Resposta: A quarta dimensão é uma dimensão espiritual e não física. Existem apenas três dimensões físicas: comprimento, largura e espessura. O universo físico não vai além dessas três dimensões. A quarta dimensão, sendo de natureza espiritual, abre os Mundos espirituais à nossa percepção. É uma dimensão interior; isto é, ela não se estende pelo espaço em uma nova direção, mas penetra na natureza interna da matéria. A única maneira pela qual nós, com nossas Mentes concretas exercitadas para trabalhar com formas tridimensionais, podemos obter uma concepção da quarta dimensão é por analogia, como segue.
Suponha que existisse um universo bidimensional, um plano sem espessura; suponha também que existissem seres bidimensionais nesse plano, também sem espessura. Então a terceira dimensão, que conhecemos como espessura, seria para eles uma qualidade desconhecida e nós, que vivemos nela, seríamos considerados por eles como, por exemplo, Anjos, deuses ou seres afins. Além disso, o mundo tridimensional com o qual estamos familiarizados seria infinitamente maior do que o plano bidimensional com o qual esses seres bidimensionais estariam familiarizados.
A relação da quarta dimensão com a terceira é igual a da terceira com a segunda. A quarta dimensão, ou dimensão interna, começa perpendicularmente às três dimensões com as quais estamos familiarizados e prossegue na matéria em direção interna. Podemos ir em direção interior às qualidades espirituais da matéria por um número infinito de bilhões de quilômetros.
Nunca seremos capazes de compreender a quarta dimensão espacial até que a quarta dimensão da nossa Mente seja aberta; isto é, até desenvolvermos o sexto sentido. Além da quarta dimensão, temos a quinta, a sexta e a sétima dimensões e cada uma delas mostra a nós um Universo inteiramente novo. O Mundo do Desejo tem quatro dimensões, o Mundo do Pensamento tem cinco dimensões, o Mundo do Espírito de Vida tem seis dimensões e o Mundo do Espírito Divino tem sete dimensões. Todo Estudante Rosacruz deveria ter alguma compreensão da quarta dimensão, pois sem ela não podemos formar uma concepção verdadeira dos Mundos espirituais. O Método Rosacruz de Conhecimento Direto nos capacita para isso.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Resposta: Tudo o que podemos dizer aqui é indicar os primeiros passos conducentes à aquisição dessa faculdade. O primeiro exercício desenvolve a concentração mental – é o Exercício Esotérico Rosacruz matutino da Concentração – e a ocasião mais indicada para iniciar e desenvolver essa prática é pela manhã logo ao despertar. Antes que os cuidados do dia nos assoberbem, pomo-nos relaxados e cômodos, apenas a Mente vigilante é enfocada nesse exercício. Nessa ocasião, recém-chegados dos Mundos internos, mais facilmente poderemos trazer à Mente as impressões e imagens que lá tivemos.
A técnica é a seguinte: não se movimente. Relaxado e cômodo focalize mentalmente o exercício. O estado relaxado do Corpo Denso não apenas objetiva a confortável posição, mas principalmente a permitir a cada músculo do Corpo Denso não ficar em estado de tensa expectativa. A tensão muscular frustra os objetivos do exercício. Ao se por tenso, o Estudante Rosacruz desperta e dá ênfase ao Corpo de Desejos, que se expressa pelos músculos estriados (ou voluntários) e tendões do corpo, o qual impede a calma necessária à concentração mental.
Primeiramente, devemos fixar nosso pensamento firmemente num ideal ou em algo elevado, sem desviar-se. Alguns exemplos são: o Símbolo Rosacruz, uma rosa, os cinco primeiros versículos do Evangelho Segundo de S. João, entre outros. É tarefa difícil, mas devemos persistir com entusiasmo, sem esmorecimentos, até que a possamos realizar bem, o esforço compensa, pois leva seguramente a resultados maravilhosos. Veja: qualquer objeto poderá ser utilizado, de acordo com o temperamento e a capacidade mental do Aspirante à vida superior, contanto que puro e edificante. A lembrança do Cristo poderá ser um motivo de concentração. As flores, particularmente, poderão servir a este propósito. Se é a figura de Cristo-Jesus, devemos imaginá-lo como um Cristo real, dotado de expressão. Assim, deve tudo ser construído como ideal vivente e não estático e morto. Se escolhermos uma flor devemos, em imaginação, tomar a semente, enterrá-la no solo e fixarmo-nos neste quadro. No momento veremos a semente brotar, estendendo suas raízes que penetram na terra em forma espiralada. Dos seus principais ramos percebemos inúmeras radículas projetarem-se em todas as direções. Depois vemos a haste se projetar para cima rompendo a superfície da terra, surgindo como um diminuto pedúnculo. Um diminuto raminho surge da haste principal. Depois outro raminho. E mais outros, até o despontar de alguns botões. Presentemente, o que desperta mais a atenção são inúmeras folhas. Surge depois um botão no topo. Este botão cresce até que as pétalas de uma rosa vermelha surjam ao lado das folhas verdes, impregnando o ar com perfume dulcíssimo.
Veja: a concentração é um processo gradual. O primeiro quadro que o Aspirante à vida superior constrói será, naturalmente, obscuro e pobre. A pouco e pouco, através do exercitamento, poderá sobrepujar essas limitações, construindo, então, uma imagem real e viva.
Quando o Aspirante à vida superior se tornar apto a formar tais quadros e sobre eles mantiver a Mente enfocada, poderá retirá-los rapidamente do campo mental, conservando-se alheio a qualquer pensamento, na expectativa do que surgirá em lugar da imagem. Durante algum tempo, talvez, nada venha a ocorrer. Contudo, exercitando-se fiel e pacientemente todas as manhãs, tempo virá em que, ao afastar o quadro que tenha imaginado, o Mundo do Desejo se abrirá a seus olhos internos. A princípio poderá ser uma rápida visão, porém será uma mensagem daquilo que virá oportunamente.
Afinal o pensamento foi conquistado pelo emprego de metade de nossa força sexual criadora. Portanto, é também criador. Ele representa o poder de formar imagens, quadros, formas, mentais, segundo as ideias que internamente suscitamos. O pensamento é nosso principal poder. Nosso destino de seres racionais é de obter sobre ele absoluto domínio. Qualquer um, devidamente orientado, pode antecipar essa meta gloriosa e descortinar possibilidades inacreditáveis. O controle sobre a Mente permite a manifestação de imaginações reais, geradas por nós mesmos, o Ego, e não simples ilusões induzidas inconscientemente por condições exteriores.
O pensamento é o mais poderoso meio de obtenção do conhecimento. Se o concentrarmos sobre um assunto, ele abrirá caminho através dos obstáculos e resolverá o problema.
Nada está além da humana compreensão, quando chegamos a controlar e utilizar a força do pensamento. Geralmente dissipamos, dispersamos e enfraquecemos o pensamento-forma e em tal caso será de pouca utilidade, porque não atrai nem suscita no plano mental os dados necessários à global compreensão do assunto em foco. Todavia, uma vez estejamos devidamente preparados para o reto uso do poder mental, todo o conhecimento estará a nossa disposição. A importância disso só o avaliará devidamente o que tenha vislumbrado os resultados da Concentração. O Aspirante à vida superior não pode se furtar a essa meta. A princípio ficará aborrecido porque, ao tentar concentrar, a Mente foge e notará que pensa em tudo a que se encontra sob o Sol, em vez de fixar no ideal ou objeto proposto. Mas não deve desanimar. Com o tempo e perseverança o domínio se tornará menos difícil e os seus sentidos vão se disciplinando, até conseguir relativa concentração do foco mental.
O principal fator de êxito para lograrmos concentrar bem é a persistência; seguido de perto pela perseverança, obstinação, repetição, até vencer a luta. O que é mais difícil traz frutos mais valiosos. Sem persistência resultado algum poderá ser obtido. É inútil fazermos esse Exercício Esotérico Rosacruz em uma, duas ou três manhãs ou mesmo semanas, para, depois negligenciá-los, falhando, interrompendo, reiniciando. Para ser efetivo, o exercício deverá ser feito fielmente todas as manhãs, sem nenhuma falha. Melhor ainda se for à mesma hora e lugar porque se irá formando uma força vital que auxiliará e abreviará a meta. E uma vez conquistado um bom resultado, devemos continuar o exercício, pois a natureza não admite inação. “O exercício assegura o resultado, como a função faz o órgão”. Toda função que só interrompe, vai retrocedendo e se atrofiando. O Exercício Esotérico metódico e constante mantém em ascensão e evolução todas as coisas.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz maio/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)
A morte é a passagem do indivíduo de um Mundo para outro, uma remoção para outro plano onde vivemos sem qualquer alteração, pois apenas o nosso ambiente e as condições exteriores são alterados. Essa ida de um Mundo para outro é, geralmente, acompanhada por mais inconsciência ou menos. Quando despertamos no Mundo do Desejo, nós somos, com uma exceção, a mesma pessoa com todos os aspectos que tínhamos antes da morte. Qualquer um que nos visse lá iria nos reconhecer, se nos conheceu aqui, na Região Química do Mundo Físico.
Não há poder transformador na morte; o nosso caráter não muda! O ser humano perverso e o bêbado continuam perverso e bêbado; o avarento ainda é um avarento; o ladrão é tão desonesto como antes. Mas há uma grande e importante mudança em todos eles: todos perderam seu Corpo Denso e isso faz toda a diferença em relação à satisfação de seus vários desejos. O bêbado não pode beber nada, pois ele não tem estômago (nem físico e nem vital) e embora tente de todas as maneiras possíveis satisfazer o seu desejo de bebida alcoólica, é estritamente impossível e em consequência disso ele sofre as torturas de Tântalo[1] até que, finalmente, o desejo se queima por falta de satisfação, como acontece com todos os desejos, sentimentos e emoções, inclusive na nossa vida física aqui.
Note que não é uma Divindade vingadora que mede o sofrimento no Purgatório, nem um demônio que executa o julgamento; mas os desejos, sentimentos e as emoções malignos, cultivados em cada vida terrena por nós e incapazes de gratificação no Mundo do Desejo, é que causam o sofrimento, até que, com o tempo, eles são dissipados. Assim, o sofrimento é estritamente proporcional à força de cada hábito maligno praticado na vida recém-finda.
Enquanto nossos maus hábitos são tratados dessa maneira geral, nossas ações más e específicas são tratadas da seguinte maneira: no momento da morte, antes que nós, o Espírito ou Ego humano, vestido com a bainha da Mente e do Corpo de Desejos, seja inteiramente retirado da forma física, um Panorama da Vida prestes a terminar é gravado no Corpo de Desejos e esse panorama começa a se desdobrar para trás da morte ao nascimento, após nossa entrada no Purgatório, que está localizado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo. No Corpo de Desejos de alguns existe uma preponderância de matéria de desejo grosseira ou inferior e, em outros, de matéria de desejo fina ou superior; isso faz a diferença no nosso ambiente e status quando entramos no Mundo do Desejo após a morte, pois então a matéria do Corpo de Desejos, enquanto assume o aspecto e a forma do Corpo Denso que foi descartado, ao mesmo tempo se organiza de modo que a matéria mais sutil e pertencente às Regiões superiores do Mundo do Desejo forma o centro do veículo, enquanto a matéria das três Regiões inferior fica na periferia desse Corpo.
Quando mais uma vida terrena nossa termina, nós exercemos uma força centrífuga para nos libertarmos do nossos Corpos. Seguindo a mesma lei que faz um Planeta lançar ao espaço a parte de si mesmo que é mais densa e cristalizada, primeiramente descartamos o nosso Corpo Denso. E isso nós chamamos de “morte”. Esse é o momento em que o Panorama da Vida é gravado no nosso Corpo de Desejos. Quando entramos no Mundo do Desejo, essa força centrífuga continua a agir de modo a lançar a matéria mais grosseira ou inferior desse Corpo de Desejos para fora; assim somos forçados a permanecer nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, o Purgatório, até ser purgado dos desejos, sentimentos e emoções mais grosseiros que foram incorporados à nossa matéria de desejo. A matéria de desejo mais grosseira ou inferior está, portanto, sempre na periferia do nosso Corpo de Desejos, enquanto passamos pelo Purgatório, sendo gradualmente eliminada pela força centrífuga.
Durante esse tempo, o Panorama da Vida é, gradualmente, desdobrado para trás, da morte ao nascimento, como dito acima, a uma taxa de, aproximadamente, três vezes a velocidade da nossa vida física, de modo que alguém que tivesse sessenta anos no momento da morte viveria sua vida no Mundo do Desejo em vinte anos. No Purgatório, enquanto o Panorama da Vida que acabou se desenvolve, o bem contido nele não causa qualquer impressão em nós, mas todo o mal reage sobre nós de tal forma que, nas cenas em que nós fizemos outro ser sofrer, nós próprios nos sentimos sofrendo como o ser que fizemos sofrer sofreu. Sofremos toda a dor e angústia que nossa vítima sentiu; como a velocidade da vida é triplicada aqui, o sofrimento também é! E ainda mais agudo, pois o Corpo Denso tem uma vibração tão lenta que diminui até mesmo o sofrimento, mas no Mundo do Desejo, quando estamos sem o veículo físico, o sofrimento é muito mais intenso e quanto mais nítida a impressão panorâmica da vida passada for gravada no Corpo de Desejos no momento da morte, mais sofreremos e mais claramente sentiremos em nossas vidas futuras que a transgressão deve ser evitada, ou que “vida do transgressor é dura e sofrida” (Pb 13:15).
Assim, somos purgados de todo tipo de mal, pois a missão do Purgatório é erradicar os nossos hábitos prejudiciais, tornando nossa gratificação impossível. É por causa do nosso sofrimento lá que aprendemos a agir gentilmente, honestamente e com tolerância para com os outros aqui. Quando nascemos de novo, estamos livres dos maus hábitos e nova obra, ação ou todo novo ato malignos que cometemos vem do livre-arbítrio. Às vezes, essas tendências nos tentam, proporcionando-nos uma oportunidade de nos posicionar do lado da misericórdia, da compaixão, da paciência e da virtude, contra o vício e a crueldade.
Mas para indicar o ato, a ação ou a obra correta e nos ajudar a resistir às armadilhas e artimanhas da tentação, temos o sentimento resultante da expurgação de hábitos malignos e da expiação dos atos errados de vidas passadas: a consciência moral produzida pelo sofrimento purgatorial. Se dermos atenção a esse sentimento e nos abstermos do mal a tentação cessará: nós nos libertaremos dela para sempre. Se cedermos, porém, experimentaremos um sofrimento mais agudo do que antes até que finalmente tenhamos aprendido a viver pela Regra de Ouro (Mt 7:12), porque o “caminho do transgressor é muito difícil”. Logo, o Purgatório tem influência fundamental no Crescimento da Alma.
Entretanto aprendemos na Fraternidade Rosacruz que há um benefício inestimável em conhecer o método e o objetivo dessa purgação, porque assim somos capazes de evitá-la, vivendo nosso Purgatório aqui e agora, dia a dia, avançando muito mais rápido do que seria possível de outra forma. Um exercício é fornecido na última parte do livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, cuja intenção é a purificação como ajuda para o desenvolvimento da visão espiritual. Consiste em refletir sobre os acontecimentos do dia após se retirar para dormir, à noite, e julgar cada incidente para verificar se agimos corretamente ou não. Se dessa maneira superarmos conscientemente nossas fraquezas, também faremos um avanço muito objetivo na Escola da Evolução. Mesmo se falharmos em corrigir nossas ações, teremos um imenso benefício ao julgar a nós mesmos, gerando assim aspirações para o bem que, com o tempo, certamente darão frutos em forma de ações corretas.
Arrependimento e reforma íntima também são fatores poderosos para encurtar a existência purgatorial, pois a natureza nunca desperdiça esforços em processos inúteis. Quando percebemos o erro de certos hábitos ou atos em nossa vida e determinamos erradicar esse hábito e compensar o erro, nós drenamos suas imagens da Memória ou Mente Subconsciente e eles não estarão no Purgatório para nos julgar após a morte. Mesmo que não sejamos capazes de fazer a restituição por um erro cometido, a sinceridade do nosso arrependimento será suficiente. A indenização pode ser oferecida à nossa vítima de outras maneiras.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio de 1916, e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Em sua história, conta-se que, ousando testar a omnisciência dos deuses, roubou os manjares divinos e serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope num festim. Como castigo foi lançado ao Tártaro, onde, em um vale abundante em vegetação e água, foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto que, ao aproximar-se da água essa escoava e ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos moviam-se para longe de seu alcance sob a força do vento. A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular “Tão perto e, ainda assim, tão longe”.
Novamente estamos na época do Natal. Sempre os mesmos enfeites coloridos, as músicas, o movimento de compras, os presentes, as ceias, os sinos, os cumprimentos…
Porém, jamais nos encontramos iguais. O desenvolvimento e os frutos da última colheita nos acrescentaram “algo” ao íntimo, tornaram-nos um pouco mais amadurecidos animicamente. Portanto, o íntimo em cada Estudante Rosacruz que vê, que discerne, que sente, que avalia, concebe um Natal um pouco mais profundo e ora até às lágrimas para que o doloroso parto se complete: o nascimento do Cristo Interno.
Quanta resistência ainda existe no Mundo Físico e no Mundo do Desejo para o Reino prometido!
Herodes reage enciumado. Ele compreende que o Reino do Príncipe Salvador não é desse Mundo, mas também não ignora que não pode servir e ser servido. Um será o Regente e o outro, o Servidor. E como S. Paulo, nos embates da Iniciação, sente aumentar o conflito entre a matéria e o Espírito, entre as trevas e a luz.
Procura-nos o ponto sensível, o “calcanhar de Aquiles”[1], o ponto fraco nas costas de Siegfried[2], para que sucumbamos uma vez mais. A verdade chorosa adiará, uma vez mais, a ansiada união.
Enquanto os sinos tocam, parece que ouvimos um galo cantar, o que nos lança na consciência o apelo do Senhor rejeitado. Quantas aspirações mortas em pleno florescimento! Contudo, mesmo assim, graças elevamos porque no silêncio do mais íntimo recôndito ainda vive nosso Salvador, prudentemente aguardando que envelheça e morra nosso egoísmo e lhe suceda, pouco a pouco, algo menos ruim.
Natal! Quanto mais te compreendo, mais almejo que se realize em mim!
Natal! Ainda temo falhar como S. Pedro. Ainda urdo as manhas de Judas; ainda falho na resolução de S. Paulo; ainda estou precisando de forças para renunciar às três tentações do meu deserto; ainda tenho de fazer esperar o meu Senhor!
Natal! O exterior canta em movimentos, em cores e sons; mas o interior chora no entendimento cada vez mais agudo de uma realização que se protela!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: “Calcanhar de Aquiles” é uma expressão que se refere a um ponto fraco ou vulnerável de uma pessoa, organização ou coisa. A expressão tem origem na lenda grega de Aquiles, um herói invencível que tinha apenas um ponto fraco: o calcanhar.
[2] N.R.: Estudamos com mais profundidade Siegfried, o herói do Nibelungenlied, e das óperas Siegfried e Götterdämmerung de Richard Wagner no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz. Podemos adiantar aqui que após a morte de Fafnir, Siegfried adquire novos poderes, banhando-se no sangue do dragão, que o torna invulnerável, exceto por uma pequena parte das suas costas onde uma folha se prendeu, impedindo o contato com o sangue. Este detalhe sobre a sua vulnerabilidade será crucial para os acontecimentos futuros na história do herói.
Pergunta: Como posso definir o Cordão Prateado que nós possuímos?
Resposta: O Cordão Prateado é algo mais do que um “elo” entre nós, o Ego, e os nossos três Corpos e o nosso veículo Mente. É também o canal para as forças especiais que emanam de nós, sem os quais os nossos Corpos e o veículo Mente não de desenvolveriam e nem cresceriam.
Pergunta: O Cordão Prateado que nós possuímos é único durante todo o Esquema de Evolução?
Resposta: Não. O Cordão Prateado é único em cada existência aqui na Terra.
Pergunta: Em que momento nasce e morre o Cordão Prateado?
Resposta: Ele nasce durante o período de gestação e se rompe depois que todo o panorama da vida passada, contido no Corpo Vital, foi contemplado e gravado no Átomo-semente do Corpo de Desejos.
Pergunta: Se nasce durante o período uterino, teria como saber em que tempo?
Resposta: Nos primeiros 20 dias de gestação o sangue do feto é nucleado pela vida da mãe, que regula o processo de construção do corpo. Neste tempo o Ego começa a trabalhar de fora, sobre o feto, mas somente após o quarto mês que nós, o Espírito individual, começamos a penetrar no feto e, gradualmente vamos tomando posse do Corpo Denso em formação. É nesse momento que o Cordão Prateado começa a nascer.
Pergunta: Como se dá o surgimento do Cordão Prateado?
Resposta: O Cordão Prateado é formado por segmentos. O primeiro segmento do Cordão Prateado nasce a partir do Átomo-semente do Corpo Denso – e é composto de Éter – – e o segundo segmento nasce a partir do Átomo-semente do Corpo de Desejos – e é composto de matéria de Desejos. Ambos vão em direção ao local referencial onde está o Átomo-semente do Corpo Vital. Esses dois segmentos irão se unir no local referencial onde está o Átomo-semente do Corpo Vital.
Pergunta: E o que acontece com os dois segmentos detalhados anteriormente do Cordão Prateado no Átomo-semente do Corpo Vital?
Resposta: O Átomo-semente do Corpo Vital se localiza em um ponto referencial do nosso Corpo Denso chamado de Plexo Celíaco (Plexo Solar ou, vulgarmente, “boca do estômago”), formado pelos dois Éteres inferiores (Químico e de Vida) e é a raiz daquela parte do Corpo Vital em que se dá a morte a cada renascimento. Quando os dois segmentos anteriormente descritos chegam no Átomo-semente do Corpo Vital ele se unem resultado em um formato de dois números “seis” invertidos, um situado verticalmente e outro horizontalmente, ambos ligados pelas extremidades curvas.
Essa união dos dois segmentos do Cordão Prateado (do Corpo Denso e Corpo de Desejos) em desenvolvimento, no Átomo-semente do Corpo Vital resulta na união dos veículos inferiores e superiores e é esse fato que produzirá o despertar do feto.
Pergunta: O terceiro segmento que é a parte do Cordão Prateado feito de matéria mental também nasce na vida intrauterina do feto?
Resposta: Não.
Pergunta: Pode explicar melhor?
Resposta: O terceiro segmento do Cordão Prateado é a parte feita de matéria mental, o qual se desenvolve no Átomo-semente da Mente, localizado na posição referencial do seio frontal do Corpo Denso, e se junta ao Átomo-semente do Corpo de Desejos da posição referencial do fígado do Corpo Denso, bem no grande vórtice do Corpo de Desejos. Ele não está presente na vida intrauterina e nem no nascimento, mas existe com ou no Átomo-semente da Mente como uma raiz ou broto (pois a criança tem o elo da Mente, mas pouca atividade individual de expressão do pensamento).
Pergunta: Quando, então, que este Cordão Prateado começa seu desenvolvimento?
Resposta: O terceiro segmento do Cordão Prateado vai se desenvolvendo lentamente durante todo o período da infância e da adolescência, entretanto, seu crescimento é especialmente notado durante o terceiro período setenário, dos entornos dos quatorze anos até o entorno dos vinte e um anos de idade.
Pergunta: Quando dá sua junção do terceiro segmento do Cordão Prateado com o Átomo-semente do Corpo de Desejos?
Resposta: Esse evento ocorre em torno dos vinte e um anos de idade, quando nasce a Mente.
Pergunta: Podemos dizer que os demais segmentos têm o seu período de amadurecimento?
Resposta: Sim. O nascimento do Corpo Vital, por volta dos sete anos de idade, marca o fim da idade propriamente infantil. O desenvolvimento do segmento do Cordão Prateado entre o Átomo-semente do Corpo Denso, na posição referencial do ápice do ventrículo esquerdo do coração no Corpo Denso, e o Átomo-semente do Corpo Vital, na posição referencial do Plexo Celíaco no Corpo Denso, tem uma importante relação com o mistério da infância. E durante os sete anos seguintes (do entorno dos sete anos de idade até o entorno de quatorze anos de idade) o desenvolvimento do segundo segmento do Cordão Prateado entre o Átomo-semente do Corpo de Desejos, na posição referencial do Fígado no Corpo Denso, e o Átomo-semente do Corpo Vital, na posição referencial do Plexo Celíaco no Corpo Denso, contribui para a adolescência. O nascimento do Corpo de Desejos ocorre entorno dos quatorze anos de idade. O terceiro segmento, feito de matéria mental, do Cordão Prateado, que se desenvolve desde o Átomo-semente da Mente, que está na posição referencial do seio frontal no Corpo Denso, em direção ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, que se localiza na posição referencial do Fígado no Corpo Denso, amadurecendo-se desenvolve no terceiro período setenário, dos quatorze aos vinte e um anos de idade. A junção desse segmento no Átomo-semente do Corpo de Desejos marca o início da fase adulta, quando dizemos que a Mente nasce, entorno dos vinte e um anos de idade.
Pergunta: Qual a relação do Cordão Prateado com a cremação do Corpo Denso?
Resposta: Esta relação é muito importante! Durante três dias e meio após a morte o Corpo Denso deve ser mantido em um lugar onde o Ego possa ter a oportunidade de conseguir passar todo o Panorama da Vida recém-finda que está gravado no Átomo-semente do Corpo Denso para o Átomo-semente do Corpo de Desejos, utilizando para isso o Cordão Prateado. Quando o Panorama acabar, rompe-se o Cordão Prateado na junção dos dois números “seis”, como mostrado acima. Assim, qualquer perturbação no Corpo Denso durante esses três dias e meio (cremação, embalsamento, esquartejamento) atrapalhará a nitidez dessa gravação, podendo ocorrer até a não gravação total, ou seja: o Ego perder a base que serviria para a vida celestial no Mundo do Desejo!
Pergunta: Além da cremação o que mais deve ser evitado para não atrapalhar a gravação do panorama da vida no Átomo-semente do Corpo de Desejos?
Resposta: Além da cremação e de incisos cortantes no Corpo Denso é um grande crime contra o irmão ou a irmã que parte, se entregarem às lamentações e manifestações de sofrimento. Isso justamente porque naquele momento ele está entregue a um ato de suprema importância, já que o valor de sua vida passada depende, em grande parte, da atenção que o irmão ou a irmã possa prestar a esse ato.
Pergunta: Foi dito que o Átomo-semente do Corpo Vital é formado pelos dois Éteres inferiores (Éter Químico e Éter de Vida). Gostaria de saber se os dois Éteres superiores do Corpo Vital (Éter Luminoso e Éter Refletor) não tem Átomo-semente?
Resposta: Não há Átomo-semente dos dois Éteres superiores do Corpo Vital, primeiro porque eles não estão envolvidos diretamente com a formação do feto e por outro lado eles são a parte imortal ou a parte capaz de se tornar imortal do Ego.
Pergunta: Qual seria a composição do Cordão Prateado em seus segmentos?
Resposta: O Cordão Prateado é composto de Éter, matéria de desejos e matéria mental. O primeiro e o segundo segmentos se unem em um formato parecido a dois números “seis” invertidos, um situado verticalmente e o outro horizontalmente, ambos ligados pelas extremidades curvas na posição relativa ao Plexo Celíaco do Corpo Denso. O terceiro segmento se estende do Átomo-semente do Corpo de Desejos ao Átomo-semente da Mente.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Resposta. O Cordão Prateado permaneceu conectado com os veículos superiores de Jesus, que são a Mente e o Corpo de Desejos, e Jesus continuou trabalhando no Mundo do Desejo, até a crucificação de Cristo-Jesus, pois quando o Cordão Prateado é rompido, o influxo de vida aqui na Região Química do Mundo Físico cessa e o Corpo Denso morre. Não é possível transferir a conexão do Cordão Prateado dos veículos superiores de uma pessoa para os de outra. Assim, Jesus esteve conectado com seu Corpo de Desejos pelo Cordão Prateado durante todo o tempo em que Cristo usou o Corpo Denso dele. Isso, no entanto, não prejudicou os movimentos de Jesus, pois o Cordão Prateado, no seguimento entre o Átomo-semente do Corpo Vital e o Átomo-semente do Corpo de Desejos é capaz de extensão ilimitada. Na crucificação ou logo depois dela, o Cordão Prateado foi rompido e a morte do Corpo Denso ocorreu. Então Jesus foi liberado no Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-sementes de todos os seus veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), e Cristo entrou na Terra e Se tornou o Espírito Planetário dela, função que persiste até hoje.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta. Não. A morte só será superada no Corpo Vital; a morte é meramente uma interrupção momentânea na consciência de alguém, enquanto ela é transferida de um mundo para outro: do Mundo Físico para o Mundo do Desejo. Quando tivermos desenvolvido nossos Corpos-Almas o suficiente para que nossa consciência se torne residente neles, então ela será contínua e não será interrompida pelo fim do Corpo Denso.
Para a maior parte da Humanidade isso não ocorrerá até a Sexta Época, que é chamada de Nova Galileia. Então a Humanidade estará em uma condição análoga àquela em que estava nos dias da Época Lemúrica primitiva, quando a consciência estava focada na Região Etérica do Mundo Físico e não estava consciente da morte do Corpo Denso. No entanto, na Sexta Época estaremos na fase ascendente desse Esquema de Evolução, em um estágio mais elevado do que estávamos nos dias da Época Lemúrica.
O Adepto já chegou a esse estágio. Ele aperfeiçoou seu Corpo Vital, na parte superior que é o Corpo-Alma, a tal ponto que ele pode funcionar nele conscientemente em todos os momentos; ele também adquiriu a habilidade de construir um novo Corpo Denso à vontade e entrar nele quando o velho Corpo Denso se desgastar ou quando ele desejar descartá-lo. Assim, o Adepto superou a morte. Mas note que isso não foi feito elevando as vibrações do Corpo Denso para imortalizá-lo.
Corpos Densos se desgastam, mesmo os dos Adeptos, e continuarão fazendo isso… Além do mais, não é desejável que eles sejam imortalizados. É muito melhor que, quando atingirmos um estágio mais elevado de evolução, transfiramos nossa consciência para Corpos Vitais, que são muito mais adequados para nossos propósitos do que Corpos Densos possam ser.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta: O Aspirante ao caminho espiritual deverá, primeiramente, fazer um inventário de si mesmo, relacionando os seus “débitos” e “créditos”, isto é, reconhecer e analisar os defeitos que possui, no sentido de gradativamente poder sublimá-los, e racionalmente procurar fortalecer as virtudes de que é possuidor. Desde que a sua habilidade para servir seja determinada pela sua espiritualidade e respectivas aptidões para executar certos tipos de trabalho, é mister então levar avante um regime de automelhoramento, bem como procurar, mediante a prática, tornar-se um perito no serviço que deseja realizar. Autopurificação é o primeiro passo no caminho. Isso compreende purificação ou limpeza dos veículos utilizados pelo Ego para a sua expressão. Asseio, ar fresco, alimentação pura e exercícios adequados são meios necessários para manter o Corpo Denso em boas condições (pois será por meio desse Corpo que você praticará o serviço amoroso e desinteressado, portanto o mais anônimo possível, ao seu irmão e a sua irmã que está próximo de você, sempre esquecendo os defeitos deles e focando na divina essência oculta em cada um de nós, pois essa é a base da Fraternidade). Similarmente, para mantermos o nosso Corpo de Desejos e a nossa Mente em condições ideais, nossos sentimentos, desejos e nossas emoções e nossos pensamentos deverão também ser portadores das mesmas características (desejos, sentimentos e emoções criados a partir de materiais das três Regiões superiores do Mundo do Desejo; e os que forem criados a partir de materiais das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo devo me esforçar para sublimá-los promovendo o seu oposto nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo). Exemplos: cultivar um espírito de bondade, sentimentos de alegria, humildade, paciência, calma, tolerância e disposição sempre em servir. Um período regular de oração diária serve como meio de purificação das emoçõese e dos desejos e os Exercícios Esotéricos noturno de Retrospecção e matutino de Concentração são indispensáveis e a parte mais importante a se praticar (como se deve e não como se pensa que é) especificamente com o propósito de desenvolvimento da alma.
Cada Estudante Rosacruz deverá compreender perfeitamente que o conjunto que designamos sob o nome de Fraternidade Rosacruz implica união de todos aqueles que estão integrados ao movimento. Cada pensamento, desejo, emoção, sentimento, palavra, obra, ação e ato reflete sobre o todo. Cada vez que sentimentos e desejos de amor Crístico e compaixão são estimulados, intensificam a vibração do todo, seja executado na aqui ou em qualquer outro lugar do mundo. Toda expressão de qualquer sentimento contrário à harmonia refletirá negativamente sobre o conjunto da Fraternidade Rosacruz. A todo momento estamos auxiliando ou dificultando o trabalho dos Irmãos Maiores e todas as Hierarquias Criadoras que nos ajudam.
Os Estudantes da Fraternidade Rosacruzes são como uma cidade situada no cimo de uma colina, cujas luzes não poderão estar ocultas. A tarefa deles é de se harmonizarem de maneira que emitam apenas uma nota verdadeira.
Quando ocorrer o contrário, isto é, quando agirem de maneira dissonante em relação a tudo aquilo que representa o lado espiritual das coisas, algo de indesejável se constatará dentro da Fraternidade Rosacruz. Então, cada um deverá indagar a si mesmo o que fez para criar tal situação indesejável. Cada um, diante da barra do tribunal da consciência deverá se acusar, porque ninguém está livre de transgredir as Leis de Deus.
Quando uma pessoa renuncia ao “modus vivendi” mundano, e resolve trilhar o caminho que conduz para o alto, todos os olhos se dirigem para ela. Os Anjos se regozijam e o auxiliam, ao passo que as forças do mal lhe armam ciladas na esperança de contemplar sua queda. Muitas vezes tropeçará e por certo também cairá, porém, cada vez que reiniciar a jornada, estará ajudando o conjunto total da Fraternidade Rosacruz. Portanto, cada um deve se esforçar, jamais esmorecendo ante os obstáculos que surgirem, procurando seguir, tão identicamente como possa, a vida de Cristo-Jesus.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1967-Fraternidade Rosacruz-SP)
Há uma classe de sensitivos com caracteres fortes positivos por seu poder interno, de acordo com os ditados de sua própria vontade. Esses caracteres podem ser treinados para se converter em Clarividentes voluntários e serem seus próprios senhores em lugar de serem escravos de um Espírito desencarnado (de um irmão ou de uma irmã que morreu e não entrou no Purgatório, ou seja: um “Espírito apegado à Terra”, vivendo nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo por meio do seu Corpo de Desejos).
Em alguns sensitivos é possível extrair parte do Éter que forma o Corpo Vital. Quando um Espírito desencarnado obtém acesso a um sujeito de tal natureza, desenvolve esse sensitivo como um Clarividente involuntário, chamado de “médium materializante”.
O ser humano que é capaz de extrair os dois Éteres superiores do seu Corpo Vital por um ato volitivo se converte em um cidadão de dois Mundos, consciente, independente e livre. São conhecidos, geralmente, como Auxiliares Invisíveis Conscientes. Por meio dos Exercícios Esotéricos fornecidos pela Escola dos Ensinamentos Ocidentais, a Fraternidade Rosacruz, pode-se lograr, com o tempo, separar os dois Éteres Superiores do dois Éteres inferiores do Corpo Vital – que chamamos de Corpo-Alma –, então, pode sair de seu Corpo Denso, o físico, deixando-o abandonado momentaneamente, rodeado e vitalizado somente pelos dois Éteres Inferiores do seu Corpo Vital. Com esse Corpo-Alma ele pode sair levando o seu Corpo de Desejos e a sua Mente para quaisquer distâncias, mantendo-se ligado ao Corpo Denso por meio do Cordão Prateado.
Os Auxiliares Invisíveis são seres humanos que chegaram a um grau de evolução tal, que, ao mesmo tempo que observam durante o dia, em seu Corpo Denso, uma vida consagrada ao serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã, focando na divina essência oculta que há dentro de nós – e que é a base da Fraternidade, têm merecido o privilégio de ser, durante a noite, os colaboradores assíduos dos Irmãos Maiores. Os Auxiliares Invisíveis podem dirigir correntes de força vital solar para fins de cura para os irmãos e as irmãs doentes e, também, podem materializar mãos para manipular a parte enferma do Corpo Vital desses irmãos e dessas irmãs. Todos eles trabalham sob a direção dos Irmãos Maiores, que são os geradores da Panaceia Espiritual Curativa.
Contudo, para se converter em um Auxiliar Invisível é necessário, primeiramente, ser um Auxiliar Visível, ou seja, levar uma vida durante o dia voltada: a ajudar os nossos irmãos e as nossas irmãs; a fazer os Exercícios Esotéricos Rosacruzes; a oficiar diariamente os Rituais dos Serviços Devocionais; a trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz e, importantíssimo voltada a prática do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão ao seu lado, focando na divina essência oculta que há dentro de nós – e que é a base da Fraternidade.
(Publicado no O Encontro Rosacruz – Fraternidade Rosacruz de Santo André – SP – abril/1982)
Faz parte do nosso Campo de Evolução os cinco Mundos, sendo que os três Mundos mais inferiores (Mundo Físico, Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento) é o nosso atual cenário de desenvolvimento. E no estado de vigília esses veículos (Corpo Denso, Vital, de Desejos e Mente), respectivos a cada Mundo, estão todos juntos e se interpenetram uns aos outros e com isso nós, o Ego, podemos atuar no Mundo Físico para adquirir as experiências necessárias para o nosso crescimento espiritual (note: “espiritual” e não material).
Quando chegou o tempo próprio para que nós, o Tríplice Espírito, pudéssemos trabalhar no nosso Tríplice Corpo diretamente (sem ajuda direta das Hierarquias Criadoras), a Mente foi nos fornecida como germe pelos Senhores da Mente. Por meio dela deveríamos dominar o nosso Corpo de Desejos, mas, devido a nossa natureza de desejos ser extremamente forte, escolhemos nos desviar e unir a Mente à parte inferior do nosso Corpo de Desejos (essa parte que utilizamos quando queremos ter desejos, emoções ou sentimentos constituídos de materiais das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo), originando a astúcia, causa de todas as debilidades ocorridas em meados do último terço da Época Atlante e que continuamos utilizando até hoje para mascarar os nossos desejos, sentimentos e nossas emoções constituídos de materiais das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo. E diante desta união estamos escravizados pelos nossos próprios desejos inferiores do Corpo de Desejos como egoísmo, vingança, inveja, interesse próprio, orgulho e afins, e com isso torna difícil nós mesmos governarmos o nosso Corpo de Desejos.
Já na Época Ária começamos a nos aperfeiçoar, por meio do pensamento e da razão, como resultado do nosso, o Ego, trabalho sobre a Mente, a fim de conduzirmos o desejo a canais que conduzem à perfeição espiritual (sublimando os inferiores e cultivando os superiores), seguindo o objetivo da evolução.
Nesta etapa da evolução precisamos trabalhar na transmutação do nosso poder do pensamento, pois ele é um dos nossos maiores privilégios e é o nosso poder que nos eleva e nos identifica como Espíritos Virginais da Onda de Vida humana individualizados aqui e nos Mundos espirituais.
O Pensamento Abstrato é um processo mental e trabalha com princípios que nascem do uso dos materiais da Região do Pensamento Abstrato – as ideias –, portanto, não está contaminado pelas emoções, pelos sentimentos e desejos, como está a Mente formada somente por materiais da Região do Pensamento Concreto. O Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz nos favorece muito neste caminho nos mostrando quais disciplinas devemos cultivar, se o desejamos realmente buscar este objetivo: desenvolver o que chamamos de Mente abstrata.
Veja que a matemática ilustra bem este processo de raciocínio, pois está baseada em verdades essenciais e cósmicas e, além do mais é inalterada por quaisquer interpretações ou desejos pessoais. A matemática é um fato que não se altera, isto é, não ganha e nem perde se reagimos emocionalmente, pois a verdade é clara e sem sentimento de alegria, tristeza ou amor. É diferente da satisfação emocional que nos dá o pensamento concreto.
Outro ponto para o nosso exercício é o estudo do Esquema, Caminho e Obra de Evolução que nos ensina o caminho de nossa peregrinação através de cinco dos sete Mundos ou estados de matéria como falamos no início por meio dos sete grandes Períodos desse Grande Dia de Manifestação, durante os quais percorremos o nosso caminho de Involução, descendo até a matéria, por meio da cristalização dos nossos veículos, inconscientemente e sob a orientação das Hierarquias Criadoras e depois ascendendo pela Evolução, quando nós nos libertamos da matéria por meio da espiritualização dos nossos Corpos e da expansão da consciência para sairmos de um “Deus estático a um Deus dinâmico”, um Criador.
Temos também o estudo da Astrologia Rosacruz no que tange ao estudo para erigir o tema por meio de cálculos matemáticos, onde também está isento de envolver em sentimentos ou prazeres de obter conhecimento.
É sabido que muitas pessoas consideram as matérias abstratas pouco interessantes ou até mesmo enfadonhas. Por quê? Porque não gera a “emoção, o sentimento e o desejo, que desperta o interesse de se satisfazer com o “pensamento contaminado pelo desejo”. Mas quando se limita apenas ao interesse próprio, a Mente continuará enfraquecida e incapaz de ultrapassar o plano concreto e se elevar para a Região do Pensamento Abstrato, onde enfraquecemos o trabalhar somente pelo interesse (por meio das emoções, dos desejos e sentimentos) e trabalhamos pelo deve de se fazer e podemos, assim, manifestar o pensamento aqui sem a “contaminação pelos desejos, sentimentos ou pelas emoções). Pois a Região do Pensamento Abstrato é a base da nossa consciência quando estamos no Terceiro Céu (já se preparando para a próxima vida aqui), onde poderemos nos beneficiar de melhores experiências, quando retornarmos aqui com novos desafios para melhor servir e aprimorar nosso crescimento anímico.
Que as rosas floresçam em vossa cruz