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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Mesa dos Pães da Proposição – o Místico Significado da Sala Leste do Tabernáculo no Deserto

A Sala Leste do Templo pode ser chamada de Salão do Serviço, pois corresponde aos três anos de ministério de Cristo e contém toda a parafernália para o crescimento da alma, embora, como dito anteriormente, era mobiliado apenas com três peças principais.

Entre as principais delas está a Mesa dos Pães da Proposição.

Faça uma mesa de madeira de acácia com dois côvados de comprimento, por um côvado de largura e um côvado e meio de altura. Cubra a mesa de ouro puro e aplique ao redor uma moldura de ouro. Faça ao redor dela um enquadramento com quatro dedos de largura e, ao redor do enquadramento, uma moldura de ouro. Faça também quatro argolas de ouro e coloque-as nos quatro cantos formados pelos quatro pés. Junto às molduras, ficarão as argolas por onde passarão os varais para se carregar a mesa. Faça os varais de madeira de acácia e cubra-os de ouro; com eles, poderá ser transportada a mesa. Faça pratos, bandejas, jarras e copos para as libações: tudo de ouro puro. E coloque para sempre sobre a mesa, diante de mim, os pães oferecidos a Deus.” (Ex 25:23-30 e 37:10-16).

Pegue flor de farinha e asse com ela doze pães de oito litros cada um. Coloque-os, depois, em duas fileiras de seis, sobre a mesa de ouro puro, que está diante de Javé. Coloque incenso puro sobre cada fileira. Isso será o alimento oferecido como memorial, como oferta queimada para Javé. A cada sábado esses pães serão colocados permanentemente diante de Javé. Os filhos de Israel fornecerão os pães como aliança perpétua.” (Lv 24:5-9).

A Mesa dos Pães da Proposição estava colocada ao lado norte da sala, de modo a estar à mão direita do sacerdote quando este se encaminhasse ao segundo véu. Doze pães sem fermento eram continuamente mantidos sobre a mesa. Eram colocados em duas pilhas, um pão sobre o outro, e em cima de cada pilha havia uma pequena quantidade de incenso. Esses pães eram chamados os Pães da Proposição ou pão da face, porque foram colocados solenemente diante da presença do Senhor que habitava a Glória de Shekinah, atrás do segundo véu. Todos os sábados, os pães eram substituídos pelo sacerdote, sendo os velhos retirados e os novos colocados no mesmo lugar. Os pães retirados eram entregues aos sacerdotes para comer e ninguém mais tinha permissão de prová-los; também não era permitido comê-los em qualquer lugar fora do Santuário porque era santíssimo e, portanto, só poderia ser consumido por pessoas consagradas e em solo sagrado. O incenso que ficava sobre as duas pilhas dos Pães da Preposição era queimado, quando havia a troca dos pães como uma oferta queimada ao Senhor por um memorial em lugar do pão.

O Aspirante que chegasse à porta do Templo, “pobre, nu e cego”, era conduzido à luz do Candelabro de Sete Braços, obtendo um determinado grau de conhecimento cósmico para ser utilizado unicamente a serviço de seus semelhantes. A Mesa do Pães da Proposição simboliza esse conceito.

Originalmente, os grãos dos quais eram feitos esses Pães da Proposição foram fornecidos por Deus, mas foi a humanidade que os plantou, depois de ter arado e preparado o solo. Depois de plantados os grãos, ela devia cultivá-los e regá-los. Então, quando, de acordo com a natureza do solo e os cuidados recebidos, o que foi plantado produzisse os grãos, esses eram colhidos, debulhados, moídos e assados. Depois os anciãos servos de Deus tinham que levar os pães ao Templo, onde eram colocados diante do Senhor para “demonstrar” que eles tinham realizado seu árduo trabalho, durante todo um longo tempo, e prestado o serviço essencial.

Os grãos de trigo fornecidos por Deus e contidos nos doze pães representam as oportunidades para o crescimento da alma, que chegam a todos por meio dos doze departamentos da vida, representados pelas doze Casas do horóscopo e sob o domínio das doze Hierarquias Divinas, conhecidas como os Signos do Zodíaco. Contudo, é tarefa do Maçom Místico, o verdadeiro Construtor do Templo, abraçar essas oportunidades, cultivá-las e nutri-las para extrair delas o PÃO VIVO que nutre a alma.

No entanto, não assimilamos totalmente o nosso alimento físico; sobra um resíduo, uma grande porção de cinzas, após termos amalgamado a quintessência em nosso organismo. Similarmente, os Pães da Proposição não eram queimados ou consumidos diante do Senhor. Sobre cada uma das duas pilhas dos Pães da Proposição era colocada uma pequena porção de incenso. Isso foi concebido para que o aroma dos pães fosse percebido e para que, mais tarde, eles fossem queimados no Altar do Incenso. Dessa forma, o alimento da alma extraído do serviço diário pelo fervoroso Maçom Místico é lançado no moinho da Retrospecção, quando ele se retira para dormir e executa os exercícios científicos fornecidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz.

Há um dia em cada mês que é particularmente propício para extrair o incenso do crescimento da alma e queimá-lo diante do Senhor, de modo que possa exalar um suave aroma e ser amalgamado com o Corpo-Alma e fazer parte do dourado e radiante “traje nupcial”. Isso ocorre quando a Lua está se tornando Cheia. Então, a Lua está a leste e os céus estão inundados de luz, como estava a Sala Leste do antigo Templo de Mistérios Atlante, onde o sacerdote acumulava o pábulo da alma, simbolizado pelos Pães da Proposição e pela essência perfumada, que deleitava nosso Pai Celestial, tanto quanto agora.

No entanto, deixemos que o Maçom Místico observe atentamente que os Pães da Proposição não eram fantasias de sonhadores, nem produto de especulações sobre a natureza de Deus ou da luz. Eles eram o produto de um trabalho árduo e real, de um trabalho sistemático e organizado, e nos compete seguir o caminho do verdadeiro serviço, se desejamos acumular tesouros no céu. A menos que realmente trabalhemos e sirvamos a humanidade, não teremos nada para apresentar, nem pão para “ofertar”, na Festa da Lua Cheia. E no casamento místico do “Eu superior” com o “Eu inferior” nos encontraremos desprovidos do radiante e dourado Corpo-Alma, o traje místico nupcial, sem o qual a união com Cristo jamais pode ser consumada.

Note: o incenso aqui simboliza o extrato, o aroma do serviço que prestamos de acordo com as nossas oportunidades.

Outra nota importante: nesse Salão do Serviço, é ensinado ao Aspirante tecer a vestimenta luminosa de flama, a qual São Paulo chamou de “Soma Psuchicon”, ou Corpo-Alma (ICor 15:44), do aroma dos Pães da Proposição.

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro  Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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A Finalidade da Vida Humana aqui

A Finalidade da Vida Humana aqui

Ensina, a Sabedoria Ocidental, que a vida é um constante “vir a ser”. São Paulo afirmava que “morria todos os dias”. Concluímos que o ser humano de hoje não é o mesmo de ontem, e o de hoje não será o mesmo de amanhã, porque esse já o terá ultrapassado, apesar de todas as aparências em contrário.

Há um princípio ativo na vida que determina: “nada se perde e tudo tende para melhor”. Esse princípio tem dois aspectos que designamos como evolução e transfiguração. Evolução, (do Latim “Evolutio” = abrir) é o processo de pôr para fora aquilo que está contido ou implícito em alguma coisa. Transfiguração (ato de transfigurar) significa mudar a forma, modificar para melhor a figura ou a aparência, tal como se deu com Cristo-Jesus no “Monte”.

Podemos admitir que a Evolução leva à Transfiguração gradativa, para a mudança de condições requeridas ao final de cada Época, Revolução e Período, capacitando-nos a ingressar e viver sob novas e futuras condições.

Até a primeira metade do Período Terrestre, em que atualmente evoluímos, o ser humano era guiado, ou levado ao desenvolvimento, pelas mãos e orientação de Grandes Hierarquias, delas recebendo os germes dos vários veículos que deveria formar e aperfeiçoar, em seu esforço de expressão nos vários mundos ou planos.

No primeiro Período, o de Saturno, o ser humano, Ego, encerrado em condições que lhe toldavam completamente a consciência de sua origem divina, recebeu o germe de seu corpo químico, o Corpo Denso. No segundo Período, o Solar, envolvido ainda mais em véus de veículos que obscureciam sua consciência espiritual, recebeu o germe de seu corpo etérico ou Corpo Vital. No terceiro Período, o Lunar, envolto em mais uma capa, a do corpo emocional ou Corpo de Desejos, cujo germe então recebeu, se distanciou ainda mais de sua origem divina. Nesse processo de aquisição e envoltura dos germes dos veículos o ser humano foi desenvolvendo sua consciência exterior. Assim, paralelamente, foram sendo despertados nos Egos determinados graus de consciência correspondentes aos que hoje possuem três Reinos inferiores de vida em evolução na Terra:

  1. No Período de Saturno recebeu o germe do Corpo Denso e adquiriu a consciência de transe profundo (dos atuais minerais);
  2. No Período Solar recebeu o germe do Corpo Vital e desenvolveu a consciência de sono sem sonhos (dos atuais vegetais);
  3. No Período Lunar recebeu o germe do Corpo de Desejos, desenvolvendo a consciência de sono com sonhos (dos atuais animais).

Lembramos que no decorrer de toda essa trajetória, tais germes foram sendo trabalhados, adaptados e desenvolvidos, de modo a poderem suportar novas e diferentes condições e tornarem-se melhores no período seguinte. Assim, o germe do Corpo Denso, dado ao Ego no Período de Saturno, como germe, foi por ele melhorado inconscientemente, com ajuda das Hierarquias, através desse Período e dos posteriores, já citados, o mesmo acontecendo com os demais germes. Presentemente, vemos o fruto desse trabalho, expresso num Corpo cuja perfeição maravilha nossos cientistas. Igualmente temos defesas e recursos vitais e sensoriais (Corpo Vital) notáveis, a ponto de os médicos reconhecerem que eles apenas ajudam, mas que o organismo é que realmente realiza tudo numa cura ou recuperação. Temos sentimentos elevados; o altruísmo, graças a Deus vai crescendo no mundo. Eis a revelação incontestável da evolução germinal de nossos veículos. O Corpo Denso por ser o mais antigo, é o mais aperfeiçoado, seguindo-se, em ordem, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos.

A Fraternidade Rosacruz dedica especial atenção ao desenvolvimento dos diferentes veículos notadamente do Corpo Vital, porque o ser humano deve aprender a espiritualizar seus corpos, através dos diversos renascimentos, em corpos gradualmente mais refinados, até abandoná-los definitivamente, levando a capacidade de criar e de funcionar nesses veículos e planos.

Até meados da Época Atlante, no presente Período, o Ego se veio envolvendo em graus de consciência cada vez mais densas, culminando com a matéria física. Esse envolvimento é designado, na Filosofia Rosacruz, como involução, envolvimento ou enrolamento. Tudo que é envolvido por alguma coisa não demonstra sua forma ou natureza original. À medida que vamos tirando os vários envoltórios começamos a ter uma concepção de sua real natureza, até que, ao tirar-lhe o último dos envoltórios, ficamos sabendo de sua origem. Assim é o Ego ou o ser humano real. Como Ego, veio se envolvendo, inconscientemente, com ajuda de exaltados Seres, em sua Involução. Chegou o tempo em que, com ajuda de seu último instrumento, a Mente, cujo germe lhe foi dado na Época Atlante, ele atingiu a consciência de si mesmo e passou a trabalhar, sozinho, na evolução de seus corpos, para sua transubstanciação, espiritualização e retirada gradual desses envoltórios que obscurecem a Luz e a Consciência. A Filosofia Rosacruz mostra que chegou o momento da luz interna brilhar um pouco mais. O ser humano deve expandir sua consciência. E essa expansão será possível por meio de um trabalho definido, que atua sobre o Corpo Vital. Note-se bem: um trabalho definido, peculiar, que atua sobre o Corpo Vital. Quer dizer que essa tarefa não deverá ser feita diretamente sobre o Corpo Vital, senão indiretamente. Ainda mais: a pessoa que a executar definidamente, não deve pensar em seu autoaperfeiçoamento, isto é, um particular esforço de melhorar seu Corpo Vital. Não! Ele é ensinado a fazer essa tarefa sem esperar recompensas e mediante o serviço ao próximo. A Sabedoria Ocidental, exposta por Max Heindel (fundador da Fraternidade Rosacruz) em a obra básica “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, como nas demais obras complementares, diz que o Aspirante à vida superior deve executar o “Serviço sincero, amoroso e desinteressado aos demais”. E por “demais” quis ele significar não apenas os “semelhantes”, os “seres humanos”, senão os demais reinos da Natureza. É o mesmo sentido dado nos Evangelhos ao “amar o próximo como a nós mesmos”.

Até os estágios de consciência de sono profundo e de sono sem sonhos, não houve uma palavra-chave para superar os obstáculos que se interpunham ao ser humano, a fim de facilitar-lhe a passagem de um a outro Período. Foi somente nas Épocas que precederam a atual para o conseguimento de uma condição que lhe possibilitaria passar para o Período seguinte.

Este Período, o Período Terrestre, está dividido em Épocas, que são reproduções ou recapitulações melhoradas do trabalho executado pelo ser humano em Períodos anteriores, sob orientação das Grandes Hierarquias. Diríamos, comparativamente, que os períodos equivalem a um ano de trabalho e as Épocas a 24 horas ou um mês de trabalho.

A Época Polar (a primeira) equivale, em ponto menor, ao Período de Saturno;

A Época Hiperbórea (a segunda) equivale, em ponto menor, ao Período Solar;

A Época Lemúrica (a terceira) equivale, em ponto menor, ao Período Lunar;

Nessas Épocas recapitulamos o trabalho dos Períodos correspondentes.    Somente na quarta Época, a Atlante e a subsequente, a Época Ária atual, é que realmente começou o trabalho propriamente dito, do Período Terrestre.

Voltando à questão das palavras-chave, a Filosofia Rosacruz nos ensina que nas primeiras Épocas (a Polar e a Hiperbórea) predominava a inconsciência e, por isso, não houve palavras-chaves. A partir da Época Lemúrica, passou a humanidade a desenvolver a consciência onírica ou subconsciente. As Hierarquias Criadoras iniciaram, então, o processo de nos dar uma palavra-chave, ou seja, uma Religião ou meio de desenvolvimento, uma condição que nos auxiliasse na caminhada para a perfeição. Essa palavra-chave que nos auxiliaria a transpor a Época Lemúrica para a Atlante nos foi ensinada pelos Líderes da humanidade por meio de quando renascíamos como mulheres de então, mais receptivas. Eis como foi ensinada: “Você tem um corpo”. Chamava, pois, nossa atenção, para a existência de um Corpo Denso, tangível, do qual não tínhamos consciência, porque estávamos focalizados nas esferas da vida subjetiva. Essa frase nos foi repetida milhões de anos, seguidamente, até passarmos para a quarta Época, a Atlante. Nessa Época, a palavra-chave ensinada pelas Hierarquias Criadoras tinha dois sentidos: um esotérico (oculto) e o outro exotérico (exterior material). A palavra-chave era: “Aspire a Luz”. O sentido exotérico correspondia ao interesse que começava a delinear-se em nós: o desejo de mais luz, pois habitávamos as profundidades da Terra, os vales, as cavernas, os grotões, onde a neblina espessa, quase água, a tudo e a todos envolvia num triste véu cinzento sob o qual o sol nos aparecia como um foco indefinido e nebuloso, semelhante à lâmpada da rua em dia de forte neblina. Pelo interno desejo de mais luz, ouvíamos, então, interessados, a palavra-chave, pronunciada pelos Líderes da Humanidade. À medida que aspirávamos a luz, íamos subindo em direção aos altiplanos e mesetas da Terra, onde a luz solar era mais visível. Nesse esforço de ascensão fomos gradativamente mudando nossas condições respiratórias, das primitivas, por guelras ou brônquios semelhantes às dos peixes e desenvolvendo pulmões. Essa é a razão porque a ciência supõe que a vida humana evoluiu da água. Notemos também: o desenvolvimento dos pulmões e a construção das costelas, apoiadas no osso externo é o significado do símbolo “arca de Noé”, na qual os mais adiantados puderam passar para a atual Época Ária.

É racional e lógico: atualmente não podemos fugir à regra sobre a necessidade de uma palavra-chave indicativa do exercício ou método para enfrentarmos a sexta Época, chamada na nomenclatura Rosacruz de a Nova Galileia. A Filosofia Rosacruz nos ensina que os Líderes da Humanidade, embora agora trabalhando indiretamente, chegaram à conclusão de que, para vencer este ponto perigoso de cristalização e existência material, só poderíamos evoluir com interferência direta, com uma ajuda especial. Essa ajuda tornou-se efetiva pela vinda de Cristo, encarnado no corpo de Jesus de Nazareth por três anos. Somente após os efeitos da purificação levada a efeito por Cristo no Planeta Terra nos foi possível atingir condições internas para aspirar e praticar a nova palavra-chave salvadora. Cristo é realmente o salvador da humanidade. Ele nos mostrou que o trabalho de Transfiguração, correlato do processo evolutivo, começou após as mudanças internas que sua vinda processou na Terra e em nós.

A palavra-chave está contida no Cristianismo Esotérico, particularmente no Cristianismo Rosacruz, para todo aquele que desejar praticá-la. Hoje, o êxito não depende do pronunciamento, isto é, do fato de ouvir-se ou de pronunciar-se passivamente determinada frase, como em Épocas anteriores. Antigamente era assim, em razão de nossa vivência subconsciente. Agora são-nos dados métodos ou disciplinas que deverão ser por nós vividos. Daí o dizermos ao Estudante Rosacruz que ele deverá ser um “sacrifício vivente”, que deverá realmente “viver a vida”, a fim de que as capas que envolvem sua Luz possam pouco a pouco serem removidas, ou melhor, transfiguradas, para formação de um novo veículo.

Conforme dissemos atrás, a palavra-chave a ser vivida neste fim de Época e início de idade preparatória da futura Sexta Época, está contida no “Novo Testamento”, sob a forma inédita de um conjunto de regras ou disciplinas, ensinadas e vividas por Cristo, fundamentadas no Amor. Essas regras ou disciplinas fundamentadas no amor impessoal são, em síntese: “Amai ao próximo como a vós mesmos”, isto é, com o mesmo interesse que temos por tudo que nos possa beneficiar ou agradar. Amar é uma ação, uma atividade. Portanto, a palavra-chave para Época atual não é uma fórmula mágica a ser recitada, senão uma atividade a ser executada com renúncia e amoroso interesse, para benefício do próximo.

Tal atividade tem dois polos: subjetivo, oculto, invisível e o objetivo, visível, externo. Na esfera subjetiva e oculta, processa-se o desenvolvimento silencioso por meio da meditação, da atenção, da vigilância interna, mental e sentimental, no aperfeiçoamento da capacidade de serviço ao próximo. Em resumo, é a prática do domínio próprio, por amor, isto é, para melhor servir, pois estamos aprendendo a nos dominar, não para tirar vantagens pessoais de engrandecimento ou poder, mas para adquirir mais qualidade no serviço ao semelhante. A prática dessa ação amorosa e subjetiva é fundamental. Sem ela, o polo objetivo, externo, se inutiliza porque ficará restringido, limitado, às expressões puramente humanas e sujeito quase sempre aos juízos antecipados, à impaciência, aos temperamentos, gostos, preferências, tendências e comodismo. Realizada a ação subjetiva, então, o verdadeiro “Eu”, o “Superior”, poderá espelhar-se, expressar-se numa ação externa eficiente, justa e amorosa. De fato, como pode o Aspirante à vida superior servir objetivamente ou praticar a caridade se ainda está sujeito às fraquezas humanas? É o caso do cego dirigindo outro cego. Por isso insistimos na necessidade da ação subjetiva fundamental. Sem ela a ação externa e objetiva não pode ser positiva, constante, bem orientada. Ademais, esse preparo interior, representado pelo domínio próprio, em última análise é o processo do conhecimento próprio.

Para amar, cristãmente falando, é necessário um aprendizado. Isso pode causar estranheza e suscitar uma pergunta: “para amar é necessário preparo?”. Respondemos: sim. No ato ou atividade amorosa, o executante não escapa, por força da lei, ao fator responsabilidade. As consequências de um relacionamento imperfeito resultam sempre em desagradáveis e até funestos.

Por isso, como qualquer outra atividade, a amorosa requer um aprendizado, perfeitamente delineado pelo Mestre, que afirmou: “Buscai, primeiramente, o Reino de Deus e Sua Justiça, e tudo o mais te será dado por acréscimo”. Esse acréscimo quer dizer: todos os nossos desejos, intenções se realizarão, inclusive a aspiração de bem Servir, segundo a disciplina de “Buscai o Reino de Deus…”. Mas, pergunta-se: “onde está o Reino de Deus?”. Novamente o Mestre responde (pois nada ele deixou em lacuna): “O Reino de Deus está dentro de vós”. Essa frase do Senhor equivale ao dito que lhe foi anterior: “Homem, conhece-te a ti mesmo”. É também correlata ao domínio próprio, à atividade subjetiva a que o Aspirante deve submeter-se para que, amando sabiamente, possa realmente servir aos semelhantes. Concomitantemente, pois, à prática do serviço amoroso e desinteressado, deve o Aspirante exercitar o serviço de introspecção, de análise de suas razões, de seus motivos, de seus impulsos, de seu temperamento, de suas tendências, a fim de que adquira eficácia e firmeza em seu modo de agir. Um médico não pode curar sem primeiramente submeter-se a longo preparo teórico e prático. Da mesma forma porque a lei é a mesma em qualquer atividade – deve o Aspirante Rosacruz exercitar-se longa, paciente, perseverante e cuidadosamente, para conquistar uma visão mais ampla e clara do objeto de seu amor: isso remete-o ao conhecimento próprio.

Portanto, a palavra-chave, para estes tempos prestes a findar-se, é: Serviço amoroso e desinteressado aos demais. Por meio dessa prática, tal como aconteceu nos dias de Noé, quando a humanidade desenvolveu pulmões para poder viver num ambiente em que predominava a adversidade, a luz solar e o oxigênio, pondo plenamente em prática uma aspiração com características materiais, assim também nós, a atual humanidade, deveremos formar uma réplica luminosa, etérica, de nosso Corpo Denso; uma forma bem mais sutil, mais perfeita, um “glorioso refúgio”, que será a “soma psuchicon” mencionado por São Paulo Apóstolo, o Corpo-Alma, o dourado manto nupcial da união do “eu inferior” com o “Eu Superior”, dentro do ser humano.

(De José Gonçalves Siqueira, publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro de 1968)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Páscoa: um dia, como Cristo em formação, seremos libertados da prisão do Corpo Denso e da Personalidade

A filosofia oculta ensina: o ser humano é realmente “feito à imagem e semelhança” (ESPIRITUAL) de Deus, sendo dotado, em potencial, de todos os Seus poderes. Assim, o espírito é tríplice, como Deus. Seu Espírito Divino corresponde ao atributo da Vontade, em Deus: seu Espírito de Vida corresponde ao aspecto Sabedoria, de Deus, e o seu Espírito Humano corresponde ao princípio da Atividade, no seu Criador. Isso demonstra que o princípio Crístico encontra-se no interior do ser humano e a sua contraparte é o Corpo Vital, ou etérico.

É o trabalho especial, por assim dizer, o programa de nossa época, permitir o desenvolvimento do nosso Cristo interno, a fim de que possa brilhar através das trevas de nosso mundo materialista e de nossos corpos inferiores, tecendo o Vestido Dourado de Bodas, o “soma psuchicon” mencionado por São Paulo.

O Espírito de Vida contém registros indeléveis de todas as faculdades, talentos e sabedoria alcançados pelo Tríplice Espírito nas vidas passadas. Esse registro, chamado hoje de “Memória Supraconsciente”, manifesta-se como consciência, caráter e, às vezes, como “orientador” compelindo-nos à ação vez por outra frontalmente contrária à nossa razão e desejos. Pode também, imprimir sua mensagem diretamente no Éter Refletor do Corpo Vital. Essa mensagem é levada pelo sangue até o coração, de onde é transmitida ao cérebro através do nervo pneumogástrico. O impulso é chamado de “intuição” e traz ao corpo humano, chamado por São Paulo de “veste da corrupção”, as frequências de alta vibração do Mundo do Espírito de Vida, instando a Personalidade a obedecer a Lei do Amor, que é o Caminho da Libertação.

Astrologicamente falando, o poder da intuição é governado pelo Planeta Urano, e pelo Signo Aquário.

Pessoas que têm esses aspectos fortemente marcados em seus horóscopos, são notavelmente intuitivas. Elas lutaram nas vidas passadas para cultivar um interesse e um amor impessoal, abrangendo não somente a família, a comunidade ou povo, mas sim TODOS OS SERES HUMANOS, sem diferença de casta, credo ou cor. É objetivo da humanidade ocidental ampliar, fortalecer, e intensificar o impulso da INTUIÇÃO, porque ela há de tomar o lugar da razão, como o tribunal mais elevado do ser humano. Isso ajudará, e muito, para se chegar a uma solução dos problemas que a humanidade enfrenta hoje, e que são o resultado da escravidão do ser humano às ordens de sua mente, impregnada de desejos egoístas e inferiores.

Para esquematizar o método próprio para o desenvolvimento da faculdade da intuição, o Aspirante deve conhecer, em primeiro lugar, o funcionamento do Corpo Vital, — a contraparte do Espírito da Vida.

É composto de quatro Éteres, e interpenetra os átomos do corpo físico. Os dois Éteres inferiores – Químico e de Vida – são o canal das forças responsáveis pela assimilação, crescimento e propagação. Os dois Éteres superiores, — o Luminoso e o Refletor — são formados novamente em cada vida, e sua qualidade depende da natureza e quantidade de serviço que o indivíduo prestou aos seus semelhantes. Purificamos os nossos Corpos de Desejos através da oração, pureza de pensamentos, e concentração, sensibilizando ao mesmo tempo o Corpo Vital, enquanto que amando e servindo aos nossos semelhantes, tecemos o Dourado Manto Nupcial formado pelos dois Éteres superiores — o elo entre o Espírito de Vida (morada do Cristo) e o coração. Há uma correlação entre esses fatores: quanto maior e mais luminoso o Dourado Manto Nupcial, mais forte é a faculdade da intuição. Funcionamos nesse veículo luminoso quando o nosso corpo físico repousa adormecido e saímos do corpo, consciente ou inconscientemente. É através desse mesmo veículo que o ser humano é “ressuscitado” e pode “ascender” aos mundos superiores após a “morte”. Assim, despertamos a voz interna, formando esse veículo resplandecente do qual São Paulo falava e atingimos a libertação, no mais profundo sentido da palavra.

É de particular importância para quem deseja desenvolver a faculdade da intuição notar no “Pai Nosso” — que é uma fórmula algébrica para a elevação e purificação de todos os veículos do ser humano — a petição do Espírito da Vida, para a sua contraparte, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores”. Essa oração ensina a doutrina da remissão dos pecados nas palavras “perdoai as nossas dívidas” e a doutrina da Lei de Consequência nas palavras “como nós perdoamos”, fazendo de NOSSA ATITUDE PARA COM OS OUTROS a medida de nossa emancipação. É óbvio, dessa maneira, que o Estudante desejoso de obter a intuição ensejada pelo Espírito de Vida (Cristo) deverá e com bastante assiduidade cultivar uma atitude de PERDÃO!

Num futuro remoto, quando a humanidade, como um todo, tenha desenvolvido suficientemente seus poderes coletivos mediante um RETO VIVER COLETIVO, o Cristo estará finalmente livre, podendo retirar-se definitivamente do Planeta.

Da mesma forma, quando um indivíduo desenvolver os seus atributos divinos suficientemente poderá sair de seus veículos físicos, de sua “prisão” e estará apto a executar maiores trabalhos nos Mundos invisíveis, vestido como já vimos do seu luminoso veículo etérico.

A Páscoa é assim: não somente o tempo da Libertação do nosso Espírito Planetário o Cristo, um sacrifício que deveria evocar em nós o máximo de gratidão e confiança.

É também a magna segurança para as nossas almas de que algum dia cada ser humano, como Cristo em formação, será libertado da prisão do Corpo Denso e da Personalidade.

O Espírito Interno, que é o “Homem Real”, aprende vida após vida, em ciclos sem número, a viver de acordo com as Leis de Deus, transcendendo finalmente a ilusão dos sentidos, e se libertando, no mais profundo sentido da palavra, da ignorância, do sofrimento e da morte, e entrando num outro estado de consciência, glorificado, iluminado e cheio de paz.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975-Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Gostaria de saber o que determina a época da Páscoa a cada ano. E qual é a relação entre a Ressurreição de Cristo na Páscoa e a ressurreição de Hiram Abiff no ritual Maçônico?

Pergunta: Sou um Maçom, e gostaria de saber o que determina a época da Páscoa a cada ano. E qual é a relação entre a ressurreição de Cristo na Páscoa e a ressurreição de Hiram Abiff no ritual Maçônico?

Resposta: Segundo a lenda maçônica, no princípio Jeová criou Eva, e o Espírito Lucífero, Samael, uniu-se a ela, e dessa união nasceu Caim. Mais tarde, Samael deixou Eva, que se tornou virtualmente uma viúva. Caim era assim o filho de uma viúva, e dele descenderam todos os artífices do mundo, incluindo Hiram Abiff, o grande mestre-artesão do Templo de Salomão, que é, por essa razão, também chamado de “filho de uma viúva”, da mesma forma que o são todos os Franco-Maçons até hoje. Depois de Samael ter abandonado Eva, Jeová criou Adão, o qual se uniu a Eva, gerando assim Abel.

Portanto, Caim era semidivino, inspirado pelo seu próprio gênio criador inerente, que se manifesta através de seus filhos, até hoje, na política e em todas as invenções industriais que fazem o mundo civilizado, enquanto Abel foi o filho de dois seres humanos. Ele não sabia criar, mas apenas cuidava docilmente do rebanho já criado para ele pelo autor de seu ser, Jeová.

Jeová menosprezou o sacrifício de Caim, que havia feito crescer duas folhas de grama onde antes só havia uma. Ele preferia um autômato dócil como Abel, que obedecia implicitamente a Suas ordens, sendo indiferente ao pensador original como era Caim. Criou-se assim uma inimizade entre Caim e Abel, que resultou no assassinato desse último. Seth nasceu em seguida, e dele descendem todos os que seguem cegamente os ditames do seu criador, e que são conhecidos como a classe sacerdotal e seus seguidores. Entre eles estava o Rei Salomão.

Jeová mostrou-lhe o projeto de seu Templo, mas Salomão revelou-se incapaz de executá-lo, portanto, foi forçado a contratar Hiram Abiff, um hábil artífice, um filho de Caim, por conseguinte, o filho de uma viúva.

Maçons místicos de um grau elevado reconhecem que, do ponto de vista cósmico, Hiram Abiff é simbolizado pelo Sol. Enquanto o Sol (Hiram) encontra-se nos Signos setentrionais de Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem, ele está entre amigos e seguidores fiéis, mas, quando no decorrer do ano, ele entra nos Signos meridionais de Libra, Escorpião e Sagitário, ele é atacado pelos três conspiradores tal como registra a lenda maçônica, e finalmente morto no Solstício de Dezembro para ressurgir novamente à medida que ascende em direção ao Equador, que ele cruza no Equinócio de Março. A lenda maçônica relata que a Rainha de Sabá viajou, vindo de muito longe, para ver o sábio Salomão de quem ela ouvira falar tanto. Foi-lhe mostrado, também, o magnífico templo, e ela quis conhecer o hábil artífice, o mestre-artesão e seus operários que haviam realizado tal maravilha.

Contudo, sempre houve inimizade entre os filhos de Caim e os filhos de Seth. Mesmo quando cooperavam juntos, jamais confiavam uns nos outros, e Salomão temia que a sua bela noiva se apaixonasse por Hiram Abiff. Por essa razão, ele mesmo empenhou-se em convocar os operários, mas nenhum deles respondeu à chamada. Eles “conheciam a voz do seu pastor”, Hiram Abiff (o Sol em Áries, o Signo do Cordeiro). Eles foram treinados a obedecer ao seu chamado e não atenderiam a nenhuma outra voz. Salomão viu-se finalmente forçado a mandar buscar Hiram Abiff e pediu-lhe para chamar seus artesãos, e quando ele ergueu o seu martelo (Áries, que é o Signo da autoridade e da Exaltação), eles acorreram em massa, cada qual mais ansioso em cumprir as suas ordens.

Em março, o Sol (Hiram) entra em Áries, o Signo de sua Exaltação. Esse Signo tem a forma do martelo que Hiram ergueu, e todos os trabalhadores do templo (o universo) acorrem para cumprir suas ordens e realizar o seu trabalho quando ele ascende ao trono de sua dignidade e autoridade nos céus setentrionais. Ele é seu pastor porque no Equinócio de Março ele entra em Áries, o Signo do carneiro ou cordeiro. Eles obedecem-no e essas forças da natureza não aceitam ordens de ninguém a não ser do Sol em Áries, o Sol Oriental.

Essa é a interpretação cósmica, mas, de acordo com a Lei de Analogia, Hiram, o filho de Caim, deve também ser elevado a um grau superior de Iniciação. Somente o Espírito Solar, prestes a elevar-se ao firmamento, poderia realizar esse feito. Por isso, Hiram renasceu como Lázaro e foi elevado pela enérgica pata do Leão. Ele havia liderado os artífices durante o regime de Jeová e de Seu pupilo Salomão. Através dessa Iniciação, ele foi elevado com a finalidade de tornar-se um líder no Reino de Cristo, para que ele ajudasse as mesmas pessoas a penetrar numa fase mais elevada de sua evolução. Ele tornou-se, então, um Cristão encarregado de explicar os mistérios da Cruz e, como um símbolo desse mistério, a Rosa foi acrescentada, e essa missão foi incorporada em seu nome simbólico, Christian Rosenkreuz.

A rosa é considerada, em geral, o emblema do mistério, mas a maioria das pessoas não sabe que o acréscimo da rosa à cruz foi a origem desse significado simbólico.

A rosa é o emblema do mistério da cruz porque explica o caminho da castidade, a transmutação do sangue passional em amor. Portanto, Lázaro tornou-se Cristão Rosa Cruz (Christian Rose Cross), e os Rosacruzes são os mensageiros especiais de Cristo para os filhos de Caim, como Jesus o é para os filhos de Abel.

Os fariseus sabiam muito a respeito da origem oculta dessas duas classes da humanidade, portanto, o milagre de Lázaro foi para eles o maior crime de Cristo. Eles ficaram seriamente alarmados pela perspectiva de que sua religião nacional pudesse ser suplantada por outra se quaisquer outros milagres fossem realizados, pois perceberam que era uma Iniciação de uma natureza mais elevada daquela que conheciam, e que indicava a entrada em um ciclo superior. Antes de Cristo, todas as religiões foram raciais, adequadas ao povo a quem tinham sido dadas e convenientes apenas para esse povo. Todas essas religiões foram religiões de Jeová. Da mesma forma que o Pai foi o mais alto Iniciado do Período de Saturno, também Cristo, o filho, foi o mais alto Iniciado do Período Solar, e Jeová, o Espírito Santo, foi o mais alto Iniciado do Período Lunar. De Jeová provieram todas as religiões de raça, que procuravam preparar o gênero humano no caminho da evolução por meio da lei. Essas religiões de raça devem ser suplantadas pela religião universal do Espírito Solar, Cristo, que unirá todos os seres humanos numa única fraternidade. A mudança de uma religião para outra e o fato de que a religião do Deus Lunar Jeová devia preceder a religião do Espírito Solar, Cristo, é simbolizada pela maneira em que a Páscoa é determinada.

A regra atualmente em uso para determinar a época da Páscoa é que ela se realize no primeiro Domingo seguinte à Lua Cheia Pascal. Essa era a época original adotada pelos primeiros Cristãos que tinham conhecimento e consideração de seu significado oculto, mas logo pessoas ignorantes começaram a ter cismas e fixaram-na em épocas diferentes. Isso ocasionou bastante controvérsia. No segundo século surgiu uma disputa a respeito desse ponto entre as Igrejas Oriental e Ocidental. Os Cristãos Orientais celebravam a Páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês Judeu ou Lunar, considerando-a equivalente à Páscoa Judaica. Os Cristãos Ocidentais celebraram-na no Domingo seguinte ao décimo quarto dia, sustentando que era a comemoração da ressurreição de Jesus. O Concílio de Niceia, em 325 D.C., decidiu a favor do costume ocidental, condenando a prática oriental como heresia.

Isso, contudo, somente estabeleceu que a Páscoa deveria ser comemorada não em um dia determinado do mês ou da Lua, mas num Domingo. O ciclo astronômico correto para calcular a ocorrência da Lua Oriental não havia sido ainda determinado, mas eles finalmente concordaram com o antigo método de fixar a festa baseada na Lua, assim, o costume original antigo foi finalmente restabelecido.

Deste modo, a Páscoa é hoje comemorada no mesmo dia requerido pela tradição oculta para simbolizar apropriadamente o significado cósmico desse acontecimento e, sob esse aspecto, tanto o Sol como a Lua são fatores necessários, já que a Páscoa não é exclusivamente uma festa solar. O Sol não só deve ultrapassar o Equador, como o faz a 21 de março, mas deve também ultrapassar a Lua Cheia após o Equinócio de Março (Hemisfério Norte). Então, o domingo seguinte é a Páscoa, o diz da Ressurreição. A luz do Sol primaveril deve ser refletida por uma Lua Cheia antes que amanheça o dia na Terra, e há, como já foi dito, um significado profundo atrás desse método de determinar a Páscoa, isto é, que a humanidade não estava suficientemente evoluída para seguir a religião do Sol, a religião Cristã da fraternidade universal, até que estivesse inteiramente preparada por meio das religiões da Lua que segregaram e separaram a humanidade em grupos, nações e raças. Isso é simbolizado pelo retardamento da elevação anual do Espírito Solar por ocasião da Páscoa, até que a Lua Jeovística tenha projetado de volta e refletido plenamente a luz do Sol Pascal.

Todos os fundadores de religiões raciais, Hermes, Buda, Moisés, etc., foram iniciados nos mistérios Jeovísticos. Eles eram filhos de Seth. Quando de sua Iniciação, eles ficaram imbuídos pelo seu Espírito de Raça particular, e esse Espírito, falando através da boca de tal iniciado, ditava as leis ao seu povo, como, por exemplo, o Decálogo de Moisés, as leis de Manu, as nobres verdades de Buda, etc. Essas leis declaravam a existência do pecado, porque os povos não observavam as leis nesse estágio da evolução. Em consequência, eles incorreram numa certa dívida de destino. O Iniciado humano, fundador da religião, devia assumir esse destino, portanto, devia renascer repetidas vezes a fim de ajudar seu povo.

Assim, Buda nasceu como Shankaracharya e teve vários outros renascimentos. Moisés renasceu como Elias e João, o Batista, mas Cristo não teve necessidade de nascer antes.

Ele o fez de sua própria e livre vontade para ajudar a humanidade, revogar a lei portadora do pecado, e emancipar a humanidade da lei do pecado e da morte.

As Religiões de Raça do Deus lunar, Jeová, transmitiram a vontade de Deus à humanidade de uma forma indireta, através de videntes e profetas que eram apenas instrumentos imperfeitos, como os raios lunares que simplesmente refletem a luz do Sol.

A missão dessas religiões consistia em preparar a humanidade para a religião universal do Espírito Solar, Cristo, que se manifestou entre nós sem intermediários, como a luz que nos chega direto do Sol, e “nós contemplamos a Sua glória como o único gerado do Pai”, quando Ele pregou o evangelho do Amor. A Religião Cristã não dita leis, mas prega o amor como sendo o cumprimento da lei. Portanto, nenhuma dívida de destino é gerada sob ela, e Cristo, que não teve necessidade de nascer antes, não renascerá sob a Lei de Consequência como tiveram que fazê-lo os fundadores das religiões raciais lunares, que devem, de tempos em tempos, carregar o fardo dos pecados de seus seguidores. Quando Ele aparecer, será em um corpo composto de dois Éteres superiores: o Luminoso e o Refletor, o Dourado Manto Nupcial chamado soma psuchicon ou Corpo-Alma por São Paulo, que é muito enfático em sua asserção de que “a carne e o sangue não poderão herdar o Reino de Deus”. Ele afirma que nós mudaremos, tornando-nos iguais a Cristo, e visto não podermos entrar no reino com um corpo carnal, seria absurdo supor que o Rei da Glória use semelhante traje grosseiro e incômodo.

O sacerdócio de onde Jeová retirou Seus representantes, os profetas e os fundadores das religiões e os construtores do templo espiritual, é constituído pelos Filhos de Seth. Os Filhos de Caim sentem ainda em seu íntimo a natureza divina de seu ancestral. Eles repudiam o método indireto de salvação pela fé pregada pela Igreja, e insistem em encontrar por si mesmos a luz da sabedoria através dos métodos diretos de trabalho, aperfeiçoando-se nas artes e nos ofícios, construindo o templo da civilização material por meio da indústria e da política de acordo com o plano de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, sendo Cristo “a Pedra Angular Principal” e cada Maçom místico uma “pedra viva”.

No entanto, no seu devido tempo, essas duas grandes correntes, os Filhos de Seth e os filhos de Caim, unir-se-ão a fim de atingir os portais do Reino de Cristo. Antes de Sua época não havia um meio para que tal amalgamação ocorresse; mas quando Cristo, o grande Espírito Solar, chegou, Salomão renasceu como Jesus, em cujos veículos inferiores penetrou o Espírito por ocasião do Batismo; e Hiram Abiff renasceu como Lázaro. Quando Lázaro foi levantado pela enérgica garra do Leão de Judá, Hiram e Salomão, os antigos rivais, esqueceram suas diferenças impelidos pelo Espírito de Cristo, e ambos trabalham atualmente para o estabelecimento do Reino de Cristo.

Foi isso que os Fariseus, de certo modo, perceberam ou presumiram, o que originou seus temores de que esse Jesus iniciasse muitas pessoas subvertendo-as da religião racial a que eles (os Fariseus) pertenciam.

(Pergunta nº 142 do Livro “Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II”, de Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Dez Mandamentos – Por um Estudante

Os Dez Mandamentos são indicações conducentes à consciência crística.

O povo judeu esperava o Messias e não o reconheceram em Cristo; ainda o esperam e nisto mostram sua carência e desamparo.

Os Cristãos populares aceitam que o Cristo veio e cumpriu Seu Plano Salvador num ministério de três anos entre nós.

Depois nos deixou como paráclito, como consolador, o Espírito Santo, que nos preparará para a segunda Vinda, “nas nuvens”.

Como não entendem o sentido profundo destas afirmações, revelam também sua carência.

A realização cristã é interna, pessoal, intransferível. Enquanto encararmos a Bíblia (particularmente o Novo Testamento) como algo externo, estaremos protelando nossa realização.

1. Para fazer download ou imprimir:

Por um Estudante – Os Dez Mandamentos

2. Para estudar no próprio site:

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz do Centro de São José dos Campos – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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ÍNDICE

 

APRESENTAÇÃO.. 4

INTRODUÇÃO.. 5

O Decálogo. 11

Primeiro Mandamento. 12

Segundo Mandamento. 19

Terceiro Mandamento. 25

Quarto Mandamento. 27

Quinto Mandamento. 29

Sexto Mandamento. 31

Sétimo Mandamento. 36

Oitavo Mandamento. 39

Nono Mandamento. 42

Décimo Mandamento. 44

Conclusão. 45

 

APRESENTAÇÃO

 

Os iluminados que escreveram a Bíblia, sob orientação superior, não tiveram a intenção de oferecer a verdade de uma vez e para sempre. Não que a desejassem ocultar. Se assim fosse não a teriam escrito. Mas, sabendo que ela deveria atender, ao mesmo tempo, a vários níveis de consciência, através de milênios usaram propositadamente “palavras” e “expressões-chave” que podem ser interpretadas de vários ângulos, segundo o preparo interno do Aspirante.

Se em Direito devemos distinguir a letra da lei, do espírito da lei, por mais profundas razões quando se trata da Lei superior, pelos graus de mistérios que encerra nas entrelinhas.

A Fraternidade Rosacruz – uma Escola de Cristianismo Esotérico – apresenta esta contribuição na esperança de que ela suscite a fiel observância da Lei – único meio de antecipar o usufruto da Graça do Cristo, reservada a todos.

 

INTRODUÇÃO

Os Dez Mandamentos são indicações conducentes à consciência crística.

O povo judeu esperava o Messias e não o reconheceram em Cristo; ainda o esperam e nisto mostram sua carência e desamparo.

Os Cristãos populares aceitam que o Cristo veio e cumpriu Seu Plano Salvador num ministério de três anos entre nós. Depois nos deixou como paráclito, como consolador, o Espírito Santo, que nos preparará para a segunda Vinda, “nas nuvens”. Como não entendem o sentido profundo destas afirmações, revelam também sua carência.

A realização cristã é interna, pessoal, intransferível. Enquanto encararmos a Bíblia (particularmente o Novo Testamento) como algo externo, estaremos protelando nossa realização. São Paulo foi bem claro: “Deveis inscrever as Leis na tábua de carne de vosso Coração”. É um convite para que cada ser humano seja uma lei em si mesmo.

Cristo não veio revogar a Lei e os profetas, senão complementá-los com a nova lei do Amor (ou da Graça), que Ele exprimiu em Mt 22:37-40: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu Coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. E em Jo 1:17, lemos: “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”.

João Batista veio como precursor, pregar a metanoia (mal traduzida por “arrependimento dos pecados”). Metanoia significa transcender o intelecto, ou melhor ir além da Mente concreta e vivenciar a Mente Abstrata. Por quê? A Mente Concreta está comprometida, desde que se uniu ao Corpo de Desejos, em meados da Época Atlante, formando uma espécie de “alma animal”, que nos dá a ilusão de vivermos separados e à parte do Espírito. Embora não possamos viver sem Ele, esta ligação com a natureza de desejos nos concentra na persona e desvirtua os intentos do Cristo interno.

A Mente Abstrata é a fonte da ideia pura do Espírito Humano; e o plano em que funciona o paráclito, o consolador prometido. Devemos aprender a funcionar plenamente nesse plano mental abstrato – o mais elevado de nosso atual campo evolutivo – antes de podermos reencontrar o Cristo Interno – que funciona no Espírito de Vida, além da Mente Abstrata. Lembremos que o Cristo disse: “para onde vou não podeis seguir-me agora, seguir-me-eis depois” (Jo 13:36).

A maioria da humanidade é incapaz de abstrair-se porque não formou a Mente Abstrata. A Filosofia Rosacruz indica aos Estudantes, como eficazes meios: a meditação em assuntos elevados, a música pura, a matemática, a astrologia espiritual, Esquema, Caminho e Obra da Evolução no desenvolvimento da Mente Abstrata, impessoal e verdadeira, que nos põe acima dos condicionamentos da personalidade. Nela podemos compreender e viver a lei espiritual. Dela podemos acompanhar as manhãs da natureza inferior, aprendendo a ser mais alertas, compreensivos, prudentes e não resistentes conosco mesmos, no trabalho de uma inteligente transfiguração. Só então, podemos “inscrever a Lei na tábua de carne de nosso Coração”, ou seja, praticá-la espontaneamente, através do serviço amoroso altruísta, que por si constitui a síntese ensinada por Cristo.

Até lá estaremos sob o efeito doloroso da Lei e não podemos nos considerar autênticos Cristãos, pois ainda não vivemos estes princípios. O sofrimento e as limitações do mundo aí estão a testemunhar eloquentemente que ainda não aprendemos a viver em harmonia com as Leis do Universo. Há muita gente que se denomina cristã. Mas não se trata de uma aceitação superficial. Gandhi aceitava e reverenciava o Cristo dos Evangelhos, mas recusava o Cristo ensinado pelas Igrejas. São bem distintos. Sabemos que mal estamos engatinhando no Cristianismo, cuja expressão mais pura e formosa nos virá na Época de Aquário, a iniciar-se daqui uns 600 anos. A Fraternidade Rosacruz promulga esse Cristianismo Esotérico as almas atualmente preparadas. Ele nos leva a busca e consciente encontro do Cristo interno, através do “Corpo-Alma” (que São Paulo chamou “soma psuchicon” numa de suas Epístolas). Este novo veículo de expressão é a chave de entrada na “Nova Época” evolutiva que nos espera e se forma por um método definido de espiritualização da criatura. Constitui-se dos dois Éteres Superiores[1], quando estes estejam devidamente desenvolvidos e possam desligar-se dos dois Éteres inferiores, para cumprir sua função sensorial nos voos da alma.

Até agora estivemos peregrinando no deserto evolutivo (aridez interna da condição humana comum, carente), armando e desarmando as tendas de nossos corpos (renascimentos) nesta escalada pela imensa “escada de Jacó”, numa abertura gradual de consciência, como bem exprimiu São Paulo: “Morro todos os dias; Despojai-vos do velho ser com seus vícios e revesti-vos do novo ser, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem d’Aquele que vos criou; Em Cristo só há virtude o que importa é ser uma nova criatura” (ICo 15:31; Col 3:10; Gl 6:15).

Cristo não veio, como se supõe, para salvar a humanidade. Ele purificou nosso Globo conspurcado pelas transgressões humanas, possibilitando-nos material mais elevado, mental, emocional e físico, que assegure a evolução nos renascimentos. Deste modo indireto é que Ele nos ajudou; além do impulso altruístico que Ele comunica aos que Lhe estejam afins nos períodos do Natal à Páscoa. A rigor, a tarefa de cristificação é individual e interna.

Há uma razão profunda para que a Bíblia enfeixe o Velho e o Novo Testamento: sem superarmos conscientemente a velha dispensação, não podemos atuar dinamicamente na nova.

Max Heindel descreve os passos da evolução religiosa, através da qual se foi aprimorando nossa concepção de Deus e descortinando-se nosso entendimento da verdade universal.

Primeiramente concebemos um Deus terrível, vingativo, cruel, ciumento, cuja ira aplacava com sacrifícios sangrentos. Só tal Deidade imporia respeito à incipiente humanidade. Depois nosso conceito de Deus se ampliou um pouco e concebeu-se o Deus dos Exércitos que impunha derrotas e propiciava vitórias sobre o inimigo; que punia, arrasando rebanhos e plantações e premiava, multiplicando-os. Daí que se Lhe oferecessem sacrifícios no templo, com objetivos egoístas. Era o Deus de Israel. Mais tarde veio o Deus dos católicos populares, que primeira vez promete um céu após a morte, aos bons, mas continua ameaçando com castigos na terra e tormentos no inferno, os transgressores. Agora já estamos concebendo um Deus que se manifesta por Leis justas, não interferindo diretamente no livre arbítrio humano; o ser humano, por seus atos, é que suscita consequências boas ou más, em virtude da ação das Leis Divinas. Vamos tomando consciência de nossa natureza e da natureza de Deus, agindo por dever, até que possamos fazê-lo espontaneamente, por Amor.

Esses passos da evolução religiosa estão descritos simbolicamente na Bíblia e correspondem à história humana até nossos dias:

  1. Perdemos a condição inocente e protetora do Paraíso. Fomos embrutecendo pelo materialismo até que perdemos a consciência interna e sentíamos saudades de Deus, um vácuo indefinível, uma falta daquela antiga ligação com as Hierarquias. O íntimo nos acusava de faltas. As condições evolutivas eram mui adversas e a consciência mui obscura.
  2. Passamos ao jugo do Faraó do Egito (escravos de nossa personalidade egoísta e viciosa). Sofríamos as limitações de uma vida material duríssima (quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, transitava pelo Signo Zodiacal de Touro). Só mesmo o caráter e resistência passiva de Touro (boi Ápis) nos possibilitava suportar as vicissitudes dessa época de violência e egoísmo.
  3. Aí fomos libertados por Moisés e passamos a peregrinar no deserto, durante os simbólicos quarenta anos (período indeterminado de tempo) rumo a Terra Prometida de leite e mel. Moisés e o impulso evolutivo que nos leva a algo mais. No deserto, muitas vezes nos sentíamos inclinados a retornar ao passado, que se nos afigurava mais seguro do que a livre aventura de um porvir incerto fundia com o ouro de nossas possibilidades internas o bezerro de ouro já ultrapassado. Mas o irresistível impulso interno (Moisés) nos renascia, mostrando-nos que a nova dispensação de Áries (o Cordeiro) nos esperava. E contava como a vara de Arão transformada em serpente (sabedoria de Áries) havia devorado as serpentes dos sábios do Faraó (dispensação de Touro), revelando, assim, sua superioridade. Com muita dificuldade chegamos à Terra Prometida e, fato expressivo, Moisés não pode entrar nela com seu povo, porque atribuiu a si os méritos de seus prodígios e liderança, em vez de atribui-los ao Divino; condescendendo com a personalidade, foi castigado. É um bom símbolo: a Lei que Moisés havia recebido na Montanha para orientação de seu povo, não pode por si mesma, levar à realização É preciso ser complementada pelo Amor. Sua missão terminava ali. Assim com nosso desenvolvimento interno a Mente, sozinha, inclina a vaidade, à pretensão, à ambição. Mas unida ao Coração, gera a Sabedoria.
  4. Entramos na Terra Prometida e, com o Advento da Dispensação de Pisciana chegou o Cristianismo, cujo precursor – João Batista (reencarnação do mesmo espírito que havia animado Moisés e Elias) veio pregar a metanoia (já mencionada atrás), de modo a alcançarmos a verdade interna (Mente Abstrata) e compreensivamente corrigirmos a intenção causal, para que nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atos sejam conforme a Lei. E, quanto aos hábitos, “com paciência ganharemos nossas almas”, compreendendo os vícios gravados e persistindo no Bem, a pouco e pouco as trevas da noite ir-se-ão dissipando, para que surja a alva. Por enquanto estamos sofrendo as justas e automáticas reações da Lei. Mas, na medida de nossa espiritualização, a Lei se vai convertendo em colaboradora nossa, como bem observou Max Heindel: “antes era o Espírito Santo como Lei corretiva, um Deus terrível e implacável; no futuro o Consolador prometido, que revela as bênçãos dos céus aqueles que vivem em harmonia com o Universo”.

É importante, pois, conhecermos a Lei conducente à Graça. Se a conhecemos bem e a vivemos, ela nos será o Paráclito. Lembremos que o moço rico (internamente prendado) foi interrogado por Cristo se cumpria a Lei. Ele disse que sim, mas em realidade só a cumpria no aspecto literal, como veremos pelo sentido esotérico do Decálogo. Se a compreendemos e vivemos realmente, estaremos aptos a nos consagrarmos com segurança ao “serviço amoroso e altruísta”, sem os vícios de seu mau entendimento.

 

O Decálogo

Eis o Decálogo dado a Moisés na “montanha”:

  1. Não terás outros deuses diante de mim;
  2. Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que tenho criado. Não te encurvarás a elas nem as servirás;
  3. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
  4. Lembra-te do dia do sábado e santifica-o, porque é o dia do Senhor teu Deus;
  5. Honra teu pai e tua mãe para que se prolonguem os dias na terra que o Senhor teu Deus te deu;
  6. Não matarás;
  7. Não adulterarás;
  8. Não furtarás;
  9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo; e
  10. Não cobiçarás coisa alguma de teu próximo: nem a casa, nem a mulher, nem o servo ou a serva, nem o boi ou

Este decálogo figura em Ex 20:3-17.

 

Primeiro Mandamento

 “Não terás outros deuses diante de mim”

Notem que a Lei, como as normas dos seres humanos, em sua maioria se constituem de proibições. Por quê? Porque a Lei é uma súmula do que devemos observar obrigatoriamente. O resto fica por conta do livre arbítrio de cada indivíduo e seu modo de ser.

O primeiro mandamento é básico. Deixa subentender a onipresença de Deus. De fato, Ele está infuso em toda a Sua Criação e além dela, no misterioso Caos. Manifesta-se de forma diferente, conforme o grau de consciência do reino ou do indivíduo em evolução.

Quanto a nós, a Bíblia é claríssima: “Não sabeis que sois o santuário de Deus que em vós habita?” (ICor 3:16). “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:21).

Apesar destas e outras afirmações da Bíblia, a humanidade o tem buscado fora de si, num céu distante e inacessível, à semelhança de “Sir Launfal” em busca do Graal. Se o tivesse buscado no único lugar em que pode e deve ser encontrado, por certo já o teria realizado nestes vinte séculos. Mas a evolução é lenta mesmo. Estamos num progressivo acordar e ressuscitar para a realidade de nós mesmos e de Deus: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti” (Ef 5:14).

Eis a mensagem do primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim”; nem riquezas, nem poder, nem amor, nem fama. Ninguém pode servir a dois senhores: ou servimos a Deus ou a Mamom – o deus da cobiça. E isto não quer significar que devemos ser materialmente pobres; que recusemos cargos influentes; que fujamos da fama; que nos afastemos do amor. Busquemos o sentido na intenção, no íntimo estarmos desapegados; exercermos a administração dos talentos que Deus nos põe à disposição, como meios evolutivos que não nos pertencem, mas que devemos gerenciar zelosamente. A pobreza material não é virtude; antes, na maior parte das vezes é sinal de omissão, irresponsabilidade ou má fé em vidas anteriores. Virtude é ter e não possuir; é trabalhar como um ambicioso e manter-se desapegado dos frutos, não obstante administrar o melhor possível para o Senhor, a quem tudo atribui.

A ausência de poder ou de fama pode ser sinônimo de egoísmo, de comodismo, de restrição de destino, etc., no exercício do poder e da fama em vidas anteriores.

A carência de amor é quase sempre uma resposta do desamor.

Mas é feliz quem vê em tudo o provimento de Deus no atendimento perfeito à necessidade interna e coletiva: E, sabendo que nada nos pertence, buscar devolver os bens acrescidos de nossa administração, à Fonte que os jorrou. Tal é o sentido da evolução na Terra. De fato, não há mal em nada, mas no mau uso que fazemos de tudo.

Max Heindel diz que os Probacionistas são os que “tomaram consigo mesmos uma obrigação definida, pela qual o eu pessoal (personalidade) compromete-se a amar, honrar e obedecer ao EU verdadeiro e Superior, dedicando-se a uma vida de serviço, como meio de se aproximarem do véu e atingirem a realização consciente do Deus interior”.

Notem que esse compromisso refere diretamente ao primeiro mandamento: “não terás outros deuses (personalidade) além do Eu verdadeiro e Superior o mesmo que foi dito em Mt 6:33: “Busca em primeiro lugar o Reino de Deus (que está dentro de ti) e teu ajustamento a Ele, a Ele, pois tudo o mais te virá por acréscimo”. Buscar o Reino interno e o conhecer a si mesmo; ajustar-se a Ele é o compromisso de viver segundo as Leis do Ser (reto pensar, reto sentir e reto agir) – o correto modo de amar, honrar e obedecer ao Eu verdadeiro e Superior, manifestado pelo mesmo amar, honrar e obedecer ao divino de cada irmão, cujos defeitos devemos esquecer, lhe buscando a Divina Essência – pois isto constitui a verdadeira fraternidade.

A personalidade está atualmente ativa, comandando nossa vida de forma egoísta e contraditória. Deve tornar-se passiva, serva fiel do Espírito. Para chegarmos a esse ponto e mister exercitar paciente e perseverantemente a observação de si; praticarmos o discernimento; aprendermos a não nos identificarmos com as manobras sutis da natureza inferior em seus constantes esforços de justificação. Sobretudo, a prática da meditação ficando como testemunhas da atividade interior. Ainda não sabemos silenciar. Podemos estar calados e, ao mesmo tempo, numa intensa atividade interior. Silenciar é aquietar internamente para que “a pequenina e silenciosa voz” se faça ouvir e nos intua. É a promessa do Salmo 91: “Aquele que habita o esconderijo secreto (interno) do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”. É o convite do Salmo 46:10: “Aquieta-te e sabe: eu sou Deus”.

Atentemos à exortação do primeiro mandamento e busquemos a única fonte de nosso bem: o EU SOU em nós.

O método Rosacruz procura desenvolver, desde o princípio, no Aspirante, a confiança em si (no Eu superior); o domínio próprio (pela não identificação com a natureza inferior); o esclarecimento a respeito de sua própria natureza intrínseca e de Deus que o criou; para que cada um se torne um pilar no templo universal de Deus e se coloque em condições de servir de forma esclarecida, amorosa e altruísta o seu próximo, ajudando-o a atingir as mesmas desejáveis condições.

Somos o Melquisedeque, sem genealogia, a quem a personalidade (Abraão) deve render seu tributo e despojos a luta diária para que se cumpra mais rapidamente nossa realização evolutiva. Esta soberania do Eu verdadeiro e superior se exerce pela união da Mente e do Coração, que geram a Sabedoria. E se não nos devemos submeter aos desmandos da natureza inferior, igualmente não devemos ensejar qualquer domínio externo pela mediunidade, hipnose ou outra qualquer forma de alienação, pois seria contrário ao primeiro mandamento.

A personalidade não ama. Ela se caracteriza pela busca de retribuição: ama para ser amada; ama quando é amada. Não compreende que o amor é a própria recompensa; o dar gera o receber, mas não depende do receber para viver no amor, porque é Deus quem ama através de nós. Buscar a retribuição do amor é um reclamo da personalidade por aquilo que lhe não pertence. À medida que nos fundimos ao Eu superior vamos desenvolvendo um autêntico sentido de fraternidade, porque Ele é amor e quem vive em amor vive n’Ele e Ele nos leva a perceber e Amar o Divino em cada semelhante.

A verdadeira liberdade pressupõe a vivência no Espírito. Enquanto não alcançamos essa liberdade, ficamos condicionados pela falsa segurança que nos leva ao apoio nas coisas externas. Ora, ter outros deuses significa também acreditarmos nos falsos valores e deixar que eles nos possuam, em vez de os possuirmos.

Se usarmos todos os valores externos e internos como meios evolutivos provisórios, a serviço do Eu superior; tornamos impossível qualquer interferência negativa em nossa harmonia básica ou no justo usufruto de uma vida plena, harmoniosa, aqui e agora mesma.

Isto requer preparo interno, através de método adequado. A raiz de todo o mal está na identificação com a personalidade; está no ignorante modo de conduzir nossas faculdades. A chave da libertação está no conhecimento de si e no retorno da Presença e do Poder internos, esse espírito da verdade que o Cristo nos prometeu.

Não há, pois, nenhuma outra presença ou poder além da Consciência Universal que se expressa individualmente como uma consciência individual. Cada um de nós existe como um Infinito dentro de outros Infinitos.  Funcionamos como Consciência Espiritual individualizada. Não somos o corpo, nem as emoções, nem os hábitos, nem a Mente. Somos o criador e dono deles. Por isso dizemos: meu corpo, minhas emoções, meus hábitos, minha Mente. A posse não pode ser maior que o possuidor.

A posse não pode dominar o possuidor. Eis o significado do primeiro mandamento: há somente um poder. Temer o que? “Se Deus é por mim, quem é contra mim”? Odiar por quê? Quem odeia é a personalidade e não o Eu divino, que é amor. Quem ama ao Divino ama também a seu irmão. Temer, odiar, é negação do único poder. Se aprofundarmos este sentido pela meditação, veremos que o bem e o mal existem apenas no campo da personalidade, como um nível provisório de consciência, que pode e deve ser transcendido. Aí chegaremos a um ponto em que não haverá um bem superando o mal – porque simplesmente existe um único Poder. O que parece mal e um esforço do Bem para devolver a harmonia. Portanto, é um convite de regeneração, uma advertência amorosa e sabia do que devemos corrigir.

Toda a grandiosidade do Cristo estava em Sua excelsa condição de Servo perfeito: “Eu de mim mesmo nada posso, mas tudo posso n’Aquele que me fortalece; o Pai em mim é Quem faz as obras”. Quando os discípulos Lhe perguntaram do Pai, Ele esclareceu: “Quem vê a Mim, vê ao Pai que me enviou”. Sua personalidade era um canal perfeito.

São Paulo compreendeu e aproveitou esta lição. Ele disse: “Quando sou fraco, quando sou nada, aí é que sou forte e sou tudo”. Ele sabia que a personalidade deveria tornar-se passiva e fiel serva do Eu superior.

Quando Cristo foi a Nazaré não pode curar muitas pessoas porque se detiveram na pessoa d’Ele: “Não é este o filho de José, o carpinteiro?”. Contudo, Pedro, iluminado pelo Espírito Santo (Mente Abstrata) disse-Lhe: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”; ao que o Mestre lhe responde: “Bem-aventurado és tu, Simão Bar-Jonas, porque não foram os olhos que te revelaram”. Essa é, também, a verdadeira identidade do ser humano, que chamamos homem ou mulher.

É certo que devemos ser prudentes, porque a maioria das pessoas vive condicionada a falsa personalidade com sua violência e egoísmo. Mas isto não nos deve distanciar da realidade essencial das criaturas, confiando no bem imanente.

Ao mesmo tempo, a conscientização da verdadeira a identidade, ou seja, do Deus individualizado como eu ou como tu, não nos dissolve o sentido de individualidade nem exige que matemos nossa personalidade, como sugerem algumas filosofias. Ao contrário, a personalidade (constituída pela Mente Concreta, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso) é indispensável a nossa evolução. Através dela é que haurimos experiências e dinamizamos as faculdades latentes, convertendo-as em Alma ou Consciência Espiritual. A conscientização da verdadeira identidade consiste numa inversão do atual materialismo, situando o ser humano como um Eu divino a manipular uma personalidade – e não uma personalidade à parte e independente de Deus. Não imaginemos que ocorra um vácuo; ao contrário, há aumento de consciência própria nessa transição gradativa da persona ao Eu real. Não se trata de nós perdermos no Todo o que nos confundimos. Éramos inconscientes de nós mesmos, como Centelhas, quando iniciamos a evolução no estado de consciência mineral. Depois disso, fomos desenvolvendo a consciência até o estado de vigília consciente atual, rumo a oniconsciência que nos espera. Deus exprime como individualidades n’Ele separadas, cujas consciências se formam pela dinamização das faculdades divinas herdadas. Pela eternidade afora seremos mantidos na própria individualidade pelo exercício da Epigênese. Somos notas próprias, na sinfonia universal. Importante é que estejamos afinados ao Divino Concerto.

Afirmar a Deidade interna é definir sua identidade espiritual pela união ao Eu superior. Não deve ser confundida com a afirmação da personalidade que a maioria busca para o êxito mundano, em apoio na persona ativa. O verdadeiro êxito parte de dentro. Não há outra autoridade, senão aquela que nos vem de dentro e de cima.

O único modo de vivenciarmos esta profunda verdade é o estudo das verdades espirituais, a prática dos exercícios recomendados e sua expressão em nossa vida diária. Eles nos guindarão a níveis gradativamente mais elevados e claros. Então compreenderemos a afirmação do Batista (persona) referindo-se ao Cristo (Eu superior): “É preciso que eu diminua e Ele cresça”. Só assim nos converteremos em valioso e fiel precursor do Eu real neste mundo, tendo-o como Único Deus, em nós e nos outros.

 

Segundo Mandamento

“Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que tenho criado. Não te encurvarás a elas nem as servirás.”

Os protestantes acusam ferozmente os católicos de usarem imagens e esculturas em seus templos; algumas, por sinal, maravilhosas, verdadeiras obras-primas concebidas por artistas notáveis como Raphael, Michelangelo, Rubens, etc.

A nosso ver, não reside aí a mensagem principal deste mandamento. A pedagogia e a psicologia educacional afirmam que “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Modernamente exploram as ilustrações e com elas enriquecem os planos de aula, a fim de que o aprendizado se torne mais completo: áudio visual.

Nossa Mente ainda está num estágio mineral. Só as pessoas mais elevadas podem conceber ideias abstratas e atingir outra esfera ou cosmos da verdade essencial das coisas. Daí a necessidade dos símbolos, desde que bem escolhidos. O mal não está nos símbolos, mas no tomar os símbolos pela realidade que transmitem. Se conhecemos a essência de uma verdade e, no esforço de transmiti-la buscamos as representações mais fieis estamos prestando uma ajuda a outros menos aquinhoados.

Quando o iniciado atinge o conhecimento direto das realidades espirituais, nos planos suprafísicos verifica a dificuldade de transmiti-las. Max Heindel observa, por exemplo: “Quando falo dos Mundos em que o Universo se divide e os represento num diagrama, uns acima dos outros, não quero dizer que se achem assim nos planos espirituais. Em verdade eles se compenetram em graus diferentes de densidade e vibração”. E deu o exemplo da esponja, da água e da areia. Depois acrescenta: “Os diagramas podem ser uma ajuda e um entrave ao mesmo tempo, porque involuntariamente podemos induzir uma ideia falsa da realidade”.

Isto nos leva a meditação das palavras. Vivemos num universo de palavras e, neste século de comunicação entendemo-nos através de palavras e de símbolos. Você já pensou que representam as palavras? Já observou como os seres humanos discutem e pelejam em torno de palavras? Às vezes discutem por usarem palavras diferentes para a mesma coisa; outras vezes divergem pela mesma palavra, com a qual pensam em coisas diferentes. Ora as palavras não são as coisas: constituem apenas um esforço de representação e devemos ter muito cuidado com elas, porque podem ser uma ajuda e um entrave na comunicação. Melhor ainda, as palavras são a nossa interpretação das coisas e não as coisas mesmas. Tanto é assim que, à medida que nossa compreensão vai melhorando, nossa representação por palavras também muda. A evolução em tudo, é uma gradativa transformação das definições anteriores.

No futuro Período de Júpiter será diferente. A mentira será impossível, pois teremos a capacidade de materializar a ideia em nossa aura mental, sem necessidade de palavras. Os Mestres espirituais possuem por conquista antecipada, de sua evolução, esta capacidade: projetam com as palavras a imagem do que falam. Essa capacidade é uma das provas de um verdadeiro Mestre.

Já que entramos na meditação sobre as palavras, consideremos outro ponto: a “onda portadora”. Além das palavras que pronunciamos, comunicamos a outra pessoa algo mais: a intenção como uma “onda portadora” que muitas vezes o interlocutor capta. E, como vivemos num mundo hipócrita, é comum que a pessoa diga uma coisa e pense outra. Ouvimos as palavras e sentimos uma indefinível divergência, uma estranha incoerência. Além disso notamos sinais externos confirmadores da hipocrisia, na mudança do tom de voz, no evitar nosso olhar, etc.

Mas, que relação tem tudo isto com o segundo mandamento?

É que este mandamento trata da idolatria, em muitos sentidos. De maneira geral, sabemos que a idolatria consiste em tomar uma forma em lugar da realidade que ela representa; e considerar a letra e não a ideia essencial que ela busca expressar; é tomar o corpo pelo ser humano integral, como fazem os materialistas.

O fato de os nossos sentidos estarem limitados à forma, não justifica nossa ignorância das verdades essenciais, numa época de tão rica literatura a respeito. A evidência lógica tem levado eminentes cientistas a reverenciar o Divino Arquiteto, cuja Presença é indiscutível em toda a Criação. Anteriormente as Sociedades de Pesquisas Psíquicas; agora a Parapsicologia; demonstram à sociedade revelações confirmadas por meios científicos, de realidades além da capacidade sensorial. Na Suécia e na Alemanha, principalmente, se estabelecem ligações com os planos espirituais com auxílio de aparelhos eletrônicos sensíveis. Hoje não é mais uma questão de crença, mas de atualização, o conhecimento dos planos espirituais, causais, que sustentam este plano visível.

Contudo, se não temos possibilidades de conhecer a realidade última das coisas, somos todos idólatras? Não, este mandamento não refere ao esforço louvável de buscarmos entender as verdades divinas, embora estejamos sempre aquém delas. Não há como evitá-lo no desenvolvimento da consciência. Tudo evolui assim. A ciência foi deixando os conceitos ultrapassados, com sua verdade relativa, substituindo-os por outros mais corretos e atualizados. Mas foram as verdades relativas que serviram de degraus nesta escala evolutiva de aprimoramento. Isto se dá em todos os assuntos, se bem que nas questões espirituais temos o testemunho avançado de altos Iniciados que podem ver as realidades suprafísicas com muita amplitude. Esse testemunho serve de orientação segura, não excluindo, no entanto, o esforço de cada Aspirante e a liberdade de cada um ir confirmando o que recebeu.

As teologias e doutrinas várias andaram antropomorfizando Deus. Na impossibilidade de subir a Ele, forçaram-no a descer à sua limitada concepção. Isto é idolatria.

Cristo ensinou à mulher samaritana: “Deus é Espírito e Verdade e cumpre adorá-lo em Espírito e Verdade”. O espírito é intangível. E que é a verdade? Cristo respondeu a Pilatos? Não. Porque todos nós estamos limitados a nosso nível de evolução e não podemos admitir a Realidade total e absoluta.

Idolatria é o pecado do materialismo, que toma a manifestação pela Essência que a vivifica. Por isso, o primeiro passo no Ocultismo é o estudo dos Mundos Invisíveis.

Querem um exemplo simples para destacar o corpo do ser humano?

Observem uma pessoa dormindo; ela não pensa, não vê, não age, não ama, não tem consciência de si nem dos outros; apenas as funções vitais, involuntárias estão mantendo o corpo que respira, digerem e fazem circular o sangue ritmicamente, etc. Depois ela acorda, abre os olhos e algo estranho ocorre: toma consciência de si, vê-nos, reconhece-nos, abraça-nos, ama-nos, fala-nos. Que aconteceu? ALGO que não estava no corpo enquanto ela dormia; voltou e o despertou dando-lhe todas as capacidades que antes não manifestava. Esse algo é o ser humano REAL que anima o corpo que construiu. Tanto assim que, ao abandoná-lo definitivamente, o corpo se decompõe.

O Espírito é a causa; a matéria e é a consequência. Primeiramente existiu a luz; depois a luz criou o olho que a pudesse ver. O poder está no Espírito criador e sustentador da forma e não nesta. O galho que se destaca da árvore, seca-se. A matéria é mutável e transitória; mas o Espírito é eterno, manifestando-se gradativamente melhor, à medida do crescimento de consciência (alma) e originalmente, segundo seus pendores epigenéticos.

Assim, não devemos adorar nem temer nem odiar o externo, a forma.

Vemos uma cobra e a associamos com a ideia de perigo, sentimos repulsa e violência e vamos matá-la. Podemos vê-la como ela é, sem preconceitos, com toda a sua beleza e respeitando-lhe o instinto de defesa?

Vemos a figura de Sócrates e a imagem nos suscita, no íntimo, tudo o que dele sabemos. Vêm-nos sentimentos de admiração, de reverência, de gratidão. Podemos vê-lo como ele é, apenas gratos pela mensagem que ele trouxe, e não pela pessoa em si? O mesmo deverá sentir em relação a Jesus; o Buda, a Einstein: não o canal, mas a Essência que através deles fluiu de forma diferente, para alimentar a Humanidade.

É a essência que valoriza a forma e não a forma que valoriza a essência. “A letra mata, mas o Espírito vivifica”. Devemos ir além da forma limitadora e sentir a amplitude da Essência Universal.

A infinitude de Deus está oculta em cada coisa criada, mas nossos sentidos não na percebem. As realidades objetivas se tornam em realidades subjetivas, por causa de nosso conceito finito delas. Estamos condicionados pelos preconceitos e por nosso nível de consciência. A melhor atitude mental é admitir todas as coisas como possíveis. Embora firmados no sentir e saber internos, mantenhamos a humilde atitude de nossa limitação.

O 1º e 2º mandamentos abordam, pois, a única realidade, o único poder essencial. Mas o primeiro mandamento nos adverte a não nos apoiarmos nas realidades evanescentes deste mundo; a não dependermos delas, não as temer nem as odiar: o único valor ou poder que elas têm são os que nós mesmos lhes atribuímos por nossas crenças.

Já o segundo mandamento se refere especificamente as representações e seus perigos para que não nos detenhamos nelas, mas busquemos a essência que desejam comunicar, como diziam os autores do Torah – o livro sagrado: “Ai daquele que toma as vestes do Torah pelo próprio Torah! Os mais simples só notam os ornamentos e versos do Torah, mas os esclarecidos não prestam atenção alguma ao exterior, senão à essência que ele encerra”.

 

Terceiro Mandamento

“Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”

Cristo confirmou no “Pai Nosso” ou “Oração do Senhor” esse mandamento de forma positiva, ao ensinar: “santificado seja o teu Nome”.

Para o povo hebreu, o “nome” (shem) tinha significação mais ampla e profunda do que a que lhe atribuímos hoje para identificar uma pessoa ou coisa. Embora se fale de “bom nome”, referindo-nos à reputação ou ao caráter de uma pessoa, a palavra “shem” dá a entender a natureza, a essência ou a honra do indivíduo.

A locução “em vão” significa, basicamente “de forma inútil” ou “por nada, por vaidade, por falsidade, por leviandade”.

“Tomar” era usado no sentido de “elevar, carregar, proferir ou aceitar”.

Assim, o “proferir ou aceitar o nome ou a natureza de Deus” é, ao mesmo tempo, uma honra e um desafio que não devem ser tomados levianamente.

O uso da palavra era, é e será algo sagrado. Empregada conscientemente e de forma ajustada, a vibração de uma palavra tem poder. Hoje, infelizmente, é deplorável o abuso nesse campo.

Deus é inominado. Quando Moisés recebeu a revelação e a missão na “montanha”, sabendo que tinha de enfrentar pessoas comuns que só conheciam a forma e o nome, perguntou: “Senhor, se me perguntarem quem foi que me enviou que direi?”. E o Senhor respondeu-lhe: “Dize que foi o “EU SOU”.

Basta ser. Eis a mais expressiva conjugação: “eu sou, tu és, nós somos . . . espíritos. Simplesmente.

Entretanto, o mundo precisa de identificação. Quem nomeou as coisas foi Adão. É um esforço de isolar o que parece isolado.

Não devemos confundir a realidade espiritual com um conceito mortal. Dizemos: raios de Sol, porque sabemos que eles continuam unidos a sua Fonte, apesar de haverem caminhado 149 milhões e 400 mil quilômetros em 8 minutos, quando chegam à Terra. E nós, não somos também, por acaso, centelhas divinas, uma vez que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”?

Não tomemos, pois, levianamente, os nomes pelas coisas que representam, principalmente em relação à verdadeira identidade de semelhante. Em que ele é semelhante a ti? Senão pelo Espírito?

Ainda mais quando nos referimos a Deus: se a palavra Deus foi tomada para representá-lo (e a palavra “Deus” está ligada a ideia de Luz e Dia: “Deus é Luz”), usemo-la de forma sagrada, erguendo nossa Mente ao Inominado, ao Imanente e Transcendente, ao Onisciente, Onipotente e Onipresente Criador.

A essência desse mandamento nos exorta a não tomar a aparência pela realidade. Ainda que surjam as pessoas, coisas e lugares, por meio do testemunho dos cinco sentidos, saibamos que são expressões provisórias do real e divinamente infinito.

 

Quarto Mandamento

 “Guarda o sábado, pois é a Dia do teu Senhor”

Eis outro ponto de muitas controvérsias e discussões. Exceto os sabatistas, os Cristãos adotaram a o Domingo para dia de descanso e adoração.

Antes de Cristo, a evolução humana era regida pela Lua. O Calendário e as festas religiosas se baseavam nos movimentos lunares. Os povos árabes ainda conservam símbolos lunares. A Lua está associada à Saturno (ambos regem a Corpo Denso e se caracterizam pela tendência cristalizante), Regente do Sábado (Saturday).

A dispensação cristã, ao contrário, está relacionada com o Sol. Todas as religiões falavam de alguém “que havia de vir…do Sol”. O Sol é a morada dos Arcanjos, dos quais o Cristo é o maior Iniciado. Ele é o Leão de Judá, o Cristo Solar, ligado à positiva Luz que veio conquistar a Terra por dentro.

Sábado quer dizer “descanso”; por extensão: “Dia de descanso”. Foi instituído na lei mosaica com finalidade bem definida: obrigar o povo a deixar seus negócios e atividades e, um dia por semana, ir à Sinagoga ouvir as leituras de textos sagrados. Só por obrigatoriedade da Lei a o povo, eminentemente materialista, iria à sinagoga assimilar as verdades adequadas ao seu nível (o nível da pedra, da letra, da Lei).

Domingo significa “Dia do Sol” (Sunday). Etimologicamente, a palavra “Sol” está ligada aos sentidos de “Deus, Júpiter, Luz e Dia”. Perto do fim do primeiro século, a igreja cristã primitiva transferiu para o domingo o dia semanal de descanso e adoração, preceituado no quarto mandamento, por ser o dia da Ressurreição de Cristo Jesus e, por isso, denominado “o Dia do Senhor” (Ap 1:10). Assim como fez Deus no trabalho criador, também nós trabalhamos seis dias e no sétimo devemos descansar no Senhor, aquietando-nos, ouvindo, lendo coisas sagradas, para nutrir e desenvolver o nosso íntimo, pois tudo depende de exercício e de alimento. Tudo se desenvolve em períodos setenários: seis dias criamos e evoluímos na atividade externa, e um dia dedicamos para entregar a essência dessa Obra à Deus em nós, em comunhão, saindo fortalecidos para uma semana ainda melhor que a anterior.

Note-se que   Cristo costumava curar nos sábados. Os fariseus, ignorantes do interno sentido do sábado, atacavam-no por isso. Mas disse o Mestre: “Eu sou o Senhor do sábado”; “O sábado foi feito para o ser humano e não o ser humano para o sábado”. Ele quis   que isso significasse que nesse dia o ser humano abdicasse de si mesmo, de sua parte humana, e deixasse que Deus laborasse em e através de si, no restabelecimento de suas forças internas, na definição de sua natureza divina, no entendimento das coisas sagradas. Portanto, nenhum dia seria mais indicado para a Cura. Curar e pregar a boa nova são a mesma coisa, pois, ambas restituem a integralidade do  Ser. Sabemos que a palavra “são” quer dizer sadio e santo: ambas são  expressões de integralidade, e  de harmonia global do ser. Assim; não importa o dia e lugar, sempre que nos dedicamos às coisas sagradas,  estamos realizando essa finalidade (prevista na lei mosaica aos sábados, e pela igreja cristã aos domingos – para disciplina dos rebeldes que não compreendem e nem avaliam a graça dessa comunhão interna).

 

Quinto Mandamento

 “Honra teu pai e tua mãe”

Os ensinamentos de Cristo parecem contradizer este mandamento. Disse Ele: “Não chameis a ninguém de Pai sobre a Terra, pois um só é vosso Pai, a saber: o vosso Pai Celestial”. E mais: “Aquele que não deixar pai, mãe e irmãos, não pode ser meu Discípulo”.

Em verdade não há contradição. Cristo vem ampliar e definir o real sentido do mandamento. Ele, a personificação do Amor, jamais iria recomendar que descuidássemos, ingratamente, dos nossos deveres filiais. Referia-se aqui como em outros passos evangélicos, ao amor e dever desapegados.

A paternidade e a maternidade são funções divinas: transcendem o humano. A mãe durante o aleitamento é uma pessoa diferente, mais estreitamente ligada ao Divino. Há algo de transcendental na maternidade. Mesmo entre os animais há o chamado “pudor orgânico”, pelo qual a mãe e os filhotes não são atacados nesse período.

O pai e a mãe, meramente como seres humanos nada são, porque não podem manipular a vida. Lembremos que no “Paraíso” comemos da “Árvore do Conhecimento, do bem e do mal”, mas não da “Árvore da Vida”. Por isso não podemos vivificar nada. É função dos Anjos a vida, porque são hábeis manipuladores da força vital.

Que sabe um animalzinho da maravilhosa criaturinha que o gerou? Vemos graciosos gatinhos buscando andar, procurando mamar, manifestando vida e instintos, e isso nos ressalta a manifestação de um Criador que labora através de suas Hierarquias. Mesmo o ser humano, que sabe a mãe da complexidade do ser que gera? Meditem nisso.

Existe apenas um princípio criador, que é o PAI-MÃE – seja para judeus, para gentios, brancos, negros ou índios, feras, animais ou plantas. Max Heindel trata muito bem dessa dual força criadora – os dois polos referidos pelo primeiro versículo do Gênesis. Essa dupla energia manifestada sabiamente por Deus em tudo, é que reverenciamos, sabendo que nada somos de nós mesmos como pessoas, como pais ou mães. O que nos enobrece como canais dessa manifestação criadora é a Vida Divina:

“Eu, de mim mesmo, nada posso; o Pai em Mim é quem faz as obras”.

Portanto, não vamos subestimar nossa mãe e pai carnais, aqueles que amorosamente serviram de canais para o suprimento de material físico em nosso renascimento na Terra. O Esoterismo é claro: “assumimos um dever de gratidão por tudo que recebemos de nossos semelhantes e um dia, nesta ou em outras vidas na Terra, teremos ensejo de lhes retribuir para que se cumpra a lei: dar e receber”.

Mas, a grandiosidade de um pai ou mãe humano está, indubitavelmente, na compreensão de que eles, por si, nada são – predispondo-se a servir ao Divino Universal e ao Divino que deseja renascer – fazendo tudo o que possam no cumprimento de seu trabalho evolutivo.

Para honrar este causal princípio Pai-Mãe, devemos aprender a vê-lo e reverenciá-lo em todas as coisas e pessoas.

 

Sexto Mandamento

“Não Matarás”

Houve esforço para desvirtuar o sentido genérico deste mandamento, refundindo-o para: “Não cometerás homicídio”. Mas o sentido é claro e genérico: “Não matarás”!

O primeiro sentido que salta a nossa mente é o literal. Aí surgem as polemicas sobre a “pena de morte”; a “eutanásia”; o “aborto”; o “carnivorismo”, etc. Mas há também o sentido mais profundo e espiritual.

A Filosofia Rosacruz desaprova a “pena de morte” e fornece a razão esotérica: ela destrói o corpo, mas liberta o criminoso no Mundo do Desejo. Como a morte não transforma ninguém, lá ele continua odiando a sociedade e, com a velocidade do pensamento pode locomover-se à vontade, impune, influenciando caracteres afins, maus para que através deles vingar-se dos seres humanos. Desse modo aumentam os crimes sobre a Terra. Logo, é mais conveniente para a segurança humana manter os criminosos presos, apesar dos gastos e cuidados. A solução é o aprimoramento do sistema penitenciário e a laborterapia para recuperação dos primários e dar tempo de arrependimento aos pertinazes. A estória do “homem de Alcatraz” é um impressionante exemplo de que não há indivíduo inteiramente mau; que todos têm a essência divina, que torna o ser possível de recuperação. Mas não pela violência.

Não se justifica a eutanásia, do ponto de vista esotérico. Vemos o ser humano como um ser complexo, constituído de três corpos que o Espírito procura manipular por intermédio da Mente. Quando vemos um demente ou um ser deformado, sabemos que o Espírito o anima ainda que não se possa expressar (no caso do louco). O espírito não é demente. A forma é que não lhe permite expressar-se, por alguma anomalia que ele mesmo assume, por causa gerada em vida pregressa. Mas há sempre uma razão para o Espírito suportar aquelas condições. Lá dentro do corpo está assimilando sua lição, apesar das aparências. Não temos o direito de impedi-lo. Com esta compreensão, cumpriremos melhor nosso dever para com eles.

O aborto é igualmente injustificável, salvo nos casos de gravidez nas trompas e outros que perigam a vida da mãe. O aborto, como outros problemas humanos, tem sua solução no começo; se os casais fossem mais equilibrados em seus impulsos; se os conjugues fossem mais cônscios e respeitadores um do outro, evitariam o choque de consciência que decorre desta violência contra alguém que não se pode defender. A literatura esotérica ilustra muitas consequências observadas nos Mundos Invisíveis, de abusos neste campo, incluindo as parteiras e médicos que se prestaram a esse fim, quase sempre para enriquecimento fácil.

Os Rosacrucianos são vegetarianos. Muita gente nos pergunta: “por quê?”. Respondemos sucintamente aqui: não comemos carne para não sacrificar vidas e interromper um programa evolutivo. Nisto se inclui o sentimento de fraternidade em relação a nossos irmãos menores, os animais. A planta tem vida, mas não sofre, porque não tem Corpo de Desejos. Além disso, os vegetais foram designados na Bíblia para alimento natural do ser humano. Não há perigo de que os animais, uma vez poupados, aumentem demais, comprometendo o alimento e segurança do ser humano. Está provado de que Deus sabe conservar o equilíbrio do mundo e não precisa do ser humano para isso. O que temos feito, com nossa ignorância, é quebrar a harmonia do conjunto, como bem prova a moderna ciência de ecologia.

A carne animal é carregada de toxinas e compromete, com os instintos inferiores, nossa evolução emocional.

Quanto ao leite e aos ovos, sabemos que os bezerros estão sendo compensados cientificamente na alimentação, não obstante receberem uma cota racional de leite.

Os ovos não são galados. Poderíamos aduzir outras razões. Não o fazemos para não nos alongarmos e nem fugirmos do tema central. Já os conhecemos pela Filosofia Rosacruz.

Abordemos a seguir o aspecto mais profundo deste mandamento.

As chamadas pessoas e coisas más não justificam destruição. Cada coisa tem seu papel no conjunto do Universo. No futuro recuperaremos a harmonia perdida, quando exercermos a “não resistência”, a “não violência” interior, que impedirá qualquer reação exterior. Mas esta “não resistência”, esta “não violência” deve ser isenta de temores, baseada num claro assentamento à verdade espiritual que anima todas as criaturas. A estória de Daniel na cova dos leões, a estória de Francisco de Assis e de outros iluminados comprovam esta verdade.

Ora se Deus é onipresente; se há um fio oculto unindo todos os reinos e este elo é a Consciência Universal, quando matamos, quando destruímos algo (aparentemente externo) estamos em realidade agredindo uma parte de Deus e, em última análise, agredindo a nós mesmos, porque n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”.

Embora por enquanto, não tenhamos consciência disto, aprendamos e busquemos intuir este princípio dos Mestres; nossa consciência está ligada à Consciência Universal e, através d’Ela, a todos os seres. Só mesmo a personalidade separatista, nesta fase de materialismo é que nos faz crer na inevitabilidade de defesa e de ataque, de preservação e destruição. Desse modo se justificam as leis da persona, que são as leis dos seres humanos – leis de violência que geram violências, numa cadeia inevitável de causas e efeitos.

Agora vejamos o aspecto interno, psicológico; podemos (e constantemente o fazemos) matar mentalmente, emocionalmente com palavras. Matamos até mesmo quando não esboçamos a menor reação externa. Do ponto de vista esotérico – do espírito da Lei – isso é matar.

Matamos também pela mentira. Que é a mentira? É tudo que esteja contrário a verdade Universal. Inconscientemente, somos todos mentirosos porque não conhecemos a Verdade total e, inevitavelmente desfiguramos algum aspecto da verdadeira imagem das coisas. Mas referimo-nos as mentiras propositais, conscientes.

Elas produzem um efeito nocivo e especial no Corpo de Desejos: matam alguma coisa em nós e ao mesmo tempo se suicidam nesse embate. Max Heindel o explica bem: ao dar uma versão falsa de um acontecimento, esta falsa versão é atraída (pela lei de atração de semelhantes) à versão verdadeira, mas como suas vibrações divergem na parte desvirtuada, entram em choque e mutuamente se destroem. Não apenas nos livramos da mentira (cuja tendência nos fica), mas perdemos uma verdade que ela destruiu. Perdemos nesse embate, além de nos remanescer uma desagradável sensação psíquica – da Essência que sofre – quando temos sensibilidade e correção de caráter.

Esta nova compreensão nos leva a compreender como o mandamento, em seu aspecto esotérico, está presente nos mínimos atos de nossa vida e o como é importante sermos verazes. Não nos referimos à sinceridade idiota, grosseira, mas à sinceridade inteligente e amorosa. Se não podemos usá-la, é melhor calar.

Este problema da mentira surgirá sob novo aspecto no 9º Mandamento, quando tratarmos do falso testemunho.

Para finalizar este Mandamento, queremos dizer que existe uma destruição legítima, do ponto de vista espiritual: é a destruição dos falsos conceitos que se evidenciam à medida de nossa abertura de consciência. Este é o sentido do Armagedom. Não que lutemos contra a ignorância, mas que não mais a alimentemos, detendo-nos, tão somente, na verdade atual que apreendemos; é como tirar as escórias do diamante bruto para que se revele em luz, o brilhante do puro ser espiritual.

 

Sétimo Mandamento

“Não adulterarás”

Adulterar significa “misturar”, desvirtuar alguma coisa pela mistura com outra que lhe compromete a pureza original. Este é o sentido esotérico na Bíblia: o mesmo que prostituir, prejudicar a autenticidade. Como já vimos anteriormente, adulteramos a realidade das coisas, ou por ignorância ou por maldade. Como disse Sócrates: “O homem pratica o mal porque não sabe o que é o Bem”.

Todos nós, segundo o nível evolutivo e correspondente abertura de consciência, temos restrições compreensíveis e verdades relativas, não podendo, por isso, abranger a verdade total. Por isso erramos.

Isto é inevitável. Daí que o 7º Mandamento não considere esse aspecto. Seria exigir demais.

Mas há uma parte viciosa, há uma natureza condicionada, há preconceitos arraigados que podem e devem ser corrigidos no processo de espiritualização do ser.

Em primeiro lugar, aproveitemos as verdades espirituais que nos foram reveladas por Aqueles que atingiram os altiplanos da espiritualidade e descortinaram realidades imensas a respeito de nossa natureza e relação com Deus. Nossa razão e lógica sancionam essas verdades porque já temos algo interno, um “saber interior” que nos leva a reconhecer, aceitar e apreciar o que é genuíno.

Em segundo lugar: sabemos por esses mesmos ensinamentos comprovados na experiência de nossa vida diária, que a personalidade viciosa é a prostituta, a adúltera, que nos magnetiza com seu “canto de sereia” em seu ciclo de prazeres desvirtuados. Sabemos que ela nos empana a razão, tirando-nos a visão de justa proporção das coisas; condicionando-nos os pareceres com as crenças errôneas preconcebidas.

Isto não nos prejudica apenas espiritualmente, senão também materialmente, porque nos impede ter uma visão real das coisas e fatos que nos cercam.

Num computador eletrônico é fácil substituir dados falsos por verdadeiros, mas na complexa natureza humana é uma tarefa difícil, porque nos envolvemos nas vivências viciosas e, considerando-as como a nossa própria e real natureza, defendemo-las, por instinto de conservação, que é o mais forte em nós. O trabalho de transformação e depuração do ser exigem, pois, um cuidadoso preparo.

Como vimos, adulteramos não só a realidade divina de Deus e do ser humano, como a visão real das coisas que nos cercam. O que vemos vai sempre mesclado de nossas próprias impressões, que falseiam a imagem da coisa, tal como ela é.

Vejamos como isto se dá internamente.

A ideia pura do espírito, a respeito de qualquer assunto, vem-nos da Mente Abstrata à Mente Concreta (intelecto). Aí, essa ideia mercê de vontade espiritual que a anima, procura revestir-se de matéria mental concreta e converter-se num pensamento-forma ou imagem mental. Mas nesse revestimento, o espírito já sofre a primeira traição: o intelecto condicionado e preconcebido, acrescenta, por sua conta, numa associação indevida, coisas que seu passado lhe dita, às vezes gratuitas, como, por exemplo: ver uma pessoa cujos traços lembram outra que nos prejudicou e imediatamente adulterar a imagem com esta correlação negativa.

Da Mente Concreta, a ideia transformada em pensamento-forma vai ao Corpo de Desejos (emocional) e aí a vontade espiritual que anima o pensamento busca envolver-se de matéria emocional que lhe dá impulsos para chegar à ação. Então, sofre a segunda adulteração, juntando a matéria emocional de atração ou repulsão, segundo as correlações preconcebidas. E, quando chega à ação está longe de ser a pura impressão que o espírito ditou ao intelecto.

A mensagem esotérica deste mandamento é: tornemos nossa personalidade passiva e fiel ao Eu real, para que não lhe traia os desígnios; não preterir o Cristo interno às conveniências e solicitações da natureza inferior; não conferirmos às coisas e realidades mundanas os méritos e virtudes que pertencem ao Divino.

“O único pecado é a ignorância e a única salvação, o conhecimento aplicado”. Enquanto não temos possibilidades internas para limpar os canais de expressão do Divino, estaremos prostituindo a verdade. Na ignorância não há pecado, mas há dor, gerada pela consequência que nos procura acordar. Nós, porém, que estamos alargando a consciência da verdade, assumimos responsabilidade maior porque “a quem muito é dado, mais lhe será exigido”. Não devemos fugir à transformação que a consciência nos exige. O método Rosacruz objetiva precisamente isso, de modo inteligente e gradual, através da espiritualização do Corpo Vital, que pressupõe reeducação nos vários aspectos.

 

Oitavo Mandamento

“Não furtarás”

Sigamos a mesma linha de pensamento esotérico: Deus é onipresente. O ser humano, feito a Sua imagem e semelhança, é um cosmos dentro do Macrocosmos. Assim como a gota do oceano tem as mesmas propriedades do Oceano inteiro; assim como algumas gotas de sangue revelam as condições do organismo todo; assim devemos compreender que o Criador se acha sintetizado potencialmente em suas criaturas. A semente é da mesma natureza da árvore e se converte numa árvore igual. Isso explica o convite evangélico: “Sede vós perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito”.

Isso nos leva a compreender que Deus, como Consciência Infinita, é o único e perfeito suprimento e não falha em dar a cada criatura ou agrupamento, aquilo que corresponde legitimamente as suas necessidades internas de evolução.

Deus é como uma Usina que supre energia às “casas” (indivíduos). Há energia à vontade, mas só nos vem aquela que podemos suportar. Se entra mais energia que os fios podem suportar, queima-se a instalação. Ora, na medida da evolução, os cabos se tornam mais potentes para receberem mais luz. Se nos parece faltar luz, revisemos nosso íntimo; só ali pode haver falha: um fusível queimado, interrupção de cabos ou outra qualquer irregularidade. É preciso corrigir a falha. Ela está sempre dentro de nós. Não há injustiça no plano perfeito de Deus.

Logo, nada temos a roubar nem a quem roubar. Tudo pertence a Deus e Ele não esconde nem nega coisa alguma a seus filhos. Ao contrário, ele está ansioso para expressar-se cada vez mais amplamente por nós. Ele disse: “Filho, tudo o que é meu é teu”. Existe em nós um bem infinito e potencial à espera do despertar para tomar a forma de nossa necessidade. Cada vez que nos abrimos em consciência formamos um vácuo que chupa do suprimento infinito de Deus, o bem de que está necessitando. Esta lei não falha: como uma vasilha só podemos conter a água viva correspondente à nossa interna capacidade; o que ultrapassa, transborda e se vai. Há os que se apropriam indebitamente das coisas e parecem manter os bens a serviço de seus gozos impunes. Engano. Ninguém pode segurar o que não corresponda a seu nível de consciência. Cedo ou tarde a Lei agirá com o efeito correspondente ao caso. Não nos cabe julgar nem calar, mas compreender e confiar no mecanismo de Consequência.

A solução não está, pois, em puxar as escondidas, um fio da instalação vizinha, que parece ter mais luz do que necessita. Na evolução, cada qual tem de resolver, o seu problema. A seiva da “Grande Árvore” está à disposição de todos os galhos e ramos, na medida dos canais internos deles. Todos vivemos e nos movemos em Deus e n’Ele temos o nosso Ser. Portanto, o divino suprimento é comum. Roubar desse suprimento é o mesmo que roubar a nós mesmos. O ambicioso e inescrupuloso ladrão é como o guloso que tem os olhos maiores que o estômago; pode dilatar seu estômago com grandes quantidades de comidas, mas o organismo reterá apenas o que pode assimilar. O demais se perderá, comprometendo-lhe a saúde.

O desejo de furtar ou de cobiçar e desejar qualquer coisa é uma ilusão. Tudo está à nossa disposição, aqui e agora mesmo, desde que preenchamos as condições de interna receptividade. Nisto há uma divina sabedoria; o que não está de acordo com nossas reais necessidades é inútil e prejudicial, porque não temos consciência suficiente para aproveitá-lo e convertê-lo em efeitos evolutivos.

Superemos a crença de separação. Não há Deus de um lado e o ser humano de outro; há seres humanos em Deus e há Deus expressando-se como consciências individuais: eu e tu. A crença de separatividade é que nos leva, muitas vezes, à tentação de roubar, partindo do princípio materialista de que a posse de qualquer coisa depende de nossa iniciativa pessoal e humana; de nossa esperteza ou de nossa “sorte”. Com isto vem a ideia de uma pessoa roubada e outra que rouba, quando, na verdade, há Deus nessas duas pessoas, à disposição delas, para supri-las. Não há nada que Deus possa fazer e não esteja fazendo agora mesmo. Quanto mais roubamos, quanto mais cobiçamos e desejamos, tanto mais nos fechamos e menos recebemos de nossa fonte interior. Quanto mais aumenta o nosso materialismo, tanto mais reduzimos nosso canal de ligação com a única Fonte: em última análise estamos roubando a nós mesmos.

Este mandamento nos revela a verdadeira Fonte de Suprimento, que traz em si, em potencial, tudo o de que necessitamos. Nada há a cobiçar, nada a desejar nem roubar. O que não é nosso hoje, pode ser amanhã, quando nos pomos em condições de recebê-lo. Não fora assim, não se teria afirmado: “Somos filhos e, portanto, herdeiros de Deus e coerdeiros com o Cristo”. Não apenas nas coisas espirituais, pois, “se buscamos o Reino interno e nosso ajustamento a Ele, tudo o mais nos virá de acréscimo”.

 

Nono Mandamento

“Não dirás falso testemunho”

Que é o verdadeiro? Que é o falso?

Verdadeiro é Deus e Sua obra. Verdadeira é a centelha divina que constitui nossa autêntica identidade.

Falso é o desvirtuamento do natural, por causa de nossa ignorância ou vício. Já vimos que a personalidade falsa, por sua ignorância e condicionamentos, é a prostituta, a testemunha falsa.

Quando a lei nos pede um testemunho, ele deve estar baseado na verdade. E juramos afirmá-lo, com a mão sobre a Bíblia – que prevê esse mandamento.

Ora, testemunhar é ver sem interpretar, sem mesclar no fato a nossa opinião. A opinião, o julgamento e interferência da falsa personalidade é, por conseguinte, prostituição do fato. Aí tomamos partido contra alguém e a favor de outrem. Não estamos sendo imparciais; não estamos dizendo o fato em si, tal como o observamos, despido de opiniões.

Transpondo o que dissemos ao campo espiritual, tomando por base o testemunho dos Seres iluminados, sabemos que o ser humano é permanentemente divino; se conseguimos desligar qualquer opinião pessoal ou sentimento de simpatia ou antipatia, encarando simplesmente. O Ser propriamente dito, na convicção de que ele é um filho de Deus e, portanto, nosso irmão, algo acontece de maravilhoso: tocamos o seu íntimo, atingimos sua Essência, derrubamos os muros que tenham existido entre nós e realizamos a prova da Fraternidade Universal.

Mas se o vemos como algo à parte de Deus e de nós mesmos, com todos os seus defeitos, sem compreendê-lo no estágio atual de consciência, estamos dando um falso testemunho dele.

 

Décimo Mandamento

“Não cobiçarás”

Notem as sutis diferenças e correlações; observem a ligação deste com o 8º Mandamento: “Não furtarás”. Desejar, cobiçar, já é um roubo, porque há um movimento interno, emocional e mental, que nos põe numa injusta relação com a pessoa ou coisa. É uma incompreensão de nossa relação com o único suprimento, da Única Fonte e de nossa inevitável ligação com o Todo. Cristo esclarece: “Se alguém olhar uma mulher e em pensamento a cobiçar, já cometeu adultério”. Notem bem: adulterou uma verdade e roubou. E quem faz isso? A personalidade viciosa.

 

Conclusão

Esses Dez Mandamentos constituem a Lei de Moisés, “a letra da verdade”. Em seu sentido literal, adequado ao povo daquela época, era o primeiro estágio da verdade, a “pedra”. Tal como apresentamos aqui, em seu aspecto mais profundo, é o segundo estágio, a “água viva” – que cada um há de transformar em vinho – terceiro estágio – pela vivência e assimilação conscientizada. Tal é o convite e desafio que apresentamos ao leitor.

Em essência, esses Dez Mandamentos devem ser amalgamados pela consciência e sintetizados, como nos ensinou o Mestre: “Ama o Senhor teu Deus, de todo o teu Coração, de todo o teu entendimento e com toda a tua alma” (Coração e Mente fundidos na Sabedoria que se expressa como Alma). E como isso se cumpre?

“Amai o próximo como a vós mesmos”!

Para chegar à síntese consciente, é preciso vivenciar a análise. Desejamos que esses pontos lhes suscitem outros, conducentes a uma profunda compreensão deste magno assunto.

FIM

[1] Éteres Luminoso e Refletor

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como podemos caminhar na Luz? Significa isto que temos comunhão com o Cristo, ou uma pessoa com outra, ou a temos com o Cristo e simultaneamente com outras pessoas? Significará que todas as pessoas, caminhando na Luz, receberão iluminação?

Pergunta: Estou intrigado sobre o significado do verso da escritura utilizado em relação ao Emblema Rosacruz: “Se andarmos na Luz como Ele na Luz está, teremos comunhão uns com os outros”. Como podemos caminhar na Luz? Significa isto que temos comunhão com o Cristo, ou uma pessoa com outra, ou a temos com o Cristo e simultaneamente com outras pessoas? Significará que todas as pessoas, caminhando na Luz, receberão iluminação?

Resposta: A “Luz” em questão é a do Corpo-Alma, aquela vestimenta luminosa que tecemos pelo amor e sacrifício desinteressado ao próximo. Compõe-se dos dois Éteres superiores (de Luz e Refletor) do Corpo Vital e é o veículo particular do Cristo em nós. O Princípio Crístico é o Princípio de Unidade, estando relacionado ao Mundo do Espírito de Vida, o primeiro dos mundos universais e, portanto, quando construímos o Corpo-Alma e caminhamos em sua luz (é de fato luminoso) estamos andando num mar de UNIDADE, por assim dizer. Assim “temos comunhão” ou sentimos uma união com todas as criaturas de Deus.

Relativamente ao Corpo-Alma, é-nos ensinado nos Ensinamentos Rosacruzes, que: “A parte do Corpo Vital formada pelos dois Éteres superiores, é o que podemos chamar de Corpo-Alma, isto é, é mais diretamente ligado com o Corpo de Desejos e a Mente e também mais maleável para o contato com o Espírito, que os dois Éteres inferiores. É o veículo do intelecto, e responsável por tudo o que faz do ser humano um indivíduo. Nossas observações, aspirações, carácter, etc. são devidos ao trabalho do Espírito nestes dois Éteres superiores, os quais se tornam mais ou menos luminosos conforme a natureza de nosso carácter e hábitos. Também, conforme o Corpo Denso assimila partículas de alimento ganhando assim carne, os dois Éteres superiores assimilam nossas boas ações, crescendo de volume. De acordo com nossas ações aumentamos ou diminuímos, nesta vida, aquilo que trouxemos conosco ao nascer”.

“Conforme novas formas vão sendo propagadas através do segundo Éter (de Vida), o Ser Superior, o Cristo Interno, forma-se através deste mesmo veículo de geração, o Corpo Vital, em seus aspectos superiores incorporados aos dois Éteres superiores.

“Mas à semelhança de um bebê que requer nutrição, também o Cristo ao nascer é um bebê precisando de alimento para se tornar um pleno adulto. E assim como o corpo físico cresce por contínua assimilação de material da região química (sólidos, líquidos e gazes), semelhantemente, conforme o Cristo cresce, crescerão os dois Éteres Superiores, formando uma nuvem luminosa em volta do ser humano que seja suficientemente merecedor de apontar para o céu seu rosto; revestirá o peregrino com luz tão brilhante que ele “andará na luz”, literalmente”.

“São Paulo enfatiza que nós temos — um “soma psuchicon” (traduzido erradamente como corpo natural), um “Corpo-Alma”, feito de éter, que é mais leve que o ar e, portanto, capaz de levitar. Este é o Dourado Traje de Bodas, a Pedra Filosofal, ou a Pedra Viva, mencionada em algumas antigas filosofias como a Alma Diamantina, pois é luminosa, brilhante e faiscante — uma gema sem preço …. Este veículo eventualmente evoluirá na humanidade em seu todo, mas durante a mudança da Época Ária para as condições etéricas da Época Nova Galileia, haverá pioneiros como os Semitas originais fizeram na mudança da Época Atlante para Época Ária”.

“O Corpo-Alma ou ‘Traje de Bodas’ está latente em todos nós. Fica mais resplandecente pela alquimia espiritual, pela qual o serviço é transmutado em crescimento de alma. É a casa ‘feita sem mãos’, eterna nos céus, com a qual São Paulo aspirava cercar-se”.

O “Corpo-Alma” não deve ser confundido absolutamente com a alma que o interpenetra. O Auxiliar Invisível que o utiliza em voos anímicos sabe ser tão real e tangível como o corpo de carne e sangue. Mas dentro deste traje dourado de bodas há um “algo intangível” reconhecido pelo espírito de introspecção. E indescritível; foge aos mais persistentes esforços da imaginação, contudo, lá está tão certamente quanto está o veículo que ele preenche — sim, e ainda mais. Não é vida, amor, beleza, sabedoria, nem outro conceito humano que possa dar a ideia do que seja, pois é a soma de todas as faculdades, atributos e conceitos do bem imensamente intensificados. Se tudo o mais fosse-nos tirado, esta realidade suprema ainda permaneceria, e estaríamos ricos por sua posse, pois através dela sentimos o poder arrebatador de nosso Pai no Céu, o incentivo interior que todo aspirante conhece tão bem”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jan/fev/88)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Processo Alquímico: Corpo e Alma, alma do corpo

O Processo Alquímico: Corpo e Alma, alma do corpo

Os antigos Rosacruzes eram conhecidos como grandes filósofos, curadores e alquimistas. Estes Rosacruzes eram Iniciados na Escola dos Mistérios Rosacruzes, onde eles recebiam as instruções e Treinamento que os faziam sábios. À compreensão das leis que governam as manifestações, tornava possível abandonar seus corpos físicos quando quisessem, contatavam com a Memória da Natureza para qualquer informação de acordo com sua vontade, curavam doenças, e muitos outros milagres que eles faziam em benefício da Humanidade.

Hoje, um mundo de medo do poder material indevidamente usado, muitas pessoas têm se apressado em procurar dentro de si um alívio, para este medo, e procurar refúgio na “paz que ultrapassa toda compreensão”, encontrada no caminho da Iniciação, como ensinavam os antigos Rosacruzes. Infelizmente, muitos não sabem como entrar no caminho, ou estar lá, mas somente sabem usar como vantagem qualquer informação assim que as recebem.

Antes de se tornar membro das Escolas de Mistérios, é necessário saber que o desenvolvimento espiritual é feito de maneira individual. A Fraternidade Rosacruz é uma Escola Preparatória, e dá treinamento e instruções necessárias ao aspirante, para beneficiar o próprio desenvolvimento interior, o qual é a chave para abrir a porta da Verdade da Escola de Mistérios Rosacruz.

Nós sabemos que as leis são ativas em todos os planos do ser. A grande lei é revelada no plano físico através do axioma “Como é em cima, é em baixo”. Isso significa que os princípios que operam nos planos superiores, com certeza, operam de maneira similar nos planos inferiores. Sendo isto uma verdade, podemos também dizer que o inverso também é verdade, assim a partir de nossas observações das coisas nestes planos inferiores, podemos compreender os princípios que operam nos planos superiores.

Nós devemos nos familiarizar com a Região Química do Mundo Físico, a região que nós conhecemos por meio dos cinco sentidos. Portanto, pelo estudo das coisas do nosso dia-a-dia do Mundo Físico poderemos tornar conhecedores das leis das Regiões Espirituais Superiores.

Os antigos Rosacruzes ensinavam conceitos e princípios pertencentes ao desenvolvimento espiritual na estrada da iniciação. Eles encontraram muitos obstáculos porque ensinavam a doutrina que cada indivíduo poderia ser seu próprio sacerdote nas relações com Deus para o perdão dos pecados, e outros ensinamentos considerados não ortodoxos pela igreja da época. Consequentemente, eles perceberam a necessidade de disfarçar suas escrituras e ensinamentos de um jeito que aqueles que possuíam a chave poderiam facilmente entender o que lhes estavam explanando, e ao mesmo tempo estes ensinamentos tornariam não inteligíveis para os que não tivessem a chave.

Por isso, todos os estudantes que estão nos verdadeiros caminhos que conduzem à Iniciação, são também familiarizados com a terminologia da Astrologia, a linguagem das estrelas que eram usadas como código, no qual escreviam e ensinavam as verdades interiores. De qualquer maneira, muitos dos quais não eram merecedores de receber os mais elevados Ensinamentos Rosacruzes, estavam bem familiarizados com a terminologia astrológica. Assim uma simples expressão de princípio em termos de Astros e Signos, não serviria para disfarce dos ensinamentos. Os Rosacruzes, após isto, usaram sinais astrológicos para os seus objetivos.

Nos escritos dos Antigos Rosacruzes, nas constantes referências às atividades e às leis em um laboratório físico onde diziam que estas pessoas eram tentadas a obter ouro de metais básicos. Esta ideia foi prometida àqueles que não possuíam a chave. A verdade de tudo, é que os antigos estavam falando não na obtenção de ouro físico, mas sim do “ouro espiritual”. Aqui nós encontramos a chave. Os elementos da alquimia, são para ser interpretados como fábricas na construção da “roupa de casamento com Deus”, fora das bases das experiências dos metais do dia a dia.

De acordo com os símbolos astrológicos, as substâncias e os métodos de procedimento na Região Química, cada uma delas está sob uma regência de certo Astro. As condições e métodos de procedimentos em regiões superiores também estão debaixo de regência de certos Astros. Este é o código usado pelos escritos alquímicos. Escritores escreveram sobre substâncias alquímicas e métodos. Isto foi entendido por aqueles que tinham a chave destas substâncias e métodos colocando-os em seus considerados Astros Regentes, e estes determinados, eram para serem interpretados em termos de condições e métodos os quais eles regiam em planos superiores.

De acordo com as normas da química, nós devemos ter um laboratório de reagentes químicos, com os metais básicos e instrumentos. O mesmo é verdade na observância das leis do desenvolvimento espiritual.

De acordo com os símbolos astrológicos, as substâncias e os métodos de procedimento na Região Química, cada uma delas está sob uma regência de certo Astro. As condições e métodos de procedimentos em regiões superiores também estão debaixo de regência de certos Astros. Este é o código usado pelos escritos alquímicos.

Escritores escreveram sobre substâncias alquímicas e métodos. Isto foi entendido por aqueles que tinham a chave destas substâncias e métodos colocando-os em seus considerados Astros Regentes, e estes determinados, eram para serem interpretados em termos de condições e métodos os quais eles regiam em planos superiores.

A contribuição de ensinamentos superiores da Fraternidade Rosacruz: “Os alquimistas sabiam que a natureza moral e física do ser humano se tornou densa e grosseira, de acordo com a paixão apontada pelos Espíritos Lucíferos, e que depois, um processo de destilação e refinação foi necessário para eliminar estas características, e levar o ser humano ao alto, onde o esplendor do Espírito não é seduzido pelas coisas materiais o qual esconde, digo, mantém seus olhos distantes disto. Eles depois disseram, que o corpo é como um laboratório, e falaram de processos espirituais em termos químicos”.

As ferramentas do alquímico são suas capacidades e habilidades mentais, espirituais e emocionais. A história bíblica dos talentos e como são relatadas em Mateus 25:13-31 é uma discussão esotérica das ferramentas, dos processos alquímicos onde está indicado, que todas as ferramentas fornecidas devem ser usadas, e também, para conseguir outras ferramentas para o desenvolvimento.

Um estudo cuidadoso de nossa própria carta natal, mostra nossas ferramentas que possuímos, e também, pontos e direções, em quais os esforços podem estar vantajosamente expedidos, para o desenvolvimento de ferramentas adicionais. O grande Criador, está construindo, mas ele não faz isto sozinho, ele deve ter a ajuda de muitas hierarquias espirituais e que nós como Espíritos Virginais, somos como uma hierarquia e estamos ajudando nas atividades da grande construção. Como toda obra requer muitas atividades, muitos tipos de trabalhos como uma larga variedade de ferramentas, assim na grande construção espiritual, nós temos diversos tipos de trabalhadores com diversos tipos de ferramentas.

O químico deve ter certos reagentes químicos, para fazer desejadas reações nos metais básicos, os quais ele está trabalhando. Os antigos alquimistas constantemente diziam que quatro eram os reagentes químicos, a saber, o mercúrio, nitrogênio, sal e o enxofre, os alquimistas dizem, que o ângulo da Lua é que regem as correntes salinas, com o elemento sal; e os Espíritos Lucíferos de Marte o enxofre, e os Mercurianos de Mercúrio o metal mercúrio. Eles também falaram de um quarto elemento, denominado Azoto, um nome composto da primeira e última letra de nosso clássico idioma, que intenciona conduzir a mesma ideia, do Alfa e o Ômega, que inclui tudo. Esta referência como conhecemos agora, como o raio espiritual de Netuno, que é também a oitava superior de Mercúrio, é essência sublimada do poder Espiritual. Eles sabiam na seção simpática da espinha dorsal, que governa as funções que tem que ser feitas particularmente com a SUBLIMAÇÃO ou REFORMA, e o bem-estar do corpo, os Anjos Lunares eram especialmente ativos, e este segmento foi depois designado como elemento sal. O segmento que governa os nervos motores que libera a energia motora, do corpo, pelos alimentos, viram que estavam claramente debaixo da regência dos Espíritos Lucíferos marcianos, e depois eles o chamaram de enxofre. O segmento restante, o qual, registra e marca as sensações, trazidas pelos nervos, foi chamado Mercúrio, porque era dito que estavam sobre regência dos Espíritos de Mercúrio. O nervo espinhal, ao contrário que os anatomistas dizem, não é preenchido por fluído, mas por um gás, que é igual a um vapor, o qual, pode ser condensado quando exposto na atmosfera, mas que pode ser superaquecido, pelas atividades vibratórias do Espírito, e de acordo com estas vibrações, tornar-se-á cada vez mais brilhante, como de aparência de um ardente fogo, o fogo da purificação e da regeneração. Este é o campo de ação da grande hierarquia de Netuno, e denominado de Azoto pelos alquímicos.

Os antigos alquimistas também fizeram referência sobre sete metais, os quais, seriam para ser usados para fazer o ouro desejado. Estes sete metais básicos sem impurezas, a saber: o ouro, a prata, o cobre, o mercúrio, ferro, chumbo e o estanho. Agora seguindo as regras de interpretação que foram ditas, nós determinaremos os Astros que regem estes metais básicos: O Sol, o ouro; a Lua, a prata; Mercúrio, o mercúrio; Marte, o ferro; Júpiter, o estanho; Vênus, o cobre; Saturno, o chumbo.

A “VESTIMENTA DE CASAMENTO COM DEUS”, que já falamos anteriormente, é chamada de alma do corpo (Corpo-Alma), na linguagem Rosacruz. Novamente as contribuições de certos ensinamentos Rosacruzes vem a coincidir com o que São Paulo disse: “carne e sangue não pode herdar o Reino dos Céus”, mas ele também nos mostra que nós temos uma SOMA PSUCHICON, que quer dizer, o Corpo-Alma. Este é feito de Éter, que é mais claro ainda que o ar, e de qualquer forma capaz de levitar. Essa é a VESTIMENTA DE CASAMENTO COM DEUS, a pedra filosofal, ou a pedra da vida, e escritas pelos, digo, por alguns filósofos da antiguidade, como diamantes da alma, e por este ser luminoso, e resplandecente, luzente, brilhante, pedra inestimável, se constrói similarmente aos nossos bons feitos, durante a vida e seu crescimento em volume é tão bom que o feito mais espiritualizado, lustra-o e resplandece em beleza esculpida, pelas obras e serviços altruístas. Eventualmente, essa alma do corpo é transmutada em alma do interior do espírito. Nós adicionamos em nossa alma as experiências vividas durante toda vida, e depois de termos vividos muitas vidas, particularmente se elas tiverem sido bem vividas, nós seremos ricos em alma.

Todas as experiências de nossas vidas diárias, estão sendo utilizadas durante o processo de evolução, e consta dentro de nossas almas para nosso uso em vidas futuras, também em planos superiores.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Cristo dos Místicos

O Cristo dos Místicos

“Levantai, ó príncipes, as vossas portas; levantai-vos, ó portas eternas e entrará o Rei da Glória” (Sl 23:9).

Esta passagem do Hino para Sião, tomada dos Salmos — o livro de louvores — considerado o mais proeminente das Escrituras do Antigo Testamento, pode ser utilizada com relação ao mistério de Cristo.

Os judeus, da mesma forma que outras nações com suas crenças religiosas, esperam a vinda do Salvador, também chamado Ungido, Cristo ou Messias. Naquela época era reverenciado Jeová, Senhor das Batalhas e o Criador da Forma.

Assim, devido ao domínio da forma, Cristo precisou ocupar uma forma humana, principalmente porque a mente encontrava-se em seu estado mineral. A humanidade não podia ter uma ideia diferente de Deus, fato que ainda prevalece, embora atualmente esteja sendo aberto o caminho para uma ideia mais realista por meio da evolução mental. Isto foi exposto por São Paulo, o pregador místico, revelando o segredo básico do Cristianismo: Cristo pode ser em verdade formado em nós, e só assim alcançaremos o dia em que o Ungido esteja conosco.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, no que concerne à evolução do ser humano, explicam o nascimento, crescimento e desenvolvimento dos diferentes corpos e seus Átomos-semente, cujas distintas forças operam através desses corpos, tudo numa ordem natural e consecutiva.

Estamos procurando, conscientemente ou não, construir um novo corpo, o corpo etérico, no qual seu Átomo-semente torne-se ativo. Como funcionamento deste veículo, o poder do Cristo pode penetrar-nos fazendo nascer em nós o Menino-Cristo, o segundo aspecto de Deus; deste modo Cristo toma o comando.

O místico Angelus Silesius exclama: “ainda que o Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti mesmo, tua alma segue extraviada”.

Antes que possamos agir como verdadeiros cristãos, expressando o Espírito de Vida consciente interno, temos que construir esse corpo, o Dourado Manto Nupcial, formado pelos dois Éteres superiores (Luminoso e Refletor) através do qual o Espírito deve funcionar. Este Corpo, chamado de Corpo-Alma, converte-se no ponto de maior importância para nós, desenvolvendo-se, evoluindo e sendo alimentado pelo Poder do Amor, que busca sua manifestação por meio do Serviço (pois quando amamos, buscamos servir). Todas as coisas criadas, quer nos apercebemos ou não, servem de algum modo, o que constitui seu propósito de existência.

Quando o Sol passa pelo Signo de Câncer, que tem por Regente a Lua, estudamos a atividade do espírito em favor da alma. Por outro lado, quando o Sol está em Leão, e domina a influência lunar, a alma serve ao espírito. Esta é a época propícia para a construção do corpo, ou seja, da forma, pois graças à poderosa força solar, o espírito age sobre o corpo visando o futuro desenvolvimento da alma.

O crescimento e força da manifestação física são necessários para conter um maior influxo das mais sutis e maiores atividades do poder do Cristo quando retorna em setembro de todo ano. O Sol estando em seu apogeu fisicamente objetivado e espiritualmente subjetivado, prepara a alma para o seu futuro desenvolvimento.
Portanto, é por meio da compreensão intelectual das coisas místicas que levantamos nossas cabeças e abrimos nossos corações, às portas eternas permitindo que o Rei da Glória, Cristo, penetre em nós para converter-nos em cristãos, no verdadeiro sentido da palavra.

O Signo Leão, regente do coração – a sede do amor – simboliza o Rei, sendo, por isso, nesta época de nossa evolução, o grande poder emocional do Amor o verdadeiro Rei, um Supremo Governador. O Amor como causa produz como efeito o Serviço, e essa causa e efeito em atividade constante constituem o mistério do precioso traje de Cristo, (o “Soma Psuchicon”) citado por São Paulo como um veículo independente utilizado para voos anímicos, numa vida melhor e mais útil. Este Corpo-Alma não deve ser confundido com a alma que o interpenetra, pois, essa alma possui uma sutileza tal que somente pelo espírito de introspecção poderemos senti-la. É através dela que percebemos o atraente poder do Pai que está nos Céus, o impulso interno que todo aspirante conhece tão bem e que faz com que o Corpo-Alma resplandeça.

Recordemos, entretanto, que é o Sol, o espírito que representa o poder, força ou energia trabalhando sobre o corpo, o responsável pela alma, e que na época em que está em sua plenitude é que precisamos aprender com suas atividades. O Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” informa-nos que no Período Solar os Senhores da Sabedoria irradiaram de si mesmos o germe do Corpo Vital, capaz de fomentar crescimento e faculdades, as quais estão se desenvolvendo no presente.

Iniciaram este trabalho na segunda revolução daquele período e o continuaram até a sexta revolução. Nessa revolução os Querubins despertarem o germe do segundo aspecto do Tríplice Espírito no ser humano, o Espírito de Vida, ou seja, o princípio Crístico.

No Período Lunar os Senhores da Individualidade irradiaram de si mesmos o germe do Corpo de Desejos, incorporando-o com o Corpo Vital, e mais tarde os Serafim despertaram o germe do Espírito Humano no ser humano.

No Período Terrestre; o qual estamos agora, permanecemos sob a proteção dos Anjos, mestres apropriados ao ser humano e exímios na construção do Corpo Vital, pois eram a humanidade quando o éter era a condição mais densa da matéria. Já passamos o arco descendente da involução e agora estamos ascendendo pela evolução com a faculdade da Epigênese.

Estamos atravessando as camadas mais densas para chegar às mais sutis, ou seja, iremos do reino puramente físico para o etérico, especializando o Corpo Vital (cujo extrato é a Alma Intelectual) e o Espírito de Vida, que é o Ser Crístico. Esta é a nossa primeira e mais importante meta como seguidores de Cristo.

O Corpo Vital está radicado no baço e não possui poder em si mesmo, funciona como canal por meio do qual se introduzem as forças solares no corpo físico. Também determina a direção na qual certa força é utilizada, sendo que esta força deve vir de fora. Pelo poder do Amor, erguemos pontes e abrimos “portas eternas”, fazendo com que o Cristo venha e habita em nós, permitindo assim que brilhe nossa luz ante os seres humanos, afim de que sejam vistas as boas obras e seja o Pai glorificado nos céus.

No passado, os Corpos de Desejos da humanidade mais avançada se dividiram em superior e inferior, ficando mais apropriado para hospedar o Ego. Hoje estamos dividindo o Corpo Vital em superior e inferior, sendo a parte superior chamada de Dourado Manto Nupcial, o qual permite ao Rei da Glória, Cristo, com o poder do Amor, funcionar dentro de nós mesmos.

Desta semente é que brotará a verdadeira vida e crescerá em força e beleza no decorrer do tempo, desde que seja alimentada pelo Amor em seu mais elevado aspecto: com o sacrifício da carne pelo espírito, pois que está dito que “não podemos servir a Deus e a Mamom”.

A Lei de Conservação deve dar lugar ao respeito pela vida dos demais. A construção do Corpo solar dourado do Espírito de Vida se adquire mais facilmente através da experiência purgatorial do Exercício de Retrospecção, pelo qual se diz que “tomaremos o reino dos céus por assalto”.

Somente através dos atos de amor e bondade, de forma desinteressada é que construiremos o Vestido Crístico de Vida – o Dourado Manto Nupcial. Somente este serviço amoroso e desinteressado traz as mais ricas recompensas, pois os Exercícios não constroem alma, enquanto que o Serviço faz com que o processo de assimilação de experiências da vida, seja transmutado em poder anímico.

“Senhor, ajuda-me a viver dia a dia
De tal maneira desinteressada,
Que quando ajoelhado para orar,
Para o próximo minha oração seja ofertada”.

“E a cidade não necessita de Sal nem de Lua, para que nela resplandeçam, porque a Glória de Deus já a tem iluminado; e o Cordeiro é sua lâmpada” (Apo 21:23).

(Publicado na revista “Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Consciência do Auxiliar Invisível – Parte I

A Consciência do Auxiliar Invisível
Parte I

A Fraternidade Rosacruz ensina que os Auxiliares Invisíveis são aqueles que vivem uma vida digna de altruísmo, durante o dia, em seus corpos físicos. Aqueles cujo desenvolvimento evolutivo já ultrapassou de muito o ser humano comum e conquistaram o privilégio de se tornarem úteis, durante a noite, quando seus corpos estão repousando, agindo em benefício da humanidade, por meio da instrumentalidade dos Irmãos Maiores da Rosacruz.

Assim, enquanto estão funcionando em seus veículos superiores poderão ser vistos trabalhando fielmente na Vinha do Cristo.

Os Auxiliares Invisíveis são reunidos em grupos, de acordo com seus temperamentos e habilidades, sob a orientação de outros Auxiliares que são médicos. O trabalho global dos grupos sob a direção dos Irmãos Maiores são os espíritos propulsores da Equipe.

Max Heindel nos instrui sobre os dois graus de Auxiliares Invisíveis: os conscientes e os inconscientes. Estes últimos são os que trabalham inconscientemente nos Mundos invisíveis enquanto seus corpos dormem.
A experiência de um Auxiliar Invisível inconsciente pode ser comparada a um sonho que não é recordado quando desperta. Contudo, é uma experiência perfeitamente real e, como tal, forma parte do panorama da vida e é presenciada pelo Ego quando, no estado post-mortem, revive sua existência inteira.

Toda a evolução, incluindo a Iniciação, é um problema de expansão de consciência. A lagarta não rasteja ao longo do galho, transforma-se em crisálida e finalmente emerge na borboleta alada, fendendo o espaço azul?

São três realidades num mesmo mundo. Contudo, sob o ponto de vista de consciência a vida-borboleta passou através de três mundos diferentes. Da mesma forma, o Espirito Virginal existe somente num mundo: o Universo de Deus em sua infinita manifestação. Somos uma ideia Epigênese espiritual na Mente de Deus, uma criação eternamente perfeita, que foi, é e será. Entretanto, como a consciência se desenvolve no caminho da evolução, vemos passar através de vários planos ou mundos, cada qual representando um estado particular de consciência.

De cada plano, como Egos, aprendemos uma infinita variedade de sensações. Sob um aspecto vemos o Mundo de Deus à semelhança do Universo Físico que, aos cinco sentidos, parece algo inerte, sujeitos à impiedosa ação das leis naturais e do domínio de inteligências cruéis. Neste plano físico estamos envoltos em um casulo da materialidade, um corpo inerte. Podemos facilmente imaginar, como Max Heindel, que a Iniciação vem pela prática dos preceitos.

Em que consiste essa prática?

No uso adequado das leis do pensamento. Ainda é Max Heindel quem nos diz: “A Mente é o caminho”. De fato, a totalidade do caminho da Iniciação está sob a direção dos Senhores de Mercúrio, cujo trabalho de individualização e libertação pela razão se vai tornando cada vez mais potente na evolução humana, na medida em que seu Planeta vai emergindo da Noite Cósmica. Daí que o Caduceu seja usado como símbolo de Iniciação, pois Mercúrio rege o poder da razão pura (Gêmeos), bem como a Virgindade do Espírito Virginal puro e não contaminado pela materialidade. Eis a chave de completo método de desenvolvimento espiritual, tal como nos é dado pela Ordem Rosacruz.

Desnecessário é dizer que a consciência do Auxiliar Invisível de modo algum é idêntica à do Iniciado. Todavia, é um dos aspectos subsidiários do desenvolvimento ascendente. Não se trata de uma consciência definida, porém, já é algo maravilhoso para ser grandemente desejado por todo Aspirante a esferas mais amplas de serviço. O Auxiliar Invisível é um aspecto do esforço pelo qual a borboleta emerge, com as asas pintadas, do casulo da materialidade. Nesse grau temos uma noção de nosso lugar no caminho, percebendo o grau em que a luz se manifesta nos lugares sombrios da alma, durante o sono.

A consciência do Auxiliar Invisível é comparável ao Arco-íris pelo qual os heróis ancestrais cavalgam para atingir o Valhala, pois representa uma transição para a consciência espiritual e não a consciência integral em si mesma.

Há também na consciência do Auxiliar Invisível certa gradação de conhecimento, que poderá ser avaliada quando comparada com a consciência ordinária de vigília. Observe o leitor, fisicamente, como se dá o despertar diário. Um indivíduo se desperta completamente e logo depois se situa em seu ambiente, reconhecendo-se perfeitamente distinto de tudo o que rodeia. Esse é um extremo. O outro é um completo despertar de consciência noturna do Ser.

O Ego fica completamente desperto e consciente durante o sono, podendo observar e raciocinar, conversar com outros Seres Invisíveis, mais ou menos conscientes do que ele mesmo pode investigar trechos da superfície Terrena, ver a história em formação no outro lado do mundo. Esta última consciência é como a completa consciência de vigília no Mundo Físico, porém, em ambiente diferente.

“Lá”, as leis da natureza nos aparecem como reflexos de nossa própria alma; são fenômenos psíquicos e não fenômenos materiais, objetivos. Contudo, operando nesse estado de consciência, o neófito está apto a relacionar-se com acontecimentos materiais, a viajar para países estrangeiros e mesmo produzir impressões sobre o mundo da matéria. Eis porque o mundo integral da matéria é meramente um efeito de causas operantes nos Mundos superiores.

Max Heindel comparava relacionamento de causa e efeito a uma imagem lançada sobre uma tela por um estereoscópio. Se você muda o “slide”, a imagem da tela automaticamente se muda. É inútil tentar mudar a imagem sem previamente mudar o “slide”, porque o “slide”, em tal caso, é o arquétipo da imagem projetada na tela. Ora, as coisas e circunstâncias deste mundo são as imagens da tela.

Por isso devemos aprender a, primeiramente, olhar o que temos na mente. Ali é que devemos mudar o arquétipo mental. Os mínimos resultados seguirão os efeitos daquela causa. Se o “slide” que introduzimos na consciência é uma imagem do mal e do sofrimento, a imagem, na tela material, é correspondente. Esse é o segredo do Auxiliar Invisível, a Chave da Iniciação e da Libertação final.

A consciência do Auxiliar Invisível varia de acordo com o desenvolvimento das qualidades anímicas citadas em “O Conceito Rosacruz do Cosmos”: Vida Anímica, Luz Anímica e Poder Anímico (planos superiores do Mundo do Desejo).

Isso é assim explicado para atender à tendência de separação, de acordo com os conceitos de espaço e tempo que nos limitam neste Mundo.

Mas, as coisas espirituais têm um sentido global. Por isso, tanto os estudos metafísicos como os matemáticos exigem amor e muita dedicação. Quando hajamos conquistado um completo despertar nos planos internos, não haverá má compreensão a respeito. Mas até lá tomamos muita confusão mental como realidade e semi-despertamentos serão confundidos com verdadeiras experiências comum ou de um sonho real (passeio anímico).

Certa vez foi feita uma pergunta a uma Probacionista sobre seu trabalho nos planos internos, à noite. A descrição que ela fez foi a de um sonho comum ou de um sono real (passeio anímico?).

-“Oh, era real eu sei que era! Exclamou ela veementemente – “porque depois fiz uma verificação”.

A questão era saber se ela havia estado consciente quando o “sonho” se realizou, pois, sua descrição era de um sonho real. Mas verificamos que ela não estava consciente nessa ocasião e nem em outras ocasiões embora conhecesse teoricamente bem estas questões.

A respeito de sonhos esclarece-nos Max Heindel: “antes que o aspirante aprenda a deixar voluntariamente o corpo pode trabalhar em Corpo de Desejos durante o sono, porque em certas pessoas o Corpo de Desejos pode organizar-se antes da separação dos Éteres Superiores. Sob tais condições é impossível ter a memória de nossa atividade fora do Corpo Denso e observar, conscientemente, o que lá fazemos, porque não nos acompanham os Éteres Luminoso e Refletor, veículos dos sentidos e da memória. Todavia, se trabalhamos fora, embora inconscientemente, temos como sinal a ausência de sonhos confusos. Cessarão os sonhos desconexos; depois de um lapso variável de tempo os sonhos se tornarão mais vívidos e perfeitamente lógicos. O Aspirante sonhará que esteve em certos lugares com determinadas pessoas conhecidas ou não, conduzindo-se de modo tão razoável com se estivera em estado de vigília aqui. Se lhe aparece um lugar no sonho, ser-lhe-á possível, quando voltar ao Corpo e já em estado de vigília, comprovar a realidade do sonho, dirigindo-se àquele lugar e comprovando “in loco” certos detalhes que tenha observado no sonho. Verificará, também, que poderá visitar, durante suas horas de sono, qualquer lugar que deseje sobre a face da Terra, investigá-lo mais completamente do que estando no seu corpo material, em virtude da facilidade de acesso a todos os Lugares, não importando estejam fechados. Persistindo mais, chegará um tempo em que não precisará mais das horas de sono para anular a conexão entre os veículos, mas poderá deixar o corpo voluntariamente quando queira.

As experiências de muitos Probacionistas se enquadram nos “sonhos reais” ou “voos anímicos”. Sonhos reais são acontecimentos astrais. Todavia o inteiro despertar depende do desenvolvimento do Corpo-Alma, por meio de um reto viver e serviço altruísta. Aquele que se preocupar muito com seu desenvolvimento, a miúdo esquece a chave dele, que é o esquecimento de si e a amorosa entrega aos demais. Só os dois Éteres Superiores, convenientemente desligados, podem formar, com a parte superior do Corpo de Desejos, o veículo em que se funciona desperto, imprimindo no cérebro físico a imagem de uma jornada nos planos internos.

Convém advertir: há um sonho comum em que sonhamos que estamos despertos. Ocorre com bastante frequência.

Estamos no leito, dormindo, sonhando que nos levantamos, nos vestimos e estamos pronto para ir ao serviço.

Nisso soa pela segunda vez o despertador (na verdade a primeira vez), abrimos os olhos e, admirados, descobrimos que nem tínhamos levantado, pois estávamos dormindo. O mesmo pode suceder ao neófito que sonha que está desperto como um Auxiliar Invisível. É o que Du Maurier chama de “sonhos verdadeiros”, causados pelo mencionado fato de em algumas pessoas o Corpo de Desejos organizar-se antes da separação do Corpo Vital.

Naturalmente tais sonhos são reais, acontecimentos astrais, mas o neófito, em tais casos, não está realmente desperto fora de seu corpo. Apenas sonha que o está, como Auxiliar Invisível. Sob tais sutis condições, como saber se o neófito estava ou não desperto? Para responder a essa pergunta devemos fazer outra. Pela manhã, quando você despertou, estava mesmo desperto ou sonhando que o estava? Só poderá perceber a diferença quando se levanta, desperto. Nada sabe a respeito enquanto está sonhando. Isto é precisamente o que acontece em relação à consciência do Auxiliar Invisível.

Há definição para a consciência de Vigília? É descritível? Não. Apenas podemos mencioná-la, porque é uma experiência conhecida de todos.

Nossa opinião é que a maioria dos Auxiliares Invisíveis opera nessa consciência do sonho verdadeiro. Sonham real e acuradamente que são Auxiliares Invisíveis. Comparamos esse tipo de conhecimento com o do sonâmbulo que sonha que se levantou, vestiu-se e se pôs a descer as escadas. Está ele desperto, consciente, no lato sentido do termo? Naturalmente que não! Ele está apenas sonhando que está desperto. No entanto, está em condições de executar não somente as ações normais, peculiares a pessoas despertas, como também, muitas vezes, a fazer proezas que demonstram coragem e capacidade inexistentes em seu estado normal. Diz Max Heindel que o Auxiliar Invisível, à semelhança do sonâmbulo, é hábil e aparentemente inteligente em seu trabalho, mas, como o sonâmbulo que desperta subitamente, muitas vezes fica paralisado pelo medo, diante de situações imprevistas.

O vago estado do sonâmbulo é também comum ao Auxiliar Invisível que, em sentido oposto, é um sonâmbulo. A diferença é que o Auxiliar Invisível caminha, enquanto sonha, com um corpo que, de fato, se tornou um canal de ação onírica.

Tal corpo é o “Soma Psuchicon” (soma psíquico ou corpo psíquico) a que alude São Paulo, e que os Rosacruzes chamam de “o Corpo-Alma”. Neste ponto surge, outra pergunta: se tal sonho é real, será ele visível a outra pessoa que, desperta embora em seu Corpo físico, disponha de capacidade visual para perceber o Mundo do Desejo? Sim, pode e acontece. Sabemos de exemplos em que o “sonho” de um homem foi visto mentalmente por outro, à distância e no tempo comprovado, pois o sonhador despertou e olhou o relógio.

Porém, mesmo a consciência de sonho real não é a consciência média dos Auxiliares Invisíveis, em sua totalidade.

Para alguns, apenas, pois eles são, geralmente, inconscientes. Sua lembrança, pela manhã, quando despertam, é de que simplesmente sonharam, nada mais.

Max Heindel disse que a primeira parte (primeiras horas) do período de sono é dedicado à restauração das energias perdidas e preparação para o dia seguinte. “O Mundo do Desejo é um oceano de harmonia. Nele o Ego mergulha, deixando os veículos inferiores no sono. Seu primeiro cuidado é restaurar o ritmo, a harmonia do Corpo de Desejos e a Mente. Essa restauração é obtida gradualmente à medida em que as harmoniosas vibrações do Mundo do Desejo fluem através deles. Há lá uma essência que corresponde ao fluído vital que interpenetra o Corpo físico por intermédio do Corpo Vital. Esses veículos superiores (Mente, Corpo de Desejos), mergulham, por assim dizer, nesse “Elixir de Vida”. Quando já se encontram restaurados e vigorizados, eles iniciam o trabalho sobre o Corpo Vital, deixado com o Corpo Denso, sobre o leito. Então, o Corpo Vital começa a especializar a energia solar novamente, reconstruindo o Corpo Denso, usando, particularmente nisso, o Éter Químico. Essa atividade durante o sono é que forma a base para a atividade do dia seguinte.

Não nos devemos deter em sonhos comuns, embora vívidos, belos e convincentes, porque são puramente fenômenos astrais, conforme demonstramos no decorrer deste trabalho. A consciência de sonho real e desenvolvimento superior seguinte, que constitui a consciência desperta do Auxiliar Invisível, apresenta muitas armadilhas sobre as quais é de nosso dever prevenir o neófito. Tal advertência é de suma importância. Porque de seu conhecimento depende a ativação dos dois Éteres Superiores, na formação do Corpo-Alma.

Max Heindel enfatiza o ponto que o medo poderá ser eliminado da consciência, pelo amor. Ele confessa haver encontrado nesse medo um sério obstáculo, nos períodos iniciais de seu trabalho Iniciático. E recomenda ao Estudante e Probacionista, que pensem bastante e muitas vezes sobre o trabalho do Auxiliar Invisível, a fim de se irem habituando com a ideia de ficarem ausentes do Corpo, sem receios, porque a estocada do medo corta imediatamente a consciência psíquica, precipitando o neófito de volta ao Corpo Denso.

Um Probacionista nos conta como, na aurora de um dia, despertou com uma recordação fresca e aguda, de algum contato com os irmãos da Rosacruz. Estava perfeitamente consciente e ainda sentia o penetrante perfume de rosas em seu quarto. Enquanto estava deitado, as correntes perfumadas pareciam fluir através de seu corpo, de tal forma que lhe parecia flutuar nelas. Subitamente, porém, viu que “estava flutuando”, flutuando acima de seu próprio corpo, que jazia no leito. Sentiu a cutilada do medo e teve a consciência de que mergulhava no corpo. “Era como entrar numa nuvem de pontos; maiores do que aqueles que vemos no ar; quando tudo se normalizou, a nuvem se fechou sobre a cabeça, quase como acontece com a água. Ao abrir os olhos se encontrava no Mundo Físico.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1966)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Qual a diferença entre Alma e Corpo-Alma?

Pergunta: Qual a diferença entre Alma e Corpo-Alma?

Resposta: Esta é uma das perguntas mais profundas que já foi feita, e não pode ser respondida diretamente, mas unicamente por meio de uma ilustração. Da mesma forma que as crianças aprendem certas verdades intelectuais, que estão além do seu alcance, por ilustração pictórica, a humanidade nascente aprendeu profundas verdades religiosas por meio dos mitos e alegorias.

O Corpo Vital é composto de quatro Éteres. Os dois Éteres inferiores são as vias particulares de crescimento e propagação. No Corpo Vital de uma pessoa, cujo interesse principal é a vida física e que vive, por assim dizer, inteiramente voltada para o prazer sensual, estes dois Éteres predominam, enquanto numa pessoa que é indiferente ao prazer material da vida, mas que procura progredir espiritualmente, os dois Éteres superiores formam a maior parte do Corpo Vital. Eles representam o que Paulo chamou de “soma psuchicon”, ou Corpo-Alma, que permanece junto ao ser humano durante as suas experiências no Purgatório e no Primeiro Céu, onde a essência da vida vivida é extraída. Esse extrato é a Alma, cujas duas qualidades principais são a consciência e a virtude.

O sentimento da consciência é o fruto dos erros em vidas terrenas passadas, os quais, no futuro, guiarão o Espírito corretamente e ensiná-lo-ão como evitar tais erros semelhantes. A virtude é a essência de tudo o que houve de bom em vidas passadas, e atua como um incentivo que mantém o Espírito em seu esforço ardente no caminho da aspiração. No Terceiro Céu, essas duas qualidades amalgamam-se totalmente com o Espírito tornando-se parte integrante dele. Desse modo, no decorrer de suas vidas, o ser humano eleva-se e as qualidades anímicas de consciência e de virtude tornam-se mais fortemente atuantes como princípios orientadores de conduta.

Talvez consigamos ter uma ideia melhor da diferença entre a Alma e o Corpo-Alma se considerarmos a alegoria contida no antigo Templo Atlante de Mistérios, o Tabernáculo no Deserto. Esse símbolo, dado por Deus, era provido com todos os elementos de crescimento da Alma necessários ao desenvolvimento da humanidade. Entre eles havia no Tabernáculo, a Mesa dos Pães da Proposição. Sobre esta mesa havia doze pãezinhos dispostos em duas pilhas de seis pães cada uma, e sobre cada pilha havia um pequeno monte de incenso. Lembremos que o grão, dos quais se originaram esses pães, foi dado por Deus ao ser humano, mas era necessário que o ser humano o plantasse, arasse o solo, regasse e alimentasse as minúsculas plantinhas. Devia colhê-las, debulhar o grão e triturá-lo transformando-o em farinha. Em seguida, devia preparar a massa e assar o pão antes de poder trazê-lo para o templo e apresentá-lo como produto do seu trabalho, executado com o grão ofertado por Deus. Esse grão dado por Deus representa a oportunidade.

Doze tipos de oportunidades apresentam-se ao ser humano a cada ano através dos doze departamentos da vida representados pelas doze casas em seu horóscopo. Mas muitos podem descuidar dessas oportunidades, da mesma forma que os antigos israelitas lançavam seu grão a um canto, esquecendo-o. Sendo assim, o ser humano não terá pão para apresentar ao Senhor. Será comparado ao servo que pegou seu único talento e o enterrou. Por outro lado, se ele arasse o solo e alimentasse o grão da oportunidade por serviços na vinha do Senhor, teria, como resultado, um acréscimo que poderia colher e preparar para ofertá-lo no templo do Senhor no momento apropriado, demonstrando ter cultivado fielmente todas as oportunidades de serviço, fazendo o máximo de acordo com a sua capacidade.

Observamos, no entanto, que estes doze pães da Proposição não eram realmente oferecidos ao Senhor, mas que sobre cada pilha de seis havia um pequeno monte de incenso, que representava a essência do pão. Por analogia, esta é a essência do nosso serviço; compreenderemos a razão disto por meio de outra pequena ilustração encontrada nas experiências pelas quais passamos para adquirir as faculdades físicas.

Todos nos lembramos de como na época em que íamos à escola e aprendíamos a escrever, fazíamos os mais desajeitados movimentos e contorções com o braço e o corpo tentando desenhar as letras sobre o papel.

Manchávamos os nossos cadernos de textos, que ficavam com uma aparência horrível, e nossas tentativas para escrever não eram nada bonitas. Não obstante, aos poucos, fomos adquirindo a faculdade e, ao longo dos anos, esquecemos tudo que se refere à experiência dos dias iniciais, quando nos esforçávamos em cultivá-la. Aqui está o ponto: se não tivéssemos passado por essa experiência incômoda, não possuiríamos hoje a faculdade de escrever, e há outro ponto a considerar: após termos adquirido a faculdade, é desnecessário recordar os métodos enfadonhos na sua aquisição. Similarmente, a substância física grosseira, o grão do Pão da Proposição, não devia ser ofertado ao Senhor, mas apenas a essência ou aroma dela, a faculdade do serviço hábil, a benevolência cultivada por nós ao fazer o bem aos outros.

As duas pequenas pilhas de incenso eram, então, levadas ao altar do incenso, em frente ao segundo véu e aí eram acesas. Erguia-se dali uma nuvem de fumaça para o exterior ou parte leste do templo, mas apenas o aroma, puro e livre da fumaça, penetrava através do véu para dentro do santuário interno. Por analogia, podemos comparar os Pães da Proposição às experiências pelas quais passamos ao servir e auxiliar os outros; o incenso, que se encontra no topo da pilha de pães, pode ser comparado à essência da simpatia e dos préstimos que extraímos desses serviços, o crescimento da Alma neles contido. Vemo-lo ao nosso redor como uma aura dourada, a qual constitui o Corpo-Alma. Mas, embora esse veículo glorioso seja feito dos dois Éteres mais sutis, não poderia, por qualquer processo que seja, amalgamar-se com o Espírito em si, da mesma forma que o incenso não pode queimar sem desprender a fumaça e deixar um resíduo de cinzas. Por conseguinte, pela alquimia espiritual do exercício noturno da Retrospecção, ou no processo na purgação após a morte, este Corpo-Alma é queimado sem o véu (no primeiro céu), e o aroma ou a Alma penetra o véu até o mais recôndito santuário como alimento para o Espírito.

Desse modo, o Espírito leva consigo o aroma de todas as suas vidas passadas. Uma Alma mais jovem, que só teve poucas existências das quais pudesse tirar experiências e alcançar o crescimento anímico, é cruel e egoísta, pois não prestou serviço aos outros. Mas, alguém que já teve muitas vidas, que aprendeu, através da amargura e do sofrimento, a sentir e auxiliar os demais, responde instantaneamente ao grito de dor, pois nesse alguém, a Alma é a quintessência do serviço, portanto, está sempre pronto a ajudar seu semelhante a despeito do conforto e dos prazeres pessoais.

(Perg. 159 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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