Há milhões de anos atrás, um grandioso Ser solar que havia cumprido as Leis da sua esfera de ação com a máxima perfeição, tornou-se o Iniciado mais elevado da Onda de Vida dos Arcanjos. Esse Ser, chamado o Cristo Cósmico, funciona, normalmente, num veículo feito de substância do Mundo do Espírito de Vida, Mundo esse onde cessa toda a separatividade. Seu trabalho também se harmoniza e se relaciona com outros dois Grandes Elevados Iniciados de outras Ondas de Vida que também colabora com Deus na evolução criadora do Sistema Solar no Mundo de Deus.
No início da nossa jornada no Período de Saturno (o primeiro Período de um total de sete, que compõe o nosso atual Esquema da Evolução) foi fornecido o Átomo-semente do Corpo Denso, a nós, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana. Nessa jornada ou Esquema de Evolução, depois desse Período, passamos pelos Períodos Solar e Lunar e chegando ao início do Período Terrestre (o quarto Período). Lembramos, aqui, que cada Período é composto de 7 Globos e de 7 Revoluções em torno desses Globos de densidades diferentes. Nesse momento, nosso Campo de Evolução ainda estava no Sol. Com o tempo, verificou-se que o desenvolvimento desses Espíritos Virginais da Onda de Vida humana não acompanhava, com a mesma rapidez, os demais, atrasando a evolução do conjunto todo. Assim, os Planetas: Urano, Saturno, Júpiter, Terra, Marte, Vênus e Mercúrio foram expelidos do Sol, um a um, de forma a servirem de campo de atividades e evolução dos Espíritos Virginais em seus diferentes estados de desenvolvimento; cada um a distância exata necessária e com o tamanho e composições ideais para ser o melhor Campo de Evolução para cada grupo de Espíritos Virginais. Assim é que se formou o nosso Planeta, a Terra, separada do Sol, Campo de Evolução da nossa Onda de Vida humana.
A um certo tempo de evolução, já aqui no Planeta Terra, passamos a ser guiados e orientados pela terceira manifestação da Divindade ou o terceiro aspecto de Deus, nosso criador – o Espírito Santo, Jeová, o Iniciado mais avançado da Onda de Vida Angélica. É dele a autoria de todas as Religiões de Raça que serviu (e ainda serve, em algumas circunstâncias específicas) para nos conduzir a humanidade do Período Terrestre. Esse auxílio, prestado a toda humanidade nesta fase de desenvolvimento, teve a participação ativa de hostes de Arcanjos (como Espíritos de Raça) e Anjos (como Mensageiros e Anjos da Guarda) e foi prestado a partir de fora da Terra. Ou seja, foi necessário que as orientações para as nossas atividades na Região Química do Mundo Físico nessa época fossem dirigidas através de fontes exteriores.
Quando chegamos à metade quarta Revolução desse Período Terrestre, houve a necessidade de haver mais segmentações no nosso Campo de Evolução, a fim de facilitar a aprendizagem das lições que estavam reservadas para nós. Essas segmentações são chamadas de Épocas. Durante a Época Lemúrica e Atlante (a terceira e quarta das 7 Épocas, respectivamente) foi acrescentado um novo veículo em nossa evolução: a Mente. Também, foi na Época Atlante que surgiram, para nós, os seres atrasados da Onda de Vida dos Anjos, chamados Espíritos Lucíferos (ou Anjos Lucíferos ou, ainda, Anjos caídos). Eram atrasados porque não conseguiam evoluir no Esquema de Evolução dos Anjos sem a necessidade de um cérebro – tal como os Anjos que nunca precisaram de um – mas também não conseguiam construir um, já que, originalmente, os Anjos não necessitam. Naquela Época a nossa consciência ainda estava ligada aos planos superiores (ou seja: não estamos com a nossa consciência de vigília, focada na Região Química do Mundo Físico, como temos hoje). Os Espíritos Lucíferos sugeriram para nós que o cérebro era uma estrutura física, capaz de auxiliar-nos a entender como criar outros Corpos Densos, aqui nesse Mundo Físico, sem se sujeitar a direção de Jeová e dos Anjos (que era como era feito até então) e, assim, seríamos dono de nós mesmos e conheceríamos o bem e o mal.
Consequentemente, a grande maioria de nós (e não todos!) aceitou a sugestão e passou a viver dessa maneira: usando e abusando da força sexual criadora. Logo, derivando para ambições egoístas, aprendendo a mentir, a praticar a astúcia desenfreadamente, a desenvolver a vontade do “eu inferior”, a se revoltar contra os preceitos de Jeová. Sob a Lei de Consequência (ou Lei de Causa e Efeito) tivemos castigos severos por desobediência a essa Lei. Fomos divididos em Raças e essas em nações. A fim de entender que o “caminho do transgressor é sofrido” e nos dar a oportunidade da escolha, sempre que preciso, uma Raça era utilizada para guerrear contra outra: uma que obedecia aos preceitos do seu Senhor (Jeová) contra outra que insistia em não obedecer. E o objetivo aqui era que cada um controlasse o seu Corpo de Desejos.
Como quando o Átomo-semente da Mente foi dado a nós, estávamos acostumados a caminhar somente pelo desejo inferior (satisfazendo-o a qualquer custo e preço), então associamos a Mente juvenil um instrumento da natureza de desejos. Conclusão: facilmente a Mente se tornou um meio de justificar e arquitetar pensamentos que evidenciasse o nosso “eu inferior” (a Personalidade) e deixou de servir o “Eu Superior” (a Individualidade). Renascimentos e renascimentos aqui praticando o abuso da força sexual criadora, por meio de ondas de paixões, desejos inferiores, sensualidades, astúcias e mentiras nos assolou e criamos dívidas e mais dívidas de Destino Maduro (aquele que só há uma maneira de pagar: expiando). Até que a cristalização do nosso Corpo Denso (e a incapacidade do nosso Corpo Vital em vivificá-lo) se tornou de tal grau que quase não era possível evoluir nele; assim como a própria Terra – o nosso Campo de Evolução – foi-se cristalizando em grande intensidade até que surgiu o perigo de que toda a nossa evolução humana poderia chegar a um grau tão alto de cristalização que poderia surgir à segunda Lua da Terra!
Para evitar esta calamidade foi necessário um novo nível de ajuda espiritual que viesse até nós. Cristo, o Espírito do Sol, era o único que poderia nos ajudar, porque ele trabalha e domina totalmente a substância do Mundo do Espírito de Vida, o primeiro Mundo debaixo para cima onde cessa toda a separatividade, onde a fraternidade é um cotidiano, a partir do amor ágape – o amor verdadeiramente desinteressado e focado na divina essência do ser a que amamos. E isso foi feito por meio de um grande sacrifício cósmico. Ele, como qualquer outro Arcanjo, só conseguia construir, como veículo mais inferior, o Corpo de Desejos. Mas Ele precisava estar entre nós (viver o nosso dia a dia, para mostrar como a partir do nosso interior poderíamos sair dessa situação que nós mesmos nos colocamos), para sentir a dificuldade que estávamos sentindo e, assim, nos prescrever exatamente o que devíamos fazer para sair desse estágio perigoso. Assim, precisava se adaptar à existência material. Para isto teve que recorrer aos Corpos Vital e Denso de um ser humano. O mais indicado, pelo seu grau de evolução, foi o ser humano de Jesus. Ele cedeu, voluntariamente nesse renascimento, o seu Corpo Denso e o seu Corpo Vital à Cristo.
O Corpo Denso e o Corpo Vital de Jesus foram aperfeiçoados e sutilizados em sua juventude e até aos 30 anos de idade pelos Essênios, de forma a sintonizarem-se com as vibrações elevadíssimas para que mais tarde esses veículos pudessem ser cedidos por Jesus, no Batismo, a Cristo, quando as ligações entre o Corpo de Desejos de Cristo e os Corpos Denso e Vital de Jesus foram feitas. Esse foi o Seu primeiro passo do sacrifício cósmico: entrar nesses veículos (Vital e Denso). A dualidade deste maravilhoso “Ser” conhecido por Cristo-Jesus tornou-se única entre todos os Seres dos sete Mundos que compõe o universo. Só Ele possui os doze veículos que unem diretamente o ser humano no Corpo Denso a Deus. Ninguém melhor do que Ele podia compreender, com maior compaixão, a nossa posição e as nossas necessidades e nos trazer alívio total.
Nos três anos de seu ministério, Cristo-Jesus ensinou a verdadeira Religião Cristã Esotérica: a unificação futura de todos nós. O amor impessoal, focado na divina essência de um ser, e a Fraternidade Universal são os dois grandes mandamentos de Amor que constituem o alicerce imediatamente necessário à nossa evolução espiritual.
A Crucificação ocorreu no momento em que Cristo-Jesus deu o passo final e se tornou o Espírito Planetário da Terra. O sangue que jorrou da coroa de espinhos e dos ferimentos do seu Corpo Denso penetrou no Planeta Terra libertando Cristo dos veículos de Jesus e tornando-O o Espírito Interno da Terra. Nesse instante a Terra foi permeada com o Seu Corpo de Desejos que lavou os pecados do mundo, não do indivíduo. Assim, purificou o Corpo de Desejos que estava contaminado da Terra – o Mundo do Desejo –, libertando-a das influências negativas, inferiores e cristalizantes que se haviam acumulado e sendo tão nefastas para a humanidade. A partir deste momento, todos nós, com vontade e esforço, temos condições de purificar os nossos veículos e acelerar o nosso desenvolvimento espiritual – se quisermos –, pois foi possível o acesso a esta substância espiritual pura.
Devido a este extraordinário sacrifício, Cristo agora vive parte do ano limitado e oprimido na nossa Terra, aguardando o Dia de Sua Libertação. Esse tempo é marcado pelo Equinócio de Setembro quando Cristo toca a atmosfera da Terra e termina no Equinócio de Março, que marca o fim do trabalho na Terra voltando ao seio do Pai, para preparar o seu retorno no próximo ano.
Cristo sente todo ódio, raiva, egoísmo, astúcia, discórdia e todos os outros desejos, sentimentos e outras emoções, tomando os materiais das Regiões inferiores do Mundo do Desejo, que nós geramos todos os dias. Mas, Ele recebe também uma extraordinária ajuda dos Irmãos Maiores que trabalha, diariamente, para transmutar todo o mal em forma de pensamentos, sentimentos, palavras, atos, obras e ações em fatores positivos através de Sua força de vida. Mesmo sabendo que a maioria de nós não está ciente deste trabalho, nós como Estudantes Rosacruzes devemos procurar não expressar estes desejos, sentimentos e outras emoções, tomando os materiais das Regiões inferiores do Mundo do Desejo. Se não o fizermos aliviaremos o sofrimento do nosso Salvador Cristo e apressaremos a Sua libertação.
A nossa dívida com o Cristo é imensa, e se quisermos começar a saldá-la, mesmo que muito modestamente, comecemos a praticar na nossa vida diária o serviço amoroso e desinteressado, servindo a divina essência do irmão e da irmã que vive ao nosso lado, no nosso cotidiano, seja quem for. Assim teceremos o Corpo-Alma, o veículo que encontraremos com Ele na Sua segunda vinda e nos possibilitará dar o próximo passo para frente e para cima nesse Esquema de Evolução. A decisão é nossa!
“Que as rosas floresçam em vossa cruz”
Há nove degraus definidos na Iniciação Cristã Mística, começando com o Batismo, que é introdutório. A Anunciação e a Imaculada Concepção precedem como temas de curso por razões que serão dadas posteriormente.
Vamos considerar, resumidamente, cada estágio separadamente, nesse glorioso processo de desenvolvimento espiritual, afinal a vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.
O primeiro grau é o Batismo. Só que quando dizemos Batismo, necessariamente, não estamos nos referindo ao Batismo físico, onde o candidato é aspergido ou imerso e onde ele faz certas promessas àquele que o batiza. O Batismo Místico pode ocorrer tanto em um deserto quanto facilmente em uma ilha, porque é um processo espiritual com o objetivo de atingir um propósito espiritual. Pode ocorrer a qualquer hora da noite ou do dia, no verão ou no inverno; assim, ele ocorre no momento em que o candidato sente, com suficiente intensidade, um intenso desejo, quase uma ansiedade, de conhecer a causa da angústia profunda, tristeza ou do arrependimento alheio e aliviá-la. Então, o Espírito é conduzido sob as águas da Atlântida, onde vê a condição primordial do amor fraternal e da afeição; onde percebe Deus como o grande Pai de Seus filhos, que estão ali envolvidos por Seu maravilhoso amor. E, pelo retorno consciente a esse Oceano de Amor, o candidato se torna tão completamente imbuído com o sentimento de natureza ou caráter semelhante, que o espírito de egoísmo é banido dele para sempre. É por causa dessa saturação com o Espírito Universal que ele, mais tarde, é capaz de dizer: “àquele que quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também a veste; e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas.” (Mt 5:40-41). Sentindo-se um com todos, o candidato nem mesmo considera o seu assassinato como maus-tratos, mas pode dizer: “Pai, perdoai-os”[1]. Eles são idênticos a si mesmo, que sofrem com sua ação; ele é tanto o agressor quanto a vítima. Esse é o verdadeiro Batismo Espiritual do Cristão Místico, e qualquer outro batismo que não produza esse sentimento fraterno universal não é digno de ter esse nome.
Ainda estamos na Era do Arco-Íris, sujeitos à sua lei, então podemos perceber que como o “Batismo” do Cristão Místico ocorre num momento de exaltação espiritual, esse deve ser necessariamente seguido por uma reação. A enorme magnitude da revelação o sobrepõe, e ele não pode percebê-la ou contê-la em seu veículo carnal, então, ele foge frequentemente de lugares onde há pessoas e se refugia na solidão, alegoricamente representada como um deserto. Ele fica tão arrebatado em sua sublime descoberta que, durante o tempo em que está em seu êxtase, ele vê o Tear da Vida, em que são construídos todos os corpos de todos os que vivem, do menor ao maior, do rato e do ser humano, do caçador e de sua presa, do guerreiro e de sua vítima. Mas, para ele, eles não estão separados e à parte, pois, também contempla o único divino halo dourado da luz da vida “que atravessa tudo e que a todos une.” (Lc 23:34). Mais ainda, ele ouve em cada um a nota-chave flamejante soando suas aspirações e expressando suas esperanças e seus temores, e ele percebe esse som composto de cores cromáticas como uma canção ou hino de louvor ou alegria mundial de Deus que se fez carne. A princípio, tudo isso está além de sua compreensão, a enorme magnitude da descoberta esconde isso dele, e não pode conceber o que vê e o que sente, pois não há palavras para descrevê-lo e nenhum conceito pode explicá-lo. Mas, aos poucos, se dá conta que está na própria Fonte da Vida, não mais contemplando-a, mas com o SENTIMENTO de cada pulsação dela, e com essa compreensão atinge o clímax de seu êxtase.
Pelos processos místicos do verdadeiro Batismo Espiritual, o Aspirante se torna tão completamente saturado com o Espírito Universal que, de fato, pelo sentimento e pela experiência, ele se torna um com tudo o que vive, o que se move e tem o seu ser, um com a pulsante Vida divina que surge em uma cadência rítmica, através do menor e do maior; e tendo captado a nota-chave da canção celestial, ele então é dotado de um poder de tremenda magnitude, que poderá ser usado para o bem ou para o mal. Devemos compreender e recordar que, embora a pólvora e a dinamite possam ser utilizada para fazer o bem na agricultura, quando usadas para explodir tocos de árvores que, de outra forma, exigiriam grande trabalho manual para serem extraídos, também podem ser usadas para fazer o mal, como na Primeira Guerra Mundial. Os poderes espirituais também podem ser usados para o bem ou para o mal, dependendo do motivo e do caráter de quem os exerce. Entretanto, aquele que passou com êxito pelo ritual do Batismo e, assim, adquiriu o poder espiritual é imediatamente tentado para que possa decidir definitivamente se ele ficará do lado do bem ou do mal. Nesse ponto, ele se tornará um futuro “Parsifal”, um “Cristo”, um “Herodes” ou um “Klingsor”, que combateu os Cavaleiros do Santo Graal com todos os poderes e recursos da Fraternidade das Trevas.
O segundo grau é a Tentação. Tão arrebatado fica o Cristão Místico em sua belíssima aventura, que as necessidades físicas são completamente esquecidas, enquanto durar o êxtase e, portanto, é natural que a sensação de fome seja sua primeira necessidade consciente ao retornar ao estado normal de consciência de vigília e, naturalmente, também chega a voz da tentação: “manda que estas pedras se transformem em pães.” (Mt 4:3).
Poucas passagens das Sagradas Escrituras são mais sombrias do que os versículos iniciais do Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo. . . e nada do que foi feito, foi feito sem Ele”. Um pequeno estudo da ciência do som nos familiariza com o fato de que som é vibração e que os diferentes sons moldarão a areia ou outros materiais leves em figuras de variadas formas. O Cristão Místico pode ignorar completamente esse fato, do ponto de vista científico, mas ele aprendeu na Fonte da Vida a cantar a Canção do Ser, que impulsiona de modo protetor e intimamente para uma criação tudo o que um mestre na arte musical deseja. Há uma nota-chave para a pedra mineral indigesta, porém, uma modificação irá transformá-la em ouro, com o que irá adquirir os meios de subsistência, e outra nota-chave peculiar ao reino vegetal a transformará em alimento, um fato conhecido por todos os ocultistas avançados que praticam legitimamente encantamentos para propósitos espirituais, porém, nunca por ganho material.
Mas o Cristão Místico, que acabou de emergir de seu Batismo na Fonte da Vida, imediatamente se contorce horrorizado com a sugestão de usar seu poder recém-descoberto para um propósito egoísta. Foi a própria qualidade altruística da alma que o conduziu às águas da consagração na Fonte da Vida, e ele preferiria sacrificar tudo, até a própria Vida, do que usar esse poder recém-descoberto para se poupar de um sofrimento doloroso. Ele não viu também a condição de profundo sofrimento por infortúnios, aflições e tristezas do mundo? E não sente isso em seu Grandioso Coração, com tal intensidade que a fome imediatamente desaparece e é esquecida? Ele pode, deseja e usa livremente esse maravilhoso poder para saciar os milhares que se reúnem para ouvi-lo, contudo, nunca para propósitos egoístas, pois, se assim o fizer, ele perturbaria o equilíbrio do mundo.
Entretanto, o Cristão Místico não raciocina assim. Conforme escrito acima, ele não tem nenhuma razão, pois, existe uma orientação muito mais segura, uma voz interior que sempre lhe fala, nos momentos em que se deve tomar uma decisão. “…Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4) – outro mistério. Não há nenhuma necessidade de partilhar o Pão terreno, quando se tem acesso à Fonte da Vida. Quanto mais nossos pensamentos estiverem centrados em Deus, menos procuraremos os chamados “prazeres da mesa”, e alimentando o nosso Corpo Denso com moderação e alimentos simples e selecionados, adquiriremos uma iluminação espiritual impossível àqueles que se deleitem a uma dieta excessiva de alimentos grosseiros que nutrem a natureza inferior. Alguns santos usaram o jejum e a flagelação como meio de crescimento da alma, mas esse é um método incorreto por razões explicadas em um artigo sobre “Jejum como um fator no crescimento anímico” publicado na Revista “Rays from the Rose Cross de dezembro de 1915”. Os Irmãos Maiores da humanidade, que compreendem a Lei e vivem de acordo com ela, utilizam os alimentos apenas em intervalos calculados durante o ano. A palavra de Deus é para eles um “pão vivo”. A mesma coisa é válida para o Cristão Místico e a tentação, ao invés de trabalhar para sua queda, o leva a alturas cada vez mais elevadas.
É uma força maravilhosa que está centrada no Cristão Místico no momento do seu Batismo, devido ao processo descendente e de concentração em si mesmo do Espírito Universal, e quando ele recusa durante o período de tentação, a profaná-lo em proveito próprio ou poder para si mesmo, ele tem que, necessariamente aspirar por outra direção, pois está impelido por um estímulo interior irresistível que não permitirá que ele se acomode numa vida sem a disposição para até se mover e inativa de oração e meditação. O poder de Deus está sobre ele para que pregue as boas novas à humanidade para ajudar e curar. Sabemos que uma lareira que está cheia, queimando lenha, não pode deixar de aquecer o ambiente ao redor; do mesmo modo o Cristão Místico não pode deixar de ajudar a irradiar a compaixão divina que transborda de seu Coração, não tendo dúvidas sobre a quem amar, a quem servir ou onde buscar a oportunidade para tal. Assim como o fogão cheio aceso irradia calor para todos os que estão dentro de sua esfera de radiação, da mesma forma o Cristão Místico sente o amor de Deus queimando em seu Coração e o irradia continuamente para todos com quem se põe em contato. Assim como a fogão aquecido atrai para si com seu calor aconchegante aqueles que sofrem com o frio físico, também os raios calorosos do amor do Cristão Místico são um ímã para todos aqueles corações que estejam gelados pela crueldade do mundo, ou seja, pela desumanidade do ser humano para com o ser humano.
Se o fogão estivesse vazio, mas dotado da faculdade da fala, poderia pregar para sempre o evangelho caloroso àqueles que se sentem fisicamente frios, mas, mesmo a melhor oratória jamais satisfaria seu público. Quando se está cheio de conteúdo e irradiando calor, o sermão se torna desnecessário. Todos se aproximarão e ficarão satisfeitos. Da mesma forma, um sermão sobre fraternidade feito por alguém que não tenha se banhado na “Fonte da Vida” parecerá sem valor real, sem substância e insincero. O verdadeiro Místico não precisa pregar. Cada ato seu, mesmo com sua presença silenciosa, é mais poderoso do que todos os mais profundos discursos elaborados por doutores em filosofia.
O terceiro grau é a Transfiguração. O verdadeiro Cristão Místico é facilmente distinguido. Ele jamais ocupa os seis dias da semana para se preparar para uma grande alocução para emocionar seus ouvintes no domingo, mas gasta, igualmente, todos os dias num humilde esforço de cumprir a vontade do Mestre, independentemente dos aplausos externos. Assim, inconscientemente, ele trabalha sempre em direção ao grande clímax que, na história dos mais nobres de todos os que percorreram esse caminho, é conhecido como “Transfiguração”.
A Transfiguração é um processo alquímico pelo qual o Corpo Denso, formado pela química dos processos fisiológicos, se converte na pedra viva, tal como é mencionado na Bíblia. Os alquimistas medievais, que buscavam a Pedra Filosofal, não estavam preocupados na transmutação de tais impurezas em ouro significativo, mas visavam o objetivo maior conforme narramos acima.
A umidade concentrada nas nuvens cai na terra em forma de chuva, quando suficientemente condensada e é novamente evaporada pelo calor do Sol em novas nuvens. Essa é a fórmula cósmica original.
O espírito também se condensa em matéria e se torna mineral, mas, embora seja cristalizado numa forma tão dura quanto a pedra, a vida ainda permanece, e pela alquimia da natureza, trabalhando por meio de outra corrente de vida, os constituintes minerais densos do solo são transmutados numa estrutura mais flexível no vegetal, que serve como alimento ao animal e ao ser humano. Essas substâncias se tornam corpos sencientes pela alquimia da assimilação. Quando notamos as mudanças na estrutura do corpo humano, evidenciadas pela comparação dos sãs (ou bushmen são membros de várias etnias de caçadores-coletores da África Austral, cujos territórios abrangem Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul), chineses, indianos, latinos, celtas e anglo-saxões, evidentemente está claro que o Corpo Denso do ser humano está, atualmente, passando por um processo de refinamento com a erradicação das substâncias mais rudimentares e grosseiras. Com o tempo, pela evolução, esse processo de espiritualização tornará nosso corpo radiante e transparente pela Luz que brilhará internamente, radiante como o rosto de Moisés, como o corpo de Buda e o de Cristo na Transfiguração. Presentemente, a luz do Espírito interno residente está efetivamente obscurecida por nosso Corpo Denso, mas podemos ter esperanças advindas da ciência da química. Não há nada na terra tão raro e precioso quanto o elemento químico rádio, o extrato luminoso do denso mineral negro chamado pechblenda; e nada há mais precioso e tão raro como o extrato do corpo humano, o Cristo radiante. Presentemente, estamos trabalhando para desenvolver o Cristo interno, mas quando o Cristo dentro de nós estiver plenamente desenvolvido, Ele brilhará através do corpo transparente como a Luz do Mundo.
É um fato anatômico, comumente conhecido, que a medula espinhal está dividida em três seções, através das quais os nervos motor, sensorial e simpático são controlados. Astrologicamente, são regidos por Marte, Mercúrio e a Lua, respectivamente, que são Hierarquias divinas que desempenham papel importante na evolução humana através dos sistemas nervosos citados. Entre os antigos alquimistas, esses eram designados pelos três elementos alquímicos: sal, enxofre e mercúrio. Entre eles, e acima deles, está colocado o Fogo Espiritual espinhal de Netuno. Ele ascende na coluna serpentina através da medula espinhal até os ventrículos do cérebro. Na grande maioria da humanidade, o Fogo Espiritual ainda é extremamente fraco. Porém, quando ocorre um despertar espiritual em alguém é como uma conversão genuína, ou melhor ainda, pelo Batismo do Cristão Místico, como uma queda constante e intensa do Espírito vindo dos céus, que é um fato real, intensifica o Fogo Espiritual espinhal numa extensão quase inacreditável e, imediatamente, inicia um processo de regeneração, em que as substâncias grosseiras do Tríplice Corpo do ser humano são gradualmente eliminadas, tornando os veículos mais permeáveis e prontamente adaptáveis aos impulsos espirituais. Quanto mais desenvolvido o processo, mais eficientes eles se tornam na “vinha do Mestre”.
O despertar espiritual que inicia esse processo de regeneração no Cristão Místico, que se purifica pela oração e pelo serviço, evidentemente, chega também para aqueles que buscam Deus por meio do conhecimento e do serviço, mas atua de forma diferente, o que é observado pelo investigador espiritual. No Cristão Místico, o Fogo Espiritual espinhal regenerador está concentrado, principalmente, no segmento lunar da medula espinhal, que governa os nervos simpáticos sob a regência de Jeová. Portanto, seu crescimento espiritual é alcançado pela fé, tão simples, infantil e inquestionável como nos dias da primitiva Atlântida, quando os seres humanos ainda não tinham Mentes. Assim, ele atrai a grande Luz da Deidade branca refletida por meio de Jeová, o Espírito Santo, e adquire toda a sabedoria do mundo, sem necessidade de trabalhar por ela intelectualmente. Isso, gradualmente, transmuta seu corpo na branca Pedra Filosofal, a Alma Diamante.
Por outro lado, aqueles cujas Mentes são fortes e insistentes em saber a razão do porquê de cada sentença e dogma, o Fogo Espinhal da regeneração atuará sobre os segmentos do vermelho Marte e do incolor Mercúrio, buscando infundir o desejo com a razão para purificar a antiga paixão primordial, para que se torne casta como a rosa e, assim, transmuta o corpo na Alma Rubi, a vermelha Pedra Filosofal, provada pelo Fogo, purificada, uma individualidade criativa em desenvolvimento.
Todos os que estão buscando o Caminho, seja pelo caminho do ocultista ou pelo do misticismo, estão tecendo o “Dourado Manto Nupcial” por esse trabalho por dentro e por fora. Em alguns, o ouro é extremamente pálido e em outros é profundamente vermelho. Mas, finalmente, quando o processo da Transfiguração tiver sido concluído, ou melhor, quando estiver próximo a isso, os extremos se fundirão e os corpos transfigurados terão uma cor equilibrada, pois o ocultista deve aprender a lição com profunda devoção, e o Cristão Místico deve aprender como adquirir conhecimento por seus próprios esforços, sem a necessidade de recorrer à fonte universal de toda a sabedoria.
Essa perspectiva nos fornece uma visão mais profunda da Transfiguração relatada nos Evangelhos. Devemos nos lembrar claramente que os veículos de Jesus foram transfigurados, temporariamente, pelo residente Espírito de Cristo. Mas, mesmo considerando a enorme potencialidade do Espírito de Cristo em efetuar a Transfiguração, é evidente que Jesus devia ser de um sublime caráter, sem igual. A Transfiguração como é vista na Memória da Natureza revela o Seu corpo com uma brancura deslumbrante, assim evidenciando a sua comunhão com o Pai, o Espírito Universal. Há uma grande diversidade em como tais resultados atualmente são alcançados, porém, no reino de Cristo, essas diferenças desaparecerão gradualmente, e uma cor uniforme, indicando tanto o conhecimento como a devoção, será alcançada por todos. Essa cor corresponderá à cor rosa, vista pelos ocultistas como o Sol Espiritual, o veículo do Pai. Quando isso for alcançado, a Transfiguração da humanidade estará completa. Então, seremos um com nosso Pai, e Seu reino terá chegado.
O quarto grau é a Última Ceia e o Lavapés. Lemos nos Evangelhos, que relatam a história da Iniciação Cristã Mística, como na noite quando Cristo compartilhou da experiência na Última Ceia com Seus Discípulos, foi mostrando que seu ministério estava terminando naquele momento, e como Ele se levantou da mesa, se cingiu com uma toalha e, em seguida, despejou água numa bacia e começou a lavar os pés de Seus Discípulos, um ato do mais humilde serviço, mas, motivado por uma importante consideração oculta.
Quando ascendemos na escala da evolução, comparativamente, poucos percebem que fazemos isso pisando, ferindo e até destruindo os corpos de nossos irmãos e imãs mais fracos, consciente ou inconscientemente, esmagando-os e usando-os como degraus para atingir nossos próprios objetivos. Essa afirmação é válida para todos os Reinos da natureza. Quando uma onda de vida é conduzida ao nadir da involução e encrustada na forma mineral, é imediatamente aproveitada por outra onda de vida ligeiramente superior, que recebe o desintegrante cristal mineral, adequando-o a seus próprios objetivos como cristaloide e assimila-o como parte de uma forma vegetal. Se não houvesse minerais desintegrados que pudessem ser aproveitados e transformados, a vida vegetal não seria possível. Da mesma maneira, as formas dos vegetais são absorvidas por várias classes de animais, quando são devoradas e trituradas até virar uma pasta e servidas de nutrição para esse reino superior. Se não houvesse plantas, os animais não existiriam e o mesmo princípio é válido na evolução espiritual, pois se não houvesse aspirantes no degrau mais baixo da escada do conhecimento em busca de instrução, não haveria necessidade de um professor. Todavia, existe uma diferença importantíssima. O professor cresce ao doar aos seus alunos e servindo-os. Ascende, dos ombros deles, um degrau mais alto na escada do conhecimento. Ele ascende elevando os demais, no entanto, tem uma dívida de gratidão para com eles, que é simbolicamente reconhecida e extinta com o Lavapés – um ato de serviço humilde com aqueles que o serviram.
Quando percebemos que a natureza, que é a expressão de Deus, está continuamente se esforçando ao máximo para criar e produzir, também devemos compreender que quem mate alguma coisa, mesmo que seja tão pequena e aparentemente insignificante, está frustrando e se opondo ao propósito de Deus. Isso se aplica particularmente ao Aspirante à vida superior e, para tanto, o Cristo exortou os Seus Discípulos a “serem prudentes como as serpentes, mas sem malícia como as pombas.” (Mt 10:16). Porém, não importa o quão sério e intenso é o nosso desejo de seguir o preceito de não ferir, não machucar ou não destruir, as nossas tendências e necessidades relacionadas com a constituição dos nossos Corpos e veículos nos obrigam a matar em determinados momentos de nossas vidas, e não são somente nos grandes feitos que, constantemente, cometemos assassinatos. Era comparativamente fácil para a alma que busca o desenvolvimento espiritual, simbolizada por Parsifal, quebrar o arco com o qual ele havia atirado uma flecha no cisne dos cavaleiros do Graal, quando lhe explicaram do erro que ele havia cometido. A partir daquele momento, Parsifal estava comprometido com uma vida sem ferir, machucar ou destruir, no que diz respeito aos grandes feitos. Todos os Aspirantes sinceros concordam piamente com ele nesse quesito, uma vez que tenham compreendido quão subversiva é, para o crescimento da alma, essa prática de compartilhar alimentos que requerem a morte de um animal.
Contudo, mesmo a pessoa mais nobre e gentil entre a humanidade está, em cada respiração, envenenando aqueles ao seu redor e, que por sua vez, está sendo envenenada por eles, uma vez que todos exalam o dióxido de carbono e, por isso, somos uma ameaça uns aos outros. Não se trata de uma ideia improvável, porém, é um perigo real que se tornará muito mais manifesto no decorrer do tempo, quando a humanidade se tornar mais sensível.
O mesmo princípio é demonstrado no antigo Templo de Mistérios Atlante, o Tabernáculo no Deserto, onde encontramos um odor nauseante e uma fumaça sufocante subindo do Altar dos Sacrifícios, onde os corpos carregados de veneno das vítimas involuntariamente sacrificadas para pagar os pecados foram consumidos, e onde a luz brilhava fracamente através da fumaça envolvente. Isso nós podemos contrastar com a luz clara e brilhante emanada do Candelabro de Sete Braços, alimentado com o puro azeite extraído a partir da planta casta e onde o incenso, simbolizado pelo serviço voluntário de sacerdotes devotados, elevava-se ao céu como um suave aroma. Como já dito em outras ocasiões, isso era agradável à Divindade, enquanto o sangue das vítimas relutantes, os bovinos e os caprinos, eram uma fonte de dor e pesar para Deus, que se deleita mais com o sacrifício da oração, que auxilia o devoto e a ninguém prejudica.
Tem sido explicitamente declarado sobre o fato de alguns dos santos exalarem um suave odor e, como muitas vezes tivemos a oportunidade de dizer, essa não é uma mera história fantasiosa – é um fato oculto. A grande maioria da humanidade inala, durante toda a vida aqui, o oxigênio vitalizante contido na atmosfera circundante. A cada expiração exalamos uma carga de dióxido de carbono que é um veneno mortal e que, certamente e com o tempo, contaminaria todo o ar, se a planta pura e casta não inalasse esse veneno, usando parte dele para construir corpos que, algumas vezes, permanecem por séculos ou até milênios, como exemplificado nas sequoias da Califórnia, devolvendo-nos o restante em forma do oxigênio puro que necessitamos para a nossa vida aqui. Esses corpos carboníferos das plantas, por processos contínuos da natureza, se tornaram mineralizados no passado e se transformaram nas pedras, ao invés de se desintegrarem. Hoje nós os encontramos como carvão, a Pedra Filosofal perecível elaborada por meios naturais no laboratório da natureza. Mas, a Pedra Filosofal também pode ser construída artificialmente pelo ser humano a partir do seu próprio corpo. Isso deve ser compreendido definitivamente: a Pedra Filosofal não é elaborada num laboratório químico externo, mas que o próprio corpo é o laboratório do Espírito, que contém todos os elementos necessários para produzir esse Elixir da Vida, e que a Pedra Filosofal não está fora do corpo, mas ele é o próprio alquimista que se torna a Pedra Filosofal. O sal, o enxofre e o mercúrio, emblematicamente contidos nos três segmentos da coluna espinhal e que controlam os nervos simpático, motor e sensorial são acionados pelo Fogo Espiritual Netuniano espinhal, e constituem os elementos essenciais no processo alquímico.
Não há necessidade alguma de argumentos para demostrar que a indulgência com a sensualidade, a brutalidade e a bestialidade tornam o corpo não refinado em gostos, maneiras e linguagem. Por outro lado, a devoção à Deidade, uma atitude constante de prece, um sentimento de amor e compaixão por tudo que vive e se move, pensamentos de amor enviados a todos os seres e aqueles, inevitavelmente, recebidos em troca, invariavelmente todos têm o efeito de purificar e espiritualizar a nossa natureza. Referimo-nos a uma pessoa desse tipo como respirando ou irradiando amor, uma expressão que descreve muito mais próximo o fato do que a maioria das pessoas imaginam, pois, é uma questão real de se observar que a quantidade de veneno contida na respiração de um indivíduo está na proporção exata do mal existente na sua natureza, na sua vida interior e nos pensamentos que emite. A ioga hindu consiste em uma prática de encerrar o candidato a um certo grau de Iniciação em uma caverna que tem o tamanho não muito maior do que o corpo dele. Lá deverá viver por várias semanas respirando, repetidamente, o mesmo ar para demonstrar na prática que ele cessou de exalar o mortífero dióxido de carbono e que, assim, está começando a construir seu corpo. Então, esse não é um corpo da mesma natureza da planta, embora seja puro e casto, mas é um corpo celestial, como aquele de que São Paulo se refere na Segunda Epístola aos Coríntios, capítulo 5, um corpo que se torna imortal como um diamante ou uma pedra de rubi. Não é duro e inflexível como o mineral; é um diamante macio (ou rubi) e por cada ato executado na natureza, o Cristão Místico está construindo esse corpo, embora provavelmente ele esteja inconsciente disso por um longo tempo. Quando ele atinge esse grau de Santidade, não é necessário para ele executar o ritual do Lavapés, como o é para o aluno que ainda não construiu tal corpo e que o auxilia a se elevar, porém, terá sempre o sentimento de gratidão, simbolizado por aquele ato, para com aqueles a quem teve o privilégio de atrair para si como Discípulos e a quem pode dar o pão vivo que nutre até à imortalidade.
Os Estudantes perceberão que isso é parte do processo que culmina na Transfiguração, mas também devem perceber que na Iniciação Cristã Mística não há graus fixados e definidos. O candidato vê o Cristo como o autor e finalizador da sua fé, procurando imitá-Lo e seguir os Seus passos em todos os momentos de sua existência. Assim, os vários estágios que estamos considerando são alcançados por processos de crescimento da alma que, simultaneamente, o levam a aspectos mais elevados de todas essas etapas que agora estamos analisando. A esse respeito, a Iniciação Cristã Mística difere radicalmente dos processos em voga dos Rosacruzes, em que a compreensão por parte do candidato do que está para acontecer é considerada indispensável. Mas chega o momento em que o Cristão Místico precisa percorrer o caminho que tem pela frente, e é isso que constitui o Getsemani.
O quinto grau é o Getsemani. Na narrativa do Evangelho sobre o Getsemani (Mc 14:26-38) temos uma das mais tristes e difíceis experiências do Cristão Místico, delineada de forma espiritual. Durante toda a sua experiência anterior, ele vagueou cegamente, isto é, cego para o fato de que ele está no caminho, que se consistentemente seguido, o conduzirá a um objetivo definido, embora também se sinta intensamente prevenido ao menor suspiro de cada alma sofredora. Ele concentrou todos os seus esforços em aliviar a dor física, moral ou mental de cada alma sofredora. Ele serviu a cada alma sofredora com toda a sua capacidade e ensinou a cada uma o evangelho do amor: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Lc 1:27)”; e ele foi sempre um exemplo vivo para todos por meio da sua prática. Por isso, atraiu para si um pequeno grupo de amigos, aos quais amou com a mais terna afeição. A eles também ensinou e serviu sem restrições, até mesmo no lava-pés. Entretanto, durante esse período de serviço, ele ficou tão exaurido com as aflições e tristezas profundas do mundo, que ele de fato se tornou um Homem das Aflições e Tristezas Profundas e familiarizado tanto com a aflição, mais do que qualquer outra pessoa.
Essa é uma experiência muito definida do Cristão Místico, e é o fator mais importante para intensificar o seu progresso espiritual. Enquanto nos sentirmos entediados quando as pessoas que vêm até nós e nos contam seus problemas, enquanto fugirmos delas e procurarmos escapar de ouvir suas histórias de tristezas, arrependimentos e angústias, estaremos bem longe do Caminho. Mesmo quando as ouvimos e nos disciplinamos para não demonstrar que estamos entediados, mesmo quando verbalizamos algumas poucas palavras simpáticas que chegam ao ouvido do sofredor, nada ganharemos em crescimento espiritual. É absolutamente essencial para o Cristão Místico que se torne tão sintonizado com os sofrimentos, as aflições e as tristezas do mundo, que sinta cada ataque agudo de dor ou ansiedade extrema como se fosse o seu próprio e o guarde dentro do seu Coração.
O Cristão Místico deve beber abundantemente do cálice da angústia e da tristeza profundas, ele deve bebê-lo até a última gota, de modo que pela dor cumulativa que ameaça explodir seu Coração, ele possa se derramar sem reservas e sem restrições para curar e auxiliar o mundo. Então Getsemani, o Horto da Aflição, se torna um lugar familiar para ele, regado com as lágrimas nascidas das angústias, das tristezas e dos sofrimentos da humanidade.
Porém, durante todos os seus anos de autossacrifício, aquele pequeno grupo de amigos tinha sido seu consolo. Ele já havia aprendido a renunciar aos laços de sangue. “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aqueles que fazem a vontade de meu Pai.” (Mt 12:48-50). Embora nenhum verdadeiro Cristão negligencie suas obrigações sociais ou negue o amor a seus familiares, os laços espirituais são, entretanto, os mais fortes, e por meio deles vem a coroa das aflições e, através da deserção de seus amigos espirituais ele aprende a beber até a última gota do cálice das angústias e das tristezas profundas. Ele não os culpa pela deserção deles, mas desculpa-os com as palavras: “O Espírito realmente está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26:41) pois sabe, por experiência própria, como isso é verdade. Mas ele descobre que na suprema angústia e tristeza profundas eles não podem confortá-lo e, portanto, se volta para a única fonte de conforto, o Pai Celestial. Ele chegou ao ponto em que a resistência humana parece ter atingido o seu limite e ora para ser poupado de uma provação maior, porém, com uma confiança cega no Pai, ele se curva à Sua vontade, oferecendo-se inteiramente, sem reservas.
Esse é o momento da realização. Tendo bebido completamente do cálice da angústia e da tristeza profundas até a última gota e sendo abandonado por todos, ele experimenta o temporário temor terrível de estar absolutamente só, sendo essa uma das piores experiências, senão a mais terrível, que pode ocorrer na vida de um ser humano. O mundo todo parece envolvido em trevas. Ele sabe que, apesar de todo o bem que fez ou tentou fazer, os poderes das trevas estão tentando dizimá-lo. Ele sabe que a turba, que alguns dias antes o havia acenado com “Hosana”, amanhã estará pronta para gritar “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Seus familiares e, agora, seus poucos amigos desapareceram e, também, estavam prontos a negá-lo.
Entretanto, quando nos encontramos no pináculo da aflição, é que estamos mais próximos do trono da graça. A agonia, a aflição, a tristeza profunda e o sofrimento acolhidos no peito do Cristão Místico são mais valiosos e preciosos do que todo o dinheiro do mundo, pois quando ele perde toda a companhia humana e se entrega sem reservas ao Pai, uma transmutação ocorrerá: a aflição se transforma em compaixão, o único poder no mundo capaz de fortalecer o ser humano que está prestes a subir até o Gólgota e dar sua vida pela humanidade, não como um sacrifício mortal, mas como um sacrifício vivente, elevando-se na medida em que eleva os outros.
O sexto grau é o Estigmata ou os Estigmas. Pela união da Mente e do Coração, o Cristão Místico está pronto para a próxima etapa, que envolve o desenvolvimento dos estigmas, uma preparação necessária para a morte e ressurreição místicas. A narrativa do Evangelho relata a história dos estigmas nas seguintes palavras, desenrolando-se a cena de abertura no Horto do Getsemani, que podemos encontrar nos Evangelhos.
Temos aqui o relato de como os estigmas ou as punções foram produzidas no Herói dos Evangelhos, embora as suas localizações não estejam descritas corretamente, e o processo é representado em uma forma narrativa, diferindo amplamente da maneira como essas coisas realmente acontecem. Mas, nós estamos diante de um dos Mistérios que devem permanecer selados para o profano, embora os fatos místicos subsequentes sejam tão claros como o é a luz do dia para aqueles que os conhecem. O corpo físico não é de forma alguma o ser humano real. Tangível, sólido e pulsante de vida como o vemos é, na verdade, a parte mais morta do ser humano, cristalizado dentro de uma matriz de veículos mais sutis que são invisíveis à nossa visão física atual. Se colocarmos uma bacia de água numa temperatura suficientemente baixa, a água logo se converte em gelo, e quando examinamos esse gelo, descobrimos que ele é feito de inúmeros pequenos cristais com variadas formas geométricas e linhas de demarcação. Existem linhas etéricas de forças que estavam presentes na água antes de congelar. Assim como a água congelou e modelou ao longo dessas linhas, nossos corpos físicos se congelaram e se solidificaram ao longo das linhas etéricas de força do nosso Corpo Vital invisível, que está, portanto, no curso normal da vida inextricavelmente ligado ao Corpo Denso, ele esteja desperto ou adormecido, até que a morte traga a dissolução dessa ligação. Mas como a Iniciação implica na libertação do ser humano verdadeiro do corpo do pecado e da morte para que ele possa deslizar para as esferas mais sutis à vontade e retornar ao corpo quando desejar, é óbvio que antes que isso possa ser alcançado, antes que o objetivo da Iniciação se realize, o vigoroso entrelaçamento entre o corpo físico e o veículo etérico, que é acentuadamente mais forte e rígido na humanidade comum, deve ser desfeito. Como essa união é mais forte nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça, as escolas ocultas concentram seus esforços para romper a conexão em tais pontos e produzir os estigmas invisivelmente.
O Cristão Místico necessita do conhecimento de como realizar o ato sem produzir uma manifestação exterior. Os estigmas se desenvolvem nele espontaneamente pela constante contemplação de Cristo e por seus esforços incessantes em imitá-Lo em todas os momentos. Esses estigmas exteriores não compreendem somente as chagas nas mãos, nos pés e aquela no lado do corpo, mas também as marcadas na cabeça pela coroa de espinhos e pela flagelação. O exemplo mais notável de estigmatização é aquele que ocorreu, em 1224, a São Francisco de Assis na montanha de Alverno. Absorto na contemplação da Paixão, viu um Serafim se aproximar, resplandecente em fogo e tendo entre as asas a figura do Crucificado. São Francisco percebeu que nas mãos, nos pés e no lado ele recebeu externamente as marcas da crucificação. Essas marcas permaneceram durante os dois anos até a sua morte, e muitas testemunhas oculares dizem que as viram, incluindo o Papa Alexandre IV.
Os Dominicanos polemizaram o acontecimento, no entanto; fizeram a mesma reclamação de credibilidade em relação a Santa Catarina de Siena, cujos estigmas foram explicados, por ela mesma, como tendo se tornado invisíveis para os outros. Os Franciscanos apelaram a Sisto IV para que proibisse a apresentação em público dos estigmas de Santa Catarina de Siena. Ainda mais, o acontecimento dos estigmas consta no Gabinete do Breviário, e Benedito XIII concedeu aos Dominicanos uma Festa em homenagem à Santa Catarina de Siena para comemorar esse fato. Outras pessoas, especialmente mulheres, que têm Corpo Vital positivo, afirmam ter recebido alguns ou todos os estigmas. A última a ser canonizada pela Igreja Católica, por essa razão, foi Santa Veronica Giuliani (1831). Há casos mais recentes como os de Anna Catherine Emmerich, que se tornou uma freira em Agnetenberg; A “Extática” Maria Von Mörl de Kaltern; Anne-Louise Lateau, cujos estigmas sangravam todas as sextas-feiras; e a Sra. Girling da comunidade Newport Shaker.
No entanto, sejam os estigmas visíveis ou invisíveis, o efeito é o mesmo. As correntes espirituais geradas no Corpo Vital da pessoa são tão poderosas que é como se o corpo fosse flagelado por elas, especialmente, na região da cabeça, em que elas produzem uma sensação essencialmente similar à da coroa de espinhos. Com isso, finalmente desperta na pessoa uma plena compreensão de que o corpo físico é uma cruz que ela suporta, uma prisão e não o ser humano real. Isso o conduz ao próximo passo da sua Iniciação, a saber, a crucificação, que é experimentada pelo desenvolvimento de outros centros em suas mãos e em seus pés, pontos em que o Corpo Vital é, então, separado do Corpo Denso.
O sétimo grau é a Crucificação. Consta, na narração retirada do Evangelho, que Pilatos colocou um letreiro na cruz de Cristo com as palavras: “Jesus Nazarenus Rex Judaeorum” e isso é traduzido, na versão mais utilizada da Bíblia, como “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”. Mas as iniciais INRI colocadas na cruz representam os nomes dos quatro elementos em hebraico: Iam, água; Nour, fogo; Ruach, espírito ou ar vital; e Iabeshah, terra. Essa é a chave oculta do mistério da crucificação, pois simboliza, em primeiro lugar, o sal, enxofre, mercúrio e azoth que foram usados pelos antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o elixir-vitae. Os dois “Is” (Iam e Iabeshah) representam a água lunar salina: a) em um estado fluídico contendo sal em solução e b) o extrato coagulado dessa água, o “sal da terra”; em outras palavras, os veículos fluídicos mais sutis do ser humano e seu Corpo Denso, respectivamente. N (Nour) representa, em hebraico, o fogo e os elementos combustíveis, entre os principais o enxofre e o fósforo tão necessários à oxidação, sem os quais o sangue quente seria uma impossibilidade. O Ego sob essa condição não poderia funcionar no corpo, nem o pensamento poderia encontrar uma expressão material. R (Ruach) é o equivalente a espírito em hebraico, isto é, o Azoth, funcionando na Mente mercurial. Assim, as quatro letras -INRI – colocadas sobre a cruz de Cristo, de acordo com o relato na história do Evangelho, representam o ser humano composto, o Pensador, no ponto de seu desenvolvimento espiritual em que se prepara para a libertação da cruz de seu veículo denso.
Prosseguindo na mesma linha de elucidação, podemos notar que INRI é o símbolo do candidato crucificado pelas seguintes razões adicionais:
Iam é a palavra hebraica que significa água, o fluídico ou elemento lunar, que constitui a parte principal do corpo humano (cerca de 57 por cento). Essa palavra também é o símbolo dos veículos fluídicos mais sutis do desejo e da emoção.
Nour, a palavra hebraica que significa fogo, é uma representação simbólica do sangue vermelho quente, carregado do ferro marcial, do fogo e da energia de Marte, que é visto pelo ocultista circulando como um gás nas veias e artérias do corpo humano, infundindo-lhe a energia e o desejo para agir, para se esforçar, sem os quais não poderia haver progresso, nem material nem espiritual. Também representa o enxofre e o fósforo necessários para a manifestação material do pensamento, conforme já mencionado. Ruach, a palavra hebraica para indicar espírito ou ar vital é um excelente símbolo do Ego revestido pela Mente mercurial, que torna o ser humano em um indivíduo e o capacita a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma maneira racional.
Iabeshah é a palavra hebraica para terra, representando a parte carnal sólida que constitui o corpo terrestre cruciforme, cristalizado dentro dos veículos mais sutis no nascimento e separado deles ao morrer, no curso normal das coisas, ou em um acontecimento extraordinário, pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender às gloriosas esferas superiores, durante um curto período.
Esse estágio do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico envolve, portanto, uma reversão da força criadora de seu curso normal para baixo, onde é desperdiçada na geração para satisfazer as paixões, para um curso ascendente através da medula espinhal tripartida, cujos três segmentos são regidos pela Lua, por Marte e Mercúrio, respectivamente, e onde o raio de Netuno acende o fogo espiritual espinhal regenerativo. Essa ascensão provoca o início da vibração do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal, abrindo a visão espiritual; e atingindo o seio frontal, ele inicia a coroa de espinhos latejando de dor, enquanto o vínculo com o corpo físico é queimado pelo Fogo Espiritual sagrado, que desperta esse centro de seu sono de letargia, para uma vida ritmicamente vibrante e pulsante que se estende para os outros centros na estrela estigmatizada de cinco pontas. Esses centros também são vitalizados, e todo o veículo se torna brilhante com uma glória dourada. Então, com um movimento final de torção, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, é liberado e a energia marciana contida nesse veículo impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado, porque os estigmas na cabeça, nas mãos e nos pés estão localizados nas mesmas posições relativas entre si que as pontas de uma estrela de cinco pontas), que ascende através do crânio (Gólgota), enquanto o Cristão crucificado emite seu grito triunfante, “Consummatum est” (está consumado), e desliza para as esferas mais sutis ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com pleno êxito e de quem, desde então, ele é inseparável. Ele é seu Mestre e seu guia para o Reino de Cristo, onde todos estaremos unidos em um só corpo para aprender e praticar a Religião do Pai, para quem o Reino acabará revertendo, para que Ele possa ser Tudo em Todos.
O oitavo grau é a Ressurreição. Estudamos na Bíblia que o Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.
Este sublime capítulo do Evangelho de São João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.
Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. São João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante. Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.
Toda a humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6).
Tal como São Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer” (Jo 14:12).
Durante a experiência da Morte Mística, o Cristão Místico se conscientiza das ilusões da matéria e das limitações da vida finita. A consciência da Ressurreição produz a comprovação da unidade de toda a vida em Deus. A pedra da separação foi removida. Por isso, quem passou por essa sublime experiência sabe que nenhum dano pode afetar a uma parte sem ferir o todo, e que nada bom pode suceder a alguém sem que, ao mesmo tempo, beneficie a todos.
Quem chega a conhecer a glória da Ressurreição não pode mais ferir e nem matar, nem sequer a seus irmãos menores do reino animal, posto que eles são expressões viventes da mesma vida que vive e se move e tem seu ser no ser humano. Com a consciência da Ressurreição a paixão do Corpo de Desejos não regenerado se converte na compaixão do espírito, que tudo abarca. O recém-nascido é banhado na dourada refulgência do Cristo Ressuscitado, e se faz um com Ele, na comprovação de que a morte se converteu na vitória da vida eterna.
A meditação sobre a experiência transcendental da Ressurreição proporciona uma compreensão e reverência maiores pelo significado interno daquela saudação que os Cristãos esotéricos se dirigiam, durante a radiação do amanhecer da Páscoa, à luz de sua própria iluminação interior: “Cristo é nossa Luz”.
O nono grau é a Ascensão. O Cristão Místico sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.
Estudamos na Bíblia que Cristo disse: “Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da Sua saudação aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.
O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.
Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.
“Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.
“E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).
Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).
Na Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação |
2 – Imaculada Concepção |
3 – Nascimento |
4 – Fuga para o Egito |
5 – Ensinamentos no Templo |
6 – Batismo |
7 – Tentação |
8 – Transfiguração |
9 – Getsemani |
10 – Crucificação |
11 – Ressurreição |
12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o regia e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no Signo de sua Exaltação, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a Exaltação e a Ressurreição foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O Astrológo Rosacruz, um esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Corinne Heline em A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas
Além do Método Rosacruz de Iniciação, adequado para aqueles que trilham o caminho por meio da luz da razão, há também o caminho para os que seguem pelo coração, somente. Embora haja grandes vantagens no conhecimento e no deliberado processo consciente da Iniciação Rosacruz, a Iniciação Cristã Mística é tocante e bela. Somente aqueles que estejam livres do domínio do intelecto e que possam se abster de fazer perguntas e tudo receber com uma fé simples e infantil podem seguir por esse caminho.
A Bíblia inteira é um livro que contém diferentes sistemas de Iniciação e iluminação para diferentes fases de desenvolvimento. Não há dúvidas de que Cristo-Jesus viveu e passou pelas experiências descritas nos quatro Evangelhos, mas também é verdade que esses Evangelhos são fórmulas de Iniciação e que o Cristão Místico segue a Cristo-Jesus nesse caminho, embora esteja sempre inconsciente de estar realizando um desenvolvimento oculto. Para um Iniciado, as fundações estabelecidas em vidas anteriores o fazem voltar ao mundo por meio de pais de natureza pura. Assim, o seu corpo é concebido imaculadamente.
Quando a humanidade emergiu das águas atlantes, perdeu o espírito do amor e da fraternidade, tornando-se egoísta e centrada em si mesma. O espírito do amor e da fraternidade universal desce renovado sobre o Cristão Místico, quando ele passa sob as águas do Batismo e sente o pulsar do grande Coração de Deus batendo em seu íntimo.
O egoísmo estendeu um véu entre o ser humano e Deus. Quando restaurado, o amor ilumina o caminho em direção aos lugares secretos. No Monte da Transfiguração, o Cristão Místico vê a continuidade da vida por meio do renascimento em sucessivos corpos. Moisés, Elias e João Batista são expressões do mesmo espírito imortal.
As formas são usadas como degraus para a vida em evolução. O mineral é desorganizado para nutrir as plantas. Portanto, as plantas têm assim um débito de gratidão para com o mineral. As plantas são destruídas para alimentarem o animal e o ser humano, daí sermos gratos a elas. Como o inferior serve o superior, deve haver um retorno. Para restabelecer o equilíbrio, os seres superiores devem servir aos inferiores como instrutores. Para inculcar a lição de que os alunos devem pleitear o seu serviço, o Cristão Místico lava os pés do seu discípulo. Para ele, nada é insignificante. Se uma tarefa desagradável deve ser realizada, ele a realiza com todo o empenho para poupar os outros.
Contudo, embora ele sirva aos outros alegremente, deve aprender a suportar a sua carga sozinho. Quando ele passa pelo Getsemani, até aqueles que lhe são mais próximos dormem. Quando cai no ostracismo e é condenado pelo mundo, eles também o negam. Portanto, ele é ensinado a não olhar para alguém, mas a confiar apenas nele, o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida Humana manifestado.
Ele, então, percebe que é um Espírito e os seus corpos é uma cruz que deve pacientemente suportar. Os vórtices desenvolvidos por seus atos espirituais e exercícios, de forma lenta, mas segura, separam o seu Corpo Vital do Denso e o crucificado eleva-se às esferas superiores com o grito de alegria: Consummatum est! (Está consumado). Ele é, então, um cidadão dos Mundos visível e invisíveis, tanto quanto um Aspirante à vida superior que trilha o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz da realização, pois ambas as escolas se encontram na Cruz.
(Por Max Heindel – Publicado em Echoes from Mount Ecclesia – agosto/1913 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta: A Terra nem sempre foi como é atualmente. A ciência nos diz que houve um tempo em que era uma névoa ígnea incipiente. A Bíblia nos mostra que mais remotamente houve um período anterior a essa névoa, quando a Terra era incandescente e luminosa como o fogo; um tempo em que reinava a escuridão.
Houve quatro Épocas ou estágios ao todo, no desenvolvimento da Terra. Primeiro, houve uma Época sombria, chamada na terminologia Rosacruz de Época Polar. Nela a substância que formava a Terra era uma massa escura, quente e gasosa. No segundo estágio, chamado de Época Hiperbórea, a massa escura foi ignificada. Lemos na Bíblia que “Deus disse: ‘Faça-se a luz’ e se fez a luz“. Depois veio o estágio em que o calor dessa névoa ígnea, em contato com o espaço frio, gerou umidade e essa umidade era mais densa próxima ao núcleo ígneo, onde o aquecimento correu, do que na sua periferia – “Deus separou as águas das águas”, isto é, a água mais densa próxima ao núcleo ígneo do que aquela em forma de vapor mais distante dele. Finalmente, ocorreu uma incrustação, tal como sempre ocorre onde a água é fervida continuamente formando, assim, crosta da Terra, a terra seca.
Quando aquela crosta foi totalmente formada, não havia água na superfície terrestre, mas como a Bíblia diz: “Uma névoa subiu à superfície”, e nenhuma erva ainda germinava na face da Terra. Naquela Época, no entanto, começou a aparecer a vegetação e a humanidade nascente vivia ali. Mas, não era uma humanidade constituída como a de hoje. A sua forma aparente era muito diferente e não era tão evoluída como somos atualmente. Na verdade, o corpo e o espírito não estavam perfeitamente concêntricos; os espíritos pairavam parcialmente do lado de fora dos seus corpos e, portanto, “os olhos do ser humano ainda não haviam sido abertos”.
Antigas histórias folclóricas que ouvimos falar na Alemanha, e em diferentes lugares do Velho Mundo, falam deles como os Nibelungos. “Niebel” significa névoa e “ungen” são crianças. Eles eram os “filhos da névoa”, pois a atmosfera clara de hoje ainda não existia; o Sol se assemelhava ao arco de névoa que vemos em torno de uma lâmpada em algum poste na rua num dia muito nebuloso, devido à densidade da névoa que se elevava da Terra.
Enquanto a humanidade vivia nesse estado, não era mentalmente tão desenvolvida como o é hoje. Os seres humanos não podiam ver as coisas existentes fora de si, mas tinham uma percepção interna. Distinguiam as qualidades da alma de todos os que viviam ao seu redor, e suas percepções eram espirituais e não físicas. Naquele tempo não existia nenhuma nação, a humanidade formava, então, uma imensa fraternidade. Todos estavam parcialmente fora de seus corpos e, portanto, em contato com o Espírito Universal, bem diferente da situação atual em que a humanidade está obscurecida pela separatividade do egoísmo, que faz com que cada ser humano se sinta distinto e separado de todo o resto da humanidade; em que a fraternidade é esquecida e o egoísmo impera.
Quando se progride ao ponto de compreender e vivenciar os benefícios da fraternidade, em que a pessoa se esforça em abolir o egoísmo e a cultivar o altruísmo, então estará capacitada a passar pelo rito do Batismo. Entrará na água como um símbolo de seu retorno às condições ideais de fraternidade existente quando toda a humanidade vivia, por assim dizer, na água. Por essa razão, é que vemos Jesus, como o arauto da Fraternidade Universal, no início de seu ministério entrando nas águas do Jordão e ali sendo batizado. Ao se reerguer das águas, o Espírito Universal pousou sobre Ele em forma como de uma pomba, e desde aquele momento não era simplesmente Jesus, mas Cristo Jesus, o Salvador potencial do mundo imbuído do Espírito Universal que, finalmente, retirará de sobre todos os males do egoísmo e devolverá a humanidade às bênçãos da fraternidade que serão realizadas quando o Espírito Universal se tornar imanente em toda a humanidade.
(Pergunta nº 97 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” -Vol. I-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
A Lua na Tradição Oculta – Parte I – A Significância Espiritual da Lua Nova
Corinne Heline
Os primeiros ensinamentos do Templo foram dados quase no início da civilização. Nenhum desses ensinamento está perdido; mas, através dos tempos foram endereçados aos cuidados das Escolas de Mistérios e ainda estão disponíveis aos “poucos” que estão prontos para recebê-los. Muitos dos belos cerimoniais simbólicos e pertencentes aos antigos Templos de Mistérios foram incorporados às várias Religiões do mundo. Talvez os dois mais importantes desses cerimoniais, levados à primitiva Igreja Cristã, sejam o cerimonial do Batismo e o da Festa do Amor Místico que, na terminologia da igreja, é chamado de Eucaristia ou Sagrada Comunhão.
Esses dois cerimoniais, como observados nos antigos Templos de Mistérios, geralmente eram comemorados nas noites de Lua Nova e Lua Cheia. Os neófitos do Templo eram ensinados que esses são os pontos espirituais elevados de cada mês, porque nas noites de Lua Nova e Lua Cheia há uma liberação adicional de energias espirituais em todo o Planeta Terra, exterior e interiormente.
É significativo que em vários livros do Antigo Testamento o leitor seja advertido contra a participação nos festivais da Lua, e eles são o objeto de muitas repreensões veementes de vários profetas. A razão para isso é que os cerimoniais religiosos pertencentes à Era de Touro, embora belos e puros em suas concepções originais, no tempo do Antigo Testamento degeneraram em feitiçaria e sensualismo do tipo mais degradante. As assembleias da Lua Nova haviam se tornado conclaves sombrios e sinistros, sob a égide dos deuses e deusas da feitiçaria, enquanto as festas da Lua Cheia eram tempos de folia licenciosa, descritos no Antigo Testamento como a adoração ao bezerro de ouro. À parte desses festivais degenerativos, no entanto, havia verdadeiros Mistérios da Lua que eram celebrados nos santuários mais internos do Templo, que sempre foram uma forma da ordem celestial mais elevada e sagrada.
Para o Aspirante no Templo do Mistério, a Lua Nova é uma época de novos começos. É tempo de consagração e dedicação aos mais exaltados ideais aos quais ele aspira. No final de cada mês lunar, portanto, ele examina cuidadosamente, em retrospecto, todas as obras do mês que acabou de terminar e observa em que falhou em viver fiel a esses ideais, tentando descobrir o motivo dessas falhas.
Um dos mais notáveis videntes modernos disse que o único e verdadeiro fracasso que alguém pode conhecer é deixar de tentar; e, assim, o Discípulo do Templo de Mistério tem a oportunidade de rever suas falhas. Por mais lamentáveis que sejam, ele sabe que não são irremediáveis, porque não parou de tentar.
Logo após o festival da Lua Nova e a cada mês, o Discípulo é instruído a se doar a um ideal pessoal ou de um movimento que contribuirá, por menor que seja, para a elevação da humanidade e o aprimoramento do mundo. Isso é feito para provar sua abnegação total e irrestrita, em harmonia com o belo mantra Rosacruz: “O serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que conduz a Deus”.
Nos ensinamentos do Templo, o cerimonial batismal era, geralmente, observado nas noites de Lua Nova e a Festa do Amor Místico, ou Eucaristia, nas noites de Lua Cheia.
O serviço batismal que foi organizado para se harmonizar com a lei esotérica está disponível hoje. Simples na forma, ainda que rico em substância espiritual e poderoso em invocação da torrente cósmica.
Os Quatro Elementos são usados nesse cerimonial e cada um é dedicado ao serviço do Aspirante. Eles são: Sal, Óleo, Água e Fogo (Luz). O sinal da Cruz também é usado, como na igreja. A Cruz é um símbolo pertencente aos primeiros ensinamentos do Templo e sua assinatura é um ato litúrgico de “magia” espiritual que sela a unidade do ser humano com o cosmos. É um símbolo cósmico em ação. Ele invoca as bênçãos de Câncer, a Hierarquia do Norte; Capricórnio, a Hierarquia do Sul; Leão, a Hierarquia do Oriente; Aquário, a Hierarquia do Ocidente. Câncer representa os Elementos da Água; Capricórnio, os da Terra; Leão, o do Fogo e Aquário, o do Ar.
Uma bênção é pedida aos quatro grandes Seres que operam através dos Quatro Elementos Cósmicos que são tão importantes no trabalho evolucionário do nosso Planeta Terra e dos seres residentes nele.
Na bênção dos Quatro Elementos, o sinal da Cruz é feito primeiro no Coração e depois na testa; sendo o Coração o núcleo de amor do corpo e a cabeça, o centro da Mente. O ponto crucial dos ensinamentos do Templo sempre foi a unificação das forças da Mente com as do Coração. A Bíblia nos mostra que devemos aprender a pensar com o Coração e a amar com a Mente. Quando essas duas forças são estabelecidas em equilíbrio dentro do ser humano, ele “nasce” como um Iniciado. É a união das duas forças cósmicas que a Bíblia retrata simbolicamente como uma Festa do Casamento Místico. É com uma Festa do Casamento Místico que o Evangelho Segundo São João começa. São João foi o mais avançado dos Discípulos de Cristo e, por isso, seu Evangelho contém os ensinamentos do Templo mais exaltados já dados ao mundo.
Um por um, os Quatro Elementos Sagrados são abençoados para o serviço do Aspirante. Em primeiro lugar, o Elemento Sal, símbolo de pureza: a pureza do alimento que sustenta e nutre o Corpo Denso; a pureza do amor que desperta o Coração; a pureza do pensamento que ilumina a Mente; a pureza da ação que embeleza a vida. Aquele que realiza o rito batismal coloca suas mãos sobre o Sal em bênção e, então, faz o sinal da Cruz no Coração do Aspirante, dizendo: “Cristo ensina que somente os puros de Coração verão a Deus”. Em seguida, o sinal da Cruz é feito na testa, com as palavras: “Quando a pureza é alcançada na consciência do ser humano, isso é conhecido como um grande poder espiritual. Do servo de Deus é dito que sua força é como a força de dez, cujo Coração é puro”.
Então as mãos são colocadas em bênção sobre o Óleo, que é o símbolo da harmonia, unidade, cooperação, da cura, do companheirismo, da fraternidade. Novamente o sinal da Cruz é feito no Coração, com as palavras: “Se andarmos na Luz como Ele está na Luz, seremos fraternais uns com os outros”. E novamente o sinal da Cruz é feito na testa, com as palavras: “Que a aspiração do seu pensamento o eleve sempre à realização harmoniosa com o ideal da Paternidade de Deus e da Fraternidade do Homem”.
Em seguida, as mãos são colocadas em bênção acima da vela acesa, pois o Fogo é o símbolo da fé e a fé tem sua casa no Coração. O sinal da Cruz é feito no Coração e as palavras são pronunciadas: “Que a bela fé de uma criança viva sempre e floresça em seu Coração”. O sinal da Cruz é, então, feito na testa, junto às palavras: “Cristo disse: se tiverdes fé como um grão de mostarda, tudo quanto pedirdes será feito a vós”.
Em seguida, as mãos são abençoadas acima da vela acesa. São João deu a única descrição perfeita da Luz quando disse: “Deus é Luz”. Ao que acrescentou: “Deus é Amor”. Mais uma vez o sinal da Cruz é feito acima do Coração: “Que este Amor-Luz celestial sempre brilhe em seu Coração e ilumine sua vida e a vida de todos aqueles que você encontrar”. Novamente o sinal da Cruz é feito na testa e as palavras de São Paulo são ditas: “Que esteja em vós aquela Mente que também estava em Cristo Jesus”.
Agora, as mãos são colocadas na Água; mais uma vez é abençoada e algumas gotas são colocadas sobre a cabeça do aspirante no encerramento da bênção: “Que você ande sempre na Luz como Ele está na Luz e que você sempre viva, mova-se e tenha seu ser n’Ele. Amém”.
O cerimonial do batismo ocupou um lugar de destaque na vida da primitiva comunidade Cristã. Foi observado em muitas estações; talvez a mais importante delas sendo o Sábado Santo, à noite, imediatamente antes do amanhecer da Páscoa. Foi nessa época que os recém-batizados foram encontrados esperando para tomar parte naquela gloriosa procissão da Páscoa, que ocorre nas altas esferas espirituais e que é conduzida por nosso bendito Senhor, o Cristo.
(Publicado na Revista New Age Interpreter – Corinne Heline – first quarter, 1963 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
A Criatura e a Vida: Há uma intenção oculta em todas as coisas – descubramos qual é
Toda a manifestação leva em si essa realidade. Tudo o que é feito ou produzido pela criatura humana também leva, no seu íntimo, uma intenção a respeito da qual podemos dizer que é a alma da causa. Essa alma tem uma intenção inata, porque é produto de uma Fonte que sempre, permanentemente, procura a sua própria expressão. Essa Fonte é o Espírito, a Luz que se encontra no íntimo de toda a criatura.
A ação, a atividade do ser humano, geralmente frustra a intenção, a atividade anímica dessa Fonte, porque ele é livre de fazer o que bem entende. Essa liberdade lhe vem por força de sua origem – é um Filho de Deus, temporariamente esquecido da sua filiação.
Por causa dessa filiação, o ser humano é o Eterno Criador tal como seu Pai. Possui essa prerrogativa; é a sua herança que o faz um criador inato. Passa a sua vida criando permanentemente coisas boas ou más; consequentes ou inconsequentes; trágicas ou cômicas, ao sabor das circunstâncias, ou melhor, sob a influência dos ciclos alternantes – a nota chave do Plano Físico, no qual, temporariamente, vive. Por isso o fruto de sua atividade (as suas criações) é relativo, perecível, divisível, penetrável e corruptível. Assim a intenção, que está no âmago das coisas criadas e que deveriam ter o cunho da perenidade, da eternidade, porque provém daquela Fonte – do Espírito – é frustrada.
Essa intenção, esse desígnio, se manifesta mesmo naquilo que independe da vontade do ser humano, isto é, nos processos físicos, químicos e fisiológicos; no comportamento da fauna e da flora, dos animais e da humanidade; nos agregados moleculares e atômicos e na aparente inércia da pedra. Tem valor universal. Atrás de toda aparência e de todos os fenômenos, essa intenção exerce a sua ação. É a alma das coisas, é a razão da existência daquelas aparências e daqueles fenômenos e, por isso, sua ação não pode ser frustrada.
A criatura geralmente frustra essa intenção natural, universal, porque se situa no campo da relatividade.
Porém, o destino da criatura é o de se expandir cada vez mais e, nisso, é idêntico ao da Vida. A vida leva-a a um permanente alargamento de consciência através de uma “longuíssima via não reta, mas serpenteante”. É um caminho que deverá conduzi-la a “união dos opostos”. Evitar a frustração do desígnio, da intenção espiritual é o trabalho do Aspirante à vida superior.
Não é um trabalho fácil, pois é idêntico ao trabalho do nosso Salvador. É requerida a coragem da renúncia, do esquecimento da personalidade para que todas aquelas fases da vida do nosso grande amigo, o Cristo, aconteçam também na vida do Aspirante. Haverá para o Aspirante: um Batismo, uma Tentação, uma Transfiguração, uma Última Ceia e um Lavapés; haverá também um Getsemani, haverá Estigmas e a Crucificação. Mas o Aspirante à vida superior sabe que não há alternativa. Conhece qual a intenção que anima a Vida, o viver. Sabe que Vida é Atividade cooperadora e que essa Atividade tem um desígnio, uma intenção que tem por alvo a integração da criatura em Deus. É um destino que todas as criaturas partilham em comum e que todos devem aprender.
Há regras para isso, às quais o Aspirante se submete regozijosamente. Essas regras aceitas pelo Aspirante tem a finalidade de ordenar a sua Vida, o que quer dizer a sua Atividade em uma forma contínua, mesmo no sono. Isso é a prática da Ciência ou Doutrina Secreta, cuja regra fundamental é expressa pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz nos seguintes termos: “Em seus fundamentos a Doutrina Secreta, fonte dos mais profundos mistérios do Universo, é tão simples que pode ser compreendida por um menino. Por ter essa simplicidade, dela desdenham os que suspiram pela complexidade e pelas ilusões“. “Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo“, eis a verdade.
Com esse fundamento e nele apoiado praticando-o vai o Aspirante vivendo a Vida; dando a sua Vida para que também a seu próximo possa vivê-la, conscientemente, no seu desígnio e na sua intenção.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/61 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Missão de Maria
De acordo com Max Heindel, sabemos que Maria e José foram Iniciados nos Mistérios Cristãos. Estavam imbuídos plenamente da missão que lhes tocava, assim como Jesus. Quando Jesus Cristo falava com Maria e lhe dava aquelas respostas, era o Cristo e não o homem Jesus que falava. Podemos alcançar uma maior compreensão quando Jesus Cristo, em Seu último alento, deixou Sua mãe aos cuidados de João, Seu discípulo, segundo lemos no Evangelho Segundo São João 19:26, demonstrando o laço profundo entre a mãe e o filho. Quase Seu último pensamento e pedido foram nela e para ela.
Nos tempos presentes, vemos a mulher ocupando os postos dos homens, em alguns casos. Porém se ouvimos a conversa delas nos distintos aspectos da vida, podemos verificar seus fortes desejos de poder dar mais atenção ao lar e viver ao lado de seus familiares. Sabemos que renascemos umas vezes homem e outras mulher e é necessário que aprendamos tudo o que nos seja possível em cada corpo. Maria cumpriu seu trabalho familiar muito bem. Trabalhou com José, porém não encontramos nenhum indício de que ele tivesse exercido domínio sobre ela. Sem dúvida, encontramos muitos relatos do trabalho de Maria no lar. Sabemos que a túnica de uma só peça que Cristo usava quando foi crucificado havia sido tecida por ela.
A grande influência que as mulheres exercem sobre os homens está indicada no conhecido dito: “A mão que embala o berço governa o mundo”. O êxito do homem é amiúde devido à influência de sua esposa, mãe ou noiva. Temos muitos exemplos disso e todos os grandes homens dão muito crédito aos conselhos maternais. Lincoln disse que tudo o que ele era e esperava ser devia-o à sua mãe. Em todas as grandes crises encontramos uma mulher atrás da cena. Nem todas as mulheres, em sua capacidade, têm sido boas, e é então quando se têm provocado muitos distúrbios ao mundo; porém o fato é que sempre existe uma mulher por detrás dos bastidores.
De acordo com a Bíblia, José era muito mais velho do que geralmente se supõe. Quando lemos sobre sua participação no plano, notamos, sobretudo, seu cuidado com Maria e Jesus, e sua devoção e completa obediência à vontade de Deus. Todos os seus pensamentos convergiam à ternura pela mãe e o Filho. José deu por cumprida sua missão quando Jesus estava preparado para entregar seu corpo ao Cristo. Somente Maria esteve com Jesus, com seu amor e devoção, até que Ele expirou.
Durante os trinta anos da vida de homem, Jesus obedeceu a todas as leis da Terra. Porém, quando Cristo tomou posse de seu corpo, no Batismo, começou a mudar as leis e dar novos ímpetos ao mundo. Tão logo o Cristo começou Seu ministério, as mudanças foram maiores e nos três curtos anos levou a cabo Sua missão para a qual havia vindo, ou seja, a de Salvador do Mundo.
Não nos esqueçamos das outras Marias que tomaram parte nas vidas de Maria e Jesus. Não é estranho que as três tivessem o nome de Maria? Cada uma delas ilumina alguma das fases da vida da mulher. A história de Maria e Martha é uma das quais estamos familiarizados. Por que Maria ficou com Jesus enquanto Martha trabalhava na cozinha? Por que Maria Madalena ungiu os pés de Nazareno com azeite perfumado? Porque elas tinham parte na missão de Jesus. Maria Madalena é uma das Marias que mais nos intriga. Ela tomou parte na redenção. Trabalhou seu destino por meio da superação de sua Mente e de sua alma. Todos nós sabemos que Maria Madalena havia quebrado muitas das leis, porém, com a ajuda de Jesus Cristo, se redimiu e começou vida nova.
Aproximava-se a hora em que Jesus-Cristo tinha de se apresentar aos judeus como seu Rei e Messias prometido. Quantas alegrias sentiria o coração de Maria, ao observar seu Filho fazendo os primeiros milagres de cura! Quanto teria sofrido ao saber que seu Filho bem amado teria que caminhar sozinho os anos restantes de Sua vida! Aqui vai uma lição para todas as mães: quantas há que, ao chegar a hora em que seus pequeninos tenham que provar suas próprias asas e começar a viver suas próprias vidas, estão dispostas a dar-lhes a liberdade de que necessitam?
Diz-se no Novo Testamento que quando Cristo falava às multidões, Maria e Seus Irmãos vieram e desejaram falar-Lhe, e sua resposta foi: “Quem é minha mãe, e quem são os meus irmãos? Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Maria compreendeu isto porque sabia que já não havia o mesmo laço familiar com Cristo como o tinha com Jesus. Sabemos que durante os últimos dias e noites de provas, Maria falava com Deus e teve que receber muitas bênçãos porque continuou sua missão até o final.
Como a alegria que Maria teve ao ter o menino entre seus braços, também teve a dor de sustentar o corpo sem vida de Jesus-Cristo, enquanto José de Arimateia ia procurar pano para envolvê-Lo. Depois que Seu corpo foi levado, Maria foi com João, pois sabemos que este a levou para sua casa e dela cuidou. Maria viveu o suficiente para saber que a missão para a qual ela e Jesus haviam nascido havia se cumprido, e que tudo se havia feito de acordo com a vontade e guia Divinas.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)
Caminho da Iniciação: Anunciação
“E foi enviado por Deus o Anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão, que se chamava José da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria. E, entrando o Anjo onde ela estava, disse-lhe: ‘Deus te salve, cheia de graça, o Senhor é contigo: Bendita és tu entre as mulheres’. Ela , tendo ouvido estas coisas, turbou-se com suas palavras e discorria pensativa que saudação seria esta. E o Anjo disse-lhe: ‘Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre, e darás a luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus. E este será grande, e será chamado FILHO DO ALTÍSSIMO, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu Pai Davi, e reinará eternamente na casa de Jacó; e o seu reino não terá fim’”. (Mc 1; 26-33)
Pela primeira vez, Maria compreendeu totalmente seu destino incomparável e de como foi escolhida para dar a luz a esse Ser por meio de quem o Senhor Cristo, o Salvador da humanidade, viria a Terra. O professor e iniciador de Maria foi o belo, gentil e ternamente simpático Gabriel. Gabriel é o “anjo que guarda” e guia o Espírito da Maternidade no mundo inteiro. Ele envia anjos ministros para abençoar toda a mãe em perspectiva. Esses mensageiros angélicos cuidam e dirigem um espírito para a mãe e o lar onde ele vai encontrar corporificação.
As enfermarias para maternidade nos hospitais são frequentemente iluminadas pela luz de faces angélicas e perfumadas pelas preces e bênçãos dos anjos atendentes. Às vezes, essas enfermarias recebem santificação dobrada pela presença do próprio Grande Anjo Gabriel. A particular nota-chave musical em que Gabriel vive e se move e tem sua existência emite uma benção contínua sobre o Espírito da Maternidade. Todas as canções de ninar e de acalanto compostas por inspirados músicos através dos tempos acham-se sintonizadas na nota-chave musical de Gabriel. Desde a sua mais tenra infância, Maria foi cercada por esse amor e cuidado, pois estava destinada a tornar-se o perfeito e exemplar modelo de maternidade para todas as mulheres. Muitas e variadas foram as experiências de alma a ela dadas sob a tutela do Anjo Gabriel. Essas experiências atingiram suprema culminância na onda gloriosa da Anunciação”.
Nesse grau obtemos a faculdade de ver o corpo perfeito resultante do equilíbrio harmonioso entre as forças masculinas e femininas. Até que isso seja alcançado, o ser humano não consegue materializar um corpo ajustado com o arquétipo divino que existe eternamente no céu. É a visão de que o glorioso corpo-templo, construído à imagem e semelhança de Deus, que dá a tônica espírito desta realização: “Faça-se em mim segundo a tua palavra“.
Em sua aplicação universal, a Anunciação deve ser compreendida como o nascimento do Cristo místico no coração do ser humano regenerado. Há nove graus definidos na Iniciação Cristã Mística, começando pelo Batismo, que é introdutório. A Anunciação precede a todos eles.
(Leia mais sobre esse assunto nos livros: Ao longo do Ano com Maria; Capítulo V – A Bíblia: O Maravilhoso Livro das Épocas- Corinne Heline; Ritual do Serviço de Natal; Iniciação Antiga e Moderna – A Anunciação e a Imaculada Concepção – Fraternidade Rosacruz)