A “surdez musical” ou agnosia auditiva é uma variedade de agnosia para música, na qual a pessoa não distingue a variação de tonalidade musical ou não reconhece melodia, por exemplo.
Assim, naturalmente, surge a pergunta: “podem os ‘surdos-musicais’ aprender a identificar os vários sons e tonalidades e apreciar música como fazem as pessoas que não possuem essa deficiência?”. Ou, ainda: “Podem os ‘surdos-musicais’ aprender a reter uma melodia e cantá-la?”.
Um Estudante Rosacruz, um músico profissional, que se dedicou muitos anos de estudo e pesquisa nesse setor e trabalhou com os assim chamados “monótonos”, nos forneceu a seguinte resposta:
Sim, é possível aperfeiçoar tanto a percepção auditiva de tons musicais, como a capacidade de combinar os tons, com a voz que canta.
As razões que tornariam isso impossível seriam se o conduto auditivo externo, o ouvido médio ou interno, ou as próprias cordas vocais estivessem fisicamente molestadas e incapazes. Contudo, de fato, isso nunca aconteceu.
Uma pessoa surda-musical deve enfrentar e satisfazer três condições básicas, antes de pretender ouvir e cantar tons harmoniosos e perfeitos:
É conhecido cientificamente que muitos surdos podem ouvir, ao menos, um som.
Um surdo-musical ouve sons, mas não o pode diferenciá-los e é incapaz de reproduzi-los com a voz. Em consequência, será ouvida uma canção de um só tom (monótono) de acordo com o único tom que seu sentido auditivo tiver captado.
A seguinte teoria sobre a evolução do sentido musical é baseada na pesquisa e na experiência pessoal: o passado evolutivo do sentido musical é repetido sumariamente em cada nascimento. Tal como o ser humano primitivo ouvia um único som, a criança ouve, também um único som. Os outros sons estão ao seu redor, mas o ouvido e o sistema nervoso central não estão ainda desenvolvidos para distingui-los. Desde que os olhos do ser humano primitivo o informaram que diferentes formas produziam sons diferentes e variados, houve um desejo intenso de ouvir mais, ainda que confusamente, os sons que estavam sendo criados. Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que os órgãos físicos são desenvolvidos à medida que se intensifique o desejo para isso. Os neurônios do Sistema Nervoso Central e Periférico, onde estão presentemente localizados, eram antigamente, simples correntes de desejo. Em consequência, o desejo do ser humano trouxe à tona a primeira diferenciação tonal, isto é, a percepção dos sons mais altos e mais baixos.
Experiências pessoais mostraram que diferenciações tonais sucessivas, as quais dão ao ser humano uma maior expansão e sensibilidade auditiva, seguem um modelo, uma Lei da Natureza conhecida na física como acústica. Seguindo essa Lei da Natureza, é possível ajudar a evolução musical num indivíduo.
Ao redor dos seis anos de idade, muitas crianças desenvolvem um bom senso musical a ponto de poderem cantar uma melodia numa determinada escala e alcance tonal. Algumas crianças são capazes de harmonizar em tons mais altos ou mais baixos.
Um ambiente de música de alta qualidade (harmonia, melodia e ritmo compostos de materiais das Regiões superiores do Mundo do Pensamento e, consequentemente, “coloridas” pelos materiais das Regiões superiores do Mundo do Desejo) ajuda e favorece o desenvolvimento, mais cedo, de uma melhor sensibilidade musical.
(Traduzida da Revista RAYS from the Rose Cross e publicada na Revista: Serviço Rosacruz – março/1978 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Os grandes músicos e filósofos, como determinadas árvores, têm um traço em comum na vida: a longevidade. Toscanini e Bertrand Russel, por exemplo, viveram muitos anos, apesar da vida agitada que sempre tiveram. Mas isso é só “coincidência”.
Difícil que a medicina encontrará uma explicação para esse fato. Mas, reconheçamos que a música é uma das artes que mais contribuem para o equilíbrio emocional. Afinal, a música é um dos Exercícios para desenvolvermos a nossa Mente abstrata, a “Mente não contaminada pelo desejo”, como o é a Mente concreta.
A prova é que a maioria dos grandes músicos chegam aos 80 anos ou mais com lucidez. Entretanto há uma ressalva: a música poderia proporcionar mais alguns anos de vida, mas o ritmo de trabalho dos músicos — aliado à vida desregrada levada por alguns dos nomes mais expressivos — parece contrariar essa tese que não possui fundamento científico”.
Um motivo que se acredita que seria uma resposta é a comunhão permanente do esforço físico com o mental. Podemos também observar que são os regentes que vivem mais. Talvez a explicação seja a chamada paz interior tão apregoada pela musicoterapia.
Assim, uma bela sugestão para tentar conquistar a longevidade: estudar música, pois é uma terapia ocupacional que, além de coordenar as funções do cérebro, também age como um poderoso relaxante nos momentos de tensão.
Leia aqui uma pequena história que ilustra esse ponto: “Na época dos ‘grandes músicos’, a vida era bem diferente. O músico era um profissional, isto é, tinha um emprego que lhe garantia o sustento. Não havia a preocupação de ter um trabalho extra, fora de sua arte. Esses artistas dos séculos passados estudavam em boas escolas e saíam delas com ótima formação musical”. Eles dedicaram suas vidas à arte de compor ou reger sem os problemas enfrentados pelos músicos de hoje. Podiam se entregar totalmente à arte, o que agia como uma higiene mental.
Mas, quantos músicos vivos e com idade bastante avançada trocaram a noite pelo dia ou desconhecem o que é dormir uma noite inteira? Esse fato contradiz qualquer relação com a saúde mental e física proporcionada pela música.
Uma hipótese aqui é que esses artistas sejam dotados de boa saúde devido ao contexto, porque de outra forma seu organismo entraria em conflito com a própria natureza humana.
As reais vantagens da musicoterapia estão, por exemplo, no aperfeiçoamento do aparelho respiratório, beneficiado pelo aprendizado da flauta, trompete, trombone, corneta, gaita etc., que corrige a respiração viciada. Nos centros de reabilitação do aparelho respiratório, o diagnóstico para os distúrbios de falsos cardíacos, asma psíquica e outros sintomas provocados pela respiração incorreta é a musicoterapia, que vem obtendo bons resultados clínicos e está sendo bastante difundida pela psiquiatria em geral.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1973-Fraternidade Rosacruz-SP)
A música é a “canção do ser”, cantada por Deus, o Mestre Supremo, através do tempo e do espaço. O primeiro versículo do Evangelho Segundo São João revela a importância do tom ou música em nossa criação ou evolução espiritual, pois as palavras: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”, podem ser interpretadas desta forma: “No princípio era a Música e a Música estava com Deus e a Música era Deus”, pois São João ao usar o termo o ‘Verbo’, sugere tom ou vibração harmoniosa e toda vibração ou tom harmonioso pode se chamar de música. Esse foi o Fiat Criador que fez com que tudo existisse.
O Deus de nosso Sistema Solar se manifesta em três aspectos: Vontade, Sabedoria e Atividade.
A Vontade de Deus trouxe à existência a melodia ou o tom: depois, em Sua Sabedoria, harmonizou esta melodia em forma e depois, por Sua Atividade, fez que esta forma do tom se fizesse movimento ou ritmo, pulsando com rítmica cadência a tudo o que vive e se move.
De modo que através da Criação tudo canta, tudo é música, ou foi criado por ela. Assim sucede com o compositor quando toma uma melodia, harmoniza-a e lhe dá ritmo, fazendo que sua composição seja uma reprodução infinitesimal de criação do arquétipo todo poderoso de Deus.
O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” diz que as formas que vemos ao nosso redor são sons-figuras cristalizadas das forças arquetípicas que trabalham nos Mundos Celestes. Quão ignorante encontra-se a humanidade, em sua quase totalidade, sobre o fato de que o mesmo veículo em que cada qual funciona e vive neste Mundo Físico, foi construído por meio da música na Região do Pensamento Concreto! Sem essa música nós não teríamos um Corpo Denso no qual funcionar neste Mundo Físico, ainda que a maior parte das pessoas sejam ignorantes desta realidade e pensem que a música seleta é somente para os poucos escolhidos que a compreendem. Algum dia, em algum renascimento, cada um de nós teremos que despertar as vibrações dessa música, teremos que nos fazer conscientes de seu poder etéreo e espiritual. Antes de que tenhamos terminado de viver na Terra através de seus diferentes períodos, teremos que nos tornar músicos, pois teremos em nosso Esquema de Evolução que nos converter em criadores de verdade por meio do som e da palavra para podermos emanar o tom do Fiat Criador. Isto teremos que fazer para complementar nosso destino.
Existem três classes de seres humanos que não são músicos, mas ocupam uma escala diferente dentro desta possibilidade.
Primeiro: os que manifestam abertamente que a música não lhes interessa para nada; em seu estado presente, esses seres ficam fora de nossa consideração por enquanto.
Segundo: aqueles que manifestam certa inclinação e a escutam com agrado, mas dizem que não a entendem; para estes há uma esperança de que cheguem a ser músicos num futuro próximo.
Terceiro: os que ainda sem ser músicos, todavia, mostram uma grande ansiedade por ela e frequentam os lugares de concerto para escutar com verdadeira devoção; estas pessoas acham-se muito próximas de alcançar o talento musical. Elas despertaram em vidas passadas algum interesse musical, aumentando-o até certo grau e convertendo-se em amantes intensos de sua sublime beleza. Estes seres, através da sublimada essência acumulada, poderão tocar repentinamente algum instrumento musical, ou faculdade para cantar. Desenvolverão assim este talento por várias vidas até converterem-se em criadores de música, isto é, em compositores. Então, começam a penetrar mais além do físico, afinando-se às vibrações musicais do Segundo Céu, a Região do Pensamento Concreto, especialmente durante a vida que existe entre os renascimentos.
Existe um regozijo na criação da música que é somente comparável com uma coisa: a Iniciação Mística. Ela é, em sua própria expressão, um grau menor desta Iniciação, quando o compositor se torna o suficientemente avançado para compor grandes obras; chega, então, às vibrações cósmicas mais elevadas que as que alcança o compositor ordinário e neste exaltado estado, encontra-se mais perto de Deus, assim como o Iniciado Místico está mais perto de Deus que o ser humano ordinário. Quando o compositor penetra nestas elevadas vibrações do Segundo Céu, está escutando realmente a palavra de Deus. A verdade está ainda a uma grande distância, mas já se encontra em grande adiantamento em sua evolução, uma posição conquistada com o esforço de muitas vidas; não um privilégio como muitos creem, mas uma recompensa ao trabalho empreendido.
É certo que o escultor, o poeta e o pintor também se afinam às vibrações celestiais, mas as vibrações que eles empregam situam-se na Região mais elevada do Mundo do Desejo, conhecida como Primeiro Céu, enquanto os músicos vão mais alto, ou seja, à Região do Pensamento Concreto, no Segundo Céu, onde o tom é o originador da cor e da forma. Assim, de todas as artes e credos em questões de arte, a música e o músico são os que chegaram mais alto e, portanto, é a mais elevada expressão da vida da alma que temos em nossa existência e é lógico pensar que tem uma mais refinada influência sobre o Corpo de Desejos que qualquer outra das partes. Como diz Max Heindel: “Não há outra classe superior à do músico. A ele corresponde a mais alta missão, porque como um modo de expressão para a vida da alma, a música reina suprema”. Também diz: “Somente na Região do Pensamento Concreto, onde os arquétipos de todas as coisas se unem no grande coro celeste de que falou Pitágoras: a harmonia das esferas, encontramos a verdade revelada em toda sua beleza”. Vemos, portanto, que é ali, naquela Região da Verdade em toda sua beleza, onde se acha o lugar da música.
Pergunta-se por que, se a música é tão bom estímulo para o crescimento espiritual, frequentemente encontramos músicos cujas vidas, no sentido moral e ético, não estão de acordo com suas habilidades artísticas. Acredita-se que um músico devesse se encontrar, em todos os aspectos, ao nível de seu gênio criador, mas não é assim. A razão disto é que os gênios dedicaram o melhor de suas vidas passadas ao desenvolvimento da música exclusivamente, abandonando outras fases morais da vida e outros detalhes importantes. Assim, gravando constantemente essa devoção nos Átomos-semente dos seus Corpos e os desenvolvendo mais e mais em cada vida, fica tão profundamente impressa que a pode expressar nos planos superiores musicalmente, apesar de suas deficiências gerais em muitos outros aspectos humanos.
Na vida que segue à morte finaliza sua existência nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, onde o ser purga seus erros da vida passada, e depois ascende ao Primeiro Céu – localizado nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo – para receber a recompensa das ações de sua vida anterior. Então, purifica-se e está pronto para gozar do descanso que existe entre renascimentos.
Ao deixar o Primeiro Céu, encontra-se envolto em uma beatífica quietude, uma paz absoluta, tão perfeita e completa que é difícil explicar.
Pela primeira vez, desde que começou seu último renascimento, goza a plenitude desta paz, que o absorve todo.
Todos conhecemos a paz que pode existir neste Mundo Físico, até certo ponto, mas quando o Ego chega a este Segundo Céu percebe pela primeira vez o verdadeiro sentido do termo “paz”, ainda que sem nenhum de seus sentidos, pois já não os necessita.
Quando seu Espírito se banha nesta profunda tranquilidade e absorve da mesma tudo o que é capaz, segundo seu alcance espiritual, encontra-se pronto para as atividades do Segundo Céu. O fato de ter desenvolvido, no passado, sua capacidade musical o recompensará grandemente, porque suas experiências neste reino estão todas relacionadas com sua capacidade para compreendê-la.
A partir daí começa a preparação para seu próximo renascimento por meio da absorção espiritual.
No umbral do Segundo Céu é despertado o estado de paz e quietude, no qual está submerso por meio do som da música perfeita. Conforme cruza este umbral, entra no lugar de trabalho de Deus, envolto neste maravilhoso som da música. Para o músico, principalmente, este é o paraíso perfeito.
O Segundo Céu está situado na Região do Pensamento Concreto; todo pensamento aqui é uma expressão do som. Tudo o que existe chega à existência por meio do som. É a vibração de vida, ritmo pulsante, melodioso e harmonioso.
Este reino molda todas as coisas e lhes dá forma: as rochas, areias, flores, aves, animais e o ser humano. Aqui o Ego é recebido pela música mais sublime que possa experimentar, algo que transcende a tudo que tenha escutado na Terra. Este é o paraíso dos compositores, onde podem se entregar ao sonho do som vívido, como sonhava na Terra sem o lograr.
Se deseja renascer como músico, prepara-se para isto enquanto está neste reino. Aprende a desenvolver o sentido do ouvido, mãos e nervos que sejam super sensitivos. Para isto, é ajudado pelas mais elevadas Hierarquias Criadoras.
Max Heindel nos diz que a habilidade musical depende do ajuste dos canais semicirculares do ouvido e que é necessário não só ter o ajuste apropriado destes canais, mas que também há que ter extremadamente delicadas as “fibras de Corti”, das quais existem umas dez mil no ouvido humano, sendo cada uma capaz de interpretar umas vinte e cinco gradações de tom.
Estas fibras no ouvido da maioria das pessoas não respondem a mais de três ou dez das possíveis gradações. Um músico ordinário não possui mais de quinze sons em cada fibra, mas o mestre musical requer uma categoria superior. Portanto, é fácil compreender o porquê os mestres das mais elevadas Hierarquias Criadoras ajudam o músico, especialmente o compositor, durante o tempo em que se encontra construindo seu arquétipo para seu próximo Corpo Denso, como diz Max Heindel: “o mais alto grau de seu desenvolvimento, torna-o merecedor, além de requerer ajuda, e o instrumento por meio do qual o ser humano se faz sensível à música é o órgão mais perfeito do corpo humano”.
O ouvido do ser humano começou seu desenvolvimento no Período de Saturno, de modo que é o mais desenvolvido do tempo presente de todos os sentidos físicos.
Enquanto pode compor esta música perfeita quando se encontra no Segundo Céu, o compositor não pode expressá-la com a mesma pureza neste plano físico, pois se encontra impelido pelas baixas vibrações do Corpo Denso e a Mente não pode alcançar até as mais altas regiões do som.
Não obstante, com o tempo chegaremos tão alto em nossa evolução que poderemos vibrar facilmente com esse Mundo e expressar seus sons em nossas vidas diárias. É a música a que faz o Arquétipo individual e quanto mais desenvolvemos esse sentido, mais glorioso é o tom e a harmonia que o criam.
A nota-chave individual do corpo humano situada na parte de trás da cabeça é um tom, um definido tom musical, que constrói e mantém unida a massa de células que compõem nosso Corpo Denso.
Quando nos submergimos na música, ela permanece entre nós e as coisas desagradáveis da vida, a sordidez do materialismo, que geralmente oprime nosso coração, diminui por meio do toque gentil da música.
É um grande tônico para os nervos. Se alguém se sente cansado e esgotado e deixa seu corpo em repouso para escutar música clássica (ou erudita) seleta, as vibrações do corpo podem, em uns poucos momentos, elevar-se e desfazer a fadiga.
Quando aprendermos a usar a música em sua relação apropriada como nossos distintos veículos: Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital, por meio do Corpo Denso não necessitaremos mais de medicinas para nos curar.
Em Deus tudo é Melodia, Harmonia e Ritmo, porque os pensamentos de Deus são todos Melodia; as criações de Deus são Harmonia e os movimentos (ou gestos) de Deus são Ritmos. Se Deus emprega a música como meio criador, porque não havemos de imitá-Lo, empregando-a para formar nosso “Eu Superior”?
Max Heindel diz: “Sobre as asas da música a alma podo voar para o trono do Deus, onde o mero intelecto não pode chegar”.
Temos estas inspiradas mensagens que nos foram dadas para nossos corações e para nosso estímulo, sem ter em conta qual seja o grau de interesse presente pela música.
A música é sempre um aliciante para a alma e para apressar a formação de uma maior consciência.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro-fevereiro/1988-Fratrernidade Rosacruz-SP)
A música contém, em sua expressão, toda a gama da evolução. Ela se levanta das névoas da antiguidade, desenvolve-se com as diversas épocas e revela um futuro de infinitas e gloriosas realizações. Vai ao fundo do ser humano desde o começo dele, e guarda, em suas mensagens esotéricas, a história da semente e do broto que germinam, do pecíolo, da folha e do botão que desabrocham e do aperfeiçoamento da maravilhosa flor.
Com a humanidade ela alcança seu destino glorioso de espiritualidade, completamente desabrochada.
A música vivifica a parte mortal do cérebro e faz com que a Mente superior desça para tocar a mortal.
Ela verte, das alturas de onde se encontra, beleza, harmonia e glória em nossas vidas no mundo. É uma benção sublime que nos foi dada para que ouçamos, em suas harmonias, os segredos de nossa natureza divina, enquanto ainda somos mortais, para que vejamos as estrelas da glória futura, mesmo que ainda estejamos na escuridão da noite mortal, para que possamos, enquanto ainda só humanos, obter uma visão distante e vaga que seja, daquele estado superior, a meta de todos os seres, a glória, a magnificência e a realidade daquilo que está tão próximo de nós, uma parte de nosso próprio ser, embora escondido pelas limitações mortais. A música arranca esse véu e revela um pouco dessa glória.
O ser humano percebe isso até certo ponto e assim procura a música e ama as supremas qualidades de sua natureza, fundindo-a à sua própria alma!
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – abril/1986-Fraternidade Rosacruz-SP)
“No princípio era o Verbo”. Assim o Cosmos começou a emergir do Caos e, assim também, surgiu o nosso Universo. Por meio do Verbo a palavra é dirigida as inumeráveis estrelas que pontilham o espaço celeste e mantêm-se em equilíbrio os Planetas que giram em torno do Sol.
Há muito tempo que Pitágoras referiu-se à “Música das Esferas”, afirmando tratar-se de um fato real, pois cada Planeta emite sua própria música, harmoniosa e sublime. Pitágoras atribuiu a cada Planeta uma nota particular e comparou a distância entre eles com os tons e semitons, produzindo em conjunto as sete notas da escala.
Toda a escala evolutiva de nosso Sistema Solar relaciona-se com as sete notas e um terço da oitava do teclado do piano, tendo esse terço da oitava uma importância vital.
O Arquétipo de cada ser humano é constituído mediante a sonoridade formosa dessas tonalidades celestiais. O Ego, quando principia o ciclo de uma nova existência, deixa o Terceiro Céu, entrando na Região do Pensamento Concreto, onde a música das esferas movimenta os Átomos-sementes dos seus futuros Veículos. Os tons dessa música formam linhas de força e vibração que, mais tarde, atraem e agrupam as substâncias do Mundo Físico em uma determinada forma, assemelhando-se às figuras geométricas formadas quando se passa um arco de violino pela borda de um prato de bronze ou de cristal onde se encontra espalhada uma pequena quantidade de pó fino (as famosas Figuras de Chladni).
Todos os Astros (Sol, Lua e Planetas) cooperam nessa obra de construir o arquétipo, porém, aquele que vibra de um modo particular, em sintonia com o Átomo-semente, converte-se no Regente da vida, e os tons de todos os demais Astros são controlados por ele. Durante os períodos de formação do Arquétipo, nem todos os tons emitidos pelos Astros, mediante os diferentes aspectos que formam, são utilizados pelo Átomo-semente; somente aqueles que o próprio Ego, mediante seu labor em vidas anteriores, colocou em vibração com o Arquétipo, donde concluímos que a nota-chave de cada ser humano é inteiramente individual.
Nesta exposição, embora resumida, mostramos o valor incalculável e maravilhoso que possui a música como terapêutica.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – abril/1967 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Os Pensamentos-formas diminuem em poder, na proporção da distância percorrida por eles. A distância percorrida e a persistência que os tornam efetivos dependem da força, da exatidão e da clareza do pensamento original.
De maneira geral, os Pensamentos-formas podem ser agrupados em três classes específicas:
1) Um Pensamento-forma pode ter o aspecto do pensador. Isso frequentemente acontece. Uma pessoa pode desejar intensamente estar em um determinado lugar e, como resultado, o pensamento adquire forma e viaja para aquele lugar determinado. Muitos clarividentes inexperientes viram tais Pensamentos-formas de amigos ou parentes e, não conhecendo a natureza do que viram, ficaram muito perturbados por eles. O clarividente treinado reconhece-os imediatamente;
2) O Pensamento-forma que adquire a forma de algum objeto material. Por exemplo, uma pessoa pode pensar em um livro predileto e imediatamente aquele livro, quando ela o invoca, aparece na sua aura como o Pensamento-forma de um livro. Pode ser também uma flor predileta, ou mesmo um amigo. O arquiteto constrói um Pensamento-forma da casa que deseja construir; o artista constrói um Pensamento-forma do quadro que deseja pintar; o escritor constrói Pensamentos-formas dos personagens, do cenário, etc., que ele deseja usar em seu livro. Lembremos que é a vontade do indivíduo que origina Pensamentos-formas, e estes têm uma certa quantidade de vontade incorporada neles. Frequentemente, depois que são criados, eles procuram manter-se dentro da consciência do pensador, a ponto de se tornarem, muitas vezes, indesejáveis, especialmente se o pensador mudou sua ideia a respeito do assunto que eles representam. A única maneira de libertarmo-nos de tais pensamentos desagradáveis é por meio da indiferença. Se tentarmos lutar contra eles, a força adicional desprendida irá mantê-los vivos e irá trazê-los à Mente com mais frequência;
3) Os pensamentos que adquirem uma forma totalmente própria expressando sua natureza inerente. Pensamentos-formas de ódio adquirem formas ameaçadoras horríveis; a raiva forma figuras pontudas e afiadas; a avareza e a inveja formam massas iguais a ganchos que se projetam como para agarrar o objeto desejado e puxá-lo para si. O amor manifesta-se como nuvens rosadas; a devoção, como lindos objetos graduando o azul-claro até ao branco; a oração cria a forma de um funil voltado para cima, para o espaço. Todos esses Pensamentos-formas parecem estar cheios de vida e vibram em um grau intensamente elevado. Naturalmente, todos têm cor e som.
Os Pensamentos-formas dirigidos para um indivíduo produzem um resultado muito interessante. Ou eles encontram entrada na aura do indivíduo, ou ricocheteiam da aura daquela pessoa e retornam ao remetente. Todo Pensamento-forma carrega um determinado grau de vibração, e só pode afetar o indivíduo que tenha uma vibração semelhante.
Se um Pensamento-forma é gerado por um motivo mal e é enviado a uma determinada pessoa, se não existir nenhuma vibração semelhante dentro da aura dessa pessoa, ele não pode, de maneira alguma, afetar sua aura. Consequentemente, ele retorna ao seu criador, ricocheteando com a mesma força com que foi enviado. Todos os impactos externos alcançam o Ego através do Corpo Vital, cujos dois Éteres superiores, o Luminoso e o Refletor, formam o Corpo-Alma. É este veículo que repele todos os maus pensamentos, contanto que esteja suficientemente organizado, pois ele age como um bumerangue, isto é, reverte para aquele que enviou o mau pensamento, o mesmo mal que desejou provocar na pessoa alvejada. Se os frequentadores de certos ambientes que são alimentados por pensamentos e/ou desejos inferiores pudessem ver o enxame de maus Pensamentos-formas arremessando-se de um lado para outro, e ouvir os tons barulhentos, sensuais, insinuantes, emitidos por eles, abandonariam tais lugares tão rapidamente como sairiam de um hospital ou de um edifício infectado por doenças transmissíveis pelo ar. Esses lugares devem ser evitados, pois essas vibrações pervertidas só servem para instigar o mal e fortalecê-lo.
(Leia mais no Livro A Escala Musical e o Esquema de Evolução – Fraternidade Rosacruz)
Pitágoras ensinava que o Sistema Solar é um poderoso instrumento musical; que os 12 Signos zodiacais podem ser comparados aos semitons da escala cromática; que os Planetas constituem as sete notas da escala diatônica. Cada Signo responde a certo tom. Alguns sons combinam entre si e formam acordes harmoniosos; outros são antagônicos e produzem acordes desarmoniosos. Do mesmo modo como existem acordes harmoniosos e desarmoniosos, intervalos consonantes e dissonantes, assim também, segundo os ângulos que mantem entre si, para o observador na Terra, os Astros nos céus e os Signos do Zodíaco apresentam combinações harmoniosas e desarmoniosas, em seus efeitos sobre nós.
Dissemos que cada Signo responde a certa tonalidade musical. Eis a relação:
Signo de Áries………..: Ré Bemol Maior;
Signo de Touro ………: Mi Bemol Maior;
Signo de Gêmeos……: Fá Sustenido Maior;
Signo de Câncer …….: Sol Sustenido Maior;
Signo de Leão…………: Lá Sustenido Maior;
Signo de Virgem…….: Dó natural Maior;
Signo de Libra………..: Ré Maior;
Signo de Escorpião…: Mi Maior;
Signo de Sagitário…..: Fá Maior;
Signo de Capricórnio.: Sol Maior;
Signo de Aquário……: Lá Maior;
Signo de Peixes………: Si Maior.
Se você escolher músicas elevadas, nessas tonalidades, poderá amenizar e até curar enfermidades relativas a cada Signo. Tocando-as suavemente, com o paciente relaxado, a musicoterapia tem efeito indiscutível. Referimo-nos a música elevadas, que abrangem os três elementos musicais: Melodia, Harmonia e Ritmo, em equilíbrio, tais como nas obras eruditas (“músicas clássicas) de Bach, Beethoven, Wagner, Mozart, Chopin, Haydn, Brahms e tantos outros conhecidos. Os três elementos musicais se referem aos três atributos do Espírito, herdados de Deus; e aos três veículos:
• Melodia – Pai – Vontade-Poder: Mente
• Harmonia – Filho – Amor-Sabedoria: Corpo de Desejos
• Ritmo – Espírito Santo – Moção- Atividade: Corpo Denso (o físico).
Os solos de voz humana e de instrumentos de sopro ligam a melodia à Vontade. Os antigos gregos desenvolveram ao máximo essa ligação, chegando à sensibilidade de quartos de tons. Os instrumentos de corda e os corais ligam a harmonia ao Amor-Sabedoria. Os instrumentos de percussão ligam o Corpo físico à Moção-Atividade. A Harmonia é uma conquista da renascença. O mero ritmo é próprio dos povos primitivos e bárbaros. Um bom exemplo da influência do ritmo sobre o Corpo eram as danças guerreiras que incitavam os primitivos ao combate. Outro bom exemplo é o carnaval.
Portanto, a influência da música é global quando completa em seus elementos. Atinge os aspectos espiritual e corporal do ser humano, abrangendo-lhe a complexidade do ser. Essa influência é muito mais positiva e definida do que pode parecer. Ainda há pouco tempo, a parapsicologia fez experiências nesse sentido, com as plantas. Numa estufa submeteu algumas orquídeas ao efeito da música moderna, com predominância rítmica e muitos acordes dissonantes. Noutra estufa, mais ou menos distante, submeteu orquídeas da mesma classe a música elevada.
Resultado: as primeiras orquídeas murcharam sobre si mesmas, arrasadas pelo efeito da música moderna. As segundas ficaram mais fortes e formosas sob o efeito da música elevada.
Relação dos Signos com exemplos de doenças e enfermidades:
ÁRIES – Ré bemol Maior
Nevralgias, insônia, congestões cerebrais, febres do cérebro, calvície, dores-de-cabeça, vertigens, afecções dos olhos, dores de dentes e flegmão ou fleimão.
TOURO – Mi bemol Maior
Bócio (papo), difteria, laringite, tonsilite ou amigdalite, crupe ou garrotilho, pólipos, anginas, inflamação das glândulas da garganta e apoplexia.
GÊMEOS – Fá sustenido Maior
Bronquite, asma, pneumonia, consunção, pleurisia, sangue corrompido, afecções nervosas, anemias.
CÂNCER – Sol sustenido Maior
Indigestões, dipsomania, catarros gástricos, flatulências, hidropisia, escleroses.
LEÃO – Lá sustenido Maior
Afecções cardíacas, angina do peito, ataxia locomotora, hiperemia, afecções da coluna, meningite medular e febres.
VIRGEM – Dó natural Maior
Peritonite, desnutrição, disenterias, cólicas, prisão de ventre, diarreias, cólera, tifo, apendicite e solitária (tênia)
LIBRA – Ré Maior
Enfermidade de Bright, lumbago da urina, nefrite, cálculos renais e uremia.
ESCORPIÃO – Mi Maior
Sífilis, hérnias, fraturas, cálculos e areias, escorbuto, fístulas, hemorroidas, enfermidades uterinas, estreitamento da uretra e da próstata, catarro nasal, enfermidades na mucosa e na cartilagem do nariz.
SAGITÁRIO – Fá Maior
Ataxia locomotora, ciática, lumbago, reumatismo, enfermidades dos quadris e acidentes musculares.
CAPRICÓRNIO – Sol Maior
Eczema, erisipela, lepra, deslocamentos de ossos e joelhos fracos.
AQUÁRIO – Lá Maior
Veias varicosas, inflamação dos tornozelos, dores nas pernas, enfermidades nervosas, sensibilidade na pele.
PEIXES – Si Maior
Calos, gota, deformidade dos pés e dos dedos, tumores e hidropisia.
(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A música é, sem dúvida, uma das mais belas e emocionantes expressões da Arte. Vai além seu mérito. Desde remotas eras consideravam-na agente de cura. Afirmam-no a ciência e os especialistas. Trata-se, inclusive, de matéria destacada no currículo dos Conservatórios de canto orfeônico, embora desperte sensível interesse em meios médicos, psiquiátricos, universitários em geral.
Voltemos às páginas do tempo. Na Bíblia, no Primeiro Livro de Samuel 16:23, vemos que as melodias de Davi devolveram a saúde ao rei Saul (“Todas as vezes que o espírito de Deus o acometia, Davi tomava a lira e tocava; então Saul se acalmava, sentia-se melhor e o mau espírito o deixava.“). Os seguidores de Pitágoras acreditavam que certas tonalidades da música e o som de determinados instrumentos tinham influência sobre o estado de alma dos indivíduos. Sabe-se, ainda, que a crença nas forças mágicas da música manifestou-se, de modo curioso na Grécia antiga. Das doutrinas secretas dos sacerdotes que, ao mesmo tempo eram médicos e haviam incluído a música em seu sistema de tratamento, assim como das cerimônias estáticas do culto de Dionísio, que era acompanhado de música, desenvolveu-se a “doutrina ética musical” grega. Entendia-se por Etos um estilo musical, não só o caráter total em geral, mas também sua faculdade de influir no equilíbrio corporal e psíquico do ser humano. Uma gravura antiga (1642), original de Bruegel, mostra epiléticos procurando a cura. Dançando, dirigem-se à igreja. O Jesuíta Atanásio Kircher, filólogo, geógrafo, físico, matemático e teórico musical (1602-1680) nos legou, em vários trabalhos, manancial curiosíssimo sob o ponto de vista da musicoterapia.
Indígenas brasileiros e africanos valeram-se e se valem, ainda, da música como recurso mágico-curativo. Assim afirmam trabalhos especializados sobre problemas técnicos afroameríndios.
Acreditava-se, no século XVII, que a música influía apenas, na parte psíquica. André Tissot e J. Charles Desessarts, naquela época, após estudos aprofundados, foram os pioneiros em afirmar as possibilidades curativas da música mesmo nas enfermidades do Corpo Denso. Tais conhecimentos aperfeiçoaram-se comprovando a importância da atuação da música na Mente e no Corpo Denso.
Há médicos que apoiam a ideia de estudos de canto como preventivo à enfermidade do pulmão, pois obriga à respiração correta, favorecendo a circulação do sangue. A musicoterapia, entre nós, tem sido usada pelo prof. Carvalhal Ribas e outros especialistas, com êxito, em doenças nervosas. Daí afirmamos que favorece o reequilíbrio e o estímulo emocionais, dominando várias enfermidades, quando bem aplicada.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – abril/1973 – Fraternidade Rosacruz – SP)
(*) Pintura: The Dancing Mania. Pilgrimage of the Epileptics to the Church at Molenbeek de Pieter Brueghel (1564)
A música é, na saúde, a mestra da perfeita ordem, a voz da obediência dos Anjos, a companheira do curso das esferas celestes; na depravação, é também a mestra da perfeita desordem e desobediência
Ruskin
Na música, entre a melodia e o ritmo, encontramos a harmonia, que pode ou se elevar e se misturar com a vibração do pensamento puro, melodia, ou descer se misturando com o movimento puro da atividade impulso. Se o puro elemento melódico na música, que carrega a vibração da vontade de Deus e do Espírito, for omitido em uma composição, então, o poder diretor não estará lá para controlar as atividades do Corpo de Desejos e do Corpo Denso e, então, os desejos se revelam em excitação e, estando sem o poder controlador da razão, o resultado será, provavelmente, um desastre. É a probabilidade da harmonia se misturando com o impulso que explica a razão pela qual é possível para a chamada música moderna, que tende a trazer confusão ao invés de coerência unificante, poder se tornar realidade.
Antes da 1ª Guerra Mundial, as condições psíquicas do ser humano eram tão malignas, e suas emoções tão inconscientemente excitadas e a um nível tão alto, que foram compelidas a encontrar uma saída e se exteriorizar em ação, mas de alguma forma intensificada. Como os Espíritos de Lúcifer se regozijam e crescem por meio da intensidade de sentimentos, foi essa a sua oportunidade de penetrar e insinuar na consciência humana uma forma intensificada de atividade rítmica. A guerra chegou. As emoções se elevaram ainda mais e condições desconcertantes introduziram ritmos de música baseadas em reclamações, prantos e lamentos; tudo agitando febrilmente. A tendência descendente estava agora em plena liberdade de ação, e apareceram ritmos de música afoitamente fantástico e delirantemente grotesco. E segui-se outros estilos de música baseados em toda atordoante e maníaca histeria de massa, e isso arrebatou várias partes do mundo. Desde então, barulhentos ruídos, mais ou menos demoníacos, têm, gradualmente, tomado o lugar da música celestial, e os nervos das vítimas, desgastados e estimulados, devido a esses barulhos cruciantes, rapidamente se rompem, causando uma variedade de formas sem esperanças de demência.
Agora, a menos que alguma força seja acionada em uma ação que, literalmente force as massas a um estado de espírito de mais tranquilidade e reflexão, certamente condições ainda piores prevalecerão. Se isso não puder ser feito, ou for considerado desaconselhável pelos grandes Seres que estão dirigindo a evolução da humanidade, então, alguma forma de salvação terá que ser providenciada para os que a merecem. E os restantes serão simplesmente eliminados por uma tremenda conflagração cósmica de algum tipo, em data mais adiante – possivelmente em um outro Dia de Manifestação, e a estes desafortunados serão dados oportunidades para recuperar suas perdas.
Enfrentando tais fatos tremendamente aterrorizantes, em que direção o ser humano deverá procurar o remédio e o mais rapidamente possível? É possível procurar e encontrar no passado ou no futuro, podendo encontrar uma pista que, quando aplicada, salvará a situação.
A história sempre se repete. O continente lemuriano foi destruída por cataclismos vulcânicos, quando uma parcela de seu povo deixou de progredir. A Atlântida foi destruída pela água quando seu povo mergulhou de tal forma no mal, que se tornou insensível para receber às instruções que lhe foram dadas por seus líderes sábios. A Época Ária se ergueu do grande abismo, e outra oportunidade foi dada à humanidade para continuar com sua evolução. Agora, o ser humano, novamente se vê escorregando perigosamente próximo ao final de uma descida. Pitágoras, considerado um dos maiores videntes, dizia a seus alunos que a lira era o símbolo secreto da estrutura humana – que o Corpo Denso representava a forma física, as cordas, os nervos e o músico que a reproduziu, representavam o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado. “Tocando em seus nervos”, ele dizia, “o Espírito criou uma função harmoniosa e normal que, porém, a qualquer momento, pode ser facilmente modificada para a dissonância, se a natureza do ser humano se tornar corrompida”. Nota‑se aqui o aviso oculto.
Novamente, Platão, um grande filósofo grego e estudante dos Mistérios, desaprovou a ideia de que a música se destinava unicamente a criar emoções alegres e agradáveis, contudo sustentou que ela deveria inculcar o amor por tudo que é nobre, e uma aversão por tudo que é mesquinho, degradante e baixo, e que nada poderia influenciar mais fortemente o íntimo do ser humano do que a melodia e o ritmo. Estava tão firmemente convencido desse fato, que não concordou com a introdução de uma nova e presumivelmente enervante escala musical, pois acreditava que ela iria pôr em perigo o futuro de toda uma nação; que não era possível alterar uma única nota, sem abalar os próprios alicerces do Estado.
Mais tarde, Platão afirmou que a música que enobrece a Mente (melodia) é de uma categoria mais elevada do que aquela que simplesmente apela para os sentidos. Insistiu, energicamente, que era dever supremo da Legislatura suprimir toda música de caráter lascivo, e encorajar somente a que fosse pura e dignificante. O máximo cuidado deveria ser tomado na seleção de toda música instrumental, porque a ausência de palavras poderia tornar seu significado duvidoso, tornando difícil prever se ela exerceria uma influência benéfica ou prejudicial sobre as pessoas; o gosto popular, sempre sendo estimulado para a parte sensual e, aparentemente atraente, mas tendo na realidade nenhum valor ou integridade (barulhento), devia ser tratado com o merecido desprezo. Temos aqui a resposta para a maneira sensível de mudar as condições indesejáveis: substituir as práticas do mal, às quais produzem resultados mais ou menos calamitosos, por atividades positivas, de vibrações elevadas, que levem maiores benefícios para um maior número de pessoas.
Evitando músicas aderentes aos Espíritos de Lúcifer (que se regozijam e crescem por meio da intensidade de sentimentos), penetrando e insinuando na consciência humana uma forma intensificada de atividade rítmica, músicas que elevam emoções ainda mais e condições desconcertantes (reclamações, prantos e lamentos; tudo agitando febrilmente), música que promovem a toda atordoante e maníaca histeria de massa e outros sons, nada da verdadeira música seria perdida. Em seu apelo para os desejos sensuais e sentimentais, por meio de uma variedade excessiva das denominadas combinações harmônicas, de sucessões dissonantes de intervalos entre notas, provenientes da complexidade da música moderna e seus acordes perturbadores, nenhum elemento novo foi realmente introduzido, mas simplesmente uma confusão e um excesso de elaboração dos elementos antigos. No elemento musical rítmico, super-enfatizado, encontrado em certos tipos da chamada música popular, a verdadeira experiência musical não pode descer, por meio da harmonia, para uma atividade de movimento artístico, mas é forçada a baixar para rotações físicas ao extremo.
As três divisões primárias da música – melodia, harmonia e ritmo – estão correlacionadas aos três poderes primários de Deus: Vontade, Sabedoria e Atividade. A Vontade, que inclui intelecto e razão, unida ao Sabedoria, produz um modo de Atividade correlacionado ao equilibrado, balanceado ritmo (atividade) celestial de Deus, que ordenou os átomos de nosso Sistema Solar, na matriz das várias formas preparadas para elas pelos poderes da energia de amor do Criador.
Separando‑se a Vontade (melodia) do Sabedoria (harmonia), e se unindo a Sabedoria com a Atividade (ritmo), e os dois, sendo privados do poder dirigente da Vontade (intelecto e razão), podem produzir qualquer tipo de monstruosidade que as forças do mal podem desejar formar. Descontroladas, suas atividades maléficas certamente poderão destruir, com o tempo, uma nação.
Nenhuma tentativa de revolucionar a arte da música pode produzir resultados desejados, a menos que comece com o princípio artístico de coerência, e com um equilíbrio correto dos três elementos dos quais a música é composta: melodia, harmonia e ritmo.
(leia mais no Livro A Escala Musical e o Esquema de Evolução – Fraternidade Rosacruz)
Não há um só escrito deixado pelos médicos da Antiguidade que não prescreva um verdadeiro “tratamento musical” para cada uma das mais diversas doenças e enfermidades que, então acometiam, o ser humano. Cornélio Célio, o mais procurado dos homens que tratavam problemas de doenças e enfermidades romanos do tempo de Augustus, seguindo os ensinamentos de outros mestres das artes de curar como, por exemplo, Empédocles[1] e Teofrasto[2], receitava audições musicais como sedativo para os nervos.
Na Grécia, a música era remédio de todos os momentos. Athenaeus of Naucratis[3], também famoso, reunia músicos para curar, com audições de melodias suaves, aos que sofriam de gota e de dores ciáticas. Outro doutor, Célio Aureliano[4], chegou a ensinar que as próprias feridas fechavam sob os influxos benéficos de certas músicas e de certos instrumentos musicais.
A História e a Mitologia copiaram a Medicina (ou inspiraram a Medicina?). O grande poeta Homero, no poema imortal Ilíada, conta que os ferimentos provocados por um javali no herói Ulisses foram curados graças aos efeitos balsâmicos de certa música dotada de qualidades mágicas.
Os árabes tiveram grandes médicos; sua civilização distinguiu-se no período áureo pelo número de bons profissionais da saúde e pelos cuidados que sempre demonstraram pela saúde. Pois eles acreditaram, mais do que qualquer outro povo, na eficácia dos sons sobre as disposições corporais, na prevenção e no combate às doenças. Para eles, o instrumento musical chamado alaúde era um grande meio de cura. Acreditavam que “cada uma das quatro cordas do alaúde tinha correspondência, respectivamente, com os quatro elementos fundamentais – Fogo, Ar, Terra e Água – que, por sua vez, se relacionavam com os quatro temperamentos: fleumático, melancólico, sanguíneo e colérico.
Vibrando as cordas correspondentes, pretendiam obter a cura dos males que afligiam os doentes de cada categoria” – conforme a descrição feita desse método de cura por Mario Newton Filho.
A Música comparece aos atos religiosos desde os primeiros dias do ser humano sobre a Terra. Acreditavam que a doença e morte fossem obra de demônios, os quais poderiam ser mantidos à distância graças a eficiência de alguns sons musicais.
Começou assim o serviço que a música presta ao ser humano, tornando-se como que um processo para a aproximação dele com o seu criador. Seja entre os indígenas, as tribos selvagens da África, as populações primitivas das Ilhas Polinésias, ou nas catedrais das maiores cidades a música, nas suas variadas formas, acompanha as cerimônias religiosas.
A Bíblia conta a história da cura milagrosa do Rei Saul pela harpa do pequeno Davi (Sm 15). Diz assim: “Assim, todas as vezes que o maligno espírito, enviado pelo Senhor, se apoderava de Saul, Davi tomava da harpa, e a tocava com a sua mão, e Saul sentia alívio e se achava melhor, porque então se retirava dele o espírito maligno“.
Na Arte, a música está presente. A música é uma arte. Talvez a mais difícil e pura das artes. Mas todas as outras se ocuparam com ela e ela sempre se ocupou consigo mesma. Quantos quadros, desenhos, quantas estatuetas e monumentos, quantas poesias e quantas páginas em prosa, já se viu e se leu, falando da música e de suas virtudes.
Isso encontra uma explicação parcial no fato de que todo artista, todo elemento criador, do mais humilde ao mais genial, tem afinidades profanas e íntima com a Música. O músico, por exemplo, pode deixar de apreciar a poesia e a escultura; mas o poeta e o escultor encontrarão sempre na música refúgio e apoio para suas angústias criativas.
Houve até mesmo o caso de um pintor holandês, Hugh van der Goes, que não encontrou paz nem quietação em lugar algum, até que desesperado e premido por ideias de suicídio foi ter a um momento: os padres estavam no coro, cantando e tocando música suave, religiosa. O pintor encontrou nesse momento o caminho da serenidade: a música.
E um cientista italiano, Giambattista Della Porta[5], que viveu pelos anos da descoberta do Brasil, anunciou os princípios de uma nova ciência: a musicoterapia. Della Porta afirmava que “a música executada por flautas feitas com madeiras de plantas medicinais produzia os mesmos efeitos terapêuticos das referidas plantas. Assim, as flautas de álamo teriam efeito eficaz contra a dor ciática e as melodias das de heléboro, obteriam êxito no tratamento das enfermidades nervosas, ao passo que a música das flautas –construídas com fibras de rícino provocariam os conhecidos efeitos …”.
Duzentos anos depois de Giambattista, um médico suíço, Simon Tissot[6], afirmou a existência de dois tipos de música: incitativa e calmante. Desde esse momento foi criada uma escola de profissionais de saúde que curavam ou pretendiam curar pela música. Um deles, o francês Jean Louis Charles Des Essarts, que viveu entre 1729 e 1812, em vez de mandar seus clientes a farmácia, mandava-os visitar músicos. Tinha fichários de instrumentos e de partitura, conforme a doença, a idade e o sexo dos seus pacientes.
Por esse tempo, os europeus começaram a conquistar as terras do Pacífico Sul. E aconteceu que em quase todas as ilhas encontraram processos de curas por meio de canções e de músicas. Em Madagascar, os curandeiros usavam o canto, a música e a dança. Obrigavam os doentes a dançar no ritmo furioso ao gosto do país. Nas Ilhas Molucas, havia uma série de canções curativas chamadas Soso.
Com tudo isso, robusteceu-se a tese que a música exerce influência sobre o estado de ânimo de quem a ouve e, portanto, na saúde física das criaturas. Hoje em dia, não mais se admite que audições musicais possam curar (aceitando a palavra curar segundo o seu preciso significado clínico). Mas todos os profissionais de saúde estão de acordo com o fato de que a música pode exaltar ou deprimir o espírito. E com isso podem ajudar ou atrasar a recuperação de qualquer doente, principalmente de moléstias nervosas.
Já se vai tornando comum a presença da música nos locais de trabalho. Há organizações especializadas em ligações técnicas e na seleção das músicas que compõem o ambiente. Ficou provado que se pode obter ambiente de melhor entendimento e índice de produção mais elevado mediante audições de músicas determinadas.
Assim, já se encontram muitas fábricas com alto-falantes transmitindo música nos locais de trabalho, onde ela seria uma estranha, indesejável há não muitos anos. Os ônibus e os trens mais modernos também levam músicas para atenuar o cansaço das longas viagens. E o mais curioso de toda a história da música é a observação positiva de criadores holandeses que obtiveram a prova estatística deste fato notável: as vacas estabuladas produzem mais leite e são mais dóceis ao trato quando confinadas em estábulos onde a audição musical é constante.
Tem, pois, razão, mais uma vez, a sabedoria popular, quando pôs em circulação o provérbio conhecido: “Quem canta, seus males espantam.”. O ser humano pode melhorar muito o ambiente em que vive e a tensão nervosa que o martirize se souber cercar-se, em tempo certo e lugar certo, da música também certa.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.T.: Empédocles foi filósofo, professor, legislador, médico, dramaturgo e poeta que viveu na Grécia Antiga. Ele foi um filósofo pré-socrático e defensor da democracia.
[2] N.T.: Teofrasto (372 a.C. – 287 a.C.) foi um filósofo da Grécia Antiga, sucessor de Aristóteles na escola peripatética.
[3] N.T.: foi um escritor grego da Roma Antiga, ativo entre o reinado de Marco Aurélio (r. 168–180) e Caracala (r. 211–217). Era nativo de Náucratis, no Egito. Em sua obra Deipnosophistae, ele descreve os métodos empregados.
[4] N.T.: Caelius Aurelianus (fl. século V) de Sicca, na Numídia, foi um “médico” romano e escritor sobre tópicos médicos. Ele é mais bem conhecido por sua tradução do grego para o latim de um trabalho de Sorano de Éfeso, Sobre doenças agudas e crônicas. Provavelmente se desenvolveu no século V, embora alguns o coloquem em dois ou três séculos mais cedo. Sobre efeito da música no tratamento de saúde temos a obra On Chronic Diseases.
[5] N.T.: Giambattista della Porta (1535-1615), também conhecido como Giovanni Battista Della Porta, foi um estudioso italiano, polímata e dramaturgo que viveu em Nápoles na época do Renascimento, Revolução Científica e Reforma. Giambattista della Porta passou a maior parte de sua vida em empreendimentos científicos. Beneficiou-se de uma educação informal de tutores e visitas de estudiosos renomados. Sua obra mais famosa, publicada pela primeira vez em 1558, é intitulada Magia Naturalis (Magia Natural). Neste livro, ele cobriu uma variedade de assuntos que havia investigado, incluindo filosofia oculta, astrologia, alquimia, matemática, meteorologia e filosofia natural. Ele também foi referido como “professor de segredos”. No século XVI, constroem-se instrumentos musicais feitos de madeiras medicinais, pensando-se que o som e o contacto com esses instrumentos teriam o mesmo efeito curativo que as plantas medicinais. O naturalista italiano Giambattista della Porta afirmava que “as plantas de madeira de álamo, por exemplo, seriam eficazes contra as dores de ciática, as madeiras de heléboro contra as enfermidades nervosas, enquanto os instrumentos feitos com fibra da planta de rício provocariam efeitos purgativos.”
[6] N.T.: Samuel Auguste André David Tissot, mais conhecido como Auguste Tissot ou Simon Tissot (1728-1797), foi um protestante calvinista suíço, médico neurologista, professor e conselheiro do Vaticano do século XVIII.