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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Relação entre a Crucificação do Salvador e energia vital na Terra

Do mesmo modo que um eco volta a nós, muitas vezes, repetido, assim também a canção celestial de vida é repercutida na Terra.

Toda a criação entoa um cântico de louvor. Um coro de uma legião de línguas repete sem cessar. As pequeninas sementes no seio da Mãe Terra começam a germinar, brotando e despontando em todas as direções, e logo um maravilhoso mosaico de vida, um tapete verde aveludado bordado com flores multicoloridas, substitui o manto de imaculado branco invernal.

Das espécies de animais de pelo e pena, a “palavra de vida” ressoa como uma canção de amor, impelindo-os ao acasalamento. Geração e multiplicação é o lema em toda parte – o Espírito ressuscitou para uma vida mais abundante.

Descubra mais sobre esse assunto clicando aqui: A Relação entre a Crucificação do Salvador e energia vital na Terra

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A Vida dos Salvadores e a Correlação com o Sol

Deus é Luz” (IJo 1:5) e como presença corporal do Pai entre nós temos o Cristo, de modo que qualquer um que crê n’Ele, não perece, mas tem a vida eterna. Por isso que Cristo disse: “Eu sou a Luz do Mundo.” (Jo 8:12).

É do Sol visível que nos vem cada partícula de energia física e é do Sol espiritual invisível que nos vem toda nossa energia espiritual.

Vejamos agora, como nós daqui do nosso Planeta Terra visualizamos todos os anos a passagem, a permanência e o trabalho do nosso Salvador, Cristo: o nosso Planeta Terra gira em torno de uma estrela que conhecemos como Sol. O Sol, por sua vez, gira em torno de um conjunto de estrelas fixas.

Essas estrelas fixas formam 12 grupos ou constelações que conhecemos com o nome de Signos do Zodíaco. Esse caminho, tomando como referência o nosso Planeta Terra, feito pelo Sol é chamado de Eclíptica.

Zodíaco não quer dizer que tais constelações pareçam com animais, mas é porque suas influências estão voltadas em exteriorizar as principais características no ser humano incorporadas no símbolo.

Assim, por exemplo: a arrogância, a energia e a coragem que vem de Áries não podem estar mais bem simbolizadas do que pelo Carneiro.

Ou a pacífica, mas prodigiosa força e a grande persistência que vem de Touro não podem ser mais bem descritas que pelo simbólico Touro.

O Zodíaco permanece sempre na mesma posição relativa, ou, pelo menos, sua mudança é tão insignificante que pode ser desprezada.

Olhando daqui do nosso Planeta Terra, percebemos que todos os anos, no dia 20 ou 21 de março, temos a impressão de que o Sol começa a abandonar o hemisfério sul, cruzando a linha do equador em direção ao hemisfério norte.

Isso ocorre porque o nosso Planeta Terra possui movimentos em torno do seu eixo como um pião cambaleante. Esses movimentos cambaleantes são de dois principais tipos conhecidos como:

  • Precessão
  • Nutação

Na realidade, não é que o Sol abandona o hemisfério sul. O que acontece é que seus raios incidem no nosso Planeta Terra mais perpendiculares, no hemisfério sul, a partir de 20 ou 21 de março e mais inclinados no hemisfério norte. Com isso, há a sensação de mais calor no hemisfério norte do que no sul.

Já a partir de 22 ou 23 de setembro tudo se inverte: o Sol abandona o hemisfério norte, cruza a linha do equador e penetra no hemisfério sul. Novamente, o Sol não abandona o hemisfério norte, mas seus raios incidem no nosso Planeta Terra, mais perpendiculares no hemisfério norte, a partir de 22 ou 23 de setembro, e mais inclinados no hemisfério sul.

Assim, todos os anos quando o Sol cruza a linha do equador indo do hemisfério sul para o hemisfério norte temos o Equinócio de Março (ou de Outono), para nós do hemisfério sul, o início da estação do outono. Isso ocorre todos os anos, em torno do dia 21 ou 22 de março. Já para o hemisfério norte é o Equinócio de (ou da Primavera), o início da estação da primavera.

Agora, todos os anos quando o Sol cruza a linha do equador indo do hemisfério norte para o hemisfério sul temos o Equinócio de Setembro (ou da Primavera) para nós do hemisfério sul, o início da estação da primavera. Isso ocorre todos os anos, em torno do dia 22 ou 23 de setembro. Já para o hemisfério norte é o Equinócio de Setembro (ou de Outono), o início da estação do outono.

Nesse cruzamento de hemisfério sul para hemisfério norte ocorre um fato importantíssimo: devido aos movimentos vibratórios dos pólos descritos anteriormente o Sol cruza o equador sempre em um ponto anterior do que ele fez no ano anterior e, como, nesse dia, os períodos do dia e da noite são de iguais durações, ou seja, o Equinócio, esse cruzamento chama-se Precessão dos Equinócios. Ou seja, a cada ano o Sol precede em relação ao lugar em que ele cruzou o equador no ano anterior.

Se não houvesse tal Precessão dos Equinócios o Sol penetraria sempre na constelação de Áries, todos os anos no Equinócio de 21 ou 22 de março no mesmo ponto, no mesmo grau e no mesmo minuto.

Esse movimento é muito lento: um grau cada 72 anos, aproximadamente.

Assim, o Equinócio de 21 ou 22 de março ocorreu no primeiro grau de Peixes mais ou menos 2160 anos atrás (72 anos*30 graus).

Além desses movimentos, o nosso Planeta Terra tem um movimento de translação ao redor do Sol. Esse movimento tem a forma de uma elipse, e o Sol ocupa um dos focos dessa elipse.

Assim sendo, por duas vezes o Sol atinge suas posições mais afastadas do equador: em junho e em dezembro de cada ano.

  • Para nós do hemisfério sul, em junho, os raios solares caem mais perpendiculares sobre a superfície da Terra. É quando o Sol atinge sua posição mais austral (mais ao sul) em torno do dia 21 ou 22 de junho. Esse dia é conhecido como Solstício de Junho (ou de Inverno), início da estação do inverno, para o hemisfério sul e, ao contrário, Solstício de Junho (ou de Verão), início da estação do verão, para o hemisfério norte.
  • Já em dezembro, os raios solares caem mais inclinados sobre a superfície da Terra. É quando o Sol atinge sua posição mais boreal (mais ao norte) em torno do dia 21 ou 22 de dezembro. Esse dia é conhecido como Solstício de Dezembro (ou de Verão), início da estação do verão, para o hemisfério sul e, ao contrário, Solstício de Dezembro (ou de Inverno), início da estação do inverno, para o hemisfério norte.

De qualquer modo, observe bem esse fator importante para entender o que segue adiante: independente da influência física dos raios solares, é a distância que o Sol se encontra da Terra o mais importante:

  • Em junho está mais longe (o foco da elipse em que o Sol se encontra está mais longe)
  • Em dezembro está mais perto (o foco da elipse em que o Sol se encontra está mais perto)

E isso independe do hemisfério que nós estamos! Esse ponto é fundamental para entendermos a relação do movimento do Sol, por Precessão dos Equinócios, e a vinda dos “Salvadores”.

É exatamente o movimento do Sol em torno do Zodíaco, descrito acima, que fundamenta as vidas de todos os “Salvadores da Humanidade”.

Essa passagem do Sol pelo Zodíaco descreve: as provações e os triunfos de todo Iniciado, ou seja, de todo ser humano que já alcançou, pelo menos, a primeira Iniciação Menor.

Todos os “Salvadores da Humanidade” vieram com luz divina e com conhecimentos espirituais para nos ajudar a encontrarmos a Deus e, portanto, os acontecimentos das vidas deles estavam de acordo com os acontecimentos que o Sol encontra em sua peregrinação anual.

Excetuando o Cristo, os demais “Salvadores da Humanidade” vieram para ajudar uma parte específica da Humanidade: um povo, uma nação, uma parte.

Vamos falar do Salvador de todos nós, ou seja, de toda a Humanidade: o Cristo, na Sua primeira aparição entre nós como Cristo-Jesus.

Jesus nasceu de uma Virgem imaculada, quando a escuridão era maior entre a Humanidade. Do mesmo modo que o Sol começa sua jornada na noite mais longa do ano, quando o Signo de Virgem, a virgem, se mantém sobre o horizonte oriental em todas as latitudes, entre as 22 e as 24 horas do dia 24 para o dia 25 de dezembro de todo ano, como lemos no Evangelho Segundo São Lucas no capítulo 1 e no Evangelho Segundo São Mateus no capítulo 2.

Como nesse dia a Terra está prestes a ficar mais próxima do Sol do que qualquer outro momento no ano, ela é permeada mais fortemente pela aura do Sol Espiritual.

Assim, dizemos que o Sol do “novo ano” nasce do dia 24 para o dia 25 de dezembro de todo ano. Ele é a esperança de vida que nasce para salvar a Humanidade do frio e da fome (física e espiritual) que se seguiriam se não nascesse todos os anos.

Após esse advento do Cristo, todos os anos, a 21 ou 22 de dezembro, um raio do Cristo Cósmico chega até o centro do nosso Planeta Terra e começa irradiar: toda a Sua Luz, todo o Seu Amor, toda a Sua Vida, que funciona como um influxo rejuvenescedor do nosso Pai celestial.

Deste ponto, o Sol vai crescendo em esplendor, passando pelos Signos de: Capricórnio e Aquário.

Quando passa pelo Signo de Peixes, temos a época do “jejum do Iniciado”, período de elevação espiritual.

Depois da quaresma o Sol passa pelo Equinócio de Março, entrando no Signo de Áries, simbolizando o cordeiro Pascal, marcial.

Nesse cruzamento do Sol pelo equador, rumo ao norte, temos a Crucificação do Salvador que depois de nos ter dado toda a Sua Vida, Sua Luz e todo Seu Amor, como alimento físico e espiritual, Ele se liberta da cruz da matéria para ascender novamente ao Trono do Pai, deixando o nosso Planeta Terra e todos os seres vivos que nele evolucionam totalmente providos dos alimentos físico e espiritual para serem utilizados nos próximos meses do ano.

Aqui Cristo eleva-se até ao Mundo do Espírito de Vida, atingindo-o no período do Equinócio de Março, onde executa um trabalho de correlacionar todos os seres vivos de todos os Astros do nosso Sistema Solar numa Fraternidade Universal.

Continuando seu trabalho vem a passagem por Touro, símbolo do amor e da subida ao Reino dos Céus, ou regresso ao Trono ou casa do Pai.

A 21 ou 22 de junho de todos os anos, o Sol atinge o seu ponto máximo de declinação boreal no Solstício de Junho.

Então, Cristo chega ao Trono do Pai no Mundo do Espírito Divino onde, durante os meses de julho e agosto, enquanto o Sol passa por Câncer e por Leão, o Cristo está reconstruindo Seu veículo do Espírito de Vida para, na próxima descida, oferecer ao nosso Planeta Terra e a todos os seres vivos que aqui evoluciona.

Temos, então, a 15 de agosto a festa da Ascensão de Cristo, em Leão, que marca o trabalho do Cristo no Mundo do Espírito Divino trabalho esse onde Ele busca correlacionar todos os seres vivos de todos os Astros de todos os Sistemas Solares do Universo numa Fraternidade Universal.

De Leão o Sol passa pelo Signo de Virgem. A 22 ou 23 de setembro o Sol cruza novamente o equador, na direção: do hemisfério norte para hemisfério sul. Temos o Equinócio de Setembro, como já foi dito acima.

Nesse momento Cristo está entrando no Mundo do Espírito de Vida, no seu caminho descendente.

Ele está pronto a focar sua consciência no nosso Planeta Terra para que possamos ter vida e “vida em abundância” (Jo 10:10).

E, então, novamente a 21 ou 22 de dezembro um raio do Cristo Cósmico chega até o centro do nosso Planeta Terra e começa irradiar: toda a Sua Luz, todo o Seu Amor, toda a Sua Vida que funciona como um influxo rejuvenescedor do nosso Pai celestial.

Estamos na época em que as poderosas vibrações espirituais vivificantes da onda Crística estão na atmosfera terrestre e podemos utilizá-las com maior vantagem se conhecemos esse fato e redobrarmos nossos esforços o que seria impossível se nós não estivéssemos conscientes disso.

Imaginemos o quão aprisionado sente-se um Ser da estatura de Cristo em ambiente tão cristalizado como o nosso Planeta.

Imaginemos quão grande é o Seu sacrifício que faz: por nossa causa e por nossa incapacidade de evoluirmos sozinhos.

Portanto, deveríamos agradecer por esse sacrifício anual indispensável. A melhor forma de expressar essa gratidão é colaborando com Ele, nos dando a nós mesmos em serviço para com todos os nossos semelhantes, ajudando a limpar o Corpo de Desejos do nosso Planeta e vivenciando a Fraternidade Universal por onde vivemos. Assim construindo nossos Corpos-Almas, um dia tomarmos a Sua carga e o Seu fardo, libertando-O dessa Sua prisão anual e dirigirmos a nossa Evolução para cima e para frente em direção ao nosso Pai Celestial.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

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Pergunta: A Terra passa por ciclos de alternância. Esses encontram alguma correspondência no ser humano?

Resposta: Os Solstícios de Junho e Dezembro, tanto como os Equinócios de Março e Setembro, são pontos de alternância, de mudança, na vida do Grande Espírito Planetário da Terra, o Cristo.

Assim, também, a concepção traduz o início da descida do Ego ao Corpo Denso, culminando no nascimento aqui na Região Química do Mundo Físico. Isso inaugura o período de crescimento, até alcançar a maturidade. Daí começa uma época de frutificação e de amadurecimento, a par do declínio das energias físicas, até terminar na morte, que livra o ser humano da matéria.

Depois, manifesta-se uma época de metabolismo espiritual e se colhem as experiências terrestres, transformando-as em poderes da alma, em tendências e talentos. Tais poderes e talentos serão postos a juros em vidas futuras para prosperarmos e nos fazer mais ricos espiritualmente até sermos merecedores do título de “Fiéis Administradores” e de ocuparmos postos maiores e melhores entre os servos da Casa do Senhor.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1974-Fraternidade Rosacruz-SP)

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As Razões Visíveis e Esotéricas para o Solstício de Junho

Os Solstícios marcam o momento em que a vibração terrestre é mais elevada e em que os Raios Cósmicos da Vida Crística entram profundamente (Solstício de Dezembro) ou saem definitivamente (Solstício de Junho).
Juntamente com os Equinócios de Março e Setembro, constituem os pontos decisivos na vida do Grande Espírito Planetário da Terra, Cristo.

O Solstício de Junho – ótimo momento para se fazer um importante exercício esotérico na sua véspera: Ritual do Solstício de Junho!

Aqui você tem o texto para fazer esse exercício esotérico: https://fraternidaderosacruz.com/ritual-do-servico-do-solsticio-de-junho/

Razões Visíveis: No Solstício de Junho a Terra está se aproximando no máximo AFASTAMENTO do Sol.
Como sabemos, a Astrologia funciona em projeção geocêntrica, e a declinação dá-nos a maior ou menor angulação que o astro considerado faz com o Equador, tal como visto da Terra.

Assim, à medida que os dias se vão aproximando de Junho, a declinação do Sol vai aumentando: passa de 0º em 21-22 de Março até atingir um máximo de 23º 26′ em 20-21 de Junho: então parece que fica “parado”, cerca de três dias nos 23º 26′ (daí o verbo sistere, que compõe “solstício”), uma vez que estamos vendo em projeção geocêntrica contra o fundo da Esfera Celeste, e a partir do dia 24-25 volta “para trás” e os dias começam a diminuir.
Essas razões físicas são as partes visíveis que verificamos como evidências de que o Solstício de Junho é o momento em que a Terra está chegando ao seu ponto mais longe do Sol.

Razões Esotéricas: esteja você no hemisfério norte ou no sul, independentemente da inversão das estações, uma coisa não muda: é a DISTÂNCIA, maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. A Terra percorre uma elipse em torno do Sol, ao longo do ano, e não uma circunferência perfeita, e o Sol ocupa um dos focos dessa elipse.
Como dissemos acima, no Solstício de Junho, a Terra está no máximo AFASTAMENTO do Sol, o que provoca uma diminuição de espiritualidade com o correlativa intensificação e pujança de vitalidade física.

O Planeta Terra fica, então, consciente de certo vazio, um vazio espiritual, enquanto a Glória Cósmica se afasta.
A liturgia Cristã associa este tempo ao festejo de São João Batista, o Precursor (24 de Junho), que antecede e anuncia o Solstício seguinte, o de Dezembro. Daí as palavras de São João Batista: “Fui enviado adiante d’Ele.” (Jo 3:28) e “Ele deve crescer, e eu diminuir.” (Jo 3:30).

Esta é a época em que o Cristo, tendo alcançado o Trono do Pai (o Mundo do Espírito Divino) depois de ter completado Seu trabalho terrestre por mais um ano, é saudado pela hoste celestial, os Senhores da Sabedoria, que também habitam lá. Em honra a este grande Ser, que deu Sua vida até à exaustão, é apropriado juntarmo-nos àquele coro celeste cantando:

“Aclamem todos o poder do nome de Cristo Jesus!
Deixem os Anjos prostrados caírem;
Tragam o diadema real,
E como o Senhor de todos, O coroem.”

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Forte Aperto da Pata do Leão

Um correspondente deseja saber o que determina a época da Páscoa a cada ano e, sendo maçom, também deseja saber qual a conexão entre a ressurreição de Cristo na Páscoa e a ressurreição de Hiram Abiff na simbologia maçônica.

Terminada a nossa série sobre a Iniciação Cristã Mística, continuaremos o assunto com outro artigo que trata da Iniciação e se chama “Maçonaria e Catolicismo”. Nesses artigos, o assunto mencionado por nosso correspondente será amplamente debatido. Enquanto isso, esboçaremos brevemente a lenda maçônica que é necessário conhecer para compreender o assunto a que se refere.

A lenda maçônica diz que no início Iahweh criou Eva e o espírito de Lúcifer, Samael, uniu-se a ela; dessa união nasceu Caim. Então Samael deixou Eva e ela se tornou virtualmente uma viúva; assim, Caim era filho de uma viúva e dele descenderam todos os artesãos do mundo, incluindo Hiram Abiff, o grande mestre-de-obras do templo de Salomão, a quem Iahweh revelou o projeto para o Seu templo; mas, Salomão foi incapaz de executar o projeto e, portanto, compelido a contratar Hiram Abiff, um artesão exímio, filho de Caim e, portanto, filho de uma viúva.

Os elevados maçons místicos reconhecem o fato de que, do ponto de vista cósmico, Hiram Abiff é simbolizado pelo Sol. Enquanto o Sol (Hiram) está nos Signos do norte — Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem — ele está entre amigos e seguidores fiéis, mas quando, no decorrer do ano, ele entra nos Signos do sul — Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes — ele é atacado pelos três conspiradores, conforme registrado na lenda maçônica, e finalmente morto no Solstício de Dezembro, para ser novamente ressuscitado enquanto sobe em direção ao equador, que ele cruza no Equinócio de Março.

A lenda maçônica relata que a Rainha de Sabá viajou de longe para ver o sábio Salomão de quem ela tanto ouvira falar. Ela também viu o belo templo e quis ver o exímio artesão, o mestre-de-obras e seus operários, que haviam forjado tal maravilha. Mas, sempre houve inimizade entre os filhos de Caim e os filhos de Seth. Mesmo quando eles cooperaram, nunca confiaram totalmente um no outro e Salomão temia que sua bela noiva pudesse se apaixonar por Hiram Abiff; portanto, ele se esforçou para chamar os trabalhadores pessoalmente, mas nenhum respondeu. Eles “conheciam a voz do seu pastor”, Hiram Abiff (o Sol em Áries, o Signo do cordeiro). Eles foram treinados para obedecer ao seu chamado e não atenderiam a outra voz. Portanto, Salomão foi finalmente forçado a mandar chamar Hiram Abiff e pedir que ele chamasse seus artesãos; no momento em que ergueu o seu martelo (1 grau de Áries, que é o Signo de sua autoridade e exaltação), eles vieram em uma multidão que não poderia ser contada, cada um ansioso para fazer a sua vontade.

Em meados de março o Sol (Hiram) ingressa em Áries a 1 grau, Signo de sua Exaltação. Esse Signo tem a forma do martelo que Hiram ergueu e todos os trabalhadores do templo (o Universo) correm para cumprir suas ordens e continuar seu trabalho, quando ele ascender ao trono de sua dignidade e autoridade nos céus do Norte. Ele é o seu pastor porque no Equinócio de Março ele entra no 1° grau de Áries, o Signo do carneiro ou cordeiro. Eles o ouvem, mas essas forças da natureza assumem o comando de ninguém menos que o Sol em Áries, o Sol da Páscoa.

Essa é a interpretação cósmica, mas de acordo com a Lei da Analogia, Hiram, o filho de Caim, também deve ser elevado a um grau superior de Iniciação e somente o Espírito-Sol, prestes a subir aos céus, poderia realizar a façanha. Portanto, Hiram renasceu como Lázaro e foi levantado pelo forte aperto da pata do Leão. Ele havia sido um líder dos artífices durante o regime de Iahweh e Seu filho Salomão. Por essa Iniciação ele foi elevado com o propósito de ser um líder no Reino de Cristo e ajudar as mesmas pessoas em uma fase superior de sua evolução. Portanto, ele se tornou Cristão, encarregado de explicar os mistérios da Cruz e como símbolo desse mistério a Rosa foi adicionada a ele; essa missão foi incorporada em seu nome simbólico, Christian Rosenkreuz.

Em geral, a rosa é chamada de emblema do mistério; mas, a maioria das pessoas não sabe que essa adição da rosa à cruz foi a origem desse significado simbólico. A rosa é o emblema do mistério da cruz porque explica o caminho da castidade, a transmutação do sangue da paixão em amor. Lázaro, portanto, tornou-se Cristão Rosa-Cruz e os Rosacruzes são os mensageiros especiais de Cristo para os filhos de Caim, como Jesus é para os filhos de Abel.

Os fariseus sabiam muito sobre a origem oculta dessas duas classes da humanidade e, portanto, o milagre de Lázaro foi para eles o grande crime do Cristo. Eles ficaram seriamente alarmados com o fato de que sua Religião nacional seria substituída por outra, se mais sinais fossem realizados, pois eles sentiram que fosse uma Iniciação de natureza mais elevada do que eles conheciam e um presságio da entrada em um ciclo superior. Antes de Cristo, todas as Religiões eram Religiões de Raça, adequadas às pessoas a quem foram dadas e apenas a elas. Todas essas Religiões eram Religiões de Iahweh, pois assim como o Pai foi o mais elevado Iniciado do Período de Saturno e Cristo, o Filho, foi o mais elevado Iniciado do Período Solar, Iahweh, o Espírito Santo, foi o mais elevado Iniciado do Período Lunar. De Iahweh, então, vêm as Religiões de Raça, que se empenham em preparar a humanidade no caminho da evolução por meio da lei. Essas Religiões de Raça serão substituídas pela Religião universal do Espírito-Sol Cristo, que unirá todos os seres humanos em uma fraternidade. A mudança de uma para outra e o fato de que a Religião do Deus lunar Iahweh deve preceder a Religião do Espírito-Sol Cristo é simbolizada pela maneira como a Páscoa é determinada.

A regra em uso atual para determinar o tempo da Páscoa é que ela aconteça no primeiro domingo após a Lua Cheia pascal. Isso foi adotado pelos primeiros Cristãos, que tinham conhecimento e consideração pelo significado oculto, mas logo pessoas ignorantes começaram cismas e fixaram-na em diferentes épocas. Isso ocasionou grande controvérsia. No segundo século surgiu uma disputa sobre esse ponto entre as Igrejas orientais e ocidentais. Os Cristãos orientais celebravam a Páscoa no 14º dia do primeiro mês ou Lua judaica, considerando-a equivalente à Páscoa judaica. Os Cristãos ocidentais celebravam no domingo, após o 14º dia, sustentando que fosse a comemoração da ressurreição de Jesus.

O Primeiro Concílio de Nicéia, 325 d.C., decidiu a favor do uso ocidental, marcando a prática oriental com o nome de heresia. Isso, no entanto, apenas estabeleceu a norma de que a Páscoa não deveria ser celebrada em um determinado dia do mês ou da Lua, mas em um domingo. O ciclo astronômico adequado para calcular a ocorrência da Lua da Páscoa ainda não tinha sido determinado, mas eles finalmente adotaram o antigo método de fixar o festival pela Lua e, assim, o antigo costume original foi finalmente revivido. Dessa forma, a Páscoa, agora, é celebrada no mesmo dia exigido pela tradição oculta e necessária para simbolizar adequadamente o significado cósmico do evento. A esse respeito, tanto o Sol quanto a Lua são fatores necessários, porque a Páscoa não é meramente uma festa solar. O Sol não deve apenas ultrapassar o Equador, como acontece em 21 de março, mas também a Lua Cheia após o Equinócio de Março, e então o domingo seguinte é a Páscoa, o dia da Ressurreição. A luz do Sol de Março ou Abril deve ser refletida por uma Lua Cheia antes que esse dia possa raiar na Terra e há, como foi dito, um profundo significado oculto por trás desse método de determinar a Páscoa; a saber, que a humanidade não está suficientemente evoluída para ter a Religião do Sol, a Religião Cristã da fraternidade universal, até que ela tenha sido totalmente preparada através das Religiões da Lua, que segregaram e separaram a humanidade em grupos, nações e raças; isso é simbolizado pela ascensão anual do Espírito do Sol na Páscoa, sendo adiada até que a Lua Jeovística tenha refletido completamente a luz do Sol da Páscoa.

Todos os fundadores das Religiões de Raça — Hermes, Buda, Moisés, etc. — foram Iniciados nos mistérios jeovistas. Eles eram Filhos de Seth. Em sua Iniciação, eles foram animados por seu Espírito de Raça particular e Ele, falando pela boca de tal Iniciado, deu leis a seu povo, como, por exemplo, o Decálogo de Moisés, as leis de Manu ou as nobres verdades de Buda. Essas leis manifestavam pecado porque o povo não as guardava e não podia mantê-las em seu estágio de evolução. Em consequência disso os povos fizeram uma certa dívida de destino. Esse destino, o Iniciado humano fundador da Religião teve que assumir e então precisou nascer de novo e de novo para ajudar seu povo. Assim, Buda nasceu como Shankaracharya e teve vários outros renascimentos. Moisés renasceu como Elias e João Batista; mas Cristo, por outro lado, não precisava nascer, em primeiro lugar. Ele o fez de livre e espontânea vontade para ajudar a humanidade, para revogar a lei que traz o pecado e emancipar a humanidade da lei do pecado e da morte.

As Religiões de Raça do Deus lunar Iahweh transmitiam a vontade de Deus à humanidade de maneira indireta por meio de videntes e profetas, que eram apenas instrumentos imperfeitos como os raios lunares que refletem a luz do Sol. A missão dessas Religiões é preparar a humanidade para a Religião universal do Cristo Sol-Espírito, que Se manifestou entre nós sem intermediário, como a luz que vem direto do Sol, e “vimos a Sua glória como o unigênito do Pai”, quando ensinou o Evangelho do Amor. A Religião Cristã não oferece leis, mas prega o Amor como o cumprimento da lei; portanto, nenhuma dívida de destino é gerada sob ela e assim, o Cristo, que não teve necessidade de nascer, não será atraído para o renascimento sob a Lei de Consequência, como foram os fundadores das Religiões lunares da Raça, que devem carregar de vez em quando os pecados de seus seguidores. Quando Ele aparecer, será em um corpo feito dos dois Éteres superiores — o Éter de Luz e o Éter Refletor — o Dourado Manto Nupcial, chamado de soma psuchicon ou Corpo-Alma por São Paulo, que é muito enfático em sua afirmação de que “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Ele afirma que seremos transformados e seremos semelhantes a Cristo; ora, se não podemos entrar no Reino em um corpo carnal, seria absurdo supor que o Rei da Glória usaria uma roupa tão grosseira e pesada!

O Sacerdócio, do qual Iahweh tirou Seus representantes, os profetas, os fundadores de Religiões e os construtores de templos espirituais, são os Filhos de Seth. Os Filhos de Caim ainda sentem no peito a natureza divina do seu ancestral; eles repudiam o método indireto de salvação pela fé da Igreja e insistem em encontrar a luz da Sabedoria eles mesmos pelos métodos diretos do trabalho, aperfeiçoando-se nas artes e ofícios e construindo o templo da civilização material pela indústria e estadismo, de acordo com o plano de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, sendo Cristo “a principal Pedra Angular” e cada maçom místico uma “pedra viva”.

Com o tempo, porém, essas duas grandes correntes dos Filhos de Seth e dos Filhos de Caim devem se unir para alcançar os portais do Reino de Cristo. Antes do Seu tempo, não havia como tal amálgama ocorrer, mas quando Cristo, o grande Espírito do Sol, veio, Salomão renasceu como Jesus, em quem o Cristo-Espírito entrou no Batismo e Hiram Abiff renasceu como Lázaro. Quando Lázaro foi levantado pelo forte aperto da pata do Leão de Judá, Hiram e Salomão, os antigos antagonistas, apagaram suas diferenças, conforme solicitado pelo Espírito de Cristo, e ambos estão trabalhando agora para o estabelecimento do Reino de Cristo. Foi isso que os fariseus, de alguma forma, sentiram ou presumiram e daí seus temores de que esse Jesus iniciaria muitas pessoas e as retiraria da Religião de Raça com a qual eles (os fariseus) estavam fiéis seguidores.

(por Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio/1917 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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Preâmbulo para Ritual do Serviço de Véspera de Natal (Noite Santa) Rosacruz

1.

A data do Natal marca o retorno da atenção do Cristo ao nosso Planeta Terra. O “nascimento anual” do Cristo que chega, mais uma vez, no centro do nosso Planeta Terra. Por isso, no ofício do Ritual do Serviço Devocional de Véspera de Natal (ou Noite Santa) – que oficiamos no dia 24 de dezembro – leremos o relato da Anunciação e do Nascimento de Jesus. A partir desse momento cósmico, todos os anos, um raio do Cristo Cósmico “nasce” no centro do nosso Planeta Terra com o objetivo de continuar o Seu Plano de Salvação até que possamos, nós mesmos, manter esse Campo de Evolução chamado Planeta Terra em perfeito funcionamento.

2.

Esse seu trabalho anual de estar, do centro do nosso Planeta emanando todo o Seu Amor, toda a Sua Vida e toda Sua Luz é de vital importância para a nossa evolução. Sem Ele fatalmente morreríamos e perderíamos todas as oportunidades de crescimento espiritual, pois perderíamos esse Campo de Evolução, seja pela cristalização, seja pela insistência em não seguir o Plano Divino.

3.

A Ele e a esse Seu trabalho, nós devemos essa disposição de ser: fraternos, irmãos, dispostos a servir, a ajudar, a amar, a cooperar com o Plano de Deus para a nossa evolução.

4.

Solstício e Equinócio, termos que escutaremos, são termos emprestados da Astronomia. Estão relacionados com o movimento que o nosso Planeta Terra faz em torno do Sol durante todo um ano. Determinam o início das Estações do Ano.

5. Para o hemisfério sul:

Equinócio de 21, 22 ou 23 de Setembro – marca o início da Primavera

Solstício de 21 ou 22 de Dezembro – marca o início do Verão

Equinócio de 20 ou 21 de Março – marca o início do Outono

Solstício de 20 ou 21 de Junho – marca o início do Inverno

6.

No Solstício de Dezembro o Sol está mais perto da Terra, independente do hemisfério em que se está, e nesse momento a Terra está permeada, mais fortemente, pela aura do Sol Espiritual, com o relativo aumento do Fogo Sagrado inspirador para o nosso Crescimento Anímico, o Crescimento da Alma.

No Solstício de Junho o Sol está mais perto da Terra, independente do hemisfério em que se está, e nesse momento a Terra está permeada por uma diminuição de espiritualidade, com a relativa intensificação e pujança de vitalidade física.

No Equinócio de Setembro o Sol cruza o equador da Terra, independente do hemisfério em que se está, e é a partir desse Equinócio de Setembro que a espiritualidade áurica do Sol começa a se aproximar (as pessoas começam a sentir maior atração pelos estudos mais profundos do mistério da vida) e, consequentemente, a vitalidade física começa a reduzir.

No Equinócio de Março o Sol cruza o equador da Terra, independente do hemisfério em que se está, e é a partir desse Equinócio de Março que começa uma redução da espiritualidade áurica do Sole, consequentemente, a aumento da vitalidade física (onde as pessoas se sentem mais atraídas a se dedicar aos assuntos materiais).

7.

A Filosofia Rosacruz nos ensina que Solstícios e Equinócios têm a ver com o trabalho do Cristo:

  • No Equinócio de Setembro o Cristo inicia o seu retorno ao Planeta Terra
  • No Solstício de Dezembro o Cristo alcança o centro do nosso Planeta Terra
  • No Equinócio de Março o Cristo inicia o seu retorno ao Trono de Deus Pai
  • No Solstício de Junho o Cristo alcança o Trono de Deus Pai

                                                                                QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Lição do Natal que devemos Relembrar todos os Anos

Novamente nos encontramos na Estação do Natal, o período mais santo do ano. Retrocedamos mais de vinte séculos, e entremos numa singela casinha da cidade de Nazaré, na Galileia, para contemplarmos, deslumbrados, uma tocante cena. O Anjo Gabriel, enviado por Deus a Maria, esposa do varão José, exclamou-lhe: “Salve mui favorecida; o Senhor é convosco, Bendita sois entre as mulheres”. Maria está perturbada e o Anjo a tranquiliza, dizendo: “Não temas, porque achaste Graça junto de Deus; conceberás e parirás um filho, e o chamarás Jesus, Este será grande e chamado Filho do Altíssimo, e Lhe dará o Senhor Deus o trono de Davi, seu pai”.

São passados nove meses. Voltemos novamente o nosso olhar para uma estrada que vai de Nazaré a Belém, na Judeia. Acompanhemos José e Maria (prestes a ser mãe), caminhando com a finalidade de dar cumprimento à ordem de César Augusto, de que todos fossem recenseados. O casal chega a uma hospedaria, porém não encontra lugar. Pacientemente, Maria e José encaminham-se para outro local. É noite. Estamos em uma colina. Sob frondosa árvore, pastores com seus rebanhos repousam. Uma estranha magia e deslumbrante luz envolvem a paisagem. Ouve-se um cântico de glória despertando os pastores. Um formoso Anjo, acompanhado da Milícia Celestial, surge entoando a “Glória a Deus nas maiores alturas e Paz aos homens de boa vontade a quem Ele quer bem”. Os pastores estão temerosos, mas são tranquilizados pelas palavras do Anjo: “Não temais, pois eu vos trago uma boa nova de grande gozo e que o será para todo o povo, é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, um Salvador. Eis para vós um sinal: Encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada numa manjedoura”.

Os Anjos retornam para os céus. Acompanhemos os pastores dirigindo-se a Belém, e vejamos o santo acontecimento. Uma estrela de incomparável fulgor está próxima à estrebaria. Dentro estão Maria e José reclinados sobre uma manjedoura, contemplam uma adorável criança. Eis Jesus, nosso amado Irmão Maior! Despojado de todo conforto material, mas envolto pela Glória do Senhor, presenteado com Ouro, Incenso e Mirra por três reis vindos de longe, guiados pela fulgurante estrela, eis a Santa Criança! Que maravilhoso exemplo de amor, desprendimento e humildade. Que sublime lição nos dá Jesus, ao nascer em uma estrebaria! Ele, um iniciado e filho de iniciados, havia percorrido o caminho da santidade através de muitas vidas. Recebeu a maior honra concedida a um ser humano, ceder Seus Corpos Denso e Vital para Cristo, um Raio do Cristo Cósmico, auxiliar a humanidade em sua jornada evolutiva.

Nos países frios, a comemoração em 25 de dezembro foi adotada pela Igreja com a finalidade de cristianizar a festa de Deus Sol, até então considerada uma festa pagã, uma adoração ao Sol físico. Tal data foi observada mais tarde pelas demais nações cristãs. De acordo com os ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, os Solstícios de Junho e de Dezembro e os Equinócios de Março e Setembro são pontos de alternância, de mudança na vida do Grande Espírito da Terra, um Raio do Cristo Cósmico, que veio substituir a Lei pelo Amor, aparecendo como “um homem entre os homens”, demonstrando que somente de dentro é possível conquistar a separatista Religião de Raça – que age de fora – e estabelecer a Fraternidade Universal.

O sacrifício de Cristo encerra a comprovação que se processa com o advento do Equinócio de Setembro e o lançamento da semente anímica da época do Natal. Portanto, não se comemora meramente o nascimento do nosso amado Irmão Maior Jesus de Nazaré, senão o influxo rejuvenescente de amor e vida.

Como poderemos considerar esse processo de manifestação da Onda Crística em nosso hemisfério (Sul), sabendo-se que as Estações são opostas? Note aqui que uma coisa – que é a mais importante de tudo, pois garante o trabalho do Cristo por todo o Planeta Terra – que se mantém idêntica tanto para o hemisfério norte como para o hemisfério sul, independentemente da inversão das estações: é a distância, maior ou menor, entre o Sol e o Planeta Terra. Sabemos que a Terra translada em torno do Sol por meio de uma órbita elíptica (não circular), ao longo do ano, e que o Sol ocupa um dos focos dessa elipse (lembrando que a elipse tem dois focos). Próxima a data que temos o Solstício de Dezembro (o ponto conhecido como periélio da Terra ocorre entre 2 e 6 de janeiro de cada ano), o foco em que o Sol se encontra está mais próximo da Terra, o que resulta a Terra estar permeada mais fortemente pela aura do Sol espiritual, com o correlativo aumento do Fogo Sagrado inspirador de crescimento anímico em nós. Inversamente, no Solstício de Junho (o ponto conhecido como afélio da Terra ocorre entre 2 e 6 de julho de cada ano) o foco em que o Sol se encontra está mais longe da Terra, o que provoca uma diminuição de espiritualidade, portanto, uma intensificação e pujança da vitalidade física. Assim, é natural que a partir do Equinócio de Setembro – período em que a espiritualidade do Sol começa a se intensificar aqui na Terra e, inversamente, a vitalidade física começa a se enfraquecer, todos sintam, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, uma certa atenuação para se tratar dos assuntos materiais e, em contrapartida, uma maior propensão para o recolhimento interno onde se predomina o tratamento a assuntos espirituais.

(publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O Inventário Espiritual durante a Estação Santa

Dezembro de 1916

Cristo comparou as almas aspirantes de Seu tempo aos servos que haviam recebido um certo número de talentos do senhor deles e deveriam negociar com eles para aumentar o capital confiado aos cuidados deles[1]. Podemos compreender, por essa Parábola, que a todos os que aspiram servi-Lo é exigido, igualmente, usar os seus talentos fornecidos por Deus, de tal maneira que possam mostrar um aumento de crescimento da alma quando, no devido tempo, forem chamados a prestar contas de sua administração.

Essa contabilidade, ao que diz respeito à maioria da humanidade, é adiada até que o Ceifador tenha fechado o livro de registros da vida e essa grande maioria da humanidade se encontre no Purgatório, para auferir o resultado das ações praticadas durante a vida aqui recém-terminada, tenham sido elas cometidas porque a pessoa quis ou porque nem sabia que fez, o que achou que era para o bem ou para o mal.

Mas, o que pensaríamos de um empresário que praticasse um método tão imprudente, como o simbolizado pela Parábola dos Talentos, em conduzir seus negócios? Não nos pareceria que ele estivesse se encaminhando diretamente para a falência, se não equilibrasse as suas contas e fizesse um balanço dos seus ativos e passivos anualmente? Certamente concluiríamos que ele mereceu o fracasso, devido a sua insistência em não seguir os métodos do seu negócio mais apropriados para a questão.

Se nós percebemos o valor de um sistema e o benefício de constantemente conhecer com precisão, como nos posicionarmos em relação aos nossos assuntos materiais, nós também devemos buscar os mesmos métodos seguros em relação aos nossos assuntos espirituais. Não, devemos ser muito mais circunspectos na conduta dos assuntos celestiais do que na dos assuntos mundanos, pois nossa prosperidade material é tão somente um manter-se acordado em uma noite comparada ao bem-estar eterno do Espírito.

Estamos nos aproximando do Solstício de Dezembro, que é o começo de um Ano Novo do ponto de vista espiritual, e estamos ansiosos pela nova efusão de amor do nosso Pai Celestial por meio do Cristo Menino. Portanto, essa é a melhor época para fazer um balanço e nos questionar de que forma empregamos as ofertas de amor do ano passado, de como temos nos esforçados para juntar tesouros nos céus. E nós devemos experimentar um grande benefício, se abordarmos esse levantamento com o estado de espírito apropriado e no momento mais auspicioso, pois há um tempo para semear e um tempo para colher, e para tudo que está debaixo do Sol há um tempo em que poderá ser feito com maiores chances de êxito do que em qualquer outra época[2].

As estrelas são os marcadores dos tempo celestiais. Delas procedem as forças que nos influenciam ao longo da vida. Na Noite Santa, entre os dias 24 e 25 de dezembro, à meia-noite, no lugar onde você habita, você verificará que a retrospecção e as resoluções engendradas nessa ocasião para o Ano Novo serão mais eficazes.

Em Mount Ecclesia e nos vários Centros Rosacruzes se celebra o Serviço da Meia-noite na Noite Santa[3], e os Estudantes Rosacruzes que participam desse Serviço são, por isso, liberados de quaisquer atividades de comunhão consigo mesmo, como explicada no parágrafo anterior. Outros podem não conseguir ficar despertos até este momento e por várias razões. Para esses, oficiar o Serviço da Meia-noite Santa em qualquer uma das primeiras horas da noite ou da manhã terá a mesma eficácia. Mas, vamos nos unir todos nesta noite num esforço espiritual concentrado de aspiração; e que cada Estudante Rosacruz, não apenas ore pelo crescimento anímico individual no próximo ano, mas que todos se unam em uma oração pelo crescimento coletivo do nosso movimento. Todos da Sede Mundial também solicitam seus pensamentos de ajuda.

Se, neste momento, todos trabalharem arduamente, fazendo um esforço extenuante, nós teremos a certeza de que receberemos uma bênção individual e coletiva excepcional e teremos um ano espiritualmente próspero.

(Carta nº 73 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: A Parábola dos Talentos: Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas aquele que recebera um só o tomou e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’” Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’ (Mt 25:14-30).

[2] N.T.: “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar. Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras; tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Ecl 3:1-8).

[3] N.T.: O Ritual Devocional do Serviço de Véspera de Natal.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Qual a Simbologia Esotérica sobre o profeta Jonas ter passado três dias e três noites no ventre de um peixe?

Resposta: “Então alguns dos escribas e fariseus tomaram a palavra: ‘Mestre quiséramos ver-te fazer um milagre'”. (Mt 15:1)

Respondeu-lhes Cristo Jesus:

“Esta geração adúltera e perversa pede um sinal; mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas. Do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no seio da terra. No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas. No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão”. (Mt 12:38-42)

Cristo afirmou aos escribas e fariseus que “uma geração má e adúltera buscava um sinal, porém, nenhum lhe seria dado, senão o do profeta Jonas“.

Muita especulação tem sido feita e muitas controvérsias têm surgido em consequência dessa afirmação do Mestre; contudo, nos registros ocultos encontramos uma interpretação razoável.

Jonas significa pomba, o bem reconhecido símbolo do Espírito Santo. Durante três dias, correspondendo às Revoluções de Saturno, Solar e Lunar do Período Terrestre, bem como às “noites” que entre elas se intercalam, o Espírito Santo e todas as Hierarquias Criadoras trabalharam na “grande profundidade”, isto é, aprimoraram as partes internas da Terra e do ser humano.

Daí então a Terra emergiu de seu estado aquoso de desenvolvimento, durante a Época Atlante, para um estado gradativamente mais seco, mais luminoso, na atual Época Ária. Dessa forma “Jonas, a Pomba Espírito” consumou a salvação da maior parte do gênero humano.

Entretanto, houve uma época em que a natureza passional do ser humano tornou-se tão descontrolada, a ponto de engendrar sérias dívidas ante a Lei de Consequência, e que fatalmente incorreria num perigo quanto à estabilidade e equilíbrio do próprio Planeta. Por esta razão, Cristo iniciou um trabalho de auxílio à carente humanidade. Quando do Batismo desceu “como uma pomba” (não na forma de pomba) sobre o homem Jesus.

Como Jonas (a pomba do Espírito Santo) permaneceu três dias e três noites no Grande Peixe (a Terra aquosa), assim, o Cristo penetra anualmente no coração da Terra, atingindo-o no Solstício de Dezembro, todos os anos e permanecendo lá por três dias, proporcionando-nos o impulso necessário à jornada que abrangerá outras três revoluções no Período Terrestre. Ele está nos ajudando a eterizar a Terra, nos preparando para as futuras condições do Período de Júpiter.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1968-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Os Mitos têm Valor Real ou são, em grande parte, Fantasias da Imaginação?

Resposta: Os mitos contêm profundas verdades ocultas. O antagonismo entre a luz e as trevas é descrito em inumeráveis desses mitos que são bastante semelhantes em suas linhas gerais, embora variem as circunstâncias de acordo com o estágio evolucionário dos povos onde são encontrados. À Mente normal eles geralmente parecem fantásticos porque os fatos são descritos de maneira puramente simbólica e, portanto, em completo desacordo com as realidades concretas do mundo material. Contudo, essas lendas encarnam grandes verdades de suas escamas de materialismo.

Em primeiro lugar, devemos ter em mente que o antagonismo entre a luz e as trevas, existente aqui no Mundo Físico, é apenas a manifestação de um antagonismo semelhante, existente também nos reinos moral, mental e espiritual. Esta é uma verdade fundamental, e todo aquele que conhece a verdade deve saber que o mundo concreto, com todas as suas coisas que julgamos serem tão reais, sólidas e duráveis, não passa de uma manifestação evanescente criada pelo pensamento divino, e que reverterá ao pó dentro de alguns milhões de anos, antes que também se dissolvam os outros mundos que supomos serem irreais e intangíveis, quando então voltarmos mais uma vez ao seio do Pai, para repousar, até que chegue a aurora de um outro e maior Dia Cósmico.

É especialmente por ocasião do Natal, quando há pouca luz e as noites são longas (no Hemisfério Norte), que a humanidade volta sua atenção para o Sol Meridional, e aguarda ansiosamente o momento em que ele recomeçará sua jornada em direção ao norte, trazendo luz e vida ao nosso hemisfério gelado. Vemos na Bíblia como Sansão, o Sol, tornava-se cada vez mais forte à medida que cresciam seus cabelos, como as forças das trevas, os Filisteus, descobriram o segredo de seu poder e cortaram-lhe os cabelos, ou raios, privando-o de sua força: como privaram-no da luz vazando-lhe os olhos e, finalmente, como o mataram no templo, no Solstício de Dezembro.

Os Anglo-Saxões falam da vitória do rei Jorge (1) sobre o dragão; os Teutões recordam como Beowolf (2) matou o dragão ardente e como Siegfried (3) venceu o dragão Fafner. Entre os Gregos encontramos Apolo (4) vitorioso sobre a serpente Pitão, e Hércules (5) sobre o dragão das Hespérides. A maioria dos mitos conta apenas a vitória do jovem Sol, mas há outras que, como a de Sansão acima citado, e Hiram Abiff da lenda Maçônica, contam também como o Sol, ao ficar velho, era vencido após ter completado seu circuito, estando pronto para dar nascimento a um novo Sol, que surge das cinzas da velha Fênix (6) para ser o portador da luz para um novo ano.

É uma lenda semelhante a que lemos na origem do agárico (7), uma história contada na Escandinávia na Islândia, porém, mais particularmente em Yuletide, quando o azevinho (8) vermelho mescla-se num maravilhoso efeito decorativo como o agárico branco – um símbolo vivo do sangue que era escarlate como o pecado, mas que se tornou branco como a neve. A história é a seguinte:

Antigamente, quando os deuses do Olimpo reinavam sobre a região do Sul, Wotan com sua companhia de deuses, imperava no Walhalla onde os pingentes de gelo decompunham a luz do Sol de inverno em todas as cores do arco-íris e o belo manto de neve fazia luzir até mesmo a noite escura, mesmo sem auxílio da flamante Aurora BoreaI. Eles constituíam uma companhia maravilhosa: Tyr, o deus da Guerra, ainda é lembrado entre nós, pois à terça-feira em inglês: Tuesday. Wotan, o mais sábio, é relembrado na quarta-feira: Wednesday; Thor continua conosco como o deus da quinta-feira: Thursday. Era ele quem brandia o malho, e quando o lançou contra os gigantes, os inimigos de deus e dos seres humanos, deu origem ao trovão e ao relâmpago, devido à força terrífica com a qual o martelo chocou-se contra as nuvens. A gentil Freya, a deusa da Beleza, de cujo nome derivou a sexta-feira em inglês Friday, e o traidor Loke cujo nome ainda vive no sábado Escandinavo, são tantos outros fragmentos atuais de uma fé esquecida.

Mas jamais houve algum deus como Baldur. Ele era o segundo filho de Odin e Freya, o mais nobre e mais gentil de todos os deuses, amado por todas as coisas da natureza. Ele excedeu a todos os seres não só em delicadeza como também em prudência e eloquência, e era tão belo e gracioso que a luz irradiava de si. Foi-lhe revelado em sonhos que sua vida estava em perigo, e isto pesou tão fortemente sobre seu espírito que fugiu da sociedade dos deuses. Sua mãe Freya, tendo conseguido que ele lhe contasse a causa de sua melancolia, convocou um concílio de deuses, e ficaram todos cheios de sombrios pressentimentos, pois sabiam que a morte de Baldur seria o prenúncio de sua derrota – a primeira vitória dos gigantes, ou das forças das trevas.

Por isso Wotan traçou “runes”, caracteres mágicos usados para predizer o futuro, mas todos lhe pareciam obscuros. Não podia obter deles um conhecimento mais profundo. O “Vaso da Sabedoria” que podia servi-los na presente conjuntura, estava sob a guarda de uma das Parcas, as deusas do Destino, de maneira que de nada lhes poderia ajudar, então. Ydum, a deusa da Saúde, cujos pomos dourados mantinham os deuses sempre jovens, tinha sido traída e caíra em poder dos gigantes, devido às trapaças de Loke, o espírito do mal, mas foi-lhe enviada uma delegação a fim de consultá-la sobre a natureza da doença que ameaçava Baldur se é que se poderia chamá-la de doença.

Contudo, ela só pôde responder com lágrimas, e finalmente, depois de um solene concílio convocado por todos os deuses, ficou determinado que todos os elementos, e tudo o mais existente na natureza, deveriam ser obrigados a fazer o juramento de jamais magoar ou ferir o deus gentil. Todos obedeceram à ordem, exceto uma insignificante planta que crescia a oeste do Palácio dos deuses; ela parecia tão débil e frágil que os deuses a acharam inofensiva, Contudo, a mente de Wotan avisava-o de que nem tudo estava certo. Pareceu-lhe que as Parcas da boa sorte tinham se afastado. Por isso resolveu visitar uma célebre profetisa chamada Vala. Era o espírito da terra e por ela ficaria sabendo da sorte reservada aos deuses, mas não recebeu nenhum conforto, e voltou ao Walhalla mais deprimido do que antes.

Loke, o impostor, o espírito do mal, era na realidade um dos gigantes, ou uma das forças das trevas, mas vivera durante certo tempo com os deuses. Era um vira-casaca que não dependia de ninguém e, portanto, era geralmente desprezado tanto pelos deuses como pelos gigantes. Um dia em que estava sentado lamentando do seu destino, numa densa nuvem elevou-se do oceano e pouco depois surgiu dela a figura do Rei dos Gigantes. Loke, aterrado, perguntou-lhe o que o trouxera àquele lugar. O monarca increpou-o acerbamente fazendo-lhe ver sua vileza, pois ele, um demônio por nascimento consentia em ser uma ferramenta dos deuses em sua ação contra os gigantes, a quem ele, Loke, devia sua origem. Não foi por afeição a ele que foi admitido na sociedade dos deuses, e sim porque Wotan sabia bem a ruína que ele e sua descendência acarretariam sobre os deuses, e pensava assim apaziguá-lo para adiar o momento funesto. Aquele que, por meio do seu poder e de sua astúcia, poderia ter-se tornado o chefe de um dos partidos, era agora desprezado por todos. O Rei dos Gigantes o repreendeu, além disso, por já ter várias vezes salvo os deuses da ruína e mesmo por já lhes ter fornecido armas a serem usadas contra os gigantes, e finalizou apelando ao proscrito para que inflamasse seu peito contra Wotan e toda a sua raça, como uma prova de que seu lugar natural era entre os gigantes.

Loke recolheu a veracidade de tudo aquilo e prontificou-se a ajudar seus irmãos com todas as suas forças e por todos os meios. O Rei dos gigantes lhe disse então que chegara o momento em que podia selar o destino dos deuses; que se Baldur fosse morto seguir-se-ia, mais cedo ou mais tarde, a destruição dos demais, e que a vida dos deuses pacíficos estava então ameaçada por um perigo ainda desconhecido. Loke lhe respondeu que a ansiedade dos deuses estava se extinguindo, pois Freya tinha obrigado todas as coisas a jurar, comprometendo-se em não ofender seu filho. O monarca negro replicou que deixara de prestar o juramento. Contudo, ninguém sabia o que se ocultava no coração da deusa. Voltou então a mergulhar no seu abismo negro, deixando Loke entregue a pensamentos ainda mais sombrios.

Loke então, assumindo a figura de uma anciã, apareceu a Freya e usando de astúcia extraiu-lhe o segredo fatal, isto é que julgando ser o agárico uma planta de natureza tão insignificante ela deixara de obter da humilde florzinha a promessa com a qual havia sujeitado todas as demais coisas. Loke não perdeu tempo e logo descobriu o local onde medrava o agárico arrancou-o inteiro com todas as raízes, entregou-o aos anões, que eram hábeis ferreiros, para que o transformassem numa lança. Eles fizeram esta arma usando de muitos encantamentos, e quando pronta pediram o sangue de uma criança para temperá-la. Foi lhes trazida uma criança pura, um dos anões mergulhou a lança em seu peito e cantou:

“The death-gasp hear,

Ho! Ho! – now’tis o’er –

Soon hardens the spear

In the babe’s pure gore –

Now the barbed dead feel,

Whilst the veins yet bleed,

Such a deed – such a deed –

Might harden e’en steel”.

Tradução livre:

“Ouve, da morte o exterior!

Haaa! Já terminou! A lança

fica temperada por

sangue puro da criança!

Sente, agora, a ponta afiada

Enquanto dá-se a sangria

tal façanha, consumada,

até o aço temperaria”.

Nesse ínterim os deuses, e os bravos mortos que estavam reunidos a eles para um torneio fizeram mira sobre Baldur, alvejando-o com todas as suas armas, a fim de convencê-lo de que suas apreensões não tinham fundamento, assim o julgavam, agora que estava invulnerável, pois sua vida havia sido protegida por um sortilégio.

Loke também se encaminhou para o local levando a lança fatal, e ao ver o atlético deus cego, Redor, apartado dos dentais, perguntou-lhe por que não honrava, também, a seu irmão aludindo à sua cegueira e à falta de uma arma. Loke colocou-lhe então nas mãos a lança encantada, e Hoedur, não suspeitando da maldade, feriu Baldur no peito com a lança feita do agárico, e Baldur tombou sem vida ao solo, para grande dor de todas as criaturas.

Baldur é o Sol do verão, amado por todas as coisas da natureza, e no deus cego Hoedur, que o mata com a lança, reconhecemos facilmente o signo de Sagitário, pois quando o Sol entra em Dezembro nesse signo emite uma luz muito fraca, e por isso dizemos que é morto pelo deus cego, Hoeduro. A figura de Sagitário, tal como aparece no Zodíaco ao Sul, apresenta simbolicamente a mesma ideia que a lança na história dos Eddas.

A lenda da morte de Baldur nos ensina a mesma verdade cósmica que tantas outras lendas de natureza semelhante, isto é, que o Espírito Solar deve morrer para as glórias do Universo quando, como Cristo, entra na terra para lhe trazer vida renovada, sem a qual cessariam todas as manifestações físicas do nosso Planeta. Assim como aqui a morte precede um nascimento nos reinos espirituais, também ali há uma morte no plano espiritual da existência antes que haja um nascimento num corpo físico. Como Osíris (9) no Egito é morto por Tifon antes que possa nascer Hórus, o Sol do Novo Ano, assim também Cristo deve morrer para o mundo superior antes que possa nascer na terra, trazendo-nos o necessário impulso espiritual anual; mas a nossa Santa Estação não comemora maior manifestação de amor do que aquele da qual o agárico é o símbolo. Sendo fisicamente de uma fragilidade extrema, ele adere ao carvalho, o símbolo da força. É a máxima fraqueza do mais fraco dos seres que fere o coração do mais nobre e pacífico dos deuses, de modo que, impelido por seu amor aos humildes, ele desce às sombras do submundo, como Cristo que, por nosso amor, morre anualmente para o mundo espiritual, para tornar a nascer em nosso planeta impregnando-o novamente com Sua Vida e Energia radiantes.

___________________

(1) Jorge – Trata-se do S. Jorge do hagiológio católico, padroeiro da Inglaterra, Aragão e Portugal. O único elemento histórico a seu respeito parece ser seu martírio em Lydda, na Palestina. Outros elementos de veracidade duvidosa são sua rápida ascensão na carreira militar, sua visita à Grã-Bretanha numa expedição militar e seu protesto contra as perseguições efetuadas por Diocleciano. Calvino impugnou a existência desse santo, mas as igrejas sírias e o cânon do papa Gelásio (494) aceitam-no como real. Sua ligação com um dragão apareceu no século VI. Em Arsuf ou Joppa, Perseu havia morto um monstro marinho que ameaçava a virgem Andrômeda, e Jorge herdou a veneração anteriormente votada ao herói pagão.

(2) Beowulf ou Bjolf – Rei dos Getas, na Jutlândia (século VIII A.D.). Após um reinado de 50 anos vê sua pátria ameaçada por um dragão ardente. Enfrenta-o com onze de seus guerreiros que o abandonam, ficando apenas um, Wiglaf; com sua ajuda mata o dragão, mas é ferido e morre nomeando Wiglaf seu sucessor.

(3) Siegfried – Herói germânico, fruto dos amores incestuosos de Sigmund e Sieglinda. Foi educado pelo anão Mime que dele quer se servir para roubar ao gigante Fafner o anel mágico dos Nibelungos, que dá ao seu possuidor o poder e a fortuna. Siegfried investe contra o gigante transformado em dragão; vence-o e apodera-se do amuleto.

(4) Apolo – Um dos grandes deuses da Grécia; personificava o Sol; filho de Júpiter e Latona nasceu em Delos, segundo Homero. A luta da Luz com as trevas simbolizada pela vitória de um deus ou de uma serpente em todas as mitologias arianas é na mitologia grega, o triunfo de Apolo sobre a serpente Pitão, morta no vale de Crissa, nas proximidades do Parnaso com setas forjadas por Vulcano.

(5) Hércules – Herói e semideus romano, o Héracles da mitologia grega. Filho de Zeus e Alcmena, dentre suas façanhas são famosos os Doze trabalhos, dos quais o décimo primeiro é o roubo das maças de ouro das Hespérides, ninfas filhas de Atlas e Héspero. Habitavam num grande jardim custodiando os frutos dourados com o auxílio do dragão Sadão. Hércules matou o dragão e apoderou-se dos pomos de ouro.

(6) Fênix – Ave fabulosa, animal sagrado entre os egípcios. Este nome, de origem grega, corresponde ao egípcio benu. Diz a lenda que quando se sentia morrer fazia um ninho de ramos de canela e incenso e depois se deixava sucumbir. De seus ossos nascia uma espécie de verme que logo se transformava numa nova ave.

(7) Agárico ou visco – Cogumelo venenoso, em forma de lança que medra de preferência em troncos de carvalho.

(8) Azevinho – Arbusto espinhoso; produz pequenos frutos vermelhos; suas folhas e frutos são muito usados na Europa e Estados Unidos como ornamento por ocasião do Natal.

(9) Osíris – Um dos deuses do antigo Egito; filho de Seb e Nut, marido e irmão de Isis, e pai de Hórus. É o deus do bem, que personifica a vegetação, o Nilo e o Sol. Governava o Egito quando Tifon, seu irmão, assassinou-o, encerrou-o num esquife e o lançou às águas do rio, que o transportaram até Biblos, em cujo local brotou um tamarindeiro. Isis desesperada procura o corpo do esposo até que o encontra. Beija-o e nesse momento supremo toda a terra estremece de alegria. Osíris reanimado levanta-se do ataúde. A terra cobre-se de vegetação e os egípcios, associando-se àquela alegria universal, celebram com ruidosas festas o renascimento do seu protetor.

(Pergunta nº 165 do livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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