Arquivo de tag Cristo Interno

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Simbologia e Qualidades de Leão

Há em perspectiva um grande fator para esse filho da Virgem Celestial. Ouçamos a belíssima profecia que temos no Livro de Isaías, na Bíblia, no Capítulo 9, versículo 6: “Pois entre nós nasceu uma Criança, foi-nos dado um filho, e o governo se assentará em seus ombros e seu nome será o de Maravilhoso, Conselheiro, o Deus Todo poderoso, o Pai Eterno, o Príncipe da Paz. O desenvolvimento de seu governo e da paz não terá fim”.

A humanidade se elevará a uma superior altura espiritual e tal estado é simbolizado pela marcha pelo movimento de Precessão dos Equinócios do Sol através do Signo de Leão, pictoricamente representado pelo rei dos animais: o leão. Essa é uma alusão muito digna ao Rei da Criação, que então incorporará eternamente as grandes virtudes do ser humano em dono de si: Fortaleza, Sabedoria e Beleza.

É maravilhoso seguir as diferentes fases da Religião fornecida à grande Raça dos Semitas Originais, desde o tempo em que ela foi chamada à ação, na terceira e última parte da Época Atlante e até o final da Era de Aquário, quando uma nova Raça haverá nascido, definitivamente. Esse aspecto do Zodíaco arroja nova luz sobre muitos aspectos obscuros da Bíblia. Realmente só o estudo dessa ciência cósmica pode nos esclarecer tais passagens.

Quando considerarmos o Zodíaco em seu aspecto religioso, bem como em sua evolução, por meio dos seis pares de Signos opostos, também começamos com Câncer e Capricórnio, porque são os pontos solsticiais em que o Sol alcança sua declinação máxima e mínima. Considerando desse modo vemos que há dois jogos de três pares de Signos, o primeiro começando com Câncer e Capricórnio, Gêmeos e Sagitário, Touro e Escorpião. Nestes três pares de Signos opostos podemos ler a história da evolução e Religião humana, na primeira, na segunda e última parte da Época Atlante.

Nos três outros pares de Signos: Áries e Libra, Peixes e Virgem, Aquário e Leão encontramos a chave do desenvolvimento do ser humano durante a Época Ária. Mas a Época Ária também pode ser subdividida em três fases, a saber: a Era de Áries (de Moisés a Cristo), que vai de Áries a Libra; a Era de Peixes (que toma os 2.000 anos de Catolicismo, representado por Peixes e Virgem, e os 2000 anos que estão diante de nós, compreendendo a chamada Era de Aquário, em que os Signos de Aquário e Leão serão eliminados pela elevação do Filho do Homem (Aquário) pelo Cristo Interno, o Leão de Judá (Leão), ao estado de super-homem.

Não se deve supor, todavia, que a Época Atlante durou somente enquanto o Sol, por Precessão dos Equinócios, percorreu Câncer, Gêmeos e Touro, aproximadamente 6.000 anos atrás. Longe disso, há espirais dentro de espirais e a recapitulação se produz também com as espécies e as Raças. Assim, podemos conhecer qual é o contorno geral, observando a passagem do Sol por meio destes Signos e, portanto, tomando sua importância e simbolismo em consideração. Também se pode dizer que, à medida que avançamos, as espirais se tornam menores e o tempo em que se desenvolve um determinado estágio vai se tornando mais curto, devido à eficácia alcançada em Épocas anteriores.  Portanto, é muito provável que nosso estado atual seja a última volta; que a Era de Aquário é a escola preparatória para o dia final em que nos preparamos para a Sexta Época, que se iniciará quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, entrar no Signo de Capricórnio.

Do exposto, deduzimos que o segundo advento se dará antes dessa Época.

Uma pessoa com Leão no Ascendente trás no rosto certos rasgos felinos: o nariz, os olhos, o cabelo abundante, o porte majestoso, tórax amplo, ombros maciços. Tais pessoas gostam de ser notadas, algo agressivas, gostam mais de mandar que de obedecer, pródigos nos sentimentos, conhecimentos e recursos financeiros, amantes de verdade, fiéis, bons oradores, cheios de magnetismo, cheios de vitalidade e de força recuperadora.

O Sol em Leão, se tiver com Aspectos benéficos (algumas Conjunções, Sextis e Trígonos), infunde ao nativo uma natureza nobre, ambiciosa e aspirante, que detesta coisas sórdidas, ardentes no amor e espírito de sacrifício. Leais e sinceros, não medem sacrifícios para vencer os obstáculos, pois é um Signo Fixo e sua palavra-chave é:estabilidade, firmeza. Extremistas em tudo, entusiasmados, devem aprender o domínio de si mesmos, para que, principalmente suas expansões de amor, não lhe prejudiquem o coração. Mas, apesar de fixos, embora defendam com ardor suas ideias, se se lhes prova que estão errados, estão prontos a mudar de opinião e perdoam até o mais acirrado inimigo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Responsabildade Espiritual e o Caminho Estreito do Estudante Rosacruz

Alguns vislumbres sobre as condições da vida superior são gradativamente sentidos por aqueles que percorrem a senda da preparação. Cada novo passo percorrido na realização espiritual revela uma maior preparação para assumir maiores responsabilidades espirituais. Do mesmo modo, conforme a percepção do Estudante Rosacruz se expande, maiores noções da necessidade de mudanças passam a ocorrer, para que seu modo de vida fique congruente a tais vislumbres.

No entanto, a percepção de mudanças, infelizmente, não vem acompanhada das facilidades, sendo que tanto a Personalidade (eu inferior) do Estudante Rosacruz quanto seu ambiente (círculo relacional, incluindo família e círculo social) podem não acompanhar o movimento da verdade que iniciou em seu coração. No âmbito da Personalidade é fácil perceber que pensamentos e impulsos indesejáveis não o abandonam. Pelo contrário, parecem nunca terem ganhado tanta força. Se não permanecer com a arma da persistência voltada para oração e trabalho, perceberá que facilmente sucumbirá. Já em relação ao seu ambiente, bem sabemos que é difícil caminhar contra as ideias aderidas pelas massas e que é muito mais difícil levar uma vida de bondade, inofensiva e de pureza, do que uma que busca “olho por olho; dente por dente” e a gratificação da natureza inferior. Mesmos os Cristãos primitivos já sofreram devido ao seu novo modo de vida, e esse sofrimento ainda é sentido nos dias atuais (apesar de atualmente não haver sofrimentos físicos e mortes devido a isso, como ocorria naquela época).

A percepção e a consciência expandida significam maiores responsabilidades em lidar com as tormentas que o conhecimento da verdade exige. No Evangelho Segundo São Lucas, podemos encontrar uma parábola que remete às responsabilidades aqui mencionadas: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!” (Lc 12:42-48).

Possuir responsabilidades espirituais, como as mencionadas nessa parábola, significa trabalhar com as Leis de Deus que governam a vida do Estudante Rosacruz e de todos aqueles que estão inseridos em seu círculo de ação imediata. Significa imitar o Cristo nesse círculo. A cilada de toda essa questão está exatamente na permanência da inércia expressão física que o Estudante Rosacruz pode cair. Ou seja, apesar de serem bastante nobres todos esses sentimentos e conceitos, enquanto eles são concebidos apenas no mundo das ideias, pouco efeito prático e de mudança no mundo é produzido. E a dificuldade em expressar tais elevados ideais de espiritualidade no cotidiano está exatamente na percepção do peso que é assumir uma vida verdadeiramente Cristã.

Isso é o mesmo que dizer adeus à paz, à tranquilidade e ao descanso, tão almejados e desejados pela humanidade comum. Pelo contrário, quanto mais se revelam verdades, menos paz, descanso, objetos e situações pessoais preencherão a caminhada do aspirante. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.” (Lc 9,23-24).

Essa responsabilidade inclui parar de profanar os recursos pessoais e alheios que temos a disposição e que são necessários para nosso desenvolvimento (incluindo nossos corpos, ambientes e as pessoas com as quais estamos relacionados) e iniciar um movimento de trabalho incessante. “Felizes são os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt 5:8.). Isso significa que, quando uma pessoa não mais profana todos os recursos que possui e consagra uma vida de altruísmo, paralelamente um Corpo-Alma é criado, o qual é o traje necessário para que o casamento do Espírito com o Cristo Interno ocorra.

Os vislumbres de verdade mostram que o Estudante Rosacruz é “um com todos” e que não há separatividade. Isso quer dizer que o sofrimento dos outros é seu próprio sofrimento, que o sucesso dos outros também é seu próprio sucesso, e que tanto a vítima quanto o malfeitor constituem suas próprias fraquezas, seus próprios pecados e a sua ignorância. Ignorar todos esses fatos, como se não tivéssemos parte com os males que ameaçam o atraso do desenvolvimento espiritual humano, é o mesmo que reforçar os pregos da cruz de Cristo, deixando-o cada vez mais preso à Terra.

É importante ao Estudante Rosacruz iniciar a busca pelas barreiras invisíveis que o faz andar para trás e não alcançar novas etapas de realização. Por exemplo, cada vez que o Estudante Rosacruz se depara com a incongruência entre verdade e realidade, pode sofrer a tentação de se sentir impotente. Acaba por ter pensamentos pessimistas do tipo: “não estou à altura da responsabilidade que assumi” ou “tudo isso é uma pura utopia” ou ainda, “há certos hábitos ou traços em minha Personalidade que é inútil lutar para transmutá-los”. Em outras palavras, ele percebe que para tornar realidade os vislumbres de verdade que gradativamente sente, faz-se necessário renunciar toda uma atitude referencial condicionada (ou automática) de viver, que constitui sua identidade inferior, e passar a viver com responsabilidades pessoais e coletivas.

Esse sofrimento, que envolve o estreito caminho da santidade e de consagração a uma vida de altruísmo, deveria servir de combustível para que o Estudante Rosacruz encontre forças para transmutar suas pedras brutas (seus corpos impuros e não desenvolvidos) em pedras preciosas como o ouro, o rubi e o diamante. A senda da preparação nos guarda uma vida de sofrimento, renúncia e trabalho. Apesar disso, a sensação permanente de plenitude e certeza de estar no caminho não possui comparação a qualquer gozo mundano ou conceitos de felicidades materiais que o mundo ordinário oferece.

“Quem não trabalha, não tem direito de comer”. Comer significa ter gozo ou parte com Cristo, o Pão da Vida. “Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós.” (Mt 5:12).

 Que as Rosas Floresçam em vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Cooperação entre o Cérebro e o Coração

“Um novo e importante papel atribuído ao coração, como regulador dasreações cerebrais, foi proposto pelodr. John I. Lacey, do Centro de Pesquisas de Fels, em Yellow Springs,Ohio. A teoria do dr. Lacey baseia-se em evidências sobre animais e humanos e contradiz teorias já reconhecidas, segundo as quais o sistema cardiovascular reflete, mas não controla, o dinamismo mental. Diz Lacey que o ritmo do coração e da pressão sanguínea varia com a atividade mental.

A desaceleração cardíaca e queda de pressão sanguínea se associam a um aumento da atividade cerebral. Até agora supunha-se que a aceleração do batimento cardíaco aumentava a atividade mental e física. Dr. Lacey vê o sistema cardiovascular como um canal para estímulo do cérebro. Ao chegar o estímulo ao cérebro, esse imediatamente decide se deve ou não o atender, comunicando, em seguida, ao Coração, a sua decisão. Seguidamente a atividade cardíaca atua sobre o cérebro, para inibi-lo ou acioná-lo. Por que o coração deveria ser envolvido em trabalho tão importante? Não está esclarecido. Mas serão necessárias investigações complementares para comprovar estados de atenção mental e expansão física”.

(Revista: Selected News)

COMENTÁRIO: Os cientistas ocultistas declaram, há séculos, que o coração, bem como o cérebro, tem parte preponderante sobre o consciente e inteligência do corpo. O Coração é de fato nomeado como sede de um aspecto da Mente Supraconsciente, o reino da intuição. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, tais como foram expostos por Max Heindel em “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, ensinam que a fortaleza do Espírito de Vida (consciência Crística), tem sua principal Sede no Corpo Pituitário (hipófise), no crâneo, e uma segunda fortaleza no coração. O Espírito Humano ou Ego tem sua primeira fortaleza na Glândula Pineal (epífise) e segunda fortaleza no cérebro, como um todo. O Espírito Divino, o Observador Silencioso, tem sua fortaleza na raiz do nariz, mas não em uma glândula. O Espírito Divino é chamado “O Princípio do Pai”. Ele inclui o Espírito de Vida, o princípio Crístico. O princípio do Pai é o da criatividade cósmica ou da vontade, ou ainda, a força da Epigênese. A Epigênese permite ao Espírito Virginal criar novas ideias no Universo e desse modo manifestar novas condições, tornando-se num Criador livre e positivo. Os cientistas, até agora, não admitiam que o coração pudesse interferir na inteligência manifestada pelo cérebro. Dr. Lacey vem trazer valiosa contribuição ao meio científico. De longa data vêm os ocultistas ensinando que as atividades mentais superiores dependem de relaxação e calma. Mergulham-se numa profunda tranquilidade, para possibilitar à Mente libertar-se das solicitações e pressões externas e iniciar as atividades internas e superiores. Essa condição de tranquilidade não é dormir porque a Mente está desperta e a pessoa consciente de si, de seu corpo e derredor.

Mesmo assim, deliberadamente, ela fecha, pelo poder da vontade, os sentidos, a tudo que no exterior possa distrai-la. Uma vez estabelecida a indispensável quietude, a supraconsciência mental procede como num espetáculo, ou projeção de quadros, fato conhecido como clarividência, telepatia, clariaudiência, consciência cósmica, etc. O indivíduo, em tal estado, pode sentir, às vezes, que está deixando o Corpo
Denso, podendo funcionar independentemente em outros planos da Natureza, nos quais colabora com Hierarquias Criadoras. Seu batimento cardíaco e pulso estão reduzidos e não excitados.

O coração toma parte especial nesse desempenho, em virtude de sua conexão com o Cristo Interno e o Corpo Pituitário (Hipófise), é popularmente considerado como a sede do amor humano. No entanto, quer nutramos amor material, quer elevadamente espiritual, estamos cônscios de correntes fluindo na região cardíaca. Max Heindel fala de um “lírio”, órgão etérico que se desenvolve entre a laringe e os dois centros cerebrais, para habilitar o Adepto a falar a palavra criadora. Esse lírio é construído pela força sexual criadora conservada, elevada através da coluna espinhal ao coração e desse ao cérebro. A conservação espiritual dessa força sexual criadora é mais que mero acúmulo de força sexual. Esclarecemos isso para orientação de pessoas que julgam bastar, para isso, a continência, sem crescimento da alma pelo altruísmo e amor. Essa conservação envolve também a justa aplicação da palavra, pelo controle da língua e usada edificantemente, sem desperdícios, o mais possível. força sexual criadora é igualmente conservada pela disciplina da atividade mental, por sua focalização em assuntos nobres e superiores, por pensamentos criadores da melhoria do ser humano e de suas condições.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Poder da Nossa Palavra

Max Heindel escreveu que o uso das palavras para expressar o pensamento é o mais alto privilégio humano. Podemos encontrar na Bíblia diversas passagens que expressam o poder da palavra.

Desde o início da criação em Gênesis 1:1 (“Deus disse: ‘Faça-se a luz’! E a luz se fez. ‘Faça-se um firmamento entre as águas, separando umas das outras’. E Deus fez o firmamento”) até no Novo Testamento com os ensinamentos de Cristo, como, por exemplo, quando Cristo-Jesus acalma a tempestade quando Ele e seus discípulos estavam num barco, em Mateus 8:24-27: “…Ele levantou-se e intimou aos ventos e ao mar e se fez grande bonança. E os homens se admiraram dizendo: ‘Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?’”. Ou em João 1:1: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo o que feito, foi feito por ele e nada do que tem sido feito foi feito sem ele”, Onde se mostra o Segundo aspecto do Ser Supremo que, por meio da palavra, trouxe a existência tudo que há.

E assim é porque a palavra é criadora. Agora, por que ela é criadora? Porque ela advém de uma parte da nossa força sexual criadora.

Tudo começou ainda quando éramos todos, hermafroditas, capazes de nos reproduzir sozinhos, mas éramos inconscientes dos nossos Corpos e, portanto, incapazes de criar e de se expressar nesse Mundo Físico.

Quando tomamos posse desses nossos Corpos (ou veículos de expressão) foi necessário construir o cérebro e a laringe para podermos criar nesse Mundo Físico. Estávamos na Época Lemúrica. Por falar nela, vale lembrar aqui, que nessa Época considerávamos a palavra como algo santo. Era empregada sobre a orientação das Hierarquias Criadoras que nos guiavam. Cada som emitido por nós lá tinha poder: sobre os semelhantes, os animais e sobre a Natureza circundante. Oras, trata-se de dois órgãos físicos criadores, portanto, necessitaram de força criadora para serem construídos!

Assim, metade da nossa força criadora sexual foi utilizada para a construção desses dois importantes órgãos. A laringe se formou em nós, quando nossos Corpos Densos ainda tinham a forma de um saco dilatado. Podemos ter a ideia de como era observando um embrião humano, quando passamos pela fase Lemúrica da gestação.

Conforme o Corpo Denso foi tomando a posição vertical, como é hoje, parte dessa força sexual criadora permaneceu com a parte inferior do Corpo Denso, nos órgãos sexuais, e parte com a parte superior convertendo-se na laringe e no cérebro. Assim, o poder da palavra é criador!

Como lemos em Gênesis: 1:26: “Façamos o homem à nossa imagem e segundo nossa semelhança”. Ou seja: a habilidade criativa de Deus está refletida em nós. Nós somos deuses em formação e, toda vez que falamos nós estamos exercitando esse poder dado por Deus. Nós estamos aprendendo, por tentativa e erro e por meio da Lei de Causa e Efeito, de tudo que nós criamos. Cristo disse: “Toda palavra que o homem falar, ele deve dar conta dela no dia do seu julgamento. Pelas suas palavras será justificado e pelas suas palavras será condenado” (Mt 12:36). Isso está se referindo ao processo da criação do nosso pessoal “Livro da Vida”. O Éter que respiramos junto com o ar está carregado com uma precisa quantidade e qualidade de todas as nossas: pensamentos, sentimentos, emoções, desejos e palavras, ações, atos e obras. Esses são transmitidos dos pulmões para o sangue que circula pelo coração a cada instante da nossa vida. Na sua passagem pelo ápice no ventrículo esquerdo do coração é gravada toda essa imagem fidedigna no Átomo-semente do Corpo Denso que lá está, e que constitui o nosso “Livro da Vida” pelo qual seremos julgados após o término de cada existência aqui na Terra. Por isso é que devemos evitar o quanto pudermos o bulício dos seres humanos no nosso ambiente ao redor.

Mas, por que razão nos atraem as falas e conversas supérfluas, a imensa maioria calcada no inferior, na fofoca, no mal? Gostamos tanto de falar porque pretendemos, com essas conversas, sermos consolados uns pelos outros e desejamos aliviar o coração fatigado por preocupações diversas que se resumem na falta de fé em Deus.

E, assim, perdemos o nosso precioso tempo sentindo prazer em falar e pensar, ora nas coisas que muito amamos e desejamos, ora nas que nos contrariam. Mas que ilusão a nossa!

Em vão buscamos esse tipo de consolação exterior que decididamente afasta a verdadeira consolação que é a interior e divina. Cumpre, portanto, de nos vigiar e orar, para que não passemos o nosso tempo ociosamente. Se for lícito e oportuno falar, que seja de coisas edificantes!

É certo que o mau costume e o descuido do nosso progresso espiritual concorrem muito para o desenfreamento de nossa língua. E o descuido do nosso progresso espiritual está com a eterna desculpa de falta de tempo.

Se nos abstivermos de conversações supérfluas como também de ouvir novidades e boatos acharemos tempo suficiente e adequado para cuidarmos do nosso progresso espiritual.

Como disse Sêneca na Epístola n.7: “Sempre que estive entre os homens, menos homem voltei”. Isso experimentamos muitas vezes, quando falamos muito. Mas fácil é calar de todo, do que não tropeçar em alguma palavra. Portanto, utilizemos o uso da nossa palavra o mais santamente que possamos.

Sabemos que a Fraternidade Rosacruz simboliza o futuro desenvolvimento do ser humano. Quando ficamos de pé, com os braços estendidos de modo que formemos uma cruz, nós encontramos que a posição da laringe corresponde a posição da rosa branca do Símbolo Rosacruz. O sangue sem paixão da planta ascende através do seu caule até o seu órgão reprodutor, o cálice da planta. Assim também, quando dirigimos toda a nossa força sexual criadora para cima, a laringe se torna espiritualizada, tornando-se o receptáculo da purificada, conservada e transmutada força sexual criadora. A voz terá o poder: da benção, da cura e da criação. A mesma cura pela palavra que vemos feita por Cristo em diversas passagens na Bíblia, como por exemplo, na cura do paralítico em Jerusalém, em João 5:8: “Ordenou-lhe Cristo-Jesus: ‘levanta-te, toma o leito e anda’. No mesmo instante aquele homem ficou curado, tomou o leito e andou”. A mesma criação que vemos feita por Cristo em diversas passagens na Bíblia, como por exemplo, na multiplicação dos pães em João 6:10-13: “Disse André a Cristo-Jesus: ‘está aqui um menino que tem cinco pães e dois peixes, mas o que é isso para tanta gente?’ Sentaram-se, pois, os homens em número de uns cinco mil. Cristo-Jesus, então, tomou os pães e, dando graças, deu aos que estavam sentados e, também, os peixes, tanto quanto quiseram. Depois de saciados, disse aos seus discípulos: ‘recolhei os pedaços que sobraram, para não se perderem’ Recolhendo, encheram doze cestos de pedaços que dos cinco pães de cevada sobraram”.

Ou seja: a laringe falará a Palavra Perdida, ou Fiat Criador no passado empregado por nós, sob a orientação das Hierarquias Criadoras na Época Lemúrica. Seremos um criador de verdade e não na forma relativa e convencional do presente. Empregando a palavra apropriada poderemos criar um corpo. Portanto, tratemos de expressar palavras unicamente quando houver oportunidades de serem construtivas. Caso contrário, guardemos em nosso silêncio. Como dizem, o silêncio é de ouro. Na verdade, através dele podemos guardar a nossa força sexual criadora expressa em nossas palavras a fim de ser utilizada quando realmente for necessário.

E como lemos nos Preceitos para o Estudante Rosacruz: “Considerando que o silêncio, em verdade, é um dos maiores auxiliares para o crescimento da alma, procuremos sempre no ambiente onde se encontramos predominar: a paz, a harmonia e a calma”.

Vamos, então, fazer cada esforço para sermos guiados pelo nosso Cristo interno, contraparte do Cristo externo, nosso guia e salvador, falando somente o que é bom e nos esforçando para exercitar nossas habilidades criativas para a glória de Deus.

Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Transfiguração na Iniciação Cristã Mística e Cristã Ocultista

O verdadeiro Cristão Místico é facilmente distinguido. Ele jamais ocupa os seis dias da semana para se preparar para uma grande alocução para emocionar seus ouvintes no domingo, mas gasta, igualmente, todos os dias num humilde esforço de cumprir a vontade do Mestre, independentemente dos aplausos externos. Assim, inconscientemente, ele trabalha sempre em direção ao grande clímax que, na história dos mais nobres de todos os que percorreram esse caminho, é conhecido como “Transfiguração”.

A Transfiguração é um processo alquímico pelo qual o Corpo Denso, formado pela química dos processos fisiológicos, se converte na pedra viva, tal como é mencionado na Bíblia. Os alquimistas medievais, que buscavam a Pedra Filosofal, não estavam preocupados na transmutação de tais impurezas em ouro significativo, mas visavam o objetivo maior conforme narramos acima.

A umidade concentrada nas nuvens cai na terra em forma de chuva, quando suficientemente condensada e é novamente evaporada pelo calor do Sol em novas nuvens. Essa é a fórmula cósmica original.

O espírito também se condensa em matéria e se torna mineral, mas, embora seja cristalizado numa forma tão dura quanto a pedra, a vida ainda permanece, e pela alquimia da natureza, trabalhando por meio de outra corrente de vida, os constituintes minerais densos do solo são transmutados numa estrutura mais flexível no vegetal, que serve como alimento ao animal e ao ser humano. Essas substâncias se tornam corpos sencientes pela alquimia da assimilação. Quando notamos as mudanças na estrutura do corpo humano, evidenciadas pela comparação dos sãs[1], chineses, indianos, latinos, celtas e anglo-saxões, evidentemente está claro que o Corpo Denso do ser humano está, atualmente, passando por um processo de refinamento com a erradicação das substâncias mais rudimentares e grosseiras. Com o tempo, pela evolução, esse processo de espiritualização tornará nosso corpo radiante e transparente pela Luz que brilhará internamente, radiante como o rosto de Moisés, como o corpo de Buda e o de Cristo na Transfiguração. Presentemente, a luz do Espírito interno residente está efetivamente obscurecida por nosso Corpo Denso, mas podemos ter esperanças advindas da ciência da química. Não há nada na terra tão raro e precioso quanto o rádio[2], o extrato luminoso do denso mineral negro chamado pechblenda[3]; e nada há mais precioso e tão raro como o extrato do corpo humano, o Cristo radiante. Presentemente, estamos trabalhando para desenvolver o Cristo interno, mas quando o Cristo dentro de nós estiver plenamente desenvolvido, Ele brilhará através do corpo transparente como a Luz do Mundo.

É um fato anatômico, comumente conhecido, que a medula espinhal está dividida em três seções, através das quais os nervos motor, sensorial e simpático são controlados. Astrologicamente, são regidos por Marte, Mercúrio e a Lua, respectivamente, que são Hierarquias divinas que desempenham papel importante na evolução humana através dos sistemas nervosos citados. Entre os antigos alquimistas, esses eram designados pelos três elementos alquímicos: sal, enxofre e mercúrio. Entre eles, e acima deles, está colocado o Fogo Espiritual espinhal de Netuno. Ele ascende na coluna serpentina através da medula espinhal até os ventrículos do cérebro. Na grande maioria da humanidade, o Fogo Espiritual ainda é extremamente fraco. Porém, quando ocorre um despertar espiritual em alguém é como uma conversão genuína, ou melhor ainda, pelo Batismo do Cristão Místico, como uma queda constante e  intensa do Espírito vindo dos céus, que é um fato real, intensifica o Fogo Espiritual espinhal numa extensão quase inacreditável e, imediatamente, inicia um processo de regeneração, em que as substâncias grosseiras do Tríplice Corpo do ser humano são gradualmente eliminadas, tornando os veículos mais permeáveis ​​e prontamente adaptáveis aos impulsos espirituais. Quanto mais desenvolvido o processo, mais eficientes eles se tornam na “vinha do Mestre”.

O despertar espiritual que inicia esse processo de regeneração no Cristão Místico, que se purifica pela oração e pelo serviço, evidentemente, chega também para aqueles que buscam Deus por meio do conhecimento e do serviço, mas atua de forma diferente, o que é observado pelo investigador espiritual. No Cristão Místico, o Fogo Espiritual espinhal regenerador está concentrado, principalmente, no segmento lunar da medula espinhal, que governa os nervos simpáticos sob a regência de Jeová. Portanto, seu crescimento espiritual é alcançado pela fé, tão simples, infantil e inquestionável como nos dias da primitiva Atlântida, quando os seres humanos ainda não tinham Mentes. Assim, ele atrai a grande Luz da Deidade branca refletida por meio de Jeová, o Espírito Santo, e adquire toda a sabedoria do mundo, sem necessidade de trabalhar por ela intelectualmente. Isso, gradualmente, transmuta seu corpo na branca Pedra Filosofal, a alma diamante.

Por outro lado, aqueles cujas Mentes são fortes e insistentes em saber a razão do porquê de cada sentença e dogma, o Fogo Espinhal da regeneração atuará sobre os segmentos do vermelho Marte e do incolor Mercúrio, buscando infundir o desejo com a razão para purificar a antiga paixão primordial, para que se torne casta como a rosa e, assim, transmuta o corpo na alma rubi, a vermelha Pedra Filosofal, provada pelo Fogo, purificada, uma individualidade criativa em desenvolvimento.

Todos os que estão buscando o Caminho, seja pelo caminho do ocultista ou pelo do misticismo, estão tecendo o “Dourado Manto Nupcial” por esse trabalho por dentro e por fora. Em alguns, o ouro é extremamente pálido e em outros é profundamente vermelho. Mas, finalmente, quando o processo da Transfiguração tiver sido concluído, ou melhor, quando estiver próximo a isso, os extremos se fundirão e os corpos transfigurados terão uma cor equilibrada, pois o ocultista deve aprender a lição com profunda devoção, e o Cristão Místico deve aprender como adquirir conhecimento por seus próprios esforços, sem a necessidade de recorrer à fonte universal de toda a sabedoria.

Essa perspectiva nos fornece uma visão mais profunda da Transfiguração relatada nos Evangelhos. Devemos nos lembrar claramente que os veículos de Jesus foram transfigurados, temporariamente, pelo residente Espírito de Cristo. Mas, mesmo considerando a enorme potencialidade do Espírito de Cristo em efetuar a Transfiguração, é evidente que Jesus devia ser de um sublime caráter, sem igual. A Transfiguração como é vista na Memória da Natureza revela o Seu corpo com uma brancura deslumbrante, assim evidenciando a sua comunhão com o Pai, o Espírito Universal. Há uma grande diversidade em como tais resultados atualmente são alcançados, porém, no reino de Cristo, essas diferenças desaparecerão gradualmente, e uma cor uniforme, indicando tanto o conhecimento como a devoção, será alcançada por todos. Essa cor corresponderá à cor rosa, vista pelos ocultistas como o Sol Espiritual, o veículo do Pai. Quando isso for alcançado, a Transfiguração da humanidade estará completa. Então, seremos um com nosso Pai, e Seu reino terá chegado.


[1] N.T.: ou bushmen são membros de várias etnias de caçadores-coletores da África Austral, cujos territórios abrangem Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul. Há uma diferença linguística significativa entre os povos que vivem nesses lugares. Eles contribuem uma riqueza de informações para os campos da antropologia e da genética. Um amplo estudo sobre a diversidade genética africana concluído em 2009 descobriu que os “sãs” estavam entre as cinco populações com os níveis mais altos medidos de diversidade genética entre as 121 populações africanas distintas amostradas. Os “sãs” são um dos catorze povos ainda existentes da chamada “população ancestral” existentes, a partir do qual todos os seres humanos modernos conhecidos descendem.

[2] N.T.: um elemento químico de símbolo Ra, número atômico 88 (88 prótons e 88 elétrons) com massa atómica [226] u, pertencente à família dos metais alcalino-terrosos, grupo 2 ou IIA da classificação periódica dos elementos. À temperatura ambiente, o rádio encontra-se no estado sólido. É um metal altamente radioativo encontrado em minerais de urânio como na pechblenda. As suas aplicações são derivadas do seu caráter radioativo. Foi usado em medicina, porém substituído por radioisótopos mais eficientes. Foi descoberto por Marie Curie e seu marido Pierre em 1898 na pechblenda/uranita.

[3] N.T.: Descoberta por Antoine Henri Becquerel, a pechblenda é uma variedade, provavelmente impura, de uraninita. Dela é retirado o urânio, que é constituinte de muitas rochas. É extraído do minério, purificado e concentrado sob a forma de um sal de cor amarela, conhecido como “yellowcake”.

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro  Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Vamos Falar Francamente

É interessante notar, em nossos contatos comuns de cada dia, como reagem as pessoas a determinadas situações. De um modo geral, a maioria parece estar sempre em pé de guerra, com o espírito constantemente prevenido, preparada para defender-se de alguma possível agressão. Se alguém, mesmo em meio de uma conversa banal, usar algum termo capcioso, com ou sem intenção, é quase certo que provocará uma reação à altura, da pior espécie possível. Parece que todo o mundo lá fora, quero dizer, fora da vida espiritual, está empenhado em não se deixar atingir. E não poucos conservam, além de um estado permanente de autodefesa, uma necessidade premente de expressar-se em seu mais alto nível de valores, de talentos, de conhecimentos, de ideias, quando não, de posses e de uma boa situação financeira. Há, em geral, no ar, uma preocupação aflitiva em manter as aparências de parecer melhor, mais sábio, mais inteligente, de sobressair-se, como se o interlocutor, companheiro de trabalho, amigo ou até parente, seja um competidor perigoso, na sua escala de valores. Quase ninguém pensa em acertar, em encontrar o certo, sem preocupações de derrota ou de vitória ao seu próprio ponto de vista. E não raro acontece que, se alguém que já tenha ultrapassado esse estado de egotismo e, enxergando um pouco mais longe, procure atuar, nesses momentos, baseado nos seus princípios altruístas, seja imediatamente considerado um tolo, servindo de alvo da desconsideração ou até da astúcia dos outros.

Esse estado de coisas, entretanto, não deve assustar aqueles que, em face dos contatos humanos heterogêneos, mantêm-se bem-intencionados, embora não recebam a troca de valores que seria cabível no momento. Quem se aprofundar um pouco mais numa melhor e maior filosofia de vida e tiver a felicidade de pertencer a uma escola espiritualista de alto nível, como a Fraternidade Rosacruz, por exemplo, acabará penetrando no valor real de cada coisa, e sabendo como não se deixar atingir por nenhum desentendimento ou nenhum desafeto. Quando chegar, mesmo a esse ponto de ter que enfrentar situações de competição, saberá passar por cima das intenções incorretas, mantendo-se dentro de sua própria serenidade, de sua própria segurança íntima. E, não se deixando atingir, compreenderá com maior exatidão o peso real de cada palavra, de cada intenção, e, em lugar de sentir desconforto, necessidade de se defender ou até de fugir daquela situação, resumirá suas respostas na própria certeza do bem já desenvolvido em amor e compreensão. E é aí que começa a crescer em seu coração o verdadeiro espírito de Fraternidade, e a voz do Cristo interno passará a orientá-lo, cada vez mais viva, para o certo, para o verdadeiro.

Não será fugindo aos contatos da força agressiva da Personalidade alheia e de seus tentáculos, que se chegará à Verdade, mas observando, estudando em silêncio, procurando encontrar no caminho da discrição, o seu próprio dever, a sua real atitude. Tenhamos em mente que a verdadeira meta, Cristo Jesus deixou traçada para a humanidade em Seu caminho de glória e sofrimento. Quem quiser, mesmo, progredir realmente em sua vida espiritual e acertar em todos os momentos, muito aprenderá com a vida de Cristo, mediante os Evangelhos. E, se seguir com cuidado e persistência os ensinamentos de uma filosofia superior como a Fraternidade Rosacruz, encontrará esclarecimento e resposta aos seus pontos fracos, reforço para os pontos fortes e iluminação para realizar-se em seu próprio equilíbrio. Então, não haverá força humana capaz de causar-lhe qualquer sorte de desconforto, e sua firmeza poderá ajudar também aqueles que enxergam menos e ainda estão condicionados a uma série de preconceitos criados pela força da Personalidade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1974 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Fidelidade

Os Probacionistas são Estudantes da Fraternidade Rosacruz que se propõem a mais seriamente servir ao “Eu Superior” e aos Ideais de fraternidade e serviço que ele representa.

É um compromisso perante si mesmo, um voto de fidelidade à causa espiritual. Desde esse momento se lhe fornecerão Ensinamentos Rosacruzes mais profundos, que envolvem maior responsabilidade; deixou de tomar “o leite das crianças espirituais e passará a comer carne doutrinária”. A carne é símbolo de sabedoria no sentido filosófico atribuído pela mitologia nórdica (o javali Scrimner) e na sabedoria oriental (Buda estava farto de carne quando morreu).

Ora, a quem mais se dá, mais se lhe pede. Se recebemos recursos para aumentar o conhecimento de nós mesmos, se tomamos consciência dos poderes que podemos empregar em benefício dos demais e negligenciamos, teremos de ajustar contas conosco mesmo, o “Eu Superior”, a quem prometemos servir.

Sigfried descobriu Brunhilde, a Verdade, no meio do círculo de fogo e com ela se casou, jurando-lhe fidelidade eterna. É uma representação de um Probacionista. Porém, muitas vezes sofrerá o assédio de inimigos astutos, disfarçados em amigos, os vícios e falhas de sua Personalidade, apresentados como legítimas necessidades e impulsos, que defendem sua posição de prestígio, a todo custo, na corte do corpo humano. Não hesitam, pois, em trair o Senhor, o Cristo dentro de nós, o Cristo interno.

Precisamos compreender o verdadeiro sentido, o verdadeiro conceito, da palavra FIDELIDADE, em termos de obediência da Personalidade à Individualidade, o “Eu Superior”, em termos de vigilância e oração, para evitar, ao máximo de nossas possibilidades e entendimento, que nosso Senhor seja traído.

Olhemos a história: todas as pessoas de valor foram autênticas; não tiveram medo; não recuaram na defesa de seus ideais. São Paulo foi autêntico e sincero em dois extremos de ação, o Saulo, perseguidor e o Paulo, pregador, muitas vezes surrado e preso.

Não pretendemos sugerir façamos tanto. Mas, na medida de nosso nível evolutivo, devemos conservar a qualidade comum de sinceridade, de autenticidade, conosco mesmos. Isso equivale não apenas a sermos nós mesmos, sem máscaras, como também o reconhecimento de nossos defeitos e o propósito de os corrigirmos, para a indispensável regeneração que o ideal nos reclama. Ora, se somos fiéis a nosso “Eu Superior”, buscamos com ele conversar todos os dias, em recolhimento e prece, pedindo-lhe orientação e ajuda. Ele nos mostrará as tramas que se armam dentro de nós, pois está consciente de tudo que se passa com seus “discípulos”, sabe onde está Judas e o que faz contra ele, sabe das fraquezas de Pedro, perdoa-o e sempre o ajuda.

Podemos dizer que os únicos e grandes inimigos do Senhor estão dentro de nós. Não critiquemos, pois, os outros. A crítica é mau sinal. O “Eu Superior” jamais crítica.  Ele ilumina amorosamente. Quem critica é a natureza inferior, o “Eu inferior”, a Personalidade. Cada vez que criticamos mais engordamos os maus vassalos, e contribuímos para a discórdia de nosso Reino. Cada vez que criticamos, damos ênfase a tensões. Cada vez que criticamos, fazemo-lo com o disfarçado propósito de evidenciar nossa superioridade, rebaixando o outro, comparando-o negativamente a nós.

Fidelidade não é servir nosso “Eu Superior”, defendendo-o dos outros, de fora, que não partilham de nossas opiniões.  Cada Ego é um mundo à parte. Cada um deve responder por sua evolução. Nossa relação com eles deve ser de Ego para Ego, buscando ver em cada um a divina essência que nos identifica como irmãos, filhos do mesmo Pai. Com nosso discernimento, domínio próprio, com amor e firmeza evitaremos tudo o que da Personalidade, da natureza inferior dos outros, possa prejudicar-nos. Principalmente quando esses outros são importantes no “mundo dos homens” e nossa Personalidade tem interesse de agradá-los para tirar-lhes proveito da influência. Essa é uma prova muito expressiva. Se muitos gostam de bajuladores, se esses muitas vezes se beneficiam, não nos deve absolutamente tentar nem desiludir. Mantenhamos nossa autenticidade por meio de uma legítima cordialidade, tolerância e fraternidade. Muitos há que, por terem mais experiência da natureza humana ou por se cansarem dos bajuladores, atraem para si os mais sinceros servidores.

Tudo isto é humano e natural. Temos falhas e os outros também. Mas a luta mesmo é a que se trava dentro de nós. Precisamos de ser fiéis ao “Eu Superior”, haja o que houver: “Aquele que deseja salvar sua alma a perderá, e quem a perder em minha causa, ganhá-la-á”. Essa citação mostra o ensinamento de Cristo de que os lucros do mundo são os celestiais. Ele também disse: “Quem recebeu do mundo já nada tem a receber nos céus”.

Mas, esclareçamos: não quer dizer que as coisas mundanas sejam necessariamente antagônicas às coisas espirituais. O emprego das coisas é que, às vezes, o são. Nada é bom nem ruim, o emprego é que qualifica a ação ou a faculdade.

Esclareçamos também: não busquemos guarida nessas consolações, à guisa de pretexto, para justificar nossos insucessos e fracassos de relacionamento humano. Muita gente não progride por falhas pessoais e não porque os outros sejam ruins e ingratos. Temos observado que muitas pessoas que interpretam indevidamente os Ensinamentos Rosacruzes não são profissionais conscienciosos nem fraternais. Vivem mal, têm experiências desagradáveis com os demais e não chegam a atinar com seus defeitos, em que reside a causa da falha.

Por isso insistimos: a única fonte de esclarecimento é o nosso Ego. Ou renunciamos humildemente à nossa Personalidade e buscamos a orientação do “Eu Superior” e sua ajuda, propondo-nos a fielmente servi-lo, ou ficamos marcando passo e respondendo mais pesadamente pela oportunidade que nos foi dada, por meio de uma Escola Superior de conduta, com o é a Fraternidade Rosacruz.

Só desejamos que cada um se ilumine e se identifique como Espírito, como “Eu Superior”, como um Espírito Virginal da Onda de Vida Humana manifestado, um Ego. Nessa medida é que se estabelece a verdadeira Fraternidade, fundada em Luz, em Alma; nessa medida é que cada um pode melhor contribuir para si mesmo, para sua família, para o seu entorno e para a sociedade. Nessa medida é que cada um serve melhor a Cristo, nessa medida, finalmente, é que cada um se credencia a se constituir como um legítimo cidadão da futura Fraternidade Universal.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como agimos no Mundo: a Importância das Pequenas Coisas – essas que fazemos no nosso dia a dia

Em razão de nossa dual natureza, espiritual e humana, não podemos ainda, infelizmente, manter um permanente contato com Deus, através de nossa Divina Centelha. Mas, nem por isso devemos cruzar os braços admitindo, antecipadamente, a derrota, sob a justificativa de que o caminho é muito longo e difícil. Temos orientação segura, amorosa e desinteressada na Fraternidade Rosacruz. Arregacemos as mangas e tratemos, sob tal orientação, de dispor os tijolinhos de nossos pequenos e continuados esforços, com a argamassa do amor, para a, pouco e pouco, edificarmos nosso templo interior.

Não importa que ao nosso redor muitos corram na louca ânsia de sorver os prazeres do mundo: a indigestão os fará retornar aos alimentos sadios. Deus não tem pressa. Ninguém se perderá. Através de sábias leis, lenta e seguramente, Ele promove a elevação de suas células espirituais. Todos os caminhos conduzem a Roma. Cabe-nos escolher.

Atendemos bem para isto: o segredo está no acúmulo persistente de pequenas conquistas. Mais vale um grama de realidade do que um quilo de sonhos. Aspirar e não realizar é incompleto. Deus desejou criar o Universo; idealizou-o e depois o Verbo se fez carne. Fazer é crescer. A fé, sem obras, é morta. E quem cresce pode melhor servir. E quem melhor serve, mais recebe para dar.

O desenvolvimento espiritual se realiza assim. Devagar e sempre. Lembra Max Heindel: “é, comparativamente, mais fácil realizarmos uma grande proeza num impulso de heroísmo, do que vencermos as pequenas batalhas das dúvidas, das condescendências próprias, dos descuidos. Os que o conseguem são os verdadeiros heróis anônimos, reconhecidos por Deus”.

De fato! Podemos ter momentos de elevação e de contato com nossa Deidade Interna, nas reuniões de Fraternidade e nos exercícios e preces que realizamos em casa. Mas, e os intervalos? Quando deixamos o altar de nossas consciências, e voltamos ao trabalho do mundo, continuamos, na presença de nosso Cristo ou dele nos despedimos, furtando-nos a seus penetrantes olhos, por que somos obrigados a agir como homens e mulheres comuns?

Aqui está o segundo ponto, prolongamento do primeiro: para haver pequenos e continuados esforços espirituais, devemos vigiar e orar, ou seja, orar sem cessar, isto é, manter atitude mental, comportamento emocional e coerência em atos íntegros no mais puro sentido do termo, servos de Deus; expressão de Sua Vontade em nós. E se achamos que nossas atividades não nos permitem agir dessa maneira, oremos para que Deus nos inspire a encontrar outro caminho. Estamos nos justificando pelo desejo de lucro ilícito? Não temos convicção bastante para afirmar nossa lealdade espiritual, sem perder de vista a prudência com as fraquezas humanas? Temos receio de iniciar outra atividade mais afim a nosso ideal Cristão?

Mas nem sempre é esse o caso. A vida moderna reconhece cada vez mais a necessidade de lealdade e lisura nas relações humanas. Ao contrário, o ser humano correto e prudente é sempre respeitado e fatalmente guindado a postos de confiança.

O problema está nas negligências, nas condescendências, para sermos agradáveis aos outros. As palavras que falamos na vida diária, no lar, no trabalho, no lazer, nas rodas de piadas, quando estamos aborrecidos ou irados, são essas palavras que nos traem e comprometem muito mais do que pensamos, porque as palavras têm poder.

Stephen Vicent Benét nos exorta: “a vida não é perdida quando morre o corpo, senão nos minutos, dias e anos preenchidas de pequenas e descuidadas falhas”. No Livro dos Provérbios, Salomão admoesta: “a língua dos sábios produz a cura. Quem guarda a sua boca, conserva a vida. Mas a boca do tolo é sua destruição.” (Pb 12:18-19).

Na Época Lemúrica, pelo poder da palavra moldávamos os corpos dos animais e vegetais. Desde o mais remoto passado o ser humano temeu a maldição e desejou bênçãos. Os braceletes atuais são reminiscências de objetos que no passado as pessoas usavam no braço, no pulso, com inscrições de palavras edificantes e protetoras, tiradas de seus livros sagrados.

Não importa se os outros nos percebem: se pensamos, se sentimos erroneamente, já pusemos em ação uma força modeladora de algo desagradável. Foi isso que inspirou alguém a dizer: “Ó Deus, ajuda-me a tornar doces e edificantes os meus pensamentos, sentimentos e palavras, porque um dia terei de engoli-los…”.

Meditemos muito nisso. Fazer um pouco por dia, todos podemos! Vigiar e orar é buscar manter uma unidade ativa coerente com a vontade de nosso Cristo Interno.

Talvez na ausência dessa prática resida a explicação de nosso lento evoluir espiritual.

Nesse caso, comecemos agora mesmo, segundo o conselho de São Paulo Apóstolo: “Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4:22-24).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1969 – Fraternidade Rosacruz –SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Cristo Interno

Há momentos em que o Cristo Interno nos fala e dispomo-nos a ouvi-Lo, intimamente ajoelhados, a Personalidade apequenada em sua justa posição de serva, momentos sublimes! Banhamo-nos num indizível sentimento de convicção de todas as possibilidades divinas latentes, de todo o bem que nos está sendo oferecido, pela simples aceitação de Sua Vontade, pela entrega incondicional de nossa vida a Ele, pela disposição sincera de seguir-Lhe os princípios. Como, então, se nos incendeia o ser, inconformado e triste, ante as limitações que nossa natureza humana interpõe à divina Graça! É um gemido de nosso Ego à lentidão da caminhada, à estagnação da graça que não flui, sua mágoa ao ver os divinos talentos expostos na vitrine do personalismo, à admiração pública.

A Voz, suave e marcante nos exorta:

“Não te nego nada. Jamais te neguei. Se mais não tens é porque não dás. É mister que minha graça jorre de ti, em serviço amoroso, silencioso, e altruísta, para que renoves a provisão, com os juros do bom emprego que dela fizeste. Sou a videira verdadeira e tu, as varas. Se estás ligado e te abres a mim, minha seiva fluirá através de ti e se manifestará em rosas de virtudes em frutos suculentos de meu corpo e de meu sangue, para teu alimento e de todos os que ajudares, em meu nome. Aquele que não comer de meu corpo e não beber de meu sangue não tem parte comigo. Mas cuida bem de não te envaideceres quando atribuírem a ti a qualidade e origem de meus frutos, principalmente quando já forem mais abundantes e saborosos que no comum das pessoas. As tentações espreitam em cada curva da escalada. Quanto mais sobes, tanto maior é a queda, mais deprimente a sensação do tombo, mais aguda a fome da alma, que se segue, mais contundente o contraste, entre a confusão que se estabelece, então, em teu íntimo, e a paz que anteriormente gozavas.  Mais ainda, quando caias, estarei contigo, sofrerei contigo, sentindo, entretanto, a necessidade da poda, para que frutifiques mais. E ainda que demores, aguardo que busques arrependido, para então reconfortar-te através de verdes brotos, esperançosos de uma nova primavera. Só virará fracasso se deixares de lutar. Quando levantares terás tu a consciência aumentada, poderás ligar a causa ao efeito, abrirás caminho para meu cumprimento e encontrarás nova disposição para aplicares a experiência em mais altas e seguras realizações.

E chegará o tempo, eu te espero sempre, em que aprenderás pelo meio mais fácil, da Observação e do Discernimento, principalmente ouvindo a intuição que te mando.

Então verás a razão de tudo, um movimento meu, crescendo, enquanto, seus orientadores me ouvem e a mim te ligam, outro movimento, sempre conduzido, porque seus responsáveis dizendo trabalhar para mim, fecharam as portas a meu suprimento, preferindo recebê-lo de seus recursos personalistas. Então verás como a tua palavra terá mais força de persuasão, terá espírito, poder de cura, terá essa faculdade de induzir ao íntimo de todos, minha mensagem, quando falas comigo e por mim. Contrariamente constatarás que teu personalismo te envaidecerá, tornar-te-ás exigente, crítico, intolerante, tirar-te-á este meu dom de te relacionares eficientemente com os outros, despertando-lhes e aproveitando-lhes o que tem de bom, em minha vinha.

Não há fugir, meu filho, aquilo que fizeres a um de meus pequeninos, a Mim o farás. Se não amas e não serves a teus irmãos, jamais poderás amar-Me e servir-Me. Eu Sou o espírito em ti e neles. Quando os amas, em verdade Me amas. Busca-Me em todos e achar-Me-ás, se o fizeres com amor. Eis o segredo do êxito na divulgação da minha obra. É desse modo que poderás ajudar a unir e estabelecer minha família universal.

“Abre-me, pois, a tua porta, para que eu entre e em ti faça morada. Ao girares a maçaneta de tua liberdade, ligarás ao mesmo tempo o interruptor de tua personalidade à minha Luz. Terás, então, consciência de Mim, e dirás também: ‘Não sou eu quem faço as obras, mas o Pai em Mim, não sou mais eu quem vivo, mas o Cristo em Mim’.”

(publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Justiça Amorosa

A justiça humana é simbolizada por uma mulher de olhos vendados, segurando uma balança de pratos equilibrados. Significa isenção de ânimo e julgamento impessoal, nos termos do artigo primeiro de nossa Constituição: “todos os homens são iguais perante a lei”.

Tem similitude com o símbolo de Libra, a balança. Mas essa é condição do futuro, ao passo que a lei humana atende às necessidades atuais. E como ainda não aprendemos a viver sob a Lei do Amor, suscitamos as reações da Lei de Talião, remanescentes das épocas pré-Cristãs, tornando indispensável a justiça social.

Contratos, fechaduras, recibos, cofres, exércitos e tudo o mais que nós próprios suscitamos com nossos desvios e agressões, continuarão, até que cada um de nós esculpa no interior do nosso tabernáculo as tábuas da lei, isto é, seja uma lei em si mesmo, tornando a lei externa e a vigilância desnecessárias.

É certo que a lei humana falha, porque é humana. Mas sua infalibilidade não invalida sua importância para a coletividade a que se destina e a cujas necessidades atende, segundo o grau evolutivo dela.

Quando Cristo inaugurou a Lei do Amor não aboliu a Lei existente. Ele conheceu bem a natureza humana e sabia que a transição seria lenta e longa, até que o ser humano atinja o ideal de ação figurado por Libra, cujo Regente, Vênus, lhe atribui justiça amorosa, estética, justa.

Mas, como Cristãos, como devemos proceder, se o Mestre nos disse: “Não julgueis para não serdes julgados”?

Muitas vezes, em decorrência de nossas responsabilidades de chefes, encarregados ou outra posição de autoridade somos chamados a julgar e até a punir. É verdade. Nesse caso, é mister que o façamos com o máximo de nosso equilíbrio, dentro das normas Cristãs e, se for o caso, conciliando com as normas reguladoras da sociedade que dirigimos.

A lei tem sentido genérico e é fria. O discernimento e o amor devem intervir, tornando-a mais completa e justa. Esse é o papel de um bom juiz, que leva em conta as atenuantes e agravantes, para gradação da culpa.

O amor e a lei são eternos, indispensáveis. Coerentemente ligados, completam-se. A justiça sem amor é incompleta e falha. Um conceito aplicado que chamam de amor, mas sem a justiça, também, é falho. A prova disso mais evidente e próxima são as falhas de educação, decorrentes de errôneo conceito de amor e justiça dos pais, cujo papel é preparar os filhos para a vida social. A lei mantém a ordem social ou cósmica, consoante seja humana ou divina. O amor capacita a viver em harmonia com a lei e utilizá-la edificantemente. Aplicados ao serviço do próximo, o amor e a lei se constituem em fatores irmãos da harmonia individual, social e espiritual. A lei pressupõe a razão e o discernimento; o amor subentende serviço. Portanto, ambos se abraçam e se confundem no Crístico atributo de Amor-Sabedoria, tônica de nosso desenvolvimento atual, até um futuro bem distante.

O mais grave de todo esse assunto é termos uma ideia bem definida e acertada de justiça e de amor e depois os conciliarmos em nossos pensamentos, sentimentos e ações. A melhor orientação, a nosso ver, são os Evangelhos. Mas, os Evangelhos podem ser mal interpretados. Muitas violências têm buscado justificativa na cena em que o Cristo expulsa os vendilhões do Templo. Dizem: “se até Cristo perdeu a paciência, quanto mais eu, pobre mortal?”. Então acrescentamos: a melhor orientação, a nosso ver, são os Evangelhos e as Epístolas, à luz da Filosofia Rosacruz, que muito bem nos orienta acerca de correto sentido deles. Notadamente os documentos de São Paulo apóstolo, que era um Fariseu versadíssimo em leis, quando ele foi Iniciado nos Mistérios Cristãos e pôde, magistralmente, conciliar os verdadeiros sentidos da lei e do amor na vida humana. O trecho sobre amor — o dom excelente – da Epístola aos Coríntios é um documento tão inspirado e profundo, que Max Heindel incluiu no Ritual Devocional do Serviço do Templo da Fraternidade Rosacruz e o recomendou à constante meditação dos Estudantes Rosacruzes.

Mas, acima de tudo, como recurso maior, apontamos a orientação do Cristo Interno. Melhor do que ninguém, Ele pode nos orientar para as melhores conclusões e aos mais justos julgamentos. A prece diária, a humilde disposição de ouvi-Lo e a sincera busca do diálogo, são as chaves do contato. Cristo não nos resiste. Ao contrário, espera pacientemente, anseia pelo diálogo, à porta de nossa consciência.

Aguarda que Lhe abramos o coração, cujo trinco (o do livre arbítrio) se acha no lado de dentro, como no famoso quadro de William Holman Hunt, The Light of the World (1851-1853) (A Luz do Mundo). Ele respeita a nossa liberdade. Cabe-nos, pois, o gesto voluntário da busca, como o de acionar o interruptor para que a luz da grande usina penetre e nos inunde o Ser. Se Lhe pedimos para entrar e nos ensinar, “Ele em nós faz morada”, pelo menos enquanto “Lhe fazemos a Vontade, aqui na terra como nos céus” (nos assuntos materiais e espirituais). Então Ele nos falará de modo tão maravilhoso, que nada neste mundo se pode comparar a esses momentos. Nem mesmo as sombras limitadoras e dolorosas de passadas transgressões, porque então compreendemos e confiamos na Justiça e no Amor de Deus, dispondo-nos a encarar os desafios das sabatinas como alunos desejosos de merecer um grau superior. Realmente, a experiência do contato, gradativamente mais nítido e confortador, aclara e apequena os problemas, desfaz magicamente as tensões e estabelece em nós uma paz inefável, uma calma convicção, que equivale àquela evangélica pérola, para cuja aquisição “o homem vendeu tudo o que possuía”.

Então, e só então, poderemos avaliar a profundidade daquela citação: “buscai primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em novembro/1969)

Idiomas