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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Um caso de Renascimento ou de Obsessão?

Pergunta: Jornais noruegueses noticiaram, certa vez, um fato considerado por muitos como uma prova evidente do renascimento. A pessoa envolvida no caso, uma jovem estudante de 18 anos de idade, foi vítima de uma acidente, permanecendo quatro dias em estado de coma, durante os quais temeu-se pela sua vida. Mas, ao voltar a si, após esse lapso de tempo, surpreendeu a todos, respondendo às perguntas formuladas, em idioma russo, língua que jamais havia aprendido. Não reconheceu seus familiares, ignorando inclusive como havia chegado àquela situação. Disse chamar-se Ninha Taskourysch, nascida em São Petersburgo em 17 de março de 1897, fato esse que intrigou o médico atendente.

Um jornalista norueguês interessou-se sobremaneira pelo caso. Procurou provas a respeito, constatando, após algum tempo, a existência do registro de nascimento de Nina Taskourysch em São Petersburgo, na data acima mencionada. Porém, suas pesquisas não pararam por aí. Localizou duas irmãs vivas de Nina, as quais, além de lhe informar que o passamento dela se dera em 1916, em virtude de uma pneumonia, mostraram-lhe uma fotografia da falecida, tirada em 1915.

Ao voltar à Noruega, o jornalista mostrou a foto à acidentada, que exclamou: “Sou eu mesma. Onde você obteve essa fotografia?”

Como resultado dos acontecimentos procedeu-se a uma reunião de psicólogos, médicos e teólogos, a fim de debater-se a possibilidade ou evidência de renascimento.

Não posso compreender como essa jovem, falecida aos 19 anos de idade, retornou tão cedo à existência terrena, após 29 anos. Tivesse ela 9 anos, renasceria para auxílio complementar (de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes), assim sendo, também, como se explica uma mudança tão completa de personalidade?

Resposta: Parece-nos tratar-se mais de um caso de obsessão do que propriamente renascimento. Existem nos Éteres inúmeras entidades desencarnadas. Algumas, quando surge oportunidade, desalojam alguém do próprio Corpo Denso, apossando-se dele como fazem com os médiuns.

Essa jovem norueguesa, devido ao choque oriundo do acidente, provavelmente não conseguiu evitar que “Nina” mansamente penetrasse em seu Corpo Denso. Um Auxiliar Invisível altamente desenvolvido, treinado para esse tipo de trabalho, poderá ser de grande ajuda em casos dessa natureza.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross, traduzido e publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em dezembro/1969)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Meu Tributo a Max Heindel

por Corinne Heline

Queridos amigos, meu coração está muito feliz por poder estar aqui com vocês nesta ocasião e prestar minha pequena homenagem a nosso amado Max Heindel. Gostaria de contar-lhes sobre o dia em que conheci este homem extraordinário e, para fazer isso, terei que falar rapidamente sobre a minha vida pessoal. Espero que me perdoem por isso.

Talvez vocês saibam, pela minha maneira de falar, que nasci e fui criada no Sul. Eu era filha única e os meus primeiros anos foram cheios de dedicação por minha adorada mãe. Ela foi sempre para mim como uma linda fada. No entanto, ela era frágil e os dias de minha infância eram envoltos em medo de que algum dia eu poderia perdê-la. 

Assim, decidi, naquela época, que se ela morresse eu iria com ela.

Como podem ver, eu não sabia nada sobre o Renascimento e a Lei de Consequência. Nasci procurando a Luz e respostas para perguntas que nem sequer sabia formular. Não compreendia exatamente o que estava buscando. Consequentemente, não tinha ideia onde achá-las. E, como todos sabem, o Sul é profundamente ortodoxo e conservador, mas uma coisa eu sabia: que em algum lugar devia haver uma resposta mais adequada para os problemas da vida e da morte do que a ortodoxia dava e estava determinada a encontrá-la.

Enquanto isso, minha mãe ficava cada vez mais fraca e eu estava sempre cheia de medo de perdê-la. Alguns meses antes de sua doença fatal, uma amiga me telefonou e disse ter encontrado um livro novo que ela estava certa de que era exatamente o que eu estava procurando. Naquela mesma tarde eu fui à casa dela e vocês podem adivinhar que o livro era o “Conceito Rosacruz do Cosmos”.

Quando vi a Cruz de Rosas e li que nós tínhamos que transmutar as rosas vermelhas em uma rosa branca, eu soube que finalmente tinha encontrado o que queria. Naquela noite, antes de dormir, meu pedido já estava no correio a caminho de Oceanside. Contei os dias até o inestimável livro chegar e, assim que ele chegou, o médico disse que minha mãe tinha que se submeter a uma operação muito séria. Então, esse livro passou a ser meu companheiro inseparável. Dormia com ele debaixo do travesseiro, pois, embora pareça estranho, ele era o único consolo que o mundo poderia me dar. Depois da operação, o médico disse que não havia esperança e que ela só teria alguns meses de vida.

Eu continuava apegada ao meu abençoado livro. Então, de repente, tive um pensamento novo e estranho. Será que eu devia me matar e ir com minha mãe como tinha planejado ou deveria ir para Oceanside e dedicar minha vida ao trabalho de Max Heindel? A segunda parte da pergunta era a resposta. Estava decidida e, dez dias depois que minha mãe me deixou, eu estava em um trem, o Conceito debaixo do braço, a caminho da Califórnia para encontrar Max Heindel. Ele parecia ser o único bálsamo para minha dor que o mundo poderia me dar.

Oh! Quem dera que eu pudesse descrevê-lo realmente no primeiro dia em que o vi aqui em Mt. Ecclesia! Ele veio encontrar-se comigo com as mãos estendidas e sua face iluminada pela ternura, simpatia e compaixão. E, notem bem, eu não tinha tido nenhum contato pessoal com ele. Conhecia-o só por meio de seu livro e vocês podem imaginar minha enorme surpresa quando ele segurou minhas mãos nas suas e disse carinhosamente: “Minha filha, eu estive com você dia e noite durante a provação pela qual você acabou de passar. Eu sabia que quando terminasse, você viria. Agora você pertence ao meu trabalho”.

Aquele, queridos amigos, foi um dia muito significativo em minha vida. Foi o dia em que me dediquei completamente à vida espiritual e à Filosofia Rosacruz. Por cinco anos maravilhosos tive o privilégio de conhecer aquele homem sábio, de estudar e ser treinada sob sua direção e supervisão. Sempre considerei aqueles cinco anos como sendo os mais bonitos e mais espiritualmente frutíferos de toda a minha vida. Queria ser capaz de descrever aquele homem maravilhoso como o conheci. Quando penso em suas admiráveis características, talvez a qualidade que mais profundamente apreciei foi sua extraordinária humildade. Enquanto ele estava ávido em ajudar onde quer que fosse possível, estava sempre firme mantendo no seu interior a personalidade de Max Heindel.

Enquanto eu estudava sua completa dedicação à vida simples, muitas vezes pensava nas palavras de nosso Senhor Cristo: “Eu não sou nada. É o Pai que tudo faz”.

Eu penso, queridos amigos, que Max Heindel demonstrou a mais perfeita combinação do ser místico e prático que já conheci. Ele era simples e humilde. Os serviços domésticos mais simples ele fazia com a maior dignidade e satisfação. Ele descia ao curral e ordenhava a vaca se necessário fosse, pois como sabem, naquele tempo nós tivemos um curral e uma vaquinha aqui em Mt. Ecclesia. Ele tirava mel das abelhas, pois nós tivemos abelhas também. Ele subia nos postes telefônicos e consertava um fio partido; ele plantava árvores, cavava o jardim e colhia vegetais; ele fazia as coisas mais simples com a mesma dedicação e entusiasmo com que ia ao escritório, à sala de aula ou de conferência para expandir sua grande sabedoria ou talvez encontrar o Mestre que o guiou neste grande trabalho.

Nas noites de sábado, era costume manter uma sessão de perguntas e respostas na biblioteca. Havia uma mesa que se estendia por todo o comprimento da sala e os estudantes se reuniam em volta com o Sr. Heindel, de pé, para responder as perguntas. Cada estudante podia fazer uma pergunta e tinha de ser por escrito. Então, o Sr. Heindel recolhia as perguntas e respondia uma a uma. Observando-o cuidadosamente, eu descobri que ele, intuitivamente, sabia a quem cada pergunta pertencia e sempre se dirigia àquele de quem a pergunta tinha vindo. Nas muitas vezes que assisti a essas memoráveis sessões, ele nunca se enganou em identificar a pessoa que tinha feito a pergunta. Era sempre cuidadoso e meticuloso e nunca deixava uma pergunta sem ter certeza de que aquele que perguntara estivesse completamente satisfeito com a resposta.

Foi numa destas maravilhosas reuniões esclarecedoras que eu adquiri meu primeiro entendimento do importante lugar que a cor e a música iriam ocupar na preparação do mundo para a próxima Nova Era. Max Heindel anunciava que dedicaria uma hora para perguntas e respostas nessas reuniões. Entretanto, constantemente, essa hora era estendida para duas ou duas e meia e até três horas. Eram momentos tão estimulantes que o tempo parecia voar nas asas do encantamento.

Queridos amigos, quisera ser capaz de dizer-lhes tudo o que Mt. Ecclesia significava para Max Heindel quando o conheci. Como ele amava este lugar! Ele sabia o grandioso destino que estava guardado para o trabalho que ele fundamentou. Naquela época, havia um banco colocado perto da Cruz de Rosas iluminada que ficava no jardim. Ali ele se sentava cada noite, por alguns minutos ou talvez uma hora antes de se recolher, orando ou meditando, irradiando amor e bênçãos sobre esta terra sagrada e sobre todos aqueles que viviam aqui servindo à Obra fielmente.

Quisera descrever para vocês como seu semblante amigo se iluminava quando ele, com profunda reverência e devoção, olhava a iluminada Cruz de Rosas que tanto significava para ele. Nunca se cansava de nos falar das coisas maravilhosas guardadas em Mt. Ecclesia. Ele falava constantemente da Panaceia, a fórmula da qual os Irmãos Maiores da Rosa Cruz são guardiães e cujos discípulos capacitados terão a permissão de usar na cura e consolo de multidões que chegarão de todas as partes do mundo para esta capela sagrada.

Ele nos falava de seu sonho de um belo teatro grego que seria, em sua visão, construído no cânion abaixo da Capela e no qual seriam apresentadas peças com mensagens espirituais e verdades ocultas tais como os grandes dramas de Shakespeare e outros clássicos inspirados. Ele também via um tempo em que Mt. Ecclesia teria sua esplêndida orquestra composta de estudantes regulares e que apresentaria no teatro obras dos grandes mestres compositores, particularmente Beethoven e Wagner, os quais reconhecia como elevados Iniciados na música. Ele também dizia que haveria aulas de introdução musical. Max Heindel gostava de falar dos Irmãos Maiores e de como eles, em seus estudos sobre a Memória da Natureza, tinham sido capazes de observar através das eras e ver as condições do mundo de hoje. Foi por esta razão que eles deram a Filosofia Rosacruz ao mundo.

Queridos amigos, a alma do mundo de hoje está doente, cheia de sofrimento, busca e questionamento. Não há resposta para essas perguntas. O que o mundo está verdadeiramente procurando é uma ciência mais espiritualizada e uma religião mais científica. A Filosofia Rosacruz tem a resposta para essas duas questões. A Filosofia é a continuação do trabalho que nosso Mestre, Cristo, trouxe para a Terra e deu para os Doze Imortais. Ela contém o inestimável presente que Cristo nos trouxe, isto é, as Iniciações Cristãs que contêm o verdadeiro sentido da religião da Era de Aquário que se aproxima. Max Heindel entendeu tudo isto muito bem. Ele sabia do grande destino que está reservado para a sua obra. Desta forma, nunca permitiu que o desapontamento ou as dificuldades o detivessem. Ele sempre manteve seus olhos fixos nas estrelas.

Queridos amigos, é um grande privilégio sermos guardiães deste grande trabalho e deste consagrado lugar, que foi escolhido pelos Grandes Seres como um local de treinamento para aqueles que puderem passar pelos testes rigorosos que os tornarão capazes de ser incluídos entre os pioneiros da Nova Era que se aproxima.

Assim, meus amigos, sigamos, todos, os passos de Max Heindel. Unamo-nos em paz, harmonia e amor para que possamos fazer nossa parte no desempenho da missão para a qual nosso amado líder se dedicou e sacrificou durante toda sua vida. Fixemos nossos olhos na direção das estrelas como ele fez. Vamos encarar este mundo com uma nova luz, um novo poder e uma nova esperança, porque só assim seremos fiéis à nossa busca e veremos o glorioso destino deste grande trabalho ser alcançado. É verdadeiramente a religião que será o coração e a pedra angular da nova Idade de Aquário. Que Deus abençoe cada um e todos no caminho da busca da Eterna Luz.

(Publicado na revista “Rays from the Rose Cross”, em Jul/Ago 1997 – baseado na palestra realizada em Mt. Ecclesia em 23 de julho de 1965, na comemoração do centenário do nascimento de Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossas Dificuldades para Viver Bem e, ao mesmo tempo, estar Preparado para Morrer a Qualquer Momento

Vivendo uma boa vida, aqui e agora, e evitando os diversos perigos de nossa Terra, podemos preparar-nos para o Céu e evitar uma perda de tempo no Purgatório.

Então, quando renascermos, o faremos em melhores circunstâncias, poderemos continuar no caminho, fazer mais rápidos progressos e situar-nos para melhor servir a Deus, onde quer que estejamos. Não podemos avançar sozinhos. Precisamos ser ajudados pelos mais avançados no Caminho, mas nós também devemos ajudar aos outros na senda e socorrê-los em seu avanço.

A vida é uma jornada desde o berço até a tumba e mais além e de novo ao berço; e assim, de vida em vida. Cada vida é como um dia na escola.

Aprendemos umas poucas lições da vida, cada vez que regressamos à Terra e, a seu tempo, devemos tê-las aprendido todas; então estaremos preparados para conhecer a Deus.

Deveríamos nos preparar para o encontro com a morte enquanto gozamos de boa saúde. Se esperarmos até que nos surpreenda alguma enfermidade, pode ser muito tarde para fazer a necessária preparação.

A morte pode vir de repente.

Em nossos dias, milhares de pessoas morrem todo ano em acidentes de automóvel ou de outro tipo. Em tais casos, não há tempo para se preparar para a morte.

Vamo-nos tal como somos, tanto se estamos prontos, como se não.

O Purgatório é um lugar muito real e todos serão julgados depois da morte.

Será fácil, para qualquer um que esteja presente, ver se vivemos vidas boas ou não, pois nossos Corpos de Desejos assim o revelarão.

Cada um de nós deveria se esforçar por construir um bonito Corpo de Desejos sem mancha nem defeito.

Um Corpo de Desejos composto de delicados matizes de ouro, azul, rosa, verde claro, azul claro com traços de lilás e branco brilhante indica um Ego avançado, que viveu uma vida útil, como um auxiliar da humanidade.

Consideremos a história do homem rico e de Lázaro:

Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e cada dia se banqueteava com requinte. Um pobre, chamado Lázaro, jazia à sua porta, coberto de úlceras. Desejava saciar-se do que caía da mesa do rico… E até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, em meio a tormentos, levantou os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro em seu seio. Então exclamou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo para me refrescar a língua, pois estou torturado nesta chama’. Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que recebeste teus bens durante tua vida, e Lázaro por sua vez os males; agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. E além do mais, entre nós e vós existe um grande abismo, a fim de que aqueles que quiserem passar daqui para junto de vós não o possam, nem tampouco atravessem de lá até nós’. Ele replicou: ‘Pai, eu te suplico, envia então Lázaro até à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; que leve a eles seu testemunho, para que não venham eles também para este lugar de tormento’. Abraão, porém, respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam’. Disse ele: ‘Não, pai Abraão, mas se alguém dentre os mortos for procurá-los, eles se arrependerão’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam nem a Moisés nem aos Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão’”.” (Lc 16:19-31).

O rico não estava preparado para conhecer a Deus, mas Lázaro sim. Isto nos mostra a vantagem de viver uma vida boa e estar pronto para ir ao Céu em vez de ao Purgatório.

Aqui uma linda passagem da Bíblia que nos faz refletir sobre tudo isso:

Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez, pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”.

E contou-lhes uma parábola: “A terra de um rico produziu muito. Ele, então, refletia: ‘Que hei de fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. Depois pensou: ‘Eis o que vou fazer: vou demolir meus celeiros, construir maiores, e lá hei de recolher todo o meu trigo e os meus bens. E direi à minha alma: Minha alma, tens uma quantidade de bens em reserva para muitos anos; repousa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus lhe diz: ‘Insensato, nessa mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas que acumulaste, de quem serão?’ Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico para Deus.” (Lc 12:15-21).

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Diagrama – Um Ciclo de Vida

Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.

A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.

A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.

A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.

Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.

Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.

A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.

Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.

Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.

Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.

Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.

Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.

Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.

Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.

É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.

A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.

Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.

Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.

O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.

A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.

Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.

Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.

Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.

A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.

Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.

Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.

Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.

Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.

A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.

As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.

Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.

Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.

Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.

No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.

Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.

Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.

As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.

Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.

Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.

De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.

Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.

O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.

Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.

Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida. Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto aonde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.
Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na mente da criança.
O corpo de desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o corpo de desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o infl

Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.

A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.

A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.

A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.

Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.

Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.

A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.

Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.

Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.

Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.

Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.

Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.

Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.

Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.

É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.

A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.

Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.

Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.

O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.

A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.

Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.

Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.

Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.

A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.

Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.

Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.

Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.

Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.

A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.

As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.

Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.

Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.

Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.

No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.

Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.

Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.

As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.

Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.

Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.

De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.

Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.

O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.

Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.

Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida.

Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto onde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.

Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na Mente da criança.

O Corpo de Desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o Corpo de Desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o influxo de sentimentos. Se habituar-se a confiar na palavra dos mais velhos e estes sempre lhe falarem sabiamente, o moço, no mínimo, terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará seguramente. Se, porém, houver uma falha, ele poderá desnortear-se.

É o tempo em que deve ser ensinado a investigar as coisas por conta própria para que aprenda a formar opiniões individuais. Procuremos imprimir-lhes a necessidade de pesquisar cuidadosamente antes de julgar e, também, quanto mais fluídicas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novos fatos e adquirir novos conhecimentos. Deste modo, alcançará sua maioridade aos vinte e um anos, quando a Mente se libertar também, e será capaz de ocupar o seu lugar no mundo como um cidadão íntegro e probo, graças àqueles que dele cuidaram amorosamente em seus anos de desenvolvimento: um homem ou uma mulher bem-educados.

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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A Lembrança da Alma – A Lenda do Alecrim

Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Assim canta o pequeno Alecrim, a flor da lembrança, para todos aqueles que farão uma pausa e ficarão quietos por um tempo suficiente para ouvir sua canção. “Só aquele que encontrou as lágrimas que brilham no coração por cada júbilo e êxtase e que medita à luz de cada dor é sábio o suficiente para ouvir o canto do Alecrim e recordar”. Assim, os Anjos cantam enquanto exalam uma bênção perfumada sobre suas pétalas estreladas. Mais detalhes? Leia aqui: A Lembrança da Alma – A Lenda do Alecrim

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Uma Divina Aventura com um Narciso e o Mar

Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Leiamos o caso de Narciso. E depois vamos entender essa expectativa de poder ser uma mãe, aquele atributo que atende a um Ego, novamente, que aguarda ansiosamente o retorno à Terra. Mais detalhes? Leia aqui: Uma Divina Aventura com um Narciso e o Mar

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O Idílio de Narciso – Um Prelúdio para aquelas que esperam ser Mamães

Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Leiamos o caso de Narciso. E depois vamos entender essa expectativa de poder ser uma mãe, aquele atributo que atende a um Ego, novamente, que aguarda ansiosamente o retorno à Terra. Mais detalhes? Leia aqui: O Idílio de Narciso – Um Prelúdio para aquelas que esperam ser Mamães

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As Dificuldades no Caminho de Volta

Existem dois momentos mais cruciais nessa vida que devemos enfrentar sozinhos: quando nascemos nesse Mundo Físico; e quando dele partimos.

Mais especificamente, estamos sozinhos quando: estamos diante da nova vida que escolhemos viver; ou diante das experiências dessa vida que acabamos de viver.

Portanto, a solidão emprega um papel importantíssimo em nossa evolução. Infelizmente, poucos têm consciência disso. Muitos têm medo dela, fazendo dela uma terrível ameaça. Nem em um ambiente muito silencioso conseguem ficar por muito tempo! Aliás, a solidão se torna ameaça quando não sabemos usá-la. E ela se torna um problema porque não compreendemos o que ocorre quando estamos sozinhos.

Sabemos que a nossa Mente está muito ligada ao nosso Corpo de Desejos, especialmente na sua parte inferior. Se não nos ocupamos com alguma coisa nesse Mundo Físico, começamos a preencher a Mente com assuntos que não gostaríamos de pensar, começamos a nos sintonizar no negativo ou no supérfluo. Tentamos preencher a nossa Mente com algo ou que nos agrada – principalmente o negativo – ou com algo que não nos comprometa, coisas supérfluas. Afinal: “semelhante atrai semelhante”. Entretanto, chega um dia em que nós, se somos Aspirantes à vida superior, temos que enfrentar um dilema: prosseguir sozinho o nosso caminho rumo à Verdade.

Infelizmente, a maioria de nós sente pouco interesse em querer conhecer as verdades ligadas à realidade espiritual. A maioria gosta de viver apegada a sua Personalidade (manifestada pelo conjunto Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) e, a sua Individualidade (Tríplice Espírito) fica sempre em segundo plano.

A propósito, já é clássico que para muitos de nós, a Individualidade se manifesta somente quando sofremos. Aí está a importância do sofrimento no nosso Esquema de Evolução.

Infelizmente, a maioria ainda não está disposta a (como lemos em Mateus 16:20): a esquecer-se de si mesmo, a erguer voluntariamente a sua cruz e a seguir os passos de Cristo. Aliás, é em Mateus (7:13-14), que encontramos o importante ensinamento direcionado ao Aspirante a Vida Superior: “Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçosa a senda que leva à perdição, e muitos os que por ela entram. Quão estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram!”.

E isso é o que mais vemos no nosso cotidiano. Para muitos de nós não interessa “entrar pela porta estreita” já que é “difícil o caminho que leva à Vida espiritual”. Por isso que “poucos são os que o encontram”.

Quando nos achamos sozinhos, o que nos vem para pensar é fruto daquilo que nos alimentamos quando não estamos sozinhos. Ou seja: as situações que passamos são assimiladas quando estamos sozinhos.

Portanto, se: renunciamos às curiosidades e escolhemos leituras tais, que mais sirvam para nos compungir, que para nos distrair; nos abstivermos de conversações supérfluas e passatempos ociosos; nos abstivermos da sede insaciável por novidades e por boatos; acharemos tempo mais que suficiente para cuidarmos de nós mesmos, para relembrar os benefícios de Deus, para refletir sobre o nosso papel nesse esquema de evolução e para reforçar o nosso compromisso e a nossa vontade de percorrer o “caminho mais apertado” e “passar pela porta mais estreita que nos leva à Vida espiritual”.

E essa busca pela solidão que nasce em nós, como abraçamos a causa em ser um Aspirante à vida auperior, é causada pelo ardente desejo de nos afastarmos do mundo, mundo esse que acaba não compreendendo as nossas atitudes.

Senão vejamos: a maioria de nós não quer nem se preocupar em pensar nas três intrigantes perguntas que permeiam a nossa existência: de onde viemos; porque estamos aqui; para onde vamos.

Queremos curtir essa vida do que jeito que ela vier. No máximo nos esforçamos para modificá-la materialmente buscando o objetivo de ter muito dinheiro, saúde, uma boa posição social, liberdade para agirmos como quisermos.

Outros de nós, ainda, buscamos ter uma família, filhos, equilíbrio social e financeiro. Tudo voltado à realização no plano do Mundo Físico. Como que, chegando à idade avançada, nos sentiremos realizados, felizes e completada a nossa missão!

Ainda há, entre nós, os que se arriscam no plano espiritual mundano, buscando no Cristianismo popular satisfazer algo que sente que lhe falta, mas que não entende bem. Quando o faz pelo anseio interno de que deve servir aos seus semelhantes, pois todos são Filhos de Deus, significa que já entendeu, pelo menos, que existe algo mais importante nessa vida que a busca pela felicidade material.

Muitos de nós, infelizmente, o fazemos: pela aparência social, ou por lhe trazer algum alívio de consciência, ou ainda, o que é pior, pela possibilidade de ter alguma coisa boa em troca, como se Deus fosse mercenário.

Por não concordar com toda essa insensatez é que nós, quando decidimos ser Aspirante à vida superior, buscamos nos separar de tudo aquilo que é socialmente aceito ao nível da crença ou do comportamento. E isso sempre nos trás problemas, pois, como é possível observar em nosso cotidiano: “meninos passam indiferentes por uma árvore sem frutos, porém, se estiver carregada ricamente, jogarão pedras para despojá-las das frutas”. Do mesmo modo ocorre com cada um de nós: enquanto ocos, andando com a multidão, não há problemas. Quando, porém, atitudes conscientes são tomadas, as mesmas serão sentidas como o caminho certo pela integridade interna das outras pessoas e nos tornamos, sem querer, censura viva, mesmo se os nossos lábios não proferirem uma palavra de censura sequer.

As críticas e as chacotas que recebemos, após ousarmos a separação do que é tradicional, trarão, sem dúvida, um ardente desejo de nos afastarmos do mundo que parece não nos compreender, a ponto de querermos ingressamos no primeiro mosteiro que nos permitisse continuar a nossa vida espiritual em paz e buscando a solidão como a companheira inseparável.

Entretanto, jamais devemos esquecer que o baluarte da nossa evolução é aqui no Mundo Físico. Que somente cumprimos a nossa missão em mais uma estada na Terra quando vencemos esse mundo e não quando dele fugimos.

Cristo sabia da dificuldade que nós teríamos quando decidíssemos começar a voltar para a Casa do Pai e rompêssemos com os dogmas, os costumes, a crença e os hábitos, quando disse no Sermão da Montanha, em Mateus 5:10-11: “Bem aventurados os que sofrem perseguições por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. (…) Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós”.

O meio ambiente em que fomos colocados pelos Anjos do Destino foi de nossa própria escolha, quando estávamos no Terceiro Céu, olhando com os olhos do Espírito, sem o empecilho da cegueira produzida pela matéria, prestes a descer mais uma vez para esse Mundo Físico.

Assim, o nosso ambiente contém lições preciosíssimas e cometeríamos um grave engano evadir do mesmo por completo. Do mesmo modo, todas as pessoas ao nosso redor e com as quais precisamos conviver, oferecem oportunidades de serviço, que não poderão ser encontrados em mosteiros ou outras espécies de retiros. Além disso, essas oportunidades foram feitas sob medida para um nosso nível de evolução, a fim de que aprendamos exatamente o que necessitamos, no grau que podemos assimilar. E é importantíssimo lembrar que o serviço é um componente importante no Caminho da Iniciação.

Além disso, a sem obras – sem o serviço prestado – é morta. Como lemos na Epístola de São Tiago 2,14-26: “De que aproveitará, meus irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Poderá a fé salvá-lo? Se o irmão ou a irmã estiverem nus e carentes do alimento cotidiano e algum de vós lhes disser: ‘Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos’, mas não lhes derdes com que satisfazer à necessidade do corpo, que adiantaria? Assim também a simples fé, se não tiver obras, será morta. Mas alguém dirá: ‘Tu tens fé e eu tenho obras’. Mostra-me tua fé sem as obras que eu por minhas obras te mostrarei a fé”.

A exortação de São Paulo em sua Epístola aos Efésios 6:10-15 é muito atual e deve permear para todo Aspirante à vida superior: “Vistam toda a armadura de Deus… para que possam resistir no dia ruim, e tendo feito tudo fiquem de pé. Estai, pois firmes, tendo cingido os vossos lombos com a verdade e vestido a couraça da justiça e calçados os pés com o zelo do evangelho da paz.”.

Então, como podemos nos fortificar para essas batalhas com as quais devemos contar?

Primeiro: lembre-se do que Cristo disse quando enviou os Seus Discípulos ao Serviço pela humanidade. E que certamente é o mesmo recado para todo Aspirante à vida superior: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos; portanto sedes prudentes como as serpentes e inocentes como as pombas.” (Mt 10:16).

Segundo: busque a organização dos nossos instrumentos utilizados para satisfazer as nossas necessidades de evolução, quais sejam: os nossos veículos Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente da seguinte maneira: para resistir à crítica, devemos aprender a efetuar a nossa autocrítica, o julgamento de nós mesmos.

Muito nos ajuda o exercício de Retrospecção e o desenvolvimento de um raciocínio abstrato que constitui o uso da Mente não atrelada ao Corpo de Desejos: para resistir à tendência da Mente em divagar quando estamos a sós levando-nos a pensar no que não queremos e nos envolver com matéria das Regiões inferiores do Mundo do Desejo, devemos aprender a fixar o pensamento num ideal e mantê-lo assim, sem permitir que se desvie. É uma tarefa sumamente difícil.

Muito nos ajuda o exercício de Concentração: para resistir à tentação de utilização da Mente como meio de fixar pensamentos que se perdem ao longo do tempo, não deixando nada de aprendizado, ou seja, desperdiçando a força mental, devemos aprender com eles, extraindo de cada pensamento que criamos toda a utilidade que dele pode vir.

A prática de estudos que envolvem a lógica, o Esquema, Caminho e Obra da Evolução (que temos completo no livro Conceito Rosacruz do Cosmos) ou conceitos abstratos, tais como matemática, física e música permitem que nossas Mentes, passem a funcionar menos atrelada a parte inferior do Corpo de Desejos; assim a tendência em preencher a Mente com assuntos divagadores e sem importância que sob os ditames do Corpo de Desejos fica menor.

Com isso tornamos mais práticas as nossas ideias. Se não a utilizamos de imediato ficará disponível para utilização futura. Aos poucos vemos que todo aquele pensamento que nos dedicamos rapidamente aparecerá a oportunidade de utilizarmos. Afinal mostramo-nos pró-ativos, dispostos a ajudar, prontos para servir.

Muito nos ajuda o exercício de Meditação, para resistir à dúvida, devemos utilizar a lógica. Deduzir e tirar conclusões de todos os fatos observados e vividos. É muito fácil chegar a conclusão, sobre a cegueira do Ser Humano nessa Terra, dada por Cristo nos Evangelhos: “têm olhos e não vêem… têm ouvidos, mas não ouvem”. Não deixe que as circunstâncias falem por si. Não se deixe levar ao sabor dos ventos também aqui, no ponto em que você deve ter a sua opinião. Utilize do raciocínio lógico. Como disse Max Heindel: “a lógica é o melhor instrutor no Mundo Físico e o guia seguríssimo em qualquer mundo”.

Muito nos ajuda o exercício de Observação e depois o de Discernimento. Aqui já não importa mais se estamos sozinhos ou no meio de uma multidão. A solidão deixa de ser um refúgio, ou de ser temida para ser apenas mais um momento que vivemos como qualquer um outro. Estamos aonde melhor podemos servir, melhor podemos ser úteis, tendo a certeza de que “Deus mora em meu coração”, como disse São João Evangelista. Toda essa segurança buscada pelo Aspirante à vida superior tem como objetivo ajudá-lo a realizar, nessa presente passagem, tudo que ele escolheu como aprendizado. E se ele conseguir conquistar tal segurança estará como disse Abraham Lincoln: “É difícil a tarefa de derrubar um Ser Humano quando se sente digno e apoiado no parentesco com o Grande Deus que o criou”.

Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Vislumbres de uma Vida Passada

Por Max Heindel

Há alguns anos, o escritor visitou Minneapolis para dar um curso em forma de palestras; lá, conheceu a Srta. Margaret S — uma fotógrafa comercial que fez nossos slides (para usar no estereóptico[1]) para “Parsifal”, “O Anel dos Niebelungos”, etc. Nós nos tornamos bem conhecidos e no decorrer das conversas sobre certos gráficos, também sendo feitos em forma de slides, o assunto “Renascimento” entrou em discussão.

A Srta. S. tinha apenas uma vaga ideia do ensino. Parecia mais uma ideia nova de que a vida é uma Grande Escola e que voltamos a ela, vida após vida, para aprender novas lições, como uma criança volta para uma escola terrena, dia após dia, com o mesmo propósito.

Mas, parecia lançar luz sobre um problema que a intrigava há anos. Ela tinha uma irmã mais nova, Anne, que era uma criança muito diferente e “imaginava” coisas muito estranhas; isso era quase angustiante para os outros membros da família. Ela insistiu que já tinha vivido antes e da última vez foi no Canadá, onde, segundo ela, “derrubei os portões”.

Ela era apenas um bebê e não poderia ter ouvido isso de alguém da família, pois ninguém entendia ou acreditava no Renascimento. Portanto, há apenas uma hipótese razoável, a saber, que ela carregou a consciência do passado.

A Srta. S. não sabia, na época, o que significava a expressão “derrubei os portões”, mas um artigo na revista American Magazine, de julho, apresenta a história da “imaginação” da pequena Anne, que ganhou o primeiro prêmio. Reimprimimos o artigo conforme publicado.

“Anne, minha meia-irmã mais nova, quinze anos mais jovem, era uma criança estranha desde o início. Ela nem mesmo se parecia com algum membro da família de quem já ouvimos falar, pois era escura, quase morena, enquanto o restante de nós éramos claros, mostrando nossa ancestralidade escocesa-irlandesa inconfundivelmente.”

“Assim que ela conseguiu falar usando frases conectadas, ela contava histórias de Fadas para si mesma e, apenas para se divertir, eu anotava seus murmúrios com meu lápis em meu antigo diário. Ela era minha responsabilidade especial — minha mãe era uma mulher muito ocupada — e eu estava muito orgulhosa dela. Essas tramas de fantasia nunca foram do tipo usual dos Contos de Fadas infantis, porque, além da imaginação infantil, havia neles fragmentos de conhecimento que um bebê não poderia ter absorvido de forma alguma.

“Outra coisa notável sobre ela era que tudo o que fazia parecia fazer por hábito e, de fato, tal era sua insistência, embora nunca soubesse explicar o que queria dizer com isso. Se você pudesse ver o modo turbulento com que ela levantava sua caneca de leite, quando tinha apenas três anos, e engolia o leite de uma vez, você teria estremecido de tanto rir. Isso deixava minha mãe particularmente constrangida e ela reprovava Anne repetidamente.”

“O bebê era uma boa e pequena alma; parecia tentar obedecer e, então, em um momento de distração, trazia outra ocasião de mortificação. ‘Eu não posso evitar, mãe’, ela dizia repetidamente com lágrimas em sua voz de bebê. ‘Eu sempre fiz assim!’.

“Tantos foram os pequenos incidentes em seus ‘hábitos’ de fala, pensamento, comportamento e memória que, finalmente, paramos de pensar sobre eles e ela própria estava completamente inconsciente de que era diferente das outras crianças.”

“Um dia, quando ela tinha quatro anos, ficou muito indignada com papai sobre algum assunto e, enquanto se sentava no chão, à nossa frente, anunciou sua intenção de ir embora para sempre.”

“‘De volta ao céu, de onde você veio?’, perguntou meu pai com falsa seriedade. Ela balançou a cabeça.”

“‘Eu não vim do céu para você’, ela afirmou com aquela convicção serena a que estávamos bastante acostumados agora. ‘Eu fui para a Lua primeiro, mas — você sabe sobre a Lua, não é? Costumava ter gente nela, mas ficou tão difícil que tivemos que ir embora.’”

“Isso parecia ser um Conto de Fadas, então peguei meu lápis e meu diário.”

“‘Então’, meu pai a conduziu, ‘você veio da Lua para nós, não é?’”

“‘Oh, não’, ela disse a ele de forma casual. ‘Eu estive aqui muitas vezes — às vezes eu era um homem e às vezes eu era uma mulher!’”.

“Ela foi tão serena em seu anúncio que meu pai riu muito, o que enfureceu a criança, pois ela não gostava de ser ridicularizada de forma alguma.”

“‘Eu era! Eu era!’, ela se mantinha indignada. ‘Uma vez eu estive no Canadá, quando era homem! Eu me lembro do meu nome, até’”.

“‘Oh!’, ele zombou, ‘as garotinhas dos Estados Unidos não podem ser homens no Canadá! Qual era o seu nome, de que você se lembra tão bem?’”

“Ela esperou um minuto. ‘Era Lishus Faber’, arriscou-se ela; depois repetiu com mais segurança, ‘é isso — Lishus Faber’. Ela combinou os sons para que isso fosse tudo que eu pudesse entender — e o nome assim permanece no meu diário até hoje, ‘Lishus Faber’”.

“‘E o que você fazia para viver, Lishus Faber, naqueles dias?’. Meu pai então a tratou com a falsa solenidade condizente com sua segurança e acalmou seu corpinho nervoso”.

“‘Eu era um soldado’ — ela concedeu a informação triunfantemente — ‘e eu derrubei os portões!’”.

“Isso é tudo o que está registrado lá. Repetidamente, eu me lembro, tentamos fazer com que ela explicasse o que queria dizer com a frase estranha, mas ela apenas repetiu as palavras e ficou indignada conosco por não entender. Sua imaginação parou nas explicações. Vivíamos em uma comunidade culta, mas, embora eu tivesse repetido a história para perguntar sobre a frase — como se conta histórias de filhos amados, você sabe —, ninguém podia fazer mais do que conjeturar seu significado”.

“Alguém me encorajou a realmente ir mais longe no assunto e, por um ano, estudei todas as histórias do Canadá em que pude ter acesso, histórias sobre uma batalha na qual alguém ‘derrubou os portões’. Tudo em vão. Finalmente, fui dirigido por um bibliotecário a uma história de ‘documentário’, suponho que seja isso — um livro antigo e engraçado no qual a letra “s” é parecida com “f”, você sabe. Isso aconteceu mais de um ano depois, quando eu já havia perdido as esperanças. Era um livro antigo e curioso, curiosamente pitoresco em muitos de seus contos, mas descobri um que tirou todos os outros da minha cabeça por um tempo. Foi um breve relato da tomada de uma pequena cidade murada por uma pequena companhia de soldados; um feito notável, de certa forma, porém sem importância geral. Um jovem tenente, com seu pequeno bando — e a frase saltou aos meus olhos — ‘derrubou os portões’… O nome do jovem tenente era ‘Aloysius Le Febre’”.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: um projetor de slides (tem 2 lentes, normalmente uma em cima da outra) ou uma “lanterna mágica” relativamente poderosa, que possui duas lentes, geralmente uma acima da outra, e tem sido usada principalmente para projetar imagens fotográficas.

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É Plenitude

Segundo os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, o verdadeiro propósito da existência não é a felicidade, mas a experiência pela qual nos é possível desenvolver os poderes espirituais latentes e transformá-los em faculdades ativas, servindo ao Plano Divino da evolução.

A frase acima encerra essencialmente, ou nas entrelinhas, uma ideia em torno da qual gravitam várias outras correlatas que a complementam.

Reiteramos: a finalidade da vida não é lograr a felicidade, mesmo porque essa ainda não foi claramente conceituada pelos seres humanos. O que vem a ser realmente a felicidade? Cada um a configura à sua maneira. A seu respeito temos tantas definições quantas são as criaturas que a almejam. Para o ser humano comum, em linhas gerais, significa um estado ideal.

Quem, afinal, obteve esse dom divino, essa graça suprema de alcançar um estado ideal? Falando em termos práticos e objetivos, esse estado, para ser ideal, deverá ser duradouro, inabalável e indestrutível. Caso contrário, não valerá a pena lutar para concretizá-lo. É vão o esforço despendido para desfrutar momentos fugazes e fugidios.

Examinemos agora o panorama do mundo em que vivemos. São perenes os momentos de segurança? As posições, sejam humildes ou elevadas, são absolutamente estáveis? Os seres humanos vivem e trabalham com inabalável fé no amanhã? Por que os conflitos? Por que as fugas? Há paz em todos os quadrantes da Terra?

Cada um responda, se quiser, a essas indagações, e em seguida passe a alinhavá-Ias. Temos a certeza de uma coisa: muitos chegarão às mesmas conclusões.

Quão objetivos e paradoxalmente subjetivos são os conceitos de felicidade. Como divergem, entrechocam-se e distanciam-se os pontos de vista a respeito.

Uma coisa é certa: não podem consubstanciar-se em fatos ou condições transitórias, caso contrário suas bases serão frágeis e enganadoras.

A admirável sabedoria dos Rosacruzes proporciona uma visão ampla e profunda do problema.

O ser humano, face sua ignorância, inverteu não só o seu papel no mundo, mas também a finalidade das coisas. O que deveria ser um fim passou a ser um meio e vice-versa.

O ser humano real é um espírito imortal, célula do corpo cósmico de Deus. Possui todos os atributos divinos. É intrinsecamente divino. Assim como uma gigantesca árvore encontra-se potencialmente em uma minúscula semente, de maneira análoga, o espírito e dotado, em forma latente, de todos os poderes comuns à Divindade. Para que a árvore cresça e de frutos, a semente deverá ser lançada à terra em condições especiais. Deverá ser objeto de determinados cuidados. Para o florescimento de todas as suas potencialidades anímicas, o Espírito também deve ser convenientemente trabalhado. Presentemente, a existência material constitui esse processo. O mundo é literalmente uma grande escola. É a fonte de todos os impactos, de todas as experiências que lapidam o ser real, predispondo-o, através da evolução, a galgar esferas de ação superiores.

O ciclo de Renascimento e mortes provê o ser humano de meios para se elevar acima de todas as limitações. Diariamente, vê-se as voltas com lições as mais variadas, cujo valor educativo, se conveniente assimilado, desperta-lhe, gradativamente, as faculdades espirituais.

O mundo, os acontecimentos, as conquistas, as descobertas e os bens materiais, os veículos utilizados pelo espírito constituem um meio e não um fim em si mesmo.

A inversão de tal princípio representa a busca infrutífera do mirífico estado ideal. É uma ilusão. Os seres humanos, em sua grande maioria, vivem abatidos por uma terrível frustração. E não é para menos. São como que viajantes extraviados e atordoados pelo sol causticante do deserto material. Correm, desesperadamente, atrás de miragens.

No fundo, mas no fundo mesmo, a felicidade desejada pela maioria não passa disso aí: miragem. Mas, existe uma condição ideal possível, razoável, acessível. Não se reveste de sensações exteriores. É absolutamente imaterial. Consiste, harmoniosamente, em paz de consciência, equilíbrio interior, limpidez mental. É a consciência da própria identidade divina. É aspiração superior. É amor puro a todos os seres da criação. É uma imersão total e incondicional na UNIDADE DA VIDA.

Preferimos não rotular de felicidade esse indescritível estado de alma. Outro termo, talvez, seja mais próprio: PLENITUDE!

(por Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – de março/1974)

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