Arquivo de categoria Método para Adquirir o Conhecimento Direto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Que as suas ideias não existam apenas como ideias, mas como prática executada

Que as suas ideias não existam apenas como ideias, mas como prática executada

O melhor método para desenvolver uma faculdade é usá-la. Assim, se alguém fala continuamente uma língua estrangeira, a proficiência e o conhecimento dessa língua são os resultados obtidos. No entanto, por mais que se deseje aprender, o idioma é algo inútil sem um trabalho autêntico. O mesmo ocorre com os ideais. Eles são esplêndidos e edificantes, quando estão no mundo mental; no entanto, sua real utilidade é mostrada quando são cristalizados em ação definida no dia-a-dia do mundo material.

Tudo o que é material existiu primeiro no campo das ideias, dos pensamentos e foi reduzido à sua atual condição concreta por meio de ação definida e sequencial. O sonhador é um ser humano de ideias e ideais. Seu trabalho está no mundo mental; mas não desce mais baixo, para o mundo material.

Suas ideias existem apenas como ideias — são pensamentos sem a forma concreta e, do ponto de vista prático, inúteis. O ser humano prático vai um passo além, transformando seus conceitos em sólidos objetos materiais e seus ideais, em métodos palpáveis ou esquemas de trabalho.

Contudo, quando um pensamento é, assim, materializado, perde um elemento de sua beleza. É mais agradável pensar em muitas coisas do que realmente tê-las. Dessa forma, se alguém lesse sua autobiografia na forma em que são escritos os romances mais populares, consideraria extremamente agradável e gratificante. Porém saberia que interpretar sua vida dessa maneira fosse infinitamente mais encantador do que suas experiências reais e como foram vividas duramente.

O sonhador tem medo de materializar seus pensamentos, caso isso retire deles o charme, embora o ganho material seja grande. Ele não os prostituirá para obter ganhos materiais. O ser humano prático não possui esses escrúpulos, decidindo que o ganho material deva proceder de seus pensamentos. Portanto, ele exerce a faculdade de concluir suas ideias e, se for um auxiliar da humanidade, será mais eficiente que o sonhador, por causa da sua capacidade de trabalho e ajuda. Certamente, se um ser humano for material no sentido de ser totalmente influenciado por lucros e desejos egoístas, estará agindo de maneira censurável. É óbvio que o desenvolvimento correto do sonhador e do indivíduo material deva estar dentro das linhas ensinadas pela Filosofia Rosacruz; isto é, o progresso tanto da “cabeça quanto do coração”.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho de 1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que, de fato, devemos almejar para nos desenvolver espiritualmente na Escola Fraternidade Rosacruz

O que, de fato, devemos almejar para nos desenvolver espiritualmente na Escola Fraternidade Rosacruz

Parece-nos que a ânsia de penetrar o desconhecido, inerente à natureza humana. Basta que algo se envolva em uma atmosfera de mistério para despertar a curiosidade do ser humano. Esse afã de descortinar novos campos, ou novas áreas dentro dos campos já existentes, tem motivado as mais notáveis pesquisas científicas e as mais profundas especulações filosóficas. Segundo um axioma ocultista, a vida constitui-se de um eterno “vir a ser”. “Vir a ser” subentende vir a conhecer, a conquistar, a descobrir. Seremos permanentemente impelidos a novas conquistas.

Sempre haverá algo para descobrir. A descoberta de uma coisa implica novas experiências. Estas formam a alma, que, por sua vez, alimenta o espírito, propiciando-lhe expansão de consciência.

Defendemos ardorosamente a tese de que os frutos de todas as pesquisas e especulações — isto é, as descobertas — devam ser revertidos em benefício do soerguimento espiritual da coletividade. Os estudantes rosacruzes têm por hábito analisar todos os fatos partindo de suas causas. Com a ciência materialista ou aqueles que ainda não entraram em contato com o esoterismo acontece o inverso. Por isso, não nos causa espanto o fato de muitas pesquisas científicas serem infrutíferas. Analogamente, isso ocorre no campo das especulações filosóficas e metafísicas.

Atualmente, notamos grande interesse por Ocultismo, Psicologia, Psicanálise, Parapsicologia etc. Jornais, internet e canais de televisão abordam constantemente tais assuntos e os estudos a respeito estão sendo intensificados. Contudo, eles focam quase exclusivamente os efeitos, os fenômenos, as consequências. As causas não são reveladas. “Estuda-se os milagres, mas não se sabe quais santos os fizeram”. É indubitavelmente um trabalho meritório por despertar a consciência popular para evidências transcendentais ao mundo material ou que ultrapassam a capacidade de percepção dos sentidos físicos; contudo, é preciso que se aprofunde nas origens! Nenhum estudo ou conhecimento é completo sem, pelo menos, uma análise paciente de suas causas primárias.

Hoje, notamos a imensa quantidade de obras ocultistas pululando em livrarias, bibliotecas e bancas de jornais. A promoção que recebem fundamenta-se justamente na curiosidade e ansiedade de abrir véus herméticos, qualidades próprias do ser humano. O povo, de modo geral, já se encontra tremendamente “massificado” e muito condicionado aos efeitos da propaganda. Disso brota o êxito de muitos lançamentos. Não lhes negamos o valor, quando têm. E, que se diga para o bem da verdade, alguns são excelentes, apresentando conteúdo edificante. No entanto, nem todos revelam pontos de capital importância, assuntos concernentes à aplicação justa e oportuna daquilo que tratam. Muito embora venham a expor conhecimentos ou conceitos interessantes e, algumas vezes, imprescindíveis aos estudiosos da ciência esotérica, omitem-se quando deveriam observar enfaticamente a necessidade de aplicar tais conhecimentos ao benefício de outrem.

É comum muita gente dedicar-se a essas pesquisas objetivando enricar-se de algum modo pelo emprego dos conhecimentos adquiridos; ou seja, visando a benefícios imediatistas, egoístas e descabidos como satisfazer a própria curiosidade, aumentar o cabedal de bens puramente intelectuais com o intuito de projeção social e cultural, o progresso material, o desenvolvimento de poderes psíquicos sem uma finalidade altruísta… É lícito e válido almejar a tudo isso; porém como um meio de ajudar e não um fim em si mesmo. Nada que façamos egoisticamente será duradouro ou subsistirá por muito tempo. Sem tais esclarecimentos, as pessoas menos avisadas tenderão naturalmente a aplicar em proveito próprio os conhecimentos hauridos, sem configurá-los como meios de servir à humanidade ou orientar uma reforma de caráter.

Além de assuntos relativos a obras ocultistas, hoje tão disseminadas, outros merecem uma análise mais acurada. Algumas obras do gênero em questão, expostas em livrarias, exibem bases eminentemente orientais, preconizando uma série de práticas (como, por exemplo, os exercícios respiratórios) inadequadas ou mesmo terrivelmente nocivas à constituição psicossomática ocidental. Muitos males originam-se do exercício indiscriminado e ignorante desses aprendizados. Não vacilamos em afirmar que se tratam de práticas suicidas. É uma temeridade que alguém se empenhe em trabalho de tal natureza, desconhecendo as forças com as quais esteja lidando, sem perceber as consequências que poderão advir. Muitas pessoas, como resultado dessas práticas, debilitaram-se emocional e mentalmente ou contraíram moléstias destrutivas. E tudo pela ambição incontida de avançar a curto prazo, desenvolver a clarividência, projetar-se para fora do corpo, cultivar poderes psíquicos…

A Fraternidade Rosacruz, porém, é sumamente realista quando nos adverte sobre tais perigos. Fundamentada na Sabedoria Cristã, prescreve poucos exercícios. Estes, por sua vez, não apresentam qualquer inconveniente ao Aspirante ocidental. Destacamos a RETROSPECÇÃO e a CONCENTRAÇÃO, cuja prática, sendo realizada com sinceridade e constância, torna-se um meio valioso de crescimento anímico. Contudo, a Filosofia Rosacruz preconiza antes de qualquer coisa uma reforma de caráter e a conscientização do serviço que deva ser prestado de forma amorosa e desinteressada aos demais. Sem isso, será vã toda tentativa de progresso.

O Estudante Rosacruz recebe uma sábia orientação no sentido de aprimorar-se internamente, antes de esboçar o mínimo desejo de desenvolvimento psíquico. É uma temeridade almejarmos penetrar nos Planos invisíveis sem estar devidamente preparados pelo reto viver. Como semelhante atrai semelhante, lá, nos Mundos internos, poderemos nos defrontar com entidades afins à nossa formação moral. Se não somos “flores que se cheire”, seguramente esbarraremos em formas demoníacas e, traumatizados, volveremos rapidamente ao Corpo Denso. Valeria a pena enfrentar, assim, momentos tão desagradáveis e que por certo não nos trariam proveito algum? O bom senso e a lógica afirmam que não. Por que, então, forçar algo que, no seu devido tempo, desabrochará seguindo o curso das Leis naturais?

A prática do exercício de Retrospecção nos leva à medida exata de nossas falhas e virtudes, por tratar-se de uma autoanálise. Conhecendo-nos como realmente somos, estaremos em condições de efetuar, tais como os alquimistas, as devidas transmutações. É a chamada reforma de caráter que, aliada à nossa disposição e capacidade de servir, tornar-nos-á gradativamente espiritualizados. Como lógica consequência, nossas faculdades latentes começarão a despertar de maneira conveniente e segura. Nossa formação interna será tal que não nos permitirá fazer alarde de tais conquistas e, o que é mais importante, todo poder adquirido, tal como a “DANÇA DE PARSIFAL” e a “VARA DE AARÃO”, só será empregado em benefício dos demais, nunca em proveito próprio. Adquiriremos clarividência, faculdade de deixar o corpo conscientemente e muitos outras capacidades, tudo como fruto de um esforço desinteressado em sermos melhores em nosso ambiente, vivendo diuturnamente os ideais cristãos de caridade, autossacrifício, compaixão e renúncia.

Ainda que pratiquemos mil e um exercícios ou que leiamos todas as obras esotéricas do mundo, se não nos propusermos a “VIVER A VIDA”, nada de prático alcançaremos. De nada nos adiantará procurar alguém que, rotulado de “mestre”, ofereça-nos a Iniciação mediante uma determinada quantia de dinheiro. Um dia a verdade emergirá, virá à tona. Ficaremos então a sós com a nossa decepção. Enquanto vivermos apegados a nossas mazelas, não devemos pensar em ser iniciados. O preço da Iniciação é o mérito, EXCLUSIVAMENTE O MÉRITO.

Tal é a orientação sadia oferecida pela Fraternidade Rosacruz, evidenciando a realidade das coisas. Que algumas de nossas palavras não sejam interpretadas como censura. Não tencionamos apresentar aqui um folheto contra quem quer que seja. Alicerçados nos Ensinamentos Rosacruzes nós desejamos apenas realçar algumas verdades insofismáveis. Os fatos corroboram nossas asserções.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como construir uma Virtude

Como construir uma Virtude

Existe em nosso vocabulário uma palavra encantadora que reflete um estilo de vida: essa palavra, essa conquista, é a VIRTUDE. Infelizmente, nos instáveis tempos que atravessamos ela quase perdeu seu significado real. Até já é considerada antiquada. No entanto, representa uma expressiva realização para todo aspirante à vida espiritual.

Muitas pessoas admiram mais a inocência do que a virtude. Isso vem de longe. Até pouco tempo atrás, as mulheres eram educadas exclusivamente para a maternidade e o lar. Considerava-se prendada a mulher que ignorasse as malícias do mundo e se conservava em pureza infantil. Quando se casava, submetia-se inteiramente ao marido, chamava-o de “Senhor Fulano” e não se metia em seus negócios. Se ficasse viúva, sua inocência a convertia em presa fácil dos espertalhões, que se valiam de suas assinaturas em endossos avais e procurações para despojá-las.

Hoje em dia, as mulheres partiram para uma autoafirmação extremada. É natural de toda transição. Mas não representa virtude, porque é degradante. A experiência as reconduzirá à virtude pela dor. Então poderão desfrutar retamente a igualdade de direitos que já está quase inteiramente conquistada com o direito ao voto, ao exercício de cargos públicos elevados ou tantos outros. Porém a igualdade terá de respeitar as características de cada sexo.

A inocência ainda é cultivada em muitas crianças e conservada em muitas mulheres. É um estado de inexperiência que ignora algumas necessidades, estando alheio às experiências e provas que amadurecem e consolidam o caráter.

Parsifal, o herói da ópera de Wagner, era inocente quando tropeçou pela primeira vez nos guardiões do Graal, em Monte Salvat. A toda pergunta que fazia Gurnemanz, ele respondia: “Não sei”. Sua inocência era uma pureza imatura que teria de mudar com os impactos e cicatrizes da batalha da vida.

Os neófitos da vida espiritual acreditam que as Forças Superiores devem protegê-los de toda experiência difícil, sem compreender que as adversidades lhes aparecem como efeito de sua conduta egoísta. Cabe aos expositores deixar bem claro a necessidade de eliminar os traços indesejáveis do caráter, de purificar os Corpos e concentrar os esforços em um equilíbrio entre os interesses espirituais e materiais, dando “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Espiritualidade não é a busca de fenômenos, não é a tentativa de eliminar as desarmonias físicas ou psíquicas por meio de “passes”, imposição de mãos e “trabalhos espirituais”, partindo da suposição egoísta de que todo mal é mandado pelos outros. Espiritualidade é o cultivo das faculdades latentes do espírito por meio de um reto pensar, um nobre sentir e um correto agir: trabalho incessante, paciente, perseverante e diário de orar e vigiar contra o único adversário (etimologicamente chamado de demônio ou Satanás), dentro de nós, que nos tenta a repetir e consolidar os vícios adquiridos através de muitas vidas de erro…

Vejam como agem as pessoas comuns: quando se tornam conscientes de sua “falta de graça” ou desgraça, tornam-se abrumadas, tristes, pessimistas, revoltadas, inseguras diante dos desafios! Como se abraçam carinhosamente às suas antigas emoções para se autojustificar e defender o direito de ser como são, a regalia de não mudar, decretando com isso sua cristalização, adiando a prova, desistindo de “passar de ano” na Escola da vida!

A tentação é uma necessidade: são os exames da vida por intermédio dos quais mostramos estar, ou não, preparados para adentrar os graus de consciência mais elevados. Ser tentado não significa viver em pecado. Desculpar nossas debilidades e nos comprazer no erro: isso, sim, é pecado. Agindo desse modo, mostramos não ser virtuosos. Virtude é conhecer o bem, o mal e escolher voluntária e gostosamente o bem, sem recalques. Notem que na “Oração do Senhor”, popularmente conhecida como “Pai Nosso”, somos ensinados a pedir: “Não nos deixeis cair em tentação”. A tentação existe, mas devemos superá-la pouco a pouco, até que a atração de repetir um hábito desapareça e já não nos constitua um desejo. Isso nos leva a compreender que a tentação tenha sua raiz em algum hábito errôneo formado no passado. A um beberrão o jogo pode não constituir tentação nem a bebida, ao jogador. Cada um tem seu ponto fraco a superar.

Como espiritualistas, façamos a nós mesmos esta pergunta: qual é o propósito da evolução?

Nossos estudos respondem: é a aquisição e o correto uso do conhecimento aliado ao amor para formarmos a Sabedoria com a qual desenvolveremos nossos poderes latentes rumo à perfeição a que somos chamados — “Sede vós perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito”. Isso corresponde à semente que dilui sua personalidade, ao se desmanchar na terra para converter-se na árvore da qual veio.

Esse processo de evolução é indispensável, como teste, na vida de todos. Precisamos encontrar nossa fortaleza. Nosso Eu Superior não aceita subterfúgios, porque já está cansado dos tormentos que se prolongam vida após vida, sob o domínio da natureza inferior.

Verdade é que muitas vezes cedemos à tentação. É pena. Mas isso não nos impede de alcançar a virtude. “O único fracasso é deixar de lutar.” — diz Max Heindel. O que nos pode distanciar da virtude é a falta de arrependimento. A contrição sincera e positiva lava a transgressão com lágrimas e abre a porta da reforma para se alicerçar um caráter virtuoso sobre o qual podemos edificar uma vida espiritual autêntica e estável. Esse penoso esforço deixa profundas impressões que mais tarde são transmitidas ao Átomo-semente durante a gravação do panorama da vida sobre nosso Corpo Vital. No estágio post-mortem, essas impressões são gravadas no Corpo de Desejos como “consciência” para o crescimento da alma e a firmeza contra as tentações de futuras existências.

Assim, devemos compreender e aceitar os desafios, especialmente as tentações, vendo nelas boas oportunidades de nos livrar de hábitos e atividades retardantes. Ao vencê-los, podemos desarraigar características anticrísticas, tendências adversárias ao nosso crescimento anímico.

O caminho do transgressor é duro. Ele provoca reações da Lei Divina mantenedora da harmonia universal. Tais reações lhe são dolorosas, mas também amorosas, porque advertem: “Retorne ao caminho da retidão. Endireite a sua vereda, antes que lhe ocorram coisas piores”. Por meio da dor compreendemos que ninguém pode fugir de Deus, “em Quem vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Ao tomarmos consciência desse Poder passamos a admirá-Lo, não por medo, mas pela alegria de descobrir que o mundo tem um Supremo Diretor que é muito justo e a Quem, prazerosamente, desejamos servir. Daí começamos a ser justos, convictamente. Fazemos o bem pelo amor ao Bem. Então nos tornamos VIRTUOSOS.

Os seres humanos têm o privilégio da liberdade relativa, da escolha e do conhecimento para isso. Tais capacidades são aprimoradas pela experiência. A ave Fênix da Sabedoria, que nasce das cinzas do conhecimento e do amor sempre renovados e melhorados, mostra que vale a pena passar pelo fogo da dor e pelos arranhões da batalha. O diabo (adversário criado pelos maus hábitos da nossa natureza) pode e sempre nos tenta. Contudo, quando escolhemos profundamente o melhor curso de ação, podemos dominar a tentação e agir em harmonia com o bem universal. Desse modo nos tornamos aptos à união final e consciente com os guias Espirituais da humanidade por meio do despertar de nossa Deidade.

Um fato bem estabelecido é este: nossas vidas futuras se decidem AGORA. É certo que neste momento estamos ajustando antigas dívidas e relações. No entanto, não importa quão severos sejam os condicionamentos atuais do destino, sempre contamos com uma margem de livre-arbítrio para criar melhores condições futuras. Os guias espirituais se preocupam demais com essa possibilidade de redenção e tudo fazem para permiti-la. Um ponto importante é o modo como agimos diante das provas. Esse é um dos fatores decisivos da regeneração. Dar-se logo por vencido e buscar uma saída fácil não remedia coisa alguma. Não que sejamos masoquistas, nada disso. Devemos, isto sim, aceitar o desafio e nele ver uma boa oportunidade para exercitar os músculos da alma, dar mais flexibilidade e tolerância ao nosso caráter e testar nossas fibras.

Até o Cristo foi tentado! Quanto Amor tem o excelso Cristo para permitir que Sua Consciência Se deixasse envolver por uma onda de vida manchada de pecados e ritmo evolucionário tão lento! As satânicas promessas de poder sobre todos os reinos do mundo e sua glória jamais poderiam tentar Aquele que já era o mais elevado Iniciado dos Arcanjos. O Cristo submeteu-Se a essa indignidade para mostrar à humanidade que a tentação é uma parte da nossa experiência, aqui na Terra. É claro: um Anjo rebelde nunca poderia tentar um elevado Arcanjo. As tentações de Cristo assumem diferentes significados, quando recordamos que Ele estava usando o Corpo Denso e o Corpo Vital de Jesus de Nazaré. Os corpos humanos estão sujeitos a determinadas características físicas como a fome. Assim, a ideia de converter as pedras em pão, depois de quarenta dias (simbólicos) de jejum, poderia constituir uma tentação à natureza HUMANA do seu corpo. No entanto, converter pedras em pão também encerra outro significado: o de usar os poderes alquímicos de Iniciado para proveito próprio, em todos os assuntos. O Cristo jamais havia passado, em Sua evolução, por condições QUÍMICAS e DURAS como nós. Seu veículo mais inferior é o Corpo formado de matéria emocional, o Corpo de Desejos. Portanto, Ele precisava conhecer as condições terrenas para compreender a consciência humana. Quando foi levado ao pináculo do Templo, recebeu a tentação do poder: “Tudo isso te darei, se prostrado me adorares”. Através dos Átomos-sementes dos Corpos Denso e Vital de Jesus, o Cristo precisava avaliar o impacto dessa tentação: submeter o Espírito ao mundo em troca de um domínio efêmero, a barganha “da progenitura por um prato de lentilhas”. Finalmente, a exibição de poder em que tantos espiritualistas caem! “Lança-Te daqui abaixo e os Anjos designados para proteger-Te virão amparar-Te na queda.” Dessas tentações saiu o Cristo consciente da condição humana, cheio de compaixão para converter-Se, através de Seu sacrifício, no ÚNICO SER A POSSUIR UMA CADEIA COMPLETA DE VEÍCULOS QUE LIGAM “O HOMEM AO PAI CELESTIAL”.

No Velho Testamento, no livro de Jó, vemos que Jó foi tentado por Satanás, com permissão de Deus. Embora fosse Jó “perfeito, reto, temente a Deus, apartado do mal”, foi experimentado o suficiente para bradar a Deus, em meio a sua angústia, não cessando de clamá-Lo até que o Senhor lhe apareceu com perguntas bem interessantes. Se você se interessa, leia os últimos capítulos do Livro de Jó (a humanidade) na Bíblia, em situação bem desvantajosa. Elas conduziram Jó à compreensão e arrependimento que o livraram de sua miséria.

O propósito da tentação é apenas testar se os erros passados foram mesmo vencidos e convertidos em caráter, em virtude. Quando caímos, diante das mesmas provas, é sinal de que não as vencemos ainda. Em tal caso, a dor purgatorial é bem mais profunda para que a consciência a registre mais nitidamente. Só desse modo, ao defrontarmos idênticas provas em seguinte encarnação, teremos força interna para batalhar e vencer. Ninguém pode fugir ao propósito evolutivo sem retrogradar. Se desejamos evitar a dor e a tristeza, cada vez mais aumentadas pela fuga e irresponsabilidade, precisamos nos converter em SENHORES DE NÓS MESMOS. Como está no Livro do Apocalipse: “Há um livro doce ao paladar, mas amargo ao estômago”. As satisfações, o egoísmo e as seduções de nossa natureza inferior são efemeramente gostosas; depois, convertem-se em sofrimento e fel. Quando compreendemos e adquirimos o valor para viver consoante as Leis Divinas, tornamo-nos virtuosos e desfrutamos a paz, harmonia e os demais talentos que lhe são inerentes e se oferecem a “todos os escolhidos”.

A dor purgatorial anterior nos adverte contra a repetição dos abusos e as presentes vitórias só se incorporam em nós como caráter ao serem assimiladas e reunidas no Átomo-semente, no Primeiro Céu, onde desfrutamos as alegrias dessas vitórias. Depois, no Terceiro Céu, nosso espírito as incorpora como Alma, o poder anímico determinante para nossa conduta futura. Que isso nos sirva de estímulo para lutar o bom combate e encarar com decisão hercúlea as características que estorvam este templo que estamos edificando para o ESPÍRITO. Vejam como respiramos aliviados, ao remover um fardo ou uma falta pelo domínio de nós mesmos! Começamos assim, por pequenas vitórias. Ao racionalizar e eliminar os aspectos sutis desses erros, sentimo-nos leves e felizes, desejosos, mais do que nunca, de nos livrar do imã do apego ou vício que nos atrai às provas e afasta de nossa legítima herança de paz.

Pouco a pouco, cresce dentro de nós um forte propósito de purificação. No entanto, lembremos: quanto mais fortes nos tornamos e quanto mais tentações vencemos, tanto mais sutis e manhosas elas se tornam.

Os vizinhos e amigos observam atentamente os Aspirantes da Luz, esperando deles sempre as virtudes de um caráter íntegro. Contudo, as virtudes que ninguém vê, as mais delicadas, internas, que os Aspirantes sinceros e iluminados não mostram, que foram acumulando modestamente com as pequenas vitórias nas lutas interiores, essas constituem o mais valioso material para TECER O DOURADO MANTO NUPCIAL ou O CORPO DO CRISTO INTERNO, o Corpo-Alma.

Deus dá o fardo segundo as nossas forças.” Praticantes sinceros e iluminados não precisam, todos, de duras experiências físicas ou emocionais. Entretanto, podemos, cada um em seu particular grau de consciência, preparar-nos, em tempos de paz, para vencer a luta, quando ela chegar. Recomendamos o hábito, o exercício de criar imagens mentais, imaginando situações difíceis e criando soluções cristãs para sobrepujá-las. Isso nos prepara para “melhores escolhas e decisões”, principalmente em emergências que possam aparecer em nossa vida. Muitas pessoas que manejam habilmente as situações são as que, amorosa e calmamente, preparam-se para superar problemas, analisando-os como um enxadrista, de vários ângulos, dos seus e dos de outras pessoas. São admiráveis qualidades que atualmente muitos possuem e resultam do trabalho feito em vidas passadas. A virtude é a essência de todo o bem de vidas pregressas: é a percepção de tudo que se constitui em estímulo para o Espírito esforçar-Se cada vez mais ardentemente no caminho evolutivo rumo à Liberdade Espiritual.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1973)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mito de Sæhrímnir

O Mito de Sæhrímnir

 

A antiga teologia escandinava tinha um mito segundo o qual todos os que morressem no campo de batalha (as almas que lutam a batalha da vida valorosamente até o fim) eram levados ao Valhalla, onde gozavam da comunhão com os deuses. Mas os que morressem na cama (os covardes, indiferentes e preguiçosos) ou de enfermidade (que se compraziam na prática de atos contrários à Lei) iam ao nefasto Niflheim. No Valhalla, os vencedores passavam a se alimentar esplendidamente da carne de um javali chamado Sæhrímnir, que tinha a particularidade de recompor imediatamente os próprios pedaços de carne que lhe cortassem, por mais que tirassem, conservando sempre o corpo intacto e completo.

Sæhrímnir é um símbolo bem expressivo do CONHECIMENTO, pois por muito que demos aos demais do que sabemos, sempre nos fica o original, aliás reforçado pelo exercício e enriquecido por detalhes que nos vão ocorrendo no esforço da explicação.

Em “Siegfried, o buscador da verdade”, há uma passagem em que ele e seus amigos vão à caça do javali. Siegfried persegue e domina o maior deles. Isso significa a maior elevação dele em relação a seus companheiros, porque dominava um maior conhecimento. O símbolo é a expressão de uma verdade cósmica e daí ser Sæhrímnir tão atual ainda.

Uma parte da humanidade, mercê de seus esforços em vidas passadas, atingiu o privilégio de entrar em contato com conhecimentos superiores como os ensinamentos transmitidos pelos Irmãos Maiores, em O Conceito Rosacruz do Cosmos. É um javali de qualidade, à nossa disposição.

Todavia, são ainda poucos os que se sentem atraídos por eles, porque a condição imposta por seu conhecimento à própria consciência do Estudante é a de continuar lutando para despertar os companheiros que estão dormindo.

Para o Estudante Rosacruz, o conhecimento é a fonte que deve correr pelas campinas da vida, fertilizando o mundo e saciando pessoas. A água que se estagna fica poluída e alimenta pestes.

Há pessoas que, mesmo em relação aos conhecimentos superiores como os nossos, portam-se como autênticos avaros para quem o ouro é o fim e não um meio. Elas anelam ardentemente adquirir conhecimentos e empregam todos os seus esforços para consegui-los, mas depois os conservam zelosamente, como o avaro, mostrando apenas para se engrandecer. É a sua ruína, pois o conhecimento apenas infla. Os Irmãos Maiores nos ensinam o equilíbrio entre a Mente e o Coração, o conhecimento e a virtude, para que ambos se completem e harmoniosamente trabalhem em benefício dos demais. Automaticamente, dessa maneira, vai-se tecendo o “traje dourado das núpcias” de cada um de nós, com o Cristo Interno. Quem procura primeiramente o reino de Deus e Sua justiça recebe tudo o mais por acréscimo, segundo suas necessidades.

O olho foi feito pela necessidade de vermos a Luz e o aparelho digestivo pela necessidade de assimilarmos os nutrientes dos alimentos e crescermos. Aspiramos ao conhecimento e o atraímos; se perdermos a oportunidade sem aproveitá-la ou a usarmos mal, responderemos depois por isso, porque “a quem muito é dado, muito lhe será exigido”.

O que não se usa, atrofia. A natureza não admite inatividade. O preço da evolução é o exercício do bem; ou seja, sua prática. O conhecimento se inclui nesta lei: se não é aplicado, acaba morrendo.

Alguns Estudantes, de natureza mística, deduzem que o conhecimento seja dispensável e que a vontade de ajudar e trabalhar pelos outros já nos dá intuição de como realizá-lo. Supomos que o conhecimento ilumine o coração e esse oriente o conhecimento para a virtude. Um depende do outro. São os dois polos do servo completo. A verdadeira intuição deriva do Mundo do Espírito de Vida da Supraconsciência em nós e pressupõe o desenvolvimento da Alma Intelectual, ou seja, do segundo atributo latente em cada homem: o Amor-Sabedoria.

Como disse Max Heindel: “O único pecado é a ignorância e a única salvação, o conhecimento aplicado”. De fato, VIRTUDE significa discernir entre o bem e o mal, preferindo o bem. Quem tem virtude realiza o verdadeiro serviço. E o serviço, por corolário, é o que nos leva à realização espiritual.

Talvez não seja impróprio transcrever, aqui, a experiência de Max Heindel, a “prova” a que foi submetido antes que pudesse merecer o privilégio de receber os ensinamentos contidos em “O Conceito Rosacruz do Cosmos e tornar-se o iluminado mensageiro dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Eis como ele nos conta, no Livro “Ensinamentos de um Iniciado.

“Ignorava que partisse para ser submetido a uma prova. Aconteceu quando fui à Europa, em busca de um instrutor. Como supunha, ele realmente era capaz de me ajudar a avançar no caminho espiritual; contudo, quando lhe examinei os ensinamentos até as mais profundas entranhas e lhe fiz admitir certas incongruências que não me pudesse explicar, achei-me no verdadeiro caminho do desespero, preparado para regressar à América. Estava eu sentado no quarto, meditando sobre a minha desilusão, quando senti, de repente, que outra pessoa estivesse presente e levantei a cabeça. Vi aquele que desde então foi meu Mestre.

“Com vergonha recordo a grosseria com que lhe perguntei o que queria e quem o havia mandado para ali, porque eu estava profundamente descontente e vacilava muito em aceitar as razões que me haviam levado à Alemanha.

“Durante os dias seguintes, meu novo conhecido apareceu em meu quarto várias vezes, respondendo as minhas perguntas e me ajudando a resolver problemas que até então haviam sido obstáculos para mim. Porém, minha vista espiritual estava então pouco desenvolvida e nem sempre sob meu controle, de modo que me sentia um pouco cético a respeito das coisas que ele me explicava. Não poderia ser tudo isso uma alucinação? “Discuti essa questão com um amigo. As respostas que me foram dadas, pela aparição, eram claras, concisas e lógicas no mais alto grau. Limitavam-se sempre e estritamente ao que eu havia perguntado e eram, ademais, de uma índole infinitamente superior a tudo que eu fosse capaz de conceber. Por tais razões, chegamos à conclusão de que a experiência devesse ser real.

“Poucos dias depois meu novo amigo me disse que a Ordem a que pertencia tinha uma completa solução para o enigma do Universo, de muito mais alcance do que qualquer outro ensinamento publicamente conhecido e que eles me comunicariam, se eu me comprometesse a guardá-lo como um segredo inviolável.

“Então eu me dirigi a ele, encolerizado: ‘Ah! Por fim vejo a orelha do diabo! Não! Se tem o que diz e se tal enigma é bom, será bom para o mundo também. A Bíblia proíbe terminantemente que ocultemos a luz e eu não quero fartar-me de conhecimentos, enquanto milhares de almas anelam, como eu, encontrar a solução para seus problemas’. Então meu visitante se retirou e eu concluí que fosse um emissário dos Irmãos das Trevas.

Um mês mais tarde, vendo que não pudesse obter uma ilustração maior na Europa, decidi voltar. Com esse propósito fui reservar um compartimento num vapor para Nova Iorque. Havia muita passagem e tive que esperar um mês pela cabine. Quando voltei à minha habitação, após haver comprado meu bilhete, nela encontrei meu desdenhado Mestre, que outra vez me ofereceu seus ensinamentos com a condição de eu guardar segredo. Desta vez minha negativa foi bem mais enérgica e indignada do que antes. Porém ele não se foi e disse: ‘Alegro-me muito de ouvir sua negativa, meu irmão, e espero que você seja sempre tão zeloso na difusão de nossos ensinamentos, sem medo nem súplica, como o foi nesta recusa. Esta é a condição necessária para poder receber os ensinamentos’.

“O modo como recebi instruções para tomar certo trem em certa estação e ir a um lugar do qual nunca ouvira falar, onde encontrei o Irmão em carne e osso, ou como fui levado ao Templo (etérico) e nele recebi as principais instruções contidas em nossa literatura são coisas de bem pouco interesse. O principal é que, se eu houvesse aceitado a condição de guardar segredo sobre suas instruções, teria sido automaticamente desqualificado para ser mensageiro da Rosacruz e em tal caso os Irmãos teriam que procurar outro. Assim também acontece com qualquer um de nós: se entesourarmos as bênçãos espirituais, os ensinamentos superiores que recebemos, seremos provados pela dor. Convém-nos imitar a Terra, na primavera, que tira de seu seio os frutos do espírito plantados por Cristo durante o inverno. Só assim receberemos, ano após ano, bênçãos mais abundantes e recursos maiores para fazer o bem.”

Aqui terminamos o relato de Max Heindel sobre sua “prova” e sua advertência a respeito do uso de nossos ensinamentos. Estimulamos todos os caros Estudantes a meditarem muito sobre isso e arregaçar as mangas, cada um fazendo o que puder pela difusão da nossa amada filosofia e praticando o bem que estiver ao seu alcance a fim de que, por exemplos e palavras, possamos, todos nós, abreviar o advento da Era da Fraternidade Universal.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1973)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A importância de você alcançar a verdadeira renúncia

A importância de você alcançar a verdadeira renúncia

A renúncia ou renunciamento consiste em um esforço de desprendimento progressivo dos laços que ligam o ser humano à vida e à experiência materiais, tendo em vista ampliar o domínio de sua vida moral e espiritual. É um trabalho de desmaterialização ou abandono dos instintos animais, empreendido para que se efetue a espiritualização; isto é, o acesso mais rápido à vida sobrenatural e feliz do espírito. É um ­deslocamento do dinamismo no organismo humano, que se opera reduzindo as exigências sensuais, depois transportando e concentrando as energizas vitais, tanto quanto possível, sobre as operações espirituais. Pela mesma razão, criam-se novas relações entre o corpo e o espírito que têm por efeito domar a animalidade e fazer triunfar o espírito.

A renúncia é, pois, uma espécie de morte progressiva e antecipada do ser terrestre, um esgotamento que acelera a elevação do espírito individual e prepara sua união com Deus. “É preciso que vivamos neste mundo”, dizia São Francisco de Sales, “como se tivéssemos o espírito no céu e o corpo no túmulo”.

Com efeito, o que é que nos pesa neste mundo e retarda o progresso? É a vaga tumultuosa das satisfações concedidas aos desejos egoístas e sensuais. E o livre exercício dos prazeres do orgulho e da sensualidade, as duas grandes raízes do sofrimento e embrutecimento.

A vida não é, portanto, mais do que o aprendizado do renunciamento material que se deve realizar sob a ação combinada da Providência diretriz da vontade gradualmente clarividente no indivíduo.

O não-renunciamento cria o sofrimento, forma a doença física e a degradação moral. Não pode existir verdadeira saúde física e moral sem a renúncia. É por isso que aquele que deseja a saúde material e o progresso espiritual deve recusar-se a entrar na via larga e fácil que conduz ao inferno dos prazeres, da riqueza, do egoísmo, do orgulho e da sensualidade; entretanto, deve procurar a via estreita e rude do sacrifício, num esforço permanente de domínio das paixões e da elevação moral. “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. E porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida e poucos são os que entram por ele” (Mt 7:13-14).

Antes de Cristo, a renúncia pessoal não existia em nenhuma parte com tanta caridade, coração e sacrifício de si mesmo pelos outros. Muitíssimas vezes contentavam-se em oferecer à divindade um presente material ou a vida dos animais, supondo que a alma dos animais pudesse voltar à sua origem criadora e servir de veículo às orações. Só se podia exigir o sacrifício da posse material. Mesmo nas religiões em que o renunciamento era prescrito, não se tinha observado que o apaziguamento do desejo pessoal devesse ser conduzido mais como obra de altruísmo ativo; isto é, de auxílio mútuo e resgate. Em suma, não se tinha compreendido que o indivíduo devesse, acima de tudo, sacrificar-se por outrem e renunciar a si mesmo pelo amor ao próximo a fim de se comportar na Terra à imagem de Deus que, por puro amor, sacrifica-Se todos os dias, dando a vida às Suas criaturas com o alimento material e espiritual.

A renúncia pessoal e ativa constitui, assim, o eixo da vida cristã.

Assim, a sua obrigação encontra-se inscrita em termos concordantes nos evangelhos: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mt 16:24). “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8:34). “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9:23). “Assim, pois, qualquer de vós que não renuncie a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14:33).

Se queremos então manter-nos em caminho direito, seguir a verdade e conservar a saúde, é necessário termos o cuidado de tomar a cruz, dominando as paixões e renunciando a muitos impulsos da personalidade. E, correlativamente, quando os tormentos morais ou os sofrimentos físicos nos afligirem, o verdadeiro remédio que destruirá o mal na sua origem será aplicarmo-nos ao renunciamento em certos pontos. Quanto sofrimento, na verdade, os seres humanos se afligem por não saberem renunciar às ambições exageradas e às vantagens frágeis, por terem estimado demais as suas capacidades físicas e intelectuais, por terem bebido e comido em excesso, por terem gastado muitas forças em ocupações inúteis ou em excesso de sensualidade por estarem agarrados demais aos bens e às afeições deste mundo!

Em lugar, portanto, de esperarmos que as pesadas sanções das crises morais e das doenças contraídas amiúde apoderem-se de nós, é mais prudente aceitarmos a cruz mais leve das privações voluntárias e todos os dias sacrificar um pouco a ambição e a sensualidade que permitirão edificar pouco a pouco, em nós, os três pilares do renunciamento: SOBRIEDADE, HUMILDADE, CASTIDADE.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que é a Espiritualização da Mente

O que é a Espiritualização da Mente

Cristo Jesus disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu espírito”- (Mt 22:37).

“Esta é a aliança que eu farei com eles depois daqueles dias, o Senhor diz: Porei as minhas leis nos seus corações e as escreverei nos seus espíritos” – (Hb 10:16).

“Mas os seus espíritos endureceram-se. Porque até ao dia de hoje permanece na leitura do Antigo Testamento o mesmo véu sem se levantar, porque é por Cristo que ele se tira” (2Cor 3:14).

“E não vos conformeis com este século, mas reformai-vos com o renovamento do vosso espírito, para que reconheçais qual é a vontade de deus, boa, agradável e perfeita” – (Rm 12:2).

“Renovai-vos no espírito do vosso entendimento”- (Ef 4:23).

“A prudência da carne é morte e a prudência do espírito é vida e paz”- (Rm 8:6).

A harmonia perfeita entre os ensinamentos da Bíblia e os do Conceito Rosacruz do Cosmos está bem exemplificada nas afirmações dadas em ambas no que diz respeito à natureza e importância da Mente, o veículo menos desenvolvido do ser humano.

A Mente é o instrumento mais importante que o espírito possui e é o seu instrumento especial no trabalho da criação, isto está dito no Conceito. O trabalho que deve ser feito para o aperfeiçoamento dos poderes mentais que envolve um esquema completo e constante de uma vida pura e correta como foi pregada nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.

O núcleo da matéria, através do qual procuramos agora construir uma Mente organizada, foi emitido por nossos seres do Período Terrestre, pelos Senhores da Mente e foi do Mundo do Pensamento que veio a substância mental que foi sendo anexada desde aquela época. À tendência separatista, própria do plano da razão, é considerada má em contraste com a força Unificadora do Mundo do Espírito de Vida, o Reino do Amor. Os Senhores da Mente trabalham com a humanidade, mas não com os três reinos inferiores, isto, mais o fato de que a Mente está ligada à natureza do desejo e tem suas atividades instigadas pelos Espíritos Lucíferos, que traz ao ser humano um grande problema durante este estágio de sua evolução, a necessidade da renovação de sua mente pela constante infusão dela com as mais altas vibrações espirituais, até que se encontre sob o completo domínio do Espírito, o Ego Superior.

Para se obter o controle da Mente é necessário a concentração. Usando a vontade para concentrarmo-nos aprendemos a dirigir a Mente para um determinado objetivo e armazenamos forças suficientes para conseguir aquilo a que nos propomos. Para grande parte das pessoas isto é muito difícil, uma vez que o veículo mental é ainda um veículo vago e impreciso. Com paciente persistência, porém, podemos chegar ao resultado desejado.

Juntamente com este processo de colocarmos a Mente sob o controle da vontade vem o processo importante de imbui-la com o Princípio da Sabedoria do Amor, de modo que ela não seja usada egoisticamente. Esta “Cristianização” da Mente envolve as transformações de todas as tendências de natureza inferior e egoísta, em sublimes qualidades espirituais inerentes a todo Espírito individual, de modo que “’o véu do Templo se rompa com Cristo”. Assim: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito”.

Todo pensamento que temos ajuda a colorir nossa aura e a estabelecer, perto de nós, aquele algo indefinível que ainda é uma parte muito forte e potente do nosso ser.

Altruísmo, bondade, tolerância, etc. …, eleva-nos a uma consciência superior e dá-nos paz e sentido da vida, que são os resultados que adquirimos por sermos “mentalmente espiritualizados”.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – nov/dez/88)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Saber Ceder mantém a sua Mente arejada

Saber Ceder mantém a sua Mente arejada

A arte de saber ceder é uma das mais difíceis, pois requer um sacrifício das ideias próprias, já arraigadas, em favor do algo novo. Se nos aferramos, intransigentemente, a padrões e conceitos extremamente arcaicos, como poderemos evoluir?

Segundo Max Heindel, a palavra-chave da evolução é ADAPTABILIDADE. Isso vem colocar-se num plano diametralmente oposto à cristalização. O verdadeiro buscador da verdade há de ser como a água, que toma sempre a forma do recipiente que a contém, sem, contudo, deixar de ser água. Há de ter sempre a Mente arejada, admitindo inicialmente todas as coisas como possíveis, até chegar o momento da comprovação.

Essa atitude não rara lhe acarreta aborrecimentos em face ao julgamento da maioria, que muitas vezes poderá considerá-lo um louco visionário, etc. Cristo também assim foi considerado pelos fanáticos de seu tempo.

A época vindoura, a Era de Aquário, caracterizar-se-á pela renovação, pelo arejamento e libertação da Mente. Já notamos essa influência em todos os campos. Uma nova geração surge e reage desenfreadamente nos influxos dessa época de transição que atravessamos. Esses jovens podem e devem ser orientados, porém não podemos coagi-los a aceitar padrões que de há muito pedem para ser reformulados. Com descabida intransigência, só faremos aumentar o abismo entre a velha e a nova geração. Procuremos ceder um pouco, compreendendo, estimulando, orientando com amor. Não nos assustemos. Só os meios mudarão. As verdades serão as mesmas, apenas trocarão de vestes, mais condizentes com à realidade atual. Portanto, ceder em favor das novas luzes da verdade é adaptar-se às condições Aquarianas, já às portas!

(Publicada na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/70)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Intensidade: cada minuto da sua vida é sagrado

Intensidade: cada minuto da sua vida é sagrado

À medida que tentamos progredir no caminho do viver certo, uma das coisas mais difíceis de conseguir é a conciliação dos ensinamentos de pureza e bondade que recebemos da Filosofia Rosacruz, com o nosso esclarecimento, os nossos contatos humanos de cada dia. Isso porque, quanto mais nos embrenhamos na senda da espiritualidade, mais distanciados vamos ficando dos pontos de vista comuns e da maneira de viver da humanidade em geral, no corre-corre do dia a dia. No entanto, existe uma semelhança bem grande naquela espécie de força compulsiva que predomina na vida das pessoas personalistas, com o nosso estímulo espiritualista, com a nossa própria vontade de acertar. A essa força podemos chamar de intensidade, pois é ela que leva o indivíduo à realização de alguma coisa, tanto à concretização de suas coisas materiais como à realização de si mesmo.

Entretanto, essa intensidade, mesmo quando dirigida para o Certo, como força positiva em nosso íntimo, seja no que for que fizermos, deve ser bem dosada e estar sob o nosso próprio controle. Isso porque, essa força, mesmo possuindo um valor positivo de acordo com o nosso modo de viver, não deve predominar, sob risco de desgastar-se.

Haja vista o que acontece quando se fala demais de determinado assunto que nos empolgue no momento — possibilidades novas, vitórias conquistadas, até nossas próprias frustrações — o assunto “vira”, o acontecimento se transforma, passando então a ocorrer completamente ao contrário do que afirmáramos antes. É que houve uma espécie de dissipação de força, que precisa ser reajustada, por um novo esforço de autorrecuperação.

Por isso, se é bom sentirmos animação por algo que desperte o nosso interesse, melhor ainda será acertarmos nossa intensidade por coisas que provenham do Dever, coisas que partam mais das nossas obrigações do que dos nossos interesses. Porque não podemos esquecer que vamos ter que pagar pelo nosso próprio empolgamento, até mesmo se permitirmos que o entusiasmo exista apenas em nosso íntimo, como um revérbero silencioso. Temos que ser ponderados em nossa animação, seja ela qual for, até para nós mesmos, procurando pesar e medir os reais valores de qualquer aquisição, de qualquer merecimento. Todo o excesso de vibração, quer no falar, no sentir, mesmo no pensar, corre o risco de enfraquecer-se, desgastando-se com o atrito de nosso próprio excesso mal controlado.

Assim, é obrigação nossa manter-nos alertas diante de nossa própria intensidade, porque, em tudo o que fizermos na vida, até nas ações aparentemente triviais, é por intermédio dessa intensidade que vamos realizar-nos em nossa divindade, em cada momento do dia.

Nesse particular, aliás, existe uma atenuante: se essa intensidade estiver sendo aplicada erradamente, por ignorância, mas se for forte e sincera em si mesma, conservará o próprio valor, que será incorporado no Certo, no momento em que girar em seu próprio eixo, engrenando no Bem e identificando-se com ele. Por isso, cada minuto de vida é sagrado e deve ser aproveitado com cuidadoso empenho, com amorosa atenção, procurando vivê-lo dentro dos padrões que regem a nossa vida, ou melhor, dentro das normas que decidimos seguir, porque as aceitamos como certas. E só essa intensidade equilibrada é que poderá levar-nos à comprovação em nós mesmos e por nós mesmos, da exatidão dos ensinamentos admitidos como certos. Só a fé ativa naquilo em que acreditamos como verdade dentro do Bem é que nos conduzirá à própria verdade existente em nós mesmos. Porque intensidade também é fé, fé inteligente que conduz à ação. E melhor ainda à realização.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1973)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Adaptabilidade, a Chave do Seu Progresso

Adaptabilidade, a Chave do Seu Progresso

A presente condição desequilibrada do mundo de hoje deve sua origem a uma causa principal, a saber, inadaptabilidade por parte do indivíduo com relação a aprender as lições apresentadas a ele pelos vários instrutores a cargo da evolução, sendo dadas todas com o objetivo de desenvolver os divinos poderes latentes do ser humano. Os poderes de Deus, latentes dentro de cada ser criado, são três em número, separados e distintos em suas naturezas intrínsecas, e, não obstante, positivamente necessários com o fim de produzir a manifestação.

O primeiro poder de Deus é a VONTADE, que se expressa como o poder de originar e de destruir, o poder de guiar toda a criação, o poder de dirigir e de projetar ideias e formas de pensamento na Mente, e o poder de expressar controle através do intelecto, em todos os aspectos, tais como o raciocínio, o juízo, o conhecimento, a indução, a dedução, a compreensão, etc.

O segundo poder de Deus é AMOR-SABEDORIA, e se expressa como atração, coesão, receptividade, imaginação, sentimento, intuição, memória, conservação, proteção, alimentação, nutrição e concepção.

O terceiro poder de Deus é a ATIVIDADE, que se expressa como a força de movimento que impede a inércia e produz germinação, desenvolvimento, crescimento, ação, dinamismo, expansão, originalidade, fertilidade, reprodução, Epigênese e criação.

Quase desde o princípio, uma classe de pessoas avançou lenta, mas persistentemente no desenvolvimento dos poderes da VONTADE, combinados com os da ATIVIDADE. Esta combinação produziu os gigantes intelectuais do presente, os homens e mulheres teimosos que põem o “eu” antes de tudo e cruelmente deixam de lado qualquer coisa que apareça diante deles como um obstáculo, sem ter em conta o que ou quem possa ser, amigos, família, inimigos, tudo deve desaparecer, tudo o que não faça promover seus logros. Os membros desta classe se encontram no campo das finanças, grandes associações de negócios e de companhias industriais e corporações multinacionais, seja em menor ou maior escala, dependendo da capacidade do indivíduo. Aquele que não ajude a esta classe de pessoas é para elas um estorvo, e deve ser eliminado.

São talentosos, espertos e usualmente afortunados, mas temidos por todos os que se põem em contato com eles com a suficiente intimidade como para descobrir suas cruéis e dominantes características. Seus brilhantes e faiscantes intelectos podem ser admirados, seu fenomenal êxito invejado, mas os indivíduos por si mesmos não são nunca verdadeiramente queridos, nem honradamente respeitados. Nem tampouco, por regra geral, são lembrados por muito tempo, e suas fortunas, algumas vezes massivas, nunca são realmente apreciadas pelos parentes, geralmente gastando o dinheiro obtido deles, pródiga e rapidamente depois de sua morte.

Uma segunda classe, ao começo de seu caminho evolutivo, desenvolveu os segundo e terceiro poderes que se manifestam como AMOR e ATIVIDADE. Com desprezo do primeiro poder, a vontade, que inclui a razão, o juízo, etc. Aqui temos aquelas pessoas que se omitem em todas as formas de convenção no que se refere ao coração, sacrificando tudo pelo ser amado, seja justo ou injusto, sem analisar aquele que é objeto de seus afetos, ou quantos são prejudicados por suas ações. O amor, para essas pessoas, é desculpa suficiente, com o fim de satisfazer seus urgentes desejos e qualquer quantidade de raciocínio por parte dos amigos, tem pouco ou nenhum efeito. Nunca estão realmente contentes, a menos que estejam realmente próximos do objeto de seus afetos, que pode ser um amigo, uma criança, um marido ou uma esposa. Contudo, eles não são realmente tão maus como parecem sendo débeis no poder da vontade, creem que o amor, a urgência que sentem tão fortemente, é uma excelente desculpa para fazer as coisas que outros consideram como delitos de menor importância. Frequentemente o encantador lado atrativo de tais pessoas os ajuda a obter muitas coisas que em outros menos sedutores não seria tolerado. Estas pessoas têm muito a ver com a corrupção da sociedade, desbaratando amizades, lugares, sociedades, até governos, e despertando emoções nos outros que em muitos casos são difíceis de controlar. Lançam-se a toda classe de satisfação sensual sem usar o juízo, e com pouca discrição. Para eles o presente basta. Para que se preocupar com o que o futuro possa deparar. Para eles o pensar produz danos, e não gostam da sensação de dor.

A terceira classe de pessoas são aquelas que desenvolveram seus PODERES de VONTADE, e a NATUREZA DE AMOR em prejuízo de seus poderes de atividade. A essa classe pertencem os sonhadores do mundo. Possuem tanto o intelecto como a imaginação bem desenvolvidos, mas carecendo de incentivo em grau considerável; passam o tempo imaginando toda classe de projetos que, se fossem postos em ação, seriam de grande benefício para a humanidade. Mas, como são inimigos de ir ao mundo e materializar seus planos, preferem passar a maior parte do tempo evocando novos planos. Esta classe de pessoas é raramente perigosa para a sociedade, mas são geralmente esquivados pelos seus semelhantes, em razão de sua aparente indolência. Seus amigos se cansam de ouvir o que lhes parece mais ou menos como contos de fadas para adultos, de modo que estas pessoas levam uma vida um pouco solitária, até que despertem, por assim dizer, e começam uma honrada investigação das causas de tudo.

Ao princípio, praticamente, as mesmas experiências sucederam a todos por igual. Mas, logo, devido a NÃO ADAPTABILIDADE, as experiências se fizeram mais variadas, até que no tempo presente são quase inteiramente individuais. Não obstante, em todos os casos tais experiências são ideadas para satisfazer as necessidades especiais daqueles a quem são dadas, seja em massa ou separadamente. Terremotos, tornados, fome, seca, epidemias e guerras, são exemplos das experiências em massa, enquanto que os vários sucessos de nossa vida diária contêm especiais e necessárias lições. Muitas vezes estas experiências podem parecer quase triviais, mas se as considerarmos atentamente, revelarão os pontos débeis de nosso caráter que necessitam ser fortalecidos. Então devemos permanecer adaptáveis e consentir em fazer esforços.

Àqueles que “cobiçam o êxito” lhes serão dadas oportunidades, seja para acumular ou para dar, quando seja necessária ajuda aos demais. Geralmente tais pessoas sofrem por sentir e dar. Se sua lição é aprendida, depois da devida meditação, aprenderão a dar com compaixão, e ao fazê-lo assim, estarão estabelecendo um equilíbrio entre a cabeça (Vontade), o coração (Amor) e a ação (Atividade).

Àqueles que creem que o amor é uma desculpa legítima para toda classe de delitos morais, ser-lhe-ão dadas oportunidades de “pensar retamente e bem”, antes de sucumbir à tentação de roubar aos demais, seus seres amados que legitimamente lhes pertencem. Com o fim de aprender esta lição, essas pessoas inspiradas pelo coração devem desenvolver o poder da razão, o que lhes dará o necessário equilíbrio para vencer a tais tentações.

Àquelas pessoas que gostam de “sentar e sonhar” em grandes coisas para ser realizadas mais tarde, quando creem que estão se esforçando, encontrarão suas lições na privação de todas as coisas que mais veementemente desejam e com desprezo, ainda que seja parcialmente velado sentido por seus associados. A fome, o sofrimento e a vergonha finalmente os compelem à ação, e a atividade assim desenvolvida, com o tempo lhes proporcionará o necessário equilíbrio que tão desesperadamente necessitam. Quando nos tornamos conscientes de que algo vai mal conosco e começamos seriamente a averiguar a causa, necessitamos somente examinar os acontecimentos diários de nossa vida para chegar à raiz de tudo, que é o desequilíbrio. Então, se formos prudentes, cultivaremos novos hábitos e começaremos a trabalhar diligentemente para desenvolver os poderes que nos faltam.

Gradualmente, perceberemos que é mais fácil nos adaptarmos às novas circunstâncias e a vida se tornará mais simples de viver, porque terá seu centro do Tríplice Espírito.

Quando isto for conseguido por um número considerável de pessoas, as guerras cessarão. Estas pessoas saberão que unicamente o RETO PENSAR (Vontade), o RETO SENTIR (Amor) e o RETO ATUAR (Atividade) podem trazer paz duradoura a todas as nações da Terra.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – mai/jun/88)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O “EU” Universal: como nos expandir

O “EU” Universal: como nos expandir

O grande universo está sempre aberto para nós, mas estaremos nós sempre abertos para ele? Estaremos livres para nos expandirmos, para aspirarmos grandes alturas, para nos elevarmos em pensamento além dos limites materiais sobre os quais devemos construir a nossa presente vida? Ou estaremos tão ligados a problemas relativamente inconsequentes do cotidiano aos quais damos tanta importância que não percebemos a grandeza que existe além deles?

A resposta a essas perguntas depende inteiramente do grau com que for regida a nossa personalidade superior ou inferior. Se for a personalidade inferior que comanda, estaremos tão presos às suas reivindicações que muito tempo e muitos talentos preciosos serão desperdiçados.

Em cada ato egoísta afundamo-nos um pouco mais no pântano material tornando, às vezes, difícil sairmos dele. Estamos, na verdade, olhando para baixo, desviando nossa visão dos mundos elevados, sem saber que tesouros eles escondem.

Se, porém, nossa personalidade superior estiver nos controlando, tudo o que diz respeito ao egoísmo não nos influenciará. Estaremos no processo de construir nossos corpos espirituais utilizando os dois Éteres superiores. Portanto, o desejo vulgar, forte e possessivo, característico do egoísmo e do mal não se encontrará em nós e nos sentiremos mais leves do que quando estávamos ainda presos à Personalidade Inferior. Olhamos para cima e para fora e, por vezes, achamos que realmente estamos “no Mundo (Físico), mas não pertencemos a ele”.

Há um universo interno e um externo aos quais podemos nos apegar, mas não alcançaremos nenhum se não estivermos soltos para “voar alto”.

O universo externo abrange o infinito. O universo interno é aquele que aparece quando o Cristo, dentro de nós, desperta.

A pessoa que só pensa em si não tem ideia do que perde, até que comece a abandonar sua maneira egoísta de ver as coisas. Ao invés de se preocupar só com problemas pessoais, que cerceiam a própria liberdade, procurar voltar sua atenção para problemas amplos e gerais e ficará, muitas vezes, surpresa ao ver até que grau seu horizonte se abre. Toma conhecimento da beleza que a cerca, tanto na Natureza, como em muitos dos seus companheiros. Vê cenas que lhe são familiares com novos olhos e começa a ver ao seu redor coisas que jamais havia percebido antes.

O pôr-do-sol, apreciado com admiração, torna-se significativo como uma evidência da grandeza do Criador, assim como flores, árvores e pássaros. A pessoa começa a ver qualidades em alguns velhos conhecidos e a “divina chama interior” vai crescendo nela.

Há um interesse cada vez maior em ajudar as pessoas e isto faz com que utilize e aumente seus talentos muito mais do que quando os usava para seu próprio benefício. À medida que a pessoa desperta para ser útil, seu potencial criativo e seu círculo de influência aumentam. Em resumo, a pessoa cresce e ao fazê-lo seu universo interior se expande e ela se torna mais ligada ao universo externo.

Depois que tivermos aprendido as lições através de muitos outros Períodos de Manifestação, teremos nos tornado semelhantes a Deus e capazes de construir os nossos próprios Sistemas Solares. Embora muitos e muitos anos tenham que se passar e um incrível grau de progresso humano tenha que ser alcançado antes que possamos atingir esse estágio, não é tão difícil poder começar a levá-lo em consideração, no atual ponto de nosso desenvolvimento. É, afinal, nossa meta, para a qual estamos trabalhando — ápice da perfeição humana como foi imaginada para um futuro Dia de Manifestação.

Como podemos esperar construir e manter um Sistema Solar nosso, se não começarmos agora a responder criativamente àquele no qual vivemos? Como seremos capazes de compreender as dificuldades para aguentar o nosso Sistema Solar se não dominarmos, primeiro, os enigmas do dele?

Podemos discutir isso agora desde que, no desenrolar natural dos acontecimentos, ao término do Período de Vulcano, tenhamos aprendido o que deveríamos aprender. Logicamente nesse trajeto muitas lições profundas serão aprendidas e cuja essência pertencem aos ainda distantes Períodos de Júpiter, Vênus ou Vulcano, porém, não seremos capazes de trabalhar em nenhum desses Períodos se não tivermos, primeiro, absorvido e dominado nossas lições terrenas.

A lição terrena que mais devemos avaliar e a que parece a mais difícil de se aprender, é o cultivo daquele sentimento de amor e fraternidade universal — o verdadeiro Cristianismo Esotérico. Amor é a essência do universo — o fator base que une tudo que existe. Uma vez que o ditado hermético diz “como é em cima é embaixo”, conclui-se que qualquer que seja a natureza do nosso Sistema Solar, é inevitável que ele se baseará também no princípio do amor absoluto.

Para cultivar esse amor temos que sair dos “casulos” do interesse próprio que tecemos ao nosso redor e tomar conhecimento do que existe além disso, esforçando-nos para penetrar na “divina chama interior” e todo nosso conceito de humanidade se desenvolverá. Talvez estejamos amedrontados e com razão, pelos danos causados pela poluição em nosso meio ambiente e no próprio Planeta, mas, agindo com força e coragem e juntando-nos a outros que pensam da mesma maneira, possamos ainda mudar o curso das coisas e consertar muito do que foi feito erroneamente. Talvez estejamos deprimidos ao ver a pobreza e o sofrimento em que vivem tantos dos nossos irmãos, mas, devemos olhar para o futuro ajudando e sobretudo orientando cada ser a trabalhar conscientemente de modo a garantir melhorias de ordem material e também maturidade espiritual, no entendimento da missão evolutiva de cada um.

Quanto mais nos expandirmos além do pequeno e pessoal “eu”, mais amplos serão nossos horizontes e mais certos estaremos da redução das limitações anteriores de nossa capacidade de aprender, conquistar, compreender, discriminar, interpretar, julgar e concluir.

Aumentaremos e refinaremos nossos pontos de vista e nossa compreensão à medida que formos capazes de “sair para fora” de nós mesmos e abandonarmos aquele pequeno “eu'” cheio de problemas e solicitações pessoais.

Para nossa alegria e certeza em Deus, surgirá aquele “eu” completo, de dimensão universal, para o qual estamos destinados.

(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul/ago/88)

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