e o nascimento eram executados sob a direção dos Anjos, por sua vez enviados por Jeová, o Regente da Lua.

A função criadora era executada durante determinados períodos do ano, quando as configurações astrais eram favoráveis. Como a força criadora não encontrava obstáculo, o parto realiza-se sem dor.

A consciência do Lemuriano era igual à nossa de hoje, quando estamos dormindo. Assim, ele era inconsciente do Mundo Físico e, portanto, inconsciente do nascimento, e da morte. Ou seja, essas duas coisas não existiam para o Lemuriano.

Quando havia o íntimo contato das relações sexuais entre o homem e a mulher nessa Época, o Espírito sentia a carne e por um momento o ser humano atravessava o véu da carne e observava uma ligeira consciência. A isso se referem várias passagens da Bíblia: “Adão conheceu a sua mulher”, ou seja: sentiu fisicamente. “Adão conheceu Eva e ela concebeu Seth”; “Elkanah conheceu Havah e ela concebeu Samuel”. Mesmo no novo testamento, quando o Anjo anuncia a Maria que será a mãe do Salvador, ela contesta: “Como pode ser isso possível, se eu não conheço a nenhum homem?”. Essas coisas perduraram até aparecer os Espíritos Lucíferos.

Como o ser humano via muito mais facilmente no Mundo de Desejo, os Espíritos Lucíferos manifestaram-se por aí, e chamaram-lhe a atenção para o mundo exterior. Ensinaram-lhe como podia deixar de ser manipulado por forças exteriores, como poderia converter-se em seu próprio Dono e Senhor, parecendo-se aos Deuses, “conhecendo o bem e o mal” (Gn 3:5). Também lhe mostraram como podia construir outros corpos, sem a necessidade da ajuda dos Anjos.

O objetivo dos Espíritos Lucíferos era dirigir a consciência do ser humano para o exterior. Essas experiências proporcionaram dor e sofrimento, mas deram também a inestimável benção da emancipação das influências e direção alheias e o ser humano iniciou a evolução dos seus poderes espirituais.

A partir daí foram os seres humanos que dirigiram a propagação e não mais os Anjos. A partir daí o ser humano ignorou a operação das forças solares e lunares como melhor Época para a propagação e abusou da força sexual, empregando-a para a gratificação dos sentidos. Então, restou a dor que passou a acompanhar o processo de gestação e nascimento.

Daí o ser humano conheceu a morte, pois via quando passava do Mundo Físico para os Mundos espirituais e vice-versa quando voltava, ao renascer.

A partir daí, como diz a Bíblia: “conceberás teus filhos com dor”. Isso não foi uma maldição de Jeová, como normalmente se acha. Foi uma clara indicação do que iria ocorrer quando se utilizasse a força criadora na geração de um novo ser sem tomar em conta as forças estelares.

Então, é o emprego ignorante da força criadora que origina a dor, a enfermidade e a tristeza.

Esse é o pecado original. “A terra te produzirá espinhos e abrolhos, e tu terás por sustento as ervas da terra. Tu comerás o pão no suor do teu rosto, até que te tornes na terra, de que foste formado.” (Gn 3:18-19).

A partir daí o ser humano teve que trabalhar para obter o conhecimento. Através do cérebro, interioriza parte da força criadora para obter conhecimento do Mundo Físico. Isso é egoísmo. Mas a partir da queda na geração, não há outro modo de se obter conhecimento.

Assim, uma parte da força sexual criadora do ser humano ama egoisticamente o outro ser, porque deseja a cooperação na procriação. A outra parte pensa, também por razões egoístas, porque deseja conhecimento.

Como resultado cristalizou os seus veículos e esqueceu-se de Deus. Os corpos debilitados e as enfermidades que vemos ao nosso redor foram causadas por séculos de abuso, e até que aprendamos a subjugar nossas paixões não poderá existir verdadeira saúde na humanidade.

Em resumo: o pecado original veio porque o ser humano usou o seu livre arbítrio e quis obter a consciência cerebral e a do Mundo Físico, pegando um caminho de atalho. Transformou-se de um autômato, guiado em tudo, num ser criador e pensante.

Aos poucos, através do sábio uso da força criadora sexual e da espiritualização dos seus corpos, o ser humano vai respondendo aos impactos espirituais e escapando do estigma do pecado original.

A partir do momento que o ser humano tomou para si as rédeas de sua evolução, ele começou a experimentar, agindo bem ou mal, fazendo o certo e o errado.

Como quando lhe foi dado a Mente – entre a última parte da Época Lemúrica até a segunda parte da Época Atlante – o Ego era excessivamente débil e a natureza de desejos muito forte, de modo que a Mente se uniu ao Corpo de Desejos, originando a astúcia, a tendência foi fazer mais o mal do que o bem, mais o errado do que o certo, desenvolvendo mais o vício do que a virtude.

Assim, devido à sua ignorância, foi lhe dada uma Religião que tinha como base o látego do medo, impelindo-o a temer a Deus.

Por causa desse medo, tentava-se fazer o bem, o certo. Mas a astúcia e a ignorância eram muito fortes e o ser humano fazia mais o mal.

Após isso, foi lhe dada uma Religião que o levava a certa classe de desinteresse coagindo-o a dar parte dos seus melhores bens como sacrifício: “Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar.” (Gn 8:20).

Noé simboliza os Atlantes remanescentes, núcleo da quinta Raça, a Raça Ária, e, portanto, nossos progenitores. Isso foi conseguido pelo Deus de Raça ou Tribo. Um Deus zeloso que exigia a mais estrita obediência e reverência. Mas, que era um poderoso amigo, ajudava o ser humano em suas batalhas e devolvia lhes multiplicando os carneiros e cereais que lhe eram sacrificados.

O ser humano não sabia que todas as criaturas eram semelhantes, mas o Deus de Raça ensinou-lhe a tratar benevolentemente seus irmãos de Raça e fazer leis justas para os seres da mesma Raça.

Entretanto, houve muitos fracassos e desobediência, pois o egoísmo estava – e ainda está – muito enraizado na natureza inferior.

No Antigo Testamento encontramos inúmeros exemplos de como o ser humano se esqueceu dos seus deveres e de como o Deus de Raça o encaminhou, persistentemente uma e outra vez.

Só com os grandes sofrimentos ditados pelo Espírito de Raça foi que os seres humanos caminharam dentro da lei. Isso porque o propósito da Religião de Raça é dominar o Corpo de Desejos, na maioria das vezes apegado à natureza inferior de modo que o intelecto possa se desenvolver. Portanto, essas Religiões são baseadas na lei, originadoras do pecado, como consequência à desobediência a essas leis.

Exemplos dessas desobediências e de suas consequências vemos no Pentateuco Mosaico, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento.

O ser humano foi pecando – pois não sabia agir por amor – por desobediência a essas Leis, baseadas na lei de consequência, e acumulando uma quantidade tão grande de pecados que se não houvesse uma intervenção externa muitos teriam sucumbido e toda a evolução perdida.

E essa ajuda foi a vinda de Cristo. Por isso ele disse que veio para “buscar e salvar os que estavam perdidos”. Cristo não negou a Lei, nem Moises, nem os profetas.

Disse que essas coisas já tinham servido aos seus propósitos e que para o futuro, o AMOR deveria suceder a Lei.

Ele é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E o tirou, mas não o pecado do indivíduo.

Purificou e, continua purificando todos os anos, o Mundo do Desejo de modo que tenhamos matéria de desejos mais pura para construir nossos Corpos de Desejos e desejos superiores, mais puros.

Assim, por inanição, vamos eliminando nossas tendências inferiores, nossos vícios, o egoísmo, etc.

Ele nos deu a doutrina do Perdão dos Pecados. Ela não vai contra a Lei de Consequência, como muitos pensam, mas a complementa.

Dá aos que se interessam pela vida espiritual forças para lutar, apesar de repetidos fracassos e para conseguir subjugar a natureza inferior.

Mediante o Perdão dos Pecados, foi nos aberto o caminho do arrependimento e da reforma íntima.

Aplicando uma lei superior à Lei Mosaica, a lei do amor, conseguimos esse perdão. Se não o fazemos, teremos que esperar pela morte que nos obrigará a liquidar nossas contas.

Para conseguir o perdão dos nossos pecados temos que, quando cometermos um erro, ter um sincero arrependimento seguido de uma devida regeneração que pode ser um serviço prestado a quem injuriamos ou uma oração para essa pessoa; se for impossível a prestação do serviço poderá ser um serviço prestado a outrem. Com esse sentimento e essa compreensão tão intensa quanto possível do erro cometido, a imagem desse ato se desvanece do Átomo-semente do Corpo Denso, no qual foi gravado.

Lembremos que são as gravações desse Átomo-semente que formam a base da justa retribuição depois da morte e que é o livro dos Anjos do Destino. Com isso, no Purgatório, esse registro não estará mais lá e não sofreremos por esse ato errado, pois já aprendemos que ele é errado, restituindo-o voluntariamente. Lição aprendida, ensino suspenso.

Nesse ponto, muito nos ajuda o exercício noturno de Retrospecção, é ele que nos faz viver o Purgatório diariamente e nos ajuda na compreensão e no discernimento em fazer o bem e o que é fazer o mal.

Portando, não sigamos tanto a carne, o Mundo Físico, pois já passamos do tempo que precisávamos disso.

Não sejamos preguiçosos, gulosos, impudicos, voluptuosos, soberbos, avarentos. Pois em que nós pecamos, seremos gravemente castigados.

Relembremos, agora, os nossos pecados para podermos aproveitar melhor o tempo após a morte para ajudarmos os nossos irmãos e para construirmos melhores corpos.

Sejamos sábios utilizando toda essa ajuda que os nossos irmãos mais evoluídos nos dão.

Se vivemos para Cristo, veremos que toda tribulação dará prazer, pois a sofreremos com paciência e que: “a iniquidade não abrirá a sua boca” (Sl 106:42).

E pela paciência e persistência estaremos entre os escolhidos no dia do juízo, pois: “erguer-se-ão naqueles dias os justos com grande força contra aqueles que os oprimiram e desprezaram.” (Sab 5:1).

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Purgatório visto como a “cura da alma”

O Purgatório visto como a “cura da alma”

Ninguém deve temer o Purgatório, já que ele é um “hospital para alma”. Nele as pessoas moralmente enfermas recebem o cuidado necessário para “restaurar a saúde”. Certamente que nesse cuidado pode incluir uma espécie de “cirurgia” que frequentemente é dolorosa para o Ego, já que é realizada, mediante a ação da força de Repulsão; força essa que predomina nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, onde se localiza o Purgatório.

Os fabricantes de instrumentos da maldade devem aprender a elevar-se acima de seus desejos; já que a escravidão dos apetites físicos é vencida pela completa impossibilidade de gratificá-los. Os “demônios” da crença ortodoxa são vistos no Purgatório como uma força inferior da onda de vida comparada à dos insetos e répteis do Mundo Físico, porém menos perigosos devido ao fato de que são mais dóceis à vontade do Ego e ás forças psíquicas. Um simples ato de determinação, uma elevação de consciência mediante a oração, não de caráter angustioso, suplício (ainda que essa também tenha seu poder), mas da oração tranquila que nasce de uma Mente elevada afasta rapidamente esses elementais, enquanto o corpo doente não é tão facilmente dissipado.

A base da vida no Purgatório são as cenas em que a alma errou e são revividas, e ela se vê no lugar daquele que prejudicou e sofre como sofreram aqueles que ela lesou na vida terrena, da  mesma forma que a base da vida enquanto encarnados neste Mundo Físico é o panorama da vida que escolhemos no Terceiro Céu. Mesmo porque no Purgatório vivemos, em média, 1/3 do tempo vivido aqui e nesse período temos muito que compensar por meio do arrependimento e reforma íntima.

O que ocorre, às vezes, é os Auxiliares Invisíveis encontrarem pessoas que estão no Purgatório e que lhe pedem que vá as suas famílias para dizer-lhes para viver vidas boas e fazer o seu melhor para não ter que sofrer depois que eles passarem pela morte. E, obviamente, eles não vão, porque de nada adiantaria (como não adianta, na maioria das vezes, a gente ser testemunhas oculares das mazelas dos nossos pais, familiares e entes próximos e, mesmo assim, a gente continua fazendo o que é errado!).

Vamos falar um pouco sobre como é o processo da experiência purgatorial, quanto à sua constância em sentirmos os sofrimentos e as dores purgantes encadeando um sofrimento após o outro durante toda a nossa existência nesse lugar. Usemos a Lei de Analogia para entendermos como funciona lá, estudando como funciona aqui. Suponhamos que uma pessoa que sofre intensamente, por um curto período de tempo, geralmente sente a dor muito agudamente. Agora uma outra pessoa que sofre durante anos sucessivos, embora a dor infligida possa ser igualmente intensa, não parece senti-la na mesma proporção que a primeira pessoa. Isso ocorre porque a segunda pessoa se acostumou a ela e, de certa forma, o seu Corpo Denso se adaptou à dor; por isso, o sofrimento não é tão intensamente sentido nesse caso quanto no primeiro.

A mesma coisa ocorre na experiência purgatorial: se uma pessoa foi muito dura, cruel, indiferente quanto aos demais, egocêntrica, causadora de muita dor e sofrimentos nos outros, então o seu sofrimento no Purgatório será muito rigoroso e intensificado pelo fato de que a experiência purgatorial seja de menor duração do que a vida vivida na Terra; mas a dor é intensificada proporcionalmente. Comparando com o caso acima se a experiência dessa pessoa fosse contínua ou a dor gerada por um ato fosse imediatamente seguida por outra, grande parte do sofrimento seria perdido para a pessoa, pois não seria sentida em toda a sua intensidade. Por esse motivo, às experiências lhe chegam em ondas, com períodos de descanso, para que o sofrimento seguinte possa ser profundamente sentido. Alguns podem achar que isso seja cruel e que a dor infligida, ao utilizar-se desse artifício para intensificar o sofrimento, seja desnecessária. Porém não é assim. Esse sofrimento resultará um bem maior, pois Deus nunca busca desforra ou vingança, mas apenas almeja ensinar a pessoa pecadora a não mais reincidir no erro. Por isso, ela deve expiar todos os pecados cometidos. Isso irá ensiná-la a respeitar, em vidas futuras, os sentimentos alheios e a ser misericordiosa com todos. Portanto, é necessário que a dor seja altamente sentida para a conservação da energia e para que a pessoa possa se purificar e se tornar melhor, o que não aconteceria, caso a dor fosse contínua e o sofrimento, correspondentemente amenizado.

As experiências do Purgatório são gravadas no Átomo-semente do Corpo de Desejos como fruto da vida passada e depois na forma de um sentido moral purificado que o Ego leva consigo e conduz depois ao próximo renascimento para atuar como consciência e estimular o desenvolvimento das virtudes ao conceito de justiça e misericórdia.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Evolução e Imortalidade: elementos indispensáveis na busca pela Verdade Universal

A Evolução e Imortalidade: elementos indispensáveis na busca pela Verdade Universal

Uma grande quantidade de pensamento e energia é gasta no esforço para descobrir a “Verdade”, mas parece que nossas energias estão, em sua maior parte, indo para a direção errada.

Depois de passar por períodos de Judaísmo, Catolicismo, Protestantismo, Budismo e outras fases religiosas não conseguimos chegar à finalidade, em nossa busca pela verdade.

Cada doutrina contém, sem dúvida, sua própria verdade; porém não toda a verdade universal que o mundo está buscando de forma contínua. Não é possível que a causa real disso seja devido ao fato de que a verdade universal não tenha um objetivo? Não sendo um produto completo, mas algo sujeito à lei da evolução, que se desdobra para sempre nas páginas da história?

Não é um fato que a Verdade Universal, que a Ciência, a Religião e a Filosofia se empenham em revelar, esteja escrita nas estrelas do céu? Nesse caso, parece que a grande pergunta seja como ler as estrelas e dar uma interpretação verdadeira, livre de todas as influências externas, para essas verdades irrevogáveis e sempre presentes na constelação ou nos Planetas.

Não é possível que a Astrologia, em seu sentido moderno, associada à Astronomia e assuntos afins dos quais realmente faz parte, seja a mais próxima, e poderíamos até dizer, a única, solução para tal pergunta? Nesse caso, “A Ciência das Estrelas” é, sem dúvida, a Religião do futuro e o único poder governante que revelará a desejada Verdade.

Em resposta à pergunta “Podemos prever o futuro?”, eu diria, no sentido de “leitura da sorte”, como geralmente é entendida, decididamente NÃO. A Ciência Astral pode predizer algumas tendências e computar certos cálculos matemáticos que mostrarão a probabilidade dos eventos, conforme a compreensão do tempo em que a predição é feita; no entanto, nenhuma ciência, seja oculta, social, econômica, divina ou mecânica, pode expressar toda a verdade universal, porque toda a verdade é inexistente. Devemos esperar o desdobramento da evolução até que chegue o momento adequado e a imortalidade deve ser levada em consideração. Com muita frequência, esquecemos o grande fato da imortalidade, tanto na ciência quanto na religião. No entanto, esses dois elementos, Evolução e Imortalidade, são indispensáveis na busca pela Verdade Universal.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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